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4.

Escrituração
4.1. Conceito e Previsão Legal
Escrituração contábil é a técnica utilizada para registrar todos os fatos
contábeis (ou administrativos) e os atos contábeis relevantes (administrativos
relevantes) mediante lançamentos. Os registros são expostos através das
Demonstrações Contábeis. A escrituração objetiva controlar o patrimônio e suas
variações qualitativas e quantitativas.

O Conselho Federal de Contabilidade, por meio da Resolução CFC n°1.330 de 18


março de 2011 aprovou a (Interpretação Técnica Geral) ITG 2000 – Escrituração
Contábil, tal resolução disciplinou as formalidades necessárias e obrigatórias para a
escrituração dos fatos contábeis.

O item 2 da referida interpretação determina que a mesma deve ser adotada


por todas as entidades, independente da natureza e do porte, na elaboração da
escrituração contábil, observadas as exigências da legislação e de outras normas
aplicáveis, se houver.

Segundo estabelece o artigo 1.179 do Código Civil Brasileiro (Lei n°


10.406/2002), todas as empresas (sejam elas caracterizadas como empresário ou
como sociedade empresária) estão obrigadas a seguir um sistema de contabilidade,
com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a
documentação respectiva.

A Lei Complementar 123/2006, no seu artigo 27 determina que:

Art. 27 - As microempresas e empresas de pequeno porte optantes


pelo Simples Nacional poderão, opcionalmente, adotar contabilidade
simplificada para os registros e controles das operações realizadas,
conforme regulamentação do Comitê Gestor do Simples Nacional.

O Comitê Gestor do Simples Nacional através da Resolução CGSN 28/2008


estabeleceu que a contabilidade simplificada deve atender as disposições previstas no
Código Civil e nas Normas Brasileiras de Contabilidade editadas pelo Conselho Federal
de Contabilidade.

Resolução do Comitê Gestor do Simples Nacional CGSN nº 28, de 21 de janeiro


de 2008 :

Art. 1° - Fica acrescido o § 3º no artigo 3º da Resolução CGSN nº 10,


de 28 de junho de 2007, com a seguinte redação: § 3º A
apresentação da escrituração contábil, em especial do Livro Diário e
do Livro Razão, dispensa a apresentação do Livro Caixa.

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Art. 2º - Fica acrescido o art. 13–A na Resolução CGSN nº 10, de 28 de
junho de 2007, com a seguinte redação: Art. 13–A. As microempresas
e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples Nacional
poderão, opcionalmente, adotar contabilidade simplificada para os
registros e controles das operações realizadas, atendendo-se às
disposições previstas no Código Civil e nas Normas Brasileiras de
Contabilidade editadas pelo Conselho Federal de Contabilidade.

A permissão legal de adotar uma escrituração contábil simplificada não


desobriga a microempresa e empresa de pequeno porte a manter a escrituração
contábil uniforme de seus atos e fatos administrativos que provocam ou possam a vir a
provocar alteração no seu patrimônio. Dessa forma, por exemplo, as receitas, as
despesas e custos devem ser escriturados contabilmente com base na competência.

Através da Resolução CFC 1.418/2012, foi aprovada a ITG 1000 – Modelo


Contábil para Microempresa e Empresa de Pequeno Porte, que trata dos critérios e
procedimentos simplificados a serem observados pelas ME’s e EPP’s. Dentre as normas
simplificadas destaca-se:

→ Os lançamentos contábeis no Livro Diário devem ser feitos diariamente. É


permitido, contudo, que os lançamentos sejam feitos ao final de cada mês, desde que
tenham como suporte os livros ou outros registros auxiliares escriturados em
conformidade com ITG 2000 – Escrituração Contábil, aprovada pela Resolução CFC
1.330/2011.

Portanto, de acordo com a legislação vigente, a manutenção da escrituração


contábil regular é obrigatória a toda entidade, independente do tipo de tributação.

Considera-se exceção a tal regra apenas o micro empreendedor individual. Ou


seja, está desobrigado da escrituração contábil, nos termos do artigo 1.1.79 do código
civil no § 2º o pequeno empresário. Pequeno Empresário: é o empresário individual
caracterizado como microempresa que aufira receita bruta anual de até R$81.000,00
(artigo 68 da Lei Complementar n°123/2006).

Assim, todas as empresas, independente do tamanho (micro, pequeno, médio


ou grande porte), tipo societário constituído (sociedade limitada, sociedade anônima,
empresa individual, etc.), ou regime de tributação escolhido (lucro real, lucro
presumido, simples nacional) estão obrigadas a manter escrituração contábil, exceto o
pequeno empresário.

Diante das previsões legais supramencionadas, entende-se que o


microempreendedor individual, não está obrigado a manter escrituração contábil.
Entretanto, sugerimos que os profissionais da contabilidade realizem a escrituração
contábil completa de tais empresas, mesmo na forma simplificada, possibilitando seu
uso para fins gerenciais, de controle etc.

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4.2. Método de Escrituração
O dicionário define “método” como maneira de fazer, segundo certos princípios
e em determinada ordem. O método de escrituração é, então, o critério com que os
fatos contábeis são registrados nos livros próprios.

Independente do sistema de escrituração utilizado, tendo em vista a


normatização e a padronização dos registros, o método de escrituração deverá ser
único. Já houve, num passado remoto, a utilização do método das partidas simples.
Portanto, atualmente, o método utilizado é o das partidas dobradas.

4.2.1. Método das Partidas Simples


É o método de escrituração por meio do qual os fatos contábeis são registrados
alterando apenas um elemento do patrimônio, por isso também é conhecido como
unigrafia (lançamento unilateral). Esse método não utiliza o conceito de que para todo
débito deve haver um ou mais créditos do mesmo valor.

Esse método consiste no registro de operações específicas envolvendo o


controle de um só elemento. No livro Caixa, por exemplo, os eventos são registrados
visando apenas o controle do dinheiro (entradas e saídas), sem a preocupação de
controlar outros elementos patrimoniais ou até mesmo de evidenciar o lucro ou o
prejuízo decorrente das respectivas transações. Outro exemplo de registro pelo
Método das Partidas Simples ocorre no livro Contas-Correntes, no qual só interessa o
controle dos direitos e/ou das obrigações.

Esse método é deficiente e incompleto, pois não permite o controle global do


patrimônio.

4.2.2. Método das Partidas Dobradas


Método desenvolvido pelo Frei Luca Pacioli, em Veneza, na Itália, em 1494. É o
método de escrituração por meio do qual os fatos contábeis são registrados em contas
patrimoniais (contas de ativo, passivo, ou de patrimônio líquido) e/ou em contas de
resultado (receitas, despesas e custos – representativas das variações patrimoniais),
utilizando a convenção do débito e crédito.

Também é conhecido como digrafia, pois o registro de um fato contábil sempre


resultará, no mínimo, em alteração de dois elementos (um débito e um crédito). Ou
seja, não há devedor sem que haja credor e não há credor sem que haja devedor,
sendo que a cada débito corresponde um crédito de igual valor.

Daí, em dado momento, ser a soma dos débitos igual à soma dos créditos. É
esse princípio que determina a equação entre o ativo e o passivo.

É o procedimento que melhor representa a alteração do patrimônio de uma


entidade, por registrar de forma simultânea todos os reflexos que um determinado
fato contábil provoca.
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4.3. Sistemas de Escrituração
Os sistemas de escrituração podem ser entendidos como as diferentes formas
de se escriturarem os fatos contábeis, foram diversos estágios até os dias atuais:

4.3.1. Sistema Manual


É o processo pelo qual os registros dos fatos contábeis nos livros de
escrituração são feitos manualmente, com a utilização de canetas esferográficas.

Nota: o processo manual geralmente é cobrado em provas de concursos. A escrituração em Diário, segundo
este processo, segue o seguinte formato:

Conta(s) Debitada(s)

a Conta(s) Creditada(s) R$ valor

Obs.: a partícula “a” significa “contra”, ou seja, a contrapartida do registro, a outra (ou as outras) conta(s)
envolvida(s) na transação.

4.3.2. Mecanizado
É um sistema feito com a utilização de máquinas de escrever com mais recursos
que uma máquina de escrever convencional. As máquinas utilizadas tem a capacidade
de realizar somas e apresentar totais em fichas. (Em desuso).

4.3.3. Informatizado ou Eletrônico


O sistema informatizado utiliza computadores para registro de todos os fatos
contábeis.

4.3.3.1. O SPED – Sistema Público de Escrituração Digital


A Escrituração Contábil Digital (ECD) instituída pela Instrução Normativa RFB
n°787/2007, é parte integrante do projeto SPED (Sistema Público de Escrituração
Digital) e tem por objetivo a substituição da escrituração em papel pela
escrituração transmitida via arquivo, ou seja, corresponde à obrigação de
transmitir, em versão digital, os seguintes livros:

I - livro Diário e seus auxiliares, se houver;

II- livro Razão e seus auxiliares, se houver;

III – livro Balancetes Diários, Balanços e fichas de lançamento comprobatórios dos


assentamentos neles transcritos.

As microempresas e empresas de pequeno porte optantes pelo Simples


Nacional estão dispensadas desta obrigação, exceto as empresas que recebem
recursos de investidores-anjos.

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O termo “anjo” é utilizado pelo fato de não ser um investidor exclusivamente
financeiro que fornece apenas o capital necessário para o negócio, mas por apoiar ao
empreendedor, aplicando seus conhecimentos e experiência.

4.4. Livros utilizados na Escrituração


Quando se fala em Escrituração, há dois aspectos a serem considerados: global
e específicos.

De forma global a escrituração envolve os registros de todos os acontecimentos


relacionados com a gestão da entidade, inclusive daqueles não relacionados com as
modificações qualitativas e/ou quantitativas do Patrimônio.

De forma específica, a escrituração tem caráter puramente contábil, isto é, visa


aos registros de todos os fatos contábeis.

Sob a visão global, os livros de escrituração são divididos em quatro categorias:


Livros Fiscais; Livros Sociais; Livros Trabalhistas; Livros Contábeis.

4.5. Livros Contábeis

4.5.1. Classificação dos Livros Contábeis:


• Principais: São os livros utilizados para o registro de todos os fatos contábeis que
ocorrem na gestão da empresa. Como exemplos: Livro Diário e Livro Razão.

• Auxiliares: São os livros utilizados no registro de fatos específicos. Citemos como


exemplos: Livro Caixa, Livro Contas Correntes.

- Livro Caixa: nele são registrados todos os fatos administrativos que envolvam
entradas e saídas de dinheiro.

- Livro Contas Correntes – é um livro auxiliar do livro razão, é usado para controlar a
movimentação das contas que representam Direitos e obrigações. Deve-se abrir uma
conta para cada cliente ou fornecedor e lançar os devidos valores todas as vezes que
as contas forem movimentadas.

4.6. Livro Diário


O Livro Diário é um livro obrigatório. Nele são lançadas, com individualização,
clareza e indicação do documento comprobatório, dia a dia, todos os acontecimentos
que ocorrem na empresa e que provocam modificações no Patrimônio.

É um livro em ordem cronológica, os fatos são registrados diariamente


seguindo a ordem que ocorrem, assim, um fato que ocorreu no dia 30 de determinado
mês não pode preceder outro que ocorreu no dia 10 do mesmo mês.

O uso do Diário está previsto na legislação civil art. 1.180 do Código Civil
Brasileiro, na legislação comercial (Decreto-lei n° 486/1969, art. 5°), na legislação
5
tributária (art. 258 do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/1999) e na legislação
societária. (Lei n° 6.404/76).

As demonstrações contábeis devem ser transcritas no Livro Diário,


completando-se com as assinaturas do titular ou de representante legal da entidade e
do profissional da contabilidade legalmente habilitado.

Por ser obrigatório, o Diário está sujeito às formalidades legais extrínsecas e


intrínsecas exigidas para os livros de escrituração.

Conforme ITG 2000:

•A escrituração contábil deve ser executada: (item 5) (formalidades intrínsecas –


internas)

a) em idioma e em moeda corrente nacionais;

b) em forma contábil;

c) em ordem cronológica de dia, mês e ano;

d) com ausência de espaços em branco, entrelinhas, borrões, rasuras ou emendas; e

e) com base em documentos de origem externa ou interna ou, na sua falta, em


elementos que comprovem ou evidenciem fatos contábeis.

•A escrituração em forma contábil de que trata o item 5 deve conter no mínimo: (item
6)

a) data do registro contábil, ou seja, a data em que o fato contábil

ocorreu; b) conta devedora;

c) conta credora;

d) histórico que represente a essência econômica da transação ou o código de


histórico padronizado, neste caso baseado em tabela auxiliar inclusa em livro próprio;

e) valor do registro contábil;

f) informação que permita identificar, de forma unívoca, todos os registros que


integram um mesmo lançamento contábil.

•Os livros contábeis obrigatórios, entre eles o Livro Diário e o Livro Razão, em forma
não digital, devem revestir-se de formalidades extrínsecas (externas), tais como: (item
9)

a) serem encadernados;
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b) terem sua folhas numeradas sequencialmente;

c) conterem termo de abertura e de encerramento assinados pelo titular ou


representante legal da entidade e pelo profissional da contabilidade regularmente
habilitado no Conselho Regional de Contabilidade.

•Os livros contábeis obrigatórios, entre eles o Livro Diário e o Livro Razão, em forma
digital, devem revestir-se de formalidades extrínsecas, tais como: (item 10)

a) serem assinados digitalmente pela entidade e pelo profissional da contabilidade


regularmente habilitado;

b) serem autenticados no registro público competente. (Alterada pela ITG 2000 (R1)

b) quando exigível por legislação específica, serem autenticados no registro público ou


entidade competente.

O Decreto n° 8.683 de 25 de fevereiro de 2016 dispensa tal obrigação supra (b),


segundo o decreto a autenticação de livros contábeis das empresas poderá ser feita
por meio do Sistema Público de Escrituração Digital – SPED, mediante a apresentação
de escrituração contábil digital. A autenticação dos livros contábeis digitais será
comprovada pelo recibo de entrega emitido pelo SPED.

Modelo de Livro Diário:


Livro Diário

Empresa Exemplo Ltda.


CNPJ: 01.234.567/0001-89

Data D/C Conta Histórico Valor do Valor do


Débito Crédito
(R$) (R$)

04/05/2018 D Capital a Subscrição de capital – 6.000,00


Integralizar 50% referente ao sócio
João Pedro e 50%
C Capital referente ao sócio 6.000,00
Subscrito Pedro Silva conforme
contrato social.

05/05/2018 D Caixa Integralização do 6.000,00


capital em dinheiro -
C Capital a sendo 50% referente 6.000,00
Integralizar ao sócio João Pedro e
50% referente ao
sócio Pedro Silva.
06/05/2018 D Computador Compra de 2.000,00
computado, à vista,
C Caixa conforme nota fiscal 2.000,00
de nº 01 da Cia X.

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4.7. Livro Razão
O Livro Razão é uma separação dos lançamentos do Diário por grupos de
contas, de forma que fica evidente o que se passa em cada conta, seus débitos,
créditos e sua posição na empresa.

O Livro Razão é o detalhamento, por conta, dos lançamentos realizados no


Diário. É uma memória de cada conta e os registros de cada conta são feitos também
em ordem cronológica.

Este livro é indispensável em qualquer tipo de empresa, sendo um instrumento


valioso para o desempenho da contabilidade.

É por meio do razão que se consegue apurar os saldos de cada uma das contas.

A forma resumida e simples do razão é chamada razonete, que juntamente


com o balancete de verificação traz o saldo das contas.

Além disso, os saldos das contas inscritas no razão dão origem ao Balanço
Patrimonial, a Demonstração de Resultado do Exercício e a outros relatórios.

4.8. Lançamentos
Os fatos contábeis são registrados por meio de lançamentos, inicialmente no
livro Diário, mediante documentos que comprovem a legitimidade da operação.

Lançamento é o meio pelo qual se processa a Escrituração, é o registro de um


fato contábil, e esse registro, pelo método das partidas dobradas, é feito em ordem
cronológica (de dia mês e ano), obedecendo a determinada disposição técnica. O
método das partidas dobradas exige o aparecimento do devedor e do credor, aos quais
se seguem o histórico do fato ocorrido e a importância em dinheiro.

Veja:

Suponhamos o seguinte fato na empresa: No dia 25/01/2017 foi efetuada uma


compra à vista (em dinheiro) de um armário, conforme Nota Fiscal n° 100, da Foca nos
Estudos Ltda., no valor de $1.000,00

Observe que todo lançamento deve ter os seguintes elementos essenciais:

1. Data do registro contábil, ou seja, a data em que o fato contábil ocorreu;


2. Conta a ser debitada;
3. Conta a ser creditada;
4. Histórico que represente a essência econômica da transação ou o código de
histórico padronizado, neste caso baseado em tabela auxiliar inclusa em livro
próprio;

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Valor do registro contábil.

Livro Diário

Data D/C Conta Histórico Valor do Valor


débito do
(R$) Crédit
o

25/01/2017 D Móveis e Compra de um 1.000,00


Utensílios armário, conforme
N.F. nº 100, da Foca
C Caixa 1.000,00
nos Estudos Ltda.

OBS.: O histórico consiste no relato do Fato. Este relato deve conter apenas as
informações necessárias para o bom esclarecimento do evento. Nunca se deve
esquecer de identificar a espécie e o número do documento comprobatório, a coisa
transacionada, bem como o nome da pessoa com quem se transaciona.

NOTA: O histórico do lançamento deve representar a essência econômica da transação, sendo permitido o
uso de código de histórico padronizado, desde que baseado em tabela auxiliar inclusa em livro próprio. (Letra
“d” do item 6 da Interpretação Técnica ITG 2000, aprovada pela Resolução CFC nº 1.330/2011.)

Na rotina contábil, o registro de fatos contábeis através de lançamentos deve


obedecer a uma ordem de acordo com os elementos essenciais do lançamento, na
sequencia em que eles foram apresentados acima.

4.8.1. Passos para fazer um lançamento


O entendimento para fazer lançamentos contábeis depende diretamente do
entendimento da natureza de cada grupo de contas, dos saldos das contas e do
funcionamento das contas.

Por uma questão didática, coloco aqui uma “ordem” de passos para se efetuar um
lançamento:

1. Identificar as contas a serem utilizadas no lançamento.


2. Identificar a natureza do saldo de cada uma das contas.
3. Interpretar os efeitos do fato a ser lançado sobre o saldo de cada uma das
contas envolvidas no lançamento.
4. Lançar o(s) débito(s) na(s) conta(s) a ser(em) debitada(s).
5. Lançar o(s) crédito(s) na(s) conta(s) a ser(em) creditada(s).

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Quadro auxiliar da Escrituração

I- Para elementos Patrimoniais

a. Toda vez que aumentar o Ativo, DEBITAR a respectiva conta

b. Toda vez que diminuir o Ativo, CREDITAR a respectiva conta

c. Toda vez que aumentar o Passivo, CREDITAR a respectiva conta

d. Toda vez que diminuir o Passivo, DEBITAR a respectiva conta

II- Para os elementos de Resultado

a. Toda vez que ocorrer uma despesa, DEBITAR a respectiva conta

b. Toda vez que se realizar uma receita, CREDITAR a respectiva conta

NOTAS:

• As contas de Despesas só serão creditadas para estorno ou encerramento de


exercício.

• As contas de Receitas só serão debitadas para estorno ou encerramento de exercício.

4.8.2. Fórmulas de Lançamentos


Os lançamentos dos fatos contábeis podem ser classificados em fórmulas em
função do número de contas envolvidas em cada transação. Existem quatro fórmulas
de lançamentos, observe:
Fórmula Débitos Créditos

Primeira 1 1

Segunda 1 2 ou +

Terceira 2 ou + 1

Quarta 2 ou + 2 ou +
• Primeira Fórmula – Uma conta debitada e uma conta creditada.

Exemplo: compra de uma casa, à vista, do Sr. João , situada na Av. Sem Fim, n° 100,
nesta cidade, conforme escritura passada no 5° Tabelião, no valor de $200.000.

D - Imóveis 200.000

C - Caixa 200.000

Histórico: compra de uma casa do Sr.João, situada na Av. Sem Fim, nº 100, nesta
cidade, conforme escritura passada no 5° Tabelião.

•Segunda Fórmula – Uma conta debitada e duas ou mais contas creditadas.

Exemplo: Compra de uma motocicleta, marca Honda, da Bom de Roda Ltda., conforme
Nota Fiscal n°310, no valor de $5.000, nas seguintes condições:

a) Pagamento, no ato, de $3.000, em dinheiro, como entrada.


b) O restante será pago após 30 dias, conforme aceite da duplicata n°001.

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D – Veículos 5.000

C – Caixa 3.000

C – Fornecedor (Bom de Roda Ltda.) 2.000

Histórico: Compra de uma motocicleta marca Honda, da Bom de Roda Ltda, conf. N.F.
310, com aceite de duplicata n° 001.

• Terceira Fórmula – Duas ou mais contas debitadas e uma conta creditada.

Exemplo: Venda de uma mesa para escritório a Maria José, conforme Nota Fiscal n°
118, por $500, nas seguintes condições:

a) Recebimento no ato, da importância de $100, em dinheiro.


b) Recebimento do restante em quatro parcelas mensais iguais, no valor de $100
cada uma, conforme duplicatas números 118/01 a 118/04.

D – Caixa 100

D – Clientes 400

C – Móveis e Utensílios 500

Histórico: venda de uma mesa para escritório conf. N.F. 118, será recebido $100
mensais conforme duplicatas de n° 118/01, 118/02, 118/03 e 118/04, com
vencimentos em: XXXX
• Quarta Fórmula - Duas ou mais contas debitadas e duas ou mais contas

creditadas. Exemplo: compra efetuada na Casa Bom Preço de:

a) Um armário, para uso da empresa, conforme Nota fiscal n° 90, no valor de


$3.000;
b) Um computador, conforme Nota Fiscal n° 91, no valor de $4.000.

Foram pagos, no ato, como entrada, $2.000, em dinheiro; e o restante será pago
por meio de duas duplicatas, de números 1 e 2, no valor de $2.500 cada, vencíveis
de 30 em 30 dias.

D – Móveis e Utensílios 3.000

D – Computador 4.000

C – Caixa 2.000

C – fornecedor (Casa Bom Preço) 5.000

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Histórico: Compra conf. N.F. n° 90 e 91, Casa Bom Preço, serão pagas duas
duplicatas de nº 1 e nº 2, no valor de $2.500 cada, com vencimentos mensais.

4.8.3. Erros de Escrituração e Correções

4.8.3.1. Erros Mais Comuns


• Valor: é o que ocorre quando, em vez de se debitar ou creditar um determinado
valor, debita-se ou credita-se outro valor.

• Título: é o que acontece quando se utiliza o nome de uma conta, em vez de usar o
nome de outra conta.

• Inversão: erro que ocorre quando a conta que deveria ser debitada foi creditada e a
que deveria ser creditada foi debitada.

• Duplo Registro: fato que acontece quando o lançamento que já havia sido feito é
feito pela segunda vez.

• Omissão: é o que ocorre quando não se faz o lançamento.

• Histórico incorreto: erro que acontece quando o fato ocorrido não corresponde ao
descrito no histórico do lançamento.

4.8.3.2. Formas de Correção


• Estorno: consiste em se anular o lançamento incorreto, através da elaboração de um
lançamento invertido em relação àquele efetuado anteriormente.
• Complementação: consiste em se fazer lançamento para complementar valor
lançado a menor (complementação positiva) ou lançamento a maior (complementação
negativa). Pode-se também chamar a complementação negativa de estorno a parcial.

• Transferência: é utilizada quando se comete erro de título. Consiste em se fazer um


lançamento de tal forma que a conta incorreta seja debitada ou creditada em
contrapartida com a conta correta.

• Ressalva: é normalmente feita quando se comete erro no histórico.

Exemplos:

1) Pagamento de duplicatas no valor de $1.700.

Lançamento incorreto:

D – Cliente 1.700

C – Caixa 1.700

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Erro cometido: Título, pois a conta que deveria ser debitada seria fornecedor e
não cliente.

1ª solução: Estorno

D – Caixa 1.700

C – Cliente 1.700

Lançamento Correto:

D – Fornecedor 1.700

C – Caixa 1.700

2ª solução: Transferência

D – Fornecedor 1.700

C – Cliente 1.700

2) Depósito bancário no valor de $800


Lançamento Incorreto:

D - Caixa 800

C – Banco Conta Movimento 800

Erro cometido: Inversão, pois, no depósito bancário, debita-se banco conta


movimento e credita-se caixa.

Solução: transferência

D – Banco Conta Movimento 1.600

C – Caixa 1.600

OBS.: em erros de inversão, a correção pode ser feita estornando-se o lançamento


incorreto e fazendo-se o correto. Outra forma de corrigir é fazendo-se um único
lançamento com valor dobrado, no caso, 1.600=800+800.

3) Recebimento de duplicatas no valor de $15.000

Lançamento incorreto:
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D – caixa 9.000

C – Cliente 9.000 Erro cometido: valor, pois

faltam $6.000 Solução: complementação

D – caixa 6.000

C – Cliente 6.000
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