Você está na página 1de 1

10 anos de inclusão através das cotas.

Em 29 de agosto de 2022, a Lei de Cotas (Lei 12.711/2012) completou 10 anos.


Sancionada em 2012, a Lei 12.711 possibilitou, ao longo de uma década de vigência, que
alunos e alunas de escolas públicas, de baixa renda, negros, indígenas, e pessoas com
deficiência obHvessem acesso ao ensino superior público por meio da reserva de vagas
em insHtuições federais.

A Lei de Cotas estabelece que 50% das vagas sejam de livre concorrência e 50%, para
alunos co/stas, sendo essas vagas assim distribuídas: desHnadas à população com renda
familiar de até 1,5 salário mínimo por pessoa da família, e vagas das cotas raciais e para
alunos com deficiência distribuídas conforme a proporção de indígenas, negros, pardos e
pessoas com deficiência da unidade da Federação onde está situada a universidade ou
insHtuto federal, tendo por base os dados apurados pelo InsHtuto Brasileiro de Geografia
e EstaXsHca (IBGE).

Inicialmente, a ideia e os projetos de lei de Cotas foram contestados, sob argumentos de


falta de isonomia no tratamento a estudantes, e preocupações com a qualidade do ensino
e do aprendizado dos coHstas. Após dez anos de vigência, no entanto, os temores
mostraram-se equivocados. As cotas não só ampliaram a presença de negros e negras,
estudantes de baixa renda, indígenas e pessoas com deficiência nas insHtuições federais
de ensino superior, como o rendimento acadêmico dos co/stas se provou equivalente ao
rendimento dos estudantes não co/stas.

As cotas também mudaram o perfil sociorracial das universidades que as adotaram,


democraHzando o acesso ao ensino superior no Brasil, ampliando o debate críHco sobre
desigualdade social no país, transformando também a cultura da diversidade e
aumentando o caráter inclusivo das insHtuições federais de ensino superior. Pesquisa
realizada mostra que o percentual de coHstas nas universidades federais saiu de 3,1%, em
2005, para 48,3%, em 2018.

O percentual de estudantes inseridos na faixa de renda mensal familiar per capita até 1,5
salário mínimo também aumentou. Em 1996, quando foi realizada a primeira edição da
pesquisa, eles eram 44,3% do corpo discente, número relaHvamente próximo aos dos
percentuais encontrados nos levantamentos realizados em 2003 e 2010. Porém, percebe-
se que, a parHr de 2014, ocorre um salto, e os estudantes nessa faixa de renda passam a
ser 66,2% do total de estudantes da graduação, chegando a 70,2% em 2018.

“A Lei de Cotas foi fundamental e transformadora para nosso sistema [universitário] mas
também para o país. Trata-se da lei que democraHzou o acesso nas universidades federais,
incluindo populações negras, indígenas, com deficiência e também de baixa renda. Isso foi
revolucionário, transformou para melhor nossa universidade, diversificou e democraHzou.
Hoje vemos uma universidade mais rica, com um eixo fundamental e irrenunciável: a
inclusão de parcelas que, de outro modo, não poderiam hoje estar no nosso sistema
[universitário]. É o momento de rememorar estes dez anos, mas também de olhar para o
futuro, e lembrarmos que muito ainda há de ser feito, pela sociedade e por nós”.

Você também pode gostar