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Objectivos Específicos:
Os factos patrimoniais ou transacções que traduzem as modificações patrimoniais são a base dos registos
contabilísticos e da preparação dos dois documentos básicos da denominada prestação de contas de uma
entidade: Balanço e Demonstração de Resultados. Vamos neste capítulo estudar mais detalhadamente essas
transacções e as técnicas utilizadas no seu registo através da denominação da revelação contabilística.
Como transacções permutativas temos por exemplo, a compra de mercadoria, o pagamento de uma dívida, o
recebimento de um crédito, a compra de uma máquina, etc.
Sendo o património, o conjunto de valores activos e passivos sujeitos a uma gestão, este não se mantém
constante. Pelo contrário, está sujeito a variações que mais não são do que a consequência da própria
actividade da empresa. Sendo assim, além da representação dos valores patrimoniais, existe a necessidade de
representar e inscrever em documentos, livros e registos de vária natureza, os factos patrimoniais que
provocam a sua variação.
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A escrituração comercial será, pois, o conjunto de documentos e livros que historiam a evolução patrimonial
de qualquer empresa. Também se designa escrituração, aos actos de registo das operações nos livros e
documentos.
7.2 Documentos
Com o início do processo contabilístico, as transacções são registadas em documentos que vão servir como
base de “prova” dos registos a serem efectuados.
Por exemplo, quando se vende uma mercadoria ou se presta um serviço emite-se uma factura. Quando se
compra uma máquina, esta vem acompanhada de uma factura emitida pelo vendedor. No pagamento de uma
dívida através de dinheiro depositado no Banco, emite-se um cheque e o credor passa um recibo como
quitação.
Estes documentos podem ter origem interna ou externa. Os primeiros, são aqueles que sendo elaborados no
seio da empresa se destinam exclusivamente ao uso interno (folhas de férias, notas de lançamento, etc.); os
segundos, são os que provêm ou se destinam ao exterior (facturas, letras, recibos, notas de débito, etc.).
No entanto, a sua existência é essencial para a execução da contabilidade sem os quais o mesmo não se
poderá processar. Aliás, as empresas estão sujeitas a incorrerem em multa se procederem ao registo de factos
não devidamente documentados.
O caminho que deve ser seguido na contabilização de factos patrimoniais é representado da no fluxo abaixo
que se indica:
Factos
patrimoniais Documentos Diário Razão Balancetes
Balanço Demonstração
de Resultados
1
Decreto-Lei nº02/2005 de 27 de Dezembro
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7.3.1 Livros de Escrituração
Os livros obrigatórios são os que a lei enumera como indispensáveis a qualquer comerciante. São também
designados por livros selados e vêm indicados no artigo 43º do Código Comercial2 de entre eles o livro de
Inventário e Balanço, o Diário. Estabelece-se que, além destes, são obrigatórios para as sociedades
comerciais os Livros de Actas.
O livro de Inventário e Balanços começará pelo arrolamento de todo o activo e de todo o passivo do
comerciante, fixando a diferença entre aquele e este o capital com que entra em comércio, e servirá para nele
se lançarem, dentro dos prazos legais, os balanços a que tem de proceder.
Por sua vez, o Diário servirá para os comerciantes registarem, dia após dia por ordem de datas, em assento
separado, cada um dos seus actos que modifiquem ou possam vir a modificar a sua fortuna.
Os livros ou folhas das actas dos empresários comerciais, pessoas colectivas, segundo o artigo 47 do Código
Comercial3 servem para neles se lavrarem as actas das reuniões e sócios ou associados, de administradores e
do órgão de fiscalização, devendo cada uma delas expressar, sem prejuízo do disposto em disposições
especiais:
a) a data em que foi celebrada;
b) os nomes dos participantes ou referência à lista de presenças autenticada pela mesa;
c) os votos emitidos;
d) as deliberações tomadas e tudo o mais que possa servir para as conhecer e fundamentar;
e) a assinatura pela mesa, quando a houver ou, não havendo, pelos participantes.
Ainda de acordo com o artigo 167 do Código Comercial em vigor4, as sociedades de acordo com o seu tipo
devem ter:
a) livro de actas da assembleia geral;
b) livro de actas da administração;
c) livro de actas do órgão de fiscalização, quando este existir;
d) livro de registo de ónus, encargos e garantias.
Além destes, que são obrigatórios par todos os comerciantes (o livro de actas só é obrigatório para as
sociedades), outro livros são impostos pela legislação comercial (Código e diplomas complementares) e
2
Decreto-Lei nº02/2005 de 27 de Dezembro
3
Idem
4
Idem
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fiscal, apenas para o registo de determinadas operações, em algumas sociedades, ou para certos ramos de
actividade (bancos e seguros, por exemplo).
Vejamos os livros obrigatórios para o registo de determinadas operações:
5
Aprovado pelo Decreto nº 07/2008 de 16 de Abril
6
Aprovado pelo Lei nº 32/2007 de 31 de Dezembro
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Adicionalmente devem possuir os seguintes elementos de escrita:
a) Livro de registo de compras;
b) Livro de registo de vendas e serviços prestados;
c) Livro de registo de despesas gerais.
Os livros facultativos, são os que se utilizam normalmente como auxiliares de registo. O seu número e
utilização depende da natureza, características e dimensão das empresas ou das operações que elas efectuam.
Servem para completar, desenvolver e controlar o que se escritura nos livros obrigatórios. São usualmente
denominados de livros auxiliares.
Antes de proceder à escrituração dos livros referidos anteriormente como obrigatórios - inventário e balanço,
diário - deve-se proceder à sua legalização.
A legalização consiste na indicação do número da matrícula e na assinatura dos termos da abertura e de
encerramento, bem como na rubrica das folhas.
Antes desta formalidade, os livros obrigatórios deverão ser apresentados numa área fiscal da administração
tributária, para se proceder à sua selagem.
Como se disse anteriormente, os factos patrimoniais são registados, por ordem de datas no diário e por ordem
de contas, no razão. O diário é um registo cronológico; o razão é um registo sistemático, é o livro das contas.
Como tudo o que se escritura no diário tem que constar no razão, entende-se praticamente por lançamento a
simples contabilização do diário da empresa, visto que, implicitamente tem de ser transladado para outros
livros, com o fim de se dispor do detalhe conveniente nos livros adequados.
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7.4 -Métodos de Registo Contabilístico
7.4.1- Caracterização
As primeiras contabilidades conhecidas, as do século XIII, comportavam somente as contas de devedores,
credores e banqueiros, ou seja, contas de «pessoas». O método de registo contabilístico adoptado então ficou
conhecido por método das partidas simples ou unigrafia, que consistia na inscrição em cada conta (pessoal)
dos movimentos que lhe respeitam, sem qualquer interligação com inscrições feitas noutras contas.
Método Digráfico:
Segundo este método, os factos patrimoniais implicam variação nos valores patrimoniais expressos nas
contas. Tais variações, contudo, não poderão provocar desequilíbrios patrimoniais se em cada registo se
respeitar a equação fundamental de contabilidade, ou seja: A + SLA = P + SLP.
Daqui se infere que qualquer facto patrimonial implica sempre a variação de duas ou mais contas e daí a
regra de partidas dobradas ou digrafia:
“A variação de uma conta é sempre equilibrada pela variação de outra ou outras contas.”
O método de partidas dobradas permite que, após efectuados os registo, se verifique a equivalência entre o
total dos débitos e dos créditos no final do período contabilístico.
A escrituração de um facto patrimonial determina, como é lógico, que se conheçam as contas cuja extensão
aumenta ou diminui, como resultado desse facto e qual a coluna em que se deve registar a variação sofrida
por cada uma dessas contas.
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A + S.L.P. = P + S. L. A.
Sejam:
a, a’
sp, sp’
p, p’
as, as’
então:
(A + a - a’) + (SLp + Sp - Sp’) = (P + p - p’) + (SLa + Sa - Sa’)
ou
[(A + a) - a’] + [(SLp + Sp) - Sp’] + [p’ - (P + p)] + [Sa’ - (SLa + Sa)]
ACTIVO S. L. P. PASSIVO S. L. A.
a sp p sa'
- + - + - + -
Este assunto já foi devidamente abordado no capítulo 4, cujo resumo das regras de movimentação das contas
foi assim apresentado:
As contas do activo debitam-se pela extensão inicial e pelos aumentos; creditam-se pelas diminuições.
As contas do passivo e da situação líquida inicial debitam-se pelas diminuições; creditam-se pela extensão
inicial e pelos aumentos.
As contas de situação líquida adquirida, isto é, as contas de resultados debitam-se pelos custos (encargos)
e, creditam-se pelos proveitos (ganhos).
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7.5 -Raciocínio Contabilístico
Exercício exemplo:
Registar, nas respectivas contas, obedecendo ao princípio das partidas dobradas, as operações aos factos
patrimoniais seguintes:
1) Compra, a crédito de diversas mercadorias 10 000,00;
2) Pagamento ao fornecedor F 30 000,00;
3) Venda, a prazo, de mercadorias diversas 35 000,00;
4) O cliente J.T. paga metade da sua dívida 17 500,00.
Resolução:
1) Compra, a crédito de diversas mercadorias 10 000,00;
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Resumindo:
Compra de mercadorias Ü 2.1 Compras Ü A Ü + Ü D Ü 10.000,00
Compra a Crédito Ü 4.1.1 Fornecedores c/c Ü P Ü + Ü C Ü 10.000,00
Uma vez efectuado este raciocínio podemos fazer o seu lançamento nas respectivas contas:
D (s ) C (s)
åD = åC
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Em síntese, podemos dizer que no sistema de partidas dobradas:
§ A um débito ( ou débitos) corresponde sempre um crédito (ou créditos) de igual valor;
§ A soma dos débitos é sempre igual à soma dos créditos;
§ A soma dos saldos devedores é igual à soma dos saldos credores,
7.6- Lançamentos
Chama-se lançamento ou assento, à notação (registo) de qualquer facto patrimonial nos livros de
contabilidade. São, portanto, peças fundamentais da escrituração, os livros onde se registam as operações e
os documentos, que representam essas operações e comprovam os lançamentos efectuados nos mesmos.
Qualquer lançamento afecta pelo menos duas contas e o valor dos registos a débito é necessariamente igual
aos registos a crédito.
As alterações do património são registadas em livros de escrituração, sendo os principais o diário e o razão.
O primeiro regista por ordem cronológica e o segundo por ordem sistemática ou de conta. O diário e o
razão, para além de serem os mais usados no registo da variação dos elementos patrimoniais, o diário é
também obrigatório, ou seja, é exigido por lei. Refira-se que a actual legislação em vigor no país, omite a
obrigatoriedade de escrituração do razão. (PGC e Código Comercial).
Os lançamentos podem ser classificados de acordo com o número de contas movimentadas e a natureza dos
movimentos.
Tendo em conta que no método digráfico, todo o facto patrimonial dá origem à variação ou mais contas, de
tal modo que a um débito (débitos), corresponde sempre um crédito (créditos) de igual valor, a
contabilização de qualquer operação obedece forçosamente, a uma das seguintes quatro fórmulas digráficas:
Aos lançamentos da 1ª fórmula dá-se o nome de lançamentos simples. Os das demais fórmulas dizem-se
lançamentos complexos ou compostos.
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Exemplo:
O Comerciante Ziad Estudioso realizou as seguintes operações:
As contas afectadas com esta operação são bancos e caixa. A primeira sofre uma variação aumentativa e a
segunda diminuitiva. Uma vez que ambas são do activo, debita-se bancos e credita-se caixa. Lembre-se: as
contas do activo debitam com aumentos e creditam com diminuições.
um débito = um crédito
1.ª fórmula
b) Liquida a dívida que tinha para com a sociedade Beta, Lda relativa à factura 718, no montante de
250.000,00 da seguinte forma: entrega um cheque de 200.000,00 e 50.000,00 em dinheiro.
As contas a movimentar nesta operação são fornecedores, bancos e caixa. Todas elas sofrem variações
diminuitivas. Como fornecedores é uma conta do passivo irá debitar e caixa e bancos são contas do activo,
pelo que irão creditar. Assim, teremos:
Caixa 50.000,00
Esquematicamente:
D 1.1Caixa H
50.000,00
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um débito = vários créditos
2.ª fórmula
As duas primeiras contas são de balanço (empréstimos obtidos é uma conta de passivo e depósitos à ordem é
uma conta do activo) e a última conta (despesas financeiras) é uma conta de gestão, um custo por natureza.
Assim,
Depósitos à Ordem 275.000,00
- debitam-se
D 4.2Empréstimos Obtidos H
300.000,00
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d) Adquire na Imobiliária Casas, Lda um edifício para armazenamento de mercadorias no valor de
580.000,00 e uma camioneta usada no valor de 80.000,00, nas seguintes condições: entrega de
um cheque sobre o Banco Maputense no valor de 500.000,00 e o restante pagável dentro de 30
dias.
Perante a operação descrita, movimentamos as seguintes contas:
· Construções, pelo valor de aquisição do armazém;
· Equipamentos de transporte: pelo valor de aquisição da camioneta;
· Bancos pelo valor do Cheque; e
· Outros credores pelo valor pagável dentro de 30 dias.
Uma vez que construções e equipamentos são contas do activo e os seus valores sofreram variações
aumentativas, serão debitadas. A conta bancos, também do activo e por ter verificado uma diminuição no seu
valor, será creditada. A conta de outros credores é do passivo, pelo que, será creditada pelo aumento que se
verificado.
As três primeiras contas são contas de activo e a última é uma conta do passivo. Atendendo às suas
variações, iremos,
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Esquematicamente:
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7.7 - O Diário
O livro onde o registo das transacções se efectua cronologicamente, transacção a transacção, com
indicação das contas debitadas, das contas creditadas, descrição da transacção e respectivo valor, designa-
se por Diário.
a) b) c) d) e) f) g) h)
Na prática têm-se utilizado modelos de diário mais simplificados, que não reúnem todas as informações que
podemos encontrar no diário geral clássico. O seu riscado é o seguinte:
a) b) c) d) e) f)
Em que:
a) Inscreve-se o número de ordem do lançamento;
b) Reservada a preposição “a” nas contas a crédito;
c) Número do fólio no razão geral das contas movimentadas;
d) Coluna auxiliar de importância;
e) Coluna principal de importância.
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Este é o riscado do razão geral que iremos utilizar ao longo deste texto.
Maputo, 31 de Janeiro de N
1 11. Caixa (conta debitada) 1
a 51. Capital (conta 2
creditada)
entrada de dinheiro para rea-
lizaçao do capital 5 000 000 00
____________ ____________
2 63. Fornec. e Serviço. Terceiros 3
6.3.2.3.2 Rendas e Alugueres
a 11. Caixa 1
Pagamento da renda do es-
Critório relativa a Janeiro 50 000 00
____________ ____________
Descrição ou histórico
Fólio do Razão
Valor do lançamento
Numeração do lançamento
O uso técnico do diário manda que no cabeçalho do lançamento se inscreva primeiramente a conta debitada e
depois a creditada, esta numa linha imediatamente inferior àquela, antecedida do respectivo título da
preposição “a”, abreviatura de “deve a”.
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Dado que um mesmo facto pode originar variações em mais do que duas contas, quando tal acontece, são os
títulos das diversas contas substituídos no cabeçalho pela palavra “diversos”. Os títulos dessas contas entram
no corpo do lançamento, juntamente com a descrição, obedecendo à regra indicada anteriormente entre as
contas debitadas e creditadas.
Cada lançamento no diário é fechado por um traço descontínuo, em cujo o intervalo se escreve a data (dia e
mês) do lançamento seguinte. Se o lançamento anterior for feito no mesmo mês, poder-se-á indicar apenas o
dia no lançamento seguinte. Caso o lançamento seguinte seja no mesmo dia do anterior, limita-se a pôr umas
aspas no dito intervalo.
7.8 O Razão
As contas, no sistema de escrituração manual, encontram-se agrupadas num livro a que se chama de Razão.
Para simplificação e exemplificação de como se movimentam as contas, utilizaremos os “ Ts”. É evidente
que nos livros, o formato das contas terá de ser bastante mais completo para permitir o registo de mais
informação sobre os registos efectuados, embora seja, no geral semelhante aos “Ts” que utilizamos.
O razão, na sua forma clássica, apresenta-se como um livro de folhas cosidas designados fólios. Cada fólio é
reservado a uma conta, em cuja página esquerda se escreve o “deve” ou “débito” da mesma e à direita o
“haver” ou “crédito”.
Os registos a débito levam a preposição “a” significando “deve a”; os a crédito levam a preposição “de”,
significando “haver de”.
Modelo Clássico
Deve Título ( Fólio _) Haver
Data Descrição Valor Data Descrição Valor
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Apesar de o razão ser o livro das contas, por razões de ordem prática, não é possível reunir no mesmo livro
contas de diferentes graus, daí a necessidade de vários razões.
O livro de contas do primeiro grau será o razão geral; os livros das contas divisionárias (2º em diante)
designam-se por razões auxiliares. Assim poderá haver razão auxiliar para cada conta colectiva bancos,
clientes, etc.
Exemplos
O comerciante Filipe Xibucuane iniciou a sua actividade com 25.000,00 em dinheiro, em 20 de Abril de N.
Durante esse mês realizou as seguintes operações:
20. Depósito de 12 000,00 na União Comercial de Bancos;
23. Compra à MIT de 10 peças de capulanas para venda, a 800,00 @, s/factura nº 432, a 30 dias;
Compra de diverso material de escritório por 350,00 conforme nota de vendas no balcão nº 589
da Papelaria Académica;
25. Compra de diverso mobiliário para o escritório, conforme a factura nº 345 da METASEL, a 45
dias, no valor de 5.000,00;
27. Venda a J. Santos de 2 peças de capulanas a 1.200,00 @, factura nº 001 a 60 dias;
28. Saque da letra nº 1 sobre J. Santos, pelo valor da nossa factura nº 001;
Pagamento à MIT do valor da factura nº 432, em cheque nº 12345678 sobre União Comercial de
Bancos, com desconto de 3% por antecipação de pagamento;
30. Desconto da letra nº 1, mediante encargos de 74.500,00 por crédito da conta;
Compra de 75 pares de calças Jeans Lee azul nº 32 a 600,00 cada conforme a factura 175 da Moz
Trade, a 60 dias.
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7.9 Estorno
O trabalho de escrituração comercial está sujeito a erros, pelo que, quando qualquer erro é encontrado este
deve ser corrigido de imediato. Contudo, a sua correcção não deve ser efectuada através de rasura ou
apagamento do registo, pois isso poderá indicar o desejo de esconder ilicitamente qualquer facto. Aliás,
como sabemos a escrituração comercial serve como um meio de prova em caso de litígio, daí que, não
deverá necessariamente, apresentar irregularidades.
É a própria legislação comercial que impõe regras neste sentido impondo a utilização do lançamento de
estorno para corrigir erros: “Ocorrendo erro de lançamento na escrituração, a respectiva correcção deve ser
efectuada por meio de estorno contabilístico”( Nr.03 do artigo 49 do Código Comercial7).
Estes lançamentos podem ser de mais variada natureza, no entanto, a maneira mais simples de realizar um
estorno é anular o lançamento contrário através da realização de um lançamento inverso e repetir o
lançamento correctamente. No entanto, algumas vezes, este procedimento não é possível devendo cada caso
ser analisado cuidadosamente, adoptando-se, o procedimento adequado mas tendo em vista que deve ser
deixada evidência clara do erro que se está a corrigir, não efectuando rasuras.
O estorno é, então, um lançamento destinado a anular ou a rectificar outro, ou a preencher uma lacuna.
Para a correcção de erros cometidos no diário geral utilizam-se três processos distintos:
a) Processo geral – anula-se o lançamento errado e faz-se de seguida o lançamento correcto;
b) Processo abreviado – quando possível, a correcção faz-se por um único lançamento, síntese dos
lançamentos referentes ao processo;
c) Complemento aritmético- Complemento aritmético de um numero é a diferença entre esse
numero e a potência de base 10, que é imediatamente superior a esse numero, com sinal
negativo. A soma entre o n.º e o seu complemento aritmético é sempre igual a zero.
7
Decreto-Lei nº02/2005 de 27 de Dezembro
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Exemplo: 550 – o complemento aritmético = 1000 – 550 = -1 450
O estorno consiste em fazer o mesmo lançamento(o errado) mas com o complemento do
valor do lançamento errado e depois fazer o lançamento certo
· Omissão de registo: as operações devem ser registadas por ordem de datas. No caso de nos aparecer um
documento por registar fora de ordem de data, devemos proceder normalmente ao seu registo no Diário e
passagem ao Razão mencionado na descrição a data da respectiva operação
Exemplo:
... , 20 de Novembro de N
1.2.1Depósitos à Ordem
a 1.1Caixa
N/ depósito efectuado no dia 2, conforme guia nº
887 651, por lapso não registado nessa data 10 000,00
---------------------------“-----------------------------------
· Duplicação de registo: caso a empresa tenha registado duas vezes a mesma operação, para proceder a
correcção, poderá adoptar um dos métodos seguintes: a) anula-se o segundo registo, utilizando-se o
lançamento inverso; b) risca-se o segundo lançamento de modo a que se veja o que está escrito; c) faz-se
um terceiro lançamento com a quantia simétrica das anteriores; d) repete-se o lançamento com o
complemento aritmético da quantia.
Exemplo:
... , 20 de Novembro de N
1.3.1Clientes c/c
a 1.1Caixa
Anulação do lançamento nº 136, efectuado no
passado dia 16, por se a duplicação do lançamento
nº128 36.000,00
-------------------------“-------------------------------------
· Inversão de Contas: no caso de, ao registar a operação, se ter trocado a conta debitada pela creditada,
podemos corrigir o registo recorrendo a um dos seguintes métodos: a) anular, com um traço a vermelho
(de modo a que se leia o que fica riscado) o primeiro lançamento e, seguidamente, proceder ao
lançamento correcto; b) fazer o lançamento correcto pelo dobro do valor; c) anular o primeiro registo
pelo inverso, e depois proceder-se ao lançamento correcto.
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Na inversão de contas, poderão seguir-se duas vias.
1.1Caixa
a 4.1.1Fornecedores c/c
Pagamento da sua factura nº 10 12.000,00
---------------------------“-----------------------------------
Verifica-se que as contas foram inversamente movimentadas. Houve uma saída de Caixa, logo esta conta
deveria ser creditada; as dívidas a fornecedores diminuiram, pelo que esta conta deveria ter sido
debitada.
4.1.1Fornecedores c/c
a 1.1.Caixa
Estorno do lançamento nº.... 12.000,00
---------------------------“-----------------------------------
4.1.1Fornecedores c/c
a 1.1.Caixa
Pagamento da sua factura nº 10 12.000,00
---------------------------“-----------------------------------
4.1.1Fornecedores c/c
a 1.1.Caixa
Estorno e rectificação do lançamento nº ... 24.000,00
---------------------------“-----------------------------------
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· Substituição de Contas: no caso de se movimentar uma conta ou contas incorrectamente, para proceder
à sua rectificação pode seguir-se um dos métodos: a) cortar a vermelho o que se encontra
incorrectamente registado e fazer o registo correcto; b) anula-se o primeiro lançamento e depois faz-se o
registo correcto; c) faz-se um registo em que se movimenta a conta errada e a que devia figurar.(Processo
idêntico ao da inversão de contas).
Exemplo: Pelo recebimento dum cheque no montante de 20.000,00, para liquidação da dívida do cliente C,
efectuou-se por lapso o seguinte lançamento:
1.2.1Depósitos à Ordem
a 1.3.1Clientes c/c
Liquidação da dívida de F 20.000,00
---------------------------“-----------------------------------
Utilizou-se indevidamente a conta de Depósitos à Ordem. A conta a debitar seria a conta de Caixa, pois os
cheques recebidos são movimentados e registados nesta conta.
1.3.1Clientes c/c
a 1.2.1Depósitos à Ordem
Estorno do lançamento nº ... 20.000,00
---------------------------“-----------------------------------
1.1Caixa
a 1.3.1Clientes c/c
Liquidação da dívida de F 20.000,00
---------------------------“-----------------------------------
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Via B: substituindo estes dois lançamentos pelo seguinte
1.1Caixa
a 1.2.1Depósitos à Ordem
Estorno e rectificação do lançamento nº ... 20.000,00
---------------------------“-----------------------------------
· Alteração de quantias: caso se tenham movimentado correctamente as contas, mas haja engano nas
quantias, para rectificarmos o registo pode seguir-se um destes métodos: a) cortar a vermelho a quantia
errada, substituindo-a pela quantia certa; b) fazer um registo pela diferença; c) anular o primeiro registo e
depois proceder ao correcto.
Exemplo: Pela compra a pronto pagamento de uma camioneta no valor de 330.000,00, fizemos sob o nº 203,
o seguinte lançamento:
3.2.4Equipamento de Transporte
a 1.1.Caixa
Aquisição de uma viatura, matrícula ... 300.000,00
---------------------------“-----------------------------------
1.1Caixa
a 3.2.4Equipamento de Transporte
Estorno do lançamento nº 203 300.000,00
---------------------------“-----------------------------------
Lançamento correcto a efectuar
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Via B : substituindo estes dois lançamentos pelo seguinte:
No primeiro caso, os erros são corrigidos com a passagem ao Razão dos lançamentos de estorno efectuados
no Diário.
No segundo caso serão apenas emendados no Razão. Esta rectificação será efectuada por meio de um traço a
tinta de cor diferente, sobre os elementos que careçam de emenda, deixando-os legíveis. Com a mesma
tinta faz-se a correspondente inscrição na linha seguinte, do elemento correcto.
O essencial é que as emendas ou aditamentos não dêem lugar a suspeitas de fraude, deixando-se legível o
teor a primeira inscrição. Deste modo, vê-se imediatamente o motivo por que foram feitos.
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