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SEGISMUNDO PINTO

GONÇALO D'AGUIAR CABRAL

ESTUDOS HERÁLDICOS

ARMAS E TROFÉUS

t 9 9 2
ESTUDOS HERÁLDICOS

Por
I - Segismundo Pinto
11 - Gonçalo d' Aguiar Cabral

Carta de Brasão de Armas n. 0 14

I - A HERÁLDICA

A carta de Brasão de Armas (C.B.A) que se estuda sendo já, parcial-


mente, conhecida nunca tinha sido devidamente estudada e publicada. Com
efeito, José de Sousa Machado por duas vezes a refere (1), publicando o
respectivo extrato sem tecer comentários que se impunham, talvez porque
não tenha visto o documento original, como se depreende do consignado
na nota inserta nos «Brasões Inéditos» (Suplemento) onde refere que
«Forneceram-me cópias para os Brasões abaixo indicados pelos seus
números ... José Augusto Carneiro 44».
Pertence hoje este documento à Família Sarsfield Cabral como
herdeiros de Gaspar Leal Gomes Pereira Cabral (Cf. na Genealogia § 7. 0 )
a quem se agradece as facilidades concedidas para o seu estudo.
Tem a forma de um caderno, constituído por 6 folhas de pergaminho,
das q~ais se encontram preenchidas com iluminuras ou texto as páginas
1, 1v 0 , 2, 2v 0 , 3, 3v 0 , 4, 4v 0 , 5, 5v 0 , 6 e 6v 0 , encontrando-se o documento
bem conservado, com frescura de cores e não acusando o ouro e a prata
sinais de oxidação.

( 1)Machado, José de Sousa «Brasões Inéditos». Empreza «A Folha do Minho».


Braga. MCMVI pg. 174 e «Brasões Inéditos» (Suplemento). Edição do Autor. Braga.
MCMXXXI. pg 19.

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I - SEGISMUNDO PINTO I 11- GONÇALO O' AGUIAR CABRAL

A sua transcrição é a seguinte:

«BRAZÃO/DARMAS./Anno de 1729/(pg 1); [em branco] (pg 1v 0 ); [Ilumi-


nura] (pg 2); [Iluminura] (pg 2v 0 ); BRAZÃO/DARMAS./ De Gaspar Leal
Go/mes, familiar do Santo /Officio do numero, Sar/gento mor da
cidade/ de Lamego, e seu termo./ Anno de 1729/ (pg 3); [iluminura] (pg
3v 0 ); DOM JOAM/ por graça de Deos Rey de Portugal, I e dos Algarues,
da quem e dalem, mar/em Africa, Senhor de Guine e da con-/quista, nave-
gação, do comércio da/ Ethiopia, Arabia, Percia e India &c/ A quantos
esta minha carta virem faço saber que Gas/par Leal Gomes familiar do
Santo Officio do numero/ Sargento mor da Cidade de Lamego e seu termo,
e/ nella morador, e natural da cidade de Bragança, me/ fes petição em
como elle descendia e vinha da geração e li-/nhagem dos Leaes, e Gomes,
que nestes Reynos são/fidalgos de Cota darmas, e que de direito as suas
armas/lhe pertencem, pedindome por mercê que para amemo/ ria de seus
antecessores senão perder, e elle poder uzar I da honra das armas que pelos
merecimentos de seus ser/viços ganharão, e lhe forão dadas, e assim dos
preuille-/gios, honras, graças, emerçes, que por direito, e por bem/dellas
lhe pertençem lhe mandace dar minha carta das/ ditas armas, que estauão
registadas em os liuros dos re-/gistos das armas dos nobres, e fidalgos,
de meus Reynos/ que tem Portugal meu principal Rey Darmas; A qual/
petição vista por mim, mandei sobre ella tirar inqui-/rição de testemunhas
pello Doutor João Marques/ Bacalhao, do meu dezembargo, e meu dezem-
bargador I em esta minha Corte e caza da supplicação Corregedor I dos
feitos ecauzas cives em ella, e por Francisco Salgado/ caualeiro profeço
da Ordem de Christo escriuão do/ dito Juizo, pellas quaes fui certo que
elle procede, e/ uem da geração, e linhagem dos Leaes, e Gomes como/
filho legitimo de Manuel Leal, e de Francisca Gomes, I naturaes e mora-
dores na cidade de Bragança; neto/ (pg 4) pella parte paterna, de Fran-
cisco Leal e de Anna Fernã-/ des, naturaes e moradores na dita Cidade,
e pella ma-/terna, neto de Pedro Alveres, e de Francisca Gomes, naturaes
e moradores no lugar de Danai termo da Cidade de Bragança, das princi-
paes famillias e-/ nobreza da quella terra, e como taes ocuparão os
car-/gos nobres da Republica, e q elle supplicante fora/mais de dezaseis
annos Capitão da ordenança, Servin-/do muytas vezes de Capitão mandante
ocupando o posto de Sargento mor na falta do proprietário, e servi-o de
Capitão mor na mesma falta, cujos empregos ser /ui o com grande satis-

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fação, do zello, e cuidado do Real/ seruiço da minha Coroa, e seruio de cial Prouisão do dito
Ureador mais uelho/ na dita cidade de Lamego, e de Juiz de fora pella Jesu Christo de mil •
ordena-/ção, e de juis dos orfãos na dita cidade, e sem termo e/ por mu.ytas de Fe-/vereiro, e vai s•
uezes de prezidente da Camara, os quaes to-dos sempre se tratarão a ley nestes Reynos e Senl
da nobreza, com o estado a/ ella deuido, e sem raça de infecta nação, e Franco/ sobescrevi/ 1
sempre tidos/ por limpos sem fama, ou rumor en contrario, e q em/ Fica registado este B1
Bragança he a famillia dos Gomes da principal nobre-/za da quella de Portugal a fl 91 l
Prouincia, q por letras ocuparão muy-/tos cargos de graduação e muytos Anno de 1792/ Ant'
postos honrozos, /e tem tido muytos caualeiros das ordens Mellita/res,
e q de direito as suas armas lhe pertence, as qua-/es armas lhe mãdei dar Todas as págim
em esta minha carta, como a-/ qui são deuizadas; A saber; Hum escudo 3, 3v 0 e 6v 0 simples
partido-/ em palla, na primeira as armas dos Leaes, na se/gunda, as dos das páginas 3 e 3v 0 q
Gomes, Elmo de prata aberto guar-/necido de ouro, Paquife dos metaes 2v 0 ' 4, 4v 0 ' 5, 5v 0 e
e cores das ar/mas, Timbre hum Libreo das armas, e por diferença-/ huma figurando ornatos e
brica de uermelho com um trifollio de ouro. (pg 4v 0 ) [Iluminura com o rativos e ramos flori
brasão] (pg 5) O Qual escudo, armas, e sinaes, possa tra-/zer e traga o e púrpura.
dito Gaspar Leal Gomes, /asim como astroucerão, e dellas uzarão/ seus Refira-se que a 1
antecessores, em todos os lugares/ de honra, em que os ditos seus ante- constituida por um r:
ces-/sores, e os nobres e antigos fidalgos sempre as custumarão trazer em um pássaro multic<
tempo dos muy esclarecidos Reys/ meus antecessores, e com ellas possa dourado, de belo ef
entrar em batalhas, /campos,escaramuças, e exercitar com ellas todos os/ chida por outra ilun
outros actos licitos da guerra, e da pax, e asim as pos/sa trazer em seus a azul, empunha, m
firmaes, aneis, senetes, e deuizas, e as/por em suas cazas, e edifiçios, e a qual assenta um e
deixalas sobre sua pro-/pria sepultura, e finalmente se seruir e honrar, 1. a pala as armas d
gozar,/ e aproveitar dellas em todo, e por todo como a sua no-/breza A página 3 tem,
conuem; 'Com o que quero e me praz, que ha-/ia elle e todos seus descen- de púrpura, de que :
dentes, todas as honras, e-/ preuillegios, liberdades, graças, merçes, inzen- por uma carranca.
ções/ e franquezas, que hão e deuem haver os fidalgos no/bres, e de antiga O rótulo, não
linhagem, e como sempre de todo/ uzarão, e gozarão seus antecessores; A página 3v 0 , i
Porem man-/do a todos meus Corregedores, e Dezembargadores, Juizes, totalmente, figura ur
Justiças, Alcaides e em especial aos me-/us Reys Darmas, Arautos e Passa- espadas, uma trom1
vantes, e a qua/es quer outros officiaes e pessoas a que esta nossa/ digo, uma composição a!
minha carta for mostrada, e o conhecimen-/to della pertençer que em todo A página 4 tem
lho cumprão e-/ guardem, e façam comprir e guardar como nella/ he azul turquesa enqua
contheudo, sem duvida, nem embargo algum/ que em ella lhe seia posto, a prata sobre fund•
por que assim he mi-/nha merce. El Rey noso Senhor o mandou por Manuel Finalmente, a I
Leal seu Rey Darmas Portugal./ (fs 5v 0 ) Frey Joseph da Crus da Ordem página, uma ilumii
de São Paulo Ref-/ formador do Cartorio da Nobreza do Reyno por/espe- escudos, canhão, al:

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cial Prouisão do dito Senhor a fes, anno do nas-/ cimento de nosso Senhor
Jesu Christo de mil e sete-/centos e vinte e nove. aos doze dias do mes
de Fe-/vereiro, e vai sobescrita por Antonio Francisco es-/criuão da Nobreza
nestes Reynos e Senhorios de Portugal e suas conquistas. E eu Antonio
Franco/ sobescrevi/ P Rey de Armas ppal/ (fs 6).
Fica registado este Brazão no L 0 8° I do Registo dos Brazões da Nobreza/
de Portugal a fl 91 Lxa I Occidental aos 13 dias do mes/ de Feuereiro do
Anno de 1792/ Ant° Franc. 0 I (fs 6v 0 ).»

Todas as páginas apresentam cercaduras sendo as das páginas 1, 2,


3, 3v 0 e 6v 0 simples molduras rectangulares douradas com excepção das
das páginas 3 e 3v 0 que são azul turqueza. No respeitante às duas páginas
2v 0 , 4, 4v 0 , 5, 5v 0 e 6 estas são extremamente elaboradas e decorativas,
figurando ornatos e atributos militares, armas, escudos, elementos deco-
rativos e ramos floridos executados a vermelho, azul turquesa, dourado
e púrpura.
Refira-se que a página 2 tem uma iluminura ocupando toda a página,
constituída por um ramo de flores e frutos, atados por um torçal vermelho,
um pássaro multicolor e um caracol, tudo representado sobre fundo
dourado, de belo efeito decorativo. A página 2v 0 é inteiramente preen-
chida por outra iluminura: nela, um leão batalhante branco, sombreado
a azul, empunha, na dextra, um alfange e, na sinistra, uma cartela sobre
a qual assenta um escudo de fantasia, partido, tendo representados, na
1. a pala as armas de Leal e na segunda as de Gomes.
A página 3 tem, sobre fundo azul claro, uma cartela dourada, forrada
de púrpura, de que saem folhas douradas, sendo rematada inferiormente
por uma carranca.
O rótulo, não pintado, tem a inscrição já referida.
A página 3v 0 , igualmente ocupada por outra iluminura que a ocupa
totalmente, figura um canhão, granadas, um tambor, várias alabardas, duas
espadas, uma trompeta, quatro bandeiras e, um polvorinho constituindo
uma composição agradável, de bom efeito estético.
A página 4 tem uma capitular, D, iluminada a dourado sobre fundo
azul turquesa enquanto que a 5v 0 apresenta outra capitular, O, iluminada
a prata sobre fundo vermelho.
Finalmente, a página 6 apresenta, ocupando sensivelmente metade da
página, uma iluminura executada sobre fundo dourado, representando
escudos, canhão, alabardas, bandeiras, tambor e outros elementos bélicos,

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enquanto na página 6v 0 foi pintado um pequeno ornato, a dourado e


·vermelho.
Pelo interesse que tem adiante se comentará a iluminura da página
5 em que estão pintadas as armas concedidas por esta CBA a Gaspar Leal
Gomes, já que o texto omite a respectiva descrição.
Este documento é uma CBA que o Marquês de São Payo classifica
de Carta de Brasão de Armas de Nobreza e Fidalguia {2), do período
Barroco (3).
A análise do texto da CBA revela que segue, de perto, o de congé-
neres da época, e que as normas são cumpridas, excepto na parte referente
ao brasão de armas ordenado que, nesta caso, se limita a indicar a partici-
pação e as armas, sem as descrever (o que, aliás, ocorreu em várias CBA
deste período) e na sentença, em que é incluído um longo currículo justifi-
cativo de Gaspar Leal Gomes.
Os oficiais de Armas intervenientes, são o Rei de Armas Portugal,
Manuel Leal, o Reformador do Cartório da Nobreza, Frei José da Cruz
e o Escrivão da Nobreza, António Francisco.
Manuel Leal, que o Marquês de São Payo declara activo entre 1709
e 1728 (4) esteve-o, pelo .menos até 29 de Novembro de 1729 ficando esta
CBA passada em 13 de fevereiro de 1729 dentro do período de actividade
conhecido.
No que respeita ao Escrivão da Nobreza, António Francisco, como
é declarado no texto da CBA e o próprio assina no termo de registo da
mesma, trata-se de António Francisco e Sousa, como o Marquês de São
Payo lhe chama, dando-o como activo entre 1723 e 1741 (s), a quem
Gonçalo de Aguiar Cabral chama de António Francisco de Sousa dando-
-o como activo, pelo menos, entre 30 de Junho de 1727 e 23 de Dezembro
de 1744 (6).
Quanto a Frei José da Cruz quer a sua biografia como actividade são
conhecidas pelo que o estudo desta CBA não traz qualquer novidade.

(2) São Payo, Marquês de. «Cartas de-Brasão de Armas (um ensaio de Diplomata)».
Braga. 1960. pg. 7.
(3) Norton, Manuel Artur . «Carta de Brasão de Armas XXVI» . (Separata de
«Armas e Troféus». Tomo Vl/ 3) Set/Dez. 1977.
( 4) São Payo, Marquês de. Obra citada. pg. 32.
(5) São Payo, Marquês de. Obra citada . pg. 36.
(6) Cabral, Gonçalo de Aguiar. «0 Cartório da Nobreza no período de 1700-755.
Lisboa 1990. Quadro 3 entre pg. 14 e 15.

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ESTUDOS HERÁLDICOS

ado e

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Como foi referido, o texto da CBA é extremamente lacónico no em lhe chamar tal, c
respeitante à descrição do ordenamento heráldico. Com efeito apenas tada por Manuel Ar
é referido tratar-se de «Hum escudo partido em palia, na primeira as Considerando a
armas dos Leaes, na segunda as dos Gomes, Elmo de prata aberto guarne- armas vinham a Gasi
cido de ouro, Paquife dos metaes e cores das armas, Timbre um libreo com o Regimento d1
das armas, e por diferença huma brica de vermelho com hií trifollio de à genealogia ascendi
ouro», pelo que se reveste do maior interesse a análise da iluminura da Gomes; 4) Francisco
página 5 da CBA. Gomes. É pois, pos:
mais usualmente con
Esta, executada com larguesa de traço, é constituída por um ordena- gado de um trifólia
mento que inclui escudo, elmo, virol, paquife, timbre, correias e diferença. demonstrar, de acon
ao armígerado.
Assim: Refira-se que o
O escudo é de formato francês, partido: I - (por) LEAL- de prata, egue, se revela taml
dois lebreus negros, passantes e sotopostos; li - GOMES - de azul, peli- acontece, que remotc
cano de ouro, ferindo o peito e dando o sangue a beber a três filhos. tivamente «as raízes
O elmo é de prata, guarnecido de ouro, aberto, posto a 3/4 e forrado
de verde.
O virol é de ouro, negro, prata, azul, ouro negro e prata.
O paquife, de desenho simétrico, é de prata e negro à dextra, e de
ouro e azul à sinistra.
Por timbre, um lebreu passante, de negro.
As correias, apenas visíveis entre o elmo e o bordo superior do escudo,
são vermelhas.
Por diferença, uma brica de vermelho carregado de um trifólio de ouro.
Em conformidade, alguns comentários se impõem. Embora registando GASPAR LEA
a omissão da descrição das armas no texto que expressamente refere serem de S. João, a 10 de
de Leal e Gomes não podemos deixar de ficar perplexos com a repre- já foram indicados
sentação das armas de Leal. Com efeito as armas iluminadas na primeira do avô paterno, que
pala não têm as sete estrelas de oito pontas de vermelho, dispostas em que se mantem no p1
orla, acompanhando os lebreus. Como também o timbre, que se pre- o nome que consta •
sume ser dos Leais, não apresenta uma estrela de prata a carregar a
espádua.
(1) Por exemplo a
Correa d' Azevedo, a pt
Que concluir, pois? Que Frei José da Cruz se enganou omitindo as
(8) Norton, Manu
estrelas, quer no escudo quer no timbre? Que o Reformador do Cartório Memórias» n. o 6. Out.
da Nobreza, conscientemente, optou por iluminar o que figura na 1 a pala (I) Arquivo Distri
e no timbre desta CBA? Que, se assim foi, pretendeu criar armas novas, (2) Idem, pg. 124

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no sem lhe chamar tal, como se conhecem vários casos (7) e é hipótese levan-
nas tada por Manuel Artur Norton (8)?
• as Considerando a diferença atribuída seríamos levados a crêr que as
·ne- armas vinham a Gaspar Leal Gomes por sua mãe e avó materna, de acordo
reo com o Regimento de Armaria. Todavia tal não é verdadeiro atendendo
de à genealogia ascendente do armígerado - 2) Manoel Leal; 3) Francisca
da Gomes; 4) Francisco Leal; 5)Ana Fernandes; 6)Pedro Alvares; ?)Francisca
Gomes. É pois, possível que simplesmente se esteja perante a diferença
mais usualmente concedida no século XVIII - a brica - neste caso carre-
na- gado de um trifólio, independentemente de qualquer preocupação em
a. demonstrar, de acordo com o Regimento, a via pela qual vinham as armas
ao armígerado.
Refira-se que o estudo da descendência de Gaspar Leal Gomes, que
a, egue, se revela também cheia de interesse, mostrando, como tantas vezes
li- acontece, que remotos armigerados, como Gaspar Leal Gomes foram efec-
tivamente «as raízes do nosso futuro».
· do
S.P.

de

11- GENEALOGIA
o,

GASPAR LEAL GOMES (G.L.G.) nasceu em Bragança, freguesia


m de S. João, a 10 de Janeiro de 1663 ( 1). Os nomes dos seus pais e avós
e- já foram indicados na C.B.A. transcrita. Mas no que se refere ao nome
ra do avô paterno, que se diz ser Francisco Leal, entendo que há um erro;
m que se mantem no processo de entrada para o Santo Ofício. Efectivamente
r e- o nome que consta do baptizado de seu filho Manuel, pai de G.L.G. (2),
. a

(1) Por exemplo a CBA de Manuel Alvares de Castro, estudada por Marcelo Olavo
Correa d' Azevedo, a publicar em «Raízes e Memórias».
( 8) Norton, Manuel Artur. «Carta de Brasão de Armas. LXXXIII» in «Raizes e
Memórias» n. 0 6. Out. 1990. Associação Portuguesa de Genealogia.
( 1) Arquivo Distrital de Bragança. V de Batizados com início em 1608, pg. 212.
(2) Idem, pg. 124 V0 10.4.1662.

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bem como do casamento do mesmo (3), é o de António Leal. Provavel- a Graça em La


mente a razão será não só o facto de Gaspar Leal Gomes não ter conhe- de cendentes, c<
cido o avô paterno, como também por ainda novo ter ido de Bragança modo: Da parte
para Lamego afastando-se de familiares ou amigos que lhe podiam indicar apela nova de 1
o nome correcto. au, com a ima~
O pai de G.L.G. dedicava-se ao negócio de sedas e veludos que, dade; e nos laj
segundo Pinho Leal, se exportavam para todo o Reino. O avô materno Conceição, e da
era lavrador. Não parece portanto que estes ramos de Leais e Gomes se e primorosa; e <i
tratassem propriamente à ley da Nobreza. O que se confirma na habili- de jaspe e tudo c
tação à Ordem de Cristo (4). Mas G.L.G. conseguiu com o seu esforço desta cidade (7)
atingir uma posição social e financeira que lhe permitiu obter carta de Brasão brazão e inseri~
de Armas. Mas em 1!
Gaspar Leal Gomes começou por srguir o ramo do negócio do pai dedicar aquela '
pois foi tecelão de veludos. Com 24 anos foi para Lamego aonde se ligou da gruta de Mas
ao contrato de sêdas; e depois passou a tomar rendas de Igreja, Benefícios de G.L.G., e a.
e Comendas ... em grande quantidade... do que vive muito limpa e abasta- para uma deper
damente. (5) 7) e sua mull
Quando resolveu casar, e porque já tinha entrado para familiar do de te facto requ
número do Santo Ofício em 2 de Dezembro de 1693 , foi necessário fazer relíquias ... o ql
as Diligências da noiva, Mariana de Almeida Novaes, filha de Manuel de Setembro d,
Lourenço, ambos naturais de Fataunços, Vouzela; e de sua mulher Fran- pedras... para
cisca de Almeida Novaes, natural de Vouzela. onservam (9).
Deste casamento nasceu apenas uma filha, Clara J acinta de Almeida Por escrit
Novaes, que segue no § 2. \·inculo de Cap(
Para o casamento desta filha G.L.G e a sua mulher fizeram uma escri- a do) que inch
tura de dote a 6 de Junho de 1710 (6) pela qual, além de outros bens cidade e seus 1
incluía doze mil cruzados em dinheiro, e alguns móveis em os quais entrarão Cambres (Tou
as pessas de oiro e prata e aljofares que dita sua filha levar e lhe dará os Real, e bens e
vestidos que lhe parecer para adorno de sua pessoa. Nomeoup
Gaspar Leal Gomes comprou a Quinta de Touraes, na freguesia de de Vasconcelo
Cambres, à beira do Douro. Nela tinha existido em tempos a primeira comu-
nidade religiosa de Clarissas em Portugal.
Em Janeiro de 1728 G.L.G. mandou construir no cruzeiro da Igreja (1) Códice ~
XVIII», de Augu
Joaquim de Aze"
( 3) Idem, U de Casamentos com início em 1657, pg. 107, 9.9.1640. (8) Dos livr
( 4) A.N.T.T. Habilitações à Ordem de Cristo, letra G, Maço 6, n° 92. (9) Livro d<
( 5) A.N.T.T. Habilitações Santo Ofício, maço 6, Diligência 143. (10) Tabeliã
(6) Livro de Notas de Manuel Cardoso Moreno, Tabelião em Lamego, a fls. 65. (11) Idem, I

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da Graça em Lamego uma capela aonde ficaria a sua sepultura e de seus


descendentes, capela que foi descrita por um contemporâneo do seguinte
modo: Da parte da Epístola ... Jogo ao canto do mesmo cruzeiro está uma
capela nova de Nossa Senhora da Boa Morte, com retábulo entalhado em
pau, com a imagem da Senhora da Assunção coroada pela Santíssima Trin-
dade; e nos lados, da parte direita, a imagem de Nossa Senhora da
Conceição, e da esquerda a de Santa Rita, de vulto e estofada, obra moderna
e primorosa; e abaixo do altar no meio da capela, uma sepultura de pedra
de jaspe e tudo é de Gaspar Leal Gomes Sargento-mór actual da ordenança
desta cidade (7). Igualmente feito de mármores de diferentes côres é o
brazão e inscrição que se encontravam numa parede da capela.
Mas em 1886 (8) foi resolvido pela Irmandade da Igreja da Graça
dedicar aquela capela a Nossa Senhora de Lourdes fazendo ali uma cópia
da gruta de Massabielle em cortiça(!). Tendo sido «desmantelada» a capela
de G.L.G., e as pedras da 'sepultura, brazões de armas, etc., removidos
para uma dependência da Câmara Municipal. Afonso Pereira Cabral (ver
7) e sua mulher, 5 a neta de Gaspar Leal Gomes, tendo conhecimento
deste facto requereram à Câmara pedindo que lhe fossem entregues aquelas
relíquias ... o que obteve deferimento em sessão da mesma Câmara de 16
de Setembro de 1909. Tendo sido seguidamente, removidas as aludidas
pedras... para a Capella do Paço do Monsul, onde desde então se
conservam (9).
Por escritura de 26 de Junho de 1740 (10) instituiu G.L.G. um
vinculo de Capela e Morgado (que mostra bem a riqueza que ele tinha alcan-
çado) que incluía a sua casa de Almedina (Lamego) e outras na mesma
cidade e seus subúrbios, e foros na mesma, bem como na freguesia de
Cambres (Touraes) e outros lugares do termo de Lamego, e no de Vila
Real, e bens e foros em vários lugares do concelho de Castro Daire.
Nomeou primeiro Administrador do vínculo seu neto Bernardo Guedes
de Vasconcelos. Mas por escritura de 26 de Julho de 1742 (11 ) revogou

(1) Códice 547 da Biblioteca Municipal do Porto, transcrito em «Lamego do Século


XVIII », de Augusto Dias; e «História Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego», por
Joaquim de Azevedo, Fidalgo Capelão da Casa Real.
(8) Dos livros da Irmandade da Igreja da Graça .
(9) Livro de Família, manuscrito por Afonso V. C. Pereira Cabral.
(10) Tabelião Pinto da Fonseca, de Lamego.
65 . (1 1) Idem, Livro de 1742-1748, pg. 11.

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I - SEGISMUNDO PINTO I 11 - GONÇALO D' AGUIAR CABRAL

esta nomeação; e atendendo que o seu neto Rodrigo Guedes de Vascon- rofessor da faculda'
celos (ver § 2) é o mais velho o nomeia seu primeiro Administrador. O ·oi nomeado Presid
neto Bernardo acabou por ficar com o morgadio do Paço do Monsul, como Coimbra.
se verá adiante. 4. Frei Antóni'
Gaspar Leal Gomes foi Sargento-mór de Lamego, servindo por vezes ubstituto da Cadeil
de Capitão-mor; e como Vereador mais velho da Camara serviu como Juiz eus Cautos.
de Fora e Juiz dos Orfãos no impedimento destes. 5. D. Agostin
Faleceu a 28 de Junho de 1743 na sua casa da Rua de Almedina e foi seu 6. D. Maria A
corpo amortalhado em h uma tunica dos Relligiosos de Sam Francisco acom- 1738 no Mosteir<
panhado à sepultura com os Reverendos Beneficiados desta Collegiada e 7. Rodrigo G
com acompanhamento geral de clérigos, guiam, e Irmandades ... e sepul- 8. Simão de 1'
tado dentro da sua Capella ... (12) Coimbra, profe!
trdern de Cristo, de
9. D. Antóni;:
Chagas em Lar
10. D. Maria
CLARA JACINTA DE ALMEIDA NOVAES, única filha dos ante- 11. D. Jacint
riores, casou na Capela do Paço do Monsul, freguesia de Cambres, concelho 12. D. Ana.
de Lamego, a 10 de Abril de 1712 com LUIS GUEDES DE VASCON- 13. Manuel<
CELOS (n. 13 .5.1691 -f. 16-2-1754), F.C.R., Vereador e Juiz pela Orde- 14. Bernardo
nação na Cidade de Lamego e Provedor da Misericórdia, filho de Rodrigo ave (Lamego) a 3
Homem de Vasconcelos e de D. Antónia Salema de Vasconcelos, Senhora ternbro de 1753 o
do Paço do Monsul (13). laria de Salzedas,
B ndeira de Lame1
Deste casamento nasceram 15 filhos (de acordo com um manuscrito Casou naquel<
do genealogista Dr. Vasco Valente, e por mim acrescentado): G de Teixeira Ba
te casamento n
1. Francisco Guedes Salema. F.S.G. 14.1. D. Mari
2. José Guedes Salema Vasconcelos, Cónego regrante da Congre- Vasconc
gação de S. João Evangelista (Loios), tendo tomado o hábito de noviço, 1760 (16)
no Convento de Vilar de Frades a 25 de janeiro de 1732. Felix Pa
3. Doutor Frei Luis de Vasconcelos, monge no mosteiro de Salzedas. e Morg<
Presidente, Procurador e Vigário Geral da Congregação de S. Bernardo,
( 14) Instituido a 4
lo . Livro de Notas
(12) Freguesia de Almacave, Lamego, Livro de Defuntos, fls 58. (1$) Arquivo de
(13) Cf. Felgueiras Gaio, título «Guedes», Vol. XVI, § 30 n° 12, e Costados 11, (16) Idem, L o Bl
166v 0 • (11) Cf. «Azered

294
ESTUDOS HERÁLDICOS

Professor da faculdade de Teologia da Universiadede de Coimbra. Em 1762


·oi nomeado Presidente Abacial do Real Colégio de Espírito Santo em
ul, como Coimbra.
4. Frei António de Vasconcelos, da Ordem de Santo Agostinho, Lente
o por vezes ubstituto da Cadeira de Teologia Moral, Presidente da Abadia de Cête
orno Juiz eus Coutos.
5. D. Agostinha de Vasconcelos. f.s.
6. D. Maria Agostinha de Santo António, que professou a 20 de Maio
e 1738 no Mosteiro das Chagas da Ordem de Santa Clara, em Lamego.
7. Rodrigo Guedes de Vasconcelos, que segue no § 3.
8. Simão de Nossa Senhora da Porta, Cónego regular de Santa Cruz
e Coimbra, professor no Colégio de Coimbra, Cavaleiro Professo na
•rdem de Cristo, de que tomou hábito em Tomar a 10 de Fevereiro de 1740.
9. D. Antónia Bernarda de Vasconcelos, que professou no Mosteiro
Chagas em Lamego a 21 de Março de 1740.
10. D. Mariana. f.s.
11. D. Jacinta. f.s.
oncelho 12. D. Ana. f.s.
CON- 13. Manuel Guedes de Salema de Carvalho e Vasconcelos. f.s.
14. Bernardo Guedes de Vasconcelos, que foi baptizado em Alma-
ave (Lamego) a 3 de Agosto de 1727. O seu pai nomeou nele a 12 de
embro de 1753 o prazo do Paço do Monsul, foreiro ao Mosteiro de Santa
laria de Salzedas, o vínculo da sua capela de Santo António (14), e a
Bandeira de Lamego.
Casou naquela Capela a 8 de Dezembro de 1759 com D. Bernarda
uedes Teixeira Barbosa Cabral da Casa da Ordem, Vila de Teixeira (15).
te casamento nasceram:
14.1. D. Maria Rita Guedes de Sousa Salema Carvalho Lucena e
Vasconcelos, b. na Capela do Monsul a 16 de Outubro de
1760 (16). Casou na mesma Capela a 19 de Abril de 1784 com
Felix Paulo de Azeredo Cardoso e Albuquerque, Senhor da Casa
e Morgado de Arguedeira (17).

(14) Instituído a 4 de Novembro de 1679 por sua Avó D. Antónia Salema de Vascon-
lo . Livro de Notas do tabelião de Lamego Manuel Correia Carneiro.
(15) Arquivo de Lamego, Freg. a Cambres, u Casamentos 1745-1788, pg. 41 V •
0

0
(16) Idem, L Batizados de 1745-1768, pg. 94v •
0

(11) Cf. «Azeredos de Mesão Frio», por Álvaro de Azeredo L.P. e Melo, § 3a, 10.

295
I - SEGISMUNDO PINTO I 11 - GONÇALO D' AGUIAR CABRAL

14.2. D. Cristina Felizarda, b. 21.Março.1762, religiosa no Mosteiro e tre de Campo do


das Chagas, Lamego. -.8.1745), Tenente ·
14.3. D. Joana, n. 22 de Outubro de 1763, religiosa no mesmo Casou a 9 de Jm
mosteiro. a, com D. Marg<
14.4. Luis Guedes de Carvalho Sousa Vasconcelos, n. Monsul a 24 reguesia dos Anjos,
de Março de 1765. F.C.R. casou em 1791 com sua sobrinha D. o ta e Menezes, Ca]
Luisa Rita da Gama Araújo e Vasconcelos, da Casa de Faldi- Bo elho da Fonseca e
jães, Ponte de Lima (18). c.g., em que segue o senhorio do rida era viúva de Ál
Paço do Monsul.
14.5. D. Clara, faleceu menor. Deste casamentt
14.6. D. Ana Rita, b. Monsul 22 de Abril de 1766. Casou em 1790
com Miguel de Almeida Tovar Menezes e Vasconcelos, da Casa 1- Gonçalo G
da Calçada em Viseu. o 4°.
D. Bernarda G.T. Barbosa Cabral, fez testamento, e faleceu no Paço 2- D. Maria<
do Monsul a 2 de Novembro de 1783. Seu marido, Bernardo Guedes de 3-D. Ana G1
Vasconcelos faleceu, também com testamento, em Vila Marim a 6 de Março Rodrigo Guede:
de 1798. I de Dezembro de 1
15. Joana Bernarda Joaquina Salema e Vascondelos, b. em Alma- Cavaleiro da Ore
cave (Lamego) a 18 de Agosto de 1730. Casou com Domingos José de
Araújo e Azevedo, da Casa de Faldijães, Ponte de Lima (19).
Luis Guedes de Vasconcelos, vivendo então na Rua Nova, em Lamego,
fez testamento a 16 de Fevereiro de 1754 confirmando a administração da
Quinta do Paço do Monsul a seu filho Bernardo; e dando a carta de alforria 1- GONÇAL
a um escravo chamado Bernardo Ferreira. CONCELOS, ~
Faleceu a 22 de Fevereiro de 1754 e foi sepultado na Capela familiar ira militar. Pm
na Igreja da Graça (zo). Janeiro de 177'
Chaves, e n. 0 6
z mbro de 1794.
mparecer por 01
Casou em Guirr
RODRIGO GUEDES DE VASCONCELOS, nasceu na Casa de Alme-
dina, em Lamego. Cavaleiro da Ordem de Cristo, Primeiro Administrador
dos vínculos de Touraes e Almedina, Alferes da Bandeira de Lamego. r-•> Idem., Vol. '
L o de Batiza<
H . do B. e C
Veja-se o me1
(18) Cf. Felgueiras Gaio, título «Costas», vol: XII, § 36 e Tomo I de Costados n° 28.
in «Armas e Tro
(19) Felgueiras Gaio, título «Araujos», Vol. IV, § 287, n° 28.
(2$) Arquivo Histc
(20) «História do Bispado e Cidade de Lamego», por Pe. M. Gonçalves da Costa,
; E.6.5.
vol V, pg. 672.

296
ESTUDOS HERÁLDICOS

teiro Mestre de Campo do Terço de Infantaria Auxiliar de Lamego (Alvará de


27 .8.1745), Tenente Coronel do Regimento de Ligeiros de Chaves.
mesmo Casou a 9 de Junho de 1753 na Capela de S. João Batista da Vila de
Rua, com D. Margarida Joaquina Peregrina Botelho de Menezes, da
a 24 Freguesia dos Anjos, Lisboa (2t), Dama do Paço, filha de Crisostomo da
aD. Costa e Menezes, Capitão de Ordenanças, e de sua mulher D. Luisa Maria
aldi- Botelho da Fonseca e Queiroz, natural da Rua das Flores, Porto. D. Marga-
rida era viúva de Álvaro José Pereira Quadros Borralho.

Deste casamento nasceram:

1 -Gonçalo Guedes de Carvalho Menezes e Vasconcelos, que segue


no § 4°.
2 - D. Maria Guedes de Carvalho, b. a 10 de Maio de 1754 (22) f.s.
3-D. Ana Guedes de Carvalho f.s.
Rodrigo Guedes de Vasconcelos faleceu na sua casa de Almedina a
21 de Dezembro de 1760 a teve jazida na sua Capela, ... investido do hábito
de Cavaleiro da Ordem de Cristo (23).

1- GONÇALO GUEDES DE CARVALHO E MENEZES E


·ASCONCELOS, Senhor dos vínculos de Almedina e Touraes seguiu a
arreira militar. Porque era F.C.R. entrou para o posto de Cadete (24) a
de Janeiro de 1779. Serviu no Regimento de Cavalaria n. 0 9, Dragões
e Chaves, e n. 0 6 de Bragança. Atingiu o posto de Tenente em 17 de
Dezembro de 1794. A partir de 30 de Janeiro de 1795 deixou de ter de
comparecer por ordem do Governador das Armas da província» (2s).
Casou em Guimarães em 1797 com D. Maria Engrácia da Silva Guima-

(21 ) Idem., Vol. V pg. 569.


(22) LO de Batizados de Cambres, Lamego de 1746-1759, pg. 105 v 0 •
(23) H. do B. e C. Lamego, vol V pg. 672.
( 24) Veja-se o meu artigo «Princípio e fim do posto de Cadete do Exército Portu-
uê » in «Armas e Troféus», VI Série, Tomo II, 1989/ 1990.
(25) Arquivo Histórico Militar, Processo Individual, Caixa 78, e livros Mestres E.9.4;
E.6.4; E.6.5.

297
I - SEGISMUNDO PINTO I 11- GONÇALO D'AGUIAR CABRAL

rães filha de António Ribeiro da Silva Guimarães, Cavaleiro Professo da Tiveram a:


Ordem de S. Tiago (24.4.1798), Sargento-Mor de Guimarães, e sua mulher
D. Maria José Guimarães. 1 - Rodrig
Tiveram a: . 14.9.1833, F.C
1 - D. Carlota Joaquina Salema Guedes de Carvalho e Menezes e 2 - Gonça
Vasconcelos, que segue no § 5°. 60.
2 - D. Maria Engrácia Salema Guedes de Menezes e Vasconcelos. 3 - D.Ma1
Faleceu solteira a 20 de Janeiro de 1855. mo seu prim<
Gonçalo Guedes de Carvalho e Menezes faleceu com testamento a 28 Paço do Mo1
de Março de 1802. Após a morte da sua mulher as duas filhas passaram los, já referid
a viver, em casa do seu avô materno António Ribeiro da Silva Guimarães, 4- José C
no Terreiro de N. a S. a da Misericórdia em Guimarães. 5- D. Car
P iva Pinto. Fa

§ 5.0

D. CARLOTA JOAQUINA SALEMA GUEDES DE CARVALHO GONÇAL<


MENEZES E VASCONCELOS, Senhora das Casas de Almedina, em ('ELOS, nasceu
Lamego, e do vínculo do morgado da Quinta de Touraes (Cambres, Real Colégic
Lamego), nasceu naquela casa a 8 de Julho de 1748. lmedina e Tm
Vivia, como se disse, com seu avô materno, em cuja casa de Guima- I ro da Legião
rães foi feita a escritura antenupcial para casar com João Monteiro de Sousa Casou a 24
Carvalho. O noivo nasceu no Porto, freguesia de S. Nicolau a 23 de Janeiro . Rita Júlia "'
de 1745. F.C.R. por alvará de 13 de Novembro de 1809, Cavaleiro da Ordem o to de 183(
de Cristo, Guarda-Mór da Alfandegado Porto, Vereador da Câmara do
Porto de 1817 a 1832. Filho de João Monteiro de Carvalho, F.C.R., Cava-
leiro da Ordem de Cristo (26), Deputado da Companhia Geral da Agricul-
tura dos Vinhos do Porto, irmão do Bispo de Beja D. Manuel Monteiro Tiveram:
Sousa Carvalho. 1 - João
É curioso notar que a noiva era trineta de Gaspar Leal Gomes, e o ou com D.
noivo trineto da irmã daquele, Maria Gomes Leal, casada com Miguel de
Carvalho Sousa.
João Monteiro de Sousa Carvalho faleceu a 4 de Setembro de 1879 (27) «0 Real
na Casa da Insua, Penalva do Castelo. (28) Mordon
(29) «Ultima
I. 4°, e «Ensai
(30) «Ensaio
( 26) Habilitações à Ordem de Cristo, Letra J, Maço 64, n° 64. Carta de 7.10.1782. ·Últimas Gen

298
ESTUDOS HERÁLDICOS

Tiveram a:
1 - Rodrigo Guedes de Carvalho de Vasconcelos, n.1l.XII.1815,
14.9.1833, F.C.R., por alvará de 22.5.1822.
2 - Gonçalo Guedes de Carvalho Menezes e Vasconcelos que segue
o§ 6°.
3-D. Maria José Salema Guedes Menezes e Vasconcelos, que casou
om o seu primo Luis Guedes de Carvalho Sousa e Vasconcelos, Senhor
o Paço do Monsul, filho de Luis Guedes de Carvalho Sousa e Vascon-
elos, já referido no § 2°, 14.4.
4- José Guedes de Sousa e Carvalho, n.10.X.1822 e f.5.X.1846
5 - D. Carlota Guedes de Carvalho Menezes, que casou com António
Paiva Pinto. Faleceu em Portelo de Cambres a 8 de Abril de 1915.

GONÇALO GUEDES DE CARVALHO MENEZES E VASCON-


CELOS, nasceu em Massarelos (Porto) a 26 de Fevereiro de 1817. Foi aluno
o Real Colégio dos Nobres de 1827 a 1833 (27). Senhor dos Morgados de
Almedina e Touraes, F.C.R. por alvará de 22 de Maio de 1822 (28), Cava-
leiro da Legião de Honra, de França.
Casou a 24 de Abril de 1854 na freguesia de S. Nicolau, Porto, com
O. Rita Júlia Van Zeller (29) que nasceu no Porto, S. Nicolau, a 8 de
gosto de 1830, filha de Francisco José Van Zeller, F.C.R., Consul da
Ru ia no Porto, Cavaleiro da Ordem de Santa Ana, da Rússia; e de sua
mulher D. Ana Dorothea Van Zeller (3o).

Tiveram:
1 -João Carlos Guedes, n. 6.IX.1859, Senhor da Casa de Touraes,
ou com D. Ana de Oliveira. c.g.

F"1 «0 Real Colégio dos Nobres» por Manuel Busquets de Aguilar, Lisboa 1935.
( ) Mordomia da Casa Real, U 9, fls. 102.
(2'1) «Ultimas Gerações de Entre Douro e Minho», por José Sousa Machado, n° 153,
11, 4°, e «Ensaios Genealógicos» por Vasco Valente, § 44°.
) «Ensaios Genealógicos»,§ 38°- n° 24, e «VAN ZELLER» do mesmo autor,
~ 2.
1 ltimas Gerações de Entre Douro e Minho».

299
I - SEGISMUNDO PINTO I 11- GONÇALO O' AGUIAR CABRAL

2- D. Maria José Van Zeller Guedes, n. 0 22.1.1861. Casou com Fran-


cisco de Albuquerque de Melo e Cáceres, Senhor da Casa da Insua, em
Penalva do Castelo, c.g. (31).
3 - Rodrigo Guedes de Carvalho, n. 16.IV.1863. Casou com D. Lídia
dos Santos. c.g.
4- D. Ignes Van Zeller Guedes de Carvalho, que segue no § 7°.
D. Rita J úlia Van Zeller faleceu no Porto a 28 de Julho de 1897.
Gonçalo Guedes de Carvalho de Menezes e Vasconcelos faleceu no Porto,
Rua da Batalha 64, a 26 de Agosto de 1899.

D. IGNÊS VAN ZELLER GUEDES DE CARVALHO nasceu no


Porto, freguesia de Miragaia, Rua da Liberdade 27, a 8 de Novembro de
1864. Casou no Porto a 25 de Abril de 1881 com Afonso do Vale Coelho
Pereira Cabral que nasceu no Porto, freguesia da Sé, Rua das Flores, a
16 de Março de 1857, F.C.R. (Alvará de 9.2.1882), Engenheiro Civil e de
Minas, Engenheiro-Chefe de Via e Obras dos Caminhos de ferro do Minho
e Douro, Director das Divisões de Obras Públicas de Braga, Aveiro e
Bragança, etc., Senhor da Quinta do Cachão, Ferradoza (32).
Para a descendência deste casal, além do referido na nota (32) abaixo,
veja-se: «Vales, Pereiras, Cabrais, da Casa da Rua das Flores» por A.C.
de Sequeira Cabral.
De notar que do filho mais velho, Gonçalo de Vasconcelos Pereira
Cabral [nasceu em 20.10.1883/faleceu 15.03.1945, moço fidalgo da Casa
Real, que por não poder ter o exercício do foro teve mercê de todos as
honras e privilégios de que gozavam os moços-fidalgos em exercício; Fidalgo
Cavaleiro (alvará de 18.08.1905); capitão de Engenharia de que se demitiu
em 1915 por discordância com o governo, Director das obras Públicas da
Índia Portuguesa, Director em Bombaim da Truscon & C, Director em
Angola, da Exploração do Caminho de Ferro de Benguela, Presidente do
Conselho de Administração do Aeroporto de Lisboa, Presidente da Ordem
dos Engenheiros; medalha de Prata de Serviços Distintos, Comendador
da Ordem do Império Britânico], nasceu o autor deste estudo genealógico.

(31 ) «Ultimas gerações de Entre Douro e Minho, II, n° 153, § 5°


( 32) Anuário da Nobreza de Portugal, III, Tomo I, pgs. 338 e seguintes.

300
ESTUDOS HERÁLDICOS

u comFran- ue ao filho mais novo, Gaspar Leal Gomes Pereira Cabral


Insua, em 19.1.1972) que casou com D. Alexandra Sarsfield, foi conce-
por alvará do Conselho de Nobreza de 5.XI.1961 o direito de uso
ão de Armas: escudo esquartelado com armas de Pereira, Cabral,
e Gome ; timbre o dos Pereiras; por diferença uma merleta de ouro.
referir que neste Alvará as armas de Leal são descritas como sendo
ta. dois lebreus passantes e sotopostos de negro, armados de
uno Porto, lho e acompanhados de sete estrelas de oito pontas do mesmo,
(b;DQ!;ta.s em orla», e não aquelas, de Leal, concedidas a Gaspar Leal Gomes
.B. . atrás estudada.

G.A.C.

nasceu no
vembro de
·ale Coelho
Flores, a
· ·o Civil e de
··o do Minho

32) abaixo,
por A.C.

301

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