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ESTUDOS HERÁLDICOS
ARMAS E TROFÉUS
t 9 9 2
ESTUDOS HERÁLDICOS
Por
I - Segismundo Pinto
11 - Gonçalo d' Aguiar Cabral
I - A HERÁLDICA
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I - SEGISMUNDO PINTO I 11- GONÇALO O' AGUIAR CABRAL
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fação, do zello, e cuidado do Real/ seruiço da minha Coroa, e seruio de cial Prouisão do dito
Ureador mais uelho/ na dita cidade de Lamego, e de Juiz de fora pella Jesu Christo de mil •
ordena-/ção, e de juis dos orfãos na dita cidade, e sem termo e/ por mu.ytas de Fe-/vereiro, e vai s•
uezes de prezidente da Camara, os quaes to-dos sempre se tratarão a ley nestes Reynos e Senl
da nobreza, com o estado a/ ella deuido, e sem raça de infecta nação, e Franco/ sobescrevi/ 1
sempre tidos/ por limpos sem fama, ou rumor en contrario, e q em/ Fica registado este B1
Bragança he a famillia dos Gomes da principal nobre-/za da quella de Portugal a fl 91 l
Prouincia, q por letras ocuparão muy-/tos cargos de graduação e muytos Anno de 1792/ Ant'
postos honrozos, /e tem tido muytos caualeiros das ordens Mellita/res,
e q de direito as suas armas lhe pertence, as qua-/es armas lhe mãdei dar Todas as págim
em esta minha carta, como a-/ qui são deuizadas; A saber; Hum escudo 3, 3v 0 e 6v 0 simples
partido-/ em palla, na primeira as armas dos Leaes, na se/gunda, as dos das páginas 3 e 3v 0 q
Gomes, Elmo de prata aberto guar-/necido de ouro, Paquife dos metaes 2v 0 ' 4, 4v 0 ' 5, 5v 0 e
e cores das ar/mas, Timbre hum Libreo das armas, e por diferença-/ huma figurando ornatos e
brica de uermelho com um trifollio de ouro. (pg 4v 0 ) [Iluminura com o rativos e ramos flori
brasão] (pg 5) O Qual escudo, armas, e sinaes, possa tra-/zer e traga o e púrpura.
dito Gaspar Leal Gomes, /asim como astroucerão, e dellas uzarão/ seus Refira-se que a 1
antecessores, em todos os lugares/ de honra, em que os ditos seus ante- constituida por um r:
ces-/sores, e os nobres e antigos fidalgos sempre as custumarão trazer em um pássaro multic<
tempo dos muy esclarecidos Reys/ meus antecessores, e com ellas possa dourado, de belo ef
entrar em batalhas, /campos,escaramuças, e exercitar com ellas todos os/ chida por outra ilun
outros actos licitos da guerra, e da pax, e asim as pos/sa trazer em seus a azul, empunha, m
firmaes, aneis, senetes, e deuizas, e as/por em suas cazas, e edifiçios, e a qual assenta um e
deixalas sobre sua pro-/pria sepultura, e finalmente se seruir e honrar, 1. a pala as armas d
gozar,/ e aproveitar dellas em todo, e por todo como a sua no-/breza A página 3 tem,
conuem; 'Com o que quero e me praz, que ha-/ia elle e todos seus descen- de púrpura, de que :
dentes, todas as honras, e-/ preuillegios, liberdades, graças, merçes, inzen- por uma carranca.
ções/ e franquezas, que hão e deuem haver os fidalgos no/bres, e de antiga O rótulo, não
linhagem, e como sempre de todo/ uzarão, e gozarão seus antecessores; A página 3v 0 , i
Porem man-/do a todos meus Corregedores, e Dezembargadores, Juizes, totalmente, figura ur
Justiças, Alcaides e em especial aos me-/us Reys Darmas, Arautos e Passa- espadas, uma trom1
vantes, e a qua/es quer outros officiaes e pessoas a que esta nossa/ digo, uma composição a!
minha carta for mostrada, e o conhecimen-/to della pertençer que em todo A página 4 tem
lho cumprão e-/ guardem, e façam comprir e guardar como nella/ he azul turquesa enqua
contheudo, sem duvida, nem embargo algum/ que em ella lhe seia posto, a prata sobre fund•
por que assim he mi-/nha merce. El Rey noso Senhor o mandou por Manuel Finalmente, a I
Leal seu Rey Darmas Portugal./ (fs 5v 0 ) Frey Joseph da Crus da Ordem página, uma ilumii
de São Paulo Ref-/ formador do Cartorio da Nobreza do Reyno por/espe- escudos, canhão, al:
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cial Prouisão do dito Senhor a fes, anno do nas-/ cimento de nosso Senhor
Jesu Christo de mil e sete-/centos e vinte e nove. aos doze dias do mes
de Fe-/vereiro, e vai sobescrita por Antonio Francisco es-/criuão da Nobreza
nestes Reynos e Senhorios de Portugal e suas conquistas. E eu Antonio
Franco/ sobescrevi/ P Rey de Armas ppal/ (fs 6).
Fica registado este Brazão no L 0 8° I do Registo dos Brazões da Nobreza/
de Portugal a fl 91 Lxa I Occidental aos 13 dias do mes/ de Feuereiro do
Anno de 1792/ Ant° Franc. 0 I (fs 6v 0 ).»
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(2) São Payo, Marquês de. «Cartas de-Brasão de Armas (um ensaio de Diplomata)».
Braga. 1960. pg. 7.
(3) Norton, Manuel Artur . «Carta de Brasão de Armas XXVI» . (Separata de
«Armas e Troféus». Tomo Vl/ 3) Set/Dez. 1977.
( 4) São Payo, Marquês de. Obra citada. pg. 32.
(5) São Payo, Marquês de. Obra citada . pg. 36.
(6) Cabral, Gonçalo de Aguiar. «0 Cartório da Nobreza no período de 1700-755.
Lisboa 1990. Quadro 3 entre pg. 14 e 15.
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ado e
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Como foi referido, o texto da CBA é extremamente lacónico no em lhe chamar tal, c
respeitante à descrição do ordenamento heráldico. Com efeito apenas tada por Manuel Ar
é referido tratar-se de «Hum escudo partido em palia, na primeira as Considerando a
armas dos Leaes, na segunda as dos Gomes, Elmo de prata aberto guarne- armas vinham a Gasi
cido de ouro, Paquife dos metaes e cores das armas, Timbre um libreo com o Regimento d1
das armas, e por diferença huma brica de vermelho com hií trifollio de à genealogia ascendi
ouro», pelo que se reveste do maior interesse a análise da iluminura da Gomes; 4) Francisco
página 5 da CBA. Gomes. É pois, pos:
mais usualmente con
Esta, executada com larguesa de traço, é constituída por um ordena- gado de um trifólia
mento que inclui escudo, elmo, virol, paquife, timbre, correias e diferença. demonstrar, de acon
ao armígerado.
Assim: Refira-se que o
O escudo é de formato francês, partido: I - (por) LEAL- de prata, egue, se revela taml
dois lebreus negros, passantes e sotopostos; li - GOMES - de azul, peli- acontece, que remotc
cano de ouro, ferindo o peito e dando o sangue a beber a três filhos. tivamente «as raízes
O elmo é de prata, guarnecido de ouro, aberto, posto a 3/4 e forrado
de verde.
O virol é de ouro, negro, prata, azul, ouro negro e prata.
O paquife, de desenho simétrico, é de prata e negro à dextra, e de
ouro e azul à sinistra.
Por timbre, um lebreu passante, de negro.
As correias, apenas visíveis entre o elmo e o bordo superior do escudo,
são vermelhas.
Por diferença, uma brica de vermelho carregado de um trifólio de ouro.
Em conformidade, alguns comentários se impõem. Embora registando GASPAR LEA
a omissão da descrição das armas no texto que expressamente refere serem de S. João, a 10 de
de Leal e Gomes não podemos deixar de ficar perplexos com a repre- já foram indicados
sentação das armas de Leal. Com efeito as armas iluminadas na primeira do avô paterno, que
pala não têm as sete estrelas de oito pontas de vermelho, dispostas em que se mantem no p1
orla, acompanhando os lebreus. Como também o timbre, que se pre- o nome que consta •
sume ser dos Leais, não apresenta uma estrela de prata a carregar a
espádua.
(1) Por exemplo a
Correa d' Azevedo, a pt
Que concluir, pois? Que Frei José da Cruz se enganou omitindo as
(8) Norton, Manu
estrelas, quer no escudo quer no timbre? Que o Reformador do Cartório Memórias» n. o 6. Out.
da Nobreza, conscientemente, optou por iluminar o que figura na 1 a pala (I) Arquivo Distri
e no timbre desta CBA? Que, se assim foi, pretendeu criar armas novas, (2) Idem, pg. 124
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no sem lhe chamar tal, como se conhecem vários casos (7) e é hipótese levan-
nas tada por Manuel Artur Norton (8)?
• as Considerando a diferença atribuída seríamos levados a crêr que as
·ne- armas vinham a Gaspar Leal Gomes por sua mãe e avó materna, de acordo
reo com o Regimento de Armaria. Todavia tal não é verdadeiro atendendo
de à genealogia ascendente do armígerado - 2) Manoel Leal; 3) Francisca
da Gomes; 4) Francisco Leal; 5)Ana Fernandes; 6)Pedro Alvares; ?)Francisca
Gomes. É pois, possível que simplesmente se esteja perante a diferença
mais usualmente concedida no século XVIII - a brica - neste caso carre-
na- gado de um trifólio, independentemente de qualquer preocupação em
a. demonstrar, de acordo com o Regimento, a via pela qual vinham as armas
ao armígerado.
Refira-se que o estudo da descendência de Gaspar Leal Gomes, que
a, egue, se revela também cheia de interesse, mostrando, como tantas vezes
li- acontece, que remotos armigerados, como Gaspar Leal Gomes foram efec-
tivamente «as raízes do nosso futuro».
· do
S.P.
de
11- GENEALOGIA
o,
(1) Por exemplo a CBA de Manuel Alvares de Castro, estudada por Marcelo Olavo
Correa d' Azevedo, a publicar em «Raízes e Memórias».
( 8) Norton, Manuel Artur. «Carta de Brasão de Armas. LXXXIII» in «Raizes e
Memórias» n. 0 6. Out. 1990. Associação Portuguesa de Genealogia.
( 1) Arquivo Distrital de Bragança. V de Batizados com início em 1608, pg. 212.
(2) Idem, pg. 124 V0 10.4.1662.
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esta nomeação; e atendendo que o seu neto Rodrigo Guedes de Vascon- rofessor da faculda'
celos (ver § 2) é o mais velho o nomeia seu primeiro Administrador. O ·oi nomeado Presid
neto Bernardo acabou por ficar com o morgadio do Paço do Monsul, como Coimbra.
se verá adiante. 4. Frei Antóni'
Gaspar Leal Gomes foi Sargento-mór de Lamego, servindo por vezes ubstituto da Cadeil
de Capitão-mor; e como Vereador mais velho da Camara serviu como Juiz eus Cautos.
de Fora e Juiz dos Orfãos no impedimento destes. 5. D. Agostin
Faleceu a 28 de Junho de 1743 na sua casa da Rua de Almedina e foi seu 6. D. Maria A
corpo amortalhado em h uma tunica dos Relligiosos de Sam Francisco acom- 1738 no Mosteir<
panhado à sepultura com os Reverendos Beneficiados desta Collegiada e 7. Rodrigo G
com acompanhamento geral de clérigos, guiam, e Irmandades ... e sepul- 8. Simão de 1'
tado dentro da sua Capella ... (12) Coimbra, profe!
trdern de Cristo, de
9. D. Antóni;:
Chagas em Lar
10. D. Maria
CLARA JACINTA DE ALMEIDA NOVAES, única filha dos ante- 11. D. Jacint
riores, casou na Capela do Paço do Monsul, freguesia de Cambres, concelho 12. D. Ana.
de Lamego, a 10 de Abril de 1712 com LUIS GUEDES DE VASCON- 13. Manuel<
CELOS (n. 13 .5.1691 -f. 16-2-1754), F.C.R., Vereador e Juiz pela Orde- 14. Bernardo
nação na Cidade de Lamego e Provedor da Misericórdia, filho de Rodrigo ave (Lamego) a 3
Homem de Vasconcelos e de D. Antónia Salema de Vasconcelos, Senhora ternbro de 1753 o
do Paço do Monsul (13). laria de Salzedas,
B ndeira de Lame1
Deste casamento nasceram 15 filhos (de acordo com um manuscrito Casou naquel<
do genealogista Dr. Vasco Valente, e por mim acrescentado): G de Teixeira Ba
te casamento n
1. Francisco Guedes Salema. F.S.G. 14.1. D. Mari
2. José Guedes Salema Vasconcelos, Cónego regrante da Congre- Vasconc
gação de S. João Evangelista (Loios), tendo tomado o hábito de noviço, 1760 (16)
no Convento de Vilar de Frades a 25 de janeiro de 1732. Felix Pa
3. Doutor Frei Luis de Vasconcelos, monge no mosteiro de Salzedas. e Morg<
Presidente, Procurador e Vigário Geral da Congregação de S. Bernardo,
( 14) Instituido a 4
lo . Livro de Notas
(12) Freguesia de Almacave, Lamego, Livro de Defuntos, fls 58. (1$) Arquivo de
(13) Cf. Felgueiras Gaio, título «Guedes», Vol. XVI, § 30 n° 12, e Costados 11, (16) Idem, L o Bl
166v 0 • (11) Cf. «Azered
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(14) Instituído a 4 de Novembro de 1679 por sua Avó D. Antónia Salema de Vascon-
lo . Livro de Notas do tabelião de Lamego Manuel Correia Carneiro.
(15) Arquivo de Lamego, Freg. a Cambres, u Casamentos 1745-1788, pg. 41 V •
0
0
(16) Idem, L Batizados de 1745-1768, pg. 94v •
0
(11) Cf. «Azeredos de Mesão Frio», por Álvaro de Azeredo L.P. e Melo, § 3a, 10.
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§ 5.0
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Tiveram a:
1 - Rodrigo Guedes de Carvalho de Vasconcelos, n.1l.XII.1815,
14.9.1833, F.C.R., por alvará de 22.5.1822.
2 - Gonçalo Guedes de Carvalho Menezes e Vasconcelos que segue
o§ 6°.
3-D. Maria José Salema Guedes Menezes e Vasconcelos, que casou
om o seu primo Luis Guedes de Carvalho Sousa e Vasconcelos, Senhor
o Paço do Monsul, filho de Luis Guedes de Carvalho Sousa e Vascon-
elos, já referido no § 2°, 14.4.
4- José Guedes de Sousa e Carvalho, n.10.X.1822 e f.5.X.1846
5 - D. Carlota Guedes de Carvalho Menezes, que casou com António
Paiva Pinto. Faleceu em Portelo de Cambres a 8 de Abril de 1915.
Tiveram:
1 -João Carlos Guedes, n. 6.IX.1859, Senhor da Casa de Touraes,
ou com D. Ana de Oliveira. c.g.
F"1 «0 Real Colégio dos Nobres» por Manuel Busquets de Aguilar, Lisboa 1935.
( ) Mordomia da Casa Real, U 9, fls. 102.
(2'1) «Ultimas Gerações de Entre Douro e Minho», por José Sousa Machado, n° 153,
11, 4°, e «Ensaios Genealógicos» por Vasco Valente, § 44°.
) «Ensaios Genealógicos»,§ 38°- n° 24, e «VAN ZELLER» do mesmo autor,
~ 2.
1 ltimas Gerações de Entre Douro e Minho».
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G.A.C.
nasceu no
vembro de
·ale Coelho
Flores, a
· ·o Civil e de
··o do Minho
32) abaixo,
por A.C.
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