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PL-RE RCHILIBRARIES
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DA
NAÇÃO PORTUGUEZA.
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L IS B O A,
NA IMPRENSA NACIONAL.
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DIA RIO :
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vindo de corregedor da com marca de Moncorvo, e Foi presente o oferecimento que o procurador das
do corregedor da comarca de Santarem, com as cer camaras e lavradores do Alto Douro, Felix Manoel
tidões dos lançamentos das sizas relativas ás referidas Borges Pinto, fez ao Soberano Congresso de 60 exem
comarcas: dirigiu-se á Commissão de fazenda. plares mais da instituição da companhia, para serem
2.° Do mesmo Ministro remettendo o officio da distribuidos pelos Srs. Deputados, que ainda os não
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junta da administração da companhia geral do Alto tivessem recebido; os quaes se mandárão distribuir. -
Douro, em data de 8 do corrente, com os mappas Dirigiu-se á Commissão de agricultura, uma me
| da exportação do vinho do Porto: dirigiu-se á Com moria intitulada — Bases politicas de um bom sys
Inissão de commercio. tema de agricultura, — oferecida pelo cidadão Joa
__* 3.°
Do Ministro dos negocios da guerra partici quim Rafael do Falle. *
pando acharem-se expedidas as ordens precisas para Fez-se a chamada, e achárão-se presentes 112 De
se realisarem as ofertas que fizerão o batalhão de ca putados, faltando 21, a saber: os Srs. Povoas ; Mo
adores n.° 8, e o cirurgião mór do mesmo corpo: raes Pimentel; Sepulveda ; Bispo de Béja ; Rodri
cárão as Cortes inteiradas. gues de Maecdo ; Agostinho Gomes ; Van Zeller ;
. 4º. Do mesmo Ministro fazendo a mesma parti Brandão ; Innocencio Antonio de Miranda ; Fer
cipação ácerca da oferta de 200 covados de panno reira da Silva ; Bekman ; Castello Branco ; Perei
azul ferrete, que fez o cidadão Alexandre Marques: rá da Silva ; Guerreiro ; Faria ; Souza e Almeida ;
ficárão as Cortes inteiradas. Xavier de Araujo ; Castro e Abreu ; Gomes de Bri
b. Do mesmo Ministro remettendo o requerimento to ; Franzini ; Ribeiro Telles.
de D. Josefa Maria Joaquina Pegado Serpa, viuva Passando-se á ordem do dia, continuou a discus
do capitão que foi do regimento de infanteria n.° 4, são do artigo 148 do projecto de Constituição, que
Lucas Germano Garcez Palha, e a informação que ficára adiado na Sessão de 14 do corrente. A este
a seu respeito dá o oficial que serve de contador fis respeito disse -
cal da thesouraria geral das tropas: dirigiu-se á Com O Sr. Bastos: — Devem ou não devem os jui
missão de fazenda. * *. • *
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6.". Do Ministro dos negocios estrangeiros sobre as periencia mostra que quando eles são ainda recentes"
negociações relativas a Buenos Ayres, que se dirigiu nos empregos se applicão com mais cuidado ao des
á Commissão diplomatica, como dependencia dos que empenho das suas obrigações, e são mais sensíveis á
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lá já existem relativos ao mesmo objecto; opinião publica : passado muito tempo relaxão-se,
Deu conta o mesmo Sr. Secretario, da participa e o imperio da opinião começa a diminuir a seu res-.
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peito. 2.° Declarar as funções dos juízes vítalicios he he mais perigoso, e mais frequentemente fatal á li.
declarar que elles as exercerão na sua extrema velhi berdade que todos os outros. Os males do patronato,
ce, e confiar-lhes a sorte dos povos em taes circun e das humilhações na corte se podem evitar, introdu
stancias importa o mesmo que confiala de um meni zindo-se o admiravel systema de irem os empregos
no; porque a infancia e a velhice são dois extremos procurar os homens, e não virem os homens solicitar
que se tocão. 3.° As eleições p r um tempo limitado os empregos. A objecção do desarranjo que causaria
fornecem o meio de se purificarem os tribunaes sem a alguns juizes o estarem algum tempo fóra dos luga
violencia, e sem estrondo, quando se vem no conhe res, sómente procederia no caso de deverem os luga
cimento de que elas fºr㺠mal feitas , ou de que os res reputar-se um beneficio, e não um encargo, ou
juizes em quem racaírão degenerárão. 4." Estes ven de dever prevalecer o bem particular ao bem publi
do que não podem conservar-se nos lugares senão sen "CO ! tempo houve em que era uma grande questão se
do reeleitos, e que o não conseguirão sem o merece os magistrados erão feitos para o povo, se o povo
rem, farão todos os esforços para que fièreção essa para os magistrados, mas no presente seculo isso não
º nova graça: e pelo contrario a certeza de se conser póde ser questão. Concluo repetindo que os juizes não
varem extinguirá todo o principio de emulação naquel devem ser vitalicios, mas que possão ser reeleitos,
les que não tiverem a esperança ou o desejo de avan merecendo-o: accrescentando todavia que a assentar
çar? e o desejo e esperança de avançar constituirá os o Congresso em que haja alguns juizes vitalicios, ao
: outros na dependencia do Governo; de maneira que menos se não conceda esta qualidade senão aos do
essa exuberante qualidade, que se lhes intenta conce tribunal supremo da justiça, imitando-se assim os Athe
der, despojará uns do espirito de emulação, que tão nienses, entre os quaes os magistrados erão tempora
util póde ser mesmo na administração da justiça, e rios, e de mui pouca duração, e só erão fixos os mem
*não dará aos outros a independencia, com que os fau bros do Areopago, para onde ninguem podia ser pro
teres da inamobilidade principalmente argumentão. movido, sem se ter distinguido nas precedentes ma
5." A inamobilidade legal nada janta á inteireza de gistraturas. |
um juiz virtuoso, e de caracter, e prometre aos juizes O Sr. Maldonado: — Opponho-me á opinião do
corrompidos uma longa , e eseghdalosa impunidade: Sr. Bastos, assim como á do artigo. Quer-se refor
com ela poderá o juiz ficar mais forte, porém o bom mar a magistratura! Reforme-se: mas pelo que diz
não se tornará melhor, e o náo tornar-se-ha peiºr respeito a serem os magistrados temporarios ou vitali
seta duvida, porque o primeipal freio dos máos he o cios, neste ponto, segundo a minha opinião, ella
temor, e neles a perversidade cresce á proporção que não só está bem constituida, mas até assento que
o temor diminue. 6." A perpetuidade tem contra si não ha cousa alguma, que emendar. O noviciado de
*todos os máos resultados do espirito de corpo, que 12 annos, que ha na magistratura portugueza, pare
cresce com o tempo, e com a idade; e he, na frase ce-me uma instituição exceliente; por quanto o Go
de um filosofo, uma especie de oleo, que impede os verno vem deste modo a ter meios sufficientes, e tem
magistrados de se imbuirem da opinião publica. 7." po bastante para conhecer o prestimo dos magistrados,
He uma maxima certa que toda a influencia, toda a para extremar os bons dos máus, e destinguir os ºp
força, que se dá a qualquer dos poderes, alem da timos dos melhores, etc. Segundo o projecto he redu
quela que he necessaria para preencher os fins da sua zido o Governo a regular-se nos despachos de uma
instituição, serve para diminuir a liberdade publica e perpetua magistratura, tão sómente pelas informações
particular, e ninguem poderá pensar que ajustiça não que tiver da universidade, as quaes podem ser mui
póde ser administrada por juizes temporarios, 8.° Os to exactas sobre o merecimento literario dos bacha
juizes não são proprietarios da justiça, e que outra reis, porém não o podem ser sobre os seus costumes
cousa são os empregos vitalicies senão uma especie de e caracter, vista a grande separação em que vivem
propriedade! os mestres dos discipulos. Segundo o projecto sufoca
N'uma monarquia constitucionº sómente o primei se o espirito de emulação, e o estimulo de esperanº,
ro magistrado, sómente o monarea deve ser perpetuo; ça, que tanto concorrem para que cada um preen
todos os outros, passado algum tempo, devem reduzir-se cha bem os seus deveres. Segundo o projecto vai-se
á elasse dos particulares: um dos principaes motivos, pôr o Governo nas cireunstancias de empregar, para
que obrigão os homens a ser justos, he o desejo e a ne sempre na magistratura, homens de cujo caracter elle
cessidade de que os outros o sejão para com elles; os jui não pode estar seguro, e n'uma idade em que as pai
zes persuadidos de que elevados ao tribunal nunca dahi xões são muito vivas, em que a imaginação se des
descerão, não olhão os outros homens como quem póde lumbra com os aparatos do poder, e na qual a ex
ainda vir a influir na sua sorte, não sentem a neces periencia he mui pouca. Não sei porque motivo have
sidade da retribuição da justiça, e são por isso faceis mos de tirar aos povos este doce refrigerio de mudar
em substituir á lei os seus caprichos: quando pelo con de magistrados fazendo entupir os lugares da magis
trario a imparcialidade he para os juizes de pouca du tratura eem pessoas, das quaes uma parte apenas
ração não só um dever, mas um interesse; porque, será toleravel, quando estes lugares podião ser occu
juizes hoje, podem em breve vir a ser partes, e con pados por magistrados optimos! Parece que taes
vem-lhes ser justos, para que em similhantes circun eonsiderações tem força em todo e qualquer tem
stancias se seja para com eles. po, mas n'um Governo representativo, e novo,
o argumento de que na sociedade ha muitos ou grangeão força maior. Devem-se procurar, que são
tros empregados vitalicios nada conclue Para este, que mui precisos , homens de um caracter decidido,
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grande intelligencia, e grande patriotismo, para se tre Prebbinante que os magistrados devem ser tempos
arregar entre os povos o systerna, constitucional rarios, e outro illustre Preopinante diz, que elles de
recem-nascido entre nós. E tambeth devemos adver vem ser parte têmporarios, e parte ínamovíveis. Eu
tir que os povos estão nimiamente. ciosos da sua li vou tratar esta questão, considerando os ineonvenieh |
berdade; tem-se tornado severos fiscaes das aeções thais tes que tesultão de que os magistrados sejão inamovia
miudas dos seus juízes, que portanto para se fazerem veis, e as vantagens da sua perpetuidade. Se os incona
respeitavels para com eles, liê preciso que tenhão qua venientes forem maiores que os bens, está elaro que
lidades muito distinctas. Pelo que a tinha opinião 6ãe devem ser amovíveis, se as vántagens da perpetui
he que deixemos a magistratura com os seus 12 antios Uhde forem maiores, está claro que deve adoptar-sé
de noviciado, dentro do qual os ministros possâo to esta perpetuidade; tem entendido, que deste projecto
dos os triénios perder o seu lugar: findos os doze annºs, trata-se de reformar a magistratará, por isso a ques:
entrem nos tribunaes, se o merecereth, e comecetti tão he dos melos que se devem empregar para está
desde então a ser vitalieios; vindo deste hodô a ter refutnã. Eu pois eonsiderº os hagistrados debaixo dº
as intertezas um termo, e um premio os que mais diº ponto de vista de que eles devem ser pratieos e theos
gnamente se comportarem. rieos em direito: nós já dissemos que os magistrados
O Sr. Pereira do Carmo : — Contra a ºpiniã8 devem possuir tanto a parte pratica como a partstheoa |
dos Srs. Bastos, e Maldonado sustento o principio fica há jurisprudeneia; sendo isto assim convem exaº
estabelecido neste artigo de que – o cargo de juiz se ininar se os magistrados qüê são perpetuos possuem a
rá vitáliclo. – Utria das primeiras, e mais seguras ga seiemeia em maior gráo, do que os que são tempora
rantias sociaes he sem duvida aquella, que nos ofere rios. Ora eu aeho que se dá thaior sciencia nos seguna
ce o poder judiciario, já decretado independente dos dos do que nos primeiros. Há porém din grátide ina
outros dois poderes politicos no artigo 23 das Bases conveniente na magistratura, que he o poder ella abus
da Constituição. Para se verificar esta independencia sar do seu poder, é um meio de ela não abusar tanz
he necessario que os juizes dependão da lei, e não do to, diz-se que he fazer ebm quê os thagistrados sejão
homem: ou por outros terinos mais elatos; é intelli temporários, e acetestentão que os depositarios dá
giveis, he necessário que os magistrados tião depehº Poder legislativo são temporafios, e então não hão
dão, para seus despachos, e adiantatiento, de anda de ser temporarlos ºs depositários do Poder judicial,
rem rastejando pelas coxeiras, e ante-camaras dos Con= a fim de evitarmos todo e qualquer abuso do Podef;
selheiros, e Ministros de Estado, aviltando 6 seu ca» porém este inconveniente do abuso do Poder tem atrá
racter, e tornando-se incapazes de administrar justi remedio deduzido da natureza do officio do juiz, 6
ça, livres de todô 6 tetfor, e toda a esperança; ter|- qual consiste em applicar as leis aos factos, mas lógo
do em vista a lei, e só à lei. Se carecesse de teforçar que eles sejão respensaveis pela observaneia das leis,
a minha opinião com autoridades féspeitáveis, eu ci logo que telhos leis que averiguem a responsabilidadé
taria Benjamin Constant, que não receia affirmár; dos fagistrados está remediado todo e qualquer ina
que o juiz amovieel he mais perigoso, que um juiz eonveniente, logo que temos dois corpos constituidos
que comprou o seu lugar. E porque! Porque ha tile vigias, o Poder legislativo, e o Poder executivo, tea
nos cortapção quando se eompra o lugar, do que quatí mos remediado este inconveniente do ábuso do Poder.
do se teme perdelo. Responderei agora com util dia Nos corpos legislativos não succede o thesmo, edmo é
lema aos incorvenientes, que os illustres Preopitantes exercieio do Poder consiste em legislar, não está sua
vírão na perpetuidade dos thagistrados. Se o tringis jeito a responsabilidade, por isso contra este não tê
trado he probo, sabio, e n'uma palavrá desempenha nos nós preservativo algum contra o exercicio do Poz
cabalmente os deveres do seu oficio; longe de ser uth de , senão fazer o seu exercício temporario, por isso
nat, he um grande bem a perpetuidade do cargo se temos meio conveniente de remediar o abuso, pou
d'um homem desta tempera. Ao contrario, sé hetnáu dendo os fazer responsaveis pela observancia das lés,
por negfigencia, malicia, ou ignorancia; a lei da res as vantagens que resultão são serem elles triais instruiá
ponsabilidade, (sem a qual não admitto nenhum ein dºs e mais aptos para desempenharem as suas funca
prego pubfico,) pesará sobre elle, é o fará riscar do ções, sendo mais independentes e desinteressados; dia
serviço em virtude de uma sentença, cotito dispõe a go pois, que se assentamos que os magistrados devem
segunda parte do artigo. Vejo pois na perpetuida é ser mais peritos em direito, e a periéia consiste na
dos juízes a forte garantia sócial da independeficia do theºria e na pratica, está claro que aquele que pot
terceiro poder politico, e não vejo ós inconvenientes mais têmpo tivér este exércicio mais conhecimento te4
que apontárão os dois illustres Depútádos. Logo voº fá da theoria das leis, e mais apto será para applicar
to a favor do principio de que o cargo de juiz será as leis aos factos: dirá alguem de senso que os ofi
citalicio. O Sr. Mäldonado ponderou ultiñamente, eláes militares devem mudar o seu posto, por isso qué
que sendo perpetuos os juízes, não gozarão os povos este he perigoso! certamente não: assim como um mi
do refrigerío, que ágora sentem com a mudança dós litar que exerce a sua profissão militar he mais habil,
magistrados territoriaes: mas a esta duvida responde e tanto mais liabil, quanto exercitar as suas funcções
a ultima parte do artigo, quando dispõe que os jui militares, da mesma sorte o juiz será tanto mais hau
tes fóra serão
paradeoutros transferidos promíscuamente de uns bil, quanto mais exércitar as suas funcções; por isso
lugares. • -
quando applica mal uma lei ao facto, não tem mais Diz mais o Sr. Bastos que os juizes serão pouco
que pôr em risco os interesses de um anno, e por isso sinceros, e que a opinião publica... De duas uma,
mais facilmente se póde corromper, pelo contrario, ou a opinião publica he bem fundada, ou he uma
quando o magistrado he vitalicio, quando he tenta opinião efemera que nada vale. Se a opinião publica
do para corromper a justiça, não está tão sujeito a he bem fundada, ha de ter factos sobre que assente a
corromper-se, como outro, porque dalí depende a fe reprehensão dos magistrados. Estes factos sendo cri
licidade da sua vida, e claramente se vê, se não ad minosos podem fazer efectiva a responsabilidade. Se
ministrar bem a justiça immediatamente a perde. Isto ella he efemera, então não devemos fazer caso della.
são verdades tão evidentes e tão palpaveis, que não Disse mais o Sr. Bastos que a magistratura vinha a
admittem demonstração. Lancemos um golpe de vista ser uma propriedade, não he assim. Confiar a um ho
sobre a historia, e vejamos o que acontecia entre os mem qualquer algum direito por tanto tempo quanto
Athenienses. Entre os Athenienses havia juizes perpe elle faz bom uso deste direito, não he dar-lhe a pro
tuos. Um honrado Membro acabou de dizer que os priedade do officio, he constituilo neste direito debai
membros do Areopago erão juizes vitalicios, que as xo da condição delle desempenhar bem; quanto mais
mais magistraturas erão temporarias, mas a razão dis que desta opinião do Sr. Bastos se poderia seguir que
to não he outra senão porque não erão propriamente todos os officios publicos se deverião chamar proprie
magistraturas, porque tinhão officio de legislar. Os dade, um officio militar se chamaria propridade, etc.
magistrados em Roma não erão simplesmente magis Disse mais que os magistrados deste modo não desem
trados, tinhão poderes politicos, entretanto, tanto penharião tambem as suas obrigações como os outros
em Roma como em Athenas, houve juizes perpetuos, que voltão á classe de cidadãos. O magistrado quan
e ainda que os houve tambem de menos consideração do tiver contestações criminaes ou civis, ha de ser
temporarios, com tudo não he debaixo deste ponto de julgado por outros magistrados; por isso ainda que
vista qne devemos considerar estes magistrados, elles sejão magistrados não vem a ficar isentos de sofrer as
devem considerar-se sómente quanto a exercerem o po penas que se impõem aos outros, como particulares:
der de julgar; vamos á Inglaterra, ahí temos juizes por tanto esta segregação dos magistrados do poder
perpetuos. A França tem juizes perpetuos, não ha judicial he uma illusão; porque elles, bem como os
nação nenhuma civilisada na Europa em que se não outros cidadãos, estão sujeitos á influencia dos juizes;
verifique a perpetuidade dos juizes, ainda que haja Ultimamente o projecto neste artigo, quando diz que
magistrados de menos consideração, são temporarios. os juizes serão transferidos cada tres annos promiscua
Vamos mesmo ao que succedeu em Portugal. Até ao mente de uns para outros lugares, dá uma medida,
presente nós tinhamos magistrados perpetuos e magis que remove todas as difficuldades; porque uma das
trados temporarios, porém he um problema bem dif cousas perigosas na magistratura são o odio, e as afei
ficnltoso de resolver quaes destes exercião melhor as ções; o odio, e as afeições crescem á proporção do
suas funcções. A razão porque os magistrados preva maior, ou menor espaço de tempo que os magistra
ricavão não he outra senão o não terem responsabili dos se demorarem no lugar; para evitar pois este odio,
dade, ou não se fazer até aqui efectiva esta respon e estas afeições, apresentou o projecto um correctivo
sabilidade. Esta he a pedra fundamental da magistra que he o que eu approvo, bem como o artigo.
tura, fazer efectiva a responsabilidade dos juizes: a O Sr. Castello Branco Manocl: — Sr. Presiden
monstruosidade de haver juizes perpetuos, e juizes tem te, os illustres Preopinantes que tem sustentado a
porarios deve acabar. O Sr. Pereira do Carmo expoz doutrina deste § previnírão-me em algumas razões,
os inconvenientes que havia de que, os magistrados que igualmente me convencem da solidez do princi
territoriaes não fossem perpetuos, como o estarem na pio no mesmo estabelecido, e respondêrão ás objec
continua dependencia do Poder executivo, na verda ções, que o Sr. Bastos ofereceu para o combater:
de seria uma contradicção palpavel se nós tendo feito com tudo ainda tenho alguma cousa a accrescentar:
o Poder judiciario independente, lhe fossemos dar e responderei tambem ao primeiro argumento do mes
uma influencia tão grande e tão perigosa do Poder mo Sr.; porque como me fez uma grande impressão 9
executivo, por isso devemôs sustentar a inamobilida ainda o não julgo inteiramente destruido. Disse o il
de dos ministros. Não he na temporalidade dos ma lustre Preopinante que os juizes não devião ser vita
gistrados que consiste a beleza da organisação social. licios, e a 1.º razão era porque os magistrados quando
Tenhão os magistrados boas qualidades, sejão eles Principiavão no exercicio da sua carreira, se mostra
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vão mais habeis, mais assiduos em desempenhar os circunstancias mais tristes Até agora dependia só da
seus deveres, que com o tempo vão afroxando, e tor secretario d'Estado, e era um; presentemente ficaria
nando-se mais inhabeis, e que melhor desempenhado sujeita a doze conselheiros, e a todos os seus afeiçoa
seria o oficio de julgar por outros que de novo en dos. O conselho d'Estado, considerando-o por este la -
trassem. Porém muito diferente he o meu modo de
do, faz parte do poder executivo em quanto tem o
pensar. Estava persuadido que os magistrados com o direito de propôr para todos os empregos civis, e ten
exercicio se tornavão mais habeis, e capazes de melhor do os magistrados esta dependencia não só do Rei,
desempenhar as funcções de um tão importante em mas de todo o conselho de Estado, aqui temos o po
prego. Os continuos estudos que se vem obrigados a der judicial inteiramente dependente do poder execu
fazer, a pratica de julgar, e applicar as leis aos factos, tivo, contra a natureza do systema constitucional, e
certissimamente os habilitão para tal fim. A expe contra o que já se acha sanccionado nas bazes, quan
riencia nos mostra em todas as occupações da vida do se decretou que estos poderes devem de tal fórma
que o continuo exercicio em qualquer arte aperfei estar separados, que nenhum possa ter influencia no
çoa o artifice. Os legisladores de Portugal, e deto outro, e por conseguinte para irmos coherentes com
das as nações sempre tem desta fórma discorrido, de os principios, devemos sanccionar quanto nos for pos
cretando os recursos dos juizes inferiores para os supe sivel esta independencia, e nesta parte fazermos os
riores, a fim de que estes emendem, ou confirmem Imagistrados vitalicios para não dependerem nem do
as sentenças daquelles; e a razão certameate tem sido Rei, nem do con elho de Estado. Não podemos com
por presumirem nos magistrados superiores maior efeito tirar-lhe a primeira nomeação, visto que temos
aptidão, mais prudencia, e maiores conhecimentos de decretado que ao Rei, ou ao poder executivo pertenº
direito: mas segundo a opinião do illustre Preopinan ce a nomeação de todos os empregos civis, porque se
te deveria proceder-se pelo modo inverso: todos os eu me não considerasse ligado com esta (aliás muito
recursos deverião descer dos senadores para os juizes sabia decisão) me declararia que elles fossem eleitos
da primeira instancia, visto que pelo seu modo de pelo povo, por ser isto mais conforme a um systema
discorrer estes serão mais habeis, e assiduos. constitucional e liberal.
Do que tenho dito deduzo eu um argumento que Parece-me além disso, por outros principios estabe
os juizes devem ser vitalicios, por isso mesmo que lecidos nas bases, que os magistrados devem ser vitali
com a sua applicação, e continuo exercicio se tornão cios. Estes principios vem a ser : que a lei he igual pa
mais habeis. Seria uma grande imprudencia excluilos, ra todos. Sendo isto assim, ou todos os magistrados
e lançalos para fóra do serviço (falo nos termos que devem ser vitalicios, ou temporarios. Não posso achar
se não tem tornado indignos, e que sempre estão su razão por que os desembargadores tenhão um empre
jeitos á mais rigorosa responsabilidade) para admit go vitalicio, e os outros magistrados o renhão, tem
tir novos de que não teimos experiencia alguma, e porario; antes pelo contrario deveriamos proceder, e
que segundo o meu discurso hão de ser menos habeis, assim o tem praticado quasi todas as nações nos
porque não tem a pratica, e exercicio que nos outros seus estabelecimentos. Quanto maiores são as magis
suppoinos. Alem desta, ainda ha outras razões que me traturas, sempre julgárão que devião ser de menor duº
convencem de que os juizes devem ser vitalicios, e que ração, e não podemos negar que um desembargador
nós de necessidade, e segundo o que temos decretado decide negocios (e decide-os terminantemente, e sem
nas bazes, e o que he essencial no systema que ado recurso) de maior monta do que o magistrado infe
ptámos, assim o devemos estabelecer na Constituição. rior de que ha recurso. Conhecem aquelles não só das
*
Uma monarquia constitucional (como discorren os causas da maior importancia, mas da vida do cida
maiores politicos) deve ter divididos os tres poderes, dão: e não se receia que esta magistratura possa pre
degislativo, executivo, e judicial, de tal fórma sepa varicar, e ha todo o receio que um juiz de fóra (don
rados, que elles nunca entrem em contacto uns com de podem dimanar todos os recursos) haja de Pre
os outros, nem um possa arrogar a si as attribuições varicar! Tudo se receia desta classe que tem uma tão
do outro, conservando-se sempre em uma total inde pequena influencia, e nada se teme de um general,
pendencia. Para conseguir este fim, de necessidade o ou de qualquer commandante de tropa de quem póde
poder judiciario, ou a magistratura, que he o mesmo, depender a conservação do Estado!
deve ser vitalicia, para que (em quanto fôr possível) Continuo ainda a insistir no principio de que a
não seja dependente do poder executivo. Não sendo lei he igual para todos. Vemos que a maior parte dos
vitalicios os juizes, e dependendo sempre da nomea empregos civis são vitalicios, ou ao menos os que os
ção daquelle poder, como nos atreveremos a conside servem são conservados neles em quanto desempenhão
ralos imparciaes nas suas decisões! Como poderão dei com honra os seus deveres; em todas as repartições
xar de favorecer as pretenções, não digo já do Rei, magistrados»
e empregos se póde prevaricar, e só ossendo
que os confirma, mas dos conselheiros de Estado, porque são magistrados, , ainda aliás homens
que os propõe? Que farão os magistrados, quando es" muito benemeritos, hão de saltar fóra de seu empre
tes se empenharem pelos seus parentes, pelos seus ami go sem culpa, sem crime, só porque são magistrados!
gos, pelos seus afilhados! Serão então imparciaes as Desgraçada classe he esta, muito desigual he para el
suas decisões! Deixará a balança da justiça de inclinar les a lei. Para ser igual, ou todos os empregados pu
se para a parte daquelles homens de quem tantº de blicos, todos os magistrados hão de ser vitalicios, ou
pendem! Ficaria nas circunstancias presentes a magistra todos hão de ser temporarios. O mais le uula inco
tura mais indepen ente! Não: nós a reduziriamos a herencia, he uma injustiça. Se assim o não decidisse
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mos, a nossa Constituição não só seria inconsequen consomem-se inultimente a subir escadas, a escrever
ne, mas absurda, e injusta. • •
memorias; sujeitão-se ás maiores baixezas e indigni
Dizem: muitos magistrados tem prevaricado; mui dades, e este não he o maior mal; elles se tornão
aos magistrados (até neste recinto se tem proferido es membros inuteis e pezados á sociedade, a quem po
ta proposição) tem sido harpias que arrancão dos lití derião, já na industria, no commercio, na agricultu
gantes a sua carne, e o seu sangue. Convenho que ra ser muito uteis, com vantagens grandes do Esta
àlguns desses terá havido. Mas porque os tem havido! do, senão fossem iludidos com tão lisonjeiras, mas
porque são temporarios. Muitas vezes os mesmos ho muitas vezes enganosas esperanças. Eis-aqui o que
imens (que aliás senão tivessem necessidade serião hon observamos pela triste experiencia. E se estes cida
rados, ou ao menos não praticarião prevaricações) se dãos estivessem desenganados de que elles não havião
desmoralizão, porque as circunstancias de alguma de ir lançar fóra aquelles, que com desempenho dos
fórma a isso os impellem. Muitos homens vivendo na seus deveres se achão empregados, elles calcularião
abundancia, e tendo, por exemplo, achado uma bol melhor, e vendo que difficultosamente podião ser ad
sa com dinheiro no meio de uma estrada a restituem mittidos, vendo que a antiguidade (concorrendo o me
a seu dono, o que provavelmente não praticarião, se recimento) era privilegio para a admissão, elles em
na occasião em que a achárão se vissem envolvidos lugar de bachareis ociosos e inuteis, virião a abraçar
na miseria. Semelhantemente os magistrados, sendo outro modo de vida muito conveniente á Nação. Te
muito e muito insignificantes os seus ordenados, ven riamos mais officiaes militares instruidos, bons com
do que findos os tres annos são logo sujeitos a uma merciantes, uteis lavradores, e nobres artistas com
residencia, em que gastão dinheiro de consideração; manifesta utilidade publica. Todas estas razões, e ou
vendo que passão ao triste e lamentavel estado de per tras muitas já expendidas por alguns illustres Preopi
tendentes, em que além das despezas da sua subsisten nantes, me fazem declarar a opinião de que approvo
cia, se verão tambem obrigados a fazer outras extraor todo o paragrafo na forma que está concebido, visto
dinarias e vergonhosas para voltarem á mesma ma que com a sua doutrina se acautelão alguns inconve
gistratura ; vendo que ficão sujeitos a praticar as nientes que poderão resultar da permanencia dos jui
2CS.
Inaiores baixezas e indignidades, e não se achan
do revestidos de uma virtude a mais apurada, e O Sr. Correa de Seabra: — Não me opponho
experimentada a toda a prova, hão de prevaricar, á inamobilidade, ou perpetuidade do officio de jul
e procurarão todos os meios de suavisar e remediar gar, ainda que estou bem persuadido de que dessa
(com prejuizo das partes, e com injustiça) aquelles inamobilidade se não hão de seguir os bens que
inconvenientes que de necessidade se seguem. Mas es suppõem os que me tem percedido a falar, mas pres
tou tambem certo que se elles tivessem uma subsisten eindo disso, e vou a fazer algumas observações sobre
cia sufficiente, se elles soubessem que em quanto fos esta materia: diz o artigo — O cargo de juiz será vi
sem vivos, e em quanto desempenhassem os seus de talicio —: a perpetuidade sanccionada na forma deste
veres, continuarião a gozar da sua subsistencia, elles artigo assemelha-se muito ao direito de propriedade,
trabalharião por se fazerem dignos da conservação do e por consequencia o officio de julgar não será já mais
seu emprego, já não digo que por virtude, mas se cargo da republica, mas arranjamento; e modo de
rião bons até pela sua propria conveniencia. E por vida com o seu exercicio se não ligarão mais idéas de
isso tambem concluo que até para evitarmos essas serviço publico, e da patria, que são o movel das ac
prevaricações devemos estabelecer a regra que o ofi ções heroicas, e as que levão o homem a affrontar a
cio de juiz seja vitalicio. morte, e mesmo a secrificar a vida; mas o seu exer
Ha tambem uma razão politica que muito justa cicio será calculado segundo as vistas de interesse, e
mente a isso nos conduz. Todos vemos o enxame de commodo particular. Além disso, quando se tratar
bachareis que se destinão á magistratura. Tem-me di de fazer efectiva a responsabilidade, e a deposição
to que serão bem perto de quatrocentos os que am do juiz, a ancora desse direito adquirido de perpetui
bicionão este cargo, e que he muito grande o nume dade servirá de pertexto aos juizes para nunca se veri
ro dos pertendentes a esses poucos lugares que agora ficar, e porá em grande embaraço os juizes os mais
se puzerão a concurso. Todos os homens se alimentão bem intencionados, principalmente quando a arguição
de esperanças lisongeiras (a esperança he a unica cou que se fizer ao juiz for de negligencia, e inaptidão.
sa que acaba com o homem), e como julgão abertas Estas considerações, e outras de que prescindo me
as portas da magistratura, e que para poder entrar determinão a não approvar a perpetuidade na forma
nella só basta alcançar na Universidade o gráo de ba do projecto; todavia não tenho duvida que se estabe
charel, ter uma protecção, ou ter dinheiro, são in leça indirectamente, como consequencia da promoção
numeraveis os que entrão nesta carreira. Muitos, e da magistratura, feita segundo a ordem da antigui
muitos ficão illudidos porque não chegão a fazer nel dade combinada com o merecimento na forma que a
la o primeiro noviciado. Muitos, a quem talvez não o lei regular ; porque 1.° se devem declarar os jui
merecimento, mas o oiro franqueou a porta, entrão zes territoriaes todos da mesma graduação, no que
para dentro, mas vão excluir e lançar fóra de neces não acho inconveniente; porque os juizes de segunda
sidade outros, que talvez melhor desempenharião as entrancia, e de primeiro banco, ou exercitão a mes
suas funcções. Os que sáem, e os muitos que não en ma jurisdicção que os da primeira entrancia, com a
trárão, julgão-se, sem razão, aviltados. Sem passarem unica diferença da graduação, ou exercitão a jurisdie
a outro modo de vida, insistem a entrar de novo, são de correição, e provedoria: a correição não he con
Istº ]
templada no projecto, e com razão, porque similhante illustre Abbade. A vista pois dellas, e do que acabo
magistratura além de inutil he incompativel com a nova de ouvir ao Sr. Deputado Bastos desenvolvendo-as
ºrcem de cousas. A provedoria de que se falará quan tão sábiamente, não hesito em affirmar que o cargo
do se tratar do poder administrativo, ainda que se de juiz, positivamente nos primeiros lugares da ina
conserve não ha necessidade que seja de diferente gra gistratura não deve ser vitalicio, apezar das razões
duação. 2. "Que todos os juizes tenhão um ordenado com que o Sr. Borges Carneiro na Sessão de ante
izual, este ordenado deve ser pago pela thesouraria, hontem, e alguns outros Srs. na presente, tem sus
e a administração da justiça gratuita, até por evitares tentado a letra do paragrafo. Fundão-se os seus ar
saundignidade de dias, salarios, 40 rs. de mandado, etc.; gumentos no exemplo dos empregados das outras cor
mas attendendo ao estado do thesouro, deverão os liti porações do Estado, como exercito, universidade,
gantes sofrer uma especie de contribuição, e por isso tribunaes de fazenda, etc., e nos males que pódem
poderia servir com pequenas alterações, um projecto, seguir-se de ser o cargo temporario; por quanto, di
que o Sr. Corrca Telles tem sobre dizimas de chan zem elles, o juiz que sabe que no fim de um certo
cellaria, que me fez favor de communicar. 3." Que o tempo hade ficar sem officio, e talvez sem meios de
tempo de serviço seja a umca habilitação para entrar subsistencia, cuidará de adquirilos á custa da justiça
nas relações, podendo continuar nos lugares territo para ter com que se mantenha depois de acabado o
raes, os que tendo o tempo de serviço, todavia não lugar; e não terá a firmeza necessaria para resistir á
poderem entrar por não haver lugar vago. 4.° As mu influencia do Governo , e aos empenhos daquelles
danças, e translações de uns lugares para os outros que poderem concorrer para o seu despacho futuro.
sejão reputadas verdadeiras promoções, só por este Ao primeiro argumento isto he, á cerca do que se
eleito. 3." Que por uma lei se regule a forma porque practica nas mais corporações, responde-se: que os
devem concorrer os que estão habilitados com os que degráos porque nellas se sobe, estão mui ligados e
estão em serviço, e me parece que se deveriño tam subordinados entre si por um modo que se não dá,
bem contemplar os que presentemente se achão ma particularmente nos primeiros lugares da magistratu
triculados na universidade, porque já lhe supponho al ra. Um juiz de fora he um magistrado destacado de
gum direito ao despacho segundo as leis existentes. todos os outros, não faz parte de um corpo collecti
Desta forma passado o espaço de 20 annos calculan vo; está muito em contacto com os povos; seu voto
do por aproximação, não haverá mais concurrentes he unico, e não tem superior que o vigie tão de per
do que os que estiverem no serviço; e então indire to, como os officiaes civis e militares. Tambem não
clamente, e sem os inconvenientes que tenho ponde procede o outro argumento. Ele verdade que parece
rado se "seguem da perpetuidade sanccionada na for duro, que um cidadão que serviu o Estado, fique
ma do projecto, a magistratura estará inamovivel, fa desempregado no fim de certo tempo, e talvez sem
tendo-se as promoções segundo a ordem da antigui meios de subsistencia: mas isto não he assim no nos
dade combinada com o merecimento, mas na forma so caso em todo o rigor. O magistrado não faz mais
que a lei determinar por tirar toda a arbitrariedade, do que parar por algum tempo na sua carreira, em
e só entrarão novos candidatos quando vagar algum quanto se conhece do seu procedimento, e não fica
legar pelos modos legitimos. Por tanto concluo que por isso inhibido de proseguir nella, logo que se mos
depencendo tudo isto de leis regulam entares, a tre desembaraçado. Ora esta investigação não se pó
primeira parte do artigo 148 seja supprimida, e só de fazer, sem que elle seja removido do emprego, e
entre na Constituição a ultima parte com o artigo do territorio, onde exerceu a autoridade. 1sto não
149. fazendo-se referencia a lei regulamentar. póde levar mais de um mez, e por tanto não lhe fará
O Sr. Fillela: — Voto tambem contra o artigo: grande detrimento. Com efeito será muito difficul
* como em seu favor se citou Benjamin Constant, toso vêr accusado um ministro estando ainda com ju
combaterem authoridade com authoridade, referindo o risdicção: embora tenha sido mudado para outro lu
que li no Estudo da historia, obra do Abbade de gar, que póde até succeder ser este na mesma provin
Blably escripta para o Principe de Parma. Diz o il cia. Assim o meu voto he que o cargo de juiz, prinº
lustre Escriptor: Por maior que seja a jurisdicção dos cipalmente nos primeiros lugares, haja de ser tempo»
magistrados, nunca a sua authoridade será perigosa,rario; e que apenas tiver findado o tempo da magis
se eles forem eleitos pelos povos, se forem obrigados
tratura, seja removido do lugar, para se indagar lo
e dar confa da sua admnistração, e sobre tudo se exer
go alí do seu comportamento, e ser julgado pelos ju
cercm magistraturas curtas e passageiras, que não rados: devendo porém o Governo immediatamente
promovelo, no caso de não haver culpa. Quanto á
ines dem interesses distinctos daquelles da republica.
O meio mais facil de fazer vigilantes e inteiros osduração da sua magistratura, quizera que fosse de
magistrados, consiste em que o premio do bem que um até dois annos; pois lembra-ine de ter ouvido o
fizerem aos povos, seja a esperança de poderem ser seguinte rifão = que os juizes de fóra no primeiro an
revestidos da mesma dignidade depois de algum tem no são de fóra: no segundo de dentro: e no terceiro
pode repouso. Não se lhes consinta por forma algu nem de dentro nem de fóra.
na continuar nas suas funcções, apenas tiver expira O Sr. Moniz Tavares: — Depois de se ter sanc
dº o teatpo da sua magistratura ; e esta regra não cionado a independencia do poder judiciario, he abso
*#ra excepções, nem se revogue, ainda mesmo em lutamente indispensavel o sancionar-se a primeira par
favor de um Aristides, de um Temistocles, de um te deste artigo, isto he, que o cargo de juiz será vi
Camilo, ou de um Scipião. Taes são as ideas do talicio: eu até me persuadia que isto não poderia en
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trár em questão; mas questionando-se a materia che nem para as idades afonsinas em que um alqueire de
gou a um tal gráo de esclarecimento, que nada mais milho custava um vintem. Estamos legislando em um
me resta a fazer senão perguntar aos illustres Preopi seculo de luxo, em que os generos precisos ás necessi
nantes, que são de opinião contraria , que males po dades, e commodidades da vida tem grande valor.
derão resultar da conservação dos juizes nos seus em Augmentem-se por tanto os ordenados dos ministros,
pregos depois de se ter felizmente estabelecido e con e estes serão exactos e inteiros. Agora se me figura,
sagrado entre nós a instituição dos jurados, depois de que se levantão contra mim os Srs. da Commissão da
haver publicidade nos processos; existencia de leis se fazenda, e que me diz o honrado membro o Sr Jia
veras contra aquelles juizes, qne prevaricarem, e a noel Fernandes Thomas, que eu intento abrir um
prohibição de toda e qualquer authoridade se intro buraco na bolsa do Estado. A tudo isto respondo,
Inetter nos seus juizos! Eu não o decubro. He verdade que se podia estabelecer uma taxa sobre as folhas dos
que até agora um juiz no seu emprego fazia-se intole processos, e com este imposto pagar com suficiencia
ravel: os povos maldizião-se só com a noticia de que aos magistrados.
elles erão reconduzidos; mas desgraçados de nós se o Sabios politicos tem cogitado muitas Inedidas por
objecto destes temores não desapparecer por uma vez; acautelar a prevaricação dos julgadores. D. Luiz da
a distancia mesmo do Brazil não os tornará impunes, Cunha em suas memorias lembra um inventario antes
visto já se ter sabiamente decretado que as juntas pro de entrar em o lugar, e outro depois; porém isto me
vinciaes os podião suspender, e formar culpa em oito parece insignificante e acredito mais acertada aquella
dias. Em confirmação desta minha opinião não cita resolução de Catharina da Russia, quando reformou
1ei Benjamin Constant que diz que um juiz amovi o seu codigo, mostrando muita sabedoria em augmen
vel, e revogavel he muito mais perigoso do que um tar os ordenados dos ministros, dizendo-lhes que ella
juiz que tem comprado o seu emprego. Comprar um os tinha augmentado, e posto em estado de não cui
emprego he uma cousa mais corruptora do que temer darem nos seus proprios interesses, mas sim nos inte
sempre perdelo. Não lembrarei igualmente o que affir resses publicos. Parece pois ser este o meio mais se
ma um celebre politico bem conhecido entre nós, Mon guro, e conveniente de remediar tantos males, que
*esquieu, isto he que as funções vitalicias tem grande sofre a sociedade. Augmentem-se os ordenados, te
vantagem de poupar aquelles que as exercem esses nhão os magistrados uma renda sufficiente, e sejão
instantes de pusilanimidade e de fraqueza, que pre abolidos esses emolumentos de 40 reis por uma assig
cedem á expiração do poder. Sim, nada disto se me natura, etc., porque então de certo, ajustiça se ha de
faz preciso, porque basta só dizer que visto o povo não administrar bem; de contrario nada faremos. Isto pos
poder eleger os seus juizes, sendo eles amoviveis tem to, não a inconveniente em que sejão vitalicios os ma
o poder executivo maior numero de bestas para arras gistrados; mas se o Congresso não admittir que elles
tar o seu carro. Ver-se-hão os pobres pertendentes na exerção suas funções vitaliciamente, e que seja tem
dura necessidade ou de cortejarem , e abaixarem-se poraria, ou por tres annos sómente, então digo eu que
frequentemente aos ministros de Estado, e Conselhei em lugar de durar por 3 annos, dure só por 2, por
ros, ou morrerem no esquecimento. Estas razões são que este he o tempo da legislatura: nem a magistra
fortissimas, e são as que me movem a votar pela ina turanodeve
ser ter demais
prazo doisduração do que a lei, que póde
annos reformada. •
O Sr. Vigario da Victoria: — Tenho ouvido razões O Sr. Barreto Feio: — Eu sustento a opinião
ponderosas por uma e outra parte: ouvi dizer ao Sr. dos Srs. que se tem opposto á doutrina do artigo,
*Serpa, que todo o fim da Constituição se dirigia a Estes cargos vitalicios são contrarios á razão, á li
obviar as prevaricações dos juizes, a prevenir os abu berdade, á boa administração da justiça, e á econo
sos que poderia haver na magistratura, e que esse mia. São contrarios á razão, porque esta pede, que
era o motivo porque os magistrados deverião ser tem os commodos, e os incommodos da sociedade sejão
porarios: ora, sendo esse o motivo, porque nós tra repartidos por todos os socios, que para isso forem
balhamos neste artigo, eu acho optimo o meio de re aptos, e não padecidos, ou gozados sómente por al
mediar muitos abusos e prevenir as prevaricações que guns individuos: são contrar os á liberdade, porque
tem exercido, e exerce a magistratura, e que tem sido todo o homem, que se vê elevado para sempre aci
objecto dos queixumes de todos os povos. Augmen ma dos seus concidadãos, naturalmente se torna so
tem-se os ordenados dos magistrados; de-se lh s uma berbo, e desprezador dos seus semelhantes; e estes
subsistencia farta, com a qual cada magistrado possa condemnados a obedecer-lhe perpetuarmente, vem a
subsistir no seu emprego, e sustentar a dignidade e perder a idéa da sua dignidade, pelo costume de
explendor dessa magistratura; porque o magistrado serem desprezados. São contrarios á boa administra
he um homem publico que representa a sociedade, ção da justiça, porque todo o magistrado, que sabe
e deve ter um certo tratamento e explendor; por con que não ha de ser deposto senão por critnes de pri
sequencia, tendo o magistrado uma subsistencia farta meira ordem plenamente provados, se ao princípio
e abundante, he de esperar que muito bem admi não commette esses crimes, por temor do castigo,
nistre a justiça. Como era possivel que um juiz de vai commettendo outros menos graves, até que final
fóra no Brazil com 2003 reis, dados pela camera; um mente vem a perverter-se; porque he da natureza hu
ouvidor com 3003 reis não prevaricasse, e isto então em mana tender sempre para a relaxa ào. São contrarios á
um seculo de tanto luxo! Nós não estamos legislando economia, porque sendo estes cargos reputados como
para a republica de Platão, nem para os Espartanos, propriedade, se aquelles, que os exercém vem por al
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gum motivo a impossibilitar-se de servir, fica a Na gumento he tão generico, que por si mesmo se des=
ção com onus de os sustentar; vindo por este modo troe: a ser verdadeira a sua doutrina, a deviamos ap
a contribuir não só para os que actualmente servem plicar a todos os empregados, seguir-se-ía della, que
mas para os que já servírão; e, se o projecto da não devia haver officiaes militares inamovíveis, ne
Constituição passar nesta parte como está concebido, nhum emprego inamovivel; por tanto basta a gene
virá tambem a contribuir para os que hão de servir; ralidade que se conhece nestes principios, para não
pois que vejo, que haja tambem juizes aggregados, os poder adoptar; basta saber, ainda que elles fossem
cousa nunca vista no mundo. Um juiz vitalicio he verdadeiros, que a inamobilidade, era uma garantia
uma sanguixuga, que nunca despega, porque nunca absolutamente necessaria.
se farta. . Disse outro illustre Preopinante, que os magistra
Dizem que os magistrados, em sendo amoviveis dos no principio da magistratura tem mais zelo do
ficão logo rectos, e justos: se isto fosse verdade ne do que depois, e que o tempo vem introduzindo a
nhuma Nação teria tido magistrados mais rectos, que relaxação. Em primeiro lugar devemos fazer diferen
a portugueza, porque elles até agora tem sido entre ça entre o emprego da magistratura, qual tem sido,
nós mais inamoviveis, do que as pyramides do Egypto. e qual ha de ser: os magistrados até aqui tinhão a
A experiencia tem mostrado a falsidade deste princi parte administrativa e economica, e applicavão as
pio, e por isso voto contra a primeira parte do artigo. leis aos factos contenciosos; daqui por diante não se
O Sr. Pinto de Magalhães: — As razões que te rá assim: he verdade que quando um magistrado en
nho ouvido ponderar, sobre inamobilidade dos ma trava de novo, vinha com todo o fogo da idade, e
gistrados, e sua independencia, são sem duvida de da inexperiencia, e quasi sempre não são muito de
muito pezo, e eu apontarei mais algumas. He um elogiar os passos que se davão, e os povos sem du
principio certo que os magistrados devem ser inde vida se queixavão mais dos seus primeiros dias do
pendentes do poder executivo, mas nunca da lei. Os que dos outros. Não devemos recear que os magistra
magistrados dependerão de um homem, todas as vezes dos pelo tempo adiante se relaxem; porque elles não
que o seu modo de vida, e a sua fortuna dependerem tem mais do que applicar a lei ao facto, e não a ap
do poder executivo, e sejão quaesquer que forem as leis, plicando, o seu corpo de delicto he publico e cons
que houver a este respeito, sobre a responsabilida tante, e tem além a disso lei severa da responsabili
de, nunca se poderão virificar, uma vez que os ma dade, que os persiga a todo o instante: por tanto
gistrados dependão do Poder executivo. Benjamin sendo isto assim, e havendo de mais a mais a repre
Constant diz expressamente que aquella nação que sentação nacional; eu não posso suppôr similhante
não conhece, que o respeito he necessario para o acer relaxação, antes assento que todos os magistrados mo
to dos juizes, e sua independencia, está muito remo vidos por interesse geral, de não perderem a sua sub
ta do estado de civilização, e de conhecer os fins da sistencia, hão de administrar, e applicar bem a jus
sociedade. Eu vou por tanto debaixo destes princi tiça. Disse mais um Preopinafite que o declarar os
pios resolver algumas difficuldades que tenho ouvido juizes vitalicios era declarar que elles exercerião as
apontar sobre a independencia dos nossos magistrados. suas funcções na idade decrepita. Mas eu assento que
Disse um illustre Preopinante que se a inamobilidade ha de haver leis que regulem as aposentadorias, e por
dos magistrados era principio do seu bom acerto, isso que assim se poderão evitar os males que daqui
ninguem teria tido melhores magistrados do que nós, se poderião seguir. Disse mais que a magistratura se
visto que entre nós, eles tinhão sido independentes; purificaria, uma vez que os juizes fossem eleitos, e
mas este illustre Preopinante, acha-se equivocado. não vitalicios. Eu porém assento o contrario, e jul
Nós não tivemos magistrados independentes, se te go que por meio das eleições elegendo-se como facil
mos tido alguns magistrados rectos, deve-se attribuir mente aconteceria magistrados máus, estes desfigura
isto mais á sua vontade, do que a outra cousa. Um rião, e corromperião a magistratura. Disse mais que
militar no campo da batalha afronta a morte, por a perpetuidade uma vez que não aperfeiçoa os bons
que sabe que depois da vida será honrada sua me magistrados serve para fazer impunes os máus. Digo
moria, e sua mulher e familia terão com que aliviar eu que a inamobilidade dá força aos bons para con
sua miseria. Um juiz porém que tiver valor para re servarem a sua virtude. Um magistrado pode mais fa
sistir ás sugestões, promessas, empenhos etc., o que cilmente succumbir faltando aos seus deveres pelo re
lhe succede he ser reduzido á pobreza, e em lugar de ceio de perder a sua subsistencia do que não tendo o
ser venerada sua memoria, acontecerá o contrario; receio de a perder uma vez que se dirija bem. Disse
por consequencia se temos tido, torno a dizer, magis mais que a inamobilidade tinha contra si o espirito
trados dignos, deve-se isto a uma virtude acrisolada, de corpo que acompanhava homens constituidos na
tanto mais de admirar, quanto maior he a dependen mesma classe. Perguntaria eu primeiro ao illustre Preo
cia do poder que o ministerio tinha sobre taes magis pinante se isto dependia da inamobilidade! Certamen
trados 1 em quanto os magistrados dependerem do te não. Porque sendo a magistratura até agora amo
ministerio, em quanto forem dependentes, não pode vivel, e tão amovivel que bastava um simples avi
remos contar com a sua bondade: devemos trabalhar so para reduzir os magistrados a um estado de mi
pois em constituir esta independencia, em dar uma seria, apesar disto sempre ouvi queixumes do espi
rantia aos juizes, para que elles não possão temer. rito de corporação. O espirito de corporação he in
#" um dos illustres Preopinantes, que a judicatu separavel de todas as classes; mas este espirito de
ra era um meio para se subir ao commodo: este ar corporação de nada servirá uma vez que haja a res
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ponsabilidade dos ministros, liberdade da imprensa, e cia. Ora se a inainobilidade dos juizes concorrar para
que haja certa revista em todos os processos tindos etc. formar a sua imparcialidade e a sua illustração segu
Disse em ultimo lugar que toda a força que se désse ramente devemos admittir a iuamobilidade, como ver
a quaesquer poderes do estado além da necessaria pa dadeiro meio de conseguir este fim. Ora discorramos
ra preencher os fins da sua instituição servia para di em quanto á imparcialidade: quem póde duvidar que
minuir a liberdade dos povos. Concordo nisto, mas di o juiz será mais ou menos imparcial, segundo for mais
go que esta força que se quer dar ao poder judiciario ou menos independente! E independente de queim !
lhe a unica que póde haver para elle preencher (Consideremos bem esta circunstancia) independeu
as suas funcções , e como isto he a unica garam te de um poder, que pôde fazer a sua desgraça, ou
tia digo que esta qualidade deve dar-se ao poder ju a sua felicidade, quasi todos os dias; falo do poder
diciario, e que não tenhamos modo de que isto vá ministerial. Nós todos os dias estamos a ter clugues
ofender a liberdade dos cidadãos, antes pelo contra do poder ininisterial, estamos sempre a caicular os
rio os cidadãos serão sempre escravos e estarão á mer abusos que podem fazer os ministros do Rei, e então
cê se os juízes não forem independentes do poder ex queremos continuar a deixar-lhe na não um meio efii
ecutivo e eis a rasão porque os sabios publicistas da caz de se fazerem senhores do poder judiciario, pondo
Europa todos asseverão que he impossivel a ordem os ministros á sua inteira disposição ! Além disto, a
judiciaria sem ser independente. Em todas as nações o nossa experiencia mesmo de muitos tempos, nos faz
Governo não tem interesse maior do que constituir acreditar que não he a perpetuidade dos juízes, a que
todos os julgadores debaixo de uma dependencia im previne a sua imparcialidade, ou facilita abusos do
mediata delles. O que fez Buonaparte foi tornar sem seu poder, porque na nossa administração judiciaria
efeito o artigo da Constituição que julgava inamovi temos tido juizes amovíveis e juizes inamovíveis; isto
veis os imagistrados. He necessario lembrar-nos do que he juizes perpetuos, e juizes temporarios. Ora convi
a magistratura foi atégora. Atégora não havia respon do os Srs. a reflectirem, sobre qual destas duas clas
sabil ade porque de que servia a orden. do I. 1.° t. ses he a que tem abusado mais:, foi a mag stratura
3." se ella estava iludida por um assento da casa da perpetua dos desembargadores, ou a amovível dos
supplicação, e se de facto nada valia ! Daqui por dian juizes inferiores! Nenhum dos Srs.. talvez esteja em
te ha de haver responsabilidade, esta ha de fazer-se circunstancias de me responder ; ou a responder
efectiva etc. Por tanto para a independencia dos ma me será , que tanto tem abusado uns, como ou
gistrados voto pela sua inamobilidade. tros; logo o abuso vem de não terem os magistra
O Sr. Moura : — Todos os Srs. que tem dos uma responsabilidade severa, e não vem da ina
atacado a doutrina da inamobilidade dos ministros mobilidade, porque se esta fosse a causa , então
prescindem da circunstancia da responsabilidade; se só os juizes perpetuos terião prevaricado. Não he pois"
parão o serem inamoviveis de serem responsaveis; e esta a causa da prevaricação. Faça-se uma boa lei de
então quem duvida que os juizes, se não fossem res resposabilidade, e então o magistrado não ha de abu-a
ponsaveis não só não devião durar toda a vida, mas sar, ou ele seja temporario, ou seja perpetuo; e como :
nem se quer 24 horas, porque não ha coisa que mais na magistratura perpetua se obtem ainda outro fim
encaminhe ao despotismo, do que o considerar um mais, que he o constituir os juizes em uma verdadei
homem applicando as leis sem ser rigorosamente res ra independencia, eu voto, para que os juízes sejão
ponsavel pela sua má applicação. Por tanto he pre vitalicios, muito mais porque a illustração, e a sabe--
ciso que nunca separemos nesta questão, a da respon doria que deve acompanhar a imparcialidade, só se
sabilidade, isto he, cumpre sempre ter em vista, que adquire desde que o juiz tem o seu destino fixo e
ao mesmo tempo que, constituimos os juizes Inamov permanente. Só então he que elle se decide a adquirir
veis, se ha de fazer uma lei tão forte sobre a sua res os conhecimentos necessarios ao exercício de uma pro
ponsabilidade, que nada haja a emer. Quando ti fissão que elle tem a certeza ha de exercer em quanto
vermos presente esta lei de responsabilidade, e quan não for despojado della por delicto, ou ineptidão. Vo
do estivermos certos, que ella ha de caír em cima dos to pois pela perpetuidade da magistratura. . .
juizes irremi-sivelmente, então sem duvida será facil O Sr. Killela: — Levanto-me para responder á
decidir a questão da inamobilidade. E com efeito, objecção do illustre Preopinante, o Sr. -Moura. Diz
combinando uala cousa com outra, não poderemos clie que os que tem opinado contra o artigo, tem pos
deixar de ver o quanto a inatnobilidade dos juizes to de parte a responsabilidade dos juízes; mas pergun
concorda com o fim da administração da justiça. Qual to eu, se os conselheiros de Estado, os governadores
he o objecto principal que o legislador deve ter em vista das armas das províncias, e outros empregados não
no estabelecimento do poder judiciario ! Eu assento são responsaveis! Então porque se não determinou
que o objecto principal, a mira mais importante que tambem, que elles fossem vitalicios! Por certo o illus
deve ter o legislador na organização do poder judici tre Deputado não pondera quanto he dificil, por não º
ario, be fazer com que esta instituição faça os juizes dizer impossível, a um cidadão accusar a qualquer
esclarecidos, e imparcias. Pouco importa que elles individuo que está em autoridade. Confesso que eu
sejão esclarecidos, se não são imparciaes; pouco im mesmo neste lugar, onde somos inviolaveis por nos
porta que sejão imparciaes, se elles não sao esclare sas opiniões hesitaria de o fazer ainda com Justa cau
cidos. He preciso que ao mesmo tempo reunão ambas sa, não por medo, ou cobardia, mas pelo receio de po
as qualidades: allàs perigarão sempre nas suas mãos der passar fóra por injusto; pois sei que não ha indivi
os meios directos, ou pela prevaricação, ou pela inep duo em autoridade, principalmente nas mais gradu |
[3753 ] .
adas, que não tenha centenares de pessoas que o de cto quando lhe apraz. Muitos empregados que não são
fendão, interessados na sua conservação. Pode a in vitalicios de direito, o vem a ser de facto. e tem nos
nocencia no fraco achar-se só e desamparada: o cri seus titulos a clausula, dum se benc gesserint. O Sr.
me no poderoso sempre encontra defensores. Por tan Moura argumentou dizendo que não dependia de se
to torno a votar que o cargo de juiz, pelo menos nas rem vitalicios os juizes, a sua bondade, porque entre
primeiras instancias, seja temporario, e de curta du nós tem havido máos e bons, entre os vitalicios e en
ração, pelas razões que já antes expuz quando decla tre os temporarios. Donde conclue, que só da respon
rei a minha opinião. •
Esta he a tendencia constante das paixões do homem. O Sr. Fernandes Thomaz : — Tenho ouvido
O Sr. Pessanha: — . . . . . tudo , e tem-se dito tudo o que ha pró e contra
O Sr. Serpa Machado: — Levanto-me para refu sobre esta importantississima materia; porém tenho
tar a idéa de não ser constitucional o estabelecer-se a a accrescentar um principio mais seguro para decidir
inamobilidade dos ministros. Se estabelecemos que o esta questão. Trata-se de fazer uma innovação em a
poder judiciario não póde ser independente sem ser nossa Constituição, porque em fim nós tinhamos uma
inamovivel, fica claro que este Congresso não pode boa ou má, tinhamos o nosso direito publico particu
ria ser independente. Senão he verdade que isto assim lar que estabelecia a ordem da magistratura, e o mo
seja, entao . . . . do por que ela se havia de regular; e este direito nós
O Sr. Correia de Seabra: — Sr. Presidente, ou tratamos de o alterar, confirmar, ou modificar. Eu
tra vez eu me levanto para sustentar a opinião que já supponho que nenhum dos illustres Preopinantes dei
declarei, que se não sanccione directamente, mas se xa de concordar neste principio, que he sempre arris
regule a promoção da magistratura de maneira que a cado fazer uma lei nova, quando se não mostra ne
perpetuidade venha em consequencia; porque de ou cessidade absoluta de desmanchar a antiga, e substi
tra fórma a responsabilidade rarissimas vezes, ou tal tuir-lhe outra; por tanto entendo que no estado em
vez nunca, será efectiva, pela deposição ou demis que se acha a ordem da magistratura, no estado em
são do juiz , como ja observei ; muito mais sendo que se achão os nossos costumes, e as nossas leis, he
outros juizes os que hão de conhecer, e julgar da perigoso darmos este salto de repente, alterando as
responsabilidade. Os povos dizião nas Cortes de Lis nossas antigas instituições, e passando a fazer todos
boa de 1641, que a residencia não devia ser tirada os magistrados vitalicios. Devemo-nos lembrar que
pelos ministros, porque elles encobrião uns aos ou não são por meras theorias que as nações se governão,
tros. Alem disso eu receio muito que esta inamo a experiencia he a primeira das leis, e quem se es
bilidade não remediando as prevaricações da magistra quece della esbarra a cada passo; nós o que vemos he
tura, de que tanto se tem fallado neste Congresso, dê que os magistrados sendo perpetuos tem sido máos,
occasião a novas prevaricações, e que o remedio ve sendo temporarios tem igualmente sido máos, sendo
nha a ser peior que o mal, porque as prevaricações perpetuos tem sido bons. Conseguintemente de que
(ao menos na minha opinião) não provem da mobi principio havemos nós partir para nos convencermos
lidade, e da dependencia em que está a magistratura, que logo que os magistrados passão a ser perpetuos
do Governo, e por consequencia a causa fica em pé. deixão de ser homens, e passão a ser anjos! Os ma
A magistratura das relações póde dizer-se que hegistrados tem commettido erros, e tudo quanto ha
inamovivel, e a dizer a verdade eu não sei que na admáo, quem o nega! Mas por ventura nasce isto de
ministração da justiça tenha sido mais exacta que a elles serem perpetuos, ou temporarios? Não. Talvez
trienal; mas embora fosse a magistratura toda amo que os perpetuos tenhão sido os peiores; isto he cou
vivel entre nós, como se tem dito, eu observo que a sa que se observa constantemente em muitas classes.
magistratura grangeou, e adquiriu não digo estima Na ordem dos pastores ecclesiasticos, qual he o que
ção, mas uma especie de veneração dos povos, o que prevarica mais, he o cura amovivel! Certamente que
só podia ser efeito da rectidão, e desinteresse com que não; he o beneficiado collado, este he que ordinaria
a justiça era administrada ; e com efeito de tempos niente se vê, depois de collado, ter a sua manceba e
não muito remotos he bem difficultoso apontar exem obrar mal, porque tem a certeza que não o podem tirar
plos de suborno por sordido, e vil interesse. Eu ain do seu lugar. A nossa instituição em quanto exige a
da observei o horror com que se ouvia a noticia de necessidade de passar um magistrado por diferentes
algum, e a admiração que causava o tentar-se, o que bancos, he uma magnifica instituição. Um magistrado
prova bem os não havia. que serve na primeira intrancia, alí mostra a sua in
A causa he outra, he a corrupção geral dos cos capacidade, ou a sua ignorancia; alí mostra se tem
tumes, que desgraçadamente teve entrada livre, e fran bastante firmeza para resistir ás paixões, e se elle he
ca nos empregados publicos, tanto pela tolerancia, ou máo magistrado vê-se obrigado a deixar a vida, por
não sei que diga, do Governo, como porque poderão que a opinião publica o castiga, e ha de castigar
[ 3755 ]
mais do que até aqui. Da primeira intrancia passa á gno, e com tudo tem ficado e ficão impunes. Por
segunda, ahi continúa a dar novas provas da sua ca conseguinte assento que devemos primeiro tratar do
pacidade, ou da sua ignorancia, ahi se vê se no pri que lembrou o Sr. Xavier Monteiro.
meiro lugar que exerceu foi um hypocrita, e se obser O Sr. Pinto de Magalhães: — Vou responder a
va de novo a sua capacidade; depois passa ainda a idéa de alguns illustres Preopinantes que tem dito,
ter outros tres annos de prova, finalmente findas to que não he proprio que se estabeleça na Constituição
das estas fieiras, e de se ter mostrado um homem in este artigo. Quando nós temos sanccionado muitos
telligente, e de bom caracter, então já a Nação não que na realidade lhe não pertencem, não havemos
tem duvida de lhe dar um lugar perpetuo, já não ha estabelecer este que trata de regular o poder judicia
que recear delle, porque já temos sobre a sua con rio! Eu não exijo que se estabeleça este artigo na
ducta a experiencia necessaria. Parece-nos muitas ve Constituição porque supponha o Governo sempre
zes, ridiculo applicar exemplos um pouco baixos a máo, antes fui aqui accusado de o suppor bom; po
cousas sublimes; mas eu queria que me dissessem qual rém he necessario que as leis não sejão feitas para se
he o homem que tomaria um criado para sempre, não executarem; he necessario que se estabeleça a lei
uma besta para sempre etc., que tomaria qualquer que ha de exigir esta responsabilidade, pois que sem
cousa, de que se servisse para sempre!, Ninguem. ella eu não quereria magistratura, porque viria a ser
Não mudemos pois as nossas instituições se não quan a causa de se praticarem os maiores despotismos pos
do se nos mostrar que elas são más. siveis. Disse o illustre Preopinante que ninguem to
Se fosse para mim demonstrado que um juiz de ma um criado para sempre, mas sómente em quan
primeira intrancia apenas perpetuo passava a ser me to ele não prevarica: isto he o mesmo que eu quero
ihor, eu desde já seria de opinião que os magistrados se pratique com os magistrados, e que em elles pre
fossem perpetuos; com tudo sendo a cousa muito du varicando sejão castigados. Nada haveria que recear,
vidosa havemos deixar uma cousa, que he boa para se os ministros fossem independentes, se elles fossem
irmos adoptar outra com o intuito de qne he melhor! perpetuos; perguntarei eu se a magistratura tem 5
Mas essa certeza de que ha de ser melhor ainda nin cousas para ser má, e nós lhe podemos tirar 3, não
guem a deu. Por isso sigamos este principio geral, o devemos fazer só porque lhe não tiramos todas as
não nos arredemos do que fomos sem mostrar que ha causas! Eu assento que sim. O argumento que aqui
vemos de acertar melhor no caminho que havemos de se fez de que o Governo dá os lugares, e que igual
seguir. Que receio he este dos magistrados? Para que mente os póde tirar, não tem vigor, porque depois
hão de elles ser perpetuos? Nós havemos ter juizes do ministro ser nomeado não poderá ser removido do
de facto, ou juizes que possão fazer applicação de di seu lugar sem ter prevaricado. Tambem se alegou
reito; os juizos hão de ser publicos: que pôde temer que os ministros sendo temporarios, passavão por uma
se de um magistrado, que applica a lei em publico! certa maneira pela qual se conhece a sua capacidade,
Ele já não julga do facto, não tem senão por obri e depois serão eleitos aquelles que se reputarem mais
gação applicar o direito, todas as operações dos juizes capazes: eu digo que não he assim, e que desta ma
são feitas em publico; nisto he que consiste a nossa neira serão eleitos os magistrados mais servís, mais
salvação. A razão por que os magistrados prevaricão aduladores e mais dependentes dos ministros, a quem
he porque obrão em segredo. Seja o processo todo pu favoreção os empenhos: só esta classe será promovida, e
llico, e então os magistrados, ou sejão perpetuos ou quando mesmo se empreguem dous, ou tres homens
temporarios, hão de ser bons. Fala-se em independen bons ficará a porta aberta para os outros que o não
cia do Governo; de duas uma: ou o Governo quer. forem, isto he o que a experiencia tem mostrado.
corromper os magistrados ou não; se quer, não he O Sr. Borges Carneiro disse que desejava que os
este o meio que o embaraça de corromper a magis illustres membros limitassem as suas razões ao menos
1ratura; elle tem outros muitos de que se possa ser possivel, porque via em Hespanha, na presente dis
vir. Por outro lado não está o Governo nomeando os cussão do codigo penal, passarem 16 e 20 artigos em
Inilitares? Está; então se elle os nomeia e póde cor uma só sessão; e que lembrava isto pela razão de ha
rompelos, não seja ele quem os nomeie. Portanto ver muitas cousas gravissimas para se tratarem, as
estas objecções não valem nada. Tenho mais a lein quaes- estão atrazadas com muito prejuizo da Na
ção. •
sistir, e pôr freio a suas injustiças, 2.° Que ha de ha O Sr. Bastos: — Os argumentos que eu expendi,
ver uma lei de responsabilidade exacta, e esta lei foi a primeira vez que falei, tem sido debilmente comba
mandada fazer, e ha de discutir-se. Suppostos estes tidos por alguns dos illustres Preopinantes, e susten
princiºios, digo que o cargo de juiz será vitalicio; isº tados victoriosamente por outros. Descer agora á
to he durará por toda a vida, em quanto por delicto; circunstanciada analyse de cada uma das respostas
ou por outra justa causa, verdadeira mante provada, que se lhes tem dado, seria dar demasiada importan
o ministro não houver de ser demittido. Entendo que cia a essas respostas, e fatigar inutilinente o Con
este principio não he novo, e que elle he uma conse gresso. Limitar-me-hei pois a chamar a exame alguns
quencia dos bases: por tanto se eu provar isto, tenho pontos mais notaveis, que tenho observado na disa
decidido todas as questões. Ora o artigo 23 das bases eussão. Ouvi abonar a perpetuidade dos juizes com a
da Constituição diz no seu ultimo paragrafo: O poder historia das nações cultas, desde os bellos dias da
judiciario está nos juizes: cada um destes poderes (le Grecia até os nossos dias. A historia responde-se com
gislativo, executivo, e judiciario ) será respectiva a historia: as republicas gregas mudavão frequentemena
mente regulado de modo que nenhum possa arroga» te de magistrados, receosas de que elles conservados
* *
T 3758 |
por muito tempo nos empregos, se tornassem dema he, e o he mesmo o da America unida, e o da Grã
siadamente poderosos, e attentassem contra a liber Bretanha, comparada a extensão que ahi se dá á ina
dade. Os Athenienses, que forão os primeiros que mobilidade, com a de que estamos tratando.
usárão desta politica, escolhião todos os annos 600 Passemos a uma reflexão, a que me parece que
dos seus principaes cidadãos, de que compunhão o se tem dado grande pezo, á instrucção que he neces
Senado: dividião-nos em 10 classes, compostas de 50 sario que tenhão os juizes, aos grandes estudos a que
cada uma; e cada uma destas classes governava o es he preciso que elles se dêm para a adquirirem, e a
tado por 35 dias. D'ahi saíäo no principio de cada que se não darão sendo seus empregos meramente
mez os Archontes, a cujos cuidados tocava a admi temporarios. Este argumento, a poder ter alguma
nistração da justiça; de maneira que os juizes vinhão força, seria para o preterito, attento o estado da nos
a ser mensaes: só erão fixos os membros do Areopa sa jurisprudencia, e da nossa legislação, que para se
go; mas ninguem podia ser membro do Areopago, saber demandava grandes applicações, e grandes fadi
sem se ter distinguido nas precedentes magistraturas. gas. Para o futuro porém, feitos os codigos, qualquer
Nos doirados tempos de Roma, as magistraturas erão cidadão, sem grandes talentos, e sem grandes estu
annuaes. Isto assegurava a liberdade dos Romanos dos, poderá saber a legislação do seu paiz. Por ou
contra os abusos do poder. Nem pareça esse espaço tro lado o dito argumento he contra producentem;
mui pequeno para se emprehenderem e executarem por quanto o homem pende naturalmente para a pri
grandes cousas: foi nessa época das curtas magistra guiça, e vendo-se collado n’um emprego, de que nin
turas que Roma chegou ao cume da grandeza. E guem o póde fazer saír, se ignorante he ao principio,
ainda assim, por circunstancias que occorrêrão, al ignorante continua a ser, por falta de necessidade e
gumas se limitárão mais : tal foi a de Tarquinio de estimulo, que o obrigue a estudar: e pelo contra
Collatino, o primeiro dos consules; de Tito Fla rio vendo que não se póde conservar senão sendo re
aninio ; de Scipião Nasica, e outros, que forão des eleito, fará todo o possivel por alargar a esfera de
tituidos. Na França, antigamente os juizes forão vi seus conhecimentos, e por acreditar-se: de sorte que
talicios, mas isto acontecia menos por principio que se nós concedermos a perpetuidade aos juizes, fareinos
por consequencia. Como os cargos se compravão, aos ignorantes um grande favor em prejuizo dos pó
justo era que se gozassem por toda a vida. A Cons vos, e privaremos os sábios da gloria das reeleições.
tituição de 1791, que apezar dos seus defeitos, eu O maior dos argumentos sobre a questão de que
penso ser a melhor das Constituições francezas decla se trata, aquelle a que todos os outros de algum mo
rou-os temporarios. A do anno 3.° nada alterou a do vem a reduzir-se, he o da independencia. Não
este respeito. A do anno 8.° tornou-os vitalicios; mas tentarei responder a um raciocinio do ultimo Preopi
apparecendo depois os inconvenientes, o Senatus con nante, derivado das bases da Constituição, cuja dou
sulto constitucional de 12 de Outubro de 1807 de trina tão applicavel he realmente aos juizes tempora
terminou que a nenhum Juiz se desse carta eu provi rios, como aos vitalicios. Como he que de se decre
são, que o declarasse vitalicio, sem se ter mostrado tar a perpetuidade virá a resultar a independencia !
digno disso em 5 annos de serviço. Luiz XVIII, A independencia he uma qualidade de alma, que a
veio he verdade, com sua carta, consagrar a inamo lei não communica. Homens ha que gozando de im
bilidade: mas quem ignora o muito que os sabios mensas riquezas e colocados n’uma situação, que os
da França tem escripto a este respeito, demonstran torna superiores a todas as vantagens provenientes
do a necessidade de se revogar, ou ao menos de se dos favores do Governo, assim mesmo são seus escra
suspender temporariamente similhante artigo da car vos, e parece que nascèrão para o ser; e outros que
ta! Creio que ouvi dizer que he corrente entre os vivendo na pobreza e na miseria, e parecendo preci
modernos publicistas a doutrina da inamobilidade: sarem da assistencia de todo o mundo, assim mesmo
mas eu pelos que tenho visto, assento que a doutrina sentem em seu coração a necessidade de não recorrer
corrente entre os melhores delles he a contraria. Nos a ninguem, e de não acceitar um favor, que não pos
estados unidos da America como são varias as Cons são receber senão á custa da sua liberdade. Procu
tituições, varia tambem he a sorte dos juizes: ha os rem-se (na frase de Sá Miranda) Homens de um só
nomeados para em quanto bem servirem, ha os de parecer, De um só rosto, uma só fé, De antes que
7, e ha os de 1 anno. Na Inglaterra he que se diz; brar que torcer, e teremos juizes independentes. Que
que desde 1767 ha uma inamobilidade legal! mas independencia tem os Mandarins na China, relativa
que inamobilidade he essa! Por uma parte são pou mente ao Imperador, que com um leve aceno os pó
co os juizes que a gozão, pois alguns são annuaes; e de reduzir a pó! Com tudo os anuaes chinezes nos
por outra parte esses poucos, a quem se attribue, fornecem mui grandes exemplos; e seja-me licito refe>
não são vitalicios como se quer que os nossos o sejão. rir um delles: aflictos os principaes Mandarins pelas
Acabão pela morte de cada um dos Reis, se o Rei desordens do Imperador Fangti, lhe enviárão um
successor lhes não renova a commissão, e a sua con dentre si para lhe fazer ouvir a linguagem da verdade
servação depende inteiramente do arbitrio do Rei. e da razão. O deputado apresentou-se, e começou
A vista disto, como se póde indistinctamente cha respeitosamente o seu discurso; o Imperador irritou
mar o exemplo das nações civilizadas e livres em abo se, cahiu sobre elle como uma fera, e o apunhalou.
no desse pretendido dogma da perpetuidade dos jui Enviárão um segundo, um terceiro, enviárão até de
zes! Os da Grecia e de Roma são-lhe contrarios, o zasete, e todos tiverão a sorte do primeiro. Presen
da França na época em que foi mais livre tambem o tou-se ainda um decimo oitavo: o Imperador asson
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brado ao vêr tanta constancia, e tanto heroismo, on Lino Coutinho, Afonso Freire, Moura Ccutinho,
viu-o, entrou em si, e corrigiu-se. Em que tempo, Ribeiro Teixeira, Ribeiro Saraiva, Corréa de Sea
ou a que paiz dessa tão decantada independencia, bra Feio, Isidoro José dos Santos, Rodrigues de An
poderão os illustres Preopinantes ir buscar um exem drade, Varella, Alves do Rio, Manoel Antonio de
pto similhante a este? E qual he a garantia que offe Carvalho, Fernandes Thomaz, Miranda, Pamplo
rece á sociedade um juiz vitalicio! a do crime julga na , Vasconcellos, Marcos .Antonio de Sousa, Bam
do por sentença. Mas ignora alguem que póde um deira, Salema, Rodrigo Ferreira, Silva Corrêa.
juiz ser um ignorante, um corrompido, um prevari Leu-se a acta da sessão antecedente, que foi ap
cador toda a sua vida sem que chegue a ser accusa provada. . … • !
do, convencido, e julgado eorrespondentemente! Fa O Sr. Secretario Ribeiro Costa deu conta da de
la-se muito na responsabilidade; mas ignora-se quão claração do voto dos Srs. Deputados abaixo assigna
grande he a difficuldade de a fazer efectiva? Por isso dos ! Quando hontem, se poz a votos o parecer da
mesmo que um juiz he inamovivel, he impraticavel Commissão de commercio, que era de voto se resti
ou pelo menos difficilino, o verificar-lhe a responsabi tuíssem ou encontrassrm aos negociantes os direitos,
lidade, porque o receio da vingança afasta os quei que havião pago de mais em virtude da pautilha an
xosos, e arreda as provas dos mais patentes delictos. tes da approvação do Congresso, os abaixo assigna
Dar aos juizes a perpetuidade he dar-lhes a inviolabi dos votárão a favor daquelle parecer. — Antonio Jo
lidade: e se isso se vencer, então não se diga mais só Ferreira de Sousa, José Peixoto, Sarmento de
que no regimen constitucional, que estamos organi Queiroz, Corrêa de Seabra.
zando, só he inviolavel a pessoa do Rei; inviolaveis O Sr. Fernandes Thomaz, por parte da Commis
serão tambem as pessoas de todos os nossos juizes. são diplomatica, deu conta do seguinte , .
Declarada sufficientemente discutida a primeira
clausula do artigo, propoz-se á votação: Se se appro P A R = e = R.
vava, accrescentando á palavra juiz a palavra de direi
to, e mudando a palavra vitalicio para perpetuo! Thomaz Blanco Ciceron, e João Ramon de Bar
Havendo alguma duvida sobre a votação, e reque dia, hespanhoes, representárão ás Cortes em 22 de
rendo-se a nominal, a que se procedeu, por esta se Setembro de 1821 que se achavão presos nas cadeias
venceu que não, por 55 votos contra 64. Propoz-se da relação do Porto por opiniões politicas, e que o
2.°: Se se ha de declarar na Constituição que todos presidente do tribunal da provincia de Galliza exigia
os juizes serão perpetuos, logo que estejão publicados a sua entrega. — Pedião que se sobre estivesse na re
os codigos, e estabelecidos os jurados! — E se venceu messa, dando-se-lhe depois o destino conveniente. As
que sim. O resto do artigo ficou adiado. Cortes mandárão informar o Governo, e que suspen
Na primeira votação votárão por sim os Senhores. sa a entrega viesse com a informação a copia do tra
Freire, Falcão, Pereira de Magalhães, Sarmento, tado com a Corte de Madrid. -
Camello Fortes, Osorio Cabral, Ribeiro Costa, Ba - Em 29 de Setembro de 1821 foi remettido ás Cor
rão de Molellos, Basilio Alberto, Pereira do Car tes pelo Governo um requerimento dos mesmos Hes
mo, Bernardo Antonio de Figueiredo, Bispo de Paphoes, em que pedião a sua soltura. Este requeri
Castello Branco, Gouvêa Durão, Lédo, Aguiar mento veio acompanhado de uma informação do In
Pires, Barroso Pereira, Trigoso, Moniz, Tavares, tendente geral da policia, e dos documentos que mos
Travassos, Soares Franco, Calheiros, Leite Lobo, trão a origem e fórma da prisão; trazendo tambem a
Soares de Azevedo, Braamcamp, Jeronymo José Car resposta do Ministro dos negocios estrangeiros, e ou
neiro, Almeida e Castro, Felgueiras, Aragão, Rodri trº dº da justiça sobre este negocio, o qual foi remet
gues de Brito, Pinto de Magalhães, Santos Pinheiro, tido á Commissão de diplomatica
Correa Telles, Moura, Belford, Peixoto, Vaz Velho, Dez dias depois, isto he, a 9 de Outubro de 1821,
Rebello da Silva, Martins Basto, Luiz JMonteira, quando esta se preparava para dar sua opinião, ap
Luiz Pauline, Borges Carneiro, Arriaga, Silva pareceu nas Cortes, outro Pequerimento dos mesmos
.Negrão, Grangeiro, Couto, Paes de Sande, Serpa Hespanhoes, em que pedião se sobre estivesse a respei
Machado, 2çfyrino dos Santos, Castello Branco Ma to da decisão de seus requerimentos em quanto elles
noel, Araujo Lima, Pedro José Lopes, Roberto não juntavão umas certidões, que fazião a bem de
Luiz de Mesquita, Sousa Machado, Rodrigues So sua justiça; - e a Commissão então suspendeu o seu
bral. trabalho.
E votárão por não os Senhores Gomes Ferrão, Em 27 de Dezembro de 1821 foi apresentado em
Quental da Camara, Ferreira de Sousa, Gyrão, An Cortes ºutro requerimento dos mesmos Hespanhoes, em
tonio Pereira, Canavarro, Pinheiro de Azevedo, Ar que pedião a decisão de seus requerimentos, ainda sem
cebispo da Bahia, Barata, Borges de Barros, Tava as taes certidões, porque elles não podião obtelas.
res Lyra, Pessanha, Francisco Antonio dos Santos, Eis-aqui a historia dos quatro requerimentos que a
Assis Barbosa, Francisco João Moniz, Bettencourt, Commissão julgou conveniente reunir em uma só ex
Araujo Pimentel, Martins Ramos, Margiochi, Vil Posiçãº, para melhor intelligencia do Congresso, e
lela, Xavier Monteiro, Caldeira, Queiroga, Man conhecimento de suas decisões. Mas o facto sobre que
tua, João de Figueiredo, Lemos Brandão, Maldo deve recaír a deliberação he o seguinte:
nado, Vicente da Silva, Faria de Carvalho, Rosa, Ciceron, e Barcia, dizendo-se pertencer á Junta
Ferrão, Ferreira Borges, Gouvéa Osorio, Bastos, ºpostolica, formada no reino de Galliza para obrar
5
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contra o systema constitucional em voga na Hespa serção das tropas de terra e mar, com a clausula,
nha, retirárão-se a Portugal, entrando por Valença quanto a este ultimo, de ser perdoada a pena de mor
em 19 de Julho de 1820, onde obtivérão passaporte te em que tiver incorrido o delinquente, e commuta
com o qual chegárão ao Porto a 4 de Agosto seguin da por outra.
tc. O Governo extincto aquem o encarregado dos ne Mas quanto ao modo da requisição declarou o
gocios daquelle Reino em Lisboa tinha requerido, mesmo tratado que bastava ser feita pelos respectivos
mandou-os prender por aviso de 7 do mesmo mez; ministros de Estado dos negocios estrangeiros, ou
porém no dia 6 já se tinha verificado a prisão nas ca Pelos respectivos embaixadores, e que a ser pelas au
deias da relação do Porto, a pedido do consul hes-, toridades de que se falava na concordata se praticas
"…
panhol daquella cidade. * . * ** * * sem as requisitorias do estilo.
\
-
O presidente do tribunal superior de Galliza tem º Sendo este o facto, e o direito que o regula, a
declarado, a entrega dos presos na fórma da conven Commissão he de parecer que os dois supplicantes Ci
ção que observou sempre entre os dois reinos, e he ceron, e Barcia se achão no caso da concordata pa
de saber que elles se achão alí condemnados á Inorte, ra, serem entregues, fazendo-se a requisição nos devi
segundo diz em sua informação o Intendente geral da dos termos, como parece ter-se feito, o que todavia
policia. Todavia a Commissão que não acha docu pertence ao Governo indagar; porque nos documen
mento algum autentico deste facto não julga possivel tos juntos não appareceu ella em fórma, e apenas se
que o julgado (a existir) se execute sem audiencia dos da por certa pelos queixosos, e pelos informantes.
réos, porque elles como ausentes não fôrão ainda ad A Commissão para adoptar esta opinião conside
mittidos a defeza. rou que não se podendo duvidar de que o crime seja
Desde o tempo d'ElRei D. Manoel existe uma dos exceptuados, por ser de attentado contra o Esta
convenção entre Portugal e Hespanha, para a mu do, as razões dos snpplicantes não merecem attenção,
tua entrega dos réos, que attentarem contra qualquer porque se fundão principalmente no direito de hospi
dos dois Estados, ou que tiverem commettido outros talidade, que lhes compete como estrangeiros; mas
crimes graves. ElRei D. Sebastião declarou e confir que nunca póde ser regulado senão pelas convenções
mou este assento das duas cortes por uma lei de 28 particulares entre duas nações visinhas, e que interes
de Fevereiro de 1569. E D. Pedro II., julgando ex são mutuamente em que se sustentem estas medidas
istirem poucos ou raros exemplares desta concordata de segurança, paz e soccego interior. Quanto á ille
e capitulação, mandou novamente publicala Por uma galidade e revogação do processo que se lhes fez em
lei em 2 de Julho de 1692. Na concordata d'ElRei Galliza, nem a provão, nem quando a provassem
D. Sebastião, quanto ao modo pelo qual se deve fa pertencia ao Governo, ou ás Cortes o attendela nas
zer a entrega, se determina que sendo a remissão circunstancias do negocio. — Salão das Cortes 16 de
emanada dos ministros do conselho, e desembargo, e Janeiro de 2822. – Manoel Fernandes Thomaz :
relações, ou das audiencias, e corregedores, e alcai Hermano José Braamcamp de Sobral ; Joaquim Pe
des de corte, ou de outros supremos tribunaes, e sen rcira Annes de Carvalho; Francisco Xavier Mon
do na tal requisitoria inserta a informação do delicto, teiro. •
se faça a entrega sem ser necessario apresentar-se ºu Decidiu-se que ficasse adiado.
tro processo, ou fazer-se outra averiguação no Reino. Determinou o Sr. Presidente para a ordem do dia
Porém não sendo passada pelos sobreditos em tal ca o parecer das Commissões reunidas de agricultura, e
so se apresentará o processo e prova que for feita con commercio sobre a reforma da companhia, principian
tra o tal delinquente, e constando do delicto pelo di do pelo exclusivo das aguas ardentes, e na prolon
to processo, se fará a remissão ou entrega. gação o projecto n.° 189 sobre os doutore da Univer
Pelo tratado de aliança defensiva de 24 de Março sidade.
de 1778 entre a Rainha D. JMaria I, e Carlos III Levantou-se a sessão ás duas horas da tarde. —
se confirmou novamente esta mesma concordata quan Antonio Riteiro da Costa, Deputado Secretario.
to aos crimes em que eila deve entender-se, ajuntan
do-se de novo o de moeda falsa, contrabando, e de Redactor — Galvão.
DA NAÇÃO PORTUGUEZA
NUM. 276.
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|-
zurrapa só boa para o diabº; gastavão dois milhões O Sr. Gyrão: — Sr. Presidente peço a palavra:
e duzentos mil cruzados com tres quartos de legua de eu vou combater alguns artigos deste projecto; mas
estrada, e outras mil prepotencias que produzírão um declaro que respeito muito os seus illustres redactores,
odio mortal contra a companhia. Porém cumpre que pois que tinhão o melhor fim que se póde imaginar,
não confundamos o despotismo das juntas com a qual he o de facilitar a agricultura do Alto Douro;
bondade do estabelecimento. Este foi uma das mais en serei mais extenso do que costumo, pois, me he
sabias instituições do Marquez de Pombal: todos sa preciso descer á origem do exclusixo das aguas arr
bem que antes de 1736 o paiz do Douro estava incul dentes, que hoje se pertende ressuscitar. * * *
to, e que hoje se acha roteado e culto: , antes o vir . Não foi este exclusivo dado á companhia no temr
aho era o objecto do calculo de alguns negociantes e po da sua instituição,e e o Paiz se achava cobertº de
dos feitores inglezes; hoje he o premio do lavrador, fabricas taes e quaes proprias daquelles tempos, e
e o melhor ramo de commercio de Portugal, a quem que ainda existem com bem pouco melhoramento: º
dá todos os annos doze milhões de cruzados. Cowser companhia porém logo depois de instituida teve artes
vemos pois este importante banco; cuidamos porém de alcançar este exclusivo; e são tão frivolos os prer
da sua reforma. * * * ** * ** * * ** * **** |-
textos da lei, que o estabeleceu, que causão riso;
E pais quanto, a esta reforma o projecto que te pois que diz, que os lavradores fazião a agua ardeºr
mos nas mãos satisfaz muito bem ao que se deseja, te com fumo, e julgºu-se isto, Gausa bastante para ºs
e com razão no preambulo delle se qualifica a juntº privar dº poderem destillar, seus vinhos quando lhes
actual que o propoz doegenerosa, pois nº verdade oon viesse! Andárão os tempos, e a companhia, em
acredita-se muito com as bases que apresenta, e dellº Xez de aperfeiçoar º arte da destilação mandavado dº
se póde dizer que quiz morrer e sepultar-se com hon ·os annos comprar a França quantidades avultadissiº
* #
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mas de agua ardente, em quanto entre nós se arran nhia cede daquilo que não tem, e do que lhe causa
cavão as vinhas que estavão plantadas nas terras boas, incommodo para obter o que não lhe devemos dar;
era prohibido plantar outras, e só licito cultivar os sim, ela cede do exclusivo da America , porque vê
penhascos! Pos esta fórma, póde-se dizer, que a com que a America livre e constitucional não póde ser pa
panhia denominada da agricultura das vinhas, era só trimonio seu ; cede do exclusivo das tabernas, por
ás vessas anti-agricultora, e só favoravel aos estran que não quer ter um volcão por throno; cede das fis
geiros. •
tria, e fez os males ditos; porém ao menos deixava A companhia tinha o exclusivo das tabernas; mas
distillar aos lavradores passado o primeiro de Maio, em lugar de vender vinho, vendia veneno aos cidadãos
e recommendava aos commissarios da companhia, que do Porto, como elles representárão em seu requeri
lhe comprassem as suas aguas-ardentes por livre aven mento, e por tanto não tinha consumo, gastava-se
ça sem a menor violencia , e que se os lavradores uma quantidade immensa de licores espirituosos com
a não quizessem vender a poderida exportar livremen ruina da saude publica, e proveito dos estrangeiros:
te ; mas agora o novo projecto pretende fexar as barras, eis outra causa do vinho crescer. A companhia tinha
obrigar os lavradores a perderem 20 por cento, e a o exclusivo das aguas-ardentes; mas em vez de as fa
munirem-se de certificados das cameras para poderem bricar de vinhos nossos, mandava-as vir de França e de
vender uma pipa de agua-ardente ! 1sto nos tempos Hespanha, e eis-aqui outra causa do vinho crescer.
constitucionaes, e depois de juradas as Bases que afian Removidas porém estas causas, o vinho não exce
vão o direito de propriedade! Não posso dispensar-me de ao consumo. Figurarei porém a hypothesis de que
de dizer, que o projecto não só he peior que a lei ve o vinho cresce, e neste caso que lhe ha de fazer a com
lha, mas até he barbaro. Vejamos agora os beneficios panhia? Se ella tivesse o thesouro do ltei da Lidia po
que a companhia promette, e que fascinárão, e illu deria comprar os sobejos no primeiro anno, ainda no
dírão a boá fé de meus illustres collegas! A compa segundo ou terceiro; mas depois? Por força havia de
parar.
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Se me dizem que os devia guardar para os annos -Pedro, o justiceiro, depois de ressuscitado (segundo
de esterilidade, respondo, que então não cresce o vi sua fabulosa historia) só ha de servir para confessar
nho, e que os annos estereis combinados com os abun um peccado.
dantes dão um termo medio de consumo, e que esse Pense bem o Soberano Congresso qual será a eri
deposito os podem fazer os lavradores e os negocian ze em que se verá daqui a tres mezes; ou não ha de
tes, repartindo entre si os lucros que vão a ficar nas -attender ás lagrimas dos lavradores do Douro, e ha de
mãos do interinedio inutil da companhia. ver o contrabando arrombar todos os diques, ou ha de
Dir-me-ão porém — esse intermedio, essa com tornar a deitar a baixo o resuscitado exclusivo, dan
panhia evita os conloios. — Nada, Srs., he para mim -do á nação e ao mundo um terrivel exemplo da maior
tão singular como o temor dos conloios no meio da versatilidade, perdendo a confiança dos cidadãos, per
liberdade, e da grande concorrencia; e não temer es dendo o poder moral, e atrahindo sobre si o descre
tes quando o corpo todo do commercio se ofende, e dito do Governo despotico de algum dia.
se escandaliza, como agora se pertende fazer com a Agora deste longo discurso nascem tres perguntas,
surpreza da ressurreição do exclusivo faltando-lhe a que são as seguintes:
boa fé que lhe estava afiançada por um decreto! El 1.° será de justiça, e de razão faltar a boa fé a to
les tinhão especulado de mil fórmas; tinhão comprado dos os que especulárão sobre aguas-ardentes, surprehen
as suas aguas-ardentes; tinhão dado dinheiros adian -delos, e enganados com uma lei filha primogenita des
tados aos lavradores; tinhão mandado vir os alambi te Congresso, matando-a agora de repente para dar
ques de Derosne, e agora de repente barras fechadas, vida a um monopolio que fez por meio seculo a des
passos retrogrados, e uma lei má resurgindo barbara graça das provincias do norte!
Para crear um monstruoso monopolio! 2.° Será tambem de justiça e de razão converter
O mal commum faz unir os homens; os negocian as mesmas provincias em a Valaquia, Moldavia, e
tes de certo se hão de unir, se hão de conloiar por Morea, fazendo de seus habitantes escravos tributarios
duas razões que saltão aos olhos de claras e evidentes: de um Sr., e fazer da cidade do Porto a odiosa exce
a primeira he para se desforrarem do pouco caso que pção de subjeitar seu commercio a um monopolio em
se faz de tão nobre, e necessaria classe, a segunda paga de ser ella a primeira a erguer os pendões da li
para fazerem enterrar outra vez o fantasma ressurgido berdade, e agora as lapidas e os bronzes para gravar
de novº no meio da Constituição. os nossos nomes !
O Douro infeliz bafejado de negros fados vai este 3.° Será justo, será politico, antes de acabar a
anno sofrer um golpe mortal, que bem desejava evi Constituição, deitar por terra as Bazes da mesma, e
tar-lhe; pois os negociantes abandonárão todo o vi dizer aos cidadãos em linguagem tão expressiva —
nho á companhia, á excepção de tal ou qual tonel * estas bases são palavras vãas, vãamente escritas,
optimo. E poderá comprar a companhia 703 pipas ahi vão abaixo duas porque se interessa uma corpora
de feitoria, 123 de ramo, e as aguas-ardentes do Mi ção poderosa.» • *
nho, da Beira, e de Tras-os-Montes na fórma que Ora espero que me tirem dos escrupulos que te
o projecto diz! nho, e depois direi ainda o muito qne Ine resta sobre
Não nos iludamos, Srs., o commercio nunca pó tão importante materia.
de ser comprimido, e por isso os antigos o figuravão O Sr. Soares Franco : — Eu não tratarei do ar
em Mercurio com azas na cabeça; quando o não tra .tigo addicional, porque não foi assignado por nin
tão bem, desapparece. guem; em consequencia não tratarei senão de exa
Não he por minha culpa que o baixel destes ne minar a questão principal para ver se a dirijo ao pon
gocios fluctua agora entretantos escolhos: eu bem nãoto de vista por onde se deve olhar. Quando o Con
queria tratar esta materia antes das vendas; mas os gresso determinou que conviria não extinguir a com
Solipeos do Douro, e o espirito de Arimanio precipi panhia, já sanccionou por algum modo o artigo de que
tárão a questão, e agora tem fraco remedio. tratamos. Em primeiro lugar he necessario conside
A dolorosa experiencia mostrará a mens patricios rar-se que sem a companhia o vinho não póde ser
quem he que lhe queria bem, quem he que desinte comprado senão pelos negociantes, e elles poderião fa
ressadamente lhe desejava a melhor ventura, e condu -zer um conloio como fizerão em 1754; poderião dizer,
zia as cousas a esse fim. não queremos pagar senão a tal preço o vinho, e ar
Eu chamo, Srs., a vossa attenção para o que se pas ruinar os lavradores do Douro. Em segundo lugar os
sou aqui quando se tratou do exclusivo das tabernas; lavradores do Douro estão acostumados a vender seus
eu levantei a minha voz pelo bem do Douro, e do vinhos nos dias da feira, costume que dura ha muitos
Porto; eu disse verdades, que agora apparecem acri annos; e se agora se lhes dissesse que não havia com
soladas; mas qual outra Cassandra não fui attendido; panhia, se estes homens não podessem vender os seus
porque a intriga t nha entornado largamente os seus - vinhos desse modo seguir-se-lhes-hião os males anne
venenos; agora he o mesmo, igualmente a intriga, exos a uma novidade tão repentina, males que carre
igualmente a calumnia empregão o dente viperino; eu garião sobre este Congresso , e dos quaes nem deve,
disse que o exclusivo das tabernas havia de acabar nem póde tornar-se responsavel. He necessario pois
infalivelmente, e ele acabou de facto. Profetizo ago que haja quem compre pára dar o consumo necessa
ra, sem receio de me enganar, que a ressureição que rio ao vinho, e para que o lavrador possa vender. Pa
se pertende dar a este das aguar-a dentes, apenas lhe ra isto parece indispensavel a existencia da companhia;
dará uma vida tão efemera como a que teve ElRei D. mas como esla não deve subsistir do mesuso inado que
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anteriormente, a questão he que a companhia deve sub Sr. Girão; mas não posso deixar de modo algum
sistir, mas deve subsistir com a reforma. Esta ha de ser passar a idea, de que se este projecto se realiza os
feita de sorte, que fique conservando algum favor pe póvos do Douro, das tres provincias do Norte, de
las obrigações a que se subjeita; porque de outro modo vem ser comparadas aos póvos da Polonia; pois jul
não poderia existir. Temos pois um só ponto para gando em estes póvos os mais miseraveis, e infelizes
donde dirigir-mo-nos, e he necessario procurar o me da Europa, porqne perdèrão a sua independencia,
lhor caminho que a elle conduz. He verdade o que com quem poderia comparar o illustre Deputado aquel
o Sr. Girão tem dito, que os vinhos das tres provin las provincias, quando estavão debaixo da oppressão
cias não são superiores para o seu consumo, se se en anterior? Oppressão fundada nos iminensos privile
tende tãobem por consumo a destillação; mas quem gios, exclusivos a arbitrio dos caprixos, e interesses
ha de fazer as compras para este fim ? Querer que as dos Ministros d'Estado, e que fazião volumes, e vo
faça a companhia, que tenha esta obrigação sem ter luines de avisos, de que resultavão os abusos que tan
algum exclusivo, isso he quimera; he necessario que to esmagavão aquelas provincias!... He preciso re
se veja, como dar-lhe aquelle que corresponda ao fim que duzir esta questão aos verdadeiros pontos a que deve
nos propomos, e que seja menos gravoso. Eu digo, limitar-se para se poder discutir bem, deixando à
que o exclusivo que o projecto propoe he o melhor parte aquella opinião do illustre Preopinante, á qual
de todos os meios, e a razão he clara; porque a com não posso acceder, apezar de serem muito respeitaveis
panhia vê-se obrigada a comprar vinhos, e não os para mim seus conhecimentos. Tres são os estorvos,
melhores ; porque os melhores são exportados para que se oppõe á prosperidade da agricultura, ou para
Inglattera, sim aquelles que hão de queimar-se para melhor dizer, podem dividir-se em tres classes, fisi
agoas-ardentes: para isto precisa despender sonmas cos, moraes, e legislativos. Quando eu disse o outro
consideraveis; e impôr taes obrigações a qualquer sem dia, que a questão da refôrma da companhia não era
dar-lhe interesse algum , torno a-dizer, que he qui objecto que se decidisse n’uma sessão como alguns af.
mera. Oppõe-se a este exclusivo duas objecções, a pri firmárão, foi por ter examinado a grande dificulda
meira he, que o Soberatio Congresso tem já decreta de que ha a combinar entre a liberdade do commer
do que ficasse aos lavradores a liberdade de destillar; cio, e a prosperidade da agricultura, o interesse im
mas isso se lhes não tira, elles podem distillar, e po
mediato dos proprietarios, e dos consumidores, as
dem vender dentro, e exportar para fóra do Reino: o diversas applicações das theorias ás diferentes locali
unico que se conserva deste exclusivo da companhia dades, e que para desenvolver todas essas idéas, e re
he que não possão vender os lavradores, etc. aguas solver sobre elas com conhecimento de causa, são ne
ardettes se não a essa mesma companhia dentro das cessarios muitos conhecimentos, não só theoricos, mas
barreiras do Porto, em Villa-nova da Gaia, e no dis ainda mais práticos. Deixando pois os dois obstaca
tricto da demarcação do Alto Douro. A segunda ob los fisicos e moraes, de que tenho falado , que real
jecção parece mais forte, e he que os lavradores das tmente não são applicações á agricultura das vinhas
provincias do norte vão a ficar prejudicados com do Alto Douro, porque estas se achão na sua maior
esta resolução : dos da Beira não falo, tanto por perfeição, perfeição devida, não á companhia, como
que esses tem a sua sahida, e seus vinhos não são alguns querem exclusivamente, mas ás circunstancias
ainda de tão má qualldade ; poderia dizer-se que fi politicas da Europa nos trinta annos antecedentes,
cavão mais prejudicados os das outras duas provincias; que fizerão dar valor aos vinhos, e que por isso qua
mas elles podem distillar suas aguas-ardentes, e ex si todo o Portugal se plantou de vinhas; o interesse
portalas por suas barras. Alem disso eu devo dizer, he o maior estimulo da actividade do proprietario pa
que tambem não acho muito forte esta objecção, por ra tirar dos seus fundos a maior vantagem possivel;
que o consumo do vinho no Porto ha de ser muito resta-me só falar dos estorvos Regislativos: a questão
grande: o districto dos vinhos do Alto Douro não pó he agora sómente sobre o que a lei oppõe para a sua
de subministrar á companhia todo o que ha de preci prosperidade. Foi approvado neste soberano Congres
sar, e necessariamente se ha de ver obrigada a com. so, que o regulamento da companhia do Alto Douro,
prar ás outras provincias. No que se necessita uma ou por seus vicios intrinsecos, ou pelos abusos dos
summa vigilancia he, em evitar que continue o con executores não convinha conservar-se de modo al
trabando; pois evitado este de certo a companhia se gum, e que era preciso reformar-se: está pois já de
ha de ver obrigada a comprar vinhos ás outras pro cidido por este augusto Congresso, que a companhia
vincias. Como pois não acho fortes objecções cou deve ainda existir por algum tempo, visto que se
tra o projecto, como lie necessario conservar a com mandou proceder á refórma; porque só se refórma o
panhia , e como não se póde conservar senão por que se quer que exista. Porem os legisladores, que
meio deste exclusivo, eu voto pelo projecto. não devem ter cm vista o bem parcial, e só o bem
O Sr. Bettencourt: — Estou assignado neste pro geral da sociedade, a felicidade dos muitos, e dos
jecto, e como tal cumpre-me o defendelo: não como mais, e não devem descer a particularidades, devem
o melhor, e unico a adoptar-se; porém como o mais vêr se as cousas são uteis ou não á maior parte, e
conveniente a conseguir os fins que este soberano Con ao maior número. Ninguem dirá, que um banco que
gresso tem em vista nas presentes circunstancias, e existe ha 60 annos deve ser derrotado n’um momen
protesto adoptar outro qualquer arbitrio, que appa to. Isto traria a ruina de muitos particulares, e estas
reça, e que preencha os fins do consumo dos vinhos ruinas parciaes vem a produzir a ruina geral, aquel
do Alto Douro: sou muito amigo do meu collega o le pequeno terreno da demarcação do Douro, he on
ts…
de existem as nossas verdadeiras minas; os seus pe e naturaes, perde-se a propriedade e os fructos: esta
medos, são pedras de hyman, que tem attrahido muito be que he a crise, em que está e Douro, he chega
ouro a Portugal; a incançavel actividade dos seus da a poda, a empa, a cava, e os vinhos por vender;
habitantes tem transformado aquelas pedras, em pe o proporcionar-se-lhe comprador, e consumo he o
dras preciosas, com a diferença, que annualmente maior bem para o Douro. Entrou em discussão qual
reproduzem preciosidades reaes, que de algum modo era o projecto que se havia de seguir; se o dos lavra
fazem contrabalança na escala do nosso commercio dores, ou da companhia, ou dos negociantes? e não
com a Inglaterra! He por estes motivos que este so se resolveu a favor de nenhum: fez-se um resumo de
berano Congresso tem gasto tanto tempo com este todos para apresentalo aqui, e que se decidisse o mais
regocio dos vinhos do Alto Douro, e da companhia. conveniente, pois aqui he aonde isto se póde fazer, e
E por ventura quando se tnandou que fosse ouvido o não na Commissão. A Commissão não se póde com
commercio do Porto, os lavradores do Reino, os ac binar em tudo, e o meu empenho foi, que fosse co
cionistas de todos os pontos, a mesma companhia cu no fosse, se désse um arbitrio, pois a sabedoria de
jas informações fórmão esta formidavel papelada, cu cento e tantos Srs. Deputados, havia de emendar os
ja vista faz tremer, pela difficuldade do seu exame ? erros da Commissão; o caso he de muita urgencia,
... (O orador apresentou um maço de papeis) não e de muita delicadeza; a discussão o vai patentean
se vê que se queria proceder com conhecimento des do, ella esclarecerá o objecto, e fará com que a re
tes diversos pareceres ! Certamente: e que tem acon solução seja a mais sensata, combinando tantos inte
tecido? Que se tem gasto seis mezes nestes exames. resses desvairados. — Já aconteceu assim com o pro»
E póde-se decidir do resultado delles em uma hora? jecto de lei sobre a refórmu dos foraes; todo o meu
Não de certo. He por isto que eu dizia tambem o ou empenho era que entrasse em discussão, pois só esta
tro dia, que esta questão não se decidiria com tanta faz apparecer as difficuldades, e os meios de as apla
facilidade como alguns Srs. Deputados a considera nar. Vê-se que os lavradores mesmo entre si estão
vão. O exame de toda esta papelada faz treiner a ca todos desunidos, uns querem a companhia, outros
beça; não ha juizo que a possa combinar, porque não a querem; uns a querem reformada, outros que
chocão entre si os interesses destas diferentes corpora continue o exclusivo; em fim ha muita diversidade
ções. O que mais me admira he a contradicção em de interesses que chocão entre si. E quem ha de ser
que estão os lavradores do Douro, que devião ser os o juiz de todos estes interesses! A decisão deve ser
melhores juízes nesta tnateria, que eu reconheço a mais pois adoptar o que pareça melhor a bem da Nação
complicada; os accionistas tão igualmente contradi em geral, e por isso a Commissão propoz o seu pro
ctorios; não se póde coligir, qual a sua opinião ge jecto julgando que a compensação que concede á com
ral, qual he o seu interesse, quaes as suas pertenções. panhia he uma compensação pelo onus que vai ter,
Quanto mais se examina esta volumosa papelada, cujo favor não he tão pezado como antes, pois ago
mais confuso se fica; interesses, paixões, preoccupa ra he só na demarcação do Douro, quando antes era
ções, ignorancia, illusões, theorias, tudo está alí em tras tres provincias. E não ha duvida em que para es
grande desenvolvidos a Commissão de commercio foi do Porto he muito conveniente, porque hão de be
mais coherente em principios, e conclusão. E qual ber bom vinho, pela abolição do exclusivo das taver
ha de ser neste caso o partido que devein adoptar os mas, e ha de haver muito maior consumo uma vez
legisladores! Combinar um resultado, que senão he que se ponha em vigor a lei sobre os contrabandos,
o mais favoravel, não seja o mais prejudicial. Distº porque tudo está histo; se vier agua ardente de fóra,
tem tratado as Commissões reunidas, e com este fim acabou-se o vinho de Portugal. He preciso, que eu
apresentárão seu projecto. Eu julgo que se deve dar com franqueza diga, que toda e qualquer providem
uina compensação á companhia, não porque seja um cia que se der, he provisoria; pois a solida medida,
grande bem; porque eu creio que essas compensações e unica no meu entender, depende das relações com
são sempre um mal; mas porque he o menor mal nº thereiaes que estão em vista formar-se entre Portugal,
caso em que nos achamos, porque está provada a e as provincias do Brazil; estas devem gastar excluí
necessidade da existencia da companhia por algum sivamente os vinhos de Portugal, bem como este
tempo, e não póde existir como um particular qual gasta exclusivamente o seu assucar, algodão, cacán,
quer: isso não poderia ser. Mas por ventura não ha arroz, e mais generos, que até aqui se denominavão
um contracto entre os lavradores e o banco da comº coloniaes. Os interesses fraternaes dictão esta medida,
panhia? Ha; porque a companhia se compromettº unica capaz de fazer grande Portugal, e o Brazil;
com obrigações; a estas obrigações hão de corresponº todas as idéas politicas, e de bom senso demonstrão
der direitos; vamos a vêr se estes direitos são os que esta verdade, e quando estas relações se estabelece
deve gozar pelos onus a que se obriga, Este be º ºn rem, como eu espero, então os do Douro terão boa,
so. O maior mal dos lavradores he não terein consmº e racionavel saída aos seus vinhos, e todo o Portus
mo os seus generos; a falta de compradores he uma gal. O meu voto he, que utna vez que se decretoa
verdadeira calamidade; o proprietario, e º lavrador que se reformar-se a companhia foi com intenção de
tem nos sabbados as ferias, estas são unius letras á que existisse, e de que para que ella exista he neeesa
vista, que não admittem protesto; não ha força no sario dar-lhe algum favor; porque se não se der, não
homem, que retarde os progressos da natureza, º das póde haver companhia. Nesta parte assentou a Comº
estações, e por isso os trabalhos agriculas, não adº missão que de tudos os arbitrios, se o que apresenta,
mitten dilações; se se não fazem nos prazos cºrvoº, não he o Irelhor, he sem duvida e mais proporcio. "
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mado ás circunstancias, e o mais capaz de dar con teresse em dar a esta producção um valor, não a des
sumo aos vinhos do Douro, fim principal, a que nos truão; isto ha de fazer-se por um corpo intermedio ,
devemos propôr. - e este corpo intermedio, se quizerem, será a compa
O Sr. Ferreira Borgcs: — Os illustres Preopi nhia. Ella não quer já todos esses privilegios que ti
mantes, que tem falado em favor do projecto, tem-me nha, não quer o ramo, nem o exclusivo deste na
dispensado de repetir aquillo, que aliás primariamen vendagem do Porto, nem o exclusivo das aguas ar
te tinha intenção de dizer; por consequencia cingir dentes nas provincias, não quer fiscalisação de direi
me-hei a este respeito a falar sómente sobre a materia tos, nem cousa nenhuma do que tem tido até agora ;
principal. Trata-se dos artigos 18 e 19 do projecto, mas quer (partindo sempre do principio, que no en
nos quaes se consigna o exelusivo da companhia, pa tanto que o producto fôr maior que o consumo, he
ra vender agua ardente no Porto e Villa Nova de necessario que haja um corpo que equelibre, e que a
Gaia, e demarcação do Douro, e a obrigação de companhia se obrigue a comprar esse excedente do
comprar a mesma os vinhos que não tiverem compra consumo na feira) que em compensação se lhe dê o
dor para o consumo e vendagtm interna, e destilação meio de poder dar saída ao vinho que compra; isto
d'aguas ardentes. Não podemos falar deste exclusivo he, que destilando esse vinho possa segurar a venda da
em abstracto sem falar do seu correlativo, isto he, a agua ardente que produz a sua destilação. Eis-aqui o
razão por que este exclusivo deve ou não deve dar-se que he, que pede a companhia, e porque o pede; pe
á companhia; porque aqui mesmo no plano se vê, de porque se obriga a comprar o excesso do consumo,
que não se lhe dá gratuitamente, senão com a obri e o modo de sair-se delle he destilando-o em agua ar
gação de fazer alguma cousa: falarei pois neste senti dente, e he como correlativo, qne se lhe conceda o
do, que he aquelle em que assignei o projecto, e pa exclusivo desta venda no Porto, e em Villa Nova de
ra poder pôr o Congresso em conhecimento deste ob Gaia, para saír-ss do que assim comprou excessiva
jecto explicarei a marcha do negocio. Tratando-se da mento e sem obrigação.
Jefórma da companhia, mandou o Congresso que se Tal he o plano da companhia, e tal o artigo 19
nomeassem duas Commissões; uma de lavradores, es do projecto: não he o exclusivo um onus á agricultu
tabelecendo os estatutos de sua eleição, isto he, de ra; não he um exclusivo que se lhe concede gratuito,
terminando que fossem eleitos seus membros como os senão necessario pela obrigação que se lhe impõe. Se
Deputados de Cortes o fôrão, e assim se fez; e outra rá isto proveitoso á lavoura! Parece que sim; porque
de negociantes no Porto, para a qual um dos mem a lavoura o que quer he a venda do seu genero. Será
bros da Commissão de agricultura fez os estatutos. proveitoso ao commercio ! Em Março aboliu-se o ex
JEu então vendo que havia uma Commissão pela par clnsivo da companhia, e que resultou ! Que a com
te da lavoura, outua pela do commercio, e vendo que panhia não destilou senão o que era necessario para o
provavelmente nem uns, nem outros terião um conhe costeamento e lotação dos seus vinhos; e não o que
cimento exacto do que importava ao commercio e á era necessario para o commercio; e a agua ardente
lavoura, requeri que a Junta da companhia desse em vez de 150 mil réis que tinha de valor, pedem os
1ambem a sua opinião a este respeito, já porque de que a tem a 300 mil réis a pipa : eu sei isto, e o as
via estar instruida nelle, já porque era tambem do severo á face da Nação, porque tenho exactas infor
seu interesse. Vierão as tres opiniões, e outras muitas mações a este respeito. Eis-aqui, o estado actual do
dos accionistas em particular, de fórma que se ajun commercio do Porto, Debalde se espera que na actua
1árão aquelles papeis, que o Sr. Deputado Betten lidade se possa destillar tanta somma de agua arden
court mostrou. Eu preví o que efectivamente aconte te como be necessario; porque não ha alambiques, e
ceu; porque eu não requeria, que a Junta da compa porque a agua ardente nova não he boa para a lota
nhia desse a sua informação, se não previsse o que ha ção do vinho. He necessario que passe tempo, e esse
via de acontecer, O, resultado foi, que como os inte tempo he o que vai supprir a companhia, porque se
resses do commercio (isto he, o dos Inglezes, e al obriga não só a fornecer o commercio na actualidade,
guns Portuguezes, porque he necessario saber que el senão a fornecer por um tempo maior; e tudo isto,
les são os que compõem o commercio do vinho do e as despezas da «lambicação, dos arinazães, etc.,
Porto) como os interesses do commercio, digo, erão vem a valer bem: os vinte por cento, contra o qual
contrarios aos interesses da lavoura, havião de cho se gritou. Ella tem que fornecer cascos, tem a adian
carse; e por tanto era necessario que houvesse um tar fretes pelo rio abaixo, e tem que guardar mais de
meio termo que se opposesse aos interessses de uns e um anno os seus vinhos alambicados: vejamos agora
outros. (O orador fez um paralelo para demonstrar o que importa este empate, não só na actualidade
a opposição de interesses, citando a diversidade de de um anno, mas no anuo seguinte. O consumo re
opiniões, e o que estas divergião ácerca da relórma gular da agua ardente, segundo a exportação dos an
da companhia.) No ineio disto em que se não teve nos precedentes, tem andado por anno entre cinco
em vista senão a utilidade particular, apparece a Jun a seis mil pipas de aguardente, e he necessario que a
ia da companhia, e diz pouco mais ou menos o que companhia tenha mais nos seus armazães, pelo me
está expressado no plano da Commissão. Entretanto nos utetade, pará o anno que vem. Resulta que para
ha um principio, a que me parece que o soberano cada pipa de aguardente são necessarias dez pipas de
Congresso deve attender, e he, que em quanto o pro vinho, e uma vez que seja obrigada a fornecer seis
ducto do vinho do Douro fôr superior a seu consumo mil pipas de aguardente será obrigada a comprar se
e necessario fazer de sorte, que aquelles, que tem in centa mil pipas, e para o empate reservando outras
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tres mil farão de vinho trinta mil, que ao todo fará bens nenhuns, eu sería o primeiro que votasse por
a somma de noventa mil pipas de vinho, que a com que se extinguisee; mas está demonstrado que he ne
panhia será obrigada a comprar. Este empate he for cessaria, e que he necessario dar-se-lhe o meio de
midavel; ora um empate tal sobre despezas que ella que consumma esta grande somma, que fica obrigada
desembolsa, parece que vale bem os vinte por cento. a comprar: por tanto parece-me que tenho feito ver
Nem se diga que a junta faz vir agua ardente de fó que o que se chama privilegio não he gratuito, nem
ra; isto em boa fé não se deve dizer: não devemos nada exorbitante, senão uma justa indemnisação pelo
confundir a junta actual que dura ha dois annos, de onus que a companhia toma sobre si. • •
cujo bom proceder tenho eu sido testemunha, com as O Sr. Miranda : — Esta questão tem tomado
juntas anteriores; basta para o elogio desta o plano uma direcção muito singular: em lugar de discutir-se
que agora apresenta. Em quanto ao que se diz, que qual deve ser o exclusivo da companhia, tem-se fei
mandou vir aguas erdedtes de Hespanha, digo que to ver a necessidade da existencia da companhia. Isto
he falso; não duvido que alguns commissarios ou in já está demonstrado, e que he necessario que tenha
tendentes do Minho tenbão comprado vinhos na Gal algum exclusivo tambem he uma verdade; porque se
liza, e os tenhão introduzido em Portugal, sendo ini não seria quimerica a sua existencia. (Não se confun
migos da sua patria; mas a companhia nada sabe da a junta com a companhia: tem-se feito conhecer
disso, e de alguns que o chegou a saber, os poz im muito opportunamente que os abusos daquella não
mediatomente na rua, como he publico. Está pois a pertencem a esta). Eu clamarei contra a extincção re
meu ver demonstrado que o exclusivo que se pede não pentina da companhia, não por ella, se não porque
he gratuito, he compensativo do grandissimo onus não fiquem reduzidos os habitantes do Douro ao mi
que a companhia toma sobre si, e que sem elle não seravel estado dos Polacos. Qual he a razão por que
podia existir. Eu desejaria que lessem diante deste apparece uma linha tão visivel que divide o districto
Congresso as súpplicas dos lavradores no caso que se pertencente á companhia daquelle que lhe não perten
não admitta o projecto que oferecem, e então verá ce! No primeiro vê-se o terreno coberto de vinhas e
o Congresso que aquelles homens que forão eleitos Polacos, os habitantes bem vestidos, nutridos e con
imparcialmente, e como os Deputados, que conhecem tentes, no segundo terras incultas, e cabanas, e aquel
bem os seus interesses, verá o Congresso, digo, que les são os paizes miseraveis, que se comparão com os
esses homens pedem a existencia da companhia para palacios? E qual he a razão porque se nota aquella
oppola ao conloio dos bons, e dos máos negociantes; diferença! Porque a legislação actual da companhia
dos bons porque procurão seu interesse, e dos máos he um beneficio exclusivo para aquelles habitantes.
rque querem pôr o pé sobre os pobres lavradores. Se se me pergunta se deverá sempre existir esse bene
odas as vezes que no Douro ha um barateio, vêm fício, direi que não: porque o todo não deve sacrifi
se as lagrimas dos lavradores misturadas com o vinho car-se pelo bem de uma parte; mas deve-se conservar
que vendem. He necessario por tanto ter-se muito por algum tempo, e banir-se pouco a pouco, pois do
cuidado, porque da decisão que se tome sobre esta contrario os prejuizos serião muito notaveis, porque
materia depende não só o commercio do Douro, se geralmente em qualquer cousa são terriveis os abalos
não o commercio, e interesse de todo o Portugal. violentos: eu sou habitante do Porto, e não quero
Nesses papeis que o Congresso mandou imprimir a ver a minha porta cercada de mendigos, como efe
este respeito vem duas consultas feitas por mim, sen ctivamente succederá se se acaba a companhia. Se el
do então Secretario da companhia, e reconhecendo la não existisse eu oppor-me-ia a seu estabelecimento;
a necessidade de uma justa reforma, eu pedia naquel mas existindo opponho-me á sua destruição repenti
le tempo ao Governo o mesmo que agora se está na. Por consequencia, segundo a minha opinião, he
questionando. Comecemos pois a fazer um bem ao necessario que exista, e que tenha um exclusivo; por
lavrador; comecemos a proporcionar-lhe um consu que sem ele não poderia existir; mas vamos a ver
mo, cujo consumo não poderá efeituar-se senão por qual ha de ser este. Eu opponho-me ao projecto em
uma corporação poderosa que possa comprar o rema quanto quer, que só a companhia possa vender aguas
nescente do vinho por aquelle preço que se julgou ardentes dentro da demarcação do Douro; pois então
justo, pelo modo que o projecto indica; e isto he o de que lhe serve ás outras provincias poderem destil
que ha de fazer a companhia, que para recompensa lar os seus vinhos, se não hão de poder vender as suas
conserva o exclusivo das aguas ardentes segundo o aguas ardentes. A companhia nesse sentido seria util
mesmo projecto indica, renunciando porém aos ex sómente aos habitantes do Douro; pois então sejão el
clusivos do ramo. Mas esta renuncia, com franqueza les os que concorrão para que ella exista, e não cxis
o digo, he quasi nada. A companhia sempre ha de ta á custa dos lavradores das outras provincias. A
ter o dito exclusivo, em tanto que, como até aqui, minha opinião seria que se desse á companhia o pri
der melhor vinho, pois dando-o melhor ha de ter vilegio exclusivo ainda por mais tempo de que por
maior consumo. Tem-se falado em contravenção das cinco annos para vender as aguas ardentes dentro do
bases; se isto he contravenção, o que eu não enten Porto, em Villa Nova da Gaia, e no destricto da de
do, já houve uma contravenção quando se estabele marcação do Alto Douro, e até para poder exportar
ceu o banco de Lisboa; e já então se demonstrou, que pela barra; mas com obrigação de comprar toda a
erão necessarios para o bem geral sacrificios particu agua ardente que as tres provincias do Norte livre
lares. Não me lembra que outros argumentos se te mente distillarem: com esta obrigação eu approvo o
nhão feito. Se a existencia da junta não trouxesse exclusivo, pois assim será util igualmente ás outras
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tres províncias, e até servirá para animar a nossos la sivo se concede , sacrificão-se de novo as provincias
vradores à distilação, a qual acha-se entre nós muito que só podem dar codsumo ao excedente dos seus vi
atrasada. " " nhos convertendo-o em aguas ardentes para levadas ao
"O Sr. Pessanha: — Quando em Junho #
se discutiu a questão do exclusivo das tabernas do
seu principal mercado, que he a cidade do Porto, a
qual gasta uma grande porç㺠no conçerto desses,
Porto, o augusto Congresso mandou ouvir os lavra mesmos vinhos do alto Douro, sendo da exportação
ores do Douro, os commerciantes, do Porto, e a inhibidas as provincias. E será justo que a um pc
companhia; a discrepancia porém dos #"> das queno districto se sacrifiquem as tres províncias do
diferentes commissões para esse efeitº creadas foi tal, norte! Que aos interesses de 20.000 famílias se sacri
que propondo o contiercio, a abolição de todos os quem os de 200.000 ? Pelo que diz respeito aos ha
privilegios, a commissão da lavoura propõe todos es bitantes do alto-Tras-os-montes, a cujo numero te
ges, privilegios
forão. muito mais reforçados do que nunca nho a honra de pertencer, direi sómente que elles não
obre este voto da commissão por parte da la
•
merecem esse galardão ao Congresso, depois de ter
voura tenho de fazer uma reflexão: no Douro ha dois sido dos primeiros que adherirão á causa da regene
partidos, o dos avradores do vinho fino, e os do vi ração, proclamada no Porto a 24 de Agosto, apesar
nho ordinario: aºs primeiros pouco importa a conser de ser essa santa causa contrariada por um chefe mi
vação da """ porque tem certa a boa venda litar iludido, que então governava a provincia. Nem
em razão da excelleticia do genero de que são possui posso convir na proposta do ultimo illustre Preopinan
dores: até agora mesmo esses lavradores detestavão a te o meu amigo o Sr. Miranda, que quer se conceda
companhia, porque em razão das preferencias que es á companhia o privilegio que ella solicita, obrigan
talhes fazia, e das taxas, vião-se muitas vezes con do-se ela a comprar também por um preço taxado
demnados a vender por muito menos do que lhes ofe toda a agua ardente que lhe oferecerem as provin
recião os commerciantes: não acontece o mesmo po cias: as taxas nunca obtiverão o justo preço, que só
rém respectivamente, aos lavradores de vinho ordina póde ser determinado pela liberdade do commercio.
panhiaestes
rio; só escudados
podem pelas
obter para as leis
suasrestrictivas
novidades da com Subsista pois esta liberdade, até porque á sombra del
um pre
•
do anno passado; e por muito boa razãº, porque eraO exclusivo das aguas ardentes, modificado na fórma
chegado o momento de dar a todos os Portuguezes do artigo 19 do projecto das duas Commissões. Sa
livre uso da sua propriedade; ao exclusivo de varios be-se muito bem que a instituição da companhia he
portos da America tinha já renunciado &l companhia, do anno de 1766, e que quando se estabeleceu aquel
porque lhe não fazia conta; istº he, porque todos os le banco, não entrou por condicção o exclusivo das
seus lucros ficavão pelas mãos dos seus agentes: o aguas ardentes; esse privilegio foi posterior, e lhe foi
que sempre assim lhe, ha de acontecer quando ela concedido pelo alvará de 16 de Dezembro de 1760.
não for a unica vendedora; do exclusivo das tabernas Sabe-se que o Marquez de Pombal foi o author des
do Porto desiste ela agora, mas porque! melhor he sa instituição, e similhante áquelle de quem diz a
calar: pede porém de novo o privilegio das aguas ar fabula, que se namorou da estatua feita pelas suas
dentes para poder ella só vendelas dentro do districto mãos, achou tal graça á dita instituição, que esta
do alto Douro; e das barreiras do Porto e Villa no beleceu relações, que creio que não forão perigo
va de Gaia, obrigando-se em troco a comprar todo S㺠Para elle, mas forão perigosas para a nação.
o vinho excedente da feira do alto Douro por um pre Desgraçadamente estabeleceu o Marquez de Pom
ço que habilite os lavradores destes vinhos para agri bal um vinculo na successão da companhia, que
cultar e comer; mas repare-se bem, que se este exclu foi transmittido a seus successores, e creio que e
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unico que não administrou este vinculo, foi Joaº fazer as suas reprºsentações, o mesmo fez a Comº
quim Pedro Gomes de Oliveira, porque anteriormen missão de lavradores do Douro, a quem os illustres
te quasi todos os Secretarios de estado dos negocios Deputados chamão facciosos, e magicos, dizendo que
do Reino tiverão relações com ella. Não me mette muitos não quizerão assignar as nomeações para os
rei a classificar essas relações; desgraçadamente exis membros da dita Commissão, esquecendo-se o illus
tírão esses abusos, que escandalosamente se perpetrá tre Deputado de que as eleições forão feitas pelos elei
vão na molla principal no Governo, e no Douro exis tores de paroquia em escrutinios, e que ficou eleito
tem padrões, que attestárão isto mesmo. Quando o aquelle em que recaio maior numero de votos; da
Marquez de Pombal quiz conceder esse privilegio á mesma fórma que nomeárão aquelles que concorrêrão,
companhia. apezar de ser homem, que não dava cone para aós estarinos sentados neste augusto recinto.
ta do que fazia a ninguem, todavia no preambulo Ora se isto se faz por facções ou intrigas não sei, o
do citado alvará, diz elle: º tendo attenção ao que a que sei he, que todos os ditos lavradores, que eu cor
º este respeito me foi representado, não só pelos lar nheço são homens honrados, o que devo dizer em
º cradores do Douro, mas pelos das tres povincias abono da verdade, e para que por modo nenhum se
º Beira, Minho, e Tros-os-Montes, etc. º quiz co jão calumniados:, , , , , , |-
honestar aquella providencia, dizendo que tinha ou O Sr. Abbade de Medrões: — Eu falei tanto soa
vido os lavradores das tres provincias; eu não tenho bre a companhia quando se tratou desta materia
fala-lo com elles, nem talvez fosse possivel: não sei que me podia dispensar de falar agora sobre ella;
se foi verdade ou não que os ouvira; mas julgo que mas como sou do Douro não posso deixar de defen,
foi um formulario; porque o Marquez de Pombal não der o meu paiz. Tenho ouvido tantos argumentos que
era muito difficil nessas ficções. Continuou pois a gstou confundido; mas poderei dizer alguma cousa
companhia em um grande gráo de prosperidade, e paricularmente para estes Srs. do Brazil, que não
póde dizer-se, que a agua ardente foi a sua taboa de devem achar-se muito ao facto destas cousas. O Dou
salvação. Aqui existe um illustre Deputado, o Sr. ro abrange 157 freguezias, e podemos calcular o nu
Ferreira Borges, que está melhor do que eu infor mero de seus habitantes em mais de 203 familias,
mado da historia da companhia, e elle poderá dizer a além dos agentes, e dependentes da companhia, toº
perda, que lhe causárão os seus agentes da Russia, da esta gente depende do vinho, porque não ha ou
e mesmo de Inglaterra; e seguramente senão fosse a tra producção no Douro. A producção annual anda
certeza do ganho nas aguas ardentes teria concluido, por 1803 pipas, 60 ou 703 de feitoria, e o resto de
e hoje nos nao daria trabalho. Realmente as suas ramo. Presentemente existem 1603: ora como se ha
despezas erão incriveis; e quem presenciou, como eu de dar consumo a esta vinho, he o grande caso.
presenciei, a chegada daquelles Deputados á regoa, a Deu-se o exclusivo á companhia no anno 1760, co
quem faltava sómente o que diz a historia daquelles mo se tem dito, porque era necessario dar a este vi
negociantes de Tyro, vê-los embrulhados na purpura, nho saída, e a companhia tomava este vinho, e o
julgará do pouco que se poupavão as despezas, e creio mandava distillar tendo sómente o privilegio de o ven
que similhante instituição deve ter a base do commer der no Porto, e no Douro, e deixava vinho em de
cio, que he a economia: umas em fim as aguas ar posito para os annos estereis. Deste modo se fazia a
dentes davão para tudo. Eu creio que para o futuro felicidade dos povos do Douro; porque não consisté
não haverá esses inconvenientes; porque entrando os em que se venda o vinho por 10, ou por 20, senão
administradores do banco com principios de honra ; em que se não possa vender de nenhum modo, e en
e de vergonha, e mais economicos de fazenda alheia tão he uma grande desgraça. Compara-se este paiz
poderião dispensar este, exclusivo. Eu transigiria no com outros; mas isto não deve ser; porque nos ou
entretanto com o Sr. # e quereria que este tros ha outras producções, e aqui não ha senão vi
exclusivo se limitasse ao paiz do Douro, não refutan nho. He por tanto necessario vêr como se ha de dar
do, o que muito a proposito tem dito o Sr. Pessanha, consumo a este vinho, e eis-aqui o que me parece
que já que os do Douro são os que tem as principaes que estabelece o projecto por um plano, que segun
vantagens, sojão eles os que contribuão, para man do o que entendo, he o mais liberal, e he o que ne
ter a companhia: por tanto sou de voto, que se con cessariamente se ha de vir a adoptar.
ceda para a companhia o exclusivo do districto do O Sr. Leite Loba: — Eu queria que o illustre
Alto Douro, mas que fiquem livres as outras tres Preopinante me dissesse, se se obriga a companhia a
províncias do Norte; pois perto de dous milhões de comprar todo o vinho do Minho; se isto he assim es
habitantes não devem sacrificar-se para a utilidade de tá bom; -mas senão he assim, eu requeiro em nome
503. Este he o meu parecer, e he segundo os prin } minha provincia que não passe o projecto: elles
cipios da preferencia do conselho do nosso amigo preferirão antes um tribnto,
Bentham. O Sr. Abbade de Medrões: — Ella não se obri
O Sr. Canavarro: — Sr. Presidente: não posso ga a comprar o vinho do Minho; porque não se pó
deixar passar aos illustres Preopinantes que acabão de de exportar; mas faz aguas ardentes, e então o ven
falar, que calumniem o meu paiz de homens facciosos, de como tem acontecido até aqui.
até dizendo que tem vindo suas representações enganar O Sr. Peixoto: — Tem-se discutido mui larga
até ao Soberano Congresso: os illustres membros se mente a materia da companhia em geral, com recor
se dessem ao trabalho de lerem as representações das dações do passado: o observo que sobre este ponto a
camaras de Penaguião, Villa Real, Mesão frio, Go opinião de alguns illustres Deputados tem variado em
dim, e outras verião, se era facção que os moveu a
/
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diferentes épochas: pugnarão pela extincção da com que não deixemos perder a cultura dos vinhos do
panhia, como oppressôra dos lavradores do Douro; Douro; e que a esse fim adoptemos o arbitrio, que
e agora já a reputão favoravel em excesso aos mes haja de segurar ao lavrador a venda da sua novidade
mos lavradores. Não tratarei pois, do que passou, por preço tal, que, quando mais não seja, lhe cubra
nem de generalidades, que não vem para o caso; e o grangeio, e o alimente. Por ora não se tem lem
verei se restrinjo as minhas reflexões ao estado actual brado arbitrio algum, que pareça menos sujeito a
do Douro, e á sua prespectiva futura com relação inconveniente, que o do projecto: nos termos delle
ao artigo da reforma da companhia, de que he ago a companhia não faz a menor oppressão ao lavrador;
ra a questão. não só lhe deixa livre a venda do seu vinho; mas
Vêmos presentemente o Douro com uma supera até o annima a sustentar-lhe o justo preço com a cer
tundancia de vinho, a que não póde dar saida pelos teza de ter comprador, quando na feira não conclúa
meios ordinarios, no que temos a prova no aconteci a sua venda. O premio que por este sacrificio exige
mento do anno ultimo, em que a pezar de todas as não he exorbitante, limitando-se á venda exclusiva
liberdades e franquezas, que aos lavradores se conce das aguas-ardentes no Porto e no Douro, com vinte
dèrão sobejárão alguns milhares de pipas de vinho, por cento sobre o custo; nem poderia de outra sorte
depois de se haverem feito geralmente as vendas por tomar sobre si aquelle onus, por ser o meio, que tem
preço, que nem o grangeio cubria. Se agora não de dar sahida ao excesso dos vinhos, e ter de sofrer
seguir-mos diferente plano, facil he de prever a empates, diminuições, e fazer grandes despezas. A
consequencia : todos os lavradores quererão vender respeito das provincias, este exclusivo he muito mais
na feira suas novidades, e não podendo o commer suave, do que era o antigo, em que aos lavradores
cio com metade dellas, terão os commerciantes toda só era permittido destillar os seus proprios vinhos des
a opportunidade de dar a lei, e comprarem essa por de o principio de Maio até ao fim de Setembro: da
ção de vinho de que precisarem arrastado de barato; qui em diante destillará quem quizer, e quando qui
ficando ainda assim mesmo muito outro sem saida. zer; para vender á companhia a sua agua-ardente,
Não sei, que possa haver maior desgraça para aquel ou exportala; porque eu não admitso o artigo addic
le paiz, que não produz outro genero: o commum cional; e não he muito; que ás aguas-ardentes do
dos lavradores abandonará a cultura das vinhas; e Douro se dê alguma preferencia, sendo certo que só
em pouco tempo milhares de familias, que della, e nos vinhos do Douro, se consome; e que se o com
do seu producto se alimentão, serão redusidas á cons mercio delles se arruinar; nem Douro, nem provin
ClaS.
ternação, e á mizeria: a nação perderá uma parte •
das suas riquezas na diminuição do genero; e perde Por tanto adopto a doutrina do artigo.
rá na deterioração do commercio dos vinhos, o qual O Sr. Presidente: — He meia hora, e me pare
não póde prosperar, sem que se mantenha a supera ce que a questão deve ficar adiada, porque no tem
bundancia do genero, que parece redundante. Ter Po que resta julgo se não poderá decidir.
se-ha isto por um absurdo; pois não o he: a Grã O Sr. Girão: — Não se pode decidir esta ques
Bretanha consome annualmente pela volta de 253 tão sem se ler uma representação dos habitantes de
pipas de vinho do Douro; e he esta a exportação que Braga, que he muito interessante.
annima o commercio dos vinhos, e a lavoura; por O Sr. Leite Lobo: — Se se lê esse requerimen
que como a sahir dos Doques para o consumo paga to, requeiro que se leião todos os que ha sobre a mes
grandes direitos; vende-se por preço tal, que nelle Ina Imater1a.
não avulta dez, ou vinte mil réis mais, que se dé em Alguns Srs. Deputados requerêrão a palavra.
pipa ao lavrador; nem os lucros dos originarios com O Sr. Presidente: — Se nesta meia hora se po
pradores: mas para se sustentar esta mesma expor desse decidir a questão, eu seria de opinião, que se
tação he preciso, que se sustente a boa qualidade dos continuasse; mas como isto não pode ser, parece-me
vinhos. No Douro ha situações mui diversas, em que seria melhor ler algumas indicações.
os vinhos varião segundo as estações correm no tem Alguns Srs. Deputados instárão, que a discussão
po da creação e madureza; e segundo, por tempo devia continuar.
rôes ou cerodios se vindimão mais cedo, ou mais O Sr. Camello Fortes: — Se se addia esta ques
tarde: he tambem producção muito incerta, e de tão perde-se todo o discutido, e talvez seja possivel,
ve attende-se aos annos de grande esterilidade. N'um, que na hora e meia que falta de sessão se possa de
e n'outro caso, os commerciantes de vinho, que tem cidir.
para encher a conta das encommendas, n㺠tendo, O Sr. Presidente: — Pois então continua a dis
em que escolhão, ou não achando toda a pretendida cussão.
quantidade, comprarão em outra parte vinhos de in O Sr. Miranda: — A questão tem divagado,
ferior, e diferente qualidade, com que irão arrui e devemos reconcentrala para ver se se pode terminar.
nar na Inglaterra a opinião dos verdadeiros vinhos do Limitar-me-ei por tanto a falar sobre o projecto do .
Porto, e acabar com o commercio delles: he o que Sr. Pessanha. Eu não acho possivel que os lavrado
não acontecerá, sustentada a superabundancia, por res do Douro por uma contribuição possão idemni
que então sempre haverá aonde se escolhão bons vi zar a Companhia da obrigação em que se constitue:
mhos que sejão suficientes para encher a conta das eu seria da mesma opinião se o projecto fosse exequi
encommendas. " " vel; mas acho que o não he; e que o melhor metho
Ile pois por todos os principios indispensavel, do que pode seguir-se he o que eu propuz, do qual,
#--
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como já disse, não resulta um prejuizo á Companhia; natureza da mesma lei. Todos os lavradores tem tra
porque ainda que ella seja obrigada a comprar as tado de dar o impulso possivel á manufacturação de
aguas-ardentes das tres provincias do Norte, este car agua-ardente: não tem podido fazer muito por falta
go he mais apparente que real; porque nas ditas pro de meios; mas tem posto alguns em execução; e es
vineias ha muito poucos alambiques, e he de todos os tes o tem feito na boa fé resultante de um decreto des
Inodos um projecto, pelo qual ficão beneficiados os te Congresso. Os negociantes tem feito grandes com
lavradores do Minho, de Trás-os-Montes, e da Bei pras, grandes adiantamentos, grandes destillações con
ra alta. Em quanto ao artigo addiccional se for ap fiados n'um decreto deste Congresso, que, torno a di
provado he necessario que em vez de expressar-se, que zer, não está em voga se não ha 17 dias; logo não
os lavradores mostrem que a agua-ardente foi feita posso convir em que se revogue uma lei tão bem com
de vinho da sua propria lavra, deve dizer-se do vinho binada, e discutida por tantos dias, e cuja revoga
do paiz; pois desse modo parece-me se evitão todos ção he em prejuizo de uma classe da Nação, cuja for
os inconvenientes. tuna depende da existencia da dita lei. Resta pois ver,
O Sr. Sarmento: — Tenho uma emenda, que se se póde dar á Companhia outro exclusivo, que não
apresentar reduzida aos seguintes termos. Só a Com seja este, e que não se opponha á justiça da existen
panhia poderá vender agua-ardente dentro da demar cia daquela lei. A mim me lembra um, que vai de
cação do Alto Douro: porém não se poderá obstar a acordo com o que oferece a Commissão de agricultu
que os lavradores a comprem além, para lotação de ra no paragrafo 21 do seu projecto, o qual diz, (leu-o.)
seus vinhos sómente. Eu não digo por agora, que adopte os vinte por cen
Um Sr. Deputado: — Sr. Presidente: parece to, ou mais ou menos: mas porque se dão estes vinte
me que a questão se teria já decidido, se se attendesse
por cento? He para animar, para recompensar de al
simplesmente a que a producção do vinho do Douro gum modo a Companhia. pigo eu, oferecendo um
excede ao consumo, quer seja interior, quer de expor quarto arbitrio aos tres apresentados até aqui, dos
tação; que o remanescente não póde ser cousumido se quaes reprovo o do projecto, e o do Sr. Miranda,
nao por meio da destilação, e qne he necessario se porque são contra o decreto das Cortes, e me adhiro
encarregue alguem de fazer esta distilação, e a esse algum tanto ao do Sr. Pessanha: mas será melhor
alguem se lhe dê o meio de poder dar saída ao que pôr um imposto sobre os vinhos, ou sobre as aguas
destillar. -
agora existir; isto he claro por todas as rasões que se . O Sr. Girão, tornou a pedir licença para ler um
tem exposto. Em quanto á segunda parte julgo tam requerimento dos moradores de Braga, o qual não
bem que a Companhia para existir deve ter um ex se julgou necessario, e disse: quando os corpos le
clusivo, uma vez que se lho impõe um cargo de com gislativos errão he quando não sabem nem querem sa
prar não só os vinhos bons se não os de ramo, ha de ber as cousas; quando as sabem não podem errar.
ter este encargo alguma recompensa, e esta ha de ser Estes requerentes tendo sabido que se mandava ouvir
igual áquella obrigação; mas não convenho no que o aquelas corporações do Porto, pedem ao Congresso,
projecto apresenta, e isto por uma razão de congru que não revogue esse decreto sem serem elles tambem
encia. Tem-se dito que isto não he uma revogação ouvidos; no que julgo que tem direito. Em quanto
do anterior decreto das Cortes; eu digo que he uma á questão de que tratamos eu fiz um dilema, e o re
perfeita e decisiva revogação daqulle decreto, e eu o solvi; eu fiz tres perguntas, e ninguem me respon
vou ler, porque em negocios de tanta consideração deu a ellas: por conseguinte os meus argumentos ain
.não deve existir a menor duvida (leu o decreto.) Da da estão em pé. Mas eu vou responder a alguns ar
qui se vê que se deu a todos os habitantes destas pro gumentos do Sr. Ferreira Borges. Este Sr. funda a
vincias do Norte uma faculdade, que está só em exe necessidade de dar exclusivo á companhnia nas van
cução ha poucos dias: acho incongruencia que se tra tagens que ella oferece na sua capitulação, a isto dovo
te de revogar um decreto, para cujo cumprimento se dizer, Timeo Danaos et dona ferentes. Torno a di
tem excitado a attenção dos povos, e que está em zer, se a companhia cede o exclusivo da America he
execução ha dezesete dias, e tanto bastava para que porque a America regenerada não póde já ser patri
eu forjasse na minha imaginação e tratasse de lem monio seu: cede o das tabernas, porque não póde
brar todos os exclusivos menos este: o mesmo julgo continuar: cede as fiscalisações, porque estas pro
que deveria ter feito a Commissão de agricultura, e duzem despezas; finalmente contenta-se com este pri
desgraçadamemte o não fez se não pelo contrario, es vilegio assim, porque quer um beneficio sine cura;
colheu aquelle que punha em contravenção uma lei, porque não he obrigada a comprar o vinho, nem na
que as Cortes ha pouco mandárão cumprir: voto por da se lhe fará se o não compra: se a companhia com
cste motivo contra o projecto, e tenho mais outros prasse todo o vinho excedente, e se isto fosse possivel,
motivos, uns que nascem de minhas opiniões particu cu seria o primeiro a subscrever a grandes favores;
lares contra exclusivos, que só admitto no caso de não ao projecto que he contrario ás Bases; mas quera
grande precisão, ou de grande utilidade; e outros da ha de imaginar que isso seja possivel. Ainda que não,
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seja mais que 403 pipas, as que cresção da compra clusivo qualquer. A Commissão lembrou-se de propôr
regular dos negociantes? Quem se ha de persuadir o que propõe; mas não tem empenho, pelo menos
que as ha de comprar comprando além disso todas as eu, em que se siga a sua opinião: a questão deve re
aguas-ardentes das tres provincias! Diz o Sr. Ferrei duzir-se a saber qual he o exclusivo que se póde con
ra Borges que no Douro e no Minho não ha alam ceder, e que he mais vantajoso para a nação, é com
biques! Em fim disse-o de boa fé; mas he por não pativel com a existencia da companhia; este, he o uni
ter conhecimento do paiz; porém n'uma legoa de ter co ponto, e tudo o mais he indiferente: a estrella po
reno, que eu conheço ha mais de doze fabricas, e no lar de todo o representante da nação he a felicidade
Minho são immensas. Diz que não ha aguardente da sua patria; aonde a achar ali deve dirigir-se. Se
feita; pois aonde está o vinho que havia o anno pas eu pois mostrar que o arbitrio que propõe a Commis
sado! verteu-se sem duvida; ele não se exportou, o são he melhor que qualquer dos que se tem lembra
Minho tinha 703 pipas, e outras tantas o Douro; do, parece-me que esse deve seguir-se. Tem-se dito
logo aonde está este vinho! Destilou-se, porque os ne que se ponha uma contribuição em cada pipa de vi
gociantes derão até o seu dinheiro adiantado, Apoio o nho; mas ainda não houve, que eu saiba, corporação
Sr. Freire em quanto diz que se não deve revogar a em nenhuma nação do mumdo sustentada por uma
lei anterior do Congresso porque isso seria pouco de contribuição directa; he uma novidade em politica
coroso. Quero agora responder tambem ao argumen sustentar desse Inode uma instituição, e novidades
to do Sr. Miranda, o qual fez um discurso poetico nesto ramo não he o melhor. Em quanto a alguns dos
e um bello quadro; mas com a lingoagem das muzas. argumentos que se tem feito acho que não são de mui
Eu direi qual he a causa do progresso da agricultura ta consideração. Tem-se dito, que a vantagem vai
do Douro, a qual não he de certo a companhia. Eu resultar sómente ao pequeno destricto do Douro; mas
vou provallo fazendo tambem na mesma linguagem he preciso considerar que a companhia não foi esta
poetica a descripção do minho. He este o paiz mais belecida senão para sustentar esse destricto , que não
encantador de Portugal: ali os campos sào jardins he tão pequeno, que pelo producto que dá á nação
bordados de virentes parreiras, carregadas com os não deva considerar-se como muito digno de attenção;
dons de Bacco, o qual parcce porfiar em generosida e ficaria arruinado sem tomar-se uma providencia pa
de com Ceres e Pomona; ali os rios corren placidos ra o consumo do seu producto, o que não acontece
como namorados das bellas alamedas, porque serpen ás outras provincias, pois tem outros recursos- Não
teão. Tiverão razão os soldados de Augusto de não achando pois, que se tenhão proposto arbitrios mais
quererem atravessar o Lima; pois bem parece o Le vantajosos que os do projecto, nem que contra este
thes. Ali se encontrão magnificos palacios por toda se tenhão feito argumentos fortes, no meu entender,
a parte, a população he immensa, e a riqueza tan julgo que se deve adoptar.
ta, que andão as mulheres cobertas d’ouro, he o Po O Sr. Freire: — Eu não acho util que uma nação
tozi do Reino. Ali se vê Barcellos, cujo nome com seja feliz, senão quando o seja por leis justas, e sabias:
rova o que digo; pois he composto do Arabe e do não acho util senão o que he justo; e por tanto senão he
f", e quer dizer que seus habitantes são filhos do justo que o districto do Douro seja sustentado á custa
Ceo. Finalmente, como isto vai de poezia direi, que dos sacrificios das tres provincias do norte, não tem
por toda a parte se encontrão os pornos de ouro das força para mim o argumento do illustre Preopinante,
Hesperides, a arvore de Pallas, e o persico pece que deve sustentar-se a companhia com o exclusivo por
gueiro melhor tornado no terreno alheio. Apenas ser utiláquelle districto. Diz em segundo lugar o Preo
porém se sabe dali para fóra e se passa a ponte de pinante, que não podemos pôr uma contribuição,
de Canavezes, ou de Amarante, logo se encontrão como eu propuz, porque he cousa nova sustentar por
as melancolicas montanhas do Marão. . . . . . . . meio de uma contribuição uma instituição qualquer,
E diremos que foi a companhia com o seu exclusivo tambem por ser cousa nova não acho razáo sufficien
das aguas-ardentes que causou esta prosperidade? te para que não deva ser feita. A tem disso seria aquel
Certamente ninguem dirá tal; pois o mesmo teve lu le tributo menos indirecto que o que se propõe! Que
gar no Douro; forão as circunstancias, as guerras diferença faz de impôr desde logo o tributo sobre o
da Inglaterra, o bloqueio da França, e a nossa po genero, ou ser obrigado a ccmprar o genero por aquel
sição geografica, a que fez crescer a agricultura da le preço que o venda o corpo privilegiado? Por esta
quelle territorio, a qual estaria muito melhor se ti parte não acho diferença; mas a acho sim, em que
vesse liberdade. A causa de seus males actuaes he a do modo proposto he uu exclusivo manifesto e paten
grande abundancia de productos; o remedio deve ser te a favor de uma corporação, e de outro não he as
facilitar o consumo por todos os meios possiveis: este sim; porque todo o lavrador póde vender, e qualquer
he e será o meu voto. pessoa comprar a agua-ardente que quizer pagando o
O Sr. Soares Franco: — Eu pertendo restringir tributo imposto; e no primeiro caso a não póde com
me á questao. Felizmente não sou de nenhuma des prar n'outra parte senão nos armazens da companhia,
sas provincias, e posso falar com a maior imparciali O imposto directo sobre o genero não he exclusivo;
dade; meu fim he acertar com uma cousa util á nação, mas versse obrigado a eomprar indispensavelmente a
e isto he o principal: o mais são interesses particula uma certa corporação , he um verdadeiro exclusivo,
res ou caprichos. Todos concordão em que he necessa e tão odioso como o antigo.
ria a existencia da companhia, e que para que esta O Sr. Ferreira Borges: — O que o illustre Preo
exista, he necessario igualmente conceder-lhe um ex pinante acaba de dizer tem muito inconveniente, co
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mo ele mesmo não deixou de reccar quando abrio si comprar o vinho: digo, que ela querendo salvar a
milhante opinião; e certamente não quereria fazer tão lavoura comprou 603 pipas de vinho, e as reduziu
grande o beneficio da companhia se tivesse reflectido a agua ardente, agora com o favor do Congresso o
na sua proposição. Impondo-se essétributo viria a poderá tornar a fazer, e que de mais disso os admi
companhia a lucrar mais que os 20 por cento, que nietradores respondêrão com seus bens, e por quan
pelo projecto se lhe concede; porque poderia sem du tos modos sanccionarmos. Tem-se dito mais: qne não
vida vender carregando a um 50, a outro 40, ou 50 havia taes 1003 pipas de vinho; mas como isto são
de lucro alem do tributo, e eu não quererei tal cousa factos, e factos que constão daquelles papeis, (alu
a favor de um particular, Deos nos livre; então po dia aos que mostrou o Sr. Bettencourt) de que eu
deria ella fazer como quizesse. Os vinte por cento que tenho copia aqui, he facil mostrar a verdade (leu
se lhe dão he justo, que se lhe deem , e a razão he uma relação das pipas existentes no Douro). Diz-se
porque ella tem um empate, é tem adiantamento de mais, que os beneficios da companhia erão puramen
dinheiro; e este empate ou deposito, alambicado, etc., te fantasticos, porque não tinha exportado mais que
ha de ter um juro, e certamente não julgo que seja 203 pipas. Respondo, a companhia não se obriga
muito os vinte por cento ; porque alem dos desem a exportar, senão a consumir: ella distillando 43
bolsos, e empates são dois annos de demora, atten pipas de aguas ardentes, consumiu 403 pipas de vi
dendo ao deposito. Isto sim o julgo justo; mas Deos nho, é consumiu por tanto mais que o Douro, e seu
me livre, torno a dizer, de consentir que se impozesse commercio inteiro. Tem-se tambem dito, que havia
um tributo sobre o vinho a favor de um particular: magica na companhia: o que sei he, que o Preopi
entendo que se lanção os tributos para sub-venir ás nante que a julga magica, foi quem deu as bases pa
despezas do Estado, e o Estado não tem nada com ra a nomeação da Commissão que pugna por sua
uma corporação particular. Qnem não vê que este tri existencia: se tem magica ou não, ele o diga.
buto he a favor de uma corporação particular, e he O Sr. Pinheiro de Azevedo: — Vou fallar com
eventual, e dado na venda da agua-ardente; quem muita brevidade sobre a materia que está em discus
não vê que o contrato oneroso que se vai conceder, são limitando-me ao artigo 19 do projecto. Neste se
he uma cousa filha da natureza do estado do vinho concede á companhia uma especie de privilegio ex
porque se impõe : de conseguinte de maneira ne clusivo (leu o dito artigo.) Digo em primeiro lugar
nhuma eu convirei em similhante tributo, porque que com este artigo não se revoga o decreto de 31
de mais a mais não sendo taxado o preço daria lu de Março passado; porque fica na maior parte em
gar a um verdadeiro monopolio; porque nenhuma seu vigor; concedendo-se á companhia, que só ella
companhia de negociantes, nem menos nenhum par e ninguem mais possa vender agua-ardente no Porto,
ticular tem tantos alambiques como tem a companhia Villa-Nova de Gaia, e no districto do Douro: facul
com matas ao pé ou lenhas compradas, e com tudo mon dade muito mais restricta que essa mesma que se lhe
tado, e prompto para alambicar 603 pipas; e nin concedeu desde Março até o fim do anno passado.
guem poderia com ela concorrer. Não obsta para mim, Não he por tanto revogação, mas uma derrogação,
para deixar de approvar o projecto, da Commissão o que contém por uma parte um contracto onorosissi
argumento que se faz de termos dado em Março um mo, e por outra uma medida de grande e manifesta
decreto, que destruiu o exclusivo da companhia, que utilidade do Douro, das 3 provincias, e de todo o
ha quinze dias, que está em vigor, e se vá a destruir Reino. He contracto oneroso porque se concede este
tão prompto o que então fizemos. - privilegio á companhia 1.° com a condição de com
Quando o Soberano Congresso fez o decreto o fez prar o vinho excedente: que podem ser 40 ou 50 mil
provisoriamente, e não tratava então do plano geral pipas! 2.° de conservar um grande deposito de agua
da companhia como agora: que tem que vêr aquel ardente, para que nunca falte, e para que seja velha
le decreto provisorio para o objecto geral de que ago como convem: 3.° de comprar as aguas-ardentes,
ra se trata! Não vejo pois incompatibilidade, nem que lhe quizerem vender os lavradores das tres pro
nada de desairoso ao Congresso: nós em Março tra vincias do Norte, por um preço taxado e determina
tamos de uma parte do corpo; agora tratamos do do. Tambem he uma medida de reconhecida utilida
corpo em geral: e finalmente ninguem dirá que este de: a primeira consiste em emmancipar os lavradores
corpo póde existir com o onus que se lhe impõe sem de ramo, e dar-lhes, por assim dizer, sua carta dé
conceder-se-lhe algum privilegio. Isto pelo que per alforria; porque realmente erão escravos. A segunda
tence ao illustre Preopinante o Sr. Freire. Agora a utilidade está na certeza e segurança em que ficão os
respeito de outro, que querendo restringir-se divagou lavradores de todo aquelle districto de venderem seus
alguma cousa, e falou do exclusivo das Americas, vinhos (unica renda do paiz) á companhia por um
que tinha a companhia, eu creio que nisto se não fa pereço arasoado e depois de acabada a feira geral: ao
Ja, porque já está decidido pelo alvará de 31 de mesmo tempo que o projecto lhes deixa a liberdade
Maio de 1820. Diz que a Junta desobedeceu; se se de os poderem distillar, ou vendelos, ou consumir
examinassem as datas se veria, que não tem havido por qualquer outra maneira. Não he menos util aos
essa desobediencia, e que fez tanto tanto sem saber se lavradores do Minho, Tras-os-Montes, e Beira além
existiria, como se soubesse que tinha de continuar a do Mondego, porque lhes dá o consumo certo (e de
existir. Diz-se mais, que não nos illudamos, que es ventagem) as suas aguas-ardentes, e por consequen
cia a todo o seu vinho.
tando a companhia tão abatida propõe uma medida • * ,
a que não ha de poder satisfazer, e que não poderá He em fim util aos negociantes de vinho, o que
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tela via parece um paradoxo, porque, á excepção Douro cstá connexa com a das tres províncias do,
de poucos, não pódem ter deposito de agua-ardente Norte, e com a de todo o Reino. Se por desgraça
velha, qual convem para a lotação dos vinhos; e prin aquelles rochedos que agora produzem ouro tornassem
cipalmente porque nos termos do projecto o preço da a ser incultos, os males serião geraes, gravissinos, e
agua-ardente hade ser certo, commodo, e publico, irreparaveis: por tanto não he tão exclusivamrnte co
com o que se evitão todos os máos efeitos do privi mo parece o benefício para o destricto do Douro.
legio, e os negociantes utilisão. Approvo por tanto O Sr. Peixoto : — Limitar-me-hei a responder
o projecto porque o julgo utilissimo nas actuaes cir ás duas emendas feitas ao artigo, que mais sustenta
cunstancias, e de nenhuma maneira indecoroso, nem das tem sido, a do Sr. Miranda, com a qual concor
incoherente com a decisão do soberano Congresso a dou o Sr. Pinhoiro de Azevedo, e a do Sr. Freire,
respeito do exclusivo da companhia no mez de Mar pue he equivalente á do Sr. Pessanha.
ço anterior. Porque sendo a publica utilidade a base O Sr..Miranda pretende que o artigo passe, com
innalteravel de todas as decisões do Congresso, e por tanto que do artigo addicional, que vem no fim do
consequencia a do decreto de 31 de Março, quando projecto se lhe accrescente a *"# pela qual a
elle em virtude desse mesmo principio o modifica e companhia se obrigue a complar toda a agua ardente.
derroga, obra em tão perfeita conformidade e cohe das tres provincias por preço gº"? ao da
rencia, que o regeitar este projecto seria uma verda venda, ao qual chama # Se á companhia fosse
deira opposição, e contradicção de principios. E es-, possível satisfazer a tal encargo, não haveria cousa
te he o meu parecer. - melhor: eu lhe prometto que só a provincia do Mi
O Sr. Pessanha: — A approvação do artigo tal nho desse agua ardente em dobro da necessaria para
como está concebido importa o mesmo que a deroga o preparo dos vinhos, e com o andar dos tempos afo
ção expressa do decreto de 30 de Março, que faz li garia o Porto em agua ardente: então não haveria
vre o commercio das aguas ardentes nas trez provin na Europa uma provincia que com ella se comparas
cias do Norte; porque este decreto destruiu esse mes se em riquesa. Não póde de maneira alguma igualar
mo exclusivo, que agora se pretende conceder de no se cm preço a agua ardente do Minho com o custo
"vo á companhia. Nem se diga que uma similhante da do Douro: a diferença do preço dos vinhos, e da
concessão he favoravel ás tres previncias; como po despesa das destilaçõss he mui grande, e por isso de
deria ser, tirar-se-lhe a liberdade da industria e do com ve de cada um dos sitios vender-se pelo que vale. A
mercio, precisamente no genero que ellas são suscep companhia tem sempre couprado, e ha de continuar
tiveis de produzir em maior abundancia! Por esta li a comprar a agua ardente das provincias por aquelle
berdade he que eu pugno e pugnarei sempre, porque preço que o anno admittia; isto he pelo justo preçº ;
a julgo o maior beneficio que o Congresso fez na sua mas de nenhuma sorte póde obrigar-se a comprar por
sabedoria áquella ametade de Portugal: se o Alto preço alto e taxado mais agua ardente do que aquel
JDouro quer o intermedio da companhia, carregue o la a que pelo preço correspondente póda dar saida.
Alto Douro com o seu costeamento, como já nesta Para o consumo ordinario precisa em cada anno de
mesma sessão eu tive a honra de propor: mas dizem 6 mil pipas: tira por exemplo 2 mil dos vinhos do
alguns dos illustres Preopinantes que seria cousa no Douro, precisa de 4 mil das provincias:''para esta
va, sustentar uma companhia de commercio por meio quantidade regula o preço pela colheita, e por esse
de um imposto directo; e que importa que isto seja preço ainda adianta a sua compra nos annos de abun -
uma novidade, se ella he util e justa! Mas não he dancia para fazer deposito. Se o preço fôr superior
novidade; no Terreiro Publico desta capital paga-se ao natural do anno, que accontecerá! Ver-se abafa
um tanto de vendagem sobre cada alqueire de trigo; da talvez com o tresdobro, ou mais da agua ardente
e este imposto forma um fundo d’onde são soccorri necessaria: e que ha de fazer-lhe! Vazala! Dirão que
dos os lavradores com adiantamento, ou emprestimos. exportala: mas para onde, que haja de cobrir-se do
E para que quer a companhia o privilegio da venda custo! Se nós temos prohibido rigorosamente a impor
da agua ardente no Porto? Não he para lhe produzir tação de aguas ardentes de fóra, está visto que as
um rendimento determinado para a habilitar a cum nossas ainda pelo seu preço natural não poderão obter
prir o encargo que toma sobre si de comprar todo o venda nas praças estrangeiras em concorrencia corn
vinho excedente da feira? Ora pois suppondo nós que essas mesmas que excluímos dos nossos portos.
no Porte se consomem 53 pipas de agoa ardente, o . Conclúo que he inadmisivsel a emenda do Sr. M2 -
que he pouco mais ou menos a realidade, conceden randa: porque quando nos termos do projecto obriga
do-se á companhia 203 réis em cada pipa, como el mos a companhia a comprar vinho por preço taxado
la propõe, temos nas 53 pipas um total de cem con para destillar em agua ardente, logo lhe damos o
1os de réis, cuja somma póde obter-se directamente meio de extrair essa agua ardente, tambem por pre
com um imposto de 13 réis em cada pipa de vinho ço taxado, que a cubra, e uma vez que a respeito
do Douro; porpue este districto produz annualmente das aguas ardentes das provincia lhe não podemos of
1003 pipas; mas por uma maneira muito mais commo ferecer igual partido, não póde ella da sua parte to
da para a companhia, e muito mais conforme á jus mar sobre si uma tal obrigação.
tiça, visto que essa somma he fornecida só pelos mes O Sr. Freire pretende que se não dê á compa
mos individuos que devem tirar delle toda a vanta nhia o exclusivo proposto; mas se lhe conceda vinte
gem- - ou tantos por cento em cada pipa de agua ardente,
O Sr. Pinheiro de Azevedo: — A felicidade do que se vender no Porto, e Douro, suppondo que ella
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com esse benefício terá a preferencia na venda das se, do capital ambulante, que deve consumir-se no
aguas ardentes, e consumirá em destilações os vinhos amanho das terras, e do empresario que emprega a
que no Douro sobejarem. Este arbitrio ou he igual sua industria: sem os primeiros perde o valor a pro
mente impraticavel, como o do Sr. JMiranda, ou he priedade, e ninguem empregará nella os fundos que
incerto, e insuficiente. Se a companhia fêr obrigada ella constantemente exige para conservar-se, e o tem
a comprar por preço taxado os vinhos do Douro pa po ha de reduzir infalivelmente os campos ao mise
ra destilalos, não poderá satisfazer ao contrato: por ravel estado que tinhão antes de se cultivarem; sem
que em muitos annos o beneficio dos vinte por cento os segundos faltarão as subsistencias, e os povos não
não lhe cubrirá a perda. Anno haveria em que fazen poderão deixar de emigrar; e sem os terceiros os ca
do no Douro 3 mil pipas, que lhe ficassem no Porto pitaes ficarão sem movimento; porque ninguem em
a mais de 2003 réis, concorressem com elas em ven prega a sua industria uma vez que della não colha
do as aguas ardentes das provincias, por preço de 1003 ntilidade. Na provincia do Minho pela sua matureza
réis a pipa em tanta quantidade, que bem chegassem montanhosa e desigual foi necessario, e he constante
para o preparo dos vinhos: e em tal concorrencia, mente, adiantar grandes fundos para rotear e propa
para vender, precisaria perder do custo mais de cin rar os campos antes de se poderem semear, e para
coenta por cenro, e isto seria frequente. Dos vinhos conservalos em estado de cultura: rompêrão-se pene
separados da novidade de 1814 destillou a companhia dos, fizerão-se paredões, assudes, aqueductos; abri
grande quantidade, e segundo alguns mappas, que rão-se saloeiras, e tudo isto importou muito cabedal,
vi, perdia na venda dessas aguas ardentes a 503 réis e exige grandes despezas para conservar-se. A sua
em pipa, e se cubria na lotação quc fazia com as cultura não he como nas outras provincias: a terra
das provincias, as quaes pagava por preço accommo pela sua qualidade fria não produz nada sem adubos:
dado ao anno. Por este calculo se ajuizará se a con um favrador trabalha dois dias e mais com duas jun
dição póde ou não ser acceita pela companhia ! Se aca tas de bois a conduzir estes adubos para um campo:
so porém se lhe não impozer por obrigação a compra mete-lhe no dia seguinte seis juntas de bois, e vinte
dos vinhos por taxa, então nada aproveitarão os la pessoas a trabalhar, e no fim do dia que tem feito!
vradores do Douro; porque ficarão reduzidos á incer Tem preparado uma seára, que lhe dá um moio de
tesa da venda do seu vinho, e a companhia pela sua pão, ou ao muito moio e meio. Gasta-se muito com
parte poderá converter o producto dos vinte por cen os sachos, com as regas, e com as colheitas, porque
to em beneficio sómente. Não tratemos por tanto de vindo fóra de tempo he necessario andar com o pão
impôr sobre as aguas ardentes um tributo para a com pelos montes, e a aproveitar todos os penedos, a não
panhia, tratemos de convencionar cou ella, obrigan querer ver perdido todo o seu trabalho. O pão na
do-a a fazer uma compra determinada, e dando-lhe provincia fica muito caro ao lavrador, e não lhe dá
saida certa com premio eorrespondente ao seu sacrifi depois na feira a terça parte do que ele gasta. E isto
cio. A isso he que o artigo satisfaz por uma maneira mesmo he necessario á provincia, aliàs não poderão
praticavel, certa, e exacta; em quanto que as emen subsistir as classes industriosas, que se empregão com
das lhe substituirião o impossivel, o incerto, e o in tanto proveito da Nação nas artes. O vinho he pois
sufficiente: por isso não posso deixar de repprovalas. o artigo que sómente póde e deve salvar o lavrador;
O Sr. Sousa Machado: — Sr. Presidente, eu não mas este superabunda no consumo do interior do
posso deixar de me oppor com todas as minhas for paiz, não póde ser transportado para fóra, porque
ças a que o soberano Congresso sanccione um pre não o bebem senão aquelles que se afizerão a elle
jecto que vai assentar a base da felicidáde de uma antes de provar algum outro; não póde conservar-se
sociedade particular, e de um pequeuo recinto do d'um anno até outro, porque a sua má qualidade
Reino, que contém apenas 50 mil habitantes, na não lho permitte. Não resta pois outro destino para
ruina da agricultura de uma provincia inteira, em elle, senão ser reduzido a agua ardente, e esta não
que tive a honra de nascer, e que se faz notavel e in póde deixar de ser objecto do commercio; porque o
teressante, por isso que sustenta uma população "; consumo do paiz talvez não gaste nove ou dez cascos,
750 mil habitantes, reina nella muita industria, e elles serão 2 mil, ou 3 mil. Ora se o commercio a
fornece gente ás artes, ao commercio, á navegação, não póde comprar; necessariamente a companhia fica
á agricultura, e aos exercitos de mar e terra em toda no mercado sem concorrencia, e eu não espero nada
a extensão da vasta monarquia portugueza. Não da sua generosidade, a experiencia o tem mostrado,
cansarei esta augusta Assemblea, produzindo os ar pois que até agora pagava agua ardente igual em
gumentos de economta politica sobre que assenta a merecimento pela terça parte do preço que pagava a
theoria da liberdade do commercio interno: elles tem agua ardente no Douro. Será pois justo que obrigue
por muitas vezes sido expostos por muitos dos illus mos os povos a um jugo tão insuportavel! Eu não
ires Deputados, e merecerão uma geral acceitação: insisto no argumento do illustre Deputado, o Sr.
limitar-me-hei sómente a Inostrar como este projecto Pessanha, a que ninguem respondeu, e he, que os
he nocivo á agricultura da provincia do Minho, e que povos do Douro, sendo os que tirão a utilidade da
sería iniquo obrigar aquelles povos a acceitar um ju companhia, são os que devem soffer o seu pezo, e ,
go tão pezado. A agricultura, Srs., não póde deixar não os outros povos, a quem não resulta proveito al
de decair todas as vezes que o seu producto não sa gum: accrescento sómente, que se o Governo não
tisfizer os interesses do capital fixo, que he necessa dá ao lavrador a liberdade de vender no paiz os seus
rio adiantar-se para preparar a terra antes de semear generos como poder, deve então encarregar-se
• 5 da sua
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NUM. 277.
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mercio, e propor os meios de os remover: dirigiu-se obrigado a conservar empregados que não satisfação
á Commissão de commercio. E dos mappas demons as suas obrigações plenamente: e por isso não deverá
trativos do estado do terreiro publico no mez de De ser arguido. Por ventura diremos que o Rei no aper
zembro ultimo , que remette ao Congresso a Com to de uma guerra, não ha de poder remover do com
missão do mesmo terreiro, que se dirigiu á Commis mando alguns oficiaes frouxos, timidos, ou imperi
são de agricultura. tos! Se o Marechal Beresford, quando chegou a Por
Fez-se a chamada, e achárão-se presentes 115 De tugal, não podesse remover os commandantes, senão
putados, faltando 18, a saber: os Srs. Quental da Ca por meio de conselhos de guerra, poderia elle pôr
mara ; Sepulveda; Bispo de Béja ; Rodrigues de o exercito no pé em que hoje está, e ter consegui
Macedo; Agostinho Gomes; Fan 2eller ; Braam do a subordinação, e victorias que conseguiu! Co
camp ; Queiroga ; Ferreira da Silva ; Bekman ; Cas mo responderá pois o Governo pelo bem dos po
tello Branco ; Pereira da Silva ; Rodrigues de Bri vos, se os empregados publicos que se mostrarem
to ; Guerreiro ; Faria ; Souza e Almeida ; Xavier incapazes de o promover, não poderem ser removi
de Araujo ; Castro e Abreu. dos se não por crime e sentença condemnatoria pro
Passando-se á ordem do dia, abriu se a discussão ferida em juizo contencioso! Eu li ha pouco em um
sobre o resto do artigo 143 do projecto de Consti periodico, (e dou attenção a periodicos, porque elles
tuição, que ficára adiado na Sessão de 16 do corrente. vão descobrindo muitas mazelas de muitos dos nossos
O Sr. Sarmento : — Sr. Presidente, permitta empregados publicos) li, digo, que existe em certa
me V. Exc.", antes de se entrar na discussão, que villa um ministro que he na verdade limpo de mãos
eu possa aclarar uma expressão de que usei na dis e bom homem, mas que está sempre a dormir. Bus
cussão de ontem. Eu pretendia fazer separação da cão-no as partes a toda a hora, procurão despachos,
epoca em que a secretaria de Estado não tinha con solicitão o expediente; nada de novo, porque está
tinuado a ter influencia alguma na administração da sempre a dormir. Ora póde haver muitos ministros
Companhia do Alto Douro; e disse que fôra o secre desta natureza; porque em fim o dormir muito tam
tario Joaquim Pedro Gomes de Oliveira o primeiro, bem procede de temperamento fisico. Se pois o Go
que a não tivera. Pretendo que se entenda, que me verno não os póde demittir, porque dormir não he
não occorreu que desde a nossa mudança politica ti crime, segue-se que os povos hão de sofrer perpetua
vesse existido outro ministerio antes delle; em uma mente tamanho mal. De um Bispo de, uma igreja da
palavra, o que eu quero dizer he que a influencia do Asia, se bem me lembro, diz o Apocalipse, que não
ministerio só acabou com o antigo Governo. era frio nem quente, e que por isso disse Deus que o
Leu o Sr. Secretario Freire o additamento pro havia de pôr no andar da rua: utinam esses calidus
posto pelo Sr. Lino Coutinho ao artigo 148, para aut frigidus ; sed quia nec calidus nce frigidus, car
que o juiz de direito não possa passar para outro lu erim te vomere ex ore meo. Como não és quente nem
gar, sem o intervallo de 2 mezes, para que o possão frio, heide pôr-te na rua. Assim são muitos juizes eem
aCCuSar. •
pregados publicos: sem crime, mas inhabeis. Eu estou
O Sr. Borges Carneiro: — O artigo 148 de que falando diante de uma pessoa illustre, que foi encar
tratamos diz assim: ninguem sairá do cargo de juiz regada da inspecção de um estabelecimento muito in
senão sendo deposto por delicto, ou demittido por jus teressante: começou por observar que a causa da sua
ta causa. Acho isto diminuto, por não declarar quem decadencia era o estar á testa delle um empregado
ha de depôr o ministro, e quem o ha de demittir, ignorante da arte, e que trazia em discordia todos os
cousa que até agora em nenhuma parte se declarou. outros empregados, sem ter com tudo crime algum.
Eu conceberia por tanto o artigo nesta forma: nin O primeiro passo que portanto deu, foi pedir ao Go
guem sairá deste cargo senão sendo deposto por sen verno uma pessoa capaz para o lugar delle: assim se
tença, ou demittido pelo Governo com legitima e de fez, e o estabelecimento logo prosperou, e vai em gran
clarada causa. Digo legitima, porque deve haver uma de crescimento. Nisto não posso eu deixar de louvar
causa que seja declarada na lei: digo declarada porque muito a nunca assás louvada fala do Sr. Carlos Ho
ella deve ser expressa no decreto da remoção. Des norio em uma das sessões antecedentes: « Se á testa
te modo fica enfreada a arbitrariedade do Governo, de qualquer repartição, ou em qualquer emprego es
porque elle he obrigado a exprimir ajusta causa por tá um homem habil e probo, tudo vai bem; se pelo
que suspende temporariamente, ou remove para sem contrario, tudo vai mal. »
pre o ministro; e fica o mesmo Governo instruido de Sei que a tudo isto respondem os illustres Deputa
força, bastante para se desfazer delle quando assim dos que sustenião a opinião contraria, isto he, que
convem ao bem publico, que tanto vale dizer, quan o magistrado não deverá ser removido se não por
do para isso ha justa causa. Ora eu não chamo Jus crime e sentença proferida em processo ordinario,
ta causa sómente a uma doença chronica, á velhice, respondem, digo, com a decantada responsabilida
ou a outro tal impedimento; porém desejo que se a de. Eu lhes pergunto: e quem ha de fazer efectiva
experiencia mostrar que o ministro heinhabil por frou essa responsabilidade! Os seus collegas. Desse mo
xo, por ignorante, por não ter geito de viver com os do , replico eu , a responsabilidade que tanto ga
povos, etc., o Governo o possa depor. Se não admit bais só he uma patarata , uma palavra vã; uma
tirmos este principio seguir-se-ha que o Governo es palavra só boa por ter sete syllabas, numero que se
“tando encarregado do bem estar dos povos não tem gundo os Pithagoricos encerra muitos misterios e vir
todavia meios para conseguir esse fim, pois que he tudes, uma das palavras sexquipedaes, de que fala
[ 3781 ]
JHoracio. Em verdade, vamos á pratica, ha vinte annos roubos achados em suas casas, eles confessos, e com
a esta parte terá havido magistrados, que tenbão pre tudo mandados pelos Desembargadores, já muito de
varicado alguma vez! Confessão que sim. E vimos já pois da regeneração, e regressados ao Minho a per
que pelas vias do poder judicial, fosse algum casti petrar novos horrores sobre aquelles desesperados po
gado! Vimos o collega punido seus collegas, vos. E que castigo espera aquelles desembargadores,
que todos comem, convivem, e passeão! Lobo não causa de tamanhes males! Ninguem se assuste: hão
mata lobo. Em um periodico desta cidade se publi de ser julgados pelos seus collegas: ha de intervir a
cou ha poucos dias um facto attestado por sete teste Seu hora da Paz, e nem se quer hão de ser suspensos
munhas, praticado por um ministro, que ferrou um até que
mercê d'ElRei,
preso com ferro em brasa pelas suas proprias mãos, e o lei ainda está emposto que a lei assim o manda,
vigor. •
poz em tornilho intallado em cadeas de ferro, a fim de Mas já he tempo de eu acabar, propondo esta
que confessasse não o delicto, mas o lugar onde tinha emenda: º Ninguem sairá delle senão sendo deposto
o dinheiro para elle ministro lá o ir, como foi, em por sentença, ou demittido pelo Governo com justa
palinar. O recto juiz que conheceu desta e outras e declarada causa.»
muitas maldades e que não me deixará mentir, por O Sr. Annes de Carvalho: — Muito me admira
estar sendo hoje um illustre membro desta assemblea, que o illustre Preopinante, tão illustrado pelos seus
claramente as fez provar, e remmetteu a informação principios liberaes, venha a cair no arbitrio que quer
ao Desembargo do Paço. Qual foi o resultado! Este attribuir ao Poder executivo. Todos suspirão pela in
tribunal consultou logo aquelle monstro para minis dependencia do Poder judicial, porque só assim po
tro da cabeça da mesma comarca, onde elle tinha dem estar seguros os direitos dos cidadãos; entre tan
feito aquellas atrocidades. Elle ahi as foi continuar to o illustre Preopinante quer que isto fique arbitra
até que agora o Governo constitucional prestou ou rio, e n'uma perfeita dependencia do Poder executi
vidos aos clamores dos povos, e o suspendeu, impos vo: quer com a sua emenda transtornar todas as me
siblitado já o Desembargo do Paço para abafar os didas que vamos a estabelecer em o Poder judicial,
ditos clamores, pois segundo o seu estilo o despacha a fim de o tornar independente, porque uma vez que
ria se podesse, para a casa da supplicação. Repito fique livre ao Poder executivo, o poder depôr os mi
por tanto que lobo não mata lobo; he necessario que nistros, sem lhes formar causa, por mais que as leis
o Governo tenha poder de suspender os magistrados se esforcem, e determinem os casos em que o Poder
com justa causa. E não se diga, que isto he contra executivo possa depôr os ministros, como estes mi
as bases da Constituição que estabelecêrão a divisão nistros não hão de ser ouvidos, como se não hão de
dos tres poderes. Isso quer dizer que nenhum dos tres defender, e como se não ha de fazer processo, infa
poderes arrogará as attribuições do outro, convem livelmente o Poder executivo ha de poder introduzir
saber, nem o poder judicial fará leis, nem o Rei, o arbitrario, e eis todos os ministros dependentes do
dará sentenças; porém não quer dizer, que cada um Poder executivo, e este destruindo todas as medidas
destes poderes póde impunemente fazer quanto quizer que vamos a estabelecer, para a independencia do
nos objectos da sua competencia, sem ninguem lhe Poder judicial. Diz o illustre Preopinante que muitas
poder ir ás mãos; pois isso seria fazermos da socie vezes não póde estabelecer-se a responsabilidade, e
dade civil um corpo monstruoso de tres cabeças. que isto vem a ser uma palavra vã, mas como he que
Dizem que deste modo os juizes ficão mui depen argumenta o illustre Preopinante ! argumenta com a
dentes do Governo, e que elle os tentará para dar experiencia do passado. Se acaso nós houvessemos de
sentenças injustas. Respondo que isso se poderá veri continuar em um Governo, como o passado, então
ficar raras vezes; e pelo contrario ser o juiz tentado a experiencia seria decisiva, ou quasi decisiva; mas
pelos objectos que o cercão, pelas paixões de amor, como existe entre nós uma nova ordem de cousas de
odio, respeito, interesses, etc., he cousa que aconte vemos argumentar com a experiencia de cousas intei
cerá todos os dias, e ele succumbirá a essas tentações ramente contrarias. Argumenta o illustre Preopinan
se não tiver a temer nada mais se não o juizo dos te com a autoridade de um Deputado das Cortes de
seus collegas. Não nos illudamos com essa responsa Hespanha; esse Deputado he muito conhecido pelos
bilidade. Eu digo o que escreveu de Hespanha um seus principios muito exagerados, apezar de tudo isto,
Deputado de Cortes muito celebre « que a sua Cons nós vemos em Hespanha ministros chamados a tribu
tituição deu uma independencia tamanha ao poder naes, e julgados; por isso a responsabilidade não he
judicial que agora não podem lá com elle. » palavra vã em Hespanha, aonde se principia a fazer
Tenho insistido tanto neste ponto porque estou alguma experiencia da Constituição: não he palavra
muito escandalizado, de que no meu concelho de Re vã, e se as cousas em Hespanha estivessem mais bem
zende e suas visinhanças, sendo d'antes gente pacifica, organizadas, mais se teria melhorado esta instituição.
se tenhão commettidos nove mortes ha menos de um Por consequencia se acaso a responsabilidade se não
anno, e tiradas as devassas e ainda nem um só réo verificava no antigo Governo, não póde dizer-se que
tenha sido castigado pela Relação do Porto. Breve não haja de verificar-se n’uma ordem de cousas in
mente nos apresentará á Commissão criminal outro teiramente contraria a esta; e se acaso a responsabi
escandaloso quadro de muitos réos, de sacrilegio, de lidade não póde verificar-se a respeito dos juizes,
lesa magestade divina, de arrombamentos de igre então tambem não póde verificar-se a respeito de nin
jas e sacrarios, a sagrada eucharistia dispersada; os guem, e trabalhamos em vão. Sempre ouvi dizer que
réos aprehendidos com as gazuas e armas; parte dos uma das molas reaes do Governo constitucional, he
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a responsabilidade: isto dizem todos os publicistas. gundo lugar suppõe que o Governo ha de abusar des
Se acaso pois esta mola real he vã, então desistamos poticamente do seu poder, como até agora. Eu pelo
de Constituição, abandonemo-nos a antiga ordem de contrario supponho que ha de obrar com causa legiti
cousas, porque não podemos remediar nada. Eu as ma e declarada, para que a opinião publica possa jul
sento que a responsabilidade, ainda que não possa gar se obrou arbitrariamente. Deveremos nós suppor
verificar-se sempre, se deve sustentar, e que o mal que o Governo queira assim obrar arbitrariamente,
que se segue de alguns ministros não poderem ser de quando fica sujeito á liberdade da imprensa, e á ar
postos, he muito menor, do que dar ao Poder exe guição das Cortes! Não lhe perguntarão estas a ra
cutivo um poder tão extenso. Quanto á 2.° parte do zão porque depoz um juiz, quando ele tivesse proce
§, quando diz: Ninguem será deposto, senão por dido com causa ilegitima ou falsa! Como se está
delicto, digo que isto he claro, principalmente ha sempre suppondo que o Governo he máo, e os ma
vendo outro artigo da Constituição relativo a este ob gistrados são bons? Supponhamos pelo contrario que
jecto. ele será bom, e muitos juizes serão máos: e se tal
O Sr. Pinto de Magalhães: — O illustre Depu não queremos suppor, ainda será melhor ter um só
tudo que acabou de impugnar o artigo, dando au tyranno, que trezentos tyrannos. Insisto nos meus
toridade ao Governo de suspender os magistrados, principios: os ministros hão de ter ordenados suffi
certamente não se lembra, que está cavando a maior cientes, com tudo ha de sempre haver muitos máos,
ruina á liberdade da patria: não sabe que não ha porque os rodeião objectos e paixões que os tentarão
maneira nenhuma tão facil de fazer perder aos cida para o mal; e como julgo muito difficil o verificar-se
dãos a sua liberdade, como he constituir os juizes na a responsabilidade commettida aos collegas delles, por
dependencia da simples vontade do Governo. Quan isso desejo que o Governo possa suspendelos quando
do outro dia se decretou, que depois dos codigos, forem máos e prevaricadores; bem como quando ine
os juizes serião inamoviveis, não se quiz com isto dizer ptos e iauteis.
que elles ficarião inviolaveis; quiz-se sim dizer que pa O Sr. Camello Fortes: — Nenhum ministro de
ra elles perderem o seu emprego não seria bastante o verá sair do seu emprego, senão deposto em razão de
simples arbitrio de um ministro d'Estado; mas sim delicto, ou demittido por justa causa. Temos aqui
era necessario um processo; e que depois de dada a pois deposição, e justa causa: a deposição suppõe
sentença, se faria efectiva a responsabilidade do mi um delicto; por tanto temos aqui um delicto, um acto
nistro prevaricador. Conheço que não ha ainda lei de contrario á lei, praticado por dolo; e o resultado dis
responsabilidade; estou certo que as leis são mui dif to he uma pena: temos tambem uma pena imposta a
ficultosas, mas quem as ha de fazer! Não he o cor um delicto: ora todo o delicto assenta em um facto;
po Legislativo! Se a responsabilidade he insufficiente, este facto deve provar-se, porque o delicto em quan
não póde propor-se uma lei nova! Mas supponhamos to se não prova não he delicto. Deve pois haver um
que não póde fazer-se esta lei de responsabilidade; delicto, e um delicto provado. Verdade he que mui
isto he, que a responsabilidade he absolutamente il tas vezes acontece imputar-se a um homem um deli
lusoria, porque tirada a responsabilidade dos agentes cto falsamente, e provar-se que o commetteu; e eis
do poder, ella he nada; por ventura diminuem-se os aqui porque em todas as nações se concede a todos os
inconvenientes com a emenda do honrado membro ! iniciados de crime o direito de defeza; e por isso de
Certamente não. Quem se attreve a avançar que a ve couceder-se tambem ao juiz o poder de defender-se.
responsabilidade, he inteiramente vã e imaginaria, Sendo isto assim, temos que a um magistrado senão
attreve-se a dizer que o systema representativo he vão póde impor a demissão senão por um delicto provado
e imaginario. Certamente o illustre Deputado não com audieneia de parte e julgado. Supposto isto, di
preveniu até aonde o levavão as consequencis deste go que não póde commetter-se ao Governo o direito
principio! A unica lei da responsabilidade que havia de demittir absolutamente, porque para demittir era
em o nosso codigo tinha sido impedida por um unico necessario que o Governo conhecesse do facto; isto
assento da casa da supplicação; os magistrados esta he, julgasse, mas este poder não póde competir ao
vão na dependencia immediata de quem governava; Governo, e só aos magistrados. Logo nunca o Go
e então porque não diminuião as causas da sua pre verno póde ter este direito; por isso acho bom o pa
varicação! O illustre Preopinante illude-se em suas ragrafo, e que o magistrado não possa ser demittido
asserções, e não se lembra que até agora com um sem primeiro ser ouvido; e eis a razão primeira por
rasgo de pena de um ministro d'Estado poderia qual que não posso convir em que o Governo tenha auto
quer magistrado ser reduzido á miseria; e que assim ridade de demittir, como quer o Sr. Borges Carneiro.
vivião dependentes do Governo, dependentes dos mi A segunda razão he, porque se se admittisse este prin
nistros, e de qualquer homem poderoso. Por tanto eipio, destruir-se-hia a regra que temos estabelecido,
não póde argumentar-se do Governo passado para o isto he, que os juizes serião vitalicios. Ora dando-se
presente. -
ao Governo o direito de demittir por um delicto, sem
O Sr. Borges Carneiro: — O ilustre Preopinan ser provado, ele poderia admittir a denuncia; e por
te suppõe sómente as hypoteses que quadrão á sua isso não basta haver uma causa legitima e declarada,
opinião, e omitte as outras. Suppõe sómente em que he necessario ser provada por um tribunal competen
haja crime no ministro; eu supponho casos em que te; pois póde haver cousa que se diz que existe, mas
haja grande insuficiencia, frouxidão, inaptidão para não se prova; e por tanto estou no principio de que
viver com povos, ou velhice, doença, etc. Em se o ministro só possa ser demittido, sendo ouvida a
[ was |
parte; e sendo primeiro julgada. O que eu tenho po saveis; quero os empregados publicos todos fesponsa
rém a reflectir, he que acho muito extensa esta pala veis; quero os magistrados responsaveis; responsabi
vra delicto; he necessario declarar de que delictos se lidade e mais responsabilidade, e nada de arbitrio. Os
fala aqui. Muitos delictos são commettidos no offi ministros do Rei a nomear juizes, e a depolos a seu
cio, outros fóra do officio; he necessario ver pois se arbitrio, he na minha opinião o maior absurdo que
os delictos de que aqui se fala são em razão do offi se podia estabelecer. . • • |-
cio: eu creio que se restringirá só a estes; demais he O Sr. Lino Coutinho: — Está decidido que os
necessario ver se a todos os delictos se ha de impor a juizes de direito são vitalicios; e que a occupação de
pena da demissão, ou outra pena: porque toda a pe julgar seja uma especie de officio para certa classe de
na deve ser proporcionada ao delicto, e não sei seto homens, e portanto está claro que nenhum poderá ser
dos os delictos de officio merecerão esta pena de de lançado delle para fóra sem ser julgado primeiro cri
missão. Diz-se mais ou demittido por justa causa; minoso, pois que he uma conclusão immediata da pos
este demitido por justa causa contrapõe-se á demis se vitalicia dos juizes; mas alem dos casos crimes, ha
são por delicto, e por isso trata-se de cousa que não alguns outros motivos que podem obrigar a serem de
he delicto, por exemplo, de um magistrado debilita mettidos osjuizes, taes como a perda de siso, a loucu
dô na velhice, por molestia, ou outra cousa desta na ra, e outros incidentes; e então he preciso que estes
tureza. Ora ainda neste caso eu quereria que esta jus mesmos sejão provados perante agum tribunal. Qual
ta causa fosse provada, e que se conhecesse no juizo será pois elle ! Em quanto a mim o mesmo que deve
competente, e isto pelas mesmas razões que propuz a conhecer dos seus crimes, isto he o dos jurados, visto
respeito do delicto; porque de outro modo qualquer que já para isso eu fiz uma indicação dizendo que to
póde dizer: este magistrado he estupido, este magistra do o juiz acabado que fosse o seu tempo, havendo
do he incapaz, e no entanto não existir esta incapa de mudar-se para outro lugar, restasse por dois me
cidade ; em consequencia quero que esta mesma cau zes suspenso , a fim de que os poves o podessem accu
sa, ainda que não seja delicto, se prove, e seja o sar perante os jurados no caso de haver crime; e por
accusado convencido disto. Ora o que eu tenho ob este meio melhor se conhecer a sua idoneidade e con
tervado he que ainda aqui senão lembrou uma cousa, ducta para progredir na carreira de juiz. • - -
e vem a ser, qual he a condição de um magistrado O Sr. Maldonado: — Parece-me que o defeito
velho, que não está capaz de servir. Eu quereria que desta parte do artigo he estar concebida vagamente.
este magistrado fosse demittido, mas não fosse para Fala-se em delictos, e em justa causa sem que possa
sua casa morrer de fome, mas sim que fosse aposenº saber que delitos são estes, e que justas causas estas
tado com metade do seu ordenado. • •
possão ser. Assento que tudo se remediará, dizendo
O Sr. Moura: — Seja qualquer que for a lei da se que o ministro não poderá ser deposto, ou demit
responsabilidade, e o modo porque nesta lei se ha de tido sem que haja sentença, que a isso o condemne.
fazer efectiva a mesma responsabilidade, por nenhum O Sr. Freire: — Parece-me indispensavel ad
principio poderei convir na opinião do Sr. Borges mittir-se a emenda do Sr. Camello, porque he claro
Carneiro; isto he, que se dê ao Governo a autoridade que são dois os motivos, porque o ministro póde dei
de julgar os ministros. Isto he contra todos os prin xar o seu emprego, ou por crime, ou porque circuns
cipios constitucionaes; he contra as Bases juradas; he tancias da sua idade fazem que elle não possa conti
contra as primeiras idéas de um governo representatiº nuar no seu emprego. Por tanto quereria que se dis
vo, cuja primeira lei he a da divisão exacta dos pode sesse que os ministros chegando a certa idade serião
res publicos. Pois ha de o Rei, ou seus ministros, aposentados pelo modo e caso que as leis determinão
applicar a lei a casos contenciosos! Quem póde que O Sr. Sarmento : — Apoio o parecer do Sr
1er introduzir similhante monstruosidade! Por nenhum Freire; assim evitar-se-hião as incoherencias de um
modo, e em nenhuu caso, poderei tal admittir, não systema despotico. Um chanceller da casa da suppli
só porque istó he contrario aos principios já estabele cação foi deposto do seu emprego, porque desagra
cidos, e jurados , mas mesmo porque o fundamento dava a uma familia, e a razão que se deu para isto
dos illustres Preopinantes he uma verdadeira illusão. foi a sua idade, quando quem lhe succedeu era muito
Faz-lhe ao illustre Preopinante muita força a magia mais velho. * - - - ----
da palavra responsabilidade, e porque! Porque he dif> O Sr. Fernandes Thomaz: — Ha entre nós um
ficultoso verificar-se; porque lhe vã, e até porque he ministro, que em 1766 estava fazendo um lugar de
sexquipedal!! ha caso como este! E não faz pezo no primeiro banco, e ainda hoje está a servir.
esclareci º entendimento do meu illustre amigo apa Julgando-se suficientemente discutida a 2.° parte
lavra arbitrariedade! pois a palavra responsabilidade do art., propoz-se á votação, se se approvava como
le vã, he scrquipedal, faz-lhe medo, e não sente hor está — e se venceu que não. Propoz-se mais, se se
ror pela palavra arbitrariedade! Quer o illustre Depu approváva a emenda do Sr. Pinto de Magalhães as
tado que o Governo a seu arbitrio, quando muito sim concebida: Ninguem será delle expulso senão por
queira, possa depor os magistrados, e não lhe faz hor" sentença em razão de delicto, ou sendo aposentado
for, não lhe mettº medo o cumulo de poder, que com com causa provada, nos casos, e pelo modo que a lei
isso iria dar aos ministros do Rei! Esta arbitrarieda determinar — e se venceu que sim.
de he que a mim me faz horror. Eu quero-me sempre Continuando a discussão sobre a 3.° parte do ar
com a responsabilidade, e tenho horror á arbitrarieda tigo, e sobre a emenda do Sr. Lino Coutinho, disse.
. Quero que os ministros de Estado sejão respon O Sr. Peixoto: — Sou de voto da translação dos
I nº I
magistrados territoriaes de uns para outros lugares, O Sr. Barata: — Tudo recae sobre a responsabi
no fim de cada triennio; e a experiencia tirada dos lidade. Eu não quero dizer que não sou summamen
factos que tenho observado me confirma nesta opinião. te amigo dos Srs. desembargadores, e que não dese
Tambem desejo que haja alguma habilitação de lugar jo que sejão muito felizes, e que possuão grandes or
para lugar; mas da
qualconstituição.
ella haja de ser, não me lei
parece denados, mas eu falo segundo a minha consciencia.
materia propria Na mesma em
O meu voto he conforme com o que diz o Sr. Lino,
que se regular o systema da responsabilidade dos ma e o Sr. Killela. Esta responsabilidade, uma vez que
gistrados, póde com propriedade fixar-se este ponto não se verifique, perante os juizes de facto, não va
que a pratica talvez tornará variavel, e appropriado le nada; e não temos feito nada. Muito mal foi (pes
ás circunstancias; será sem duvida um dos meios de so perdão ao Congresso), que ficassem os juizes vita
tornar-se efectiva a mesma responsabilidade. licios, porque isto he uma cousa terrivel, e eu tenho
O Sr. Rebello: — Quanto á ideia de que os juimedo da falta de responsabilidade, não só dos juizes
zes de fóra sejão promiscuamente mandados de uns de fora, mas dos Srs. desembargadores. Isto de res
para outros lugares, parece uma excelente idéa. Tam ponderem perante os tribunaes não vale nada; por
bem estou persuadido que esta idéa deverá ser acom que eu tenho visto desembargadores matadores públi
panhada da outra de responsabilidade; mas supponho cos. Ne Brazil (eu não falo de pequenas cousas) hou
que isto deverá remetter-se para uma lei regulamen ve um ouvidor do crime da Bahia que commetteu 5
tar, podendo conceber-se o artigo da seguinte manei mortes; e outros muitos magistrados que estão vivos,
ra: Os juizes serão promiscuamente transferidos, de e de quem se não póde falar, tem feito cousas que
uns para outros lugares, de tres em tres annos; dan he uma miseria. Eu já vi que tratando-se de tirar
do residencia pelo modo que as leis determinarem." uma residencia a um juiz de fora fugírão as testemu
- O Sr. Pessanha: — Assento que o additamento a nhas para 80 legoas de distancia, e não ha muitos
este artigo tem todo o lugar. Assento que os magis annos tenho visto casos semelhantes. Eu não creio
trados devem ficar fora do lugar por algum tempo, em residencias, e em justiça feita por ministros por
para se poderem intentar as accusações que houver via de tribunaes compostos de outros ministros. Sen
contra elles. Todos sabem que os máos magistrados, do um juiz de direito autorizado a passar de um lu
de que havia até agora tanta cópia, depois de terem gar para outro rapidamente, que hade succeder!
assolado por certo tempo um districto, fazião toda a Quem terá valor de accusar um ministro estando de
força de véla por ficar recondusidos, até dando aos posse do seu lugar! Quem o poderá sentencear me
aulicos grossas sommas de dinheiro, porque bem sa lhor do que os jurados! Repito que os Srs. desem
bião que estando no exercicio do poder estavão muito bargadores devem ser julgados por estes jurados se
mais a coberto da responsabilidade que delles se per gundo a forma indicada pelo Sr. Killela; aliàs está
tendesse exigir, do que colhendo-os esta responsabili tudo perdido. -
dade simplices particulares. E supposto que eu creia O Sr. Lino: — Julgo necessario explicar aqui
firmemente que grande parte dos males da adminis estas palavras, passarão promiscuamente, porque se se
tração da justiça, tal como estava constituida no re disser isto só, succederá que se elles acabão hoje o
gimen antigo, não poderão ter lugar no actual pelas lugar de juiz de fóra de uma terra amanhã podem
grandes providencias que vão a por-se em practica, passar a juiz de fóra de outra; e por isso he necessa
todavia terei grande medo da continuação do poder rio marcar aqui, que eles devem estar tanto tempo
não sendo já mais interrompida. Melhor o entendião fóra da sua jurisdicção, quanto seja preciso para que
os antigos que nunca admittfrão magistrados perpe alguem que os queira accuzar o possa fazer; e sempre
tuos: magistrados que descançassem por algum tem perante os jurados.
po dos seus empregos para que qualquer pessoa do O Sr. Moura: — Diz o illustre Preopinante que
povo os podesse francamente accusar, tendo eles pre os ministros hão de ser julgados por jurados; mas se
varicado. Por isso o meu voto he que os magistrados o ministro commetter um deficto, se commetter um cri
sejão sempre promovidos quando contra elles não ti me, e este crime for de applicação da lei ao facto,
ver procedido culpa, e assim teremos segura a sua in como ha de ser julgado pelos jurados.......
dependencia; mas que entre os diversos gráos de pro O Sr. Fillela: — Não he dos crimes de que fala
moção haja um certo tempo de interregno para se o illustre Preopinante que os jurados devem conhecer
poder exigir delles a responsabilidade por meio da mas de certos crimes dos magistrados como o de cor
acção popular. -
rupção, de levarem dinheiro por darem uma sentença
O Sr. Villela: — Apoio a emenda do Sr. Lino; etc.; porque do máu julgado podem as partes appelia?
porém eu quizera mais alguma cousa. Quizera que para os juizes superiores, e serem ahi attendidas,
logo que o juiz tivesse acabado o seu triennio, fosse O Sr. Castello Branco Manocl: — Sr. Presi
immediatamente removido, e saísse para fora do ter dente, visto que entra em discussão a emenda ou in
ritorio, e que ex-officio se passasse logo a devassar dicação do Sr. Deputado Lino Coutinho, em que tra
sobre o seu procedimento, como juiz e como homem, tando da trasladação dos juizes de tres em tres an nos
no territorio; sendo julgado perante os jurados; isto ele quer que depois de acabado o triennio haja ( co:
não póde levar mais que o tempo de um mez, e no mo se explica) um interregno de dois mezes, e que
"fim deste tempo senão fôr condemnado como crimi só findos elles possa entrar na judicatura, tornarido
noso, o Governo immediatamente o deverá empre posse do lugar para onde vai transferido; e isto pelo
gar. , ," " + •
***
motivº de que nesse interregno se lhe tire uma rigo
1 3785 }
rosissima residencia, e sejão admittidas todas as accu viço por consequencia apoio a opinião do Sr. Peiro
sações que contra elle tiverem os povos do districto: to de que se accrescente a este artigo na fórma que
donde saiu, o que não praticarião com liberdade, se a lei determinar. Não ha aqui mais que discutir, e
o mesmo juiz continuasse na judicatura. Devo contra está-se perdendo o tempo com discussões inuteis.
aquela indicação repetir a minha opinião, que já ex O Sr. Bastos: — Até agora nenhum juiz territo
puz na sessão de quarta feira, quando sustentei a dou rial podia, ainda que despachado fosse durante o exer
trina do paragrafo, e foi que logo que qualquer ma cicio de um lugar, entrar no exercício do seguinte
gistrado no fim dos tres annos saír de um lugar para sem se mostrar corrente ácerca daquelle; o que senão
outro, aquelle que o for substituir tire ex-oficio (bem odia realizar sem medear o espaço de alguns mezes.
como fazião os juizes ordinarios) uma rigorosa resi # foi legislado com muita sabedoria: isto habilita- ,
dencia pelos capitulos do costume, e ao mesmo tem va os povos a deduzirem queixas até ahi sufocadas
po admitta quaesquer accusações contra o magistra pelo terror: isto obviava algumas vezes ao grande in
do sindicado, mas que nem por isso deve este ser sus-- conveniente de ir um juiz maculado de prevaricações
nso, antes sim deve entrar na judicatura, e empre derramar a desconfiança e o desgosto entre os povos
go daquelle lugar para onde foi trasladado; pois que novamente destinados a obedecer-lhe; e se não pro
sendo, por exemplo, transferido para dahi 30 ou duzia sempre este efeito salutar, pela parcialidade com
4o legoas, se não dá inconveniente algum em que que se costumava informar e julgar a similhante res
os povos aonde ele he sindicado, e donde saíu peito, a duvida e o receio do que podia acontecer
possão sem temor jurar tudo quanto contra elle naquelle intervallo, era uma especie de freio ao des
souberem, e propor todas e quaesquer accusações, potismo. Se uma tal instituição não era bastante pa
na certeza de que o mesmo ministro depois de ra assegurar a liberdade, não deixa de ser certo que
trasladado, nenhuma influencia tem sobre elles, pois a favorecia muito. Porque razão pois a não adopta
que já saíu da sua jurisdição. Não seria uma in remos, acommodando-a á nova ordem de cousas?
justiça, e grande injustiça, que aliàs um que foi bom Queremos nós tornar o povo portuguez mais livre,
ininistro, ficasse fóra do serviço esses dois mezes? Esta ou mais escravo! Juizes perpetuos, sem intervalho al
privação he rigorosamente uma pena, e será justo que gum, em que se anivelem com os outros cidadãos,
um cidadão sofra uma pena, e não digo já sem ser para lhes responderem pelos abusos do poder que
convencido, mas nem ainda iniciado de crime! Des tiverem commetido, serão sempre para mim uns en
graçada he certamente a classe da magistratura, e tes summamente perigosos e temiveis. Nem se diga
ião desgraçada que não póde gozar de todos os di que isto deve ser um caso omisso na Constituição,
reitos que competem a qualquer cidadão, quando te como proprio só dos codigos, ou de uma lei regula
mos decretado que ninguem pode ser preso, sem cul mentar: na Constituição vão comprehendidas coisas
pa formada, muito menos deve sofrer apena sem ser muito menos importantes; e nem esta se oppõe á sua
condemnado e convencido. Nenhum emprego eivil, simplicidade, nem nós devemos omittir uma tão es
de qualquer classe que seja, costuma ser privado do sencial garantia, ignorando que caso se virá a fazer
seu officio sem delicto provado, e só esta odiosa clas della
OS.
na organisação da dita lei, ou dos ditos codi
• |-
residencia e deve ser regulada por outra forma porque O Sr. Bastos: —Se eu exigindo algum intervallo
a actual he mui defeituosa. De mais a mudança ha entre o exercicio de um e outro lugar, não quizesse
de ser por um despachº do Governo, e a lei hº de ou não admittisse a responsabilidade, a objecção do
regular tambem a fórma desse despacho e a concor Preopinante procederia; mas não he um dos fins des
rencia dos habilitados em quanto a magistratura não te intervallo o poder melhor verificar-se a responsa
estiver reduzida unicamente aos que estiverem em ser bilidade?. Ignora-se que a influencia de um junz sem
t 3788 j
exercício, he muito menor que a do que está na actua zes temporários podem ser demandados durante o
lidade do exercicio do seu cargo, ainda que seja n'um tempo da sua jurisdicção, isto era conveniente por
lugar diverso daquelle em que delinquiu! He necessa que os juizes de fóra tinhão uma grande jurisdicção e
rio que o juiz desça alguma vez das alturas em que não podião ser commodamente demandados durante
se acha na esfera do poder, para observar o que se o tempo desta jurisdicção; por tanto agora que os
passa em baixo, ou que se ponha a par dos outros juizes de fóra estão reduzidos ao officio de julgar pa
cidadãos para não ser inaccessivel á acção das suas rece que poderia preencher-se a razão, e o espirito
queixas. Transferilo immediatamente de um lugar pa do illustre autor da indicação dizendo que os juizes
ra outro, he talvez fazer que o flagello, que se lê de fóra poderião ser accusados, e demandados, du
vanta de uma, vá caír em outra povoação. Nem se "rante o tempo da sua residencia. • •
pense, que o controvertido intervallo se oppõe á per Procedendo-se á votação, propoz o Sr. Presidente.
petuidade. Esta consiste na permanencia do cargo na se se approvava a terceira parte do artigo como estava
mesma pessoa, e não na continuidade do seu exerci — e se venceu que sim. Propoz mais se neste artigo
cio, que por causas fisicas, ou moraes póde por mui se havia de tratar do additamento do Sr. Lino — e
tas vezes ser interrompido. se venceu que não.
- |-
está bem estabelecida, que se mudem os ministros de Art. 149. A promoção da magistratura seguirá
tres em tres annos; mas haverá circunstancias parti * a regra da antiguidade no serviço, a qual somente
º culares e interessantes que exijão que o ministro se poderá ser alterada por algum merecimento ou serviço
demore ali por mais tempo dos tres annos, e por isso extraordinario de que se fará especial menção no de
me parece que deverá dizer-se que o ministro se mu creto da promoção. • • "…
dará de tres em tres annos, quando o contrario se Terminada a leitura deste artigo, disse.
não julgar conveniente. . . . • •
. O Sr. Sarmento : — Eu apoio a doutrina do ar O Sr. Peixoto: — Apoio o voto do illustre Preo
tige. Os juizes de fóra devem ser transferidos promispinante, e até me parece que não poderia sem inco
cuamente de uns para outros lugares. A razão, he pa herencia tomar-se uma resolução em contrario. Rejei
ra evitar os males que se poderião seguir da familia tou-se a opinião do Sr. Borges Carneiro, quando
ridade, que os juizes adquiririão nos lugares, demo Pretendeu que o Governo podesse demittir os minis
rando-se além dos tres annos. Por tanto acho boa tros sem culpa declarada, e não posso ver o meio de
esta disposição, ela até he conforme com o direito admitir a doutrina de dar-lhe a faculdade de prono
romano: parece-me que he a lei 19 de officio praesi ver fóra da escala, sem que se contradigão os princi
dis, que attende aos inconvenientes desta familiarida Pios que fundárão a lembrada rejeição. O Governo
de. Eu fui reconduzido, e posso falar livremente e deve sempre cingir-se á lei, e nunca usar de arbitrio,
sem suspeita nesta materia; o que posso dizer pois hé arma quasi sempre nociva até para elle mesmo.
que se eu tive algum pequeno dissabor no meu lu O Sr. Camello Fortes: — A palavra serviço de
gar, foi depois do tempo, em que estive reconduzido, ve ser riscada. Em lugar desta palavra ponhão-se es
A um ministro, que quer cumprir os seus deveres são toutras: seus conhecimentos e virtudes. E por occa
muito uteis estas mudanças. Por tanto vote a favor sião disto digo já que a minha opinião sobre mereci
do artigo. • •
ser despachados de uns para outros lugares e sem re O Sr. Borges Carneiro : — A doutrina deste ar
sidencia. A residencia he uma instituição antiquissi tigo principalmente se deve entender a respeito dos
ma, porque data do principio da monarquia, he uma ministros das relações e tribunaes; pois nos lugares
instituição ligada com outra, e vem a ser que os jui inferiores especialmente se deveu considerar os talen
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tos e virtudes do magistrado; e aliás quasi serião inu magistratura ha de ser magistrado sempre, e que há
teis as propostas do conselho de Estado. Porém ain de ir servindo em todos os bancos apezar de se co
da quanto aos ministros das relações e dos tribunaes, nhecer pela experiencia, que elle he indigno; isto pa
não convem se olhe sómente á antiguidade. Muitos rece muito prejudicial aos interesses da Nação. Não
magistrados ha que tendo por toda a vida sido uns se póde dar uma regra certa para se fazer uma esco
estupidos, irão por este modo occupar lugares onde lha da primeira vez com perfeição, e conhecer-se com
sómente deverião servir homens muito conspicuos. a mesma quem são os pretendentes dignos; e então a
Que caracteres devem ser os dos membros do supre classe da magistratura ha de escolher-se ás cegas! Ne
mo tribunal de justiça, que hão de julgar os secre cessariamente os empenhos hão de valer tanto na
tarios, e conselheiros de Estado, e conhecer de ou primeira vez, como nas outras. A escolha ha de ser
tros negocios gravissimos sem recurso? Pois pela re feita pelo modo humano, porque são homens os que
gra da antiguidade, ele será um tribunal de octoge escolhem, e feita a escolha assim, como póde esperar
narios, de decrepitos, talvez homens relaxados, iner se que o magistrado procure adiantar os seus conheci
tes, já impotentes para o bem e para o mal. Por tan mentos, e fazer-se um juiz digno, se elle não tiver
to voto pelo concurso da antiguidade com o mereci sentimentos proprios para isto, sentimentos de brio,
Inento. . * * e de henra que nasção com elle ! Póde designar-se
O Sr. Manoel Antonio de Carvalho: –.... como regra, que o estabelecimento de serem inamo
O Sr. Borges Carneiro: — Parece-me que tudo viveis os magistrados, se por este modo não se acau
se conciliará, dizendo-se que o conselho d'Estado nas telar, vai dar occasião á sua preguiça, e a fazer que
suas propostas, e o Rei na nomeação que fizer, terão elles não sejão dignos, porque estão certos que ou
sempre em vista a lei da antiguidade de accordo com bons ou máos hão de ir para diante; isto mesmo he
a dos talentos e virtudes. Pois se um homem daquel o que acontece na Universidade a um lente, que ape
les de que fala o Apocalipse, que nem são frios nem nas nomeado tal, se elle não está convencido da ne
quentes (os quaes por isso Deus demitte do serviço da cessidade de satisfazer aos seus deveres, e senão faz
igreja), chegou a entrar na magistratura, e a expe gosto e prazer de estudar, nunça mais estuda. Esta
riencia mostrar que he um ministro frouxo, inepto, he a regra dos que olhão para a antiguidade como
indocil para viver com os povos, ha de este homem unico merecimento. Por tanto o magistrado ha de
só porque uma vez entrou no serviço ficar perferindo ser um preguiçoso, e um inerte se estiver certo que
a todos os homens dignissimos, com deserviço publi apenas entrar na vida da magistratura ha de ser sem
co! A antiguidade por si só he uma lei cega; he a pre magistrado. Logo fazer uma regra de antiguida
lei dos morgados, que são ricos só porque nascêrão de, sem haver uma lei que regule o modo porque
primeiro, e deixão na pobreza a seus irmãos. Isto póde escolher-se entre uns e outros magistrados,
basta para se dever modificar o artigo, reunindo-se he fazer uma lei que não só vai causar grandes ma
com a antiguidade o merecimento. les ao bem geral, mas que ao mesmo tempo he in
O Sr. Peixoto: — A clausula em que se quer es justa, porque equipara um magistrado digno a um
tabelecer a audiencia do conselho de Estado he inu mandrião, e que posto não tenha commettido crime,
til, porque já está decretado na Constituição, que entretanto virá a ser um magistrado indignissimo.
os despachos se farão por proposta do mesmo con O Sr. Pessanha: — Apoio o que diz o illustre
selho. Membro, porque a experiencia tem mostrado, que
O Sr. Xavier Monteiro:= Eu contra este artigo apenas um homem se colla, pouco cuida nas suas obri
não tenho senão a observar que ele não deve ir na Igações Por tanto assento que este artigo deve sup
Constituição. Que quer dizer os magistrados serão pro primir-se, ou aliás deve referir-se a uma lei regula
movidos pela antiguidade? Isto he justo, mas he in Inentar.
exequivel. Este artigo suppõe igualdade de cousas que Declarada a materia suficientemente discutida,
não existem, igualdade de possibilidades e de talen propoz o Sr. Prsidente, 1.° se approvava o artigo tal
tos, o que não se dá. Por tanto eu voto que não se qual está concebido — e se venceu que não: 2.° se na
trate deste artigo na Constituição, mas se deixe o re Constituição se devia estabelecer alguma regra a este
gular este objecto a uma lei regulamentar. respeito — venceu-se que sim: 3.° se se approvava a
O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu opponho-me a primeira parte até á palavra serviço — e se venceu que
que o artigo passe como está. Todo o empregado pu SlII).
blico tem obrigação de ser benemerito, virtuoso, e en Offerecendo-se algumas emendas sobre o resto de
tendido nos deveres do lugar que he obrigado a ser artigo, e sendo discutidas, propoz-se á votação, e foi
vir. Conseguintemente não são os serviços de que tra approvada a seguinte: com as restricções e pela ma
ta o artigo aquelles de que se fala, nem os que forão mcira que a lei determinar.
da mente dos redactores tratar: Quanto á antiguida O Sr. Secretario Freire deu conta do seguinte
de, parece-me que se fosse no systema antigo em que
os ministros não erão vitalicios, então muito embora P A R e c = R. +
Magestade passagem para o exercito de Portugal, do banco. Sala das Cortes em 18 de Janeiro de I822. –
que apresentão titulos legaes. A Commissão he de Custodio Gonçalves Lédo.
parecer que se abra assento a estes officiaes para se Tambem se mandou remetter á Commissão de fa
rem pagos de seus soldos, apresentando suas patentes zenda do Brazil a seguinte
ou apostillas, como aos officiaes do exercito de Por
tugal em emprego, devendo esperar a sua colocação IN B I c AçÀ o.
neste exercito, quando se adoptem as medidas propos
tas pela Commissão especial, ou outras. Sala das Cor Proponho que o officio de sellador da alfandega de
tes 16 de Janeiro de 1822. — Manoel Ignacio Mar Pernambuco, cujo rendimento no anno de 182o che
tins Pamplona; Barão de Mollelos ; Luiz Paulino gou a 6; 1053620 réis não se proveja; mas se nomêe
de Oliveira Pinto de França ; Antonio Maria Oso para ele um serventuario com o ordenado de um
rio Cabral ; Francisco de Magalhães de Araujo Pi "conto de réis, revertendo o resto do rendimento, de
mentel. duzidas as despezas, em favor da fazenda nacional.
Foi approvado. • • • Paço das Cortes 15 de Janeiro de 1822. – Pires
Ouvírão-se com agrado as felicitações que dirigiu -Ferreira.
ao soberano Congresso, por occasião do anniversario A mesma Commissão se mandou dirigir outra in
da sua instalação, o cura da Cumieira, Manoel Fla dicação do mesmo Sr. Deputado, propondo a extinc
viano Coelho. •
dos seus artigos. Passárão depois a examinar-se dois O Sr. Borges Carneiro: — No projecto se diz que
projectos que apresentárão dois dos illustrissimos len não estiverão nelle conformes todos os votos da Commis
tes da Universidade, tambem não agradárão: conse são, e com efeito lêm-se nelle algumas cousas que
guintemente vendo-se que se perdia o tempo em rever desejo se corrijão. Na * toma-se por funda
projectos em que se reeolhessem os votos de todos, se mento o requerimento dos doutores da Universidade;
apresentou este parecer que não he verdadeiramente e me parece se deve sómente tomar a justiça da mate
parecer da Commissao, porque esta não fez mais que ria. No 1.° artigo approvo a sua 1.° parte; porém a
recolher os votos dos Senhores lentes, e recolher o 2° parte parece insustentavel, em quanto diz que ne
que parecem á pluralidade. Eu subscrevi com os mais nhum doutor será admittido a esta habilitação, sem
illustres Deputados que aqui se achão assignados ; que nas suas informações de bacharel e licenciado ti
porém o meu voto he inteiramente discrepante do que vesse tido approvação por dois terços dos vogaes. No
pareceu á totalidade da Commissão. Limitar-me-hei tempo em que elles se fizerão bachareis e licenciados
ao 1.° artigo (leu): opponho-me á segunda parte do não havia tal lei: cumprírão com aquella que então
artigo, e não a posso approvar, e as razões em que havia, e por isso adquirírão direito a seguirem os pas
me fundo são as seguintes: A lei das promoções da sos ulteriores, sem que actos preteritos se fação ago
da em Dezembro de 1804, foi uma lei insupportavel ra dependentes de requisitos supervenientes. São ba
para os doutores. A voz publica reconheceu que a lei chareis ha oito ou dez annos, feitos taes com aquella
era improba, conseguintemente o Congresso attendeu approvação e requisitos que então se requerião: seria
á voz publica, e ás representações dos doutores: as injustiça dar efeito retroactivo a presente lei, exigin
sentou-se de revogar aquella lei que requeria a unani do agora dois terços para a legalidade de actos que
midade de votos para a opposição dos doutores, e se regulão pela lei da pluralidade, que era a que en
desejou-se uma lei mais conforme á justiça. Ora eu tão vogava, — Não queiramos pois dar hoje a uma
vejo que o que se propõe nesta segunda parte he uma lei efeito retroactivo. A 2.° razão da minha desap
lei mais iniqua do que a lei do 1.° de Dezembro. Pe provação he que estes bachareis e licenciados, que na
la lei do 1.° de Dezembro requeria-se a unanimidade quelle tempo não conseguírão as duas terças partes
de votos, porém não se excluia ninguem de concorrer dos votos, desde então até agora poderão ter estudado
para oppositor; nesta agora fica excluida uma parte, muito, e serem hoje excellentes; e não deve a lei ir
e talvez uma grande parte de doutores de serem ad privalos do merecimento que terão adquirido no espa
mittidos a concurso; e privar um homem do seu di ço de oito ou dez annos depois que tomárão aquelles
reito be uma cousa mais dura do que tornar dificil a gráos. Em 3.° lugar, porque o presente decreto tam
execução deste direito. Por isso digo eu que esta se bem comprehende as sciencias naturaes, nas quaes se
gunda parte he mais dura do que a lei do 1.° de De conferião aquelles gráos sem escrupulosidade nos vo
zembro. Digo mais: eu creio que para oppositor, e tos e nas qualificações, como cousa que naquellas
conseguintemente para lente da Universidade, se não sciencias não tinha consideravel consequencia. Como
devem exigir mais requisitos do que para os outros pois lha quereremos agora dar, e fazer com que aquel
empregados publicos. Para os outros empregados pu la irreflexão tenha hoje tão sérias consequencias? Por
blicos requerem-se informações, e estas informações tanto voto pela suppressão desta 2.° parte do artigo,
decidem-se pela pluralidade de votos; aqui ficão já O Sr. Serpa Machado: — A verdadeira razão he
excluidos de concorrerem para oppositores aquelles a necessidade que ha na Universidade de prover as
que não tiverão as duas terças partes, e por conse cadeiras, para que a instrucção publica não sofra de
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\rimento algum, e com efeito sofreria este detrimen te exame, terá terceira e ultima habilitação antes de
to se acaso não fossem habilitados oppositores os dou receber o gráo de doutor, a qual se reduz á approva
1ores que o pretenderem ser. Esta a primeira razão ção em letras, e costumes pelos dois terços dos votos
para fazer uma lei provisoria. Bem se vê que esta me da falculdade ; e se depois disto se doutorar, será des
dida deveria ser muito mais ampla; mas he necessa de logo considerado como oppositor, etc.
rio no entanto occorrer a necessidade que ha, como Depois de uma breve discussão, procedeu-se á vo
disse, de prover as cadeiras, visto que não ha pessoas tação e propoz o Sr. Presidente se approvava o ar
habilitadas para lentes, e para regerem as cadeiras. tigo tal qual estava — e se venceu que não. Propoz 2."
Em quanto ao artigo voto que se exija para as habi se devia supprimir-se — e se venceu que não. Propos
litações a pluralidade de votos, isto agora he que he 3." se se approvava a 1.° parte — venceu-se que sim.
regular e justo, e ao depois quando se fizer uma lei Propoz 4.° se se approvava a 2." parte — venceu-se
mais ampla então se imporão os dois terços aos op que não. Propoz 5.º se se approvava a 3." parte até
positores que se habilitarem, não tendo de modo ne ás palavras votos da falouldade — e se venceu que
nhum esta providencia efeito algum retroactivo. sim. E propoz 6.° se se appravava o resto do arti
O Sr. José Pedro da Costa: — Eu apoio a opinião go — e venceu-se que sim.
do illustre Preopinante. Isto he uma providencia me Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia o
ramente provisoria. O que devemos pretender he re projecto das Commissões reunidas de agricultura e
mediar a instituição do alvará de 1804 sobre a unani commercio, sobre a reforma da companhia, continu
midade. Por tanto parecia-me que este projecto se ando a discussão sobre o artigo 19.
devia resumir á primeira parte deste 1.° artigo, isto Levantou-se a sessão ás duas horas da tarde —
"he a tirar a unanimidade que era necessaria para as Antonio Ribeiro da Costa, Deputado Secretario.
habilitações, e revogar o alvará de 1804.
O Sr. Bispo de Castello Branco : — Olho a REsoluções E ORDENs DAs CoRTEs.
providencia interina de que se trata muito necessaria
para o estado actual em que se acha a Universidade Para Filippe Ferreira d'Araujo e Castro.
por não haver quem supra as cadeiras, e esta provi
dencia insta. Ora muitos doutores, e muito dignos es Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor
perão e anciosamente desejão que se fação as opposi tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
ções das cadeiras. Eu quererei que este soberano Con sendo-lhes presente que as pontes da Foz d' Arouce,
gresso decrete que se fação opposições para lugares de Val de Espinho, da Murcella, de Coja, de To
tão eminentes como são o magisterio; que haja um boa, de Oliveira de Conde, de Santa Combadão,
concurso publico, e que elles dêm um testemunho do Cris, e do Côa proximo a Almeida, se achão em
publico. tal estado de ruina, que algumas dellas já não dão |
O Sr. Corrêa de Seabra: — Sr. Presidente, o transito, e outras só com muita difficuldade e risco:
que diz o Sr. Bispo de Castello Branco se ponderou mandão indicar ao Governo a necessidade de tornar
em conferencia; mas não se tomou em consideração, este objecto na devida consideração, e de proceder a
porque se julgou que pelas circunstancias da Univer este respeito da maneira que fôr mais conveniente. O
sidade se devia adoptar uma medida provisoria para que V. Exc." levará ao conhecimento de Sua Mages
a admissão dos doutores actuaes para oppositores, re tade. •
servando-se para a reforma o regulamento das provas Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 18 de
da idoneidade e aptidão que devem preceder ao des Janeiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
Tacho para o magisterio: quanto á segunda parte do Para o mesmo.
artigo eu na conferencia fui desta opinião: mas infor
mações exactas que depois tive das circunstancias Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
particulares das sciencias naturaes, me fazem mudar tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
de sentimento, e voto igualmente pela suppressão; sendo-lhes presente a situação deploravel a que se
pelo mesmo motivo não me opponho tambem a que a achão reduzidos os dois recolhimentos sitos um na rua
admissão seja pela pluralidade. da Rosa das Partilhas, e outro na do Calvario, de
Propoz-se á votação, se se approvava a 1.° parte dicados ao soccorro e educação de meninas desampa
do artigo até ás palavras por dois terços dos votos? radas: e attendendo á necessidade de acudir desde io
E se venceu que sim. Se se approvava a 2.° parte! go com ºs auxilios necessarios para a conservação e
Venceu-se que não. E se devia supprimir-se! Ven prosperidade de tão pios e importantes estabelecimen
ceu-se que sim. tos: ordenão que se proponhão a este soberano Con
Seguiu-se o artigo segundo e ultimo, concebido nes gresso os recursos mais opportunos, que poderão ado
teS ter InOS ;
ptar-se para dar estabilidade e permanencia áquelas
Para o futuro nenhum bacharel formado será ad duas fundações tão caritativas, como uteis, e que
mittido a matricula do anno de repetição, sem ter no entretanto elas sejão desde já auxiliadas pelos ren
informações de bacharel, da fórma que se exigem no dimentos da Misericordia com alguns meios para se
artigo antecedente. Depois do acto de conclusões ma irem sustentando. O que V. Exc." levará ao conhe
gnas, será approvado em letras, e costumes, pela cimento de Sua Magestade.
pluralidade dos votos dos lentes da falculdade ; sem o Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 15
2ue não será admittido a exame privado. Depois des de Janeiro de 1821. — João Baptista Felgueiras,
[ 3791 ]
Para José Ignacio da Costa. officiaes ultimamente vindos de Pernambuco, que foi
transmittida pela Secretaria de Estado dos negocios
lllustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor da guerra em data de 18 de Dezembro do anno pro
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza ximo passado, a fim de que se declare o motivo por
ordenão que do Thesouro nacional seja transmittido que algumas casas das observações vem em branco,
ao soberano Congresso um mappa dos direitos que se e se os officiaes a que dizem respeito vierão sem licen
pagavão nas diversas provincias do Brazil até ao an ça. O que V. Exc." levará ao conhecimento de Sua
no de 1807, com especificação separada de cada uma
dellas, sua somma total da receita e despeza nos ul #
)eus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 18
timos cinco annos precedentes ao de 1807, munindo de Janeiro de 1821. — João Baptista Felgueiras.
se este mappa de todas as observações que possão au
xiliar o conhecimento da naturesa daquelles direitos, Para Joaquim José Monteiro Torres.
e processo de sua cobrança, e comprehendendo-se na
palavra direitos não só as imposições arrecadadas nas Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor
alfandegas, mas tambem todo e qualquer imposto di tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
recto ou indirecto, local, ou geral, que até então se sendo-lhes presentes as listas que forão transmittidas
pagava no Brazil, e de que deve constar na respecti pela Secretaria de Estado dos negocios da marinha
va contadoria. O que V. Exc.º levará ao conheci em data de 6 do corrente, em virtude da ordem de
mento de Sua Magestade. 7 de Dezembro de 1821, dos pilotos da marinha mi
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 18 litar, e da mercante, aos quaes se passárão cartas ge
de Janeiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. raes, ou particulares desde o anno de 1807 até ao pre
sente, e sendo necessarias ainda mais algumas illus
Para Candido José Xavier. trações a este respeito: ordenão que seja igualmente
remettida ao soberano Congresso uma relação de to=
Illustrisstmo e Excellentissimo Senhor — As Cor dos os pilotos que por seus exames se habilitárão, e fo
tes Geraes e Extraordinorias da Nação portugueza, rão pelos lentes da academia da marinha informados
tomando em consideração o officio do Governo expe ao conselho do almirantado para carta geral ou parti
dido pela Secretaria de Estado dos negocios da guer cular, e bem assim para licenças, tanto na marinha
ra em data de 11 de Dezembro de 1821 , transmittin militar, como na mercante, desde o mesmo anno de
do a relação de 11 officiaes, que regressárão do Bra 1807 até ao presente. O que V. Exc." levará ao co
vil por terem obtido passagem para o exercito de Por nhecimento de Sua Magestade. •
tugal: resolvem que aos mencionados officiaes se abra Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 18
assento na thesouraria para serem pagos de seus sol de Janeiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
dos, apresentando suas patentes ou apostillas do mes
mo modo que se pratica com os officiaes do exercito Para João Maria Soares de Castello Branco.
de Portugal sem emprego, ficando a sua colocação
dependente das deliberações que se tomarem sobre a As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação
organisação do exercito. O que V. Exc." levará ao portugueza concedem a V. S." licença, por tanto
conhecimento de Sua Magestade. tempo quanto seja necessario para tratar da sua sau
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 18 de, esperando do seu conhecido zelo e amor da patria,
de Janeiro de 1822. —João Baptista Felgueiras. que apenas seja possivel V. S." não deixará de vir
logo continuar neste soberano Congresso as funcções
Para o mesmo, de que dignamente se acha encarregado. O que com
munico a V. S." para sua intelligencia,
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. - As Cor Deus guarde a V. S." Paço das Côrtes em 15 de
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza Janeiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
mandão remetter ao Governo a inclusa relação de 35
Redactor – Galvão.
= 1 ----
=
DA NAÇÃO PORTUGUEZA.
NUM. 278.
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1
T 3794 ]
lho, um preço, com que ele possa continuar a gran fica indecoroso a este Congresso revogar o decreto de
gear os vinhos, e alimentar-se. A companhia pela Março anterior. As circunstancias são agora muito
sua parte responde, que não tem duvida em tomar diferentes; mas suppondo que aquelle fosse um erro
sobre si esta obrigação; mas não tendo outra saída, deveria a elle seguir-se outro erro! Uma vez que se
que dar ao vinho assim comprado, senão reduzindo-o conhece a razão he necessario seguila, isso he o que
a agua ardente; para que possa vendela sem prejuízo reclama o decóro do Congresso e a justiça. O que
dos accionistas, precisa que lhe concedamos o exclu eu admiro he, que pugnando por suas provincias,
sivo da venda della no Porto, e Douro, com vinte com muita razão, todos os Srs. Deputados, sómente
por eento de interesse sobre o seu custo. o mesmo Douro infeliz produzisse quem queira en
He esta a materia do artigo 19 á qual a discussão patar a sua fortuna. Finalmente o que queremos he
deve limitar-se. He ou não adoptavel a condição que uma reforma justa, e sábia. "
a companhia propõe? Senão he adoptavel, qual ou O Sr. Leite Lobo: — O illustre Preopinante tem
tra se lhe ha de substituir, que satisfazendo ao mes razão; este exclusivo não he o mesmo que era! He o
mo fim, ofereça menores inconvenientes? Eis o esta mesmo , e de mais a mais 20 por cento em pipa de
do da questão, ao qual precisamente devemos cingir agua-ardente.
nos; aliàs já mais acabaremos. O Sr. Borges Carneiro: — Vou falar precisamente
O Sr. Leite Lobo: — Eu não posso approvar o do artigo 19, e poucas palavras. O paiz do Douro
projecto. Combinando o artigo 19 com o 21 resulta produz annualmente de 80 a 100 mil pipas de vinho,
que além de dar-se um exclusivo se lhe concede um ao qual he necessario dar consumo : os negociantes
tributo de 20 por cento em pipa de agua ardente. apenas comprárão 10 a 15 mil: e essas por preço bai
Ha poucos mezes que este Soberano Congresso decre xo pelo colluio que entre si farão. Vê-se pois que so
tou a abolição de um imposto de 203000 réis posto beja um grande excesso, e que este se não póde con
no tempo de guerra para acudir ás despezas do esta snmir senão por meio de destilação: mas os lavrado
do, porque o julgou iniquo; e agora trata-se de im res não as podem destillar; porque poucos tem alam
pôr este tributo! E para que! Para sustentar o luxo biques estabelecidos, e naquelle paiz as lenhas são ca
de uma corporação, e a riqueza de uma duzia de rissimas, e apenas bastão para os usos domesticos; e
Deputados e seus agentes! Faço esta refiexão ao Con se algum daquelles lavradores se esforçasse por destil
gresso. lar seus vinhos, a sua agua-ardente não poderia entrar
O Sr. Abbade de Medrões: — O que diz o illus em concorrencia com as do Minho; porque nesta pro
tre Deputado não he tanto, assim: o exclusivo que vincia o vinho se produz quasi sem despeza alguma;
até agora tinha a companhia era muito diferente do existem alambiques por toda a parte pela abundancia .
que agora se lhe dá. Esses 20 por cento be uma re das aguas; e são baratissimas as lenhas. He pois ne
compensa dos gastos que se ha de vêr obrigada a fa cessario que se veja o modo de dar saída áquelle vi
# se se calcula as demoras na venda, o ordenado nho do Douro, genero tão precioso para a nação por
e feitores, concerto de cascos, etc., quanto virá lu tugueza pelo producto annual de doze milhões de cru
crar a companhia! Por outra parte: se os negocian zados, que introduz em Portugal , e unico sustento
tes quizerem destillar e vender por sua conta hão de dos moradores daquelle paiz, que para nada mais pres
agar commissarios, hão de sofrer as ladroeiras dos ta. Ora a esta sahida satisfaz muito bem o projecto,
agentes, e hão de fazer todos esses gastos; ou se que estamos discutindo , em quanto diz que se fará
querem comprar, não sendo á companhia, lhes cus annualmente a feira dos vinhos em determinado tem
tará, como agora custa, 3003 réis uma pipa de agua po; que nella concorrerá a companhia com outros
ardente. Eu quizera fazer o interesse de toda a na quaesquer compradores, sem preferencia alguma; que
ção se poder ser, não me opponho por conseguin passado o dito tempo da feira , aquelle vinho que o
te ao interesse do Minho; mas o que eu não sei he, lavrador não pôde vender poderá (se quizer) ofere
qual será o interesse maior: isto he o que precisa de celo á companhia, a qual fica obrigada a comprar-lho
mais exames. Eu julgo que o projecto não póde ser, por um preço regulado, o qual senão he tão lucrati
nem mais justo, nem mais liberal. Diz-se que se ti vo como seria no mercado , he certamente regulado
nha já abolido, o exclusivo; mas este que se deixa he de modo que lhe segura um ganho sufficiente para cus
muito diferente do que antes tinha a companhia: e tear as suas despezas e manter a sua sustentação. A
além disso uma vez que se mandou, proceder á refor cujo respeito notarei de caminho a inexactidão que
ma da companhia já foi com o sentido, de conceder teve um Sr. Deputado quando disse que isto era fazer
lhe algum favor; porque se não tinha de ficar com o lavrador escravo, e ofender a sua propriedade: di
favor nenhum, reformada estava ella, He necessario go que foi isto inexactidão, porque esta regulação ou
ter em muita consideração, o Douro pelos bens, que taxa de preço he sómente a respeito do vinho que o
seu commercio produz á naç㺠em geral, e he neces lavrador não pôde vender no mercado; pois este, se
sario ter em consideração que a companhia, tem feito depois de acabado esse mercado ele não tiver certeza
a felicidade do Douro; veja-se, se a lavoura, e o com de a companhia lho comprar, ou se verá obrigado a
mercio tinha chegado nunca alí ao augmento em que conservalo estagnado nos seus armazens, ou a aban
agora está: pois para que temos de discorrer sobre donado por preço muito mais baixo, e virá a ser des
consas vagas, quando temos estas verdades patentes! te modo muito mais escravo, e mais dependente de
E estas verdades são muito patentes, por mais que quem lbo queira comprar: consideração esta que mais
se queira dizer o contrario. Não se diga tambem que se reforça, quando reflectimos que esse dito vinho,
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sobejo da feira, não he obrigado o lavrador vendelo á O Sr. Soares de Azevedo: — Vou falar não co4
companhia, e sómente o fará se quizer. mo Deputado do Minho, senão como Deputado da
Ora uma vez carregada a companhia com uma Nação inteira ; porque estou persuadido que desde
obrigação tão pezada, qual a de comprar o dito vinho que aqui me sentei sou Deputado de toda a Nação, e
sobejo, já se vê ser necessario que se lhe conceda al não de uma só provincia; e estou igualmente persua
gum equivalente em compensação dessa obrigação, e um dido que os interesses particulares devem ceder ao in
meio de consumir esse vinho que ella se obriga a com teresse geral. pre julguei que seria necessario por
prar. Era de esperar que ella exigisse condiçóes peza ora a existencia da companhia, e que não podia exis
das, quaes a do exclusivo das tabernas do Porto, e tir sem ter um exclusivo: a minha duvida estava em
o das aguas-ardentes das tres províncias do norte. Na qual seria este exclusivo, ainda que tambem me incli
da disso. Ella propõem as mais razoaveis e generosas nava ao da agua-ardente. Até aqui vou com o proje
que podia propor, e taes que eu nunca esperei que cto; mas não sei se quer excluir as tres provincias do
com ellas podesse manter-se. Percorramolas rapida norte de poder concorrer na exportação da agua-ar
mente pelo mesmo projecto. Cede ajunta da adminis dente. A provincia do Minho senão tem tanto vinho
tração de todas as obras e estabelecimentos § 6 ; da como o Douro não colhe muito menos ; mas o Douro
feitura dos arrolamentos, das pareias e fiscalização das tem tres meios de poder dar consumo aos seus vinhos,
introducções dos vinhos e aguas-ardentes, o que tudo que vem a ser: ramo, exportação, e agua-ardente;
fica a cargo das caineras, isto he, dos mesmos lavra e o Minho não tem senão dous meios, que são agua
dores $ 7 e 8; da preferencia no mercado, a qual tinha ardente, e ramo. Em consequencia ainda que o Dou
de facto senão de direito § 14 ; deixa livre ao lavra ro não tenha a extracção de aguas-ardentes, ficão-lhe
dor vender os vinhos sobejos da feira $ 1ó; a compra outros dois meios para dar consumo a seus vinhos;
do vinho do Douro, e a sua venda aquartilhado § 17; mas se ao Minho se lhe tirão as aguas-ardentes aca
queinar os seus vinhos ou os comprados $, 22; expor bou absolutamente. Digo isto para mostrar que uma
talos, e as aguas-ardentes livremente para o Brazil vez que se ponha algum obstaculo á extracção da agua
$ 23. Que exige pois como equivalente do refe ardente do Minho, aquella provincia decahia infali
rido encargo, e como meio do seu consumo! Unica velmente. Tem-se dito que as aguar-ardentes do Mi
mente o exclusivo de vender aguas-ardentes restringi nho não podem concorrer com as do Douro, isto he
do aos termos do §. 19; e a prohibição da importação uma illusão; seus vinhos são mais baratos, e já se
de vinho e aguas ardentes extrangeiras $ 25. Ora tem aqui mesmo referido, que tem lenhas em abun
estas condições, torno a dizer, julgo eu as mais jus dancia. He verdade que até aqui assim tem sido,
tas e suaves, e manifestos os bens que se seguem da porque se tem vendido á companhia as aguas-arden
sua concessão. Por uma parte a companhia fica segu tes ao preço que ella tem dado; mas se agorá não se
a de poder dar consumo aos vinhos sobejos que com permitte que leve suas aguas-ardentes ao Porto ficão
prar reduzindo-os a aguas-ardentes boas, e homoge na peor situação: por isso digo, que se a companhia
neas com a natureza dos vinhos, adequadas para os quer conservar o exclusivo deve ser obrigada a tomar
conservar puros, e sustentar-lhes a pureza do seu cre as aguas-ardentes do Minho , no que não póde ter
dito, que foi um dos fins principaes deste estabeleci duvida; pois se ella tem podido sempre dar consumo
mento. Por outra parte fica tendo meios e obrigação ahaessas aguas-ardentes,
de poder agora. não posso cntender como não
• • •
propôe o projecto: não se concede por elle um privi Srs., que querem que compre a Companhia por obri
legio exclusivo á companhia, em parte he pelo con · gação as agoas-ardentes das outras provincias. Digo
trario um contracto oneroso; marca-se-lhe o preço, por que deve ser o exclusivo restricto aos termos do pro
que ha de comprar e vender, e este não regulado a jecto; porque involve um contrato oneroso, e não um
seu arbitrio, se não regulado pela camera. Vamos a privilegio. Obriga-se a Companhia a comprar uma
ver se seria possivel obrigar a companhia a comprar somma exorbitante de vinhos; he necessario que se dê
as aguas-ardentes como se diz. Isto teria muitos in á Companhia o meio de dar consumo a esses vinhos
convenientes : o Minho se agora dá 23 pipas de que assim compra forçadamente; isto não pode ser
vinho poderia dar 33 adoptando-se esta medida, e senão por meio de agoas-ardentes, e para que estas
nós não necessitamos mais vinho, pelo contrario to agoas-ardentes tenhão consumo, he necessario retirar
maramos que se podesse dar consumo ao que existe: todas as de mais daquelle districto: uma vez que se
de que sim precisamos he de ceraes, necessitamos ti imponha á Companhia a obrigação de comprar essas
rar do nosso solo os recursos que nos póde subminis 503 pipas de vinho, que hão de ser reduzidas a agoas
trar. A companhia se tal cousa se decretasse ia-se pôr ardentes, he indispensavel que se lhe dê um meio de
tambem no estado de não poder realizar as compras, consumir estas agoas-ardentes; e não poderá obter-se
por conseguinte ha este inconveniente; e o de que se este resultado uma vez que se queira ou se permitta
augmentaria a cultura dos vinhos com prejuizo dos que outras agoas-ardentes concorrão: não poderá,
cereaes. Em quanto á segunda opinião relativa a que digo, porque as agoas-ardentes que produzirem os vi
se o Congresso decide a favor deste projecto, fica de nhos do Douro, hão de ser mais caras, que as que
rogado o decreto de Março ha pouco posto em execu produzirem os vinhos do Minho, e sendo assim antes
ção ; direi que quando o Soberano Congresso adop se hão de consumir as mais baratas, que as mais ca
tou aquella medida o fez provisoriamente para attender ras. Parece-me pois demonstrado, qus não deve dar
ás necessidades daquelle momento; mas quando as se occasião a que venhão outras agoas-ardentes ao pé
circunstancias variárão, tambem o Congresso variou, e daquellas que devem considerar-se como consumo do
não ha nada de indecoroso en que adopte uma medi vinho, que comprou a Companhia. Os Srs. da pro
da ainda que seja opposta áquella, porque então co vincia do Minho que tem querido impugnar o pro
nheceu-se que aquillo era necessario; agora conhece jecto, e que não duvidão , que tendo a Compa
se tambem que he percisa a existencia da companhia, nhia aquella obrigação, era necessario dar-lhe um
e que para isto se lhe deve dar algum privilegio res favor correspondente, disserão que não falavão como De
tringin lo-o de modo que seja conveniente ao Douro, putados do Minho, se não como Deputados da Na
ao Minho, e a toda a nação. Por consequencia dero ção; e tendo em vista o interesse geral desta. Eu lhes
ga-se aquelle decreto na parte que convem que seja preguntarei no mesmo sentido porque hão de ser ex
derogado, e conserva-se o que he conveniente que se commungadas as aguas-ardentes do resto de Portu
conserve; nisto não vejo inconveniente nenhum. Por gal, e não hão de ir a concorrer com as da Companhia
tanto eu approvo o projecto, e sómente quizera que do mesmo modo que se quer que vão as do Minho? Por.
se fizesse um acrescentamento, que julgo muito ueces que razão se não ha de permittir o mesmo ás aguas
sario: como os lavradores destillárão aguas-ardentes, ardentes da America, que por dentro de nossos por
ou fizerão preparativos para as destillarem na confian tos vão entrar no Douro, sendo que essas ainda me
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nos mal fazem que as outras, porque não podem in que em todo o mundo, todos plantarião vides em
cluir-se nos vinhos dePortugal? Qual he pois a ra toda a parte, e não só a Companhia não cumpriria
zão da diferença? He a razão geral, he a convenien com o seu encargo; mas indefectivelmente haveria
cia desta agricultura e deste commercio; e não sei muita agua-ardente de sobejo, e além disso toda a da
porque hão de ser mais privilegiados os povos do Mi Hespanha estaria aqui dentro em pouco tempo, pois
nho, que o resto de Portugal: se tal cousa se admit se apesar de todas as precauções tomadas até aqui os
tir, eu heide requerer que sejão todos iguaes. A agua Contnissarios prevaricavão, abolida essa fiscalisação
ardente do Minho não póde entrar em concurrencia mais se ha de prevaricar. De mais disso; a experien
com a do Douro: o que disserão os Preopinantes he cia tem mostrado, que ha partes aonde se faz agoa
verdade ; mas he necessario dizer-se alguma cousa ardente de medronhos, e tal que os homens mais pe
mais. Uma vide no Minho introduz-se na terra, en ritos a não conhecem; confundem-na com agoa-ar
costa-se a um carvalho, e acabou , não tem mais dente de vinho; vende-se esta aos negociantes, que a
mão de obra: quando se faz a agua-ardente queima eomprào na boa fé de ser agua-ardente de vinho. e
se a lenha da poda, e apparos do mesmo carvalho, e em quantas pipas se lança se estraga o vinho, porque
he o que serve de lenha para a sua manufactura em amarga, e he só quando se conhece: e estes males
alambicação: isto não acontece no Douro, ali não ha não podem acontecer no Douro, porque lá não ha
carvalhos; e ha mais mão de obra: por tanto, nisto medronhos. Finalmente concluo: tem-se dito que he
só Já fica mais cara a agua-ardente do Douro, que a necessario que a Companhia exista para manter esse
do Minho. E que fez a Companhia até agora para commercio, o mais lucrativo de Portugal; tem-se mos
podela consumir sem perda? Posto que comprasse o trado que a Companhia vai ter uma obrigação one
vinho do Douro, comprava-o igualmente da Beira, e rosa, e tem-se convindo em que he necessario que se
do Minho, fazia as aguas-ardentes, e pelo preço me lhe compense esse onus: como esta compensação não
dio que resultava dos tres preços diferentes, vendia a póde ter lugar, nem póde facilitar-lhe a queima dos
Pipa de agua-ardende, pois só de vinho do Douro não vinhos, uma vez que se admitrão outras aguas-arden
podia ser, por carissimo; e por essa mesma razão ha tes dentro das detnarcações que designa o projecto,
de continuar a Companhia a comprar no Minho, não posso approvar esta idéa, e voto pelo dito pro
mas não se deve obrigar a que compre. Em quanto jecto sem addicção alguma. , , , ,
ao modo de fazer a compra, eu direi como era. A O Sr. Miranda: — Eu não posso convir que dei
Companhia tinha commissarios, estes informavão-se xe de ter a companhia um exclusivo, nem tambem
de qual era o preço corrente, e o mandavão á Compa posso convir que seja o do projecto. Eu não posso
nhia, e calculando esta o que podia resultar em agua sacrificar os interesses do Mindo, de Tras-os-Montes,
ardente, dizia aos intendentes, compraia somma de e uma parte da Beira ao interesse do districto do Al
tanto: agora a prevaricação era da parte dos intenden to Douro, se tal cousa sé fizesse seria isso um dos
tes, elles erão quem ás vezes puahão a faca ao peito do maiores absurdos, e debalde se esforção os Preopinan
lavrador, e commettião os abusos que fizerão a desgraça tes por demonstrar que nisso não fazem sacrificio al
dos lavradores; mas isto erão abusos de homens em par gum as outras provincias. Em quanto aos habitantes
tícular, não era a Companhia que os autorizava; de do Douro não tem duvida que ficão com mais vanta
conseguinte não erão os males dimanados da Compa gem; mas não he aos habitantes do Douro exclusiva
nhia, como se lhe imputa, porque pelo contrariº mui mente a quem devemos olhar. Os vinhos do Mitho
tos empenhos fazião os lavradores, e (não sei como geralmente reduzem-se a agua ardente, e a compa
me responderão a isto) por vender, por esse preçº, nhia poderá comprar algum; mas o comprará pelo
que marcava a Companhia, e não sei como quererião preço que quizer. Eis-aqui pois os habitantes dessas
vender, e se empenh vão, se conhecião que tinhão per provincias privados desse recurso; porque senão po
da. Parece que o Douro vai a ser beneficiado em par dem exportalos para o Porto aonde os hão de ven
ticular com o projecto, e julga-se duro que solirão der! Diz-se que lhe fica a liberdade de distillar seus
outras provincias por uma; mas porque não dissemos vinhos, e de vender as aguas ardentes não sendo no
o mesmo quando fizemos a lei dos cereaes! Prohibiu Porto, em Villa Nova de Gaia, ou no districto da
se então que entrassem os grãos de Hespanha: e quem demarcação do Alto Douro; mas as aguas ardentes
sofreu primeiro? O Douro; porque podia-os comprar do Norte não tem outro consumo senão para compôr
mais baratos nas proximas fronteiras: e em quem re e melhorar o vinho do Douro (porque a extracção da
cahio o favor! No Minho, e na Beira; a cujas pro dita agua ardente he illusoria), e se para aquelle fim
vincias se vai agora comprar aquelles generos: se pois a venda não lhes he permittida de que lhe serve dis
isto reflectiu a favor do Minho, e da Beira. agora ho tillar, e poder vender: isto não he o mesmo que di
necessario que reflicta tambem em favor do Douro ou zer-lhes, podeis distillar as vossas aguas ardentes,
tro beneficio para sermos iguacs. Tem-se dito que se mas não podeis vendelas? Não he o mesmo que fexar
tolhia a vendagem do vinho do Minho no Porto; não a um homem n'uma casa, e dizer-lhe, estás em li
se diz tal couza no projecto; póde-se ir vender aquar berdade, mas não podes sair daqui? Isto he uma con
tilhado todo o vinho do Minho, e podem lá fazer-se tradicção manifesta: de mais disso os vinhos são de
aguas-ardentes, e exportalas por essas terras sem res qualidades muito diferentes, aquelles vinhos que são
tricção e vendelas á Companhia; mas não obrigar a bºns poderão ter alguma saída; mas os que forem de
Companhia a que as compre; porque então dentrº em qualidade interior, que saída hào de ter senão se re
tres annos haveria tnais agua-aidente em Portugal, duzem a agua ardente! Tem dito um do Preopilianº
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tes que o terreno do Minho he mais proprio para pão, outo legoas; lancem-se os olhos sobre as outras tres
e que aquelles lavradores deverião cultivar cereaes em provincias, e veja-se que diferença: talvez esteja na
vez de vinho: isso he um absurdo, o que interessa á razão de 10 para 1. Dizem os Preopinantes; nin
Nação he cultivar aquele genero que mais lhe pro guem lhes prohibe aos habitantes das tres provincias
duzir: se Portugal póde receber 40 milhões por seus que destidem com tanto que não vendão no Porto:
vinhos ha de abandonar essa cultura pela vaidade de eu não posso entender que quer dizer isto: julgo que
poder dizer tenho de todos os generos, e não perciso he o mesmo que fexar um homem n'uma casa, e di
de outra Nação! Isso he contra todas as idéas de zer-lhe saí dahi para fóra. Por onde havia de saír!
economia politiea. Eu não posso approvar o projecto Não he neste caso illusoria a faculdade que se lhes
senão ficando a companhia com a obrigação de com concede de distillar agua-ardente visto que ella não
prar todas as aguas ardentes que os habitantes das póde ir ao seu principal mercado que he a cidade do
tres províncias lhe apresentarem. Não se diga que por Porto, onde se gasta tanta agua-ardente no concer
isto tudo se reduzirá a agua ardente, acha-se ator to dos vinhos que se exportão, que muitos annos tem
mentada a imaginação de alguns illustres Preopinan sido necessario mandala vir de fóra! Parece-me que
tes com esta idéa; mas não he assim. Este anno pas tenho demonstrado, que pelo que pertence á justiça
sado tiverão liberdade de distillarem, e pouco ou na não se póde conceder este privilegio : direi agora
da distillárão: o privilegio he concedido á companhia mais, que he prejudicial á nação, e vou provalo.
por cinco annos, e eu estou seguro que dentro destes Está dito, e he certo, que Portugal tem as suas
cinco annos (ainda que se impozesse á companhia a minas d'ouro nos seus vinhos: mas para sepoder tirar
obrigação que proponho) se veria obrigada a distillar todo o producto dessas minas he necessario que entre
por sua conta além do que comprar. De mais: a na nós se aperfeiçoe a destikação. Isto he o que tem fei
tureza pela qualidade do terreno, e pela doçura do to a França e Hespanha, e por isso as nossas aguas
clima, tudo favoravel para a cultura do vinho deu ardentes não podem competir com as daquelas na
ao Douro vinhos exportaveis: pelo contrario nas ou ções; porque a arte da distillação está muito atrasa
tras provincias os deu de inferior qualidade para re da entre nós, sendo uma das causas principaes o ter
duzirem-se a aguas ardentes; he da mesma natureza se concedido esse privilegio á companhia, pois ela
das cousas, que o Minho reduza seus vinhos a aguas segura da venda importa-lhe pouco a perfeição, nian
ardentes, e o Douro exporte seus vinhos bons. Torno dando estabelecer suas fabricas por tal arte que he
a dizer: eu approvo o projecto; mas com tanto, que uma vergonha e são os mesmos alambiques dos
a companhia fique com a obrigação de comprar todas Arabes inventores da destillação. Só quem os tem
as aguas ardentes que os habitantes das tres provin visto póde crer o estado em que se achão. Se se dá este
eias lhe apresentarem. exclusivo á companhia ficando a laboração d'agua.
O Sr. Pessanha: — Eu já na sessão penultima ardente nas suas mãos continuarão os mesmos males, e
quando se tractou deste objecto expuz minha opinião; continuarão outros muitos de que póde informar-se o
e os discursos que tenho ouvido em contrario me não Congresso: são cousas triviaes a falta de fé que se
fazem mudar della. Tem-se dito muitas cousas sobre praticava nas províncias pelos agentes da companhia,
este objecto, e segundo um illustre Preopinante, que º modo porque zombavão dos lavradores usando até
ba pouco tempo falou, póde concluir-se que seria a astucia de fazer abrir um tonel de vinho que ajus
muito conveniente restringir a cultura do vinho no tavão, e deixalo em meio por algum tempo de sorte
Minho, e Traz-os-Montes para favorecer o Douro; que perdesse alguma cousa do seu vigor, é dizião de
segundo este principio diria eu que o melhor sería pois; este vinho não póde pagar-se pelo preço ajusta
fazer o que fez o Marquez de Pombal, que foi arran do deitarão-lhe agua, ou vinagie; já não presta, não
ear as videiras: se acaso parece ao Congresso póde-se e pago agora senão a tanto menos. Em fim Srs. fa
adoptar este methodo que tira todas as difficuldades, zião cousas incríveis, e a continuação destes abusos
mas será isto conforme com a justiça, e com o prin não he o que ha de produzir o consummo do vinho do
cipio tantas vezes proclamado que a lei deve ser igual Douro e mesmo das províncias, que não merecem
para todos! Diz-se que o Douro não póde produzir menos attenção. O verdadeiro remedio que podemos
senão vinho, e que as outras provincias tem outros dar a este mal he facilitar, como disse um ilustre
recursos: convenho pelo que pertence ás provincias; Preopinante, a saída dos vinhos para o Brazil: Por
mas perguntaria eu se no Douro não havia oliveiras, tugal deve ser o principal mercado dos generos do
castanheiros, e terras de pão, que fórão reduzidas a Brazil, assim como o Brazil o deve ser dos nossos
vinhas por esse monopolio! Respondão os que tanto generos: faciliternos a saída dos nossos generos mu
falão a favor da cultura do vinho no Douro: aonde tuamente, , , e então terá despacho a essa grande
estão esses castanhaes, e essas terras que não deverião quantidade de vinhos, que por ora não he tão exce
ter perdido o seu natural emprego a não ter sido o dente que não possa ter consummo, maiormente favo
exclusivo! Eu já demonstrei, que conceder-se este recendo-se a arte destillatoria pela liberdade do com
exclusivo á companhia era uma injustiça manifesta mercio : dizer-se o contrario he deixar-se possuir
que se fazia ás outras provincias em favor de um pe dos terrores panicos que espalhão accintemente
queno territorio; não sei como se ha de impôr um aquelles que tem interesse na conservação da com
onus a uma tão concideravel parte da nação só por panhia; porque não tem duvida que ella tem muitos
favorecer uma tão pequena parte. Lance-se os olhos agentes, muita gente interessada até nos seus abuso,
pela carta; veja-se o que he esse terreno; são sete ou a qual de proposito tem espalhado esses terrores, c
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esses incendiarios folhetos, que tem circulado dene duvida em sujeitar-se á condição de compralas, com
grindo mesmo um illustre Deputado deste Soberano tanto que seja pelo preço regular do anno, e não por um
Congresso; quando esse mesmo illustre Deputado he preço extraordinario, regulado pelo custo da agua-arden
um proprietario daquelle paiz, que deve estar bem ao te do Douro, como o artigo addicional parece propor.
facto destas cousas; e que não tem outro fim, nem O Sr. Gyrão: — Sr. Presidente, peço a pala
outro interesse senão o bem do seu paiz. (Apoiado). vra. Antes de entrar na questão tenho a desfazer um
Porque sendo proprietario de vinhos ordinarios deve pequeno engano do Sr. Ferreira Borges, o qual dis
ria advogar a causa da companhia se não tivesse ou se na sessão passada em que se discutiu este negocio,
tra cousa em vista se não o seu interesse "articular. que a commissão do Douro tinha sido eleita segundó
(Apoiado). Por tanto eu não posso approvar o pro o meu plano: isto não he exacio; porque o meu pla
jecto; mas uma vez que alguns habitantes do Douro no era de eleição popular, em que tinhão voto mui
estão persuadidos da estabilidade da companhia, uma tas freguezias; mas foi regeitado, e o que se appro
vez que esses ainda gritão que querem a companhia, vou foi o do mesmo Sr. Ferreira Borges feito na
uma vez que a julgão favoravel a seu paiz, sejão el Commissão do commercio: todavia não se segue da
les só os que paguem para a conservação da dita com qui dizer eu mal da dita Commissão, nem do plano:
panhia, conservem-na embora á sua vista, e não eu ataco as opiniões, e respeito as pessoas. Vou ago
queirão que este pezo carregue sobre quem não tira ra desfazer, se poder, alguns sofismas de certo illus
della interesse algum directo nas pelo contrario sofre tre Preopinante, a que na mesma sessão não pude
com ella grandes prejuisos. - - responder: são porém sofismas tão subtis e delicados
O S. Peixoto: — Por me não apartar do plano que bem mostrão a eloquencia requintada de seu au
que propuz para a discussão, limitar-me-hei a res tor, e bem podião accrescentar uma pagina á historia
ponder ao Sr. Miranda, o qual falou sobre o ponto da medicina sceptica, naquella parte em que seu au
controverso; não assim ao Sr. Pessanha, porque as tor pretende mostrar que uma formiga corre tanto
suas reflexões tendem mais á destruição do que á re como a bala despedida pelo canhão de artilheria: eu
forma da companhia. O argumento do Sr. Miranda vou referilos a ver se tem similhança. O primeiro des
labora, segundo entendo, na mnis insigne contradic tes sofismas he, que annullar o decreto em questão
ção. Suppoz elle que a companhia comprando para não he derogalo! O segundo consiste em que fazer
distillar todos os vinhos do Douro, que sobejarem da as provincias do norte tributarias e escravas he felici
feira, fará delles tanta agua ardente quanta baste pa talas! O terceiro vem a ser que pondo todo o com
ra o consumo; e para que os lavradores das provin mercio do Porto sujeito a comprar as aguas ardentes
cias hajão de vender tambem aquellas que fabricarem, á companhia por uma taxa he fazer-lhe beneficio!
quer impor á mesma companhia a obrigação de com Ora eu, que não estudei as lições de Protagoras,
pralas, suppondo igualmente que ela poderá dar-lhes e apenas sei dar ás cousas o seu nome, digo que des
consumo: de maneira que a companhia em sua liber fazer o decreto he acabar com elle, e digo mais, que
dade só venderá para o preparo dos vinhos de embar he faltar á boa fé, ser versatil e inconsequente, he
que as aguas ardentes fabricadas no Douro; porque atacar a propriedade, deitar as Bases por terra, e ser
esses vinhos não admittem maior quautidade; e sen prejuro. Ao segundo respondo, que escravisar as pro
do forçada poderá comprar toda a agua ardente que vincias do norte, impor-lhe um tributo disfarçado, e
es lavradores das tres provincias quizerem vender-lhe; tão pesado, e tratalas como se fossem conquistadas,
e dar-lhe saída no preparo dos mesmos vinhos, que he ser ingrato para quem nos deu a liberdade, he lan
não podem levar mais do que a do Douro: se isto he çar uma nodoa indelevel nesta legislatura, que ha de
possível o Congresso o julgará. ser vista dos extremos da Europa, e apontada ao
Não nos iludamos: a quantidade do vinho com dedo por todos os desafeiçoados a esta causa, he at
esta reforma não cresce; e se a companhia até agora trahir o descredito sobre este soberano Congresso em
comprava todas as aguas ardentes das provincias, ha tão elevado ponto, quanto a mancha tem de negru
de continuar daqui em diante a compralas pelos pre ra. Ao terceiro respondo, que tratar por tal fórma
ços que cada um dos annos oferecer. Se pela falta os negociantes do Porto, dessa cidade regeneradora,
do exclusivo das tabernas do Porto ficar no Douro he a maior e anti-constitucional impolitica que póde
mais vinho para distillar, distilla-se nas provincias do haver; he uma excepção muito odiosa, uma anoma
Minho de menos aquelle que as mesmas tabernas con lia com a extincção do relego, finalmente um despo
sumirem. A companhia sempre costumou no princi tismo sem rebuço nem limites. Se os fados da compa
pio de cada anno fazer ensaios nas diferentes situa nhia estão já escritos no livro dos destinos, se deve
ções do seu exclusivo das aguas ardentes; e taxar a realisar-se o vaticinio vulgar, então debalde me can
estas os preços por um calculo que não costumava ser ço; mas nós não devenos ser fatalistas; porém não
desfavoravel aos lavradores: por esse preço comprava se despreze o adagio, pois que para a terceira vez só
falta uma.
toda quanta agua ardente lhe apresentassem á por |-
ta dos seus armazens, sem que jámais oferecesse ba Responderei agora aos Senhores que hoje me tem
rateio. Se havia abusos era da parte dos seus agentes; precedido a falar: não se cancem a mostrar que a
e esses abusos estão evitados com a liberdade das dis companhia tal qual era, se não póde sustentar sem
tillações. Como não entrem de fóra aguas, ardentes, exclusivos: assim he; mas porque ! Porque he a exo
não haja receio de que as das províncias fiquem por tica arvore de Java, plantada ás mãos da tyrannia
vender com boa reputação; nem a companhia terá no meio da carnagem: não póde viver sem lagrimas
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de escravos, he verdade; mas não deve continuar as do que he nessario que se dê um privilegio á compa
sim; se está decidido que exista, não está que oppri nhia, e que o que se propõe não he o maior; mas he
ma; póde ser uma sociedade livre: . — tudo se refor necessario que se imponha á companhia a obrigação
ma, e só esta hydra em vez de acabar, lhe renascem de comprar as aguas ardentes do Minho; he necessa
as cabeças ! Pede, e o seu pedido tem o poder magi rio que haja quem ponha o preço, e não seja ella;
co de ser uma voz imperiosa ! Já nem se faz caso de porque senão torno a dizer, que nos ha de pôr a lei,
deitar as Bases a terra por amor della! Que frivolos e não julgo que se queira a desgraça da provincia do
Minho. •
necessidade de comprar aguas ardentes, e por força que á companhia se imponha a obrigação de com
as ha de comprar; mas qual a maior necessidade, a prar as aguas ardentes das provincias do norte; por
de comprar ella, ou a de vender a provincia ! Qual que poderia augmentar-se a cultura dos vinhos: ea
destas necessidades ha de prevalecer! Se elle me dis digo que só por um principio de bem publico se deve
sesse que havia de comprar por um preço justo (que coartar esta liberdade. O Preopinante confessa a ne-º
aqui he aonde vai), concedo; mas a companhia nos cessidade que ha de ter a companhia de comprar a
vai dar sem duvida a lei. Para onde hão de transpor essas a essas provincias; pois porque não se ha de
tar as provincias as suas aguas ardentes! Eu concor obrigar a que compre, quando nisso n㺠lhe resulta"
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prejuizo nenhum. Eu conheço que o que se faz he usurpada de facto; mas nunca se póde dizer que a
muito bom para o Douro, he bom de mais; mas que tivesse de direito. A questão tem-se olhado mais prin
direito tem os habitantes do Douro de querer ficar cipalmente pelo lado da lavoura, e não se tem olha
exclusivamente gozando desse bem á custa dos habi do pelo que respeita ao commercio. Por ventura o
tantes das outras provincias! Faça-se embora esse bem commercio não merece nenhuma consideração! O
ao Douro, mas não seja contra os mais; porque o commercio não quer que haja nenhum exclusivo, e
bem do maior numero he a regra principal. Que di tem razão; porque causa havemos de carregalo com
reito ou privilegio querem ter os habitantes do Douro esses vinte por cento! Isto he uma injustiça, e certa
para que se estabeleça uma corporação que vai dar mente o corpo de commercio do Porto tem toda a
uma saída necessaria ao producto da sua industria, razão para ser contemplado; porque devemos saber
em contra oppozição das outras províncias? Muito que quasi todo o vinho que sáe para Inglaterra sáe
embora goze esse beneficio; mas conceda-se-lhe com por mão dos negociantes; olhe-se para o mappa da
a obrigação de que a companhia compre a agua ar exportação do anno passado, e se verá que se nesse
dente ás outras provincias: e se a companhia não anno saírão 25,3 pipas de vinho para Inglaterra, a
poder existir com essa condicção, eu votaria contra companhia sómente exportou 2,3. Eu não posso con
a sua existencia.... Nem se diga que ficando limi vir em que sejão postergados os interesses de um cor
tada a venda da agua ardente fica amortizada a in po tão util á Nação, por isso mesmo que elle, e pro
dustria dos lavradores: não he assim, porque se se priamente elle, torno a dizer, he quem faz a expor
aperfeiçoa a distillação, os beneficios desta perfeição tação do vinho; porque a companhia comparativa
hão de ser em bom resultado da lavoura, e a neces mente só exporta uma bagatella.
sidade, está dito muitas vezes, que he a mãi da in O Sr. Canavarro: — O illustre Preopinante está
dustria. Este he um principio da ultima evidencia: equivocado no que diz: he necessario não contar só
Demais disso, a companhia por este projecto ha de mente o consumo que faz a companhia por exporta
comprar todo o vinho que produz o Douro, e como ção, se não pelos vinhos que converte em agua arden
o não póde exportar todo, necessariamente ha de ter te. Voto a favor do projecto. . . .
que reduzir o resto a agua ardente: Como ha de com O Sr. Rebello: — Levanto-me simplesmente para
prar pois ás outras provincias? Comprará talvez, mas dizer duas palavras sobre o que propoz o illustro De
será pelo preço que quizer. Não se diga tambem que putado o Sr. Miranda, de que a companhia deveria
a agua ardente, que a companhia destillar lhe ha de ser obrigada a tomar todas as aguas ardentes das tres
sair cara; pois como ella tem sempre a seu favor uns provincias. Tenho pena que querendo impor o Sr. De
vinte por cento, pouco lhe importa que saia cara, ou putado este onus á companhia, não se encarregue de
barata. Torno a firmar-me no meu voto; eu repro demonstrar que a dita companhia tem meios para ex
vo o projecto, e approvo-o sómente com a condicção ortar essa agua ardente, e que o cxclusivo que se
que tinha manifestado: deste modo votarei pela ex lhe concede he suficiente para isso. Torno a dizer,
itencia da companhia; porque julgo que por agora que em quanto não se mostre que o exclusivo que
hé necessario a sua existencia; ainda que não sou de propõe o projecto he exorbitante para o fim a que º
opinião que ha de ser sempre necesaria; mas tambem dirige, nem o dito projecto póde reprovar-se, nem pó
# me não parece que se deva extinguir instantanea de negar-se tal exclusivo á companhia.
Mente. O Sr. Sousa Machado: — Eu mostrei na sessão
O Sr. Abbade de Medrões: — Poucas palavras te de quinta feira que a agricultura da provincia do Mi
nho a dizer: eu sou da provincia de Trás-os-Montes, nho he muito dispendiosa, que o pão não paga ao
e conheço bem o que he a companhia: desejaria que agricultor nem o terço daquilo que lhe custa, e que
da podesse favorecer essa provincia.. e póde im não era mesmo conveniente á provincia que ele fosse
por-se-lhe a condição que quer o Sr. Preopinante; caro, porque a maior parte da sua população he de
mas a duvida está em como se ha de avaliar essa artistas; que não havia outro artigo que a podesse
agua ardente; porque tambem he preciso ter em con salvar senão o vinho; que este superabunda do consu
sideoação os gastos que se fizerão para a sua distilla mo interior; que não póde transportar-se para outra
ção, etc. Eu não intento prejudicar a nenhuma das provincia, porque sómente o bebem os seus habitan
provincias; mas esta materia merece ser tomada mui tes; que não póde em razão da sua má qualidade re
to em consideração. Em quanto ao inais, Srs., o servar-se para o anno seguinte, e não póde ter consu
exclusivo da fórma que está no projecto he da ultima mo algum que não seja a distilação: que a agua ar
necessidade, e sem isso nada faremos: já se tem feito dente se não póde consumir na província, porque
IIII] grande beneficio aos negociantes em tirar a pre produzindo a provincia duas ou tres mil pipas, o con
ferencia á companhia; pois muitas vezes acontecia, sumo interno, que he sómente nas boticas, não exce
que sendo a taxa a 40, tinhão os negociantes que derá talvez a nove ou dez pipas, e por isso não pó
comprar a 60, e a mais; e agora tirando-se essa pre de deixar de ser objecto de commercio; que tirando a
ferencia; os negociantes podem comprar como quize concorrencia á companhia, esta ha de fazer o preço a
rem: o commercio comprava até agora a arbitrio da seu bom grado; que os povos das provincias não po
companhia, e agora não he assim, pois ha de ser por dem esperar muito da generosidade da companhia,
uma taxa que se lhe põe. pois que tem a triste experiencia de ver a mesma coin
O Sr. Pessanha: — A companhia nunca teve es panhia, porque os seus administradores tinhão pela
a preferencia com que argumenta º Preopinante, era maior parte propriedades no Donro, estabelecer um
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preço para a agua ardente, igual em bondade, e em contra o projecto se tem produzido, que para fazer
gráos muito desigual, que era menor que a terça par ver que eles tem resposta he necessario tambem sair
te do que estabelecião para a do Douro: que sendo da questão. Primeiramente he necessario saber o que
a companhia em utilidade do Douro, devia o Douro he º commercio de vinho de que se está falando, que
carregar com o peso de sua sustentação, e não os po cousa são os portuguezes, de cujo damno se fala, que
vos, que dahi não retiravão utilidade nenhuma, e cousa he a companhia, e para que serve neste com
que finalmente se as Cortes impedião aos povos a li "ercio. Em regra uma sociedade de dois ou tres in.
berdade de venderem como podessem os productos da glezes, da cidade de Londres principalmente, manda
sua agricultura, devião encarregar-se da venda dos um dos seus socios, ou um agente á cidade do Porto
seus fructes, e assegurar-lhe um preço que cobrisse a Parº que este se informe dos pueços e qualidades dos
despeza que fazião com a lavoura das suas terras. Ago vinhos, e envie a quantidade de pipas que pela socie
"ra pois accrescento que a illustre Commissão, além de dade lhe forem pedidas, e este agente inglez he quem
se esquecer das razões que forão ponderadas nesta au compra os vinhos no Douro. Ha tambem negociantes
º gusta Assembléa, quando se retuírão os povos das Portuguezes, que vão procurar o vinho, e estes são
tres provincias deste insupportavel captiveiro, do mes de duas classes, uns que tem tambem agentes que
mo modo se esqueceu de ponderar as razões que se ex Prºcurão na Inglaterra receiteiros para quem se encarre
- pendêrão quando se # sobre a importação e ex gão das remessas de certa quantidade de pipas encom
portação das aguas ardentes para as ilhas. O Congres mendadas, e outros que são especuladores por si mes
so então teve em vista favorecer a exportação das mos. Dos primeiros haverá cinco ou seis, e os outros
aguas ardentes, e por isso poz oitenta unil réis de di exportão dose Pipas, seis pipas pouco mais ou me
reitos a cada pipa de agua ardente estrangeira; e co nºs: eis-aqui o que he o commercio do vinho. Esses
no agora querendo-se a exportação da agua ardente inglezes (não falo de todos), cujo iuteresse he destruir
. se lhe vai pôr um estorvo desta ordem ! O illnstre º qualidade do vinho, augmentando a porção em vo
Preopinante disse que não devemos attender ao inte lume, º minorando em preço, o conduzem primeira
resse de um ou outro particular; mas ao maior inte mente ás ilhas de Jersey, e Guernesey, e fazem com
resse nacional: eu concordo com este principio, e pa ºutros vinhos uma misturada, a que chamão vinho do
rece-me que he contraproducentem. O maior interesse Porto, e º conduzem a Londres. A isto oppõe-se
nacional consiste em exportar maior numero de pipas uma barreira, a que se chama companhia, composta
de vinho e de agua ardente, e para isto he necessa dº hºmenº portuguezes, que não têm outro interesse
rio aliviar e favorecer o commercio, e não opprimilo: senão de vender o vinho puro, e pelo que goza nos
este interesse pede que o vinho que pôde exportar-se, mereados uma preferencia decidida, e a qual não tem
se exporte, e que o que se não pode exportar nos an os que fazem as misturas em Jersey, e Guernesey, Eis
nos de abundancia, se reserve para os da esterilidade, aqui º que he esse commercio do Porto, para que
e que principie sempre o consumo por aquelles que serve º companhia, como vai o vinho puro do Douro
não admittem espera; e pergunto ao Illustre l’reopl B Inglaterra, e como se pretende adulterar este vinho.
nante, quaes são os que admittem maior espera! Es Logº já se vê que a Commissão de commercio, de
te interesse nacional pede que em colisão prefira sem quem um ilustre Preopinante quer se tome parecer,
pre o do maior numero, e quem são mais, os povos hº de ser composta ou de negóciantes de vinho, ou
do Douro, ou os das tres provincias! Cºncoenta mil, dº negociantes não de vinho: se forem negociantes de
ou um milhão e oitocentos mil! O interesse nacional Vinhº º seus interesses hão de entender nos interesses
pede a maior exportação; e como augmentara, favo ºs "gºzºs, e como esses homens não são todos de
recendo, ou opprimindo o commercio! Disse mais: que igual Probidade, succede que nessa Commissão tres
os vinhos erão do Douro, e que devião com preferen saº constantemente de voto contrario a nove; ahi es
cia ser preferidas para a sua composição as aguas ar tá º relação que derão, e se póde ver se he verdade
dentes do vinho do Douro. Este argumento he Inuito º que digo. Sim, Senhores, ver-se-ha que tres, que
Iniseravel, e sómente se podia produzir por uma ex näº säº cºmmerciantes de vinho, são de voto contra
cessiva vontade de falar. O vinho he dos lavradores "º aºs nºve que o são. Tirada pois aquella barreira
do Douro em quanto está nos seus toneis; logo que dento em dez annos não ha vinho do Porto , póde-se
o compräo os negociantes, he destes: e com que jus ºstar ºrtº que se ha de fazer em Inglaterra úma mis
tiça se póde exigir, que fazendo-lhe um grande favor tura tal com este vinho, como se tem feito com ou
em lhe comprar os seus vinhos, lhe comprem tambem tºº em ºutrºs partes aonde não são mandados por
as aguas ardentes com que os hão de beneficiar, e umº, companhia. Que cousa he vinho de Bairrada,
não prefirão as que forem mais baratas! Queremos de Cabris, e da Figueira, no Brazil? Os que os tem
exportar muitos vinhos, e queremos que elles sejão bebido cá e lá, que digão francamente se se parecem
muito caros! Não póde ser: quanto mais caro fôr o ºs ditºs vinhos aos que lá se bebem com os seus no.
vinho, menos exportamos; e se elle fôr por um preço mºs; e daqui accontece perder-se o nome de um ví.
racionave! ha de exportar-se muito, e desse muito re nhº por ter sidº adulterado, e ter perdido o credito
sultara inaior interesse. Por tanto confirmo segunda de sua boa qualidade; porque os negociantes especu
vez o meu voto contra o projecto. ladores º que querem he apresentar um genero que
O Sr. Ferreira Borges: — Eu não queria, Se se pareça, º mais que seja possivel, e que inenos lhes
nhor Presidente, sair muito fóra da questão; mas te custº, º quele que querem inculcár para ganharem
nho visto que são tão disparatados os argumentos que mais. He necessario pois considerar o que he com
Issos j
mercio relativamente a este objecto, para que se co cra, e não lhe importa o preço dos lavradores: pare
nheça que essa attenção especifica, que se deve dar ce que este argumento não necessitaria resposta; mas
aos negociantes, não he neste caso tão restricta, e de a daremos ainda para que tudo fique respondido. A
tão absoluta necessidade como a que devemos dar aos companhia tem que distillar a agua ardente para a
lavradores. E em quanto a estes elles lhe darão o mo lotação do vinbo" no vinho ha de lucrar, logo quan
vimento de que este raino carece, sem que seja neces to mais barata seja a agua ardente mais lucro deve
sario que legislemos sobre isso: porque he de seu in ficar-lhe. Ao argumento de que a companhia só temá
teresse: nós devemos tender a que se conserve o vi exportado duas mil pipas, já tenho respondido, que
nho, e sua qualidade: o mais deixemo-lo à elles. Nin ella faz o consumo de quarenta mi pipas na distilla
guem queira legislar sobre o que a cada qual convem. são da agua ardente; logo não são só aquelias duas
Deixemos que cada um busque seus interesses proprios: inil, senão quarenta mil pipas que consome. Diz-se
o incentivo do interesse he a mais acertada medida de que se se concede este privilegio á companhia, ella
legislação nesta materia. Tocou-se uma especie, que vai esmagar o lavrador, e dar-lhe o preço á sua von
produziu a seguintº questão, se seria util a Portugal tade; mas não se tem feito de boa fe este argumento;
ter mais vinho do que tem ; porque se disse que se se porque o artigo 21 diz: (leu-o) Aqui temos que não
dava este privilegio á companhia se arruinaria a cul he a companhia quem calcula, e pôe a lei ao lavrador,
tura das vinhas da Beira, se destruirião estas vinhas, he o Governo, que tomaddo o medio, obrigará ao
e isto occasionaria uma perda a Portugal. Se fosse commercio a comprala, fazendo-se publica a resolu
esta a occasião de dizer se era util o augmento da ç㺠e o calculo. Falou-se tambem da preferencia da
cultura das vinhas em Portugal, eu me persuado que companhia, e que ella a tinha arrogado de facto: isto
se poderia demonstrar que não era conveniente, por: n㺠he exacto: o caso he, que como ella tinha,
que um genero que tem um preço consideravel perde quando se abria a feira, mais agentes, e mais bato
o preço se se triplica ou multiplica asna quantidade: queiros espalhados em toda a parte, não podião eon
digo que talvez se resolvesse aquella questão estabe correr com ella os outros negociantes etc., que não
lecendo que não conviria multiplicar a cultura das tinhão tanta gente, nem em tanta parte. Resta-me
vinhas, pºrque assim nada se alcançava. Voltando á agora dizer o que lembrou um Preopinante apoiado
questão lembro-me, que se falou tambem em que era da experiencia, e sobre a qual eu não posso attestar
um mal a existencia da companhia, ainda que isto melhor, e ao que até agora se não respondeu: ellé
se não disse terminantemente Eu diante da Naçãº, diz: esmagada a provincia do Minho por este que se
ante a qual estou falando, digo que apezar de susten chama privilegio violento, este fez triplicar a sua pro
tar a utilidade da liberdade do commercio, e de to elucção: diga-se-me se o privilegio que triplica a pro
das as liberdades em geral, ha necessidade de certas ducção póde chamar-se violento, oppressivo, e da
restricções, e eu sustentarei no caso actual a compa mnoso ! ,. •
nhia do Douro, assim como sustentaria a necessida O Sr. Pinheiro de Azevedo votou a favor do pro
de de crear se outras a respeito do com necto de Gui jecto. •
né, e da costa de Africa. Tem-se dito tambem que Tendo dado a hora de levantar-se a sessão, disse
se abra a carta, e verão que se vai fazer a felicidade O Sr. Borges Carneiro: — Peço o adiamento,
de um bocadinho de paiz: creio que nesta questão porque vejo a Assembléa inclinada a adoptar uma
não se medem as cartas a palmos, se não pela pr - addição do Sr. Miranda, que se se approva não pó
ducção, e pela riqueza: esse bocadinho, he a caixa do de existir a companhia.
unico coumercio, he o Thesouro de Pottugal. Que O Sr. Freire: — Eu tambem apoio o adiamento,
mais exportamos! Se ele não fosse aonde estaria a porque se passa o projecto perdem-se as tres provin
balança do commercio de Portugal! Como poderia cias do Norte. . •
mos comprar os generos inglezes que nos querem in O Sr. Ferreira Borges: — Mas he preciso que se
trodnzir! Este bocadinho he o contrabalanço do tra expessa o juizo do anno. • •
tado de 1810. Veja-se os artigos 8 e 25 do dito tra Julgou-se efectivamente que isto era indispensa
tano, e se conhecerá que são estipulados contra a exis vel, e que por tanto se não devia demorar muito a
tencia da companhia, e apezar disso ella pôde suster discussão dos pontos principaes do projecto da com
se, e empatar a influencia dessa grande Nação. Fa anhia. • •
lou-se em que ficava aos do Minho prohibido o ven O Sr. Presidente propoz: se se alteraria interina
der os seus vinhos; a nenhuma pessoa do Minho fica mente a ordem dos dias destinados para a discussão
vedado o vender no Porto aquartilhado o vinho do Mi da Constituição, e ficando adiada a discussão do pro
Itio, assim como o da Beira, ou o de Tras-os-Mon jecto da companhia para a seguinte sessão! Resolveu
tes. E vejamos o que lucra a Beira, e Tras-os-Mon se que sim. •
tes no transporte, sendo de agua ardente, em vez de Levantou-se a sessão á uma hora da tarde. —º
ser em vinho. Diz-se que cada dezeseis pipas de ví Agostinho José Freire, Deputado Secretario.
nho ha igual a uma de agua ardente, logo eu se
transporto uma de agua ardente, lucro dezeseis vezes REsoluções E ORDENS DAs CoRTEs,
tivesse de trans
o transporte que teria que pagar, se
portar o vinho : lucrão pois dezeseis contra um, Para Candido José Xavier.
quando transportão uma pipa de agua ardente. Diz
se inais, que tendo a companhia um preço certo, lu Illustrissimo e Excellentissimo Senhor, — As Cor
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tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza pertes naquelle lugar. O que V. Exc." levará ao co
mandão remetter ao Governo, a fim de ser competen nhecimento de Sua Magestade.
temente verificado, o oferecimento incluso que o juiz Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 19
de fóra de Campo Maior, Francisco de Almeida de Janeiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
Freire Corte Real, dirigiu ao soberano Congresso pa
ra as urgencias do Estado, dos emolumentos que tem Redactor — Velho.
vencido e de futuro vencer pela prontificação de trans
NUM. 279.
==>>>6ྏ=9ex->==-— —
2.º Do mesmo ministro, remettendo ás Cortes e Foi presente um requerimento de Felix Manocl
submettendo á sua decisão uma consulta da junta do Borges Pinto em nome de seus constituintes, os la
commereio sobre o requerimento de Francisco Go vradores de vinhos do Alto-Douro, que se mandou
mes Felloso de Azevedo, que pede se lhe verifique o ter em vista na discussão que constituia a ordem do
privilegio concedido em 1816, a favor da sua fabrica dia, para se lhe dar a attenção que merecesse.
de estamparia, e tecidos d'algodão, estabelecida no Dirigiu-se á Commissão de fazenda uma carta que
Porto com maquinas novas de sua invenção. Remet os inspectores da subscripção para o banco de Lisboa,
teu-se á Commissão das artes. dirigírão ao Sr. Presidente, remettendo uma relação
3.° Do mesmo ministro incluindo outro do mi dos accionistas que tem concorrido, e o numero to
nistro dos negocios estrangeiros, remettendo-lhe a có tal das acções com que tem subscrevido.
pia do que ultimamente recebera do ministro de Por Concedeu-se ao Sr. Gouvea Durão, Deputado
tugal em Roma, relativo á prétenção da bulla de pela provincia do Alemtéjo, licença, pelo tempo
dispensa para se comer carne nos dias d’abstinencia. necessario, para tratar do restabelecimento da sua
Dirigiu-se á Commissão ecclesiastica do expediente. saude. -
4.° Do ministro da justiça, remmettendo ás Cor Fez-se a chamada e achárão-se presentes 103 De
tes a resposta, que, no impedimento do seu prelado, putados, faltando 30, a saber: os Srs. Quental da
acaba de dirigir ao Governo o provisor governador Camara, Percira do Carmo, Bernardo Antonio de
do bispado do Algarve, accerca das casas religiosas Figueiredo, Sepulveda, Bispo de Beja, Macedo,
sujeitas á jurisdicção ordinaria daquella diocese, se Gouvea Durão, Borges de Barros, Agostinho Go
gundo os quesitos que lhe forão dirigidos por ordem mes, Bettencourt, Almeida e Castro, Queiroga,
•
1 |-
• .
• . [ 3806 ]
Ferreira da Silva, Bekman, Castello Branco, Pe pondentes, para os que tiverem abandonado outro
reira da Silva, Rodrigues de Brito, Vicente da Sil genero de negocio, em que se empregavão, para se
va, Guerreiro, Bosa, Faria, Sousa e Almeida, darem a este ! O com mercio he uma maquina com
Xavier de Araujo, Isidoro José dos Santos, Mar plicadissima, um leve toque em qualquer das suas
tins Bastos, Fernandes Thomaz, Grangeiro, Cas rodas, póde ter mui grandes consequencias.
tello Branco Manoel, Bandeira, Rodrigues Sobral. Oh! a companhia não póde subsistir sem exclusi
Passando-se á ordem do dia, continuou a discus vos! Esta proposição para mim nunca poderá ser de
são do artigo 19 do projecto sobre a reforma da com monstrada, mas se a companhia he impraticavel que
panhia, que havia ficado adiado na sessão de 19 do subsista, senão como monstro, bebendo sangue, e
corrente. A este respeito disse. devorando a substancia da lavoura e do commercio;
O Sr. Bastos: — Deve, ou não deve conceder-se então que acabe.
á companhia o exclusivo da agua ardente! Eu penso Obriga-se a comprar o vinho restante aos lavrado.
que não: as razões porque ella, ha menos de dez me res do Douro, e a agua ardente que elles lhe quize.
zes se aboliu, todas subsistem. He ofensivo do direi rem vender! Duvido muito de que o faça: até agora
to da propriedade, e contrario por isso ás bases da ella para fazer as suas ordinarias compras, recebia
Constituição. Tem-se feito muitas especulações em muitos dinheiros a juro. A maior parte dos capitalis.
consequencia de se reputar abolido, e seguir-se-hão tas o tem levantado, e aonde os irá ella buscar para
grandes prejuízos aos especuladores. Não obsta o di comprar toda essa agua ardente, e todo esse vinho!
zer-se que a lei da abolição foi provisoria. Foi provi Nem isso seria um beneficio para os lavradores, at
soria para ser substituida pela refórma geral da com tentas as clausulas do projecto. Grande beneficio,
panhia, para ser refundida nesta reforma, e não pa comprar por menos vinte por cento de um valor já
1a cessar todo o seu efeito e resultados, quando a re mesquinhamente arbitrado! Mas quando fosse benefi
fórma se fizesse. Aliàs não seria mais que um fantas cio, para quem o seria ! para a lavoura do Douro:
ma para illudir a lavoura e o commercio, tendo de por nenhum modo para a de Tras-os-Montes, Mi
desapparecer, no momento de começar a observar-se. nho, e Beira, e para o commercio. Com que direito
As interpetrações que se tem dado ás bases da pois se ha de obrigar o commercio a pagar o benefi
Constituição, para se mostrar que o exclusivo lhes cio da lavoura! ou com que direito se hão de obri
não he contrario, não são senão meras subtilezas. O gar os lavradores de Tras-os-Montes, Minho, e Bei
direito de propriedade he sagrado, e inviolavel: não ra a pagar o beneficio, que só recebem os do Douro!
póde alguem ser privado delle sem uma necessidade O Porto, diz-se, deve á companhia e ao Douro a
publica e urgente, e sem precedencia de indemnisa sua prosperidade e a sua riqueza. O Porto não deve
ção. Onde está porém a indemnisação, especialmente á companhia senão cadêas, ruinas, e mortes; e a
para os povos do Minho e Tras-os-Montes, onde a riqueza e a prosperidade de que goza, deve-se á sua
necessidade he publica e urgente! Entretanto um mui localidade, e ao genio industrioso, e emprehendedor
to illustre membro deste Congresso, o Sr. Pinheiro de seus habitantes. O Porto póde viver sem o Dou
de Azevedo, disse que contrario ás bases seria não ro, o Douro he que não póde viver sem o Porto;
concederá companhia o exelusivo em questão; por este he quem dá o principal consumo, e saída ás
que ella foi prorogada com esse privilegio, e que des producções do Douro, e não sei com que justiça ha
de então adquirira direito, fundado em um cóntracto de ser ainda por cima obrigado a pagar-lhe um tri
que deve religiosamente observar-se. Se he contrario buto, ou á companhia por seu respeito. Avançar que
ás bases o não conceder á companhia similhante pri o beneficio do Douro reflecte no Porto, quando el
vilegio, ainda mais contrario foi a elas o tirar-lho: le se lhe concede á custa do Porto, ou que reflecte
o que todavia se não fez sem uma larga discussão, e nas provincias de Tras-os-Montes, Minho, e Beira,
um pleno conhecimento de causa; e não seria menos quando se lhe concede á custa destas provincias, he
repugnante ás mesmas o deixar de se lhe conservar o um paradoxo, he o mesmo que dizer a homens livres,
exclusivo do ramo e outros privilegios, em que aliàs que se lhes faz beneficio em os tornar tributarios, ou
não vejo insistir; pois com todos elés se concedeu escravos de outros homens.
aquella prorogação. A prorogação não foi um contra Os commerciantes do Porto, não serão de melhor
cto entre a Nação e a companhia, foi um favor do condição, nem ainda os lavradores do Douro, se esses
*-
despotismo ministerial desse tempo, alcançado talvez vinte por cento que se querem conceder de lucro á
por meio de tenebrosas e sordidas maquinaçoes. E es companhia, ficarem divididos entre os mesmos lavra
tamos nós aqui para legitimar os actos do despotis dores, e commerciantes. Os commerciantes não serão
mo, ou para lhes substituir o imperio da justiça? mais felizes, se poderem ter em seus armazens, ou
Os prejuízos das especulações em que falei, feitas comprarem a quem quizerem a agua ardente necessa
á sombra da lei, e subitamente frustradas e illudidas ria para os seus vinhos, do que estando sujeitos ao
são incalculaveis. Quererá o Congresso responsabili odioso monopolio da companhia, comprando-lhe por
sar-se por elles! Ouvi dizer que se podem deixar as um determinado preço, seja ella boa ou má ! Recºu
aguas ardentes, aos que já as tiverem feitas ou com se que faltem ao Douro os compradores! Haja liber
pradas; isto mineraria insignificanternente o mal, e dade, e os compradores não faltarão. Cessem os mo
não o remediaria. Qual seria em tal caso a indemni nopolios da companhia, e os negociantes de vinhos
sação pera os que tiveteu mandado fazer alambiques, se multiplicarão, porque nada anima tanto o comº
para os que tiverem feito os de mais arranjos corres
+
mercio como a liberdade. Nem se compare o teatrº
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presente com o que precedeu á instituição da compa de reunir e pôr em harmonia tantos interess diversos.
nhia, pois são mui diversos. Elle os reunia todos. Por elle são os lavradores interes
Com tudo se a companhia póde ser por algum ti sados em ter certa a venda dos vinhos restantes da
tulo util ao Douro, o que não creio, o Douro a sus feira, os quaes a companhia lhes compra por um pre
tente. Obrigar os outros povos a concorrer para esta ço regular, taxado justamente com intervenção do Go
sustentação, que não só lhes não he interessante, mas verno, e em tempo opportuno, e interessados em se
lhes he damnosa, seria a maior das injustiças. conservar a boa reputação dos seus vinhos, como
O Sr. Borges Carneiro: — Esta opinião que aca preparados com boas aguas-ardentes fornecidas dos gran
bamos de ouvir a tenho por muito fatal, espero que des depositos da companhia. Os negociantes interessa
ella não passe; antes com satisfação observei nas Ses dos em concorrer no mercado sem preferencia da com
sões antecedentes estarem as Cortes inclinadas a con panhia ; em lhes poderem dar consummo no Porto
ceder á companhia o exclusivo das aguas-ardentes, abolido o exclusivo das tabernas; em poderem nego
qual está concebido no artigo 19 do projecto (leu). ciaios livremente ; e em ter para os preparar boas
Com razão; pois se na fórma do artigo 1ô a compa aguas-ardentes que a companhia lhes fornecerá por
nhia ha de ser obrigada a comprar todo o vinho do um preço tãobem regulado. Os consumidores final
Douro que restar da feira, forçoso he que por este en mente interessados em se livrarem, pela abolição da
cargo se lhe dê um equivalente, e que para consumir quelle das tabernas, de beber as surrapas com que as
aquelle vinho se lhe dê um meio. Este meio só póde passadas juntas tanto os afiligírão.
ser o de o distillar: esta distilação suppoe o consu Diz agora o Sr. Miranda : » He verdade que se
mo da agua-ardente, e este suppoe o privilegio de a concilião todos esses interesses, mas não se concilião
companhia exclusivamente a vender dentro de certo os dos moradores do Minho e Tras-os-Montes, que,
territorio. •
te monopolio das aguas ardentes não era contrario Se existem vinhos por vender na mão de alguns
as bazes, antes sim execução das mesmas ; porque el lavradores, he porque são ambiciosos, pedião muito
la tinha o direito de propriedade affiançado n’um tra dinheiro, e ficárão logrados; porque veio outra no»
tado! Ora eu não sabia que a compania era sobera vidade de vinhos excellentes, e muito abundante, de
na, e fazia tratados! Mas talvez o honrado membro sorte que os negociantes reservão-se para as novas fei
se enganasse , e quizesse dizer contrato; todavia as ras, e não lho querem agora comprar. • -
sim mesmo não posso chamar contrato a cousa em Responderei agora ao Sr. José Ferreira Borges,
que não ha vontade de ambas as partes contratan o qual disse que os Inglexes quizerão deitar a baixo
tes; e que os lavradores não querem todos ser escra a companhia nos tratados de 1810, e que isto mostra
vos bem altamente se tem provado, até pela discus uanto ella he boa, e reprime a sua ambição.
são renhida e longa qne tem havido: , chamemos-lhe O illustre Deputado reproduz agora um argumen
pois um estabelecimento despotico de monopolios, e to que fez em Fevereiro passado, e que eu contrariei.
se com efeito isto lhe deu direito para os desfrutar Não duvido que os Inglezes tivessem esses intentos,
eternamente, então não devemos tirar-lhe o da Ame e que pretendessem fazer de nós uma colonia, porque
rica, nem o das tavernas. Fundados em tal direito podião então corromper o Governo; mas agora mu
não deviamos tambem abolir as capitanias móres , dou tudo, não podemos recear isto, e bem pouco po
nem as caudelarias, a inquisição , etc. etc.; mas der tinha o soberano Congresso senão podia evitar
com efeito parece-me que temos poderes bastantes em males tão grandes,
nossas procurações, pois nos autorisão para fazer re A companhia resistiu he verdade; mas bem caro
formas; e demais, se um decreto se não póde revo pagámos a falta de não cumprir o srtigo 8.", e 25."
gar, porque deu propriedade a alguem, então para do dito tralado, pois os tributos se augmentárão so
que se trata de revogar este em questão! Ele tam bre o vinho no mercado da Gram-Bretanha a tal pon
bem deu propriedade áquelles a quem se tinha tirado to que são quasi prohibitivos, e dahi vem o mal que
ha meio seculo. Os mais argumentos do illustre De sentimos. Disse mais o honrado membro que sem a
putado erão fundados sobre esta base: e como está companhia o credito do vinho do Douro se perderia.
desfeita, segundo penso, caem de si mesmos. Mas diga-me quem propoz ainda que se tirassem as
Vou agora responder ao Sr. Rebello, e certamen provas, e as mais medidas couducentes a conservar
te sinto muito que a sua boa fé fosse illudida por este credito! Não se recorda quando eu teinei na
tão falsas informações como lhe derão, pois disse, se Commissão para que se conservasse isto, sómente al
bem me recordo, que o Douro tinha o anno passado terando o modo arbitrario por que se tem feito !
433:000.000 réis; e para provar isto calculou cada Essa mesma companhia, que tanto se gaba de
pipa de vinho que se vendeu em 8.000!!! Ora o hon concorrer para a pureza do vinho, foi a que no seu
rado membro sabe muito bem que no Douro havia plano não queria provas nem demarcação; foi a que
70.000 pipas de vinho de feitoria, e 12.000 de ramo; disse que devião entrar para a feitoria todas as vi
sabe mais que desta enorme quantidade só existem nhas de cepa baixa, o que de certo comprehende os
6.000, apezar de se fazerem as vendas fóra de tem pessimos vinhos das montanhas. Não confundamos as
pos, e dos mais embaraços que houve: vamos ago cousas; eu odeio os monopolios; mas não as provi
2
1 3816 ]
áencias boas de que resultão bens ao Douro, e que zer que os ilustres Deputados do Minho tem muita
depºdºm dº Congressº, não da companhia_. razão em defender a sua provincia; porque se passar
… Falou mais o illustre Deputado nas preferencias, o projecto sem a emenda do Sr. Miranda fição ar
e disse que """ era mais ditigente que os neº ruinados todos os propriciarios, e vou provado: Os
gociantes, e por isso lhes levaea vantagem. Sobre isto vinhos do Douro destinados á alambicação hão de ser
ñão está bem informado, eu vou contar-lhe como elº taixados; estou bem certo que por vilissimo preço,
la fazia. A casa de Clamuces tinha empenho pelos más assim mesmo as aguas ardentes ali fabricadas
vinhos de certo lavrador, e a companhia - o queria sairão muito caras, porque não he o preço do vinho
igualmente: por esta razão o commissérie de Glamu o que concorre para isto, mas sim a carestia dos car
cés convidou um valentão chamado fosé dos Santos, retos e do combustível, juntamente com os disperdi
homem
#" cheio de critnes, e destemido, e qual arran cios: daqui resulta que a companhia não poderá nun
uma sucia de hóinens armados para irem com el4
•
porém o Sr. Miranda he que seguiu a estrada recta, O Sr. Ferreira Borges: — Se me occupasse em
e direita, a favor e bem destas duas provincias. Em repetir o que tenho dito nas sessões precedentes certa
quanto á contribuição dos 13200 réis por pipa, jul mente não acabava de maneira nenhuma esta questão,
go que ella não póde ter lugar, sem que os interes por isso he necessario restringir-me á questão, e de
sados sejão ouvidos, pois que o não tinhão sido; e pois responder a alguns argumentos de alguns dos
isto era um tributo directo posto sobre um particular; illustres Preopinantes que tem falado em opinião con
he uma coisa nova, e inteiramente rara, por isso traria á minha. Companhia em geral he o mesmo que
voto contra ella; e no caso de se admittir uma das sociedade, isto he, um ajuntamento de duas ou
duas opiniões, julgo a do Sr. Miranda melhor e mais mais pessoas, que apresentão um fundo com a direc
conforme á doutrina do projecto tal qual está. - ção de uma empreza qualquer de commercio que to
O Sr. Van 2eller: — O assumpto de que se tra mão sobre si: neste sentido a sociedade he um contra
talhe um dos de maior interesse para a provincia que to particular, sujeito ás leis, e só descança na in
aqui me mandou, e muito principalmente para Por dustria, e no saber dos socios; e o lucro, ou perda
tugal; e eu me não acho preparado para falar nelle, he seu, e de ninguem mais. Quando este mesmo
porque só hontem vi o projecto de reforma, e não ajuntamento de fundos, e pessoas para uma certa
tenho senão um conhecimento muito superficial dos empreza he levantado com os fins de fazer prosperar
planos apresentados pelas Commissões do Douro, pe certo ramo particular, o Governo toma debaixo de sua
la do Porto, e pela junta, a que o mesmo projecto protecção esta sociedade, e dá-lhe privilegios para que
se refere; direi porém o que me for lembrando, espe se mantenha; porque o seu fim he o interesse, e o
rançado na indulgencia deste Augusto Congresso. bem dos povos. A companhia do Douro esteve nesta
Qnando se tratou de reformar a companhia, era de segunda divisão; ella foi levantada para animar a
uma maneira que tivesse em vista o bem geral da Na cultura do Douro, fazer prosperar os vinhos daquel
ção, e eu encontro no paragrafo 19 do projecto que le paiz, e dar-lhe um canal seguro de consumo. Na
se está discutindo um golpe mortal, que aniquilla as fórma dos principios que tennho estabelecido, o Se
esperanças, que eu e muitos outros tinhamos conce cretario d'Estado que levantou aquella companhia deu
bido de ainda ver as aguas-ardentes portuguezas riva lhe dois privilegios. O primeiro o da vendagem, o
lizar nos mercados estrangeiros com as de França e Hes exclusivo de ramo na vendagem do Porto, e 5 leguas
panha, abrindo um novo ramo, que pouco a pouco ao redor: o segundo privilegio foi o exclusivo de ex
ajudasse a equilibrar a nossa exportação com a nossa portação em 4 capitanias da America designadas, e
importação ; porque desenganemo-nos , em quanto aonde os commerciantes particulares não podião le
não alcançarmos esse fim veremos gradualmente des var seus vinhos. Passados 4 annos com este privile
apparecer o numerario, as especies metalicas, e fi gio como se visse, que elle não era suficiente a man
nalmente até o ultimo real da Nação. Os vinhos s o ter aquelle corpo, e proporcionado aos encargos, e fim
as nossas riquezas, são as nossas minas, não temos de seu instituto deu-se-lhe o privilegio das aguas-ar
outras, he do nosso dever proteger quanto podermos dentes, e este privilegio era extensivo ás tres provin
a agricultura, e o commercio deste ramo, dando-lhe cias do norte de Portugal, nas quaes podia a compa
a maior liberdade possivel, e eu encontro no artigo nhia distillar a agua-ardente, e vendela exclusivamen
19 do projecto o contrario, estabelecendo um mono te ao commercio no Porto. Eis-aqui pois os privile
polio escandaloso, que terá de resultado o vermos em gios que se derão á companhia, porque ella não
pouco eutrar em Portugal aguas-ardentes estrangei era uma sociedade particular, mas sim uma socieda
ras, como infelizmente temos visto repetidas vezes; e de erecta e instituida pelo Governo. Pelo alvará de 31
isto em beneficio da companhia, dos seus inspectores, de Maio de 1820 acabou o privilegio da America;
e lavradores do Douro, sacrificanda-se para isso a por tanto aquelles que aqui tem falado neste privile
prosperidade nacional. Se a companhia não póde gio nada dizem. Pelo facto acabou-se tambem o pri
existir sem que se lhe conceda este privilegio, então vilegio das tabernas; acabárão em Março passado os
desde já digo, que acabnmos gradualmente com ella, privilegios das aguas-ardentes. Conseguintemente exis
substituindo-lhe uma junta de inspecção, não mer te actualmente uma Companhia particular que foi pu
cantil, que tenha á sua conta o vigiar, que as 263 blica, que teve caracter de publica, porque tinha pri
pipas de vinho que ela consome sejão sempre da me vilegios que lhe concedeu o Monarca, então legisla
lhor qualidade. O meu voto pois he que o artigo não dor; hoje já não existem estes privilegios, e por isso
deve passar, e que se os lavradores do Douro querem não existe esta sociedade publica: já não existe Com
a companhia paguem os 13200 réis em pipa, que o panhia, sobre a qual tenhamos de legislar, pode di
Sr. Miranda impoz. zº-se que está reduzida a uma sociedade, bem como
O Sr. Pessanha: — Vejo que muitos Preopinantes outra qualquer de vinhos que haja no Porto, como
que tinhão diversificado da minha opinião, se vem por exemplo as sociedades de Fan-Seller e Compa
chegando a ella, e vem a adoptar uma opinião me nhia, Brown e Companhia, etc., porque de facto
dia : o Sr. Miranda não approva o projecto, mas não tem privilegios alguns, como disse: portanto pois
quer que se approve.......; pelo que ouvi dizer ul se de facto a Companhia não existe se não como so
timamente, ele não está longe de que em lugar des ciedade particular, já não temos para aqui todos os
te privilegio fique a companhia com o onus de com argumentos que se fazião directamente contra a Com
prar todo o vinho. Eu já outro dia disse a minha opi panhia, todos elles são fóra de proposito, porque sup
nião, e o Sr. JMiranda veio approximar-se a isto põem a Companhia como um corpo politico, manti
II]CSIllO. . . . .
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do pelo Governo, quando ella hemma sociedade par ve, quero-o para todas as provinciás do Reino. Eu
tícular, e por tanto como tal poder-se-hia dizer que sou Deputado do Minho, sou Deputado do Bra
ela nem seria obrigada a ir comprar os vinhos, nem sil, sou Deputado da Nação inteira, e não tenho
a satisfazer a alguma outra obrigação, porque os priº particularidade alguma: não se figurem damnos de
vilegios estão acabados de facto, e de direito, e por pura fantasia: não póde haver damno algum: con
isso acabárão tambem todas as objecções que se apre trataes argumentos de terror, e de damno, já na ses
sentão contra a Companhia na qualidade de socieda são antecedente apresentei argumentos, a que não
de publica. Mas esta sociedade publica, que foi ere ouvi resposta. Eu disse outro dia, que o Minho sof
cta no seu principio para fazer prosperar o commer freria alguma cousa, e que a Beira sofreria tambem,
cio, será necessario que acabe como sociedade parti mas que sobre o Douro tambem havia recahido este
cular? Não sei que seja necessario que ella acabe co sofrimento; por ventura o objecto da lei dos cereaes,
mo sociedade particular, porque por uma sociedade não recahiu sobre o Douro a favor do Minho, e a fa
ter mais fundos que outra, não se segue que por isso vor da Beira ! Aquella tira de terra que comprehende
seja mais digna de ser extincta, do que uma socieda o que se chama Douro, ía comprar á provincia li
de de menos fundos. Nestas circunstancias, tudo quan mitrofe de Hespanha mais barato o seu pão, do que
to se tem dito he fóra da questão, porque a questão vem agora á Beira, e Traz-os-Montes. E por isso o
he o paragrafo 19, que tem outro objecto que já não Douro sofre tambem alguma couza, a favor daquel
he a Companhia. No Douro ha um excesso de vinho las provincias, e porque não hão de ellas sofrer algu
muito grande, que não tem comprador, e que não ma couza a favor do Douro ! Um illustre Deputado
tem meio de se extinguir: nós como legisladores de que falou primeiro, trouxe o argumento, de que mui
vemos olhar pelo bem geral da Nação, e abrir um tos negociantes havião feito grandes especulações, es
meio para consumir este vinho, devendo averiguar tabelecido alambiques etc., e que concedendo-se o ex
primeiro qual será o meio mais apto para esse fim. clusivo ficão sem fruto todos estes trabalhos: porém
E qual será elle! Ir ter com uma sociedade a quem quando eu sustento que se estabeleça este exclusivo
diga — se tu te obrigas a comprar este excesso de vi do paragrafo 19, não he porque se não dê um tempo
nho dar-te-hei tal privilegio. — Portanto a questão de consumo áquelles que tiverem em ser essas aguas.
não tem nada com a Companhia; a questão reduz-se ardentes, e conseguintemente respondo assim, áquel
a saber se devemos abandonar aquella provincia, aquel le argumento; porque eu não quereria que se fizesse
les lavradores, e aquelle commercio, ou se devemos damno a ninguem. He necessario dar-lhe tempo para
estabelecer uma sociedade, a quem se concedão privi o consumo necessario, e assim vai tambem a respos
legios, tal qual concede o paragrafo. A mim parece ta ao outro argumento de que as aguas-ardentes do
me que he melhor estabelecer uma corporação, dan Minho são mais baratas: se fica livre aos do Minho,
do-se-lhe o privilegio de vender exclusivamente a agoa o exportar as suas aguas-ardentes pela barra da foz
ardente como diz o paragrafo; do que estabelecer um do Douro, se para as ilhas não podem ir as aguas
direito a favor della, e parece-me que o poderei mos ardentes estrangeiras, que duvida tem que as aguas
trar. Um direito, já o repeti outro dia, um direito a ardentes do Minho e da Beira, hão de ser levadas ás
favor de um particular he odioso, por isso não voto Ilhas, fazendo-as tão boas, como ali se necessita. E
por elle. As imposições são contribuições pagas pelos então aonde he que está este damno ? De mais devemos
membros da sociedade para subvenir ás despezas pu saber que os vinhos da Bainada, levão aguas-ardentes,
blicas. — Ellas não tem por tanto cabimento a fa e por tanto haverá meios de os consumir. Diz mais um
vor de particulares. — As imposições deixão de ser illustre Deputado que eu repeti o mesmo argumento
justas quando não são repartidas com igualdade, isto do tratado que se fez em Fevereiro, relativamente aos
he, segundo uma proporção conforme á justiça, e re Inglezes: não há duvida que eu o repeti, porque el
grada por uma lei geral: o que se quer he o contra le he tão ponderoso, º que não lhe ouvi nem terá res
rio, he uma lei particular. — Em segundo lugar po posta. Então quando pela primeira vez se alevantou
deria este direito ser mais fatal do que se julga, por esta questão neste Congresso, e que só o tocar-se nel
que por outra parte não se põe, não se fixa preçe: a la pelo tempo em que isso se fez attenta, ou desat
Companhia vende a sua agua-ardente pelo preço que tentamente, tantos males, tantos prejuizos se causá
quizer; logo ella ganharia no preço da agua-ardente; rão ao Douro, e ao Porto : então, digo, peguei no pa
além de lucrar o tributo: e eu quando olho a Compa pel que deu o golpe a este commercio, e disse que el
nhia como sociedade publica não quero que ella ga le era um triunfo que os Inglezes tinhão alcançado,
nhe como sociedade particular; mas sim que ella faça maior que todas as vantagens, que poderião esperar
prosperar a agricultura. Aproveito esta occasião para di de commerciar com Portugal. — Ainda hoje susten
zer que a Companhia tem perdido muitas vezes para que to o mesmo argumento: o tratado de 1810, dava
a lavoura ganhe, e o commercio se equilibre dando a aos Inglezes a livre vendagem de todos os generos: os
agua-ardente mais barata do que lhe tem custado, cu Inglezes mesmo não fizerão nunca aquillo que se lhe
Posso attestar isto com toda a verdade, Julgo pois permittia. Por mais reclamações que fizerão, contra
preferível a doutrina do projecto, quando determina a Companhia tudo foi inutil. — O ministerio foi sur
a exclusivo para a vendagem desta agua-ardente. Po do a suas rogativas e ameaças: porque a Companhia
derá isto ser damnoso como se argumenta á provinº lhe representava com energia as calamidades que ião
e a do Minho; mas a restringir-se a alguma direi, se he seguir-se. — Esse tratado infeliz, essa origem de umtº
bem eu quero este bem para a província do Algar inui grande parte da nossa desgraça coulereial aº
3
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tual, foi observadº, exeepto aº que pertencia ao vi es Inglezes por interesse seu os havião de procurar
nbo do Douro, e á Companhia. - De quem fala com preferencia aos de França, e Hespanha. Agora
rião os artigos 8 e 26 ! Eu mesmo então advogado pergunto eu; qual foi o consumtnº dos vinhos do
no Perto, e da maior parte das casas Inglezas fui con Danro desde o tratado do Methuen até ao estabeleci
sultado , e se me pediu fizesse representações, que mento da companhia? Que adiantamento teve a cul
nunca fiz. Quem souber a bistoria da minha vida, po tura dos vinhos do Douro " Todos sabem. Se então
derá attestar isto. Eu julgei melhor advogar o interes foi não digo util, mas necessaria a companhia, co
se da minha patria, que outro qualquer interesse. no se póde hoje prescindir deste estabelecimento, sen
Outro Preopinante disse, que eu tinha feito injuria do de todos os vinhos da Europa de embarque o do
aos negociantes portuguezês, suppondo-os agentes doa Douro o que mais care fica na Inglaterra. Certo nº
Inglezes. Eu não sei que fizesse tal injuria, ou que gociante dos vinhps do Douro, e dos principaes me
dissesse tal; o que eu disse, e de que eu falava, he disse que mandava galegos para a Catalunha feitori
bem sabido. Outro illustre Preopinante, diz que te sar os vinhos como os do Douro, e que estava fazem
mos resuscitado o privilegio da agua ardente, e faz do grandes interesses com o commercio dos vinhos da
disto grande bulha, mas o illustre Preopinante não Hespanha nos portos do Brazil: e dizendo-lhe eu com
repara que o artigo 19, não he o que era antigamen grande admiração, como póde ser isso, se os vinhos
te: antigamente, davão-se muitas e diverssas obriga estrangeiros estão sobrecarregados com tantos direitos
ções, mas muitos e diverssos direitos á Companhia, no Brazil? Respondeu-me, calculando os preços dos
hoje não he assim; hoje o privilegio be dentro daquel vinhos de França, e de Hespanha, e comparando-os
la demarcação. Outro illustre Deputado, depois de com os do vinho do Douro e as contribuições; e as
falar contra o privilegio, concluiu, que era nesessa sim mesmo os vinhos de Hespanha e França, ficavão
rio uma inspecção sobre os vinhos, mas não o privi nos portos do Brazil por preço mais comtnodo que os
legio, isto he, quer que haja um outro corpo, a do Douro. He facil de vêr a diferença que na In
quem se haja do dar alguma coisa, para inspeccionar glaterra faz o preço dos vinhos de França, e de Hes
no consumo desses vinhos, nesse alambicamento, e panha, dos de Portugal, podendo calcular-se o pre
"venda de que estamos tratando. Ora este corpo, não ço da pipa deste em pouco menos de 400$000 réis.
sei eu o que ba de ser: º por tanto não o posso ad Estando tão adiantada a lavoura dos vinhos de Fran
mittir. Quando o illustre Membro me disser o que ça, º Hespanha, e sabida alí a feitoria dos vinhos
entende por essa inspecção, as attribuiçôes, que in do Douro, e procurando imitallos, que será do com
tenta dar ao tal corpo, que lembra, então verei qual nercio dos vinhos do Douro senão honver um corpo
me parece melhor: por ora não abraço o duvidoso interessado na pureza dos vinhos do Douro, que he
pelo certo. — Estes são os argumentos de que pude a unica qualidade porque concorre com preferencia
tomar nota. Agora digo só que o Douro he o único no mercado de Inglaterra, e nos outros da Europa!
objecto de commercio de Portugal, deste unico obje Hade perdersse de todo, e lá vai o nosso Perú. O
cto estão dependentes os lavradores, estão dependen consumino dos vinhos das provincias do Norte está
tes os Negociantes, e estão dependentes os direitos que ligado com o do Douro, se os destes tiverem consun
percebe a nação. He a unica cousa que temos, a le mo, tambem o hãode ter aquelles. Antes do estabe
var aos estrangeiros. Se acabamos com este ramo não lecimento da companhia era mui diminuta a lavoura
sei o que será dos interesses commerciaes da nação. dos vinhos das provincias do Norte, e assim mes
O Sr. Carrea de Seabra: — Sou da provincia da mo não tinhão consummo, de forma que houve an
Beira, e qnde a companhia tem fabricas de agua-ar nos em que ou se não tratou da nova colheita, ou
dente, mas nem os interesses da provincia, e menos se abrião os tornos para despejar pela terra o colhido,
o meu proprio particular me illude ao ponto de con Para se poder recolher a nova colheita, se havia ra
siderar este negocio dos vinhos do Douro, de interes zão para a suppôr melhor. Estabelecida a companhia
se particular desta ou daquella provincia. Sendo os o vinho nas provincias do Norte cresceu em mais do
vinhos do Douro o mais rico, ou por melhor dizer o dobro, e todo tem consummo pelas distiilações dº
unico genero de exportação que temos, olho este ne agua-ardente que a companhia fazia naquellas pro
gocio pelo lado que o devo considerar, que he o do vincias, para o tempero dos vinhos do Douro. Se di.
interesse geral de toda a nação; e o interesso das pro 'minuir a exportação, que consummo hãode ter essa
vinoias do norte como consequencias que hão-de se aguas-ardentes! Por tanto eu approvo o exclusivo
guir-se do interesse geral; º por tanto a conservação, que o projecto concede á companhia come equivalen
º augmento da lavoura dos vinhos do Douro he o te do onus com que a companhia fica de cotrspra
que primeiro se deve attender; e se a companhia he todo o vinho excedente da feira, mas não posse ap
necessaria, ou ao menos util para estes fins. Já está provar a addição de que a companhia fique obrigadº
demonstrado que o he, e a este respeito só tenho a a comprar toda a agua-ardente das provincias do Nor
accrescentar que quando se fez o tratado chamado te; porque no augmento em que está a lavoura do
de Methuen os vinhos de Portugal cião os que ficavão vinhos no Norte, e que hade ter se se impozer est
mais baratºs em Inglaterra, como observa o autor obrigação á companhia, ela não póde dar consurnm
da obra — Interesse Geral das Nações —, e o mesmo a esta agua-ardente, não tendo, como não tem, meio
autor diz que os Portuguezes não necessitavão de de dar consummo aos vinhos que he obrigada a com
fazer os sacrificios que fizerão por este tratado, para prar no Douro senão por via da distilação"; o ps
abrir em Inglaterra mercado aos seus vinhos; porque consequencia a companhia de si mesma acabaria ,
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além disso os accionistas certamente se não sujeitão a qual foi a minha admiração, quando vi reproduzida
um tal onus. De mais as provincias do Norte n㺠a luta dos interesses diversos exagerando todos os seus
sofrem o prejuiso que tem supposto os illustres Preo principios! A lavoura quer a companhia com todos,
pinantes que tem falado em sentido contrario porque ou com a maior parte dos seus exclusivos; que mons.
o vinho do Douro que a companhia hade applicar truosidade! O commercio quer atirar em terra com a
para as distillações não póde produzir a quantidade sua rival, tirando-lhe todos os exclusivos; que loucu
de agua-ardente necessaria para o beneficio dos vinhos ra! A companhia coitada , querendo conservar uns
de em barque, e por consequencia nas provincias do privilegios, e depondo os outros, he quem tem mais
Norte hade comprar com pouca diferença a mesma racionabilidade! E então quem se entenderá neste la.
agua ardente, ou os vinhos para a distillar, como até byrinto! Vejamos se ha um fio que nos desenrede
aqui. Além disso as provincias do Norte pódem con deste barulho de difficuldades. E pois que já os mes
correr com os seus vinhos para o consummo das ta mos que tem debelado a companhia por todos os mo
bernas do Porto, do que erão privadas pelo exclusivo dos, convém que ela se deve conservar por algum
da companhia: e quando mesmo diminua o consum tempo, e que a sua queda repentina sería funestissi
no do vinho das provincias do Norte, e por conse ma (opinião que o Congresso de muito boamente ac
queneia a lavoura, hade crescer a dos ceraes; porque ceita e adopta), vamos ver agora com que condições
aquella lavoura cresceu com perda desta, já porque póde, ou deve ser conservada a companhia do Alto
está applicado para vinhos terreno proprio para ce Douro. Senhores, não tenho que vos apresentar neste
reaes, já porque estão inutilisados com as sombras de pontº uma resolução definitiva; não posso adoptar
arvoredos, etc., principalmente no Minho, e parte da ºpiniões decretorias e decisivas, como as de alguns
Beira, pelo modo do amanho do vinho naquellas illustres membros que me precedêrão a falar; tenho
provincias; não devendo tambem perder-se de vista só que pôr na vossa presença, que nós estamos redu
que ficão com a liberdade de distillar as suas aguas zidos, a adoptar um de tres inconvenientes, e que a
ardentes, e livre exportação, e deste modo se pódem sabedoria legislativa está posta unicamente em esco
bem idemnizar, particularmente grande parte da pro lher dos tres aquelle que o fôr menos. Ha alguem que
vincia da Beira, dando-se providencias para se tor segure º venda de todo o vinho na proxima feira? Se
nar navegavel o Vouga, do que consiguiria maiores alguns dos Srs. que defendem os interesses do com
vantajens como se póde vêr dos muitos requerimentos mercio póde dizer que sim, e tomar sobre si esta ven
e memorias que tem vindo a estº Congresso. Concluo dº , que se levante, e que diga se os commerciantes
pois approvando o projecto, e rejeitando o artigo ad prometem comprar este annº todo o vinho por pre
dicional. çº racionavel e taxado. Não, não haverá ninguem
O Sr. Moura: — He a primeira vez, Sr. Presi que tome similhante responsabilidade sobre si. Pois
dente, que falo sobre os assumptos relativos á com abi está º companhia que o promette; mas he conce
panhia do Alto Douro, e be com grande pezar que dendo-se-lhe um privilegio (1.° inconveniente). Este
ine levanto, mais para reflectir sobre as difficuldades privilegio consiste em que só ella ha de vender agua
que nos cercão neste negocio, do que para as resol ardente no districto da demarcação dos vinhos do
ver de um modo util ao bem geral da Nação, e que Douro, e dentro das barreiras da cidade do Porto.
combine todos os interesses. Tenho até aqui guardado Mas ainda ha menos de um anno tirámos á compa
silencio: 1.° porque as combinações da industria agri nhia o privilegio que tinha de só ella distillar nas tres
cola e commercial, relativas á companhia do Alto provincias do norte, e lestituimos aos habitantes des
Douro, não se governão facilmente pelos principios tas tres provincias a liberdade de industria a este res- .
da economia politíca, e da sciencia da administração: peito, e já lhe havemos de ir tornar inutil esta liber
2.° porque nascido n’um paiz proximo aquelles terri dade, restringindo-lhe o mercado dos seus productos?
torios, tendo relações continuas com os agricultores e 1sto he desairoso. Mas se lhe não concedermos este
commerciantes deste genero, nunca jámais pude for privilegio fica o genero por vender, e o lavrador fica
mar conceito geral sobre uma medida que conciliasse perdido (2.° inconveniente). Em fim, conceda-se o
os interesses de todos; sempre vi o commercio lutar privilegio que a companhia pede; mas ha de ser com
contra o agricultor, e sempre vi a companhia lutar a condição que ella ha de comprar toda a porção de
ora com uns, ora com outros; entre os mesmos agri agua ardente que os lavradores das tres provincias do
eultores ha diversidade de opinioes, segundo o credito norte lhe apresentarem no cáes do Douro, sendo ella
ou a melhoria do genero que agricultão, e se um agri distillada, no paiz. Mas se clausulamos o privilegio
cultor he ao mesmo tempo commerciante, eilo ahi deste modo, ahi temos o 3.° inconveniente; porque
n’uma perplexidade, que inclina mais ou, menos para póde a agua ardente ser tanta que a companhia não
onde inclinão seus interesses. No meio deste conflicto possa comprar toda, e obrigala a isso he o mesmo
fiz systema de me calar, até que por escrito fossem que acabar com ella. Além de que, nós não estamos
todos ouvidos, e até que a liberdade da imprensa a fazer uma lei, estamos a ajustar um contrato; a
espalhasse uma sufficiente massa de luzes a este resº companhia he uma das partes contratantes, dirá que
peito. Fui por isso de opinião que se ouvissem os la não; e nestes termos aqui estamos rodeados de emba
vradores, que se ouvissem os commerciantes, e que raços, sem sabermos por qual partido nos devemos
se ouvisse a companhia. Esperava eu que todos refleº resolver. Não me embaração a mim as bases, com
etissem nºs seus verdadeiros intererses, que todos fi que alguns Srs. argumentào; nem os privilegios ex
zessem sacrificios, e que todos transigissem. Porém slusivos que elas proscrevem. Se eu hoje adquirir a
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evidencia de que he util á Nação dar a um individuo gárão seus fundos em vinhos para distillar, e até man
o monopolio de uma industria, quem me prohibe que dárão vir de fóra do Reino oficiaes peritos na arte
da distilação. - - • ••
o faça? Para que se juntárão os homens em socieda
de! Para que servem as instituições politicas e civis! O Sr. Pessanha: — Eu tenho propugnado porque
Não he para a vantajem commum ! Logo não he por se estabeleça um tributo sobre o vinho do Douro pa
ventura a lei da utilidade publica, e da vantajem ra habilitar a companhia para comprar o vinho exce
commum superior a todas as leis! As bases, todas as dente da feira, porque nada me parece mais justo do
instituições politicas são meios, e não são fins; o fim que carregarem com o onus aquelles que devem per
he 'a felicidade geral dos membros da associação. A ceber o proveito: entretanto lembra-me que os habi
questão toda he, se o fim da utilidade publica se al tantes do Alto Douro são nossos irmãos, que são pos
cança, ou se erra quando se coneeder um tal exclusi suidores d'um genero unico, e sem cuja venda he in
vo. Nisto he que eu vejo toda a duvida, e toda a possivel que possão subsistir: e por isso pela minha
divergencia. Uma porção da nossa sociedade, que ha parte transigirei muito embora, concordando que além
bita o tracto de terra mais rico do nosso territorio, e daquele tributo sobre os vinhos do Douro de que te
que promove o ramo de industuia agrícola mais inte nho falado se imponha outro tambem dirigido ao mesmo
ressante, não só aos seus cultivadores, mas a toda a fim sobre toda a agua ardente das provincias que con
Nação em geral, reclama o nosso auxilio, e nos ex correr á cidade do Porto, assim as provincias contri
põe que a venda, o consumo, e a reputação do seu buirão tambem para o alivio dos habitantes do Alto
genero carece do estabelecinento da companhia; e Douro: no que eu não posso já mais convir he que se
nós havemos de atirar por terra com ella, só porque conceda á companhia o privilegio designado no arti
os princios theoreticos estão em contradição com ou go, e creio que a este respeito assás tenho expendido
tros principios praticos! Não entendo esta politica. as minhas razões.
Pelo menos ao que a minha prudencia me ordena Sendo chegada a hora ordinaria de levantar-se
submetter a minha opinião he a uma qualquer com a sessão, e não se julgando ainda o assumpto sufhci
binação de interesses. Não nos illudão com nos dizer entemente discutido, resolveu-se que continuasse a dis
que a verdadeira politica he abrir na America um cussão em sessão permanente, até que podesse ulti
maior mercado a este genero, e fazer o mesmo nos mar-se. Continuando por tanto a discussão, disse
diversos mercados da Europa. Tudo isto devemos fa O Sr. Peixoto : — Limitando-me ao ponto con
zer; e isto deve ser objecto da mais constante solici troverso, e sem reproduzir razões já debatidas, farei
tude; porém esse remedio não cura o mal instanta algumas reflexões sobre as respostas que se tem dado
neo, que indubitavelmente se seguirá, se na proxima aos principaes argumentos, oferecidos contra a dou
feira, que está imminente, não tiver este genero uma trina do artigo 19.° Diz-se que não ha de sacrificar
venda segura. E quem promette comprar? He o ne se a felicidade da grande população de tres provin
gociante! Não; he a companhia. Logo a companhia cias ao muito menor numero de habitantes de um
he quem nos merece mais attenção; concedamos á territorio pouco dilatado, e não se reflecte na impor
companhia este privilegio, que pede em compensação tancia do objecto, não se reflecte que se compara a
daquella compra coacta; porém muito embora se lhe ruina de um paiz com uma tenue diminuição no be
conceda, combinando e tendo sempre em vista a uti neficio que de agora em diante os outros ficão gozan
didade e interesse das tres provincias, cujos interesses do: não se repara que esse pequeno teritorio alimen
tambem não devemos perder de vista. Esta he a mi ta muitos milhares de familias das mesmas tres pro
nha opinião. vincias, e que a ruina dele ha de arrastar com sigo a
. O Sr. Bastos: — Os argumentos que tenho ouvi ruina dellas.
do produzir a favor do exclusivo que a companhia O Thesouro nacional nos dez annos que decorrê
pretende são outras tantas repetições de argumentos rão desde o de 1810 ao de 1820 recebeu dos lavrado
já plenamente vencidos. Limitar-me-hei pois a falar a res do Douro por tributos indirectos, pagos dos seus
respeito daquelle que se tem derivado do decreto so vinhos, a cima de dezesete milhôes de cruzados; a
bre os generos cereaes, por se queixar um dos Preo Nação pelos vinhos do Douro, legalmente exportados
"pinantes de que ninguem a ele ainda lhe respondera. nos vinte annos desde 1800 até 1820, calculados mo
O decreto dos cereaes foi feito em favor de todas as deradamente, recebeu pela volta de duzentos e qua
províncias de Portugal, e o exclusivo de que se trata renta milhões de cruzados. Ora um territorio, que
não póde trazer beneficio senão a uma pequena parte por um genero da sua producção, álem dos tributos
de uma provincia, ou talvez nem a essa. Além de que directos, dá ao cofre publico de tributo indirecto aci
a lei dos cereaes não foi talvez das mais felizes deste ma de um milhão e setecentos mil cruzados annual
Congresso, para da sua utilidade e justiça se inferir ºnente; um territorio que da exportação do mesmo
a da que se pretende fazer, maiormente tendo-se de producto dá para a massa da Nação annualmente do
revogar para isso outra com grande prejuizo do pu ze milhões de cruzados, já merece por sua intensida
blico, que á sombra della especulou. E por esta oc de comparar-se com territorios muito mais dilatados;
casião ofereço uma representação com varias assigna já póde merecer alguma especial contemplação.
turas de negociantes da cidade do Porto, que neste No anno passado, quando o soberano Congresso
momento acabo de receber, e na qual elles expõem teve de dar a sua resolução sobre o juizo do anto pº
que afiançados no decreto de 31 de Março comprá ra as vendas dos vinhos do Douro, pelo parecer das
não alambiques e terrenos em que os colocar, empre respectivas Commissões, tomou a deliberação de seguir
t 3817 |
e sistema da esterilidade artificial, mandando que se go a quinze mil réis. Póde afirmar-se, que se fosse
approvassem trinta mil pipas para o embarque de In possivel que os lavradores de Douro de concerto uni
glaterra, e se separasse o resto para as mais exportados vasassem pela terra o vinho todo separado, dei
ções, e usos de ramo, e por um principio de libera xando em venda sómente o approvado para embar
lismo apartou-se do mesmo sistema na liberalidade, que, farião sem duvida mais dinheiro do que apurá
que facultou aos lavradores de venderem a quem qui rão na venda de um e outro. •
zessem o vinho separado, quando dantes erão obri Desta narração, que he veridica, se infere facil
gados a deixalo á companhia por preço taxado. mente qual fosse o proveito dos lavradores na liberda
Os commerciantes que vírão posto na feira o vi de do vinho # sem ela venderião todo o qua
nho separado, que era igual em qualidade ao appro lificado de quarenta e cinco mil réis para cima, e com
vado, porque a separação foi quantitativa; ou na es o preço delle-se cobririão para grangearem, e se ali
perança, ou com o receio das introducções, suppoze mentarem; ficando-lhes reservado o preço do separa
rão que o vinho separado entrararia em concurso com do, que seria de vinte e cinco, e vinte mil réis, pa
o approvado: desistírão quasi inteiramente da com ra as mais despczas, sem lhes importar à demora dos
pra deste, reservando-se para daquelle, e começárão pagamentos, porque os escriptos da companhia, pa
a retirar as ordens que para o Douro tinhão dado. ra quem tivesse precisão, valião dinheiro. Ajuize-se
Sei mui positivamente, e alguns Srs. mais neste Con agora qual será a venda da actual novidade, senão
gresso o sabem, que uma casa de commercio das houvor uma providencia extraordinaria. Os com
principaes do Porto, reduziu a 300 a encommen merciantes ficúrão do anno passado cheios de vinho
da que tinha feito de 900 a mil pipas. bom e barato: em mão dos lavradores ainda exis
As trinta mil pipas erão absolutamente necessa tem de sete a oito mil pipas de vinho velho; e a co
rias para o embarqne: o commercio tinha reconheci lheita deste anno foi abundante. Uma vez que toda
do isto mesmo, até porque a exportação do anno esta massa de vinho appareça livremente na feira,
anterior tinha excedido essa quantidade, e os vinhos não dará certamente preço que chegue para a meta
pela sua superior qualidade erão proprios para reser de dos grangeios: o lavrador morrerá de fome na rui
va. Se na feira não apparecesse mais vinho, nenhum na dos vinhos, verá perdidas as suas futuras esperan
se venderia por menor preço, do que o taxado, que ças; e a Nação pela sua parte verá destruido o prí
era de quarenta e cinco mil réis, e como no rateio meiro manancial da sua riqueza. Só póde occorrer-se
da separação todos os lavradores tinhão de vinho qua a esta calamidade, pondo á frente do mercado um
lificado a quota que a cada um tocava, todos se apro comprador que se ofereça a tomar sobre si por preço
veitarião do beneficio resultante da esterelidade artifi conveniente todo o vinho que os commerciantes dei
cial. Os lavradores observando a mudança de calculo xarem: por este meio o lavrador se animará, e o
dos commerciantes, prevílão a tempo o seu resulta commerciante não abusará da sua consternação: he
do, e as principaes camaras do Douro representá porém necessario compençar-se a esse comprador um
rão o seu critico estado ao soberano Congresso, pe tal sacrificio. O comprador que se nos propõe he a
dindo-lhe que mandasse á companhia que pela fór compauhia; a compensação he a do paragrafo 19.
ma antiga comprasse todo o vinho separado, bem Não acho no exclusivo da venda das aguas-arden
que fosse, a pagamentos largos de 6, 12, e 18 me tes os inconvenientes, que se tem ponderado. Se as
zes. O soberano Congresso approvando o parecer das provincias do norte tem até agora vendido as suas
Commissões reunidas, não annuiu a esta supplica, an aguas-ardentes á companhia, porque razão não conti
tes confirmou a resolução que se havia tomado. Nes nuarão a vendelas! A companhia ha de dar as neces
sa occasião houve um illustre Deputado, que arguiu sarias ao commercio como dantes, e sempre nellas ha
as camaras de subornadas pela companhia : tra de consumir-se uma dada quantidade de vinho , a
tou-as de restos da antiga corrupção, accrescentando qual faltará para a venda ao ramo. Para obtelas ha
que a sua supplica vinha marcada com o cunho da de pagalas pelo preço do tempo; e como as não im
estupidez. Eu tambem participei deste elogio, porque porte de fóra, não se tenha receio de grande empate:
sustentei a doutrina das representações das camaras, deverido tambem attender-se a ser o Douro quem nu
e me lesongeio disso, porque em breve espaço o juiz tre essas mesmas provincias , as quaes serão partici
incorrupto pronunciou a sua imparcial sentença sobre pantes da sua desgraça. Quanto ás distillações ficão
as diferentes opiniões. Qual foi o resultado da con as provincias em plena liberdade ; não ha obstaculo
firmação das primeiras medidas! Aquelle mesmo que algum ao estabelecimento de novas fabricas; porque
os lavradores havião previsto, e receavão: não ap os emprehendedores, seja quem for o comprador das
parecêrão compradores para o vinho de embarque: aguas-ardentes, sempre conseguirão o beneficio devido
nos primeiros dias da feira apenas se vendêrão pela á economia, que por meio dellas possa obter-se.
qualificação, e ainda com maiorias alguns centos de Não obsta o mesmo exclusivo ao melhoramento do
pipas de vinho especial daquelle que nunca dá a re commercio das nossas aguas-ardentes, de que falou
gra ao mercado, porque he em peqnena quantidade, um ilustre Preopinante, desejando que podessem con
e se compra para adubo: desde logo se começou a correr com as das outras nações nas praças estrangei
baratear o bom vinho, chegando a vender-se a me ras: não obsta digo, porque a exportação dellas fica
nos de vinte mil réis algum do de embarque, e a me livre. Resta-me falar na emenda mais valida que se
nos de doze do separado: por minha conta mesmo se tem proposto; a de um tributo no vinho, ou na agua
comprárão algumas pipas do estimado de Cima Cor ardente, que para a companhia seja o equivarente dos
[3818 ]
à0 por cento sobre o preço das aguas-ardentes. Disse na totalidade deve produzir 80 contos annuaes; e que
um illustre Preopinante, que os 20 por cento da agua seja tambem lançado um imposto de 5 ou 7 por eento
ardente calculada em 4.000 pipas a 100,3000 réis da a favor da mesma companhia sobre a agua-ardente, que
vão 80:000$00 réis; e que 13000 réis em 803000 se importar para a preparação dos vinhos, ficando li
pipas de vinho davão a mesma quantia; por isso, por vre o commercio das aguas-ardentes já permittido e
esta, ou por similhante fórma poderia conseguir-se o decretado por este Soberano Congresso.
<pretendido fim sem recorrer ao exclusivo. O Sr. Sousa Machado: — Na sessão de quinta
Este calculo he bello, assim nao fosse defeituoso. feira e na de sabbado, em que tive a honra de expôr
Os 20 por cento, dados á companhia na agua-ardente, nesta augusta Assembléa meu voto a respeito do ex
são como compensações dos empates de grandes som clusivo das aguas ardentes, que pertende a compa
Imas, despezas de armazenagem, cascos, diminuições, nhia dos vinhos do Alto Douro, produzi os argumen
e todo o mais costeamento; mas quem lhe pagará o tos, que me fizerão discordar do parecer da illustre
prejuizo, que ha de ter na venda da agua-ardente do Commissão que propõe o projecto, e refutei algumas
JDouro , quando no Porto concorrer com a das pro das razões, em que se fundárão alguns dos seus de
vincias, que he de preço muito menor: ahi está a dif fensores: agora por não repetir o mesmo que já dis
ficuldade. A companhia dos vinhos que por força da se, verei se refuto o principal argumento, em que se
sua obrigação comprará no Douro, fabricará em alguns fundou o Preopinante, que falou antes de mim, o Sr.
annos 3:000 pipas de agua-ardente, que lhe custárão Ferreira Borges. Diz este que o commercio dos vi
a 2003 réis cada uma, e não he demasiado, porque nhos do Alto Douro, he o unico, que contrapeza na
nessa quantia importão 8 pipas de vinho a preço de balança do commercio tão inclinada para a parte op
253 reis: no Porto aparecerá das provincias agua-ar posta — que a industria mais conveniente a Portu
dente bastante para o preparo dos vinhos a preço de gal he a que se emprega na cultura, e preparo dos
de 1903 réis, o que não he difficil, porque em muitos vinhos do Alto Douro — que esta cultura não pode
annos se tem vendido a 80$000 réis: a companhia por manter-se sem uma companhia, que assegure a ven
tanto, na concorrencia, deverá vender com 1008 réis da destes vinhos — que não póde haver companhia,
de perda em pipa, que nas 3:3000 importará em sem exclusivo — que de todos quantos poderião con
300.0003 réis: ora tendo tirado de contribuição no ceder-se-lhe nenhum era menos gravoso, e mais rea
vinho 80:0003 réis, não faria máo negocio para os lisavel que o das aguas ardentes, e que por isto vota
acClOH1stas. |-
va a favor do projecto. Para provar a necessidade da
O contracto com a companhia deve reduzir-se a companhia produziu tres razões: 1.° tirada da auto
um calculo certo, e exacto; nem de outra sorte o acei ridade desta augusta Assembléa, que tinha decretado
tarão os accionistas; e por ora não vi outro, que satis a sua conservação: 2.° da necessidade de conservar o
faça esta indicação , senão o do exclusivo proposto credito aos vinhos do Douro, evitando a sua adulte
no S. 19. ração, o que se não evitaria se este commercio fosse
O Sr. Franzini. — Não posso deixar de approvar abandonado aos negociantes: 3.° porque o commer
a opinião exposta por alguns dos illustres Preopinantes, cio não podia exportar todo o vinho do Alto Douro,
para que o onus dos privilegios da companhia pezem porque sendo a sua exportação de 203 até 26,3 pi
essencialmente sobre os interessados na sua conserva pas, sobejaria o resto na feira, e produziria uma ba
gão, visto que a prudencia exige que se não extinga rateza que arruinaria o lavrador, e que era uccessa
repentinamente csta rica corporação, a qual tem di rio, que a companhia retirasse estes vinhos do com
rectamente promovido uma industria forçada, excitan mercio, reduzindo-os a aguas ardentes. Que não po
do a exclusiva cultura do vinho em uma extensa por dia conceder-se o exclusivo dos portos do Brazil,
ção de territorio, que hoje fornece uma excessiva quan porque já estava abolido por uma lei, e aquelles po
tia de vinho exuberante á exportação. Estou conven vos já não estavão em estado de poderem sujeitar-se
cido desde muito tempo, que a companhia deve dei a elle, nem era provavel o acceitassem voluntaria
xar de existir como corpo politico, pois que todos os mente. Que tambem se não podia conceder o das
outros ramos de industria agricola prosperão em toda tavernas do Porto, porque os moradores daquella ci
a parte sem o soccorro, destas companhias, e citarei dade o não querem, estava de facto abolido, e que
para exemplo o que se passa á nossa vista ua provin rer introduzilo obrigando á força a que o acceitassem,
cia da Extremadura, e na ilha da Madeira, aonde a podia ter funestas consequencias. He este, se me não
pureza dos vinhos se conservão muito á sastifação dos engano, o seu grande Achilles, e eu vou agora vêr,
consumidores, e aonde a sua produção cresce annual se considerando separadamente cada uma das suas
mente sem que existão companhias com privilegios ex partes, posso senão derrubalo, ao menos detelo na
clusivos. Resumindo pois as minhas idéas digo que os sua carreira victoriosa. A primeira proposição, que
exclusivos da companhia do Douro devem acabar o o commcrcio dos vinhos do Douro he muito interes
mais breve possivel, porém gradualmente, e sem re sante para toda a Nação, he um axioma, e concor
pelão; e que devendo-se por ora conservar parte del do misso com o illustre Preopinante; mas não assim
les, ou o seu equivalente, sejão os interessados os que a respeito da segunda, que diz, não póde conservar
principalmente contribuão, e por isso voto que seja se sem uma companhia este commercio no seu estado
imposta a favor da companhia como indemnização dos florescente e vantajoso a Portugal; porque estou per
deveres que vai contrahir com os lavradores do Dou suadido que a companhia, e todo e qualquer empeci
ro, uma contribuição de 13000 réis por pipa, que lho, lhe he prejudicial: por tanto examinemos as ra
- **
[ seis |
zões em que ele se funda, e com que pretende con ..... nem havia de fazer arriscadas especulações, nem
vencer-nos: 1.° tirada da autoridade desta augusta deixaria aos negociantes fazer conhecido este vinho em
Assemblea, que a mandou reformar, e por isso sup novas partes, e entretendo despezas excessivas, e des
poz, que ella havia de existir. Para ter força este ar necessarias, fará sempre que eles nas mesmas terras,
gumento he necessario mostrar, que ela não podia em que tem consumo não passe nunca das classes ri
subsistir de qualquer outro modo; porque podendo cas. Este, Srs., he o grande mal da companhia, ex
subsistir de outro modo, a Commissão devia antes cluir o negociante da compra do vinho barato, e não
adoptado do que conceder-lhe um exclusivo abolido lhe deixar preparar por um preço, que haja de aug
com tanta solemnidade, e conhecimento de causa co mentar o seu consumo. Tirem-se os estorvos ao com
mo oppressor do commercio, da agricultura, e da mercio e exportação, será muito maior este vinho,
industria, contrario ao espirito da legislação toda será muito mais conhecido, e terá muitos mais con.
que tinha sido feita nesta Assemblea sobre a exporta sumidores! Os annos de abundancia permitirão no
ção da agua ardente para as Ilhas, e aperfeiçoamen vas especulações, e o sacrificio de um momento favo
to de um ramo de industria nascente, em que pode recendo estas emprezas arriscadas, produzirá bens in
riamos tar vantagem a todas as nações da Europa, calculaveis procurando-lhe um consumo certo e dura
se o não sufocarmos na sua nascença, o que ainda vel. O vinho do Douro custa a fabricar-se, mas a sua
se não conseguiu demonstrar. Era necessario de mais despeza não he tal, que o vinho a não pague com
provar que da existencia da companhia se seguião muita usura. Tenhão os lavradores economia, reser
maiores bens, que prejuízos da concessão do exclusi vem o vinho como fazem os lavradores do azeite do
vo, porque temos autoridade de decisão contra outra anno abundante para o da esterilidade, e elles se tor
decisão. -
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DIARIO
DA S
NUM. 280.
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la das Cortes 23 de Janeiro de 1822. — O Deputado Uma carta de felicitação do juiz ordinario, e po
Agostinho de Mendonça Falcão ; Antonio Maria vo da villa de Punhete pelos innumeráveis beneficios
Osorio ; José Ribeiro Saraiva ; Pedro José Lopes recebidos, que se mandou mencionar honrosamente:
de Almeida ; Arcebispo da Bahia ; Manoel Mar Outra carta de felicitação do juiz eleito de Honra
tins do Couto. de Escalhão, que se ouviu com agrado.
Na sessão de 21 de Janeiro fui de parecer, que se Uma exposição, e resultado dos trabalhos da Com
concedesse á companhia dos vinhos do Alto Douro o missão de commercio de Caminha, que se dirigiu á
exclusivo das aguas ardentes por cinco annos na fór Commissão de commercio.
ma dos artigos 19, e 29 do projecto, com a obriga Cinco memorias do prior da Mecejana Joaquim
ção de comprar por preço taxado a agua ardente, Anastasio Mendes Velho: 1.° sobre a necessidade
que os lavradores das tres províncias do Norte lhe de coadjutores em todas as paroquias ruraes: remet
quizessem vender. —
Antonio Pereira Pinheiro de Azevedo ; tida á Commissão ecclesiastica de refórma. 2.° Sobre
AntonioCanavarro.
Carneiro •
* # :
exemplares da conta geral da repartição do Commis outra fórma, tendo sempre em vista que não sejão
sariado do mez de Setembro de 1821, que se havião gravosas ao Thesouro, nem aos povos.
já distribuido pelos Srs. Deputados. O Sr. Barata: — Levanto-me tambem para votar
Outra de José Francisco Braamcamp, oferecen contra o estabelecimento dos substitutos: um dos mo
do 150 exemplares de um impresso a respeito de um tivos principaes que me movem a não querelos ad
pouco de trigo vindo das ilhas, que se mandárão dis mittir he, que vamos augmentar o numero dos jui
tribuir, remettendo-se um exemplar á Commissão de zes sem nenhuma necessidade. Eu tenho dito varias
agricultura para o tomar em consideração. - • •
vezes que este ajuntamento, ou aggregação de ma
Uma representação dos taquygrafos menores das gstrados, era muito temivel, e que quanto mais cres
Cortes, que se mandou passar á Commissão do dia cesse peor era, e por esta razão digo que senão de
rio para o tomar em consideração. vem admittir os substitutos dos juizes de fóra; pois
Pela chamada se verificou acharem-se presentes no caso que estes tiverem algum impedimento póde
118 Srs. Deputados, e que faltavão 16; a saber: os supprillo o advogado mais velho, ou o que se julgar
Srs. Gomes Ferrão ; Quental da Camara ; Sepul mais capaz.
veda ; Bispo de Béja ; Macedo ; Gonvea Durão ; O Sr. Lino Coutinho: — Creio que nós não de
Ferreira da Silva; Bekman; Castello Branco; Pe vemos crear cousas sem estarmos bem seguros da pre
reira da Silva ; Guerreiro ; Faria ; Sousa e Al cisão dellas. A creação de substitutos vem a ser nulla
meida ; Arriaga ; 2efyrino dos Santos. e pezada ao Estado: pezada porque he para supprir
Passou-se á ordem do dia, e se começou pelo ar aos que talvez não tenhão que trabalhar um dia no
tigo 150 do projecto da Constituição, que he o se seu destino; e nulla, porque não hão de poder cum
guinte • prir com suas obrigações aonde o terreno for extenso.
150 Todo o Reino será dividido em convenientes Como um juiz de direito substituto ha de correr um
julgados ou districtos, cada um dos quaes terá um terreno tão grande para substituir aquelle que adoe
juiz de primeira instancia, chamado Juiz de Fora, ceu ! Voto pois contra o estabeiecimento dos juizes
Em Lisboa, e outras cidades muito populosas se esta de direito substitutos, e sou de parecer que qualquer
belecerão quantos sejdo uecessarios.…. . dos letrados, ou mesmo o juiz mais visinho, poderá
\,
Resolveu-se que tornasse o artigo á Commissão substituir aos juizes de fóra, no seu impedimento.
para o uniformar com a doutrina já vencida a respei O Sr. Brito: — Tambem subscrevo contra o arti
to dos jurados, e na conformidape della redigir o ar go. Nada de substitutos com vencimentos de ordena
tigo. dos. Segundo as nossas leis temos provido neste caso,
-
Passou-se ao artigo 151. Crear-se-hão lugares de e estabelecido a maneira, por que se hão de substi
substitutos dos Juizes de Fóra, na razão de um por tuir os ministros impedidos, ou ausentes, e quando
cada tres, para os substituirem nos seus impedimen não agrade a lagislação de que usamos, podem-se
tos, ou nas causas em que forem suspeitos. Estes subs autorisar os mesmos juizes de fóra a nomear seus de
juizes. residirão dentro do districto dos respectivos legados, assim como estão autorisados os corregedo
titutos •
aqui tratar-se de substitutos: o mais que na Consti O Sr. Brito: — Não se póde dizer que esteja em
tuição póde dizer-se he, que os juizes de fóra terão desuso uma lei expressa, sem se revogar; eu a tenho
substitutos como se regular por lei; e na organisação visto praticar no Brazil nas comarcas, onde não ha
da magistratura. poderá, com mais acerto prover-se juizes de fóra, que he quando tem lugar nos termos
sobre este objecto. Talvez que convenha fazer das da mesma lei. Nem julgo que seja contra a liberda
substituiçoes lugares de escalla, que sirvão como de de, ou contra o direito que um juiz que tem jurisdic
habilitação para a magistratura, ou dar-lhe alguma ção ordinaria, a possa delegar. He um direito reco
[sse5 ] *
nhecido em quasi todas as nações da antiguidade, e não se podia continuar, tendo-se mudado de base; é
igualmente nas modernas: mas quando não se queira agora nos vemos no caso de voltar atrás depois dé
conceder esta autoridade ao proprio juiz, conceda-se muitos dias de discussão: sou portanto de … que
á camara do mesmo dissricto, o que lhe dará maior esta não continue, e que todos os artigos deste capi
importancia sem inconveniente, pois sendo uma au tulo voltem á Commissão para serem redigidos."
toridade
confiança.livremente eleita pelos povos logra toda a
* * * * O Sr. Moura: — Mas na redacção não se póde
• •
* * * 1 -, |-
O Sr. Bastos: – Eu creio que a Commissão trabalhos, e por esta occasião eu peço a V. Exc."
tem bastantes luzes para deitar essas linhas. que me queira dispensar por alguns dias da assisteti
O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu estou pelo vo add.ás "sessões," .
#
para poder arranjar essa enorme pape" * * * * * * * * • -
condemnadas não só a sustentar tanta caterva de es Tendo o Sr. Presidente posto a votos se o artigo
crevinhadores, mas a serem por elles a cada momen estava suficientemente discutido, e tendo-se resolvi
to perseguidos, inquietados, e trapaceados. do que o estava, o Sr. Moura propoz se dissesse: os
O Sr. Presidente: — A questão que se tem sus juizes de fóra conhecerão, eonforme o regimento que
citado foi se pareceria mais proprio que este artigo se lhes ha de dar, de todas as materias de jurisdicção
pertencesse ao Poder judicial ou ao Poder adminis contenciosa e voluntaria, que até agora conhecido os
trativo, cuja qnestão foi suscitada pelo Sr. Killela, provedores, corregedores, etc.
e á qual até agora ninguem tem respondido. O Sr. Presidente dividiu as questões, e as propoz
O Sr. Moura: — Quando os redactores do pro do seguinte modo.
jecto quizerão attribuir aos juizes de fóra os encargos 1.° Se se approva a primeira parte do artigo nes
pios, o recebimento de fianças aos presos, etc., foi tes termos: os juizes de direito conhecerão em seus dis
mais na intenção de tirar estas attribuições aos tributrictos de todas as causas contenciosas, que não forem
naes que as tem actualmente, considerando os males ecceptuadas em algum dos artigos da Constituição ?
que tem causado aos povos, que por outra razão. E E se venceu que sim.
que importancia tem que isto agora se faça pelos jui *
2.° Se se approva, quanto jurisdicção volunº *>
[ 882s j
taria, que as juizes de direito conheçãº, conforme º jurados, porque sempre fica o recurso de recusação;
regimento, que, se lhes ha de dar, das causas de que mas não me parece que póde ter lugar em quanto aos
conhecido às autoridades designadas no artigo? Ven juizes de fóra. -
ceu-se igualmente que sim. |" " . O Sr. Lino: — Nós já havemos estabelecido que
e (), Sr. Secretario Freire notou que entre os arti os jurados serião aquelles que julgassem em materias
gos lá2 e 153 havia um artigo omisso, que deveria de facto, ou nas causas crimes ou civeis, e como es
declarar a jurisdicção dos juizes pequenos, o qual re ta instituição tem sido tomada e adoptada de outras
queria se fizesse, c tendo posto a votos o Sr. Presi nações aonde está estabelecida, será necessario ado
dente esta indicação, resolveu-se que a Commissão fi ptar o qne naquellas mesmas nações está tambem es
que encarregada de o fazer para regular a jurisdicção tabelecido a seu respeito. Quando os jurados decidem
destes juizes, pequenos, tanto nas causas civeis como em causa crime não ha appellação ou aggravo senão
nas crimes, e as suas alçadas. naquelle caso em que o juiz que preside vê que os
•
*: O Sr. Bastos: — As quantias das alçadas não jurados não procedêrão bem. Em Inglaterra o dito
podem ser objecto de artigo algum constitucional; juiz manda então a causa ao banco do Rei, o qual
pois, a Constituição, deve permanecer, e aquelas manda proceder á reunião de outros jurados; e por
quantias devem variar segundo a variação que tiver o isso sou de parecer que se declare que dos jurados ha
Valor das moedas, e outras circunstancias. verá uma só e unica appellação, e que se marque o
..… O mesmo Sr. Secretario Freire leu o artigo 153. tribunal ao qual deve subir o dito recurso.
Os juizes de fóra decidirão sem recurso as causas ci O Sr. Moura : — Mas o illustre Preopinante
equivocou-se
veis, que não valerem mais da quantia que a lei de appella, pois quando
tambem diz que sóasopartes.
appellão presidente do jury •
ha de guardar esse recurso daquella ordenação não O Sr. Serpa Machado: — Se a primeira parte do
guardada. - - - -
artigo passa com o addictamento do Sr. Borges Car
: : O Sr. Peixoto : — Eu trouxe o aggravo de or neiro, não haveria modo de evitar nenhuma nullida
denação não guardada como exemplo, não para que de que houvesse n’um processo: por tanto não sou
se renovasse : entretanto, por beneficio das partes, de parecer que o dito addictamento possa ter lugar.
•
entendo que se precisa de um meio mais facil do que O Sr. Borges Carneiro: — Pôde-se embora con
o da responsabilidade dos juizes. servar o artigo como está pelo que respeita ás causas
O Sr. Ferreira Borges: — Ah, se he para ex civeis; e quanto ás crimes póde dizer-se que cessará
emplo está bom ; mas de outro modo não falemos em o recurso nos casos que a lei determinar.
aggravo de ordenação não guardada: he tempo de O Sr. Lino: — He necessario que tenhamos uma
acabar com isso. Para o desprezo da lei temos a res idéa muito exacta do que he jurados: nos jurados não
ponsabilidade dos juizes. |- ha alçada, nem appellação nenhuma, sómente na
: O Sr. Borges Carneiro: — Quanto a este artigo qaelles em que já disse, ou mesmo no que expressou
me lembra dizer, que talvez convenha accrescentar-se, o Sr. Moura, e nem por isso se julgue que são mais
quanto ás causas crimes, que conhecerão tambem sem necessarias as appellações; porque nos jurados não
recurso daquelas que pela sua pouca importancia a ha motivo nenhum de temerem-se as injustiças; nós
lei designar. - - - -
|- • •
vemos que nos conselhos de guerra, que são uma es
- O Sr. Serpa Machado: — Não me parcce se de pecie de jurados não se vê em communmente as in
ve fazer essa addição; porque se as causas são de justiças que na grande chicana da parte criminal:
pouca monta são cecididas por juizes pequenos, e se no jurado nunca se appella senão quando ha nullida
são de importancia não se devem decidir sem recur de de processo, e he quanto basta |-
so: muito embora isso seja applicavel ao conselho dos … O Sr. Moura: — Eu queria desfazer uma peque"
\">
fases ]
na equívogação que tambem teve agora o ilustre ..… O Sr. Secretario Felgueiras dei conta do seguinº
Preopinante: em quanto ás attribuições dos jurados, te officio. º • * *
e o que estas diferem das dos juizes de direito he cou Illustrissimo e Excellentissimo Senhor.—Sua Ma
sa já muito reconhecida e sabida, e manifestada por gestade manda participar ás Cortes Geraes e Extraor
quazi todos os publicistas modernos; mas dizer-se que dinarias da Nação portugueza para sua intelligencia,
só quando ha nullidade no processo he quando se re que tendo consideração ás repetidas instancias, i que
clama do juisº dos jurados não he assim, pois tam lhe tem feito o Almirante Joaquim José Monteiro
bem se appella quando tem sido mal qualificado um Torres, para ser aliviado do emprego de Ministro, e
facto. Supponhamos que qualificou de assasino o ju Secretario de Estado dos negocios da Marinha: Hou
rado o que sómente era homicidio; a parte neste ca ve por bem por decreto da data de hoje, conceder
so póde appellar; isto he o que diz Blakstoon, e to lhe a demissão do dito emprego; e que havendo ou
dos quantos falão na materia. • -
tro sim respeito ás qualidades, e distincto merecinem
O Sr. Fernandes Thomaz: — Sr. Presidente: juiz to do Vice-Almirante Ignacio da Costa Quintella,
de quem não se recorre he só o Padre Eterno: eu o nomeou por outro decreto da mesma data para nel
não conheço outro, nem julgo que se possa admittir. le lhe succeder. E rogo a V. Exc. o queira fazer ar
Pºis em uma materia de tanta consideração não se sim presente no mesmo soberano Congresso. . . .
ha de conceder recurso! Admitta-se embora a base Deus guarde a V. Exc. Palacio de Queluz am 18
dos jurados, mas em quanto á fórma he necessario de Janeiro de 1822. — Sr. João Baptista Felgueiras.
ir-se acommodando ao paiz; pois por ter-se admitti — Filippe Ferreira de Araujo e Castro. .
do aquella base não se infere que se deva seguir á Ficárão as Cortes inteiradas. - , • ' -
risca tudo quanto á cerca de jurados se faz em outras - Deu igualmente conta de uma representação da
partes: vamos vendo, e se achar-mos alguma cousa junta da companhia do Alto Douro em que fazia va
melhor, que o que os Inglezes praticão a esse respei rias reflexões sobre o artigo addicional do projecto de
to, porque não a havemos de admitti: ! Em quanto refórma da companhia: o Sr. Girão pediu a leitura
ao mais, torno a dizer, que deve haver appellação da dita representação e foi apoiado pelos Srs. Bastos
nas causas crimes: Deus nos livre de um paiz aonde e Van Seller, fez-se a leitura, e se viu, que a junta
ha um juiz que julga sem recurso. não approvava a doutrina do artigo addicional repre
Julgou-se o artigo suficientemente discutido. - sentando, que se os lavradores das tres provincias ven
O Sr. Presidente dividiu a questão propondo-a á dessem as suas aguas ardentes pelo preço que marca
votação do seguinte modo 1.° se se approva a 1.° o artigo, isto he, pelo preço porque a companhia
parte! Venceu-se, que sim. 2.° Se se approva a 2.° vendesse descontados vinte por cento; então virião a
regra, declarando, que o recurso será para os juizes ser mais beneficiados que os lavradores do Douro, que
superiores, que decidirão em ultíma instancia! Ven venderião os seus vinhos reduzidos a agua ardente
ceu-se, que sim. 8.° Se nas causas crimes se admitte com um lucro exorbitante, e em breve as tres provin
recurso dos juizes de direito nos casos, e pela forma, cias se não darião a outro genero de cultura; o que
que a lei determinar! Venceu-se, que sim. seria de grande perjuizo para as mesmas provincias,
* O Sr. Araujo Lima lembrou que seria necessario para o Douro, e para o commercio em geral dos vi
se entendesse deveria haver recurso nas causas crimi nhos. Mandou-se remetter ás Commissões reunidas
naes, e nos casos que a lei determinar, não só das de agricultura e commercio. • •
sentenças proferidas pelos juizes letrados; senão tam O Sr. Freire leu os seguintes quesitos. . •
bem das dos juizes de facto. As Commissões reunidas perguntão para seu es
Esta indicação foi posta a votos. clarecimento
Entrando porém no Congresso o Sr. Secretario 1.° Deve sustentár-se a companhia por cinco an
freire, no momento em que se tomavão os votos nos com alguma compensação, ou favor, pelo onus
disse: pelo que acabo de perceber vejo que se trata, de
do comprar todos
Alto HDouro ? os vinhos excedentes , no mercade
- • !
de se deve haver recurso das sentenças dos jurados, o
que julgo que he um objecto dos mais melindrosos, 2.° Este favor deve ser estabelecido com algum
e que se tal cousa se decide, he inteiramente contra imposto directo posto sobre os vinhos do Douro, ou
a natureza dos mesmos jurados: sou portanto de opi alguma outra maneira de regular a compra; e venda
nião, que negoeio de tanta entidade não deve deci das aguas ardentes das tres provincias do Norte!
dir-se tão precipitadamente, e que pelo contrario he Sala das Cortes em 23 de Janeiro de 1822. —
muito digno de tomar-se em consideração. Francisco Soares Franco ; Francisco Antonio de
* Suspendeu-se efectivamente a votação, e come .Almeida Pessanha ; Francisco Fan 2eller; Luiz
çou a discussão sobre o dito objecto; mas tendo ma :Monteiro ; Pedro José Lopes de Almeida ; Fran
nifestado o Sr. Presidente, que o tempo destinado cisco de Lémos Betteucotirt.
para a discussão de Constituição tinha terminado, e O Sr. Girão: — Eu não assignei os quesitos por
devia passar-se á prolongação addiou a discussão pa que julgo, que são problemas muito difficeis de resol
ra ser continuada no seguinte dia, expressando que ver, e que deverão produzir uma immensa discussão:
começaria pelas seguintes proposições. 1." Se com ef conhecendo porém o prejuizo que resulta ao Douro
feito deveria haver recurso das decisões dos juizes de de se lhe não expedir o juizo do anno, apresento o
facto, e 2.° se se deveria declarar quaes serião os meu voto particular reduzido a que o segundo perio
agos, e os efeitos deste recurso, . "… . . . . i { *
do da feira dos vinhos se demore até ao fim de Abril :
t ssso }
" e que se houver algúm vinho excedente séja compra tação he precipitada, porque ainda senão faz votação
do pela companhia a 203 réis para distillar, pagan nenhuma; mas penso que o Congresso se acha suffi
do-o em prazos de 6, 8, e 12 mezes; e he o seguinte cientemcnte instruido para poder desde já votar sobre
- O meu voto lie, que o segundo período da feira os quesitos, pois elles recáem sobre a prolongada dis
dos vinhos se demore até os fins de Abril franco e li cussão, que sobre esta materia se teta tido nos dias
vre para toda a qualidade de consumo, e que se no anteriores, •
fim deste segundo período ainda existir algum vinho, O Sr. Soares Franco: — Estas perguntas são o
a companhia terá obrigação de o comprar a 203 réis resultado das discussões anteriores, e tem sido pro
para distillar, e o pagará a prazos de 6, 12, e 18 postas pela divergencia de opiniões dos membros da
Inezes, e que se expessa a consulta. — O-Deputado Commissão; pois sem a sua resolução lhe impossivel
* Gyrão. que possa dar nenhum parecer. No entanto a decisão
O Sr. Moura Coutinho apresentou a seguinte dos ditos quesitos he muito simples, pois são sobre
uma materia que tem sido illustrada por quatro dias
Emenda ao artigo 19 e seguintes do projecto n.° 266, de discussão. •
20 O consummo desta agua ardente será um en O Sr. Miranda: — Mas a Commissão pergunta
cargo inherente ao commercio dos vinhos do Douro; sobre o mesmo que deve dar resposta, e respondendo
e assim todo o "negociante que quizer especular nos o Congresso a seus quesitos já não tem ella opinião
vinhos daquelle paiz, º pelo facto da compra contrairá que emittir, pois se lhe responde sobre o mesmo que
a obrigação de receber da companhia pelo preço in tem sido perguntada. •
dicado no artigo 19 uma quantidade de agua ardente O Sr Soares Franco: — A Commissão teria des
que (proporções guardadas) corresponda ás pipas de de logo emitido seu parecer sem apresentar os novos
vinho que tiver comprado. quesitos, se isto lhe tivesse sido possivel; mas como
21 Para que a compainha não seja damnificada, tenho manifestado, não foi possivel pela diversidade
e além disso receba os lueros, a que lhe dá direito o do opinioes. A Commissão reunida tem seis membros,
adiantamento, e empate dos seus capitaes, que foi e cada dois tem sido constantemente de distincta opi
obrigada a empregar, se lançará um imposto conve nião: por tanto não era possivel adoptar outro expe
niente sobre cada pipa de vinho do Douro, e sobre diente que o adoptado; mas ainda que os quesitos se
cada pipa de agua ardente que entrar no Porto, uma jão respondidos, nem por isso deixa a Commissão de
vez que não seja do districto do Alto Douro. – Mou ter que interpor o seu parecer.
ra Coutinho. -
discutirem. O contrario he uma surpreza, que póde A principal opposição que se faz contra tão util
ter funestos resultados. estabelecimento he dizer-se não ser justo que as outras
O Sr. Gyrão: — Apoio a opinião do Sr. Bastos. províncias do norte sejão sacrificadas com um exclusi
O Sr. Presidente; — Não se póde dizer que a vo vo em beneficio do paiz do Douro; mas (além do que
f3831)
eu já disse a este respeito na sessão passada) negará concluiriamos de uma vez com este negocio. Separe
alguem que a companhia, ainda que nos annos abun -molo pois do corpo legislativo, e deixemos ás mes
dantes não consuma todos os vinhos dessas provincias, #", partes o determinar
do
•
os: seus
(; , " "."; " ..." " ". 1: "interesses,
1. •
(Apoia
-
de comprar! Essas provincias tem de si tudo o que _” Tendo sido igualmente lido o segundo quesito, o
} e necessario aos usos da vida humana, e se sofrem Sr. Presidente o devidiu em duas partes; a primeira
alguma cousa, sofrem pelo bem, geral do Reino, que que diz: este favor deve ser #ºm algum
tanto lucra com o commercio dos vinhos do Douro, imposto directo sobre os vinhos do Douro! . . .
unico genero para que he habil. Não he minha ten … E tendo-se posto a votos resolveu-se, que não.
ção falar a favor do Minho, da Beira, do Porto, ou Segundo: deve ser estabelecide por alguma ma
JBouro:, falo a favor da Nação inteira: º falo a favor neira de regular a compra e venda das aguas arden
de doze milhões de cruzados que nella entrão annual tes das tres provincias do Norte! Foi approvado que
mente; e falo pela , conservação do unico ramo de sim, e se decidiu que voltasse á Commissão com a
commercio que nos resta: falo porque estou persua emenda do Sr. Moura Coutinho, a fim de interpór
dido de que se a companhia se destróe, o resultado com urgencia a sua opinião difinitiva.
de nossos trabalhos, ou antes de nossos erros, será O Sr. Girão pediu ser demittido da Commissão
um pelago de miserias,
systema constitucional. e mesmo grande descredito
* * *_ !
do•
encarregada
cisão tomadadeste objecto,
era contra as porque
bazes. julgava
" que a de • * *
mal, quaes forão procurar a saida dos seus vinhos, . - O Sr. Secretario Freire leu o seguinte
e aperfeiçoar a distilãção de suas aguas ardentes; po-º .
rém quaes são os mercados que se tem aberto a Por ; ; ; , 2 o P A R E c E a:
tugal! Qual he a liberdade que se tem dado a esse
commercio, quando pelo contrario tem havido sem A Commissão de fazenda, ávista do oficio dos
pre esse exclusivo que o tem encadeado. O Brazil pre inspectores da subscripção do banco de Lisboa, elis
cisa de 30 mil pipas de vinho, e pelo menos metade ta dos accionistas que o acompanha, conhece que o
do que se consome he estrangeiro, e não deve per banco já tem um nnmero de acções suficiente para
mittir-se, que havendo abundancia de um genero em desempenhar a maior parte das suas operações: entre
Portugal, se deixe entrar do estrangeiro o mesmo ge tanto, para que a Commissão designe o modo porque
nero em nenhuma das suas provincias; uma vez que estas operações devão com brevidade começar, neces
isto se prohiba, e não receba o Brazil outros vinhos, sita que os inspectores da sobscripção remettão a este
e outras aguas ardentes que as de Portugal, não pro soberano Congresso uma lista circunstanciada do nu
duzirá Portugal nem o sufficiente para o seu consumo. mero das acções por que sobscreveu cada um dos ac
O Sr. Moura Coutinho: — Tudo isso he optimo, e tuaes accionistas: requer por tanto a Commissão que
deve fazer-se; mas pergunto, quando he a feira do as Cortes assim o determinem, com a urgencia que o
vinho!.... negocio # ser do mais notorio interesse publico de
O Sr. Xavier Monteiro: — Esta eterna discus manda. Paço das Cortes em 21 de Janeiro de 1822. –
são parece-me que conduz o Congresso a resultados, Francisco Xavier Monteiro; Francisco Barroso Pe
a que nunca chegou sobre outro algum objecto. Já reira ; José Ferreira Borges ; Francisco de Paula
são passados tres dias de discussão sobre este assum Travassos ; Manoel Alves do Rio ; Rodrigo Ribei
pto, sem se conciliarem as opiniões, e para maior ro Telles da Silva.
admiração, sem se concordar em factos, e prevejo Foi approvado.
O Sr. Ferrão apresentou uma memoria sobre as
que se continua a discussão sempre acontecerá o mes
duas linguas, portugueza e latina, ou melhor fórma
mo: seria pois conveniente, e até necessario que de
mittissemos de nós este negocio, ordenando que os
para serem bem ensinadas, oferecida por Jacinto
lavradores do Douro, e os das outros provincias, se
Faustino Coelho e Moura, que se remetteu á Com
querião tratar com a companhia, nomeassem um missão de instrucção publica, e deu conta do seguin
certo numero de representantes que o fizessem, e o te
4.° Os Membros da Commissão mandarão vir Para os inspectores da sobscripção para o banco de
alguns livros da livraria, e á sorte se abrirá um ca Lisboa.
pitulo, que farão ler por um dos tachigrafos maiores
em voz alta e intelligivel para todos os candidatos to As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação
marem as notas tachigrafycas. portugueza ordenão que V. ms. remettão a este sobe
5.° Lido o capitulo e os mais que a Commissão rano Congresso uma relação circunstanciada do nu
julgar suficientes, passarão ali mesmo os candidatos mero das acções com que sobscreveu para o banco de
sem communicação uns com os outros a pôr em limº Lisboa cada um dos actuaes accionistas, e isto com a
po as suas notas tachigrafycas, assignando cada um urgencia que demanda um negocio de tão notorio in
no fim o seu nome; e as entregarão á Commissão, a teresse publico. O que participo a V. ms. para sua
qual occupando-se nos dias successiuos em comparalas intelligencia e execução. |-
com os originaes, attendendo igualmente ás mais cir Deus guarde a V. ms. Paço das Cortes em 23
cunstancias que occorrem, fará ao soberano Congres de Janeiro de 1822. --João Baptista Felgueiras.
so a proposta com imparcialidade, e comº julgar mais
conveniente ao serviço das Cortes. -- Rodrigo Ferreiº Redactor — Velho.
• |- *
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DIA R IO
D A S
DA NACÃO PORTUGUEZA.
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|- NUM. 281.
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sua jurisdicção. Dirigiu-se a Commissão ecclesiastica Fez-se a chamada e achárão-se presentes 111 De
de reforma. •
trina dos juizes, senão em quanto ella merecer a sua O Sr. Serpa Machado: — Se nós tivessemos pre
approvação. Em 1792 forão chamados a casa dos sente o plano dos jurados, que deveriamos seguir;
Lords os doze juizes de Inglaterra para serem consul então não teria receio em que se estabelece-se na Cons
tados sobre este ponto, e todos unanimemente decidí tituição, , um artigo imperativo sobre esta materia;
rão que os jurados estavão estrictamente obrigados de como porém não temos ainda este plano, julgo que
conformarem o seu verdict pelo que toca ao facto, se tão sómente se deve fazer um artigo permissivo, em
gundo o que resultasse da prova; e em quanto ao direi que se estabeleça o recurso nos termos que a lei de
to, segundo este lhes fosse declarado pelo tribunal, ou terminar. Nós não sabemos ainda se estabeleceremos
juizes; e nesta conformidade a legislatura ingleza, o systema dos jurados, em toda a sua extensão, ou
estabeleceu, tratando de libellos famosos, que os ju como se acha estabelecido na America ingleza, ou
rados deverião examinar a culpa do escripto, e o como se acha estabelecido na França, ou se de todos
facto da sua publicação. Torno a dizer que me pa escolheremos o melhor, e formaremos um plano. No
rece de necessidade que se estabeleção recursos, por plano dos jurados ha coisas que gº com este arti
não poderem ser infalíveis as decisões dos jurados, go; a uniformidade dos juizes. Se nós adoptarmos
e o ser natural que muitas vezes traspassem os limi esta uniformidade está claro, que poderemos diminuir
tes daquella autoridade, que lhes toca. Só os re nesta parte o direito de recurso, porque he mais pro
dactores dos nossos codigos, pensando profundamen vavel que 10 homens quando julgão sobre um facto
te, e fazendo as combinações, que lhes suggerir o não errem tanto como 2 ou 3. Depois ainda ha a
estudo, e conhecimento das nossas circunstancias, e observar se estes juízes de facto estão sujeitos á prova
costumes, poderão tirar da legislação ingleza aquil legal, ou a ambás; isto só se póde decidir quando se
lo que for adoptavel para nós. Quando o parlamen formar o plano dos jurados, e por tanto deste pla
to inglez determinou que o processo por jurados nas no depende a necessidade de se estabelecer mais ou
causas civeis fosse introduzido na Escocia, levou-se menos recurso. Portanto a minha opinião he, que
o tempo que vai desde 1807 até 1816, a tratar des sobre este objecto não se faça um artigo imperativo,
te assumpto; escreveu-se muito, debateu-se muito, mas que se diga que ficará permittido o recurso peló
e só em 1816 he que se deu principie a essa experien modo, e pelos termos que as leis determinarem: ""
cia: verdade he que os Inglezes levão muito tempo O Sr. Corrêa de Seabra: — Esta questão depen
em fazer qualquer mudança nas suas admnistrações, de de outra, que ainda não está decidida, isto he,
porém eu julgo que a prudencia, e circunspecção em se havemos de ter juizes de feito, como os dos Ro
poucas cousas será entre nós tão necessaria , como manos, ou jurados como os de Inglaterra, ou dos Esta
no projecto sobre estes novos arranjamentos judiciaes. dos-Unidos, que são coisas mui diferentes, como já
O Sr. Freire: — Eu fui ontem o que falei con observei em outra sessão. Se adoptarmos juizes de fei
tra a votação, por isso que tinha sido enunciada a to como os dos Romanos, com as modificações, qué
questão debaixo dos termos em que a expoz o Sr. exigem as nossas instituições e legislação, me parecé
Ferreira Borges, dizendo que do juizo dos jura conveniente conceder-se recurso para um tribunal sup
dos podia haver appellação; por estes termos entendi perior de Juizes de feito, reconhecendo todavia que
eu que as causas terião sempre appellação ordinaria; seria melhor reservar-se isto para o codigo. Se se ado
isto he que a decisão dos jurados se devolveria ao co ptarem jurados como os de Inglaterra, ou cousasi
nhecimento dos juizes de direito, e neste caso ficava inilhante julgo de necessidade o recurso. Os Inglezes,
illusorio aquelle juizo; mas então mesmo eu disse que que pelas suas instituições e legislação, quando esta
não me oppunha a que houvesse conhecimento nos belecêrão os jurados, não tinhão a vencer as difficui
tribunaes de direito da nulidade do processo de qual dades, que nós temos, como já notei em outra sessão;
quer maneira que ella fosse, mas que nunca se admit adoptárão tres espécies de recurso nas causas civis;
tissem estes recursos pelo que pertencia ao facto : como se póde ver em Blackstone; e até facilitão os
ouvi aqui dizer que nas causas crimes em Inglater modos de viciar a relação, ou juizo dos jurados, e
ra ha este recurso, parece-me que ha uma manifes de annullar os processos, de fórma que até por falta
la equivocação; se ha este recurso nas causas em que de ortografia se chegárão a annullar. Ora se a legislação
o jurado nao póde qualificar o crime, ou em que elle ingleza facilitando tanto os meios de annular o Pro
mesmo entregue appellação ou oficio, não se deve cesso, assim mesmo concedeu recursos, não pode
daqui conhecer que este recurso he ordinario em In mos líesitar em conceder recursos por outros jurados
glaterra; em todas as causas o juizo dos jurados em na fórma que o codigo regular, porque não devemos
regra he definitivo, e eu estou que o deve ser. Con perder de vista, como já observei era outra sessão,
venho em que ha de haver uma lei sobre este obje que este estabelecimento, ou seja de juizes de factº,
cto; não digo que esta lei tenha o termo de perfei ou de jurados nas causas civeis, ha de achar grandes
ção, mas ha de formalizar-se do melhor modo possi difficuldades na pratica. No crime, 'he verdade que
vel, e necessariamente ha de ter grande diferença das a legislação ingleza ao principio não concedeu recursº,
que se seguem nos outros paizes, pois as bases adop mas foi por uma causa extraordinaria como diz Black.
tadas são diversas. Assento pois que nunca jámais stone, porque o Rei não ficasse privado das multas,
Ó)
*)
[ 3838 | •
se à sentença fosse revogada. Escuso de dizer que se magistrado, não uma sorte vaga e cega, mas reca
gundo o systema feudal, fazião parte das rendas da hindo sobre nomes os mais respeitaveis guardados em
Coroa, as multas, e condemnações pecuniarias... º deposito na municipalidade respectiva. Esta circuns
dá uma grande vantagem ao jurado america
erão por isso as penas dos crimes pecuniarias. Mas tancia
no, a respeite do inglez. Com tudo outras garantias
a legislação reconhecendo este inconveniente º reme são menores, e a nossa forma de Governo exige
diou por um modo, que eu tambem chamo extraor ahi mais que a sua. Se ao contrario, em lugar de trans
dinario, que foi o de facilitar os meios de anular o
processo, e de proceder-se por consequencia a se plantarmos para o nosso paiz algum dos ditos jurados,
gundo exame;, áo depois concedeu-se tambem º e organizarmo s um plano que, evitando os seus defei
tos reuna e reforce as suas garantias, talvez não te
curso da appellação de abuso, que ao nosso modºju nhamos necessidade alguma de recursos, que prolon
ridico de falar, podemos-lhe chamar revista. Em con gão as demandas, multiplicão as despezas, e dilatão
sequencia de tudo isto, concluo, que ou está doutri
na, seja omissa na Constituição; ou a fazer-se arti a incerteza da sorte dos litigantes. Consequentemen
o addicional seja deste, ou de, similhante modo: te sem termos á vista esse plano, sem sabermos qual
## recurso, ou segundo exame, na fórma e modo deverá ser entre nós a organização do juizo dos jura
regulado pelas leis. - - -
dos, nada devemos anticipar sobre o objecto dos re
• •
O Sr. Bastos; — A minha opinião he, que se cursos. Nem nós com isso adiantariamos alguma cou
não faça artigo algum constitucional sobre esta ma za, visto achar-se determinado que similhante juizo
teria. Plenamente ignorantes, relativamente á forma não comece se não depois de se regular nos codigos
porque entre nós serão admitidos os jurados, e a orº a sua forma, e os casos em que deve ter lugar.
ganização que se dará a este juizo, como decidiremos O Sr. Borges Carneiro: — Eu levanto-me para
nós com segurança a respeito dos recursos, que del impugnar os que querem que esta materia não seja
le poderião ou não competir! Adoptaremos nós o ju uma materia constitucional. Eu quero que este obje
# inglez! O jurado americano! Ou trataremos de cto de recursos, vá consignado na Constituição: asr
aperfeiçoar esta instituição, aproveitando a experien sento que nos juizes de direito, deve ser permittido
cia dos povos, em que ella tem sido usada; e as lu #" , appelar para o tribunal competente, º
2es que os grandes escriptores tem derramado nestes qual tenha poder para emendar as ilegalidades
ultimos tempos! Limitando-me ás causas crimes, pois do processo. Quanto porém á pessoa que havia
que quasi todos os Preopinantes tem discorrido nesse de julgar neste caso, quererei que o juizo dos ju
sentido, em Inglaterra ha o jurado de accusação e rado não fique sujeito ao juizo dos desembargado"
o jurado de decisão, que constituem dois degráos de res, mas sim a um jurado mais reforçado, ou mais
jurisdicção em favor do accusado, cujas imputações numeroso, em poucas palavras direi a minha opinião,
vem a passar assim por um duplicado exame. Se o e esta vem a ser que o juizo dos jurados seja defe
primeiro exame lhe sahe contrario, um segundo jura nitivo em geral, para que de modo algum fique su
do se forma para o qual se apresenta ao réo uma lis jeita esta decisão ao juizo de desembargadores, por
ta de 48 homens escolhidos, para dahi sahirem os 12 que eu confio mais nos juizes de facto, do que em
que o hão de julgar. Se ele suspeita alguma preven outros homens, os quaes podem estar pervertidos pe
ção no sheriff que formou a lista, pode rejeitala to la sua sciencia; porém quererei que isto se combine de
da inteira, e esta rejeição se cháma in universum. maneira que nas causas crimes, fique lugar ao direi
Se ao contrario, em vez de rejeitar, acceita o gran to de agraciar; quererei tambem que por via de excep"
de panel, a lei ainda lhe faculta o meio das recusa ção, e não por via de regra, podesse sobir o processº
ções por especificados motivos, as quaes podem não dos jurados, para o mesmo jurado mais numerosos
ter limites, e o de recusar peremptoriamente 20 nos ou para outro jurado, e isto sómente no caso de ille
crimes ordinarios, e 35 nos de Estado. Exhaurida a lista galidade, e tudo n’um artigo constitucional, porque
por alguma destas maneiras, novos jurados se chamão estou persuadido que uma tal materia se não deve
em virtude de um HVrit do juiz. Nos Estados Unidos da deixar para os codigos, mas sim fazer um artigo cons
America, cuja forma de Governo deixa menos recear titucional. -
a influencia do poder, o jurado he muito mais sim O Sr. Araujo Lima: — Eu quero que haja re
ples, e ao mesmo tempo mui superior ao de Inglater curso no juizo dos jurados. Acaso os jurados são in
ra. Ahi a lista de decisão não he de 48, he sómente falliveis! Quantas vezes elles poderão errar, quantas
de 36, o accusado não póde usar de recusações pe poderão prevaricar ! Recea-se que uma Assembléa tão
remptorias, se não até ao numero de 20, e esta fa númerosa, e tão respeitavel, como he esta, prevari
culdade só tem lugar nos crimes, cuja pena he capi que e se engane, e não se recea que um conselho de
tal ou de prisão perpetua: nos outros não se admitten nove ou dez pessoas não erre, e não prevarique! Quem
se não recusações motivadas, as quaes podem esgotar elege esta Assembléa he o povo, quem elege os jura
a lista, para ser substituida. Ora se nós admittissemos dos ha de ser o povo; pois n'um caso póde eleger
o jurado inglez, eu admittiria recursos; porque elle homens falliveis, e n'outro caso não podem ser falli
pecca por um vicio radical, e tal he o de serem as veis! Os jurados são homens, Senhores, podem er
listas formadas por um magistrado, ou official do Rei. rar, e podem prevaricar; elles tem a decidir do mais
Se adoptassemos o jurado americano, eu não menos precioso direito dos homens, da sua liberdade, e da
me declararia em favor dos recursos. Os americanos sua vida, e então ha de conceder-se-lhe a decisão de
do Norte, substituirão a sorte áquella nomeação do finitiva sobre objectos de tanta magnitude, sem quº
…"
[ 3838 1
haja um recurso! Não se ha de fixar na Constitui ahi estabelecidas, que não sejão necessarios recusos,
ção! Eu quero por tantº que haja recurso no juizo tal será a sua impotente combinação que elles sejão
dos jurados, e isto em todos os casos. Este he o meu necessarios. Nem se pense que estes codigos serão obra
Volq- | | , , , •• • • • 1 * *Apenas de meia duzia de homens. Hão-de ser discuti
- -
. O Sr. Bastos: — Quando eu enunciei o meu vo gos e sanccionados Pelas Cortes futuras: e nós não
to, consistindº em não se fazer artigo constitucional evemos ter a presumpção de ser mais habeis que
do recurso dos jurados, não podia lembrar-me, nem, aquelles que hos succederem. Antes a legislação he
ainda posso neste momento, de que dahi se seguisse hma sciencia que he provavel se vá eom o tempo aper
que as suas decisões virião algum dia a sujeitar-se ás eiçºando. __ . . . * * * * * * *-* * * • • • •
dos desembargadores. Isto destruiria a instituição, ou Q Sr. Pinheiro de Azevedo: — Vou limitar-me á
os seus efeitos: e como assim reputar-se # $#*! se deve haver recursos nas causas criminaes.
As minhas opiniões sobre este assumpto devem ser, Que os deve haver he cousa indubitavel; tem-se pro
bem conhecidas. A razão da minha repugnancia em duzido razões que não tem resposta absolutamente;
se decretar já a necessidade dos recursos he a da igno qu accrescentarei só uma; em tem havido
rancia em que se está dessa necessidade por se não muitas sentenças de jurados manifestamente injustas.
filº
saber de que fórma se organisará o juizo dos jurados, Nos Estados unidos da America tem havido muitas.
e ser possivel que esta instituição se organise de ma Em França são mais que muitas, e com injustiça
neira que torne ociosos os recursos. E como ficarão muito clara, o que mostra bem que o conselha dos
sujeitas as suas decisões ás dos desembargadores, não jurados póde, e póde facilmente errar. Demais a ins
tendo elles ingerencia alguma nellas, como acontece tituição dos jurados entre nós he nova, havemo-nos
no caso de não haver recurso! ou tendo, como que de servir de leis que estão estabelecidas em outras
rem os Preopinantes, a de declarar a precisão de se nações, e # combinar aquelas, leis com as nos
cenvocar um novo jurado, vindo por isso de alguma sas, e aperfeiçoalas. As leis } Inglaterra não hão de
sorte a conhecer do precedente, e a exercer alguma servir só de fundamento, hão de servir as outras, e
influencia a seu respeito! Não póde argumentar-se de Por tanto isto tudo mostra a necessidade do recurso.
um juiz de direito para os juizes de facto em quanto Na Inglaterra he admittido nas causas crimes; e nas
ao objecto dos recursos. Aquelle he um só, póde fa civeis ha segundo e terceiro processo; e por tanto
cilmente enganar-se, póde sucumbir ás paixões, e não acho que he de absoluta necessida que haja um recur
havendo quem lhas contrabalance será o prejuizo ir # e """ me parece mais conveniente, que vá
remediavel, a não haver recurso, ao que accresce o leterminadº na Constituição, segundo o modo por
ser nomeado pelo Governo, e não da escolha das par
tes. Ao contrario os jurados são muitos, e por uma ##############
dizendo que deve haver recurso no juizo dos jurados.
consequencia necessaria da liberdade de recusar vem . O Sr. Peixoto:= Apoio o voto do ilustre Preo
a ser da approvação, e da escolha das partes. Duvi-, pinante, o Sr. Bastos, e admiro-me que outro hon
dar da exactidão da qualificaçãe de um facto, depois radº membro, depois de haver confessado a sua per
de examinado por um pequeno, e um grande jurado, Plexidade sobre a #
dos recursos, seguisse a
composto de homens que em ultima analyse são os ºpinião de que se denegassem: quando parece que na
proprios amigos das partes, ou aquelles de quem el indecis㺠devia declarar-se em favor dos recursos; por
las fazem o maior conceito, he demasiadamente duvi não poder duvidar-se que elles são favoraveis á liber
dar. Os jurados são homens, podem enganar-se, e dade e segurança dos cidadãos. Não lhe acho tambem
podem prevaricar: e aquelles para quem se recorrer fazão para que quizesse que os recursos se probibissem
não serão homens, não poderão enganar-se, não po na Constituição, e se resolvessem ao mesmo tempo
derão prevaricar? O meio de assegurar as boas deci as excepções que na legisla ão se lhe fizessem. Se aos
sões não he, não foi nunca o de multiplicalas. O ar legisladores ficar a faculdade ilimitada de pôr exce
gumentº que ouvi deduzir da sentença que conde pções á regra; então esta de nada vale, Fº?? facil
mnou Luiz XVI á morte, não conclue cousa alguma lhes será o iludila. Da mesma sorte não lhe ácho ra
na presente questão. Luiz XVI não foi condemnado zão para a implicancía que mostrou ter com o nome
por um conselho de jurados, depois de exercer a fa de recurso. Até agora recurso, em sentido forense,
culdade de recusar, de que tanto depende a beleza era um termo geral, que designava todo º qualquer
de um tal estabelecimento, e a segurança dos cida meio, pelo qual se devolvião ao conhecimento dº
dãos; foi condemnado por uma camara de represen algum superior os # dos inferiores. Nas cau
tantes da nação. O que poderia inferir-se dahi seria sas civeis temos os dois communs recursos, de appel
que será melhor haver duas camaras do que uma sô, lação e aggravo, em consequencia dos quaes nº ºu
e porque não o decretamos nós assim! Se porém Luiz perior instancia se examínão os autos plenamente,
XVI tivesse segunda camara a que recorrer eu não para confirmar, revogar, ou modificar a sentença dá
duvído nada de que a sua condição não melhoraria, instancia inferior; e ha os recursos especiaes do #
porque tal era o espirito desse tempo extraordinario, gravo de ordenação não guardada, e da revista; No
Para o qual escusado he fazer leis, porque elas então, 1.° limitão-se os juizes da superior instancia a decla
não valem nada. Com tudo eu não digo, que haja rar, se houve desprezo de lei, unico motivo pelo
ou deixe de haver recursos do juizo dos jurados. qual podem invalidar a sentença da inferior. Na re
Digo que isso deve absolutamente ficar reservado pa vista o desembargo nem tanto fazi, e sem interpºrº
ta os codigos. Tal será a combinação das garantias ºu juizo entre as partes, só manda que º preceitº
[ 384ô ]
volte á casa da supplicação para ser de novo julgado; tras nações tem lugar. He necessario observar que nós
e alí he revisto pelo dobro, e mais um dos ministros estamos autorisados a fazer grandes reformas, e que
que o sentenciárão. Similhantemente a estes recursos temos uma liberdade muito mais ampla do que tem
poderão na legislação estabelecer-se outros raui res os Inglezes; e mesmo que os jurados que já temos
trictos, que sem inconvenientes favorecerão o direito são constituidos de uma maneira mais perfeita do
dos opprimidos. Por se dizer recursos, não se segue ue em Inglaterra: neste paiz a nomeação dos jura
que sejão todos aqueles que até agora temos tido. }, depende de um magistrado do Rei, entre nós
Nós vamos crear uma instituição nova. O proces não he assim; em Inglaterra a sentença dos jurados
so pelos juizes de facto he uma arvore transplantada, deve ser unanime, entre nós nem he nem para o futu
e não podemos prever como ella medrará no nosso ro talvez será assim; por isso desejarei que ae estabe
terreno; a experiencia irá ensinando as reformas, que leça como principio certo que a instituição dos jura
as particulares circunstancias do nosso paiz exigem, dos não tem de ser transplantada para Portugal do mes
para que um tal systema judicial se lhe accommode: mo modo porque he conhecida entre os Inglezes; deverá
e os futuros legisladores não poderão deixar de mal por tanto o recurso dos juizes de facto entre nós va
dizer a nossa imprudencia, quando, por um artigo riar, visto que a instituição difere? Quando se tra
constitucional, se virem impossibilitados de melhora tar deste negocio, se o jurado que condemna fôr uni
rem a instituição, que apenas lhes deixamos planta forme, quasi que não deverá haver recurso. Quando
da. Convém advertir, que haverá causas de nature não fôr uniforme o recurso deverá ser concedido se
za tal, que precisem de recursos extraordinarios, até gundo a maioria que houver na sentença: por tanto
para se lhes dar maior espaço, e fazer conter alguma sou de opinião que esta materia não seja caso omisso
efervescencia, que possa ser fatal ao accusado. Taes na Constituição; mas que se estabeleça antes uma
são os delictos por opiniões em que será muito arris proposição negativa para consolidação dos principios,
cada a precipitação dos juizes de facto, e mui falli c satisfação de todos os Portuguezes, e que esta pro
vel o seu juizo, como sujeito ás impressões populares posição seja concebida nos seguintes termos: As sen
do tempo. • tenças dos juizes de facto nunca poderão ser revoga
Portanto deixe-se em generalidade a permissão das por juizes de direito, mas só poderão ser revistas
de regular os recursos, e confiemos que os futuros por outros conselhos de juizes de facto, em alguns ca
legisladores não abusarão desta faculdade. sos que as leis determinarem.
O Sr. Borges Carneiro: — Um dos argumentos Declarada a materia suficientemente discutida, pro
com que se combateu a minha opinião, foi dizendo se á votação, se se approvava o seguinte principio: —
se que ºs legisladores seguintes hão de ter tanto zelo Haverá tambem uma especie de recurso das decisões
• ra as Cortes
como nós. Sefuturas;
isto he mas
assim, então eu
pergunto deixemos e a*
agora:tudo Na dos juizes de facto para o tribunal superior, só para o
efeito de se commetter novamente o conhecimento, e
ção estará tão ciosa da sua liberdade como está ago deeisão da causa ao mesmo, ou a um novo conselho de
ra? parece-me que não, porque a Nação para esse juizes de facto, naquelles casos, que a lei expressamen
tempo já não tem tão perto de si as fustigações e ma te determinar? E foi approvado. "
les que tinha sofrido: talvez que o espirito publico O Sr. Borges Corneiro apresentou a seguinte
esteja para o futuro assás amortecido: por, tanto
não deixemos isto para o futuro, porque se o deixar |- * * * *
* *
* • ••
IN D I c AçÀ o.
mos ralvez que por este modo, e sem querermos, Ire
mos revogar a bella instituição dos jurados: por Pela inclusa relação escrita e assignada por Joa
tanto o meu parecer he que não se deixe nada sobre quim Lino, tabelião da villa de Proença Nova, cons
esta materia para os codigos. •
toria para a poderem ir buscar onde a achassem. O Sr. Secretario Freire deu conta do parecer da
Que isto acontecera no principio de Outubro do anno Commissão de marinha sobre a promoção dos officiaes
passado, sem que as authoridades até agora lhes te de marinha feita pela junta provisional do governo
nhão dado providencia, achando-se neste Reino des da Bahia. Terminada a leitura do parecer; disse
validos, e sem meios de subsistencia a tratar deste ne O Sr. Lino : — Não posso concordar com o pa
gocio. A dita relação está assignada pelo dito pai; e recer da Commissão, porque ele não he fundado so
marido da roubada. bre a justiça, não por culpa dos illustres membros,
A hospitalidade foi outr’ora uma particular glo porque estou persuadido que todos elles são amigos
ria dos Portuguezes; hoje ha um magistrado, que dá sinceros da verdade, mas porque lhes faltavão certos
as mãos com um seductor para se roubar aos estran conhecimentos para bem julgar. Por tanto he preciso
geiros a sua filha, mulher, e neta. Já aquelle minis que eu faça um epilogo da historia do dia 10 de Fe
tro tiraria devaça, ou receberia querella por este rapº vereiro. A Bahia nesse dia não tinha oficial nenhum
to! Já procederia contra o depositario da pessoa de de marinha no seu porto, um porto vastissimo, é
Joanna Ossuna! Estou bem certo que não, e sou aberto cuja defeza não póde ser feita, senão por va
sempre mui propenso a crer as arguições feitas contra zos de guerra: achava-se a Bahia com poucos navios
empregados publicos; porque o abuso de autoridade, mercantes, duas fragatas, e dois brigues de guerra,
este crime o mais revoltante, e transcendente, só he e por isso era preciso armar estes navios, e oppôr al
conhecido em Portugal para se commetter, e não para guma força ao Rio de Janeiro, e a Pernambuco, cu
se castigar. jos governos ao principio intentárão invadir a nossa
Proponho por tanto se diga ao Governo que á provincia. Nestas circunstancias os capitães dos na
vista da inclusa relação, e suas assignaturas se infor vios mercantes, oferecerão-se ao Governo, prepará
me do recontado caso, e removendo toda a trapaça, rão os seus navios, passárão a ser primeiros, e se
proceda promptamente como for justo contra o minis gundos commandantes de embarcações de guerra, fo
tro da villa do Fundão, ou contra quem direito for. — rão de facto nomeados naquella junta provisional que
Borges Carneiro. então governava na Bahia; estes homens continuá
Approvou-se que se remettesse ao Governo para se rão no serviço, e defendêrão aquelle porto, deixan
informar do facto, e dar as providencias que julgar ne do os seus navios mercantes, a sua fortuna, a sua
CCSS a T141S. |-
O Sr. Vasconcellos apresentou, para se declarar pondo a propria vida em circunstancias tão criticas,
na Constituição, o seguinte artigo. — Quando um ci e arriscadas: e então quereremos agora que estes ho
dadão for declarado innocente pelo juizo dos jurados mens fiquem sem recompensa alguma? De mais o
nunca seja permittido á parte accusadora recurso al Congresso approvou já todas quantas operações exe
gum, e que elle não possa ser jámais perseguido pelo cutou a junta da Bahia naquella occasião, e admiro
crime de que já foi accusado. me que o proprio Ministro da marinha faça uma
** *
Ficou para segunda leitura. º similhante pergunta. Outro sim Srs. ha entre estes
Apresentou o Sr. Alves do Rio, e foi unanime. officiaes duas classes bem distinctas: uma que voltou
mente approvada, a seguinte a sua occupação mercantil passada que foi a urgen
- - 1 N D 1 c Aç À o.
• " … cia, e outra que ficou obrigada pela junta a conser
var-se em os navios de guerra continuando até hoje
- ".
em exercicio actual, e daqui bem se conclue que a
• * Completa-se hoje, Senhores, o anno da nossa pri Commissão deve ter em vista estas diferenças para
meira reunião nesta sala, em que se procedeu a Ses poder com justiça e rectidão dar o seu parecer; e por
são preparatoria da verificação dos diplomas, e lega conseguinte digo que para esta 2.° classe deve ser
1 3842 ]
confirmada a promoção e para a primeira, fiquem sim a Commissão não estava ao alcance de quanto erão
plesmente as graduações dos postos que exercerão, benemeritas estas pessoas, agora porém que está mais
tanto mais que estes novos oficiaes podem ficar ser informada as considera como pessoas de muito res
vindo no departamento que de necessidade deve ha peito; entre tanto a Commissão não destruiu a pro
ver na Bahia sem que pretirão aos outros do corpo moção senão pela parte que era ilegal, e assim con
da marinha. |- -
pilotos, e capitães da marinha mercante; e por este Resolveu-se que o parecer voltasse á mesma Com
lado julgou-se que não se devia confirmar a dita pro missão de marinha para interpôr outro em conformi
moção; até mesmo porque a lei prohibe que possão dade das resoluções das Cortes, relativas a semelhan
ser propostos para officiaes da marinha militar aquel te objecto. •
les que não tiverem as circunstancias que nella se de Leu o Sr. Secretario Freire os artigos apresenta
terminão. Considerou-se mais qual seria o prejuizo dos pelas Commissões de agricultura e commercio,
que se iria fazer aos oficiaes da armada nacional nas para a reforma da companhia, os quaes se mandárão
preterições que daqui resultarião: e a final julgou que imprimir com urgencia, para entrarem, sendo possi
a promoção não deveria subsistir: 1.° porque os cem vel, em discussão, segunda feira 28 do corrente;
prehendidos nella não estão habilitados legalmente mandando-se expedir já ordem á companhia dos vi-.
para serem officiaes de guerra: 2.° porque se vão a nhos para se suspender a feira até que vá a resolução
preterir muitos oficiaes da armada nacional. Agora sobre a sua reforma. |-
porém diz-se que as Cortes já havião approvado a O Sr. Presideute nomeou para a Deputação que
promoção: se isto he assim, então nada ha mais que devia ir cumprimentar ElRei no dia 26 do corrente
dizer, e deve-se respeitar a decisão deste Soberano os Srs. Felgueiras, Freire, Moura, Peixoto, Soa
Congresso. Entre tanto sempre será bom que se veri res Franco, JMoura Coutinho, Ribeiro Teixeira,
fique o caso, antes de final deliberação. Luiz Paulino, Travassos, Villela, Borges de Bar
O Sr. Barata: — O parecer da Commissão he ros, Vaz Velho.
injusto, impolitico, e contra a dignidade do Con . * O Sr. VanZeller apresentou um attestado dos ne
gresso, e juntamente contra o que se tem determina gociantes portuguezes residentes em Hamburgo, a
do. Todos os illustres Preopinantes sabem muito bem favor da aptidão, e sentimentos constitucionaes de
que na occasião de grandes males, se prºcisão de Pedro Gabe de Massarellos, consul naquela cidade,
grandes remedios, que quando uma sociedade se vê acompanhado de uma ordem, que ao mesmo dirigiu
abalada pelos seus fundamentos, tudo lhe helicito, José Anselmo Corrêa, ordem a que diz não dera exe
para promover a sua salvação. O Brazil he parte cução, que lhe remetteu o mesmo Pedro Gabe para
desta Nação; nós estavamos ali opprimidos por to apresentar no soberano Congresso, a fim de se justi
dos os lados, não tinhamos modo de sahir de tantos ficar das imputações feitas contra ele no mesmo Con
embaraços; quem havia de acudir aos males que sof gresso: dirigírão-se á Commissão diplomatica, onde
fria a Bahia? um mal intencionado oficial de marinha se achão os mais papeis relativos a este objecto, para
que alli se achava ! Oh vergonha! Quem foi que sal serem tomados em consideração. -
vou a patria naquella conjunctura! Forão além dos O Sr. Freire deu conta do parecer da Commis
demais aquelles homens eleitos officiaes. Quem foi que são diplomatica, sobre os Hespanhoes prezos na ci
os fez promover, foi este Congresso, foi a Constitui dade do Porto, que ficára adiado na Sessão de 16
ção. Pois então agora ha de o Congresso destruir do corrente. A este respeito disse.
aquelles officiaes feitos por ele mesmo? He injustiça. ** O Sr. Sarmento: — Eu não me levanto, Sr. Pre
Por ventura não he um principio de direito commum sidente, sómente por motivos de humanidade, para
aquelle Beatus qui possidet; aquelles officiaes tem o falar sobre esta materia, apezar de conhecer quanta
jus in re. E não estão aquelles homens já de posse! he a força delles; eu julgo que esta questão está so
Sim estão: vamos agora a ver que he impolitico. Que bremaneira ligada com a honra da nação, e trata-se
politica he o desfazer o que o Congresso fez? Almsi segundo a minha opinião de conservar illesos os prin
de Pitt ! Eu desejo aqui tua politica. Poderiamos cipios do direito das gentes, de um direito, que Deus
nós invejar agora o genio de Taleirand! Eu creio que gravou no coração do homem. As circunstancias dos
sim. Queremos dar motivos de aborrecimentoo a esta dois prezos, que são o objecto desta discussão, avivão
nova ordem de cousas, ou queremos fazela amar! na minha memoria o bello pensamento de um dos
Esta destruição da promoção, he contra o que este mais eloquentes homens dos nossos dias, e reconheci
Congresso determinou; porque consta desta portaria do apaixonado da liberdade, e des direitos do ho
(eu): a á vista pois de tudo isto a Promoção deve-se mem; o sábio, e elegante historiador Eduardo Gib
conservar como está lançada e entendida. bom. Ele comtemplou a mudança da Europa em es
== O Sr. Ferreira Borgcs: – He uma verdade que tados independentes, depois da destruição do colosso
=
\ ,
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do imperio romano, como um dos mais venturosos lei, e concordia celebrada no reinado do Sr. D. Sebas
acontecimentos em beneficio da liberdade: no tempo tião, e foi ella publicada em 2 de Julho de 1692.
em que existiu o imperio romano, todo aquelle, que Renovou-se este tratado em 1778; porém esta obra
linha tido a infelicidade de ofender a magistade do de humiliação foi da mesma gente, que dançava de
imperador, ou de incorrer na sua indignação contava alegria de redor do cadaver do Sr. Rei D. José 1.°
logo com o termo de seus dias: erão baldadas as suas por verem paralysados os planos do Marques de Pom
perigrinações, a fim de se subtrahir ao furor, e á ira bal, o qual se se fez abominavel pela arbitrariedade, e
do imperante: se o infeliz procurava as vizinhanças despotismo do seu ministerio, deverá merecer os elo
do mar, achava naquelle elemento um auxiliador de gios da posteridade pela dignidade com que conduziu
quem o perseguia; para qualquer outra extremidade sempre as relações externas da sua patria, colocando-a
do imperio achava povos barbaros, montanhas inac cm um gráo de independencia, da qual estava deca
cessiveis, ou paizes desconhecidos; e semelhante a hida. Nada mais direi se não que o tratado de 1778
um desgraçado passarinho era agarrado dentro da foi obra do mesmo ministerio, que entregou os nossos
gaiola, em que vivia. Acaso deveremos nós renunciar estabelecimentos do Rio da Prata, e que tornou a
aos beneficios da mudança, que a politica tem opc abraçar um systema de timida politica, opposto á
rado, dividindo as nações entre povos independentes! energia, e dignidade do Marques de Pombal. Nós re
Porem dir-se-ha que nós tratamos do cumprimento generadores da Nação Portugueza temos de desempe
de tratados: eu nunca negaria a necessidade de se nhar muitos deveres; porém o principal he o de esta
cumprirem as convenções, porém examinemos pri belecer a nossa patria naquelle gráo de independen
meiramente a natureza dessas convenções , se ellas cia; sem a qual não póde haver liberdade, e tudo sem
existem, e se ellas são applicaveis ao caso presente. ella he triste, e humiliante. Eu sei que os dois indi
Não me demorarei muito na historia dellas, apenas viduos Hespanhoes são accusados de opiniões politicas
farei as observações necessarias, para sabermos o es inteiramente oppostas ás nossas; porém para mim as
pirito dellas. A primeira he do tempo do Sr. D. Ma regras de justiça são invariaveis, e aquelle que tem
noel; he do anno de 1499. Sabe-se que naquella épo de ser julgado tanto importa ser amigo, como inimi
ca estava o Sr. D. Manoel persuadido da futura reur go. Desenganemo-nos Srs., são actos de justiça quem
nião de Portugal com Hespanha, porque ainda era nos ha de fazer respeitaveis na Europa, e a pratica
vivo o Principe D. Miguel herdeiro presumptivo das daquella virtude he que nos hade constituir um ob
coroas de Pertugal, Castella, Leão, Aragão, e mais jecto de admiração entre as outras Nações: deixemos
Reinos: pareceu ao Sr. D. Manoel, que se ião rea ao desgraçado tempo em que o jacobismo governou a
lizar os seus dezejos, e os do seu antecessor o Sr, D. França esses decretos que declaravão o ministro
João 2.°, porém pela morte do Principe D. Miguel Pitt inimigo da humanidade, e que ás tropas ingle
em 1500 quiz a providencia que a Nação. Portugue zas, e hanoverianas se não desse quartel! Semelhad
za fosse destinada, para ser independente, e livre; e tes principios desdourão o estabelecimento de uma
he alludindo a se mallograrem os planos daquelles dois politica fundada na sua mais segura base, que he a
Reis de Portugal que o nosso Sá de Miranda, cheio justiça; elles são filhos de sanguinario fanatismo jaco
de graça, e sal Horaciano contava que portuguezes, binico, que eu detesto, e sempre abominarei. Mais
e Castelhanos não os quer Deus ver unidos. Seguio me animo, e julgo dar um parecer seguro em semelhante
se a celebre concordia do tempo do Sr, D. Sebastião questão, tendo em meu auxilio a opinião do primei
em 1569. He bem sabido qne a maior parte do que ro magistrado de um dos povos mais livres de mún
se obrou no reinado deste Monarca só tem delle o nome. do; o Presidente Jayme Monroe, abrindo o Congres
A respeito desta convenção não he preciso mais do que so da America em 9 de Besembro de 1817, declarou
lembrar, que logo no principio do governo de El qne, a linha de politica seguida pela America a rés
Rei Fernando de Aragão, principiárão os planos peito das dissènções. entre a Hespanha, e os levanta
para mudar a politica de Hespanha: os ataques á dos; que querião reconhecer o governo era o consi
liberdade de Castella , precisavão, do estabelecimen derar essas questões como nma guerra civil, e por
to de semelhantes tratados, que prohibião o asylo tanto inhibidas as Nações extrangeiras de tomar par
em Portugal aos que fugião de Hespanha: não te tido, ou de se erigirem em juizes. Todavia os nossos
nho presente com exactidão o lugar do historiador principios politicos exigem que os dois individuos, que
de los 5.", porém tenho alguma lembrança de derão assumptoa a esta discussão; sejão com a maior
ler em Robertson que Portugal déra dinheiros de brevidade postos, fóra do Reino, porém de modo al
emprestimo a &#, para se poder pagar gen gúm entregues a seus inimigos; isto seria violar as leis
te argnada em serviço, continuo daquellea Estado? da hospitalidade e do decoro nacional, em a guarda
estabelecimento, dirigido para opprimár e a liberda das quaes forão tão acautelados e escrupulosos nossos
de castelhana, e eis o proveito, que nos refere a hisº antepasados. Quando o Almirante: Bluke foi mahda
ioria, que as Nações tirão de semelhantes convenções, do á foz do Tejo, para exigir do Sr. D. João 4.°que
destruidoras da liberdade, que estabeleceio direito da he fosse entregue o Primeipe Ruperto, e os para
gentes…, --:--"Y …" . … * …" } c ………. … ! •
não estar preparado com armamentos navaes, tal era Hespanha, porque dizem os Hespanhoes que he em
o valor dos Portuguezes, que duas embarcações arrui virtude de tratados que se pedein; logo elles reconhe
, nadas, que á pressa forão guarnecidas, bastárão, pa cem estes tratados, e se os reconhecem, então parece
razombar do valor, e afoiteza do almirante Blake: que devemos suppor que existem. Contra isto diz um
defendeu-se o porto de Lisboa, e ficou illeza a hon Preopinante que ha um decreto das Cortes que esta
ra nacional; conservemos por tanto o pundonor dos beleceu que a Hespanha he o asylo e presidio para os
nossos passados. que estão comprehendidos em crime por opiniões po
O Sr. Vasconcellos: — Opponho-me a que estes liticas. Se existe este decreto, ele está em opposição
presos sejão entregues ao Governo hespanhol. Diz-se com estes tratados; por isso he necessario averiguar
que ha um tratado, pelo qual Portugal se obrigou a este decreto, e averiguar o estado da questão. He ver
entregalos, e que este tratado tem sido conservado dade que se rompêrão os tratados, mas devemos ave
no tempo de D. Sebastião, D. Pedro, e D. Maria. riguar se depois da rotura dos tratados houve algum
Pergunto agora se cste tratado foi renovado depois facto entre Portugal e Hespanha, em que Portugal
da ultima guerra com Hespanha. Supponho que não: pedisse alguns destes réos. Tenho alguma idéa confu
todos os tratados antiliberaes estão revogados entre sa de presos que se pedírão e se entregárão; que vem
Portugal uma vez que estes dois paizes abracárão o a ser um facto approvador de tratados. Ora os trata
systema constitucional. Nós não temos direito de pren dos parece que não só se renovão expressamente, mas
der um cidadão que não tenha ofendido as leis deste tacitamente: por tanto a questão he um pouco melin
paiz; estes não ofendêrão as leis deste paiz, por tanto drosa, e eu peço o adiamento della.
não devem ser presos. O territorio portuguez deve ser O Sr. Faria de Carvalho: — Os tratados tem si
um alsyo sagrado para os estrangeiros; se estes não do plenamente cumpridos pelos Hespanhoes; e em
devem ser conservados no paiz mandem-se sair para 1818 por factos positivos e terminantes forão requeri
fóra do paiz, mas nunca se entreguem ás nações paº dos presos, e forão restituidos. Por isso o Congresso
ra elles sofrerem penas por crimes que talves não com não poderá obrar com deliberação e acerto se não en
mettêrão. Ouvi dizer ao Sr. Correa de Seabra que carregando ao Governo para que pelo Secretario dos
as Cortes de Hespanha tinhão revogado estes tratados negocios estrangeiros entre em intelligencia e explica
relativamente aos estransgeiros, peço a este Sr. quei cações com o ministro de Hespanha a este respeito,
ra instruir o Congresso sobre o que sabe a este res e então o resultado desta intelligencia e conferencia de
e peito.… ve voltar ao Congresso para sobre elle se dar uma de
. O Sr. Correa de Seabra: — Sr. Presidente, as cisão effectiva,
«Cortes de Hespanha declarárão em Setembro passado Procedendo-se á votação ficou outra vez adiado o
- que a Hespanha era asylo seguro para todos os es parecer; podendo no entretanto a Commissão diplº
trangeiros perseguidos por opiniões politicas. Na dis matica pedir as informações necessarias sobre o mesmo
cussão, que li no Diario das Cortes, se disse mui objecto. º
clara e especificadamente pelos membros da Commis Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia
são, que propozerão o projecto de lei, que os trata a continuação
da do eleições
prorogação as projectodadameza.
Constituição; e na hora •
efeito existião ou não estes tratados; como porém to de Sua Magestade. ----
estava acabado o tempo da sessão pedia o adiamento Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 24 de
para em outra occasião, mostrar que segundo o seu Janeiro de 1822. – João Baptista-Felgueiras.
entender não existem taes tratados. - - - : º ; ... CT | > - "… .. …
O Sr. Ferreira Borges: — A minha opinião he : ". . * .*… S.. - …, …", º
inteiramente contraria. Estes homens são pedidos por
[ 3845 ]
Para o mesmo. villa de Proença Nova, sobre o vexame e denegações
de justiça que tem experimentado Diogo Ossuna, e
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. – As Cor sua mulher, hespanhoes, na villa do Fundão, a fim
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza, de que tomando-se conhecimento dos factos referidos
tendo resolvido em data de hoje que uma Deputação na mesma representação se dêm as providencias neces
do seu seio vá felicitar a ElRei no memoravel dia 26 sarias. O que V. Exc." levará ao conhecimento de
do corrente, anniversario da instalação das Cortos, Sua Magestade. -
faz-se nesessario que V. Exc." leve esta resolução ao Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 24
conhecimento de Sua Magestade, e me communique o de Janeiro de 1822. — Jodo Baptista Felgueiras.
lugar e hora que Sua Magestade designa para rece
ber a mesma Deputação. •
" D A s .
vira, que se mandou passar á Commissão, que re Uma carta assignada por cinco cidadãos: Jooquim
quereu estes documentos. …" Rodrigues de Oliveira, Francisco da Silva Milhei
4.º Um officio do Ministro da fazenda, transmit ro, Joaquim Antonio dos Santos, Julião José de
tindo uma conta do governo interino das ilhas de S. Oliveira, e Pedro Alexandre Cavroé, dando conta
Miguel, e Santa Maria, sobre a interpretação do de do festejo constitucional, com que pertendem celebrar
creto de 14 de Julho do anno passado, e a alteração o anniversario da instalação das Cortes, e felicitando
e reforma, que propõe na administração da alfande por tal motivo este Soberano Congresso, que foi ou
ga respectiva, que se dirigiu á Commissão de fazen vida com agrado.
da. -
Uma carta de felicitação do vigario geral do bis
5.° Pela repartição da guerra o seguinte: + pado de Coimbra Manoel Domingues de Gouvêa,
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — Por or acompanhada de uma memoria, ou projecto de oc
dem de S. Magestade, e em cumprimento do aviso currer ás despezas da creação dos expostos da roda
que V. Exc.º me dirigiu com data de 18 do corrente daquella cidade com o menor incommodo possivel
mez, tenho a honra de remetter a V. Exc." para ser dos povos: ouviu-se a felicitação com agrado, e re
presente ao Soberano Congresso, a relação que acom metteu-se a memoria á Commissão de saude publica.
anhava aquelle aviso, com as observações que se Mencionou-se, e se mandou lançar na acta o vo
# omittido a respeito de alguns officiaes nella to seguinte do Sr. Girão: requeiro se declare na acta,
mencionados ; devendo declarar, que esta omissão que o meu voto foi, que se não demorasse a feira dos
1
+
-
. *
-
#
-
[38481 * *
vinhos um só dia. Sessão de 24 de Janeiro de 1822. ou não deve dizer-se nada, e considerando-a geografi
— O Deputado Girão. camente não acho que seja a divisão do artigo a mais
Verificou-se pela chamada aeharem-se presentes exacta. Póde dizer-se: haverá no Reino Unido as re
117 Senhores Deputados, e que faltavão 16; a sa lações que se julgorem necessarias para a boa admi
ber: os Srs. Quental da Camara; Sepúlveda; Bis nistração (Apoiado).
bastante. da justiça, e commodidade dos povos, e he
• +
co; Pereira da Silva ; Guerreiro ; Faria ; Sonza , indispensaveis, e absolutamente necessarias as relações
+
e Almeida ; Gomes de Brito. provinciaes, uma vez que temos decretado o estabele
Passou-se á ordem do dia, e entrou em discussão cimento dos jurados. •
O Sr. Peixoto: — Apoio o voto do ilhustre Preo dado de aº augmentar, ou diminuir segundo a expe
pinante. Já teiuos assentado que o systema das juris. riencia mostrar que he conveniente, e que não haja
dições precederá ao da demarcação dos territorios: em substitutos. … " … " … . |-
consequencia mal poderiamos estar agora a designar O Sr. Ferreira Borges: — O Congresso tem es
as relações que ao futuro se crearão, em quanto não tabelecido que naja jurados nas causas civeis e cri
sabemos qual será a extenção de sua jurisdição: além mes. Resolveu-se na sessão precedente, que da sen
disso os illustres redactores do projecto tomarão aqui tença dos jurados houvesse uma especie de recurso :
por base da divisão as provincias antigas; e estou per consequentemente he necessario que haja um tribunal
suadido que á vista do mappa estatístico do Reino para onde se cx peça esse recurso: não se diz qual re
adoptaremos uma nova divisão mais regular e siste curso, porque isso he, privativo daquella judicatura
matica. Portanto approvó, que neste lugar se não novamente estabelecida em Portugal; mas em fim ha
especifiquem as relaçoes que ha de haver. de haver aonde se conheça delle, chame-se relação,
- -
O Sr. Castello Branco Manoel: — Voto que se ou como se queira. Porem parece-me que esta pala
supprima inteiramente o artigo: julgo que não deve vra relação agora não quadra, porque era feita para
haver tão grande numero de relações, porque daqui certas instituiçoes diferentes. Parece-me por tanto
não vem grandes interesses aos povos. Nós não deve que deve voltar á redacção este artigo, e lá se fa
mos augmentar as despezas do Estado quando trata rão estas applicaçoes, e la se dará o nome que con
**
mos de diminuidas... • • • •
-
*
• • •
venha a esse tribunal. . . ,
O Sr. Freire: — Sou da mesma opinião; porque O Sr. Lino Continho: — Sr. Presidente, a du
em quanto á divisão, ou deve fazer-se exactamente, vida do Sr. Ferreira Borges não julgº que be tão
}
[ 3849 ]
grande como parece. Ha de haver um tribunal supe Pertence ás relações provinciaes conhecer em se
rior aonde haja recurso dos Jurados, chane-se banco do gunda instancia : |-
Rei, relação, tribunal superior, ou como quizerem; I. Das causas civeis sentenciadas pelos juizes de
o nome he indiferente. Agora em quanto ao estabe fora, e das criminaes somente na parte em que lhes
lecimento desse tribunal eu julgo, que deve funda-se cabe conhecer. (art. 152). * * * *
igualmente sobre a mesma base em que se tem funda II. Dos recursos sobre força interpostos dos jui
do os juizes de direito, que he sobre a estatística; is zes ecclesiasticos da provincia. Tambem lhes pertence
to he, assim como dizemos que tantos districtos for o conhecimento das causas de suspensão ou deposição
mem um julgado, podemos dizer, que tantos julga dos juizes de fóra, de que darão conta ao Rei, e dos
dos formem uma relação: por conseguinte creio que conflicios de jurisdicção que houver entre elles ; bem
se deve esperar que se faça o plano estatistico para como prover sobre as listas dos processos em confor
então se determinar quantas relaçôes ha de haver no midade do artigo 163. Todas estas causas se termina
Reino. Pelo que pertence aos substitutos opponho-me rio nas mesmas releções sem recurso, excepto o de re
a que os haja, pela mesma razão que me oppuz a vista nos termos dos artigos 157 e 158. ,
que os houvesse dos juizes de direito, pois que não O Sr. Borges Carneiro: — Visto o que está de
servirão senão de pezo ao Estado. cidido a respeito de jurados, sou de parecer que se
O Sr. Sarmento: — Eu convenho com muitas diga neste artigo: As relações provinciaes conhecerão
cousas que acaba de dizer o illustre Preopinante, o em segunda instancia das causas civeis e crimes sen
Sr. Lino Coutinho. Depois das bases que a illustre tenciadas pelos juizes de fóra que a lei determinar.
Commissão de estatistica nos apresentar, he que po Pois ha uns crimes que são relativos ao officio, e ou
deremos marcar os districtos das relaçoes. Não posso tros não: dos primeiros já se vê que não pertence o
descobrir inconveniente para que esta denominação conhecimento aos jnrados; dos segundos sim: porém
continue: a Nação está acostumada a ella, e apezar mesmo dos primeiros ha alguns que involvem conhe
da introducção dos jurados, os juizes de direito em cimento de facto, como por exemplo, se o juiz he
questões graves, seguramente hão de decidir colle arguido de occultar papeis, falsificar autos, acceitar
gialmente, isto he, mais de um juiz de direito. Re peitas, etc. Destes não sei por que nào possão co
parando para o que acaba de ter lugar na Escocia, nhecer tambem os juradoe.
aonde só em 1813 principiou o processo por jurados O Sr. Villela: — O que a mim me parece he,
em causas civeis, continuou a mesma denominação que se não podem marcar as attribuições destas rela
antiga dos codigos de justiça em Edinburgo, The ções provinciaes sem que fiquem anteriormente mar
Court qf session, para as causas civeis, e tinha já cadas as dos tribunaes inferiores a ellas, +
antes continuado a denominação de Court of justi O Sr. Lino Coutinho: — Eu sou do mesmo pa•
ciary, para as causas crimes. A introducção dos ju recer que o Sr. Villela: de outra sorte seria ir de
rados não alterou as denominações apezar da nova maior para menor em vez de ir, como he regular,
organisação judicial daquelles tribunaes de justiça. de menor para maior,
Na mesma Inglaterra, aonde se decidem as causas O Sr. Borges Carneiro: — Todas as attribuições
por jurados, se interpõem os recursos, ou seja do tri das relações, sejão elas como forem estabelecidas,
bunal de Common Pleas para o banco do Rei, ou não podem ser em geral senão as que estão no arti
King's Bench, ou para o tribunal de fazenda deno go: e como se exprimem as do supremo conselho de
minado Exchequer. Tudo o mais deve entre nós ser justiça, porque se deixárão de exprimir as das rela
objecto de uma lei regulamentar, ou de regimentos ções! Por tanto opino que este artigo se conserve; e
competentes. A lembrança da relação para o Reino o que unicamente se póde fazer, he concebelo de mo
de Guiné fez-me crer que talvez um dos illustres re do que exclua os casos tocantes ao juizo dos jurados.
dactores do projecto, que deseja que os Desembarga O Sr. Presidente: — Póde primeiro dirigir-se a
dores sejão bem castigados, tivesse em vista este es questão a se se deve ou não conservar a doutrina
tabelecimento para os taes Desembargadores delin deste artigo. -
quentes, , , |- • •
O Sr. Araujo Lima: — Acho de necessidade que
# (? Sr. Fernandes Thomaz: — Sr. Presidente, eu se conserve este artigo, porque, não póde deixar-se
peço a V. Exc." que chame á ordem a questão. O de declarar a materia de que trata. -
Sr, Freira propoz uma emenda em que todos tem con O Sr. Peixoto : — De não se declarar neste lu
vido, os que quizerem combater este principio falem gar a materia lembrada, não se segue que não haja
embora; mas impugnar" os outros que já ninguem de estabelecer-se. Espero que em tempo competente
contesia, he repetir sempre o mesmo, e não he senão não escaparão aos legisladores as razões por que deve
gastar tempo. (Apoiado). ser tomada em consideração. Se aqui deixassemos
. . Julgou-se sufficientemente discutido o artigo. agora alguma declaração seria tão geral que não po
O Sr. Presidente: — Os que forem de opinião desse obstar ao estabelecimento daquellas providen
que se declare neste artigo sómente que haverá rela cias que mais favoraveis parecessem ao beneficio do
ções no Reino Unido, as quaes toularão conhecimen cidadão: e em tal caso de nada valeria essa declara
to das causas em seguuda instancia, e difinitivainen ção, porque a nada obrigava.
te, cujo numero e constituição será determinado pe O Sr. Araujo Lima: — Mas se ficar para os
la lei, queirão-se levantar. (Assim foi approvado). codigos padecerão entretanto os povos uns poucos dº
. . O Sr. Secretario Freira leu o artigo 155. BIII]QS . * *
[ 3850 |
O Sr. Peixoto: — Não pretendo que esta mate tambem independente do Rei, porque não póde tirar
ria haja de ficar para os codigos; deverá entrar nas aos membros a sua dignidade. Entre nós não ha esse
Heis sobre a distribuição das jurisdicções, que he o estabelecimento, he necessario pois que haja um tri
sou competente lugar. bunal superior que sirva ao menos para isso: não po
O Sr. Presidente: — Perguntarei primeiramen dem ser os juizes, nem as relações, nem as Cortes,
te: se se ha de conservar ou não o artigo? he necessario pois que, chame-se como se queira, ha
Tendo-se posto a votos esta proposição, resolveu ja um tribunal supremo de justiça que possa conhe
se, que o artigo ficasse supprimido. cer desses casos.
O Sr. Secretario Freire leu o arti3o 156. O Sr. Lino Coutinho: — Havendo esse tribunal
Em Lisboa, além da relação principal, haverá perguntarei eu quem ha de conhecer delle quando
um supremo tribunal de justiça, a quem pertencerá obrar mal: iremos assim a formar uma serie infinita,
conhecer º e uma cadêa em que nunca acharemos o ultimo anel:
I. Dos delictos de que forem arguidos os seus mi será por tanto melhor que acabemos no segundo.
nistros, os das relações provinciaes relativos aos seus O Sr. Moura: — E então porque ha de acabar
officios, os Secretarios e Conselheiros de Estado, e no segundo anel, e não ha de acabar no primeiro?
os JMinistros Diplomaticos: devendo quanto a estas O Sr. Presidente: — Está em discussão se ha de
tres ultimas classes ter primeiro declarado as Cortes haver tribunal supremo de justiça.
haver lugar a formação de culpa. O Sr. Borges Carneiro: — Falando sobre o n.°
II. Das causas contenciosas sobre padroado Real. 1.° deste artigo, eu não teria duvida de que dos cri
III. Dos recursos de força interpostos dos tribu mes de oficio dos magistrados mencionados neste n.°
maes ecclesiasticos da capital. 1.", conheção tambem os jurados, fazendo-se a dife
IV. Das duvidas sobre competencia de jurisdição, rença do que he facto, e do que he direito. Porém
que recrescerem entre as relações provinciaes de Portu assim mesmo não ha duvida que deve haver nm tri
gal, e Ilhas Adjacentes. As que se moverem no Ul bunal muito elevado, composto de magistrados muito
tramar serão decididas pelas mesmas relações, que co conspicuos para conhecerem dos delictos relativos ao
nhecem das revistas (art. 158), as quaes darão depois officio, que commetterem os ministros e conselheiros
conta de suas decisões ao mesmo supremo tribunal de de Estado, a as mais pessoas aqui declaradas. A es
.justiça. tas desejo eu que se accrescentem os regentes do Rei
O Sr. Villela: — Vejo que aqui se diz, que a este no, para quando os houver, pois elles são igualmente
supremo tribunal pertencerá conhecer dos delictos de responsavels.
que forem arguidos os ministros; isto propriamente O Sr. Barata: — Desde o principio eu chamei
deve pertencer aos jurados. que se devia refundir este titulo 5.", porque estas
O Sr. Bastos: — Eu digo o mesmo; deve acabar complicações com os juraqos pedião uma nova fórma
se o tempo de que os ministros, sejão quaes forem O Sr. Ferreira Borges foi muito da minha opinião,
as circunstancias, conheção uns dos crimes dos ou ou eu fui da sua ; mas nada se fez, e agora estamos
tros: a versar simplesmente a questão sobre pontos de complicados outra vez na discussão deste tribunal su
direito, embora; mas tratando-se de facto, de manei perior, com tudo, não sendo eu de opinião de que
ra nenhuma. exista esse tribunal para julgar dos crimes do mesmo
O Sr. Lino Coutinho: — Aqui parece que se vai ministro, lembro-me que comviria para julgar dos de
crear uma terceira fórma de relações; já temos tribu lictos dos Secretarios de Estado, dos Ministros de
naes de primeira instancia, temos relações provinciaes, Rei, e destas ultimos personagens. Em quanto aos
e agora um supremo conselho de justiça; eu sou de mais, aonde devem responder he perante os jurados;
parecer que não deve haver mais tribunal superior porque eu não sei porque se ha de fazer excepção pa
que a relação; quanto mais tivermos tanto peor. ra estes poucos homens; todos são cidadãos, e todos
Além disso: um ministro ha de conhecer de outro são iguaes ante a lei, e se os ministros não respon
ministro? Deste modo nnnca nenhum sahirá culpado, dessem do mesmo modo perante os jurados, seria uma
porque desgraçadamente temos tido muitos exemplos inconsequencia a respeito do Brazil; porque como he
da propozição que acabo de avançar. Desenganemo que um ministro de lá ha de responder no tribunal
nos, Srs., que a sentinella propria para um fra superior de Justiça que residir aqui? Quem acreditar
de he o soldado, e a sentinella para o soldado he o que o Brazil he uma provincia como o Algarve en
frade. -
O mesmo Sr.: — Já sabemos que ha de haveries e O Sr. Presidente: — Chamo á questão os illus.
te tribunal, por conseguinte ha de ter attribuições; a tres Preopinantes, a qual reduz-se por agora a se as
questão deve ser pois se estas attribuições hão de en attribuições desse tribunal hão de declarar-se ou não
trar na Constituição, e depois veremos se hão de ser na, Constituição, , .…… * * ** * * . * { 1-º
as que estão no artigo, ou quaes hão de ser. |- O Sr. Ferreira Borges: — Vamos a intrometter
O Sr. Borges de Barros: — Mas primeiramente nos em uma questão terrivel e prematura; já se re
eu desejaria saber quem ha de compor este tribunal, solveu que deveria haver um tribunal superior: agora
se ha de ser composto de magistrados, ou de todas as o que se segue saber he, quaes hão de ser as attribui
•
classes da sociedade. , " " …… , e ções; e sabidas estas então veremos de quem ha de
. O Sr. Presidente: — He claro que de magistrados, ser composto : o mais he fôra da ordem. •
O Sr. Borges de Barros: — Mas não está deter - O Sr. Presidente: — A esse fim tinha eu já di
minado ainda, e tanto o não está, que supponho rigido a discussão, Trata-se agora de saber se as at
merecia a pena de discutir-se, e o proponho á As tribuições do supremo tribunal de justiça hão de ir
sembléa. * * * * * * * . *. * * *** expressas na Constituição, e quaes hão de ser. Peço
O Sr. Villela: — Parece que tem razão o illustre aos Srs. Deputados dirijão a este fim as suas reflº
Deputado, o Sr. Borges de Barros: este tribunal XOCS4 | • • - -
tem attribuições, que não são da particular compe O Sr. Borges Carneiro: — Eu creio que não ha
tencia dos magistrados, ou dos juizes de direito: por, duvida em que deve designar-se as attribnições deste
tanto deve ser composto de membros tirados de dife tribunal; pois sendo ele um estabelecimento novo,
rentes classes de cidadãos: e não he novo entro nós se não se designarem as suas attribuições, não tere
haverem tribunaes assim formados. … . * * mos feito mais que pronunciar um nome vão. Por
O Sr. Lino Coutinho: — Apoio o parecer dos tanto, falando sobre a attribuição n.° 1.", que trata
dois anteriores Preopinantes. Este tribunal tem de de dos delictos relativos ao officio, póde haver duvida se
cidir causas hetherogeneas, he necessario por tanto hão de ser da attribuição desse tribunal, ou perten.
que haja nelle pessoas de profissões diferentes, para cerem aos jurados. Dos que dependerem de facto di
as decidir. Já lá vai o tempo em que se julgava que go que quanto, a este facto bem podem conhecer os
um ministro era omnisciente, e que sabia de tudo; jurados, por exemplo se um Secretario de Estado fôr
de encamentos, de mineralogia, de marinha, de leis, arguido de uma traição ou communicação insidiosa
de Theologia, etc., agora estamos em outro bem di com alguma nação estrangeira, de haver recebido pei
verso, sabe-se que um ministro não póde ter sciencia tas, falsificado um decreto etc., quando porém se
infusa, e he preciso que haja neste tribunal homens se tratar se ele obrou ou não contra a lei etc., en
de diferentes conhecimentos. |- /* tão pertence o conhecimento aos juizes de direito, is
O Sr. Moura: — Os ministros das relações pro to, he, ao supremo tribnnal de justiça, +
vinciaes, quando hão de ser processados! Quando Repito se accrescente ao artigo: ” e dos Regene
quebrantem a lei. Os secretarios de estado quando hão tes do Reino, quando os houver. » -
de ser processados? Quando quebrantem a lei. Os O Sr. Fernandes Thomaz ! — Parece-me que
ministros diplomaticos quando lião de ser processados! se pretende pôr isto tanto á moderna, que não sei
Quando quebrantem a lei. Se pois o que se vai co como ha de ser. Pois póde existir uma sociedade sem
nhecer he, se estas tres classes de pessoas quebrantá magistrados ! Não sei como. Diz-se que os homens de
rão ou não a lei, parece que julgar isto deve com lei não podem saber de tudo; mas aonde estão nas
petir aos que por sua profissão estão obrigados a co outras classes esses homens universaes! Serão os ne
nhecer
na as leis:
redacção do eis-aqui
artigo. a razão que se teve em vista gociantes, os medicos, os cirurgiões! Se acaso se
•
O Sr. Moura: — Mas isto he segunda camara, póde julgar melhor disto que um homem que he do
ou tribunal de justiça ! Se he segunda camara não mesmo exercicio, e que sabe os delictos que nelles se
ha duvida em que entrem as pessoas que se quer. podem commetter! Das causas contenciooas do pa
O Sr. Sarmento: — Ja exactamente a dizer o droado. rcal. Ha de jnlgar disto um medi-o, ou um
IIICSITIO, cirurgião! Das duvidas sobre competencia de jurisdic
-
O Sr. Frauzini: — Eu não disse que o tribunal ção. Quem sabe melhor que um magistrado nos ca
de justiça fosse segunda camara, senão que as segun sos em que esta se excede ou não. Quem ha de conhe
das camaras exercião essas funcções em França, e em cer as leis melhor que os que tem por officio estuda
Inglaterra. . .… * " " ) *las? Não duvído que nas outras classes haverá ho
O Sr. Moura: — Em Inglaterra he o banco do mens muito sabios, e que terão tambem disto conhe
Rei aonde não ha senão magistrados, e em França o cimento; mas ordinariamente não he assim. Eu fim
- 2
[3852 l
eu digo que este tribunal deve ser composto de ho erão os unicos que sabião tratar de negocios publi
mens de lei; mas se não se julga que isto deve ser cos, porque he bem sabido que houve tempo em que
assim, designem-se os homens universaes que o hão os homens deixavão crescer as unhas para mostrar o
de compor: . . ... …; … *. . . ! aborrecimento a qualquer genero de trabalho, ou ap
* O Sr. Presidente: — Propriamente esta não he plicação, e até para assinar as escripturas calçavão
a questão: vamos a ver quaes são as attribuições, e uma luva que ensopavão em tinta, e a marca da pa
depois trataremos das pessoas, (Apoiado.) tada que davão ficava servindo de assignatura. As ca
… O Sr. Lino: – Eu não disse que queria metter sas dos pares, tanto em Inglaterra como em França
no tribunal de justiça homens universaes, senão de são os juizes de certos delictos de grandes funccioná
diferentes classes. Uma cousa he compor um tribunal rios publicos. Creio que no projecto se entregou i ao
em sciencia conforme os conhecimentos de cada um, supremo tribunal de justiça essa attribuição em imi
que fazer um tribunal de homens uu versaes. tação da Conssituição da Hespanha, com a qual a
… O Sr. Presidente: — Está bom; mas se o Con nºssa mais se parece.- A cabarei fazendo só uma refle
gresso convem vamos primeiramente á questão dita. xão mais: feitas as nossas refórmas, e instalado o su
O Sr. Camello Fortes: — Dizer tribunal de Jus premo tribunal de justiça com juizes que merecem a
tiça sem dar-se a diffinição delle, nem das suas attri confiança publica pelas suas virtudes, saber, e patrio
buições, não entendo. He necessario dar-se uma di tismo, creio que he forçoso pôrmos um termo a tan
finição, e a diffinição ha de ser o resultado das at to scepticismo, ou então requeiro que mandemos vir
tribuições que dermos a esse tribunal; por conseguin do Ceo tantos anjos, quantos hão de ser os membros
te heuecessario que estas attribuições sejão designadas. do supremo tribunal de justiça.
* O Sr. Sarmento: — Levanto-me sómente para O Sr. Presidente: – Vamos ao ponto essencial
fazer algumas refexões, que talvez poderão acclarar da questão. • •
a duvida em que tem estado os illustres Preopinan O Sr. Serpa Machado: — Póde-se dizer que des
tes. Daquilo que eu ouvi, porque ouvir falar em en te supremo conselho de justiça vai depender a obser
canamentos, mineralogia etc., parece-me que os il vancia das leis, e da Constituição: por tanto não
lustres Preopinantes suppoem que o supremo tribu póde deixar de fazer-se menção do dito tribunal, e
na de justiça ha de ter attribuições ádministrativas, dos sens attributos na Constituição; mas creio que
quando, segundo o que me parece ser a mente dos isto deve marcar-se de um modo genericó, declaran
illustres redactores, elle ha de unicamente julgar. Eu do quaes são as causas em que ha de conhecer em
creio que será conveniente declarar-se a existencia de primeira instancia, e quaes as de revista.
um supremo tribunal de commercio, fazenda, agricul "O Sr. Presidente poz a votos se se marcarião as
tura, e até um proto-medicato, ou tribunal para ob attribuições do supremo
tituição! Venceu-se que tribunal
sim. de justiça na Cons
• -
em ultima instancia se decidirem os processos militaO Sr. Freire: — Em quanto á primeira parte
res. O ilustre Deputado o Sr. Franzini argumenta do artigo acho que está concebida muito em geral; e
eom a casa dos pares da França, e de Inglaterra: vejo que então não póde conhecer de nenhuns outros
devo responder, e primeiremente direi que ha bas crimes senão dos que nella se expressão, não poden
tante diferença em um e outro paiz. Em França, do por tanto ter lugar os de infracção de Constitui
em razão do direito civil romano ser a fonte do seu ção: por tanto julgo que se deve fazer alguma expli
codigo, são os collegios de justiça os julgadores; creio cação a este, e que será preciso ver se hão de passar
que alem da Cour Royale, e dos tribunaes corrss ara este lugar os artigos que tratão das infracções
pondentes ás nossas relações, ha o tribunal de Cassa da Constituição.
tion para conhecer em revista. Na Inglaterra a casa O Sr. Borges Carneiro: — Como este tribunal he
dos Lords he o supremo tribunal de appellações; po novo, julgo indispensavel tratar especificadamente de
rém vejamos como: deve-se saber que elle he sempre cada uma das suas attribuições na Constituição, aliás
presidido pelo Lord Chanceller, ou algum ministro não enchemos o fim a que nos propomos.
letrado; que muitas vezes são chamados a ella os do O Sr. Bastos: — Está estabelecido, e declrado
se juizes, o ali apparecem com as suas grandes cabel que a lei he igual para todos, e por consequencia se
leiras, e vestidós proprios. Geralmente o que elles di relativamente a seus officios houver casos em que os
zem se olha como a decisão de um oraculo, e ne crimes podessem ser verificados pelos jurados peço que
nhum Lord moço e pouco experimentado em a prati se declare que a estes pertença conhecer delles.
ca de negocios teria a imprudencia de pôr em duvi O Sr. Ferreira Borges: — A 1azão que costu
da similha nte decisão só por expirito de novidade; mavão dar aos escritores de direito a respeito da ex
porque se arriscaria a ser reprehendido pela opinião cellencia dos jurados, he o beneficio que resulta ao
publica, que em Inglaterra he muito severa, e o réo de ser julgado pelos seus iguaes: esta razão he
raio della não escolhe cabeças, mas cahe aonde deve aquella que destróe a reflexão do Preopinante: a ra
cahir. Eu referi que a presidencia da casa dos Lor zão da igualpade parece pedir que ministros sejão jul
ds era sempre encarregada a um letrado; porém devo gados por ministros. -
advirtir que tambem houve bispos, e ecclesiasticos; O Sr. Arpujo Lima: — Sejão-o embora: mas
isto proveio da consideração que elles adquirírão no sejão escolhidos á maneira dos jurados, e não da mes
prineicipio da restauração das letras, e nessa época ma corporação daquelle que se julga,
*•
+
[ 3853 ]
O Sr. Freire: — He necessario entrar verdadei Pertencer-lhe-ha outro sim conceder sem depen
ramente no espirito do que são erros de officio, e se dencia de deposito ou negar revista das sentenças pro
parar estes daquelles que são em prejuizo de terceiro; feridas nas relações provinciaes, que forem arguidas
e he necessario ao mesmo tempo que se proteja a jus de nullidade ou injustiça notoria. Estas revistas somem
ta igualdade do cidadão, não vir dar pelo excesso em te se concederão nas causas civeis, que valerem a quan
outra classe de males. Devemos ser francos, e deve tia que a lei determinar, e nas criminaes em que se
mos convir de boa fé, que se vamos entregar ao pu proferir condemnação de prizão em mais de cinco an
blico as autoridades em qualquer easo, hão de correr nos, degredo para fóra 3. respectivo continente, ou
grande risco, porque geralmente as autoridades tem outra pena maior. Serão julgadas no dito tribunal
muitos inimigos, por isso mesmo que são as que es por maior numero de juizes na forma que a lei deter
tão incumbidas de applicar o vigor da lei aos preva minar: , e declarada a nullidade ou injustiça, elle
ricadores, e o risco que elas possão padecer he cer mesmo fará efectiva a responsabilidade dos juizes in
tamente contra a sociedade; por isto digo que não feriores, quando ella dever ter lugar, conforme o ar
devemo-nos expôr a isso, e que os jurados devem co tigo 164. -
nhecer daquelles crimes que commettem as autorida O Sr., Borges Carneiro: — Na segunda edição
des em prejuízo de terceiro; mas não assim do que deste projecto se omittiu a palavra definitivas; mas
he propriamente erros de oficio, e que devemos fazer deve entender-se, porque não ha revistas senão de
distincção entre ambas as cousas. sentenças definitivas.
O Sr. Lino: — A distincção que faz o Preopi O Sr. Ferreira Borges: — Determinou-se que to
nante he muito justa, e convenho nella: mas fóra das as causas criminaes sem alguma excepção fossem
dos erros do officio, porque não hão de conhecer os julgadas por jurados; parece conseguintemente que
jorados: he verdade, como diz o Sr. Ferreira Bor não tem lngar a revista, isto he, que tem lugar aquel
ges, que no principio da instituição dos jurados o le recurso especial, que tambem está decidido, mas
juizó se fazia por pares; nas entre nós não ha taes não revista na fórma que nós entendemos nas leis an
pares, todos somos iguaes. teriores.
O Sr. Presidente poz a votos: se se approvava o O Sr. Borges Carneiro: — Será bom por causa
1.º numero com a declaração de que se fale dos deli de ordem abrir primeiro a discussão sobre as causas
etos de todos aquelles empregados, que são relativos civeis, e depois se tratará das criminaes, que he a
aos seus officios? Venceu-se que sim. Se deve resal ordem do artigo.
var-se o disposto no artigo 159! Venceu-se que sim. O Sr. Pinheiro de Azevedo: — Está bom, mas
O Sr. Borges Carneiro instou para que se accres opponho-me a que não haja revista.
centasse o que havia indicado a respeito dos Regen o Sr. Borges Carneiro: — A revista he contra
tes do Reino, e tendo-se posto a votos esta indica ria á natureza das causas criminaes que devem ser ul
ção, foi approvada. timadas brevemente, por o muito que interessa a
O Sr. Presidente leu o segundo numero de arti pronta punição dos delinquentes. Elles porém retarda
É O. O Sr. Ferreira Borges: — O juizo do padroado rão sempre a sentença, se se lhes permittir o pedir
della revista. Por isso as nosssas leis a não admittem,
real he de privilegio, estes juizos privilegiados parece salvo por uma graça especialissima, e privativa da
me que estão acabados, e deve acabar-se este até pe sobrania. Se se admittisse a revista como meio ordi
la razão de que sería um vexame para os que tives nario e facil, não poderião ser punidos os crimes se
sem de recorrer do Ultramar : bem se vê quanto se não depois de mil trapassas que fizessem as partes in
ría dispendioso para as partes o ter que vir a Lisboa: teressadas na demora.
voto por tanto pela ommissão desta parte do arti O Sr. Ferreira Borges: — Não posso ser da opi
*O. nião do Preopinante, o Sr. Pinheiro de Azevedo,
* Foi apoiado pelos Srs. Brito, e Lino, e tendo pois por isso mesmo que se deierminou que houvesse
se posto o dito 2.º n.° a votos, resolveu-se que ficasse uma especie de recurso, e não está designado qual,
omittido. póde ser que quando os codigos o determinarem seja
Igualmente se resolveu ficasse omittido o 3.° n.", essa mesma revista; mas eu sería contradictorio comi
e foi approvada a doutrina do 4.° n." go mesmo se tendo admittido os jurados do modo
O Sr. Secretario Queiroga leu o artigo porque se hão de constituir, admittisse agora a re
156 a. Pertencerá tambem a este tribunal propor vista nas causas crimes. Tor tanto não posso admit
ao Rei com o seu parecer as duvidas que tiver, ou lhe tilas, nem posso ser por esta razão da opinião do il
forem representadas por outros quaesquer tribunaes, lustres Preopinante.
sobre a intelligencia de alguma t: para se seguir a O Sr. Pcizoto: — Pelos mesmos principios do il
conveniente declaração das Cortes: e porver sobre as lustre Preopinante apoio o voto do honrado membro,
distas dos processos, de que trata o artigo 163. o Sr. Pinheiro de Azcvedo. Nós já constituimos, que
Este artigo foi approvado sem discussão, exce para as causas crimes se estabelaceria uma especie de
ptuando-se as palavras... e prover sobre as listas dos recurso, não só do juiz de direito, em que nenhuma
processos, que ficárão adiadas para quando se tratar duvida houve, mas tambem do jury, ou juiz de fa
do artigo 163, em conformidade de uma observação cto; e que quando se recorresse do juiz de facto, po
feita pelo Sr. Borges Carneiro. derião os juizes da superior instancia mandar de novo
Foi lido pelo Sr. Secretario Queiroga o artigo 157. examinar o processo pelo mesmo, ou por outro jury.
\
[3854 J
Que outro efleito tem a revista senão o de mandar-se Deu conta o Sr. Secretario Felgueiras dos segnin
axaminar de novo a causa! Pois cun tal caso; porque tes. •
falsidade da culpa, pela qual alguem foi condemna Deus guarde a V. Exc." Palacio de Queluz em 25
do, e isto em tempo de se terem esgotado os meios de Janeiro de 1822. — Sr. João Baptista Felguei
ordinarios: em fim não podemos prever tudo, e nada ras, — Filippe Ferreira de Araujo e Castro.
perdemos em facilitar os recursos, ao mesmo passo
que o systema contrario póde ser fatal á liberdade, e Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — Sua
á segurança dos cidadãos. Magestade manda participar ás Cortes Geraes e Ex
O Sr. Presidente manifestou que já era meia hora, traordinarias da Nação portugneza, que achando-se
e que era preciso proceder.se ás eleições de Presidente, actualmente impedido por molestia Ignacio da Costa
Vice-Presidente, e Secretarios, pelo que era neces Quintella, Ministro e Secretario de Estado, nomeado
sario que ficasse addiada a discussão. pura a repartição da marinha, fica interinamente en
Assim se determinon. carregado dos negocios do seu expediente o Ministro
O Sr. Borges Carneiro offereceu a seguinte e Secretario de Estado dos negocios da guerra Can
dido José Xavier; e rogo a V. Exc.º que assim o fa
• IND I c Ação. ga prescnte ao mesmo soberano Congresso.
.*
Deus guarde a V. Exc." Palacio de Queluz em 25
Na relação dos bachareis que se achão informados de Janeiro de 1822. — Sr. João Baptista Felguei
pela universidade de Coimbra nas falculdades de leis, ras, — Filippe Ferreira de Araujo e Castro.
e canones no anno passado de 1821, os quaes por con De ambos ficárão inteiradas as Cortes.
sequencia estão habilitados para os lugares de letras Passou-se ás eleições da Meza, e se começou pe
conforme o § 1.° do decreto de 10 de Maio de 1821, la eleição de Presidente. Não havendo maioria absolu
a qual relação vem no Diario do Governo n.° 13 se ta no 1.° escrutinio, entrárão em 2.° o Sr. Serpa com
achão incluidos os bachareis, qua tendo informações 29 votos, e o Sr. Margiochi com 24: e saiu eleito o
de litratura as não tiverão com tudo em costumes; o Sr. Serpa por 54 votos.
que abre o caminho á imoralidade, pois os bachareis Para Vice-Preridente entrárão em 2.° escrutinio
faltos de moral não são menos indignos da magistra os Srs. Varella com 39 votos, e Luiz Paulino com
tura, que os faltos de letras. 21; e saiu eleito o Sr. Farella por 71 votos. Saírão
E por quanto o Conselho d'Estado está tratando eleitos Secretarios os Srs. Lino Coutinho com 69 vo
actualmente desta materia, e se admittir a base que tos; Felgueiras com 51, Pinto de Magalhães com
supoêm a dita relaçao, he isto mui prejudicial, pro 49, e Freire com 46; sendo-lhes immediatos os Srs.
ponho se diga ao Governo que os bachareis que não Barroso com 27, e Soares de Azevedo com 26.
tem informações de cºstumes são inhabilitados para os Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia
lugares de letras, e devem ser tirados da dita relação o novo projecto sobre a companhia, e na prolongação
que se publicou. — Borges Carneiro. o parecer a respeito dos oficiaes do Rio de Janeiro.
Ficou para 2... leitura. Levantou-se a sessão ás duas horas. — João Ale
O Sr. Kam Seller apresentou a seguinte. trandrino de Sousa Quciroga, Deputado Secretario.
IND I c AçÀ o. REsoluções E ORDENs DAs CoRTEs.
Requeiro que se pergunte ao Governo o motivo Para Antonio Pereira Carneiro Canavarro. •
por que se não acha instalada a Commissão que se As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação por
mandou criar na cidade do Porto para apontar os es tugueza concedem a V. S." licença por tanto tempo
tery s do commercio, e o meio do os remediar, tendo quanto for necessario ao fim para que a solicita; es-,
o auto da eleição sido remettiao ao Governo em Ou perando do seu conhecido zelo e amor da patria, que
tubro do anno passado. Sala das Costes em 23 de Ja apenas lhe seja possivel, V. S." não deixará de vir
neiro de 1822 — O Deputado Fan Celler. logo continuar neste soberano Congresso as funcções
Approvada. |- de que dignamente se acha encarregado. O que com
- Apresentou tambem uma indicação o Sr. Soares munico a V. S." para sua intelligencia, | , :
de Azevedo a respeito da companhia dos vinhos do Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 25.
Alto Douro, que ficou igualmente para 2.° leitura. de Janeiro de 1822. — João Baptista Felgueiras
\
[3855 ]
Para Filippe Ferreira d'Araujo e Castro. ordenão que lhes seja transmittida uma relação dos
portadores das letras do commissariado, chamadas de
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor portaria, que se achão vencidas e não pagas, com
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza declaração da importancia de cada urna dellas. O que
ordenão que V. Exc.° informe do motivo por que partipo a V. Exc." para sua intelligencia e execução.
tendo subido ao Governo em Outubro do anno pas Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 25
sado o auto da eleição para a Commissão, que na de Janeiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
fórma da ordem de 23 de Agosto do mesmo anno se
devia estabelecer na cidade do Porto, para expôr ás Para Candido José Xavier.
Cortes os estorvos que sofre o commercio, os meios
de os remediar, e de o fazer prosperar; se não acha Illustrissimo e Excelentissimo Senhor — As Cor
ainda até hoje instalada a mesma Commissão. O que tes. Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
V. Exc." levará ao conhecimento de Sua Magesta ordenão que pelas 11 horas da manhã do dia 26 do
de. •
corrente se ache postada junto do Paço das Cortes a
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 25 guarda de cavallaria que deve acompanhar a Deputa
de Janeiro de 1821. — João Baptista Felgueiras. ção que o soberano Congresso manda felicitar a Sua
Magestade por occasião do faustissimo anniversario
Para o mesmo. de sua instalação. O que V. Exc.º levará ao conhe
cimento de Sua Magestade.
Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 25
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza de Janeiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
mandão communicar ao Governo que para o mez que
decorre desde 26 do corrente mez até igual dia de Fe E R R A T A s.
/
vereiro, tem eleito Presidente Manoel de Serpa Ma
chado, Vice-Presidente Luiz Nicoláo Fagundes Ka Diario n.° 259 pag. 2521, col. 2.°, lin. 27: para os
rella, e Secretario, José Lino Coutinho, João de outros que hão de receber um desconto — leia-se:
Sousa Pinto de Megalhães, Agostinho José Freire, para os que hão de receber na forma da lei.
e João Baptista Felgueiras. O que V. Exc." levará Diario n.° 260 pag. 3532, col. i.", lin. 15: Mace
ao conhecimento de Sua Magestade. do — leia-se: Camello Fortes.
Deus guarde a V. S." Paço das Côrtes em 25 de Diario n.° 267 pag. 3618, col. 1.": testamento erra
Janeiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. do — leia-se: testamento cerrado.
Diario n.° 272 pag. 3681, col. 1.", lin. 51: liv. 4
Para José Ignacio da Costa. princ. — leia-se: liv. 4 tit. 38 princ.
Illustríssimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor Redactor — Velho.
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
A S Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin for preciso que ele seja privado deste direito, será
tes da Nação portugueza, havendo maduramente con primeiramente indemnizado pela fórma que as leis es
siderado que as desgraças publicas, que tanto a tem tabelecerem.
opprimido e opprimem, tiverão sua origem no des 7. A livre communicação dos pensamentos he um
prezo dos direitos do cidadão, e no esquecimento das dos mais preciosos direitos do homem. Todo o cida
leis fundamentaes da Monarquia; e havendo outrosim dão póde conseguintemente, sem dependencia de cen
considerado, que sómente pelo restabelecimento destas sura previa, manifestar suas opiniões em qualquer ma
leis, ampliadas com opportunas providencias, he que teria, com tanto que haja de responder pelo abuso
póde renascer a antiga prosperidade da mesma Nação, desta liberdade, nos casos e pela fórma que a lei de
e precaver-se que ella não torne a cair no abysmo de que terminar.
a salvou a heroica virtude de seus filhos: decretão a 8. As Cortes nomearão um tribunal especial para
seguinte Constituição politica, a fim de segurar os di proteger aquella liberdade, e cohibir os delictos resul
reitos de cada um, e o bem geral de todos os cidadãos tantes do seu abuso.
portuguezes. 9. Quanto porém áquelle abuso que se póde fazer
T I T U L O I. em materias religiosas, fica salva aos bispos a censu
ra dos escritos publicados sobre dogma e moral, e o
Dos direitos e deveres individuaes dos cidadãos. Governo auxiliará os mesmos bispos para serem casti
gados os culpados. -
Art. 1. A Constituição politica da Nação portu 10. A lei deve ser igual para todos. Não se devem
gueza tem por objecto manter a liberdade, segurança, por tanto tolerar os privilegios do fôro nas causas ci
e propriedade de todo o cidadão. veis ou crimes, nem commissões especiaes. Esta dis
2. A liberdade consiste na faculdade, que compe posição não comprehende as causas que pela sua na
te a cada cidadão, de fazer tudo o que a lei não pro tureza pertencerem a juizos particulares na conformi
hibe. A conservação desta liberdade depende da exa dade das leis que marcarem essa natureza.
cta observancia das leis. •
A 2
[4]
mente responsaveis pelas suas prevaricações. Na Con V. Os estrangeiros, que obtiverem das Cortes car
stituição e nas leis se prescreve o modo de se cohibir ta de naturalização. .
qualquer oppressão, que fizerem pela autoridade de VI. Os escravos nascidos nas possessões ultramari
seus cargos. nas, que alcançarem alforria.
16. As pensões e quaesquer outras recompensas 22. São cidadãos portuguezes:
pecuniarias impostas sobre a fazenda nacional, só I. Os que por ambas as linhas forem oriundos do
mente poderão ser concedidas a titulo de serviços im territorio portuguez, e nelle adquirirem domicilio.
portantes, que houverem sido feitos á patria. I1. Os estrangeiros já naturalizados, que obtive
17. Todo o cidadão poderá apresentar por escrito rem das Cortes carta de cidadão: a qual sómente se
ás Cortes e ao Poder exccutivo reclamações, queixas, concederá aos que se estabelecerem no Reino com um
ou petições; e bem assim expor qualquer infracção da capital consideravel: introduzirem nelle alguma inven
Constituição, e reclamar a efectiva responsabilidade ção ou industria util; ou fizerem á Nação alguns ser
do infractor. viços relevantes.
18. O segredo das cartas he inviolavel. A admi III. Os filhos de estrangeiros que, havendo nas
nistração do correio ficará rigorosamente responsavel cido em territorio portuguez, residirem nelle vinte an
por qualquer infracção deste artigo. nos, vivendo de seus bens de raiz, ou de alguma pro
19. Todo o cidadão deve ser justo e bemfazejo. fissão, oficio, ou industria util. A referida residencia
O amor da patria he o seu primeiro dever. Elle deve se não entenderá interrompida, se houverem saido do
por tanto defendela com as armas, quando for cha Reino com licença do Governo.
mado pela lei; obedecer á Constituição e ás leis; res 23. Perde a qualidade de cidadão aquelle:
peitar as autoridades constituidas; e contribuir para 1. Que se naturalizar em paiz estrangeiro.
as dispezas do Estado. 1I. Que sem ordem ou licença do Governo resi
dir em paiz estrangeiro por mais de cinco annos con
T I T U L O II.
tinuos, ou acceitar emprego ou pensão de governo
estrangeiro.
La Nação portugueza, e seu territorio, religião, III. Que fôr condemnado por sentença em pena
governo, e dynastia. de prisão ou degredo perpetuo.
24. O exercicio dos direitos de cidadão relativos
20. A Nação portugueza he a união de todos os á ordem publica suspende-se:
Portuguezes de ambos os hemisferios. I. Por incapacidade fysica, ou "sentença que de
O seu territorio comprehende: clare a incapacidade moral. •
I. Na Europa, o reino de Portugal, que se com II. Por sentença que condemne em prisão ou de
põe das provincias do Minho, Trás-os-Montes, Beira, gredo mesmo temporario.
Estremadura, Além-Tejo, Algarve, e das Ilhas Ad 25. A religião da Nação portugueza he a catho
jacentes da Madeira, Porto-Santo, e Açores. lica apostolica romana. Permitte-se com tudo aos
II. Na America, o reino do Brazil, que se com estrangeiros o exercicio particular de seus respectivos
põe das provincias do Pará, Maranhão, Pernambu cultos.
co, Bahia, Rio de Janeiro, S. Paulo, Rio Grande 26. A soberania reside essencialmente em a Na
do Sul, Minas Geraes, e Mato-Grosso, com os go ção. Não póde porém ser exercitada senão pelos seus
vernos dependentes de cada uma destas provincias. Representantes legalmente eleitos. Nenhum individuo
III. Na Africa occidental, Bissáo, e Cacheu, An ou corporação póde exercer autoridade publica, que
gola, Benguela, e suas dependencias, as Ilhas de Ca se não derive da mesma Nação. •
e accrescentada á Constituição: e uma Deputação a Quando pela muita povoação ou distancia das di
apresentará ao Rei para elle a fazer publicar e execu versas freguezias, for inconveniente concorrerem todos
tar em toda a Monarquia. a uma só igreja, a camara designará outra onde de
29. O governo da Nação portugueza he a Monar vão concorrer no mesmo dia, segundo a maior com
quia constitucional hereditaria, com leis fundamen modidade dos povos. Nos districtos que tem villas an
taes, que regulem o exercicio dos quatro poderes po nexas a uma villa principal, a camara desta fará a
liticos. referida designação.
30. Estes poderes são legislativo, executivo, ju No Brazil se reunirão estas juntas no primeiro
dieial, e administrativo. O primeiro reside nas Cor Domingo de Dezembro, quinze mezes antes da cele
tes com dependencia da sancção do Rei, pela manei bração das Cortes. Na India e costa oriental de Afri
ra que adiante se declara (art. 90, 91, 92). O se ca, no primeiro Domingo de Março dois annos antes.
gundo está no Rei e seus ministros, que o exercitão Na costa occidental de Africa e ilhas de Cabo Verde,
debaixo da autoridade do mesmo Rei. O terceiro está no primeiro Domingo de Junho, oito mezes antes.
nos juizes. O quarto nas autoridades especialmente Nesta conformidade se affixarão os editaes com a con
encarregadas de o exercer. Cada um destes poderes veniente anticipação. •
será por tal maneira regulado, que nenhum arrogue 36. O numero dos eleitores será regulado na ra
a si as attribuições do outro. zão de um por cada trezentos fogos. Se algum conce
31. A dynastia reinante he a da Serenissima Ca lho não chegar a ter trezentos fogos, dará com tudo
sa de Bragança. O nosso Rei actual he o Sr. Dom um eleitor. Se passar de 460, dará dois, posto que
João V1, a quem succederá na Coroa o Principe Real não chegue a 600. Se passar de 750, dará tres, pos
seu filho o Sr. Dom Pedro de Alcantara, e na sua to que não chegue a 900. E assim progressivamento
falta ºs legitimos descendentes deste, pela fórma que 37. O presidente da camara o será tambem da
vai declarada no art. 118. -
eleição. O paroco da igreja que for designada pela
camara assistirá á eleição com o presidente, tomando
T I T U L O III. assento á mão direita delle. Quando houver muitas
juntas, em conformidade do art. 35, presidirão ás su
Do PopER LEGISLATIvo, ou DAs CoRTEs.
C A P I T U L o I.
• -
balternas os vereadores actuaes; e (não bastando) os
do anno precedente, devendo ser tirados á sorte. Em
Lisboa o Senado da Camara sorteará os presidentes de
entre os desembargadores e juizes dos bairros.
Da eleição dos Deputados das Cortes. 38. No dia e hora determinada, o presidente e
os cidadãos que tiverem concorrido assistirão a uma
I. Fórma da eleição. missa do Espirito Santo, finda a qual, o paroco fa
rá um discurso analogo ao objecto. Immediatamente
32. A Nação portugueza he representada nas suas nomearão tres escrutinadores e dois secretarios, pes
Cortes, isto he, no ajuntamento dos Deputados, que soas que tenhão reconhecida aptidão e confiança pu
a mesma Nação para esse fim elege com respeito á blica. Esta eleição será logo escrita e publicada por
um dos secretarios.
povoação de todo o territorio portuguez.
33. Na eleição dos Deputados tem voto todos os 39. Successivamente o presidente, escrutinadores,
cidadãos, que estiverem no exercicio de seus direitos, e secretarios, e depois os mais cidadãos presentes,
tendo domicilio e residencia pelo menos de seis mezes aproximando-se um e um á mesa do escrutinio, lan
no concelho onde se fizer a eleição, e sendo maiores çarão as suas listas em uma ou mais urnas que esta
de vinte e um annos. São excluidos os regulares, ex rão colocadas no meio da mesa. Concluido este acto,
cepto os das ordens militares; os estrangeiros posto o presidente irá successivamente tirando as listas da
que naturalizados; os criados de servir; e os condem urna; os escrutinadores as examinarão; e ao passo
nados a prisão ou degredo. que um delles as for lendo em voz alta, irão os dois
34. A mesma eleição se fará cada dous annos, pois secretarios escrevendo os nomes em duas relações.
outro tanto tempo ha de durar cada uma Deputação 40. Acabada a leitura de todas as listas, os es
ou Legislatura. A fórma de proceder nella será por crutinadores e secretarios apurarão os votos, e sairão
meio de duas juntas eleitoraes; uma que se reunirá eleitos aqueles em quem recaír a pluralidade relativa.
nos concelhos, outra nas cabeças das comarcas: o que Em caso de empate decidirá a sorte. Os nomes dos
se praticará pela maneira seguinte.
\
bº]
eleitos serão logo publicados por um dos secretarios. 49. Successivamente procederá a junta a eleger
Quando tiver havido muitas juntas, em conformi };" mesma forma pessoas, que hajão de substituir os
dade do art. 35, esperar-se-ha que os presidentes, es putados na sua falta ou impedimento. O numero
crutinadores, e secretarios das juntas subalternas tra dos substitutos será o da ametade dos Deputados or
gão as suas listas e relações á junta principal, o que dinarios.
farão até ao dia seguinte o mais tardar; e tendo-se 50. Um dos secretarios lavrará a acta de toda a
unido umas e outras se fará então o dito apuramento eleição no livro do registro da junta, accrescentando a
dos votos e publicação dos eleitos. que os cleitores por sí e em nome de todos os morado
41. Um dos secretarios lavrará a acta de toda a *es daquella comarca outorgão a todos os Deputados
º eleição, que assignará com o presidente, escrutinado juntamente, e a cada um delles em solido, amplos
res, e com o outro secretario, para ser guardada no poderes, para que reunidos em Cortes com os das ou
arquivo da camara. Della extrairão os secretarios duas tras comarcas de toda a Monarquia portugueza pos
copias, uma das quaes será entregue a um dos eleito são, como representantes da Nação, fazer tudo o que
res para fazerem constar sua eleição na junta da ca fôr conducente ao bem geral della, e cumprir suas
beça da comarca; e outra será logo reinettida ao pre funcções na conformidade e dentro dos limites que a
sidente da mesma junta. Constituição prescreve, sem que possa derogar ou al
42. Concluida a eleição, os cidadãos presentes, terar nenhum de seus artigos : e que elles outorgan
estando os eleitores entre o presidente, escrutinadores tes se obrigão a cumprir e ter por valido tudo o que
e secretarios, assistirão a um solenine Te Deum, que os ditos Deputados assim fizerem em conformidade da
se cantará na mesma igreja: e desde então se haverá mesma Constituição. ” — Esta acta será assignada
por dissolvida a junta, com inhibição de proceder a por todos os eleitores, e della se entregarão copias a
outro qualquer acto. cada um dos Deputados, e se remetterá logo uma á
43. No terceiro domingo do mesmo mez de Outu deputação permanente de Cortes (art. 98). Estas co
bro em Portugal; no primeiro domingo de Março do pias serão tiradas por um tabellião, e conferidas com
anno seguinte no Brasil; e com esta proporção nas o escrivão da camara.
outras partes ultramarinas (art. 35) se reunirão na 51. Concluida a eleição, os eleitores, levando en
casa da camara da cabeça da comarca os eleitores de tre o presidente, escrutinadores, e secretarios, os Depu
todos os concelhos della, para procederem á eleição tados, que estiverem presentes, irão assistir a um so
dos Deputados de Cortes. E serão presididos pelo pre lenne Te Deum; e desde então ficará dissolvida a
sidente da mesma camara, ao qual anticipadamente junta.
se terão apresentado, para serem os seus nomes escri II. Regras sobre a eleição.
tos no livro das actas da Junta, com declaração dos
respectivos concelhos. •
52. Todos os actos das juntas eleitoraes se farão
44. Successivamente apresentarão os documentos publicamente com a porta aberta. Ninguem entrará
da sua eleição: e procederão a eleger de entre sí a nellas armado. Ninguem terá precedencia de assento,
pluralidade de votos um presidente, tres escrutinado excepto o presidente e o paroco.
res, e dous secretarios, os quaes todos verificarão a 53. Se nas sessões de cada um dos domingos aci
legalidade dos ditos documentos, devendo os delles ser ma declarados não poder concluir-se a eleição, deve
verificados por uma commissão de tres dos mesmos rá continuar sem interrupção nos dias seguintes.
eleitores; que será nomeada para este fim. 54. A eleição se fará por listas secretas sem de
45. Feita a referida verificação, os eleitores que pendencia de serem assignadas. Concluido o acto da
forem legalizados, se dirigirão á igreja principal da eleição serão queimadas publicamente.
cidade ou villa, onde se cantará uma missa solemne 55. Todas as pessoas que podem votar nas elei
do Espirito Santo, pelo bispo, «u pelo ecclesiastico de ções (art. 33) podem tambem ser eleitores, ou sejão
maior dignidade, que fará um discurso analogo ás cir da junta ou de fóra della, tendo vinte e cinco an
CullStancias. nos de idade completos.
46. Regressando depois os eleitores á casa da ca 56. Ninguem poderá votar em si mesmo, ou em
mara, procederão logo pela forma declarada no art. seus ascendentes, descendentes, irmãos, tios, e sobri
39 a eleger os Deputados de Cortes, lançando na ur nhos filhos de irmãos. Se o fizer, o voto será nullo,
na listas de tantos nomes, quantos forem os Deputa e o votante perderá o direito de votar.
dos, que couberem á comarca. 57. Ninguem poderá sob pretexto algum eximir
47. O numero dos Deputados será regulado na se de ser eleitor ou Deputado.
razão de um por cada 30,3000 habitantes. Se alguma 68. As duvidas sobre as qualidades dos que hou
comarca não chegar a ter este numero, dará todavia verem de eleger ou ser eleitos, e outras quaesquer,
um Deputado. Se passar de 453000, dará dous De que occorrerem nas Juntas de concelho, serão decidi
putados, posto que não chegue a 603000. Se passar das verbalmente e sem recurso pela mesa do escruti
de 733000 dará tres, posto que não chegue a 903000. nio; ou pelo presidente e pelo paroco de acordo com
. E assim por diante. tres homens bons, que para esse fim consultarão, se
48. Concluida a entrega das listas, se procederá a mesa ainda não tiver sido nomeada. Nas juntas
na forma estabelecida no art. 39 : e se haverão como de Comarca serão resolvidas por toda a junta.
eleitos aquelles em quem recair a pluralidade relati 58. — 4. A cidade de Lisboa e seu termo será
va dos votos. Em caso de empate decidirá a sorte. considerada comº uma comarca para a reunião da
Esta eleição será logo publicada pelo presidente.
[7]
junta eleitoral, de que trata o art. 43. Isto mesmo achar fora do lugar das Cortes, esta participação se
se entenderá a respeito das ilhas da Madeira e Porto lhe fará por escrito, e o Rei responderá pelo mesmo
Santo. Quanto ás ilhas dos Açores, as de S. Miguel, modo.
Terceira, e do Pico, formarão tambem comarcas se 64. No primeiro de Março se reunirão infallivel
paradas: as outras serão consideradas como uma só mente as Cortes. O Rei assistirá pessoalmente á aber
comarca, de que será cabeça a do Faial. As ilhas de tura delas sendo sua vontade: e não assistindo, fará
Cabo Verde formarão uma só comarca, cuja cabeça o presidente a abertura. O Rei entrará na sala sem
será a de S. Tiago. guarda, e acompanhado sómente das pessoas que de
terminar o regimento do governo interior das Cortes.
CA e I T U 1. o II. Fará um discurso adequado a esta occasião, ao qual
o presidente responderá em palavras geraes. Se não
Da reunião das Cortes. estiver presente, mandará remetter o seu discurso ao
presidente, que o lerá nas Cortes. Isto mesmo se
59. Os Deputados de Cortes, que houverem sido observará, quando ellas se fecharem.
eleitos nas comarcas, se apresentarão antes do dia 65. No segundo anno de cada legislatura céssão
vinte de Fevereiro á Deputação permanente de Cor as juntas preparatorias, e o juramento de que tra
tes, a qual fará escrever seus nomes no livro de re tão os art. 60, 61, e 62. E os Deputados, reuni
gistro da secretaria das mesmas Cortes, com declara dos no primeiro de Março na sala das Cortes, ser
ção das comarcas a que elles pertencem. vindo de presidente o ultimo que foi no anno ante
60. No dito dia vinte de Fevereiro se reunirão cedente, procederão a eleger novo presidente, vice
em primeira junta preparatoria na sala das Cortes presidente, e secretarios: e havendo assistido á Mis
destinada para este unico objecto, servindo de presi sa do Espirito Santo, procederão em tudo o mais co
dente o da Deputação permanente, e de escrutina mo no primeiro anno.
dores e secretarios os que ella nomear de entre os seus
membros. Logo apresentarão as suas procurações; e I. Regras relativas ás Cortes.
nomearão á pluralidade de votos uma Commissão de
sinco de seus membros para as examinar, e outra de 66. As Cortes se reunirão todos os annos na ca
tres para examinar as dos ditos sinco. pital deste reino de Portugal. Com justa causa ap
61. Até ao dia vinte e sinco de Fevereiro se reu provada pelas duas terças partes dos Deputados pre
nirá uma ou mais vezes a dita junta preparatoria, sentes, poderão transladar-se a outro logar, que não
para se verificar a legitimidade das procurações, e diste mais de doze leguas da capital. Se durante o in
as qualidades dos Deputados; devendo resolver defini tervallo das Cortes sobrevier invasão de inimigos, pes
tivamente quaesquer duvidas, que sobre isso se move te, ou outra causa urgentissima, poderá a Deputação
TQII). permanente determinar a referida transladação, e dar
62. No mesmo dia elegerá de entre os Deputados, outras quaesquer providencias que julgar convenientes,
por escrutinio secreto e á pluraridade absoluta devo as quaes ficarão sujeitas á approvação das futuras
tos, para servirem no primeiro mez, um presidente C Cortes.
um vice-presidente; e á pluralidade relativa quatro 67. As sessões das Cortes durarão em cada anno
secretarios. Logo irão todos á igreja cathedral assis tres mezes consecutivos. E sómente poderão prorogar
tir a uma missa solemne do Espirito Santo: e no fim se por mais um :
della cada um dos Deputados, posta a mão direita I. Se o Rei o pedir.
sobre o livro dos Evangelhos, prestará juramento per II. Se houver alguma justa causa approvada pe
guntando o celebrante: 1 Jurais manter a religião las duas terças partes dos Deputados presentes. Po
catholica apostolica romana ; guardar e fazer gu rem as tres legislaturas, que se seguirem ás presentes
ardar a Constituição politica da Monarquia portu Cortes Extraordinarias, se primeiro se não tiver con
guesa, que fizerão as Cortes Extraordinarias, e Con cluído os codigos civil e criminal, poderão prorogar
stituintes do anno de 1821, e # bem e fielmen as suas sessões por tres mezes; devendo nos dous Ine
te as obrigações de Deputado de Cortes, em confor zes desta extraordinaria prorogação tratar-se sómente
midade da mesma Constituição ? O Deputado respon dos mesmos codigos.
derá: — a Assim o juro.» Esta pergunta se fará III. E tambem no caso do art. 91.
sómente ao presidente e vice-presidente. O juramen 68. Não se poderá celebrar sessão sem estar pre
to dos outros Deputados consistirá sómente em dize sente pelo menos a ametade dos Deputados c mais
rem: « Assim o juro.” * * * um. Na falta ou impedimento de algum delles, será
63. Acabada a solemnidade religiosa, os Deputa chamado o seu substituto, segundo a ordem porque
dos se dirigirão á sala das Cortes, onde o presidente o seu nome estiver escrito na procuração, que de
declarará, que estas se achão installadas, e que a De verá ser aquella, porque tiver saido eleito. As procu
putação Permanente tem cessado em suas funções. rações dos substitutos serão verificadas perante as Cor
E nomeará logo uma Deputação composta de vinte tes, pela Commissão das procuraçôes; elles prestarão
e dous Deputados e dous dos Secretarios, a qual irá o juramento nas mãos do Presidente. Isto mesmo se
dar parte ao Rei da referida instalação, e saber se praticará com os Deputados, que não tiverem podi
assistirá á abertura das Cortes, que se ha de verifi do apresentar-se no tempo prescripto.
car no primeiro dia de Março seguinte. Se o Rei se 69. As sessões serão publicas: e sómente poderá
"[8]
haver sessão secreta, quando em algum caso as Cor putação permanente até áquelle em que acabarem as
tes entenderem ser necessaria. Nunca porém terá isso sessões, vencerão um subsidio pecuniario, que terá
lugar sobre discussão de leis. sido taxado pelas, Cortes no segundo anno da legis
70. O Rei não poderá impedir as eleições. Tam latura antecedente. Aos Deputados do Ultramar e
bem não poderá impedir a reunião das Cortes, nem ilhas adjacentes se arbitrará além disso uma indemni
prorogalas, dissolvelas, ou por qualquer modo pro sação para as dispezas da vinda e volta. Estes subsi
testar contra as suas decisões. dios e indemnisação serão pagos pelo thesouro nacio
71. Ao Rei he permittido assistir sómente á aber nal. • •
tura e conclusão das Cortes. Elas não poderão deli 80. Em todo o tempo da legislatura, contado
berar em sua presença. Os seus ministros, quando desde o dia em que a sua eleição constar na Deputa
em nome delle vierem fazer algumas propostas, pode ção permanente, os Deputados não poderão acceitar,
rão assistir á discussão e falar nella, pelo modo que nem solicitar para outrem, pensões pecuniarias ou con
as Cortes
tes determinarem: porém nunca estarão presen
á votação. •
decorações, que sejão providas pelo Rei. Isto mesmo
se entenderá dos empregos publicos, salvo se lhes com
72. Na sessão seguinte á da abertura das Cortes petir por escala na sua carreira.
o ministro da guerra virá pessoalmente informar so 81. Durante o tempo das sessões das Cortes fica
bre o numero de tropas, que se achão acantonadas rão dispensados do exercicio dos empregos civis, mi
na capital e na distancia de doze leguas em redor, e litares, ou ecclesiasticos, que tiverem.
bem assim sobre as posições que occupão; para que 82. Se por algum caso extraordinario, de que de
as mesmas Cortes possão determinar o que julgarem penda a segurança publica ou o bem do Estado, for
eonveniente. indispensavel que algum delles saia das Cortes para
73. A respeito das discussões, e de tudo o que for outra occupação, o poderão ellas determinar concor
relativo ao governo e ordem interior das Cortes, se dando nisso as duas terças partes dos votos. +
observará o regimento feito pelas presentes Cortes ex 83. Nenhum Deputado poderá ser removido de
traordinarias, no qual se poderão fazer para o futu suas funcções senão por causa gravissima approvada
ro as alterações, que se julgarem convenientes. pelas duas terças partes dos seus collegas. Esta remo
ção não impedirá que elle possa ser reeleito para o
II. Regras relativas aos Deputados. futuro.
CAP I T U L o III.
74. Não podem ser eleitos Deputados os que não
podem ser Eleitores (art. 65), e além delles os que Das attribuições das Cortes.
não tiverem renda sufficiente para sua sustentação,
procedente de bens de raiz, commercio, industria, I. Da faculdade legislativa.
ou emprego; os bispos nas suas dioceses; os magistra
dos nos districtos da sua jurisdicção; os secretarios e 84. A primeira e mais importante attribuição das
conselheiros de Estado; os que servem emprego da Cortes, he a de fazer, interpretar, e revogar as leis.
casa Real; e os estrangeiros posto que tenhão carta Lei he a vontade dos cidadãos declarada pela plura
de cidadão. Os Deputados em uma legislatura pode lidade absoluta dos votos dos seus representantes. El
rão ser reeleitos para as seguintes. la obriga os mesmos cidadãos sem dependencia da sua
75. Ninguem poderá ser eleito em comarca, onde acceitação. + . • •
não tiver naturalidade ou domicilio. Se algum for eleito 85. Sómente os Deputados tem direito de propor
em mais de uma, as Cortes decidirão qual das elel directamente ás Cortes os projectos de lei. As propo
ções se prefira: e pelas outras comarcas serão chama sições, que forem apresentadas pelos ministros do Rei,
dos os substitutos correspondentes. não se haverão como projectos; mas poderão ser exa
76. Cada um Deputado he em solido procurador minadas nas Cortes por uma Commissão, e com o
eque
representante
o elegeu. de toda a Nação, e não da comarca
•
parecer della reduzidas a projectos, para seguirem as
regras communs aos mais projectos.
77. Em nenhum caso he permittido aos Deputa 86. O projecto será lido primeira e segunda vez
dos protestar oontra as resoluções das Cortes; e só com intervallo de oito dias. A segunda leitura as
mente fazer declarar na acta o seu voto sem o moti Cortes decidirão, se deve ser admittido á discussão:
Var. •
piar a discussão. •
79. Desde o dia, em que se apresentarem á De 87. A discussão durará uma ou mais sessões, até
[9 ]
parecer que o projecto está suficientemente discutido. do dos negocios de (o da respectiva repartição) o faça
Então se decidirá se tem lugar a votação: e resolven imprimir, publicar, e correr. O dito ministro fará
do-se affirmativamente, se procederá logo a ella, de logo sellar a lei com o sello do Estado; publicala no
vendo cada uma proposição entender-se vencida pela diario do governo; e guardar o seu original no arqui
pluralidade absoluta dos votos. • vo da torre do Tombo. • • • + •
88. Se o projecto não for admittido a discussão 94. A lei começará a obrigar no fim de quinze
ou votação, ou sendo-o, for depois rejeitado, não po dias contados, quanto ao reino de Portugal, desde
derá tornar a ser proposto naquelle anno. . aquelle em que for pubticada no diario do governo,
89. Se for approvado, será reduzido a decreto: e quanto ás ilhas adjacentes e ao ultramar, desde
e depois de ser lido nas Cortes, e assignado pelo pre aquelle em que for publicada na capital da respecti
sidente e dois secretarios, será apresentado ao Rei va provincia ou governo. • •
por uma Commissão de sinco Deputados nomeados 85. A regencia do reino ou o Regente, quan
pelo presidente. • •
do os houver (art. 124, 126) terão sobre a sancção e
90. . Ao Rei pertence dar a sua sancção á lei, o publicação das leis a mesma autoridade, que fica de
que fará pela seguinte formula assignada da sua mão: terminada a respeito do Rei. + •
sancciono, e publique-se como lei. Porém se o Rei 96. As disposições até aqui estabelecidas sobre a
ouvido o conselho de Estado, entender que ha razões formação das leis, se observarão do mesmo modo quan
para o decreto dever supprimir-se ou alterar-se, po to á sua revogação.
derá suspender a sancção por esta formula: Volte ás
Cortes: ao pé da qual se exporão debaixo da sua as» II. Outras attribuições das Cortes.
signatura as sobreditas razões. Estas serão apresenta
das ás Cortes, impressas no diario, e discutidas: e 97. Alem da faculdade legislativa tem as Cortes
se aos dois terços dos Deputados parecer que sein as attribuições seguintes: • • •
embargo dellas deve o decreto passar como estava, 1. Tomar juramento ao Rei, ao Principe Real; e
será novamente apresentado ao Rei, que lhe deverá á regencia ou regente...
dar a sua sancção no termo de dez dias. Pelo con II. Reconhecer o Principe Real, como legitimo
trario se as ditas razões não forem desapprovadas pe successor da coroa, e approvar o plano de sua educa
los dois terços, o decreto será supprimido ou altera Gao.
do: e não poderá tornar a tratar-se da mesma mate» III: Nomear tutor ao Rei menor. •
ria naquelle anno. • IV. Eleger regencia ou o regente nos casos adian
91. O Rei deverá dar ou suspender a sua sanc tê determinados , e marcar os limites da sua autori
ção no prazo de um mez. Se dentro delle o não fizer, dade. , •
ficará entendido que a deu, e eff ctivamente a dará, V. Resolver as duvidas, que occorrerem sobre a
Se antes de expirar aquelle prazo chegar o dia da con successão da coroa. • •• •
clusão das Cortes, poderão estas prorogar-se pelos VI. Approvar os tratados de aliança ofensiva ou
dias que faltarem, se a necessidade o pedir: li# SC defensiva, de subsidios, e de commercio, antes de se
espaçará o mesmo prazo até os primeiros oito dias rem ratificados; devendo porém concordar as duas ter
das sessões do anno seguinte. . . . ças partes dos votos, quando o tratado versar sobre a
92. Não dependem da sancção Real: alienação de alguma parte do territorio portuguez.
1. A presente Constituição, e as alterações que VII. Fixar todos os annos as forças de terra e mar,
nella possào fazer-se para o futuro, conforme o artti assim as ordinarias em tempo de paz, como as extraor
go 28. dinarias em tempo de guerra.
II. Todas as leis ou outras quaesquer disposições VIII. Conceder ou negar a entrada de tropas es
das presentes Cortes extraordinarias e constituintes. trangeiras de terra ou mar dentro do Reino ou dos por
III. As disposições ou decisões concernentes á tos delle. •
convocação das juntas eleitoraes, quando ella se re 1X. Fixar annualmente os impostos e as despezas
tardasse; á legitimidade das eleições, ou dos eleitos; publicas; approvar a repartição da contribuição dire
4 celebração das juntas preparatorias (art. 60, 61); cla entre as provincias do Reino: prover sobre a arre
á verificação das procurações dos Deputados: ao go cadação e emprego das rendas publicas; e fiscalizar as
verno interior das Cortes; á convocação extraordina contas da sua receita e despeza. Autorizar o Gover
ria de Cortes: á verificação da responsabilidade dos no para contrahir emprestimos, quando seja indispen
ministros do Rei, e geralmente a todos os objectos savel. •
o primeiro dia do mez de Março do segundo anno da IX. Perdoar as penas aos delinquentes, com res
legislatura, continuarão a tratar daquele negocio jun peito ás leis.
tamente com os outros sem dependencia de segunda X. Conceder ou negar o seu beneplacito aos de
instalação. Se porém tiver acabado o segundo anno, cretos dos concilios, letras pontificias, e quaesquer ou
o conhecimento ulterior do mesmo negocio será devol tras constituições ecclesiasticas, precedendo approva
vido aos novos Deputados. ção das Cortes se contiverem disposições geraes; ou
vindo o conselho de Estado se versarem sobre negocios
T I T U L O IV. particulares; e remettendo-as ao conhecimento e de
cisão do supremo tribunal de justiça (art. 156) quan
Do PopERC Ex ECUTIvo, ou Do REI.
A P I T U L o I. •
do contiverem pontos contenciosos.
XI. Declarar a guerra e fazer a paz; dando depois
ás Côrtes conta dos motivos, que para isso teve.
XII. Fazer tratados de aliança ofensiva, ou de
Da inviolabilidade, autoridade, e juramento do Rei. fensiva, de subsidios e de commercio; devendo porém
todos elles, ante da ratificação, ser approvados pelas
102. A pessoa do Rei he inviolavel, e não está Cortes (art. 97, n. VI.)
sujeita a responsabilidade alguma.
[ 11 ]
XIII. Decretar a applicação dos rendimentos des não poderá alterar-se em quanto durar aquele reis
tinados aos diversos ramos da administração publica. nado. |-
107. Tambem não póde o Rei: - 116. A dotação, alimentos, e doles, de que tra
I. Impôr tributos, contribuições, ou fintas algu tão os artigos antecedentes, serão pagos pelo thesou
mas
II1OS.
directa ou indirectamente; nem tomar empresti
- • .
ro nacional, e entregues a um mordomo nomeado po
lo Rei, com o qual se poderão tratar todas as acções
II. Conceder privilegios exclusivos. c.
-
activas e passivas concernentes aos interesses da casa
III. Suspender magistrados, ou fazer prender cidadão real.
algum, salvo nos termos dos art. 166, e 174, ou quan 117. Tambem as Cortes designarão os palacios, e
do a segurança do Estado exigir a repentina prisão de terrenos, qne julgarem convenientes para habitação, e
algum cidadão; no qual caso dentro de quarenta e recreio do Rei, e de sua familia,
oito horas o mandará entregar ao juiz competente.
108. O Rei antes de ser acclamado prestará pe C AP 1 T U I, o 11I,
rante as Cortes na mão do presidente dellas o seguin
te juramento: º Juro defender a religião catholica Da successão a corôa.
apostolica romana ; ser fiel à Nação portugueza ;
observar e fazer observar a Constituição politica de 118. A successão á corôa de Portugal seguirá a
cretada pelas Cortes Extraordinarias e Constituintes ordem regular de primogenitura, e representação en
no anno de 1821, e as leis da mesma Nação ; e pro tre os legitimos descendentes do Rei actual o Senhor
mover o bem geral della, quanto em mim couber. ” Dom João VI: convém saber, preferindo sempre a
linha anterior ás posteriores; na mesma linha o gráo
C A P I T U 1. o I1. mais proximo ao mais remoto; no mesmo gráo o se
xo masculino ao feminino; no mesmo sexo a pessoa
Da Familia Real, e na dotação. mais velha á moça.
119. Donde se segue:
109. O herdeiro presumptivo da corôa terá o ti I. Que sómente succedem os filhos nascidos de Ie
tulo de Principe Real: os outros filhos do Rei e os gitimo natrimonio. -
do Principe Real terão o de Infantes. Estes titulos II. Que no caso de falecer o Principe Real an
não podem estender-se a outras pessoas ;. nem con tes de haver succedido na corôa, seu filho prefere aos
ferem algum privilegio ou exempção do direito, que tios, e succede immediatamente ao avô por direito
he comunum a todos os cidadãos. de representação. •
110. Os Infantes não podem servir nenhum em 120. Extinctas as linhas mencionadas no art. 118,
prego publico electivo. Quanto aos que são nomea chamarão as Cortes ao throno a pessoa, que enten
dos pelo Rei, os podem servir, excepto os de minis derem convir melhor ao bem da Nação ; e desde então
tro, e conselheiro de Estado, embaixador , general continuará a regular-se a successão pela ordem acima
commandante do exercito ou armada, e presidente ou estabelecida.
minist o dos tribunaes de justiça. 121. Se a successão da corôa cair em femea, não
III. O herdeiro presumptivo da coroa será reco terá seu marido parte no governo, nem se chamará
nhecido como tal nas primeiras Cortes que se reuni Rei, senão depois que tiver da Reinha um filho ou
rem depois do sou nascimento. E em tendo 14 annos filha. - - |- -
de idade completos prestará em Cortes na mão do pre 122. Se a pessoa, que houver de succeder na co
si lente juramento de defender a religião catholica rôa, tiver incapacidade notoria e perpetua para go
apostolica romana ; de manter a Constituição po -vernar, as Cortes a excluirão della, concordando nis
litica da Nação portugueza ; e de ser obediente ás so as duas terças partes dos Deputados presentes, e
leis e ao Rei. precedendo pelo menos tres discussões em dias diver
, .
SOS,
I12. O que fica disposto no art. 106 sobre sair o •
B 2
r
[12]
*Caere o Le MV. CAP rs Le V.
141. Nenhum conselheiro de Estado poderá ser 149. A promoção da magistratura seguirá a regra
removido, senão por sentença proferida pelo tribunakº da antiguidade no serviço, a qual sómente poderá ser
competente, conforme o artigo 156. Quando por se alterada por algum merecimento ou serviço extraor
verificar a remoção, ou por outra qualquer causa, dinario, de que se fará especial menção no decreto
vagar algum lugar no conselho de Estado, as Cortes, da promoção. •
se estiverem reunidas, e (não o estando) as do anno 150. Todo o Reino será dividido em convenientes
seguinte, proporão ao Rei para o dito lugar duas julgados ou districtos, cada um dos quaes terá um
pessoas da classe respectiva. # de primeira instancia, chamado juiz de fóra. Em
isboa e outras cidades muito populosas se estabele
cºr1 + " " º VI. cerão quantos sejão necessarios.
151. Crear-se-hão lugares de substitutos dos juízes
Da força militar. de fóra na razão de um por cada tres, para os sub
stituirem nos seus impedimentos, ou nas causas em
142. Estará sempre á disposição do Rei uma for que forem suspeitos. Estes substitutos residirão den
ça militar permanente de terra e mar, composta da tro do districto dos respectivos juizes.
quelle numero de tropas e vasos, que as Cortes todos 152. Os juizes de fóra exercitarão em seus distri
os annos determinarem. ctos a jurisdicção contenciosa em todas as causas ci
143. Esta força be essencialmente obediente, e vis ou criminaes sem excepção das de fazenda nacio
nunca deve reunir-se para tomar resoluções. Conse nal; e conhecerão, conforme o regimento que se lhes
guintemente quanto á conservação da segurança in ha de dar, do cumprimento de encargos pios, tutoria
terior do Reino, sómente obrará quando for requeri e administração dos orfãos, dementes, ou ausentes,
da pelas autoridades constituidas: quanto á seguran recebimento de fianças aos prezos, e outras materias,
ça exterior, sómente quando receber ordens do Rei. de que até agora conhecião os provedores, correge
144. As Cortes estabelecerão ordenanças que re dores, juizes ecclesiasticos, e o desembargo do paço.
gulem a fórma e exempções do recrutamento, e toda Quanto ás causas criminaes, depois que se estabelece
a parte administrativa e militar desta força: institui rem os jurados (art. 171) conhecerão sómente do di
rão escolas para a instrucção das diversas armas do reito e não do feito,
exercito, e arisada: e coordinarão um codigo, em 163. Os juizes de fóra decidirão sem recurso as
que
penassedas
regule
faltaso eprocesso, e se estabeleção as justas causas civeis, que não valerem mais da quantia que
crimes militares. •
III. Dos recursos de força interpostos dos tribu 162. Nos mesmos negocios de que trata o artigo
naes ecclesiasticos da capital: antecedente, os juizes de fóra servirão de conciliadores
+
IV. Das duvidas sobre competencia de jurisdic entre as partes. Elas deverão, antes de propor o liti
qão, que recrescerem entre as relações provínciaes de gio comparecer com dois homens bons, nomeados a
Portugal, e ilhas adjacentes. As que se moverem no seu aprazimento perante o juiz, o qual ouvindo a to
Ultramar serão decididas pelas mesmas relações, que dos procurará conciliar as mestnas partes, decidindo
conhecem das revistas (art. 158), as quaes darão de como lhe parecer mais conforme á equidade. Desta
pois conta de suas decisões ao mesmo supremo tribu decisão extrajudicial se lavrará auto por todos assi
nal de justiça. gnado; e se as partes não acquiescerem a ella, pode
156 A. Pertencerá tambem a este tribunal propôr rá então receber-se ao autor a sua acção em juizo,
ao Rei com o seu parecer as duvidas que tiver, ou sendo instruida de uma certidão do dito auto.
lhe forem representadas por outros quaesquer tribu 163. Os juizes de fóra remetterão todos os seis
naes, sobre a intelligencia de alguma lei, para se se mezes á relação respectiva listas das causas civeis e
guir a conveniente declaração das Cortes: e prover criminaes, que penderem perante elles, com declara
sobre
163.
ção do estado em que se acharem. A relação prove
as listas dos procéssos, de que trata o artigo
•
tas relações declararem nullidade ou injustiça, farão 166. Quando ao Rei se dirigir queixa contra al
logo executar a sua sentença, e darão conta ao su gum magistrado, poderá, depois de haver convenien
premo tribunal de justiça para este fazer efectiva a te informação e ter ouvido o Concelho de Estado,
responsabilidade dos juizes, quando ella deva ter lu mandar temporariamente suspender o magistrado: fa
gar. Em Africa e India tratar se-ha da revista na zendo immediatamente passar a dita informação á Re
mesma relação do paiz, pelo methodo que a lei de lação ou tribunal competente, para nelle se tomar
1 crIll na r. |-
ulterior conhecimento e definitiva decisão. *•
159. Haverá tambem em Lisboa um tribunal ex 167. Quando subir á relação algum processo em
traordinario composto de nove juizes, que serão ti que se conheça ter-se commettido alguma das culpas
rados á sorte de dezoito Deputados de Cortes. Terá contidas no artigo 164, poderá a relação, sem de
um regimento feito pelas Cortes, e se reunirá para pendencia de ouvir o juiz, condemnalo em custas ou
conhecer dos delitos dos Deputados dellas, depois que outras penas pecuniarias até á quantia que a lei de
[ 15 ]
términar; e mesmo suspendelo até seis mezes, deven quatro horas, contadas do momento da prisão, man
do neste ultimo caso dar conta ao Rei. Se o delicto, dará entregar ao réo uma nota por elle assignada, em
for mais grave, mandará formar-lhe culpa e tratar que se declare o motivo da prisão, e os nomes do
della em processo regular. accusador, havendo-o, e das testemunhas que o ar
168. Quanto aos delictos que não pertencerem ao guirem.
oficio de juiz, sórrente resultará suspensão quando 176. Dentro de tres dias ao mais tardar será o
elle estiver preso: e deposição sómente quando a sen preso interrogado sem juramento, e se fará auto da
tença expressarnente lha impozer, ou prisão de mais interrogação. Para este fim se lhe terá anticipadamen
de um anno, desterro, ou outra pena maior. te entregue por copia a accusação, os depoimentos
169. Todos os juizes de primeira instancia terão das testemunhas, os documentos, e tudo o mais que
órdenado igual. Isto mesmo se entenderá com os de fôr concernente á formação da culpa. Todo o ulterior
segunda instancia, e com os substitutos de uns e o u processo será publico.
tros, devendo ser proporcionalmente maiores os de 177. Se o réo antes de ser conduzido á cadeia,
cada uma destas classes. Os officiaes dos magistrados ou depois de estar nella, der fiança perante o juiz da
terão tambem ordenados suficientes. culpa, será logo solto, não sendo crime em que a lei
170. Além destes ordenados, os mesmos juizes e expressamente prohiba a fiança.
oficiaes nos negocios civeis vencerão salarios modera 178. Sempre que se mandar levar algum cidadão
dos, que serão prescriptos em seus regimentos. Nas á cadeia como preso, se fará auto motivado da pri
causas criminaes será gratuita a administração da jus são, e delle se dará copia ao carcereiro para o inserir
tiça; com o que se não entenderão com tudo aboli no seu livro de registro.
das as multas e outras penas, que se devão impôr aos 179. As cadeias serão seguras, aceiadas, e bem
litigantes malieiosos em conformidade das leis. arejadas, de sorte que sirvão para segurança e não
para tormento dos presos. Nellas haverá diversas ca
CAP 1 T U 1. o 1II. sas em que os presos estejão separados conforme as
suas qualidades e a natureza de seus crimes, devendo
Regras sobre a justiça criminal. haver especial contemplação com os que estiverem
em simples custodia, e ainda não sentenciados. As
171. Os precessos criminaes serão formados ejulga cadeias serão impreterivelmente visitadas nos tempos
dos em conselho de jurados ou juizes de feito, que se determinados pelas leis: nehum preso deixará de ser
crearão nos districtos que a lei designar. Estes juizes apresentado a estas visitas.
serão eleitos por cada dois annos á pluralidade de votos 180. O juiz, e o carcereiro que infringirem as
pelos eleitores das respectivas comarcas, depois da elei disposições do presente capitulo, relativas á prisão
ção dos Deputados de Cortes. Os juízes de fóra não dos delinquentes, serão castigados como réos de pri
terão nos ditos processos outra attribuição mais que são arbitraria com as penas que as leis deverão de
a de presidir ao conselho; dirigir a inquirição das tes clarar.
temunhas, a qual se fará publicamente; e depois da 181. Se em circunstancias extraordinarias a segu
decisão des juizes de feito applicar a lei ao delicto. rança do Estado exigir que se dispensem por deter
Esra instituição porém não terá lugar senão depois minado tempo em toda a Monarquia ou parte della
da refórina do codigo criminal. algumas das sobreditas formalidades, relativas á pri
172. Os cidadãos que forem arguidos de crimes são dos delinquentes, se poderá isso fazer por espe
a que pela lei esteja imposta pena que não chegue a cial decreto das Cortes.
prisão por um anno, ou desterro para fóra do conti
nente, não serão pronunciados a prisão, e se livra T I T U L O VI.
rão soltos.
173. Nos crimes em que, conforme o artigo an DO ……… ADMINISTRATIvo. |-
mana; e todas as mais que exigir alguma urgente as contribuições publicas, sejão directas eu indirectas,
necessidade. pessoaes ou territoriaes. Ao Rei pertence regular e fis
I99. Na falta ou impedimento do presidente ou calizar a sua cobrança. •
secretario, a camara elegerá outro. O secretario po 203. As contribuições serão proporcionadas ás des
derá ser reeleito logo no anno seguinte. Vencerá o or pezas dº", que tambem hão de ser decretadas
denado que for estabelecido pela junta provincial, pelas Cortes. •
que lhe será pago pelo cofre geral da comarca. 204. Para este fim o secretario de Estado dos
200. A's camaras pertence cuidar de tudo o que negocios da fazenda, havendo recebido dos outros se
he concernente ao governo administrativo das cidades cretarios os orçamentos relativos ás despezas de suas
e villas: e conseguintenente: repartições, apresentará todos os annos ás Cortes, lo
I. Promover a agricultura, o commercio, a indus go que estiverem reunidas, um orçamento geral de
tria, a saude publica, e geralmente todas as commo todas as despezas publicas, que será preciso fazer na
didades dos moradores da cidade ou villa. quelle anno; e outro do producto das contribuições
II. Estabelecer feiras e mercados nos lugares mais indirectas, com declaração do saldo das contas do
convenientes, com approvação da junta provincial. thesouro nacional do anno antecedente. •
III. Cuidar nas escolas de primeiras letras, e ou 205. Em presença dos ditos orçamentos e saldo
tros estabelecimentos de educação que forem pagos determinarão as Cortes a quantia da contribuição di
pelos rendimentos publicos; e bem assim nos hospi recta que se deverá pagar naquele anno, e a repar
taes, casas de expostos, e outros estabelecimentos de tição della por todas provincias do Reino conforme
beneficencia, conforme as regras que se hão de pres a riqueza de cada uma: para o que o dito secretario
CreVCT. •
VI. Repartir a contribuição direcia pelos morado 207. A camara de cada cidade ou villa repartirá
res do districto, e cuidar na cobrança e remessa de logo a quantia que tocar ao seu districto pelos mora
todos os rendimentos nacionaes, conforme os artigos dores delle, á proporção dos rendimentos que alíti
207 e 208. verem, quaesquer que estes sejão. Os rendimentos que
VII. Fiscalizar
nacionºes (art. 208). a venda e administração
•
dos bens tiverem no districto algumas pessoas residentes fóra
delle, serão tambem collectados. Nenhuma pessoa ou
VIII. Cobrar e dispender os rendimentos do epn corporação será isenta desta repartição. * * *
celho; eleger thesoureiro para esta arrecadação; to 208. As camaras elegerão com responsabilidade
mar-lhe contas annualmente, e remettelas documen sua os thesoureiros, que debaixo da sua inspecção
tadas á junta provincial. recebão dos collectados as quantias correspondentes,
IX. Fazer isto mesmo a respeito das fintas qua em bem como outras quaesquer contribuições ou rendi
falta de rendimentos do concelho se lançarem aos mentos nacionaes; e que os fação entregar ao the
moradores delle: o que se não poderá fazer sem ap soureiro da cabeça de comarca nos prazos que a lei
provação das Cortes, á similhança do que fica dis determinar. Quanto aos contribuintes, que forem
posto na artigo 189. -
omissos em pagar, as mesmas camaras remetterão
X. Fazer as posturas ou leis municipaes, que an aos juizes de fóra os documentos convenientes para
tes de execução serão submettidas á approvação da serem executados.
junta provincial. 209. Os thesoureiros das cabeças de comarca se
201. As disposições contidas no presente capitu rão eleitos pelas, respectivas camaras. Estes thesou
lo são em tudo applicaveis á camara da cidade de reiros pagarão por uma folha annualmente processada
Lisboa, com a diferença de deverem ser nove os ve no thesouro nacional, que haverá na capital do Rei
readores della; ficando por tanto extinctos os lugares no, as despeza relativas áquella comarca: e remette
de vereadores letrados que presentemente compõem rão o remanecente ao mesmo thesouro nos prazos
aquelle tribunal. Quanto á casa dos vinte e quatro, que a lei determinar.
se proverá logo como parecer convêniente: e assim 210. Todos os rendimentos pertencentes ao Esta
mesmo quanto ás demais camaras em que houver ca do entrarão no thesouro nacional, excepto os que
sa dos vinte e quatro. por ordem delle se mandarem pagar em outras the
*
\
* sourarias. Ao thesoureiro do mesmo thesouro se não
CAP 1 Tu L o. III. levará em conta pagamento algum que não for feito
por portaria do Rei assignada pelo secretario dos ne
+ JDa fazenda nacional. gocios da fazenda, na qual se declare o objeto da
despeza, e o decreto das Cortes que a autoriza.
202. A's Cortes pertence estabelecer ou confirmar 211. A conta da entrada e saída do thesouro
todos os annos, sem dependencia de sancção do Rei, nacional, bem como a da receita e despeza de todºs
[ 18 ]
os rendimentos nacionaes, se tomará nas contadorias 1.° Do Ministro dos negocios da justiça, remet
do thesouro, que serão reguladas por um regimento tendo a resposta que o Prior Províncial dos Eremi
especial. tas de Santo Agostinho dá aos quesitos que acompa
212 A conta geral da receita e despeza de cada nhárão a ordem das Cortes em data de 16 de Outu
anno, logo que tiver sido approvada pelas Cortes, se bro passado: mandou-se para a Commissão ecclesias
publicará pela imprensa. Isto mesmo se fará com as tica de reforma.
contas, que os secretarios de Estado derem das despe 2.° Do Ministro dos negocios estrangeiros, dando
zas feitas nas suas repartições. parte ás Cortes da participação que em data de 31
213 Não haverá alfandegas senão nos portos de de Desembro fez ao Governo o Marquez Estribeiro
mar e nas fronteiras do Reino. Os administradores e Mór, de ter cessado nas suas funcções de Embaixa
thesoureiros destas se corresponderão directamente com dor de Portugal junto a ElRei Christianissimo; ha
o thesouro nacional. vendo já apresentado as suas recredenciaes, e estando
-
214 A Constituição reconhece a divida publica o Conselheiro José Diogo Mascarenhas Neto em
que está liquidada e se for liquidando. As Contes desi qualidade de encarregado dos negocios politicos e
gnarão os fundos necessarios para o seu pagamento, commerciaes deste Reino naquella Corte: ficárão as
os quaes serão administrados com absoluta separação Cortes inteiradas. •
de todos os outros rendimentos publicos. 3.° Do mesmo Ministro, enviando ás Cortes uma
copia da nota que dirigiu ao nosso encarregado de
CAP I T U L o IV. negocios em Madrid, o Secretario de Estado interino
dos negocios estrangeiros Ramon Lopes Pellegrin,
Dos estabelecimentos de instrucção publica, e de cari relativamente aos negocios do Rio da Prata: man
dade. dou-se para a Commissão diplomatica para se unir
aos outros documentos relativos a este objecto.
215. Em todas as cidades, villas, e lugares consi 4.° Do mesmo Ministro, solicitando declaração
deraveis do Reino se estabelecerão escolas, em que se das Cortes sobre algumas duvidas sobre a intelligen
ensine á mocidade portugueza ler, escrever, e contar, cia do decreto de 7 de Junho passado, a requerimen
e o cathecismo das obrigações religiosas e civis. Aos to do Consul portuguez de Amsterdam: dirigiu-se á
mestres destas escolas se assignarão ordenados bastan Commissão de agricultura.
tes para que sejão pretendidas por pessoas dignas de Mandou-se fazer menção honrosa das seguintes
tão importantes cargos. •
dado da fundação, conservação, e augmento das ca Mandou-se para a Commissão de saude publica
sas de misericordia, hospitaes civis e militares, espe uma memoria de Joaquim Lopes da Cunha em con
cialmente para os soldados e marinheiros estropeados, tinuação á que já ofereceu sobre o melhoramento da
rodas de expostos, montes-pios, e outros estabeleci administração das rendas do hospital, e misericordia
mentos de caridade: os quaes serão regidos por esta da cidade da Guarda.
tutos particulares, e estarão debaixo da especial pro Remetteu-se á Commissão de fazenda uma me
tecção do Governo. -
moria oferecida pelo cidadão Antonio Joaquim, so
Lisboa 15 de Junho de 1821. bre a boa arrecadação da decima.
Mandou-se á Commissão de petiçoes, para lhe
José Joaquim Ferreira de Moura; Luiz Bispo de Béja; dar o competente destino, uma representação de Mi
João Maria Soares de Castello Branco ; Francisco guel Ignacio dos Santos Freire e Bruce, sobre o go
Soares Franco ; Bento Pereira do Carmo; Antonio verno do Maranhão.
Pinheiro de Azevedo e Silva ; Manoel Fernandes O Sr. Secretario Felgueiras dando parte do mo
Thomax ; Manoel Borges Carneiro ; Joaquim Pe do por que a Deputação das Cortes, nomeada para
reira Annes de Carvalho. ir felicitar a Sua Magestade por occasião do anniver
sario da sua instalação, tinha desempenhado a sua
commissão, leu o seguinte discurso, que o Sr. Depu
tºdo Moura, como orador da Deputação, dirigiu a
El Rei:
SESSÃO DE 28 DE JANEIRO. Senhor. — As Cortes Geraes, Extraordinarias, e
Constituintes da Nação portugueza nos envião hoje,
dia
A BERTA a Sessão, e não estando presente a acta gratularmosdo anniversario da sua instalação, para nos cón
com V: Magestade pelo triunfo dos prin
da antecedente, mencionou o Sr. Secretario Felguei epios em que se firma a obra da nossa regeneração
ras os seguintes oficios, que tiverão os destinos que politica. Nào vos trazemos, Sr., nem elogios, ne tra
vão indicados.
incensos; a posteridade lavrará no livro da historia
[ 19 ]
+
º premio que V. Magestade merece; mas um presen pois, Sr., todos nós fieis á lei que a Nação diciou,
te de grande valor ofertamos hoje a V. Magestade,
e fieis a um Rei que todos os corações elegêão, for.
e he o da maior confiança que tem as Cortes no pa
maremos uma tão compacta, e tão solida união, que
triotismo, e nas virtudes de V. Magestade: he o da não haverá poder que nos destrua, ou se quer nos
mais decidida esperança na pureza das intenções de inquiete. Nem o poder que reclamou os antigos pri
V. Magestade, e no amor á causa da Constituição, vilegios, nem o poder que quizer introduzir arbitra
que V. Magestade tem constantemente manifestado. ricdades novas, nenhum delles poderá destruir o im
As Cortes se felicitão de que V. Magestade tenha perio das leis. Embora o dispotismo, e a anarquia,
desempenhado tão fielmente o seu juramento, conti estes dois elementos da desorganização dos Estados
nuando a dar-nos como penhores deste fiel desempe se agitem no meio da efervescencia de suas paixões,
nho a sinceridade da religião, o ardor do patriotismo, e de seus intoresses diversos; a vontade da Nação, a
e a illustração da sabedoria: as Cortes se felicitão de consciencia de seus representantes, os sentimentos de
terem atéqui desempenhado da sua parte a lei da sua V.Magºstade affianção a ordem, a justiça, e a tran
procuração, mantendo illesa a religião de nossos pais, quillidade publica.
reservando para a dynastia de V. Magestade a auto Immovel, e duradouro seja pois o throno de V.
ridade suprema, e fundando o systema constitucional Magºstade entre os Portuguezes; duradoura e perpe
representativo com aquellas seguranças que fazem o tua seja entre nós a vida da Constituição: duradoura,
poder mais apto ao fim a que he destinado; as Cortes e assàs provecta seja a vida de V. Magestade para
se felicitão do accordo, e da unanimidade de senti gºzar, e ver gozar os Portuguezes do fructo de tão
mentos politicos, que tem substituido, e subsistem sabias, e de tão justas instituições. Assim o desejão
entre os dois Poderes activos do Estado, accordo que 4)S Cortes, e todos os Portuguezes a quem elas re
vincias na capital. » Nós queremos e nosso Rei (di Fez-se a chamada, e achárão-se presentes 114
zem todos), e damos graças ao Todo Poderoso pelo Deputados, faltando 19; a saber: os Srs. Gomes Fer
presente que delle nos fez. A sua autoridade he aquel rão, Moraes Pimentel, Sepulveda, Bispo de Béja,
la que as nossas leis, e que os nossos corações lhe Macedo, Gouvêa Durão, Borges de Barros, Kan
conferírão; por isso he ella mais solida e mais pura.” 2eller, Queiroga, Ferreira da Silva, João de Fi
E no meio de uma tão geral e espontanea acclamação gueiredo, Bekman, Castello Branco, Pereira da
de vossos filhos, Sr., vós sois constantemente guar Silva, Guerreiro, Faria, Sousa e Almeida, Castel
dado, e obedecido pelo seu amor. Todos estão pron lo Branco Manoel, Sande Salema. •
tos a vos obedecer; pois que vós nunca mandais se O Sr. Martins Basto, por parte da Commissão
não em nome da lei; a nossa fidelidade he sem limi de justiço civil, leu o seguinte
tes, porque entre Portuguezes nunca os ha de ter a
obediência á lei. Mas, Sr., quem recusará obedecer, P A R E c E R E.
quando vós obedeceis! Vós, Sr., com o vosso jura
mento de adhesão ao systema constitucional ajudastes A Commissão de justiça civil examinou o officio
a instituir entre nós a religião da lei; e a lei entre do ministro da justiça, em data de 19 deste mez, re
povos livres, e dignos de o ser, he uma divindade tu mettendo uma conta do corregedor do crime da cor
telar; a obediencia he o seu verdadeiro culto. Eia te, em data de 17 do mesmo mez, a respeito do estado
[ 2ô ]
do processo intentado contra Candido de Almeida no desempenho das suas obrigações. — Paço das
Sandoval, redactor de um dos periodicos desta capi Cortes em 25 de Janeiro de 1822. — Luiz Mar
tal, por se achar comprehendido na 1.° 2.° e 4.° es tins Basto ; Pedro José Lopes de Almeida.
pecie do artigo 12.° da lei da liberdade "da imprensa: Terminada a leitura, disse
participão que o réo está pronunciado á prizão, que O Sr. Belfort : — Eu sou de opinião inteiramen
esta não se tem podido verificar a pezar das diligen te opposta á dos meus companheiros, na primeira
cias que se tem feito, porque o réo não apparece; e parte do seu parecer, não porém na segunda, por
que entretanto continua a publicar-se o mesmo pcrio isso que a primeira he diametralmente opposta á jus
dico, sem que haja quem responda pelos seus abu tiça. O que diz a lei he que o impressor he respon
sos; porque o seu impressor, João Baptista Morando, savel quando não apparece o autor; no caso presen
apresenta os originaes assignados por Sandoval: accres te o autor está assignado logo ele he que he respon
centão que não o reputão responsavel, porque o art. savel, e por tanto são muito diferentes as eireuns
7.° da dita lei impõe responsabilidade ao impressor, tancias, diferentes devem ser tambem as disposições
quando
•-
não consta quem he o autor ou editor, e não da lei. Por tanto não posso approvar nesta parte o
quando consta quem he o autor, e não apparece; parecer da Commissão.
— pelo que pede o ministro decida o Soberano Con O Sr. Borges Carneiro: — O meu parecer he que
gresso o que se deve observar em casos taes, que po em quanto ao preterito se diga que não está respon
dem ser muito frequentes. savel o impressor; quanto porém ao futuro he neces
(Vozes do art. 7.") sario que se declare para evitar semelhantes mafes.
» O autor ou editor de escritos impressos em Es Nenhum homem amigo da patria, deve consentir que
» tados portuguezes, e o impressor deles, quando não mm máo cidadão esteja infainando aquelles que tan
» conste quem seja o seu autor ou editor, responderão to trabalhárão para a salvar, e que são homens tão
» por todo o abuso que nelles se fizer da liberdade da benemeritos, e tão dignos da nossa estima: quererei
» imprensa, nos casos determinados nesta lei, e bem as mais, que se mande ordem ao Governo, para que
» sim o livreiro, ou publicador, pelos abusos que se faça depôr esse corregedor do crime da corte e casa.
º commeterem nos escritos que vender, ou publicar Se elle fosse um homem amigo do bem publico, ami
º impressos em paizes estrangeiros, quando contive go da sua patria, Sandoval já estaria prezo, porque
» rem expressões, ou estampas obscenas, ou libellos a mim me dizem que elle passeia pelo Rocio, pelo
famosos. » •
dos casos alli especificados os impressores responderão ... O Sr. Braamcamp: — Assento que o parecer da
tambem pelas obras que publicarem de pessoas pro Commissão se deve approvar: seria inutil o exigir-se
nunciadas á prizão que estiverem homiziadas; pois não a declaração do nome do impressor em um impresso,
podendo estas por estarem escondidas tornar efectiva senão fosse este responsavel quando não apparecesse o
sua responsabilidade pelo abuso da liberdade da im autor: quero mais que o mesmo impressor seja responsa
prensa, devem responder por clas os impressores, sal vel logº que os escritos se julgarem comprehendidos
ro depois de estarem prezos os autores, porque ens num dos abusos da liberdade da imprensa, aliàs se
tão só estes serão responsaveis. |- • guir-se-hia daqui que qualquer Portuguez, passando a
O Sr. Moura: — Eu só quero dizer muito pou Badajoz poderia de lá espalhar pelo Reino todos quan
cas cousas, pois que tenho sido objecto daquelles abu tos escritos incendiarios quizesse. . . . ?
•
sos que se hão cómmettido. O que só desejo he que O Sr. Belfort; — * não diga que se não refor
qualquer que seja a decisão que º Congresso tome so me a lei, que se não emende, apesar della ser clara;
bre este objecto, a justiça e a lei abrão caminho para o que digo he que não he este o modo de fazer a
se poder accusar os calumniadores. , . . . emenda, he necessario que appareça um projecto, que
#
O Sr. José Pedro da Costa: — Apoio o voto do este seja lido segunda vez etc., e não apresentar-se de re
illustre Preopinante, e quereria que o Soberano Con pente uma lembrança de um Deputado a emendar a
gresso tomasse este negocio na sua mais alta considera lei, e por esta lembrança querer-se repentinamente
fazer esta emenda; o que he contra o regulamento da
| CiO.
não pela impunidade dos crimes da liberdade d'im O Sr. Ferreira Borges : — Como parte interessa
prensa, cujo castigo lhe não pertence, mas por não da neste negocio devo expôr ao Congresso, que eu
se" seguirem as tramas dos socios, que estando em não darei o meu voto, sobre elle.
contacto com o autor, devião ser observados, e pre O Sr. Pereira do Carmo: — A parte interessada
venidos
de longoostempo
ultimos acontecimentos,
(apoiado, apoiado).que todos previão
•
he o Congresso; aqui não ha negocio algum particu
lar. |
O Sr. Borges Carneiro: — Este negocio deve-se O Sr. Ferreira Borges: — Tenho que fazer dois
decidir hoje, deve-se dar uma resposta geral ao mi requerimentos ao Congresso um delles he primeiro
nistro. Não fique embora o editor responsavel, quan que se tome em consideração, se deve ou não existir
to ao preterito: mas deve ficar responsavel para o fu um tribunal, ou uma autoridade, a qual sirva de
turo, quando algum escritor for pronunciado pelo seu empecer que não se commettão delictos de uma tal
escrito. Eu torno a dizer, tem havido uma grande natureza, e que houvesse de fazer com que se casti
omissão da parte do ministro, a este respeito, he ne gassem, e descobrissem os autores destes delictos; por
cessario tomar sobre isso medidas prontas. que eu supponho que quando se reputa haver uma
O Sr. Peixoto: — Já disse, e ainda o repito, facção, a lei que ainda não está abolida, manda ti
que todo o Congresso está concorde no ponto da ima rar devassas nestes casos. Segundo requerimento he,
dvertencia, que na lei da liberdade da imprensa hou que se me dê um tribunal de jurados, perante quem
ve em não prevenir este caso: e como ninguem du eu possa chamar esses homens calumniadores, a fim
vida, de qual fosse o espirito dos legisladores, tam de provarem o que dizem, e fazerem certos os cri
bem não podemos duvidar exprimilo desde já para mes que me imputão.
atalhar a continuação dos abusos, que á sombra da O Sr. Margiochi: — Ha perto de um anno, que
lei se estão praticando. Haja nesta parte um remedio aqui se pretenden extinguir o tribunal da policia; en
provisorio; porque para emendar todos os defeitos da tão havia um motivo para isto, que era o ser a po
lei são necessarias outras considerações, e maior re licia protectora do despotismo; hoje porém ha outro
flexão. Ouço falar de conjurações, de planos sedicio motivo, e vem a ser, que ella he protectora da anar
sos; encabeçando nelles os escritos de Sandoval; e quia: por isso julgo hoje ser um dia muito proprio
observo que ainda existe a confusão, que talvez oc para se dizer que fica abolido o tribunal da policia.
casionou algumas diformidades na lei da imprensa: Quanto ao mais, poderá ficar para um projecto á
ainda se dá ao abuso da imprensa uma importancia, parte.
que lhe não compete. O abuso da imprensa, bem, O Sr. Sarmento: — Sr. Presidente, quando eu
considerado , nunca he em si principal crime; he declamei contra a existencia da intendencia geral da
uma circunstancia aggravante de outro crime: taes policia, nunca tive em vista fazer a mais pequena
delictos estão naquillo que se publica pela imprensa; observação contra os ministros que tem servido aquel
e essa publicação póde tambem fazer-se de outra ma le emprego. Semelhante estabelecimento sempre me
neira. Que duvida póde haver em reproduzir manus pareceu um monstro, e um instituto perigosissimo,
critos, muitos exemplares de um papel, que inclua porque debaixo de formas e apparencias de legalida
em delicto ao seu autor, ou ao seu publicador? A de, se oppõe á justiça, e á razão. Eu estive para
*
•
\ [ 25 ] \,
apresentar um projecto, como acaba de dizer o illus à produziu, attestado pela camera do lugar, aonde foi
tre Membro o Sr. Margiochi; porém á vista de ob produzido; as despezas da alambicação, verificadas
servações, que eu ouvi fazer a diferentes Membros, por dois homens bons ; e oito por cento sobre estes
e por occasião de discussões sobre este objecto, me dois preços a favor do lavrador, que será obrigado a
pareceu prudente que deveria demorar a apresentação levar a agua-ardente a algum dos cáes do Douro, ou
do meu projecto, o qual com brevidade o apresenta ao Porto. . . . º
rei, sendo da approvação deste augusto Congresso. Art. 5." A agua-ardente , de que fala o artigo
O Sr. Freire: — Eu não tenho nada contra o in precedente, será sem defeito, e da força de 7 gráos
tendente geral da policia, tenho contra o tribunal, e pelo areometro, de que usa a mesma companhia. Os
contra a instituição delle: 1.° porque he um tribunál casos de duvida sobre qualidade, e força, serão deci
anti-constitucional, e tira a responsabilidade aos mi didos por louvados.
nistros territoriaes: 2.° porque não tendo nada con Art. 6.° Em compensação destes encargos, impos
tra o intendente, tenho contra os subalternos dessa tos á companhia, fica-lhe concedido o poder só ella
intendencia geral da policia. Muitos são individuos, introduzir aguas-ardentes por espaço de 6 annos, den
que estão afeitos e associados com todos os crimino tro das barras do Porto, Villa Nova de Gaya, e de
sos, os quaes por isso escapão de qualquer castigo; marcação do Alto Douro; porém a exportação será
e eu posso dizer mui francamente que todas as medi livre a qualquer cidadão por todos os portos. . .
das sobre este objecto erão em todo o tempo bem sa Art. 7.° A companhia calculará o preço, porque
bidas de todos. . . . •
lhe fica cada pipa de agua-ardente dos vinhos do Ai
O Sr. Presidente disse ao Sr. Ferreira Borges, to Douro, assim como os que fizer nas provincias, com
que o não podia dispensar de votar: que em quanto todas as despezas, e desfalques, ajuntando-lhes vinte
ao seu primeiro requerimento, era necessario um pro por cento livres para a companhia; e consultará o Go
jecto; e relativamente ao segundo, seria bom uma in verno, que tomando o medio, será por esse preço obri
dicação. •
gado o commercio a comprala, fazendo-se publica a
Procedendo-se á votação, foi rejeitada a primeira resolução, e o calculo. — Sala das Cortes 24 de Ja
parte do parecer, adoptando-se em seu lugar a seguin neiro de 1822. — Francisco Soares Franco ; Fran
te emenda oferecida pelo Sr. Felgueiras, em addita cisco Antonio de Almeida Pessanha ; Pedro José Lo
mento aº art. 7 do decreto da liberdade da imprensa, pes de Almeida Pessanha ; José Ferreira Borges.
e a qual foi logo remettida á Commissão de redacção, Lido o artigo 1.", disse • . . .
para com a materia della organizar um decreto decla O Sr. Bastos: — Não approvo este artigo. Tra
ratorio da sobredita lei. |-
ta-se nelle de impor á companhia uma obrigação com
Logo que um autor for pronunciado réo por abu que ella não poderá, especialmente nos annos de gran
so de liberdade de imprensa, será esta pronuncia pu de abundancia de vinhos, ou grande falta de compra
blicada, e desde o dia seguinte ao da publicação se dores. Em qualquer destas hipotheses que fará a com
o réo não estiver prezo, ou não residir em juizo, fi panhia? Ou não comprará o que aqui se quer deter
cará o editor, e na sua falta o impressor responsa minar que ella compre ; e então estaremos a legislar
vel pelos abusos, que se contiverem nos escritos sub inutilmente: ou comprando não pagará , vindo daqui
sequentes do mesmo autor, em quanto elle não for a resultar a sua ruina e a dos lavradores: a sua pelo
prezo, não compareça , ou não for absolvido. — descredito em que cairá, e a dos lavradores, porque
Felgueiras. • •
parte caminha no principio de um contracto: se ella 1." A disposição do decreto das Cortes de 14 de
uizer, e quizerem os accionistas ella comprará Março para a extincção do privilegio exclusivo das
#-lº uma faculdade compensativa da sua aguas ardentes, subsistirá em geral: a declaração poº
obrigação : por tanto isto vai debaixo de um prin rém do § 3.° delle, que deixou á companhia o exclu
cipio, scilicet se convier aos donos dos fundos que sivo da venda das aguas ardentes no Porto, e Douro
são os accionistas e homens particulares. Ora tendo até ao ultimo de Dezembro proximo passado, será
em vista este principio, e falando restrictamente des prorogada por mais cinco annos; obrigando-se por
te $ digo que o termo prescripto á companhia deve sua parte a companhia a dar pelo mesmo tempo con
ser de maneira que fique compativel esta obrigação sumo por preços taxados a todo o vinho da demarca
que se lhe impõe: se se espaçar a mais de Março ha ção legal do Douro, que da feira da Regoa restar,
verá difficuldades immensas para os lavradores . . . e que dentro de tempo determinado lhe for oferecido
• • • • • • • • • • . . . . . . . . . . . . . . Diz-se pelos lavradores.
que se precisa marcar este prazo porque já estava 2.° A companhia, além das aguas ardentes fa
marcado. Quem o diz engana-se certamente porque a bricadas dos vinhos assim comprados, será obrigada
lei de 1802 não deixou um prazo só pelo que respei a acceitar por preços taxados todas aquellas, que se
ta a vinhos de feitoria; marca o tempo da abundan fabricarem no seu antigo exclusivo das provincias do
cia, e o tempo da não abundancia. Norte, e lhe forem oferecidas pelos proprietarios, e
Procedendo-se á votação foi approvado o artigo. contractadores. •
Seguiu-se por consequencia o artigo 2, sobre o qual , 3.° O preço da compra das aguas ardentes do
disse dito exclusivo será taxado pelo Governo, á vista da
O Sr. Girão : — Este artigo tem relação com o informação sobre o estado dos depositos, e juizo do
sexto, mal se póde falar de um sem o outro. Ora este anno, que a companhia lhe apresentará em tempos
artigo, (segundo eu vejo) quer restabelecer á com determinados; de maneira, que esse preço se regule
panhia todos os privilegios que tinha: vai dar-lhe o duas vezes no anno: a 1.º no principio de Janeiro
exclusivo da America, tabernas, aguas ardentes etc. para seis mezes: a 2.° no principio de Julho para os
Dá-lhe mais exclusivos do que elle tem de palavras. tres mezes restantes até á colheita.
Ora isto acho eu inexequivel. 4.° Debaixo desta taxa poderá a companhia
O Sr. Ferreira Borges: — Desejava saber onde mandar continuar com as suas distillações nas pro
o illustre Preopinante achou aqui privilegios. As pa vincias; posto que sem privilegio algum, e em con
lavras do artigo são as seguintes (leu). Agora se des curso com os proprietarios, e contractadores.
tas palavras se collige dar-se a companhia alguns pri 5." A companhia fará depositos de aguas arden
vilegios he para mim novo, e de certo nem do espi tes, que sejão de tres a quatro mil pipas: e de cada
rito nem da letra do artigo se collige semelhante um delles, depois de fechada a conta, mandará um
COU1Sae mappa circunstanciado ao Governo: para que o mes
[ 27 ]
mo Governo approvando-o, e mandando publicalo, lhes deu consumo; e ainda em alguns annos introdu
decrete a venda dessas aguas ardentes pelo preço do ziu milhares de pipas de agua ardente estrangeira.
seu custo, com mais vinte por cento que á compa Basta que venha um anno de esterilidade para des
nhia se concedem,
mazenagem, emdespezas.
e outras compensação de empates, ar
— Peixoto. •
pejar os armazães : e nos annos de abundancia he ne
cessario fazer reserva. O vinho não he mais do que
Mandou-se passar para a meza para se ter na con era nos annos passados; e se a companhia distillar
sidoração que merecesse durante a discussão deste as no Douro maior quantidade do que costuma, essa de
sumpto. masia ha de faltar em outra parte. O Porto consu
Passando-se a discutir o 3.° artigo addicional, mia 18, ou 20 mil pipas de vinho do Douro: não as
disse +
consumirá daqui em diante; mas consumirá do Minho
O Sr. Bastos: — Declara este artigo que a Com 303000 de vinho verde; porque por sua qualidade,
panhia será obrigada a comprar I3500 pipas de agua e preço tem muito maior gosto.
ardente aos lavradores das tres provincias do norte. Attendendo pois a estas reflexões proponho por
Elles com esta meia medida carecerão da certeza de emenda a estes artigos addiccionaes, o que apresen
comprador, que muito deve influir em suas distila to (Leu os artigos). Parece-me que sobre esta emenda
ções, e ainda nos progressos da sua agricultura. E sup recairá
to a maioria
requeiro, que das opiniões
entre da Assemblea , e portan
em discussão. •
Mas se houver muitos oferentes no mesmo dia e Leu-se a acta da sessão antecedente, que foi ap
á mesma hora, que he o que dará a preferencia? Se provada.
rá talvez preciso que os lavradores se despojem de me O Sr. Secretario Felgueiras mencionou um off
tade do valor dos seus generos, para acharem quem cio do Ministro da guerra, remettendo tres partes da
hos compre, será preciso que comprem a preferencia, das pelo oficial encarregado do commando do regis
a que o artigo deixa um arbitrio immenso. Por tan to do porto desta cidade ácerca dos navios reeente
to não posso deixar de o reprovar. mente chegados das provincias do Maranhão, Per
O Sr. Peixoto: — A doutrina deste artigo he in nambuco, e Paraiba, por onde consta acharem-se el
admissivel: a intenção que os illustres redactores nel las em tranquilidade ; ter-se installado na Paraiba
les tiverão de conciliar com o interesse do Douro, o das uma junta provisoria de governo constitucional; se
provincias, he louvavel; mas a falta de conhecimen rem chegados dois Deputados ás Cortes por aquella
tos praticos sobre este objecto, talvez os desviasse do provincia, e o batalhão do Algarve que estava em
verdadeiro carºinho. Pernambuco. Ficárão as Cortes inteiradas, e mandá
A compra de 13500 pipas de agua-ardente nas rão remetter á Commissão de Constituição o officio
provincias não he onerosa para a companhia, por com as ditas tres partes.
que essa quantidade he mui diminuta a respeito Apresentou o Sr. Alves do Rio uma memoria so
daquella de que precisa. Já mais haverá anno, em bre o tratado de commercio com a Grã-Bretanha, of
que a sua compra não seja muito maior : no dis ferecida ás Cortes pelo cidadão Paulo Midozi, a qual
tricto de Basto sómente costuma ela comprar an se mandou para a Commissão de Commercio.
nualmente quasi mil pipas. E a quem se faria es Fez-se a primeira leitura da seguinte
sa compra, ou como se ratearia por todos os con
correntes? Queremos introduzir na venda das aguas
IN D I c Aç À o.
ardentes patronagens ou sizas! He necessario que a
compra se regule de maneira, que todos os vendedo
res sejão contemplados com igualdade: em havendo Tendo este soberano Congresso ordenado se sus
motivo para preferencia está semeada a desordem. Além pendesse a mezada dos ministros da patriarcal até
disso; que calculo hão de fazer os proprietarios, ou que o seu collegio remettesse o plano da sua refor
contratadores, quando emprehenderem as suas disti ma: como este já foi apresentado, requeiro que se
lações, sem terem probabilidade ou certeza da venda! mande ordem ao Thesouro para se continuarem as
Heindispensavel, que este negocio se estabeleça de ma sobreditas mezadas. — O Deputado Caldeira.
neira, que ninguem possa queixar-se de injustiça: e Leu-se o seguinte -
Deus guarde a V. Excº Paço das Cortes em 28 Um dito do Ministro da justiça, que acompanha
de Janeiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. as informações do provisor do bispado de Béja em
resposta aos quesitos que lhe forão feitos ácerca das
Redactor – Galvão. casas religiosas sujeitas ájurisdicção ordinaria no mes
mo bispado, e outra mais do guardião de Santo An
tonio do Torrão, A Commissão ecclesiastica de re
fórma. •
.Machado, leu-se a acta da antecedente, e foi appro Um dito do mesmo Ministro , enviando o plano
vada. de refórma do seminario patriarcal de musica, para
O Sr. Secretario Felgueiras deu conta do expe que, merccendo a approvação do soberano Congresso,
diente, e mencionou os papeis seguintes. se estabelaça pelas rendas da Patriarcal uma decente
Um oficio do Ministro do interior, que acompanha congrua para sua futura subsistencia. A Commissão
dois requerimentos: um dos moradores da villa e termo das artes. •
ser discutidos objectos desta natureza, por cujos moti O Sr. Ferreira da Silva: — Sr. Presidente, neste
vos representa que na dita Secretaria devem servir tres recinte se tem tratado dos negocios de Pernambuco,
oficiaes, a saber: um ordinario encarregado especial e igualmente se tem visto os papeis que tem culumnia
mente de a dirigir, e dois papelistas, que debaixo da do os Pernambucanos; he neste mesmo recinto que
ordem do primeiro escrevão, e cuidem do arranja eu requeiro se leião esses papeis presentes, que pro
mento dos papeis, sendo todos considerados como vão o contrario do que se tem dito. (Apoiado).
destacados da Sccretaria de Estado dos magocios do O Sr. Felgueiras: — Os papeis são muitos; e por
Reino, ou daquella que melhor lhe parecer, e abo conseguinte bastará ler só um, porque para todos não
ha tempo.
nando-se, ou pela folha da mesma Secretaria de Es • •
tado, ou como se houver por mais convenientc, a Leu uma conta da Junta provisional do Governo
quantia de cento e cincoenta mil réis atinuaes para da provincia de Pernambuco, creada segundo o de
as despezas miudas de papel, tinta, penas, obreias, creto das Cortes do 1.° de Setembro de 1821, trans
livros, pastas, e mais consemelhantes. Expõe mais, mittindo os votos de amor, respeito, e fidelidade ás
que além dos mencionados oficios he indispensavel Cortes, a ElRei, e á Constituição: indicando o esta
um correio destacado tambem de qualquer das Secre--> do presente da provincia, que em geral he de tran
tarias de Estado, ou uma ordenança militar da caval quillade, e perfeita harmonia com as outras limitro
laria, sendo justo que se assignalem gratificações ou fes: e expondo algumas outras principaes medidas, e
solarios, a quem está servindo, ou vier a servir como providencias que ella houve por bem tomar a prol do
porteiro, e como continuo do Conselho. O que tndo serviço publico.
V. Exc." se servirá de levar ao conhecimento do so O Sr. Moniz Tavares: — Já não posso abafar
bera o Congresso para resolver o que for justo. por mais tempo o meu excessivo jubilo; estão desen
Deus guarde a V. Exc." {'alacio de Queluz em ganades alguns membros deste soberano Congresso;
25 de Janeiro de 1822. — Sr. João Baptista Fel. estão desenganados todos os habitantes de Portugal
gueiras. — Filippe Ferreira de Araujo e Castro. dos honrados sentimentos, optimas intenções dos ge"
Bernet: "… á Commissão de fazenda.
[ 30 ]
nerosos Pernambucanos; está conhecido evidentemen O Sr. Presidente: — Pois bem: vá á Commissão
te quem era o autor dos innumeraveis males que fla de Constituição, e ella dirá o que se deve fazer.
gelavão aquella bella provincia; e existe impune! Ah ! O mesmo Sr. Secretetario deu conta de uma con
Sr. Presidente, até quando o vicio prevalecerá sobre ta da mesma Junta de Pernambuco em data de 3 de
a virtude? Até quando se dará ouvidos á calumnia, Dezembro, ácerca do tumulte alí succedido em 29 de
e á intriga! Até quando sexão maltratados os cidadãos Novembro; das providencias que se derão, donde -e-
benemeritos, e premiados os perversos! Eu já não le sultou com brevidade o inteiro restabelecimento da
vanto a minha voz contra Luiz do Rego, clamo ago ordem e socego publico; a rogativa que faz a mesma
ra contra a frouxidão do Ministerio. Porque razão Junta para que se não mandem tropas, ou que se
um magistrado eleito ha tanto tempo para ir conhecer mande retirar a que já tiver sido enviada por não ser
da conducta desse desgraçado homem, não tem par alí precisa: e conclue expondo as queixas da Junta
tido! He crivel, que se veja ainda esta indolencia, da fazenda, c as duvidas que entre ella e o Governo
esta impunidade n'um tempo em que tratamos de re tem occorrido. A Commissão de Constituição.
vendicar, e desafrontar mesmo os sagrados direitos Os documentos que acompanhão a conta da Jun
do homem! Sr. Presidente, eu não me posso calar, ta Provisional de Pernambuco. A mesma Commis
eu faltaria ao meu dever se assim o não fizesse; o são.
sangue ainda corre nas campinas do Rodeadouro, Primeira via de um officio da Junta da fazenda
arrabaldes de Olinda, e povoação dos Afogados. He de Pernambuco, acompanhando os conhecimentos da
preciso dar uma plena satisfação áquelles povos; he remessa de mil quintaes de páo Brazil. Ao Governo.
preciso perguntar-se ao Governo a causa da demora . Segunda via do oficio antecedenee. Ao Governo.
que tem havido para este magistrado não partir para Uma conta da Junta da fazenda de Pernambuco
Pernambuco: V. Exc. tome isto em consideração, e em data de tres de Dezembro, queixando-se da Jun
o proponha ao soberano Congresso. ta provincial, por havela considerado subalterna; e
O Sr. Felgueiras: — A demora do parecer da pede a este respeito a declaração das Cortes. A Com
Commissão de fazenda a respeito do vencimento qne missão de Constituição.
teria em Pernambuco o dito magistrado he quem tem Um officio da Junta da Paraiba do Norte em da
motivado a demora da partida. ta de 12 de Novembro, em que pede providencias
O Sr. Castello Branco: — Muito me glorio em para manter a subordinação das tropas. A Commis
que depois de alguma ausencia que tenho feito (por são militar.
motivo de molestia) em assistir ás sessões deste augus Um dito da mesma Junta, e da mesma data, em
to Congresso, o feliz acaso me trouxe no momento que pede providencias ácerca da economia e adminis
em que se lêrão os presentes officios; pois que sobre traçãe de fazenda. A Commissão de fazenda.
esta materia me cumpre dizer alguma cousa. Quando Um dito da mesma em data de 15 de Novembro,
á chegada de Luiz do Rego, eu vi em diferentes relativo ao destino do Tenente Coronel de infanteria,
papeis, e me contárão varias noticias que todas in -Antonio Bernardino Mascaranhas. A Commissão
dicação as desordens que houve em Pernambuco; eu militar.
não pedia deixar, como membro deste augusto Con Um dito da mesma, acompanhando o requeri
gressso, como amante da ordem, e do systema cons mento que fazem os moradores da villa do Pilar, pe
titucional, de indicar as medidas que a prudencia dindo uma cadeira de primeiras letras. A Commissão
parecia dictar para a tranquillidade publica. O que de instrucção publica.
eu então disse, podoria ser contrario ao modo de pen Um dito da mesma, ácerca do procedimento do
sar de muitos individuos; poderia até ofender a re Major de milicias dos homens brancos daquella cida
putação de algum delles; mas ninguem deve entrar de, José Maria Correia, relativamente á causa pu
em duvida da sinceridade das minhas expressões, e blica. A Commissão militar,
do modo como as ennunciei; e que nenhum motivo Um dito da mesma em data de 20 de Novembro,
me obrigaria a assim o fazer, senão fosse o pugnar participando que havendo-se demorado a chegada de
pela causa publica. Agora pois que vejo os presentes dois dos seus Deputados do Sertão, deliberára man
officios; me cumpre dar todos os louvoros áquella Jun dar por Pernambuco para embarcar na primeira oc
ta pelo bem que tem obrado, no que julgo todo este cazião os dois que se achavão presentes, a saber: o
Congresso me aconpanhará, e que ela merece. En Capitão Francisco Xavier Monteiro da França, e o
tre tanto devo declarar, que me não arrependo do padre José da Costa Carne (supplente). A Commis
modo como então procedi, e declarar tambem que são de poderes.
em iguáes circunstancias a minha conducta será sem Um dito da mesma em data de 28 de Novembro,
pre a mesma; porém com toda a prudencia, e com remettendo a copia das actas da eleição dos Deputa
a prevenção que he propria de um representante da dos, juntamente com o officio do Presidente da jun
Naçãº. Eu inculcarei as medidas que então inculquei; ta eleitoral. A Commissão de poderes.
C quando os factos mostrarem o contrario, eu me
Uma conta do Juiz de fóra de Goyana, Damin
desdirei como agora me desdigo. (Apoiado). gos Salvado da Silva Sarasana, em data de 23 de
O Sr. Caldeira: — Sr. Presidente, peço que se Novembro, ácerca da instalação da Junta Provisoria
faça menção muito honrosa a esta Junta; porque tem daquella villa. A Commissão de Constituição.
mostrado desde o seu principio firme adhesão a esta Uma felicitação do Bispo do Pará em seu nome
tão grande causa. e no dos seus diocesanos ao soberano Congresso. Men
ção honrosa,
[ 31 ]
Uma felicitação ao mesmo Congresso do Tenente acta, na redacção pareceu mais a proposito o suppri
Coronel commandante do batalhão de linha de Paraimilo. •
ba em seu nome, e no do corpo do seu commando, O Sr. Freire: . — Eu lembro que se acha em uma
com uma exposição do seu procedimento e apego á acta que foi regeitada, mas em outra sessão, foi ad
causa constitucional. Menção honrosa. mittida á discussão; e por tanto, tem o Sr. Deputa
Uma dita da Commissão de commercio da villa do Aragão, muita razão. . .
de Ponte de Lima, instalada em o dia 24 de No O Sr. Salema: — Eu tenho outra cousa a lem
vembro. Ouvida com agrado. brar, e he, que tinha feito uma moção, sobre serem
Uma dita de um cidadão de Loanda no Reino de extinctos os emolumentos que se pagão dos passapor
Angola. Ouvida com agrado. tes da sahida dos passageiros; os quaes erão obrigados
Uma oferta que para as precisões da Nação fazem a pagar, na occasião do — passe — um cruzado;
o Coronel Luis de Mendonça e Mello, e os oficiaes, cujo emulumento me parece não devem continuar a
oficiaes inferiores, inusicos, tambores, cabos, anspe pagar. Portanto, se parecer ao augusto Congresso,
çadas, e soldados do regimento de infanteria n.° 14, que ella deve ser admittida; seria justissimo.
da quantia de 14:2858723 réis, que se lhes está de O Sr. Presidente: — Este decreto que agora se
vendo de rações, pão, etape, e forragens no tempo apresenta, he feito em consequencia de materia ven
da campanha. Recebida com agrado, e remettida ao cida, e o que diz o illustre Preopinante, ainda não
Governo, , está vencido. Em consequencia proponho, se não ha
Uma memoria do major José de Brito Inglez, mais reflexões a fazer sobre o decreto? — Venceu-se,
ácerca da historia dos principaes acontecimentos na que fosse supprimido o artigo tendente á Ilha da Ma
capitania do Rio Negro na época da nossa feliz rege deira, e se approvou o resto com pequenas transposi
neração, dando ao mesmo tempo uma idéa geral do çoes.
ºu anterior estado. A Commissão de Constituição. O Sr. Pereira do Carmo: — Rogo ao Sr. Pre
Doeumentos addidos á mesma memoria. A mes sidente queira preguntar aos illustres membros da
ma Commissão. Commissão nomeada para estabelecer as relações com
Uma outra relativa ás escolas de ler, escrever, e merciaes entre o Brazil e Portugal, o estado em que
contar, pelo padre João Guedes de Mello. A Com se acha um tão interessante negocio de que se achão
missão de instrucção publica. incumbidos.
Uma outra de Diogo Maria Gallard, ácerca de O Sr. Alves do Rio: — A Commissão tem es=
* transferir ao banco de Lisboa a casa de deposito tado esperando que viessem da Commissão do com
geral desta mesma cidade. A Commissão de fazenda. mercio estabelecida em Lisboa os seus trabalhos a
ma representação de Manoel Paixão Santos este respeito, e creio que hoje mesmo o Sr. Secretario
*aqueu, datada no Pará, relativamente ás autorida os receberá.
de publicas, com um discurso sobre o estado politico O Sr. Felgueiras: — Tenho a ler a redacção
do Brazil. A Commissão de Constituição. do aditamento ao decreto, sobre a liberdade de impren
Uma memoria anonyma, ácerca da inconvenien sa. (leu-o) -
cia de haverem eguas de criação de gado muar e ca Sr. Presidente: — A força do que se decidiu
Vallar. A Counmissão militar. parece-me está no decreto: he verdade que podem
Uma carta do Sr. Deputado Gyrão, em que dá occorrer outros motivos; mas a Commissão de justiça
parta da sua molestia, e pede licença por alguns dias civil, está encarregada de recolher esses inconvenien
para se tratar. Concedida. tes, e fazer o seu juizo. Mas esta medida he por agora
Uma outra do Sr. Deputado Bento de Madurei necessaria. • •
ra, pedindo uma igual licença. Concedida. O Sr. Xavier Monteiro: — Isto traz com sigo
. Uma outra do Sr. Deputado João de Figueiredo, novos inconvenientes; pois que o homem que já está
impetrando a mesma cousa. Concedida. preso, póde continuar a commetter novos crimes e
O mesmo Sr. Secretario Felgueiras apresentou re não ter em breve, em que se possa executar a pena
digido o decreto relativo á organização civil e militar da lei, e neste caso he preciso tenha um fiador, e es
da ilha dos Açores. • •
te o deve ser o impressor, para se não aceumularem
O Sr. Aragão: — Sr. Presidente, quanto á Ilha delictos sobre delictos
da Madeira, não procede o respectivo artigo, e inser O Sr. Baeta: — Uma vez que elle está preso,
lº no decreto, que se acaba de lêr; porque eu fiz uma elle he quem deve responder, e no caso de commet
indicação, pedindo nella se continuasse a discutir o ter novos abusos augmente-se, e aggrave-se a pena;
Parecer da illustre Commissão de Constituição, quan e ninguem póde responder melhor pelos crimes que
lº ao que não estava decidido, a fim de se extinguir commetteu do que o homem que está preso.
*junta criminal, e desembargo do Paço, existentes O Sr. Lino Coutinho: — Sr. Presidente, querer
º sobredita Ilha, por assim convir muito aos seus ha se que o homem que está preso não possa continuar
"lantes, foi aquela regeitada na minha auzencia, mas a escrever, he querer de certo modo coarctar a li
º dia seguinte, em consequencia do que ponderei, berdade da imprensa; e isto não he o que nós que
º attendida, e tudo admittido á discussão, logo que remos; mas sim evitar os crimes que podem commet
*e possivel. Isto consta da acta do dia 15, que pe ter-se por uma similhante liberdade da impressa.
º se leia, sendo preciso. •
tanto que até incumbiu á Commissão de justiça ci O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Borges
vil este negocio. Está por consequencia visto, que Carneiro, e depois o Sr. Peixoto.
esta medida he para agora, e não obsta a qualquer O Sr. Felgueiras leu os artigos 3.° e 4.° do novo
regulamento que para o futuro haja de fazer-se. projecto das Commissões do commercio e agricultu
O Sr. Felgueiras: — Tornou a lêr o decreto. ra reunidas; leu igualmente os artigos addicionaes do
O Sr. Presidente: — Os que acharem a materia Sr. Peixoto. (Vide o diario antecedente).
do decreto, conforme o que se tratou hontem; quei O Sr. Presidente: — A questão pois deve ser so
rão ter a bondade de se levantar ! Foi approvado. bre os objectos seguintes: se deve ser a companhia
Verificou-se o numero dos Srs. Deputados, estavão obrigada a comprar uma certa quantidade de pipas
presentes 109 faltando os Srs. Girão, Osorio Cabral, de agua ardente nas provincias do Norte, conforme
Sepulveda, Bispo de Béja, Rodrigues de Macedo, o parecer da Commissão: ou se ha de comprar toda
Gouvea Durão, Barata, Borges de Barros, Filis aSr.que as ditas provincias distillarem, como quer o
Peixoto. •
sidente a mandar voltar os artigos ás Commissões, O Sr. Soares Franco: — He já tempo de se aca
para que o organizassem de uma forma tal que conci bar com isto. A questão he, se se deve dar á Compa
hasse os votos, que ultimamente se havião manifesta nhia o direito de comprar toda a agua-ardente, ou
do: e o Congresso no mesmo sontido concordou nes uma parte. Alguns Srs. pertendem que seja toda;
te arbitrio. As Commissões na sessão de 23 apre porém hontem lembrou-se que fosse uma parte, e is
sentárão varios quesitos, para que a resolução delles to he que eu sigo. Sendo a minha opinião que seja
lhes servisse de base á reforma do artigo 19: e as só metade, os embaraços que se dizem, muitas vezes
respostas do Congresso, adoptando o principio de con na pratica apparece o meio de se conciliarem; e entre
ceder-se á Companhia algum beneficio na compra, tanto isso não obsta, nem custa nada a pôr-se esta
e venda das aguas-ardentes, confirmárão o con emenda.
ceito, que as anteriores votações tinhão merecido: Leu a seguinte emenda:
",
[34]
A junta da companhia he obrigada a comprar aos O Sr. Gouveia Ozorio: — Tem-se advogado a
“lavradores do Minho, Traz-os-Montes, e Beira ao causa dos habitantes de Tras-os-Montes de tal modo
norte do Vouga (além dos vinhos, que ella queimar que não póde ser melhor. Eu estou farto de vinho do
por sua conta) toda a agua-ardente, que lhe ofere Douro até aos olhos, porém não posso achar a razão,
cerem, em quanto a junta não provar por documen porque os Srs. redactores aqui puzerão esta cousa
tos autenticos que a agua-ardente comprada naquellas (leu). Aonde está o vinho he ao Sul do Vouga, e ao
provincias excede ametade do seu consumo regular. Norte nada.
Se na execução do presente artigo se encontrarem O Sr. Rebello: — Tenho de enunciar a minha
graves inconvenientes na pratica, ajunta poderá pro opinião sobre esta materia; conformo-me com a opi
por o melhor meio de os remediar, e de combinar a nião que enunciou o Sr. Peixoto, e com as que inais
venda dos vinhos do Douro com a liberdade da des prudentemente se tem desenvolvido, e acrescentarei a
tilação das aguas-ardentes nas provincias — Soares. clausula, que a companhia não seja obrigada a comº
O Sr. Miranda: — Apoio o illustre Preopinante prar a agoa-ardente quando mostrar que lhe não pó
o Sr. Peixoto, e accrescento que a companhia não de dar consumo; esta restricção he summamente neces
tem obrigação de sustentar as outras provincias, e se saria, porque de contrario iriamos impor á companhia
o não tem, igualmente não tinha algum direito de um cargo, ao qual sem duvida nenhuma não poderia
despojalas da liberdade de vender suas aguas-arden resistir; deste modo creio que ficão combinados os in
tes a quem bem lhes parecesse. Não sou de voto que teresses das tres provincias juntamente com a do Dou
subsista o artigo 3.° do projecto que agora se apresen ro: por tanto com esta restricção não tenho duvida
ta, e em tal caso voto pelo artigo 19 do antecedente em approvar o artigo.
Projecto. O Sr. Ferreira Borges: — Decidiu o Soberano
O Sr. Sarmento: . — Sr. Presidente. Parece-me Congresso que fosse obrigada a companhia a comprar
} as reflexões do illustra Preopinante o Sr. Mirdn a porção do vinho do Douro, que não tivesse com
não admittem resposta. Eu sou Deputado da pro prador: decidiu mais que em compensação disso era
vincia da Beira, porém como tambem o sou da Na necessario dar-lhe alguma cousa; e ultinamente deci
ção toda, tenho obrigação de expor o que eu souber, diu que o beneficio que se lhe desse fosse regulado so
ou poder informar a bem de toda a Nação. Tenho bre a compra e venda das agoas-ardentes: por tanto
conhecimento pratico do estado da provincia de Traz já não temos agora senão a tratar do modo de regu
ºs-Montes, e posso dizer que privando-se as provin lar esta compra e venda das agoas-ardentes: da ma
cias da Beira, e Traz-os-Montes do mercado do Por neira porque isso deva fazer-se de modo que venha a
to, elas serião muite desgraçadas, porem similhante esse corpo um beneficio compensador do onus que se
privação seria para a provincia de Traz-os-Montes lhe impoz. Por conseguinte não podemos sahir daqui
uma calamidade. Ella não tem outra communicação para fóra sem sermos contraditorios com o que o So
senão o Douro: basta já o que ella tem sofrido, berano Congresso já decidiu. Parece-me em consequen
quando os seus habitantes vem as montanhas, que cia de tudo que o Soberano Congresso já decidiu. Pa
habitão banhadas pelas aguas do Douro, ao mesmo rece-me que o plano que o projecto apresenta he o
tempo que as restricções estabelecidas no commercio menos máo; e por consequencia preferivel a qualquer
daquella provincia pela instituição da companhia, outro plano.
fazem inutil o beneficio da natureza, eu não sei como O Sr. Miranda: — Eu já não tinha muita von
* os habitantes á vista das aguas daqeelle rio não mor tade de falar sobre esta materia; como se tratava dos
rem atacados da hydrofobia, enraivados á vista de interesses da companhia, a companhia e os lavrado
um rio, que lhes he inutil. A provincia de Traz-os res do Douro he a mesma cousa. Tem-se mostrado
Montes quazi toda he o terreno mais apropriado do evidentemente aos lavradores do Douro que os temos
Reino para vinhas, e a não ser o systema restriativo em contemplação, mas he necessario tambem ter em
até o presente tempo seguido, os seus montes esta contemplação aos das outras provincias. Alem disto,
rião cubertos de aprazivel verdura, e não apresenta elles tem o avanço de 20 por cento, e este avanço su
rião a face ingrata em que se achão; e aquelle tapete birá a 40 e a 50, quando elles tratarem de reformar
de vinhas que faz tão agradavel aos viandantes a vis os abusos da companhia; quando reformarem os seus
ta a actual da demarcação do Douro, se estenderia empregados, e quando reformarem as suas despezas;
por toda a margem do rio, e coroaria todas as mon então já elles pódem arrastar os encargos que se lhe
tanhas de Traz-os-Montes. Porém um systema illibe impõe. Provem-me os illustres Preopinantes que con
ral tem agrilhoado a industria, e o lavrador de Traz batem esta opinião com razões fortes os seus argumen
os-Montes he obrigado a renunciar a uma cultura, tos! O que faz com que eu tenha mais em vista esta
para a qual era convidado pelo seu terreno, e vê-se questão, não he tanto a companhia, como a liberda
constrangido de cultivar outros generos, que apenas de de industria, e o desejar a perfeição dos produ
lhe concede uma mesquinha subsistencia. Apoio por ctos. Por conseguinte insisto na minha opinião, isto
tanto o que acaba de expor o Sr. Miranda, e se he he, approvo o artigo 19 do projecto antecedente, e
uma injustiça como eu estou persuadido, o excluir reprovo o artigo 3 do presente.
os agricultores da Beira, e do Minho do mercado do O Sr. Peixoto : — Responderei ao illustre Preo
Porto; ainda he maior para a província de Traz-os pinante o Sr. Ferreira Borges, que pareceo assustar
Montes, que não tem outro canal de communicação, se com o encargo, que a companhia pertende impor
para o commercio externo. se na compra de todas as aguas-ardentes das províncias
[ 85 ]
do norte. He verdade que o Douro no momento actual provincias do Norte. A ser assim para que he a dadº
apresenta um excesso extraordinario de vinho. Tem sula ! He inutil esta restricção. Mas eu desconfio que
havido quatro novidades abundantes, e parte da de haja alguma cousa encoberta sobre isto, e que não
1820 está pezando sobre a de 1821, o que dará uma seja assim (não digo no Congresso, longe de mim si
inui avultada quantidade de vinho para distillar. Mas milhantes ideias); mas a companhia póde procurar
em desconto devemos tambem fazer um outro calculo. meios para illudir o Congresso ou o Governo, e en
A companhia no Fevereiro passado tinha de quatro a tão qual sería a sorte destas provincias! A minha opi
cinco mil pipas de agua-ardente em armazens, e ago nião por tanto he, que approvo o projecto de que se
ca está sem deposito mais do que da necessaria para trata, porém não desapprovo a condição que se põe
o seu proprio vinho: no anno passado houve, fóra do á companhia de que ella será obrigada a comprar
Douro, nas provincias uma colheita de vinho abun todas aquellas aguas-ardentes que mostrar não neces
dantissima; por este tempo estavão as adegas cheias, sita. |-
e no presente anno houve esterilidade de vinho: em O Sr. Canavarro : — O illustre Preopinante bem
muitas partes não passou de ametade, de maneira que mostra que não tem conhecimento deste negocio: era
na provincia do Minho está desde o novo por preço impôr o onus á companhia de comprar os vinhos sein
que pouco se poderá destillar, principalmenre ficando lhe dar o meio da saída, he o ulesmo que dizer: não
lhe aberta a sahida para as tabernas do Porto : em haja companhia, extinga-se a companhia: voto por
consequencia, ainda que a companhia no Douro faça de tanto pelo projecto tal qual está, e desapprovo a
quatro a cinco mil pipas de agua-ardente, que estou cer emenda. / •
to que não chegará a tanta, e nas provincias tres mil, O Sr. Fernandes Thômas: — Tenho que dizer
não poderá ter na entrada do seguinte anno um de sobre isto numa ou duas palavras; tenho ouvido desde
posito excessivo, principalmtnte se vier uma colheita o principio uma muito complicada discussão sobre es
escassa. O consummo da agua-ardente não he como te objecto, e confesso que nada entendo, não sei se
o do vinho, o preço não a governa: quem quer be a companhia deve existir ou não deve existir, não
Deficiar os seus vinhos de embarque, seja cara ou ba sei se ella tem feito bens ou tem feito males, isto pa
rata, não lhe falta com a precisa. Basta um anno de ra mim não deixa de ser a maior confusão, porque
esterilidade para esvaziar de agua-ardente os armazens. nem se concorda nos direitos nem nos factos , o que
A novidade de 1816 foi abundantissima nas provin até aqui tenho ouvido he, que os Srs. Deputados das
cas: a companhia entretanto não se prevenio a tem tres provincias do Norte não querem que as provin
po para fazer um bom deposito de aguas-ardentes: cias do Douro subsistão á sua custa: pergunto eu :
apertou com as ordens, e augmentou os preços em pois porque motivo querem que subsista á custa das
tempo , que já se previa a escassez da novidade de outras provincias! Porque razão ha de haver um pri
1817; e quando os lavradores conhecêrão a necessida vilegio especial para essas provincias! Porque razão
de ou conveniencia de deixarem reserva de vinho, que ha de a companhia ser obrigada a comprar a agua
aconteceo ! Veio a colheita de 1817, achou-se sem ardente das tres provincias do Norte, e não a de to
agua-ardente para mais de ametade do anno , e le do o Reino! Isto he que eu desejo que se une diga,
vou-lhe a taixa a 2203000 reis a pipa em metal, e isto não vai influir nada sobre a decisão que se vai a
assim mesmo não a obteve; de maneira que foi neces tomar: eu não approvo, nem tambem me opponho
sario introduzir de tres a quatro mil pipas de agua-ar á existencia da companhia: o que quero be socegar
dente estrangeira. Convem alem disto considerar, que a minha consciencia. Diz-se: não se deve dar o ex
devendo o vinho nos annos de abundancia ser mais clusivo á companhia porque he odioso; mas porque
barato, tambem se bebe mais: Inuita gente ha que be razão se quer conservar o exclusivo para tres provin
be diuheiro, porque pelo dinheiro que tem mede o vi cias, e que as outras tres o não tenhão ! Porque ra
nho, que ha de gastar. Antes de haver destillações pe zão tres províncias hão de ter quem lhe compre por
las províncias, nos annos abundantes consumia-se to força os seus vinhos , e aguas-ardentes, e as outras
do o vinho, e nos annos escassos chegava. Por tanto tres provincias não? Porque razão hão de dizer os la
não ha que recear, e o illustre Preopinante, a quem vradores da provincia de Tras-os-Montes » a compaº
respondo, bem sabe que a companhia tem ha muitos nhia por força ha de comprar os meus vinhos, e
annos comprado nas provinc as toda quanta agua-ar aguas-ardentes, e o mesmo hão de dizer os do Mi
dente nellas se tem fabricado, e tem dado muitos ini nho … e as outras provincias não hão de dizer o mes
lhôes por aguas-ard, otes estrangeiras. Faça pois a com no ! Qual he a origem desta legislação! Não sei de
panhia os depositos convenientes pelos preços acom donde nasce esta diferença de legislação, e desejava
umodados aos annos, e estou certo que nunca terá ex ouvir a rasão della antes de se votar, porque se tem
cesso, nem tambem o commercio experimentará falta. gritado tanto contra exclusivos, e querem-se conser
E ultimamente com a adição de haver de ser desobri var com ele tres provincias.
gada da compra, quando mostrar que não póde dar O Sr. Leite Lobo : — A razão da diferença que
lhe extracção, evita-se todo o perigo, que se teme. ha, he porque as provincias do norte tem sido ha ses
O Sr. Castello Branco : — Não posso approvar senta annos escravas da companhia, e he justo que
a clausula que se impõe. Tenho ouvido a muitos dos agora sáão dessa escravidão. • -
honrados Mierubros, que são do paiz, e que tem to O Sr. Soares de Azevedo: — A resposta consiste
da a pratica deste negocio, dizerem que ele não pó na decisão que este Congresso tem tornado; decidiu
de prescindir das aguas-ardentes que se destilarem nas se que a companhia ha de existir por cincº ºurº,
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mais, e que se lhe ha de conceder algum favor, este sitios da esquerda tantos, e mais vinhos, que os
favor ha de recair sobre o Doure; isto he o mesmo da direita: os campos, e terrenos de Lavos, Ceiça, e
que dizer que o favor he só para os dos Douro, isto Louriçal a respeito do Mondego não merecem con
não ha ninguem que deixe de o dizer, as províncias templação? Ambas as margens de Agueda, Anadia,
do norte queixão-se, e queixão-se justamente; quer e Barraiada não a merecem tambem; se se trata do
se conceder um exclusive á companhia, e quer-se ao Vouga ? Não são elles mais productivos que os da di
mesmo tempo escravisar esta província lembro-me que reita? Então porque motivo se ha de conceder a uns
ella não tem outro meio de sua subsistencia se não o o beneficio que se nega aos outros! Embora se diga
do vinho, e lembremo-nos que não tem outra expor estar vencido que haja um exclusivo, e que couvem
tação se não no Porte, isto he que he a pura verda limitalo áquelles destrictos, que maior utilidade terão
de. A companhia não deu sempre eonsumo a estas da existencia da companhia, e que o beneficio se de
aguas ardentes! Deu. E não só ela metia aguas ar ve estender só áquelles que antes sofrêrão o seu pezo,
dentes de França, mas até as de Hespanha, e as car pois he preciso convir que a respeito da companhia
regava para os portos Ultramarimos; por tanto isto tudo está decidido em umas sessões, e votado pelo
he uma cousa que eu não posso conceder, que as tres contrario em outras, de maneira que todos terão fun
províncias do Norte se sacrifiquem pelo Douro. damentos na acta para apoiarem as suas opiniões por
O SI. Fernandes Thomas; - Eu não sei se ella mais oppostas que ellas sejão áquilo que ultimamen
deve existir ou não, se he util ou não he; eu não vo te se diz approvado, he o que já foi regeitado ante
to sobre isto. Eu sou morador de uma provincia, riormente; as questões são as mesmas, e só apparece
contra a qual falo; mas apezar disto não he razão rão debaixo de novas cores: he pois a minha opinião
suficiente, o que desejo tão sómente saber he, qual he que se dem á companhia todos os auxilios, e exclu
a razão da diferença: eu votarei sempre contra isto, sivos que se imaginarem, excepto o da venda das
que assim como se não concede a esta não se conce aguas ardentes manifestamente contrario ao que se
da ás outras: diz-se que está vencido que se lhe dê acha decretado: senão agrada o plano que hei pro
um privilegio nas aguas ardentes, isto he o que não posto nas sessões antecedentes de haver um tributo
está vencido, e se acaso se vencesse então acabava a em uma pipa de agua-ardente a beneficio da compa
discussão; mas digo que não acho uma razão da dif nhia, a fim della fomentar a cultura, seja esse impos
ferença para privilegiar tres provincias com o prejuizo to a beneficio do Thesouro, sejão todos obrigados a
das outras: não se dê o privilegio á companhia, faça pagado excepto a companhia, desse modo difficulto
se o commercio da agua ardente franco para todas as samente pederão os negociantes concorrer com ella,
províncias, mas tratar-se contra o privilegio da com e se consegnirá o fim della poder distillar os vinhos
panhia, e querer-se privilegiar tres provincias, não que he obrigada a comprar, e se este não agrada,
entendo: para eu entender he necessário que se esta lembre-se outro expediente; eu convirei nelle, e nun
beleça a razão da diferença. ca no exclusivo da venda, devendo esta ficar livre a
O Sr. Bastos: — Admiro que o ilustre Preopi todo o cidadão.
nante não conheça a diferença que ha entre as tres O Sr. Borges Carneiro: - Sr. Presidente, pes
provincias do Norte e as outras provincias, relativa so a ordem: aquillo contra que o Preopinante fala
#mente ao objecto em questão, sendo ella tão obvia. já está vencido.
A differença consiste em que ás primeiras se fecha o O Sr. Pinheiro de Asevedo : — Sr. Presédente,
seu grande mercado, e ás segundas se deixão todos eu sou o primeiro que desconfio dos bons resultados
os seus mercados livres. Não se trata de privilegio, de minhas theorias: as que tem sustentado em con
de beneficio para aquellas provincias, o obrigar-se a trario muitos dos illustres Deputados não me são des
companhia a comprar-lhes as suas aguas ardentes. Is favoraveis nem desconhecidas, mas falando com fran
to não he mais que am principio de compensação do queza, desconfio ainda muito mais dos seus bons re
grande onus, da escravidão em que se quer que ellas sultados praticos. Nesta duvida estou pela regra in
fiquem. Quanto melhor lhes fôra o ficarem livres, e a culcada, e seguida pelos homens de juizo de todos os
companhia sem direitos e sem obrigações algumas a tempos, pragmaticos, casuistas, philosofos, e políti
este respeito? Tal tem sido sempre a minha opinião, cos, a saber, que nas questões praticas de importan
e tal sempre será. E se não produzo agora novas ra cia se deve sempre abraçar a opinião mais segura.
zões em seu abono, he porque supponho esse ponto Para entendermos que a presente questãó pratica he
já vencido e triunfante a causa da companhia. Esten de muito grande importancia, basta ver que á conta
der ás outras províncias o que se acaba de decretar, da cultura e commercio do vinho do Douro entra no
relativamente ás do Norte, não se pense que seria be Reino em cada anno o valor de dose milhões de cru
neficialas, pois beneficio e escravidão não podem unir sados e mais. Digo agora que o conceder á compa
SC, nhia o privilegio exclusivo } aguas ardentes na fór
O Sr. Freire: — Eu não posso conformar-me que ma que tenho opinado, poderá talvez ser um mal;
cs habitantes da margem direita do Mondego, se aca mas he sem duvida um mal pequeno, já de muitos
so a linha divisoria deve ser designada por este rio, tempos experimentado, e em fim temporario, e que
ou os da margem direita do Vouga, se acaso se pro se póde remediar no fim de 5 annos: porém das dif
ferir este, hão de ter um privilegio que se não conce ferentes theorias que se tem aqui proposto, e susten
de aos da esquerda de qualquer dellas, e por conse tado, he possivel (por não dizer provavel) que resul
guinte ao resto do Reino, por ventura não tem estes tem gravissimos males, males permanentee, males ir
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reparaveis: e no caso que aconteção a quem se ha de de obrigar a companhia a comprar a agua-ardente
attribuir esses malas, senão ao Congresso? E porque das províncias do norte: por consequencia he de ab
modo podemos nós antever e calcular o progresso seluta necessidade o conceder-se-lhe o privilegio ex
delles, a influencia, e o termo ! Voto por tanto que clusivo de que trata o artigo 6."; porque o mais se
á companhia se conceda o privilegio exclusivo das ria certamente uma injustiça o obrigar a companhia
aguas ardentes, modificado da maneira que se vê no a comprar este genero, e não lhe proporcionar os
projecto, e com as obrigações dº que já falei nas ses meios da venda, e conforme com estes principios he
sôes antecedentes; pois que este he o melhor, e o que eu vou propôr uma addicção, quando não, eu
unico partido seguro que nas presentes circunstancias votaria tambem no artigo e sem restricção alguma;
podemos abraçar. Voto tambem pela ultima emenda, mas uma vez que se lhe poz a restricção que a com
como cautela para casos possiveis, ainda que não pro Panhia comprará sómente a que lhe for necessaria
vaveis. para o seu consumo; em consequencia disto nós deve
O Sr. Presidente propoz: se a materia estava suf mos tambem restringir o exclusivo que se lhe dá;
ficientemente discutida! Venceu-se que sim. Propoz Por tanto, eu proponho este adictamento, que na
á votação o artigo 3.°, e foi reprovado; bem como quelle caso em que ela declarar que não póde com
uma emenda do Sr. Soares Franco, e outra do Sr. Prar uma qualquer porção d'agua-ardente; então não
Borges Carneiro: porém propondo a seguinte do Sr. terá lugar o exclusivo, e ficará livre aos contractado
Peixoto, concebida nestes termos: -4 companhia será reso poderem vender como se tal exclusivo não hou
obrigada a comprar das tres provincias do norte, até vesse, isto he conforme com a justiça, tendo mesmo
onde chegava o exclusivo, toda a agua ardente que em vista os interesses particulares da companhia, sem
os distilladores lhe apresentarem nos caes do Douro, que se vá gravar os das provincias.
por preço taxado, quando esta ndo exceder a que for O Sr. Peixoto: — Não me parecia, que este arti
necessaria para o seu consumo e commercio, o qual go tivesse impugnação, ou emenda substancial; por
consumo será arbitrado por determinação do Gover que uma vez que fosse destruido, estava arruinado
no; foi approvada, tudo, quanto temos feito. A addicção proposta pelo
O Sr. Ferreira Borges: Sr. Presidente, peço a illustre Priopinante, se se approvasse, valeria o mes
explicação do que se venceu; porque vejo que até mo, que dizer aos accionistas: levantai já os fundos
agora não se tem tratado de conceder favor algum á das vossas acções, se os não quereis ver aniquillados.
companhia, e só se tem tratado de lhe impor o onus. Quer o illustre Prieopinante, que ao momento, em
Ainda se lhe não deu nada, salvo obrigações extraor que a companhia está gravada com tal quantidade de
dinarias a satisfazer. agua-ardente; que não póde dar-lhe consummo: no
O Sr. Presidente: – Vai-se agora a tratar primei momento, em que a concorrencia da agua-ardente
ramente de discutir o artigo 6.° que he o que trata das províncias he tão copiosa, que já excede á medi
do exclusivo, e deixaremos os outros. da dos depositos de subrecelente: por isso mesmo,
O Sr Borges Carneiro: — Insisto em que se ex que a companhia em taes circunstancias he forçada
presse bem claramente na acta o que está vencido, a suspender temporariamente as suas compras; seja
para que não se tornem, a reproduzir novas questões, livre aos contractadores comprar e vender esse excesa
quando se tratar da redação. Em materia sobre que so d'agua-ardente. Ora bem se vê que isto valeria o
tanto se dividem as opiniões, tudo deve ficar bem mesmo, que pretender, que por esse facto cessase o
consignado na acta, para podermos depois apegar privilegio da companhia, e que ou lhe ficassem per
nos a ella como a uma taboa em naufragio, e não a petuamente empatadas as aguas-ardentes, que desti
largarmos no meio de ondas tão procellosas. lou no Douro, e lhe custárão preços altos, e aquel
O Sr. Presidente mandou escrever na acta o que las que nas provincias comprou por preços taxados;
se tinha vencido, e depois leu a. ou as vendesse em concorrencia com os lavradores,
O Sr. Miranda: — Em quanto á agua ardente, e contractadores, pelos preços infimos, a que uma ex
aquella que os lavradores lhe apresentarem quando não cessiva abundancia devia conduzilas. He patente a
seja superior ao consumo, claro e bem claro Sr. Pre iniquidade de uma tal clausula. Ou a companhia te
sidente, só a dos lavradores. nha, ou não tenha o exclusivo da venda das aguas
O Sr. Presidente: — A substancia já está escrita: ardentes; o consummo hade ser o mesmo; e quando
agora a redacção isso fica para a Commissão a fazer sobrar, resta ao proprietario o recurso, que em todo
o mais claro que lhe for possivel. o case teria de esperar, ou exportala para onde mais
Entrou em discussão o artigo 6.° Em compensa lhe convenha. Por tanto entendo que o artigo deve
ção destes encargos, impostos á companhia. fica lhe passar.
concedido o poder só ella introduzir aguas-ardentes O Sr. Castello Branco: — Deste modo vamos a
por espaço de cinco annos, dentro das barreiras do sacrificar as provincias do Norte aos interesses da com
Porto, Villa-Nova da Gaya, e demarcação do Alto panhia, e do Doure: diz-se que a companhia nun
Douro ; porém a exportação será livre a qualquer ca poderá deixar de comprar uma parte desta agua
cidadão por todos os portos. -
ardente senão quando houvesse demasia; então quan
O Sr. Castello Branco: — Passa-se a tratar do do se verificar este caso quer-se que percão os lavra
artigo 6.° : sobre esta materia as minhas idéas se diri dores, e as provincias, e que não perca a companhia.
girião todas a apoiar sómente a liberdade do commer Eu quero que então tanto a companhia como os laº
sio, e nada de exclusivo: entretanto acaba-se agora vradores sofrão igualmente; mas no caso de alterna
*
[ 38 ]
tiva não quero que sejão absolutamente sacrificados bases principaes sobre as quaes a Commissão póde
os lavradores, para fazer os interesses da companhia. trabalhar; peço a V. Ex. º que haja de a nomear.
O Sr. Soares Franco: — Sr. Presidente: isto não O Sr. Lino: — Eu sou inteiramente do mesmo
deve ter discussão;
uma supposição porque
talvez estaexistente.
nunca restricção he feita em•
parecer do honrado membro, e como agora temos já
as bases necessarias, a Commissão de agricultura po
O Sr. Borges Carneiro: — Em lugar do que se derá agora concluir muito bem o que resta. (Foi ge
diz aqui, que só a companhia poderá introduzir, se ralmente apoiado).
rá melhor dizer-se vender. Tambem desejo que aqui O Sr. Rebello: — Eu requeria que se unisse á
se decláre que os negociantes que comprarem agoar Commissão o Sr. Peixoto; porque simplificará mais
dente, seja só da fabricada ao paiz, e não fóra delle. os trabalhos. (Tambem foi apoiado).
Tambem onde se diz que a exportação he livre a O Sr. Presideute: — Como já estamos confor
qualquer cidadão, quizera eu que se dissesse que lhe mes, eu proponho; se será conveniente o tornar-se a
helicito queimar juntamente com outros ainda que mandar isto á Commissão, á qual unindo-se o Sr.
não sejão de sua propria lavra; com tanto que se Peixoto, amanhã na hora de prolongação apresente
Jão comprados daquella porção determinada a quei
[I18 T-SC •
a nova redacção; os que forem desta opinião queirão
levantar-se! Foi approvado.
O Sr. Peixoto: — Penço que não se precisão es Decidiu se igualmente, que se remetesse á Com
*as declarações. Bem se sabe; que a prohibição he da missao para tomar em consideração o seguinte addi
ta IIlent O.
introducção, e venda: que as aguas ardentes estran -
geiras não são admittidas: e quanto á distilação dos Os infractores do artigo 6.° perderão a agua ar
vinhos comprados, está claro; que he permittida; dente em que fizerem o contrabando, com o seu tres
porque nessa parte não ha restricção; e até no artigo dobro, ametade a beneficio da misericordia, e hospi
expressamente se fala de contractadores. tal do Porto, e outra ametade para o denunciante,
O Sr. José Pedro da Costa: — Parece-me que ou aprehensor. Borges Carneiro.
aqui se devia dizer, não só introduzir, mas tambem A Commissão de fazenda apresentou a seguinte
vender, e eu approvo o artigo com esta explicação,
por uma razão: para que a companhia não diga, ou IN D 1 c AçÀ o.
que não não póde, ou que não quer.
O Sr. Camello Fortes: — Não póde ser admitti No suplemento ao diario de ontem vinha annun
do este principio: porque o negociante compra, e diz ciada a venda de uma porção de pau brazil, que se
que he para exportar. havia de fazer á manhã 30 do corrente em leilão:
O Sr. Ferreira Borges: — O que diz o honrado não estando a Commissão de fazenda sufficientemen
membro he tão verdade, que o facto he que entra te informada sobre as transacções que ha a este res
agua ardente para o Porto, e quando saé, saé agua peito, pede que se mande suspender a venda annun
commum, he por tanto necessario que aquella agua ciada para á manhã, e que o Governo informe do
ardente que vier para o Porto com o fim de ser ex que ha a este respeito para a Commissão poder inter
portada, seja armezanada nos armazens de deposito por com segurança seu parecer.
da companhia, e guiada para bordo; e assim mesmo Palacio das Cortes em 29 de Janeiro de 1822. –
indo para bordo, ha de sair de bordo outra vez pa Francisco de Paula Travassos ; Manoel Alves do
ra a terra; he mais meia legoa de rodeio; porque JRio ; Francisco Xavier Monteiro ; Rodrigo Ribei
quando ella he boa nunca saé, reverte. Se ela se in ro Tclles da Silva ; Francisco Barroso Pereira.
troduz por contrabando, que muito será, que ali fi O Sr. Ferreira Borges: — Eu não sei para que
que, a que ali vai a titulo de exportar-se! seja necessario suspender-se a venda; o producto vai
Depois de algumas breves reflexôes o Sr. Presi para o erario; por tanto não sei para que seja preci
dente propoz: se a materia estava sufficientemente so o suspender-se uma venda annunciada.
discutida! Decidiu-se, que sim. • O Sr. Pinto de Magalhães, leu outra vez a indi
cação. •
amissão pertende que suste por agora a venda até que justiças datado de 16 de Janeiro no qual expunha
tenha todas as informações necessarias: todo o mundo duvidas sobre o decreto de comutação de penas, e
sabe que entrou pau do brazil, e isto póde fazer mui como era relativamente a prezos, devia ter a préfe
ta influencia nos credores, porque elles tem sobre isto rencia. Cedendo a Commissão de fazenda a palavra
vistas muito grandes, e uma vez que elle seja xendi o mesmo Sr. leu o seguinte
do á manhã ficão frustrados os seus intentos.
O Sr. Soares Franco: — O que póde fazer a Com P A R E c ER.
missão, he pedir as informações das transacções que
ha com o banco; mas suspender agora a venda não A Commissão de justiça criminal examinou um
me parece proprio. officio do ministro dos negocios de justiça datado de
O Sr. Franzini: — Eu não estava informado de 16 de Janeiro do corrente anno, em que representa,
quem erão estes credores; porém agora acho que he que mandando o decreto de 8 de Maio comutar os
muito justo o que diz a Commissão, e muito mais degredos para fóra do reino em trabalhos publicos;
pela exacção que elles tiverão em cumprir a sua pa ha um grande número de prezos condemnados a tra
lavra; e além disso sabe-se muito bem que os seus balhos publicos, que não podem ser empregados; e
generos forão vendidos só com os trinta por cento, e } For tanto sería necessario enviados antes para os
por consequencia sem aquellas usuras do costume. egredos fora do Reino, revogando-se o decreto, vis
O Sr. Costello Branco: — Senhores, he por on to que já não existião as causas que o motivarão.
tros principios que eu jnlgo que se deve fazer a ven A Commissão parece, que a providencia indicada
da do pau do brazil: se ha individuos que julgão ter pelo ministro só deve ser applicada áquelles réos,
direito ao producto desta venda, ele entra efectiva que se quizerem aproveitar della; porque consideran
mente no thesouro; podem requerer ao Governo, C do os outros a pena de degredo para fóra do reino
este em lhe não deferindo, então tem o direito de mais pezada do que a de trabalhos publicos no inte
petição; e do contrario seria nós irmos intrometer-nos rior, sería iniquo aggravar-lhes a sua sorte, e priva
nas funcções mais miudas do poder Executivo; e por los de um mal, que em relação a outro he para elles
cutra parte, he nós faltarmos á fé publica, o irmos sus um bem, a que a sentença de condemnação lhes dá
ter uma venda que já foi annunelada para á manhã. direito. E que se recomende ao ministro o maior ze
O Sr. Xavier Monteiro: — Em geral he verda lo em promover o emprego dos que não quizerem a
de o que vem de proferir o nobre Preopinanto, mas commutação nas diversas obras publicas, em que pos
em particular não he assim: porque agora se se ven sa ter lugar; porque assim se evitará o inconveniente
der he a 403 réis o quintal de pau brazil, e se o comº ponderado, e se dispensarão outros operarios com
comprarem os credores talvez seja a 603 réis, além grande utilidade da fazenda publica. Sala das Cortes
disso elles merecem alguma consideração, porque ven em 28 de Janeiro de 1822, — Bazilio Alberto de
derão os seus generos para o fornecimento do exercito Sousa Pinto, Antonio Camello Fortes de Pina,
regenerador e ainda até agora se lhes não pagarão, e Francisco Xavier Soares de Azevedo, José Pedré
de mais nós devemos decidir sºbre o marfim, e ou da Costa Ribeiro Teixeira, Manoel José de Arau
tros generos desta natureza: entre tanto a Commis jo Brun da Silveira.
Foi approvado. •
reio, em quanto se lhe não verificavão em bens da Logo que o autor de qualquer escripto for pro
coroa. Persuado-me que nisto não ha engano; e em nunciado réo, segundo o artigo 39 do citado decreto
consequencia he manifesto que as commendas do de 4 de Julho de 1821, será esta pronuncia publica
Conde de Penafiel são uma propriedade adquirida da pela imprensa; e desde o dia seguinte ao da pu
por contrato oneroso, e só devem estar sujeitas aos blicação, se o autor não estiver preso, ou não resi
impostos geraes: não aos encargos daquellas que são dir em juizo, ficará o editor, e na falta deste o im
dadas de mercê. Se vierão annos em que rendèrão pressor, responsavel pelos abusos que se contiverem
mais do que os quarenta mil crusados, podião vir ou nos escriptos que o mesmo réo continuar a imprimir,
tros de menos: e assim como não teria jus a pedir in em quanto não for preso, ou não comparecer, ou
demnisação por estes, tambem não deve ser obrigado não for absolvido.
a repor cousa alguma por aquelles. Concluo desap Paço das Cortes em 29 de Janeiro de 1822. —
provando o parecer da Commissão. \ Manoel de Serpa Machado, Presidente; José Lino
O Sr. Pinto da França: — Parece-me que o Con Coutinho, Deputado Secretario ; Agostinho José
de de Pena-Fiel tem toda a razão, e que as suas co Freire, Deputado Secretario,
nendas não estão na razão das outras: as que elle
tem fazem uma propriedade, como mostrou o honra D E c R E T o.
do Membro o Sr. Camello Fortes: ellas lhe forão da
das em compensação do oficio que se lhe tirou, e es As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin
tão por tanto na razão de dinheiro, ou propriedades, tes da Nação portugueza, attendendo á necessidade
e rendas que em troca se lhe houvessem dado, não de regular as administrações publicas nas ilhas dos
estando pois taes comendas na ordem das outras, Açores por uma fórma adequada á sua situação geo
não parece de justiça que sofrão como elas: em quan grafica, e ás presentes circunstancias: decretão pro
to ao dizer um illustre Deputado que o officio havia visoriamente o seguinte.
custado á casa do Conde cem mil crusados, e que em 1.° Ficão extinctas nas ilhas dos Açores a capi
rocompença recebêra quarenta de renda, como em tania general; a junta do governo estabelecida na ci
prova de ter havido lesão contra o Estado, respondo dade d'Angra, e os mais governos interinos creados
unicamente que as lesões se devem examinar em rela nas outras ilhas por occasião de sua adherencia ao
ção ao tempo em que foi feito o contrato, e que tal tystema constitucional: a junta do desembargo do pa- .
vez cem mil crusados naquelle tempo fossem equiva ço; a junta criminal; a do melhoramento da agricul
lentes a um milhão hoje. tura, e a da fazenda, com todos os seus empregos e
O Sr. Lino Coutinho: — O caso he este: ou el dependencias.
le he proprietario, ou não he, se o he, não sei como 2."As ilhas dos Açores ficão divididas em tres co
ele possa ser excluido de pagar a colecta: eu sou pro marcas, a saber, uma composta das ilhas de S. Mi
prietario da minha casa, e pago decima e ciza etc. guel, e de Santa Maria, cuja capital será Ponta Del
Se não he proprietario, então he uma mercê tanto gada; outra das ilhas Terceira, Graciosa, e S. Jor
melhor para pagar, e além disso os officios não são ge, cuja capital será a cidade de Angra; e outra das
propriedade de ninguem, e só o são da Nação. Des ilhas do Faial, Pico, Flores, e Corvo, cuja capital
enganemo-nos, Srs., que nenhum cidadão he exce será a villa d'Horta. Estas tres comarcas serão inde
ptuado de concorrer para as despezas e urgencias da pendentes entre si, e immediatamente sujeitas ao Go
Nação , e muito mais o Conde de Penafiel, que verno de Portugal, do mesmo modo que as comar
della em antigos tempos recebeu tantos favores e mer cas deste Reino.
cês. 3.° A disposição do artigo antecedente em nada
O Sr. Castello Branco tambem apoiou o parecer altera o que nas referidas ilhas he relativo ás reparti
da Commissão. *
ções ecclesiasticas.
[42]
4.° Em cada uma das comarcas das ilhas dos 16." Os commandantes militares das comarcas
Açores haverá um corregedor, o qual será simulta proporão ao Governo o plano da organização da tro
neamente provedor, contador da fazenda, e superin pa, com declaração da força e arma conveniente ao
tendente das alfandegas, e de todos os tributos e re destricto do seu commando.
ditos publicos da comarca. Fica por tanto extincto o 17.° Os direitos de ancoragem que recebião os
lugar de provedor, que ha na cidade de Angra. Governos das ilhas dos Açores serão d'hora em dian
5.° Os tributos, e quaesquer rendas publicas serão te cobrados para o Thesouro publico. O ajudante do
cobrados do mesmo modo que nas comarcas de Por mar continuará a perceber os seus actuaes emolumen
tugal, e todo o seu producto será arrecadado na al tOS.
fandega da cabeça da comarca, cujo recebedor será 18.° Fica revogada qualquer legislação na parte
também o thesoureiro, debaixo da mesma fiança, e em que se oppozer ás dispozições do presente decreto.
responsabilidade, com que recebe os direitos da al Paço das Cortes em 89 de Janeiro de 1822. –
respectivo nada poderá dispender sem mandado do Manoel de Serpa Machado, Presidente; João Bap
fandega, ecorregedor. •
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza Memoria sobre o melhoramento da marinha por
mandão remetter, ao Governo a 1.° e 2.° via inclusa tugueza, assim nacional como mercantil, por Lou
do oficio da junta da fazenda publica de Pernambuco, renço Luiz, da cidade do Porto.
em data de 24 de Novembro do anno passado a com Memoria sobre o modo, e utilidade de formar trin
panhando os conhecimentos para serem entregues, á ta náos de linha, e duas de tres baterias, que sempre
ordem do Presidente do Thesouro nacional, mil quin se conservem no porto de Lisboa, para previnir qual
taes de páo brazil embarcados nas galeras Sarmento quer bloqueio, pelo mesmo Lourenço Luiz.
e Innocencia fretadas á custa da fazenda publica da Memoria sobre a necessidade de adoptar um syste
mesma provincia. ma fixo, e permanente de policia maritima para os
•
Deus guarde, a V. Exc." Paço das Cortes em 29 portos de Portugal, por Isidorio Francisco Guima
de Janeiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. raCS. \ •
mo fim o requerimento de D. Antonia Vicencia Bene Mencionou-se nma participação de ter falecido
dicta Xavier, com a informação que sobre elle dá o em Coimbra na madrugada de 28 do corrente o, Sr.
referido official. Foi á mesma Commissão. João Pereira da Silva de Sousa Menezes, Deputado
8." Do mesmo Ministro sobre um similhante re pela província do Minho. Resolveu-se que seja cha
querimento de D. Rosa Maria de Lima, o qual re mado o Substituto immediato.
mette
S3O.
com igual informação. Foi á mesma Commis Fez-se a chamada , e achárão-se presentes 112
Deputados, faltando 21; a saber: os Senhores Gy
. . 9". Dº mesmo Ninistro, remetendo, com igual rão, Osorio Cabral, Sepulveda, Bispo de Béja, Ma
informação, um requerimento de D. Faustina Jovi cedo, Gouvêa Durão, Borges de Barros, Van 3el
ta Antonia Pimentel Maldonado. Foi á mesma Com ler , Calleiros, Innocencio Antonio de Miranda ,
IIllSS$1O.
Mantua, João de Figueiredo, Bekman, Pereira da
10.° Da junta provisional do governo de Minas Silva, Guerreiro, Ferreira Borges, Faria, Moura,
Geraes em data do 1.° de Outubro, transmittindo o Sousa e Almeida, Franzini, Ribeiro Telles.
auto da sua eleição, narrando o modo por que aquel
la Província se declarou pelo systema constitucional,
Passando-se á ordem do dia continuou a discus
são do artigo 157 do projecto da Constituição que fi
e assegurando a sua decidida adherencia á causa da cá a adiado na sessão de 25 do corrente A este res
Constituição, ás Cortes, e ao Governo de Portugal. peito disse • |- + •
importancia da condemnação para poder caber na al O Sr. Sarmento: —Sr. Presidente, farei algumas
çada da revista; mas que se diga sómente » nas sen reflexôes sobre a necessidade de revista em casos de
tenças criminaes em que houver condemnação que te morte, ou de penas graves, porque desejo que a mar
nha a gravidade que a lei determinar » e assim como cha para tirar a vida a um cidadão seja vagarosa:
para as causas civeis o projecto não determina quan Não me convencem as razões do Sr. Borges Carnei
tia, assim he coherente que não se determine a im ro, quando diz que as nossas leis não conhecem si
portancia ou gravidade para as causas criminaes. milhante recurso: ainda quando assim fosse, nem pe»
Vou agora falar a respeito da revista nas causas la razão de que pelas nossas leis se não admittem al
em que intervierem jurados. Isto parece estar salvo no guns institutos, deveria deixar de os haver: mais de
artigo, porque elle diz º conceder revistas de senten ametade do que temos estabelecido já na Constitui
ças definitivas proferidas nas relações provinciaes » de ção, be contrario ás nossas leis antigas: todavia ex
sorte que só estabelece as revistas das sentenças pro emplos ha dos nossos Reis concederem estes recursos,
feridas por juizes de direito, e não das proferidas pe e de um sei eu que livrou um cidadão meu visinho
los conselhos dos jurados. Porém por clareza talvez de ser sacrificado por uma caballa de intrigantes, e
convirá accrescentar estas palavras » a disposição des inimigos seus, que subornárão testemunhas, e fizerão
te artigo se não entenderá com as decisões dos jura falsidades, que só o recurso da revista pôde desco
dos, a respeito do quaes se observará o que fica dito brir, e pôr em luz; por quanto não era sómente a
no artigo 168 º porque alí ficou já determinado, relação que se podia olhar como causa daquella in
quanto o que havia a dizer sobre este objecto, con justiça; o vicio provinha da maldade de algumas tes
vem saber, que quando houver motivo ponderoso, temunhas venaes, e da intriga que havia diri
tem o tribunal competente autoridade para mandar gido o processo. Tambem não posso deixar de dizer
rever e sentenciar o processo em segundo conselho dos que o exemplo da sentença dada contra o corregedor
jurados. Por tanto me parece bem accrescentar estas de Barcellos, João Nepomuceno, por um conselho,
palavras: que haverá uma especie de recurso dos sem ser de homens letrados, ainda hoje causa horror.
jurados para outro jurado mais numeroso, e isto nos Confesso que poderei dar o meu parecer influido pe
casos determinados pela lei. lo horror que tenho a ver derramar sangue, e isto
O Sr. Lino Coutinho: — Não me cançarei de falar talvez será resultado de debilidade de nervos, e da
sobre uma tal Imateria, porque o conselho dosjurados nenhuma familiaridade com scenas de sangue; porém
he uma das melhores obras que até aqui se tem esta o que eu assento he que a marcha do processo ten
belecido; porém agora vejo que se vão pondo tantos dende a privar alguem da sua vida, deve ser vagarosa.
obstaculos, e que se vai a destruir o que havemos Benjamim Constant, que seguramente he um dos bons
sanccionado a este respeito. Fala-se no tribunal su amigos da liberdade, diz com muita razão que a lei
premo de justiça, e fala-se nºs ca-os em que ha de de Robespierre que destruiu as formas, he a maior
iaver appellação para este tribunal. Muito embora homenagem que se tem feito ás mesmas formas, por
haja em materias civis primeira e segunda instancia, que Robespierre tambem foi muito inclinado á maior
mas em materias criminaes não póde haver tantos re brevidade nas execuções de morte. Eu parto do prin
cursos, porque isto he desfazer, a idea que temos da cipio, de que os crimes graves hão de ser processa
justiça e prontidão dos jurados. He preciso ver o que dos por jurados; porém que os juizes de direito hão
he um jurado. Elle he composto de homens que co de ser os membros das relações; ou tenhão lugar os
nhecem o facto, e de um juiz que applica a lei a esse processos nas terras capitaes, onde se estabelecerem as
facto. Já aqui tenho dito que são dos os victos em relações, ou os mesmos, tenhão de fazer o circuitº
que os jurados podem pecar, ou por não conhecerem como em Inglaterra; mas que similhantes processos
[46]
nunca terão para juizes de direito os juizes de primei si. Parece-me pois que em lugar de dizer-se aqui,
ras instancias. Sendo como eu estabeleço por base, he que se concederão revistas nas causas criminaes em
o supremo tribunal de justiça o superior ás relações. que se proferir condemnação de prisão por mais de
Torno a observar que não he a brevidade do proces cinco annos de degredo para fóra do respectivo conti
so o meio da conservação da liberdade, antes a bre nente, ou outra pena maior; só se diga, que se con
vidade lhe vem a ser muito prejudicial, e he mais cederão nos casos em que as leis determinarem, e que
que verdadeira a sentença: nulla de morte hominis fique isto para os codigos.
cunctatio longa est. O Sr. Camello Fortes: — Dizem uns que haja
O Sr. Araujo Lima: — Quanto mais medito so revistas; outros que não as haja: eu porém sigo uma
bre esta materia, mais me convenço que deve haver opinião media. Está decidido que haja jurados tanto
estas revistas. Lembra-se o principio de que as sen nas causas civeis, como nas crimes, nos casos que a
tenças nas causas criminaes devem ser logo executa lei designar. Supposto isto ha de haver duas senten
des. Mas como se entende este principio ! Onde está ças, uma dos jurados, e outra dos juizes de direito.
marcado exactamente este logo! Quererá dizer de um Da sentença dos juizes de direito póde haver appella
dia para outro? Os illustres Preopinantes dizem que ção para as relações; das sentenças dadas pelos juizes
o condemnado tem meios de recorrer ao Monarca pa de facto já se decidiu que houvesse uma especie de
ra obter uma graça; que tem meios de recorrer ao recurso para efeito de se tornar a convocar o mesmo
Congresso para obter uma dispensa; agora digo eu: ou outro jurado. Ora, digo eu agora, que das senten
pois ha se de conceder um espaço para isto, e não ças dadas pelo juiz de direito deve haver revista, tan
se ha de conceder um espaço para uma revista! to nas causas civeis, como nas crimes; pelo contrario
O Sr. Annes de Carvalho: — Quando se escre das sentenças dadas pelos juizes de facto em que já
veu este artigo, tinhamos em vista o systema judicial houve esse segundo recurso para esse segundo jurado,
já adoptado, e não o juizo dos jurados; aconteceu parece-me que não deve haver revistas. Agora nas
que se poz em discussão esta materia; em consequen causas crimes acho que deve haver revista das senten
cia necessariamente se ha de alterar o systema judi ças dadas pelos juizes de direito, e que não haja re
ciario: para se sustentar bem este artigo era necessa curso das sentenças dadas pelos jnizes de facto nas
rio que tivessemos em vista o systema dos jurados causas crimes. A razão he, porque quem conhece he
que os legisladores seguintes hão de adoptar: por tan o jurado, os jurados conhecem pela sua consciencia;
to a minha opinião he, que se suspenda esta discus em consequencia do que não posso admittir um ter
são, e que se diga que quando as legislaturas seguin ceiro jurado. A segunda razão he, porque isto demo
tes assentarem a lei organica dos jurados, então á raria muito. Este he o meu voto.
vista dessas leis e organização de todo o systema judi O Sr. Barata: — Sr. Presidente, a presente ques
cial, decidirão se ha de haver revista, e em que casos. tão parece-me similhante á estatua de Nabuco do No
O Sr. Villela: — Não vejo por que haja de ha sor, feita de ouro com os pez de barro: veio uma
ver o recurso de revista nas causas civeis, e não nas pedra, deu-lhe nas pernas, e desmanchou a estatua.
criminaes, quando estas são de muito maior impor Os juizes de facto forão aqui creados pelo voto do
tancia, pois ahi se trata nada menos do que da hon Congresso, e agora vejo que uma mistura de legisla
ra e da vida de um cidadão. Disse o illustre Deputa ção antiga vem de proposito derribar os jurados. Di
do o Sr. Borges Carneiro, que suppre o direito de rei o meu voto, e este he que não haja recurso, que
agraciar que tem o Rei para beneficio do réo: mas não haja revista nas causas criminaes, que não passe
não será melhor , como já ponderou outro illustre do primeiro recurso, porque esta negociação de revis
Preopinante, que isto se faça antes por justiça do que tas, e revistas umas sobre outras, irá fazer uma de
por favor! O Rei mesmo não deve perdoar ou mi sordem que destruirá infallivelmente os efeitos da san
norar a pena sem preceder uma especie de revista ta instituição dos jurados. Os jurados são dois, jura
ao processo e sentença, para ver se por alguma do grande, e jurado pequeno: muito se tem falado
circunstancia o réo se faz digno do perdão. De sobre isto; o jurado grande he composto de quinze
mais este beneficio não poderá talvez chegar ás pessoas escolhidas todas á vontade do réo, este tem
provincias do Ultramar pela sua grande difuncia todas as qualidades para poder julgar bem, . . . . .
por tanto seria maior mal não haver alí o recurso da - - - - - - o juiz de facto julga pelas provas, e se
revista nas causas crimes. Quizera porém na parte do gundo a sua consciencia; o juiz de direito applica a
artigo em que se concede revista nas sentenças de con lei, e nada mais; não he a vontade de um só homem
demnação de degredo para fóra do respectivo conti que pronuncia sobre um réo; por tanto não he ne
nente , que me dissessem os illustres redactores do cessario tantas revistas. Supponhamos que vai para
projecto o que entendem por continente, porque a en um segundo jurado, este póde talvez confirmar a
tender-se como vulgarmente se entende, haveria nes sentença, então ainda depois disto ha de haver mais
ta parte uma desigualdade de justiça, pois concede recursos! Deus nos livre de similhante cousa, porque
ria revista ao que fosse degradado, por exemplo, daisto sería destruir as cousas inteiramente. Ora os ju
ilha de S. Miguel para a de Santa Maria, ou para rados nas causas crimes tem muitas vantagens, como
Castro Marim, que se não podem dizer do mesmo são fugir da chicana, fugir da dependencia, aliviar as
continente, e não se concederia ao que do Rio Gran despezas dos pobres, administrar a justiça rapidamen
de do Sul fosse desterrado para o Rio Negro no Pa te: porque nas causas crimes he de todos ºs juriscon
rá, lugares ambos do Brazil, muito distantes entre
,º
sultos que o castigo deve ser bem reconhecido, e muito
[ ]
pronto, e isto he que se embaraça com estes novos formadas contra elles, do que he consequencia tão
recursos. Eu desejaria muito que a especie humana grande numero de mortes, roubos, e outros crimes
accordasse um dia, e tomasse cuidado em si propria, atrozes, com menos cabo da lei, e do Governo, e
e isto he o que eu assento que está muito atrasado; deshonra mesmo de Deus, e desafio, e provo ação
por tanto sobre se admittirem estes recursos, se º do mesmo crime; confiou tão pouco dos jurados que
triste fado nos quer machucar deste modo, eu desde ainda admittiu o recurso da appellação dita de abuso
jà requeiro voto nominal, porque eu quero que se sai He verdade que entre nós não ha tanta decessidade
ba que não sou eu o que dou a primeira pedrada nos deste recurso como na legislação ingleza, porque ali
jurados. estão as penas de infamia, e de confisco de bens, e
-
Suspendeu o Sr. Presidente a discussão para an de algum modo este rigor he modificado por via de
nunciar que estava na ante-sala o coronel comman recurso, que quando não aproveite ao condemnado,
dante do 2.° batalhão do regimento de infanteria n.° aproveita aos herdeiros; mas ha outra razão muito
2, com os officiaes do mesmo corpo, ehegados de Per attendivel, que tiverão em vista os legisladores ingle
nambuco; e leu-se o seguinte memorial: •
zes, e que devem ter todos os que admittirem os ju
Senhor. — A V. Magestade, soberano Congresso rados, como tem mostrado a experieneia quando se
das Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituintes trata de crimes de opinião. Eu estremeço, vendo tan
da sempre heroica e liberal Nação portugueza, tem a tos homens illustres victimas dos jurados nas diferen
honra de se apresentar o coronel commandante do 2.° tes revoluções de Inglaterra. Continuou o erador fazem
batalhão do regimento de infenteria n.° 2, juntamen de varias reflexões e trouxe por exemplo os Hollan
te com os oficiaes do mesmo corpo vindo de Pernam dezes, e outros no tempo de Cromwel, e concluiu
buco aonde esteve destacado. sustentando o mesmo que tinha dito na primeira oc
Todos eles aprecião com grande jubilo esta sus easião que falou nesta materia, que toda ella se re
pirada e tão feliz occasião de pessoalmente renderem servasse para o codigo criminal, porque qualquer ar
á face de toda a Nação que justamente contemplão tigo constitucional podia ser muito perigoso, e que
nesta augusta Assembléa a devoção, respeito, e fede estando já sanccionado na Constituição que nas cau
lidade que lhe consagrão, e da sua adhesão ao syste sas erimes havia de haver uma especie de recurso; e
ma constitucional, de que tanta prosperidade e glo sendo a revista uma especie de recurso, não julgava
ria deve resultar a todos os Portuguezes, e com ad necessario que na Constituição se declare mais do que
miração, e talvez inveja dos outros povos já tem re e já sanecionado: e que se o Congresso resolvesse que
sultado. E bem que já tenhão solemnemente jurado a se faça mais artigo constitucional deveria ser nesta ou
regeneradora Constituição politica e suas Bazes, elles similhante forma: Haverá revista nos casos crimes do
resovão com o mais vivo enthusiasmo aquelle tão sa conhecimento dos jurados, segundo a lei regular.
grado juramento, e o de derramarem até á ultima O Sr. Sarmento: — Levanto-me para responder
gota de seu sangue sempre que o exigir o amor da ao argumento do Sr. Barata, para não haver a re
patria, o bem da Nação, e obediencia a Sua Mages vista, e vem a ser a despeza do processo. Pergunta
tade o Sr. D. João VI-, Rei Constitucional. ria eu, se o homem condemnado á morte, ou pena
Quartel de Belém 30 de Janeiro de 1822. — José grave não interporia o recurso por causa da despeza
Joaquim Simões, coronel commandante do batalhão do processo? O que me parece seria qonveniente de
n.° 2. clarar he que se decidisse primeiramente, se os juizes
Mandou-se fazer menção honrosa deste uemorial, das primeiras instancias serão os juizes de direito em
e que se transcrevesse neste Diario e no do Governo. todas as causas crimes, ou sómente em as de menor
Abrindo.se de novo a discussão interrompida, consideração. Segundo o espirito das nossas leis pa
disse •
rece, que elles até poderião ser juizes em caso de
O Sr. Corréa de Seabra: — Como se tem falado morte, e appellarem ex-officio da sua sentença. Não
na legislação ingleza, não estando ainda resolvido me occorre com exactidão o tempo, porém tenho al
se os nossos juizes de feito hão de ser como os jura guma lembrança, que fôra no do ministerio de José
dos de Inglaterra; limito-me a fazer algumas obser de Seabra, que se determinára que os juizes de pri
vações a respeito da mesma legislaçãe. Já em outra meira instancia ficassem inhibidos de tal jurisdicção.
sessão disse os recursos que havia dos jurados nas cau A historia das decisões á este respeitº oferece alguns
sas civeis; que no crime não havia recurso ; e que is factos bem dignos de observação. Eu ouvi a um mui
so não era pelas razões que se tem dado, mas pela sábio letrado, que tambem lhe communicára o céle
que dá Blackstone, que eile mesmo chama extraordi bre desembargador Godinho, que nm réo fora justi
naria; como observei nessa mesma sessão; o que a çado em Lisboa, tendo o processo vindo por appella
legislação ingleza de algum modo remediou exigindo ção ás ouvidorias do crime. Rogo ao Sr. Presidente,
a unanimidade dos jurados, facilitando os meios de que quando tratar da votação se estabeleça a base =
viciar o processo, e mesmo a relação dos jurados, e se os juizes de direito serão os da primeira instancia
depois mesmo concedeu a appºlação chamada de abu em todos os crimes, ou se haverá alçada.
sº: A legislação ingleza facilitando os modos de an O Sr. Pinheiro de Azevedo: — Fornarei a repe
nullar o processo, e admittindo excepções, ao ponto tir o que já disse na sessão passada; mas antes de
que diz Hale, que grande numero de culpados ficão mais nada quereria que o Congresso attendesse, que
impunes, não pela sua innocencia, mas pela facilida a revista he um remedio extraordinario, e que o seu
de que ha em adenittir as excepções nas accusações fundamento he 1.° a protecção da innocencia; e 2."
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a fallibilidade dos juizos humanas, ainda quando os monstrassem o erro!! Quando dois fossem condemna
juizes são justos e imparciaes. Trata-se pois de um dos pelo mesmo crime por condemnações inconcilia
remedio extraordinario, que não suspenda a execu veis!! Quando se provasse que não morreu o homem
ção da sentença, e que poderia ficar sem inconve que se suppunha morto!! Quando as testemunhas do
niente para uma lei regulamentar, ou para o codigo: processo fossem condemnadas por falsas e prejuras,
mas como vejo tão diversas opiniões em um ponto etc.! Eu com tudo voto e votarei sempre que se con
que me parecia inquestionavel, insisto agora em que ceda revista nas causas crimes nos termos e casos que
ns revistas nas causas crimes fiquem sanccionadas na a lei determinar.
Constituição; pois seria não só injusto, mas indeco O Sr. Feio: — A divisão entre o facto e o direi
roso neste seculo de luzes, desprezar um remedio, que to, está estabelecida na nossa Constituição: partindo
se dirige principalmente a proteger a innocencia, e deste principio a minha opinião he, que nas causas
que he fundado na fallibilidade dos juizos humanos. crimes, quando o réo entender que a lei foi mal ap
Esta fallibilidade he provada pela experiencia de plicada, possa requerer a revogação da sua sentença:
todos os tempos, e de todas as nações onde ha e tem em quanto ao facto, a minha opinião he, que não
havido jurados. Em Inglaterra tem havido muitos er haja recurso algum, senão no caso da illegalidade do
ros, e até injustiças manifestas; em França mais que processo, se elle reconhecer que o facto foi mal reco
muitas; nos Estados Unidos algumas, e não poucas nhecido.
de todas estas depois de dois conselhos de jurados: O Sr. Manoel Antonio de Carvalho: — A minha
á vista disto acaso esperão os honrados membros, opinião nesta materia sería talvez, que não houves
que os nossos jurados sejão infalliveis! Accresce que se revistas, nem nas causas crimes, nem nas civeis.
este artigo he na substancia conforme á nossa legis Eu sou muito apaixonado de que as partes tenhão
lação, sem embargo de ouvir dizer o contrario. Pa a mais prompta decisão nas suas causas; e isto acho
rece-me que ninguem ignora que ElRei podia conce mais pungente, do que toda a incerteza que vem del
der estas revistas por graça especialissima, e extraor las, por immensos recursos que se multiplicão. Não
dinariamente; que as concedeu muitas vezes, e que acho que a vida do homem, e mesmo a sua liberda
o mesmo soberano Congresso no curto espaço de um de seja cousa de menor ponderação do que são os
anno tem decretado mais destas revistas, do que an seus bens. Eu não podia vêr, sem me condoer, que
tes se concederião em um seculo: a diferença está to com efeito não houvesse nas causas crimes estes
da na fórma; mas a fórma que agora se constitue le recursos ordinarios, ou extraordinaries de revista.
va grandes vantagens á antiga e he verdadeiramente Aterrava-me a ordenação do livro 3.°, tit. 95, §. 11,
constitucional. — Tambem he na substancia conforme que não queria admittir as revistas nas causas crimes:
aos usos e leis inglezas (as quaes com tudo não ad aterrava-me o regimento novo do desembargo do pa
mittem revista) o que clara, e engenhosamente acaba ço, que no §. 83, tambem as excluia: a mesma nos
de mostrar o Sr. Seabra. — Dos Estados Unidos da sa lei de 3 de Novembro de 1768, que tambem as
America, podemos dizer que além do recurso ordina não admittia, senão em as causas civeis, e em mate
rio concedido ao réo, tem este uma revista indirecta: rias pecuniarias de muito menor ponderação do que
elles não admittem senão duas especies de pena, a de estas. Por isso tenho visto estabelecer aqui um ante
morte, e a de prisão: em quanto a esta um conselho mural da liberdade do cidadão, pela instituição sá
de juizes, etc. faz cada anno em periodos regulares, bia, e providentissima dos jurados. Eu não quereria
visita e revista das cadêas, consultando aquelles réos que admittissemos nenhum outro recurso, mais do
que por seu termo de obrar, e por todos os motivos que aqueles que já temos, e aqui se instituirão, e
que apparecem, merecem graça, que nunca se recusa: que não houvesse outro modo de terminar as causas,
ficando por este meio livres em poucos annos aquelles senão o mais breve possivel, no 1.° jurado. Porém
mesmos que erão condemnados a prisão perpetua. como vejo que a raça humana abusa tanto das ins
Aos condemnados á morte he concedido recurso ex tituições que se achão fundadas para fazerem a sua
traordinario para o presidente, governador, ou corpo felicidade, não posso deixar de admittir e louvar este
legislativo, segundo as leis particulares de cada esta recurso em certos cases: e até no caso ultimo, de
do; e para que este recurso, que podemos chamar que a vida do homem pereça, será necessario dar-lhe
revista, não seja ilusorio deixa-se intervallo sufficien ainda uma esperança de o aliviar deste mal: e só
te entre a sentença e a execução. — Os Francezes, em casos muito pungentes, só em casos muito restri
admittindo os jurados, e legislando depois dos Ingle ctos, he que eu posso admittir este recurso; porque,
zes e Americanos, tem lei que concede revista em tres Srs., a revista do modo em que estava a nossa juris
casos determinados na mesma lei. Julgo que muitos prudencia, era um bem, mas quando! Era na ultima
dos honrados membros não ignorão, que todos os bons instancia salvar a desgraçada vida do presumido réo,
criminalistas francezes tem ultimamente escrito, e até da prevaricação daquelles que julgavão; as nossas leis,
declamado contra esta lei, taxando-a de mesquinha, pela sua multiplicidade, davão occasião a que a chi
diminuta, e até de mal combinada, desejando, que cana do foro dissesse, que as causas tinhão, sua es
abrangesse mais casos; porém nós sem os devidos co trella, habent sua sidera lites. Com isto não salvavão
nhecimentos theoricos e praticos dos jurados, quere as partes; mas as enganavão. Eu espero que a sa
mos (pelo que observo) ir por caminho opposto, e bedoria dos nossos juizes, fundada sobre as grandes
não trilhado, abandonando a innocencia ao juizo fal bases da igualdade, imparcialidade, e justiça, acabe
hvel dos homens, ainda quando factos materiacs de estes grandes embustes, com que a pobre humanidade
fºi • -
se afligia. Em se acabando isto, creio que teremos (falo nos termos ao principio suppostos) tem lugar
na simplicidade dos nossos juizes, um recurso, breve nas causas civeis, com muito maior razão deve ser
e facil; e por isso não quero negar á humanidade op admittida nas criminaes. Sim digo, que com maior
primida o recurso nas causas graves e ponderosas de razão. Temos sido tão liberaes na nossa Constitui
serem revistas estas causas , por aquelles que tem ção: temo-nos esforçado por garantir a liberdade do
talvez mais saber, e mais imparcialidade; porque se cidadão, por segurar, e defender a sua propriedade,
rão escolhidos para estes grandes cargos, homens que e agora que se trata não da sua propriedade, não da
tenhão os olhos abertos, para a verdade, e para a sua liberdade mas de um bem incomparavelmente
justiça. maior, qual a sua vida a sua honra, agora he que
O Sr. Freire: — A minha opinião he conforme havemos de ser mesquinhos em lha garantir, em lhe
aos principios do Sr. Annes de Carvalho, ainda que questar todos os recursos preciosos, e que poderem
não tiro as mesmas consequencias, que elle deduz; contribuir para a conservação della! agora he que
eu assento que deve haver revista em algumas causas havemos de restringir os mesmos recursos que póde
critnes, mas não em todas: por tanto o meu parecer ter ! Estamos de accordo, que nas causas civeis se
sería que o artigo voltasse á redacção, para ella apon deve conceder revista quando a causa chegar a uma
tar os casos em que tanto nas causas crimes, como certa quantia, e esta somma ha de merccer-nos mais
nas civeis, poderia haver esta revista. consideração do que a liberdade, a vida, e a honra:
O Sr. Castello Branco Manoel: — Reduz-se a que segundo o axioma: vita, et fama pari passu am
questão presente a saber se deve pertencer ao supre bulant ? • •
mo tribunal de justiça creado no § 136 a attribui Os illustres Preopinantes desta opinião certamen
ção de conceder, ou negar revistas, tanto nas causas te laborão em um grande equivoco, quando para de
civeis, como nas crimes; e nas primeiras sómente negarem a revista tomão por fundamento que as sen
quando este recurso extraordinario se interpõe da sen tenças devem no crime ser prontamente executadas;
tença proferida nas relações sobre o dito, isto he, que as revistas as espação, e que por isso se não de
quando a lei foi mal applicada ao facto já qualifica vem conceder. Mas isto procederia se a revista (co
do pelos jurados, ou quando realmente não interveio mo recurso de appellação) suspendesse a execução da
este juizo, ou porque as partes concordão no facto, e sentença. Mas revista nunca suspende a execução.
em todas as suas circuntancias, ou porque a disputa Esta he a idéa, que temos de revista. Nem se diga,
versa sómente no direito que se lhe deve applicar. que executada no crime a sentença, ad quid a revis
Até agora nenhum dos illustres Preopinantes se op ta! Depois de morto o réo para que se ha de rever
poz, antes tacitamente tem approvado, que ao dito o feito ! Respondo. No crime nem todas as sentenças
tribunal pertence conceder,, ºu denegar as revistas são de morte. Ha a prizão, ha o degredo. E quan
nas causas civeis, nos casos, e pelo modo que as leis do o autor estiver na prizão, ou cumprindo o de
determinarem. Não assim em quanto as criminaes gredo, ser-lhe-ha ainda muito util a reforma da sen
ainda mesmo nas circunstancias acima ponderadas; tença por meio da revista, porque o póde aliviar do
porque supposto alguns delles admittão estas revistas, tempo, que lhe resta a cumprir. Além de que o cri
a maior parte dos illustres Preopinantes as denegão, me pela prizão, ou pelo degredo fica expiado sim,
e por isso concluem, que não deve designar-se como mas a prizão, e o degredo não tirão a marca, e o
attribuição daquelle tribunal, o concedelas, ou dene ferrete, que sempre fica impresso no réo. Se ele fur
galas no crime, visto que neste elas não podem ter tou (por exemplo) ainda que expie o crime pela pri
jogar. A razão mais applausível dizem ser, porque zão, ou degredo, sempre se dirá fulano foi ladrão,
estes recursos demorão muito a execução das senten já foi punido como tal; semel malus semper praesu
ças contra os criminosos. Interessa muito a repu mitur malus in eodem genere mali. E por tanto não
blica, que os delictos sejão punidos quasi immedia só estando preso, ou cumprindo o degredo, mas
tamente que forem commettidos. O fim principal do ainda depois de acabado ser-lhe-ha muito convenien
castigo he para exemplo, e emenda dos outros, por te, que por meio da revista se julgue innocente, por
isso se demorar, o povo se esquece do delicto, e quan que assim fica lavado da mancha, que em quanto
do depois se executa a pena, riscado da lembrança vivo o infamaria, e até a sua memoria depois de mor
o malefício, já aquela pouca ou nenhuma impressão to. Esta he tambem a razão porque ainda no caso
faz no povo, e este então a favor do réo já propende de que a sentença fosse de morte, e o réo mesmo ti
mais a piedade. Por estes principios he que alguns vesse sido executado sempre a revista aproveitaria aos
dos illustres Preopinantes são de opinião, que a re seus herdeiros ou parentes, que quizessem revindicar
vista não deve ter lugar nas causas criminaes, mas a honra do réo defunto. Por este mesmo principio tam
sómente nas civeis. Outros da mesma opinião tem bem he que não tem lugar o outro argumento da opi
reccorrido a diverso principio, concluindo, que a re nião contraria, que vinha a ser, que uma vez, per
vista não deve ter lugar como desnecessaria, por isso mittida a agraciação, e concedendo o perdão já he
mesmo que os réos tem aberta a porta, e o recurso desneccssario a revista; o que de nenhuma fórma se
ao Rei, que os póde agraciar, como se acha sanc póde sustentar, porque os efeitos de uma, e outra
cionado: remedio (dizem elles) mais "pronto, e que cousa são muito diferentes. Pela revista, se ella pro
evita o inconveniente de fazer espaçar a execução, duz o efeito para que se requer, fica o reo sem man
orque o Rei decide = in continenti. Porém a ini cha, e julgado innocente. Não he assim com o per
nha opinião he contraria, e julgo que se a revista dão. Este sempre suppõe o crime; com ele fica sim
[ 50 ]
o réo isento da pena, mas não lavado da nodoa, que O Sr. Castello Branco: — Parece-me que toda
o crime lhe imprimiu. Eu supponho, que sendo o esta grande discussão sobre esta materia tem sido fó
réo homem probo, e honesto, requererá sim o per ra de proposito. Os illustres redactores deste §, qui
dão, mas só para depois mostrar a sua innocencia: zerão declarar nelle uma parte de legislação muito im
mesmo depois de perdoado elle para sustentar a sua propria deste lugar. Se deve haver revista; nos ter
fama a sua honra ha de pedir a revista se por ella se mos em que ella deve ser concebida; se a deve haver
póde verificar manifestamente a injustiça. Por isso igualmente nas causas civeis e crimes; todos vem que
concluo declarando a minha opinião: que nos termos isto he materia que deve tratar-se quando se tratar da
em que no principio propuz a questão, a revista se ordem do processo tanto civil, como criminal , e
deve conceder nas causas civeis, e nas crimes com que em consequencia este § he improprio do lugar;
maior razão nos casos em que a pena fôr aggravam quando muito a unica questão que se poderia tratar
te: e por isso, que ao tribunal superior de justiça se agora, he se deveria haver revista em geral, ou se
deve conceder a attribuição de conceder, ou negar poderia haver casos que nelles se houvessem de conce
estas revistas, que he o caso do paragrafo. der estas revistas, tanto em causas crimes, como em ci
O Sr. Fernandes Thomaz : — Eu não sou de veis. Apezar de que estou persuadido que quando as leis
opinião que deva haver a revista nos juizos dos jura são más, e a corrupção dos costumes, e o despotis.
dos, pois que admittida a revista estava deitada por mo tem corrompido a marcha da justiça, he então
terra esta instituição. Se se admittir a revista, quem necessario multiplicar extraordinariamente o recurso,
ha de rever o processo ? Ha de ser o supremo conse ou instancias do processo, o que vem a ser sempre
lho de justiça, e então a sentença dos jurados vem a um mal para os litigantes, mas um mal que á vista
ficar perfeitamente inutil; pelo menos assim o julgo. de outro mal póde ser um bem ; apezar de que es
De que serve a mais importante sentença que derão tou persuadido de que só neste caso devem adimittir
os jurados, se a que se executa he do supremo conse se as revistas em geral, com tudo nem por isso estou
lho de justiça. Todos sabem qne eu não era de opi tambem persuadido de que quando as leis forem boas,
nião que se admittissem os jurados já, senão nas cau e quando os costumes se reformarem, quando se fi
sas em que as partes o pedissem, mas decidiu-se que zer effectiva a responsabilidade dos ministros, não ha
devia haver jurados, feitos os codigos; este estabeleci ja casos extraordinarios ainda que poucos, em que
mento pois, admittida a revista, vai deitar-se por ter de necessidade se deva admittir a revista não só nas
ra. Diz-se que deve haver uma revista, porque he pos causas crimes, mas nas civeis, e por tanto sou de opi
sivel que dois jurados se enganem, mas não he possi nião que este § se deve limitar unicamente em geral
vel que tres, quatro, cinco se enganem do mesmo mo ás attribuições deste tribunal supremo de justiça, e
do! Donde vem a certeza que temos de que um ter que se o Congresso convier em que ha casos, ou se
ceiro jurado tem o conhecimento perfeito da verdade, Jão muitos ou poucos, em que tanto no juizo cri
sem engano, algum! Diz-se mais, he necessario que minal como no civil se possão admittir as revistas,
haja revista da sentença, porque podem apparecer tes que se diga unicamente no §., que a este tribunal
temunhas que desmintão as primeiras. Esta idéa vai compete o conhecer das revistas nos casos civeis e cri
transtornar a idéa de revista, porque na revista não mes; e naquelles em que as leis o permittirem.
se admittem testemunhas de novo, nem provas de no Declarada a materia suficientemente discutida,
vo. Nós nunca tivemos revista nas causas crimes. reduziu o Sr. Presidente parte da doutrina do artigo
Concedia-se só por graça especialissima, mas estabe aos seguintes quesitos, deixando para a sessão imme
lecida uma regra na Constituição, não fica graça es diata a decisão da outra parte que não fica.
pecialissima, mas um recurso ordinario ; por isso a Fez-se a leitura do seguinte projecto de decreto
questão he, se em lugar de dois recursos ha de haver
oferecido pelo Sr. Sarmento sobre a extincção da in
terceiro. Eu perguntaria como se ha de verificar este
tendencia geral da policia, o qual se mandóu impri
terceiro recurso ; ha de se fazer um terceiro jurado? mir para entrar em discussão, juntamente com outro
Eu snpponho que não. Quem ha de rever a senten do Sr. Margiochi, sobre o mesmo objecto:
ça! O supremo conselho de justiça; então he ele quem As Cortes geraes, extraordinarias, e constituin
vem a dar essa sentença. Diz-se mais: os jurados tem tes da nação portugueza, considerando que a institui
dado muitas sentenças injustas, principalmente nas são da intendencia geral da policia está em contradic
occasiões de perturbação publica, e opiniões politicas, ção com o systema do governo constitucional da mo
porque então elles confundem a verdade, seguem um narquia portugueza, decretão o seguinte:
partido, e condemnarão á morte os do partido contra 1." Fica abolida a intendencia geral da policia,
rio; mas eu quererei que me digão se este mal está passando as commissões, de que a mesma se achava
nos jurados, porque não estará nos juizes que vão re encarregada, a ser um serviço publico mais regular
ver a sentença; esses homens acaso serão anjos! as mente desempenhado por autoridades constitucional
sento que não. Voto por tanto contra a revista das mente estabelecidas, conforme vai declarado nos sc
sentenças nas causas criminaes. Eu não admitto jui guintes artigos.
zes de direito para desfazer aquilo que fizerão juizes 2". As participações de acontecimentos, que as au
de facto e de direito : e voto que não deve haver tal toridades tinhão ordem de levar ao conhecimento da
revista nos juízos dos jurados, excepto nas causas ci intendencia geral da policia, serão daqui em diante
veis que excederem a alçada, e forem de uma grande remettidas a secretaria de Estado dos negocios da jus
Importancia, tiça.
3.° Quando for determinado que não se possa tran Terceira, em que se diz que a separação em que se
sitar pelo Reino sem passaporte, o expediente delles achão as ilhas de S. Miguel, Faial, e Pico reduzem
será da competencia dos magistrados territoriaes, fi a ilha Terceira a tal estado de penuria, que não he
cando os juizes do crime, ou quem suas vezes fizer, possivel satisfazer as despezas extraordinarias de de
nas cidades, villas, e concelhos, encarregados de mean fensa das costas, nem ao pagamento dos empregados
ter o socego, e tranquillidade publica pela fiel execu publicos, e da tropa: pede em consequencia, que
ção das leis existentes: aquellas ilhas continuem a prestar os auxilios pecunia
4.° Como a policia da capital do Reino seja a que rios que dantes costumavão.
maiores providencias exige, o Governo determinará Representa mais, que os dois castellos de Angra,
que os magistrados de Lisboa residão dentro dos bair e os fortes da costa da ilha interessantes não só pelo
ros da sua jurisdicção, para facilmente darem provi muito que custarão, mas tambem pela utiiidade, que
dencias prontas a bem da segurança publica, e melhor podem ter na defensa da ilha, estão caindo em rui
serviço do publico. A mesma obrigação de residencia na, e carecem de prontos reparos.
no bairro se exigirá dos respectivos officiaes de justi A Commissão he de parecer, que depois de esta
ça, não sendo sufficiente a existencia dos escritorios belecida a fórma de administração publica na ilha
dos ministros, e escrivães dentro do bairro. Terceira, como está determinado no ultimo decreto
5." A administração da casa pia, dos estabeleci das Cortes, se faça um mappa exacto da receita e
mentos de caridade, ensino, asylo de pobreza, que despeza annual daquella comarca, para á vista delle
estava debaixo da inspecção da intendencia, ficará de poder assentar deliberação do Congresso. As sobras
baixo da vigilancia, e cuidado da secretaria de Esta das ilhas de S. Miguel, Faial, e Pico, devem ser
do dos negocios do Reino. A inspecção sobre os thea mandadas para a thesouro publico nacional, com os
tros, espectaculos, e divertimentos publicos, ficão a mappas correspondentes da sua receita e despeza,
cargo da mesma secretaria. visto serem comarcas separadas. Em quanto á ruina
6." A illaminação de Lisboa, a limpeza da mes das fortificações, a Commissão não póde deixar de
na cidade, c os reparos de calçadas, ficão pertencen reflectir com magoa que tendo-se despendido nellas,
do ao cuidado do senado da camara, por serem obje ha poucos annos mais de cem contos de réis estejão
ctos de economia municipal. já em ruinas; o que prova que as obras forão, ou
7." Pela junta da fascnda do mesmo senado da mal construidas, ou os dinheiros publicos mal admi
camara se fará a arrecadação de quaesquer rendimen nistrados. Parece á Commissão que o Ministro da
tos, que até o presente tempo estavão consignados pa guerra mande tomar as informações necessarias sobre
ra a despeza dos objectos, de que trata o artigo an o verdadeiro estado das actuaes fortificações, sobre o
tecedente. No thesouro publico nacional serão entre numero, e qualidade das que são precisas, e man
gues os livros pertencentes a qualquer administração dando fazer o orçamento da despeza remetta toda es
de fazenda, de que a intendencia geral da policia te ta informação para se poder decidir ácerca deste im
nha estado encarregada ; e no mesmo thesouro dará portante objecto com pleno conhecimento de causa.
as suas contas. Paço das Cortes em 29 de Janeiro de 1822. —
8." O Governo remetterá uma lista de todos os Alexandre Thomaz de JMoraes Sarmento ; Fran
empregados na secretaria, e mais repartições da in cisco Soares Franco ; André da Ponte de Quental
tendencia geral da policia, com as indicações da im da Camara ; Bento Pereira do Carmo.
portancia dos seus ordenados, o tempo de serviço, seu Foi approvado.
prestimo, e aptidão, a fim de se haver com elles a Fez-se a primeira leitura da seguinte
mesma equidade, que se tem observado com os empre
gados das repartições que tem acabado de cristir. — IN D I c Aç Áo.
O Deputado Alexandre Thomaz de Moraes Sar
mento. Os presos que vierão da Bahia não se podem
Ficárão as Cortes inteiradas de dois officios do conservar por mais tempo presos, por não terem cul
Ministro dos negocios da guerra, encarregado inte pa formada; porque segundo uma das bases art. 4."
rinamente dos da marinha, incluindo um delles duas da Sessão 1.° nenhum individuo deve já mais ser pre
Participºções que em data de 28 do corrente lhe en so sem culpa formada: e quando se considere estar
viára o commandante do registo do porto desta ca nos casos exceptuados, em que possão ser presos sem
pital, relativas á entrada da fragata Venus, e do bri dependencia de culpa formada, com tudo não se po
gue Providencia; e encerrando o outro uma igual par dem conservar presos por mais de 24 horas na confor
ticipação do mesmo commandante datada de 29 do midade de outra base art. 5.º que diz assim — ex
corrente relativa ao correio marititimo Treze de Maio. ceptuão-se os casos determinados pela Constituição; e
, O Sr. Soares Franco, por parte da Commissão de ainda nestes, o juiz lhe dará em 24 horas por escrip
Ultramar, leu o seguinte to a razão da prisão — o que até agora não se tem
observado com notoria violação das bases; e o art.
P A R E c E R. 175 da Constituição, diz que em todos os casos o juiz
dentro de 24 horas, contadas do momento da prizão
A Commissão do Ultramar examinou o oficio do mandará entregar ao réo uma nota por ele assi
Ministro da guerra em data de 6 do corrente mez, em gnada; em que se declare o motivo da prisão e o
º qual transmitte outro do governo interino da ilha nome do accueador (…),"… testemunhas
[5 ]
que os arguirem. He tambem injustiça notoria serem pradas e distilladas nas provincias, para que formado
remettidos cidadãos presos simplesmente por uma quei um preço medio, e njuntando-lhes 20 por cento livres
xa, da distancia de muito mais de mil leguas, sem para a companhia, o Governo regule o preço porque
culpa formada, para se poderem defender em um paiz o commercio he obrigado a compralas, fazendo-se pu
extranho mettidos em um castello, sem meios de subsis blica a resolução, e o calculo.
tencia, nem recursos contra a oppressão que os priva Sala das Cortes 30 de Janeiro de 1822. — José
de seus direitos, e de sua liberdade. Portanto requeiº Peixoto Sarmento de Queiroz, Francisco Soares
ro que attenta a ilegalidade do caso, se mande aviso Franco, Francisco Antonio de Almeida Pessanha,
ao poder executivo para que solte aquelles presos da Pedro José Lopes de Almeida.
Bahia. Lisboa em Cortes aos 30 de Janeiro de 1822. Lido o artigo 4.° disse:
— Cypriano José Barata de Almeida ; Francisco O Sr. Fernandes Thomaz: — Não me parece
Agostinho Gomes. que o Governo se intrometta em negocios, que são
Esta indicação, juntamente com outra que o Sr. meramente particulares; regular estes preços, he do
Lino Coutinho annunciou ter de apresentar sobre o interesse dos lavradores, e commerciantes; por isso o
mesmo assumpto, mandou-se ter presente quando a meu parecer he que se estabeleça um numero de lou
Commissão de Constituição der o seu parecer sobre vados, escolhidos pela companhia, e que estes esta
um requerimento que lhe foi dirigido relativamente a beleção e regulem os preços, á vista das informações
este objecto, que tiverem.
Fez-se a 2.º leitura da indicação do Sr. Caldei O Sr. Barroso: — Eu apoio o que diz o Sr. Fer
Tra, lida na sessão de 28 do corrente, para se man nandes Thomaz. A companhia he mais interessada
' dar continuar o pagamento aos ministros da patriar na maioria dos preços; nunca póde ser juiz, uma
cal, o qual se havia mandado suspender até que o col parte que he interessada no negocio.
legio apresentasse o plano da sua reforma. Decidiu-se Procedendo-se á votação foi approvado o artigo
que não havia lugar a votar, porque tendo-se man 4.", e o forão igualmente o 5.° e o 6."
dado proceder aquella suspensão em quanto se não Passou-se depois a discutir o seguinte projecto ofe
r-presentasse o plano, nenhum lugar póde ella ter des recido pelas commissões reunidas de agricultura e de
de que elle se apresentou. commercio, em Sessão de 7 do corrente :
Chegada a hora da prolongação, passou-se a dis As Commissões de agricultura e de commercio exa
cutir os artigos 4.° 5.° e 6.° dos addicionaes ao pro minárão attentamente os planos para a reforma da com
jecto de reforma da Companhia do Douro, os quaes panhia da agricultura das vinhas do Alto Douro, que
as Conmissões reunidas apresentárão reformados, co forão remetidos pelas commissões de agricultura do
mo se lhes havia determinado: Douro, negociantes do Porto, e pela junta actual da
- Art. 4.° As referidas aguas-ardentes não serão de companhia. O plano dos negociantes tira todas as
menor força que a de seis gráos pelo areometro de que attribuições á companhia, e a reduz a uma simples
usa a companhia com relação aos seus diferentes gráos: sociedade mercantil, á excepção de tres membros,
o Governo lhes taxará os preços á vista das informa que na maior parte dos artigo votárão contra os ou
ções, que a companhia lhe deverá mandar nos dois tros. O plano dos lavradores he complicado, requer
ívezes de Dezembro e Janeiro, por onde conste o es a continuação da companhia, e ainda lhe concede
tado de seus depositos, a quantidade, preços, e ren mais poderes do que ella tem actualmente. Porém a
dimentos dos vinhos nas provincias, e as despezas re junta actual, mais generosa, apresentou um plano,
gulares de distillações, e transportes; de maneira que que, com poucas alterações, reuniu a opinião geral
os preços da compra se fação publicos no primeiro de das Commissôes, e vai substanciado no projecto de
* Janeiro para os seis trezes seguintes, até ao fim de decreto seguinte:
Junho, e no primeiro de Julho pelos tres restantes
até á colheita. Se houver causa imprevista pela qual Projecto de decreto para a reforma da companhia de
"extraordinariamente convenha augmentar as taxas dos agricultura dos vinhos do Alto Douro.
preços, o Governo sendo para esse fim consultado pe |-
{
la companhia poderá autorisar a proposta alteração As Cortes, etc. considerando, que he absoluta
para se fazer publica. As aguas-ardentes serão seu mente indispensavel para a prosperidade do commer
defeito, e havendo duvida sobre a sua qualidade ou cio nacional, e conservação da agricultura das vi
força se decidirá por louvados. |-
nhas do Alto Douro, que os lavradores deste districto
Art. 5." Pelas taxas legaes do art. antecedente a tenhão uma venda segura de seus vinhos, e que estes
companhia poderá continuar com as suas distillações conservem a sua grande reputação, o que se não pó
nas prºvincias em concurrencia com os proprietarios de por ora conseguir sem a companhia, a qual, sen
e distalladores. + * * do convenientemente reformada, desempenhe aquelles
Art. 6." A companhia para o seu consumino, e dois importantes fins, e sirva de interinedio entre a
fºrnecimento do com mercio fará depositos, de aguas lavoura e o commercio, decretão o seguinte:
ardente é e depois de fechada a conta de cada um 1. Fica conservada a companhia geral da agri
delles, “presentará ao Governo um mappa circunstan cultura dos vinhos do Alto Douro, em quanto a ex
ciado do número de pipas, e custo das aguas-arden portação e consumo interior não igualar a producção
tes distilladas dos vinhos da demarcação do Douro, dos mesmos vinhos. , , , # |-
e igualmente do número de pipas, e preços das com 2." Será tida como uma companhia de commercio
{ 53 ] >
de vinhos em concurrencia com os mais negociantes, eircunstancias oecurrentes ; não excedendo aquella
para sustentar a agricultnra daquelles vinhos; e em ra nunca do principio de Fevereiro. -- - --
zão da compra, que ha de ser obrigada a fazer do su I4.° A companhia concorrerá na feira com os mais
perabundante da novidade pelo preço necessario ao la commerciantes (sem preferencias, as quaes ficão abol
vrador para agricultar e sustentar-se. Nesta qualidade lidas) a comprar o vinho, de que necessitar, a aven
constituirá um corpo politico e nacional. ça da partes. - * * - ** * . . .
3.° Como os seus fundos são particulares, os ad 15." Findos os dias de feira, fica igualmente livre
ministradores, que formarem a junta desta compa ao lavrador vender os vinhos restantes para o com
nhia, deverão ser nomeados pelos seus accionistas, mercio interior, ou oferecelos á companhia até ao fim
que formarão o plano das eleições, assim como o re de Março; e só até então será obrigada a compralos
gulamento particular da administração , para o que a prazos costumados pelo preço, que se regular ser
serão convocados. peciso ao lavrador para agricultar, e sustentar-se.
4.° As contas dos administradores serão presentes 16." O preço regulador do § 15 será determinado
aos accionistas no fim do tempo da sua administração, pelo calculo, que as camaras devem remetter aos ad
a fim de que possão conhecer do estado dos sens fun ministradores da companhia, das despezas aproxima
dos, e da boa ou má administração, porque são res das, que custar cada pipa de vinho ao lavrador nos
ponsaveis. diferentes sitios do seu districtó, que subirá ao Go
5.° Esta companhia não será de hoje em diante en verno com a consulta do juizo do anno.
carregada da fiscalização e cobrança de direitos de ad 17." A todo o cidadão fica livre comprar vinho
ministração alguma de obras publicas ou particulares, no Alto
vier. Douro, e vendelo aquartilhado, onde lhe con
•
Hinará a abertura, e duração da feira, segundo as 27. Aos administradores da companhia he permit
[ 64 ]
tido, consultar o Governo todas as vezes que as cir nal, que ofereceu ás Cortes o desembargador Alier
to Carlos de Menezes. • - |- • ••
de Janeiro de 1822. — Sr. João Baptista Felgueiras. O Sr. Fernandes Thomaz: — Isso não póde ser
— Filippe Ferreira de Araujo e Castro: omisso: não póde deixar de expressar-se na Constitui
Reinettido á Commissão do commercio. ção, porque essa he base fundamental da revista.
Outro do ministro das justiças, remettendo a in Resolveu-se que a dita clausula seja declarada na
formação e mappas, que mandára º reitor geral da Constituição.
congregação dos conegos seculares de S. João Evan Igualmente se approvou sem discussão a seguinte
gelista, ácerca dos quesitos que lhe forão feitos. A clausula: estas revistas somente se concederão nas cau
Coummissão ecclesiastica de reforma. sas civeis que valerem a quantia que a lei determi
Outro dito do mesmo ministro, acompanhando 71CII",
as informações do provisor do bispado de Beja, ácer O mesmo Sr. Presidente continuou a propôr: se
ca das igrejas paroquiaes e capellas publicas da ines a respeito das causas criminaes se deveria marcar
ma diocese, por qualquer modo isentas da jurisdicção tempo, approvando-se a clausula do artigo, ou se es
ordinaria. A Commissão ecclesiastica de reforma. ta deveria ficar omissa: diz o artigo: as revistas se
Um officio do ministro da guerra, referindo-se ao conceder io nas causas criminaes em que se proferir
oficio do marechal de campo encarregado do gover condemnação de prizio em mais de cinco annos, de
no das armas da provincia do Minho, em que parti gredo para fora do respectivo cantinente, ou outra
cipa a occurrencia de salteadores naquelle territorio. pena maior. -
torne a votar de outra maneira, podia perguntar-se, O Sr. Caldeira: — Nós não devemos decidir esta
se nas causas crimes se pedir revista se deve ser com materia sem ter decidido primeiro a organisação des
mum este recurso ao accusado e accusador. se tribunal: he necessario que primeiro se saiba qual
O Sr. Peixoto: — Deve sem duvida declarar-se, ha de ser a sua organisação, o numero de seus mem
que o meio da revista fica sendo commum ao accusa bros etc; porque póde muito bem acontecer que nes
dor, e ao accusado: foi este o sentido do Congresso; se suppremo tribunal não reste o mesmo suficiente
aliàs a decisão não compreenderá todas as hypothe de juizes para se decidir, se se deve conceder revista.
ses que se tem ponderado. Supponhamos que seus membros são seis, e qué dois
Houve mais alguma discussão sobre o ponto, de julgão que não deve haver revista ! Restão sómente
tornar-se, ou não a votar, e tendo-se resolvido, que quatro para decidir; ora já se disse que uma senten
sim; foi posto a votos, se o recurso da revista deve ça proferida por quatro ministros não poderá ser re
ria ser commum ao accusado, e ao accusador, e se ormada por menor numero. He por tanto no meu
decidiu que sim. entender dependente a decisão desta clausula do ar
O Sr. Borges Carneiro: — Peço agora se ponha tigo da organisação do suppremo tribunal de justiça.
tambem á votação se deve ser permittido igual direi O Sr. Freire: — He claro que os individuos hão
to ao promotor da justiça quando não ha accusador de ser aquelles que se julguem necessarios; por tanto
particular. dadas as attribuições ao tribunal não acho necessida
Votou-se, e foi approvado. de de esperar saber-se o numero de individuos que ha
Continuou a discussão sobre o outro periodo do de ter, para a resolução deste artigo. º s |
artigo — Serão julgadas no dicto tribunal por maior O Sr. Camello Fortes: — Acho uma duvida a
numero de juizes na forma que a lei determinar: e respeito da responsabilidode dos juizes inferiores. A
declarada a nullidade ou injustiça, elle mesmo fará força toda do Poder judicial he, que os que dão a
efectiva a responsabilidade dos juizes inferiores, quan sentenças sejão responsaveis, e quanto mais melhor,
do ella dever ter logar, conforme o artigo 164. Agora a minha duvida he, que neste supremo tribu
O Sr. Brito: — As expressões serão julgadas no nal de justiça os juizes são responsaveis a outros mem
di"o tribunal as revistas dá a entender que he no tri bros do tribunal,... Acho que mandando-se a outro
bunal supremo de justiça que se hão-de reformar as tribunal para conhecer da revista fica a responsabili
sentenças de que se pedir revista: o que lhe daria um dade mais determinada. • •
poder colossal, até impossivel de exercitar na practi ... O Sr. Borges Carneiro: — He impossivel que
ca; porque serião innumeraveis as revistas, que então isto seja de outro modo, porque em algum ponto ha
se pedirião, convertido o supremo tribunal em tribunal de vir a terminar a responsabilidade: algum tribunal
de appellação. Não, Srs., isto implica com a natu ha de ser o ultimo, da justiça de cujas decisões ninº
reza das revistas, que tende tamsómente a anular, e guem mais possa julgar, he o supremo tribunal de jus»
a remetter o processo para outra relação. Quando a tiça, que julga a cada um dos ministros que o comº
parte pertende uma revista faz uma petição ao tribu põe, os Deputados de Cortes, os Ministros d'Esta
nal supremo, que se chama petição de revista, em do, etc. Não hà outro maior, nem a quem sejão en
que substancia os autos, expondo as razões, que mos carregadas funcções mais importantes. Não vejo por
#3 trão, a nulidade, ou injustiça notoria da sentença, se tanto a quem melhor se possa encarregar o negocio
o tribunal acha com efeito verificadas as ditas cir das revistas; não porque os membros delle não sejão,
#
cunstancias concede a revista, e nada mais julga so como homens, capazes de prevaricar, mas porque em
bre o merecimento da causa. Mas devem-se remetter algum anel ha de em fim parar a cadea dos juizes e
os autos a uma relação diversa, da que proferio a das responsabilidades, # … - -
sentença de que se queixa a parte, relação cuja res O Sr. Lino Coutinho: — Vejo que este Augusto
ponsabilidade se possa fazer efectiva, aonde sejão re Congresso vem a cair por fim naquelle mesmo em
vistos os autos, e reformada a sentença, se parecer, baraço que antevi, e predisse: porque não sabia o mo*
digna disso a estes novos juizes. Sobre os quaes não tivo e a razão de se acabar esta cadêa no terceiro anel,
podem ter influencia os da primeira relação, que re e não no segundo; visto que em ultimo resultado sempre
sidena em outra provincia. He por tanto necessario haverá um caso em que não se possa fazer ellectiva a
declarar isto expressamente, ou que se tire a palavra responsabibade do Poder judicial,
—julgadas no dito tribunal. O Sr. Borges Carneiro : — Eu confio sempre, q º
>>
O Sr. Moura: — O que me parece que he essenº. a responsabilidade se fará "# #… sendo a efio
[60]
etividade della encarregada ao tribunal supremo de me-nos que os juízes são homens, tem paixões. Quan
justiça, do que sendo-o á mesma relação de quem se do são as relações provinciaes que julgão, póde cada ci
interpoz a revista, pois hella todos comem, bebem, dadão subtrair-se a qualquer dellas, que não merecer
passeião. Sempre misso será menos parcial o superior bom conceito, mudando o seu domicilio para o des
que o igual. Portanto voto pelo tribunal supremo de tricto de alguma que logre toda a sua confiança: mas
justiça. Tambem desejo que se consigne aqui como se um tribunal commum a toda a monarquia poder
principio constitucional, que a revista será julgada por decidir as causas de toda ella não haverá asyllo,
maior numero de juizes, do que houve na sentença onde se possa escapar delle. Se º Desembargo do Pa
que se revê: ço, que apenas concedia as revistas sem as julgar, tem
O Sr. Lino Coutinho: — Aqui se tem dito que parecido um tribunal despotico, que será esse que
os magistrados são responsaveis: perqunto a quem hão pertendemos substituir-lhe com maiores attribuições !
de responder os do supremo tribunal de justiça? A si Deus nos livre de concedermos similhante poder a
mesmos?
VG15, +
e então haveremos tres poderes irresponsa uma só corporação. Se tal passa ficamos perdidos.
•
Apoiado.
O Sr. Peixoto: — Não posso admittir; que a O Sr. Trigoso: — Lembra-me uma rasão a fº
revista se faça no tribunal supremo de justiça. Bons vor da opinião do Sr. Brito. O tribunal supremo de
methodos para isso se propozerão: um, o de passar a justiça julga que o caso he de revista; depois julga a
ministros diferentes daquelles qne a concederão, nos revista; e depois faz efectiva a responsabilidade: pa
quaes já supponho uma pervenção, que em um cor rece-me que se se admitte esta doutrina do artigo fi
po supremo de tanta autoridade tenho por perigosa: cará muito favorecido o despotismo do tribunal supre
o outro de que se lembrou o Sr. Borges Carneiro, de mo de justiça. Na sua mão está tudo; de maneira
juntar a concessão da revista á reforma da sentença, que he muito facil, que quando tiver odio contra al
e este methodo, além do inconveniente ponderado, guns ministros que derem uma sentença, declarem que
tiraria á revista a sua natureza particular; de separar houve injustiça notoria para fazer efectiva a respon
os dois juizos, o da concessão, e do pleito; e a tor sabilidade. Por tanto não devem ambas as causas fi
naria em uma instancia ordinaria. Não ha inconve car reunidas na mesma pessoa; devem pertencer a
niente algum, em voltar a causa á mesma relação, duas autoridades separadas. (Apoiado)
que proferio a sentença, para serem nella revistos os Julgou-se esta parte do artigo sufficientememte dis
autos por juizes diversos daquelles que a julgárão, cutido. -
e por muito maior numero; se for possivel pelo do Foi posta a votos a materia como se achava es
bro, e mais um, como até agora. Que temos nós cripta; e não foi approvada.
observado nas nossas revistas! O Desembargo do Pa O Sr. Presidente propoz: se o tribunal supremo
ço he quem as concede, e os autos voltão á casa da de justiça julgaria as sentenças de revista ! Resolveu
supplicação. Penso que não se tem observado nos se, que não.
ministros revisores esse espirito collegial, de quererem O mesmo Sr. poz a votos: se este tribunal fará
por força sustentar a anterior sentença; antes pelo efectiva a responsabilidade dos juizes! Resolveu-se,
contrario houve tempo, em que era dito vulgar — que sim.
revista concedida, causa vencida —. Pois se até ago O Sr. Borges Carneiro, requereu se declarasse na
ra não mereceu reprovação esta pratica, muito me Constituição que nas revistas o numero dos juizes se
nos daqui em diante, quando a revista ha de ser con ja maior do que forão na sentença.
cedida pelos mesmos ministros, que são jaizes da res O Sr. Peixoto: – He desnecessario tal declara
ponsabilidade dos revisores: estou certo que se a in ção: devemos confiar mais dos legisladores, que hou
justiça, ou a nullidade for notoria, os ministros das verem de regular esta materia; e estou certo que elles,
.relações não se attreverão a affrontar esse voto do tri quanto for possivel, se cingirão á pratica actual, que
bunal supremo; e só confirmarão a primeira sentença, exige o dobro dos juizes, e mais um,
quando tiverem rasões mui solidas para sustentala e Poz-se a votos a indicação do Sr. Borges Carnei
para mostrar que a injustiça ou nullidade era appa ro, e resolveu-se que por ora não se trata della.
rente. Portanto sou de voto; que nesta parte não Passou-se ao artigo 158. Quanto ao Brazil, tra
alteremos o methodo ordinario. tar-se-ha do recurso da revista nas relações, que a
O Sr. Brito: — Eu considero este negocio de lei designar, as quaes constarão de maior numero de
maior importancia, porque delle pendem a segurança, ministros. Quando estas relações declararem nullidade
vida, e bens dos cidadãos: se ao poder que tem o su ou injustiça, farão logo executar a sua sentença, e
premo tribunal de exigir a responsabilidade dos Des darão conta ao supremo tribunal de justiça para este
embargadores, e de conceder as revistas se junta mais fazer efectiva a responsabilidade dos juizes, quando
o de as julgar- sem recurso, perdido fica o equilibrio ella deva ter lugar. Em Africa e India tratar-se-ha
do poder judiciario, e até inútil a instituição dos ju da revista na mesma relação do paiz, pelo methodo
'rys, deste paladio da liberdade civil. Quem ganhar que a lei determinar.
3 votos naquelle, então horrivel tribunal, póde deci O Sr. Borges Carneiro: — Tratamos aqui das
dir de todas as honras, propriedades, liberdades, e revistas no Brasil. Onde o artigo diz que se tratará
vidas dos cidadãos em qualquer canto, onde elles es dellas nas Relações que designar, desejo eu que se ex
tejão do Reino-Unido, pois de toda a parte se póde prima » nas Relações daquelle Continente º para se
enviar uma petição de revista ao tal tribunal, Lembre ficar bem entendendo que as revistas hão de ser lá
[ 61 ]
concedidas e tratadas, sem dependerem as partes de ca o efeito immediato que he preciso. Que ha pois de
recorrer ao supremo conselho de justiça. Pois será mui máo e digno de espanto nas expressões do honrado
duro aos cidadãos ultramarinos vir ou mandar a Lis membro amigo da humanidade, quando elle diz que
boa para se lhes emendar a injustiça notoria, que hou se devem estabelecer relações amigaveis bazeadas em
ver em alguma sentença. Cuido que todos estão per reciproco interesse do Brazil com Portugal? Que ha
suadidos de que não temos uma exaltada ambição de de recear quando se diz que nos arranjos correspon
querer governar minuciosamente o Brazil como até dentes ás provincias ultramarinas não se deve coar
agora se governava. Salvas que sejão as attribuições ctar inteiramente a sua liberdade, e se deve dar al
do poder legislativo, e as grandes attribuições do po guma amplitude em razão da sua localidade? Se por
der executivo, queremos ter em vista a respeito do exemplo, no caso de que tratamos, sendo acusado pe
Brasil o estabelecer boas relações commerciaes com os rante a relação da provincia um juiz de fóra que ha
povos ultramarinos, relações reciprocamente uteis pa prevaricado ella o poderá pronunciar na verdade, mas
ra todo o Reino-Unido. Agora que eles tenhão no não poderá depolo, e ficaria então um máo juiz dois
seu seio bastante autoridade para castigar os máos ou tres annos praticando os mesmos abusos no entan
ministros, para estabelecer escolas, fazer obras publi to que chegava a resolução de Portugal. Isso não
cas, sentenciar revistas, etc., em tudo isso opino que póde ser assim, deve haver a faculdade de o depor, e
devem ter grande liberdade, e que quem a quizer res castigar immediatamente, uma vez conhecido culpado,
tringir, cuidando que aperta os laços da união, os re porque de outro modo nada teremos feito, e estaremos
laxa a meu ver, e accelera a desunião. A grande ba annos e annos á espera das decisões europeas.
se da união he os interesses reciprocos de ambas as O Sr. Freire: — Peço a palavra, porque a ques
partes da monarquia, e a subordinação a umas só tão tem-se desvidado do seu objecto. Não se trata das
Cortes, um só Rei. relações que deve haver no Brazil, nem das faculda
Voltando pois ao assumpto digo que entre as Re des que estas hão de ter, isso não vem para o caso:
lações provinciaes do Brasil haverá algumas que te aqui trata-se sómente de saber se ha de praticar-se o
nhão maior numero de mezas e de ministros: e nes mesmo nas revistas. Dizem os illustres membros da
tas se concederão e processarão as revistas. A Cons redacção que não , o dizem bem, mas não he por
tituição hespanhola determinou miudamente quantas querer dar menos consideração ao Brazil, que a Por
salas havia de haver nas Relações ultramarinas: isto tugal, se não por dar mais liberdade aos povos em
seria entrar em demasiadas especificações; bastará fi razão da sua localidade. Mas eu creio que aqui não
car aqui consignada a idéa geral que acabo de enun se deve dizer em quanto ao Brazil nem Asia, senão
ciar, convem saber, que as revistas se não pedirão ao dizer-se simplesmente — Quanto ao ultramar – e
tribunal supremo de justiça, nem se tratarão em Lis assim evitamos estas classificações.
boa, mas nas Relações que tiverem maior numero de O Sr. Castello Branco: — Jámais poderei convir
mezas, e de ministros, como a lei designar. em que os letigantes do Brazil fiquem dependendo
O Sr. Villela: — He preciso que se entenda, de um tribunal supremo de justiça residindo em
que as provincias do Brazil nem querem, nem devem Lisboa; isto seria um grande incommodo, e muitos,
considerar-se como provincias federadas. Ellas são pro ainda que conhecessem a injustiça que com elles se
vincias do Reino Unido; todos somos portuguezes, e tinha praticado, não requererião a revista: e por ou
por tanto não consinto que se presuma, nem se diga tra parte não devem os habitantes do Brazil ser pri
que só queremos, ou devemos só ter relações commer vados deste recurso. Segue-se que se deve conceder
ClaCS. revista no Brazil ; mas que deve haver autoridades
O Sr. Ledo: — Levanto-me para dizer o mesmo. no mesmo Brazil que concedão ou neguem essas re
As provincias do Brazil são unidas ao Reino de Por vistas. Attendendo porém a que quando se redigiu
tugal; tudo quando aqui legislarmos he igualmente o projecto da Constituição com a pressa que a Com
legislado para ellas, he commum para todo o Reino, missão tinha, nascida do desejo de apresentar quanto
longe de nós cutras idéas. |- -
antes os seus trabalhos, não se poderão ter em vista
O Sr. Lino Coutinho: – Eu não posso deixar todas estas reflexões, como tambem por não estarem pre
de louvar a filantropia, a justiça, e igualdade do Sr. sentes os Srs. do Brazil, que poderião ter coadjuva
*Borges Carneiro. No que ele acaba de dizer não quer do, seria de parecer que agora que ha muitos desses
de maneira alguma indicar que as provincias do Bra Srs. no Congresso, tornasse este artigo á Commissão
zil devão ficar separadas de Portugal, mas sim que para propor a este respeito um projecto mais bem com
deveria haver laços de reciproca utilidade que estrei binado.
tem mais esta união; e que todas as determinações O Sr. Borges Carneiro: — Está vencido o con
relativas a Portugal não podem ser amoldadas áquelas trario. 11: # * * *
provincias. "Nós sabemos que a Inglaterra ha conce O Sr. Lino Coutinho: — Apoio a opinião do Sr.
dido ás suas colonias da Asia e da America a maior Castello Branco. Um habitante de Portugal póde ter
liberdade possivel em consequencia da qual elas for uma revista em 8 ou 10 dias; mas cada provincia
mão suas leis e regulamentos peculiares, e tomão re do Brazil tem mais extensão que todo este Reino, e os
soluções aplicaveis ás suas circunstancias locaes, exi habitantes de algumas dellas não poderião ter nas
indo unicamente da Corte a approvação dos seus tra mesmas a dita revista em menos de um mez. Como
balhos; pois que as medidas adoptadas na Europa a hão de pedir, por exemplo, os de Minas a um tribu
tantas legoas de distancia não podem ter na Ameri mal que exista na Bahia? Não póde portanto deixar
[ 62 ]
de conceder-se que estas revistas sejão dadas dentro de admittir! He preciso não considérar quaes são neste
cada provincia, porque de outra maneira o cidadão caso as attribuições (porque nós estamos a falar da
brazileiro ficará em peores circunstancias que o cida revista das sentenças) que competem ao supremo tri
dão europeo. •
putados do Ultramar, proponha um novo Prºjecto Julgou-se suficientemente discutida esta parte do
adquado ás circunstancias. (Apoiado). artigo, e tendo-se posto a votos foi approvada, omit
O Sr. Miranda: — Julgo que não he necessario. tindo-se a segunda parte do dito período — as quggs
O Brazil merece uma consideraç㺠particular pelas constarão de maior numero de ministros.
suas circunstancias, e seria sem duvida muitº incom O Sr. Trigoso requereu se pozesse a votos a sua
modo que aquelles naturaes viessem á capital º pedir emenda reduzida a que em vez de dizer-se = quantº
as revistas; mas em fim seria mais incommodo para ao Brazil= se diga = quanto ao Ultramar.
o Brazil que em cada provincia se estabelecessem re Poz-se a votos a dita emenda e foi approvada.
leções aonde se julgassem as revistas. A mim me Pa Suspendeu-se a discussão da Constituição por ser
rece muito bem o artigo, porque diz = quantº aº chegada a hora da prolongação, e passou-se á leitura
Brazil tratar-se-ha do recurso da revista nas relações de algumas indicações.
que a lei designar =: e me parece que devemos Pa O Sr. Castello Branco apresentou 9 seguinte
• [ 64 ]
PR o 1 E cro. Sala das Cortes 31 de Janeiro de 1822. – Castelle
Branco.
A nenhum dos membros deste soberano Congresso Ficou para 2.º leitura.
podem ser occultas as necessidades de uma numerosa O Sr. Borges Carneiro leu a seguinte addição ao
classe de cidadãos crédores do Thesouro publico, en art. 28 do projecto da Constituição.
tre os quaes se contão muitos dos que mais devem O art. 28 já sancionado do projecto da Constitui
contribuir a acreditar o novo systema constitucional; ção diz assim. A Constituição... sómente poderá ser
são tristes as circunstancias a que se achão reduzidos, reformada ou alterada em algum, ou alguns de seus
uns por não receberem o estipendio do seu trabalho artigos depois de haverem passado 4 annos, contados
ou os ordenados de seus empregos, outros as pensões desde a sua publicação.
adquiridas com os uteis suores, e o sangue de seus Agora proponho que se lhe accrescentem estas ou
avós, outros finalmente por não cobrarem os lucros semelhantes palavras — e quando tratarem de institui
devidos dos capitaes, que seus maiores solícitos da fu ções novas, contados desde que estas se houverem pos
tura subsistencia de suas familias para isso entregárão to em execução.
á Nação, provendo ao mesmo tempo ás necessidades Sem esta addição não teremos feito Constituição,
publicas. Este mal era antigo entre nós, a falta de mas uma lei ordinaria que as seguintes legislaturas po
pagamentos era uma das maiores calamidades publi derão facilmente inutilizar. Sirva de exemplo o esta
cas, e ella foi em todos os tempos o fatal escolho em belecimento dos jurados, que hade ter lugar depois de
que tem naufragado muitos governos: por isso ao publicados os codigos: já então terão passado aquel
primeiro grito de regeneração todos corrêrão ávida les 4 annos, ou, se não tiverem passado facil cousa
mente a alistar-se debaixo das bandeiras da liberdade, será espaçar-se o dito estabelecimento até que passem,
porque todos esperavão vêr terminados seus males. E e então revogar o respectivo artigo da Constituição,
quereremos nós tornar vãs tão bem fundadas esperan o que he muito para recear se consideramos a grande
ças, desacreditar em parte o novo systema, e fazer influencia politica que tem a magistratura, e o esfor
desertores de uma causa que bem dirigida ha de fazer ço que fará para não passar ávante um estabelecimen
a felicidade publica? Haverá difficuldades que se pos to que tanto a attenua; esforço que será mui efficaz
são dizer invenciveis, quando estão juntos os represen então quando já o espirito publico não dará ás Cor
tantes da Nação, investidos de todos os poderes e tes, e á manutenção da liberdade um impulso tão
tendo á sua disposição grandes recursos ainda intactos! forte como agora está dando. O mesmo digo da per
Não se requer mais do que uma pouca de actividade, petuidade dos juizes, e de outras instituições que ago
este soberano Congresso a possue e a tem manifestado ra de novo vão decretadas na Constituição. A de
em todas as circunstancias, he tempo de a empregar Hespanha fixou geral e distinctamente o praso de 8
em objecto de tanta utilidade, e em quanto governos annos contados desde que ella houvesse ## posta em
despoticos forção os meios das nações que regen, pa execução em todas as suas partes: nos restrinjamos
ra levarem a dessolação a paizes remotos, e fazerem esta medida pelos 4 annos já sanccionados ás institui
eorrer as lagrimas de seus pacificos habitantes, em ções novas, pois na verdade a razão não he outra se
preguemos nós os que temos em enxugar as de nos não para que a experiencia da instituição mostre se
sos concidadãos. O principio do anno de 1822 já cé ella he proveitosa; mas como o poderá mostrar se se
lebre por ser o primeiro anniversario do estabelecimen permitte revogalla talvez no mesmo momento em que
to da nossa liberdade, seja tambem notavel por uma houver sido posta em execução, ou ainda antes de
decisão que estabeleça o termo proximo dos sofrimen chegar esse momento! — Borges Carneiro.
tos de uma numerosa e distincta classe da cidadãos; Ficou para 2.° leitura.
proponho: •
proceder em todo o Reino Unido a um novo arrola Deus guarde a V. Exc." Palacio de Queluz em
mento, o qual deve já servir para a futura eleição dos 31 de Janeiro de 1822. — Illustrissimo e Excellentis
Deputados. Sala das Cortes 16 de Janeiro de 1822 stmo Senhor João Baptista Felgueiras. — Ignacio
— Ignacio Pinto de Almeida e Castro. da Costa Quintella.
Para segunda leitura. Ficárão as Cortes inteiradas,
O Sr. Pereira do Carmo manifestou que tinha O Sr. Freirc leu o seguinte ,
recebido uma carta do Rio de Janeiro, em que se lhe
noticiava que os Diarios das Cortes não são alí espa P A R E c ER,
lhados, dando isto causa a que os gazeteiros transfor
mem todas as notícias, e a que se faça um monopo Francicco Ricardo Zany, natural da Toscana,
lio com os ditos diarios, vendendo-se pelo duplo ou mostra com documentos legaes que reside ha vinte e
triplo do seu valor, e requereu se encarregasse á Com um annos nas provincias do Pará e Rio Negro, com
missão competente adoptar as medidas convenientes bons estabelecimentos em predios rusticos e urbanos;
para que cheguem Diarios áquellas provincias. com o posto de capitão de milicias, e casado com
O Sr. Rodrigo Ferrcira disse: que havia mais de mulher portugueza, da qual tem filhos nascidos nos
cinco mezes que a Commissão se tinha occupado des dominios portuguezes.
te objecto, e que por via do administrador da venda Pede carta de naturalização; e parece á Commis
do Diario fez remetter dose collecções para a Bahia, são Constituição que se lhe deve conceder.
as quaes voltárão todas na mesma etnbarcação, ape Pedro Paulo Candidi, natural de Roma, mos
zar de ter sido a sua venda anunciada na Gaseta da tra residir em Portugal ha mais de trinta annos, e
Bahia: e que sería necessario ter correspondentes na casado com mulher portugueza. Pede carta de natu
quellas provincias, para que se encarregassem da re ralização; e parece á mesma Commissão que se lhe
cepção e venda dos Diarios, e da remessa do producto. deve conceder. Paço das Cortes 16 de Janeiro de
O Sr. Presidente convidou ao Sr. Pereira do Car 1822. — José Antonio de Faria Carvalho ; José Joa
mo a que apresentasse a sua indicação por escripto. quim Ferreira de Moura; Manoel Borges Carnci
Então o Sr. Pereira do Carmo apresentou a se ro ; Bento Pereira do Carmo ; Luiz Nicoláo Fa
guinte gundes Varclla ; Domingos Borges de Barros ;
IN D I c AçÀ o. Foi approvado.
Entrou em discussão o novo projecto da Commis
Proponho que a Commissão do Diario espeça pe são de fazenda sobre o banco de Lisboa. (Vide pag.
la Secretaria das Cortcs collecções dos Diarios para o
Reino do Brazil, e Provincias do Ultramar, dirigidas Forão approvados sem emenda os tres primeiros
ás diferentes Juntas administrativas, que responde artigos.
1ão por este negocio Bem entendido que os Diarios A 'cerca do artigo 4.°, o Sr. Trigoso manifestou,
deverão ser vendidos pelo mesmo preço por que se que não sabia porque os sobscriptores havião de pa
vendeu no Reino de Portugal. — Pereira do Carmo. gar ao banco o interesse da demora.
Mantiou-se realetter á Commissão da redacção do O Sr. Xavier Monteiro expoz qual tinha sido o
Diario das Cortes para adoptar as medidas que jul objecto da Commissão na redacção do artigo, a qual
gar convenientes. teve em vista apresentar duas épocas de sobscripções
[66]
para maior commodidade dos subscriptores, e que cº D = c R E T o se
imo antes do 1.° de Julho o banco começa a ter inte
resse, não ha nada tão justo como que os novos subs As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin
criptores paguem ao banco o interesse da demora. tes da Nação portugueza, attendendo á necessidade
* O Sr. Brito disse: que o motivo era para que po de regular a habilitação dos oppositores ás cadeiras da
dessem participar dos lucros do banco, havidos sem º Universidade por um modo diverso daquelle que se
concurso do capital dos novos accionistas, e que se prescreve no alvará do 1.° de Dezembro de 1804: de
devião accrescentar no artigo as palavras para parti cretão provisoriamente o seguinte:
ciparem dos interesses respectivos do banco. 1.° Os actuaes doutores da Universidade serão.
Foi posto a votos o artigo 4.", e foi approvado considerados oppositores depois de habilitados , e ap
com a dita emenda do Sr. Brito. provados em literatura, e costumes pelo juizo da con
Entrou em discussão o artigo 5." gregação da respectiva falculdade em escrutínio secre
O Sr. Brito lembrou que os estrangeiros devião eo por dois terços de votos.
igualmente ser considerados como os portuguezes pa 2.° Nenhum bacharel formado será admittido á
rá a nomeação de Presidente e directores, pois o con martricula do anno de repetição sem ter informações
trario poderia desviar a muitos deles de entrarem com de bacharel da forma, que se exigem no artigo antece
as suas acções: mas tendo manifestado o Sr. Xavier dente. Depois do exame privado terá o licenciado nova
Monteiro entre outras ponderosas razões que os es habilitação antes de receber o gráo de doutor, aqual
trangeiros havião de concorrer a depositar seus cabe
se redus á approvação em letras e costumes pelos dois
daes no banco de Lisboa, apesar dessas restricções, terços dos votos da falculdade, e se depois d'isto se
por conhecer que ele he superior em vantagens a qual doutorar, ficará desde logo, considerado oppozitor ás
quer outro da Europa: foi posto a votos o artigo, e cadeiras da sua falculdade.
approvado sem emenda. Paço das Cortes em 31 de Janeiro de >> -
sabilidade dos magistrados se verifique no Ultramar. To este tribunal relativamente aos povos do Brazil: mas
do o bom efeito das sentenças criminaes, resulta quan a isto respondo que não podem evitar-se todos os ma
do medeia pouco espaço entre o crime, e o castigo delle. les. O legislador que quizer evitar todos os inconve
Admiro-me de que se confie ás relações julgar das nientes, quereria um impossivel; he necessario por
causas criares e civeis mais importantes de todos os tanto procurar um menor mal: ora o menor mal,
cidadãos, e não se lhes confie o julgar de um juiz he o incommodo dos povos, e o maior he a destrui
para o suspender por suas malversações ção da indivisibilidade da Monarquia, além de que
O Sr. Lino Coutinho: — He uma desgraça que o argumento prova de mais quanto a dizer que os
os homens prevariquem tanto mais, quanto estão dis ministros ficassem suspensos, logo apenas dada a
tantes do foco que os póde castigar; e he por isso sentença de revista: longe de nós taes pensamentos;
que os ministros que se achão distantes deste foco são isto he contrario ao que se diz no paragrafo 148
mais despotas, e de facto na Bahia elles o são menos (leu-o). - •
que no interior do Certão; e á proporção que se apar O Sr. Lino Coutinho : — O que diz o Sr. Ca
tão das capitaes, mais despotas ainda se tornão. Ora mello Fortes he similhante ao parecer de um medi
que ha de succeder, quando um ministro que preva co á cabeceira de um doente, dizendo-lhe que o não
ricou, esteja seguro de que não póde dar contas da póde curar, e recommendando-lhe por tanto a pa
sua prevaricação, se não da hi a 2 ou 3 annos, e ciencia por ser certa a sua morte. Nós por ventura,
quando muitas vezes a longitude faz esquecer todas porque a natureza nos colocou muito distantes de
as coisas! Como se consentirá que um magistrado que Portugal, não poderemos achar remedios a estes in
prevaricoú fique por mais tempo no mesmo lugar da commodos da natureza, fazendo um systema politico
prevaricação! Se um tribunal de revista reconhecer que evite os seus males consecutivos? Primeiro existí
que obrou mal, porque não ha de este mesmo tribu rão povos e territorios, e depois he que se fizerão as
mal impor-lhe a pena? Que diferença ha eo que um leis: logo estas devem ser amoldadas áquelles, e não
ministro seja julgado por um homem de vara branca, vice versa. O systema politico he um systema artificial
de capa ou de beca? Os homens que concederem a feito pelos homens, logo pertence a elles o emendar
revista são desenbargadores, como os que hão de aquilo que se julga máo em a natureza. Os princi
compor o supremo tribunal de justiça; que diferença pios do Sr. Camello Fortes são bons em these e em
ha pois em que sejão do supremo tribunal de justiça, theoria, mas não tem lugar na pratica: a soberania
ou da relação! Eu não acho alguma. He preciso que he uma e indivisivel, diz o honrado Deputado, mas
o remedio esteja ao pé do real, aliàs não fazemos na isto he muito bom (como disse) in abstracto, mas de
da; e por conseguinte não posso admittir, que ten nenhuma applicação no facto. Está determinado na
do os luizes obrado mal, e commettido injustiças Constituição que no Brazil haja certos corpos que
notorias não sejão punidos immediatamente, mas que concedão as revistas; porque não ha de haver tam
ao contrario seja necessario esperar a decisão de uma bem um corpo que verifique a responsabilidade dos
parte tão remota. |- * * |- ministros, quando se julgar que elles commettêrão
O Sr. Trigoso: — Não podem ser as mesmas re injustiça notoria! Eu ainda não ouvi senão razões de
lações, as que julguem da revista, e fação efectiva a theoria, e taes razões não me convencem. -
-
[69]
de justiça em Portugal, não se estende ás provincias perio da lei, e não conservar o imperio do despotis
do Brazil; e tanto não foi essa a mente do Congres no dos magistrados, como até aqui acon ecia, e da
so, nefa dos redactores do projecto, que apesar da re hi vinhão os grandes inales que pezavão sobre a Na
solução referida, em consequencia das determinações ção, e que nos levárão a adoptar um novo systema de
geraes estabelecidas nos paragrafos antecedentes, se Governo. # não sei porque razão a classe dos des
redigiu este e se admittiu á discussão. Eu hontem fui embargadores não ha de ser considerada como "todas
de opinião de que não houvesse no Brazil muitos tri as outras classes de empregados publicos. No Brazil,
bunaes supremos de justiça, como me parecia ser o e nas outras provincias do Ultramar, de certo que se
voto do Sr. Deputado Lino Coutinho; apesar de que os empregados publicos prevaricarem, hão de ser cas
ouvindo-o falar segunda vez, me convenci de que suas tigados; ha de haver uma autoridade no Brazil, e
idéas em nada diferião das minhas; porque já então empregados
provincias ultramarinas que castigue os
eslava, e hoje mesmo estou persuadido do que o ha publicos quando eles prevaricarem. Um oficial da
ver um supremo tribunal de justiça em Lisboa, aon alfandega, e outros empregados semelhantes, hão de
de se faça efectiva a responsabilidade dos magistrados se vêr na necessidade } Yir a Portugal, ao centro
do Brazil e do Ultramar, he um monstro na ordem do Poder executivo, para ahi serem punidos! Isto
da administração publica. A responsabilidade tem ne seria absurdo. mésmo modo os desembargadores
cessariamente dois objectos, um no castigo do preva por mais nobres que sejão, as suas funcções, podem
ricador pela parte que pertence á satisfação da repu prevaricar assim como todos os outros empregados:
blica; e outro pela vendicta particular, que diz res e se os outros empregados hão de ser castigados no
peito ao damno que sofreu a parte interessada, a quem Brazil onde commetterem os seus delictos, não vejo
o magistrado causou prejuizo. Se nós admittimos que porque razão um Desembargador deva ser isento des
os Brazileiros hão de ter nas suas provincias quem Jul ta lei geral, quando a lei deve ser igual para todos;
gue as causas em ultima instáncia sem vir a Portu se nos desviarmos destes principios, não estabelecere
gal, como he que se quer estabelecer que uma verda mos o imperio da lei, mas sim o imperio do despo
deira causa, uma causa de não pequeno interesse, tismo dos empregados, e principalmente desta clásse
qual he aquella em que uma parte he prejudicada por que por isso mesmo que suas # são de uma
uma sentença injusta, que um magistrado deu contra importancia mais essencial, tanto mais influe o seu
elie, e na qual se lhe roubou sua fazenda, sua hon despotismo sobre a sociedade, e tanto, mais prejudí
ra, ou sua liberdade, seja julgada em Portugal! Diz cial ele vem a ser, Muito embora se diga, que para
se, suspenda-se o magistrado, e a liberdade dos po conservar a unidade da monarquia, ou únidade do
vos ficará a salvo; mas acaso he nisto que consiste a systema constitucional, he preciso que haja um pon
responsabilidade! A suspensão he para que ele não to central, onde se responsabilizem todos os empre
torne a fazer outras; mas o que ele fez como se ha
de castigar! Como ha de a parte offendida recobrar
gados publicos, e # os desembargado
res, e que este ponto central seja o tribunal supremo
o que se lhe rouboú, ou ser indemnizada dos prejui de justiça estabelecido em Lisboa; he certo que deve
zos que sofreu ; e reparadas as injurias que se lhe haver um ponto de unidade, para conservar o syste
irrogárão! Um ministro prevaricador he um réo co ma constitucional de toda a monarquia, espalhada
mo outro qualquer, e mais digno de castigo, porque por tão diferentes lugares do globo; porém onde se
se serve do poder da lei para fazer mal. Porque razão deve fazer consistir esta unidade de governo, este
pois qualquer réo ha de ser castigado no lugar em ponto de união, he na responsabilidade dos desem
que commette o delicio, e o magistrado ha de vir res bargadores, na responsabilidade de todos os outros
ponder por ele a mais de mil leguas de distancia! empregados publicos. Dizer-se que a lei geral, esta
Quem o ha de accusar! Que testemunhas hão de ju # na Constituição, he que deve abranger to
rar contra-elle! Como se hão de examinar os doeu das as diferentes partes da monarquia portugueza,
mentos e processos que formarem, o corpo do seu de he querer uma quimera; debalde trabalhariamos por
licto? Eu não digo, que haja dois, tribunaes supremos fazer uma Constituição, se adoptassemos principios
de justiça na Monarchia, porque seria um absurdo análogos a toda a monarquia. Todos vem que os
ainda maior, mas haja uma junta, haja uma corpo principios que são geraes, em todos os homens, e
ração que castigue estes homens. Diz-se, isto são ma-. que formão a natureza, e constituição das sociedades
les que resultão das circunstancias, do Brazil! mas politicas, são uns e os mesmos em todas as socieda
não ha precisão de os sofrer, porque se podem re des, mas aquelles que regulão a administração pu
mediar. O meu voto pois he, que haja uma junta, blica, e outras cousas semelhantes, devem referir-se
uma corporação, um tribunal, seja, o que for, onde á localida le destes paizes, tem que amoldar-se á dis
os ministros que tiverem prevaricado, ou ofendido tancia em que se achão do centro da monarquia aos
as partes sejão julgados, e, se verifiqueta responsabi costumes, diferentes, e muito diferentes dos povos,
{dade delles, sem ser necessario vir ao supremo tri e,a milhares de circunstancias que os legisladores de
bunal de justiça em Lisbºa... … _ , vem pezar com toda a circunspecção, para não irem
O Sr. Castello Branco : — O illustre Preopinan destruir a feliçidade dos povos ao mesmo tempo que
te preveniu-me nas minhas ideas, por isso, não posso 1rabalhão para a promover. Este Soberano Congres
deixar de o apoiar em tudo quanto, acaba de dizer, e so, tem sanccionado este principio: quando um hon
me declaro pela doutrina do §. Eu penso, e todos rado membro deste Congresso, Deputado pela proviń
pensão que nós estamos aqui para restabelecer o im cia da Bahia, pertendeu que fossem primeiro chama
[ 7o ]
àos á discussão as disposições anteriores, para se exa O Sr. Barata : — Eu sou da opinião dos Srs.
minar se ellas erão ou não conformes aos interesses Castello Branco, e Fernandes Thomaz. Estes Srs.
do Brazil, este Soberano Congresso, procedendo com tem falado nesta materia por um modo magnifico;
a boa fé que o caracteriza, respondeu que não era pre mas ainda me resta a dizer alguma cousa sobre esta
ciso este trabalho, que a assembléa estava pronta, materia, para afirmar que he preciso um recurso ab
quando se lhe marcassem razões suficientes, para al soluto no Brazil com o supremo tribunal de justiça.
terar o que parecesse menos conveniente relativamente Que difficuldade ha em que haja dois supremos tribu
ao Brazil, ou a outra quálquer parte remota do Ultra nacs de justiça! Esta Nação portugueza está dividida
mar, tendo em vista as informações que os illustres em dois territorios; dois territorios tão divididos entre
Deputados houvessem de dar a este respeito: por con si, e cuja união tem difficuldades immensas: para se
sequencia uma vez sanccionado este principio, o que vencerem estas difficuldades, he de absoluta necessida
não podia deixar de ser, estão desfeitos todos os ar de haver lá um tribunal onde respondão os magistra
gumentos com que se tem pretendido sustentar esta dos ; chamem-lhe supremo tribunal, ou como quize
parte do § relativamente á unidade do systema cons rem; tudo me serve, com tanto que sirva para veri
titucional. Estes são os principios, em que eu me ficar a responsabilidade dos homens de lei. Eu tenho
Fundo; entre tanto sobre o modo de se fazer efectiva fortissimas razões para dar a este nobilissimo Congresso
a responsabilidade eu não poderei dar o meu voto; a respeito da necessidade que ha de se terminarem alias
vejo quanto he difficultosa uma relação composta de cousas. Quando este illustrissimo Congresso fez o seu
poucos individuos, onde todos seguindo a mesma pro manifesto das razões que tinha para procurar o estabe
fissão, servindo no mesmo lugar, no mesmo tribunal lecimento do novo Governo constitucional, um dos
hão de necessariamente declarar as relações de amiza que apontou foi que a difficuldade dos recursos era
de, e afeição que são próprias de corporação de pou tão grande para o Rio de Janeiro que era preciso de
cos individuos. Eu vejo que talvez se se concedesse o algum modo remediar este mal, e um dos remedios
direito de fazer efectiva á responsabilidade ás mesmas foi fazer a nova ordem de cousas, e fazer os arran
relações, isto poderia ter uma consequencia fatal á jos de todas as qualidades. Pois se esta porção da
felicidade dos povos. Por tanto não pesso dar o meu monarquia tinha difficuldade em ir buscar recursos ao
voto decisivo sobre esta materia, mas estimaria muito Rio de Janeiro, como não teremos nós difficuldade
que se estabelecesse o principio de que no Brazil se maior em vir buscar estes recursos a Portugal! Nin
deve fazer effectiva a responsabilidade dos ministros guem dirá que nós, por sermos menos numerosos, de
prevaricadores; sobre o modo porém, e autoridade a vemos vir buscar aqui a castigo dos magistraios. Nós
quem se deve dar este direito, quereria eu que isto se precisamos infallivelmente aquelle tribunal em que res
não estabelece-se na Constituição , mas sim ficasse pondão aquelles magistrados contra as suas prevarica
para uma lei regulamentar. ções, porque elles são poderosos, e poderosissimos,
O Sr. Ferreira Borges: — Estou um pouco ma pois tem as leis dependentes das suas mãos. Quem
ravilhado de ver que os dois illustres Preopinantes maneja as leis, he mais poderoso que quem maneja
que terminárão os seus discursos, tendo sido collabo as baionetas. O poder judicial he temivel, e á pro
radores deste projecto que temos entre mãos, falassem porção que ele se aparta do poder executivo fica mais
contra o mesmo projecto, e que falassem confundindo temivel. No Brazil commettem os magistrados infini
aquillo de que se trata. Eu não vi até agora que al tas prevaricações: eu os tenho conhecido; por um bom
gum dos Srs. negasse accusação popular contra o juiz tem o Brazil 9 máos, e não sei que se tenha casti
que prevaricasse, e a negasse no tribunal supremo de gadº algum. Póde o Soberano Congresso estar per
jnstiça, onde se tivesse feito a prevaricação. Eu vejo suadido que de todos os Preopinantes que existem
no § 164 esta doutrina (leu o { : por consequencia aqui congregados nenhum póde falar talvez tanto so
quando houver acção popular a sua decisão ha de ser bre os magistrados como eu, porque eu os tenho ex
nas relaçôess; mas outro caso he muito diferente; es perimentado no civil, e no crime. Eu tenho visto
te § fala do caso de revista sobre um recurso extraor cousas que ninguem ainda viu. Como ha de vir um
dinario, e só neste caso de recurso extraordinario he pobre homem do Brazil queixar-se de um magistrado
que se obrigão os Brazileiros a recorrer ao tribunal a Portugal para lhe fazer verificar a responsabilidade!
supremo de justiga: por tanto torno a insistir na mi Por tanto se o Congresso quer olhar ao bem de Por
nha opinião. tugal, e por conseguinte ao bem do Brazil, deve
O Sr. Marcos .Antonio : — (Não se ouviu). adoptar a opinião dos illustres Preopinantes, os Srs.
O Sr. Assis Barbosa: — Tudo que for para con Fernandes Thomaz e Castello Branco, que he a mais
solidar a união do Brazil com Portugal, será uma cou conforme a todos os principios de justiça.
sa excellente. Os habitantes do Brazil pedem a pro O Sr. Farclla: — Tenho de prevenir uma ques
videncia que tem apontado alguns illustres membros tão que ha de nascer da decisão desta. Notem os il
deste Congresso. Uma das cousas de que se lembrou lustres Preopinantes que tem pretendido que se esta
Portugal para proclamar a Constituição foi a sujeição beleça um tribunal supremo de justiça no Brazil, que
em que estava ao Brazil em ir lá procurar os seus re "este tribunal ha de ser colocado em alguma das pro
cursos. Ha de Portugal estar sujeito ao Brazil per sae vincias, e que isto poderá vir a causar nessa provin
cula saeculorum! dizia uma das proclamações do Por cia alguma prerogativa sobre as outras. Isto he o que
to; e o Brazil, digo eu agora, ha de estar sujeito a eu pretenderia evitar. Uma sentença póde ser revoga
procurar este recurso em Portugal, havendo uma tão da ou annullada por dois principios, ou por nullida
grande distancia entre um e outro?
[71 ]
de ou por injustiça notoria. Quando he por injustiça sempre nestas circunstancias, isto he, indo sempre os
notoria, o ministro he responsavel á parte pelos in habitantes de umas provincias buscar recursos a ou
commodos que causou, e he responsavel á justiça. tras: por exemplo, os habitantes da capitania de Per
No primeiro caso em que ele tem de indemnisar a nambuco fão buscar recursos á Bahia, e ainda hoje
parte lesa, neste tem essa mesma parte lesa a acção vão; e os das outras provincias lá íão; e ainda os do
popular, e pode perseguir o ministro no mesmo tri Rio de Janeiro até a mudança da corte e de Sua Ma
bunal até ultima instancia. No segundo caso o minis gestade para lá. Nem eu posso conceber que seja de
tro tem o incommodo de vir responder perante o su razão e justiça vir do Brazil a Portugal buscar socor
premo tribunal de justiça pela pena e qualidade de ro, e que se julgue que os povos de uma provincia
sua prevaricação, e neste caso, quando houvesse al não terão incommodos em ir buscar esse soccorro a
gun inconveniente assento que seria feliz aquella pro outra provincia. Em fim, eu posso asseverar que os
vincia do Brazil que se podesse descartar de um máo Brazileiros, quando se trata do seu commodo, nada
ministro. Por tanto apoio o parecer do Sr. Ferreira temem, e de certo querem que de todo o modo se
Borges. estabeleça um tribunal supremo de justiça: e em quan
O Sr. Villela: — Eu sería deste voto, e parece to aos inconvenientes da paga póde muito bem a pro
me que todas as opiniões se poderão conciliar perfei vincia que tiver mais dinheiro fazer a despeza: as
tamente , accrescentando-se ao artigo as palavras: mais ricas que paguem para as outras.
fazendo suspender o magistrado até que o supremo tri O Sr. Camello Fortes: — Não ha necessidade al
bunal de justiça o mande remover. guma desse tribunal supremo de justiça no Brazil. Já
O Sr. Brito: — Suspender immediatamente os ha a acção popular; já ha no Brazil todos os meios
desembargadores que derão a primeira sentença, se de fazer com que a justiça se observe. O paragrafo
ría bom se acaso muitas vezes uma sentença se não 164 e 67 dispensão bem aquelle tribunal.
revogasse sem ser por culpa dos desembargadores que O Sr. Castello Branco: — Para fazer passar a dis
a derão: uma sentença não se revoga só quando ha posição do presente paragrafo, pretende-se que o ob
injustiça notoria; mas tambem quando ha nnllidade jecto que deve fazer a felicidade dos nossos irmãos do
manifesta que
temunhas falsaspôde
etc. provir de documentos falsos, tes
•
Brazil esteja providenciado no paragrafo 164 e 67,
mas a demonstração disto he que eu não vejo. Estes
O Sr. Fernandes Thomaz : — Apezar do que \ paragrafos tratão dos ministros subalternos, não tra
tenho ouvido insisto em a minha opinião. Quaesquer tão dos magistrados que compõem as relações, tratão
que sejão os principios devemos limitar-nos a este pon da acção popular que he dada contra os magistrados
to; ha de uma parte queixosa vir a Portugal! Não es pelas suas sentenças iniquas, porém dado o caso que
tamos no caso de revista, mas do caso de revista re assim seja, que estes paragrafos possão mesmo appli
salta que o magistrado prevaricou e deu uma senten car-se aos ministros das relações, pergunto eu: pro
ça injusta, e he preciso fazer efectiva a sua respon videncia-se tudo quanto póde interessar a sociedade?
sabilidade: pergunto ha de uma parte queixosa vir a Isto he o que eu nego. Se acaso se providenciasse tu
Portugal? Não: ha de estabelecer-se que haja um re do, então estava o remedio dado, e para que era ne
curso que faça efectiva a responsabilidade dos minis cessaria a disposição do presente paragrafo! Para que
tros; que castigue o magistrado provaricador com o tribunal supremo de justiça em Lisboa teria o direi
suspensão temporaria, ou perpetua, e até com penas to exclusivo de ser elle só quem fizesse effectiva a res
temperaes se acaso o crime que tiver commettido for onsabilidade dos magistrados que prevaricassem no
desta natureza. Estabeleça-se por tanto que os quei *# Supponhamos que está providenciado tudo
xosos no Brazil que quizerem fazer effectiva a respon que diz respeito aos interesses individuaes da socieda
sabilidade dos ministros de quem elles tiverem sido vi de: supponhamos que no Brazil se dá essa acção po
ctimas, hão de achar no Brazil um tribunal que lhe pular contra os ministros que prevaricarem; que os
faça justiça. Pois havemos de fazer um tribunal para ministros são obrigados a prestar a indemnisação de
isto? Havemos; porque isto não he de tão pouca mon vida ao cidadão queixoso; mas por ventura o minis
ta. Por ventura he indiferente para os povos haver tro que tem mostrado por seu procedimento a inca
uma autoridade que contenha os ministros, que os pacidade e indignidade de continuar nas funcções pu
obrigue a responder pelas prevaricações que tiverem blicas póde ser removido logo! Ninguem me poderá
feito. Oh ! Ha de haver rivalidade entre certas pro negar quaes são os infinitos males a que se condemnão
vincias! Se chegarmos a esse tempo desgraçado em os povos por lhe continuar a administrar justiça até
que em uma província senão ha de poder estabele ultima instancia um homem que está julgado indigno:
cer um ponto de administração que abranje as outras este homem não póde ser removido senão se fizer effe
províncias, então infelizes de nós: he necessario que ctiva a responsabilidade; e então ha de esperar-se que
ros acostumemos á idéa de que as providencias que o se faça efectiva esta responsabilidade para aliviar os
Congresso der, hão de ser observadas pelos Brazilei povos de um flagello! He preciso, Srs., que não nos
ros, e que elles se hão de sujeitar a ellas, uma vez espueçamos um momento daquille mesmo que em ou
que forem justas. Se o Congresso não tem poder para tro tempo sofremos. Ha pouco que nós saimos dos
vencer isto, então deixemo-nos de Brazil, deixemo ferros; devemos ter ainda muito frescas as impressões.
nos de administração de justiça, e de tudo. Lembremo-nos de qual era a primeira calamidade pu
O Sr. Barata; — Sempre no Brazil houve rela blica, debaixo da qual gemiamos sem recurso, nem
ções, e união entre as diferentes províncias, estando remedio. Era o despotismo dos magistrados; despo
[ 72 ]
tismo apoiado por um governo frouxo, por um go Ofereceu o Sr. Deputado Castello Branco a se
verno composto em parte desses mesmos magistrados. guinte emenda: A autoridade e o modo porque no
Qual era o recurso que tinhamos ! Nós clamavamos Ultramar se ha de fazer efectiva a responsabilidade
todos os dias contra a corrupção da magistratura. dos ministros deve ficar ás leis. Decidiu-se não haver
Longe de minhas idéas, nem o meu caracter me per lugar a votar. -
mitte, tocar particularmente em classe alguma, e mui Propoz-se, e foi rejeitada a emenda do Sr. Depu
to menos tocar nos individuos. Eu sei que he do in tado Lino Coutinho, concebida nos seguintes termos:
teresse da sociedade que a classe da magistratura seja Quando estas relações que julgarem as revistas, decla
respeitada, mas sei tambem por outra parte que o ho rarem nullidade ou injustiça, farão logo efectiva a
mem he sempre despotico, todas as vezes que as más responsabilidade dos magistrados, que em relação or
leis lhe dão lugar e occasião de obrarem impunemen dinaria tiverem dado a dita sentença injusta.
te. O mal estava na natureza, o mal não estava pro Igualmente foi proposta e rejeitada a seguinte
priamente no caracter de um ou outro individuo. Pe emenda do Sr. Deputado Basilio Alberto: Quanto
la nossa má constituição, pela ausencia do poder su ao Brazil, conceder-se-ha o recurso de revista nas re.
premo deste Reino, e por outras muitas circnnstan lações, que a lei determinar, e nas mesmas sc fará
cias estavão os interesses da sociedade na mão dos efectiva a responsabilidade dos juves, depois de decla
magistrados, os quaes não tinhão leis seguras por on rada a nullidade ou injustiça onde pertencer.
de se regulassem; não tinhão uma autoridade forte e Propoz-se ultimamente a emenda do Sr. Deputa
constante, que os cohibisse; e por isso não podião do Ferreira Borges, assim concebida: Quauto ao
deixar de ser despoticos; elles o erão, e por isso ge Ultramar, tratar-se-ha do recurso da revista nas re
unianos debaixo do seu despotismo. Outro tanto acon lações que a lei designar: a responsabilidade dos mi
tecerá se nós fizermos para o Brazil uma lei que em nistros nesse caso se fará efectiva no juizo, e pelo
parte venha a ter o defeito daquella porque antes da modo que a lei marcar. Foi approvada, com declara
nossa feliz"regeneração nos governavamos. Necessaria ção, que o juizo que menciona será no Ultramar.
mente deve haver proximo do lugar onde os ministros Apresentou redigido o Sr. Secretario Felgueiras,
prevaricarem uma autoridade que vigie sobre elles, e e foi approvado o seguinte
que faça responsavel e efectiva a sua responsabilida
de em o Brazil. D E c R E T o.
O Sr. Correia de Seabra: — Parece-me que se
podem conciliar todas as opiniões, e os interesses dos As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin
habitantes do Ultramar, sem se destruír o centro da tes da Nação portugueza, considerando que, supposto
unidade, necessario em todo o Governo, qualquer se não tenha preenchido o numero de acções, deter
que seja a sua fórma. As prevaricações dos magistra minado pelo artigo 3.° do decreto de 29 de Dezem
dos na administração da justiça não são todas do mes bso de 1821 para a abertura da assemblêa geral de
no genero, e por consequencia não ha de ser para banco de Lisboa; comtudo já no breve decurso de
todas a mesma legislação; umas pedem vindicta pron vinte dias, sóbe a subscripção a uma quantia suficien
ta, outras são de natureza tal, que he sufficiente pa te para dar principio á maior parte das operações
ra a segurança dos direitos do cidadão a certeza de do banco; e consultando as ponderosissimas vanta
que não hão de ficar impunes. Umas são de qualida gens, que resultão tanto ao publico, como aos par
de tal, que o ministro deve ser deposto, outras que ticulares de promover e realisar quanto antes tão in
só deve ser suspenso, outras que só deve sofrer uma portante estabelecimento, decretão o seguinte:
pena pecuniaria, o que tudo deve ser regulado na lei 1." A subscripção para o banco de Lisboa será fe
da responsabilidade; que regulará os casos em que o chada no dia 20 do presente mez de Fevereiro, e nes
tribunal supremo de justiça deve fazer effectiva a res se mesmo dia os inspectores farão publica pela impren
ponsabilidade, e aquelles em que as relações provin sa a copia fiel do livro, em que são lançadas as as
ciaes do Ultramar o devem fazer: porque como bem signaturas; occultando sómente os nomes, moradas,
observou o Sr. Varella, não deve crear-se no Brazil e occupações daquelles accionistas, que prescindindo
um tribunal a quem pertença esse conhecimento, por do direito que possa competir-lhes de fazer parte da
que daria occasião a rivalidades que podião produzir assembléa geral, ou da direcção do banco, assim o
máos efeitos, e por conseguinte o artigo deve ser requererem.
enunciado desta ou similhante fórma: A lei regulará 2. Para o 1.° dia de Março proximo futuro será
os casos em que o tribunal supremo de justiça deve fa convocada a assemblea geral, a qual será composta dos
zer cfectiva a responsabilidade dos magistrados do cem maiores accionistas, se o numero das acções não
{//tramar, e os casos em que as relações provinciaes chegar a 53, e serão 8 os directores do banco por
do districlo.... ella nomeados. Em tudo o mais gozará o banco de
Julgando-se a materia suficientemente discutida, todas as prerogativas, e poderá desempenhar todas as
propoz o Sr. Presidente á votação, se devia supprimir operações que lhe são consedidas pelo decreto da sua
se a clausula do período, contida nas palavras farão creação até ao artigo 23 inclusivamente.
logo crecutar a sua sentença? E resolveu-se que sim. 3." Entre os accionistas, que tiverem assignado
Feita esta suppressão, poz-se á votação o resto do por um igual numero de acçoes, serão preferidos para
periodo; e ficou reprovado. Propoz-se então: se se completar a assembléa geral aquelles, que forem mais
supprimiria! E decidiu-se que não. antigos na ordem da subscripção.
[78 |
4.° Constituida a assembléa geral, nomeará uma decisões ultimamente tomadas no soberano Congresso:
Commissão para continuar a receber em separado a e he o seguinte:
subscripção das acções para o banco até ao 1.° de Ju Art. 1." Que sendo considerada esta ultima no
lho do corrente anno. Estas acções porém não serão vidade, não só abundante, mas abundantissima, se
imcorporadas ás primeiras antes do referido dia, e, sem approvem para o vinho de embarque de Inglaterra e
que os novos subscriptores paguem ao banco o interesse ilhas adjacentes 28:000 pipas separados quantitativa
das quantias assignadas á razão de 6 por cento ao an mente da 1.° qualidade approvada, e pelo preço de
no, contando desde 20 de Fevereiro até ao dia em 45.000 réis. • • •
que fizerem efectiva a entrada. 2." Que a feira se abra dentro dos oito dias se:
5.° Se como a nova subscripção, de que trata o guintes ao que chegar a presente resolução á Junta da
artigo antecedente o total das acções exceder a 5# companhia, que ella duro os tres dias do estilo, e se
começará o banco a desempenhar as operações, que dem outros tres dias para o manifesto dos vinhos
lhe são prescriptas no artigo 24, e seguintes do decre comprados. Na feira destes vinhos concorrer㺠os ne
6.°sua
to de Acontecendo
creação. porém que o total das acções não •
exceda o numero deô3, as Cortes tomarão em consi 3.° Que sendo estes vinhos uniçamente destinados
deraçãe depois do 1.° de Julho proximo futuro qual para a exportação d'Inglaterra e ilhas adjacentes, só
quer proposta de banqueiros, ou companhias de ca a elles deve ficar competindo a qualidade de legaes, de
pitalistas estrangeiros, que tenha por base: 1.° subs embarque: e, por isso os compradores deverão por
crever um numero de acções, que não seja inferior a meio de resoluções exactas manifestar nos tres dias
4:800: 2.° ser-lhes ha concedida a nomeação d'um di consecutivos aos da feira as quantidades compradas,
rector por cada 1:200 acções, que subscreverem. nomes dos lavradoues, e lugares de suas adegas, pa
Paço das Cortes em o 1.º de Fevereiro de 1822. — ra nesta conformidade se lhes, passarem guias corres-,
Manoel de Serpa Machado, Presidente; José Lino pondentes para os seus respectivos armazens, sem que
Coutinho, Deputado Secretario; João Baptista Fel por pretexto algum se lhes possão passar outros de
gueiras, Deputado Secretario. pois, faltando elles ao referido manifesto nos dias
Leu-se, e foi approvado o seguinte aprazados. , • • # . • ••
Entrando por esta occasião em discussão algumas Leu o Sr. Secretario Felgueiras as seguintes pe
declarações, que se julgárão necessarias á sobredita ças; a saber.
resolução, decidiu-se por fim que a indicação ficava Um oficio do Ministro da marinha, acompanhan
approvada para o fim de se expedir o decreto com o do um outro do governador da provincia do Espiri
accrescimo que resulta das seguintes votações, a que to Santo, Balthasar de Sousa Botelho e Vasconcel
se procedeu: los, em que participa a eleição dos Deputados da di
1.° Se os consules geraes da Nação portugueza ta provincia. Ficárão as Cortes inteiradas, e foi remet
devem ser nacionaes! Decidiu-se não haver lugar a tido á Commissão de Constituição.
votar, porque já está decidido. Um dito do Ministro da fazenda, remettendo a
2.° Se ao Governo fica livre conservar ou remo consulta do conselho da fazenda, datada de 24 do
ver os estrangeiros que actualmente se achão empre passado, em resposta á portaria de 19, em que se
gados nos diversos consulados! Resolveu-se que sim. lhe ordena désse os motivos de não haver cumprido a
3." Se aqueles consules particulares, que não são portaria de 9, a respeito da arrematação das commen
pagos, podem ser estrangeiros, uma vez que não ha das vagas de S. Pedro do Sul, S. Julião de Cambra,
[ 75 ]
e S. Salvador de Serrazes; queixando-se ao mesmo Um cumprimento ao soberano Congréseo pêlo
tempo da ommissão da Meza da consciencia e ordens commandante do bergantim Reino Unido, e de mais
em remetter a relação das com meadas vagas arrema oficiaes da sua guarnição. Menção honrosa: e orde
tadas e administradas, havendo para isso recebido as nou-se que dois dos Srs. Secretarios lhes fizessem sa
ordens competentes. Foi remettido á Commissão de ber a satisfação com que as Cortes ouvírão as expresº
fazenda- •
Uma felicitação da camara de Ponte de Lima, Entrou em discussão o artigo 159 do projecto da
participando ao mesmo tempo a solemnidade que fi Constituição.
zera pela celebração do anniversario da reunião do 159. Haverá támbem em Lisboa um tribunal ex
soberano Congresso. Menção honrosa. traordinario composto de nove juizes, que serão tira
Uma dita da camara de Silves. Menção honrosa. dos á sorte de dezoito Deputados de Cortes. Terá
Uma dita do cidadão Antonio de Almeida Castro um regimento feito pelas Cortes, e se reunirá para
Gama, oferecendo ao mesmo tempo para o serviço conhecer dos delictos dos Deputados dellas, depois
militar tres filhos seus, e pedindo dispensa para o que pelas mesmas se lhes houver mandado formar cul
primeiro, por ser possuidor de um vinculo. Remetti pa. Tambem conhecerá dos crimes commettidos con
da ao Governo. tra a segurança do Estado, e das infracções de Con
Uma dita do corregedor de Braga, Bartholomeu stituição.
da Costa Lobo. Ouvida com agrado. O Sr. Ferreira da Silva: — Eu não me posso
Uma representação de Luiz Bartholomeu Mar conformar com a doutrina deste artigo, porque dá ao
ques, procurador interino da real coroa e fazenda na Poder legislativo uma parte do Poder judicial, depo
cional, juiz apostolico, commissario, e subdelegado sitando nelle a faculdade de julgar os Deputados de
da bulla da Santa Cruzada da provincia de Goiaz; Cortes: além disso, para que se ha de formar um tri
acompanhando a narração dos factos praticados pelo bunal extraordinario para julgar os Deputados! Os
governador daquella provincia, Manoel Ignacio de Deputados são como outros quaesquer cidadãos sem
Sampayo, por occasião do governo provisorio; bem mais diferença que a da inviolabilidade por suas opi
como duas proclamações do mesmo governador. Aº niões. Eu voto pela suppressão deste artigo, e em vez
Commissão de Constituição. de approvalo declararia que os Deputados que com
Um requerimento do juiz do povo e negociantes mettessem crimes fossem julgados nos tribunaes ordi
de Coimbra, que pedem a decisão da Commissão de narios:
estatistica, ácerca das urgentes medidas para se re O Sr. Borges Carneiro: — Já está vencido a res
mediarem os estragos feitos pela ultima cheia do Mon peito do artigo 78 nas sessões de 19 e 22 de outubro,
dego. A Commissão competente. que quanto aos crimes dos Deputados de Cortes, um
Uma memoria anonyma, mostrando que os paro tribunal competente decidirá se deva suspender-se
cos devem ser collados, e permanentes nas igrejas, e o processo, e continuarem elles no exercicio de suas
ter congruas certas. A ecclesiastica de refórma. funcções. Temos peis agora a decidir qual ha de ser
Uma outra similhante sobre varias providencias, este tribunal. Diz a primeira parte do presente arti
de que se carece, relativamente á creação de escolas go que haverá um tribunal extraordinario composto
de primeiras letras, extincção do chamado bolo paro de nove juizes que serão tirados á sorte de dezoito
quial, policia, etc. A ecclesiastica de refórma e ins Deputados ás Cortes, etc. Não posso conformar-me
trucção publica. com esta idéa; porque devendo os Deputados decidir
Uma participação do Sr. Deputado Van Zeller, previamente se ha lugar ou não a formação da culpa,
ácerca da continuação da sua molestia. Ficárão as e tendo de acontecer, como acontece em todas as ma
Cortes inteiradas. terias, que uns serão de opinião afirmativa, outros
Um officio do juiz de fóra da Guarda, Fernando negativa, de quaes delles se deverão escolher os jui
da Costa Cardoso Pachcco, enviando uma memoria, zes! D'entre os que votárão pela formação da causa,
ácerca da diminuição e refórma dos frades. A Com ou d’entre os que contra ella ! Como quer que se fa
missão ecclesiastica de refórma. ça está prevenido o juizo, ou para condemnar ou pa
Uma partcipação do Sr. Deputado Calheiros, ácer ra absolver. Além disso, o publico poderia julgar co
ca da sua molestia, pedindo licença para se tratar. mo suspeitos taes juizes por serem collegas dos reos,
Concedida. e devemos quanto ser possa evitar toda a suspeita de
[ 76 ]
parcialidade. E pois poderia ser juiz das causas crimes mesmos filhos da revolução, sendo por esta razão que
dos Deputados o supremo conselho de justiça, como Fcrgniand comparou a revolução de França a Sa
o he de outros eminentes funccionarios; porém esse turno devorando seus mesmos filhos. A causa destas
conhece só das culpas relativas ao officio, o que não desordens he verdade que proveio em grande parte de
cabe aos Deputados, que são inviolaveis por suas opi que os individuos que compozerão similhantes tribu
niões. Por tanto parece-me que o tribunal dos Depu naes, não se achavão ligados pelos laços que unem os
tados deve ser o conselho dos jurados, e quanto ás virtuosos membros dos bons governos: deixárão-se ar
previas declarações do artigo 78, que as fação as mes rastar por interesses e paixões particulares, e por el
mas Cortes. • |-
illustres Preopinantes, que tem falado da necessidade O Sr. Lino: — Julgo que agora só devemos tra
de se tirar da Constituição este artigo. As razões pa tar, independentemente de qualquer questão, do es
ra se excluir a primeira parte estão já nuanifestadas, tabelecimento do tribunal que ha de conhecer dos de
e por tanto não as repetirei: em quanto á segunda lictos dos Deputados. Cingindo-me a esta questão di
parte, eu conviria que as Cortes ficassem com os bra rei que daremos um máo exemplo, e faremos formar
ços desembaraçados para proceder em circunstancias de nós um máo conceito, se quizessemos legislar a
criticas; mas de nenhum modo sanccionemos a idéa nosso respeito de diferente modo que para qualquer
revolucionaria, de que ha de existir um tribunal de outro cidadão. Nós somos cidadãos como outros quaes
segurança do Estado ! A salvação publica, ou salus quer, todos somos iguaes perante a lei, e devemos ser
populi, na fraze dos Romanos, talvez seja a palavra julgados do mesmo modo. Se estas Cortes creassem
que se tenha escrito com mais sangue na historia das um tribunal particular dos seus membros para julgar
nações. Não he necessario recorrer á historia dos mes aos mesmos Deputados, não succederia entre entre
mos Romanos; a da revolução de França nos submi elles o mesmo que snccede entre os magistrados que
nistra terrriveis exemplos. A mesma Convenção Na se julgão uns a outros, e que por isso ficão sempre
cional não teve maiores inimigos que esses tribunaes absolvidos! He pois o que eu reprovo: eu sou Depu
sanguinarios que ella gerou: elles até forão notaveis tado, e quando commetter algum crime quero ser jul
por serem os primeiros a destruir aquillo mesmo que gado por um jurado como outro qualquer cidadão.
constituía a sua base, e o mais firme apoio. Seus pro Em quanto á segunda parte, julgo tambem que te
cederes attrahem com razão o odio publico, primeira mos tribunaes que possão conhecer desses crimes, e
mente a si, e depois se estende contra toda a autori opponho-me por tanto a que a dita parte passe na
dade publica existente; e chegão a produzir uma reac Constituição. Nós queremos extinguir a policia, e
ção. Além disso, similhantes tribunaes são por natu iriamos creala por um artigo constitucional! Isto se
reza vorazes, e nunca estão fartos de victimas; simi ria uma contradicção.
lhantes ao Minotauro da fabula necessitão dellas ab O Sr. Villela: — Tudo isso he muito bom, e mui
solutamente para poderem existir. Póde-se, he verda to certo; mas eu tenho medo de outras cousas que
de, apoiar a existencia delles com o estabelecimento poderão muito bem acontecer. Supponhamos que são
dos Venezianos, chamado a Boca de ferro, e o Con nomeados para Deputados de Cortes homens que por
selho dos dez. Porém a elles só respondião os que se seu valor e patriotismo em alguns casos não conve
oppunhão ao governo, mas nos tribunaes francezes nhão ao poder executivo; não poderá o Governo, pa
tudo servia de pretexto, e vierão acabar até com os ra separalos do Congresso, armar uma cabala, uma
[ 77 |
intriga! He portanto necessario que se tome isto em ofensivo da liberdade dos Deputados, e da imparcia
consideração, e que se adoptem os meios de acaule lidade com que todos devem ser julgados. Porque el
lar similhante acontecimento. les virião a ser julgados pelos seus colegas, amigos,
O Sr. Barata: — Eu sou da opinião do Sr. Li eu inimigos, e por conseguinte serião as sentenças su
no, e do Sr. Borges Carneiro a respeito do artigo; jeitas á influencia das paixões, e partidos, que podem
e assente que deve ser supprimido, porque as bases haver no Congresso. Influencia que póde ter a funes
da Constituição dão toda a segurança necessaria aos ta consequencia de que um partido afaste das delibe
Deputados. Tem-se dito que os Deputados são invio rações aos Membros, cuja eloquencia recear. Não ha
laveis; mas isto he nas suas opiniões, e não nos seus razão para não confiar estas causas ao juizo dos jura
crimes; porque nos crimes ninguem he inviolavel. Sa dos, como as de quaesquer outros cidadãos: ali a in
bemos que em Veneza foi enforcado um Doge; sabe nocencia está a cuberto de todas as intrigas; mas quan
mos o que tem acontecido em Roma com um Nero, do isto não bastasse era menos mal, que um Deputa
e outros mais. Eu não posso approvar similhante tri do das Cortes fosse inhibido de assistir ás mesmas Cor
bunal: nós estamos seguros, e não devemos temer a tes por alguns dias, que e de attrahir a ellas por aquel
tyrannia uma vez que temos jurados: um tribunal pa le modo um poder tão inconstitucional, perigoso, e
ra Pedro, e outro para Paulo não he bom: eu que collossal, pois se demais a mais o pertendido tribunal
ro ver as bases da Constituição cumpridas a torto e houver de conhecer dos crimes relativos á segurança
a direito; e não quero ver as melhores cousas feitas publica, adeus liberdade civil. Ele recordará os des
sendo em violação das mesmas bases, porque isto sería graçados tempos do terrorismo Francez, o nome infa
deitar o edificio por terra, pois he certo que um edi me de Robespierre. Em consequencia sou de parecer
ficio se pòde destruir de diferentes modos, ou pondo que se risque inteiramente este artigo; e que os De
lhe debaixo um barril de polvora, ou tirando-lhe ago putados das Cortes sejão considerados como devem
ra uma pedra, e depois outra: torno a dizer que ten ser, isto he, como cidadãos, pois todos são iguaes aos
do jurados não temem os nada; somos livres, porque olhos da lei.
esta instituição acaba de consumar a obra da nossa O Sr. Franzini: — Eu estou conforme com essa
regeneração e liberdade. + " doutrina; porém me parece que deve ser digna de al
O Sr. Borges Carneiro: — Tenho alguma duvida guma excepção. Em todas as partes os Deputados
a respeito da opinião que ennunciei anteriormente, tem certa consideração, e julgo que a devem ter igual
de que decidirião os jurados do delicto de um Depu mente todos os deste Congresso. Se qualquer juiz es
lado sómente depois que as Cortes tivessem mandado tá authorisado a poder mandar prender um Deputa
formar culpa. Emitti aquella opinião, receiando que do sem mais ceremonias, póde por qualquer cousa,
aliás se podia dar lugar a que o Governo ou algum ou por qualquer intriga apparecer um Deputado pre
particular armasse intriga contra um benemerito De zo no limoeiro. He preciso que isto se tenha em con
putado, e conseguisse impedir o exercicio de sua func. sideração.
ção no entanto que elle se justificava; cousa facil O Sr. Freire: — Eu me conformo algum tanto
quando sabemos, que com duas ou tres testemunhas com esta opinião. Não quero que haja privilegios,
se fórma culpa o qualquer. Com tudo pela outra par mas parece-me sem embargo, que deve adoptar-se
te acho tambem inconvenientes, porque não tratamos alguma medida a respeito do acto da prisão. O po
aqui de delictos de officio, nem a respeito delles pó der executivo póde ter prezo qualquer cidadão 48 ho
de ter lugar aquella clausula, porque taes delictos não ras sem se lhe formar culpa; e que difficuldade ha,
existem visto ser o Deputado inviolavel pelas suas que por uma falsa denuncia seja prezo um Deputado
opiniões. Ora quanto aos crimes communs haveria no tempo de uma discussão importante, e em tanto
nisso inconvenientes muito grandes, especialmente a que se verifica a sua innocencia o Governo consiga o
respeito dos Deputados do Brazil, e da India, e se fim a que se propõe? He verdade que sendo innocen
ría cousa bem estranha que o Deputado, que, por te seria depois desse tempo posto em liberdade; mas
exemplo, tivesse commettido uma morte ou outro cri não ficava o Governo com o arbitrio de separar no
me grave no tempo da vacatura das Cortes, não po entanto do Congresso a um Deputado, de cujas lu
desse ser pronunciado, nem processado, até que dahi zes ou patriotismo receasse! Não poderia pelo menos
a nove mezes as Cortes se reunissem. Por tanto con fazer esta desfeita áquelle Deputado de que se quizes
siderando estes inconvenientes, e bem assim as van se vingar? Eu quizera por tanto que se tivesse em al
tagens que proporciona o estabelecimento dos jurados, guma consideração esta materia em quanto ao acto
iuclino-me a reformar a minha primeira opinião, pa da prisão.
ra que fiquem nesta parte os Deputados como todos O Sr. Brito: — Mesmo quanto ao acto da pri
os mais cidadãos, devendo ser do mesmo modo jul são não vejo nenhum inconveniente attendivel, esse
gados no juizo competente; podendo quando muito abuso que recea o illustre Deputado têm um bom re
resalvar-se
ás Cortes. a sua prisão antes de se fazer participação
• -
medio na responsabilidade dos ministros: quem se at
treveria a prender um Deputado por uma simples sus
O Sr. Brito: — Um tribunal tirado das Cortes of peita? Ou frivolo pretesto? E não estão no mesmo
fende as bases em quanto dá um privilegio pessoal de perigo os outros cidadãos, e apezar disso não são atro
foro aos Deputados, e em quanto confunde os tres pelados? Se um Deputado delinquisse publicamente,
poderes politicos, dando ao legislativo uma atribuição não seria prezo em flagrante! Sem dúvida. Pois se o
judicial que não póde pertencer-lhe. Elle seria tambem podia ser em flagrante, porque o n㺠ha de poder ser
+
[ 78 1
por uma culpa formada! E sem ela não ha razão sei se isto está bem aqui, ou se he dependente do ar
para temer semelhante procedimento. Havia o Go tigo 78. Nelle se resolveu que em quanto ás causas
verno fazer prender um Deputado só por temer, que criminaes deverá decidir o tribunal competente, e que
elle sustentasse os direitos do povo contra as suas per não se tratasse das causas civeis: resta pois sómente
tenções n'alguma discussão importante? Desgraçado saber qual ha de ser este tribunal, o mais já está de
o Congresso que se achasse nas circunstancias de que cidido.
um só Deputado podesse ter tão decidida influencia O Sr. Castello Branco: — Eu não posso appro
nas suas discussões! var na generalidade o artigo de que se trata, e os ter
O Sr. Xavier Monteiro: — Posto que seja de opi mos em que elle está concebido; poderei escusar-me
nião que não se escreva este artigo na Constituição, de repetir, para apoiar esta minha opinião, as razões
não he pelos motivos que ouvi ponderar, senão por mui bem ponderadas de alguns membros deste Con
que de sua natureza he regulamentar. Deve passar gresso. Nós vemos que os males, e os desastres que
para o regulamento das Cortes do modo que mais principalmente tiverão lugar em França forão causa
conveniente se julgar. Pelo mais sou da opinião dos dos por esses tribunaes chamados de segurânça publi
Srs. que geralmente tem falado a este respeito; porém ca: nós vemos que esses tribunaes forão uma arma
estou que se não podem admittir essas idéas exagera terrivel de que se servírão para dispor a seu arbitrio,
das de igualdade: o Deputado he igual em direitos a e subplantar todos aquelles que se oppunhão a seus
qualquer outro cidadão, concedo; mas o Deputado planos, e suas vistas particulares; por consequencia
tem mais risco que outro qualquer cidadão pelo cargo depois de um exemplo tão claro, e funesto á nação
de que está incumbido; acha-se mais exposto. Tem franceza , nós seriamos demasiadamente imprudentes
a seu favor a opinião publica, tem a confiança dos se formassemos um similhante tribunal; pois ainda
que o nomeárão, os quaes lhe commetterão a defeza que entre nós por felicidade da Nação não haja fac
dos seus direitos e interesses, que dependem directa ções, com tudo nós somos homens como erão os fran
mente da segurança pessoal do Deputado. E como cezes, elas poderião algum dia nascer, e não seria
poderá este encarar os perigos a que continuamente o bom dar-lhes um instrumento de que tanto podessem
expõe o interesse dos seus constituintes se não tiver abusar em prejuizo publico. Mas por outra parte of
immunidades superiores aos outros concidadãos! E se ferecem-se-me algumas duvidas. Nós devemos ser li
se igualasse, como se pertende a condição dos Depu beraes em nossas idéas, e em nossas decisões; mas se
tados, ás duzias serião perseguidos. Na Assembléa o não ser he prejudicial, servindo-me desta expressão,
constituinte de França passou tambem esta doutrina o ser liberal com exaggeração, he igualmente prejudi
de igualdade dos Deputados aos outros cidadãos, por cial: ha um termo medio em todas as cousas, no qual
que realmente na theoría não ha nada que seja mais consiste a virtude, e a utilidade publica. Quando se
liberal, mas que aconteceu? Um juiz de direito citou quer reduzir o Deputado, ou Representante da Nação,
a tres dos Membros da Assembléa legislativa para á classe geral dos cidadãos por todos os respeitos,
que servissem de testemunhas; elles não obedecerão, ache nisto uma especie de exccsso. Não tenho em
escusando-se com suas occupações, e em consequen vista por ser Deputado, que os Deputados ás Cortes
cia mandou o juiz passar ordem de prisão contra os gozem de privilegios; mas eu quererei alguma especie
tres; e aquella Assembléa em que se tinhão proclama de privilegios não para os Deputados, senão para o
do eminentemente os principios de liberdade, e de bem publico; para a causa publica que advogão. Não
igualdade, indignada com este procedimento, suspen vamos nós illudidos por excesso de liberalismo oppor
deu o juiz, e lhe mandou formar culpa. Isto succede mo-nos ao interesse publico, que com essas mesmas
quando se querem pôr em prática cousas que são só idéas queremos promover: não vamos por illusão por
boas em theoría. Nem se julgue que a excepção he a mo-nos em contradicção com os meios que sejão ne
favor dos legisladores, pelo que respeita ao juizo de cessarios. He perciso que esta materia se peze e deli
um tribunal composto de Deputados. Eu se tivesse a bere com a madureza possivel. Não he para o bem
desgraça de commetter um crime quizera antes ser jul da Nação que estamos reunidos ? Por consequencia
gado por um jurado que por um tribunal de Deputa quando se trata de constituir esta Nação, nós que a
dos das Cortes; porque além de outras vantagens que representamos, nós em quem ella delega essa sobera
sempre accontecem aos réos sendo julgados por juizes nia que lhe pertence exclusivamente, não somos os que
de facto podia recusar um certo numero, o que não devemos declarar a vontade expressa dessa Nação?
poderia fazer tão amplamente sendo julgado de facto, Quando a Nação nos diz que quer um governo repre
e direito pelo dicto tribunal. Tem-se dito, que po sentativo, que quer uma Constituição fundada sobre
dendo um Deputado como outro qualquer ser preso as divisões dos poderes; quando ella nos declara ex
em flagrante, porque o não hade poder ser depois de pressanente a sua vontade, por ventura fica a nosso
culpa formada; mas ha uma grande diferença: a cul arbitrio exceder os limites de nossas procurações! Não
pa póde-se formar fantasticamente com muita facili certamente; não temos á nossa escolha senão os meios
dade, e o crime em flagrante não admitte tanto uma para estabelecer, para consolidar aquillo mesmo que a
origem dolosa de processo. He por tanto a minha Nação nos declarou que ella queria. Pois que a Nação
opinião que este artigo seja incluso nõ regulamento he essencialmente soberana; pois que tem nomeado
das Cortes pelo modo que sejulgar mais conveniente, seus Representantes para exercer os actos desta sobe
e de maneira alguma na Constituição. (Apoiado). rania, que ella não póde exercer por si mesma, não
O Sr. Camello Fortes : (leu o artigo) Eu não compomos nós neste Augusto Congresso o corpo da
[ 79 ]
Nação? Mas deste Augusto Congresso que reunido fór Congresso declarará se se lhe deve ou não formar, e
ma o corpo da Nação, quaes são as partes compo se, no caso de affirmativa, póde então entregalo ao
nentes? Não somos nós! Não somos cada um de per tribunal competente. Senão se justifica fica excluido
si essencialmente um Representante da Nação! E ao do Congresso , e vem por consequeneia como outro
mesmo tempo que a Nação nomea um dos seus Repre qualquer cidadão a sofrer a pena que a lei declarar
sentantes para exercer a soberania, poderá vir á lem a seu crime : se se justifica torna pacificamente ao
brança de algum que a mesma Nação queira expor exercicio dos seus deveres. Eu nisto não vejo o inte
seus Representantes ao arbitrio do poder executivo, que resse dos Deputados senão o interesse do bem pnbli
ainda que parte da soberania he uma parte sujeita a co, como já por vezes tenho repetido.
este Congreso! A Nação seria contradictoria em si O Sr. Feio : — Eu não sou de parecer que se dê
mesma quando dissesse: — Eu te nomeio para exercer as ao Poder executivo a liberdade ampla de prender os
mais grandes funcções da soberania; tu serás inviola Deputados de Cortes, nem que se estabeleça um tri
vel; tu exporás os nossos mais caros, e sagrados in bunal para conhecer de seus crimos. Um Deputado
teresses; mas por outra parte tu ficarás sujeito ás in eleito pelo povo tem a seu favor a opinião publica:
trigas, eaballas, manobras de um poder subalterno, aquelle que tem a seu favor a opinião publica he um
qual he o poder executivo. — Eis a que tendem as homem bom; e o homem bom não commette crimes
idéas demasiadamente liberaes que tenho ouvido pon facilmente; pois ainda que pela fragilidade inherente
derar a muitos honrados membros ; mas todos vêem á natureza humana se visse tentado de commettelos,
que isto he uma contradicção. Diz-se que o cidadão o medo de perder a opinião publica seria só bastante
em Cortes he igual a todos os cidadãos diante da lei, a contello. Por tanto sou de parecer que nada se de
convenho; nem eu quereria ter um privilegio, em quan clare a este respeito na Constituição, deixando para
to homem, que não tivessem os outros cidadãos; mas as Cortes futuras o providenciar sobre estes casos á
em quanto exercito as nobres funcções que a Nação medida, que forem occorrendo: sendo de esperar que
me commetteu, para que estas funcções não possão elles sejão rarissimos.
ser transtornadas por uma caballa, por uma intriga, O Sr. Barata : — Não se tem lembrado os illus
eu quero um privilegio não para mim senão para a tres Preopinantes de uma cousa, e he que se póde
Nação, para a causa publica. Diz-se que he pouco demandar injuria diante do jurado, e não he cousa
importante que o poder executivo possa prender por tão pequena; he uma cousa de perder um ministro
quarenta e oito horas um Deputado ás Cortes. Os hon seja pequeno, ou grande, e a qualquer que fosse mais
rados membros que apoiárão esta opinião não podem que ministro. Depois he julgado por doze, ou por
deixar de convir, a não por-se em contradicção com os treze, e tem o direito salvo de pedir a injuria. Além
seus principios, que se o poder executivo póde livre disso: no jurado ainda que não tenhamos pares, co
mente prender um Deputado, igualmente póde pren mo em Inglaterra, poderião entrar Deputados; e
der tres, quatro, metade do Congresso, toda a Assem porque não? Depois disso, eu tenho lido que nos pai
blea, uma vez que tenha a força armada, ou faça uma zes do norte da America quando se estão a fazer as
caballa tal, que tenha a força fisica nas maõs ; e se eleições dos Deputados de Cortes trinta dias antes se
isto assim acontecesse, bem se vê qual seria o estado da suspendem os tribunaes crimes não para os casos de
causa nacional, e do Congresso que representa a Nação, flagrante, mas sim para todos os outros. He necessa
que exerce a soberania, e a cujo voto unanime ninguem rio tambem ter em consideração que não se prende
na terra póde resistir. Parece-me por consequencia, um Deputado a torto e a díreito; e como já disse:
que, não como privilegio concedido ao Deputado se uma vez, que tenhamos jurados como os que se vão
não á causa publica, não póde prescindir-se delle; e estabelecer, não temos medo nenhum, e em caso ne
que não deve ficar á attribuição do poder executivo nhum devemos confundir o Poder executivo com o
prender um Deputado em consequencia de uma pro legislativo, e judicial.
nuncia, ou de qualquer prova que possa apresentar; O Sr. Franzini: — Eu continuo a insistir na mi
não digo em flagrante delicto, porque nesse por sua nha primeira opinião: quero dizer, que não me pa
natureza a prova he patente: não falo desse caso es rece conveniente que um Deputado de Cortes possa
pecial, mas «falo daquelles em que seja necessaria a ser prezo por qualquer crime sem que haja uma par
formação de causa. Parece por tanto que se deve co ticipação anterior ás Cortes; pois do contrario não
nhecer dos delictos dos Deputados entre seus mesmos podia livrar-se qualquer. Deputado de uma desfeita
pares, não como privilegio, senão porque não acho que lhe quizesse fazer o Poder executivo.
nas autoridades constituidas da Nação nenhuma ou O Sr. Trigoso: — Parece-me que póde ser inu
tra, em quem resida mais essencialmente o apego á til este artigo. Não ha duvida em quanto á segunda
causa publica, senão nos Representantes da Nação, parte pelas razões que já se tem manifestado; e em
porque são escolhidos pela mesma Nação, e por con quanto á primeira me parece que tambem não póde
sequencia he em quem mais a mesma Nação confia, ter lugar. Pergunta-se quem ha de julgar as causas
que não transtornarão seus interesses. Muito embora dos Deputados? Quem julgar as dos outros cidadãos.
não haja no seio do Congresso um tribunal perma Bem se vê que não póde ser um tribunal das Cortes,
nente destinado a esse fim; mas póde-se nomear uma ou outro extraordinario privilegio: não poderia ser
Commissão para conhecer das provas do delicto do um tribunal superior de justiça, porque isto teria lu
Deputado; esta Commissão informará ao Congresso, gar em quanto aos delictos de oficio, e em quanto
se se lhe deve formar causa, e então he quando o ao officio não se lhes póde julgar; por tanto ou de
I Bo ]
vem ser como os outros cidadãos. Com tudo, se por P A R E c e R.
isto se julga que se achará atacada a independencia, e
a segurança dos Deputados, e que seria necessario A Commissão dos poderes, tendo presente a acta
um arbitrio para obstar a estas difficuldades, este ar da junta eleitoral da provincia da Paraiba, conhece
Bitrio não me parece dificil de achar. No artigo 78 terem sido eleitos para Deputados de Cortes pela mes
diz (leu-o), e pelo que está vencido resulta, que este ma provincia, na sua capital em 26 de Agosto dº
tribunal especial não he o que julga as causas, só anno proximo passado, Virginio Rodrigues Campe
julga: 1.° Se as causas devem suspender-se: 2.° Se lo, Francisco Xavier Monteiro da Franca, e Fran
entre tanto que estão suspensas póde continuar o De cisco de Arruda Camara: e para substituto José da
Costa Cirne.
putado o exercicio das suas funcções. Lembra-me um •
tribunal para isto mesmo; este tribunal he o mesmo Forão tambem presentes á Commissão os diplo
Congresso nacional. Parece-me que o juiz faça um mas do Deputado Francisco Xavier Monteiro da
relatorio ao Congresso antes de proceder a pronuncia, Franca, e do referido substituto: e um oficio da jun
apresenta-o ao Congresso, este nomeia uma Commis ta provisional do Governo da Paraiba, declarando
são, a qual dá seu parecer, e o Congresso em vista em 20 de Novembro do mesmo anno, que tendo of--
delle decide se deve suspender-se a causa, ou deve ficiado aos outros dois Deputados proprietarios, para
continuar o Deputado no exercicio das suas funcções. que se apresentassem na capital da província a fim
O Sr. Presidente poz a votos o artigo, o qual se de partirem para esta Corte, não tinhão ainda com
julgou suficientemente discutido. parecido, talvez por causa da secca, que difficultava
O mesmo Sr. poz a votos successivamente a pri os transitos. |-
meira, e segunda parte do artigo, as quaes forão A' vista disto a Commissão julgou não dever to
desapprovadas. mar conhecimento do diploma do mencionado sub
Resolveu-se que o Sr. Trigoso apresentasse a sua stituto, que lhe mandou restituir; pois espera, que os
cmenda
artigo 78.por escrito, a qual era um additamento ao
- - . •
outros Deputados se apresentom, ou hajão de obter
excusa do Congresso, caso não possão vir..
O Sr. Trigoso apresentou a dita emenda que he E verificando, e legalizando o diploma do De
a seguinte. = Em quanto ás causas criminaas as Cor putado proprietario Francisco Xavier Monteiro da
tes sobre a conta dada pelo juiz da pronuncia, antes Franca, acha-o legal: e por tanto julga o mesmo De
de feita a prizão, decidirão (as palavras que se se putado em circunstancias de ser recebido a prestar o
juramento. • -
O Sr. Rodrigo Ferreira pediu permissão para in O Sr. Brito: — Não me opponho a que isto se
terromper a discussão, e sendo-lhe concedida, apre declare na Constituição; mas opponho-me ás ultimas
Bentou, em nome da Commissão de poderes o se palavras do artigo, que dizem sujeitando-se no com
guinte, promisso a cstar pelas decisões que elles proferirem:
não tem necessidade de sujeitarem-se a isto contra suas
I 81 ]
vontades, elles são senhores de suas propriedades, Se a dita doutrina se approvava salva a emenda
porque hão de renunciar ao direito de appelação se o das appellações, do Sr. Borges Carneiro, e a outra,
quizerem conservar! De mais isto não he um direito pertencente á redacção, do Sr. Ferreira de Sousa; e
novo, he um direito de nossa legislação, a qual ad assim se approvou.
mitte os arbitros, com mais liberalidade do que vejo Resolveu-se a respeito da emenda do Sr. Borges
neste projecto. Carneiro, que para maior clareza, se supprimão
O Sr. Soares Franco: — Esta doutrina está igual do artigo as palavras sujeitando-se no compromisso a
mente consignada na Constituição hespanhola, e me estar pelas decisões que elles proferirem.
parece, apesar do que tem manifestado o Sr. Brito, Foi posta a votos, e approvada a emenda predi
que he necessario que se faça essa declaração, de que cta do Sr. Ferreira de Sousa. +
no compromisso se hão de sujeitar as partes ás deci O Sr. Presidente suspendeu a discussão da Cons
soes que os arbitros proferirem. tituição para dar lugar á leitura de indicações até á
O Sr. Lino: — He preciso que tenhamos em ora de prolongação. •
vista o que está decidido a respeito do poder judicial. O Sr. Vasconcellos leu a seguinte
Temos decidido que haja juizes electivos leigos, com
alçada nas causas civeis, e crimes, e estabelecida já HN D 1 c A Ç Ã os
essa forma do poder judicial não sei a que vem a dou
Irma estabelecida neste artigo. Se o homem commet Tendo chegado ao porto desta capital o bergan
teu um pequeno crime, o juiz leigo o ha de julgar; lim de guerra Providencia o qual (segundo consta de
por consequencia como fica livre a elle chamar arbi ofícios vindos do Rio de Janeiro) sustentou na sua via
tros
ta?
para decidir em materias crimes de pouca mon
•
gem para o Brazil um combate contra uma corveta, e
um bergantim insurgentes: devendo-se ao decedido va
O Sr. Moura: — Sr. Presidente: em pequenas lor com que se batêrão os oficiaes, e tripulação,
causas civeis hão de decidir os juizes de que se trata que o sobredito bergantim não cabisse em poder de
quando as partes recorrerem a elles; mas se as partes forças tão superiores, e como o Governo não póde
Eão quizerem, e quizerem escolher outro juiz, porque dar premios pecuniarios sem licença das Cortes, re
não se lhes ha de conceder! Isto o consentem todas sultando de se não premiar a guarnição de um na
as legislações, e seria cousa nova que agora se estor viu de guerra, que defendesse o seu ua viu contra for
vasse. Não se póde nunca recusar o juizo de arbitros ças superiores, que ella ficaria de pior partido, que
as partes. a dos navios mercantes, á qual se concede em casos
O Sr. Lino: — Para o caso que o Sr. JMoura taes 1 & por cento do valor da carga, pelo decreto
aponta, não he preciso legislar, porque isto vem a de 14 de Setembro de 1798 proponho o seguinte:
ter um negocio particular entre dois individuos. 1.° Que se autorize o Governo para poder dar aos
O Sr. Moura: — (Leu o artigo) Com estas pa oficiaes inferiores do navio, ditos da tropa, solda
lavras está respondido ao que o Prcopinante acaba dos, e marinheiros tres mezes de soldo de gratificação,
de dizer. •
além dos soldos que tiverem vencido, se o Governo
O Sr. Brito: — Senhores: o juizo dos arbitros julgar, que a defeza, que elles fizerão os torna di
não he uma simples convenção; he necessario dar-lhe gnos deste premio; esta despeza importa de 1:2003
a força de julgado, e fazelo exequivel; e para que se féis a 1:3003 réis.
faça exequível he preciso que seja autorizado pela lei. 2." Que indo a desarmar o sobredito bergantim
O Sr. Ferreira Borges: — Admittir arbitros em a maruja, que entrou em acção, não seja obrigada a
causas civeis he, assim como até agora tem sido en passar contra sua vontade para outro navio, e se dê
tre nós, objecto do codigo ; admittir arbitros porém baixa no acto do desarmamento, áquelles que a reque
em causas crianes será certamente objecto da Consti rerem. — O Deputado Vasconcellos.
tuição. Primeiramente será necessario que a decisão O mesmo Sr. apresentou um requerimento da tri
dos arbitros tenha uma execução, isso certamente se pulação do dito bergantim á cerca da mesma segun
rá nullo, e de mais nos crimes, além da injuria, e da parte da sua indicação.
o damno que se faz a um homem particular, anda A indicação ficou para 2.° leitura; e o requeri
unido á infracção da lei contra a sociedade.... De mento se dirigiu á Commissão de petições.
tudo isto concluo, que não deve ser artigo constitu O Sr. Willela leu a seguinte
cional, e que quando muito deve ser do codigo civil.
Houve mais alguma discussão sobre o mesmo I N É I c Aç Áo.
•bjecto.
O Sr. Borges Carnośro fez uma emenda para que Havendo as Cortes geraes extraordinarias, é cons
se não entendesse que ficavão os litigantes inh bidos tituintes da nação portugueza concedido aos povos
da appellação. do Reino unido de Portugal, Brazil, e Algarves, o
O Sr. Ferreira de Sousa fez outra emenda redu benefoio da liberdade da imprensa, e creado um tri
zida, a que depois das palavras negocios penaes, ou bunal protector della nesta cidade de Lisboa: e sen
*ausas penaes se expresse civilmente intentadas. do muito difficil, se não impossivel, aos reos de taes
O Sr. Presidente propoz á votação: se se decla crimes nas provincias ultramarinas pela grande dis
raria
se quenasim.
Constituição a doutrina do artigo! Resolveu tancia em que estão de Portugal, recorrer ao referi
• •
O Depurado Francisco Manoel Martins Ramos. Sala das Cortes 27 de Janeiro de 1822. – Anto
Foi approvada, e mandarão-se expedir as com nio Maria Osorio Cabral ; Manoel Ignacio Mar
petentes ordens. tins Pamplona ; Luiz Paulino de Oliveira Pinto
Leu-se mais o seguinte de França ; José Antonio da Rosa ; José Victori
no Barreto Feio ; Alvaro Xavier das Povoas ;
P A R E c E R. Francisco de Magalhães de Araujo Pimentel; Ba
rão de Mole/los.
A Commissão de guerra examinou o officio do O Sr. Borges Carneiro: — Eu não me posso
Ministro da guerra no qual diz, que pelo motivo das conformar com este parecer da Commissão (nem eu,
difficuldades, que resultão ao bom expediente dos ne disserão muitos Srs. Deputados, o orador continuou)
gocios militares, de se acharem divididas as attribui o motivo que se dá de que já não existe a causa por
ções destes negocios entre dois Generaes, na corte, e que o dito Brigadeiro foi encarregado do commando
provincia da Extremadura, as quaes se evitarião re das armas da corte, não he verdadeiro. Esta causa
duzindo as ditas attribuições em uma sò pessoa, e existe mais ao menos solapada em quanto homens ou
achando-se o Brigadeiro Sepulveda actualmente en por intrigantes e perfidos, como Sandoval, ou por
carregado do commando da força armada de Lisboa, illudidos e crédulos, continuarem espalhando a dis
Cascaes, e Setubal, sendo inaunovivel deste lugar, cordia. Estamos como n'um mar que acaba de estar
deseja ElRei, diz o Ministro, encarregar ao mesmo vivamente agitado; e agora ora está placido, ora
Brigadeiro do governo das armas da corte, e provin prompto a enfurecer-se. Como poderão as Cortes e o
cia da Extremadura. Governo ter a firmeza precisa para fazer reformas ra
A Commissão julga não poder ter lugar similhante dicaes uma vez, que não virem as armas na mão de
proposição por ser totalmente opposta não só ao espiri um homem como o Brigadeiro Sepulveda, contra
to, mas á letra do que este soberano Congresso tem por quem os facciosos não podem excitar a desconfiança,
varias vezes decretado, a saber; que os Deputados nem alevantar-lhe calumnias que sejão cridas, pois
não possão servir nem acceitar emprego algum, como está ele identificado com o systema que se está plan
se vê na acta de 27 de Janeiro de 1821, no § 1.° do tando! (Apoiado). As fermentações passadas promo
decreto de 10 de Agosto, e nas actas de 22, e 24 de vidas por Sandoval, quanto mais discordias terião
Outubro, em que se approvárão os §§ 80, 81, 82 da produzido, se o commando da força armada não esti
Constituição. Nem se diga que as Cortes pela sua vesse nas mãos de Sepulveda! Por outra parte, diz
ordem de 12 de Junho dizendo á Regencia que a au o Ministro da guerra que pelo modo actual vai mui
torizão para empregar provisoriamente o General mal o expediente dos negocios militares desta provin
Sepulceda em qualquer commissão que julgue im cia; nem póde ser de outro modo estando dividido
portante á causa publica, habilitárão o actual Go entre dois, e os commandantes recebendo ordens por
verno para empregar este Brigadeiro como quizesse: duas vias. E que quando S. Magestade mostrando a
1.° porque a concessão foi feita á Regencia para um confiança que tem no Brigadeiro Sepulveda, propõe
momento, que se reputava de perigo, e provisoria que se dispense na qualidade de Deputado em Cortes,
mente, sendo inamovivel do lugar em que está só a qual o impede para se estender a sua jurisdicção
mente para o poder executivo, e não para as Cortes, militar, digo, quando um Rei tão constitucional,
que o podem remover logo que julguem terem cessa que tantas provas tem dado da sua cordialidade para
do os motivos porque foi nomeado: 2." porque as ra a nossa regeneração, deseja que... (.4qui o Sr. Pin
zões allegadas pelo Ministro, isto he, mais alguma to de Magalhães interrompeu o orador, dizendo ser
[ 84 |
ohibido pelo regulamento dizer quaes são as vonta pregados em algnm dos consulados, de que trata o
des de S. Magestade. O orador continuou) está bom : artigo antecedente poderão ser conservados ou remo
já volto a falar sobre outra razão do parecer da Com vidos, segundo o Governo entender, que mais convem
missão, convem saber, que Sepulveda he moderno, e ao serviço publico. -
teria que commandar oficiaes de maior patente. Eu 3 Naquelles consulados, que não tem ordenado,
considero os commandos das armas como commissões, poderão ser empregados estrangeiros uma ves, qne não
que não requerem antiguidade ou graduação superior haja portuguez nas circunstancias de os pode bem ser
VII",
a todas as patentes que possa haver na provincia. No
reino do Algarve commanda actualmente o Brigadei Paço das Cortes em 4 de Fevereiro de 1822 —
ro Cabreira; o mesmo no partido do Porto; na ilha Manoel de Serpa Machado, Presidente; João Bap
da Madeira um Alferes; no Brazil patentes de Coro tista Felgueiras, Deputado Secretario; José Lino
neis, ou talvez menores, etc. Nas praças de armas Coutinho, Deputado Secretario.
sabido he, que obedece ao Governador qualquer maior
patente que nelas resida. Nestes casos olha-se o lu REsoluçõrs E ORDENS DAs CoRTEs.
gar e não a patente, como succede na secretaria de
guerra, etc. Em fim quando º superioridade de Pa Para Francisco Xavier Calheiros.
tentes fosse indispensavel, não nos admirariamos mui
to se vissemos o Brigadeiro Sepulveda promovido As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação por
primeiro a alguns postos, e praticar-se com os nossos tugueza concedem a V. S." licença por tanto tempo
JRiegos e Queirogas, o que D. Fernando de Hespa quanto seja necessario para tratar da sua saude, espe
nha tem praticado com os seus, rando do seu conhecido zelo e amor da Patria, que
Alguns Srs. Deputados pedirão a palavra, e por apenas seja possivel V. S." não deixará de vir logo
esta razão, e por ter já passado parte da hora desti continuar neste soberano Congresso as funcções de que
nada para a prolongação, o Sr. Presidente adiou es dignamente se acha encarregado. O que communico
1a discussão. a V. S." para seu conhecimento.
O Sr. Secretario Freire leu o artigo 7.° do proje Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 4 de
cto da reforma da companhia, e a seguinte emenda Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
oferecida pelo Sr. Soares Franco para substituir os
art. 7.°, 8.°, e 9.° \,
Para Francisco Van Zeller.
Os arrolamentos, e fiscalização da parea dos to
neis, o vigiar que não haja introducção de vinhos, As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação
e aguas ardentes no districto da demarcação, as pro portugueza concedem a V. S." licença por tanto tem
vas dos vinhos, e as informações, que os provadores po quanto seja necessario para tratar da sua saude,
devem dar sobre o juizo que fizerem da novidade, esperando do seu conhecido zelo e amor da Patria,
serão para o futuro determinados por um regulamen que apenas seja possivel V. S." não deixará de vir lo
1e particular. — Soares Franco. go continuar neste soberano Congresso as funcções de
Depois de alguma discussão, foi desapprovado o que dignamente se acha encarregado. O que commu
art. 7.", resolvendo-se que o arrolamento que nelle nico a V. S." para sua intelligencia.
se encarregava ás camaras, fique pertencendo, como Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 4 de
até agora á companhia. Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
Tambem foi desapprovado o art. 8.°, resolvendo
se que a coupanhia fique, como até agora, encarre Para Filippe Ferreira d'Araujo e Castro.
gada da fiscalização da parea.
Entrou em discussão o art. 9.", e tendo dado a Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. – As Cor
hora de levantar a Sessão ficou addiado. tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia tomando em consideração a consulta da Junta da
os pareceres das Commissões, e na prolongação o administração da companhia geral da agricultura das
parecer sobre os Hespanhões prezos no Porto. — Le vinhas do Alto Douro, transmittida ao soberano Con
vantou-se a Sessão depois das duas horas. — José Li gresso pela Secretaria de Estado dos negocios do Rei
no Coutinho, Deputado Secretario. no em data de 9 de Janeiro proximo passado, con
tendo o juizo do anno relativo á ultima colheita dos
D E c R E T o. vinhos do Douro, donde se mostra que existem de vi
nho arrolado, e qualificado em primeira qualidade
As Cortes Geraes e Extraordinarias, e Constituin 54:569 pipas, e em segunda qualidade 11:214; as
tes da Nação portugueza considerando quanto impor quaes juntamente com as que se achão nos depositos
ta a causa publica que sejão portuguezes os consules do Douro, e Porto som mão a totalidade de 137: 113;
da Nação; decretão o seguinte. pipas: attentas maduramente as presentes circunstan
1 Os consules geraes da Nação portugueza bem cias, e ponderados os interesses da agricultura e com
como os consules particulares que vencem ordenado mercio deste importantissimo objecto, resolvem o se
serão naturaes do Reino Unido de Portugal Brazil e guinte: 1.° ficão approvadas para o embarque d'In
Algarve, ou nelle naturalisados. glaterra e ilhas adjacentes 23:000 pipas, as quaes, se
2 Os estrangeiros que actualmenre se achão em não separadas quantitativamente d’entre as approva
[85 ]
das em primeira qualidade, e terão o preço de 45.000 dade, por ser o anniversario da coroação d'ElRei comº
réis cada uma. 2." A feira dos vinhos legaes de em stitucional, o Sr. D. João VI. O que V. Exc. levará
barque, isto he, das 25.000 pipas acima mencionadas ao conhecimento de Sua Magestade.
se abrirá dentro do espaço de oito dias contados des Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 4
de aquelle em que a presente resolução chegar ao co de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
nhecimento da Junta da companhia; durará os tres
dias do estillo, e concorrerão nella sem preferencias Para José da Silva Carvalho.
os negociantes, legitimos exportadores, e a compa
nhia. 3." No decurso dos tres dias consecutivos aos Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
da feira dos vinhos legaes de embarque cada um dos tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
compradores apresentará impreterivelmente aos Depu sendo-lhes presente que tres meninos, Monoel Fer
tados da companhia na Regoa uma relação exacta dos nandes Vasconcellos, Julião Fornandes Fasconceltos,
vinhos que comprou, nome dos vendedores, e situa e João Fernandes Vasconcellos vierão remettidos pre
ção das adegas, sob pena de se lhe negarem as guias, zos por opiniões politicas, e como chefes de rebelião,
qualquer que seja o motivo com que depois preten por ordem da Junta provisoria do Governo da pro
dão justificar aquella falta. 4.° Findo o sobredito pra vincia do Grã-Pará, abordo do brigue Providencia,
so abrir-se-ha nova feira por outros tres dias para to chegado ao porto desta capital no dia 28 de Janeiro
do o resto do vinho destinado á exportação do Bra proximo passado, e se achão nas cadêas do castello:
zil, e portos estrangeiros, excepto os de Inglaterra, mandão dizer ao Governo que tome o referido na
ilhas adjacentes, e Gibraltar, pelos seguintes preços, consideração que merecer, procedendo-se pelos meios
a saber, o vinho da primeira qualidade approvada, que as leis prescrevem sobre qualquerº abuso de au
que excede ás 23:000 pipas separadas, segundo o toridade que possa ter havido em similhante negocio
art. 1." desta resolução, terá a preço de 30.000 réis; O que V. Exc. levará ao conhecimento de Sua Ma
o da segunda qualidade de 23:000 réis, e o da pri gestade.
Ineira qualidade de ramo de 20:000 réis por cada pi Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 4
pa. Nos tres dias seguintes aos desta feira apresenta de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
não igualmente os compradores relação dos vinhos
comprados do mesmo modo, e debaixo da mesma co Para Candido José Xavier.
minação que fica estabelecida relativamente aos da
primeira feira. A Junta da companhia tomará todas Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
as precauções convenientes para evitar as introduc tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
ções dos vinhos de que trata este artigo nos arma pretendendo remediar provisoriamente os efeitos da
zens do vinho legal de embarque. 5.° Fechada a ul indigencia em que se achão alguns oficiaes militares
tima feira, a Junta, sem obstar no entretanto á ven regressados do Ultramar, em quanto a respeito delles
da livre para o consumo a avença das partes, remet se não toma uma resolução definitiva, e vendo que a
terá ao Governo, para ser transmittido ás Cortes, ordem de 31 de Outubro expedida para este mesmo
um mappa das pipas que ficárão por vender, suas fim não foi executada conforme as intenções do sobe
qualidades, e preços respectivos, interpondo sua opi rano Congresso, por quanto forão incluidos no paga
nião sobre o destino que se lhes pôde dar partindo mento muitos individuos, que nem vierão com desti
das seguintes bases: 1.° nos cinco annos subsequen no militar, nem se achavão nas circunstancias de vi
tes a Junta he obrigada a comprar todo o vinho do ver sómente de seus soldos: ordenão, que ás pessoas
Douro, que não tiver comprador nas feiras da Regoa, comprehendidas em alguma das classes designadas
e toda a agua-ardente das tres provincias do Norte, naquella ordem se paguem outros dois mezes de soldo
que lhe fôr oferecida, em quanto não exceder o con debaixo das restricções nella prescritas, e de maneira
sumo da companhia e commercio. 2." Em compen que sómente se pague áquelles officiaes que vierão
sação deste encargo só a Junta da companhia pode sem algum outro emprego, ou exercicio, e que se
rá introduzir e vender por grosso e miudo aguas-arden achão redusidos a não terem outro meio de subsisten
tes dentro das barreiras do Porto, Villa Nova da Gaia, cia aléu do soldo. Em quanto porém aos que vierão
e demarcação do Douro, e ninguem poderá lotar vi com licença se pagará sómente um mez, por ficar sa
nhos com agua-ardente, que não seja comprada á tisfeito com este o pagamento dos seis mezes de meio
mesma companhia. O que V. Exc." levará ao co soldo, que unicamente lhes compete. O que V. Exc.
nhecimento de Sua Magestade. levará ao conhecimento de Sua Magestade.
Deus guarde a V. Exc.". Paço das Cortes em 4 Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 4
de Fevereiro de I822. — João Baptista Felgueiras. de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras
Para o mesmo. Redactor — Velho.
ne nos dias de abstinencia nes Estados portuguezes. Foi ouvida com agrado uma felicitação, que rei
Mandou-se á Commissão ecclesiastica do expediente. tera ás Cortes o corregedor da comarca de Alem
Outro officio, remettendo ás Cortes, em cumpri quer, enviando um elogio, que por occasião do an
mento do officio de 27 de Novembro, as informaçoes niversario da instalação dellas foi recitado no theatro
sobre os reparos das estradas, requeridos pela camara de Villa Franca de Xira.
de Extremoz. Mandou-se á Commissão de estatistica. Foi ouvida com agrado uma felicitação que pela
Outro officio, enviando, para serem sujeitos á de mesma occasião dirigiu ás Cortes o cidadão Vicente
liberação das Cortes, varios diplomas passados por Nunes Cardoso, remettendo juntamente uma memo
diferentes tribunaes. Remetteu-se á Commissão de ria, que contem duas observações sobre as materias
Constituição. do codigo civil, para ser dahi enviada á Commissão
- Outro officio, incluindo uma consulta do conse do codigo civil, quando se installar.
lho da fazenda, e informações do superintendente das O Sr. Deputado Felgueiras apresentou redigido
obras do Mondego, e do de agricultura, em que se o decreto declaratorio do direito de petição ás Cor
trata de medidas e despezas necessarias ao respectivo tes Mandou-se imprimir para entrar em discussão
encanamento, e a melhoramentos do interior, em be Fez-se a chamada , e achárão-se presentes 103
neficio da agricultura e commercio interno, para que dos Srs. Deputados, faltando 30, a saber: os Srs.
o soberano Congresso, tomando este negocio na con Falcão, Gyrão, Osorio Cabral, Canavarra, Ribei
sideração que merece, haja de cooperar com as medi ro Costa, Bernardo Antonio de Figueiredo, Sepul
das legislativas, e autorisação de despezas, que se fa vcda. Bispo de Castello Branco, Macedo, Gouveia
zem necessarias para o seu pronto desempenho. Man Durão; Lyra, João Moniz, Fan Seller, Calheiros,
dou-se para a Commissão de estatistica. -Antonio de Miranda, Queiroga, Mantua, João de
Do Secretario de Estado dos negocios da fazenda Figueircdo, Bekman, Faria , Moura, .4ffonso
um officio, dirigindo ás Cortes, em cumprimento do Frcire, Sousa e Almeida, Ribeiro Saraiva, Fernan
oficio de 29 do mez passado, uma participação do des. Thomaz, 2çfyrino, Castello Branco Manoel,
provedor da casa da India, e a informação dos cor Luiz de Mesquita, Ribeiro Telles.
respondentes do banco do Rio de Janeiro, ácerca do Entrando-se na ordem do dia, leu-se o parecer
páo Brazil, que ultimamente se havia de arrematar. da Commissão do commercio, sobre o ordenado pro
Foi á Commissão de fazenda. -
ilha da Madeira, sobre o cumprimento de alguns di A Commissão propunha, 1.° a substituição das
plomas expedidos por Sua Magestade, antes e depois miudas por uma imposição nova nas fazendas que se
da geral adhesão á causa de Portugal. Mandou-se á despachão na alfandega : 2.° oferecia uma tabella dos
Commissão de Constituição. ordenados que provisoriamente devem vencer os em
Do Secretario de Estado dos negocios da guerra pregados da casa da India, até que se reunão as al
um officio, participando ás Cortes, que em observan fandegas. |-
cia da providencia geral, dada pelo soberano Congres O Sr. Franzini: — Eu não posso dar a minha
so em 31 de Outnbro ultimo, se tem feito abonar opinião sobre este objecto, nem menos approvalo em
pela thesouraria geral das tropas a D. Maria Rita de quanto ele quer a extincção das miudas, porque o
Paiva, vinda do Rio de Janeiro, dois mezes da pen extinguir estas miudas he nada menos do que privar
são que Sua Magestade lhe havia concedido como o Estado do rendimento de noventa contos de réis,
viuva de Antonio José de Paiva, que foi major de querendo deste modo favorecer mais o commercio dé
milicias da dita provincia do Rio de Janeiro. Foi á industria: por tanto levo á consideração do soberano
Commissão de fazenda. Congresso esta indicação, que me parece ser de algu
Outro oficio do mesmo Ministro, remettendo ás uma utilidade,
gresso e por isso peço licença ao augusto Cón
para a ler. •
do portanto este methodo quereria que se passasse or . Sala das Cortes em 10 de Dezembro de 1821. —º
dem ao Governo para não prover para o futuro os Rodrigo Ribeiro Telles da Silva; Francisco Barro
oficios das alfandegas, sem que se participe ás Cortes so Pereira ; Francisco Xavier-Monteiro; Manoel
para estas conhecerem sobre a sua utilidade, ou inu Aives do Rio; Francisco de Paula Travassos. -
tilidade, porque são immensos os pretendentes e mui O Sr. Freire: — Este conselheiro foi mandado
grande a superfluidade dos empregos, e se nós não daqui para fóra, não sei se houve ordens expres
fizermos as reformas convenientes o Governo execu sas para se lhe não pagar. Se não as houve, não
tivo talvez as não proponha. Peço a V. Ex. º queira sei porque se lhe não paga. } *
mandar lêr a tabella com a declaração dos rendimen O Sr. Castello Branco: — Os illustres membros
tos de cada um dos empregados para que o Congres que redigírão aquelle parecer hão de convir em que
so seja informado da diferença de uns a outros, e as ele não inclue todas as razões, e razões que mostrão
sim poder votar com conhecimento de causa. ajustiça com que o Governo remetteu aquella consul
O Sr. Presidente propoz á votação a tabella; sal ta para o Congresso, reconhecendo que só ao Congres
vas as pensões com que estão onerados alguns daquel so pertencia a sua decisão. Segundo as noticias que
les oficiaes: e foi reprovada. • •
tenho sobre aquele negocio julgo que heuve uma con
Propoz mais á votação a emenda do Sr. Trigoso sulta antiga do Senado feita a ElRei sobre se deveria
nos seguintes termos — Se os ordenados, que provi pagar-se ao conselheiro José Diogo, e juntamente se
soriamente se mandárão pagar aos guardas, officiaes, deveria pagar-se aos outros que estavão em França.
e mais empregados da casa da India, devem ser sa Parece-me segundo tenho ouvido dizer que a resolu
tisfeitos na sua totalidade pelo deposito das miudas, gão do Rio de Janeiro foi que se pagasse aos outros,
ficando o thesouro publico tambem interinamente alli e que por motivos particulares se não pagasse ao con
viado da ametade, que pagava desses ordenados? De selheiro José Diogo. Sendo assim como deveria in
cidiu-se, que sim. • • -
razão ou sem razão daquela consulta. Por consequencia verno não os ha de ignorar : he pois necessario que
reduz-se o negocio a este ponto: se deve subsistir a reso este nos informe para se deferir com melhor conheci
lução da antiga consulta dada por ElRei, ou se não deve mento do negocio.
subsistir: he do que nós devemos tratar. . . . . O Sr. Frauzini ! -- Julgo que a opinião do Sr.
sobre este ponto, eu penso que se aos que estavão em Castello Branco he a mais justa, e adequada ás cir
iguaes circunstancias se tem pago, e por consequencia cunstancias. Em rigorosa justiça devia pagar-se-lhe,
se o Congresso lançando um véo sobre o que se ti e todos os que saírão daqui forão pagos : lembra-me
nha passado, não entrando no exame sobre se ti de alguns por graça especial, como o morgado Ma
nha havido ou não razão para remover da patria ci theus, etc. Por tanto parece que o unico exceptuado
dadãos a quem se não tinha formado culpa, se o so he José Diogo, e não sei porque. O caso he, que elle
berano Congresso quiz fazer este acto de justiça ri fez serviços extraordinarios á Nação; elle foi quem se
goroso consentindo que se lhe pagassem os vencimen lembrou de redigir os Annaes das Artes e Sciencias,
tos que se lhe não tinhão podido fazer efectivos por obra tão util como todos sabem ; por tanto assento
uma violencia, por um acto de despotismo do anti que deve pagar-se-lhe.
go Governo, então esta decisão deve ser igual para O Sr. Sarmento: — Não me quero levantar pa
todos.. Dir-se-ha que são maiores os vencimentos do ra avaliar os merecimentos deste individuo. O que
individuo de que se trata do que dos outros. Mas per lembro he que de, todas as pessoas que se achavão nas
gunto eu, quando se trata de verificar os principios suas circunstancias foi elle aquelle em quem a desgra
de justiça olha-se para a quantidade dos vencimentos! ça descarregou mais pezado golpe. Uma vez que se
Os principios de justiça tanto versão a respeito do que estabeleceu a amnistia, e que se esqueceu tudo, deve
vence 10 como do que vence 100: entretanto eu te haver igualdade com todos; por isso sou de parecer
rei uma opinião singular por isso que deve seguir-se que se lhe pague tudo, e que quando se não possa
um meio terxmo a respeito do individuo de que se tra fazer este pagamento de uma vez, se faça por consigna
ta: nós não devemos approvar de todo a antiga reso ções de modo que elle receba os seus ordenados atra
lução das Cortes, nem a devemos reprovar de todo, zados com suavidade da fazenda do Senado, o qual
mas sim approvar attendendo ás circunstancias: vem a talvez não possa em um pagamento desembolçar toda
ser grande a somma pedida. O individuo não traba a SOIIIII13 •
lhou por um acto de despotismo, os meios da repar O Sr. Ferrão: — No decreto da amnistia não esque
tição por onde deve ser embolsado são apoucados, ceu nada, porque José Diogo Mascaranhas Neto não |
portanto eu voto que elle deve vencer metade dos tinha crimes, e nada tinha feito que podesse ser-lhe
seus ordenados. perdoado pelo decreto. Nas ordens do Rio de Janei
O Sr. Barroso: – A questão de que acaba de ro para regressarem para suas casas os deportados da
falar o illustre Preopinante he inteiramente alheia do Setembrizaida foi elle exceptuado por causas particu
e so, e questão presente. O caso presente he o de que lares, e tambem foi exceptuado o 5………… J/i-
fala o parecer (leu o parecer). cente José Ferreira Cardoso ; a este mesmo se estão
O Sr. Villela: — Quero saber se o sujeito de quem pagando os seus ordenados da casa da supplicação, a
se trata foi mandado, ou se sahio voluntariamente de pezar de estar na Ilha de S. Miguel. Por tanto/José
Portugal. Diogo deve tambem vencer os ordenados do Senado.
Dizendo alguns Deputados que fôra mandado sair,O Sr. Presidente poz a votos o parecer da Com
missão, e foi approvado.
continuou o Sr. Villela : Pergunto agora se voltou
com os outros? O Sr. Trigoso por parte da Commissão de ins
O Sr. Alves do Rio: — Elle não voltou, porque trucção publica leu os seguintes
lhe não derão licença para voltar; porque o governo
velho informou a sua Magestade que não deveria vol P A R E c E R E s.
tar a Lisboa; e se agora veio foi em consequencia do
decreto das Cortes, de amnistia. Mas Sua Magestade A Commissão de instrucção publica, conforman
tinha-lhe mandado dar oitocentos mil reis pela le do-se na sua opinião com as repetidas decisões do so
gação de Londres ; por consequencia me parece que berano Congresso sobre dispensa das leis, porque se
está muito no caso de vencer este dinheiro. rege a Universidade, opina que devem ser escusados
O Sr. Ferrão : — O governo desse tempo, ape os seguintes requerimentos.
zar do despotismo com que todos nós fomos manda O de D. Miguel da Silveira, que devia ter feito
dos sair pela barra fóra, mandou a bordo da fragata acto em Outubro, e pede que se lhe permitta fazelo
Amazona antes de se fazer á vella um ministro com até o Natal.
o seu official a fazer uma lista de todos os emprega O de José Nascentes Pinto Soares, que tendo já
dos publicos, e segurar-lhes que os seus ordenados lhe feito acto do terceiro anno de leis sem ter feito exame
havião de ser pagos. Mascarenhas Neto era um del de relhorica quer ainda mais um anno de proroga
les; foi para a Ilha Terceira, e de lá foi para Ingla çao. •
terra; e senão veio com os outros foi porque o não O de Joaquim Pinto Neto dos Reis, que depois
deixárão vir. de estar fechada a matricula quer ser admittido a ex
O Sr. Villela: — Eu não me opponho a que as ame de geometria para se matricular este mesmo anº
sim seja: mas he preciso saber os motivos, porque o no no segundo juridico.
não deixárão vir com os outros para Portugal. O Go O de José Pinto Rebello de Carvalho, que se diz
[ 91 ]
habilitado para fazer acto do quarto anno de medici Francisco Manoel Trigoso d'Aragão Morato; Fran
ca, e pretende ser aliviado do exame da lingua gregar cisco Moniz Tavares ; Antonio Pinheiro d'Azevedo
O de José Afonso Martins, estudante do tercei e Silva. •
ro anno de canones, que tendo sido reprovado em A Commissão de instrucção publica julga por me
geometria, e por isso inhabilitado para fazer acto, tivos ainda maiores, que deve ser indeferido o reque
implora o podelo fazer, e ser-lhe prorogada a dispen rimento de José Francisco d'Araujo Brandão, ba
sa do exame de geometria até o fim do quarto anno. charel formado em canones, o qual supplica a graça
O de Joaquim Urbano de Sampaio, bacharel for de ser dispensado do exame da lingua grega para su
mado em canones, e estudante do sexto anno da mes bir a maior graduação, assim como tambem implora,
ma faculdade, que tendo já alcançado do soberano que o dispensem da frequencia do sexto anno, e da
Congresso dispensa para não apresentar as suas theses obrigação de apresentar theses; fundando-se em não
até vinte de Março, como devêra fazer, obrigando-o se poder ter aproveitado da graça, de que outros, em
porém a habilitar-se para tomar os gráus de licencia iguaes circunstancias literarias, se tinhão aproveita
do, e doutor por todo o mez de Novembro, sem que do, e em ser a sua robustez mui pouca para tamanho
trabalho. •
earcereiro da villa de Mafra, pede a propriedade do dou pôr em liberdade, o que se verificou em 23 do
dito oficio: consultou-se procedente este requerimen mesmo mez por alvarás de soltura. ! #
to, e ElRei assim o resolveu. Por uma representação do relator daquelle pro
Parece á Commissão que não deve cumprir-se, cesso Antonio Gomes Henriques Gaio, consta que
porque esta resolução foi datada em 9 de Outubro de sendo elle e mais dois adjuntos Luiz de Paula Fur
1820, e procedem as mesmas rasões, que ficão ex tado Castro do Rei, e Francisco Xavier Borges Pe
postas, competindo sómente a um, e outro suppli reira Ferrás, de voto contrario á applicação do in
cante o direito de entrar no concurso, e proposta nos
termos habeis. • •
dulto, que os outros tres desembargadores votáão fo
rão, chamados mais dois que desempatárão, voando
Mandou-se voltar este parecer á Commissão. pela applicação do indulto, que os tres primeiros as
O Sr. Basilio Alberto, por parte da Commissão signárão por vencidos. •
de justiça criminal, leu o seguinte A Commissão parece que se deve mandar rever o
mencionado processo, por quanto exceptuando o in
P A R E c E R. dulto de 14 de Março de 1821 o furto feito com vio
lencia, parece que não deveria ser applicado áquelles
A Commissão de justiça criminal examinou dois reos que se mostrarem comprehendidos com arromba
processos de livramento summario dos réos Manoel de mento de portas. -
Novaes, João António de Novaes, sua mulher Ma Sala das Cortes em 25 de Janeiro de 1822. –
ria Lucia Gonçalves, Domingos José da Costa, Ma Bazilio Alberto de Sousa Pinto ; Francisco Xavier
noel José de Faria , Francisco Xavier Leureiro, Soares de Azevedo ; Manoel José d'Arriaga Bruns
José Marques Espinho, e Joaquim José Barboza da Silveira.
morgado, todos da comarca de Braga, dos quaes e de O Sr. Borges Carneiro: — Eis-aqui um parecer
vinte e dois apensos consta em summa o seguinte: illusorio que de nada serve. Salta aos olhos, a preva
Nos annos de 1819, e 1820, achava-se a provin ricação dos desembargadores do Porto, que applica
cia do Minho infestada por uma quadrilha de ladrões rão o indulto de 14 de Março a uma cáfila de sal
que dirigião suas tentativas principalmente contra as teadores, que tem roubado as igrejas, quebrando
igrejas. Na noite de 30 de Janeiro de 1819 arrombá portas, arrombando sacrarios, arrebatando os vazos
rão, e roubárão a igreja de Fontearcada comarca de sagrados, lançando per terra a sagrada eucharistia:
Guimarães: na de 15 de Dezsmbro do mesmo anno, alguns delles apanhados com as armas e as gazuas,
a de S. Martinho de Espinho da mesma comarca; e os furtos nas suas proprias casas, elles confessos etc.
na de 13 de Janeiro de 1820 a de S. Martinho do A caso o indulto das Cortes não exceptuava os furtos
campo da mesma comarca, levando os vasos sagra feitos com violencia, e não exceptuava a blasfe
dos depois de arrombarem os sacrarios, e lançarem por mia! Como pois não o sacrilegio e a lesa Magestade
terra as sagradas formas, roubando coroas, resplando divina! Taes interpretações são mais escandalosas que
res, e mais adornos, que armavão as imagens; le a descarada desobediencia ás leis. O indulto não ex
vando toalhas, alvas, corporaes, e mais roupas, al ceptua a traição da patria, a lesa Magestade divina
gum dinheiro, cordões de ouro; brincos, cera, azei ou humana, a espionagem, a deserção em tempo de
te, e quantos moveis encontrárão de facil transporte. guerra, e outros taes crimes gravissimos. Logo segun
Por occasião destes roubos, e sacrilegos attenta do a jurisprudencia destes Srs. eles soltarião os réos
dos procedeu o juiz de fóra a inquirição, devassa so destes crimes gravissimos! Soltarião a quem tivesse
bre cada um delles; e os corregedores de Guimarães, attentado contra a vida do Rei! O indulto exceptuan
e Braga a diversos actos de policia, e averiguação, do crimes menores, tinha exceptuado todos os que
como lhes havia sido ordenado por aviso da intenden erão visivelmente mais graves. Elle foi copiado litte
cia geral da policia em data de 5 de Março de 1819, ralmente das antigas formulas. i Porque pois os des
do que tudo resultou a pronuncia dos mencionados embargadores o não praticárão como sempre se prati
réos, e a sua prizão, descobrindo-se ainda mais com cou! O estilo das Relações, não he elle o melhor in
anheiros nos ditos roubos pela achada de parte del terprete das leis! E que? Podia suppôr-se que já mais
# em casa d'alguns, e pelas respostas que derão ás fosse a mente do legislador soltar ladrões publicos,
perguntas, que a este respeito lhes forão feitas. . para voltarem, como voltárão a roubar e aterrar os
A notícia destes e d'outros roubos, e sacrilegos habitantes do Minho! Se taes juizes tivessem amor
desacatos chegando ao conhecimento do governo an ao bem publico, não lhe tocaria o coração uma tal
tigo, expediu este ao governador da relação do Por intrepretação! Ao menos não entrarião em duvida,
to a resolução com data de 15 de Junho de 1819, para consultar as Cortes que havião feito o decreto!
em que lhe ordenou fizesse chamar á 1.° vara do cri Não nos illudamos. Digamos que são homens egois
me da dita relação todos os processos de similhantes tas, relaxados, insensiveis ao bem dos povos, por não
acontecimentos, e nomeando adjuntos ao corregedor dizer mais alguma cousa. Ora que remedio dá a
da dita vara os fizesse sentenciar breve, summaria Commissão a este mal! Diz que este caso seja entre
mente e de plano. •
deite-se abaixo um tribunal.onde a verdade não póde O Sr. Bazilio Alberto: — A Commissão reconhe
chegar. Para que sustentar a Nação estações que são ce que estes ministros obrárão mal; no entanto assento
inaccessiveis a verdade. E como hão de as testemu que não deve julgalos nem impôr-lhes penas, nem pre
nhas querer dizer o que sabem, e os ofendidos quei venir o Juízo.. +
xar-se quando sabem que as Relações soltão os seus O Sr. Bastos: — O illustre Preopinante diz que
oppressores, que de novo os hão de ir insultar! não devemos mandar fazer efectiva a responsabilida
Repito por tanto que o parecer da Commissão he de dos juizes para não prevenirmos o juizo, mas sen
uma brincadeira. Quando aqui se trata de algum do elle um dos membros da Commissão foi de voto
pobre homem que fez o contrabando de meia quarta que se mandasse rever o processo, e eis-aqui como
de sabão ou tabaco, confiscação de todos os bens, preveniu o juizo. Nem eu sei porque se disputa ago
calcetas, degredos de muitos annos, sem audiencia ra tanto a este respeito. Quando appareceu o caso
do réo; porque, dizem, he esta a litteral disposição dos réos contradictoria e escandalosamente absoltos
da lei: quando porém chega o caso dos magistrados pela casa da supplicação, não se mandárão suspen
que estão commettendo prevaricações tão transcen der e julgar os ministros! O que me parece he que
dentes, tudo se deixa impune, que outro tanto vale pouco importa que mandemos fazer efectiva a res
TeInetter O CaSO• • • • • • • • • •
ponsabilidade destes juizes; porque elles passão a ser
• • • • • • • • • •
outros juizes taes como os primeiros: e eis-aqui toda julgados por outros, e assim por mais penas que me
a força da decantada palavra responsabilidade, que reção, estou certo de que nunca hão de sofrer pena
por ora não he senão uma palavra vã, um nome sem alguma. Por tanto o meu voto seria que os mandas
efeito. Do abuso de autoridade he que vem todos os semos processar perante os jurados encarregados de
nossos males, crime este mui conhecido em Portugal conhecer dos delictos commettidos por occasião da li
ara ser commettido, e só ignorado para ser punido. berdade da imprensa. A maior parte destes jurados
multimo resultado concluo que os tres desembargado são homens de letras, e mui capazes do que acabo
res que forão de voto contrario, para senão soltarem de dizer. Mas o Congresso creio que está mui longe
os ladrões estão livres: os outros estão incursos nas de adoptar esta idéa.
Yenas dos que julgão contra as leis. A ordenação do O Sr. Camello Fortes: — A Commissão deseja
teino liv. 1. tit. 5. dispõe que todo o desembarga ser coherente nas decisões deste Congresso estabeleci
dor que julgar contra alguma lei, fique suspenso até das por lei em casos identicos. Segundo a forma do
nossa mercê, além das mais penas. O Rei sempre te Governo que adoptámos, ao poder legislativo perten
ve esta autoridade: esta sabia ordenação ainda não ce-lhe o fazer lei: o julgar se uma cousa foi bem ou
está revogada. Por tanto os autos devem remetter-se mal decidida não he da competencia deste Congresso.
ao Governo para mandar suspender aquelles ministros, A Commissão assentou que deverião ser revistos os
e riscalos do serviço ou serem julgados no juizo dos autos, e assim o julgou fundando-se no indulto; mas
jurados: dos collegas delles não fio que fação justiça. não póde assentar que os magistrados que julgárão
O Sr. Bastos: — Eu tambem me não satisfaço aquelle processo fossem suspensos porque isto era da
com o parecer da Commissão. O caso he dos mais inteira competencia do poder judicial. Além disso
aggravantes, e atrozes, que tem vindo ao Congresso. ainda não está decidido quem deva fazer efectiva a
São muitos réos, os quaes arrombánão portas de igre responsabilidade dos ministros, nem ainda ha lei so
jas, e sacrarios, dispersárão as sagradas fórmas, forão bre esta materia, por tanto esta deve ser feita, e ve
achados com os instrumentos de arrombamento e com rificar-se quanto ao passado como até aqui.
diversos furtos; alguns delles até estavão confessos: O Sr. Xavier Monteiro: — O illustre Preopinan
/
te acaba de expender principios muito solidos; diz, tecerá repetidas e mui frequentes vezes o" que com
que as Cortes não devem julgar: concedo; no entam o maior escandalo acaba de ver-se praticado nesta
to o pareçer da Commissão he assás diminuto por capital. Acabão de praticar-se nesta capital factos que
guanto be de opinião que se mandem julgar segunda a não ser a boa vontade, e constitucionalidade do exer
vez os réos; porque se não hade mandar julgar os jui cito, talvez neste momento em que eu pugno pelos
zes! He portanto o meu parecer que o Congresso interesses da Nação, eu não existiria neste Congresso.
não julgue os ministros, mas sim que os mande jul Este Congresso não teria a livre vontade de se juntar,
gar segundo o modo que as leis prescrevem, e segun e talvez Portugal neste dia nadasse em sangue. Que
do já se tem praticado em casos similhantes. ro recordar ao Congresso o facto escandaloso desse em
O Sr. Castello Branco: — Continuamente, Sr. pregado que deve concorrer para o processo que deve
Presidente, se nos está argumentando com o syste fazer-se a estes culpados ou a outros similhantes. Que
ma, constitucional, mas a estes que tanto se apoião ro falar do corregedor do crime da Corte. Não he já
sobre o systema constitucional perguntaria eu: que patente que um réo da maior traição, que com a maior
duração esperão elles que tenha este systema se con evidencia queria estabelecer a anarquia existia nes
tinua a seguir a marcha que em parte se tem segui ta capital! Contentou-se este indigno magistrado com
do, quando por outra parte se acha em repugnancia uma ordem de formula para e prender. Quaes fo
com este mesmo systema. He preciso, Srs., que nos rão as diligencias que elle fez para prender um réo
desenganemos por uma vez, que nós tenhamos sem de tanta consequencia ! Nenhumas. Eis aqui pois
pre diante dos olhos que ha uma opposição manifes como magistrados taes existem entre nós, e hão
ta ao systema constitucional! Fala-se aqui em decla de existir impunes. E eisaqui como eu não posso
mações vagas; se eu vejo pôr outra parte uma vonta approvar o parecer da Commissão. Muito embora se
de vaga para assim dizer, uma vontade constante em jão mettidos em processo perante a autoridade compe
grande parte dos empregados publicos para se oppo tente os magistrados que prevaricárão no cazo de que
rem ao systema constitucional! Nós vemos os escan se trata. Mas o Congresso declare ao Governo que
dalosos factos praticados por desembargadores, vemos immediatamente os suspenda»
os parrocos, os ministros subalternos, os officiaes de O Sr. Soares de Azevedo: — Nós temos poder
justiça que podem apoiar o systema constitucional tra executivo ou não temos! Acho que temos. Pois en
balhando pelo fazer odioso; e como he que trabalhão tão este poder executivo que faça todos os ministros
pelo fazer odioso, pondo em pratica todos os meios responsaveis. Examinar se um processo foi bem, ou
para estabelecer a anarquia, protegendo os malvados. mal julgado, isto não nos pertence a nós, aliàs iremos
Elles sabem que começada a anarquia, os malvados prevenir o juizo, o que he um mal gravissimo.
que elles protegem devem ser os maiores promotores O Sr. Miranda: — Não ha muito tempo que es
dos seus interesses, por consequencia he nestas cir te augusto Congresso mandou, como acaba de affir
cunstancias em que nós devemos vigiar a bem do sys mar o Sr. Bastos, fazer efectiva a responsabilidade
tema constitucional, que se argumenta com a modera dos desembargadores sómente á vista dos accordãos
ção deste systema para assim darmos armas aos seus que eles proferírão, porque não ha de agora o Con
inimigos. Por ventura este Congresso que he incum gresso fazer o mesmo! Ha muitos magistrados bons,
bido de salvar a nação e muito mais nas criticas cir honrados, etc.; mas ha tambem muitos prevaricado
cunstancias em que ella se acha, e que nós não po res, perversos, e inimigos do actual systema: he ne
demos disfarçar, quando conhece manifestamente o cri cessario que o Governo tome energia a maior possi
me de um empregado publico não ha de ter a liber vel. Por isso o meu voto he que se faça efectiva a
dade e direito que julgo inauferivel de dizer, e deter responsabilidade dos ministros, recommendando-se ao
minar ao poder executivo: vós que não tendes obra Governo que mande formar causa a estes magistrados,
do com toda a energia que as circunstancias pedem, mandando-os suspender immediatamente. \
suspendei o empregado que manifestamente prevari O Sr. Trigoso: — Ha muito tempo que se está
cou, visto que he claro com toda a evidencia que elle aqui no Congresso falando contra o modo porque os
não he digno de continuar nas augustas funcções que ministros applicão as leis aos crimes, e com efeito
exerce; mas entretanto para conhecerdes o gráo de pre tem acontecido os casos mais extraordinarios que pó
varicação a que ha chegado mandai-o julgar pelas au de haver. Um delles he este que horroriza a justiça e
toridades competentes. Eisaqui para que eu queria a humanidade, e na verdade horroriza-se a justiça e a
chamar a attenção deste Congresso. O crime he ma humanidade vendo-se homens com crimes tão graves
nifesto, ninguem o póde negar. A Commissão não passeando pelas ruas soltos e livres, e commettendo ou
nega que aquelles desembargadores prevaricárão, a tros crimes bastantemente atrozes. Não sei que remedio
pena deve ser proporcionada ao delicto. O gráo isto possa ter, porque se se manda ao Governo que
do delicto he que nós não podemos aqui mar faça outra vez julgar os réos, e os desembargadores,
car, he perante uma autoridade que possa tomar parece-me que ficarão as cousas no mesmo estado,
as informações convenientes que deve marcar-se o porque em fim os desembargadores que julgarem são
| gráo do delicto. Diz-se que não se deve prevenir o companheiros dos que julgárão, e provavel he fação
juizo. Pois quando o crime he publico nós não po boa a causa dos seus collegas. Decidir o Congresso
demos manifestar o nosso juizo (assim como todos que se faça efectiva a responsabilidade dos ministros,
os homens) a respeito desse delicto ! Se nós dei e que entretanto fiquem suspensos sería talvez o me
xarmos casos desta natureza a mcios ordinarios, acon lhor, mas isto he previnir o juizo, he impor uma
[ 96 ]
pema sem estar evidentemente provado o delicto, he servação da boa ordem, progresso do actual systema,
o Congresso tomar a si o executivo, e fazer um acto e não he assim que elle deve proseguir; por isso para
arbitrario. Que resta ! Dimittir os ministros! Mas de que havemos de confundir suspenção com castigo?
mittir os ministros sem dar motivos de sua demissão, Em casos menores nós temos decretado a suspenção,
sem os ouvir! Sei que isto se tem feito entre nós em por isso não ha motivo para a não decretarmos em
diversos tempos, e ainda ha pouco, mas com ponco um caso maior, principalmente quando devemos es
fructo para os que restão, e com pouca justiça para tar todos persuadidos que he preciso cortar o mal des
os demittidos: eu antes quizera ver um só ministro de já. Ignora-se o principio por que as leis se não
máo processado e castigado, do que muitos máos de observão, o principio he para mim patente, he, tor
mittidos sem processo. Estamos pois em grande em no-o a repetir, pela opposição decidida ao systema
baraço, qualquer que seja a decisão que dermos sem constitucional. Ora nós somos animados a consolidar
pre havemos de achar inconvenientes. Pois então que este systema, ou não! Se tal he a obrigaçao que nos
deveremos fazer? Uma boa lei de responsabilidade; e impõem as nossas procurações, nós somos obrigados a
para este caso urgente, eu diria que se ha algum re adoptar os meios convenientes para isto. As leis futu
medio para que o Governo possa fazer efectiva, e ras não remedeião males presentes, e he de males pre
mui efectiva a responsabilidade destes ministros que sentes que devemos tratar.
então se mande rever o processo, e não se suspendão. O Sr. Trigoso: — Tenho a responder a dois ar
Se porém o Congresso não acha este meio bom, en gumentos postos pelo illustre Preopinante: a minha
tão suspenda muito embora os ministros; mas eu opinião he má, porque depende de uma lei fútura,
convirei nisso com grande difficuldade, tanto mais e ella não póde julgar as çousas preteritas: a minha
que estou persuadido que o Governo póde, quercndo, opinião he má porque hé contraria aos principios
usar de meios tão legitimos e vigorosos, que se con constitucionaes, e he necessario que se suspendão ho
siga por elles o efeito desejado. Basta para isto o que je os minittros, porque aliás suspendem-se os progres
a ordenação determina; e se ainda he necessario para sos do actual systema. Este segundo argumento nem
os casos futuros que o Poder legislativo dê algumas | eu o sei bem repetir. Eu não digo que seja necessaria
providencias,
«queridas. .
ele as deve dar logo que lhe sejão re uma lei de futuro para fazer efectiva a responsabili
• -
de Setembro, referindo o modo por que se procedeu Um officio do mesmo governador em data de 17
á eleição de um governo provisorio, do qual fôra no de Novembro, participando como á vista das provi
meado presidente: sua conducta passada e presente, dancias dadas para Pernambuco em o decreto do 1.°
calumniada por alguns de seus inimigos: e por fim de Setembro de 1821, ele resolvêra publicar que no
assegura ao Congresso sua verdadeira adhesão á santa dia 3 de Dezembro, aprazado para a reunião da as
causa. Ficárão as Cortes inteiradas. •
ou he máo; per consequencia he necessario que haja A Commissão dos lavradores (em que tanto se
Provas, porque só por estas provas se póde conhecer fala) pedindo a conservação da Companhia com to
da bondade do vinho. O Congresso deve ser informa dos os antigos privilegios, e não sei se mais, proce
do desta materia, e muito mais principalmente quan deu bem e coherentemente querendo tambem provas,
do não se tem produsido nessa meza os documentos qualificações, e separações. Porém nós que rejeitamos
da lavoura do Douro, que se mandarão vir. Eu vou o plano de reforma que apresentárão os lavradores,
falar não por principios de theorías inapplicaveis ao dando a preferencia ao da junta da Companhia, em
facto, senão como orgão da lavoura do Douro. As o qual ficárão de fóra, è se rejeitárão as provas, qua
provas do Alto-Douro são indispensaveis em geral pa lificações, etc., se agora as adoptassemos obrariamos
ra se conhecer a bondade do vinho: primeiramente em contradicção com esse plano que approvamos, e
para que o Governo possa fazer uma idéa geral da com os nossos principios liberaes.
qualidade do vinho; e segundo para que a companhia Além disso se as provas tem por fim qualificar o
se possa interessar na feira do vinho. Não se duvida vinho bom e generoso, para que este sómente vá pa
que até agora tem havido defeitos, e defeitos muito ra Inglaterra, são por sua natureza insuficientissimas
graves; mas a lavoura tem apresentado um methodo para esse fim: por mais que ellas se reformem e se
pelo qual não será possivel que possão continuar: tem emendem, sempre ha de haver grandes abusos, ao
lembrado que as provas se fação por um Deputado menos a favor de freguezias, e pequenos districtos,
pela lavoura; por outro do commercio; por outro da para comprehender por este modo os negociadores, e
companhia, e feitas de tal modo que não se saiba a pretensores: e por outra parte a ligeireza e accelera
quem pertence o vinho: são pois os tres homens da ção com que necessariamente se ha de provar; a con
maior confiança da lavoura, do commercio, e da com-. ducção do vinho em garrafas, e outras circunstancias
[ Ioz ]
e complicações mostrão claramente a imperfeição C
gulamento especial, e dar esta arrecadação a outra
insufficiencia deste meio. Os melhores, e os unicos autoridade: a mim em fazer esta declaração não me
bons provadores e qualificadores são os compradores, move mais que o espirito publico.
e vendedores; isto he os negociantes, e os lavradores. O Sr. Borges Carneiro: — O Sr. Ferreira Bor
Ultimamente como a permanencia e prosperidade do ges não assistiu a essa discussão, e nao terá presente o
commercio depende de haver sempre vinho bom e ge que se decidiu no artigo 5.": apoio o que elle diz.
neroso para o consumo de Inglaterra, evitando-se por Além das razões que expendeu releva considerar que a
todos os modos que se deteriore a singular qualidade Companhia não tem agora conservatoria. Como pó
deste mesmo vinho, devemos rejeitar essas provas e de pois sem jurisdicção coactiva ser encarregada de
qualificações; porque de qualquer modo que se refor cobrar direitos, pelo menos aquelles que não podem
mem nunca terão outro visivel resultado, se não o de ser descontados nos vinhos? Forçoso he que quem
metter em reste os vinhos ordinarios e máos, com os houver de ser encarregado desta cobrança seja dota
finos e generosos, isto he a ruina do commercio e da do de força publica. He verdade que passou e se ven
lavoura. ceu o principio do artigo 5."; mas passou uma cou
O Sr. Peixoto: — Tudo quanto tenho ouvido sa que não póde ter exito e he necessario que agora
mostra a inutilidade desta discussão. O illustre Preo conciliemos isto de modo que o tenha.
pinante pronunciou-se pelo voto do Sr. Ferreira Bor O Sr. Presidente: — O que digo he, que sobre o ven
ges, e este admittiu a necessidade das provas: o me cido não se póde discutir: quando se tratar do modo,
thodo dellas não póde fixar-se sem se determinarem porque se ha de por em execução, então se verá se
outros pontos: por tanto, em se dizendo, que have se ha de fazer alguma alteração. -
rá um regulamento para provas, está dito tudo quan O Sr. Peixoto: — Póde sustentar-se o artigo 5.”, e
to neste lugar póde a tal respeito resolver-se. tratar-se do artigo 10 , sem a lembrada implicancia
Tendo-se julgado snfficientemente discutido o ar Pelo artigo 5.° ficou a companhia com o encargo de
tigo, foi posto a votos, e approvado sem emenda. continuar a cobrar os direitos dos vinhos, e aguas-ar
Foi lido o artigo 1o Crear-se-ha uma Commissão dentes; mas está entendido que ha de ser daquillo que
para fiscalizar, e receber os direitos impostos no vi continuar a passar-lhe pela mão. Por ora ainda não
nho, e agua-ardente, e terá além disso a seu cargº se lhe tirou de direito o exclusivo das tabernas; em
vigiar não se introduzão aquelles generos na cidade quanto o conservar vai recebendo os reaes do vinho
do Porto ; e remetterá aos administradores da Com aquartilhado: logo que lhe tiremos esse exclusivo fica
panhia annualmente até ao dia 5 de Janeiro uma co rá livre da obrigação de cobrar os mesmos reaes: se a
pia do varejo, que tiver dado no primeiro dia do an companhia continuar, como parece indispensavel, a
no, mostrando a quantidade de vinho existente em ter a fiscalização dos vinhos de embarque, ha de ser
deposito. •
ta materia sómente para declarar que a fazenda na O Sr. Presidente prepoz: se se supprimiria o ar
cional fica lesada, uma vez que se continue a incum tigo , e tornaria á Commissão para aproveitar delle
bir á junta a arrecadação dos direitos dos vinhos, e alguma parte da sua doutrina, se o julgava por conve
não se cobrará em tal caso nem a terça parte desses niente! E assim se resolveu.
direitos: agora cada um vai vender dentro do distri Passou-se ao artigo 11. A autoridade encarrega
eto antes exclusivo o vinho que quizer: a Companhia da do despacho dos vinhos exportados remetterá an
carece já pela reforma feita da força que tinha para nualmente aos administradores da companhia até o
fazer essa arrecadação; e teria além disso que fazer dia é de Janeiro uma relação designativa do vinho,
uma despeza sem utilidade, o que me parece injusto; que se houver exportado. Resolveu-se que volte tam
pois se antes arrecadava exactamente, e mantinha bem á Commissão.
para isso suficiente numero de empregados, era por Passou-se ao artigo 12 Os administradores da
que o vinho das tabernas era dado por ella: e no acto companhia, depois de receber o que se estabelece nos
que fornecia esse vinho aos propostos logo lhe descon §§ 7, 9, 10 e 11, formarão o conceito da noviaa
1ava os direitos, donde provinha, que a fazenda não de, que remetterão ao Governo até 15 de Janeiro,
perdia um real: agora não he assim; e por conse consultando o que julgarem mais necessario em be
guinte não se cobrará um real para a fazenda se a nefieio da agricultura , e commercio. Foi approva
Companhia for incumbida da arrecadação dos direitos, do!, entrando em harmonia com os artigos vencidos.
porque agora todo o mundo está vendendo impune Passou-se ao artigo 13. O Govcrmo na resolução
inente vinho no Porto, e ninguem pede o direito. da consulta determinará a abertura, e duração da
He por conseguinte necessario fazer de novo um re feira, segundo as circunstancias occorrentes ; não car
[ 103 ]
cedendo aquella nunca do principio de Fevereiro. O Sr. Vilella apresentou outro requerimento de
O Sr. Ferreira Borges: — Esta ultima clausu João Henriques de Castro, foi dirigido á Commissão
la parece-me que se deveria apagar: as circunstancias de petições.
em que as feiras se hão de prolongar mais ou menos, Leu-se o seguinte
parece-me que se não podem taxar.
O Sr. Peixoto: — Nos termos deste artigo o Go P A R E c E R.
verno fica authorizado para abreviar o tempo da ven
da dos vinhos, não assim para prorogala, alem do A Commissão do commercio veio remettido um
prazo marcado. Não me desagrada que assim passe. requerimento de Thomé Gualberto de Miranda, re
O principio de Fevereiro já era o tempo designado cebedor das miudas da casa da lndia, em que repre
pela lei da instituição da companhia, e he sem duvi senta que tendo este Soberano Congresso determinado
da o mais opportuno; porque de qualquer qualidade por ordem de 29 de Outubro que se pagasse ao es
que a novidade seja , ja nesse tempo faz prova suffi crivão das mesmas miudas pelo deposito dellas a ra
ciente, e combina assim bem os interesses dos lavra zão de 3003000 reis annuaes, visto não ter outro al
dores, que precisão vender para fazerem a tempo os gum ordenado, não fôra então contemplado o suppli
serviços com os dos commerciantes que precisão car cante, o qual está no mesmo caso, e tem ainda maior
regar para o Porto os vinhos em quanto o Douro le trabalho, e responsabilidade; pelo que pede ser igual
va agua sufficiente. Approvo pois o artigo. mente attendido. -
Sem mais discussão foi posto a votos o artigo, e A Commissão de commercio examinando a relar
approvado pela maioria de um voto. ção dos empregados da casa da India, e os seus res
Entrou em discussão o artigo 14. A companhia pectivos ordenados, e emolumentos, acha com efeito
concorrerá na feira com os mais commerciantes (sem ser o supplicante recebedor das miudas, e não ter or
preferencias, as quaes ficão abolidas) a comprar o denado algum senão uma pequena parte das mesmas,
tinho, de que necessitar, a avença das partes. não tendo sido contemplado naturalmente por se achar
Sobre as palavras avença das partes o Sr. Rebello incluido na mesma addição com o escrivão das Iniu
foi de parecer que seria melhor continuassem as taxas, das, e se julgar em duvida ser um só , quando são
cujo parecer sustentou contra a opinião de muitos Srs. dois lugares distinctos. A Commissão he por tanto
Deputados, e posto a votos o artigo foi approvado. de parecer que estão ambos no mesmo caso , e que
Foi tido o artigo 15. Findos os dias da feira, deve ser por isso o supplicante contemplado igualmen
fca igualmente livre ao lavrador, vender os vinhos te pelo deposito das miudas a razão de 3003000 reis
restantes o commercio interior, ou oferecelos por anno, como com o escrivão se praticou.
a companhia até o fim de Março ; e só então será Salla das Cortes 29 de Janeiro de 1822. — Fran
obrigada a compratos a prazos costumados pelo pré cisco Antonio dos Santos ; Luiz Monteiro ; João
go, que se regular ser preciso ao lavradar para agri JRodrigues de Brito. , , )
cultar, e sustentar-se. |- - Foi approvado. |-
O Sr. Soares Franco: — Este artigo, e o artigo O Sr. Pereira do Carmo, por parte da Commis
16 são na sua doutrina exactos com o primeiro , e são de constituição, leu os seguintes •
Leu-se o artigo 16. O preço regulador do § 15 Diogo Roberto Higgs, inglez de nação, residen
sera determinado pelo calculo, que as camaras devem te nesta capital desde o anno de 1800, serventuario
remetter aos administradores da companhia, das des do officio de corretor do numero desta praça desde
pezas aproximadas, que custa cada pipa de vinho 1813, casado com mulher portugueza em 1816, e
ao lavrador nos diferentes sitios do seu districto, proprietario de predios rusticos, e urbanos neste Rei
que sabirá ao Governo com a consulta do juizo do no, pede carta de naturalização, que a Commissão he
(IRT2O, - de parecer se lhe conceda visto provar por documen
Em razão do exposto pelo Sr. Soares Franco não tostudo quanto allega em seu requerimento. — Paço
se julgou precisa a votação. das Cortes em 29 de Janeiro de 1822. — Bento Pe
O Sr. Presidente suspendeu a discussão deste pro *eira do Carmo ; José Antonio de Faria de Carva
jecto para dar lugar á leitura de indicações até á ho lho ; João Maria Soares de Castello Branco ; Luiz
ra de prolongação. Nicolao Fagundes Varella ; Domingos Borges de
O Sr. Barroso manifestou devia ler uma indica _Barros. •
ção urgente em nome da Commissão de fazenda. . Diogo Maria Gallard, natural de Hespanha, mos
O Sr. Presidente disse, que se havia de ser obje tra por documentos, que reside no Reino de Portugal
cto de discussão, não podia conceder-lhe a palavra. e do Brazil ha mais de sete annos com animo de se
O Sr. Vilella apresentou um requerimento do pro domiciliar neste Reino; que por esta ausencia, e por
eurador dos habitantes de Angola, manifestando ti -ter acceitado o cargo de consul geral de Portugal em
nha recebido muitas queixas contra o governador dº Sevilha, tinha perdido a qualidade de cidadão Iles
quela cidade, e pedindo se mande remover, porque panhol, e por isso pertende naturalizar-se em Portu
são muitos, e notaveis seus procedimentos anti-consti gal, para o que pede a competente carta.
tucionaes: foi remettido á Commissão de constituição Parece á Commissão que se lhe deve conceder. -
com urgencia.
[104]
1'aço das Cortes 26 de Janeiro de 1822. — José. An Estas razões, que dirigirão a deliberação da Commis
tonio de Faria Carvalho ; Manoel Borges Carnei são, parecem applicaveis para se regeitar a presente
ro ; Manoel Fernandes Thomaz ; Bento Percira do indicação.
Carmo ; Luiz Nicolao Fagundes Varella ; Domin Sem mais discussão tendo-se julgado urgente a in
gos Borges de Barros ; João Maria Soares de Cas dicação, foi dispensada da segunda leitura, posta a
tello Branco. votos, e approvada.
João Baptista Gambaro, natural de Genova, mos O mesmo Sr. apresentou a seguinte indicação:
tra por documentos, que ha oito annos está residindo º
ca, não deve ser por mais tempo demorado. Paço lares entrárão para os claustros, ou fosse por vocação,
das Corres 7 de Fevereiro de 1822. — Francisco
Barroso Pereira. •
ou por modo de vida.
A natural applicação destes dois principios á in
Foi approvada. - dole, e situação actual das tres ordens militares de
Por parte da Commissão ecclesiastica de reforma ambos os sexos, inspirou á Commissão a reforma, de
|
se leu e mandou imprimir o seguinte que estas mesmas ordens lhe parecêrão susceptiveis.
Nas outras corporações do sexo masculino sufi
• P A R E c E R. cientemente patrimoniadas adptou a Commissão o ar
bitrio de prefixar o numero de casas religiosas, a que
A Commissão ecclesiastica de refórma tem a hon se deverião reduzir segundo o numero de individuos,
ra de apresentar o plano para reforma das corpora de que ao presente consta o total de cada uma delas.
ções regulares de um, e outro sexo, que o soberano Persuade-se a Commissão que a Religião, o Estado,
Congresso houve por bem encarregar-lhe. e os mesmos regulares forão quanto era possivel con
A Commissão abstem-se de moralizar a necessidade templados em todo o systema de reforma, que a este
e importancia desta reforma, ou seja pelo lado da reli respeito oferece o projecto.
# da politica, e da economia em geral; ou pe Pelo que pertence á reducção das corporações do
as vantagens, que ela deve conferir ás mesmas cor sexo feminino, mais ou menos bem dotadas, reflectiu
porações regulares em particular. A Commissão en a Commissão, que o melindre do sexo, os habitos ad
tendeu, que toda a erudição que expendesse em ma quiridos na clasura, as ligações contrahidas com as
teria tão esclarecida pelas luzes do tempo, e exemplo familias, e povos, em que as freiras esperavão pre
+ ". " + 1
das Nações mais orthodoxas e cultas da Europa, se manecer até á morte, devião conduzir a prudencia do
ría em menoscabo da sabedoria do augusto Congres legislador a prescrever regras concebidas em uma ge
so, e em redundante extravio da incumbencia, que neralidade de tal modo definida, que nem faltasse na
nessa parte limitou as suas tarefas a organizar o pro lei o que era essencial ás vistas da reforma, nem se
jecto, segundo o qual se podesse verificar a mesma coarctasse ao executor o arbitrio indispensavel para
reforma decretada em geral pelo soberano Congresso. bem as preencher. E por estas considerações se regulou
A Commissão tem procurado adquirir exactos es a Commissão no plano de reforma, que lhes apro
clarecimentos estatisticos das corporações regulares de priou.
ambos os sexos, como elementos indispensaveis para Quanto ás corporações de um, e outro sexo, que
a organização do projecto da reforma, e nada tem vivem principalmente da caridade dos fieis, a Com
poupado para o conseguir; entretanto tem o dissabor missão respeitando os seus institutos, procurou con
de manifestar, que apezar das primeiras informações cordar a reducção dos seus conventos com o serviço
que se houverão, e de segundas, que vão chegando da Religião e desempenho das regas claustraes, dei
todos os dias, reconhece a Commissão, que sería ain xando-lhes abertos, e livres todos os meios de subsis
da presisso recorrer a ulteriores diligencias para obter tencias mais ou menos precarios de que presentemente
aquelles cabedaes estatisticos com a infallibilidade, e vivem, e preparando-lhes um melhoramento progres
clareza que deverião apresentar. Na impossibilidade sivo da existencia, que será acompanhado com um
porém de deferir por mais tempo esta reforma tão util alivio igual da caridade dos povos. .
á religião, e ao estado, como aos mesmos regulares, A Commissão persuadiu-se que não era util, nem
resolveu-se a Commissão a formalizar com um traba politico abrir de um jacto as portas das clausuras a
lho improbo os mappas estatisticos, qne acompanhão todos os religiosos e religiosas que se quizerem secu
este projecto, e a edificar sobre os dados certos, que larizar. A Commissão previu, que desta ilimitada li
elles oferecem, as bases essenciaes da reforma, as berdade resultaria vagar uma massa exorbitante de pro
quaes por uma parte exprimão com toda a exactidão priedade rustica, que não poderia entrar em gyro por
a vontade da lei, e pela outra circunscrevão o pru compra nem por administração sem um sacrificio enor
dente arbitrio da sua execução. Por este modo nem me do seu valor, e maior prejuizo ainda da agricultura
a lei da reforma será defeituosa pela falta de noções do Reino, e apar deste inconveniente ponderossissimo
estatisticas de menos momento, nem a sua execução ficarem tambem vagos immensos e preciosos edificios,
mais arbitraria. que sería forçoso, ou deixar arruinar, ou conservar
A Commissão entendeu que não sendo convenien á custa de grandes despezas, em quanto não tivessem
te, nem político extinguir de um golpe algumas das destino, ou achassem comprador. Resultaria um en
corporações regulares actualmente exitentes, todo o cargo certo, e pezado ao Thesouro nacional pelo pa
empenho da reforma se deveria dirigir a dois objectos gamento das prestações, que se assiguassem aos egres
principaes estreitissimamente ligados: 1.° a conciliar a sos, por mais moderadas que fossem: encargo excessi
decente sustentação das corporações patrimoniadas, e vo, ainda que cstas secularizações se limitassem ás
mendicantes com a admissivel economia das rendas , corporações patrimoniadas: encargo, que se tornaria
de que se sustentão aquelas, e praticavel alivio dá insupportavel, se se estendesse ás corporações pobres;
caridade dos povos, de que se alimentão estas. Segun qne não comprehendendo a todas, excitaria justos
do; a converter no maior proveito possível da Reli clamores da parte dos mendicantes, e mancharia a re
gaº, e do Estado a existencias de todas estas corpo forma eom a nodoa de ambição dos, bens possuidos
racões; salvando sempre o timbre essencial de seus pelos regulares. Resultarião finalmente os gravissimos
respectivos institutos, e a boa fé, com que os regu inconvenientes de se complicarem as operações do Go
•
* #
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verno na execução da reforma, e de surgir uma mul hãº, e faculdades pontificias, de que se acha mnnido
tidão de ecclesiaeticos avulsos e pobres, sem ministe o Presidente, e Junta do Melhoramento das ordens
rio, e sem destino, gravosos aos povos, e desairosos regulares nas materias a que as suas faculdades se
á Religião. -
estenderem ; e não demorará solicitar da Sé Aposto
A Commissão para occorrer aos ponderados incon lica todas as mais Commissões, que ainda forem ne
venientes, e segurar ao mesmo tempo á Religião, ao cessarias, e só della dependentes. Taes forão os prin
Estado, e aos mesmos regulares as justas vantagens cipios que dirigír㺠á Commissão no seguinte proje
que uma providente reforma lhes podia libralizar, de cto de - …"
- 6 Os dois collegios militares de Christo, S. Ben 10 A doutrina sanccionada nos artigos terceiro e
to de Avis, e S. Thiago da Espada, existentes em quarto he extensiva aos mosterros ou conventos a que
. Coimbra, ficão perfeitamente secularizados, e desan se referem os tres artigos antecedentes. *
nexados dos conventos das respectivas ordens. Com a 11 Supprimem-se os mosteiros, conventos, e hos
dotação das rendas actuaes de ambos elles, e com as picios das sobreditas corporações regulares, que não
mais que se julgarem necessarias, se formará um só forem expressamente designados em conformidade do
collegio literario, no qual serão conservados na ple artigo setimo. — Os mesmos mosteiros, conventos, e
nitude de suas fruições e direitos os freires ao presen hospicios, e todos os seus bens, se rendimentos de
te moradores nos ditos dois collegios, e se admittirão qualquer natureza, que ficarem salvos da sustentação
oppositores approvados ás cadeiras da Universidade dos respectivos regulares, segundo os artigos oitavo e
até ao numero, e pelo modo que se ha de prescrever nono, e dos encargos civis, a que estiverem legal
em um estatuto particular: o que todavia não obsta. mente obrigados, terão as applicações que abaixo se
a que se proceda á reunião dos dois collegios com a declárão: todavia os encargos pios transferem-se para
possivel brevidade. * * as casas religiosas das competentes corporações, para
- 6 Ficão reduzidas a quatro mosteiros a congrega onde passarem os religiosos das que forem supprimi
ção dos Conegos Regrantes de S. Agostinho; a dez das. … . .** * *, *
mosteiros a ordem dos monges de S. Bento; a oito 12 O Governo procederá á arrecadação dos mos
mosteiros a ordem dos monges de S. Bernardo; a teiros, conventos, e hospicios supprimidos, seus car
cinco mosteiros a ordem dos monges de S. Jeronymo: torios, bens, e rendimentos na presença de inventa
a um mosteiro a ordem dos monges de S. Bruno; a rios em fórma, por cuja fidelidade serão responsaveis
quatro conventos a congregação de S. João Evan os prelados, discretos, e procuradores das respectivas
gelista; a cinco casas a congregação do Oratorio; a communidades, e as autoridades incumbidas destas
seis conventos a ordem dos religiosos calçados de S. arrecadações. … " + * * > -
Paulo primeiro eremita; a sete conventos a ordem 13 Pertence ao prudente arbitrio do Governo dis
dos eremitas calçados de S. Agostinho; a dez conven por dos mosteiros, conventos, e hospicios supprimi
tos a ordem dos pregadores; a cinco conventos a or dos, para os diversos objectos do serviço do Estado,
dem dos roligiosos calçados de N. S. do Monte do estabelecimentos de instrucção e caridade publica, e
Carmo; a tres conventos a ordem dos religiosos cal tambem destinar as igrejas destas casas religiosas para
çados da Santissima Triudade; a treze conventos a paroquias naquelles lugares em que os ordinarios in
erdem dos religiosos descalços de N. S. do Monte formarem, que assim convém á decencia do culto di
do Carmo; e a oito conventos a ordem dos crenitas vino, e commodidade dos povos, ou pela rnina em
descalços de S. Agostinho. que se achem as igrejas paroquiaes, ou pela distancia
7 O Governo designará estes mosteiros, ou con em que estejão do centro das freguezias actualmente
ventos, conciliando as justas commodidades dos reli } existentes, e das que se reunirem, ou para facilitar
giosos com o serviço da Religião, e do Estado, e a verificação das paroquias que se erigirem de novo.
Preferindo em iguaes circunstancias os das aldeias, e 14 Os regulares dos mosteiros, conventos, e hos
campos aos das cidades, e villas; não podendo po picios supprimidos, poderão levar para as casas reli
rém subsistir duas casas religiosas da mesma ordem
em uma cidade, villa, ou districto. •
giosas, para onde se transferirem, os moveis do seu
uso pessoal; e dos moveis do cornmum poderão levar
º 8 A cada um destes mosteiros ou conventos 2 e todos aquslles que os prelados locaes, que os houve
segundo as suas localidades, assignará o Governo os rem de receber, declararem que lhes são precisos na
rendimentos necessarios para a decente sustentação do razão dos religiosos que se lhes forem reunir.
instituto, e numero de religiosos que o houverem de 15 De todos os moveis, que restarem daquella
habitat, Para a manutenção do culto divino, e con primeira applicação, deixará o Governo á prudencia
servação dos edifidios. Estes rendimentos sáirão de dos ordinarios a distribuição dos vasos sagrados, al
todos os bens, e rendas que possuirem esses mosteiros faias do culto divino, e utensilios do coro pelas pa
ºu conventos: no caso de não bastarem, serão toma roquias mais pobres das suas dioceses: serão applica
dos das casas religiosas da mesma ordem mais visi ds para hospitaes civis, casas de expostos, e asylos
nhas que se supprimirem; e quando sobejem, serão de caridade publica do lugar, districto, eu comarca,
arrecadados, e applicados como vai a determinar o
** * * { - os que servirem para o uso destes estabelecimentos:
artigo seguinte. -*
16 O Governo procederá á venda dos edificios, 22 Os bens de raiz, ou moveis de qualquer natue
bens moveis, e de raiz, que ficarem salvos das appli reza, os fundos, e rendimentos dos conventos e hos
cações prescritas nos artigos 8, 14, e 15; os produ picios, que se supprimirem em conformidade do arti
ctos destas vendas, as dividas activas, e quaesquer go antecedente; assim como os que pretencerem aos
rendimentos pertencentes aos mosteiros . conventos, e cofres, e despezas geraes de cada uma das sobreditas
hospicios supprimidos, depois de satisfeitos os encar corporações serão applicados para os conventos das
gos civis, a que estiverem legalmente obrigados, se respectivas ordens, que permanecerem, com todos os
rão applicedos para a amortização da divida publica; encargos civis, ou pios, a que estiverem sujeitos; to
cedendo em tal caso em beneficio do Thesouro nacio davia os edifícios e igrejas ficão á disposição do Go
nal, os padrões e vencimentos de juros, pensões, ou verno, ou para lhes dar os destinos declarados no ar
tenças dº que estas casas religiosas fossem credoras ao tigo 13, ou para applicar o producto da sua venda
mesino Thesouro, ou a outra repartição fiscal. º em beneficio da amortização da divida pnblica.
17 No acto das vendas de que trata o artigo an º 23 O disposto nos artigos 3 e 4 he extensivo aos
tecedente, se facilitarão quanto seja possivel as remis eonventos qae houverem de subsistir em conformida
sões dos censos, foros; e prestações de foraes perten de dos dois art antecedentes; com a diffêrença porém
centes aos mosteiros, conventos, e hospicios suppri que as autoridades fiscaes civis do territorio terão ape
Inidos. +
" ,, " " ::, e º obt, 1: -->
nas a seu cargo zelar a fiel administração das rendas
---- 18 Os beneficios unidos ás casas religiosas supprí dos mesmos conventos, em quanto não excederem a
midas ficão restituidos á sua primitiua liberdade e pro decente sustentação dos religiosos, manutenção do
visão, sem prejuízo dos actuaes beneficiados, nem Cuito divino, e conservação dos edificies: todavia,
diferença dos rendimentos, que percebem pelos mes quando as mesmas rendas excederem aquellas justas
- …" a . . . ! …"
mos beneficios. " " " applicações, reguladas pelos piincipios estabelecidos
- 19 Os dinheiros, "fundos, bens, e rendimentos no art. 8, então incumbe ás ditas autoridades propor
pertencentes aos cofres, e despezas geraes das sobre ao Governo as consignações que se poderão arbitrar
ditas corporações regulares, serão inventariados, e ar a estes conventos, os quaes dahi por diante ficarão
recadados separadamente debaixo da responsabilidade comprehendidos na determinação litteral dos
:
artigos
,
des prelados maiores, difinidores, e procuradores ge 8 e 9. … … …, : , , +
raes, e das autoridades incumbidas destas arrecada - 24 Todas a vezes que no total de cada uma des
ções; e de todos estes dinheiros, fundos, Kens, e ren tas corporações regulares faltar o numero de 24 reli
dimentos que ficarem, salvos das applicações determi giosos, supprimir-se-la um convento em cada uma
nadas, nos artigos.8 e 16, entrarão na disposição e dellas; observando-se nestas suppressões o que fica de
applicação geral do citado artigo 16. " " " . , ' terminado nos tres artigos antecedentes. - -
20 Quando no total de cada uma das meneiona . . 25. Os mosteiros da Incarnação, e de Santos da
das corporações regulares faltar um numero de religio cidade de Lisboa, pertencentes ás ordens milhares de
sos correspondente ao do mosteiro, ou convento da S. Bento de Avis, e S. Thiago da espada reduzir-se
mesma ordem, a que tiverem tocado menos morado hão a um só, e áquelle que mais commodo for para
res, supprimir-se-ha um mosteiro, ou convento em receber as 18 freiras e moças do coro; de que ao pre
cada nma das mesmas ordens, guardando-se nestas sente constão ambos os mosteiros. O Governo fará
suppressões o que fica determinado desde o artigo 1 assignar dos rendimentos do mosteiro que se suppri
ate 18. * . * * *# , " - • •
plicavel á suspensão e reunião dos mosteiros de que 38 Os beneficios curados e capellanias vitalicias
tratão os dois art. antecedentes, de apresentação ou data dos mosteiros ou conventos
23 As corporações, mosteiros e conventos de frei das corporações regulares serão com preferencia pro
ras, que vivem de rendas certas, serão reduzidas em vidos em religiosos dos respectivos mosteiros, conven
conformidade das seguintes regras: 1." Nas principaes tos, ou institutos; e sómente serão conferidos a outros
cidades do Reino, as freiras que professarem o mes ecclesiasticos, ou quando não forem preten lidos por
mo instituto reunir-se-hão no menor numero de mos algum dos sobreditos religiosos, ou aquelles que os
teiros ou conventos, que seja compativel com as suas pretenderem se mostrem indignos de os ocoupar. "
justas com no lidades; e nas cidades mais pequenas “ 34 O Governo habilitará do mesmo modo as frei
e nas villas reunir-se-hão em um só mosteiro ou con ras para se poderem secularizar, tendo para isso jus
vento. 2.° Os mosteiros ou conventos, que não tive tas causas, e parentes ou familias honestas que as re
rem 15 reliosas professas, serão supprinidos, as frei cebão em suas casas, todas as vezes que as prestações
ras reunir-se-hão aos mosteiros ou conventos do mes pessoaes, que lhes competirem nos seus mosteiros ou
mo instituto, que lhes ficarem mais proximos; e fi conventos, chegarem pelo menos á quantiá annual
cando muito distantes, reunir-se-hão aos de instituto de 60.000 réis, fazendo-lhes então pagar pontual
mais analogo, existentes na mesma terra, ou mais mente pelos respectivos mosteiros ou conventos para
vizinhos. 3." Poder-se-hão reunir aos mosteiros ou sua subsistencia no estado secular, as mesmas presta
conventos que tiverem religiosas as freiras dos que ções pessoaes que perceberião se nelles permaneces
contiverem mais, quando aquelles forem preferiveis sem ; e sendo estas scularizações tambem julgadas e
pelo local e capacidade: e tambem se poderão reunir expedidas pelos ordinarios da naturalidade, ou resi
em alguns mosteiros ou conventos, que ficarem va dencia das freiras, coino mais opportuno lhes fôr. A
gos, as freiras de outros mosteiros, conventos, e ins disposição do presente artigo terá igualmente lugar
titutos, quando occorrerem os mesmos motivos. 4." sempre que as freiras tenhão parentes, ou familias ho
Os mosteiros ou conventos situados nas fronteiras do nestas, que lhes segurem o que faltar para prefazer a
Reino,
serão compraças de armas,
preferencia e lugares pouco povoados sobredita quantia annual de 60:000 réis, ou lha se
supprimidos. •
rem secularizar a titulo de beneficios curados, ou a Ptará as providencias que a todos os respeitos forem
titulo de ministerios vitalicios de instrucção, educa mais opportunas para a commoda existencia daquelle \,
ção, caridade publica, e capellanias de serviço do leligioso, e para o desempenho de fins religiosos, e .
Estado, ou de qualquer estabelecimento pio, que lhes Pios da instituição deste hospicio, tendo em vista o
subministrem uma decente subsistencia, permittindo que fica estabelecido nos artigos 11, e seguintes até
se-lhes concorrerem de dentro dos claustros aos con 17 nos objectos em que possão ter lugar.
cursos que possão ter lugar nos sobreditos casos: e do 38 Os hospicios unicos de institutos singulares,
mesmo modo habilitará aquelles que tiverem justas que não tiverem o numero de regulares determinado
causas para se secularizar a titulo de patrimonio; sen pelos Canones para a regularidade da vida claustral,
do todas estas secularizações julgadas e expedidas pe serão reduzidos aos que forem necessarios para nekes
los ordinarios da naturalidade, ou residencia dos secu
[ 111 ]
se reunirem os respectivos religiosos até ao numero funda o parecer da Commissão. He incontestavel que
indispensavel para constituirem communidades com pelos principios de direito das gentes, todas as nações
pletas; observando sempre nestas reuniões a maior devem prestar uma protecção decidida aquelles que
analogia de instituto entre os religiosos que se reuni se refugião no seu territorio; e que uma vez, que um
rem: quando porém os moradores de algum destes homem entra dentro das barreiras de uma nação tem
hospicies se não possão assim reunir opportunamente direito de ser protegido por ella em quanto não vio
pela diversidade notavel de seus institutos, ein tal ca lar as suas leis. A isto nada se póde obstar, e tudo o
so reunir-se-hão a conventos de institutos mais analo que em contrario se fizer não seria senão ir contra o
gos, guardando-se em todas as sobreditas suppres direito das gentes, e da hospitalidade, em quanto não
sões,
e 23. e reuniões o que fica estabelecido nos artigos 22,
•
haja algum tratado, e nesse caso talvez vergonhoso,
que obrigue a fazer o contrario. Agora a questão he
39 Supprime-se o Eremitorio unico de Pegos Ver se estamos ou não obrigados pela existencia de algum
des, existente na Comarca de Lagos, por se achar tratado dessa especie. Digo que não estamos obriga
reduzido a quatro eremitães; guardando-se nesta sup dos; porque os tratados que existião desde o tempo
pressão o que fica determinado no artigo antecedente de FlRei D. Manoel perderão seu vigor. He reco
na justa razão em que lhe he applicavel. E por esta nhecido pelo mesmo direito das gentes, que uma vez
occasião se recommenda a todas as autoridades eccle que uma nação violou um dos artigos do tratado,
siasticas, e civis que não permittão que pessoas, que ficou aquelle sem valor; e não tem duvida, que quan
não professão algum dos institutos approvados, useu do uma nação declara a outra a guerra ficão, nullos
de habitos religiosos debaixo de qualquer pretexto. os tratados, que existião em tempo de paz, e ainda
4O Extinguem-se os prelados maiores, definito que depois seja restabelecida a harmonia entre as duas
rios, e capitulos geraes das corporações regulares, e nações, aquelles tratados não tem valor não sendo
não se admittem outros prelados regulares de um e novamente ratificados. Houve uma guerra com Hes
outro sexo, que não sejão os locaes de cada mostei Panha, que concluiu com o vergonhoso tratado de .
ro, ou convento, eleitos annualmente pelas respecti Badajoz, e nele nada se diz a respeito da reciproca
vas communidades com sujeição aos ordinarios. Ficão entrega dos réos. Eu tenho visto de proposito esse
tambem sujeitos aos ordinarios todos os mosteiros, e tratado, e tenho-o examinado com detenção, sem achar
conventos de freiras, e os recolhimentos que até ago que nelle se diga outra cousa senão, que se conser
ra o estavão a outros quaesquer prelados, mosteiros, vará paz, harmonia, e boa correspondencia entre am
ou conventos: todavia a disposição deste artigo não bas as nações. Resta pois saber sómente se desde aquel
obsta ás reuniões, e suppressões de Inosteiros, e con la época para cá existe algum novo tratado entre as
ventos, que para o futuro hajão de ter lugar nos ter duas nações, ou se ha acções, que mostrem a obser
mos dos artigos 20, 24, 29, e 31, vancia de algum artigo ou artigos dos antigos trata
41 Continúa por entanto a prohibição de entra dos pelo que pertence a tratado, não ha nenhum;
das, e profissões religiosas em todas as corporações re e em quanto ás acções tem-se dito que algumas au
gulares de ambos os sexos, e do mesmo modo se prohi toridades particulares de Hespanha tem feito entregas;
bem por entrtanto fundações de novos mosteiros, con o facto de um cidadão não póde obrigar a uma na
ventos, hospicios, e crimitorios. + gão, obrigão sómente os tratados entre as nações, e
42 O Governo verificará a execução do presente ainda estes devem ser ratificados; mas não póde obri
decreto com a possivel actividade, e vigilaneja; e gar o praticado por um cidadão, qualquer que seja a
promoverá a concurrencia das compcientes autorida sua autoridade na sociedade. Ultimamente ha neste
des ecclesiasticas naquelles objectos, para cuja execu ponto um argumento decisivo: quem he que em to
ção se depender della. |- |-
das as nações constitucionacs tem a responsabilidade,
43 O presente decreto limita-se por entanto ao não he o ministerio! Vejamos pois o que diz o Mi
Reino de Portugal, e Algarve, e se fará extensivo a nistro dos negocios estrangeiros: elle diz, que não
todas as mais partes da Mionarquia á proporção que ha nenhum tratado a este respeito; porque havendo
forem chegando as infermações necessarias. Paço das mediado declaração de guerra, desde que os havia,
Cortes 28 de Janeiro de 1822. — Rodrigo de Sousa não se tornárão a renovar; bastava isto só para do
Machado: Ignacio Xavier de Macedo Caldeira, Jo cidirmo nos a não fazer entrega desses desgraçados.
sé Vaz Pelho, Isidoro José dos Santos, Luiz Anto (Apoiado). Mas diz o Ministro, que ainda que não
nio Rcbello da Silva. º - - - -- haja obrigação positiva, deduzida dos tratados entre
Chegada a hora da prolongação continuou a dis as duas nações, no entretanto ha esta obrigação re
cussão ácerca dos dois Hespanhoes Thomaz Blanco ciproca de entregar os réos de certas excepções. Eu
Ciceron, e João Ramon de Barcia, condemºnados á não vejo no direito das gentes, que existão essas ex
morte na Galiza, e actualmente pedidos pelas auto cepções: o que diz o direito das gentes he, que todo
ridades hespanholas. __ • • •
o homem que se refugía a uma nação tem direito de
|-
O Sr. Pinto de Magalhães: — Eu na sessão an ser protegido por ella; (Apoiado) que toda a nação
terior em que se tratou-oeste negocio quiz mostrar que livre não deve depender da vontade d'outra; (Apoia
nós não estamos obrigados á entrega destes desgraça do) por consequencia digo, que nós não temos obri
_dos, e que a istº se ºppunha a dignidade, a honra, gação nenhuma de fazer entrega desses dois infelizes;
e decoro nacional. Tenho agora pedido a palavra pa mas que não estendamos a tal ponto esta justa gene
ra, responder muito brevemente ás razões em que se rosidade, que vamos com isso causar um prejuizo á
I nº 1
nossa nação, e á nação vizinha. ao mesmo tempo que se acha dividida em opiniões politicas; quando o que
temos direito de resistir á entrega desses estrangeiros, em uns paizes he aclamado como virtude, he nos ou
devemos tambem tomar as medidas convenientes pa tros olhado como crime; quando tal, que he n'uma
ra que não nos sejão nocivos, nem o possão ser á parte considerado como um heróe, sofreria n'outra
Hespanha; o mesmo direito das gentes, que nos im uma morte vergonhosa n'um patibulo; será neste mo
pelle a não entregalos, nos deve tambem obrigar a mento que nós iremos contra a justiça e contra todos
adoptar medidas, para que a nação que os demanda, os principios de uma nação livre fechar as portas aos
não julgue que queremos expola a que estes homens desgraçados, que por opiniões politicas são obrigados
possão obrar contra ella. Sou por tanto de voto, que a saír do seu paiz? Eu acho que sería esta a medida
não se entreguem; mas que o Governo dê as medi mais impolitica. Além disso, quando por um syste
das convenientes para que sejão separados das fron ma constitucional, por um systema liberal bem enten
dido, queremos chamar os estrangeiros , queremos
teiras, e sejão conduzidos áquelle sitio remoto de Por
tugal, aonde queirão assistir. (Apoiado). mostrar que a terra que pizamos he de todos os indi
O Sr. Castello Branco: — Os tractados allegados, viduos, iriamos combater este systema tão util á so
nada me importão. He um principio sabido em di ciedade! Quando o nosso paiz não possa servir de
plomacia, que todas as vezes que duas nações alia asylo aos desgraçados, não será então que nós pode
das declarão guerra, todos os tractados ficão sem vi remos dizer, que o nosso paiz he o paiz da liberdade:
gor; feita a paz he perciso que os tractados se ratifi eu chamarei paiz da liberdade á Inglaterra, á ameri
quem. Sem me referir á época de 1800, lembrarei ca Ingleza aonde tem um asylo os criminosos de to
outra mais moderna, que he a de 1807: nesse tem das as nações. A igual gloria devemos aspirar, deve
po dissolverão-se todos os tractados, e não me consta mos seguir os passos daquelles que são mais antigos
que desde então para cá, se tenha feito cousa algu que nós no systema constitucional; e se nós queremos
ma. Felizmente as cousas depois daquella época mu blasonar com justiça de homens livres no meio das
dárão, e as nações se reconciliarão; porque não erão nações escravas que existem na Europa, he necessario
os Hespanbes que tinhão feito a guerra aos Portu imitar aquelles exemplos. Diz a Commissão que he
guezes, era o Governo hespanhol que então existia, perciso conservar a boa harmonia em que nos acha
que tinha feito a guerra ao Governo portuguez: mas mos com a Hespanha; mas se no Congresso dos re
as nações depois conhecerão seus interesses, e se uni presentantes da nação hespanhola se discutisse esta
rão, tanto mais de coração, quanto mais conhecerão materia, poderião elles votar por principios diferentes
que a sua separação era contraria aos seus interesses; dos que o meu illustre collega, e eu, acabamos de
por consequencia nada póde impôr o argumento tira expender! Eu estou certo que os sábios representam
do dos tractados: vamos agora ás razões geraes. Se tes da nação hespanhola votarião da mesma forma:
ria muito para desejar que as nações fizessem todas debalde nós desceriamos a tal baxeza; eu sei que os
entre si uma sociedade de irmãos; que o genero hu representantes da nação hespanhola a regeitarião, por
Inano compozesse uma unica sociedade; mas isso não que são justos, e não podem querer o contrario. En
he possivel, e por consequencia as nações achão-se tretanto ao mesmo passo que sou de parecer que nós
divididas cada uma com suas leis, e estabelecimentos não devemos restituir os presos de que se trata, sou
proprios. He uma regra geral, que todo o individuo de parecer igualmente, que não demos motivo ao
que habita n'um territorio, tem direito á protecção Governo hespanhol, de desconfiar que o fazemos por
geral daquella sociedade; este he o caso dos individuos pouca consideração com elle, ou com a nação hespa
de que se trata. Qual he o motivo porque as nações nhola: parece-me por tanto que se mande ao Gover
hão de fazer certas excepções dessa regra, que a jus no, que pelo ministro dos negocios estrangeiros se fa
tiça, e a humanidade pedem que seja geral? Por ven ça a participação desta resolução ao Governo hespa
tura para que a outra não use de represalia, he que nhol, e das razões que a motivárão.
eu devo entregar os delinquentes que della vem esta O Sr. Borges Carneiro : — Quando em uma das
belecer-se no territorio que eu habíto? A fuga daquel sessões passadas teve a primeira leitura o parecer da
le delinquente compromette acaso a segurança publi Commissão diplomatica sobre este objecto, me levan
cada nação de donde foge! Se aquelle que infringe tei eu a combatelo, e ao que então disse, e agora mais
a lei existe no mesmo territorio, a sociedade tem di elegantemente reflectiu o illustre Preopinante, nada
reito de o julgar, e impossibilitar, para que não tor mais eu accrescentaria senão me tocasse a causa da
ne a prejudicar a sociedade: he do direito da conser humanidade. Ainda mesmo que se considerem valio
vação da sociedade que vem o direito de castigar; sos os tratados entre as duas potencias não se cum
mas este direito cessa desde que o infractor da lei se priu com estes réos o que nelles se determina. Estes
retira do paiz: desde esse acto deixa por esse crime dois homens em Junho de 1820 entrárão em Portu
de gozar da protecção que até alí lhe era concedida, gal por Valença do Minho com passaportes que lhes
e se põe ele mesmo na impossibilidade de tornar a derão as autoridades portuguezas da raia, e chegá
commetter crimes contra aquella sociedade. Por con rão em boa fé ao Porto, forão ali intimados a 4 de
sequencia nem por esta mesma consideração eu posso Agosto seguinte em consequencia de ordens do In
de maneira alguma apoiar o parecer da Commissão. tendente Geral da Policia para sahirem do reino den
Mas por outra parte olhado o negocio debaixo de ou tro em oito dias. No dia 6, isto he, estando ainda pen
tro ponto de vista, eu chamo á attenção só o nosso dente este prazo, D. Francisco de Burgos Vice-Con
proprio interesse. Será actualmente quando a Europa sul hespanhol no Porto escreve ao Conservador das
Aº
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nações uma cartinha de 6 a 8 regras em que lhe diz ás autoridades de Badajoz ou Ciudad Rodrigo que
que convinha serem prezos aquelles dois homens, semprendão um Hespanhol ali existente, pois isso perten
se quer declarar o motivo. O bom do Conservador ce aos juizes com culpa formada, i e diremos que pó
que era o Desembargador Matta Amorim, prompta de fazer isso estando elles na cidade do Porto? Con
mente os fez prender no mesmo dia seis. Logo se vê fessemos pois que nesta parte o citado art. 6, do tra
que se procedeu nisto não só contra a boa fé do pra tado está revogado pela Constituição.
zo dos oito dias, e dos passaportes que se lhes tinhão Por outra parte he innegavel que pelas invasões
concedido por autoridades publicas mas contra a fór hespanholas de 1801 e 1807 se romperão os tratados
ma prescripta no tratado feito entre os Srs. D. Ma entre as duas nações, sem que até agora se renovas
noel, e D. Sebastião, com os Reis de Hespanha, sem, expressamente; e não bastão alguns factos par
novamente publicados pelo Sr. D. Pedro 1 I, cujo tículares de entregas, se os ha, porque são feitos por
texto li na referida sessão, no caso de os querermos autoridades locaes, e não por ordem do Rei, e versão
dar por ainda subsistentes. Pois nelles se diz mui expres sobre desertores e prisioneiros de guerra, cousa que
samente que quando a autoridade hespanhola ou por mais pertence ao direito da guerra do que ao dos tra
tugueza requerer a entrega de algum réo refugiado tados.
áquelle reino mandará o processo, para nelle se co Além destas razões para oppôr-me ao parecer da
nhecer da existencia do delicto, e se este he ou não Commissão allego em ultimo lugar o decoro da na
dos exceptuados: isto sendo a dita autoridade até ção portugueza, que não póde permittir que homens
Corregedor; e sendo outra maior, que bastará re que estão condemnados a ser garrotados, sejão por
metter-se informação summaria do caso. Ora eis-aqui nós entregues ao algoz para o serem immediatamen
o que se não fez; pois a prizão se determinou por te, depois de terem sido retidos em as enxovias da
uma simples e implicita cartinha de um Vice-Consul. Relação do Porto por tempo de anno e meio, e mui
Pelo que com razão o Governo antigo mandou repre to mais quando não podia já Fernando VII, inter
hender o dito Conservador, e declarar a lei ou trata pôr sua clemencia attendendo a tanto tempo de pri
do em que se fundára para fazer aquella prizão ao zão, pois hão de ser entregues ao Presidente superior
que elle intimidado, mandou soltar os homens, o da Galiza, e por ele ao Juiz de Vigo para se exe
que se não verificou por estarem então já embargados cutar logo nelles a sentença de garrote, sem depen
por outra via. Tudo consta dos papeis que exami der já nada esta execução da côrte de Madrid. Se
nei. efeituamos esta entrega disponhamo-nos tambem pa
Sim o Encarregado dos negocios de Hespanha ra entregar quantos hespanhoes do dispersado exercito
posteriormente pediu a prizão e entrega destes réos: chamado da Fé fogirem para Portugal da Navarra,
questiona-se agora se esta requisição he valida e obri e da Biscaia, quantos dos involvidos nas recentes
gatoria em razão do art. 6, do novo tratado de 1778, facções de Cadiz, Sevilha, e Murcia. Porque não
cujo teor tambem li na referida sessão, e diz que entregamos aos Francezes os que emigravão aos ban
além do modo, acima referido que os antigos trata dos nas agitações de 1792 e seguintes ? Seria isto
dos prescrevião para a reciproca entrega dos réos, justo e decoroso? Fazem-no por ventura presente
tambem ella se faria sempre que forem reclamados mente mesmo os Austriacos com os Gregos que se re
por um officio do Ministro dos negocios estrangeiros colhem a seus Estados fugindo á barbaridade turca?
ou elle seja dirigido directamente do Ministro da Pois me parece que não podemos desejar ser mais
outra potencia, ou por via do respectivo Embaixa unidos com Hespanha na causa constitucional, do
dor. Como pois em o nosso caso não tenha havido que os austriacos o são com os Turcos na causa do
tal officio do Secretario d'Estado de Hespanha, ou despotismo! Grande gloria para a briosa nação por
ao menos não appareça, e seja esta a prizão e entre tugueza entregar ao algoz de outra nação dois mise
ga de um cidadão, a qual não fiou senão de um of raveis que ao abrigo da hospitalidade, do direito das
ficio do Secretario d'Estado que recebe as ordens im gentes, e de passaportes publicos bem ou mal passa
mediatamente do seu Rei, nenhuma obrigação ha de dos, se assilárão em nosso territorio ! i Tratado duro
fazer a entrega, pois tão pouco importa que a requei e injusto, que já com Lepido fez Augusto! !
ra o Vice-Consul, como que a requeira o Encarrega Por tanto devem estes réos ser reintegrados na
do dos negocios, uma vez que não apparece o oficio quelles oito dias, que se lhes havião concedido para
do Secretario d'Estado Hespanhol. Além disto o di que dentro delles hajão de saír deste Reino, e não
to artigo 6, do tratado que autorisa um, Secretario tornar a entrar no de Hespanha: não devem conti
d'Estado para requerer a prizão e entrega de um ci nuar a estar aqui para não poderem ser prejudiciaes
dadão sem dependencia de ajuntar a culpa formada á Hespanha, ou a nós: com isso satisfazemos a nos
em o processo, como menos despoticamente dispu so dever, e satisfazemos a qualquer receio que destes
nhão os ditos antigos tratados, o considero eu já re homens possa ter a Nação hespanhola: despejem o
vogado pela Constituição de Hespanha, e pelas Ba nosso territorio, e vão por esse mundo de Christo que
ses da nossa. Se hoje o Ministro dos negocios estran he bem grande; e embora, se se quer, responda-se
geiros de Hespanha não póde fazer prender um cida nesta conformidade ao Encarregado dos negocios de
dão Hespanhol dentro daquelle reino, nem o nosso Hespanha.
Ministro fazer prender um cidadão Portuguez dentro Quando inteiramente se não approve esta opinião,
do nosso reino, como diremos que os póde fazer pren então proporei como emenda que o nosso Ministro se
der no reino alheio? O Ministro não póde ordenar entenda com o de Hespanha, P…" tempo á cle
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mencia de Fernando VII, e para que em todo o tuna de se escapar para outra sociedade fica tão igno
caso fique segura a vida a estes réos, como a respeito minioso áquella o exigilo, como a esta o entregalo. He
dos desertores, está expressamente declarado no cit. portanto o meu voto que estes desgraçados não sejão en
art. 6 do tratado de 1778. tregues. E quanto ás objecções daquelles Srs., que ar
O Sr, Miranda: — Eu apoio a segunda opinião gumentão com os tratados, respondo com o decreto
do illustre Preopinante: por principios de humanida das Cortes de Hespanha de 26 de Setembro de 1820,
de não devemos indispôr-nos com uma Nação com em que se declara aquelle paiz asilo seguro a todos
quem estamos bem unidos felizmente. O illustre Preo os estrangeiros perseguidos por opiniões politicas. De
pinante disse, que forão prezos esses reos; mas não pois daqnelle decreto a Hespanha não tem direito a
concluiu a historia: o ministro hespanhol que aqui exigir de nós o que comnosco não ha de praticar.
estava queixou-se a D. Miguel repetidas vezes, e até O Sr. Pinto de França: — Eu enchi-me de en
disse, que manifestava o Governo de Portugal op thusiasmo nacional no momento em que ouvi termi
pôr-se ao systema constitucional, que se estava plan nar a fala do primeiro dos illustres Deputados, que
tando em llespanha, por não querer efectuar a entri falou nesta materia: cresceu-me o jubilo á proporção
ga dos réos. Nós não devemos seguir a mesma mar que vi outro illustre Deputado produzir tão fortes ra
cha, nem devemos contribuir a deixar formar taes zões; mas estremeci quando ouvi, que era da opinião
suspeitas; não devemos contribuir a romper as rela que expoz no fim do seu discurso; e meu estremeci
ções amigaveis, que pelo contrario devemos augmen mento passou a grande susto, quando ouvi a outro
tar quanto for possivel com Hespanha. Tem dito um honrado Preopinante combater a primeira das opi
illustre Preopinante, que se neste tempo em que são niões. Eu analizo a questão, se bem que não era pre
tão diferentes as opiniões politicas da Europa, e em ciso descer a mais analize depois do que já se tem
que he graduado de crime n'uma parte o que n'outra dito pelos illustres membros, que me precedêrão a fa
he virtude, se deverão entregar esses homens, e fe lar. Trata-se da entrega de dois hespanhoes prezos on
char a porta a outros que se achem em igual caso; Portugal, certamente com toda a ilegalidade, por
quando eu ouvi o raciocinio do Preopinante, cri que crimes perpetrados em Hespanha; e isto porque! Por
ía a tirar uma diversa consequencia, julguei que ía que Hespanha o pede. Parece ao meu entender que
a dizer que não se devião admittir, nem aqui, nem isto he o mesmo que dizer-se; trata-se de ver a insuf
em Hespanha os Portuguezes, ou os Hespanhoes que ficiencia de Portugal, ou em conhecer seus direitos,
fossem reos de similhantes delictos: he preciso consi ou em sustenta-los: parece-me que he o mesmo que
derar que a nossa causa he a causa de Hespanha; dizer-se: trata-se de que a Hespanha quer aquilo mes
Portugal communica-se por tantas partes com aquel mo, que se oppõe a seus principios, aos principios que
la nação, que não seria possivel, que nenhum cons Portugal tem adoptado. Parece-me que se diz, trata-se
pirador podesse passar de um a outro territorio se se de ver se Portugal póde ou não sustentar o direito publi
fizesse uma convenção reciproca entre as duas nações co das gentes, o direito da hospitalidade, e do decóro:
para os não admittir. Em quanto a mim a julgaria quando assim considero, cumpre-me dizer que não se
conveniente, e não duvidaria subscrever a ella; e devem entregar os prezos, e que se devem pôr em liber
agora por motivos de humanidade quer-se estabelecer bade. Fala-se de tratados, de tratados que desde o
o opposto! Esses individuos achárão então asylo no reinado de ElRei D. Mannel descem por uma serie de
Governo de Portugal, porque querião supplantar o confirmações até D. Maria I.! E argumenta-se com
Governo de Hespanha; e o Encarregado de negocios estes tratados? Digo que não he justa a conclusão; e
de Hespanha reclamou repetidas vezes contra esse que se estes tratados não morrêrão com as bombas,
asylo: agora tem reclamado igualmente; e não se di que as baterias de morteiros arrojárão sobre Campo
ga que a sua reclamação he de nenhum valor; he o maior; senão desapparecênão com a tomada de Oli
mesmo que se tivesse sido feita pelo secretario d'Esta vença; em fim senão morrêrão em Fontainebleau em
do; porque um Encarregado de negocios, representa Jnnho de 1807, derão o ultimo suspiro em Novembro
aqui o Governo da sua nação. Diz-se que não houve do mesmo anno sobre as nossas fronteiras. A colá se
1ratados em Badajoz; mas eu creio que houve algum tratou da extincção de Portugal, e aqui invadirão
secreto em Madrid; porém haja ou não haja, basta nos as tropas hespanholas pelo norte, e pelo sul. To
haver reclamações pela parte de Hespanha, para que, márã- posse de nossos territorios em nome de Hes
no meu entender, não se deva decidir sem que neste panha: eu mesmo vi com pezar nas praças da bella
particular se entre em novas explicações entre os dous cidade do Porto, e sobre os muros alçados os estan
Governos. O meu parecer he, que se remetta este dartes hespanhoes; e então não se quebrárão os tra
negocio ao Governo, para que se obre em boa har tados ! Que se poderá dizer! D -s -me-ha: que logo \,
monia com Hespanha, e que quando muito se re depois. havendo-se Portugal e Hespanha ligado con
commendem estes réos á clemencia de Fernando VII. tra a França, ficárão soldados aquelles vinculos que
O Sr. Feio: — As duas grandes molas das so se havião roto. Direi que não: a perfidia de Napo
ciedades são o premio, e o castigo; mas a um go leão então nos poz em circunstancias de ir contra a
verno justo, e filantropo he tão doce ter que premear França; mas as bravas armas portuguezas, que forão
a virtude, quanto he duro o ter que castigar crimes: em soccorro das hespanholas para expulsar do seu, e
em quanto o réo se acha dentro da sociedade, que nosso territorio as francezas, que nos opprimírão, se
ofendeu, deve o Governo fazer todas as diligencias rião as mesmas para combater sómente por nossa li
Para o prender, e castigar; mas logo que teve a for berdade, se Napoleão deixasse a Hespanha no seu an
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tigo estado. Dirão mais, que a Regencia passada en eu quero authorisar, que a Hespanha dê entrada no
tregou alguns homens, porque os reclamárão. Por seu territorio aos nossos illiberaes, bem como nós daº
ventura factos taes póde dizer-se que constituem um mos aos seus; longe de mim semelhante idéa; mas
tratado ! Por ventura não obrou mal a Regencia! sería uma vergonha para a nação Portugueza entre
Quem se atreverá a dizer que não! Aqui me calo por gar estes homens, que de certo vão a ser condusidos
modestia; e tornando a tomar o fio da discussão di ao cadafalso; como positivamente sabemos: isto seria
go, que a entrega dos prezos ofenderia a dignidade tirar o lustre da nossa nação, e fizer desta vez (per
da nação. Um hespanhol, que commette um crime mista-se-me que assim o diga) um papel de carrasco.
em Hespanha está seguro em França, em Hollanda; Embora se determine, que não se admittão de hoje
em Inglaterra, e em qualquer paiz, aonde ponha o em diante nas fronteiras homens servís, e contrarios
pé sobre a terra, e a um hespanhol nas mesmas eir ás actuaes reformas; mas o decóro nacional, e a hu
cunstancias não serviria de asylo Portugal. Não po manidade exige, que estes não sejão entregues. •
derá estar em segurança, nem respirando os ares in O Sr, Miranda: — Tem-se exaltado a imagina
festados de nossas costas de Africa, nem no longiquo ção de alguns Srs. Deputados, que tem combatido o
Macáo, por pertencer á Nação portugueza, e ha de parecer da Commissão, mais com exclamações orato
ser entregue em qualquer daquellas partes, porque rias, que com razões. He necessario saber que ha um
Hespanha o quer! Oh! indignidade. Nossa Nação não tractado; o Governo de Hespanha já reclamou estes
deve ser considerada um ponto mathematico, que se presos, e forão reclamados ao mesmo D. Miguel. Se
gundo a sua definição he nada, abaixo da linha de se tratasse de estabelecer em regra, se se devia ou não
dignidade que lhe compete; e assim parece ser consi conceder asylo nas duas nações aos conspiradores de
derada no caso de que se trata: contra isto as vozes Hespanha e Portugal, sanccionariamos que se desse
da Nação inteira são muito mais energicas que as que semelhante asylo! Certamente creio que não; e creio
tenho exalado neste Augusto Congresso. Lembro-me que pelo contrario a assembléa conviria melhor em
agora do que disse o Sr. Deputado Castello Branco. não admittir em nenhuma das duas partes os servís
Eu quereria ouvir as vozes da nação hespanhola, es Tem dito um Preopinante, não se permitta a entra
sa nação respeitavel por seus feitos antigos, e admi da dos servís nas fronteiras: e como se conhecem es
ravel por seus feitos de hoje, agora nossa amiga, e tes! He necessario ter a mais intima concordia com
admiravel pelo caracter que desenvolveu, e acaba de Hespanha, e he necessario que nos desenganemos, e
mostrar á face da Europa. Ella decreta que seu ter conheçamos, que quem atacar com esta classe de ar
ritorio he um asylo para todos os estrangeiros: aqui mas a Hespanha, ataca a Portugal; e quem atacar
estão pois rotos todos os tratados. E quereria a nação a Portugal, ataca a Hespanha: entre nós ha muitos
hespanhola que nós fossemos nesta parte menos justos servís, e ha muitos servis em Hespanha; e não seria
e liberaes que ella o he! Não, que he justa; e se o contradictorio e temivel fornecer um asylo em ambos
quizesse, nós ou diriamos que não, ou eu diria, ris os paizes aos servís de cada um dos outros? Estes
quemo-nos da lista das nações. Portanto digo, que homens forão reclamados pelo encarregado de Hes
estes homens não devem ser entregues. Se seus crimes panha a D. Miguel, o qual não quiz entregalos, por
são taes como se diz, previna-se a sua maligna influ que o nosso antigo Governo não lhe fazia conta ir
encia; nem os poderia encarar, porque não posso ver de acordo com o Governo constitucional de Hespa
monstros; a nodoa repugna á vista, e se dilata: não nha; e iremos nós proceder do mesmo modo! Um
se entreguem pois esses homens, mas apartem-se de dos illustres Preopinantes narrou certos acontecimen
nossa vista. tos passados com os hespanhoes; mas taes factos
O Sr. Lino: — Nenhum Imperante deveria dei nada provão, nem se deve deitar esse labeo sobre
xar entrar no seu territorio a um criminoso de outro os hespanhoes actuaes: os hespanhoes de então não
estado mediando convenção reciproca; mas em fim erão os hespanhoes de hoje; nem seu Governo o
uma vez admittido he necessario protegelo. Porque, Governo constitucional: os mesmos hespanhoes que
como diz Watel, todo o Governo que admitte um vinhão naquelas fileiras não approvavão a condu
estrangeiro em seu territorio lhe deve protecção e fa cta do seu Governo; era então Carlos IV. e Godoi
vor; é elle deve ficar debaixo da salva guarda das quem os mandava, e hoje os rége um Governo cons
leis do paiz como se fosse natural. Pelo direito das titucional. (Apoiado) Não acho tambem a proposi
gentes não póde fazer-se a entrega dos léos de que se to o que se tem dito do ponto mathematico: aqui
trata, e nem mesmo pelo direito politico de Portu uão ha baixeza, nem obediencia alguma, he uma
gal. Aquelles homens logo que chegárão ás fronteiras conveniencia reciproca entre as partes contractantes.
alcançárão passaportes das nossas auctoridades; e que Eu receio que uma decisão precipitada desta assem
quer dizer um passaporte! Uma carta de segurança bléa, promova uma indisposição entre Hespanha e
para transitar livremente na nação em que se acha. Portugal; he por isto que eu desejo que se remet
Posteriormente a policia lhes marcou um praso de ta este assumpto ao Governo, e que elle decida com
oito dias para se retirarem do reino, e antes delle fin acordo do Governo hespanhol, e que no caso deste
do forão presos; e por isso uma semelhante prisão tem insistir, sejão entregues com recommendação.
sido contra o direito publico, e contra o direito par O Sr. Alves do Bio requereu o addiamento, ten
ticular da nação, e a sua entrega não póde ser feita do passado a hora de prolongação. Oppoz-se o Sr.
com justiça. Não se diga por isto que eu quero fazer Franzini, e outros varios Srs. Deputados dizendo,
de Portugal um recinto de servís: não se pense que devia terminar-se a questão; e continuou a discussão,
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• •
O Sr. Ferreira Borges: — Sr. Presidente, na cia politica sobre as ruinas da intolerancia religiosa.
primeira vez, que aqui se tratou deste objecto, lido (Apoiado) Eu estimaria muito que este Congresso
o parecer da Commissão, o lembrar um honrado mem não tivesse tomado sobre si este negocio, que perten
bro a existencia de um decreto de Hespanha, que ti ceria melhor ao poder executivo: mas quando estes
nha connexão com a materia, me impelliu então a infelizes requerérão, e suas instancias forão despreza
pedir o addiamento. Eu disse naquella sessão, que o das quando levárão suas supplicas por fim ao Con
Ineu coração me falava contra a opinião da Commis gresso, he necesssario que o Congresso tome conheci
são; mas que a justiça lhe calava as vozes. — Eu mento deste caso, e não he já a sorte de dois infeli
disse, que desejaria, que quando a desgraça me obri zes, he a honra nacional que se acha interessada.
gasse a buscar foragido um abrigo entre os Hespanhoes (Apoiado) Receia-se que vamos com uma decisão
malogrado o feito de 24 de Agosto, que desejaria favoravel a estes réos contrariar a harmonia que te
quando reclamado achar no Governo visinho obsta mos com Hespanha. Similhantes receios não devem
culo á minha entrega. Busquei o decreto, que então ser os que dirijão as nossas decisões; e em qualquer
se mencionou, procurei a discussão respectiva; e o caso eu digo-o afoutamente, preferiria antes norter de
resultado he o sustentar a opinião da Commissão. Tu baixo das ruinas da minha amada patria, do que para
do quanto tem dito os illustres Preopinantes he excelsalvala, concorrer para uma injustiça, e certainente
lente, e precede no caso de não haver convenção ex por injustiças nunca uma nação poderá conservar-se.
pressa de nação a nação. E será este o nosso ! Eis o (Apoiado). As regras que regulão os particulares en
que cumpre examinar: he este o ponto restricto da tre si, são as mesmas que devem regular as nações.
questão. — |-
Cada um he senhor de abrir ou fexar a sua porta a
Que houverão tratados he indubitavel: que se rom outrem, mas deixar entrar um infeliz para depois o
pêrão pela guerra tambem póde conce ler-se. Mas pa atar e entregar a seus perseguidores, seria o sumino
ra se suscitarem os tratados rotos será necessario no da maldade. Consulte cada um de nós o intimo da
vos tratados ! Será necessario convenção expressa! sua consciencia, e verá se por ventura acha que isto
Parece-me, que não Os factos subsequentes a paz he se póde fazer sem crime. E será possivel, que o que
quem decide, se as Nações resuscitão as suas primei he crime n'um particular o não seja crime n'uma na
ras convenções. — He sem duvida que a nossa causa ção! Não será uma injustiça quebrantar neste caso
he a causa de Hespanha: e he tambem sem duvida, as leis da hospitalidade ! Todo o estrangeiro que en
que um tratado he um contrato billateral. Repugna trou n’uma nação fez um pacto com ella, obrigou
por tanto, que uma das partes contratantes esteja se a observar as suas leis, e ella obrigou-se a prote
dizendo — existem tratados, e a outra diga — não gelo. (Apoiado) Esta he uma regra de justiça inne
existem — Abrindo-se o diario de llespanha de 26 gavel, e quanto maior força terá quando, como no
de Setembro de 1820 achamos um decreto, cujo primei caso em que se trata, recebesse o refugiado um pas
ro artigo diz assim. — O territorio Hespanhol he um saporte, um salvo conducto dessa mesma nação ! Por
asylo inviolavel para as pessoas, e propriedades de ventura não será uma má fé decidida o violar este
toda a classe pertencentes a estrangeiros quer estes re salvo conducto dado a um estrangeiro ! Se a autori
sidão em Hespanha, quer fóra della com tanto que dade em dar esse passaporte transgrediu os deveres,
respeitem a Constituição politica da monarquia, e as castigue-se a autoridade; mas respeitemos o passapor
de mais leis, que governão os subditos della. O asylo te que foi dado. Consultemos mesmo os livros da nos
das pessoas se entende sem prejuizo dos tratados cris sa religião, elles nos dizem: se um estrangeiro vier á
tentes com outros Governos. — vossa terra, não lhes deis causa de tristeza, nem de
Que tratados serão estes! Leamos a discussão, e aflicção. Eisaqui as regras para poder attrair os es
della ficaremos convencidos que muitos Deputados trangeiros a nosso territorio, dar consummo aos nos
fallárão ali expressamente de Portugal: alguns falá sos generos, e fazer afluir entre nós as suas riquezas.
rão de factos, que com elles mesmos acontecèrão em Se pelo contrario os tratassemos como a Commissão
reclamações posteriores á guerra; guerra, que falan desgraçadamente os quer tratar, eles não apertarão
do rigorosamente não foi declarada, nem executada ás nossas fronteiras: argumenta-se com os tratados;
pela Hespanha de hoje por esse Governo, que hoje já se tem dito que esses tratados rompêrão-se em 1801,
reclama homens, que commettêrão um crime, que assim como em 1807. Fala-se do tratado de Madrid,
ataca tanto o systema de Hespanha como o nosso sys eu não o vi, nem creio que fosse impresso em parte
te(na. alguma: mas certamente se existisse, delle deveria ter
Eu não sei dizer outra couza. Ao Governo he que conhecimento o ministro dos negocios estrangeiros:
tocava esta questão, e esta decisão. Aqui nada ha a se ele mesmo nos diz, que não existe, como pºdere
legislar: e se o Congresso conhece da questão he nes mos crer que o ha! Se não existe pois tratado algum
cessario que reconheça a existencia de tratados, e de de Hespanha que nos obrigue, ainda que haja a exis
cida segundo as estipulaçôes dos dois Reinos. tencia de alguns factos das autoridades da raia, o que
O Sr. Guerreiro: — Com bastante espanto meu se póde deduzir he uma ignorancia dos deveres nas
ouvi que se pretendessem sacrificar no Reino da li ditas autoridades, ou uma malicia criminosa; mas
berdade victinas á politica, e mais admirado fiquei nada influe para a decisão da entrega destes récs.
quando vi pessoas tão illustres por seus bons senti A entrega das desertores tambem não póde servir de
mentos, como corajosas na defensa da causa da li de regra, pois he filho das circustancias de guerra,
berdade, pretender levantar o estandarte da intoleran e convenções particulares, e temporarias não podera
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de maneira alguma serem regras para o futuro. Diz do Governo. Tem-se manifestado que as Cortes de
se que he tão complicado este negocio, que mesmo Hespanha decretárão que não havia tratados a este
o ministro dos negocios estrangeiros não se tinha at respeito com Portugal, e pergunto eu, para aquelles
trevido a negar a entrega desses hespanhôes. Se o decretarem isso pozerão-se de accordo com o nosso
Govesno sacrificava victimas humanas á politica, se Governo! Não: pois tambem nós, como igualmente
assim o queria fazer por respeitos a uma nação estran independentes,
tados podemos declarar que não ha taes tra
com Hespanha. • •
ella não cede a alguem em idéas liberaes: mas he ne O Sr. Presidente: — Proponho agora a emenda
cessario considerar a questão politicamente. Se uós po do Sr. Pinto de Magalhães: que não sejão entregues
mos estes presos em liberdade sem entrar em ajuste os Hespanhoes de que se trata, e que se lhes de um
ou conferencia com Hespanha, daqui amanhã todos praso breve para poderem sair de
provada. Kingdi
•
Foi ap
os servís de Hespanha hão de estar em nossas fron
teiras perturbando o soccego publico, e a felicidade Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia
constitucional, e os conspiradores de Portugal hão a continuação do projecto da Constituição; na pro
de ter igual asylo em Hespanha, sein que de modo longação a eontinuação do projecto sobre a compa
algum possamos reclamar, porque o Governo de Hes nhia do Alto Douro.
panha dirá, vós nos destes o exemplo. Deixo á con Levantou-se a Sessão á hora do costume. — José
sideração do Congresso, que seria neste caso dos pro Lino Coutinho, Deputado Secretario.
gressos da causa da regeneração em ambas as Na
ções, que agora mais que nunca devem, ser unidas. Resoluções E ORD ENs o As Coares.
Os mesinos Preopinantes que agora exclamão deste
modo serião os primeiros que se se tratas e de fazer Para Filippe Ferreira d'. Araujo e Castro.
uma concordata, para que os conspiradores contra º
systema constitucional fossem entregues reciprocamen Illustrissimo e Excellentissimo Senhor — As Cor
te por ambas as Nações, a apoiarião. Ile necessario tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
fazer a diferença, uma heréos de opiniões politicas, mandão remetter ao Governo, a fim de se fazerem
e outra he reos de conducta politica: trata-se de ver publicar e observar as inclusas cartas de naturaliza
dadeiros conspiradores; por consequencia para que se ção, concedidas a Diogo Maria Gallard, a Pedro
não sigão os inconvenientes que tenho ponderado, e Llustran da Matta Albuquerque, a João Antonio
os Hespanhoes não nos argumentem, sustento o meu Bianchi, a João Baptista Gambaro, a Diogo Ro
voto anterior. berto Higgs, e a Frederico de Castro Novo.
O Sr. Pinto de JHagalhães: —.... Tem dito o Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 7
illustre Preopinante que nos queremos valer do razões de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
oratorias. Se nós quizessemos empregar não a lingua
gem oratoria, senão a da razão e da justiça, diria As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin
nuos que entregar um deposito tão sagrado só pela ra tes da Nação portugueza tomando em consideração
zão de que isto poderia desagradar a uma Nação po o que lhes foi representado por parte de Diogo Ro
derosa, não he justo, e será uma nodoa, e uma bai berto Juiggs, inglez de naçáo; residente nesta capi
xeza. Ile agora que eu me revisto de todo o orgulho tal desde o anno de 1800; serventuario do oficio de
por ter nascido em Portugal, e digo que antes que corrector do numero da praça de Lisboa; e attenden
reria morrer mil vezes, que por receios sucumbir a do a que ele he casado com mulher portugueza, de
uma injustiça. (Apoiadº). - - quem tem filhos: concedem ao supplicante carta de
O Sr. Borges Carneiro: — Tem-se dito que se naturalização, seu do pendencia de outra alguma di
entregue este negocio ao Governo, então lhe o ines ligencia, para que possa gozar de todos os direitos, e
no que mandalos entregat; porque tal be a opinião prerogativas, que competem aos naturaes destes Rei
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no Unido de Portugal, Brazil, e Algarve. Paço das turaes deste Reino Unido de Portugal, Brazil, e Al
Cortes em 7 de Fevereiro de 1822. — Manoel de Ser garve. Paço das Cortes em 4 de Fevereiro de 1822—
pa Machado, Presidente; José Lino Coutinho, De Manoel de Serpa Machado, Presidente; José Lino
putado Secretario; João de Sousa Pinto de Maga Coutinho, Deputado Secretario; João de Sousa Piu
lhãos, Deputado Secretario. to de Magalhães, Deputado Secretario.
As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin
tes da Naçãa portugueza tomando em consideração o tes da Nação portugueza tomando em consideração º
que lhes foi representado por parte de Frederico de que lhes foi representado por parte de Diogo Maria
Castro Novo, natural da Sicília; e attendendo a que Gallard, natural de Hespanha: e attendendo a que
elle se acha estabelecido, e residindo na cidade do elle se acha residindo ha mais de 7 annos em Portugal,
Funchal desde o anno de 1808: concedem ao suppli e Brazil, e a ter acceitado o cargo de consul geral
cante carta do naturalização, sem dependencia de ou de Portugal em Sevilha: concedem ao snpplicante
tra alguma diligencia, para que possa gozar de todos carta de naturalisação, sem dependencia de outra al
os direitos e prerogativas que competem aos naturaes guma diligencia, para que possa gozar de todos os
deste Reino Unido de Portugal, Brazil, e Algarve. direitos e prerogativas que competem aos naturaes des
Paço das Cortes em 7 de Fevereiro de 1822. — Ma te Reino Unido de Portugal, Brazil, e Algarve. Pa
noel de Serpa Machado, Presidente; José Lino Cou ço das Cortes em 7 de Fevereiro de 1822. — Manoel
tinho, Deputado Secretario; João de Sousa Pinto de de Serpa Machado, Presidente; José Lino Coutinho,
Magalhães, Deputado Secretario. Deputado Secretario; João de Sousa Pinto de Ma
galhães, Deputado Secretario.
As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin
tes da Nação portugueza tomando em consideração Para Innocencio Antonio de Mirandu.
o que lhes foi representado por parte de João Ba
ptista Gambaro, natural de Genova: e atteddendo a As Cortes Geraes e Extraordinais da Nação por
que elle ha oito annos está residindo na cidade do tugueza concedem a V. Senhoria licença por tanto
Funchal, estabelecido, casado, e com familia: con tempo qnanto seja necessario para tratar do restabele
cedem ao supplicante carta de naturalização, sem de cimento da sua saude: esperando do seu conhecido
pendencia de outra alguma diligencia, para que pos zelo, e amor da patria, que apenas seja possivel V.
sa gozar de todos os dircitos e prerogativas que com Senhoria não deixará de vir logo continuar neste so
pctem aos naturaes deste Reino Unido de Portugal, berano Congresso as funcções de que dignamente se
Brazil, e Algarve. Paço das Cortes em 7 de Feverei acha encarregado. O que participo a V. Senhoria pa
ro de 1822. — Manoel de Serpa Machado, Presiden ra sua intelligencia.
te; José Lino Coutinho, Deputado Secretario; João Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 7 de
de Sousa Pinto de Magalhães, Deputado Secretario. Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin Para Filippe Ferreira d'Araujo e Castro.
tes da Nação portugueza tomando em consideração
o que lhes foi representado por parte de João Anto Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor
nio Bianchi, natural de Cómo do Estado Imperial da tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
Italia: e attendendo a que elle se acha estabelecido, sendo-lhes presente que D. João Manoel de Vilhena
e residindo ha mais de oito annos na cidade do Fun Saldanha, e seu irmão, forão admittidos á matricu
chal: concedem ao supplicante carta de naturaliza la na Universidade, em Janeiro do corrente anno,
ção, sem dependencia de outra alguma diligencia, com dispensa de lapso de tempo: mandão dizer ao
para que possa gozar de todos os direitos e preroga Governo que transmitta ás Cortes plena informação
tivas que competem aos naturaes deste Reino Unido do referido caso. O que V. Exc. levará ao conheci
de Portugal, Brazil, e Algarve. Paço das Cortes em mento de Sua Magestade.
7 de Fevereiro de 1822. — Manoel de Serpa Macha Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 7
do, Presidente; José Lino Coutinho, Deputado Se de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
cretario; João de Sousa Pinto de Magalhães, Depu
tado Secretario. Para o mesmo.
administradas por elles. O que V. Exc.º levará ao Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 7
conhecimento de Sua Magestade, de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 7
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras, Redactor — Velho.
empregados da casa da India, ficando o thesouro pu O Sr. Secretario Felguciras mencionou os seguin
blico daquelle praso em diante tambem interinamen tes officios.
te desonerado do pagamento da ametade dos mesmos 1.° Do Ministro dos negocios do Reino, parti
ºrdenados, que por elie se satisfazia, e sómente obri cipando que Sua Magestade o havia encarregado de
zado á satisfação daquella parte, que os referidos em significar ás Cortes, que lhe tinha sido especialmente
pregados até então houverem vencido pela repartição agradavel a determinação, pela qual o soberano Con
do mesmo thesouro. E ordenão outrosim provisoria gresso declarou de testividade nacional o dia anniver
mente, que as pensões, que aquelles oficiaes e em sario da sua Coroação. Foi ouvido com especial agra
pregados pagavão, ou se deduzissem directamente do do. + . . …". -
producto das miudas, ou tenhão sido impostas nos 2.° Do mesmo Ministro, porticipando estar de
prºprios ordenados, por haverem sido conferidos os signado o dia 20 de Março proximo futuro, anniver
oficiaes com esses encargos, sejão todas pagas pelo sario do falecimento da Rainha, a Senhora D. Ma
deposito das mesmas miudas, salva a integridade dos ria I., para a trasladação do seu cadaver da igreja
ordenados. O que V. Exc." levará ao conhecimento de S. José de Ribamar, onde se acha depositado,
de Sua Magestade. + para a do convento do Coração de Jesus, no sitio da
Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 7 de Estrella, a fim de que o soberano Congresso queira
Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. autorizar a despeza para esta funcção funebre com a
conveniente decencia, se assim lhe parecr. Mandou-se
- Para o mesmo. á Commissão de fazenda. . -
•
3.° Do mesmo Ministro, remettendo ás Cortes,
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. – As Cor em consequencia do officio de 3 de Dezembro, a in
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza, formação da camara do Cartaxo, sobre o requeri
attendendo ao que lhes foi representado por Thomé mento dos arraes das faluas do Carregado, Povos, e
Gualberto de Miranda, recebedor das miudas da ca outros portos. Remetteu-se á Commissão que a ha
sa da India, ácerca de não ter sido comtemplado na via exigido. * * *, -
ordem das Costes de 29 de Outubro de 1821, que 4.º Do mesmo Ministro, remettendo ás Cortes,
mandou provisoriamente obonar ao escrivão das miu em conformidade da ordem de 24 de Janeiro, a con
das, pelo deposito dellas, o seu vencimento na pro sulta do Conselho da fazenda de 13 de Novembro de
porção de 3003 réis annuaes, visto não ter outro al 1819, relativamente aos terrenos que se devem consi
gun ordenado; por quanto o supplicante se acha nas derar de novo reduzidos a cultura, para gozarem do
mesmas circunstancias; ordenão que ele seja igual beneficio do alvará de 11 de Abril de 1805. Mandou
mente comtemplado pelo deposito das miudas, a ra se á Commissão de agricultura. |- |-
#
zão de 3003 réis annuaes na fórma do que naquella 5.º Do Ministro dos negocios da justiça, remet
ordem se resolveu a respeito do refrrido escrivão. O tendo ás Cortes uma conta do chanceller, que serve
que V. Exc." levará ao conhecimento de Sua Mages de regedor da casa da Supplicaçõo, relativamente aos
tude. autos crimes dos réos Luiz Antonio, o Ceroulas, e
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outros; pois que a sua decisão póde depender de me pre explicar, que se observe esta disposição não só
didas legislativas. Foi á Commissão de justiça crimi nos tres ou quatro mezes em que se acharem convo»
nal. cadas as Cortes, mas tambem ainda dissolvidas estas,
6." Do Ministro dos negocios da fazenda, en se faça a mesma participação á Deputação perma
viando ás Cortes, em conformidade do oficio de 20 nente, para que os Deputados gozem deste favor em
de Outubro ultimo, um officio do corregedor da co quanto durar a sua Deputação, e tenha o corpo le
marca de Trancoso com os mappas do rendimento gislativo uma inteira independencia do poder judi
do cabeção das sizas, e despezas com os expostos. ciario, e executivo. — Marcos Antonio de Sousa.
Mandou-se á Commissão de fazenda. Passando-se á ordem do dia, entrou em discus
7.° Do mesmo Ministro, remettendo ás Cortes, são o artigo 162 do projecto de Constituição. A este
em consequencia do oficio de 7 do mez passado, uma respeito disse
consulta da Meza da consciencia e ordens, ácerca da O Sr. Guerreiro: — Na ultima sessão em que se
arrematação das commendas de S. Pedro do Sul, S. discutiu o projecto de Constituição, enunciei a minha
Salvador de Serrazes, e S. Julião de Cambra. Man opinião sobre o artigo 162, agora vou expola mais
dou-se á Commissão de fazenda. claramente, e provala se poder. Duas partes tem o
8.° Do Ministro dos negocios da gnerra, remet artigo; na primeira impor aos juizes obrigação de con
tendo ás Cortes, em conformidade da ordem de 14 ciliadores, e na seguuda o modo por que devem exer
do mez passado, a copia da portaria expedida á con cer esta funcção. Quanto á segunda parte não póde
tadoria fiscal das tropas, e dos documentos que ahi ter lugar por ser propriamente regulamentar: ella he
existem relativos ao brigadeiro, barão de JKeiderkold, propria de uma lei que deve fazer-se sobrc esta mate
e á sua viuva e filhos. Foi á Commissão de fazenda. ria, para pôr em observancia o systema constitucio
Mandou-se á Commissão dos poderes um officio nal, e parece que n'uma Constituição não devemos
do governo provisorio da provincia de S. Paulo, dan entrar nestes detalhes, quanto mais que estas opera
do parte da sua instalação, e do juramento das Ba ções são alteradas por varias circunstancias. Quanto
ses da Constituição naquelle districto, e mandando á primeira parte eu não posso deixar de approvar o
incluso o auto da eleição dos Deputados a Cortes por estabelecimento dos juizes conciliatorios, elles achão
aquella provincia. se estabelecidos na ordenação do Reino, livro 3.°,
Mandou-se á Commissão de artes uma memoria titulo 20, mas não posso eoncordar em que os juizes
relativa a uma fabrica de pedra hume, que antiga sejão conciliadores, pelo contrario parece que dando
mente existiu na ilha de S. Miguel, por Ignacio Xa se aos juizes o cargo de conciliadores se destruiria o
vier da Costa Judice, capitão do regimento de arti fim da conciliação entre as partes, não supponho que º
lheria n.° 1. o juiz queira abusar do seu poder, quero mesmo con
Dirigiu-se á Commissão de Ultramar uma carta ceder que elle procure conciliar as partes com a maior
escripta aos habitantes de Angola, e oferecida agora boa fé; mas he hornem e sujeito ás paixões humanas.
ás Cortes por José Anastasio Falcão, sobre o modo Se ele não concilia as partes, seguir-se-ha daqui que
por que foi tratado por desejar concorrer para destruir aquelle juiz ficará tendo em má conta, e reputando
o despotismo, e estabelecer a Constituição naquella teimosa e desarrasoada aquella parte que não quiz es
parte dos Estados portuguezes. tar pelo seu parecer; o juiz ficará preocupado e o jui
Foi ouvido com agrado, e mandado remetter ao zo em certo modo ficaria prevenido. Quando eu pen
Governo um oferecimento que ás Cortes dirigiu o so em que os juizes sejão os conciliadores entre as par
mesmo José Anastasio Falcão, da quantia de quatro tes, logo me lembro daquella fabula do cavallo quan
contos e tantos mil réis, metade para as despezas do do implorou o soccorro do homem para se vingar do
monumento que se projecta levantar em honra dos touro, da mesma maneira ha de accontecer áquella
benemeritos da patria, e metade para principio de parte que for implorar a conciliação dos juízes, por
um monte pio para sustentação das viuvas dos rege isso proponho que em nenhum caso os juizes devem
neradores. ser conciliadores entre as partes, e que a Constituição
Procedeu-se á chamada, e achárão-se presentes não deve declarar a maneira por que se admitte este
105 Deputados, faltando 28; a saber: os Senhores juizo conciliatorio: mas tão sómente enunciar que ne
Gyrão, Osorio Cabral, Canavarro. Ribeiro Costa, nhuma acção poderá ser admittida em juizo sem ter
Sepulveda, Durão, Lyra, Van Zeller, Calheiros, precedido juizo conciliatorio.
Almeida e Castro, A. de Miranda, Queiroga, Man O Sr. Monteiro da França; — Este artigo pare
tua, João de Figueiredo, Bekman, Aragão, An ce que exige um novo juizo, ou ao menos uma nova
nes, Faria, Afonso Freire, Sousa e Almeida, instancia; o cuidado de todo o legislador deve ser o
Martins Basto, Luiz Monteiro, Gomes de Brito, simplificar o mais possivel os juizos, demais os juizos
Pamplona, Zefyrino dos Santos, Costello Branco Ma conciliatorios não são admissiveis, porque de duas
noel, Ribeiro Telles, Vicente Antonio. umº, os dois coutendores quando apparecem perante
Fez-se a primeira leitura do seguinte additamento juizes conciliadores, ou são homens rasoaveis, ou con
ao projecto de Constituição: tumazes. O homem rasoavel com qualquer parecer,
Sendo deliberado em uma das sessões antecedentes
ou a sua propria razão, ou o conselho do advogado
pelo soberano Congresso, que pronunciado a prisão o convence. O homem teimoso nunca se COIl vence :
algum Deputado, se não executasse a captura sem Para o primeiro não são necessarios juizes conciliado
participação ás Cortes pelo juiz da pronuncia, cum res, para º segundo tambem não, principalmente
quando eles não tem nenhnma autoridade coactiva.
[121]
O Sr. Pereira do Carmo: — Não sou da opinião re quem hão de ser estes juizes, porque tambem opi
do illustre Preopinante, que reprova a doutrina dos no que não sejão os juizes de fóra ou de direito; po
juizes conciliatorios, estabelecida neste artigo, con rém me inclino a que sejão os juizes electivos que ha
fesso que reverenceio as nossas antigas instituições pe de haver em todos os concelhos, 1.° porque tem a
la boa razão em que vejo fundada a maior parte del confiança do povo que os elegeu; 2.° porque só co
las; e tambem confesso, que aproveito o primeiro en nhecem das causas de pequena importancia, e por
cejo de as introduzir em nossas novas instituições, tanto o juizo da conciliação não induz nelles alguma
para lhes conciliarem respeito, e lhes communicarem prevenção para quando a causa chegue a ser levada
certo sabor portuguez, que muito convém sobresaia a juizo contencioso, pois se he causa importante, el
em tudo que manar deste Congresso. Isto posto de le não será juiz della. Desejo finalmente, que na Con
vo dizer que os juizos conciliatorios já forão requeri stituição se declare, que sem se apresentar uma cer
dos ao Sr. D. João II pelos nossos antecessores, os tidão do juiz conciliador não possa admittir-se acção
Deputados ás Cortes de Evora de 1481, allegando as judicial. Agora quanto ao modo de fazer o processo
razões attendiveis, que eu reproduzo agora contra o de conciliação, convenho em que se deixe isso para
ilustre Preopinante, servindo-me da mesma lingua as leis. +
gem, de que elles usárão. Outrossa Senhor mujtas O Sr. Barata: — Quando se tratou do titulo 5.°,
demandas sse nam começaram e começadas cessaram que se acabou ha pouco tempo, eu aqui por 4 vezes
desturdjos sse acabariam sse hj ouuesse alguuns ho representei, que visto se terem admittido os jurados,
mées de bem medianeyros que sse antrremetessem cm era preciso que aquelle titulo se reformasse, e que se
meco a paçeficar e meter concordia e paz antrre os tratasse de formar segundo os jurados. Este capitulo
desacordados e aqueles que sse mall querem os quaaes 2.° de que agora se trata, parece que vem a compli
o leixam de fazer pero tenham vomtade desposta por car quasi com aquelle negocio de jurados, e vem de
nom seerem rrequeridos por terceiro tendosse cada certo modo a produzir seus embaraços; no entretanto
huí em ssy que ha por abatymeuto cometer huň ho como estamos no § 162, apesar de tudo isto iremos
ºutro e assy sse fazem muytas demandas mortes e ar como lá se diz aos trambolhões com o tal capitulo;
roydos per myngua de avyndores que hy nom ha pol mas elle deverá ir á Commissão para o arranjur se
as terras que he grande dapno de vossos povoos. Em gundo os jurados. Agora quanto ao §. não pode
verdade que ElRei respondeu que lhe parece escusado ter lugar a primeira parte, porque os juizes de fóra
fazer ssemelhantes oficiacs que quem o quiser fazer tem grande empenho em fazer as demandas, e multi
que o faça: mas não o pensou assim o seu successor o plicar estas demandas; isto digo eu com a pratica.
Sr. D. Manoel, que creou os concertadores das de Quando se funda uma villa nova, que tinha juizes
mandas e que deu regimento em 20 de Janeiro de ordinarios, esta villa augmenta 20 ou 30 meirinhos,
1319 de que ainda conservamos alguns vestigios na 400 certidões falsas, e 800 demandas cada anno. Os
ord. liv. 3. T. 20 $ 1, o qual impõe aos juizes o juizes de fóra não hão de conciliar parte nenhuma,
dever de compor as partes litigantes no commum das em lugar de acabar uma demanda, hão de produzir
demandas. Este dever que nosso codigo chama de 5, ou 6. Quando se fundou a villa de Santo Amaro,
honestidade, pertendo eu que seja um rigoroso dever, foi para ali juiz de fóra: em lugar de conciliar as de
marcado cm nossa Constituição, e neste titulo: por mandas tem-se augmentado, e tudo se encaminha a
quanto destinando-se ele ao Poder judiciario, e ha trazer cada um 80 mil cruzados em 3 annos, fóra o
tendo-se tratado nos artigos antecedentes dos magisque gasta com o necessario. Por tanto os juizes para
trados que o devem exercitar; inportava agora falarconciliar as partes, devem ser juizes de paz, e não
dos juizos conciliatorios, que sobre fazerem amar ajuizes de fóra, e se não se fizer isto, então tudo ira ás
Constituição, servem como de preparatorio, para se avessas e o povo ficará opprimido, e nós não teremos
commeçarem, as demandas; e não constituem uma legislação capaz. -
nova instancia, como acaba de dizer o illustre Preo - O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu não supponho
pinante. Voto por tanto pela doutrina do artigo. que seja necessario o estabelecimento destes juizes, e
O Sr. Borges Carneiro: = Eu conformo-me com até creio que he prejudicial. A pratica dos nossos an
esta opinião. Um dos grandes bens que póde haver tigos he em abono disto: depois de muitos annos se
na sociedade he o de se abreviarem as demandas, e conheceu, que não era possivel obrigar o cidadão
º melhor meio para o conseguir he o dos juizos con a estes juizes. He uma nova magistratura, como dis
ciliatorios. A experiencia he sempre a melhor mestra: se um dos illustres Preopinantes, e na ordem do pro
leiamos o excelente periodico hespanhol o Universal, cesso he uma nova excepção dilatoria. A parte que
e veremos por experiencia que os juizes conciliadores vem propor esta acção em juizo quer usar do seu di
tem sido um grande bem. Em mui pouco tempo só reito, mas a lei diz-lhe não hades ir propor essa acção
no juizo de 1.° instancia de Madrid se previnirão 220 sem ires primeiro a um concelho de jurados. Esta con
demandas por estes juizos de conciliação. O mesmo ciliação he boa para um paroco, para um sacerdote,
se póde verificar entre, nós estabelecendo-se estes jui para um bispo, a fim de persuadir a paz entre os
zes, não por honestidade, como os admittia a orde cidadãos, mas para um juiz não lhe pertence. Ao juiz
ração, mas por precisa obrigação, isto he, que nin pertence o julgar, e nada mais. De contrario que re
guem poderá declarar a acção em juizo sem mostrar sulta daqui! De duas uma, ou as partes se achão re
laver primeiro tentado o meio da conciliação. solvidas a defender o seu direito, ou não. Se ellas es
Tambem quererei, que na Constituição se decla tão resolvidas a defender o seu direito, e pelo modo
[122]
que as leis prescrevem, e pelo modo que se manda termos ordinarios. Nestas, e em semelhantes causas
fazer a applicação, elles usão destes meios. Se as par as illustrações dadas pelos conciliadores produzirà
tes os querem admittir tem os arbitrios. Para que se quazi sempre o pretendido efeito. Com os bons jui
quer fazer depois disto uma nova magistratura, e obri zes, quazi todos os pleitos, em que haja vestoria, ter
gar as partes a novas demandas! Qual ha de ser minão por transação no acto della: e porque! Por
o resultado destes processos! Que hão de fazer os jui que se juntão as partes com os louvados; diz cad
zes! O juiz, ha de dizer ás partes, componhão-se. Mas um o que entende, e a não haver obstinação em al
uma parte apresenta-se a um juiz, e diz-lhe: Eu ve gum dos litigantes, facil he a conciliação: pois se a:
nho propor esta demanda contra o Sr., venho pedir sim acontece depois do pleito adiantado, melhor seri
lhe 100, ou 200 moedas; que ha de dizer o minis antes de haver começado. Voto por tanto pelo art
O.
tro! Eu não sei, que elle possa fazer mais do que
persuadir aquellas partes a que se componhão. E O Sr. Borges de Barros: — Seria a creação de
então ha de ser aquelle juiz que ha de compor, o mes juizes de paz uma das melhores instituições; porqu
mo que ao depois ha de dar a sentença! Eu não sei grande parte das desavenças provem da falta de cor
como isto possa verificar-se de modo, que possa com ciliador entre as partes, e quando o soberano Cor
petir e produzir ben; antes me persuado, que não o gresso os não estabeleça para as cidades, requeiro
produzirá, que se alargarão as demandas, e mesmo para os campos. Embora nas grandes cidades, nessa
yirá a haver uma demora inutil, e até prejudicial. chagas das nações, os demandistas se debatão, e
Supponhamos que uma parte não quer compor-se homens ricos gastem seu dinheiro em sustentar se
como ha de muitas vezes acontecer. O que se segue caprixo por pleitos mas no campo he preciso que
daqui he que a outra diz, va-se embora, e o resultado afaste o pobre lavrador de dar o seu suor ao rabo
vem a ser, que a demanda em vez de se propor 10, da villa, o qual aconselha sempre que tentem os ple
ou 12 dias antes, se propõe 10, ou 12 dias depois, tos, causando não só o mal de perder o homem d
em vez de adiantar os seus interesses os tem atrazado. campo o seu tempo, e o fruto de suas fadigas, ma
Por tanto assento, que esta determinação em vez de de ficarem os contendores promptos a degolarem-se :
ser util, he mesmo muito prejudicial (Apoiado, apo primeiro encontro, e pelo que ! Porque o boi de u
iado). entrou na lavoura de outro, o carro que passou pist
O Sr. Peixoto: — Concordo em que haja consi a plantação, etc. Eu no meu cantão tenho servid
liadores; e não tenho duvida em que sejão os juizes ás vezes de juiz conciliador, e posso afirmar que o
de direito com algum homem bom por parte de um ordinario o que o fôr, tirará excelentes resultado
e outro litigante, dando differente forma á ordenação bem pouco basta; convidar, por exemplo, para u
livro 3. tit. 20. S. 1."; e pondo-a em rigorosa obser jantar aos antagonistas, falar-lhes com doçura a li
vancia. Não acho, que nisto haja os inconvenientes, guagem da razão, etc. A maior parte das demanda:
que se tem notado. O juiz de direito, antes de orga torno a repetir, se propõe por não haver quem antº
misado o processo, e de se darem provas, mal póde busque conciliar as partes, e esta verdade bastar
mostrar sua prevenção: e tambem não supponho, que para mostrar a necessidade de tão necessarios juize:
tenha interesse em multiplicar os litígios. Esse inte que além de evitarem demandas, pouparão tantos d
resse está nos subalternos, que são os que tirão maior satinos, e tantos ódios de familias.
partido das despezas, que as partes fazem. Dois vin O Sr. Borges Carneiro: — Tem-se dito que v
tens de um mandado, dois vintens de uma testemu ria a estabelecer-se uma nova magistratura com o e
nha, e um tostão de uma sentença final, não he coisa tabelecimento dos juizos conciliatorios. Não he assim
que mereça empenho pelo progresso dos litigios: até Os conciliadores não tem ordenados, não tem jurisdi
esses mesmos emolumentos deverão cessar ao futuro, ção, não tem cousa alguma, que se pareça com
e os magistrados servirem unicamente pelos seus or magistratura; nem mesmo se podem chamar juiz
denados. Interesse na multiplicação dos pleitos só le porque nada julgão: procurão conciliar as partes,
vão os juizes prevaricadores. Estou persuadido, que elas voluntariamente querem assistir ás proposiçõe
principalmente pelos campos, hade ser por muitas ve que lhes fazem, e nisso acabão todas as suas funcçõe
zes eficaz esta prevenção conciliatoria; pois a expe Tambem não se podem dizer superfluos estes concili
riencia me tem mostrado, que a ignorancia dos liti dores por se haverem estabelecido os arbitros: naº
gantes sobre a materia controvertida , occasiona a tem uma cousa com outra. Os arbitros são juizes ve
maior parte das demandas: os conselheiros dos de dadeiros dotados de jurisdicção, só com a diferen
mandistas não querem de ordinario desenganalos, nem que as partes em lugar de querer o juiz determinae
compôlos. Tem-me passado pela mão processos abso pela lei, concordão em outra pessoa, que não se
lutamente inuteis para um, e outro dos litigantes: esse juiz; porem uma vez compromettidas nos arbitr
processos que em substancia nada contém, e só ser estes decidem com toda a autoridade de um juiz. D
vem de dar-lhes incommodo, e despeza, e obrigar a Se que não se sabe como esses conciliadores hão (
custas, para no fim as pagar a parte vencida. Tenho exercitar as suas funcções. Respondo, como a lei pre
visto processos, em que o libello he inconcludente; crever, que ha de ser pouco mais ou menos com
que podião terminar por se arrasoar contra elle; mas aqui vinha declarado no projecto. Diz-se, mas q
essa practica, que a ordenação promovia acabou ha hão de elles fazer! Respondo: hão de fazer o mesm
muitos annos; e por mais inepto, e absurdo, que o que fazem os de Madrid, prevenir por exemplo 2
libello seja, he sempre contrariado, e reduzido aos demandas, em um só mez ou no tempo que na ve
[123]
dade foi. Tambem se objectou a demora que se faz ás porei a que na Constituição se não faça menção des
causas. A demora he nenhuma; em 8 dias, ou menos tes juizes conciliadores, por isso mesmo que eles se
se póde decidir uma conciliação, e esta pequena de dizem juizes de paz, e não ha ninguein que não seja
nora não he no processo, mas antes de elle intenta attrah do por este nome. Não quizera poreui, que es
do. -
mandado todos os dias. A parte que não obtem des O Sr. Lino Coutinho: — Este artigo tem duas
pacho favoravel, sempre se persuade receber injusti partes. Em quanto á primeira não sei para que se
ça, e mesmo sem disso se persuadir, em sendo rica, ba de aqui pôr a palavra — especialmente - eu que,
[
tual das duas está o direito; mas se são outros os nº
tigantes, se cada um delles está decidido a prosee . .
com todas as formalidades da lei, o seu direito,
tão são escusados estes juizes conciliadores. Não
opponho a que se conservem os nossos costumes
tigos, porque a nossa ordenação recommenda.
rém todos vêem, pois que isto está estabelecido
lei, e póde estabelecer-se no nosso codigo civil.
não deve fazer objecto d'um artigo constitucio
Diz-se que ha juizes conciliadores, estabeleci … :
Hespanha, e que a experiencia tem mostrado
lidade delles, pelo grande numero de proces
se tem evitado. Não vamos nós porém atºr => <i> -
uma causa, o efeito que nasce de outra cau -- : #E
temporarios, e vitali
- -ejão; e admitto tam
"ºs de justiça; nisto não Additamento á lei sobre a liberdade da imprensa.
---- Agora quando se trata
- da opinião do Sr. Guer Na sessão da camara de Paris de 14 de Janeiro
… que
} a acção
Q popular
p p •
se passado disserão os Deputados . . . . . . . . . . :
"- nçao sem se especificarem » Ha tempos a esta parte se notava a intenção de des
- ter lugar; porque assim truir a carta constitucional; agora não temos já disso
…se a responsabilidade dos a menor duvida. Desde hoje o entendemos perfeita
| - - preciso fixar-lhe os limites, mente; a nação o entenderá sem commentarios. Está
não póde ão o já claro que se quer o antigo regime e a plenitude do
. -- nao pode a acçao popular -
lanção alguma que o esten poder em uma só vontade. Todavia o partido que ou
| - inio, peita, ou soborno. Por sar persuadir ao Monarca que converta o seu poder
"- determinar se a acção popu constitucional em poder ilegitimo, violando a carta,
estes casos ou mais alguns, será responsavel por todas as desgraças que sobrevie
…a a fórma para os eodigos. rem ao reino: irritará e agitará os animos, e será in
Inteiro: — Levanto-me para fallivel a ruina do Estado.» Tão dolorosas palavras ti
Sr. Guerreiro. Não devem de nhão por motivo o haver a respestiva Commissão ad
os, nem a fórma; porque da mittido uma petição para que os delfetos sobre o abu
a que dos casos: a fórma deve so da liberdade da imprensa fossem tratados de agora
"uita circunspecção. Nem a ac em diante nos tribunaes da França, com inhibição
conceder em todos os casos, por dos jurados. (Tanto he verdade ser a liberdade da
nos se der a acção popular, e imprensa essencial ao systema constitucional, e estar
nder a todos, ele não fará mais ella sómente segura em poder dos jurados, e não em
Linua defeza: se se reduzir a pou poder dos tribunaes). Os tribunaes são pagos pelo go
…nidade. Portanto he necessario. verno, e condemnando como transgressores da liber
muito tento, e eu approvaria a dade da imprensa os que escreverem as verdades que
aos governos tanto desagradão, extinguirão indirecta
igo suficientemente discutido, pro mente aquella liberdade na sua parte mais essencial.
º 1° parte delle até á palavra pro Ora as Cortes tem sanccionado como principio cons
provada. Propoz.se então a emenda titucional que os jurados conhecerão daquelles crimes
* Guerreiro, relativa a esta 1.° par que o codigo designar. Mas quem nos segura de que
s seguintes termos: todos os magis os futuros legisladores do codigo designem entre esses
de justiça serão responsaveis pelos crimes o do abuso da liberdade da imprensa! Quem
e erros commettidos no exercicio de nos segura de que os Deputados das futuras Cºrtes,
– e foi approvada. Propondo-se de eleitos directamente pelo povo, o qual fóra de Lisboa
resto do artigo, tal qual está no pro está ainda falto de muitos conhecimentos constitucio
o reprovado, foi novamente proposto naes, elegerá para o futuro Deputados tão liberaes
5o das pavras, ou outra prevarica como os presentes! •
leis estiver imposta alguma pena, e fi Proponho por tanto que façamos disto um artigo
|- •
constitucional, e que onde o projecto da Constituição
|-se a discussão do projecto de Constitui já sanccionado diz: os jurados conhecerão dos delictos
passado o tempo para elle designado, e que a lei designar: se accrescente: entre os quaes se
leitura da seguinte rá o abuso da liberdade da imprensa: — Borges
Carneiro. - • •
ça. Em quanto á palavra especialmente, disse e repi O Sr. Camello: — Eu quereria que se disses
1o agora que não ha razão alguma para esta especia se: todos os magistrados sem éxcepção alguma.
Jidade. A infracção das leis que regulão a ordem do O Sr. Moura: — Eu tenho duvida sobre uma
•
* [ 1971
parte da moção do Sr. Guerreiro. Quanto á primei Mandou-se ficar para 2. º leitura. -
preencher os lugares vagos. Paço das Cortes 8 de Fe algum as pertender, sem que precedão os sobreditos
reiro de 1822. — O Deputado Pereira do Carmo. despachos, os quaes; nada influindo na autenticidade
\
[128]
das certidões, fazem perder aos competentes ministros soberano Congresso, fazendo-os regressar ao seu paiz;
grande parte do tempo necessario para o expediente assim como que faça efectiva a responsabilidade do
d'outros negocios, e causão aos pretendentes graves mencionado governo da Bahia por um procedimento
incommodos. tão monstruoso. — Francisco Moniz Tavares.
Proponho por tanto se participe ao Governo que Ficou para segunda leitura.
ordene a todos os prelados diocesanos que habilitem Tambem ficou para segunda leitura a seguinte
os parocos das suas respectivas dioceses para poderem
passar todas as certidões e attestações que lhes forem IND I c Aç Á o.
pedidas, sem que para isso seja nescessario algum des
pacho: e outro sim ordene a todas as autoridades pe No governo constitucional muitos cidadãos con
rante quem estas certidões ou attestações forem apre correm, e influem na legislação, e como esta não pó
sentadas as tenhão na mesma consideração em que de ser boa sem uma sabia direcção dos interesses ge
as deverião ter se fossem passadas por despacho. — raes de cada paiz, sem conhecimentos dos principios
O Deputado Caldeira. de economia politica, por isso me parece conveniente
Ficou para segunda leitura. indicar que na Bahia com a possivel brevidade se es
O Sr. Bandeira apresentou a seguinte tabeleça uma cadeira de ensino publico desta impor
tante sciencia. Não he novo este estabelecimento por
IND I c Aç À o. que já em 1808 Sua Magestade creou uma cadeira
na cidade do Rio de Janeiro, nomeando para exercela
Sendo a 10 do corrente mez o primeiro anniver o Doutor José da Silva Lisboa, hoje conselheiro do
sario dos felizes successos da Bahia que fizerão adhe Conselho da fazenda. — Marcos .Antonio de Sousa.
rir á causa constisucíonal de Portugal não só os ha Approvou-se a seguinte
bitantes da mesma província, mas tambem os das IND I c Aç Áo.
mais do Brazil; ficando em consequencia consolidada
a união dos dois Reinos: proponho que este soberano Para a Commissão de fazenda poder interpor e
Congresso em attenção ao referido, haja por bem de seu parecer em o requerimento que os portadores de
dar áquella provincia uma publica demonstração da letras do commissariado dirigírão ao soberano Con
consideração que ella lhe merece: mandando que no gresso, necessita que se peça ao Governo uma rela
mesmo dia 10 sejão soltos e livres os dezeseis presos ção das letras do commissariado, que estão por pa
que ha mais de um mez se achão no castello, envia gar, sacadas depois de 15 de Setembro de 1820 até
dos pelo Governo da sobredita provincia; visto que Junho de 1821, com declaração dos generos compra
contra elles não ha mais do que uma accusação do dos, e dos preços porque o forão, declarando-se a
mesmo Governo, tão sómente pelo facto de preten porção destes generos, que existião no 1.° de Junho
derem remover delle alguns dos seus membros, que passado. E assim mais as quantias de dinheiro que o
já tinhão perdido a opinião publica, sem que preten mesmo commissariado recebeu do Thesouro, ou or
dessem fazer alteração alguma no systema constitu — densFrancisco
durante Xavier
o referido tempo; e que letras pagou.
Monteiro. • +
que ha de reforma em muitas corporações religiosas, 10 º Preferir-se-hão para serem conservadas aquel
e o muito que ellas, sendo observantes dos seus inº las casas que tem mais relação com a nossa história,
stitutos, podem ajudar a igreja, e o estado, nutrindo como v. gr., Belém, S. Vicente de Fóra, Alcoba
nos povos a verdadeira piedade, unica estrada para ça, Batalha, Santa Cruz de Coimbra, etc., e a res
a felicidade eterna, e ainda para a temporal, ajudam peito das mais se terá particular áttenção á commo
do os parocos nos penosos exercicios do seu ministerio, didade dos povos, a fim de que a utilidade destas in
e praticando outras obras de caridade, que tão uteis stituições religiosas se reparta por todo o Reino o mae
forão quendo as religiões florecêrão em letras, e vir lhor que ser possa. • |-
tude, vantagens de que se não deve prescindir em it." Sobre a refórma da disciplina dos conventoa
tempo que tão necessaria he a reforma geral dos cos dotados terá applicação o que fica dito a respeito dos
tumes, e que se não podem obter por qualquer outra mendicantes) de maneira que todos correspondão ao
instituição, que se lhes quizesse substituir: e não con seu verdadeiro
lidade publica, instituto, accommodado á melhor uti
|- •
3." A reforma dos que ficarem em pé consiste em 13." Nas cadeiras que os regulares ficarem obri
reduzifos á exacta observancia da respectiva regra, e gados a ter, se observará o plano geral de estudos,
constituições, modificadas estas no que for preciso, por que se regularem as demais cadeiras do Reino.
mas sem quebra da disciplina monastica, de maneira I4.° Outrosim consultará a Meza que conventos
que os religiosos correspondão aos fins do seu insti convem destinar para collegio de educação debaixo da
tu! O. direcção dos religiosos, e com que condições, para
4.° Se alguns se não quizerem sujeitar á reforma, se poder supprir desta maneira a falta que ha no
vivirão em conventos separados, se assim for neces Reino; e igualmente para seminarios onde os não
sario, que para isso se lhes assignarão, e sem mais houver, com inteira sujeição aos ordinarios. +
fazerem congregação com os reformados até de todo 15." Todos os conventos devem ficar sujeitos á
se extinguirem; mas ficar-lhes-ha livre o passar de visita, e correcção do bispo diocesano, ele presidirá
pois para a reforma, se os prelados os acceitarem, ás eleições dos prelados maiores, para elle haverá ap
5.° Aos conventos de reforma, que hào de ficar, pelação das sentenças que estes derem, e á sua ap
se taxará numero racionavel, dentro do qual poderão provação ficarão sujeitas as contas de cada convento.
admitir noviços para ter esse numero completo. 16." As eleições dos prelados locaes serão feitas
6." Na escolha dos conventos, que hão de ficar, em cada convento, e poderá servir para inodelo das
se attenderá á comunodidade dos povos principalmen eleições religiosas, o que se determina nas constitui
te, e aos mais requisitos que fizerem preferivel esta ções dos conegos regrantes, no que forem applicaveis
ou aquelle casa. •
ás outras corporações. |-
8.° Regular-se-ha em que conventos mendicantes 18.° Todos os conventos de freiras ficarão imme
convem, que haja escolas gratuitas de primeiras le diatamente sujeitos ao ordinario.
tras. a. 19.° Extinguir-se-hão os conventos, que por sua
9." A respeito dos conventos dotados, ver-se-ha pobreza, ou por outros motivos não são aptos para
quaes são as rendas, ou do convento, se não per a observancia regular , unindo-se porém as rendas a
tencer a congregação, ou da congregação, para se outros que convenha conservar, á excepção daquelles
calcular os que podem ficar subsistindo com um mta bens, e creditos, que segundo a basse 9 vagão. Para
mero de padres necessario para a disciplina monas» a divida publica. * •
tica, e para os fins de seu instituto, e deste projecto: 20." Serão conservados "… assim poss㺠subº.
… :
[ 130 |
sistir, e em que as freiras com ajuda de uma mode habitantes de Tras-os-Montes, e Beira possão exp G
rada tença possão ter a necessaria sustentação, co tar os seus vinhos pela barra do Porto fóra . - - -
mendo em refeitorio, sem criadas proprias, observada . . . . . Até aqui as provincias da Beira, e Tras—o
a respeito da conservação dos conventos das freiras a Montes tem estado em um estado de escravidão í1
basse 10. crivel. He preciso que um dia appareça a justic
21-º Taxar-se ha o numero das religiosas, com para estas provincias: e por isso proponho que esta
que ha de ficar para o diante cada convento, para provincias possão exportar o seu vinho pela bari
poder admittir até esse numero. do Porto, e por onde quizerem.
22.° Nos conventos récoletos se conservará o seu O Sr. Peixoto: — Creio que a exportação fic
instituto; podendo todavia fazer-se nas suas cónsti coarctada só para Inglaterra, ilhas adjacentes, e C>
tuições a modificação que for racionavel. braltar, sendo livre para outros quaesquer portos
23.° Os outros se accommodarão ao instituto das O Sr. Sarmento: — Isso he que eu não querº
Ursulinas, ou das freiras da Visitação, de maneira A provincia do Alemtejo não póde exportar para In
que possão servir para casas de educação, quanto per glaterra! A lei he igual para todos, pois então se s
mittir o edificio; e em todo o caso terão aula gratui permitte ás outras provincias, permitta-se a Tras- o
ta para as meninas que de fóra quizerem concorrer, Montes, e Beira. Eu clamo a favor destas duas pro
em que lhes ensinem, além do cathecismo, a ler e es vincias.
crever; e outras habilidades mais necessarias. Propoz o Sr. Presidente o artigo á votação, e fu
24.° Nos conventos das freiras, que houvèrem de approvado.
ficar supprimidos, se poderão conservar as freiras Entrou em
decidindo-se quediscussão o artigo 18, e foi reprovado
se supprimisse. •
dos maiores, e definitorios, a Meza consultará as Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia
Cortes para ser approvado, e se pedirem as bulas a continuação do projecto de Constituição.
necessarias. — Luiz, Bispo de Béja; José Vaz Cor º Levantou-se a sessão depois da uma hora e meia
reia de Seabra. •
"mação do Gºvernador das justiças da Casa do Uma oração congratulátoria da camera da Parai
º ácerca da memoria inclusa do doutor Manoel
ba em data de 22 de Agosto de #
2 pelos sabios, e •
[132]
bem dirigidos trabalhos do soberano Congresso a prol OutFas particulares e dandestinas : pesº então que º
dos Povos. Fez-se menção honrosa. que estas se tomem igualmente em consideração.
Uma felicitação do cidadão José Luiz de Almei (Apoiado). |
da Pimentel, tenente coronel governador de Monsan Resolveu-se que a dita exposição fosse remettida.
to. Menção honrosa. •
á Commissão de Constituição. -
Uma memoria da Commissão de commercio da Mencionou o mesmo Sr. Secretario uma memoria.
cidade de Faro ácerca dos trabalhos, que pelo sobe impressa áeerca de algumas circunstancias relativas á,
rano Congresso lhe forão encarregados. A Commis seeretaria da intendencia geral da policia. Mandou-se,
são de commercio. -
distribuir exemplares pelos Srs. Deputados. *
Uma felicitação da camara de Murça, comarca ... Uma participação do Sr. Deputado Queiroga so
de Villa Real, apresentada na Sessão passada pelo bre a necessidade, que ha, de ir ao lugar da sua,
Sr. Pessanha, por haver este Congresso extinguido residencia: e pede para isto licença: Concedida.
o exclusivo das aguas ardentes. Ficárão as Cortes in … Um plano do guarda mór, e fiscal da saude do ,
teiradas. Pará, ácerca de propagar, º conservar a vaccina na-,
•
Uma dita da sociedade patriotica da villa da Co quella Provincia. A Commissão de saude Publica- ,
vilham, installada em o dia 26 do passado em honra Um requerimento dos povos de Idanha a Nova,
do anniversario da reunião, e abertura do soberano na comarca de Castello Branco, pedindo providencias,
Congresso, assignada pelo seu presidente Antonio ácerea dos pastos communs da dita villa, e seu ter
Gabriel Pessoa de Amorim. mo, A Commissão de agricultura. -
O Sr. Secretario Felgueiras opinou que devia re Uma oferta do coronel reformado Miguel Xavier,
metter-se á Commissão de Constituição para dar o de Pontes, e de sua irmã D. Ignez Barbora Xavier |
seu parecer. de Pontes, cedendo o primeiro para as precisões do
O Sr. Pinto de Magalhães: — Nesse caso nada estado duas tenças que havia na folha da alfande
tenho que dizer: mas se se tratasse de decidir, se se a do Porto, uma de 183000 réis, e outra de
havia de ter em alguma contemplação essa felicitação 123000 réis: e a segunda uma dita de 83000 réis,
exporia sobre ella algumas razões, e perguntaria par que recebia pela folha da casa de Ceuta. Ouvida com
ticularmente, se se sabe se essa sociedade he publica, agrado, e remettida ao Governo para serem verifica- }
e está autorisada pelo Goveruo. dos os ditos oferecimentos. |- *
O Sr. Borges Carneiro: — Todos sabem que por Um agradecimento da camara do Fayal, por ha
direito são prohibidos todos os collegios illicitos, isto ver este soberano Congresso decretado a sua indepen
he quaesquer corpos ou sociedades que não sejão ap dencia da capital daquellas ilhas. Fez-se menção hon- *
da sociedade he propagar o systema constitucional. Feita a chamada, achárão-se presentes 105 Srs.
Para isso julgo serem bastantes as Cortes e o Gover Deputados, e faltavão os Senhores Povas, Moraes
no. He necessario muita circunspecção sobre permit Pimentel, Girão, Ozorio Cabral, Canavarro, Ri
tirem-se estas sociedades. . beiro Costa, Sepulveda, Govea. Durão, Lyra, Van
O Sr. Sarmento : — Tanto he preciso muita cir 2eller, Jeronymo Carnciro, Almeida e Castro, In
cunspecção nessas sociedades, porque eu estou infor nocencio de Miranda, Queiroga, Mantua, Figuei-º
mado que em uma dellas houve quem proferisse, que redo, Annes, Faria, Afonço Freire, Sousa e Al
era indiferente a execução de uma decisão deste Con mcida, Xavier de Araujo, Moura Coutinho, Ribei
gresso, como por exemplo, se se devia dar a ElRei ro Teixeira, Pamplona, Zefyrino, Franzini, Ri
sómente o titulo de Rei, ou o de Rei constitucional, beiro Telles, Castello Branco Manoel.
como já está decidido por determinação deste augus O Sr. Secretario Lino leu o artigo 165 da Con
to Congresso. stituição.
O Sr. Borges Carneiro: — Tenho ouvido que O Sr. Borges Carneiro foi de opinião, que para
tambem naquella sociedade se discutem as leis das comprehender tambem o juizo dos jurados, se disses
Cortes depois de terem sido por eltas sanccionadas. se: proferida no juizo competente. -
Ora disputar em publico sobre o merecimento de uma O Sr. Ferreira Borges disse; que se devia accres
lei, que he senão uma disputa anarquica ! Quem # depois da palavra sentenças — passadas em jul
O.
ignora que para as commoções populares de Hespa
nha tem cooperado muito os efervescentes discursos Sem mais discussão foi posto a votos o artigo, e
das tertullias ou sociedades patrioticas! Em se vendo approvado com as emendas dos Srs. Ferreira Borges
lá alguma cidade começar a conflagrar-se, logo di e Borges Carneiro.
zem: º certamente chegou por aqui algum fontanis O Sr. Barão de Mollelos: — Pois que se venceu
ta (assim chamão aos socios da fontana d'oro), ou a doutriua deste artigo, e que seja expressa na Cons
algum dos do café del turco de Sevilha. A nossa cau tituição; proponho como additamento ao capitulo 6.°
sa regeneratriz tem progredido até agora com muita do titulo 4.", que trata da força armada. Os milita
sisudeza; mas não affiançarei que continue assim, se res só poderão ser privados dos seus postos por senten
se permittem essas sociedades com suas publicas de ça preferida em conselho de guerra, e na fórma que
clamações. ordenarem as ordenações militares.
O Sr. Willela: — Se essas sociedades publicas O Sr. Presidente disse ao dito Sr. a que apresen
merecem desapprovação, tambem a devem merecer tasse a sua indicação por escrito,
[153]
O Sr. Secretario Lino leu o artigº 166. de que sería para desejar que esta mesma medida podesse ;
O Ss. Leite Lobo: — Este artigo parece-me que applicar-se com a mesma prontidão com que póde ser
deve ser supprimido. Porque não se ha de seguir com applicada no continente de Portugal nos diversos pon
os magistrados os mesmos termos que com qual tos da monarquia; mas sendo isto possivel, e sendo
quer outro cidadão! Porque ha de ser suspenso sem a medida igual para todas as partes, parece que não
formar-se-lhe culpa e ser sentenciado! Não vejo mo ha razão alguma de se querer agora outras providen
tivo para esta excepção. cias para as provincias ultramarinas. Agora restrin
O Sr. Brito: — Eu quizera só que se accrescen gindo-me ao artigo digo, que reprovo a doutrina des
tasse: ouvido a magistrado; porque então poderia dis te artigo em geral, e adopto a emenda feita, por
sipar as calumnias que talvez contra elle se intentas um Preopinante para que seja ouvido o magistrado;
sem, e não haveria necessidade de que passasse pela porque a experiencia tem mostrado que o negoçio
injusia de ser suspenso. E não ha duvida que podem contado por uma só parte, apresenta sempre, uma faca.
ser muito calumniados os magistrados, porque por diversa, que ouvida a contraria: e he necessario por
sua profissão sempre hão de ter muitos inimigos, pois tanto, que para proceder com conhecimento de cau
procedem contra os velhacos fazendo cumprir as leis. sa, se oiça tambem o magistrado. Em quanto ao res
A pratica estabelecida actualmente he o que me pare to do artigo desejaria eu, se me dissesse qual he a
ce mais justo, que em summa he, que o superior a natureza deste anterior conhecimento; e julgo sería
quem se faça a queixa mande em tres dias formar a necessario accescentar, que he para a formação do
culpa, ouvido o magistrado. processo; porque não penso que tenha sido a vontade.
Sr. Barata: — Em quanto durar esta discussão dos redactores que se proceda arbitrariamente. Por
pertencente a magistrados, sempre irei recordando o conseguinte o meu voto he que se approve a doutrina
que tenho dito, e esta he a sexta vez que o digo: o ne do artigo com a emenda do Sr. Brito: que se sup
gocio dos jurados embaraça toda a discussão deste ti prima a palavra relação, e que se diga: para a for
tulo; mas como vamos progredindo nelle, tenho que mação do processo.
notar alguma cousa neste artigo, (leu-o). Eu julgo O Sr. Barata: — Tenho ouvido o que tem dito o
que este artigo deve ser alterado ou modificado rela Preopiºante; umas quando tomei assento neste nobilis
tivamente ao Brazil, perque como he possivel que ve sino Congresso, ele por meio do seu Presidente me
nha uma queixa do Brazil a ElRel para depois man disse mil vezes, que todas as cousas que se fizessem
dar tirar aqui uma conveniente informaçãº, que be o havião de ser accommodadas ao Brazil. Os illustrissi
termo de que se serve o artigo! Como será tirada es mos Preopinantes defendem o negocio, e defenderão
ta conveniente informação! Será mandada tirar por beta; mas eu acho que está torto. Que tem o conse
outro ministro: isto não serve de nada, eu não julgo lho de Estado com os crimes de um desembargador
isto em termos para o Brazil, he preciso desmanchar que faz uma morte ou um crime reconhecido! Eu acho
este artigo, e introduzir alguma cousa nova para muito embaraço misto. Eu sou muito impertinente
aquellas provincias. Como se ha de tirar uma conve sobre estas cousas dos desembargadores do Brazil, por
niente informação? Uma conveniente? Em ir e vir a que realmenta quem tem feito esta revolução são os
queixa gastão-se seis mezes; em fazer a conveniente crimes dos desembargadores: no Brazil os povos to
informação gastão-se outros seis meses, e os ministros márão as armas por ver o estado em que elles o tinhão
hão de metter taes entraves, que a cousa se ha de posto. O Congresso deve tomar em consideração sa
demorar annos, e talvez os queixosos tenhão morrido: tisfazer a justiça naquela grande parte da Nação.
então o negocio está frio, e já o castigo de nada ser O Sr. Borges Carneiro: — Tem-se estabelecido
ve. He preciso pois que no Brazil seja tomado conhe "no artigo 164 a responsabilidade dos juizes: agora
cimento da queixa; e que se entregue o ministro aos trata-se de quem ha de fazer efectiva esta responsa
jurados como qualquer outro cidadão, Portanto re bilidade: que os ministros são responsaveis he uma
queiro que se fação as mudanças uecessarias neste ar verdade; que as leis os hão de fazer responsaveis nin
tigo, de outro modo he illudir os povos do Brazil, guem duvida, o caso aº quem ha de fazer efectiva
pois isto não serve para lá. (Tornou a ler o artigo.) esta sesponsabilidade ; a duvida não está no como,
Póde o Congresso estar certo que isto não serve de nem no quando, senão no quem. Por isso he que este
nada para o #, e he necessario que se dêm pro artigo 166 he um dos melhores que vão na Constitui
videncias, pois no Brazil estamos perdidos a respeito çãº; pois estabelece que qualquer parte opprimida
de magistrados. •
O Sr. Guerreiro: — Os receios do Preopinante suspender o juiz : não me canço por tanto em susten
devem estar desvanecidos pelo que se decidiu no arti tar a doutrina do artigo, porque tirado elle se tirava
go 164, e o que talvez se decidirá no artigo 167, uma parte essencial da Constituição. Se nós tomamos
que ha de entrar em discussão: naquelle se declarárão as palavras das bases tão literalmente que julguemos
os casos em que os magistrados são responsaveis, e que os poderes são independentes, de sorte que ás
se concedeu ao cidadão até a acção popular; e no Cortes pertença só legislar, ao Governo executar as
artigo 167 se dá ás relações os arbitrios convenientes, leis como quizer, e ao poder judicial julgar como queiº
Esta imateria não foi discutida; mas quando se discu ra, então a cousa não poderá durar muito tempo;
tir então terão lugar as reflexões do Preopinante, e sería o governo constitucional um corpo monstruoso
se se approvar então, póde-se dizer que para o Brazil de tres cabeças; mas sem unidade não póde existir o
ficão satisfeitos os desejos do Preopinante. He verda Governo, he indispensavel que haja um centro comº
[ 133 ]
bem dirigidos trabalhos do soberano Congresso a prel outras particulares e c .
dos Povos. Fez-se menção honrosa. que estas se tomem is, --
... Uma felicitação do cidadão José Luiz de Almei (Apoiado).
da Pimentel, tenente coronel governador de Monsan Resolveu-se que a "
to. Menção honrosa. •
lá Commissão de Cons"
Uma memoria da Commissão de commercio da Mencionou o mesmº º
cidade de Faro ácerca dos trabalhos, que pelo sobe impressa áeerca de alº
rano Congresso lhe forão encarregados. A Commis seeretaria da intendeu… .
são de commercio. -
distribuir exemplares ,
Uma felicitação da camara de Murça, comarea ... Uma participação
de Villa Real, apresentada na Sessão passada pelo bre a necessidade,
Sr. Pessanha, por haver este Congresso extinguido residencia: e pede | * #*
o exclusivo das aguas ardentes. Ficárão as Cortes in . Um plano do g
teiradas. Pará, ácerca de prº
•
-
[ 134 | |-
mum de unidade; e que o corpo não tenha mais do condemnado nas custas, ha de ser suspenço, e se The
que uma só cabeça ainda que suas partes executem ha de formar um juizo particular, e ha de ser castiga
diversas funcções: o grande caso esta na divisão das do, se for provado o seu delicto. Agora supponhamos
que cada parte ha de executar. Por isso digo o gran que os delictos não constão de autos, e que s㺠aquel
de princípio he, que se o juiz delinquir, ha, de ser cas les com que os magistrados se tem infamado, col
1igado. Em quanto a emenda que o Sr. Brito faz ao
luio, peita, ou suborno: que maior remedio que a
artigo achasse satisfeita com as palavras do mesmo acção popular! Diz o meu illustre Collega, que a ac
artigo, que dizem : fazcndo immediatamente passar a ção popular he inutil, porque estes critnes não po
dita informação a relação ou tribunal competente. dem ser provados, e quer dar mais força a especial
etc. ; porque então já ali se ha de ouvir ao magistra queixa ao Governo de que tenos visto tão flagrantes
do; mas se apezar disso se quer que se declare, não abusos, e não quer dar força á acção popular, que
me opponho. O que me parece bem he a emenda do he tratada em juizo ! Eu digo, que se não ha acção
Sr. iyarata, e creio que efectivamente deve dar-se popular, não ha responsabilidade de ministros; a quei
alguma providencia particular para as provincias ul xa ao Governo póde ser abafada com empenhos, e
tramarinas, como poder suspender os ministros sem patronatos, mas o homem offendido em seus direitos
1er que acudir a Lisboa: portanto pode-se fazer, uma pessoaes ou reaes, que se queixa que o juiz foi so
addicção no artigo, dizendo-se: que aquela relação bornado, e que o póde provar, não ha de ter mais
que tem poder, ou tiver poder de conceder revistas certeza de consegnir o castigo deste ministro, que
rio Ultramar tenha tambem o poder de suspender o aquelle que se queixa ao Governo? Que he o Gover
ministro depois da culpa formada, e remetter a culpa no ! De que serve dirigir queixa ao Governo! Não
para a relação competente. (Foi interrompido o ºra he o mesmo que dirigila a um Secretario de Estado f
dor dizendo-se-lhe que já estava vencido o contrario, O que será um Secretario de Estado no successivo
e continuou). Pois então a que me estou a cançar: não sabemos: mas sabemos, e deploramos o que tem
mas dizia que era preciso que houvesse no Brazil uma sido até aqui. A acção popular he o melhor remedio
autoridade capaz de executar essas funcções. Diz o Sr. que todos os filosofos tem descoberto a este respeito:
Guerreiro que isso estava satisfeito pelos arbítrios que mas diz-se: e se he um delicto occulto que se não pó
se concederião ás relações, e porque se tinha já con de provar! E que remedio quer dar o Preopinante
dedido até a acção popular: mas quando o homem aos delictos que se não provão ! Pois se não se pro
ofendido for pobre, e sem meios nenhuns, como ha vão, como se hão de castigar? Queixas ao Governo !
de intentala! Um pobre miseravel póde sustentar uma Queixas aos Secretarios de Estado! Isto até aqui ten
demanda com um ministro! Isto não póde ser. E sido uma miseria ! Deus queira que não continue a
em que casos se intenta a acção popular ! Ile naquel ser daqui em diante. Eu estou persuadido que o não
les casos em que de cem a cem annos não se póde ha de ser, e que as leis hão de ser executadas, e a
provar um delicto; por soborno; peita, ou coluio: razão he, porque o Coverno mudou, porque ha li
pois como se ha provar, por exemplo, que º juiz re berdade de imprensa, porque ha Cortes periodicas, e
cebeu dinheiro ? 1sto não se póde provar; porque os porque estas tem o direito de vigilancia. Está prova
máos juizes quando recebem dinheiro não o recebem do qee na Constituição temos leis que provejão a to
diante de testemunhas. Em quanto ao outro argu dos os casos propostos, e que se para algum faltar,
mento do Sr. Guerreiro, eu o julgo insuficiente, po supprirão as leis regulamentares.
tigo não
rém poderpos
167 não está ainda nessa questão porque º ar
entrardecidido. - •
O Sr. Borges Carneiro: — Expôs, que para in
tentar a acção popular, não bastava só provar que o
O Sr. Moura: — Eu não posso ser de nenhuma juiz obrou com prepotencia ou injustiça, ou que que
das opiniões que acaba de proferir o illustre Preopi brou tal, ou tal lei, mas cumpria provar que o
nante, e para as combater proponho-me a fazer uma tinha feito por peita ou soborno.
analyse dos crimes que no Brazil pôde commetter um Houve alguma duvida sobre o que a este respeito
magistrado: creio que a respeito de todos temos leis se tinha decidido nas sessões anteriores, e leu-se uma
estabelecidas na Constituição, e que para as que fal acta.
tarem as regulamentares supprirão: o caso lhe que as O Sr. Borges Carneiro continuou a sustentar que
leis se executem. Se até aqui não se tem execntado não podia entender-se, que competisse a acção popu
tão exactamente, tem sido por falta do Governo; mas lar senão nos casos de peita on soborno; pois se a
agora que temos um Governo constitucional, e que qualquer pessoa, ainda não interessada, fosse permit
ha uma liberdade de imprensa, as leis se executarão tido demandar o juiz por qualquer infracção de lei,
mais á risca; porque se não se executarem haverá então o cargo de juiz seria intoleravel, e ninguem o
quem vigie sobre sua observancia. Mas supponhamos poderia servir.
que se executem: o illustre Deputado o Sr. Barata Tornou a discussão á questão principal.
se admirou de que se não achasse previnido o caso, O Sr. Lino Coutinho: — Alguma consa do que
em que um magistrado mata um homem, e disse: tenha que dizer está já dito pelo Sr. JMoura; mas ac
como lhe que isto se havia de reinediar! Eu respon crescentarei alguma outra reflexão. No artigo 164
do; por uma devassa; e se he certo, e fica pronun diz-se em geral que os magistrados são responsaveis
ciado, he prezo, e vai a inforcar. Agora vamos pelos erros que commetterem no seu officio; e pare
ver as culpas que póde commetter como juiz: se fo ce-me que segundo a norma porque temos marcado o
vem das que se trata no artigo 164, o juiz ha de ser procedimento dos magistrados, está decidida toda a
|-
[135 ]
sua responsabilidade. O magistrado se commettesse um tigado na sua honra, e que o está a meu, vêr, no
crime, he responsavel como outro qualquer homem: se que ha de mais grave, por ser juiz, não ha de ter
commetteu uma morte ha de sofrer apena correspon meios para, ficar seguro de que não será denegrida,
dente a esse delicto; por consequencia não acho re nem assombrada de nodoa a sua honra? Se á émen.
ceio, que um magistrado como homem possa comrnet da do Sr. Brito faltasse alguma cousa, diria eu em
ter um crime impunemente: mas pergunto eu agora se favor de nosso bem, e de nossa honra, que se deve
este homem no estado de seu destino commetter uma ria accrescentar nas leis regulamentarias que se mar
morte se deve continuar no exercicio das suas funcções! cassem novos castigos asperrimos ao ousado calum
O Sr. Borges Carneiro : — Isso está prevenido niador. Estou persuadido, que, se se deve olhar
no artigo 168. para a responsabilidade de um administrador em ge
O Sr. Moura: — Em havendo pronuncia halo ral, não se póde olhar menos para a de um admi
go suspenção. +
nistrado: o primeiro póde fazer grande mal, mas o
O Sr. Lino: — Bem: mas digo eu, porque não segundo póde fazer mal maior: porque póde aontri
ha de poder um tribunal no Brazil suspender o juiz buir a estabelecer a anarquia. Eu comparo o primei
que está nessas circunstancias ! E finalmente, se isto ro a um raio que póde queimar arbustos, e ainda
se acha remediado no artigo 168, he escusado este derribar alguns troncos, e comparo o segundo sem
artigo 166; não serve de outra cousa, que de multí responsabilidade maior a um volcão, que póde abrir
plicar leis que não podem estar ao alcance de todas as entranhas da terra, e oferecer profundissimos abis
as partes da monarquia portugueza, mos. • • • , – "
O Sr. Macedo: — Eu tambem tinha-me levan O Sr. Castello Branco: , — Neste artigo não se
tado para fazer algumas observações sobre o que te quer dizer que só ElRei póde suspender os magistra
nho visto, que he objecto da questão. He verdade dos; quer dizer que se propõe este meio mais, além
que neste artigo 166 se estabelece o modo de fazer ef de outros muitos que ha; mas em realidade he neces
fectiva a responsabilidade dos juizes; mas assento eu, sario. A meu ver ha casos extraordinarios, ha casos
que no artigo 164 estava tudo dito: (leu o) e se aca particulares que pedem uma providencia prompta, e
so não estava expressado com toda a clareza podia aos quais não são applicaveis as formulas de um pro
expressar-se, e ficava sendo inutil o artigo 166. cesso. He destes casos propriamente que se trata, e
O Sr. Azevedo: — Parece-me que se se olhasse para os quaes he de necessidade que o Rei tenha es
á verdadeira questão esta discussão terminaria. Qual ta autoridade. Como, por exemplo, nas circunstan
he o artigo que estamos discutindo, he o 166, ou o cias actuaes se um magistrado, se declarasse por sua
167! Pois por se ter olhado ao art. 167 tem havido conducta pouco afecta ao systema constitucional,
toda esta questão. Que diz o artigo 166! Que ElRei que puzesse os meios proprios para impedir a marcha
poderá ter authoridade de suspender, os magistrados; do systema; mas que entretanto não tivesse pratica
não se trata de outra cousa: (Apoiado) se os Srs. de do alguma daquelas faltas decididas, pelas quaes com
Brazil querem negar esta autoridade ao Rei então es facilidade se podia intentar contra elle um processo,
sabe outra questão. • •
me posso conformar; eu certamente, se sobre mim O Sr., Ferreira da Silva: — Eu voto pela primei
cahisse, a teria como pena gravissima, e trataria dera parte deste artigo, mas ainda que he verdade que
fazer patente a todo o mundo, se a não merecia, que se deve mandar ouvir ao ministro antes de ser suspen
não terá merecedor della. E um homem que he cas
E
[186] •
so, não quero que isto sejá declarado na Constitui e como se trata da ordem proponho á assemblea, se
ào. convom que este additamento se trate depois da dis
. O Sr. Presidente perguntou; se o artigo estava cussão do artigo 167, ou se ha de tratar-se neste lu
suficientemente discutido? Julgou-se que sim. ar!
O mesmo Sr. poz a votos o artigo, salvas as emen O Sr. Brito: – Se se está conforme com a dou
das nelle feitas; e assim foi approvado. trina pode-se sanccionar, e depois os redactores ve
- Se se deveria accrescentar á doutrina do artigo a rão aonde se ha de colocar.
emenda do Sr. Brito que seja ouvido o accusado? O Sr. Villela: — Aqui trata-se da ingerenciado
Resolveu-se que sim. •
poder executivo sobre o poder judiciario. He preciso
"Se se approvava a emenda do Sr. Guerreiro a sa» saber-se no Brasil qual he a autoridade a quem se
ber que depois das palavras do artigo tribunal com cometteu esta attribuição.
petente se diga — para a formação do processo, O Sr. Castello Branco: — Eu apoio a lembranº
e dífinitiva decisão? Foi approvada. ça do Sr. Guerreiro. A Assembléa está certa dos
O mesmo Sr Presilente manifestou, que entrava em motivos, porque sanccionou a doutrina deste artigo,
discussão o additamento do Sr. Borges Carneiro, re assim como tambem he claro , e manifesto a todos,
duzido aos seguintes termos. No Uiramar, quando que esta providencia, que de direito não se restringe
a relação que tiver faculdade de conceder revista re só ás provincias de Portugal, mas que se restringe
ceber a dita queira poderá mandar proceder á refe tambem ás provincias ultramarinas, de facto não tem º
rida suspensão, observähdo nisto aforma que a lei de lugar. No ultramar deve haver uma qualquer autho
terminar. - - - C -
ridade, que tenha essa attribuição que aqui se dá ao
- O Sr. Borges Carneiro: — No artigo 158 já se poder executivo: eu não quero que ao poder executi
determinou o que devia ter lugar a respeito das revis vo se lhe restrinja essa attribuição só para Portugal,
tas: agora a minha emenda tende mandarem-se sus quero que a exerça tambem no ultramar; mas visto
pehder os juizes subalternos; porque quanto aos de que de facto não póde ter lugar, estabeleça-se outra
sembargadores a queixa deveria ser feita n'outra par authoridade ali a quem se dê essas attribuições. O
te; mas quanto aos ministros subalternos, se não se mesmo Soberano Congresso decretou as juntas admi
admitte este meu additamento, não terão no Ultra nistrativas, ás quaes poderia muito bem commetter-se
mar outro recurso, se não o de dirigir-se ao Rei. essas attribuições. Tem-se dito que poderia nisto haver
Manifestárão-se varias duvidas sobre o verdadeiro alguns inconvenientes; mas por ventura porque póde
espirito da indicação, e sobre se estava de acordo com haver incônvenieutes temos de abrir a porta a outros
o já decidido ácerca do modo de demandar a respon inconvenientes maiores que podem resultar? Por ven
sabilidade dos juízes, a respeito do que disse. tura as juntas provinciaes não são responsaveis ao go
O Sr. Pinto de Magalhães: – O additamento não verno executivo, estabelecido em Lisboa? Não pode
trata se não de conceder no Ultramar ao tribunal de tião tambem resultar inconvenientes da impunidade
revista o que pelo artigo se concede a ElRei em Por dos magistrados inferiores , e ao menos das delon
tugal. -
to, e penso mesmo que todas as razões que movêrão O Sr. Presidente instou se devia pôr á votação :
a esta augusta assembleá a concedcr a ElRei a auto se era este o lugar de tratar-se do additamento, ou se
ridade de suspender os magistrados, estas mesmas ra se reservaria para o artigo 167!
zões vem a favor do adàitamento; porque se em O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu desejava só di
Pottugal se ha de recear que os magistrados augmen zer duas palavras sobre o que tenho ouvido hoje , e
tem, ou côntinuem os abusos do poder durante o por mais vezes a respeito dos magistrados: eu não es
tempo que medea de uma queixa á outra na formá toº na classe dos primeiros magistrados; mas vejo ir º
ção do processo, e por isso he necessario proceder-se tratando as cousas da primeira magistratura, e ainda
á sua temporaria suspensão, seria impraticavel recor da ultina, de modo que não sei em que isto ha de
rer-se a ElRei para este fim desde o Brasil pelas gram vir a dar. Pois o poder judicial he independente, e ha
des distancias; mas não sei se será cenveniente, que de rodear-se de tantas dependencias ! Não posso en
o mesmo tribunal de magistratura haja de proceder tender isto: eu, Sr. Presidente, lavrarei o meu Pre
nesse caso; por isso eu oppinaria que se concedesse testo para que se lance na acta, pois quero que se sai
este poder á autoridade, seja qual for, que para o ba que não sou de opinião, nem jámais quereria que
futuro houver de exercer o poder politico, e adminis a ElRei se desse o poder de suspender um magistra
trativo naquellas provincias. • do. Ele já he dependente da vontade do Rei Para
O Sr. Braamcamp: — Parece-me que este ad ser despachado, e agora vai depender delie para ser
ditamento não póde ter lugar neste artigo, e que suspenso! Isto he uma inconsequencia, uma vez que
seria mais proprio do artigo 167; pois nelle se trata se quer que o poder judiciario seja livre, independên
do caso em que poderá a relação, sem dependencia te, e capaz de fazer executar a lei. Diz-se no er
de ouvir o juiz, condemnalo em custas, ou outras tigo 164 = Os magistrados serão responsaveis pelos
penas pecuniarias, etc. delictos que commetterem = sejão, he muito juste».
* O Sr. Presidente: — Tambem me parece que Todo o cidadão ainda que não seja interessado, pode
este additamento tinha mais relação com o artigo 167: rá accusalos por soborno, peita, ou conluio, seja , b <
*
[137]
muito justº. A parte queixosa o poderá conseguiste as provincias do Brazil são, como as de Portugal
mente accusar, como interessada pela sua iudemniza engana-se. Como de tão immensas distanc as se tinhº de
ção: seja, he muito justo. Estabelecidos estes meios ha recorrer aqui para a suspenção de um magistrado in
alem disso o recurso de pedir revista, e os juizes po ferior! Isto não póde ser. Approvo a indicaçãº.
dem suspender o magistrado, para formar-se-lhes cul O Sr. Sarmento: — Parece-me que o S. / il
pa, e ver se se ha de castigar: tambem tudo isto he lela trouxe esta questão á sua verdadeira lareza: es
justo. Ha outro recurso, que he o direito de petição. te artigo 166 he verdadeiramente uma ingerencia do
ºs Cortes; ha finalmente o recurso da liberdade de judicial; mas em fim está estabe
oder executivo no
imprensa ; seja, tudo isto he justo, he bom, he neces # e votado, é muito bºm votado. Agºra, em
sariº; mas ElRei porque ha de suspender os magis quanto ao additamento do Sr. Lorges Cºrneiro,
trados, depois delies poderem ser castigados por tan só se poderia admitir, se em um governo constatu
tos n.eios ! Não he isto tolher a sua independencia ! cional houvesse indeninizações, quando um poder se
O Sr. Guerreiro : — Ordem, as decisões da As ingere noutro. No Brazil o systema constituciºnal
sem bica não se podem impugnar. • • •
não se declarou em todas as provincias ao mesmo tem
O Sr. Fernandes Thomaz: — Estou conforme, po se não successivamente, e pouco a pouco ; e por
eu farei o meu protesto, porque tenho direito de o isso foi perciso ir da do providencias, á incdida que
fazer ; nas em fim tornando á questão principal; porque se ia adoptando, cujas medidas, foão proviso as ;
razão se ha de querer fazer uma cousa diferente para o mas pareceu-me que o Sr. Castello Branco conside
Brazil a este respeito, do que se faz para Portugal? Quem rava aquellas juntas como instituiços constitucio" ºes?
ha de ter no Brazil este poder que se concede a ElRei ! quando eu me persuado que esta le uma quest㺠á
Diz-se — hão de ser as juntas governativas — e está já parte, e uma questão, que ha de merecer muita
º terminado que essas juntas hão de existir! E a que discussão. Sou de parecer que o mesmo que es
fim são todas estas precauções! Que prevaricações são as tá estabelecido em Portugal a respeito delRei ouvir
que agora se temem dos magistrados! Todas estas" as queixas, se estabeleça no Brazil para aquela au
cautellas são tomadas suppondo que ha de continuar toridade , que for delegada do poder executivº; Imas
a imagistratura a fazer o que tem feito até aqui; mas isto, como já disse, ficará para uma discussão dife
não lhe possivel que isso continue nem cá, nem lá: rente; porque he materia que julgo muito importanº
um magistrado autes era tudo; mas agora não tem te. Seguindo o exemplo das nações, que tem provincias
mais que fazer , senão applicar a lei ao facto. E distantes, eu reparo que todas as vezes que se trata
que males póde commetter nisto ? Póde enganar-se de dar fórma aos governos locaes dessas I Lovincias,
uma vez; nas não está já determinado o modo de ha uma circunspecção, e marcha vagarosa. Quandº
poderem emendar-se estes enganos por meios de tan se tratou pelos inglezes de dar uma Constituiç㺠ao
tos recursos! Desenganemo-nos, os magistrados quan Canadá, que não tem comparação com a unportan
do anteriormente abusavão, não era na applicação cia do Brazil, todos os pontos forão debatidºs muitº
da lei, que fazão o mal, era no poder administra maduramente, e que quando se trata de variar algu
tivo que tinhão; desse modo he que podião oppri ma cousa nas suas possessões indicas se considerão as
mir seus concidadãos. Não acho por consequencia questões com tão miudo exame, e demora, que nel
que seja necessario admittir esse additamento; porque las se occupa o parlamento mais de 1 m a, ou duas
aqui não se trata senão de uma queixa feita por um legislaturas. A instituição das actuaes juntas do go
modo extraordinario; pois para os terinos ordinarios verno foi obra da urgencia do momento, e de modo
já está estabelecido como se ha de fazer. algum deveremos pertender coordenar a organização
, º
O Sr. Freire: — Eu sou com mui pouca dife constitucional dos governos locaes do Brazil, aprovei
rensa da mesma opiniao do Sr. Deputado que acaba tando fragmentos revolucionarios. Lembreno-nos de
de falar: não sou de opinião de que pertença a uma que neste mesmo Congresso já temos ouvido as quei
Relação mandar suspender esses magistrados; repro xas contra os mesmos governos estabelecidos no Bra
vo por consequencia a indicação; primeiro porque zil pelos mesmos, que os elegêrão, e qual he a razão
acho injusto que uma Relação possa por mero arbi desta incoherencia ! Foi a pressa com que elles forão
trio suspender um magistrado; e segundo porque a au constituidos: por tanto ajudados da nossa reflexão,
toridade que só Elitei tem , não se deve dar a um do tempo, e experiencia das actuaes juntas, he que
tribunal tão subalterno, como he uma Relação d'A- de veremos combinar qual será o melhor methodopa
merica. •
ra a organização dos governos locaes do Brazil.
O Sr. Barata: — Sr. Presidente, peço a pala O Sr. Villela pediu fosse lida uma indicação que
vra. Quando n'outras occasiões se tem falado destas tinha remettido á meza. -
materias, eu tenho sempre manifestado a minha opi Foi lida a dita indicação pelo Sr. Secretario Li
nião com a franqueza que he natural em mim, e com no, a qual se reduzia a propôr que no Ultramar com
a mesma com que sempre tenho de falar neste illustre, e petirá tambem esta autoridade ao Governo politico
nobilissimo Congresso. Em consequencia digo, que eu de cada provincia. . •
não posso menos de apoiar a indicação do illustrissi O Sr. Araujo Lima votou a favor do additamen
mo Deputado o Sr. Borges Carneiro, porque a jul to manifestando, que assim como se tinha dado um
go justa, e não sómente justa senão absolutamente remedio para estes casos extraordinarios em Portugal,
necessaria para o Brasil. Sr., he necessario desenga devia dar-se igualmente para o Brazil.
nar-se, já muitas vezes o tenho dito; quem pensa que O Sr. Freire: — Mas ha uma equivocação no que
S
[ 138 |
diz o ilustre Preopinante: o remedio existe: ha tan O Sr. Araujo Lima: — As circunstancias parti
to recurso para os povos da Asia ou do Brazil como culares do Brazil exigem que se dê ali a alguem esta
para os de Portugal; a difficuldade he a demora; mas autoridade, porque não se póde fazer idéa do que lá
esse inconveniente ha de existir necessariamente pelas he um magistrado; e á proporção das distancias, são
distancias: he o mesmo que acontece em Portugal. mais déspotas.
Em Lisboa por exemplo póde-se ter esse recurso em O Sr. Pessanha: — Eu creio que os Srs. Preopi
duas horas; já as provincias do mesmo Portugal per nantes que tem sustentado o additamento não reparão,
cisão de alguns dias; as ilhas adjacentes podem per que por querermo-nos acautelar muito, viremos a não
cisar um mez; o Maranhão, etc. percisarão dois ou acautelar nada; e não advertem tambem que em tu
tres; a Asia, e a Africa um anno; mas não se diga do aquilo que os magistrados delinquirem hão de ser
por isto que o remedio não existe; o recurso be igual igualmente julgados pelos jurados, o que he a maior
ara todos, e a diferença consiste só nas localidades, garantia que póde haver Não tratamos aqui senão
como acabo de dizer. Diz o illustre Preopinan de um recurso extraordinario; e não acho inconve
te que acaba de falar, que he necessario haja um de nienee que esta attribuição se limite a ElRei, e que
legado desta autoridade no Brazil, convenho; mas não se estabeleça outra authoridade no Brazil a quem
por ventura essa grande autoridade politica ha de ex se delegue este poder: tal he a minha opinião; por
istir em todos os pontos da Asia e da Africa! Não que de outro modo se o fim he corrigir os abusos dos
terão a mesma razão cada um daquelles póvos para ministros viriamos a cair no mesmo inconveniente dan
quererem tambem que resida perto delles aquellas au do tanto poder a essa authoridade, a qual poderia
toridades! E será isto possivel? Seguramente não: abusar delle, além de fazer dependentes os ministros.
por tanto he indispenravel que haja um ponto aonde De mais disso, de que especie havia ser essa authori
exista a autoridade suprema; e se todos não estão dade! Não me parece que podia pertencer senão ao
igualmente distantes delle, isso depende da diferente Poder executivo: nós temos sanccionado que a sobe
disposição das diversas partes da monarquia. berania reside na nação, que a soberania se compõe
O Sr. Lino: — Porém he necessario que vejamos, dos tres poderes, legislativo, executivo, º judicial, que
que a geografia, ou as localidades não hão de fazer a o legislativo reside no Congresso e o executivo no Rei
Constituição, e que nós devemos fazer a Constitui tudo por delegação da nação: agora um poder dele
ção sobre a geografia: o terreno não influe em nosso gado, não sei como se possa delegar: quando existia
pacto politico; nós vamos fazer o systema politico a soberania no Rei independentemente podia este fa
accommodado ao terreno, e devemos fazer uma Cons zer seus mandatarios aquelles a quem delegasse a sua
tituição amoldada ás diversas partes do Reino. Nós authoridade; mas no systema actual não concebo co
vêmos que outras nações tem igualmente partes em mo isto possa ser: por consequencia sanccionemos es
Ultramar; e por ventura não tem constituições ac te recurso n'uma authoridade só como a de ElRei,
commodadas a essas partes! Não se hão de poder fa que he a unica legitima, e se por estar esta em uma
zer leis conformes aos povos, que se hão de governar! só parte não póde attender com igual promptidão ao
Todos os que pertencemos ao Reino Unido não temos recurso de todas as da monarquia, isto he inconve
igual direito a gozar dos commodos, assim como a niente que não póde remediar-se; e mesmo não he
participar dos incommodos que resultão do pacto que inconveniente de que possa seguir-se um grande mal.
constituimos! Digo por tanto, que deve haver uma O Sr. Borges de Barros: — Eu tinha-me levanta
autoridade no Ultramar, que possa fazer a este res do para apoiar o voto do Sr. Lino Coutinho. N'um
peito o que aqui ha de fazer Elitei. Ninguem diga, caso identico ao de que agora tratamos, disse o Sr.
que isto he querer-se um Rei pequenino, nem querer Bergasse na Assembléa constituinte: não he sómente
se um Rei omnipresente, o que se quer he, o que he necessario que a lei seja igual para todos, para que
de justiça e necessidade. seja boa, he necessario que todos possão recorrer a
O Sr. Soares Franco: — Aqui não se trata de um ela igualmente. Não se approvando o additamento,
recurso extraordinario , trata-se de um recurso de não sei como se ha de aplicar este principio (que aliàs
fnais; e a falar verdade, se se põe aos magistrados eu julgo santo) ao caso de que se trata,
das relações nesse estado acabou sua independencia; e O Sr. Moura: — O seguir os extremos por uma
bem longe de fazer um bem aos povos viremos por e outra parte nos tem feito desviar do verdadeiro ca
este modo a fazer-lhes um mal. Nós temos querido minho. Uns Srs. dizem, deve-se pôr o Brasil, e mais
estabelecer a independencia dos magistrados, que fos provincias do Ultramar em uma independencia abso
sem vitalicios, que não possão ser suspensos sem cau luta na magistratura; outros dizem que deve ser uma
sa formada, e queremos agora dar o poder de suspen dependencia absoluta: eu julgo, que nem uma nem
delos a uma autoridade qualquer deixando-os n’uma outra cousa he o que se deve adoptar. Se os que fa
dependencia absoluta! Isto não póde ser: então ne lão a favor da addicção do Sr. Borges Carneiro pro
nhum homem honrado quererá ser magistrado. (Apoia vassem que este era o unico meio de fazer effectiva a
do.) Pois os povos do Brazil qnando quizerem usar responsabilidade, então tinhão razão, mas se ha ou -
deste recurso não podem vir aqui n'um nez ou mez tros muitos meios de fazer effectiva a responsabilidade
e meio, segundo a facilidade com que agora se nave dos magistrados sem ser este, em que consistem taes
ga, do mesmo modo que se vem de outra parte? Eu receios ! Ouvi dizer a um Preopinante, que algumas
sou de opinião, que esta autoridade se deve conceder potencias que tem provincias ultramarinas, tem feito
ao Rei, e a mais ninguem.
{
leis accommodaveis a ellas: Deus nos livre copiar o
[139]
Regislação a este respeito das outras potencias que tem todos a exercitem, he por isso que se inventou a for.
possessões ultramarinas. Ao parlamento de Inglaterra ma do Governo representativo, e he assim que se ve
não vão deputados americanos, ella os manda para lá, rifica, que cada um dos individuos de uma nação,
e manda governadores despoticos; mas para nós já esse pela eleição de seus representantes, vem a ter o exer
tempo acabou felizmente, e se não se seguem aquel cicio dessa soberania que compete a Nação. Entretan
les exemplos a diferença he a nosso favor. As nossas to não se póde dizer que está dividida essa soberaaia;
instituições unem tanto quanto he possivel as partes pelo contrario he deste modo quando mais se concen
da nossa monarquia: se apesar disso existe algum in tra; e porque não havemos de admittir os mesmos
conveniente he irremediavel. (Apoiado.) principios relativamente ao poder executivo? O poder
O Sr. Ferreira de Sousa: — Apesar do tudo executivo por delegação do poder soberano reside no
quanto tenho ouvido em contrario eu não posso dei Rei, o Rei não pode ser representado nas partes da
xar de ser de voto do autor da indicação, e approvar Europa! Seja representado igualmente nas outras par
que no Brasil exista uma autoridade a quem se possa tes da monarquia, não por uma autoridade propria;
recorrer neste caso, do mesmo modo que a que existe mas por autoridade de quem nelle delegou aquelle po
em Portugal. der. Por ventura as juntas provinciaes que temos ad
O Sr. Lino: — O que eu sei dizer he, que an mittido para os estados do Ultramar, que muito em
tigamente era concedido aos capitães generaes do Bra bora não existão para o diante, mas em vez das
sil poder suspender os magistrados: depois que se lhe quaes se ha de substituir alguma couza similhante,
tirou isso, alargárão as mangas soltas. •
tidades, e os devedores dellas. Nesta persuasão pen Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em
sa a Commissão que todas as pertençoes dos represen de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. ,
tantes estão nas attribuições do Poder executivo e do
judicial, e não podem ser objecto de novos actos le Para José da Silva Carvalho.
gislativos; e que por isso se deve encaminhar a mes
ma representação para o Governo. Paço das Cortes Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
28 de Janeiro de 1822. — José Antonio de Faria tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
Carvalho ; Manoel Fernandes Thomaz ; José Joa mandão remetter ao Governo, por ser da sua com
quim Ferreira de Moura; Manoel Borges Carneiro; pelencia, e do poder judicial, a inclusa representação
Luiz Nicoláo Fagundes Varella ; Bento Pereira do que dirigírão ao soberano Congresso dezeseis cidadãos
Carmo ; Domingos Borges de Barros ; João Maria da cidade da Bahia, presos no castello de S. Jorge
Soares de Castello Branco. desta capital, remetidos pelo Governo provisorio
Houve alguma discussão; mas posto a votos foi daquella província a bordo da fragata Principe Dom
approvado. Pedro. -
O Sr. Borges Carneiro apresentou um impresso Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 9
intitulado Documentos concernentes á la incorpora de Fevereiro de 1822. —João Baptista Felgueiras.
cion del Estado Cis. Platino al Reyno Unido de Por
lugal, Brazil, e Algarves. Foi remettido á Couis Para o mesmo.
são Diplomatica.
O Sr. Pessanha apresentou um requerimento de Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. – As Cor
D. Luiz de Ataide; e foi á Commissão de petições. tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
Um additamenro do Sr. Villela ao art. 166 da tomando em consideração o que lhes foi representado
Constituição concebido nestes termos: no Ultramar por Thomaz Blanco Ciceron, e João Raman Barcia,
competirá tambem esta autoridade ao Governo poli naturas de Galliza, os quaes em consequencia de se
tico de provincia. Para a discussão com o do Sr. Bor reu, persegundos na sua patria por crimes politicos se
ges Carneiro. refugiarão neste Reino, e apezar dos passaportes que
Uma declaração do voto do Sr. Fernandes Tho obtiverão na sua entrada, forão presos no Porto em
maz ácerca do que se decidiu com o art. 166 da Con 6 de Agosto de 1820 a requisição do consul hespa
stituição; pois que foi de parecer que se não concedes nhol naquela cidade; e sendo reclamados pelo presi
se a ElRei o poder de suspender os magistrados por dente do tribunal superior da Galliza, talvez para
queixas que se lhe fação. sofrerem a pena ultima, a que se diz estarem con
Ordem do dia. O additamento do Sr. Borges detºnados, forão mandados entregar por portaria do
Carneiro ao art. 166 da Constituição, e os artigos Governo dada em 29 de Agosto de 1821, de cuja
seguintes. Prolongação. Projecto da companhia do disposição recorrêrão os supplicantes ás Cortés, achan
Alto Douro.
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do-se ainda detidos nas cadêas da relação do Porto; nomes, e quantidade de moios de terra, bem como
ponderadas mui plena e maduramente todas as cir daquelles arrendamentos que tem sido celebrados sem
cunstancias do caso; e attendendo a que a entrega aviso ou decreto; mas cujos arrendatarios, não ten
na falta de obrigação especial proveniente de trata do gados igualmente deixão de fabricar as terras, e
dos não póde verificar-se, segundo os genuinos e de as
varápassão a terceiros com
ao conhecimento alças.Magestade.
de Sua O que V. Eve."le •
Cortes.
4.° Do Ministro dos negocios da guerra, trans Remetteu.se á Commissão das artes uma memo
mittindo o requerimento de D. Anna Ascoff, e a in ria de João Antonio Paes do .4maral, sobre a re
formação sobre ella dada pelo official, que serve de forma da fabrica nacional das cartas de jogar.
contador fiscal da thesouraria geral das tropas. Man Concedeu-se ao Sr. Almeida e Castro, Deputa
dou-se á Commissão de fazenda. do pela provincia de Pernambuco, a dispensa que
5.° Do Ministro dos negocios da marinha, en mandou pedir ao Congresso, de assistir ás Sessões
viando inclusos tres officios, dois do ex-governador pelo tempo necessario para restabelecer a sua saude.
do Siará, e um do governo provisorio do Piauhy. Fez-se a chamada, e achárão-se presentes 111 De
Mandou-se á Commissão de Ultramar. putados, faltando 22, a saber: os Srs. Gyrão, Oso
6.° Do mesmo Ministro, remettendo a parte do rio Cabral, Canavarro, Ribeiro Costa, Sepulveda,
registo do porto desta capital, e um officio dirigido Durão, Lyra, Agostinho Gomes, Van Seller, Je
ás Cortes, vindo na escuna Nynfa , recentemente ronymo José Carneiro, Almeida e Castro, Innocen
chegada dos Açores. Ficárão as Cortes inteiradas: cio Antonio de Miranda, Queiroga, Mantua, João
7.° Do mesmo Ministro, enviando a parte do re de Figueiredo, Faria, Afonso Freire, Sousa e Al
gisto, e um oficio do marechal Bernardo da Silveira meida, Rebello, 2efyrino, Franzini, Ribeiro Telles.
Pinto , remettido pela escuna Maria, ultimamente O Sr. Rodrigo Ferreira, por parte da Commis
chegada. Foi á Commissão de Constituição. são de poderes, leu o seguinte
8.° Do Ministro dos negocios da fazenda, trans
mittindo a resposta do provedor serventuario da casa P A R E c E R.
da moeda, e as reflexões do mesmo Ministro sobre o
valor legal das nossas moedas de ouro. Mandárão-se A Commissão dos poderes viu na acta da junta
imprimir tanto estas, como aquella, para se distri eleitoral da provincia de S. Paulo terem sido eleitos
buirem pelos Membros do Congresso. na cidade deste nome em os dias 6 e 7 de Agosto de
Ficárão as Cortes inteirados dos agradecimentos, 1821, para Deputados de Cortes pela mesma provin
ue lhes enviárão os membros do governo provisorio cia os Srs. Antonio Carlos Ribeiro de .4ndrada Ma
} Fayal e Pico, a camara de Villa Franca do Cam chado ; Nicoláo Pereira de Campos Vergueiro ; Jo
po, e a de Ponta Delgada da ilha de S. Miguel, sé Ricardo da Costa Aguiar; Francisco de Paula
pela decretada separação do governo de Angra. Sousa e Mello ; José Feliciano Fernandes Pinheiro ;
Mandou-se fazer menção honrosa de uma felicita e Diogo Antonio Feijó; e para Deputados substitu
ção dirigida ás Cortes pela camara da nova villa de tos, os Srs. Antonio Manoel da Silva Beino, e -4n
tonio Paes de Barros. •
estes recursos ordinarios, tem um recurso ao Rei, e Principiarei por Portugal, e he claro que ha de
isto tanto os cidadãos de Portugal, como os da haver pelo menos em cada provincia um delegado;
America. Em consequencia está perfeitamente nive porque bem facil he de ver, que em Portugal nem
lada na Constituição a condição de todos os indivi todos tem agora as mesmas commodidades. Vamos ás
duos da monarquia. Mas replica-se: São iguaes os ilhas: dirá alguem que ha de haver em cada uma das
direitos, mas não são os commodos, e por tanto he ilhas uma autoridade, como se pretende estabelecer
necessario que este poder de suspender os magistra no Brazil; parece que pelas mesmas razões a deveria
dos se delegue. A Constituição disse que o Rei po haver. Vamos á costa d'Africa, ha de haver na cos
deria ter o poder de suspender os magistrados, mas ta d'Africa uma autoridade a quem seja delegado es
reparemos que disse, só o Rei, ninguem mais: re te poder! talvez me digão que não. Vamos á India,
flictamos bem na razão porque este poder se concede ahi não póde deixar de haver uma autoridade delega
ao Rei; he porque ele só he inviolavel, e indepen da, e aqui entramos já em duvida se esta autoridade
te: he elle só, perante quem estão niveladas as for se ha de estabelecer em Goa, se ha de ser em Ben
tunas e condições de seus subditos, he ele só, que galla, ou aonde. Vamos ao Brazil: he necessario es
constitucionalmente falando não póde ser atacado, de tabelecer alí uma autoridade para suspender os ma
paixões nem de amor, nem de odio, e he pois nesta gistrados, mas em que parte do Brazil se ha de esta
qualidade que se dá ao Rei o poder de suspender os belecer; dir-me-hão talvez que em todas as provin
ministros; he nesta qualidade que se lhe concede o cias, mas isto não póde ser, porque já está determi
véto suspensivo, o poder de agraciar etc., e fazemos nado que nem em todas províncias houvesse relações
disto uma prerogativa propriamente real. Poderá por superiores, e então não deve haver autoridade algu
ventura delegar-se o véto suspensivo! Poderá delegar ma de quem haja recurso das relações. Supponhamos
se o poder de agraciar! Poderá delegar-se o poder de que se estabelece em o Maranhão, em Pernambuco,
fazer a paz, e fazer a guerra! Poderá por ventura na Bahia, e no Rio de Janeiro; pergunto eu agora,
uma relação, uma junta administractiva, um chefe gozão assim todos os povos do Brazil de iguaes com
politico das províncias do Ultramar, arrogar a si uma Inodidades! Certamente não.
parte deste poder-real simples, e unico, que existe Os povos do certão hão de ter necessariamente
en pessoa do Rei, e que não existe na pessoa delle, mais incommodos que os outros povos. Por tanto se
sdaño (torno a dizer) porque elle tem a presumpção he impossivel qne os povos todos tenhão igual com
ne ser justo, e independente; porque perante elle são modidade, he muito necessario que conservemos a
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indivisibilidade e unidade da monarquia; não ha du era uma prerogativa verdadeiramente real; e os po.
vida nenhuma que todos os povos da monarquia de vos do Brazil, Africa, e Asia não hão de poder go
vem ter, e tem os mesmos direitos politicos e indivi zar dos efeitos deste direito! Diz-se que não tem isto
duaes. Eu desejaria muito que na Constituição nun inconveniente, porque o direito de agraciar he um
ca apparecesse Portugal, e Ultramar; mas sim que direito extraordinario, pois a justiça o que quer he
se falasse de uma só, e a mesma familia portugueza, que se premeiem os benemeritos, e castiguem os cul
tendo-se como principio certo (que os representantes pados; assim ainda que todos não recebão o seu be
do Brazil são represcntantes em solido da nação. Por neficio, não importa. Ora o mesmo succede a res
tanto votando peta união indispensavel dos povos do peito da suspensão dos magistrados; este beneficio o
Ultramar e Portugal, voto contra o additamento. não podem todos gozar promptamente; e por isso que
* Interrompeu-se a discussão para entrarem a dar ju nem todos o podem gozar promptamente, dever-se
ramento, e tomar assento no Congresso, os Srs. Andra ha delegar! Mas supponhamos que he de absoluta
da, Vergueiro, e Feijó, Deputados pela provincia necessidade o delegar-se este poder: para quem se ha
de S. Paulo. •
*>
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e se deve dar-se outra providencia que faça pro longe de conceber similhante idéa; todos os cidadãos
ficua no Ultramar esta imedida. O primeiro Preopi portuguezes tem jurado uma perfeita união, e terra
nante apoiou a utilidade desta medida para o ultra jurado esta perfeita união, mantida a fruição e se
mar medida que eu tinha tambem apoiado na sessão gurança dos direitos naturaes do homem, que são ge
antecedente. Ouvi responder a este Preopinante que raes para todos; porque se elles não estivessem per
elle tinha confundido todas as idéas; por consequen suadidos desta verdade, não serião tão exactos em
cia isto tambem se refere a mim, que havia adopta adoptar este systema com tanta franqueza de coração:
do a mesma opinião. O que eu propriamente não en não publicarião estes desejos de união fraternal entre
Atendo, nem posso comprehender, he como se com todas as partes da Monarquia; e por nenhum princi
binão principios de um systema, com principios que pio devemos fazer illusoria esta persuasão em que el
não correspondem ao fim que procura o mesmo syste les estão. . . . . . Não se rompe a unidade do Po
ma; isto he que he exactamente barulho de princi der executivo por se estabelecer no Brazil a autori
pios. Trata-se do systema constitucional, do systema dade que se pretende para suspender os magistrados.
de monarquia representativa; por consequencia he Póde muito bem conceder-se isto ás juntas administra
Preciso que procedamos dos principios deste systema tivas ou a outra autoridade com tanto que ela possa
as este systema o que he que tem em vista. Tem exercer esta mesma attribuição. Mas donde nascerá a
em vista a felicidade dos povos da Monarquia portu difficuldade que eu vejo de estabelecer-se o que eu
gueza, estabelecer as garantias para o livre exercicio julgo e todos conhecem que será porficuo aos portu
e conservação dos direitos que a natureza tem dado guezes do ultramar. Por ventura e Congresso não
ao homem. Ninguem póde duvidar deste principio, sanccionou esta faculdade concedida ás juntas gover
logo vem a ser necessaria uma consequencia. Todas as nativas para com os magistrados inferiores? Que en
vezes que os principios que nós pazemos neste syste canto tem a ordem dos desembargadores para se que
ma não couresponderem ao fim do mesmo systema, rer propor a favor della uma isenção sobre todos os
segue-se que elles devem ser falsos; ora pertende empregados publicos! He preciso que nos lembremos
se elevar a unidade do governo constitucional a que no tempo do despotismo não havia o escrupulo
um alto ponto, e diz-se que esta unidade princi que vejo agora nesta assembléa, quando se trata de
palmente he a do Poder executivo, que está na pes outros fins muito diversos. Por ventura os capitães
p
soa do Rei, que deve immediatamente dar todas as generaes, no systema do governo colonial não tinhão
providencias no lugar aonde reside: logo aqui vemos estas attribuições! Não era uma faculdade geral con
que os que estão perto do Rei, e os que estão longe cedida a todos os capitães generaes para suspender em
do Rei, não são favorecidos igualmente. Se era um casos extraordinarios todas as autoridades, e até a
mal, não se dar a providencia do § 166, segue-se primeira autoridade ecclesiastica como erão os bispos?
que está remediado este mal para os Portuguezes eu Quantos bispos vierão aqui por abusos dos capitães
ropeos, mas ele não está remediado para os Portu generaes remettidos a esta capital? Ora se no anti
guezes do Ultramar, porque todos vem que esta pro go systema em que deveria ser um só o Governo,
videncia vem a ser inutil; mas digo eu que os por elle delegava a sua faculdade nos capitães generaes
tuguezes da Europa," e os Portuguezes do ultramar, porque assim se julgava necessario para os casos ex
§ão aquelles que constituem parte da Monarquia Por traordinarios, como poderemos nós recear de uma
tugueza: se todos eles são representados em um uni junta de governo que não he compostá de um só in
co Congresso; se o systema constitucional deve abran dividuo, que he composta de uns poucos de indivi
ges todos os individuos da Monarquia portugueza, duos, que depois de serem escolhidos devem ser as
logo um principio que se estabelece, e do qual não pessoas mais acreditadas, e que são estrictamente su
pdem resultar estes fins, he falso, ou indecoroso; jeitos a toda a responsabilidade? Por tanto não acho
logo a unidade do governo constitucional, não póde difficuldade em que a providencia dada ao Rei para
ser concebida nos termos a que a quiz reduzir o no poder suspender os magistrados seja concedida ás pro
bre Preopinante. Diz-se que não he possível reme vincias ultramarinas não a exercitando immediata
diar os males que vem da natureza os quaes nós não mente o Rei, obrigando-se assim os povos a virem
tº" vencer, não podendo vencer as distancias. requerer aqui, porque esta providencia seria irrisoria,
Jonvenho que nós não possamos absolutamente reme e não poderia por-se em pratica.
dial, mas o honrado membro não reflectiu que se es O Sr. Villela: — Desgraçada he a sorte dos po
te principio podesse passar em toda a sua generalida vos do Ultramar, porque a natureza os arredou de
de, senão era possivel absolutamente que os portu Portugal milhares de leguas! Póde um cidadão con
guezes do ultramar houvessem de gozar em estes ter demnado á morte em Portugal ser agraciado pelo Rei:
Iuos dos mesmos bens que gozão os da Europa, se o condemnado no Brazil ha de morrer infallivelmen
este principio podesse passar em toda a sua generali te. Póde um cidadão em Portugal queixar-se ao Rei
dade, nem o honrado membro que falou, nem eu de qualquer magistrado, e ser attendida a sua queixa:
mesmo me atreveria a correr o véo que cobre a comº no Brazil o cidadão ha de sofrer em silencio senão
sequencia necessaria qué desse principio se deveria ti tiver meios de vir a Portugal. Desenganemo-nos, Srs.,
rar. Ele seria fatal a nós, sería fatal á Monarquia he preciso que os que temos o mesmo sangue, a mes
portugueza quando se mostrasse que a communicação ma linguagem, o mesmo governo, tenhamos as triès
dos beneficios não poderia verificar-se entre as partes mas commmodidades. Não basta que a lei seja iguai
remotas da Monarquia portugueza. Eu estou bem para todos; he necessario, como disse uln illustre Deº
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putado na Assembléa constituinte de França, que pa O Sr. Borges Carneiro: — Procurarei responder
ia a sua influencia ser benefica, todos possão recorrer hos argumentos que ha produzido o Sr. Trigoso. Diz
a ela com a mesma facilidade. He até antipolitico elle que aqui não tratamos do modo de fazer efecti
deixar aos povos que desejar com razão. Quando se va a responsabilidade dos ministros, mas sómente da
determinou que houvesse em Lisboa um supremo tri pena de suspensão. Eu pelo contrario direi, que pre
bunal de justiça para conceder as revistas, e fazer ef. cisamente se trata de assignar na Constituição todos
fectiva a responsabilidade dos magistrados por culpa os meios de fazer efectiva a responsabilidade dos ini
deinjustiça notoria, assentou-se que no Ultramar täm nistros, pois que vã cousa seria tela proclamado se
bem as relações podessem conceder revistas, e que não se indicasse como ella se havia de realizar, e ha
haveria uma autoridade para fazer efectiva a dita res vendo já enumerado alguns meios, mais vão e im
ponsabilidade, suspendendo os magistrados. Agora que perfeito seria não os numerar todos. E pois já mos
se estabelece que o Rei, queixando-se-lhe algum ci trei que os meios até agora indicados são todos in
dadão de qualquer magistrado, poderá depois de ou sufficientes, ou porque não abrangem a todos os ca
vir este, e de haver as convenientes informações, sus sos, ou a todos os ministros: logo he necessário esta
pendelo, etc., duvida-se em se delegar este poder a belecer-se aquelle que está em questão, como aquelle
alguma autoridade no ultramar, onde uma tal provi que satisfaz a todas as indicações. , … __ . .
dencia se torna mais necessaria. He preciso que ad O outro argumento opposto pelo Sr. Trigoso, e
virtamos que os magistrados, quanto mais longe esti a que deu mais força, vem a ser que o direito de sus
serem das Cortes e do Rei, mais perigosos serão, e pender os ministros he attribuição do Rei, e às attri
ºs povos menos favorccidos. Por tanto voto para que buições do Rei não devem delegar-se. Decidirse a fa
as juntas, ou o governo politico daquellas provincias, culdade de suspender ministros he uma auribuição ex
pºssão exercer este poder em nome do Rei, suspen clusiva do Rei e indelegavel, essa he precisamente a
dendo os magistrados. nossa questão: não alleguemos para razão de decidir
O Sr. Andrada: — Ouvi com admiração a um a questão aquillo mesmo que está em questão. Eu
obre membro deste Congresso proferir que o artigo percorro as attribuições do Rei, sanccionadas no art.
166 não he adoptado para fazar efectiva a responsa 105, e não acho entre elas a de suspender magistra
ilidade dos magistrados; não sei que isto se possa diº dos: se lá a achasse estava acabada à questão. Não
ter senão por falta de logica. Os crimes que os ma quero agora recordar que d'antes os vice-reis da In
gistrados podem commetter, ou constão de autos, e dia e não sei se os capitães generaes do Brasil levavão
então ha o remedio da revista; ou não constão de au faculdade até de conceder habitos de Christo, e de
los, e resta outro remedio que he a acção popular; suspender em algum caso os magistrados, limito-me
mas este remedio he pouco efficaz. Por tanto resta sómente a dizer que percorro no art. 106 todas as at
ºutro, que he o recurso ao soberano para fazer effe" tribuições do poder executivo, sanccionar e publicar
tiva esta responsabilidade, e que seja o complemento as leis, conceder mercês, agraciar culpados, etc., não
acho lá o suspender os ministros: antes observo que
della, e justamente he este o lugar de tratar deste obje
co. Ouvi avançar outras proposições, que não me pa muito de proposito se reservou esta materia para o ar
recêão grande cousa, como que o poder real não pô tigo 107, que trata das coisas que o Rei não póde
dia ser delegado. Pois então o Rei da Suecia não de fazer, e diz que o Rei não poderá suspendelos se não
legava o poder de sanccionar as leis! Em Escocia, e lr em tal caso, e com taes formalidades. Ora quem diz
landa não acontece o mesmo! Não se lembra o illusque o Rei não póde suspender se não debaixº de cer
tre Preopinante o Sr. Trigoso, que na America In tas regras, não diz que outra autoridade o não pode
gleza os governadores respectivos tem o poder de sanc rá tambem fazer, uma vez que a Constituição lhe dê
cionar as leis por todas as Assembléas! Por tanto a essa faculdade. Se essa attribuição fosse exclusiva do
posteriori se vê que o poder real póde ser delegado. Ad Rei ella teria entrado com as outras que formão o ca
miro me tambem que o mesmo illustre Preopinante talogo de que trata o artigo 103. - - - - - -
confunda o poder de agraciar com o poder de sus Eu já disse, e nunca será demasiado repetilo, he
pender os magistrados: porque são duas cousas bem necessario manter o vinculo de todo o Reino unido:
distinetas, justiça exacta, ou graça plena. Portantº este vinculo be mantido quando há em todo cle um
são cousas muito diferentes. Eu quererei que as jun" só podernão
cumpre legislativo
apertar emuito,
um só poder executivo:
antes ser generosºno mais
e libe
tas governativas sejão aquelas a quem se concedº,º
poder de suspender os magistrados. A respeitº dedi ral, e afastar toda a mostra do antigo minuciosº, es
zer-se, que os povos a pezar de gozarem os mesmos pirito de dominar, que tanto tem consternado os Brá
direitos não hão de ter todos as mesmas commodida sileiros. • - -
des, digo, que se isto assim fosse, a nºssa uni㺠naº Vou agora a outra questão; a quem deva dar-se
durava um este poder, se a algumas relações, se ás juntas gºver
guezes, comomez; os povos
os povos do Brazile são
de Portugal, tão tãº
por isso portº
de nativas. Parece que em nenhuma delas ha inconveni
ter iguaes direitos. Em quanto a força dura», dura º ente ou implicancia alguma. Nem digão que com istº
obrigação de obedecer. A força de Portugal ha de se previne a sentença para absolver ou condemnºr.
durar muito pouco; e cada dia ha de ser menor, uma Nada se previne; o juiz he sempre livre, antºs º nºs
vez que se não adoptem medidas profiºnºs, e os Bra so direito dá o poder de sentenciar ao mesmº Juiz que
*leiros pronunciou. Para um empregado dº alfandegº ºu º
tenhão iguacs commodidades. Voto por tanto meza
pelo additamento ." • de inspecção ser suspensº "; ;" emprego , ser*
•
•
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preciso vir a Lisboa? Certamente não. Porque razão Comparo isto á fabula da rapoza com a cegonh
pois não succederá o mesmo a respeito dos juizes! Esta apresentou áquella o seu jantar dentro
Consultemos o melhor bem dos nossos irmãos do Bra uma garrafa, e como a rapoza não podesse introd
sil: he esta a verdadeira irmandade. zir a cabeça no estreito gargalo da garrafa, comeu
O Sr. Lino Coutinho: — O meu honrado colle cegonha tudo e a outra morreu de fome. Desengar
, o Sr. Freire, acostumado ás sciencias exactas mo-nos, Srs., a lei não he boa porque se faz geral
porque ele he mathematico, quiz chamar os seus prin todos os povos; a lei he boa quando todos os pov
eipios para as sciencias politicas, quiz chamar torno a della se podem aproveitar. Os sabios legislão conf
dizer para a politica os principios abstractos do calcu me o caracter e os costumes dos povos, e confor
lo, e por tanto não admira que os seus resultados se mesmo a sua localidade na superficie do globo, e [
jão falsos. Diz o Sr. Freire: a sciencia do systema isso as leis não devem e não podem ser sempre um
representativo, he tal que nella os tres poderes são e as mesmas. Diz o Sr. Trigoso: a forma do proc
exactamente divididos sem se poderem ingerir um no so e aggravos dão remedio para que o magistra
outro, vindo assim a serem de uma vez indivisiveis, possa ser suspenso, e deposto: supponhamos ist
separados, e distinctos. Mas vejamos se neste mesmo mas chegando ao ponto dado, quem ha de fazer r
Congresso se tem levado á risca este abstrato mathe ponsaveis os magistrados que em ultima instancia c
matico systema. Nós vemos que em uma sessão, tra nhecerem da revista! Quem ha de de novo conhec
tando-se da accusação dos Deputados, o Congresso do final processo se elle deve ahi acabar sem mais
sanccionou que ele não deveria ser prezo ainda mes curso? Como ficarão responsaveis a não ser por me
mo depois da pronuncia sem que subisse primeiro to de uma queixa! Mas estes desembargadores que d
do o processo competente para que depois de bem ex cidirão o processo em ultima instancia podem ter d
aminado e attentas as circunstancias do tempo o mesmo cidido contra justiça. Pergunto eu como 'he que
Congresso declare estar o dito Deputado em termos de processo se póde conhecer a injustiça deste ultimo t
ser prezo. E que quer dizer pois isto! Não he uma bunal! Não póde ser se não por uma queixa leva
ingerencia do poder legislativo no judicial! Não he uma a uma autoridade seja ella qual for: de mais no pr
excepção á regra geral de que os 3 poderes primitivos cesso não vão todos os crimes que o ministro pó
são distinctos e separados! Analizemos mais um pou fazer; vem unicamente aquelle de ter obrado contra le
co: dizem os systematicos que no plano representativo mas quando ele despoticamente praticar actos
os poderes devem ser independentes e não responsaveis: F" como poderá isto conhecer-se do process
de facto assim succede para com os 2 legislativo e e necessario pois que haja um quid que olhe sobre
executivo, mas para com o judiciario se pratica a procedimento dos magistrados tanto das classes inf
mesma ceisa ! Não de certo porque este ultimo tem de riores como superiores, e por isso apoio o parecer
responder pela sua eonducta ao poder executivo. Eis Sr. Villela.
aqui algumas excepções a uma semelhante theoria. De O Sr. Trigoso: — O Sr. Deputado da provinc
senganemos-nos Srs. que em politica não se theoriza da de S. Paulo atacou um por um os meus argumento
mesma sorte que em mathematica: o illustre Preopi e por isso pertence-me dar resposta ás razões em q
mante deveria reflectir que em outros muitos systemas elle se fundou, tanto quanto a minha memoria m
constitucionaes o poder do Rei e seus attributos se permittiu conservar. O seu primeiro argumento, e
achão subdelegados a diversos agentes segundo as cir mais forte he contrario á propozição primeira que
cunstancias peculiares dos diversos paizes sobre que estabeleci, a saber, que no artigo 166 nada menos
se estendem os ditos systemas, e he assim que o go trata do que do modo porque se 6de fazer effectiv
vernador de Bengala tem o poder de fazer a guerra e a responsabilidade dos ministros. O honrado memb
a paz com os povos do Idostan, e vizinhos de Calcu para contestar esta minha opinião, argue-me de inte
tá. O Sr. Ribeiro de Andrada acabou de mostrar que ra falta de logica, mas eu não sei se estarei em o c
isto mesmo podia succeder com o corpo legislativo so de ser arguido de falta de logica, ou se no honr
pois que se vê a Noruega sujeita á Suecia com suas do Membro haverá a de hermeneutica. Nós não tr
leis, sua Constituição particular, e seu corpo legisla tamos agora da arte de raciocinar, mas sim da ar
tivo, não obstante aquelle do Reino a que pertence. de interpretar um projecto de lei. Per tanto as regr
Passou depois o illustre Preopinante a fazer uma de hermeneutica he que nos devem dirigir. Diz o ho
viagem em poucos momentos por todo o mundo e pa rado Membro que se trata de fazer efectiva a respol
rou por fim no Brasil, dizendo, o Brasil he extensis sabilidade dos magistrados; por quanto, ou os crim
simo; esta autoridade não póde constituir-se em to desses andão em um processo, ou não. Se os crim
dos os seus lugares: como hão de vir os habitantes de dos magistrados andão em processo, então o mod
Matto grosso ao Rio de Janeiro, dado que ahi se es de conhecer, e fazer efectiva a sua responsabilidade
tabeleça uma destas autoridades! Como hão de fazer he a revista; senão andão em processo, então he pó
uma viagem tal! Que estranho modo de discorrer! uma queixa. Parece com efeito não serem estas
E como virão a Lisboa distante mais de 23000 le regras que ensina a hermeneutica, para interpretar e
guas? Se não podem vir a 400 leguas de distancia te paragrafo. Não se trata aqui da queixa feita sob
pódem vir a Lisboa a 2 mil! A Constituição (diz o delictos de magistrados não processados; trata-se c
mesmo Preopinante) estabelece que o Rei possa sus suspender os magistrados por queixa feita antes d
pender os magistrados, e por isso tanto os Brasilei processo; de maneira que esta queixa não suppõe qu
ros como Europeos tem e gozão do mesmo direito.
*
não póde haver processo; suppõe que necessariament
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o ha de haver, e não faz mais qne prevenilo; porque zões em que se funda, vem a ser, que na Escocia, na
he um principio de justiça em todos os governos, que Suecia, e nas provincias da America ingleza ha cer
o crime de que não póde fazer-se processo, não póde tas delegações do pºder real; que este pertence a
ser punido. Em consequencia he o paragrafo o mes taes e taes autoridades, e que por isso não he tão
mo que diz que o efeito desta queixa não póde ser unico o poder real, que não possa separar-se, e de
senão a suspensão extraordinaria, e a remessa das in legar-se em outras pessoas; e donde julga o honrado
formações, que a precedêrão, para o tribunal com Membro que da minha parte ha ignorancia em sup
petente. Se pois a suspensão ha de ter após si o pro por que o poder real não póde delegar-se. Notavel
cesso feito no tribunal competente, segue-se que se he a minha ignorancia neste ponto; mas não foi igno
enganou o honrado Membro quando suppõe que esta rancia minha, antes sim esquecimento do honrado Mem
queixa só tem lugar quando não ha processo. Mas o bro, que confunde paizes inteiramente diferentes do
mais notavel he, quando elle suppõe que só póde ter nosso paiz. De quaes trata elle! Trata de paizes que
lugar a suspensão, quando o crime não for processa tinhão pacto estabelecido antes de serem unidos: tra
do, outro honrado Membro suppõe ainda outra cou ta de paizes, que estabelecem um novo pacto para o
sa contradictoria, e vem a ser, que a queixa só póde fim de se unirem; trata de paizes que se confederão
ter lugar depois de findo o processo; isto he contrario para fazer um estado. E qual he o nosso paiz? Q
a todos os principios. Quando se julga uma causa a nosso paiz he aquelle que esteve unido com o Brazil
final, que recurso ha inda ! Uma revista. Mas como desde o descobrimento do Brazil: he aquelle que es
se póde fazer esta revista senão por meio de uma teve unido com todas as provincias ultramarinas des
queixa! Logo be necessario queixa, e depois suspen de o seu descobrimento; que formou o Reino Unida
são, e depois revista. (O Sr. Lino quiz explicar a antes mesmo de ter este nome; que muito antes da
sua opinião). Seja o que for (continuou o Sr. Trigo regeneração politica estava unido a Portugal; e que
so); suppõe o honrado Membro que isto tem cone veio a fazer a sua regeneração quasi no mesmo mo
xão com a revista. Engano manifesto. Não sabe o mento em que Portugal a fez; por isso he um Reino
modo como se póde fazer efectiva a responsabilidade inteiramente unido, que não estava desmembrado que
dos magistrados depois da revista? He o artigo 158, não se formava de provincias isoladas. Como póde
quando as relações declararem nulidade, ou injustiça por tanto argumentar dos outros reinos para o nosso !
notoria (Leu o artigo). Logo temos sentença definiti Alem disto o honrado Membro deve observar que
va em gráo de revista, e não são os juizes que derão a nós não estamos a tratar uma proposição separada;
sentença os que fazem efectiva a responsabilidade, estamos fazendo um systema de legislação, e como?
mas são eles os que tem obrigação ou oficio de darem Estamos no paragrafo 166. O paragrafo 165, e to»
conta desta sentença de revista. Esta conta que em dos os antecedentes já estão sanccionados: os seguintes
Portugal deve ser remettida ao tribunal de justiça, devem ter analogia com elles. Que sanccionámos no
no Brazil deve ser remettida ás relações que a lei de artigo 105 ! Sauccionámos que todas as faculdades do
terminar; mas por isso mesmo que estas relações fa Rei fossem privativas do Rei. Que sanccionámos quan
em efectiva a responsabilidade dos ministros em vir do tratámos do poder legislativo! Que todas as auto
tude da conta que lhes foi dada pelos que julgárão a ridades do poder legislativo ficassem no Congresso.
causa definitivamente em gráo de revista, não se tor Logo, ainda que nos outros paizes se podessem dele
na já precisa a providencia geral da suspensão. Logo gar faculdades do poder executivo, bastava ter dian
tanto se enganou o honrado Membro quando julga a te dos olhos todos os artigos da Constituição, que
suspensão necessaria para os casos não processados, temos sanccionado para afastar para longe de nós a
como o outro quando julga que a suspensão he ne idéa de delegação. (Apoiado, apoiado.) Por isso de
cessaria para julgar as causas de revista. E aqui te maneira alguma, segundo me parece, se me poderá
mos outro engano do Sr. Borges Carnciro, quando attribuir a ignorancia que o honrado Membro me
diz que se fosse prerogativa real este direito de que se suppõe. Admira-se o honrado Membro de eu confun
trata, ele não insistiria em que se communicasse a al dir o direito de agraciar com o direito de suspender
guma autoridade no Brazil. O honrado Membro não os magistrados: e na verdade eu ainda que pouco
se lembra do paragrafo 107, e não viu o numero ter instruido sou nos principios de direito, (e qnem ha
ceiro, onde expressamente se estabelece que ElRei que possa dizer-se que he verdadeiramente sabio!)
não póde suspender os magistrados senão nos casos abi com tudo não sou tão idiota que confunda o direito de
declarados? Ora inverta esta propozição, e ahi a pó agraciar com o direito de suspender e remover interi
de pór já no artigo 105 entre os direitos concedidos namente os magistrados. Sei muito bem que o direito
ao Rei, uma vez que diga que este em tal e tal caso de agraciar perdoa o crime; o de suspender remove
póde suspender os magistrados. Ahi tem pois como interinamente os magistrados. Quando eu disse que
he uma prerogativo real este direito de suspender os estes dois direitos tinhão muita analogia, não foi sup
magistrados (apoiado, apoiado). Se pois o honrado pondo o que o honrado Membro me attribue; mas
Meinbro só insiste na sua opinião por não estar per sim persuadido que estes dois direitos se combinavão
suadido que o direito de que se trata he uma prero perfeitamente em serem remedios extraordinarios, e
gativa real, póde muito bem desistir della; e convir eis o ponto de contacto que tem entre si. O direito
comigo neste parecer. de agraciar he extraordinario, porque faz que não se
Vamos agora a outro argumento. O honrado Mem ja executada a sentença a um réo, depois que a sen
bro da provincia de S. Paulo diz, que uma das ra tença foi mandada executar; do mesmo modo o di
[150]
reito de suspender os magistrados he extraordinario, Findo o periodo destinado á Constituição, e es
porque ele previne o juizo dos magistrados, e ainda tando ainda muito empenhada a discussão do addita
que não houvesse este remedio, o magistrado preva mento, se suspendeu para ser continuada na sessão
ricador estava sujeito a ser processado, e então a for do dia 13.
ça do meu argumento consistia ainda em outra cou Foi ouvido com agrado, e mandado remetter ao
sa, e vem a ser, que tirado o direito de agraciar não Governo para se verificar, um oferecimento dos offi
tºmos cousa que o substitua, pelo contrario se tirarmos ciaes e soldados do regimento de milicias de Basto,
o direito de suspender os magistrados, não ha incon da quantia de oito contos quinhentos setenta mil qua
veniente algum, porque os magistrados hão de ser trocentos e tres e um terço, de que são credores á fa
zenda nacional.
processados pelos erimes que commettèrão. O honra
do membro diz que as relações não devem usar deste Approvou-se o seguinte
direito; mas sim as juntas. Mas qual he a razão por
que não hão de ser as relações, e hão de ser as jun P A R E c E R.
tas! Eu não o sei. São gravissimos os inconvenientes
de uma parte, e outra. Se querem que sejão as rela A Commissão de Constituição viu a representa
ções, porque o poder judicial não deve ser despotico, ção que por parte dos habitantes de Angola sua pa
eu lhe mostrarei que uma vez que se entregue ás re tria faz, Francisco Alexandrino Portella, em que
lações este poder, o poder judicial he logo despotico. expõe que sendo já conhecidas do Governo as violen
(Apoiado, apoiado). eias que o actual governador do dito Reino faz aos
Quem ha de usar da faculdade de suspender os que mostrão adherir ao systema Constitucional, e a
magistrados! São as relações que hão de fazer efecti directa desobediencia com que se oppõe ás ordens
va a responsabilidade, depois de dada sentença em actuaes, trata o mesmo Governo de dimittir aquelle
gráo de revista; isto he, as relações que já tinhão co governador, e para esse fim solicitára do soberano
nhecido extraordinariamente, suspendendo, conhecem Congresso dicisão sobre as attribuições que de hoje
depois ordinariamente julgando: e quem ha de fazer em diante devão ter os governadores daquelle Reino:
efectiva a sua responsabilidade? Ellas mesmas previ e por quanto a demora he mui prejudicial, pede prom
nirão o seu juizo, suspendendo; e farão elas efectiva pta providencia.,
a sua propria responsabilidade! Mas sejão as juntas A Commissão está formando o projecto de decre
provinciaes: ellas são nomeadas pelo povo; o povo to que deve regular a autoridade dos governadores
tem posto nellas toda a sua confiança, e por isso na de Africa; como porém a sua discussão deve levar al
da mais natural do que serem elas as que fação sus gum tempo, e por diversas noticias consta que o di
pender os magistrados. Eu appello para os povos da to actual governador está comprimindo o bom espi
Bahia, os quaes constituírão uma junta provincial, rito daquelles povos, parece á mesma Commissão se
fizerão a eleição desta junta, e são os mesmos que se responda já ao Governo para que haja de provêr nes
queixão della; e o Congresso já está cançado de ou te caso como fôr justo, declarando-lhe que em quan
vir queixas contra os membros que a compõem. Se to não se lhe remetter o decreto sobre as novas attri
guir-se-hião gravissimos absurdos se concedessemos a buições dos governadores d'Africa, devem elles con
um corpo moral uma tal faculdade. Diz o honrado tinuar a exercer as que até gora tinhão.
Membro, que he um absurdo o querer que as provin Sala das Cortes 6 de Fevereiro de 1822. —José
cias do mesmo imperio não tenhão as mesmas com .4ntonio de Faria Carvalho, Bento Pereira do Car
modidades; e confundiu commodidades com direitos. mo, José Joaquim Fereira de Moura, Manoel Bor
Aqui he que bem se póde notar a falta de logica, e ges Carneiro, Manoel Fernandes Thomaz.
náo a de hermeneutica. Com efeito he certo que to O Sr. Borges de Barros apresentou a seguinte
das as provincias e cidadãos devem ter os mesmos di
reitos, mas não se segue d’ahí que devão nem possão IN D 1c AçÀ o.
ter as mesmas commodidades, porque para isto seria
necessario reduzir todo o mundo a pequenas republi Reqneiro ao soberano Congresso, que attendendo
cas como a de Ragusa. E nada dos sustos com que o ao desarranjo em que, pela precipitada partida vierão
h nrado Membro acaba o seu discurso, pretendendo os 16 presos da Bahia, e bem assim os dois ultima
atterrar-nos com a desunião do Brazil, dizendo que mente dalí chegados, com escala pelo Pará, e ora
tão sómente se concilía em quanto subsistir uma for todos no castello de S. Jorge desta cidade, autorise
ça no Brazil que faça com que os povos se não apar ao Governo para que dê a cada um delles 13200 réis
tem do Governo da Metropole. Não tenhamos receio diariamente, e que o total dessa despeza seja pago
algum a este respeito (Apoiado, apoiado). A pezar dos pela provincia da Bahia. — Domingos Borges de Bar
sustos que nos pretende incutir o honrado Membro, o 1"OS. •
Brazilha de continuar umido a Portugal, porque os de Dirigiu-se com urgencia á Commissão de justiça
sejos e interesses reaes do Brazil pedem essa união criminal.
(Apoiado, apoiado). O mesmo digo de Portugal: os 1’ez-se 1.° leitura dos seguintes artigos addício
Portuguezes hão de conservar a união com o Brazil, naes ao cap. VI do tit. IV do projecto e Constitui
porque isto he uma consequencia necessaria dos seus çao:
interesses. A união das provincias deste vasto imperio Os militares só poderão ser privados dos seus pos
em um sólido apoio: desejos reciprocos, necessidades tos por sentença proferida em conselho de guerra, e
eciprocas. confirmada no tribunal competente.
I is l
Todos os militares serão sujeitos a leis particula pela denominação do Douro he o unico, que produz
res, tanto para manter a disciplina, base fundamen vinho precioso; isto he um engano, e não admira pe
tal do exercito, e da armada, como para regular a la desgraça da pouca informação que nós temos da
fórma do juizo em que devem ser julgadas, a quali nossa patria. A provincia de Tras-os-Montes, e a da
dade das recompensas pelos seus serviços, e das pe Beira tem mesmo junto ao Douro terrenos proprios
nas nos delictos militares pelos termos prescriptos nos para a producção de excellentes vinhos, apezar desses
regulamentos actuaes, e que para o futuro se estabe terrenos estarem fóra da demarcação chamada das vi
lecerem. — O Deputado Barão de Molletos. . . . nhas do Alto Douro. Muitos districtos da provincia
Chegada a hora da prolongação entrou em dis de Tras-os-Montes cultivão presentemente muito vi
cussão o artigo 22 do projecto da reforma da compa phe, e este teria muito consumo se a navegação do
nhia do Alto Douro (v. a sessão de 30 de Janeiro) , Douro fosse livre para esses vinhos se exportareth Pa
Depois de algumas observações propõe-se á vota ra reinos estrangeiros. Eu não posso conceber como
ção a 1.° parte do art., e ficou approvada: propoz se tire aos lavradores da Beira , e Tras-os-Montes o
se a 2.° parte, e decidiu-se não haver lugar a votar direito, que tem os lavradores de todos os mais dis
por estar antecedentemente approvada a sua dou trictos de Portugal, e do Algarve! Os lavradores das
iTIma. margens do Tejo, os do Mondego, e os que tem á sua
Passou-se ao artigo 23, e depois de alguma dis disposição os portos do Reino he-lhes permittido ex
cussão foi proposto á votação até á palavra carrega ortarem os seus vinhos, em quanto os de Tras-os
los, e foi approvado. - - ontes e os daquela parte da Beira, que poderião
Entrou então em discussão e foi approvada a se aproveitar-se da navegação do Douro, são conde
guinte emenda do Sr. Deputado Soares de Azevedo mnados a renunciar a um beneficio da natureza! Nun
para subsistituir as ultimas palavras do artigo, sem cá foi mais necessario destruir estes estorvos do quê
dependencia de qualidade alguma: •
presentemente, a fim de nos aproveitarmos das vam
.Asaguas ardentes, que forem conduzidas do Por tagens, que as circunstancias politicas da America hes
to para serem exportadas, entrarão pôr depèsito nos panhola vão oferecer ao nosso cºmmercio; porque ou
armazens da companhia, como até#" se pratica àquelas provincias se separem da metropole, ou conti
va; e à companhia dará as competentes guias para o nuem ligadas com ella, os seus pertos naturalmente se
embarque dentro de 24 horas depois que lhe forem pe vão abrir ao commerció estrangeiro, e nenhum estado
didas. da Europa está em circunstancias de fazer um commercié |
Passando-se ao artigo 24, propoz o Sr. Braam tão vantajoso como Portugal, tanto pela sua posição,
camp a suppressão dele, e foi approvada. com particularidade os portos do Reino, como pela
Tambem se propoz e foi approvada à suppressão similhança de costumes das duas nações, e generos do
do ártigo 25. nosso paiz. Anima-se alem disso a navegação do Dou
Quanto ao artigo 26, resolveu-se não haver lu ro, e não se prejudica aos vinhos chamados de feito
gar a votar por estar já vencida a sua doutrina. ria; porque se eles são superiores aos dos terrenos de
Approvou-se o artigo 27. fóra da demarcação, estes não poderão competir com
Entrou em discussão o seguinte additamento ao eles, nem desviarão os compradores, os quaes sem
projecto de reforma da companhia: pre comprão à melhor qualidade de genero; e portañ
Proponho como additamento ao projecto de de tó não se devem àssustar os lavradores da demarcação
creto para a reforma da companhia dos vinhos do Al da Feitoria com a concurrencia dos vinhos dos dis
to Douro, que se declare expressamente, que ficão trictos de fórá, uma vez que elles considerão estes vi
cessando quaesquer obstaculos, ou duvidas que pos nhos como inferiores em qualidade; porém se eles fo
são empecer a livre navegação do Rio Douro, pó rem de excelente quálidade, como na realidade são,
dendo os habitantes das provincias da Beira, e Tras então he uma injustiça clara o impedir o progresso
es Montes, cujas propriedades de vinhas não estão da lavoura, e do commercio daquelles districtós, aos
dentro do districto da demarcação do Alto Douro, quaes se refere o meu additamento,
exportarem ou venderem os seus vinhos, para serem O Sr. Ferreira Borges: - Eu não tenho du
exportados pelo Rio Douro, e barra do Porto, pá vida em que o vinho, producto de uma e outrá par
gando os mesmos direitos,, que pagarem os vinhos te do Douro, venha pelo rio Bouro abaixo, e seja
até o presente exportados pelo Porto. — Sarmento ; vendido no Portº aquartilhado, isto está decidido,
Pessanha. • •
porque está abolido o privilegio da companhia a res
Em "… deste additamento disse peito do ramo. Mas que este vinho se venda em gros
•
o Sr. Sarmento: — A materia que oferece o meu so aos nogociantes do Porto, e que possa entrar em
additamento parece-me tão justa , que eu receio ser armazéns, e que tenha qualidades específicas para em
taxado de importuno, querendo tomar ó tempo com barque; que isto chegue ao contracto dos armazéns em
a exposição delle. Tive alem disso à fortuna do illus que o vinho de feitoria se acha, e que possa ser in
tre Deputado o Sr. Pessanha apoiar o mesmo additá troduzido, a isto me opponho eu. Portanto pelo que
mento, autorizando com a sua assinatura a doutrina respeita ao vinho miudo sou de parecer que possão
do adáitamento que eu propuz. Elle pela sua expe vender, e pelo que respeita ao vinho em grosso quere
riencia, e conhecimentos melhor poderá advogar a cau rei que não possa vir vinho de cima, e ser levado a ar
sa dos lavradores de Traz-os-Montes, e eu o interesse mazens sem que haja uma ficalização, uma guia para
da Beira. Muita gente suppõem que o paiz conhecido que não possa ser confundido com e vinho legal dº
embarque.
[ 152 ]
O Sr. Sarmento: —Convirei na emenda, no en O que V. Exc." levará ao conhecimento de Sua Ma
tretanto sempre me persuado de que o receio das adul gestade.
terações dos vinhos do Douro era uma força, e pre Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 11
texto da companhia; porém eu nunca tive em vista de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
que os vinhos de fora fossem introduzidos para mis
turas. O fim do meu additamento he facilitar a ex Para Candido José Xavier.
portação dos vinhos, conseguindo que pelo Porto (por
ser o canal mais proximo) tivesse lugar o poderem ser Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
levados para todos os reinos, e regiões estrangeiras. tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
Convenho em que elles sejão guardados em armazens mandão remetter ao Governo a fim de ser competen
separados, e que mesmo se estabeleça no Porto um temente verificado, o incluso oferecimento, que fazem
lazareto, a fim desses vinhos não empestarem os ou ao soberano Congresso, a beneficio da divida publica,
tros, visto o receio que ha da sua má qualidade, po os oficiaes, officiaes inferiores, e soldados do regimento
rém que elles possão saír para toda a parte, sem es de milicias de Basto, da quantia de 8:57034033 réis,
torvo algum; e este he o fim do meu additamento. proveniente de prets, e soldos vencidos; que se lhes |
Propoz o Sr. Presidente á votação o additamen estão devendo, além das etapes, de que se acha por
to, e foi rejeitado. -
liquidar a maior parte da conta. O que V. Exc.ºle
Propoz-se então com o additamento do Sr. Fer vará ao conhecimento de Sua Magestade.
reira Borges concebido nestes termos: Este vinho se Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 11
rá conduzido com guia, manifestado e recolhido de de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
baixo da fiscalisação da autoridade que vigiar sobre
os direitos : e foi assim approvado, dando-se por con Para o mesmo.
cluida a discussão do projecto, para este passar para
a Commissão de redacção. Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
os pareceres das Commissões; e na hora da prolonga sendo-lhes presente a inclusa representação que por
ção alguns mais urgentes da Commissão de fazenda parte dos habitantes de Angola, sua patria, faz Fran
Levantou-se a sessão ás duas horas da tarde. João cisco Alexandrino Portella, expondo as violencias do
de Sousa Pinto de Magalhães, Deputado Secretario, actual governador daquelle Reino contra os que mos
trão adherir ao systema constitucional e a directa deso
Resoluções E ORDENs *As Coares. bediencia com que se oppõe ás ordens actuaes; mandão
remetter ao Governo a mesma representação; para que
Para Filippe Ferreira d'Araujo e Castro. haja de prover neste caso como for justo, na intelli
gencia de que em quanto não se expedir o decreto das
• Illustrissimo e Excelentissimo Senhor.—As Cor Cortes sobre as novas attribuições dos governadores
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza de Africa, devem estes continuar a exercer as que até
ordenão que lhes seja transmittida a consulta da me agora tinhão. O que V. Exc." levará ao conhecimento
za da consciencia e ordens, que foi exigida pela ordem de Sua Magestade. , .
das Cortes de 24 de Novembro de 1821, sobre o re Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 11
querimento do doutor Manoel Martins Bandeira, de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
queixando-se de serem obrigados os naturaes das pro
vincias de Ultramar a fazer no juizo d'India e Mina Para Ignacio Pinto de Almeida e Castro.
a mesma justificação, que o regimento e as leis só
determinão para os naturaes do Reino de Portugal, As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação
que tem a receber herança dos falecidos no Ultramar,
portugueza concedem a V. S."licença portanto tempo
accrescentando V. Exc." qual tem sido a razão da quanto seja necessario para tratar do restabelecimento
demora. O que V. Excº levará ao conhecimedto de da sua saude, esperando do seu conhecido zelo, e
Sua Magestade. •
amor da patria, que apenas seja possivel V. S." não
•
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 11 deixará de vir logo continuar neste soberano Congresso
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. as funcções de que dignamente se acha encarregado. O
que participo a V. S." para sua intelligencia.
Para José da Silva Carvalho. Deus guarde a V. S". Paço das Cortes em 11
de Fevereiro de 1822. —João Baptista Felgueiras.
1llustrissimo e excelentissimo Senhor. — As Cor N.B. Na mesma data, e conformidade se passou
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza igual licença ao Deputado Rogrigo Reibeiro Telles;
mandão remetter ao Governo o incluso oficio do juiz e na data de 12 ao Deputado Ignacio da Costa
de fóra de Angra, Eugenio Dionisio Mascarenhas Brandão.
Grade datado em 21 Janeiro proximo passado, dan
do conta do motim que uns trinta individuos quize Radator Galvãº
não fazer naquella cidade das sete para as oito da noi
te de onze do dito mez, a fim de que se temem a es
te respeito as providencias que parecerem necessarias.
[ 153 ]
-=- - -
Foi remettido o officio á Commissão de saude pu
blica com urgencia.
O mesuo Sr. Secretario mencionou mais.
SESSÃO DE 12 DE FEVEREIRO. Um officio do ministro do interior, enviando a
copia do ultimo oficio do ministro portuguez em Ro
• • • ! |– + • •
lio concedido na portaria de 9 de Maio de 1821, de Um dito do mesmo ministro, enviando a relação
duas partes nas loterias nacionaes, o que involve de dos individuos, que no regimento de infantaria n.° 20
mora e incerteza, lembre rsspeituosamente, que seria forão promovidos a alferes por portarias de Janeiro de
conveniente autorisar-se o Intendente geral da policia, 1809. A Commissão militar. •
para soccorrer pelo cofre da Intendencia a cada um Um dito do mesmo ministro, acompanhando o re
dos mencienados estabelecimentos com a quantia de um querimento de D. Guilhermina Bernada Trinité,
conto de réis por emprestimo, em quanto se não pro junctamente com a devida informação do contador fis
porciona os meios de occorrer com estabilidade á des cal da thesouraria geral das tropas. A Commissao de
peza annual de quatro contos de réis, que exige a ma fazenda.
nutenção de oitenta e duas pessoas, que em cada um Um officio da commissão de commercio da cidade
delles se approveitão. Digne-se V. Exº apresentar es d'Aveiro, enviando o resultado dos seus trabalhos. A",
te objecto assás digno da consideração do soberano Commissão de commercio.
Cougresso para determinar o que houver por bem. . Uma felicitação da camara de Coruche pele an
# guarde a V. Exc. Palacio de Queluz em 11 niversario da instalação das Cortes, acompanhando a
de Janeiro de 1822. — Filippe. Ferreira de Araujo e relação das festas, que aquelles povos fizerão em hon
Castro.—Sr. João Baptista Felgueiras. ra do soberano Congresso pelos bens reaes liberaliza
O Sr. Peixoto: — Parece-me que podería dar-se dos, e mais ainda pela lei dos cereaes. Ouvida com
logo a resposta ao ministro. O Congresso mandou agrado.
que os dois recolhimentos fossem provisoriamente as - Uma relação das festas; que a camera de Setubal,
sistidos do necessario pela Misericordia: a Misericordia o vigario geral com cinco parocos da mesma, e suas
actualmente não tem para suas despezas indispensa respectivas collegiadas, fizerão pelo motivo do anni
veis, porque tambem lhe falta o subsidio, que tirava versario da instalação das Cortes. Ficárão inteiradas.
das duas loterias, as quaes lhe davão o melhor de 40 Uma oferta do redactor do periodico — o Patrio
contos de réis: não póde pois ser eficaz a providen ta Funchalense — enviando o restante dos numeros,
cia, e a necessidade insta. O Ministro propõe que que se tem publicado. A bibliotheca das Cortes.
para acudir com soccorro á urgencia das duas casas Uma exposição do tenente coronel Antonio Can
se tire do cofre da intendencia um conto de réis em dido Cordeiro, governador da cidade, e barra de
Prestado, o qual será pago pela consignação, que de Aveiro, sobre a estima do local da jurisdicção militar
futuro se lhes fizer. Se o cofre tem força para o em do seu governo, e sobre sua preponderancia militar,
prestimo, como he de crer, visto que o Ministro as em quanto á defeza exterior do #. A's Commis
sim o suppôe, não ha motivo algum, porque se não sôes militar, e de marinha.
Perinitta que o faça. Uma memoria do cidadão o reverendo prior de
V
[154 |
Messejana Joaquim Anastacio Mendes Velho ácerca sua familia: porém em sessão de 2 de Outubro pas
da veada de bens de raiz, pura, condicional, ou a re sado lhe foi indeferido este requerimento pelo sobera
tro. A Commissão de justiça civil. . . … no Congresso. - - - * * * *
* Uma dita do mesmo sobre a decadencia das letras Fez o supplicante novo requerimento, em que
na com arca do Campo de Ourique, suas causas, e pede perdão, ou uma revista de graça especialissina,
reino lios. A de instrucção publica. alegando para isso injustiça notoria , ou nullidade
. Um pedido do Sr. Deputado Ribeiro Telles de manifesta nos autos do seu processo por falta de p os
quinze dias de licença. Concedida. -
va, e defeza delle réo, e que os contratadores do taº
. . Um outro igual Sr. Deputado Costa - Brandão. baco se já
plicante dãotem
porsofrido.
satisfeitos com o castigo que o supº
* * * * * • •
Concedida. -
Acabado o expediente, apresentou o Sr. Deputado Subírão aquelles autos á Commissão, a qual de
Govea. Durão uma memoria de Joaquim Antonio pois de os examinar, julga se devem remetter ao Go
-4lves Milton ácerca dos fogos, que na provincia do verno com os requerimentos do supplicante, e de Jo
Alentejo tem devastado searas, pastagens, monta sé Pinto de Olivcira tambem condennado nelles, pa
dos, olivaes, ect. A Commissão de agricultura. ra que mande cousulter sobre os ditos requerimentos
… Um requerimento apresentado pelo Sr. Deputado a Junta da adininistração do tabaco, ouvidos os con
Mendonça Falcão, do paroco, e freguezes do lugar tratadores dele, e depois faça subir tudo a este Con
de Val de la Mula, em que, depois de felicitarem o greso para lhe defirir como fôr de justiça. Paço das
Congresso, expõem as suas actuaes miserias, e pedem Cortes em 17 de Dezembro de 1821. — Bazilio Al
uma consignação pecuniaria, ou outra alguma pro berto de Sousa Pinto ; Antonio Camello Fortes de
videncia. Ouvida com agrado a felicitação: e em quan Pina ; Francisco Xavier Soares de Azevedo.
to ao pedido á Commirsão de petições. José Caetano do lugar de Baldos de Moinenta
Feita a chamada, estavão presentes 110 Senhoda Beira comarca de Lamego pede revista de uma
res Deputados, e faltavão os seguintes: os Senhores
sentença da relação do Porto proferida em 1820 que
Pimentel, Canavarro, Alves do Rio, Ribeiro Cos o condemnou em 603000 réis para a parte, 303000
ta, Sepulveda, Bispo de Beja, Felisberto de Cer réis para as despezas da relação e 5 annos de degre
queira, Van Zeller, Baeta, Brancamp, Brandão, do para a India pelo crime de um tiro dado de pro
Almeida e Castro, Innocencio de Miranda, Queiro posito e caso pensado na pessoa de Manoel Antonio
ga, Mantua, João de Figueiredo, Ficcnte da Sil. da Motta do mesmo lugar e termo, alegando nuli
va, Faria, Afonso Freire, Sousa e Almeida, Isi dade do processo, falta de prova, e desproporção da
doro dos Santos, Gomes de Brito, 3efyrino, Ban pena.
deira, Ribeiro Telles. -
Parece á Commissão de justiça criminal não tem
Ordem do dia. |-
o ditõ artigo 177 e com força de lei. A Commissão de marinha examinou um requeri
Antonio Pinto da Silva, do conselho de Cabril, co mento assignado por cinco alumnos da academia da
marca de Lamego, allega que tendo sido injustamen marinha, os quaes allegão ser injusta e opposta ás
te prezo no castello daquella cidade por ordem do bases da Constituição a lei que determina que só pos
corregedor daquella comarca, e tendo fugido do são ser admittidos a voluntarios de escala da armada
mesmo castello por arrombamento que nelle fizerão os alumnos da referida academia que levarem os dois
outros prezos seus companheiros, e andando por este premios quando ha muitos oficiaes de marinha que
motivo
do. ha muitos tempos foragido pede ser perdoa não tem o curso mathematico; dizem mais que a re
•
de Cabedo, que implorava uma similhante graça, jul Guimar Thereza viuva pe João da Silva, solda
ga que achando-se o supplicante nas mesmas circuns do que fora da artilheria, allega que querendo reçe"
tancias deve ser indeferido o seu requerimento. - ber da junta do arsenal fardamentos e fardetas, que a
Paço das Cortes em 28 de Janeiro de 1822. — seu falecido marido se ficárão devendo, lhe exigirãº
Francisco Simões Margiochi ; Marino Miguel Fran ali para esse fim, que apresentasse habilitação sua º
zini ; José Ferrcira Borges ; Manoel de Kasconcellos de seus filhos menores como herdeiros; e porque não
Pereira de Mello. •
D. Caetana de Souza Pavão, viuva de Alvaro Parece á Commissão que se escuse este requeri
JMoraes Soares, tenente que foi do regimento de ca mento, porque não se devem alterar as regras justa
valaria n.° 12, allega, e prova que seu marido foi mente estabelecidas e que fazem a segurança de quem
morto em 11 de Agosto de 1832 na acção. Pede o tem responsabilidade, e que não deve pagar-se senão
soldo por inteiro de seu defunto marido, e diz que a quem poder receber. e passar recibo. * **
esta graça se tem concedido a outras víuvas de miliº Luiz Paulino de Oliveira Pinto de França ; Al
tares, que morrerão em combates. varo Xavier das Povoas ; José Victorino Barreto
Parece á Commissão de guerra, que he attendi Feio ; Barão de Molellos ; Manoel Ignacio Mar
vel este requerimento, cuja alegação está plenamen tins Pamplona ; Francisco de Magalhães de Araujo
4'imentel ; Antonio Maria Osorio Cabral.
te comprovada, e por consequencia a supplicante nas •
usar dos meros competentes, para haver a porção com O Sr. Pinto de Magalhães: — O que diz o Preo
que seu marido concorreu para o monte pio. pinante he conforme com os principios da equidade,
f 157]
entretanto ele mesmo acaba de confirmar que he ne ministro dos negocios do Reino remettendo duas res
cessario medidas geraes; e para isto he necessario que presentações, uma da Junta da administração das Wi
vá a outra Commissão, pois º de guerra não podia "has do Alto Douro, e outra dos negociantes estran
conformar-se senão com as leis existentes. geiros do Porto; e, em consequencia igualmente #
+
O Sr. Guerreiro; — He necessario que *# ter o Sr. Ferreira Borges manifestado que o object
que se quer fazer, á viuva pretendente não dimi das representações era pedir, se prolongasse por al
nua a certeza do direito que ela póde ter a similhan guns dias º prazº em que a feira deve commessar;
te pretenção; todo o erro que podesse haver nisto pó e que como o negocio he da maior urgencia, seria
de ser que fosse prejudicar aos verdadeiros herdeiros convenieute que se resolvesse hoje mesmo: " " "
do defunto, Não póde contar este direito senão por Concedida a licença, o Sr. Soares Franco leu o
meio de uma habilitação feita com todo º rigor da seguinte , , , ,,, , • - -
lei. Muito embora se ponha aos ministros da justiça ... " … … P A R E c ER. •
O Sr. Pamplonna: — As formulas para a arreca mil réis, que se despendião com o escaller do gover
dação da fazenda, e os pagamentos n㺠se pódem al nador, e que o corregedor informasse se havia algum
terar, porque dahi resultarião abusos infinitos para o rendimento como, da misericordia ou de confrarias,
Thezouro; o unico que se póde fazer he, o que tem que podesse ter o # destino. -
manifestado o Sr. Guerreiro, mas não póde ser, dis O corregedor informa que misericordia, nada se }
simular as formulas. . . ": póde tirar, porém que as confrarias daquella cidade
O Sr. Camello Fortes: — Eu approvo o parecer podem commodamente contribuir com a quota de nor
da Commissão além das razões apontadas Por outra, ventº e quatro mil e quatrocentos rêis:-Lembra mais
e he, para evitar a fraude. He necessario que seto que não sendo necessário o escaller para o governador
me uma medida a este respeito; mas qüê seja uma das armas, se aforasse a casa onde ele se recolhia, e
medida legislativa, º , º • - - se xendesse º escaller e,utensilios, a ele anexos. que
.
. Foi posto a votos o paracer da Commissão, º foi aliás se arruinarião, e que o seu producto se pozesse
approvado, ficando esta encarregada de propor algu a render debaixo da administração do hospital para
na medida geral a este respeito. - . . . se pagar mais a tantºs expostos, para quantos chegas
O Sr. Soares Franco pediu licença para ler º Pa se o seu rendimento. Soube tambem que havia naquel,
recer da Commisão reunida de Gommercio e agriculr la cidade uma capella instituida por Lope Kak Ma
tura, de que a dita Commissão tinha sido incumbida chado, cujo rendimento he actualmente de 943662
nesta mesina Sessão em consequencia de ter-se lido réis, repartido por quarenta pobres com o onus de 29
ao tempo de dar conta do expediente um officio dº missas, debaixº dº administração do vigario dava:
[ 158 |
ra, e visto deverem considerar-se os expostos como pertence á capella he destinada para soccorrer alguns
os pobres mais necessitados; poderia interinamente fa pobres; mas parece-me não he desviar os rendimen
zer-se para elles a applicação daquelle rendimento. tos do seu instituto, applicando-os aos expostos, pois
Conclue o corregedor, que reunindo estes rendimen que pobres poderão ser mais necessitados que umas
tos aos já anteriormente destinados, e a alguns que desgraçadas crianças, que morrérão sem este soccorro!
em caso de maior necessidade se podem tirar das ren Por tanto aqui estão as informações necessarias.
das que alí ha destinadas para obras publicas, não O Sr. Lino Coutinho: — Não posso deixar pas
será precizo fazer derrama no lançamento do presen sar aqui um principio que se tem manifestado, de
te anno, nem nos seguintes. que os expostos pertencem á terra aonde nascem, e
A Commissão he de parecer que se adoptem as que ella os deve sustentar. Os expostos são filhos da
tres medidas lembradas pelo corregedor de Tavira, nação, e á nação pertence o sustentalos. Todo o di
porque ainda que sejão módicas, da reunião de todas nheiro da nação destinado a estabelecimentos de be
resulta o grande beneficio de se livrar o povo do ve neficencia pertence aos desgraçados expostos, que
xame das derramas. Paço das Cortes em 19 de De não tem quem delles trate. Partamos destes princi
zembro de 1821. — Francisco Soares Franco ; Hcn pios, e vamos ver se as providencias propostas pelo
rique Xavier Baeta ; João Vicente da Silva. corregedor de Tavira são ou não convenientes. Uma
O Sr. Fernandes Thampz: — Senão entrão bens dellas he applicar os rendimentos de uma confraria:
nacionaes, approvo o parecer, mas se entrão, oppo qual será mais grato aos olhos da divindade, não se
nho-me a ells. •
rá mais attender a uns innocentes expostos á morte,
O Sr. Soares Franco: — Não entra nenhum ren sem soccorro, não será obra mais meritoria, e mais
dimento nacional. agradavel a Deus attender, digo, a esses innocentes,
O Sr. Sarmento: — Essa forte derrama vê-se que accender quatro vélas em uma confraria? Passe
bem que nasce da forte geração que ha de expostos mos a eutra cousa. Diz-se que se não deve tocar na
em Tavira. O costume que ha em todo o Portugal casa, porque he bem nacional; alem de que, como
he que os expostos sejão sustentados pela mesma ter já mostrou o Sr. Saares Franco, não se vai tirar
ra. Parece-me que no parecer se trata de rendimentos nada á nação, por venturá a nação não póde fazer
nacionaes, como he a casa do escaler, e o mesmo es uma esmolla áquelles desgraçados? Isso seria querer
caler, segundo percebo da informação que se tira do tirar a generozidade á nação Em quauto ao escaler
parecer. O que he todavia necessario he saber-se, se parece que não servia senão para levar o capitão ge
estes objectos pertencem á fazenda publica ou aos po" neral do Algarve, o qual nunca usava; por conse
vos de Tavira. Assim como eu tenho pedido que guinte os meios lembrados pelo corregedor os julgo
não se toque nas sizas, porque são dos povos, tam muito convenientes. Diz-se que a capella he institui
bem sou de parecer que se vigie do mesmo modo o da para sustentar pobres: mas todos, me parece, que
que he de fazenda publica. Tambem se não póde al concordarão que os expostos são os pobres que mais
terar a instituição da capella; he muito util que os percisão; por conseguinte se tem de ser soccorrido
pobres achem na sua ultima idade algum recurso que um homem que ás vezes he um vadio cheio de vicios,
os abrigue da miseria , particularmente quando de he melhor que o sejão esses infelizes meninos, que
estabelecimentos dirigidos a este fim ha muita falta não tem recurso algum: nem isto he contra o insti
em Portugal. Sou por tanto de opinião que a este tuidor da capella, porque o instituidor diz que se dê
respeito não deve haver alteração alguma em nossas aos pobres, mas não diz a quaes, e ninguem negará
leis, e que não se deve fazer uma excepção para Ta que os expostos são pobres. .
vira, porque são encargos a que todas as terras, e * O Sr. Camello Fortes: — Que a Nação deve
conselhos estão sujeitos. ter grande vigilancia sobre os expostos, e sua creação,
O Sr. Guerreiro: — No parecer que foi lido vê que disto deve ter-se grande cuidado, não ha duvida;
jo que nos faltão os esclarecimentos necessarios para não se trata de que os expostos não devão ser soccor
se poder tomar deliberação a este respeito. Ainda ridos, trata-se de quem ha de soccorrelos; e segundo
que eu esteja muito pouco esclarecido , contra isto as leis do Reino essa obrigação pertence a cada um
lembra-me com tudo que os erros dessa administração dos povos. A 'cerca do que se tem dito sobre as con
dos expostos datão de mui longe: a respeito do que frarias, he verdade que he muito agradavel aos olhos
propoz o corregedor, eu não posso conformar-me, e de Deos cuidar dessas innocentes creaturas: mas he
sou de parecer que esses papeis se remettão novamen necessario ter tambem em vista, que uma vez que te
te ao Governo, para que tomando os conhecimentos nhamos uma religião dominante, e admittamos um
que sejão necessarios, torne a informar ao Congresso culto exterior, he necessario sustentalo decorosamente,
para que este possa resolver com pleno conhecimento O Sr. Guerreiro : — Ninguem me excede em
de causa. •
ça do Augusto Congresso para assim o haver por bem. Foi posto a votos por partes o parecer da Com
Resolveu o Soberano Congresso as justas supplicas dos missão,
III e IItes
e todas ellas forão approvadas provisoria
, -- •
cessario sustentar o Culto Divino: isto he uma verda O Sr. Peixoto : — Apoio o voto do Sr. Guer
de, he muito necessario, mas temos n’uma igreja reiro. Nós não podemos estar a estabelecer subsidios
vinte velas acezas por uma cousa que não vale a pe parciaes para a creação dos expostos em cada um dos
na; porque não se hão de tirar algumas para isto que districtos do Reino: as providencias devem ser geraes
he melhor. Nós somos muito religiosos ; mas julgo assim como he geral a precisão dellas. Muito menos
que o somos mais de palavras que do coração: o Cul deveremos pelo nosso só arbitrio dispôr da proprieda
to Divino devia dar uma porção para cuidar desses de de corporação alguma. Se tal resolvessemos teria
expostos. He necessario considerar, que em quanto mos aqui uma multidão de requerimentos similhan
aqui se gastão palavras os infelizes morrem de fome tes: porque por toda a parte a despeza dos expostos
ao desamparo. Para que se conheça qual he a sua he excessiva; e muitos districtos não podem absolu
desgraça digo, que sei que na Bahia os sustentavão tamente satisfazela, de maneira, que se mandão os
com papa feita com agua ardente, a fim de que dor expostos de umas para outras rodas; e muitos de Iles
missem muito, e morrião todos: muitas vezes havia morrem nessas viagens; são portanto mui necessarias
duas amas para trinta expostos, e estas os matavão as providencias; mas esta não póde por agora adop
mesmo desapiedadamente; he preciso pois que tenha tar-Se.
mos consideração nisto, não só por piedade, senão O Sr. Borges Carneiro: — Eu desejaria que fos
por politica, aliàs não somos homens. se ouvida a confraria, pois talvez ella consentirá, e
O Sr. Guerreiro: — Eu quereria, e faço propozi com isso cessará todo o inconveniente.
ção formal, que antes de se proceder á votação se Foi posto a votos o parecer, e não foi approva
pessão informações ao Governo sobre o rendimento do: decidiu-se, que se enviasse ao Governo, para que,
das sizas dessa comarca, para saber se pede ou não ouvida primeiro a dita confraria, dê as providencias
pede com razão algum soccorro para os povos: em precisas. -
segundo lugar me parece que não devemos estar a to O Sr. Rodrigo Ferreira por parte da Commissão
mar sobre isso medidas particulares: a situação de de redacção do diario das Cortes leu o seguinte
Tavira, e Castro Marim he o mesmo que a de todos
os povos do Reino; e sería melhor que a mesma Com P A R E c E R.
missão propozesse uma lei geral para a criação dos *
expostos, e se evitarião os inconvenientes que se gas Henrique José Pereira de Lima, e José Joaquim
tão quando se querem tomar - medidas particula Gonçalves, escriptuarios empregados no estabelecimen
IeS,
/
[ 161 ]
to da redacção do diario das Cortes, pedem ao sobe mento provisorio do estabelecimento da redacção do
rano Congresso, que mande passar a cada um seu diario, propõe ao soberano Congresso a admissão do
título do referido emprego, com declaração da anti primeiro, e promoção dos outros a taquygrafos me
guidade, e ordenado que tem. nores das Cortes, com a condição de escripturarios
Consta do livro das actas da Commissão da re da versão de suas notas, vencendo os ordenados se
dacção do diario, que os # Servem este efT - guintes, até que hajão adquirido maior destreza na
prego desde o principio de Fevereiro de 1821, com o arte taquygrafica, e copia dos conhecimentos subsi
ordenado annual de 2403000 réis; e he-lhes permit diarios. . ""
tido este titulo no artigo 2.° do regulamento proviso Para terem o ordenado annual de 2003000 réis,
rio do estabelecimento. José Servulo da Costa, e João José Alves Freine
A Commissão, considerando os supplicantes di da. -
gnos de serem conservados no dito emprego com o Para terem o ordenado annual de 1605000 réis
mesmo ordenado, julga poderem ser-lhes necessarios Jeronimo de Almeida Brandão, e João Pedro Pres
esses titulos: e he de parecer, que elles sejão passa tes. * ' -
dos, e registados na secretaria das Cortes, e assigna Para terem o ordenado de 1403000 réis Fran
dos por dois dos Srs. Secretarios. cisco de Sales Rodrigues Leiria, c Diocleciano Anto
Paço das Cortes em 27 de Janeiro de 1822. — mio Pedro Freire. -
Rodrigo Ferreira da Costa ; Antonio Lobo de Bar Paço das Cortes em 4 de Fevereiro de I822. —
boza Ferreira Teixeira Gyrão ; José Ferrão de Rodrigo Ferreira da Costa ; José Ferrão de Men
Mendonça e Sousa ; Antonio Pereira ; Francisco donça e Sousa ; Antonio Pereira ; Francisco Anto
.Antonio de Almeida Moraes Pessanha. nio de Almeida Moraes Pessanha.
Foi approvado sem discussão. •
faça executar a lei em toda a sua extenção, não O Sr. Miranda por parte da Comunissão das ar
dando entrada a carga alguma, em que houver certe tes leu o seguinte P A R E e E a.
•
de exceder o prazo da futura colheita: pelo balanço .Manoel Mendes de Moraes e Castro, e seu ir
do terreiro publico desta capital em data de 31 zde mão, socios com sºu pai Luiz de Almeida .Moraes,
Janeiro se vê que a sua cxistencia de generos cereaes por provisão de 12 de Janeiro de 1790, obtiver:io
em Lisboa he de trigo 24.062 moios, cevada 9:209, approvação e faculdade para poderem estabelecer, co
milho 41327, centeio 54, farinha estrangeira barri no com efeito estabelecêrão na cidade do Porto, uma
cas 5:006, total 38:653, e 45 alqueires, achando-se fabrica de galões de ouro e prata finos. Para pôrem
á distribuição em 22 de Setembro de 1821, sabe-se em laboração esta fabrica não se poupárão a fadigas
officialmente, que na provincia da Estremadura, e nem despezas, dispendendo muito de seu cabedal ein
Alémtejo, ha um sobejo de cereaes, que estão a ser maquinas, utensílios, e artifices, e mandando vir de
conduzidos em direcção para esta capital, e muito fóra do Reino, o que nelle não podião haver, a fim
principalmente isto acontecerá depois de ultimadas as de levarem este estabelecimento áquele gráu de per
sementeiras; o que tudo faz, que o preço seja regu feição de que tanto elles como o publico tirarão as
lar, e que de modo algum chegue ao preço, que a maiores vantagens.
lei determina para a admissão de trigo estrangeiro. Laborava a referida fabrica com publica e geral
A Commissão de agricultura deve informar este So acceitação, quando pelo edital da junta do commer
berano Congresso, que este anno já em virtude da cio e fabricas foi comprehendida na generalidade da
lei dos cereaes se tem setmeado muito mais de um ter resolução de 29 de Outubro de 1804, que mandou
ço das terras, que nos sete annos antecedentes; e que fechar todas as fabricas desta natureza, e deixou só
a temperatura deste inverno tem sido, graças á provi mente á fabrica das sedas este ramo exclusivo de in
dencia que nos protege, tão regular, que he de esperar dustria. Exforçárão-se os recorrentes por subtrahire a
haja uma colheita abundante. a sua fabrica ao terrivel golpe, que neste ramo de in
A Commissão por esta occasião não póde deixar dustria havia dado aquelle edital; porém na direcção
ela silencio, que senão fosse a providente lei de 24 da fabrica das sedas encontrárão um poderoso º 1dver
*
[163]
sario que pugnou pelo seu exclusivo com tanto empe te Antonio da Silva Corrêa ; Francisco Agostinha
nho, que elles apezar das suas reiteradas instancias na Gomes; Thomé Rodrigues Sobral; Manoel Gon
da poderão conseguir. Constou-lhes finalmente que S. çalves de Miranda. *_*
he que chegou a ser consultado pela referida direcção O Sr. Franzini requereu se imprimisse iguolmen
em 20 de Novembro de 1820. A consulta foi negati te o do Sr. Ferreira Borges; mas este Sr. tornou a
va e evidentemente fundada nas razões as mais frivo declarar que o tinha retirado. |-
las, e ineptas; mas ao Deputado Desembargador Jo O Sr. Barroso por parte da Commissão de fazen
sé.4ccursio das Neves pareceu attendivel o requeri leu os seguintes -
E a Commissão de fazenda a quem foi commetti Nem o presidente, nem os deputados vencem or
da julga que ella deve voltar, aº Governo; pois que denado, ou emolumento algum. Ao secretario se abo
pertende exigir das Cortes declaração legislativa so nava a despeza da sege, não tendo outro ordenado
pre um objecto em que se tracta somente de execu: desde 9 de Janeiro de 1792 até 18 de Abril de 1798,
ção de lei. Se os direitos que pelo foral se pagavão á em que por decreto se lhes estabeleceu o ordenado de
àlcaidaria-mór de Borba são todos direitos banaes, cla 4003 réis, conservando-lhe sempre o pagamento das
ro está que não póde delles fazer-se arrendamento. seges. Pelo mesmo decreto de 18 de Abril se estabe
Mas se occorre sobre isso duvida deveria o ministro ieceu o ordenado de 2003 réis ao porteiro.
mandar consultar o conselho da fazenda para prece Ha um oficial maior da secretaria que serve ha vinte
derem as devidas averiguaçôes e informações e não re e quatro annos, por despacho da junta, e percebe o
metter ao Congresso a simples conta do juiz de fora; ordenado interino de 240,5 réis: um oficial de secreta
sendo absolutamente impossivel pela denominação só ria com 2003 réis de ordenado, que serve ha dezoito
dos direitos, e sem se declarar em que consistem e annos: e mais outros dois com o mesmo tempo do
como se arrecadão, poderem as Cortes resolver se el serviço, e ordenado de 1923 réis.
les são ou não bana.es. Forão creados mais dois oficiaes por despanho
Na mesma conta se queixa aquele juiz de fora da junta de 21 de Junho de 1820, com igual orde
de que tendo participado á Regencia em Junho de nado de 1923 réis, por assim o exigir o expediente
1821 o oferecimento de 5273915 réis para as urgeh da secretaria.
cias do Estado produzido por uma subscripção vº Ha um continuo com 1003 réis de ordenado, e
luntaria, ainda em 6 de Janeiro passado se não ti serve ha dezoito annos; e um moço de limpeza e guar
nha mandado arrecadar, e que paravão em deposito: da chaves com 363 réis por anno.
E ainda que o ministro diz no seu oficio que já Os ordenados do secretario e porteiro são pagos
ficavão expedidas ordens ao thesouro para efectivº pela folha das commendas vagas; e os mais emprega
cumprimento da que em nove de Junho se lhe havia dos na secretaria são comprehendidos na folha das
mandado para cabal verificação daquelle donativo. despezas da mesma junta, e pagos em virtude de de
Parece á Commissão que uma tão escandalosa né cretos ou de portarias do Governo, expedidas pela
gligencia na prompta arrecadação da fazenda não Secretaria de Estado dos negocios do Reino. Impor
tíeve ficar impune, e que se deve ordenar ao minis tão ao todo os ordenádos dos empregados nesta junta
tro proceda, como logo deveria ter feito, contra quem em 1:9443 réis por anno.
achar culpado áquelle respeito, e de que fique na in Sendo de justiça pagar-se a quem serve, e obser
telligencia de que ele he responsavel por todas as vando a Commissão que todos os empregados na se
ommissões dos seus subalternos, uma vez que os não cretaria se achão (á excepção de dois) com dezoito e
castigar. vinte annos de serviço, he de parecer, que em quan
Paço das Cortes 5 de Fevereiro de 1822 — Fran to existir esta junta, se lhes devem continuar a pagar
cisco Barroso Pereira, Francisco Xavier Monteiro, os ordenados que lhes estão assignados; o que o Go
Manoel Alvez do Rio, Francisco de Paula Travassos. verno mandará fazer pela maneira que julgar mais
COIl Veniente. •
Approvado.
A Commissão de fazenda tendo examinado a re Quanto porém aos dois ultimamente nomeados
presentação feita pelo provedor da camara de Cezim em Junho de 1820, observando a Commissão que o
ira, queixando-se do conselho da fazenda, e sobre a expediente da secretaria se fez até então desde a crea
qual já interpoz o seu parecer a Commise㺠das pes ção da junta com o official maior e tres oficiaes or
carias: he de parecer que assim como ella já foi inde dinarios, he de parecer se recommende ao Governo
ferida por este augusto Congresso, na parte em que que sejão despedidos (attendida a ilegalidade de sua
pedia a conservação por inteiro do direito das pesca nomeação), e conformando-se com a ordem de 26 de
rias, assim igualmente o deve ser na parte em que pe Abril, recommendada pela de 27 de Setembro. Paço
de a reducção a metade da prestação que annualmen das Cortes 17 de Dezembro de 1821. — Francisco de
te remette para o erario: pois que se não mostra de Paula Travassos, Manoel Alves do Rio, Francisco
modo algum que o conselho da fazenda em assim o Barroso Pereira, Francisco Xavier Monteiro, José
julgar e decidir fizesse violencia ou injustiça. Paço Ferreira Borges.
das Cortes 10 de Dezembro de 1821 — Francisco Approvado, ficando o secretario sem pagamento
JBarroso Pereira ; Francisco de Paula Travassos ; de sege.
Rodrigo Ribeiro Telles da Silva; Manoel Alves do O Ministro da fazenda enviou ao augusto Con
J{io. gresso, donde passou á Commissão de fazenda, uma
Approvado. conta do Governo interino das ilhas de S. Miguel, e
A Junta do exame do estado actual, e melhora Santa Maria, na qual expõe que o decreto de 14 de
mento temporal das ordens regulares fez uma consul Julho do anno passado, cuja observancia se generali
. [ 165 | * -e
2ára áquelas ilhas, parece não devia alí ter lugar; José de Miranda e Almeida. Consistem estes em que
por quanto o commercio se acha alí em grande aba tendo ele sido despachado lente substituto da facul
timento, as mercadorias estrangeiras que ali entrão dade de medicina em 7 de Agosto de 1797, saíra do
são em troco das laranjas e limões que a ilha produz serviço da universidade em 12 de Março de 1800,
e exporta, e assim era para recear que um tal ramo entrando no seu lugar o doutor José Filiciano Casti
inteiramente de luxo decáia quando se augmentem os lho, e passando o dito doutor Miranda para fisico
direitos na entrada dos generos, que se recebem em mór do Estado da India: que voltando deste destino
troca. Que finalmente o Sr. Rei D. Manoel querendo para o Rio de Janeiro, ahi obtivera a citada cartã
animar o nascente commercio daquellas ilhas, impo regia de jubilação na Universidade, graça, a que pe
zera sómente o direito de dizima, remettendo o de los estatutos da Universidade sómente tem direito os
sua por entrada, que nunca pagárão até hoje. lentes nella empregados, no fim de annos de serviço
Por occasião de falar em alfandeges o mesmo Go efectivo nas suas cadeiras: que o doutor Miranda,
verno lembra a pequenez e irregularidade de sua pau em lugar de 20 annos, só tivera pouco mais de dois
ta, e mingoa de officiaes e guardas, sobre o que pe de serviço: que na dita carta régia se lhe concede pe
de providencia. la jubilação o ordenado de 8003000 réis que he o de
Quanto á primeira parte: a Commissão he de pa lente de prima, o qual ainda não podia competir-lhe /
recer que o decreto de 14 de Julho he geral, e que pela sua antiguidade no caso mesmo de ter continua
não sofre, nem deve sofrer restricções em parte al do sem interrupção no serviço da Universidade. Ac
guma do Reino Unido, para o qual fora legislado. crescenta a junta, que por diversas vezes tem repre
E quanto á segunda: a Commissão opina que ulti sentado as apuradas circunstancias do cofre da #
mada a pauta, e organização das alfandegas de Lis versidade, cujas rendas actuaes mal podem chegar
boa e Porto pelas Commissões respectivas, se haverá para as despezas indispensaveis.
respeito a todas as de mais alfandegas debaixo de um . O Ministro dos negocios do Reino remetteu com
plano geral e uniforme, segundo convém ao commer officio de 13 de Dezembro esta consulta ás Cortes
cio, e á fazenda. Sala das Cortes em 5 de Fevereiro para ser resolvida como for justo, e foi enviada para
de 1822. — José Ferreira Borges, Manoel Alves do á Commissão de fazenda. - -
Rio, Francisco Barroso Pereira, Francisco Xavier A esta foi presente ao mesmo tempo um requeri
Monteiro, Francisco de Paula Travassos. mento do doutor Miranda, instruido com documen
Approvado. • tos originaes summamente honrosos, em que mostra
Veio á Commissão de fazenda a informação dada que a jubilação concedida recaiu no serviço do ma
pelo conselho da fazenda, em consequencia da ordem gisterio feito na Universidade, e continuado em Goa
das Cortes de 3 de Dezembro proximo passado, sobre aonde, além de notavel economia de despeza no hos
o percebimento de 1203000 réis aunuaes, que em pital, e grande diminuição de mortos, melhoramento
bolsa o Nuncio, ou subdelegado apostolico pele almo de botica, e augmento de renda da fazenda nacional
Xarifado da casa das carnes a titulo de compensação pelas acertadas medidas tomadas por elle, como ins
de um açougue que lhe era permittido. pector da agricultura, deixou discipulos que actualmen
O Conselho ouvio o official que faz a folha dos te exercem a medicina com proveito daquelles povos.
ordenados da casa das carnes, porém nem um nem Que sendo apresentado ao Reitor o decreto de 19 de
outro atinão com a data, e qualidade do titulo, que Fevereiro de 1816, em que Sua Magestade lhe con
confere similhante addição. O official apenas mencio cedeu a Jubilação na Universidade, ele mandára la
na um caderno auxiliar, por que se faz a folha. O vrar na Secretaria da mesma Universidade como he
conselho diz que havendo perecido no terremoto de costume a respectiva carta régia de 28 de Junho de
1755 o archivo do conselho pelas noticias que então 1817, para subir á assignatura real; que voltando es
se houverão das folhas anteriores dos diversos almo ta assignada, foi mandada cumprir pelo Reitor em
xarifados he que se reformarão os assentamentos por 28 de Julho de 1818, o que comprova com o docu
epitomes. mento original; que ajuntou em novo requerimento.
A Commissão parece que similhante percebimen Que em nenhuma destas occasiões ofereceu o Reitor
to deve obolir-se; e não só este, senão um outro tam ou a junta objecção alguma á sua execução. Que a
bem de 1203 réis que pelo almoxarifado dos vinhos junta por despacho de 19 de Setembro de 1818 man
se confere ao mesmo nuncio a titulo de apozentado dára que se lhe pagassem seus quarteis, como aos
ria, pois que não consta da existencia de legitimo ti mais lentes, nos tempos de seu vencimento, e que
tulo. Sala das Cortes em 5 de Fevereiro de 1822. — em quanto ao preterito se lhe désse em cada um tri
José Ferreira Borges, Manoel Alves do Rio, Fran mestre 1003 rêis até á extincção da divida; o que a
cisco Barroso Pereira, Francisco de Paula Tra
{'G$SOS. • • •
mesma junta confessa na sua consulta.
A Commissão não póde deixar de parecer estra
Moveu-se algnma discussão, e em consequencia nho, que passados alguns annos, a junta pretenda
ficou addiado. agora annullar uma mercê, cujo titulo foi então man
A junta da fazenda da Universidade fez subir em dado lavrar na Secretaria da Universidade para su
28 de Novembro uma consnlta ao Governo; expon bir á real assignatura, e depois de voltar com esta
do os motivos que tem para considerar obrepticia, e foi mandado cumprir, sem que oferecesse objecção
subrepticia a graça de jubilação concedida por carta alguma á sua execução em occasiões para isso tão
opportunas. •
primeira forão unanimes, os votos, de que naquella Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 12
carga havia mistura de trigo palhinha d'Odessa: e de de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
trigo rijo grego, e na segunda, sendo seis os peritos,
todos, á excepção de um só, concordárão na mesma Para o mesmo.
declaração; ordenão que sejão transmittidas ao sobe
rano Congresso mui circunstanciadas informações so Illustrissimo e Excellentissimo Senhor — As Cor
bre o mencionado facto, e mandão dizer ao Governo tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza *
que o decreto de 18 de Abril de 1821 ácerca dos ge tomando em consideração as consultas da junta do
neros cereaes se deve para o futuro fazer executar em commercio de 28 de Maio e 12 de Julho de 1821 º e
toda a sua extensão, não se admitttindo a entrada a da direcção da fabrica das sedas e obras das aguas
alguma carga, em que houver certeza da mistura de livres de 20 de Novembro de 1820, transmittidas ao
trigo estrangeiro. que V. Exc. levará ao conheci soberano Congresso com oficio expedido pela Secre
mento de Sua Magestade. taria de Estado dos negocios do Reino, em data de
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 12
14 de Julho de 1821, sobre o requerimento de Ma
de Fevereiro de I822. — João Baptista Felgueiras. noel Mendes de Moraes e Castro, e seu irmão Izido
Para o mesmo.
'rº Luiz de Moraes e Castro, para poderem restituir
á laboração a sua fabrica de galões de oiro e prata fi
nºs; estabelecida na cidade do Porto por provisão de
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor 12 de Janeiro de 1790, da qual se achavão privados
tes Geraes e Extraordinarias da Nacão portugueza, pela resolução de 29 de Outubro de 1804, que man
tomando em consideração a consulta da junta do ex dou fechar todas as fabricas de similhante natureza %
ame do estado actual. e melhoramento temporal das deixando exclusivamente aquele ramo de industria á
ordens regulares, dirigida ao Governo, e transmitti fabrica das sedas; attentos os fundamentos das men
da ás Cortes pela Secretaria de Estado dos negocios cionadas consultas da junta do commercio, e de seu
do Reino ém data de 29 de Agosto do anno proxi Parecer em favor do mesmo requerimento: resolvem
mo passado, sobre o numero, vencimentos, e tcmpo que fique permittida aos supplicantes a faculdade que
de serviço de seus empregados, d’onde consta que o requerem, não obstante a citada resolução em cón
presidente e deputados não vencem algum ordenado trariº, sendo obrigados a pôr nas suas manufacturas
[ 167 |
º selo de que dantes usavão sem ficarem sujeitos a de Villa Real de Santo Antonio tem estado ha alguns
vistas, fiscalisações, ou a qualquer outra restricção, aunos sujeitos a uma derrama para a creação dos ex
O que V. Exc. levará ao conhecimento de Sua Ma postos, da qual se poderia encarregar a confraria que
Nestade. ha naquella villa, denominada Senhora dos Martyres
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 12 sustentando por suas rendas aquelles infelizes: mandão
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. remetter ao Governo a mesma representação, para
que ouvindo a mencionada confraria, tome a este
Para o mesmo. respeito as providencias que julgar necessarias. O que
V. Exc." levará ao conhecimento de Sua Magestade.
Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor. – As Cor Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 12
º Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza, de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
ºmando em consideração a conta da junta da admi
mistração da companhia geral d'agricultura das vi Para o mesmo.
"has do alto Douro, transmittida pela Secretaria de
Estado dos negocios do Reino em data de hoje, re Illustrissimo e Excelentissimo Senhor – As Cor
presentando a necessidade de se espaçar a abertura da tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
Era dos vinhos do Douro para o dia 25 de Feverei ordenão, que consultada a Junta da Directoria Geral
º, por não caber de outro modo em tempo apron dos estudos sobre os inclusos requerimentos dos cida
ar os bilhetes da primeira qualidade de ramo, e fa dãos de Tavira, e do padre Domingos Manoel Fer
ter a separação quantitativa, na fórma da resolução nandes, pedindo este a mudança da cadeira de gra
dº t do corrente; attentos os seus fundamentos: re matica latina, que occupa na villa de Algoso, para
ºvem, em conformidade da representação, que a a do Vimioso, e aquelles a applicação do ordenado de
*Hura da mencionada feira fique deferida para se professor de logica; revertão os mesmos requerimentos
ºrificar no dia 25 do presente mez, ficando assim, com a consulta ao soberano Congresso. O que V.
º "esta parte sómente, reformado o artigo 2.° da ci Exc." levará ao conhecimento de Sua Magestade.
ada resolução. O que V. Exc. levará ao conhecimen Deus guarde a V. Ex." Paço das Cortes em 12
º de Sua Magestade. de Fevereiro de 1822— João Baptista Felguiras.
Deus guarde a V. Exe. Paço das Cortes em 12
# Fevereiro de 1822. —João Baptista Felgueiras. Para José da Silva Carvalho.
==--
Para o mesmo.
SESSÃO DE 13 DE FEVEREIRO.
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. – As Cor
",
sendo-lhes presentc a conta do Juiz de Fóra de Borba A… a Sessão, sob a presidencia do Sr., Serpa
transmittida pela Secreiaria de Estado dos negocios Machado, leu-se a acta da sessão antecedente, que
da fazenda em data de 9 de Janeiro do corrente anno foi approvada. -
expondo primeiro a duvida em que se achava sobre O Sr. Secretario Fclguciras mencionou os seguin
se havia de proceder a arrematação da alcaidaria mór tes officios: •
da mesma villa, vaga por falecimento de D. Fran 1.° Do Ministro dos negocios do Reino, incluin
cisco de Almeida, por lhe parecer que uns rendimen do uma consulta da Meza da consciencia e ordens,
tos provinhão de # bannaes: e segundo, que em data de 8 do corrente, dando a razão da sua de
tendo participado á Regencia do Reino em Junho do mora em remetter as memorias que se lhe determiná
[ 169 ] /*
mal contra a decisão das Cortes, sobre o requerimen O Sr. Xavier Monteiro: — Como Membro da
lo que lhes dirigírão os dois Hespanhoes prezos no Commissão diplomatica prescindo desse direito, e não
Porto, Thomaz Blanco Ciceron, e João Ramon de estou persuadido que dahi me, possa resultar desar;
Barcia, e pedindo suspensão da execução della até alem de que não podia dar outra opinião diversa da
haver sobre este negocio instrucção do seu Governo, quella que já assinei, apezar da diferente decisão das
Entrando em discussão, se este negocio se deve Cortes: . . •
ria decidir logo, ou ser préviamente sujeito ao exa O Sr. Fernandes Thomas: — Na Commissão di
me de uma Commissão especial, que examinada a piomatica eu fui de parecer com meus Collegas, de
dita nota désse sobre o que nella se requer o seu pa que os tratados existião entre as duas nações, e de
recer, disse { que em consequencia os prezos devião ser entregues.
O Sr. Pereira do Carmo: — Quando em uma O Congresso resolveu o contrario, e a sua resolução
das sessões antecedentes se tratou desta materia não he soberana, e como tal eu a bei de cumprir na par
produzi a minha opinião, porque muitos de meus il te que me tocar, e a respeitarei sempre como uma
lustres coliegas se me havião anticipado; e nada me lei; mas não cabe nas aturibuições do Congresso, nem
doe tanto corno ver consumir o tempo inutilmente, de autoridade alguma do mundo o violentar a minha
reperindo-se muitas vezes o que outros já tem opinião como opinião, e fazer-me acreditar o contra
dito; mas agora que este negocio torna ao Con rio do que eu estou persuadido. Se o Congresso por
gresso em consequencia do protesto de um tiministro tanto quer que eu diga qual he a lei neste caso, cu
estrangeiro, darei a minha opinião. O ministro diz o direi mui pontualmente, sujeitando-me á sua deci
que existem tratados entre Portugal, e Hespanha, e são, mas se ele quer que eu dê a minha opinião, es
que existem de direito, e de facto. Eu vou agora sa a ninguem he sujeita, então direi o que sempre
mostrar o contrario.... (Não he necessario dever ir tenho dito. Para que o Congresso por tanto possa ser
para uma Commissão; disserão alguns Srs.) Nada de informado por quem não se ache já prevenido por
Commissão (disse o orador) o que he niroso le uma opinião contraria, torno a instor que se no
decidir-seja esta negocio; porque se vai a uula Coun meie uma Commissão especial, e para isso declaro
•
[ 17o ]
tambem que não me dou por injuriado como o Sr. tugal, e fazer desapparecer os inconvenientes das dis
Guerreiro parece recear. tancias; afastarmo-nos deste norte he perder o rumo
Procedendo-se á votação decidiu-se que este ne de seguir a importante empreza da união deste impe
gocio fosse sujeito ao exame de uma Commissão espe rio portuguez. Por isso não direi o que já disse um
cial, que examinando a nota do encarregado dos ne representante na assembléa Franceza: antes se percão
gocios de Hespanha, desse o seu parecer sobre o que todas as colonias, do que se desminta um só dos nes
Bella se requer. •
sos principios. Nós não somos francezes, somos por
Mandou-se fazer menção honrosa de uma felicita tuguezes; por isso devemos procurar o bem da Na
ção dirigida ás Cortes pela camara da villa de Itu na ção, ainda que alteremos alguns desses principios;
provincia de S. Paulo. pergunto eu: quando os povos refundindo e reforman
Remetteu-se á Commissão de poderes uma repres do o seu governo, reassumem a sua soberania, não
sentação de Francisco de Paula Souza e Mello, De encerrão em si todos os poderes ? certamente que sim;
putado eleito pela provincia de S. Paulo, expondo a e depois de que fórma os manejão! Elles delegão o
sua impossibilidade fysica de vir já tomar lugar no poder executivo. Este ultímo poder se ramifica e sub
congresso nacional, e pedindo, ou licença para vir delega. E sendo isto assim, não se ha de delegar pa
quando lhe for possivel, ou a sua demissão, quando ra o Brazil uma porção ou parte deste poder? Dizem
aquella não possa ter lugar. os Preopinantes que o paiz he muito distante; que
Mandou-se fazer menção honrosa de uma felicita tem muitos inconvenientes, e eu digo que estará mui
ção da camera do couto de Ois, comarca de Aveiro: to perto, uma vez que o Soberano Congresso o saiba
e que o requerimento que a acompanha, fosse á Com unir com boas leis. Dizem que ha uma distancia de
missão de Petições. duas mil leguas e eu julgo que de vinte leguas; e por
Fez-se a chamada, e achárão-se presentes 121 De que! Porque moralmente se fazem as uniões por meio
putados, faltando os Srs. Canavarro ; Ribeiro Cos de leis equitativas e de boas instituições acomodadas
ta; Sepulveda ; Van 2eller ; Brandão ; Almeida aos povos. Sendo isto assim a distancia será indife
e Castro ; Antonio de Miranda ; Queiroga ; Man rente. Estaremos muito perto com tanto que as boas
tua ; João de Figueiredo ; Afonso Freire ; Souza leis, recta administração da justiça, e perfeita Cons
e Almeida ; Franzini ; Ribeiro Telles. tituição politica nos contente e nos una. Se os mi
Passando-se á ordem do dia continuou a discus nistros no Brazil não tiverem responsabilidade, então
são do additamento do Sr. Borges Carneiro ao arti estamos longe, então tudo está perdido: então estamos
go 166 do projecto da Constituição (vid. a sessão de desunidos. Quem he que ha de vir queixar-se a Por
11 do corrente). A este respeito disse tugal! He necessario sem duvida no Brazil esta au
|
O Sr. Barata: — Esta he a terceira sessão que toridade de suspender os ministros, de outro modo
temos sobre este paragrafo 166. No primeiro dia em elles não temem nada, e nós Brazileiros estamos per
que principiou a discussão notei que alguns illustres didos. He preciso que a responsabilidade se verifique º
Preopinantes estavão um pouco discordes sobre esta lá no Brazil. Este he o meu parecer, apoiando o Sr.
materia. Não me agradárão algumas das palavras que Borges Carneiro.
então ouvi. Falei eu, e disse que não achava conve O Sr. Borges Carneiro: — A presente questão
niente a responsabilidade dos ministros só em Portu deve contrahir-se a estes termos : … Se no Ultramar
gal, quando o podia e devia ser tambem no Brazil. deve haver uma autoridade que possa suspender os
Então se levantou uma tormenta de argumentos, e o magistrados preparatoriamente para depois se lhes for
Sr. Borges Carneiro com a sua costumada eloquen mar processo regular, autoridade que pelo art. 166
eia sustentou o que eu tinha dito, e o defendeu ma se concedeu já ao Rei. Eu defendi em uma sessão
ravilhosamente. No segundo dia muitos Srs. falárão antecedente a opinião affirmativa, e ainda hoje a de
sobre esta materia magnificamente: agora no terceiro fendo; pois desejo que, salvas as attribuições do po
dia estando eu de sangue frio, e olhando para o ef der legislativo, e as grandes attribuições do poder exe
feito das discussões que tem havido, lembrarei que me cutivo (que são os grandes vinculos constitutivos da
parece que continuando os negocios deste modo vere unidade de todo o corpo politico), e salva a concur
mos frustrar as cousas boas que temos feito; porque rencia para as despezas communs, desejo, digo, que
pertender que o Poder execu,ivo não possa delegar os cidadãos ultramarinos fiquem com a porta franca,
esta autoridade a uma pessoa ou corporação, e que e caminho aberto para terem no seu seio todos os re
rer que os queixosos contra os magistrados do Bra cursos essenciaes á sua felicidade, sem lhes ser neces
zil, venhão dalém do Atlantico para se apresen sario pelo que toca aos seus negocios judiciarios e ad
tarem a ElRei em Portugal, parece-me que são cou ministratrivos virem áquem do mar atlantico, ou indi
sas oppostas aos principios de direito; parece-me, co, procurar o seu bem, ou remover o seu mal. A es
torno a dizer, que isto vai frustrar todos os benefi te respeito posto que as provincias ultramarinas sejão
cos efeitos do paragrafo 164, sobre a acção popular. uma parte do Reino unido tão integrante como as pro
O principio de que as leis e instituições se devem ac vincias europeas, alguma cousa devemos com tudo á
comodar ás circunstancias em que se achão os povos, natureza, alguma cousa á interposição de um mar
conformando-se com a situação geografica do paiz, immenso, e ás difficuldades que necessariameute re
costumes, usos e outras circunstancias, he tão profi sultão desta interposição. Se temos em vista o melhor
cuo que esse só adoptado nos póde servir de norte pa bem da grande familia, assim devemos pensar 2 e se a
ra estreitar os vinculos de união entre o Brazil e Por quem olhar superficialmente as cousas parece isto Ul{I}+!
[171 ] .
relaxação dos vinculos que prendem a união do grande agraciar e assim como este não póde delegar-se
corpo politico, eu no meu modo de ver as cousas, só menos se póde delegar aquelle. Não entremos agora
considero nisto maior segurançá e firmeza desses vin na questão de quaes sejão as faculdádes do poder exe:
culos.
cutivo, que admittão delegação. O que vejo lie que
Ora a razão porque eu opinava que no Ultramar uma daquelas attribuições, he a de prover os cargos
houvesse a referida autoridade de suspender prepara publicos pelo modo que as leis determinarem; e múi
toriamente os ministros, era porque estando nós desde tos são os cargos que em Portugal mesmo são pro
n art. 164 a tratar dos meios de se fazer efectiva a vidos pelos presidentes dos tribunaes, e por outras
responsabilidade dos ministros, (e não sómente da pe repartições: uma daquelas attribuições he conceder
na de suspenção ou deposição como affirmou um Sr. graças honorificas, e os vice-reis da India sempre
Deputado), me parecião insufficientes todos os propos levárão poder de conceder certo numero de habitos de
tos no projecto. Insuficiente a residencia (ainda quan Christo; muitas graças, mercês e dispensas concede
do viesse a sanccionar-se, pois se mandou supprimir por força de delegação o Desembargo do Paço. Que
esta doutrina na Constituição), porque não abrangia extenso poder delegado não recebe o commandante
a todos os magistrados, não prevenia aggravos futuros; e cm chefe do exercito em tempo de guerra? Nestes e
quanto aos já feitos demorava por tres annos o desag similhantes casos as razões de decidir não se buscão
gravo á parte ofendida. Insuficiente a revista que se na subtileza dos principios, mas no bem commum dos
estabeleceu no artigo 158 como comprehensiva de pou povos, nas distancias dos lugares, e nas necessidades
cos casos, e sómente dos ministros das relações. In praticas da natureza. Os illustres adversarios laborão
suficiente a chegada dos autos á Relação, meio es num circulo vicioso, a que se chama petitio princi
tabelecido no artigo 167, o qual tambem compre pii. Dão por certo que a attribuição de suspender pre
hende sómente as infracções constantes do processo, e paratoriamente os ministros he exclusiva do Rei; e
relativas á ordem delle, e os ministros inferiores ás re por tanto indelegavel; quando isso he precisamente
lações. Insuficiente finalmente o meio da acção po o que está em questão; pois no § 105 que trata das
pular, como restricto aos casos de peita e suborno, attribuições do Rei, não se acha lá tal attribuição, e
qualidades difficultosas de se provar, e do qual não mui de proposito ella foi transferida para o artigo 107.
podem lançar mão os cidadãos pobres, que nunca po E pois que difficuldade grande he essa que se acha
derão aguentar uma demanda com qualquer magis em confiar esta autoridade a uma daquellas relações
trado, a cujo respeito se me responderem que ás par do Ultramar, que hão de poder conceder ou proces
tes interessadas se ha de conceder alguma facilidade sar revistas, e fazer por ellas efectiva a responsabili
mais que na acção popular, replicarei que por ora dade dos juizes; ou a uma junta governativa: em fim
nada mais se lhes tem concedido, e qualquer cousa ao maior poder que se erigir no ultramar! Quanto ás
que se lhes conceda sempre he uma demanda do po relações, fº um honrado membro na sessão passada
bre e desvalido cidadão contra um magistrado. Sendo no seu mui plausivel discurso, que na relação em que
pois insuficientes todos os meios de responsabilidade isso se fizesse ficaria prevenido o juizo. Pergunto, e
propostos no projecto, um só resta, dizia eu, que se na relação para onde o Rei mandar remetter o mi
ja prompto e universal, que abranja todos os casos, uistro já suspenso e pronunciado não fica prevenido o
e todos os juízes, e tal he o contido no art. 166 que juizo! Assim como a meza que concede a revista não
dá ao Rei, quando recebe queixa contra algum ma tem nada com a meza que ha de julgada, assim a meza
gistrado, autoridade de o suspender preparatoriamen grande que suspender o magistrado nada terá com
te, tendo primeiro ouvido o conselho de Estado, e a meza que o ha de julgar. Peor he então o nosso
de fazer renetter depois os papeis á competente rela direito ordinario, segundo o qual o juiz que pronun
ção. Porém pergunto eu agora: este remedio assim cia um réo, he o mesmo que o julga. Insisto por
prompto e universal he elle transcendente aos cidadãos tanto na minha primeira opinião.
do Ultramar, de modo que em ultimo resultado lhes O Sr. Marcos Antonio: — A materia em ques
venha a ser proveitoso! Não certamente. O cidadão tão foi bem desenvolvida, e assás explanada pelo Sr.
ultramarino que sofrer oppressão por parte de um Castello Branco, e só me proponho a accrescentar
magistrado, terá de vir a Lisboa, ou de ter cá um poucas reflexões a um dos seus mais convincentes ar
bom procurador por tempo de 15 a 20 mezes, só gumentos, o qual era, que os capitães generaes em
para conseguir que o seu oppressor seja preparatoria outros tempos tinhão poder comettido por ElRei pa
mente suspenso, e mettido em processo: aliàs a sua ra suspender ministros. Tenho revolvido os archivos
queixa irá logo para um canto. E entretanto quantas da # da Bahia, onde nas primeiras eras da
novas oppressões lhe fará aquele ministro ? quantas quela colonia residiu o governo geral das capitanias,
testemunhas constitutivas da sua prova morrerão ou hoje provincias de todo o Brasil; tenho examinado
se ausentarão ? De que serve pois aos povos ultrama os monumentos historicos desde o anno de 1549, em
rinos o remedio da queixa ao Rei, uma vez que não que foi mandado o prineiro governador Thomé de
tenhão no efeito
com igual seu seioreceber-lhe
um juizo a ousuaautoridade
queixa! que possa Souza, tenho lido muitos diplomas, avisos regios, e
•
erros... Porém agora certificados, que a primeira au O Sr. Araujo Lima: — Sr. Presidente: Sendo
toridade provincial os não póde suspender, não farão esta a terceira vez, que entra esta materia em discus
caso dos seus despachos. Degenerando em despotas, são, confesso não vêr respondido de um modo que
haverá tantos queixumes no Brasil, quantos houve me satisfizessem, os argumentos que na primeira ses-,
em Roma na tyrannia dos Decemviros. Nem se são eu ofereci em abono da opinião, que então enun
diga, que o vexado achará remedio na lei, que per ciei, nem aquelles que hoje alguns honrados mem
mitte a accusação de qualquer julgado, contra quem he bros tem produzido em apoio da mesma; antes pelo
concedida a acção popular nos casos de suborno, pei contrariº confirmo-me cada vez mais na minha opi
ta, e conluio. Algumas vezes se não acha um requerente, nião. Provar directamente a proposição em questão já
que se anime a interpor um aggravo de certo ministro: alguns illustres membros o tem feito excellentemente;
as partes lezadas não descobrem um letrado para fazer razão porque não cançarei a assembléa com repetições,
seus requerimentos: todos temem exicitar o resentimento e limitar-me-hei sómente a responder aos principaes ar
dos executores das leis; todos recusão expor-se aos efei gumentos, que se tem apresentado pela opinião con
tos da sua vingança, que são condemnações, e sus traria. - • - * , , ,
legaveis, sem consequencia não conclue o argumen O 2.° argumento que se ofereceu, foi que os po
to. Para o illustre membro provar a sua proposição vos não necessitão deste poder, porque tem todos os
recorreu a uma theoria para mim nova. Disse que recursos contra os magistrados para as relações, e
este poder se dá ao Rei, porque he impecavel, que estas todo o direito de os punir. Primeiramente devo
o Rei não se suppõe capaz de paixões, e em conse dizer que já não helicito pôr em questão a utilidade
quencia não havia perigo de lhe dar este poder, para deste poder. Quando se decidiu que o Rei tivesse o
cujo exercicio tinha o conselho, a quem devia ou poder de suspender foi esta decisão procedida de uma
vir. E fundado neste principio da impecabilidade, outra, que era necessario haver na sociedade este po
para o qual disse queria se attendesse, sustentou a der; e ainda que esta questão não fosse tratada em
sua opinião. He com efeito para mim novo que a separado todavia uma suppõe a outra. Os poderes
impecabilidade do Rei seja o fundamento dos pode não se outorgão ao chefe do poder executivo só para
res, que se lhe concedem. Não he, Senhores, por ornar o throno; a utilidade publica he que os pede;
que Rei he impecavel, que ele goza de certos direi e por isso quando se diz que o Rei tenha esta ou,
tos; a utilidade publica he que assim o pede. Con aquella autoridade, já antecedentemente se tem assen
vém, he verdade que ele seja impecavel, mas não tado que a deve haver, ou se discute em separado
he por essa razão que se lhe concedem taes e taes po ou simultaneamente com a pessoa, que a deve exer
deres. Segundo que a utilidade publica exige que elle cer. Por tanto já não helicito duvidar da utilidade
goze de certos direitos, e que elle goze de certos di deste poder. Em segundo lugar se deve haver este po
reitos, e que elle os possa ou não delegar; assim he der, elle deve ser de tal modo constituido, que pro
que he investido de mais ou menos autoridade. Esta duza seus efeitos em todas as partes da Nação. Ora
reflexão se torna mais sensível com a consideração, pergunto que efeito terá no Brazil, aonde nos luga
de que se o Rei he impecavel, não o são os seus mi res, mais proximos, só no fim de um anno poderá
nistros, por cujas mãos correm os negocios, e nos efeituar-se a suspensão de um magistrado, e em ou
quaes podem caber as paixões. º … tros lugares só no fim de dois annos e mais! Como
A impecabilidade do Rei, sendo de todo o efei se acautelão os males que obstinadamente quizer fa
to em quanto á sua pessoa, torna-se nulla em quan zer um juiz, se elle continua no exercicio da sua ju
to aos ministros que são responsaveis
do poder. - -
pelo exercicio risdicção. O recurso ás relações não suspende, e em
• • -
observando certas formalidades: ora pergunto porque Concluo por tanto que, se este poder não he de
o Rei para fazer prender algum cidadão, deve obser sua natureza indelegavel, nem tal se acha decretado
var certas formalidades, segue-se que só elle o possa na Constituição; se já não se póde duvidar da sua
fazer? Se pois he absurdo dizer-se que só o Rei possa utilidade, antes devendo ter seus efeitos para o Bra
fazer prender algum cidadão, apezar de aqui se exi zil, deve ser de tal modo constituido que os produ
girem certas formalidades, tambem he absurdo dizer za; se os outros argumentos deduzidos da incerteza
se que só o Rei possa suspender os magistrados ape da pessoa, e distancias não concluem: digo, que
[174 |
deve haver no Brazil uma autoridade, que tempora Portugal; e se heutil em Portugal, para que se nega
riamente possa suspender os magistrados. ao Brazil. Diz-se que he inutil, porque não póde at
Suspendeu o Sr. Presidente a discussão para an tribuir-se a corpos que não podem fazer efectiva a
nunciar ao Congresso, que os officiaes de marinha e responsabilidade: isto he que eu não entendo.
o commandante da fragata Venus, chegada de Per Terceiro argumento: que ainda que não fosse inu
nambuco, vinhão apresentar-se ás Cortes, e prestar a til de todo, com tudo havia impossibilidade em se
sua firme adhesão á causa da regeneração. Mandou-se poder praticar este remedio no Brazil. Este argumen
fazer menção honrosa destas protestações, e que na to desapparece em grande parte, uma vez que seja
fórma do estilo se fosse certificar aos officiaes que as permittido ás juntas provinciaes; porque he melhor
apresentavão de bom acolhimento com que tinhão sido procurar um remedio em distancia de um pequeno es
ouvidas. paço, do que am distancia de um grande espaço.
Continuando a discussão interrompida, disse Quarto argumento: que isto introduzia uma sec
O Sr. Andrada: — Defendi na sessão passada a ção entre os dois Reinos, que reunidos formão um só,
opinião do Sr. Borges Carneiro, e outros Srs.: agora Isto não he cousa alguma, porque todo o mundo sa
de novo a sustentarei respondendo em resumo ás ob be que a união de uma Nação consiste na unidade
jeções que forão postas contra ella; as quaes se po dos dois poderes: esta existe sempre, e importa pou
dem reduzir a cinco ou seis: 1." Que era impossível co que uma ou outra fracção de um poder seja exer
admittir-se a emenda, visto que o poder de suspender citada não pelo mesmo chefe, mas por delegados.
inherente ao poder real, era indelegavel: este princi Quinto argumento: que sendo uma medida ex
pio he falso, tanto de direito como de facto. De di traordinaria não havia caso algum em que, quando
reito, porque quando a sociedade lhe institue pode se tratasse de fazer efectiva a responsabilidade dos
res, attende ao objecto e indole destes poderes; e este ministros, ela se não podesse muito bem efectuar.
objecto e indole he que marca, se póde ser ou não Este argumento tambem me parece que não tem for
delegado o poder. A indole do poder legislativo faz ça alguma como eu o mostrarei. Na verdade eu lan
com que ele não possa ser delegado, porque elle he çando os olhos á Constituição vejo o contrario. (Dis
a expressão da vontade, e ella deixa de ser se elle correu o orador pelos artigos da Constituição, para
podesse ser delegado. Do Poder executivo não succe mostrar a verdade da sua asserção, mostrando ao
de assim; as funcções do Poder executivo, ainda quo mesmo tempo não ter commettido falta de hermeneu
se deleguem em autoridade dependente não mudão tica).
de natureza, são actos de homem, passão a outros Ultimo argumento: que os membros de uma so
actos de homem; para isso temos já a regra de direi ciedade não tinhão direito algum a ter commodos
to, que ella diz, que aquillo que se obra por outrem iguaes. He preciso ver como isto se entende. Todos
em verdade, parece ser obrado por si mesmo. De fa os cidadãos tem direito a terem todos os commodos,
cto, porque esta delegação a tem havido em diferen tanto quanto lhes for possivel; ao menos os commo
tes estados constitucionaes. Na sessão passada por es dos maiores, porque das cousas minimas não cura o
quecimento pronunciei Escocia em vez de Irlanda, pretor. A associação civil como qualquer outra asso
lembrei o exemplo da Noruega, hoje direi tambem ciação contratou de boa fé; as entradas sendo iguaes,
que o Rei de Inglaterra tambem delega varias func os lucros devem ser iguaes, mormente quando elles
ções, como são a declaração da guerra, e os tratados tocão á conservação da segurança e propriedade de
de paz, os quaes são feitos em Bengala simplesmen cidadão. O nobre Preopinante argumentou com uma
te pelo governador geral. Um nobre Preopinante jul comparação tirada de um direito que não gozamos;
gou que cortava a força destes exemplos, recorrendo e concluiu que não poderião os Brazileiros gozar de
á distincção que se achava entre o sstado de Portugal, outro; porém eu mostrarei a diferença que havia em
e a destes estados de que eu tirava exemplos. Disse uma e outra cousa, e o nobre Preopinante, cujas lu
que Portugal fôra sempre unido, e que estes povos zes são notorias, recorre a explicar a razão porque se
erão Nações diferentes; não vejo qual seja a illação que serviu daquelle argumento, e vinha a ser, em serem
se tire para se negar a possibilidade que se affirmava. O ambos os direitos medidas extraordinarias. O illustre
Rei da Suecia e Nourega não he Rei! Não tem at Membro deve concordar quando a paridade he dife
tribuições monarquicas, e não delega! De mais eu ci rente de um, se não deve argumentar para outro.
tei o exemplo de Inglaterra, citei o exemplo de po De mais, pelo direito de agraciar, he privado o eida
vos que não forão separados de Inglaterra. Hanover dão de uma graça; mas que cidadão? O improbo, o
e outras diferentes colonias inglezas nunca forão se transgressor do pacto social: na privação do direito
paradas, e entretanto o Rei de Inglaterra delega os de suspender os magistrados, he privado um cidadão
seus poderes aos governadores destes povos. De mais da justiça que lhe assiste: e que cidadão? Um cida
o Brazil esteve por algum espaço desumido de Portu dão honesto e virtuoso. Portanto estas diferenças
gal. Este sabio Congresso o pareceu reconhecer, visto são muito notaveis para se conhecer que não póde
que exigiu a nossa vontade para ver se queriamos as haver paridade. Louvo muito a fé inabalavel do no
reformas estabelecidas. Por tanto houve um tempo em bre Membro, sobre a união do Brazil com Portugal,
que estivemos divididos. com tudo não posso deixar de rogar-lhe que reflicta
Segundo argumento: que sendo possivel a delega que a fé sem obras de nada vale; que obras que pa
ção segundo o direito, era inutil aos povos do Bra recem de rancor não excitão em retorno sentimentos
zil; mas se ella era inutil, para que se estabelece em de amor; que dos sentimentos de ciume nunca nas
[ 175 ] …,
ceu a confiança: elogio as suas lisongeiras esperanças: forma o poder real, e se contém no §. 105, estão
praza a Deos que eu as podesse abraçar, mas temº exactamente na mesma categoria que esta; não ha
que não tenhão o alicerce que ele pensa. Rematarei diferença nenhuma. Esta he pois uma attribuição do
pois o meu discurso, dizendo que se conceda ao Bra poder executivo, como as outras.
Zil uma autoridade com o poder de suspender os ma 2.” Posto isto, vamos agora vêr como he possível
gistrados nas causas de queixa, depois de ouvidas as que esta real attribuição se delegue. Ninguem pode
informações competentes. rá pôr em duvida que tendo ºla: Cortes o poder cons
O Sr. Fergueiro: — Parece-me prematura esta tituinte, e não se achando este limitado pela lei da
discussão. Sendo muitas as relações entre Portugal e procuração no preciso ponto, de que se tratar, po
Brazil, e sendo isto uma pequena parte dessas rela derião determinar que o Rei delegasse tal, ou qual
ções, parece que primeiro se devem estabelecer os prin de suas attribuições, se assim o exigir ou a salvação,
cipios em que devão assentar todas as relações, para ou o bom do Estado, fim, a que todas as leis estão
depois se decidirem os diferentes ramos dellas. O Bra subordinadas. Mas não se tratando de nada menos
sil tem muita vontade de se unir com Portugal, po que de um bem, e de uma incolumidade publica,
rém duvida-se sobre o modo. Eu devo falar com fran he contra os principios, contra a essencia, e contra
queza. O Brazil está pronto a unir-se com Portugal, a natureza do Governo representativo permitir que
mas não segundo a marcha que leva o Congressº. o Rei delegue esta sua attribuição a uma autoridade
O Sr. Presidente chamou o orador á questão, e al local do Brazil. Eu o mostro: .
suas dos Srs. Deputados o chamárão á ordem; porém O Reihe um representante da Nação portugueza,
ºutros, como o Sr. Villela, dissérão que enunciasse e nesta qualidade he que lhe competem as attribui
francamente os seus sentimentos, porque ali não erão ções, cujo aggregado forma o poder real. Este chefe
escravos, mas sim representantes de uma nação li suppremo do estado representa a nação no exercicio
vre). Eu (continuou o Sr. Vergueiro) exprimo a do poder legislativo. Pergunto agora, se um repre
vontade dos meus constituintes: sei que elles se que sentante qualquer, que recebeu por delegação o seu
em unir com seus irmãos de Portugal; mas esta poder, e a sua autoridade, pergunto se poderá elle
união só póde realizar-se debaixo de condições igual tambem delegar o poder, que lhe foi delegado? Po»
mente vantajosas para uns e outrss, e por isso voto derá farer segunda delegação? Quem dirá que nós
que a responsabilidade dos ministros empregados no podemos delegar o poder legislativo ! Ambos estes po
Brazil se faça efectiva naquele mesmo paiz. deres pertencem á nação, a qual porque os não póde
O Sr. Moura: — A questão precisa e particular exercer de um modo adequado ao seu fim, delegou
do dia de hoje, não he a que o Sr. Deputado da pro as funcções legislativas a um corpo electivo, e delegou
vincia de S. Paulo acaba de enunciar; a questão pre as funcções governativas a um individuo, que fez seu
cisa e unica deste dia he, se deve haver na America representante hereditario. E por ventura, sendo nós
uma autoridade, que possa temporariamente suspen seus delegados para exercer um ministerio, e sendº o
der os magistrados, precedendo informação summa Rei outro delegado para exercer outro, poderemos
riº, e ouvida a parte, bem á maneira da que exerce dizer sem transtorno dos principios essenciaes, póde
Elitei nos estados portuguezes européos, segundº o haver razão, pela qual se considere delegavel o po
que se acha estabelecido no §.166. Eu digo que não; der do Rei, e indelegavel o das Cortes? Diz um il
e para o provar será esta a ordem dos meus argumen lustre Preopinante que esta diferença resulta da indo
tos. Que este poder, ou esta autoridade de suspen le dos poderes, e que por isso não póde o argumen
der os magistrados foi concedida ao Rei, como, at to de analogia valer a respeito do poder legislativo;
tribuição peculiar do poder real. Que a S attribui mas o que me parece mais exacto he que a diferença
ções do poder executivo são delegações da nação, e resulta mais depressa da origem dos poderes, e não
he contra os principios do Governo representativo da sua natureza; a nação, que os delegou não dá
permittir, que estas attribuições deleguem, a não ser autoridade para os tornar a delegar, porque se a des
por uma razão, em que obviamente interesse a salva se, isto se encaminharia mais á desorganisação, do
ção publica. Que não he necessario estabelecer. I1O que á ordem. O poder real que he em ultima anali
Brazil esta autoridade local; porque a responsabilida se! He um aggregado de attribuições. Elle não póde
de dos ministros tem quantas garantias póde ter para delegar todas; isto nem se quer se concebe. Quem
que sempre se torne efectiva, muito principalmentº poderá então dizer que não seja absurdo o delegar
na acção popular, cujo valor, e efeitos logo aprecia uma fracção, uma parte dellas! He tão absurdo ad
lei por uma justa comparação entre ella, e o meio, mittir a idéa da delegação do poder real, que o mes
que se propõe no additamento, de que se trata. Va mo era estabelecela que admittir a aniquilação do
mos á demonstração: Srs., o Rei não póde suspen poder. Nem se diga que a Constituição he quem for
der os magistrados, senão nos termos do art. 166. ma o aggregado das attribuições que constituem o por
Logo he claro que o póde fazer nos precisos termos der real, e que por isso a mesma Constituição póde
daquelle art. E que quer dizer que o Rei póde fazer permitter-lhe que possa, quando convier, delegar par
isto? Nem mais, nem menos do que ser este poder, te destas attribuições. A isto respondo: he verdade
ºu esta.faculdade uma attribuição do poder real, pe que neste ponto se não acha restricto aquelle poder
lo qual o Rei suspende o magistrado debaixo das conº constituinte, que a nação nos conferiu; mas se as
tições, que prescreve o sobredito S. já sanccionado. Cortes o podem assim fazer em parte, segue-se que o
Todas as outras faculdades, e attribuições, de que se podem fazer no todo: porque os principios adoptados
[ 176 ]
para um caso se prestão para todos, e então se vê o nhas idéas de justiça, e de seguránça. O Governo
absurdo da sua applicação: não nos devemos allucinar manda proceder á informação summaria recebe
com a evidencia dos principios, devemos sempre re provas; e se a parte as não der convincentes debalde
flectir na exactidão, com que elles se applicão. Além tentará remover o magistrado do seu lugar, assim co
de que, não o exige assim a salvação do Estado, e no debalde tentará a acção popular, senão tiver pro
por tanto não he preciso recorrer á derogação dos va convencente do delicto, porque ela compete; as
principios estabelecidos. E eis-me aqui deste modo na sim o dicta a justiça, e a razão. Outra aprehensão
3.° parte do meu discursso. Digo pois em quanto a do meu illustre collega he que aos pobres faltarão
esta parte, que na Constituição ha suficientes bases meios para proseguirem na acção popular. Quem pó
para que a lei da responsabilidade dos ministros seja de conceber que faltem meios ao pobre para intentar
efectiva no Brazil, e não exige a salvação do Esta a acção popular n'um tribunal vizinho ao seu domi
do, que haja no Brazil uma autoridade destinada a cilio, e que lhe não faltem para ir queixar-se do juiz
suspender temporariamente os magistrados. Isto he o a um tribunal afastado, ou talvez longinquo! I'ois
que eu vou mostrar. •
he gravoso aos povos intentar uma acção ordinaria
Primeiramente eu me persuado que todos nós es perante tribunaes ordinarios, e não he gravoso ir pro
tamos falando na supposição de que as leis hão-de ser curar o mesmo remedio a um tribunal distante! Isto
executadas á risca. Estamos noutra especie de gover não tem força nenhuma, e até nem concludencia. Srs.
no, em que a execução da lei tem fortes garantias a minha opinião he, que ou não ha meio algum de
para que suponhamos que ella hade ser mal executa fazer os ministros responsaveis, ou este meio he o da
da como nos governos arbitrarios. Senão caminhar acção popular, sendo bem definidos os casos, em que
mos debaixo desta hipothese todos os nossos argumen ela deve competir, e sendo bem regulado o methodo
tos perdem respectivamente a sua força, tanto sejão porque ella se deve verificar. O recurso ao poder exe
os meus, como os daquelles Srs., que seguem a opi cutivo he meio mais precario, mais equivoco, incº
nião contraria. Posto isto, vejamos de quantos mo caz, mais sugeito a abusos; os povos do Brazil, bem
dos se provê no Brazil ao caso da responsabilidade como os da Europa devem julgar-se com esta acção
dos agentes do poder judiciario. Se o delicto do juiz sufficientemente garantidos; e em quanto ao estado
constar de autos, ele fica sugeito á responsabilidade, politico do Brazil direi uma palavra só; os meus prin
quando o processo se devolver em gráo de revista aos cipios a respeito da America sempre forão, e são:
juizes, que hão de conhecer deila, ou no gráo de ap que a liberalidade das instituições, e não a força
pelação, como vai estabelecido nos § 158, e 167: hade ser sempre o mais forte vinculo da união do
e se o delicto não consta de autos ha o remedio am Brazil com Portugal. Parece-me que os povos do
plo da acção popular, que serve para um, e para o Brazil podem prever a extensão de males, a que fi
outro caso, cuja competencia, e cujas fórmas serão re carião sujeitos se emprenhendessem a desunião. Não
guladas pela lei civil, por não serem essas particula podemos obstar a ella quando todos a queirão; ve
ridades proprias de uma Constituição. Além de tudo mos com prazer que a parte sensata da America rejeita
isto, tambem fica competindo aos habitantes daquel esta idéa; se alguma facção approva o imminente trans
la parte do imperio portuguez, o recurso ao Rei. E torno, porque motivo nos não opporemos nós com
posto se argumente sobre a nullidade deste ultimo a força a emprezas facciosas! Ile a vontade de to
meio; porque a necessidade de recorrer á Europa lhe dos quem governa, ou a vontade de alguns! Ah:
faz perder a sua efficacia; primeiramente haverá ca seus vezinhos da America do Sul lhe ensinem os
sos, em que mais convenha ás partes recorrer a este flagellos, e os horrores, que tem produzido entre el
meio do que áquelle da acção popular; e quando as les a independencia das facções, e das intrigas! Nis
sim lhe não convenha, sempre lhe fica salvo aquelle to tenho dito assás, ou quanto basta de plausivel
unico, e verdadeiro methodo de tornar efectiva a res aos bons, e de repressivo aos ambiciosos... Os aus
ponsabilidade judicial, que he o da sobredita acção biciosos não olhão para mais nada senão só para a
popular. Eu pasmo de haver quem prefira a este meio sua elevação pessoal; esta he a sua liberdade, e a
Constituição. •
e com igual moderação. Notou ele cinco argumentos evitar quanto for possivel o despotismo do Governo.
com os quaes diz que pretendia estabelecer que o ad Diz mais o honrado Membro, que nós he que convi
ditamento em questão devia ser admittido. Tres des dámos as províncias do Brazil para accederem á nos
tas cinco razões me pertencem mui especialmente; duas sa causa, e que houve algum ponto de desunião. Pa
segundo a minha memoria pertencem mais propriamen rece-me que aqui ha algum erro de chronologia no
te ao discurso do Sr. Freire. Em consequencia, co honrado membro. Forão as provincias do Brazil as
no ele já pediu a palavra, eu deixarei intactas na primeiras que jurárão a Constituição futura, que hou
minha resposta estas duas razões, e limitar-me-hei vessem de fazer as Cortes portuguezas. Ainda não sa
ás outras. # o honrado membro que eu dissera que bião de Cortes, ainda não sabião da vontade d'El- -
o poder legislativo e executivo não poderia ser dele Rei, e elas já contavão com isto, contavão com a
gado. O honrado membro argumenta com agudeza, generosidade do Monarca, com a Constituição que
dizendo, que he necessario diferençar os dois poderes havião fazer as Cortes, cedendo de livre vontade a
legislativo, e executivo. Que o poder legislativo de tudo que estas houvessem de fazer de futuro, e por
sua natureza não póde dividir-se e delegar-se, mas tanto estavão unidas de facto antes de estatem unidas
que o executivo he susceptivel da delegação, e isto legalmente. (Apoiado, apoiado). •
tanto de direito, como de feito. Eu disse com efeito O segundo argumento do honrado Membro he
que o poder executivo não poderia delegar-se; ainda o que ou este direito he util, ou inutil; se he util con
repito, e digo que não póde delegar-se de direito, ceda-se aos povos do Brazil, se he inutil não se con
nem de feito. Náo póde delegar-scº de direito, porque ceda aos de Portugal. Eu respondo. He util mas não
nós já náo podemos fazer que elle se delegue. Estabe he necessario; porque he util, he que se concede aos
lecemos no artigo 103 que a autoridade do Monarcha povos de Portugal, e porque he util concede-se aos
era indivisivel, e inalienavel. Estabelecemos no arti povos do Brazil. Por ventura este paragrafo não dá
go 104 que esta autoridade continha em si exclusiva aos Brazileiros o mesmo direito que aos Portuguezes.
mente o poder executivo, o qual consiste em fazer (Apoiado, apoiado). Mas se os Brazileiros não po
executar as leis, expedir ordens e regulamentos con dem gozar do mesmo modo este direito, he isto uma
venientes para esse fim; logo por direito, não por consequencia necessaria das suas circunstancias; he
um direito absoluto, mas por um direito positivo, nós util, por isso se concede aos povos do Brazil; não he
mesmos já o estabelecemos; por isso disse, e ainda necessario, e por isso não se excogitão meios pelos
º digo, que não póde delegar-se de direito, e não pó quaes os Brazileiros com o mesmo tempo e brevidade
de delegar-se de feito, porque esse resiste ao mesmo possão fazer efectivo este remedio; e eis a diferença
direito que estabelecemos. (Apoiado, apoiado). De de ser util e necessario. Quanto mais que ha outros
maneira que em verdade póde dizer-se que em alguº direitos que são tão uteis como este, ou para me
mas partes, parte do poder executivo se tem subdele lhor dizer mais necessarios que este. Quanto necessa
gado, mas não será verdade dizer-se que no nesso di rio he nomear um magistrado, nomear um bispo, fa
reito constitucional portuguez se possa delegar. zer a paz, fazer a guerra, etc. Apezar disto morre
Allegou o honrado membro os exemplos da Esco um magistrado, morre um bispo, he necessario fazer
cia, da Suecia, e da America Ingleza. Respondi eu a paz, e nós assentámos que não se póde conceder
que essas nações estavão em circunstancias muito dif aos povos do Ultramar providenciarem sobre isto,
ferentes. Disse o honrado membro que a diferença porque he inalienavel do Rei; logo como lhe have
não vinha nada ao caso, porque a verdade era que mos de conceder este direito, que não sendo necessa
nessas nações se tem subdelegado. Respondo, que se rio, apenas he util! •
essas nações estabelecêrão esse direito, nós estabelece Terceiro argumento: disse eu, que este direito não
nos um direito contrario; e respondo, que havia ra tinha nada com o direito de fazer efectiva a respon
tão especialissima, pela qual elas o devião estabele sabilidade dos magistrados. O honrado Membro quer
cer, e nós não. A razão especialissíma era por que se que sejão similhantes, e então eu explicarei em que
tinhão juntado antes, e depois de terem diversos pa consistia a falta de hermeneutica. Se neste capitulo se
ctos, e formarem diversas nações; e então depois de trata da responsabilidade dos magistrados; se esta foi
uma parte dessas nações estar unida á outra, era ne a mente dos redactores, direi que elles não preenchem
cesafio que na parte do Poder executivo se fizessem o seu fim, porque fico sem saber qual he o modo de
alguns interesses á parte que se unia, nos quaes ain fazer efectiva esta responsabilidade. Eu vejo um prin
da que alguma das partes ficasse lesada, ganhava van cipio geral, os magistrados são responsaveis, e o mo
tagem maior na união. Disse o honrado Membro, do não o sei, e estou persuadido que deverá ficar pa
que não me quiz fazer cargo do seu argumento, de ra os codigos: nesta persuasão não esperava . achalo
duzido das colonias inglezas; não me esqueceu, não na Constituição, e não o acho no paragrafo 166, Pois
foi por falta de memoria, foi porque me lembrou que que responsabilidade he esta? Ha de fazer-se efectiva
º honrado Membro não quereria ouvir as respostas. a responsabilidade dos magistrados inteiramente ao
Quereria o honrado Membro reduzir as provincias do arbitrio do poder real! Sería isto cousa que entrasse
Brazil ao estado de colonias inglezas! Certamente não. na cabeça de ninguem ! (Apoiado, apoiado). Nin
Em consequencia os direitos que o Rei de Inglaterra guem he obrigado a fazer queixas ao Rei; o Rei não
concede aos governadores, não podem ser os mesmos he obrigado a suspender: logo se este paragrafo he
que se hão de conceder aos governadores do Brazil, necessario para fazer efectiva a responsabilidade, se
Porque aquelles são mais despoticos, e nós queremos guc-se que esta …………………… do caprixo
[ 173 ]
do Rei, o que sería um absurdo; logo o paragrafo despotico não se admitte declaração autentica dos dí
não póde tratar do caso da responsabilidade. Estas são reitos sagrados do homem, porque no mesmo momen
as respostas aos argumentos do honrado Membro. to os homens, conhecendo os seus verdadeiros direi
- Por fim, disse elle que eu confundia o direito de tos, romperião as cadeias que os ligavão, e extermi
agraciar com o de suspender; que os argumentos de ana narião os despotas e seus satellites; mas num gover
dogia erão muito perigosos, porque era necessario que no constitucional devemos começar pela declaração
n'uma e n'outra cousa fossem as cousas iguaes. Eu não solemne dos direitos irrevogaveis do homem; esse mes
confundi agraciar com suspender; eu não disse outra mo governo constitucional he para fazer espalhar dis
cousa senão, que quando se tratava de poderes ex cursos fundados sobre esses principios. Declarão-se
traordinarios, tão extraordinario era um como o ou porque se querem fazer fixos; e por consequencia se
tro; e com efeito parece que se eu por tratar de dois as nossas obras sc não dirigirem todas a isso, de que
direitos os quiz confundir, então com mais razão po vale essa declaração dos direitos do homem! de que vale
derei dizer ao honrado Membro, que ele confundia essa igualdade de todo o cidadão portuguez perante
o direito de suspender com o de sanccionar leis, por a lei ! Por consequencia he preciso que n'um governo
que argumentou com o direito que delegavão os Reis constitucional haja essa igual communhão de direitos;
de Inglaterra, de sanccionar as leis, para o direito de perfeita, e igual communhão de utilidades. Diz-se
suspender. (O orador continuou ainda a responder a que não he possivel estabelecer-se isto na grande ex
·outras reflexões do Sr. Andrada, e concluiu dizendo): tenção da monarquia portugueza! engano manifesto.
Estimo muito ver hoje mais socegado o honrado Para mostrar que he possivel, não referirei os argu
Membro, sobre a união do Brazil com Portugal, ain mentos que já tenho enunciado neste Congresso, e
da que não de todo. Eu digo que esta união poderá que enunciárão outros illustres membros que comigo
ser perturbada por diversas causas, mas nunca poderá falárão. Tem-se dado grande pezo ao argumento que
ser perturbada por falta de direitos extraordinarios acaba de expôr o illustre membro, isto he, que a de
que tem o Monarca, e que póde exercitar, ainda que legação que se pretende fazer do poder executivo he
mais lentamente no Brazil do que em Portugal. contra o sistema constitucional; he contra a natureza
| O Sr. Castello Branco: — Deve haver nas pro de um governo representativo delegado da Nação.
vincias : ultramarinas da monarquia portugueza uma Eis-aqui o principio contra o qual eu me levanto em
autoridade que como delegada do Rei exercite as fun primeiro lugar ; e se me não engano demonstrarei
gões de poder suspender os magistrados! Esta a sim com toda a evidencia a falsidade deste argumento.
“ples questão que tem levado a discussão de dois dias, Examinarei o primeiro governo das sociedades, que
e sobre que reduzirei as minhas idéas refutando os ar ro dizer, a democracia; porque foi este, segundo di
gumentos daquelles que sustentão a opinião negali zem todos os historiadores, o primeiro governo das
va. Diz-se que esta questão he pouco importante, não sociedades; e pelo conhecimento dos seus defeitos,
he assim que eu a reputo: eu julgo esta questão de he que os homens inventárão as outras fórmas de
grande importancia, senão pela sua essencia, ao me governo. Na democracia, o povo exercita por si mes
nos pelas medidas que ella encerra; porque do esta mo a soberania: não vi jámais delegar ella o poder;
belecimento della vão a resultar providencias, vai a não vi jámais que a assembléa do povo delegasse a
aresultar o estabelecimento da paz, em que se ha de outrem o poder de fazer as leis; mas por ventura não
fundar a nossa união com as partes do ultramar da delegava ella o poder de executar essas leis? Como
monarquia portugueza. Eu creio, e nós todos cremos, he que o povo, a não ser uma republica circunscripta
que a boa fe preside inteiramente ás decisões deste dentro de curtos limites, poderia por si mesmo fazer exe
Congresso: quando eu me lembro que me acho eleva cutar as leis. . . . Ora os homens quizerão emendar estes
do ao grande lugar de legislador de uma nação, que defeitos da democracia; quizerão emendar este defeituo
da # decisão, cumulativamente com os meus so governo, e depois de passarem por immensos degráos
collegas, depende a fortuna, depende a felicidade de de experiencia, escolhêrão governos diversos da democra
milhões de individuos, he então que eu me conside cia; em todos elles se encontravão defeitos; os sabios do
iro sem patria verdadeira; he então que eu digo, eu nosso tempo, inventárão o systema representativo; este
não sou asiatico, não sou europeo , não sou ame systema não he mais que a subdivisão da soberania que
ricano, nem africano, sou portuguez: este titulo me compete ao povo, e que ele na democracia exercia:
honra; e por tanto como portuguez, sendo para as da subdivisão desta soberania, por differentes partes,
sim dizer indiferente aos interesses particulares de to se originou o corpo legislativo que exercita uma par
das as provincias que constituem a monarquia portu te da soberania ; creou-se o poder executivo com o
"gueza, eu vou com a maior clareza possivel, segun poder de executar as leis. Por tanto aqui temos uma
do os principios que ministra a politica e a filosofia, democracia para assim dizer repartida; aqui temos es
pezar os interesses das diversas partes da monarquia te governo privativo, que se chama democracia, divi
portugueza; e livre de todas as prevenções, vou deci dido por diferentes classes. -
"dir dos interesses de todos os individuos desta monar Está claro, como já disse, que o Poder legislativo
quia. Diz-se primeiro que a unidade da monarquia não póde delegar-se, porque na democracia não era
consiste na igualdade de direitos: assim he; mas que possivel delegar-se: mas se na democracia se delega
faremos? Como resolveremos nós este principio! Será va o poder de fazer executar as leis, porque não ha
por ventura por palavras vãs enunciadas em um pa de delegar-se este no governo representativo, na par
pel que nenhum efeito podem ter ! Em um governo te que cabe ao primeiro magistradº da Nação? A
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unidade do Poder executivo deve conservar-se na pes te principio vamos ver se a Constituição deve pôr 6
soa do Rei, que he a autoridade representativa im Rei na obrigação de delegar esta prerogativa para o
mediatamente da Nação, mas a Nação por força Brazil: sobre isto recae outra objecção que he o dizer
lhe havia de conceder este direito, com o de delegar; que esta prerogativa he desnecessaria, porque estão
de outra maneira seria contradictoria «om sigo mes dadas todas as providencias. Já um illustre Membro
ma: por consequencia todas as autoridades que ten produziu o argumento, de que erão necessarias
dem subalternamente a executar a lei, são pela natu para o Brazil. Eu ouvi responder a este argumento,
reza das cousas delegadas do chefe do Poder executi mas a falar francamente devo declarar que as razões
vo. Sendo isto assim, vejamos a que classe pertencem que ouvi produzir em contrario, não me persuadem,
as attribuições dadas ao Rei no paragrafo 166. Tra nem me convencem; se ella he desnecessaria no Bra
ta-se de suspender um magistrado que está prevenido til, onde devem existir as mesmas razões que nos obri
de crime, que não está ainda julgado, nem senten gárão a estabelecelas em Portugal, devem ser desne
ciado, e contra o qual ainda se não pronunciou uma cessarias em Portugal; e se ella he necessaria em Por
sentença de suspensão ; sejão quaes forem os ter tugal, deve tambem ser necessaria no Brazil; e so
mos, isto he do que se trata. A que classe pertence bre isto deverei fazer outra reflexão. Se esta provi
esta attribuição ! Não he á parte administrativa ! dencia he necessaria em Portugal, onde as outras me
Não he a uma parte da administração publica, con didas dadas na Constituição a respeito da responsabi
fiada ao Poder executivo! Não he este Poder exe lidade dos magistrados, devem ser executadas com
cutivo o que deve vigiar na commodidade dos in mais rigor e mais força, por isso mesmo que em Por
dividuos que compõem a sociedade! E porque razão tugal existe o fóco da autoridade suprema; se assim
possue ele o direito de suspender os magistrados, mesmo se reputou que esta medida extraordinaria he
senão porque se entende que haverá casos em que es precisa, então se nestas circunstancias ella he precisa
ta attribuição seja util aos povos ! Ora se o Rei pe em Portugal, mais necessaria direi eu que he no
la natureza do mesmo poder executivo póde delegar, Brazil, e n'outras partes da Monarquia. Disse-se na
ele deve delegar como entender, porque com esta ultima discussão ; que ou se concedesse esta delegação
condição lhe foi conferido pela Nação esse poder. Por ás relações provinciaes ou ás juntas administrativas,
que razão não ha de ter o poder de delegar essa por se seguirião dahi gravissimos inconvenientes, porque
ção do poder administrativo que tende a promover reunindo ellas em si tantas attribuições do poder ad
os interesses, as comnodidades e felicidades dos po ministrativo, tornar-se-lião despoticas; mas não de
vos? Eu estou prevenído que ha uma opposição que vemos tambem recear que os ministros se tornem des
me diga: não podem delegar-se as attribuições que poticos!... • •
são proprias do Rei..... Eu concedo que no syste O Sr. Pessanha: — O Sr. Borges Carneiro he
ma constitucional deve haver duas prerogativas ma muitas vezes bem singular nas suas opiniões; pois
jestaticas: não serão as mesmas que a ordenação es que singularidade maior do que recorrer á arbitrarie
tabelece, mas serão parte dessas, ou outras equiva dade como remedio da arbitrariedade! Lembra-me no
lentes; o Rei he o chefe do Poder executivo; he o caso presente o verso de Horacio,
primeiro representante nato da sociedade; tem attri In vitium ducit culpae fuga si caret arte. •
buições de cujo exercicio depende a felicidade publi Muitos dos Srs. Deputados d’Ultramar querem para
ca; por consequencia não podem deixar de se attri as suas provincias uma autoridade que possa suspen
buir ao Rei pessoa individual estas prerogativas que der-lhe os magistrados antes de se lhe formar culpa,
para assim dizer lhe servem de explendor e magesta eu condescenderia com os seus desejos se não assen
de, e por si attrahem sobre aquelle individuo os res tasse que lhes fazia o mais funesto presente, e que
peitos e venerações de todos os individuos que repres esse arbitrio he inteiramente opposto ao systema que
então a Nação. São para assim dizer inalienaveis; temos adoptado. Não se lembrão já dos despotismos
não podem delegar-se do Rei; porque isto constitui que os antigos capitães generaes exercitavão contra
ria outro Rei igual a elle, o que he contra a unida os magistrados, não por zelo da justiça mas porque
de do Poder executivo; mas quando se trata de at não ião conformes com os seus caprichos! Além de
tribuições necessarias para a administração da justiça, que já se disse que o poder real não póde ser delegado
elas se podem e devem delegar; por consequencia he porque he delegação da Nação: seria para isso preci
de absoluta necessidade que ellas se deleguem; por so desmembrar esse poder á similhança dos romanos
consequencia a meu ver cae o decantado argumento que creavão proconsules ou propretores, não por de
a que se pretende dar tanta força, de que não se de legação dos consules, ou dos pretores, mas por de
ve estender esta attribuição ao Brazil, exercitada por legação immediata do povo; seria preciso crear para
meio de um delegado, porque o Rei não póde dele o Brazil proreges o que seria uma infracção mani
gar as attribuições reaes. Muito impropriamente ou festa do artigo 23 das bases da Constituição, pelo
ço chamar a este direito prerogativa real; eu não pos qual está sanccionado que o Poder executivo está no
so entender que isto seja prerogativa real, senão no Rei e seus ministros. A vista pois do ponderado não
sentido que ha pouco acabei de dizer, que he preciso posso deixar de votar contra o additamento.
que o Rei a tenha para conciliar o respeito e venera O Sr. Villela: — Não posso comprehender a ra
ção dos povos; mas tudo entra no exercicio dessas zão, porque ainda ha poucos mezes havendo este so
funcções que lhe são concedidas pela Nação, porque berano Congresso decretado provisoriamente, que as
slie he representante nato da Nação. Estabelecido es juntas do governo das provincias do Ultramar possão
[ 18ô ]
suspender os magistrados, agora se vacille sobre sanc O Sr. Freire: — Esta he a terceira fala sobre es
cionar este beneficio na Constituição, quando os po ta materia: os argumentos que apresentei na primeira
vos estão já no gozo delle, quando delle se não tem occasião, e que apresentei na segunda são ainda os
seguido mal, e quando os representantes dos mesmos que apresento hoje de uma fórma mais inteligivel, e
povos pedem a sua instituição! Eu até requereria, que possão ser facilmente conhecidos de todos. O Sr.
que os governadores das armas das ditas provincias Trigoso já se fez cargo de responder a algumas refle
fossem responsaveis ás respectivas juntas; como as dexões que se fizerão contra elles, e eu hoje terei em
mais autoridades ali estabelecidas. Que quer dizer a vista o responder á uelles que se me deixarão. Digo
junta do governo da província sujeita só ao Governo pois, e o repito agora que não póde adoptar-se a
de Portugal, a junta da fazenda sujeita só ao Gover emenda proposta por isso que ella queria que hou
no de Portugal, o governador das armas sujeito só vesse uma delegação do poder real e que não era
ao Governo de Portugal, e ultimamente os magistra possivel fazer-se esta delegação porque era uma das
dos sujeitos só ao Governo de Portugal! 1sto he que prerogativas do Rei; que mesmo sendo possivel se
rer instituir no regimen daquelles povos um monstro não deveria fazer porque era ir sanccionar na Cons
de 4 cabeças, que necessariamente se hão de dilace tituição uma differente consideração para os povos
rar umas ás outras em competencias de autoridade, do Ultramar da que tem os povos de Portugal. Dis
até que appareça a clava de algum Hercules que as es se, eu mais que não era possivel que todos os po
mague e derribe. Falemos claro, Srs., eu não vejo vos da mesma monarquia podessem ter as mesmas
nisto senão aquela celebre maxima de Machiavel, commodidades ainda que devessem ter os mesmos di
divide et impera. Nem se diga que o poder de suspen reitos individuaes: tem-se respondido a estes argu
der os magistrados concedido ao Rei neste paragrafo não mentos muito methodicamente, mas as razões em que
póde ser delegado, porque tambem se não delegão o de se fundão ainda todas se achão em pé: Digo que o
agraciar e declarar a guerra e de fazer a paz. On poder real não só pelas razões dadas, mas por outras
de está mesmo a impossibilidade de serem estes po muitas não póde delegar-se porque elle foi dado ao
deres delegados? Seria a primeira vez que isto acon Rei, e sómente ao Rei, e foi dado com restricções
tecesse? A caso ignora-se que os vice-reis da Asia taes que não póde verificar-se em pessoa nenhuma se
declaravão a guerra e fazião a paz! Que os capitães não no Rei; que ele só póde exercitar este poder ou
generaes no Brasil suspendião os magistrados! Diga vido o Conselho de Estado, e ninguem mais senão
se muito embora antes, que isto não convem; mas elle; que elle póde verificar este poder dependente de
nunca que he impossivel. E com tudo he preciso de mandar tomar informações desse ministro a quem sus
monstrar que não convem. Mas quem poderá demons pende, e ninguem mais; e tudo isto só porque só el
tralo neste caso, sem tachar de precipitada, e desap le he uma pessoa inviolavel e independente, e cujas
provar aquella deliberação do soberano Congresso; sem paixões constitucionalmente falando não o podem fa
faltar á justiça que tem os povos do Ultramar de zer pender mais para um lado do que para outro. Já
exigirem as mesmas vantajens e com modidades que um illustre Deputado respondeu aos argumentos de
. se dão a seus irmãos de Portugel! E que pedem elles! analogia tirados dos governos de outras nações onde
Pedem acaso algum impossivel! Pedem uma delega se delegão as attribuições do poder executivo; e eu
ção do poder real; um apoio em o Governo de sua ainda accrescento que argumentos de analogia nada
eleição contra a violencia dos magistrados, que até concluem senão quando são feitos de semelhante para
por fatal necessidade de cá lhes são mandados; uma semelhante. Convenho em que existão constituições
providencia em fim para poderem gozar do beneficio na Europa nas quaes tenhão delegado a subalternos
concedido a seus irmãos da Europa, e do qual não as prerogativas reaes, até o direito de vida, e norte
podem gozar pela distancia da presença do Rei. Ora e todos os direitos; entretanto agora não se fala des
lembrem-se os Srs. Deputados europeos, que quan tas constituições, falamos da nossa; fala-se de uma
do os Portuguezes jurárão em Cortes a Filippe 2" Constituição em que os tres poderes são independen
Rei destes Reinos, exigírão delle, e de seus successores tes, e em que se determina que um não possa arro
que residirião metade do anno em Portugal, e me gar a si as attribuições do outro. Argumentou um il
tade em Hespanha: e com tudo não he tão incom lustre Deputado dizendo que esta doutrina não era
modo ir de Portugal a Madrid. Entre tanto não se exacta por isso que na pratica tinha sua opposição, e
entenda que tambem queremos o Rei ora cá, ora no até mesmo já a Constituição havia determinado que
Brasil; por quanto isto he inadmissivel; que a não o poder judicial não podesse sentenciar os Deputados
selo, tambem o requereriamos. O que se pretende pois da Assemblea, sem primeiro vêr esta o processo, exa
com aquella providencia he occorrer a esta privação. minalo, e decretar que se cumpra a sentença; mas
Finalmente, Srs., desenganemo-nos, que visto estarem isto não he exacto. A sentença do poder judicial ha
os povos do Brasil muito distantes das Cortes e do de executar-se, ha de se cumprir a pena; o Congres
Rei, he necessario que haja ali quem ouça as suas so não se ingere no poder judicial, não faz mais do
queixas, e as dirija ao Congresso e ao throno, e quem que demorar a execução , porque a utilidade pu
vigie na execução da justiça: e a ninguem cumpre blica, o bein publico talvez que assim o exija. Disse
melhor este dever do que ao Governo politico de cada mais então o illustre Preopinante que na occasião em
província. Por tanto sou de parecer, que este possa que tinhamos feito responsaveis os ministros, tinhamos
suspender os magistrados em # do Rei, na con tambem dado ingerencia no poder judicial, mas esta
formidade do § 166. doutrina não he exacta: o illustre Preopinante con
[ 181 ]
fundiu independencia com inviolabilidade; o poder Brazil dos seus interesses. Por tanto sustento e sus
judicial he independente, mas não he inviolavel, nin tentarei sempre a opinião que tenho enunciado nas
guem ha inviolavel na sociedade senão o Rei; se qual anteriores sessões, e voto contra a indicação.
quer commetter um crime ha de ser sentenciado por O Sr. Pinto de França: —Sei quanto he precio
um tribunal: logo nenhum dos exemplos de que fala so o tempo; sei quanto interessão decisões desta na
o illustre Preopinante conclue para dizer que nós te tureza, e mesmo que se aproxime quanto fôr possivel
mos dado exemplos de ingerencia no poder judicial, o acabamento da nossa Constituição: não voarei so
e ainda quando tivessemos caido nesta difficuldade, bre as azas da erudiçao para tomar campo no que se
deveria o illustre Preopinante empregar meios para tem dito; vou só analysar não cousas novas, mas
desvanecer estes defeitos, se os houvesse, e não au por um modo novo o fim da indicação: pelo espirito,
gmentalos. Havendo dous males na Constituição de e pelas palavras tem-se procurado a conveniencia de
veria acautelar-se que haja um terceiro. Quanto ao um e outro hemisferio: tem-se procurado a conve
outro argumento de que haveria contradicção mani niencia do Reino Unido, e quanto se diverge em ex
festa em delegar este poder, he de summa evidencia pressões se converge no espirito, e na mente: alguns Se
porque este poder delegado a outro qualquer indivi nhores que se tem levantado para dizer que não deve
duo ficava sim com a autoridade de suspender os ma o Rei delegar para o Brazil na parte respectiva ao §.
gistrados, mas ou essa autoridade fosse junta adini me parece que tendem a isto mesmo, dizendo: sim
nistrativa ou a relação, havia de ser uma autoridade este § he feito em benefício geral da nação, este §.
que tenha grande ligação com outros indivíduos da vai marcar mais um meio de fazer efectiva a respon
terra; e que havia de proceder contra os magistrados sabilidade dos ministros, vai a dar mais um recurso
que resistissem á sua vontade, que não tinhão Con á nação em geral, e nós queremos que este § tenha
selho de Estado que ouvir, que não tinhão indepen applicação a todas as partes da nação, porque todos
cia etc. Diz-se mais que se esta autoridade era util nella interessão com igualdade; mas nós não podere
para Portugal, o era para o Brazil; se inutil para o mos dizer que o Rei delegue para o Brazil, e mais
Brazil, como util a Portugal! Convém o illustre Preo partes, por isso mesmo que he indelegavel. Isto nós
pinante comigo em dizer que de nenhuma fórma se não podemos consentir, e dizer, como esta attribui
deverá afirmar que os povos do mesmo paiz devão ção que he toda do Rei, póde passar para fóra do
ter as mesmas commodidades, mas que era necessario Rei. Dizem os outros Senhores cheios do mesmo es
que tivessem as commo lidades possíveis. Convenho pirito de que estou dominado a favor do Brazil, mi
que seria mais proprio que este poder se podesse de nha querida patria: queremos que ella goze de tudo
legar, mas era preciso que fosse delegavel, porque nun que goza Portugal; nós temos este direito, a lei he
ca por argumentos de commodidade se deve argumen igual, e para que a sua influencia seja igual he pre
tar contra principios de justiça. Parece-me ter res ciso que la chegue: tem toda a razão, e por tanto
pondido a quasi todos os argumentos sobre esta ma deverá ir aproximando-se para os Brazileiros, e In
leria. Resta agora o argumento de que seria uma dianos este favor, que se acha tão proximo em Por
man festa contradicção, que tendo este Soberano Con tugal. Procurarei eu aos primeiros. Achais vós meios
gresso sanccionado o decreto que dizia que os minis de satisfazer ás vossas intenções, ao vosso amor frater
tros serião responsaveis ás juntas administrativas, fos nal? Dir-me-hão : escolhão os Senhores da opinião
semos agora adoptar uma medida contraria, e cair contraria de he possível esta delegação. Então volta
em uma contradicção. Digo que não existe tal con ria eu para os da parte contraria a dizer-lhe: convin
tradicção. Então quando isto se fez suppunha-se que des vós que esta delegação se exercite, mostrando-vos
as juntas administrativas poderão continuar, mas is que ela não he conveniente! a resposta seria obvia.
to he um ponto problematico se devem ou não conti Bem: passemos pois a este exame: está visto que hão
nuar as juntas; então não estava estabelecido o mo de ser rarissimos os casos pelas providencias dadas no
do porque deveria fazer-se efectiva a responsabilida artigo antecedente, em que haverá este recurso. Sup
de dos ministros, mas tudo isto se desvaneceu ja ávis ponhamos com tudo que ha de haver alguns casos
ta de todas as providencias dadas, e este nao he o destes no Brazil; por isso mesmo que póde haver al
meio de fazer efectiva a responsabilidade dos minis guns, chamo isto a exame, e então digo que me pa
tros; este he um meio extrajudicial, que se deu ao rece que se abrirmos as portas a maiores perigos, va
poder executivo, e que poderia deixar de se dar. Por mos a perder mais do que ganhamos. Supponhamos
ventura por deixar de se dar a esta autoridade o po que não ha mesmo um caso em que alguem tenha oc
der de suspender os magistrados, deixa de ficar sanc casião de querer queixar-se de um ministro, pois que
cionada na Constituição a responsabilidade dos ini vão nos meios dados todos os remedios. Então traba
nistros ! Não certamente: nós temos estabelecido a lha a malicia humana, então isto que se prepara vai
responsabilidade dos ministros por muitos meios; não
• • • }
desenvolver-se, e lá se fará occasião ao criminoso de
queiramos accrescentar agora mais um meio contra accusar o ministro; o ministro perderá a independen
dictorio. Concluo pois de que nem a união de Por cia que deve haver no poder judiciario; e o povo fica
id:al com o Brazil, nem a utilidade dos povos exi ria sºjeito á cabala que o ministro com o chefe politi
gem que nós vamos fazer uma fracção das attribuições co ou Governo poderia fazer. He preciso provar esta
que termos dado ao poder executivo. Por leis mais sa proposição: o ministro logo que vê ser possível ser
gradas está feita a união, he por principios, e co suspenso pelo governo de cada provincia, por um tem
#Lecimentos que tem os povos de Portugal, e do po, o qual não ha de ser breve pelas distancias natu
\,
{
[ 1821
|raes do Brazil; como póde ser suspenso, e como ha zões, que se tem expendido nesta longa discussãº, mais
de ser suspenso por via de uma autoridade se ele a me confirmo no meu parecer. Mas o soberano Con
não lisongear, esta autoridade o que faz he fazer que gresso, approvando aquelle artigo, reconheceu que
elle seja mal olhado, e por consequencia esteja sem o meio que ele propõe era um dos mais eficazes para
pre em susto; então este ministro não tem independen obstar, ou cohibir as prevaricações dos magistrados;
cia de julgar, e fica de tristissima condição. Mostra por tanto como estas prevaricações podem ter lugar
rei mais que he natural que o chefe politico ou essa tanto nesta parte da monarquia, como na America,
junta governativa faça mal ao ministro, faça-o depen na Africa, e na Asia, pela mesma razão, que se con
dente, apenas ella se vir nas circunstancias de o po cede aqui á primeira autoridade a faculdade de sus
der suspender, e procurará meios de fazer sempre de pender os magistrados, parece que se deve conceder
pendente o ministro destas circunstancias; então ella igualmente á primeira autoridade de cada uma das
tem um homem sujeito ao seu capricho, e manejo, provincias ultramarinas. Nem se diga que isto he uma
ella póde fazer que haja accusações de toda a injusti attribuição privativa da realeza: nós não estamos tra
ça, ela tem meios de que em virtude destas accusa tando das prerogativas do Rei; estamos tratando da
gões haja a suspenção. Aqui temos um dado injusto: responsabilidade dos magistrados. .
voltemos para o lado do povo. Se o ministro em ra N'uma palavra, senhores, ou esta providencia he
zão de receio se vem a ligar com o chefe politico, ou boa, e então não devem ficar privados della os nos
junta, então o mal he maior. Qual o homem que sos concidadãos d’além mar; ou ella he má, e então
porá acção contra um ministro, quando sabe que a não deve ter lugar, nem cá, nem lá. •
influencia do ministro, pela ligação com o chefe poli O Sr. Fernandes Thomaz : — Supponho que
tico, he tal que elle sofrerá, e serão inuteis seus es quando se redigiu este artigo da Constituição (peço
forços. Daqui se vê que não he conveniente, em caso licença para falar, e não espero ser chamado á or
algum que um homem qualquer, ou quaesquer ho dem, porque eu não vou atacar a decisão do Con
mens, . . . . . . . . . . . tenhão esta delegação. gresso) os redactores considerárão um Imagistrado de
Considere-se o que póde fazer um homem cheio de pois do actual systema, no mesmo pé e com a capa
paixões, um homem igual a outro homem: aquelles cidade de praticar os mesmos abusos que havia no
que se lhe hão de juntar estão ainda em circunstan antigo regimen. Neste contra a prepotencia de um
cias muito peiores. Primeiro o homem interessa em magistrado havia só o recurso ao Soberano, porque
ter um predominio sobre as autoridades representati não havia acção nenhuma contra elles; as queixas
vas, sobre os que hão de julgar dos interesses desse na residencia era cousa muito longa e tardia. Depois
homem, por isso hão de buscar meios de fazer effecti do systema constitucional parece que não deveria ha
vo este predominio. Os outros, que são os nomeados ver este remedio extraordinario; todavia o Congresso
elo povo, para fazerem as juntas administrativas, determinou que o houvesse, e não ha nada que dizer
# de ser temporarios, e o juiz ha de ser perpetuo, contra isto. Mas na verdade os redactores do projecto
e então virão passado o seu tempo, a ficar nas cir tiverão em vista o que eu disse, quando não he as
-cunstancias de dependencia, e medo que resulta des sim; e hão de cessar as causas do abuso dos magis
ta lei. Tudo isto he em damno, e prejuizo já do mi trados, porque separa-se o que he criminal do que
nistro, já do poder judicial, já do povo em geral, he civil, e separa-se o Poder administrativo do Poder
que tanto parece poder tirar conveniencia disto. Por judicial, etc.: depois disto he verdade que se devem
isto parece-me que me dirião os do primeiro voto: prevenir os abusos que os magistrados podem fazer;
assim he, nós queriamos dar toda a felicidade aos ha de se fazer para isto uma lei de responsabilidade
povos que ficão separados; mas nós não podemos: a de um magistrado, bem como de um lente da acade
propriedade do homem não póde ser propriedade do mia de Lisboa, de um lente da Universidade, etc.,
Rei, o Rei he justo por sua propria essencia; ou porque todos são funccionarios publicos, todos exer
melhor pela sua superioridade e independencia de con cem poder, julgão mais ou menos, etc., e o Rei ha
dição; o homem he injusto porque tem muitos inte de poder suspender estes funccionarios. Que isto não
resses. Eu direi em conclusão, dem-me uma autori he applicavel em toda a monarquia, he demonstrado
dade no Brazil, que por sua superioridade e indepen por todas as razões; todos conhecem que este direito
dencia possa aproximar-se ás circunstancias em que não póde ser exercitado com igual commodidade dos
está o Rei, e eu instarei muito para que o Rei dele povos; e por tanto he necessario substituir no Brazil
gue este poder, pois desejo não só isto, mas tudo e uma outra medida de que os povos se possão a provei
tudo o que possa ser a bem da minha cara Patria. tar, e então convem que isto se faça por meio de
Em fim quanto fôr possivel a Constituição deve pro uma junta ou autoridade que suspenda o magistrado
videnciar; eu porém não posso proferir opinião; mas no Ultramar; e nesse caso digo eu, que se ha de ha
digão uns se achão pezo nas minhas razões, e digão ver esta autoridade no Ultramar, a haja em Portu
os outros se ellas o tem gal e no Algarve, e seja esta que suspenda os magis
O Sr. Feio: — Quando se discutiu o art. 166, trados, e para isto faço esta indicação (leu, e con
eu fui de parecer que fosse supprimido, porque na tinuou dizendo): O Congresso talvez responda que is
minha opinião a providencia nelle proposta, não sen to não póde ser, porque he uma prerogativa real, e
do suficiente para fazer efectiva a responsabilidade que não póde tirar-se, mas então ficão os do Brazil
dos magistrados, ía entregar o poder judiciario nas com um direito mais que os de Portugal, e para não
mãos do executivo: e agora, depois que ouvi as ra ficarem com este direito mais (leu, e concluiu): Ou
•
[ 183 ]
juntas para o Brazil e Portugal, para suspender os Requeiro que se lance na acta, que eu fui de co
magistrados, e nada d'ElRei os poder suspender, ou do que não se applicasse á sustentação dos expostos de
então seja o Rei que suspenda em toda a Monarquia, Tavira o rendimento de uma capella que ha naquella
e nada de juntas. cidade, pertencente á fazenda nacional. — Manoe
Fernandes Thomaz. •
tá o Brazil a respeito de Pertugal. Não sofrem já os Levantou-se a sessão publica ás duas horas da tar
Brazileiros tantos incommodos ! Porque não se hão de, para continuarem as Cortes em sessão secreta —
de aliviar de um, qual he vir requerer a Portugal à João de Sousa Pinto de Magalhães, Deputado Se
ElRei contra um magistrado! cretario. • Redactor – Galvão. |
O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu peço qne o -
* *
Congresso decida se um requerimento que faço como |
illustre Deputado conhece bem a razão disto, e qual __ Os Srs. .Araujo Lima, Moniz Tavares, Assis
seja o sentido dos seus requerimentos. | Barbosa, Martins Ramos, Malaquias, Ferreira da
Declarada a materia sufficientemente discutida ; Silva, tambem declarátão os seus votos da maneira
se poz á votação o additamento nos seguintes termos: seguinte: Na sessão de ontem 13 do corrente fo
JNo Ultramar, quando a relação que tiver faculdade mos de parecer, que além do poder, que o Rei exer
de conceder revista, receber a referida queixa, pode ce em todo o Reino Unido, de suspender tempora
rá mandar proceder á dita informação e suspensio; riamente os magistrados, houvesse no Ultramar uma
guardando
foi rejeitado.nisso a forma que a lei determinar. — E •
autoridade, que exercesse este poder. -
da, remettendo a consulta do conselho da fazenda de Deus guarde a V. Exc." Palacio de Queluz em 13
11 do corrente, com a informação do administrador de Fevereiro de 1822, — Illustrissimo e Excelentissi
das sete casas, o mappa, e relação dos barcos em mo Sr. João Baptista Felgueiras. —, Candido José
pregados na pesca do districto desta cidade. A Com Xavier. , ,
missão de pescarias. Ficárão as Cortes inteiradas, e remetteu-se á Com
Um dito do mesmo, remettendo a consulta do missão militar.
conselho da Fazenda de 11 do corrente, com os map Um dito do mesmo ministro enviando um officio
pas dos encabeçamentos das sizas, á excepção das do secretario do conselho de guerra sobre a precisão
duas comarcas, Villa Real, e Villa Viçosa, a cujos de officiaes para o expediente dos negocios pertencen
ministros expediu ordens com pena de emprazamento. tes ao supremo conselho de justiça, que se acha hoje
A Commissão de fazenda. reunido ao da secretaria do dito primeiro conselho.
Um dito do mesmo, remettendo uma representa A Commissão especial de organização do exercito.
ção da Commissão fiscal do Porto, expondo os pre Um dito do mesmo, enviando uma representa
juizos que resultão á fazenda publica do contrabando ção, e mais papeis annexos, do interino, thesoureiro
[ 185 ]
geral das tropas José da Veiga Castro relativamente ao dos os emolumentos, que lhe pertencem da fronti
modo por que se deve fazer o pagamento ás diversas ficação dos diferentes transportes, que tem sido reque
classes dos officiaes militares. A Commissão de fa ridos desde que tomou posse do lugar, bem como de
zenda. " " ., , , ,
todos quantos para o futuro prontificar dúrante o
* **
Um dito do mesmo, remettendo um requerimento tempo, que servir naquelle mesmo ingar. Ouvida com
dos cirurgiões dos corpos actualmente estaciodados na agrado: e ao Governo para verificar à dita oferta.
província do Alemtejo, em que pedem a continuação Uma memoria anonyma ácerca das pessoas eccle
do abono de suas respectivas gratificações. A Com asticas. A Comissão ecclesiasticá de reforma.
missão de organização do exercito. • |-
O FF 1 c 1 o. •
do corpo dos artilheiros conductores. A Commissão
especial de reforma do exercito. * ,
Quanto á primeira pretenção foi com efeito escu O mesino Sr. propoz que se repetisse a ordem de
ado o requerimento dó supplicante em 11 de Outu mandar vir para o serviço da sala das Cortes os mo
brº passado, e por dois motivos, o primeiro porque veis que já se havião pedido... -
a antiguidade dos officiaes por quem elle se dizia pre Decidiu-se que se perguntasse ao Governo o mo
terido contava e conta em uma arma diferente da sua, tivo porque não estava ainda cumprida sobre o mes
na qual por tanto não se dava preterição; e o segun rno objecto a ordem das Cortes. -
do porque se o supplicante fosse graduado em major, O Sr. Soares Franco leu o seguinte +
Assim se resolveu. -
esta diferença nos generos, e resultaria além da in giro desta moeda, ou se ha de impor aos particulá
certeza, que he já um mal, prejuízo do consumidor. res a obrigação de acceitala pelo valor que lhe dermos
Peço pois ao autor do projecto, que para não nos invol ou não: no primeiro caso faremos uma violencia; uma
verinos em difficuldades, tenha a bondade de nos apre injustiça aos credores, quando aconteça, o que he
sentar o seu systema monetario regulando a unidade possivel, que a moeda de ouro diminua de valor em
de medida, e abraça-lo hemos porque realmente he comparação com a de prata, pela qual actualmen
necessario, e então fixaremos o preço e estabelecere te se regulão os contratos, e transacções: , no segun
mos o seu valor. do caso nada temos feito; então vale o mesmo que
O Sr. Mirauda: — O Sr. Ferreira Borge dis não haver lei, e a moeda de ouro continuará a cor
tinguiu aqui moeda má, e moeda boa; eu falo só rer por ajuste, como até agora. A razão da necessi
mente da moeda de prata no statuo quo: falo da dade que o thesouro tem de cunhar moeda de ouro,
moeda actual. A moeda do prata actualmente são e emittila não he suficiente: o thesouro a este respei.
os cruzados novos, e entre estes ha tal diferença que to está no mesmo, caso dos particulares, pois obraria
que não seria possivel reduzilos a uniformidade senão com a maior iniquidade, se se arrogasse um privile
tornando-os a fundir. No meu projecto não se trata gio destincto para forçar a que se acceitasse a sua
de novidades, nem ha ninguem que seja mais inimi moeda pelo valor que lhe desse: se tem ouro, e lhe
go de novidades sobre o que se acha estabelecido a convém cunhalo; não ha motivo porque o não faça:
respeito dos valores que eu; mas trata-se sómente de cunhe quanto quizer; e venda a moeda, ou pague
sanccionar legalmente o que já se está fazendo. Eu com ella pelo seu valor corrente, reduzido ao da moe
não trato de qual he o valor da prata, como disse ha da de prata: que outra cousa faz elle com o papel
pouco, quem quer determinar um valor não determi moeda ! Quando o tem excedente da extracção, e
na um valor absoluto senão relativo; mas qual seja precisa de metal manda vendelo com o rebate da pra
este valor absoluto não nos importa, o que nos im ça. pois pratique o mesmo com as dobras, mande
porta he designar o valor relativo por uma lei inva cambialas, pois não ha diferente razão. -
riavel; e como o que póde apresentar este valor não He tambem muito attendivel a reflexão, que
be senão a prata amoedada, he sobre ella que deve illustre Deputado, o Sr. Ferreira Borges fez sobre
mos estabelecer a unidade de medida : e pergunto, a o inconveniente, que esta mudança, provisoria faria.
relação que deverá haver entre o ouro e prata, e a sobre os cambios com as nações estrangeiras, princi
prata em barra, não deverá ser a mesma! Ninguem palmente com a Inglaterra; no que o prejuízo seria
dirá que não. Qual he a relação estabelecida entre o sempre contra nós, porque os inglezes tem o meio
ouro em barra, e a prata em barra! He a de 1 a 16 sempre de salvar-se na alteração do cambio, o qual
logo qual deve ser a relação entre o ouro amoedado, proporcionarão ao valor da nossa moeda como fazem
e a prata amoedada! Deve ser a mesma: não me po com o desconto do papel. • |-
dem por conseguinte negar os Preopinantes que este Senhores: a unidade da moeda he uma sómente:
valor se deve declarar. Tem-se falado em moeda de por ella se ha de regular o valor das outras, o qual **
cobre; mas o cobre não he moeda; nem em nenhu póde variar, por diferentes causas: o mesmo estado
ma parte se tem julgado como tal; he uma pequena dos cambios, ou da balança do commercio entre as •
moeda de confiança para servir naquellas pequenas diferentes nações, influe no valor daquella moeda,
transacções que não se poderião verificar com a pra que costuma tomar-se para compor o saldo; a qual
le. • • • ) # •
então deixa de ser representante, e se converte em um
O Sr. Peixoto: — Os argumentos com que o il genero commercial. Que nos tem acontecido com as
lustre Preopinante tem pretendido sustentar o sen pro dobras! Actualmente o nosso cambio com Inglaterra,
jecto, são no meu entender os mesmos que os des he de 51: o par devia ser de 67 j; que descontada
troem. O illustre Preopinante disse, que este regula a parte do papel ficaria em 60; perde-se em conse
mento era provisorio; que havia de fazer-se outro per quencia nos pagamentos feitos por letras 9 em 60:
manente, em que só tomasse uma só unidade para o estando por tanto caras as letras; e conservando as
valor da moeda; e que a pezar deste regulamento pro dobras de 4 oitavas na Inglaterra o seu valor he de
visorio, ainda aos particulares seria permittido ajus sete mil e tantos réis, fazem-se os pagamentos em do
tar a moeda de ouro: suppõe que ao thesouro publi bras; e estas como um genero necessario, para ex
co seria necessaria uma tal medida a fim de po portar-se, e ir saldar a nossa conta, hão de sofrer
der mandar cunhar, sem prejuizo, moeda de ouro. as oscilações da maior ou menor necessidade que del
Regulamento pruvisorio de valor de moeda, sup lar houver, e de maior ou menor commodidade, que
põe que no regulamento permanente haverá varieda comparativamente com o cambio oferecem ao expor-.
de; o que vale o mesmo que dizer ao publico, que tador. Antes do anno de 1807 as dobras de 4 oita- ,
não confie no valor que agora arbitramos, porque o vas circulavão, constantemente a par da moeda de
possuidor da moeda de ouro lucrará ou perderá nel prata pelo valor de 63400 réis; porque a nossa ex
ja, segundo ao futuro a avaliaremos, ou por outra; portação para as praças estrangeiras era mui avultada,
que esta moeda não he moeda. Reconhecendo ele; por causa dos generos coloniaes; e consequentemente
que da moeda só póde haver uma unidade, que he a ainda que o commercio, fosse regularmente passivo
de prata; e que ao futuro assim deverá regular-se; não o era em questão exorbitante; e anno houve an
não sei porque motivo proponha agora uma excepçao tes do de 1800, em que veio dinheiro de Inglaterra. …
provisoria da sua propria regra. Pelo que pertence ao Nesse tempo o ouro que nos vinha do Ultramar era
[ 190 |
mui suficiente para contrabalançar a diferença da Votárão tambem a favor do projecto os Srs. Soa
-exportação para a importação de outros generos: com res Franco, e Franzini, e ficou addiada a sua dis
esse ouro que os paquetes conduzião fazia-se o saldo cussão por ser chegada a hora da prolongação.
por Inglaterra, e o cambio conservava-se quasi ao O Sr. Rcbcllo leu o seguinte
par: por isso uão se sentia a falta do genero moeda
de ouro, nem havia em consequencia motivo, pelo P A R E C E R.
qual o seu valor crescesse. Perdido o exclusivo do
commercio da America tudo mudou, e o nosso con A Commissão ecclesiastica de reforma examinou
mercio passando a ser mnito mais passivo de que an o projecto para a impetra das bullas, que se hão de
tes, devia ser necessaria muito maior quantia de moe solicitar de Sua Santidade para a extincção da Santa
da de ouro para saldar a conta com a Inglaterra, ao Igreja Patriarchal, e restabelecimento da antiga me
mesmo tempo que a importação desta moeda dimi tropole archiepiscopal de Lisboa, que o governo en
nuia, ou absolutamente se estancava. Não se sentiu carregou a uma Commissão para isso nomeada, e
desde logo a consequencia necessaria de uma tal va agora sujeita á decisão do Soberano Congresso.
riedade, porque os acontecimentos extraordinarios da A Commissão concorda em que para a impetra
guerra lhe retardárão os efeitos. A manutenção do da bulla da extincção da Santa Igreja Patriarcal se
um grande exercito britanico na peninsula attraio a allegue: Primeiro a impreterivel necessidade de appli
ella grandes cabedaes: a Inglaterra foi-nos constan car os seus exorbitantes rendimentos para o paga
temente devedora: o cambio chegou a 84, e nesse mento, e amortização da divida publica, occasionada
tempo mandárão-nos elles os seus guineos pela mes pelas extraordinarias perdas, sacrificios, e despezas,
ma razão porque nós agora lhes mandamos as peças, a que a Nação tem sido forçada nas diversas alter
as quaes lá correm por seu pezo e toque, assim co nativas politicas, e economicas, em que se tem acha
mo entre nós corrêrão os guineos pelo valor de 3733 do. Segundo, que tendo a Patriarcal sido instituida
réis, que foi no que se avaliarão pelo ensaio que se meramente para satisfazer a piedade magnifica de El
lhes fez. Ora aqui temos que como as mesmas dobras Rei o Sr. D. João V, a sua existencia se torna ho
de 4 oitavas nos annos, em que o cambio com In je incompatível com os deveres da justiça reclamados
glaterra nos era favoravel corrião como dantes a pela necessidade da causa publica, e com os da mes
6400 réis, e assim como o cambio foi mudado contra ma causa da religião, a qual demanda essencialmen
nós forão tambem subindo até chegarem ao valor de te o melhoramento da congrua sustentação dos paro
7400, e mais; o quc mostra que este valor he varia cos, e decencia do culto divino em uma parte consi
vel segundo variarem as relações commerciaes. deravel das igrejas do Reino, cujos rendimentos estão
Concluo que nada de regulamento provisorio: se mantendo o apparato Patriarcal, deixando em mise
as moedas de prata estão entre si desiguaes, igua ria os respectivos parocos, e em penuria o culto de
lem-se; e pelo que pertence ás de ouro, continuem a suas paroquias. Terceiro e ultimo, que os fundamen
correr por ajuste como actualmente; porque na cir tos, e motivos, porque o Papa Pio VI, concedeu
culação interior seria injusto obrigar os particulares a a Sua Magestade a faculdade de applicar para as ur
que as acceitassem por outra fórma; e a respeito do gencias do estado os remanecentes da Patriarcal, são
commercio externo toda a mudança, que lhe fizer os mesmos, que presentemente militão para a extinc
mos ficará em nome; visto que sempre havemos de ção da Patriarcal, por isso que as urgencias do Es
exportar toda quanta for necessaria para saldar a dif tado tem chegado a tal ponto de gravidade, que en
ferença de que formos credores ás outras nações; e tre todos os mais recursos disponiveis exigem o soc
sempre calculada pelo toque e pezo, que nellas for corro de todos os rendimentos da Santa Igreja Pa
COrrCnte. >
triarcal, que possão ficar salvos da congrua sustenta
O Sr. Xavier Monteiro: — Tem-se produzido, ção dos parocos, e decencia do culto das igrejas, de
e desenvolvido excellentes teorías sobre a natureza da que saém aquelles mesmos rendimentos; e da decoro
moeda, e dos valores; mas a meu vêr não se tocou sa subsistencia dos ministros, e beneficiados collados
o estado da questão. Trata-se de se devemos ter ou da Igreja Patriarcal, que ficarem sem exercício pela
não moeda de ouro; porque nós não a temos, e este
• • • sua extincção. Todavia deve na supplica para a im
he o fim do projecto do Sr. Miranda. petra desta bulla declarar-se positiva, e singularmen
O Sr. Miranda (fez vêr, que foi alterado o valor te a Sua Santidade esta ultima clausula, isto he, que
da moeda de prata em 1749 sem se tocar no ouro, a Nação ha de segurar a decorosa sustenteção de to
e seguiu-se daqui o comprar-se agora ordinariamente todos os ministros, e beneficiados collados da Santa
por muito maior preço do que o seu valor nominal a Igreja Patriarcal, que ficarem sem exercicio pela sua
moeda de ouro): trata-se pois de vêr se devemos con extincção, não só para tranquilizar por este modo o
servar o ouro em genero, ou se o devemos restituir animo de Sua Santidade; mas tambem para revestir
ao estado de moeda; para conseguir este segundo res a indispensavel medida da extincção da Patriarcal de
ultado he indispensavel o dar-lhe como moeda um todos os verdadeiros sentimentos de justiça, e digni
valor nominal superior áquelle que elle como genero dade, que animão o Soberano Congresso nesta, e em
conserva no commercio. Eis o que fazem todas as todas as mais providencias, e reformas, a que se de
nações que pertendem ter moeda de ouro. E como o cide pelo bem da religião, e do Estado.
projecto satisfaz prudentemente a este fim, voto a fa Pelo que pertence ao restabelecimento da antiga
vor do projecto. metropoli archiepiscopal de Lisboa, convem a Corn
\
[ 191 ]
missão, em que ella seja instantada com o mesmo ao livre arbitrio da Curia Romanr, ou receber os com
numero de ministros, de que se compunha pela bulla petentes emolumentos da expedição da bulla, segundo
de Bonifacio 9.° de 10 de Novembro de 1394; classi as lotações dos diversos beneficios da antiga metropo
teados porém pela maneira seguinte: seis dignidades ; li archiepiscopal, que devem existir na chancellaria de
a saber: deão, chantre, arcediago, thesoureiro mór, Roma, ou então recebelos no momento da execução
mestre escola, e arcipreste. De 20 conegos, 24 bene da bulla, por cuja execução se hão de perfixar. Por
ficiados, e 16 capelães cantores amoviveis. A Com este modo não poderá occorrer difficuldade fundada
missão julgou do seu dever aproveitar esta opportuni Para espaçar a concessão da bulla, e o tempo, que
dade para abrir o passo á regularidade, e prudeneia, necessariamente ha de mediar até que ela chegue,
eom que se deverão fixar para o futuro o numero, e será muito suficiente para ter tudo prevenido para a
classificações dos ministros de todas as Sés da monar sna prompta, e reflectida execução.
quia, ou ellas sejão archiºpiscopaes, ou collegiadas; Resta tratar da capella real. Uma vez extincta a
estabelecendo o exemplo, e a norma, segundo a qual Santa Igreja Patriarcal, e restabelecida a antiga me
se contemple decencia , e esplendor do culto divino tropoli archiepiscopal de Lisboa, he evidente que a
com os ministros necessarios, e decorosamente susten instauração, ou formação da capella real fica sendo
tados; e ao mesmo tempo so desterrem os quartana uma attribuição personalissima de Sua Magestade, a
rios, tercenarios, meios conegos, e meios beneficiados, respeito da qual nada mais póde competir ao Sobera
e bachareis , que constituem outras tantas classifica no Congresso, senão prover sobre os meios, ou dota
ções amfíbias , e indefiniveis, de que procedem mon ção, que para este fim pareção convenientes. A Com
tôes de demandas, que inundão o foro, e rixas in Inissão foi informada # por um dos memº
terminaveis, que perturbão à paz dos cabidos, e es bros, que fortão a junta, a que o Governo commet
candalizão os povos. teo o projecto, de que se está falando, que a dota»
Como porém a basilica de Santa Maria de Lis ção da capellu real chegava em 1716, tempo em que foi
boa, que ha de occupar o lugar da futura Sé archie elevada a Patriarcal, á quantia annual de 12:5608669
piscopal, conste presentemente na sua totalidade de reis, tirada dº thesouro nacional, ou de outras reparº
22 ministros mais do que aquelles, do que se ha de tições, ou todas, ou pela maior parte fiscaes. A Comº
compor a mesma Sé, por isso na supplica para a imº missão inclina-se a pensar, que o entretenimento da
petra desta bulla se deve igualmente declarar a Sua capella real devia custar uma somma muito maior,
Santidade, que a Nação segurará a justa subsistencia embora ella não appareça na folha expressa da sus
daquelles beneficiados collados da mesma basilica, que dotação até aquella época. Por outra parte persua
succeda ficarem sem exercicio na futura Sé, por não do-se tambem a Commissão, que na occasião, em
poderem ser comprebendidos no sobredito numero , e que º Augustº Congresso consignou a dotação para
classificação de ministros, de que ella se ha de com Sua Magestade, não teve particular attenção com a
pôr; e isto pelos motivos, que já ficão ponderados. despeza da capella real, pela obvia consideração de
Na supplica para a impetra deve tambem acaute que ella se achava confundida com a Patriarcal, e
lar-se expressamente que a jurisdicção, que actualmen sustentada pela massa commum dos seus rendimen
te reside no collegio patriarcal passe para o cabido da tos: em attenção pois a todos estes motivos a Com
futura Sé archiepiscopal desde o momento, em que o missão he de parecer, que se chame á fiscalização, e
mesmo cabido se achar instaurado ; e que não só o cobrança immediata do thesouro nacional a sobredita
cabido da futura Sé, mas todos os seus ministros se dotação da capella real, encarregando ao Governo
jão reintegrados na fruição, e gozo de todas, e das os precisos exames, e diligencias, para que se verifi
mesmas presogativas, de que gozavão ao tempo, em que aquella cobrança, e ainda a de quaesquer outras
que se creou a Santa Igreja Patriarcal. Do mesmo mo addições, que se mostre teram a mesma natureza, e
do se deve acautelar expressamente, que fiquem sendo applicação, vista a obscuridade historica, e adminis
sufraganeos ao futuro arcebispado os mesmos bispa trativa, que involve este negocio; e que por esta fór
dos, que presentemente o erão ao patriarcado. ma incorporada no thesouro nacional a dotação, que
Finalmente como á suppressão das dignidades, até ao presente era destinada para a capella real, se
que compunhão a antiga Sé archiepiscopal de Lisboa, estabeleça a consignação fixa, e annual de 24 000$000
e a incorporação, e annexação de duas prebendas in rs., a qual se deixe á disposição de Sua Magestade,
teiras da mesma Sé derão lugar a diversas administra para com ella instaurar, formar, e manter a sua ca
ções, e applicações da massa total dos rendimentos pella, segundo lhe dictar a sua piedade; sendo-lhe
do cabido a que pertencião; e não possa ser obra de esta consignação paga pelo thesouro nacional do mes
um momento chamar todos estes rendimentos ao seu no modo, que º he a sua dotação, principiando a
primitivo destino para sobre elles calcular, e prefixar ter vencimento quando se extinguir a Patriarcal, º
a lotação dos diversos beneficios da futura Sé archie Sua Magestade fizer constar, que tem formado a sua
piscopal; por isso na supplica para a impetra deve de capella.
clarar-se a Sua Santidade, que a mesma Sé ha de ser A Commissão oferece assim o seu parecer para
instaurada com a massa capitular de rendimentos, soltar, º promover º importante negocio da impetra
que primitivamente lhe pertencião antes da instituição das bullas para a extincção da Patriarcal, e restabele
da Patriarcal; com o que Sua Santidade ficará certo, cimentº da metrºpoli, archiepiscopal de Lisboa: epa
de que todos os ministros, que a formarem, terão uma ra. Sua Magºstade poder tambem fazer solicitar da Sé
decente sustentação, e que sobre este principio ficará ºpºstolica as concessões, que º sua real piedade las
inspirar ácerca da capella real.
! [192 ]
Como porém a Commissão deseja prévenir com convenho em que deve dizer-se qual deve ser a mas
Trudente anticipação todas as cousas necessarias para sa, de que estes ministros se devão sustentar para o
a prompta execução das bullas, de que se trata, es futuro; mas desejava que depois de dito isto, nem
pera que o Soberano Congresso encarregue ao Gover uma só palnvra se accrescentasse: he preciso conser
no de fazer-lhe apresentar uma relação ficl dos vasos var-se a dignidade da nação: (Apoiado) isto não he
sagrados, paramentos, thesouro, e mais alfaias da requerimento para casarem dois parentes, que seja
Santa Igreja Patriarcal para sobre ela se prover como necessario alegar pobreza, e descer a tantas particu
convem á decorosa manutenção, e esplendor do culto laridades. que se diga simplesmente, que a nação jul
divino, tanto da capella real, como da futura Sé ar ga necessaria a extincção da Patriarcal, e depois que
chiepiscopal ; e outrosim lhe faça apresentar com a se accrescente o plano com que se hão de sustentar
possivel brevidade uma informação exacta de todos os os ministros que ficão, e mais nada: Sua Santidade
rendimentos, que pertencião á massa capitular do an não tem necessidade de saber meis; porém se for, se
tigo arcebispado de Lisboa , com especificação dos gundo a doutrina dos canonistas, necessario entrar
que pertencião ás dignidadès, e cadeiras supprimidas, em mais particularidades, seja embora; mas nada mais
ou incorporadas em applicações diversas, dando a res porque, torno a dizer, convem sustentar a dignidade
peito do seu estado ultimo de administração, e rendi nacional; e os membros da Commissão sabem bem
imentos os esclarecimentos precisos. aonde podem chegar, e d’ahi não devem passar. Se
Paço das Cortes 12 de Fevereiro de 1822. — João ria necessario tambem saber qual foi o parecer da
.Maria Soares de Castello Branco ; Ignacio Xavier Commissão de fóra a este respeito; e senão for mui
de Macedo Caldeira ; Rodrigo da Sousa Machado; to extenso bom seria que se imprimisse.
Jsidoro José dos Santos ; José Vaz Velho ; Luiz An G Sr. Castello Brauco: — Se o parecer da Corn
tonio Rebello da Silva, | } missão se acha defeituoso; se ele se acha extenso, se
O Sr. Fernandes Thomaz pediu a palavra, se se acha mesmo indecoroso á soberania da Nação des
não se imprimia o parecer, e tendo-se-lhe sido conce cer a miudezas, não he a Commissão que seria cul
dida disse: eu não supponho que para o Papa dar as pada disso, quando isso mesmo se julgasse um defei
bullas necessarias para isto seja preciso dizer tanta to, por que he conforme com a decisão do soberano
cousa; com dizer-se que a nação julga precisa a ex Congresso; e por tanto longe de mim de qualificar
tincção da Patriarchal, me parece que he bastante: de defeito e de imperfeição o que he conforme com
póde-se assegurar a Sua Santidade que se ha de at as decisões do Congresso. —Eu fui um dos que mais
tender á sustentação decorosa dos empregados nella, trabalhei para que a decisão fosse diferente, mas eu
que fiquem fóra; e para que he mais! Em quanto ao fiquei vencido, e uma vez que fiquei vencido não po
que se diz de destinar essas rendas para o cabido etc., dia senão sujeitar a minha actual opinião á decisão
não sou de opinião que se declare, porque isso im do Congresso. Diz-se, que se desce a miudezas; mas
porta o mesmo que dizer, que quando se queira fa não forão essas miudezas as que occupárão tantos dias
zer outra alteração, será necessario mandar outra vez de discussão! Não foi o Congresso quem decidiu que
a Roma buscar mais bullas; isto não se deve permit não podia extinguir-se a Patriarcal sem uma bulla,
tir: as premissas devem ser as mais simples que seja porqúe as cousas devião acabar pelo modo que tinhão
possivel, a fim de que este Congresso, ou outro que começado? Pois se o Congresso resolveu isso, como
succeda, possa fazer as alterações que julgue conve pó e culpar-se a Commissão de que desça a miude
nientes, sem necessidade de novas concessões pontifi zas, quando se necessita a bulla de Roma, e Roma
cias. E em fim eu quizera saber se com esta refórma não a concede sem descer a essas miudezas! — Agora
poupamos, ou se se augmenta ainda a despeza; por perguntou o honrado Membro, qual era a opinião
que se a nação não poupa, ou diminue pouco, en dos membros nomeados pelo Governo: ella he a mais
tão para que he necessario impetrar a bulla! Fique Iniceravel que póde ser, o Congresso a mandará ler,
tudo no Estado em que se acha. (Apoiado) He pre e verá que he mais extensa que a que apresentou a
ciso saber o saldo desta conta, e se nella perdemos, Commissão ecclesiastica: ha um voto separado de um
ou ganhamos. que queria até que se conservasse no futuro arcebis
* O Sr. Rebello: — Em quanto ás cousas que pa pado todos os nomes antigos; e formou na sua dispa
recem minuciosas ao illustre Preopinante, direi que he ratada imaginação o projecto de conservar debaixo de
necessario expecificalas; porque tal he o estilo, e ou outra fórma todo o apparato da Patriarcal.
nos havernos de conformar com elle, ou desentender O Sr. Moldonado: — Que se exponhão os mo
mo-nos do que geralmente se pratica nas impetrações tivos para se impetrar a bulla, estou conforme, por
de bullas, expondo os motivos por que são impetra que isso sempre foi de estillo e direito canonico; mas
das. — Em quanto ao que se poupa, digo que o futu estes motivos devem entre si ser conformos: parece-me
ro arcebispado fica reduzido a 66 pessoas que tinha porem, que entre os que apresenta a Commissão ha
no principio; 22 menos do estabelecimento da Patriar uma contradicção manifesta: diz o 1º motivo que he
cal. * . .. * * -
porque as rendas devem ser applicadas para a extinc
* O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu supponho que ção ela divida publica; e o 2.° que se pede, para acu
ro do aquilo que se chamão motivos para impetrar a dir ás congruas dos parochºs. — Deve por tanto ir o
bulla se dizia nas duas palavras: não existindo agora primeiro, ou o segundo dos motivos; porque não sei
as razões por que se tem criado a Patriarcal, não como possão conciliar-se os dois; e eu, em tºdo o ca
, conven que ela continue ; e estava dito tudo. Eu so, sou de voto que vá o primeiro e não o segnndo.
[ 193 ]
O Sr. Franzini: — Ha uma falta no projecto, e que no parecer da Commissão fala-se geralmeute das
vem a ser o orçamento da despeza que se ha de fazer rendas da Patriarcal, e não se faz essa divissão feita
pela nova sé, para que veja o Congresso exactamente pelo Sr. Isidoro José des Santos, e que aliás seria
qual he a quantia que vai a economizar." necessario fazer, ou saber se o Congresso esta por el
Foi apoiada esta moção pelo Sr. Ferreira Borges, la; porque pelo que pertence ás côngruas dos paro
accrescentando: a razão porque se quiz destruir a pa chos tem-se já aqui lembrado outros meios, e talvez
triarcal foi pelos exorbitantes gastos, que a Nação se não queira, que se appliquem a esse fim as rendas
não podia sustentar, he necessario pois saber quanto da Patriarchal. - |-
se poupa: aliás não alcançamos o nosso fim. O Sr. Castello Branco: — Eu apoio o requerimen
O Sr. Castello Branco: —Tenho razão para ser ro, que se peção as informações; e o apoio por uma
mais conhecedor nesta materia, que quaesquer dos razão particular, para que não se creia que os rendi
ilustres Preopinantes. Pensa-se que a instauração do mentos, que se querem applicar são de tantos contos,
antige cabido, e a despeza para o sustentar he ligada e que se veja o contrario. -
com os rendimentos da patriarcal, e por consequen Julgou-se suficientemente discutido. Houve uma
cia hematural dizer a quem não está certo nestas par ligeira discussão sobre o modo de propor a votação,
tícularidades, que o cabido ha de gastar tanto, e não e sobre se a discussão tinha sido relativa a materia
se virá a poupar; mas nisto ha um engano. Quando do parecer da Commissão, ou somente pára elucidala
se trata de instaurar o novo cabido não se trata nem ao ponto de conhecer se seria ou não necessario, que
dos rendimentos da patriarcal, nem nada tem os ren o dito parecer se imprimisse; e resolveu-se finalmen
dimentos nacionaes propriamente ditos. O antigo ca te, que este fosse ímpresso.
bido tinha uma renda, que se chamava massa capi O Sr. Soares Franco leu a seguinte indicação:
tular, essa mesma renda he a que existe na Basilica, A Commissão de agricultura foi incumbida a re
e de que não entra nada no Thesouro. — No que dacção de um artigo que substituisse o decimo do pro
póde haver plano de economia, he unicamente depois jecto da reforma da companhia, sobre o melhor mo
da extincção da Patriarcal na creação da capella real: do de se arrecadarem os direitos sobre os vinhos e aguas
a capella real não tem um rendimento certo e deter ardentes, he a mesma Commissão de parecer que
minado, e por consequencia ha de sair do Thesouro se peção informações sebre este objecto á junta da
nacional; he então pois relativamente á capella real, companhia; assim como sobre o meio de fiscalizar o
que deve haver todas as informações necessarias. •
nho, Castello Branco, e Xavier Monteiro: oppon O Sr. Fernandes Thomaz manifestou, que do que
do-se ao parecer o Sr. Camello Fortes sobre o mes se tratava era de applicar uma lei a um facto, e que
mo disse: |- " * ". •
isso não pertencia ao Congresso, senão ao poder ju
O Sr. Peixoto: — Concordo com o illustre Preo dicial, pelo que se devia indeferir o requerimento, e
pinante, quando diz; que se conservem os officios pe mandar-se o requerente ao dito poder judicial.
quenos áquelles que comprárão a propriedade delles, Tendo-se posto a votos o parecer da Commissão,
ou que sejão idemnizados: sou perfeitamente desse vo e tendo sido rejeitado, em consequencia de expressar
to porque á face da justiça não distingo jerarquias, o Sr. Presidente, que se se não approvava era na in
nem pessoas: e por essa razão he que reprovo o pare telligencia, de que se ía depois propôr á votação o
cer da Commissão. O oficio de correio mór, (já em parecer do Sr. Fernandes Thomaz, poz efectivamen
outra sessão o disse) foi comprado á coroa por Ma te este parecer a votos, e resolveu-se, que não com
noel José da Matta, antecessor do Conde de Pena pete ás Cortes o requerimento. •
fiel; pouco depois do anno de 1600, por cento e tan O Sr. Secretario Lino Coutinho fez a seguinte
, tos mil cruzados: eu vi, ha bastantes annos, a escrip
tura do contrato; e me lembro, que as clausulas del IN o I c AçXo.
la, em que se promettia ao comprador a perpetuida
de, e firmeza da propriedade, erão taes, que bem Havendo o Conde de Penafiel de receber pela ad
mostravão, que a coroa fez bom negocio; nem póde ministração do correio uma prestação annual de 16
presumir-se, que nesse tempo tivesse quem melhor par mil cruzados, a tem sempre por muitos annos recebi
tido lhe fizesse. O comprador confiado na fé do con do em metal, motivo por que indico que elle reponha
trato, suppoz, que deixava ali um patrimonio segu no cofre nacional o excesso proveniente do agio do
ro a seus descendentes; aliàs empregaria o seu dinhei papel, ou então o individuo que lho ha dado e pago
ro em bens de raiz, ou em outros fundos que lhe pro eontra a lei. Cortes 14 de Fevereiro de 1822. — Li
mettessem estabilidade: e o rendimento delles iria cres no Coutinho.
cendo com a moeda. D. Rodrigo de Sousa Coutinho, Ficou para 2° leitura.
sendo secretario de Estado, quiz entender na reforma . O Sr. Castello Branco disse, que proporia uma
dos correios; e propondo-se a tirar ao correio mór o indicação para que seja annullado o contracto do
officio, houve sobre isto disputa; e por fim foi adian Conde de Penafiel.
te com seu intento, promettendo-se ao correio mór O Sr. Moura disse que isso não pretencia ao Po
em compensação, além de outras cousas uma presta der legislativo. •
ção annual de 16.000.000 de réis, a qual lhe seria Perguntou o Sr. Castello Brance se se lhe podia
+
" [ 193 ]
tirar o direito de apresentar a indicação, e foi-lhe res mo, em quanto sé não proporcionão os meios de oc
pondido, que embora a apresentasse. •
correr com estabelidade á despsza necessaria para a
O Sr. Presidente designou para a ordem do dia a sua manutenção. O que V. Exc." leverá ao conhe
continuação da Constituição, e para a prolongação cimento de Sua Magestade.
o projecto da eleição das camaras, e levantou a ses Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 14
são á hora do costume. — José Lino Coutinho, De de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
putado Secretario.
Para o mesmo.
Resoluções E ORDENs DAs CoRTEs.
Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. – As Cor
Para Filippe Ferreira d'Araujo e Castro. tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
ordenão que V. Exc." dê a razão de não ter feito exe
Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor cutar a ordem de 14 de Janeiro proximo passado,
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza ácerca da remessa de varios moveis da extincta casa
erdenão que lhes sejão transmittidas informações da da Inquisição, necessarios para o serviço do Paço das
Junta da administração da companhia geral da agri Cortes. O que participo a V. Exc." para sua intelli
cultura dos vinhos do Alto Douro, ácerca do melhor gencia, e execução.
methodo de cobrança, e arrecadação dos direitos im Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 14
postos sobre os vinhos, e aguas-ardentes, bem como de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
acerca da melhor fórma de fiscalisar a exportação da
quelles generos na cidade do Porto. O que V. Exc." Para José Ignacio da Costa
levará ao conhecimento de Sua Magestade.
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 14 Illustrissimo e Excellentissimo Senhor – As Cor
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
ordenão que do almoxarifado da casa das carnes lhes
Para o mesmo. seja transmittida uma copia autentica do que se cha
ma Caderno auxiliar, porque se faz a folha dos orde
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor: — As Cor nados, com as observações necessarias para conhecer
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza, se a data, e qualidades das addicções que contiver. O
tomando em consideração o officio expedido pela Se que V. Exc." levará eo conhecimento de Sua Mages
cretaria de Estado dos negocios do Reino em data tade. • • • • •
de 5 do corrente mez, participando que estava desi Deus guarde a V. Ex. º Paço das Cortes em 14
gnado o dia 20 de Março proximo futuro para a tres de Fevereiro de 1822— João Baptista Felguiras.
ladação dos ossos da Senhora Reinha D. Maria I,
da igreja de S. José de Riba Mar, aonde estão de Para Candido José Xavier,
positados, para o convento do Coração de Jesus sito
na estrella, e requerendo autorisação para as despe" Illustrissimo e Excellentissimo Senhor.— As Cor
zas necessarias: autorisão o Governo a despender até tes Geraes e Extraordinerias da Nação portugueza
a quantia de quatro coutos de réis, se tanto fôr ne mandão remetter ao Goveruo, a fim de ser compe
cessario, guardando-se toda a economia compativel tentemente verificado o incluso oferecimento que o
com um tão solemne e religioso acto. O que V. Exc." Juiz de fora do Redondo, Antonio José Barbosa Pe
levará ao conhecimento de Sua Magestade. reira Couseiro Marreca dirigiu ao soberano Congres
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 14 so a beneficio do thesouro publico, de todos os emo
de Fevereiro de 1822.-— João Baptista Felgueiras. lumentos que tem vencido, e de futuro vencer, pela
»romptificação de transportes naquelle lugar. O que
Para o mesmo. . Exc." levará ao conhecimento de Sua Magestade.
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 14
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras,
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
tomando em consideração o officio do Governo expcº Redactor — Kelho.
dido pela Secretaria de Estado dos negocios do Rei
no em data 11 do corrente mez, sobre a impossibili …..rs_*_*_***>.*
fre da Intendencia a cada um dos ditos estabelecimen O Sr. Secretario Felgueiras mencionou os seguinº
tos com a quantia de um conto de réis por empresti tes officios.
Bb 2
[ 196 |
1.º Do Ministro dos negocios do Reino, remet que requerem a conservação provisoria do governa
tendo ás Cortes a consulta da Meza da Consciencia e dor daquella provincia, e que com elles se remet tão
Ordens, que acompanha as informações relativas aos juntamente os outros papeis relativos ao mesmo obje
objectos que constituem aquelle tribunal, e por elle cto, que se achão na Commissão de Constituição.
correm, as quaes ainda faltavão para completo cum Ficárão as Cortes inteiradas de um officio da jun
primento do oficio das Cortes de 16 de Outubro ul ta do governo do Siará, participando a sua instala
timo. Mandou-se á Commissão de Constituição. ção em 3 de Novembro ultimo, e o juramento que
2.° Do mesmo Ministro, remettendo ás Cortes prestárão os seus Membros.
um requerimento de José Nicoláo da Silva Franco Mandou-se para a Commissão de fazenda do Ul
ácerca da cultura de um campo proximo á villa de tramar uma represantação de Joaquim Ignacio Lo
Peniche, e a informação a esse respeito dada pelo pes de Andrade, contador da junta da fazenda na
Juiz de Fóra daquella villa, em conformidade do of cional da provincia do Siará, e a tabella que a acom
ficio das Cortes de 16 do mez de Novembro ultimo. panhava, da despeza annual da fazenda da mesma
Remetscu-se á Commissão, que exigiu este documen provincia, e refórinas que nella se podem fazer.
to. Remetteu-se para a Commissão militar um plano
- 3.° Do mesmo Ministro, transmittindo a bulla de para a organisação de força armada de terra e mar,
Sua Santidade, concedendo ao Reino Unido de Por guardas civicas, e policia, oferecido ás Cortes pelo
tugal, Brazil, e Algarves, por seis annos, a facul major graduado da brigada da marinha, Manoel Ro
dade de comer carne nos dias de abstinencia, á exce drigues Lucas de Sena.
pção de alguns nella declarados. Mandou-se que a Feita a chamada achárão-se presentes 112 Depu
Commissão ecclesiastica do expediente fosse desde lo tados, faltando os Senhores Mendonça Falcão, Go
go tomar este objecto em consideração, para dar na mes Ferrão, Canavarro, Ribeiro Costa, Sepulveda,
mesma sessão, sendo possivel, o seu parecer sobre el .Agostinho Gomes, Barroso, Soares Franco, Fan
le. 2eller, Xavier Monteiro, Brandão, Almeida e Cas
4.° Do Ministro dos negocios da justiça, envian tro, Innocencio Antonio de Miranda . Queiroga,
do ás Cortes uma consulta do Desembargo do Paço .Mantua, João de Figueiredo, Ferreira Borges, Fa
sobre os requerimentos, e questões, que pendião en ria, Afonso Freire, Sousa e Almeida, Pamplona,
tre a collegiada de Coruche, e Fr. Francisco Annes 2efyrino, Ribeiro Telles, Vicente Antonio.
de Carvalho, com todos os papeis originaes desta Passando-se á ordem do dia, entrou em discussão
controversia, em consequencia do oficio das Cortes o artigo 167 do projecto de Constituição; e a este
de 5 do corrente. Mandou-se á Commissão ecclesias respeito disse +
tica do expediente. - • -
Quanto a dizer-se que isto não deve ser um arti O Sr. Moura: — Algumas reflexões se tem fei
go constitucional, eu opino o contrario; e tenho es to, a que eu de boa mente annuo; porem ha outras com
ta declaração por muito necessaria: porque desde o que de nenhuma maneira poderei concordar. A men
art. 164 se estão tratando os meios de fazer respon te dos redactores do artigo, qaando o estabelecêrão,
saveis os magistrados; este he certamente um dos foi para por todos os modos poder ter bem segura a
mais adequados, convém saber, que quando as re responsabilidade dos juizes. Não ha duvida nenhuma
ações deprehenderem nos processos ilegalidades e in que um processo que sobe a segunda instancia, po"
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dem-no os juizes não só decidir, mas também corrigir condemnação das custas nunca se deve impôr no juiz
os defeitos que encontrarem na ordem do processo; sem ser ouvido pelos meios legaes. Agora por ou
porque nele se podem ter commettido faltas muito tra parte , quem disse aos Redactores do projecto
graves: isto he o que se quiz inculcar, fazendo uma da Constituição ( e quem me disse a inim mes
referencia exacta ao artigo 164 em que diz (leu): se mo que o assignei) que ha de haver custas do pro
um juiz de primeira instancia infringir as leis que regu cesso para o futuro! Isso he uma cousa º meramen
lão a ordem do processo, se este processo sobe a se te regulamentar. Para que se hão de ligar as mãos
gunda instancia, quem poderá negar aos juizes de aos legisladores futuros obrigando-os talvez a adop
julgar dos defeitos ! A clausula de não ouvir o tar um principio prejudicial! Consequentemente não
juiz, não me opponho a que se tire, mas tomo a liber parece tão bem por isso que vá aqui estabelecido
dade de responder que o juiz já está ouvido. Se o este artigo. Ou o juiz tem commetido algum erro
crime he o que elle com a sua propria mão subscre na formação do processo, ou não. Este caso he para
veu n’um processo, não ha nada mais claro do que quando os juizes successores achão que ele tem com
aquilo que fez quem o escreveu. Isto não he tão mettido erro, e então muito embora declarem que
digno de censura como alguns dos Srs. dizem; com aquelles juizes faltárão á observancia da lei: agora
tudo não me opponho a que se supprima, porém condemnar o juiz de primeira instancia, sem lhe fa
sustento o resto do artigo; porque he um dos meios zer um processo regular, isto não póde combinar com
porque se póde fazer efectiva a responsabilidade dos o nosso actual systema. Voto por tanto que o para
juizes: e como aqui se tem feito muitas declamações grafo não vá neste lugar; e em quanto a querer-se
a este respeito, quero que esta responsabilidade fique se segurar a responsabilidade do juiz, isso não me pare
gura por todos os vinculos possiveis. ce bastantemente facil, que aos juizes haja de se lhe
O Sr. Guerreiro: — . . . . . exigir responsabilidade; quando prevaricarem na for
O Sr. Borges Carneiro: — Tem-se falado na mação do processo, concedo, e isto ha de ser deter
supposição de que o artigo autoriza as relações para minado nas leis; o modo porém de exigir a responsa
que condem nem os magistrados em custas e ºutras bilidade não se deve deixar marcado na Constituição.
penas até suspensão, sem os ouvir. O artigo não diz Consequentemente
que não deve ir naacho que o paragrafo he inutil, e
Constituição. •
nistro lhe esquecer, como já se disse, de dar á relação Entrando em discussão o artigo 168, disse
º tratamento de magestade, póde suspendelo, e con O Sr. Pinto de França: — Parece-me que se ha
demnalo.... Não approvo o paragrafo neste lugar, alguma cousa essencial a notar sobre este artigo, he
e voto por consequencia que deve ser supprimido. que a sua materia he toda regulamentar.
O Sr. Araujo Lima: — . . . . . . •
O Sr. Fernandes Thomaz: — Parece-me que al
O Sr. Peixoto: — Pela maneira proposta pelo il guma cousa se deve dizer sobre este paragrafo. Como
lustre Preopinante pouca duvida poderia haver em nós não sabemos o modo porque isto ha de ser feito,
deixar passar a doutrina do artigo, senão fosse im pois que depende de leis regulamentares; não sei se o
propria da Constituição; mas sería inutil para o fim ministro culpado deverá estar preso, ou livrar-se sol
que os illustres redactores tiverão em vista. Quizerão tº . . . . . - - - - - - - . . . . . . . . . . suppo
eles que as relações tivessem autoridade para con nhamos por ter morto um homem se ha de estar ad
demnar e suspender os juizes da inferior instancia, ministrando interinamente a justiça; parece-me por
[ 200 ]
tanto que isto devia ser objecto de algumas reflexões. O Sr. Villela: — Julgo que este artigo deve ser
Na segunda parte do paragrafo tambem ha alguma omisso na Constituição, porque até me parece que
cousa em que he preciso reflectir; pois que não me se não devem assignar em geral iguaes ordenados aos
parece justo que qualquer magistrado depois de ter juizes da mesma graduação. Com efeito os juizes, por
cumprido a pena a que foi condemnado, seja ainda exemplo, da primeira instancia, ou hão de abranger
privado do seu emprego; por exemplo um juiz de fó todos com a sua autoridade uma mesma determinada
ra condemnado a prisão por mais de um anno, se extensão territorial, ou um mesmo numero de indi
gue-se que por isso perca o seu oficio! Elle depois viduos. Se abrangem uma mesma extensão territorial,
de ter cumprido a pena que na lei está imposta de nesta poderão conter-se mais ou menos individuos; e
mais a mais ha de ter ainda a pena de perder o seu então he manifesto que aquelle que tem de distribuir
emprego ! Eu assento que esta clausula se deveria justiça por maior numero de pessoas faz um maior
·tirar do artigo. . trabalho, pelo qual he de justiça que tenha maior
. O Sr. #… — Pelas mesmas razões que aca ordenado. Se porém abrangem todos igual numero de
ba de expor o illustre Preopinante, em quanto á pri individuos, estes podem estar espalhados por maior
meia parte, parece-me que não se deve approvar; e ou menor extensão territorial; e por conseguinte re
eu diria que sómente se usasse de suspensão quando sultão as mesmas difficuldades. Demais não parece de
elle estiver pronunciado; e desde então só he que elle razão que o juiz de fóra, por exemplo, despachado
deve ficar suspenso. Em quanto ao resto do artigo para Moçambique, ou Benguella, onde a vida corre
conformo-me com a epinião do illustre Preopinante. maior risco, e para onde póde dizer-se que vai antes
- O Sr. Xavier da França: — Eu apoio a opinião desterrado do que despachado, tenha o mesmo orde
do illustre Preopinante, que seja suspenso quando es nado que o empregado na patria, ao lado da sua fa
tiver pronunciado; e em quanto á segunda parte do milia, e sem passar até pelos incommodos de uma
artigo fico entendendo que por sentença expressa de viagem como a de mar. Por tanto voto que es
verá sofrer deposição, prisão de mais de um anno, te artigo
antes seja deomisso
objecto na Constituição, devendo
lei regulamentar. *
se•
aedecreto para a reforma de companhia do alto Douro, Christo depois da sua resurreição communicou o Es
proposto pelo Sr. Bastos, para que a disposição dar pirito Santo, a todos deu a sua missão, a todos coin
guelle decreto não comprehenda as aguas ardentes que mutou o rebanho para o erassentarem e dirigirem :
uverem sido distilladas ou compradas pelos negocian por tanto todos os Apostolos recobôrão intnediata
tes da praça do Porto, durante a abolição do exclu mente de Jesu Christo a autoridade de governar os
sivo das mesmas. •
alterar-se pela diuturnidade do tempo, nem por usos Em verdade a decodencia da antiga disciplina,
contrarios. Os bispos forão constituidos por Jesu Chris as revoluções, fizerão necessarias certas providencias,
to, para reger e governar a igreja. São os juizes da e certas mudanças, as quaes pelo uso, e consentimen
fé, e depositarios e guardas das leis estabelecidas pe to ao menos tacito da Igreja vierão a ter um titulo
la igreja. O primado de honra e jurisdicção, de que legitimo. O que eu porem pretendo sustentar, e se
goza o Romano Pontifice he tambem de instituição deduz da doutrina exposta., he que os bispos são os
divina. A igreja em todos os seculos tem reconhecido canaes por onde se devem communicar aos fieis as
na Sé Romana uma verdadeira primazia, herdada do dispensas, leis, e decretos estabelecidos em os conci
A postolo S. Pedro, que a recebeu de Christo. Os los, ou pelo romano Pontifice. Os bispos são res
papas sempre exercitárão esta autoridade sem contra ponsaveis a Deus pela sua administração, logo seria
dicção, Não devemos porém confundir a primazia com culpavel uma obediencia cega, sem exame, e juizo.
a autoridade episcopal, mesmo são objectos distinctos: Esta verdade he reconhecida pelo nosso Santissimo.
se a primazia fosse uma cousa como a autoridade epis Padre Pontifice Pio VII, fiel imitador dos sapientis
copal, seguir-se-hia por uma legitima consequencia, simos, e zelosissimos Summos Pontifices seus anteres
que o Papa era o Bispo universal e unico, pois que sores, como um Celestino f, o qual na carta aos bis
º primado se estende a toda a ## e os outros bis pos do Illirico mui exptossamente diz; Dominentur
pos não serião senão seus vigarios. Porém este nome nobis regulae, non dominemur regulis; um Leão I na
de Bispo universal foi reprovado por S. Gregorio carta 79, na qual confessa: Contra statuta paterno
Magno, como um nome profano, e como uma blas rum Canonum nihil e iça e nudere concedilur ; um
femea. A Escriptura nos representa os doze Aposto JHartinho 1 na carta ó,º cd Joan, Philadelphi, na
los como doze fundamentos sobre que a igreja se sus qual declara: Defensors =<im divinorum Canonum,
tenta; se a S. Pedro forão dadas as chaves, estas tam et custodes sumus, non praevaricatores ; e outros
bem forão confiadas aos Apostolos. A todos Jesu muitos que podia entainerar. Expressamente se decla
/
/ tao |
ra no breve apostolico expedido em 7 de Janeiro de senta haja a mesmo procedimento que houve no pre
1820, o qual vem transcripto no Diario da Regen terito anno a respeito do breve já mencionado; man
cia n.° 55, que tendo por letras apostolicas passadas dando ao Governo que intime aos bispos a publica
no dia 28 de Novembro de 1817, concedido aos bis ção, e execução da nova bulla, achando que se ve
pos deste Reino as faculdades necessarias por dois rificão as causas que podem fazer legitima, e canoni
annos para dispensarem as pessoas sujeitas á sua ju ca o dispensa nella comprehendida.
risdição espiritual do preceito da igreja, que prohibe O Sr. Gouvêa Osorio: — .....
na quaresma, e outros dias do anno a comida de O Sr. Bispo de Béja: — He verdade que a igre
ovos, lacticinios, e carnes em attenção a durarem ja tem direito de legislar porém o Papa não he igreja,
ainda os tristes efeitos, e desordens da guerra mariti nem póde entrar nas jurisdicções dos ordinarios, e que
ma do anno de 1806, donde resultára extraordinaria estes he que transmitem aos fieis as graças da igreja:
falta de azeite, e grande excesso no seu preço, e di por consequencia digo que se deve praticar com esta
minuição de peixe, e sendo já passados os ditos dois bulla o mesmo que já se praticou o anno passado,
annos, concede, e outorga por outro anno a mesma COm a OMtra.
faculdade: declara porém: 1° se por tanto tempo O Sr. Borges Carneiro: — Não esperava vêr con
continuarem as sobreditas necessidades : 2.° que os tovertida esta materia entre canonistas que estudárão
bispos poderão restringir a dita dispensa, segundo a na mesma Universidade pelos mesmos livros. A dou
maior ou menor urgencia das suas respectivas ovelhas. trina corrente ensinada na cadeira sobre o doutissimo
Este breve do Santissimo Padre he digno de todo o Riegger; que me recordo a comprovar com autorida
louvor, não confunde a primazia com a autoridade des de Barthel, Wiestnes, Natal, Alexandre, etc.,
episcopal, não exige dos bispos uma obediencia cega, he, que a faculdade de dispensar nos canones e leis
e sem juizo; mas sim uma obediencia canonica, e re geraes da igreja, quando o concilio ecumenico não
gular, não considera os bispos como uns meros exe está convocado, pertence ao Papa como um direito
cutores dos decretos pontificios; mas sim como juizes accidental do primado, para que por meio destas dis
natos, e superiores immediatos nas suas dioceses. Ap pensas se não torne em alguns tempos ou lugares pe
parece agora uma bulla que concede a mesma graça zado o preceito ecclesiastico, e se evite occasião de
por espaço de seis annos, a qual não vem munida peccar. Os bispos podem tambem dispensar, nos ca
com as modificações com que está concebida a primei sos de urgente necessidade, em que não haja prompto
ra. He com efeito necessario violar todas as regras de recurso ao Primaz da igreja. Se pois este annuindo á
interpretação para sustentar que o Pontifice quiz con supplica de S. M. dispensou na lei da abstinencia,
ceder uma amplissima faculdade de comer carne em como vidas já fez ocom
sobre que Hespanha,
as não pódepara que he mover du
admittir? •
naes; e bem assim todos os juizos privativos, conce 1.° Que a Commissão de Constituição redija uma
didos a algumas pessoas, corporaçoes classes, ou ter formula de juramento que com as mesmas clausulas
ras, com jurisdicção contenciosa civil, ou criminal. da actual seja concebida em termos mais apropriados
9." São exceptuados os privilegios de foro, e jui ao adiantamento dos trabalhos do Congresso.
zos privativos dos estrangeiros, estipulados em trata 2.° Que nesta formula seja comprehendido o ju
dos ainda subsistentes, os quaes continuarão até á ramento de guardar e fazer guardar as bases da Con
expiração dos mesmos trata los sómente. stituição. - -
3." Os escrivães, e mais oficiaes, que servião nos 3.° Que os Srs. Deputados que por impedidos na
-juizos, agora extinctos, por provimentos termoorarios, quelle tempo, ou por terem entrado já depois para o
e os que sendo proprietarios tiverem outro oficio pu Congresso não concorrêrão a jurar as bases da Cons
–blico, cessarão inteiramente; os proprietarios porém tituição na igreja de S. Domingos , prestem agora
-que não tiverem outro officio, passarão a servir no esse juramento no recinto deste Congresso, quando
juizo de primeira instancia com os oficiaes delle; e não afirmem telo já prestado em outra parte. — José
não serão providos os oficios, que forem vagando, Antonio Guerreiro.
até seu numero ser reduzido ao anteriormente existen Decidiu-se que ficasse para segunda leitura.
te, ou que para o futuro se determinar. Foi ouvido com agrado, e mandado remetter ao
4." Far-se-hão inventarios exactos de todos os pro Governo para ser verificado, o oferecimento que fez
cessos, existentes nos cartorios dos oficios extinctos: o commandante, officiaes e soldadoss do batalhão de
as causas pendentes, em que não tenha ainda havido caça lores n.° 3, da quantia de 2:3233360 reis, de
sentença definitiva, serão logo remettidas para os jui que he crédor á fazenda nacional.
_zos a que por direito pertencerem ; naquellas porém, Sendo chegada a hora da prorogação, passou-se a
em que já houver certezas de juizes, observar-se-ha o dlscutir o seguinte
disposto no paragrafo 1.° do decreto de 14 de Julho
de 1821; os feitos findos serão distribuidos pelos car Projecto de decreto sobre a organização provisoria das
torios dos escrivães do juizo territorial de priueira COI]]/[1]"(IS.•
os do civel da cidade de Lisboa, guardando a mes 1 Em quanto não se fizer a divisão do territorio
ma alçada, e regimento, até se fazer nova regulação portuguez, continuará a haver camaras em todas as
dos juizos de primeira instancia. cidades, villas, e concelhos do Reino Unido, em que
6." Os corregedores do crime da corte, e os da presentemente as ha, e se comporão do numero de
casa do Porto, tão conhecerão mais por acção nova; vereadores abaixo declarado, de um escrivão, e um
nem poderão avocar feito algum durante o prepara procurador.
torio da causa, continuando em tudo o mais na fór 2 As camaras dos districtos, que não excederem
ma de seus regimentos, -- • oitocentos fogos, terão tres vereadores; terão cinco as
- 7." Os militares em serviço efectivo, que houve daquelles, que passando de oitocentos fogos, não exce
rein de ser prezos por ordem dos magistrados civis, derem a dois mil; terão sete as daquelles, que pas
o não poderão ser, fóra do caso de fragante delicto, sando de dois mil, não excederem a quatro mil; e terão
senão por cartas de oficio dirigidas aos seus superio nove, e não mais, as daquelles districtos, que passa
res, ou aºs commandantes dos corpos, ou destaca reum de quatro mil fogos. Nos districtos cm que hou
mentos a que pertencerem, os quaes commandantes ver tres, ou cinco vereadores, eleger-se-hão dois subs
os farão prender, e entregar á disposição do magis titutos de vereadores; eleger se-lhão tres daquelles em
trado deprecante. — José Antonio Guerreiro. que houver sete ou nove. O escrivão e o procurador
… Mandou-se imprimir para entrar em discussão. terão tambem cada um seu substituto. Estes cargos
* #9 mesmo Sr. Deputado ofereceu a seguinte º são electivos, excepto o de escrivães, que serão con
- -- * * *
['205 ]
servados como até agora, e bem assim o de procura terão por fóra inscritos esses cargos nesta fórma: ve
dores nas terras em que he, emprego vitalicio. O lhe roadores, procurador, juiz, ou juizas.
soureiro do conselho será eleito pelos vereadores com 8 Immediatamente o presidente, o paroco, os es
responsabilidade sua. crutinadores, e secretarios, e depois os cidadãos pre
3 Nas terras em que houver um ou dois juizes or sentes aproximando-se á meza um e um, lançarão os
dinarios, serão tambem eleitos na occasião da eleição seus bilhetes nas urnas correspondentes.
dos offieiaes das camaras; e assim a elles como aos 9 Depºis de não haver mais quem vote, tendo
juizes de fóra se darão dois substitutos, a quem se passado um breve intervallo, mandará o presidente
devolva a jurisdicção que até agora passava ao verea extrair os bilhetes de uma das urnas por um dos es
dor mais velho. crutinadores, e como este os for lendo em voz alta,
4. Não poderão eleger-se para os referidos cargos irão os secretarios escrevendo, cada um em sua lista,
as pessoas que não poderem votar nas eleições, e vão os nomes dos votados, deixando entre elles espaço
declaradas no artigo seguinte, e além dellas os cleri bastante para se lançar o numero de votos que cada
gos, os militares da primeira linha do exercito, os da um tiver: o que se fará, não por meio de riscas, mas
marinha, os officiaes de justiça, e aquelles emprega pelos numeros successivos da numeração natural, de
dos publicos, cujas attribuições forem incompatíveis sorte que o ultimo numero de cada nome mostre a
com o exercicio dos ditos cargos. Tambem não po totalidade dos votos que elle houver tido. Concluida
dem ser juizes, nem substitutos delles, os que não a extracção daquella urna, e verificadas as listas, um
souberem ler e escrever. As pessoas que servirem em dos secretarios formará dellas uma só pela ordem alfa
um anno poderão ser reeleitas para os seguintes. betica, e com declaração dos votos que teve cada um
5 São excluidos de votar nas eleições os que não dos votados. Esta lista terá por titulo Lista das pes
tiverem domicilio, ou pelo menos residencia de seis soas votadas para o cargo de . . . na assembléa elei
mezes no districto, os menores de vinte e cinco an toral de . . . no dia, mez, e anno de . . . será ru
nos, os filhos familias que viverem na casa de seus bricada pelo presidente, e assignada por elle, pelos
pais, os criados de servir, os regulares, os estrangei escrutinadores, e secretarios. Immediatamente se quei
ros, posto que naturalizados, e os condemnados a marão publicamente os bilhetes que o dito escrutina
prisão ou degredo. dor, como os for lendo, irá entregando a outro para
esse fim.
Fórma da eleição simples. 10 Immediatamente os escrutinadores e secretarios
apurarão os votos, e sairão eleitos para o cargo cor
6 A eleição se fará pela fórma directa á plurali respondente á dita urna as pessoas em que recair a
dade relativa de votos, dados por escrutinio secreto: pluralidade relativa dos votos, entre as quaes ficarão
no que se procederá pela maneira seguinte: precedendo em antiguidade as que tiverem mais votos;
Os actuaes juizes, corno presidentes que serão e as que se seguirem, depois de preenchido o numero
das eleições, convocarão por editaes, com a conve legal (artigo 2), serão os seus substitutos. Estes terão
niente anticipação, os moradores do districto, que a mesma precedencia entre si; porém não a respeito
nellas tem voto, para que no . . . Domingo do mez dos proprietarios, que sempre lhes precederão em an
de . . . concorrão á igreja matriz, a fim de se fa tiguidade. Conseguintemente será presidente da ca
zer a cleição das pessoas que no anno de . . . hão mara o vereador primeiro em votos. Em caso de em
de servir os cargos acima mencionados; devendo ca pate decidirá a sorte. Um dos secretarios annunciará
da um dos ditos moradores levar tantos bilhetes, logo á assembléa as pessoas que saírão eleitas para o
quantos forem esses cargos, e em cada bilhete tantos dito eargo, e com que numero de votos.
nomes escritos, quantas as pessoas que para cada um 11 Successivamente se praticará a respeito de cada
deles se houverem de eleger, e para seus substitutos: uma das outras urnas o que fica disposto nos dois ar
os quaes bilhetes deverão conservar em segredo, e do tigos antecedentes; e então se haverá por dissolvida
brados, tendo cada um escrito por fóra o cargo de a assembléa. Um dos secretarios sendo presentes os
que trata, para não se trocarem. mais mezarios, lançará em um livro proprio numera
Tudo isto se declarará nos editaes, e se fará co do, e rubricado pelo presidente, a acta de toda a
nhecer circunstanciadamente por cartas circulares pré eleição, declarando nella o numero de votos que hou
viamente dirigidas aos juizes das vintenas, ou das ver tido cada um dos eleitos. Esta acta será assigna
freguezias para instrucção de todos os moradores. da pelo presidente, escrutinadores, e secretarios, e
7 No dia e hora aprazada, tendo-se primeiro an guardada com a lista dos votados no archivo da ca
nunciado a toque de sino a abertura da assemblea, o mara. Logo os eleitos serão avisados para prestarem
presidente, estando assentado junto a uma meza, e jrramento, que lhes será deferido pelo presidente da
á sua direita o paroco da dita igreja, proporá, de eleição: e desde então ficará instalada a nova camara.
acordo com elle, aos cidadãos presentes duas pessoas 12 Se ao sol posto não estiver concluida a eleição
de confiança publica para escratinadores da eleição, o presidente, mettidas os listas nas urnas correspon
e duas para secretarios, as quaes tomarão logo assen dentes: as mandará fechar, sellar, e guardar debaixº
to aos lados do presidente, e do paroco. Se a assem de chave na mesma igreja, ou na casa da camara;
bléa não approvar as pessoas propostas, se procederá devendo assistir a esta operação dois mezarios, bem
a votos. Na dita moza estarão tantas urnas, ou arcas como a conducção, que no dia seguinte se ha de fa
quantos forem os cargos de que se tratar as quaes zer dellas para a meza, na hora que o presidente in
dicará a assembléa, antes desta se separar.
[206 |
13 Se o presidente, depois de recolhidos nas ur quaes lhe parecer, d'entre todos elles. A abertura
nas todos os bilhetes (artigo 8) previr que a eleição desta assembléa geral será tambem annunciada por
não poderá concluir-se naquelle dia, nem no seguin toque de sinos.
te, proporá á assembléa, de acordo com o paroco, 18 Immediatamento os presidentes das assembléas
escrutinadores, e secretarios para outra meza, a qual subalternas abrirão as respectivas urnas, e entregarão
se colocará na mesma igreja. Para esta meza se pas as listas ao presidente da assembléa geral, que as
sará uma, ou mais das ditas urnas, a fim de se ir ajuntará com as da assembléa principal em tantos
fazendo simultaneamente a respeito delias o mesmo maços, quantos forem os cargos de que se trata. Lo
que acima fica disposto: e o resultado será incluido go distribuirá cada um destes maços a cada uma das
na mesma acta mencionada no artigo 11.", a qual mezas, onde todas as listas, que elle contiver, se re
nesta caso será tambem assignadn pelos novos escru duzirão logo a uma só: apurar-se-hão os votos della,
tinadores, e secretarios. e se anunciará o resultado á assembléa; praticando-se
em tudo isto o mesmo que fica disposto nos artigos
Fórma da Eleição composta. 9, e 10. Logo que isto se houvsr praticado em todas
as mezas, se haverá por dissolvida a assembléa, e se
14 Nos districtos em que, pela sua grande popu observará tudo o mais que fica determinado no arti
lação ou distancia, houver inconvenientes em se fa go 11. A acta será assignada pelos mezarios de to
zer a eleição por uma só assembléa eleitoral, o presi das as assembleas, que estiverem presentes.
dente designará quantas forem necessarias, e bem as
sim as igrejas a que no mesmo dia e hora deverão Disposições varias.
concorrer os respectivos moradores: o que farão pelas
freguezias, ou pelos arruamentos, e moradas de uma 19 Nas villas annexas a uma villa principal, que
mesma freguezia onde viverem. Ninguem poderá ir tiverem camaras distinctas, se fará em cada uma a
votar a assembléa diversa daquella que lhe tiver sido eleição da sua camara sem dependencia da villa prin
designada; poder-se-ha porém votar em pessoas de fó cipal, e servirão de presidentes os actuaes vereadores
ra della, com tanto que sejão moradoras ou residen mais velhos.
tes no districto. Tudo isto se declarará nos editaes, e 20 Nos districtos em que fôr costume elegerem-se
nas cirulares mencionadas no artigo 6. alguns dos officiaes da camara d’entre os moradores
I5 As assembléas subalternas serão presididas pe de certos lugares do districto, continuará a obrervar
los vereadores actuaes, e não bastando, pelos dos an Se esse Costume.
nos antecedentes, os quaes o presidente da eleição 21 Se algum sair eleito para muitos cargos, ser
distribuirá por sorte. Nesta cidade de Lisboa o pre virá o mais importante, e para o outro será chama
sidente do Senado sorteará os presidentes d’entre os da a pessoa, que se seguir na ordem dos votos. A
desembargadores, e juizes dos bairros. Com os presi importancia dos cargos se regulará por esta ordem —
dentes destas assembléas assistirão tambem os parocos juiz, vereador, procurador, substituto de juiz, deve
das respectivas freguezias: e quando em uma só se reador, de procurador.
reunir mais de uma assembléa, assistirá um clerigo 22 Se para o lugar dos dois juizes ordinarios, ou
dessa mesma freguezia, que fôr nomeado pelo paroco. para o de vereadores sairem eleitos dois, ou mais pa
16 Em cada uma destas assembléas parciaes se rentes em qualquer gráo da linha recta, ou irmãos,
procederá a respeito de todas as urnas pela mesma tio, e sobrinho filho de irmão, primos coirmãos, so.
fórma que fica disposto nos artigos 7, 8, 9. Então gro e genro, ou cunhado (durante o matrimonio,
um dos secretarios lerá á assembléa os nomes de to
de que resulta a afinidade) será preferido aquelle que
dos os votados, e os ultimos numeros que tiverem nas tiver mais
soa que votos, e para ose outro
immediatamente seguir.cargo entrará a pes
•
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[ 2o7 ]
requisições convenientes. Os juizes reciprocamente se O Sr. Miranda: — Um concelho que tem 2000
não intrometterão na autoridadº economica, e admi fogos já não he pequeno; já a sua população excede
nistrativa das camaras. Estas nomearão, e terão á a 6000 pessoas, e entre estas não ha difficuldade de se
sua disposição um alcaide para cumprimento das suas escolherem 5 vereadores; aquelles que tiverem para ei
ordens, e se lhe assiguará ordenado pelos rendimentos ma de 4000 devem ter 9 vereadores ; e finalmente se
do concelho. sº julgar que em lugar de 800 fogos sejão mil, isso he
27 No Ultramar se procederá ás eleições, logo uma diferença muito pequena; porém a que não ex
que alí se publicar o presente decreto; devendo desi ceder este numero não deverá ter menos de 3 verea
gnar-se o dia da reunião das assembléas eleitoraes, dores.
com prazo conveniente, segundo as distaneias dos lu O Sr. Fernandes Thomas: — Eu julgo que este
gares. Sala das Cortes 15 de Dezembro de 1821. — numero de tres vereadores he muito bastante em toda
José Joaquim Ferreira de Moura ; Manoel Fernam a parte, e que sómente no Porto, e Coimbra será
des Thomaz;
Gonsalves Manoel Borges Carneiro ; Manoel
de Miranda. •
necessario excedelo, he necessario reflectirmos que es
tes lugares são vitalicios, e sem emolumentos de qua
Antes de principiar a discussão, disse lidade alguma, e quanto maior for o numero de ve
O Sr. Borges Carneiro: — Levanto-me sómen raodores que quizermos estabelecer, tanto maior será
te para falar a bem da ordem, e prevenir discussões a difficuldade de os encontrar.
ociosas. Muitos principios espalhados neste projectº O Sr. Borges Carneiro: — Sr. Presidente, peço
já estão vencidos; e como muitos dos Srs. Deputa: a V. Exc. que chame á ordem aquelles Srs. que tra
dos vierão para as Cortes depois disso, e outros já tarem de discutir o que já se acha vencido, para vêr
estarão esquecidos, será bom lerem-se. Eu os tenho se acabamos com este malfadado projecto.
presentes, trasladados pelos oficiaes da secretaria; e O Sr. Miranda: — Eu sempre votarei pelo maior
por isso peço licença para os ler (luºs). . . . numero de vereadores; nós estamos discutindo este
Lido o primeiro artigo pelo Sr. Secretario Lino, projecto, e não he para opprimirmos os povos, por
observou o Sr. Borges Carneiro que a sua doutrina consequencia qnanto maior for o numero, menos oc
já estava vencida. casiões haverá de elles se poderem eonluiar entre si.
O Sr. Macedo: — Nós devemos attender a que Nada mais facil do que tres vereadores se combina
ha muitos povos que pedem a união de duas came rem e fazerem o mal dos povos; cince já custão mais
ras a um concelho vizinho, e isto acho se deverá con a combinar do que tres; e por via de regra sempre
ceder ainda sem dependencia da reforma geral; e eu ha de vir a faltar algum, e onde elles forem cinco,
se bem me lembro, creio que o Soberano Congresso talvez que muitas vezes se não ajuntem mais do que
já concedeu uma destas uniões; por tanto parece-nº tres, para decidirem de um negocio de bastante con
que se deve conceder isto quando se julgue conve sequencia. Por estas razões, e attendendo primeiro
niente. que tudo ao bem dos povos em geral, he que voto
O Sr. Lino: — Se bem me lembro tambem ha pelo maior numero de vereadores; e que se mantenha
um requerimento dos povos de Jequiriçá, da Pro o que está determinado na acta, que julgo ser 3,
víncia da Bahia, em que pedem uma camara, e que 7, 9.
seja aquella povoação elevada á dignidade de villa; O Sr. Fernandes Thomaz ! — Eu vou declarar
creio pois que este requerimento esta na Commissão que não sabia que estava vencido isto; por tanto su
de Ultramar. jeito-me ao que está vencido, e por descargo da mi
O Sr. Borges Carneiro: — Na Commissão de nha consciencia digo que haverá de se prender gente
agricultura estão alguns requerimentos de povºs que em muitas partes para ser vereador, e a experiencia
pedem ter camaras no seu seio, entre os quaes são os mostrará que de certo ha de haver grandes embara
habitantes de S. Pedro do Sul, que se querem separar de ços. Por tanto voto que isto se reduza ao menor nu
Vouzella; os do Pezo da Regoa pedindo separar-se de mero possivel.
Santa Marta de Penaguião; os do Reguengo termo de O Sr. Moura: — Sr. Presidente, só pretendo ob
Monsarás etc.; porém a esses requerimentos se deve servar que ambos estes dois inconvenientes que tem
attender separadamente, e não se tratar agora distº, ponderado os illustres Preopinantes são verdadeiros,
o que confundiria a discussão em que estamos. . e não temos senão a preferir aquelle que tiver menos;
Procedendo-se á votação, foi approvado º artigº, ha um grande inconveniente que he não haver quem
com o seguinte accrescentamento : salvas as altera exerça este emprego, porém tambem ha outro que he
ções que se julgarem convenientes. o que lembrou o Sr. Miranda: elle diz que quanto
Passando-se ao artigo 2.", disse menor for o numero dos vereadores, mais facil será
O Sr. Borges Carneiro : — Neste artigº só se o lesarem os interesses dos povos. Por tanto digo eu
deverá tratar do numero dos camaristas que deverão que em lugar de serem 800 fogos, sejão 1000, e que
ser eleitos com relação ao numero dos fogos de cada neste numero se nomeiem tres vereadores.
districto, pois o mais já está vencido. O Sr. Miranda: — Sr. Presidente, o artigo 1.°
O Sr. Brito: — A mim parece-me que em uma não se póde deixar de se approvar, e de se admittir,
villa onde ha 800 até 1000 fogos, ha muita difficul porque he um decreto provisorio, senão se adoptar
dade em se achar homens capazes para exercerem o então temos que pôr tudo de parte.
lugar de vereadores; por tanto voto que até 2000 fo O Sr. Peixoto: — Sou de opinião que por termo
gos não haja senão tres vereadores. menor para os tres vereadores se tome o de 2009 fo
[200 ]
gos. Em algumas provincias, como na do Minho um ra que nunca podessem vir a servir este encargo. Por
concelho de 2000 fogos he diminuto, ou mediocre. tanto voto que todas aquellas terras que tiverem 200
Devemos advertir, que nos povos das aldêas o lugar fogos possão ter uma camara.
de vereador não oferece comuns lidades, antes pelo O Sr. Moura: — A theoria he excellente; de
contrario trabalhos, e despezas: que os lavradores, vem-se crear camaras onde os povos o exigirem: de
que possão desempenhalo são por algumas terras em ve-se animar o espirito publico; porém he necessario que
mui pequeno numero, de maneira, que nas eleições nós principiemos a ensinar a ler e a escrever; e para
actuaes, que se fazem para tres annos custa a desco chegar a este fim quanto não temos nós que trabalhar!
brir os seis, ou os nove, que segundo o estilo de Mas em quanto se não consegue isto, he necessario
vem entrar em pelouro: e quasi todos pertendem ex adoptarmos um meio que nos traga poucas ou nenhu
mas difficuldades.
imir-se. Não haja receio dessa accumulação de auto •
ridade, de que se tem falado; porque por ora, á ex O Sr. Miranda: – Sr. Presidente, nós estamos
cepçao das grandes povoações de cidades, ou villas, perto do titulo 4.° da Constituição; isto que estamºs
no resto, tanto perigo haverá, de que abusem tres, a tratar he só um regimento provisorio, para servir
COI]]O Cill CO, •
de regulamento ás camaras; e por isso peço que V.
A grande difficuldade será achar os tres vereado Exc.º ponha á votação o artigo.
res em muitos conselhos menores, do que os de 2000 Declarada a materia sufficientemente discutida,
fogos, porque ha villas que fórmão um districto, as poz-se a votos a proporção de população que no ar
quaes não passão de ter vinte ou trinta moradores, tigo se contêm, e foi rejeitada. Oferecendo-se então
e quasi todos miseraveis. Limitem-se as cameras de á votação a seguinte proporção proposta pelo Sr. Ro:
nove vereadores ás duas cidades de Lisboa e Porto; drigues de Brito, 2000 fogos, 4000 fogos, e 6000
e entre o gráu em que ellas se considerão, e os con — foi rejeitada.
celhos de 2000 fogos, proporcionem-se os numeros de Propoz-se depois a proporção do artigo com a dif:
sete e cinco. Este lhe o meu voto. ferença de que o termo minimo seja 1000 fogos — e
O Sr. Trigoso: — Não me parece bem que nos foi approvada. Propoz-se se se approvavão os substi
obriguemos a conservar o grande numero de camaras tutos de vereadores que propõe o artigo — e deci
que existem, podendo nós unir, como dizem alguns diu-se que sim. Porpoz-se se haveria substituto do es
Srs., dois ou tres concelhos pequenos a um só; po crivão — decidiu-se que não. Propoz-se tambem se
rém eu digo que seria melhor unir um concelho pe haveria substituto do procurador — e venceu-se igual
queno a um grande, e assim se faz o que se perten mente que não.
de; eu não digo que se faça esta reunião já, porém Por ser chegada a hora de terminar a sessão, adi
logo que possa ser: em consequencia digo que no ar ou-se o resto do artigo.
tigo 1.° se deve declarar quaes são os officiaes que Nomeou-se o Sr. Andrada para a Commissão de
deverão compôr estas camaras, e que se diga: conti justiça civil.
nuará a haver estas camaras em todas as cidades, e Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia
villas do Reino, salvas as alterações que para o fu os artigos addicionaes que hão de substituir o artigo
turo se forem fazendo. 4.° do projecto de lei sobre os foraes. •
O Sr. Guerreiro: — O numero de camaras que Levantou-se a sessão depois das duas horas da
presentemente ha não basta, a razão he porque a gran tarde. — João de Sousa Pinto de Magalhães, De
de distancia que ha nas diversas terras impossibilita putado Secretario.
o ajuntarem-se os vereadores naquelas que estiverem
3 e 4 leguas longe do concelho, os vereadores que ali REsoluções E ORDENs DAs CoRTEs.
morarem de certo se não podem reunir todas as se
manas. Concelhos ha no Reino aonde se não reunem Para Filippe Ferreira d'Araujo e Castro.
6 vezes os vereadores, aonde não ha 6 camaras no
anno, do que tem padecido iminenso os povos. Eu Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
digo que todos os povos que requererem, e que te tes Geracs e Extraordinarias da Nação portugueza
nhão para cima de 200 fogos se lhes deverá conceder ordenão que de intelligencia com os inspectores da
a creação das camaras. Disse-se que não ha nestas subscripção para o banco de Lisboa se faça aprontar
terras homens capazes, he verdade; porém he neces um edifício com a capacidade necessaria para a reu
sario despertar nestes homens uma nova emulação: nião da assemblea geral dos accionistas, que ha de ter
quando elles se virem envolvidos nos negocios publicos; lugar no dia primeiro de Março proximo futuro, se
quando forem chamados para se governarem a si gundo o artigo 2.° do decreto do 1.° do corrente,
mesmos, eles terão o cuidado de se instruirem, e es bem como para a continuação dos trabalhos tenden
te Congresso terá a gloria de fazer com um só rasgo tes á verificação daquelle importante estabelecimento,
de penna, que se espalhem e se divulguem as luzes por O que V. Exc." levará ao conhecimento de Sua Ma
todas as classes da sociedade. Até hoje tem sido mui gestade.
to penoso este lugar, já pela despeza que fazião, já Deus guarde a V. Sº. Paço das Cortes em 15
pelo muito trabalho, e finalmente pela responsabilida de Fevereiro de 1328. — João Baptista Felguciras.
de a que estavão sujeitos estes vereadores; tanto que
muitos pais de familias, principalmente no Alentejo
impedião seus filhos de aprender a ler e escrever, pa
+
[ 209 |
Para o mesmò. : +
3." Idem. Nomeia uma junta consultiva, na fór
ma declarada no documento que remette por copia.
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor 4." Em 28 de Agosto dito. Sobre providencias
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza, para a administração da justiça.
sendo-lhes presente a bulla de 11 de Janeiro proximo 5." Idem. Dá conta da participação que lhe fez
passado, transmittida ao soberano Congresso pela Se o governador de Pernambuco, da traição e aleivozia,
cretaria de Estado dos negocios do Reino em data de com que o quizerão assassinar. - |- - -
14 do corrente, na qual Sua Santidade concede aos - 6.° Em 10 de Novembro de 1821. Felicitação
hnbitantes do Reino Unido de Portugal, Brazil, e da camara de Santa Maria do Icatu do Maranhão,
Algarves a faculdade de comer carne, por espaço de e pedindo a conservação do governador. " " "
seis annos nos dias de abstinenencia, com excepção 7." Em 20 de Novembro do dito. Representação
de alguns nella declarados; mandão remetter ao Go assignada por 69 moradores do districto da Miamim,
veruo a mesma bulla para proceder a este respeito na na provincia do Maranhão, pedindo a conservação
fórma do costume em casos similhantes. O que V. do actual governador. * . * * * * * * * * * . * *
Éxc." levará ao conhecimento de Sua Magestade." 8." Em 30 de Outubro do dito. Felicitação da
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 15 camara da villa de Vianna da provincia do Maranhão,
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. e pede a conservação do governador. " "… …
. 9." Em 24 de Outubro do dito. Representação
Para Candido José Xavier. assignada por muitos individuos da provineia do Ma
ranhão, em que se queixão do actual Governador, e
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor pedem que seja removido. . . • , , ; e
ligencia.
. . 1." Em 22 de Dezembro de 1821. Communican Deus guarde a VV. mm. Paço das Côrtes em 15
do ter convocado a junta eleitoral para proceder em de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
conformidade do decreto das Cortes, á eleição da jun
ta provisoria no dia 16 de Fevereiro, etc. Redactor — Galvão,
2.° Em 24 de Agosto de dito. Expôe os motivos
que o determinárão a augmentar os soldos da tropa
de linha; bem como a fazer nos corpos a promoção,
que junta remette. Dd
l elo |
-
---- * +-
oferecido por um añonymo. A de Instrucção publi
Cal •
Um dito do Ministro da fazenda, enviando a cer Feita a chamada. achavão-se presentes 107 Se
tidão do cabeção das sizas da comarca de Ourique, nhores Deputados, e faltavão os seguintes: os Senho
faltando as das comarcas de levora, e Tentugal, a res Quental da Camara, Moraes Pimentel, Canavar
cujos corregedores se repetírão as ordens. A Com ro, Ribeiro Costa, Sepulveda, Basilio, Bispo de
missão de fazenda. \ Eója, Govéa Durão, Ledo, Agostinho Gomes, Bar
Um dito do mesmo Ministro, expondo que os roso, Van Seller, Almeida e Castro, Brandão, In
depositarios dos utensilios da extincta inquisição de nocencio de Miranda, Queiroga, Mantua, João de
vião hoje 15 do corrente entregar os objectos constan Figueiredo, Faria, Moura, Afonso Freire, Sousa
tes da lista que se lhes enviou. Inteiradas, e Almeida, Castro e.Abreu, Ribeiro Teixeira, Luiz
- Um dito do Ministro da guerra, remettendo um Monteiro, Sefyrino, Bandeira, Ribeiro Telles, Fei
efficio do brigadeiro commandante da força armada, O.
Bernardo Corrcia de Castro e Sepulveda, datado de Ordem do dia. Entrárão em discussão os novos
11 do corrente, que acompanha o requerimento dos artigos, que a Commissão de agricultura ofereceu
oficiaes dos corpos de infanteria da guarnição de Lis em lugar dos artigos 4, 5, 6, 7, e 8 prinitivos do
boa, em que pedem a abolição dos emolumentos que projecto dos foraes, e são os seguintes.
tem de pagar na secretaria do conselho de guerra pe
las suas patentes; bem como um outro dos officiaes Explanação ao artigo 4.° da reforma dos foraes qf
do regimento de infanteria n.° 4, que pedem a di ferecida pela Commissão competente.
minuição dos ditos emolumentos. A Commissão mi
litar. •
Tendo o soberano Congresso estabelecido para a
Um dito do mesmo, em que declara ficar sciente reforma dos foraes as duas excellentes bases, primei
das ordens das Cortes ácerca da oferta que fizerão os ra a de diminuir as rações incertas á metade, a segun
officiaes, oficiaes inferiores, e soldados das milicias do a de as reduzir a pensões certas, e achando-se al
de Basto, havendo já expedido as ordens ás estações gumas difficuldades no methodo de realizar csta re
competentes para se verificar a dita oferta. Inteira ducção pela complicação do objecto, incumbiu á
das. Commissão de agricultura que o tomasse em conside
Um dito do mesmo, enviando um requerimento ração, explanando o artigo 4.° do projecto, onde se
de D. Felicia Barbara de Oliveira, viuva do cirur trata desta materia, A Commissão reconheceu que a
gião, que foi director do ex-hospital do Beato Anto complicação nascia de quatro pontos diferentes: 1.'
nio, Francisco José de Paula; bem eomo duas in determinar em que genero de frutos se pagarião as
formações que derão a seu respeito o official que ser pensões: 2.° em que terrenos ellas se imporião: 3.”
ve de contador fiscal da thesouraria geral das tropas, por que methodo se faria a reducção: 4.° qual sería
o ex-contador
emissão fiscal dos hospitaes militares. A Coni o titulo, por onde se deverião governar os louvados
de fazenda.
ao fazer a dita reducção. E como he necessario para
• |-
Um oferecimento da commissão fiscal do Porto qualquer objecto ser levado ao gráo preciso de clareza,
de alguns impressos das contas juntas do cofre dos que as idéas se reduzão a um ponto de simplicidade,
contrabandos e descaminhos, para serem distribuidos que as separe de todos os outros, que lhes são con
pelos Senhores Deputados. Inteiradas; e distribuão nexos, julgou a Commissão conveniente separar aquel
SC, les objectos em outros tantos artigos, de modo que
• Uma felicitação em nome da camara, nobreza, e cada um não contivesse senão a materia que lhe pre
povo do concelho do Sul, comarca de Vizeu, pedin len CeSSe.
do ao mesmo tempo providencia sobre o estabeleci O primeiro ponto : determinar em que genero de
mento de uma cadeira de primeiras letras. Menção frutos se pagarião as pensões — já foi sanccionado na
honrosa, e remettida á Commissão de instrucção pu Sessão de 5 de Janeiro. Os outros vão explanados nos
blica. artigos seguintes.
Um cathecismo politico para uso da mocidade, Art. 3. Nos districtos, em que pelo foral, e usº
fºi
antigo se pagar ração de todos os frutos, que a ter de pensar, seguindo mais a tetrá do que o espirito
1a prºduzir, far-se-ha o arbitramento em cada uma dos foraes; mas realmentº a julga de menos impor
das propriedades, e se determinará a pensão que pa tancia do que ao principio parece; porque em ultima
ra o futuro, se ha de ficar pagando. - analyse tudo depende da avaliação dos louvados: el
6. No caso, em que os lavradores só estejão obri les podem avaliar dois annos, por exemplo, de trigo
gados a pagar ração dos generos do foral, quando os no mesmo em que avaliarem de batatas, cevada, etc.
colhem, attender-se-ha ao costume da terra nos ter O remedio daquelas irregularidades que ficarem
Iuos seguintes: 1. se a pratica della he semearem-se depois da reducção a pensões certas, está na grande
aquelles frutos com regularidade, o arbitramento se medida geral de serem resgataveis estas pensões; então
fará sómente com atténção aos annos da colheita, isto os lavradores farão todas as economias para as comº
he, ou todos os annos ou de dois em dois, ou de tres, prar, a propriedade inteira se difundirá nas provin
etc. 2. se essa sementeira se repete sem regularidade, cias por grande numero de individuos, e a verdadeirá
os louvados reduzirão as colheitas dos generos do fo riqueza de Portugal começara a desenvoluer-se rapi
Ial a uma prudente regularidade, segundo a pratica damente. " . * ** … - … :
mais geral dos lavradores daquella terra. 3. Se a pro O artigo 7 deixa ou á avença das partes, ou ao
priedade, está, convertida em tal genero de cultura, prudente arbitrio, dos louvados calcularem a producº
que he incompativel com a sementeira dos generos, ção mediana dos terrenos: elles sabem fazer essa ope
de foral, por exemplo, pomares, laranjacs, etc. taes ração todos
para muitoosbem;
casos.nem he possivel dar regras certas
- •
dos dez atinos antecedentes, dos quaes tomem o ter O artigo 10 he puramente regulamentario.
mo medio; e a conta, que corresponder a este termo Sala das Cortes em 14 de Janeiro de 1822. —º
medio, será a pensão certa, a que a propriedade fica
obrigada. • •
Fraucisco Soares Franco, Francisco de Lemos Betº
+
9. Os povos, que estiverem na posse de mais de O Sr. Gucrreiro : — Tenho a fazer algumas ob
trinta annos de não pagarem ração alguma, serão servações sobre as palavras = pclo foral e uso anti
conservados nella; e os que pagarem menos que a ex go = necessitaria eu, que se me dissesse, se devem
pressa no foral, serão contemplados só com metade concorrer copulativamente estas circunstancias, ou se
do
çãoque certa. pagarem, quando se fizer a reduc disjunctivamente
actuulumente
a pensão •
uma só dellas?
. O Sr. Soares Franco: — Diz o art. 9." (leu-o)
10. O mappa, ou tombo das terras de cada dis nelle se acha a explicação do que o illustre Preopi
mante pergunta, explica isto mesmo não ha duvida
tricto, e as pensôes, a que ficão sujeitas, se lançarão alguuu. •
O Sr. Soares de Azevedo: — Eu apoio a opinião vor do lavrador do que o foral, pois, como bem dis
do Sr. Macedo, o que me parece he, que será neces se Mello Freire e outros, faz-se mais plena interpreta
sario tirar a palavra = Foral = porque em todo o ção a favor da liberdade natural dos predios, e não
caso sempre he inutil. Se o foral existe, e o uso, poderiamos hoje sem justos clamores dos lavradores,
tambem sempre he uso, o que se segue; e senão exis fazer-lhes pagar mais do que estivesem em uso de pa
te o foral, e sómente existe o uso, com maior razão gar, qualquer que seja a disposição do foral quando
he o uso seguido. Por tanto julgo inutil aqui a pala esta for para mais. Esta he a doutrina que está em
vra = Foral = E mesmo porque adoptando o art. seu vigor na pratica. Digo pois que sería melhor dis
nos termos em que está concebido, poderiamos coar cutir primeiro o art. 9.
ctar ao lavrador a liberdade que já lhe concedemos. O Sr. Pinheiro de Azevedo: — Este artigo 5.°
O Sr. Castello Branco Manoel: — Apoio a refle deve referir-se ao artigo 4.° (leu-o) Agora vamos vêr
xão que fez o Sr. Macedo, e accrescento que ha ter o segundo, que he muito liberal, e muito bom (leu-o)
ras em que se costuma pagar tributo, e não pelo fo O terceiro ainda he melhor (leu-o) por tanto parece
ral, mas sim por diversos outros = usos =: por me que a questão se deve referir ao artigo 5.° tendo
consequencia deve-se declarar, se se deve continuar em vista estes tres, que acabo de lêr dos artigos ade
a pagar, não obstante, não serem declarados no fo cionaes do Sr. Corréia de Siabra porque elles tirão
ral. O fôral determina, que se pague trigo, linho, todas as duvidas. "
vinho, e azeite, porém a maior lavoura he de milho, O Sr. Borges Carneiro: — Alguns dos Srs. Preo
o que tem occasionado graves demandas, e pleitos pinantes parece haverem tido alguma equivocação.
que presentemente correm em juizo, sobre o que se Os tres artigos que hão citado tem por fim sanccio
deve pagar. Deve tambem declarar-se de que tempo nar de que fructos se hade pagar; porém a questão
he esse uso, porque aliàs será uma desordem, não se que agora estamos a tractar, não he de que fructos,
decidindo; e mesmo porque não deve ficar isso a ar mas de que terrenos se hade pagar: esta questão não
bitrio, não deverá bastar que se diga = uso antigo = tem nada com a outra. Quando pois o art. 5.º nos
sem que se declare de quantos annos he esse = uso = ensina como se hade proceder nos terrenos em que o
Approvo pois a opinião do Sr. Macedo. foral e uso antigo manda pagar de todos os fructos,
O Sr. Caldeira: — Não basta determinar o espa aquellas palavras foral e uso autigo se devem tomar
ço do tempo, mas deve-se tambem determinar a qua copulativamente, porque o uso sendo para menos, he
lidade do uso: por tanto uma vez que se declare que o que regula, e se busca sempre o que mais seja a
o uso de 30 annos como já está sanccionado seja mais favor do lavrador. Pela palavra uso antigo, deve en
favoravel ao lavrador do que aquillo, que determina tender-se o uso de 30 annos, que he o que está já
o foral, deve então prevalecer o uso. Por isso a mi sanccionado no artigo 1.° do additamento do Sr. Cor
nha opinião he que se determine o espaço de tempo rca de Seabra. Fica pois muito bem se se disser pelo
que deve regular para que prevaleça o uso, uma vez foral e uso antigo.
que seja mais a favor do lavrador do que o foral. O Sr. Fernandes Thomaz: — Parece-me tam
O Sr. Castello Branco: — Eu estou certo que a bem, que o que diz o Sr. Pinheiro não póde ter lu
intenção do Congresso he melhorar a sorte do lavra gar: a decizão que lá se tomou foi a respeito daquel
dor, e de nenhum modo piorala; por tanto deve de las terras em que se havia de pagar pensões de certos
clarar-se (para que isto se verifique) a meu vêr, que e determinados fructos; e essa hypothese he muito di
o uso antigo deve prevalescer todas as vezes, que el versa da hypothese deste artigo, aqui trata-se de
le fôr mais favoravel aos lavradores do que o foral, quando se manda pagar ração de tudo quanto a terra
e não prevalesça o uso sendº prejudicial, mas sim en produzir: consequentemente esta resolução he necessa
tão o foral. D'este modo parece-me que poderia con ria, independentemente daquella, porque esta he mais
ceber-se o art. nestes termos: (pouco mais ou menos) ampla; aquella he restricta só a um caso. Na hypo
nos districtos em que pelo foral se pagarração de to these pois de ser necessaria esta decisão digo, que se
dos os frutos que a terra produzir, não sendo uso an deve tirar a clauzula e uso antigo e dou a razão;
tigo em contrario, fazer-se-ha o arbitramento a cada porque ficando póde ser mais nociva aos lavradores:
uma das propriedades etc. por este modo a terra póde pagar rações de todos os
Estabeleça-se aqui a regra de que o foral regula fructos, ou pelo foral, ou pelo uso, mas neste caso,
todas as vezes que ele seja mais favoravel do que o digo eu, se o uzo he o titulo, he porque se acha em
uso; mas que o foral deixa de regular, quando o contradição com o foral; porque se não a que propo
uso antigo em contrario fôr a favor do lavrador. E sito veio o uso para classificar o direito do que havia
mesmo porque dar-se-hão casos em que o foral obri de pagar por aquella terra! Assim tirando nós as pa
gue a menos do que obriga esse uso, e por conse lavras — uso antigo — vimos reduzir o cazo á hypo
guinte iriamos nós fazer mal ao lavrador contra a in theze verdadeira de que a terra paga todos os fructos
tenção deste Congresso. por foral, e nunca por uzo; porque o uso neste ca
O Sr. Borges Carneiro: — Seria bom pôr em dis so he sempre prejudicial ao lavrador, pois suppõe
cução primeiro o art. 9. como preliminar a esta ques que o foral manda pagar de menos; e o uso man
tão; pois se a doutrina do art. 9. passar (e assento da pagar de mais, digo eu, se o uso esta em con
que deve passar) então he visto que no art. 5. deve formidade com o foral he inutil, e se está em con
dizer pelo foral e uso antigo, porque deve estar enten tradição he prejudicial porque suppõe que o foral
dido que o uso hade valer sempre que seja mais a fa manda pagar de menos-1- consequentemente o meu
[ 213 ]
voto he, que se tire a palavra — uso — e nem jul centar áquellas palvras quando o uso for mais favo
go se deva conservar como quer o Sr. Borges Car ravel ao lavrador: aqui estão tiradas todas as dúvidas
neiro, se se aprovasse o artigo 9.°; pois torno a dizer e creio que tambem não póde haver duvida nenhu
ainda nessa hypothese he quando pelo uso ha de pa ma em que isto se declare.
gar-se mais de qne pelo foral. O Sr. Macedo: — Supponho que ha uma equi
O Sr. Peixoto: — O honrado Membro, o Sr. vocação evidente. Aqui não se póde dizer quando o
Correia de Seabra já preveniu com resposta a duvida uso for favoravel ao lavrador. Vamos a ver em que
do illustre Preopinante. A circunstancia do uso anti hypotese ele se considera obrigado a isto. Eu suppo
go, ou uso de 30 annos ao menos, he copulativa nho que o deve fazer nos casos em que o foral, e o
com a da condição do foral: de maneira, que para uso antigo o determina; porém nos casos em que º
que o agricultor seja obrigado a pagar pensão de to usº for mais favoravel ao lavrador do que o foral,
dos os fructos não basta, que o foral assim o dispo então não tem lugar o artigo. •
nha; he tambem necessario, que o uso não esteja em O Sr. Presidente: — He necessario que o Con
contrario. Com isto concorda a addição feita ao ar gresso declare se estas palavras foral, e uso antigo se
tigo 4.", e já approvada, a qual diz (leu). Está pois entendem copulativamente, ou se disjuntivamente.
patente que o presente artigo nunca póde ser enten O Sr. Correa de Seabra: — Eu entendo-as co
dido contra o agricultor. pulativamente. -
O Sr. Castello Branco Manoel: — Eu desejo es O Sr. Soares Franco: — A opinião da Commis.
clarecer-me sobre este objecto; porque ha usos con são, foi entendendo-as disjuntamente.
tra es foraes, como são, pagarem-se rações de outros . O Sr. Presidente: — Os Srs. que julgarem a ma
generos que os foraes não declarão, sobre isto versão teria suficientemente discutida, queirão levantar-se
pleitos, e pleitos muito grandes. Desejava eu por con — venceu-se que sim.
seguinte saber, se a mente deste Congresso a este res O Sr Pereira do Carmo: — Quizera saber a in
peito he sanccionar a favor dos senhorios, e contra telligencia que se dá á palavra arbitramento.
os lavradores! O foral tem estabelecido que se pague O Sr. Soares Franco: — A palavra arbitramen
de trigo, linho, etc. porém tem havido senhorios que to não está aqui definida, está só usada; isso de
tem exigido que os rendeiros lhe pagassem em outros pois se verá, e nada embaraça, para que se aprove
fructos, e elles assim o tem praticado. Desejava eu artigo.
igualmente saber se estes rendeiros devem pagar ou não! O Sr. Presidente: — Proponho se se approva es.
O Sr. Peixoto: — Já se tem dito, que este uso te artigo !
jámais poderá prejudicar ao caseiro, porque a atten Foi approvado, com a declaração de que as ex
der-se deve concorrer com o disposto no foral: não pressões o uso antigo e foral erão copulativas.
assim sendo-lhe o foral contraposto; porque nesse ca Entrou em discussão o artigo 6.°
so, por maior que seja a antiguidade, reputa-se abu O Sr. Fernandes Thomaz: — Sr. Presidente;
so; e os abusos he de rigorosa justiça, que de uma não me parece que este artigo assim como os
vez se corrijão. Não se presuma por isto, que para máis em que se trata de determinar o que se ha de
o caseiro se toma um principio, e para o senhorio fazer para o futuro, e do que os lavradores hão de
outro: as circunstancias, e as presumpções em cada pagar , fundando-se unicamente na pratica, sejão
um dos dois casos são mui diversas. Os usos contra munidos das necessarias providencias para livrailos das
rios aos caseiros presumem-se introduzidos pela pre demandas; eu entendo pelo contrario, que isto vai a
potencia dos senhorios, ou enganos, e violencias dos ser um manancial de mais peleitos ainda dos que até
procuradores e rendeiros; porque, por livre e espon aqui tem havido: porque uma vez que se vai fazer a
tanea vontade dos caseiros jámais serião acceitos: e decisão dependente de praticas e usos, como he pos
os usos, que lhes são favoraveis presumem-se introdu sivel verificar as diversas circunstancias? Os rendeiros
zidos por convenção expressa, ou tacita; sempre com dizem, o uso he um, os lavradores dizem, o uso he
o consenso dos senhorios, os quaes, além de darem a outro: eis aqui a origem de infinitas demandes; he
lei, e serem os possuidores dos titulos, por onde re por isso que no foro se vê diariamente, que não ha
cebem; e por isso mais bem instruidos dos seus direi causa nenhuma desta natureza, cuja posse não se
tos, procuravão nesse mesmo favor um partido vanº prove por uma e outra parte.
tajoso, o qual era a dilatação das sementeiras, e con He por isto que digo, que toda a lei que saiu des
sequente augmento do monte partivel, do qual rece te modo do Congresso, mandando attender ao uso
bião a sua quota. Do bom fundamento desta pre para a divisão, em vez de fazer um bem, vai a cau
sumpção poderia dar-se em prova mais do que um sas maior mal; porque ainda que até aqni tem ha
exemplo. vido muitas demandas sobre a decisão de uso, ou pos
O Sr. Soares Franco: — Estas palavras = ou uso se; o uso não estava canonisado como agora se ca
antigo= creio que a respeito dellas a mente do Con nonisa; os juizes umas vezes jnlgão por elle, e ou
gresso está conforme. Só se pagará pelo foral, todas as tras não; e agora determinando em geral, que não
vezes que elle seja mais favoravel do que o uso anti ha de regular só o foral se não tambem o uso, neces
go, porque de outro modo prevalece o uso. Conse sariamente vai ser maior o numero das demandas. O
quentemente
far no artigo.assento eu, que isto assim se póde declas
•
meu voto be por tanto, que estes artigos sejão redi
gidos mais conforme a regra de foral, do que ao uso.
O Sr. Girão: – Não ha remedio senão accres O Sr. Soares Franco: — A questão he tratar de
+
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tratar de darmos uma regra aos louvados, para saber posto neste artigo, está em geral concorde com a nos
o methodo como deverão fazer o arbitramento. Quan sa pratica de louvações. Nas terras, que andão divi
do os louvados fizerem o arbitramento, deverão sem didas em folhas toma-se a producção mediana das
pre preferir para o fazerem, aquelles generos que a colheitas, e reparte-se por toda a somma de annos,
terra Inostrar produzir melhor, e não por fructos in que lhes corresponder: a unica diferença consiste,
certos: deste modo se evitará progredirem as questões. em que, para as louvações ordinarias, entrão em cat
A questão póde ser entre os louvados: ou quer, ou culo todos os fructos; e nestas sóinente aquelles, que
não quer o homem estar pela louvação; mas ficão pelo foral, e uso pagão quotas, de maneira, que nos
acabadas todas as questões, uma vez que se imponha casaes que se semeão de dois em dois annos, de tres
um tanto, e reduzido a uma pensão certa. Agora em tres, a louvação he por metade, por um terço,
entre os louvados he que devem procurar qual he a e assim por diante. Nisto não póde haver duvida.
pratica da terra. As terras, por exemplo, da Beira O Sr. Guerreiro: — Eu sou de opinião contra
alta, Alemtejo, etc. O aforamento das terras em ca ria á separação em folhas, pois que esta forma dela
da povoação he regular, e anda reduzido com mui voura deixando todos os annos uma porção de terra
to pouca diferença. Aqui o que se trata he sómente de pousio, he prejudicial á agricultura, e á sua pros
de dar uma especie de regra aos louvados pela qual peridade: ella deve a sua existencia á falta de braços
se deverão guiar, e fazendo-se isto não haverão tan e á indolencia dos lavradores. Para fomentar os lavra
tas demandas como diz o illustre Preopinante. dores á cultura continuada dos predios, e ao mesino
O Sr. Borges Carneiro: — Eu levanto-me para tempo alivialos, parece-me que se deveria estabelecer,
lembrar o que se tem passado nesta materia, e pre que naquellas terras, em que a pratica he semearem
venir que torne a ser confundida. A presentou-se nes se os fructos com a regularidade de tres em tres an
te Congresso á discussão o 4.° artigo do projecto prin nos, se reduzão a uma quantidade modica, e esta pa
cipal, e depois de uma longuissima discussão, ficou ga em cada um dos annos, e o projecto não estabe
assás adiado uma e mais vezes, e por fim se remetteu lece isto. Diz-se que a terra ou propriedade está
o negocio á Commissão, a qual em vez de parecer louvada, em tal genero de cultura, que he incompa
ofereceu cinco quesitos. Forão estes debatidos na ses tivel com o estabelecimento dos foraes. Esta duvida
são de 6 de Janeiro, e o resultado foi supprimir-se o he grande, e a questão he applicala aos nossos tem
primeiro, e os quatro seguintes remetterem-se nova pos; porque se deve resolver, se nas terras em que se
Inente á Commissão. A Commissão apresenta agora semear outra semente, se deverão pagar, ou não,
o presente parecer. Ainda o inutilizaremos! Não per pelas novas, ou se as terras devem ficar izentas: a
camos mais tempo, e lembremo-nos do muito que era decisão desta questão, he quem deve decidir, se nós
toda a materia está por fazer. O parecer está muito devemos admittir, ou reprovar estes principios: he
bom. Funda-se a base geral, que a reducção da pen por tanto necessario que decidamos se quando as ter
são a ametade já decretada deve ser feita pelo pru ras passarem a ser empregadas em outro genero de
dente arbitrio dos louvados. Em verdade he esta uma cultura, não obstante isto, se devem pagar por um
das cousas que só podem ser decididas pelas regras da prudente arbitrio de louvados; parece-me que esta de
prudencia, e arbitrio de homens bons, e não pelas do cisão he a mais justa, que se póde tomar neste caso.
rigor mathematico. Ou as partes concordão ou não: O Sr. Peixoto: — Eu não duvido, que esta
se concordão está acabada a questão: se não concor clauzula do artigo passe: pela só razão, de se haver
dão, uma nomea 4 louvados, e outra outros 4 para o Congresso decedido por ella; e ter de alguma sorte
decidirem; e se discordão, toma-se 5." Não se póde resolvido, que as quotas se calculem pelos fructos, de
ter melhor methodo. Se se questiona quanto a terra que as terras nos annos anteriores se cultivavão, não
actualmente deve pagar, vale a regra de que se não tanto pela força do argumento do illustre Preopinam
ha uso contra o foral rege este: se o ha, e he a favor te, o qual, posto que em aparencia seduza, considera
do lavrador, então rege esse uso. Em quanto aos fa do, não convence. Dos fructos, que erão conkecidos
ctos que dependem de informações os louvados as to no tempo do contrato não póde tirar-se argumento
mão dos lavradores visinhos, que são os que as de para os desconhecidos. Quando o senhorio impoz aos
vem dar; como, se a terra se semea todos os annos, cazeiros a ração em cereaes, e não em vinho, bem co
ou em annos alternados, e de 3 em 3 annos, como nhecia, quaes erão as terras, que por sua qualidade,
succede nas folhas das herdades do Alentejo, etc. As erao proprias para um, ou para outro genero, e mos
sim se cortão todas as demandas, designando os lou trou, que só quiz segurar para si, e seus successores o
vados a pensão certa, e a terra de que se ha de pa quinhão nos cereaes: quiz, por assim o dizer, comer
gar: feito isto, tem cessado todos os litigios; paga o pão a par do agricultor: contribuindo-lhe para isso
lavrador ao senhorio o que se arbitrou, e diz-lhe: to com o terreno. Se o foral neste sentido especcficava os
emepasse
lá opor
quelálhemuito
devobem.
; Dcos lhe faça bem com c/le,
•
cereaes, que no tempo, em que foi dado erão conhc
cidos, e o cazeiro variou a sementeira para outros,
Quanto a darem-se regras aos louvados para re introduzidos de novo, he claro, que o cazeiro frustrou
gularem seu arbitrio, está bem provido no artigo, e a intenção do senhorio, a qual da estipulação se ma
por muitas que se lhes dem, sempre elles hão de nis nifestava. Por isso digo; que concordo, porque o Con
so governar mais do que nós. Por tanto approvo o gresso está nisso; nas com tanto, que a decizão des
artigº… -
O Sr. Miranda: — Acho muito exacta a doutri a dos generos do foral, ou algnma terra inculta ou
na do artigo 6.° e 7."; porém parece-me, que, está desaproveitada se reduzir á sobredita cultura, se pa=
enunciada com muito pouca clareza, que os lavra gará então a quota ou pensão certa na forma desta
dores com seus senhorios, por meio dos louvados lei. A razão e justiça desta clansula he taiñbem ma
que nomearem, regularão a cultura media, pelo que nifesta, e até evidentissima. " " """"" -
**
- -
,
produzírão nos amos antecedentes e assento que de Este o meu parecer ... , : *-*
verá voltar á Commissão para se enunciar mais cir Q Sr. Miranda: — Eu não posso ser da opinião
cunstanciada mente, e,
declarando-s que aonde se po do illustre, Preopinante : esta lei que está em dis
der averig uar , do
com certeza pelo melho já enunc ia cussão , não se dirige sómente a beneficio dos lavrado.
do, se preferirá sempre este meio á estimativa dos res, senão a beneficio da nação inteira; haverá tran
louvad os; pois : eu para mim tenho, que elles hão dºs rendas public as quando a nação tenha, particula
res que sejão ricos. A razão porque as terras estavão
de diversificar muito, e não acredito ser facil de--
ignar a colheita que poderá produzir uma terra. Is inculas, he porque os lavradores não se atreviã a
o
cultiva las, uma vez que forem obriga dos a pagar-to
to he o que me parece. das as pesões em razão dos foraes. E como se hão
O Sr. Pinheiro de Azevedo: — Sr. Presidente:
Julgo que a clausula terceira deste artigo 6.° deve ser de cultivar agora impondo-se novos foros! A regra
totalmente refundida, e reformada. Primeiro. A pa que temos que adoptar he, que não se hão de pagar
lavra incompativel deve accrescentar-se a palavra in senão os foros que se pagavão até agora, entendém
diferente; porque incompativel he sómente aquella do-se que desses se ha de pagar sómente metade.
cultura que não póde facilmente voltar á prinitiva do (Apoiado). Eis-aqui porque eu queria que se tomas
foral, como a dos pomares, montados, devezas, ma se em regra geral, para estabelecer a pensão, a som
tas, vinhas, olivaes, soutos etc. porém ha outra que . Ina dos foros que se tinhão pago nos annos antece
sendo diversa da do foral, não he com tudo incom dentes. Devemos calcular sobre o passado, porque o
pativel; porque póde mudar-se para a primitiva sem que queremos reduzir a metade não he o futuro, he
difiduldade e a puro arbitrio do lavrador; tal he a o passad o. Por conseguinte, torno a insistir a bene
dos pastos ou naturaes ou artificiaes, dos legumes, ficio dos lavradores, e da agricultura, em que o cal
culo dos foros medios se determine sobre a somma
batatas etc. etc., e sendo assim não póde ficar ornis
sa no artigo. Segundo. A propriedade que não pro dos que pagavão nos annos antecedentes, sem impor
duzir os fructos design ados no foral deve ser isenta de tar-nos se o terreno era de pão, se era de vinho, ou
pagar pensão, em quanto permanecer neste genero de de que era; esta questã he desnece
o ssaria,
porque
quem paga he o lavrador, não he a terra; a terra
cultura, sem nenhuma excepção: 1.° porque os fo
raes sendo leis não podem ser alterados arbitraria não tem sentimento, nem moral, e o que importa
mente por praticas, e usos contrarios: 2.º porque saber ao lavrador he, que se até aqui pagava, por
sendo muito diversas as fórmas dos foraes; pois que exemplo, 10 alqueires, ba de pagar 5 alqueires des
uns mandão pagar quotas de todos os fructos; outros de agora, e nunca recorrer a saber quanto aquelle
de certos e determinados; alguns de mui poucos fru teureno que está inculto, poderá vir a produzir, e
ctos; e outros em fim de nenhuns a favor dos povos, quanto poderá pagar: a producção, que a terra pó
claro está que os fructos que normeadamente senão es de dar, não deve entrar no calculo para o foro que
o lavrador ha de pagar; deve entender-se sómente ao
pecificão e designão nos foraes, se devem julgar ex passado; pois senão, longe de aliviar a agricultura, e
cluidos: 3.° porque sendo os Reis ou os donatarios os lavradores, iremos carregalos mais do que tem es
os que derão e constituirão a lei, e condições destes
contractos, devem estes no caso de duvida ser inter tado até aqui. (Apoiado). >
pretados contra esses que derão e a lei, e a favor dos O Sr. Corrêa de Seabra: — Este artigo foi redi
que a receberão, como manda o direito. As conven gido com muita reflexão, e escrupulo, e consultados,
e ouvido primeiro alguns intelligentes de foraes, e
ções e resoluções regias em contrario devem ser agora que tems conhec imentos praticos da agricultura. He
revogadas, como fundadas em arestos, e como ma verdade que a cultura de novos generos cereaes não
nifestamente injustas ou lesivas. A unica excepção
admissivel he a do milho substituido aos cereaes de foi prevista no tempo dos foraes, nem a dos laranjaes
signados no foral; porque querendo os Reis e dona que he muito posterior, nem igualmente foi a alter
nação das sementes, para que foi adoptada, e geral
tarios pensionar com preferencia os cereaes, he este
do milho um genero de que nem elles nem os lavra mente recebida por occasião da cultura do novo ge
nero o milho grosso; tambem se attendeu a que nos
- dores podião ter cogitado. -
easião que se redigiu este artigo; mas sendo necessa para regular as quotas, que se hão de reduzir a quantida
rio adoptar uma medida geral, pareceu melhor, e de certa. E não se diga que os foreiros ficão mal ;
mais conforme á resolução" em que está o Congresso pois assás favor se lhe faz na redução das quotas a
de favorecer a lavoura: em quanto ao que disse o metade, e depois a quantia certa, e na remissão se
Sr. Freire, não posso dispençar-me de notar que al se vencer. Agora quanto ao arbitrio dos louvados,
guns generos cereaes, se cultivão, e colhem todos os deixe-se isso á sua prudencia; e a regra mais conve
ännos como feijões, milho miudo etc., e por isso se niente que se lhes póde dar, he a que o Sr. Correia
deve, e he de necessidade conservar a expressão todos
+
de Seabra propoz no artigo 4.° dos addicionaes, que
os annos. " "" " "" "ofereceu, que diz assim (leu-o). Aqui temos a cul
Julgado o artigo suficientemente discutido, foi tura mediana para não gravar aquelles predios em
approvada a 1.° parte; devendo esta doutrina ser ex que o possuidor por meio de despezas extraordinarias
pendida com a maior clareza possivel. A 2.° e 3." reduziu a maior producção: e nem he justo que o pre
forão approvadas taes quaes se achavão escriptas. dio tornando a descer na producção fique com porção
Entrou em discussão o artigo 7. - - que lhe não corresponde, nem desanimar os pro
O Sr Miranda: — A discussão deste artigo fica prietarios que quizerem melhorar os seus predios.
ria melhor se o arrigo 6 fosse o 7, e o 7 o 6. Eu in Manda-se attender ás geadas, enchentes, e mais con
sisto que sobre o principio geral se determine como tratempos a que no paiz estão sugeitos os frutos, por
#### que a somina das rações pagas nos annos
antecedentes servirá para estabelecer o termo medio
que isso he justissimo, e indispensavel para tomar o
termo medio. E assim voto que a reducção se faça
da pensão que haja de pagar-se; e que só no caso de pelo que as propriedades produzem na fórma aponta
não poder ter este conhecimento para calcular o dito da, e não pelo que realmente pagavão os cazeiros.
termo medio, se recorra aos louvados. O Sr. Pereira do Carmo: — O Sr. Peixoto, e o
O Sr. Peixoto : — Para não dever adoptar-se Sr. Ferreira de Souza atacarão a opinião do Sr. Mi
um tal methodo de louvação, bastaria como o proprio randa com dois fundamentos: primeiro porque não
Preopiuante confessa não poder ser geral, e uniforme. ha decumentos antenticos por onde se possão conhe
Quanto mais que não há registo algum autentico , cer as pensões que os lavradores tem pago nos dez an
donde conste com certeza juridica as quantidades, que nos antecedentes. Segundo porque desta maneira
os raçoeiros tem pago nos annos passados; e se o se favorecião os lavradores dolosos, e se empecia aos de
nhorio está concorde com o cazeiro, então tambem boa fé. Em quanto ao primeiro respondo, que os do
se ajustão por avença, sem recorrerem a louvação. cumentos devem existir nos livros dos respectivos al
Alem disso haveria grandes desigualdades; porque os moxarifados, e nos recibos dos lavradores. Se todavia
raçoeiros que tivessem trazido as terras em cultura não apparecerem, então muito embora se admitta o
mais que mediána, por meio de emprego de fundos arbitramento nos terrenos pensionados. Pelo que res
extraordinários, e que fossem escrupulosos na parti peita ao segundo, he necessario que eu diga com tô
lha ficarião lezados na pensão ; e pelo contrario fi da a franqueza nesta assemblea, que se os lavradores
carião beneficiados os máos cultores, e os máos par tivessem pago ex-ta e pontualmente o 3., 4., 5.,
tidores. Ha ainda outra razão, e he que as terras ra 6., 8. dizimo, etc., etc., já não haveria lavradores,
oeiras são quasi todas situadas na Estremadura, e nem agricultura em Portugal. Eu devo dizer tambem,
#" provincias que forão invadidas polos France que se se não adopta o que propõe o Sr. Miranda,
zes, e nos dez annos, que se pertendem tomar en os pensionados vão a pagar mais do que tem pago
trarião os annos da invasão, os quaes , e ainda os até agora, e a lei da reforma dos foraes se torna ab
posteriores darião um calculo muito errado, -
solutamente ilusoria.
Ultimamente não ha outro méio senão o da pró O Sr. Soares. Franco: — A Commissão ainda que
ducção ordinaria em cultura mediana, con attenção apresentou estes dois methodos que constão do proje
tambem ás esterilidades, innundações, e outros acci cto (leu-os) por isso não se segue que sejão os unicos,
dentes extraordinarios, aos quaes cada um dos terre e que devão ser seguidos estes: em quanto ao que se
nos for sugeito, para o que com este artigo deve diz dos almoxarifados, estes não existião senão para
approvar-se o quarto da addição do Sr. Corrcia de a fazenda nacional; portanto sería mui dificil saber
.Seabra, que diz (leu-o). se o que os lavradores pagarão nos dez annos; por
O Sr. Ferreira de Sousa : — O arbitrio de se que de commum não existem docummentos alguns:
fazer a redução pelo que os foreiros tem pago, he O Sr. Correia de Seabra: — Eu apoio os illustres
inteiramente inadmissivel não só pela difficuldade de Deputados Srs. Peixoto, e Ferreira de Sousa pelo
verificar esse pagamento , mas principalmente pela conhecimento que tenho do que costumão fazer os
injustiça, que isso envolvia, visto que todos sabem foreiros, os quaes se podem classihcar de tres modos,
quantos cazeiros se subtrahião ao pagamento exacto uns que pagão exactissimamente sem prejudicarem os
das rações. Ora se se adoptasse tal principio, os forei senhorios em um só gráo, outros compensão-se com
ros que tem pago bem, ficarião agora de muito peor mais, ou menos escrupulo de todas as despezas da
partido do que os de má fé, que pagavão muito menos cultura, e outros finalmente furtão tudo o que po
do que devião, e vinha a ser a nossa decisão fundada em dem: adoptada a medida de reducção por metade do
um principio de injustiça. Em fim eu neste ponto não co que pagão, os lavradores honrados e de consciencia
nheçº senão tres princípios de justiça; a saber: foral, cos ficão prejudicados; os menos honrados ficão favoreci
tume, e convenção, e só estes se podem tomar por base dos, e os malvados são os que mais lucrão e ganhão.
. [ 217 ]
JAlém disso essa medida era impraticavel; porque cos O Sr. Peixoto: — O fim que o Congresso teve
tumão a avençar-se com os rendeiros ou senhorios. O nesta lei ao sanccionar os primeiros artigos foi redu
arbitrio que propõe o artigo tambem me não agrada, zir as prestaçôes a ametade daquillo, que os raçoei
porque a quantidade da semente nunca foi nem póde ros devião pagar; nem podia ser outro, por isso ex
ser base para louvação, e servir por consequencia para pressamente declarou, que as quotas ficarião reduzi
a reducção; perque uma quantidade dada de semente, das ametade. Não he licito tomar outro principio,
por exemplo, um alqueire em um terreno dado de sem faltar ás regras mais sagradas da justiça: e da
igual extenção tem uma produção muito variada se probidade. Que quer dizer: os raçoeiros pagarão
gundo a qualidade do terreno, e a sua cultura na ra daqui em diante metade daquillo que nos annos ante
zão, de um para trinta, e mesmo para quarenta, de riores pagavão! Valeria o mesmo que decretar um
um para vinte, e vinte e cinco, na razão de um pa premio ao dolo á immoralidade ao roubo: aquelle ra
ra quinze e dez, e ainda menos como já em outras çoeiro, que para usurpar ao senhorio a devida quota
occasiões mostrei: além disso a quantidade da semen tivesse sonegado constantemente os frutos que eolhera,
te he mui variada segundo o lavrador tem mais ou perpetuaria o seu roubo; e com terreno igual ao de
menos conhecimento do terreno: um lavrador pratico ontro, que fosse exacto, e escropuloso ficaria pagan
e perito na sua arte semea um terreno dado com a do de pensão certa uma metade, ou uma terça parte
terça parte menos do que o lavrador que não he bem do de outro. Não posso deixar de reprovar altamen
pratico; além de outras muitas circunstancias que te um tal principio, como destruidor de todos os fun
fazem muitas vezes percisa maior, ou menor quanti damentos da justiça, e da moralidade; certamente se
dade de semente. A produção tambem não ha meio passasse, nada haveria mais indecoroso, e que sobre
de chegar ao verdadeiro resultado; porque como mui o Congresso atraisse com razão a mais rigida cen
tas vezes tenho notado na discussão deste projecto vá SUTR., - * * • |-
ria segundo a qualidade e cultura do terreno; por tan A regra he: cada um pagará no futuro ametade
to eu apoio a opinião dos illustres Deputados de que do que devia pagar: a terra he quem paga, e não a
a redução se faça attendendo á cultura mediana na pessoa; e por isso, porção igual, da mesma qualida
forma do meu artigo 4.", e que esta seja a unica ba de, e com igual obrigação deve pagar com igualdade,
se que se dê aos louvados ou arbitradores para a lou qualquer que fosse a sua anterior cultura. Ainda
vação; até porque sendo os arbitradores da confian prescindindo do caso do roubo; se um lavrador, cos
ça e escolha dos interessados, e por isso se podem di tumava empregar grandes fundos no seu predio, e o
zer jurados, e que hãode ter conhecimento do terreno forçava a uma producção extraordinaria, ficaria lesa
e do que póde produzir, não se lhes devem prescrever do, pagando na proporção de uma tal cultura: se
regras que os possão tolher de declarar francamente tratou as terras com desprezo lesaria o senhorio, e
os seus sentimentos segunde a convicção intima e não ha o meio de igualar as condições, senão, o cal
moral. * - a . . , culo da producção ordinaria em uma cultura media
O Sr. Miranda: — Quanto tenho ouvido aos il na. O caso. dos annos, em que o terreno ou parte
lustres Preopinantes, cada vez mais me confirma na delle se semeasse de meloal ou de outros generos isen
minha opinião. Diz o honrado membro, que me pre tos das quotas, já se providenciou.
cedeu a falar, o que ha lavradores de muito boa cons Não se diga que estas louvações não são proprias
ciencia, outros que estão avançados, e ontros que dos jurados; não ha questões em que o seu juizo, seja
não pagão nada. Eu perguntaria qual era o espirito mais seguro: nellas os juizes de facto examinão tudo
desta lei, se era de regular os foros que devião pagar quanto póde ser necessario para sua instrucção; se
os foreiros, ou de aliviar estes, por isso mesmo que precisão de algum exclarecimento sobre os annos an
se tinha conhecido, que não podião com esse encar teriores, chamão informadores, e se habilitão para
go! Eu creio que este he o fim da lei, e pergunto se pronunciarem um jnizo, segundo a sua consciencia e
será agora conveniente, que muitos povos que eu conhe convicção: de maneira, que se nestas cousas se receia
ço, e sei quaes são, que ha 16, ou 16 annos que não o juizo dos jurados, deve com maior razão recear-se
pagão foro nenhum, se será eonveniente, digo, obri em todas as outras, em qae se pretendem introduzir,
galos agora a pagar. Nós, não nos devemos embara por nellas, dever ser mais faivel a sua convicção. Ins
çar com o que fazião os lavradores, e se pagavão to ultimamente na impossibilidade de saber-se de uma
bem ou mal: o nosso fim he aliviar a agricultura, e maneira autentica a producção dos annos atrazados.
em uma povoação em que até agora não pagassem, se Disserão que pela recebedoria dos almoxarifados, mas
lhe fizesse agora pagar dirião as Cortes nos engana esse meio não he geral, e ainda onde existem os livros
rão com a sua lei e estes lavradores falarião com ra de que conste, não fazem no juizo prova, e até
zão; mas esta não he a mente de Congresso; a men acontece, que alguns almoxarifes lanção o que lhe pa
te do Congresso he, que a qualquer resultado, qne rece, e fazem as sonegações que lhes são convenientes.
se chegue, se pague metade de que se pagava; mas Concluo, que de nenhuma maneira, póde adoptar-se
adoptando-se o artigo 7.", eu estou tão longe, deste outro arbitrio para a reducção, que não seja o da lou
resultado, que julgo que deste º modo muitos povos vação des terrenos, e que o do calculo dos pagamem
hão de pagar mais em vez de ficarem aliviados. Eu tos atrazados só serviria para premiar o roubo, a pre
sei por experiencia, que os lavradores não pagão nem varicação, e o desmazello; e castigar a probidade, e
metade do que devem pagar, e se pagassem o que a deligencia: . ** * * * . . .*. * . . .
são obrigados a pagar por lei, teriamos já desapare . O Sr. Brito: — Ainda que está assás justificada
cido da face da "terra. * - ".
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a justiça do artigo, todavia como se tem querido sus sei por que razão se ha de sanccionar um tal princi
tentar o principio, de que se devem favorecer os la pio: se julgando-se conveniente ao bem da nação, se
vradores mais ladrões, e que se ha de fazer uma lei estabelecesse em regra que toda a terra que estiver
que se apoie na prevaricação, e nas ladroeiras, não inculta actualmente não pague direito nenhum para
posso nesse caso guardar silencio, e direi que nunca o futuro, isso entenderia eu; mas querer que uma
a injustiça póde ser util a nação alguma: o verdadei terra dentro do districto possuido de um lavrador fi
ro modo de fazer prosperar uma nação he assegurar que desobrigada de pagar só porque está inculta, não
a prosperidade dos cidadãos; tudo o que he favorecer sei porque. Tambem não acho razão em quanto ao
a fraude he atacar a industria; porque a industria receio sobre as louvações de que falou o Sr Correia
não prospera se não com a segurança da propriedade. de Seabra: eu creio que os interessados hão de no
Eu smstento por tanto este artigo, e falei sómente pa mear louvados da sua mºsma freguezia, pois não hão
ra não deixar passar aquelle principio. de ser tão loueos que nomêern quem não possa co
O Sr. Fernandes Thomas: – Senhor Presiden nhecer das terras: e entendo mais, que não póde ha
te, eu supponho que o prinoipio por que o Sr. Mi ver nenhuma duvida, principalmente se se adoptar
randa se oppõe a este projecto, e o ataca, querendo uma base muito essencial, que he a producção das
que o substitua a regra de que o lavrador pague me terras similhantes e visinhas; isto está nas nossas leis,
tade do que pagava, não he realisavel na pratica; e e julgo que não esquecerá aos louvados. Voto pelo
supponho mais, que viria a destruir a natureza da artigo; e além do principio estabelecido nelle, pode
legislação de que estamos tratando; porque diz elle, deria dizer-se depois das palavras, que leva de semea.
que suppõe que cada lavrador paga uma quantia cer dura, e pela producção das outras terras visinbas si
ta dos seus generos. Isto he o que eu digo que no milhantes.
meu entender he um erro; isto não he verdade: ca O Sr. Correia de Seabra: — Os louvados os con
da uma das terras paga uma cota dos frutos que pro sidero eu como uma especie de jurados.
duz ; em consequencia o lavrador não paga una O Sr. Pereira do Carmo: — Como não posso fa
quantia certa de frutos, paga uma quantidade de di lar terceira vez, requeiro o adiamento; porque desejº
reitos pelos frutos que recebe das suas terras. Seguir combater os principios do Sr. Fernandes Thomas, e
se-hia pelos principios do Sr. Miranda, que um la que o illustre Membro não pronuncie impunemente a
vrador vendendo duas ou quatro das propriedades que palavra ladrão, applicada ao lavrador. Se ainda me
tivesse pagaria sempre os mesmos direitos; e esta não fosse licito, eu lhe perguntaria, a quem melhor cabe
he a mente do Congresso, nem julgo que foi a mente aquelle tituto, se ao miseravel que trabalha e não go
de quem fez o projecto. |-
za, ou a quem goza e não trabalha. Eu lhe pergunta
A resolução já tomada he, que cada propriedade ria, se o donatario que não preenche as condições da
pague metade do que devia pagar pela lei do foral; doação tem direito mais sagrado para exigir as quo
e então disse, que, deve pagar daquillo que pagava tas de frutos, do que tem o colono para subtrair-lhas,
realmente, e não do que deveria ter pago. Nesta par Eu lhe perguntaria..... {
te estou pela opinião do Sr. Brito ; seria sanccionar O Sr. Presidente: — Se ha cinco Membros que
o Congresso um roubo. O lavrador não pagava o que apoião o adiamento, queirão-se levantar: (levantá
devia pagar, e o Congresso sanccionava aquella frau rão-se mais alguns Srs.). Continuou o Sr- Presiden
e . . . . . . . . . . . . . O lavra te, dizando que era preciso entrar em discussão, se se
dor neste caso era um ladrão, não ha duvida; por devia ou não adiar.
que a lei lhe dizia que pagasse oito, e ele pagava, O Sr. Pereira do Carmo; – He necessario tratar
por exemplo tres, ou deixava de pagar. Do que ago este negocio com muita circunspecção, porque da de»
ra tratamos he de que pague metade do que realmen cisão que houver-mos de tomar depende a felicidade
te deveria pagar; e sem duvida que nisto se lhe faz ou infelicidade dos lavradores, e não sei porque nes
muito favor. Mas supponhamos que o lavrador quer gocios de pouco monta hão de occupar muitas ses
seguir a mesma industria de que até agora se valia, sões, e este que he de tamanho interesse se deve de
isto he, que quer continuar a roubar; esse direito cidir já. -
ninguem lho tira: póde usalo para o futuro. Não se O Sr. Fernandes Thoma%: – O Sr. Pereira do
ja com tudo o Congresso quem o sanccione; não va Carmo pediu o adiamento, não sei se será para me
mos legislar sobre uma immoralidade. Nem hoje se levar alguma injuria pelo que eu disse; por tanto de
trata de decidir se a lavoura prosperaria ou não pa claro francamente que não conheço outro principio
#" o lavrador, ou deixando de pagar: hoje não de propriedade senão a lei: e em consideração á falta
e essa a questão, nem podemos dizer com certeza de cumprimento desta pelos lavradores, eu disse em
sim ou não. Alguns exemplos se poderião citar de la geral aquellas proposições, e no caso de ser chamado
vradores que não pagavão; mas isso não deve servir á, auditoria, então o deverá ser igualmente o Sr.
de base, o lavrador ha de pagar, não metade do que Brito, que antes de mim expressou o mesmo; mas a
pagava, senão metade do que devia pagar. Diz o Sr. minha mente não foi ofender os lavradores, e em
Miranda ; não: o lavrador ha de pagar metade do consequencia disso estou pronto para fazer quantas
que pagava efectivamente. Temos então uma capita declarações exigirem de mim.
ção, e não uma lei de foraes; paga o homem, e não O Sr. Presidente poz a votos se se devia ou não
a terra. Diz tambem que ha de pagar sómente das adiar (venceu-se que não). ' . .
terras cultivadas, e não das que tenha incultas: não O Sr. Barretº Feio: — Os principios que nos de
-- ….… … :
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vem regular nesta importante materia são as decisões . Parece á Commissão, que vencendo até aqui
do Congresso. Alguns illustres (Preopinantes disserão 60.000 réis por mez os primeiros medicos do exerci
que se havia resolvido pagassem os lavradores metade to, e 50.000 réis os segundos, além das forragens,
do que devião pagar, e outros, que pagassem meta que lhe competião, se deve regular pelos segundos o
de do que actualmente pagavão. A questão he de fa soldo do facultativo, chefe da repartição de saude,
cto; e he a acta que a deve decidir: requeiro por pois o seu serviço he extraordinario, e por isso sujei
tanto que se leia a acta. Entretanto devo dizer, que to a menos encommodos, e despezas, que o dos an
se nos tivessemos regulado pelos principios da verda tigos medicos do exercito; e nestes termos julga a
deira justiça, deveriamos ter abolido todos os foraes, Commissão que este facultativo deve vencer 600.000
porque nada ha mais injusto que a existencia delles. réis de soldo por anno, sem outra alguma gratificação
O Sr. Presidente, achando a materia sufficiente ou forragens. Paço das Cortes 15 de Fevereiro de
mente discutida, propoz a 1.° parte, que foi appro 1822. — JManoel Gonsalves de Miranda ; Marino
vada, accrescentando-se-lhe que não concordando as Miguel Franzini ; Manoel Borges Carneiro ; Agos.
Portes no quinto louvado, o juiz a seu arbitrio no tinho José Freire; Manoel Ignacio Martins Pam
mearia outro. A segunda parte foi tambem appro plona ; Alvaro Xavier das Povoas ; José Victorino
vada. e sendo posto á votação um additamento do Earreto. •
termos: que além dos meios marcados, possão os Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia
louvados usar de outros quaesquer, por onde possão a continuação do projecto da Constituição, e na pro
conhecer o producto medio, em que deve assentar a longação alguns pareceres urgentes da Commissão da
competente quota. Foi approvado. justiça civil, e continuação do puojecto das cleições
O Sr. Corrca de Seabra: — Requeiro que se po das camaras, •
nha tambem a votos o meu additamento ao artigo , Levantou-se a sessão á hora do costume. —José
4 do projecto geral da reforma dos foraes para se Lino Coutinho, Deputado Secretario.
addicionar ao artigo que se acaba de approvar.
O Sr. Presidente pôlo á votação, e tambem foi REsoluções E ORDENs DAs ConTEs.
approvado. •
O Sr. Ferreira Borges leu um parecer da Com Para Filippe Ferreira d'Araujo e Castro.
missão de fazenda sobre as duas consultas da Coun
missão das pautas do anno de 1821, cujo parecer fi Illustrissimo e Excelentissimo Senhor, — As Cor
cou adiado para ser discutido no primeiro dia destina tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
do aos negocios de fazenda. mandão remetter ao Governo, para a tomar na con
O mesmo Sr. leu outro parecer, ácerca da união sideraçção que merecer, a inclusa queixa de Miguel
das alfandegas, que ficou para 2.° leitura. Ignacio dos Santos e Bruce, datada do Maranhão a
O Sr. Barata fez a seguinte
-
|
24 de Novembro de 1821, contra o Governador da
quela província Bernardo da Silveisa Pinto, expon
IN D I c Aç Áo. do a necessidade de proceder-se á eleição de Junta
provisoria de Governo, como nas mais provincias do
Sendo fóra das leis constitucionaes o estabeleci Brazil. O que V. Exc." levará ao conhecimento de
mento de classes, clero, nobresa, e povo, e não ha Sua Magestade.
vendo mais do que o geral honroso nome de cidadão Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 16
que abrange a todos os Portnguezes: requeiro se de de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
termine que ninguem use de outro nome, senão o de
cudadão; ficando extincto o abuso de se usar daquel Para Jo… Ignacio da Costa.
le estillo de classes clero, nobresa, e povo. Lisboa
em Cortes aos 16 de Fevereiro de 1822. — Cyprian Illustrissimo e Excelentissimo Senhor — As Cor
no José Barata de Almcida. tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
Ficou para segunda leitura. | ordenão que lhes sejão transmettidas informações so
Leu-se o seguinte bre a causa, e fim porque se remette todos os annos
uma porção de folha de tabaco da Bahia para Goa;
P A R E c E R. e se há ordens sobre a forma da compra, determi
nando-se derrama sobre os cultivadores para se verifi
O Ministro Secretario de Estado dos negocios da car a dita compra. O que V. Exc." levará ao co
guerra representou, que tendo expedido as ordens ne nhecimento de Sua Magestade
cessarias para execução do decreto das Cortes de 14 Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 16
do corrente, ácerca dos hospitaes militares, precisa de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
para proceder á organisação de um novo regulamen
to para administração deste ramo, que se arbitre o Para Candido José Xavier
ordenado que deve vencer o facultativo chefe da re
partição de saude, que se vai estabelecer na Secreta Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. – As Cerar
ria da guerra em conformidade das ordens do sobera tcs Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
no Congresso. tomando em "…………É officio do Governo ex
- Ee 2
*
[ 220 ]
pedido pela Secretaria de Estado dos negocios da guer co exactamente publicado no Diario do Governo a
ra em data de 27 de Dezembro proximo passado, so Sessão de Cortes de 28 de Agosto, dando a entender
bre a tecessidade de se árbitrar o ordenado do facul
que houvera naquella provincia um tumulto por oc
casião do juramento das bases da Constituição; o 2.°
tativo, chefe da repartição da saude, que vai estabe
lecer-se na mencionada Secretaria, segundo se acha ao bom espirito publico, que geralmente domina na
disposto no artigo 18 do decreto de 14 de Dezembro quella provincia: o 3.° á instalação do governo pro
de 1821: resolvem que o referido facultativo vença o visorio no Siará. Ficárão as Cortes inteiradas, e or
soldo de 6003 réis por anno sem alguma outra gra denárão que estes oficios se remettessem ao Governo,
tificação ou forragens. O que V. Exc. levará ao co para os fins que convier. |-
viando ao Congresso tres oficios do Governador da Passando-se á ordem do dia, entrou em discussão
provincia do Maranhão, relativos, o 1.° a ter-se pou º artigo 170 do projecto de Constituição; e a este
respeito disse
[ 221 |
O Sr. Bastos: — Diz o artigo que os juízes, e uma demanda ao seu visinho: não haverá mendigo
oficiaes, nos negocios civeis, além dos ordenados, que não se metta logo a pedir certidões de quantos
terão salarios que serão prescriptos em seus regimen cartorios haja. Dirão que se castiga o dolo; mas este
tos. Não posso deixar de me oppôr a isto. Primeira quasi nunca se prova, e he melhor prevenir o mal do
mente não me parece decente que os juizes estejão que castigalo: e, torno a dizer, as demandas se de
vendendo seus despachos ainda que seja por preços morari㺠tempos immensos, porque um escrivão em
determinados pelas leis: as suas funções são muito au trabalhando tres horas no dia, como trabalhão outros
gustas para constituirem objecto de mercado; e ain empregados, n㺠quererião trabalhar mais, e debalde
da que he grande o poder das leis, uão cabe no seu º parte lhe pediria que lhe passasse uma certidão, que
imperio o mudar a essencia, e a natureza das cousas. lhe extrahissem sentença, etc.: muitas vezes elas per
Em segundo lugar a justiça he uma divida da socie derião o seu direito por se lhe passar tempo. Pelo con
dade, e he…um absurdo exigir retribuição pelo pagatrario tendo elles que vencer emolumentos são mais
mento de uma divida. Em tereciro lugar. Não basta diligentes, e terão mais amºr ao trabalho. Por tanto
que em theoria a lei seja igual para todos, ella o de nas causas civeis opino que se não devem tirar os sa
ve ser na pratica; e para que o seja he necessario que larios: quanto ás criminaes, aquelle que decair seja
a justiça possa ser reclamada tanto pelo rico como pe accusador ou réo tambem não achº razão porque não
lo pobre; he necessario que aquelle que tem muito, deva pagar custas: ninguem os manda litigar. Só o
e aquelle que nada tem possão lutar entre si com ar promotor as não paga, excepto no ceso de dolo. O
Inas, e com forças iguaes; o que acontecerá se a jus caso he que o processo dos réos se n㺠retarde por
tiça for para elles gratuita assim no crime, como no falta de pagamento de custas, e que o réo empre que
civel. Não o sendo, acontecerá daqui por diante o for absolvido não haja de pagar custas algut, as; des
que até aqui acontecia. Muitas pessoas haverá, que terremos de uma vez esta injustiça de Portuga, pois
sucumbão pela inferioridade de seus meios, e muitas he injustissimo pagar o réo innocente as custes cas
que pela falta absoluta destes deixem inteiramente per causa. Deste modo oping que deve passar o artigo
der os seus direitos. Bentham diz que os salarios tem presente, na Constituição.
uma vantagem apparente, e um perigo real: a van O Sr. Guerreiro: — O illustre Preopinante en
tagem aparente consiste em se figurar, em parecer que trou em tão miudos detalhes, que o seguilo em todos
assim se proporciona directa, e exactamente a recom seria o mesmo que annalizar um titulo do codigo. O es
pensa á quantidade do trabalho, e o perigo consiste tabelecimento dos salarios he uma das cousas que tal
na occasião, e na tentação que se dá aos emprega vez involva mais inconvenientes, e por isso mesmo
dos publicos de engrossarem seus emolumentos oppri julgo eu que não póde ter lugar principalmente na
Inindo os cidadãos que dependem do seu ministerio. Constituição. Acontece que um juiz de probidade
Nada com efeito he mais facil que o servir um direi se envergonha de estender a mão para receber quaren
to legitimo, de occasião, e de pretexto a uma extor ta réis de assignar um mandado, e ao eontrario aquelº
ção; e a experiencia mostra que os oficios, em que le que pouco lhe importa com isto procura e faz as
não ha salarios, tem sido servidos com mais inteireza, diligencias possiveis por augmentar as assignaturas;
e mais limpeza de mãos do que aquelles em que os ha. seguia-se além disto que os escrivães multiplicavão
O Sr. Andrada : — (Não pôde o taquygrafo os termos e estendião a escripturação delles o mais
apanhar o seu discurso.) que lhes era possivel, e havia por consequencia pro
O Sr. Borges Carneiro: — Eu sigo inteiramen cessos tão volumosos que o contador quando os con
te a opinião contraria á dos illustres Preopinantes que tava punha addições de um gallego que os levou pa
dizem não dever haver salarios. Primeiramente, por ra tal parte quarenta réis; e outras cousas desta na
que a Nação não me parece que esteja habilitada ago tureza. Por este estabelecimento dos salarios faz-se uma
Ia nem para o futuro para pagar a tantos oficiaes de injustiça grande e manifesta, e vem a ser que o ci
justiça, escrivães, alcaides, caminheiros, inquirido dadão pobre fica inhibido de fazer valer o seu direito,
res, etc., ordenados suficientes para sua decente sus quando pelo contrario a Nação deve tanta protecção
testação e de suas famílias; nem seria possivel que a ao pobre como ao rico, e não sei se diga, que deve
Nação podesse pagar a tantos empregados á propor mais ao pobre. Por consequencia, e pelo que já foi tão
ção dos seus trabalhos, não havendo salarios. Em sabiamente expendido por um dos illustres Preopinan
muitas causas he forçoso serem os processos longos: tes parece-me que a administração da justiça deverá
ha neles extensas inquirições de testemunhas, notifi sempre ser gratuita pela parte dos juizes. Disse-se tam
cações com caminhos a largas distancias, cartas para bem que os officiaes de justiça não poderião subsistir
inquirição volumosas, grandes certidões de muita es só com o ordenado que tem, e que o thesouro lho
cripta, muitos caminhos, buscas, etc., e como se pa não póde accrescentar; parece-me que esta razão não
garia tudo isto só com os ordenados que tem os off he suficiente, porque se as actuaes circunstancias do
cines de justiça! Que zelo ou vontade terião eles de thesouro não permittem, isto por ora, eu espero que
expedir estas diligencias, vendo que tanto ganhão fa quando melhorar de circunstancias se ha de estabele
zendo-as com prontidão, como sem ella ! A pouco cer um systema de administração da fazenda, far-se ha a
espaço só as farião a quem lhes untasse bem as mãos. despeza bastante com todos os empregados publicos, e
Por outra parte se não houver custas, muito se mul estes devem assim como os outros passar sem emolumen
tiplicarão os processos; porque qualquer homem de es tos. Quando se fala que são indispensaveis os salarios por
Pirito inquieto por dá cá aquella palha trata de pôr que ha muitos trabalhos de escripta, notificações, etc.
[ 222 |
eu creio que agorá não lie tempo de entrar nestas nada no precedente artigo, ficaráõ muito melhorados
indagações, o que terá lugar quando se estabelecer º a respeito do estado actual. Nos territoriaes tem ima
forma que se ha de seguir na ordem dos processos vido grandes desigualdades a respeito de emolumen
tanto civeis como criminaes. Por tanto conformo-me tos, denominados braçagens; porque os de probida
comOa opinião do primeiro de, mui poucos recursos tirão do salario; nem sei co
Branco:Preopinante. -
Sr. Castello — Eu pºuco tenho que mo sem abuso lhes possão avultar; e os ministros
acrescentar ao que acaba de dizer º ilustre Preopi corrompidos sabem multiplicalos pela mais estra ra ha
nante maneira. Quanto aos officiaes, esses além dos seus
suas: porque
digo queasdifficilmente
minhas idéasse poderá
se conformão com as
encontrar um ordenados deverão no fim de cada uma das cãnsas re
artigo mais impolitico, nem pºderá ter lugar em uma ceber do cofre alguns etnolumentos proporcionados ao
Constituição liberal, o artigº 170. Q fim que tem seu trabalho, ou á importancia do pleito, com tanto
aquelle que entra n'uma sºciedade politica, he procu que se calculem de maneira tal, que nem os induzão
rar protecção para a sua vida, e para a sua proprie a prolongarem os litigios, nem a precipitalos: mas
dade, pois que concorº, para º despeza geral da Na tudo isto he materia para regimentos, e impropria
ção. He um dever prº da sociedade fazer justiça aos da Constituição. Ouvi attribuir a origem dos pleitos
cidadãos, conservar-lhes a propriedade que he auto á ambiguidade das leis. Em theoría póde sustentar-se
rizada pelas leis por tantº se º homem tem de pa esta opinião; mas a observação practica está em con
gar para seguºr os seus proprios bens, esta protec trario. He rarissima a demanda, em que algumas
<ão, inclue uma de duas: ou elle não devia pagar das partes, quando não ambas, não entre com ma
imposições, ou então era inutil essa protecção da soc lícia, ou capricho: se uma, e outra estão em boa
ciedade, por consequencia o pagar a administração fé, e de sangue frio, não falta quem as reconcilie, e
da jusrça he uma obrigação, he um dever da socieda mui facilmente vem a ermos racionaveis. Por tanto
de , e se eu tenho direito á conservação da minha vi não podem eximir-se de pagar custas.
da, devo igualmente telo para a conservação da mi O Sr. Marcos Antonio: — Todo o cidadão tem
aha propriedade. Por consequencia o paragrafo deve direito á sua segurança no meio de qualquer socieda
ser supprimido; esta materia deve ficar para as leis de, e he por isso que eu apoio as idéas produzidas
regulamentares. Se alguma menção della se deve fazer pelo Sr. Castello Branco, isto he, que as custas dos
na Constítuição seria o inverso do que está, isto he processos sejão caras, e que aquelle que incommodou o
que a administração da justiça, deve ser gratuita. A seu visinho se decaé da demanda seja obrigado a pa
respeito da duvida produzida pelo Sr. Borges Carnei galas. Eu lembro porém um arbitrio a respeito dos
ro, de que a fazenda publica não está em circunstan mesmos processos, e he que quando a causa se findar
cias de pagar a todos os empregados publicos para a e a sentença fôr proferida, então fosse ao conta
administração da justiça, e que daqui proviria um mal dor para contar as custas de todo o processo, pela pri
pois seria necessario augmentar as imposições sobre os meira folha um vintem, pela segunda dous, pela ter
cidadãos: isto nenhuma duvida me faz; eu sou de ceira quatro, et sic de ceteris, n'uma progressão ari
opinião que os litigios se devem pagar caros; he um thmetica; assim ficarião os processos tão caros que
meio de fazer com que um cidadão se não metta em nem as partes nem os advogados intentarião causas
uma demanda, quando souber que lhe custa caro; mas em que não tivessem razão. Quando se fizesse a con
he precizo que o que se pagar seja para o publico, ta das custas dos autos, se fizesse tambem a conta de
he preciso que isto seja objecto de renda publica, que cada uma das folhas do processo, e isto fosse para
o que fôr vencido em qualquer litigio, seja obrigado um cofre, destinado para ser distribuido aos advoga
a pagar uma parte a benefício da fazenda, para dahi dos, e mais officiaes de justiça. Se ninguem pagar
saír o augmento, que he necessario nos ordenados dos custas tudo virá a ser uma confusão em a sociedade,
officiaes de justiça; he preciso dar outra parte em pro porque os pleitos serão muito repetidas vezes inten
veito do vencedor para o indemnizar das despezas que tados. -
foi obrigado a fazer. Voto por tanto pela suppressão O Sr. Bastos: — Os argumentos, que tenho ou
do paragrafo na Constituição, e que deve ficar para vido expender contra a minha opinião, reduzem-se a
as leis regulamentares, tres. He um que os salarios excitão ao trabalho, e
O Sr. Peixoto : — Concordo com o illustre Preo que he preciso o aguilhão do interesse para que os
pinante em pontos substanciaes, e até não duvidarei, juizes, e officiaes de justiça satisfação aos seus deve
que o artigo se supprima; porém se o Congresso fôr res. He outro que abolidos os salarios, as demandas
de voto que esta doutrina não se omitta inteiramen se multiplicarão, e se intentarão muitas, sem appa
te, serei de parecer, que neste lugar se estabeleça só rencia alguma de razão, e de justiça. He o terceiro
mente como base, que os juizes e officiaes nos nego que adoptado semelhante systema, será forçoso au
cios contenciosos não receberão salario algum pela gmentarem-se os ordenados, com o que o thesouro
mão das partes. Multas, e custas em geral deve ha publico não poderá. Respondo ao primeiro, que as
velas para cohibir a imprudencia, e a malicia dos li leis, e o Governo tem á sua disposição meios com
tigantes temerarios e dolosos, mas uma e outra cousa que obriguem os juizes e seus oficiaes, a cumprirem
deve ir a cofre. Os juizes poderáõ servir sómente pe com os seus deveres, na prompta expedição dos fei
los seus ordenados, para os quaes o mesmo cofre mi tos, e em tudo aquillo, que estiver a seu cargo, pres
nistrará alguns subsidios: e uma vez, que esses orde crevendo-lhes certos prazos, e fazendo efectiva a sua
nados se regulem com attenção á suficiencia sanccio responsabilidade, tanto nos casos de commissão, co
{ 223 |
mo nos de omissão, Ao que accresce que se elles outras despezas, perdem o seu tempo, sofrem traba
para se darem ao trabalho necessario para o desem tudo isto
lhos, incertezas, desgostos; e he á custa de
penho de suas obrigações, precisão de ser continua que elles comprão uma protecção, de que os outros
mente excitados pelo vil interesse dos salarios, e a cidadãos estão gozando gratuitamente. Obrigalos de
honra, e a consciencia, e a opinião publica não bas mais a mais ao pagamento das custas importa o
tão a estimulalos, então são uns incapazes, uns inº mesmo, diz um célebre jurisconsulto inglez, que,
dignos, talvez uns perversos, e devem ser removidos, obrigar os soldados, que defendem a fronteira em
Respondo ao segundo argumento, que o que póde fa tempo de guerra, a pagarem todas as despezas da
campanha. •
que estão os povos de que para vencer tanto importa O Sr. Peixoto: — As doutrinas, que por uma,
ter, como não ter justiça: esta foi sempre, e sempre e outra parte se tem manifestado, não discordão da
será a grande causa desse mal que se recea, e não a opinião, que pronunciei. Em se dizendo na Consti
abolição das custas ou dos salarios, principalmente tuição, que os juizes e officiaes não receberão salarios
não se seguindo disto a impunidade dos dolosos liti pela mão das partes, está tomada a base unica, que
gantes, que devem ser multados, na forma que as por agora póde estabelecer-se. Fica evitado o princi
leis determinarem, o que constitue uma das partes pal inconveniente, que das custas do procésso póde
do artigo. Ao contrario os salarios tem produzido resultar; e não se tira aos legisladores a liberdade dº
quasi sempre o mal, que alguns dos illustres Preopi fazerem nesta parte todas as refórmas, que lhes pare
nantes temem que resulte da falta delles. Sem sala cerem uteis; e até de variarem as providencias, quan
rios, sem custas para os juizes, e seus oficiaes, a maior do na pratica não corresponderem ao fim, para que
parte dos litigios se reduzirião aos termos indispensa se tomárão. Custas hão de por força pagar-se, ainda
veis, terminarião brevemente, e não farião o escanda que com algumas poucas excepções: agora o quanto,
lo eterno do foro. Com os salarios avultão, e se com a fórma, e a sua distribuição, isso be materia mui
plicão por mil modos diferentes; porque uma grande complicada; e apezar das reflexões que tenho ouvido,
parte dos escrivães, e dos juizes, ou favorecem a chi ainda estou pelo voto, de que os magistrados deverão
cana que lhes póde ser proveitosa, ou multiplicão el receber sómente os seus ordenados, não porque ao fu
les mesmos os incidentes que lhes podem trazer al turo hajão de ser em menor numero, mas por julga
guns interesses. Em quanto ao 3.° argumento já mui lo assim conveniente, e não suppôr que essa despeza
judiciosamente respondeu a elle o Sr. Guerreiro : haja de ser excessiva para o Thesouro, principalmen
mas como as suas razões não produzírão o convenci te se o cofre das custas contribuir para ella com alº
mento devido, juntar-lhe-hei ainda algumas. Recea gum subsidio. * * , "" ; ºa
se que o thesouro não possa com os ordenados, que O Sr. Moura: — Sr. Presidente, eu não entra
será forçoso augmentarem-se aos juizes, e seus oficiaes, rei em todos os pequenos detalhes em que entrou Q
uma vez que se abulão os salarios, mas não se repa meu illustre collega o Sr. Borges Carneiro: mas tam
ra em que já se acha decidido que se lhes darão or bem não posso ser de opinião que a justiça seja em
denados suficientes, o que por uma parte exclue a todos os casos gratuita; pelo contrario eu quereria que
precisão dos salarios, e por outra faz vêr que os or nas causas criminaes fossem satisfeitos os salarios, uma
denados sempre tem de se augmentar, haja ou não vez que houvesse parte; e nas que a não houvesse ou
haja salarios; pois os actuaes são insufficientes co a accusação fosse feita pela justiça, então fosse gratui
mo he notorio. Mas prescindindo disso, pensa-se # ta. Além da razão geral, apparecem todos os dias
acaso que daqui por diante haverá tantos magistrados, nos auditorios tantos processos e tantas causas, que
e tantos oficiaes de justiça como até aqui! Nós ti bem se vê que se a administração da justiça fosse gra
nhamos provedores, corregedores das comarcas, super tuita, haveria um numero immºnso de causas tanto
intendentes, conservadores, e outros semelhantes,civeis como crimes. Dir-se-ha que os processos são
causados mais pela complicação das leis, do que por
com seus officiaes respectivos, e nada disto teremos.
Tinhamos relações com mais de 50, e 60 ministros;causa dos litigantes. Não he assim; a maior parte das
demandas não procedem da complicação da legisla
e as futuras relações, ainda que mais sejão do que as
actuaes, compor-se-hão cada uma apenas de 4, ou ção, mas sim dos factos que os litigantes com astu
de 5 ministros. Tinhamos uma multidão de tribunaes,
cia diligenceião por fazerem ainda mais complicados.
Por conseguinte a minha opinião he que os salarios
que não teremos, e até os juizes de fora diminuirão
consideravelmente, necessario e vantajosissimo efeito
devem subsistir, e direi que ainda quanto mais peza
dos melhor, porque não sendo assim cada vez haverá
do estabelecimento dos jurados. Desta sorte que im
porta que cada um dos ordenados cresça, se, demi mais litigios, e ninguem deixará de litigar, uma vez
nuindo tão notavelmente o seu numero, a somma to que tenha má inclinação. O unico meio que eu acho
tal dos mesmos ainda deve ficar sendo menor, que a para evitar as demandas be serem, como já disse, os
dos presentes? Em fim os salarios, além dos ponde salarios bem pezados.
rados inconvenientes, contém uma manifesta injusti O Sr.
grafo).
Barata: — (Não o pôde ouvir o tachy:
* 1;" *
ça, são uma contribuição dançada sómente áquelles •
cidadãos, que já se achão mais onerados que os ou O Sr. Xavier Monteiro: — Eu não teria duvida
tros. Além desses salarios, os litigantes fazem muitas de subscrever á opinião daquelles Srs. que tem vota
[ 224 |
do contra os salarios; mas seguindo com a imagina isso que estes recebem os dois vintens na mão? Se se
ção esta theoria, considero-a na pratica com grandes in admitte que se não paguem salarios veremos intentar
convenientes. Diz-se: temos muitos juizes, temos mui demandas todos os dias, só porque dizem: eu posso
tos officiaes de justiça, e havemos passar a ter menos; vir a ganhar a demanda, não faço despeza, e tudo
mas se nós já temos tantas # que enchem to que vier he ganho. Está demonstrado, e muito bem
dos os cartorios, o que ha de acontecer quando au demonstrado, que seria um mal muito grande para
gmentarmos o numero das demandas, e diminuirmos a sociedade se se estabelecesse que das demandas não
os empregados no exercicio do poder judicial! He se pagasse nada, e que fossem gratuitas; deixemos
claro que o expediente da justiça vai ser mais moroso isso para as leis regulamentares: nós já temos estabe
e complicado. Em quanto a que os ministros não re lecido o grande principio, que os ministros e officiaes
cebão logo os salarios, e que se juntem em um co de justiça terão uma sustentação decente; e o mais
fre, bom será, mas em quanto aos outros officiaes de deixemo-nos disso.
justiça, senão forem pagos pelas partes, estas exigi O Sr. Feio: — Dizem alguns dos illustres Preo
rão tal numero de documentos dos cartorios, requere pinantes, que o numero de juizes de direito necessa
rão tão repetidas e desnecessarias diligencias, que tor riamente se ha de augmentar em consequencia do es
narão absolutamente impraticavel a administração da tabelecimento dos jurados; e eu estou persuadido, que
justiça. Pretende-se favorecer os pobres; mas estes por essa mesma razão, elle deve diminuir. E como
nem sempre tem justiça, e quando litigarem injusta estou nesta persuasão, voto que se estabeleça um or
mente, e forem condemnados a final a pagar multas, denado suficiente a cada um destes juizes; e que elles
em que se hão de executar essas multas, uma vez que não recebão salarios das partes. -
as não paguem durante o processo, ou dêum fianças! Declarado o artigo suficientemente discutido, pro
Subscrevo por tanto á opinião dos Senhores que que poz-se á votação se elle se havia de supprimir, fican
rem que a materia deste artigo seja omissa. do a sua doutrina omissa na Constituição — e deci
O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu sou exactamen diu-se que sim.
te desta mesma opinião, isto he, que o artigo se de Entrando em discussão o artigo 171, disse
ve tirar daqui: já está estabelecido que o ministro ha O Sr. Bastos: — Este artigo póde dividir-se em
de ter um ordenado sufficiente, e o modo porque es tres partes. A 1.° trata do estabelecimento de jurados
tes empregados publicos hão de ser sustentados as leis no crime; mas como já se acha decidido que os ha
o estabelecerão. O querer que se não paguem os sa verá não só no crime, mas no civel, nada agora ha
larios ía fazer um mal immenso na sociedade: tenho ue discutir a este respeito. A 2.° trata das eleições
ouvido dizer que he uma cousa injusta o receberem } mesmos, tomando por base a que já se rejeitou
os ministros salarios, pois que por este motivo fazem assim relativamente aos Deputados de Cortes, como
demorar mais as demandas. Pergunto eu, qual he a relativamente ás camaras, e que seria contradictorio
demanda que não se tem concluido porque o juiz a adoptar agora. O meu voto he que as listas das pes
tem feito demorar por causa do salario! Como he soas de que podem compor-se os conselhos dos jura
possivel isto? Uma demanda na primeira instancia não dos, sejão directamenfe formadas pelo povo, e que os
dá ao juiz de fóra mais que um cruzado novo. A de mesmos jurados nas occasiões ou épocas precisas d'a-
manda que paga maior salario ao juiz na casa da hi sejão tirados por sorte. Assim elles serão de maior
supplicação, são duas moedas. Oro pergunto eu, co confiança que os dos Inglezes, onde as listas são obra
mo he possivel que duas moedas cheguem a tentar a dos magistrados, ou oficiaes do Rei; vicio radical,
cobiça de um juiz! Com que titulo ha de elle pedir que a Nação ingleza reconhece, e não evita, procu
outras duas moedas! Não posso portanto entender co rando.lhe o remedio em redobrar as cautelas e facili
mo possão estas duas moedas influir para que o juiz tar as recusações. E serão até de maior confiança que
demore o processo. Um juiz recebe dois vintens, he os Americanos, porque á imparcialidade da sorte jun
cousa com efeito a mais escandolosa que ha! diz-se tarão, pelo meio directo da designação, uma maior
que o juiz commette uma indignidade em receber dois somma de approvação popular. A 3." parte do arti
vintens; pois eu sou indigno em receber dois vintens go, versando sobre as attribuições dos juizes de fóra,
que a lei me manda que receba! Indigno sería se em em quanto aos conselhos dos jurados, inquirito de tes
lugar de receber dois vintens recebesse dois e cinco. temunhas, e applicação da lei ao facto, he puramen
Qual he a mola real de todos os homens! He fazer te regulamentar, e não deve incluir-se na Constitui
util aquelle modo de vida que tem na sociedade se ção, principalmente estando como está decidido, que
gundo as leis, e uma vez que elle as não altere he o juizo dos jurados se organizará da maneira que os
homem honrado. Eu nunca faltei á honra por receber codigos o determinarem.
um vintem pelo meu trabalho; não seria honrado se O Sr. Borges Carneiro: — Na sessão de 9 de Ja
recebesse como iá disse vintem e cinco. Por tanto neiro se venceu que ha de haver jurados, assim nas
todos estes salarios estão muito bem regulados na causas crimes, como nas civeis, nos casos e pela fór
sociedade: os nossos antigos tem a este respeito pro ma que as leis determinarem, isto supposto, dese
cedido com muita formalidade. Os ministros nos tri jo que se tratem aqui duas cousas: 1.° por quem, e
bunaes tambem tem salarios, não os recebem da mão como estes juizes hão de ser eleitos: 2.° o que está no
das partes, mas vão para um cofre e depois recebem fim do artigo, isto he, quando os jurados hão de co
junto: perguntarei pois aos illustres Preopinantes se meçar a ter lugar. Falando por ora do primeiro pon
aqueles são mais honrados que os juizes de fóra por to, já não póde falar-se de eleitores de comarca, por
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que já os não ha. Convirá dizer que o povo elegerá uma emenda para que todos os cidadãos sé livrassem
os jurados directamente, como faz a respeito dos De soltos excepto nos casos marcados por lei: e ultina
putados de Cortes, e que os elegerão tambem de dois mente voltou á Commissão . . . . . . . . . . . . .
em dois annos, e na mesma occasião da eleição dos . . . ...…... . . . . . , todos os artigos do capitulo
Deputados; uma vez que se decida que os jurados são regulamentares, e por isso devem ser reservados
lião de servir dois annos, que em verdade he um en para um projecto de lei, e passar-se já a discutir o ar
cargo bem pezado, "… - tigo 6 até para evitarmos a discussão do regulamento
O Sr. Kasconcellos: — Eu opponho-me a que se provisorio das camaras. Muitas vezes me tenho de
declare que os jurados durarão dois annos, porque clarado contra artigos regulamentares na Constituição;
desta fóruna se vai tirar toda a beleza deste estabele mas agora accrescento que por fórma nenhuma artigos
cimento. Os jurados são homens, e podem prevaricar, regulamentares de legislação criminal se devem sane
e por isso sou de opinião que elles devem ser eleitos cionar como artigos constitucionaes. (O orador demons
na occasião em que devem ir julgar uma causa, pois trando quanto os crimes variavão segundo as diferen
que assim não ha tempo de serem corrompidos: por tes circunstancias em que se achava a sociedade civil,
tanto voto contra o artigo, que os jurados sejão por e reflectindo que a legislação criminal devia estar na
tempo determinado; e o que me parece melhor he, razão da medicina que applica o remedio quando ap
que se faça da fórma que se faz na America ingleza, parece o mal, se não o póde prevenir, concluiu que se
que se faça uma lista das pessoas em que vota o po riscasse da Constituição todo o capitulo 3.", á exce
vo, e que se lance em uma urna o nome destes cida pção do artigo 173, e das emendas que com elle se
dãos, e que depois se vão tirando á sorte: este he o sanccionárão). + • • •
II]eu voto, - •
O Sr. Guerreiro : — Eu vi na acta da sessão do
. O Sr. Bastos: — A minha opinião coincide abso dia 9 de Janeiro decidido que haveria jurados nas
lutamente com a do Sr. Vasconcellos. Eleger os ju causas crimes e civeis, na fóruna que a lei o determi
lados para estarem em exercicio de seus empregos por nasse, e por isso agora requeiro a V. Exc. me diga
espaço de dois annos, como quer o Sr. Borges (ar se esta materia está já ou não decídida; porque a
neiro, seria destruir pela base a mais bella das insti não estar, então tenho que dizer,
tuições. Elles assim se criarião prejuizos, doutrinas O Sr. Fernandes Thomaz: — Parece-me que es
peculiares, e contrahirião o espirito de corpo, que ta materia não foi decidida naquella sessão, porque
tão fatal he na magistratura, e que pouco menos o os jurados devem ser eleitos pelo povo, e o modo de
seria nos jurados, se as suas funcções imitassem na ser feita esta eleição deve ficar sanccionado na Con
duração as dos magistrados. • •
stituição; e tudo o mais fique muito embora para as
O Sr. Pessanha: — Eu apoio a opinião do Sr. leis regulamentares; porém nós não devemos passar
}'as oncellos pelas razões em que se funda; parece-me daqui sem que esta materia fique decidida, . . . .
muito perigoso que os jurados sejão eleitos de dois … O Sr. Castello Branco: — Na sessão de que fa
em dois annos; nós iriamos por este modo fazer um lou o illustre Preopinante decidiu-se que haveria ju
grande mal á sociedade, porque neste tempo estes ho rados nas causas crimes e civeis, na fórma que a lei
meus se tornarião quasi como succede a respeito de o determinasse, e que a lei declaria o modo e quan
muitos magistrados, isto he, infatuados da sua auto do se havia de fazer este estabelecimento; porém o
ridade, corruptos, ou tyrannos, que he a doença de que o Congresso reservou para si foi o modo por que
que por via de regra são atacados os homens que du havião de ser eleitos os jurados. Eu convenho com
rão por grande espaço no exercicio do poder. o Illustre Preopinante em quanto quer que isto venha
O Sr. Correia de Seabra: — Sr. Presidente, ain a ser declarado na Constituição, e uma vez que nós
da não está resolvido quaes hão de ser as attribuições não estabeleçamos como um artigo constitucional, o
dos juizes de feito ou jurados, se terão parte na for modo da eleição dos jurados, temos tudo perdido. Es
mação do processo, se deverão assistir ao inquirilo te estabelecimento he muito saudavel em toda a para
das testemunhas, ou se hão de só decidir sobre o me te menos em França, pois que são os unicos que se
necimento das provas: se este juizo ha de ser moral se queixão; mas hs porque o partido do Rei tem procu
gundo a sua convicção, ou adstricto ás provas legaes : rado todos os meios de destruir este estabeleeimento,
se este juizo ou declaração dos jurados ha de deter º pelos abusos que se tela introduzido na eleição dos
minar-se por pluralidade, ou por uniformidade. Tudo jurados; he por isso que os Francezes se queixão des
isto está reservado para o codigo, e devendo a fór te juizo. Por tanto nós seriamos contradictorios com
uma da eleição ser determinada segundo as ai tribui nosco mesmo uma vez que não regulassemos o modo
ções que se concederem aos jurados, precisamente ou por que havião ser feitas as eleições; e por consequen
ha de ser esta materia omissa, na Constituição, ou cia a meu ver não póde haver a menor duvida que
unicamente se deve declarar que a lei regulará a fór isto deve ser objecto de uma lei constitucional; toda
ima da eleição. A proveito a occasião para declarar a via, eu entro em duvida se ella deverá tambem ser di
minha opinião a respeito deste capitulo 3", que só recta : e por tanto parecia-me mais conveniente e
prescreve regras sobre a justiça criminal: o que a este methodico reservar a decisão desta materia para quan
respeito póde entrar na Constituição já está sanccio do se tratar do modo de fazer a eleição directa dos
nado nas bases, e no artigo 173. Este artigo 171 he Deputados de Cortes, .. * . * . * . - ".
regulamentar, lambem o he o 172, sobre o qual já O Sr. Lino: — (Não pôde o tachygrafo apanhar
houve uma longa discussão, e nessa occasião ofereci o seu discurso), , , , … - ... … … * ** • • •
Ff
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O Sr. Miranda: — Todos estão convencidos que pelo governo da sua Nação? 2.° Seriamos obrigados
he necessario determinar na Constituição o modo por por tratados, que de direito, ou de feito existão entre
que hão de ser eleitos os jurados; e que, hão de ser ambas as Nações! 3." No caso em que existão estes
eleitos pelo povo tambem não ha duvida nenhuma: tratados, serião aquelles réos legalmente reclamados?
por consequencia agora devemo-nos limitar a declarar Da resolução destas tres questões depende a decisão
que a eleição dos jurados deve ser feita pelo povo, e deste negocio.
quando se tratar da redacção, então se decidirá o 1." A Commissão he de parecer que não ha obri
modo como ha de ser feita. ,º gação de entregar á Hespanha aquelles dois prizionei
O Sr. Villela: — (Não pôde o tachygrafo apa ros em virtude do direito das gentes, o que he eviden
nhar o seu discurso.) te em relação á parte deste direito, a que se chama
O Sr. Lino: — Eu quereria deixar a eleição dos natural, e que considera as Nações inteiramente li
jurados a uma lei regulamentar, pois que quando tra vres, e independentes umas das outras, como he o
tei do artigo claramente indiquei este mesmo parecer, homem de outro homem no estado da natureza ; e
e agora ainda mais folgo, vendo com ele concordar tambem he certo em relação á outra parte do mesmo
a opinião do honrado Membro, o Sr. Villela, poden direito, que se chama sómente consuetudinario.
do-se desta sorte com mais conhecimento de causa fa Por quanto não se podendo isto provar senão por
zer uma mais justa applicação ás provincias do Reino factos repetidos de longo tempo, que produzão direi
do Brazil. to deduzido do tacito consentimento de duas ou mais
O Sr. Vasconcellos: — A qnestão principal não nações, parece seguir-se que só póde ter lugar quan
he se os jurados de vem ser eleitos pelo povo, ou pelo do não existe o direito das gentes convencional ou
Governo, a questão he que não tenhão tempo perma pacticio: mas he certo que desde os tempos dos nos
nente por um anno ou dois. • sos Reis D. João II., e D. Manuel existem concor
Sendo chegada a hora da prolongação, suspendeu dias entre as cortes de Hespanha e Portugal sobre a
o Sr. Presidente a discussão do artigo. reciproca entrega dos réos de certos crimes, as quaes
O Sr. Trigoso, por parte da Commissão especial forão renovadas na outra concordia d'ElRei D. Se
nomeada para examinar o officio do Governo, em bastião, e no tratado de 1778; e por isso não se pó
consequencia da nota que lhe dirigiu o Encarregado de dizer com verdade que esta entrega sendo como
de negocios de Hespanha, relativamente aos dois Iles he entre nós um resultado do direito pacticio, seja ao
panhoes prezos no Porto, leu o seguinte mesmo tempo resultado do direito consuetudinario.
. Alem de que na concordia d'ElRei D. Sebastião
P A R E C E R. concedem-se 4 mezes para poderem sahir livremente
do Reino, aos delinquentes, que houvessem incorrido
. A Commissáo especial antes de dar o seu parecer *em algum dos delictos de novo acrescentados, e que
sobre o officio, que o encarregado dos negocios de a esse tempo estivessem acolhidos a algum dos rei
Hespanha dirigiu em data de 9 do corrente ao Secre nos, e pretendessem haver ido a elles com boa fé,
tario de Estado dos negocios estrangeiros, cxaminou entendendo que havião de estar salvos, e seguros; o
muito maduramente o melindroso negocio, que no di que prova que prescindindo-se do direito positivo es
to oficio se trata, e não duvida agora manifestar so tabelecido na concordia, não havia outro consuetu.
breda
ce eleNação
o seu inteira.
juizo na presença do Congresso, e á fa
•
dinario, que ligasse já a este respeito ambas as na
gões.
Contém a nota do encarregado dos negocios um Ultimamente estabelecendo a lei das Cortes de Hes
formal protesto contra a resolução tomada em Cortes, panha de 1810, que o territorio Hespanhol he um as i
que manda restituir á sua liberdade, com a condição lo inviolavel para os estrangeiros, sem prejuízo dos
de se retirarem para fóra do Reino os dois prezos, tratados existentes, veio por um lado a renunciar ao
Juan Ramon de Barcia, e Thomaz Blanco Cice direito puramente consuetudinario ainda que já exis
rom, reclamados pelo governo hespanhol, e uma pe tisse, e por outro a prevenir que do futuro se estabe
tição tendente a suspender-se a execução desta ordem lecesse a entrega dos criminosos pelo direito conven
pelos males, que dahi poderião resultar á sua Nação. cional dos tratados, o que tudo faz com que de nós
A Commissão especial sendo de opinião que os se não possa exigir a execução de uma obrigação,
fundamentos do protesto não são exactos, nem a pe que se não reconhece.
tição admissivel, julgou ao mesmo tempo que devia ex Se pois não ha direito das gentes, que nos obri
pôr as razões, em que funda o seu parecer; porque se gue a entregarmos os dois réos, não póde deixar de
estas forem da approvação das Cortes, conhecerá a se considerar insubsistente a portaria da secretaria dº
Nação, e o governo de Hespanha os poderosos moti Estado dos negocios do Reino de 29 de Agosto pas
vos, que as obrigárão a apartar-se do parecer da pri sado, que nelle unicamente se funda para annuir á
meira Commissão, que examinou este negocio, e a reclamação do governo de Hespanha: e assim fica des
justiça, em que fundárão a sua decisão. vanecido um dos argumentos, que a seu favor pro
Diversas são as questões, que a Commissão exe duz o encarregado dos negocios, o qual consiste em
minou profundamente, e que deduziu da materia, que ter o Governo portuguez adherido já á entrega dos
se contem no extenso protesto do encarregado dos ne ditos criminosos.
gocios. 1." Seriamos nós obrigados pelo direito das 2." Que sejamos obrigados a esta entrega por tra
gentes a entregar os dois réos Hespanhoes reclamados ctados, que existão com Hespanha, he o que expres
[ 227 |
samente nega a portaria já citada de 29 de Agosto Nem os factos da entrega reciproca dos criminosos,
passado, e que expressamente não afirma o encarre feita pelas autoridades subalternas das fronteiras dos
gado dos negocios de Hespanha, pois que diz que por dois Reinos, nem a convenção entre os governado
inais argumentos, que se queirão citar da nullidade res de Portugal, e Regencia de Hespanha em 1810,
dos tratados se virá apurar em que existem de feito; que allude aos privilegios, liberdades, e isempções,
e em que a não existirem, o interesse reciproco de que se achão concedidos pelos tratados subsistentes
ambas as nações exigia imperiosamente aquella en entre as duas nações, podem provar a tacita renova
trega. -
ção destes tratados, porque taes factos, e allusão ge
E bem se póde crer que não duvida a Commis ral, e indeterminada tinhão só por fundamento a re
são de que os crimes, de que são arguidos os dois ciprocidade de interesses e harmonia entre as duas na
Hespanhões, estejão comprehendidos na letra, e es ções, que então fazião causa commum contra os Fran
pirito das nossas antigas concordatas, confirmadas cezes, e não a legal approvação dos dois soberanos.
pelo tratado de 1778, ou de que esse tratado obrigue A lei do asylo acima citada, feita pelas cortes de
actualmente a Nação , e os successores dos monar Hespanha, que he um dos argumentos, em que se
cas que o assignárão , o que inutilmente allega o funda o encarregado dos negocios tambem não prova
encarregado dos negocios no seu officio; de que du a renovação dos tratados, porque ainda que seja cer
vida, he que ele ainda hoje exista de direito, ou to que ela resalvasse os existentes com os outros go
de facto. vernos, e que na 1.° das duas extensas discussões
E na verdade se he doutrina corrente entre os pu que houve sobre esta lei, o ministro dissesse que ha
blicistas, que quando uma nação rompe um trata via um tratado a este respeito com Portugal, he tam
do de paz, vem a perder os direitos adquiridos em bem não menos certo que o mesmo ministro confessa
virtude desse tratado, o qual fica de todo extincto, que não tivera tempo para examinar os tratados exis
senão for expressamente renovado pelo novo, que se tentes; e que na 2.° discussão aparece como doutri
lhe seguir : quem poderá duvidar que o tratado de na corrente professada pelo ministerio, que os trata
alhança firmado em 1778 ficou sem efeito pela guer dos deixão de existir pela guerra, e que um governo
Ia, que nos moveu Hespanha em 1801 ! e que não constitucional deve ser muito circunspecto na entre
só não foi expressamente renovado pelo tratado de ga das pessoas reclamadas por outro governo. Além
paz de Badajoz, que antes pelo contrario no artigo disto he evidente que nem o texto da lei de asylo fala
10 deste tratado se obrigão os dois monarcas a reno expressamente dos tratados com Portugal, ném uma
var desde logo os tratados de alliança defensiva, que nação póde reservar por si só os tratados, que fez
existião entre as duas monarquias, donde se vê que COIm a Outra. •
entretanto que não se renovavão devião ficar suspen Pelo contrario ha factos de outra muito diferen
sos os tratados de similhante natureza, qual era sem al te natureza, os quaes assas mostrão que os antigos
guma duvida, como se mostra pelo seu mesmo titu tratados com Hespanha perdêrão a sua observancia.
lo o de "1778. Mas ainda prescindindo deste argumen Assim o entendêrão com efeito os plenipotenciarios
to he evidente que não só este, mas todos os trata de Portugal no Congresso de Vienna quando aberta
dos com Hespanha cessárão pelo celebre tratado, ce mente dizião perante o mesmo Congresso, que as duas
lebrado entre aquella potencia, e a França, ae qual nações sem nenhum tratado de alliança, nem se quer
se seguiu a invasão de 1807; pois que tendo esta de paz que as ligasse, havião passado de um verda
por objecto não uma guerra de governo a governo, deiro e legitimo estado de guerra ao da mais cordial,
ou de nação a nação, mas uma conquista, e intei e mais intima união.
ra desmenbração da Monarquia portugueza vinha O territoriõ de Olivença, que de direito perten
esta, ainda quando não chegasse a perder a sua exis ce a Portugal, pois que o tratado de Badajos de 1801
tencia, a ficar necessariamente desligada de todos os vin foi especialmente declarado nullo pelo manifesto de
culos, e convenções, que até então a união áquellas duas S. Magestado do 1.° de Maio de 1808, e por um ar
potencias, em quanto aquelles não fossem expressa tigo addicional do tratado de paz geral com a Fran
mente renovados por novas relações de amizade, e ça em 1814; está ainda a pezar dos antigos tratados
estas por tratados solemnes de paz. Succedeu porém occupado de facto por Hespanha. Finalmente o fu
que com a França restabeleceu-se a harmonia, e firmou turo destino do territorio de Montevideo, occupado
se um tratado, mas com a Hespanha renovárão-se só pelas tropas portuguezas desde o anno de 1816, pa
as relações de amizade, mas não os antigos tratados, rece não estar ainda definidamente regulado por
que só por outro posterior podião ser expressamente mutuo consentimento de ambas as nações.
confirmados. He pois manifesto á vista dos factos que ficão
He verdade que ha tratados renovados por um apontados, que entre Portugal e Hespanha existem
consentimento tacito; mas este não se presume facil vinculos fortissimos de sangue, amisade, boa fé, e
mente; e segundo os publicistas só so póde fundar em interesses reciprocos, mas não existem tratados de
factos de natureza tal, que só possão ser motivados alliança, ou de paz.
pelos tratados: porém a Commissão he de parecer 3." Mas ainda suppondo que existem de direito,
que não só não existem factos, que provem a reno ou de feito os nossos antigos tratados com Hespanha;
vação dos antigos tratados com Hespanha, mas que parece á Commissão que não he exacta aquella parte
existem alguns que provão que elles não forão reno do officio do encarregado dos negocios, em que este
vados. afirma que os dois criminosos de que se trata, forão
- Ff 2
[ 223 ]
reclamados em tempo competente, segundo as for artigo de um tratado, e que pela sua nova forma de
malidades prescritas nos mesmos tratados. governo o não póde já cumprir em prejuiso da outra
Tres forão as reclamações, que se fizerão por par nação, queira com tudo obrigar a esta a executar pron
te de Hespanha. Primeira a do consul no Porto, di tamente outro artigo do mesmo tratado.
rigida ao conservador da Nação hespanhola: segun Finalmente em quanto á legalidade da ultima re
da a do encarregado dos negocios de Hespanha diri clamação, feita pelo presidente do tribunal de Galli
gida aos governadores do Reino de Portugal: terceira za, a Commissão se abstem de interpor o seu juizo;
a do presidente do tribunal superior de Galliza, diri porque nem lhe foi presente a requisitoria do dito pre
gida ao chanceller da relação do Porto. A 1.° foi ma sidente, nem a duvida que teve o chanceller do Por
nifestamente ilegal, porque, não só não ajunta o to para a executar, e que sujeitou á decisão do Go
processo dos criminosos, como são obrigados a fazer verno. Não póde porém a Commissão deixar de
pela concordia de ElRei D. Scbastião todos os qne reflectir, que estivessem dois infelizes na cadeia do
fazem similhantes requisições, uma vez que não sejão Porto desde Agosto de 1820 até Agosto de 1821 sem
tribunaes, ou magistrados superiores: mas até não se lhes dar sua liberdade, ou entregarem-se ás auto
declara qual fosse o crime. E tão manifesta era a ille ridades de Hespanha, como se se estivesse esperando
galidade da requisitoria, e da prisão, que se lhe se o espaço de um anno para que a requisitoria de
guiu, que os governadores do Reino a estranhárão hespanha viesse na devida forma, para então se dar
severamente ao conservador, mandando-lhe perguntar á execução no momento em que já se sabia, que os
a lei, em que se havia fundado para deferir a uma réos estavão condemnados á pena de morte. Estas
tal requisição do consul de Hespanha. Nem se diga circunstancias fazem com que a entrega destes réos
que os governadores do Reino levárão a mal aquelle devesse encher de horror os amigos da humanidade,
procedimento por seguirem uma causa contraria á do e desviasse os estrangeiros de procurarem asylo , e
governo Hespanhol, pois que erão elles os mesmos protecção neste inhospito paiz.
que antes de terem expedido aquella ordem em data Taes são as razões coin que a Commissão comba
de 16 de Agosto de 1820, já no dia 7 do mesmo mez te o protesto do Encarregado dos negocios, e defen
havião mandado prender os ditos dois réos em virtu de a resolução ultimamente tomada pelas Cortes. Se
de da segunda reclamação feita pelo Encarregado dos estas são verdadeiras, o resultado não póde deixar de
negocios de Hespanha, de que agora a Commissão ser a recusação do que pede o dito Encarregado re
vai falar. lativamente á suspensão daquella ordem, da qual se
Da legalidade desta segunda reclamação só algu não póde seguir inal algum á nação hespanhola,
ma pessoa muito escrupulosa poderia duvidar, fun visto que os réos são obrigados a saír do territorio
dando-se em que ella fora feita não pelo embaixador Portuguez em embarcações que os conduza a porto
de Hespanha, segundo a extricta intelligencia do tra estrangeiro, que não seja da Peninsula. Além de que
tado de 1778, mas pelo encarregado dos negocios. A cinco mezes se tem passado depois que as Cortes to
Commissão ainda que reconheça, que um officio do márão conhecimento deste negocio, a requerimento
secretario d'Estado dos negocios estrangeiros de Hes dos dois réos, e mandárão suspender a portaria do
panha teria tirado toda a difficuldade, e preencheria Governo: e assás de tempo tinha o Encarregado dos
bem a clausula do tratado, não pertende pôr em du negocios para se munir com instrucções da sua Cor
vida a legalidade das reclamações feitas pelos encar te, das quaes se servisse no caso muito possivel de se
regados de negocios, quando não ha embaixadores. denegar a entrega: ultimamente, que inconveniente
Mas fosse qual fosse a forma, porque forão reclama póde haver em que a Nação, e o Governo portuguez
dos os dois criminosos, he certo que a reclamação só não demore a exccução de uma ordem essencialmen
produziu o efeito da prizão, porém não o da entre te justa, e benefica, principalmente quando essa pron
ga; pois que os governadores de Portugal, usando ta execução parece estar de certo modo ligada com a
de uma especie de reconvenção reclamárão tambem sua propria independencia, e dignidade! E porém ao
sobre os abusos, que dizião fazerem-se em Hespanha Governo pertence estreitar com um novo tratado, lo
da liberdade da imprensa relativamente a Portugal, go, que as circunstancias o permitião, os fortes vin
fundando-se para isto no artigo 2 do mesmo trata culos, que existem entre duas nações visinhas, uni
do de I778. •
das por pactos repetidos de familia, e mais ainda pe
Este facto he attestado pelo actual encarregado la causa em que se achão empenhadas.
dos negocios no protesto, de que se trata, o qual . Este he o parecer da Commissão especial: os seus
accrescenta, que não podendo o governo hespanhol, membros forão unanimes em reconhecer a verdade
segundo os seus principios, impedir os escriptores pu dos principios cm que se fundou a decisão do Con
blicos que dissesseta bem ou mal dos governadores gresso ; nas um deles (o Deputado Faria Car
do Reino, ou do seu Governo, ficára por este unico valho) apartou-se dos outros em quanto foi de pa
motivo demorada a entrega dos réos. recer, que a prudencia pedia que se annuisse á pe
Mas á vista disto não póde a Commissão deixar de tição do Encarregado dos negocios, sobreestan
observar: 1." que o encarregado dos negocios não du do na execução da ordem das Cortes, em quanto
vida que aquelles abusos da liberdade da imprensa offen sobre isso não fosse ouvido o governo hespanhol;
dessem o artigo 2 do tratado de 1778: 2." que parece devendo entre tanto os réos ficar detidos em custo
assás admira vel, que um encarregado de negocios dia.
confessando tacitamente, que a sua nação viola um Sala das Cortes, em 18 de Fevereiro de 1822, —
Francisco Manoel Trigoso de Aragão Moralo ; He portanto de parecer que a todas as pensiona
João Baptista Felgueiras ; Antonio Carlos Ribeiro de rias numeros 5, 6, 7, 14, 16, 16, 17, e3, 27, e
Andrada Machado e Silva ; José Antonio de Faria 38, as quaes estão neste caso, se diminua a metade
Carvalho ; Alexandre Thomaz de Moraes Sarmento. das respectivas pensôes para deste modo, com todas
Foi approvado. •
teis generaes do Duque da Victoria, e Marquez de outros funccionarios. Nós devemos advertir que o Go
Campo Maior, que por oficio do Marquez d'Aguiar verno então era escravo desse general estrangeiro; tal
de 29 de Janeiro de 1815, e aviso do Governo de 3 vez que elle Governo quizesse premiar este homem,
de Outubro de 1816, vencem mensalmente 883810 porém póde ser que o não podesse fazer senão dando
réis ou em cada anno 1:0663440 réis. ihe esta pensão; e tirar-se-lhe he certamente uma in
A 6.° e ultima relação letra F, he de 15 pen gratidão. Portanto acho que se deve continuar a
sionarias do monte pio, que estão fóra da comprehen pagar debaixo do titulo de inventor da grande obra
são dos planos, e do regulamento do exercito de 21 de que nos salvou.
Jºevereiro de 1816, ás quaes são abonados os seus O Sr. Borges Carneiro: — Eu sigo o parecer da
vencimentos por diversas ordens. Importão mensalmen Commissão, isto he, que se não paguem gratificações
1e em 378,3220 réis ou cada anno em 4:6153480 estabelecidas por um secretario d'Estado que as não
réis. podia estabelecer. Se esta tivesse sido posta, a favor
Somma total das pensões incluidas nas seis rela de um homem pobre, embora eu não lha disputaria
ções depois das reducções apontadas 28:0953440 réis. por não tirar a subsistencia a quem estivesse na posse
Parece á Commissão que todas estas pensões con della; porém em favor de um coronel de engenheiros,
tinuem a ser pagas, mas por folhas separadas dos e de mais estando ele empregado em commissão, on
soldos e monte pio. de tem maiores vencimentos, não se póde tal susten
Considerando além disto que a contribnição para tar no tempo em que se deixa de pagar aos mais em
o monte pio he cada vez mais insufficiente para o seu pregados por não haver dinheiro. Se as Cortes não
pagamento, propõe que em quanto não se estabelece forem estabelecendo economias não temos nada feito
outro plano bem calculado, se passe ordem ao Go na nossa regeneração, cujo grande mal he a falta de
verno para não serem admittidos novos contribuentes dinheiro. Falou-se aqui em um emprestimo. Bom mo
para este. Francisco de Paulo Travassos ; , Francisco do de governar casa! As Cortes de Hespanha pedirão
Barroso Pereira ; Manoel Alves do Rio ; José Fer cuido que dois ou tres emprestimos em paiz estram
reira Borges ; Francisco João Moniz ; Francisco geiro: fizerão acarretar sacos de patacas: estas gas
Xavier Monteiro. tárão-se, e o caso ficou peor que d'antes. E porque?
Terminada a leitura deste parecer, disse por não terem feito as necessarias economias. O mes
O Sr. Franzini: — Desejo sempre fazer uma ob mo he entre nós. Estamos pagando muitas despezas
servação sobre este individuo José Maria Neves; es superfluas, quando se não paga a quem se deve, e a
te homem he certamente um dos benemeritos da pa quem tem pequenas pensões e ordenados. Queremos
tria, he a ele a quem se deve a creação das linhas conservar a um coronel efectivo de engenharia, que
de defeza, que ainda existem. Neste tempo existia no tem bons vencimentos, uma pensão posta por quem
exercito uma grande autoridade militar estrangeira, a não podia pôr, e não pagamos a outros emprega
a qual fez com que ele não se animasse a exigir a dos, muitos dos quaes estão morrendo á fome! Aqui
mais pequena remuneração no exercito, do qual era brevemente, (ou quando Deus for servido) se ha de
major, e nesta patente permaneceu alguns doze ou apresentar uma materia geral pela Commissão espe
quatorze annos: ein consequencia disto, he que o cial, das pensões e ordenados accumulados: vamos
Governo desse tempo se condoeu delle dando-lhe esta, nos já acostumando para então a fazer justiça.
pensão em remuneráção dos seus serviços; por tanto, O Sr. Xavier Monteiro: — Sr. Presidente: — Jo
acho
toda aque a Nação deverá olhar para este homem com
attenção. + •
sé Maria das Neves, he a ordem do dia ! Creio que
não; eu não entro na indagação do seu merito, nem
O Sr. Travassos: — Este homem teve uma pen elle constou officialmente á Commissão. Mas só digo
são quando se achava empregado em a praça de Al que não ha direito algum para elle receber por um
meida de 2003000 réis, e esta foi-lhe concedida até simples aviso de D. Miguel estes 2403 réis, não ha
se concluir a obra da praça, ela acha-se concluida, vendo lei que autorize a execução de similhante aviso.
e a pensão ainda existe, isto he o que a Commissão O Sr. Freire: — O parecer da Commissão fun
expoe. 2 da-se sobre tal justiça que não póde haver duvida al
O Sr. Castello Branco: — Não posso deixar de guma em o approvar. Este oficial, he certamente
apoiar o voto do illustre Preopinante que redunda em um militar benemerito, e faz muita honra ao corpo
favor do cidadão, a quem se deve a lembrança de de engenharia, e mesmo á Nação; elle de certo ha
uma obra que salvou Portugal, e talvez a # in de entrar em recompença de serviços, até mesmo por
teira. He muito de presumir que a Europa ainda ho que já lhe competem pela sua patente, pois que um
Je generia debaixo dos ferros de um tyranno, e de coronel já tem reinuneração de serviços; mas não he
um despota o maior que a Europa tem conhecido, e este o objecto de que se trata; aqui de que se trata
que nós mesmos não teriamos a gloria de reclamar he de uma gratificação, que se lhe mandou conti
pelos direitos da Nação portugueza neste Congresso, nuar contra a lei, e não d’uma pensão em remune
senão fosse cste cidadão. ração de serviços: a Commissão, ou alguns de seus
Por consequencia a patria he-lhe devedora de membros reconhecem a sua capacidade, e tem mesmo
grandes serviços, e ella seria ingrata se o não confes muita pena de não poder pagar para o diante esta
sasse, e remunerasse. Porém diz o illustre Preopinan pensão, visto que não he esta a maneira de se Prati
te, que como esta pensão era dada debaixo deste ti car; estas finalmente são as razões em virtude das
tulo não podia alterar as bases estabelecidas para os quaes julga a Commissão, que não póde continuar
aquella gratificação. # < … " ">
[ 231 ]
Procedendo-se á votação, foi approvado o pare querêrão depositario, e guarda ao navio ao tempo que
cer da Commissão de fazenda. . já ele tinha mais de meia carga, e o executado Aran
O Sr. Secretario Freire fez a leitura do seguinte tes, pelo diario, annunciado a navegação delle para
Bengala, como se mostra pelos autos a f. 382 e f.
P A R E c e R. 9 dos outros autos n.° 8., e f. 3 do n.º 9.°
O juiz da primeira instancia deferiu a este reque
Segunda vez impugna Jeronymo de Arantes, a rimento de Pedra, e companhia; e posto o deposi
determinação deste Soberano Congresso , pela qual tario e guarda em o navio se oppoz Arantes a este
the mandou prestar fiança idonea, approvada pela procedimento: não foi attendido, apezar de argu
parte, Antonio Martins Pedra, filho e companhia, mentar com a disposição daquelle alvará, e dizer que
para lhe ficar livre a navegação do navio Oceano, e o navio já tinha mais das 20 toneladas requeridas por
ficar seguro o seu valor; vigorando do outra sorte a elle, que tinhão sido carregadas antes de verdadeira
penhora nelle feita. A Commissão de legislação civil penhora nesta cidade: que os oficiaes do navio se
examinando novamente este -egocio, e questão á vis obrigavão outra vez a esta cidade: e que ávista disto
ta dos autos, julga necessario fazer delle nova expo procedia á navegação, e extracção de depositario, e
sição, para melhor se conhecer a razão, porque ha guarda, na conformidade da lei, reservado aos exe
mudado de parecer; omittirá porém a narração de cuentes seu direito para quanto voltasse. Aggravou
outros repetidos requerimentos, que o mesmo Aran Arantes para a relação, e obtendo em 2.° accordão,
tes tem feito a este Soberano Congresso, e lhe tem ficou decaido no 3.°; porém aggravando de ordena
sido desattendidos; omittirá os diversos incidentes, ção não guardada, foi provido por accordão, ou as
que nos autos se tem disputado, e se limitará sómen sento na meza grande, mandando-se que o navio na
te ao caso da fiança. vegasse, tirado o depositario, e guarda e obrigando
Antonio Martins Pedra, filho e companhia de se os oficiaes delle a tornalo a trazer a esta cidade,
Londres, obtiverão sentença contra o dito Arantes e segurando-o o mesmo Arantes; cujo accordão pas
por mais de 20 0005 réis, segundo a conta final, a sou em julgado, e he do theor, que se passa a lêr.
tempo que o dito navio tinha navegado para Benga Contra este julgado recorrêrão os execuentes a es
la, por escala na volta pela Bahia: Requerêrão, e te Soberano Congresso e por duas vezes determinou
se lhes passou por isso carta requisitoria de penhora, que sómente dando o exacutado fiança idonea, com
para se fazer nelle, quando chegasse, bem como approvação da parte, ao valor do navio, podesse o
nos seus fretes, e utensilios: assim se praticou, vindo mesmo navegar; revogado assim aquelle accordão, ou
e achando-se o navio carregado para esta cidade; po assento que não lhe impunha tal obrigação: oppõe-s-
rém no mandado de penhora, passado na Bahia, se agora o executado Arantes a esta determinação se
declarou que fosse observada a disposição do alvará gunda vez, dizendo que a lei o favorece desobrigan
de 15 de Abril de 1757, entregando-se o navio aos do-o de tal fiança: que o sobredito julgado lhe dá o
oficiaes delle, e obrigando-se a importalo nesta ci mesmo direito, e nada mais faz do que mandalo exe
dade: ficou a penhora sem depositario, porque sup cutar, porque os officiaes do navio já se obrigárão
posto o escrivão, e meirinho chamaráõ ao sobrecarga por termo na fórma della como consta dos autos nº
para isso, com tudo recusou assignar, fundado na di 10 folhas 6, 131, 132 v. que ele não póde achar
ta lei, e em ser proprietario do navio pela terça par similhante fiança em razão do descredito, em que es
te; sem embargo do que se lhe houve sem nova or te litigio o tem constituido, e ao seu navio. Que el
dem, ou despacho, a penhora, e deposito por assi le se apronta a segurado na fórma do julgado, e do
gnado. - Porém tanto este mesmo sobrecarga, como outro alvará de 24 de Maio de 1765: e que em con
os mais oficiaes do mesmo navio assignárão o termo sequencia nada mais resta para lhe ser permettida ana
na conformidade do citado alvará, obrigando-se a vegação em cumprimento da lei, e julgado: e conclue
trazer o navio a esta cidade, como tudo se manifes finalmente que o dito julgado he interluctorio: que
ta pelos autos a f. 22 f. 24 v. e f. 89. / • quando delle podesse haver algum recurso, deveria ser
Com efeito em Novembro de 1820 cumprírão el para o Poder executivo e não para este Soberano Con
les a sua obrigação entrando o navio no porto desta gresso, que entretanto restando aquelle meio, não de
cidade aonde ancorou : facto este, pelo qual ficá ve reunir o poder judiciario com o legislativo.
1ão inteiramente desobrigados, e o mesmo navio sem Em vista do que tudo parece á Commissão que o
depositario, e no poder o executado Arantes. Devião mencionado julgado da meza grande se deve cumprir
por consequencia os ditos Pedra, e companhia re desobrigado o executado da fiança : que tendo os
querer penhora, filhada com depositario em º navio, execuentes opposição, ou recurso contra elle, ou com
para se continuar a execução; pois que a da Bahia petindo-lhes, se devem dirigir ao Governo, e que não
não produziu os verdadeiros efeitos de rigorosa pe pertence no estado actual o deferimento a este Sobe
nhora, vista a disposição do sobredito alvará, que rano Congresso; ficando assim declaradas as anterio
em taes casos as prohibe, e anulla, providenciando res deliberações. - -
sómente aos execuentes com aquella obrigação do Palacio das Cortes 10 de Fevereiro de 1822. –
mestre, contra mestre, e piloto, como se cumpriu: Pedro José Lopes de Almeida ; Joaquim Antonio
Não se lembrárão porem disto senão em 11 de Abril Kieira Belfort. Não assigno (por ter pejo) Luiz Alar
de 1821, tendo passado quasi seis mezes depois que tins Basto. : "… . . . . .
o navio se achava no porto desta cidade; e então re Terminada a leitura, disse
{ • [232 ]
O Sr. Pereira do Carmo : — Sr. Presidente, eu O supplicante está bem longe de cair na contra
levanto-me para fazer uma observação e dizer que ne dicção que se lhe imputa. O que ele pede não ha
gocios desta natureza, são os que nos fazem consu que o Congresso decida uma questão judicial, mas
mir o tempo inutilmente; e não quereria agora que que ordene que fique sem efeito uma decisão incom
este Congresso se convertesse em tribunal de justiça; petente, em que o poder legislativo revogou outra do
Está o projecto dos foraes para se discutir ha tanto poder judicial: o que ele pede he que se reduza tu
tempo, e ainda se não concluiu; daqui a pouco ap do áquelle estado, de que não devêra ter saido, e
parecerá outro não menos importante ácerca das nos que se restabeleça o equilibrio dos poderes, que se
sas relações commerciaes com o Brazil, além de mui alterou e confundiu. Consequentemente, reprovando
tos de utilidade geral, admittidos á discussão e já o parecer que abona os precedentes, e as delibera
impressos. • •
te os ditos oficiaes a ele o havião de trazer, e seguin - O Sr. Martins Bastos: — Eu não posso falar,
do-se essa impossibilidade, estava o direito dos cré nem assignei este parecer, pois que me dei por sus
dores completamente acautelado pelo seguro. A que peito nelle ; o que eu requeria lie que este vegocio se
fim pois se havia de obrigar de mais a mais o dono não decidisse sem estarem presentes os Membros da
do navio a prestar uma fiança, prohibindo-se-lhe na Commissão para elles darem as razões que tiverão pa
falta della a navegação do navio, sem damao mani ra o assignar, e aclarar o Congresso. O negocio lhe
festo do dono, e dos carregadores, e com notoria in muito serio; e se se decidir já, talvez iremos transtor
fracção de um julgado, e da lei! Diz um dos pare nar direitos que já mais poderão ter recursos: por tam
ceres, que acabo de ouvir lêr, que o supplicante es to eu tenho a propôr que fique este negocio adiado
tá em contradicção; pois queixando-se de que o Con em quanto se não acharem presentes ao menos dois
gresso se intromettesse nas attribuições do poder ju Membros da Commissão. * * -
dicial , sujeita de novo á sua decisão o caso em . O Sr. Lino: — Aqui não deve haver contempla
disputa, approva e requer a um tempo aquilo que ção alguma; o Congresso não he infallivel, ele deve
condem na ! - -
fazer justiça; e se a não fez, então deve agora revo
| { 233 |
zar a sua resolução, até mesmo porque resolveu so Foi este ultimo accordão proferido em 12 de Ja
bre uma sentença dada pelo supremo tribunal, com neiro de 1802, tirou a misericordia sua sentença e so
o qual o Congresso se não póde intrometer. . O pri bre sentença, como provão as certidões fol. 404, e fol.
meiro dever, e a primeira honra do Congresso he fazer 406 para cobrar as custas, pois que a taes accordãos
justiça, e limitar-se nas raias da sua autoridade. sobre aggravo não competia outra execução; porem
O Sr. Martins Bastos: — Quando aqui se tra he notavel, 1.° que tendo findado a força dos citados
teu deste negocio, e se decidiu foi com todo o conhe accordãos com o pagamento das custas; 2.", que de
cimento de causa; e por esta mesma razão he que eu vendo finalisar a acção principal, tanto, que a recor
requeria que a resolução actual fosse tomada com tan rida saísse da misericordia; 3." que tendo a menciona
to conhecimento de causa como então. •
da acção principal dormido quinze annos e quasi qua
O Sr. Garão: — Amim tem-me sido entregues al tro mezes, appareça depois a recorrida em 9 de Maio
guns papeis impressos relativamente ao negocio deste de 1817, fazendo citar a recorrente para a ver habili
homem, e tenho conhecido quanto ele he infeliz; e tar, e ver se hablitar nesses autos findos do instru
se eu vejo que ainda fica adiado, então digo que a mento do aggravo. J.
sua infelicidade não tem limites; a questão está de Julgou-se a habilitação a fol. 68 v. apesar da
cidida, e deve-se temar uma resolução final. • opposição da recorrente, e he natural que requerendo
O Sr. Borges Carneiro: —Sr. Presidente, quei a recorrida sentença com salva desses autos findos do
Ia V. Exc. propor se este negocio pertence ás Cortes aggravo, se lhe mandasse passar, não para ajuntar
ou não. Se se vencer que pertence, então se continua aos autos da acção principal e como habilitada po
rá na sua discussão. der extrahir sentenças do arbitramento das expensas
Poz o Sr. Presidente a votos o parecer, e foi re litis, mas para se fazer a conta a estas expensas litis
jeitado, decidindo-se que ficassem sem efeito todas de todo o tempo em que parece ter dormido a cau
as resoluções das Cortes sobre o negocio que fazia º sa principal, e não haver por isso motivo para se de
seu objecto, e todas as ordens que em consequencia verem taes litis expensas.
daquelas resoluções se tem expedido. Contárão-se com efeito as expensas litis, não á
Leu-se, e foi approvado o seguinte misericordia, porém á recorrida, e citada a recorrente
para o pagamento, pediu vista para embargos de
P A R E c E R. nullidade, e erro de contas, e he notavel, que ten
do-se-lhe mandado dar nos proprios autos desentença
A Commissão de justiça civil viu o requerimento com salva, não teve este despacho execução, porque
de D. JMaria José da Costa, viuva do capitão mór os accordãos fol. 151 e fol. 159 v., a mandárão dar
Francisco Bernardo Osorio, a qual supplíca revista em separado. • • • -
de graça especialissima contra as sentenças da casa Procedeu-se a penhora nos bens da recorrente por
da supplicação, que revogando outra de uma das va efeito das sentenças que havião denegado o provimen
ras do civel da corte, a sujeitárão a pagar á recorri to ao aggravo de recusar o juiz vista com suspensão
da Anna de Jesus mais de novecentos mil réis de do arbitramento das expensas litis, e embargando a
expensas litis. -
recorrente, forão a fol. 234 v. mandados separar dos
A Commissão desejando desenganar-se pelos seus autos de penhora os seus embargos, de que a recor
proprios olhos da verdade ou afectação da queixa da rente desistiu, com o pretexto de usar do meio de de
Tequerente avocou os autos, e examinando-os atten
feza que lhe competisse como se vê a fol. 286, e con
tamente, apesar de constarem quasi de mil folhas, siderando-se como terceira sentença, e possuidora dos
passa a informar este soberano Congresso do contex bens penhorados, pediu vista para embargos de tercei
tº de um processo notavel, e muito notavel no foro ra, e dando-se-lhe, involveu na materia destes embar
pelas singularidades de que abunda. He notavel que gos as nullidades que obstavão ao progresso daquella
a misericordia desta cidade oferecesse contra a reque execução, e recebidos taes embargos, e contestados a
rente e sua falecida mãi um libello, pedindo-lhes as fol. 299, arrazoados a final, involvendo-se nas allega.
despezas de criação e alimentos de uma exposta, que ções d'uma e outra parte as nullidades; forão julga
dizia filha natural do falecido pai da dita recorren dos provados pelo corregedor do civel da Corte na
te, em quanto aquella exposta, que he a recorrida, sentença fol. 417 v. , porém aggravando a recorrida
estivesse debaixo do patrio poder della misericordia; ordinariamente, obteve a seu favor os accordãos fol.
porém he muito mais notavel, que sendo os autos 443 v., fol. 558, e fol. 593 v. , que condemna a re
por efeito de declinatoria remettidos ao juizo de Tor corrente a pagar as sobreditas litis expensas (as quaes
tes Novas, este arbitrasse a fol. 20, e dizendo que com custas importavão em 954:415 réis, como se
para expensas litis, tres mil réis mensaes á misericordia vê a fol. 899) lhe deixarão direito salvo para tra
desta cidade. •
tar das nullidades por meio competente.
He notavel que pedindo a mãi da recorrente vis Tal he a historia summaria de um processo a
ta deste arbitrio embargavel nos proprios autos, se que por bastantes titulos se póde dar o nome de ce
he mandasse dar em separado; porém parece ainda lebre no foro: a Commissão se abstem de paten ear
mais notavel, que tendo aggravado deste depachº o juizo que a respeito do mesmo e dos accordão so
Para a correição, e desta para a casa da suplicação, breditos faz, porque não pareça invadir attribuições
nem além, nem aqui tivesse provimento como consta do Poder judiciario; porem attendendo ao que ex
a fol. 28, fol. 36 v. , fol. 62, e fol. 60,
posto fica, e dos autos consta ; se persuade que a re
Gg
[ 234 ]
corrente tem suficientes motivos de queixa contra os Para Candido José Xavier.
accordãos mencionados, e que este Congresso sobe
rano a deve soccorrer com o remedio que supplica: Illustrissimo e Excellentissimo Senhor: — As Cor
e em taes termos -
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
Parece á Commissão que á recorrente deve con mandão remetter ao Governo, para os fins que julgar
ceder-se dispensa do lapso do tempo para requerer convenientes, o incluso oficio da junta provisoria do
revista contra aquelles accordãos no Desembargo do Governo de Parahiba do Norte em data de 14 de
Paço. Paço das Cortes 5 de Novembro de 1821. — Dezembro de 1821, expondo que extendendo a m di
Carlos Honorio de Gouveia Durão ; Luiz Martins da de cautela, que havia tomado a respeito de José
Basto ; Manoel de Serpa Machado ; Pedro José Maria Corrêa sargento mór do regimento de milicias
Lopes de Almeida; Francisco Barroso Pereira. de brancos daquella cidade, remette tambem aº so
Designou o Sr. Presidente, para a ordem do dia berano Congresso a Manoel Mancio Judice Biquer:
na immediata Sessão do dia 20, a continuação do sargento mór do mesmo regimento. O que V. Exc."
projecto de Constituição; e na prolongação, um pa levará ao conhecimento de Sua Magestade.
recer adiado da Commissão de guerra, e a continua Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 18
ção do projecto de organização provisoria das cama de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
TaS.
• • • — • |- • * * *** *
pºlerão ser reeleitos, se eles quizerem acceitar a re nomeação dos jurados se faça ou pelo poder execu
eleição. Desejo tambem que se declare, quando os tivo, ou pelo judicial, ou por influencia de qualquer
jurados bao de começar a ter exercício, no que me delles. Porém a difficuldade, a meu ver, consiste em
cºnformo com o que se diz no fim do artigo, isto he assinar a autoridade, que deve decidir das qualifica
quando os codigos estiverem feitos. Não fique isto ções das pessoas que hão de formar a lista dos jura
emisso na Constituição porque podem os legisladores dos ; embora a sorte tire da urna o numero desti
seguintes demorar este exercicio até chegar o praso em nado para formar o conselho, ou junta; trato da lis
que alguns artigos da Constituição podem ser deroga ta de nomes que hão de ser metidos na urna. He pa
dos e nunca chegar a haver tal exercicio: pois quanto ra este ponto a que eu chamo a altenção do Congres
em outro lugar está decicido sobre isto he que não se so, e com particularidade dos illustres Membros, que
diga na Constituição que os jurados se hão de installar tratão de illucidar esta bem importante materia.
logo que ella for promulgada. •
O Sr. Bastos: — Eu não pesso conceber em que
Quanto ao mais que vem na 2.° parte do artigo; consista a difficuldade que o illustre Preopinante ima
não pertence tratar-se disso na Constituição, pois só gina. Quem deve designar as pessoas, em que essas
aos codigos toca tratar das atribuições que devem ter qualidades se verificão, he o povo directamente nas
os juizes de feito. •
épocas em que nomear os Deputados de Cortes, os
O Sr. Guerreiro: — O que acaba de dizer o il oficiaes das camaras, ou quando parecer conveniente:
lustre Preopinante parece-me, que se preveniu quan he no povo que concorre maior soma de conhecimen
do se decidiu que houvessem jurados. Um illustre mem tos dos individuos, maior imparcialidade, e maior in
bro deste Congresso o Sr. Kasconcellos. lembrou em teresse de acertar. E quem ha de decidir quaes destas
uma sessão antecedente, que todo o cidadão a quem pessoas se hão de oferecer ao consentimento e á recu
a lei não excluir, terá direito e está obrigado a ser sação das partes, para conhecimento dos objectos que
jurado, e a exercer suas funcções, todas as vezes que se presentarem, deve ser a sorte. Isto he tão obvio,
for chamado para isto. Appoio este voto; por me pa tão simples,
parece e fornece
impossivel não setaes garantias á liberdade, que
adoptar. •
eleição directa de jurados, e não póde mesmo haver O Sr. Peixoto: — Uma experiencia quotidianá
uma operação de listas de jurados feita directamente nos prova quanto na pratica são faliveis as melhores
pelo povo, pela razão de que o povo não póde estar theorías. Tem havido planos, e projectos capazes de
reunido por tanto tempo, quanto he necessario para fascinarem nações inteiras por sua apparente beleza,
isto se fazer; por consequencia a eleição dos que hão e depois de recebidos com grande enthusiasmo darem
de compor o conselho dos jurados, não deve ser feita um resultado não só inutil mas até fitnesto. Ora se a
pelo povo mas por uma autoridade especial, não de pratica em casos incontorversos tem desmentido theo
vendo ser feitos para durarem muito tempo: isto he rías, assim approvadas, e applaudidas; que será da
o que se deve declarar na Constituição. quellas, que desde o seu principio oferecem grande
O Sr. Vasconcellos: — Não ha duvida, que a duvida? Na presente questão; que he o que temos
ser jurado todos os cidadãos estão sujeitos; isto he observado no Congresso! Uma completa incerteza:
incontestavel. Ora assento que a tornarmos esta clas as opiniões tem-se dividido entre as eleições directas
se de juizes mais independentes, deveriamos adop dos juizes de feito, e as lutas de todos os eligíveis:
tar o meio de fazer com que estes juizes não decidão em consequencia, parece; que sem a nota de impru
mais do que uma causa pendente, e esta decidida se dentes, e até de temerarios, não tornaremos na Cons
dissolvão immediatamente, pois de outro modo se tor tituição sobre este ponto um arbitrio decisivo, sugei
naria uma magistratura permanente, e estes juizes vi tando-nos a um methodo, que póde ter na pratica
rião a ser sujeitos a empenhos, e o Governo teria meio resultados perniciosos sem que possamos emendar
qualquer erro antes, que passe tempo necessario para
de corromper este juizo, o que não poderia succeder se
a reforma da Constituição. A resolução tomada a res
fossem tirados á sorte, e he isto o que he necessario
evitar. He preciso fazermos, e seguirmos o exemplo peito dos Deputados não serve de argumento; por
que se adopta em todos os paizes onde ha jurados, e que era indispensavel, que na Constituição ficasse
especialmente na America do norte; paiz onde este sanccionado o methodo da eleição dos representantes
estabelecimento tem chegado ao seu maior auge. da Nação. Não he assim, quando se trata da nomea
O Sr. Brito: — A questão reduz-se a saber por ção de jurados, a qual não he artigo constitucional:
que modo hão de ser eleitos os jurados: quanto a mim póde váriar, e consequentemente póde ficar livre: es
parece-me que elles não devem ser eleitos por ninguem; tabeleça-se na Constituição a base, que consiste; em se
mas que todos deverão servir logo que tenhão os ru excluir o Governo da ingerencia na eleição dos juizes
[ 240 ]
de feito: e fique o resto para as leis regulamentarias, Ha mais de quatro mezes que o Governo, ainda
como pontos que podem ser variaveis. antes que fosse sabedor de tão horrorosos acontecimen
O Sr. Vasconccllos: — Alguns illustres Preopi tos, havia nomeado um ministro para ir áquella pro
mantes tem encontrado grande difficuldade na eleição vincia devassar dos successos, e procedimentos deste
dos jurados em consequencia das qualidades que são ex-governador, como das mais autoridades ali consti
necessarias para se exercer este emprego. Que grande tuidas ; este ministro ainda aqui existe, e com bein
sciencia he preciso para ser jurado! He preciso ser poucas esperanças de ir já desempenhar esta commis
formado em leis! Eu acho que não, para isto não são, quando já o deveria ter feito pelas embarcações
he preciso senão ter honra, e a dizer-se, que a não ha, nacionaes, que para aquelle Reino tem ido tocar
então digo, que nós não estamos em estado de ter aquella provincia. • *
jurados. Porém digo, que eu desejo que se declare Por tanto proponho 1.° que se indique ao Gover
na Constituição que, os jurados não serão permanen no, para que quanto antes faça partir aquelle minis
tes, pois aliàs nós iriamos a ter uma outra classe de tro. 2." Que a este se notem alguns factos mais con
magistratura. - sideraveis praticados pela arbitrariedade, e despotismo
O Sr. Presidente: — Os Srs. que acharem o ar daquelle ex-governador, a fim de servir de base á mes
tigo suficientemente discutido levantem-se. — Ven ua devassa, os quaes são deduzidos nos artigos se
ceu-se, que sim. guintes:
O Sr. Presidente: propoz se se aprovava o ar 1.° O massacre praticado na serra do Rodeador,
tigo tal qual se achava! — Venceu-se, que não. sua causa, a moral, conduta, e systema daquelles po
O Sr. Vasconcellos: — Sr. Presidente, eu creio vos, a hora em que forão commettidos, o que fazião
que a ordem pede, que a minha indicação se ponha á quando o forão, porque força, e ordem, quantas pes
votação. soas forão massacradas, e quantos prezos, de que ida
O Sr. Presidente: — Propoz a indicação do Sr. de e sexo, qual o saque que sofrêrão, se este se le
Kasconcellos, \
mitou a esta desgraçada povoação, ou se estendeu ás
. Não foi approvada. suas circumvizinhanças a devastação, e incendio de
Segundo os diversos pareceres patenteados na dis suas casas e lavouras, se este incendio foi casual, ou
cussão colligiu o Sr. Presidente as emendas seguintes, de proposito, para serem mortos, e devorados os fe
que foi pondo á votação: 1.° Será bastante, que na ridos, e semi-vivos uas chammas.
Constituição se diga unicamente, que os jurados se 2." A prizão de todos os habitantes da povoação
rão nomeados sem influencia directa, ou indirecta do do Bonito, quantos forão os prezos, de que idade, e
Governo! Não. 2.° Haverá uma lista de jurados sexo, causal desta, e seu resultado.
qualificados por qualquer autoridade electiva na fór 3. O ataque, ou insulto praticado na villa de
ma, e com as qualidades, que a lei determinar! Não. Igracú, onde se ulandou ao som de um clarim militar
3." A lista dos jurados de cada districto será forma arrancar de todas as casas as geolozias de canas, a
da pelo povo directamente com certo numero de in que chamão urupemas , a fim de ser commettido
dividuos tirados de entre aquelles, que forem qualifi o interior destas; quem era o chefe desta tropa, e o
cados pela lei! Foi approvada. Em quanto ao res resultado deste procedimento. •
to do artigo, assentou-se , que ficasse omisso na 4.o As terras tiradas aos legitimos proprietarios, e
Constituição; excepto o ultimo periodo, que ficou possuidores, em que tinhão lavouras, casas, e arma
adiado para a, 1.° discussão. zens, como succedeu com João Silverio, F. Galin
O Sr. Ferrcira da Silva leu a seguinte do, e outros para se darem a terceiros como devolu
tas.
IN D I c Aç Áo. 5.º Os despejos arbitrarios, e violentos, que se
fizerão aos proprietarios de suas proprias casas, ter
Em tempo, que imperava o despotismo era regra ras, e quintas, como succedeu com Manoel Lopes
invariavel no Reino Unido de Portugal, e Brazil man S. Thiago ; Ignacio Bandeira ; José Bonifacio da
dar-se proceder a uma devassa do governador, ou au Silva, etc. ; e alguns destes por repugnarem verbal
toridade debaixo de cuja direcção havia succedido en mente forão conduzidos a asperas prizões.
tre os povos algum tumulto ou desavença publica, e +
povoação dos Afogados, e aterro da mesma, roubos, Attendendo pois aos motivos expostos, proponho
e saques praticados nas casas e templos da mesma po ao augusto Congresso que indique ao Governo a ne
vºação, e na cidade de Olinda. — Ferreira da cessidade de mandar publicar no seu Diario, em ca
Silva. |-
da trimeste, o relatorio da intendencia geral da po
Ficou para segunda leitura. licia, ou da autoridade que necessariamente a deve
. Fez-se a segunda leitura da indicação do Sr. Pe substituir, especificando as seguintes circunstancias:
reira do Carmo ácerca das consultas, e provimentos 1.° O numero dos hom;cidios ou mortes violentas
de ºficios vagos, por haver muitos, que talvez não duvidosas, e causaes, acontecidas em cada uma das
Precisem de ser preenchidos. provincias ou comarcas, na capital, e no Porto.
Foi approvada. 2.º O numero de roubos notaveis efeituados nas
O Sr. Franzini leu a seguinte mesmas provincias, comarcas, e cidades.
3.º O numero de indeviduos que forão presos por
IND I c Aç À o. snspeita de homicidio, e pelo de roubos.
4.° O numero dos réos sentenciados definitiva
Tendo lido no Diario do Governo n.° 32 um re mente nas relações de Lisboa, e Porto, especifican
umidissimo extracto do relatorio apresentado ao Mi do os que o forão por crime de homicidio, ou grave
ºutro da justiça pelo Intendente geral da policia, ferimento, e pelo de roubos, e quaes as penas qne
lhe forão impostas. •
O Sr. Borges Carneiro leu a seguinte indicação. A Commissão observa, que este requerimento foi
feito dois mezes depois da eleição do supplicante, re
Prezos no Porto. querendo a alternativa entre licença indefinida para
qnando e caso possa partir e apresentar-se, ou a es
Pela relação qe deu a Commissão encarregada do cusa de vir, se mostra disposto a esperar a resposta
exame e melhoramento das cadeias da cidade do Por das Cortes. Que a distancia em que elle se acha de
to na data do ultimo de Janeiro passado, consta Lisboa he mui grande: e caso possa vir para Portu
acharem-se prezas nas cadeias da Relação daquella gal (o que ficou duvidoso) só chegaria de agora a
cidade, e ainda não sentenciadas duas pessoas ha 10 um anno. E finalmente, que os Deputados substitu
anuos; 4 ha 9, 4 ha 8, 1 ha 7, 6 ha 6, 5 ha 5; 10 tos pela mesma provincia já estão nesta cidade,
ha 4, 18 ha 3, e 36 ha 2 annos. •• Por tanto parece á Commissão que se dê ao sup
E por quanto as leis prohibem tão escandalosas plicante a sua escusa, e em seu lugar seja chamado
demoras como contrarias á administração da justiça, o substituto respectivo. Paço das Cortes em 2O de
e ao direito dos prezos ou das partes ofendidas: e em Fevereiro de 1822. — Rodrigo Ferreira da Costa ;
certos casos determinão um breve praso, dentro do Joáo Jºicente Pimentel Maldonado ; Antonio Perei
f"(l. •
qual precisamente se hão de acabar os livramentos, Foi apprpvado.
impondo penas aos juízes, ao escrivão, ou ao solici •
tadores das justiças, como se lê no § 2.° do alvará eu-se mais o parecer da Commissão militar, qué
de 31 de Março de de 1742. tinha ficado adiado da sessão de 4 de Fevereiro, sobre
. Pr ponho que se excite a attenção do Governo, o olficio do Ministro da guerra, ácerca de ser nomea
para que se informe de cuja culpa tenha procedido a do o Sr. Deputado Sepulveda Governador das armas
demora em processar e sentenciar os ditos presos, e da província da Extremadura. (Vide pag. 83).
faça castigar na fórma das leis a quem nella for cul O Sr. Xavier Monteiro: — As razões ponderadas
pado, e quediligencia.
importante faça presente ás Cortes
— Borges o resultado desta
Carneiro. •
pela Commissão de guerra, para refutar a pertenção
do Governo , e desviar o brigadeiro Sepulveda do
Approvada, e que se expeção as ordens. + cominando das armas da côrte e provincia da Extre
. O Sr. França leu a seguinte madura, fundão-se primeiro nas diferentes decisões
deste soberano Congresso, tendentes a regular os ca
- * * IND I c Aç ă o. sos em que os Deputados podem ser empregados fóra
das Cortes: segundo na irregularidade que padece o
- Um officio da Junta do Governo da Parahiba, serviço militar se for conferido tal commando a um
expondo a má codducta e maneiras anti-constitucio dos mais modernos brigadeiros do exercito, Os argu
maes do sargento môr, Manoel Mencio Judice Bi mentos expostos na primeira parte do parecer da Coun
uer, em sessão de 18 do corrente se inandou para o missão, serão para mim de algum momento, se actual
{{#" outro oficio da mesma Junta sobre igual mente sº tratasse de saír das Cortes o Deputado Sc
procedimento do sargento mór, José Maria Correia, pulveda; mas quando existe ha oito mezes sem exer
em sessão de 29 de Janeiro se mandou á Commissão cicio de legislador, occupando um emprego militar ás
militar, e até agora nada tem resultado, como os taes ordens do poder executivo, he claro que não podem
officios são da mesma natureza, e versão sobre igual a seu respeito ter applicação aquellas decisões calcu
materia, requeiro que tenhão ambos o mesmo destino, ladas, e dispostas só para ter lugar em quanto o De
para serem julgados pela mesma autoridade, e decidi putado faz parte efectiva do corpo legislativo, e tem
dos por um mesmo modo. — fºrancisco Xavicr Mon voto, e influencia nas suas deliberações. O que se de
teiro da Franca. -
O que he uma Commissão neste Congresso! Qual cios estar depositados em melhores mãos, e não teria
he o seu dever? sido mui conveniente á causa publica, que os mesmos
As Commissões não são formadas senão para fa homens continuassem na administração em circuns
cilitar o expediente desta Assembléa, encarregando tancias tão melindrosas, depois das provas que havião
se de examinar com madureza e vagar os negocios dado e estavão dando de capacidade, de honra, e de
que lhe são remettidos, sejão estes proposições minis ndhesão ao systema! Quem o duvída! Duvidava des
teriaes de interesse geral, sejão sobre interesses parti ta verdade o Congresso ! Certamente não: com tudo
culares, e seu dever consiste em examinar se as pro preferiu privar-se dos serviços desses Deputados mais
posições do Governo, ou se os negocios particulares, depressa, do que calcar aos pés seus proprios princi
que fazem o objecto do seu exame, são ou não con pios, na idea que nada he mais prejudicial que a in
formes á Constituição e ás leis, e pôr debaixo da vis fracção da lei. • •
ta do Congresso o resultado do seu exame. " Quem commandava a força armada neste interval
Esse foi o ponto de vista, sob o qual a Commis lo crítico desde a instalação das Cortes até Junho !
são viu o negocio proposto pelo Ministro da guerra, Foi por ventura necessario fazer saír um Deputado pa
nem o podia encarar de modo algum de outra manei ra esta Commissão ! Não: commandárão a força ar
ra. Ella expoz a proposição do Ministro, e citou as mada aquelles mesmos, que agora se querem excluir:
actas das vossas disposições, e os artigos da Consti que inconveniente resultou ? Nenhum.
tuição, que se oppõe a que se conceda ao Governo Noticias pouco exactas fizerão conceber á Regen
a autorisação por elle pedida para empregar um De cia receios de desassocego publico no momento da
putado. * * * chegada de Sua Magestade, e deve dizer-se que se
,
Em nenhum ponto de doutrina tem o Congresso se tivessem verificado as vozes, que então se espa
sido mais constante e unanimemente conforme do que lhárão sobre as disposições dos conselheiros do Mio
neste. Esta he, que um Deputado não seja senão De marca , estes receios erão plausíveis. O Congresso
'putado, que um Deputado não seja mais do que ou concebeu os mesmos receios, e concedeu á Regencia
tro Deputado, que um Deputado não tenha nein a autorização de empregar o Sr. Deputado Sepul
mais poder nem mais influencia do que outro Pepsi veda, como medida provisoria, sem defenir o peri
tado. * * **
go, porque todos tinhão a intima convicção que
Na primeira sessão das Cortes foi este principio era possivel n existencia deste perigo de um momen
formalmente proclamado e consignado na acta de 27 to a outro. Neste passo crítico, porque não no
'de Janeiro de 1821; nella se estabelece que nenhum meou a Regencia Governador das armas da pro
Deputado possa saír das Cortes senão no caso de pe vincia da Estremadura o Sr. Deputado Sequlceda ?
rigo eminente da patria, préviamente definido. e de Porque julgou que bastava que ele fosse Comman
cretado pelas Cortes. Todavia era bem forte sem du dante da força armada de Lisboa, Cascaes, e Setu
vida a convicção geral da necessidade desta medida, val. No momento do perigo, e tal perigo, bastou
para ela ser adaptada desde logo no momento da esta medida, e não basta agora! Qual he a razão
instalação das Cortes, isto he, no momento de maior da diferença; quando tudo era problematico, basteu
perigo e o mais crítico para o estabelecimento do sys que este Deputado fosse nomeado Commandante da
tema constitucional. Todos se recordão da divergen força armada, e agora depois de Sua Magestade ser
cia de opiniões, que se propagárão sobre o methodo para assim dizer o primeiro e mais zeloso propaga
de convocar as Cortes, e sem duvida aquelles, que dor do systema constitucional, he necessario dar-lhe
forão das opiniões contrarias á que se adoptou, devião maiores poderes, em menoscabo das actas do corpo
ficar pouco satisfeitos, e era de recear seu influxo. legislativo, e dos artigos 81, 82 e 83 da Constitni
"Não só se não sabia qual era a disposição do minis cão, poderes, que lhe não dão nenhuma extensão
terio de Sua Magestade no Rio de Janeiro ácerca da de autoridade sobre a força armrda! Quando em
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lugar de encontrarmos os conselheiros de Sua Ma seria amovivel e inamovível ao mesmo tempo. Como
o governo das armas he um emprego dado pelo Go
gestade inimigos do systema, os tenos visto os mais
constitucionaes, aggregando successivamente, como verno, conserva este sobre elle o seu direito, isto he,
collegas no conselho de Sua Magestade homens co póde removelo uma hora, um dia, uma semana,
nhecidos por sua boa fama, e que tem servido estes um mez depois, e por tanto he amovivel; entretan
postos eminentes com applauso publico , he então to he inano vivel como commandante da força ar
que queremos quebrantar nossas proprias leis! Es mada, em quanto estiver em vigor o decreto das
tamos por ventura em perigo! Se o estamos, que o Cortes. Supponhamos que o Governo usando do
diga o ministerio, e então esta medida he suficiente; o seu direito remove este # do Governo da pro
ministerio não allega este motivo, mas unicamente vincia, pergunto eu se ha de ficar commandante da
um que he frivolo, isto he, maior facilidade no ex força armada: se me respondem afirmativamente, no
pediente; pois ha de uma alegação tão insignifican caso de verificada a hypothese, nada póde haver mais
te ser suficiente para quebrantar a lei! Não tem o indecoroso; se me respondem negativamente, eis o
ministro toda a autoridade para remover os choques de governo com o poder, de facto, de revogar um de
duas autoridades coin attribuições tão diversas ! O creto das Cortes. • •
que posso certificar ao Congresso, he qne no tempo He com bem repugnancia, e só por cumprir com
do meu ministerio, nenhuma implicancia houve en o meu dever, que julguei indispensavel sustentar o
tre o Commandante da força armada, e o Governador meu voto conforme ao parecer da Commissão, que
das armas da provincia da Estremadura, o que digo assignei. Os meus princípios politicos, como Depu
em obsequio da verdade tanto em louvor do Sr. De tado, me conduzirão sempre a sustentar as proposi
putado Sepulveda, como do Sr. tenente general Lei ções do Governo, quando não sejão contrarias ás
tc. leis; tal se ne apresenta o dever de todo o bom e
O illustre Preopinante pertendeu que os artigos leal Deputado, porque o Governo sem apoio neste
da Constituição acima citados, nos quaes se estatuiu Congresso, não póde ter autoridade, e sem autori
que nenhum Deputado nem solicitasse, nem acceitas dade forte não he Governo, e periclita a sociedade
se emprego do Governo, não ligava o Sr. Deputado inteira, e os interesses particulares. A esta disposi
Sepulveda, porque seria dar-lhes um efeito retroacti ção benevola. em que me achará na qualidade de
vo, tendo o Sr. Deputado saído do Congresso em Deputado todo e qualquer ministerio de S. Mages
Junho, e os artigos decretados em Agosto. Isto pa tade, aceresce para mim o interesse particular, que
rece-me um erro manifesto. O Sr. Deputado Sepulveda não posso deixar de tomar pela administração dos
não está nem póde estar fóra das Cortes, deve-se con ministros actuaes, cuja lealdade, zelo, saber, hon
siderar presente, e por isso ainda todos os dias ouço ra, e constitucionalidade reconheci, quando tive a
que o Sr. Secretario quando faz a charrrada, não dei honra de fazer parte do ministerio, e aos quaes de
xa de o nomear, e com rasão, porque a sua ausen vo as demonstrações de consideração e amizade, de
cia póde terminar no primeiro dia, que as Cortes o que muito me prezo, com o Ministro da guerra meu
chamem a seu recinto, por isso mesmo que a Com "successor, então meu collaborador subordinado, te
missão he das Cortes e não do Governo: está no mes nho a íntima liação, que produz nos homens um
mo caso, que qualquer outro Deputado, que se ausen dongo trato, a mesma profissão, e até os mesmos
ta com licença. Se a doutrina contraria fosse admissi infortunios. Todas estas razoes, ás quaes ajuntarei
vel, haveria um Deputado não sujeito á Constituição; a muito particular consideração que merece o Sr.
mas assim mesmo, essa razão militaria para justificar Deputado de que se trata, me levavão naturalmen
sua ausencia pelo exercício da Commissão actual, ite a dar o meu voto em favor da proposicão do Go
mas não para acceitar uma de novo, que he na reali verno, transmittida pelo Ministro da guerra; foi pois
dade uma mercê e um emprego da attribuição do Go necessario fazer violencia aos meus desejos, para não
verno executivo. vêr senão a lei: a esta não he possivel resistir sem ar
A proposição pois do Governo he inadmissivel riscar a sociedade; os povos não respeitão as leis quan
por ser contraria á lei, e por ser inpolitica. Posto que do as vêm ser o objecto de mofa daquelles mesmos
eu faça muito caso do direito da antiguidade, com que as fazem. Não existe o unico caso de perigo emi
tudo não a reputo como regra impreterivel, o que se "nente em que era possivel dispensalas, sem arriscar o
ria contrario ao desenvolvimento dos talentos, e ex respeito que se lhes deve. Ao contrario, graças ao
tinguiria o desejo de fazer serviços extraordinarios. admiravel caracter e nunca assás louvado da Nação
He todavia necessaria muita cautela quando se põe portugueza, o systema marcha admiravelmente, nes
de parte este direito, que o militar tanto preza; e se te augusto recinto se ouvem as vozes dos Deputados
he possivel que cada um se console de não ser repu de nossos irmãos do Brasil unidas para o mesmo fim;
tado tão habil como outro, nunca o he o de ser tudo em circunstancias tão venturosas, sem receio de oppo
Por menos honrado, ou menos constitucional. sição da parte do Governo de S. M., repugna a ini
Além de que esta medida seria absurda na pratica. nha consciencia votar por uma medida, que sóinente
Supponhamos por um momento a proposição do Go se poderia adoptar, se as disposições do Governo, da
Verno concedida, e o Sr. Deputado Sepulveda nomea Nação, e das províncias ultramarinas fossem precisa
dº Governador ou Encarregado do governo das armas mente o contrario do que são. Assim não posso vo
da província da Estremadura. Teria o mesmo homem tar senão contra a proposição do ministro. Amicus
uas attribuições diametralmente oppostas, isto he, Plato, sed magis amica veritas.
/* •
[ 246 ]
O Sr. Pinto de França: — Eu poderia princi um brigadeiro, que tiver encarado muitas vezes =
piar, e principiarei, como o illustre Deputado aca morte, que tiver derramado seu sangue pela patria,
i)ou: Amicus Plato sed magis amica veritas; mas vou e que por seus serviços tiver chegado á graduação
mais avante. Não me lembro de Rei, e de ministros, que tem, por essa mesma graduação não tem direito,
(falei de Rei; não falo de mais nada) senão que sou em que seus serviços o colocárão, superior aos que
um Deputado da Nação, que hei de desempenhar o a não tem ! Isso está decidido aqui, ainda quando
que sou, e que nem o servilismo, nem o ultraismo não estivesse decidido, a razão o determina: o legis
pela parte opposta hão de poder ter comigo influen lador deve ser justo; mas deve ser igualmente politi
cia. Eu podia, e devia contentar-me com as vozes da co; e por consequencia neste caso deve olhar-se mui
Commissão explicadas no seu parecer; mas ellas es attentamente para as circunstancias do exercito, e
tão mudadas, e só falão para quem queira chegar a das pessoas que o compõe. E calar-se-ião tantos, que
consideralas. Eu ouvi outra voz eloquente assás, e se vissem sobrepassados em preferencia pelo brigadei
que me faria voar tambem em eloquencia ainda que ro em questão! Não: por ventura um exercito que
mais rasteiro; mas de tudo me esqueço, e considero só depende da ordem, e disciplina veria isto sem que
só a lei. Eu clamarei sómente pela sustentação da sua disciplina padecesse ? He necessario considerar
lei em geral, e porque não deva ser derogada por ca que o exercito ha de ser o mais firme sustentaculo
•os particulares. A primeira vez que eu fui á Com de nossa feliz regeneração; e que não ha exercitos
missão, e lancei os olhos sobre o oficio do ministro sem disciplina. Outro illustre Preopinante que com
da guerra, eu conheci que esta materia não era da bateu o parecer da Commissão não olhou ás razões,
quella Commissão, e que talvez pertencesse melhor á em que elle se funda, olhou ao merecimento do Bri
Commissão de Constituição, pois que se tratava da gadeiro Sepulveda; mas aqui não se trata de pessoas,
revogação de uma lei: entre tanto assás respeitoso e eu quando olho o Brigadeiro Sepulveda, considero
eu entrei no exame, e vi, como levo dito, que se nelle primeiramente um Deputado. Diz-se que foi
pedia a revogação de uma lei, quando he feita, sup empregado para o commando das armas; mais tirem
põe-se, que tem sido discutida, pezada, meditada, se os corolarios, que são obvios. Quid inde! Consi
que se tem considerado quanto ácerca de sua execu dero o Brigadeiro Sepulveda, como um homem a
ção póde occorrer, e os beneficios, que deve causar quem se lhe ofereceu a occasião de ser um cidadão
sua execução; por tanto para destruila são necessa benemerito; mas a Commissão não se encarregou de
rias maiores razões do que as que houve para pro apontar os premios que devião conceder-se ao Briga
mulgala. E quaes são as razões, que se apresentão deiro Sepulveda, isto não era da sua competencia, o
para a derogação daquella lei, que prohibe aos De que lhe cumpria era attender á lei para o caso pro
putados o exercer empregos do poder executivo! Uma posto, isto he o que fez, e fez o que devia.
razão de commodidade apenas: e isto será bastante O Sr. Líno Coutinho : — Eu lavanto-me para
para destruir uma lei, que se considerou de tanta for apoiar o parecer da Commissão: não tenho a eloquen
ça, apezar della impedir a conveniencia da proprie te voz com que o Sr. Xavier Monteiro acaba de im
dade e representação de um cidadão ! Uma lei a pugnalo, mas me expressarei com a minha que he a
qual diz que o cidadão, não poderá acceitar, não de um homem livre, que não conhece nem relações
poderá pedir nada ao Rei ! Grandes razões deve e nem amigos. Que diria Portugal inteiro? Que dirião
iia haver para tela sanccionado: grandes razões te os Hespanhoes! E que dirião todos que tem os olhos
ria em vista a nação , que assim quiz impedir es fixos neste Congresso, se ele tomasse uma decisão em
tes direitos de um cidadão ; e então um cidadão de contravenção de uma lei por elle mesmo ha pouco
ve considerar-se superior á sustentação desta lei ! sanccionada. Seria preciso se tal cousa acontecesse,
Creio, que ninguem poderá dizer tanto. E que mais que concedesse este Congresso a todos os Deputados
cumpria dizer a Commissão senão, existe uma lei, e poder de igualmente requerer beneficios e mercês;
para se fazer o que o ministro proprõe, he preciso porque não sei porque se deva fazer excepção a favor
derrogala. Se o Congresso o julga conveniente, o fa de um dos seus membros. Longe de nós similhante
rá; mas se exige da Commissão, que dê seu pare borrão. He preciso que nós não transgredamos a lei,
cer, então deve manifestar se conviria ou não derro se não as que fizermos não serão obedecidas do povo;
gar a lei, de que se trata. Está decidido, que só o porque o mesmo Congresso dará um máo exemplo
perigo da patria deveria oppôr-se á lei, que determi para que não sejão cumpridas. De mais tem-se dado
na, que o Deputado não peça, nem aceite cousa al a entender que já se fez um erro quando esse Depu
guma do poder executivo; está reconhecido, que es tado foi nomeado, sendo Deputado para o comman
te mesmo perigo seja declarado por duas terças par do das armas, se isto foi um erro, ou uma indiscri
tes dos Deputados: e isto está declarado já? Existe ção do Congresso, perqunto eu se ele deve servir de
verdadeiramente este perigo! Ah! se isto he assim, s autorisação para commetter outro, e marcharmos de
os militares que estamos aqui desarmados (porque precipicio em precipicio! (Foi chamado á ordem ge-_
desarmados devemos entrar neste Augusto recinto pa ralinente: e continuou) eu disse se foi um erro ; e
ra fazer a lei) armemo-nos, vamos a soccorrer a pa por isso não o affirmo, quem souber portuguez ou
tria. Mas parece-me que estamos por ventura nossa grammatica concluirá que tenho falado bem e que es
longe de tal crise. Considerando por outro lado a tou na ordem; quem diz se, não afirma; diz-se o ge
questão, se se houvesse de fazer uma lei a este respei neral Sepulveda tem sido benemerito, concedo: eu
to, não deveria consultar-se a justiça neste Augusto conheço seus merecimentos patrioticos; mas vamos
Congresso! Por ventura, um marechal de campo,
Y
1217 |
•
nós, com essa nomeação se premeia o general Sepul. patente, he uma comunissão que podia dar o Gover
vcda! Não he de certo com essa concessão que assim no do mesmo modo a um coronel, ou a quem bem:
o faremos: além de que vamos escandalisar e ofender lhe parecer. Nem por isso ha motivo nenhum de es
a outross officiaes benemeritos e mais antigos. Será candalo para os oficiaes mais antigos que Sepulveda,
sómente benemerito o general Sepulveda? Desengane porque hoje póde ter esta Commissão, e amanhã a
mo-nos, eu sei o que são revoluções, e sei que ás ve póle deixar de ter: ninguem fica preterido, nem tem
zes as circunstancias fazem os homens: outro algum motivo de se escandalizar o exercito; antes pelo con
portuguez tão honrado como Sepulveda talvez fizesse trario deve ter a vaidade de ter no seu seio um gene
o que elle fez em iguaes circunstancias; porque eu ral tão valoroso e benemerito como o general Sepul
não supponho todos os outros incapazes de libertar e veda. Meu voto he, que se regeite o parecer da Com
servir a sua patria. Um illustre Daputado tem trazi missão, e que se conceda ao Governo o que pede.
do exemplos dos romanos para mostrar como premia O Sr. Feio: — Quando a Commissão deu este
vão os serviços; mas em contraposição poderia dizer parecer teve em vista as decisões e o decoro do Con
se, que os gregos desconfiavão tanto mais daquelles gresso, e não as qualidades pessoaes, ou merecimen
que por seus relevantes serviços mais adquiriào a esti tos militares do brigadeiro Sepulveda. A Commissão
mação publica. Finalmente nós temos decidido que julgou que não podia, nem devia assentir á proposta
nenhum Deputado possa ser empregado do Poder exe do Ministro da guerra, e não só estranhou, mas até
cutivo; e por isso eu pugno, e pugnarei sempre pela se persuadiu que ninguem deixaria de estranhar, que
sustentação das leis deste Congresso. este munistro ignorasse tanto a marcha constitucional,
O Sr. Miranda. — Eu não posso admittir o pa que se atrevesse a dirigir ao Congresso uma similban->
recer da Commissão, nem tenho ouvido razões que te proposta. E que motivo allega ele? Mais alguma
me decidão a seu favor. Em quanto á primeira parte facilidade no expediente. E seria este motivo bastante
não ha fundamento para admitir o dito parecer; em para que a Commissão tivesse mais respeito á propos--
primeiro lugar o general Sepulce la não he quem pe ta do Ministro, do que ás decisões do Congresso ! Se
de, he o Governo quem pondera que não póde estar o Congresso julgar que deve revogar as suas decisões:
º cominando das armas da corte, e da provincia da o póde fazer: mas se se pretende que ellas sejão illu
#""" em pessoas diferentes; por conseguinte didas, não deverá ser isto encarregado á Commissão,
o he como recompensa, que lhe dá tal cargo; e de guerra, mas a uma outra Commissão composta
longe disso he um emprego de grande responsabilida. daquelles que tem censurado o seu parecer. . . •
de, e um cargo póde ser pesado, e assaz oneroso paº ... Eu assignei esse parecer porque o achei justissimo,
Ia quaesquer hombros. Como o Governo mostra que e depois que tenho ouvido as razões com que ele tem,
não póde estar separado o mando da província do das sido combatido, mais me confirmo na minha opinião
armas da corte, he necessario couceder-lhe o que pe A minha divindade he a justiça: eu não queimo, nem
de, de que se encarregue ao general Sepulveda o queimarei já nais incensos a ninguem. +
commando da provincia , ou então que entrasse O Sr. Borges Carneiro: — Se se tratasse de con
em discussão se era ou não de interesse da nação, ferir o Governo alguma graça ou mercê, poderião ter,
que conservasse ou não o commando das armas o ge lugar algumas das refleções que hei ouvido; bem que,
neral Sepulveda; e se se tratasse desta questão eu po ainda nesse caso, teria a accrescentar que se um dos
deria mostrar que he agora tão necessario como quan primeiros regeneradores da Nação portugueza não po
do se lhe deu o dito encargo: (Apoiado apoiado) de desse acceitar graça alguma do Governo, seria isso bem
ve lançar-se os olhos sobre Hespanha, e sobre o nor duro; seria accusar de injusto ou indecoroso haver Rie
tº, e se verá que as circunstancias não são acaso mais go, e Queiroga em Hespanha acceitado tres patentes que
favoraveis do que então eão. lle necessario não dor já acceitárão. Mas eu não insisto neste pensamento;
mirinos, nem estar n'um soccego confiado; he neces insisto em não considerar o commando que se quer
safio tanta vigilancia como ate agora temos tido; dar ao general Sepulveda, senão como uma mera com
Pºis se tem havido tranquilidade he por essa mesma missão: e se se quer não se lhe dê o titulo de Gover
vigilancia como até agora temos tido; pois se tem ha nador das armas da Estremadura, porém encarregado
Vido tranquilidade he por essa mesma vigilancia das interinamente do commando dellas, pois não se tem
Cortes e do Governo. De mais disso, ha uma consi em vista conferir-lhe despachos, mas sómente satisfa
deração muito particular a que attender: o Governo zer ás necessidades e razões que o Governo expoe
declama esta providencia, e se se lhe negar, e acon Diz o Ministro da guerra que o expediente vai muito
tecer qualquer cousa, não dirá, — eu com tempo re mal com a partilha em que se acha o commando da
queri se me concedesse dar a esse homem o comman força armada da Estremadura em duas pessoas. Na
do da provincia para conservar a publica tranquilida verdade tenho ouvido a alguns oficiaes o embaraço
de, e se não se conservou he consequencia da decisão em que se achão recebendo ordens pelo commandan
das Cortes ! (Apoiado) Pelo que pertence ao que te te das armas da província, e pelo da força de Lisboa
nho ouvido dizer, sobre a disciplina do exercito he e suas dependencias, e que não sabem para onde se
uma refexão que me tem admirado. Pois quantos hão de voltar. Para se dar pois unidade á direcção
commandos. ha que estão entregues a patentes inferio da força, e ao systema directivo de toda a provincia
Tes! E todos os commandantes geraes das armas não propõe o Governo a necessidade de accrescentar ao
estão debaixo do mando do ministro da guerra! Além com mando das armas da corte o resto que lhe falta,
disso: este cargo não he uma patente, nem se dá a que cuido vem a ser mais o batalhão de Thomar, o
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regimento de Leiria, e a praça de Peniche. Em sum la feliz e sincera união do Rei com a sua familia ; já
ma trata-se de dar uma pequena extensão á autorida pela disciplina do nosso exercito; já pela docilidade
de que já tem o general Sepulveda, e de fazer com e civilisação do povo portuguez: mas assim mesmo
que o accessorio siga ao principal. Parece mesmo que quem nos segura de que não haja alguns lomens ma
que sem ver supprimido o titulo de governador das levolos que se queirão aproveitar de uma occasião
armas na pessoa de Sepulveda, nem mesmo necessi que se lhes apresente! Entre tantas mudanças e refor
tava o Governo de pedir autorização das Cortes para mas, na collisão e perda de tantos interesses e tantas
conferir áquelle general mais alguma extensão da au esperanças,
agitação ! não poderá apparecer um momento de
• •
Ouvi dizer que Sepalveda por ser Deputado he antigo não recebe ordens do brigadeiro, mas da com
inviolavel, e que por esta razão sendo commandante missão em que elle está, bem como agora as recebem
da provincia não poderia ser castigado se commettes do Secretario d'Estado que he um major, e dos go
se algum erro. Facil resposta: o Deputado he invio vernadores das praças, qualquer patente que elles te
lavel sómente por suas opiniões; mas não he pelos nhão. Voto pois contra a Commissão.
delictos que possa commetter. Se o general Sepulveda O Sr. Castello Branco: — Eu respeito tanto,
na comunissão de que já está encarregado, ou naquel como os honrados Membros da Commissão militar,
le de que para o futuro o estiver, commetter algum as leis estabelecidas por este Congresso, e pugno tan
erro ou delicto ha de ser sujeito a um conselho de to pelo decoro do Congressso, só ha uma diferença
guerra; porque não tem inviolabilidade senão no que entre nós; e he que caminhamos todos com a mesma
toca á funcção de Deputado de Cortes. Disse-se tam boa fé, e para o mesmo fim; mas por diferentes ca
bem: º está á dispozição das Cortes. » Não está. minhos. He pelo mesmo, por que os honrados Mem
» He inamovivel.» Não he. As Cortes não lhe po bros da Commissão de guerra fundão o seu parecer
dem dirigir ordens algumas. Se commetter uma pre para salvar o decoro do Congresso, e o respeito devi
varicação ou outro delicto, póde logo o Governo re do ás leis, he por isso mesmo que eu julgo que nós
movelo, e depois se o crime não o inhabilitar voltará iriamos atacar a utilidade dessas leis, que nós iriamos
a occupar uma cadeira nesta Assembléa. faltar ao decoro que se deve ao Congresso; porque em
Não nos illudamos, Senhores: o Governo e as fim he preciso não sermos contradictorios, e permitta
Cortes não podem bem desenvolver-se a fazer tantas se dizer, que nós iriamos fazer isto em toda a extencção
reformas, se não estiverem apoiadas em uma força da palavra a adoptar-se o parecer da Commissão de
confiada a pessoa que possua toda a sua confiança, a guerra. Na occasião da instalação deste soberano
da mesma tropa, e a do povo. He necessario que es Congresso, para darmos á nação inteira uma prova
tejão nos empregos pessoas indentificadas com o sys do bom espirito que animava os Membros deste Con
tema da Constituição. Em Hespanha (confessado ha gresso, e que todos elles erão inaccessiveis aos aos at
pouco por um deputado em uma sessão do Parlamen tractivos do poder executivo, nós declarámos, como
to francez) traz o nosso governo (de França) gente um principio oonstitucional, que nenhum Deputado
paga para promover a dissensão. O ouro e a intriga de Cortes seria empregado fóra do Congresso. Entre
estrangeira não estão parados. He verdade que entre tanto por mais alta que fosse esta lei, nenhuma ha
nós não são tão accessiveis aquellas pestes, já pelas que não mereça alguma excepção, e esta devia tela,
boas luzes que a Universidade de Coimbra tem difun porque tudo deve ceder quando se trata da salvação
dido, especialmente nas materias ecclesiasticas; já pe do Estado. Nós vimos que podia haver um caso ain
- [ 249 ] +
da que extraordinario, em que a salvação da socie vido pelo Governo, quaes forão os motivos que nos
*de dependesse de ser empregado um individuo do levárao a essa decisão! Não o disfarceinos: nós não
Congressº: nós estabelecemos uma excepção a essa estavainos certos do espirito que aminaria o novo Go
lei, e necessariamente haviamos de estabelecer, como verno estabelecido entre nós, e por tanto demos uma
fºcº geral, o que determinámos, que o Deputado providencia para acauteliar um abuso, que o Gover
Pºderia nesse caso ser empregado; mas como essa ex no podesse com inetter na parte essenciat da segurança
cºpção fundada na absoluta necessidade poderia servir publica. E agora que estamos felizmeu te seguros do
de pretextº tituitas vezes para fins particulares, nós bom espirito do Goveano executivo; agora que nós
tiveimos em vista isso, e decretámos que o mesmo estamos intimamente persuadidos de que ello procede
Congresso por duas terças partes de seus Membros de acordo com este Congresso, iado) he que nós
determinaria o caso em que a excepção podesse ter vamos a pôr entraves ao que elé mesmo quer? Quan
lugar: com que está determinado pela parte do Con do nós estabelecemos que o Governo he responsavel,
gres-º tudo quanto se necessita. Verificou-se efectiva agora he que nós lhe havemos de tirar os meios com
mente º caso de ter lugar a excepção pelo Congresso que póde tornar sobre si essa responsabilidade! Cón que
permittida. O Governo propoz a este soberano Con justiça, quando se lhe seguissem desastres, por se lhe
sesº, que tinha necessidade de empregar um Depu negar o que pede, se lhe poderia fazer efectiva a res
tºdº para uma Commissão, para a qual não queria ponsabilidade! Não se tºrnaria este mesmo Congresso
nenhum outro. Que quer dizer isto? O Gouerno dava responsavel com a nação, porque não adoptou as
a entender que a Patria se achava em perigo, e que medidas en quanto á segurança publica que o Gover
*cessitava e º taes circunstancias desse Deputado. O no havia proposto; e porque havia cortado ao mes
Congresso julgou que não devia entrar n’uma discus no Governo os meios que lhe parecião convenientes !
são, que poderia inquietar a nação; mas que era ne Não seriamos nós responsaveis á nação! E que res
cessario attendur á opinião do Governo, e empregar ponderiamos nós en. ào ! Eu pela minha parte protes
esse homem, que o Governo necessitava. O Congres to altamente que não tomo sobre mim similhante res
sº não transgrediu a lei: julgou que o caso em que ponsabilidade. Eu estou persuadido das boas inten
#dia ter lugar a excepção tinha chegado, ainda que ções do Governo, e devo conferir-lhe todos os meios
não julgou prudente que devia agitar sobre isso uma que ele me propõe, quando tudo me mostra que es
discussão. Mas por ventura este caso será o unico em ses meios não podem ter outro fim mais que a utili
todo o curso de nossa regeneração! Ah! Provera Deus dade publica. Que fariamos nós se o Poder executivo
que ele o fôra! Mas cada um consulte-se a si mes propozesse a este Congresso a remoção do genaral
mº, dispa-se cada um de prevenções, e verá que tal Sepulveda do commando das armas da corte; não
vez mais agora do que nunca nos achamos em perigo; teriamos nós toda a razão de pensar que havia no
porque agora mais que nunca se assesta a artelharia Governo vistas sinistras ! Não seria então que nos
para destruir de um golpe o magestoso edifício da opporianos com maior força ! Pois não seria uma
nossa Constituição. Olhemos o que se pratica entre contradicção, se nós haviamos de proceder assim na
nossos vesinhos, vejamos as cavillações que contra o quelle vaso, contrariar agora o Governo quando obra
systema constitucional se praticão todos os dias, e de accordo com o Congresso! Poder-se-me-ha dizer
consideremos que nós estamos separados de Hespanha que não se trata de remover o general Sepulveda, que
bem eomo os que se achão n’um baixel se vem sepa se trata de dar-lhe uma nova Commissão; mas se el
rados das furiosas ondas do occeano por uma fragil le está já á dispozição do Governo por um decreto
taboa. Desgraçados nós se Hespanha succumbe. E que do Congresso, quem póde embaraçar ao Governo para
vemos nós na Hespanha! E quanto vemos lá não der augmentar essa autoridade, uma vez que o julgue util,
venos recear entre nós mesmos? Não temos provas de e uma vez que julgue dependente dahi a utilidade
que entre 1. is ha demasiado; quem procura tornemos ás publica. Por tanto he para sermos sempre coheren
antigas cadêas do despotismo ! E a quem temos nos en tes com os nossos principios, para sermos coherentes
carregado a segurança publica! He o Congresso que com a marcha que devemos seguir, que eu impugno
se acha encarregado de vigiar sobre ella ! Não he o altamente o parecer da Commissão, e voto porque
poder executivo? E todos os dias não estamos aqui se conceda ao Governo o que pede. •
clainando que não devemos intronettermo-nos nas at O Sr. Presidente: — Ha um oficio que deveria
tribuições do poder executivo? Qual he a attribuição tratar-se em sessão secreta: porém póde-se perguntar,
do poder executivo senão vigiar com todo o cuidado se a Assembléa quer continuar nesta discussão.
possível na conservação da sociedade! Por quem he Alguns Srs. Deputados disserão: continue, conti
que devemos ver o perigo da Patria senão pelo Go I] 11C • • +
verno! Não he elle que tem unicamente nas suas mãos O Sr. Franzini: — Sobre a ordem peço a pala
ºs ineios para chegar ao perfeito conhecimento das vra. Este negocio he tão claro, que se podia pergun
circunstancias em que se acha a nação! Quando na tar se está suficientemente discutido. •• -
incertesa do espirito que anirearia um Governo, que Alguns Srs. Deputados manifestárão que era fóra
se ia estabelecer de novo entre nós, cessando as func da ordem tal pergunta, por haver muitos que ainda
ções daquete, em quem tinhamos plena confiança, querião falar sobre a umateria; e resolveu-se que con
nós extraordinariamente demos uma providencia para tinuasse a discussão.
a segurança publica; determinatido por um decreto O Sr. Poroas: — Se eu me levantára para fazer
que o commandante das armas não poderia ser reino a apologia do general Sepulveda, levantar-me-ia se
* *
li
+
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guramente com prazer; mas não he esta a questão; veda; porque isto não he uma recompensa; nós não
por tanto não me levanto para isto, nem para fazer encaramos aqui senão o betu da causa publica, e se o
exclamações; senão para analisar se o parecer da Com bem da causa publica pede que isso se faça, faça-se
missão he ou não conforme com a lei. Eu com muita por meios legaes; mas não procurando subterfugios
repugnancia examinei o oficio do Ministro, pois jul ás leis, porque isto não he docoroso para o Congres
guei que era mais proprio da Commissão de Consti so. Tem-se dito que o coronel Trent mandava no
tuição, que da de guerra; porém tendo sido encami Porto, e tinha um marechal de campo debaixo do
nhado pelo Congresso á Cemmissão de guerra, foi seu commando: este he um facto; mas direi eu, que
necessario que esta se incumbisse delle. A primeira he triste cousa argumentar com o tempo do despotis
cousa que neste caso devia encarar a Commissão, mo, no tempo em que só deve regular a lei.
era a lei que havia a respeito do que no dito oficio O Sr. Pinto de França: — A Commisão deu o
se tratava. Esta lei he bem conhecida por todos os parecer que devia , e não podia julgar de outra fór
illustres Deputados, e até a marcha da primeira deci ma, porque existem leis, que estão fallando, e não
são não he ignorada pelo Congresso, que resolveu, se lhes podia impôr silencio. Eu ouvi a um illustre
que nenhum Deputado podesse sair do Congresso pa Deputado dizer, que a patria estava em perigo; nes
ra ser empregado no Poder executivo, senão quando te caso digo eu, que a Commissão decidiu bem igual
a patria estivesse em perigo, e quando este perigo fos mente, porque ella não podia ter em vista senão a
se préviamente declarado pelo Congresso. O Congres lei já sanccionada, e não lhe tocava conhecer e deci
so estará lembrado de que o Deputado de que se fa dir se a patria se acha em perigo, seu parecer foi se
la foi pedido pela Regencia para uma Commissão, gundo a lei; mas se parece realmente que a patria
sem se dizer que Commissão, e saíu sem declarar-se está em perigo, e que neste caso o brigadeiro Depu
se a patria estava em perigo; como este Deputado te tado em Cortes possa acceitar esse cargo, faça-se uma
ria sido efsctivamente empregado se não se tivesse lei para este caso.
fulgado conveniente dispensar aquella lei! Dispensou O Sr. Trigoso; — Esta questão em si mesma he
se com efeito, e depois houve uma decisão do Con simples; considerada em suas circunstancias externas
gresso para que nem o commandente das armas da torna-se complicada. He o Governo que pede que seja
Corte, nem o intendente geral da policia podessem concedido um Deputado de Cortes para occupar um
ser removidos até que se jurasse a Constituição. Mas lugar; pede-se um Deputado que já está empregado,
esta decisão tão justa, no tempo em que teve lugar, um collega nosso de um merecimeuto distincto, ete.
póde ser muito bem que depois que se viu a harmo Estas circunstancias digo que me parece que fazem o
nia que havia entre o Governo e o Congresso, não negocio complicado; mas se prescindimos das circun
fosse já necsssaria; e menos por conseguinte, o seja stancias, e o consideramos em si mesmo o acharemos
hoje, a dar-se uum novo emprego do Poder executivo simples. Consiste pois a questão se o Governo póde
a um Membro deste Congresso. Pelo que pertence á pedir um Deputado de Cortes para lhe dar uma coin.
questão, olhada militarmente, direi que me accom missão, que pertence ao poder executivo, e se as Cor
modo com o que a este respeito tenho ouvido ao Sr. tes podem conceder para este fim um de seus Mem
Pinto de França, e aos que falárão no seu sentido; bros. Parece-me que nem o Governo póde pedir, nem
porque esta profissão que se estriba essencialmente na as Cortes conceder. O Governo não póde pedir, por
honra e no decoro, he tão melindrosa, que qualquer que ha uma lei que determina que os Deputados de
cousa a este respeito a ofende. E conhecendo isto, Cortes não possão requerer, nem acceitar emprego do
he o Ministro que eu julgo responsavel de dizer que poder executivo, e em consequencia nem as Cortes po
he a vontade do Rei, e falar em nome do Rei, fa dem conceder, porque tambem pela mesma lei se fi
zendo esta proposta contraria ás decisões do Congreaso gárão a não permittir que Deputado algum podesse
e da lei fundamental militar. Mas tornando á questão, exercer emprego do poder executivo senão no caso de
eu quizera que se jutgasse necessario que o brigadeiro que a patria se ache em perigo, e que isto seja de
sepulvena continue no commando: (como he minha clarado por duas terças partes dos Membros do Con
opinião particular, a pesar de que não tenho podido, gresso. Considerando assim a cousa, parece que não
nem duvido dar outra no parecer da Commissão, con póde ter uma boa decisão o requerimento do Gover
sultando a lei) quereria eu que o Congresso fizesse no. Se se trata dos accidentes a questão he mais com
uma lei dirigida a esse fim, a qual poderia ser auto plicada; trata-se de um general que tem contraído
risar ao Goveeno, para poder nomear de commissão grandes meritos na regeneração da patria, e parece
o brigadeiro Sepulveda capitão general da Extrema que estamos agora em circunstancias taes em que he
dura, porque esta era uma decisão que salvava tudo; necessario dar toda a latitude ao Governo, por isso
mas fazer-se isto de outro modo, seria chocar, como que temos confiado a elle a segurança publica. Entre
já levo dito, o melindre e a honra militar. Se a patria tanto ainda estamos na mesma; os incidentes se vem
estivesse em perigo, eu sou marechal de campo, e se desapparecer, porque não tem nada com a questão
ría o primeiro que iria nas fileiras, debaixo do com principal. O Sr. Deputado Sepulveda tem grandes
mando de qualquer benemerito cidadão; mas isto mcritos na causa da regeneração da patria; mas por
mesmo que eu faria, e farião outros muitos, só na ventura he este o premio que se lhe dá ? Os outros
quelle caso, não sei se n'outras occasiões poría em regeneradores pedem, ou se lhes dá agora o premio
contigencia de introduzir a anarquia no exercito. Não de iguaes meritos! De nenhuma maneira: logo não se
se fale do merecimento particular do brigadeiro Sepul quer premiar ao Deputado Sepulveda, nem essa con
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sideração tem nada que ver para a decisão da ques por alta razão não julgo se deva conceder ao Gover
tão principal. He verdade qne elle já tem uma com no o que pede. Protesto que me he muito doloroso
missão , e essa commissão que lhe foi dada pelo go ter que negar ao poder executivo o que pede a favor
verno executivo o foi em consequencia de condescen de um collega meu, que eu estimo muito, e cujo me>
dencia das Cortes, as quaes não duvidárão que seu recimento he conhecido de todos; mas entretanto he
Deputado podesse exercer tal commissão; mas o decreto necessario, porque não he bem que se diga, que nós
que a isto agora se oppõe foi posterior a essa nomea concedemos ao Governo um collega nosso, quando
ção: ainda não havia lei alguma, que prohibisse aos não o pede para a segurgnça da patria.
Deputados o poder ter emprego no governo executi O Sr. Pinto de Magalhães — Pouco me resta ac
vo, e em consequencia não havia então lei alguma crescentar ao que se leva dito; mas como se trata de
que embaraçasse ao Sr. Deputado Sepulveda o rece um collega nosso, e de um collega tão identificado
ber uma commissão qualquer ainda mesmo que não com o systema constitucional, que o que contra este
se tratasse, como efectivamente não se tratava, de systema se faça não he possivel que não interesse ao
perigo da patria. Depois disso houve a lei, e o Sr. dito Deputado; e como vejo que se trata de fazer
Deputado Sepulveda não podia de maneira alguma uma excepção da lei a seu favor sem necessidade al
ser sujeito a ella; devia ser conservado na sua com guma, o que redunda em menos cabo do mesmo sys
missão, e justamente o tem sido; porque aquella lei tema, não posso dispensar de fazer algumas observa
que se fez posteriormente á sua saída do Congresso, –ções. Devemos primeiramente discorrer sobre o officio
não podia reger para uma commissão que já tinha to do ministro. Em primeiro lugar fala em nome do Rei,
mado; as actas daquella decisão nos obrigão para não o que he comprometter o Congresso, mas sabe-se que
fazer sair novamente de nosso seio a nenhum Deputa ElRei o que quer he o justo, e a vontade he do mi
do, mas não nos obrigão a chamar a quem tiver sai nisterio. Em segundo lugar pede a revogação de al
do; porém isto não quer dizer que se possão dar no gumas leis em que se estriba o melindre do Congresso:
vos empregos áquelles a quem se derão antes da exis uma dellas he aquella que promulga, que um Depu
tencia de tal lei. tado não poderá pedir, nem acceitar emprego algum
Mas entretanto as circunstancias da patria! Para do poder executivo: isto já digo compromette a hon
isto sómente me encaminho. Eu que não pertenço á ra dos Deputados, e nunca o Governo deveria fazer
Commissão que redigiu esse parecer, nem por esta ra tal proposta sem haver uma grande urgencia, aliàs o
2ão me acho no caso de defender a opinião que ella ministerio mostra que quer conromper o Congresso.
ennuncia, levantei-me unicamente, porque ouvi falar Outra lei he a da ordenança militar, que diz, que
muito em perigo da patria; ouvi dizer que ao Go do commando de uma provincia não se encarregará
verno pertencia defendela, e que este era um dos mo nunca senão um official que tenha certa e destinada
dos porque o Governo a podia melhor defender: por patente; se bem me lembra no regulamento de 1816,
isso me levantei, porque exista ou não exista o peri art. 3." me parece que diz, que ha de ser tenente
go da patria, não he esta a questão: se o Governo o general. No entretanto basta só para decidir-nos a
tivesse declarado assim, eu que sou de opinião que o regeitar tal proposta a primeira lei, que o ministerio
brigadeiro Sepulveda não deve agora ser commandan quer que se revogue. Entretanto vamos a vêr o que
te das armas da provincia da Extremadura, anuiria allega para que se dispense a um Deputado de tal lei,
a que o fosse uma vez que o dito perigo da patria a mais essencial de um governo representativo. Eu
tivesse sido pronunciado por duas terças partes dos não vejo que possa haver outra causa para esta ex
Membros do Congresso. Mas o Governo não diz tal cepção senão a utilidade publica; mas todos os Srs.,
cousa, diz unicamente que pede o brigadeiro Sepul que falão a favor da proposta do ministerio conhecem
veda para essa commissão em razão de convir assim a pouca força do fundamento que allega, e por isso
para a melhor unidade do serviço. He necessario pois occorrem a considerar o eminente perigo da patria;
que fixemos nisto a nossa attenção: se com efeito a porém já está desidido que tal perigo não se conside
patria estiver em perigo, do que Deos nos livre, e en ra existente, senão em quanto for declarado por duas
tão o Congresso o declarar por duas terças partes dºs terças partes dos Membros do Congresso. O grande
seus Membros, eu serei o primeiro a convir que se motivo que o ministro allega he este: (leu o officio
acceda á petição do Governo; mas se a patria não es do ministro) todo o pretexto he a regularidade do
tá em perigo, e se o Governo não he nesta razão serviço. Não sei que inconvenientes resultem, e além
que se funda, segue-se que não podemos conce disso não tem existido essa mesma difficuldade por
der-lhe o que pede; porque temos uma lei em con tanto tempo desde que nosso illustre collega foi encar
trario da qual os mesmos Deputados de Cortes, que regado do commando das armas da côrte até hoje?
a fizerão devem ser os mais escrupulosos observadores. Seguramente julgo que existiu. Diz-se que o expedien
Em quanto a haver mais regularidade no serviço, nós te he pouco uniforme; e por este pequeno encommo
temos visto a patria em perigo muitas vezes, e ape do que póde remover o ministerio deverá o Congresso
zar disso temos tido esses dois lugares separados: se revogar uma lei em que tanto interessa seu decóro,
com efeito a patria tem estado em perigo alguma e a segurança publica! Fala-se de que a patria está
vez depois da nomeação do Sr. Sepulveda, ele tem em perigo: eu não vejo, que segundo requer o regu
estado mandando até agora as armas da corte, e tem lamento, haja moção nenhuma de Deputado para
havido outro commandante da provincia da Extrema tal declaração, nem creio, nem Deus o queira, que
dura sem que isto tenha causado transtorno; e até nos achemos nessas circunstancias; de conseguinte
Ii 2
[ 252 ]
aonde estão os motivos que podem desculpar sene haveria razão para censurar o Governo? (Não, não :
lhante resolução! Lembrão-se os meritos de nosso il disserão varios Srs. Deputados.) O general Septalveda
lustre collega; mas não se trata disso, nem se trata foi nomeado para uma Commissão, mas esta não foi
de que a patria esteja em perigo: se tal cousa existis determinada, só se o Congresso a quizer agora deter
se desejariamos que a esse Deputado tão illustre se lhe minar; (apoiado, apoiado) mas quando o general
desse não só o commando que se requer, senão o de Sepulveda foi para fóra do Congresso, não foi para
todo o exercito; porém do que se lhe quer encarre commandante das forças da capital, foi para tudo,
gar he do governo das armas da provincia: se se dis foi para aquillo em que o quizesse empregar a Regen
sesse, a patria está em perigo, e o brigadeiro Sepul cia: não estejamos a subtilizar as leis, esta he a ver
veda, que está commandando 103 homens he neces dade. O Governo o empregou naquella Commissão;
sario que commande 20, ou 303, ou todo o exerci agora não se julgou autorizado para ampliala, e por
to, isso entenderia eu, e nesse caso o Congresso te isso recorreu ao Congresso. Duvida-se se os generaes
ria a desidir duas cousas, 1.° se a patria estava em de maior patente obedecerão a Sepulveda: concedo.
perigo, 2.° se se havia de acceder á proposta do Go Argumenta-se com a honra, e com a delicadeza da
verno; mas só por dizer-se que assim convem á me vida militar: tambem concedo; mas em primeiro lu
lhor comodidade
ficiente razão. do expediente não julgo que seja suf
• /
gar não supponho, que o Governo proponha ao Con
gresso medidas, que cauzem deshonra ao exercito; nem
O Sr. Fernandes Thomaz: — Sr. Presidente: eu supponho que debaixo do commando de Sepulveda
não desejo falar sobre esta materia senão para impu ponha pessoas de maiores graduações militares; porém
gnar dois pontos tocados por um illustre Preopinan ainda quando isso fosse não se poderião trazer exemplos
te; sobre o mais não falo porque já está bastante disso mesmo, que agora se receia, e para o qual em
mente discutido; e além disse porque não he da mi algum tempo não se olhou! Que patente tinha o ma
nha profissão, nem entendo se as leis militares são rechal Beresford quando veio a Portugal! E não corn
ou não applicaveis ao caso de que se trata. A pri mandou generaes! Mas esse era estrangeiro podia fa
meira cousa que tenho a notar he, que se accusa o zer tudo!! Que patente tinha JKellesley quando des
ministro da guerra (que não conheço, nem vi nun embarcou em Portugal? E não commandava gene
ca) por ter feito ao Congresso uma proposição em raes !! Não vemos nas outras nações um oficial de
nome de ElRei: pergunto eu se não he uma lei deste menor patente commandar a officiaes de patentes su
Congresso, que todas as propostas das secretarias se periores quando se julga, que isso he necessario a bem
jão expedidas em nome de ElRei. Por consequencia da patria ! Diz-se tambem, que se vai fazer uma ex
não acho que por isto seja o ministro digno de cen cepção da lei, que promulgou o Congresso: não ha
sura. Não supponho tambem em segundo lugar, que tal excepção, a primeira lei he o bem publico, esta
seja exacto o principio que se expendeu, de que o he a verdadeira regra geral: as outras he que são nes
ministro queira por este modo corromper os membros te caso as excepções. Tem-se dito tambem que a na
do corpo legislativo, significando que os membros ção não está em perigo: eu não sei se está ou não es
deste Congresso poderião votar deste modo, julgan tá, o que sei he, que se trabalha de todas as partes
do elles que se poderião ver no mesmo caso; mas o ne para que ella o esteja: (apoiado, apoiado) sei que se
gocio de que nós tratamos está em circunstancias mui chegarmos a esse ponto não ha de ser com leis, nem
to diversas; se se decidisse agora que saísse o general argumentos methafisicos, que temos de defender a na
.Sepulveda fóra do Congresso, então conhecia eu es ção. Pergunto, que he o que tem resultado de que o
se perigo que aponta o Preopinante: mas o general general Sepulveda se encarregasse do commando das
Sepulveda já está fóra do Congresso, e o estava quan armas! Que todos tem estado tranquillos e contentes;
do no mesmo Congresso se tomou essa resolução de que o exercito se tem achado satisfeito, e que a tran
que os Deputados não podessem receber, nem pedir quilidade publica não tem padecido alteração. E di
mercê alguma. Por consequencia o receio que tem o go eu: isto he bom, ou hemáo! Pois se he bom por
Preopinaute não póde ser applicavel a este caso, por que não tratamos de o conservar! Ouvi dizer, que
que se trata de uma cousa que se fez quando ainda até aqui se tinhão servido estes lugares desunidos; Deus
não estava feita a lei; e a lei não póde ser applicavel nos livre, digo eu, de continuarmos a viver como até
a esse caso, porque ella não olha para trás. Se aqui. Ultimamente he necessario desenganarmo-nos:
olhasse, como diz o Sr. Trigoso, seria necessa em quanto não houver homens iminentemente inte
rio tornar a fazer entrar o Deputado Sepulveda ressados no bem da patria, e no progresso do actual
em nosso seio. Consequentemente, o receio de cor systema empregados nelle, nem a causa prosperará,
rupção deve ir longe daqui: os que tem falado a fa nem poderá ir a diante. (Apoiado, apoiado) Eu não
vor do general Sepulveda, supponho eu, e julgo que quero falar na pessoa do general Sepulveda; porque
supponho bem, que não querião considerar applicaveis as suas obras falão mais eloquentemente, que o que
aos outros Deputados, circunstancias que são parti delle se poderá dizer. Mas supponhamos que o Go
culares delle. Tem-se considerado isto como uma mer verno propunha: he necessario que um coronel tenha
cê, ou como um emprego; mas eu o não considero em esta commissão, duvidar-se-ia em acceder a tal pro
nenhuma destas classes: o general Sepulveda foi cha posta! Certamente não. Diz-se que não se deve con
mado para uma Commissão indeterminada: pergun siderar a pessoa do general Sepulveda: eu creio que
to eu, se o Governo não tivesse consultado o Con sim, porque a questão está ligada com a sua pessoa:
gresso, e tivesse elle mesmo ampliado essa Commissão até agora com ele tem-se conservado a tranqüilidade
[ 253 ]
publica, e a proposta he feita em consequencia da está em perigo, concedo, mas he para que a patria
confiança que a sua pessoa inspira. Nisto não se trata de não esteja em perigo que se deve conceder ao Gover
perterir ninguem; mas se se julga ofendida a delica no o que requer. (Apoiado). Diz-se que o que altega
deza militar, em que oficiaes de superior graduação o ministro he a regularidade do expediente, mas his
obedeção em algum caso áquele que for de inferior, so entende-se a boa conservação da ordem, destruir
que inconveniente ha no caso presente, em que se, se a incerteza que ha da autoridade a quem se deve
por exemplo, em Peniche, ou em outra parte ha obedecer; estabelecer-se a ordem, e a obediencia a
um official de maior patente, que não possa ser man quem se deve obedecer, e isso ninguem me negará
dado pelo general Sepulveda, se remova, e se ponhá que tende a conservar a tranquilidade, e a seguran
outro a quem ele possa commandar? O que quere ça publica. (Apoiado).
mos, e o que he principal he que isto vá ávante, e " . O Sr. Borges Carneiro: — Como vejo que se
que sejão encarregados os postos de importancias ás põe difficuldade principalmente em formulas extrinse
pessoas em que se possa ter uma confiança absoluta. cas. Lembro que não se diga ao Governo que póde
(Apoiado, apoiado) Eu não culpo a Commissão por nomear a Sepulveda Governador das armas da Ex
ter opinado assim, pois ela opinou bem, e eu mes tremadura, mas que fica habilitado para poder dar á
mo nas Commissões sempre opino conforme as leis Commissão em que Sepulveda está ha oito mezes,
existentes, entretanto no caso exposto ao Congresso, aquela extensão que julgar necessaria. Senhores!
parece por todas as razões já ponderadas, e porque Lembremo-nos que estas Cortes são extraordinarias,
assim o pede a causa publica, que visto que º gene e extraordinarias são as circunstancias em que hos
ral Sepulveda saíu daqui para uma Commissão inde achamos. Lembremo-nos de que Napoles perdeu a
terminada, e que não se trata mais que de ampliar sua liberdade por cingir-se ás formulas extrictamente
esta Commissão, se deve conceder ao Governo o que émedidas
a decantada
fortes emoderação, quando se precisava de
extraordinarias. • -
propôe. • • •
O Sr. Pinto de Magalhães: — Ouço ainda argu O Sr. Castello Branco: — Levanto-me pará di
mentar com a segurança pública, e já se tem dito, zer duas palavras. Eu talvez exagerasse, segundo o
que o ministro não alega tal cousa, o que alega só: pensar de alguns honrados membros, o perigo em
mente he a regularidade do expediente, e não me pa }" a patria se achava; mas tambem quando se trata
rece justo que tanto se declame a favor da segurança e cousas tão serias não posso menos de dizer meu
publica, não sendo esta a questão, nem achando-nos parecer. O mesmo honrado membro que têm atacado
neste caso, pois he fazer olhar como inimigo da segu o meu parecer, tem dito que seria indécoroso fazer es
rança publica todo aquelle que levado de sua honra ta decisão, porque estamos diante de uma classe que
pugna pelo decóro do Congresso: não se trata dessa tem os olhos no Congresso, e que proeura continúa
questão, quando se tratar então falaremos della; do mente desacreditalo. Ele diz isto, "emia de baga
que se trata, e o que eu não quererei que nunca tella o perigo em que a patria sé acha? He então
aconteça he, que não se tenha que dizer, = legisla quando eu creio que ha um partido poderoso, que
dores quando pensasteis em fazer uma lei geral, e não pertende descreditar o Congresso; que eu digo quê a
olhasteis para os vossos companheiros seguistels então patria está em perigo. Que seria da patria se o Con
as regras da justiça; mas quando se tratou de um in gresso fosse desacreditado, se ele se dissolvesse? Pede
dividuo particular vosso collega transgredisteis as leis a prudencia, que porque o perigo não he evidente
=. Eu não quero, repito, que tal cousa se tenha que nos descuidernos até que nos achemos com o punhal
dizer neste Congresso. (Apoiado). na garganta! Se se tratasse da minha existencia não
Falou em Hespanha um illustre Deputado: todos importava para a sociedade nas minhas circunstan
deplorão o estado de anarquia em que começa a cias; mas a minha morte acarretaria muitas, e ainda
achar-se aquela nação: tambem não entrou na ques que assim não seja de interesse, o he para os que me
tão se isso poderia ou não influir em nosso socego; confiárão este encargo. Diz o honrado membro, que
mas ao mesmo respeito digo, que Queiroga está na ponderando o perigo da patria se põe em coalisão
quellas Cortes, e não tem saido dellas para encarre aquelles que votão a favor do parecer da Commissão:
gar-se do commando de alguma província; mas em e porque não direi eu pela mesma razão, que elle
fim todas as nações deverião imitar a Nação Portu procura pôr igualmente em coalisão aos que votão
contra? *
gueza, e ter inveja da marcha que tem levado na sua * * * * * **
revolução: tenhão todas a sabedoria, e a moderação O Sr. Lino: — Eu tinha que dizer mais alguma
que elía tem tido até agora, e não se verão expos palavra reflecionando sobre alguns argumentos que se
tas a similhantes choques. Mas estamos confun tem posto. Tem dito o Sr. Fernandes Thomas que
dindo as questões , estamos creando gigantes aonde em conceder o que o Governo pede lão se faz mais
não apparecem
considere senãofóra
a questão pigmeos;
do seu eu desejo que
verdadeiro se que ampliar um pouco mais á Commissão do briga
não de
ponto deiro Sepúlveda; mas não he isto assim: ser ediu
vista, o qual he se estamos no casº de derrogarmo, a mandante da força armada, ou Governador de uma
lei que prohibe, que os Deputados possão acceitar província, são duas cousas diferentes que o Governo
empregos do poder executivo. dá. O Governador de uma provincia trata da econº
•
O Sr. Franzini: – Reprovo o parecer da Comº mia da província, o outro não trata mais que da
missão, e sou de opinião qué he necessario conceder força armada. Eu sería de opinião que, julgando-se
se o que o Governo propõe. Diz-se que a patria não necessario, se desse ao aosso collega mando de mais
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brigadas, e se fizesse general em chefe do exercito; Para Filippe Ferreira d'Araujo e Castro.
mas isso não he o mesmo que ser governador da pro
vincia. O honrado Membro, o Sr. Castello Branco, Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
diz que como ha quem considere que a patria está tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
em perigo quando se confessa que ha inimigos occul attendendo á necessidade de estabelecer a mais rigo
tos; mas nenhuns portuguezes, senão este Congresso rosa economia da fazenda publica por meios adequa
por duas terças partes de votos, póde declarar que a dos: ordenão que d'ora em diante se não consultem
patria está em perigo; e os inimigos occultos não se nem provejão os lugares que vagarem em qnalquer
combatem senão com a probidade, com a justiça, e repartição publica, salvo em caso de absoluta e reco
honradez. Apoiado, nhecida necessidade, da qual informará o respectivo
O Sr. Soares Franco: — Eu voto contra o pare chefe da mesma repartição sob a mais estricta respon
cer da Commissão, e direi porque em poucas pala sabilidade. O que V. Exc." levará ao conhecimento
vras. O general Sepulveda foi concedido á Regencia de Sua Magestade.
para uma commissão qualquer, e se lhe disse, que Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 20
ficava autorizada para dar-lhe a commissão que julgasse de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
conveniente, sem designar qual havia de ser; em
quanto se não recolhe essa ordem póde ser empregado Para José da Silva Carvalho.
no que o Governo julgue util; nem era preciso que
o Governo para isto tivesse consultado o Congresso; Illustrissimo e Excellentissimo Senhor — As Cor
em consequencia essa extensão não se oppõe a ne tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
nhuma lei do Congresso. Ha outra razão: quando se sendo-lhes presente pela relação, que deu a Commis
determinou que nenhum Deputado de Cortes podesse são encarregada do exame, e melhoramento das cadêas
ser membro do Poder executivo se entendeu que era da cidade do Porto na data do ultimo de Janeiro pro
para que não podesse ter influensia; mas o general ximo passado, acharem-se presos nas cadêas da rela
. Sepulveda, que está ha oito mezes fóra do Congres ção daquella cidade, e ainda não sentenciadas, duas
so, que não vota, nem vem aqui, que influencia pessoas ha dez annos, quatro ha nove, quatro ha oi
póde ter ! Tambem não creio que se opponha o que o to, uma ha sete, seis ha seis, cinco ha cinco, dez ha
#…m, requer á disciplina militar; pois já se tem quatro, dezoito ha tres, e trinta e seis ha dois; e por
manifestado exemplos em contrario. Voto por tanto quanto as leis prohibem tão escandolosas demoras co
contra o parecer da Commissão. mo contrarias á administração da justiça, e ao direi
Foi julgado suficientemente discutido o parecer da to dos presos, ou das partes ofendidas, e em certos
Commissão, e tendo-se posto a votos na primeira vo casos determinão um breve prazo, dentro do qual pre
tação, houve empate, pelo qual havendo duvida, re cisamente se hão de acabar os livramentos, impondo
querêrão alguns Srs. se fizesse nova votação nominal; penas aos juizes, ao escrivão, ou ao solicitador das
e tendo-se isto mesmo posto a votos se resolveu, que justiças, segundo o § 2.° do alvará de 31 de Março
não. de 1742: mandão excitar a attenção do Governo pa
Tornou-se a votar na fórma do costume o pare ra que se informe de cuja culpa tenha procedido a de
cer da Commissão, e foi reprovado por 47 contra 46 mora em processar, e sentenciar os ditos presos, e fa
votos faltando 19Srs., que havião saido, tendo-se de ça castigar na fórma das leis a quem nella fôr culpa
clarado que para sua final decisão se estivesse em ses do, transmittido ao soberano Congresso o resultado
são permanente. desta importante diligencia. O que V. Exc." levará
Designou o Sr. Presidente para ordem do dia o ao conhecimento de Sua Magestade.
projecto da refórma das cameras, e na prolongação o Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 20
projecto sobre a moeda de ouro. de Fevereiro de 1822. — Jodo Baptista Felgueiras.
Levantou-se a sessão ás tres horas e meia da tar
de. — José Lino Coutinho, Deputado Secretario. Para o mesmo.
referido parecer. O que V. Exe." levará ao conheci juiz de fóra de Mourão, Alipio Antero da Silveira
mento de Sua Magestade. Pinto dirigiu ao soberano Congresso, para as urgen
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 20 cias da Nação, de todos os emolumentos, que tem
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. vencido, e de futuro vencer, pela prontificação de
transportes naquelle lugar. O que V. Exc. levará ao
Para o mesmo. conhecimento de Sua Magestade.
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 20
Illustríssimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
attendendo ao que lhes foi representado por Jeronimo Para Candido José Xavier
de Arantes, relativamente ás resoluções tomadas em
Cortes em 4 de Setembro e 2 de Novembro do anno Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor
proximo passado, ácerca do navio Oeceano, a cujo tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
respeito contende com Antonio Martins Pedra, filho tomando em consideração o oficio do Governo expe
e companhia, ponderados seus fundamentos; eu vis dido pela Secretaria de Estado dos negocios da fa
ta dos quaes apparece não ser o referido negocio da zenda, em data de 28 de Novembro de 1821, sobre
competencia das Cortes, mas do Poder judicial; re a duvida que occoria ácerca da estação em que deve
rolvem que fiquem sem efeito as citadas ordens, e li rião ser satisfeitas as pensões pagas pela thesouraria ge
ral das tropas nos termos das ordens das Cortes de 26
vre a cada um dos litigantes o uso dos direitos que
legitimamente lhes assistirem perante as autoridades
de Abril, e 26 de Junho do dito anno, e examinadas
competentes. O que V. Exe, levará ao conhecimento juntamente as inclusas relaçõs das mesmas pensões de
de Sua Magºstade. signadas pelas letras A, B, C, D, E, F, e trans
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 20 mittidas ao soberano Congresso pela Secretaria d'Es
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. tado dos negocios da guerra em data de 25 de Julho
duquelle anno, em virtude da ordem de 12 do mes
Para José Ignacio da Costa. mo Inez; resolvem o seguinte: 1.° quanto á primeira
relação inelusa letra A, a qual consta de 173 pensões
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor conferidas em consequencia da campanha do Roussil
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza lon por decreto de 20 de Janeiro de 1794, importan
ordenão que lhes seja transmittida copia da provisão do actualmente a quantia de 503.200 réis em cada
do Erario de 27 de Fevereiro de 1786, registada na mez, bem como quanto á segunda, designada por le
contadoria geral das províncias do Reino e ilhas, ex tra B, que importa presentemente a quantia de
pedida á Junta da fazenda da Ilha da Madeira, a 106:900 ráis mensaes, relativa a trinta e tres pessoas,
favor do bispo, D. José da Costa Torres, para re por portaria de 6 de Setembro de 1810, em conse
ceber a parte dos cahidos do tempo da Sé vaga. O quencia da explosão do castello da praça de Almei
que V. Exc. levará ao conhecimento de Sua Mages da, não tem lugar alguma reducção: 2.° quanto á
tade. terceira relação letra C, constando de quarenta pes
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 16 soas, e importando actualmente a quantia de 712:850
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. réis, em virtude da ultima guerra, por decretos, car
tas regias, oficios, portarias, e avisos; por não ser
Para o mesmo. justo que algumas pensionarias recebão, como até ao
presente tem recebido, o soldo por inteiro como pen
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor são, e mais ametade pelo montepio, contra o titulo
tes Geraes e Extraordinarias da Nacão portugueza de suas concessões, e em iguaes circunstancias das ou
mandão remetter ao Governo, a fim de ser competen tras, por ser commum a todas o decreto de 21 de
temente verificado, o incluso oferecimento da cama Janeiro de 1815, diminuir-se-ha ametade das respe
ra da villa de Mourão, para as urgencias do Estado, ctivas pensôes ás agraciadas n.° 5, 6, 7, 8, 14, 15,
da quantia de 1: 100:564 réis, constante da letra jun 16, 23, 27, 38, visto que se achão nos referidos ter
ta n.° 3:904, saccáda por José Joaquim Ribeiro e mos, a fim de ficarem recebendo como todas as mais
Silva, em 27 de Julho de 1815, e acceita pelo com constantes da mesma relação C ametade do soldo pe
misario em chefe, em 5 de Agosto do mesmo anno. lo montepio, e outra ametade como pensão; mas se
O que V. Exc. levará ao conhecimento de Sua Ma acontecer que algumas dellas nada percebão de mon
gestade. tepio por não terem os falecidos oficiaes contribuido
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 20 para elle, receberão nesse caso o soldo por inteiro a
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. titulo de pensão: 3.° quanto á quarta relação letra
D, a qual consta de 71 pensões conferidas por graça
Para Candido José Xavier. ou rocompensa de serviços, e importa mensalmente a
quantia de 1.094:420 réis, incluidas algumas que tem
Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor vagado no valor de 56:310 réis, observar-se-ha o se
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza guinte; a saber: a pensionaria numero 7, visto que
mandão remetter ao Govervo, a fim de ser competen recebe ametade do soldo pelo montepio, receberá co
lemente verificado, o incluso oferecimento, que o no pensão sómente outra ametade; ao pensionario
\
[ 256 ] • *
numero 14, Bento Xavier de Velasco, cessará o ven Os Srs. Deputados à baixo assignados oferecêrão
cimento de 1200 rés diarios por quatro cavalgaduras, a seguinte declaração de seus votos.
que se lhe mandarão abonar por aviso de 10 de Se Pedimos, que se declare na acta, que nós na ses
tembro de 1820; a supervivencia da pensão de 3003 são de ontem approvámos o parecer da Conmissãº
réis concedidos ao pensionario numero 17, Luiz José militar ácerca de não poder o Sr. Deputado Sepul
da Lança, a favor de sua mulher, em remuneração vcda acceitar o emprego de governador das armas da
de serviços, por decreto do 1.° de Outubro de 1818, provincia da Estreinadura, que o ministerio lhe quer
não póde ter lugar; a pensão mensal de 20.000 réis dar. Lino Coutinho, Araujo Lima, Pereira de Ma
concedida ao pensionario numero 23 , José Maria galhães, Govea Ozorio, Pedro José Lopes, Martins
Neves Costa, por aviso de 27 de Outuhro de 1811, do Couto, Trigoso, Camello Fortes, Peixoto, Bar
em quanto estivesse empregado na reedificação da reto Feio, Moura Coutinho.
praça de Almeida, e mandada continuar, depois del Na sessão de outem, quando se tratou do pare
la concluida, por outro aviso de 26 de Janeiro de cer da Commissão de guerra relativo ao Sr. Deputado
1813, deve cessar, assim como suspender-se a pensão Sepulveda, votei a favor do mencionado parecer Oso
de 150.000 réis annuaes concedida ao carcereiro da rio Cabral. •
cadeia de Belém, referido em n.° 70, por aviso de Declaro, que na sessão de ontem votei contra a
14 de Julho de 1806, em quanto aquella cadeia con eleição directa dos jurados; bem como votei, que não
tinuasse a servir de prisão dos militares do regimento se autorizasse o Governo para nomear o Sr. Deputa
1° de infanteria, 4.° de cavallaria, e legião de tropas todo Sepulveda governador das armas da Estramadu
ligeiras; finalmente, sendo a pensão numero 37 con ra, em quanto não se propozesse, e decidisse, que a
cedida a Bernardo José da Maia, tenente coronel patria estava em prigo, — Soares de Azevedo.
aggregado do regimento de infanteria de voluntarios Na Sessão de onten foinos de voto, que não hou
reaes do commercio, por oficio do Marquez d'Aguiar vesse eleição de jurados: que fossem jurados todos os
de 30 de Março de 181ó da quantia de 200.000 réis cidadãos não excluidos pela lei, e que destes fosse ti
annuaes pagos a quarteis, e vindo ele na relação rado por sorte o conselho dos jurados, para cada vez
contemplado com o vencimento mensal de 50.000 que fosse necessaria a sua reunião. — Guerreiro; Ro
réis, quando este deve ser o de cada quartel, quando drigues de Brito; Luiz Monteiro; Gomes Ferrão;
isto não seja erro na relação, se lhe descontará nos Monis Tavares ; Francisco Antonio dos Santos ;
pagamentos seguintes o que indevidamente tiver já Quental da Camara; Rodrigues de Bastos; Ferrão;
recebido: 4.° quanto á quinta relação letra E, a qual Eleitc Lobo.
consta de 31 criados das cavalhariças reaes, que esti O Sr. Secretario Felgueras observou, que não ten
verão ao serviço dos quarteis generaes do Duque de do havido na sessão antecedente votação privativa, que
Victoria, e Marquez de Campomaior, e importa a expressase os positivos termos da delibaração do so
quantia de 88.870 réis mensaes, por officio do Mar belano Congresso sobre a proposta do Governo rela
quez de Aguiar de 29 de Janeiro de 1815, e aviso do tivamente ao Sr. Deputado Sepulveda, pedia se vo
Governo de 3 de Outubro de 1816, e bem assim tasse sobre a seguinte.
quanto á sexta relação, designada por letra F, que
importa mensalmente em 376.290, relativa a 15 pên |- IN D I c AçÀ o.
sionarias do montepio, que não sendo comprehendi
das nos planos, e no regulamento do exercito de 21 Proponhº que o Goveruo fique autorizado para
de Fevereiro de 1816, são abonadas por diversas or que ampliando a Commissão do commando da força
dens, não tem lugar alguma alteração: 5.° todas as armada da capital, Cascaes, e Setubal, de que se
pensôes de que nesta resolução se trata continuarão a acha encarregado o Sr. Deputado Sepulveda, o possa
ser pagas por folha separada dos soldos e montepio: tambem interinamente encarregar do governo das ar
6." em fim, attendendo a que a contribuição para o mas da província, segundo a proposta feita pela Se
Inontepio he cada vez mais insuficiente para o seu cretaria de Estado dos negocios da guerra em officio
pagamento não serão admittidos novos contribuintes, de 3 de Janeiro do presente aano. — Felgueiras. .
em quanto se não estabelecer novo plano sobre este Foi approvada.
objecto o que V. Exc." levará ao conhecimento de Passou o inesmo Sr. Secretario a dar conta do
Sua Magestade. • •
expediente mencionando os seguintes officios.
- Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 20 1. Do Ministro dos negocios do Reino, incluindo
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. a consulta da junta do commercio ácerca dos traba
Redactor — Velho. lhos, que lhe enviou a Commisão de Guimarães. A
Commissão de commercio. •
[ 257 j
4.° Do mesmº ministro encerrando outro officio riencia mostra que até agora não obstante serem as
do governo do Seará, que tambem se mandou rever camaras presididas por magistrados de letras, sempre
ter ao Governo. • • •
Feita a chamada, achárão-se presentes 105 De municipal não sei como se achará um cidadão que
putados, faltando 313, a saber: os Srs. Mendonça queira servir pelo tempo de tres annos sem lhe dar
Falcão ; Povoas ; Girão ; Canavarro ; Ribeiro alguma indemnisação: o que não convem he que es
Costa ; Sepulveda; Bispo de Béja ; Gouvêa Durão ; ta indemnisação seja tirada á força de emolumentos:
Pessanha ; º Araujo Pimente! ; Soares Franco ; voto por tanto que sirva só por um anno; assim to
Fan 2eller ; Jeronymo. Carneiro ; Brandão ; Al do o cidadão empregará uma parte do seu tempo no
meida e Castro ; Queiroga ; Mantua ; João de Fi serviço publico. • • •
gueiredo ; Castello Branco ; Pinto de Magatháes ; O Sr. Brito: — Para que os escrivães da camara
Ferreira Borges ; Faria ; Moura ; Afonso Frei executem bem as funcções dos seus cargos, he neces
re; Sousa e Almeida ; Ribeiro Teixeira ; Ribeiro sario duas cousas, que elle o saiba bem servir, e que
Saraiva ; Gomes de Brito ; Grangeiro ; Bandeira ; elle o queira bem servir. Para bem o saber servir he
Ribeiro Telles. preciso que elle dure muito tempº, porque sem pra
Passando-se á ordem do dia, entrou em discus tica não se póde aprender; e para que o queira bem
são a ultima parte do artigo 2.° do projecto de de servir, he hecessario que tenha interesse: elle não te
creto sobre a organisação provisoria das camaras (v. rá interesse em servir bem senão tiver receio da perda
a sessão de 16 do corrente). A este respeito disse do seu officio, e para recear esta perda he necessario
O Sr. Borges Carneiro: — Estas tres proposi que o oficio seja de propriedade; e para que elle co
ções já estão vencidas: o que eu quizera agora se de nheça como o ha de servir he necessario que seja per
clarasse, he que logo que vagassem os actuaes escri pétuo. Esta perpetuidade entende-se em quánto bem
vães das camaras, os seguintes fossem secretarios ele servir, porque uma vez que commetta algum erro no
ctivos, devem ter exercicio por tempo de tres annos. oficio, he necessario ser privado dele, e impôr-lhe
O Sr. Soures de Azevedo: — Eu approvo que as penas da lei como se faz com os mais empregados
sejão electivos mas não concordo em que sirvão por publicos: em consequencia não acho inconveniente
tres annos. Difficilmente se encontrarão homens que algum que seja este oficio vitalicio. Quanto á nomea
em táo curto tempo possão servir bem, e cumprir ção, seja embora electiva, que eu julgava que elles
com as suas obrigaçoes: parece-me por tanto que el fossem nomeados pelas camaras. Diz-se que um es
les devem servir como os outros empregados. Sejão crivão da camara sendo perpétuo, adquirirá grande
electivos, mas devem servir em quanto bem servirem. ascendencia sobre todos os vereadores. Eu respondo
O Sr. Borges Carneiro: — Isso não serve de en que, se este escrivão he um homem máu, senão tem
baraço porque senão cumprirem com as suas obriga luzes, he impossivel adquirir essa ascendencia, por
ções podem demittir-se; ha meios de os castigar. Por que ela não se adquire sem talentos e sem virtudes;
tanto torno a dizer que não ha inconveniente em que e se as tem, o ascendente que toma sobre os vereado
sejão electivos e sirvão por tres annos. res longe de ser um mal, então he um bem: uma
O Sr. Guerreiro: — Se consultarmos sómente o vez que estes vereadores sejão homens livres, estes
melhor expediente dos negocios, eu seria de voto que homens não podem receber influencia alguma do es
estes officios fossem de propriedade, pois só assim crivão. Fala-se do ordenado: não o ha, e quer-se que
he que o escrivão poderá adquirir a pratica e mais sirva bem! Parece-me, que querer-se que estes ho
conhecimentos necessarios, para o bom desempenho mens sirvão bem sem lhe pagar, he um impossivel.
do seu officio, como são o conhecimento das leis mu Não se póde esperar de um homem de talento e vir
nicipaes, e particulares de cada concelho; porém des tude que sirva bem, e imparcialmente qualquer empre
ta propriedade, seguem-se muitos inconvenientes; e go publico sem ordenado: deixemos falar os estoicos,
º principal de todos eles, he o escrivão pela sua acti deixemos essas historias. O interesse he a mola real
vidade em todos os negocios, ganhar uma ascenden do coração do homem. Quanto ás arrematações das
cia sobre todos os que compõem o concelho. A expe coimas, eu creio que o illustre Preopinante está enga
#
…!
nado quando diz qüe se prohibí1ão: eu até scria de nos! Porque motivo, se elles servirem bem? Eu não
opinião que se arrenatassem todas essas #", he o º o vejo. O meu parecer he que sejão vitalicios para
meio de se executarem bem as leis municípaes. A mi tomarem amor ao officio , e para se fazerem homens
nha opinião he que os oficios de escrivão da cama de bem ao menos por interesse.
ra sejão electivos, e vitalícios, em quanto servirem O Sr. Araujo Lima: — Como estamos a fazer
bem. "
uma reforma provisoria, a respeito dos escrivãos que
O Sr. Miranda: — Eu não posso admittir o prin são vitalicios, lembro que se diga no artigo desta fór
cipio de que os escrivães da camara sejão vitalicios, ma: Que os aetuaes escrivães vitalicios se conservem 2
nem que sirvão por tres annos. Isto não he tão util mas se vagar algum, o concelho o nomeará interina
como parece ; porque no primeiro anno não tem lu mente; e isto até á reforma. . *
zes, no segundo não tem actividade, e só no tercei O Sr. Arriaga: — Não me posso conformar cou
ro anno he que se suppõe que sirvão, bem. Eu não a opinião de que não seja vitalieio o escrivão da ca
considero este officio tão grande que qualquer homem mara. Este he um dos officios que tem muito traba
que tenha aptidão o não possa servir; por conseguin lho, tem uma fórma de processo, e muitas obriga
te o meu voto he que sejão eleitos por um anno. Os ções, e em algumas terras, como he a ilha do Fafál,
vereadores tambem tem trabalho, e servem gratuita o escrivão da camara até o he da saude. Como he
mente; não ha razão nenhuma para que servindo es Pois possível que um homem n'um anno adquira o co
tes de graça não sirvão os escrivães tambem... Eu creio nhecimento de todos estes negocios? Os vereadores são
que mesmo presentemente ha muitos concelhos onde uns homens escolhidos para servirem só um anno, e
o escrivão he electivo (assim como todos o hão de não sabem cousa alguma; e o que hão de elles fazer
ser para o futuro): parecia-me Bor conseguinte que senão tiverem um homem que os informe em que es
senta conveniente declarar tambem que onde costu tado estão os livros, etc. Portanto parece-me qne o
anão ser eleitos, o continuem a ser da mesma ma oficio não deve ser da fórma que se diz de servir só
neira. . um anno, mas sim em quanto elle tiver capacidade
•
O Sr. Soares de Azevedo: — Eu cuidei que isto para o servir. Quanto á formula da nomeação, que
era muito claro, mas vejo embaraço. He necessario reria que fosse eleito pelos vereadores. Em algumas
que nós advirtamos que o serviço de escrivão da ca Partes este officio he de propriedade. No Faial suc
mara não he pequeno, e não poderia facilmente ha cede isto, porém está cá o proprietario, e lá o ser
ver um homem que se queira incumbir de ser escri ventuario. Por tanto parece-me que devem ser ho
vão da camara gratuitamente; isto tem muito traba mens de probidade e intelligencia ; sendo desta fór
lho, não se achará ninguem que º queira servir de ma devem ser conservados, e senão deve ser nomea
graça. Alem de que necessita de ter conhecimentos. do outro pelos vereadores. Este he o meu voto. …
Se he necessario conhecimentos para o escrivão do pu Procedendo-se á votação, decidiu-se que a dou
blico, não são menos necessarios para º escrivao da trina em discussão estava vencida nas bases que ser
camara. Tem muito trabalho , tem suas fórmas de pro vírão para a organização deste projecto. !
cesso, tem outras cousas que se não adquirem em um Decidiu-se igualmente que o additamento oferecido
anno. Por conseguinte para ser bem servido he T}GCCS Pelo Sr. Borges Carneiro, para que os escrivães da
sario que tenha ordenado; de outro modo não pos: camara que vagarem sejão providos electivamente por
so comprehender que haja quem se queira entregar do tres annos, ficasse reservado para quando se tratar
officio de escrivão da camara. •
rºm ssões, que são os do anno anterior, os quaes já O Sr. Guerreiro: — Na supposição de que não
tem pratica, e por isso são mais habeis, do que os está vencida cousa alguma sob e esta discussão, digo
nomeados de novo; se houvermos de admittir a dou que na falta dos juízes de fóra , he absolutamente ne
trina dos dois substitutos, serão inais dois homens cessario que haja quem faça as suas vezes. Não póde
privilegiados, e que farão falta para os outros empre ser o juiz da terra visinha porque seria um incommo
gos municipaes o que deve ter se em vista, porque do para lhe recorrer, nem deve ter tanbe n um - a i
em muitos concelhos custará a achar os vereadores. , vogado, isto tem inconvenientes. Não vejo outro meio .
O Sr. Brito: — Eu sou daquella opinião, porque se não o indicado neste para grafo. Quanto porém a
º juiz que serviu o anno passado, já deu provas da dois substitutos parece-me que um bastará.
sua capacidade. Que necessidade temos nós de ir com O Sr. Andra la: — Isto não póde ser , principal
\licar º trabalho das eleições! Mesmo quando hou. mente no Brazil onde os juizes de fóra estão distanº
vesse muitos homens capazes nas terras pequenas, tes. •
ter servido bein o anno passado servirá bem no pre O Sr. Peixoto: — IIe verdade que pela ordena
sente anno, supponhamos antes que servirá bem aquel ção, na falta de juiz ordinario devolve-se a sua juris
le substituto que o povo neste anno elegeu para este dicção para o vereador mais velho; mas a pratica em
mesmo fim. Por tanto uma vez que se ha de alterar muitos concelhos está em contrario. Na provincia do
a lei, sustento o parecer da Commissão para que se Minho observa-se geralmente a ordenação: não assim
eleja um ou dois substitutos. * * * " , na da Beira, aonde he mais commum o cstilo de
O Sr. Brito: — Uma vez que fique a liberdade passar a vara para o juiz das remissões, que he o do
de eleger o juiz preterito, eu revogo a minha opi anno anterior: e em muitos lugares não póde ser de
Ill:20. |- • A
outra sorte, porque ha juizes sem vereadores. Agora
O Sr. Leite Lobo: — Se o juiz for impedido, pois, que os juizes tambem ficão sem vereadores, que
cºmo isto he provisorio, o vereador mais velho póde hajão de substituilos, adopte-se o estilo de recorrer ao
fazer as suas funcções; e o resto da camara podem seu inimediato, ou ao do anno precedente, preferin
tambem continuar as suas sem dependencia delle. Nào do aquelle que estiver desembaraçado; de maneira,
Vejº nisto inconveniente. • •
alimente, quando serve de juiz de fóra o veteador. O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu não supponho
mais velho, da
ministração o que traz bastantes inconvenientes a ad esta razão suficiente para que deixe de haver substi
justiça. * * - - •
|
ºs
nado quando diz qüa se prohibítão: eu até seria de
ºpini㺠que se arrenatassem todas essas penas, he o
meio de se executarem bem as "mº" A mi
nha opinião he que os oficios de escrivão da cama.
rá sej㺠electivos, evitalicios, em quanto servirem
bem.
O Sr. Miranda: — Eu não posso admitir o prin
cipio de que os escrivães da camara sejão vitalicios,
nem que sirvão por tres annos. Isto não he tão nº
como parece ; porque no primeiro anno não tem l".
zes, no segundo não tem actividade, e só no tercei
ro anno he que se suppõe que sirvão, bem. Eu nãº
considero este officio tão grande que qüalquer home…
que tenha aptidão o não possa servir; por consegui…
te o meu voto he que sejão eleitos por um anno, o
vereadores tambem tem trabalho, e servem grata
mente; não ha razão nenhuma para que servindº
tes de graça não sirvão os escrivães tambem. Eu -
que mesmo presentemente ha muitos concelhos
o escrivão he electivo (assim como todos o hº
ser para º futuro): parecia-me por consegui
seria conveniente declarar tambem que onde
não ser eleitos, o continuem a ser da mes"
neira.
O Sr. Soares de Azevedo: – Eu cuid
era muito claro, mas vejo embaraço. He
que nós advirtamos que o serviço de escri
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ver um homem que se queira incumbir |
vão da camara gratuitamente; isto tem
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|-
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|
de boa fé do que º
contão com os *
nelles para sua
contrario os º
senão parº
cla que
ficie
[ 261 ]
se objectos ci O Sr. Bispo de Castello Branco: — Parece-me
eles tem oc
não haver necessidade, nem mesmo utilidade em que
, e até os de este augusto Congresso determine que os clerigos pos
: muitos eccle são ser eleitos para vereadores das camaras, e como
º ue parece a al taes empregados no governo municipal, por quanto
seria uma determinação opposta á palava divina di
o com o illustre clada pelo apostolo S. Paulo nas palavras. — Nemo
ponho he que vá militans Deo, implicat se negotiis saecularibus. — O
agrafo, porque ex clero he uma ordem de pessoas divinamente instituida
as fazem confusas, e para ser empregada nos ministerios sagrados; e no
parecer que se de desempenho de suas obrigações serve a Nação que res
aquelles empregos que peita, e jurou manter a relgião catholica apostoli
"ma, e com esta ex ca romana. Assim como a tropa de linha em exer
e poderão entrar em cicio efectivo, he excluida do governo municipal das
ou não feita na fór camaras, por ser imcompativel um emprego com o
outro; com a mesma, e maior razão deve ser exclui
lo ouvido sustentar a do o clero, empregado nas funcções do seu ministerio.
ºs municipaes. Eu nun Esta exclusão não he efeito de privilegio-concedido
#o como nma classe de ao clero, pois delle certamente se não lembrou S.
tambem que todas as dis Paulo no lugar citado, he sim por não dever ser dis
ºfensivas ás pessoas com trahido das funcções sagradas, de que se acha encar
…não a maça da Nação, regado. Um legislador não deve tomar por funda
se está estabelecendo, não mento da lei o estado actual das cousas que se pra
para qualquer exclusão , e ticão, quando ellas tem declinado pela relaxação; con
servir de escusa para não ser venho em que a disciplina da igreja tem afrouxado
fisica, ou moral de qualquer algum tanto na ordenação de clerigos que se não
ue os clerigos são cidadãos, achão empregados, e se podem denominar vágos,
estar sujeitos a estas eleições mas he de esperar que a reforma ecclesiastica bem or
o que a qualidade de clerigo denada aperfeiçôe a disciplina da igreja restituindo-a
e os prive deste encargo, co á sua maior perfeição, que consiste em que todos os
na afluencia de negocios que os clerigos sejão empregados efectivamente no serviço
aliarem as suas obrigações como da igreja, ou se habilitem para o serem dignamente.
pretende que eles sejão exclui Por tanto o meu voto he que os clerigos não possão
não inteiramente contraria, por ser eleitos para os governos municipaes das camaras.
uma recairá tambem a eleição pelos O Sr. Marcos de Sousa: — O Sr. Bispo de Cas
, que por menos que sejão exce tello Branco expoz bem a minha opinião; e não te
dos seculares de algumas terras. Se nho mais que accrescentar, senão que o clerigo en
em razão dos seus beneficios não po carregado de servir a Deus não deve ser encarregado
bastante, estes muito embora sejão de outros negocios; eu fui eleito pela minha provin
cia para Deputado, e se não estivera agora aqui,
… — Nós temos estabelecido uma Con estaria confessando, e pregando, porém este he um
e restringir aos povos a liberdade de caso extraordinario legitimado pelas urgencias do Es.
º que os devem governar parece-me um tado; por tanto sou de opinião que os clerigos sejão
e uma barbaridade. Os povos não são isentos de servir de camaristas, e vereadores, por
abem muito bem quem hão de eleger, que ha muitos cidadãos aptos e capazes; e por isso
tutores; ninguem sabe melhor do que não temos necessidade de ir contra todos os canones
he convem : se elles assentarem que um da igreja, e até contra o direito divino, que nos
hom, porque razão se ha de prohibir, que prohibe implicar-nos em negocios seculares.
ao eleger? Ora não he do interesse publico fo). O Sr. Araujo Lima: —(Não o ouviu o taquygra
•
se nós nos privamos dos clerigos, não. vamos perder O Sr. Gouvêa Osorio: — Diz-se que os clerigos
esta parte de cidadãos! E porque motivo não ha de estão sujeitos aos encargos da sociedade, e que devem
a nação aproveitar-se delles! De mais eu creio que trabalhar, estou por isso porém devem trabalhar no
fazer esta exclusão em nada convem ao nosso syste que está ao seu alcance: eu lembrarei um caso de S.
ma; antes pelo contrario se chamarmos um clerigo, Cypriano..... e seria certamente uma nodoa muito
um corcunda, um homem pouco amante do systema grande para este Congresso determinar que os clerigos
constitucional, e lhe dermos um emprego publico; fossem admittidos nos negocios economicos.
em pouco tempo teremos um bom cidadão. Portanto O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu não posso sup
eu subscrevo a opinião dos illustres Preopinantes que por que o illustre Preopinante considere os clerigos
tem falado antes de mim para que os povos possão como quem não concorre nada para os bens da so
nomear quem lhes convier, e mesmo a respeito dos ciedade: os clerigos são precisos para conservar a re
militaros, ainda que sejão oficiaes de marinha eu não ligião, e por consequencia parece-me que não deve
vejo que daqui possa resultar inconveniente algum.
- ". [ 262 ]
mos tiralos desta linha em que se achão postos, para O Sr. Fillela: — Eu não ssei como um 'u'. cº
que não se diga que nós vamos pondo tudo isto mui deve pôr a data dos despachos, ler a importancº de
to a moda, e que queremos fazer dos clerigos secula uma divida, que se exige, etc etc, possa fazer istº
res; isto he uma classe destincta que não se póde dei sem que saiba os principios da arithinetic. Para tain
xar de olhar com distincção na sociedade, e longe de $ef>l CGSO DO VO. |-
nós o parecer do outro ilustre Preopinante que quer O Sr. Borges de Barros: — Srs. não ha nada
que os nossos clerigos sejão como os clerigos protes mais celebre do que uma igual discussão: convir nisso
tantes: Deus nos livre disso. Nós queremos que os o Congresso, seria o mesmo que condemnar á igno
nossos clerigos nos sirvão segundo as nossas leis, e a rancia a nação, quando devemos empregar todos os
nossa religião. |- meios paro illustrala: o pai que soubesse que seu filhº
O Sr. Sarmento: — A Inglaterra não foi sempre sem o incommodo, e dispendio das escolas, polia
protestante...A mudança da religião começou no exercer os cargos na sua terra, pouparia o incomino
reinado de Henrique VIII, e já antes desse tempo o do ao filho, e assi a despeza. Se ha falta de gente
clero catholico occupou os maiores empregos; e o pri que saiba ler e escrever, embora sejão admittidos por
meiro, que he o de chanceller mór do Reino, era ora, mas só por ora; e desde já se marque um pra
privamente occupado per ecclesiasticos, e he tão gran zo além do qual ninguem possa ser vereador, ou ter
de este emprego, que o unico que lhe precede naquel qualquer outro cargo na governança, sem saber ler,
la nação, he o primaz do Reino. Tenho por tanto ti escrever, e contar. •
te com que se entretenha: logo para que se ha de . O Sr. Lino: — Sr. Presidente: eu não sei co
carregar com outro encargo com que ele não póde! mo o homem que não sabe ler nem escrever possa ser
Ou ha de cumprir este, ou distrair-se do outro com juiz: como ha de elle ler um requerimento ! Isto as
que não póde; e por isso parece-me que se deve dei sim não póde ser. •
nas camaras — venceu-se que sim: 2.° se os militares O Sr. Lino: — Nós devemos marcar o tempo,
que não estiverem reformados, sejão da terra ou de e dizer que aquelas pessoas que dentro de 4 annos
mar, hão de ser tambem excluidos — venceu-se que não souberem ler neum escrever, não poderão ser nem
sim; e que isto mesmo se entenda a respeito dos of vereadores, nem juizes.
ficiaes de justiça, e mais empregados publicos, na O Sr. -Hiranda: — Não devemos dar a conhe.
conformidade do que indica o projecto. •
exija isso; mas agora parece-me que não he conve O Sr. Trigoso: — Eu não sei bem se aqui ha
Liente. algum artigo, que obrigue a servir o cargo de verea
[ 263 ]
or; se eles são obrigados então será muito gravoso tos, já indirectamente removendo todos os estorvos
º ser ele obrigado a servir um lugar contra sua von ás medidas de população, e industria, e buscando os
lade principaliaente quando ele for reeleito. meios mais faceis, mais prontos, e de nenhum vexa
O Sr. Freire: — He de esperar que com uma me, com que se possão fazer logo os ditos estabele
reeleição, esteja já em pratica a Constituição, porém cimentos, se apresenta, como o mais obvio, o syste
sempre será bom que se especifique, e se diga que po ma da reducção dos conventos de religiosos de um e
lerão ser reeleitos porém uma vez sómenre. outro sexo naquelle Reino, segundo o que neste se
O Sr. Brito: — Eu convenho que possão ser vai a praticar, procurada a conveniencia nacional
reeleitos,
tra porém que não sejão obrigados a servireon
sua vontade. • • • * * * * juntamente com o aprazimento, e commodidade dos
individuos: proponho que se faça sciente o Governo
O Sr. Borges Carneiro: "- Não serão obrigados de que deve com a maior brevidade ordenar aos go º
a acceitar
tos para osno anno annos.
outros seguinte porém poderão ser reelei
•
vernos das provincias daquelle Reino, as quaes tem
conventos, que remettão sem perda de tempo relações
O Sr. Fernandes Thomas: – Eu não quero fa circunstanciadas delles, declarando o numero de re
ter reflexão alguma, porém he necessario se declare o ligiosos, ou religiosas de cada um , seus serviços
que se ha de fazer no caso de que aquelle que for el actuaes á religião, suas rendas, de que naturesa, em
leito diga que não quer acceitar, hade-se tornar a jun qüe estabelecidas, e com que obrigações, o estado de
tar o povo! He necessario providenciar isto ou sendo cultura, on aproveitamento dos seus prediós rusticos,
eleito aquelle que tiver sido immediato em votos, ou e urbanos, o estado fysico, e capacidade de cada
de alguma outra maneira. º • •
monarquia devem participar dos liberaes efeitos do O Sr. Freire: — He necessario que a Constitui
governo constitucional. Postos estes principios, cum ção passe então para tres dias successivos, pois se não
pre indicar, que na cidade metropolitana da Bahia se tratar da fazenda senão de oito em oito dias, en-,
seja fundada com a possivel brevidade uma academia tão não temos nada feito; nós devemos tomar uma
de estudos methodicos, e com as mesmas faculdades resolução sobre este objecto, e muito seria, e cuidar
ensinadas em Coimbra, para que naquella provincia quanto antes de organisar a fazenda nacional.
de alem mar se aproveitem tambem as riquezas men O Sr. Xavier Monteiro: — O que diz o illustre
taes, os genios da zona torrida se desenvolvão, a Preopinante parece-me justo: porém o orçamento que
mocidade estudiosa e abastada adquira conhecimen oferece o ministro tem mil inconvenientes; por tanto
tos, que serão de grande proveito á Nação, e ao eu requeiro que elle seja avisado para comparecer, e
mundo inteiro. Esta a providencia que mais apetece assistir á discussão. Não ha nada tão complicado co
a Bahia, providencia que confirmará as boas inten mo o desenvolvimento dos processos particulares re
ções dos illustres Membros do soberano Congresso, lativos ao orçamento, e eu duvido mesmo que o mi
das quaes tenho dado repetidas informações. nistro possa responder ás muitas perguntas que se lhe
Eston promptissimo a coadjuvar os trabalhos da devem fazer: por hora em quanto a objectos de fa
Commissão de instrucção publica, e da fazenda # zenda estamos no mesmo estado em que, nos achava
assim parecer ao Congresso) pelo conhecimento das mos antes do dia 24 de Agosto de 1820.
localidades, povoação, e riquezas da Bahia, e indica . O Sr. Vasconcellos: — Eu requeiro, que como
rei os fundos patrimoniaes que me parecem appli ha uma hora de prolongação, nella se trate dos ne
caveis para este estabelecimento de publica utilidade. gocios do Brazil. Nós tenos cuidado muito nos po
— Marcos Antonio de Sousa. .
vos de Portugal, não temos podido tratar do Brazil,
Ficou para 2.º leitura. . - porque não se achavão presentes os illustres Srs. De
O Sr. Luis Paulino apresentou a seguinte putados daquellas diferentes provincias; agora que
eles se achão presentes não temos difficuldade algu
IN D I c Aç Áo. ma que nos estorve o tratarmos de seus negocios.
Decidiu-se que na Sessão de sabbado seguinte se
Como para se efeituarem quanto antes os desejos principiasse a discutir o orçamento, o que se devia
deste augusto Congresso em promover pelos principios
participar ao ministro para se achar presente a esta,
constitucionaes, e pela mais bem fundada liberalidade
e ás mais discussões que houvesse sobre este objecto,
º engrandecimento do Reino do Brazil, já directa e que nesta conforinidade se expedisse a orden.
mente com providentes leis, e uteis estabelecimen Chegada a hora da prolongação entrou em discus
•
['264 ]
são o seguinte projecto apresentado pelo Sr. Miranda trangeira de cobre fica sendo absolutamente prohibi.
na Sessão de 4 do corrente: da. — O Deputado Manoel Gonsalves de Miranda.
Lido pelo Sr. Secretario Freire o 1.° artigo deste
Projecto de decreto. -
projecto, disse - -
marca do seu peso e seu quilate. Não he preciso pois Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
haver moeda de ouro, e este he o meu parecer, por tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
ue elle deve sempre correr pelo preço do mercado. mandão voltar ao Governo os inclusos oficios do ex
O Sr. Andrada: — (Não pôde o taehygrafo apa governador presidente da Junta provisoria da provin
nhar o seu discurso). cia das Alagoas, Sebastião Francisco de Mello e Po
O Sr. Xavier Monteiro: — Senhor Presidente, voas, em data de 11 de Julho de 1821, e do gover
como se vai chegando a hora de levantar-se a sessãº, no provisorio do Seará Grande de 5 de Novembro
he necessario tomarmos quanto antes alguma resolu do mesmo anno, os quaes forão transmittidos pela
ção sobre este assumpto, porque as discussões, que Secretaria de Estado dos negocios da marinha com
officios de 20 do corrente mez.
tem havido a este respeito tem produzido o resultado
de que o ouro que até agora era genero, e não moe Deus guarde a V. Ex. º Paço das Cortes em 21
da, actualmente não seja uma cousa nem outra, em de Fevereiro de 1822— João Baptista Felguiras.
-
\
quanto o Congresso não decide o valor que deva ter Para Candido José Xavier.
a oitava deste metal, o que produz uma total esta
gnação das transacções que se costumão fazer sobre Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
este genero, ou com esta moeda. • •
Ó Sr. Presidente poz a votos o artigo, e se deci tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
diu que ficasse adiado. 1 •
tomando em consideração a proposta feita pelo Gover
Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia a no em officio expedido pela secretaria de Estado dos
continuação do projecto da Constituiçãº; e na hora negocios da guerra, em data de 3 de Janeiro do pre
da prolongação o projecto sobre a moeda. sente anno, relativamente a Bernardo Corrêa de Cas
tro e Sepulveda, Deputado em Cortes, actualmente
Levantou-se a sessão ás duas horas da tarde. - encarregado do commando da força armada da capi
Agostinho José Freire, Deputado Secretario. tal, Cascaes, e Setubal, em virtude da resolução to
mada em Cortes na data de 12 de Junho de 1821;
Resoluções E ORDENS DAs CoRTEs. resolvem que o Governo fique autorizado para que,
ampliando a referida Commissão, possa tambem inte
Para José Ignacio da Costa. rinamente encarregar o mesmo Deputado do governo
das armas da corte e provincia da Extremadura. O
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor que V. Exc." levará ao conhecimpnto de Sua Mages>
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza tade. •
Ll
[ 286 ]
Deus guarde a VV. mm. Paçº das Côrtes em 21 máo estado das cadeias de Pinhel, enviando o plano
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. de uma nova casa, e o orçamento de sua despeza,
mandade pêdir pelo Governo. A Commissão das ar
Para José Ferreira Borges.
Os Srs. Deputados abáixo assignados declarárão
As Cortes Geráes e Extraordinárias da Nação por os seus votos na fórma seguinte. — Na sessão de hon
tugueza concedem a V. S." licença por tanto tempo tem fomos de voto em contrario á decisão tomada de
quanto seja necessario para tratar do restabelecimen não poderem os clerigos ser eleitos para oficiaes da
to da sua saude; esperändo do seu conhecido zêlo e camara. — Guerreiro, Franzini, Ferrão, Moraes
ÁSarmento.
amor da patria, que apenas seja possivel, V.S." não
deixara de vir logo continuar neste soberano Congres O Sr. Deputado Mendonça Falcão pediu licença
so as funcções, de que dignamente se acha encarrega para se tratar na sua molestia.
do. O que participo a V. S." pará sua intelligencia. O Sr. Bastos ofereceu alguns exemplares de um
Deus guarde a V. S." Paço dás Cortes em 21 impresso, intitulado: Plano para a reforma e melho
de Fevereiro de 1822. – João Baptista Felgueiras. ramento do commercio, principalmente para a cidade
do Porto ; por um amante da Nação. Que se destri
Para Antonio Manoel da Silva Bueno. buão. *** .* *
legislaturas seguintes, sem infringir a Constituição, O Sr. Borges Carneiro: — O artigo 172 man
nunca instalar esta instituição. |-
dou-se voltar a Commissão sem indicação alguma pa
O Sr. .4nues de Carvalho: — Mas se nos codigos ra ser novamente redigido. O ortigo 173 está já de
ha de vir o systerna dos jurados, julgo então que não cidido, e approvada a sua doutrina. Quanto ao arti
he preciso fazer aqui esta declaração. go 174, o n.° 1." foi approvado; o segundo voltou á
O Sr. Caldeira: — Eu repito o que já por vezes redacção, a qual a Commissão á manhã apresentará.
aqui disse, e he, que os codigos podem estar feitos, Falta por tanto tratar-se do n.° 3." que ficou adiado,
de relados, e mesmo sanccionados; porém daqui não e deve agora entrar em discussão. •
se segue que elles conmessem logo a ter vigor. Aº O Sr. Camcllo Fortes: — Ficou adiado até á de
vistamaldisto
{az parece-me que o fazer a declaração não
algum. •
cisão do artigo 107; porém ele já está decidido. •
a Cotrimissão de justiça civil de fóra das Cortes; para . O Sr. Presidente: — O artigo diz: Sómente po
Principiar a tratar da formação dos codigos. Apoiado. derão ser prezos sem dependencia de culpa formada,
O Sr. Annes de Carvalho: — Insto tambem para etC. * • • - - - -
que se nomete a de instrucção publica; porque nada O Sr. Borges Carneiro: — Isso lá se tratará no
ha mais necessario do que isto. As escollas estão mui artigo 181, pois he dos casos em que estiver em pe
to más, e ha muita falta de educação. Sem que a rigo a patria; e então as Cortes fazem essa declaração,
instrucção publica esteja derramada, eu não sei como etc. Em lá chegando se discutirá. |-
se possa propagar o syssena constitucional. Estes são O Sr. Presidente: — Se ao Congresso parece,
ºs motivos que me induzem a pugnar para que se no passemos ao artigo 175.
meie. Apoiado, -
O Sr. Lino leu o art.
O Sr, Presidente: — Se ao Congresso parece se 175. Em todos os casos o juiz dentro de vinte e
tratará destas nomeações na primeira occasião oppor quatro horas, contadas do momento da prizão, man
luna. dará entregar ao réo uma nota por elle assignada,
Assim ficou resolvido. em que se declare o motivo da prazão , e os nomes
O Sr. Presidente: — Continua a discussão sobre do accusador, havendo-o, e das testemunhas que o
o artigo 172: arguirem.
O Sr. Guerreiro: — Parece-me que a diecussão . O Sr. Camello Fortes: — Este artigo está nas
do artigo 172, não póde ter lugar hoje, nem em Bases (leu), he exactamente o mesmo que aqui vem
no projecto. • *
quanto senão apresentar a nova redacção que se lhe |- • -
mandou fazer; e em quanto ella não vier, não se pó O Sr. Brito: — Peço a palavra. Este artigo pa
de tratar da sua materia. rece-me escusado, considerada a Indicação que eu of
O Sr. Presidente: — Eu achava-me doente, quan fereci em outro tempo sobre esta materia para nin
do se tratou deste objecto, e por isso não sei a reso guem ser recolhido á cadea sem primeiro ir á presença
lução que houve; mas se o illustre Preopinante está do juiz, e ser ouvido n’um previo interrogatorio, in
lembrado de que foi essa a resolução que houve, en dicação, que ficou reservada para agora, a qual deve
tão muito bem. • •
igualmente o art. 176, que êstá entre mãos, o deve vejo um perigo extraordinario nisso, já pelo risco de se
ser da mesma forma, pois que elle pertence aos jura escaparem os co-réos, já pelo susto das testemunhas
dos. Ao juiz pertence fazer todas as indagações, co etc. etc. E os illustres Preopinantes melhor do que eu
mo se o preso commetteu o crime que se lhe imputa; conhecem se póde haver, ou não, grandes inconveni
onde o commetteu, etc., etc. Requeiro pois ao Con entes admittindo isto.
gresso, tone isto em consideração, para nos não ver O Sr. Bastos: — Já está decidido que o inquiri
mos para o futuro em embaraços. to das testemunhas ha de ser publico, e porque o não
O Sr. Presidente: — Proponho ao Congresso se será igualmente todo o processo ! Esta regra geral
está bem discutida esta materia. Os Srs. que a julga parece apenas admittir a excepção recommendada pe
rem suficientemente discutida , queirão levantar-se. la honestidade, e a decencia lembrada por um Preo
Venceu-se que sim. - •
co. = Não proponho á votação, se deve ser omis O Sr. JMoura: — Podem resultar inconvenientes
sa: mas proponho primeiro, se se deve conservar de ser o processo publico, diz o Sr. Freire, he ver
tal qual está . . . . . . (foi interrompido pelo Sr. dade; mas de ser occulto podem resultar mil calami
Brito, que disse — A opinião do Sr. Moura não dades á innocencia. Qual he o primeiro fim do pro
foi rejeitada por ninguem na assemblea.—) + cesso crime! He apurar a verdade. Tanto interesse de
O Sr. Guerreiro: — O que eu propuz he = ve ter o juiz em punir, como em absolver: que se
que todo º processo depois da pronuncia seja publi escape o criminoso, mas apure-se a verdade. Esta nun
CO, • •
A lembrança do Sr. Sarmento, deve attender-se, pois O Sr. Soares de Azevedo: — São na verdade
haverá casos em que seja necessario haver alguma cau necessarias o fazerem-se algumas excepções ; porem
tela. Em quanto a deporem as testemunhas em pu repito o que já disse, que se reservem essas excepções
blico; julgo que ellas não terão duvida nisso, uma para se marcarem no codigo. He necessario lembrar
vez, que saibão do objecto, sobre que vão ser per mo-nos, e reflectirmos que não nos devemos persua
guntadas. - - dir de que o réo em publico confesse os seus delictos.
O Sr. Freire: — Eu não sou de opinião que o Poderemos igualmente persuadirmo-nos que as teste
processo seja publico antes da pronuncia, pois que munhas em publico tenhão a franqueza de declarar
[ *71 ]
udo quanto souberem sobre o objecto por que são dificuldade em approvar este artigo. Determinar em
perguntadas! Certamente não. Reparemos por tanto geral que em todos os crimes que às leis não exce
que nós não estamos legislando para um paiz de ptuarem, possão os réos livrar-se soltºs. He este ar
quimeras, mas sím para um paiz ilustrado. Acaute tigo um dos maiores para añançar à liberdade indi
lemos
se por seguir.
podem consequeneia os ineonvenientes que daqui vidual. Nada ha mais cruel é mais barbaro do que
•
O Sr. Manoel Antonio de Carvalho: — A liber O Sr. Moura: — Este artigo não he constitucio
dade deve manter-se ao cidadão sempre que ella não nal, este he regulamentar, deve ir fóra.
possa causar mal á sociedade ; ella he um bem esti O Sr. Presidente: — Os Srs. que approvarem,
mavel do cidadão, que se lhe deve conservar quanto que a doutrina deste artigo deve ficar para uma lei
caiba no possivel: em outros paizes, mesmo naquelles regulamentar, e por tanto omisso na Constituição,
em que se não professão idéas tão liberaes, e que se não queirão levantar-se! Decidiu-se que ficasse omisso.
tem querido adoptar uma liberdade tão legitima como O Sr. Freire leu o artigo 179. -
no nosso; chegão os prezos condemnados á morte, a . O Sr. Villela: — Eu acho que este, artigo está
poderem dar fiadores: como pois não se ha de admit nas circunstancias do anterior. (Apoiado, apoiado).
tir fiança em o nosso paiz? Estou pelo que muito bem O Sr. Borges Carneiro: — Eu tenho a opinião
disse o Sr. Brito, he um artigo constitucional; o ho contraria. Uma das causas por que eu louvo a Cons
mem não deve ser punido , não deve ser castigado, tituição de Hespanha, he porque ella consignou os
não deve sofrer pena alguma, quando ele satisfaz á principios liberaes, de que os legisladores dos annos
mesma sociedade aquillo sobre que elle a tenha offen futuros não podem resilir. Outro tanto devemos nós
dido. } fazer, porque de outra maneira acontece com o an
O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu supponho que dar dos tempos que o espirito publico se esfria, e con
a duvida do Sr. Guerreiro não he sobre a doutrina tra as liberdades publicas vem a passar cousas que
do artigo, pois creio que ele está persuadido de que agora não passarião. Em França por exemplo con
lhe constitucional, e que deve ir na Constituição ; a seguirião agora os Deputados sectarios do despotismo,
sua duvida he se póde ir antes de discutir-se o artigo que os crimes da liberdade de impresnsa fossem jul
172. Todavia parece-me que não tem fundamento o gados nos tribunaes, e não nos jurados, que foi o
que diz o Sr. Guerreiro, e que o artigo se póde dis mesmo que minar pela raiz a liberdade da imprensa
cutir já antes daquelle. Se neste artigo se tratasse de e conseguirião elles isto no anno passado, ou dahi em
especificar os casos em que a fiança devia ou não de para traz! Não certamente. Nas Cortes passadas de
via ter lugar, então poderia elle considerar-se como Hespanha já não se poderão estabelecer muitos prin
dependencia do 172, aonde se hão de dizer os casos cipios de liberdade, que ha dois annos passavão sem
em que o juiz deve pronunciar a prizão, ou a livra diffieuldade. Pois o mesmo ha de vir acontecer em
mento sómente. Como porém no artigo unicamente Portugal. Principios de liberdads que agora passão,
se trata de estabelecer uma proposição geral, convem talvez já não passom nas Cortes seguintes, e de ago
a saber de que o prezo será solto com fiança nos ca ra a dez annos muito menos. O despotismo vai sem
sos em que a lei o determinar, acho que uma kypo pre ganhando terreno. Pot conseguinte eu não acho
these não tem nada com a outra: e que por tanto ne inutil, antes muito proveitoso que estes principios se
nhuma necessidade ha do adiamento proposto pelo Sr. estampem na Constituição: eu não tenho pena de que
Guerreiro, e que pelo contrario o artigo deve ser ap ella gaste mais meia folha de papel: dou essa des
provado tal qual se acha como um dos meios de fazer peza por muito bem empregada. Diz-se: … tal prin
menos restricta a liberdade do cidadão sem perjuizo cipio he muito claro, muito bom; os codigos o hão
de terceiro. de adoptar infallivelmente. » Melhor: se he bom, se
O Sr. Guerreiro: — Duas vezes falei já sobre he claro, se o hão de adoptar, seguremolo já aqui,
este artigo, e cm ambos propuz o addiamento, não e poupemos discussões aos legisladores desses codigos.
sei se me he licito falar terceira vez, mas creio que Como isto favorece a liberdade, qne até agora tanto
helicito perguntar, se a questão versa sobre o adia tem sido atropelada, seguremolo, e não tenhamos dor
mento, ou sobre a materia do artigo ; peço a pala de gastar mais meia folha de papel, ou um cruzado
vra para falar sobre o artigo. novo com a imprensa, que he o muito que se poderá
O Sr. Presidente: — Tem a palavra, póde falar. de mais gastar. Como até agora as cadeias servião
O Sr. Guerreiro: — Eu quereria que um artigo con aos déspotas, não para o fim de serem segura custo
stucional, quando fosse possivel, nunca ficasse depen dia dos prezos, mas para os atormentarem, por isso
dente de lei regulamentaria; conforme com este princi mettião-nos em prisões escuras, humidas, e horrendas,
pio eu desejava que no artigo 177 se declarem os ca cousa esta contra que tanto tem declamado todos os
sos em que podião ter lugar as fianças; e convencido publicistas. Declare-se pois agora na Constituição que
eu de que he impossivel por agora serem elles expe sejão limpas, bem arejadas, e construidas, a fim de
ceficados antes de se tratar do artigo 172, eis-aqui es que sómente sirvão de custodia, e não de castigo aos
tá a razão que me moveo a propôr o adiamento. Por reos que se livrão, e que talvez estejão innocentes,
tanto digo eu , que para fazermos este artigo verda e taes se presumem antes de sentença condemnatoria.
deiramente constitucional, era necessario fazer uma ex Diz mais o artigo que haja nellas separações. Sim,
pecificação dos diferentes casos em que ha de ter ou ha crimes a que, se me he permittida a expressão,
não lugar a fiança; e como este artigo 172 está adia chamarei honrosos, como o de um official militar que
do, era necessario ficar adiado este tambem. acceita um desafio, aquelle que repelle um insulto nº
O Sr. Presidente: — Os Srs. que achão este ar momento em que lho fazem. E que? Deverá sofrer
tigo sufficientemente discutido, queirão ter a bondade se, ver estes reos mettidos com salteadores e assassi"
de se levantar! Decidiu-se que sim.
[ 273 ]
}
nos na mesma enxovia! A ultima parte do artigo diz muito bem que se tem escrito, e continua a escrever
que as cadêas devem ser visitadas (leu). Isto para sobre a disciplina das prisões , merecendo o maior
mim tambem he um principio constituc ional, porque acolhimento uma recente publicação de Monsieur
os prezos apparecendo nestas visitas dizem os segre Danjou, o qual, apezar de pertencer á classe dos que
dos em que os mettêrão os ministros déspotas; dizem se tem applicado ao direito romano, acaba de advo
os Ináos tratamentos que lhes fizerão os carcereiros gar a causa da justiça, e da humanidade.
deshumanos; dizem se os juizes os tiverão no segredo O Sr. Caldeira: — Eu conformo-me com a opi
sete dias, em lugar dos cinco da lei, como ha pouco nião do Sr. Surmento nestas duas ultimas partes do
se fez nesta cidade, e assim nada se faz sem que se artigo. He muito necessario que a Constituição deter
saiba. Por tanto voto pela conservação do artigo, mine que um cidadão honrado e de bons costumes
porque ele he todo mui constitucional, e puro con não vá entrar de sociedade com os matadores, ho
stitucional.
mens perversos, cheios de vicios, porque daqui resul
O Sr. Sarmento: - Sigo o opinião do illustre tão grandes inconvenientes e grandes males, muitas
Preopinante, na parte em que exige que este objecto vezes um homem desta qualidade vai corromper a in
seja expresso na Constituição. Convenho que deixe nocencia do cidadão probo, o cidadão que muitas
nos as leis regulamentares os regimentos das cadeias, vezes he privado da sua liberdade por um crime no
e tudo o que fôr de administração dellas. A Cons qual ele não tem culpa nenhuma; deve por tanto e s
tituição deve affiançar que as cadeas existirão, para tabelecer-se principios pelos quaes não possão aconte
com segurança estarem os presos, e não para tormen cer similhantes monstruosidades : por tanto eu voto a
lo delles. He forçoso confessar, e semelhante declara favor deste artigo, -
ção não he somente vergonhoza para nos, he para O Sr. Fillcla: — Eu quizera que este artigo fosse
todas as Nações ; que os principios de philantropia omisso na Constituição: por quanto me parece ser
tendo pertendido corregir tantos abusos, que afligem antes objecto de lei regulamentar: mas no caso de ir,
a humanidade, não se tem dirigido para o melhora julgo que só deve approvar-se a primeira, e a ultima
mento das prisoes com aquella velemencia, que se parte, ouvittindo-se na intermedia a recommendação
poderia esperar para um objecto tão recommendavel de que hajão casas nas cadeas, em } os prezos es
Dois homens cheios da mais abrasada caridade se de tejão separados conforme as suas qualidades; pois as
clararão na sua vida os protetores dos prezos, e ade sento que só o devem estar, conforme a qualidade
vogarão a causa delles: o catholecismo apresenta em S. dos seus crimes. O cidadão, que delinquiu, seja elle
Vicente de Paula um modelo da maior virtude, e quem for, pede a igualdade de justiça que fique su
os protestanres no seu philantropico Howard um jeito aos mesmos incolnmodos e penas, que o delicto
objecto de veneração. A Inglaterra tem continuado traz consigo. •
a reformar os abusos que tinhão lugar nas prisoes, e O Sr. Annes de Carvalho : — Tres dos illustres
ºs Principes francezes, levando para a França as li Preopinantes que defendem e favorecem este artigo e
ções do tempo da sua expatriação, tem dirigido seus e que dizem que esta materia não deve ser omittida
cuidados para um objecto de tanta humanidade, e se na Constituição fundao-se, em que ella be muito im
instituio últimamente uma sociedade para cuidar no portante ao cidadão; daqui deduzo eu que a serem
nelhoramento das prisões, e em 1819 se instituio em coherentes com os seus principios devem querer, que
Inglaterra outra sociedade para cuidar da refórnia tudo aquilo que for util ao cidadão se insira na Cons
dos cossuines dos réos de pouca idade. Entre nós foi tituição. Isto he distribuição dos poderes ! Ou garam
Preciso o ajuntamento extraordinatio deste augusto tia geral dos direitos dos cidadãos! Creio que não he!
Congresso para se principiarem a dar algumas pro Por tanto assento que não deve entrar na Constituição.
videncias ácerca deste objecto. Quando eu peço que O Sr. Sarmento: — Eu considero a necessidade
| este artigo seja declarado na Constituição, conheço de se declarar este objecto artigo constitucional, até
que as refórmas neste ramo exigem a força da autori debaixo da consideração de uma garantia constitucio
dade publica, porque os particulares sem outro apoio nal, que afiança ao cidadão a guarda dos seus direi
além do seu zelo, e amor da humanidade, apenas tos, e a protecção contra toda a violencia. Diz Mon
podem denunciar os abusos, o reclamar os direitos do tcsquieu que todo o castigo que não for de abso
homem. Felizmente para a Nação portugueza, pode luta necessidade he uma tyrannia: ora se tido pos
remos fazer os melhoramentos das prisões, sem as sivel estabelecerem-se prisoes só para o fim, para
despesas extraordinarias, de que seria mister em ou* que elas devem ser destinadas ; existindo em vez
tras nações. Aquelles conventos, que pela refórma dellas outras, que atormentem, e que alem de per
ecclesiastica se achar conveniente extinguir, podem da da liberdade, o primão o cidadão em direitos, que
ser empregados para casas penitenciarias, até º local ele não deve perder, temos nesse caso uma violencia,
de alguns, especialmente os da ordem de S. Bernar e por tanto estabelecendo-se a doutrina do artigo na
do, que que procurava para os seus discipulos luga Constituição, afiançamos a segurança de direitos, de
les tristes, e erinos, que trouxessem constantemente que ele poderia ser privado não havendo esta garan
a lembrança da morte para a reclusão dos réos de tia constitucianal; por tanto a consignação deste arti
crimes graves. Ilaverá meios de se estabelecerem ca go na Constituição, he uma garantia de direitos do
deias separadas para os iniciados, os condemnados, cidadão. •
tesquieu: já se disse que as leis lhe imporão as pe municação com qualquer outra das que devem servir
nas necessarias; as garantias geraes não devem aqui commodamente aos presos não ficão abolidas pela in
entrar porque então seria a Constituição um codigo dicação já approvada.
civil, e um codigo criminal. O Sr. Presidente: — A questão do Sr. Guerreiro
O Sr. Barata: — Sr. Presidente o meu voto he he se ficão as prizões assás commodas, mas incomu
nicaveis.
que o artigo fique na Constituição porque de outro
modo podem haver abusos. Eu sei que os segredos Os Srs. que approvarem a doutrina desta proposição
ainda existem; e he preciso destruillos, com tudo o tenhão a bondade de se levantar! Ficou approvada.
quanto serve para vexar os prezos; os réos devem estar O Sr. Freire leu o artigo 180.
seguros, mas sem tormentos: a Constituição deve O Sr. Borges Carneiro: — A materia deste artigo
acautelar tudo, e esta materia he muito importante está no artigo 6 das Bases, o qual diz assim (leu-o).
para que fique fóra della. Este artigo 6 ti»ha sido literalmente copiado para o
O Sr. Fernandes Thomaz: — Parece-me que de artigo 4 do projecto, e quando ali se tratou, foi esta
ve estabelecer-se na Constituição, o principio geral, materia adiada. Depois determinou-se que na redac
que deve haver duas classes de prizão, uma como se ção se declarasse da melhor fórma que podesse ser.
gurança para aquelles réos, que não são condemnados O artigo 6 das Bases trata sómente do caso em que
a prizão, e outra para aquelles que por sentença se acha se ha de castigar o que ordenar, ou que executar a pri
rem condemnados a essa pena. Esta base segundo me zão arbitraria: este artigo comprehende outras infrac
parece, he essencial, assim como a outra, de que ficão ções relativas a prezos, as quaes ficão indicadas neste
abolidas todas as casas de segredo; porque as nossas leis capitulo, como que o juiz lhes communique dentro
o tem considerado como uma especie de tortura, e deve de 24 horas o motivo da prizão, nome do accusador,
ser abolido. Em 1700 se reconheceu isto mesmo ; mas etc. Por tanto o meu parecer - he que se sanccione a
como não era possivel acabar com todos os abusos, materia deste artigo na Constituição, e que os redac
continuarão ainda, e talvez no momento em que es tores o concebão de modo, que se conserve tudo o
tamos discutindo esta materia, se achem alguns in que está nas Bases.
felices nessas horriveis masmorras. — Offereço portan O Sr. Trigoso: — Este artigo não tem nada com
to esta indicação. Haverá casas commodas de segu o artigo 6 das Bases, não tem nada com o artigo 4
'rença e prizio; nestas só serão guardados os que fo de Constituição, a meu ver; por tanto assento que
'rem condemnados a essa pena. As casas de segredo fi se póde muito bem propor á votação com a emenda
cão prohibidas para sempre. A poiado apoiado. do Sr. Brito.
O Sr. Presidente, depois de julgada a materia suf O Sr. Presideute poz a votos o artigo 18o: foi
approvado;
ficientemente discutida, propoz: os Srs. que julgarem prisão supprimindo-se as palavras como réos de
arbitraria. •
provado o parecer. • *
[ 278 ]
O Sr. Lédo apresentou a seguinte Fundado nestes principios proponho, como emen
da ao artigo 1.° do projecto que está em discussão,
í IN D I c Aç Áo. o seguinte. (Remetteu o dito Sr. para a meza uma
emenda concebida em tres artigos).
Tendo-se sanccionado hoje na Constituição, para O Sr. Peixoto : — Da doutrina do illustre Preo
triunfo da razão, da moral, e da filosofia, que nas pinante concluo, que toda a discussão sobre este pro
cadêas publicas não hajão casas de segredo, onde, jecto não terá outro resultado, além de uma declara
com vergonha da hnmanidade, o despotismo desen ção esteril da relação actualmente existente entre o
freado tinha
opprimir posto em pratica
o desgraçado; os horrores todos para valor do ouro, e o da prata; em quanto para o efei
proponho: •
dades diferissem uma de outra. O risco que se corre em taes regulamentos de moe
[ 279 ]
da está mui provado: bem se sabe o que aos Ingle tambem que isto he de grande utilidade para a na
zes acaba de acontecer com a creação da moeda cha ção, logo parece-me que o reduzir este valor do ou
mada soberano. Apesar da grande illustração que so rº ao da prata, como se pretende, vem a ser de gran
bre taes materias ha na patria de Smisth, apesar dos de conveniencia para o Estado, e por isso voto pelo
mais escrupulosos exames que fizerão, errárão de tal projecto.
sorte, que em pouco tempo viu-se innundada da no Depois de mais algumas breves reflexões o Sr.
va moeda, que lhe foi mandada de Hollanda e de Presidente ponderou que estava acabada a hora.
França, e a Inglaterra, que evita quanto póde a im O Sr. Lino Coutinho: = Então requeiro o ad
portação de generos de manufactura estrangeira, foi diamento, porque este negocio he de muita importan
obrigada a sofrer a deste de sua invenção, de que lhe cia, e deve ser tratado com toda a circunspecção.
resultou grave prejuizo. Decidiu-se que ficasse adiado.
O illustre autor do projecto parece que já convi O Sr. Presidente designou para a ordem do dia
nha em que este novo regulamento não fosse obriga º orçamento da fazenda, sendo-lhe apensa a resposta
torio entre os particulares, e servisse sómente para a do Ministro á dita repartição. {
casa da moeda e thesouro publico; mas isso de ne Levantou-se a sessão ás duas horas. — José Li
nhuma sorte convem ; porque o thesouro para fazer no Coutinho, Deputado Secretario.
conta justa com os particulares, ha de regular como
eles o valor do que dá, e do que recebe: aliás se a REsoluções E ORDENs DAs Coares. »
moeda de ouro sobisse do valor da lei; dando-a, fica
- ** i
ria prejudicado, porque pagava mais do que devia; Para Agostinho de Mendonça Falcão. :
e se baixasse prejudicaria por pagar menos. Concluo
com a minha proposição, que todo o resultado deste As Cortas Geraes e Extraordinarias da Nação por
projecto será esteril para a patria. tugueza concedem a V. Sº licença por tanto tempo
O Sr. Vaz Velho: — Sr. Presidente, trata-se quanto seja necessario para tratar do restabelecimento
neste projecto de saber se he util ou não calcular o da sua saude, esperando do seu conhecido zelo e
preço da moeda de ouro com a de prata: eu não tra amor da patria, que apenas seja possível, V. S." não
tarei do modo por que isto ha de ser; porque estabe deixará de vir logo continuar neste soberano Congres?
lecida a baze de que he util, e não só util, mas ne so as funcções de que dignamente se acha encarrega
cessaria; depois o methodo para se reduzir, ou seja do. O que participo a V. Sr" para sua intelligencia.
este plano, ou outro, isso he indiferente; por conse Deus guarde a V. S.". Paço das Cortes em 22
quencia eu farei ver seguudo os principios estabeleci de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras,
dos, que de facto he util esta mudança que se pre
tende fazer; deixando agora que a moeda de ouro se Para Luiz Monteira... . * **
Eara o mesmo,
*
restação, e tenhão preenchido todas as condições Os Srs. Deputados, Agostinho Gomes, Lino Cou
neles declaradas); e isto á vista das guias por ellas tinho, e Barata, fizerão a seguinte declaração: Re
apresentadas, que mostrem até quando se achão pa queremos que se publique na acta, que fomos de pa
gas, como he de costume. O que V. Exc." levatá ao recer na sessão de hontem, que o processo criminal
conhecimento de Sua Magestade. fosse publicado desde o seu principio, ainda mesmo
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 22 antes da pronuncia. * *
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. O Sr. Secretario Felgueiras mencionou os seguin
tes officios. •
Mandou-se passar á Commissão do Ultramar um Passando-se á ordem do dia leu o Sr. Secretario
requerimento de Joaquim Pereira d'Almeida, e Gon Lino os seguintes officios e orçamento do ministro
pulo José de Sousa Lobo, como correspondentes do da fazenda, que se havião mandado imprimir para
banco do Rio de Janeiro. se discutirem.
Concedeu-se ao Sr. Castello Branco, Deputado 1.° Officio. — Em cumprimento da ordem de 27
pela provincia da Extremadura, a licença por ele pe de Novembro proximo passado ponho na presença das
dida, para tratar da sua saude. Cortes Geraes, e Extraordinarias da Nação portu
O Sr. Deputado Franzini fez a seguinte gueza os orçamentos da receita, e despeza do anno
seguinte de 1822, calculada uma e outra por estima
IND 1 e Aç Áo. tiva das diversas repartições, salva toda a alteração
extraordinaria.
Tendo mui sabiamente determinado o soberano Pelo primeiro se mostra que a receita provavel
Congresso, que na sala das suas suas sessões não ex não póde exceder a 7:232:000$000 réis, pelo segun
istisse tribuna ou lugar distincto para os Deputados do que a despeza não baixará de 8.89:000$000 réis,
que se propõem falar sobre as materias oferecidas á que por conseguinte o alcance será de 1.607:000$000
discussão, e tendo mostrado a experiencia as vanta TCHS• - -
gens que resultão desta pratica, habilitando os orado Fazem o maior pezo neste balanço as quantiosas
res a dirigirem convenientemente seus discursos ao Sr. sommas, que custa o exercito, e a marinha, em des
Presidente: proponho que esta faculdade se conceda proproção, realmente enorme, com as rendas publi
tambem aos Ministros Secretarios de Estado, quando cas. Não me tocão a mim os meios de as equilibrar;
se dirigem ao augusto Congresso, a fim de sustenta mas se fosse possivel conseguilo por um novo systema
nem a discussão sobre os projectos, em que for neces militar, que conciliasse a segurança civil, e politica
sario consultalos; convidando-os a que tomem assen com as falculdades do thesouro, este sería o seu re
tº no centro da sala, entre os representantes da Na curso mais eficaz. -
dicta . . . . . , . . . . . 40.0003
*; ' " º 67140003 Dita das Sereníssimas Senhoras Infantas 14:4003
• • 473:4003
: [ 283 |
Por conta de divida de cavalhariça ante e que lhe he entregue além do que re
rior a Agosto de 1821 . . . . ·ºs cebe do Estado, e vai lançado na casa
Dito de criados da competencia do the Real. . . . . . . . . . . .380003
soureiro da casa, e outros relativo ao di Dita á patriarcal .. .. . . . . . . . 220.0003
to tempo anterior . . . . soooos Dita á sé . . . . . . . . . . 60.0003
Guarda real - - - - - - - - - 12:0003
*- S180003
5174004
*
Recopitulação.
Rs. 8:839.0008
Ordenados e outras despezas. •
Dita para o palacio da Ajuda 176.8003 2.° Lanção-se por orçamento 200 contos disponi
Para reparos de diversos palacios 27.0003 veis de Inetal e papel, que ficarão no fim do anno
Entregas a donos de depositos - 24:0003 corrente para o futuro. Não se póde dizer com exacti
Soccorro á fabrica da Covilham . 16:0003 dão a sobra, porque o dito anno ainda não está findo,
Illuminação da cidade . . . . . 72:000$ 3." Além dos 900 contos que a repartição da
Por conta de jornaes anteriores . 12:0003 guerra orçou importar a despeza do comunissariado,
Academia das sciencias . . . . . 6:6003 lançárão-se mais 144 contos, com que o thesouro
Pagamento ao Barão de Teixeira par deverá contribuir para o pagamento das letras chama
amortização do emprestimo dos 800 das de portaria; juntos a outros alguns meios que se
Coritos - - - - - - -- - - - 140.0003 procurem para indemnisar os respectivos crédores.
Ao dito para pagamento do que se devia 4.° Lançárão-se igualmente 127 contos para pa
ao Bei d’Argel - - - - - - 32:000$ gamento dos vencimentos do corpo diplomatico até
Consignação para os frades de Mafra. . 4:8003 ao fim do corrente anno de 1821; porque a Secreta
Por conta de jornaes e ordenados anterio ria de Estado dos negocios estrangeiros insta que este
fes que se devião do palacio e conven pagamento se faça sem demora, vista a sua applica
to do dito sitio . . . . . . . 2:000$ Çao. •
Entrega de apolices grandes á junta dos 5." O deficit, ou empenho em que o thesouro
juros para serem queimadas . . . . 50.0003 ficaria , saindo exacta a receita e despeza que se
Despezas de expediente de secretarias de calcula, o que he muito contingente, viria a ser
Estado, tribunaes, e outras reparti 1:607:000,5 réis. E maior virá a ser, verificando-se
ções . . . - - - - - - - - 28.0003 as despezas indicadas pelas seguintes secretarias de
Despezas ultramarinas de ajudas de cus Estado nes suas relações, e que senão incluem na to
to a bispos, e governadores, e outras 16:000$ talidade deste orçamento, por não terem baixado de
Manadas de Alter e da Azambuja . . 7.0003 cretos ao thesouro.
Torre do Tombo . . . . . . . 4:000$
Musêo e jardim botanico . . . . . . 3:2003 NEgocios Dó REINo.
Despezas miudas de muitas e diversas
flaturezas • • • • • • • • 300003 Despeza do mausoleo da Rainha a Senhora
D. Maria I. . . . . . . . . . 4.0003
Cofres particulares. HDita do monumento nacional na praça do
Rocio no semestre 8:000$000: por anno 16:000$
Rendimento que entra no Thesouro per Minas , e inatas do Reino, por semestre
vencente a Sua Magºstade a Rainha, 2:000$000: por anno . .. . . . 40003
Nn 2
[ es ]
Para auxilio do theatro de S. Carlos . . 15.0003 lações, que deu a secretaria de Estado. As quantias
Dito da rua dos Condes . . . . . . 10.0003 que vão lançadas fóra da somma do orçameate, são
Dito do Porto . . . . . . . .. .. .. 10:0003 pedidas pelas competentºs secretarias de Estado. E
Hospital de S. Lazaro . . . . . . . ———--
1:7403 quanto finalmente ás outras despezas, que são de pe
** • • |- • - • |- -
quena importancia, comparadas coio a totalidade de
• - - 60.7493 gasto do Estado, forão calculadas por orçamento, co
· · -- NEGocios EstRANGEIRos. ino são as despezas de secretarias, e de tribunaes.
… 2." Quanto devião produzir as rendas publicas o
Para presentes: no anno . . . . . . 80003 antio passado !
Despezas secretas: dito . . . . . . . 199003 Não póde dar-se calculo exacto, porque os impos
…….… *** .º - ----
tos indirectos, como os das alfandegas, e muitos ou
18:0003 tros, que não atidão contratados, são muito eveu
• NEGogios DA MARINHA: - - |- luaes; e mesmo nos direitos, como decimas, sizas,
*- - * - - * - - - - -
•
182i. — O Thesoureiro mór, Joaquim da Costa e Em primeiro lugar da razão que acaba de dar-se,
ASilva, "º"." - - - … -. , 1 g :' ' •
porções, conforme as forças-do mesmo thesouro, e em quanto a men ver deverá ser o objecto das discus
dos pagamentos que eles tem de fazer; e então os sões deste Congresso; pura o que parece-me acertado
ditos thesoureiros despendem ou pagão a cada uma entrar em particular exame das parcellas da receita.
das pessoas o que lhe pertence, relativo ao tempo a tem primeiro lugar vem orçada a das alfandegas em
que corresponde o pagamento que se abriu. Todos 2:700.0005000 réis. Seria conveniente que este Con
aquelles thesoureiros e pagadores despendem ou pagão gresso fosse pelo Sr. secretario d'Estado instruido do es
segundo as ordens, folhas, e mais documentos, que tado destas alfandegas, e sobre o methodo da arreca
lhes processão as repartiçôes a que respeitão. O mes dação, assim como do melhor estado possivel della,
mo acontece com o thesoureiro" dos ordenados e pa para que possa ser augmentada; se a do anno ante
gadorias do thesouro, segundo a ordem inalteravel de cedente foi maior ou inferior a esta; se os contraban
não pagar o segundo quartel aº pessoa alguma em dos que são os maiores inimigos da arrecadação pu
quanto não tem de todo pago o primeiro. Todos os tolica, podem ser acautelados; se os oficiaes desempe
mais artigos do orçamento são pagos no thesouro ás nhão a sua obrigação; e em particular qual dellas es
pessoas designadas nos decretos que os mandão fazer. tá em melhor estado. Não sabemos em particular o
Em conclusão todas as repartiçôes, que tem thesourei rendimento de cada uma dellas. No orçamento que
ros, são os mesmos thesoureiros que fazem os paga foi remetido ao Congresso, apparecem colectivamen
mentos por miudo dos objectos que lhe respeitão. " te alfandegas sem individuar a das sete casas, a gran
7." E porque! de do assuca,, a da casa da India, e a do Porto,
Tudo quanto o thesouro despende, ou entrega, cada uma o que rende, assim como as outras despe
he em conformidade de leis, e decretos, pois nada zns do Reino etc. Por consequencia desejaria ser in
despende sem que esteja ordenado, ou de novo se lhe fortnado do estado particular de cada uma, do seu
ordene, por mais insignificante que seja a quantia. rendimento, do seu estado de arrecadação, e das re
Taes são os esclarecimentos com que posso addi formas que poderá haver em cada uma dellas, para
cionar o orçamento da receita, e despeza deste anno, que se possa bem conhecer o estado da receita. De
para o soberano Congresso tomar o seu arbitrio. Ex pois de estar bem examinado o estado presente desta
pondo porém, que na intelligencia de não poder a arrecadação, saberemos o mesmo relativamente ás o u
receita fazer frente á despeza, seria para desejar que tras parcellas; e veremos se ellas são susceptiveis de
se estabelecesse a preferencia dos pagamentos, segun qualquer melhoramento: e assim conheceremos se a
do a natureza das despezas, conhecimento este, que receita poderá ser augmentada. •
não compete ao thesouro; por quanto todos os credo O Sr. Franzini: — ". . . . . .
res, e repartições se lhe apresentao, e requerem, co O Ministro da fazenda: — (Falou tão baixo,
mo se fossem os seus embolços da mais justa, e inte que o não pôde ouvir o taquygrafo).
ressante urgencia. Pelo alvará de 21 de Fevereiro de O Sr. Soares Franco: — Segundo o actual es
1816 prefere o exercito a todas. Lisboa 31 de Janei tado do commercio, seria talvez um melhoramento
ro de 1822. — José Ignacio da Costa. para a receita do thesouro, o reduzir as tres alfan
Depois de concluida a leitura, e de se haver an degas de Lisboa a uma que fosse geral; haveria me
nunciado que era chegado o ministro da fazenda para nos empregados, e melhor arrecadação. Porém este
assistir á discussão, foi este introduzido com as for melhoramento não póde ser se não o resultado das
inalidades do estilo, e tomou o assento destinado pa medidas legislativas. +
ra os ministros d'ElRei. Pediu então a palavra e disse O Sr. Xavier Monteiro: — O que acaba de di
O Sr. Xavier Monteiro: — Somos chegados a zer o illustre Preopinante, o Sr. Franzini, não he ver
tratar de uma das materias mais interessantes para a dadeiramente o estado da questão . . . . Depois dis
Nação, qual he a da receita e applicação das rendas so he necessario saber as alterações de que nascem.
do Estado, aos differentes ramos da despeza publica. Vemos algumas diferenças que tem havido: em o an
Temos á vista o orçamento que mandou o ministro no passado foi . . . . A somma geral das alfandegas
da fazenda, e delle vemos que ha uma diferença con não sei como poderá ser este anno 2:700.0003000
sideravel entre a receita e a despeza: trata-se actual reis comparativamente com a do anno antecedente,
mente de que o corpo legislativo dê as providencias que foi de 2.623:0003000, eu não sei que tenha ha
necessarias para remediar esta falta. O Sr. secretario vido impostos novos, seria necessario saber a razão
d'Estado, que presente está, diz que não ha se não desta diferença . . . . Além disso he preciso saber
dois methodos de remediar este desfalque; que vem a o estado da arrecadação, para se pôr no melhor modo
ser, impostos ou emprestimos. Não he da sua appro possível; porque he constante que estas repartições
vação qualquer delles: o primeiro, porque he gravoso carecem de muitas providencias, e que muitos dos
aos povos, e o segundo, porque tarde ou cedo vem seus officiaes servem sem as fianças idoneas, e que
a ser funesto. Oferece-se porém um expediente, que por este motivo são muitas vezes subornados pelas par
vem a ser que a receita do presente orçamento seja tes e outras
pelas desapparecem, sem haver quem responda
suas prevaricações. •
das causas quando não sejão geraes . . . . . Ha O Sr. Borges Carneiro : — No artigo decimo
muitos acrescimos que estão sujeitos a mudanças existem abusos como em tudo o mais; só em Lisboa,
. . . . . Quanto aos empregados he verdade que lia e seu termo tenho ouvido dizer que ha mil e tantos
nisso grandes defeitos, e que as alfandegas precisão contos de divida da decima atrazada, que vai ficando
muito de reforma, e he essa uma das razões porque por cobrar. Todo o magistrado no seu triennio he
a arrecadação está em tão máo estado . . . . A res obrigado a fazer entrar a decima toda no thesouro;
peito dos contrabandos he verdade que são conside porém não succede assim. Dão-lhes certidão de corren
javeis, e será difficil cobibilos. Tudo isto está entre te, e por fim como os atrazos são mui grandes, crião
gue a Commissões que hão de dar o seu parecer, e se com ordenados novos outros superintendentes que
apresentar os seus trabalhos. vão cobrar o que os ministros não cobrárão, e tudo
O Sr. Xavier Monteiro: — Relativamente ás al são augmentos de despezas, multiplicação de empre
fandegas confessa o Sr. Secretario de Estado que não gados, e carga para os collectados, que cada anno
tem boa administração, e que os oficiaes não cumprem Inais e mais se vão debilitando. E então começa a tra
bem os seus deveres; por isso deve ficar ao cargo do tar-se de emprestimos, ou de pôr novos tributos. O
Sr. Secretario de Estado, para que as providencias que falta he castigar as autoridades que não cumpren
que se hão de dar tenhão efeito. Quanto a esta se as suas obrigações. Assim em fazenda como em justi
gunda parcella das decimas, tenho a mesma duvida ça todo o mal da Nação vem dos empregados publi
que na antecedente. A receita do anno passado he... cos, que aquella autoridade que recebem da Nação pa
é a receita deste anno só chega a .. ...; não sei por ra fazerem observar as leis a convertem em damno da
que haja uma diferença tal para menos. Desejava que mesma nação. Deixemo-nos de fazer leis sobre deci
o Sr. Secretario de Estado me informasse do estado ma, e materias similhantes : nós temos boas leis de
desta renda, e da causa desta grande diferença; as fazenda: as do Sr. Rei D. Manoel são optimas;
sim como dos melhoramentos que se poderão empre o que falta he que o Goveruo assente o pão pelas cos
gar na administração desta parcella da receita. tellas (ou pelo espinhaço) aos empregados que as que
O Ministro da fazenda: — Não póde haver cer brão.
teza.... porque a arrecadação da decima he talvez Não menores abusos se commettem nos lançamen
tão defeituosa como a de todas as outras repartições... tos: em algumas partes vê-se um livro antigo, de que
O Sr. Franzini: — Eu parece-me que na addi por ter havido muitas alterações nos predios e seus
ção da decima está este orçamento muito proximo á possuidores, nos juros, nos meneios, etc., já se não de
verdade , porque no quinquenio em que já falei che ve usar, e por elle muitos cidadãos pagão o que não
gou á quantia de setecentos oitenta e tantos contos; devem, outros nada ou muito menos do que devião
por isso parece-me que este anno não poderá subir a pagar. Estou persuadido de que a decima he o prin
mais do que vem no orçamento. + cipal tributo do Reino, º que excepto alguns tributos
O Sr. Guerreiro: — Muito me admiro de que a indirectos, o unico que a Nação deveria pagar. Se
decima dos bens de raiz, predios rusticos e urbanos, todos pagassem verdadeiramente uma decima de seus
maneios, etc. não importe senão em 800 contos. Não rendimentos, e esta fosse simplesmente arrecadada,
duvido que com efeito no thesouro haja esta entrada. e sómente despendida em cousas necessarias, ouso di
Mas he esta ou devia ser esta! Estão remediados já os zer que de nenhum tributo mais se careceria em tem
abusos a respeito da cobrança, e até mesmo da escrip po de paz. Por tanto a minha opinião he que se
turação da decima! Tem o ministerio tolnado as me excite a attenção do Governo para pôr toda a dili
didas necessarias para isto? Em quanto se não derem gencia e cuidado em fazer observar as leis da decima
as providencias necessarias para remediar tantos abu e geralmente todas as leis de fazenda, e com isso e
sos, não temos feito nada. Alem disso ha divida atra boa cconomia, até se poderão tirar muitos tributos
zada pertencente á decima, que não tem entrado no que agora ha. • •
thesouro. Eu julguei que o Governo tivesse já tomado O Sr. Xavier Monteiro: — A respeito da gran
as medidas necessarias; Imas vejo que no orçamento a de diferença que ha de um a outro anno na parcella
verba da decima importa em 800.000 réis. E já se pro da decima, diz o Sr. Secretario de estado que esta dif
cedeu contra os magistrados e mais empregados desta ferença vem de alguns atrazos em consequencia das
repartição que tem prevaricado no seu oficio! Dese prestações que este Congresso concedeu aos devedores
jo pois ser informado pelo Sr. Secretario de Estado dos do Estado. Não me parece satisfactoria esta resposta:
negocios da fazenda: primeiramente, se o Governo não houve em 1820 e 1821, igual atrazo ! Vê-se por
teu tomado as medidas necessarias para cohibir os conseguinte que he periodice este atrazo, e que por
abusos que existem na arrecadação da decima: 2.° se isso não póde influir particularmente neste anno. Em
já se tem liquidado todas as dividas pertencentes a quanto ás prestações, como ha um artigo do orça
esta repartição: 3." se se tem dado as providencias mento em que ellas vem calculadas á parte, tambem
para a cobrança destas dividas, e se já se tem proce #"… que não podem influir na presente par
dido contra os empregados que prevaricárão no seu CCIld,
oficio.
[237]
O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu supponho que porque nós não podemos fazer um cálculo exacto a
o lançamento da decima, em todo o Reino, se con respeito desse lançamento, sem o termos verificado
tinua a fazer com a mesma desordem e irregularidade por províncias. He verdade que tem havido ate ago
com que ate aqui se tem feito. Sobre estes pontos he ra muitos inconvenientes na administração do erario;
que eu desejava informação, porque pelo que tenho entretanto no erario todos os seis mezes são obrigados
ouvido até agora, entendo que nós pouco podernos os lançadores da declina a remetterem uma copia do
adiantar na discussão. Penso que he para se conhecer livro deste lançamento, e por isso assento que no
não só se a receita he exacta, mas se ella póle subir thesouro se deverá ter feito o mesmo. ,
alguma cousa; assim como tambem se na dº speza se O Sr. Fernandes Thomaz: — Sr. Presidente,
póde diminuir alguma cousa; ou se se perdêrão as he necessario falar claro, e acabar uma vez com isto:
esperanças de nós nem receberinos mais nem pagarmos a um Congresso não se manda um mappa similhan
menos. Ora falando a respeito da decima entendo que te: decima — 800 contos! Sem se saber de que an
ela em todo o Reino regularmente de uns annos para no he esta declina. Se os oficiaes da fazenda o não
outros faz pouca diferença. Pouco importa que os mandário foi porque não quizerão. Diz-se que não se
fructos desção ou subão de preço, porque ha uma ta sabe a que anuo pertence ! Não he assim; se elles o
bella para o lançamento da decima, por isso não pó não souberão foi porque o não quizerão saber: foi pela
de ter influido muito sobre o lançamento da decima mandriice e pouco caso com que sempre tem tratado
em Lisboa, e como diz o Sr. Xavier Monteiro não todas estas cousas: eu vi o orçamento do Rio de Ja
póde haver motivo para esta grande differença. Con neiro, e era muito mais bem feito, e com muito mais
sequentemente desejava eu saber qual he o regulamen regularidade do que este. O que eu queria era que es
to do lançamento da decima, pelos ultimos annos te tambem fosse de forma que o Congresso entendes
antecedentes e pelo anno passado, e se nestes 800.000 3 se qual era verdadeiramente a receita, e qual a des
reis, está incluida a decima do que se espera cobrar peza: mas assim, como he que o Congresso póde fa
do anno passado, ou se esperão receber decinas dos zer o seu juizo ! Isto foi porque os oficiaes não o
annos antecedentes, e quaes são estas quantias ou par quizerão fazer melhor: elles lá tem no thesouro as
cellas que se esperão receber: digo que seria bom en sentos de todas as remessas que são mandadas, e que
trarmos nisto, vista a diferença de decima efectiva e vem com um conhecimento ou guia, e não se ignora
de decima atrazada; acho que he necessario e desejo a que anno pertencem. •
saber se o ministerio tem ou não tem dado ordens pa O Sr. Alves do Rio : — Nós estamos no anno de
Ta apperfeiçoar a sua arrecadação, e as remessas pa 1822, vamos a examinar o anno de 1820, porque já
Ta o thesouro. Em tudo ha abusos: o Governo até deve estar completado o seu recebimento. Deste modo
agora não pediu ao Congresso providencia alguma; he que poderemos chegar a saber o que se pretende;
conseguintemente está persuadido que as leis actuaes quereria pois saber em quanto importárão no anno de
bastão para esta pare da arrecadação da fazenda. Se 1820 os lançamentos da decima deste Reino, assim
está persuadido he preciso que estas produzão algu como os do anno de 1821; e qual he a diferença que
tua cousa, isto be que tenhamos o lançamento eleva ha entre os lançamentos, e o recebimento efectivo,
do a aquele ponto, a que as leis o mandão fazer: O Sr. Lino: — Parece-me que a proposição so
se isto se não tem feito he preciso dar a razão, he bre que se está debatendo agora he aquella mesma que
Preciso saber se o que vem aqui he decima atrazada ou observou o Sr. Fernandes Thomaz; isto he, saber se
não, e depois se se não póde augmentar a decima as nossas rendas podem augmentar, e as nossas des
atrazada, porque neste caso eu perguntarei porque se pezas diminuir; como he que nós o poderemos saber,
huº tem pedido providencias. . se não tivermos presente um mappa circunstanciado e
|-
O Sr. Soares Franco: — Dando outra direcção exacto da receita e despeza do Estado, sobre o qual
º esta idea do Sr. Fernandes Thomaz, desejava sa deva então assentar a resolução do problema que se
"r qual be a importancia do lançamento da decima procura! Porém este mappa deveria ser, não daquillo
ºm cada anno, pois que o que se esta devendo deve que presentemente se recebe e gasta, mas sim do que
ºr calculado á parte, e saber quaes são as prestações: se deve receber e gastar segundo as fintas, lançamen
Pºrque he umuito importante saber-se em quanto im tos, e assentos, para exactamente se poder então cal
Pºrta o total da decima; até mesmo porque ha mui cular. Estes são os dados que se nos não apresentào;
ºs abusos neste ramo. Porém isso não he para aqui. esem porpoder
consequencia parece-me
decidir cousa que gastamos o tempo
alguma. •
º nº fim desse anno, e póde por ventura servir este to separado ; e quando isso se queira exigir o Con
calculo para regular o momento? He claro que não, gresso póde passar as ordens; pois ainda que ha de le
º "ntre tanto eu vejo, que por elle se regulárão algu var muito tempo, entretanto far-se-ha todo o possivel
lhas repartições: he pois necessario, uma vez que se para o executar; porém assentou-se que não era isso
"ºta não de regular as nossas finanças para 6 mezes o que o Congresso pediu.
ºu um anno, mas de estabelecer um systema perma O Sr. Frcirc; — Sr. Presidente, nós não vamos
"dº º in objecto tão grande, analysar cada um dos regular as nossas finanças por quinze dias ou um mez;
*";ºs da receita, e despeza relativa a certos, e deter nós queremos reformar a fazenda permanentemente,
" "ados annos, excluir as despezas extraordinarias, e e por isso he que nós queremos saber qual he a recei
ºnluaes, e tendo por este modo conhecido o defeito ta, e a despeza anterior para regular a presente, e
Pºvavel, vêr o modo de o remediar. Conheço que ver a que podemos diminuir; ou devemos augmentar:
º trabalho he penoso, e que o Sr. Secretario d'Esta entretanto o Congresso nada póde decidir sobre isto ago
"º ao poderia ter até aqui satisfeito a elle por falta ra, por falta de documentos uma vez que se duvida
do empo, e porque projectou o orçamento debaixo :
que desta fóruna he que deve ser feito o orsamento:
"ºutro méthodo melhor, o que proponho, he a mi quando uma Naç㺠que tem as suas finanças em bom
"º ºpinião que o Sr. Secretario faça aprontar com estado, deve ver, e bem miudamente qual he aquella des
"Pºssivel brevidade os esclarecimentos que forem pre peza com que póde ; quanto mais nós que as temos
*º*, e que depois entremos na discussão de cada em tão máo estado, que não temos a contabilidade
" dos artigos, não vagamente, mas com dados que exacta de util só anho. O Sr. Secretario de Estado
"º conduzir-nos ao resultado, que desejamos. está dizendo que no momento em que for preciso apre
} O Sr. Guerreiros — Agora he que eu acabo de sentará maiores esclarecimentos; venhão elles, pois he
"r, pela primeira vez, que existem documentos claro que em similhante incerteza a discussão não pó
" " ºu não sabia, e por isso receio ser talvez injusto de continuar. Nós queremos saber tudo quanto deve
"i"lo que eu queria dizer: com tudo devo declarar nos, e tudo quanto nos devem, até o anno de 1821;
; "º me tem admirado muito que em todos os diver de outra maneira não podemos nunca decidir nada,
"º ºrçamentos que aqui tem sido apresentados ape tanto pelo que pertence a contabilidade corrente, co
| " º serem em inuíta generalidade até agora ainda no ás applicações para pagamentos preteritos.
* não concluia tudo e que ha a respeito da fazenda, O Ministro: — Eu queria dizer qne o Inappa que
Oo
[ 290 |
se pediu não foi do que se devia pagar ..... He cou ção das rendas do Estado. Pois não devemos saber
sa que está ao alcance do thesoureiro o dizer qual he porque razão se não recebe a decima, e donde nos
a receita qne deve haver este anno, e qual deverá ser vem esse mal! O erario, hoje thesouro, tem poder e
a despeza; e se ele não satisfez, foi simplesmente por jurisdicção para castigar os culpados. Pergunto eu:
que entendeu que se queria um orçamento da des já se suspendêrão alguns ministros porque não fazião
peza, e da receita do anno de 1822: o thesouro não bem os lançamentos! Pois se ha leis porque não se
podia fazer mais do que um calculo.... procede contra os culpados? Diz se: o que se pergun
O Sr. Guerreiro: — Diz o Sr. ministro de Es tou foi pouco mais ou menos quanto deve ser a recei
tado que esta despeza foi calculada, porque não po ta e despeza! Até he da obrigação do Sr. ministro o
dia ser de outra maneira. O presidente do thesouro, sabelo; sempre se soube isto no thesouro pelos assen
e o ministro encarregado desta repartição, devem fa tos. Diz-se tambem que isso levaria muito tempo. Por
zer com que as medidas sejão exactas; por conse ventura não se achão tantos officiaes de secretaria,
quencia as entradas são iguaes á importancia do lança de modo que se póde saber em um golpe de vista quan
mento, e não se devia fazer o cálculo sobre as entra to rende a decima! Nas contadorias ha e deve haver
das efectivas do thesouro; e por isso uma vez que a livros para tudo: ou estes livros estão em dia ou não:
somma destas não for igual ao lançamento he porque se não estão queremos saber qual he o motivo disso.
houve relaxação dos empregados, e omissão da par Em uma casa de commercio que tem um, ou dois
te do Governo. O mesmo Sr. ministro diz, que seria guarda-livros, sabe em um momento o negociante o
necessario encarregar as diversas repartiçôes, e que estado das suas contas. Logo se no thesouro não acon
para isso se gastaria muito tempo, e que he necessa tece o mesmo, havendo ali tantos empregados, he por
rio que os corregedores das comarcas fação iguaes algum desmancho. Pois então ou se faça com que el
remessas; logo o Sr. secretario de Estado dos nego les cumpräo com o seu dever, ou então fóra, porque
cios da fazenda tem sido omisso. Um superintenden ha muito quem queira ganhar dinheiro, e com pres
te da decima póde faltar como muito bem quizer, timo.
nunca se lhe exige a remessa; se elle não quer não O Sr. Guerreiro: —...
entra no thesouro com as quotas recebidas. Temos O Sr. Barroso: – Sr. Presidente: he inteiramen
visto estarem atrazadas as cobranças 8, e 10 annos. te impossivel satisfazer-se a alguns Srs. que querem
He necessario que o Sr. Ininistro faça responder os que seja presente o orçamento da decima do anno de
seus subalternos. Até agora ainda não respondeu 1822: este calculo não se 5de fazer ainda; o que se
o Sr. secretario de Estado a nenhum dos quesitos poderá fazer he um calculo aproximado segundo os
que propuz; a saber se o Governo tem dado algumas rendimentos dos annos antecedentes. Por tanto o mi
providencias para fazer cliectivas as remessas; por nistro da fazenda deverá dar uma conta do que sere
que se as não deu, he então o Governo responsavel cebeu nestes annos, e o que se tem deixado de rece
por todos os abusos que houver na administra ber, e exatamente o total da recçita.
ção da fazenda, pois que he a quem compete dar O Sr. Borges Carneiro: — Eu tambem não ne
as providencias vº a sua regularidade. Peço por go que este orçamento se poderia fazer com mais es
consequencia a V. Exc.", que convide o Sr. secre pecificações, e para o futuro certamente assim se de
tario de Estado a que no primeiro dia em que se tra verão fazer; porém insisto em que não se confunda o
tar desta materia, haja de responder aos quesitos que orçamento, com o rendimento annual do thesouro.
propuz: pois de outra forma nunca se podetá deci O primeiro significa quanto se orça que entrará efe
dir este negocio. •
- "º •
Deus guarde a V. Ex.° Secretaria de Estado dos
negocios estrangeiros em 23 de Fevereiro de 1828. —
A… a sessão sob a presidencia do Sr. Serpa Silvestre Pinheiro Ferreira. —Sr. João Baptista Fel.
Machado, leu-se a acta da Sessão antecedente e foi gueiras. •
resolução: ha por bem designar as tres horas da tarde Uma oferta do Desembargador do Porto, Secre
do dito dia para receber no palacio da Bemposta a tario da junta do commercio, Manoel Antonio Fel.
referida Deputação. O que rogo a V. Exc. queira fa lez Caldeira, pela qual cede para as despezas do Es
zelo assim presente ao soberano Congresso. tado a quantia de 2023602 reis vencidos pela folha da
Deus gnarde a V. Exc. Palacio de Queluz em 24 Relação; bem como 1503000 reis do presente quarte!,
de Fevereiro de 1822 — Sr. João Baptista Felguei. e todo o mais, que houver de vencer em quanto pelº
'ras. — Filippe Ferreira de Araujo e Castro. lugar, que actualmente serve, ou por outro qualquer
Ficárão as Cortes inteiradas.
* *
receber com que decentemente se possa sustentar.
[ 293 |
O Sr. Trigoso: – Eu julgava que os desembar Lisboa, representa, que por ordem do Governo da
gadores empregados deste modo, como este está, não mesma provincia partiu para Portugal com os mais
deverião receber soldo algum como desembargadores. Deputados então presentes, que sente grave prejui
O Sr. Fernandes Thomaz: — O desembargador zo em demorar-se aqui sem servir á Nação; e que
em Lisboa não póde receber ordenados no Porto. se julga nas circunstancias da lhe ser permittido re
gressar a sua casa.
Aquelle que nunca foi ao Porto, não póde receber •
O Sr. Borges Carneiro: — Será bem remetter-se rimento similhante do Deputado substituto pela ilha
este negocio ao Governo, para que examine como se de Santa Catharina fosse de parecer (na pluralida
passou esse titulo, e então saberemos o porque este de dos seus membros) que se lhe permittisse tornar
ministro foi metido em folha para receber ordenado de para o seu paiz, o que o Congresso assim decidiu:
desembargador do Porto. segue agora opinião contraria a respeito do suppli
O Sr. Felgueiras, leu uma certidão que vem jun eante: porque as circunstancias são mui diversas.
ta ao oferecimento, passada pelo guarda mór da re Então achava-se completa (e o esta) a representação
lação do Porto. . -
daquella ilha nas Cortes. Agora ao contrario está
Decidiu-se finalmente que fosse este negocio á imcompleta a representação da provincia de S. Pau
Commissão de fazenda. •
Mencionou mais o Sr. Secretario; alguns exem ignora, se algum delles faltará por qualqur inciden
plares da conta geral do commissariado do exercito, te, ou justo motivo. * * * * **
pertencente ao mez de Outubro passado, e que forão arece pois á Commissão, que o supplicante se
remettidos por Sebastião Jasé de Carvalko.
Forão distribuidos. •
ja demorado em Lisboa, até que hajão chegado os
dois Deputados restantes, ou conste que algum delles
O Sr. Villela: — Eu ha mais de um mez reque não póde exercer o cargo, para que foi eleito. E só
ri que os lentes da academia da marinha remettes quando ambos tenhão entrado nas Cortes, se poderá
sem uma relação dos pilotos que forão examinados, conceder ao supplicante a permissão de retirar-se.
e approvados, desde 1807 até ao presente: ainda se Mas como ele não deva conservar-se desprovido
não recebeu tal conta. Peço pois ao Congresso, manº de meios, parece tambem á Commissão, que o Con
de perguntar ao Governo o motivo porque não se tem gresso mande entregar o seu diploma á Commissão,
cumprido a ordem que se expediu a este respeito. para que depois de legalização se lhe abone metade
Decidiu-se, que se fizesse esta pergunta ao Governo. da dotação dos Deputados efectivos, desde o dia do
O Sr. Rodrigo Ferreira: — Sr. Presidente: a seu desembarque em Lisboa: ficando esta dotação a
Commissão dos poderes tem de dar conta a este Au cargo da sua provincia. * **
gusto Congresso de que estão legalisados os do primei Paço das Cortes em 25 de Fevereiro de 1822. —
ro Deputado substituto pela província de S. Paulo, Rodrigo Ribeiro da Costa ; João Vicente Pimenicl
que se acha fóra da sala. Peço licença a V. Exc." .Maldonado ; Antonio Pereira. -
para ler o parecer da Commissão. Leu o ssguinte O Sr. Pereira do Carmo: — Tenho a fazer uma
ligeira observação, e he se a Commissão no parecer
P A R E c E R. !
que apresenta confessa, que está incompleta a re
• J |-
O Sr. Franzini: – Requeiro a V. Exc º queira se me dispense entrar nesta discussão; pois confesso,
perguntar ao Congresso se póde haver ou não vota não sei como me hei de haver, sem os nesessarios co
Gao. nhecimentos locaes.
A Assembléa: nada, nada, não póde ser. O Sr. Xavier Monteiro: — A ordem pede que
O St. Franzini: — Pergunto eu: o Congresso não primeiro se discuta se a indicação he urgente, e se se
póde decidir se está bem discutido o negocio ou não! rá necessario fazer segunda leitura já: isto he que eu
Sussurro na Assemblea; nada, nada, nada. não vi fazer, requeiro que V. Exc." proponha se el
Decidiu-se finalmente que ficasse esta decisão adia la precisa entrar já em discussão, e se o Congresso
da.
decidir que nãº, he desnecessario entrar em discussão.
Entrou, a tomar o competente juramento, o Sr. O Sr. Presidente: — A razão por que eu deixei
Deputado Substituto pela província de S. Paulo An falar o honrado Membro, foi porque estavamos já
tonio Manoel da Silva Bueno; o qual sendo introdu a tratar do titulo 6.°
zido por dois Srs. Secretarios, e com as formalida O Sr. Miranda: — Esta indicação vai subver
des do costume, prestou o juramento, e tOII1Otl a SSCIl
ter tudo que se tem decidido até agora: (o Sr. Pre
tO.
sidente interrompeu, dizendo que falasse sobre a or
O Sr. Soares Franco: — Peço a este augusto Con dem). O Orador continuou: he sobre a ordem que eu
gresso licença para poder tratar com o Governo um falo, pois, Sr. Presidente, he um veto que se vai
ajuste de contas que se me deve de meus ordenados, pôr na Constituição. Não ha nem uma só decisão
na qualidade de lente. (Concedida). tomada na acta, nem um só voto, que declare até
O Sr. Presidente: — Vai-se ler uma indicação do hoje se espere pelos Representantes das outras provin
Sr. Borges de Barros, por que talvez hoje se trate cias: he por consequencia absurdo o dizer-se, e pro
da materia a que ella pertence. " pôr-se: esperemos pelos Representantes das outras
O Sr. Freirc leu a seguinte provincias de Portugal. Este principio he anarchico,
e transtorna tudo quanto se tem dito até agora.
IN D I c Aç Áo. O Sr. Borges Carneiro: — A Commissão de re
dacção tem hoje a ler a redacção dos artigos 172, e
Attendendo-se á justiça, e boa razão com que o 174, e por isso ela o deve fazer, e depois trataremos
soberano Congresso tem adiado diferentes materias do mais. }
do projecto de Constituiçãº, proponho que igualmen . O Sr. Soares Franco: — Eu sou da mesma opi
te fique adiado o titulo 6." a que somos chegados, nião, e que se chegar a esse titulo, então se tomará
até que cheguem ao menos os dois terços dos Depu isto em consideração.
tados do Ultramar, e quando se não convenha no O Sr. Presidente: — Os Senhores que forem de
adiamento requerido, que toda a materia vencida no opinião que não se altere hoje a ordem da Assembléa,
dito título não seja applicavel ao Brazil, em quanto e que fique esta indicação para segunda leitura, quei
os Deputados das diferentes provincias não disserem rão ter a bondade de se levantarem.
sobre ela o que mais convem. — Domingos Borges Venceu-se nesta conformidade.
de Barros. O Sr. Borges Carneiro leu a seguinte
O Sr- Fernandes Thomas: — Ou a representa
ção da Nação está completa, ou não: se o não está Nova redacção dos artigos 172, e 174 da Constitui
vamo-nos embora, e se o está então não admitto aquel ção, -
sempre reger; mas como reinos unidos interesses temos Em sessão de 8 do mesmo mez foi a comissão en
peculiares a cada Reino. Eu não disse, o que profe carregada de regir o N.° 11 do artigo 174 no mes
riu o illustre Preopinante; mas o que digo he, que a mo espirito em que está concebido; porém com mais
Constituição não póde ser perfeita, se não forem ou clareza. A Commissão parece que ele seja redigido
vidos os habitantes dos diferentes Reinos. Nós temos nesta fórma: os que forem indicados de perpetrar rou
adiado muitas outras cousas, e porque razão não de bos violentos.
vemos adiar esta? Se formos, por exemplo, tratar Sala das Cortes 23 de Fevereiro de 1822. – Ma
d'administração de fazenda; como havemos nós tra noel Borges Carneiro ; Joaquim Pereira .4nnes de
tar da administração de Minas, se he uma província Carvalho ; Manoel Fernandes Thomaz,
inteiramente diferente das outras; e como podereinos Ficou para entrar em discussão. |-
nós decidir os negocios pertencentes a ela ! Se o Verificou-se o numero dos Srs. Deputados, esta
Congresso julga que está com bastante conhecimentº vão presentes 109, e faltavão os seguintes: os Srs.
para decidir esta questão, então está bem; mas peçº Falcão, Canavarro, Ribeiro Costa, Sepulveda. Bis
[ 296 ]
po de Castello Branco, Gouveia Durão, Lyra, Pes sições de sedições secretas, ver-nos-hemos na necessi
sanha, Bettencourt, Van Zeller, Brandão, .4lmei dade de o suspender muitas vezes! Ao contrario quan
da e Castro, Innocencio de Miranda, Queiroga, Cas do a sedição for puramente mental, e que ainda não
tello Branco, Pinto de Magalhães, Ferreira Bor está publica, parece que não poderia ter lugar esta
ges, Faria, Moura, Sousa e Almeida, Barreto suspensão. Quanto mais quejá se disse no artigº 107
Feio, Correia Seabra, Vaz Velho, Rebello, Grangei num. 3.º que ao poder exccutivo não pertencia fazer
ro, Sande. Ribeiro Telles, c Vicente Antonio. prender cidadão algum, salvo nos casos do artigo 166,
O Sr. Presidente: — Continua a discussão do ar e 174, etc. Temos pois que no caso de sedição occulta,
tigo tem o Governo a autoridade de mandar prender os cida
181. Se em circunstancias extraordinarias a se dãos culpados nella, com declaração de o mandar en
gurança do Estado exigir que se dispenseu por de tregar ao ministro competente dentro de 24 horas.
terminado tempo em toda o monarquia ou parte del Consequentemente he evidente que só nestas duas cir
la algumas das sobreditas formalidades relativas á cunstancias he que deve ser suspenso o Habeas Cor
prizão dos delinquentes, se poderá isso fazer por es pus; e mesmo he preciso marcar-se bem este artigº,
pecial decreto das Cortes. \ para que as Cortes futuras não commettão algum ex
O Sr. Pereira do Carmo: — Os redactores do cesso neste caso, e para que os cidadãos vejão que
prºjecto de Constituição conhecem mui bem que a ar nós lhe queremos conceder uma ceusa, que não lhe
birrariedade he a peste das sociedades civís, e que as poderá ser tirada com facilidade.
fornulas são as suas divindades tutelares , e o esteio O Sr. Borges Carneiro: — Não se diga que a hy
mais firme da innocencia : entretanto não podendo pothese deste artigo está concebida mui vagamente;
conciliar perfeitamente a segurança, e a liberdade do pois se quizermos entrar na enumeração de casos, en
cidadão com a segurança, e salvação do estado, no tão he forçoso referillos todos, o que não he possivel
momento de crize, lançárão a medo o que se acha nem proprio de uma Constituição. O que aqui añºn
neste artigo 18I; com tudo não tenho duvida em ça a segurança do cidadão; o que afiança que as for
que se acrescente no artigo a seguinte emenda = malidades ordinarias não se hão de suspender sem cau
Votado pelas duas terças partes dos Deputados. = sa justissima, he o fazer-se este acto dependente do
Esta garantia, com a da responsabilidade dos minis juizo das Cortes, isto he do tribunal da Nação, com
tros, que sempre fica salva, parece-me sufficiente para posto das pessoas que mais possuem della a confiança;
afiançar a segurança do cidadão na hypothese de que de um tribunal mui adequado para não abusar desse
tratamos. , •
e com as facções, julgou que fundava naquelle insti O Sr. Peixoto: — Apoio o voto do illustre Preo:
tuto o antidoto da tyrannia; em verdade elle he o pinante: e não posso deixar de admirar a excessiva
paladio da liberdade civil. Porém como a mesma Na confiança, com que o honrado membro que o pre
ção fundadora deste instituto, tem julgado a suspen cedeu quiz que ás futuras Cortes se deixasse o arbítrio
ção delle necessaria em casos urgentes, e extraordi ilimitado de suspender o Habeas Corpus; ao mesmo
narios, será conveniente que recordemos os motivos, tempo que lhe recusava toda a liberdade de legislarem
para essa suspenção. Quando se contempla a historia sobre pontos, que erão meramente regulamentares, e
do Principe Carlos Stuart, e se considera que a casa até variaveis, segundo as circunstancias. Na verdade
de Hanover esteve para ser expulsa do throno da Grã que não posso comprehender o motivo de uma tal des
Bretanha, em razão do progresso do levantamento igualdade: eu pelo contrario, tendo sido de opinião
da Escocia, a favor das pretenções da casa de Stuart, que em materias ordinarias, se deixasse ás futuras
parece que o Parlamento teve causa suficiente, para Cortes toda a latitude para legislarem, desejo que
suspender o paladio da liberdade Ingleza. He verdade nesta, que he verdadeiramente constitucional, como
que na mesma Nação apparecem outros exemplos des uma das principaes garantias da liberdade e seguran
*a suspenção: ella teve ultimamente lugar nos annos. ça dos cidadãos, & lhes restrinja quanto for possivel
de 1817, e 1820: ninguem duvida que houve ajunta o arbitrio, ou limitando-o aos dois casos de rebelião
mentos, e tumultos de consideração, que derão mui manifesta, e invasão inimiga, ou exigindo as duas
to cuidado ao Governo; porém unesmo entre os em terças partes dos votos.
Pregados pelo governo, houve quem não achasse esses Não nos illudamos com essa supposta infalibilida
tumultos causa suficiente, para a suspenção do Ha de das decisões de um Congresso representante da Na
bras Corpus; isto prova a consideração, em que he ção: nem á unanimidade delle poderia conceder-se
tida aquella lei, e a circunspecção, com que se pro uma tão extraordinaria prerogativa, quanto mais, que
cede nesta materia. He verdade que este artigo, além nós temos tido occasião de observar o contrario, re
de merecer-nos a consideração, que lhe dá o pezo da vogando decisões apenas tomadas; e temos visto ne
autoridade dos seus illustres redactores, está copiado, gocios da maior importancia decididos por um só
em formaes palavras, do artigo 308 da Constituição VOtO.
de Hespanha. Recorri aos diários das discussões das Devemos lembrar-nos que o Congresso já decidiu,
Cortes de Cadix, porque desejava saber a razão, por que nos casos urgentes pedesse em uma só sessão pro
que o artigo fora consignado naquella Constituição, pôr-se, e resolver-se um decreto, e que uma noticia.
Por aquelles termos; vejo que uma das razões, que falsa, uma surpreza á entrada para a sessão, póde fa
deu um dos mais famosos Deputados daquelle Con cilmente extorquir votos de alguns Deputados tímidos»
Resso, Agostinho Arguelles, fora a influencia das ou incautos, e obter pela pluralidade uma decisão,
circunstancias particulares de Hespanha naquella épo que immediatamente executada, produza efeitos irre
ca. Agora pergunto eu, se nós vamos fazer uma Cons mediaveis. He por tanto o meu voto, que o artigo se
tituição para as circunstancias particulares do mo restringa por um dos dois modos propostos.
mento, ou vamos fazer uma Constituição permanen O Sr. Vigario da Victoria: — Approvo o pare
lº, e com principios fixos, e seguros, quanto cabe cer do Sr. Sarmento, e desejo saber se poderei tratar.
em nossa intelligencia, e practica de negocios! A m desta mesma materia relativamente ao Brazil, como
bas as oppiniões, que eu tenho ouvido, para emendar na ultima sessão perguntou o Sr. Villela? (O Sr
º enunciação deste artigo me agradão: agrada-me Presidente respondeu = isto entende-se para todo os
a do Sr. Pereira do Carmo, e seguirei tambem a do Reino.) O orador continuou: pois bem digo, que a.
Sr. Andrada, marcando-se casos determinados, em materia está explicada toda pelo Sr. Sarmento, e se
que se possão suspender as formalidades requeridas pa deve abraçar: em quanto porém ao Brazil, pergunto.
º a prizão dos delinquentes, como no caso da rebel que autoridade naquella província, poderá suspender
áo, ou no de invasão de inimigos. Mesmo na inva o= Habeas Corpus = ? (O Sr. Presidente interrom
são de inimigos deveria marcar-se, quando a guerra peu o orador dizendo = Isso não: he verdade que es
fºsse dirigida, para mudar a fórmá de governo e não ta medida he para todo o Reino; mas o que diz o
Pºr motivos, porque elles geralmente se declarão. De illustre Preopinante respeito ao Brazil, depois se tra
"mos ser muito escrupulosos nas providencias, que tará. =) O orador continuou: V. Exc. já admittiu
ºstabelecer-mos a este respeito; ellas exigem toda a que se poderia tratar juntamente desta questão, e
madureza, e reflexão : o artigo está concebido em por isso eu não me quero afastar do estado da ques
#uita generalidade, e póde delle seguir-se prejuiso á tão, e desejo saber se poderei falar sobre ella!
"Idade, pela destruição do seu palladio. O despo O Sr. Presidente: — Isso he questão diferente;
"sino, Srs. não se estabelece de repente, quando elle he verdade que quando outro dia se tratou de uma
"contra qualquer opposição: mas porque elle mina igual questão, se dicidiu que se poderia falar sobre
Vºgarosamente o edificio da liberdade, não deixa por essa matoria; mas eu desejaria que se tratasse primei
º de ser segura a sua conquista: Tacito, o grande ro deste caso, e depois se tratará do Brazil.
historiador politico de Roma nos deixou descripta a O Sr. Vigario da Victoria: — Deseja saber se
"archa progressiva do despotismo com aquella em em alguma provincia do prazil seria estabelecida al
*"; e verdade, com que elle escreveu — insurgere guma autoridade que em caso de necessidade podesse
#"
rallerc,
munia Senatus, magistratuum, legum in se suspencer o habeas corpus?
O Sr. Presidente: — Proponha o illustre Preopi
Pp
[ 298 |
nante por escrito a moção, e depois será tomada em go; formaes palavras de que as Cortes devem usar:
consideraçao. |- e então estava ao alcance de todos ºs cidadãos o po
O Sr. Borges Carneiro: — He justo que se trate der em poucos dias combinar a decisão das Cortes
da moção do itlustre Preopinante; mas a ordem pede com o estado das cousas, e logo virião no conheci
que primeiro se trate da questão que faz objecto do mento, se as Cortes tinhão obrado bem ou mal. Por
ortigo. estes motivos achei eu que seria necessario concorrer
O Sr. Guerreiro: — Na ultima Sessão cm que para esta declaração os dois terços dos Deputados,
pela primeira vez se tratou da materia deste artigo e toda outra qualquer declaração era inutil e perigo
ennunciei eu a minha opinião, approvando a dou sa, e ía impedir as Cortes futuras. Por conseguinte
trina do artigo; accrescentando porém que no decreto repito novamente o meu voto, que se faça esta de
das Cortes que se houver de fazer precedesse uma de claração, e que estes sejão os casos em que as Cor
claração feita pelas duas terças partes dos votos, ma tes possão suspender o habeas corpus.
nifestando que a patria estava em perigo: agora ap O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu em parte concor
provando e sustentando a mesma opinião, vou res do com o que diz o Illustre Preopinante, isto he, que não
ponder a algumas das razões que tenho ouvido. As he possivel marcar com exactidão os casos (se agora es
formalidades não estão na mesma categoria que as sa fosse a vontade do Congresso) em que nas Cortes
formalidades regulamentares; mas estas chamadas for futuras se ha de conceder ou negar suspensão des prin
malidades, são as garantias mais fortes que se podem cipios e leis constitucionaes até agora estabelecidas nos
dar ao cidadão, e he este um dos artigos mais im artigos antecedentes. Eu acho muito vago o dizer-se
portantes que uma Constituição póde dar. He neces o perigo da patria. Uns Deputados hão de entender
sario ter primeiro em vista a consideração destas for que a patria está em perigo e outros hão de dizer ain
malidades, e garantias, para que se não abra a por não está em perigo e o mais á proporção, por conse
ta ao despotismo. Eu receio tanto o despotismo, par quencia não me demoro em mostrar o pouco bom re
tindo da parte do Poder executivo, como partindo sultado, que segundo eu entendo, se ebterá pelo prin
do Poder legislativo! Hoje em dia nenhuma das na cipio que se quer adoptar por base para servir de re
ções mais illustradas da Europa, pelos esforços que gra as futuras Cortes; e limitar-me-hei a fazer uma
tem feito pela sua liberdade, tem conhecido o emba só reflexão e calo-me logo, e vem a ser: que regra
raço encontrado em os seus representantes. Os repre deu este Soberano Congresso ao Governo quando lhe
sentantes de uma nação podem ser corrompidos pelos concedeu o poder prender um cidadão! Eu supponho
principios contrarios á liberdade, e pelo Governo exe que nenhuma! Diz-se que quando conviesse ao bem
eutivo . . . . . . Os represententes da Nação são ho do Estado podia mandar prender um cidadão e en
mens, e evão para a camara todas as paixões a que tregado dentro de 48 horas ao juiz competente e en
os homens estão sujeitos! Porém cingindo-me agora tão o Governo póde fazer isto e as Cortes não o pº
mais, e querendo applicar estes principios á questão derão fazer! Eu supponho que isto seria uma iucohe
de que se trata, direi, que bem sei que o meio mais rencia; dava-se ao Poder executivo uma perfeita lati
seguro erá prescrever regras fixas e de erminadas; era tude para mandar prender um cidadão, isto com º
confiar mais nos representantes da Nação, do que no faculdade de dizer que assim o pede a segurança dº
Governo executivo, porque he composto de maior Estado, e o corpo legislativo que representa a naçãº
numero de homens, e além disso tem publicidade nos por esses mesmos principios, porque assim o exija a
seus debates; porém confesso que me achei muito em mesma segurança da Nação, não se hade poder dizer:
baraçado em determinar os casos em que isto se deve suspendamos o habeas corpus? Não entendo. Diz-se
fazer, porque póde haver uma conspiração que já se que elles podem "busar: he verdade. Mas desgraça
ja eonhecida pelo Governo, e ainda não publica: damente nas instituições humanas não se póde che
conspiração tal que não seja possível o prohibilla co gar á perfeição; he necessario nestes casos servir-se
mo se acha determinado no artigo 107. He necessa das cousas como se poder, já que não he possivel
rio advertir que desde o instante em que se entrega que sejão como deverão ser, acho que devemos con
rem estes casos aos tribunacs, desde logo ficão conbe fiarr alguma cousa nas Cortes que então estiverem,
cidos, e será talvez impossivel chegar ao fim da ave pois elas representão a Nação; ou ao menos não de:
riguação que se pretende fazer. Em qnanto á invasão vemos confiar menos nellas do que confiamos ao Rei
de inimigo estrangeiro póde haver igualmente os mes ou ao Poder executivo; nós não devemos só olhar aº
mos inconvenientes. Bem sei que em todos os casos mal que se póde fazer a um cidadão: he preciso olhar
só a Nação he quem póde determinalos absolutamen aº mal que se póde fazer á Nação inteira, porque
te. Se o poder que o (…) tem não he sufficiente ainda que os bens de todos nascem de cada um,
para fazer executar as leis, dê-se-lhe força bastante he precizo olhar primeiro ao bem de todos, do qºº
para poder sustentar e tomar as medidas que forem ao bem de cada um em particular. Deixe-se por tº"
necessarias a bem do Estado. Porém no caso do Go to ás Cortes esta latitude, visto que já se deixou aº
verno ser frouxo cntão não encontro remedio algum; Rei, sem que para isso seja necessario que decid㺠º
e por isso eu no meio de todas estas incertezas, o duas terças partes dos votos. •
unico meio que eu achei era obrigar a fazer com que O Sr. Peixoto: — Respondendo ao principiº,
todos os cidadãos poderem julgar, se a decisão tinha que o illustre Preopinante adoptou, digo, que teria ?"
sido bºm tomada ou não: a declaração achei eu que gum pezo se fosse possivel, que o proprio corpº le
não não póde ser outra senão .A patria está em peri gislativo exercitasse a autoridade de mandar pre"
\
Ig99 ]
nos tempos, em que o habeas corpus estivesse suspen º querendo a mesa ratificar a votação, pela pequena
so; mas devendo confiala ao poder executivo, não sei diferença, que tinha havido, o Congresso requereu,
eomo possão combinar-se as duas idéas de receio do que a dita votação fosse nominal, o que de facto se
poder executivo, e confiança no proprio poder execu fez; ficando então approvada por 54 votos contra 50,
tivo, contra esse mesmo receio. Suppoz o illustre Pre isto he que a declaração dos dois, casos não excluia.
opinante, que era milhor arriscar a liberdade de alguns a proposição de outro qualquer. Deste parecer forão
individuos, do que a de toda a Nação: suppoz o caso os Srs. Deputados Freire, Pereira de Magalhães,
das tentativas do despotismo para escravizar os povos: Moraes Sarmento. Gomes Ferrão, Quental da Ca
mas essas tentativas devem ser da parte do Governo; mara, Moraes, Pimentel, Girão, Osorio Cabral,
ou ao menos se prezume, que o Governo he nellas Arcebispo da Bahia, Pereira do Carmo, Bernardo
interessado, e complice; e se para repremilas se lhe de Figuciredo, Bispo de Beja, Rodrigues de Mace
entregar uma autoridade arbitraria, o efeito será con do, Barrozo, Bettencourt, Araujo Pimentel, Mar
trario, ao que se pertende obter. Argumentou-se com tins Ramos, Travassos, Margiochi, Soares Franco
outras arbitrariedades, que o Congresso tem concedi Calheiros, Xavier Monteiro, França, Leite Lobo,
do; mas como para nenhuma dellas dei o meu voto; Baeta , Caldeira, Felgueiras, Mantua, Bekman
por isso recuzando agora contribuir para esta, con Aragão, Lemos Brandão, Pimentel Maldonado,
tinuo a ser coherente com os meus principios; de que Annes de Carvalho, Santos Pinheiro, Faria de Car
ser tudo pelas leis, e o menos possivel pelos homens. valho, Guerreiro, Ferrão de Mendonça, Xavier de
O Sr. Guerreiro: — Tenho ouvido a alguns dos Araujo, Rodrigues de Andrade, Varella, Alves do
illustres Preopinantes pôr em contraposição o interes Bio, Antonio de Carvalho, Gomes de Brito, Bor
se particular com o interesse geral, Um Illustre Preo gºs Carneiro, Miranda, Negrão; Serpa Machado,
pinante fez um argumento do poder concedido ao Rei, Franzini, Castello Branco Manoel, Fergueiro, Lo%
ou ao poder executivo de poder prender sem culpa pes de Almeida, Ferreira da Costa, Souza Macha
formada, quando a segurança do Estado assim o exe do, Vicente Antonio. • * - -
gisse, e suppoz uma incoherencia que attendendo a is Forão de opinião contraria os outros Srs. seguin
to não se concedesse a mesma attribuição ao poder tes: Camello Fortes, Ribeiro de Andrade, Ferreira
legislativo, e certamente não se lembrou que ha mui de Souza, Antonio Pereira, Azevedo e Silva, Ba
to grande diferença neste caso. O poder concedido rão de Molellos, Basilio, Ledo, Barata, Feijó,
ao Rei ou ao poder executivo he com a condição de Borges de Barros, Malaquias, Agostinho Gomes,
que dentro em 24, ou 48 horas se lhe dê por escripto Francisco Antonio dos Santos, Assis Barbosa, Tri
e motivo da prisão, etc. Porém não succede assim goso, Moniz Tavares, Killela, Soares de Azevedo,
quando se conceda ás Cortes este mesmo poder, pois Braamcamp, Jeronymo Carneiro, Ferreira da Silva,
que neste caso estes podem ser detidos na prisão quan João de Figueiredo, Rodrigues de Brito, Belfort,
to tempo as mesmas Cortes quizerem ; por conseguin Rosa, Gouvêa Ozorio, Correa Telles, Bastos, Li
te diferem muito os casos, um não o póde ter retido no Coutinho, Afonso Freire, Moura Coutinho,
por mais de 48 horas, e o outro póde ser tanto tem Fibeiro Teixeira, Peixoto, Ribeiro Saraiva, Isido
po quanto as Cortes possão abusar delle; por conse ro, Martins Basto, Luiz Mouteiro, Luiz Paulino,
guinte conformo-me com a doutrina do artigo, ac Pamplona, Arriaga, Martins Couto, Sande, Vascon
crescentando que só se poderá suspender o habeas cor cellos, 3efyrino, Marcos Antonio, Araujo Lima,
pus quando duas terças partes dos Deputados decla Bandeira, Mesquita, Thomé Rodrigues: e tinhão
rarem que a patria está em perigo. saído 5 Srs. Deputados. - A
Propoz á votação o artigo tal qual se achava es Tendo determinado o soberano Congresso que as
cripto, salvas as emendas, e additamentos: e foi re fitas, de que pendem tanto as cruzes de campanha,
provado. como as medalhas de commando nas batalhas da
Procurou o Sr. Presidente: se se devião declarar ultima guerra peninsular, fossem das cores nacionaes
os casos, em que haveria suspensão das formalidades azul e branca, de maneira que tivessem tres listas
requeridas pelas leis para a prizão dos delinquentes! brancas, as duas exteriores, e a do centro; e azues as
Decidírão, que sim. Veio depois a emenda do Sr. duas por ellas comprchendidas, resultando desta ge
Moniz Tavares, concebida nestes termos — Se nos neralidade que duas insignias diferentes ficão penden
casos de rebelião declarada, e invasão inimiga, a se tes da mesma fita, e posto que uma pertença ao la
gurança do Estado exigir, que se dispense por deter do direito, outra ao esquerdo; com tudo para evitar
minado tempo alguma das sobreditas formalidades re esta uniformidade, e confusão proponho que conti
lativas á prisão dos delinquentes, as Cortes o poderão nuando a ser como até aqui, a fita das cruzes de campa
fazer? E foi approvada. Depois disto motivou-se no nha, se varie a das medalhas, alternando as cores de
Congresso a questão seguinte — Se a declaração des modo que seja azul o que agora he branco, e vice
tes unicos dois casos, feita pelo Sr. Moniz, excluia versa; de maneira que as fitas de medalhas fiquem
o propor-se á discussão algum outro, que devesse fi com tres listas azues, e duas brancas. S
Paço das Cortes
car comprehendido na disposição do artigo! E sendo O Deputado em 9 de Fevereiro de 1822. —
A. J. Freire. •
te estar já fiedo o praso prescripto no decreto que Approvada: e que se expeção as ordens.
elevou a 80 3000 os direitos em cada pipa, e que
um dos interessados se acha nesta cidade deligencian Lista dos prezos sentenceados.
do a sobredita dispença contra o prescripto no de
creio mencionado; proponho que o augusto Con Com satisfação acabo de ler no diario do Gover
gresso peça ao Govêrno esclarecimentos sobre este no a lista dos prezos que no mez de Dezembro passa
isportante objecto que tanto interessa ao thesouro do forão definitivamente sentenceados na correição do
pºblico
ráo. e á industria nacional. — O Deputado Gi
\ * * \ •
crime da Corte, na da Corte e Casa, e nas ouvidorias
* * * * * *
da Casa da supplicação: pela qual lista se mostra, que
*** . * … "
… Foi regeitada. os juizes vão expedindo as causas crimes com a prom
Lendo eu no correio Braziliense que o ministro dos ptidão que as leis, e a justiça tanto reclamão, e au
negocios estrangeiros Silvestre Pinheiro dera ordem gmentando assim a esperança, que nunca nos aban
3.OSencarregados da nação em Londres de receber as donou, de que a magistratura chegará em breve lem
sommas depositadas ali, pertencentes aos negociantes po a recobrar a reputação correspondente ao alto lu
do Brazil, e príncipalmente aos da Bahia, em con gar que lhe cabe entre os tres poderes politicos.
sequencia das indemnisações das tomadias de navios E por quanto a publicação de similhantes listas
na costa da Africa; e isto para mandar pagar aos he utilissima, assim para a Nação vêr o zelo dos jui
agentes preteritos e actuaes como de facto se tem exe zes, como para o exemplo do prompto castigo dos
eutado: indico a este Congresso que se mande prbcu delictos reprimir a tentação que alguns máus cidadãos
rar ao dito Ministro qual seja a autoridade com que poderião ter de delinquir.
ele mandou º lançar mão de um dinheiro pertencen; - Proponho se diga ao Governo que não sómente
te a particulares, e que fique responsavel de um tal faça todos os mezes publicar pela imprensa listas cir
attentado. - … - } • *
-
nomes de Reaes, como succede com a guarda da po Ficou para segunda leitura.
licia, e com o arquivô: requeiro que em a denomi Como a Commissão especial do commercio para
nação de taes estabelecimentos, e de todos outros a ultimação do projecto, de que foi encarregada, se
quaesquer que não forem privativamente de ElRei; ache ainda em embaraço nos objectos sobre as mezas
se substitua o nome — nacional — a Real. — da inspecção do Brazil, sobre o tabaco que annual
Deputado Antonio
Ficou para Carlos Ribeiro de Andrada.
2." leitura. : • •
mente se remette da Bahia para Goa com a denomi
nação de tabaco da Rainha, e sobre o modo, e lugar.
Sendo mui necessario que o Soberano Congresso da venda de páu Brazil; proponho, como negocio
tenha um conhecimento exato da naturesa, e impor urgente, que para desembaraço do primeiro objecto
tancia das nossas relações commerciaes com as nações seja posta em discussão quanto antes, a indicação,
ostrangeiras, e dos seus resultados: que os balanços que a este respeito, e ha muito tempo fez o Sr. De
pareiaes de nosso Commercio com cada uma dellas, e putado Borges de Barros; que em quanto para o se
a balança geral de commercio com todas ellas deverão gando se ordene ao Erario, que sem perda de tempo
apresentar em toda a sua verdadeira luz: por isso in remetta a resposta áquelle respeito pedida; e que pa
dico, que se ordene oficialmente á Junta do commer ra solução do terceiro se exija, que a Commissão de
eio que faça subir com a possível brevidade a este So fazenda do Brazil apresente com a maior brevidade a
berano Congresso a balança geral do commercio do este Augusto Congresso o resultado de seus trabalhos.
anno passado "de" 1821, e as dos cinco ultimos annos Sala das Cortes em 25 de Fevereiro de 1822. -
precedentes. … • •
relação dos pilotos, a que pot seus exames, e habi Seguírão-se as eleições da meza. Corrido o escru"
litações se concederão licenças ou cartas de piloto, as tinio para a eleição do Presidente, tiverão os Srs
* 4.
•
[301 ]
Varella, e Luiz Paulino, a maioria de votos: o 1.° cantº, desde º anne de 1807 aié ao presente. O que
com 26, e o 2.° com 14; e correndo um de novo so Participº a V. Exc." para sua intelligencia e execu
bre ambos, saiu eleito Presidente o Sr. Karella com
47 votos contra 43; havendo 6 nullos, por serem Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortºs em 23
brancos, não trazendo nome algum. •
de Fevereiro de 1822. —João Baptista Felgueiras.
Para Vice Presidente tiverão no ultimo escrutinio,
a maioria de votos os Srs. Camello, « Luiz Paulino . Para o mesmo.
o 1.° com 22, e o 2.° com 24; porém em uma nova
corrida saiu Vice-Presidente o Sr. Concllo com 63. * ** Illustrissimo e Excelentissimo Senhor: — As Cor
vetos contra 30. 4. - - - -
tes. Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
Para Secretarios saírão logo os Srs. Lino, Couti ordenão que sem perda de tempo sejão, transmittidas,
nho com 52 votos, Felgueiras com 54, Freire, com as informações exigidas na ordem de 16 do corrente,
os mesmos: e havendo empate entre os Srs. Pinto de
ácerca do tabaco que annualmente se remette da Ba
Magalhães, e Soares de Azevedo, que tiverão a hi» para Gôa. O que V. Exc." levará ao conheci
maioria de 14 votos, a sorte decidiu a favor do l.°; mentº de Sua Magestadº. __ ...… . . . . "
e assim ficou o 2.° para l.° Secretario supplente, e o Deus guarde a V. Exe.". Paço das Cortes em 2á.
Sr. Barroso com 19 votos para 2.° •
Para o mesmo.
A *ERTA a Sessão, sob a presidencia do Sr. Farei
lhustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor la, leu-se a acta da antecedente, que foi approvada
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza com a emenda de usar-se em lugar da expressão Ha
ordenão que da Junta do commercio lhes sejão trans beas corpus, de outros termos proprios da lingua por
mittidas com a possivel brevidade, tanto a balança tugueza. . . … ", , -----:---º--º------ -
geral do commercio do anno de 1821, como as dos 5 Mandou-se inserir na acta, a seguinte declaração
ultidios annos precedentes. O que V. Exc." levará ao
de voto: - º - -
Ia nem a imaginação, nem a palavra. Venturoso Rei, - Passando-se á ordem do dia, principiou a discus
que se soube fazer digno de tal Nação; ditosa Nação, são por uma addição feita pelo Sr. Brito ao artigo
que achou um tal Rei para a coadjuvar na sua rege 181 do projecto de Constituição, propondo que além
neração politica! Já estão, Sr., para V. Magestade dos dois casos designados na ultima sessão, de rebel
de par ein par abertas as portas do grande, e eterno Hião declarada e invasão de inimigo, se accrescentas
Alcacer da memoria pelo juramento que V. Mages se tambem o caso de
A este respeito traição.
disse * . •
patrioticos sentimentos, e do caracter portuguez, an O Sr. Trigoso: — Não me parece que o caso de
[ 304 |
tráição e conspiração deve ser um dos casos em que sustentarem os seus interesses. Se no caso de rebe
se possão suspender as formalidades requeridas para a lião se lhes permitte suspenderem as formalidades
prisão. Porque se ella he descoberta, nesse caso está ordinarias, no caso de conspiração se devem tam
o mal remediado; e se o não he, então o Governo bem suspender por maioridade de razão; e he sem
tem os meios que sabe, para conhecer quaes são os pre melhor previnir o mal do que castigalo depois
autores della. Parece que nada ha mais facil do que de feito. Por tanto a minha firmissima opinião he que
seguir os caminhos que esses traidores seguem e pren quando houver noticia de conspiração occulta ou cons
delos, e depois de os prender formar-lhes culpa. Diz pirações formadas contra a segurança do Estado
o honrado membro, que isto não póde ser porque na possão as Cortes em sua sabedoria dispensar as for
falta de provas os juizes hão de soltalos, e vem de malidades ordinarias para se formar culpa aos conspi
pois a haver as desordens. Mas o que ha de preceder radores, e se darem as mais providencias necessarias.
a tudo isto, he que o Governo ha de ter conheci O Sr. Andrada: — (Não o ouviu o taquygra
mento que existe uma conspiração, e ha de fazer fo).
com que se convoquem as Cortes. Os conspiradores O Sr. Moniz Tavares: — Levanto-me tão só
não sabem a razão porque se hão de convocar as Cor mente para dizer que não posso comprehender como
tes. Convoquem-se, diz o Governo. As Cortes são he que o Governo não ha de ter meios para apanhar
convocadas, porque ha uma conspiração: mandão ou surprehender os conspiradores, e hão de as Cortes
então que tenha lugar a suspensão das formalidades decretar que se proceda contra qualquer cidadão sem
para a prisão dos delinquentes. Logo a conspiração observancia das formalidades do estilo. Não sei como
não se deve aqui declarar que seja um dos casos em o Sr. Borges Carneiro, tão zeloso da sua liberdade,
que se possão suspender as formalidades que se exigem queira que fique tão exposta a ser opprimida a liber
para a prisão de um cidadão. -
dade de todos os cidadãos.
O Sr. Peixoto: — Tinha-me levantado para falar O Sr. Annes de Carvalho: — Dois illustres Preo
no mesmo sentido, em que acaba de falar o illustre pinantes oppozerão dois argumentos contra a suspen
Preopinante, melhor do que eu poderia fazêlo. Por são das formalidades em materia de conspiração. O
isso accrescentarei sómente, que não entendo bem a primeiro argumento he que a conspiração em quanto
maneira, porque haja de verificar-se o caso de sus he occulta he facil de sufocar, tendo o Governo ener
pensão do Habeas Corpus, pelo motivo de conspira gia, e usando dos meios ordinarios. O segundo, he
ção occulta. Para esta suspensão he necessaria uma que o Governo póde abusar dos meios extraordinarios
resolução das Cortes: e como hão de as Cortes ajui que se lhe facultem. Quanto ao primeiro argumento,
zar da necessidade de uma medida tão arriscada ! A respondo que uma conspiração nem sempre he fraca,
conspiração, segundo a hypothese, he occulta; os fa e se acaso houver demora em atalhala, póde tomar
etos que a denuncião, e os sujeitos que conspirão es um corpo tão forte, que dê cabo do estado actual da
tão envolvidos no mysterio, ou em ambiguidades: e sociedade. Vemos o exemplo na conspiração de Ca
ha de ser sobre taes bases que º Congresso ha de to tilina: era uma rebelião occulta, e o povo Romano
mar uma deliberação, que póde ser fatal á liberdade viu-se em perigosas circunstancias; e não obstante ter
da patria! Ha de abandonar-se cégamente a sorte um Senado cujo poder era bastantemente forte, foi
dos cidadãos á justiça ou talvez á injustiça do Gover preciso, que elle declarasse que a patria estava em
no, só por uma suspeita ou confusa informação de perigo, e que depois de exhaurir todas as medidas or
que se armão traições! Em tal caso melhor seria que dinarias se valesse por tanto das extraordinarias: e
lhe deixassemos desde logo essa autoridade. Não, se só por este meio conseguiu o Governo de Roma sal
nhores, se existem factos, proceda o Governo sobre var a patria. Dizem os historiadores que se acaso is
elles pelos meios, que lhe são proprios; e de nenhu to se demorasse mais tempo, e se o Senado quizesse
ma sorte se deixe porta aberta para procedimentos consultar as regras ordinarias, Roma de certo perece
tenebrosos e inquisitorios. ria. Dizem que todas as conspirações são fracas; isto
O Sr. Borges Carneiro: — O ilustre Preopinan não he assim. Umas são mais fracas, outras são mais
te, Sr. Trigoso, referiu do meu discurso só as razões fortes; aquellas facilmente se podem remediar, mas
que fazião a bem da sua opinião, e deixou as outras. quando estas tem adquirido um partido muito forte
Segundo a sua opinião, ainda que o Governo saiba não poderemos valer-nos das medidas ordinarias para
que ha uma conspiração, que tenha della muitas ins as atalhar. Quanto ao segundo argumento, que o Go
trucções, e conheça mesmo que se vai arrastando o verno póde abusar dos meios que tiver á sua disposi
espirito publico para aquelle partido, não póde dar ção, respondo que não ha nada de que se não possa
providencias nenhumas em quanto ella não rebentar. abusar; e por essa razão não se ha de providenciar
JEm quanto se não manifestar a rebelião, por mais nada! . . . . . . Quanto mais que os abusos do
que cheguem a seus ouvidos as disposições dos cons Governo no estado actual não vejo que sejão tão
piradores nada fará, pois não he facil adquirir provas fortes: primeiramente porque as Cortes hão de de
judiciaes, e escritas, e entretanto vai o partido adqui cretar para este fim; hão de examinar se ha ra
rindo forças, e quando tenha lugar proceder-se á sus zão para isto, o que ha de ser um exame bastante
pensão das formalidades ordinarias, já a rebelião não mente maduro: e nós não devemos suspeitar que cen
terá remedio. As Cortes devem manter em todo o to e tantos Deputados formem tenção de atraiçoar a
caso a liberdade nacional, com preferencia á indivi Nação; em segundo lugar temos ainda outra cousa de
dual, pois a Nação nellas depositou o cuidado de que se faz menção quando se declara a suspensão dº
[ 305 ]
habeas corpus, e he que os ministros são tambem res go que este segundo caso he mais perigoso: sempre tra
ponsaveis. Em o nosso caso, todas as vezes que o balhão primeiro por desacreditar o Governo: já aqui
Governo abusar a este respeito, hade-se exigir delle vimos um exemplo de quanto isto póde ser funesto.
uma responsabilidade perfeita. Temos a garantia do Um Sandoval com um caracter que parecia cheio de
cuidado das Cortes; e além disso temos a responsabi liberalismo, concebeu na sua cabeça um projecto tão
lidade dos ministros. Ha muitas occasiões em que he malvado como se sabe; e assim se houvesse duzen
ia dispensavel valer-mo-nos de medidas extraordinarias. tos Sandovaes que o seguissem, poderia haver uma
Nós não poderemos duvidar que á Regencia se deu desordem. Entre tanto se o Governo não tivesse á
º anno passado um poder tão extraordinario e tão sua disposição todos os meios necessarios de certo qne
absoluto; não posso deixar de dizer que querendo pre a não poderia evitar.
venir grandes males, he indispensavel suspender as O Sr. Killela: — Eu sou de opinião contraria.
medidas ordinarias em materia de conspiração: se o Não devemos deixar a porta aberta para que por mo
não fizerinos será o mesmo que desfazer com uma mão do algum possa ser opprimida a liberdade dos cida
o que se fez com a outra. dãos. As conspirações conhecem-se por denuncias,
Interrompeu o Sr. Presidente a discussão para ou por suspeitas. No caso de se conhecerem por de
annunciar ao Congresso, que se achava na sala de nuncias já no paragrafo 154 se diz (leu): e está re
fóra o coronel do regimento de infanteria n.° 2 com mediado. Se a conspiração he suspeita, o Governo
a oficialidade do 2.° batalhão do mesmo regimento, tem todos os meios para vigiar os conspiradores, e
os quaes, tendo vindo de Pernambuco, e sendo man seguilos. Quanto ao exemplo que se trouxe de Roma,
dados regressar ao seu respectivo quartel, vinhão por nada prova, porque o caso da conspiração de Catili
si, e em nome de todos os soldados do seu corpo, na era conhecido; tanto assim, que o consul na sua
apresentar ao soberano Congresso os seus comprimentos famosa oração, a primeira catilinaria, diz ao cons
de despedida, acompanhados dos protestos de adhesão pirador: Patere tua consilia non sentis?.... Quid
e obediencia ao systema Constitucional e ás Cortes, proxima, quid superiore nocte egeris, ubi fueris,
expressados pela seguinte carta, que se mandou men quos convocaveris, quid consilii ceperis, quem nos
cionar honrosamente na acta, e publicar neste Diario, º trum ignorare arbitraris? Voto por tanto contra a
e no do Governo. -
opinião dos Srs. que querem que no caso de qualquer
Senhor. — O Coronel Rodrigo Victo Pereira da conspiração se suspendão ás formalidades. \
Silva, do 2.° regimento de infanteria de linha, jun O Sr. Trigoso: — Eu disse que quando o Go
tamente com a oficialidade do 2.° batalhão do mes verno soubesse de uma conspiração podia seguir os
no regimento, vindo de Pernambuco, tem a honra conspiradores e usar dos meios que tem á sua dispo
de se apresentar a esta, a mais augusta de todas as sição, fazendo depois que se convocassem as Cortes;
Assembléas, em que juntamente respeitão e conside disse isto porque he mais natural que succeda qual
rão reunidos os pais da patria para a regenerar e en quer conspiração em tres quartos do anno do que em
à gradecer. A V. Magestade, soberano Congresso, são um. Disse um honrado membro que se tinhão dado
!, já bem conhecidos os liberaes sentimentos que animão poderes tão amplos á regencia, e que agora havia du
º dito coronel, officiaes, e até ao ultimo soldado des vida tão grande em os dar ao Governo. Em quanto
| te corpo, e que pela grande causa em que toda a a isto eu não fui de opinião que se dessem aquelles
Nação se acha interessada derramarão a ultima gota poderes á regencia..... (Não ouviu o resto o taqui
| º do seu sangue, como já se obrigárão por solemne ju
ramento, e novamente jurão por quanto ha de mais
… sagrado. E porque são mandados regressar ao seu res
grafo).
O Sr. Serpa Machado: — Já noutro lugar da
•
• • |- ** * ". " •
[ 307 ]
• • •
possa prender qualquer cidadão portuguez, então por trangeira. Tambem se recorreu ao exemplo que apre
que razão havendo esta conspiração não se póde dizer senta a historia da conjuração de Catilina. Primeira
que o Governo a acautele! Não sei porque se não mente he sabido de todos que os principios que cons
ha de adoptar esta medida; e póde muito bem ser que tituião o governo de Roma erão muito diferentes dos
estas conspirações sejão muito frequentes. Ora eu as nossos., Roma já antes daquella época estava entregue
sento que por motivos muito justos será necessario to a facções que lutavão entre si, e aspirávão ao Gover
mar esta medida logo que haja conspiração. Em fim, no; a mesma conjuração de Catilina, que foi delata
Srs., eu estou persuadido que o verdadeiro fundamen da por Fulvia, era de tal natureza, como já elegan
to da liberdade do cidadão he o bom Governo, pois temente se explicou o Sr., Villela, recorrendo até 4
ainda que a Constituição estabeleça todos os princi um lugar do mesmo Cicero, que se não, póde consi
pios necessarios para sustentar esta liberdade, se o derar uma conjuração occulta :, os argumentos e con
Governo quizer abusar sempre o ha de fazer; porém jecturas que a historia subministra indição que Cesar,
felizmente os Portuguezes podem dirigir muitos lou o mesmo que foi juiz nesse negocio, e que depois foi
vores ao céo porque o Governo que actualmente te o assassino da liberdade da sua patria, era complice
mos he cordialmente amigo do systema constitucio de Catilina. A conjuração deste não foi mais do que
nal: por conseguinte insisto muito em que se não deum dos parocismos que annunciava o breve termo da
clarem mais casos. Assento que por melhores que se liberdade de Roma. … …" … … * Jº ** *
}ão as leis senão houver boa execução nada temos . Proponho-me tambem fazer algumas reflexões
conseguido; e por isso devemos todos os dias rogar a ácerca da influencia da suspensão do habeas corpus,
Deus que nos dê sempre bons imperantes, dizendo . sobre a constituição ingleza. Pareceu a um illustre
com o Santo Rei David: Deum judicium tuum re Deputado que dessa suspensão não tinha, resultado
gi da : et justitiam tuam filio regis. * * damno áquela constituição: eu não procurarei res
O Sr. Sarmento: — Principiarei o meu discurso ponder com a opinião de autores que mais particular
dizendo amen á invocação feita pelo illustre Preopi mente tem meditado sobre este assumpto; citarei um
nante, que acaba de falar; porém o principal motivo escriptor, cuja historia corre por todas as mãos, Snil
por que me levanto, he para desvanecer qualquer lett bem claramente lamenta os efeitos da suspensão
suspeita de incoherencia, em que eu fosse incorrer, do habeas corpus no reinado de Jorge II. Tanto este
votando na sessão ultima, em que se tratou deste im terrivel recurso tem transtornado consideravelmente a
portantissimo assumpto, que se podessem propôr mais constituição ingleza, que se viu em 1817 um minis
casos, além dos dois já referidos na sobredita sessão; tro de Estado declarar na casa dos Lords, que a ne
e sendo hoje de parecer que fiquem decisivamente cessidade de espias empregados pelo Governo de In
marcados os mesmos dois unicos motivos para suspen glaterra se podia justificar com a pratica de todos os
são do habeas corpus. A importancia deste objecto, a mais Governos. Seria possível que o Lord Somers, e
circunspecção com que ele devia ser tratado, influí ºs outros pais da presente constituição ingleza pen
tão na minha opinião, porque me parece que não era sassem em 1688 que para a existencia da Constitui
tempo perdido todo aquele que se gastasse em discu ção ingleza em 1817 se recorresse ao exemplo de Go
tir este ponto, e tenho a satisfação de ver que os il vernos, que não erão representativos! A hostilidade
lustres Preopinantes tem derramado sobre ele muita que a mesma Constituição tem feito ás suspenções
luz, e trazido a questão á sua maior elaridade. O dos seus institutos de liberdade he reconhecida por
habeas corpus, como he appellidado na constituição todos os escritores politicos da Inglaterra. Devo ulti
ingleza, este celebre instituto conservador da liberda mamente responder á observação feita pelo illustre
de, he certamente um artigo de manufactura ingleza, Preopinante ácerca da segurança que a liberdade en
porém estou inteiramente persuadido de que toda a contra na responsabilidade dos ministros, e emprega
Nação portugueza approva a sua importação, e ines dos publicos, ainda mesmo que tenha lugar a suspen
mo perdoaria os direitos de alfandega. A questão he são do habeas corpus. Eu lembraria os acontecimen
tão clara, que o pretender eu falar, depois de tudo o tos que tiverão lugar na Irlanda por occasião da in
que tão sabiamente se tem dito, seria mais prejudi surreição que aconteceu naquelle desgraçado paiz no
cial do que de utilidade. Parece-me todavia conve tempo da revolução de França, acontecimentos que
niente responder a alguns argumentos deduzidos tanto causão horror quando se lê a sua historia, O parla
da historia antiga como da moderna; porque elles te mento, concedendo a suspensão do habeas corpus, se
rião muita força se houvesse paridade de circunstan ria incoherente se facilitasse os recursos dos ofendi
cias. Já um illustre Deputado respondeu ao argumen dos contra os empregados do governo, os quaes sem
tô trazido dos acontecimentos de Napoles; eu acres pre em similhantes circunstancias excedem os limites
centaria que não forão os Napolitanos os autores da do poder, e por isso apparecerão em juizo defezas de
morte da sua recente liberdade, Napoles cedeu a uma actos da maior arbitrariedade, Gohonestados com o
invasão estrangeira, porque não tinha forças milita 5rincipio da necessidade, e segurança pública. Nada
tes que podessem repellir os Austriacos. Ou falta de he tão util como, a lição que nos oferece a historia
disciplina do exercito, ou inferioridade de forças oc das outras nações. Quando as Cortes decretarem a
casionou a dispersão do exercito do general Pepe * suspensão de algum instituto da nossa liberdade, segu
bem corno acontecèra a Murat em Tolentino, em ramentë não hão de deixar de apoiar os executores dos
ºutra companha. Foi por consequencia a desgraça de seus decretºs, porque os tresmos princpios da necessi
Napoles o resultado da violencia de uma invasão es-- dade da salvação do Estadô, que justificárão a sus
Qq ?
1 aos 1
suspensão, hão de ser a defeza, quando se accusasse que o Governo passará a ser despotico; mas porque
os executores da lei de terem sido arbitrarios, injus não havemos nós de suppor o outro caso em que o
tos, e violentos: o remedio existe em se marcarem os Governo obrará com acerto e prudencia, e não abu
|- • • • * * ** •
casos na fórma que se propõe na primeira discussão sará da liberdade que as Cortes lhe dão ? De mais
deste artigo. o Governo já tem essa liberdade, impondo-lhe uni
O Sr. Villela: — Eu creio que não póde passar camente o encargo de elle em 48 horas entregar ao
o que os illustres Preopinantes sustentão. A conspira juiz o prezo; porém no caso em que nós estamos fa
Qão ou se manifesta por factos, ou não passa de pa lando he que devemos tomar as medidas as mais ener
# e suspeitas. Se acaso se manifesta por factos, gicas e activas: os outros males que podem resul
então ella he conhecida, e o Governo deve proceder tar a um cidadão por uma prizão injusta tem sempre
conforme as leis. Se não passa de palavras ou suspei uma compensação na lei. Mas, pergunto eu, todas as
'tas seria instituirmos uma inquisição politica, autori vezes que o Governo constitucional for atacado,
zando o Governo para a suspensão das formalidades. quem_he que ha de responder pelos males que daqui
Voto por tanto por esta só nos dous casos indicados resultão! Qual he o Cidadão que tem bastantes bens,
ção,Sessão
na passada;he emuito
cujo sentido no de qualquer conspira bastantes vidas, para compensar este mal? Diz-se
nuncavago, • •
futuras não tiverem poder bastante para remediar um O Sr. Borges Carneiro: — Em ouvi dizer que na
tão grande mal! •
ilha da Madeira obrigavão justamente a este navio a
Declarada a materia suficientemente discutida pro pagar os novos ejustos direitos, e cono ele reclamou
poz o Sr. Presidente á votação o seguinte quesito: se ao Governo, que deixárão ficar em deposito 2o pipas
º caso de conspiração fica comprehendido na disposi de agua ardente para segurança dos direitos, o navio
ção do artigº. — E procedendo-se a votação nomi veio ao porto desta cidade; obteve a isenção que que
nal, por decisão do Congresso, venceu-se que não, ria, e agora se apressa a partir para ir receber as 20
por 60 votos contra 44. -
Votárão que não os Srs. Sarmento, Ferrão, Po nistros que decretárão tal isenção, pois a agua-arden
coas, Andre da Ponte, Camello Fortes, Antonio te chegou á ilha muito depois de ter expirado o prazo
Carlos, Ferrei a de Sousa, Osorio Cabral, Antonio que na lei se concedeu. Devem pois pedir-se ao Go
Pereira, Pinheiro de Azevedo, Barão de Mollelos, verno todas as informações sobre isto, e a nenhum Sr,
Figueiredo, Bispo de Beja, Gouvea Durio, Lélo, Deputado se póde embaraçar que peça as que julgar
Barata. Borges de Barros. Pires. .Agostinho Go necessarias, quando se trata de fiscalizar uma infrac
mes. .Assis de Barbosa, Santos. Araujo Pimentel, ção de lei. . "… … |-
Trigoso, Moniz Tavares, Killela Soares de 12eve O Sr. Lino Coutinho: — Pergunto eu porque a
do . Braamcamp. José Carneiro. Ferreira da Silva, lei não foi publicada no porto donde saíu esta en
João de Figuiredo, Vicente da Silva. Rosa. Gouvea barcação não se deve entender con elle! Pois nós ha
Osorio. Correia Telles. Rodrigues de Bastos, Lino
vemos esperar porque se publique lá! Já pasia o pra
Coutinho. Afonso Freire. Moura Coutinho. Rihei zo do mez tachado pela lei, e está sujeito a ella. He
ro, Teixeira, Queiros. Ribeiro Saraiva, Scabra, necessario que os ministros fação executar as leis des
Barreto Feio, Isidoro José dos Santos, Martins. Bas te Congresso: elle acha-se reunido ha um anno, ten
tos, Luis Paulino, Grangeiro, Martins Couto, San feito leis, e os ministros não fazem caso dellas: como
de e Castro. Serpa Machado. Vasconcellos. Marcos póde o systema progredir para diante se elles obrão
Antonio. Vergueiro, Araujo Lima, Lopes de Al desta forma ! • • , * .* . . - - - - -
berto, Pereira do Carmo, Bispo de º astello Branco, O Sr. Presidente pozºa votos a indicação, e foi
Macedo. Pessanha. Bettencourt Ramos Trapassos, approvada, mandando-se entretanto suspender a in
Margiochi, Soares Franco, (alºeiros Varier Mon dicada portaria. • •
teiro, Leite Lobo. Caldeira, Bueta Fel rueiras, Me O Sr. Fernandes Thomaz fez a seguinte
deiros, Bekman, Aragão. Brito , , Br ind o, Mal
donado, Annes de Carvalho, Santos Pinheiro, Guer • IND I c AçÀ o.
reiro, Ferrão. Vaz Felho, Andrade /'arella, Al
vcs do Rio, Manoel Antonio de Carvalho. Gomes Proponho que se pergunte á secretaria da mari
de Brito, Borges Carneirº, Fernande Thomaz, nha por ordem de quem inandou impôr nas despezas
Miranda, Negrão. Franzini, Sulema, Sousa .Ma da junta da marinha duas pensôes a favor dos filhos
chado, Vicente Antonio. •
do capitão de mar e guerra José Maria Monteiro.
O Sr. Gyrão apresentou a seguinte – Fernandes Thomaz. ,
Foi approvada. •
ºvo ser. O marquez de Pombal, como he bem sa compativel com cargo da ministro de Estado: he até
lo, pertendeu seguir. as pizadas do celebre Cardeal mesmo impossivel que os ministros dos bairros sejão
Richelieu; para elle poder estabelecer uma admi obrigados a responder pela segurança dos seus destri
Estração arbitraria, era necessario formar institui ctos. Em Lisboa, he impossivel que elles possão con
jes, que apoiassem o seu despotismo. Elle não igno ter em os seus deveres pessoas de tantas e tão diffe
ava o progresso das luzes, e que apoz destas, seguem rentes gerarquias; e que estes obedeção a qualquer
e os principios de liberdade. A Inquisição já lhe não magistrado seja elle qual for. He necessario primeiro,
odia subministrar os recursos, para o systema de que os Portuguezes se amoldem aos costumes consti
gºverno, que ele adoptou. Ella ainda lhe tinha ser tucionaes, e que elles considerem o magistrado, co
do em 1761 para aquella medida de terror, quan mo um homem que pelo seu cargo na administração
lo fez queimar o Jesuita Malagrida, homem fanatico, publica, inerece certa consideração. Por tanto voto
velho, e louco; porém os principios de tolerancia se que se conserve a intendencia geral da policia de Lis
}ão propagando na Europa, e o marquez de Pom boa, e se extinga o título de intendencia geral da
bal não podia deixar de ter conhecimento da influen policia do Reino. •
|cia das luzes sobre os institutos políticos das nações. O Sr. Trigoso: — Eu não pretendo defender o
A policia continuou todavia sem sair muito fóra dos estabelecimento geral da policia, porém digo, que em
limites da sua primitiva instituição, apezar de que quanto se não acabar a Constituição politica da Mo
um viajante Francez admirou mais em Portugal a au narquia portugueza, deve permanecer não só ella mas
toridade desta magistratura, do que em qualquer ou até o seu intendente. Levantei-me sómente para fazer
iro paiz, sendo de notar que a França, tanto antes, algumas reflexões sobre este objecto: se nós appro
como depois da sua revolução foi onde semelhante varmos o projecto tal como está, que cousa lhe deve
magistratura chegou a maior gráo de poder. A revo remos substituir! Elle o não diz. As nossas leis de
lução franceza influiu totalmente na desmedida au policia desde 603 até ao reinado do Sr. D. José, fo
toridade, que em Portugal conseguiu a policia, por rão menos más, não me atrevo a dizer que sejão per
que o receio da propagação dos principios da revolu feitas. Quando o marquez de Pombal estabeleceu uma
ção da França excitou o Governo a revestir esta ma grande magistratura com o titulo de intendencia ge
gistratura de um poder discricionario, e máo foi ral de policia, ele não se atreveu a dizer mal destas,
Principiar, porque o progresso, e augmento do po antes pelo contrario as fiz reunir ás da creação deste
der desta autoridade, assim como de todas aquellas, estabelecimento, e fez reunir a jurisdicção da policia,
que não tem regimento, e só dependem das circuns com a jurisdicção contenciosa; e em segundo lúgar
lancias, pó le-se comparar ao brinco da mocidade nos não publicou as leis da sua creação; e tudo isto ele
pazes septentrionaes, que de uma pequena bola de fez por um despotismo. Diz-se que por isso que a ju
Deve, vão pelo progresso da carreira para onde a con risdicção da policia era ampla, segue-se que havia de
duzem , augmentando o seu tamanho, "e chegão ser uma magistratura despotica: porém o autor do
em um instante a formar um colosso; a policia sen projecto considera este estabelecimento digno de ex
do instituida no principio para processos de correc tincção, e não diz quaes são as cousas que o devem
ção, chegou a formar culpas, que levárão ao pati substituir, nem diz que deverá passar para o ministro
bulo os comprehendidos nos seus processos. He o que da justiça nem para os ministros criminaes. Eu nes
me parece suficiente dizer, para apoiar este projecto, te caso direi que despotismo por despolisino, antes
º responderei ao mais, se me for possivel. quero que se dê a uma autoridade subalterna do que
O Sr. Guerreiro: — Reduz-se este projecto a a um ministro de Estado. Assento por tanto que se
que seja extincta a intendencia geral da policia, en fação executar as antigas leis de policia; quando isto
tre nós a autoridade maior que se conhece na magis acontecer, então talvez se possa abolir a intendencia.
tratura, para a qual não ha recurso senão o immediato Diz o projecto, a limpeza da cidade, illuminação,
a ElRei; e eu mesmo estou convencido de que a in etc., passa para o Senado da Camera; para o Sena
tendencia, tal qual existe, não he compativel com o do da Camera que já está quasi a ser extincto, e não
presente systema que os Portuguezes tem adoptado: se sabe se haverá uma ou mais cameras. E para quem
e nesta parte parece-me que não entrará o projecto em passa a casa pia! Para um homem que não póde fa
descussão. Porém considerando este projecto na sua zer nada, ainda que seja elle o mesmo homem que
generalidade, não posso deixar de dizer, que em quan quando se achava encarregado da policia tratou mu
to á intendencia geral da policia do Reino, não te to da casa pia; mas agora he secretario de Estado
nho duvida alguma, de que se reunão as suas attri dos negocios do Reino. Concluo pois dizendo, que
buições em as pessoas do ministerio, aonde haja de não defendo o estabelecimento da intendencia, antes
se reunir em um só ponto todas as partecipações, pois conheço que ele he contrario ao systema constitucio
que he necessario a solutamente haver este centro de nal, e a todo outro qualquer; e desejo que se lhe ti
reunião, porque sem isto não podem os ministros ser rem todos os procedimentos arbitrarios, porém não
responsaveis, e não deve ser entregue senão a uma se extinga, inteiramente em quanto se não adoptar ou
autoridade que forme parte do mesmo ministerio; não tro qualquer meio de o substituir.
se trata só destas diversas participações das diferen O Sr. Sarmento disse que confessava que o pro
tes terras do Reino, trata-se tambem das immensas jecto poderia ser mais bem imaginado, mas não o
ordens, e providencias que he necessario dar prom pudera fazer melhor, o que elie sentia; e que não era
ptamente. Então vemos claramente que isto he im obrigado a mais do que podião as suas forças, Que
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em quanto á duvida do Sr. Guerreiro estava persua da marinha duas pénsões a favor dos filhos do capi
dido que a falta de consideração dos ministros criminaes tão de mar e guerra José Maria Monteiro. O qu
de Lisboa provinha da existencia da intendencia, porque participo a V. Exc." para sua intelligencia, e execu
ella os tinha reduzido a seus alcaides; alem do Go ção. +
verno os poder autorizar, como ele achar convenien Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 2:
te, para desempenho dos seus deveres. Em quanto ao de Fevereiro de 1822. —João Baptista Felgueiras.
que expunha o Sr. Trigoso, que não pretendia no
projecto passar para o ministro da justiça a autorida Para Silvestre Pinheiro Ferreira
de, que tinha o intendente; que as participações só
tinhão em vista informar o Governo, o qual se não Hlustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
póde negar que convem esteja bem informado de tudo. tes Geraes e Extraordinarias da Nacão portugueza
Que não he consequencia forçosa, que o Governo te ordenão que V. Exc." remetta a este sobera no Con
nha a autoridade, de que estava revestida a policia, gresso as informações necessarias ácerca de uma or
para mandar tirar devassas de commissão. Que por dem que se diz expedida pela secretaria de Estado
senado da camera de Lisboa não se deve entender só dos negocios estrangeiros, para que os encarregados
mente o actual senado de ministros togados, porém dos negocios em Londres recebessem para pagamento
todas as cameras, que para o futuro forem eleitas pe dos agentes diplomaticos preteritos, e presentes, cer
los cidadãos de Lisboa; e que a administração das tas quantias que naquella capital estavão depositadas
calçadas, e mais objectos mencionados no projecto pertencentes a negociantes do Brazil, principalmente
são sem duvida de verdadeira economia municipal. da Bahia; em consequencia de indennisações de to
Que encarregando a inspecção dos outros objectos madias de navios na costa da Africa. O que partici
ao Ministro dos negocios do Reino , não se segue po a V. Exc." para sua intelligencia e execução.
que aquelle ministro não possa nomear superinten Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 27
dentes subalternos debaixo da sua inspecção, e que o de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
projecto naquella distribuição vai coherente com as
repartições de negocios encarregados a cada uma das Para Candido José Xavier
secretarias de Estado, segundo o espirito do decreto,
que regulou as secretarias, etc. P Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cou
Sendo chegada a hora para pôr termo á Sessão, tcs Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
decidiu-se que ficasse adiada a discussão do projecto. querendo evitar o inconveniente que resulta de se tra
Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia zerem pendentes de fita do mesmo padrão, conforme
o projecto de decreto sobre o valor das moedas d'ou a ordem das Cortes de 4 de Setembro de 1821, duas
ro, a pauta das alfandegas, e a decisão sobre o re insignias diversas, quaes são as cruzes de campanha,
querimento do capitão hollandez Oreille. e as medalhas de commando em batalha na guerra
Levantou-se a sessão ás duas horas da tarde. — peninsular: ordenão que naquellas se continue a usar
Francisco Xavier Soares de Azevedo, Deputado Se da fita de tres riscas brancas, e duas azues, segundo
cretario. se acha disposto na citada ordem, e que ao contrario
na fita das medalhas sejão tres as riscas azues, e duas
REsoluções E ORDENS DAs CoRTEs. as brancas, ficando desta maneira alternadas as cores
relativas a uma e outra insignia. O que V. Exc."le
Para José Ignacio da Costa. vará ao conhecimento de Sua Magºstade.
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 27
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras.
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza Redactor — Galvão.
ordenão que lhes sejão transmittidas copias assim da
portaria expedida pela secretaria d'Estado dos negocios
da fazenda em data de 21 do corrente mez a favor de
Mr. Eduards, para entrar na ilha da Madeira com
cento e oitenta pipas de agua-ardente de Bordeaux, SESSÃO DE 28 DE FEVEREIRO.
pagando sómente os direitos antigos, como dos do
cumentos relativos áquelle objecto; ficando entretan
to suspenso o efêito da citada portaria. O que V. A… a Sessão, sob a presidencia do Sr. Va
Exc." levará ao conhecimento de Sua Magestade. rella, foi lida e approvada a acta da antecedente.
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 27 Leu o Sr. Secretario Felgueiras os papeis se
de Fevereiro de 1822. — João Baptista Felgueiras. guintes.
Um oficio do Ministro do interior, enviando a
Para Ignacio da Costa Quintella. consulta do conselho da fazenda em data de 25 de
Fevereiro, com as copias de quatro outras relativas
Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Corao aforamento do mouchão, denominado Carne dº
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza Couto ou Alagôa, no campo de Valada, que prete""
ordenão que V. Exc.° informe por ordem de quem de Constantino Pereira Coutinho de Sousa Menºzº
se mandárão impôr nas despezas da junta da fazenda Girão. A Commissão competente.
[ 313 ]
Um dito do mesmo, enviando o requerimento, e podemos fazer mais nada senão com que o ouro, que
apostilla dos moradores da aldeia de Rebordello, ter corre em barra, passe a ser cunhado. Ouvi lembrar,
no da villa de Pinhaes, pedindo naquelle dispensa que dando-se á moeda este valor, virião a receber os
de lapso de tempo para transitar na chancellaria, e empregados publicos menor quantia do que d'antes
e registar nas mercês a dita apostilla. A Commis recebião. O empregado publico ha muito que não re
do de justiça civil. cebe dinheiro em ouro, e tomárão elles ao menos te
Um dito do mesmo, remettendo a informação lo recebido em papel. Além disto lembrárão tambem
dada pelos dois membros da commissão encarregada os Srs. Deputados da Bahia, que esta medida pode
da inspecção, e administração do terreiro publico, ria tambem ser conveniente para o Brazil; póde ser;
Gonsalo José de Sousa, e João Gomes de Oliveira, mas no Brazil ha muito que corre por um maior pre
ácerca do facto de se haver admittido a carga de tri ço, e ha de continuar a ir para lá como d'antes. E
gºvindo do Fayal na escuna portugueza Emilia. A geralmente falando, o ouro em todos os paizes tem
Commissão de agricultura. maior valor, e não menor, e conseguintemente a moe
Um dito do Ministro da guerra, no qual partici da não descerá do seu valor; mas sim subirá. Em
pa estarem cumpridas as ordens das Cortes ácerca da quanto á emenda do Sr. Travassos, que considera ?
commutação da pena ultima, imposta ao réo Mi "marco de prata amoedado do valor de 73500 réis,
guel Antonio, soldado que foi do regimento de arti relativamente ao ouro, sendo na proporção de 1: 16
lheria n.° 3; enviando ao mesmo tempo as desculpas réis, deve então ficar as 4 oitavas exactamente nesta
daquellas autoridades, que poderião ser consideradas proporção, e na verdade assim he, porque o ouro em
como culpadas na grave e escandalosa demora de oito barra está relativamente á prata em barra na relação
annos, que se passárão sem se executar, a primeira, de 1: 16, e conseguintemente deve valer o ouro
sentença. A Comnissão de justiça criminal. mais 16 vezes que a prata. Approvo por tanto o pro
Um dito do Ministro da marinha, enviando a jecto; pois a emenda do Sr. Travassos tem unica
parte do registo do porto. Inteiradas. mente a differença de 9 vintens nas 4 oitavas de ou
Um requerimento assignado por um grande nume ro, e na verdade não conserva tanto a proporção.
ro dos habitantes da Bahia, em que pedem provi O Sr. Travassos: — Se o valor natural do marco
dencias, a fim de que seja instalado com a maior bre de prata são 73500 rs., digo que não se deve levar a
vidade possilvel , o governo constitucional daquella 83680, porque he ir dar-lhe um valor nominal.
provincia ; ficando no entretanto a junta privisoria 73500 he o valor do marco de prata, pelas ultimas
actual, pelo bem que tem governado: e outro sim ordens que forão dirigidas á casa da moeda: porém
pelem a demora da tropa europea naquela cidade tenho a dizer que o crusado novo não tem 4 oitavas,
até que o systema constitucional se ache bem enrai o que ninguem me poderá provar. O valor do marco
lado. A Commissão de Coustituição. •
de prata cunhada não são 16 cruzados novos; mas
Uma felicitação do juiz ordinario do, couto do sim são 73500 réis. O que eu pretendo he que se
Banho, Bernardo José da Costa. Ouvida com agrado, possa cunhar ouro na casa da moeda. Pelo orçamen
Feita a chamada, estavão presentes 108 Senhores to que o Ministro da fazenda apresentou, se vê que
Deputados, e faltavão os seguintes: os Senhores Fal o rendimeuto da casa da moeda foi o anno passado
cio, Povoas, Moraes Pimentel, Girão, Canavarro, 40 contos de réis, cunhando-se sómente prata, se
Ribeiro Costa, Barão de Molellos, Antonio de Fi gue-se que cunhando ouro, será este maior; e por
gueiredo, Sepulveda, Barata, Feio, Felisberto de isso quando se poder cunhar ouro em lugar de prata,
&queira, Lyra, Van 2eller, Brandáo, Almeida e o rendimento será maior. Ha mais uma outra razão,
Castro, Innocencio de Miranda, Queiroga, Castello ainda que não essencial, com tudo não deixará de
Branco, Pinto de Magalhãei , Faria Carvalho, fazer algum pezo. Estabelecido o methodo decimal
Ferreira Borges, Faria, Mouru, Sousa e Almei das moedas, teremos, mais facilidade no calculo, e
da, Rebello, Luiz Monteiro, Pamplona, Ribeiro seria mais conveniente ao commercio; e deste modo
Telles. + teriamos o meio de fazer uma nova moeda, que mar
Ordem do dia. Entrou em discussão o artigo 1.° caria a época do actual systema da nossa regeneração
do projecto 215 sobre a moeda, e juntamente a emen politica. (Apoiado, apoiado). Em quanto ás moe
da apresentada a este respeito pelo Sr. Travassos: das de ouro eu não quero que se decrete que as pe
que foi lida pelo Sr. Secretario Freire. (Vide pag. 186 ças valerão 73500, mas sim que se faça uma decla
e 278). ração que o valor da prata á proporção com o ouro
O Sr. Soares Franco: — Este projecto tem por corresponde a 73500. Fazendo nós isto evitariamos
base, como já disse, regular o valor do ouro em re até com que nas provincias se acabasse o que até
lação á prata; eu direi a minha opinião em poucas agora tem succedido: isto he, enganarem as pessoas
palavras. He preciso saber se esta medida que se quer expertas as innocentes com as suas traficancias. Eu
tomar he conveniente á nação! Creio que he; porque convenho com os principios do Sr. Miranda autor do
quanto mais moedas houver melhor; e além da moe projecto: porém no que diferimos he no valor com
da de prata, convem que a haja de ouro. Qual deve que se deve comparar, e o meu voto he que seja 73500
rá ser o valor desta moeda de ouro! Deve ser aquel rs. o valor da moeda de ouro de 4 oitavas, e que o
le que tem no commercio em relação do ouro, para com marco de ouro de 22 quilates terá o valor de 1203
a prata. A questão pois he saber, se se ha de mandar réis. + •
á casa da moeda cunhar a moeda, ou não! Nós não O Sr. Ferreira da Silva: — Rr
•
Antes de se fazer a
[ 314 ]
"tombinação que deve haver entre o ouro e a prata, éstá feito, conservando a geral estimação que o ouro
*he necessario fazer uma lei. Tenho ouvido dizer que tem hoje na Europa. Deixemos pois os preços estabe
o decreto he provisorio; porém eu não entendo que cidos pela legislação antiga, ella tem 130 annos, e
cousa seja moeda provisoria. A razão porque a moe parece-me que não ha genero nenhum, que durante
da de ouro está hoje na proporção de 1:16, he porque este tempo não tenha sofrido alteração; e mesmo
ella hoje está mais augmentada, e antigamente esta porque esta diferença he muito modica. Os cambios
va na razão de 1: 15. Porém quando se queira fazer já tem feito muita diferença a nosso favor, pois na
este projecto provisoriamente, era necessário primeiro Inglaterra, que estava a 49 já está a 523. O papel
que determinassemos o real da prata; pois que este já tem feito muita diferença, e esta ha de ser muito
no Reino Unido não he igual. Nós vemos que no maior logo que o banco comece a trabalhar. Este he
Brazil 10 moedas de 640 tèn o pezo de 60 oitavas: o meu voto, apoiando o projecto.
he verdade que pelas peças no Brazil dão 600 e 700 O Sr. JMiranda: — Depois do que tenho dito, e
réir; mas segue-se que eth Portugal tendo os cruza se tem ja dito n'outras sessões ácerca deste projecto,
dos novos 64 oitavas para valerem 6400, he eviden eu não me demorarei muito em provar a necessidade
te que o valor em Portugal he maior que no Brazil, que ha de adoptar o projecto. He bem sabido que
e conseguintemente que o ouro no Brazil tem menos carecemos de pôr a moeda de ouro em circulação, o
valor que em Portugal. Do que resulta um grande que não se poderá conseguir, sem que se lhe dê o va
damno ao commercio, porque nós sabemos que em lor que realmente tem, e não o valor que até agora
Portugal os generos exportados para o Brazil são de tem tido pela lei de 1778. Por outra parte todos sa
menos valor do que os generos exportados do Brazil bem que na casa da moeda, não se póde cunhar moe
para Portugal; do que se conhece que he muito maior da de ouro, pois que não se póde dar por 6400 réis
a exportação de moeda de Portugal para o Brazil. Se o que na verdade tem maior valor; e daqui se segue
este decreto pois he applicavel só a Portugal, vem a que cunhando-se ha de necessariamente deixar perda:
ser prejudicial ao Brazil; e se faz extensivo a Portu estes tem sido os motivos, porque ultimamente se
gal, e ao Brazil resulta tambem damno, porque Por tem cunhado muito pouco ouro, e algum que se tem
tugal, logo que tiver exportado toda a sua prata, en cunhado, tem-se repartido pelos afilhados, e estão
tão se verá obrigado a remetter o ouro, e então este guardadas como medalhas, e não como moeda; he
terá decadencia. Adopto pois o systema do illustre necessario por tanto fazer-se com que deixem de ser
Preopinante, o Sr. Travassos; que se faça uma no conservadas como medalhas, e que tornem a circular
va moeda, e que a esta se dê o seu valor correspon como moedas. Além disto he de necessidade declarar
dente. Este he o meu voto. se o seu valor: pois ele não póde correr como gene
O Sr. Alves do Rio: — Senão hóuvesse lei que ro, e ainda que podesse correr assim entre particula
tivesse marcado e determinado o valor do ouro, eu res, não he possivel que deixe de ter um valor deter
seria da opinião do illustrº Preopinante; mas como minado para o Gaverno, e para as diferentes repar
ha uma lei, então he necessario destruir esta lei, e tições fiscaes, e isto complicaria muito a escriptura
reformala. O dinheiro como mercadoria he portuguez, ção, sobre maneira, (por assim dizer) do thesouro, e
é da lavra portugueza, e he um producto da sua agri traria comsigo grandes transtornos. He pois necessa
cultura. Todos sabem quanto ouro tem ultimamente rio que haja uma lei que declare o valor da moeda de
sido applicavel ás artes: sabemos que não ha nada ouro. Este projecto de que se trata he provisorio, e
}" não leve ouro. Nós quando agora tratamos de por isso se póde alterar, ou diminuir, se alguma cou
dar este valor ao ouro, não he dar lhe um valor no sa senão julgar conveniente; porém digo que não he
vo, mas sim applicalo ao commercio de Portugal pela legislação que nos devemos regular, para estabe
com a Europa. Muitas cousas se tem aqui dito sobre lecer a relação da moeda de prata com a de ouro;
este objecto, e por isso eu não accrescentarei mais porque a lei de 1779 não tem sido posta em execu
nada. Se porém o ouro em toda a Europa tem maior ção, e só aqui ha quatro annos he que a poz em pra
valor; porque razão havemos nós conservar o ouro tica quando veio para a moeda o ultimo provedor,
pelo valor antigo! Nós necessitamos pois dar valor a que realmente era homem muito capaz, e de grande
esta moeda, pois ella he lavra nossa: e nós, como zelo; porém antes disso não. Eu creio que trinta réis
sendo ele fructo da nossa agricultura, devemos pro de feitio por cada cruzado revo, não he um preçº
curar dar-lhe o valor que elle póde ter, e que com excessivo; e he mesmo impossivel que se faça um cru
é feito ele tem. A razão que se estabelece de 1 a 16 zado novo por menos de trinta réis, descontadas todas
he muito boa, pois conserva a proporção do ouro pa as despezas. A razão que deu o Sr. Travassos, de
ra com a prata. Eu appliquei-me estes dias a saber que seria util adoptar o systema decimal nas moedas;
ás despezas do ouro na casa da moeda; e ví que o seguramente he muito bom para facilitar a contagem
direito chamado senhoriagem não paga as despezas, das moedas, e para o calculo das transacções. Porem
que o ouro faz: e se o illustre Preopinante se infor tanto se podem lavrar essas moedas pela hypothese do
mar bem, achará que o ouro não dá interesse na ca Sr. Travassos, como pela do projecto, isso he o mes
sa da moeda, e o que o dá he a prata. Além disto, mo; e o Sr. Travassos vem exactamente a concordar
64 por cento não he graude interesse, pois que elle com o meu projecto, e no que difere he em ser um ,
he para pagar a manufactura, soldos de empregados, ou outro o preço. Um illustre Preopinante, falou da
e etc., etc. Por isso eu estou muito pelo projecto, e desigualdade das moedas relativamente entre o Brazil
assento que ele se deve sanccionar, por isso que elle e Portugal; porém isso remedeia-se mui bem; porem
r".
[ 315 ]
este mal, e esta diferença não está nos valores, mas lor da moeda de prata sem fazer uma revolução total
<m na expressão dos valores da moeda, e nisto he em todos os valores, e consequentemente em todos os de
que difere. Uma chapa de prata no Brazil, vale dez bitos, e creditos: senão convem tocar no valor da prata,
por cento mais, porem em se determinando por um não convem igualmente regula-lo ao ouro coactivamen
decreto, que daqui em diante a moeda do Brazil, se te, e deveremos limitar-nos a manifestar, qual seja a re
a dez por cento menos o seu valor, está tirado todo lação actual de uma para outra moeda, conservada a
º embaraço. Na ilha da Madeira, por exemplo, a unidade na de prata; e ficando livre aos particulares ne
mesma moeda que em Portugal vale doze vintens, gociarem a de ouro, como até agora. Se acertarmos
vale lá tres tostões; e poderá alguem dizer que lá va exactamente a relação, e de uma maneira, que seja
e mais que aqui! Senão que difere no nome, isto permanente, não se precisa de preceito, para que o
lº, que aquella a que nós chamamos doze vintens, ouro corra ao par da prata: se não acertarmos será o
lhe chamão elles tres tostões. Relativamente ao Brazil regulamento inutil ou injusto, uma vez que lhe jun
não ha os embaraços que se dizem; e o que he pre temos o preceito de aceitar-se por elle: inutil se o ou
ciso, he reformar não o = valor = mas sim a = capres ro variar para maior valor; porque nesse caso ninguem
tio. = Este projecto em nada vai alterar o estabeleci fará nelle os pagamentos; injusto, se variar para mo
do, nem em nada contraría os interesses do Brazil. nor; porque os credores sendo obrigados a recebelo,
Apoio por conseguinte o projecto, attenta a necessi ficarão prejudicados na diferença: até pódé aconte
dade delle. -
que nós devemos estabelecer he, fixar a unidade do culares hão de ser obrigados a receber o ouro miudo
valor da moeda de prata unicamente. Se houverem como moeda, e se não ha de receber nas repartições
dois valores nominaes de moedas diversas, os estran fiscaes os cruzados novos, oito tostões, quartinhos,
geiros exportarão aquella moeda que mais lhe convier etc. Como moeda devem ser recebidos nas repartições
em cada occasião, deixando-nos a que tiver menos fiscaes assim como os particulares as recebem; por
valor nessa conjunctura. Porque he preciso não per tanto eu não acho razão nenhuma para que nas re
der de vista que a proporção do valor respectivo en partições fiscaes senão recebão senão as de 2 e 4 oita
V&S,
tre o ouro e a prata varia segundo as occorrencias,
que influem nos preços dos generos, conforme varia O Sr. Miranda: — Como a moeda de ouro tem
a demanda e a oferta que se faz dos mesmos generos. de entrar pelo seu pezo, seria muito incommodo nas
Por isso o melhor de todos os systemas he o de João repartições fiscaes ter de pezar os cruzados novos e
Baptista Say, que não quer que o Governo se intro mais moeda miuda, que são as que geralmente mais
metta a taxar os valores da moedas, mas que se li circulão, isto não causa prejuizo nenhum aos parti
mitte unicamente a declarar o peso e o toque dos me culares, pois que se lhes facilita o meio de se lhes re
taes que ellas encerrão. ceber na moeda, por conseguinte uma vez que se lhes
O Sr. Travassos: — Que se não fale na prata facilita a entrada na moeda, está tudo decidido.
he a opinião do Congresso, e he para se não falar O Sr. Maccdo: — Todos sabem que gira uma
na prata que eu proponho o valor de 73500 ao mar quantidade consideravel de oiro miudo, por tanto de
co de prata. terminar-se agora que ele não possa entrar senão na
O Sr. Miranda: — Sr. Presidente, eu peço que casa da moeda vinha a ser um grande prejuizo para
se não fale na prata. aquelles que tivessem dinheiro em oiro, por isso as
O Sr. Araujo Lima: — A ordem pede que se sento que se devem procurar as determinações que se
proponha êsta emenda tal qual ella está. julgarem mais acertadas, mas não se prive de manei
O Sr. Miranda: — He o objecto de maior im rauenhuma aos particulares de pagarem em oiro
portancia... Foi interrompido pelo Sr. Presidente: di miudo ao Estado.
zendo: ordem, ordem: está fechada a discussão, e o O Sr. Peixoto: — Não póde adoptar-se esta dou
Sr. Miranda quiz instar para falar. trina, que tira ao oiro miudo a qualidade de moeda.
O Sr. Baeta: — Sr. Presidente, V. Exc." deve Sei que elle pelo seu pezo não está na proporção das
perguntar
Oll Il3.O.
á Assembléa se o Sr. Miranda deve falar,
•
dobras, não só por andar roubado, mas pela diferen
ça que ha a respeito do de cruz. A lei de 4 de Agos
O Sr. Presidente: — Eu pergunto á Assembléa to de 1688 levantou vinte por cento na moeda cha
se o valor do marco de prata cunhado em moeda de mada nova; e mandou que a de oiro antiga corresse
ve valer 7,3500 réis? a pezo: por ella as moedas de 4000 réis passárão a
O Sr. JMiranda: — Não se discutiu nada sobre ser de 4800 réis, as de 2000 reis passárão a 2400
o valor de prata: a discussão foi tão sómente sohre o reis, as de 1000 réis a 1200 réis. Tal era a ignoran
euro: por tanto peço a V. Exc." que faça entrar em cia desse tempo, que a lei se exprime dizendo, que
discussão o valor da prata, ou que se vote sómente por beneficio dos fieis vassallos se faria esta alteração;
sobre o ouro. quando o beneficio era unicamente para os devedores,
O Sr. Xavier Monteiro: — Aqui não ha outra em prejuízo dos credores. Toda a novidade que agora
questão senão a emenda do Sr. Travassos: tudo o fizessemos em contrapozição desta lei com ofensa dos
que "não fôr isto não he ordem. •
seu crime, ou elle o recebeu cerceado, e he justo que Os artigos 3.°, 4.° e 6.° forão igualmente appro
sofra a pena da sua imprudencia, Quando eu propuz vados sem discussão.
que passe a doutrina do artigo, era não intenção que O Sr. Freire leu o artigo 6."
em todas as repartições fiscaes seria recebido pelo seu O Sr. Ferreira da Silva: — Eu não queria que
pego na razão de 1875 a outava, que he o que agora se cunhasse mais de duas e quatro oitavas, quizera
se estabelece no artigo, 1.° lmpôr uma obrigação que se adoptasse o systema do Sr. Travassos.
em todas as repartiçôes fiscaes para que haja uma ba O Sr. Miranda: — Quando se tratar da lei, que
lança, e uma balança muito exacta, oppõe-se a isto ha de regular a moeda, he qne tem lugar essa discus
o illustre autor do projecto, eu digo que he necessa são: no entretanto o ouro, que agora se refundir de
rio, e muito necessario que hajão balanças exactas ve-se continuar a cunhar com os cunhos de duas e
nas repartiçôes fiscaes para se pezar o ouro miudo quatro oitavas; isto mesmo para se não demorar os
quando se recebe, o qual se deverá remetter logo á pagamentos.
casa da moeda para se refundir novamente. O Sr. Brito: — Eu quizera que tambem se decla
O Sr. Franzini ; = Eu queria dizer duas pala rasse nas moedas de ouro os quilates de que he feito,
vras; eu fiz uma escolha das diferentes peças cercea e igualmente o seu pezo: e isto no lugar da sarrilha,
das, e fiz com elas diferentes experiencias, e o mais para que se não podessem cercear sem que se conhe
que achei forão 2 por cento de perjuizo, e por isso cesse a fraude. Quizera outro sim que se lhes desse
digo a perca ha de ser pequena ; por isso eu estou uma fórma mais concava para sofrerem menos atrito, .
conforme em adoptar o artigo tal qual se acha. ou na serrilha uma borda saliente, que produziria o
O Sr. Peixoto : — Nas reflexões, que fiz sobre mesmo efeito.
este artigo fundei-me em principios, que devia ter por O Sr. Prsidente: — Os Srs. que acharem este ar
certos. Quanto ao peso das moedas de cruz, tive em tigo suficientemente discutido queirão leventar-se?
vista a lei de 4 de Agosto de 1688, que mui positi Decidiu-se que estava suficientemente discutido.
vamente lhes augmentou no valor 20 por cento, e por O mesmo Sr.: — Os Srs. que approvareia a dou
[ 320 ]
trina do artigo, como está, de maneira que se diga quer outro paiz deste genero de riqueza, que sendo
que as moedas de ouro se lavrarão de duas e quatro um genero como os outros, ha de percisamente a sua
oitavas, em quanto se não determinar o contrario; qualidade proporcionar as necessidades da ilha, como
queirão levantar-se! Approvou-se nesta conformidade. já fiz ver largamente em outra discussão sobre este
O Sr. Freire leu o artigo 7." ponto; por quanto se por alguma causa qualquer que
O Sr. Mirandº: — Em Traz-os-Montes tenho eu seja, se experimentar falta do genero moeda, cresce
tido noticia de que se tem introduzido moeda de co rá o seu valor acima do que ella tem nos outros pai
bre: o valor do cobre he muiro variavel, a moeda de zes. Então o proprio interesse dos commerciantes a fará
prata e a moeda de ouo tem um valor certo em to vir de fóra para ganharem a diferença do preço, e
dos os páizes, o que não acontece ao cobre, por isso logo se restabelecerá o equilibrio natural entre a quan
mesmo que he variavel, he que não deve ser admitti tidade da moeda, e das mercadorias que ella faz cir
do; isto he, que se deve prohibir a moeda de cobie cular, e em quanto esse equilibrio se não restabelece,
para evitar os abusos que daqui podem resultar, por suppre-se a falta de moeda por muitos modos bem
que o povo engana-se com o nome, e não olha para conhecidos dos commerciantes, e dos que sabem eco
as cousas. Agora em quanto á introducção da moeda nomia politica, como são letras , valles, contas aber
estrangeira, eu parecia-me que isso podia ficar para tas nas lojas dos mercadores, bilhetes de banco, etc.
uma lei particular: porém se se julgar a proposito, O Sr. Castello Branco Manoel: — Sr. Presiden
que aqui se estabeleça, será muito bom. te, sobre aquelle objecto houve aqui nma grande dis
O Sr. Castello Branco Manoel: — Eu requeiro que cussão, porque me parece que aqui representou o Go
toda a decisão que se houver de tomar a este 1espeito verno que se tinha feito uma tomadia sobre um nu
não vá servir de prejuizo á ilha da Madeira; porque mero de patacas. Eu torno a insistir que este artigo
as patacas alí são consideradas como dinheiro provin não se estenda á ilha da Madeira, e que as patacas con
cial, e correm por um costume a dez tostões, e se tinuem a correr lá pelo costume antiguissimo de dez
forem agora consideradas como genero, e por este tostões.
mesmo valor, acontecerá que haja muita extracção O Sr. Miranda: — Sr. Presidente, o illustre
para fóra, e por tanto parece-me que se devia dizer Preopinante que falou a respeito da moeda de bron
que este artigo não altera o preço da moeda corrente ze, não reparou que aqui se fala da moeda estrangeira:
da ilha da Madeira; porque já disse, nós não temos trata-se sómente daquella que fôr cunhada com o cu
alí senão patacas, as quaes correm por dez tostões; e nho estrangeiro, e se esta pagasse, então tambem de
peço que o Congresso tome isto em consideração. veria ser admittida a pagar direitos a moeda que en
O Sr. Vasconcellos: — Pergunto se a moeda de trasse de outra qualquer parte do Reino: não se de
ouro portugueza ha de ser admittida livre de entrada, clarou aqui, mas deve-se declarar; por conseguinte
e se ha de continuar por mais tempo esta vesita do deverá declarar-se aqui tambem que em consequencia
ouro! ficão prohibidas as vesitas; por tanto sou de parecer
O Sr. Soares Franco: — Eu não tenho senão a que se declare aqui que não só a moeda estrangeira,
dizer que a moeda de cobre ha de ser prohibida, e mas a nacional ficão francas de entrada; e em quanto
taubem a hespanhola: a respeito da do bronze julgo á moeda de cobre deverá ser prohibida.
que he escusado declarar-se, porque quando se cu O Sr. Arriaga: Parece-me conveniente a disposi
nhou, calculou-se logo o pezo que tinha, e vem a ção do artigo na parte em que póde ser applicavel ás
ser justamente os mesmos dois vintens, e não se ga ilhas dos Açores, por quanto continua a pratica alí
nha nada, por consequencia não ha perigo nenhum observada de correr a moedo hespanhola, como mer
que ella venha das nações estrangeiras; e em quanto cadoria, á convenção das partes, ainda que regular
a do Brazil deve ser examinado o modo por que se mente se dá ás patacas o valor de dez tostões, e á
ha de evitar o contrabando. peceta o de 200 réis. Em 1705 foi um recurso de
O Sr. Franzini: — Sr. Presidente, sustento o moeda para as ilhas, mandada pelo ministerio para
meu additamento pelos mesmos principios, e não sei supprir a extincção da péssima moeda que então alí
porque não possa acontecer o mesmo na moeda de girava, e esta moeda compunha-se de peças de 240
bronze, do que na de cobre, porque não ha nenhuma réis, valendo 300 réis, e de 120, velendo 150 réis,
impossibilidade que nos paizes estrangeiros se possa cu dando-se assim á moeda insulana menos 25 réis por
nhar moeda em bronze: por tanto sustento outra vez cento do valor da moeda do Reino. Desappareceu
a opinião, qne isto seja declarado no artigo. logo esta moeda, porque conveio mais aos proprieta
O Sr. Brito: — O direito de cunhar moeda per rios mandala em saldo dos seus debitos com os sens
tence axclusivamente aos respectivos Governos, e he credores internos, do que generos. Ficou a dita moe
indispensavel que assim seja, pelo perigo que haveria da castelhana com o dito valor, a pezar de que no
de falsificações se essa fabrica fosse livre, o que destrui decreto do anno de 1793 se haja determinado que
ria a confiança que deve ter uma similhante manu ella como estrangeira corra á convenção das partes.
factura: não temos necessidade nenhuma de legislar a He com este caracter que eu julgo conveniente que
este respeito; porque como genero póde entrar a es ela continue a correr alí, e que será sempre uma
trangeira, e sair conforme o seu valor corrente no medida impolitica o de taxar-lhe preço ou valor no
mercado; porém como moeda legal, isso de modo minal, e de prohibir-lhe a sua exportação; porque
nenhum. (Apoiado). Nem se tema que a livre expor estou persuadido que a exportação he que fará com
tação da moeda esgote a ilha da Madeira, ou qual que se conserve a moeda no paiz. E que ela sempre
[321 |
sairá a pezar de todas as cautelas, quando a impor alguma declaração a este respeito: e o meu parecer
tação for maior do que a exportação. he que se declare, que o projecto he só para Portu
O Sr. Borges Carneiro: — Eu peço que se de gal; porque do centrario, então dever-se-ha tomar
clare extincta a visita do ouro que se faz aos navios medidas para as outras provincias. •
vindos do Brasil; porque realmente para a fazenda O Sr. Castello Branco Manoel: — A ilha da
não valisto de nada, e só serve de estorvo ao negocio, Madeira está em uma razão muito diferente das ou
e para chupadeira de empregados publicos; nem sei o tras ilhas dos Açores; porque estas tem generos, e
que seja pagar-se 1 por 100 de direiros de ouro que aquella não, e em consequencia disso deve-se decre
vem da provincia do Brasil para nosso uso. Deve-se tar como moeda provincial os pezos hespanhoes na
pois dizer aqui, que a entrada dos navios fica franca ilha da Madeira; por tanto insisto novamente para
da vesita do ouro e de um por cento que se pagava que este artigo não se extenda á ilha da Madeira.
até agora. - . O Sr. Araujo Lima: —Tem-se estado aqui a le
O Sr. Guerreiro: — A extincção de direito de gislar sobre o augmentar o preço da moeda de ouro,
um por cento sobre o ouro está comprehendido na ex e não posso combinar como se possa dar diferente va
pressão do artigo (leu-o); mas a respeito da abolição lor a uma mesma moeda: no Brazil tambem ha moe
da vesita he preciso que se faça uma indicação a esse das de quatro oitavas, e em consequencia disso não
respeito; porque não sei se ela terá mais alguma in sei como elas aqui hão de ter o valor de 7500, e lá
cumbencia; por isso julgo que he necessario saber-se de 6400; isto causaria um grande transtorno ao Bra
isso primeiro; ainda que o meu voto he que ella deve zil; por tanto à adoptar-se esta medida deve ser ge
ser abolida; porque certamente não ha couza mais ral, e não particular, e ainda mesmo que este decre
inaudita, do que pôr difficuldade áintroducção daquillo to seja provisorio, he preciso que se declare, que elle
de que nós carecemos. he commum a todo o Reino do Brazil.
O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu creio, que a O Sr. Xavier Monteiro: — As reflexões todas re
vesita do ouro não tem outra imcumbencia se não o cáem sobre a admissão do artigo 7."; proponho que
mandar examinar se vem algum ouro em pó ou mes não se admitta, e estão ácabadás todas as questões.
mo em barra, e dizer que no cazo de se achar sem se (Apoiado.) , , *• • • • • - --
ter dado ao manifesto, seriá tomado por perdido, por O Sr. Miranda: — Este decreto he provisorio pa>
tanto creio que não nos arriscamos muito em abolir ra Portugal, e Algarves unicamente, e não se póde
a vesita do ouro; porque ella acaba por si mesmo, extender ás ilhas porque os réis na ilha da Madeira
dizendo, que fica livre de direitos a introducção dá não são iguaes aos de Portugal; porque o que aqui
moeda; mas para se abolir o um por cento não temos corre por 240 réis, lá corre por 300 réis: um cruzado
necessidade nenhuma de falar em vesita. •
O Sr. Franzini: — Isso he objecto de um pro ta, que cá não ha, e esta alteráção he feita na razão
jecto novo; porque isto entende-se que he para Por do valor da prata : na ilha da Madeira á prata val
tugal unicamente; por tanto parece-me que se deve vinte e cinco por cento mais que em Portugal, e eu
rá pôr a votos o artigo 7.°, e depois verem o que he não acho inconveniente nenhum em que sé decrete is
mais applicavel á ilha da Madeira, e ao Brazil. to provisoriamente. * 1; -
O } Lino Coutinho: — Então eu requeiro, Depois de algumas breves reflexões propoz-se a 1.°
# se ponha na testa do decreto provisorio para Por parte até á palavra genero, e foi reprovada : a 2.°
agal; porque de outra sorte he preciso attender ás até á palavra barra foi #####: a 3." e ultima con
diferentes partes da monarquia. (Foi apoiado) cebida nestes termos: Fica prohibida a introducção
O Sr. Braamcamp: — Não pódé deixar de haver de moeda estrangeira, que … ouro, qu prata 5 te
S
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xe a mesma sorte que esta. Procurou ao depois o Sr. o valor medió dos preços correntes das vendas por ata
Presidente : Se a 1.° parte, que foi reprovada, era cado neste Reino, no decurso dos 6 ou 8 annos ante
susceptivel de emenda, ou se deveria ser omissa! E teriores, constitua a base mencionada, deduzidos os
decidírão que ficasse omissa. direitos de entrada, e o lucro racionavel, que será
- -
. Concluida assim a materia do projecto, pediu o calculado , e arbitrado pela mesma Commissão das
Sr. Araujo Lima nma votação sobre ser ou não ex pautas, salvos sempre os tratados existentes; com de
tensivo o dito projecto a todas as provincias do Reino claração porém, que todas as vezes que os negocian
Unido. elle
porque E decidírão nãoextensivo.
era de facto ser precisa a dita votação, tes preferirem pagar os direitos sobre preço de arrema
•
O Sr. Secretario Freire leu o seguinte e neste caso calcular-se-hão os direitos sobre o preço
do leilão á maneira do que se pratica na casa da India.
P A R E c e R. Sala das Cortes em 15 de Fevereiro de 1822.
José Ferreira Borges ; Francisco Xavier Monteiro;
. . A Conmissão de fazenda examinou repetidamen Francisco de Paula Travassos ; Manoel Alves do
te as consnltas da Commissão das pautas de 28 de Rio.
Julho, e 19 de Dezembro de 1821 ssbre os dois gran O Sr. Borges Carneiro: — Eu creio que não
des objectos. 1.° Se todas as casas de arrecadação, a póde haver duvida alguma em se approvar, convem
saber: a alfandega grande do assucar, casa da Indía, saber , reunir em uma só alfandega as quatro alfan
consulado de sahida, as sete casas, e a alfandega do degas de Lisboa, deixando embora a das sete casas por
tabaco devem ser reduzidas a uma só, ou se devem ora separada por pertencer aos generos do consumo,
existir todas, ou algumas das quatro divisões existen dos quaes convem saber a existencia em cada dia. Na
tes, sem cuja determinação não póde devidamente des verdade he incomprehensivel para que sirvão tantas
gmpenhar a tarefa, que lhe foi incumbida. casas, e tantas mezas de despacho, a não ser para
, 2.° Se deve tomar effectivamente como base do acommodar afilhados, para empregar oficiaes, e para
valor das mercadorias importadas neste Reino o termo embrulhar o despacho, e moer os despachantes e os
medio dos preços correntes no decurso dos 6 ou 8 an negociantes. Consideremos as alfandegas de Amster
pos ultimos, segundo a ordem das Cortes de 18 de dão ou Londres, e vemos um despacho mui simples
Agosto proximo passado , pois que dessa sorte mui feito por meia duzia de pessoas, com duas mezas, uma
tos generos são extremamente prejudicados, e outros de entrada, e outra de sahida. Entre nós tudo he con
favorecidos ; sendo Inui digno de attender-se que os fusão e horror sempiterno. Para cada direito uma al
mais que sofrem neste # são os pruductos chama fandega, ou ao menos uma meza; para cada meza
dos coloniaes, cujo termo medio excede o preço do ulti mil pessoas, umas a escrevinhar, outras a caminhar
mo anno, como provão, por exemplo com um map em diversas direcções: este grande numero de empre
pa comparativo de alguns desses generos, • •
gados absorve a maior parte do rendimento das mes
. A Commissão de fazenda porsuadida de que quan mas alfandegas, tudo embrulha, e só he bom para a
to mais simples, e uniforme for a fiscalização, e arre poder de muitos se encubrirem melhor uns aos outros.
cadação da fazenda, tanto mais suave, e expedita se Se pois buscamos sómente a boa arrecadação dos
Já para o commercio, que prospera á proporção, que direitos e o facil despacho das partes, he visto não
se lhe removem estorvos, e tanto mais lucrosa, e exa ser nece sario senão uma só casa, e nesta uma só me
cla será para a fazenda nacional, que autoriza,em za de entrada para a cobrança dos direitos dos gene
pregos, e subdivisões, que não montavão a mais do ros que entrão em Lisboa, venhão eles donde vierem
que a fazer formar , parcellas ociosas na somma geral do norte ou do sul do Ultramar, ou de paizes es
da entrada no thesouro publico, he de opinião quan trangeiros, do consumo, ou não para consumo, e
to, ao primeiro objecto que a Commissão das pautas ?"
que seja o nome e applicação desses direitos.
prganize o plano de que está encarregada, reduzindo Com tudo isso não tem nada as partes: a estas só
a uma só a alfandega grande do assucar, casa da In mente toca dizer-se-lhe qual he a somma de todos os
dia, e consulado de sahida, e a alfandega do tabaco, ireitos (já que se gosta do methodo de tributos mix
ficando unicamente, e por agora separada a alfande tos, e varios quando podia ser um só por todos), di
ga das sete casas; com declaração que dos generos, gº, dizer-se-lhes essa somina, pagarem-na em uma
que actualmente são do privativo despacho desta al só verba; e depois repartão-na lá em quantas miga
fandega, a Commissão poderá deduzir, e incluir na lhinhas quizerem. Outra meza de saida para o despa
fiscalização, arrecadação, e despacho da geral, que cho de todos os generos que sáem de Lisboa, saião
vai organizar, aquelles que assentar que por convenienelles para ultramar ou para portos estrangeiros: ter
cia publica lhe devem pertencer. •
ceira meza de abertura, outra para as fazendas de
|-
. . Quanto ao segnudo objecto, a Commissão de fa estiva, e outra no cáes da descarga para as fezendas
zenda tendo em consideração que a Commissão espe que se despachão do cáes; cada uma destas mezas só
cial creada para regular as relações commerciaes das com um escrivão para escrever, um recebedor para
provincias ultramarinas com Portugal ha de necessa receber, e um contador para contar, alguns guardas
riamente destruir a desigualdade , e exorbitancia dos poucos e bons; todos estes officiaes com bons orde
direitos de generos de um mesmo Reino, he de opi ados pagos pelo thesouro sem vencer emolumentos
nião que se observe a base ordenada pelo Congresso das partes, e está acabada a reforma.
em 18 de Agosto concebida nos seguintes termos: Que - Eu tenho ido algumas vezes ás sete casas, e via
/
ºf 323 ]
que conduzem o pobre dono do genero a uma meza, REsoluções E ORDENS DAs Coares.
onde o demorão muito; em fim fazem-lhe pagar e di
zem-lhe: «isto aqui he a siza. Vai logo a outra me Para Filippe Ferreira d'Araujo e Castro.
za, demorão-no, e dizem-lhe; » isto aqui he dizima:
segue por diante, paga e dizem-lhe: « aqui he real Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cora
d'agua.” Mais adiante : « aqui he para fragatas.» tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
Em outra meza « aqui he para faroes.» Em outra: tomando em consideração as consultas da Commissão
«pague cá para subsidio litterario etc.» Lá se vai das pautas de 28 de Julho, e 19 de Dezembro de
uma manhã; não deixão o desgraçado sem lhe des 1821, ácerca dos dois seguintes objectos: 1.° se todas
pejarem a bolça, e em ultima conclusão a maior par as casas de arrecadação, a saber: a alfandega grande
te daquelle dinheiro não he para a thesouro da Na do assucar; a casa da india, e consulado de saída;
ção, mas vai-se em emolumentos e ordenados para as sete casas; e alfandega do tabaco devem ser redu
uma matilha de empregados desnecessarios, que tan zidas a uma só, ou existir todas, ou algumas das
ta falta estão fazendo na agricultura, no commercio, quatro divisões existentes: 2.° se deve tomar-se effe
e nas artes. Tudo em Portugal está fóra do seu lu ctivamente como base do valor das mercadorias impor
gar. Despachar fazendas já não he cousa para qual tadas neste reino o termo medio dos preços correntes
quer negociante. He uma sciencia chamada dos Despa no decurso de seis ou oito annos uitinos, segundo a
chantes, tem muitas regras e preceitos, que pedem com ordem das Cortes de 18 de Agosto do 1821: ponde
pôr um grande livro. Por tanto o parecer está optimo; radas as maiores vantagens do commercio e fazenda:
vá abaixo esse labyrintho de Dedalo, e quanto á al resolvem, quanto ao primeiro artigo, que a Com
fandega das sete casas, como fica por agora separa missão das pautas organise o plano de que está en
da, a Commissão das pautas deverá tambem propôr carregada, reduzindo a uma só a alfandega grande
o modo porque ella se deva tambem simplificar. do assucar, a casa da india, e consulado de saida, e
(Apoiado). " a alfandega do tabaco, ficando unicamente, e por
O Sr. Presidente poz a votos a primeira e a se agora, separada a alfandega das sete casas, com de
gunda parte do parecer, e forão ambas approvadas. claração que dos generos que actualmente são de pri
O Sr. Antonio Carlos leu a seguinte vativo despacho desta alfandega, a Commissão pode
rá deduzir, e incluir na fiscalização, arrecadação, e
1 N D I c Aç Áo. despacho da geral, que vai organizar aquelles que
julgar que por conveniencia publica lhe devem per
Como se achão presos diversos cidadãos da Ba tencer; e quanto HO segundo, que em quanto CSte
hia, sem que a seu respeito se tivessem observado as objecto se não regula definitivamente, se observe a
formalidades respectivas á prizão e juizo, que são o base prescrita na citada ordem de 13 de Agosto de
palladio da liberdade do cidadão; e como tendo sido 1821, com declaração porém de que quando os ne
arrancados do seu foro, tenhão em vão esperado pelo gociantes preferirem pagar os direitos sobre o preço
processo, que segundo o governo da Bahia se lhes da arrematação a que queirão proceder, lhes seja isso
estava formando, e que não apparece, a pezar de te concedido, calculanço-se neste easo os direitos sobre
rem vindo já duas embarcações depois da que os con o preço do leilão, á maneira do que se pratica na
duziu: requeiro que os ditos prezos sejão logo julga casa da india. O que V. Exc. levará ao conhecimen
dos sem dependencia de outra alguma devassa daquel to de Sua Magestade.
la cidade, á vista tão sómente das suas confissões ex Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 28
aradas no requerimento feito a este Congresso, jun de Fevereiro de 1822. — Joio Baptista Felgueiras.
tando-se tambem a conta dada pelo Governo, para a
tudo haverem autenção os julgadores. — O Deputado Redactor — Velho.
Antonio Carlos Ribeiro de Andrade Machado.
Remettida á Commissão de justiça criminal.
O Sr. Isidoro dos Santos leu o parecer da Comº
missão ecclesiastica de refóruna, propondo um proje
cto de refórma sobre os beueficios ecclesiasticos. Deci SESSÃO DO 1.° DE MARÇO,
diu-se que se imprima juntamente com os pareceres
em separado dos membros que discordárão.
O Sr. Presidente designou para a ordem do dia a A… a sessão, sob a presidencia do Sr. Va
continuação do projecto da Constituição; e na hora rella, leu-se a acta da antecedente, que foi approva
da prolongação o parecer da Commissão sobre o re da. -
querimento de um Deputado supplente da província O Sr. Pires Ferreira fez a declaração de voto se
guinte.
de S. Paulo, que havia ficado adiado, e o parecer que não Declaro
houvesseque na sessão
alteração de ontem
no valor votei para
da moeda.
da Commissão de fazenda sobre o officio do Ministro
da marinha, ácerca da compra de um pouco de ferro tes O Sr. Secretario
officios : Felgueiras mencionou os seguinº •
para o arsenal. *
Levantou-se a sessão depois das duas horas. - Jo 1.° Do Ministro dos negocios do Reino, remet
s! Lino Coutinho, Deputado Secretario. tendo uma representação de Henrique Guilherme Se
hmiti», empregado em promover #"…
a euniº
Ss
[ 324 |
gração de colonios para o Brazil; em que pede a con rão apontados na primeira diseussão. De tolas as ra
firmação do seu cmprego, e o pagamento do que se zões que forão enunciadas naquellas sessões a que me
lhe está devendo. Passou á Commissão de fazenda do parece mais bem fundada foi a que foi buscar o prin
Ultramar. cipio desta disposição no capitulo das penas. Sendo
2.° Do mesmo Ministro, remettendo a consulta a prisão antes de culpa formada um principio de ty
do conselho da fazenda sobre as indagações a que pro rannia, porque ninguem deve sofrer uma pena antes
cedeu, para conhecimento da arrematação da fabri de uma sentença, dever-se-íâo só admittir para ela
ca de lanificios da villa de Cascaes. Passou á Com ter lugar os casos em que o réo accusado preferiria
missão das artes. antes fugir do que submetter-se a pena. Ora pergun
3.° Do Ministro da justiça, em que pede decla to, estes casos são os mesmos que se indicárão! Pa
ração, se a ordem das Cortes de 26 de Junho passado rece-me que não. Eu creio que geralmente falando,
sobre as collaçoês dos beneficios ecclesiasticos, he ap não haverá ninguem que prefira o expatriar-se a sol
plicavel aosreforma.
siastica de do Ultramar. Passou á Commssão eccle
•
frer o desterro para fóra da sua provincia. Creio que
não haverá ninguem de tão poucos sentimentos, que
4." Do mesmo Ministro, expondo a impossibili prefira a esta pena o deixar a terra que o viu nascer,
dade, em que se acha de poder satisfazer prontamen os parentes, os visinhos, os amigos, os companheiros
te á ordem do soberano Congresso, que lhe foi diri da sua infancia, etc., para sempre. Por conseguinte
gida em 21 do mez passado, a fim de remetter com este caso não deve ser um daquelles em que tenha lu
brevidade relações circunstanciadas de cada um dos gar a prizão. O mesmo digo a respeito da prizão por
conventos das provincias do Brazil; em razão de não seis mezes. A prizão de um anno foi julgada ainda
existirem, nem na sua secretaria, nem na da mari uma pena pequena. Para qualquer cidadão que não está
nha as clarezas necessarias; tendo resolvido mandar condemnado e não merece a pena antes da sentença
expedir as competentes ordens para esse fim aos pre lha ter imposto como póde a pronuncia ser suficiente
lados diocesanos daquelas provincias. Ficárão as Cor para criminar! Por conseguinte acho que nestes ca
tes inteiradas. sos não póde ter lugar a prisão dos accusados; e por
5.° Do Ministro da marinha, em que dá a razão tanto no meu entender não está preenchido o fim pa
da demora que tem havido na execução da ordem de ra que este paragrafo foi mandado á Commissão.
18 de Janeiro proximo passado. Ficárão as Cortes in O Sr. Andrada: — (Não o ouviu o taquygrafo).
leiradas. O Sr. Borges Carneiro: — Está vencido que es
6." Do Ministro da fazenda, remettendo as infor te artigo não passaria como estava, e qne tornasse á
mações que houve na Secretaria de Estado dos negocios Commissão, sem que para a nova redacção se lhe
da marinha, ácerca do tabaco, remettido da Bahia dessem bases algumas. Neste artigo se trata de estabe
para Goa, l’assou á Commissão especial das relações lecer um dos grandes principios da liberdade indivi
com merciaes do Ultramar. dual dos cidadãos. Todos sabemos quanto he barba
Feita, a chamada achárão-se presentes H11 Depu ro a este respeito o nosso codigo, pois segundo ele o
tados, faltando 26, a saber: os Senhores Falcão, J1o homem, o mais probo, o mais rico, o mais nobre, o
racs Pimentel, Canavarro, Ribeiro Costa, Sepulveda, mais conspicuo por seus empregos, não está livre de
Lyra, Van Seller, Xavier Monteiro, Brandão, .4l ser preso, e preso se livrar de um crime ou culpa tão
meida e Castro, Innocencio de Miranda, Queiroga, leve, dº que apenas lhe possa resultar uma pequena
Brito, Pinto de Viagalhaës, Faria Carvalho, Fer multa, um exterminio para fóra de villa e termo, ou
reira Borges, Corrca Telles, Faria, Moura, Sousa outra pena levissima. Supponhamos que um cidadão
e Almeida, Rebello da Silva, Luiz Monteiro, Zefy riquissimo ou occupado em um grande emprego he
rino, Castello Branco Manoel, Ribeiro Telles, Vi arguido (talvez falsamente) de um ferimento leve feito
cente Antonio.
em rixa, ou de outro crime, que se chegar a provar
Passando-se á ordem do dia, entrou em discussão se-lhe não póde elle vir a ser condem nado senão em
o artigo 172 do projecto de Constituição com a emen alguma multa ou outra pena tão leve, que nenhum
da proposta pelos membros da Commissão de Consti receio póde haver de que ele venha a fugir para evi
tuição, que em lugar das palavras "}"}} pri tar essa pena, porque se fugisse viria a impor a si
são por um anno ou desterro para fóra do continente, mesmo nma pena muito mais grave, e por onde quer
diz: prisão de seis mezes ou desterro para fóra da pro que fosse iria sempre obrigado á justiça: pois esse ci
vincia do domicilio. Sobre esta materia disse dadão segundo nossas barbaras leis ha de ser obriga
O Sr. Guerreiro: — Em todas as sessões em que se do a livrar-se na cadeia, na qual estará durante todo
discutiu a materia deste artigo houve uma grande o tempo do livramento. Quem não vê pois a barba
discrepancia de opiniões. No entanto mandou-se á ridade de tal lei, muito mais se consideramos com
Commissão para que tendo em vista o que se tinha quanta facilidade se póde formar culpa áquelle cida
dito, o dirigisse de maneira que satisfizesse as diversas dão, pois basta que duas testemunhas vão jurar oc
opiniões que se havião expendido. Mas agora nova cultamente contra ele n'uma querella ou devassa, e
mente ainda vejo que subsistem as mesmas difficulda senão quando, apparece ele pronunciado e preso! Ora
des. Não temos senão uma innovação, da prisão de bem se vê que esta legislação he barbara, e que nos
um anno a seis mezes, e do desterro fóra dos con crimes leves não deve preceder prisão á sentença, sem
tinentes a de fóra da provincia. Parece-me por conse Pré que não possa receiar-se a fuga do presumido
delinquente, •
\
[ 325 ]
Agora a difficuldade he designar quaes sejão em ta: ninguem poderá ser preso sem ser convencido, e
geral esses crimes leves. A Constituição hespanhola condemnado nessa pena; e estabeleça-se uma excepção,
teve muito em vista este caso, e estabeleceu como re quando da falta de prisão da pessoa seguirem-se damnos
gra, que em quanto o réo fosse arguido de crime, á sociedade. Assim um salteador de estrada deve ser
que provado merecesse pena corporal, só então po preso sem preceder sentença, porque do contrario se
desse ter lugar a prisão como custodia durante o li podem seguir grandes desgraças. Mas não havendo
vramento. Ora esta regra he muito vaga; porque, perigo em que os réos de menores delictos se livrem
por exemplo, pena corporal he uma prisão de pou soltos, para que se hão de prender privando-se assim
cos dias, ou um desterio de pouco tempo para fóra a sociedade dos seus serviços ! para que se lhes são
da villa, ou, entre os soldados, algumas chibatadas, de exigir fianças que os ricos terão sempre prontas,
e não pôde ser o espirito da Constituição que nestes e que os pobres não poderão achar! Os que não
casos se principie pela prisão do presumido delinquen escandalisarem a sociedade com a prepetração de
te. Donde se vê que com aquella regra a Constitui novos crimes, não deverão ser presos sem a final se
ção hespanhola não conseguiu o seu fim. rem condemnados a isso. Parece-me que a indica
Por outra parte devemos advertir que não con ção do Sr. Corrêa de Seabra assentava nesta base,
fundamos a presente hypothese com a da prestação e por tanto nenhuma duvida se me oferece a ado
de fiança. A fiança admitte-se nos casos que a lei não ptala, e a rejeitar absolutamente o artigo.
exceptua ao reo que está preso para ser solto, e sol O Sr. Corrêa de Seabra: — Apoio os principios
o se livrar. Agora porém tratamos de que o presu que expoz o Sr. Bastos: elles são de primeira in
nido réo não chega a ser preso sem dependencia de tuição e já forão ponderados nas Cortes do Sr.
dar fiança. He este um beneficio commum mesmo D. Pedro primeiro como observei na sessão de 26
aquelles que não tem nem podem achar fiança. Ele de Setembro. Naquellas Cortes conheceu-se o mal e
se funda sómente na leveza do delicto de que alguem que necessitava de remedio, e deu-se o das cartas
he arguido; pois sempre que não houver perigo de se de seguro: agora que conhecemos o mal, e a fra
tornar a final illusorio o juizo ou sentença que se queza do remedio devemos dar uma providencia
proferiu, deve o réo livrar-se solto: assim o pedem a completa. Os Gregos facilitavão mesmo o desterro
boa razão, a utilidade publica, e a humanidade, por voluntario; os Romanos apenas conhecêrão a prisão
que sendo a prisão antes de sentença, não pena, mas . . . . e por tanto a pronuncia, em regra geral, de
simples custodia do réo para que a sentença venha a 've ser só a livramento reservando-se para o codigo,
ser eficaz, se esta eficacidade está segura sem essa ou leis regulamentares as excepções, isto he os casos
custodia, bem está preenchido o fim da lei. Por tan em que deve ter lugar a pronuncia a prisão, na fór
to parece judiciosa a regra de que cessa a necessida ma da indicação que ofereci na sesão de 26 de Setem
de desta custodia ou prisão preparatoria, quando o bro; porque variando muito os crimes segundo as cir
delicto he tão leve que dele não póde resultar pena que cunstancias em que se acha a sociedade, e por con
chegue a seis mezes de prisão, ou a exterminio para sequencia a moralidade e a intenção, não deve a
fóra da respectiva provincia, que são os termos em respeito das excepções estabelecer-se regra alguma na
que está concebido o paragrafo; e assento que muito Constituição, para que a lei, que deve estar na ra
bem, porque se neste caso o réo arguido foge, por zão da medicina, que quando não póde prevenir o
exemplo, para o Maranhão, ou Castromarim, elle mal lhe applica o remedio logo que ele apparece,
se castiga mais gravemente, do que a lei o faria, por possa pronta e livremente dar as providencias necessa
suas proprias mãos. Portanto approvo o artigo co rias a todo o tempo que a sociedade o exija.
mo agora se acha. O Sr. Peixoto: — Apoio esta doutrina por ser em
O Sr. Bastos: — Eu não posso fazer a diferen si mesma razoavel e justa. Que na Constituição se
ça que acaba de fazer o illustre Preopinante entre estabeleção expressamente os casos, em que possa ter
prisão e custodia. O homem ou seja em prisão, ou lugar a prisão antes da culpa formada, deve ser; por
seja em custodia, está sempre privado da liberdade, que são excepções de um principio verdadeiramente
e que he esta privação se não uma pena! E uma pe constitucional; mas parece-me que nella será cousa
na grande, e de grande importancia porque afe muito minuciosa e mesquinha, a distincção dos casos
cta o cidadão n'um dos seus mais preciosos direitos! de prisão pela simples pronuncia, ou pela sentença,
N'um e n'outro caso os encommodos são os mesmos, principalmente pela maneira em que se acha na refor
antes se a prisão se faz por custodia, he peior do na do artigo. Adoptada a regra proposta de pronun
que a que se impõe por pena, não sendo de longa ciar a prisão para todos os maleficios, que pelas leis
duração a ultima porque neste caso o réo sabe que hajão de ter a pena de seis mezes de prisão, ficão
em certo tempo sairá, e naquelle aos de mais sof os réos em peior figura do que até agora. Actual
frimentos se junta o da incerteza, que he um dos mente, em crimes ainda mais graves, tem lugar as
males, que mais atormentão os réos, ainda quando a cartas de seguro, que os corregedores das comarcas
sua consciencia os não argue. Por consequencia sendo costumão conceder sem verem a culpa, de maneira
a prisão sempre uma pena, seja qual for o fim a que todas as veses que qualquer tem suspeita, que
que se dirija, ella em regra não póde impôr-se sem o tenhão criminado, uma vez que não seja caso dos
haver sentença que o determine. O contrario he bar capitaes, em que os seguros são reservados ás rela
baro, e he contrario aos principios de liberdade que ções, requer aos corregedores carta de seguro, e se
temos adoptado. Parece-me que a regra deve ser es lhe dá o despacho, que manda passar primeira ne
[ 326 J
gativa, ou confessativa, pagos os novos direitos, e conhecido ainda nesses tempos em que a jurispruden
tudo se reduz a mera formalidade. Parece pois impro cia começava, que por providencia se mandárão dar
prio para este lugar um detalhe tão miudo, o qual as cartas de seguro, que presentemente não se achãº
deverá reservar-se para o codigo criminal; até por reduzidas a outra cousa mais do que a mera formalidade.
ser consa que póde variar segundo as circustanncias, Nós devemos até mesmo reformar esta lei: para que
ás quaes os legitadores se accommodarão. O principio ha de existir no nosso codigo um principio injustº,
de que a esse respeito deverão partir, he o perigo da um principio inutil como as cartas de seguro que nãº
fugida do pronunciado, e esse mesmo perigo não te seroem para ousra cousa senão para dar de comer aos
rá uma perfeita relação proporcional com a grande escrivães! Conservemos a este respeito a legislação co
za da pena. Sou por tanto de voto que esta materia mo está, isto he, que se estabeleça que em todos os
se omitta na Constituição, e se deixe livre para a casos em que as leis concedem carta de seguro, que
legislação penal. nem haja cartas de seguro, nem haja prisão; he isto
O Sr. Castello Branco: — Não posso admittir o o que devemos estabelecer: diz a lei que seja preso,
paragrafo, porque até quando da outra vez se tratou e o réo não o he; já está sabido que isto he uma me
desta maneira os meus principios forão inteiramente ra formalidade. O que as leis do codigo tem escrito,
contrarios a ella. Ha um grande defeito em todas as he que em taes casos não seja preso, e se o he, he lo
leis criminaes antigas, e he que mesmo antes de exa go solto: por tanto vem a ser inutil declarar-se que
minado o processo, antes de se proferir a sentença, em esses casos não seja preso. Mas he isto objecto de
fazem olhar, digo, desde logo o cidadão como ver um artigo constitucional! Julgo que não. Isto deve
dadeiramente criminoso. Não me admira que as leis ficar para as leis regulamentares, e na Constituição
antigas assim o permittissem, porque he de esperar he que nós devemos estabelecer os principios geraes;
que elas tivessem o caracter da barbaridade dos secu astabeleça-se em regra geral que nenhum réo será
los em que forão feitas; porém quando nós tratámos pronunciado a prisão antes de sentença, senão nos
de fazer uma Constituição liberal, porque havemos casos marcados pela lei. Por consequencia rejeito a
tomar o exemplo das leis antigas, havemos fazer urna emenda da Commissão, como a doutrina do paragra
Constituição que tenha o cunho dos mesmos seculos fo. •
de barbaridade! Se nós fossemos admittir o principio O Sr. Borges Carneiro: — Eu não me admira
que está em questão, certamente uma Constituição ria de ouvir proclamar os principios, que acabamos de
que nos blazonamos de fazer a mais liberal de quan ouvir, em outros tempos; essas theorias de alguns filo
tas existem teria esse defeito o mais contradictorio que sofos especulativos; porém não o esperava agora que es
se póde imaginar. Que quer dizer prender o cidadão ta cidade e o Reino se conflagrão em assassinios e rou
só porque ha uma mera presumpção de que elle com bos; agora quando vimos só eu, Lisboa nove assassinios
metteu este ou aquelle crime i Diz-se que he para se commettidos no presente mez, e nas provincias 140
gurar o procedimento da justiça. Eu bem vejo que he no curto prazo de sete mezes, segundo as listas da
a infallibilidade da pena admittida na lei, o meio mais intendencia da policia : ao passo que vejo nas listas
proprio para previnir os crimes, e só debaixo deste da populosa cidade de Londres só tres assasinios cin
ponto de vista he que a sociedade deve em certos ca todo o anno passado : pois ouso dizer que se o povo
sos segurar o reo. A lei não he vingativa, a socieda portuguez não fosse tão docil, muito mais ainda os
de não he vingativa. A pena no reo não póde reme assassinios se multiplicarião. A culpa disto não está
diar o delicto já commettido. Depois de provado o na policia, pois geralmente tem-se prendido e pren
crime he que ávista da sentença proferida a lei tem dem-se muitos malfeitores : está nos desembargado
direito de fazer prender o réo. Mas por ventura não res, que não justição nenhum malfeitor; porém ou os
vem a ser um exemplo para a sociedade quan soltão, ou os deixão ficar (como ainda ha pouco) nas
do o réo foge, quando se priva de todas as relações cadeias esquecidos por muitos annos, termos em que
de amizade, e de parentesco! Quando se priva dos tambem eu ainda em casos gravissimos não votaria
direitos de cidadão, quando ele se priva em fim de a pena de morte, porque então serião duas penas e a
todos os commodos, não sofre ele já uma pena, tal lei impõe só uma. Como pois os juizes ou soltão os
vez a certos respeitos igual á pena ultima ! E nós que assassinios e salteadores, ou os deixão ficar largos anº
vemos o cidadão privar-se de todos os bens, não cho nos nas cadeias, não ha exemplos de justiça que pos
ramos a sua morte, como se o vissemos acabar a vi são conter os náos, e por isso se multiplicão os cri
da em um patibulo ! Não he isto um exemplo que mes. Em Londres houve, como disse, só tres assassinios
nos avisa de que nós não devemos transgredir a lei? em um anno; porém justiçados 18. Entre nós assassinios
Logo com a fuga do réo está preenchido o fim, pe soltos muitos; justiçado nenhum. A culpa não está
lo que toca á pena da lei. Mas em fim nós não tra pois nas leis, está nos desembargadores. Não digo que
tamos agora dos grandes crimes. Não he possivel que todos assim sejão; porém se me apertão muito, digº
um homem condemnado por uma pena ordinaria, se que he a maior parte, porque os bons ficão vencidos
ja tal o seu terror que o obrigue a fugir, porque nes em votos, e o mal he o que apparece cá fôra. Em tan
se caso ele se impõe uma pena mais grave do que ta repetição de assassinios e roubos devião os réos deu
aquella com que a lei o castigaria, e por consequen tro de oito dias ser justiçados, e um supplicio evitaria
CeIT). •
º em consequencia da formação da culpa. A cabou > " () Sr. Peixoto: — Pelo que tenho observado as
de dizer o Sr. Borges Carneiro que n'um tempo em opiniões estão em substancia concordes. Não ha um
que em Lisboa, e nas provincias se estão commetten só Deputado que pretenda que em todos os crimes se
º tantos assassinios, se estão aqui propalando princi reserve a prizão para depois de dadas as provas no
Plºs liberaes, e attribue essas atrocidades ao procedi plenario; não ha um só que não admitta casos, sem
[ 328 |
que se pronunciem a prizão aos indiciados de crime. gosa á sociedade. Mas a liberdade do cidadão he
Toda a diversidade está no modo de exprimir, e as cousa mais sagrada que existe na causa da liberdade
segurar este artigo dejurisprudencia criminal: se á pro que eu tanto advogo. Quando qualquer haja de se
nuncia ha de seguir-se em regra a prizão e livramento, preso, tenha a lei marcado esse caso muito embora
como até agora; e se hão de ficar desde já determi então se prenda; mas jámais poderei admittir que
nados os easos de pronuncia sem prizão. O meu vo cidadão seja privado da sua liberdade sem uma sen
to he que a pronuncia seja em regra para livrar solto, tença. Depois que a lei marque os casos em que o ci,
e os casos da denuncia com prizão se reservem para dadão deve ser preso antes de convencido do delicto
as leis criminaes, como proprios do codigo, e não da então convenho: porém esses casos são raros, e por
Constituição, observando-se entretanto a actual juris isso não deveremos generalizar estes principios. Po
prudencia. consequencia torno a votar contra a letra do para
Dois illustres Deputados supposerão que em con grafo, e que se estabeleça em regra que o cidaddão
sequencia de decisões ja tomadas estavamos constitui nunca será preso antes de convencido, senão nos ca
dos na obrigação de exprimir os casos de prizão. O sos que forem especialmente marcados pela lei.
Sr. Soares de Azevedo referiu-se ás Bases da Consti O Sr. Andrada: —(Não o pôde ouvir o taquy
grafo). • -
rios, e roubando o que quizerão! Nós devemos crer O Sr. Borges Carneiro: — Parece-me estarem-se
que não, e que realmente ali existia a pessoa de mais cada vez mais escurecendo cousas claras. He verdade
respeito, a quem se fez violencia; e sem embargo que a rapina de que trata a ordenação requer que o
disso os ministros absolvêrão os ladrões ...... Eu roubo se faça a alguem na sua presença, e isso he o
quizera por tanto que além destas explicações se de que induz a gravissima pena que lhe impõe. Porém
clarasse que o furto ou roubo violento deve entender aqui não tratamos da imposição da pena, tratamos
se não só relativamente á pessoa mas tambem á cou de manter a segurança publica; e esta igualmente se
sa; e que além disso se declarasse uma quantia perturba, ou os ladrões que se querem prender sem
eerta e determinada, porque assim já ha algum fun culpa formada fação os roubos na presença do dono,
damento para se julgar; quereria tambem que fossem ou na sua ausencia, arrombando as portas, quebran
incluidos estes homens que matão por officio, e que do as fechaduras, etc. A não ser isso, diremos que
se comprehendem na expressão geral de assassinos; se ao juiz se denunciar estarem acolhidos em algum
assim como aquelles homens que lanção fogo de pro sitio uma alcatea de ladrões, e ele se certificar de que
posito ás casas, searas etc..... Eu sou o primeiro o são, deverá com tudo primeiro informar-se bem se
em querer sustentar os direitos do cidadão honrado, os roubos que tem commettido forão feitos na presen
e por isso tambem sou o primeiro em votar para que ça do dono ou não: pois neste segundo caso, não os
sejão punidos, e castigados os que perturbão a ordem póde fazer prender, por mais que elles sejão useiros a
e o socego publico. Ha certos encommodos a que o arrombar portas e igrejas: mas ha de primeiro tratar
homem está sujeito na ordem social, e por isso ain de lhes formar culpa, isto he, deixalos abalar, pois
da que algum cidadão seja preso innocente, elle será quem sabe onde estarão as testemunhas que possão
solto logo que se prove a sua innocencia; e he ne depor dos ditos roubos! Deixemo-nos de subtilezas, e
cessario que haja estes encommodos de alguns para olhemos ao bem publico. • -
segurança de todos. Eu não acho que isto seja contra O Sr. Macedo: — Respondendo ao argumento
o systema liberal que adoptamos, e não acho que fi do illustre Preopinante que combateu a minha opi
que menos liberal, quando vai dar a liberdade á nião, digo que se acaso os ladrões não poderem ser
maior parte da Nação, a quem de certo não ha de presos sem eulpa formada se não quando se lhe pro
inquietar esta determinação. Tal he o meu voto. var terem commettido violencia contra a pessoa, nun
O Sr. Fernandes Thomaz: — A mim não me ca o serão; diz mais o illustre Preopinante que se im
parece bem que se ponha na Constituição que seja põe a pena de ser preso sem culpa formada, quandº
preso um ladrão, antes de ter culpa formada, por ha violencia feita á pessoa, por lhes causar susto, º
violencia feita a cousa. He preciso marcar o princi evitar o delicto. Respondo que o receio e susto se deº
pio pelo qual o ladrão deve ser preso antes da culpa ve impor tanto a uns como a outros. _*.
formada; por consequencia parece-me que a verda O Sr. José Vaz Corréa de Seabra: – Sr. Presi
deira razão que tinhão em vista aquelles que quizerão dente, se ha ou não violencia nas cousas, ou se a pé
reduzir a regras certas este crime, era para que o ia de haver, he uma questão entre osjurisconsultos. Bo
drão com o receio, e susto se abstivesse e não comet hemero sustenta que se dá violeneia nas cousas, o que
mettesse tão frequentemente os delictos. Se esta era para mim não he liquido; mas eu não entro agorº
[ 831 ] .
*
nessa questão, e só advirto que me parecia melhor que roubavão e atacavão as pessoas nas ruas; isto he
reservar para o codigo; a respeito do furto em que ha muito claro; e por isso não sou de opinião que se es
violencia na cousa, a legislação . . . . . . . .. toda tabeleça agora uma legislação mais restricta. Isto he
via se o Congresso decidir que a este respeito entre que eu requeiro ao Congresso que tenha em vista. Nós
algum artigo na Constituição deve ser restricto ao ar temos discutido debaixo de um supposto falso; por
rombamento de porta de igreja ou casa. isso que se diz que um ladrão violentava as cousas.
O Sr. Franzini: — Eu approvo o additamento O Sr. Soares de Azevedo: —....
proposto pelo Sr. Camello Fortes, e digo que se não . O Sr. Franzini: — Cada vez estou mais capaci
se approvasse, nunca se prenderia um só ladrão; e se tado que se se estabelecesse que quem atacasse a cou
se lhe desse tempo nunca se lhe poderia provar o rou sa não podesse ser prezo sem culpa formada, nunca
bo. Temos um exemplo: ha poucos dias um dos nos se poderia prender um só ladrão, e muito bem o pon
sos illustres collegas foi roubado em sua casa por um derou o illustre Preopinante. Se se julgasse que os
dos seus criados; se este não fosse logo preso, a tem ladrões não podião ser presos, seguir-se-ia que saía
po que ainda se lhe achou o furto, ter-se-hia escon de minha casa; fechava a minha porta; dois ou tres
dido e espalhado o roubo, o não haveria provas; pois ladrões a arrombavão, e roubavão-me. Eu chegava
que tinha tempo de esconder tudo que havia furtado. ao tempo que elles ião carregados com o que era meu
Por tanto digo que nunca se provaria o roubo de um e com tudo não poderia chamar pela guarda para os
só ladrão, e por consequencia nunca se lhe formaria prender, porque se não tinha ainda formado culpa;
culpa.. entretanto eles ião-se embora, escondião o furto, e
O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu estimarei ver nunca se lhes podia provar.
que se sanccione isso, quando ha poucos dias se deci O Sr. Guerreiro: —....
diu que não podessem ser presos sem culpa formada O Sr. Gouvea Osorio: — Eu creio que se trata
os autores de uma conspiração. •
aqui de dar um alvará de impunidade aos ladrões pa
O Sr. Caldeira: — Se se adoptar o juizo dos jura ra poderem roubar á sua vontade; se he preciso cul
dos, como se ha de prender nem um ladrão. As ses pa formada quem he que os ha de acarear? Quem he
sôes são publicas, elles sabem quando são condemna que lhes ha de fazer as perguntas? Estes homens são
dos, e nenhum será tão tolo que espere que o vão muito finos, ha companhias delles, projectão roubos,
prender. fazem conselho para ver como se ha de fazer, tomão
O Sr. Manocl Antonio Carvalho: — Quando se se votos, e aquelle que tem mais a seu favor, e que
tratou da conspiração contra o Estado, eu segui a melhor parece he o que se segue, e o seu autor fica
mesma opinião do Sr. Fernandes Thomaz; porém capitão da quadrilha, e encarregado da empreza; de
este Congresso sabiamente decidiu o contrario; e ado pois se se apanha um he acareado, e perguntado pa
Ptaria agora a mesma opinião se não visse que a in ra ver se dá os outros. Agora, pergunto eu, se se
clinação humana he desejar sempre o que está nas decidir que não sejão presos sem se lhes formar cul
mãos dos outros; e que he necessario pôr-lhe um es pa, quem he que ha de fazer estas acareações, e estas
torvo, e empregar todos os meios de evitar este mal; perguntas! Isto he que eu quero que estes Srs. me
e ninguem estará seguro se se decidir que não possão digão! Se tal se decide, he o mesmo que dar-lhes um
os ladrões ser presos sem culpa formada; por isso sou alvará de impunidade, e dizer: póde-se furtar impu
de opinião que logo que haja alguns indicios contra Ile Inente. -
estes malvados que atacão os cidadãos honrados e pa O Sr. Lino: — Esta decisão vai fazer de duas
cificos, sejão presos e castigados com todo o rigor das cousas uma; ou a segurança dos cidadãos honrados,
leis. ou a dos ladrões; e o que se segue he que elles ama
O Sr. Soares de Azevedo: — Nós aqui não tra nhã farão muitas saudes ás Cortes que lhes tem dado
tamos de dispensar formalidades. Em quanto ao obje a liberdade de poderem furtar. E nós folgaremos mui
cto da questão sobre se se devem prender os salteado to com ellas !
res sem culpa formada, eu não sei se serei suspeito, . Declarado o assumpto sufficientemente discutido,
Porque já tenho sido victima delles. Nós devemos ter propoz o Sr. Presidente a votos a emenda oferecida
muito em vista que se os ladrões virem que não po pela Commissão, e foi rejeitada.
dem ser presos sem culpa formada, ninguem poderá Tendo-se oferecido mais algumas emendas, foi
estar seguro em sua casa. posta á votação a do Sr. Camello Fortes, concebida
O Sr. Andrada: —(Não o ouviu o taquygrafo). nestes termos: os indiciados de furto com violencia
O Sr. Fernandes Thomaz: — Sr. Presidente, eu feita á pessoa, ou com arrombamento, e os assassinos
creio que me não expliquei bem, ou o illustre Preo — e ficou approvada. •
pinante me não entendeu. Pois eu sustentei, que sen Approvou-se igualmente um additamento F#
do um homem atacado na sua casa não podesse ser to pelo Sr. Villela, assim concebido: os indiciados
Preso o ladrão! Não; pois então para que vem a ex no crime de roubo doméstico. +
clamação de que se lhe olhe para a provincia do Mi O Sr. Villala apresentou a seguinte
nho! Já se decidiu que não sejão presos ! Pois então
para que he isto! Eu não quero uma lei nova: as INP 1 e Ação.
nossas leis fazem esta mesma excepção. Sabemos mui
to bem como era preso até agora um homem por fur Constando-me que o Governo delibera chamar do
tº violento; a lei de 63 he muito clara a respeito dos Rio de Janeiro para esta * a academia de guar:
Tt 2
[ 332 ]
das-marinhas, que passou áquela cidade em 1807: blicou, nem reduziu a decreto, não tem validade al
e sendo ali precisa a existencia de uma escola de na guma para fóra das Cortes. Além de que tambem en
vegação para habilitar os que se destinão ao serviço tão diremos que os delictos relativos á liberdade da
de mar, ou como oficiaes de guerra, ou como pilo imprensa não podem estar-se tratando nos jurados,
tos; accrescendo que nesta cidade de Lisboa existe pois no projecto não se fez delles excepção. Os des
outra academia de marinha, que torna aquella des embargadores estão incorrigiveis: multiplicão-se os as
necessaria aqui: sassinios e roubos, e cumpre dar alguma providencia,
Proponho se diga ao Governo, que faça suspen pois não vemos justiçar-se um só réo, que sirva de
der quaesquer ordens que haja expedido, ou houver escarmento a outros. Ora não vejo melhor providen
de expedir a este respeito; ficando ali continuando a cia que a de commetter aquelles graves crimes ao jui
referida academia no ensino de que estava encarrega 2o dos jurados de Lisboa e Porto, onde elles são pro
da, em quanto se não procede á nova organização de cessados.
escolas de marinha, que forem indispensaveis em to O Sr. Guerreiro: — Sr. Presidente, chame V.
do o Reino Unido. — Francisco Villela Barbosa. Exc. á ordem o honrado membro. Não vale nada o
Ficou para 2.º leitura. -
que se acha vencido na acta? Similhante idéa não de
O Sr. Borges Carneiro leu a seguinte ve de maneira alguma passar; e eu requeiro que se
ponha a votos.
+
* {
IND I c Aç À o. O Sr. Borges Carneiro: — He contra a ordem
pôr-se a votos a indicação sem segunda leitura.
Hontem se celebrou nesta cidade com grande sa O Sr. Guerreiro: — Requeiro que se leia o regu
tisfação publica o primeiro conselho de jurados. A p lamento.
#""""" a tirar proveito da sua utilidade. Vi uma O Sr. Bastos: — Sobre a segunda leitura não pó
ista relativa á muito populosa cidade de Londres, de haver duvida alguma; para que se ha de fazer uma
e dizia assim — Em todo o anno de 1821 assassinios excepção pela primeira vez sobre este objecto ! A ha
3, justiçados 18. — Entre nós nesta cidade de Lis ver urgencia faça-se segunda leitura já. A não a ha
boa contamos já nove assassinios no presente mez de ver faça-se outro dia. Mas de nenhuma sorte se rejei
Fevereiro, e além delles neste Reino de Portugal nos te precipitadamente uma indicação, de que tanto de
7 mezes passados contamos 147, segundo a relação pende a liberdade e a segurança publica.
da intendencia geral da policia: e justiçados quan Poz o Sr. Presidente a votos a indicação, e se de
tos? Um só no espaço de annos, e esse por votos cidiu que ficasse para segunda leitura.
empatados. Todos os clamores dos povos, à desespe O Sr. Caldeira apresentou a seguinte
ração dos moradores do Minho, o espirito das Cortes
tudo tem sido inutil. Os desembargadores ou soltão IN D I c AçÀ o.
os ladrões e assassinos, ou os demorão nas enxo
vias tantos annos que he já injusto impor-lhes a pena Senhores: — Quando este augusto Congresso decre
capital, ou os degradão para alguma parte do terri tou que houvesse um conselho de Estado, e nomeou
tório portuguez, cousa indiferente para alguns ho com a maior circunspecção para este eminente empre
mens perdidos. Ha pouco vimos uma sentença da go varôes rectos, e conspicuos, que com os seus con
relação do Porto, em que os juizes reconhecendo que selhos coadjuvassem o Soberano no sublime exercicio
o réo chamado Magdaleno tinha perpetrado na mes do poder executivo, propondo-lhe para os empregos
ma occasião duas mortes com arma curta, e inten os candidatos mais dignos, persuadi-me que d'aí em
tado perpetrar mais, e uma dellas em um juiz que diante só a virtude e os talentos elevarião os candida
acudíra em razão de seu officio, absolvêrão com tudo tos aos empregos; infelizmente me enganei, Senhores,
o réo da pena ultima, sendo a sua prisão de menos de pois lendo hontem a lista dos magistrados novamente
dois annos contra a disposição das leis, e do decreto nomeados para diversos lugares, nella acho que a
das Cortes. Vista pois a relaxação e incorreg bilida , correição de Lamego he confiada a um candidato que
de de taes juizes e a necessidade de prover prompta tendo já servido outros lugares de magistratura tem
mente á segurança publica: contra si a opinião publica talvez injustamente, en
* Proponho que os crimes de assassinios e roubos tretanto proponho que se pergunte ao conselho de
violentos, que presentemente se julgão nas varas da Estado se obteve as necessarias informações para se
correição do crime das duas relações de Lisboa, e Por guramente poder incluir o sobredito magistrado na lis
to, sejão desde agora em diante sentenceados pelo ta tripla que na fórma do seu regimento devia apre
conselho de### destas duas cidades, os quaes são sentar a ElRei. — O Deputado Caldeira.
compostos de pessoas
do bem publico. de conhecida
— Borges illustração, e amor
Carneiro. •
Mandou-se ficar para segunda leitura.
O Sr. Ferreira da Silva apresentou a seguinte
Terminada a leitura, disse |-
cousa sobre isto, e eu desejaria que se lesse para de Levantou-se a sessão depois das duas horas da
pois poder decidir, com justiça este negocio. (Leu-a tarde. — Francisco Xavier Soares de Azevedo, De
o Sr. Secretario Freire). • putado Secretario. -
tendeu a Commissão. -
, º * de Março de 1822. —João Baptista Felgueiras.
* |-
*, ; , )
,"
* * * * - - ", " .
, , ,
Um dito do Ministro da guerra, participando que
ficão expedidas as ordens precisas, para na thesouraria
geral das tropas se abrir assento de alta áspensiona
SESSÃO DE 2 DE MARÇo. rias do monte pio regressadas do Ultramar. Inteira
das, } " …
ois agora propõe-se a remetter outra! O que eu pe Declaração de voto do Sr. Fernandes Thomaz,
i era, que os lentes da academia da marinha remet concebida nestes termos: Requeiro se lance na acta
teesem uma igual relação dos pilotos que tem sido que fui de voto se não prendessem os indicados em
examinados, e approvados desde o anno de 1807 até crime de roubo feito com arrombamento; e que pelo
ao presente; a fim de comparar esta com aquellotra: contrario se podessem prender os indicados nos criues
pois que a este respeito se tem commettido grandes de roubo
Cortes 1 decom violencia
Março feita á pessoa. Salão das
de 1822. •
O Sr. Borges Carneiro : — Parece-me que a in "O Sr. Soares Franco leu a seguinte ,
- * . *
!
dicação do Sr. Killela era bem cathegorica, e que o -
conselho do almirantado fez que a não entendeu, tal " " … º" fºi i IN D 1 e Ação.
( ! #; *2; .… f3 1 *# . ! "…,
vez para a evadir, e mandou dizer o que não se lhe |-
pedia, e por tanto se lhes deve isto estranhar." - A Commissão encarregada da reforma dos empre"
** O Sr. Villela encarregou-se de fazer nova indica gos civis, e da organisação do exercito, consideranº
ção a este respeito. - - |- do que levará muito tempo a discutir o plano, que
Meucionou mais um officio do Ministro da mari teve a honra de apresentar ao soberano Congresso, e
nha, enviando o oficio do administrador da alfande que por outra parte he º absolutamente necessario ,
ga das sete casas, com os papeis e folhas precisas pa que se dê destino á grande quantidade de oficiaes,
ra a satisfação da ordem das Cortes de 14 de Feve que tem regressado do Ultramar, he de parecer que
reiro. A Commissão de fazenda. se authorise o Governo para crear uma Commissãº
*[ 337]
junto ao ministro da guerra da maneira que se ex zer qual foi a razão porque se metteu aqui este arti
plica no capitulo 15 do mesmo plano, para classificar go, e o motivo porque será necessario que ele vá, he
todos os ditos
tinos. — Soaresofficiaes
Franco.e dar-lhes os competentes des porque ha certas terras em que he necessario marcar
* * * * * * •
tão sem emprego, outros que tem vindo por ordem O Sr. Peixoto: — Parece-me que este artigo não
do Governo, etc. Estes homens estão sem destino, he para aqui pertencente, e deverá por isso riscar-se.
e para se arranjarem, assento que o milhor meio, se A sua doutrina refere-se á hypothese, em que um ter
rá nomear uma Commissão, como quer o Sr. Franco, ritorio qualquer, de diferentes lavradores, paga ao
para se classificarem por uma vez. (Appoiado). senhorio uma quantidade certa, a qual se rateia por
O Sr. Povoas: — Eu appoio a indicação, pela todos: e então já não se trata de quotas, trata-se de
razão, de que muitos oficiaes estão na incerteza do uma destribuição entre consortes, a qual ha de preencher
seu destino, e lhes está sendo isto bastantemente pe a conta do senhorio, e consiste em uma pensão sabi
noso: o Congresso pois para obviar isto deve mandar da : esse caso he diverso do da reducção da quota a
criar essa Commissão junto ao ministro da guerra, pensão,
materiaquepropria
to nelle separa
suppõe
este feita,
lugar. e não he por tan
para os determinar, e classificar; e isto seria necessa •
rio se resolvesse quanto antes. O Sr. Corrêa de Seabra: — Creio que os autores
O Sr. Freire: — Appoio a indicação do Sr. Soa deste artigo, pela referencia que fazem ao anteceden
res Franco, porque ella he de summa necessidade. te, querem dizer, que se alguma povoação, ou con
Em consequencia, nada mais he preciso, do que di celho for todo sujeito a quotas, que nesse caso os lou
zer-se ao ministro crie essa Commissão. vados sejão escolhidos pela camara, e senhorio: este
O Sr. Feio: — He contra o regulamento, discu arbitrio poderia ter lugar se fossem necessarias duas
tir-se , e approvar-se qualquer indicação immedia operações, isto he, reduzir primeiro a uma qaantida
mente á primeira leitura: e não havendo motivo ur de todas as quotas, e depois ratear, e destrinçar pro
gente para que o Congresso prescinda das formalida porcionalmente para cada terra. A primeira reducção
poderia ser feita por leuvados escolhidos nesta fórma,
des até agora seguidas, requeiro que esta indicação se
ja reservada para segunda leitura; porque tenho muimas a segunda do rateio, ou destrinça por cada uma
to que dizer sobre esta materia. (Appoiado, appoia das terras precisamente, deve ser feita por louvados
do). escolhidos pelos interessados na fórma do artigo 7º,
'o Sr. Braancamp: — Eu appoio o Sr. Barreto porque seria cousa extraordinaria e contraria a todos
Feio, pelo que disse, e mesmo, porque he necessa os principios da nossa legislação, fazer-se uma destrin
rio que os Srs. Deputados venhão preparados para ça de foro por arbitrio, que não fossem escolhidos a
falar sobre a materia. Deve por tanto ficar para se aprazimento dos proprios interessados. Devendo pois
gunda leitura, e esta póde ser á manhã. Nisto não esta ser feita por louvados escolhidos a aprazimen
encontro inconveniente algum. (Appoiado). to das partes, e sendo inutil, e desnecessaria a pri
O Sr. Presidente: — Proponho, se esta indicação meira reducção para que podião servir os louvados,
deve ficar para segunda leitura! Venceu-se, que sim. que propõe o artigo: a minha opinião he que elle se
Ordem do dia. " •
ja supprimido. *
O Sr. Presideate: — Entra em discussão o artigo O Sr. Soares Franco: — Aquella primeira opera
8.° da explanação ao artigo 4.° da reforma dos foraes. ção
isso já
pelaestá feita,geral.
massa pois que a camara deverá repartir
/ •
O Sr. Peixoto : — Ou esse territorio paga ao se da camara, elas podem fazer um requerimento dizenº
nhorio quota, ou pensão certa: se quota, não tem do que dão por suspeitos aquelle, ou aquelles louva
lugar a supposta divisão; porque cada um dos lavra dos. He verdade que ninguem seria obrigado a estar
dores ha de pagar variamente nos diferentes annos, pela louvação de dous homens, que não tem a sua
sempre em proporção da colheita partivel, e então confiança; porém ao contrario, encontrar-se-hião gran
entra na regra geral para o qual já está dado o me des inconvenientes; pois se nós obrigassemos a todas
thodo da louvação: se paga uma quantidade certa, as pessoas que houvessem de entrar nisto, escolhessem
que he respectiva a diferentes colonos; então esta cada uma um louvado para si, viria a final a haver
mos no caso de uma doutrina regular, como aquel tantos louvados quantos fossem os moradores daquele
la, que se faz para a repartição do foro, entre os con districto! O meu voto por tanto he, que estes louva
sortes de um praso encabeçado: e este segundo caso dos nomeados pelas camaras, sejão louvados natos.
não he para aqui pertencente; porque não he o da ... O Sr. Pinheiro de Azevedo: — Sr., Presidente,
reducção de quotas a pensão, mas o de rateio de pen Se os concelhos, povoações, cazaes, etc. pagão pen
são sabida; nem a camara entra nelle de maneira al sões certas por foraes, cousa he muita certa e vulgar
guma. Destes rateios estão-se fazendo continuamen que essas pensões se dividem e destrinção pelos pro
te: basta que um dos consortes os requeira: e então prietarios vizinhos desses concelhos, districtos, etc.; mas
he indispensavel, que cada uma das glebas seja lou isto não pertence ao artigo. Se se trata porém de con
vada. De ordinario as partes interessadas concordão celhos, povoações, etc. (considerados como pessoas
em louvados, e estes debaixo de um mesmo auto, moraes, e como se explicou um illustre redactor) one
posto que em verbas diferentes, vão dando os seus rados com pensões e quotas incertas por foral de po
laudos sobre o valor das terras; e depois pelo valor voação, já disse, e torno a dizer que os não ha, e que
total comparado com a totalidade da pensão, tira-se não existem: e por tanto a legislação e doutrina des
por uma regra de tres a parte da pensão, que toca ie artigo 8.° não tem especie ou objecto a que se ap
a cada um dos consortes na proporção do valor das plique, e por consequencia deve ser suprimida.
terras, que possue. O methodo não póde ser outro; O Sr. Castello Branco. Manoel: — Eu sou con
nem he possivel, que se rateie uma pensão, sem que forme com as ideas do Sr. Soares de Azevedo, e não
se louvem todas as terras, que lhe estão sugeitas por acho fundamento algum ao que disse o Sr. Macedo. Nós
uma fórma regular, e authentica: mas isto, ainda o estamos vendo presentemente que as camaras nomeião
repito, não vem para aqui a proposito; e, por tanto os louvados natos, e estes he que fazem as avaliações;
o artigo deve omittir-se. , º, , , por isso se as partes tiverem por suspeitos esses lou
O Sr. Castello Branco Manoel: — Eu julgo que vados da camara matos, então devem requerer outros.
he necessario estabelecer a doutrina, , e explico o mo E digo mais, que estes louvados da camara não de
o como eu a entendo. O que parece se estabelece vem dar o valor dos predios, pois temos visto o qu
neste artigo he que se fação louvações particulares, tem acontecido. Isto he o que me parece.… -
e que a camara nomeie os louvados; queria eu se ac O Sr. Macedo: — Disse o Sr. Soares de Azeve
crescentasse que este seu arbitrio ou decisão fosse lan do que se complicarião muito estas louvações se aca
çado em um livro que a camara deveria ter, no qual so, os louvados forem nomeados pelas proprias partes;
se lançasse a quota que cada pessoa deveria pagar. porém tambem no caso de que os proprietarios
Isto he muito mais desembaraçado do que um homem regeitassem os louvados das camaras, se nós damos
estar a fazer sua louvação. Sendo deste modo que di o direito ás partes para dar por suspeito os louvados
go, vem a ser um livro publico, e um só processo. da camara, então temos que uma grande parte dos
Esta he a minha opinião, e que se conserve o ar moradores dos districtos hão de reprovar estes louva
tigo fazendo-se-lhe só esta addição. •
simplicidade dos methodos que ponderárão os illustres O Sr. Castello Branco: — A providencia apon
Preopinantes, parece-me não se devem adoptar. tada neste artigo, parece-me preencher, os fins que
… O Sr. Soares de Azevedo: — Eu devo fazer uma se exigem. Duas cousas se tem estabelecido como
declaração. Logo que se nomeião os louvados, estes bases da reforma dos foraes: a primeira relativa á pro
são approvados pela camara, e ficão authorisados a porção, e modo como o concelho deve pagar; porém
fazer estas louvações, e se lhe chamão natos. Porém, sobre esta está tomada a decisão, que he reduzir-se º
no caso que as partes não approvem estes louvados metade a pensão do foral; isto he, que quando o laº
* ,
[339]
vrador pagasse de quatro um, ficasse pagando de oi que, uma terra tem foral de povoação; e por conse
º um: porque havendo terras que tivessem foraes, quencia todo o conselho está sujeito ás quotas. Ora
e no qual estivesse estabelecido se pagasse de quatro havendo a camara de nomear louvados, estes necessa
um, já estava decidido que deverião agora pagar de riamente havião de ser do conselho, pois que só os
ºito um. Para isto poderia ter lugar a louvação, do conselho he que estão obrigados a ella; e sendo
quando não estivesse marcado pelo Congresso o mo assim elles virião por isso mesmo que era de dentro
do como isto se deva fezer. Porém nós temos uma do conselho a ser muitas vezes louvados dos seus pa
ºperação a fazer, a qual já está determinada, e vem rentes e amigos, e até de si mesmo! E para se no
a ser que depois de estabelecida a pensão, isto he a mearem louvados de fóra do conselho não podia ser;
metade do foral, reduzir-se a pensão certa. Ora quan porque estes não tem conhecimento daquelas terras
do se trata desta segunda operação, ella vem a ser que vão louvar. He por estas razões preciso que cada
uma operação individual e commum a todos os la proprietario nomeie o seu louvado, que póde ser um
ºradores; mas isto he o que se não póde fazer pela visinho, com tanto que não seja suspeito por paren
Providencia que aponta o artigo. Se, se trata de tesco, ou outro motivo. Digo que póde ser um visi
estabelecer pensões individuaes, como he que isto se nho, porque em geral os visinhos não são suspeitos
póde fazer por uma louvação individual!: Julgo por uns a respeito de outros, em razão de serem os inte
tanto que os redactores do projecto só tiverão em vis resses separados no methodo, que eu aponto. Já as
la o propor, esta pensão, mas não reduzilas a pen sim não era, se a operação se fizesse com louvados ge
ºes certas: , he por esta razão que me parece que a raes para todo o conselho; porque então por força
providencia apontada não póde ter lugar algum; e havião de ser de fóra, e sem o necessario conhecimen
Pºr isso inutil.
lamente o artigo deve ser supprimido por ser absolu to da producção e qualidades das terras, que avalias
•
º conselho deve entregar ao senhorio não he mais que O Sr. Pereira do Carmo: — Levanto-me para
º resultado do que todos os moradores devem pagar. vêr se atalho maior discussão sobre este artigo. O
principio da prescripção de 30 aunos, acha-se já ${l []Cº
or consequencia ficará cada um agora pagando une
lade daquelle oitavo, e a camara entregando a meta cionado no artigo 1." dos addicionaes oferecidos pelo
Sr, Corrêa de Scabra : e assim como lá se admitte a
de total. Ora isto está já disposto no projecto, e po
tanto julgo desnecessario o presente artigo. • Prescripção para o caso de se pagarem rações de cer
O Sr. Ferreira de Sousa ; — Este artigo suppõe to, ou certos fructos; parece-me que póde admitir
. Vv 2
[340 ]
se tambem para o caso de se não pagar menor que a O Sr. Borges Carneiro: — Nesta materia ha duas
expressa no foral. hypotheses que se devem separar: a primeira he a que
O Sr. Borges Carneiro: — Eu approvo esta dou está expressa no artigo, isto he, quando o lavrador
trina; não só pelo que disse o Sr. Pereira do Car tem a posse de 30 annos de não pagar, ou de pagar
mo; mas até por ser ella fundada em os nossos dou menos do que determina o foral, e então diz o arti
tores, e ordenações. Quanto á expressão do artigo, go, que esse uso ou posse he que deve valer; e appro
eu desejaria se fizessem algumas mudanças, para vo esta doutrina, como conforme á razão, e á lei do
maior clareza. Onde diz » os povos» desejo se diga Reino (ord. liv. 2 tit. 27 $ 3 e 4 e tit. 45 § 34 35
» o lavrador» pois esta disposição tanto he applica 36 etc. A segunda hypothese está inteiramente ommis
vel a um povo inteiro como a qualquer lavrador sin sa no projecto, e vem a ser, quando o lavrador está
gular. Onde diz por posse, desejo se accrescente, ou na posse de pagar alguma pensão, que não está es
por
lIB.
convenção; pois he a mesma razão em uma e ou tabelecida no foral; e tal uso ou posse he iniqua e re
•
o seu titulo , pois acho que he melhor acabarmos Procurou o Sr. Presidente se deveria voltar á Com
com esta palavra tombo, as camaras devem remetter missão para o redigir de novo! Venceu-se que sim.
um livro em que venhão as copias destes diferentes O Sr. Presidente: — passa a discutir-se o artigo
títulos, deve vir para a torre de Tombo um mappa, 5.° do projecto primitivo de lei sobre a refôrma dos
ou uma lista disso mesmo, ou do que ficárão # foraes. |-
aquelas terras, desorte que cada lavrador sabe o que O Sr. Soares Franco: — O artigo tem duas par
fica pagando de maneira que será bom que haja em tes: na primeira está especificada a ideia sobre que
cada Concelho, e mesmo na torre de Tombo uma lis habora o Sr. Borges Carneiro, se o foral comprehen
ta:dos
ta despeza do
e ainteressados. livro ou relação deve-se fazer ácusº
•
de uma legua ou mais de terreno: mas além disto por
omissão do caseiro, ou por malicia do donatario se
O Sr. Camello Fortes: — Eu julgo que não de estendeu a mais, de maneira que haja duvida, o fo
ve haver duvida nenhuma em que passe este artigo, ral deve ser a unica regra para regular os limites da
porque a execução delle pertence aos ministros terri terra, o tempo em que se ha de fazer a imposiçãº,
toriaes. - etc., de maneira qne se não imponha sobre a terra
O Sr. Brito: – Eu creio que esta palavra tom que o foral não impõe: em consequencia o que se deve
bo foi aqui introduzida equivocadamente. Não se tra determinar he, que isto seja #* pelo forah, e o
ta de fazer nenhum tombo, trata-se sómente de man foral seja a unica regra por onde se deve pagar, e
dar lançar nos livros das camaras as penções que hão quando em algumas terras o não haja, que se mande
de pagar eetas terras- •
buscar á torre do Tombo, e que se diga que não fi
O Sr. Ferreira de Sousa: — Eu assento que is caria obrigado
obrigado a pagar aquelle terreno que não era
pelo foral. • -
ditos do mesmo Rei e da mesma coroa. Logo os que O Sr. Soares de Azevedo: — Esta opinião do Sr.
se puderão então livrar desta injustiça e opressão, não Borgcs Carneiro não deixa de ser digna d'alguma at
devem ser hoje a ella sacrificados. Diz o Sr. Soares tenção: nós, devemos fazer algumas diferenças; por
Franco que estes privilegios ou isenções estão redu que o privilegio he um direito adquirido, e então es
zidas só aos desembargadores: penso que esta propo ta lei vinha a ter efeito reteoactivo, e de mais de
sição não he verdadeira, e que outros muitos são isen vemos suppor que agora, já muitos dezembargado
tos de pagar jugadas; porém sejão muitas ou poucas res terão ja passados os trinta annos, etc.
as classes das pessoas isentas, se a extinção desta isen O Sr. Trigóso: — Nós devemos por uma vez ti
ção cedesse a beneficio do erario, e fosse ella de um rar os privilegios pessoaes. assim como se tem tirado
tributo geral, eu seria o primeiro a impugnar talisen já outras muitas cousas, por consequencia uma vez
ção; porém o erario daqui não tem nada ou mui pouco, que se tirem inteiramente todos os privilegios pessoaes
como já aqui mostrou o Sr. Alves do Rio: tudo he ficão, os Desembargadores, sem elles. Não posso dei
a favor dos frades ricos, dos alcaides mores, donata xar de reflectir sobre o que disse um illustre Membro:
1 i s maiores ou menores, etc. Por tanto convem mais o argumento que eu fiz, se por um lado tinhão bas
que por todos os modos vá folgando a agricultura; tante prejuizo aquelles que se reduzem a metade, pe
que folgue quem lavra, e se vá mesquinhando com o lo contrario ficarião compensados pelo numero dos
[ 343 ]
que agora concorrerião: este argumento he muito for projecto do Sr. Deputado Borges de Barros, para
te, e isto não só he a bem dos particulares, mas sim que sejão extinctas em todos os portos do Brazil as
igualmente a bem da fazenda nacional; por tanto he mezas de inspecção.
necessario que elles queirão reflectir nisto um pouco, O Sr. Pereira do Carmo: — Parece-me que se
e he necessario que se abulão estes privilegios para se ria talvez melhor que este projecto se juntasse áquelle
dar uma compcnsação, não só aos particulares, mas que a Commissão especial do commercio está orde
á fazenda nacional. 1. "
mando para fixar as relações commercices entre Por
O Sr. Pinheiro de Azevedo: — Parece-me que os tugal, e Brazil. Por tanto requeiro que V. Exc. con
ilustres Preopinantes se tem desviado alguma cousa vide o seu illustre autor para convir no arbitrio, que
da natureza dos foraes, os quaes são cartas de povoa proponho; attendendo a que desta maneira se poupa
ção e contratos com leis e condições propostas aos muito tempo, de que assás, carecemos para outros
ImlSteTeS.
povoadores e vesinhos dos concelhos, e que eles aceir •
tarão: ora no tempo, em que estes foraes forão da * @G Sr. Lino Coutinho: — Eu não posso convir
dos, não havia Desembargadores, nem Duques, nem com a opinião do Sr. Pereira do Carmo, porque a
Marquezes, nem Condes, etc.; e por tanto não ha Commissão especial já declarou que não podia dar
mais que dizer, neste artigo, senão que a respeito de um só passo, sem que primeiramente se discutisse es
isenpções se observem exactamente as leis e condições te objecto. . . .
dos foraes, porque se nelles houver o que os nobres #-O Sr. Borges de Barros: — Como autor da indi
Deputados chamão privilegios, isto he, se houver ter cação declaro que não tenho duvida alguma em que
ras, quintas, cazaes, e por ventura pessoas izemptas ella passe á Commissão. * * * * *
de pagar as pensões, de justiça se lhes deve conservar - ** O Sr. Bandeira: -- Como membro da Commissão
seu direito; porque estes chamados privilegios não são
encarregada destes trabalhos, concordo em que a in
outra cousa mais do que clausulas, condições , e leis
dicação passe á Commissão, para entrar no plano ge
do contracto, e carta de povoação, que religiosamen ral que deve regular as relações commerciaes entre
te se devem cumprir e guardar. Embora se revoguem Portugal, e o Brazil.
os privilegios, que com o tempo, e posteriormente - O Sr. Presidente poz a votos: se a indicação de
forão concedidos; mas para isto, basta que se diga, via, ou não passar á respectiva Commissão! Venceu
que ácerca de privilegios e isempções se observem asse, que fosse á Commissão. • -
leis e condições dos foraes; pois por esta ou similhan O Sr. Soares Franco óffereceu o seguinte *
- . \ - ".
te fôrma tem-se ao contrato o respeito devido, e ao ",
mesmo tempo se devassão as terras, posteriormente Artigo addicional ao projecto primitivo dos foraes.
izemptas, e se revogão os privilegios pessoaes, odio * * * *) , { , * * * ". . . > -.- • |-
sos, que com o tempo forão concedidos ou extorqui º Art. 6.° Os censos, e foros sabidos, impostos em
dos. Este he o meu parecer. . consequencia dos foraes, ficarão reduzidos á metade,
O Sr. Barreto Feio: — Tenho ouvido dizer a da mesma sorte que o são as rações incertas. — Fran
alguns dos illustres Preopinantes que os foraes não cisco Soares Franco ; Gyrão ; Francisco Antonio
são contribuições ou prestações; eu sou de opinião de Almeida Pessanha.
inteiramente contraria. No systema antigo de guerra, Mandou-se imprimir, … "
os foraes forão concedidos aos barões e donatarios, Por parte da Commissão de guerra se leu o se
para que estes podessem manter certo numero de ho guinte .….…::: … . ! …" , , ' ' **
O Sr., Secretario Freire leu a redacção que tinha abonados, e ás mais praças o acrescimo, que he pro
feito ao artigo, e depois de algumas breves reflexões vavel recebessem como em tempo de campanha. A es
que se fizerão relativamente ao estar ou não bem cla ta duvida do contador fiscal junta o ministro outra,
rº a redacção; o Sr. Presidente propoz se a materia cuja decisão pede, e he que tendo a junta de Pernam
estava suficientemente discutida ! Decidiu-se, que buco feito uma promoção no mencionado corpo com
sim. •
dependencia da sancção deste Soberano Congresso,
Propoz em segundo lugar o artigo tal qual, salva precisa o dito ministro saber se esta promoção he
mais alguma redacção que fosse conveniente fazer-se! aprovada, e senão o sendo os officiaes devem repôr o
Foi approvado. excesso do soldo, que recebêrão em relação aos pos
-
O Sr. Secretario Freire fez a segunda leitura do tos a que forão promovidos. São quatro as hypoteses,
[ 344 ]
que se podem verificar relativamente aos officiaes. 1." mentos, á mais rigorosa precisão e simplicidade, Enº
<Não se approvar a promoção restituindo o excesso, tre tanto a Commissão conhece que em objectos de
que recebêrão em virtude dos novos postos, a que contas comvem sempre que os factos e os resulta
forão promovidos, bem como o vencimento de cam dos estejão lançados e calculados com exactidão, e
panha desde 30 de Janeiro, em que chegárão até ao com sinceridade, pois que o esencial de uma conta
fim de Fevereiro, 2.° Não se approvar a promoção, he ser verdadeira, e o seu maior merecimento ser sim
e concedendo-se-lhe tão sómente o vencimento de pler e clara: Por isso sem alterar a ordem que o mi
campanha em relação aos postos, que terião senão nistro seguiu no seu orçamento , a Commissão se
houvesse a dita promoção. 3." Approvar-se a promo restringiu a apontar sobre cada artígo o que julga ser
ção, negando-se-lhe o dito vencimento. 4." Final mais precisso, e essencial. He evidente que haverá
mente não se approvar a promoção, mas não se lhes deficit e um deficit consideravel: he evidente que será
descontar cousa alguma. preciso proporcionar-lhe subsidios correspondentes;
Na 1.º hypotese devem repôr . . 1:72549524 e cada dia que se passa augmentará a difficuldade,
Na 2." . . . . . . . . . 1:5693230 O que torna necessario, que quanto antes se ultime a
Na 3." . . . . . . . . . 21134884 discussão a este respeito, prescindindo de exames
O que consta pela relação nominal enviada pelo mais circunstanciados, que exigirão mais demoradas
contador fiscal. •
averiguaçoes.
A Commissão de guerra he de parecer que vistas
as identicas circunstancias, que em casos similhantes R E C E ITA.
se tem praticado com a marinha, a promoção não
deve ser confirmada, mas que nenhum desconto se de Alfandegas. #
ve fazer aos oficiaes , e soldados não só das gratifi
cações de campanha que reeebêrão, mas do acrescimo Quanto será o seu rendimento no anno de 1822
em virtude da promoção. Se porém algum official com separação de cada uma das respectivas casas
deste batalhão em consequencia das ultimas pro fiscaes!
moções do exercito tiver sido preterido , deverá ser Que motivos ha para suppor que será igual, une
reintegrado na sua antiguidade, e elevado á paten nor, ou maior, qne nos annos antecedentes!
te, que por ella lhe competir. — Salla das Cortes Quanto se deve estimar que entrará no thesouro!
em 28 de Fevereiro de 1822. — Antonio Maria Quanto ficará por cobrar no ultimo de Dezembro!
Ozorio Cabral ; Manoel Ignacio Martins Pamplo Quanto se deve de annos atrazados, declarando
na ; Luiz Paulo de Oliveira Pinto de França ; Al se os annos, e as quantias respectivas a cada anno,
varo Xavier das Povoas ; José Antonio da Roza ; e as repartições a que pertencem !
Barão de Mollelos ; Francisco de JMagalhães de Quanto de cada uma dellas se poderá arrecadar
Araujo Pimentel ; José Victorino Barreto Feio. em 1822? -
O mesmo: como acima quanto for aplicavel. O mesmo. Como nos artigos de igual natureza,
. Terças. Polvora.
O mesmo. O mesmo.
Chancellaria e Sello.
O mesmo. Companhia do Alto Douro.
Donativo dos 4 por cento. Qual será o producto dos direitos, a cargo da com
panhia no anno de 1822, tendo em vista as altera
O mesmo. ções que devem seguir-se das ultimas resoluções do
Commendas vagas. Congresso sobre a reforma da companhia; de que pro
videncias se carece para regular a arrecadação.
O mesmo. E relação das que estão arrematadas e
Por quanto, e das que se achão por administração. Cartas de jogar.
Subsidio litterario. O mesmo. Já indicado em outros iguaes artigos.
O mesmo.
Casa de Bragança.
Proprios e almoxarifados. O mesmo, /
•
E Qual o seu total producto provavel em 1822! Qual o seu rendimento provavel em 1822! E por
porque? |- que ? -
Xx
|
#
[ 316 ] |
•
+
#
Quanto efectivamente entrará no thesouro! do 2.° batalhão do regimento de infantaria n. 2, e ás |
Quanto ficará por cobrar! mais praças, o accrescimo que he provavel recebessem"
Quanto se deve dos annos atrazados, e quanto em como em tempo de campanha; bein como se be ao-u
cada anno! # provada a promoção feita no mencionado corpo pela !
Que providencias podem dar-se para melhorar a junta do Governo d'aquella província, e se não o :
arrecadação, e diminuir as despezas. sendo, devem os oficiaes repôr o excesso do soldo, º
que receberão em reação aos postos a que forão po- s.
Em quanto ás despezas. movidos: resolvem que fique de nenhum efeito a re-:
ferida promoção, mas que se não faça algum descon-}
São poucas as addições do orçamento que podem tº aos oficiaes, e soldados, assim das gratificações de
julgar-se legalizadas, é justamente orçadas em vista campanha que recebêrão, como do accrescimo em vir a
das relações e contas correspondentes, remettidas pelo tude da referida promoção; e que se algum oficial hou-º
ministro, e por isso deve dizer-se-lhe geralmente que ver sido preterido em consequencia das ultimas pro-º
cada uma das ditas addições carece de ser verificada moções do exercito, deverá ser reintegrado na sua a
com relações, mappas, contas, ou quaesquer outras antiguidade, e elevado á patente, que por ella lue º
clarezas que mostrem a necessidade das mesmas des competir. O que V. Exc." levará ao conhecimento de
pezas, a ordem que as determina, e a exactidão do Sua Magestade. . . . .
calculo em que se acha orçada. Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 2 a
Além destas indicações deve o ministro fazer todas de Março de 1822. — Joio Baptista Felgueiras. ,
as mais observações , que julgar convenientes para
instrucção e clareza, e formar sobre todas as indicações Para Ignacio da Costa Quintella. -
O Sr. Killela apresentou à seguinte Deus guarde a V. Fxc." Paço das Cortes em 2
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
IND I c AçÀ o.
* * Redactor —. Velho. --
Requeiro que pela Secretaria de Estado dos nego
cios da marinha se peça directamente aos lentes da
academia da marinha uma relação dos pilotos, assim
da marinha militar como da mercante, que forão in
formados por seus exames e habilitações, por licenças SESSÃO DE 4 DE MARÇO.
ou eartas geraes ou particulares de piloto, desde o -
|-
|-
{
annoFoide approvada.
1807 até o presente. — Villela. •
A… a Sessão, sob a presidencia do Sr. Va
Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia rella, leu-se a acta da antecedente, que foi appro
a continuação do projecto da Constituição: e para a vada. . : ;e º • * - -
Prolongaçaº o projecto da extincção da policia. O Sr. Castello Branco Manoel fez a declaração
Levantou-se a sessão depois da uma hora. — José do voto seguinte: em sessão de 2 de Março, tratan
Lino Coutinho, Deputado Secretario. do-se de novo o artigo dos addiccionaes ao projecto
dos foraes, fui de voto que logo que qualquer povoa
Resoluções E ORDENs DAs CoRTEs. ção estivesse em boa fé por mais de dez annos na pos
•* se de não pagar penção alguma, da mesma fórma
Para Candido José Xavier. para o futuro ficasse isenta desse pagamento, quando
a obrigação não constasse do foral. . . , . .
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor — As Cor O Sr. Secretario Felgueiras mencionou os seguin
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza, tes officios: |- *> *, * ** , ,
tomando em consideração o oficio do Governo expe 1.° Do Ministro dos negocios do Reino, remet
dido pela Secretaria de Estado dos negocios da guer tendo uma consulta da meza da consciencia e ordens
ra em data de 18 de Fevereiro proximo passado, per sobre o requerimento do doutor Manoel Martins Bam
guntando se deve descontar-se a terça parte do soldo, deira. Passou á Commissão de justiça civil.
em que vierão abonados de Pernambuco os oficiaes
•
2.° Do Ministro dos negocios da justiça, remet
[ 347 ]
tendo a informação que dá o reverendo arcebispo de Decidiu-se que ficasse adiado para se tomar em
Adrianopoli, como Provisor e vigario geral do priora consideração quando se discutir esta materia.
da do Crato, sobre as igrejas paroquiaes e publicas, Feita º chamada, achárão-se presentes 115 Depu
que nelle se achão exemptas da jurisdicção ordinaria, tados, faltando 22, a saber: os Srs, Mendonça Fal
Passou á Commissão ecclesiastica de refórma,
cão, Moraes Pimentel, Canavarro, Ribeiro Costa,
3." Do Ministro da marinha, remettendo a res Sepulveda, Durão, Lyra, João *Monix, Bettencourt,
posta da junta da fazenda da marinha sobre as pen Kaz.3eller, Almeida e Castro, Innocencio Antonio,
ções que vencem os filhos do capitão de mar e guer Queiroga, Pirto de Magalhães, Ferreira Borges,
ra, José Maria Monteiro. Passou á Commissão de Corrêa Telles, Faria, Moura, Sousa e Almeida,
fazenda.
Rebello da Silva, Fernandes Thomax, Ribeiro Tel
4.° Do mesmo Ministro, remettendo um officio les.
n.° 12 da junta provisoria do governo da provincia Abrindo o Sr. Presidente a discussão sobre a or
da Bahia, de que ficárão as Cortes inteiradas. Pas dem do dia, disse: — Na sessão de 25 de Fevereiro
sou á Commisssão de justiça criminal. Propoz o Sr. Borges de Barros um addittamento que
Concedeu-se aos Srs. Correia Telles, e Fernam se mandou ficar para segunda leitura antes de entrar
des Thomaz, Deputados pela provincia da Beira, li em discussão o titulo 6."; como agora vamos entrar
cença pelo tempo necessario para tratarem da sua sau» na discussão delle, será necessario que se tome em
de. consideração o referido additamento. •
Ficárão as Cortes inteiradas de um officio do juiz O Sr. Borges Carneiro: — Perdoe V. Ex.º: ain
ordinario de Castro Verde, participando o modo por da não vamos entrar na discussão do titulo 6."; pois
que foi solemnisado naquella villa o fausto dia 26 de sería mais conveniente esgotar primeiro algumas indi
Janeiro.
cações tocantes ao presente titulo 5.", cuja materia
O Sr. Ledo deu conta de uma representação fei agora está em recente lembrança. Ha addicionamente
ta por João Rodrigues Pereira de Almeida, como ao art. 174, e he como segue:
representante do banco do Brazil, pedindo providen Uma vez que no artigo 174 do projecto de Cons
cias sobre o mesmo baneo, que foi mandada remetter tituição se entrou na especificação dos casos, em que
para a Commissão de fazenda do Ultramar, junhamen alguem póde ser prezo sem culpa formada, devem re
te com a seguinte indicação, que sobre este objecto ferir-se todos, aliàs se dará lugar a quebrar-se, ou il
ºfereceu o mesmo Sr. Deputado. ludir-se a Constituição. Proponho por tanto, que no
citado art. se incluão mais os numeros seguintes:
IN D I c AçÀo. IV. Os militares pelas culpas relativas á sua pro
fissão. •
Sendo indubitavel que o banco do Brazil está a V. As recrutas chamadas ao serviço do exercito,
ponto de tocar o momento de sua ultima quéda, uma ou armada, na fórma prescripta pela lei.
vez que não se conheça como divida nacional aquel VI. Os complices, ou testemunhas, que o juiz
la que o erario e as diversas estações publicas do Rio tiver necessidade de inquirir, ou acarear, para inda
de Janeiro contraírão para com elle, e que não se lhe gação da verdade de algum facto, pelo tempo, e mo
consignem quantias equivalentes para pagamento das do que a lei determinar.
avultadas sommas, que emprestára a bem do Estado; VII. Aquelles que as leis mandão prender, por
proponho: não cumprirem "##### dentro do determi
Que o soberano Congresso decrete: 1.° que fica nado prazo. (a) Borges Carneiro.
reconhecida como nacional a divida que o erario do ez-se logo a 2.° leitura deste additamento, e man
Rio de Janeiro, e quaesquer outras estações publicas dou-se imprimir para entrar em discussão.
houverem contraído para com o banco: 2.º que man O Sr. Secretario Freire fez a leitura das seguin
dº assignar para pagamento de tal divida aquella par tes
te dos rendimentos nacionaes das differentes provin IND I c Ações.
cias do Brazil, que se julgar convit melhor; a fim de
prover por este modo a existencia e eredito do ban 1.° Do Sr. Vergueiro. Proponho que ás palavras
co; cuja prosperidade está intimamnete connexa comdo artigo 181 do projecto de Constituição determina
a do Rio de Janeiro, e a desta provincia com a do do tempo, se accrescente a clausula comtanto que não
Brazil. – Custodio Gonçalrcs Lédo. exceda dois mezes; ou outro termo que parecer ao
O Sr. Andrada apresentou um requerimento do . Congresso. — Foi rejeitada. •
marechal de campo graduado Joaquim de Oliveira 2.° Do Sr. Lino. Indico que se marque na Cons
Alvares, que foi mandado remetter á Commissão de tituição o numero dos Membros que devem compor
petições. o supremo tribunal da justiça, e as qualidades e ha
O Sr. Guerreiro ofereceu um artigo como mate= bilitações que para isso se devem exigir.
ria addicional ao artigo 5 do projecto de lei sobre os
foraes, concebido nos termos seguintes: proponho que (a) Póde pôr-se exemplo no que demora a execu
na redacção do artigo 5, já approvado, do projecto ção além de tres mezes; no que não entrega o depo
de lei sobre a reforma dos foraes, se declare que pela sito; no official de fazenda, que não paga logo seu
sua disposição não fica reprovada a Posse immemorial alcance; no arrematante, que não entrega o preço ;
de receber em falta de foral. o fiador judicial, o tutor, etc.
Xx 2
[ 548 ]
3° Do Sr. Borges de Barros. Tendo em consi posto de diverssas classes de cidadãos. Porque a não
deração o que por este augusto Congresso foi delibe serem todos magistrados, e se forem como os do con
rado a respeito dos conselheiros de Estado, cumpre selho de Estado que são de diversas classes; então
fazer a presente indicação, para que os membros do de redusir-se a questão a se hão de ser metade de Por
supremo tribunal de justiça sejão em igual numero tugal e metade do Ultramar.
de Portugal, e do Brazil. O Sr. Borges Carneiro: — A quesrão não se
Abrindo-se a discussão sobre a materia destas duas sabe qual he: eu peço ao Sr. Presidente que a de
ultimas indicações, disse: |-
clare. - |-
O Sr. Leite Lobo: — Sejão quaes forem as attri O Sr. Presidente: — A questão deve ser sómen
buições do tribunal, he uma cousa inteiramente alheia te se este tribunal ha de ser composto de uma classe
da Constituição, que nella se determinem que os em de magistrados, ou de uma classe mixta de cidadãos.
pregados pelo poder executivo sejão tantos da provin O Sr. Macedo: — Esta questão parece-me inutil.
cia de Traz os Montes, tantos do Minho, tantos da Eu não vejo que o projecto confira attribuições ao su
Bahia, etc. premo tribunal de justiça, que não estejão compre
O Sr. Bastos: — Quanto menos magistrados me hendidas no exercicio do poder judiciario. Por exem
lhor; um tribunal supremo no Brazil, outro aqui não plo conhecer dos delitos de que forem arguidos os ini
*
me parece admissivel. Assento que deve haver um só nistros das relações no exercicio dos seus era pregos,
tribunal supremo de justiça, e que este se componha os secretarios e conselheiros d'Estado, he manifesto
metade de membros do Brazil e metade de Portugal. que necessariamente deve competir a pessoas que te
Assim o exige o interesse da união dos dois reinos, e nhão a primeira instrucção juridica, para avaliarem
até razões de analogia o recommendão. Omitir isto a natureza dos delictos, e a validade das provas, e
na Constituição seria deixar nella um grande vazio. fazerem a justa applicação da lei.
Nem vale o argumento deduzido das provincias de O Sr. Guerreiro: — Póde-se dizer que na indica
Portugal, por falta absoluta de paridade: ção não se encontra, nem se estabelece doutrina al
O Sr. .Andrada: — O Sr. Leite Lobo ostá mui guma, e por consequencia parece-me que não deve
to distante da questão. As necessidades do Brazil são ser objecto de discussão, mas que só sim o deve ser
diferentes das de Portugal. He necessario que na se se deve ou não declarar na Constituição; mas quan
Constituição se estabeleção as regras precizas que mar to á questão direi, que depois de se terem determina
quem como se devem dar as providencias para o Bra do quaes são as attribuições deste tribunal, e depois
zil. • •
postos metade de Europeos e metade de Brasileiros, O Sr. Guerreiro: — Parece-me que se o illustre
assim como se estabeleceu para a deputação perma Preopinante tivesse pensado maduramente sobre ana
nente de Cortes, e para o conselho de Estado; ou tureza da responsabilidade dos ministros, não estab
se serãoe promiscuamente
ropeos Ultramarinos. nomeados de entre os Eu leceria os principios que acaba de estabelecer; quanto
• • •
tado o que se requer he tão sólmente a confiança da O Sr. Borges de Barros: — A escolha depende
Nação, e não estudos da Universidade, e por isso muito do Ministro de Estado, e ele póde encami
não póde haver difficuldade em procurar, e achar nhala, e propôr quem quizer; por consequencia póde
quem possa preencher estes lugares. Em consequencia não ser nenhum do Ultramar, o que he mais uma ra
pois do que tenho dito e ouvido, voto contra a indi zão para que metade dos membros seja do Ultramar:
Casao. de outro modo ficarão de ordinario esquecidos os Por
; O Sr. Kasconcellos: — A minha opinião tambem tuguezes do outro hemisferio.
he que os membros que compôem o supremo tribunal O Sr. Castello Branco: — Dá-se grande força ás
de justiça seja metade da Europa, e metade do Ul razões propostas pelo Sr. Camello Fortes; mas, per
tralhar.
gunto eu, quem he que regula isto não he o acaso! e
O Sr.
Andrada: — (Não o ouviu o taquigrafo ao acaso ha de o legislador entregar uma cousa de
Prestes). tanta importancia ! ha de deixar ao acaso uma se
O Sr. Barata: — Tenho estado calado desde o mente de discordia, e motivos de desconfiança que
principio da discussão de hoje: approvei a primeira muitas vezes podem ser bem fundados? . . . . . . .
votaç㺠porque me pareceu justo que os membros do olhando nós mesmos para o que se praticava no go
tribunal fossem ministros, pois sería uma especie de verno antigo, todos vem que a base era a antiguida
loucura metter homens leigos para sentenciarem como de: esta ordem por ventura seguia-se! não se altera
magistrados: mas agora não posso deixar de dizer va tantas vezes por qualquer motivo ? Pois então
alguma cousa; e principio dizendo desde já o meu vo quando ha uma razão tão forte para consolidar a
to, e he, que o tribunal do supremo concelho de jus harmonia com os nossos irmãos do Brazil havemos
tiça seja composto de metadº Brazileiros, e metade deixar a um acaso, sempre incerto de sua natureza,
Europeus. Tenho ouvido as razões dos ilustres Preo uma cousa de tanta consequencia! Eis-aqui a razão
Pinantes sºbre a questão; mas persuado-me, que ain porque não acho nenhum pezo nas razões dadas.
da direi alguma cousa nova. Diz-se que he necessario O Sr. Wergueiro: — O meu voto seria que por
que sejão os membros deste tribunal metade do Bra ora se supprimisse esta questão, porque se ela se de
zil e metade de Portugal; e suppõe-se que aquela cide contra o Brazil de certo escandalizará; e se se
parte da monarquia tirará disso proveito: eu julgo decide a favor pouco aproveita: eu creio que a base
que ainda assim não poderemos ficar bem servidos; da união do Ultramar são os interesses recíprocos dos
pºrque tal será a eleição desses magistrados feita em dois Reinos, o mais que não fôr isto he escrever na
Portugal, que eles para nada prestem: o Governo arcia. O Brazil, he necessario desenganarmo-nos,
la de naturalmente lançar mão daquelles que estão na não se sustenta com sofismas, nem com força, nem
Europa ha trinta ou quarenta annos; que não tem amor com armas; só se sustenta com bases solidas, e estas
e apego algum ao Brazil, e mesmo não se lembrão he que he preciso procurar, com os reciprocos inte
de sua patria; e por isso serão as eleições a favor dos resses de ambos os mundos: e por tanto sou de opi:
Portuguezes: a pratica nos está ensinando que aquel nião, que por ora se não trate mais desta materia,
lº que passão alguns annos aqui, estão degradados sem se estabelecer a verdadeira base. |- *
dos sentimentos da natureza, de tal modo que parece O Sr. Marcos de Sousa: — Não ha cousa que
lI353 ]
nto lisongeie o coração do homem, como occupar do Brazil, eles não deixarão de propor os seus patri
primeiros cargos da sociedade. Os Brazileiros ad cios para membros do supremo tribunal de justiça.
ittidos aos lugares de conselheiros de Estado em As plantas do Brazil para não degenerarem em Por
ual numero com os da Europa, tem o mesmo di tugal precisão de grandes cuidados, e estes talvez ra
ito de entrar para o supremo conselho de justiça. ras vezes serão bastantes, quando lhes puder empecer o
to não só os tornaria mais agradecidos, e ligados ar corrompido, e envenenado da Corte. Eu pois re.
mãi patria como os faria mais applicados ás letras ceio muito que esses conselheiros, vivendo por muito
ira conseguir aquella distincção. Além de que esta tempo entre os aulicos, se tornem aulicos elles mes
ualdade póde servir de grande vantagem ás provin mos; que distantes do paiz que lhes deu o berço, e
as ultramarinas. Ouvi dizer em uma das sessões pas em contacto com portuguezes influentes que os rodea
das ao illustre Preopinante o Sr. Luiz Paulino, rem, attendão mais ás pretenções destes do que ao
ue os homens tem grande amor á sua patria, e bem que devem ao seu paiz. He consequentemente necessa
sse um célebre poeta que a patria era o lugar a que rio acautelar isto na Constituição. Confie-se, quanto
coração do homem estava preso. E por isso me pa quizerem, no conselho de Estado, eu estou persua
ece que em os negocios relativos ao Brazil serião dido que em quanto elle existir os despachos serão ou .
mais attendidos os seus interesses havendo igual nu tros tantos resultados da protecção e do favor.
meio de membros que compozessem o mencionado tri Declarado o assumpto suficientemente discutido,
\unal, onde devem ser tratadas cousas concernentes propoz-se á votação a indicação do Sr. Borges de Bar
os habitantes daquelle Reino. Isto he o que tenho a ros, e foi rejeitada, decidindo-se que a nomeação dos
crescentar ás proposições produzidas pelo Sr. Anto magistrados do supremo tribunal de justiça, deve se
do Carlos que me parecêrão de pura intuição, e guir a regra geral da nomeação dos mais magistrados.
wiºinaticas. •
graves, e atrozes estabelecer º grande tribunal na ca a indicação, porque deste estabelecimento he que de
beça do districto do juiz de direito, composto de tº pende a nossa segurança. Por tanto requeiro mil ve
dos os jurados eleitos em cada um dos concelhos, ges que se trate da indicação com todo o cuidado,
metidos os nomes em uma urna para depois se tira Parece-me que ha uma espécie de fado mal fazejo que a
'rem por sorte, e publicada a grande lista pela im nos empurra contra os jurados! *
prensa. Em todo o caso os jurados devem ser muitos, Declarada a materia sufficientemente discutida pou.
e por isso voto que se admitta a indicação. o Sr. Presidente a votos a indicação, e foi rejeilada.
•
O Sr. Vasconcellas: — Deve-se admittir á dis Leu o Sr, secretario Freire a seguinte #
1
cussão; isto he um objecto da maior importancia, e
acho que se deve determinar na Constituição, e não IN º I c Aç Á o. \,
O Sr. Guerreiro : — Eu sou de opinião que não imprensa sejão precisamente uns daquelles de que hão
se imprima; quanto mais declarações se fizerem, maior de conhecer os jurados. — Borges Carneiro. *
ha de ser o embaraço em que se acharão os redac Em apoio desta indicação disse o seu illustre au. \*
tores. Ora em quanto se não fizer a divisão dos casos thor: — O artigo da Constituição diz que os jurados.
que devem ser sujeitos ao conhecimento dos jurados conhecerão daquelles delictos que a lei determinar. O
e qual deve ser o numero destes mesmos jurados, não que eu agora pretendo pela presente indicação, he.
deve haver mais discussão sobre esta materia; e por que na Constituição se declare que uns desses erime
isso não póde ser admittida esta indicação. Já foi re hão de ser os que concernem á liberdade da imprensa,
solvido que ficasse isto para as leis regulamentares; e pois estou persuadido que se este conhecimento se en",
por isso não tem agora lugar. tregar aos tribunaes, como agora se fez em França º
O Sr. Pinheiro de Azevedo: — Eu sou de opi fica de todo revogada a liberdade da imprensa; poi
os tribunaes pagos pelo Governo etc., hão de fácil
nião contraria: e julgo que a doutrina da indicação
não deve ficar para o codigo, porque pertence á es mente castigar a quantos escreverem eousas que ofen
sencia da instituição dos jurados: nós os adoptamos dão os despotas e os satellites delles. Portanto isto dev
como meio necessario de se inquirir a verdade, e ser um principio constitucional, para o que basta que
julgar com imparcialidade; mas se elles sobre serem onde o projecto diz o codigo determinará quaes se
eleitos forem poucos não só não conseguiremos o fim rão aquelles delictos, se accrescente que uns delles se
da instituição, mas succederá justamente º contrario, rão os abusos da liberdade da imprensa.
e sendo uma classe de cidadãos julgada por outra clas O Sr. Castello Branco : — Eu apoio a opiniãº,
se, ficaremos em peior estado que d'antes, ou em o e indicação do honrado membro, entre tanto na
peior possivel. Não sei porque vão queremos adoptar da tenho a opinar porque não acho uma razão ºu
as leis dos Estados unidos, que tanto aperfeiçoár㺠a impugne. • •
esta instituição; nem porque não altendemos ao que O Sr. Borgos Carneiro: — O que alguem unica"
os criminalistas franceses tem ultimamente escripto mente poderá dizer he que não vá este principio nº
sobre esta mesma doutrina da indicação. O meu pa Constituição; pois que ele he muito bom, quem º
recer he que ella se admitta á discussão. poderá negar?
O Sr. Macedo: — Parece-me que de maneira Propoz o Sr. Presidente se se admittiria á discus
nenhuma se deve admittir á discussão a indicação são a indicação, e venceu-se que sim. Então disse
de que se trata, porque segundo entendo ella vai de O Sr. Borges Carneiro: — Para sustentar est
certo modo atacar o que já se decidiu: por quanto indicação não farei mais que lembrar o recente exem
do que está lançado na acta se collige claramente que plo da assemblea de França. O partido nella domi
só ao codigo be que pertence tratar desta materia. nante que tende a quebrar a carta e reentronisar
O Sr. Brito: — Eu creio que tem havido algu despotismo julgou não o poder bem conseguir em
ma equivocação a respeito deste numero: naquela In quanto lhe obstão os periodicos e a liberdade de es
dicação não se trata, senão de que aquella lista seja crever, e por tanto fez decidir que os tribunaes e nãº
composta de cem cidadãos capazes: ora cá decidiu-se os jurados fossem os juizes dos delictos sobre a li
que não fossem compostas de todos os cidadãos ca berdade da imprensa. Com isso conseguirão o sai
pazes; decidiu-se que fossem compostas de certo nu trinnfo, que não lhes poderá durar muito. Nada con
mero, que ha de determinar o codigo. A boa ordem vencerá a quem não convencer este exemplo da Fraa
deste estabelecimento depende que este numero seja ça. |-
muito grande, porque se for pequeno póde estar su O Sr. Soares Franco: — Parece-me que não cus
jeitº ás prevaricações. •
vida do illustre Preopinante; porque quem está em - O Sr. Macedo: — O que eu entendo he que se
homenagem ou sob alvará de fiança, está preso na não póde negar á pessoa ofendida o direito de inten
censura de direito; não assim aquelle que anda sob tar acção contra o magistrado que a ofendeu no ex
carta de seguro. Parece-me que he sobre isto que o illus ercicio do seu emprego; e por isso julgo conveniente
tre Preopinante quer que se faça alguma declaração. que este direito se declare ou neste ou em outro ar
O Sr. Guerreiro:" — Quem está debaixo de fian tigo. . . " , º ra + * . .
ça não está prezo; o que está com homenagem está s"o Sr. Borges Carneiro: — Em realidade todos
prezo, ou na cadeia, ou na sua casa, ou em uma os magistrados e oficiaes de justiça são responsaveis
terra; esta palavra he bem clara, e não he agora ne pela infracção das leis que regulão a ordem do pro
cessa rio que o illustre Preopinante faça uma indica cesso, e para isso tem as partes o meio do art. 167.
ção mais clara. # --1 * * ** ** ** * * * Porém, quando a infracção não he de lei relativa á
O Sr...Soares de Azevedo: — (Não o ouviu o taº ordem do processo, ainda para esse caso não está
quygrafo Prestes). #{{ º , ' ' provido de remedio. Se pois se trata na Constituição
"O Sr. Lino: — "O honrado membro parece-me de todos os meios de fazer efectiva a responsabilida
que não está muito certo; porque quando os crimes de, e ainda falta este, porque se não ha de expri
são leves diz o artigo (leu): não he neste caso que mir! Certo não os declarando todos fica a materia
fala em fiança, quando fala em fiança he já nos crimes defeituosa.
mais graves; e por consequência, eu sempre entendi Poz o Sr. Presidente a votos o additamento e foi
approvado. • •
do projecto de Constituição, oferecido pelo Sr. Bor º º Ártigo/167. Quando subir á relação algum pro
ges Carneiro, e concebido nestes termos: cesso;e em que se conheça haver o juiz inferior com
Aquelle que for interessado poderá accusar qual mettido alguma infracção das leis que regulão a or
quer prevaticação, a que nas leis estiver imposta al demº do processo, poderá a relação condemnalo em
guma pena, não sendo infracção relativa á ordem do custas; ou outras penas pecuniárias até á quantia que
processo. " - - - *** a lei determinar, ou mandalo reprehender na mesma
Em apoio deste additamento disse o mesmo illus relação, ou fóra della. (a) • •
tre Deputado: — No artigo 164, depois de se esta Quanto aos delictos, e erros mais graves, de que
belecer o principio da responsabilidade dos ministros, trata o ártigo 164, poderá a relação mandar formar
e oficiaes de justiça, designou-se o primeiro meio de culpa ao juiz delinqüente, para se tratar della em
a fazer effeetiva, e he o da acção popular, dizendo-se processo regular. , • |- * *
que qualquer pessoa, ainda qne nisso não seja inte * Mandou-se imprimir para entrar em discussão.
ressada; os poderá accusar por suborno ou peita. - º Leu-se pela 2° vez a indicação do Sr. Vitlela
Agora digo eu, he necessario que ás pessoas que fo
nem interessadas se conceda mais alguma cousa, e se (a)"? Fica pois omittido
por determinado tempo, "… e direito ao
de oRei.
suspender *#
lhe facilite meio de perseguirem o seu damno; porque
*
y 2
[ 356 |
sobre a permanencia da academia de guardas marinhas dal Gomes, official da secretaria lhe sejão contados
no Rio de Janeiro (v. a sess. do 1.° do corrente). desde 1815 ignorando-se os motivos porque se lhe
Terminada a sua leitura, disse o mesmo illustre augmentou
desde aquelleo anno.
ordenado e porque se manda contar - •
Nenhuma: portanto proponho, que se mande con Salão das Cortes 4 de Março de 1822. — J., Li
servar ali aquella academia, até á nova organização no Coutinho..… …, ' . . . - •
das escolas de marinha, a que se deve proceder. O Sr. Borges Carneiro apresentou a seguinte , ,
….. O Sr. Pereira do Carmo: — Parece-me que pri -- -
. ** * **
maçôes particulares que tem o illustte. Deputado se Esta materia (disse o mesmo Sr. Deputado), está
jão erradas, e neste caso decidimos precipitadamente já sanccionada: o que eu agora proponho he que a
um negocio, que deliberando com madureza e conhe Commissão de redacção haja de reduzir a decreto o
ciu ento, talvez decidiriamos de outra maneira. O que se acha vencido na acta, e que se publique.
O Sr. Willcla: — E mesmo eu não o digo de cer O Sr. Soares Franco; – Pois havemos de redu
teza; digo que me consta que o Governo delibera zir a decreto o que he da Constituição ! , , , , ,,
mandar aquella ordem. Portanto não me opponho a - O Sr. Borges Carneiro: — Determinou-se, e já
Aque se ouça primeiramente o Governo sobre esteine se acha vencido que a inquirição de testemunhas, e
gocio. " …"; " *, *, |- , , ,. > " ": ' 11","… o processo serão todos publicos. Isto he o mesmo que
Procedendo-se á votação decidiu-se que se pedis eu agora peçº, e que se mande á Commissão, e de
sem informações ao Governo, ficando no entretanto pois que esta tenha reduzido a um decreto esta (dou
suspensas, quaesquer determinações a esse respeito...", trina o apresente ao Congresso para se approvar a re
e . Approvou-se a seguinte
•
o ºu " … ) . . I
…ou" , o dacção, por ser mui util que já assim se ponha em
pratica. * … … " " " . ":" … …….… me r...!
1.3 - - INDI c Ação.… * . * a vºi # "O Sr. Peixoto: — A execução desse artigo con
º "r." (; ; ;
stitucional depende ainda de outras considerações. De
Chegando aos meus ouvidos certos abusosº que ha vemos contemplalo como uma das bases do novo sys
praticado o ministro da guerra Candida José Xavier, tema, á qual se ha de attender ao organizalo, mas
em menoscabo das leis e regulamentos, estatuidos, in não he para cumprir-se assim, isoladamente.--Alguns
dico, que este soberano Congresso mande pedir infor Srs. Deputados promettêrão ha já bastante tempo um
maçôes º dito ministro ácerca dos casos seguintes: projecto de lei para a reforma dos processos judiciaes:
s; l.° Tendo as Cortes soberanas, decretado que os póde ajuntar-se a ele a doutrina desta indicação, pa
medicos do exercito extinctos sejão preferidos, aos me, ra entrar nessa reforma, que he o seu competente lu
dicos civis no serviço dos hospitaes regimentaes II) a Il gar. * * … º arte "i":" " " … …!
dou o referido ministro informar-se pelo ex-fisico mor O Sr. Brito: — O projecto para a reforma, do
do exercito se os medicos militares querião continuar processo ha de levar muito, tempo; que difficuldade
a servir, e de que serviço se encarregavão, e respon póde haver em se adoptar isto, e fazer-se, executar!
dendo elles — no mesmo, serviço que d'antes – o mi Eu creio que haverá muita utilidade, até mesmo por
nistro da guerra exclue a dois delles do serviço de um que se com a observancia deste artigo se acharem al
hospital, e a um de dois; distribuindo este, remano guns inconvenientes, se poderão remediar ainda a
cente por tres medicos civis) seus afilhados, com prer tempo. •
** * * * * * * * * * i
juizo da fazenda nacional. . b - e º 4° O Sr. Freire: — O que se pretende saber, he
2.° O ministro da guerra acaba de mandar por se esta materia ha de ou não passar antes da publin
uma pºrtaria que o intruso, deputado graduado do cação da Constituição, pois que ella já se achaven
ex-fisico mor do exercito receba pela thesouraria o cida; isto pode-se decidir já, pois he uma cousa tão
soldo da graduação 803000 réis mensaes, devendo só simples que não merece segunda leitura. , ,,, ,,,,,, ,, ,
mente receber o soldo da patente de 603000 réis co O Sr. Pessanha: — Visto, já estar, vencida a ma
mo manda a lei. — - - - - - - -
de já, se os processos se fizerem publicos. A segunda O Sr. Andrada: —(Não o ouviu o taquygrafo
{
leitura que alguns Srs. exigem, não póde ter outro Leiria). __ . ":" e º * **** * *
** # #
fim senão para se ver se esta doutrina se deve admit O Sr. Borges Carneiro: – Quando o conselho de
tir á discussão, porém esta materia já se acha discuº Estado apresenta a S. M.; tres pessoas para um lo
tida e vencida; por tanto os termos são propor V. gar, diz-lhe: » Pela fidelidade e amor ao bem da
Exc." á Assembléa se se manda redigir o decretos e Nação, e pela fé do nosso juramento, attestanos a
publicar, ou aliàs retiro a indicação que será e Inc. W. M. que cada uma destas tres pessoas são capazes
lhor. "", , …….…" …! o," para bem servir este lugar; póde V. M. nomear del
O Sr. Guerreiro: — He contra a marcha dos ne las, qual mais quizer.» Eis-aqui o que o conselho dis
gocios desta Assemblea o decidirmos isto desta ma se aó Reinº O Rei, fiado nisso, nomeou um desses
neira, eu tambem tenho tenção de manifestar a mi tres; e quem lhe saíu ! "Diz a voz publica, e o attes
nha opinião a este respeito, e se nós podemos tomar tão muitos dos Srs. Deputados do Brazil, que um
uma providencia com mais madureza, para que ha homem que em poucos annos robot alí mais de tre
vemos de decidir assim! Requeiro pois que se obser zentos mil cruzados, e cuja residencia, tirada em Per
ve o regimento, o * 2 * ** . * * * * nambuco ou não appareceu, ou se lhe rasgárão as fo
, O Sr. Caldeira: º – Eu peço que a Assembléa lhas, pois sabe-se que houve quem nella deposesse
oonvide o honrado membro a apresentar este decreto, muitas verdades; além de que tendo ele sido tambem
visto que ele tem muito conhecimento de causa, e auditor do exercito, era inescessario ajuntar as attesta
nada, mais resta do que accrescentar alguns artigos pa ções e habilitações ordenadas no alvará de 21 de Fe
Ia se poder pôr em pratica; e toda a mais discussão vereiro de 1816. Por tanto, ou este pretendente oc
a este respeito hesnulla. … "… …", º co" …" ? eultou ao conselho de Estado todas aquelas cousas,
O Sr. Pessanha: — Eu opponho-me a que se fa e então está o seu despacho ob e subrepticio, ou o con
ça segunda leitura; he este um objecto que deve já selho de Estado se venceu por empenhos (o que não
ser decidido, e formar-se um decreto; a sua materia he facil de se crer) e nesse caso, não obstante ser eu
já está vencida, tendo ficado approvada. " " " " amigo de todos os conselheiros, digo que devem ser de
O Sr. Xavier Monteiro. — O que manda o re postos os que assignárão a consulta, e revogar-se
gulamento, he que quando o autor de qualquer indi aquella nomeação, porque já não estamos em tempo
cação a quer retirar, se ponha primeiro a votos, se de ir para corregedor de Lamego um homem de taes
o Congresso consente em que seja retirada. } qualidades. Se porém o conselho obrou por simples
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omissão e descuido em indagar a verdade, deve então eleição, para qualquer individuo ser eleito magistra
ser reprehendido, e advertido para que ao diante não do he preciso conhecer-se a notoriedade da sua honra,
tornemos a vêr taes exemplos, isto he o que eu cha inteireza, e probidade, e até mesmo ninguem deve
mo governo constitucional , um governo que em ser despachado para a magistratura sem ter passado
apanhando infracção de lei, a não deixa passar. Os pelo escrutinio deuratorio da boa opinião publica; mas
delictos são tanto mais graves quanto he maior o dam não he isto o que eu vejo, donde concluo que a elei
no que com elles se faz á sociedade: ora eu entendo ção he feita como quem joga á cabra cega, e o que
que causa mais mal á sociedade mandar-se um mi mais noto he recair esta eleição em um ministro que
nistro máo para uma comarca, do que algum pobre roubou mais de trezentos mil cruzados por meio de
homem contrabandear em meio arratel de sabão. Se mil crueldades, e do mais escandaloso peculato. Eu
pois vemos aqui castigar com confiscação universal e até penso que isto sa faz de propposito para desgos
calcetas ao tal contrabandista, i como se deixa impu tar o povo, e desacreditar o systema constitucional.
ne a quem vem a ser causa de todos os males que O Sr. Borges Carneiro: — Eu ainda accrescen
um máo ministro vai levar consigo a uma comarca! tarei sobre esta materia, quão importante seja nas pre
Que informação poderá dar ao Governo um tal cor sentes circunstancias dar ás provincias ultramarinas
regedor quando for mandado informar sobre quaes todos os motivos de desejarem apertar sua união com
quer queixas ou negosios dos comarcãos! Chamará as nosco. Elas dizem que amão muito as Cortes e o
tres testemunhas que favoreção a parte que elle qui Governo de Lisboa; porém se virem que os ministros
zer favorecer; far-lhes-ha dizer o que muito bem qui que lá tem prevaricado, e prevaricado tão atrozmenº
zer que ellas digão, e informará de maneira, que o te, chegão aqui e são logo bem despachados, que
direito das partes só será o que elle quizer que seja. conceito farão da nossa justiça! Só esta póde dares
Já não estamos em tempo de a Nação ser servida por tabilidade á desejada união, e geralmente a qualquer
tal gente. Della está a Nação farta até ós olhos. Os reinado. ----
magistrados, geralmente falando , tem feito costas O Sr. Gouvea Osorio: — Todas estas declarações
com os collegas, agora devem tomar para si outro não valem nada; o remedio não está nisto, está em
collega, e este deve ser a justiça. Até agora tem el se cuidar em uma nova reforma de residencias. Eu
les tido por collega aquella justiça, que se escreve com já fui sindicante umas poucas de vezes, e sei como
I grande, que são os empregados, chamados pelos se pratica, por tante torno a dizer, estas declama
Francezes gente de lei; agora he necessario que to ções são vagas; que culpa tem o conselho de Estado!
mem por collega aquella justiça que se escreve com, Eu acho que nenhuma; eu sou alguma cousa escru
i pequeno que he a justiça, virtude a qual tem an puloso, porém digo que tenho visto homens beneme
dado desamparada e só sem collega algum... Quando ritos que quando vão fazer uma sindicancia a fazem
as Cortes creárão o conselho de Estado, com bastan sempre de maneira que o sindicado fique bem; por
te despeza da Nação, foi para servir de barreira á pa tanto digo que os nichos são os mesmos, os santos
tronagem e aos empenhos dos homens indignos que he que são outros; e he necessario que quanto antes
querião usurpar os empregos: se pois os formos con se cuide nisto, e deixemo-nos de declamar contra o
tinuando a vêr trepar como dantes, então requeiro conselho de Estado. {, ^
que mal por mal tornemos para o nosso bom desem O Sr. Guerreiro: — Eu sou o primeiro que pre
bargo do paço que já não estranhamos. - tendo que haja toda a responsabilidade da parte dos
O Sr. Bastos: — Eu proponho que vá ordem ao magistrados; mas pergunto, que culpa tem o conse
Governo para que remetta a este Congresso as actas lho de Estado em propor um homem que lhe apre
do conselho de Estado, e todos os mais papeis, que senta os seus documentos! Creio que nenhuma. Por
lhe forão presentes, para se deliberar com conheci tanto voto que sem haver uma prova evidente deste
mento de causa, e se resolver com toda a madureza facto se não desacredite o conselho de "Estado, o
o que se achar justo. º ministro
que isto hedaum
justiça,
pouconem o ministro proposto; pois
indecente. • ***
O Sr. Ferreira da Silva: — Eu jurei na devassa
a que se procedeu para tirar a residencia do magistra O Sr. Caldeira: — Sr. Presidente, eu desejo, e
do mencionado na indicação do Sr. Caldeira, e o meu muito particularmente, que todos os empregos sejão
depoimento levou mais de tres horas. O ministro que conferidos a pessoas benemeritas; e na minha indica
a foi tirar perguntou-me quem me tinha avisado, e ção não se encontra uma só palavra a qual haja de
respondendo-lhe eu que o edital, disse-me: vossê he arguir o conselho de Estado; porém era do seu de
parte suspeita; eu instei, e consegui que escrevessem ver não propor senão homens de conhecida capacida
o meu depoimento. O referido magistrado causou o de; e era natural que fosse aos ouvidos do conselhº
maior escandalo possivel, perpetrando em tres luga de Estado tudo o que geralmente se diz deste homem,
res que serviu as mais conhecidas ladroeiras, e intol e o que amim me tem constado, não obstante ser eu
leraveis prepotencias: e vermos agora este mesmo ho um homem um pouco recatado. Desenganemo-nos,
mem premiado com a corregedoria de Lamego, he que por melhores que sejão as leis do corpo legislati
cousa na verdade bem estranha, e digna de reparo! vo, em não havendo uma magistratura capaz, nãº
O Sr. Barata: — Sr. Presidente, eu não posso se consegue nada. O que eu desejo e repueiro na mi
conceber como he possivel eleger-se para corregedor nha indicação, he que se peção os documentos que
um homem tão publicamente desacreditado, sem ao este homem apresentou para poder ser comprehendidº
mesmo tempo formar pessima idéa de quem faz tal na lista oferecida pelo conselho de Estado, para
•
[239]
por este meio justificar-se este homem, e salvar-se ao que sejão transmittidas a este soberano Congresso as
mesmo tempo o credito do conselho, e do Ministro informações necessarias áquelle respeito, suspensa en
da justiça, porque este Congresso nada mais deseja, tretantO qualquer deliberação que se ache tomada so
que a felicidade publica. bre aquelle objecto. O que V. Exc." levará ao conhe
O Sr. Freire: — Não convenho em que se repre cimento de Sua Magestade. . . •
lenda o conselho de Estado, nem o Governo por vo Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 4
tes vagas, e sem conhecimento de causa; isto he de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
contra o espirito da Constituição, e contra o decoro
daquelles eorpos: devem pedir-se informações, e veri Para o mesmo.
ficar-se este procedimento, se olle for climinoso, for
me-se causa aos culpados, mas não se desacreditem an Illustrissimo e Excelentissimo Senhor: — As Cor
tes de convencidos; o conselho tem leis, deve regu tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
lar-se por ellas, e não lhe ha de substituir o arbitrio. ordenão que lhes seja transmittida a consulta que *
O caso he bastantemente sério: he neçessario fazer junta da fazenda da marinha fez subir á Regencia do
efectiva a responsabilidade do conselho de Estado, Reino, ácerca de se igualarem os soldos dos majores,
mas por ventura teremos nós a certeza de que seja capitães, e tenentes da brigada da marinha com os
realidade o que se diz! Desta maneira póde cada dos officiaes do exercito; assim como o decreto de 11
um dos Meusbros deste Congresso fazer outra igual de Abril de 1881, que regulou definitivamente os refe
indicação, e assim como se diz deste Ministro que ridos soldos no Rio de Janeiro. O que V. Exc." leva
creio ser máo, não se poderá dizer a respeito de ou rá ao conhecimento de Sua Magestade.
tro que o não seja! Por isto he que eu peço que se . Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 4
exija a este corpo as informações necessarias, ou en de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
tão escusamos de estar com estas questões a respeito
do conselho de Estado; abudamos por uma vez este Para Candido José Xavier
corpo, que serve de intermedio entre os dois poderes,
que tenho julgado util; mas he melhor destruir, que Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor
desacreditar. tcs Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
O Sr. Bastos: — Eu insisto na opinião, que já sendo-lhes presente, 1.º que havendo sido perguntados
proferí sobre este objecto. Os oonselheiros de Estado os extinctos medicos do exercito, em consequencia dº
podem estar culpados ou innocentes: podem ter pre decreto de 14 de Dezembro de 1821, se querião conti
varicado todos, ou sómente alguns delles: e podem nuar a servir nos hospitaes regimentaes, e de que ser
as suas prevaricações limitar-se ao caso de que se viço se encarregavão, apezar da sua afirmativa forão
trata, ou estender-se a outros. Que meios teremos com tudo excluidos dois do serviço de um hospital, e
nós de vir no conhecimento de tudo, sem ver a acta outro do serviço de dois hospitaes, sendo-lhes preferidos
do conselho, e os papeis que lhe forão presentes! tres medicos civis com prejuizo da fazenda nacional:
Negar aos membros deste Congresso o direito de exi 2.º que se expedíra portaria para o intruzo deputado
gir a respectiva remessa, e ao Congresso o de exami graduado do ex-fisico mór do exercito receber pela the
nar pela indicada maneira a conducta daquelle corpo souraria o soldo de 80$000 réis mensaes da gradua
como o fez um dos illustres Preopinantes, importa ção, quando, segundo a lei, sómente devia receber o
o mesmo que negar ás Cortes soberanas a suprema soldo de 60$000 réis da patente: 3." que se mandá
inspecção que constitue uma das suas principaes at ra contar desde 1845 os 20,5000 mensaes que o off
tribuições; importa o mesmo que querer dar aos con cial da secretaria, José Vital Gomes, tinha tido de
selheiros de Estado uma inviolabilidade, de que só se augmento ao soldo, ignorando-se os motivos por que
deve gozar ElRei. (Apoiado, apoiado). Ihe foi cancedido este augmento, e porque es lhe man
Sendo chegada a hora, decidiu-se que ficasse udia da contar desde aquelle anno: 4.º que se determinára
da a decisão deste negocio. • que um alieres do exercito por appelido, Annaya,
•
Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia o qual trabalha na mesma secretaria, percebesse 103
os pareceres das Commissões; e na hora da prolonga réis de gratificação mensal contra as leis; e que este
ção o projecto sobre a intendencia geral da policia. augmento fosse contado desde 1813; ordenão que V.
Levantou-se a sesão ás duas horas da tarde. — Exc." transmitta a este soberano Congresso as infor
Francisco Xavier Soares de Azevedo, Deputado Se mações necessarias sobre cada um dos referidos factos
cretario. O que participo a V. Exc." para sua intelligencia e
execuçao. •
REsoluções E ORDENs DAs Contes. Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 4
de Março de 1822. --João Baptista Felgueiras.
Para Ignacio da Costa Quintella.
+ Redactor — Galvão.
Tllustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
sendo-lhes presente que se manda remover do Rio de
Janeiro para esta capital a academia de guardas ma
finhas, que passou aquela cidade em 1897: ordenão
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--+=---
ração, pois que em quanto existir desta moeda deve
ser admittida na casa da moeda: be necessario fazela
SESSÃO DE 6 DE MARÇO. desapparecer da circulação. Ha outra razão, he que
ninguem tem necessidade de cercear dinheiro para de
pois levar á casa da moeda, sem que lucre nada, e
A… a sessão, sob a presidencia do Sr. Va só fazer perder á nação o custo do feitio da moeda!
Por consequencia está muito bem redigido, o decreto.
rella, foi lida e approvada a acta da antecedente.
Houve as seguintes declarações de votos: uma do Onde eu tenho duvida he no artigo acima, pois que
Sr. Deputado Feijó, concebida nestes termos: decla diz que os recebedores fiscaes ficarão responsaveis pe
ro, que o meu parecer na sessão de ontem foi, que lo que exceder a uma oitava: porém esqueceu dizer
o supremo tribunal de justiça (caso não houvesse que seria responsavel na totalidade. Esta palavra to
tambem no Brazil) devia constar de igual numero de talidade julgo muito necessario declarala,
individuos do Brazil, e Portugal. O Sr. Soares Franco: — Eu approvo o projecto
Uma outra do Sr. Ribeiro de Andrade, assignada como está, porque ele mesmo diz que he provisorio;
tambem pelo Sr. Line Coutinho, na fórma seguinte: e por isso sendo necessario para o futuro se fará al
declaro, que na sessão de hoje 4 do corrente votei, guma alteração, e conforme as circunstancias o exi
girem.
que no supremo tribunal de justiça ametade dos ma •
gistrados, que o devem compor, fosse do Ultramar. cerccar a moeda e levala á casa da moeda he um fa
O Sr. Secretario Felgueira, deu conta do expe
diente do dia; a saber: -
cto; e por isso he bem fundada a proposição do Sr.
Uma impetra de licença pelo Sr. Ribeiro Telles Freire ; e daqui se segue que aquella moeda que não
para chegar á provincia, com o fim de mudar de tinha na realidade quatro oitavas, as vai ter, pois
ares, por assim o exigir a sua molestia: e foi concedida. que se a toma como tal á vista do novo valor que se
Uma participação do Sr. Pinto de Magalhães deu ao ouro. Quer o Sr. Freire que se estabeleça
em como se achava no leito, pedindo em consequen um prazo, para dentro delle se levarem esses dinhei
cia licença para se tratar. Concedida. ros á casa da moeda: o que eu acho mui justo, pois
Um officio do Ministro da fazenda, enviando a que do contrario esses homens continuarião a roubar
copia da portaria expedida pelo thesouro publico em as pequenas moedas debaixo das vistas de o levarem
21 do passado sobre os direitos de 180 pipas de agua ao thesouro. Além disto accresce, que á proporção
ardente de Bordeaux, importadas á Ilha da Madei que nós formos augmentando o valor do ouro, tam
ra por T. H. Edwards, e companhia, e igualmente a bem na sociedade ele irá augmentando; e espero que
copia de todos os documentos, informações, e respos á vista do nosso decreto provisorio as moedas de ou
ro correrão a oito e nove mil réis.
tas, que ao dito respeito houve. A Commissão de
agricultura. O Sr. Guerrciro: — Peço que se leia o ultimo
A conta documentada das despezas que tem feito artigo; pois creio que a respeito da moeda estrangeira
até ao dia 31 de Janeiro passado o pintor da real não está exacto com o que se determinou.
camera Domingos Antonio de Sequeira, na cxecução O Sr. Soares Franco: — Deve primeiro haver
dos dois grandes quadros allusivos ao nosso systema votação sobre este artigo que se tem estado a discutir.
politico, que forão oferecidos, e acceitos com men O Sr. Presidente: — Proporei o artigo.
ção honrosa em Sessão de 24 de Abril; pedindo que O Sr. Ferreira da Silva disse: Isto Sr. Presiden
seja paga a dita conta pela thesouraria das Cortes. A te, he uma cousa nova, e por isso deve ter uma no
Commissão de artes. va discussão.
Uma memoria por Antonio de Almeida, medico O Sr. Macedo: — Esta materia he inteiramente
de Penafiel, intitulada: Apontamentos para a refor diferente do que estava determinado; e á vista disto
ma disciplinar da Universidade de Coimbra. A ins não tem lugar votar-se agora.
trução publica. O Sr. Presidente: — Proponho á Assembléa se
O Sr. Felgueiras leu a redacção do decreto so este objecto se acha bem discutido?
bre a moeda de ouro. Venceu-se qne sim.
O Sr. Freire: — Eu tenho duvida sobre o arti O Sr. Presidente: — Agora proponho o adiameu
to,
go 4.° Convenho que o dinheiro que for á casa da Venceu-se que não.
moeda, ainda que não chegue ao peso, seja alí rece
bido: agora no que eu não convenho, he que para o O Sr. Felgueiras fez a leitura do artigo pedido
futuro seja pago por esse preço que se diz. Isto foi pelo Sr. Guerreiro.
um favor que o Congresso quiz fazer, e um beneficio O Sr. Guerreiro: — A minha duvida he que se
a esses individuos que tem dinheiro; porém isto que mandou supprimir essa materia no artigo, e agora ap
agora se faz não o deve ser para o futuro: logo he parece nelle: em consequencia peço se explique isto
eXaCtamente.
necessario que se diga, passado um certo prazo, du
rante o qual a casa da moeda receba esse dinheiro, e O Sr. Camello Fortes: — Segundo minha lem
findo ele não receberá mais. Acho necessario fazer brança, parece-me que não houve votação expressa
se esta declaração. sobre este objecto.
O Sr. Miranda: — Ile desnecessaria essa decla O Sr. Felgueiras: — O Sr. Presidente propoz se
toda a moeda ostrangeira, que não fosse ouro, e pra
|
[ 861 ]
ta, ficava absolutamente prohibida? Esta foi a manei mercio sairem muitas patacas o seu preço ha de su
ra como se votou; vindo a ficar admittida como ge, bir, e os mesmos Hespanhoes as levarão lá, como le
TherOs -
circunstancias; porque a prata, e ouro são generos O Sr. Xavier Monteiro: — O illustre Preopi
como os outros. Sua quantidade se proporciona ás ne nante não repara o inconveniente que daqui poderia
cessidades que delles ha, necessidades efectivas acom resultar; pois que na totalidade, uma vez que se des
panhadas dos meios de satisfazelas; e as necessidades contassem 4 grãos por oitava, poderião ainda entrar
da moeda se reduzem a de auxiliar o giro das merca muitas peças cerceadas. Finalmente se se admittir a
dorias, que he de que serve. Se houver mercadorias totalidade está desmanchado tudo quanto se tem de
a girar ha de haver moeda qualquer que seja; porque cidido nos seguintes artigos da lei.
Se ela começar a faltar subirá o seu preço, e então O Sr. Miranda: — He preciso esclarecer este
todos terão interesse em a mandar vir dos paizes, onponto. O eu dizer que fosse na totalidade era para
de ella tiver menos valor : e quando succedesse não obviar o trabalho, que seria grande, de estar pesan
poder vir d'outra parte, nem por isso sofreria a re do peça por peça; e mesmo para simplificar as con
producção annual das riquezas; porque se suppre a tas.
sua falta com papeis de credito de muita casta, e en O Sr. Peixoto: — Deve exprimir-se a palavra
tre tanto a maior rapidez da sua circulação suppre atotalidade; porque ainda no ouro que não he rouba
quantidade, bem como o mesmo accrescimo do seu do ha pequenas diferenças para mais, e para menos.
valor endo o mesmo pezo de prata representar Aquelles mesmos que comprão as dobras para expor
maior quantidade de generos como acontecia antes da talas abonão mícia oitava de falta em cada vinte, que
descoberta d'America. Applicando estes principios á pesão juntas. ! \, -
ilha da Madeira, digo, que se pela liberdade do com O Sr. Xavier Monteiro: — O Sr. Peixoto pro
Zz
• [362 ]
duz um argumento que não he exacto. Pois que elle P A R E c E R E s. - - - - 7.
, .
não ha de hoje ver praticar o que diz. Admittindo • |-
o que se propõe, quem dever entregar 13000 peças Na sessão de 14 de Agosto a Commissão das ar
póde dar de menos 43000 grãos, isto he, pesando tes e manufacturas teve a henra de apresentar ao so
Ilhas juntas, e admittindo-lhe o desconto póde dar 13 berano Congresso o seu parecer sobre um requerimen
peças de menos, e entregar sómente 987. He pois ne to de alguns habitantes da cidade do Porto, que per
cessarios que ellas se pezem separadamente: nem sere tendião se lhes desse por contrato a mina de carvão
ceie o i#commodo; pois quem está costumado a ver de pedra de S. Pedro da Cova. A Commissão julgou
esar dinheiro, não negará que isto se faz com mui então prudente não deferir ao dito requerimento áté
ta facilidade, e tanta, que estando a balança promp que os dois lentes da Universidade, . Agostinho).José
ta, se peza com mais facilidade do que se conta igualPinto de Almeida, e Joaquim Franco da Silva, en
quantia em prata, , .-- carregados pelo Governo de visitar todas as ainas,
O Sr. Peixoto: — He necessario ter em vista, dessem a sua conta relativa á de que se trata. Pro
que ha peças que ainda sem serem cerceadas tem maior poz por tanto a Commissão que se ordenasse ao mi
falta, do que a de um grão em outava: e ha as que inistro competente, que logo que os ditos lentes envias-,
tem maior peso, do que as 4 outavas. A não se ad sem a referida conta a dirigisse ás Cortes, para que
mittirem umas com outras, não correrão as primei á vista della a Commissão podesse formar o seu juizo
ras. Os compradores deste genero costumão lançar sobre o que mais conviesse á fazenda e á Nação, re
vinte dobras de 4 outaxas, , em uma das conchas da lativamente ao modo da administração daquella mina.
balança; e setenta e nove outavas e meia na outra; Satisfez o ministro remetteado a dita conta pelo
e assim fazem o peso. – : #. \ * *
officio em data de 14 do dito inez. … . ,
O Sr. Felgueiras leu o artigo. . . . •
rios Soares de Azevedo, e Lino Coutinho, buscar o Forão tambem presentes á Commissão as contas
dito Sr. Deputado, que se achava á porta da sala que derão os mencionados lentes: 1.° sobre a mina
e tendo prestado o respectivo juramento, tomou do carvão da villa de Buarcos: 2.° sobre a mina de
lugar no Congresso, * ferro da Fós d'Alge. Quanto a esta muito principal
Verificou-se o numero dos Srs. Deputados, esta menre sente a Commissão, que os ditos lentes tendo
vão presentes 113 Srs. Deputados, e faltavão os se aliás feito muitas e mui judiciosas observações sobre
guintes: os Srs. Falcão ; Teixeira de Magalhães; Ca o estado actual em que se acha, sobre as causas do
navarro ; Ribeiro da Costa ; Sepulveda; Agostinho seu atrazamento, utilidade, e vantagens que promet
Gomes ; Van-Seller ; Baeta; Braamcamp ; Jero te pela sua extensão, localidade, e outras circunstan
mino Carneiro ; Almeida e Castro ; Queiroga ; In cias, sendo bem administrada, e bem dirigidos todos
nocencio de Miranda ; Pinto de Magalhães; Vicen os trabalhos metallurgicos, não tenhão concordado
te da Silva ; Ferreira Borges ; Correia Tclles ; Fa perfeitamente nas suas idéas, a fim de organizarem
ria ; Sousa e Almeida ; Castro e Abreu ; Izidoro um plano scientifico, e administrativo para regular
dos Santos ; Rebello ; Fernandes Thomaz ; Bandei daqui em diante a lavra e mais trabalhos do mais
ra ; e Ribeiro Telles. importante estabelecimento que possuimos neste gene
Ordem do dia. ro: e que por falta de um tal plano, e pela má ad
O Sr. Miranda por parte da Commissão das ar ministração tem sido tão ruinoso á fazenda, comº
tes leu os seguintes . se vê dos mappas que acompanhão a conta dos mes
[ 363 ]
mos lentes. Deseja pois a Commissão que os ditos P A R E c E R.
kºntes, para dar toda a possivel utilidade e perfeição
aos seus importantes trabalhos nesta materia de que A Commissão do commercio vierão dirigidos dois
se achão encarregados, hajão de acordo um com ou requerimentos dos erectores, e proprietarios das fabri
tro, e conferindo suas ideas redigir o indicado e tão cas de estamparia, e tecidos de algodão contra a re
necessario plano, sem o qual, aquelle interessante es vogação do artigo 34 do alvará de 4 de Fevereiro de
tacelecimento nào póde prosperar. Para que isto se 1811, pela qual ficárão sendo admittidas para consu
consiga, e para que assim a respeito desta Mina, co mo nas alfandegas do Reino unido as fazendas de côr
mo de todas e quaesquer outras se tomem as medidas de Bengala, tecidas, tintas, ou estampadas, sem em
convenientes: parece á Conmissão que todas estas bargo de não virem despachadas pelas alfandegas de
respectivas contas devem ser remettidas á direcção, Gôa, Dio, ou Damão, como erão dantes obrigadas;
ou Commissão da fabrica das sedas, para que de ac o que os supplicantes julgão ter ferido mortalmente,
cordo com o ajudante do Intendente geral das minas, como dizem, os seus importantes estabelecimentos. El
Alexandre Antonio Fandeli, na fórma do alvará de les ajuntão o parecer de varios negociantes que são
30 de Janeiro de 1802, e do decreto de 4 de Maio do mesmo acordo. E a Commissão de melhoramento
de 1804, e instrucções que debaixo da mesma data o do commercio fez tambem sua representação ao mes
acompanhárão, haja de dar as necessarias providen mo respeito , para que o Soberano Congresso haja
clas tendentes ao melhoramento possível deste impor por bem determinar, que o vigor da sobredita revo
tantissimo ramo de publica utilidade, em quanto este gação se não estenda a mais do que aos navios, que
soberano Congresso não revogar ou alterar, segundo tiverem sahido dos portos de Portugal, ou dos portos
melhor convier, tanto o referido alvará, como aquel do ultramar, antes de conhecerem a nova determina
ke decreto e instrucções, substituindo-lhes, como he ção, ou senão que paguem maiores direitos as fazen
de necessidade, uma nova legislação mais adquada a das em questão, que vierem de portos estrangeiros da
objecto de tanta importancia. Sala das Cortes em 29 Asia, a saber: as tecidas de côr 24 por cento; as tim
de Janeiro de 1822. — Manoel Gonçalves de Miran tas 40 por cento, e as estampadas 50 por cento. Va
da ; Francisco Agostinho Gomes ; Thomé Rodri rios Membros da mesma Commissão do melhoramen
gues Sobral. to do commercio se apartárão porém , e fizerão seus
Foi approvado. •
pareceres separados, achando pelo contrario acerta
Parece á Commissão das artes, que deve ser inde da , e util aquella revogação ; mas opinando sempre
ferido o requerimento dos cordoeiros de esparto, em que todas as fazendas da Asia de qualquer natureza
que pedem ao soberano Congresso haja de revogar a que forem, vindo despachadas pelas alfandegas de Goa,
determinação, pela qual concedeu aos cordoeiros de Dio, ou Damão, paguem sómente os direitos até ago
linho a faculdade de fabricarem cordas com os fila ra estabelecidos; e vindo em direitura dos portos es
mentos de calabres, ou cordas velhas e avariadas, fa trangeiros, que paguem as brancas os mesmos 15 por
culdade que até á referida determinação era um privi cento que se achão pagando, e as tecidas de côr 20,
legio exclusivo dos referidos recorrentes, os cordoeiros as tintas 24, e as estampadas 40 por cento de direi
de Esparto. Sala das Cortes 4 de Fevereiro de 1822. tOS. -
- Vicente Antonio da Silva Correia ; Thomó Ro As razões em que se fundão os supplicantes, são
drigues Sobral ; Manoel Gonçalves de Miranda ; de que vindo as fazendas estampadas do proprio paiz
Francisco Agostinho Gomes. em que são tecidas em branco, e em que se produz o
Foi approvado. anil, materias primas de que eles absolutamente pre
A Commissão das artes e manufacturas parece cisão para a laboração de suas fabricas, attentas as
que devem ser indeferidos os tres requerimeneos se graves despezas de fretes, seguros, e direitos com que
guintes: o de Gregorio Lopes, oficial correeiro e lhes deverão chegar sobcarregadas as mesmas materias
selleiro, estabelecido nesta cidade; o de Manoel Luiz primas, não poderão de fórma alguma competir suas
de Sousa, soldado do 1.° regimento de infanteria, e manufacturas com as que vierem importadas dos por
ºficial latoeiro de folha branca; e o de Henrique le tos estrangeiros da Asia para este Reino , e menos
Blanc, Francez de nação, e official marcineiro, resi ainda com as que vierem em direitura daquelles por
dente nesta cidade desde o anno de 1818. Todos elles tos para as nossas provincias ultramarinas, aonde he
Pedem se lhes conceda a faculdade de usarem livre o seu maior consumo. E em quanto á navegação,
mente de seus oficios, e abrirem as suas lojas, cou que ella tambem se não augmentará, porque se vie
dispensa dos exames e encargos a que são obrigados rem dos portos estrangeiros as fazendas de côr, dei
Pelo regimento dos officiaes respectivos. Sala das Cor xarão forçosamente de se ir buscar como dantes aos
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lºs 24 de Fevereiro de 1822. — Vicente Antonio da portos portuguezes de Goa, Dio, e Damão em gra
ºilea Correia ; Manoel Gonçalves de Miranda ; ve prejuizo do commercio, e fazenda dos mesmos por
Thomé Rodriguez Sobral. tos, não crescendo por tanto, mas vindo sómente a
Approvado. mudar de destino os unicos navios, que se emprega
Sr. Luiz Monteiro, por parte da Commissão vão, e continuarem a empregar-se naquelle negocio,
º commercio leu o seguinte o que tudo não devendo augmentar a navegação , e
sendo prejudicial á industria nacional, viria finalmen
te a redundar unicamente em beneficio dos portos es
trangeiros em prejuizo dos nacionaes.
Zz 2
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A vista pois de tudo que fica exposto, a Com lha hão de comprar, certeza que lhe dão os direi
missão do commercio desejando equilibrar, e conciliar tos prohibitivos. Sem a concurrencia que he o germen
os diferentes interesses, se conforma com o parecer de da emulação, não podem as artes chegar á perfeição.
que fiquem inalteraveis os direitos do consumo sobre Cessarão os progressos do espirito humano, ficando
todas as fazendas, que vierem despachadas pelas al estaccionarios, se afastarmos das vistas dos cidadãos os
fandegas de Goa, Dio, ou Damão, e se augmentem productos da industria dos outros povos. E indepen
os mesmos direitos para as fazendas manufacturadas temente desta consideração secundaria torno a dizer:
de côr, que vierem dos portos estrangeiros da Asia, pende desta liberdade a nossa propria independencia,
que deverão ficar regulando em futuro a 20 por cento porque esta depende de forças navaes. E como podere
sobre as fazendas de côr tecidas , 24 sobre as tintas, mos nós ter uma marinha militar, sem termos uma
e 40 por cento sobre as estampadas, e principiar em marinha mercante ! E como poderemos ter uma ma
consequencia a ter o seu devido efeito a respeito de rinha mercante, se nós a sacrificarmos a um punhado
todas as expedições, que se fizerem dos diferentes por de estampadares de chitas!! Eu não sou de opinião
tos do Reino Unido, depois do tempo necessario a que se isentem de direitos as fazendas concorrentes;
serem os mesmos novos direitos nelles conhecidos. paguem sim direitos de que muito precisamos para
. Salão das Cortes b de Fevereiro de 1822. — JMa acudir ás urgencias do Estado; mas direitos modicos,
noel 2efyrino dos Santos ; Francisco Antonio dos quando muito de 24 por cento, os quaes juntos aos
Santos ; Luiz Monteiro. fretes, empates dos fundos empregados, e ás outras
O Sr. Malaquias: — Aquillo he o mesmo que despezas mais, que tenho mencionado, vem a subir
um privilerio que se vai conceder aos Inglezes .. ... a uma grande quantia, que he mais que sufficiente
(o # Freineda disse não pudera ouvir o res para auxiliar os fabricantes de chitas, se taes fabricas
to do discurso). convem no estado actual da industria portugueza, o
O Sr. Brito: — Eu sou da mesma opinião. Quan que he muito duvidoso, vistas as opportunidades que
do ouço falar em 40 por cento de direitos sobre o tem os indios para esta industria em razão de terem
commercio, estremeço! E não me parece propria des lá as materias primeiras, e mão de obra muito mais
te seculo illustrado similhante doutrina, dirigida a in baratas do que nós. He pois o meu parecer que não
fluir na qualidade da producção, em que os nossos se imponhão a estas fazendas mais de 24 por cento,
concidadãos hão de empregar seus braços, e capitáes, e não a todas; mas só as chitas de que temos iguaes
isto he dirigida a fazer que os empreguem em estam manufacturas.
par chitas a torto e a direito; ainda que tal emprego O Sr. Franzini; = Eu sou do mesmo parecer da
inão seja o mais productivo para a Nação. Com efei Commissão do commercio; pois he indubitavel que
to se um direito de 24 por cento junto ás despezas do o Brazil ha de ter fazendas mais baratas, vindo di
transporte, seguros, Commissão, etc., ainda não bas tectamente da India; mas eu estou bem persuadido,
ta para favorecer a estamparia das chitas azues, de que os nossos irmãos do Brazilhão de qnerer o seu
vemos concluir que ou similhantes fabricas são mal bem jnntamente com o nosso. Temos varios exemplos
couduzidas, ou não convem a Portugal, e Brazil. Se de que nos podemos lembrar: como os Inglezes: qual
são mal conduzidas, devemos illustrar os donos, fa he a razão por que os Inglezes não admittem os nos
zendo-lhes conhecer as machinas que mais abrevião o sos lenços de seda pretos, etc.? He porque elles que
trabalho; senão convem á Nação, he melhor que os rem sustentar a sua industria. Eis o exemplo que
braços, e capitães empregados nessa industria se em nós deveremos seguir se quizermos augmentar a nos
preguem n'outra, que mais convenha ao paiz. O con sa. Os Inglezes, mesmo até-qui pelo tratado do com
trario será favorecer os inglezes, que mettem fazendas mercio, podião levar essas fazendas: porém qual he
similhantes sem pagar mais de 15 por cento, e aos a razão por que eles o não tem feito? He porque não
contrabandistas, pois com direitos exorbitantes he im podião competir com ellas. O parecer da Commissão
possivel impedir os contrabandos, principalmente em he muito patriotico, e julgo se deve approvar.
um paiz como o Brazil com mais de mil leguas de O Sr. Killela: — Eu creio que este parecer deve
costa quasi deserta. Quem he que ha de cohibir os ir á Commissão encarregada de estabelecer as relações
os contrabandos na Bahia, que tem uma barra de 3 commerciaes entre Portugal e o Brazil. (Approvado,
leguas de largo, onde até entrão os navios de noite, approvado).
apparecendo junto aos caes de madrngada sem se sa O Sr. Luiz Monteiro: — He de muita urgencia
ber que entrárão! Impôr 40 por cento a todas as fa que isto se discuta quanto antes; porque estão a sair
zendas estampadas, que vamos buscar á India, he navios, os quaes deverão levar esta decisão. Em quan
atacar os farpados restos da nossa navegação, que tº ao parecer da Commissão, digo, que se ela jul
mercce maior favor que toda outra industria, porque gasse que esta decisão hia favorecer de algum modo
della pende a segurança, e manutenção das diversas os inglezes, ela não daria tal parecer. Se porém se
partes do Reino Unido, que o mar tem separado em adoptasse o parecer contrario ao da Commissão en
muitos portos, e que por isso se não podem ligar sem tão he que iriamos favorecer os inglezes. A Commis
marinha consideravel mercante, e militar ; quanto são porém assentou, que se augmentava a industria,
mais que nos devemos persuadir que a liberdade de e regulava o commercio.
industria he uma condição, sem a qual já mais ella O Sr. Ferreira da Silva: — Esta discussão he
póde florecer, porque nunca o fabricante se esforça contra o regulamento. Elle manda, que não se possa
em aperfeiçoar a manufactura estando certo de que revogar uma lei, senão passado um certo tempo; co
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: mo pois se quer agora fazer isto deste modo? Por desconhecidos, não poderão deixar de ser revogados
tanto requeiro, que a Commissão faça um projecto, quando sua materia entrar em deliberação.
e este que se imprima para ser discutido; e se se jul Paço das Cortes 11 de Fevereiro de 1822. – Fran
gar urgente, faça-se urgente. (Apoiado). cisco Antonio dos Santos; João Rodrigues de Brito;
O Sr Presidente: — Proponho se a Commissão LuizApprovado.Monteiro ; Manoel 3efyrino dos Santos. •
-
ºndº em que se trata do regulamento, se iuhibe ter A Commissão he de parecer, que pelo que perten
"º de mercearia a qualquer cidadão, que não for ce á regulação dos direitos, que se devem deduzir ás
"ºmbro desta irmandade, e que não tiver pago a fazendas, que tem toque de avaria, se póde regular
"antia de uma moeda de ouro cada anno para o co da maneira indicada na representação; e que lhe pa
"da mesma, cujo destino he para soccorrer filhas rece se deve ordenar ao administrador da alfandega
"tios dos irmãos, e dar-lhes dotes para casarem, grande faça erigir os commodos precizos para estes
º serem freiras. No capitulo terceiro artigo primeiro leilões; e pelo que pretence ás fazendas despachadas
"ga-se a liberdade de exercer o mesmo commercio a por factura, posto que reconheça a necessidade de
"º aquelle, que não tiver sido caixeiro 4 annos, mudar deste methodo, não lhe parece adoptavel em
º cujº noviciado tenha mostrado que sabe fazer a quanto existir em todo o seu vigor o tratado de 1810.
"felicidade, e não prejudicar, nem perturbar o Sala das Cortes 5 de Fevereiro de 1822. — Luiz
"mercio dos outros mercieiros, em cujas palavras se Monteiro ; Manoel 2efyrino dos Santos ; Francisco
descobre o espirito da corporação mercantil, que he Antonio dos Santos ; João Rodrigves de Brito.
º "ºnopolio e conloio tanto contra os compradores, Approvado.
"º mais funesto neste trafico quanto ele se exorcé O Sr. Bettencourt leu o seguinte
ºb º objectos de necessaria subsistencia, sendo para
"º ar que os filhos dos mercieiros são excetuados e P A R E c E R.
ºtos do encargo de aprendizagem nos termos do ca
Pºlº terceiro páragrafo terceiro. As Commissões reunidas de agricultura e commer
Em vista destas, e outras disposições sobre que cio examinárão o officio do Minisiro de Estado, que
"util occupar a attenção desta Augusta Assembléa, subiu a este soberano Congresso em sessão de 2 do
"ºce á Commissão que em quanto ao compromis corrante mez de Março, e entrado nas Commissões
º Pºdem os mercieiros estabelecelo como lhes con a 4 do mesmo: este oficio acompanha um requeri
" com tanto que se obrigue áquelles que spon mento de Carlos Harris, e filhos, em que pede lhe
"amente o convencionarem conforme as leis, sem seja levantado o embargo feito nos seus armazães de
#"…s㺠nem
1V0,
a desapprovação do Poder legis vinhos, em consequencia da troca ilegal de 390 pi
pas de vinho, que ele confessa ter feito. |-
Em quanto porém ao regulamento do seu negocio Allega que não fôra por dólo ou malicia; mas só
bem longe de ratificalo, se deve expressamente des mente com o fim de exportar melhor vinho para In
"Prºvar, declarando que todo o cidadão tem livre glaterra; mostra por documentos que a troca do vi
ºculdade de comprar e vender os generos de mercea nho approvado fôra feita de igual para igual quanti
"º, e abrir lojes para esse negocio uma vez que pa dade de separado, sem que daqui se seguisse perda"
#" aº senado da camara as licenças competentes na para a fazenda nacional, nem prejuizo publico ou
"º do estilo. E sem embargo de se acharem simi particular: faz ver mais ôs grandes direitos que tem
ºntes estatutos approvados a favor dos mercadores pago, os quaes avultão em muitos contos de réis.
º cinco classes, e outras corporações em tempos, A companhia, sendo mandada informar, diz que
º que os bons principios da publica economia erão he verdade quanto o supplicante affirma, que a sua
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caza he uma das mais fespéitaveis da praçá, e da me segue-se proveito á Nação, sem que resulte paí…
lhor fé, que faria uma falta muito sensível no coin particular a algum individuo. Dir-me-bão talvez: elle
mercio, e he de parecer que ele seja perdoado. Infringia uma lei; não ha duvida: mas quando elas
As mesmas cousas diz em seu abono o juiz conser são más acontecem estas cousas: todavia porém não
vador da companhia; examinando as Commissões os ha lei alguma a respeito disto, falando com todo o
autos do embargo e documentos appensos, achou tu rigor; mas sómente uma ordem, uma providencia in
do comprovado. terina que se julgou util. Examinemos porém se esta
. A vista disto não podem as Commissões deixar lei, se esta ordem, ou o que lhe quizerem chamar,
de ser favoraveis ao supplicante; mas opinão que se ficará desmanchada com a tal troca. Eu nada disto
deve tomar uma medida geral, por ser isto mais di vejo; pois se a intenção do soberano Congresso foi a
gno do Soberano Congresso, e porque favorece o com de fazer uma carestia artificial; a troca do vinho não
mercio no total, sem que daqui possa haver o mais transtorna isto; pois a quantidade não se altera, e
leve prejuizo pelas razões ja expendidas. convém mnito que se exporte vinho bour em lugar
Parece pois ás Commissões que se deve levantar o de máo. As Commissões reconhecendo vantagens tão
embargo ao supplicante, e que a todos os negociantes dignas, opinão que a medida deve ser geral; porque
do Porto deve ser licito o trocarem vinho approvado as trocas sempre se fazem por contrabando; mas o
por vinho separado, sendo sempre igual a quantida risco, e o dinheiro que he necessario dar aos guardas
de do mesmº, e tenlosen vista melhorar a qualida corruptiveis, fazem diminuir o valor real na não do
qe, a fim de ter este-genero melhor reputação no lavrador, entorpecem o commercio, e em ultima ana
mercado estrangeiro; e que a companhia deve ser en lyse prejudicão a Nação. Quando verei eu na urinha
carregada de fiscalisar estas trocas, para que se fação patria a liberdade de commercio e de agricultura!
entre os diferentes commerciantes com toda a facilida Pouco a pouco vão appareccndo os males das restric
de, com o fim já dito da melhoria do genero, e de ções, sempre nocivas as publico e ao particular: de
modo qus não haja fraude. Sala das Cortes 5 de Mar senganemo-nos, Srs., debalde se luta contra a natu
ço de 1822. — Antonio Lobo de Barbosa Ferreira reza, ela vencerá sempre, que he mais poderosa, e
Teixeira Gyrão ; Francisco Antonio de Almeida durante a luta ficarão esmagados, e sofrerão muitº
Pessanha ; Francisco de Lemos Bettencourt ; Cae aquelles mesmos que se pretendem favorecer por meios
tano Rodrigues de Macedo ; Francisco Antonio dos tão tortuosos. Falarei agora a respeito sómente de Cur
ASantos. / los Harris. Esta casa de commercio he das melhores
. O Sr. Peixoto: — Não me opponho á 1.° parte da praça do Porto; fez uma falta na feira dos vinhos
do parecer, nem a approvo. Vejo por uma parte, que assás sensivel, pois eostuma comprar mil pipas, de
se trata d'uma tomadia, feita segundo a lei: vejo pe mais a mais a sua boa fé, a sua facilidade foi a que
la outra que houve informação, em que a compa a precipitou, pois que mesmo de dia mandou condu
nhia e seu conservador respondêrão favoravelmente; zir o vinho trocado; ora perderemos esta casa portão
e que não se attribue dolo ao requerente: ignoro as cir leve culpa! Se tal acontecesse podião fugir os estran
cunstancias particulares do caso, e por isso não me geiros de nossas terras, como dos mais inhospitos pai
atrevo a impugnar o perdão: reprovo porém a segun zes! Façamos boas leis, e logo cessarão as fraudes des
da parte. Nella trata-se não menos do que de dar ta natureza; pois nada ha mais barbaro do que ro
uma dispozição geral, que não póde adoptar-se sem dear os homens de crimes sem necessidade. Concluo
um escrupuloso exame. Talvez convenha adoptar-se a pois, que o meu voto he, que se levante o embargº
medida proposta, mediante uma contribuição paga de Harris, e que se facilitem as trocas a todos os
pelos commerciantes, que quizerem aproveitar-se da commerciantes.
faculdade: e basta ser uma disposição legislativa, que O Sr. Presidente ía pôr á votação o parecer; e o
vai revogar leis existentes para não dever passar desta Sr. Gyrão continuou:
maneira; sem se cumprirem as formulas do regimento. Eu não sei que mais faz, que João exporte, ou
Além disso o Congresso ha de legislar sobre a fisca importe esta qualidade de vinhos, nisto faz-se um
lização das introducções de viuhos por contrabando; grande beneficio aos negociantes, porque o negocianº
já consultou sobre este objecto a companhia; e por te que tem vinhos separados, se elle he de muito boa
issso as Commissões ao organizarem os respectivos ar qualidade vai por aquelle meio a ter um preço maior.
tigos para propolos, poderão incluir nelles a doutrina Ora os direitos não se perdem, porque aquelle pagº
da 2.° parte do parecer; mas de nenhuma sorte deve certos direitos; o vinho separado tambem paga certos
entrar agora em deliberação. direitos, logo então ninguem perde nada, porque º
O Sr. Gyrão: — Sr. Presidente, peço a palavra. vinho méo eles não lhe podem dar saída, não hº
A riqueza das Nações provém da venda dos seus pro quem lho compre, e agora com esta medida vai-se
ductos agriculos, cuja extracção e saída lhes dá o fazer com que ele tenha maior saída, e nisto ganhº
cominercio; eis um principio de eterna verdade. As a nação toda, nós devemos adoptala porque he mui
Commissões reunidas examinando o requerimento de to proveitosa, e muito util, e mesmo porque fica dº
Carlos Harris, e filhos, e os mais documentos juntos, baixo da inspecção da companhia, ella fiscalisar";
ficárão plenamente convencidas, que aquele negocian esta providencia he muito salutar, muito boa, e mul"
te não tinha outras vistas senão de melhorar uma to excellente.
certa porção de vinho máo por meio de uma troca, a O Sr. Peixoto : — Ha lei, e em prova basta es"
fim de poder vendelo no mercado estrangeiro, daqui te mesmo negocio, no qual o supplicante pede º
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perdão, confessandº a infracção dessa lei: se a não respeito de Jeronymo Arantes, contra Pedra e filhos,
houvesse seria diferente o maio, que ele adoptaria, Parece-me que não podemos hoje sem haver uma con
Póde ser que a providencia oferecida pela Commis. tradição manifesta, tomarmos conhecimento deste fa
são venha a approvar-se como está, ou com modifir cto particular, este negocio he meramente do poder
cações; com tudo não poderia, sem risco de desor» judicial porque trata de applicar a lei ao facto, por
dem, deixar-se ir assim vagamente. He necessarie consequencia opponho-me ao parecer da Commissão,
examinar tudo o que ha sobre a imateria, e vêla por e opponho-me igualmente a que se tome conhecimen
todas as faces. Não estamos em um ponto de perigo to deste negocio. -
da patria, que não admitta a dilação necessaria para O Sr. Lino Coutinho: — Sr. Presidente, pare
deliberar com madureza, e sem infracção do regimen ce-me que este negocio não está no caso daquelles de
to das Cortes, que he uma lei para o Congresse. O que fala o Sr. Guerreiro; o que este homem pede he
decreto da refurmanda companhia está-suspenso por o perdão daquilo que elle fez: ora conceder perdão
falta dos artigos que dizem respeito aos direitos, e á creio eu que he da attribuição deste Congresso, e isto
fiscalisação do contrabando: consultou-se sobre isto he o #" elle vem a pedir, he o perdão de um factº
a companhia, a sua resposta não póde tardar; e-lo que ele agora conhece que comettêra contra a lei, s
go que ela chegue, ha de completar-se: a lei. Com he debaixo deste ponto de vista que nós devemos
que necessidade pois havemos de estar agora a fazer olhar. |-
de repente um decretor separado ,º para em poucos O Sr. Pessanha: — Aqui não ha lei nenhuma
dias o encorporarmosº na lei, de que deve seguir o a cumprir. O juizo do anno declarou habilitadas para
plano!
parecer Por
deve todos os parte.
ficaride principios a segunda
. . .
parte do
•
o commercio de Inglaterra 233 pipas de vinho; e
para não descontentar a maior parte dos lavradores
O Sr. Pinheiro de .4zevedo: — Eu queria pedir quiz que a separação fosse quantitativa; isto he, que
a V. Exc." que convidasse o honrado membro para este numero de pipas fosse repartido pro rata por to
mostrar a lei: não ha lei nenhuma a este respeito, dos os lavradores que tivessem vinho approvado: isto
por isso he que eu digo que se adopte o parecer das foi uma medida de contemporisação; porque o que
Commissões interinamente, as quaes merecem muito pedia o interesse publico, e ousarei dizelo a justiça,
louvor por darem uma provideneia que he utilissima era que este numero de pipas habilitadas para o comº
a lavoura, e ao commercio; para o futuro não duvi mercio de Inglaterra fosse tirado só das adegas que
do que se possa por algum pequeno tributo. tivessem o melhor vinho. Ora no caso presente trata
O Sr. Soares Franco: — O que he preciso saber se de uma troca de vinho bom, mas que tinha ficado
he, se ha lei, ou não ha lei: se não ha como poderia na classe de separado por igual porção de vinho habi
a junta mandar fazer um embargo nestes armazens ! litado para Inglateria, mas que era máo; que cousa
Amim não me pareçe bem que seja simplesmente por mais justa do que uma similhante troca, visto que o
um parecer da Commissão revogada a lei, mas eu su vinho bom he o que vai, e o que fica he o vinho máo,
ponho que não ha tal lei, e approvo o parecer da o qual ficando desta vez na classe de separado já não
Commissão pareçendo-me bem o que disse o Sr. Pi póde ir prejudicar ao cominercio. Uma similhante me
nheiro de Azevedo, que não passe de ser interino. dida não deve limitar-se a este easo, deve ser geral
O Sr. Gyrão: — Aqui não se derroga nenhuma debaixo das fiscalizações competentes; assim se resta
lei, a mesma companhia o diz; quanto mais, o ne belecerá o que nunca devêra ser alterado, isto he hº*
gºciante tanto procedeu na boa fe, que de dia o foi bilitar-se-ha para o commercio da Inglaterra só o mee
fazer, os illustres Preopinantes estão com muito escru. lhor vinho do paiz.
pulo, e dizem que a medida seja interina, pois bem; O Sr. Guerreiro: — Uns illustres Preopinantos
seja interina. |- tem olhado a questão por um lado, e eu olho-a por
O Sr. Guerreiro: — Pediu que se lesse o parecer outro, e he pelo lado constitucional, a decisão que
da Commissão, agora lhe dermos deve servir de lei para o futuro, e
O Sr. Brito: — Sr. Presidente, peço a V. Exc. por isso não devemos decidir sem conhecimento de
convide os Srs. que tem a ler pareceres de Commissões causa: isto deveria estar patente, para cada um dos
queirão tomar lugar no centro da salla para mais fa illustres membros deste Congresso, poderem meditar
$lmente se poderem ouvir. no seu conteúdo, e para haver uma discussão séria,
O Sr. Felgusiras leu o parecer que estava em embora os illustres membros, que tem falado sobre
discussão. -
este objecto tenhão todos os conhecimentos necessa
O Sr. Guerreiro: — Peço licença para fazer rios; e eu confesso a minha ignorancia a este respeiº
uma reflexão. Se o embargo foi feito contra a lei ao to, e como representante da Nação tenho direito a
juiz conservador compete mandalo levantar, e se foi exigir, que se me não negue todos os meios que eu
feito conforme a lei este Congresso não deve metter-se possa exigir para que com conhecimento de causa po
em thandalo relaxar. As Commissões reunidas não der votar. O illustre Preopinante o Sr. Lino disse
deixarão de reconhecer a verdade destes principios, e que o que se tratava era de dar um perdão a este ho
Pºr isso propõem uma medida geral. Nós não deve mem, eu não vejo que o parecer da Commissão pro
nos legislar para casos particulares; este Congresso ponha que se conceda, ou negue perdão algum, per
tem manifestado altamente que não quer já mais intro tende-se exigir que o embargo fique scan efeito, isto
meter-se no poder judicial, e isto prova o tempo per he o que he inconstitucional. Se o supplicante pede um
"cioso que se gastou nas decisões que se tomárão a perdão he necessario vêr-se as razões que motivão es
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te perdão, e se elas são ponderaveis conceda-se-lhe, tem direito: ha duvida sobre o facto, porque o Con
mas de tal modo que elle reconheça que transgrediu gresso só sabe delle aquillo que a Commissão relatou:
a lei, e que he uma graça que se lhe faz; a final a ha duvida sobre o direito, porque alguns dos illustres
minha opinião he que não obstante as razões que se Deputados asseverão que não existe lei, que seja ne
tem expendido, este negocio deve tornar novamente cessario revogar; outros, como eu, afirmão que ella
ás Commissões. existe; e a maior parte estão incertos sobre este pon
O Sr. Francisco Antonio dos Santos: — Tal lei to essencial. Se o Congresso em tal estado poderá de
não ha, o juizo do anno não he lei, por consequenº liberar com acerto, he facil de julgar. Nada de preci
cia o fundamento de haver uma lei não existe. pitação; ninguem nos ha de tirar conta de tomarmos
O Sr. Soares de Azevedo: — Elle não pede per o tempo necessario para nossa instrucção, e para de
dão, o que elle pede no requerimento he que se veri liberarmos com conhecimento de causa: ha de sim a
fique o procedimento que ele fez. Ora, não se póde Nação julgar-nos pelas boas ou más decisões que der
duvidar que elle obrou contra a lei = leu o requeri mos. Bem se sabe o que tem acontecido com outros
mento= eis-aqui está o caso e as informações que dá pareceres de Commissões resolvidos de repente; bem
o provedor. se sabe que tem sido necessario revogar alguns deles
O Sr. Miranda: — Não sei qual he o escrupulo por iniquos ; pois poupemo-uos agora em quanto he
dos illustres Preopinantes em quererem seguir as fór tempo a igual desacerto, e a igual retractação.
mas. Dizem que ha uma lei, não ha tal lei, he o O Sr. Macedo: — Desta doutrina deveria seguir
juizo do anno, e o juizo do anno não he lei, e em so que todos os pareceres de Commissões devem ficar
quanto a este negocio eu creio que não ha ninguem # , porque todos elles supõem facto, e supõem lei,
que duvide da utilidade desta medida, e isto interes e por conseguinte necessitarião todos de discussão, e
sa a Nação, a fazenda, o lavrador, e os negociantes, demorado exame: mas bem se vê quanto similhante
todos interessão. Só porque se diz que ha uma lei principio retardaria os trabalhos do Congresso.
sendo isto duvidoso havemos de deixar de dar esta O Sr. Franzini: — Eu opponho-me ao adiamen
medida? Ha inconveniente! Que me digão que lei he? to, e digo mesmo que he fazer injustiça á illustração
Aonde está escripta ! Não ha tal lei, ha uma ordem do Congresso; eu considero-me o mais sumenos dos que
que póde muito bem revogar-se sem ser necessario um aqui estão, e confesso que estou muito iluminado so
projecto de lei. O Douro está sentindo já o beneficio bre esta materia.
que lhe fez este soberano Congresso, he necessario ali O Sr. Freire: — Nem todos podem ter a feliz
vialo da desordem que isto tem feito, não se faz na penetração do illustre Preopinante, isso he fortuna que
da senão substituir o vinho máu pelo vinho bom. nem todos tem. Em quanto áquillo que o Sr. Ma
O Sr. Pinheiro de Azevedo, — Não ha nada cedo diz que he preciso que se decida, he aquillo que
mais natural do que desfazer o negocio do mesmo mo já está decidido, que todo o parecer, sobre o qual
do que se fez. Não ha lei nenhuma, não ha decreto, haja discussão fique adiado, e he isto que com este se
he sómente uma ordem que he o juizo do anno, eu não tem praticado.
convido qnalquer dos illustres Deputados para me O Sr. Miranda: — Agora no Douro está a fei
mostrar essa supposta lei. ra aberta, e daqui a pouco tempo, já se não . . . .
O Sr. Soares de Azevedo : — Eu quando falei por tanto toda a demora que houver he uma perda
foi só para aclarar o negocio; primeiramente disse que incalculavel, esta questão como digo não he necessa
a parte pede perdão; não pede tal perdão, o que pe ria grande penetração para a decidir: porém como
de he que se authorize o procedimento que elle fez, ha muitos Srs. que pedem o adiamento proponho que
isto he que não he conforme; agora attendendo ás cir a Commissão apresente um projecto com a maior ur
cunstancias do supplicante, muito embora se lhe con gencia possivel. •
ceda a faculdade de tornar a desfazer o que fez; po O Sr. Leite Lobo: — Sr. Presidente, eu creio
rém o meu voto he que fique por agora adiado. que houverão mais de cinco membros que approvárão
O Sr. Presidente . — Se ha cinco Membros que o ficar adiado: agora a ordem pede que se proponha
aprovem o adiamento eu proponho-o á Assembléa. o adiamento.
O Sr. Gyrão: — Eu falo sobre o adiamento. A O Sr. Presidente: — Eu proponho primeiramen
companhia pede a decisão deste negocio, e isto he o tetodo, e se se não approvar, então o proporei por par
que nós hoje devemos concluir: não sei de que sirva tes. Os Srs. que quizerem que este parecer fique adia
o adiamento , não sei que mais haja de se aclarar a do queirão levantar-se. — Venceu-se que não ficasse
verdade do negocio daqui a mais alguns dias, do que adiado.
agora. Proponho a primeira parte. — Leu-a.
O Sr. Correia de Seabra: — A segunda parte, O Sr. Trigoso: — Parece-me que isto não he
porque em quanto á primeira parte deve-se pôr á vo o que pede a ordem, recusou-se o adiamento de todo
tação. o parecer, por consequencia deve continuar a discus
O Sr. Pinheiro de Azevedo : — Senão fosse o SBO.
juizo do anno, aquelle vinho separado estava habili O Sr. Soares de Azevedo: — A Companhia diz
tado, e qualificado para o commercio de Inglaterra. que muito embora se lhe perdoe este delicto que elle
O Sr. Pessanha: — Torno a dizer, não ha lei praticou contra a lei, porém que se desfaça o que
nenhuma senão o juizo do anno. •
elle fez: perdoe-se-lhe o facto, perdoe-se-lhe o delicto,
O Sr. Peixoto: — O parecer contem facto, e con isto he o que diz a Companhia, e o que diz o con
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servador, e a Commissão diz o contrario; foi muito empregado no serviço da Junta do arsenal do exerci
bem feito, ratifique-se. to, e sem ter sido culpado por delicto algum. Pede
O Sr. Presidente: — Os Srs. que approvão a carta de naturalisação, e parece á Commissão, que
primeira parte do parecer da Commissão, queirão le se lhe conceda. — José Antonio de Faria Carvalho ;
vantar-se. — Ficou approvada. Domingos Borges Barros ; Bento Pereira do Car
O mesmo
parecer Sr.: — Proponho a segunda parte do
da Commissão. •
mo; João Maria Soares de Castello Branco.
Approvado. -
O Sr. Faria Carvalho por parte da Commissão Parece á Commissão, que não deve executar-se
de constituição leu os seguintes o referido decreto. 1." Porque entre os papeis, que
forão presentes á mesma Commissão não apparece
P A R E c e RE s." certidão de ter dado residencia, nem a quitação do
erario: e não devem repetir-se os exemplos da pro
Pelo Ministro dos negocios da justiça foi dirigida moção de magistrados, que se não mostrarem plena
a este soberano Congresso uma consulta do Desembar mente desempenhados para com a fazenda publica, e
gº do Paço, acompanhando o decreto, pelo qual foi" mais deveres da justiça. 2.° Porque está escripto º no
removido da casa da supplicação do Rio de Janeiro decreto de 8 de Agosto de 1778, que não possa ser
para a de Lisboa, o desembargador José Caetano de promovido a Vereador do Senado quem não tiver ser
Paiva Pereira. A Commissão de constituição foi en vido de Desembargador dos Aggravos da Casa da
carragada de observar se havia algum inconveniente Supplicação, ou não estiver a caber um tribunal. O
a execução do decreto. Supplicante não está nos termos do citado decreto: e
Parece á Commissão que não ha inconveniente trabalha-se para restabelecer a fiel observancia da lei.
em verificar-se o despacho e cumprir-se o decreto, 3." Porque este despacho já não podia ter uma exe
que foi expedido em 6 de Fevereiro de 1818, e que cução compatível com o novo systema de camaras,
são fez mais do que remover para a casa da supplica como vai a ser considerado o Senado de Lisboa.
ção de Lisboa com a antiguidade que lhe competia Paço das Cortes 8 de Fevereiro de 1822. — José
aquelle, que efectivamente era desembargador de ou -Antonio de Faria Carvalho ; Bento Pereira do Car
tra casa da supplicação, juiz conservador da nação mo; João Maria Soares de Castello Branco ; Do
ingleza, do banco do Brazil, e que tinha serviços ex mingos Borges de Barros.
traordinarios. Approvado. -
da a este soberano Congresso uma consulta da meza 2." De Anna Joaquina, viuva, que pede meta
do Desembargo do Paço acompanhando o decreto, de do ordenado, que vencia seu marido como prati
pelo qual o doutor Pedro Alvares Diniz foi despacha cante do Correio geral.
do para um lugar de desembargador do Paço de Lis 3." De Dona Anna Barbara Joaquina, que pe
boa. A Commissão de constituição foi encarregada de dispensa de lapso de tempo para se verificar uma
de observar, se ha algum inconveniente na execução tença de 60$000 réis. •
hó ; Luiz Vicoláo Fagundes Varella ; Domingos te saber se existiu o facto, e se houve ofensa da "
Borges de Barros ; João Maria Soares de Castello para corrigila. - …
Branco. 10." A petição de D. Clara Joaquina Tava"
Approvado. Cabral de Faria e Souza, deve passar para a Co *##
1.° O officio do Governo Provisional da provin missão de justiça civil, aonde está outra petição, º
cia das Alagoas, datado em 12 de Novembro, aceu mesma supplicante, e para o mesmo fim ; aonde"
sando a recepção da notiria da feliz chegada de El tem despachado todas as outras relativas aos juizos"
Rei a esta capital: a recepção dos impressos que lhe administrações ; e aonde competem os assumptº
forão remettidos; e congratulando o ministro da ma que não tem relação com a Constituição. eº
rinha pelo cargo a que fora elevado, pertence ao 11." O requerimento dos escravos do Brazil de "
mesmo ministerio a que se dirige, e lhe deve ser re passar para a Commissão especial eucarregada de pr
enviado. por os negocios do mesino Reino, porque be es"
2.° Pela mesma razão deve ser remettido ao Go
Commissão a que está mais habilitada para discorrº
verno o officio de Antonio Guedes Quinhones, go e propor o que convém sobre uma tal petiçao. *
vernador de Benguella, que em 12 de Setembro par 12." As partes dadas pelo commandante do 1"
ticipa ter-se ali jurado, no dia 7 do mesmo mez, a gisto do porto em 26 de Janeiro, e que acompanhº
adhesão ao systema Contitucioual, e á Constituição; rão o officio do ministro da marinha em 28 do mesmº
pois que nada mais contem o dito officio. mez, devem passar para a secretaria, por serem º
3.° Deve passar para a secretaria o officio de 29 inuteis na Commissão, depois dos mais officios recº
de Outubro, em que a junta provisoria do Governo bidos das diversas juntas. …
de Piauhi, dá conta da sua instalação no dia 26 do 13." A petição de Francisco Alexandre Porte º
mesmo mez: junta a copia do anto, e da correspon la, deve passar para a secretaria, aonde deve estar º
dencia com o Governador; felicita o Soberano Con parecer approvado, que recaio sobre outra a que e' º
gresso, e pede a sua approvação. Não ha que prover 1a se refere, a respeito dos Governos d'Asia e Africiº
em particular a este respeito, porque está provido em 14." O requerimento de Joaquim Pereira Macha º
geral no Decreto de 29 de Setembro, que terá chega do, patrão mór das ilhas de Cabo Verde, he inutitº
do á dita provincia. depois das decisões do Cougresso, a respeito do Gº
4." Deve ser reenviado ao Governo o outro officio vernos civis, e militares da Azia e Africa. }
que lhe dirigiu em 31 de Outubro a mesma junta do 1ó º A representação dos irmãos da misericordi º
Piauhi, dizendo o mesmo, e juntando os mesmos do da cidade de Coimbra pertence ao Governo, porquº"
cumentos, indicados no artigo antecedente (n.° 3). se trata de fazer executar as leis não revogadas, e aº
5." A representação do padre Luiz José de Bar Bazes: e não de fazer lei especial para a dita mise
ros Leite, Deputado substituto pela provincia das ricordia. !#
Alagoas, se ainda não está decidido, deve passar á 16." A representação dos funccionarios publico º
Commissão dos poderes, á qual forão dirigidas, por de Vizeu, pertence ao Governo, quando se infrin
ordem do Congresso, iguaes representações dos De gir a lei, ou a justiça na distribuição dos aboletamen"
putados substitutos, pela ilha de Santa Catarina, e tos, mas não podem merecer a excepção que preten |
pela provincia de S. Paulo: e deve ceder o juizo da dem, pelo exemplo dos contratadores do tabaco, cu |
Commissão das petições ao juizo do Congresso. jo contrato, e suas condições foi preciso respeitar.
6." A petição dos moradores do Pezo da Regoa, 17." O requerimento de João Pinto Saldanha,
para terem camara ou destricto separado, deve pas de Guimarães, está deferido na forma decretada pa
sar para a Commissão de estatística, onde já está ou ra a nova organização das camaras. — José Anto
tro igual requerimento dos supplicantes, e onde estão nio de Faria Carvalho; Domingos Borges de Bar-,
os conhecimentos e papeis, que podem contribuir pa ros ; Bento Pereira do Carmo ; João Maria Soares :
ra a decisão da petição. de Castello Branco. - -
data de 12 de Novembro deve passar para a secreta Este Soberano Congresso encarregou a Commissão
ria, pois que nada mais contém do que a razão por de constituição de interpôr o seu parecer sobre um
que fora excluido da secretaria o que só tivera um vo requerimento que em substancia diz o seguinte:
lo. Nada ha que responder a este respeito depois do O marechal Felisberto Caldeira Brant Pontes foi
decreto de 29 de Setembro. condemnado a restituir um engenho de assucar cou
8." A petição de Pedro Rodrigues Henriques, os respectivos rendimentos por sentenças da supplica
ção passadas em julgado. O vencedor quiz entrar lo
Negociante do Pará, posto que não seja coherente
com o despacho a que se refere, porque se figura re go na posse do engenho, porém o marechal oppozem
mettida á junta preparatoria das Cortes, quando o bargos de retenção de bemfeitorias que jurou. O ven
despacho fala da junta eleitoral, deverá passar á Com cedor tentou diversos meios de evitar a disputa, e o
missão dos poderes, aonde ha de ir ter a acta da elei deposito das bemfeitorias; aggravou quatro vezes, ou
ção, quando chegar. tras tantas foi vencido, e obrigado a disputar ou depo
9.° Outra petição do mesmo supplicante, em que sitar a importancia das bemfeitorias. Passárão em jul
sem juntar documento algum, acusa a junta proviso gado estas sentenças de aggravo, e seguiu-se a dispu
ria de ter creado o officio de guarda mór da alfande ta dos artigos, quando a junta provisoria do gover
ga, deve ser remettido ao Governo, a quem compe no da Bahia oferece uma opportunidade para o ven
|-
[ 371 ]
# fazer nova tentativa a fim de escapar-se á dis o ministro injusto e iniquo, para que armando crimes
luta, e ao deposito que repugnava. Requer á junta; ao proprietario o obrigasse a fugir e abandonar os seus
esta Inanda a vocar os autos ; lavra uma portaria em bens, podendo desta sorte á revelia metter de, posse do
trina de sentença, e manda que o ouvidor geral do engenho ao intruso Marechal, e isto foi o que desgra
…vel sem admittir duvidas ou obstaculo algum faça çadamente aconteceu; defendeu o dito Manoel Duº
executar, immediata, e inviolavelmente a sentença da ar/e os seus direitos perante a relação da Bahia, e
supplicação º entrar o vencedor na pertendida posse, della alcançou justiça: appelou Felisberto Caldeira
ficando direitº salvo aos litigantes para disputarem de para o Rio de Janeiro, e lá não teve melhor sorte;
pois as bem feitorias, e os rendi…entos. Tal foi a de porque a supplicação confirmando a primeira senten
(são da junta pronunciada em 13 de Setembro de ça da relação da Bahia declarou ser o Marechal ver
1821-… , , , , , , , , , , dadeiro expoliante, mandando em consequencia sem
Dia mais o supplicante, que pedíra que ao menos mais delongas entregar a propriedade ao seu ligitimo
no acto dessa violenta entrega se lhe deixasse o que possuidor, porque segundo as leis um expoliante de
videntemente era delle; mas que esta mesma petição má fé não tem direito algum a bemfeitorias, e nem
fôra indeferida, porque, a junta queria fazer uma in a ajustes de contas. Ha pouco mais ou menos 3 annos
justiça completa. Observa que o unico jurisconsulto que assim se decidiu, porém até á instalação do Go
que estava na junta foi o que não quiz assignar uma. verno da Bahia ainda o dono do engenho se achava
tal sentença ou portaria. Pede que o Soberano Con fora dele, porque a chicana do fôro, e principalmen
gresso remedêc estº horroroso desprezo das leis, e das te a velhacaria do ouvidor do civel Francisco Louren
bases que já estavão juradas. ço achárão meios de illudir o acordão, e deixar sem
A Coun missão á vista dos documentos juntos á pe execução a sentença, com escandalo manifesto da jus
tição, e em presença da portaria da junta, não póde tiça. |- . . .
deixar de considerar, este caso como um daquelles Foi nestas circunstancias pois, que o dito Manoel
que são proprios do conhecimento das Cortes, e em que Duarte requereu ao Governo da Bahia, a fim de que
elas devem prover o remedio. A legislação exis mandasse executar a definitiva sentença daquelle su
tente, e por isso mesmo a justiça exige que seja re perior tribunal, e como julgasse o dito Governo ser
vogada a citada portaria da junta; que estes litigan isto da sua competencia e poderio, por quanto nada
tes sejão repostos no estado em que estavão quando a mais se fazia do que pôr em execução uma sentença
junta mandou avocar os autos; e que depois de feita já dada, sem se intrometter no poder judiciario, e ou
exactamente esta reposição, fiquem entregues á auto vindo o parecer de alguns advogados mais distinctos
ridade judicial para seguirem os termos do seu liti da cidade houve por bem por uma sua portaria de
gio, e os recursos que as leis lhes facultarem. — Jo terminar ao desembargador chanceler da relação, que
* Antonio de Faria Carvalho ; Domingos Borges houvesse de fazer cumprir a dita sentença do tribu
de Barros ; João Maria Soares de Castello-branco ; nal da supplicação, sem com tudo suspender as causas
Bento Pereira do Carmo, ,, e questões, incidentes que se havião suscitado no predito
O Sr. Lino Coutinho: — Sr. Prc-idente, não espaço de 3 annos. Eisaqui pois Srs. o estado da ques
posso deixar passar o parecer da Commissão, talvez tão, e por isso digo, e o direi sempre, que a junta da Ba
destituido de dados precisos assim o houvesse julgado, hia não se intrometteu no poder judiciario, suspendendo,
e para isso he necessario, que eu faça um epílogo da e avocando pleitos e demandas, e que antes fez um acto
historia desta demanda, pois que sendo membro do de manifesta justiça circunscrito nos limites da sua ju
Governo da Bahia ao tempo em que ela perante ele risdicção executiva, porque julgo com todo o mundo,
se agitou, alguns conhecimentos colhi da leitura dos que um dos primeiros deveres de qualquer governo
autos, e mesmo do que disserão alguns letrados a quem he de fazer executar as leis, e as sentenças dadas pe
se havia mandado consultar. O engenho de assucar, lo poder competente; por tanto torno a dizer que es
de que ha questão entre o marechal Felisberto, e Ma te acto, bem longe de increpação ou critica, merece
noel Duarte tinha ficado a este ultimo por morte de todo o louvor, e approvação, e que na serie dos tra
seu pai, com a obrigação de fazer bons os legados do. balhos daquela junta elle foi o mais meritorio, e que
alguns outros parentes, e de pagar as dividas a que o mereceu as bençãos de toda a provincia, por se ver
Predio se achava sujeito; porém aquelle Marechal in uma vez o pobre com justiça triunfar contra o rico
"joso de possuir esta propriedade, começou a com injusto, que tentava expoliar da herança de seus pais
Prar as dividas, e legados por diminutos preços, e de a um desgraçado cidadão. Voto pois contra o pare
modo tal que tendo sido avaliado o engenho em per cer da Commissão, * * * * • |-
tº de 3003000 cruzados ele se fez crédor de quasi O Sr. Brito: — O engenho de que se trata he
ametade, havendo unicamente dispendido 16, ou 20 dos Ilheos, eu tenho todo o conhecimento delle, por
ºntos de réis, constituindo-se por esta escandalosa que estava na Bahia quando o supplicante o comprou
maneira o unico e maior credor daquelle cazal: em e pagou as dividas a que estava hypothecado. Elle
Cºnsequencia disto pertendeu expoliar de posse ao dito tinha sido em outro tempo dos Jesuitas, e he de crer
Manoel Duarte, legitimo Sr. da propriedade, e não que tudo quanto ele tem de melhor, sejão as bem
Podendo legal, e abertamente assim fazelo, se entabo feitorias (objecto de que unicamente se trata) porque
ºu com o ouvidor da comarca dos Ilheos Balthazar estava muito distruido quando o suppliconte o com
da Silva Lisboa, homem seu amigo, e a quem a re prou. Admira me muito de ouvir dizer que ele tem
ºsão do Rio de Janeiro houve por bem deciarar com titulo para o possuir. Eu tenho todo
Aaa o2 conhecimento
•
A
[ 372 |
do marechal Felisberto Caldeira, e não tenho duvi queiro as suas leituras; porque se a portaria alterou
da nenhuma em asseverar que encontrei sempre nelle o que já estava julgado, então voto contra a sua
um homem muito verdadeiro, e de notoria probida execução.
de, incapaz de esbulhar uinguem da sua propriedade. O Sr. Lino Coutinho: — O Governo da Bahia
Devo tambem informar a este augusto Congresso que depois de ouvir alguns letrados mandou cumprir a
este homem tem feito ali mesmo grandes serviços ao sentença dada no Rio de Janeiro, e em quanto ao
Estado, não só na parte militar e politica, mas em que disse o Sr. Brito, ele certamente não sabe, que
muitos outros artigos tem grandemente contribuido a avaliação do engenho foi de trezentos mil cruza
para augmento da civilização, Illustração, e riqueza dos no acto do inventario e das partilhas, porque
daquella provincia. Foi elle quem primeiro intrnduziu se achava moente e corrente, com duzentos e tantos
nestes Reinos as maquinas de vapor, applicando-as escravos, e todos mulatos ou crioilos, e em quanto
aos engenhos do assucar, e á navegação. Foi elle ás bemfeitorias que ha feito, e á estrada que do di
quem principalmente propagou a vaccina, levando-a to engenho abriu para Minas, està bem pago com
até Angola no tempo em que os nossos medicos ain fôro grande, commendas, etc.; apezar de ter sido
da a receavão introduzir em Portugal. O banco da imaginaria a dita estrada, porque nunca foi transi
quella provincia devº-lhe a prosperidade de que goza tavel, e por ella nunca passou mineiro algum, não
em grande parte. Elle fez ao commercio da mesma havendo gasto com o trilho que abriu nem a deci
provincia relevantes serviços, porque abriu uma estra na parte do que o dito marechal inculcou ao mi
da de mais de cem leguas para Minas, e nella fun nisterio do Rio de Janeiro para melhor ser premiado.
dou uma povoação, a qual povoou com Ilheos es Depois de mais algumas breves reflexôes que se
trangeiros em boa parte. Isto basta para dar idéa do fizerão, o Sr. Faria de Carvalho procedeu á leitura
caracter e independencia deste marechal. Agora jul pedida pelo Sr. Xavier Monteiro, da portaria e ac
gue a Assemblea se ha de crer sem provas plenissimas cordão, e julgando-se a materia sufficientemente dis
que ele usurpasse o engenho de que se trata. Note cutida, o Sr. Presidente poz á votação o parccer
se tambem que o valor da terra he nada no Brazil, o da Commissão, e foi approvado. |-
valor dos cngenhos pende principalmente de suas bem O Sr. Barroso, por parte da Commissão de fa
feitorias, e a estas he que se reduz a questão mui zenda, leu o seguinte ",
posse dellas sem que a parte lhas pague, ou depo A Commissão de fazenda se persuade que o decre
site sua importancia até se liquidar o seu liquido. to de 23 de Abril, legislaudo para o futuro, e appli
Disse tudo isto não só para mostrar que as santen cando á amortisação da divida publica os bens antes
ças dadas competentemente só devião ser revogadas chamados de coroa e ordens, que vagarem, não póde
pelo poder judicial, mas tambem para que se visse ter um efeito retroactivo, nem entender-se a respeito
que este cidadão injustamente tem sido representado das mercês de vida já verificadas, como acontece a
como ladrão, como um déspota, esbulhador, o que respeito do supplicante. Havia trinta annos que a
senão fôra contradito poderia inffuir na decisão da graça lhe fôra feita, e se lhe verificeu perfeitamente
Assemblea em seu prejuízo, e da justiça. no dia 7 de Abril de 1821, em o qual faleceu o
O Sr. Xavier Monteiro: — Sr. Presidente, eu Marquez de Olhão, seu pai, dezesete dias antes do
tenho ouvido esta questão de diferentes maneiras; decreto das Cortes, como se mostra da certidão de
tenho ouvido o relatorio da Commissão, agora ou obito junta. E assim se acha o requerente nas mes
ço affirmar differentes cousas aos Srs. Deputados da mas circunstancias de todos os outros donatarios que
Bahia; de maneira que não posso intrepor o meu possuem bens nacionaes, e dos quaes não forão pri
parecer, sem que primeiramente se leia a portaria vados por aquelle decreto.
de que se trata, e que mandou executar aquella sen E he por isso de parecer, que o requerimento se
tença, e bem assim o accordão que proferiu a casa remetta ao Governo, declarando-se-lhe que a disposi
da supplicação do Rio de Janeiro, por tanto re ção do decreto de 25 de Abril se não deve considerar
[ 373 ]
com efeito retroactivo, mas se entende da data da souro, e nas diversas repartições fiscaes, as moedas
sua publicação em diante. Paço das Cortes 9 de Fe de duas e quatro oitavas; e tanto estas, como aquel
vereiro de 1822. – Francisco Borroso Pereira; Fran las que de novo se cunharem serão sempre recebidas
cisco de Paula Travassos ; Francisco Xavier Mon por pezo nas referidas estações. Os recebedores fis
teiro ; Pedro Rodrigues Bandeira. caes ficarão responsaveis pela falta do pezo da moeda
Foi approvado. de ouro que entregarem, quando esta falta exceder a
O Sr. Vasconcellos, por parte da Commissão de mm grão por oitava.
marinha, leu o seguinte 3 Toda a moeda de ouro que entrar no thesouro,
e se achar com falha maior que a de um grão por oi
P A R E c e R. tava, será remettida á casa da moeda para se fun
* dir. - •
A Commissão de marinha examinou o requeri. 4 Toda a moeda de ouro de duas e quatro oita
mentos seguintes: 1.° de Pedro Guilherme de Mello, vas, que se achar com falha de mais de um grão por
o qual deseja frequentar o curso da academia da ma oitava; e toda a mais moeda de ouro, tenha ou não
rinha, e como se não possa matricular por ser já fó o seu devido pezo, que por qualquer pessoa for leva
: a de tempo, requer para isso graça especial ao sobe da á casa da moeda, será nella recebida por pezo na
rano Congresso. razão
La Val. de mil oitocentos e setenta e cinco réis por oi
|- •
Margiochi ; Francisco de Villela Barbosa. 7 Será franco de em,rada nos portos do Reino
Foi approvado. Unido de Portugal, Brazil, e Algrave, todo o ouro
Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia a e prata em barra. A introducção da moeda estrangeia
continuação do projecto da Constituição; e na pro ra que
bida. não fôr ºurº ou prata
- { ', , , ,,
he absolutamente
, , ,
prohi
•
Levantou-ee a sessão ás duas horas. — José Lino 8 Quanto á introducção de moeda estrangeira de
Coutinho, Deputado Secretario. ouro e prata, observar-se-ha a legislação existente.
9 Fica revogada qualquer legislação na parte em
D E C R E T o. que contrariar as disposições do presebte decreto.
As Cortes Geraes e Extraordinarias e Constituin Paço das Cortes em 5 de Março de 1822. —
tes da Nação portugueza, attendendo á necessidade Luiz ##### Karella, Presidente; Agos
de fazer entrar em circulação a moeda de ouro, a qual tinho José Freire, Deputado Secretario; José Lino
presentemente não corre por se achar o seu valor legal Coutinho, Deputado Secretario.
muito inferior áquelle, que lhe corresponde como ge
nero; e igualmente querendo evitar as fraudes a que REsoluções E ORDENS DAs CoRTEs.
daria lugar o livre giro da moeda roubada e cerceada:
decretão provisoriamente o seguinte. Para Rodrigo Ribeiro Telles da Silva.
1 O valor actual do marco de ouro reduzido a
moeda he a quantia de cento e vinte mil réis. Por As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação por
tanto as moedas de ouro de quatro oitavas que até ao tugueza concedem a V. S." licença por tanto tempo,
- presente tinhão por lei o valor de seis mil e quatro quanto seja necessario para ir á provincia, e tratar
centos réis, terão o valor legal de sete mil e quinhen ahi do restabelecimento da sua saude, esperando do
… tos réis; e as de duas oitavas, que valião tres mil e seu conhecido zelo e amor da patria, que apenas seja
duzentos réis, correrão pelo valor de tres mil setecen possivel V. S." não deixará de vir logo continuar nes
tos e cincoenta réis. te soberano Congresso as funcções de que dignamente
-* 2 De todas as moedas de oiro, que até ao presen se acha encarregado. O que participo a V. S." para
, te se tem cunhado, sómente serão recebidas no the sua intelligencia.
#
[ 374.]
Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 5 de Representação dos funccionarios publicos da cida
Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. de do Viseu, pedindo isenção de aboletamentos.
- • , , •
Deus guarde a V. Ex. º Paço das Cortes em 5 dos estudos sobre o incluso requerimento, e docuaren
de Março de 1822. — João Baptista Felguiras, tos juntos de Joaquim Jeronymo Marlins Couceiro,
*
professor proprietario da cadeira de filosofia racional,
Carta de naturalização. e moral da cidade de Elvas, reverta tudo com a con
sulta a este soberano Congresso. O que V. Exc."le
As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin vará ao conhecimento de Sua Magestade.
tes da Nação portugueza, tomando em consideração Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 5
o que lhes foi representado por parte de João Baptis de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
ta Jenochio, natural de Genova: e attendendo a que
ele ha nove annos reside em Portugal, casado com Para o mesmo. -
Ilustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 3
tes Geraes e Extraordinarias da Nacão portugueza de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
mandão remetter ao Governo, por serem da sua comº
petencia, os oficios e representações que constão da Para o mcsmo.
relação inclusa, assignada por Joaquim Guilherme
da Costa Posser, official maior da secretaria de Es Illustrissimo e Excelentissimo Senhor, — As Cor
tado dos negocios do Reino, com exercicio deste lu tes Geraes e Extraordinarias da Nação. portugueza,
gar na secretaria das Cortes. sendo-lhes presente o inclnso requerimento do Conde
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 5
•
minas de carvão de S. Pedro da Cova, e da villa de Deus guarde e V. Exc." Paço das Cortes em 5
Buarcos, bem como sobre a mina de ferro da foz de de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
Alge: ordenão que os referidos lentes , conferindo
suas ideias, e de acordo entre si, formem um plano Para o mesmo.
scientifico, e administrativo para regular a lavra, e
mais trabalhos da mina de ferro da foz de Alge, re Illustrissimo e Encellentissimo Senhor. – As Cor
mettendo-se para este fim as citadas contas á direc tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
ção da fabrica das sedas, a qual á vissa das mesmas sendo-lhes presente a consulta da Meza do Desembar
de intelligencia com o ajudante do Intendente geral go do Paço, transmittida pela Secretaria de Estado
das minas Alexandre Antonio Vandelli dará todas dos negocios da justiça em data de 18 de Feuereiro
as providencias que julgar adequadas ao melhoramen proximo passado, acompanhando o decreto original
to, e prosperidade, não só daquella mina de ferro, incluso, pelo qual o Doutor Pedro Alves Diniz foi
mas tambem de quaesquer outras minas em confor despachado para um lugar de Dezembargador do Pa
midade do alvará de 30 de Janeiro de 1802, decreto ço de Lisboa: attendendo a que este despacho foi fei
de 4 de Maio de 1804, e instrucções da mesma data, to em 4 de Abril de I821, e recaíu no aggravista,
em quanto se não tomão ulteriores deliberações sobre juiz dos feitos da coroa e fazenda da casa da suppli
este importante objecto. O que V. Exc." levará ao cação, que se diz ser o mais antigo: resolvem que
conhecimento de Sua Magestade. não ha inconveniente na execução daquelle decreto.
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 5 O que V. Exc." levará ao couhecimento de Sua Ma
gestade. - • •
s Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza 3.° Do mesmo, Ministro, remettendo duas con
* n㺠que lhes sej㺠transmitidos os seguintes do sultas da mesma junta da directoria geral dos estudos,
º entos: 1.° a ordem do dia 9 de Novembro de sobre creação de cadeiras de primeiras letras e latim
Bl: 2. a cºpia da resposta dada pela secretaria de em Alvações do Corgo e Azinheira, termo de Villa
*alo dos negocios da guerra, ao oficio do com nan Real; e sobre outra de primeiras letras, no couto de
site da força arinada de 13 de Dezembro de 1821, Covello, concelho de Lafoes. Passou á mesma Coun
ºm º numero 21: 3.° o alvará de 22 de Dezembro missão. ---- * * * *
e 1643, que deu fórma e regulamento ao conselho - 4.° Do Ministro da fazenda, exigindo providen
º guerra: 4" a cºpia autentica da compra que o cias sobre a grande afluencia de dinheiro de ouro
º dº actual Secretario do mesmo conselho fez deste miudo que presentemente está concorrendo, não só
fico, seu preço e condições. O que V. Exc.º leva no thesouro, mas em todas as casas de arrecadação,
i ao conhecimento de Sua Magºstade. com nenos do seu competente peso. Passou á Coin
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 5 missão de fazenda. A * * * * *
e Marçº de 1822. — Joio Baptista Felgueiras..… -,a 5.° e 6.° Do Ministro da marinha, transmittindo
"…1 a parte dos registos tornados em ó do corrente inez á
- Pura Ignacio da Costa Quintella. galera portugueza Lusitania, vinda do Rio de Janei
ro; e á outra chamada Conceição, vinda da Bahia,
Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. – As Cor e á outra denominada Incomparavel, vinda de Per
º Gºraes e Extraordinarias da Nação portugueza nambuco. Ficárão, as Cortes inteiradas. - , -
antão remetter ao Governo o incluso requeriamento 7.° Do Ministro da guerra, satisfazendo á ordem
º 7 oficiaes marinheiros reformados da armada, a das Corres de 7 de Fevereiro, ultimo, sobre as paten
m de que sejão pagos e postºs em dia com os off tes por que foi refortuado o major de milicias de Pe
º efectivos, em conformidade das respectivas or nafiel, Matheus João Vunes. Passou á Commissão
ºs das Cortes sobre este objecto, em datas de 26 de guerra..." - -- - - - , , ..
* Junho, e de 23 de Setembro de 1821. () que V. -., 8.° Do governo provisorio da provincia de Minas
kº, levara ao conhecimento de Sua Magestade. … Geraes sobre o procediménto que tivera com o ex-ou
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 5 vitor da comarca do ouro, Francisco Garcia Adju
* Março de 1822. —João Baptista Felgueiras. to. Foi mandado reinetter ao Goveruo, com a devas
. { *** ! * * sa junta, ….… . , ; … * * *11 - |-
"ºnto do parecer das Com nissoes de agricultura e - Conceden-se ao Sr. André da Ponte, º Deputado
ºminercio sobre a toma ba do vinhºs fura no Porto pela provinca de S. Miguel, 13 dias, de licença, para
º casa de Harris. — Peiro'o ; , Santos, Pinheiro. ;* tartar da sua saude, o , , … o "!" | … …" … . " |
º Sr. Secretario Felgueiras ºfenciou ºu os seguinº e Remetteu-se á Commissão de petições uma repre
ks oficios. "… …; …e… e4 … , eº sentação do padreo fºrancisco Manoel du Junqueira,
1. Do Ministro dos negocios do Reino, reinet da villa de Igoapi da província “Ê
•
Bob
"Paulo, coutra º
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corregedor da mesma villa, José Carlos Pereira de Preopinante não he agora pertencente aqui, º qu
Almeida Torres; e á de Constituição um oficio do ele porém impugna he sem razão: necessitamºs d
juiz de fóra do Rio de Janeiro, servindo de ouvidor, conhecimentos locaes, que devem influir na modifi
datado de 12 de Dezembro, em que participava, que cação de algumas decisões, aliás lançariamos a esmº
estava destinado o dia 25 de Janeiro para se proceder decisões, de que ao depois seria mister recuar com
á eleição do governo provisorio, na fórma do decre desar, ou teimando nellas arriscar o socego do Bra
to das Cortes do 1. de Outubro, dando ao mesmo zil. He já muito o que se tem feito sem o precis
tempo informações sobre o estado e opinião politica conhecimento local, evitemos para o futuro tanto
daquella provincia. embaraços. Enganou-se o Sr. Borges Carneiro quan
O Sr. Guerreiro fez uma indicação verbal, di do disse que estavão aqui a maior parte dos Depº
zendo que tendo constado que os illustres Deputados tados, quando faltão muitos; falta a Deputação dº
- de S. Paulo trouxerão instrucções dadas pela junta da Rio Grande do Sul, a Deputação da Capitania de
dita provincia, relativas á mesma provincia, pedia Espirito Santo, de Minas Geraes, Pará; Matogros
que elles fossem convidados para as apresentarem; e so, Seará, Goiazes, Piauhy, parte de Pernambuco
logo o Sr. Presidente os convidou para que as apre parte de S. Paulo, em fim os Deputados do Bra
sentassem na Commissão de Constituição. zil serão 7o e apenas estamos 30: por estas razõe
Feita a chamada, achárão-se presentes 114 De pois parece-me que devemos esperar mais algum
putados, faltando 24, a saber: os Srs. Falcão, Po cousa, porque nos podem ser subministradas luz"
voas, Moraes Pimentel, Canavarro, Ribeiro Costa, a fim de que possamos com acerto decidir uma ma
Sepulveda, Malaquias. Van Zeller, Almeida e Cas teria de tanta importancia.
iro, Innocencio Antonio, Queiroga, Pinto de Ma O Sr. Lino: — Eu não posso aqui ouvir afir
alhães, Faria Carvalho, Ferreira Borges, Faria, mar tão abertamente que cada Deputado he sómen.
Sousa e Almeida, Vaz Velho, Isidoro José dos San te Deputado da Nação inteira. Íle verdade que nó
tos, Rebello da Silva, Fernandes Thomaz, Miran trazemos nas nossas procurasões que olhemos para º
da, 2efyrino dos Santos, Franzini, Ribeiro Telles. bem geral da Nação, mas devemos advertir qu
"Passando-se-á ordem do dia entrou em discussão tambem se diz, e para o bem particular da provinº
a indicação adiada do Sr. Borges de Barros, so cia. Se isto não he assim, porque se não nomeão tº
bre ficar adiado o capitulo 1 do titulo 6 do proje dos os Deputados de uma só e unica provincia! Por
cto da Constituição, até chegarem ao maior nume que não se tirão para o Congresso todos os Deputadº
"ro possivel os Deputados do Ultramar, que possãopor exemplo, só da provincia da Estremadura! E
porque se vão buscar ás outras provincias? Lºgº
dar as necessarias informações. A este respeito disse
"O Sr. Moniz Tavares: — Apoio esta indicação daqui se segue que tedos os Deputados deste Comº
a fim de que não haja motivo algum de queixa... gresso, além de representarem os interesses da Nº
O Sr. Soares Franco: — Sigo aquella doutrina *ção inteira, tem uma obrigação particular para com
por outro motivo: desejava que passassemos ao ca os interesses do seu paiz, e necessidades da sua pro
pitulo 1.° em que se trata das camaras: 1.° porque vincia; bem entendido quando o bem particular des,
he necessário absolutamente que ellas se estabeleção: sa provincia não ataca o bem geral: por isso em
2.° porque realmente a doutrina das juntas adminis negocios de summo interesse para as provincias dº
trativas he de alguma maneira prejudicada pela au Brazil, he de imperiosa necessidade que os seus e
toridade que se der ás camaras. presentantes concorrão todos. O Sr. Ribeiro de Anº
O Sr. Borges Carneiro: — Eu ainda duvido se drada mostrou que o Sr. Borges Carneiro se enga
deverá haver estas juntas administrativas pelas razões nou no calculo faltando mais de 40 Deputados do
que darei quando se começar a tratar dellas. Falando Brazil, e por isso faltão muitas luzes particulares pa:
agora sómente da questão direi, que, a razão produ ra decidirmos este negocio, que he de tanta consi"
zida na indicação não obsta a tratar-se já desta ma deração. O negocio em questão não póde ser regue
teria: primeiro, porque parece estar já neste Con lado para o Brazil pelo mesmo modo que para Por
gresso a maior parte dos Deputados do Brazil; po tugal, cada provincia he diversa em caracter, em
rém quando não esteja, todo o Reino Unido está precisões, e necessidades, por isso eu sigo o parecer
suficientemente representado, porque cada Deputado do Sr. Franco. A ordem he marchar do mais sim
não representa singularmente a sua provincia, mas ples para o mais composto; as juntas administrati
he Deputado em solido de toda a Nação. Aliás te vas vem a ser superiores ás camaras, e por isso hº
riamos de dizer que uma provincia podia, não en preciso ver primeiro as cousas particulares que se de
viando os seus Deputados, paralizar os trabalhos da vem dar ás camaras, para ao depois ver-se o que se
Assembléa nacional; e que he inutil quanto até ago deve dar ás juntas: por tanto sou de opinião que se
ra temos feito e estamos fazendo. A presença de # trate primeiro das camaras, e depois das juntas.
putados de todas as províncias he conveniente para . . O Sr. Moura: — Eu não me opponho directa
informação, não necessaria para validade. A segun mente á moção do Sr. Borges de s, muito
da razão he que os Deputados do Brazil que ainda principalmente depois que o Sr. Ribeiro de Andrada
faltão, podem a todo o tempo que chegarem fazer explicou os motivos della; até aqui tinha alguma diº
os additamentos ou emendas que lhe parecerem, ao ficuldade em admitila; agora porém não he tão gran
que na Constituição acharem sanccionado. # de, mas he sempre debaixo da condição, que uma
- O Sr. Andrada: — A questão tocada pelo illustre vez por todas fique entendido e sanccionado neste
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Congresso, que se achamos conveniente demorar-nos America, convenho em sustar-se a discussão deste ca
na discussão deste capitulo do projecto da Constitui pitulo da Constituição, porque estou que devemos
ção, não he porque qualquer decisão, que se tomas ajustar as leis aos povos para que legislamos, e como
se, sobre quaesquer dos seus artigos tivesse menos le os povos são diversos, as leis devem ter diversidade.
galidade por faltar a deputação de uma, ou outra pro Mas por nenhuma outra razão quero que se considere
vincia. Este principio quizera eu se estabelecesse; por que he necessaria a assistencia de todos os Deputados
que não sendo ele admittido, vai-se derogar pela raiz de todas as provincias do Imperio lusitano. Não he
o systema representativo, e por esta falta póde-se di precisa esta totalidade para que sejão legaes as deci
zer vulnerada a legalidade da sancção que temos da sões deste Congresso; porque do contrario seguir-se
do a todos os artigos da Constituição; por quanto os hia o absurdo superior a todos os absurdos, de que
Deputados da provincia do Brazil poder-nos-hão ar em faltando um Deputado de uma provincia, o que
gumentar deste modo: assim como tivesteis escrupu todos os outros fazião era ilegal.
lo de sanccionar este capitulo da Constituição, assim O Sr. Borges de Barros: — Fazendo a indicação
não he legal a sancção, que destes aos outros capi em questão não tive na minha idéa mais do que o
tulos sem a nossa cooperação. Em negocios desta im amor da ordem, e da justiça, e de mais a mais o de
portancia he preciso falar claro, e he preciso ser es ver que me he imposto, e trabalho a que me não de
crupuloso. Por isso deve ficar entendido que as Cor vo poupar para a boa união da familia portugueza a
tes são um corpo moral, e collectivo; que este corpo mais espalhada pelos dois hemisferios. Foi pois debai
moral está organisado logo que está reunida a maior xo destas vistas, e vendo eu que apezar de ser Brazi
parte dos individuos de que ele se deve compôr; que leiro, e de ter andado com os livros como os mais
nelle se tomão decisões legalissimas; e que a falta de homens dados á lição, e como elles meditado sobre a
uma deputação mais, ou menos numerosa, não in materia que nos vai occupar, e não me julgando ca
flue na legalidade das decisões de uma corporação des paz de dizer qual o melhor methodo de administração
ta natureza; e em fim que tudo quanto temos sanc para as provincias do Brazil, julguei que em as mes
cionado até aqui está legitimo e legal apezar de fal mas circunstancias se devia achar a maior parte dos
tar uma parte, seja numerosa, ou não seja numero Deputados deste Congresso, mórmente aquelles que
sa, dos Deputados do Brazil. Eu observei que afe nascidos em Portugal nunca tivessem ido ao Brazil:
ctadamente o Sr. Andrada se esforçou em mostrar a vi mais, que os amigos da liberdade e da justiça se
grande falta que havia nas Cortes de Deputados Bra não propôem decidir negocios de que não estão cabal
zileiros. Desejava eu que o illustre Deputado se fi mente instruidos; e que devem muito duvidar entrar
zesse entender, e enunciasse com mais clareza; se el em negocio de cada um, sem que cada um ouvido
le julga que a falta destes Deputados póde ter influen seja. O nosso primeiro fim he acertar, e tratando de
cia na legalidade das decisões que aqui se tomárão; paizes tão variados por suas localidades, devemos en
desejaria debater este principio, visto que a admit cher-nos de idéas locaes. Respondendo ao que diz o
tir-se tal principio viria acontecer, que tanto impor Sr. Moura, dige que a minha tenção não he aquel
tava faltar uma deputação numerosa, ou menos nu la, que não ponho véto aos trabalhos do Congresso,
merosa, um individuo só que faltasse poderia annu e que ha muita diferença na falta da representação
lar as decisões que aqui se tomassem; absurdo incal de uma provincia, ou na falta de um Deputado, e
culavelmente perigoso, de que poderia derivar a qué que essa falta he menos sensivel nas provincias de Por
da do systema. Por tanto he preciso que falemos mui tugal; mas o Brazil não deve olhar-se como um só
to clara e francamente nesta materia. Se acaso nós paz, são tantos paizes diferentes quantas as provin
assentamos que nos são precisas idéas de localidades, cias; faltar uma deputação he o mesmo que não po
quaes só nos podem transmittir os Deputados daquel der-se tratar dos negocios daquella provincia: deseja
las provincias que faltão. Convenho que só pela ca va que o Sr. Moura désse attenção aos climas, aos
rencia de idéas particulares locaes, e localissimas das usos, costumes, e distancias, em que as provincias
respectivas provincias esperemos por elles; mas então do Brazil estão umas das outras. As provincias do
não está removido ainda de todo este inconveniente Brazil podem chamar-se reinos: portanto assento que
com a idéa do Sr. Soares Franco em querer que se longe de haver inconveniente, cumpre não tratar des
trate da parte das camaras primeiramente, porque as ta materia, e admittir-se a minha indicação.
mesmas idéas locaes, e circunstancias particulares O Sr. Andrada: — O nobre Deputado lançou-me
que se exigem para tomarmos decisões no ponto das a luva, não recuso apanhala, e com a franqueza do
juntas provínciaes se exigem a fortiori para as to meu caracter, responder-lhe-hei. São muito diferen
marmos no que respeita ao regimen municipal das tes os principios que regem um corpo homogeneo,
terras. Estou convencido que ha de haver algumas dos que devem reger corpos compostos de partes he
pelº diferenças, que havemos de ser forçados a adoptar terogeneas; mórmonte quando a força repulsiva de
n’um, e n'outro caso a respeito do Brazil, e de bom um corpo que o impelle a formar systema diferente
grado convirei nellas; mas se as idéas locaes são pre he tão superior á força centripeta que o faz tender
essas, para um objecto, igualmente, senão maior para o systema velho, que he preciso um quasimila
mente o são para o outro; de maneira que a questão gre de política para conservar esta união. He regra
vem só a consistir neste ponto. Senão he possível ter geral que todas as vezes que um Congresso tem jun
Inos actualmente idéas locaes de outro modo sem ser los os dois terços dos representantes da Nação, he
pela comparencia neste Congresso dos Deputados da suficiente; mas quem disse "# .Moura que quan
2
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do se juntou este Congresso tinha dois terços dos O Sr. Araujo Lima: — Sr. Presidente, não sei
membros que o havião de compôr! Não esperar pe porque fatalidade as questões, que aqui se discutem
los Deputados do Brazil, não será impurrar aos po achão-se a maior parte das vezes envolvidas com ou
vos, sem tôm nem sôn, e á queima roupa, uma Cons tras, que lhes são bem alheias; observo que entrando
tituição em que elles não tinhão votado ! O artigo em discussão um ponto, qualquer vê logo outro, que
21 das bases julgou necessaria a nossa adhesão; deu por incidente se tocou, e este torna o lugar do princi
nos direito a revermos aquilo que para nós se legis pal: he justamente o que agora succede. Está em dis
lasse. Seguramente o Brazil tinha esse direito; chegºu cussão a indicação do Sr. Deputado Borges de Bar
o ponto de se unir, uniu-se; mas não disse o como: ros, que diz dever-se adiar este titulo para a ultima
este como merecia ser indagado com maior seriedade. das materias da Constituição , e entretanto observo
Esta era a minha opinião, mas já disse que eu ce que se discute com todo o calor, se sim ou não devem
dia, e os motivos em que me fundei, forão os de achar-se presentes todos os Deputados do Brazil para
conveniencia, e não os de justiça; porque deixo á sua legitimidade. Como não vejo que esta seja a ma
Europa inteira o julgar sobre isto. Nem se diga que teria que entrou em discussão: como sobre isto nada
o juramento posterior do Brazil justifica o Congresso se ha de pôr á votação, e nenhuma deliberação se ha
em legislar para o Brazil sem sua cooperação por seus de tomar, eu ponho de parte esta questão, e entra
representantes, e que os nossos diplomas e poderes rei na materia propria da discussão. O que diz a in
tambem a isso concorrem. Todos sabem a força de dicação! que este titulo sobre os governos provinciaes
um juramento promissorio, que sempre depende da deve ser a ultima das materias que se devem tratar,
natureza da promessa ; se o Brazil jurou uma loucu para assim dar tempo a que cheguem os Deputados
ra, o seu juramento o não obriga; de mais este mes do Brazil, que podem muito exclarecer este ponto em
mo juramento o defende, pois nada fez senão appro consequencia das ditferentes localidades a que he ne
var o que estivesse feito ou se houvesse de fazer, de cessario attender.
baixo da tacita condição, que para isto concorresse Eu sustento esta indicação, e voto que passe, por
assistencia dos seus representantes. Os nossos poderes um principio já por mim em outro tempo enunciado,
são para fazer a Constituição, e não para recebela, e he que os legisladores devem sempre ter em vista as
como automatos. Concluo pois que me agrada a idea localidades, e os habitos e costumes dos povos para
do Sr. Soares Franco, e podemos muito bem tratar que legislão. Quando neste Congresso se tratou se de
primeiro das camaras, e depois das juntas adminis via mandar-se tropa para Pernambuco, eu oppuz-me
trativas. , +
O Sr. JMoura: — Ou eu estou sonhando, ou não la tropa recebida, para a influencia que esta determi
sei se o illustre Preopinante fala serio no que diz: nação poderia ter nos animos daquelles povos, e para
para lhe responder não he preciso invocar mais nada o efeito que produziria em todo o Brazil uma deli
do que a leitura da sua procuração, e do juramento beração, que hia encontrar directamente os seus gos
que deu, e derão os povos seus constituintes. Quaes tos, e o seu modo de pensar. He pois este mesmo
são as clausulas desta procuração! Quaes são as clau principio que eu hoje invoco, he o mesmo que me
sulas deste juramento ! Os povos falão verdade ; os soccorre para defender a indicação.
illustres Deputados são orgãos destes povos, e orgãos As provincias do Brazil muito separadas entre si,
verdadeiros e leaes! Sem duvida. Então que digão el seus interesses ás vezes oppostos, fazem que sem um
les o que lhe disserão os povos, quando para aqui os perfeito conhecimento de todos elles, que só nos póde
mandárão. Disserão-lhes sem duvida: Ide para as ser transmittido pelos seus Deputados, não possamos
Cortes de Portugal fazer a Constituição que nós des temer uma resolução que seja adequada a todas as
de já approvamos, e juramos ; porém debaixo destas localidades sem ouvirmos aquelles que sós nos podem
tres clausulas ; primeira clausula geral do bem dos bem informar. E só depois de ouvidos todos, ou a
povos ; segunda clausula do governo constitucional, maior parte dos Deputados do Brazil, he que nós pode
da religião, e da dynastia. Por ventura esta procura remos ter um resultado , que seja o mais accomoda
gão tem a clausula de dizer : Vós Deputados não do aos interesses das diferentes provincias. Não se pen
consintais em nada, em quanto os Deputados todos da se que isto he de tão pequena monta. Lembremo-nos,
-America não se juntarem ? Não. Nem posso ouvir Srs., que o governo interior das provincias, assim como
que o illustre Preopinante diga, que não he por prin o poder judiciario he que tem mais influencia sobre os
cipios de justiça que ele ratifica, e sustenta o que se povos segundo forem organizados. He verdade que a di
tem sanccionado neste Congresso; quero que o illus visão dos poderes, sua iudependencia, as garantias
tre Deputado fique convencido que por principios de dos direitos, e liberdades dos povos são os pontos car
justiça, e rigorosa justiça, he que elle deve sanccionar deaes de uma constituição, que deve fazer a felicidade
aquillo, que nós temos sanccionado; porque os povos do povo. Lembremo-nos porém que nada disto tem
não lhe disserão que o não sanccionasse; pelo con uma relação tão immediata com os povos, nada influe
trario ordenárão, e mandárão muito positivamente que tão de perto sobre eles como o governo das provincias,
elle houvesse de estar pela Constituição que as Cortes e o poder judiciario. São estes os que tem uma con
sanccionassem uma vez que fosse feita debaixo das tres nexão proxima, e immediata com o socego dos povos;
elausulas, que ha pouco enunciei. Folgo bem de ter são estes os que extinguem as rixas, rivalidades, e que
agitado esta questão para ouvir os illustres Represen cortão, sendo bem organizados, os principios das discor
tantes do Brazil.
dias entre os cidadãos: são estes os que pelo ponto de
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contacto, que tem com os povos, mais pezão sobre peta que dirige a união dos dois hemisferios seria mui
eles quando mal constituidos, assim como, quando to maior que a força repulsiva que tenderia a separar
bem organizados, fazem doce todo o poder, e amavel nos, porque esta não teria em vista outra coisa mais
toda a autoridade.
do que o satisfazer o amor proprio de uma indepen
Como pois os interesses das diferentes provincias dencia mal entendida. Quanto a legitimidade de tudo
do Brazil não são os mesmos, como elles só nos podem que tem sido legislado , mesmo relativamente ás
ser conhecidos por meio dos seus Deputados, e como es provincias americanas, creio que esta se manifesta
te negocio he da maior monta, porque he aquelle que rá bem, lançando um golpe de vista sobre a ma
mais de perto influe sobre os povos, e com elles tem neira com que começou a nossa regeneração po
º mais extricto ponto de contacto, voto para que se litica. As provincias do Continente europeu forão
espere pelos Deputados, ficando esta materia para ul as primeiras que proclamárão a nova ordem de
timo lugar. cousas , que espancárão o despotismo, e fizerão
Ora em quanto aos 2 terços, dº que fala a indica reassumir á Nação os seus direitos, direitos de
ção, creio que seu illustre autor não a duvidará refor que gozára no principio da monarquia; as provincias
mar neste ponto. He perciso que venha o maior nu do Continente europeu regularião a marcha da sua
mero possível; e qualquer que este seja, deve dar-se regeneração, segundo exigião os seus interesses, po
principio a este trabalho. rém lembrárão-se que em outro Continente vivião seus
O Sr. Lino: — O Sr. Moura exigiu o juramen irmãos, que gemião nos mesmos males, e que por in
tº que derão os povos do Brasil; foi de observarem a teresses reciprocos virião a gozar do beneficio da mes
Constituição que fizessem as Cortes; mas quem for ma regeneração politica. Vejão-se as instrucções que
na as Cortes! São os Deputados de Portugal, do deu a junta do supremo Governo do Reino, para se
Brasil e das outras provincias do Ultramar: logo como unirem á nossa causa; ninguem os constrangeu, não
póde elle estar por uma Constituição que foi feita sem se deu medida alguma para poder accelerar a sua mis
a representação dos seus Deputados! Tambem o jura são, com o receio de que não estivesse segura a cau
mento que nós havemos dado foi que viriamos ao Con sa da sua provincia; a maior delicadeza, e a maior
grºsso para fazermos a Constituição e não para appro boa vontade respirava em todas as medidas que se to
Vala quando estivesse feita. Pergunto eu agora se a márão, parece que ninguem haverá no Continente
deputação inteira de uma provincia chegar aqui quan americano que se attreva a negar a verdade destas
do a Constituição esteja concluida como ha de ella considerações. Por consequencia as provincias do
Piestar o seu juramento! Daqui bem se vê pois, que Continente europeu, quando fizerão a sua regenera
nós vimos para fazer e não approvar a Constituição ção attendêrão a si, attendêrão ás suas circunstancias;
da monarquia portugueza. Confunde o honrado mem a sua representação foi legitima desde o seu principio,
bro a falta de um isputado, com a falta de uma porém desde o seu principio não tinha direito de le
deputação inteira, e de uma província: póde faltar gislar para as provincias do Continente americano;
um Deputado, e não fazer falta alguma, mas uma mas quando uma dellas declarou adherir á causa das
Provincia inteira faz muita, e muita falta. As pro provincias do Continente europeu, quando reconhe
Vincias do Brasil são outros tantos Reinos, que não ceu as Cortes de Portugal, quando jurou odediencia
tem ligação uns com outros, não conhecem necessi á Constituição, quando affiançou com juramentos es
dades geraes, cada um governa-se por leis particula ta promessa, não reconheceu a legitimidade desta re
res de municipalidade; por tanto para se tratar deste presentação nacional! Não se sujeitou a obedecer a
objecto das juntas administrativas, cumpre muito, e estas doterminações! Não he a natureza desta repre
he de absoluta necessidade que se espere pelos Depu sentação, estabelecida em Portugal, que dá legitimi
tados daquellas provincias que ainda faltão. dade ás suas decisões relativamente ao Brasil; foi a
O Sr. Guerreiro: — Convenho com o illustre vontade dos povos das provincias do Brasil, foi o ju
Preopinante em que a questão que aqui se suscitou ramento que aquelas provincias derão, foi a sua de
não he pertencente á materia da indicação, porém claração de que querião, reunir-se a nós. Não póde
ha questões, que ainda que não seria conveniente se pois haver duvida sobre a legitimidade de umas taes
suscitassem, todavia suscitadas he bom que se decla decisões, porque forão feitas por uma representação
rem; e como esta he uma dellas, e sobre a qual tão nacional legitimada; , por isso parece que está de
amplamente se tem falado, tocarei brevemente nella. monstrada a legitimidade de tudo quanto temos feito;
Muita magoa me causou ouvir, que as forças repulsivas parece ao mesmo tempo que este soberano Congresso
que tendem a separar as provincias do continente tem dado a maior prova de sinceridade e afeição que
americano, do europeu, excedião a força centripeta tem ás provincias americanas, quando depois da reu
que dirigia esta união: tendo visto a promptidão com nião do numero consideravel de Deputados declarou
que as provincias do Brasil tinhão accedido á cau sobre a moção de um delles, que na revisão da Con
sa da regeneração politica que se havia proclamado nas stituição poderião elles oferecer a alguns dos seus ar
Províncias da Europa, tendo visto a boa vontade com tigos os additamentos que julgassem ser exigidos pela
que todas jurárão obediencia ás Cortes, tinha-me per localidade. Que mais pois era necessario! Que maior
suadido do contrario; e algumas vezes que tinha lan prova de sinceridade poderia dar-se-lhe! Nenhuma.
gado as vistas sobre este objecto, tinha achado que os Não me opponho a que se demore para outro tempo
interesses reciprocos de um e outro continente exigião a discussão deste capitulo 6.°; mas não acho que isto
esta união, vindo por tanto a crer que a força centri seja necessario, porque quanto aos principios geraes
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elles são applicaveis a todos os lugares, e a estabele da assim, seguramente deve obrar a força da desu
cerem-se algumas providencias que sejão mais circun nião, estabelecida pela natureza: para a vencer são
stanciadas, não só os illustres Deputados que se achão necessarios vinculos muito fortes; estes vinculos são o
presentes, com os conhecimentos que tem, sabem as interesse reciproco. O Brazil quer a união, e desde
modificações que hão de oferecer, mas mesmo os De o principio a proclamou; e até por não excitar des
putados que vierem chegando successivamente, tem confiança, deixou de exigir cautelas, e prestou todos
direito de propôr artigos addicionaes ás providencias os actos de adhesão á causa commum, entendendo
que se julgarem mais necessarias; e por isso não ha que os illustres Representantes de Portugal não abu
veria inconveniente algum em discutir este capitulo; sarião desta confiança, para lhe impôr um jugo pe
e se se demorar a sua discussão, he necessario que se zado. Por tanto devemos conhecer a vontade dos po
demore por pouco tempo. A qualidade de serem es vos, e só elles he que a devem expressar; só por in
tas Cortes extraordinarias e constituintes, impõe a teresse delles he que devemos esperar pela pluralida
obrigação de accelerar os seus trabalhos para não des de dos Deputados do Brazil, principalmente quando
pertar no povo idéas pouco vantajosas; he necessario acontece faltaram de provincias muito diferentes umas
que conheção todos que nós não pretendemos conser das outras. Faltão Deputados do Rio Grande do sul,
var este sagrado poder que nos foi constituido, senão provincia dissimilhante de todas as outras daquella re
tanto tempo quanto for necessario para segurar a fe gião, pois he o celeiro das cidades maritimas, não
licidade dos nossos constituintes; o fim principal da produz generos nenhuns dos chamados coloniaes: fal
nossa missão foi fazer a Constituição politica da mo tão os da provincia de Minas Geraes; que similhan
narquia; seria util que consolidassemos todos os meios ça tem esta provincia com as outras! Nenhuma. Se
do systema constitucional com poderes ordinarios, e comparar-mos a provincia de Minas Geraes, com a do
por isso digo que he necessario não demorarmos a con Rio de Janeiro que he a mais proxima, acharemos
clusão desta Constituição, quanto mais que a Consti uma diferença extraordinaria : o Rio de Janeiro
tuição he o unico meio de salvação; he o unico meio tem uma pequena extensão, em poucos dias irão as
que temos para reunir n’un só centro a vontade de ordens á sua extremidade; em Minas Geraes não : a
todos os Portuguezes, e he o unico meio que temos população do Rio de Janeiro está concentrada na ci
para consolidar a reunião de uma independencia bem dade; a população de Minas Geraes está espalhada:
entendida. Portanto tudo que for para demorar a a riqueza do Rio de Janeiro he devida á grandeza do
conclusão deste magnifico edifício, que nos ha de sal seu porto, á grandeza de seu emporio; a de Minas
var dos ataques da anarquia, he necessario que seja Geraes, he devida á sua agricultura, ás suas minas,
rejeitado, e por isso voto contra a indicação. |- e manufacturas: a provincia do Rio de Janeiro está
O Sr. Kergueiro: — Como os principaes funda na costa do mar, e exposta a invasões; a provincia
mentos são deduzidos das nossas procurações, e do ju de Minas Geraes não póde ser atacada por nação es
ramento que prestámos, poderei dar uma explicação trangeira, nem pelas provincias limitrofes; havemos
destes documentos. A junta provisional de S. Paulo pois applicar os conhecimentos que temos do Rio de
quando passou as suas procurações, teve em vista o Janeiro, a Minas Geraes! Isto seria um absurdo. A
artigo, 21 das bazes que diz: que o Brazil ficará su provincia mais poderosa, e populosa que temos he
jeito á Constituição, quando as provincias pelos seus Minas Geraes, ha de pois desprezar-se esta provincia
representantes, accederem a clla. A junta entendeu que he a principal do Brazil! Eu concluo que sem
que ao direito de approvar, estava unido o de desap estar a pluralidade dos Deputados do Brazil, e espe
Provar o que se faz; no entanto entendeu que lhe cialmente dos Deputados de Minas Geraes, não de
competia o direito de representar. Quanto ao juramen ve tratar-se negocio nenhum que tenha relação com o
to, he bem conhecida a força que tem o juramento Brazil.
promissorio, principalmente de uma cousa que não O Sr. Trigoso: — Notavel he a inconstancia das
se sabe o que ha de ser: o juramento assim, enten cousas humanas, e do juizo dos homens! Começámos
de-se daquilo que for conforme aos principios que de a discutir o projecto de Constituição no principio do
terminárão o juramento: as coisas mudárão de figu mez de Julho, achamo-nos hoje a 6 de Março do an
ra: no tempo em que o Brazil jurou a Constituição, no seguinte, e agora he que lembra suscitar-se a ques
era um Reino separado, existia lá a séde da Monar tão, se devemos ou não discutir a Constituição! As
quia; em Portugal existia uma regencia: o Brazil sentámos que não poderia haver inconveniente algum
viu transplantada a séde da Monarquia para Portu em discutir este projecto com os Deputados do Bra
gal, mas nunca entendeu que ficaria sem ter lá um zil, que aqui estavão, por isso mesmo que para isto
centro de Poder executivo. Eu não devo suppor ago he que fomos nomeados pelos povos de Portugal, e
ra que os illustres Representantes desprezam tanto a elles pelos do Brazil. Os outros povos das outras pro
vontade geral dos povos do Brazil, que se aprovei vincias do Brazil nomeárão os seus Deputados, e ju
tem de argumentos para o subjugar; mas se deve at rárão a Constituição, que as Cortes de Portugal es
tender-se á vontade geral do Brazil, he necessario que tabelecessem; as Cortes de Portugal, a quem eles já
concorrão os seus Representantes, porque sem isto sabião que estavão unidos alguns Deputados do Bra
como se ha de conhecer a vontade geral? O Brazil zil, ainda que em mui pequeno numero; as Cortes
não se sujeita com argumentos; ha de sujeitar-se por de Portugal, a quem elles sabião que se havião de ir
uma vontade espontanea, fundada sobre o interesse ajuntando, não no mesmo ponto, mas successivamen
recíproco dos dois Reinos. Uma vez que não se enten te os outros Deputados do Brazil. Em consequencia
[ 383 ]
não póde haver duvida, que sendo poucos os Deputa justiça que esperemos pelos illustres Deputados do
dos do Brazil, que estavão ao principio, e devendo Brazil, a fim de sanccionarmos e discutirmos este ca
reunir-se os outros pouco a pouco, formando todos pitulo 6. Eis-aqui a que se dirige a indicação do Sr.
com os Europeos este Congresso nacional, a Consti Deputado, e parece-me que todas as questões que se
tuição que surgir desta reunião de esforços communs, tem suscitado sobre a legitimidade das discussões, e
deverá ser a Constituição da monarquia portugueza. sobre a necessidade da presença dos Srs. Deputados,
Nem os povos do Brazil, quando prestárão seu jura todas são alheias da unica que deve interessarnos; a
mento, pozerão nisto a mais pequena duvida, nem saber: se deve adiar-se parte do titulo 6 para o fim
pozerão condição alguma; nem as procurações que da Constituição, em quanto não chegarem os Depu
successivamente forão dando aos seus Deputados di tados do Brazil. Parece-me pois conveniente que es
zião outra cousa, que não dissessem as dos povos de peremos pela razão apontada pelo autor da indicação;
Portugal. Por isso não posso perceber como hoje depois e razão tanto mais justa, que sou de opinião que não
de discutida a maior porte da Constituição, se possa ficará perfeita esta parte da Constituição ainda depois
duvidar se nós temos poder para discutir a Constitui de estarem todos os Deputados das provincias do Bra
ção; nem sei como se possa duvidar se esta Constitui zil. Não he certamente o juizo dos illustres Deputa
ção he applicavel ás provincias do Brazil, quando to dos do Brazil, por mais transcendente que o queira
das ellas, apezar de saberem que se discutia a Cons mos suppôr, o que ha de determinar com certeza me
tituição, tem nomeado os seus Deputados, sem fazer lhor fórma de administração das provincias daquelle
reserva alguma nas suas procurações. (Apoiado). Tal Reino: isto só a experiencia he que o póde ensinar,
he pois o fundamento da sancção que temos dado aos e esta he que nós não temos. Temos sim experiencia
artigos discutidos desta Constituição Ha porém ou , de governos despoticos dos capitães generaes, e go
tra prova por absurdo, e vem a ser que se nós não vernadores; mas não temos experiencia do que ha de
podessemos fazer a Constituição sem que tivessem resultar dasjuntas governativas. Eu receio muito que
chegado os Deputados do Brazil, que haviamos de ainda mesmo depois de grandes discussões, em que
ter feito desde o dia 24 de Agosto até hoje! Nem nós todos os Deputados do Brazil mostrem todas as suas
agora mesmo a poderiamos começar, porque era ne luzes, ainda não estejamos habilitados para fazermos
cessario que estivessemos á espera de que se enchesse uma boa lei, relativamente á administração das pro
a representação nacional, e então se nós até hoje não vincias do Brazil; e por tanto muito mais receio te
podessemos discutir, nem sanccionar a Constituição, nho em quanto não tivermos todas as luzes que elles
necessariamente o reino de Portugal havia de estar nos hão de communicar: por isso sou de opinião que
entregue á desordem, e á anarquia. Por tanto não não se trate por agora das juntas administrativas.
póde deixar de considerar-se como legitima a discus Acho muito natural que comecemos pelas camaras,
são que temos feito do projecto da Constituição po que estão estabelecidas no Brazil, como em Portugal,
litica da monarquia portugueza; e não póde deixar e por isso podem marcar-se bem as diferenças que
de se julgar que ella he não só comprehensiva do póde haver na sua formação de um paiz ao outro: e
reino de Portugal, mas do Brazil; por isso que es depois de tratarmos das camaras, e de todos os arti
te sem reserva alguma, e sabendo que as Cortes es gos adiados, ultimamente trataremos das juntas admi
tavão começadas, e que a Constituição se discutia, nistrativas das provincias. Não ha para que espere
apezar de tudo isto mandou para ellas os seus De mos dois terços dos Deputados; porque se se dissesse
putados. Mas nem tudo o que he legitimo, he ra isto, então vinha-se a suppôr que elles erão necessa
cionavel, e politico. Assim ainda que fossem legi rios para a legalidade da sancção; e isto he que eu
timos os actos que temos praticado, e legitima não admitto, e rogo muito aos Srs. Deputados que
a discussão, e sancção do titulo 6, nem por isso não instem por um principio, que seria muito perni
se segue que esta fosse justa, racionavel, e politi cioso, e que elles por factos tem mostrado ser falso.
ca. Debaixo deste ponto de vista desejo considerar Não he necessario que estejão os dois terços dos De
a indicação que fez o illustre Deputado: nem elle putados, mas sim que estejão os precisos, não para
quer que se considere de outro modo. (#). que a lei seja mais legal; mas para que saia mais
Elle não disse que as Cortes não tinhão direito de bem feita. E se depois de termos acabado os artigos
sanccionar o titulo 6, o que disse foi, que para fi adiados, e os outros artigos desta Constituição, as
car bem conforme á utilidade, e interesses não só sim mesmo elles não tiverem chegado todos, então
dos povos de Portugal, mas do Brazil, era neces necessariamente devemos passar ao capitulo 1 das
sario o concurso dos seus 1)eputados: e quem du juntas administrativas para estabelecer algum gover
vida que sendo legitimas as leis que temos feito, no constitucional nestas provincias, fazendo as cou
algumas dellas não sejão justas, talvez por falta de sas de modo que ponhamos as regras mais geraes
conhecimentos, que só a experiencia póde subminis possíveis deste governo administrativo, e reservemos
trar! E se isto merece ser acautelado quando se para as legislaturas seguintes applicalas melhor, quan
trata de leis regulamentares, quando um dia por ou do houver mais copia de conhecimentos locaes, do
tro se podem alterar; o que diremos quando se tra que os que temos (apoiado, apoiado). De maneira que
ta de leis constitucionaes que não são susceptiveis de não entenda a nação que nós com este methodo pre
reforma, senão passados quatro ou seis annos! Se tendemos demorar os nossos trabalhos, e não acabar
gue se pois que se nós não podermos passar sem es a Constituição. He muito necessario, e eu me lison
tes conhecimentos, praticos, e locaes, he de toda a gcio muito de unir as minhas vozes ás do illustre De
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putado, que falou neste mesmo sentido em uma das o fizerão (leu). Não he justo que se tire ás vilas que
sessões anteriores ; he muito necessario, digo, que já tem camaras aquela dignidade que elas adquirí #
acabemos a Constituição, e que deixemos aos nossos rão por aquella creação; nem he justo tambem que
successores o ultimarem todas as outras leis que de se estabeleção aonde se não devem estabelecer: o que
vem segurar a Constituição, mas que os povos nos diz o Sr. Trigoso que ha villas tão pequenas que nãº
não commettêrão especialmente: por isso que o que merecem ter uma camara, isto remedeia-se com o que
especialmente nos commettêrão foi unicamente a obra diz abaixo: e logo que uma villa tenha 600 fogos he
da Constituição. (Apoiado, apoiado). necessario que haja quem os reja. Estabelecido este
Beclarada a materia suficientemente discutida, principio vamos a polo em pratica. Convém em tudo
procedeu-se á votação, e decidiu-se que a materia do que haja uma camara aonde ha 600 fogos ou indivi
capitulo 1.° do título VI ficasse transferida para o fim duos, se se vir que ha uma que não tem este nuune
da Constituição. ro de individuos, acrescenta-se das outras que tem
Passando-se em consequencia ao capitulo 2.° do mais. Parece-me que o numero de 600 fogos he um
#
referido titulo VI., entrou em discussão o artigo 192. numero regular, se parece todavia que he muito di
minuto, póde-se acrescentar. •
terras, e outras a certos senhores donatarios; e em desta natureza não deve ser concedido aos gover
fim muitas outras cousas tem concorrido para a crea nos representativos, porque esses não conhecem as #
ção destas villas, das quaes, pelo decurso do tempo, necessidades de todos os diferentes concelhos; porém
muitas se tem augmentado, e outras diminuido; e as camaras não devem ser encarregadas senão do go
não devem ser degradadas desta cathegoria; porem verno economico das terras, ficando as juntas admi
não me parece tambem justo que venha a estabelecer nistrativas encarregadas de todo o governo adminis
tratlVO.
se uma camara em cada uma destas villas, porque - - -
não só se seguirião muitos inconvenientes, senão que O Sr. Freire: — Eu tambem tinha a dizer qua
em muitas dellas não haveria quem fosse capaz de si as mesmas palavras; a questão de que nós deve
occupar aquelles encargos. Portanto segue-se que não mos tratar he se devem as camaras ter o governo ad
deve haver tantas camaras como villas; hoje he isto ministrativo, e depois disto he que se deve tratar do
muito facil de fazer; e não como antigamente quan II}{l iS, • * * *
do havia senhores donatarios de certas villas, a quem O Sr. Antonio Carlos apoiou o que disse o Sr.
pertencia provar. estes lugares; mas hoje que nós os Guerreiro, |-
vamos extinguindo, segue-se que não ha ninguem O Sr. Macedo : — A explicação que fez o Sr.
que tenha esse direito. Não deve haver tantas cama. Deputado. Moura mais me faz capacitar de que o ar
ras como villas. •
administrativo reside nas camaras; e me conformo O Sr. Feio: — A nossa obrigação, como legis
com a doutrina do artigo, sem com tudo declarar ladores constituintes, he organizar a maquina politi
cidades, villas, e aldeias. ca, e dar-lhe as leis que a devem dirigir: organizada
O Sr. Caldeira: — Eu lembraria sómente uma esta maquina, e estabelecidas estas leis, he tambem
idéa: parece-me que dizendo-se em geral, o poder ad da nossa obrigação examinar se ellas são bem execu
ministrativo, e economico dos concelhos reside nas tadas, sem com tudo nos intromettermos na sua exe
camaras, he quanto basta, porque depois se póde di cução: e tudo o que for sair daqui, he sair das nossas
zer em que lugar se podem estabelecer, o que são, e attribuições, e confundir os poderes. Os ministros de
o numero de que se compõem. Estado são as molas que põem em movimento a ma
O Sr. Feio: — Eu creio que se não póde orga quina politica: elles devem ser inteiramente livres nas
nizar uma maquina sem primeiro saber de que ella suas acções, para que possão ser responsaveis pelos
ha de servir, por tanto o meu voto he que se estabe abusos que fizerem da sua autoridade. Crear uma
leça ás camaras quaes são as suas attribuições e de commissão para dirigir o ministro da guerra na for
pois como hão de ser compostas. ma que propõe a indicação, seria suppor, que a
Propoz o Sr. Presidente á votação o artigo, e este Ministro faltavão os requisitos necessarios para
venceu-se que ficasse adiado, e que primeiro se dis desempenhar as obrigações do seu cargo, e ao mesmº
cutisse a materia do artigo 200. tempo tirar-lhe a responsabilidade. Além de que se
O Sr. Borges Carneiro apresentou a seguinte esta commissão he para fazer a classificação dos ofi
ciaes que tem vindo da America, eu a julgo inteira
IN D I c Ação. mente inutil, porque ou estes officiaes tem corpos, º
que pertenção, ou não: se os tem, estão accommoda
Um dos meios mais proficuos para prevenir con dos, e não ha providencia a tomar a seu respeito; º
nivencias, prevaricações, ou omissões dos empregados os não tem são oficiaes sem emprego, e por comº
publicos, no systema constitucional, he sujeitar as ac seguinte officiaes ociosos; e o maior favor que º
ções delles á censura da opinião publica, deste tribu lhes póde fazer he contemplalos como licenciadº,
nal incorruptivel e formidavel, que he superior aos ea unica
mandalos paradesuas
medida quecasas com meio
nas actuaes soldo. Estade
circunstancias º
mesumos governos.
Prºponho por tanto se diga ao Governo que man vemos lançar mão, por ser aquela que oferece ""
de Publicar pela imprensa a lista dos bachareis que nos inconvenientes; por tanto voto que seja rejeitadº
esta indicação.
[ 387 |
O Sr. Pamplona: — Nós não creámos esta Com O Sr. Sarmento: — Admiro-me muito que o hon
missão para auxiliar o ministro, porque ele não seja rado membro queira gastar o tempo com objectos
capaz de servir bem, mas para o auxiliar nos seus desta natureza, quando ha tanta cousa de maior im
trabalhos, porque elle não tem na sua secretaria to portancia, que ainda se não tem feito, nem se pode
das as informações necessarias; e por isso he que he rá tão cedo concluir. Esta indicação ía abrir uma
necessario absolutamente dar uma providencia para porta no Congresso, para termos uma invasão de fra
que haja quem o auxilie. des, que nos não deixarião tempo para cuidar em
O Sr. Feio: — Nós estabelecemos um conselho de outra cousa. Como não instão os objectos desta qua
estado, e os inconvenientes deste estabelecimento já lidade, assento que nós devemos deixar de tratar del
nós principiamos a sentir: e depois desta experiencia les presentemente, a fim de continuarmos com o que
quereriamos ainda estabelecer outro conselho para já está destinado para emprego do nosso tempo.
dirigir a cada um dos ministros em particular ! 8 O Sr. Ferrão; — São dez mil cidadãos que tem
quem se pedirião contas do bem, ou mal que se fizes tanto direito como outros quaesquer a fazer-se-lhes
se? Ao ministro! Elle diria: a Commissão que vós justiça. v \ v \}
me nomeastes assim mo aconselhou. A Commissão? O Sr. Trigoso: — Os frades que são verdadeira
Ella diria: nós aconselhámos segundo nossas conscien mente frades sujeitão-se aos capitulos geraes; e os que
cias; se errámos por falta de inteligencia, não he se não querem sujeitar, saião para fóra. . . * •• •
culpa nossa: he culpa de quem nos elegeu. Por certo O Sr. Osorio: — Os que reclamão contra os ca
que se o Congresso désse um passo tão errado perde pitulos são os máus frades, e nunca as ordens todas,
ria grande parte da gloria que lhe tem adquirido a porque não supponho que uma ordem seja tôda má;
sabedoria das suas decisões. Insisto por tanto no meu isto he contra as leis canonicas, e este Congresso não
primeiro voto. •
se deve intrometter agora nisso.
O Sr. Araujo Lima: — Eu vou dizer unicamente O Sr. Bispo de Béja pediu a resolução do Con
que a indicação deve ser rejeitada; quando muito pe gresso sobre o requerimento que apresentou o Sr.
ção-se informações ao ministro a respeito destes offi Ferrão, e decidiu-se que passasse á Commissão de
ciaes, e os soldos com que devem ficar. fazenda.
O Sr. Lino Coutinho: — Isto he de certo modo O Sr. Barroso ofereceu a seguinte
crear um conselho de Estado para o ministro da guer
ra, e este conselho he quem o ha de dirigir; e então - Is D 1c Ação.
como, e sobre quem ha de recaír a responsabilidade
no caso de obrar mal! Se quizermos tomar a respon º Pelo decreto de 28 de Julho de 1816, e pelas re
sabilidade ao ministro, elle dirá, não tenho culpa gulações que o acompanhárão, se mandou contemplar
porque fui assim aconselhado. Vai-se ao conselho, e os officiaes de segunda linha com a cruz de campanha
este diz: eu aconselhei segundo a minha consciencia, concedida aos officiaes da primeira linha, e 100 cru
e desta maneira não ha sobre quem recaia esta res res para os oficiaes inferiores e soldados. Nesta con
ponsabilidade. As outras Commissões que se achão formidade se pedírão aos corpos da segunda linha as
estabelecidas, não são assim; ellas examinão os abu precisas relações iguaes aos modelos remetidos em offi
sos, e dão parte do que tem achado, mandando ás cio do ajudante generál primeira e segunda vez; e
Cortes, ou ao Governo as suas participações, para se consta que geralmente se satisfez, e que o governador
darem as necessarias providencias; porém o que se das armas do partido do Porto remettêra as que per
quer fazer ao ministro da guerra não he o mesmo; tencião aos oito regimentos do seu districto em 3 de
he um conselho para o dirigir e não sómente para o Abril de 1819. Não póde duvidar-se de que grande
informar. parte dos corpos de segunda linha tem um rigoroso di
O Sr. Soares Franco: — Sr. Presidente, a maior reito á cruz de serviço de campanha , e que toda a
parte do tempo perde-se porque não seguimos a or demora alem de ser injusta he summamente impoliti
dem; acha-se o parecer adiado, e não se deve tratar ca, porque tende a descontentar a classe mais interes
da sua discussão senão quando V. Exc. haja de mar sante da Nação, na qual reside a principal força fi
car dia para este objecto: por tanto reclamo a ordem. sica e moral do actual sistema , e para o qual ella
Pondo-se a votos, se esta indicação se havia de concorreu tão energicamente. |-
tratar em separado do plano da organização do exer Proponho por tanto que se recommende ao Gover
cito – venceu-se que sim; e logo o Sr. Presidente a
no mande immediatamente publicar a relação dos of
deu para a ordem do dia seguinte. ficiaes de segunda linha a quem compete aquele ho
Sr. Ferrão deu conta de uma representação do
norifico distinctivo, removendo quaesquer obstaculos
prior da Messejana, Joaquim Anastasio Mendes, ou difficuldades, e não obstante a falta da relação de
sobre abusos nos rendimentos e lançamentos das sisas; alguma provincia, porque ella não deve fazer demo
e pediu que quanto antes se fizessº a segunda leitura rar a publicação das que já estiverem apuradas. —
do projecto sobre os capitulos geraes, pois que lhe Francisco Barroso Pereira.
constava querião fazer geral da ordem de... um ho Terminada a leitura, disse
mem o mais máu possivel, e o qval tem commettido O Sr. Pamplona: — (Não
fo Leiria). • • • • o ouviu o taquygra
•
privando-se delle aquelles a quem na realidade com I. Fica reconhecida como divida nacional, aquel
pete. Nos corpos da primeira linha já houve muita la que se liquidar ter sido contraida pelo Estado com
difficuldade na execução desta lei, quanto mais a res o banco do Brazil. *)',
peito dos corpos da segunda linha. Ella parece ser fei II. A liquidação desta divida será feita por uma
ta de proposito para nunca se executar ; he pois ne commissão composta de membros, parte nomeados
cessario que não passe o principio de que se tenhão pela junta da fazenda do Rio de Janeiro e parte pela
maltratado os benemeritos milicianos; a difficuldade Junta da direcção do banco.
he da lei, e quando aqui se apresentar o parecer da III. He consignada, para pagamento do capital
Commissão eu mostrarei os immehsos defeitos que el e juros desta divida, a parte dos rendimentos das al
la tem. fandegas do Rio de Janeiro, Bahia, Pernambuco,
O Sr. Borges Carneiro: — Eu não digo que o e Maranhão que se julgar equivalente á quota annual
Governo tem tido intenção de maltratar os milicianos; de dez por cento sobre o total liquido da divida;
porém digo que na realidade se tem praticado umain aqual será distribuida pelas quatro alfandegas prece
justiça para com elles: pois se o decreto he escuro, dendo as necessarias informações, na proporção que
seis annos he tempo bastante para ser declarado, e melhor convier ao seu rendimento, e ás forças da res
desembaraçado. A respeito da primeira linha não hou pecriva provincia; com tanto que a consignação não
·ve essa difficuldade. :" " exceda á quarta parte do rendimento de cada uma
* O Sr. Moura: — Se o Congresso he que tem fei das alfandegas.
to esta injustiça, eu convido o illustre Preopinante a IV. A junta da fazenda do Rio de Janiro fica au
que haja de a explicar para irmos todos remediala, e torizada para entender-se com as juntas da fazenda
<nos ajudarmos das luzes, bom senso, e rectidão do il da Bahia, Pernambuco, Maranhão, naquilo que
lustre membro em perseguir injustiças. Vejamos o ca for relativo unicamente á promta execução do presen
-so: o Governo remetteu o parecer ao Congresso: o te decreto.
Congresso o dirigiu á Commissão, e esta se acha tra , , V. A consignação aqui decretada a favor do ban
balhando neste objecto. E o illustre Preopinante diz co do Brazil commeçará a verificar-se do 1.° de Ju
ter havido injustiça no caso: onde está ella! Eu re lho do corrente anno.
queiro que a declare; porque nós aqui estamos para Paço das Cortes em 6 de Março de 1822. Ofe
a remediar. Sobre os meios de aplicar o remedio, lo recido por Custodio Gonçalves Ledo.
go falaremos: tratemos agora só de descobrir essa gran Remetteu-se á Commissão de fazenda do Ultra
de injustiça de que se fala. IIlâI.
O Sr. Borges Carneiro: — Eu já disse, em que . Sendo chegada a hora da prolongação, continuou
ella está, e quem a commette. a discussão do projecto para a extincção da intenden
Poz o Sr. Presidente a votos a indicação, e deci cia geral da policia (v. a sessão de 27 de Fevereiro
diu-se que fosse remettida com urgencia á Commissão ultimo). A este respeito disse
militar. •
e tudo o que até ao presente ninguem duvidou ser paço, meza da consciencia, etc.; e eis-aqui o que eu
proprio do cuidado das camaras. Sendo elas compos quereria se applicasse para o presente caso, e quando
tas de cidadãos escolhidos veremos as ruas mais lim muito se lhe desse uma base. O Congresso acha-se
pas, e não seremos infestados pelos animaes mortos muito sobrecarregado de trabalho, o que todos sabem,
pelas ruas. Em qualquer povoação conviria entregar e assim nomeando-se tres membros para cada uma
estes objectos ao zelo dos seus moradores, porém em destas commissões, estes poderão em breve apresentar
nenhuma isto he mais conveniente do que em uma ao Congresso o resultado de seus trabalhos.
populosa cidade, como Lisboa, aonde por mais dili O Sr. Vicente Antonio: — (Não o ouviu o ta
gente que seja um magistrado, nunca poderá fazer quygrafo Leiria).
uma inspecção como um corpo de cidadãos autoriza Sr. Vasconcellos: — Parecerá talvez atrevi
dos para esse fim. Não foi o espirito de curiosidade, mento o eu falar em uma materia tão alheia da mi
nem o amor da novidade, quem me excitou a apre nha profissão ; porém sempre quero dizer a minha
sentar este projecto. Eu já fui magistrado de policia, "opinião. A intendencia geral da policia da maneira
porque fui seu delegado na provincia de Trás-os-Mon que se acha, não póde subsistir; tambem quanto ao
tes. Não sei o que em sempre achei nos processos Ministro de Estado, acho muito perigoso que um
summarios; achava-os faltos de eertas formalidades, homem só exerça similhante autoridade; porém tam
que sempre eu julgarei necessarias, para assegurar à bem deve haver um centro commum, e a minha opi.
hberdade do cidadão, porque me parecerá sempre que nião he que este centro commum seja o supremo tri
qualquer que fôr processado de um modo pelo qual bunal de justiça, e na relação da corte.
faltar algum requisito legal, póde innocentemente sof Sendo chegada a hora de levantar a sessão, deci
frer. Por mais cautelas, que se estabeleção, e por diu-se que ficasse adiado o projecto.
mais probidade de que seja dotado alguem revestidô Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia
com poderes tão consideraveis, eu tremo de similhan o projecto sobre as secretarias, e a indicação do Sr.
te magistratura: -41r. de Malesherbes, nome tão res Soares Franco supramencionada; e os pareceres adia
peitado na historia moderna, sendo Presidente da dos da Commissão de fazenda.
Cour des Aides, conheceu os abusos das Lettres de Levantou-se a sessão ás duas horas da tarde. —
Cachet ; porém sendo chamado, para o ministerio Francisco Xavier Soares de Azevedo, Deputado Se
de Luiz X/I, reconheceu a necessidade de conser cretario.
var aquelle poderoso instrumento de um governo ar
bitrario: os seus panegyristas dizem que as precau REsoluções E ORDENs DAs CoRTEs.
ções, que ele tomava no uso das Lettres de Cachet,
são um monumento da sua sabe loria. Eu não poderia Para José da Silva Carvalho.
descobrir um exemplo de um magistrado mais probo;
porém nelle vemos o que he o despotismo, o qual Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor.
constrange os mais virtuososos magistrados a seguirem tês Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
procedimentos arbitrarios, e contrarios ao dictame do attendendo ao que lhes foi representado pelo marechal
seu proprio coração. Ha mais uma razão, para ex de campo Felisberto Caldeira Brant Pontes, ácerca
tinguirmos uma instituição, que he talvez a unica ho de uma portaria da junta provisoria do governo da
je na Europa. Em França, aonde a mesma Charta Bahia datada em 15 de Setembro de 1821, pela qual
fºcal não oferece uma Constituição tão liberal como depois de avocados os autos de execução pendente, em
a nossa aboliu-se já a policia! O Imperador da Rus que o supplicante litigava com Manoel Duarte da
sia, que governa um vasto imperio sem Constituição, Silva, sobre um engenho de assucar, se ordenou que
e tem um poder absoluto extinguiu em 1819 a poli o ouvidor geral do civel fizesse, sem admissão de du
cia! E seremos nós incoherentes com os principios vidas ou obstaculo algum, executar immediata e in
politicos, que temos adoptado, admittindo todas as violavelmente a sentença proferida na casa da suppli
fórmas democraticas, que são possiveis em uma mo cação, que condemnou o supplicante a restituir o
narquia, deixando ao mesmo tempo instituições di mencionado engenho com os respecrivos rendimentos,
gnas de um governo absoluto! Estes são os motivos, mettendo de posse o exequente, e ficando direito salvo
porque apresentei este projecto. Quer o Sr. Borges aos litigantes para proseguirem na liquidação das bem
Carneiro que este projecto vá a uma Commissão, a feitorias, e rendimentos a que se julgassem com di
fim de que ele se organize melhor: eu convenho com reito: resolvem que fique revogada a citada portaria
a opinião do illustre Deputado, porque sou o primei de 15 de Setembro, sendo os litigantes restituidos aº
ro em me persuadir de que o projecto ha de estar estado em que então se achavão, quando a junta
muito imperfeito; e ate me parece que não será pre mandou avocar os autos por portaria de 17 de Junhº
ciso uma Commissão; bastará que elle seja corregido de 1821; e que depois de feita exactamente esta re
pelo illustre Deputado, e então apparecerá o proje tituição, fiquem entregues á autoridade judicial, para
cto, como obra sua, e augmentará a collecção de seguirem os termos do seu litígio, e os recursos que
excelentes projectos, e indicações que o illustre De as leis lhes facultarem. O que V. Exc.º levará ao co
putado tem apresentado. - nhecimento de Sua Magestade.
O Sr. Borges Carneiro: — Eu quando falo em Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em º
uma commissão, he uma commissão de fóra das Cor de Março de 1822, — João Baptista Felgueiras.
tes, e o mesmo digo relativamente ao desembargo do
[ 891 ]
Para o mesmo. O Sr. Freire leu a indicação do Sr. Borges de
Barros.
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor: — As Cor O Sr. Xavier Monteiro: — A indicação póde ser
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza escrita de qualquer maneira que se pretenda, sem que
mandão remetter ao Governo o incluso oficio da jun disso haja inconveniente; porém o que se venceu não
ta províncial do governo da provincia de Minas Ge foi a indicação. O que se venceu foi, que se adiasse
raes em data de 18 de Novembro de 1821, dando par porora esse titulo; e isto he o que se poz á votação.
te do procedimento que tivera com o ex-ouvidor da A indicação póde por tanto encerrar outra diferente
comarca do Ouro Preto, Francisco Garcia Adjuto, doutrina, com tanto que esteja exacto na acta o que
e remettendo a devassa a que a respeito delle mandá SC VCI]CCU).
Ia proceder pelo ouvidor interino da comarca do Rio O Sr. Presidente: — Essa indicação ficou para o
das Velhas José Antonio da Silva Maia. fim da Constituição.
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 6 Approvou-se a acta da Sessão antecedente.
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. O Sr. Secretario Felgueiras mencionou o expedi
ente seguinte.
Para André da Ponte de Quental da Camara. Um oficio do Ministro das justiças, enviando a
informação, que dirigirão os frades da Ordem de S.
As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação Paulo primeiro eremita, em resposta aos quesitos,
portugueza concedem a licença que V. S." pede por que forão feitos ao prelado maior em 17 de Outu
tempo de quinze dias para tratar da sua saude. O que bro do anno passado. A Comissão ecclesiastica de
participo a V. S." para sua intelligencia. reforma. \ -
Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 6 Um dito do Ministro da fazenda, remettendo o
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. resultado da averiguação, a que se procedeu, sobre
os trabalhos da junta da revisão, consolidação, e li
Redactor — Galvão. quidação estabelecida na capitania do Rio de Janei
ro pela carta régia de 24 de Outubro de 1800. Aº
Commissão competente.
Mais do Ministro dos negocios estrangeiros o se
guinte officio.
SESSÃO DE 7 DE MARÇO. Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — Conven
cido o Governo Britanico da injustiça da maior par
te das tomadias feitas pelas suas forças navaes ao com
A… a sessão, sob a presidencia do Sr. Va mercio portuguez com o pretexto de illicito trafico de
rella, o Sr. Soares de Azevedo leu a acta da antece escravatura, calculou que era do seu interesse pôr á
dente sessão. dispozição do Governo Portuguez a quantia de 300
O Sr. Lino: — Tenho a fazer uma reflexão sobre mil libras esterlinas, em que avaliou a totalidade das
a acta a respeito da indicação do Sr. Borges de Bar perdas e damnos para indemnização das pessoas que
ros: e he que a discussão e votação foi sobre a mate se mostrassem lesadas.
ria em geral; e perguntando o Sr. Presidente depois, Feitas estas legalizações perante a junta do com
foi então 'que o seu autor disse, que ele consentia mercio do Brazil, e pagos daquellas 300 mil libras os
naquillo mesmo. capitáes que cada uma das pessoas lesadas justificou
O Sr. Freire: — O illustre Membro estava por 2 ter perdido, sobrava ainda uma somma consideravel,
emendas que aqui se fizerão; uma era essa dos dois e entrou em duvida na junta do commercio se estas
terços, que era conveniente se tirasse; e a segunda sobras se devião dividir, e todas pelos interessados á
foi em passar ao lugar do artigo 6.° o artigo 1.°: e proporção dos capitáes que a cada um se acabava de
de boamente se conveio nisto; o que se póde fazer embolçar: ou se dando-se-lhes como equivalentes de
he que o autor emende a sua indicação, querendo. juros e lucros trinta por cento a cada um se deverião
O Sr. Pereira do Carmo: — O Sr. Borges de reputar por indemnizados, cedendo a quantia que res
Barros emendou a sua indicação mesmo vocal tasse a favor do publico Thesouro.
Inente, Sendo este ultimo o parecer do tribunal, e tendo
O Sr. Lino Coutinho: — De facto a emendou; Sua Magestade havido por bem conformar-se com el
# publicamente disse
Cild,
no Congresso que estava por le, expediu o ministro, que então era dos negocios
estrangeiros, ordens ao enviado de Sua Magestade em
O Sr. Soares de Azevedo: — Eu lancei na acta a Londres para que das mencionadas sobras, deduzidos
mesma indicação do Sr. Borges de Barros, tal qual os trinta por cento dos capitaes julgados ás pessoas
ºlava concebida: e eu como Secretario, não podia lezadas, pagasse aos empregados do corpo diplomati
de modo algnm emendar a indicação do Sr. Deputa co e consular o que se lhes estava a dever de mais
º a acta diz desta maneira: (leu-a) a indicação do de oito mezes de seus ordenados, e despezas das res
Sr. Deputado falava do titulo 6; e por isso eu escre pectivas Secretarias.
Vi na acta na fórma que se decidiu. Tal era o estado deste negocio pelos fins do anno
fil0
O Sr. Borges de Barros; — Convenho nisto mes de 1820, mas entrando eu no ministerio em 26 de
Fevereiro seguinte levei á presença de Sua Magesta
[ 392 ]
de um requerimento dos interessados reclamando con do conselho do almirantado. A Commissão de ma
tra aquella apropriação que o Governo havia feito rinha.
das mencionadas sobras: e pedindo que visto ter-se Um dito do mesmo, remettendo a parte do regis
já disposto dellas para o serviço do Estado, Sua Ma to do porto com uma earta do commandante da cur
gestade lhes mandasse embolçar o equivalente pelo veta Princeza Real. Inteiradas.
Erario do Rio de Janeiro. Um officio de José Xavier Bressane Leite, com
Eu que tendo voto na citada cousulta da junta do mandante da curveta Princeza Real , datado de
commercio, tinha feito voto separado, sustentando Pernambuco a 19 de Janeiro, participando a sua che
que das 300 mil libras e seus juros nada pertencia ao gada, áquelle porto com a galera Princeza do Brazil no
Estado; não podia deixar de apoiar este requerimen dia 24 de Dezembro, e que nelle já entrára a escuna
to perante Sua Magestade, que declarando haver D. Maria 2efyrina, e que chegára 16 dias depois o
condescendido, não sem grande repugnancia, com o transporte Grão Crus de Aviz, faltando ainda a cur
parecer da junta, e dos ministros meus predecessores, veta Voador, e o transporte Quatro de Abril. Refe
que com ele se havião conformado; me ordenou que re os motivos de similhante desunião dos navios, e o
expedisse aviso áquelle tribunal, para que procedendo que julga do estado politico de Pernambuco; bem
a rateio das mencionadas sobras, désse a cada um como a discordancia, que teve com a Junta proviso.
dos interessados seu competente titulo para serem ria ácerca da intelligencia das resoluções das Cortes:
embolsados pelo Erario do Rio de Janeiro na fórma e termina por fim dizendo, que partia dahi a dois
por elles mesmos proposta, e requerida. dias a dar conserva ao transporte Grão Crus de Aviz,
He nesta conformidade, e só depois de haver fir que protestava não sair para o Rio de Janeiro sem
mado aos interessados o direito ao seu embolso pelo comboy : elle manda tambem um requerimento de
Thesouro publico, que eu ratifiquei as ordens dadas dois officiaes estrangeiros da sua guarnição, que pe
mezes antes pelos meus predecessores, e que era natu dem ser naturalizados. Inteiradas: em quanto ao re
ral acharem-se já cumpridas na Europa. querimento dos dois officiaes á Commissão de Cons
Desta expozição em que tenho cumprido com as tituição.
erdens das Cortes Geraes e Extraordinarias, que V. Um officio da Junta de Pernambuco de 18 de Ja
Exc. me trausinittiu em oficio de 27 do mez passa neiro, communicando a chegada do comboy, que
do, será presente ao soberano Congresso: que o pa conduzia as tropas de Portugal, e o que a este res
gamento feito aos diplomaticos das sobras das 300 peito havia occorrido. Ao Governo: e por copia á
mil libras existentes em Londres foi uma transacção Cammissão de Constituição.
mui regular e ordinaria em commercio: que em vez O Sr. Villela: — Eu tinha uma indicação feita
de remetter fundos do Brazil para pagar aos diplo a este respeito, e se V. Exc." me dá licença para a
maticos na Europa, fazendo regressar desta as sobras ler por esta occasião, eu a lerei.
pertencentes a particulares existentes no Brazil; assi O Sr. Freire: — Eu sou d'opinião, que este ne
gnou a estes seu embolso pelo Erario do Rio de Ja gocio se remetta ao Governo, por ser a ele a quem
neiro: e desse modo a bem do seu expresso consenti pertence tomar conhecimento delle; e para entrar na
mento, adquiriu direito a dispor daquelas sobras pa indagação se este oficial cumpriu ou não com as or
ra objecto do publico serviço na Europa. dens.
Deus guarde a V. Exc. Secretaria de Estado dos O Sr. Villela, Leu a sua indicação, que consis
negocios estrangeiros em 6 de Março de 1822. — Ao tia em que os Governadores das armas do Brazil fos
Illustrissimo e Excellentissimo Sr. João Baptista Fel sem tirados do exercito daquelle Reino: e que tanto
eiras. — Silvestre Pinheiro Ferreira. elles como as mais autoridades devem estar sujeitos
Remettido á Commissão de fazenda, unindo-se o ás respectivas juntas do Governo.
Sr. Deputado Lino Coutinho autor da indicação. O Sr. Lino Coutinho: — He na verdade cousa
Mencionou mais um officio do Ministro da guer muito estranha, que se mande um official de mari
ra, enviando seis mappas demonstrativos da força nha commandar a força de Pernambuco, com ins
efetiva no 1.° de Fevereiro proximo passado dos cor trucções particulares para se regular, e que se não
pos de 1.° linha do exercito nas armas de artilheria, participasse cousa alguma a junta governativa daquel
cavallaria, infantaria, cassadores, artifices engenhei la provincia! Isto he uma cousa muito estranha, e
ros, corpo de vetranos. A Commissão militar. he até querer metter a desordem. A Bahia já sepa
Um dito do Ministro da marinha, remettendo a rou o commando da força maritima, daquelle outro
consulta da junta da fazenda da marinha ácerca de da intendencia ou inspecção da ribeira, isto já está lá
se igualarem os soldos dos majores, capitães, e tenen concentrado; porém o que eu estranho he, que se
tes da brigada da marinha com os dos officiaes do dem ordens particulares, e occultas a um oficial de
exercito, na conformidade do decreto de 11 de Abril marinha!
de 1821. A Commissão de marinha. O Sr. Moura: — Eu peço ao illustre membro,
Um dito do mesmo Ministro, enviando a copia me responda ao seguinte para minha illustração. Quan
da portaria expedida para o regresso da academia dos do um governo dá ordens a uma autoridade ou se
guardas marinhas do Rio de Janeiro a esta corte. A ja maritima, ou terreste he por ventura necessario que
Commissão de marinha. estas ordens se communiquem á outra autoridade miº
Um dito do mesmo, enviando a relação dos pilo litar ou civil da provincia? Julgo que não. Eu nãº
tos da marinha de guerra, e mercante, que houvera sei se se prohibiu ao commandante marítimo que ele
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occultasse á autoridade civil da provincia de Pernam O Sr. Felgueiras continueu a dar conta do ex
buco as suas ordens; isto he, que eu ignoro. Mas pediente; e mencionou outro officio da mesma junta
acho muito estranho que se queira estabelecer um prin provisoria de Pernambuco sobre as providencias, que
ºpio, que em todo o caso as ordens que o Governo tem dado ácerca da boa arrecadaçào da fazenda pu
der a qualquer commandante hajão de ser communi blica, e sobre a chegada do batalhão destinado para
cadas ás autoridades das provincias!! Eu não sei se aquella provincia, e motivos de prudencia, porque
hoje he o dia para se tratar desta materia; porém pede, se mande retirar. +
desejaria ficasse addiada para maior illustração do que O Sr. Felgueiras: — Este oficio, visto o seu
he facto, e discussão do que he direito. Hoje parece conteúdo, deve ir ás Commissoes de guerra, e de fa
me fóra da ordem. zenda do Ultramar.
O Sr. Lino Coutinho: Quiz falar, porém foi * O Sr. Ferreira da Silva: — Este negocio perten
chamado á ordem. ce mais a Commissão de constituição do que á de
O Sr. Ribeiro d'Andrade: — Como isto não he guerra; porque aqui não se trata de se exigir um ba
a ordem do dia a seu tempo responderei á pergunta talhão, mas sim vêr se este batalhão convem que es
do Sr. Moura. -
do Sr.apoiado).
do, Villela, que fique
…
para segunda leitura. (Apoia
• ••
Decidiu-se, que fosse remettido á Commissão de
constituição, em quanto á retirada do batalhão: e
O Sr. Willcla: — Peço que essa segunda leitura em quanto ao resto, a Commissão de fazenda do Ul
não fique para daqui a 6 mezes. Eu sou orgão daquel tra Irlar,
la provincia, e por isso sou obrigado a falar com to Mencionou mais o Sr. Secretario outro officio da
da a franqueza Recebi cartas daqnella provincia mui junta de Pernambuco pedindo explicações sobre algu
to desagradaveis, em que pintão o estado de des mas duvidas, que occorem em alguns artigos do de
contentamento em que ella se acha: he por tanto ne creto da sua creação. A Commissão de Constitui
cessario tomar providencias quanto antes, que satis ção, |- |- +
torno a dizer, e para este se evitar, devemos da pro Um dito do mesmo, e na data supra, represen
videncias, nas quaes elles vejão que se cuida da sua tando a necessidade de se comprar a casa da alfande
felicidade. ga das fazendas, e de se fazerem as obras percisas. A
O Sr. Freire: — Disse o illustre Preopinante, que Commissão de fazenda do Ultramar,
as indicações ficavão por seis mezes á espera de se Um dito do mesmoo, participando, que em conse
gunda leitura; mas o illustre Preopinante não se lem quencia das queixas, que tivera contra o desembar
bron, que as indicações seguem esta ordem. Se se de gador ex-ouvidor de Olinda, Venancio Bernardino
clarão urgentes, têm-se logo, porém senão se declara Uzôa, mandára conhecer delle pelo desembargador
urgente, ella fica junta ás outras que já ha antigas. Antonio José Osorio de Pinna Leitão, º que á vista
le por tanto necessario, que o Congresso declare, da informação, que a este respeito remette, lhe pare
se esta indicação he ou não urgente, para seguir a ce, que para abbreviar a defeza, que o dito accusado
ordem. { poderá dar, o deve reinetter logo que se concluir a
O Sr. Presidente: — Proponho: se a presente in inquirição. Ao Governo.
dicação
nbà he ou não
a segunda urgente,
leitura ! e se deverá fazer se á Ina
|- •
Um officio do brigadeiro José Maria de Moura,
datado do Recife em 14 de Janeiro, participando a
Venceu-se, que era urgente, sua chegada no dia 24 de Dº".à e a posse » que
[ 394 ],
tomára do governo das armas em 26 do mesmo. Elle as Cortes, e enviando ao mesmo tempo, a relação dos
ratifica os protestos de adhesão ás Cortes, e ao Go accionistas encarregados do governo do banco de Lis
verno constitucional, e diz, que já dirigiu pela secre boa. Menção honrosa.
taria da guerra tres officios, expondo o estado politico Outro oficio do mesmo, propondo uma alteração
da provincia, o espirito da tropa e povo, e as pro no decreto da creação do banco na fórma da indica
videncias, que julga necessarias. Inteiradas. |- ção de um accionista approvada pela Assembléa, pa
Um officio da junta do governo do Rio Grande ra que os novos subscriptores não sejão responsaveis
do Norte em 17 de Dezembro, participando a duvi pelo interesse determinado naquelle decreto , até que
da, que teve a junta da fazenda, de abonar o soldo se realize a entrega dos fundos dos actuaes accionis
de ajudante de ordens da dita junta ao tenente por tas. A Commissão de fazenda. - , º
ella nomeado, sem que este prestasse fiador. Ao Go Um relatorio da Commissão das cadeias da co
verno. {* * |-
marca de Moncorvo ácerca dos seus exames, e ave.
Um dito da mesma de 2 de Janeiro, participan riguações, terminando por felicitar o Congresso. Ao
do, que não dera conta do estado desta provincia lo Governo. •
go que tomára conta do governo, por ter mandado Um oferecimento de José Vicente Lobo Sardinha.
conhecer de alguns facciosos contra a Constituição, Deputado da junta do Arcenal, de 140 exemplares do
e que apenas concluido o referido, dará conta de tu impresso intitulado: Instrucções approvadas por Sua
do que occorrer. Inteiradas. Magestade para a recepção, e distribuição dos fardo
Outro da mesma em 8 de Janeiro, acompanhan mentos aos corpos do exercito, a fim de serem distri
do e informando de verdadeiro e justo o requerimento buidos pelos Srs. Deputados. Que se distribuão.
de João Marques de Carvalho, tenente de infantaria Uma participação do Sr. Deputado Bernardo-da
de linha addido ao estado maior do exercito, e aju tonio de Figueiredo em como se acha enfermo, pedin
dante de ordens do governo, no qual pede o posto do licença para se tratar. Concedida.
de capitão, e a confirmação do emprego. Ao Gover O Sr. Araujo Lima apresentou um requerimento
}]O, assignado por varios bachareis ácerca das habilitações,
Outro da mesma, e na mesma data, remettendo e leituras no Desembargo do Paço. A Commissão de
o requerimento do tenente da fortaleza do registo da justiça civel.
barra André Mathias da Costa, em que pede a con O Sr. Ribeiro de Andrade uma memoria do des
firmação da patente do dito posto, e abonando o seu embargador José Bonifacio de Andrade ácerca da
merecimento. Ao Governo. civilização dos Indios. A Commissão do ultramar.
Um oficio do coronel José Ignacio Borges, ex Os apontamentos e instrucções, que recebêrão os Srs.
governador do Rio Grande do Norte, datado de Per Deputados da provincia de S. Paulo da junta provi
nambuco a 14 de Dezembro, participando que se ti soria daquella provincia. A Commissão de constitni
nha verificado no dia 3 do mesmo a eleição da junta Çao. • |-
governativa, segundo annunciára no seu officio de 17 Feita a chamada, estavão I10 Srs. Deputados, e
de Novembro. lnteiradas. faltavão os seguintes: o Sr. Falcão ; Quental da Ca
Um oficio do major Manoel Ferire de Freitas mara ; Moraes Pimentel; Canavarro; Ribeiro Cos
datado na cidade do Natal em 4 de Dezembro, par ta; :4ntonio de Figueiredo; Sepulveda; Rodrigues
ticipando que o ex-governador daquella provincia Jo de Macedo; João Moniz; Bettencourt ; Van Zeller;
sé Ignacio Borges o nomeára para o substituir no Almeida e Castro; Innocencio de Miranda; Queire
governo; mas que a junta provisoria não estivera ga; Brito; Pinto de Magalhães; Faria Carvalho;
por esta nomeação, e o mandára sómente comman Ferreira Borges; Faria; Souza e Almeida; Castro
dar a fortaleza: remette a correspondencia, que ácerca e Abreu; Moura Coutinho; Rebello; Borges Car
disto teve com a dita junta. Ao Governo. neiro; Fernandes Thomaz; 2efyrino; Castello Bran
Um officio da junta do governo da Bahia em 12 co Manoel; Ribeiro Telles.
de Janeiro, remettendo e abonando um requerimento O Sr. Gyrão apresentou o seguinte
de Antonio de Paiva Pereira da Silva, no qual pede
confirmação da portaria, pela qual fôra nomeado of Projecto de Decreto.
ficial maior da secretaria do interior e fazenda, com o
augmento de ordenado que se julgar conveniente. A' As Cortes Geraes, etc. Tendo em consideração,
Commissão de fazenda do Ultramnr. que as separações quantitativas de vinhos do Douro
Um officio da camera da villa da Fortaleza da pro fazem com que uma parte consideravel do melhor
vincia do Siará, datado em 17 de Novembro, felici destes vinhos fica excluida da exportação para a In
tando o Congresso, e enviando queixas contra o ex glaterra, sendo habilitados ao mesmo destino vinhos
governador Francisco Roberto Robin, e a relação de inferiores, que só podem servir para consumo dº
como alli se proclamou a Constituição, e de como se Reino; e querendo evitar os prejuizos que daqui re
fez a junta provisoria, com a qual todos estão sum sultão ao commercio, á agricultura, e á Nação, dº
mamente satisfeitos. Menção honrosa em quanto á cretão provisoriamente o seguinte:
primeira parte; e pelo que toca á segunda, á Com Art. 1." Da publicação do presente decretº em
missão de constituição. •
3." A companhia passará logo os guias competen O Sr. Presidente: — 1sto he um projecto de com
tes para se fazerem as mudanças de uns para outros missão, e por isto não tem segunda leitura. •
/ [ 396 |
O Sr. Presidente: — Proponho se se deve impri admittir novos oficiaes, e aposentar, ou applicar a *
mir o projecto! — Venceu-se, que sim. |- ontros destinos os já existentes, sem attenção alguma |
que ainda se achão no Rio, ou em missões diplo E se além destes inconvenientes, a que de ordina
maticas) absorve a enorme somma de 124:4333980, rio não attendem os fundadores de faustosas e numerosas
réis; a saber: 11I:5363380 réis para 102 dos antigos instituições, considerarmos a despeza que o thesouro
empregados das Secretarias, e 128973600 réis para ha de fazer desde logo com os actuaes empregados das
37 dos novamente aggregados das extinctas reparti secretarias, que não forem julgados habeis para con
ções militares. A esta espantosa, e em grande parte tinuarem em exercicio, fica evidente, que a fazenda
bem superflua despeza, foi conduzida a Nação por nacional, segundo os planos oferecidos pelos minis
indolencia, parcialidade, espirito de patronagem, e tros, viria a despender ainda muito mais, do que
desprezo do bem publico, que constantemente influí actualmente lhe custão as Secretarias.
rão em todas as Secretarias de Estado. •
Assim a Commissão de fazenda se viu na necessi
Elles obtiverão pelo alvará de 4 de Janeiro de 175 dade de organizar um plano para o arranjo de todas
grandes ordenados para si, e para os seus emprega as Secretarias, que concilie o interesse da fazenda com
dos: e tendo successivamente cuidado em melhorar a o do expediente, o qual oferece no seguinte projecto
sorte destes á custa do publico com o angmento de de decreto. E julga ser do seu dever o propôr que
emolumentos, já mais cogitárão fixar por uma lei o por outro decreto se organize definitivamente a Se
numero, e requesitos de seus oficiaes, a natureza do cretaria das Cortes, encarregando-se aos Seuhores Se
emprego. e a qualidade de serviço, a que devião ser: cretarios, on á Commissão encarregada de formalizar
obrigados. Poderão por isso sempre a seu arbitrio o regulamento interior das Cortes, de o propôr, para
• [ 397 J
que a Commissão de fazenda possa igualmente dar º .dos aquelles oficiaes actuaes da Secreturia de qual
St:U parecer. quer graduação, que ou por aposentados, ou por im
-
As Cortes, etc., querendo evitar as irregularida -possibilitados por molestias chronieas, ou por falta de
des que actualmente se observão no serviço das Se capacidade, e devida aptidão e actividade, não fo
cretarias de Estado, e facultar aos Ministros Secre rem comprehendidos nas novas nomeações e escolha
tarios de Estado a livre escolha dos empregados, que que os ministros vão fazer conforme este decreto, com
com elles devem servir, de modo que ao mesmo tem declaração porém, que isto se entende sómente a res
po se possa conciliar a responsabilidade dos Ministros peito dos officiaes das Secretarias de Estado de Lis
pelos seus empregados com a attenção que merece a boa, e dos que regressárão do Rio de Janeiro por o -
economia da fazenda nacional, e a justa considera _dem suprior até 31 de Outubro de 1821, com tanto
ção qne por equidade se deve haver com os actuaes que uns e outros tenhão mais de quatro annos de ser
empregados das mesmas Secretarias: decretão o se viço, e que n㺠tenhão outro emprego publico.
guinte: + -
- º O que sobrar se dividirá em cinco partes, qua
1 O Thesouro nacional dará mensalmente para tro das quaes se repartirão, igualmente pelos officiacs
toda a despeza das Secretarias a quantia de 4.0003 maiores, e officiaes de todas as Secretarias, e uma
réis, que som mão por anno 48.0003 réis, quantia pelos empregados das extinctas Secretarias militares,
que fica constante, e unicamente taxada para este que se achão annexos á Secretaria de guerra; cessando
objecto. * * - com isso o vencimento que tinhão pelo Commissaria
2 Ssrá repartida, pela fórma seguinte: á Secreta do a titulo de rações de forragens, e pela Thesoura
ria de Estado dos negocios da guerra .. 9:400,3000 ria a título de gratificações; ficando tanto os milita
A saber: para um, oficial * * res, como os paizanos recebendo por esta ultima re
maior . . . . 1:000$000 partição unicamente o vencimento de soldo.
, Para 13 oficiaes | - -
6. Os seis oficiaes maiores das seis Secretarias de
a razão de 6003 - Estado constituirão uma junta administrativa, que
|-
réis ... ; • " • •
78003000 terá a seu cargo fiscalizar, arrecadar, e distribuir
Para um porteiro 6003000 - mensalmente tanto a consignação com que o Thesou
.ro concorre, como os emolumentos, producto do Dia
* , 9.4003000 -Ilo, e os vencimentos que por vagatura accrescerem
lá,massa geral, Elles nomearão d'entre si um director,
:Para a Secretaria idos negocios da ma- . . e um thesoureiro, e um escrivão de receita e despeza,
… rinha o mesmo. . . . ... ; : ;, ... 9:4003000 -de modo que se evite qualquer extravio, e as contas
-Para a Secretaria dos negocios do Rei-, * * * * * * * -sejão escrituradas de maneira que possão publicar-se
e no o mesmo . . . . ..…. , . - - , . 9:400,3000 .impressas em balanços semestres, e fique ao alcance
Para a Secretaria dos negocios da justi- , , de qualquer dos interessados o verificalas. Aº mesma
ça o mesmo . . . . . . . . . . 9:4003000 junta incumbe o fiscalizar e regular tudo o que disser
Para a Secretaria dos negocios da fa- respeito ao Diario do Governo, como antes o -
fazião
zenda . . . . . . . . . . . . 6:2000300 - os officiaes da Secretaria que o administravão.
A saber: para um official , - 7. Os Secretarios de Estado que actualmente ser
maior . . . 1:000,3000 1
vem, assim como os que ao diante servirem, pode
Para 6 oficiaes a * ** *
rão livremente escolher e nomear para occupar os dif
6003000 réis . 3.6003000 _ferentes lugares das suas respectivas Secretarias as
Para um porteiro -600,3000 ** pessoas que mais idoneas Ihes parecerem; e por isso
e ficão por ellas responsaveis.
5:2003000 º : 8. Poderão os mesmos Secretarios de Estado, se
assim o julgarem conveniente, nomear dois officiaes
Para a Secretaria dos negocios estran com o ordenado de 3003 réis em lugar de um de
geiros . . . . . . . . . . . - 6:2003000 6003 réis, e estes receberão na divisão da massa ge
ral só metade, na mesma proporção do ordenado.
48.000$000 | 9 Dependerá inteiramente do arbitrio dos minis
, tros Secretarios de Estado o continuarem os empre
E distribuida pelos respectivos oficiaes, logo que gados no serviço das Secretarias para que forem no
se receber no Thesouro nacional, sem abatimento de meados; podendo ser demittidos por eles sempre que
decima. o julgarem conveniente ao serviço publico, sem que
3 Todos os emolumentos que actualmente se pa por isso se lhe deva indemnização, ou remuneração
gão nas diferentes Secretarias, de qualquer natureza alguma. Mas não poderão ser novamente admittidos
ou denominação que sejão, e o producto liquido do pelo ministro que os demittiu. O que se entende só
Diario do Governo, entrarão em um cofre commum, mente em quanto aos officiaes que novamente forem
pois que se considerão como massa geral pertencente nomeados: e em quanto aos actuaes, se forem ao fu
a todas as Secretarias. turo demittidos, gozarão do mesmo beneficio do arti
4 Delle se deduzirão: 1°. todas as despezas do ex go 4, nos termos delle declarados.
pediente, papel, pennas, tinta, e mais miudezas: 10 Os officiaes e empregados das Secretarias não
2.° mezadas, a razão de 4003 réis por anno, a to poderão servir outro algum emprego publico: e logo
[ 398 ] **
que isso se saiba, serão considerados como demitti tia levar-nos-ha a dar de mais, ou a dar de menos,
dos dos lugares que servião nas mesmas Secretarias. e quando isto não aconteça, accertaremos casualmen
II Aos Secretarios de Estado incumbe o forma te. He por tanto o meu voto, que se discuta primei
Tem o plano do regulamento interior das suas Secre ramente qual deva ser o numero, e qual o ordenado,
tarias, assim como a distribuição dos trabalhos. E e que se examine a final se o thesouro poderá com
quando a afluencia de negocios ém uma Secretaria tal despeza, e então sanccionala, e não já, como se
exigir o emprego de maior numero de officiaes, po propõe no projecto.
derão valer-se dos officiaes menos óccupados nas ou O Sr. Soares Franco: — Eu creio que será ne
tras Secretarias, o que será regulado pelo conselho cessario primeiro discutir-se o segundo artigo. Elles
de ministros. Observando-se como regra que em ca tinhão d’ordenado 7003 réis, e pagando a decima,
sos de urgencia todos os officiaes se devem considerar ficava-lhe 6303 réis; e por isso me parece, que o
como pretencendo a uma só Secretaria. melhor será deixalos como estavão pagando a decima.
12. Em cada uma das Secretaaias haverá um cor O Sr. Villela: — Sr. Presidente. Quando se faz
reío fixo, que servirá de continuo, além dos emais uma reforma em qualquer corporação, deve nesta ha
correios que forem precisos para a condução de or ver a mesma igualdade para com todos os seus indi
dens, que todos serão pagos pelo cofre do Correio viduos. Ora no presente plano reparo que os oficiaes
Geral. das secretarias passão a ter menos ordenado, e que
Sala das Cortes em 28 de Janeirô de 1822. -- este se aumenta ao oficial maior, e ao porteiro; pois
Francisco Barroso Pereira, Francisco Xavier Mon que tirando-se a decima a uns, e outros, e passando
teiro, Rodrigo Ribeiro Telles da Silva, José Fer aquelles de 7003 réis annuaes a 6003 réis, o dite
reira Borges, Francisco de Paula Travassos. oficial maior, e o porteiro se conservão nos mesmos
O Sr. Marcos Antonio de Souza: — Sr. Prest ordenados que tinhão; de sorte que accresce ao pri
dente esta regulação parece-me ofensiva aos direitos meiro 1003 réis, e ao segundo 60,5 réis. Nisto com
dos officiaes de secretaria; direitos digo, já adquiri efeito ha desigualdade de justiça. Consequentemente
'dos, pois que cada um destes officiaes foi legalmente ou a reforma seja para todos; ou antes como diz o
nomeado, e estava na posse de gozar certos ordena Sr. Soares Franco, e he tambem o meu voto, con
dos, e emolumentos; cujos emolumentos montados tinuem com os mesmos ordenados pela fórma que re
com o ordenado, constituião uma somma maior do que cebião; até porque nesta parte he insignificante a
esta. Parece-me pois que privar estes oficiaes de um economia. (Apoiado apoiado).
direito que elles tinhão adquirido, qual a nomeação O Sr. Xavier Monteiro : — Dura cousa he por
para os empregos das diferentes secretarias; he ofen certo intentar, e efeituar refórmas; e posto que isto se
der a justiça que tinhão adquirido esses mesmos offi ja um dos principaes desempenhos que nos commettê
ciaes. Ora se estes officiaes possuião o direito de go rão os nossos constituintes, occorrem porém todavia
zar maior ordenado do que este que está determina muitas difficuldades, porque refórma em que os re
do; parece-me que justamente não podem ser priva formados não tenhão de mover a piedade dos que
dos deste direito. Por outra parte vejo no artigo 3.° hão de decidir a causa, ainda não appareceu; eis o
(leu). Não me parece isto conforme com a justiça des que succede agora com os officiaes de seeretaria, os
tribuitiva; porque eu creio que cada uma das secre quaes amargamente se queixão da refórma. O illustre
tarias tem díferente trabalho. Por consequencia digo, Preopinante, não se deu ao trabalho de responder ao
que não me parece justo, que estes emolumentos que preambulo do projecto, o qual expõe os trabalhos das
são preços do trabalho pessoal, personalissimo, (dei secretarias, e o estado em que ellas se achão. Uma
xem-me assim dizer) sejão reduzidos a uma massage vez pois, que se não reforme esta repartição, deixa
ral, para serem distribuidos pelos oficiaes das outras se progredir um grande abuso: eu sei que isto he pe
secretarias, que não tem igual trabalho. Em quanto noso, e que elles se queixão; mas nem por isso alle
ao producto do Diario do Governo, digo que isto he gão melhores razões que os outros que estão no mes
trabalho pessoal desses oficiaes de secretaria, que se mo caso. Em quanto aos ordenados, disse o primeiro
occupão ém fazer este Diario; e por isso me parece Preopinante, que estavão na posse pacifica; mas se
que o producto deste Diario não deve ser repartido olharmos a isso, os que vivião de direitos banaes,
por # os officiaes, mas sim por aquelles que tra coutadas, e etc. tinhão posse igualmente pacifica: e
balhão nelle. Eu não conheço nenhum dos officiaes daqui se segue, que todas as refórmas que nós temos
de Secretaria, nem nunca os vi, mas a minha razão feito, são injustas, ainda que a utilidade publica di
he quem me dicta, que o soldo, ou paga deve ser ga o contrario. Como a generalidade deste argumen
conforme o trabalho; e tambem que o producto do to he de pouca força, por isso não me demorarei a
Diario seja repartido sómente por aquelles que o fa refutalo. Em quanto ao que disse outro illustre Preo
zem. Isto posto, digo, que este projecto não deve pinante, que sofrem detrimento ainda mesmo deixan
passar nesta parte, como se acha; e sim, que sejão do de pagar a decima: a Commissão reflectiu, que
conservados como até qui. |-
não havia nada mais superfluo, e illusorio do que di
O Sr. Maldonado: — O projecto commeça esta zer a um empregado, terás de ordenado 700,3000 rs.
belecendo a quantia que se destina para as secretarias; = deixa cá 703000 rs. da decima = operação que
parece-me que primeiro se deveria discutir o ordena augmenta a escripturação do thesouro, e a torna mais
do que cada oficial deve receber; e qual deve ser o complicada. Vamos agora vêr o estado em que se
numero delles, pois commeçar por sanccionar a quan achão os officiaes de secretaria: elles tem 700$000
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is, de ordenado, mas estão atrazados tres quarteis, e que se lhes faça uma injustiça, eles sugeitarão-se oa
recebem dois terços em papel. Ora, qual delles não este emprego por um contracto que fizerão com o
quererá receber antes 50.000 rs. mensalmente bem pa Estado; parece-me pois que tendo havido, este con
gos, o que infallivelmente succederá saindo a consi tracto entre o empregado do Estado, "n㺠póde de
gnação do erario sem dependencia da thesouraria dos modo algum os Estado minorar-lhe estes ordenados
ordenados. Elles certamente preferirão este pagamenº sem ofender…ajustiça, nestes empregados (em "sa
to, e immediatamente melhorarão. Não se fez a mes crificado os seus serviços mesmo nas Secretarias, de
ma reducção ao official maior, e porteiro, por ser um sorte que este ordenado ainda º he pequeno em com
só em cada repartição. Mas se o Congresso assentar pensação do seu trabalho: pois então como "hão de
que se lhe deve tirar, eu não me opponho a isso; e ainda ser privados delles? Emborar se lhe privem os
se se quizer reduzir o oficial maior a 9003000 rs., emolumontos, mas serem privados dos 7003000 réis
e o porteiro a 6003000 rs., convirei, apezar de que de ordenado que o Estado se tinha obrigado a dar a
isto produz muito pouca diferença, e vai alterar a cada um delles não posso conceber como seja esta jus
quantia regular destinada para a mezada: para evi tiça. Portanto parece-me ser um direito inauferivel,
tar isso, he que a Commissão tomou essa medida. um direito fundado em justiça natural, um direito dó
Entretanto o Congresso deve providenciar de maneira qual eles não podem ser privados por uma reforma,
que saia regularmente do thesouro determinada quan sem que se ofenda a justiça. Por outra parte estés
tia para este objecto. O Estado nunca póde ser bem officiaesº de Secretaria precisão apparecer º com ornato
governado, em quanto não fixar as quotas, que de decente diante dos ministros de Estado, e agora to=
vem ser destinadas ás diversas repartiçôes, e em quan das as cousas estão muito caras, como se quer fazer
to ficar a despeza ao arbitrio de cada uma delas: es uma reforuna! Eu não posso conceber isto. "Eu de
te he o mçu voto. claro que não conheço nenhum destes officiaes de Set
O Sr. Serpa Machado: — Eu estou persuadido cretaria, porém a minha razão, e d justiça natural;
que a principal base da reforma neste particular, he he quem me dita fazer estas reflexões a este respeito,
a da economia, e fazer que os Secretarios preenchão pois he isto que eu venho aqui defender. Eu não fa=
os seus fins. Acho-me por tanto conforme com a ópiº ço mais do que pugnar pelos seus direitos, o mesmo
nião da Commissão em quanto reconhece com prin que faria pelos do mais inferior da monarquia portu
cipal fundamento; primeiro marcar o numero dos gueza. Torno a repetir fulo nesta materia sem conhe
seus officiaes ; segundo marcar os seus ordenados. cer nenhum destes empregados; embora sejão cohibi
Pelo que pertence ao oudenado assento eu que seria dos os exoessos, isso concedo, porque não deve haver
preciso decidir antes outro principio. Vejo que diz emolumentos arbitrarios, mas serem privados d’aquel
em baixo do projecto que estes officiaes serão amovi les ordenados que percebem por serem oficiaes de Sea
veis nos seus empregos pelos ministros: se este prin cretarias; serem privados d’aquelles ordenados a que
cipio passar: digo que os ordenados devem ser maio elles tem direito porterem prestado os seus serviços ao
tes para recompensalos do risco, e da incerteza, que mesmo Estado, isso lhe que acho uma injustiça mani.
se sómente podessem ser removidos por delictos ou festa; e esta he a minha opinião, que lhe sejão con
por algumas daquelas causas extraordinarias em que servados os seus ordenados de 700,3000 réis..…………
o poder executivo assim o julgasse conveniente, por O Sr. Soares de Azevedo: - Quantas devem
isso digo neste caso que os ordenados que elles tem ser as secretarias lá eu sei; porque estão determina
me parecem insuficientes, e que se devem augmentar das na Constituição.… Quantos devem-ser, os empre
muito mais; ahàs estes empregados, estão em um ris gados? Não sei. Isto mesmo aconteceu em Hespanha
co de prevaricação. Em quanto á outra parte; res quando se tratou deste objecto, tambem as Cortes se
, peito ao numero dos oficiaes, eu não sei que o Con virão embaraçadas: por consequencia eu da minha
gresso possa tomar deliberação sem que se oução ºs parte, parece-me que não posso votar sem que pri
Secretarios de Estado das diferentes repartições, e por meiro veja, pouco mais ou menos, qual deve ser o
isso assento que se faz preciso para esta discussão ou numero dos empregados; por outra parte não me pa
a presença delles, ou as informações que eles manda rece muito conveniente que todos os empregados nas
rem sobre este objecto: em quanto ao mais reservo-me secretarias tenhão um igual ordenado como por exem
para fazer as minhas reflexões em tempo competente. plo: um official que entra de novo, que vá logo ven
O Sr. Barroso : — Como o illustre Preopinante eer tanto como outro que já está a muito tempo: es
duvida sobre as informações que derão os ministros a tas são duas reflexões que tenho a fazer.
este respeito: eu peço licença para as ler. (Leu-as). O Sr. Xavier JMonteiro, leu o artigo 8.° e
O Sr. Andrade: — O que eu cria era que a Com disse: a Commissão teve isso em vista, pois que a
missão dissesse em que se fundou para marcar o nu experiencia tem mostrado que em todas as reparti
mero dos oficiaes das Secretarias, porque na verdade ções logo que os empregados tem certos grandes ven
estamos com os olhos fechados a este respeito. cimentos fazem-se ociosos e descuidados, e por isso a
O Sr. Marcos .Antonio: — Eu declaro muito so Commissão deu essa faculdade aos secretarios.
lemnemente perante esta illustre Assembléa, que os O Sr. Trigoso: — Sr. Presidente: este artigo 2.°
meus constituintes me não derão os poderes para fa trata de duas cousas: primeira do numero dos oficiaes
zer reformas que ofendão os direitos de alguem. Os das secretarias: segunda dos seus ordenados: tratarei
oficiaes de Secretaria uma vez que começárão a ser primeiramente de cada uma. Em quanto ao numero
vir por 7003 réis não podem ser privados deles sem dos oficiaes de secretaria parece-me, que o Congres
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vo não póde já decidir qual deve ser; o Congresso camente a uma secretaria, e fazer sómente uma cº
mandou ouvir sobre isto aos secretarios d'Estado, pecie de trabalho, e quando este pára, não fazerem na
e estes segundo a informação lida pelo Sr. Barrºsa da. Este he um abuso que dá trabalho para ser des
exigião um numero prodigioso, a Commissão apresen truido, como todos os abusos, mas que he necessario
1a agora este projecto o qual o diminue muito do nu remediar; porque no estado em que se acha a nação
mero. Nós não sabemos com efeito que dados teve a não he justo nem util que continuem tantos empre
Coum ssão em vista para reduzir o numero de-em gados com grandes vencimentos sem terem trabalho
prega los que pedião, os secretarios d'Estado, estes da proporcional. Citão-se os exemplos de Hespanha: se
doso me parece que com razão alguas… Deputados os ria necessario saber primeiro se nisso obrou bem, o
tem, pedido: o numero que pedem os ministros he ex que se não mostra; convem igualmente advertir que
cessivo, mas me parece que he diminuto o que a se as reformas dos empregados dependem de planos
Commissão propõe, e tambem eu não percebo como que o Poder executivo apresente , nunca se farão;
está feita esta reducção; porque a Comtnissão quer, porque o fito e a intenção dos secretarios de Estado
que a secretaria de guerra, que tem bastante que he ter muitos empregados, para terem muito quem
despachar, tenha 13 oficiaes, e que a de marinha, dependa delles : he necessario não desconhecer este
que julgo, que não tem tanto, tenha igualmente 13. principio. Disse o Sr. Trigoso que lhe parecião pou
Não sei porque tendo a secretaria dos negocios do Rei cos os oficiaes empregados no ministerio da fazenda,
no até agora 21, officiaes, dividido agora em duas com respeito ao do dos negocios estrangeiros, porque
segretarias ha de ter 26. Não sei porque a secretaria lhe parecia que aquella repartição tinha mais traba
da fazenda ha de ter 6 oficiaes como a dos Negocios lho; he necessario tambem que se saiba, que uma
estrangeiros, que julgo tem muito menos expediente. grande parte dos trabalhos da secretaria da fazenda he
Em consequencia me parece que ha excesso na infor desempenhado pelos oficiaes do erario, os quaes ven
mação dos ministros; mas me parece tambem que não cendo menos que os officiaes de secretaria, tendo ou
na muita coherencia na da Commissão; seria neces tras habilitaçôes, e outros trabalhos, não tem tanto
sario pois que a Commissão desse as razões em que quêm os proteja, porque não são tão fidalgos. Na re
se fundou, e que os ministros fossem ouvidos, e isto partição da fazenda, eoir quatro ou cinco oficiaes
até por uma obvia razão; porque se sem consultalos qualquer ministro habil faz todo o trabalho; apesar
saísse, um decreto sobre a reducção dos empregados disso a Commissão destinou-lhe um numero maior,
das suas secretarias, ámanhã, a marcha dos negocios e assentou que seis efectivos farião mais que os doze
poderia não ír bem, e acharião escusa em que se lhe não que actualmente existem. Apesar de que eu o julgo
tinha dado o numero de officiaes conveniente. Pare desnecessario, se alguns Srs. pretendem ouvir os mi
ce-me por tanto, que se devem ouvir os ministros, nistros novamente, não me opponho a que assistão á
e que a Commissão, antes de que sejão ouvidos, de discussão,
ve reflectir sobre o que tenho dito, se o julga conve O Sr. Trigoso: — Eu dezejava dar, ou pedir,
niente; para fazer sobre o seu plano alteração. Em uma satisfação, ao honrado membro. Quando eu me
quanto aos ordenados eu sou contra o parecer da Comº servi do argumento que os officiaes da secretaria da
missão; porque em fim a diferença he só de 303 Fazenda erão seis, e os officiaes da secretaria dos nego
réis, e não me parece que isto mereça fazer-se uma cios estrangeiros erão seis, não se segue que eu acuse
reforma. Os nossos constituintes nos mandárão fazer um por diminuto, acuzo-o por excessivo, queria dizer
reformas em estabelecimentos, mas não em ordenados que os oficiaes da secretaria dos negocios estrangeiros
que só excedem de 30,5 réis. Entre tanto não vejo erão muitos. Disse o honrado membro que eu defendia
qual seja a razão da preferencia dos officiaes das se a causa dos fidalgos; pareceme que isso foi muito pou
cretarias para não pagarem decima, quando se con 'ca reflexão do honrado membro. O que digo muito
vem, se póde fazer um decreto geral para todos os expressamente, para que o honrado membro não faça
que se achão no mesmo caso, •
odiosas as minhas reflexões dizendo que eu advogo a
O Sr. Xavier Monteiro: — Tem-se pedido infor causa dos fidalgos, mas essa resposta parece-me muito
mações á Commissão, he necassario dalas, para que facil de resolver: disse elle que agora passando a re
se não julgue que procedeu sem razão alguma. A pri eeber 6003 reis vem a receber mais. Pergunto se vi
meira cousa que se pergunta he, porque alterou o rão elles a ser mais bem pagos do que todos os em
plano dos mínistros: alterou-o porque o achou vicio pregados publicos! Percebem elles agora mais do que
so na sua origem; os ministros formárão o seu plano percebião até agora ! De certo que não, em conse
contando com uma divisão de negocios, que verda quencia parece-me que se lhe não melhora a sorte por
deiramente seria boa para facilidade do expediente, este methodo. Por consequencia não se pense que des
mas que he nociva aos interesses da nação pela des te modo se lhe aumenta os ordenados. Em quanto
necessaria despeza que causa: os ministros querião ao que agora se disse, que se lhe ha de pagar me
que cada official fosse destinado para uma só cousa, lhor , promette-lhe uma cousa que talvez não se
e a Commissão estabeleceu o seu plano, suppondo possa satisfazer: por estas rázões se prova que 6003
que alguns podessem trabalhar em todas, e podessem reis he muito menos de 7003.
ser requeridos, quando não tivessem que fazer n’uma O Sr. Pamplona: — Eu parece-me que esta dis
secretaria, para os trabalhos das outras em que fos cussão não póde progredir sem termos as informações
sem necessarias. Isto tem tido inconvenientes, porque que os Ministros fizerem. He preciso vêr se os que
os oficiaes desejão, como lhes convem, pertencer uni
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agora ficão, são sufficientes para fazer o trabalho que
gão quando se lhe perguntar que numero de officiaes
he necessario, e por isso para votarmos com conheci precisão ! Certamente nem mais nem menos do que
mento de causa; necessitamos de saber as razões que já disserão, pena de serem contradictorios, ou pouco
os Ministros derão, e como dividirão os trabalhos. exactos. Supponhamos que eles disserão, dez officiaes
O Sr. Andrada: — He de summa necessidade que me serão precisos: hão de dizer agora; enganamo
os Secretarios de Estado assistão a esta discussão. Es nos, sejão só cinco ! Então para regatearmos com os
ta discussão de certo não póde progredir, sem que se ministros he que elles aqui devem ser chamados! Por
jão ouvidas as pessoas interessadas, que tem o conhe isto assento eu, que não he necessario que as Secreta
cimento pratico disto, eles he que nos hão de infor rias d'Estado aqui venhão. Isto não he fazer difficul
mar: e sem os conhecimentos que nos ministrarem, dades de proposito para que os ministros venhão ao
nada poderemos fazer, que preste; mormente quan Congresso; porém só quando as discussões senão po
do as bazes do projecto suppõem arranjos, que só dem tratar sem a sua presença. •
pódem julgar-se praticaveis á vista da experiencia O Sr. Camello Fortes: — Se acaso se admittir as
illustrada. . razões do Sr. Moura, então não se deve diminuir o
O Sr. Moura: — Eu defiro alguma cousa dos il numero, está visto que não se póde tirar numero, por
lustres Preopinantes que acabarão de falar cm quanto que elles já disserão os que precisavão.
a quererem, que os Ministros sejão ouvidos sobre um O Sr. Lino Coutinho: — A mim parece-me que
objecto em que já o forão: que nós nos occupemos generalizando tanto este negocio, trará comsigo al
em regular o numero dos officiaes, que pouco mais guns prejuisos. Os ministros derão a conta dos of
ou menos devem competir a cada secretaria, e daquel ficiaes que lhe erão precisos, sobre um plano de tra
la circunstancia que se fala no plano, de que passem balho que elles adoptárão, ou um plano de arranjo;
os officiaes de uma secretaria para outra quando fo mas a Commissão adoptou outro diferente, por con
rem precisos, entendo que deve ser, porém não sub sequencia está visto que tambem ha diferença entre
star a discussão do plano pela prezença dos Minis o numero. Ora ha de já este Congresso decuetar o nu
tros: perque a Assembléa ha de por ventura estar pe mero dos officiaes segundo a nova fórma que a Com
lo que os Ministros disserem ! Seguramente não; e missão quer estabelecer! Os ministros fizerão as suas
se não se ha de estar por aquilo que disserem, e elles obrigaçôes conforme os seus arranjos, agora que a
já forão ouvidos sobre o numero do oficiaes qne exi Commissão apresenta outro methodo he preciso que
gem para as suas secretarias, que mais hão de dizer, os mesmos Secretarios de Estado, dêem uma nova
nem para que hão de vir! Chatnão-se aqui para se lista conforme o plano que a Commissão propõe, is
estar regateando com elles o numero de officiaes que to não he regatear com os Secretarios de Estado co
querem ou não querem ! Parece-me que não tratamos mo disse o illustre Preopinante. Os Secretarios de
de fazer outra cousa. Estado conforme o seu plano disserão os oficiaes que
O Sr. Pinheiro d'Azevedo: — Eu julgo que he precisavão; a Commissão descobriu o meio mais fa
necessario que se oução os Ministros outra vez, por cil do se poder fazer o serviço com menos gente, de
que tendo elles já informado e proposto o numero de ve-se apresentar como hei dito este plano proposto
oficiaes, que julgarão indespensaveis para o expediente; pela Commissão aos Secretarios de Estado; para que
e diminuindo-se agora tão consideravelmente esse nu elles vejão se com efeito se póde fazer o trabalho da
mero proposto, devemos eom toda a razão recear que maneira que a Commissão propõe, porque a mim pa
não possão com tão poucos expedir os negocios que rece-me que os oficiaes devem ser proporcionados aos
estão a seu cargo como convém: por tanto he neces trabalhos que podem apparecer em cada um dos ex
sario que outra vez sejão ouvidos os Ministros, mas pedientes. Diz-se, isto está prevenido quando se diz
por escrito, pois a vinda de algum delles ao Congres que os officiaes de umas repartições passão para ou
º para esse fim parece escusada por inutil. tras. Desenganemo-nos que nenhum homem póde ser
O Sr. Pamplona: — Eu não quero de modo ne sciente de todas as repartições; e he preciso que os
nhum que os Ministros venhão regatcar com o Con oficiaes saibão trabalhar nas repartições que lhe com
gresso, como acaba de dizer o Sr. Moura; porém di petem. Como póde um oficial do expediente da ma
go que elles fizerão a sua proposição, e que como el rinha passar a escrever no expediente do interior! To
les são responsaveis se o expediente não for bem, e dos sabem as difficuldades que isto tem.
podem então dizer que a culpa he de se lhe não ter O Sr. Guerreiro: — Os negocios cada vez são
dado o numero sufficiente de operarios, para evitar maiores, e o numero dos empregados deve ser propor
isto he, que eu digo que elles devem vir assistir a esta cionado. Desta afluencia de negocios ninguem me
discussão, porque então ouvindo o Congresso as ra lhor conhece do que os secretarios de Estado, nin
zões dos Ministros, e as razões da Commissão melhor guem melhor do que elles póde julgar quantos lhe são
se poderão decidir. A economia não he gastar pouco, precisos. Os secretarios de Estado já expressárão o
he gastar só o que he preciso. numero dos empregados que precisavão para cada
O Sr. Moura: — Eu tenho que fazer uma refle uma das repartiçôes, e nós não temos senão dois par
xão ao que disse o Sr. Pamplona. Parece-me que tidos a escolher: ou conceder-se-lhe o numero que el
não era necessario para uma cousa tão simples que les pedem:" ou dizer-se então aos ministros que não
os Secretarios d'Estado fossem tornados a ouvir. Os tendo as Cortes julgado a proposito a lista que elles
ministros ja derão a razão porque precisavão este nu dérão, ordenão que cada um delles proponha uma
mero de officiaes. Que se espera agora que elles di nova organização.
Eee
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O Sr. Rodrigo Ferreira da Costa: — O objecto partições em virtude da ordem das Cortes que devião
principal deste projecto he a organização das secreta dar cada uma das secretarias. Os ministros juntárão
rias do Governo. Ainda que nestas secretarias se se todos, e fizerão concelho sobre quaes devião ser os
achem oficiaes militares, he cousa accidental, e de seus trabalhos geraes: todos elles tomárão por base a
que póde tratar-se em separado. Por tanto não con divisão dos trabalhos por exemplo, dividírão as suas
sidero essencial olhar-se primeiro para o destino, e pá secretarias em quatro partes que vem a ser, 24 offi
ra os vencimentos dos officiaes do exercito alí empre ciaes ordinarios, 4 oficiaes maiores, 1 porteiro, e F
gados, pois isto póde decidir-se depois: como tam guarda livros! 4 chefes em uma repartição he cousa
bem se elles hão de ter gratificações, ou não; e se hão que não posso entender. . . . . .
de perceber alguma parte, resultante dos emolumen O Sr. Manoel Antonio de Carvalho: — Atten
tos geraes das secretarias. Em quanto aos ordenados dendo ás grandes despezas, que fazem estas repartições
eu sigo proximamente o parecer da Commissão. Creio he preciso que não façamos agora secretarias gigan
que seiscentos mil réis he bastante para os oficiaes tescas e compostas de uma immensidade de emprega
das secretarias, uma vez que não devão pagar a de dos. Nós estamos em tempo constitucional, e estamos
cima: e he melhor, que saibão com certeza, que tem faltos de meios: he necessario que os empregados pu
essa quantidade fixa, do que prometter-lhes 7003000 blicos trabalhem. He um luxo o que se acaba de di
rs., e dar-lhes só 6303 rs. Pelo que pertence aos of zer: uma secretaria com quatro officiaes maiores! Não
ficiaes maiores destas secretarias, creio que ficão bem deve haver senão um , e que tenha o seu competente
com novecentos mil réis, que he tanto como tinhão ordenado. Aquelles officiaes, que são empregados em
até agora. E tambem convenho, que aos porteiros se cousas de muita consideração devem ter os seis centos
dêm quinhentos, ou quinbentos e quarenta mil réis, mil réis: mas os outros, cujo trabalho he de menos
importancia, não devem de maneira nenhuma ter º
pois he bastante, e deve haver diferença entre elles e
os oficiaes das secretarias. Agora sobre que vejo o mesmo ordenado. Além disso he preciso, que asse
Congresso mais perplexo he ácerca do numeeo de of cretarias tenhão simplesmente aquelles officiaes, que
ficiaes que ha de haver etn cada secretaria. Sobre is são necessarios para o seu expediente: e as que forem
to poderei dizer alguma cousa por conhecimento de encarregadas de trabalhos de grande consequencia de
facto, e experiencia por mais de nove annos na se vem ter maiores ordenados do que os outros. Por isso
cretaria geral do exercito. Esta secretaria correspon eu quizera, que nós mandassemos chamar aqui os
dia-se com todo o exercito, com os inspectores das ministros, ou que se lhes mandasse perguntar; quaes
armas, generaes de provincia, generaes de divisão e são as bases das suas proposições, porque nós estamºs
brigada, commandantes de corpos: correspondia-se em um Governo constitucional, cujo ponto essencial
com muitas autoridades civis, com a auditoria geral lhe a economia...... Estou com a sentença do poe
do exercito, com as repartições do fysico mór, e ci ta, que diz parvo vivitur bene.
rurgião mór, com o commissariado, com o capelão He preciso que se lhes dê de comer decentemente:
mór do exercito, etc.: em fim, tinha uma correspon mas he tambem necessario que elles trabalhem, e que
dencia muito activa. Todavia erão sómente na dita com o suor do seu rosto ganhem o premio dos seus
secretaria, um secretario, seis officiaes de secretaria, trabalhos. He preciso que não se dêm ordenados º
dois oficiaes assistentes, e quatro escriturarios: e por homens que ás vezes quanto mais ganhão menos tra
mais que se accumulasse o trabalho, sempre os ditos balhão. Por tanto devemos igualar a despeza á re
empregados derão expedição a tudo. Eu creio que ceita: e os meios que tenho aqui ouvido propôr, aze
quando os trabalhos de uma secretaria se re, artein, dão, e afligem: e a economia he a base necessaria
e se dirigem bem, designando gente para os diferen de um governo constitucional.
tes negocios, segundo a sua afluencia, com pouco O Sr. Gucrreiro leu a sua emenda, e remetteu-º
numero de empregados assiduos, e que gostem de tra para a meza. •
balhar, se vence tudo. Entretanto não duvido, que O Sr. Alves do Rio: — Devem-se propôr mais
para as secretarias de que tratamos se augmente o algumas bases do que as que propõe o Sr. Guerreirº:
maaimum até quinze. eu quizera que houvessem emanuenses que servissem
O Sr. Presidente: — Proponho: se se approva em todas as secretarias, e que podessem passar de umaº
que fique addiado ! a outras quando fossem chamados; porque deste mº"
O Sr. Camello Fortes: — Nós não tratamos de do combinava-se melhor o trabalho; e he preciso neº
os chamar para elles decidirem; eu sou um que a este mo que se faça diferença entre emanuenses, c ofi
respeito não sei nada, por isso digo que devem vir; ciaes de secretaria.
isto he, para esclarecimento, que he para que se cha O Sr. Presidente: — Proponho o adiamento do
ma, e não he para mais nada. 1.º, e 2.° artigo do projecto! Foi approvado.
O Sr. Guerreiro: — Eu creio que não haverá O mesmo Sr. Presidente leu depois a emenda dº
Sr. Guerreiro. •
ficar para se apresentar na primeira occasião que fôr O Sr. Moura: — Que se pregunte ao Rei a ra
possivel. (Assim se decidiu). zão porque escolhen um ou outro, isso he anti-con
O Sr. Ribeiro de Andrade apresenton as seguin stitucional; o Rei he livre na escolha, esta ho a prero
tes gativa que ninguem lhe póde contestar. Agora que se
IN D 1 c Ações. pregunte ao Conselho a razão ou modo porque fez a
sua proposta, nisso tambem convenho, até para que
Sendo muito escandalosas as preterições praticadas elle tenha lugar de pôr patente os fundamentos le
pelo Ministro e Secretario de justiça na organisação gaes da sua proposta, e a sem razão com que he ac
da relação do Rio de Janeiro, e a conservação nella cusado.
de magistrados indignos da confiança publica, e de O Sr. Trigoso: — Em quanto á primeira, por
mandando-se o preciso conhecimento dos motivos de que se escolheu este ou aquelle, não póde haver du
sua conducta para contra elle se fazer efectiva a sua vida nenhuma. ElRei se escolheu foi porque quiz:
responsabilidade na fórma do capitulo 5 artigo 133 da agora a respeito da segunda, tambem tenho alguma
Constituição, requeiro se lhe pergunte 1.° porque pre duvida; os Conselheiros de Estado tem uma responsa
texto o Dezembargador Felix Manoel da Silva Ma bilidade, e os ministros tem uma lei: quando se apre
chado, aggravista mais antigo daquella relação e ca senta a lei, e se apresenta o facto que está em contra
sa, de costumes os mais irreprehensiveis, e de exem dicção com a lei, então he o ministro responsavel; mas
plar limpesa de mãos, e admittiu, e conservou o De isto não he o que acontece neste caso: o dizer-se que
zembargador José Joaquim de Miranda e Horta, ag consta que houve bachareis que tinhão melhores in
gravista mais moderno que o primeiro, e da mais formações do que os que forão despachados . . . .
clamorosa e notoria venalidade: 2.° porque conservou o aquelles que quizessem fazer efectiva a responsabilida
Dezembargador João José da Veiga, de pessima no de do Conselho de Estado, he preciso que marquem,
meada em corrupção, e preteriu ao Dezembargador qual he a lei que está em contradicção ao facto; mas
JManoel Caetano de Almeida e Albuquerque, de co como não se mostra isto, não me parece que as indi
nhecida probidade, e luzes, bem que mais moderno cações estejão na razão de serem admissiveis: além
talvez do que o mencionado Veiga: 3." porque no disso os Conselheiros d'Estado são pessoas nomeadas
meou para Chanceller daquela casa ao Dezembarga pelas Cortes, e deve-se suppor que obrão conforme a
dor Francisco José Vieira, de fama equivoca, e es lei, ao menos tem muito mais presunção do que os mi
travagante moderno daquella, preferindo-o ao Dezem nistros; portanto não me parece que se deva estar aqui
bargador Sebastião Luiz Tinoco da Silva, Decano todos os dias com estas e outras similhantes indicações,
d'aggravos, varão de illibada honra, de respeitavel e em consequencia disso voto que não se admittão.
conducta, e da confiança geral da provincia, como O Sr. Lino Coutinho: — Sr. Presidente, he pre
se mostrou pela escolha que delle fizerão para membro ciso que nós distingamos a indicação da accusação:
da Junta provisoria. — O Deputado Antonio Carlos porque se indicação he o mesmo que accusação, en
Ribeiro de Andrade. •
ºções para a meza, e o Sr. Secretario Soares de Aze O Sr. Pamplona tambem se oppoz a que se pe
"do tornou-as a ler. dissem explicações, e disse que "#" obrar o
CC
[404 |
Governo, e se castigassem aquelles que estavão mu tenho duvida nenhuma, a Asssembléa fará o que en
nidos da autoridade quando elles delinquissem. > tender, com tanto que lá a respeito de se pedirem de
O Sr. Ribeiro de Andrade: — Eu retiro a mi clarações relativamente ás preterições, isso he que eu
não retiro. • -
nha indicação. . -
e do conselho de Estado, tudo irá como dantes. O Proponho segunda vez sem as causaes!
que vejo he o mesmo governo velho com nomes no Forão approvadas.
vos. Peção-se as explicações, pois pisto não se ataca O Sr. Villela: — Eu tenho aqui um parecer da
a dignidade do conselho, e serve de aclarar o nego Commissão de Marinha relativainente aos oficiaes de
cio. • - -
marinha da Bahia.
O Sr. Trigoso: — A mim parece-me que se pó O Sr. Presidente: — Isso como ha de admittir
de perguntar a razão por que se fez a proposta assim; discussão, será melhor que fique para outro ia.
mas sem caracterizar os magistrados. O Sr. Pereira do Carmo : — Sr. Presidente,
O Sr. Ribeiro de Andrade: — Isto foi para mos acha-se discutido o titulo do poder judiciario; por con
trar os que tinhão sido nomeados com menos antigui sequencia pedia eu, a V. Exc." que convidasse a Com
dade e nenhum merecimento. missão para eomeçar com o codigo criminal. (Foi
apoiado). •
um só homem; e por isso se cria uma Commissão jun Designou o Sr. Presidente para a ordem dº dia
[ 406 ]
a continuação do projecto da Constituição: e para a o desembargador Francisco José Vieira, preferindo-o
prolongação o projecto da reforma do exercito. ao desembargador Sebastião Luiz Tinoco da Silva. O
Levantou-se a sessão a hora do custume. — José que participo a V. Exc." para sua intelligencia e exe
Lino Coutinho Deputado Secretario. cuçao.
Deus guarde a V. Ex." Paço das Cortes em 7
REsoluções E ORDENS DAs CoRTEs. de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras,
Para João de Sousa Pinto de Magalhães. Para o mesmo.
As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
tes da Nação portugueza, concedem a V. S." licença tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
por tanto tempo quanto seja necessario para tratar do mandão remetter ao Governo o iucluso oficio da
restabelecimento da sua saude; esperando do seu co. Commissão do exame e melhoramento das cadeas da
nhecido zelo e amor da patria, que apenas seja pos camara de Moncorvo, em data de 21 de Fevereiro
sivel V. S." não dãixará de vir logo continuar neste proximo passado, acompanhando o resultado dos seus
soberano Congresso as funções de que # amente se exames, e averiguações sobre o objecto de sua incum
acha encarregado. O que participo a V. S." para sua bencia.
intelligencia. Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 7
Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 5 de de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
Em 7 de Março se passou igual licença ao Depu Para o mesmo.
tado Bernardo Antonio de Figueiredo.
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
Para Filippe Ferreira de Araujo e Castro. tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
mandão remetter ao Governo o incluso officio da jun
lIlustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor ta do Governo qrovisorio de Pernambuco em data
es "Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza de 18 de Janeiro proximo passado a companhando a
ordenão que lhes sejão transmittidas informações da copia da informaçõo a que mandára proceder pelo
Junta d'administração da companhia geral das vinhas desembargador Antonio José Osorio de Pina Leitão
do Alto Douro, sobre as utilidades, ou inconvenien para conhecimento das queixas que tivera contra o
tes que podem resultar de se permittir aos comprado desembargador Venancio Bernardino Ochôa.
res a livre permutação legal de embarque, por igual Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 7
numero de pipas de vinho separado. O qne V. Exc." de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras
levará ao conhecimento de Sua Magestade.
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 7 Para o mesmo.
de Março de 1822. — Jodo Baptista Felgueiras.
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
Para o mesmo. tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
ordenão que V. Exc." informe porque se mandárão
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. – As Cor pôr aconcurso entre os logares de letras da provincia
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza da Bahia sómente os de Jogoaripe e Marogogipe, e
mandão remetter ao Governo o incluso oficio da jun não os dos orfãos, e civel da cidade. O que participo
ta provisoria do Governo da provincia de Pernambu a V. Exc." para sua intelligencia e execução.
co, em data de 17 de Janeiro proximo passado, sobre Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 7
a necessidade de construcção de uma ponte nos rios de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
Bibiribi e capibaribe, e pedindo providencias sobre a
extracção do banco de arêa, denominado, Mosquei Para Candido José Xavier
TO.
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 7 Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. nas Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
mandão remetter ao Governo o officio incluso da jun
Para José da Silva Carvalho. ta do governo provisorio da provincia do Rio grande
do Norte, em data de 8 de Janeiro proximo passado,
Illustrsssimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor acompanhando o requerimento do tenente da fortaleza
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza do registo da entrada da barra daquella provincia
ordenão que V. Exc.° informe porque forão admitti André Matheus da Costa, em que pede a confirma
dos na organização da casa da supplicação do Rio de ção da patente do dito posto.
Janeiro os desembargadores José Joaquim de Miran Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 7
da e Horta, e João José da Veiga, excluidos os de de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
sembargadorres Felix Manoel da Silva Machado, e
Manoel Caetano de Almeida e Albuquerque, assim
como porque foi nomeado chancaller da referida casa
[ 407 |
Para o mesmo. carta que S. A. o Principe Real dirigiu a Sua Ma
gestade ElRei seu Pai, e que Sua Magestade havia
Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor mandado ao Sr. Presidente, para ser apresentada ao
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza soberano Congresso. Resolveu-se que se declarasse na
mandão remetter ao Governo o officio incluso da jun acta ter sido ouvida com especial agrado, e que se
ta do governo provisorio do Rio grande do Norte em respondesse a Sua Megestade na fórma praticada em
data de 8 de Janeiro proximo passado, acompanhan similhantes casos.
do um requerimento do tenente João Marques de Car O mesmo Sr. Secretario mencionou os seguintes
valho. oficios:
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 7 1.° Do Ministro dos negocios da justiça, remet
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. tendo uma consulta da junta do commercio, com os
trabalhos feitos pela commissão do melhoramento do
Para o mesmo. commercio creada em Melgaço. Passou á Commissão
de commercio.
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor 2.° Do Ministro da marinha, remettendo a con
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza sulta do conselho do almirantado, em que propõe os
trandão remetter ao Governo o officio incluso, e do inconvenientes que encontra na execução da carta de
cumentos que o acompanhão do major Manoel Perei lei de 9 de Novembro passado. Passou á Commissão
ra de Freitas datado na cidade de Natal em 4 de De de marinha. •
zembro de 2821. |
- 3.° Do mesmo Ministro, remettendo a parte do
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 7 registo do porto, tomado no dia 7 do presente ao
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. hiate portuguez Divina Providencia. Ficárão as Cor
tes inteiradas.
Para o mesmo. 4.° Do Ministro dos negocios da guerra, conce
bido nestes termos: — Illustrissimo e Excelentissimo
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor Senhor. Em officio de V. Exc." de 4 do corrente,
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza ordenão as Cortes Geraes e Extraordinarias da Na
mandão remetter ao Governo o incluso officio da jun ção portugueza que eu dê as informações necessarias:
ta do governo provisorio do Rio grande do Norte, 1.° sobre a admissão de tres medicos civis, para ser
em data de 17 de Dezembro de 1821, ácerca da du virem em alguns hospitaes regimentaes que forão des
vida que occureu sobre o abono do soldo de ajudante membrados dos que ficárão a cargo dos antigos me
de ordens da junta, ao tenente João Marques de Car dicos do exercito: 2.° sobre abonar-se ao ex-deputado
valho, sem prestação de fiança. graduado do ex-fisico mór do exercito o soldo da sua
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 7 graduação: 3." sobre haver-se abonado a Jose Vital
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. Gomes vinte mil réis mensaes desde 1815: e 4.° ao
tenente Joaquim Jose Annaya desde aquella mesma
Para Ignacio da Costa Quintella. época a gratificação de dez mil réis. Sobre o que te
nho a honra de participar a V. Exc. o seguinte, pa
Illustrissimo e Excelentissimo Senhor — As Cor ra que se sirva de o pôr na presença do augusto Con
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza gresso.
mandão remetter ao Governo o incluso officio e docu Que pelo que toca ao 1.° artigo, decretou o so
mentos que o acompanhão da junta provisoria do go berano Congresso, e fórma o paragrafo 2.° da carta
verno da provincia de Pernambuco, em data de 18 de de lei de 20 de Dezembro de 1821, qual ha de ser
de Janeiro proximo passado comunicando a chegada a gratificação que deve corresponder ao medico con
do comboy, que conduzia as tropas de Portugal, e o forme o numero de hospitaes de que se achar encarre
que a este respeito havia ocºurrido. gado, e na sua sabedoria, não achou então prudente
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 7 o mesmo Congresso decretar aquelle numero, o qual
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. segundo as circunstancias póde carecer de muitas mo
dificações: o Governo, usando da latitude, que lhe
Redactor — Velho, deixou a lei a este respeito, e regulando-se pelo exa
me reflectido dos deveres dos facultativos na direcção
actual dos hospitaes regimentaes muito mais penosos
do que erão no antigo systema de administração, e
combinando estes com o interesse que deve merecer ao
Estado o tratamento de uma classe tão importante
SESSÃO DE 8 DE MARÇO. dos seus cidadãos, tomou como base para a adminis
tração daquelles hospitaes não confiar a facultativo
algum mais de tres. Debaixo deste principio tem o
A… a Sessão, sob a presidencia do Sr. J^a- Governo executado com o maior escrupulo o dispos
rella, leu-se a acta da antecedente, que foi appro to no paragrafo 9.° da referida carta de lei, preferin
Vada. do sm todo o Reino os medicos do exercito a todos
O Sr. Secretario Felgueiras deu conta de uma os outros para o serviço daquelles hospitaes; e con
••
[ 408 |
trahimdo agora esta informação aos de Lisboa, por ser soldo da sua graduação, em caja conformidade se
a especie de que se trata, direi a V. Exc.", que não abriu na thesouraria o assento respectivo.
obstante ter o Governo intenção de convidar os me Finalmente quanto ao pagamento de vencimentos
dicos desta capital, que pretendessem encarregar-se atrazados feito a José Vital Gomes, e ao tenente
dos hospitaes regimentaes, a que remettessem á se Joaquim José Annaya, foi a Regencia do Reino que
cretaria de Estado dos negocios da guerra os seus no em portaria de 10 de Abril de 1821 reconheceu os
mes, o que foi com efeito no Diario do dia 25 de Ja direitos dos supplicantes: que os pagamentos dos ven
neiro, e devendo neste annuncio julgarem-se sem du cimentos atrazados lhes foi concedido em verificação
vida comprehendidos os medicos militares, com tudo daquelles direitos adquiridos e reconhecidos. e que a
levou o seu escrupulo até ae ponto de oficiar em 23 época foi marcada precisamente por aquella de que
do sobredito mez ao ex-fysico mór do exercito, or datão os serviços, dos quaes resultarão aquelles Ines
denando-lhe que perguntasse a cada um daquelles mos direitos. A ccrescentarei sóinente em abono da
medicos se queria, ou não concorrer á sobredita d s verdade, que esta restituição de justiça feita por S.
tribuição: foi então, e só então havidas aquellas res Magestade recaíu sobre duas pessoas de uma das quaes |
postas no dia 26, que o Governo procedeu á nomea provão a probidade, capacidade, e maneira porque
ção, e na conformidade do citado decreto paragrafo tem servido as informações do ex-ajudante general da
9.° preferiu nella os tres medicos militares que a is exercito, e do brigadeiro Bernardo Correa de Castro
so se prestárão não obstante o tom pouco decisivo das e Sepulveda, e da outra posso affirmar que além da
suas respostas; não contemplou o 4.", que se escusa sua probidade e bom serviço antigo, he hoje um dos
va de continuar este serviço, e distribuiu o resto dos officiaes de mais distincto merecimento no importan
hospitaes a tres dos outros concorrentes; a respeito te serviço de que nesta repartição se acha ha annos
dos quaes não he inutil àccrescentar que só me forão encarregado, e que o seu prestimo he geralmente re
recommendados pelos seus titulos, ou pela sua repu conhecido por todos os individuos empregados na mes
tação, que dois delles só os vi uma vez em audiencia na repartição, e ainda por muitos dos que tendo-o
publica, e que o terceiro nunca o vi, nem antes, nem sido em outros tempos se achão hoje em diferentes
depois de empregado. De tude exposto fica pois evi destinos.
dente que naquella distribuição não houve espoliação, Deus guarde V. Exe." Palacio de Queluz em 7
porque a lei não confere numero certo de hospitaes a de Março de 1822. — Illustrissimo e Excelentissi
cada facultativo, e não houve transgressão, porque mo Sr. João Baptista Felgueiras. — Candido José
não se empregou medico algum civil, em quanto não Xavier.
se empregárão todos os medicos militares, que o pre Foi mandado remetter para a Commissão especial
tendêrão. da nova organização do exercito, unindo-se a ella o
Pelo que respeita ao 2.° artigo, achava-se ha mui mesmo Sr. Deputado autor da indicação.
to impedido de exercer as funcções por graves moles Foi presente ás Cortes uma representação da ca
tias o ex-deputado do fysico mór do exercito, de mo mara da villa das Velas da ilha de S. Jorge, na qual
do que tendo este ultimo obtido licença para ir fazer depois de felicitar ao soberano Congresso, pede va
uso da agua das Caldas da Rainha em 1821 foi-lhe rias providencias proprias das attribuições do Gover
forçoso nomear para o substituir nas funções do seu no: por cuja razão se decidiu que pelo que pertence
emprego o medico do exercito Francisco José Maria á 1.° parte, se fizesse menção honrosa, e pelo que per
de Lima e Quina, porque o ex-deputado Antonio de tence á 2.", fosse remettida ao Governo.
Almeida Caldas continuava na sua molestia, como o Remetteu-se á Commissão de fazenda do Ultra
mesmo ex-fysico mór participou por esta secretaria de mar um offerecimento feito pelo cidadão José Lu
Estado em officio de 10 de Setembro do mesmo an dgero Gomes da Silva, de toda a legislação relativa
no: aquella substituição deu então lugar a uma ques ao banco do Rio de Janeiro.
tão de precedencias entre o referido doutor Quina, e Menciou-se uma conta do juiz do povo da ilha da
o ex-deputado do cirurgião mór do exercito Manoel Madeira, Agostinho Antonio de Gouvêa, sobre o
José da Rocha, sobre qual dos dois devia tomar a facto praticado na cidade do Funchal por uns pon
presidencia nas sessões da junta de saude dirigindo cos de oficiaes do batalhão de artilheria daquella ci
ambos a este respeito representações por esta Secreta dade contra o bacharel João Chrysostomo Espinoki
ria de Estado, e que apezar de terem sido decididas de Macedo. A este respeito disse
por portaria de 20 de Setembro acabárão finalmente O Sr. Castello Branco Manoel: — Eu já por
com prejuizo do serviço dos doentes, escusando-se muitas vezes me tenho aqui levantado para que se
aquelle ultimo em 15 de Outubro seguinte de assistir dem algumas providencias a respeito da ilha da Ma
ás referidas sessões com o pretexto de se achar nimia deira: não tenho sido altendido, e já se vão vendo
mente sobrecarregado de trabalho. as consequencias, e queira Deus que estas sejão as
Neste estado de cousas julgou Sua Magestade con ultimas; porém eu ainda espero algumas mais funes
veniente nomear a bem do serviço, que ainda então tas, e por isso digo que he necessario dar algumas
se achava pelo antigo systema de administração um providencias a este respeito para que não pareça tra
deputado graduado, que houvesse de substituir a no tar-se de resto uma tão interessante provincia.
toria impossibilidade do efectivo, e por isso mesmo O Sr. Pereira do Carno: — He necessario nãº
que o novo provido era destinado para entrar em deixar passar aquilo que diz o illustre Deputado; aqui
funcções, foi Sua Magestade servido conceder-lhe o não se trata de resto nenhuma das partes do nossº
vasto Imperio.
* [409 ]
O Sr. Castello Branco: — Devo lembrar a este ainda não está decidido, se haverá camaras, a quem
Soberano Congresso, que na occasião em que se tra pertença o regimen municipal, e não o administrati
tou de aplicar á ilha da Madeira a mesma fórma de vo; ou se haverá camaras, a quem deva ser confiado
Governo que se applicou ás outras ilhas o mesmo il um e outro governo; por tanto parece-me que o ar
lustre Deputado sustentou que ella fosse conservada tigo se poderia conceber nos seguintes termos: as at
como até ali, porque ella devia ser conservada como tribuições das camaras, a quem competir um e outro
uma província do Reino. O Soberano Congresso as regimen, serão as seguintes.
sim houve por bem decretalo: por tanto como se quei O Sr. Guerreiro: — Eu, na ultima sessão, expuz
xa o honrado membro de se não darem providencias? a minha opinião, que era a mesma do Sr. Ribeiro
Se não se tomárão providencias foi porque o honra de Andrada, porque sei que he conveniente se mul
do membro mesmo requereu que se conservasse como tiplique o numero das camaras, que não falte este
estava.
estabelecimento nas terras em que houver mais de du
O Sr. Trigoso: — Eu queria dizer que seria me zentos fogos; mas por isso mesmo que devem multi
lhor que isto fosse directamente ao Governo, porque plicar-se, até mesmo em terras, em que não haja
nos não pertence. • numero sufficiente de pessoas instruidas, e ás quaes se
O Sr. Castello Branco Manoel: — Eu levanto deva confiar a parte mais importante no governo ad
me só para responder ao illustre Deputado o Sr. Cas ministrativo, eu fui de opinião que devia separar-se
tello Branco; eu não fui dos que me oppuz a que o governo economico, do governo administrativo;
ficasse no estado actual, muitos dos illustres membros que o economico deveria pertencer a todas as cama
he que falárão a esse respeito; por tanto o illustre ras, e em todas e quaesquer povoações que se estabe
Deputado labora em um engano. •
lecessem, porque só as camaras que estão na mesma
O Sr. Braamcamp: — Isto he um facto particu terra, he que podem ter governo economico nella, e
lar, e creio que ninguem pede providencias a este não as que estão mais distantes, porque a experien
Congresso; forão 10, ou 20 oficiaes que faltárão ao cia mostra que a influencia dellas não passa dos limi
seu dever; isto pertence ao Governo, pois que lá es tes da terra em que vivem, e porque a experiencia
tá bem claro nas leis. mostra que havendo poucas camaras que contenhão
O Sr. Castello Branco Manoel: — Não ha du muitas pessoas, as rendas publicas não se estendem
vida que este he um facto particular; mas traz a sua a todo o concelho, mas á cabeça do concelho: a isto
origem por causa dos partidos que lá ha. attribuo eu a falta das nossas estradas, e pontes, e
Decidiu-se que a conta do juiz do povo acima re todas as mais cousas necessarias, sendo certo que pa
ferida fosse
dencias remettida ao Governo para dar as provi ra o remediar, seria necessario tomar caminho oppos
necessarias. •
do Sr. Guerreiro parece talvez que poderia ser ad Ora se vamos a dividir este concelho em secções, eis:
missivel, mas não he objecto do assumpto de que se ahi vamos a dividir os interesses do concelho, e susci
trata : diz elle que se estabeleção tantas camaras, tar rivalidades, etc. Vamos a pôr os interesses parti
quantas forem necessarias para coinmodidades dos po culares de uma porção de homens em opposição aos
vos, uma vez que tenhão 200 fogos; mas eu não sei interesses do total. He preciso que haja sempre um
se isto poderá admittir-se, porque com efeito ha bem centro, onde como que em certo modo se amalga
pouca gente ainda, que se possa reputar capaz para mem estes interesses; porque quanto mais os dividir
occupar lugares de tanta ponderação, principalmente mos peior será. Concluo por tanto que nada de duas
em concelhos de 200 fogos. Diz ele mais que estas camaras; nada de camaras maiores, e camaras meno
camaras de 200 fogos tenhão só um governo econo res; uma só municipalidade exerça num territorio bem
mico, e que só nas cabeças dos districtos haja cama proporcionado as funcções do poder administrativo, e
ras a quem seja confiado o governo admnistrativo; mas municipal.
isto em certo modo seria constituir as juntas adminis O Sr. Andrada: — Não se tocou ainda na dif.
trativas: porém se eu não posso admittir estas juntas ad ficuldade principal do Sr. Guerreiro, ella he muito
ministrativas nas provincias, como he que posso admit clara; ou se hão de fazer camaras que abranjão mui
tilas nos districtos! Uma grande questão, e muito im tos povos juntos, ou se hão de fazer camaras em ca
plicada , vem a ser se o poder admnistrativo se da um dos povos. Se a primeira cousa, existe o peri
deve confiar a uma junta, como estabeleceu a Con go apontado pelo Sr. Guerreiro, e vem a ser que de
stituição de 1791, ou se se devia conceder a um cor certo a cabeça do concelho ha de cuidar mais dos in
po collectivo qualquer que ele fosse : sobre isto he teresses da povoação principal, do que dos povos,
que eu peço a attenção do Congresso, e as suas re que lhe são subordinados. Se a outra cousa, existe a
flexões. . outra difficuldade, e he que se accumulão em pessoas
O Sr. Moura: — A idéa suscitada pelo Sr. Guer pouco idoneas as funcções administrativas que pºdem
reiro sobre a divisão do poder economico, e adminis mais conhecimentos, que podem ser melhor desempe
trativo, convenho q se deva ser tratada antes de se tra nhadas; porque embora se diga, que sejão os eleitores
tar das attribuições de todas as camaras em geral. da confiança dos povos, elles tem diferentes interes
Porém como julgo que he necessario que ella se trate, ses, e maior inclinação para a povoação onde exis
direi alguma cousa. Eu assento que não só o poder tem, do que para os povos subordinados, onde el
economico, mas tambem o administrativo deve com les não existem. Disse-se que deste modo não viria a
petir ás camaras; e que dividir estes poderes não he ficar poder algum ás pequenas camaras; isto não hº
necessario, antes he prejudicial: digo que não he ne assim, porque ha alem do regimen administrativo que
cessario pelas idéas do Sr. Ribeiro de . Andrada. Diz abranje todo o concelho, tambem o regimen econº
elle: Senão dividirmos o poder economico do admi mico que se reserva ás camaras. Quanto ás outras dif:
nistrativo, debaixo do systema de darmos ao poder ficuldades tambem as acho de nenhum pezo, e não
economico uma secção de concelho, e ao poder ad me occupo em refutalas, •
ministrativo um concelho todo, succederá que como O Sr. Trigoso: — Tem-se suscitado aqui algu
os concelhos são grandes, a acção do governo econo mas questões: 1." se deve haver camaras pequenas
mico, e administrativo da capital do concelho não se que tenhão 200 visinhos: 2.° se certas camaras hiº
participe com o mesmo eleito, eficacia, e influencia de ter um governo administrativo: 3." se seria mais
a todo o concelho. Ora a isto, digo eu em primeiro conveniente que houvesse um só homem, que tivessº
lugar: Nós havernos de fazer uma divisão ajustada dos o governo administrativo de cada parte, ou se ela
concelhos; esta divisão ha de ser calculada sobre dois deverá pertencer ás camaras. Falarei em cada uma
elementos (cuido eu) o da superfície do terreno, e o destas cousas, mas sem ser por principios theoricos,
da população. E quando conseguirmos esta tão desc sim e unicamente pelo que posso presumir, que haja
jada, e necessaria divisão exacta des concelhos, ha de acontecer para o futuro, e pelo que tenho vistº
vemos de convir que a acção do poder administrativo succeder no passado he que as camaras, cuja insti
se ha de communicar a todas as partes do concelho tuição foi excelente na sua origem, depois por diver
com a mesma influencia. Porém diz mais o illustre sas causas, tem sido prejudicial, e inutil aos povºs.
Deputado : Senão se faz esta divisão segue-se que a Isto procede de varias causas, e uma dellas vem º
camara principal trata dos interesses parciaes da ca ser não haver pessoas bastantes, que tenhão conheci"
beça do concelho, e esquece-se dos interesses do resto mentos necessarios, á testa desta administração; se nº
do concelho. Respondo que estabelecida entre nós a terras grandes succede que as camaras não fazem º
eleição directa, e havendo votos directos para a esco seu oficio, nas terras pequenas ainda isto succede
lha das camaras , não ha de haver esta difficuldade. mais; e daqui se vê, que de todas as camaras de cº"
Sendo todos da escolha do povo, todos terão em vis celhos, mui poucasrusticos,
deixão de ser compostas de hº
ta os interesses de todo o concelho, e não só de uma mens inteiramente e ignorantes que naº fa
ou outra parte delle. Eis-aqui respondido pois ás re zem idéa alguma do que seja governo municipal. C
flexões do Sr. Gucrreiro. Agora mostrarei o prejuizo, economico. Nas terras grandes pouco melhor vão aº
que do seu systema se póde seguir. Está estabelecido cousas, mas sempre vão alguma cousa melhor: º "º"
que pela eleição directa hão de ser escolhidos os indi do porque hão de fazer-se as eleições das camaras Pº'
viduos das camaras, e que estes hel forçoso confes ra o futuro, não ha de fazer com que os homensº"
sar hão de attender ás utilidades de todo o concelho, repente saião muito habeis, instruidos, e versados"
[411 ]
tes conhecimentos. Em consequencia parece, que as hão de ser compostas de homens, e de corpos mo
taes camaras pequenas seria uma cousa não só inutil, raes, que dividem a responsabilidade entre si, e não
mas prejudicial aos povos. As razões que se tem dado podem mui bem administrar: assim como estou per
a este respeito, accrescentarei outras: 1.º que as ca suadido, que deve haver uma autoridade singular pe
maras pequenas além de não terem pessoas que lhas lo que pertence ao administrativo das camaras, as
administrem, divide-se muito a responsabilidade. A sim estou persuadido, que esta autoridade superior
responsabilidade no que pertence ao economico está deve ter debaixo de si autoridades tambem singula
subdividida por um grande numero de corpos mo res: quando falo assim, falo só de Portugal, e não
raes, e em consequencia cada um delles vem a ter do Brazil, porque não tenho conhecimentos para is
a porção mais pequena de responsabilidade; e quasi to. Em quanto a Portugal estou persuadido, que nun
que esta se perde, e não chegará ao conhecimento da ca haverá boa administração de fazenda, em quanto
autoridade, que ha de vigiar sobre todas as camaras. não houver uma pessoa que seja encarregada della;
Isto he uma cousa que mostra a experiencia; e por porque havendo uma pessoa só, essa só tem a res
isso não serão necessarios muitos raciocinios. Segun ponsabilidade perante outra autoridade superior, que
da razão: poucas paroquias, quando se juntão para deve haver na cabeça da provincia. (Apoiado, apoia
formar uma camara, tem rendimentos certos, e elles do).
são bem administrados; mas uma vez que se subdivi 'o Sr. Lino: — Em todas as partes quando se
dem em concelhos muito pequenos, e que por conse trata de fazer as leis economicas, tem-se tratado de
quencia estes rendimentos se subdividem tambem, no fazer divisões estatisticas, sobre as quaas se podem
vamente vem a ficar cada concelho com o rendimen estabelecer as ditas leis. Nós vamos legislar, sem sa
to muito pequeno; e isto não póde absolutamente bermos a divisão do nosso territorio, e por isso julgo
servir de nada para o governo economico desse con que haverá sempre duvidas sobre este estabelecimen
celho. Um julgado, ou um concelho pequeno tem to; entre tanto servir-me-hei do que se tem dito al-.
certas cousas, de que póde dispôr para o reparo de gumas vezes sobre a divisão do nosso territorio, e
calçadas, pontes etc.; mas isto he tão pouco, que vem a ser que seja dividido em districtos, e que cer
ainda que fosse bem regulado não he possivel que to numero delles componhão um julgado, ou conce
chegue para os reparos; ao contrario se todos os con lho. Tem-se dito que estes districtos não terão menos
celhos fossem abolidos, e se formasse uma camara, a de 500 fogos, e que o julgado se comporá de 5.000:
grande somma de todas as parcellas accumuladas na sobre esta doutrina que se tem manifestado no Con
camara principal, bastaria para fazer, não digo no gresso, he que eu quero fundar o meu discurso, re
mesmo anno todos os reparos de todas as terras pe lativamente ao objecto de camaras, pequenas, ou
quenas, mas em um anno um reparo, e em outrº grandes; se houver distritos de 500 fogos e um con
anne outro, e isto além de que he muito facil, será celho de 5.000 que pertencerá a um juiz de direito.
dificil por outra maneira. Daqui vem a primeira ra Então não poderá haver duvida de fazer em cada dis
zão da responsabilidade. Conheço algumas camaras tricto uma pequena camara, e na cabeça do julgado
muito pequenas, e que tinhão muitos baldios: estes uma camara maior. O Sr. Trigoso oppõe-se a esta
baldios não podendo aproveitar-se, em consequencia união, não quer um corpo moral em pequenos distri
forão aforados: um se aforou a um proprietario; e es ctos, de 300 fogos por exemplo, mas sim naquelles
te, aproveitando o dito baldio , ficou muito ri que chegarem a 500. Esta pequena camara segundo
co, e a camara muito pobre. Julgo por tanto, que o meu plano deverá ter na realidade a parte econo
he contrario aos verdadeiros interesses dos povos o es mica, e municipal do seu districto, mas a grande ca
tabelecimento das camaras pequenas de poucos visi mara estabelecida na cabeça do concelho, ou julgado,
nhos, aos quaes fique pertencendo o governo econo poderá ter a parte economica do districto em que el
mico; que não he útil para a administração das ren la estiver assentada, e a parte administrativa de todo o
das das camaras, que não he util para se fazerem da julgado, e mesmo na parte economica estas pequenas
hi as despezas publicas, e igualmente não he util pa camaras, poderão ser subordinadas á grande camara,
ra os bens dos povos. Agora que este governo econº porque estas supponho eu que devem ser eleitas por
mico se possa subdelegar em pessoas, ou essas sej㺠todos os habitantes do julgado , indistinctamente,
os juízes leigos, que estabelecemos para esse fim, ou quando de contrario as pequenas camaras são só
sejão as outras pessoas, parece evidente; porque uma eleitas pelos residentes do districto. Portanto pare
pessoa estabelecida em um districto muito grande, ce-me que se deve confiar ás camaras o poder admi
não póde por si só inspecionar o que pertence á eco nistrativo: nem se argumente com o que tem sido as
nomia de todas as pessoas do seu termo; mas só por camaras até aqui, porque para o futuro hão de ser
meio de outras pessoas se podem dar as providencias muito diferentes; o que se deve acautelar he, que
necessarias sobre este objecto: quanto porém a conce nunca o poder administrativo fique na mão de um só
individuo.
ceder o poder administrativo ás camaras, eu sou con -
tra o projecto da Constituição. Parece que as camº O Sr. Moura: — Eu queria observar alguma cou
mas não devem ter o governo administrativo; a razão sa sobre o que disse o Sr. Ribeiro de Andrada: elle
he, porque me regulo para o futuro, pelo passado: e imaginou que não estava respondido o principal argu
o que eu tenho visto he, que a administração das ca mento do Sr. Guerreiro, em quanto quiz considerar
maras hº muito má; e apezar de que para o futuro uma hypothese mera, e que não passa de hypothese,
sejão melhor eleitas, tenho sempre a notar, que ellas e he o saber como ha de haver camaras
ff 2 grandes e ca
•
-
[412 |
-+-
maras pequenas; isto he uma hypothese que a boa lativas ao governo economico. Nas cabeças porém dos
organização ha de desfazer; não se trata agora de districtos terão as camaras não só o governo econo
conservar camaras grandes, nem pequenas, trata-se mico daquele territorio aonde se achão estabelecidas,
sim de regular os direitos das camaras, pela popula mas tambem o administrativo em toda a extensão do
ção e pela superficie; por isso não ha de haver cama districto de que são cabeças. Não quero com isto di
ras grandes nem pequenas, ha de haver camaras de zer que estas sejão superiores ás outras, para que es
districto regular, e bem proporcionado. Por isso não já tasaqui
lhe fiquem subordinadas,
tenho ouvido) que por eesta
se diga
fórma(assim comº
vamos esta
tem pezo algum este argumento fundado em similhan
te hypothese. O segundo argumento a que recorre o belecer camaras grandes e pequenas, porque em quán
illustre Preopinante ainda me parece mais contrario a to ao poder e governo economico todas elas são iguaes
todas as idéas de uma boa organização social. Diz el e independentes entre si. Entre as outras razões que
le: os interesses particulares de cada secção serão mais parecem apoiar esta opinião se me oferecem estas.
•
bem defendidos pelas camaras particulares que ali se A 1.° he que por via de regra se não devem fº
estabelecem, que pela camara cabeça de districto, zer alterações sem que seja com o fim de obviar al
porque esta ha de mais consultar os interesses par gum mal, ou promover um grande bem. Estabeleci
ciaes da cabeça daquelle districto do que os interesses das tão sómente as camaras nas grandes povoações, e
particulares de cada uma das secções. Ora primeira cabeças de districtos, e abolidas muitas das actuaes,
mente he preciso considerar que, nos diversos povos nem uma, nem outra cousa se consegue. As povºa
de cada districto ha os mesmos diversos interesses que ções que actualmente tem as suas camaras, resentir
ba entre os individuos de uma sociedade; um povo se-hão em ficarem privadas daquela cathegoriá a que
tem uum interesse, e outro povo que ás vezes está, se achão elevadas, e as leis não só devem ser accom
bem perto tem outro, e nesta lucta de interesses andão *#
á utilidade, mas tambem á vontade dos po
sempre as diversas povoações entre si. E qual he nes vos. Extinctas essas camaras o seu governo economi
te caso a arte do legislador! A arte do legislador he co não será tambem dirigido. Vemos e temos obser
examinar estes interesses diversos, fazer com que pe vado que muitas vezes se chocão os interesses, de
lo interesse commum e geral se fação sacrifícios de in umas com outras # C subordinadas todas a
teresses particulares; os mesmos sacrificios que fazem uma só camara, de necessidade hão de resultar deci
os individuos dos seus particulares interesses ao inte sões em utilidade de umas com prejuízo de outras.
resse commum, he o mesmo sacrificio que as povoa Ainda mesmo que os membros }" compozessem es:
ções devem fazer, dos seus. Por tanto no que o, le sas ditas camaras fossem tirados de todo o districto é
gislador deve cuidar he em reunir no centro commum proporção dos fogos, persistirião as mesmas dissºnsões,
todos os interesses,, he fazer com que os interesses de cada um quereria promover o bem da sua localidade.
uma porção de territorio dado se unão, ainda que os Não falo, nas razões que aqui se tem expendido cu
seus interesses particulares sejão contrarios uns a ou nhadas pela experiencia, que sempre nos mostrou
tros. + + + * * * *
que as capitaes merecerão mais a contemplação das
* * *
{
O Sr. Castello Branco Manoel: — Sr. Presiden camaras, empregando nas obras publicas dellas as
te, esta he a segunda Sessão em que se tem tratado sommas pertencentes a todo o districto. A expriencia
sobre a materia do artigo 192. Na primeira eu ob assim o mostrou sempre. Além disto nós vémos que
servei estar o Congresso, muito inclinado a que pri a maior parte dos requerimentos que se tem apresen
uleiro se discutisse e decidisse a doutrina do artigo tado a este augusto Congresso, as povoações pedem
200, pois que nada se poderia, arranjar com accerdo o desannexarem-se, e creio que nenhum terá appare
sobre as camaras, sem que primeiro se soubesse quaes cido em que a povoação peça a extincção da sua ca
erão as attribuições que lhes havião de competir. Ago mara. He muito natural que todos os povos desejem
1a vejo que desviando-se deste arbitrio a questão tor governar-se por si, e até he mesmo mais conforme ao
nou a recair sobre o mesmo artigo 192: ainda que nosso systema convencional que o povo sem interme
muito vagamente, com tudo alguns dos illustres Mem dios, quanto for compatível com a boa ordem, faça
bros se tem cingido a disputar se he ou não mais con as suas leis, e se governe a si mesmo. A experiencia,
veniente que haja duas qualidades de camaras, quero # a dizer, não nos mostra que do estabelecimento
dizer, umas que tivessem unicamente o poder econo lessas pequenas camaras tenha resultado inconvenien
mico e municipal, outras que não só este, mas tam te algum, e da sua extincção não sabemôs se resulta
bem o administrativo. Tem sido encontrados os pa rá. # se diga como tem querido alguns dos illas
receres, e como ha esta dissensão nas opiniões, devo tres Preopinantes, que estas pequenas camarás (quero
tambem dar a minha. Parece-me de justiça que aquel dizer pequenas, porque são estabelecidas em pequenas
las povoações que actualmente estão elevadas á cathe povoações) não terão rendas pará supprirem as suas
goria de vilas, e por consequeneia a terem suas ca #"…" torno a appellar para a experiencia.
maras, se devem conservar na posse em que se achão; Demos certamente ha seculos povoações não "muito
e que aquellas (conforme o artigo seguinte diz) em populosas erectas em villas com suas camaras, e por
que houver 600 ou mais fogos igualmente nellas se este dilatado espaço de tempo essas camaras tem sup
devem crear novas. Como porém em Portugal nós prid9 as suas #", tem achado dentro desse pe
temo» algumas villas mais contiguas, e de bem pe queno territorio homens capazes, senão de muita il
quena povoação, as camaras destas, C @S novamente lustração e sciencia, com senso commum e bastanto
erectas não devem ter mais do que as attribuições re para desempenharem os deveres dos seus empregos.
[ 413 ]
Concluo por tanto, que não se devem abolir as ca succeder que duas camaras, e muitas vezes mais,
maras existentes, que se devem crear onde sejulgarem hão de ter os mesmos interesses, e que dahi ha de re
convenientes, e onde a povoação se extender a 600 sultar o procurar cada uma por via de posturas pro
fogos. Estas camaras com tudo podem chamar-se pe mover os seus interesses, á custa e com exclusão dos
quenas, não porque elas sojão subordinadas, e infe povos da outra, o que ha de dar occasião a frequen
riores ás outras das maiores povoações. Nas suas at tes questões, e ha de pôr os povos em combustão:
tribuições, que só devem versar sobre o governo eco bastava esta só consideração para não admittir ca
nomico, todas são iguaes, e umas das outras indepen maras de pequenos districtos; todavia muitos outros
dentes. Em quanto porém ao governo administrativo tem sido lembrados pelos Senhores que tem falado no
em que tem a principal parte a administração das ren masmo sentido. Quanto á 2." questão do poder ad
das publicas, eu sou de diferente opinião. A's cama ministrativo tambem me parece que não deve ficar es
ras das cabeças dos districtos he que su devem dar es te nas camaras: 1.° porque he mui difficultoso, como
sas attribuições, debaixo da inspecção de uma auto bem se tem observado, verificar e fazer effectiva a
ridade em cada provincia, a qual especialmente será responsabilidade em um corpo moral; pois estando os
encarregada e responsavel pela arrecadação e cobran ministros sujeitos a uma residencia, e a uma fiscali
ça da fazenda publica, donde dimanem as ordens zação da parte da fazenda, que não deixa de ser se
para a pronta execução dos devedores fiscaes remissos, vera, assim mesmo a administração he como todos
sendo muito certo que nos corpos collectivos de ordi sabemos, e se vê dessas relações que tem vindo ao
nario falta aquella energia precisa para a arrecadação, Congresso: 2.° porque a experiencia mostra que he
e em tal caso até seria preciso conceder-lhe parte do melhor a administração de um individuo, do que a
poder judicial, attribuição que eu supponho não ser de um corpo moral, nem eu sei de nação, á exce
conforme ás intenções do Congresso o conferir-lhe. pção de Hespanha, que tenha confiado a corpos mo
O Sr. Marcos .Antonio: — Apoio a opinião do raes a administração da fazenda, e nós mesmos te
Sr. Trigoso: considero as camaras como um vexame mos tido occasião de observar nas camaras a má
feito aos povos, que quanto menos forem no Brazil administração que ordinariamente fazem dos bens dos
melhor; pois que ellas desviavão os homens das ver concelhos. Espera-se que as camaras melhorem para
dadeiras occupações, do commercio, e da agricultura; o futuro: não sei se assim acontecerá, ou precisa
parece-me pequeno o numero de 1.000 fogos para a mente o contrario; o que sei he que hão de continuar
creacão de uma camara, e lembra-me o exemplo de a ser vereadores os mesmos que o são de presente,
Catharina da Russia, a qual mereceu a censura dos uns pela influencia que tem, outros porque são os
politicos da Europa por ter creado villas em lugares unicos que ha capazes nas terras: 3.° não deixo de
onde se não devião crear. • • * *
notar que sendo os nossos maiores tão ciosos da boa
O Sr. Borges Carneiro: — Levanto-me para fa administração da fazenda, e ainda mais de se não
lar sobre se convem haver camaras de duas ordens, sujeitarem a contribuições, em tal fórma que talvez
maiores e menores. O systema constitucional encami se não ache naçãe alguma que se possa comparar á
nha-se a simplificar, e não a multiplicar. (Apoiado). nossa na resistencia ás contribuições, nunca se lem
Que quer dizer camara grande, camara pequena, re brárão de encarregar ás camaras a distribuição ou
gimento de camara grande, regimento de camara pe cobrança dos pedidos que concedião aos Srs. Reis,
quena! Isto não serve mais do que confundir, mul porque este era o nome com que entre nós se desi
tiplicar; e atrapalhar. Será então necessario designat gnavão as contribuições. A minha opinião por tanto
as attribuições dessas camaras menores; virem autori he que as camaras não tenhão o poder administrati
dades de fóra expedir aquelas attribuições de que es vo, e que se conservem os provedores, mas só com
sas camaras se julgão incapazes; e estarem uns povos as attribuições de contadores, e que estes sejão os
sujeitos na sua economia interna a outros povos de da. unicos ministros encarregados da cobrança da fazem
|- • |-
O Sr. Borges Carneiro: — As Cortes tem obri a segunda não voto por ella, porque realmente he
gação de fazer com que as leis se observem, aliás es uma ingerencia que vamos ter no Poder executivo.
cusado he fazerem-nas. Então elas são para o Gover O Sr. Andrada: — A moção do Sr. Borges Car
no conselhos, não preceitos. A minha indicação não neiro he muito justa, porque pede sómente uma in
accusa um homem particular, dirige-se a inhibir um formação, o que se não póde negar a um Deputado:
máo empregado publico de ficar impune, e continuar e com toda a justiça exigem-se informações a respei
a vexar os povos; dirige-se a evitar o escandalo de to de um magistrado, que tendo servido lugares em
se verem tantas leis quebradas, um auditor despacha Pcrnambuco, embora fosse por nomeação de Luiz dº
do a novo lugar sem ajuntar attestações do corpo em Rego, era obrigado a apresentar residencia dos ulti
que serviu, sentenciadas no conselho de guerra; um mos lugares que serviu, sem bastar a residencia dos
ouvidor, um juiz de fóra promovido sem apresentar anteriores aos ultimos; pois segundo a lei mais se re
residencias, que consta lhe fazem grandes cargos. quer. A respeito da suspensão da carta he uma mediº
A presentou-se corrente do lugar de juiz de fóra de da para evitar maiores males, e no risco de perde-º
Santarem o Conselho de Estado o propoz, provavel a confiança da Nação por uma indigna nomeaçãº,
mente sem saber que ele tinha posteriormente servido póde
melhorparecer
he adoptar-se uma medida que á primeira vistº
arbitraria. • •
@
|-
[ 419 ]
do anno passado, que mandou perceber trinta por Isto mesmo foi já o parecer de Commissão de fa
cento das mercadorias de lã da Grã Bretanha, na con zenda, o qual não teve efeito por se esperar que po
formidade do artigo 26 do tratado de commercio de deria expedir-se com brevidade o decreto sobre as se
19 de Fevereiro de 1810, quando pela carta regia de cretarias ; mas como esta demora não deve ser pre
28 de Janeiro de 1808 se admittião nos portos de Bra judicial á fazenda nacional, pois que aquelles officiaes
il todas as mercadorias estrangeiras com os direitos tem vencimento sem exercicio: he por isso que pro
de vinte e quatro por cento. Accrescendo que nos ar ponho, se autorise o Governo a empregalos efectiva
figos 2 e 3 do referido tratado de 1810 se instituiu, mente, achando-se conveniente. — Francisco Bar
que os subditos das duas nações nunca pagarião nos roso Pereira.
portos da outra nação maiores direitos ou imposições, Mandou-se ficar para segunde leitura.
que pagassem ou viessem a pagar os subditos da na O mesmo Sr. Deputado, por parte da Commissão
ção mais favorecida. de fazenda, leu o seguinte -
Não devendo poupar-se para firmar cada vez mais REsoluções E ORDENs DAs CoRTEs.
a união de Portugal com o Brazil, não se devendo
perder um só momento em dissipar os obstaculos, que Para Filippe Ferreira d'Araujo e Castro.
possão impecer a dita união, e conhecendo-se além
disto que presentemente um dos grandes obstaculos Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor.
ao perfeito desengano dos Brazileiros para com as boas tes Geraes e Extraordinarias da Nação portuguesa
intençôes do Congresso, he a confirmação das tropas mandão retnetter ao Governo a representação inclusa
de Portugal nas províncias do Rio de Janeiro, Bahia, da camara da villa das Vellas da ilha de S. Jorge,
e Penambuco, por isso que esta tropa longe de apa etn data de 16 de Janeiro proximo passado, pedindº
ziguar os animos, pelo contrario serve de fomentar providencias a beneficio da sua agricultura e commer.
a discordia, não só porque os Europeos alí residentes
loucamente julgão-se com ella autorizados para domi Deus guarde a V. Éxc. Paço das Cortes em 8
nação, e por consequencia para commetterem todo o de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
genero de insultos; como porque os Brazileiros forço
sassente desconfiados pelo máo tratamento que della Para o mesmo.
tem recebido, tratão de repetir da mesma maneira o
que já apparece na Bahia, e principia-se de novo a Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor.
descobrir em Pernambuco, e até no Rio: requeiro por tes Geraes e Extraordinarias da Nação portuguesa
tanto que se determine ao Governo para com a pronta mandão communicar a V. Exc." para o fazer presen
brevidade, que o negocio demanda, faça expedir or te a ElRei, que recebêrão com agradecimento a in
dem ás juntas das tres mencionadas províncias, para clusa carta original do Principe Real, que Sua Ma
que estas conhecendo que toda, ou parte da tropa de gestade mandou transmittir ás Cortes, e ouvírão com
Portugal alí destacada, torna-se desnecessaria, e no especial agrado as expressões que nella se contem dos
civa, immediatamente faça-a regressar para Portugal. nobres e fieis sentimentos de Sua Alteza Real. O que
– Francisco Moniz Tavares. •
de S. Miguel o mappa que della deverá ficar, para A… a Sessão, sob a presidencia do Sr. Varel.
especial e positivatneste se averiguar a sua quantida la, foi lida e approvada a acta da antecedente.
de. O que V. Exc." levará ao conhecimento de Sua O Sr. Borges Carneiro declarou o seu voto da
Magestade. maneira seguinte: na Sessão de ontem votei que em
Deus guarde a V. Exe. Paço das Cortes em 8 quanto não se examinassem nas Cortes os papeis que
de Março de 1822. — Joio Baptista Felgueiras. a elas se mandárão subir, relativamente á nomeação
do baeharel Coutinho para corregedor de Lamego, e
Para José da Silva Carvalho. não se deeidisse, se esta nomeação era ou não ilegal
e obrepticia, se mandasse smspender o seu efeito.
Ilhustrissimo e Excellentissimo Senhor. – As Cor O Sr. Secretario Felgueiras mencionou o expe
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza diente do dia, a saber.
ordenão que o Conselho de Estado informe sobre os Um officio do Miuistro da guerra, acompanhan
motivos da proposta que fez do bacharel Antonio do tres outros, recebidos do actual governador das ar
Joaquim Coutinho, para corregedor da comarca de mas de Pernambuco: um datado de 10 de Janeiro so
Lamego, e que sejão retnettidos ás Cortes os requeri bre o estado da força armada daquella provincia, do
mentos e quaesquer papeis do passado concurso, rela cumentado com os pappas respeetivos, entre os quaes
tivos ao referido bacharel. O que V. Exe." levará ao vem o das promoções, que fizerão as juntas da Parai
conhecimento de Sua Magestade. * , ba, e de Goiana; referindo tambem os partidos, e ri
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 8 validades existentes entre os corpos da tropa que apoiá
de Março de 1822. —João Baptista Felgueiras. rão a junta de Goiana, e os que permanecêrão com o
general Rego, e expondo as providencias, que pare
Para Silvestre Pinheiro Ferreira. cem convenientes. Outro de 10 do mesmo mez, em
que dá conta da viagem e separação do comboy, do
Illustrissiano e Excellentissimo Senhor. – As Cor seu desembarque, e recebimento pela junta, tropa, e
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza, povo, com demonstrações de consideração; declaram
sendolhes presente o oficio do Governo expedido pe do, que de acordo com a junta provisoria tem toma
la Secretaria de Estado dos negocios estrangeiros, em do as medidas para restabelecer a segurança, e tran
data de 2 do corrente mez, incluindo uma nota do quillidade, e que os membros da dita junta, e os ho
encarregado de negocios de Sua Magestade Britanica mens bem educados erão constitucionaes de sentimen
nesta capital, ácerca da necessidade de se proceder á tos; referindo outro sim, que em breves dias esperava
revisão e refórma das pautas das alfandegas do Reino pela chegada da curveta Voador, e o navio Quatro
do Brazil, em conformidade do artigo 15 do tratado de Abril, que havião arribado ao norte da Ponta Ne
de commercio de 1810: Inandão dizer ao Governo, gra. O 3.° finalmente de 14 de Janeiro, em que refe
que he da sua competencia fazer pontualmente execu re haver um espirito de partido entre os que seguírão
tar os tratados existentes, dependendo sómente das a junta de Goiana, e os que sustentárão a do Recife,
Cortes a final sancção e approvação da pauta feita ou ficárão neutros: que homens mal intencionados se
na fórma do citado artigo. O que V. Exc. levará ao meião noticias aterradoras entre os habitantes since
conhecimento de Sua Magestado. ros, dizendo já, que não existem Cortes, nem Cons
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 8 tituição, já definindo estas em termos de as fazer odio
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. sas. e representa por fim a falta de magistrados que
ha na provincia, para tornar os conhecimentos neces
Para Candido José Xavier. sarios; dizendo a precisão, que ha de se preencherem
estes lugares vagos, e crearem-se outros novos.
lllustrissimo e Excelentissimo Senhor: — As Cor O Sr. Sectretario disse: Este deve ir á Commis
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza são de Constituição, porque nelle se propõe a creação
inandão remetter ao Governo, por ser da sua com. de novos lugares de judicatura.
petencia, a inclusa conta do juiz do povo da ilha da O Sr. Lino: — Um governador das armas não
Madeira, Agostinho Antonio Gouveia, em data de tem outro poder senão o de governar à tropa, e não
11 de Fevereiro proximo pesrado, ácerca dos crimes passa de ser um simples chefe militar, Ceino he pois
erpetrados contra o bacharel João Chrisosto no Espi que elle já começa a fazer actos de capitão general
<iola de Macedo, e contra o impressor Ferreira. da provincia; e bem se vê o quanto ele já vai esten
1)eus guarde a V. Exc." Paço da Cortes em 8 dendo o seu poder, e tanto assim, que me consta
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. haver ele mandado prender dois homens, porque se
treixárão duas raparigas, que tinhão sido destioradas.
Redactor — Galvão. A vista distº não se tre deve permittir arrogue taes
attribuições alheias, é nem que trande a este sobe
[422 ]
rano Congresso indicações sobre os magistrados e lu infantaria n.° 15, Antonio de Macedo e Azevedo,
gares de magistratura da província, estranhos á sua com a informação competente do oficial, que serve
Jurisdicção. de contador fiscal da thesouraria geral das tropas. A
O Sr. Ribeiro de Andrade: — Isto he consequen Commissão competente.
cia do systema de divisões: a Junta administrativa de Um do mesmo, acompanhando o requerimento de
Pernambuco não tem nenhuma consideração; não se D. Anna Victoria Rosada de Mello, viuva de Ro
lhe fazem honras; por tanto he preciso tomar algu drigo José de Mello, tenente que foi do regimento
nas providencias. As cartas que tenho recebido de de infantaria n.° 14; assim como a informação do
JPernambuco não são nada satisfatorias, pelas noti official, que serve de contador fiscal da thesouraria ge.
cias assás funestas, que ellas dão, sendo aliás de pes ral das tropas. A Commissão competente.
soas de inteira verdade, e caracter; e falando franca Um dito do mesmo, enviando um officio, e os
mente, digo que elas são de Membros do Governo; mais papeis adjunctos, do capitão general de Monça
4 vista disto deve dizer-se que são necessarias as mais bique João Manoel da Silva, datado de 2 de Outu
rigorosas providencias, pois que isto póde ser causa bro, participando, que chegando áquella terra, teve
de funestas consequencias. •
Nação, para a qual os liberaes Membros deste Con Pediu o Sr. Araujo Lima, que se mandasse im
gresso, (que não são mais do que eu) tanto concor primir um parecer da Commissão ecclesiastica de re
rem: requeiro que isto se tome em consideração quan fórma ácerca dos beneficios do padroado real, e que
to antes. tinha ficado para segunda leitura, sem o dever ficar:
O Sr. Villela: — A este respeito já fiz a indi e assentou-se, que sim.
cação de que fala o illustre Deputado o Sr. Pinto da Feita a chamada, estavão presentes 99 Srs. De
França: o Congresso a declarou urgente na sessão dº putados, e faltavão os seguintes: os Srs. Falcão,
ante-hontem. Por tanto requeiro que vista a sua uti Gomes Ferrão, Póvoas, Quental da Camara, Cu
lidade, se torne em consideração quanto antes. navarro, Ribeiro Costa. Barão de Molellos, Ber
O Sr. Borges Carneiro: — Peço a V. Exc." nardo de Figueiredo, Sepulveda, Bispo de Beja,
que declare o dia, o primeiro que possa ser, para se Bispo de Castello Branco, Gouvêa Diurão, Lyra.
tratar desta materia. Agostinho Gomes, João Moniz, Van Celler, Al.
O Sr. Pereira do Carmo: — He necessario que meida e Castro, Innocencio de Miranda, Queiroga,
V. Exc.º nomeie mais alguns Membros para a Com Castello Branco, Lémos Brandio, Pinto de Ma
missão de Constituição; porque apenas ha agora tres galhães, João Kiccute, Faria Carvalho, Ferreira
para o expediente, achando-se os outros Membros Borges, Faria, Sousa e Almeida, Castro e Abreu,
impossibilitados por diferentes motivos. Portanto he Ribeiro Teiceira, Feio, Rebello, Fernandes Tho
de necessidade o nomearem-se mais alguns. más, Pamplona, Sande e Castro, 2efyrino, Cas
O Sr. Borges Carneiro: — Lembro a V. Exc." tello Branco Manoel, Mesquita, Ribeiro Telles.
que nomeie para a Commissão o Sr. Trigoso, por Ordem do dia. Antes de se entrar na materia da
estar ao facto de taes negocioe, e ter já experien da dos foraes, leu-se segunda vez a indicação do Sr.
cia daquella Commissão. Guerreiro.
Assim se approvou. Proponho que na redacção do artigo 5.° já appro
O Sr. Borges de Barros: — Igualmente requei vado do projecto de lei sobre a refórma dos foraes,
ro aAssim
nomeação do Sr. Ribeiro de Andrada.
se resolveu. • se declare, que pela sua disposição não fica reprova
da a posse immemorial de receber em falta de foral.
Coutinuou o Sr. Secretario dando conta do expe Sala das Cortes 3 de Março de 1822. José Antonio
diente e mencionou outro officio do Ministro da guer Guerreiro. — Mandou-se imprimir para entrar em dis
ra, enviando o requerimento de D. Maria Emilia de CUISS&tO.
Macedo, filha do major que foi do regimento de • Entrou em discussão o artigo addicional ao pro
jecto primitivo dos foraes,
[423 ] *
Artigo 6.° Os censos, e foros sabidos, impostos estipulações algumas pensões com a alternativa; e
em consequencia dos foraes, ficarão reduzidos á meta certamente os senhorios, quando convencionarão, não
de, da mesma sorte que o são as rações incertas. — previão uma tão extraordinaria decadencia do valor
Francisco Soares Franco ; Gyrão ; Francisco An da moeda na relação com os generos: e se não con
tonio de Almeida Pessanha. i++
ciderasse a igualdade do contrato pelo momento, em
O Sr. Soares Franco: — Como até aqui se tem que foi celebrado terião toda a rasão para recindi-lo.
tratado das rações incertas, seria necessario agora fa Na provincia do Minho, em que quasi todas as terras são
zer-se alguma declaração a respeito dos foros certos: enfitheuticas; conheço-as, que não pagão de cem um:
em consequencia proponho, que se applique aos foros talvez as haja, que não paguem a milesima parte
certos o mesmo que se fez ás penções incertas. de sua producção : e pela generalidade do additamen
O Sr. Peixoto: — Se eu fosse de oppinião, que to, nestas mesmas haveria uma diminuição por ame
o additamento se approva-se guardaria sobre elle si tade. As pensões certas gravosas, que se encontrão são
lencio, com o receio da reducção do proprio interes do ordinario aquellas, que modernamente se tem con
se, porque as fazendas, que administro são todas fo tratado entre particulares: especialmente sendo imposta
leiras a donatarios da coroa, mas sendo de opinião em terras já cultivadas: porque as regulárão pela ren
contraria, não duvido pronunciar a minha desapro da que dessas terras poderião pagar os colonos arrenda
vação de uma tal doutrina. Estes foros, e censos sa tarios. Concluo que o additamento deve reprovar-se,
bidos resultão de contratos, ou existentes, ou presu por não corresponder ao fim da lei dos foraes, e ser
midos; de contractos licitos, e approvados pelas leis; attentatorio contra o direito de propriedade.
e eu quereria sempre, que se respeite religiosamente, O Sr. Bettencourt: — Este additamento parece
a fé, e a santidade dos contractos. As terras assim me muito essencial, porque justamente vai fazer, que
pencionadas erão in solidum dos senhorios, que dellas a lei dos foraes, tenha uma das qualidades que devem
podião dispôr, como bem lhes parecesse; e que ce ter as boas leis, que he a clareza; e senão fosse este
lendo aos enfitheutos, ou censuarios o domínio util additamento haverião immensas demandas. E nós não
dellas, aos mesmos enfitheutas e censuarios, interessa teriamos feito nada, senão declarassemos com toda a
a firmeza de taes contractos, por serem os titulos, evidencia, que estes foraes hão de ser reduzidos a me
que legitimão a sua posse. Pela minha parte em qua tade, porque os que os pagão, sofrem igualmente,
lidade de enfitheuta aceitaria, tremendo, um benefi ou talvez mais que aquelles que pagão pensões incer
cio desta naturesa, e preveria nelle a incerteza do meu tas. Fazendo-se esta reducção, vai-se de certo animar
dominio util, do meu direito de propriedade porque muito a agricultura, que he o principal fim a que se
supporia , que com a mesma facilidade com que dirige a lei dos foraes. Approvo por tanto o addita
agora attentassemos contra o direito dos donata mento, pelo bem que delle resulta á agricultura.
rios, ou da fazenda publica, que nos cumpre ze O Sr. Borges Carneiro: — Diz a indicação, os
lar; poderião os futuros legisladores, desprezar o censos, e fóros sabidos: desejo antes que se use da
meu antigo direito ou em favor dos senhorios, ou palavra certos. Diz mais, impostos em consequencia
em favor dos colonos arrendatarios; para o que lhes dos foraes: desejo saber quaes elles são. He indife
não faltarião pretextos futeis, uma vez abandona rente que fossem impostos pelos foraes, ou depois por
das as invariaveis regras da justiça. Não se argu actos subsequentes, em que os senhorios dérão lei aos
mente eom a reducção das rações, porque essas es miseros colonos. Estes vendo-se na alternativa de lar
tavão cm caso mui diverso. Nas terras raçoeiras os gar as terras, ou de consentir nos foros estiverão por
cultivadores forão pagando cada vez maior numero tudo. O poder do rico sobre o pobre, o do ocioso
de medidas, assim como forão empregando maior di sobre o que trabalha foi em ultimo resultado quem
ligencia, e maiores fundos na cultura das terras; e nas regulou estas prestações. Portanto ainda que fossem
pensôes sabidas, todo o milhoramento se deu em seu impostas em actos posteriores aos foraes, comprehen
beneficio dos pensionarios: e pela mesma razão, a dem-se na mesma disposição, e devem ser igualmen
razão excessiva podia obstar ao progresso da agricul te reduzidas á metade. Ponhamos exemplo no campo
tura; não assim a certa; porque quem a pagava de de Leiria: alí paga-se o terço de quanto se recolhe,
um menor producto, milhor a pagaria delle maior. e em algumas terras o quarto; porém além delle ha
Não se fale igualmente em lesão de taes foros: quan terrenos que pagão ainda um foro certo. Este proveio
do eles se contractarão por avença das partes, deve da prepotencia dos senhorios; porque os colonos ven
nos sappor, que não erão excessivos; porque nesse do-se com a faca ao peito, não tinhão remedio senão
caso os enfitheutas largarião logo as terras: e he bem aquiescer, aliàs irião por esse mundo de Christe com
sabido, que estes foros, e censos antigos são geral o saco ás costas. A isto chamo eu roubos legaes, por
mente mui favoraveis, como impostos em tempo, que pela razão simples e natural quem cultiva, come;
em que havia menos quem pretendese as terras e quan e quem não trabalha, faz cruzes na boca. Por isso
do muitas das emprasadas estavão incultas, ou mal deve-se rebater agora a prepotencia que então se fez
cultivadas: e se fosse-mos a pretender calcular a lezão aos ditos colonos. Desejo pois que o artigo se expri
cr post facto, achariamos, que o senhorio era o leza ma da maneira seguinte: «Ou esses foros tenhão si
do, sempre que a pensão se pague em dinheiro por do impostos pelos foraes, ou posteriormente em con
estipulação antiga. Ha emprazamentos, e contratos sequencia delles, devem todos ser reduzidos a meta
consecutivos de tempo, em que o preço do trigo re de. »
gulava por alqueire a vintem: assim o achamos nas O Sr. Camello Fortes: — Eu não posso appro
{
•
[ 424 ]
var este artigo addicional, e apoio a opinião do pri pela maior parte são contratos partículares; mas o ar.
meiro illustre Preopinante e accrescentarei algumas tigo não fala nelles, mas sim nos impostos pelos fo
reflexões. Já em outro lugar se mostrou, que essesse raes. Deverei responder a algumas das razões do Sr.
nhorios, fizerão esses contratos, transmittindo o que Camelo Fortes Lembrou o Sr. Camelo Fortes as lu
era seu com o lucro de alguma cousa. He certo que tas que havia entre os inclinos, e senhorios; mas não
este direito de propriedade, se deve restringir, quan se lembrou de outra que he necessario acautelar, e
do a publica utilidade o exigir: fundado pois nestes he que ha muitos foros, que são demasiadamente le
principios, digo, que he sabido que os foros certos tivos. Eu não me opporia a que se pozesse uma ex
erão muito uteis, tanto aos que os pagavão, como cepção, e era que esta reducção se poria naqueles fo
aos que o recebião; e dos incertos, o resultado era, ros que não fossem muito onorosos; e naquelas em que
que sempre havia demandas, e desavenças, ou da par se não paga ração abguma incerta, admitttria eu a
te do que os recebia, ou da parte do que os pagava; emenda : Excepto nos contractos, em que estivesse já
pois ou recebia um de menos, ou pagava outro de diminuidos os foros ; ou por outras palavras que eu
mais. Suppondo estes principios, não podem agora proporei por escrito. Com esta emenda parece-me que
ser applicaveis ao easo presente. A primeira razão, se obvia uma, e outra cousa. •
sendo os foros certos estabeleeidos , acabão-se es O Sr. Peixoto: — Ou as terras forão na sua ori
sas desavenças que até aqui havião. Cessa igualmen gem gravadas com pensão certa, ou com ração: no
te a segunda, porque como ele paga foro certo, não primeiro caso não tem resposta a impugnação do hon
podem entrar aqui as bemfeitorias. Cessando pois as rado Membro o Sr. Camello Fortes : e posso de fa
duas razões fundamentaes, pelas quaes nos restringi-- cto proprio afirmar que essas penções são diminutas,
rnos; acho não deve ter lugar esta lei em quanto aos como já disse, e tem sido rebatidas no preço das ter
foros certos. Produz-se contra isto algumas razões: ras; porque quem as compra, só paga o dominio de
uma dellas he fazer clara a lei: e ficando a lei sem recto, ou a parte conrespondente aos encargos. Se
se declarar, ficaria em duvida, se ella o comprehen agora nestas penções decretassemos alguma reducção
deria, ou não : porém a lei tira todas as duvidas. alem da injustiça, decretariamos a perpetua extincção
Por consequencia vista esta lei, a sua letra, e es dos contractos enfiteuticos; porque nenhum proprita
pirito, fica muito claro, e não pode haver duvida rio de terras quereria mais expôr-se ao risco de alie
alguma. Diz-se além disto que isto era em beneficio, nar o dominio util dellas com o perigo de perder a
não só do que pagasse, mas tambem do que recebia reserva, que com o dominio directo intentasse conser
ou do senhorio. Respondo, em benefício do que pa var. No segundo caso, quando a estipulação origina- :
gasse era, e estou por isso: mas que seja em benefi ria foi de ração, e se variou para penção no todo, ou
cio do senhorio; isto he que não póde entrar em mi em parte, então pela doutrina já vencida terá lugar
nha cabeça! Pois eu que era senhorio, e que recebia a escolha de pencionario, ou continuar a pagar a pen
até aqui 10 heide receber agora 5, e heide ficar con ção, ou suppôr que não houve innovação, e louva
tente! Se agora recebo menos; como he que se diz rem-se as terras como se ainda fossem raçoeiras; mas
isto he em meu benefício? Nada, isto não me póde isto he materia distincta do additamento. Confirmº
entrar cá na cabeça. Por consequencia digo, que não por tanto o meu voto pela reprovação do addita
sei se será melhor, ir conservando as cousas no esta mentO. -
do em que estão do que ir estabelecer um tributo. Es O Sr. Guerreiro: — Não me foi possivel (ape
te he o meu voto. zar da explicação que deu o autor do projecto) o pºr
O Sr. Guerreiro: — Diz este artigo addicional. der entender bem a explicação do que são censos ºu
(leu). Eu peço a palavra, para pedir ao illustre au foros. Censos sendo penções enfiteutas pelos contratº
tor deste artigo a explicação dele, pois confesso que pessoaes; nem os contratos nem as penções perdem 3
o não entendo. Foros e censos tem entre nós diversas fórma de censuaes, e enfiteutas; porém não he este º
significações. Censo são aquelas prestações, que se lugar proprio para se legislar a este respeito; mas s"
paga áquelle que arrenda um predio: e foros ordina tratar dos outros principios que mandão observar º
riamente chamão-se ás penções enfiteuticas, e falando ligiosamente os contractos. Em quanto ás pençõescº"
mais claro ás penções certas, que se pagão pelos fo tas a que forão reduzidas as incertas do foral por comº
raes: mas como no artigo 8.° do projecto dos foraes trato entre os donatarios, e os lavradores, tambº" {
se regula o que se ha de praticar a respeito das pen não são comprehendidas neste additamento, pois quº
ções certas, que forão contrahidas para substituir as elles são comprehendidos no artigo 8.° do projecto.
penções incertas dos foraes, he claro que não he des artigo addieional fala sobre aquelles que são impostº
tas que fala o artigo, que está agora em discussão: em consequencia do foral; porém isto não he o mº"
e eu não sei mesmo o que quer dizer — impostos em mo que impostos pelo foral. Insisto pois na mim"
consequencia dos foraes —, e conseguintemente não opinião já referida, e peço esclarecimentos sobre isº
sei qual o sentido deste artigo addicional. Por isso O Sr. Soares Franco: — Eu já disse o que tinhº
peço a V. Exc." pergunte ao illustre Membro, autor a dizer; essa explicação já a dei, e por consequenº
deste artigo, a sua opinião, e o sentido em que isto póde-se discorrer sobre ela. O que se póde dizer º
he concebido. que não está bem explicado ; porém eu o achº "º
O Sr. Soares Franco: — O sentido rigoroso des claro como a luz do dia. Já se disse aqui mil vº"
te artigo addicional he bem claro, e por isso escusado que esta propriedade era mui lesiva, e que era nº"
entrar agora na divisão de foro, e censo. Estes censos sario quartala quanto for possivel. Sobre isto he%"
deve versar a questão,
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O Sr. Gyrão: — Sobre isto dos foraes ha grandes mais, e até mesmo ao direito enfitheutico. Eu olho
*ariedades. Se nós temos em vista favorecer a agricul porém a questão debaixo de outro ponto de vista. Eu
Eura, e temos reduzido outras pensões, porque não não a olho pelo lado da propriedade, pois que esta he
Havemos de reduzir agora esta! Ouvi dizer que isto da Nação; e por isso deveremos fazer tudo quanto for a
era uma propriedade, porem digo eu que não he as bem da mesma Nação: e como aqui se trata do direi
sim; pois pela primeira discussão que aqui houve dos to da Nação; não ha duvida que nós como partes
foraes se mostrou o contrario. Se a Nação pois lhe contratantes podemos alterar estes contratos em pre
impoz esta obrigação, a que elles ficárão sugeitos, juizo nosso: por consequencia a situação deste Con
pºrque não se ha de fazer agora algum favor aos tris gresso no actual estado he muito critica: e he este
tes colonos que tanto tem sofrido? E não será pro justamente o caso em que nós nos devemos considerar
Veloso qne estas pensões se reduzão agora em benefi unicamente como representantes da Nação, e nada
cio da agricultura! Este he o meu voto; para se ali mais; e pôr de parte todos os interesses particulares,
viar esta classe, e tirala da miseria a que se acha re para com toda a imparcialidade podermos conhecer se
duzida. Em quanto se não fizer isto, Srs., e não se he ou não conveniente á Nação o fazer-se isto. Con
aliviarem tamanhos tributos aos povos, nem seremos seguintemente a minha opinião he, que nós neste ob
Mação, nem já mais teremos aquela independencia, jecto devemos marchar com muita circunspecção: que
que tanto precisamos. nós aqui não devemos chamar os principios da justi
O Sr. Camello Fortes: — Eu mostrei que este ça, mas sim os da autoridade publica: e em quanto
Additamento era contrario á letra do projecto, e do aos foros incertos, digo que se deixe aos proprieta
seu espírito. Contra a letra não se póde negar, por rios o pôr em execução quando julgarem ........ -
que havia grandes desavenças entre o rendeiro e o ainda que a propriedade destes bens esteja na Nação,
Senhorio, pelas razões que não se podem duvidar. ou nos proprietarios, não devem com tudo ficar leza
Accrescentarei mais outra razão, e he que o serem das as partes, nem a fazenda. Concluo dizendo, que
eles foros, lesivos, obrigavão, e digo mais, erão a a minha opinião he que nos voltemos á primeira
ausa de que os foreiros os não parassem, pois que opinião da Commissão; e que este artigo addicional
não podião, e deste modo vião-se na necessidade de he inteiramente inadmissivel.
são cultivarem as terras: o que não se verifica pelo O Sr. Soares de Azevedo: — Segundo a expli
modo presente. Um dos illustres Preopinantes disse cação que se diz deste artigo, se vê que se trata de
ousas que são vacilantes. Na discussão negou-se que duas cousas, foros certos impostos pelos foraes, e dos
osseum tributos; porém eu nego-o ainda hoje. Em impostos em consequencia dos foraes. Em quanto aos
luanto a serem lesivos he igualmente vacilante, pois impostos pelos foraes, na minha província não os ha,
linda no presente caso o não póde ser. Em quanto apezar de ser talvez a provincia de Portugal, que es
is rações tenho mais a dizer. Um illustre Preopinan tá mais carregada de penções, e tributos. Vou falar
e disse que se excluem aquelas que forem modera sobre este objecto, e digo que talvez na provincia do
las. Isto he ir sussitar immensas demandas; pois nós Minho seja a unica em que existe foral; e digo mais
em vez de fazer uma lei para todos os lavradores em ainda antes de exitir Portugal, e ou fosse pela sua
gosto, havemos de fazer uma lei para os pôr em des antiguidade, ou pela causa que fosse; o certo he que
ºrdem! Quanto á obrigação de fazer serviços milita os havia muito antigos. Já aqui se disse que ElRei
es, he o proprietario quem os deve fazer, e não o D. Manoel mandou Fernando da Pina examinar is
tendeiro; e elle he quem deve concorrer com tantas to: porém o que resultou daqui foi uma confusão
lanças quantas se lhe determinárão, e não concorren muito grande, e clamores dos povos; de maneira que
lo, tirem-se-lhe essas terras. Estes bens não estão na ElRei D. Manoel se viu na necessidade de admittir
propriedade da Nação! Estão: logo he atacar a pro os povos em audiencia para os ouvir: o resultado foi
priedade da Nação; ellas já estão reduzidas a muito que os senhorios, e os povos se virão na necessida
pouco, e agora ainda se vão reduzir a menos! Deixo de estreitissima de se contratarem ; e por isso ?
isto á consideração do Congresso, e o julgar qual se o que então era foral, se vê hoje reduzido a con
rá melhor, se o deixar os povos com o beneficio que trato. Nós vemos que ha certos foros, que são muito
avultados, ao mesmo tempo que vemos outros muito
já tem, ou pôr-lhe novos tributos.
O Sr. Serpa Machado: — Eu não posso deixar favoraveis; mas pela fórma que diz este artigo, vem
de comparar o projecto dos foraes com este addita a reduzir-se a metade, não sómente aqueles que ja
mento. O projecto diz no artigo 7 (leu). Por conse estão muito diminntos; mas tambem os gravosos. A
quencia excluiu os foros, e agora neste artigo diz-se, experiencia nos tem mostrado que aquelas terras que
que os foros serão reduzidos a metade; e vejo que a forão dadas a communidades, e outros, são as mais
Commissão apresenta um artigo totalmente contrario carregadas. A razão por que nós admittimos a reduc
ção dos foraes, foi por estarem muito desiguaes; G
ao que apresentou em Agosto. As razões que se aca
bão de ponderar de que a decisão do Congresso, res além desta, a outra razão foi porque nós achamos os
pelo ás pensões certas, he a mesma que se deve ap os foraes muito gravosos, e não haver motivo para
plicar ás pensoes incertas, he incoherente. Quem he que uma terra pagasse o 4.°, o 5.”, e o 6."; que
que pôde applicar a mesma cousa ás pensões certas e cousa he isto! Que quer dizer pagarem-se tantos tri
as incertas! O Sr. Comello Fortos já mostrou isto butos, e penções tão exorbitantes! Por estas razões
muito bem. A ser porém esta hypothese verdadeira, julgo necessario tomarem-se estas medidas, e as apoio
int Ciramente.
então esta mesma reforma se deveria estender a muito Hhh
I 426 ]
O Sr. Miranda: — A variedade dos foraes he tão
gança nove mil alqueires, além de quinhentos e tantos
grande, que o que acontece n'uma província, não de foros: sirvão de exemplo os serranos de Feirão que
acontece geralmente em outra : mas geralmente pagão quinhentos e quatorze alqueires de centeio etc;
tambem as provincias se queixão de pagar pensões se pagassem pensões incertas v.g. terço, quarto, con
tão gravosas; eu mesmo tenho feito entrega na Com cedia-se-lhe remissão de metade, mas como são pen
missão de agricultura de muitos requerimentos da de sões certas, que hão de pagar ainda que nada colhão,
Trás-os-Montes, sobre pensões que pagão de foraes não devem gozar de beneficio nenhum. Eu não vejo
estabelecidos talvez antes de existir a monarquia. Ha nisto senão cruel injustiça, nem posso alcançar ra
uma aldeia que não tem mais que 60 moradores, e zão para se fazer beneficio a uns, e a outros
paga 700 alqueires de pão: ha outra que paga mil, não. Quiz-se aliviar e deixar respirar a agricultura;
e isto em consequencia de foraes, que a pezar do es agora já não se quer senão meio alivio e meia respi
tabelecimento dos dizimos continuarão a pagar. Nem ração. Que digo meia respiração! Muito menos de
se diga tambem que não são pezados á agricultura; eu meia, porque as terras gravadas com prestações cer
conheço povos que tem sido abandonados; eu conheço tas são muito mais que as gravadas com as incertas.
uma aldeia que tem ficado reduzida a tres habitantes, Ouvi dizer que se faz esta diferença porque as
tendo-a abandonado o resto, por não pagar taes pen pensôes certas não estão postas com igualdade; po
sões. He necessario conhecer, que se as pensões certas rém são mais leves umas, outras mais pezadas. Mas
por uma parte não são tão gravosas com as incertas, respondo, se esta fosse a baze que a assembléa tomou
tambem debaixo de outra consideração são mais pe para a reducção, não teria determinado que todas as
zadas; porque colha muito o foreiro ou colha pouco, pensões incertas se reduzissem a metade; pois delas
sempre ha de pagar o mesmo; e tanto he verdade que umas são leves, outras pezadas. Determinaria que por
erão gravosas, que apezar do antigo poder do des exemplo aquelles que pagão terço, ou quarto, ficas
potismo, assim mesmo algumas partes lutárão contra sem pagando só metade, e aquelles que pagão só.
a autoridade publica, e recusárão pagalas: houve mente oitavo ou menos de oitavo continuassem a pa"
parte em que recebêrão com um esquife aos exactores, gar o mesmo sem beneficio nenhum. Mas não foi es
dizendo que havião enterrar os ministros que fossem sa a decisão da Assembléa: assim aos lavradores dº
ás diligencias; a tal gráo chegou a sua desesperação! terço, como os de decimo, oitavo etc, se perdoou
Quando se estabeleceu o principio de que os foros se metade. A sua mente foi favorecer a todos com o
havião de reduzir a metade, eu cri que tanto se ha perdão de metade, assim aos mui carregados, como
vião de reduzir as pensões certas quanto as incertas. aos pouco carregados. Como pois se quer agora dei
E quando fazemos um beneficio á Nação deveremos xar sem favor a tantos povos que gemem opprimidos
deixar sobrecarregados aos que pagão pensões certas, com pezadissimas pensões certas, qual a de nove mil
porque as não pagão incertas ! Quando como levo di e quinhentos alqueires, que eu disse do pequeno povº
to são, debaixo de alguma consideração, menos pe de Porto de Mós! }
zadas estas do que aquelas. Não julgo que sejão es Argumenta-se com o prejuizo da fazenda nacional.
tas seguramente as intensôes da Assembléa. He neces Não he mui grande tal prejuizo. Estes foros e presta
sario pois fazer-se saber que todos os foros certos que ções dos foraes revertem pela maior parte a benefíciº
não estão no caso estabelecido no artigo 18 do proje de donatarios e pessoas particulares; mui pouco che.
cto dos foraes, e que fóra desse caso estão estabeloci ga a entrar no thesouro: cuido que anda isso por
dos em foraes ou em consequencia de foraes, devem dez contos. Quanto maior he o prejuizo que sofre nãº
ser reduzidos a merade. Isto he necessario que se fa digo a Nação mas o thesouro, por estarem as terras
ça para favorecer a agricultura, e até por uma ra incultas! Quanto mais do que dez contos entraria nº
zão de politica, porque este systema se ha de con thesouro se a agricultura florecesse em Portugal! Se
solidar fazendo bem aos povos; e quanto mais bem queremos o thesouro rico façamos com que a nação
se lhes fasº, tanto mais elles hão de adherir volunta seja rica; com que prospere a agricultura, o commer"
riamente a elle. cio, e a industria: bolça cheia de uma casa pobre
O Sr. Borges Carneiro: — Assas me tenho ad he uma idea contradictoria. Assim governão as int
mirado de ver tomar incremento na Assemblea a opi lheres, que para terem hoje uma moeda deixão pre
nião contraria á que acaba de manifestar o Sr. Mi der dez que lhes virião no fim de quinze dias. A**
randa: e começa a lembrar-me que, se já se não ti de que, se estes rendimentos dos foraes são para a Na:
vesse redusido a metade as pensões incertas, talvez ção, então saião igualmente de todos os cidadãos á
isto agora se não vencesse, e chamo a isto andar pa proporção dos rendimentos de cada um, pois nãº;
ra tras como o caranguejo. Não sei que justiça he essa comprehendo porque razão hajão de carregar sob e º
com que se pretende, que fiquem privados do benefi moradores do campo de Leiria, de Ourem, Faro,
cio da reducção os que pagavão pensões certas: já Alemquer etc, do que sobre outros quaesquer.
se tem mostrado que estas, de algum modo, são tan Disse outro illustre Preopinante, que se estas pen
to e mais gravosas como as incertas. No caso destas sões certas forem pezadas e lezivas, lá tem os lavra
quem muito colhe, muito paga, quem pouco, pou dores os meios ordinarios, e que usem da acção que
co. Porém nº caso das certas, se o lavrador sofrer lhes competir. Bello peusamento! Eu lhe pergunta:
uma esterilidade, ha de sempre pagar a mesma quan rei i E porque razão sendo-lhes essa acção útil, nãº
tidade. Sirvão de exemplo os moradores do termo de lançarão eles mão della ha tantas dezenas de annos!
Porto de Mós que pagão annualmente á casa de Bra He porque não lhe sentem furo. Bello meio estas de:
[ 427 ]
mandas contra senhorios poderosos, as quaes se as so pois, approvando o artigo, conformar-se-ha com
intentassem havião de gastar quanto tem, e não tem, a regra tantas vezes proclamada pelo nosso amigo
e ficarem pobres como o Santo Job. Eu pelo contra Bentham, isto he; de procurar o maior bem do maior
rio lhes aconselharei, que se os senhorios lhes quize numero; e este he o meu voto.
tem tirar as proprias terras, lhas larguem antes do O Sr. Serpa Machado: — Os honrados mem
que metter-se com justiçadas. bros que tem falado nesta materia, e tem falado a fa
Diz outro dos illustres Preopinantes, que se vai vor do artigo, são coherentes com os seus mesmos
ofender o direito da propriedade. Este argumento já principios; porque como elles querião a extincção dos
foi proposto e rebatido no principio da discussão do foraes, e agora querem a maior reducção delles, não
presente projecto. Se elle fosse attendido, não se te caem em incoherencia, nem eu os taxo della; mas o
ria sanccionado a reducção das pensões incertas, pois que digo he, que quando se compara este artigo 7.°
he elle igualmente applicavel a umas e outras. Baste do projecto dos foraes, cujo espirito he o da conserva
lembrar como se adquiriu este direito de propriedade; ção dos foros, se acha contradição. Entre tanto não
pelo direito do leão sobre a rapoza, de contrato do se segue que a Commissão não podesse variar de pare
lobo com a ovelha, do Rei conquistador dispondo cer; mas julgo que esta mudança he sem fundamen
livremente da sua conquista. Geralmente digo que o to, e estranho que á prespicacia do Sr. Borges Car
mesmo direito de propriedade que he adquirido por neiro escapasse a diferença que ha de foros incertos a
titulos justos não deve estar em collisão com o bem foros certos; pois isto não escapa á comprehenção da
publico, pois nesse caso sofre restricções; pois para maior parte dos que queirão reflectir sobre este obje
indicar aqui este exemplo, i Qual será melhor conti cto. Diz-se, que a propriedade deve ceder ao bem ge
nuar a estar o Alemtéjo inculto como está, ou res ral; mas o bem geral consiste pelo contrario no res
tringir-se em pouco o direito de propriedade em be peito da propriedade; o bem geral da nação pede sem
neficio do bem commum, come fizerão as saudaveis pre que a propriedade se respeite: as bases fizerão uma
leis do Sr. D. José, que o elevarão a maior cultura excepção nesta regra; mas estabelecêrão que fosse in
com grande beneficio da lavoura! demnisado o proprietario: e aqui como se indemniza!
Approvo por tanto o artigo addicional, e torno a Por tanto a minha opinião he, que se não faça alte
izer, que me admiro muito que a opinião contraria ração nesta parte.
tenha progredido no Congresso. O Sr. Correa de Seabra: — Este artigo não está
O Sr. Pessanha: — Os Srs. Miranda e Borges concebido com clareza, e por isso precisa explicação
Carneiro previnírão-me em grande parte; todavia di deste artigo com a emenda em que conviu a mesma
rei que o Congresso já decretou que as pensões incer Commissão, que os foros incertos sabidos, impostos
tas fossem reduzidas a metade; prevalecendo-se do di pelos foraes ficão reduzidos a metade, he de saber,
reito que tem sobre os bens nocionaes, que assim são que nos foraes se achão duas especies de foros, cer
consideradas as pensões impostas pelos foraes; mas tos, e sabidos, isto he ou se impõe foros certos, e sa
para que fim adoptou o Congresso esta medida? Não bidos sem obrigação de quotas incertas: isto posto he
foi para aliviar os lavradores! Logo pela mesma razão claro que o artigo na sua generalidade comprehende um
devem gozar de igual beneficio os lavradores que pa e outro, mas como os foreiros que pagão além dos fo
gão já quotas certas; quer ellas tenhão sido impostas ros certos e sabidos, quotas, já estão bem favorecidos pe
pelo foral, quer por estipulações posteriores, mas em la reducção das quotas a ametade, não devem ser estes
consequencia dos foraes. O que o meu illustre amigo comprehendidos na providencia deste artigo; e me pa
º Sr. Miranda diz relativamente a muitos foros certos rece que não deve tambem conceder-se este favor da re
serem intoleraveis, he verdade incontestavel; taes co ducção a ametade dos foros e cenços sabidos que os fo
mo os de villa. Pouca de Aguiar na comarca de Vil reiros pagão segundo os foraes, sem serem sujeitos a quo
lº Real, e outros no concelho de Bragança: custa a tas, não só pelas razões que já ponderárão alguns illustres
crer como com taes pensões ainda se agricnltem Preopinantes, mas pelas circunstancias do thesouro;
aquellas terras; estes povos merecem toda a attenção porque reduzidos os foros certos e sabidos a ametade,
do Congresso. Demais, não he para facilitar a redem na forma do artigo, todas as jugadas, grande parte
Pção destas pensões, em ordem a que fiquem as ter dos reguengos, e todos os mais bens nacionaes que
as desoneradas dellas a ñnal, que tendem as vistas se não comprehendem nas jugadas, e reguengos que
dº Congresso, por ser este o maior hem que se pôde não são poucos, porque desde o tempo do Sr. D.
fazer á agricultura, visto que ela nunca poderá bem Pedro 1.° se não reputárão mais reguengos os bens
Prosperar, senão quando o dominio util e directo se que se incorporárão á coroa, tudo isto, digo, fica
ººnsolidarem nas mesmas mãos! Logo a justiça pede, reduzido a ametade, e por consequencia he grande o
que aos lavradores que pagão quotas certas se fran deficit não só nas rendas do thesouro nacional, mas
que o mesmo beneficio, porque he bem certo, que nas applicadas para a amortização da divida: se não
ººm muito maior facilidade poderão os lavradores sabemos nem podemos saldar o grande deficil que já
ºluntar os fundos para remir uma pensão reduzida a ha, como se quer ainda augmentar o deficit ! Ou como
º metade, do que uma pensão inteira, muito mais sen he possivel mesmo que lembre isto! Eu não respondo
dº ela intoleravel, como as de que falou o Sr. Mi ao argumento que se tem produzido de que o prejui
"da; em cujo caso fica impossivel a redempção, zo he dos donatarios, porque tantas vezes tenho di
Vindo aquelles colonos a ser perpetuamente condem to respondendo a esse argumento, que esses bens
"ados aos destinos dos escravos Russianos. O Congres nas mãos dos donatarios não perdem a qualidade de
hh 2
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nacionaes, e que por isso mesmo estão sujeitos a con tivo! Por serem pensões certas? Pois que? Acas |
tribuições mais pezadas, que já me aborrece falar em não tem lugar a respeito dellas as mesmas razões, e
tal. Pelo mesmo motivo, e que porque um illustre De ainda com mais força! Não milita com ellas o mes
utado satisfez exuberante a todos os argumentos, tam mo favor da agricultura? Não são ellas a parte mais
Em não respondo aos mais argumentos que se tem importante dos foraes! Nós propomos-nos a reformar
produzido a favor do artigo, e só digo que logo nas foraes, ou só meios foraes! Que pungente razão de
primeiras discussões deste projecto observei, que os pri desconsolação para a maior parte dos lavradores ve
vilegios concedidos aos possuidores dos bens nacionaes rem-se privados de todo o beneficio só pelo accidente
não os eximião dos foros ou quotas, mas sim dos mais de serem as suas pensões certas! Queremos continuar
onus, e encargos a que estavão sujeitos pelos foraes, a vêr um thesouro pobre, ou esperamos achar bolsa
e que as quotas não se augmentavão nem diminuião rica n’uma casa pobre ! Não sejamos tão inconsequenº
em razão dos privilegios, e depois de outras reflexões tes.
mais convidou o illustre Preopinante que continua a O Sr. Camelo Fortes: — Eu voto contra o adia
considerar os foros como contribuições, e que tão pou mento. Passar toda uma manhã! Todo um dia! So
co escrupulo tem na reducção, diminuição dos bens bre este objecto e tornalo a adiar, não acho isto con
veniente. •
presentes, o que nas Cortes se representou ao Sr. D. O Sr. Pinheiro de Azevedo: — Não ha inconve
Afonso 5.° por occasião das doações menos conside niente nenhum para que se não decida agora o artigo.
radas que havia feito, por cuja occasião reflectiu que O Sr. Correia de Seabra: — Eu apoio esta ope
à Nação Portugueza resistiu sempre muito ás contri nião, no caso do artigo não ser regeitado deve ficar
buições por isso que havia bens nacionaes applicados adiado para de pois do artigo 8, até porque agora me
ara todas as despezas publicas, e concluiu que o ar occorre o que ha annos li na Corografia do Carvalhº,
# devia ser rejeitado, advertindo que se havia que pagando o conselho de Alfarellos á casa da Tra
algumas povoações que estavão nas circunstancias fa 133500 alqueires de pão se ajustara o conselhº
que tinha dito o Sr. Preopinante Miranda devia isto com aquella casa de lhe dar 133500 réis por anno, e
ser tomado em consideração quando se discutisse o até já me disse um sugeito que vira o titulo da con
artigo 8.° tornando a lembrar que os foros não erão tão venção, e que os 133500 alqueires erão de trigo, e
pesados como se suppunha, do que era uma prova o que o conselho declarara que se corresse por menos
estarém os povos em todas as contestações de foros preço por esse o pagarião? Não adoptemos portantº
pugnando pela observancia dos foraes como observou uma medida que necessariamente traz com sigº granº
} nas primeiras sessões um illustre Deputado. de diminuição das rendas nacionaes e que vai só be:
"O Sr. Miranda: — Nós agora tratamos das pen nefeciar grandes proprietarios, porque são múi poucº
5es certas, não tratamos aqui da propriedade parti cos
bens.os lavradores pobres que são proprietarios destes
* * * • • •
suppuzerão as outras incluidas nos artigos anteceden o li me fez grande estranheza, porque nunca encon
tes; ou porque a agricultura dos cereaes he a que mais trei nos foraes foro, ou pensão só pelo acto de semear,
carece de ser favorecida entre nós. Reparo com tudo ou lavrar; todavia por me tirar de duvida fui consul
em que os redactores só se fizessem cargo neste artigo tar João Pedro Ribeiro, e Francisco Ribeiro dos
da jugada a pão, que devem pagar os seareiros; quan Guimarães, que me disserão que tambem não tinhão
do alguns outros estão nas mesmas circunstancias. Por noticia de tal: os autores do projecto supponho eu
quanto esta jugada ou he paga pelo lavrador propria que lêrão em algum foral = o que lavrar com jugo
mente dito, isto he, aquelle que tem de seu o jugo de bois pagará tanto, o que com um só boi tanto; o
de boi; ou pelo seareiro, isto he, aquelle que lavra que semear pagará tanto, o que semear cavando só
com bois alheios; ou finalmente por aquelle que se á enxada tanto, etc. = e entendêrão que estes foros
meia á enchada a quem muitos foraes chamão ca e pensões erão impostas pelo acto de semear, e pelo
tam, como se lê particularmente no foral do conce acto de lavrar, sem repararem que este he o modo
lho de Ferreira d'Aves, dado pela Rainha D. The ordinario da contribuição, e rateio dos foros e pen
resa em 1126, e reformado pelo Sr. Rei D. Manoel sôes que se pagão das terras chamadas jugadeiras:
em 1514. E como em todas estas jugadas se verifica adoptou-se esta fórma e modo (ainda que não foi ge
a razão do artigo, de serem elirectamente oppostas ao ral para todo o Reino) de regular os foros e pensões
interesse publico; voto porque se extingão as jugadas que os proprietarios havião de pagar das terras que
de quotas certas de pão, ou ellas sejão pagas pelo la estavão incultas ao tempo que se derão os foraes: não
vrador, ou pelo seareiro, ou pelo que semeia á en justifico este modo de distribuição, que os nossos maio
chada. A respeito das portagens, reservo a minha res adoptárão para as terras jugadeiras, e reconheço
opinião para quando se tratar da segunda parte do que se deve dar outra fórma para esta distribuição,
artigo, por não confundei agora materias entre si mas de modo nenhum se devem com um golpe de
diferentes. mão extinguir asjugadas com tanto detrimento da fa
O Sr. Soares Franco: — A palavra jugada he zenda nacional, só porque a fórma da sua distribui
tomada em differentes sentidos; mas em outras par ção he defeituosa, podendo unui facilmente adoptar-se
tes a jugada parece ser tirada do jugo dos bois, e esoutra fórma de distribuição; e por tanto este artigo
te direito he pago por diferentes maneiras; porque o deve ser supprimido, porque sendo o seu conteúdo
lavrador que lavra com bois seus paga uma cousa, falso, se segue delle como consequencia a extincção
º que lavra com alheios paga outra, e o que lavra á das jugadas, e até mesmo porque este artigo he inju
enchada, creio que não paga nada: ora como o boi rioso aos nossos maiores, que logo desde o principio
he mais facil para produzir; por isso pareceu mais da monarquia souberão promover a agricultura com
justo que recaisse sobre estes o imposto: agora se a muitas e mui sabias providencias agrarias, e nunca
jugada fôr o oitavo, isso lá está na parte primeira; se lembrárão nem podião lembrar de uma pensão que
mas disto não fala agora) aqui não se pertendeu se era um obstaculo ao adiantamento da agricultura: e
não abolir aquella diferença que em certas terras ha eu quando for occasião opportuna me encarregarei de
de lavrar com o seu ou alheio, e se estas cousas se mostrar, que nunca entre nós houve onus ou pensão
reduzirem a uma ração incerta já está determinado, só pelo acto de edificar como se tem dito no decreto
e se ficar em uma ração certa então depende do que da extincção dos bana.es. • •
ainda se vencer; e o mais fica para se tratar nos ou O Sr. Soares Franco : — Isto não era nem pensão
tros artigos a que pertencerem. . certa, nem incerta; e por isso he que se fez aqui esta
O Sr. Borges Carneiro: — Começou lendo o ar declaração, para se acabar com isto por uma vez.
tigo, e disse: «Noto antes de tudo esta expressão O Sr. Serpa Machado: — Eu concordo com o Sr,
uma quota certa, pois he repugnante; e deve ser Pereira do Carmo, que esta materia tem uma cone
uma quantidade certa. Quanto á materia, digo que xão com as outras jugadas; mas não concordo com
se pelo mero acto de semear se paga alguma quanti o que diz o Sr. Correa de Seabra; porque ha o foral
# certa, vem isso a ser uma especie de direito ba de Cêa que diz que aquelles que lavrarem rego sobre
nal, que já está extincto por outro decreto; não de rego pagarão tanto, e assim como ha este foral de
ve sujeitar-se essa liberdade hoje á eventualidade de que eu tenho notícia, poderá ser que haja muitos our
uma votação, e só deve declarar-se extinctº por tros da mesma natureza; e como estas pensões se paº
maior clareza. Agora se isto se entende de pagar um gão pelo acto de lavrar, he verdadeiramente um di
tanto por semear naquele terreno, a proporção da ex reito banal; portanto a providencia que se der a res
tensão que se semeia, ou do numero de jugos de bois peito de uma cousa, deve ser a respeito das outras,
com que se lavra, que he o que chamamos jugadas, se e quer ellas sejão certas, quer incertas, ou de uma
se trata disto, digo, que se essa quantia que se pa natureza particular não devem existir: nós já aboli
gar fór incerta, já está vencido que ha de ser reduzi mos o direito de fogaça, pois este he muito mais one
da a ametade: se fôr certa, então está dependente da roso, e muito mais injusto, por consequencia o meu
decisão da questão que agora ficou adiada. Porém, -voto he, que se forme um artigo particular que com
torno a dizer, se essa obrigação de pagar be só pelo prehenda não só este direito que se paga pelo acto de
simples facto de semcar, então temos direito banal, e semear, como acabo de dizer neste foral de Cêa, mas
por consequencia declare-se que já está abolida tal o de jugada, e cavar, etc. . . .
obrigação. ** * * * * * * * . * . * . . . --
* # : :! - ...! :)
O Sr. Macedo: — Pelo que disse um honrado
O Sr. Corrêa de Seabra: — Este artigo logo que Membro da Commissão, que apresentou o projecto
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que se está discutindo, parecerá que o artigo de que da discussão. Um delles julgou que as jugadas não
tratamos tem por objecto a extincção das jugadas; são só pagas pelos seareiros, e julgou tambem que es
porém eu não sei que a Commissão quando concordou te artigo esteva justamente incluido nos direitos ba
neste artigo lhe desse tal intelligencia : ao menos eu naes; nesta variedade não póde a discussão deixar de
por mim declaro que o não entendi dessa fórma. Se ser incerta e vaga, pois todas estas cousas devem for
quizessemos extinguir absolutamente os diversos direi mar objecto do decreto: em quanto ás jugadas creio
tos designados pelo nome de jugada, então para ser que são postas simplesmente pelo facto de semear ;
mos coherentes deveriamos extinguir outros muitos; mas creio que foi para a distribuição das pensões. Eu
por quanto ha jugadas que não diferem das rações, não me opponho a que se reduzão ametade assim co
ha outras que tem a natureza de pensões certas; con mo todos os outros impostos pelos foraes de pensões
seguintemente se todas as jugadas se extinguissem, incertas; porque sendo impostas no mesmo tempo, de
não haveria razão para que não tivessem a mesma vem ser reduzidas aos mesmos termos; mas era neces
sorte as outras prestações, que só diferem dellas em sario pensar primeiramente qual conviria mais á agri
nome. Não he pois ás jugadas que se refere este arti cultura, dos diferentes modos que se podem adoptar
go, he sim a certos direitos de natureza banal, que para este pagamento, e só os illustres membros da
em algumas partes se exigem pelo simples facto de se Commissão he que podião regular estas imposições ter
mear. Nem se diga que taes direitos não existem, ritoriaes, e as imposições sobre o jugo; e em quanto
quando até neste Soberano Congresso constou já a sua á imposição a que são obrigadas só pelo simples facto
existencia pelas representações de alguns povos. Ha de lavrarem não ha duvida nenhuma em que ella en
muito tempo se leu aqui, e ficou adiado um parecer tra nos direitos banaes, e para evitar duvidas seria
da Commissão de agricultura relativo a um requeri muito bom declarar-se: em conclusão o meu voto he,
mento dos povos de Thomar dirigido ás Cortes pela que se as jugadas devem ser extinctas nos foraes, tam
camera daquella villa : este requerimento vinha con bem devem ser as mais pensões, e em segundo lugar
cebido em muitos artigos, e estou bem lembrado que se convem ou não uma imposição territorial imposta
em um delles se queixavão os recorrentes do encargo ás terras que estão no districto do foral; e approvado
que lhe impunha o foral de pagarem aos freires de tudo isto deve voltar á Commissão para redigir um
christo uma galinha só pelo acto de semear : o pare artigo de novo.
cer da Commissão a este respeito era que tal encargo O Sr. Corrêa de Seabra: — O Sr. Serpa Macha
fosse abolido por estar comprehendido no espirito do do pertendeu defender o artigo com o foral de Cea,
decreto de 20 de Março. Portanto versando a dis que diz: o que lavrar rego sobre rego pagará tanto;
posição deste artigo unicamente sobre as prestações da mas deve advirtir-se, que aquella clausula determina
natureza que tenho referido, conforme a intelligencia o foro que se paga pela terra que fica comprehendida
obvia das suas palavras.julgo que não póde haver du nos regos dados por aquella fórma, e he por conse
vida nenhuma em se approvar a sua doutrina. quencia a distribuição do foro que compete áquela
O Sr. Borges Carneiro: — Este projecto veio terra jugadeira, e não se pense que se pague só pelº
todo elle, concebido em proposições pouco distinctas acto de lavrar. O Sr. Macedo quiz defender o artigº
e claras, e isso assás tem complicado a discussão. O com o foral de Thomar, em que se diz: o que lavrar
presente artigo he um dos escuros. He necessario re pagará uma gallinha; mas devia advirtir que os prº
digilo com clareza, e conceber duas diferentes hipo pri-tarios das terras obrigadas a foros, pagão além
teses. Primeira se em algum lugar se houver de pagar das cotas e foros, foragens, isto he, gallinhas e cº
uma pensão certa ou incerta só pelo acto de semear, pões; e por tanto o artigo deste foral, e de outros -
além da que se paga pelo fructo que se semea ou que milhantes determinão por esta fórma, isto he, pelº
se colhe; e a respeito desta obrigação está já decidida lavoura ou pela quantidade de terra que possuem, aº
a sua extincção no decreto sobre os direitos banaes, foragens que devem pagar, e neste sentido insisto nº
e muito bem extincta. A outra hypotese he se em al suppressão do artigo.
gum logar houver o costume de que aquelles que la O Sr. Soares Franco: — He preciso não estarmº
vrão paguem uma pensão determinada pela extensão aqui a escutar todas as palavras, quando não nunº
do terreno que lavrão, ou pelo uumero das juntas ou faremos nada: uns dizem que ha alguns foraes em 9"º
jugos de bois com que lavrão. Esta pensão verdadei se impõe a pensão só pelo simples acto de semear:
ramente he incerta, porque he proporcionada á ex isto he realmente um direito banal, e já está extinº
tensão do terreno lavrado, ou ao numero dos jugos; pela sua natureza: ora agora irmos tambem incluir
da mesma sorte que em outras terras he regulada pe aqui a outra especie, se lavra em terra sua pºgº #
lo terço, quarto, etc. do que se colhe: e por tanto já to, se he alheia paga tanto, isto tudo faz uma º
está decidido que ha de ser agora reduzida a metade. confusão, que eu não sei a fórma que se ha dº*
O Sr. Guerreiro: — Neste artigo 6.° acho as guir nisto; o meu voto he que se abula tudo, ºu º
mesmas difficuldades que encontrei no artigo que fi então se indicasse qual ha de ser o meio pelo qual"
cou addiado. Seareiros são aquelles que lavrão sem se nos havemos de desembaraçar disto. •
rem proprietarios, e as imposições que nos foraes se O Sr. Macedo: — Uma vez que se reconhº**
impunhão a estes seareiros, era para substituir aquel que ha foraes que impõem um tributo só pelº "
las cotas que erão impostas aos lavradores; mas os de semear, he claro que não devemos consentirº"
illustres Membros da Commissão apartárão-se tanto elle subsista por mais tempo: e se bem que eu * #
deste sentido, que parece impossivel o voltar ao fio pute por uma prestação de natureza similhanlºº"
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quelas que forão extinctas pelo artigo 3.° do decreto Quem vigiará os magistrados? E onde deve residir es
de 20 de Março; apezar disso sou de parecer que pa se poder senão nas Juntas do Governo! Todos sabe
Ia mais clareza fique expressamente decretada a sua mos os males que tem sofrido os povos da rivalida
extincção no artigo que estamos discutindo. Em quan de e confficto de autoridades independentes entre si.
to ás jugadas que se tem querido confundir com a ma Em verdade confesso que não vejº a razão por que
teria deste artigo, devemos notar que em algumas ao antigo Governo de uma provincia do Brazil, quan
partes equivalem a pensões certas: em outras consis do era individual, isto he, de um só, todas as auto
tem no oitavo, e em outras estão reduzidas por um ridades erão subordinadas, e o não hajão de ser a
contracto a uma determinada pensão; e particular um Governo collectivo, a um Governo formado de in
mente posso informar a respeito da jugada de Coim dividuos da escolha e confiança dos povos, e entre
bra, que a camara daquela cidade se ajustou com a elles residentes. Julgo pois, Senhores, que isto deve
casa de Aveiro para lhe pagar uma prestação certa merecer a consideração do soberano Congresso, e que
em dinheiro, que se distribue pelos lavradores do ter nos devemos lembrar de que povos que ha pouco tem
mo. Se acaso pois as jugadas tem a natureza de ra po saírão da escravidão, não dormem tranquillos nos
ções, estão comprehendidas no artigo 1 : se porém primeiros dias o somno da liberdade: sonhào ver os
consistem em pensões fixas, então ficarão sujeitas á antigos ferros, e qualquer arruido, por mais leve e
regra que se estabelecer a respeito desta qualidade de innocente que seja, os acorda, e sobresalta.
Pensões; por conseguinte escusado he falar de juga Houverão mais alguus Srs. Deputados, que pre
das no artigo de que tratamos. O que julgo porém tendêrão falar ; os quaes forão interrompidos pelo
necessario, torno a dizer, he que neste artigo 6 se Sr. Presidente, que lhes disse, que por agora sómen
determine expressamente que as prestações que se pa te se tratava de fazer a segunda leitura desta indica
gão pelo simples facto de semear ficão abolidas, por ção para ver se deve ou não ser admittida á discussão
que apezar de se dizer que isto já está decidido pelo Decidiu-se que ficasse para se discutir segunda
decreto dos direitos banaes; todavia como lá se não feira 11 do corrente.
fez expressa mensão desta especie, justo he que seja Designou o Sr. Presidente para ordem do dia a
agora aqui explicitamente meneionada para se tira continuação do projecto de Constituição: e para a
rem todas as duvidas. prolongação a indicação do Sr. Killela, e o projecto
Depois do Srs. Pessanha, Gyrão, e Brandão te da refórma do exercito. •
Tem feito mais algumas observações, o Sr. Guerreiro Levantou-se a sessão publica á uma hora, e abriu
propoz o adiamento da questão. se sessão secreta. — José Lino Coutinho, Deputado
O Sr. Presidente poz a votos o adiamento: e foi Secretario.
approvado.
O Sr. Gyrão requereu que o artigo voltasse no REsoluções E ORDENS DAs CoRTEs.
vamente á Commissão para o redigir conforme as dif
ferentes emendas que se tinhão feito. Foi approvado. Para Filippe Ferreira de Araujo e Castro.
O Sr. Secretario Felgueiras fez a 2.º leitura da
indicação do S. Villela ácerca dos governadores das Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor
armas do Brazil. es Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
O Sr. Killela: — A nomeação de officiaes do ordenão, que consultada a Junta da directoria geral
exercito de Portugal para Governadores das armas dos estudos sobre o incluso requerimento dos habitan
das provincias do Brazil he desnecessaria, prejudi tes do lugar do Bombarral, reverta o mesmo reque
cial, injuriosa, e impolitica. Desnecessaria, porque rimento com a consulta a este soberano Congresso. O
ali temos militares benemeritos: prejudicial pelas avul que V. Exc." levará ao conhecimento de Sua Mages
tade.
talas despezas que faz o Thesouro com a ida daquel •
les Governadores; injuriosa, porque póde parecer que Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 9
se duvida da aptidão, ou da fidelidade dos officiaes de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
do exercito do Brazil: impolitica, porque póde fazer
descontentes todos estes. Alem disto he preciso que Para José da Silva Carvalho.
aquelles povos não julguem que se pretende ainda con
servar alí estes e outros lugares para morgados dos Illustrsssimo e Excelentissimo Senhor. — As Corr
filhos primogenitos: he necessario remover delles toda tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
a ideia de dominação. Eu sei (e o officio que se leu ordenão que lhes sejão transmittidas informações sobre
ha pouco acaba de o provar) que as tropas que daqui o motivo porque se mandou metter em folha º Desembar
forão, e a independencia dos chefes militares para gador Manoel Antonio Kelez Caldeira Castel-Bran
com as Juntas do Governo das provincias, tem ge co, achando-se sem efectivo serviço na relação e ca
sa do Porto, e occupado e com vencimento de orde:
ralmente desagradado muito. Com efeito he um mons
tro de quatro cabeças, como já disse, o regimen que nado por outra repartição... O que V. Exc." levará
alí se quer instituir. Senão houver em cada provincia ao conhecimento de Sua Magestade.
um centro de poder, quem ha de chamar aos seus de Deus guarde a V. Ex….º Paço das Cortes em 9
veres os Governadores das armas, quando estes abu de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras
sem, e salão do circulo das suas obrigações! Quem
fiscalizará o procedimento das Juntas de fazenda ! Redactor — Velho.
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ralmente todas as commodidades dos moradores da
cidade ou villa. Sobre esta materia disse
• A= O Sr. Pereira do Carmo: — Está decretado o
SESSAO DE 11 DE MARÇO. estabelecimento das camaras, resta dar agora um no
vo movimento a este mecanismo politico, já em par
te organizado entre nós. Para que o movimento seja
A… a Sessão, sob a presidencia do Sr. Fa regular, cumpre determinar as attribuições das cana
rella, leu-se a acta da antecedente, que foi appro ras; e por isso devemos decidir hoje, se por ventura
vada com uma emenda, que logo se fez no mesmo lhes cabe o governo economico, ou administrativo, ou
actO. ambos juntos; e tomada que seja uma resolução ge
O Sr. Secretario Felgueiras mencionou os seguin ral, he facil applicala depois a cada uma das hypothe
tes officios: •
dos por um, do que de um só individuo. Voto por tra cousa em que as camaras podem ser muito uteis
tanto a favor da conclusão qne tirei dos principios sem executarem leis, e he propondo ás autoridades os
stabelecidos. meios de melhoramento que só ellas podem melhor
O Sr. Borges Carneiro: — Sr. Presidente, está discobrir pelo exercicio das suas funcções.
se resuscitando uma questão que já se venceu. Já se O Sr. Moura: — Eu queria dizer pouco mais ou
decidiu que não se trate aqui se as camaras tem po menos isto mesmo, em resposta ao que alguns dos Srs.
der e governo administrativo, porém que se principie disserão. Não ha duvida nenhuma que aos corpos
designando logo quaes sejão as suas attribuições, por municipaes pertence promover a agricultura, com
que uma vez sanocionadas estas, está sabido qual se mercio, e industria.
ja o seu poder. Eu por tanto, entrando já com o n.° O Sr. Vilella: — Eu convenho com o que diz o
lº, digo que o approvo, e se quizermos dar-lhe ex Sr. Marcos Antonio isto he, que este numero do ar
tensão mais ampla póde accrescentar-se-lhe, que as tigo não deve passar assim todo; pois se já se assen
camaras geralmente promoverão todas as commodida tar que pertence ás camaras promover a agricultura,
des aos moradores do concelho. commercio, e industria, era implicar esta medida com
O Sr. Serpa Machado: — Eu tambem não falarei as attribuições das mezas de inspecção, ou juntas de
do governo administrativo, nem do governo econo commercio, e agricultura, que se possão entender ne
mico, e falarei só da primeira obrigação que aqui se cessarias. O Sr. Deputado Borges de Barros, apre
impõe ás camaras, de promover a agricutura, com sentou um projecto a este respeito, o qual foi á Com
mercio, etc.; parece-me que quando se impôe uma missão especial do commercio, e ha de depois entrar
obrigação a qualquer indivíduo, deve esta ser posta em discussão. Approvando-se o numero como está
em tal maneira que elle a possa desempenhar; porem poderá prejudicar-se aquelle projecto. Por tanto a mi
esta está posta de tal maneira que me parece impossi nha opinião he que se supprima nesta parte.
vel fazelo, porque ou ha de promover estes ramos de O Sr. Trigoso: — Tudo quanto se tem dito
industria, ou fazendo leis, ou fazendo-as executar; e para provar a necessidade deste artigo não me con
deixando nós este poder ás camaras, ou he dar-lhes vence, e confesso que com efeito he uma lei muito
outros poderes que lhes não competem, ou fazer com vaga, e tudo o que he vago não deve entrar na Cons
que não possão cumprir as suas funcções; por tanto tituição; he necessario primeiramente determinar qual
parece-me que devia este artigo ser concebido em ou he a esfera das camaras; diz-se que elas devem exe
tros termos, pois que se tratamos de lhe dar autori cutar as leis, e que devem propor as melhoras; isto he
dade, a fim de melhorar-mos cada um destes ramos obrigação de todo o cidadão; todo o cidadão tem o
deve isto ser mais claro, porque assim vem a ficar em direito de propor o que lhe parece melhor para o bem
contradicção com os outros corpos, legislativo e ex geral; por consequencia não posso conceber como as
}
ecutivo, e por isso quizera que este artigo fosse mais camaras possão fazer tudo isto, não sei quaes são os
claro. casos em que se possa accusar as camaras por nao
O Sr. Marcos Antonio de Sousa: — O artigo pa cumprirem o que a Constituição lhe impoz; e isto he
rece-me concebido com muita generalidade; e creio um artigo inteiramente inutil, e por isso não deve en
que qualquer administração publica, ou seja de um trar na Constituição; porque, que importa impor obri
individuo, ou seja de um corpo comulativo, deve ser gações que se não sabem nem podem cumprir! Portan
restricta e declarada, e por isso me parece que ficava to este artigo absolutamente deve ser riscado, ou não
o artigo claro se se dissesse que as camares abririão deve ser determinado por este modo.
estradas canaes, etc., para facilitar o cominercio, e O Sr. Lino: — Tem-se provado que este artigo
deixar os individuos tratar daquilo que mais lhe con he inutil por ser muito geral, e eu digo, que ele he
ver, pois que d'outra fórma farião as camaras mais inutil por ser muito restricto: tem-se dito que as leis
mal que beta; parece-me pois que este artigo se de regulamentares hão de determinar, e marcar os gene
via explicar em termos mais precisos. ros de administração que devem ficar ás camaras, º
O Sr. Soares Franco: — Isto não póde deixar de eu passo a mostrar que as camaras não podem teres
ser concebido nos termos geraes. Quem he que pode tas funcções. Bem penderou o Sr. Padre Marcos quan
ria conceber que isto quer dizer que as camaras hão do disse que não são leis particulares as que fazem flo
de fazer leis! He igualmente uma quimera querer de recer estes ramos de industria; mas sim o remover os
terminar o que as camaras hão de fazer; isto não se obstaculos, o fazer pontes, canaes, estradas, e dar
póde dizer senão de uma maneira geral, e não me aos lavradores todos os meios de elles poderem pros
*
parece que seja isto objecto de discussão. perar: concordo por tanto em que não haja nunca
O Sr. Andrada: — Eu tambem approvo o arti leis regulamentares; o proprietario que he o dono da
go; não ha duvida que do modo de promover estes sua fazenda escogite os meios que lhe dão mais inte
ramos de industria ninguem póde saber melhor do que resse, e isto não lhe deve ser restricto: por consequen
a camaras que conhecem as necessidades dos povos; cia parece-me que mesmo por esta parte não head
e depois as leis regularão isto. Não ha aqui nenhuma mittido o paragrafo. -
attribuição dos poderes legislativo e executivo; pois O Sr. Peixoto: — Quando o illustre Preopinante
que algúmas lois particulares por força hão de ser fei o Sr. Fillela acabou de falar, levantava-me para res
º , tas pelas camaras; tambem não ataca isto de modo ponder-lhe, que a doutrina deste §, não conferindo
º algum o poder executivo, porque a camara neste ca ás camaras autoridade alguma exclusiva, em nada
º sohe uma parte do poder executivo. De mais ha ou prejudica ao projecto do Sr. "# de
Il
Barros: póde
*
Jº
[ 134 ]
porém notar-se a inutilidade della por não passar de pelo contrario se devem supprimir todos os mais arti
uma maxima geral, que nos paragrafos seguintes se gos immediatos. Devo dar a razão em que me fundo.
vai desenvolvendo por partes, e sómente podem fixar A Constituição não he um corpo de legislação para
se as idéas para a discussão, e deliberação: donde que deva ou possa comprehender todas as leis parti
concluo, que não merece, que een elle nos demore culares, que devem fazer o bem da nação, para que
mos, por ser indiferente a sua conservação, ou sup he constituida. Ella deve só conter as bazes geraes,
pressao. que afiancem a liberdade e propriedade do cidadão:
O Sr. Guerreiro: — Um dos illustres Preopinan deve, conforme o nosso systema marcar a divisão dos
tes demonstrou bem claramente os motivos porque is poderes, e designar em geral quaes são as attribui.
to não devia ir na Constituição; o conceder-se ás ca ções, que a cada um delles competem, sem dever em
maras o promover a agricultura, e o commercio, não particular enumeralos. Conforme estes principios, que
só he inutil, mas até prejudicial; porque as camaras supponho incontestaveis, vejo eu que temos até agora
querendo promover estes dois ramos na sua terra, po marchado. Dissemos (por exemplo) que o poder legis
dem muitas vezes os interesses desta estar em contra lativo residia nas Cortes; mas não especificámos quan
dicção com os da sua vizinha, e por isso lhe faria pre tas, e quaes leis devia fazer o Congresso. Deanos ao
juizo; por consequencia voto contra esta parte do pa Rei o poder executivo; mas estabelecemos principiºs
ragrafo. Em quanto á saude publica julgo que he ne geraes, Marcámos os limites do poder judiciario, rº.
cessario conceder ás camaras esta attribuição, não só duzindo-o a decidir as questões contenciosas entre as
para prevenir, mas para evitar que entre algum ra partes. Parece portanto que para sermos consequentes,
mo de contagio de algumas terras vizinhas; não só e procedermos conforme aquelles principios, só devemos
porque he interesse particular de cada uma das po aqui estabelecer as regras geraes, e que hão de ser
voações, mas interesse geral do Reino, que exige a vir de bases ás leis regulamentares, e regimento das
maior vigilancia: he preciso que nisto se tenha todo camaras, e que naquellas mais positiva, e particular
o cuidado; e não conheço autoridade alguma que es mente se especificavão as suas attribuições, que de.
teja mais ao alcance de pôr os meios para evitar este vem dimanar dos principios geraes, que aqui estabele.
mal do que as camaras. cermos. Aliás se entrassemos em detalhar particularmen.
O Sr. Borges Carneiro: — Os redactores do pro te similhantes attribuições, seria fazermos não uma Con.
jecto de todo o modo estão mal: se entrão em algu stituição, mas sim um regimento particular das mes
mas especificações, diz-se, isto deve ir fóra porque mas camaras, materia absolutamente impropria de
pertence a leis regulamentares: se deixão a materia uma Constituição. Seria uma cousa minuciosa entrar.
em principios geraes, dizem, fóra com isto que he mos nos artigos seguintes a particularisar todas as at
mui vago e indeterminado: não sabe a gente para tribuições das camaras. Mesmo em alguns delles, por
onde se vire. O que aqui pretendemos sómente he de não podermos comprehender, e abraçar tudo quanto
signar os objectos de que devem occupar-se as cama nelles quereriamos inculcar, nos veriamos obrigados
ras, sem entrarmos no modo de o fazerem; e assim a servir de expressões geraes, que os illustres Preopi.
dizemos que lhes incumbe cuidar de promover a agri nantes agora aqui condemnão. Nestes mesmos artigos
cultura, o commercio, e a saude publica; porém le ainda se não achão comprehendidas muitas attribui
vantou-se outro illustre Opinante, e disse: esta pro ções que se hão ds conccder ás camaras, e seguir-se
posição he falsa, as camaras devem promover a sau hia que por não se acharem designadas, se lhe não
de publica, porém não a agricultura nem o com devessem attribuir. Será conveniente que algumas fa:
ºncrcio. Bom remedio. Se esta proposição he falsa, culdades e providencias, que no actual regimento dos
logo a sua contraria ha de ser verdadeira. Por tanto vereadores se dão ás camaras, por não serem aqui es
concebamos o artigo nesta fórma: « as camaras não pecificadas, deixem de competir-lhe? Certamente não.
cuidarão de promover nem a agricultura, nem o com He por isso tambem que eu digo que nós devemos
mercio, mas tão sómente a saude publica.» sim estabelecer os principios geraes, deixando pa:
O Sr. Borges de Barros: — Parece-me que o de ra um regimento particular todas essas attribuições.
que se trata está no artigo que se segue, e que esta Por tanto rejeitados, e supprimidos todos os mais ar
mos falando fóra de tempo e lugar. tigos deste § 200, sómente se deve conservar o pri
O Sr. Castello Branco Manoel: — Tenho obser. meiro com a addição, e modificação seguinte, conce
vado que alguns dos illustres Preopinantes insistem em bendo-o desta fórma: promover a agricultura, e com
que se supprima todo este primeiro artigo do § 200, mercio, a industria, a instrucção, e saude publica,
inculcando como muito vaga a sua doutrina, e que e geralmente todas as commodidades dos moradores
assim concebida pela sua generalidade, daria motivo do concelho na forma que a lei regulamentar, e seu
a que as camaras se arrogassem attribuições que lhe regimento determinar.
não podião competir; e que por tanto supprimido es O Sr. Corrêa de Seabra: — Da fórma por que es
te artigo, se deveria passar á discussão dos immedia tá concebido este artigo, póde considerar-se comº
tos para se fixar nelles as attribuições precisas das ca conselho ou recommendação ás camaras; mas neste sen"
maras. Eu porém sou de uma opinião absolutamente tido e consideração de conselho não deve entrar nº
contraria, e he que o artigo me não parece conter Constituição: agora entendido como artigo de legislaº
uma doutrina vaga, e que em lugar de se supprimir, ção, contendo poderes e faculdades, que se d㺠º
deve antes ampliar-se mais, só com a emenda, e mo camaras, ou estas falculdades e poderes hão ser relati
dificação, que exporei: e que ele assim concebido vos ás posturas que as camaras podem fazer sobre º
[ 435 ]
objectos mencionados no artigo, e isto pertence ao nu que eu o considero muito conforme com o systema
mero 10; ou hão de ser respectivos á execução tanto adoptado por este Congresso. Na Constituição devé
das posturas que as mesmas fizerem, como das leis sem duvida declarar-se quaes são os corpos secunda
geraes sobre estes objectos; mas a fórma desta execu rios. As camaras são sem duvida uma das molas se
ção só póde ser determinada por leis regulamentares: cundarias deste maquinismo politico; por consequen
por tanto a minha opinião he que se supprima o arti cia a Consiituição muito bem declarou que devia ha $
go; accrescendo que elle está concebido em tanta ge ver camaras: em segundo lugar o modo por que hão
neralidade que facilmentente dará pretexto ás cama de ser compostas; em terceiro lugar quaes hão de ser
ras para paralizarem o Governo. suas funcções; eis-aqui estão as bases geraes com que
O Sr. Annes de Carvalho: — Este artigo tem si se verificou o Poder legislativo. Passou-se ao Poder
do combatido por ser muito vago, e por dar ás ca executivo; fez-se o mesmo. Passou-se ao Poder judi
maras poder que lhe não pertence. Em quanto ao di ciario; fez-se o mesmo. Passemos agora aos corpos
ver-se que a doutrina aqui estabelecida he muito va secundarios; trata-se das camaras; disse-se no princi
ga, concordo; porém he porque de sua natureza deve pio deste capitulo que haveria camaras; passou-se de
ser vaga. Nós, quando tratamos do poder legislativo, pois a dizer quem as havia de compor. O que se se
dissemos que ele tinha o poder de legistar; e depois gue por tanto he dizer o que incumbe em geral a es
he que tratamos do modo por que o havia de fazer: tas camaras; quaes são em geral as funcções que ellas
ora nós aqui instituimos um novo poder, mas estabe devem exercer no systema politico de que as mesmas
lecemo-lo muito geral e muito vago, porque depois as camaras fazem uma parte; e que não podia deixar de
leis he que hão de determinar o modo. Eis-aqui a res ser concebido nesta generalidade; e ninguem póde
posta que dou á primeira difficuldade. Em quanto ao duvidar que as attribuições que em geral toca ás cá
que se diz, que esta doutrina he inutil, e contém ma maras, são as mesmas que se achão neste paragrafo,
ximas oppostas aos principios de economia politica, promover a agricultura, commercio, etc. Estas são
não posso de modo algum accommodar-me: pergun as verdadeiras funções das camaras: o que eu não ap
taria eu se acaso se poderia estabelecer esta proposi provo he que este paragrafo se apresente como fazen
ção a respeito de um poder administrativo, a quem do a primeira parte das attribuições das camaras;
pertence promover sobre aquillo em que ha difficulda quando se passa a determinar quaes são as suas func
de. O dizer-se que as camaras podião estabelecer pos ções, parece-me que nós não podemos dizer as attui
turas que fossem contrarias aos povos visinhos, ou búições porticulares das camaras, porque isso são for
aos interesses da sociedade, não tem lugar, pois que Inularios: este paragrafo pouco mais ou menos em
não se ha de deixar ás camaras uma liberdade abso geral deve declarar-se do mesmo modo que está lan
luta, e isto ha de ser encarregado a alguma autóri Çado: A's camaras pertence promover a agriculfura,
dade ou juntas provinciaes, que possão ver se os prin commercio, etc., pelo modo que abaixo se refere, e
cipios estabelecidos, e as determinações são convenien por todas as outras maneiras, que serão declaradas
tes. Por consequencia creio que este artigo se deve nas leis regulamentares. Em quanto ao que diz o il
acceitar sem duvida alguma. As Cortes estabelecem lustre Preopinante, que promover só o póde fazer
leis geraes, porque não podem averiguar todos os ob quem tem o direito de fazer leis, isto não he exacto;
jectos particulares; por tanto sou de opinião que esta promover faz-se por muitos modos. As leis varião en
doutrina se estabeleça aqui neste paragrafo; e se póde tre si, á ptoporção que varião as circunstancias; o le
accrescentar: de maneira que não seja incompativel gislador não faz mais que applicar em geral os meios
com os interesses geraes. que convem; entretanto restão ainda cousas particu
O Sr. Lino: — Sr. Presidente, a palavra promo lares que se devem regular segundo as circunstancias
ver, que se acha no principio do n.° 1.° do paragra de eada destricto. Reduzo por tanto a minha opinião
fo 200, quer dizer, mover a favor, isto he fazer leis a que o paragrafo não deve ser supprimido, mas que
entretanto não deve ser apresentado como essá, conce
a prol da agricultura e do commercio; e isto de certo bido. • • -
O Sr. Camelo Fortes: — O que eu queria que O Sr. Andrada: — Eu creio que no mesmo art"
se dissesse em lugar de promover era remover todos os go está isto prevenido, porque as camaras não pºde"
obstaculos que se oppozerem a estes rainos. cstabelecer feiras sem approvação de uma autoridadº
O Sr. Andrada oppoz-se á emenda da palavra constituida. Que quer dizer approvação! Quer dizer
promover. que se não concede sem conhecimento: por conseque"
O Sr. Miranda: — Eu me opponho igualmente cia não vejo nenhuma razão de diferença para que º
á emenda por uma razão muito obvia, e he que as não conceda esta autoridade, e por tanto eu Vota
camaras devem tambem promover directamente a agri rei em tudo assim como está no artigo. •
cultura; a autoridade das camaras não se deve res O Sr. Soares de Azevedo: — A experiencia "º
tringir tanto; e deve-se dizer que usará de todos os tem mostrado que as feiras assim como são uteis tam
meios para promover o commercio, e a agricultura, bem são muito prejudiciaes porque os povos tem **
que se não acharem em opposição com as leis existen pre uma certa inclinação; eu na minha provincia pos
tes.
so ir todos os dias á feira; e se he prejudicial%"
Declarada a materia sufficientemente discutida ,
haja tantas, he necessario que haja algumas: Pº"
procedeu-se á votação , e foi approvado o § com a não tantas porque distraem os povos de cuidare" º
emenda da palavra concelhos, em lugar de cidades e lavoura. Para os mesmos mercados hoje ha maior dife
villas. culdade, e he necessario recorrer ao desembargº dºº"
O Sr. Borges Carneirº: — Antes de passarmos ço: o que dantes era muito facil hoje he di #
a novo artigo, observo que em nenhuu logar da Con simo, porque conhecêrão o damno que daqui"
stituição se trata de quem ha de ser a autoridade en tava; e por isso me parecia que nós não de"
carregada de cuidar da segurança publica nos distri conceder ás camaras uma faculdade tão grande, "º
ctos do Reino. Pelo que desejo se considere se deve meu voto he que iste dependa das Cortes.
[ 487]
O Sr. Peixoto: — Tudo quanto, o Illustre Preopi approvação de autoridade superior, estas estão bem
nante acaba de dizer merece muita attenção: as feiras ao facto se são necessarias as feiras que as camaras
são necessarias para a prosperidade da agricultura, e quizerem estabelecer; sou de opinião que subsista o
do commercio, mas não com o excesso a que tem paragrafo da mesma maneira que está.
chegado na provincia do Minho; nella, todos os po Propoz o Sr. Presidente á votação o $, e foi ap
vos querem ter em si uma feira de mez, e de tal sor provado com a emenda das palavras autoridade su
te as tem multiplicado em muita proximidade umas perior, em lugar de junta da provincia.
de outras, que ha lavradores que passando a vida de Passou-se ao numero III pelo qual incumbe ás ca
feira em feira, se arruinão de costumes e de fazenda. maras cuidar nas escolas de primeiras letras, e outros
Não póde por tanto dar-se ás camaras a faculdade estabelecimentos publicos; e bem assim nos hospitaes,
ampla de estabelecerem feiras; mas devem nessa par casas de expostos e outros estabelecimentos de beneficen
te ficar sujeitas a alguma autoridade superior, que cia, conforme as regras que se hão de prescrever.
ao futuro se designar. Abrindo-se a discussão sobre a 1.° parte deste § até
O Sr. Sarmento: – Os illustres Preopinantes tem ás palavras rendimentos publicos, disse
informado o que ha a respeito da provincia do Mi O Sr. Macedo: — A primeira parte deste artigo,
nho, eu direi o que sei a respeito da de Traz os Mon diz que compete ás camaras cuidar nas escolas que
tes. Observei que as feiras nesta provincia são em de forem pagas pelos dinheiros publicos: pelo que per
masiado numero: em muitas dellas as manufacturas, tence ás escolas de primeiras letras, nenhuma duvida
que se vendem por preço mais barato, são cabeças, poderá haver; porém he preciso saber se tambem fi
e braços quebrados, e muita bordoada. cão sujeitos ás camaras os outros estabelecimentos de
O Sr. Castello Branco: — Diz um celebre econo estudos, e ainda os dos estudos maiores, como são
mista deste seculo que as feiras são a prova do atra- . a universidade, academias etc. Nós não sabemos se
zamento em que se acha a industria no paiz onde as camaras serão sempre compostas de individuos que
ellas são algum tanto frequentes, e por consequencia tenhão conhecimentos bastantes para cuidar de obje
eu não posso deixar de approvar esta proposição; e ctos de tanta importancia, e transcendencia, por
quizera que em lugar de se augmentar se diminuisse tanto he preciso restringir muito a doutrina do arti
o numero daquelas que estão approvadas. Não acho, go, e enunciala com a devida clareza, pois que de
para assim dizer, preciso que vamos em um artigo contrario seguir-se-hião muitos inconvenientes.
da Constituição estabelecer um principio para ellas se O Sr. Guerreiro: — Parece-me que os illustres
multiplicarem; e como as camaras tem seus tributos redactores do projecto entendêrão por esta expressão
das feiras, e elas com as vistas neste interesse serão rendimentos publicos, os rendimentos de cada conse
muito faceis em as promover, e conceder; por tanto lho. Se assim he, não ha cousa mais justa do que se
voto que se risque deste paragrafo o que diz res rem vigiados pelas camaras, pois que as despezas são
peito ás feiras. propriamente dos concelhos; he obvio pois que elles
O Sr. Gouvéa Osorio: — Eu approvo o paragra vigiem nellas; e voto nesta parte pela doutrina do
fo tal qual está. O Sr. Soares de Azevedo, e outros artigo. Mas se pelos rendimentos publicos entendêrão
Srs. falárão tendo só em vista os interesses da provin todos os que são pagos por conta da Nação, neste
cia do Minho, porém as razões que derão não mili caso voto que não devem ser as camaras as que hão
tão certamente para a provincia de Trás-os-Montes. de ter esta vigilaneia, mas deve haver um regulamen
N'umas províncias ha feiras quasi todos os dias, po to geral para todo o Reino. Da mesma maneira que
# rem não succede assim em outras, onde he preciso acontece com a casa dos expostos. Em muitas terras
que os homens corrão muitas terras que lhe ficão mui ha estabelecimentos para os expostos que não são
distantes. Para o trafico destes homens he muito pre pagos á custa da misericordia; mas tem suas rendas
ciso que haja feiras para com commodidade poderem particulares: quererei pois que estes não fiquem su
comprar e vender os seus generos. E tambem me pa geitos ás camaras, mas só sim aquelles que forem pa
rece que este cuidado deve ficar privativamente ás ca gos á custa dos concelhos respectivos. -
;
[439 ] -
irmandades para o dirigir, porém quando elles tendo O Sr. Secretario Felgueiras leu o seguinte
assim começado se tem feito ao depois ricos e uni
versaes, então pertence ao Governo, ainda que não P A R E c E R.
directamente, vigiar sobre sua fiscalização; porque um
estabelecimento que tem rendas muito exorbitantes, A Commissão de fazenda foi presente um officio
não deve ser administrado por uma meza de irmãos in do presidente da assembléa geral do banco de Lisboa,
expertos e que muitas vezes abusão em seu proveito: em que apresenta por decisão da mesma assembléa,
visto que tambem aquelles grandes rendimentos já lhe que para promover as assignaturas do banco seria con
dão mais face e caracter de estabelecimento publico do veniente ordenar, que os accionistas que assignarem
que particular. Na Bahia ha uma casa de misericordia depois de 20 de Fevereiro até ao dia em que o ban
com rendimentos mui grandes e excessivos, e por ter sido co começar as suas operações, sejão desonerados de
administrada sem fiscalização publica, tem sido mui pagar o juro da demora, a que pelo § 4." da lei de
to mal administrada; por isso o meu voto he que 3 de Fevereiro estão obrigados.
omentos
Governo
destatenha a faculdade de vigiar os estabeleci
natureza. • •
. Como os motivos que derão origem á lei de 2 de
Fevereiro forão apressar as assignaturas, e habilitar o
O Sr. Caldeira: — Apoio a opinião do Sr. Lino banco a começar sem grande demora as suas opera
Coutinho, e muiio mais porque não se oppõe ao que ções, e tendo a experiencia mostrando que a lei sa
diz o Sr. Guerreiro. Nós vêmos que o Governo tem tisfez em parte a estes dois fins, e sendo o juro decre
uma inspecção a respeito das ultimas vontades, e se tado no mencionado § 4º a favor dos actuaes accio
este principio que diz o Sr. Guerreiro, fosse exacto, nistas (do qual elles animados do louvavel espirito de
como se havia de combinar isto com o que igualmen Promover as assignaturas, estão determinados a pres
te se pratíca, desde muitos tempos! He certo que um cindir) nenhuma objecção bem fundada se póde oppòr
instituidor de qualquer destas cousas tem um direito a esta pertenção, logo que a assembléa geral legiti
inauferivel a regular como lhe parecer o que he seu, mamente constituida assim o demanda.
porém não acontece isto nunca depois da sua morte. He portanto a Commissão de parecer, conforman
He necessario que haja uma autoridade que vigie so do-se com a assembléa geral do banco , que só pa
bre isto. O exemplo que trouxe o Sr. Lino Coutinho, guem juro das quantias que assignarem na conformi
prova que as misericordias e outros estabelecimentes dade do § 4.° da lei de 2 de Fevereiro, aquelles indi
desta catureza que são deixados a si, isto he, ás ir viduos que subscreverem depois do dia em que o banca
mandades, e outras inspecções desta natureza são mal dando principio ás suas operaçôes comece a receben
o dinheiro dos seus accionistas. • }
administrados; o que succederá em todos os que fo
rem administrados por pessoas que nada lhe importa Paço das Cortes em 11 de Março de H821. —
o bem publico: porque na verdade estes estabeleci Francisco Barroso Pereira ; Manoel Alves do Rio;
mentos posto que erigidos por corporações particula Francisco de Paula Travassos ; Francisco Xavier
res, com tudo no pé em que se acha a maior parte JMonteiro ; Pedro Rodrigues Bandeira; Francisco
delles, póde dizer-se que são verdadeiramente publi João Moniz. o rr · · · ·
COS, Terminada a leitura, disse
O Sr. Castello Branco Manoel: — Declaro-me O Sr. Peixoto: — Não posso approvar este pa
pela opinião geral, em consequencia das razões que recer. Trata-se de alterar uma das condições, que sc
se tem exposto, e accrescentarei que estes estabeleci propozerão a cada um dos sugeitos, que quizessem ser
mentos devem estar debaixo das vistas do Governo, accionistas do banco; he necessario que elles sejão ou
porque do contrario uma irmandade nada lhe impor vidos, e consintão na sua revogação, aliàs haveria
ta que os bens se administrem bem ou mal. uma ingerencia do corpo legislativo na administração
Poz o Sr. Presidente a votos a segunda parte do do banco, e em um ponto substancial, o que não
paragrafo, tal qual estava, e não foi approvada. Pa deixaria de destruir a confiança do estabelecimento.
ra a substituir ofereceu o Sr. Guerreiro a seguinte Se os interessados prescindem do interesse, que se lhes
# emenda: e bem assim os estabelecimentos de benefi prometteu, nada temos com isso ; e se não prescin
cencia que forem pagos pelos rendimentos do conce dem, não podemos, sem ser injustos, obrigalos a es
lho. Sendo posta á votação, foi rejeitada. se sacrificio. Portanto reprovo o parecer,
Poz-se então a votos outra emenda oferecida O Sr. Lino Coutinho: — Aquella assembléa he
pelo Sr. Borges Carneiro, em que propunha que em uma eleição de todos os accionistas; he o mesmo que
lugar das palavras da segunda parte do §, conforme este Congresso que representa todo o povo; logo tu
as regras que se hão de prescrever, se pozesse, com do o que esta representar he representado por todos
as excepções e pela fórma que as leis determinarem; os accionistas, assim como nós por toda a Nação: acho
e foi assim approvada, decidindo mais o Congresso por tanto que se lhes deve conceder o que ella pre
que esta parte
primeira mesmado emenda comprehendesse tambem a
paragrafo. •
tende,
semblea.
visto "não haver prejuízo algum da parte da as
• •
*
O Sr. Borges Carneiro ofereceu mais um $ ad O Sr. Franzini: — Não me persuadia que este
dicional ao dito artigo 200, concebido nos termos se parecer merecesse a mais pequena discussão. O que
guintes: aos juizes electivos pertence cuidar na con
-* •
aqui se trata he convidar os individuos a entrar com
ºs vação dº ordem e segurança publica, no que se seus fundos no banco. Agora respondo ao que se dis
So auxiliados pelas camaras, Ficou para segunda se, dizendo que o fundo dos accionistas ainda não
\Stura.
[440 |
entrou, e por tanto não começárão as suas operações; Poz o Sr. Presidente a votos o parecer, e decidiu
por consequencia não sei a razão porque se não hão se que ficasse adiado.
de deixar entrar com seus fundos aquelles individuos O Sr. Borges Carneiro apresentou um requeri
que o exigem, visto que a assembléa o consente; pois mento do doutor João Chrysostimo Espinola de Ha
que desta maneira se favorece muito os interesses do cedo da ilha da Madeira, a cujo respeito disse
banco, e não se obra contra a vontade dos mais ac O Sr. Soares Franco: — O caso de que trata es
cionistas, porque elles delegárão todos os seus poderes te requerimento foi certamente horroroso; porém já se
naquelles que escolhêrão para seus representantes. Por mandou para o Governo.
tanto peço que V. Ex.° ponha a votos o parecer da O Sr. Borges Carneiro: — Eu não sei que podes
Commissão. se ir ao Governo um requerimento que a parte agora
O Sr. Peixoto: — Nunca se póde entender que apresenta, e que eu tenho ainda nas mãos. Peço que
os accionistas delegárão poderes para renuncia de in este requerimento lhe seja remettido juntamente com
teresses, sem que essa delegação fosse expressa; - nem a seguinte
a assembléa he nomeada por todos os accionistas: e IN D I c AçÀ o.
|-
O Sr. Borges Carneiro: — Sr. Presidente, he aquelles em cujas mãos a Nação depositou as armas
da ordem que quando qualquer parecer de Commis para manterem a segurança publica. A indignação
são, lido em dia incompetente, suscita descussão, es por todas as partes cresceu; porém de balde pedirão
ta não haja de progredir: se o parecer he urgente, satisfação ao governador, debalde ás justiças Intimi
Pºde V. Ex. assignar-lhe o dia de á manhã, ou qual dadas pela presença do batalhão. Até á data das cºr
lhe parecer. |-
O meu parecer seria que o Governador e o bata O Sr. Maldonado? — Requeiro que se ajunte a
lhão fossem logo removidos, pondo-se em prizão os esta indicação do Sr. Borges Carneiro o impresso
culpados; e que um ministro de fóra fosse depois ti que causa a desordem, pois este de alguma fórma
rar a devassa. • * * *
minora o crime dos aggressores. : , : , ,
E por quanto, posto que este horroroso caso seja Poz o Sr. Presidente a votos a indicação, e ves
da competencia do Governo, convém com tudo que ceu-se que ficasse para segunda leitura, mandando-se
a Nação veja que nas presentes Cortes Extraordina remetter o requerimento á Commissão de petições. "
nas tem em seus representantes uma vigia que cons º Sendo chegada a hora da prolongação, passou-se
pira com o mesmo Governo para a pronta punição a discutir a indicação do Sr. Villela, dada para or
dos perturbadores da ordem publica, e mui especial dem do dia na sessão de hontem, e he a seguinte:
mente das autoridades que faltão ás suas obrigações. Merecendo o caracter brioso dos generaes e offi
Proponho que remettendo-se ao Governo a petição ciaes do exercito do Reino do Brazil, que se tenha
que apresento, se excite a sua attenção para que re nelles, e por elles toda a confiança e consideração;
movendo d'antemão todos os obstaculos que se possão exigindo o bom regimento dos povos, que em cada
ºppor á plena desenvolução da justiça e descobrimen provincia daquelle reino haja um centro de poder, e
to da verdade, e inquirindo especialmente sobre a que este esteja na junta do governo da provincia, su
complicidade, conveniencia, ou omissão que o go bordinado unicamente ás Cortes, e ao Rei:
Vernador das armas daquella provincia possa ter com Requeiro 1.° Que os Governadores das armas da
metido neste caso, submetta os culpados á severida quellas provincias sejão tirados dos officiaes do exer
de das leis. — Borges Carneiro. -
cito do Reino do Brazil. , . … .
nado por este augusto Congresso, no decreto de 28 O Sr. Luiz Paulino: — (Não o ouviu o taquy
de Julho do anno proximo passado, que declara mui grafo Leiria).
expressamente que o exercito de Portugal, e aquelle … O Sr. Borges Carneiro: — Não se deve limitar
do Brazil são reputados um só com a denominação ao Governo uma autoridade que he por natureza ili
de exercito portuguez do Reino Unido; e no caso mitada. A elle compete nomear para os diferentes
mesmo que isto se não tivesse ainda sanccionado, de empregos homens em quem tenha confiança, e irbusº
veria sanccionar-se agora, para mais intima, e in calos onde quer que elles estejão. Isto he o que º
dissoluvelmente nos ligarmos com os nossos irmãos do acha já estabelecido nas actas da Constituição, e º
Ultramar; e até para haver maior uniformidade, e que nós agora não devemos restringir. Se o Governº
disciplina na tropa. O mesmo digo a respeito da se julgar que está em Portugal um digno magistradº
gunda parte porque he tambem, e em toda a clareza brasileiro e achar que o deve empregar na Europa,
diametralmente opposta ao que está sanccionado no porque razão o não ha de fazer, e da mesma manº"
decreto de 29 de Setembro quando diz, falando dos ra com os europeus que existirem no Brasil! De outrº
governadores das armas: ficão sujeitos ao Geverno do maneira como seria o Governo responsavel! Isto quadº
Reino, responsaveis a elle, e ás Cortes, e independen to á autoridade: agora quanto á prudencia que º
tes das juntas provinciaes, assim como estas o são del mesmo Governo se deve esperar, he certo que º
les, etc. E na verdade nada seria mais contrario á or ha de sempre attender ás distancias, e ás commodida"
dem, á razão, e á dignidade deste Congresso, que des das pessoas que emprega, quanto isso for comº
pretender-se por meio de uma indicação, tornal illu liavel com o bem publico.
sorias as suas deliberações; e muito mais depois desta O Sr. Barão de Molellos: — Levanto-me só P*
materia ter sido tão debatida, e extensamente tratada; ra fazer algumas reflexões ás que fez o illustre Seº"
e ter mesmo o illustre autor da indicação expendido tario o Sr. Lino sobre algumas das razões que º
então todos os argumentos que lhe parecêrão mais produzi. Disse elle que o decreto de 28 de Julhº º"
convenientes. Bastava esta forte razão, para se não eu mencionei, consiste só em palavras; desejº ººº
discutir esta materia, sem um novo projecto de lei, não passe similhante idéa tão contraria á boa ord"
[ 443 ]
e dignidade do Congresso, e tão falsa, pois que a - Sendo chegada a hora dc levantar-se a sessão, de
declaração que o exercito de Portugal, e Algarves, e cidiu-se que ficasse adiada a discussão deste objecto.
aquelle do Brazil formavão um só unico denominado O Sr. Soares Franco, por parte da Commissão
exercito portuguez do Reino Unido; não são só pa de agricultura, apresentou a redacção dos seguintes
lavras, tem muita realidade, e transcendencia: para artigos 6 e 7 do projecto dos foraes, mandados redi
não desperdiçar tempo não renovarei a discussão a es gir pela mesma Commissão.
te respeito , mas durante ella se demonstrou bem
evidentemente esta verdade. Fez tambem o mesmo Artigo addicional.
honrado membro depender a essencia dos exercitos Os foros, e pensões certas, impostas nas terras pe
da maneira porque se fazem as promoções; mas to los foraes, e pelos senhorios em consequencia do dos
dos sabem que este objecto só faz uma das suas muitas minio, que pelos mesmos foraes tinhão nellas, serão
leis regulamentares. E deve lembrar-se o illustre mem reduzidas á metade, como forão as quotas incertas.
bro que foi tão circunspecto este Soberano Congresso .Art. 6." A obrigação que ha em alguns lugares
quando fez este decreto que resolveu em um dos seus de se pagar uma pensão certa de medidas, ou qual
artigos o methodo de fazer as promoções, reservando quer outra prestação, só pelp acto de se semear, ou
a decisão deste ponto para o tempo em que estives pela qualidade de ter proprietario naquelle lugar, fi
sem presentes o maior numero de Deputados do Ul ea abolida.
tramar, para que melhor expuzessem todos os conhe 7.° As terras jugadeiras, propriamente ditas,
cimentos necessarios, a fim de que esta materia, aliàs isto he, aquelas em que ha obrigação de se pagar
difficil e complicada, se decidisse com manifesto co certa porção de fructos, por se lavrar com um jugo
nhecimento e acerto. Respondo agora a idéa de sup de bois, ou com um boi, estando, pelo que pertence
pôr duas divisões, uma das tropas de Portugal, e ao vinho, e linho, já reduzidas ao oitavo na ord. l.
outra das do Ultramar; idéa gratuita, e que nem se 2.° tit. 33. Serão tambem consideradas como oita
quer por inducção póde imaginar-se comprehendida veiras, pelo que pertence ao pão, e como taes redu
na doutrina da indicação, e que por conseguinte eu zidas á metade, e incluidas nas outras disposições dos
não podia metter em linha de conta para responder artigos antecedentes, excepto se pelo foral, ou con
lhe, digo que se o illustre membro que de tal se venção das partes, já estiver determinado de outra
lembro, imagina como creio, formadas as taes sup maneira. Paço das Cortes em 10 de Março de 1822.
postas divisões das tropas estacionadas, já ha muito – Francisco Soares Franco; Girão; Francisco An
tempo umas em Portugal, outras no Ultramar, en tonio de Almeida Pessanha.
tão não podem ter "# as increpações, que elle, Mandárão-se imprimir para entrar em discusão.
alguns Deputados tem feito contra as nomeações dos > O S. Franzini ofereceu a seguinte
oficiaes para governadores das provincias, pois que
grande numero d'elles servião já ha muito tempo no IND I c Aç ăo.
Iltramar. Em consequencia nem são justas, nem
admissiveis similhantes reflexões, e muito mais quan Tendo já decorrido vinte dias depois que instei
do são fundadas sobre um falso supposto, julgando neste soberano Congresso para que se mandasse de
só palavras, e sem realidade as decisões do Congres sembaraçar o navio hollandez le Henri, capitão
so; quando tão diametralmente oppostas aos artigos Oreille, injustamente detido e ameaçado de confisco,
já sanccionados na Constituição, como evidentissima por se acharem a seu bordo uns pequenos barris de
mente o tem demonstrado os illustres Preopinantes. vinagre de cerveja, que levava de encommenda pa
Finalmente se passasse a indicação seguir-se-hia ra o Rio de Janeiro, e tendo determinado o mes
que o poder legislativo se ingeria no executivo, e que mo augusto Congresso que o Governo mandasse in
sendo os Secretarios de Estado obrigados a escolhe formar ao conselho da fazenda, novamente insto pa
rem estes ou aquelles officiaes desta ou daquella divi ra que esta informação appareça quanto antes, pois
são, para governadores, não poderião ser responsa que da intempestiva, e injusta demora sofrida pelas
veis pelo resultado, quero dizer não se guardaria a ordens do conselho da fazenda, se tem organizado a
justa divisão dos poderes, nem poderia tornar-se efe rnina total da carga do sobredito navio, composta
ctiva a responsabilidade dos ministros, duas bases de queijos, manteigas, e presuntos, com grave es
fundamentaes do systema constitucional; além de ou candalo da boa fé com que devem ser recebidos os na
tras muitas inconsequencias, e mui transcendentes. A vios estrangeiros, que vem demandar os nossos portos
minha opinião he pois que o Governo attendendo só munidos de manifestos legalisados, e approvados pe
ás virtudes, e merecimentos, escolha aquelles oficiaes los consules portuguezes, residentes nos paizes donde
mais capazes e proprios, para desempenharem empre he feita a exportação dos generos. — O Deputado
gos de tanta entidade. Se no Ultramar houver, de lá Franzini.
se escolhão; se em Portugal, de cá se escolhão; at Foi approvada, mandando-se perguntar ao minis
tendendo só ás melhores qualidades. Assim o exige a tro a razão da demora.
justiça e as bases da Constituição. As restricções e Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia
divisões porque instão os que defendem a doutrina da os pareceres das Commissões, e na hora da prolonga
indicação, no meu modo de pensar, tendem mais a ção o parecer da Commissão de marinha sobre a pro
dividir, que a unir; e nós só devemos ter em vista, moção feita na armada portugueza pelo governo da
e no coração, vincularmo-nos pelos mais estreitos la provinoia da Bahia.
ços com os nossos irmãos do Ultramar. - Kkk 2
[ 444 |
Levantou-se a sessão ás duas horas da tarde. — Um officio do Ministro da fazenda, remettendº
Francisco Xavier Soares de Azevedo, Deputado Sº quatro oficios; a saber: 3 do Vice-Rei Condo de
cretario. Rezende, em data de 29 de Março, e 11 de Setem
bro de 1801, e ontro do Vice-Rei D. Fernando J.
REsoluções E ORDENS DAs Coatzs. sé de Portugal, de 18 de Setembro de 1802, perten.
centes ao arquivo da junta da liquidação e consolida
Para José Ignacio da Costa. ção da divida do Brazil, creada pela carta regia dº
24 de Outubro de 1800. A Commissão competente,
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor Outro do mesmo Ministro, enviando a consulta
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza da Junta da administração do tabaco, em …º
mandão voltar ao Governo a segunda via do oficio ao que se lhe havia pedido, segundo as ordens das
que a Junta da fazenda da província de Pernambuco Cortes em 18 e 25 do mez passado, e 5 do corrente,
dirigiu ao Thesouro publico, em data de 12 de Ja A Commissão de commercio do Ultramar.
neiro proximo passado, acompanhando a factura de Um dito do mesmo, enviando a consulta do Con
290 quintaes de páo Brazil, embarcado no navio In selho da fazenda, ácerca da representação de João
comparavel, por conta e risco da mesma Junta, tu Baptista Oreille, relativa á franquia de 82 barris de
do tuansmitido pela Secreteria de Estado dos nego vinagre, carregado em o navio Henri. A Commis
cios da fazenda com officio de 9 do corrente mez. são de fazenda com urgeneia, -
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 11 Um dito do Ministro da marinha, remettendo a
de Março de 1822. — Joio Baptista Felgueiras. relação dos pilotos examinados, enviada pelos lentes
Para José de Moura Coutinho. da academia da marinha. A Commissão de marinha.
As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação por . Um dito do Ministro da jussiça, acompanhando
tugueza concedem a licença que V. S." requer para a informação do corregedor da comarca de Vizeu,
ir á província, esperando do seu conhecido zelo e ácerca do reparo das pontes de Oliveira do Condo, e
amor da patria, que apenas seja possivel, V.S." não de Santa Comba Dão, mencionadas no oficio das
deixará de vir logo continuar reste soberano Congres Cortes de 18 de Janeiro proximo passado. A Comº
so as foncções de que dignamante se acha encarrega missão de Estatistica.
do. O que participo a V. S." para sua intelligencia. Um dito do mesmo, enviando a conta do briga
Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 11 de deiro intendente das obras publicas, Duarte Jes:
Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. Fava; sobre a necessidade de estabelecer um castigº
Para Manoel Zefyrino dos Santos. para os presos sentenciados do presidio civil da gale,
As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação por que vendem os vestidos, que se lhes dão. A Commis.
tugueza concedem a V. S." licença por tanto tempo, são de justiça criminal.
quanto seja necessario para tratar do restabelecimento Um dito do mesmo, enviando as quatro consultºs
da sua saude, esperando do seu conhecido zelo e da directoria geral dos estudos sobre os requerimentos
amor da patria. que apenas seja possivel, V.S." não dos oficiaes da camera da villa da Alagôa no Reinº
deixará de vir logo continuar neste soberano Congres do Algarve, dos moradores da Sobreira Formosa, co:
so as funcções de que dignamente se acha encarrega marca de Thomar, dos pais de familias de Avôes, e
do. O que participo a V. S." para sua intelligencia. Ferreiros de Avôes, termo de Lamego, e dos pais de
Deus guarde a V.S." Paço das Cortes em 11 familia, e moradores da freguezia de S. Miguel de
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. Oriz, e outras do concelho de Regalados, comarca
Redactor – Galvão. de Viana, pedindo a creação de cadeiras de primeiras
letras, e uma de gramatica latina. Aº Commiss㺠dº
intrucção publica. __
Um dito do Ministro da guerra, enviando um mº
morial de João Gomes de Oliveira Silva, e de An
SESSÃO DE 12 DE MARÇo. gelo da Costa, que acompanhava a prosposta das cº" |
<
[445 ]
Brazis. Isto pede urgencia visto o negocio. E que es aºnltada. E que outrosim seja encarregada de apre
ta Commissão que se houvcr de nomear tome em sentar com urgencia º projecto de leis geraes, que
grande este negocio; pois eu não acho nenhum de maior hão de reger aquellas provincias. He necessario con
urgencia. (Approvado approvado). sultar a necessidade dos povos, para que deduzamos
O Sr. Camello Fortes: — Apoio o Sr. Pereira daqui a fórma do governo que lhe for mais applica
do Carmo: porem eu peço mais, e he, que esta Com vel. Peço pois a V. Exc." queira pôr a votos esta
missão seja pequena, mas composta de igual numero minha indicação, e se for approvada depois se tra
de Deputados, tanto de Portugal como do Brazil; tará de formar a Commissão, **
e mesmo que esta Commiseão seja dispensada d'assis O mesmo Sr. apresentou a seguinte .
tir ás sessões do Congresso; devendo colher todas as *:
dades do Rio Grande, do Pará, e do Ceará etc? O Sr. Camello Fortes: — A questão he, se ha
Se eu me não acho com forças, nem com conheci de haver commissão ou não, e de quantos membros
"entos bastantes para desempenhar as obrigações que ha de constar. Esta he que he a questão, e o mais
º impoz a minha provincia, como heide eu saber he estarmos a perder tempo. Tratemos po: tanto dis
º negocios das outras, que existem tão longe! Eu to, e depois se procurará dar o remedio.
º sou omnisciente, nem ando viajando pelas im O Sr. Castello Branco: — Peço palavra: o que
"sas provincias do Brazil, para eonhecer o seu es acaba de dizer o Sr. Camello Fortes he muito justo;
"º: e sabe Deus se eu posso desempenhar como de porém não he agora a occasião de se tratar deste ne
º as obrigações a que me cingi para com a minha. gocio. (Apoiado, apoiado). Elle deve ir a uma Com
*e-se que se póde cousiderar o Brazil dividido em missáo, porém he necessário que esta Commissão te
"sessões do norte e sul; e como aqui estão Depu nha certas bazes; convem mesmo, (apezar de não ser
"º do Norte e do sul, ergo forme-se uma Cóm este o tempo proprio) haja alguma discussão sobre
"são composta de uns e outros. Ora pergunto eu esta materia, para que aquelles illustres Membros, que
"ºtes Deputados que aqui estão do norte e do sul, forem nomeados para ella, tenhão alguma ideia das
Pºem saber assim mesmo da vontade do resto dos
opiniões particulares, que versarem sobre este obje
F"º do norte e do Sul? Eu porém digo, que o eto. Como porém nisto se tem falado, cumpre di
t" | •
zer alguma cousa sobre esta materia. Até qui nós veria considerar, e reputar como um louco; he º
temos levado, e talvez com demasiado rigor as theo mesmo que tem lugar dizer-se a respeito de uma pre
rias, querendo pela força applicar tudo a essas theo vincia. Estas são as alterações que as theorias inexa
rias. Ha muito estou persuadido que em parte essas ctas devem necessariamente sofrer. Este augusto Con
theorias não podem absolutamente sustentarem-se, gresso commeçou suas funcções com os Deputados da
pois que as circunstancias repugnão a ellas. Quaudo Europa, e nós declarámos que receberiamos em nos
no memoravel dia 24 de Agosto se começou a de so seio, unidos a nós, os Representantes dos povos do
clarar a opinião publica na cidade do Porto, por Brazil, quando elles se declarassem; mas segue-seda
aquelles benemeritos heróes, que para isso concorrê qui que nós queriamos afirmar, que só isto foss, quando
rão, e que em poucos dias a opinião geral de to elles quizessem a Constituição, que era unicamente fei.
dos os Portuguezes da Europa se manifestou de um ta para as circunstancias particulares de Portugal!
modo inevitavel: que houve então! Não foi mais Eu não me posso persuadir que essa fosse a mente dº
que um grito geral, que attendendo ás circunstan Congresso, e de homens que forão escolhidos pela
cias, nos disse, que necessitavamos de uma refórma Nação, e que possuem a confiança da mesma Nação.
em toda a Nação; ao mesmo tem qo que declarou, Por consequencia está claro que devia chegar um pon
que esta Constituição devia ser feita pelos mesmos to em que estas materias se deverião discutir no Con
principios, e á maneira dos estabelecidos na Consti gresso, este ponto e dia he chegado: he pois precisº
tuição hespanhola. Esta foi a vontade geral, que se que nós façamos uma Constituição politica, que de
manifestou em todos os Portuguezes da Europa, e ve abranger providencias para povos de tão diversos
quando tratárão os povos de nomear seus represen systemas, e costumes. Estes são os principios em que
tantes, então se viu que nas suas procurações vinha fundo a minha persuação: vamos applicalos ao caso
estabelecido o principio a que se devião ligar, vinha de que agora se trata. Primeiro não estão unidos
a ser: que deverião fazer uma Constituição politica ainda aqui todos os Represantantes das diversas pro
debaixo das mesmas bazes da Constituição hespanho vincias do Brazil: he certo qus a Constituição feita
la. Quando depois de installado este soberano Con pelos Representantes da Nação, que se achão presen.
gresso se suscitou entre as primeiras questões que temente neste Congresso, deveria ligar todos os po:
aqui se tratárão, se convinha supprir a falta da re vos; porque quando ella fosse util a todos os pºr
presentação do Brazil; foi então que se expendêrão vos, ela adquiria a legalidade de todos os povos da
neste augusto, Congresso os motivos por que estes monarquia portugueza. Mas como necessariamente
principios se sanccionárão. Elles não forão outros, havia acontecer que Constituição não fosse em parte
senao, que nos nao nps deviamos metter com os seus favoravel a alguns povos do Brazil; segue-se daqui,
interesses, porque não sabiamos o estado do Brazil, que eles fossem obrigados a regeitala! 1sto só pode
e se nós o fossemos alterar, commetteriamos um acto ria acontecer por efeitos da vasta extensão do Bra:
violento, e até irrisorio. Por isso o Congresso decla zil; pois que cousas haverá na Constituição que co"
rou # estava pronto a admittilos no seu seio, quan venhão a umas proviucias, e não ás outras. Por comº
do eles declarassem que a sua vontade era a mesma sequencia eu não posso convir no principio de que se
que a de Portugal. Pouco a pouco as provincias do possa deixar de esperar pelos representantes das prº
Brazil se forão declaraudo, e nós as recebemos com vincias do Brazil, que ainda se não achão neste Comº
toda a cordialidade. Nós recebemos os seus votos, e gresso. Além disto vcjo que ha votos nas provincias
estes votos o que era! Não era outra cousa mais do do Brazil, os quaes pedem cousas qne nós não temos
que adhirirem ao systema adoptado em Portugal, adoptado para as diversas provincias de Portugal. Pe.
cujo systema era uma Constituição politica, fundada dem, por exemplo, uma Assembléa legislativa nº B"
sobre as bazes da Constituição de Hespanha. Eis-aqui zil: eu sem declarar por hora o meu voto diffinitivo,
pelos principios mais sagrados, ligadas as provincias propende muito para que haja um centro comm"
do Brazil uma vez que eles se declarárão, e sem res no Brazil; mas como Representante da Nação, jul.
tricção alguma abraçárão o systema approvado em Por go que me compete declaralo desde já. Deve ha"
tugal. Porém, apezar de que assim he, de que as pro um centro commum no Brezil; mas em separado dº
vincias do Brazil são ligadas pela sua adhesão, e pe cada provincia: cada provincia deve ter os recursº
la expressão da sua vontade, são obrigados igualmen necessarios, e separados para se accomodarem os "
te a adoptar o mesmo systema de Constituição poli teresses de cada uma dellas. Em um paiz habitavel,
tica, que nós temos adoptado: deverá por ventura todos os povos que habitão aquelle paiz, tem os mº"
seguir-se que quando as circunstancias imperiosas mos mos costumes. Em povos, como os do Brazil, q"
trarem que estes principios devem sofrer alguma al he separado por caudalosos rios, e vastissimos de"
teração, segue-se daqui que as theorias se possão sus tos, certamente deve haver rivalidade, cuja rival"
tentar em todo o seu vigor, e que nós as possamos de nasce da sua mesma situação, e das diferen"
sustentar sem irmos commetter nm acto irrisorio ! Uma producções do Brazil, e até das mesmas circunstº"
especie de enthusiasmo, de Santo enthusiasmo pela li cias fysicas do Brazil. Por conseguinte seria uma º
berdade, fez com que as provincias do Brazil (por meridade que nós fossemos estabelecer um centro cº"
assim o dizer) entrassem, mas sem coacção, e adhe mum no Brazil; e seria não menos temeridade dº
rissem ao systema adoptado em Portugal. Assim co nós fossemos separar aquelle de Lisboa! A minhºº"
mo he um principio de eterna verdade, que um ho nião he que haja um poder em todas as provinº dº
mem, que recusasse acceitar a sua liberdade, se de Brazil; mas que haja um centro commum no Brazil,
[ 419 ]
Poderemos nós adoptar estes principios em quanto razões que deão motivo á indicação que fez um hon.
não estão juntos todos os Representantes do Brazil? rado membro: ellas forão as noticias das cartas dó
Eu vejo que uma parte dos Representantes pedem Principe Real; o que deu motivo a outra indicação
º providencias, ou estas, ou analogas a estas; porém que fez outro illustre membro, forão os motivos das
… eu vejo que os Repreoenrantes das provincias que já commoçôes que existião no Brazil: muiro bem, a
ºs a se achão aqui representadas, não pedem todos o mes primeira razão he, como acabo de dizer, as noticias
… mo; e finalmente vejo que os Representantes de al do Principe Real; e que nos dizem ! Dizem-nos que
de r gumas províncias tem guardado silencio nestas mate 13 individuos d’uma provincia do Brazil manifestão
e aº nas, e nisso dão a mostrar que não convem com o o seu descontentamento em consequencia d'un de
c… voto dos Representaetes das outras provincias. Em creto deste angusto Congresso, e que deixão suppor
-z quanto á Commião digo, que esta seja nomeada; ou desejo d’uma independencia, supposto que eu as
era: ". E…" que não faça um trabalho geral para todo o sim não entendo, ou d'um Governo como o que dan
at: Brazil: e como por hora ainda não estão aqui todos tes tinhão; mas tem por ventura as outras Províncias
pºs O$ Representantes, sou de voto que se trate no entan do Brazil mostrado iguaes sentimentos! Não, mas
ca, - to que elles não vem só dos negocios pertencentes olhando e reflectindo sobre os casos passados, veremos
# º áquelas provincias, que já aqui tern Representantes; que as outras provincias mostrão sentimentos muito
ºs pois que das outras nem sabemos a sua vontade, nem contrarios. Em que estado pois estão os nossos ir
as a sua opinião. Estas são as razões em que me fundo, mãos do Brazil? Desunidos entre si. Que poderemos
si para que a Commissão não faça trabalhos geraes. No nós neste caso fazer! Deixar que os nossos irmãos,
# - meie-se a Commissão: mas particularmente para tra sem saber o que querem, sem se combinarem entre
… tar dos negocios que elles pedem para as suas provin si, sem medir seus interesses reciprocos; mas sim ce
…; cas; e quando chegarem os Deputados das outras pre gamente se vão precipitar em os horrores de uma anar
... vincias nós saberemos a vontade dellas, e reinediare quia, ou de uma contradicção systematica!! E pode
… mos seus males. riamos nós ver isto sem nos enchermos de horror! De
… O Sr. Borges de Barros: — Falou-se muito dos vereinos pois procurar o remedo, e este he aquelle
… negocios do Brazil: tem-se dito excelentes cousas, que nos póde ministrar uma Commissão, por meio
… mas por uma fatalidade inexplicavel nada se tem con dos trabalhos da qual nós vejamos o modo e maneira
- cluido. Nós, a meu ver, temos duas cousas que tra pela qual se deva arranjar isto o melhor possivel. As
tº , tar, providencias já para o Brazil, e arranjos poste províncias do Brazil que estão ao sul de Porto segu
riores para o Brazil: providencias já devem s necessa ro, estão em relação entre si. Os Deputados que nos
-riamente dalas, ou estejamos todos no não; as pro faltão, e cuja falta tem feito tanta bulha para empe
"à videncias são para todas as províncias as mesmas, e cer a mesma, tem os ineeresses ligados ás outras pro
} instão sobrenodo: he mister fazer ver áquelles povos vincias, de cujas já cá estão os seus Deputados. Con
, cºme tem acabado a idéa de ser Portugal no gado, e seguintemente só nos resta ligar o norte com o sul; e
eles filhos segundos, que são iguaos os direito»; e não tem a Comunissão se não fazer ver ao Brazil co
bastão para isso os Deputados que aqui se achão. nao ele separando-se marchava para a ruina; e como
'': (Apoiado, apoiado). Deve-se por tanto nomear a unindo-se prepara a sua felicidade, que lhe segura
Commissão composta de 8, 13, ou 15 membros, ou uma Constituição ao seu sabor. Esta verdade ha de
ºs que se quizerer", isso he indiferente, o que he pre apparecer quanto antes, e ha de ser o fructo da Com
"…iso he que nos unamos, e fazer progredir com a ma missão: requeiro pois que esta se nomeie quanto an
* Jureza propria desta Assemblea os nossos trabalhos. tes. (A polado, apoiado). •
º quanto porem para se tratar dos interesses particula O Sr. Lima: — Eu não examinarei, se os brasi
º es do reino do Brazil, e de cada uma dessas provin leiros estão em perfeita dissenção; pois a meu ver, eu
cias, digo que he necessario esperar por todos os De posso afhançar, que os principios geraes do Governo,
"putados; porém não se perde que a Commissão vá todos estão concordes nelles. Eu não examinarei tam
º adiantando os seus trabalhos, e quando forem che bem se he necessario que concorrão todos os Deputa
* gando os que faltão, eles irão dizendo o que julga dos, mas eu assento que nós havemos fazer os traba
"iem a proposito, e lembrando o que nos tenha esca lhos com os que aqui estiverem. Está reconhecida a
*pado. Não temos todos ainda reunidos no Congreso, necessidade de dar providencias para o Brazil. Está
Bºhe verdade, mas consta ao Brazil que nós estamos reconhecido, que os interesses daquelles povos, não
sº tratando dos seus negocios o melhor que podemos, e podem ser os mesmos; para isso se vai fazer uma Com
* 3ue a culpa na demora não he dos Deputados que missão. E em quanto nós nos não desenganármos,
sº:á estão, mas sim das provincias que não os tem que muitas medidas estabelecidas na Constituição, de
cºmandado. (Apoiado, apoiado). vem ser dadas d'um outro modo; nós não podere
** O Sr. Pinto de França: — Apoio esta opinião, mos conseguir nada. Eu devo afiançar, que a provi
º igualmente a lembrança dos dois ilustres Preopi dencia que aqui se tomou da nomeação dos governa
º antes que fizerão as duas primeiras indicações; e dores das armas para o Brazil, escandalisou muito o
A "oncluo que ella he da maior, e de summa impor Brazil, e etc. lemitto-me a dizer, que a Commissão
º ancia, e he necessario nomear já a Commissão pro seja autorisada para fazer essas mudanças: isto he o
gºsta. Quanto se tem dito faz-me entrar mais na per que ofereço á consideração do augusto Congresso.
uasão que acabo de exprimir. A questão he, se sim O Sr. Barata: — Eu apoio a indicação do Sr.
ºu não se deve formar a Commissão; examinarei as Guerreiro, e accrersento, que essa Commissão se de
[ 450 ]
verá for már quanto antes, para aliviar aquelles po conforme a indicação, isto he, se ha de ser composta
vos de certas cousas que lhes são pesadas, e persuadi de quinze!
Jos de que hão de ser aliviados desses governadores Venceu-se, que não fossem quinze.
de armas e dessas tropas no Brazil; e mesmo fazer O Sr. Presidente: — Proponho se deverão ser
lhes ver que elles hão de ser soccoridos com todas as mais de quinze !
providencias; e até que se lhes hão de extinguir cer Venceu-se, que não.
tos tributos, que lhes são oppressivos. Forme-se por O Sr. Presidente: — Agora proponho se hão de
tanto á Commissão e depois se tratarão esses negocios. ser doze!
O Sr. Roberto de Mesquita: — Vejo muito in Venceu-se, que sim.
clinada a Assembléa á adopção de que se nomeie es Feita a chamada, estavão presentes 114 Srs. De
ta Commissão. Ora não he pouco notorio, e até na putados, e faltavão os seguintes: os Srs. Falcão,
meza existem documentos, de que na ilha da Madei Quental da Camara, Moraes Pimentel, Canavarro,
ra, ha igual acontecimento; por isso peço a V. Exc. Ribeiro Costa, Antonio de Figueiredo, Sepulveda,
encarregue a esta Commissão, tome a seu cargo as Bispo de Béja, Ledo, Lyra, João Moniz; Betten:
ilhas dos Açores tambem. court, Van Seller, Innocencio de Miranda, Quei
O Sr. Pamplona: — Em quanto á ilha da Madei roga, Pinto de Magalhães, Faria Carvalho, Fer
ra, e Açores não he necessaria a mesma providencia, reira Borges, Faria, Moura, Souza e Almeida,
pois que estão muito proximas á Europa, e qualquer Fernandes Thomaz, Arriaga, Sefyrino, Ribeiro
successo que haja, se podem logo dar providencias. Telles,
Em quanto á Commissão, digo, que a mesma dis Ordem do dia.
cussão que tem havido, prova a necessidade que ha O Sr. Moura Coutinho, pela Commissão eccle
della se nomear. Por tanto ella deve nomear-se, e siastica de expediente, leu os pareceres seguintes:
depois apresente os seus trabalhos ao Congresso, para - A Commissão ecclesiastica do expediente foi pre
se discutirem, e sanccionarem. (Apoiado, apoiado.) sente um officio do ministro da justiça datado de 10
O Sr. J'asconcellos: — A minha opinião he que do corrente mez de Janeiro com uma informação,
se nomeie a Commissão, e que trabalhe de dia, e de que por ordem do Governo deu o prior de S. Jorge
noite, para fazer o bem do Brazil; e isto se deve des: sobre um requerimento do padre D. Benevenuto An
de já mandar ao Governo, para que este espeça or tonio Caetano de Campos, clerigo regular de S. Caº
dens para se apromptarem navios de guerra, que le tano. E queixa-se este padre do seu prelado, e da
vem a noticia áquelles povos, e que se lhes diga, que má administração do governo da sua corporação. O
uma Commissão
procurar os meiosdo Congresso
para está encarregada de
a sua felicidade. •
informante diz que em razão do que observou no re
ginen da casa, e por não haver naquell conventº
O S1. Franzini: — Eu peço a V. Exc., que po mais que dois padres, que possão sufragar na eleição
nha termo a esta já longuissima discussão; e que po do seu prelado, e nem estes mesmos serem elegiveis,
nha a votos, se se deve nomear a Commissão, ou segundo as leis da corporação, lhe parecia convenien
não: esta he a questão, e o que se deve fazer. te, que fosse suspensa a eleição, que se devia fazer
O Sr. Willela: — A mim admira-me muito, que no dia 11 de Janeiro corrente, e que quanto antes se
os povos do Brazil se não tenhão dirigido aos seus fizesse uma reforma naquela congregação. Como º
Deputados, que he o orgão legitimo da expressão da tempo apertava mandou o Governo sustar a eleiçãº
sua vontade. Sim, admira-me muito, torno a dizer, do prelado, e remetteu os papeis ao soberano Cou
que tendo elles aqui os seus Representantes, não lhe gresso para este determinar o que lhe parecer justo,
communiquem, o que pertenderem, e que se valhão tanto sobre a eleição, como sobre a reforma.
de um meio muito estranho!! Parece á Commissão ecclesiasticá do expedientº
O Sr. Pamplona: — Elles não se valem do Prin muito justo que continue aquella suspensão ordenadº
cipe Real, mas sim he o Principe Real, que dirige provisoriamente pelo Governo, e em quanto á reforma
essa participação do que lá tem acontecido, e da opinão he da competencia desta Commissão interpôr º
nião daquelles povos. (Apoiado, apoiado.) seu parecer, mas pertence á Commissão ecclesiasticº
O Sr. Presidente: — Proponho se se deverá for de reforma, para a qual devem passar todos estes pa:
mar esta Commissão, sobre que tem versado a dis pois. • |- • |-
Fr. Pedro Reira da Costa Maldonado, reitor da das ordens leis, que exima semelhante caso das regras
igreja de S. João Baptista de Coruche, alcançou um geraes, que a sugeitão ao foro contencioso.
breve de non residendo por 3 annos, com a clausula - Portanto a Commissão, sem dizer nada da justi
de ficar vencendo todos os emolumentos da igreja du ça da causa, por não prejudicar a sentença dosjuizes,
rante esse tempo, e ser a mestna igreja servida pelos he de parecer, que sem embargo dos despachos da
3 beneficiados, seus coadjutores natos, que ella tem. meza, e da consulta, e sua resolução (que tudo deve
O qual breve teve o regio beneplacito, e foi senten. ficar sem efeito). Recorrão as partes ao poder judi
ciado. Porém o ordinario da Diocese procedeu con cial, para lhes decidir a questão, guardadas as formas
tra elle, como não residente, culpando-o, e suspen de direito. +
dendo-o; e em consequencia passou a nomear-lhe por … Paço das Cortes 15 de Janeiro de 1822. — An
encommendado na igreja a Fr. Hilario Joaquim dos tonio José Ferreira de Souza; José de Moura Cou
Santos, que he um daquelles 3 beneficiados coadju de tinho; José de Gouvea Osorio; Bernardo Antonio
Figueiredo. |- + •
º dahi paradiante. Durante este recurso, e seu cum O Sr. Castello Branco: — Para se adoptar o que
primento, serviu o dito Fr. Hilario onze mezes de en disse o Sr. Borges Carneiro, he que a Commissão
conmendado; e por isso requereu á meza da conscien adoptou esta medida. •
cia lise mandasse entregar os rendimentos da reitoria O Sr. Trigoso: — Parece-me a mim que se de
perteucentes áquelle tempo, em que fizera as vezes de ve dizer simplesmente, que este negocio não pertence
reitor, e passára pelo incommodo de pagar a quem ás Cortes. . ' ' • , º * **
servisse o seu beneficio; sobre o que houve informa - O Sr. Presidente: — Os Srs. que approvarem o
ção do corregedor de Santarem com resposta do rei .rejeitado.
parecer da Commissão queirão levantar-se! — Ficou
• • •
Hilario. }
Não obstante isso reeorreu elle á Rerencia para O Padre Cypriano Pereira Alho, egresse da or
que a meza consultasse o caso, como fez em virtude dem do carmo calçado, queixa-se de que na Santa
de varios avisos para isso expedidos; e como já es casa da misericordia da cidade de Evora são desatten
tava S. Magestade quando se concluiu a consulta, didos os egressos no provimento das quatro capella
subiu esta ao dito Senhor em 13 de Julho de 1821. mas instituidas pelo conego Diogo Kieira, e isto com
Foi a consulta contra o mesmo Hilario: porém o pretexto de terem sido regulares. Pede ao soberano
levava um voto singular do Deputado então presiden Congresso que declare como deve entender-se aquela
te da meza, a favor dele; e com esse se conformou aosinstituição,
egressos. e estabelecer-se
. ' ' uma regra geral relativa
• |- . * … •
dos egressos todas as providencias legislativas, que trados das ordens militares em Portugal se unirão á
julgou convenientes, tudo o que he applicação destas corôa, os nossos Monarcas usárão constantemente da
á hypotese de que fala o supplicante, e a quaesquer quelle direito, apresentando todos os beneficios, já
outras não he da competencia das Cortes. por meios de provisões, ou decretos sem preceder con
Paço das Cortes 28 de Janeiro de 1822. — Joa curso, e consulta da meza da consciencia e ordens,
quim, Bispo de Castello, Branco; José de Gouvea muito principalmente desde a menoridade do Sr. D.
Osorio; Antonio José Ferreira de Sousa; José de Afonso 6.° Mas sendo da maior evidencia a desor
Moura Coutinho; Bernardo Antonio de Figueiredo. dem, com que os presbyteros da Azia, Africa, e
Approvado. America erão convocadas a um concurso em Lisboa,
O Sr. Sousa Machado por parte da Commissão e tendo subido ao throno a Senhora D. Maria J.,
ecclesiastica de reforma leu o seguinte appareceu o famoso alvará de 14 de Abril de 1781,
contendo as sabias providencias, que a justiça, e re
P A R E c ER. ligião altamente reclamavão. Derão-se então pastores
áquellas igrejas pelo mesmo modo, que este Augusto
A Commissão ecclesiastica da reforma examinou Congresso movido de igual zelo tem determinado pa
com a maior attenção o oficio, que o ministro dos ra as igrejas do padroado da corôa, isto he preceden
negocios da justiça dirigiu ás Cortes concebido nos do concurso perante os prelados diocesanos, como or
seguintes termos: « Ainda que a ordem das Cortes denou o Concilio de Trento para as igrejas de colla
«Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza de ção ordinaria: porém a meza da consciencia e ordens
«26 de Junho proximo passado, que mandou sus vendo a sua autoridade notavelmente diminuida pela
« pender provisoriamente as collações de todos os be nova legislação, não tardou em representar como
a neficios ecclesiasticos até ao estabelecimento do no enormes alguns leves, ou levissim os inconvenientes,
« vo plano de regulamento das paroquias deste Rei que nella descobriu. Por este meio se persuadiu a S.
«no, parece pela sua mesma letra não comprehen Magestade a necessidade do decreto de 14 de Feve
« der as igrejas do Ultramar, cujo provimento tam reiro de 1800, pelo qual forão destruidas as sauda
« bem não he defendido pela lei da collecta ecclesias veis providencias do alvará de 1781, debaixo do pre
«tica, pois que os parocos della tambem não perce texto de as ampliar; e conseguiu em fim a meza da
« bem dizimos; parece com tudo não he desnecessaria consciencia reassumir a antiga posse de dar as igre
« uma declaração a este respeito, assim como sobre o jas do Ultramar; postergados os concursos feitos pe
a modo porque devem ser providas no caso de se re rante os Bispos, porque sendo estes relativos a igre
º «solver, que o podem ser; sendo certo que algumas jas das ordens tornão-se segundo o seu systema, in
« se achão vagas, e muitos clerigos, que as pedem. competentes, abusivos, e perfeitamente nullos.
«O que tudo tenho a honra de expôr a V. Exc." de Deve porém notar-se, que nem S. Magestade,
c. ordem do Governo para o fazer presente ao Sobera nem os Srs. Reis seus predecessores estiverão em tem
« no Congresso ete. « Pertende pois o ministro; que po algum sujeitos a proverem as igrejas do padroado
se lhe declare. 1. Se a ordem de 26 de Junho com das ordens militares por uma ou outra fórma de apre
prehendeu as igrejas do Ultramar. 2.° Na hypothese sentação: e por tanto parece, que nada obsta a que
de não terem estas igrejas sido comprehendidas na S. Magestade pelo seu amor da religião, da justiça,
quella disposição, porque modo se hão de fazer as e da felicidade dos seus subditos, tomando em sua
•
apresentações dos parocos para algumas, que se achão
vagas. - •
consideração o bem que deve resultar aos povos do
Ultramar de terem parocos da sua confiança, e cujº
Quanto á 1.° parte he certo, que pela ordem de dignidade tenha sido examinada em concurso feito
26 de Junho mandárão as Cortes « suspender provi perante os seus Bispos diocesanos, adopte as pro
… soriamente até ao estabelecimento do plano geral videncias, que estão ordenadas para as igrejas do pa
« da reforma das paroquias a collação dos beneficios droado da corôa, ou as que se achão estabelecidas
« paroquiaes « e não a de todos os beneficios ecclesias no alvará de 1781: havendo ao uesmo tempo por
ticos como disse a Regencia (veja-se a Acta das Cor abolidas as chamadas ampliações do decreto de 14 de
tes Sessão de 26 de Junho): Não he menos certo, Fevereiro de 1800, bem como as impertinentes, e tal
que o plano de reforma, de que ali se falou, he uni vez nocivas formalidades de virem as propostas dos
camente relativo ás igrejas de Portugal, Algarve, e bispos dirigidas á ueza da consciencia para esta as
ilhas da Madeira, e dos Açores porque só aos seus fazer subir ao conhecimento de S. Magestade.
respectivos prelados se dirigírão os quesitos para as A Commissão julga-se na necessidade de reduzir
necessarias informações. Parece por tanto, que não a estes termos o seu parecer; pois que o Soberano
ha inconveniente algum em se declarar ao dito mi Congresso não tem ainda alterado o direito existente
nistro, que as igrejas do Ultramar exceptuando as sobre os padroados particulares, em cuja classe está
das mencionadas ilhas não forão comprehendidas na o da ordem do Christo nas igrejas do Ultramar.
ordem de 26 de Junho. Paço das Cortes 9 de Março de 1822. — João
Para satisfazer á segunda parte da duvida he ne Eento de Medeiros Mantua ; Rodrigo de Souza
cessario trazer á lembrança, que as igrejas do Ultra Machado ; Luiz Antonio Rebello da Silva ; João
mar forão sempre consideradas do padroado da or JMoria Soares de Castello Branco ; José Vaz Cor
dem de Christo, a cujo Grã-Mestre pertencia in so réa de Seabra ; Isidoro José dos Santos ; Luiz Bis
lidum o direito das apresentações. Depois que os mes po de Béja ; José Vaz Velho,
[443 ]
O Sr. Osorio: — Quando este Congresso deter regras, que parece ser fundadas na boa razão, e tirá
minou suspender os beneficios não teve em vista os das da experiencia, uma vez que os candidatos apre
desta natureza, quanto mais que isto he uma medida sentem a sua proposta approvada: de outro modo po
provisoria, tanto para cá como para lá. den illudir os ministros porque ha muitos homens que
O Sr. Camello Fortes: Este artigo, creio que he teu a sciencia de saber illudir; eu estou """
claro em quanto aos do ultramar. Em quanto ao se de que Sua # ha de querer que as igrejas
gundo artigo he estabelecer o modo como isso se deve sejão servidas por homens bons. Por tanto ainda que
fazer. Por pareceres da Cmmissão não se derogão leis. º soberano Congresso decida que se possão prover as
O Sr. Osorio: — Eu cuido que as razões são as mesº igrejas pelo modo indicado, parece-me ser fundado
mas; o direito tem acabado, quando os beneficios es na justiça e no bem geral da sociedade.
tão vagos. Pergunto eu; que diferença ha nos do Ul . O Sr. Trigoso: — Não me parece que se possa
tramar aos de cá! Isto he uma medida provisoria; se chamar uma # geral a essa providencia. Se to
ine dizem que no Ultramar não he preciso isso he ou dos estes beneficios pertencem á ordem, ou não perten
tro cazo, mas isso he o que eu não sei, se será, ou cem, não sei. Creio que o Congresso nada póde deci
não será preciso. Em quanto a mim a razão be a dir do que ha a este respeito, porque para isto seria
mesma tanto para Portugal, como para o Ultramar, necessario fazer um maduro exame dos direitos que o
e portanto digo que esta medida provisoria seja ex mestrado da ordem de christo tem ás igrejas &o ultra
1CDSIVa.
mar. Por tanto por todas estas razões parece-me que
O Sr. Marcos Antonio: — . . . . (O taquigrafo . º resposta do Congresso devia ser , que sendo muito
Brandão não pode ouvir o seu discurso.) •
duvidosa esta questão, em quanto se não decide, el
O Sr. Iaidoro: — O Sr. Marcos Antonio está les as continuem a prover conforme o julgarem con
enganado no que disse a este respeito, e o Sr. Camel veniente; e que depois de decidida a questão de di
lo Fortes está em outra equivocação. A Commissão reitos, então os beneficios do ultramar serão providos
não derogou nem alvará, nem decreto. A Commis pelo Gram Mestre, ou pela fórma que se julgar.
são diz que Sua Magestade não está ligado nem a O Sr. Borges Carneiro: — Se não me engano o
alvará nem a decreto; estes lugares nunca estiverão oficio do ministro tende a querer ele saber, se as Cor
sujeitos a concurso, são dados por approvação. O que tes alterão alguma cousa sobre o modo de prover os
a Commissão diz he que este meio seria mais conve beneficios das ordens militares no ultramar. A respos
niente, porque he a maneira que a experiencia tem ta parece-me que deve ser, « que o Gram Mestre se de
mostrado que he melhor, e he em que se não tem vis ve regular como se regulava dantes, observando a legis
to embaraços. lação que havia a este respeito; bem que desejo que para
O Sr. Castello Branco: — O parecer da Com taes provimentos não hajão de vir os pretendentes do
missão he fundado sobre verdadeiros principios, está Brazil a Lisboa, mas fazerem-se lá os concursos.
claro que este decreto não suspendeu a colação dos be O Sr. Lima: — A respeito dos beneficios do Bra
neficios, não pôde estender-se a respeito dos do Bra zil, º parecer da Commissão acho que he muito jus
zil; em quanto á segunda parte o Congresso por ora to. Agora a respeito da ordem, se são ou não são
não trata se hão de subsistir os mestrados; e por con da ordem de Christo, isto será alguma cousa duvidoso.
sequencia, se se ha de suspender o mestre da ordem Ora ha um illustre Membro deste Congresso que tem
de Christo. Trata-se de uma providencia para as cir um projecto sobre beneficios do Brazil, será então bom
cunstancias actuaes veja-mos qual he o modo de as que se una a isto para então se discutir. O meu voto
poderinos dar. Os prelados nas suas respectivas dioce he que se declare que o Gram Mestre entre como pa
ses devem escolher para as igrejas que estiverem vagas, droeiro. -
e depois proponhão ao mestre, e deva-se esta escolha O Sr. Machado: — Eu sempre declarei que a
ao mestre. Ora que meio mais conforme com a rezão mente da Commissão não he dar conselhº a S. Ma
ha do que este! Creio que nenhum. Portanto a Com gestade; só o que diz a Commissão he, que S. Ma
missão não faz mais do que tornar as cousas ao esta gestade he livre em prover estas igrejas.
do legal em que elas existião antes; o mais he um O Sr. Presidente poz a votos a 1.° e a 2.° parte
abuzo, e nós não devemos sancçionar este abuzo, nós do parecer da Commissão, e ambas forão approvadas.
devemos tornar as ceusas ao estado em que estavão O mesmo Sr. Relator leu mais o seguinte
antes, isto he o que faz a Commissão quando diz que P A R E c = R.
o provimento das igrejas se fação na forma do alvará
de 1781. Portanto não he presiso conselho de estado,
ecernem A Commissão ecclesiastica da reforma examinou
da tem lugar nenhum. Devesse approvar o pare
Commissão. •
do extincto convento que hoje he fazenda Nacional; Seguiu-se a Commissão de estatistica, e o Sr.
e que deve ser condecorado com a ordem de Christo Bastos leu os seguintes --
ara fazer as profissões. Quando a Commissão ia a P A R E c E R E 3. … . .
fºi o seu parecer sobre este negocio recebeu um
• * * *
verno providencei sobre os diversos objectos, que eom Deve remetter-se ao Governo a indicação do Sº
prehendem, como mais conveniente for ao serviço da Deputado Leite Lobo, para a tomar na devida cº"
iReligião e do Estado. º , , , … sideração. Paço das Cortes 5 de Março de 1822. T
Paço das Cortes em 26 de Novembro de 1822. — José Joaquim Rodrigues de Bastos, Manoel Goucº
:Jgnacio Xavier de Macedo Caldeira, Rodrigo de vcs de Miranda, Marinno Miguel Franzini, "%" |
Souza .Machado, Luiz Antonio Rebello da Silva, cisco Simões Margiochi, Francisco de Paulº 1"
Jose Vaz Velho. Jose Vaz Corrêa de Seabra. {'(ISSOS. •
O Sr. Castello Branco: — Não posso approvar Em quanto ao primeiro parecer sobre o rºl"
de modo algum aquelle parecer. Aquelle negocio he mento de José Antonio da Cruz, e outros, foi ""
um negocio que he de summa monta, e muito com provado, e se decidiu que em quanto ás violencias …
plicado, em que tem havido grandes interdictos; eu que se queixão, requeirão a quem compete, quº"
sei que tem havido muitas pertenções de outros mui ao mais indeferido. • •
tos a este respeito. Este negocio não he mesmo da Em quanto a indicação do Sr. Deputadº Leilº
competencia deste Congresso; parece-me que isto he Lobo foi approvado parecer; mas em quantº aº "
da attribuição do Governo. Trata-se de fazer ali a querimento da camara de Extremoz disse •
creação de um capelão, o qual he amovivel; ali ha O Sr. Peixoto: — Parece-me que este parecer"
uma Imagem da Senhora da Luz, que merece póde por ora approvar-se. O cofre de que se trº""
grande veneração dos povos, e ha certos rendi tá, segundo penso, na administração da Com"
imentos, e desses rendimentos he que o novo capellão do Terreiro; º não nos consta que ela fosse "
vai a ser pago; eu assento que nós nada devemos de como era regular, para instruir-nos da razão q"º"
cidir a este respeito, e que se deve remettet isto ao supplicantes tiverão para usarem do recurso extraofº
Poder executivo, porque nem o negocio valia a pen dinario ás Cortes, deixando o ordinario que a Pº"
* a de discussão deste soberano Congresso. Por tanto ria da creação do cofre lhes franqueava. Por "
eu serei de parecer que se reprove o parecer da Corn sem maiores esclarecimentos não poderá tomarº"
deliberação que não seja arriscada,
[455 ]
O Sr. Bastos: — O Governo já informou sobre Manoel Soares, do concelho d'Alvarenga.
este objecto: porém não ouviu a Commissão do Ter João Cardozo da Cunha Araujo e Castro, cor
reiro. Nada se perde em que ella se ouça. regedor de Vizeu.
O Sr. Correa da Silva disse: que visto este cofre As quaes todas versão sobre estradas.
ser applicado para estes objectos, que se deveria con Moradores da villa de Enxara.
ceder o que pedia a camara. Luiz Guilherme Peres Furtado Galvão.
\ O Sr. Alves do Rio: — Eu não trato da obra, Cujos objectos são os correios.
\, nem da boa ou má applicação: trato do dinheiro que Domingos Martins, e outros sobre isenção das
está no Terreiro, que he do tributo imposto sobre o autoridades da villa de Sarzedas.
trigo, e foi tirado a negociantes que aiuda estão no Paço das Cortes 12 de Março de 1822. – Fran
desembolso do pão que se deu á tropa, e dos mais cisco de Poula Travassos ; Marino Miguel Fran
fornecimentos. Na Commissão de fazenda ha um re Eini ; Manoel Gonçalves de Miranda ; José Joaquim
quertmento destes homeus que derão não só o trigo Rodrigues de Bastos. •
por uns setecentos e tantos contos. Este dinheiro es A Commissão de estatistica examinou a represen
tá no cofre do Terreiro; parece-me que nada ha mais tação de Luiz Gomes de Carvalho, director das obras
justo do que pagar-se com ele a estes homens: por da
tanto parece-me que isto se não deve decidir até que a riosbarra de Aveiro,
Vouga, Certima,e melhoramento
e Agueda. da navegação dos •
Commissão de fazenda apresente o seu parecer relati Trata elle 1.° do estado das ditas obras, necessidade
vamente ás letras do Commissariado. -
º cofre resultavão de contribuição paga pelos nossos Em 3.º lugar pertende ser ouvido sobre quaesquer
lavradores, não me parece exacto: a contribuição ap obras hidraulicas, que os povos possão requerer, a fim
plicada para os caminhos e outras obras foi imposta de que novos planos não vão empecer aos antigos co
sobre os trigos estrangeiros em favor dos lavradores meçados a executar. Parece á Commissão que isto de
nacionaes, foi uma providencia, que teve o seu prin ve
queser presente ao Governo para lhe dar a attenção
merecer. • •
tal natureza, que constituão a favor do requerente O procurador fiscal das caudelarias percebe de or
um direito rigoroso, e indubitavel, e da parte do Go denado 6003600 rs. pela folha da extineta junta dos
verno, e do ministro injustiça em lhe não mandar sa Tres Estados; e era ultimamente o desembargador do
tisfazer. - •
Mas em quanto ao ordenado de encarregado de um official, Francisco José de Faria Reis, que o era
negocios na Suissa, julga a Commissão que he sem a da secretaria da mesma extincta junta dos Tres Esta
menor duvida improcedente a evaziva do ministro, dos, e da mesma repartição das caudelarias com º
pois que o ter-se o requerente demorado em París não ordenado de 400,3000 rs., e tem de serviço 25 annos,
o póde fazer considerar como perdendo o direito aos Um official de registo, José Ignacio da Silva, que
seus ordenados, mas sim sugeito a formar-se-lhe cul vence 3003000 rs. de ordenado, e tem de serviço 20
pa, e a ser castigado se nisso faltou ás ordens, e ins annos. Havia um praticante, Joaquim José dos Reis
trucções que havia recebido, o que o ministro não af sem vencimento algum. E um escrivão das appelações
firma, nemdepóde
de Janeiro presumir-se em vista do aviso de 29 das caudelarias, José Xavier d'Jzevedo Ximenes dº
1821. •
-
[ 457 | • •
empregados, que havia nas caudelarias, que vencião mente remetter e entregar a quem pertencer" nnuelles
ao todo 1:4003000 rs. de ordenados. conhecimentos, que ha tantos annos se tem indevida
Vendo a Commissão de fazenda que o desembar mente demorado. Paço das Cortes 11 de Fevereiro de
gador do Paço, que servia de procurador fiscal, não 1822. — Francisco Parroso Pereira ; Francisco de
só tem aquelle distincto emprego, mas diversos ou Paula Travassos ; Francisco João Moniz; Francisco
tros, be de parecer, attendendo ao estado das rendas Xavier Monteiro. •
publicas, que nada vença mais por ter servido este Approvado. •
* * * Para o mesmo.
O Sr. Presidente nomeou para a Commissão es
pecial dos negocios do Brazil aos Srs. Trigoso, An Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor
tonio Carlos, Pereira do Carmo, Lódo, ...Moura, tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
Pinto de França, Borges Carneiro, Annes de Car mandão remetter ao Governo, a fim de ser competen
valho, Ignacio Pinto, Guerreiro, Belford, e Gran lemente verificado o oferecimento da copia inclusa,
geiro. . -. . . • •
Como encarregado de negocios na Suissa, desde 7 de 5.° Do mesmo ministro concebido nestes termos;
Junho de 1819, data do decreto que o nomeou, até ... Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — Deter
29 de Janeiro de 1821, data do aviso que o suspen minárão as Cortes Geraes e Extraordinarias da Na
deu: 2." que se lhe satisfaça a quantia que se lhe de ção portugueza, por sua ordem de 7 do corrente, hou
Ver da pensão que teve de 1:2003 réis pela mesma vesse o ministro da justiça de informar porque forão
fórma por que se tiver satisfeito aos outros penciona admittidos na organização da casa da Supplicação do
rios em iguaes circunstancias: 3.º que quanto á ou Rio de Janeiro os desembargadores José Joaquim de
tra pensão de 2.8003 réis não tem direito algum por Miranda e Horta, e João José da Veiga, excluindo
Se não mostrar concedida por decreto, e em remune os desembargadores Feliz Manoel da Silva Macha
Tação de serviços: 4.º que as despezas da Secretaria do, e Manoel Caetano de Almeida e Albuquerque;
em Pariz, e das encommendas para Sua Magestade assim como porque fôra nomeado chanceller da referi
º devem abonar quando se mostrarem competente da casa o desembargador Francisco José. Kleira,
mente legalizadas. O que V. Exc." levará ao conhe em preferencia ao desembargador Sebastião Luiz Ti
cimento de Sua Magestade.
>[464 ]
noco da Silva. Em cumprimento do meu dever tenho exercicio, não perde antiguidade, c a ela se attende
a honra de rogar a V. Exc. queira transmittir ao so rá quando couber e poder ser.
berano Congresso, para sua informação, as razões que Porém desejára eu que o soberano Congresso se
houve para as nomeações dos ministros que devem capacitasse da pureza dos meus motivos nos conselhos
ter exercicio na relação do Rio de Janeiro em prefe que dei a ElRei para a organização da relação do
rencia a outros que ficárão sem elle, e que talvez se Rio de Janeiro, na qual organização não houve aca
jão mais antigos. so ou paixão de conselheiro que determinasse o exer
Em primeiro lugar he bem conhecido do soberano cicio da prerogativa real, antes esta foi mova la de ra
Congresso que não houve agora nenhuma organização zões de prudencia e discrição, segundo a urgencia das
da casa da supplicação no Rio de Janeiro, houve circunstancias o permittião. Havião as Cortes deter
sim uma reducção dessa casa da supplicação a uma minado a extincção da casa da supplicação do Rio
relação provincial, na fórma que era antes da corte de Janeiro, e sua reducção a uma relação provincial;
para lá passar, ainda que com mais amplas attribui instava o tempo, porque estavão embarcaçoes a saír
ções. Essa redacção foi determinada por decreto das com esses decretos, era necessario organizar a nova
Cortes en II de Janeiro de 1822, mandado executar relação, para que não parasse naquella província o
pela carta de lei de 18 do mesmo mez, e por ahi se expediente da justiça, e não havia informações, no
vê que não houve despacho de promoção para os tas, relações de semestre, ou quaesquer outros docu
desembargadores que ficarão com exercicio, assim co mentos, por onde constasse da antiguidade, serviços,
mo não houve preterição para os que ficárão sem elle. e merecimento dos desembargadores da casa da sup
Extincta a dita casa da supplicação era necessa plicação do Rio, que só lá nas secretarias podião ex
rio organizar para lhe succeder a relação provincial, istir, e ainda de lá não vierão; em fim estava o mi
aonde não podião caber todos os desemcargadores que nistro da Justiça, como ás escuras nesse negocio, e
compunhão aquella, e por isso era das attribuições e por isso vali-me de informações de pessoas de boa opi
prerogativas d'ElRei o escolher delles quem devia ter nião, e consciencia, donde resultárão designados pºr
exercício, e quem devia ficar sem elle: he o mesmo mais dignos de preferir no exercício de julgar os que
direito e prerogativa que tem o chefe do Poder exe aconselhei a ElRei, e forão providos pela carta rega
cutivo para dentre os officiaes do exercito escolher, de 18 de Janeiro proximo preterito. Pó de ser que al:
sem se restringir a antiguidades, aquelles que devem gum dos que ficarão sem exercício não seja menos
commandar nas provincias. benemerito do que os que entrárão nelle, porem, alem
Por tanto he visto que nenhuma injuria se fez aos de que he bem difficil quando se está com pouco va
desembargadores que ficárão de fóra da dita casa e •
gar o bem equilibrar a balanço da opiniao, bem po
relação, assim como nenhuma graça contra as leis aos dem esses togados, que ficárão agora sem exercicio,
que nella ficárão com exercicio; porque isso nem foi consolar-se com a ideia de que nenhuma injuria lhe
promoção, nem preterição; tanto assim que a mesma fizera a livre prerogativa de ElRei.
carta regia de 18 de Janeiro deste anno (que saía em Quanto ao caso do chanceller Vieira preferido pa
consequencia do dito decreto das Cortes de 11, e car ra o eargo ao desembargador Tinoco, póde applicar
ta de lei de 13 do mesmo mez para organizar aquel se o que deixo exposto acerca dos mais desembarga
Ia relação) expressamente declara, que os provídos dores, que entrárão ou não entrárão em exercicio,
no exercicio o tenhão segundo as antiguidades que porém ainda que esse importasse promoção, estaria
Ihe competirem, por onde he claro que não se preju bem feita a de chanceller, segundo as leis existentes
dicou as dos que as tivessem maiores; e dahi tambem mandadas guardar pela ordem das Cortes de 10 de
se vê, que não ficou violada a ordem das Cortes de Agosto de 1821, porque o decreto do 1.° de Março
10 de Agosto de 1821, na qual se determina que to de 1758 he positivo, por nelle se ordenar que o lugar
dos os despachos de desembargadores feitos depois de de chanceller seja reservado á immediata nomeação
24 de Agosto de 1820 se entendão sem prejuizo da de Sua Magestade para nelle prover o ministro que
antiguidade dos que a tiverem maior. - bem lhe parecer, attendendo mais ao bom serviço do
Seria facil para justificar esse mesmo provimento lugar, do que a antiguidade, e graduação do que
de exercicio, ainda quando nelle tivesse havido prete nelle fôr provido.
rição, o argumentar com a mesma ordem das Cortes He quanto se me oferece dizer ao ponto em que
de 10 de Agosto de 1821 combinada com o decreto o soberano Congresso me ordenou respondesse. — Deus
de 9 de Novembro de 1662; pois aquella ordem de guarde a V. Exc." Palacio de Queluz em 11 de Mar
termina que nunca se faça despacho senão na confor ço da
sé de Silva
1822. Carvalho.
— Sr. João Baptista Felgueiras. — Jo
• |- •
violavão os direitos de nenhum desembargador. O que Remetteu-se á Commissão das artes um proje?"
ficou de fóra, e era mais antigo que o que ficou com to de decreto, que ofereceu João Antonio Paºs º
f+-
• * * ***
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*
465 | \
> Amaral, sobre a edificação de predios urbanos em si se deve entender senão por vigiar, ter cuidado , e
tios vagos da cidade. — A Commissão militar uma nunca construir, e parece-me que nisto não deve ha
felicitação do major graduado da brigada nacional da ver duvida alguma. Pódepois passar assim o artigo,
marinha, Manoel Rodrigues Lucas de Senna, dirigi ou fazer-se uma explicação, que declare que isto hé
da ao soberano Congresso, e juntamente a repetição mais vigiar que construir, ficando com tudo a cargo
de uma oferta, já feita em 13 de Fevereiro passado, do Governo a direcção das obras grandes. • •
de uma memoria intitulada, Projecto de plano para . O Sr. Sarmento: — Eu sou de parecer contrario
a organização da força armada de terra e mar em ao illustre Preopinante. Parece-me que deve ficar ás
tempo de paz; ajuntando a esta, outra da mesma ten camaras estes diferentes ramos de economia munici
dencia, em alteração aos mappas numeros 4, 5, 6, pal; porém quando o Governo determine fazer uma
7, 8, 9, 11, e 12 daquelle projecto. — E á do Ul estrada nova, ou um encanamento, ou qualquer obra
tramar uma memoria oferecida pelo mesmo major de consideração, esta não deve ser incumbida ás ca
graduado, para a bibliotheca das Cortes, com o titu maras, porém não se deverá tolher que ellas empre
lo de Dissertação sobre as ilhas de Cabo Verde. hendão as obras que muito bem quizerem fazer; porque
Ficárão as Cortes inteiradas de uma carta de agra para qualquer estrada, ou encanamento de agoas, ou
decimento que lhes dirigiu a camara de Alverca pelos outra bemfeitoria dentro do seu concelho não me pa
beneficios que do soberano Congresso tem recebido; rece que seja necessario que as camaras recorrão ao
e de um oficio de Sebastião José de Carvalho, acom Governo; e por isso sou de parecer que o artigo pas
anhado de exemplares da conta geral do commissa se como está, e acho que de todos os artigos deste
riado do mez de Novembro passado, para serem dis paragrafo este he o que está mais bem concebido,
tribuidos pelos Srs. Deputados. porque estabelece uma doutrina excelente, e até con
Mandou-se passar á Commissão de saude publica forme com o que escreveu o celebre Jovellanos tão en
uma participação do nosso consul geral em Cadix, tendido na economia do governo municipal, e que á
em que participa que se está reunindo naquela cida falta da autoridade dos corpos municipaes em Hes
de uma junta de professores de medicina, para tratº panha, e oppressão em que estavão, ele attribuia o
rem da origem, qualidade, e contagio da febre ama atrazamento das bemfeitorias publicas, observações,
rela, que tem grassado naquelle paiz, ameaçando o que são bem applicaveis ao nosso Reino. •
nosso, e que seria de grande utilidade publica que se O Sr. Soares Franco: — He realmente o que eu
mandassem tambem dois medicos de Portugal, para disse, que as obras principaes devem ser encarregadas
além de concorrerem com as suas luzes, ajuntárem pelo Governo aos homens instruidos neste ramo... ,
aos conhecimentos theoricos tambem os da pratica. O Sr. Pamplona: — He preciso fazer uma dife
}, O Sr. Ledo apresentou um oficio do governador rença de estradas reaes, e estradas particulares de ca
º militar de Moçambique, em que dá conta dos acon da concelho ; tudo que for estradas reaes, e encana
tecimentos politicos daquella provincia. Passou á mentos deve pertencer ao Governo; porém tudo que
Commissão do Ultramar. for estradas entre um e outro povo deve pertencer ás
Ca IIlara S.
* A presentou mais o Sr. Ledo um requerimento dos • •
º negociantes capitalistas do Rio de Janeiro, relativo O Sr. Lino: — Eu creio que se nós marcarmos quaes
º ao banco do Brazil, que foi mandado remetter á são as obras que devem pertencer ao Governo, e quaes
Commissão de fazenda do Ultramar, . . "
não, logo saberemos as que são das attribuições das
Feita a chamada, achárão-se presentes 111, De camaras: estradas, e encanamentos não devem perten
putados, faltando 27; a saber: os Srs. Falcão, An cer senão ao Governo ; porque estas grandes obras
dré da Ponte, Canavarro, Ribciro Costa, Basilio a ninguem toca senão a elle, e nunca a uma camara
. Alberto, Bernardo Antonio, Sepulveda, Barata, a quem ordinariamente faltão as posses; e os conheci
Feijó, Lyra, Bettencourt, Braamcamp, Innocencio mentos precisos com cuja penuria em vez de aprovei
Antonio, Queiroga, Ferreira da Silva, Rodrigues tar bem, ao contrario prejudica. Existirá portanto na
de Brito, Pinto de Magalhães, Faria Carvalho, capital uma commissão de homens sabios em sciencias
- Ferreira Borges, Faria, Sousa e Almeida, Moura fysicas, a quem fique a inspecção dos grandes encana
Coutinho, Fernandes Thomaz, Zefyrino dos Santos, mentos, estradas militares, pontes, etc., e que tende
Franzini, Ribeiro Telles, Cabral. delegados por todas as provincias poderão cuidar e
Propondo o Sr. Presidente, se a Commissão es vigiar sobre as que se devem fazer, e as que já estive
pecial dos negocios politicos do Brazil devia sair da rem feitas, ficando ás camaras a inspecção, vigilancia,
sesão a tratar destes negocios por ser de urgencia — e administração daquellas pequenas obras que houverem
Venceu-se que sim. de ter nos seus districtos, e concelhos, e feitas á sua cus
Passándo-se á ordem do dia, entrou em discussão ta porque he de justiça manifesta , que quem gasta
o n.° IV. do artigo 200 da Constituição, que dá ás do seu tenha a administração do que faz. Se nós dei
camaras a attribuição de cuidar na construcção, e re xassemos á discrição das camaras estas obras de pu
paro das estradas, calçadas, pontes, encanamento de blica e geral utilidade veriamos que nunca se pode
rios, plantação de arvores nos baldios, e terras do #ia levar avante um systema regular de estradas, en
concelho, e geralmente em todas as obras de publi canamentos, etc., porque cada uma puxaria para sua
ca necessidade, utilidade, ou órnato. parte querendo conduzir para os seus respectivos lu
Terminada a leitura deste paragrafo, disse, gares todo o proveito possível; donde resultará necessar
O Sr. Soares Franco: — Esta palavra cuidar não riamente immensos inconvenientes e demonos,
Nnn
[ 466 ] *
O Sr. Pamplona: — Este paragrafo do modo dessas obras, com a consignação de meios; e a este
que está, não póde passar, porque ha nelle uma con respeito apenas tivemos a lei das barreiras a qual nun
tradicção. ca chegou a executar-se: por tanto não devemos nes
O Sr. Macedo : — Eu sou do mesmo parecer. te lugar limitar a faculdade legislativa, concedendo
Pelo que diz respeito ás estradas reaes, e encanamen desde já ás camaras uma attribuição, que talvez seja
tos de rios, tem mostrado muito bem alguns illustres impropria dellas.
Preopinantes que seria um absurdo entregar só ao cui O Sr. Araujo Lima: — Trata-se de dar ás cama
dado das camaras similhantes objectos. Em quanto a ras uma inspecção sobre as obras publicas. He neces
ultima proposição do artigo muito menos se póde ap sario fazer diferença entre obras públicas, e entre obras
provar; porque estabelecer em regra que todas as obras suas particulares: he verdade que as obras grandes de
publicas ficarão a cargo das camaras, he um principiº estradas, e encanamentos não devem pertencer ás ca
tão manifestamente inadmissível, que nem precisa de maras; porém não ha dúvida nenhuma que se deve
ser combatido. entregar ás camaras as suas estradas que estão nº
O Sr. Vergueiro: — Eu creio que basta dizer, seu concelho, e mesmo nas grandes estradas tratar do
salvas as obras de maior iuportancia, que ficão ao seu reparo; porque de certo ninguem he mais interes:
cuidado do Governo. sado do que a mesma camara na sua conservação; e
O Sr. Manoel Antonio de Carvalho: — Ha certas não ha mais ninguem a quem se possa encarregar;
obras que depois de feitas he necessario que as cama porque para se encarregar aos juizes de fora he neces:
ras vigiem na sua conservação ; porque o Governo sario desenganar-mo-nos que não lhes importa isto;
depois de as ter mandado fazer deixa-as, e por conse tratão de resto, e deixão arruinar de todo: a du
quencia he necessario que depois de feitas haja quem vida que se põe he que elles não sabem nada disto:
as vigie. Parece-me que não ha ninguem que melhor he preciso sabermos que para conservar não he preci
o possa fazer que as camaras. Ha mesmo muitas cou so saber mais do que chamar gente para trabalhar, º
sas de que o Governo não tem conhecimento, e que fazer com que se não arruine mais; não he necessariº
são aliàs necessarias, das quaes as camaras podem me fazer grandes riscos nem planos. Por consequencia #.
lhor informar ao mesmo Governo . . . . . zendo diferença entre conservação e construcção, vo:
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Por issº pa to, que tudo que fôr conservação se entregue ás cº:
rece-me muito bem, que as cameras possão fazer uma maras, e tudo que for construção fique pertencendº
estrada, e outras obras, e as que estiverem ao alcan ao Governo.
ce do Governo fazelas, que ellas indiquem os meios O Sr. Miranda: — Todos os illustres Preopina
que haverá para elas melhor se construirem , e as tes concordão nas mesmas ideas: todos concordãº
sim assento que não só deve ficar ao cuidado das que ha obras que não se podem entregar ás camaras
camaras este trabalho, mas que tambem sejão ellas Em Hespanha se está fazendo isto da mesma forma:
as que vigiem para que as grandes obras se consesr porque uma obra publica he construida debaixo dº
vem: por exemplo esta grande estrada que vai de Lis um projecto geral, é dirigida pela inspecção das dº
boa para Coimbra que era tão boa, e hoje está em publicas. Quanto a mim o artigo está concebido em
estado de se não poder transitar, e realmente não foi termos muito geraes com que eu não concordo; e
outro o motivo senão o não haver quem tratasse del quizera
to que do
proprio se seu
dissesse: cuidar em tudo que for orna
conselho. •
dão em que isto não he um artigo constitucional, o que por melhor que as camaras se reformem, hão de
que he constitucional he que as camaras cuidem nas continuar sempre a ser corpos collectivos, compostos
attribuições proprias dos concelhos; por consequencia dos mesmos elementos, que até agora tem tido, e em
parece-me que podemos pôr termo a esta discussão. consequencia impropries para taes diligencias. Ultima
O Sr. Pinheiro de Azevedo: — Eu queria dizer mente quanto aos aquartelamentos he igualmente um.
ácerca deste artigo o mesmo que disse a respeito do objecto militar, que deve ficar por ora livre: quanto
antecedente, isto he, que se deve conservar na Cons aos aboletamentos tambem poderão entrar em algum
tituição, porque não se faz outra cousa mais do que systema novo ; e se aqui se omittirem, não tira que
confirmar ás camaras aquellas faculdades, e funcções ao
quefazelo, não se incumbão ás camaras/ pela maneira
mais convenha. •
* º numero de tropas he grande, então nesse caso a mentos. Queixavão-se os povos porque elles erão uns
ºmara tem sido avisada com muita anticipação. despotas; erão homens, e por isso sujeitos a paixões.
Sr. Peixoto: — Ainda insisto na suppressão Alguns erão bons, mas quando máos era só um des
º paragrafo, observo que a duvida está só nos abo pota em cada districto. Agºra as camaras com º mes:
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--, • • [ 470 |
rada na falta dos outros. Deverão pois dar-se as pro O Sr. Lcito Lobo: — Esta indicação deve ir para
videncias para evitar estes inconvenientes que de ne a Commissão dos premios.
cessidade ha de haver nos recrutamentos, e devem O Sr. Lino Coutinho: — Vá muito embora para
estes ser feitos por uma só autoridade seja ella qual a Commissão: o que eu pretendo he que não fique
fôr, para sujeitar os povos aos menores incommodos, aqui adiada, e que a Commissão dê quanto antes º
que fôr possivel, e tanto serão menores, quanto fôr seu parecer.
menor o numero das autoridades encarregadas. Voto O Sr. Macedo: — Diz-se que vá á Commissãº
por tanto, que de fórma alguma se comette ás ca dos premios a indicação oferecida pelo Sr. Lino: eu
maras o fazer taes recrutamentos; assim como tam não sou desta opinião. Esta Commissão acha-se so
bem voto que igualmente se lhes não conceda o fazer brecarregada de muitos requerimentos, relações, e on
os aquartelamentos. Em quanto porém aos abotela tros papeis, sobre os quaes não tem podido até ago
mentos, visto que se decretou se designassem algu ra apresentar os seus pareceres pelos muitos embara
mas attribuições das camaras, julgo que estes o po ços em que se vê, procedidos do melindre do obje
derão dirigir muito bem, sem que faça embaraço o cto: por tanto uma de duas, ou ella ha de dar a pre
inconveniente já lembrado, que he a difficuldade de ferencia a esta indicação, do que se de-verão queixar
juntar essa mesma camara, pois que a falta de um todos os que tem negocios affectos á mesma Commis
vereador, não tornará nulla a distribuição, e ainda são; ou então ficará mui retardada a decisão do ob
mesmo que se julgasse necessaria a plena congregação jecto de que se trata. Por tanto parece-me muito
se poderia bem supprir com alguns dos vereadores mais conveniente que vá áquella Commissão que pri
preteritos. Em quanto pois a essa attribuição, apoio cipiou a tratar já desta materia.
ºl
O Sr. Soares Franco: — Por esta occasião devo IN D 1 c Ação.
dizer a V. Exc. que recommende á Commissão dos
premios que haja de apresentar a lista das pessoas que Proponho que os secretarios de Estado, na orga
cooperárão para o desenvolvimento da nossa regene nização de suas respectivas secretarias, tomem por
ração;
bermos isto julgo
o que não deve
se lhes ser difficultoso:
dar. mais será o sa
•
base a diferença que deve haver de oficiaes, que pre
cisão para arranjar papeis, classificalos, redigilos, e
Decidiu-se que a indicação fosse remettida á Com minutalos, a amanuenses para os copiar, pôr em lim
missão de marinha. po, e registalos. Guardando esta diferença entre offi
O Sr. Mesquita ofereceu a seguinte ciaes papelistas, e amanuenses, declarará cada um dos
mesmos secretarios de Estado, de quantos necessita
1 ND I c Aç À o. de cada classe para o expediente de sua secretaria;
na consideração de que os amanuenses poderão escre
Tendo sido lida, e approvada na sessão de 8 do ver em diversas secretarias, quando assim o exigir a
corrente Março uma indicação do Sr. Deputado Me necessidade do trabalho dellas. — Alves do Rio.
deiros Mantua, em que pede se insinue ao Governo, Terminada a leitura, disse o Sr. Pamplona que
que exija da junta da fazenda d'Angra a restituição quando o trabalho das secretarias era muito tomavão
de certa porção de prata, que havia pertencido á se amanuenses, que se despedião quando não erão
igreja do collegio dos extinctos Jesuitas na ilha de precisos.
São Miguel, e persuadido, como me acho, de que O Sr. Rodrigo Ferreira: — Parece-me, que as
essa prata tem sido toda, ou quasi toda applicada ao secretarias do Governo devem ter todos os seus offici
serviço da sé cathedral daquelle bispado, para cujas. aes e escripturarios permanentes. Elles tem de copiar
despezas já se acha decidido por este augusto Con papeis de segredo, e importancia: e taes trabalhos
gresso, que devem concorrer todas as tres comarcas, não se devem confiar, a pessoas chamadas transitoria
que ha pouco se declarárão independentes em tudo o mente de fóra : pois saindo da secretaria poderião
mais; requgiro se explique ao Governo, que tal ex comprometter os segredos della, ou fazer mallograr as
igencia não deve ter lugar senão a respeito daquella operações do Governo, naquillo de que fossem sabe
porção da mesma prata, que ainda exista em ser, nos dores.
cofres da mesma junta, e não de maneira alguma O Sr. Castello Branco: — Quando ouvi ler aquel
quanto á que já tiver tido similhantes applicaçôes, la indicação formei della diferente idéa, pensei que
pois que tudo he fazenda nacional, e tanto direito era um plano que se queria fazer para as secretarias
tem a isso a Terceira, como São Miguel. Sala das de Estado, e para que lhe perguntasse se poderião ter
Cortes 11 de Março de 1822. — Roberto Luis de lugar ou não, porém vejo que a indicação he para que
Mesquita Pimentel. se tome por base, o que he objecto de um decreto;
Ficou para segunda leitura. por tanto convenho em que este se faça quando o
O Sr. Villela apresentou a seguinte Congresso entenda: e o tomar por base, torno a di
zer, que as secretarias tomem aquelles que julguem
IN D 1 c & ç Áo. necessarios, acho que não deve ser.
Poz o Sr. Presidente a votos a indicação, e foi
Em consequencia de me haver constado que o Go rejeitada. • •
verno deliberava mandar retirar do Rio de Janeiro O Sr. Martins Bastos, por parte da Commis
para esta capital a academia dos guardas marinhas, são de justiça civil, leu o seguinte
requeri a este soberano Congresso ordenasse a suspen
são de toda e qualquer ordem que se houvesse de ex P A R E c E R.
pedir, ou expedida pelo Governo a este respeito; por
ser ali muito precisa a existencia de uma escola de A Commissão de justiça civil foi remettido um
navegação, accrescendo haver em Lisboa outra aca officio do ministro e secretario de estado dos negocios
demia, que torna aquella aqui desnecessaria. Resol estrangeiros, pedindo a extenção das disposições do
veu então o soberano Congresso ouvir primeiramente art. 12. da lei sobre a liberdade da imprensa ao caso
sobre este negocio o ministro da repartição da mari de se excitarem directamente á rebellião, e provocarem
nha. Este em seu officio de 6 do corrente responde á desobediencia ás leis, e ás autoridades constituidas
que com efeito se expediu aquella ordem em 2 de Ja os povos nossos vizinhos, amigos, e aliados, e de se
neiro proximo passado. Portanto novamente requei infamarem as autoridades soberanas desses paizes
ro se diga ao Governo que a mande promptamente em livros aqui publicados; fundando esta requisição
suspender, determinando continue ali a referida aca no exemplo das mais nações, e mormente no da ln
demia no ensino de que está encarregada, até á no glaterra, e na utilidade nossa; pois adoptada entre
va organização das escolas de marinha. — Francis nós esta medida , com o nosso exemplo seguila-hião
co Villela Barbosa. as outras nações para connosco, ou ao menos teria
Foi approvada, indicando-se ao Governo que pas mos uma base fixa, em que assentassem as nossas re
Sasse contra ordem. clamações a este respeito; sendo innegavel a necessi
O Sr. Alves do Rio fez a seguinte dade que temos de similhante disposição, attenta a
facilidade, com que se póde entre nós illudir o dispos
to na lei, passando-se o transgressor para paiz estran
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geiro, e até saindo apenas da nossº fronteira. A Com cretos ataques contra as pessoas das mencionadas au
missão pezou maduramente os fundamentos da requi toridades, e não podendo deixar de ser considerados
sição; e attendendo ao que demanda a segurança pu como ataques indirectos contra a segurança publica,
blica, e a liberdade do cidadão, passa a expor os actos, que tendem a embaraçar o Estado em guerras,
principios, porque se guiou na formação do seu pare producto das ofensas das autoridades ultrajadas, pa
cer. He indubitavel que a lei sobre a liberdade da rece de justiça alguma nova provideneia a este respei
imprensa, sendo restrictiva da liberdade de pensar, e to tão sómente. Quanto aos fundamentos alegados
de publicarmos os nossos pensamentos, parte princi para motivar a ampliação geral não merecem a maior
pal da liberdade do homem, e do cidadão, entra na contemplação. O exemplo das nações, nem mesmo
classe das odiosas, ás quaes segundo as regras da her o da Inglaterra, nos não deve seduzir. A difficuldade,
meneutica juridica se não póde acommodar a inter e até o desgosto, com que se recorre á accusação nestes
pretação extensiva, assim como as favoraveis. E sen casos mostra o senso que a nação tem dos perigos, e in
do o fim da associação a conservação de todos, e de convenientes da extensão da lei, e a opinião geral dos me
cada um, e devendo os meios adoptados para o con lhores, e mais illustrados patriotas britanicos a desapro
seguimento desse fim ser tão sómente os restrictamente va. De mais em similhantes materias não são os exem
precisos, e indispensaveis, e por conseguinte poden plos, mas sim os principios que nos devem guiar; e
do só a necessidade do corpo social justificar o erigir não he só nisto que teremos de deixar atraz a Ingla
se em crimes, acções, que sem isto ficarião na cate terra na carreira da liberdade. Quanto ao segundo
goria das indiferentes, parece claro á Commissão que motivo, basta observar que tentar as mais nações pelo
a ampliação lembrada não escaparia de injusta, por exemplo de uma estirada deferencia de nossa parte a
passar além das raias da necessidade, e vedar um exer prohibições não justificaveis, he immoral, e póde ser
cicio da liberdade natural, cuja acção não he dirigida inutil, e não receber adequada compensação da parte
contra a conservação da sociedade que o veda; mas dellas. E he de notar que o mal temido tem um re
sim contra outro corpo social, a quem nada deve, e medio mais natural, qual o responsabilizar os livrei
com quem nada pacteou o individuo, cuja acção he ros, e outras quaesquer pessoas que venderem, e es
assim stigmatizada. Em fim uma nação não póde, palharem escriptos impressos fóra, que ataquem o Es
nem deve qualificar de criminosos senão os actos , tado por algumas das maneiras enunciadas no art. 12,
que prejudicão ou a ella em geral, ou a algum dos o que em parte já se acha estabelecido no art. 7. Por
individuos que a compõem , e fóra destes casos a fim as leis fazem-se com toda a madureza, e depois
creação de novos crimes º será desapprovada pela ra de seria discussão, e não se acanhão ou ensanchão se
2ão. E não embarga que se qualifiquem como cri gundo circunstancias, e interesses de momento. Por
*mes, e até sejão castigados pela Nação, que não todos estes motivos he de parecer a Commissão que
foi prejudicada alguns actos taes como a pirataria, a lei continue a ser estrictamente entendida no art. 12,
os quaes por isso, se denominão delictos por direi sem estender-se a nenhum outro, que ahi não esteja
to das gentes, pois que o pirata he declarado inimi declarado. Porém como a Commissão reconhece a in
go de todas as nações, cuja segurança correu igual ris suficiencia della nos dois casos acima apontados, pa
co com os seus attentados, dependendo só de acciden ra a completar oferece o seguinte
'te o ser lesada esta, e não aquella. He por isto que
a todas interessando , a todas compete o legislar em Projecto de lei complementar da lei sobre a liberdade
similhante caso, e perante todas lie ele justiçavel. da imprensa.
Quando pelo contrario nos abusos da liberdade da im
prensa, sendo o ataque dirigido contra uma determi As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin
nada nação, só a ella, e não a outra importa a sua tes reconhecendo que no ambito da lei sobre o abuso
cohibição, a qual não póde ter efeito senão no caso, da imprensa não se achão comprehendidos abusos mui
em que o individuo ou corporação que a ataca viola perniciosos á segurança do Estado, e querendo remº
algum dever obrigativo no tempo da transgressão, o diar esta falta, decretão: •
que se não verifica ao menos directamente nos casos, 1.° Abusa da liberdade da imprensa contra o E
que se querem comprehender no ambito da lei sobre tado o livreiro ou qualquer outra pessoa que vender,
a liberdade da imprensa. Acresce que admittindo-se publicar, ou espalhar escritos impressos em paizes es
a ampliação podia dar-se-lhe depois tal latitude, fun trangeiros, nos quaes se ataque o Estado por alguns
dada mesmo na analogia, e identidade de razões, que dos modos declarados no artigo 12.
até passasse a ser abuso da liberdade da imprensa con 2.° As penas impostas no artigo 13 ser-lhes hão
tra o Estado, qualquer corajosa sortida contra o Go em tudo applicaveis.
verno o mais despotico, e immoral, uma vez qugº.com 3." Abusa da liberdade da imprensa indirectamen
elle vivessemos em aliança ; e amizade, e a #tial a te contra o Estado, o que infamar e injuriar por e
gabada liberdade de escrever, a principal trincheira crito em suas pessoas ou autoridades soberanas dos
contra o despotismo, arbitrariedade, e desgoverno, exis paizes nossos aliados e amigos.
tiria só de nome, e seria de feito nenhuma. He porém 4.". Aos que commetterem similhantes abusos se:
certo que tendo os chefes do Governo das outras na rão applicaveis as disposições do artigo 13, reduzidas
ções o mesmo, e ainda superior direito á boa fama, á metade as penas de prisão, e pecuniarias, em tojos
e reputação, que tem os individuos communs; e con os gráos, e não tendo Jámais lugar o perdimentº
vindo muito não alterar a boa vizinhança por indis de cargo, sendo o delinqüente leigo; nem a inhibi"
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ção do exercicio de oficio, e privação dos reditos dos se decidir o destino dos officiaes regressados, do Bras
beneficios, sendo o delinquente ecclesiastico. Antonio zil, e o projecto diz, que se procederá com elles na
Carlos Ribeiro de Andrada, Luiz Martins Basto, .forma prescrita no paragrafo 60, como poderá este
Manoel de Serpa Machado, Carlos Honorio de Gou deixar de discutir-se! Não basta já a grande incohe
vá Durão, Pedro José Lopes de Almeida, Joa rencia de princiarmos a discutir um projecto de 15
quim Antonio Pereira Belfort. capitulos pelo decimo quinto. Principiaremos ainda a
O Sr. Macedo: — Como os pareceres de Commis discussão deste capitulo tambem pelo fim : e até por
sões não costumão ter segunda leitura, e este pre um paragrafo que se refere inteiramente a um ante
cisa de ser meditado, sómente cumpre agora decidir cedente, que ainda se não discutiu ! Bem claramente
se deve ou não ser impresso. se vê que isto, he um absurdo. **
O Sr. Camello Forte»: — A Commissão deu o O Sr. Macedo : — Parece-me muito justo que se
seu parecer, que se reduz em duas partes, a primei dê alguma providencia ácerca dos officiaes do exerci
rº he relativamente á proposta do ministro, e a se to do Brazil; mas tambem acho muito necessario que
funda he já apresentar o projecto: acho pois que a se proceda ás diferentes refórmas que aqui se tem pro
primeira deve seguir a marcha dos mais pareceres; posto como são as da patriarcal, regulares, e mui
im quanto ao projecto depois veremos o que se deve tos outros objectos desta natureza, e não me parece
fazer. conveniente que entremos a discutir artigos do proje
O Sr. Lino Coutinho: — O que eu quero dizer he cto da refórma ou da nova organisação do exercito,
justamente o que disse o Sr. Camello Fortes, porque # que primeiro se fação outras refórmas já projecta
diz que a proposta particular do ministro deve ir, á 88.
Commissão, e depois he que o Congresso ha de de O Sr. Agostinho Freire: — O illustre Preopi
erminar que ella o reduza a decreto, porém a Com nante ou não ouviu ler o artigo ou não lhe deu toda
missão fez de uma vez dois mandados, deu o seu pa a attenção. O artigo que se acabou de ler diz: os of
ecer, e formou o projecto. .ficiaes que estão sem emprego por diferentes motivos;
O Sr. Camello Fortes: — Eu peço o seu adia e não se trata de excluir nenhum dos que estão em
mento, e que se dê para isso dia certo. pregados: , são os que estão sem regimento ou empre
Procedeu-se
diado o parecer.á votação, e venceu-se que ficasse go, ou finalmente aquelles que estão fóra da activida
•
endeiros do subsidio literario em alguns districtos da O Sr. Agostinho Freire: — Peço ao Preopinan
provincia de Vianna, exigindo e levando maior col te queira ler o titulo deste capitulo que diz: disposi
erta do que a lei determina, peço que o Governo in ções transitorias.
forme quaes tem sido as providencias que o concelho O Sr. Povoas: — (Não o ouviu o taquygrafo
da fazenda tem dado a este respeito. — Soares da Aze Leiria).
vedo, O Sr. Corrêa de Seabra observou que sendo este
Foi approvada. objecto de tanta ponderação não devia ser decidido
Sendo chegada a hora da prolongação passou-se já, mas sim assignalar-se dia para a sua discussão.
a discutir o número 1.° do artigo 60 do capitulo 15 O Sr. Agostinho Freire: — Não se póde deixar
do projecto de decreto para a nova organização mili de tratar isto em geral, e tomar-se uma medida ex
tar, que na classificação dos officiaes sem emprego tensiva: a minha opinião he combinar este projecto
manda formar a 1.º classe daquelles que achando-se com o projecto 184. He claro que aquelles officiaes
em emprego recentemente, por diferentes motivos, que pertencem aos voluntarios de ElRei fazem parte
tem a idade, aptidão, e vontade para continuarem do exercito de Portugal. Nós tivemos duas promoções
º “rviço nos corpos. A este respeito disse que forão a de 1814, e a de 1815; a de 1814 foi ge
O S. Pamplona: —(Não o ouviu o taquigrafo ral: a de 1815 veio alterar esta. Ninguem se póde
cira). queixar de que aquelles que para lá forão tivessem
O Sr. Barão de JMollelos: – Diz o honrado Mem Inuitas promoções, porque se as não temos tido foi
bro, o Sr. Pamplona, que não deve discutir-se o pa porqueºão quizemos seguir a sua mesma sorte. Por
ragrafo 60, mas passar-se logo ao 65: sou de opinião tanto voto que aquelles offieiaes que se acharem nas
ºntraria, porque vejo que he de absoluta necessida circunstancias que diz o artigo, sejão, conservados por
de discutir-se primeiro o paragrafo 60, pois que a hora como aggregados, para depois entrarem em efe
* he que se refere o 65, como bem claramente se ctivos. - …,
* da sua ºxpressão quando diz: quanto aos da ter O Sr. Povoas: —(Não o ouviu o taquygrafo).
*ira classe a Commissão procederá conto prescreve o O Sr. Feio: — Se acaso se tein em vista unica
Pºrºgrafo 60. Ora se o objecto desta discussão he para mente autorizar o Ministro da guerra para se infor
…" (Joo
…"
----
*, • *
[474 ]
mar dd, merecimento, antiguidade, e serviços dos of Entrou em discussão o numero 2.° do mesmo ar.
ficiaes sem emprego vindos da America, parece-me tigo que põe na segunda classe os oficiaes que já de
isto a cousa mais ociosa do mundo; porque ninguem mais tempo estão deixados sem emprego, por emba.
certamente ignora que ele não só está autorizado pa raço fysico ou outro, e que não são proprios para con
ra isso, mas ate que he esta uma das obrigações in tinuarem o serviço activo nos corpos.
herentes ao seu cargo. Se porém se pertende autori Os da 1.° classe (diz o projecto) serão admitido,
zalo para os distribuir pelos corpos do exercito, op desde já nos corpos, com os postos que actualmente
ponho-me a que isto passe; porque estes oficiaes não tem, se houver vagas ; e não as havendo ficarão desi.
podem ser empregados no exercito, sem lesar injusta, gnados para entrarem quando as houver, sem com
e escandalosamente o sagrado direito que tem adquiri tudo preferirem aos de igual graduação, que agora
do ao seu adiantamento os officiaes actualmente em ficão aggregados em virtude do plano actual. O da
pregados, que fizerão a guerra, e dérão a liberdade segunda não serão mais contemplados em promoções,
á sua patria. Eu já disse em uma das sessões passa nem serão admittidos á actividade.
das, e agora torno a dizer, que se estes officiaes per Depois de varias reflexões feitas sobre esta materia
tencem aos destacamentos na America, nenhuma pro por alguns Srs. Deputados, disse
videncia temos que dar a seu respeito, porque são in O Sr. Barão de Mollelos: — Approvo a doutri
questionavelmente officiaes do exercito, e estão em na deste artigo em quanto diz: os da 1.° classe seria
pregados; e senão pertencem áquelles destacamentos, admittidos desde já nos corpos, com os postos que actu.
nem ao corpo existente em Portugal, são oficiaes almente tem, se houver vagas ; e não as havendo fi
feitos sem necessidade, e o Congresso não póde to carão designados para entrarem quando as houver;
mar a seu respeito outra alguma medida, que não mas proponho que se accrescente: ficando desde já
seja a de os inandar para sua casa com meio soldo. aggregados aos corpos. O resto do paragrafo deve
E se algum por suas circunstancias particulares, me tambem riscar-se porque só poderia ter lugar, tendo
recer uma particular attenção, requeira individual se discutido já todo o plano ou ao menos a parte R
mente, e lhe será deferido segundo a sua justiça. Es lativa á diminuição do numero dos oficiaes nos tor
ta he quanto a mim a medida mais prudente, e aquel pos, diminuição a que muito me heide oppôr, e que
la que convem adoptar nas actuaes circunstancias. cspero não passe. Não exporei agora uma só das mui.
O Sr. Póvoas: —(Não o ouviu o taquygrafo.) tas razões em que me fundo, e que me parecem mui
O Sr. Barão de Mollelos: — Na 1.º parte do ponderosas, para não saír da ordem que tantores.
artigo deve omittir-se a palavra recentemente, por peito, e que vejo ser tão necessaria.
que devendo as leis ser concebidas em termos cla Eisaqui já uma das muitas e grandes difficuldade
ros e precissos, para não darem occasião a duvidas e que necessariamente hão de encontrar-se, principianº
a arbitrariedades, este termo he tão vago que nem do-se a discutir um projecto pelo fim, versando a diº
póde fixar-se uma idéa aproximada do espaço de tem cussão sobre dados que não existem; e finalmente dº
po a que se refere. E além disto porque não deve pendendo a doutrina dos diferentes capitulos desteplº:
attender-se só ao tempo que os officiaes tem estado no progressivamente dos antecedentes, principiarmº
sem emprego, mas sim, ha muitas outras razões para agora a discutir o decimo quinto sem termos tratº
que os oficiaes sejão classificados desta ou daquella do dos outros. Já em outra occasião observei estº
maneira. Poderá acontecer, e efectivamente acon mesma difficuldade, e o mesmo fizerão alguns illustres
tece que haja alguns que estejão sem emprego ha membros da Commissão; mas como o Congresso de
muito mais tempo que os outros, e que ponderadas terminou que se discutisse, discuta-se.
bem as suas circunstancias, tenhão muito mais direi Não approvo a opinião do illustre Deputado, oSt.
to a entrarem primeiro no serviço. Devo tambem ris Feio, em toda a sua extenção, porque estou conven
car-se a expressão, nos corpos, que está no fim des cido que deve haver contemplacão com os oficiaes,
ta parte do artigo: pois conservando-se, dá a enten que erão do exercito do Brazil, e hoje são do mesmº
der que os officiaes de que se fala só poderão ser ad exercito que os outros, isto he do exercito do Reinº
mittidos nos corpos, o que he falso; porque ha muitos Unido; e até porque entre elles ha muitos que tem
oficiaes que pela natureza do seu serviço não devem en serviços mui dignos de grande attenção, e seria º
tra, agora nos corpos, taes são os secretarios; e nemmaior desigualdade, e mais barbara injustiça medir º
por isso deixão de ter todo o direito a serem contem todos pela mesma bitola; e nem ainda a respeitº dº
plados em outra especie de serviço; e tambem que quelles que não fizerão tão grandes serviços, eu segui
alguns officiaes devem entrar no estado maior, no ria a opinião do honrado Membro, e só sim a respº"
serviço das praças, nas inspecções, etc., serviço que de to dos que não fizerão serviço algum digno de atteº
modo algum póde classificar-se debaixo da palavra cor ção, se he que existem. Não approvo tambem em
pos. Quanto tenho dito a respeito da 1.º parte do arti toda a generalidade a opinião do honrado Membrº,
go, applico á 2.º que principia: os officiaes que já de o Sr. Povoas, e até por motivos mui similhantes: ""
muis tempo etc.; e proponho que se eliminem todas as to he porque além da grande diferença que ha entº
seguintes palavras, que já de mais tempo estão deixa a natureza dos serviços que fizerão os oficiaes do *
dos sem emprego, e tambem a espressão nos corpos. ercito do Brazil, e da maneira por que forão feitº»
Declarada discutida,
a materia sufficientemente
diferença a que deve muito attender-se, ha na "
procedeu-se á votação, e foi approvado o § tal qual dade entre elles alguns que alcançárão duas e "º
estava, omittindo-se o adverbio recentemente, e a patentes com manifesta preterição dos outros, º 4"
expressao nos corpos.
• [475 ]
Pondo-se a votos a 2." parte, e sendo rejeitada, . Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 13
offereceu o Sr. Secretario Freire a seguinte emen de Março de 1822. — João Batista Felgueiras.
da, que foi approvada: • Redactor — Galvão.
Os da primeira classe serão admittidos ao serviço,
como aggregados nos postos, que actualmente tem,
para entrarem em efectivos, segundo a antiguidade que \
---- •
!
Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia -
já adiados, e que forem mais urgentes. rella, e lida a acta da antecedenté, foi approvada.
->
Levantou-se a Sess㺠ás duas horas da tarde. —o O Sr. Was Felho fez a declaração do voto se
Francisco
cretario. Xavier Soares de Azevedo, Deputado Se •
guinte: sobre o artigo 4.° relativo ás attribuições das
camaras, fui de voto que o artigo passasse corno es
*
Rei que recebêrão com a contemplação dº cºstume . Outro do mesmo Ministro da fazenda, remet
as inclusas cartas do Principe Real, dirigidas, a Sua tendo um officio do Secretario de Estado dos nego
Magestade em datas de 14, e 13 dº Dezembro do cios estrangeiros, acompanhado de uma notº do
anno proximo passado, e ficão inteiradas do seu con Encarregado dos negocioo, e Consul geral da Fran
teudo para o tomarem na devida consideração. ça, ácerca da agua-ardente importada na ilha da Ma
Deus guarde a V. Exc. faço das Cortes em 13 deita pelo navio inglez Bercurio, que foi mandado á
de Março de 1822. —João Batista Felgueirº Commissão de agricultura. - -
da fazenda tem dado em cumprimento da ºrdem daº , Outro officio do Ministro da mariuhn, remetten".
Cortes de 3 de Outubro de 1621, e portaria do Gover do uma consulta da Junta da Azenda da marinha so"
no de 12 de Noveu,bro do inesino anno, ácercº do abu bre a duvida, que se lhe ofereceu em abonar aº leo
so que estavão pratiçando os rendeiros do subsídio li te jubilado João *# "; Oliveira a quantia,
OO
[476 |
que ele como de
tal Marinha.
recebia no Rio de Janeiro, que foi O Sr. Franzini: – Eu desejo muito vêr a minha
á Commissão • •
• O Sr. Vasconcellos: — Já ha uma ordem deste ma carta do Sr. Deputado, Innoceneio Antonio
-
Congresso para que se lhes pagasse, e elles o não de Miranda, em que ao mesmo tempo que participa
tem feito, e apenas recebêrão ontem um mez, quan n impossibilidade em que ainda se acha, de poder as
do o exercito tem recebido tudo: e isto contra as or sistir ás sessões das Cortes por causa das suas moles
Jens do Congresso. Ha um requerimento dos officiaes tias rheumaticas, oferece e remette para serem des
de marinha a este respeito, os quaes se queixão, da tribuidos pelos Senhores ####
120 exemplares
falta de execução de ordem, o qual apresentarei ao de uma obra, que acaba de dar á luz, intitulada, 0
Congresso um destes dias. Deve pois ir á Commissão Cidadão Lusitano ; que foi recebida com agrado.
de marinha. • •
para todos: mas isso he só em palavras. Paga-se a Uma felicitação da camara de Serpa ao soberano
uns na fórma da lei; a outros dous terços em papel, Congresso, e ao mesmo tempo uma representação,
e um só em metal: a uns só se deve um mez; a ou de que se fez menção honrosa pela parte que pertencº
tros um anno, e mais. Não póde haver maior des á felicitação, e se mandou remetter á Commissão de
igualdade. He preciso pois acabar com isto. Se não petições pela parte pertencente á representação.
ha dinheiro , soframos todos igualmente. Pague-se Outra felicitação ao soberano Congresso pelo juiz
pela mesma fórma a todos, e por sua ordem; e nada vintenario, e mais homens do accordão do povo de
de preferencias. De outra sorte direi que estamos no Pitões, que foi ouvida com agrado.
Governo antigo, e que só lhe temos mudado o no Outra felicitação ás Cortes, pela Commissão do
II]ê, -
commercio da villa de Portimão, dando ao mesmº
·
• I 477 |
tempo parte da sua instalação, e a razão porque não rio Carvalho, Ferreira Borges, Faria, Lino Cou
se pôde instullar antes do dia 28 de Fevereiro: ouvi tinho, Sousa e Almeida, Castro e .Abreu, Moura
da com agrado em quanto á felicitação, e ficárão as Coutinho, Ribeiro Teixeira, Gomes de Brito, 2e
Cortes inteiradas pelo que pertence ao mais. fyrino dos Santos, Araujo Lima, e Ribeiro Telles.
Outra felicitação feita ás Cortes pela Commissão Ordem do dia. -
Das pessoas, que recebem pelo thesouro NNacional vencimentos accumulados, que
se devem supprimir.
- Nomes. Quantias. Observasões.
Alexandre Antonio das Neves, #*#:} Tem de ordenado como provedor da casa da
que foi da extincta junta da oficina "} "…! moeda 3003, como deputado secretario da ex
tincta junta das munições de boca 1:0003.
gia, meio ordenado - - - - - - -
2 Anacleto da Silva Moraes, ajuda de cus
to, como oficial
mercio • @ • •
maior
• •
dajunta do com
• • • • •
siºsooo! Tem de ordenado do mesmo oficio 6003.
Num. Nomes.
[ 478
Quantias.
} • Observasões. • •
ajuda de custo pelo officio de lin") 1073000 {Tem de solicitador dita — 3003 e meia parte
Udos 183 dos ordenados da alfandega grande.
dor da junta do commercio - -
• •
- - O
15 Antonio Martins
lo officio Seixas, ajuda
de recebedor de custo
dos direitos dos pe-Y
vi- •
#*******" | cogo
19 Antonio
.mo juizThomaz da Silva
dos tombos Leitão, -co--
dos pinhaes 4003000 ( -
da camara, presidente da administra- 2ôôo gooo Ausente: tem casa, e bens nacionaes.
ção da junta do tabaco - - - - -
— ex-deputado da extincta junta dos tresl
estados, meio ordenado - - - -J 4803000
[479 |
.Vum. Nomes. Quantias. Observações. … ".
fectivo da extincta junta das muni- 6003000 Tem de commissario do exercito 1:8003.
ções de boca - - - - - - - - -
às escrivão da meza dos vinhos, pa- 2003000 # de custo dito 2003 : outra dito
ga pela junta dos juros - - - - - }
— outra pelo mesmo emprego, paga pe- - , …i… … º
lo cofre da illuminação da cidadº P • 1503000 • * # |-
secretaria dos negocios da fazenda (inu- 700,3000 Tem de ajudante do thesoureiro mór 1:000$.
til pela actual reforma) - - - - "
/ " • -
--
|-
92 Joaquim Ferreira dos Santos, official da 4003000 Tem 7008.da secretaria do desembargo
de oficial
do paço
censura dos livros, officio hoje …} O
fluo - - - - - - - - - - -
94 Joaquim Gomes Teixeira , juiz da co Tem do mesmo lugar pela supplicação 1:1003:
rôa e fazenda, pelo que toca ao com: }
selho do Ultramar, superfluo, e servi …} e pelo conselho da Fazenda 3203, além do
ordenado de deputado presidente do deposito
- publico.
rá pelos outros ordenados - - - -
103 José Antonio de Oliveira Leite de Bar
ros, ex-deputado da extincta junta das 6003009
munições de boca - - - - - - - Tem de desembargador do Paço 1:2003: de
• • • lator do almirantado 4005: dito,3 do con
– Fiscal das caudelarias, pagos pela folha
+
Te • • • - º 1.8
•• •
N
•
365,3000 - maioria de soldo 2103: de chefe de divisão
graduado 4203.
121 José Manoel do Nascimento, ajuda de de ordenado deste emprego 4803: escri.
custo pelo emprego de porteiro do com-
mercio - - - - - - - - - -
3623000 { Tem
pturario da fabrica das sedas 3503.
off
como official do registo do conselho da 100$000 cial do conselho da fazenda 7003.
Fazenda - - - - - - - - -
127 Lazaro da Silva Ferreira, juiz executor Tem de conselheiro do Ultramar 1:6003: fis- -
• • cal da junta do commercio 4003: ajuda dº
240,3000
###### * custo dito 503 : deputado da casa das ra
nhas 2203: fiscal da fabrica da seda 2003.
129 Lourenço Antonio de Freitas Azevedo
Falcão, official, que foi da secretaria zoosooo] Tem de oficial da fiº
da extincta junta das munições de boca • zenda 7003. da secretaria de estado
— Gratificação por ter sido claviculario da
- mesma junta - - - - - - - - 2404000
133 Lucas da Silva de Azeredo Coutinho, {"g" de aggravista 1:1003: de deputadº }
procurador da fazenda do tabaco, que 6003000 Bragança 3503: de védor do senado 3604:
•
na folha concedida
Reino, da secretaria
parados
serNegocios
educado do- 4603000 Tem de official de secretaria de estado 7003. •
148 Nuno Caetano da Costa, contador gê- "—" He º ordenado destes contadores: tem mais
ral da Extremadura,
ordenado de 1:9003 a reduzido
1:6003 o - seu- 300$000 -
•
de administrador
riças 3003. das ferragens das cavalha
•
133 Pedro
são naMariz
folha de
de Sousa Sarmento,
correntes - -
pen-
- -
º
800,8000 Tem de conselheiro. do almirantado 6003: , º -
• , procurador da •
Coroa, pagos
T Chanceller pela supplicação
da supplicação - -- -- - } 2.4003000
1:3003000 | •
Son • • • • • 37:4453000
"º esta primeira lista trinta e sete contos
"ºcentos e quarenta e cinco mil réis.
Ppp
[ 482 ]
SEGUNDA LISTA
Das pessoas que recebem pelo Thesouro nacional pensões ou ordenados, que se devem supprenir
ou reduzir.
184 Joaquim Lobo da Silveira, ministro ple Por ter acabado a sua missão.
nipotenciario na Suecia - - } 6:000$000
186 José Amado Grahão, secretario da mis- .AFAA 3/4
são nos Estados Unidos da America } 4:4063000 Por haver acabado a sua missão.
190
*
embaixada em París : "………… } 1:6003000 Por ter acabado esta Missão.
•
-
fício 1723 - - - - -
161 Thomás de Aquino Leal, Escrivão, das
Obras Publicas - - - - -" - º t < 1: * - -
{ · Incompativel com ser Contador do Arsenal das
U Obras Militares, de que tem 8005.
* * * ,íº
Parece finalmente á Commissão, que a respeito das pessoas abaixo declaradas se peça ao Governo expli
cação sobre se ainda recebem as pensões correspondentes, e se dellas necessitão para a sua subsistencia.
173 D. Anna Palyart, uma pens㺠I1O
Verbas estas, que se lêm na dita relação extraída dos referidos mappas." Sala das Cortes 5 de Fevereiro
de 1822. — Manoel Gonçalves de Miranda, salvas algumas restricções. — Manoel Alves do Rio; Manoel
Borges Carneiro ; José Joaquim Ferreira de Moura ; Manoel ernandes Thomás.
O Sr. Girão : — Sr. Presidente, eu reprovo este que para cada um destes nomes, viesse uma infor
projecto em toda a sua generalidade. A primeira ra mação, isto trazia comsigo graves inconvenieutes. Já
zão he porque me não parece digno deste augusto Con aqui se principiou a discutir um projecto de decre
gresso estar a averiguar se fulano fez esie, ou aquelle to sobre as exportações das aguas-ardentes, no qual
serviço; e isto então homens que nós não conhecemos: se utilisarião 100 contos de réis, e estes sao certos.
e a segunda razão he porque talvez custe mais a dis Não seria pois melhor tratarmos delle, do que deste
cussão, do que se economisa. Diz-se que he neces projecto, que não vale nada!
saria esta medida; porém, Senhores, ela vai accen O Sr. Villela: — Apoio o qne diz o illustre De
der a facha da discordia. Além disto seria necessario putado o Sr. Girão. O Congresso deve fazer leis ge
Ppp 2
[459 |
raes, e em regras geraes. Nada he tão odioso cotrio º Admittiu o Congresso esta proposta e nomeou um
tratar-se deste ou daquelle individuo em particular. Commissão especial para a examinar, e dar sobr
He # sempre nisto que as Assembléas: legislativas ella o seu parecer. Esta Commissão depois de muita
tºm-ie desacreditado. Com efeito eu não posso entea. conferências e exames notou na dita relação as pes
der muitas cousas que vem neste projecto. Que quer soas que disfructavão vencimentos que julgou mais e,
dizer, por exemplo, tire-se a fulano tanto, porque candalosos, e apresentou a respeito dellas o seu pa
he rico? Qual he a lei que manda que º homem rico recer, que entendia ser dado com muita moderação
seja obrigado a servir gratuitatheute o Estado, 60ãº. Determinou o Congresso que a Commissão a respeit
não perceber recompensa pelos seus serviços? isto he de cada uma dessas pessoas fizesse particulares obser
fima injustiça. Eu não me opponho ás refófunas: he vações e declarasse os motivos, e que tudo se impri
necessario fazelas: conheço que o Estado está cheiº o misse é fosse logo présente ao mesmo Congresso, mar.
de muitás cans, mas he necesasrio não arrancelas a se decidir. -Foi esta a ultima decisão tomada na Ses.
torto e a direito; pois então ficaremos calvos. Fação são de 7 de Fevereiro, e diz a acta assim (leu). Sa.
sé regras gerães, que comprehendão todos esses casos: tisfez a Commissão a quanto se ordenou; mas agºra
écialidades.
evitaremos o sermos tachados talvez de algumas par
• -
vejo, como eu já havia previsto, que todo este trata
lho parece tender a espaçar, ou mesmo evitar a discus.
--… O Sr. Pamplona: — Os illustres Membros pre são desta materia. A este respeito digo energicamente
verifráô-me o *# queria dizer. O soberano Con que o que está determinado ha acta se deve cumprir;
gresso está aqui para fazer leis, e não para às execu que a ordem pede que esta materia entre em discu
tar. Por consequencia o meu voto he que torne este são; entre, oução-se as razões, e seja embora rejeitada;
projecto é Cothmissão para examinar as bases geraes, porém evitar-se a discussão he contra a ordem, e cºn.
do que devem pagar, os penccionarios. Em quanto tra a aeta, e insupportavel arbitrio! Admiro-me mu
aos que tiverem emprègos accumulados, que faça uma , to que á vista do estado lastimoso em que está aí…
medida geral, dizendo-se ao Governo que não con zenda nacional, e o pagamento dos empregados pi
sinta que "um indivíduo, que tiver um emprego suf blicos, se fuja tanto de fazer reformas que a mas
ficienté possua outro : ofereço pois a minha emenda moderada justiça reclama. Muito bem disse agoranº
por escripto. " " * * * Cortes de Hespanha o presidente Riego, na sua re
Proponho que o projecto n.° 219 volte á Com posta ao discurso d'ElRei: º que as reformas são de
"missão, que esta seja encarregada de propôr uma me-. , tal natureza, que aquelles mesmos que as não odeãº,
dida geral, que abranja todos os penccionarios do Es hes fazem resistencia.» Tal be a opposição que aqu
tado, ou, que percebem ordenados por uma escala se manifesta; entretanto o deficit annual do Thesourº |
graduá-la pelas quantias das ditas pensões, ou drdena vai crescendo, e eu quero ver como os Srs. da oppº |
dos, com a dedacção que se lhes deve fazer a benef zição sáem desse-embaraço. As razóes que hoje tenhº
cio do Estado, e isto por um auno, deixando á se ouvido oppor não he necessario refutalas, pois o com
guinte legislatóra continuala, ou supprimita no anno trario está decidido na acta. Disse-se que he indecº
seguinte, conforme o exigirem as precisões do Thesou roso ao Congresso estar tratando de nones e pessoas:
ro publico. porém se assim he, ha muito estamos caídos pessº
Quanto aos empregos, e officios aceumulados, indecoro, pois ha muito se tem apresentado na C"
que se iudiqne ao Governo que prova em outros su missão de Constituição listas de muitas pessoas q" |
jeitos os que forem incompativeis, e que de modo al no Rio de Janeiro tinhão sido aggraciadas com dº
gum o Congresso torne conhecimento nominal, nem pachos, commendas, pensões, e oficios accumulº
de um, nem de outro objecto, o que he fóra das suas dos, e o Congresso foi-revogando todas essas mºrº |
attribuições. Sala das Cortes 14 de Março de 1822. quando as julgou contrarias ao bem da Nação. E º
— Manoel Ignacio Martins Pamplona. - fim sé era indecoroso entrar em individuações, Phº
O Sr. Borges Carneiro: — Nenhuma materia tem que se creou então a Commissão especial, e para 4"
sido neste soberano Congresso nem mais controversa, se lavrou a acta de 7 de Fevereiro! •
nem mais mal fadada do que a presente. Propoz-se . Disse-se tambem que daqui pouca economia º
ha muito tempo uma indicação ou projecto para que tira, e que ha outras maiores. Respondo, que º "º"
se dissesse ao Governo que fizesse pôr em observancia nomia que resulta só da primeira lista, he de "º
as leis que prohibem as accumulações de empregos e tantos contos de réis annuaes, muitos poucos lº"
ordenados. Foi controvertido este projecto e rejeitado, um muito. Façamos esta economia, e depois P**
porque disserão que estas leis erão impraticaveis, e TefnOS a Outras.
se tiraria a subsistencia a algumas pessoas. Em con Disse-se que se vai descontentar a muitos Re:P"
sequencia desta rejeição houve quem propozesse que do, que quando o Congresso faz um aeto de justi纺"
"se estabelecesse um maximo acima do qual nenhum tenta a todos: os mesmos que sofrem a reform", "
empregado poderia ter ordenado, e bem assim um do ela feita comjustiça, não o u-aião fazer mººº"
minimo. Tambem esta proposta foi rejeitada, dizen lha perante o publico. Que asylo dará o publico º
do-se que todas as regras geraes nesta materia produ queixas de homens ricos que estão desfructandº 8"
"zião inconvenientes. Em consequencia foi proposta des ordenados de officios que não servem, e "º"
•
uma relação nominal e autentica das pessoas que tem de officios que não existem ! Que attenção ** dara,
accumulações visivelmente escandalosas, ou pensões por exemplo, ás queixas que fizer o Visconde ***
excessivas concedidas a titulos meramente graciosos. mára por se ihe tirarem sete contos de réis qºº"
+
A. [484 |
reeebendo de empregos que não serve, e ordeuados de pio que a Commissão reconhece, de que se deve dar
que não necessita! # elle descontentar-se, e al a todo o empregado publico uma decente sustenta
runs seus amigos, ou criados; mas Portugal inteiro ção; e que aquelle empregado, publico que tiver de
ha de contentar-se. Outro tanto digo de outros mui mais, se lhe deve reduzir; mas isto de maneira que
tos, e não se me diga que isto se oppõe á politica, a nação utilize; porém eu não sei se esta relação es
amim não me importa a politica quando ella se op tá feita debaixo destes principios: eu logo no primeiº
põe á justiça. Esta contenta a toda a Nação; aquel ro da relação vejo um engano manifesto; este homem
la contenta só a homens frivolos ou corruptos: por está morto, e por isso vou analysar este artigo, para
aquella se região os antigos déspotas: nós devemos se ver á porporção o que se fará dos mais. (Leu o
seguir a justiça recta que Deus poz no coração do artigo que dizia respeito a Alexandre Antonio das
homem. Quando desamontoamos officios, contentamos "Neves). Isto he fantastico, pois que ele não ficava
a outra familia que servirá bem o officio que se sepa com mais do que 9003000 réis. Este homem com ef
ra, e contentamos as partes que serão melhor servi feito foi da junta das munições de boca, e recebia
das, porque quatro olhos e quatro mãos vêm e fazem 1.000.000 réis, e depois que ela se extinguiu foi pa=
mais que duas. • ** , - - ra. . . . ... e então ele não recebeu mais esse con
Por esse officio que aqui veio hoje do Ministro da to de réis; e por consequencia ele não vinha a rece
marinha se vê que se estão devendo aos Marinheiros ber mais que 900.000 réis. Ouvi aqui dizer que como
os seus soldos, e que se achão morrendo de fome : um homem he rico se lhe devem tirar esses, ordenados:
ora eis-aqui boa justiça a estes pobres que estão tra respondo que esta razão não he attendivel; porque
balhando, não se lhes dêm esses amargurados tres ou quer seja rico, quer não, deve-se-lhe pagar, pois ao
quatro vintens diarios, que fazem a sua unica subsis contrario se os ricos servissem de graça, era um tri
tencia , e osteja-se pagando a homens riquissimos buto que se impunha aos homens ricos. O segundo
grandes e multiplicados ordenados que disfrutão con he Anacleto da Silva Moraes, este homem em vendo
tra as leis do reino, como o Visconde d'Azurara, que se lhe tira este ordenado deixa deservir o emprego,
Carlos Mai , o brigadeiro Fava, e outros muitos e não servindo ha de necessariamente dar-se a outro,
constantes da relação! Dizem que não se lhes paga e por consequencia pergunto se a nação nisto lucra?
áquelles marinheiros, etc., porque não ha dinheiro. O que seria bom era que a Commissão examinasse,
E eu pergunto, que culpa tem elles de que o não ha se este officio era incompativel ou não. Eu o qué
ja! Se os mandão servir, a elles não lhes importa que queria era que a Commissão fizesse uma relação dos
se lhes diga a razão porque não se lhes paga, o que lhes officios que pela sua natureza são ou não compati
importa he que lhe paguem. Mas não lhes pagão por veis, para então se fazer a reforma: porque da mi
que são despotas, tyrannos, improbos, e caloteiros, nha parte confesso que pelo que se acha nesta lista
que gastão o dinheiro no que o não devião gastar, e não posso ter os condecimentos necessarios para vo
depois, com cara mui fresca, dizem: Eu não pago tar sobre este negocio.
porque não posso; que me citem, como refere a or O Sr. Serpa Machado: — Sr. Presidente: Eu
denação dos burlões e illiciadores. Se eu fosse nego reconheço o principio, e creio que nenhum dos hon
ciante, senhor de muitos milhões, havia de ser bem rados membros deste Congresso duvida que he neces
tolo que désse ao Governo nem um real nas presen sario fazer reforma, e por consequencia, os que re
tes circunstancias. Para que ! Para elle pagar ordegeitão este plano só regeitão o modo da reforma,
nados a esses ricaços que não trabalhão, e grossas e não a mesma reforma. Uns querem que se fação
pensões a quem nunca fez nada! Havia de fazer do regras geraes; e outros querem que se desça a cada
nativos á casa pia ou á misericordia; porém ao Go um destes individuos, e que se faça então a reforma.
verno, nem um real, em quanto ele não pozesse cô Os authores deste projecto, dividirão-no em tres clas
bro na sua casa. Quem dá ou empresta dinheiro a ses. Uma dos que tem tal grandeza, e que por isso
um prodigo, que não corta as suas prodigalidades, se torna necessario fazer-lhes alguma reducção; outrº
he tambem prodigo e louco. dos que não merecem gozar estas pensões: e final
Reunindo as minhas reflexões, digo, que o entrar mente a terceira, dos que tem taes empregos que são
se hoje em discussão individual sobre a relação im incompativeis. He verdade que quando se apresentou
pressa que temos presente he cousa inevitavel, por ao Congresso o primeiro projecto, lembrou-se que ser
que na acta, está determinado que assim se faça; e ria melhor se fizesse essa individualidade; não para
pela discussão rejei-te-se o parecer da Commissão ou querer que se fizesse uma reforma a todos os individuos,
faça-se o que se quizer. Vote-se pois sobre cada uma mas que a vista destas listas se fizesse então a refor
destas verbas: as quantias que for justo conservarem ma, fazendo-se uma classificação; e não para fazer
se, conservem-se, as injustas revoguem-se em todo um processo a cada um destes homens, pois isso se
ou em parte. Se assim se não fizer, eu direi sempre ria a Inaior inepcia; por quanto o Congresso deve fa
que se não ha dinheiro, não he por falta de rendi zer leis geraes e não estar fazendo particularidades.
imentos nacionaes, he porque elles gastão nestes orde Diz-se que he o mesmo que se fez com os do Rio de
nados, e em outros objectos taes e quejandos. Esta Janeiro, respondo, he verdade, mas não se segue que
lhe a ordem do dia de hoje; deve tratar-se della: fu nós façamos o mesmo hoje e que continuamos no mes
gir-lhe com o corpo he contra o determinado, contra mo tropeço, e nelle caiamos, como então caimos.
a justiça, contra a ordem, e contra o decoro. Estas regras devem versar, como muito bem diz o
O S. Camello Fortes: — Eu reconheço o princi Sr. Camello Fortes, sobre os officios incompetiveis;
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porém sobre aquelles que exercem dois empregos, que gresso devia fazer, era uma lei que regulasse os or
duvida ha, em que se dê a este homem que exerce denados daquelles individuos, que hão de servir para
dois empregos, o ordenado como um! Se este homem o futuro. Pergunto eu, se esta lei já está feita; ease
desempenha bem estes empregos, e exerce o seu tra já estabeleceu o maximum para estes ordenados! A
balho, porque razão não se lhe ha de pagar! . Faça lei não está feita. Quando este projecto pela primeira
muito embora isso para o futuro, quando eles mor vez se apresentou neste soberano Congresso, eu disse
rerem, mas em quanto ao presenre não se deve fazer. que elle devia ser regeitado, pelo modo como se pro
Portanto, parece-me que este projecto não póde en punha, e que a Commissão deveria propor um proje
trar em consideração, e que deve tornar á Commis cto de lei geral, e que depois o Governo devia fa
são para fazer regras geraes, e se he possivel esforce zer a applicação desta lei geral: a Commissão não
se a Commissão e o Congresso, em adiquirir conhe fez isto, e sim o mesmo que já tinha feito; e nada
cimentos necessarios, e aplique isto a regras geraes. tratou de lei geral! Isto pois não he proprio d’uma
Opponho-me pois, a que se tome outra deliberação assembléa legislativa, a quem compete fazer as leis,
que não sejão regras geraes. .. " " fnas até he odioso, e atrevo-me a dizer mais, que es
O Sr. Feio: — Ninguem mais do que eu está per ta resolução seria violenta, tyrannica, e despotica!
suadido, que o primeiro vicio do Estado, he o im Como he possivel que em um Congresso composto
imenso numero dos empregados publicos, e que he tantos individuos, se queira tomar" uma tal medida!
necessario reforma, mas esta deve recahir primeiro E de tantos, torno a dizer, (e eu sou o primeiro) que
sobre os estabelecimentos, e depois sobre os indivi não estão ao facto destes negocios, nem tem os pre
duos. A reforma que se deve fazer sobre os estabele cisos conhecimentos individuaes, conhecimentos que
cimentos, he supprimir todos aquelles que forem inu só o Governo póde averiguar: como he possivel que
teis; e em quanto aos subsidios, o que o Congresso uma tal operação se faça com as regras da justiça!
póde determinar com dignidade he o ºrdenado maxi Necessariamente muitos individuos daquelles #"
mo, que póde chegar a ter o empregado publico. Es classificassemos, terião razão para se queixarem: e
te he o meu voto, e igualmente que o Congresso não como poderão elles queixar-sse, quãndo o Congresso
desça a considerar cada um individuo em particular; estabelecer por um decreto o destino de todos em
porque esta analyse seria tão impropria, como odiosa. geral? Quando nós mesmos lhes permittissimos a fa
O Sr. Castello Branco: — Interpretações arbitra culdade de reclamar a decisão do Congresso; teriamos
rias, nascidas muitas vezes do odio e das maldades, nós mesmos conhecimentos para entrar no espirito do
me punhão em muita duvida, para eu falar sobre que cada individuo allegava? Por consequencia, se
esta materia, segundo o meu modo de pensar; entre-º não era o Congressso quem poderia fazer essas inda
tanto estes motivos que me punhão alguma duvida, gações, segue-se por um resultado necessarrio, que as
não serão capazes de me fazer desviar dos meus deve nossas determinações serião arbitrarias; e por conse
res. Felizmente eu vejo, como já esperava, que o quencia, a assembléa da Nação seria despotica, por
Congresso formasse sobre este objecto a idéa que era que todas as vezes que uma assembléa pronuncia de
de esperar dos seus conhecimentos, e da sua pruden cisões sobre uma materia, em que deveria em primei
cia: por tanto, cu, com mais afouteza, vou pronun ro lugar ter feito a lei para se regular por ella, he
ciar a minha opinião sobre esta materia. Pertende-se fóra de toda a duvida, que taes actos são tyrannicos,
á sombra destes principios, que ninguem nega, de e que taes actos são despoticos!! Nós devemos fazer
monstrar que estes principios se oppõem a outros a lei, o Governo deve applicala, e quando este a não
principios igualmente respeitaveis. Eu não posso dei applicasse como devia, e os individuos vissem que º
xer de conhecer a impcriosa necessidade em que a lei não attendia um dos seus casos particulares, eles
Nação portugueza se acha de fazer uma refórma, e requeririão ao Governo, e o Governo procuraria to
reformas que hão de ser necessariamente precisas para dos os meios pará remediar a sua ofensa; e quando
"muitos individuos; mas segue-se daqui que elas se o Governo não fizesse isto, elles terião o direito de
devão fazer desta maneira! He o que eu nego absolu requerer ao Congresso, e este daria providencias para
tamente. Qnando a Nação portugueza me fez a hon sustentar a liberdade do cidadão ofendido: ao con
ra de me escolher para me dar lugar neste augusto trario, nós iriamos augmentar o numero dos descon
Congresso, disse-me, que me seria necessario descer a tentes. He preciso advertir, que todo o homem que
indagações meudas, para subscrever a todas as re pença, quando se vê expulso de parte de sua fortuna,
formas que fossem necessario fazerem-se , mesmo porque a lei assim o manda; o homem que nutrº
aquelas que nas minhas circunstancias me houvessem em si o amor da sua patria, e que pensa, sugeita-se
de tocar; com tudo, se eu pensasse que era obrigado de mui boa vontade, pois que se vê, que a necessi
a descer a estas indagações odiosas, certamente na dade publica assim o exige: mas não he porque seis
minha opinião eu diminuiria parte da honra que a individuos o mandão; mas sim porque a Nação as
Nação me conferia para promover a sua felicidade. sim o reconhece; e porque he a mesma lei geral, que
Eu julgo mesmo indecoroso deste augusto Congresso, manda isto mesmo para todos, e não para um só,
e d'uma assembléa legislativa, a quem he dado fazer o qne seria injurioso. A lei que impera sobre todos,
leis geraes, descer a taes indagações; mas sim o Go
a lei a que todos se devem sugeitar com igualdade;
verno, feitas estas leis geraes, he a quem pertence
he esta lei que nós deviamos ter feito; e por conse"
pôlas em execução, e por consequencia descer a es quencia he o meu voto que nós façamos esta lei.
sas particularidades. A primeira cousa que o Con O Sr. Barão de Molellos: — Eu não en ro na
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questão se be util ou prejudicial fazer descontentes, são executou sómente o que o Congresso lhe deter
nem fambem se o projecto em discussão he ou não minou: todavia digo que estas listas tem um ar de
fundado na mais clara disigualdade, e injustiça; proscripção; e por isso as abomino. A mim sempre
pois que os illustres Preopinantes plenamente o tem me ensinárão que os maiores reformadores do mundo
iemonstrado. Eu estou convencido, e já de longo tem são a caldeirinha, e a agua benta. Estamos vendo
po, que he indispensavel fazerem-se as refórmas, as que assim aconteceu com .4lerandre .4ntouio das Nc=
quaes desejo se fação com a maior brevidade, mas ves, o primeiro que se acha nesta lista, ao qual a
com justiça, e possivel equidade. Estou persuadido Commissão sómente lhe tirava o que na mesma lista
que as nossas leis existentes, postas em exacta ob se expressa, e a providencia o multou em tudo, tiran
servancia, serão sufficientes para se concluir o fim do-lhe a vida! Eu vejo outros nesta lista proximos a
desejado; mas sºestas não forem bastantes, fação seguir o mesmo caminho, porque assim o manda a
se de novo, mas sempre leis geraes, e nunca para inalteravel ordem da natureza: deixemo-los pois mor
individuos. Quando se tratar deste objecto, que de rer com alguma satisfação, e que não vão para a ou
ve ser quanto antes, rogo muito ao soberano Con tra vida preocupados contra o Congresso, antes pas
gresse tenha em vista os dois seguintes pontos. Pri sem os restos dos seus dias abençoando o systema cons
Isseiro que aquelles oficios ou empregos, que vaga titucional. Eu lançando os olhos sobre esta lista vejo
rem, sejão conferidos a officiaes reformados, que amaveis amigos, e vejo outros que tem tido grande
mostrarem serem capazes de bem o servirem, e que inimisade contra mim, e minha família; faço esta
os quizerem com referencia aos soldos que recebe observação para mostrar que não dou o meu voto por
rem, a fim de reverterem em proveito á Nação; e motivos de parcialidade, porque não olho senão para
aão sei porque fatalidade isto assim se não pratica, a justiça, pois quando entro aquela porta largo to
apezar de terem vagado muitos, e ter-se assim de das as paixões particulares, e falo sómente conforme
cidido péste Comgresso! Segundo, que dem os Srs. a minha razão, e a minha consciencia; porque deste
Deputados o exemplo nesta refórma; e como já se modo procuro significar a vontade dos meus consti
regeitou uma indicação que o illustre Deputado o tuintes.
Sr. Baeta fez com tanto patriotismo; que dem os O Sr. Vigario da Victoria: — As reflexões feitas
Senhores Deputados desde já ametade, a terça, ou pelo Sr. Barão de Molellos não são applicaveis a muitos
quando pouco a quarta parte de todos os seus ven destes artigos, pois que aqui não sómente se achão su
cimentos, ou pelo menos aquelles que receberem geitos com duas occupações, mas se achão outros re
mais alguma cousa de honorario: demos nós o exem eebendo pensões; estas pensões as considero eu como
Plo; o contrario escandalisaria esta Capital, a Na recompensas que o Estado dá aos cidadãos pelos seus
ção, e todas as Nações estrangeiras. (Apoiado, apoia serviços; e por isso parece que este soberano Congres
do). so não deve suspendelas, nem tirar-lhe a recompensa
O Sr. Soares Franco: – Eu não sou Membro que o Estado tem feito aos cidadãos benemeritos pe
da Commissão, mas digo que a Commissão fez o que los seus serviços: e nós devemos então chamar a isto
se lhe mandou. Eu sou da mesma opinião dos illus recompensa, gratificação, e não ordenados accumu
tres Preopinantes, que não querem descer a miude lados. Eu não conheço nenhum destes individuos;
zas, no entanto que eu reconheço que aqui ha algu mas vejo aqui alguns que tem feito serviços ao Esta
mas consas, que são inteiramente injustas. O Con do, como são estes que tem servido de diplomaticos;
gresso mandou que se fizesse uma lista, e sobre esta por isso digo que aquele que sofreu os frios da Sue
lista que aqui se apresenta, tambem se podeu, fazer cia, e que tem feito serviços a bem do Estado, que
medidas geraes, e depois tomarem-se. Aqui ha pensões se lhe devem dar de justiça. As leis, he verdade, di
que forão dadas sem mais, nem mais, nem por servi zem, que um cidadão não tenha dois officios; porém
gos decretados, nem por pobresa; mas sim porque se eu digo que esta lei não deve ter efeito retroactivo; e
} uizerão dar: por consequencia isto he injusto, e de nós sempre devemos persuadirnos que estes cidadãos
" e providenciar-se, e acautelar-se. tem feito grandes serviços. Por consequencia a nossa
O Sr. Vasconcellos: — Eu sigo o exemplo do attenção não se deve extender sobre este objecto; mas
Sr. Molellos, e sou de opinião que se tomem medi sim a tomar algumas medidas para o futuro, e não ter
das geraes, e por isso sou de parecer que esta refór efeito retroactivo. Este he o meu voto, e o que me
ma tenha principio por nós. Deve haver refórma não parece se deve fazer.
ha duvida; porém esta deve ser feita com toda a mo O Sr. Peixoto: — A materia está largamente dis
deração: nós temos o exemplo praticado em Hespa cutida, e a opinião do Congresso inclinada para o voto
nha, e o do Rio de Janeiro. O que tambem se deve com que impugnei a impressão da lista, que agora temos
ordenar ao Governo he, que em vagando algum em presente: levanto-me por tanto para responder a uma
prego, o não prova sem primeiro se fazer refórma reflexão do illustre Deputado o Sr. Barão de Molel
nele. Em a arrecadação de fazenda se fazendo com los. Suppoz elle, que sobre este ponto não se precisava
exacção, lezando-a
cios, haverá de modo que não hajão desperdi
dinheiro. •
de leis novas, e bastaria a observancia das existente".
Penso que não he assim: primeiro, porque essas leis
O Sr. Sarmento: — Sr. Presidente, eu estou são insuficientes para todos os casos que agora occor
muito longe de querer fazer o mais minimo cargo á rem; segundo porque estão pela maior parte em com
Commissão; e pelo contrario seria o primeiro a defen pleto descanso : terceiro ultimamente, porque dellas
dela, se eu visse que lho fazião; pois que a Commis tem havido continuas dispênsas. He pois indispen
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savel que se estabeleção novas regras, que sejão ap assàs individamente recebem; e assim mesmo se queiº
plicaveis a todas as hypotheses; mas de nenhuma xão! Porém eu estou antevendo, que se a presente le
sorte discutir-se a lista, nome por nome. A Com gislatura continua por esta maneira a abster-se de fa
missão especial, que a coordenou, devia ou regular zer tão necessarias reformas, e as deixa para as que
se por algumas leis anteriores, suscitando a sua ob se lhe seguirem; estas certamente não empregarão
servancia: e nesse caso declare-as: ou havia de arbi tanta circunspecção; e os que forem objecto da refor
trar uma lei nova ditada pela necessidade da reforma ma terão para se queixar mais amplo motivo. Por
e então apresente-nos o seu arbitrio em um projecto este projecto utilizava a fazenda publica 60 contos de
de lei, para discutir-se. Se houvermos de tomar nm réis, os quaes poderião ser applicados para pagar a
arbítrio singular para cada um dos individuos de que esses oficiaes marinheiros que estão atrazados: mas
se trata, com relação ás suas particulares circunstan 60 contos, diz-se, que para nada cegão. E eu digº
cias, será necessario que a cada um façamos um pro que não se approveitando estes, o resto para menos
cesso, em que seja ouvido; aliás teremos, que at chegará. Diz-se que se fação leis gerass, mas se es
tender a continuas reclamações contra decisões injus tas concessões graciosas forão nascidas de actos arbi
tas, proferidas sem conhecimento de causa: ora se trarios e injustos dos antigos ministerios, como se po
isto he da competencia do corpo legislativo, ou se lhe derão incluir em formulas geraes tão particulares ex
he decente que se constitua em tribunal judicial de travagancias, proteções, e caprichos! São precisos co
primeira e ultima instancia, o Congresso o julgará. nhecimentos individuaes, tomados por uma Commis
Pois se estas razões procedião a priori, não menos são, como se nos apresentão, e apurados na discui
procedem a posteriori; pois já se tem notado erros são pelo Congresso, postas de parte todas as contem
plações. Se o Congresso nomeado pela Nação para
manifestos nas listas: e eu poderia notar alguns ou
tros, até pela comparação dellas com a relação ge reformar abusos se recusar agora a fazer esta reforma
ral dos empregados publicos. Portanto concordo com esperando novos methodos, então digo que "tacita
os Srs. que querem tractar de regras, e não d'indivi mente comprovaremos grande parte dos abusos que
duos. entorpecem a administação das rendas publicas.
O Sr. Xavier Monteiro: — Posto que eu não O Sr. Figario da Victoria: — Respeito muito a
seja membro da Commissão que ofereceu este proje logica do illustre Preopinante, e o respeito muitº;
cto; e ainda que julgo superfluo o falar a este res mas sustento, que nós não podiamos descer a estas
peito, pelo espirito # oppozição que observo, com particularidades, sem que nos fossem presentes todos
tudo a favor da razão e da justiça não acho conve os documentos que dissessem respeito a estes indivíduºs;
niente guardar o silencio. Ataca-se o projecto dizen pois que só á vista delles, he que nós poderiamos exa:
se que os corpos legislativos não devem descer a par minar se estas pensões forão bem ou mal concedidas.
ticularidades, e ninguem aponta methodo algum ge Por outra parte, no Governo passado houve cidadãºs
ral por onde o negocio se possa desenvolver; não ve muto benemeritos, que trabalharão para salvar a pº"
jo a razão porque se deva rejeitar agora o methodo tria, outros que concorrerão para se expelir o inimi
proposto pela Commissão. Se todas as vezes que se migo de Portugal; outros finalmente, que forão enº
tratar de reformas se apresentarem inconvenientes des carregados de tratar negocios nos paizes estrangeirº:
ta natureza; digo que nunca se fará reforma alguma! por consequencia seria necessario, que vissemos º
Quando se trata de similhantes objectos eu vejo bro documentoi que justificassem isto, para então se "
tarem oppozições de todos os lados. Diz-se que ha in se elles os merecêrão, ou se tinhão sido efeito de pºr
justiça no plano, porque se apontão sete ou oito ex tronagem, ou dº outra cousa. Eu vejo aqui hºmºf
emplos de individuos comprehendidos injustamente que residirão nas Cortes estrangeiras, e que sofriº
nelle; porém eu ainda que os indivíduos fossem doze os gelos da Suecia, e da Russia: ora daqui n㺠º
ou mais, não reprovaria por este motivo o plano na vê que estes homens, se oferecerão de bom gradº º
sua totalidade: mas tão sómente nesta parte, appro estes serviços! Esta he a reflexão que tinha a fazer.
vándo-o em quanto ao resto. Se o dinheiro do Esta O Sr. Soares d'Azevedo: — A reforma he netº
do chegasse para pagar aos que trabalhão, e aos que saria, ninguem o duvida: porêm digo, que eu pela
não trabalhão, ainda eu toleraria que se não preten minha parte não posso ter conhecimento de cada "
dessem efeituar reformas; mas se ele não chega para dividuo em particular; pois que não tenho conhece
pagar aos primeiros, como se poderá sofrer que se mento deles. O projecto diz (leu-o) como poderº"
remunerem os segundos ! Disse um illustre Preopi saber quaes são aquelles que percebem ordenadºs"
mante que estes ordenados se devião conservar, por justos, e aquelles que tem muitos empregos; º "
que tinha sido o governo antigo quem legalmente os não sei se elle os tem, ou se os recebe? Por sº hº
tinha concedido! Se este estranho principio fosse ad necessario descer a cousas particulares que eu nãº"
mittido, sanccionados ficarião todos os abusos do go diz mais o projecto (leu). Nesta confusão, e inº"
verno antigo; e todos os actos praticados em conse em que nos estamos. digo que ao corpo legislativº
quencia da regeneração serião injustos, e a regenera não pertence tratar deste objecto; e mesmo por:
ção superflua! Além de que esses vencimentos não talvez se mouva alguma feia discussão, a respº" {
for㺠concedidos, como disse o illustre Preopinante, algum indivíduo; e isto não era nada deco"? "
ºs belicincriros, mas sim aos malemeritos da patria. Congresso: etn consequencia proponho que º Com:
Dº mais eu não vejo no projecto que a mente do missão faça um plano debaixo destas bases: quca?"
Congressº fosse tirar-lhe tudo; mas sim parte do que clfereço: leu os seguintes artigos.
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1.° Quaes sejão os oficios e empregos que devem O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu fui Membro,
º ficar existindo, e quaes devem ser snpprimidos? desta Commissão, fui nomeado para ella sem estar
.… 2.° Reunir em um só officio ou emprego aquelles no Congresso: nunca falei uma palavra sobre este
que são considerados, e andão actualmente em se objecto, nem já mais requeri que delle se tratasse: no
parados, e que pela sua naturesa, e objeto, se podem meou-se a Commissão em consequencia dos muitos
reunir em um so. requerimentos que a este respeito fez o Sr. Manoel
3-" Designar os ordenados correspondentes a cada Borges Carneiro: o Congresso por umas poucas de
oficio ou emprego. vezes ouviu discutir esta materia; apresentou-se uma
4.º que os oficios incompativeis, e que se deve lista tirada do Thesouro; esta lista veio duas ou tres
rão conservar estando acummulados, se desacummu vezes aqui ao Congresso; o Sr. Borges Carneiro em
lem, e sejão dados a pessoas que os possão bem ser varias occasiões disse qual era a sua opinião a este
vir. respeito, qual era o modo de fazer o Congresso o jui
Destas bases façasse um decreto, e o Governo zo individual de cada um dos que tem empregos ac
executivo o porá em execução e de outro modo, não cumulados; e ultimamente (como constará das actas
sei como isto se possa fazer. Este he o meu voto. dos dias em que se tratou desta materia) trazendo o
O Sr. Castello Branco: — A primeira vista pa Sr. Borges Carneiro a relação já com a quantia que
recerá que eu votei em direcção opposta á do honra se podia tirar destas pensões, o Congresso disse que
do membro o Sr. Xavier Monteiro , porém exami isto não bastava, que se fizessem observações a cada
nando isto, vejo que nós estamos concordes exacta um dos indeviduos comprehendidos nas listas, das
mente. Eu reconheço, como o honrado membro, a quaes podessem tirar os motivos porque estas pensões
necessidade de fazer a reforma, e eu sou o primeiro ou tenças se devião supprimir. A Commissão fez isto
em reconhecer esta necessidade; deve ser uma refor pontualmente como o Congresso mandou, e agora se
ma que seja proveitosa, e que todos os individuos se levantão todos a gritar contra o projecto. Pois a Com
jão sujeitos a ella: e por consequencia, se nós vamos missão apresenta algum projecto ! A Commissão não
escolher dez ou doze individuos para ella se fazer, nós fez senão o que mandou o Congresso. Agora não he
vamos commetter um acto odioso; e por outra parte occasião de gritar contra a retórma. Quando se po
não vamos fazer á nação o bem de que ella necessita. dião dizer essas cousas que agora se dizem, era no
Eu que sou de Lisboa, e que em Lisboa tenho vivi acto em que o Sr. Borges Carneiro manifestou tão
do, digo, que conheço muitos individuos, além dos repetidas vezes sua opinião a este respeito. Então
que se achão nessa relação, que estavão sujeitos á consente-se nisso; obriga-se a Commissão a que faça
mesma reforma, a que o estão os que aqui se achão: um trabalho, que eu digo com toda a flanqueza que
onde está pois aqui a igualdade da lei? Eu não com foi contra a opiuião de todos os seus Membros: obri
metto uma injustiça; injustiça para os que vou re ga-se além desse trabalho a apresentar as notas de .
formar, e injustiça para com a nação! Se o Congres cada um; e manda-se tudo isto, para se dizer agora
so tem em vista tratar da reforma geral, então qual que he indigno do Congressso tratar-se deste objecto?
he o prejuizo que resulta em que se espere essa refor Pois a indignidade só se conhece hoje! Que motivos
ma geral, para nella entrarem estes individuos? Por sobrevierão para que se represente agora como tyran
consequencia acho inutil, além de tratar-se da idéa nico e dispotico o plano, e não se conhecessem essas
de injustiça que isto traz comsigo; além da reforma tyrannias e despotismos, quando disto tantas vezes se
de que a nação precisa, acho inutil este projecto. Se tratou? Eu não sei quaes são esses motivos. Não que
eu tenho em vista, e como he de esperar, que o Con ro dizer que o Congresso não possa manifestar que
gresso tenha em vista, reformar todos aquelles que se isto he mão, e não possa parecer-lhe agora peor do
devão reformar; para que he estar agora a perder que então; mas a falar a verdade, he para admirar
tempo, se ha de vir occasião em que se faça isso pe uma tal inconstancia nas opiniões do Congresso, e
la lei. A necessidade absoluta permitte que nós trate pala dizer isto tenho direito. Deixar que se imprimis
mos absolutamente desta materia; e ha muito que nós se, etc., para dizer-se agora que he iniquo, tyranni
deveriamos ter feito essas reformas, reformas que são co, e dispotico, não entendo; mas em fim, vamos
indispensaveis, e que se se tivessem feito, talvez mui para diante. Diz-se, e diz-se bem, que não deve o
tos individuos não tivessem chegado ao estado de não Congresso descer a averiguações, e que isto he cou
terem que comer. Regras geraes, que eu indico mes sa odiosa: eu não creio que seja cousa odiosa, fazer
mo que devem ser diversas, porque as circunstanciasjustiça; senão se quer fazer não se faça, mas não por
ser odioso, não por se fazer descontentes, por que
e a necessidade absoluta exigem que ellas sejão diver
sas; mas entretanto aquelles individuos em quem el ninguem deve recear fazer descontentes quando se faz
la recahir, e que tenhão o verdadeiro patriotismo, justiça: se se fazem descontentes meia duzia, fazem
não devem abraçar a reforma com desprezo: e aquel se contentes milhões, por assim me explicar, porque
les que não tiverem este patriotismo, recebão esta re não ha cousa que mais acredite o Congresso, que fa
forma como até em castigo do pouco amor que tem zer justiça. Ha homem nesta lista, que por um offi
á sua patria, e da sua pouca adhesão ao novo syste cio recebe 5 ou 6 pensões, porque razão estes homens
ma. Portanto torno a insistir em que a mesma Com as hão de raceber, e não as hão de receber outros,
missão, ou outra qualquer, passe immediatamente a que fazem serviços iguaes! Receia-se fazer desconten
fazer o projecto das regras geraes que devem regular tes, e não se receia faltar á justiça destribuitiva! Aqui
Para se fazer a relorina. está Antonio Martins Seiras, que tem de ordenado
Qqq
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pelo officio de recebedor 3003C00i, éis: tem de ajuda so, he desperdicio; póde haver um outrº casº em que
de custo para quebras 2403000 réis; tem de outra tenha sido concedido com justiça; mas isso ha de
ajuda de custo 300,3000 réis; e de outra ajuda de apparecer ao Congresso, e o Congresso reitº liar.
custo 2003000 réis; d'outra ajuda de custo 200,3000 Ao Congresso pertence fazer refórma , porque isto
réis; tem d'outra ajuda de custo 2403000 réis; tem o candelisa a toda a Nação: eu apontei alguns casºs
d'outra ajuda de custo 603000 réis; será isto jus de que a Nação está justamente escandelisada, deve
to! Diz-se não está informado o Congresso, porque fazer-se esta refórma, e em quanto se não faça, e
isto se concedeu : pois percisão-se informações! De uma injustiça estar a opprimir o povo com meios vio
duas uma, ou as ajudas de custo são por este officio, lentos de tributos exigidos com maior exactidão: não
ou não são; que o são devemos acreditar, porque ke temos o que precisamos; e terem outros ordenadossi
copia de uma lista oficial vinda do Thesouro; esta: perfluos, he muito injusto. Digo que o Congressº
ajudas de custo não são por outro serviço, senão por não deve regeitar o projecto: embora não se trate in
este; se são por este oficio, não está clara a lei ! Nào devidualmente, pisto convenho; porque se a mim me
está clara a justiça! Pois este empregado publico por magoa assistír no Gabinete com meus companheiros
que ha de ter cinco ajudas de custo, alem do que a esta indevidualisação, mais me ha de magoar em
tem para quebras, e eu empregado publico não hei de publico. Isso com efeijo he um mal; porém a refor
ter nenhuma ajuda de custo! 1sto he claro, isto tem ma não deve deixar de fazer-se, porque seria de cer
pouco que ver, se precisa o Congresso saber a razão to um mal maior.
por que se tem feito, eu a digo: he por um abuso, e O Sr. Soares de Azevedo: — Eu julgo que tºdº
por um despotismo, he preciso para isto mais infor o Congresso está conforme em que he necessario fa
mação! Póde todavia acontecer que n'um, ou n'ou zer-se esta reforma; toda a questão he o modo comº
tro caso haja justiça, que haja um homem que ne se hade fazer. O Sr. Fernandes Thomaz apontou ºqui
cessite talvez, e teuha direito a essas ajudas de custo: Antonio Martins Scivas, Carlos May, e outros,
mas então este homem se queixará, e então o Con ninguem duvida que isto assim he; mas não he istº
gresso poderá remediar facilmente; mas porque se uma injustiça, olhar só para estes homens e deixar ºs
receia fazer esta injustiça para um, ha de deixar de mais! Nós querendo fazer justiça, iriamos fazer uma
fazer-se o que he de tanta justiça a respeto de mui injustiça porque hiamos tirar só a estes quando dece
tos! Eu leio mais: Carlos May, comedorias pelo to haverá outros muitos em iguaes circunstancias
cargo de hispector do arsenal 1: 168,3 réis. Pois um Queixa-se o Sr. Fernandes Thomaz de tantos oficiºs
empregado que está em terra, ha de ter comedorias accumulados; tirem-se já immediatamente; mas para
como no mar! E não se ha de tratar destas injusti que havemos de dizer tire-se a Pedro, tire-se a #
ças ! Diz-se, he indecoroso que o Congresso trate dis lano, a beltrano! Tirem-se a todos, mas se nós nãº
to; não trate; mas não he necessario dar um reme sabemos quem são esse todos para que havemos dº
dio ! Diz-se, devem estabelecer-se regras geraes; nisto dizer tire-se a fulano, e a fulano! Eu assento que º
não ha regras geraes, não nos illudamos. Porque mulhor estabelecer regra geral; que todos aquelles que
razão um homem ha de ter dois officios, e os ou tiverem officios accumulados, que se lhe tirem immº
tros um! Não he uma injustiça! Carece-se de algu diatamente; o dizer-se tire-se a fulano, e a fulano #-
ma informação para se saber que um homem não de to he qu não he proprio deste Congresso, estar aprº
ve ter dois oficios, que um homem não ha de ter cando leis a casos particulares. Disse-se igualmentº,
comedorias estando em terra ! Carece-se de algu-na que um destes estava em terra, e que por isso Ild0
informação para conhecer-se que he injusto que Duar devia vencer no mar. Ora para que havemos nós dº
te José Fava, que tem dois cavallos, e palha, e ce dizer, fulano está em terra não vença no mar, sºlº
vada para os sustendar, que a Nação lhe dá para um decreto e diga, todo o homem que está em lºtº
se servir delles, tenha além disso 3,3200 réis diarios não vença no már, diga-se em geral, mas não se dº
para uma sege! Que necessidade ha de informação, ga, a cada um em particular. O meu voto he quº º
para se conhecer que isto he uma injustiça, e que Commissão faça umas bases geraes, que as apresº"
uma Nação, em que taes abusos se consentem, ca ao Congresso para se discutirem; e em concequenº"
minha a passos largos para a sua ruina! Eu confesso destas bases fazer-se um decreto. Porém em geral, º
francamente que não conheço quasi nenhum dos que nada em particular. 1
se achão nestas listas, e creio que os outros Membros O Sr. Serpa Machado: — Nós de modo meni"
da Commissão lhes acontecerá o mesmo, mas não se podemos adoptar este methodo irregular, he istº ?"
tem tido isto em vista, tem-se tido em vista a razão. nos tem deitado a perder; meter-mo-nos em negº"
Bcixemo-nos de se julgarem tão necessarias as infor particulares; he o que talvez tenha diminuido a reP"
mações. Se se ha de entrar por ventura nos motivos, tação do Congresso. O que quer o Sr. Fºr"
porque ElRei concedeu todas estas cousas, então Thomaz póde-se obter por uma medida geral regula
deixemo-nos de reforma. Concluo que a Commissão toria. Por tanto a minha opinião he que este Pººl
não fez senão o que o Congresso lhe mandou; que a cto de modo nenhum póde ir por diante, º Q""
Commissão tomou por baze as leis do Reino, as quaes Commissão dê outro parecer.
não consentem que um homem tenha mais do que um feito mui
O Sr. Camelo Fortes: — Aqui tem-se feitº
officio, e pelo que pertence ás ajudas de custo, as leis ta bulha com as leis geraes estabelecidas; os Sº que
creárão os oficios com seus ordenados; tudo o que assim penção não se lembrão que essas leis teº"
daqui excede, he favor feito aos proprietarios, he abu dispençadas pelo desembargo do paço. Para "º"
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que o Congresso determinou que a Commissão classi dores, e expeditos, e mesmo assim o expediente não
ficasse esta gente dando umas regras a cada uma clas era facil, e até se concedião ajudantes. Isto aconte
se; por exemplo (leu) vejo mais a respeito deste (leu) ceu quando a procuradoria da fazenda do Reino es
vejo tirar a penção a... he necessario vêr porque ti tava separada da do Ultramar; porém com o estabe
tulo se lhe tira isto tudo; vejo depois disto alguns lecimento da união dos dois Reinos he provavel que
outros que não posso entender (leu) julga-se isto su tudo se reuna em uma unica procuradoria da fazenda
perfluo: este homem sei eu, vai á junta, não se ne publica de todos os estados portuguezes. Vê-se bem
ga que ha outros que tendo immensos ordenados não que não só a importancia da boa fiscalidade do inte
aparecem nas repartições senão á chamada. Não he resse da fazenda, com a multidão de negocios exige
da minha dignidade nomear aqui ninguem, mas que que se não accumule mais outro trabalho a este lu
isto succede não tem duvida nenhuma julga-se então gar tão importante. Farei em ultimo lugar uma refle
a este superfluo, e os outros que lá não vão, não he xão sobre a verba numero 32, aonde se dá como ra
superfluo. — Leu outro paragrafo — Como entra isto zão para supprimir aquella despeza, o ser rico o pen
no nome das quantias accumuladas quando ele não sionario. Não sei na verdade que esta razão seja bem
recebe nada á mais de cinco annos! Esta conclusão fundada: á primeira leitura occorrêrão-me as scenas
tirada do original donde isto foi tirado, não me póde tumultuosas, que tiverão lugar na provincia do Mi
servir de uma norma regular para me decidir; eu não nho, por occasião do levantamento contra os Fran
tenho medo de que alguem se queixe uma vez que cezes, em que alguns tumultos dirigidos contra algu
obre com a justiça, o que tenho medo he que se quei mas pessoas, erão excitados pelo motivo de serem
xem de ir dar uma decisão para a qual não tenho os pessoas ricas: não he seguramente razão para se fun
dados sufficientes. darem as deliberações de um Congresso Soberano.
O Sr. Sarmento: — Eu ainda tenho de fazer al O Sr. Gouvêa Durão: — Ha muito tempo que as
guns reparos sobre este projecto. O primeiro he diri cousas andão ás avessas entre nós todos. He um prin
gido á verba numero quinze. Trata-se de Antonio cipio de direito geral, que todos os cidadãos devem
Martins de Seixas. Este homem, antes de eu entrar concorrer para a fazenda, para esta poder com os
para o Congresso, expoz-me as circunstancias da ac seus encargos; mas por uma conducta particular to
cumulação destes ordenados. Segundo a narração que dos nós queremos viver á custa da fazenda, por isso
ele fez, não se podem considerar gratificações, nem ella chegou ao estado em que nós a vêmos. Todos di
ajudas de custo as diferentes verbas, que se seguem zem he necessario fázer algumas reformas; porém nin
4 primeira, porque elle diz que he igualmente thesou guem a quer em casa; e isso observei eu quando se
reiro daquellas diferentes contribuições, e segundo eu estabeleceu o novo Governo, e se tratava de nomear
entendi, a fazenda ajuntou essas arrecadações, para as Cortes; porque dizia eu aos advogados: que gran
poupar o desembolço de maiores ordenados, estabele de reforma precisão os clerigos, dizião elles; sim, he
cendo diferentes thesoureiros; e igualmente porque verdade; dizia-lhe eu, e vossês tambem ? Respondião
não acharia pessoas de confiança, que por tenues or me: nós não, isto cá está no que deve estar, e todos
denados se sugeitassem ao trabalho, e responsabilida os mais o mesmo; todas as classes achei no mesmo
de daquellas arrecadações; sendo arriscado ao mesmo estado. Nós porém que estamos aqui fazendo de legis
tempo encarregar a pessoas de pouca confiança aquel ladores, não devemos olhar para os interesses particu
les empregos. Parece por tanto que não se trata da
lares; devemos olhar para o interesse geral: justiça e
accumulação de empregos, que podem estar separa mais jnstiça! Porém nem tudo o que aqui se tem di
dos, nem de gratificações, que se devem supprimir: to me parece ser verdade; e eu não me posso confor
*ão ordenados de empregos, que tomão tempo, e dão mar com os meios adoptados para se fazer esta refor
trabalho a quem os serve. Porém como esta informa ma. Eu acho que para se fazer esta reforma, se pro
São me foi dada pela parte, que sempre se deve re ceda a principios geraes, e não a particulares. Como
Putar interessada, e qne póde narrar o seu negocio, eu não sou daqui, não conheço nenhum, porém he
cºmo lhe convem, eu rogaria ao illustre Deputado o preciso que attendamos a quaes são as gratificações,
Sr. Alves do Rio, que tem toda a informação das porque ha algumas que são rigorosamente de lei, sería
ifferentes repartições de administrações de fazenda preciso para se saber quaes ellas são, que os interessa
"esta capital, informasse o que ha a este respeito. De dos appareção com os seus titulos: porque de outro
º fazer outra observação a respeito da verba numero modo sería darmos pancada de cego. Eu vejo aqui
lºº, em que se trata da suppressão do officio de pro que se diz: fulano tire-se-lhe isto só porque he pen
ºurador da fazenda da repartição da fazenda do taba são; isto he razão de cabo de esquadra. Vejo que se
º; e a sua reunião á procuradoria da fazenda do fala aqui que Duarte José Fava tem um tanto para
Reino. Parece-me que na Commissão não se avaliou sege, não tem tal porque o não cobra ha muito tem
º multiplicidade de papeis, que vão com vista ao pro po. Vejo, por exemplo, que se fala de outras incom
$"ador da fazenda, e quanto esta interessa que simi patibilidades de homens que tem mais que um officio.
lhantes papeis sejão examinados com attenção, e ze Ora donde existe á incompatibilidade he naquelles
lº, e que não basta o formulario de fiat justitia. Es officios que tem de ser servidos á mesma hora, por
º empreza de procurador da fazenda do Reino foi que os outros não são incompativeis. A lei não quer
"pre tida pelo mais trabalhoso de todos os lugares entre nós dous officios, mas dá uma excepção, que
"ºlta magistratura, e sempre erão procurados para he: quando eles forem tenues, e não bastarem para
º desempenho delle ministros habeis, muitº despacha sustentação do homem. Em quanto a este homem
Qqq 3
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que criou a impressão regia, pelo conhecimento par Decidiu-se que voltasse novamente á mesma com
ticular que eu tenho a respeito delle, he que eu digo, missão, para que esta, aproveitando-se das ideas emit.
que se lhe não faz favor nenhum em se lhe conservar tidas na discussão, e de outras apontadas nas diver.
o que tem. Este homem criou a impressão regia, sas indicações de emendas oferecidas por alguns Srs,
criou, ou regenerou; d'então para cá lhe que tem da Deputados a esse respeito, e mandadas á Commissão,
do 400 contos de lucro á fazenda ; diz-se tire-se! propozesse novo projecto, que estabeleça regras, e
Bem, e que se dá para satisfação dos serviços que providencias geraes sobre este objecto.
ele tem feito! Nada! Bravo! O que aqui se prova, O Sr. Girão: — Peço a V. Exc. que haja de con
he que isto he uma ingratidão; o que digo deste, di vidar os Srs. Secretarios pdra que procurein o proje
go a respeito de todos os outros. Um illustre compa cto que foi apresentado pela Commissão de agricul
nheiro nosso que aqui vem comprehendido, e que tura para regular os direitos que havião de pagar as
tem estado calado por modestia; isto não he pensão, aguas ardentes para se tratar na hora da Proregação.
lhe um juro, e talvez muito modico; os serviços que O Sr. Freirº leu o parecer da Commissão de fa
seu irmão fez, são muito e muito grandes, além des zenda sobre a proposta feita pelo Presidente da as
tes outros que aqui hão-de estar, que eu não conhe sembléa geral do banco de Lisboa. (Vide pag. 439)
ço, e outros como disse o Sr. Castello Branco que O Sr. Peixoto: — Insisto ainda na minha prime.
aqui não vem. Por isso digo que assim vanos fazer ra opinião, que já manifestei a este respeito. O Cen.
descontentes, e fazendo uma medida geral ninguem gresso não deve intrometter-se nos interesses dos ac
tem de que se queixar. Caia a chuva; mas quando cionistas do banco: estabeleceu as leis fundamentes
ella cair digão: caío chuva, foi por todos, e todos nos delle: sanccionou as condições, que havião de propôr
molhamos. se aos accionistas para convidalos: tem cumprido com
O Sr. Franzini: — Não posso deixar de dizer que o seu officio: e se revogasse a lei fundamental, ou
este ínethodo he muito irregular , e me parece que alguma das condições, sem o concenso individual dos
será melhor adoptarmos um principio geral. Se com accionistas, faria um acto arbitrario, e injusto: daria
efeito ha individuos que tenhão oficios acumulados um exemplo, que iria destruir toda a confiança do
que sejão incompativeis de preencher, o governo he estabelecimento. Quero suppôr, que os accionistas
que deve ver isto. Em quanto ao mais estabeleceu-se não contradirão esta medida; isso uão livra o Con
uma regra geral, assim como se estabeleceu na col gresso de haver attentado contra o seu direito, quan
leeta ecclesiastica, e diga-se todos os individuos que do tome uma tal resolução, sem que primeiro os ou
recebem por ordenados, ou por pensões a quantia de ça. Nem eu sei com que autoridade a assembléa ge
4003000 réis pelo erario paguem uma decima, os ral dirige esta proposta ao Congresso: as suas attri
que recebem 800 duas decimas, 1:400 3 30 por Gen buições são mui restrictas, e de nenhuma sorte a ha
to eta, , e então, isto be igual para todos porque de bilitão para tanto. Estou por tanto pelo voto, que o
outra maneira como eu aqui, vejo, he muita irregula ilhustre Deputado o Sr. Luiz Monteiro pronunciou
ridade. Como não lei de eu achar irregularidade ven em outra sessão: o Congresso dimitta isto de si, e º
do eu aqui na lista das pensões n.º 3 = leu == Ora assembléa geral lá se avenha com os accionistas, aºs
muito bem, diz-se, estes dous são incompatíveis, não quaes pertence renunciarem, querendo, os seus inte
ha tal! Porque elle os exerce, um de manhã, outro I'G$SeS.
de tarde, e he em remuneração de ele ter tomado O Sr. Franzini: — Eu julgo que a resposta deste
conta desta repartição, cuja escripturação ele achou negocio, póde-se dizer que não pertence ás Cortes, e
atrazada de dez annos, e a tem posto em dia, e isto que o banco póde fazer o que lhe parecer. Nós não
que se lhe deu, he em premio do serviço que ele tem devemos prohibir que se diga que todas as pessoas
feito; em consequencia eu acho que o melhor meio que quizerem concorrer para benefieio deste estabele
que podemos adoptar he a collecta, como eu já dis cimento não deixem de o fazer, antes pelo contratº
se; ao mesmo tempo que se apparecerem offieios que que se diga que não hajão de pagar nada por istº:
sejão incompativeis, os chefies das repartições fiquem devemos faeilitar a todo aquelle que tem desejos dº
responsaveis , uma vez que não dessem disso conta: entrar que o possa fazer. Eu peço a V. Exc. que aº
apresento a seguinte emenda * … ça declarar, ou que ponha a votos, para que se dº
Proponho que a reforma sobre os ordenados e clare que este negocio pertence ao banco, e que º as"
pensões acumuladas seja praticada seguindo-se o sys-" sembleia não tem nada com isso.
tema geral, adoptado na collecta ecclesiastica, toman O Sr. Soares Franco: — Eu o que quizera, erº
do-se por base a quantia que a commissão propozer; que se propozesse o parecer da Commissão. Peçº º
servindo-se da relação geral já impressa. . . V. Exc. que o proponha a votos.
Que a incompatibilidade no exercicio de diversos O Sr. Peixoto: — O Congresso propõe um Prº
oficios seja reconhecida pelo poder executivo pelas mio, e uma pena, áquelles sujeitos que quizessem º
informações, e debaixo da mais rigorosa responsabi aceionistas do banco: premio de receberem alguns]"
lidade
%2h22. dos chefes das respectivas repartiçôes. — Fran ros aos que subscrevessem até ao dia 20 de Fevereirº,
• - º |-
a. O Sr. Peixoto: — A lei que o illustre Preopinan morto, nem um encargo pessoal ; he um encargo
#… te o Sr. Barroso citou, suppunha, que os beneficios real . . . . . . . . . Sendo pois conforme á lei do
3 se proverião, apenas vagos; e por isso não póde ter Congresso em que manda que os encargos legitimos
|-#
applicacão
pplicaçao para
p o caso,? em que actualmente estamos2 . . . . . . . . . e não resultando daqui grande in
… que he o da suspensão dos provimentos. Argumentou conveniente á fazenda; antes pelo contrario aos her
tambem com o caso da suppressão dos beneficios, deiros: a minha opinião he que não subsista o pare
suppondo; que então não tem lugar o anno de mor cer da Commissão; mas que depois do anno morto
to dos herdeiros. Ignoro o fundamento de tal doutri do erario, entrem os herdeiros; isto he, o primeiro
na; e se assim se acha em pratica, digo, que não ha anno depois do beneficiado ser provido.
a maior iniquidade, e injustiça; pois os herdeiros tem O Sr. Xavier Monteiro: — Sr. Presidente, ha um
- um direito perfeito ao anno de morto, como a outra anno que este soberano Congresso commessou a to
qualquer divida, porque he rigorosamente uma resti mar medidas para pagamento da divida publica: criou
tuição; e ha-de a autoridade superior priva-las ao se a caixa d'amortização; assignárão-se fundos, parte
seu arbitrio da eficacia desse direito! Ha-de dar dif dos quaes são estes que hoje se pertendem duvidar,
ferente applicação a uns fructos, que são delles! As para contemplar interesses particulares, nomeou-se
sim será pelo estilo : mas de nenhuma sorte pelos uma commissão para a liquidação desta divida; fize
sãos principios da justiça. Eu penso, que a conserva rão-se todos os mais esforços que se podião fazer, e o
ção deste anno de morto he util, até por um princi resultado de tudo isto são onze contos de réis, quantia
pio de moralidade. Ha beneficiados que distribuem unica existente na caixa d'amortização presentemente,
todo o rendimento de seus benefícios, sem deixarem para pagar esta grande divida, tem-se feito todas as
reserva; confiando, que para bens d'alma, e disposi. diligencias ha onze mezes: grandes inedidas tem sido
ções testamentarias lhes restão os rendimentos do an as do Congresso; porém se forem hindo por este mo
no de morto: eu os tenho conhecido até no episcopa do, a promessa do pagamento será illusoria ect.
do: se lhes faltar este recurso farão deposito, e depois O Sr. Trigoso: — Eu tenho a fazer uma reflexão:
de contrahirem o habito de sobrepôr, tornar-se-hão ha uma cousa muito celebre em certos beneficios de
avaros. A experiencia mostrou exemplos disto por Portugal, onde ha o anno morto; o beneficiado não
occasião da invasão dos francezes, a qual assustando começa a ser beneficiado, senão um anno depois da
aos beneficiados sobre a segurança, e perpetuidade posse; e não o acaba de ser senão um anno depois
dos rendimentos ecclesiasticos, lhes fez variar o syste de morto.
ma economico, diminuindo nos officios de caridade, O Sr. Borges Carneiro falou contra o parecer.
que até então praticavão. Entendo pois, que por O Sr. Fernandes Thomaz a favor, e o Sr. Bispo
principios tanto de justiça, como de moralidade deve de Béja contra; e finalmente sendo posta a votos a
segurar-se aos herdeiros dos beneficiados a percepção segunda parte, foi tambem rejeitada.
do anno de morto, sem que lhe seja illudida por O Sr. Guerreiro leu a seguinte
Ineios indirectos.
O Sr. Soares de Azevedo discorreu largamente IN D I c AçÀ o. \
se. E que em fim o Conselho da fazenda com um O Sr. Barroso: — Parece-me que eu tenho lido
tom legislativo, e dogmatico determinou que (suas o parecer bem alto; e que depois das razões que nel.
palavras) como pelo decreto de 27 de Jnho de 1786 de se expõem não se devia confundir, como o faz o
forão-prohibidos os vinagres, se passasse ordem ao Preopinante, baldeação com despacho. O que aquel.
Administrador geral da alfandega para que a respeito le decreto prohibiu foi despacho; o que este homem
do vinagre de que se trata, proceda nos termos da pede he a baldeação; não sei para que se está a cor
lei, não havendo o navio entrado por caso fortuito fundir uma cousa com outra. O que sim parece ve
attendivel para prestação de officios de hospitalidade. dade he, que o conselho da fazenda pretende alterar
A Commissão apenas póde crer, que o primeiro todas as cousas emanadas do Congresso para fazer
tribunal de fazenda confunde prohibir franquia com odiosa a causa publica. (Apoiado).
prohibir despacho de entrada para consumo. Como O Sr. Franzini: — Eu vou ler o decreto para
queremos, Senhores, que o commercio prospere se o que se veja com que injustiça fez o conselho da fa
tribunal, que devia auxilialo, he o primeiro que o zenda a interpretação (leu o dito decreto). Ninguem
empece, e tolhe! poderá dizer que aqui se acha o vinagre incluido, e
O decreto de 27 de Julho de 1785 prohibe se dê particularmente muito menos o vinagre de cerveja,
despacho para consumo a vinagres estrangeiros, ! não que he o que este capitão levava. Por outra parte: 0
prohibe porém a franquia, que he a questão. O de capitão quando saíu de Hollanda veio com seus des:
creto das Cortes de 7 de Junho no artigo 1 prohibiu pachos legalizados, e com a boa fé de que podia passar
até a franquia ás bebidas espirituosas: a todas as mais com o seu vinagre por este porto; e o conselho da
concedeu franquia, e baldeação no artigo 7. Os vina fazenda não só pensa que ha de perder o vinagre, se
gres estão indubitavelmente incluidos nesta concessão. não tambem o navio: isto he uma atrocidade tal, que
Este navio embargado no curso de sua viagem o capitão consta-me que mandou publicar por Hok
por mero arbitrio, detidos seus passageitos, que fo landa e por toda a Europa o que com ele se tinha
rão obrigados a tocar neste porto por escala, dois feito, apesar de vir com os despachos do seu consul,
mezes já corridos contra os proprietarios, e carregado A este homem tem-se-lhe seguido os maiores incomº
res, tudo isto sómente serve de levar ás Nações, modos, tem perdido a sua carregação, que era todº
a quem deviamos agasalhar para que nos exportas de comestiveis; tem tido que sustentar os passageirº
sem, a fama de que nossos portos devem ser evitados, que leva a bordo, e sua tripulação todo este tempº
porque nossos tribunaes com pretextos de leis, que que tem estado embargado; e pergunto: ninguem hº
não existem, hospedão com embargos os navios que de ser responsavel por tantos prejuizos! Daremos l"
aqui tocão. gar a que com similhante facto se desacredite o nº
A Commissão pois sustenta a sua primeira opi so commercio entre os estrangeiros, e se desacredº
nião, e só poderia accrescentar que os Conselheiros da igualmente o nosso systema! Por honra da nação, e
fazenda deverião responder pelos damnos causados, ou por seu interesse, he necessario que alguem seja "
ao menos que para isso devia salvar-se o direito. Sa ponsavel: e que se saiba que o Congresso naciº"
la das Cortes aos 13 de Março de 1822. — José Fer não autoriza tal procedimento. (Apoiado, apºiadº)
reira Borges ; Francisco Xavier Monteiro ; Fran O Sr. Borges Carneiro: — Eu acho que º Palº
cisco Barroso Pereiru. cer da Commissão he muito brando e diminuto, º Pº"
O Sr. Peixoto: — Que se desembarasse a carga de-se chamar a isto fragmentos de justiça. Terçº fei
ao requerente, convenho; porque os vinagres não es ra passada a Commissão de fazenda deu aqui seu Pº"
tão na letra do decreto das Cortes; mas nada mais recer sobre o requerimento de um rendeiro de cº"
deve dizer-se. mendas, que tendo pago havia sete annos as dºº"
O administrador da alfandega propoz ao conselho e tributos dellas no Thesouro nacional, recebêrão-lº
a sua duvida, e o conselho entendeu que devião jul o dinheiro, e não lhe quizerão dar recibo ºu cº"
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ºmento, pelo que a meza da Consciencia o tinha per que fosse a interpetração do Conselho da fazenda, o
guido e perseguia com sequestros como senão tives vinagre ia para onde não he prohibido, não vinha
e pago , e nesta lida andava ha sele annos com para aqui, ia para o Rio de Janeiro, e não ha lei
e andes despezas e prejuizos. E em que ficou esta que diga que não possa passar vinagre por Lisboa:
grande bulra e descaramento? Em mandar-se que se devem dar-se providencias, e taes que se não torne
lhe passassem os conhecimentos. Isto não he justiça, a cair em igual torpeço, mormente em tempo que a
he conveniencia, he não dar o cuique suum. Pois que? falta de commercio nos deve levar a convidar os es
Não devião ter uma grande pena aquelles bulrões que trangeiros: porque aliás, sabendo-se deste facto, não
por vingança ou tolice, ou pelo que fosse, não qui haverá commerciante que queira mandar a Portugal,
zerão dar recibo a um rendeiro que pagou! Não de e nem navio que queira vir a Lisboa, e a perda que
vião ser riscados do serviço, e pagar ao rendeiro to dahi se segue não he equivoca.
dos os prejuízos e amofinações que lhe causárão! Que O Sr. Bastos: — Eu não posso descobrir no pro
quer dizer, ter este homem de recorrer do Governo cedimento do Conselho da fazenda senão o intento
as Cortes depois de sete annos, e ficar tudo em man de desacreditar a causa da regeneração. (Apoiado).
dar-se passar o recibo! E eabe Deus quanto isso ain Por mais ignorantes que se supponhão seus membros,
da custaria. Agora temos outro tal caso. O conselho como se poderá crer que na sua conducta não hou
da fazenda desacredita em as Nações estrangeiras o ve senão ignorancia! E havendo mais alguma cousa,
nºsso commercio, e causa a um estrangeiro um pre qual outra seria ella ! Constando nas praças mercan
juizo cuido que maior de 80 mil cruzados pois se lhe tes da Europa a maneira insidiosa, e atroz, com
tem avariado a carga do navio, e está ha dois mezes que os estrangeiros são em nossos portos recebidos,
a sustentar os passageiros, a tripulação, e os guardas quaes delles daqui por diante se atreverão a deman
da alfandega a bordo, digo, causa-lhe uma grande dar os nossos portos! Que se dirá de um povo, en
perda, negando-lhe despacho sem razão alguma, nem tre o qual se estão commettendo as maiores injusti
apparente, pois esse vinagre o trazia legalisado com ças á sombra das leis com que se trata de o regene
as devidas attestações do nosso consul, destinado rar! Eu voto que se ordene ao Governo que faça cas
não para consumir aqui; mas por franquia para o tigar os membros do Conselho, cuja prevaricação he
Brazil, caso que tanto o decreto de 1785, como o tão notoria, e que summaria, e prontamente os obri
das Cortes expressamente exceptuão; e em que fica gue a pagar os damnos; que causárão. Saibão as Na
tudo isto! Em mandar-se que o conselho dê despacho çôes estrangeiras, que se em Portugal existe ainda um
ao navio. O caso he que não appareça algum mise tribunal prevaricador, ha tambem um Congresso que
ravel que tenha feito o contrabando de meia quarta menda punir seus membros, e indemnisar suas victi
de sabão ou tabaco: então ha degredos, calceta, con II) a S.
fiscação de todos os bens, e todo o rigor das leis; en O Sr. Guereirro: — Se o Conselho da fazenda
tão tudo; nas em se topando com alguma senhora foi causa desses prejuizos, he justo que se pague; mas
autoridade, nada de castigala, porque se diz que he he justo tambem que procedamos com todo o conhe
desacreditala, de sorte que os seus máos procedimen cimento de causa; por isso peço que se leia a consul
los não a desacreditão; o que contra ella se disser, ta do Conselho da fazenda sobre este caso.
Isso sim. Não entendo tal filosofia: cá a minha he O Sr. Peixoto: — Quero sómente responder ao
que se delinquirem, lhes deve logo, com mais forte ra illustre Preopinante o Sr. Barroso: sei muito bem
zão que nos particulares, andar o páo em cima do a diferença que vai de entrada a franquia, e qnan
espinhaço (dado pelo Governo, digo, não entendo o do citei o decreto de 1785 foi unicamente para mos
páo do povo, sim o do Governo). Os delictos e erros trar que todas as razões que nelle se dão para pro
dos empregados publicos he que são transcendentes, hibir a entrada dos vinagres, são as mesmas que se
e Inais puniveis pelo abuso que fazem da autoridade adoptárão no decreto das Cortes, que excluiu as be
da Nação contra a mesma Nação. Por tanto o meu bidas da franquia. Ainda que o decreto de 1785 lhes
parecer, quanto á questão de que tratamos, he que denegasse a franquia, já lhes estava restituida pelo
deve dizer-se ao Governo que faça com que os mi alvará de 26 de Dezembro de 1812, que concedeu
nistros do conselho da fazenda que assignárão a con a todas os generos commerciaes; e ultimamente o
sulta, paguem prontamente as perdas e damnos que mesmo decreto de 7 de Junho a concede a tudo que
causárão a este estrangeiro, suppondo que obrárão não sejão as bebidas espirituosas, e era quanto bas
por mera ignorancia (a qual foi crassissima), pois se tava, para que eu não intentasse applicar o decreto
houve alguma vingança ou outro proposito, devem de 85 ao caso presente, ainda quando nelle fosse ex
ser riscados do serviço. (Apoiado). pressa a prohibição da franquia.
O Sr. Borges de Barros: — Aconteceu que a Houverão algumas pequenas duvidas sobre o mo
minha curiosidade me levou a este navio, e nunca me do de propôr á votação o parecer da Comissão, se na
arrependi mais de ser curioso: vi que todo o vina totalidade, ou separando a parte, que diz relação a
gre que este homem leva he de encommenda, e lhe exigir-se a sesponsabilidade do Conselho.
dá sómente 83 réis de frete: está a pagar ha dois me O Sr. Moura disse: que podia resolver-se pri
zes tres guardas da alfandega a 600 reis diarios, sus meiro o pertencente a levantar o embargo ao navio,
tentando cinco passageiros com que tem gasto muito e tratar depois do resto: visto ter-se passado a hora
dinheiro; além do damno que sofre da carga. Real da sessão, e quererem alguns Senhores falarem sobre
mente este homem deve ser indemnisado, e qualquer a Inaterla.
Rrr
[493 ] #
O Sr. Guerreiro: — Requeiro novamente a leitu Levantou-se a sessão depois das duas horas da tar
ra da consulta do conselho da fazenda. de. — Francisco Xavier Soares de Azevedo, Depu
O Sr. Secretario Soares de Azevedo leu a men tado Secretario.
cionada consulta.
O Sr. Presidente poz a votos o parecer da Com Resoluções E ORDENS DAs CoRTEs.
missão tal e qual, foi approvado.
O Sr. Borges Carneiro: — Peço que se torne a Para Feliz José Tavares Lira.
ler o parecer da Commissão relativamente á respon
sabilidade dos conselheiros, porque tenho alguma du As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação por
vida sobre a votação que se acabou de fazer. (Tendo tngueza concedem a licença que V. S." pede, por
se tornado a ler a dita parte do parecer, continuou tempo de 8 dias para tratar da sua saude. O que par
o Sr. Borges Carneiro). He necessario fazer-se outra ticipo a V. S." para sua intelligencia.
votação, porque a palavra deverião he hypothetica, Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 14 de
e a resolução deve ser decisiva e absoluta. Tambem Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
me opponho a ficar isto adiado, pois se o fica, he
para nunca mais. Não enganemos a Nação com a Para José da Silva Carvalho.
|
palavra responsabilidade que agora se applica aos em
pregados publicos: em lugar della desejo que no caso Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor- |
de serem culpados se diga castigo: vou cá pela nossa tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
moda antiga, e theoria velha, e vou melhor: isto de ordenão que o desembargador, Pedro Alves Diniz,
responsabilidade vem do verbo respondeu, que signi venha a este Paço assistir aos trabalhos da Commis
fica responder: em o empregado tendo respondido são das Cortes, sobre os negocios politicos do Brazil, …
(e sempre o fazem a seu favor) está tudo em santa pelas 10 horas da manhã do dia 16 do corrente. O
paz: a isso dirá o conselho da fazenda, que já res que V. Exc." fará constar onde convem.
pondeu. Em fim de razões repito, que se faça uma no Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 14
va votaçào decisiva, e senão se vencer a effectivida de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. …
#:
de do castigo dos conselheiros, apresentarei ámanhã
o mea voto particular, que he o recurso que me res Para José Ignacio da Cósta.
ta, e o que só faço quando entendo que se decide al
guma consa injusta. Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. – As Cor
Motivou isto uma breve discussão sobre se perten tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza,
cia mais propriamente ao poder judiciario, e que nes tomando em consideração o que lhes foi reprssentado
te caso não era conveniente previnir o seu juizo ácer por João Baptista Oreille, capitão do brigue hollan
ca de se tinha ou não havido prevaricação da parte dez Le Henri, surto no Tejo, e vindo de Antuerpia
do conselho da fazenda: opinião de que forão princi com escala por este porto, e destino ao Rio de Janei
palmente os Srs. Guerreiro e Brito; e sobre o que ro, queixando-se da violencia praticada pelo Conse
disse |-
9.° Do Ministro da marinha, remettendo a par O Sr. Villela: — Eu aqui não tenho nada meu;
te do registo do porto tomado em 14 do presente ao o que peço he tudo para bem da Nação; são nego
bergantim portuguez, Dois Amigos, vindo de Cabo cios della. Extinguírão-se direitos banaes; tem-se ti.
Verde, remettendo ao mesmo tempo um officio do rado outros tributos: he pois necessario alliviar tam
governo provisorio da ilha de Cabo Verde, em que tbem o Brazil de alguns, e particularmente deste, Na
participa as causas da demora na vinda dos Deputa da he tão odioso. Basta dizer que até a liberdade do
dos daquella ilha. Ficárão as Cortes inteiradas. miseravel escravo está sujeita ao seu terrivel imperio.
10.° Do mesmo Ministro da marinha , remet O Sr. Freire: — Quem he o Deputado que tem
tendo a parte do registo tomado em 14 do presente aqui alguma cousa sua " Tudo o que aqui se trata
ao bergantim portuguez, Gloria, vindo dos Açores; pertence á Nação, e confesso que não entendo tal
bem como outro do mesmo Ministro, remettendo ou modo de discorrer.
tra parte do Registo tomado no mesmo dia ao bergan O Sr. Franzini: — Como os negocios do Brazil
tim portuguez, Infante D. Sebastião, vindo do Rio se tem multiplicado muito, seria necessario fazer uma
de Janeiro, de que tambem ficárão ás Cortes inteira escolha dessas indicações mais urgentes, e proceder-se
das. #" •
então.
Foi presente uma felicitação dirigida ás Cortes O Sr. Vasconcellos: — Eu sou de opinião que es"
pelo provincial dos Franciscanos do Rio de Janeiro, se requerimento vá á Commissão competente, bem
em seu nome, e de toda a sua provincia, de que se como a indicação do Sr. Villela.
fez menção honrosa: outra do escrivão interino da Resolveu o Congresro que a representação sobre
fazenda das ilhas do Cabo Verde, Joaquim José de dita se juntasse á indicação do Sr. Villela sobre o
Araujo, em seu nome, e de todos os empregados da mesmo objecto, e que tudo se remettesse á Commis
quella repartição naquella ilha, que foi ouvida com eão de fazenda do Ultramar.
agrado: e outra do bispo de Cabo Verde, em que, Concedeu-se ao Sr. Baeta, Deputado pela pro
depois de felicitar o Congresso, faz algumas reflexões vincia da Estremadura, dispensa de assistir ás sessões,
sobre o estado da sua diocese, e sobre algumas pro por motivo de molestia.
videncias indispensaveis, principalmente respeito ao Mandou-se passar á Commissão de agricultura uma
clero, que foi ouvida com agrado em quanto á 1.° memoria oferecida ás Cortes pelo medico da Vidi
parte, e pelo que pertence á 2", foi mandada para gueira João Antonio de Carvalho Chaves, sobre as
a Commissão ecclesiastica de reforma, -
methodo, pelo qual poderião as camaras fazer ve O Sr. Freira: — Eu não posso approvar a dou
xames, sem haver para quem se recorresse. Presente trina deste artigo, no qual se encarrega, ás camaras,
mente ha um recurso tanto das juntas dos lançamen não só a repartição, mas tambem a cobrança de to
tes das sizas, como das decimas, Ninguem duvidará. dos os rendimentos nacionaes provenientes da contri
da possibilidade das cameras poderem fazer distribui buição directa, as razões em que me fundo são tira
ções desiguaes e injustas, e por tanto parece-me ter das do conhecimento da pratica dos outros paizes,
lugar o additamento que eu lembro. pois em nenhum que eu saiba se observa, esta norma
O Sr. Soares Franco: — Este artigo he de muita em tal intenção, e da experiencia que tenho de al
importancia; pelo methodo aqui estabelecido vem, a guma das nossas camaras, as quaes me dão bem triste.
fazenda a lucrar mais de 100.0003000 de réis. Em idéa do que ha de succeder, sendo encarregadas da
consequencia approvo o artigo tal qual está, ainda administração de todas as rendas publicas, quando
que não me opporei a que se faça a declaração, que tão má conta dão das suas proprias; este negocio não
fica debaixo da fiscalisação de autoridade superior. póde sujeitar-se a experiencias que podem arruinar
O Sr. Serpa: — Eu não me conformo com a nos, he.necessario que a arrecadação da fazenda se
opinião do Sr. Soares, porque se se dissesse como es faça com a maior exactidão, e ella não póde esperar
tá no artigo, vinha a concluir-se que este arbitrio se por agora dos corpos municipaes, se para o futuro
pertenceria ás camaras sótnente, e que para nenhuma se achar que elles são capazes, então se lhe darão es
outra autoridade poderia haver recurso. Por isso o sas attribuições, mas não liguemos as Cortes futuras
meu voto he que se diga, com as restricções, e pela com um artigo constitucional, que póde arruinarnos
forma que as leis determinarem. Assim parece-me que antes de poder ser reformado. Não se espere com a re
ficará o artigo bem concebido. fórma que se fizer nas camaras obter um corpo capaz
O Sr. Peixoto: — O ilustre Preopinante, segun de exercer estas funcções. As que aqui tem havido,
do me parece, ainda concede ás camaras muito, ou sabe-se muito bem que tem administrado mal as suas
as onera muito; porque em qualquer dos dois senti proprias rendas. Diz-se que as futuras hão de ser umas
dos póde tomar-se esta attribuição. Ou se lhes con camaras taes, que hào de ter a precisa capacidade, e
cederia a fiscalisação da distribuição das contribui confiança publica. Estimarei que isto assim succeda,
ções directas , a fim de promoverem nella a obser mas eu acho entretanto alguma duvida, Ellas hão de
vancia de uma justa igualdade. Nós ainda ignoramos ter indubitavelmente quasi a mesma fórma por muito
a extensão e população que daremos ao districto de tempo, e ainda que sejão de individuos um pouco mais
cada uma crmara; e parece que a intenção do Con capazes, nunca serão tantos, que em todos os distri
gresso he que tenha bastante largueza, visto que lhe ctos os haja capazes de se encarregar de tão impor
admitte a subdivisão: se assim accontecer, será por tante objecto, e mesmo que queirão gratuitamente
[ 502 |
dar-se ao penoso trabalho, que para isso se exige: outro. Não nos iludamos com as esperanças que de.
esta materia está ligada com a antecedenie, que ficou sejamos pôr nas futuras camaras: os elementos de que
adiada, e não posso decidir-me a votar definitivamen se hão de compor são os mesmos que até agora: º
te no melhor mode de arrecadar os tributos, posto quanto mais encargos lhes dermos peiores as teremos;
que necessariamente me parecia melhor que isto se porque será maior o empenho dos homens benemer:
encarregasse a um só individuo com responsabilidade do tos para se escaparem de um tal serviço, e o dos cor
que ás camaras, e para ficarem salvas quaesquer de rompidos em ambicionalo: veremos que nas eleições
cisões a este respeito, proponho que o artigo se expri hão de preferir-se sempre, entre os poderosos, os in
ma da maneira seguinte com pouca differença: — ás dignos. He esta a marcha ordinaria com poucas ex
amaras pertence fazer a distribuição dos tributos, e cepções; e se concedermos ás camaras a attribuição
fiscalisar a sua cobrança com as modificações, e pelo de repartirem os tributos, aggravaremos sem duvida
modo que as leis determinarem. o mal, que pretendemos evitar, multiplicando as pa:
O Sr. Soares Franco:— Este artigo he neces tronagens, e as vindictas na desigualdade da sua dis:
sario, e precisa-se delle. Estou com o illustre Preo tribuição. Não nos illudamos, outra vez o digo: se
pinante, que não deve ficar a administração dos im podemos esperar algum melhoramento das camaras,
postos ás camaras ; mas agora não se trata da admi será por lhes darmos leis mais accommodadas ao tempº
nistração, trata-se de fazer a repartição da contribui actual, e de nenhuma sorte porque hajão de forma:
ção directa, que realmente por este methodo se faz se de melhores homens: essa parte da refórma só º
muito bem, e se lucrão mais de cem contos de réis; tempo a póde trazer com a da educação publica, º
não me opponho a que se diga na conformidade das consequentemente do espirito e dos costumes da Na
leis, porque ellas hão de determinar o modo de fa ÇaO.
zer a distribuição. Agora quanto á maneira de a fa Pelo que pertence á despeza de seis por cento dºs
zer efectiva, as camaras devem mandar a lista dos lançamentos de que falou já o illustre Preopinante º
omissos ao Juiz territorial, e depois o producto he re Sr. Soares Franco, está sem duvida equivocado: 0;
cebido pelo thesoureiro. Agora quanto a muitas at superintendentes dos lançamentos nas províncias, nada
tribuições da parte administrativa isso se tratará no recebem: toda a despeza que nellas se abona, he nº
lugar a que competir. Isto he uma maquina que se districtos a de um e meio por cento para os saccalº
vai compondo de pequenas peças, que vem debai res, e meio para o escrivão; e na cabeça da comarcº
xo para cima. Por conseguinte para esta mesma har meio por cento pelo cuidado de arrecadação e depº
monia he preciso conservar o artigo. sito. Nada mais. Aqui na capital he que se faz maiº
O Sr. Serpa Machado: — Eu concordo com despeza com a cobrança, por se dar aos superintº"
algumas ideas do Sr. Freire. As camaras fazendo dentes um premio que no total avulta bastante; nº
a repartição dos impostos ou tributo como bem lhe lhe tambem o principal rendimento do lugar, o qual
parecesse, isso faria uma confusão; por conseguinte ha de sair de outra parte quando este cesse. Condº
já se vê que isto ha de ter uma regulação qualquer, que não devemos prender os legisladores sobre º
que necessariamente depende de leis particulares. Ago ponto em que convem que fiquem livres para se aº
ra pelo que pertence á parte da cobrança, esta póde commodarem ás circunstancias, •
ser considerada de duas maneiras, ou pagamentos vo O Sr. Corrêa de Seabra: — Já estou preventº
luntarios, ou involuntarios, isto he quando não quei em parte adorespeito
que ía dos
a dizer, todavia
Nãodeclaro
devema ser
opinião, impostos. " fe.
ra qualquer satisfazer da mesma maneira que os ou
tros: quanto á primeira não ha que dizer, porque tos pelas camaras: 1.° Porque os vereadores n㺠º
he só pagar; porém quanto á segunda he então o dem ter exacto conhecimento dos bens de cada ".
meio das leis, que ficão entregues aos empregados pois era necessario para fazer esta repartição ""
publicos. He necessario pois declarar-se na Consti a camara reunida por muito tempo, o que necessº"
tuição, mas de uma maneira que não tolha ás legis mente ha de ser incommodo aos vereadores; e º ""
lativas seguintes o legislarem o que parecer mais con
VC n lente, •
dahi ha de resultar he ou que hão de entregar º º
partição ao escrivão, ou confiar isso de algum º
O Sr. Miranda: — (Não o ouviu o taquygrafo companheiros, que se queira encarregar, e para º
Costa). -
se ofereça; e deste modo as cousas ficarão em Pº"
O S. Peiroto : — Ainda insisto na minha opi estado do que então, porque segundo a pratica aº"
nião. Não deve na Constituição deixar-se ligada ás para a distribuição e repartição da decina, se "
camaras a repartição dos tributos directos; se ellas ti dão ir informações de cada freguezia: o que "º º
verem districtos dilatados, nem assistir poderão a todo rece mais acertado he que os segundos juizes q**
o acto do lançamento das decimas, e lhes faltará a ve haver nos districtos, com uma especie de ·
instrucção suficiente para saberem se os lançadores lho composto de dois ou tres homens bons de cadº
são ou não exactos: basta observar que ha districtos, freguezia, fação a repartição dos impostos directº
nos quaes se nomeião sessenta e mais lançadores, e por isso apoio a opinião do Sr. Peixoto e dos ortº
não são demasiados para darem todas as informações Srs., de que esta materia, ou seja omissa nº c…
necessarias a respeito dos predios rusticos: as cama stituição, ou se declare só que ás camaras pº"
ras nomeião esses lançadores, a elas compete pois o fiscalisar a igualdade da repartição das contribº
vigialos; e até he muito mais regular que o acto da ções directas. Falarei alguma cousa pelo que p……
repartição esteja em um corpo, e a fiscalização em ce á arrecadação. Eu já declarei a minha ºp"""
[ 503 ]
discussão do artigo 200, de que se não entregasse gar; quanto á administração não vejo inconveniente
ás camaras o governo administrativo, e que se con algum em que as camaras vigiem, nem sei que daqui
servassem os provedores unicamente com a attribui se siga algum mal, antes pelo contrario julgo que
ção de contadores: e por isso limito-me agora a daqui póde resultar grande proveito; porem que isto
dizer que he uma cousa nova em politica o governo seja objecto constitucional he que eu duvido, e pro
administrativo entregue a um corpo moral: he verda ponbo que seja omisso.
de que a hespanha o fez, mas eu tenho noticia que O Sr. Macedo: — He indispensavel que esta ma
a tentativa não dá esperanças de bons resultados. Se teria seja omissa na Constituição. Encarregar ás
gundo posso julgar, pelo que vejo nos papeis pu camaras uma cousa que ellas não podem desempenhar,
blicos, a administração da fazenda na Hespanha está ou fazer exclusivo dellas, o que será necessario en
em muito máo estado . . . . Por tanto a minha opi tregar a outros, não he justo; por tanto assento que
não he que só se conceda ás camaras a faculdade de isto deve fazer objecto de uma lei regulamentar, sem
fiscalizar a cobrança e arrecadação das contribuições. mais discussão.
Suspendeu-se a discussão, dando parte o Sr. Se Procedeu-se á votação, e foi supprimido o para
cretario Felgueiras, que acabava de receber um offi grafo.
cio do Ministro dos negocios da justiça, remettendo Entrou em discussão o n.° VIII, que diz ser da
ás Cortes em nome de Sua Magestade duas cartas do competencia das camaras cobrar e dispender os ren
Principe Real dirigidas a Elitei seu pai, dando par dimentos do concelho ; eleger thesoureiro para esta
te do estado político daquela provincia do Rio de arrecadação ; tomar-lhes contas annualmente, e re
Janeiro e S. Paulo, e ao mesmo tempo uma repre mettelas documentadas á junta provincial. A este res
sentação do governo de S. Paulo, dirigida a Sua peito disse
Alteza o Principe Real, e por elle remettida ao so O Sr. Macedo: — A doutrina deste paragrafo he
berano Congresso, que depois de tudo ser lido foi excellente; no entanto as palavras, eleger o thesou
mandado reunetter á Commissão especial dos negocios reiro para esta arrecadação, parece que se deveiu ti
politicos do Brazil; ficando esta encarregada de ofe rar; pois dão a entender, que pertence ao thesoureiro
recer ás Cortes um parecer especial sobre a referida o arrecadar a fazenda, quando as funcções do thesou
representação, cuja integra deve inserir no relatorio reiro se devem limitar a receber o que lhe for entregue.
do mesmo parecer. + O Sr. Sarmento: — Não me parece que haja in
Continuando a discussão interrompida, disse conveniente em que o thesoureiro dos concelhos possa
O Sr. Miranda: — Ninguem póde duvidar que a fazer a arrecadação. Eu convenho que feita a nova
imposição dos impostos directos deve pertencer ás demarcação de districtos, não acontecerá, como até o
camaras, nem ha autoridade alguma tão propria pa presente, o haver camaras em que o procurador era
na Isto como são as mesmas camaras, pois que pe thesoureiro, e cobrador ao mesmo tempo, porém a
tante elas os povos podem fazer as suas representa pezar do aumento de alguns districtos, sempre have
ções. neste objecto cumpre muito que os agentes do rá termos de alguns concelhos, em que os rendimen
Governo não estejão em contacto com os individuos; tos não exijão muitos cobradores, e por isso pode-se
he necessario e muito necessario que entre eles e a em geral dizer que os thesoureiros possão fazer a ar
sociedade haja um corpo intermedio, este corpo in recadação: e presentemente ella he feita por muitos
termedio, sem duvidº, nenhum póde apparecer melhor thesoureiros dos concelhos.
que as camaras: por tanto assento que deve estabele O Sr. Corrêa de Seabra: — Se alguns artigos ha
cer-se em regra que ás camaras compete o repartir a na Constituição, que são regulamentares, este sem
contribuição directa na conformidade da lei. duvida he um delles.
}Declarada a materia suficientemente discutida, O Sr. Soares de Azevedo: — Eu quereria que se
Prºpoz se á votação a primeira parte do n.° até á pa fizesse um artigo geral, que contivesse a materia des
lavra districto, e foi rejeitada. Propoz então o Sr. te artigo, principalmente no que pertence a contas.
Presidente como emenda para sub-tituir esta primei O Sr. Macedo: — A eleição do thesoureiro he
rº parte, o seguinte: repartir a contribuição directa claro que deve pertencer ás camaras, mas que a
pelos moradores do districto com os recursos, e pela arrecadação, ou cobrança seja feita pelo thesoureiro
Jºrna que a lei determinar; e foi approvado. não julgo conveniente; pois que então mais facil
Setido posta á votação a segunda parte do mes mente continuará a acontecer o que eu sei que tem
monumero VI, e ficando reprovada, propoz igual acontecido em alguns concelhos, que he passarem
mente o Sr. Presidente, para substituir esta segunda muitos annos sem darem contas.
Parte a seguinte emenda: fiscalisar a cobrança e re O Sr. Sarmento: — Eu não posso conceber como
nºssa dos rendimentos nacionacs na conformidade das tendo as provedorias de tomar contas de um tri
leis. Foi approvada, salva a redacção. { buto tão importante , como o das terças redes (as
Passou-se a discutir o n.° VII do mesmo artigo quaes dependem, para se saber a sua importancia,
º pelo qual são as camaras encarregadas de fisca de se tomarem primeiramente contas aos concelhos)
lisar a venda e administrução dos bens nacionaes. se possa passar mais de um anno sem as camaras
O Sr. Soares Franco observou que a venda e prestarem contas dos seus rendimentos; porque a ter
administração dos bens nacionaos não devia ser con ça parte destes rendimentos he que constitue a cha
lada ás camaras, mas sim ao Governo. mada terça real, tributo muito conhecido, e que em
O Sr. Freire: — Fiscalisar a venda não tem lu todo o Reino deve fazer uma somma importante.
." [ 504 ] *
O Sr. Camello Fortes: — Eu quizera que se dis importancia, não possão lançar essas fintas, será
sesse simplesmente: cobrar e receber os rendimentos permissão das Cortes.
do concelho na conformidade das leis. O Sr. Camello Fortes: — Acho conveniente que
Procedendo-se á votação e não sendo approvado se estabeleça uma certa quantia até á qual as cama
o §, propoz o Sr. Presidente a primeira parte delle, ras possão fintar, mas não que seja preciso recorrer ás
concebida nestes termos: cobrar e despender os ren Cortes; porque ha muitas coisas a que he necessario
dimentos do concelho na forma do regulamento que dar remedio com promptidão: por exemplo, uma fon
se houver de dar ; e foi approvada, ficando suppri te que de repente se arruinou, e não ha dinheiro, etc.
mido o resto do §. Por tanto segue-se que nas obras de menor importam
Passou-se a discutir o n." IX que autoriza as ca cia, não será necessario requerer ás Cortes: nas de
maras para fazerem o mesmo que se acha disposto no maior consideração, e que não exigirem urgencia,
numero antecedente, a respeito das fintas que em fal IneStaS S!III. |-
ta de rendimentos do concelho se lançarem aos mora O Sr. Serpa Machado: — Irei arriscar as minhas
dores delle ; o que se não poderá fazer sem approva reflexões sobre esta materia. Se se dá autoridade às
ção das Cortes, á similhança do que fica disposto no camaras para pôrem fintas, dá-se-lhe uma autoridade
artigó 189. Sobre esta materia disse muito grande que as póde comprometter: se não se
O Sr. Soares Franco: — Este artigo 189 referia lhe dá autoridade nenhuma, então certas despezas pe
se ás juntas administrativas, e como não se tratasse quenas se não poderão fazer em beneficio publico. Por
disto ainda, he necessario dar-lhe outra explicação: tanto as fintas ou são necessarias, isto he, ou são
estas fintas são feitas para encherem o cabeção das aquellas que as leis tem estabelecido, e os moradores
sisas, ou para algumas pequenas obras necessarias, são obrigados a prestar, ou são voluntarias; isto he,
ou uteis aos concelhos; parece-me necessario, que se os povos ouvindo-se sobre aquelles objectos convêm
dê este poder ás camaras, para preencher o cabeção, nellas, approvando-as a autoridade superior. Arriscar
em quanto existir o actual systema das sisas, e para pois uma disposição constitucional sobre este objecto,
as pequenas obras; com tudo cm quanto ás grandes, tem inconvenientes; portanto, como isto depende do
quereria que se approvasse a doutrina do artigo: sen regulamento de finanças parecia-me melhor supprimir
do necessaria a approvação das Cortes. este artigo. • +
- O Sr. Sarmento: — Em quanto a fintas, eu en O Sr. Brito: — As nossas camaras tiverão des
tendo neste lugar que o § diz respeito àquelas fintas, de os primeiros seculos da monarquia o poder de im
que se lanção para bemfeitorias publicas, porque pôr as fintas. Este poder he justo, porque he justº
este me presentemente o sentido desta palavra, segun que os que pertencem ao governo de uma villa, te:
do as nossas actuaes leis de fazenda, porque as fin nhão os meios de prehencher o seu cargo. Que quer di
tas para os expostos fazem parte do lançamento das zer ter um povo precisão de uma estrada, e não apo
sisas: se os rendimentos, que fazem a bem do lança der abrir ! Fazer isto dependente das Cortes, he aceu
mento e suas despezas, não bastão, lança-se a derra mular nestas um poder colossal. As Cortes não tem
ma, vulgarmente chamada a sisa do ferrolho. Tudo tempo para fazer leis; como se quer pois encarregº
dependerá do systema que as nossas leis futuras ado las de mais cousas! Deixemos por tanto este poder as
ptarem a respeito de contribuições. Provavelmente, a camaras, que he um poder que tiverão do principiº
sisa, e a decima se reduzirão a uma contribuição di da monarquia, concedendo-se o recurso no caso quº
recta, porque o tributo da sisa he opposto aos prin se julguem opprimidas.
cipios de economia politica; he um tributo desigual, O Sr. Soares de Azevedo: — O meu voto heque
póis o vendedor he quem vem a paga-lo, e por mui se marque, e estabeleça primeiro uma certa quantº;
tas outras razões, que he fóra do lugar apontar aqui. isto he que as camaras possão fazer fintas até certº
Porém he do interesse publico autorizar as camaras quantia; segundo, prohibi-las de certa quantia em dº
ante.
a poderem lançar fintas até certa quantia. Nº firma
das leis actuaes elas podião recorrer aos corregedores O Sr. Arriaga: — Deve-se dar ás camaras a al
das comarcas, e estes apenas podião autorizar fin toridade de pôr fintas, mas sou de opinião que naº
tas até o valor de 4.000 réis, quantia que talvez se se lhes entregue este poder de modo, que daqui º
reputasse consideravel no tempo, em que foi estabe sulte o prejuízo dos moradores. Não póde deixar dº
lecida, ao mesmo tempo que os provedores das co ser nas Cortes, que deverão approvar as fintas; Pºr
marcas, a fim de se executarem os capitulos de visi que assim se decidiu nas bases artigo 34, onde sed';
tação, estavão autorizados para lançarem fintas de que a imposição dos tributos será determinada pelº
403000 réis, não só para reparos das igrejas, e ob Cortes: sendo a finta pois um tributo, está nesta º
jectos ecclesiasticos, mas até para sustentação do gra.
clero, quando não chegavão os dizimos dos benefi O Sr. Miranda: — Ha diferença entre tributº º
cios. Esta notavel diferença nascia do recebimento finta: um tributo he geral, uma finta he uma con"
das determinações do concilio tridentino, executadas buição local. Tambem não posso convir em que º
entre nós com maior escrupulo religioso do que poli marque a quantia determinada, para todas as cº"
tico. Parece-me que fiquem as camaras autorizadas, ras. Ha de haver camaras muito pobres, e ºu!"
para lançarem fintas até á quantia, que for regulada muito ricas; e por isso he necessario fazer diferença
pelos seus regimentos, e que precisando os concelhos de umas, e outras. A minha opinião he que se di
de derramas consideraveis para quaesquer obras de ga: pôr fintas até á quantia determinada na lei; Pºº
[ 505 |
que a lei poderá fazer alguma diferença, relativamen ção: falo de uma autoridade para vigiar se as
te ás camaras. suas posturas são contrarias ás leis geraes, ou uma
O Sr. Macedo: — Eu conceberia o artigo deste autoridade para onde os povos possão recorrer dos
modo: fazer o lançamento, e cobrança das fluvas na abusos praticados, e commettidos pelas camaras.
falta dos rendimentos necessarios. O Sr. Camello Fortes: — Parcce-me que o artigo
Pondo-se a votos o $, e não tendo passado como se poderia conceber nos seguintes termos: fazer as pos
estava, o propoz o Sr. Presidente na forma seguinte: turas municipaes, que poderão ser examinadas pela
impôr, cobrar, e dispender as fintas que na falta dos autoridade, salvo o recurso das partes.
rendimentos do conselho lançar aos moradores delle, O Sr. Ferreira de Sousa propoz que se accrescen
dentro da quantia, e pela forma que as leis determi tasse a clausula, na conformidade das leis.
narem — e foi approvado. Declarada a materiá sufficientemente discutida,
Entrou depois em discussão o numero X, assim propoz-se á votação o $, e não passou como estava;
concebido: fazer as posturas ou leis municipaes, que propoz-se então concebido nestes termos: fazer as pos
antes da execução serão submettidas á approvação da turas ou leis municipaes na fórma do seu regimento;
junta provincial. e foi approvado, decidindo-se ao mesmo tempo que
O Sr. Sarmento: — Pela dependencia em que na redacção se poderão unir estes tres ultimos nume
vão a ficar as camaras de uma superior autoridade, ros em um só.
que approvasse as suas posturas, persuado-me que os O Sr. Andrada ofereceu as duas seguintes
illustres redactores deste paragrafo forão menos libe
raes do que aquelles que organizárão as nossas anti IN D I c Açô E s.
gas leis a este respeito. Feitas as posturas, na forma
que as nossas leis determinavão, a sua autoridade 1.° Como os povos do Brazil unão ao nome de
era tão grande, que os mesmos corregedores, apesar governador as idéas de arbitrariedade, despotismo,
de serem reputados os lugares tenentes dos Reis, quan poder absoluto, e crueldade; e não sejão ordinaria
do fazião as correições, sómente estavão autorizados mente assás perspicazes para ver as diferenças das at
para interporem o seu parecer, dando conta a ElRei, tribuições hoje concedidas aos governadores das armas
quando achavão alguma postura prejudicial ao povo; das respectivas provincias, daquellas que se arrogavão
e unicamente as declaravão por nullas, e sem vigor, os antigos baxás denominados governadores e capitães
se elas forão feitas, não se guardando os requesitos generaes; e por outro lado possa succeder que os di
legaes. Eu convenho que ha posturas em diferentes tos governadores das armas ou se illudão ou queirão
concelhos do Reino, as quaes se fossem publicadas, illudir aos outros com a identidade do nome, para
até poderião causar o riso; porém he preciso tambem abarcarem poder, que lhes não compete: proponho,
saber que nessas pequenas terras ha certas economias, que os officiaes a quem se commetter o commando
que os que não estão acostumados a viverem entre das tropas das provincias, sejão em vez de governa
esses moradores, á primeira vista julgarão ridiculas, dores das armas, denominados commandantes da for
porém que essas povoações, pela experiencia, achão ça armada das ditas provincias. — O Deputado An
de summa necessidade. Parece-me que não se póde se tonio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva.
guir prejuizo algum, que as camaras continuem com 2.", Achando-se na provincia do Rio Grande do
a mesma áutoridade, para fazer as suas posturas, por Sul mais de 700 a 800 homens de milicias da provin
que se elas, se oppozerem ás leis geraes da Nação, são cia de S. Paulo, para ali mandados no governo do
nullas, e de nenhum efeito, e se dellas se seguir Conde de Palma por ordens do ministerio do Rio de
gravame a alguem, pode-se estabelecer um recurso, pa Janeiro, com a condição de só ali servirem dous an
ra autoridade superior, e fica constantemente aberto o nos, e que apezar desta condição estar ha muito tem
caminho do direito constitucional de petição ás Cortes. po cumprida todavia continuão na mesma provincia;
Voto que se supprima a parte do paragrafo, que prin accrescendo para, maior odio desta medida o serem
cipia das palavras, que antes de execução etc. Por a mór parte daquellas praças pais de familias; e como
quanto nesta parte, em quereria que se pozessem em pela Constituição não seja permittido obrigar-se as
vigor as nossas leis antigas, e que as camaras podes milicias nacionaes a servirem fóra das suas províncias
sem fazer as posturas, pela forma que as nosssas leis sem permissão das Cortes: proponho que se expeção
determinão, é executalas, sem ser necessario consulta ordens pelo Governo para serem retiradas aquellas
rºm autoridade superior; porque o mais seria pôr-lhes milicias, e regressarem aos seus lares, ha tanto aban
ºbstaculos, e grandes obstaculos, para o desempenho donados. — O Deputado Antonio Carlos Ribeiro de
da sua autoridade municipal. Andrada Machado e Silva.
O Sr. Serpa Machado: — Nós não devemos res Mandárão-se ficar ambas estas indicações para 2.°
tingir a autoridade das camaras; mas tambem não leitura, com urgencia.
devemos ampliala com algum risco. As posturas; O Sr. Araujo Lima ofereceu outra indicação pro
Verdade seja, não erão confirmadas, mas os correge pondo que os regimentos do Recife, e artilheria, que
dores vigiavão se mellas havia algma cousa centra a em 1817 se mandárão para o Sul, sejão agora resti
lei. Se nós havemos conceder ás camaras a autorida tuidos aos seus lares.
dº de fazer as posturas, tambem eu assento, que he Ficou tambem para segunda leitura, unindo-se a
muito necessario, que elas fiquem sujeitas a uma au outra do Sr. Andrada, sobre o mesmo objecto.
ºridade; e que isto fique consignado na Constitui O Sr. Pires Ferreira apresentou o seguinte
Sss
[ 506 |
Projecto de Decreto. reciprocidade, e a mais perfeita ignaldade, conforme
a qual cada um delles devia unicamente receber para
As Cortes Geraes, Extraordinarias, e Constituin seu consumo os productos principaes da agricultura
tes da Nação portugueza, desejando promover a na do outro, com absoluta denegação de extrangeiros da
Ines ma natureza.
vegação, e o commercio entre as diferentes partes do -
Reino Unido, e entre este, e os paizes estrangeiros, Admittido este tão justo, como politico principio,
decretão o seguinte: viu-se logo a Commissão especial embaraçada com o
Artigo 1.° Desde a data da publicação deste de desgraçado estado de nossa navegação, e finanças.
creto em diante toda a embarcação, que navegar de Conheceu, que sem uma protecção decidida a favor
um porto do Reino Unido para outro, ou deste para da primeira, as nossas relações commerciaes entre os
qualquer porto estrangeiro, fica desobrigada de trazer dois Reinos serião quimericas, e de nenhuma consis.
cirurgião e capellão, tencia, e que a Nação não poderá jámais emparelhar
Artigo 2.° Ficão revogadas pelo presente decie com as outras, que se tornárão superiores, sem ele.
to quaesquer leis ou ordens em contrario. — D. M. var a nossa navegação áquelle esplendor, que outra
A. Pires Ferreira. ora teve: conheceu, que o systema liberal de um ex
Ficou para segunda leitura. tenso, e livre commercio, que a commissão especial
O Sr. Alves do Rio, por parte da Commissão es deseja estabelecr entre os dois Reinos, diminuia as
pecial das relações commerciaes entre o Brazil e Por rendas publicas a um ponto, que por agora causaria
tugal, leu o seguinte graves males ao Reino-Unido. •
que nelle tem residido, e que fazem seu principal com Não escapará á sabedoria da illustro Commissãº
mercio em productos do Reino-Unido, principiou pe de marinha propôr com a maior brevidade um prºjº
dindo informações, e a opinião da commissão para o cto de lei, que removendo os obstaculos, que tantº
melhoramento do commercio estabelecida em Lisboa, empecem a navegação patria, lhe subministre recur
Esta Commissão, composta de Membros muito res sos, que a tornem a pôr naquelle estado florecentº,
peitaveis do commercio, e de um patriotismo bem co que tão celebre fez no mundo a Nação portugueza:
nhecido, prestou-se da melhor vontade, e com o maior pois que só a marinha mercante, e de guerra Pºlº
desvelo, aos desejos da commissão especial, unir, e ligar as remotas partes do Reino-Unido. Nãº
Em um bem digno discurso expõe os principaes pode a Commissão especial deixar de lembrar a nº
males, e estorvos, que ella entendeu, que destruião a cessidade da renovação dos tratados, que por taulº
prosperidade do commercio entre o Brazil, e Portu tempo existírão entre Portugal, e a Russia, com granº
gal. Depois de expôr estes males, passa a dizer os de interesse dos dois imperios, e de excitar a atten:
*ncios de os remover, os quaes são ao mesmo tempo ção do Governo para tratar de abrir alguma negocia:
as bases, sobre que se devem fixar as relações com ção a este respeito.
merciaes entre os dois Reinos. Estas bases são as que A Commissão especial não deve dissimular, q"
devem firmar a união, a segurança, e a prosperidade sendo a sua principal mira a liberdade do commerciº
do Reino-Unido. dos dois Reinos, facilitando o maior consumo aº
A Commissão especial, na ordem de seus traba productos da agricultura, e industria delles, não dº
|lhos, marchou pelo exame, e analyse do systema ado tendeu,deixar
como desejava,
ptado pela Commissão para o melhoramento do com podem de sofrer ás
umrendas
grandepublicas, queº "º
desfalque di
mercio. . , º minuição, pelos principios liberaes adoptados pela Comº
. Nas diversas sessões, em que a Commissão espe missao, , , •
cial se ajuntou, se viu perplexa por muitas vezes em Este necessario desfalque das rendas publicas"
suas deliberações, pelas quasi invenciveis difficuldades verá ser tomado em consideração pela illustre Comº
que a cada passo se apresentavão. +
missão de fazenda do Ultramar, a quem se convida,
* Aos olhos da Commissão especial Portugal, e o queira quanto antes procurar meios, que não só sup
Brazil formava um todo, a cujos interesses geraes el Prão aquelle desfalque, mas que habilitem o Goº"
la queria igualmente considerar; pois que o Portugal, para
vista supprir
a dividaaspublica,
despezas principalmente
correntes: não do
perdendº º
bancº do
e o Brazil formão um, e o mesmo Reino-Unido.
Como cada um destes dois Reinos tem suas pro Brazil, que não só deve ser garantida, mas quº?
ducções particulares, ás quaes o outro dá grande con lhe deve fazer applicações para seu pagamentº;
sumo, conveio-se, que a base essencial para fixar os Commissão especialcomo
zil, e de Lisboa, considera os dois sustentaculº
os principaes bancos, dº B"da
interesses commerciaes, e as relações commerciaes en
tre os dois Reinos, não podia ser outra mais, que a agricultura, industria, e commercio dos dois Reinoi,
[ 507 ]
endo pois as bases, que adoptou a Commissão espe por quintal; mas logo que exceda, poderá ser admit
ial, a mais perfeita igualdade e reciprocidade, a tido outro arroz, pagando os direitos, que actualmen
maior liberdade ao commercio, a protecção á expor te paga.
ação das producções de agricultura, e de industria 8." Os mais generos de producção do Brazil im
"tre os dois Reinos, consideração á navegação, pas portados nos referidos portos para consumo continua
a a expôr o projecto de decreto. rão a pagar os direitos, que já pagão: os de igual
As Cortes, etc., desejando fixar as relações com natureza, que não forem do Brazil, poderão ser ad
nerciaes entre Portugal, e o Brazil, e unir a grande mittidos para consumo, pagando o duplo dos direi
anilia portugueza por laços indissoluveis, firmados tos, que pagão os do Brazil.
em interesses reciprocos, que só da mesma união po 9." Fica prohibida nos portos do Reino do Bra
em resultar a todos os cidadãos de suas vastas pos zil a entrada para consumo, de vinho, vinegre, agua
sessões, decretão o seguinte: ardente de vinho, e sal, que não forem de proprieda
1. O commercio entre os Reinos de Portugal, de de Portugal, Algarve, e Ilhas adjacentes. Fica
Brazil, e Algarves será considerado como de provin igualmente prohibida a entrada do azeite, que não
ins de um mesmo continente. for de Portugal, em quanto o preço deste não exce
2. He permittido unica mente a navios nacio der no Brazil 1503000 rs. por pipa commum; e lo
laes de construcção, e propriedade portugueza, fazer go que exceda, poderá ser admittido o azeite estran
º commercio de porto a porto em todas as possessões geiro, pagando de direitos o duplo, que paga o de
Portugal. •
quatro por cento se forem conduzidos em navios es 25.° Se para o futuro parecer conveniente deck.
trangeiros. • * * * rar de livre entrada algum outro porto do Brazil, se:
17." Os productos de agricultura, e industria do rá presente ás Cortes pelo Governo, a fim de se de.
Brazil, exportados dalí em navio nacional para por clarar por lei.
tos estrangeiros, serão livres de direitos por saída, do Paço das Cortes em 15 de Março de 1822 —
mesmo modo, que vierem para Portugal; porém sen Pedro Rodrigues Bandeira ; Luis Monteiro; H.
do conduzidos em navios estrangeiros, pagarão (com J. Braamcamp do Sobral; Manoel Alves do Rio;
o fim de animar, e promover a navegação nacional) Luis Paulino de Oliveira Pinto da França.
o algodão dez por cento, e os de mais generos seis Mandou-se imprimir para entrar em discussão.
por cento do seu valor, á excepção da agua ardente, N. B. Este projecto foi feito por uma Commissiº
tanto de mel, como de canna, cuja saída em navios especial ad hoc, nomeada na sessão de 8 de Janeirº
estrangeiros será livre. (v. Diar. n.° 268, pag. 3628) em virtude de uma
: 18." Os mesmos productos, que se acharem em indicação do Sr. Pereira do Carmo, lida pela prime.
deposito nas alfandegas de Portugal, e se reexporta ra vez na sessão de 4 (v. Diar. n.° 265, pag. 3595),
rem para portos estrangeiros, pagarão de direitos de e approvada na sessão de 5 do dito mez (v. Diar, nº
reexportação um por cento, sendo em navio portu 266, pag. 3608.)
guez; e sendo em navios estrangeiros, dois por cento A indicação he a seguinte:
sem emolumentos (nem armazens, estando na alfan No eninente lugar em que nos colocou a coní
dega de Lisboa); pagarão porém ás companhias seus ança da Nação, he de nosso rigoroso dever olhar em
trabalhos braçaes. O mesmo se praticará com os ar grande pelo bem geral de toda ella. Já levamos mi
tigos de producção, e industria de Portugal, e Ilhas adiantado o pacto social, ou vinculo politico, que
adjacentes, que se acharem em iguaes circunstancias ha de reunir em uma só vontade a vontade de todos
no Brazil. os Portuguezes, espalhados pelas remotas, e desvaira
19.° Os dois por cento de reexportação pagos das provincias do nosso imperio, grangeando-nos ir
nas alfandegas de Portugal, de que trata a primeira mãos poderosos, em vez de subditos, de ordinario comº
parte do paragrafo antecedente, são applicados á ter trangidos e pesados. Cumpre todavia dizer franca
ceira caixa dos juros dos novos emprestimos estabele mente, que este vinculo politico não basta para colº
cida pelo alvará de 7 de Março de 1801 em compen solidar a indissoluvel união dos Portuguezes de ambºs
sação de duzentos reis por arroba, que até agora pa os hemisferios, tão ardentemente desejada por todº
gava por entrada o algodão, em virtude do mesmo os bons. O que he pois necessario para levar ao cabº
alvará,
timo. e que erão hypothecados ao segundo empres
|- • • - |-
nossos desejos, e cimentar em bases seguras a indiv |
sibilidade do Reino-Unido? He pôr em harmonia ºs
20." Todo o tabaco do Brazil, da qualidade que interesses e prosperidade do Brazil com os intercº
for , quer em rolos e mangotes o de corda, quer em e prosperidades de Portugal. A natureza tornou aº
fardos o de folha, que se importar em Portugal, po applanar todos os tropeços, que podião impecer º
derá ser reexportado na mesma conformidade do ar formação do pacto commercial, que de ora em dia"
tigo 18.” Não póde porém ter lugar esta livre reex te deve ligar os membros da mesma familia. O "
portação em quanto dura o actual contracto do taba vo mundo abunda em generos, que faltão no antigº:
co sem acordo com os contractadores. Mas assim de crescem no antigo muitos, de que carece o novo "
verá ser expressamente declarado na futura arremata do. Demais, o porto de Lisboa, destinado para º
ção deste contracto. (como já foi) o emporio do commercio do univer" |
21.° As juntas adminístrativas do Brazil são es deve ser com preferencia aberto, e franco a todº º
pecialmente encarregadas de empregar todos os meios producções brasilicas, He pena que a natureza."
para evitar a relaxação, que tem havido nas alfande se desvelasse em favorecer-nos, e que a mão dº "
mem se esmerasse tanto em contrariar a natureza! Se.
gas na eobrança de direitos, e fiscalização dos desca
minhos, e contrabandos. nhores: as nações nunca morrem; e aquelles quº"
tão á frente
22." Para facilitar a fiscalização prescripta no preparar das nações, devem penetrar o futurº, º
de antemão remedios opportunos contra Illd
artigo antecedente, relativa a navios estrangeiros, se
rão entrada.
vre sómente admittidos a descarga nos portos de li les, que a prudencia humana já vê mui proxi"
•
zoado. Os vinhos, principal ramo de nossa agricul O Sr. Bastos: — Sr. Presidente, eu ofereci aqu
tura e commercio, com que encontramos as muitas uma indicação relativamente ás aguas-ardentes, que
importações estrangeiras, existem nas adegas sem pre forão compradas ou mandadas destilar pelos negocian
ço, ou tão diminuto se oferece aos lavradores, que tes da cidade do Porto durante a abolição do exclu
desanimados, antes os querem vêr perdidos do que sivo; ha um mez e ainda se não leu pela segunda
nas mãos de quem lhes não paga o fructo de seus suo vez; por tanto requeiro que se leia. He muito urgen
Tes. Este mal, já em si grande, produz outro maior: te, e de rigorosa justiça, e se o Congresso a appro
os lavradores, não apurando o necessario para costea var companhia.
da deverá entrar na redacção do decreto da reforma
• -
Approvou-se o seguinte
P A R E c E R. Mandou-se imprimir para entrar em discussão.
O Sr. Rodrigo Ferreira, por parte da Commis
A Commissão de instrucção publica tendo exami são de poderes, leu os seguintes
nado a representação da camara do Funchal, e a in P A R E c E R E s.
dicação do illustre Deputado o Sr. Cas-ello Branco
JManoel, concordes em pedir que se estabeleção mais 1." A Commissão dos poderes, examinando o di:
cadeiras de primeiras letras na ilha da Madeira, apon ploma do Deputado substituto pela provincia de S.
tando na indicação, como especialmente necessitadas Paulo, o Sr. Antonio Paes de É…'},
mandado de
desta providencia, as freguesias de Porto Monis, Ponta morar-se em Lisboa com o vencimento diario de
Delgada, de S. Jorge, de Santa Anna, do Faial, do 43800 réis desde o dia do seu desembarque, por de
Porto da Cruz, da cama de Lobos, e do districto de N. cisão do soberano Congresso na sessão do 1.° de Mar
Sr.° da Graça, e pedindo-se esta resolução como cousa ço corrente: e combinando-o com a acta da junta
de summa urgencia, e independente da reforma geral eleitoral da provincia, julga-o legalizado, para o fim
dos estudos, a Commissão entrou em particulares de poder o mesmo Deputado substituto receber a re
averiguações, e concluiu o que se segue: 1.° que ca ferida dotação desde o dia 7 de Fevereiro deste anno,
da uma das sobreditas freguezias são muito populosas: em que desembarcou nesta cidade. E entende a Comº
2.° que ha grande distancia de umas ás outras, es missão, que elle deverá cobrar a sua dotação pela fo
tando separadas por pessimos caminhos: 3." que o lha, por onde forem pagos os mais Srs. Deputados
exemplo dado na freguezia, onde se mandou crear da mesma provincia. — Rodrigo Ferreira da Costa;
um mestre de primeiras letras, he a favor das acima João Vicente Pimentel Maldonado; Antonio Pereira,
mencionadas, que são iguaes em povoação, se não Foi approvado.
maiores : 4.º que parece mais conveniente e justo 2.° Luiz José de Barros Leite, Deputado substi
evitar ciumes e queixas, que poderão excitar-se em tuto unico pela provincia das Alagoas, e residente
tal preferencia: 5.° que a despeza he pequena, e que em Lisboa, representa, que foi obrigado a sair dº
as rendas publicas daquella provincia são mui gran mesma provincia por ordem da junta de governo ali
des. E por tudo o exposto a Commissão he de pare estabelecida, no que tem sofrido gravissimos incomº
cer que se mandem estabelecer as cadeiras referidas, modos. E incluindo em seu requerimento a ordem
com o ordenado annual de cento e trinta mil réis, original do mesmo governo, para elle partir com ºs
que he o que provincia.
tras naquella percebem os professores de primeiras le
|- •
tres Deputados da provincia, pede ás Cortes que de
clarem se deve residir nesta cidade com o vencimen"
Paço das Cortes aos 19 de Dezembro de 1821. — to inteiro de indemnização, como foi arbitrado por
João Vicente Pimentel Maldonado ; Joaquim Perei aquelle governo, ou qual deve ser o seu destino.
ra Annes de Carvalho ; Ignacio da Costa Brandão ; Na sessão do 1.° de Março corrente decidiu o SC
. Antonio Pinheiro d'Azevedo e Silva. berano Congresso, conformando-se em parte com ou
O Sr. Francisco Antonio dos Santos, por parte tro parecer desta Commissão dos poderes, que º se
da Commissão de commercio, apresentou redigido o gundo Deputado substituto pela provincia de S. Pau
seguinte lo se demorasse em Lisboa com vencimento diariº
Projecto de decreto. igual ao dos Deputados efectivos; e pareceu declarar
que esta decisão se estenderia aos mais Deputados
As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação por substitutos de provincias ultramarinas, que estivessem
tugueza, tomando em cousideração, que a determi nas mesmas circunstancias. Todavia a Commissãº
uação do decreto de 10 de Dezembro proximo passa apresenta este requerimento no Congresso, porque aº
[ 511 ]
circunstancias do supplicante não são exactamente as todo conhece. E he preciso notar que estes serviços
mesmas. Mandando-se que o substituto de S. Paulo não só pelo seu valor, mas pela sua natureza não se
se demore em Lisboa, espera-se a chagada de dois podem confundir com os das outras classes. Estes of.
Deputados da mesma provincia, que tardão; e he ficiaes, dedicando-se á vida militar, renunciárão a
factivel que algum delles ou amhos faltem. Porém a outro qualquer modo de vida, abandonárão os estabe
Deputação da provincia das Alagoas está completa lecimentos que tinhão, vendêrão os seus bens patri
nas Cortes. moniaes, destinárão-se á carreira das armas, em que
Apesar desta diferença de circunstancias, a Com tem passado o melhor tempo da sua vida, certos de
missão considerando que o supplicante já sofreu os que, cumprindo com os seus deveres, a Nação lhes
incommodos da primeira viagem; e que de agora até daria meios para a sua subsistencia. Ora não estando
chegarem a Lisboa novos Deputados da mesma pro elles, como realmente não estão, em circunstancias
vincia, eleitos pelo methodo da Constituição, media de entrarem em um novo modo de duvida, e não
rá longodosintervallo
algum de tempo, no qual poderá faltar
seus Deputados: •
tendo senão os seus soldos, segue-se, que não lho
pagando, ou diminuindo-os, eles não podem subsis
He de parecer, que o supplicante seja tambem tir, e hão de mendigar, ou morrer de fome, elles
demorado, vencendo a dotação dos mais Deputados. e as suas pobres e desgraçadas famílias. Digo mais
Mas deverá primeiro apresentar o seu diploma áCom que a economia que apresenta este projecto de refor
missão para ser legalizado. — Rodrigo Ferrrira da ma do exercito, não he tal que valha a pena de alte
Costa ; Antonio Pereira. rar a lei, e uma lei tão justa, e de fazer-se uma no
Terminada a leitura deste ultimo parecer, disse va, e com efeito retroactivo; e eu demonstrarei esta
O Sr. Agostinho Freire: — Eu não posso ap verdade, quando se discutir este projecto. Além disto
provar este parecer da Commissão, e por isso peço estou persuadido que sustentando-se as promoções por
que fique adiado: isto he contra uma resolução já algum tempo, todos os officiaes que ficarem agora
tomada com o Deputado de Santa Catharina, e he agregados entrarão mui breve nos seus postos compe
tentes.
contra uma decisão geral deste Congresso.
O Sr. Maldonado: — O meu voto foi contrario Devemos tambem attender que os officiaes não
aº parecer da Commissão, e por esta mesma razão o podem subsistir decentemente com uma tão pequena
nao assignei. pensão de soldo como lhes arbitra a Commissão; lem
Procedendo-se á votação, decidiu-se que ficasse bremo-nos o que são os soldos portuguezes, e soldos
adiado, da antiga tarifa, e que um alferes fica com menos de
Chegada a hora da prolongação, entrou em dis seis mil réis por mez; por tanto ainda mesmo que se
cussão o 3.° paragrafo da 2.° disposição do artigo 60 vencesse, contra a minha opinião, que os oficiaes se
do projecto para a nova organisação militar, que diz jão mandados para fora dos corpos, e que se lhes tire
que os officiaes da segunda classe não serãoºmais con alguma porção do soldo, nunca deverá ser da forma
templados em promoções, nem serão admittidos á ac que propõe a Commissão, porque nem ao menos
tividade. (Vide Diario nº 273, pag. 3714). attende á natureza, e ao tempo do serviço; isto he,
Foi approvado sem discussão. confunde serviços relevantes, durante trinta ou qua
Passou-se ao ultimo paragrafo da referida 2.° dis renta annos, com serviços ordinarios, feitos durante
pºsição do artigo 60, assim concebido: Tanto os um ou dois annos. Em attenção ao exposto voto que
ºficiaes da primeira classe como os da segunda ; os os oficiaes capazes de serviço activo sejão aggregados
pºimeiros em quanto não forem collocados nos cor nos corpos, na fórma que já se venceu, mas que ven
pºs, e os segundos em quanto não alcançarem suas ção soldo por inteiro; aquelles que não forem capa
reformas, vencerão meio soldo os oficiaes superio zes de serviço activo, venção igualmente o seu soldo
res, e os dois terços os officiaes de capitão para bai em quanto não tiverem o tempo competente para al
40.
cançarem as suas reformas; e no entanto sejão empre
O Sr. Barão de Mollelos, oppondo-se á doutrina gados no serviço de que elles forem mais capazes.
deste paragrafo, disse: — Nós temos lei, e lei mui O Sr. Agostinho Freire: — Parece que não são
justa, que regula os soldos em relação ás patentes, e exactos os principios do honrado Membro. O artigo
natureza, do serviço; e não attende nem deve atten diz: todos os officiaes que estiverem fora da activida
der ás circunstancias individuaes deste ou daquelle de, não tenhão o mesmo soldo que aquelles que esti
oficial. Este projecto faz diferença de serviço activo verem em serviço. Muitas nações, logo que deixão
º não activo; esta mesma diferença faz a lei que nós de estar no pé de guerra, diminuem seus exercitos, e
temos, portanto sigamos a lei, e até porque he mais mandão os officiaes excedentes para suas casas, ven
justa, que o arbitrio proposto no projecto. Diz a lei: cendo meio soldo: a Commissão assentou que dando
ºs ºfficiaes, que servirem efectuamente, vencerão sol se aos officiaes superiores metade, e dois terços ao de
do por inteiro, e os que pelas suas molestias não es capitão para baixo, tomava uma medida muito jus
tiverem em estado de servir, serão reformados ; e os ta. Disse-se aqui, que tanto era conservado ao ho
que commetterem crimes serão demittidos na forma unem aggregado, como áquelle que o não era: res
das leis. O contrario seria atacar os direitos adquiri pondo que todo o homem que he aggregado por cas
dos, que elles tem aos soldos e accessos, direitos que tigo ou por outro qualquer motivo, tem direito a re
alcançárão prestando os relevantes serviços que fizerão, ceber o seu soldo por inteiro: póde muito bem acon
º que este soberano Congresso, a Nação e o mundo tecer uma hypothese, póde ser que um official seja
[ 512 ]
conhecido por habil para entrar no serviço, porém esta vsrdade, quando vejo que elle ordenou um recri.
que este não queira; por esta razão he que se diz que tamento, e que ha bem poucos mezes ainda houve
tanto aos da primeira classe como aos da segunda ficão grandes promoções; e ainda que esta verdade não fºs.
pertencendo, a uns metade, e a outros dois terços do se tão geralmente sabida, ninguem ignora que a tro.
seu soldo. Por tanto voto pelo artigo. pa que actualmente temos não he sufficiente pelo seu
O Sr. Serpa Machado: — Eu abstenho-me sempre numero para manter a segurança interna, e daqui vem
de falar em objectos que não são da minha profissão; que os soldados estão continuamente dobrando o ser.
porém como se tem expendido principios de politica, viço, e não podem com aquelle que são obrigados a
direi a minha opinião. Diz o paragrafo: os primeiros fazer; e por isso adoecem, e hão de arruinar-se to.
cm quanto não forem collocados nos corpos; por tan dos. Não he esta a occasião opportuna para fazer al.
to trata-se de homens que se achão fora dos seus cor gumas reflexões a respeito das nossas actuaes circuns.
pos: pois nós havemos de descontentar officiaes, com tancias, e relações politicas, mas eu as farei quando
tão pouco interesse da fazenda nacional? Os officiaes se discutir este plano, e mostrarei os obstaculos que
dignos devem ser empregados logo que haja lugares encontro na sua execução, e que não he esta a eco
vagos. Não se diga que por não se acharem em ser nomia a que devemos recorrer, mas sim a outras mui.
viço, he que deverão ficar com meio soldo: isto não tas; e que se não extraviem mesmo na repartição mi
merece consideração; e não vejo motivo algum, pelo litar grandes quantias que realmente estão muito mal
qual deixem de lhe ser pagos por inteiro : muito administradas. Continuando a responder ao ilustre
mais a homens a quem a Nação deve tanto, e que Preopinante, digo que elle e todos sabem que os
tantos serviços fizerão á sua patria. Portanto, para meios soldos que dá a Inglaterra e outras nações aos
evitar descontentes, que de certo este artigo iria crear officiaes retirados do serviço activo, lhes chega para
digo, que ou se deve riscar, ou determinar-se que a sua subsistencia, e que excedem muito aos nossºs
svencerão os soldos por inteiro. soldos por inteiro, quanto mais aos meios soldos, e da
O Sr. Pamplona: — Este paragrafo foi feito com antiga tarifa; logo bem se vê que não ha paridade;
intenção de procurar alguma economia, e esta eco tambem não desdonheço que estes officiaes uma vez
nomia he sobre officiaes que não tinhão axercicio. A fóra do serviço activo encontrão a maior difficuldade
Inglaterra reformou 15400 oficiaes, e reduziu-os a em tornarem a servir nos corpos, e que para isto he
meio soldo, porque he impraticavel que uma nação preciso grandes empenhos e protecções. E longe de
tenha um exercito em tempo de guerra, como no nós similhante idéa; longe de nós que estes oficiaes
de paz. sejão constrangidos a supportarem as baixezas e en.
-
O Sr. Serpa Machado: — O exemplo das outra commodos de pretendentes, improprios de todas as
nações que o illustre Preopinante trouxe á lembrança classes, e muito mais da militar, e gastarem o poucº
não deve servir de regra: as outras nações dão gran que tiverem pelas casas dos Secretarios de Estado.
des soldos aos seus officiaes. Em quanto a dizer-se Nota o il?ustre Preopinante o salto que ha entre º
que he necessario diminuir as despezas, eu convenho soldo de capitão e aquelles dos officiaes superiores;
nisso, mas não que se diminua aos militares. Eu qui mas estou certo que elle não desconhece os justos mº:
zera que em vez de se lhes diminuirem os soldos se tivos porque isto tem lugar, não só na nossa Nação,
lhes augmentassem: por tanto o militar benemerito mas em todas. A vida militar he de accesso, os pri
não deve sofrer, porque não tem culpa alguma de meiros postos são aspirantes, e por isso convém mui.
não haver lugar vago para entrar. to que os officiaes não gostem de ali permanecer, º
O Sr. Barão de Molellos: — Disse um illustre se esforcem para subirem a maiores patentes. Além
Preopinante que os meus principios sobre este objecto de que já disse que temos uma lei, e que ir contrº
não erão exactos; eu respondo que os seus he que ella he um arbitrio. As razões que o illustre Preop
me parece que o não são. Concede o honrado Mem nante produziu para mostrar que os oficiaes militares
bro que a Nação tem obrigação de sustentar aquelles que tem servido dignamente, e desejão continuar º
que a servem, porém que isto he em termos habeis: servir, não tem direito aos soldos de suas patentes
respondo, que em termos habeis he que eu proponho não destroem as que ponderei; e por isso não con
que sejão sustentados os oficiaes, e de modo que vi vencem; e jámais me persuadirei que he justo e co"
vão decentemente, e que não morrão de fome; e ac veniente fazer-se no exercito a reforma proposta pelº
crescento que a Nação não só tem obrigação de sus Commissão, e muito menos póde ter lugar em quan
tentar os que a servem, mas tambem os que a serví to não estiver efectuada nas outras repartições.
rão. Os principios geraes da justiça e equidade assim O Sr. Freire: — Os dois illustres Preopinantes
o determinão, e uma lei positiva, e a mais clara, as que tem falado, tiverão a habilidade de involver º
sim o affiança. Diz mais o illustre Membro, que to questão de maneira, que será custoso desenvolvela.
das as nações logo que deixão de estar no pé de gran Dizem que não tem culpa os officiaes que não estº
de guerra diminuem os seus exercitos, e mandão os empregados; por aqui vejo que não olhárão comº"
oficiaes que excedem o numero competente para suas tenção para o que se disse: não se fala dos oficia"
casas, vencendo meio soldo, ou dois terços do soldo, . benemeritos, fala-se dos que não tem prestimo, p" |
para subsistirem decentemente. Respondo, que cons que os benemeritos vão ser empregados; dos outros"
tantemente tenho pretendido demonstrar que o nosso que se trata. Diz o Sr. Barão de Mollelas que estº
exercito não deve ser diminuido, e agora nenhuma oficiaes não podem passar com tão diminutos soldº
duvida tenho de que o soberano Congresso reconhece mas não nota elle que o principal motivo por quº º
>
[ 513 ]
mandou fazer este projecto foi a economia? Mas como militares a mesma attenção que se tem tido com os
não he a primeira vez que se reprovão parecares, sobre empregados cessantes das outras repartiçôes; pois que
objectos de fazenda, póde acontecer agora o mesmo: a muitos se tem conservado os seus ordenados por
a Commissão teria muita vontade de certo de fazer inteiro.
que ninguem perdesse; porém attendeu a isto: e en Ora bem se vê que estas observações não tendem
\ão para que he estar o Congresso a mandar que a só a involver a questão, e a confundila, mas sim a
Commissão trate de economias, se depois na sua dis esclarecela, e que são tão claras, que não he facil
cussão não as quer approvar! confundilas. Approvar ou reprovar estes e outros ar
O Sr. Barão de JMolellos: — Não involvi a tigos do projecto compete ao Congresso; e a mim
questão como pretende o illustre Preopinante; antes dizer o que entendo, importando-me só a verdade,
me parece que ele não eutendeu o que eu disse, e a justiça. •
talvez por me explicar com pouca claresa; e por is Declarada a materia sufficientemente discutida,
so repetirei em resumo o que já expuz. Diz tambem propoz o Sr. Presidente á votação o paragrafo, e não
o illustre Deputado que não attendi ao projecto, passou como estava. Propoz então a primeira parte
pois que nelle não se fala dos oficiaes benemeritos, delle concebida nestes termos: os da primeira classe
mas só dos que não tem prestimo, e que os bene em quanto não forem collocados nos corpos, vence
meritos vão ser empregados. Eu creio que ele he que rão meio soldo, e foi approvada.
não attendeu ao projecio, porque nelle se lê, e mui Propondo-se á votação a segunda parte do mes
claramente, tanto os da primeira, como os da segun mo paragrafo, e não sendo approvada, propoz o Sr.
da; os primeiros (que são os que ella chama beneme JMiranda a seguinte emenda; os da segunda classe
ritos) em quanto não forem collocados nos corpos ven Jucarão vencendo o mesmo soldo que lhes competiria
cerão meio soldo: ora eu estou persuadido que elles se efectivamente fossem reformados: e decidiu-se que
hão de estar bastante tempo sem serem colocados, ficasse adiada.
principalmente na cavallaria, se fôr avante este plano O Sr. Basilio Alberto apresentou um requeri
de refórma. E haverá alguem que não repute pre mento de varios moradores da comarca da Feira, pe
juizo perderem meio soldo durante todo este tempo ? dindo a abolição do foro chamado /'otos de S. Tia
E não he só este prejuizo; elles vão a ter outros go, e pediu ao mesmo tempo entrasse em discussão
muitos que não me cumpre expender agora, até pa um projecto, que ha a este respeito, apresentado em
ra se não dizer com verdade que involvo a questão; 30 de Abril passado. Decidiu-se que se tomaria em
mas eu o farei ver na discussão do projecto. Não consideração quando se discutisse esse projecto, a
que se mandou unir. •
tes, em se não fazer diferença entre oficiaes que Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 1á
tem só dois ou tres annos de serviço, e aquelles que de Março de 1822. —João Baptista Felgueiras.
tem 30 ou 40, e finalmente em taxar de injusta,
e impolitica a deliberação de querer principiar as re Para José da Silva Carvalho.
fórmas e economias pelo exercito; e accrescento que
até será escandaloso que se não tenha com os oficiaes Ilusti…imº Q
|- E…………………—º Cor
Ttt
[ 514 ]
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza da patria que apenas seja possivel V. S." não deixa
Inandão remetter ao Governo os dois officios inclusos rá de vir logo continuar neste soberano Congresso as
que a junta do governo das ilhas de Cabo Verde di funcções de que dignamente se acha encarregado. O
rigiu ao soberano Congresso em datas de 11, e 13 que participo a V. S." para sua intelligencia.
de Fevereiro proximo passado, participando em o 1.° Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 15 de
a suspensão, e prisão do ouvidor geral João Cardoso Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
de Almeida Amado, e no 2.° a sua remessa para
Lisboa, entregue ao major Joaquim Pereira da Sil Para o presidente da assembléa geral do banco de Lis
?)(I. boa. \
da sua saude, esperando do seu conhecido zelo e amor De outro officio do mesmo Ministro, remetendº
t s15 J
T O Sr. Deputado Braamcamp apresentou um re
= consulta do Conselho da fazenda sobre as notorias
fraudes que se commetiem nas alfandegas com o pre querimento dos lavradores, e commerciantes de vinhos
texto da exempção de direitos, concedida pelo alva desta capital, e provincia da Estramadura, pedindo
rá de 28 de Abril de 1809 ás materias primas, e dro providencias a favor da exportação, e commercio dos
gas do coasumo das fabricas nacionaes: foi mandado mesmos vinhos:, foi mandado á Commissão de agri
== Commissões de artes, e fazenda. cultura. E conforme a indicação do mesmo Sr. Íe
De um officio do Ministro Secretario dos negocios putado se resolveu, que se imprimão sufficiente, nu
estrangeiros remettendo as notas que os encarregados "mero de exemplares do novo projecto apresentado na
?
<de negocios de França, e Prussia havião dirigido pe Sessão antecedente pela Commissão de commercio do
Ia sua Secretaria, reclamando contra as despezas a Ultramar, para que se conheça, que já este augusto
que são obrigados os Consules Estrangeiros, para Congresso havia tomado em consideração os interes
«obterem neste Reino o regio exequatur : foi mandado ses dos requerentes, ainda antes que elles lhe apresen
+ Commissão diplomatica. tassem a sua respeitosa supplica. . . . . **
De uma representação do prior da igreja de S. . O Sr. Deputado Secretario Freire fez a chamada,
Tiago da villa de Torres Vedras, em seu nome, e e se achou faltarem os seguintes Srs. Deputados: os
de seus freguezes, felicttando, e agradecendo ao so Srs: André da Ponte, Moraes Pimentel, Canavarro,
berano Congresso os beneficios que lhe tem resultado Ribeiro Costa, Bernardo Antonio, Sepúlveda, Ma
da nossa regeneração politica: foi ouvida com agra laquias, Sequeira, Lyra, Agostinho Gomes, Baeta,
do. Innocencio Antonio, Queiroga, Brito, Pinto de
De uma repuesentação da camara, guarnição, e Magalhães, Faria de Carvalho, Rosa, Ferreira
habitantes da villa de Chaves, dizendo que lhes cons Borges, Faria, Lino Coutinho, Sousa e Almeida,
tára haver-se espalhado a falsa noticia de que os dias Castro e Abreu, Moura Coutinho, Ribeiro Saraiva,
6 e 26 de Janeiro se havião alí passado de um mo Martins Basto, Sande e Castro, Zefyrino dos San
do pouco proprio de Portuguezes constitucionaes; tos, Castello Branco Manoel, Ribeiro Telles, pre
por isso referem o modo digno, por que solemnisárão sentes 109.
os anniversarios daquelles dois dias: e terminão, reite Ordem do dia.
rando os seus juramentos, e votos de fidelidade, e
adhesão ao systema constitucional: ficárão as Cortes O Sr. Soares de Azevedo leu o artigo addicional
inteiradas. ao projecto de foraes, artigo 6 do mesmo proje
Cto.
De uma representação da Commissão encarregada
de organizar o projecto dos codigos do proccesso cri Os foros e pensões certas impostos nas terras pelos
minal, e de delictos, e penas, participando a neces foraes, ou pelos senhorios, em consequencia do do
sidade da eleição de outro Membro para a mesma minio que pelos mesmos foraes tinhão nellas, serão
Commissão, que substitua a João Fortunato Ramos, reduzidos á metade, como forão as quotas incertas.
Deputado eleito pela provincia do Espirito Santo : O Sr. Borges Carneiro: — Sr. Presidente, amim
foi para a Commissão de justiça criminal me causou muita admiração ter-se posto na Sessão
De uma representação da camara da villa de passada em controversia a propozição contida no pre
Agua de páo na ilha de S. Miguel, agradecendo, sente artigo! Eu não esperava ver esta oppozição por
em nome dos povos da mesma villa o haverem, si o muito que a julgo injusta; pois uma vez que se con
do libertados do Governo de Angra: ficárão as Cor cedeu remissão de metade aos que pagão prestações
tes inteiradas. incertas, isto he, indeterminadas, que razão póde ha
De uma representação do Juiz de Fóra de Celori ver para entrar em duvida que este favor, não disse
co Sebastião Manoel de Gouvêa , oferecendo para bem, esta justiça se conceda igualmente áquelles que,
as urgencias do Estado todos os emolumentos que pagão prestações determinadas! Tanto direito tem uns |
lhe pertencem, ou vierem a pertencer pela prontifi como outros, e se agora se tirar a estes o que se con
cação de transportes: foi ouvida com agrado, e se cedeu aos primeiros, que justo motivo de desconten +
resolveu se remettesse ao Governo para fazer realisar tamento se lhes não dá! O beneficio porque tanto sus +
- Resumindo pois as minhas idéas, digo: que a respei ção: e juntamente applico o que dizião os povos nas
to dos foros ou pensões certas, quer sejão postas pelos Cortes de 1473 no capitulo primeiro da justiça ao Sr.
foraes, quer posteriormente pelos senhorios em conse D. Afonso V. — Porque Sr. tendes dado, e distri
quencia dos foraes, ha a mesma razão para se deve buido quasi todo o patrimonio fiscal, e todas as ren
rem reduzir, que as incertas: e que, conceder-se a das de vossos Reinos porque vosso real Estado ..... e
redução a uns e a outros não, he uma injustiça que já não podeis viver, salvo tomando a vosso povo o
causaria muitos descontentamentos, e deixaria a agri SCU ... e taes Inercês, e doações, e aleaçôes que
• • •
cultura no mesmo atrazo em que se acha com tantas assim tendes feito, Sr., são todas por direito nenhu
alcavalas. Não façamos tal injustiça: nós devemos mas. e as podes, mas dizemos que deves revogar, e
andar para apoiado).
(Apoiado, diante e não para trás como o cangrejo.
• ** . * * •
reduzir, e tornar á vossa coroa. — Se os povos assim
falavão de doaçoes Inenos consideradas, mas que se
• • * * •= • • |
O Sr. Corrêa de Seabra: — Este artigo ainda fazião com pretexto de serviços, que deverá dizer a
que me he de interesse não o posso approvar por não Nação, se uma doação tão exuberante como a deste
ser conforme com a justiça como vou a demonstrar : artigo, feita não a favor dos primeiros possuidores,
1.º os foros sabidos impostos pelos foraes são muitos, mas sim dos que comprárão estes bens com desfalque
e mui variados na quantidade, e qualidade; por ex do valor dos foros que agora se lhes remitem por estº
emplo, por uns foraes além dos foros sabidos se im artigo ! A favor não dos lavradores pobres, que pela
põem quotas certas; por outros se impõem aos forei maior parte são colonos, ou sub-emphyteutas, mas em
ros só a obrigação de foros sabidos; por outros além beneficio de proprietarios ricos! 4.° Este artigo dimi
da obrigação dos foros se impôem tambem a obriga nue muito os capitaes applicados para a amortizaçãº
ção de pagar direituras, ou foragens; por uns foraes da divida publica, manifesta fraude, que se faz aos
os foros são dos generos cereaes de mais valor, por credores. Um vogal da collecta da decima ecclesias
outros os de menos valor. Por uns foraes o pão que tica me disse, que se orçava a diminuição da ren
se paga deve ser joeirado, por outros se declara ex da de um mosteiro em tres contos de réis, com
pressamente o contrario; ainda he maior a variedade a extincção dos direitos bannaes : de outro em
dos foros, na qualidade, e quantidade, que se pagão 5003000 réis e assim á proporção. Qual não ha de
em razão dos prasos; por consequencia he tão difficul ser a diminuição da renda dos bens ecclesiasticos,
toso, por não dizer impossivel, dar uma providencia entrando tantos bens nacionaes nas mesmas rendas!
geral para todos os foros com acerto, como he o do E por consequencia a diminuição da decima ecclesi
remedio universal para todas as molestias. 2º Porque astica , e dos quintos. Ultimamente não posso ver
reduzidos os foros a metade se diminuem consideravel sem magoa, e desgosto que com um golpe de penhº
mente as rendas nacionaes; e por consequencia indi se deitem por terra a universidade, tantos estabeleci
rectamente se destroe a melhor prerogativa da Nação mentos de beneficencia, e caridade, e muitos outros,
Portugueza, isto he, de só poder ser collectada na ou necessarios, ou pelo menos uteis. Não repito mui
falta dos bens nacionaes; prerogativa esta que a Na tas outras reflexões que a materia oferece, porque por
ção Portugueza tem gozado desde a fundação, e re mim, e pelos illustres Deputados, que tem faladº
conhecida expressamente pelos Srs. Reis. O Sr. D. no mesmo sentido já por varias vezes tem sido exposº
Affonso III, tendo pedido subsidio aos conselhos para
tas; e passo a fazer breves reflexões, sobre os argu
as despezas da guerra, que auxiliando o Rei de Cas mentos que se tem produzido em favor, que se redº
tella pretendia fazer aos Sarracenos; e tendo o con zem a dous, e vem a ser: 1.° o atrazo da lavoura; º
selho
* .
de
. "
Coimbra dado quatro mil libras, o dito Sr. que por isso necessita deste favor; para lhe respondº
[ 517 ]
eu não recorrerei a nações antigas, e modernas em as pensões fixas ou foros certos impostos pelos foraes
que com foros pesados de 5.° a lavoura tem prospe ou em consequencia delles; e á vista de tal diversida
rado: igualmenee não recorrerei á prosperidade, e de persuado-me que se não deve tomar uma resolu
adiantamento a que a lavoura chegou nos primeiros ção geral a respeiso de todas. Dividindo pois estas
seculos da monarquia, em que os foros crão mais pe diferentes pensões em quatro especies, irei declaran
sados do que agora são, e me limitarei a uma obser do a minha opinião ácerca de cada uma dellas. A
vação de ninguem ignorada; e he que as provincias 1.° consiste no encabeçamento de jugada e rações,
do Reino que mais foros pagão são as mais agricul em virtude do qual foi substituida uma quantia cer
tadas: e parece que assim deve ser, porque propenden ta ás jugadas e rações, que primittivamente erão exi
do o homem naturalmente para o ocio, ordinaria gidas pelo foral. Quanto a esta especie de pensôes não
mente se satisfaz com o trabalho que lhe dá o neces insisto pela sua diminuição; por quanto sendo ellas
sario para a sua subsistencia: mas o que tem de mais o resultado de uma reducção feita em tempos remotos,
a pagar o foro necessariamente ha de trabalhar para e em attenção á quantidade de terreno que então se
satisfazer esse : he verdade que todo o foro, pesa agricultava, e que depois se tem aumentado conside
sobre o lavrador, (o que deu occasião ao celebre di ravelmente, vem hoje a ser pouco onerosa aos lavra
to, — não he pelo ovo mas he pelo foro —) mas dores. Um rico propriatario mui versado em materia
não sobre a lavoura, como sensatamente tem observa de foraes, me certificou, que pagando ele algumas
do alguns escriptores. Tem-se dito que estão muitas pensões desta natureza, não chega a pagar a decima
terras por agricultar, e que isto procede dos foros a parte do que pagaria, se as suas terras não estivessem
que estão sujeitas se se agricultarem; mas não se re encabeçadas. Devo porém notar, que ficando subro
Para que esses terrenos que assim estão desapproveita gadas as quotas incertas dos diversos fructos pela quan
dos, ou não são proprios pela sua qualidade, ou por tia certa de pão que lhe substituiu, a pesar disso em
falta de agoas para cultura dos cereaes, ou estão em algumas partes exigem os rendeiros rações de vinho,
sitios onde ha falta de materiaes para edifidação de linho, e de todos os mais fructos de natureza diversa
casas, e que por conseguinte só podem ser approveita daquelle em que se paga a pensão. Isto bem se vê
dos por grandes proprietarios, ou capitalistas; nesta que he um abuso, que por uma vez se deve estirpar.
observação me confirmei quando para aqui vim da 2.° Especie: foros sabidos, impostos em determinados
Província, reparando no approveitamento das terras predios: estes no meu entender não devem ter reduc
Proximas á estrada, que pertencião ao mosteiro de ção geralmente falando, por serem uma consequen
Alcobaça, estando todas as mais e muitas de melhor cia de contractos particulares, e de interesse recipro
quantidade sem cultura alguma . . . . . . (o Sr. co dos contractantes: ha porém muitos foros desta
Borges Carneiro disse: ordem, ordem; essa questão natureza, que sendo justos na sua origem, se torná
já está decidida, e por isso se deve vir á questão) rão muito lesivos pelas deteriorações que tem sofri
o Sr. Corrêa de Seabra; eu estou respondendo aos do as terras foreiras, já por efeito das enchentes dos
argumentos, e tenho direito a falar. O Sr. Sarmento rios, já por outras diversas causas. Similhantes lesões
requereu ao Sr. Presidente que não consentisse fosse não devem subsistir; por isso deverá determinar-se, que
interrompido um Deputado quando está falando. Igual aos foros que se achão nas referidas circunstancias sejão
requerimento fez o Sr. Bastos dizendo, que o illustre de novo regulados por justo arbitrio de louvados, re
Deputado o Sr. Corrêa de Seabra durante o seu dis duzindo-se a 5 por 100 do valor do predio. 3.° Es
curso, não tinha infringido a ordem, e que se o Sr. pecie: foros sabidos, e conjunctos a rações: taes fo
Borges Carneiro, o tinha chamado á ordem, era por ros não são compativeis com o favor que reclama a
que não tinha prestado attenção ao seu discurso; agricultura, pois não he justo que o mesmo lavrador
mas sim porque tinha estado a conversar. O Sr. Pre seja gravado com duas qualidades de pensões em pro
sidente disse: que o illustre Deputado podia continuar, veito do mesmo Sr. directo: consequentemente sou
e effectivamente continuou, dizendo: o 2.° argumen de perecer que elles devem ser supprimidos. 4º Es
to que se tem feito, de que reduzidas as quotas a me pecie: foros ou jugadas, impostos por geiras: desta
tade tambem se devem reduzir aos foros certos já foi qualidade de pensões se paga em Monte Mór Velho,
cabalmente respondido na outra sessão por um illus Torres Novas e outras partes: os lavradores são obri
tre Deputado; e por isso limito-me a suscitar a opi gados a pagar diversamente segundo a circunstancia
nião do Sr. Xavier Monteiro, por mim apoiada, de de serem do termo, ou de fora delle: os que tem bois
que os possuidores de bens nacionaes, favorecidos com pagão mais do que aquelles que os não tem, etc. Jul
a reducção a metade, concorrão com uma con go que as pensões desta especie devem reduzir-se á
tribuição por uma vez sómente em papel, para metade, pagando todos os lavradores como se fos
amortização da divida publica, tomando-se para sem moradores do termo, e tiradas as mais diferen
esta bases de forma qua recaia sobre os proprietarios .gas que até agora havião. -
ricos, por exemplo exinindo o que não tiver de fundo O Sr. Girão: — Disse o Sr. Corrêa de Seabra
mais de 2003000 réis: ou como se quizer. Por consequ muitas cousas bem fundadas em leis e exemplos his
encia concluo, que reprovo esse artigo como se acha con toricos. Porém eu reputando-as verdadeiras; digo,
cebido, pelas razões que expendi, e outras muiras que que por isso mesmo que sao variaveis estas pensoes,
tinha a referir, se o estado da minha saude me permit por isso mesmo he que se deve tomar agora esta me
tisse falar por mais tempo. dida geral: ora disse o illustre Preopinante que estas
Q Sr. «Macedo: — São de mui diversas naturezas pensões erão muito pequenas, e que não diminuia
R
[ 518 ]
em nada a agricultura: bem; mas digo então eu, póde ser augmentado, então a pensão — certa—he
que se aquelas pensões não prejudicão cousa nenhu peior que — incerta —; porém quando não, então
ma, tambem reduzida a metade nada prejudicarão, e he peior a - incerta —. Em razão de pagarem do
mesmo porque aqui não se trata de laudemios, mas suor do seu trabalho que a devem ao producto do
de pensões certas. Logo este projecto tem em vista predio. Eis-aqui o motivo, isto he quando a agricul
beneficiar a agricultura, e tornar iguaes todos os la tura não póde ser augmentada, e que está reduzida
vradores diante da Lei: por estas razões approvo o a certos, ou antes contingentes frutos, porque a pen
artigo. são — certa — muitas vezes passa a ser mais pezada
O Sr. Soares Franco: — Nós principiamos este que a - incerta —: logo, daqui tiro eu, que se fez
projecto em Novembro, e creio (segundo vou vendo) beneficio áquelle que pagava pensão—incerta—quan
que elle ha-de durar tanto tempo como a Constitui do se adoptou a medida para as pensões incertas, (e
ção; mas isto provém de se terem aqui dito, e redi se se fez na verdade) porque razão pois não se ha-de
to a mesma cousa immensas vezes. No artigo 7.° nós fazer o mesmo beneficio áquelles que pagão pensões
havemos tratar destas pensões incertas, destas que tem — certas —! Se aquelles gozão deste benefício, por
ração, e nessas, eu serei tambem de voto que se sup que razão não hão-de gozar estes! Vamos a ver por
? primão; mas quando lá chegarmos se tratará disso: tanto o meio termo que devemos seguir para não ha
eu falo agora dos impostos pelos foraes , e approvo ver injustiça. Regulando-nos pelo primeiro principio,
o artigo, até mesmo por ser isto o que o Sr. D. João I. estamos iguaes; que vem a ser, todas as vezes que as
fez aos povos do Algarve: porque razão pois nós não pensões certas forem até 5.", reduzão-se a metade; por
poderemos fazer agora isto! isso era bom tempo, em que tambem as que vão dahi para cima, são d’umain
que se não podião pôr tributos! mas agora põem-se significancia que não merece a pena. Digo, que redu
tributos em tudo quanto ha : por consequencia, os zindo as — certas — da mesma forma que se fez ás
tempos são diferentes, e isto nada tem com o passa incertas — fica igual a justiça, e não haverá desigual
do. Portanto, approvo o artigo como se acha, pois
* *
dade. Os foros do Algarve, que se mandárão reduzir
que só elle póde conciliar isto. forão aquelles que erão verdadeiramente = usurarios=
O Sr. Vaz Velho: — Peço palavra : Eu creio porque lá fazião = usura= de todo o modo! porém se
que toda a lei tem em vista o bem geral; que toda a se attende a este foral, e a esta lei; bem: mas ahi está
lei para ser justa deve ser igual! Suppostos estes prin outra que lá se fez, que he contraria a esta; pois que º
cipios, quiz este soberano Congresso aliviar a lavou alvará de Tavira foi dado já depois do Senhor D. Ma
ra por beneficio geral; pois que como isto he uma noel. A minha opinião he, que em nós fazendo para
lei, segue-se que deve ser igual para ser justa, e boa. estas penções o mesmo que se fez para as outras, º
Se se provar que existe igualdade, bem está a medida: practicando-se com estas a mesma justiça que se pra
e senão se provar, he má a medida, e por conseguinte cticou com as outras: não haverá desigualdade, nem
não he boa a lei. Os meios por que se quiz aliviar injustiça; pois que havendo o mesmo principio, hº
a lavoura, foi prescindindo o Estado das rendas que a mesma Justiça. •
são suas; isto he, daquelas que são postas pelo fo O Sr. Bettencourt: — A questão deve tratar-se
ral: das pensões insertas já se disse o modo porque unicamente restringindo-se a este ponto : se as pen
se devem tornar a beneficio da agricultura: quando sões certas, ou foros sabidos devem reduzir-se a ame
uma medida geral he imposta sobre objectos que não tade, como as pensões incertas. Se nós decretamos
são iguaes, por força ha-de haver injustiça nesta me que as pensões incertas devião ser reduzidas a ameta:
dida: no caso presente digo eu: que esta injustiça he de, o que faz objecto do artigo primeiro deste proje:
no principio, e não na medida. Se os foros de 4.", cto da reforma dos foraes, as razões imperiosas, que
5.", ou 8.º, não forão postos com igualdade, segun então se expendêrão, para se determinar assim, forãº
do a qualidade dos terrenos, quando se lhe tira o de muito menor peso, das que ha hoje para se decre
meio , ficão na mesma desigualdade ; e por isso a tar a materia do artigo em discussão, e que vem º
desigualdade, he no principio e não na medida. Lo ser, reduzir-se a ametade as pensões certas, e os foros
go, parece-me que na medida não houve desigual sabidos: para melhor desenvolver o meu raciociniº,
dade. Vamos agora ás pensões certas. Partindo do faz-se preciso que eu diga; que ha, primeiro foros, e
principio de que ha muitas pensões certas, que são pensões certas, e sabidas constituidas em quantia cer
mais pezadas que as incertas; como são as de D. ta sobre um territorio, com foral de povoação: hº
Pedro II, que reduzio as pensões — certas — a pen em segundo, foros, e pensões certas, e sabidas com
sões — incertas —: aqui do Ribatéjo: a de D. João foral especial constituidas em predios certos, e des:
1, que reduzio no Regueugo Tavira a uma pensão ignados; e a maior parte destes são lesivos: ha em
incerta: certa pensão certa: e para mostrar que isto terceiro lugar, foros, e pensões certas e sabidas s"
era mais conveniente ao lavrador, e não á nação, multaneamente com rações de fructos, constituidº
disse — que por empenho d'um franciscano o fizera — em predios certos; nestas deve-se reduzir a ametade,
isto mesmo no foral o diz. Por consequencia elles fo tanto o foro, como a ração: em quarto lugar, haju
rão os mesmos que requerêrão a redução das pensões gadas, censos, ou foros certos, impostos por gelº,
— certas — a pensões — incertas —; e isto os mesmos ou dias de lavoura. A vista desta exposição prelinº
donos: logo segue-se que as pensões — certas — erão nar, se vê, que são mais os foros, e pensões certº?:
mais pezadas que as — incertas — Quando as terras e sabidas, que se pagão, do que as incertas. Aº
estão cultivadas com um genero de cultura, que não para ser boa, deve ser geral, e se não póde ser geral,
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ao menos deve abranger a maior parte possivel de in tas; com a lezão dos contractos, em que forão esti
dividuos: porque he melhor aquella lei, que maior palados; com o beneficio da agricultura; com o favor
numero de pessoas benefecia: quando se discutiu em de muitos á custa de poucos; e com outras razões de
geral este projecto, se venceu, que todas as pensões, ainda menor pêzo. Já em outra sessão se mostrou
foros, e mais onus, que sº pagavão em consequencia mui concludentemente a disparidade, que havia en
le foraes, se reduzirião a ametade; e então por certo tre as quotas, e as pensões certas: e bastará recordar
ninguem dirá com verdade, que só se teve em vista agora as principaes diferenças, de uma para outra
neste soberano Congresso as pensões incertas, todos prestação: nas quotas o lavrador paga pelo origina
os que pagavão as pensões certas, e os foros sabidos, rio merecimento do terreno; e vai pagando cada vez
logo contárão com esta diminuição pela metade, e os mais, assim como vai empregando nelle maiores fun
que as recebião, tambem contárão com essa diminui dos; de maneira, que paga ração d'aquillo, que dis
ção pela metade; ora não havendo uma razão de dif pendeu, e era fazenda sua propria; não assim nos fo
ferença que justifique o pagarem só metade os que ros, em que o foreiro só paga a pensão, que so cal
pagavão, e pagão pensôes incertas, vem a fazer-se culou ao terreno no seu primitivo estado; e colhe pa
uma injustiça aos que pagão as pensões certas, e fo ra si todo o beneficio, com que o tem augmentado:
ros sabidos procedentes de foraes. Só o pôr em duvi as quotas obstão á agricultura de muitas terras de
da esta questão, he uma traição, não á esperança, producção incerta; porque o lavrador vendo-se ex
mas á certeza em que os povos se achão, e ficarão, posto a pagar o 3.°, ou 4.° dos fructos, ainda que
em consequencia da discussão, e vencimento do pri elles lhe não cubrão a cultura, e em annos de esteri
meiro artigo deste projecto. De mais, Senhores, des lidade, nem a semente, não as lavra: he o que não
enganemo-nos, cousas reaes be que persuadem os acontece com as pensões sabidas, em que o lavrador
povos, e não palavras, que por mais lisongeiras não paga mais por lávrar mais. A lezão dos contra
que sejão , quando se lhe não segue boa execu ctos he liberalmente supposta: quando eles se fizerão,
ção, são o mesmo, que escrever na areia: e por as terras estavão mal cultivadas, e havia falta de
esta razão, sendo o fim destas leis beneficiar a agri braços para a lavoura; por isso as pensões forão mo
cultura, tem logo a sua execução nas pensões cer deradas, como estamos observando por toda a parte:
tas, que por si mesmo se reduzem a ametade, quem de maneira, que se fossemos a calcular pelo estado
não paga oito paga quatro : porém quem pagava actual, mui beneficiados serião os senhorios; pois des
pensões incertas, primeiro que se louvem, e avaliem, sas penções antigas, que se pagão aos donatarios da
tem de haver longos processos, e mesmo cumplicados; corôa, ha-as, ainda mesmo das de medidas, que não
logo pela facilidade de execução, voto, e he minha chegão a importar em um por cento; e nas de dinhei
opinião, que se reduzão a ametade tambem as pen ro he geral a lezão contra os senhorios, que ao ajus
sões certas, e foros sabidos. Uma das vistas, que de tallas não previão o descobrimento do novo mundo,
veter esta lei, he a moralidade. Nas pensões incer e a influenciã, que este successo veio a ter no valôr
tas, fica ao arbitrio dos lavradores dar um 3.°, 4.", da moeda. Além disso, todas estas terras tem corri
ou 6.", ou 8.”, de um monte geral, e todos sabem, do diferentes mãos por titulo oneroso; e quem as re
que este monte maior póde por muitos modos ser di cebeu descontou-lhes completamente os encargos do
minuido, e falsificado; e nas pensões certas, tenha dominio directo: eu as tenho comprado, e no calcu
ou não producção de necessidade ha-de pagar a lo para o ajuste, jámais deixei de abater-lhes, a pen
quantia, ou quantidade determinada, e certa, pois são antes de tudo: até nisso a pensão tem disparida
não tem meio de abusar, e de prevaricar, e por isto de da quota; porque na pensão certa, se o compra
esta lei o deve beneficiar. De mais, um dos fins des dor descontou dez, descontou tanto, quanto ao futu
ta lei, he o que se vê no § 14 deste projecto da re ro tem de coutinuar a pagar, de maneira que a pen
forma dos foraes, que he conceder a liberdade de res são fica pezando inteiramente sobre o vendedor: e na
gatar estas pensões certas, porque elle diz (lê» o § 14) quota se o comprador beneficiou, como he ordinario,
em consequencia os homens proprietarios se farão passa a pagar mais, do que o seu antecessor pagava,
mais economicos á proporção que lhe facilitarem os ao tempo do contracto. He igualmente supposto o
meios de juntarem o numerario para este resgate: en benefício da gricultura: a pensão sabida peza sobre
tão este resgate será mais possivel, e até mais facil, o terreno, e não sobre a agricultura; foi imposta á
e o que he possivel e facil se emprehende, quando o propriedade no seu primodial estado, e quem depois
que parece muito difficil, ou quasi impossivel se disso mais grangeou, recolheu mais, sem que do au
abandona: do resgate resulta muita vantagem, tanto gmento, devido á sua industria, e aos seus fundos
á propriedade individual, como tambem á nação, pois pague cousa alguma. Ninguem dilatará a sua lavou
estando estes bens nacionaes hypothecados para segu ra pela diminuição da pensão certa, que pagava,
rança, e pagamento da divida publica, quanto mais porque desse augmento, que póde fazer, já antes da
depressa se resgatarem as pensões, mais depressa se reducção gozaria todo o beneficio, da mesma sorte,
paga o que se deve; e utiliza o Estado na liberdade que se o fizesse em terreno alodial. Não queiramos
dos bens, e da privação dos obstaculos, e estorvos, illudir-nos, Srs., o beneficio da redução das pen
que tanto agrilhoão a agricultura. Por todas estas ra sões certas vai favorecer quasi exclusivamente uns
zões approvo o artigo que está em discussão. poucos de homens ricos, e não a classe laboriosa.
* O Sr. Peixoto: — Para a reducção dos foros, e Na provincia do Minho, que póde dizer-se que he
censos sabidos argumenta-se com a analogia das quo toda enfitheuta, as fazendas andão geralmente por
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mão de colonos arrendatarios, e os proprietarios, ou rendatarios, ao menos na província do Minho sem
Srs. uteis dellas, tirão todo o proveito dos seus ren duvida. Alegou o illustre Preopinante uma razão a
dimentos, que ficão salvos da pensão sem terem tido mais exquisita, que nesta discussão tenho ouvido: dis
encommodo no grangeio dellas. As terras da casa, se que um outro artigo decretaremos, que as pensões
que administro são desta natureza; andão todas ar sejão amoviveis, que o preço dellas será por esta re
rendadas a sabido, e todo o proveito da reducção dos ducção á metade menor, e que os lavradors para ajun.
foros será para mim, e nenhuns para os arrendatarios: talo se tornarão economicos. Primeiramente ainda
assim os mais; com advertencia, que se encontrão ri não sabemos se passará o artigo da remissão das pen
beiras dilatadas, em que não ha um só agricultor, sões certas: e depois disso, se a necessidade de ajun
que não lavre terras alheias. tar o preço dessa remissão, houver de fazer economi
O principio do favor de muitos á custa de poucos cos os lavradores, melhor será que seja maior, e tal
parece-me absolutamente absurdo, e até destruidor de vez dividido em prestações annuaes, para os fazer con
todas as regras de justiça, e moralidade. Eu não pre trair por mais tempo o habito de economisar: bem
tendo que agrademos aos muitos, pretendo que agra que por outra parte corrão o perigo de recaírem na
demos a todos os que forem justos, e probos: são es puodigalidade, logo que se vejão livres, não só da
tes que hão de fazer prosperar a causa da regenera prestação, mas até da pensão. O illustre Preopinan
ção, os que a farão amar. Não confiemos nos homens te o Sr. Vaz Velho suppoz tambem o caso especial,
iniquos, e corrompidos: se pensarmos que hoje os em que a pensão fosse imposta em terras, que pelos
compramos, cedendo ás suas illigitimas solicitações: foraes tivessem sido raçoeiras; mas nesse admitto eu
á manhã terão novas pretenções igualmente illigiti a repristinação. Ultimamente a medida geral propos
mas; e no outro dia outras, e outras, porque a sê ta no artigo he um golpe de cégo, que não escolhe
de do alheio he insaciavel, e á primeira vez que ten pessoas, nem cousas: he um corte mortal dado nas
temos conter a torrente de suas iniquidades, veremos rendas publicas, seja directamente nos bens incorpº
como se declarão pelos nossos maiores inimigos. A rados no thesouro, seja nos existentes nas mãos dos
justiça, e a imparcialidade devem andar sempre dian donatarios: e não vejo que possa haver maior injusti
te dos olhos dos Representantes da Nação: se dermos ça, do que anniquillar em prodigalidades os bens *
exemplos do contrario, não esperemos, que o poder pecialmente hypothecados á divida publica, para fe ,
executivo, e o poder judicial sejão o caminho traça zela carregar sobre a Nação, que só depois delles ex
do pelas leis; e o publico com razão nos imputará cutidos era obrigada á sua solução, como alienadora,
muitos dos seus abusos, em que nos terá em conta de a quem competia o beneficio da ordem. Ha de dizer
cumplices, ou consentidores. Com muita razão sanc se a um: tu que deves não pagues: e a outro tu pa:
cionámos no artigo 7.° das Bases a inviolabilidade do ga, o que não deves, e que aquelle devia! Se hº
direito de propriedade: he sem duvida um dos pri principio de razão, ou de jnstiça que tal permitia,
meiros fundamentos da ordem social: mas não basta não o descubro. Beneficiem-se os agricultores, mas
que sanccionassemos esta base, he necessario que ob com descripção, e escolha: zelemos por agora o que
servemos religiosamente a santidade do juramento he da fazenda publica, e depois na distribuição gº
com que a firmámos: he necessario não o Illudamos ral dos encargos attenderemos a quem o merecer. E"
por meio de sofismas, e de cavilações de palavras. tão poderemos isentar de toda a contribuição directº
Tudo aquillo, que ao tempo do juramento se reputa ao lavrador que tiver uma unica fazenda, de q"
va propriedade, deve continuar a gozar as prerogati subsista com a sua familia, e a cultivar por sua maº;
vas que então tinha: tudo o que nesse tempo era ex e partindo deste principio graduaremos nos outros º
igivel em juizo, deve ser agora exigivel: tudo aquillo mesmos impostos com selecção; e similhantemenº |
que não podia tirar-se, sem ser por motivo de neces em outros objectos, que são de utilidade geral. Cº"
sidade publica, e precedendo indemnisação, não deve cluo votando pela reprovação do artigo.
agora tirar-se: e conseguintemente os foros, e pen O Sr. Miranda: — O illustre Preopinante tem
sões, que, quando as Bases se jurárão, se contempla divagado grandemente da questão em vez de cing"
vão como propriedade, como propriedade devem ago a considerar, se tendo-se reduzido a ametade as Pºº"
ra coutemplar-se. Aliàs se for permittido inverter o ções incertas, não se devera faser o mesmo a respºº
sentido das palavras, de que os legisladores usárão, das penções certas. Que quer dizer, que não hº"
ou dar-lhes posteriormente maior, ou menor exten mos de attender ao bem geral? A lei deve ser jº,
são: então deixemo-nos de fazer leis, entregue-se tu eaodeve ser numero:
maior igual paratratar
todos,
da ejustiça,
deve tambem bene"
ou injustiçº da
do ao arbitrio, no qual ao menos não ha a perfidia
commettida contra a publica confiança, quando com lei, não he porém este o lugar, porque disto já ""
a apparencia do justo, se intenta cubrir o injusto. tratado muito detidamente no principio, agora º ""
No caso presente o perigo maior he para aquelles mes se deve ver he se he igual, se he de rasão quº"
do-se
são asreduzido
pençõesa certas
mos, que agora são favorecidos. Pretexta-se a reduc amedadedo asmesmo
incertas, se "
ção das pensões com a prosperidade da agricultura,
modº, Não .
e com o beneficio de muitos á custa de poucos, bem; tratemos tambem da propriedade dos # 4;
pois logo que se mostre que os arrendatarios são os já se viu que não era uma rigorosa propriedº " |
agricultores, e não os enfytheutas; que os arrºndata posto que se admitiu o principio de redusir º anº…
rios são os muitos, e os enfytheutas os poucos; adeus de as penções incertas. Consideremos tornº º #
a questão sem divagar, pois na discussão dº" objectº |
dominio util! Que vás parar á mão dos colonos ar
fºi 1,
tem-se falado tante, e tem-se dispendido tanto tempo, reciprocamente o que se paga, o que se deve, e o que
que com o dinheiro que tem gasto a Nação se teria podi se hade receber. A segunda razão foi, que havia alguns
do indemnizar os prejuizos que se ponderão: mas isto foros que se pagavão das bemfeitorias dos predios,
vai parecendo uma hydra, de cada artigo que se dis e isto não acontece nos foros certos; porque tenha,
cutº renasce uma indicação, de modo que a discussão ou não tenha augmento o predio, paga o mesmo.
será eterna. (Apoiado) Digão os illustres membros A terçeira pela qual se teve, em vista em beneficio da
da Commissão de agricultura os muitos requerimen agricultura, que se redusissem a ametade as quotas
tos que nella se achão, e pelos ditos requerimentos se incertas, foi pela razão particular, de que a incerteza
conhecerá, que quando se reduzírão as pensões incer dos foros fazia muitas vezes que os foreiros deixassem
tas a pensões certas, todos os lavradores concebêrão de cultivar seus predios; porque não devendo pagar
esperanças muito justas de que tambem se reduzirão se não de taes, e taes sementes, para não pagar não
as pensões certas: e eu por nuita attenção que tenho cultivão ; mas na penção certa isto desaparece ,
prestado á discussão ainda não tenho ouvido uma ra porque cultivem ou não cultivem pagão, e hão de
não que me convença, de que se não devão reduzir cultivar porque isto lhes faz mais conta. A , outra
igualmente umas pensões que as outras. Umas e outras razão geral foi, que esta redução he uma pura doa
atacão a agricultura: eu poderia fazer ver a esta as ção que se faz aos povos: de justiça não tem di
semblea, que ha povos inteiros reduzidos a mizeria reito, he torno a dizer, uma doação; mas esta deve
pelas pensões certas: eu conheço uma povoação da ter limites, n㺠deve ser excessiva, não se deve dar
raia de Hespanha junto a Bragança, que tinha trinta de tal sorte que o que se dá seja gravoso a fazenda
vizinhos e está reduzida a quatro. Diz-se que este fa nacional. Dizer-se, que he pouco o que esta perde,
vor vem a redundar em prol dos ricos: he verdade que he um desvario; outras vezes já o tenho demonstrado,
alguns lucrarão, mas o maior numero que se vai be e hoje não he necessario. Por conctouencia tinha pro
neficiar he a pobres colonos, que cultivão a terra por vado que não está este caso comprehendido na letra
suas proprias mãos. Na Beira Alta ha alguns povos, daquella lei, nem no seu espirito. Diz-se que este
que apezar de acharem-se opprimidos pelo antigo des beneficio se deve estender a todos: sim he verdade:
Potismo, recuzárão pagar as pensões, e terminante mas a todos os que estiverem nas mesmas circuns
mente disserão, que antes de pagalas se sepultarião en tancias; porém não podem applicar-se aos que esti
tre as ruinas de suas povoações; e povos que chegão verem em circunstancias diferentes; e não estão nas
a este estado de desesperação, diz-se, que não estão mesmas os que pagão penções certas, como tenho
ºPprimidos com estes foros? ... Seria para mim a demonstrado; além de que se nós fossemos conceder
cousa mais dura sanccionar esta diferença. De mais este beneficio a todos, segue-se, que naquellas partes
devo lembrar aos illustres Preopinantes, que falárão em que não houvesse foros certos, nem incertos, que be
º este respeito, que ha povoações aonde terião por neficio poderiamos fazer! A consequencia he, ha prasos,
muito favor o reduzirem-se a 4.° e 8.°: por conseguin diminuão-se os prasos. Tem-se argumentado com a es
te se estão neste caso, porque não se hão de reduzir terilidade; mas este argumento não prova nada; pois
º ametade! Por consequencia he meu voto, que todos se paga o foreiro muito quando ha esterilidade, tambem
º foros estabelecidos por foraes, ou em consequeucia vem a pagar pouco quando ha abundancia: a regra
de foraes, de qualquer natureza que sejão, se reduzão geral da lei he, contar um anno fertil com outro esteril.
º ametade: porque estas são as vistas da lei, e as que Outra razão que ouvi apontar he, que as povoações estão
º Congresso tem tido; e não o fazendo assim seria despovoadas com este foros: isto se diz, mas não se
não causar beneficio nenhum á agricultura. Não nos prova, e prova-se o contrario. A provincia do Minho
iludamos com o que a fazenda perde: não he pelo he a mais povoada do Reino, e he aonde ha mais
dinheiro que ha no thesouro que se julga da riqueza foros: se isto he assim já se vê, que está provado o
da Nação, mas sim pela riqueza dos particulares; a
contrario da proposição anterior. Finalmente, eu di
fazenda he rica quando os particulares o são: todo o go que beneficiamos a agricultura, mas de modo que
"pulso que se der á agricultura, ás artes, e á in se não prejudique muito a fazenda nacional, porque
dustria, he outro tanto dinheiro que se mette no the fazer um beneficio a um em prejuiro de outros he co
souro. (Apoiado). mo se diz despir um santo para vestir outro.
O Sr. Camello Fortes: — Supposto que eu já dei O Sr. Miranda: — Vou justificar a minha opi
º minha opinião a este respeito na sessão passada, nião ; e não me deterei em contestar argumentos
"ºº tenho mais que fazer, que responder ás duvidas particulares; porque não he este o lugar. O fim prin
"lºº tenho ouvido em contrario. A duvida principal cipal da lei he promover a agricultura, não he evitar
he, que este artigo está comprehendido senão na le a difficuldade da arrecadação destes foros. Eu não
"º ao menos no espirito da reducção das pensões in disse em geral, que os foros fossem a causa da des
ºtas a ametade: na letra não está, e eu vou mostrar povoação; mas disse e sustento, e he um facto sabi
"lºº tambem não está no espirito, porque as causas do, que ha muitos povos, cuja desgraça he devida
ººº motivarão a reducção das pensões incertas á ame nos grandes foros que pagão. O illustre Preopinante
*de forão, primeiro, lutas que havião entre foreiros, fala do Minho; mas o Minho he huma Provincia
**enhorios, e as demandas que daqui resultavão: muito fertil: a industria he tal, e as circunstancias lo
* he uma das causas porque parece justo dar aquel caes protegem de tal maneira aquella provincia, que
º resolução em beneficio da agricultura; mas nos a pezar de tanto como tem carregado sobre seus ha
ººº certos não póde haver esta luta, porque se sabe bitantes, tem vencido todos os
• Vyvobstaculos , e tem
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prosperado: daqui poderemos concluir a que estado nistros do culto, tudo o mais são mandriões ao divi
de opulencia chegaria a dita provincia, se não fossem no, vadios santos. No tempo que se pozerão estas ju
tão carregados os lavradores. Eu falei aqui de uma gadas e mais prestações dos foraes, não havia tribu
aldêa, que era composta de trinta moradores, e pa tos geraes: depois pozerão estes para as despezas do
gavão de foros trezentos alqueires; bem se vê que Estado (ou para o que muito quizerão) e os foraes
enorme cargo era este. Ha outros carregados quasi forão ficando para cavallos de regalo. Bem hajão os
com igual excesso, e na Commissão de agricultura francezes que n'um momento deitárão abaixo todas
existem muitos requerimentos que mostrão o insofri estas ladroeiras, e hoje pagão tributos geraes com
vel que lhes he tal carga. Tem dito o Sr. Peixoto, igualdade por todos, e tem a agricultura desonerada,
que he necessario que paguem os lavradores para que e prospera. Estou pelo que disse o illustre Deputado
sejão industriosos: he de certo original esta idéa; op o Sr. Miranda que a prosperidade de que está go
rimir para aliviar, lhe uma contradicção manifesta. zando a França (prosperidade que os despotas já lhe
# auanto ao que se diz da perda que causaria á querem ir roubando, mas a França ha-de saber des
fazenda o reduzir a ametade as pensões certas, eu forçar-se) a deve á noite de 4 de Agosto. O que en
torno a dizer, que não he exacto. Os maiores direi tão se fez, foi optimo: os meios porque o fizerão he
tos não se tirão dos tributos, mas sim das importa que forão máos, porque tumultuosos.
ções das alfandegas, e quanto mais se anime a indus Em fim sustento que as razões que houverão para
tria, mais lucrará a fazenda. Quaes são os bens que reduzir á metade as pensões incertas, são as mesmas
tem a França! Qual he a prosperidade de que goza? para as certas, que são mais em numero, e mais pe:
Pois toda essa prosperidade a deve á tormentosa dis zão sobre os lavradores: e o contrario he andar para
cussão de 4 de Agosto, em que se abolírão os direi traz como o cangrejo.
tos, os privilegios, e tudo o que opprimia aquella O Sr. Sormento: — Supposto que eu me persua.
nação. Os que affirmão que os povos não estão op da que o illustre Preopinante ha de admittir exce
primidos pelos foros que pagão, afirmão á face da pções ao que se fez na revolução de França, todavia
Assembléa inteira huma cousa, que não he exacta; he preciso não deixar passar o principio de que tudo
eu apello para o testemunho dos requerimentos, que o que os Francezes fizerão foi bem feito: poderia re
se achão na Commissão de agricultura; elles mostrão ferir muitos exemplos, porém basta o regicidio de
se os povos estão opprimidos, e se estão opprimidos Luiz XVI.
merecem sem duvida a attenção desta Assembléa. O Sr. Serpa Machado: — Eu acho contradicção
O Sr. Sarmento: — Eu tenho sómente que fazer nos diferentes pareceres que a Commissão de agricul:
uma pequena reflexão, confesso que he alheia do pro tura tem apresentado a este respeito. Eu desapprov0
jecto. Como o Sr. Miranda acaba de dar alguns lou o artigo em questão porque como os homens tendem
vores á noite de 4 de Agosto, devo dizer, que apesar a agradar á multidão, não estranho que se queira
da opinião do illustre Deputado, ella he tambem co adoptar o artigo, porque realmente reduzindo á me.
nhecida pela denominação da Saint Barthelemy das tade as pensões certas, vamos agradar á multidão;
propriedades! - mas he necessario vêr se o podemos fazer, porque a
O Sr. Borges Carneiro: — Eu não sei como pos Nação inteira he quem interessa, e naquella medida
sa florecer uma nação onde as classes productivas são interessão só alguns foreiros, os quaes nem todos são
opprimidas, e trabalhão para sustentar ociosos e va miseraveis, porque alguns são ricos. He necessariº
dios. , Uma nação não póde deixar de ser pobre, prevenir-nos contra a illusão de querer agradar á mul:
quando a sua agricultura he pobre, as artes são po tidão, e devemos igualmente ter em vista, que mui.
bres, a industria pobre, etc. Eu servi no Alemtejo tos dos que tem de votar nesta materia são foreiros,
mais de seis annos: o escrivão da camara da villa e he nrcessario remover toda a suspeita, que seria in
que tinha 80 annos de idade, dizia-me que tinha co decorosa á Justiça deste Congresso. He preciso tam
nhecido com lavradores as sob herdades que compõem bem que não se faça odiosa a opinião contraria a es.
o termo da villa; hoje em dia tem só seis; as outras ta medida, deve-se banir daqui tudo quanto são idéas
estão a monte. Vejamos a causa. O lavrador paga de nivelismo, tudo quanto são idéas de que os ricos s
50 por 100 para a renda, e o mesmo sería se a her tem obrigação de dar aos pobres o que tem para vi.
dade fosse sua, pois o fabrico custa ametade da pro ver: ha igualdade em direito, mas não ha esta igual.
ducção: paga 10 por 100 ao dizimo, e outros 10 por dade de facto; a sociedade não póde existir deste mo.
100 á decima: paga 14 a 27 alqueires de jugada ás do: todos estes principios são inadmissiveis, são prin
capellas de D. Afonso IV: aqui temos pelo menos cipios que fizerão a infelicidade da França: não juk
84 alqueires; e fica ao lavrador 16, destes ha-de ti guemos tambem que temos perdido o tempo no mui.
rar semente, cavallagem, bôlo paroquial; real d'agua, to que se tem discutido sobre os foraes, pois a matº
siza, subsidio, etc., etc. é sustentar-se a si e a sua ria he importante, e tem-se dado medidas muito con
familia e criados. Eis-aqui o que faz com que de 106 venientes. * * *
herdades, só 6 no meu tempo se lavrassem, e agora O Sr. Fernandes Thomaz: — Creio que he mui.
provavelmente nenhuma. Falemos claro. Estes go to verdadeiro o principio de que haverá sempre, por:
vernos de Portugal tem sido a mais descarada la que não deve deixar de have, homens ricos, e homens
droeira, coberta com leis, com privilegios, e até com pobres, como acaba de estabelecer o illustre Preopi.
1teligião, a titulo da qual he que mais come quena nante; mas que hajão homens ricos á custa da Na
não devia comer; porque, excepto os necessarios mi ção, e para se regalarem com o trabalho; e á custº
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do suor dos pobres, he falso este principio. Haja ho he desgraçada! He muito glorioso para o Congresso
mens ricos em consequencia do que lhes deixárão seus o ter extinguido os privilegios dos Desembargadores
antepassados, ou em consequencia do que lucrárão havendo nelles Desembargadores; o foro dos ecclesias
por sua industria, ou trabalho; isso entendo eu; mas ticos havendo nelle tantos ecclesiasticos; o foro dos
que haja homens ricos com commendas, e bens na militares havendo nelle tantos militares. O Congresso
cionaes, e se sustente esta desigualdade de fortunas obrou sempre com justiça, e imparcialidade, não obs
para uns nadarem na abundancia, e outros morrerem tante essa consideração: e agora ha de haver duvidas
de fome, he o pior principio que se póde estabelecer.' em tratar de foros só porque no Congresso ha foreiros !
Nós devemos ser ricos pelo que herdarmos, ou lucrar Desgraçada lembrança torno a dizer! Resta-me falar
mos com nosso trabalho, ou pelo que poupamos com sobre um principio de politica, que aqui ouvi expen
a nossa economia; he justo: mas devermos ser ricos der. Diz-se que este beneficio não he de justiça , mas
pelo desperdicio daquelle, que tem na sua mão os uma doação aos lavradores, e que quem o paga he o
bens da Nação, porque os repartiu mal, dando a resto da nação. Mas eu digo que he de justiça absolu
uns tudo, e a outros nada, he principio de politita, porque he aliviar a agricultura de um pezo, que
ca, que eu nunca quereria ver adoptado neste Con ela não póde supportar. Pelo mesmo principio, a
gresso. O acaso tem querido que eu não tenha as ser verdade o que se diz, quando se tira do cornmer
sistido a estas ultimas discussões dos foraes; mas cio um tributo, não se lhe tire, porque se vai fazer uma
tenho visto repetido nesta tudo quanto tenho ou doação aos negociantes, e isso á custa da nação. Se se
vido nas anteriores, porque supponho que os illus trata de conceder aos artistas algum beneficio para que as
tres Preopinantes, que tem querido oppor-se a que artes prosperem, ou alivialos de algum onus, não se
passe este artigo não tem achado argumentos nem ra faça, porque carrega sobse a nação. Que desgraçados
zões novas, se não repetir o mesmo que então se disse, principios de economia politica! Pois por ventura po
e se ámanhã se tornar a falar na materia tornarião a demos duvidar, que assim como he um artigo de nos
repetir o mesmo, e para o outro dia o mesmo, e pa sa santa religiáo, que das boas obras de uns particí
ra outro dia o mesmo; porque não ha outras razões pão os outros, he um principio de fé política, que
que oppôr a isto. Depois de se ter decidido em regra, do beneficio de uma classe participão todas as outras
que se reduzisse a ametade, o que o foral mandava da sociedade? Se a agricultura prosperar não prospe
cobrar dos lavradores, com efeito parece-me couza rarão as outras classes? Não estão ligados uns com
admiravel, que reduzidas a ametade as prestações in outros os interesses de todos! Não he em beneficio
certas, não gozem deste beneficio os que pagão pres commum que se anima a industria do agricultor! Pois
tações certas! Um dos Preopinantes diz, que havia esses fidalgariôes, esses ricos podem por ventura con
grande razão de diferença de uma á outra; não sei siderar-se venturosos no meio da mizeria ! Não: des
em que consiste; o que sei he, que se acaso os lavra enganem-se; o rico vivendo cercado de pobreza, he
dores recebêrão pelo foral a obrigação de pagar uns mizeravel; pelo contrario, o que goza de uma fortu
em razão da producção, e outros uma quantia certa, na mediana vivendo n’um paiz em que todos viváo
não posso entender porque motivo se hão de aliviar commodamente he sempre venturoso, porque as ri
uns, e outros não. Porque a uns se estabeleceu uma quezas devem estar espalhadas. Estes são no meu en
quantia certa, que devia pagar, e a outro se disse tender, me parece, os verdadeiros principios. O argu
has de pagar em razão do que colheres será motivo mento do Sr. Scrva Machado da contradicção da
para que este seja aliviado e aquele não ? Não Commissão, he o mais injusto a meu entender; na
vejo a razão. Diz-se n'um foral tu has de pagar quelle artigo falou-se dos foros que se pagavão além
um outavo do que colheres — diz-se a outro — em das prestações: esses disse-se que deverião ficar existin
lugar de um outavo has de pagar tres alqueires, que do, e eu tambem o digo; porque esses foros são foros
he o que se julga que prudentemente podes pagar — de contrato enfiteutico, e não são dos que se trata.
beneficiou-se o primeiro reduzindo a ametade este ou Aqui trata-se das prestações daquelas terras que pe
tavo, e o segundo, não se beneficiará! Pergunto eu, los foraes se devião pagar, e que erão substituidas
será isto justiça! Dir-se-ha que o Congresso usou jus por foros ou pensões certas, destas he que eu falo, e
tamente na reducção que fez, reduzindo a favor de fala o artigo, porque não póde ser da mente do Con
um, e não a favor de outro, só porque a um se de gresso reduzir a ametade, nem a um terço, foros que
signon a quota que havia de pagar, e a outro não! são resultados de um contrato diverso absolutamente.
Não sei aonde está a razão da diferença (Apoiado.) O Congresso não ataca a propriedade particular: os
Diz-se que he necessario circunspecção nesta materia contratos enfiteuticos entre particulares nada tem com
porque ha muitos Deputados no Congresso que pagão isto. He sobre foraes que o Congresso tem legislado,
foros: tambem havia muitos ecclesiasticos aqui na e continua a legislar. Não nos aterremos, não se po
questão que antes de hontem se tratou, e se tratou mha uma têa de aranha para ofuscar-nos os olhos:
com prudencia, e não se oferecêrão duvidas. Pois o Congresso, repito-o claramente, não trata dos con
se se tratou de cousas ecclesiasticas havendo ecclesias tratos enfiteuticos, o que vai fazer he, reduzir a ame
ticos, e não apparecêrão duvidas, ha de havelas ago tade os que se pagavão pelos foraes, ou sejão presta
ra para tratar de foros, porque ha foreiros! Se ha ções certas ou incertas. (Apoiado). Se se mostrar que
foreiros, tambem ha senhorios. O Congresso não tem he injusto que se reduza a ametade a prestação certa,
os interesses particulares em vista, decide por prin e se resolver, que não seja reduzida, então requeiro
cipios de justiça sómente. Esta lembrança com efeito se declare igualmente ……………
"vy 2
da prestação
[ 524 ]
incerta, porque a natureza he a mqsma. Ou o Con justiça são invariaveis: se a elle lhe não tem aconte.
gresso revogue quanto tem feito até aqui, ou aliàs Te cido outro tanto, não sou nisso culpado. Com tudo
quer a justiça, que se faça o mesipo a respeite das devo notar uma sua falta de exactidão em não obser
ensões certas, que se tem feito a refpeito das pensões var, que ao principio se tratou unicamente de quotas,
incertas. e agora trata-se de pensões certas, que he materia
O Sr. Pessanha falou largamente sobre a materia, diferente, e até proposta em um additamento ao pro
e concluiu dizendo: Eu attribuo toda a ruina da agri jecto originario: tambem notarei que as repetições
cultura a estes malditos direitos dos foraes; por tanto das mesmas idéas não são absolutamcnte ociosas, por
eu acho que este artigo está concebido debaixo dos que servem de excitar a atenção do Congresso; e
principios mais exactos de justiça, e assento que as agora mesmo posso observar, que o illustre Deputa.
devemos
sim comoigualmente reduzir
nós reduzimos as certas.
a metade as quotas incertas,
•
do, quando suppoz que havia perfeita identidade de
razão entre as quotas e as pensões certas, não tinha
O Sr. Pinheiro de Azevedo: — Eu opponho-me attendido aos incontrastaveis argumentos, com os
a este artigo (leu-o): 1.° porque as pensões certas quaes com a maior evidencia se mostrará o contra
são por sua natureza, muito menos pezadas que as rio. Não posso deixar de notar ultimamente, em seu
incertas; o que se conhece, attendendo a que as pen "modo de argumentar, a pouca consideração que dá
: sões certas estão sempre fixas e inalteraveis, ainda que
a cultura cresça e se dilate; ao contrario as pensões
á letra do artigo, restringindo a generalidade dele
a uma particular hypothese que imaginou exclusiva
incertas ou quotas, crescem á proporção que a cultu "mente. Em summa, tudo quanto eu favor do artigo
ra se augmenta, abrangendo as mesmas terras incul se tem ponderado, reduz-se a duas razões, uma ge
tas e desaproveitadas: 2.° porque as pensões certas ral, que he a da necessidade para favorecer a agricultu
forão pela maior parte uma especie de reducção e fa ra, e outra particular, suppondo-se excessivas as pen
vor que os nossos Reis concedêrão aos lavradores, co sões. Tem-se assás demonstrado, que a primeira não
Ino consta da historia: e he muito certo que os Reis tem realidade, porque a pensão sabida não peza so:
antigos vendo que muitas terras, casaes, quintas, e bre a agricultura, e póde eccrescentar-se que em ge.
até reguengos (que erão os melhores terrenos, que pa ral, as terras mais gravadas no foro são as mais bem
ra si tinhão reservado) não só não prosperavão, mas cultivadas; sem que estejão no artigo, por não serem
se tornavão incultos, ermos, e de fogo morto, por de foraes, mas pertencentes a proprietarios particula:
causa das pesadas quotas e pensões incertas com que res. Conheço-as que forão emprazadas por aquilo
estavão gravados, reduzírão em beneficio da lavou mesmo que pagavão de renda: isto he, por tudo
1a; e diminuírão essas pensões de tal maneira, que quanto davão, salva a indespensavel despeza da cul:
muitas ficárão cenciticas, outras foreiras, não poucas tuta, e havendo passado para a mão dos enfitheitas,
de colonia, e até algumas alodiaes: por tanto estas melhorárão ao ponto de lhes deixarem bastante inte
pensões já por extremo reduzidas, não carecem do be resse. As terras inui carregadas nos foros não servem
neficio de nova reducção: 3." porque he facto, e cou a homens ricos: qualquer lavrador póde compralas
sa muito sabida e notoria, que estas pensões pela maior em razão do seu modico preço, e por isso andão sem
parte são leves e moderadas, e de nenhum modo ex pre por mão de quem as beneficía quanto he poss
cessivas, nem pesadas á lavoura; do que muitos De vel: não acontece assim com os prazos antigos de
utados podemos dar testemunho, porque as pagamos. pensão favoravel, os quaes vão de ordinario cair nos
?" taes são estas pensões, com que fundamento as sorvedouros, donde raras vezes saem, e se reduzem º
havemos agora 1eduzir? E se acaso se reduzirem, por uma cultura infima, qual aquella que os colonos
|" motivo havemos tothar para isso a mesma medí amoviveis á discripção dos proprietarios, ou dos seus
da (isto be metade) que tomámos para as quotas, que rendeiros costumão dar. Na segunda questão podem
são pesadissimas e excessivas! Não seria esta medida se considerar differentes hypotheses; a da subrogaçãº
# de injusta, incoherente, absurda, e repugnante da pensão certa pela quota estabelecida no foral, co
toda a boa razão! Finalmente approvado este arti mo no exemplo de Ourém, lembrado pelo Sr Bor
"go, veremos desde já diminuida por metade a subsis ges Carneiro: mas para esse caso já se tem dito que
tencia de innumeraveis familias, presentes e futuras, ha o remedio de reverter á obrigação antiga, prescin
de muitas corporações, e de muitos estabelecimentos dindo da louvação: louvem-se as terras como de rº
de educação e piedade: e tambem veremos desde já ção, e faça-se a redução: ha a hypothese lembradº
consideravelmsnte diminutas e abatidas (crescendo o pelo Sr. Macedo, da deterioração da propriedade p"
deficit) as rendas publicas, de todos os bens incorpo lo caso furtuito; como por efeito de uma innundaçãº
rados, das commendas, d! decima, da collecta eccle de parte della, areamento, etc.; e então terá lugar º
siastica, anno de morto, etc. etc. etc. Voto por tan rateio da pensão, porque um tal accidente afectou º
to contra o artigo, e apoio a opinião do Sr. Seabra. dominio pleno, devendo em tal caso repartir-se prº
O Sr. Peixoto: — Um illustre Preopinante pre porcionalmente o prejuizo pelo senhor directo, e pelº
tendeu sufocar esta discussão, arguindo em geral aos senhor util: e já neste sentido houve uma resoluçãº
honrados Membros, que nella tem falado, de have régia por occasião do terremoto de 1755. A outra hy"
rem repetido as idéas, com que desde o principio ar pothese he a do Sr. Miranda, de ser lesiva a pensãº
gumentárão: eu serei talvez comprehendido na sua em termos de se abaudonarem as terras: esta he sem
censura, por que tenho constantemente seguido os duvida mui singular e rarissima, porque os propriº
principios que a justiça me dicta; e os principios da senhorios interessão na conservação das enfithºutº,
s I be3 |
inda que seja por uma pensão mais moderada, para ou colonia. Ouvi tambem argumentar com a provin
não perderem tudo: e um caso que só póde reputar cia do Alentejo em favor do artigo attribuindo a sua
e excepção, quando queira providenciar-se deve ser despovoação aos foros: isto não he verdade, porque
·onsiderado singularmente, e não estabelecendo a re º provincia do Alémtejo he a que menos foros paga,
ta geral do artigo, que em todos os outros, por in e a parte da provincia que paga foros talvez seja a
|usta merece, que se reprove. + |-
com boas leis, e com a melhor execução dellas. A mento á ordem das Cortes de 26 de Junho proxim
agricultura tem muitos obstaculos á sua prosperidade, passado.
tiremos estes entraves, que tanto a opprimem: os fo O Se. Fernandes Thomaz; — Requeiro o adia
raes são sem contradição um dos maiores inimigos mento deste parecer, não porque seja contrario |
della: não se poderão de todo abolir, diminuão-se, sua resolução, mas desejarei saber qual he a razão
sejamos coherentes com os nossos principios procla por que havendo o Congresso dado ordem para an
mados, bem geral da Nação, deve preferir aos com darem estes pagamentos em dia, houvesse uma auto,
modos individuaes: sejamos primeiro agricultores, e ridade que de seu moto proprio suspendesse a exec.
depois todos verão que temos população, subsistea ção desta resolução do Congresso. (Apoiado). "
cia, industria, artes, manufacturas, e marinha. Decidiu-se
guinte. . . que ficasse addiado para a sessão se
* * •
A…… a Sessão, sob a presidencia do Sr. Va 8 Da junta provincial de Cabo Verde acompa
ella,
rada -
leu-se
••
a acta da antecedente, que foi appro
• •
nhado das actas das eleições dos Deputados daquella
provincia, listas dos votos, e uma informação e sum
Mandárão-se juntar á acta as duas seguintes de mario de testemunhas a que procedeu ácerca deste
larações de voto. objecto o desembargador ouvidor geral daquella pro
Primeira. Os abaixo assignados, na sessão de 16 vincia. Passou tudo á Commissão de poderes.
le Março forão de voto se rejeitasse o artigo addicio 9 Da mesma junta, participando a causa porque
mal da refórma dos foraes, que diz: se reduzão a me o Deputado eleito por aquella provincia, Manoel An
ade os foros, e pensôes certas estabelecidas nos fo tonio Martins, não póde partir já. Passou á Counmis
aes, ou em consequencia do dominio que pelos mes são de poderes.
nos foraes tinhão os senhorios que as estabelecêrão. A mesma Commissão se dirigiu uma representa
– Correia de Seabra ; Pixoto ; Santos Pinheiro ; ção do sobredito Deputado Manoel Antonio Martins,
Correia Telles ; Camello Fortes ; Autonio Pereira ; em que expõe as causas porque não póde partir im
4ntonio Maria Osorio ; Soares de Azevedo. mediatamente a reunir-se ao Congresso, porém que
Segunda. Na proxima sessão de 16 de Março o fará o mais breve que lho perinitta o actual estado
ropoz-se á votação: se o artigo addicional ao pro da sua saude. •
ecto de lei sobre os foraes, que acabava de discutir Passou á Commissão de justiça civil um projecto
e, era approvado tal qual estava. Votei pela nega de regulamento interior do tribunal especial da protec
iva, e requeiro que assim se declare na acta. — Isi ção da liberdade da imprensa, remettido pelo mesmo
oro José dos Santos ; JMartins do Couto. tribunal: e á Commissão do ultramar uma represen
O Sr. Secretario Felgueiras mencionou os seguinº tação do commandante da praça de Cacheo, João
es officios. de Aranjo Gomes, expondo a actual decandencia
1 Do Ministro dos negocios do Reino, remetten daquella praça, e os motivos que tem concorrido pa
o dois alvarás expedidos no Rio de Janeiro a favor ra o seu deploravel estado. •º
e José Estevão de Seixas Gusmão e Vasconcellos, Foi presente uma felicitação ás Cortes feita por
onferindo-lhe a propriedade de 1.° e 2.° tabellião do Luis Antonio de Salinas, capitão que foi da 2.°
ublico, judicial, e notas da villa de Itapecurumirim companhia do regimento de artilheria n.° 3, e actual
a comarca do Maranhão, e um requerimento deste, mente residente em França na villa da Reola, de
edindo despensa do lapso de tempo, e faculdade partamento do Gironda, pelo motivo da regeneração
para se poder encartar. Passou á Commissão de Con da sua patria, acompanhada a dita felicitação dos
tituição. • •• •
offerecimentos seguintes, que forão recebidos com
2 Do mesmo Ministro, remettendo duas con agrado; a saber: tres volumes do Manual de artilhe
ultas da mesa do desembargo do Paço sobre uma ria na defeza das praças de guerra, de que se man
mposição, que pede a regente do recolhimento in dou fosse um exemplar para a Cominissão militar, e
itulado da Rainha Santa Izabel, da cidade do Por ficassem os outros no arquivo: uma atmostra de papel
o. Passou á Commissão de fazenda. feito de palha, com uma representação nelle escrita,
3 Do mesmo Ministro, remettendo um requeri. oferecendo-se para negociar com o inventor, ou com
mento de José Balbino de Barbosa e Araujo, pedin alguns dos seus socios, o estabelecimento de uma fa
lo nesta mesma secretaria de Estado o exercício do brica do mesmo papel em Portugal, se se julgar con
ugar de oficial, que occupava no Rio de Janeiro. veniente, que foi mandada para a Commissão de ar
Passou á Commissão de fazenda. tes: uma memoria sobre objectos de administração pu
•
4 Do mesmo Ministro da justiça, representando blica, que foi mandada á Commissão de fazenda:
que segundo as participações que tem, tido dos mi instrucções dos recebedores geraes do departamento,
nistros territoriaes, a maior parte dos ladrões saltea e particulares dos arredondamentos de França, para
dores que infestão a Nação são soldados desertores, e se applicar a Portugal o que for applicavel, que forão
pede medidas legislativas a este respeito. Passou á tambem mandadas á Commissão de fazenda: e umas
Commissão militar, com urgencia. - . . . - observações sobre Hespanha, que diz serem applica
5 Do Ministro da marinha, participnndo ter ex veis a Portugal, que se mandou ficassein no arquivo.
pedido as ordens necessarias para a devida execução Foi recebido com agrado, e se mandou remetter
da resolução das Cortes relativa á promoção feita no ao Governo para o fazer realizar, um oferecimento
corpo da armada nacional pela junta provisoria da do Sr. Barão de Molellos, em benefício do Estado,
Bahia. Ficárão as Cortes inteiradas. de todos os vencimentos que recebe do mesmo Estado,
6 Do mesmo Ministro, participando que pelo pri exceptuada unicamente a diaria que lhe foi arbitrada
meiro navio para o Rio de Janeiro expedirá as or como Deputado de Cortes; e isto em quanto durar
dens necessarias para cumprir a ordem das Cortes de a presente legislatura.
13 do corrente mez sobre a academia dos guardas O Sr. Barreto Feio fez igual oferecimento para
* - [ 528 J
as urgencias do Estado, da quantia de 458 réis men O Sr. Soares Franco: — A emenda do ilustre
saes, soldo da sua patente de major, pelo tempo que Preopinante fica salva em a primeira parte do artigo
durar a sua deputação em Cortes; que foi igualmente (leu-a). Quanto á segunda parte parece-me que se po
recebido com agrado, e se mandou ao Governo para derá approvar, porque he necessario que as haja na
·o fazer realizar. - - - - quelas terras, em que pareça preciso estabelecelas.
Remetteu-se á Commissão de petições uma repre O Sr. JMiranda: — Parece-me que este artigo não
sentação do escrivão interino da fazenda de Cabo Ver he proprio deste lugar. Nós ainda não tratamos, com
de, preso e suspenso por ordem da junta da mesma a precisa attenção, a divisão do territorio; sabemºs
provincia. que ha de haver uma divisão a que se chamará cº
, Feita a chamada, achárão-se presentes 118 De marca, mas do resto não podemos saber nada, tem
putados, faltando 20, a saber os Srs. André da Pon havido as maiores difficuldades para uma divisão exa:
te, Canavarro, Ribeiro Costa, Bernardo Antonio, cta, e ainda ha muitas. He verdade que cada com:
Sepulveda, Lyra, Bettencourt, Baeta, Innocencio celho ha de ter a sua camara, ou o concelho se foi
Antonio, Queiroga, Pinto de Magalhães, Faria me de uma cidade, ou de uma villa; o caso he quº
Carvalho, Faria, Sousa e Almeida, **i .Arau em cada concelho hade haver uma camara, agºra*
jo, Moura Coutinho, Izidoro José dos Santos, 2e hade ter 600 ou 800 fogos, essa certeza he, que nós
Jyrino, Castello Branco Manoel, Ribeiro Telles. não podemos determinar desde já. Está decidido º
. Passando-se á ordem do dia entrou em discussão o governo municipal hade residir nas camaras, e º
o artigo 192 do projecto de Constituição, assim con quanto basta: não se póde aqui dizer mais nada.
cebido: O Governo administrativo das cidades e vil O Sr. Leite Lobo : — Esta segunda parte do aº
das residirá nas camaras dellas com subordinação á tigo he contradictoria com a primeira. Parece-me Pºr
junta administrativa da provincia. A este respeito dis tanto que se deve supprimir. •
SC, • |-
do paragrafo 200, os quaes sofrêrão muitas altera O Sr. Peixoto: — Parece-me que deste artigo nãº
<ões: he pois necessario conceber o artigo 192, de póde approvar-se mais do que a primeira parte. A
forma que não se desvie do que se venceu á cerca das camaras nem deverão ser tão raras, que não poºº
attribuições das camaras. Por tanto parece-me que satisfazer aos seus deveres; nem tão multiplicadas, º
em vez da palavra administrativo será melhor dizer cheguem a vexar os povos: o termo porém que sºlº
economico e municipal, porque este veio a ser verda ha de assignar he o que por agora não póde mar"
deiramente o governo que ficou a cargo das camaras. se. Sabemos que ha de haver districtos dejuizes leitº
Por isso julgo que o artigo se poderá enunciar desta dos; sabemos que os ha de haver de juizes electivº"
forma: — o governo economico e municipal dos con talvez quasi tão frequentes, como até agora tem º
selhos, residirá nas camaras. em algumas camaras os juizes da vintena. Se ***
O Sr. Soares Franco: — A redacção deve confor acontecer, nem por uns nem por outros poderá regº
mar-se com o que ficou vencido; porque ás camaras lar-se o termo das camaras, o qual occupará."
se deixou a repartição do tributo directo, obras pu proporção média; mas essa mesma proporção sóP"|
blicas, etc. Tudo isto he administração e por isso de de calcular-se depois de estabelecidos outros dados, º
ve dizer-se: governo economico e administrativo. não ao acaso. Por isso sou de voto que neste lugar º
O Sr. Macedo: — O que eu lembrei fica mais se diga: que haverá camaras onde convier dº º
conforme ao que se venceu." : : publico; e se omitta o resto.
Pondo-se a votos o artigo, e não ficando appro O Sr. Miranda: — As camaras hão de ser repiº
vado como estava, o propoz o Sr. Presidente nos sentantes dos sens respectivos concelhos, e he preº
termos seguintes: o governo economico e municipal que isto seja segundo a população e necessidade. Aº
dos concelhos, residirá nas camaras na conformidade de que o deixar isto ao arbitrio dos povos para ºsº
das leis — e foi approvado. ções, he um mal, porque cada concelho ha de "º
Entrou em discussão o artigo 193 que diz que uma assembléa principal; se esta for muito grandº º
whaverá camaras em todos os povos, onde assim con de haver confusão, e sendo pequena póde haver"
vier ao bem publico ; e nunca deixará de as haver borno. Parece-me que não ha inconveniente nenh"
naquelles que em si sós, ou com os seus termos conti em dizer que cada concelho terá uma camara, º Pº
verem seiscentos ou mais fogos. modo nenhum se deve deixar ao arbitrio dos pºvº"
lerminada a leitura do artigo, disse: fazerem camaras
uo já disse, onde
influe elles quizerem,
realmente porque
muito no issº, da.
systema º
O Sr. Marcos .Antonio : — Na sessão anteceden
te em que se discutiu este artigo, eu produzi as mi eleições. Devemos sómente dizer que cada concelº
nhas idéas sobre o numero dos fogos; persisto nas terá a sua camara, e nada mais. Todos tem a "
mesmas ideas repetindo que se devem crear camaras, de querer governar, e se se deixar aqui mais l"
não sómente nas villas, mas tambem naquelles luga de a este respeito, haverá freguezia que tenhº "
rºs onde a necessidade publica o exigir; e não á pro duzia de fogos, e queira por isso ter a sua camº"
.torção do numero dos fogos. O Sr. Serpa Machado: — Este artigo tem nº "
[ 529 ]
idade duas partes... Acaba de dizer o illustre Preo servir para a competente divisão do territorio, e en
pinante que nós não temos ainda todos os dados ne tão poderá saber-se se será conveniente dividir alguns
essarios para formar uma divisão estadistica, e por districtos, e reunir outros, e se designará quaes de
sso mesmo eu digo que seria uma cousa muito vaga .vem subsistir, mas não ha necessidade de esperar por
ratar disto segundo a população, isto he, segundo tanto
esses trabalhos
escusa-se para
bem deliberar
que fique sobre este artigo, e por
adiado. • •
-rados; e desta forma os povos não tem mais que ir á O Sr. Ferreira Borges: — Havendo canº".
sua freguezia entregar as listas; ora agora no Brazil ha de por força haver vereadores, e por isso digº"
[ 631 |
deverá haver substitutos; parecia-me isso bem, por na Constituição, para que se saiba quaes são as qua
que o servir de vereador de uma camara he um en lidades que devem ter as pessoas que hão de compor
cargo, e talvez gratuito; e por isso deve haver su 8S CATI) af@S• |-
bstitutos para servirem no impedimento dos vereado O Sr. Serpa Machado: — Eu estou bem longe
TCS,
de considerar as camaras como corpos politicos, e por
O Sr. Freire: — Não concordo com a opinião isso julgo que não era necessario marcarmos isto na
do illustre Preopinante, e por tanto nem com a dou Constituição; o que porém me parece necessario he
trina deste artigo. Nós já dissemos que a camara de revertermos á doutrina do artigo 184, porque faz
ve ter um presidente proprio, que não ha de ser o parte integrante deste, e a sua doutrina he tão con
juiz de fóra, nem o juiz ordinario: logo não me pare nexa com a do presente artigo, que depois de tratar
cº, que quem diz actual, e não antiga camara, diz pre mos daquelle, então trataremos deste.
sidente, vereador, thesoureiro, e provedor; porém O Sr. Villela: — Eu pouco mais accrescentarei
pode agora dizer de mais a mais sobstituto, e se pa ao que acaba de dizer o Sr. Serpa Machado: isto re
recer conveniente, seria bom dizer: as camaras serão fere-se ao artigo 184, e por isso he preciso sabermos
…
compostas de um presidente, vereadores etc. Portan quaes são . . . . . . . . . . . . . Por tanto sou de
to ou se defina o que he camara, ou não; eu não opinião que por ora se suspenda isto, ou então se
insisto em que se defina, ainda que me parece pre passar, seja, salvas as qualidades gº se devem marcar
ciso; porém o que digo he que se passão uns arti a respeito das camaras do Brazil.
gos para leis regulamentarcs, tambem devem passar O Sr. Macedo: — Eu peço a leitura da acta em
outros que estão no mesmo caso. que se resolveu já materia analoga, porque segundo
O Sr. Ferreira Borges: — He necessario que minha lembrança já se resolveu alguma cousa a este
eu declare que quem diz camara, não diz sempre pre respeito: peço tambem a leitura do que ficou decidido
sidente, porque ha umas camaras que não tem presi no artigo 106. (Leu o Sr. Secretario Soares de Aze
dentes; por consequencia he illusoria a opinião do cedo, e continuou o Sr. Macedo): Isso he que eu
honrado Membro. desejava saber, se se tinha dito, salva a reeleição.
O Sr Miranda: — Necessariamente as camaras O Sr. Soares Franco: — Creio que quem ha de
hão de ter vereadores, hão de ter um provedor do administrar bens deve ter alguns meios de subsisten
concelho, e um secretario, e no impedimento destes cia, e parece-me que as quatro qualidados que se re
ha de haver alguem que sirva. Por ventura ha de querem no artigo 184 devem passar para aqui. Deste
ser algun dos que servírão antes, e que não forão modo approvarei o artigo como está.
agora eleitos? Eu sou exactamente da opinião do O Sr. Macedo: — O que me parece, Sr. Presi
illustre Preopinante o Sr. Ferreira Borges: ha de dente, he que V. Exc." deve propor á discussão o
estabelecer-se uma regra para determinar quaes são artigo 184, por que tem muita analogia com este ar
os que hão de servir na falta dos officiaes; ha de tigo.
dizer-se que serão os mais antigos! Ora supponha Decidiu-se que ficasse adiado o artigo 196.
mos que este era um prevaricador que foi excluido
na eleição dos povos: deveria este servir contra a O Sr. Guerreiro, por parte da Commissão espe
vontade dos mesmos povos! Por consequencia deve cial dos negocios politicos do Brazil, leu o seguinte
necessariamente haver substitutos; a mesma eleição
que se faz para eleger os officiaes serve para eleger P A R E c E R.
os substitutos; não ha mais encommodo, nem mais
trabalho, e não devem nunca servir aquelles que já A Commissão especial dos negocios politicos do
* CITV ITAO.
Brazil, examinando attentamente as cartas de Sua
O Sr. Soares Franco: — Eu tambem voto que Alteza Real a Sua Magestade, que forão presentes
haja substitutos, porque a eleição hº a mesma. ao Congresso, e tomando em consideração os oficios
Declarada a materia sufficientemente discutida, da Junta administrativa de Pernambuco, não póde
procedeu-se á votação, e venceu-se que deve haver deixar de convencer-se da franqueza e lealdade do pro
substitutos, decidindo-se ao mesmo tempo que vol cedimento de S. A. R., da fermentação, e tendencia
tasse o artigo á redacção para ser redigido segundo perigosa dos animos nas Fº" do Rio de Janei
as bases que se acabavão de estabelecer. ro, Minas Geraes, e S. Paulo, e do desgosto, ainda
Passou-se ao artigo 196 assim concebido: para que surdo, da província de Pernambuco, a que derão
os ditos cargos sómente poderão ser cleitos os cidadãos occasião as ordens e decretos do Congresso, decisões
que tiverem pelo menos um anno de residencia no geraes, e actos do Governo, tudo desfigurado por
districto da cidade ou villa, onde se fizer a eleição,escritores venaes, e desorganizadores, que, inspirados
e as mais qualidades prescritas no artigo 184: os que pelo genio do mal, afanão-se em dividir irmãos; e es
servirem em um anno não serão reeleitos sem ter pas perão conseguilo, certos que um povº, a quem se
sado um anno de intervallo. abriu pela primeira vez a estrada da liberdade, facil
Terminada a leitura deste artigo, disse o Sr. Lei he de seduzir, e incutir terrores, imaginando perda
te Lobo que a materia delle não era propria da de um bem que mais estimão, porque menos o gozá
Constituição, e que só podia entrar nella a ultima rão. •
houve ? De mais quanto ao conselho de Estado não Em fim que o Congresse uma vez salvo o principio
providenciou já a Constituição partilhando-o igual essencial da união, não disputará sobre a concessão
mente! Differenças entre irmãos podem admittir ex de tudo, que convenha ao Brazil, para sua melhor, e
postulações amigaveis, mas nunca azedume decidido. mais prompta administração interna. Que para esse
Quanto até aqui se expoz he sufficiente para per efeito, finda a discussão da Constituição, se formarão
suadir a lealdade e franqueza com que o Congresso artigos addiccionaes, que serão discutidos igualmen
tem tratado ao lòeino irmão; talvez mesmo se incul te, esperando-se que já a este tempo se tenhão reu
que de fraqueza esta condescendencia; mas como uma nido as deputações do Brazil, que ainda faltão; fican
mãi terna já mais desce da sua dignidade escutando e do porém os Brazileiros certos que se não apparece
providenciando remedio aos queixumes de um filho rem ao tempo indicado, nem por isso se demorará a
que adora; he de parecer a Commissão: discussão; e as provincias, que por sua froxidão não
1." Que se expeção ordens para que o Principe tiverem parte nella, apezar disso não ficarão desobri
Real não aba done o Rio de Janeiro, não o tendo gadas da obediencia, visto o seu anterior reconheci
ja feito, em quanto se não fizer a organização geral mento da unidade dos dois hemisferios portuguezes,
do governo do Brazil. e não poder admittir-se em politica, que o veto de
2." Que não instale ali a Junta provincial por uma provincia inutilize as operações da assembléa de
ser inconsistente com a sua estada naquella provincia. toda a Nação.
3." Que faça porém executar o decreto da aboli Quanto ás tropas europeas, que actualmente es
ção dos tribunaes simultanea, ou successivamente, se tão no Brazil, a Commissão he de parecer que ellas
gundo o seu entender, principalmente quanto á jun sómente se devem retirar , quando as circuustancias
ta do commercio, cuja immediata extincção parece particulares das províncias fação que seja inutil a sua
ter mais fortes inconvenientes. - estada ali, ficando ao arbitrio do Governo mandalas
4." Que se declare que a junta da fazenda das retirar, quando assim lhe parecer conveniente, tendo
provincias do Reino do Brazil he subordinada á junta primeiro ouvido as Juntas provinciaes.
províncial, e deve ser presidida por um dos Mem Paço das Cortes em 18 de Março de 1822. —
bros desta junta. .Antonio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Sil
5.° Que o commandante da força armada de ca va ; Bento Pereira do Carmo ; Joaquim Pereira
da uma das provincias fique subordinado á junta pro Annes de Carvalho; José Joaquim Ferreira de Mou
vinciai, da qual porém será Membro nato, com voto ra ; Luiz Paulino de Oliveira Pinto da França:
tão só mente na parte militar. Manoel Borges Carneiro ; Francisco Manoel Tri
6." Que se discuta e desde logo se remetta ás pro gozo d'Aragão Morato ; Custodio Gonçalves Ledo;
vincias do Reino do Brazil o projecto do decreto so Joaquim Antonio Fieira Belford ; Ignacio Pinto
bre as relações commerciaes, que a Commissão reputa d'Almeida e Castro ; Manoel Marques Grangeiro ;
José Antonio Guerreiro.
[ 534 ]
Mandou-se imprimir com urgencia para entrar nuto; são immensos os negocios urgentissimos que te
em discussão. mos a tratar, além de que a nossa obrigação he traba
O Sr. Freire pediu que a mesma Commissão apre lhar aqui, e não andar em funcções.
sentasse, quanto antes possivel, o seu parecer sobre O Sr. Pessanha: — Quando a Nação se insurgiu
a representação do governo da provincia de S. Pau contra a tyrannia, soube muito bem não confundir os
lo, dirigida ao Principe Real; e o Sr. Presidente con males de que era victima com a manutenção dos direi
vidou a Commissão para o mesmo fim. tos da augusta casa de Bragança, ao throno de Por
O Sr. Ferrão apresentou a segusnte tugal, ligando-nos as mãos para que ficassem ilesos
•
aquelles direitos: a vontade da nação he que a esta
IND I c Aç À o. augusta dynastia se prestem todos os signaes de aca
tamento: pergunto eu, se a senhora D. Maria I.
Sendo constante que alguns particulares tem man fosse viva na época da nossa feliz regeneração, não
dado reimprimir e vender por sua conta alguns pro havia de reinar entre nós! Se agora tivesse falecido,
jectos e papeis impressos, que são propriedade das não se havia de mandar uma deputação ao seu fune
•
#
Cortes, # por estes factos o artigo 2.° da ral! Insisto pois que vá a deputação até porque as
º lei de 4 de Julho de 1821: requeiro, na qualidade de sim conhecerá a Nação quanto estão de accordo os
•
\ "membro da Commissão da redacção do Diario das dous poderes legislativo, e executivo.
Cortes, que se diga ao Governo que mande fazer se O Sr. Ferreira Borges: — Sr. Presidente, peço
questra em todos os exemplares já reimpressos, ou a V. Ex. º que não admitta a discussão desta materia,
\, que para o futuro se reimprimirem; na conformidade e que a ponha já a votos.
•
•
do artigo 3.° da mesma lei. Sala das Cortes em 18 de Procedeu-se á votação, e decidiu-se que não ha
'. Março de 1822. — O Deputado José Ferrão de Men via lugar a votar sobre o objecto da indicação.
donça e Sousa. Os Srs. Barata, e Agostinho Gomes oferecêrão
, Terminada a leitura, disse - a seguinte
O Sr. Franzini: — Julgo que isto não póde ter IND I c AçÀ o.
lugar. Ainda o outro dia pedi um projecto da refor
ma das secretarias, e se me disse não o havia; pelo Tendo este Soberano Congresso reconhecido, que
que he evidente que se mandão tirar muito poucos havendo da parte do conselho da fazenda erro cul:
exemplares, quando seria muito conveniente que o pavel quando denegou a João Baptista Orcille, capi.
publico tivesse toda a facilidade de os encontrar para tão do navio Henry, vindo de Antuerpia despachº
que podesse formar o seu juizo; porém visto que se por franquia aos vinagres que trazia, passando a em
diz que á loja do Diario se mandão exemplares para bargar toda a mais carga da mesma embarcação, juk
a venda, lá os procurarei. gou que se indicasse ao Governo, para que se fizesse
O Sr. Freire: — Esta materia não se deve to effectiva a responsabilidade daquella junta: e como º
mar em consideração, nem se deve mandar ao Gover meios legaes, que por esta determinação forem sub
RO, •
Pedindo
votos o mesmo Sr.
a sua indicação, disseDeputado que se pozesse a•
Ficou para segunda leitura.
O Sr. Fernandes Thomaz: — Que quer dizer es O Sr. Soares Franco leu a seguinte
tarmºs a mandar todos os dias, e por qualquer cou
*a uma Deputação! O Congresso está muito dimi
[ 535 |
1 N o I c Aç Áo. propostas suas, e que a estas preceda concurso pelo
menos de 30 dias, o qual concurso me não tinha
Estando nós já no segundo anno da legislatura, eonstado houvesse. O 2.°, 3.°, e 4.° motivo da mi
que deve impreterivelmente acabar antes de 15 de nha incredulidade erão terem as Cortes elegido ao di
Novembro, e restando ainda para se fazer parte da to Seixas para deputado do tribunal da liberdade da
Constituição, e para se discutirem e approvarem pro imprensa, com o ordenado suficiente, e me parecia.
jectos da maior importancia para a monarquia, como não poder o Governo distrahilo daquella para outra
são os da fazenda publica, sem o bom regulamento occupação, e occupação que em cada dia exige assis
da qual nem ha Constituição, nem liberdade; o das tencia pelo menos de seis horas de manhã, e de tarde
relações commerciaes com o Brazil; o dos foraes; o conforme o dito regimento, e menos accumular em
das pescarias; o do privilegio do foro; o da reforma pregos e ordenados, contra as tão sabias leis que o
das corporações religiosas; e alguns outros que de prohibem, e muito mais quando na relação autentica
vem, e merecem ser ultimados; para se poder realizar e impressa dos empregados publicos desta cidade se
este necessario objecto, proponho os dois artigos se vê o nome do dito Seixas com outro ordenado de
guintes: 4003 rs. como ajudante do ajudante do intendente
1,° No principio da discussão de cada artigo se das minas, que não sei se he oficio diverso de aju
perguntará quaes são os Srs. Deputados que perten dante do director do laboratorio chimico que tambem
dem falar pró e contra o artigo, e se lhes tomarão eu ouvia ter o dito Seixas; além de ter este a profis
OS I) O II)GS • • são de medico, de que podia tirar mui honesta subsis
2.° O Sr. Presidente dando alternadamente a pa tencia, quando nenhuma tem outros mui dignos e
lavra a um que fale pró e a outro contra, pergunta virtuosos cidadãos desta cidade; circunstancia esta,
rá depois de terem falado seis Srs. Deputados, se a que parece não dever ser desprezada por um governo
materia está sufficientemente discutida; decidindo-se que amar a justiça e a boa ordem. 6." Augmentava
que sim procede-se á votação; e decidindo-se que a minha incredulidade que tendo-se expedido ao Go
não, continua a discussão: mas o Sr. Presidente per verno ordem para suspender por ora o provimento de
guntará successivamente, depois de terem falado mais todos os oficios, que não forem de absoluta necessidade,
dous Srs. se a materia está sufficientemente discutida, ouvia eu dizer a boa gente estar nesta classe aquella
e decidindo-se que sim procede-se á votação.—Fran provedoria, a qual, como consta do dito regimento,
cisco Soares Franco. sempre até o anno de 1686 andou annexa ao thesou
|-
Terminada a leitura desta indicação, disse reiro da casa da moeda, e me parecia não ser mais
O Sr. Lino Coutinho : — Não ha indicação que necessario prover-se do que as presidencias dos tribu
seja mais digna de desprezo do que esta; pois ha-de naes , e deverem por consequencia poupar-se estes
limitar-se a discussão quando muitas vezes he ella 9003 rs. Finalmente 6.° esperava eu que como o Go
quem nos dá luzes para se elucidar a materia de que verno está publicando no diario chamado sem muitos
se trata! |-
decretos e portarias meramente interloculorios e or
* **
O Sr. Soares Franco: — Isto que proponho he denatarios, publicasse mórmente o daquella nomea
seguido por todos os corpos deliberativos: deste modo ção, e os mais que são definitivos, porque a nação.
ha tempo para estudar as materias que hão-de ser está resolvida a attentar pelas suas cousas, e já não
objecto de discussão, e conseguintemente será sempre estamos em tempo de nabos em sacos.
mais acertada a sua decisão. -
Todos estes motivos da minha incredulidade cedê
O Sr. Lino Coutinho: — Já aqui se determinou rão porém em fim á constante noticia de ser verdadei
que se não lessem discursos feitos em casa, pois que ra aquella nomeação, e mesmo a posse do nomeado:
estes geralmente são feitos para encobrir, e não para e por quanto, se assim he, estou persuadido que o
patentear a verdade. •
Governo infringiu uma e muitas leis, e convem que
• • •
Procedendo-se á votação sobre a indicação apre estas Cortes fundadoras do systema constitucional fa
sentada pelo Sr. Soares Franco decidiu-se que ficasse ção castigar severamente actos que o deshonrão, e
para 2.° leitura. . . . - - º -
O Sr. Borges Carneiro apresentou a seguinte { que nas circunstancias presentes lhe he tão necessaria
… : * * * paraBrazil
do a consolidação
comnosco: do dito systema, e para a união •
I N D I c Aç Áo.
-
fosse de presente trienal.» Ora dos oficios publicos - Comºestes exemplos (disse o mesmo illustre Depu
de justiça, ou fazenda manda o novissimo regimento tado) nunca o Brazil poderá tomar amor ao nosso sys
do conselho d'Estado que todos sejão providos pos tema constitucional. Peço que se ponha a votos esta
}
[ 536 ]
minha indicação sobre, mandar-se ou não pedir a in efectivo serviço aquelles officiaes da secretaria regre
formação requerida. Despotismos, sempre os detestei sados dodisse
respeito Rio de Janeiro que julgasse idoneos. A este
•
tanto no antigo como no novo systema, com a dif
ferença que aos de agora ainda dotesto mais. O Sr. Guerreiro; — Parece-me que o mesmo au
Procedendo-se á votação resolveu-se que se pedis tor desta indicação tinha já convindo em retirar a
sim tão sómente informações a este respeito. Primeira parte: e por isso he escusado tratar-se della,
O Sr. Killela fez a seguinte O Sr. Castello Branco: — A primeira parte da
indicação não póde admittir duvidas, nem mesmo dis
IN D I c AçÀ o. cussão. Os ministros de estado dizem que não tem o
numero suficiente de individuos para os trabalhos que
Havendo requerido a este soberano Congresso o se devem prontificar nas suas secretarias ; uma vez
Ministro da repartição da justiça a faculdade de dar que elles o digão, nós devemos dar-lhes credito, pois
o tempo por acabado aos magistrados, que se achão que de outra maneira seria uma injustiça tornalos res
no Ultramar, para serem providos os seus lugares em ponsaveis pelo atrazamento dos trabalhos; e he mui
ministros constitucionaes, o que torna suspeitosos to to de presumir que eles hajão de escolher, e preferir
dos aquelles; e não podendo esta noticia, logo que aquelles que estão desempregados ; e sendo eles aº
chegue ao Brazil, deixar de assustar os referidos ma torisados para admittir provisoriamente aquelles que
gistrados, e de fazer inimigos da boa causa, e da julgarem necessarios, estes devem ser preferidos a ou
união até os mesmos bons, receando o resultado: re tros quaesquer que se hajão de nomear de novo. Po
queiro que a Commissão de constituição, para onde rém não deve apparecer neste Congresso a idéa de
foi remettida aquela representação, dê com toda a patronato ; e se nós tratarmos nomeadamente dos
brevidade o seu parecer, a fim de se tomar sobre es dois individuos mencionados na indicação será o mei
te negocio uma resolução definitiva. — Francisco Fil mo que dizer que queremos que elles sejão preferidos
lela Barbosa. GOS OUltTOS,
A este respeito disse |- O Sr. Ferreira Borgcs: — Esta indicação tem
O Sr. Fernandes Thomax: – Quando uma Com analogia com o projecto de decreto que se acha adia
missão retarda os seus trabalhos, não se fazem indi diado, e por tanto he preciso que primeiro se trate
cações por escrito, pede-se ao Sr. Presidente que os daquelle decreto; e sobre o que se decidir em a sua
exija da Commissão. •
justiça não póde deixar de ir assustar todos os magis O Sr. Castello Branco: — Eu apoiei a indicação
trados do Ultramar, e ir aumentar o numero dos des na certeza de que ella tratava de uma medida mera
contentes daquellas provincias. A indicação tanto faz mente provisoria; e porque os ministros não podiãº
ser feita vocalmente, como por escrito: e em summa adiantar os trabalhos das secretarias que se achão pre
o que pretendo he que a Commissáo apronte a deci sentemente envolvidos, visto que poderá ter alguma
são deste negocio.
CGSS31F10• } .
Creio
"
que isto he mui justo, e ne • :
demora a discussão do projecto da reforma das secre
tarias, e por esta razão he que eu assentava que se
Retirou o Sr. Fillela a sua indicação, e o Sr. autorisassem os ministros provisoriamente.
Presidente convidou o commissão para dar quanto an O Sr. Fernandes Thomaz: — Não ha primeira
tes o seu parecer sobre aquelle objecto. nem segunda parte; isto he uma cousa geral; e pois
O Sr. Ferreira Borges, apresentou a seguinte que está em discussão o projecto principal, porque se
ha de tratar agora da sorte destes homens em par
IN D I c AçÀ o. ticular! Não acho razão alguma para isso. Dizem os
ministros que precisão de oficiaes; pois elles que º
Proponho que se peça á Commissão da liquidação representem. Eu me opponhe a que se trate agora
disto. | | .}; •
de da divida. A Commissão não sabe a que montão noel de Pásconcellos Pereira de Mello; Franciscº
precisamente a receita, e despeza das diferentes pro Fillela Barbosa; Francisco Simões ####
vincias, e por consequencia ignora se ha saldo, e Terminada a leitura pediu o Sr. Vasconcelo que
saldo disponivel para este pagamento, ou consigna se lesse a ordem das Cortes à que o ministro aludº.
gão: e julga por tanto por imprudente qualquer me , O Sr. Agostinho Freire: — O decreto não he ex
dida que a este respeito se tome sem conhecimento tensivo senão aos officiaes de patente: em quanto aº
de facto. …º • • ---- - - -
•
oficiaes inferiores, os do exercito não forão contei:
** * * * * * * * * * **
Parece por tanto á Commissão, que se espeça or plados: elles estão unidos com a companhia dos *
dem á junta da fazenda do Rio de Janeiro para que teranos, e recebem o seu pret, e não cobrão por um
ouvidos os directores do banco envie pelo Governo ao recibo, comº os oficiaes. Faça-se o mesmo co estes.
Congresso uma conta da divida contraida com o ban Sr. Vasconcellos: — O decreto fala sómente em
co, designando as datas, e ordens respectivas, com oficiaes, e por isso he que eu peço a leitura da ordem,
as observações, que achar a bem sobre cada uma das e não poderia ser da mente deste Congresso que º
parcellas; e finalmente proponha o modo, porque de oficiaes de patente fossem pagos, e os outros nãº,
ve ser embolçado o banco do que legalmente se lhe sendo estes, mais desgraçados que os outros. __
dever, expendendo miudamente as circunstancias, e - O Sr. Killela: — Todos tem direito a serem º
razões de sua opinião, a fim de poder-se, tomar di
gna, e devidamente uma resolução em similhante ma
gos; e # de excepções, particularmente contrº"
mais pobres. Isto certamente seria uma cousa muitº
teria- •• "—" …)" #* * • # , ! ** * + |- ** * odiosa. , , , -- - • • * —
"Sala dº cºmº em 16 de Marçº de 18º. —Jo. . O Sr. Agostinho Freire: — Os oficiaes dépalº"
sé Ferreira Borges; Domingos Borges de Barros; te recebem por cedulas da thesourária, os outros teº
JFrancisco Barroso Pereira * Joaquim Antonio Viei bem los seus prets: agora sé se quer tothar uma
ra Belfort, , , medidá para estes oficiaes, visto que se tomou Paº + ,
, , , O Sr. Secretario Freire fez a 2.º leitura do se porém não he o que diz o decreto. - -
guinte -
. O Sr. Franzini: — Acho que se deve estendº
P A R E c = R.
tambem esta medida à esses desgraçados homens, que
* N." ") *: U - todos tem pelo menos 70, é 80 annos de idade, tem
* "., º ,
# A Commissão de mari ha ex minou o officio do invºlhecido no serviço do ársenal; portanto acho quº
•
ministro da marinha datado de 13 do corrente, em se deve para com estes praticar o mesmo que se º
que ele representa, que para que o soberano Congres azendo º respeito dos outros reformados.
so conheça os obstaculos, que encontra * execução . Depois de ler o Sr. Felgueiras a ordem das Cºr
da ordem para pagar, e pôr em dia os o ficiaes mari tes sobre este objecto, propóz o Sr. Presidente á vo"
nheirºs reformados, pede licença para observar, que tação o r.parecer,
Borges edefoiBarros
approvado.
apresentou o seguinte •
lonias, que lhes forem encommendadas pelas juntas 7 A cada colonia de cem familias, ou de seiscen
de colonização, e fazer qualquer contrato, que não tas pessoas, transportada á custa das juntas de colo
seja opposto ás determinações do presente decreto, nização, dar-se-ha nos lugares mencionados no §
com as familias, ou artistas, ou agricultores, que á antecedente uma legoa quadrada de terras, que será
propria custa, ou á custa de algum emprehendedor, dividida em porções de duzentas braças em quadro
quizerem passar ao Brazil. Cada familia da colonia que se dedicar á lavoura, terá
A estes commissarios arbitrar-se-hão ordenados uma destas porções; e das restantes serão destinadas
fixos e moderados, pagos a quarteis nos lugares em umas para assento da villa, e logradouro commum,
que se acharem, e certas gratificações proporcionadas outras para colonos, que de novo chegarem, e algu
á capacidade, sexo, e idade de cada colono que man mas para os membros da junta, que estabelecerem a
darem, pagas no Brazil á vista da relação do desem colonia, em premio de tão importante serviço; haven
barque. do cuidado em deixar-se junto a cada povoação uma
As juntas corresponder-se-hão com os commissa porção da mata, que se conservará sempre como tal
rios por intermedio dos consules nacionaes, cuja assis Além disso a colonia será conduzida á custa da junta de
tencia, e ainda dos agentes diplomaticos, elles pode bordo dos navios para as terras que lhe forem destina
rão reclamar, sendo-lhes necessaria para alguma cousa das, e ahi receberão sementes, aves, e algum gado, e
tendente ao desempenho de suas commissôes. As mes serão sustentados por quatro mezes. A junta dará a
mas juntas dar-lhes-hão instrucções, que lhes sirvão de cada familia um titulo da porção de terra que se lhe
regra, e que eles jámais poderão exceder. der, e o chefe della assignará uma obrigação de pagar
5 Os capitães de navios, que transportarem colo ájunta por quotas annuaes estipuladas o preço da sua
nos para o Brazil por ajuste feito com cidadão portupassagem, mantimentos, e mais capitáes que se lhe ti
guez, que á sua custa os mandassem conduzir, serão ver adiantado. A familia assim estabelecida será obri
protegidos pelo Geverno, que fará effectiva a obser gada a abrir a sua terra dentro de quatro mezes, pe
vancia de tal ajuste: e aquelles, que por sua conta, na de a perder; e não poderá alienala por qualquer
ou por especulação, levarem colonos, com quem se titulo, sem haver primeiro satisfeito as obrigações,
ajustassem, serão favorecidos pelas juntas de coloniza que tiver contrahido.
ção, que farão distribuir os colonos pelos cidadãos, 8 A cada colonia composta de familias de opera
que os quizerem, e lhes darão pela passagem delles o rios, ou pessoas, que um emprehendedor reunir, e
mesmo preço, porque pagarem a dos transportados á transportar á sua custa para o Brazil, dar-se-ha o
sua custa. Mas para que uns e outros possão gozar dobro das terras indicadas no §. precedente, as quaes
desta protecção e favor, he necessario que tenhão ob serão divididas em duas partes, uma para o emprehen
tido do consul portuguez, no porto d’onde sair, o dedor, e outra para ser subdivida pelas familias, ou
Yyy 2
[ 540 ]
pessoas. O Governo reconhecerá por validos, e fará dios cuidarão eficazmente em fundar novas aldeias
o Jservar os contratos, que o emprehendedor tiver fei para os Indios, em lugares onde haja necessidade de
to com as familias, ou pessoas. povoação, e facilidade de dar consumo aos productos;
9 A cada familia de mais de seis individuos, que assim como em reparar as antigas, que se acharem
á propria custa chegar ao Brazil, levando comsigo arruinadas e decadentes nas vizinhanças das cidades,
instrumentos e mais capitaes necessarios para a lavou villas, e povoações civilisadas. Para dar principio
ra? dar-se-ha um terreno de 509 braças em quadrado áquellas, e melhorar estas, chamarão para elas os
nos lugares referidos no paragrafo 6, em em sitio op Indios que habitarem as villas ou aldeias, que em
portuno. A familia a quem for dada qualquer porção máo estado se acharem, em sitios ermos e distantes,
de terra, não poderá cxigir outra; porém sim compra ou que por outras razões devão ser abandonadas. As
la por preço modico, que reverterá para a caixa de mesmas juntas procurarão convidar por meio de esem
colonização: e as juntas de colonização não poderão pções e premios, que deverão estabelecer com appro
dar ou vender outras porções, em quanto as houver vação do governo provincial, aos nacionaes e estran
por cultivar no territorio destinado para uma villa ou geiros, principalmente mestres de officios, para que
colonia. se estabeleção nestas aldeias, e outrosim promoverão
10 Os colonos que estabelecerem no Brazil, em pelo dito meio os casamentos entre as diferentes fa
terras que lhes forem dadas ou aforadas, ficarão sen milias.
do cidadãos portuguezes, desde que edificarem casa, 14 A cada aldeia de Indios dará a junta as ter
e abrirem qualquer porção de terreno: serão dispensa ras necessarias, e na mesma proporção que as der ás
dos do serviço militar, e exemptos de todo e qualquer colonias de estrangeiros, que á sua custa fundar, e
tributo durante os cinco annos primeiros; nos cinco estabelecerá em cada uma um director, que além da
seguintes pagarão sómente o dizimo para a caixa de nccessaria instrucção, deverá ter doçura de caracter,
colonização, e depois destes ficarão sujeitos aos en e boa moral. Para este emprego, e para civilisadores
cargos communs aos subditos portuguezes. Aquelles, dos Indios, convidar-se-hão de preferencia os irmãºs
que se estabelecerem em fabricas, ou que professarem Moraves, não poupando o Governo meio algum de
algum ramo de industria fabril, poderão impetrar chamalos para o Brazil.
dentro de quatro annos, ou antes, se casarem com 15 Os directores inspeccionarão as escolas e ofi
mulher do paiz, carta de naturalização: durante os cinas, que a junta deverá estabelecer em cada aldeia;
mesmos quatro annos serão exemptos da milicia, e de destribuirão os instrumentos da lavoura, de que serão
qualquer imposição sobre os productos da sua indus fornecidos os seus habitadores, em quanto não tive
tria: depois destes pagarão para a dicta caixa um rem meios de os comprar, e os premios que forem
tributo moderado por mais de seis annos, findos os destinados para aquelles, que primeiro e melhor cul:
quaes serão considerados como artistas portuguezes. tivarem: além disso marcarão certos dias, e princi
Aquelles porém, que comprarem terras já roteadas, palmente aquelles em que houver baptisado ou casa
e que se empregarem na mineração do ouro, ou no mento na aldeia, para as festas e danças, e alegridº
commercio interno ou externo do paiz, serão obriga decentes, de que os Indios mais apaixonados forem,
dos a todos os direitos e tributos que actualmente e finalmente procurarão com todo o desvelo, e por
prestão ou prestarem os cidadãos portuguezes. intervenção dos Indios civilisados, em quem maiºr
11 Todos os colonos, que se estabelecerem no confiança tiverem, alliciar os errantes e selvagens, º
Brazil, ou á custa das juntas, ou á de particulares, quaes serão hospedados com afabilidade, quando vºº
ou á propria custa, poderão voltar livremente para as nhão ás aldeias, comprando-se quanto a ellas trou"
terras do seu nascimento logo que tenhão preenchido xerem, e dando-se-lhes em troco as mercadorias quº
quaesquer obrigações, que hajão contraido no paiz, escolherem, e de que haverá na aldeia o necessanº
e não pagarão, assim como os nacionaes, direitos al provimento, e encommendando-se-lhes cousas do paiz,
guns de saída por suas pessoas. E para que conste o que precisem de manipulação, como peixe salgadº,
numero, nação, sexo, idade, e profissão dos colonos para o que se lhes dará sal, e ensinará o modº dº
que entrarem nas diferentes provincias, e daquelles, de salgar.
que saírem dellas, as juntas farão publicar cada tres nella16seAo Indio,
quizer que do mato
estabelecer, passar
dar-se-ha umaá porçãº
aldeia, deº
mezes uma exacta relação de uns e outros, extraida
dos livros de registro, que para isso deverão ter. terra, e os necessarios capitaes, pa: a que a cultive,
12 Fica em todo o seu vigor o directorio dos In ou em separado, ou em cummum, qual mais qui",
dios, dado aos 17 de Agosto de 1758, supprimidos e ajudar-se-lhe-ha a edificar sua casa. O que for aº
os artigos desde o 27 até ao 34, e desde o 56 até 70, sim estabelecido gozará dos direitos e isempções cº"
que serão tidos por nullos, e por consequencia as no cedidas aos novos colonos.
vas povoações isemptas de dizimo, e quaesquer outros Aquelle, que chegar á aldeia em estado de rº"
direitos, por tempo de 10 annos, e para sempre do ber educação é aprender algum officio, será admi"
6, que pagavão aos directores (de cujo benefício go do nas escolas e officinas, no que os directores de"
zarão tambem as povoações existentes que o pagarem) rão ter muito particular cuidado. •
[ 541 |
mesmas juntas farão visitar annualmente as colonias pos. Os membros que crearem esta sociedade, or
a estrangeiras e aldeias dos Indios, para que as infor ganizarão os seus estatutos, que serão approvados
mem do estado em que ellas se achão, e lhes propo pelo Governo.
nhão os melhoramentos de que são susceptiveis, e 22 Se a emigração de estrangeiros para o Bra
e lhes transmittão os nomes daquelles cidadãos, que zil for grande nestes primeiros tempos, terminará o
por algum meio eficaz tiverem contribuido para o trafico de escravos entre aquelle Reino, e Africa
augmento e prosperidade de taes estabelecimentos, a dentro em seis annos, contados do dia, em que se
fim de que sejão remunerados convenientemente pelo promulgar a Constituição no Brazil, ficando aos
a Governo. governos das provincias a faculdade de limitar o
18 Todo o cidadão, que apresentar sete filhos le dito prazo, quando a influencia de emigrados seja
a gitimos vivos, pagará sómente dois terços de dizimo tal, que prometta fornecer os necessarios braços á
ou decima, a que for obrigado; o que apresentar 10 lavoura.
pagará metade; e o que apresentar doze pagará um 23 Os governos das provincias do Brazil, con
terço, além de serem preferidos para todos os empre vidando a filantropia nacional, estabelecerão cai
gos publicos, que poderem exercer. A mãi de 6 filhos xas de resgate para libertarem no dia do anniversa
adultos terá voto nas eleições. O cidadão, que á sua rio da sua respectiva regeneração aquelles escravos,
custa estabelecer no Brazil 25 familias estrangeiras, que por alguma acção virtuosa, ou conducta, que
ou duzentos Indios de ambos os sexos, sera chamado sobresaia, como seja a obediencia, e bons serviços
amigo da patria, seu nome será gravado em uma prestados a seus senhores, se fizerem dignos da li
lapida, que para isso haverá na principal sala do go berdade; competindo a cada um dos referidos go
verno da província, e terá preferencia em todos os vernos o modo de formar as ditas caixas, e orga
cargos honorificos della. nizar a companhia, que as deve administrar, de es
19 Os Indios, e ciganos ou já existentes no Bra tabelecer os regulamentos precisos para seu bom re
zil, ou que para lá forem, só poderão ser considera gimen, e de empregar aquelles escravos, que ca
dos como cidadãos portuguezes, quando sejão, ou da anno impreterivelmente deve libertar, que não
forem lavradores de terras proprias, ou fabricantes, tiverem officios, a fim de evitar a ociosidade.
convenientemente estabelecidos; devendo neste ulti 24 Serão destinados para fundos das menciona
mo caso impetrar cartas de naturalisação nos termos das caixas de resgate todos aquelles donativos, que a
do $ 10. Aquelles que quizerem traficar, ou merca beneficencia lhes prestar por meio de subscripções,
delar de terra em terra, pagarão annualmente para que os governos abrirão, ou por qualquer outro, e
obterem licença, e a beneficio da caixa da coloniza por confrarias que em diversas freguezias formarão pa
. ção, o que pelo Governo da provincia arbitrado for, ra pedir soccorros á caridade; o premio de uma lote
#
sob pena de serem reputados como vagabundos. ria annual, que os mesmos governos farão extrahir,
20. O Governo de cada província formará em o rendimento de um por cento no valor de cada es
cada districto della, e do modo que mais conve cravo africano, que for importado, ou revendido na
niente for, uma companhia de pedestres para cor provincia; e finalmente o montante de pezadas mul
rerem as estradas, e matos, e nomeará os proprie tas, que os governos farão pagar áquelles senhores,
-
•
- tarios de grandes fazendas chefes de policia, para que derem o sabbado a seus escravos em vez da or
que fação prender (sendo auxiliados pelos pedestres, dinaria ração para seu sustento, e que os obrigarem
ou pelos homens livres, a quem poderão convocar
} quando a trabalhar nos domingos, e festas de guarda.
for mister) aos vagabundos, e vadios, que 25 As juntas da administração das caixas, logo
º encontrarem, remettendo-os logo á autoridade local
…
que tiverem fundos, que equivalhão a uma acção do
que se lhes designar, e aos escravos que divagarem banco, a levarão ao da provincia onde o houver; e
sem bilhete de seus senhores, a quem os remeterão não o havendo, serão postos no gyro, que mais lu
immediatamente, ficando estes na obrigação de pa crativo e seguro for.
garem ao guarda que os conduzir, o que segundo 26 Todo o escravo que apresentar o seu valor
as distancias for estabelecido. grangeado por meio licito, será libertado, e o se
21 Estabelecer-se-ha tambem em cada provincia nhor, que a isso se oppozer, deverá ser obrigado a
do Brazil uma sociedade de agricultura composta entrar para a caixa do resgate com a quinta parte do
dos cidadãos mais interessados no progresso desta valor em perda sua, e proveito da liberdade.
nobilíssima arte. Esta sociedade terá por fim promo 27 Os escravos que forem penhorados pela fazen
ver pelos meios que julgar convenientes, todos os da nacional, poderão libertar-se com o rebate da
ramos da agricultura da provincia, e levar ao co quarta parte de ser valor, sendo previamente avalia
nhecimento do Governo quaes os tributos, monopo dos; e quando se não libertem, o rebate entrará pa
1ios, e exclusivos, que retardão o progresso da la ra a caixa de resgate.
voura; quaes as pontes, estradas, e encanamentos, 28 Será livre o filho, e a escrava que o tiver de
que mais precisos forem; quaes as terras, que se seu senhor; ficando este obrigado a fazelo aprender
achão incultas, sendo susceptiveis de colonização, oficio, de que possa subsistir: e livres serão tam
e cultura, ou por sua vantajosa situação, ou por bem os escravos que nas doenças forem abandona
sua fecundidade; quaes os lavradores, que mais se dos pelos senhores, uma vez que se prove que o
<listinguirem no aproveitamento das terras; e final senhor não costuma tratalos nas enferinidades.
*mente quanto for a bem da prosperidade dos cam 29 O escravo que for seviciado por seu senhor,
[ 542 |
provando-o, poderá requerer mudança para senhor signando as datas e ordens respectivas com as obsr.
de sua escolha; e o seu preço será arbitrado por vações que achar a bem sobre cada uma das parcellis,
avaliadores. -
Deus guarde a V. Exc." Páço das Cortes em 18 nido a junta eleitoral da província na cidade da Ri
de Março de 1822. —João Baptista Felgueiras: beira grande da ilha de Sant-Iage (composta dé 23
eleitores d㺠sobreditas ilhas é praças d'Africá), fize
Para Antonio José de Moraes Pimentel. +
rão-se duas eleições de Deputados de Cortes, diversas
em parte: • 14
Sendo presente um voto em separado, oferecido debates, decidiu-se á pluralidade de votos haver por
pelos Srs. Deputados, Ribeiro Saraiva, e Figueire nulla a eleição deste Deputado e substituto, e passar
do, não se admittiu. º se a votar em outros, para sens lugares. Fez-se nova
O Sr. Deputado Secretario Felgueiras deu conta eleição; e não havendo duvida sobre o primeiro De
da correspondencia e expediente seguinte. " * putado eleito, forão votados: para segundó Deputa
De um officio do Ministro dos negocios do Reino, do, José Lourenço da Sitva, natural de Portugál, e
remettendo uma consulta da junta da administração domiciliado na ilha do Fogo; e para substituto, Wi
da companhia geral da agricultura das vinhas do coldo do Reis Borges, natural e domicíliado na ilha
Alto Douro, concernente á académia nacional da ci de Sant-Iago. E a estes dois Deputados e substituto
dade do Porto, que foi mandado para a Commissão se passárão seus diplomas.
de instrucção, publica. E de uma representação da O ouvidor da comarca, presidente da juuta elei
camara de Villar de Perdizes, enviando as suas feli toral, parecendo duvidar na sua informação, se deve
citações ao soberano Congresso, e pedindo a creação subsistir a segunda
isto á decisão eleição ou a primeira, submette
das Cortes. •
O Sr. Deputado Ferreira da Costa, por parte da que para os dois ultimos votados na primeira eleição
Commissão de poderes, leu o seguinte ? ' ' " " poderem ser Deputados por aquella provincia, cum
...º pria terem naturalidade ou domicilio com residenciá
P A R E c e R. por 7 annos: e ambos astes requisitos lhes faltão: 2.°
porque a mesma junta eleitoral, reconhecendo a tem
Sendo presente á Commissão dos poderes as actas po o seu erro em ter votado nelles, resolveu á plu
da eleição dos Deputados de Cortes pela provincia ralidade ter por nulla a eleição nesta parte, e votar
composta das ilhas de Cabo Verde, e praças de Bís. novamente em pessoas que estivessem nas circunstan
#º e Cacheu, remettidas pela junta provisoria do cias da lei: 3.° porque coherentemente se passou di
Governo da mesma provincia, com uma informação plomas ao primeiro Deputado, a respeito do "qual
dº ºuvidor da comarca, que fôra presidente da jnn não houvérá duvida, e ao Deputado e substituto da
tº éleitoral, e outros papeis relativos á eleição: e sen segunda eleição; mas não os passou aos dois domici
do-lhe tambem presente o diploma do Deputado, Jo. iiados no Rio de Janeiro. '
* Lourenço da Silva, eleito pela mesma província, Parece portanto á Commissão: 1.º que só são
hesitou á Commissão por algum tempo em legalisar legitimos Deputados pelas ilhas de Cabo Verde, e
este diploma, em razão de irregularidades cômihettipraças de Basáo, e Cacheu, Manoel Antonio Mar
tins,Nicoláo
das na eleição dos Deputados de Cortes, de que pas to, e José Lourenço
dos Reis da Silva, e Deputado substitu
Borges. •
Ordem do dia. Entrou, em discussão o artigo, 196 tenhão estes empregos, excepto o official de milicias,
do projecto da Constituição, , Jo Isto parece-me vago, e diria melhor, que fossem ex
O Sr. Bastos: — A Constituição hespanhola exi-, cluidos os que tivessem empregos, que fossem incomº
ge cinco annos de residencia no districto, Parece-me. pativeis com o da camara: porque esta generalidade
muito: mas por outro lado parece-me pouco um an abrangia todos os casos necessarios. Não me parece
no como determina o artigo. Um anno, mal se póde tambem justa esta excepção dos officiaes de miliciai,
reputar suficiente para se adquirirem os necessarios e deve fazer-se diferença de escusa voluntaria a excep"
conhecimentos das necessidades do concelho, e aquel ção; em tal sorte que se quizerem servir, lhes seja pºr
la afeição e aquelle interesse, que muito póde con mittido; mas querendo, não devão ser obrigados, pºr
tribuir para bem o administrar. Meu voto he portan que o emprego de oficial de milicias he tambem um
to que sejão tres. " *
- serviço gratuito feito á patria. - *.*
O Sr. Soares Franco; — Parece-me efectiva O Sr. Presidente perguntou, se a materia estavº
mente que para os cargos de camaristas he pouco tem suficientemente discutida, e se julgou que sim.
po um anno de residencia para ter conhecimento dos Propoz a votos a primeira parte do artigo 196, *
districtos: apoio por tanto o voto do Sr. Bastos, ou a qual não foi approvada por se não exigir nella maiº
que quando menos se exijão dois annos de residencia. do que um anno da residencia no distrito, para pode
Pelo mais parece-me bem as circunstancias que se exi rem ser eleitos para oficiaes da camara.
gem no artigo 184, e se podia passar aqui em geral Poz mais a votos e mesmo Sr. se se exigirião º
a doutrina daquelle artigo. º annos de residencia, e se resolveu que sim.
O Sr. Araujo Lima: — Eu pelo contrario, e Poz, mais á votação a primeira parte do artigº
olhando para os direitos que tem as camaras julgo, que 184 poderão ser eleitos para estes cargos os cidadº
não lhe necessario, que se estabeleça aqui o tempo de que estiverem no exercicio dos seus direitos, sendo nº
residencia que he preciso para ser vereador ou procu iores de 25 annos? E foi approvada.
rador das camaras. • " . |-
- Propoz mais se se approvava a seguinte clausula dº
O Sr. Caldeira: — Eu sou daquella mesma opi dito artigo 184 tendo meios de honesta subsistencia? E
foi approvada. |-
nião. Tem-se dito aqui que ha de haver grandes dif • -
de residencia; mas a marcar-se que não seja muito Por este motivo o Sr. Serpa Machado apresentº
[ 545 ]
Por escripto a sua emenda, que dizia não estan-" honorifico, tem igualmente muito de oneroso , e
do em efectivo serviço de algum emprego incompati obrigar a um cidadão, a ter dous encargos onerosos
e vel com o cargo que ha de exercer na camara a nao me parece conveniente.
qual tendo sido posta a votos, foi approvada. O Sr. Barão de Molellos: — A opinião do Sr.
* * O Sr. Serpa Machado: — Agora requeiro que Serpa he certamente mui justa e racionavel propondo
* se diga que os officiaes de milicias terão a escusa vo que os officiaes de milicias não sejão violentados a
M luntaria. servirem nas camaras, e só sejão membros dellas quan
E
O Sr. Salema: — Creio que se deve fazer dife do espontaneamente o quizerem. O contrario seria
#
rença das ser
oderião milicias regimentaes: estas verdadeiramente sermos contradictorios com os principios de igualda
escusadas. •
#
de e justiça, pois ninguem póde duvidar que um of
ir O Sr. Ferreira da Silva: — Eu não julgo que ficial de milicias está sobrecarregado com grandes tra
tl se deva admittir, que os officiaes de milicias tenhão a balhos, incommodos, e responsabilidades, e sem por
# escusa voluntaria, porque ás vezes são aquelles ho
elles receber ordenados ou recompensas; e por conse
g mens de mais confiança, e de quem mais será neces guinte seria muito injusto accumular maiores trabalhos
* sario deitar mão para imcumbir-lhes os cargos muni e responsabilidade, muitas vezes incompativeis, ha
#2
cipaes. vendo outros cidadãos com as mesmas qualidades e
# O Sr. Peixoto: — Parece-me que não podemos sem estarem onerados com outros cargos publicos. Ou
} decidir sobre isto; porque não sabemos qual ha de ser
-
vi dizer, que os trabalhos dos milicianos não erão gran
ao futuro o serviço das milicias, e se será compativel des, e muito menores serião em se formando o plano
com o das camaras. das milicias nacionaes. Respondo, que estas razões
O Sr. Braamcamp: — A maior parte das mili são contradictorias ás que aos mesmos illustres Preo
cias hão de servir nas guardas nacionaes, e não julgo pinantes tenho ouvido, narrando os incommodos que
que será tão gravoso o serviço destas, que por elle se se fazião sofrer aos milicianos. Ou lhe chamem mi
rá necessario que os oficiaes sejão excluidos do das licias, ou milicias nacionaes, ou guardas nacionaes,
CâII18 TGS, he certo, que hão de ter trabalhos, e responsabili
O Sr. JMiranda: — Eu sou da mesma opinião, dades, e que estas só podem ser marcadas pelas leis
e me parece tambem que não ha de ser tão activo o regulamentares; por tanto não vamos tolher aquelles
serviço das guardas nacionaes, que não possão os offi que as hão de fazer, inserindo esta doutrina na Cons
ciaes ter algum emprego municipal. He preciso tambem tituição: por tanto, meu voto he que seja ommissa;
ter ein consideração que por aliviar a classe dos mili e caso assim se não vença, tenha então lugar a emen
cianos não devemos aggravar a dos agricultores, e as da do Sr. Serpa.
outras classes. Por tanto, e não julgando que ha in O Sr. Ferreira da Silva. — Até agora nós temos
compatibilidade entre estes dous serviços, sou de opi visto que os oficiaes de milicias tem sido empregados
nião que não se declare exceptuados os oficiaes de nas camaras, e se nós deixarmos a seu arbitrio o re
milicias. jeitar este cargo, nos veriamos talvez no caso de não
O Sr. Peixoto: — Por ficar omissa esta materia, haver homens que fossem officiaes das camaras; por
não fica excluida; e póde tomar-se em consideração consequencia eu sou de opinião que se declare, que
em lugar mais oportuno; mas eu digo que sem saber não he incompativel o ser official de milicias com o
se, qual he a organização das milicias, o que só pela ser camarista; e que uma vez que os officiaes de mi
nova ordenança poderá conhecer-se, não se deve to licias sejão nomeados para as camaras sejão obrigados
mar uma decisão a este respeito para não incorrer a acceitar, ainda que tenhão que deixar o seu empre
em contradicção com o principio de compatibilidade, go nas milicias, por ser mais util o que hão de exer
ou incompatibilidade que já se adoptou. Cer InaS Ca II) a TBS,
O Sr. Vigario da Victoria: — Eu diria que fosse O Sr. Freire: — Voto que seja perfeitamente om
admittida a escusa, uma vez que se achem em activo missa na Constituição uma tal materia: se se consi
serviço, e parece-me que seria justo se declarasse, derão as milicias como hoje são, isto he, uma tropa
que achando-se empregados nas camaras não podes efectivamente tal, que está debaixo das ordens do
sem ser chamados para o serviço das milicias. Governo, e então não se deve dizer a ElRei que não
O Sr. JMacedo: — Se queremos que os officiaes as empregue deste, ou daquelle modo: e seria incom
de milicias possão ser membros das camaras, como pativel que um official de milicias fosse oficial de uma
entendo que deve ser, justo he que se declare que não camara, e podesse ser nomeado para um serviço mi
ha incompatibilidade em serem eleitos para vereado litar, que lhe impedisse o exercicio do cargo munici
res: porém como aqui se não trata de conceder pri pal: ou as milicias hão de ser organizadas como guar
vilegio a ninguem para se escusar de semelhante car das nacionaes, e nesse caso hão de ter um novo re
go, parece que não tem lugar neste artigo conceder-se gulamento, que ainda não sabemos qual será, mas
essa escusa voluntaria a uma classe particular de cida seguido o qual, debaixo de certos pontos de vista hão
dãos. •
de estar sujeitos ao Governo; e tanto de um modo
O Sr. Serpa Machado: — Eu convenho em que como de outro, isto não póde ser objecto de uma lei
se supprima esta ultima parte do artigo, mas no que constitucional, senão de uma lei regulamentar, e he
não poderei convir he, em que se imponha aos offi preciso separar sempre o que he regulamentar, e o
ciaes milicianos a obrigação de acceitar esse cargo, que he constitucional. Diga-se, e não he pouco, que
porque o outro que exerce, ainda que tenha muito de os vereadores não poderão ter "p"? que sejão in
ZZ
[ 546 |
compativeis com os das camaras; mas agora querer timo periodo do artigo 196, a saber = os que servirem
entrar na analyse de quaes são estes empregos incom um anno não serão reeleitos sem ter passado outro
pativeis, isto são miudezas que não devem entrar na anno de intervalo. =
Constituição.
nifestado, Sou pora tanto
e approvo do voto, que deixo ma
ommissão. •
O Sr. Serpa Machado: — Parece-me que esta
doutrina já se venceu na sessão passada.
O Sr. Miranda: — He necessario tirar toda a du Houve duvida sobre isto, pelo que o Sr. Soares
vida para o futuro; e assim como se determinou a de Azevedo, leu a acta da dita sessão. •
idade e o tempo da residencia, não sei porque razão O Sr. Macedo: — Uma vez que o que se tem em
se não ha de determinar isto, que eu julgo igualmen vista he evitar os incommodos dos que servem estes
te importante. He verdade que algumas circunstan cargos, e como eles não são tão pezados que não se
cias incompativeis póde haver entre o serviço das ca possão sofrer por dois annos consecutivos, eu seria de
maras, e das milicias; mas nesse caso uma lei regu opinião que se dizesse, que os oficiaes das camaras
damentar expressará o que se ha de fazer; porém se não poderão ser eleitos senão dois annos successiva
ria muito vago dizer-se geralmente, o que seja ou mente. e assim poderão ficar na camara de um anno
não incompativel com o serviço das milicias; e não para outro homens já versados nos negocios a ella
sei, podendo-se remover com duas palavras essa dif pertencentes. A
ficuldade, porque se não ha de aclarar. O Sr. Bastos: — Eu sou de voto contrario porque
O Sr. Bastos: — O encargo das milicias he in me parece que os redactores do projecto não terião só
compativel com os do concelho, ou não he ! Se he em vista a razão que dá o Preopinante, mas princi
incompativel já está decidido, já foi comprehendido palmente o evitar a aristhocracia da administração.
na precedente votação, e não se deve propôr uma O Sr. Soares de Azevedo: — Seria uma cousa
nova: se pelo contrario não he incompativel, então muito contradictoria que tendo-se decidido isto nas
nenhuma excepção se deve fazer a similhante respei sessões passadas, e não tendo variado as razões, ago
to: se nós a fizessemos agora sobre isto, seria preciso ra se decidisse o contrario. Voto por tanto a favor
a fizessemos do mesmo modo relativamente a todos os desta clausula do artigo. •
outros empregos, que são incompativeis com os en O Sr. Araujo Lima: — Tambem se decretou que
cargos do concelho, e o codigo constitucional se con os Deputados de Cortes podessem ser reeleitos, e po
verteria em um codigo regulamentar. Minha opinião dendo-o ser os Deputados não sei porque razão o não
he pois, que não tratemos mais disto, e nos conten hão de poder ser os vereadores das camaras.
temos com as anteriores votações (apoiado). O Sr. Soares Franco : — Os redactores achárão
O Sr. Barão de Molellos: — Apoiando a minha que havia muita diferença entre os Deputados de Cor
opinião, e dos honrados membros que querem seja tes, e os vereadores; porque os Deputados de Cortes
ommissa na Constituição esta doutrina, levanto-me carecem de muita instrucção em diversos objectos, e
só com o fim de refutar aquella de alguns illustres não podendo ser reelegidos não seria acaso muito fa
membros, dizendo, que se pertende aliviar a classe cil achar tanto numero de pessoas novas com as qua
dos milicianos com prejuizo daquellas dos agriculto lidades suficientes para cada legislatura. Além disso,
res, dos commerciantes, dos proprietarios, etc.: si uma das principaes razões que tiverão em vista foi,
milhante doutrina he errada, porque se funda em um eomo muito bem disse o Sr. Bastos, evitar a aristho
principio absolutamente falso, isto he, na diferença cracia, porque senão haveria familia que estaria em
que injustamente se faz da classe de milicianos áquel possessão de ser sempre os seus membros empregados
IlaS CRIT) a TaS. •
desta maneira nunca chegaremos a completar o fim A mesma resolução, e por igual motivo recaíu
para que aqui viemos. no artigo 198, sem nenhuma discussão.
Julgou-se suficientemente discutida esta materia. O Sr. Macedo: — Já que este artigo, e o ante
O Sr. Presidente poz a votos a clausula do arti rior se supprimírão, parece-me necessario que se con
go 184, que diz excepto o de official de milicias na signe na Constituição outro, que expresse que a pre
cionaes a qual não foi approvada; e resolveu-se, que sidencia das camaras pertence a um vereador.
esta doutrina fique ommissa na Constituição. O Sr. Freire: — Eu fui desta opinião quando se
O mesmo Sr. Presidente propoz á discussão o ul discutiu o artigo 194: eu achava que na Constituiçãº
+ [ 547 ]
<ievin expressar-se o numero de individuos de que as O Sr. Soares de Azevedo: — Isto pertence ao
«eaumaras devem compôr-se, entretanto resolveu-se na artigo 199, e estamos discorrendo vagamente sem sa
quelle lugar o contrario; mas eu julgo que aqui o de bermos verdadeiramente a que ponto nos temos de dí
veriamos declarar: quando não, conformo-me exacta rigir: por tanto se ha alguem que queira fazer algu
mente com a opinião do Sr. Macedo, para dar uma ma emenda, póde apresentala para tirar-se algum par
idéa de que o presidente he electivo, e fórma uma tido desta discussão.
parte constituinte da camara. O Sr. Freire: — Eu julguei que se estava dis
O Sr. Macedo: — Estabelecer um artigo em que cutindo sobre o que tinha indicado; mas senão eu
se designe claramente a composição das camaras, não proponho a minha emenda, que he a seguinte: as
faz mal nenhum, e póde fazer muito bem; mas pelo camaras serão compostas de um presidente, de verea
menos parece-me indispensavel que se declare a quem dores, e substitutos, de um procurador, electivos, e
ha de pertencer a presidencia, para que se não julgue de um secretario, tudo pelo modo que as leis o deler
como até aqui, que ella pertence ao juiz de fóra, ou ?)) 2.7101"e?)?.
attribuições das camaras parece-me, que devemos dizer O Sr. Miranda: — Aqui torna a entrar a questão
em geral de que pessoas devem ser compostas: de ou anterior; se o secretario ha-de ser eleito com os cama
tro modo ficamos sem saber quaes são as pessoas que ristas, ou hão-de ser os camaristas que o clejão. A
hão de compor estes corpos. mim me parece que só os camaristas poderão ter os
O Sr. Miranda: — Sr. Presidente, a organiza conhecimentos necessarios de quem he habil, e capaz
ção das camaras tem tido uma discussão particular, para exercer esse emprego, como tambem que deve
Principiamos por onde se devia acabar; mas eu não ter a camara poder para dimittilo se não serve bem.
sei como se hão de saber as attribuições das camaras, De conseguinte eu sou de opinião que o secretario
sem saber-se como estas hão de ser formadas. Até não seja eleito senão, que seja nomeado pela camara,
agora os escrivães das camaras erão os que fazião tu ficando esta responsavel pela eleição que fizer, e po
do , porque os oficiaes, parte por inercia, parte por dendo-o excluir se não cumpre com suas obrigações.
ignorancia, abandonavão todos os negocios aos escri O Sr. Soares Franco: — O escrivão da camara
vães. Eu julgo que os secretarios deverião ser eleitos não deve ser amovivel senão por culpa formada, e
como os camaristas: mas em fim he necessario que por ter mostrado prevaricação; e até já se tem deter
isto se expresse, como igualmente o numero dos offi minado assim. Em quanto a isto não ha mais que
ciaes de que a camara se ha de compor; e o meu vo observar: agora o quº em quereria que se determinas
to seria que o secretario fosse tirado de entre os cama se por lei, he quem o ha-de nomear: parece que ha
ristas, e escolhido por elles mesmos. -
de ser a camara, he verdade, mas deve ter confirma
O Sr. Freire: — Eu não sou desta opinião: to ção de alguma autoridade, e o determinar tudo isto
das as vezes que se exija grande responsabilidade de poderia deixar-se para uma lei regulamentar. De con
um homem, a quem se não pague, não esperenos seguinte o que se poderia dizer aqui he … O escrivão
ter bom serviço. (Apoiado). Um anno haverá um bom que a camara nomear terá um ordenado, e não po
secretario ; mas outro chegará em que pertencerá derá ser removido senão por culpa, etc.» (apoiado.)
servir a um ignorante, ou preguiçoso, ao qual se se O Sr. Castello Branco Manoel: — Sr. Presiden
lhe tomão conta do máo serviço, poderá dizer: eu te: trata-se da emenda, ou additamento sobre o se
não pude fazelo melhor; e esta resposta, que em ou cretario ou escrivão da camara; tenho ouvido enun
tros seria responsavel, não poderá selo naquelle que ciar a opinião de que este officio não seja amovivel,
serve gratuitamente; pois ainda que pela honra todo e que uma vez eleito qualquer cidadão para este em
o homem se deva achar igualmente ligado, com tu prego não seja tirado delle em quanto (como tenho
do na pratica achão-se muitos inconvenientes, quan ouvido dizer) bem o servir: que a eleição para este
do além da honra não estão ligados os empregados, oficio seja feita pelas camaras, e que estas possão re
mais fortemente pelo soldo que recebem por seus em mover o eleito logo que não cumprir os seus deveres,
pregos. He necessario por tanto que um escrivão da procedendo a nomeação de outro. Concordo com este
seja um tornetn pago, e tenha uma responsa
Cºl{I} dTal parecer em quanto á primeira parte, e sou de voto
bilidade absoluta effectiva : chame-se escrivão, cha que o oficio de escrivão da camara seja vitalicio, por
me-se secretario, isso he indiferente, he necessario isso mesmo que só depois de adquirir uma grande
que tenha um ordenado do que coma. pratica da marcha dos negocios he que exactamente
Zzz 2
[ 548 ]
cumprirá com seus deveres, além de que assim me pregados do que aqueles que são precisos, e com ef.
lhor se poderá fazer effectiva a sua responsabilidade. feito o mesmo Governo anterior tem praticado essas
Elle fica encarregado do archivo da camara, que ha economias, pois vemos que nas províncias alguns es.
de conter muitos papeis e documentos interessantes: crivães das camaras servem em mais de uma villa, o
por todos elles ha-de responder, e bem se vê que se que não poderia ter lugar se agora se desse ás cana.
todos os annos, como os vereadores, fosse eleito um ras a faculdade de elegerem os seus escrivães; porque
escrivão da camara, com facilidade se não poderião os camaristas de uma não poderião eleger aquele que
evitar muitos descaminhos. Não convenho porém em deveria tambem ir servir em outra. Observo mais on
que estes escrivães sejão eleitos pelas camaras. Esta tra incoherencia. Este Congresso tem decidido na lei
eleição traria com sigo muitos inconvenientes, e ain regulamentar, que os actuaes escrivães nomeados, e
da mais se as camaras tivessem a jurisdicção de o re cuja propriedade lhe foi conferida pelo Governo ficas.
mover, e cleger outros. Todos sabem que um escrivão sem subsistindo: por isso parece mais regular e uni
da camara, sendo elle habil, he de representação en forme que a creação, e nomeação dos novos igual.
tre os povos principalmente nas pequenas villas. A mente pertença ao Governo. Sería de alguma forma
experiencia mostra que eles como melhor instruidos um systema monstruoso haverem escrivães da nomea.
no andamento dos negocios, com conhecimento de ção das camaras; principalmente quando me não or
provisões e legislação, que he privativa de certas ca corre, nem tenho ouvido ainda neste recinto razão
maras, tem uma grande influencia nas suas decisões; alguma, que convença pertencer ás camaras sómente a
que este officio estabelecendo-se-lhe um certo ordena nomeação, pois nem nessas mesmas camaras deve ha:
do he muito lucrativo, e por consequencia temos um ver responsabibidade pelos sobreditos officiaes; razão
emprego que ha-de ser ambicionado com avidez. Nes plausivel porque se disse, que aos secretarios compe
tas circunstancias a camara a quem competir a elei tia a nomeação dos officiaes das competentes secreta.
ção que ha-de ser composta de homens, e homens rias; e por fim omittindo outras razões até pareceria
que hão-de ter paixões, não deixarão de prover em incoherencia que o Governo nomeasse os mais ofi
alguns de seus parentes ou afilhados, e talvez que at ciaes publicos, e sómente deste se fizesse a excepção
tendão mais aos interesses destes de que ao dos povos a favor das camaras. Voto por tanto que este oficio
para haverem de ser bem servidos. Eu até me inclino de escrivão da camara seja vitalicio, que os emprega
que as eleições das camaras que houverem de fazer dos nelle só pelo juizo competente possão ser removi
essa nomeação ficarão sujeitas a tumultos e intrigas, dos por erro, ou notoria inhabilidade: e que o seu
e que não haverá nellas aquella liberdade que este provimento pertence ao Governo.
Congresso quer, e que he conforme ao systema que O Sr. Soares de Azevedo: — Eu opponho-me a
adoptamos. Esses candidatos áquelle officio emprega isto: muito más serão as camaras que não possão nº
rão todo o artificio e meios para que a eleição dos mear um escrivão! Em quanto a respeito do mais dº
camaristas recaia em taes e taes indivíduos, que são go, que a emenda não vem aqui a proposito; cºm
os seus protectores; e aquelles em cujo voto confião tudo eu sei camaras em que os procuradores e escri
para se verificarem as suas pertenções. Por estes mes vães tem voto. Approvo por tanto a emenda do Sr.
mos principios, com a mudança das camaras terião Freire concebida nestes termos (leu-a). Porque, de
quasi todos os annos mudança de escrivão: e que in duas cousas uma: a nós assentarmos que este escriº
justiças; que perseguições (digamos assim) não sofre vão deve ser nomeado pela camara, ontão bem; deve
rião ainda os bons escrivães, pois que nunca faltamião ficar assim: mas, a não o haver de ser, como ele hº
pretextos para dizerem os camaristas que o actual um officio publico, vem a ficar da forma que os mais
escrivão não serve bem. Isto sería um grande incon oficios. Porém o meu voto he, que ele seja nomea:
veniente, e opposto ao principio em que todos con do pela camara; e então se deverá dizer — Haverá
cordão, qual he, que o escrivão não deve ser remo um escrivão nomeado pela camara.
vido em quanto bem servir. Ultimamente com esta O Sr. Correa de Seabra: — Parece-me que aº
decisão sería o Congresso incoherente á vista de ou escrivão da camara se deve dar o nome de secretariº:
trás que tem adoptado. Tem confiado ao Governo a a historia do mundo mostra a poderosa influencia dº
nomeação dos officios, e empregos publicos, ou ao nomes, e de algum modo se póde dizer, que o mun"
menos, se tem feito algumas excepções, sempre he do se governa mais por nomes, que por cousas: ""
deixando á eleição do povo; e para mim sería na o nome de secretario he mais bem acceito na opiniãº
verdade uma cousa extraordinaria que tres ou cinco publica, que o de escrivão, e por isso ha de con"
homens de que se compõe uma camara tivessem a re dar quem e melhor sirva e desempenhe as suas fumº
galía de nomear, e prover um officio vitalicio, que ções. A ceresce, que o nome de escrivão de camara #
não he de pequena importancia, e que parece ser pri moderno, e que as camaras segundo a organizaçaº
vativamente das attribuições do poder executivo; po actual mais propriamente devem ter secretario dº%"
dendo apenas só conceder-se ás camaras essa attribui CSCTI V8LO. \,
ção, se fosse emprego de um anno, prazo em que sub O Sr. Leite Lobo: — Eu não quero que estº"
siste a mesma camara. Ainda accrescem (a meu pare crivão seja nomeado pelo Governo, nem pela cº"
cer) outros inconvenientes: todo o empregado publico ra: mas porque razão não ha de ser ele nomeadº º
deve tirar a sua subsistencia do officio que exerce, lo povo, como os camaristas! •
por isso se diz, que aquelle escrivão deve ter um or O Sr. Camello Fortes: — Apoio a indicaçãº"
denado. Ora a economia pede que não haja mais em mo ela está; e sem duvida que ele ha de se "
[ 549 ]
vo, e se deve acautelar que o Governo executivo se maras não tenhão escrivão para o futuro. Voto por
meta nisso; pois que este emprego he ellectivo, e por tanto que seja secretario e não escrivão e que isto se
consequencia está claro que lhe não compete, assim ja privativo da nomeação das camaras.
como todo o emprego que for ellectivo não pertence O Sr. Soares Franco: — Que elles hão-de ter
ao Governo executivo. muitas cousas fora do expediente, não ha dúvida ne
O Sr. Soares de Azevedo: — A nomeação da ca nhuma: e como póde aparecer occasião em que isto
mara verdadeiramente não he nomeação mas sim elei se exija, e seja necessario; por isso he necessario pôr
ção: he pois necessario combinar isto com o artigo se na forma que as leis determinarem. Em quanto á
189, que diz (leu-o). Ora se he um officio publico, nomeação, sou igualmente de voto que ella seja da
segue-se que agora o fica sendo: isto não tem duvida da pela camara.
alguma. O Sr. Vigario da Victoria: — Ha camaras, que
O Sr. Ferreira Borges: — Creio que a varieda eu conheço, onde os escrivães, tem annexas as Al
de deste augusto Congresso consiste em confundir uma motacerias. Ha outras em que os escrivães tem anne
cousa com outra. As camaras tem um escrivão ou xo o officio dos Orfãos, etc. Bem vejo que isto he
secretario ! Que he escrivão ! lle aquelle homem que fora das attribuições da camara; mas o que peço he,
faz os terinos de veriação dentro da camara. Ora, que este artigo da Constituição, não vá tolher esta,
segundo o que vejo no projecto da Constituiçãº: liberdade, de que gosão estes homens; e que não se
observo que as camaras ficão com attribuições mui jão privados do exercício deste mesmo oficio.
diferentes daquelas que tinhão até agora: e por con . O Sr. Sarmento: — Está visto que a palavra es
sequencia vejo que o seu attributo não he proprio de um crivãº, he, que faz aqui todo o embaraço; mas está
escrivão, mas de um secretario. Já não ha para que visto que clla he mais Portugueza, que a de secretá
sirva esse escrivão: e por consequencia já não vejo rio. E até mesmo, he mais conhecida nas provincias,
necessidade deste escrivão, mas sim de secretario. e usada, e este uso hade continuar. Por tanto sé
Parece-me pois que um secretario, póde muito bem agora fossemos mudar a palavra escrivão, em secre
ser nomeado por esse corpo a quem serve: e portantº tario, iriamos desauthorisar a palavra escrivão. Nesta
a este corpo privativamente he que toca nomear esse conformidade,
ate aqui. voto que ela continue a usar-se, como
• •
bem servirem: e assim deve ser ; mas elle deve ficar O Sr. Araujo Lima: — Eu não apoio a indica
responsavel em todos os casos. Não devendo ficar ex ção; não porque não seja da mesma opinião do anº
postos ao arbitrio dos camaristas, quero dizer, que tor della; mas pelas razões que acabão de alegar º
elles os possão deitar fóra quando quizerem; mas só ilustres Preopinantes que tem falado sobre esta mate
no caso de que elles commettão algum crime. Quando ria. Já sobre isto se tem falado muito, e expendidº
nós vamos estabelecer o imperio da lei, não devemos varias razões: mas eu só me levanto para dizer quº
sanccionar o arbitrio. (Apoiado, apoiado). não sendo responsaveis os escrivães, virião todas aº
O Sr. Soares de Azevedo leu uma indicação ou faltas ou erros a recair sobre a camara, e por issº
emenda do Sr. Arriaga, para que os escrivães das seria justo que esta nomeação fosse propria dellas. Eu
camaras sejão conservados nos seus cargos uma vez não sei que haja uma repartição em que os escrivães
que bem sirvão. della não sejão responsaveis? Por consequencia digº,
O Sr. Peixoto: — O escrivão da camara, assim que sobre a intelligencia he que eu falo; e que reprº.
como outro qualquer official publico, ha de ter uma vo a indicação; porque ella póde ter uma intelligencia
responsabilidade propria pelos abusos e erros de oficio contraria áquella que deverá ter,
que commetter; e a camara ainda que tenha a prero O Sr. Serpa Machado: — He evidentemente ne:
gativa de nomealo, como lhe exija os requesitos da cessario pôr-se uma clausula, e esta vem a ser, que
lei, não póde ser obrigada a responder pelos seus cri as camaras poderão nomear escrivães que tenhão ei
mes, quando nelles não tenha tido parte. Isto he vul tas e aquellas qualidades; as quaes as leis poderão re
gar em todas as repartições que tem a escolha de of gular e designarão: e se a camara o escolher sem ter
ficiaes, nem podia ser de outra sorte; porque podem estas qualidades, deve escolher outro, até que tenha
fazer a oscolha com muito boa intenção; e póde ele um capaz; e não póde haver duvida que estes empre
ger sujeito que até esse acto não tenha tido nota que o gos são vitalicios, e que estes homens serão conserva
desacredite; e entretanto vir pelo tempo adiante a cor dos nelles em quanto bem servirem.
romper-se. Não duvido pois que ás camaras se conceda O Sr. Soares de Azevedo: — Cumpre-me dar in:
a faculdade de nomearem o seu escrivão, mais inamo telligencia á minha indicação. A nossa legislação actual
vivel, a não ser por incapacidade fisica ou moral pro diz, que um empregado publico poderá ser conserva
vada, ou por erro de officio, nada de clausula: em do no seu cargo, em quanto tiver boa nota, e servir
quanto bem servir; porque com ella ficaria amovivel bein. Eu não duvidarei retirar a minha indicação,
ao arbitrio dos camaristas; e no conceito delles dei com tanto que appareça outra melhor.
xaria de servir bem, logo que tivessem empenho de O Sr. Soares de Azevedo, retirou a sua emenda,
introduzir ontro de novo. He necessario tomarmos os e o mesmo fez o Sr. Arriaga. E forão substituidas
"homens, não como clles devem ser, mas taes quaes pela seguinte do Sr. Camello Fortes.
os achamos: se temos observado que a regeneração Os escrivães da camara servirão em quanto se lhes
politica lhes não mudou os habitos; se temos por des não provarem erros de oficio, ou incapacidade fisica
graça observado que na escolha e removimento de ou moral, que os impossibilite para bem servir.
empregados vai a mesma ou maior desordem; que o O Sr Presidente, proponho se se apprava esta
systema de patronagem continua; que o merecimento emenda ! Foi appravada.
sem protecção não dá accesso aos empregados; previ O Sr. Presidente, leu outra emenda do Sr. Cor
namos ao menos quanto esteja da nossa parte os ef "ca de Scabra para que em lugar de escrivães se cha
feitos da arbitrariedade por meio de regras fixas. Seja massem secretaios.
por tanto embora da camara a nomeação do seu es Propoz a mesma a votos, e foi regeitada.
crivão; mas sómente pela vacatura, na fórma ponO Sr. Soares de 4zevedo, leu o artigo 199.
derada; para que este oficial não esteja na sua con O Sr. Soares Franco: — Esta primeira parte
do artigo não ter lugar; pois em quanto ao Presiden
tinua dependencia, como a de um criado a respeito
de seu a Ino. +
tº, já se dicidiu o contrario. Pelo que respeita ao
O Sr. Maccdo: — De modo nenhnm póde passar Secretario, acabou agora de dicidir-se. Em quanto
aqui o principio de que os escrivães não serão respon á recleição tambem já está determinado.
saveis; porque, pergunto eu, se por exemplo o escri O Sr. Presidente: — Proponho a 1.° parte dº
vão quizesse sumir um livro da camara, e realmente artigo!
o fizesse: quem he que deveria responder por elle ! Dicidiu-se, que devia supprimie-se.
Sertamente devia ser o escrivão, pois que ele he O Sr. Camello Fortes: — Resta saber, se estes
quem os tem á sua dispozição: outras muitas hypo Escrivacs da camara devem ter ordenado ou não,
{ 65 1 ]
O Sr. Soares Franco: — Será milhor diser te para que na Constituição se determine a fórma, e
ra os vencimentos que a lei determiar. circunstancias, como devem crear-se novas villas. —
O Sr. Ferreira Borges: — Ordenado em tudo E foi rejeitada. E de outra do mesmo Sr. Deputado
que fôr serviço publico… mas emolumentos, isso nada: Borges Carneiro, apresentada em sessão de 11 de
pois qde esta tem sido a nossa desgraça: um ordena Março, propondo, que aos juizes electivos pertença
do certo, pelo emprego que servir, e nada mais, es a conservação da ordem, e segurauça publica. Ficou
te he o meu voto. admittida á discussão.
O Sr. Arriaga: — Uma vez que se fala sobre os O Sr. Deputado Ferreira Borges leu a seguinte
interesses que deve ter este oficial parece-me, que não
póde deixar de se comprehender quaes serão esses or IND I c Aç À o.
denados.
Se eles não tiverem emolumentos quem ha de pa Proponho, que na Contituição = titulo 5.º que
decer são as partes, as quaes serão muito mal servi trata do poder judicial, se introduza o seguinte.
das, porque por exemplo, se uma parte quizer certi Artigo... — Haverá tribunaes do commercio nos
dão, ou outra cousa, elles tardarão muito em a ser portos de mar, com a jurisdicção, alçada, e organi
vir, pois que dirão, como não temos emolumentos, zação, que a lei designar.
tambem não temos pressa em a passar. He por tan Artigo... — Em Lisboa, além do tribunal ordi
to o meu voto, que se lhe deverão dar emolumentos, nario, haverá um supremo tribunal de commercio,
e mesmo não só porque facilitão mais o expediente, que conhecerá por appellação das sentenças dos tri
mas até porque as leis lhos dão. bunaes ordinarios, e bem assim das sentenças proferi
O Sr. Camello Fortes: — O meu voto he se di das por arbitrios, no caso que o compromisso dê lu
ga na forma que as leis determinarem. gar a recurso. As suas attribuições, e organização se
O Sr. Presidente: — Proponho se deverão os es rão reguladas pela lei. — José Ferreira Borges.
crivães terem ordenado ! Venceu-se, que sim. Ficou para segunda leitura.
O Sr. Presidente: — Se deverão juntar-se-lhes as O Sr. Borges Carneiro fez a seguinte
palavras seguintes na fórma que as leis determinarem?
Venceu-se, que sim. IN D 1 c AçÀ o.
O Sr. Soares de Azevedo: — Propoz o seguinte
additamento — Ninguem poderá escusar-se deste en Herdades do Alémtéjo.
:argo sem causa legitima, verificada perante a auto
ridade superior, que se estabelecer. Mas não foi ad Como se ha de governar bem uma casa vazia? Um
mittido. dos primeiros cuidados deste soberano Congresso deve
Entrou em discussão o artigo 201. ser o restabelecimento da agricultura das herdades do
O Sr. JMacedo: — Eu sou de voto, que se tome Alémtéjo, nas quaes se estão de presente verificando
alguma deliberação sobre a 2.° parte do artigo, e todos os males que em seu luminoso preambulo des
mesmo porque nos devemos esforçar em estabelecer a creveu a mais sabia lei de 20 de Junho de 1774, inu
maior armonia e similhança possivel entre todos os tilisada pelo manhoso alvará de 27 de Novembro de
:orpos municipaes; em consequencia digo, que he ne 1804. Proponho por tanto como urgentissimo o se
cssario declarar alguma cousa a respeito das casas guinte
los vinte e quatro, e deixar este objecto para as leis Projecto de Decreto.
egulamentares.
O Sr. Miranda: — O sarralheiro habil deve exer As Cortes, etc. desejando occorrer ao deploravel
itar o seu officio em toda a parte, sem licença do estado em que se acha a agricultura das herdades do
enado ou outras camaras. O artista habil, poderá Alémtéjo, em quanto não dão a este respeito outras
azer o que quizer; e o que não habil deve queixar-se providencias, decretão provisoriamente o seguinte:
a sua pouca habilidade: isto por tanto já está sanc 1.° Pôr-se-ha desde já em rigorosa, e indefecti
ionado. vel observancia o alvará com força de lei de 20 de Ju
O Sr. Presidente: — Proponho se está bem dis nho de 1774; com declaração que a jurisdicção que
utido ! Venceu-se, que sim. nelle se confere aos corregedofes, provedores, e ouvi
O Sr. Presidente: — Froponho se deverá ser sup dores, e ao desembargo do paço, meza da conscien
ºrimida
lII].
a primeira parte do artigo! Venceu-se, que
•
cia e ordens, e junta da casa e estado de Bragança,
será exercitada pelos juizes de fóra dos districtos em
O Sr. Presidente: — Proponho se o deverá ser que as herdades estiverem situadas, ou pelos mais vi
gualmente a segunda parte! Venceu-se, que sim. zinhos, se nelles não houverem juizes de fóra; os quaes
O Sr. Deputado Secretario Freire fez segunda lei todos formarão processos summarissimos com audien
ura das seguintes indicações: da que o Sr. Deputa eia dos interessados, e de suas decisões definitivas,
lo Borges Carneiro apresentou em sessão de 21 de darão recurso para a casa da supplicação, onde o seu
Tevereiro, dizendo — que se declare, que os officios despacho será expedido sem demora alguma. Os mes
e escrivães das camaras sejão providos electivamente mos juizes de fóra inquirirão uma vez cada anno, e
or tempo de tres annos. — E foi rejeitada. Da que procederão contra os transgressores da citada lei, co
presentára em sessão de 8 de Março o Sr. Deputado mo por ella o devião fazer os corregedores, provedo
1onteiro da França, como addicional ao artigo 194, res, e ouvidores no acto das suas correições.
[ 552 ]
2.° Fica por tanto revogado o alvará de 27 de do, que o facto que se imputa áquella corporação iso
Novembro de 1804 em tudo o que respeita ás herda lada não merece louvor, mas sim censura, e parece
des do Alémtêjo, e quaesquer outras disposições, que monstruoso; mas esclarecido este augusto Congresso
contrariem o presente decreto. — Borges Carneiro. sobre as importantissimas circunstancias, que o acom
Ficou para segunda leitura. panhárão, o julgará, senão absolutamente desculpa
O mesmo Sr. apresentou a seguinte vel, infinitamente menos criminoso. Para assim o
mostrar voto que se faça a segunda leitura, e entre
IN D I c AçÀ o. em discussão.
(Votos, votos, clamárão alguns Srs. Deputados,)
Vigario da Madeira. e em consequencia o Sr. Presidente propoz á votação
se se devia já fazer segunda leitura. Resolveu-se que
Antes de ontem puz sobre a meza das Cortes se não.
gundo requerimento documentado do Doutor Espino Passou-se á ordem do dia destinada para a hora
la .Macedo, vigario da igreja de Santa Iria da ilha de prolongação, e entrou em discussão a emenda pro
da Madeira, e o de outro cidadão da mesma ilha, posta pelo Sr. Miranda na sessão de 15 do corrente
II]62.
Justino Antonio de Freitas, dos quaes consta que
até o dia 23 de Fevereiro, isto he, treze dias depois O Sr. Barão de Molellos: – Na ultima sessão em
do horroroso, inaudito, e sacrilego attentado com que se tratou desta materia, eu propuz, que os oli
mettido na cidade do Funchal, andavão os aggresso ciaes capazes de continuarem o serviço activo, ven
res soltos, e que nada se podia esperar da devassa ti cessem soldo por inteiro, e até porque estava persua.
rada pelo juiz de fóra, pelas razões que ponderava. dido que isto já se tinha vencido quando se sanccio
Tudo isto prova de uma parte a incapacidade e mes nou que elles ficassem aggregados: porém como ami
mo a connivencia do Governador (e taes aconteci nha opinião ficou vencida, e desejo que este soberanº
mentos se terão sempre evitado, se o Governo procu Congresso seja em tudo coherente, não me atrevo
rar homens para empregos, e não empregos para ho a instar que venção soldo por inteiro os oficiaes que
mens) e prova da outra parte a necessidade de se exci não forem proprios para serviço activo, e por isso nãº
tar a attenção do Governo sobre este attentado, pois repetirei em seu favor os argumentos que fiz na sessãº
tudo nos vai annunciando a sua impunidade, muito passada, nem mesmo outras de novo. Proponho pº |
mais quando parece haver-se já remettido a dita de rém como emenda, que — os officiaes que forem juk
vassa ao Chanceller da supplicação para a fazer pro gados incapazes de serviço activo venção, em quantº
cessar: peço por tanto a segunda leitura da indicação não obtiverem as suas reformas, dous terços dos seus
que fiz sobre este objecto. — Borges Carneiro. soldos; isto he, aquelles que tiverem menos de viniº
O mesmo Sr. disse: Senhores, o que he necessa e cinco annos do serviço; e aos que tiverem mais, º
rio, he ver que os cinco aggressores andão muito bem soldo por inteiro — pois nada seria mais injusto, que
passeando pela ilha da Madeira; e se nós vamos a dar-se o mesmo soldo aos officiaes que tem só um ""
ver estes factos em um Governo constitucional, e não dous annos de serviço, e áquelle que tem mais dº
fazemos nada, máo vai isto; por consequencia eu vinte e cinco, quando estes tem pela lei o soldo Pº!
julgo necessario icitar a attenção do Governo sobre inteiro. •
este negocio, visto que já foi a devassa para a casa O Sr. Pamplona: — Esta medida he transitoria,
da supplicação ; por tanto requeiro que se fassa já e não tira nada para quando se fizer a sua reforma:
a segunda leitura. porque quando chegar este momento eles terão tudº
O Sr. Miranda: — Eu não quero que se excite a o que lhe dá a lei: isto he unicamente a respeito dº
attenção do governo; porque elle deve ter isto ao seu officiaes que depois de examinadas as suas circunsta"
cargo, e no caso de se lhe querer dizer alguma cou cias, nunca mais hão-de servir; e como já disse q*
sa; o meu voto he que se lhe pergunte as medidas isto he uma medida transitoria, por esta razão º
que tem tomado relativamente a este acontecimento; que a Commissão foi deste parecer.
porque se ainda não tiver tomado nenhumas de certo O Sr. Miranda: — Eu faço muita diferença en.
que he criminoso. tre os officiaes que estão em exercicio: já não acon.
O Sr. Castello Branco Manoel: — Sr. Presidente tece assim a respeito daquelles que pela sua incapac"
observo as instancias do illustre Deputado o Sr. Bor dade fisica, ou moral se lhes ha-de conceder a sua º
ges Carneiro, sendo esta a segunda indicação que forma; pois uma vez que estes hão-de ser reformadº
apresenta sobre um objecto, que he certamente da dê-se-lhes logo aquillo com que devem ficar. O oli
competencia do Governo, a que está afecto. Repre cial que tem 25 annos de serviço mande-se para sua
senta a urgencia da indicação pedindo já a segunda casa com o meio soldo ! Eu não me posso conforma
leitura, e discussão: vejo o Congresso inclinado a re com isto; pois se ele reformado ha-de ter o seu sº"
mettela á marcha ordinaria; mas eu que estou persua do por inteiro; não sei qual he a razão porque nãº
dido, que o illustre Deputado insta na supposição de ha-de já vencer o mesmo soldo, como se efectivº
que advoga uma boa causa, sou de opinião, que se mente se lhe desse a sua reforma; e posto que se lhe
admitta já a segunda leitura e a discussão. E como não dê ainda este titulo, uma vez que já fica nº
tambem estou em boa fé pela parte do batalhão, igual mesmas circunstancias; a minha opinião he, que º
mente me cumpre defender a sua causa, e mostrarei lhe dê aquelle mesmo soldo que se lhe deve dar quar
ao illustre Preopinante que elle se acha mal informa do se lhe der a sua reforma.
[ 553 |
o Sr. Bario de Molello… —Acontece exacta prejudicial aos oficiaes, que a doutrina do projecto,
mente o que cu previ, e o que terá lugar, como eu a qual já em outra sessão demonstrei que era absolu
já disse em outra sessão ; quando um projecto de tamente injusta por atacar os direitos que os officiaes
quinze capitulos se principia a discutir pelo decimo tinhão aos seus soldos, e ás suas subsistencias; e que
quinto; isto he, quando se não conhecem os dados sobre por este motivo já foi regeitada pelo Congresso; e por
que se trabalha, quando se não tem discutido as ma tanto não haveria maior inconsequencia que adoptar
terias que tem immediata relação com este capitulo, agora uma emenda contraria á equidade, e justiça, e
º qual, assim como todos os outros, depende dos an que ataca muito mais os referidos direitos.
tecedentes. |-
trata de separar os officiaes para o serviço não activo, Designou o Sr. Presidente para ordem do dia ós
ainda existe a seguinte expressão summamente vaga, foraes, e para a hora da prolongação os pareceres
e que deixa aos secretarios da guerra uma liberdade, adiados da Commissão de fazenda. -
quero dizer, uma arbitrariedade absoluta. Um dos Levantou-se a sessão á hora do costume. — Fran
mais saudaveis e uteis fins que tem as leis, he evitar cisco Barroso Pereira, Deputado Secretario.
a arbitrariedade, e só são boas as que afianção aos
cidadãos a certeza dos seus destinos, e os livrão do REsoluções E ORDENs DAs CoRTEs,
desgraçado officio de requerentes, que tanto aflige e
degrada a todos os individuos, e muito mais aos Para José Lourenço da Silva, º
militares, cuja base do seu caracter deve ser fundada
no brio, no ponto de honra, e na dignidade, e que As Cortes Geraes e Extraordinarias da Nação
tudo se perde quando se admittão á baixa e mizera portugueza mandão participar a V. S." que deve
vel vida de pertendentes. - apresentar-se neste soberano Congresso para tomar o
O Sr. Miranda: — Eu julgo que se quer fazer exercicio de Deputado das ilhas de Cabo Verde.
um projecto de economia, e o illustre Preopinante Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 20
quer uma cousa, que he ainda contra os militares. de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
Todos os outros já tem passado por esta lei; agora
estes tambem devem passar; e haja, ou não haja in Para José da Silva Carvalho.
coherencia na lei, elles devem ser reformados na con
formidade della em todos os casos; pois he a que se Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
tem executado até agora; e toda a providencia par tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
ticular que se houver de tomar a respeito destes, de mandão remetter ao Governo a informação inclusa
ve ser sempre por uma lei em geral, e do contrario, do Desembargador Ouvidor geral de Cabo Verde,
isto he fazer excepção de uma lei a uma classe deter João Cardoso de Almeida Amado, datada da villa
minada. |-
Moura Coutinho, Saraiva, Luis Monteiro, Luis O Sr. Pessanha: — Parece-me que o illustre
Paulino, Gomes de Brito, Pamplona, Franzini, Preopinante labora n'alguma falta de informaçãº.
- Ribeiro Telles. •
Piz ele que não tem noticia de foral algum que im
l'assando-se á ordem do dia entrou em discussão ponha pensão ou prestação unicamente pelo actº de
o artigo 6.° do projecto addicional ao dos foraes as semear. Eu sei de um que he o da villa de Novellº
sin, concebido: A obrigação que ha em alguns luga da comarca de Bragança, o qual impõe uma pensãº
rcs de se pagar uma pensão certa de medidas, ou qual de 8 alqueires de senteio a todo o individuo que pºr
quer outra prestação, só pelo acto de se semear, ou sue ali terras, e as semeia; e bem assim a de um al
pela qualidade de ter proprietario naquelle lugar, fi mude de vinho, tendo vinhas; e isto quer ele possº
ca abolida. todo o termo, ou um unico palmo de terra. Nãº"
O Sr. Corrêa de Seabra: — Ainda que não de de haver cousa mais antipolitica! Creio que as vistº
vêra falar mais em foraes, todavia a falsa imputação devem ser que se augmente o numero dos proprietº
que neste artigo se faz aos nossos maiores, me obriga rios; e uma imposição similhante vai fazer com quº
a dizer alguma cousa. Já disse na ultima sessão em o numero delles diminua o mais possivel, porque hº
que se tratou esta materia, que não ha foral algum bem certo que no caso apontado os que tiverem Pº
que imponha pensão, ou prestação, unicamente pelo quenas propriedades se desfarão dellas, porque a Pen
acto de semear, ou unicamente por ser proprietario. são lhes absorverá todo o producto. Por consequenº
Por estas expressões que se encontrão em alguns fo a minha opinião he, que ainda quando houvesse "
raes, o que semear . . . o que lavrar . . . o que sen exemplo só deste vexame, o artigo está bem lançado.
do proprietario . . . pagará tanto, etc., que sem e deve assim passar para terminar todo o náo eñº"
duvida derão occasião a este artigo, não se impõe pen de uma similhante especie de pensões.
são pelo acto de semear, ou de lavrar, mas rateia-se, O Sr. Peixoto: — Tudo quanto o illustre Preo.
e distribue-se deste modo o foro, que cada um ha de pinante acaba de ponderar confirma ainda mais º
pagar: eu me explico. Derão-se foraes por terras in doutrina do honrado Membro que o precedeu. Quº"
cultas, e distribuiu-se e rateou-se o foro de alguma des do se derão os foraes a muitas terras, já o dominº
tas terras incultas por aquelles que as cultivassem, de destas existia em mão des senhorios, e já havia Prº
rão-se tambem foraes por algumas terras já cultivadas; tações que procedião de contratos feitos por eles cº"
e olhando só ao estado em que se achavão as casas na os colonos ou povoadores. Os senhorios imporºrº
quelte tempo em que se derão os foraes, distribuírão a as prestações por mui diferentes formas: a uns "
quantidade de foro que cada um havia de pagar, ou pe tas, a outros pensão sabida, e tambem a alguns"
da semeadura, ou pela forma porque lavrasse o proprie tanto por ter propriedade, ou por lavrar em cºmº
tario, isto he, com um jugo, ou mais, ou de parce districto. Os colonos são obrigados a este ultimº #
ria; o que se vê dos mesmos foraes. Reconheço que o ra nero de prestação, da mesma sorte que ás primeirº;
teio desta forma era irregular, e que não se preveniu a porque a pensão he o reconhecimento com que "º
desigualdade que para o futuro havia de resultar de bêrão o dominio util das terras, e não tem jus º Imal$
tal rateio, favoravel para alguns foreiros, e pesada do que á reducção pela maneira que se adoptar. Que
ro suppor que esta fórma de impozcão he mais II0Clº
para outros; mas a pensão não he imposta a este acto
[ 5671
#1
va á agricultura do que as outras; que he desigual priedade. Como nós já reduzimos as prestações incer
por não guardar a proporção devida; reforme-se, mas tas á metade, não póde restar duvida que se faça o
#*
de maneira que o senhorio, receba ao futuro uma per mesmo a este artigo, porque na verdade elle está in
**
feita metade daquilo que actualmente lhe pagão. He cluido no antecedente. He este o melhor modo de re
facil de saber a totalidade da prestação de qualquer duzir isto: porque erão obrigados a pagar esta mes
easal deste; pois divida-se a meio, rateie-se propor ma prestação, até os que lavravão com uma junta
cionalmente por todas as terras que agora a pagavão: de bois. Por conseguinte, uma vez que está compre
ebuição.
está removido o prejuizo procedido da antiga distri
•
hendido no artigo antecedente deve este ser suppri
mido.
O Sr. Pessanha: — Eu considero o caso mui di O Sr. Macedo: — Eu estou lembrado de um re
versamente do illustre Preopinante; eu considero estas querimento feito ao soberano Congresso pela camara
pensões como verdadeiros direitos banaes; assim tive de Tomar, em que se representa que além dos foros e
occasião de dizelo quando se tratou da extincção dos pensões que pagão os habitantes daquella villa, erão
direitos banacs, e então mesmo produzi o exemplo de mais a mais obrigados a pagar uma prestação só
que ha pouco acabei de citar, e creio que o Congres mente pelo simples facto de semear: esta obrigação
so teve respeito ao que eu então disse, convindo em he de uma natureza muito analoga á daquellas que
#
que no artigo 3 do decreto de 20 de Março do anno forão abolidas pelo decreto dos direitos banaes.....
passado se introduzissem as palavras au outros quaes O Sr. Caldeira: — Nós estamos a reformar os
quer titulos e denominações de similhante natureza; foraes. A refórma não consiste só em reduzir á meta
para tirar porém toda a duvida he indispensavel que de; he preciso vermos a natureza de alguns, e então
se sanccione o presente artigo. Quanto ao que diz o com justiça reduzidos ou abolilos. Eu sei muito bem
illustre Preopinante sobre tornar certas aquellas pen
que destas prestações de que se trata, quasi todas são
injustas: devemos pois examinar se o são ou não. Fo
sões, não sei como isso possa ser, porque a sua incer
teza não depende da maior ou menor producção das rão dadas terras a pessoas que as cultivassem, com a
propciedades rerritoriaes, mas do maior ou menor obrigação de pagarem, por exemplo, oito alqueires de
numero dos proprietarios, e mesmo até da vontade trigo: passou-se esta mesma propriedade a dois ou tres,
que elles tem de cultivar; quantidade sempre variavel cada um delles ha de pagar os mesmos oito alqueires.
pela sua mesma natureza, e até pelo da pensão. Isto está tão mal distribuido, que não havia por isso
O Sr. Camello Fortes: – Sem entrar na questão quem quizesse cultivar aquellas terras, e o resultado
se existe ou não esta qualidade de prestações, eu que era que ficavão por cultivar com prejuizo do mesmo
ro suppor que ella axiste. O artigo pois ou deve ser senhorio. Por conseguinte approvando o artigo, sou
supprimido, ou pelo menos não póde passar como es de opinião que fiquem abolidas estas prestações.
tá. Esta doutrina já está decidida em o decreto de 2 O Sr. Serpa Machado: — O que eu não posso
de Março passado, em que se diz que ficão extinctos conceder he que se chame a estas prestações direitos
os direitos que se pagavão ao senhorro por ir buscar banaes. Na realidade não tem analogia nenhuma com
agua ás fontes, por acender fogo, por terem animaes, os direitos banaes. Confunde-se ordinariamente ajus
ou por qualquer outra denominação que tivessem. tiça do estabelecimento destes direitos com a in
Está por tanto comprehendida a doutrina de que se justiça do modo da sua distribuição. Uma vez que
trata; e tanto o está que isto mesmo que aqui agora se corte a injustiça desta distribuição, fica justa a
se ponderou foi então dito pelo honrado Membro, o prestação.
Sr. Pessanha: não está expresso, mas está na dispo O Sr. Girão: — Eu levantava-me para fazer
sição geral. He por tanto desnecessario designalo ago ver que o artigo não he desnecessario como alguns
ra: ora supponhamos que não está decidido e que Preopinantes tem dito. Posto que a doutrina deste ar
pertence aos foraes, então não póde passar como está, tigo esteja incluida nos direitos banaes, com tudo não
porque he contra o que se assentou na sessão de 17 se acha alí declarada. Esta imposição he sem duvida
de Novembro, em que se assentou que os foraes não um direito banal, mas conjunto com o foral. Tendo
ficavão extinctos, mas sim que se reformarião, e a se já decretado a extincção dos direitos banaes, e sen
base da reforma era a diminuição das pensões, e não do o espirito do Congresso acabar com elles de todo,
a sua abolição: por isso digo eu, que ou deve ser deve-se fazer menção della, e passar o artigo, porque
supprimido ou pelo menos não póde passar como es sem duvida isto he um direito banal conjunto com fo
tá, por se não poder decretar a abolição dos foraes ral. Pelo que pertence á injustiça da prestação, he
tendo-se decidido o contrario. \
manifestamente injusta: um homem, por exemplo,
O Sr. Serpa Machado: — Eu estou persuadido que possue um casal, e paga por isso um alqueire de
que a doutrina deste artigo está previnida no artigo pão, se este mesmo casal se divide em quatro já paga
antecedente. Na verdade esta parte he muito mais quatro alqueires de pão. Deve por tanto passar o ar
gravosa, mas o gravame vem do modo da repartição. tigo.
O direito que os senhorios tinhão sobre certos distri O Sr. Correia de Seabra: — A questão reduz-se
ctos, quando os derão a alguns colonos, foi com a a um facto, isto he, se ha pensões só pelo acto de
obrigação de pagarem o que semeassem, o que la semear, e de ser proprietario: eu digo que não; não
vrassein, etc. Erão obrigados a pagar esta prestação; só porque tenho lido muitos foraes, e nunca achei
cousa na verdade muito injusta, porque tanto paga nem vestigios de tal; mas até pela autoridade de dois
va o que tinha pouca como o que tinha muita pro jurisconsultos dos famigerados (um delles João Pedro
[ 558 ]
Ribeiro) em conhecimentos de foraes. Por tanto os nos foraes ha prestações que tem a sua origem no di.
que dizem o contrario devem alegar o foral em que reito feudal, como são portagens, etc., mas as pen
se adha a pensão imposta por este motivo. Na sessão sôes ou foros dos generos cereaes provem do direito de
passada o Sr. Serpa Machado argumentou com o fo propriedade: tanto isto he assim, que tendo todos os
ral de Cea; agora já reconhece o seu equivoco, e con concelhos foraes, só se faz menção de foros e pensões
corda comigo; e do que acaba de dizer se conhece nos foraes dados aos concelhos, onde ha bens nacio
bem que aquelas terras são jugadeiras. O Sr. Mace naes. . . . . Nem se diga que póde haver taes pen.
do apontou o foral de Thomar, mas o foral tal não sões procedidas do foral, e que por isso se deve ad
diz: advertiu o Sr. Brandão na sessão passada, que mittir a emenda. Erro de facto he indigno do legis.
era efeito de uma convenção o que o Sr. Macedo at lador
tribuia ao foral: torno a repetir, he necessario não O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu supponho que
confundir a pensão com o rateio; a pensão he impos o Sr. Correia de Seabra profere uma cousa que não
ta com o mesmo direito com que são impostas todas póde provar: para isso seria preciso ter lido todos os
as mais pensões nos bens nacionaes; o rateio he irre foraes; o que eu desejava era que se me mostrasse
gular, e desigual; favoravel aos ricos, e pezado aos um só onde isto viesse. O Congresso não se desacre.
pobres, como he naquella terra em que tem falado o dita em fazer uma legislação sobre uma hypothese, a
Sr. Pessanha, na qual tanto paga o proprietario gran respeito de que ha provas, e provas muito claras,
de, como o pequeno; e se na morte de um proprie Na minha comarea ha terras, segundo tenho ouvido,
tario o patrimonio se divide por dois herdeiros, do em que o homem que lavrar só nove alqueires de
bra a pensão, porque todo o proprietario, seja gran milho, se quizer pagar ao senhorio, ainda o ha de
de, ou pequeno, paga oito alqueires; por tanto a in comprar, e isto he só por lavrar; não he necessariº
justiça não está na pensão, mas sim no rateio, e es que o homem seja proprietario, mas um lavrador de
te he o que se deve remediar. terra alheia. Ora parece-me que isto he pessoal, e
O Sr. Brandão: — Creio que para bem acertar por isso não ha duvida nenhuma que he injusta; etanº
mos na decisão desta materia devemos estabeleoer cer to mais injusta e absurda, por que recáe sobre fazer
tas regras para vir no conhecimento de quaes são as se uma obra boa e util.
pensões que descendem de dominio, e quaes as que O Sr. Peixoto: — Toda esta questão he de facto:
provem do direito feudal. Quanto ás primeiras a mi duvida-se se he banal ou dominical esta prestação,
nha opinião he que fiquem reduzidas á a metade, e penso que o Congresso não estará assás habilitadº
assim como já se determinou a respeito de outras des para resolver esta duvida. Não ha por tanto outrº
ta natureza. As que provem de direito feudal devem meio para sair della, senão adoptar o arbitrio do I.
ser abolidas. Por tanto parece-me que o artigo deve lustre Deputado, o Sr. Brandão; estabelecer a regra
voltar á Commissão para designar a qual das duas para depois se applicar, ou aliás supprimir o artigº,
especies pertence a presente questão, depois podere porque se for banal está extincto este direito, se dº
mos facilmente decidir. Este he o meu voto. minical entra na generalidade de dividir-se a meiº
O Sr. Fernandes Thomaz: — Pelo que tenho O contrario seria decidir ás cegas, e com o riscº dº
ouvido tem-se confundido o direito do foro com o di contradizermos as regras que temos adoptado. Um
reito de que fala o artigo. Eu supponho que este ar honrado Membro mencionou um exemplo, em que
tigo está bem redigido, e que fica com toda a clare uma das prestações especificadas no artigo, era º
za uma vez que se lhe accrescentem estas palavras: a unica que os colonos pagavão aos senhorios, e Pºr
obrigação que ha em alguns lugares de se pagar, além isso dominical sem duvida: haverá outros muitos cº"
da ração, e do foro, uma pensão certa, ou outra -sos similhantes, e tambem os haverá em que uma º
qualquer, fica abolida, por se julgar direito banal, pensão se accumulasse a outra, assim como se tº"
pelo decreto de Março. Deste modo fica salvo o foro já apontado pensões certas, accumuladas a quolº,
que houver, o qual nunca se póde entender, quaes e deverá seguir a regra estabelecida para este casº.
quer que sejão os foraes, pelo acto de semear, de la O illustre Preopinante lembrou uma especie, "º
vrar, etc.; fica tambem salvo o direito de jugada, por verdade muito extravagante, ou meramente imag"
que o foral a este respeito explica: o que lavrar com ria. Suppoz que por lavrar havia pensão que era pa:
uma junta de bois pagará oito etc. Conseguintemen ga, não pelo senhorio util do terreno, mas pelo co
te o direito de que fala o presente artigo he um di lono arrendatario; confesso que não posso tal cº"
reito absolutamente separado, e além disso injusto, e ber: pois qui per alium agit, per se "psum agºrº"
verdadeiramente um direito banal, como disse o Sr. detur. A pensão he um onus real, imposto ao lº"
Garão, que anda annexo aos foraes. Assento por tan no, e paga sempre pelo senhor util do terrenº: "º
to que o artigo deve passar com o accrescentamento lavrou,
que paga porque
o lavrou lavrou;
por mão de umse oterceiro,
arrendouporpagº
mººPºº
de
que já disse. |-
O Sr. Soares Franco: — Como no artigo 7.° he um seu agente, que o representa; e que nº arrenda
que se trata do direito que paga quem lavra com mento lhe desconta as medidas que por ele ha dºº
uma junta de bois, voto pela emenda do Sr. Fernan gar ao senhorio directo. Isto he mui simples»."
des Thomaz. - |-
primeiro quaes são as suas applicações em geral: eu O Sr. Ferreira Borges: — Eu não posso ser da
sou de voto que se devem abolir todos os obstaculos opinião de deitar abaixo tributos sem saber qual he a
que se oppôem ao commercio interno do Reino: tenho sua applicação, e o seu producto: eu já principiei º
porém uma tal qual idéa de que isto be alguma cou dizer que era de opinião que se removessem todos ºs
sa ponderoso, e tem applicações particulares, e pu estorvos que se opõem ao commercio interno do pau;
blicas; e por isso parecia-me que se admitisse este ne por consequencia a minha opinião sería que se abolis.
gocio á discussão, mas depois de se terem as informa sem todas as portagens se isto fosse compatível com
gões necessarias, e talvez um projecto particular dis as circunstancias actuaes do thesouro; porém isto hº
tincto deste. materia distincta do actual projecto: não he direitº
O Sr. Van Scller: — Os habitantes do Porto pe imposto, nem a Lisboa nem ao Porto, nem a outrº
dírão a abolição destas portagens; porém sem embar nenhuma parte em particular; he de todo o Reinº
go disso he necessario saber quaes são as suas appli em geral. Por tanto insisto na minha opinião de que
cações, e o mais que ha a este respeito: por tanto neste projecto se não trate deste negocio porque lhº
sou de voto que se devem pedir informações para en não pertence: isto he um tributo geral da Nação: º
tão se deliberar sobre este negocio. por isso abolindo-se se acaba uma das fontes, dondº
O Sr. Soares de Azevedo: — Eu sou da mesma deriva o pagamento dos empregados publicos, e as dº
opinião, porque não he só nas terras grandes que se pezas da Nação. •
pagão portagens tamben he nas terras pequenas, e O Sr. Peixoto: — Não estamos tratando precisa
importa isto em uma somma muito grande. Por tan mente de uma lei agraria, mas de uma lei para a tº
to peço que isto fique adiado até novas informações. forma dos foraes, para aqui pois pertence a materiº
O Sr. Girão: — Sr. Presidente, eu sou em parte das portagens estabelecidas em foraes. Não ha mºtº
da mesma opinião: na Commissão de agricultura es vo algum, porque as portagens sejão daqui excluº
tá um foral porém não estabelece nada a este respei das, e se deixem para um decreto separado. Aº
to . . . . com efeito as portagens importão em uma gão-se incertezas, prejuízos de fazenda, despezas quº
sonma muito grande; não he para se abolir assim de se pagão pelos cofres de taes direitos. Respondo Qº
repente sem mais informações; porém o que eu requei não duvido, que antes de deliberar se peção todas º
ro he que isto não prejudique ao decreto dos foraes, illustrações necessarias; porque a todo o respeito fui
porque este negocio já se vai demorando tanto como sou, e serei sempre deste voto: mas não, porque º
a Constituição: e creio que pertence á Commissão do julgue mais necessarios, do que nas outras prestaº
commercio
materia quando puder tratar disto fazer delle uma que ás cegas se reduzirão. Pelo que pertence a Piº
á parte. + •
bem depressa o monopolio. Estamos vendo que os nos Para esta mudança, já houve grandes solicitº
sos visinhos fabricão melhor sabão que nós, e por pre ções, e empenhos no anno de 1805. Sei mui positivº
ço mais commodo; e que se segue daqui! Segue-se mente, que alguns sujeitos mandárão propor ao nº
que o miseravel que se apanha a vender o sabão me nistro da guerra, que então era, varias condições,
lhor fica desgraçado, mas não se segue que a fabrica com as quaes querião tomar por sua conta a fabricº
de nosso sabão tenha o mais pequeno melhoramento. da polvora de Barcarena, mostrando o muito que º
Corte-se pois o mal pela raiz, mas isto seja permit publico, e o erario interessava com a acceitação da sua
tindo a todo o particular o fabricar polvora. empreza. Davão ao publico a polvora mais em contº,
O Sr. Ferreira Borges: — O parecer da Com do que se estava vendendo; e davão-na para o exer
missão não manda; diz que o Governo fará o que lhe cito e marinha por menos do que ella até ali ficava,
parecer. Se nós vamos tratar a questão geral de qual e com a obrigação de renovarem os depositos, quanº
convem melhor, se dar por empreza a administração do conviesse, e propunhão outros interesses. O minis"
da polvora, para que desta resolução se determine por tro não admittiu ajuste algum; porque estava dispo
um decreto o que se ha de fazer de futuro, a questão to a melhorar o estabelecimento, debaixo da direcçãº
não se deve ligar ao parecer da Commissão: o pare do cavalheiro Napeão, que era nesse tempo o inspº
cer da Commissão não fala em monopolio, e por isso ctor da fundição. E com efeito pelo que toca á quº"
nós não temos que falar em monopolio. Um dos ar lidade da polvora, chegou ao maior ponto de periºr
gumentos que se aponta, he a falta de segurança do ção: nenhuma de Holanda a excedia: e se então se
Estado; qualquer medida que se adopte responde por conseguiu este beneficio; porque razão se não renova
ella, deixando-se a liberdade ao Governo de praticar rá agora, com os mais melhoramentos que admitir
os actos que julgar convenientes para conseguir a se Sou portanto de voto, que o parecer se rejeite; e º
gurança do Estado: faça depositos, ou em fim o que excite a attenção do Governo sobre este objecto, º
lhe parecer, mas de maneira que daqui venha algum correndo ao Congresso para tudo aquilo que excede;
proveito á Nação. Se se não admittir o parecer da a sua autoridade, e dando-lhe conta do estado actual
Commissão, o que se segue he que ficão as coisas no da administração.
mesmo estado em que estavão até agora. E então per O Sr. Rosa: — Tenho ouvido cousas as mais ex
guntº eu - estarão bem? Os Preopinantes que setem traordinarias a respeito da polvora; peço a este au"
servido da polvora portugueza disserão que a polvora gusto Congresso, que exija da junta do arsenal, º
Issºl /
receita e despeza daquelle gênero. À nossa polvora Procedendo-se á votação, foi rejeitado o parecer,
não he tão bôa como a ingleza, mas o mesmo acon O Sr. Ferreira Borges, ofereceu as seguintes
tece á polvora franceza, a qual não he tão bôa como
a dos Inglezes, que tem uma receita particular; mas IN D 1 e Açõ E s. * . *
a nossa polvora não he tão má como se diz, he tão •
bôa como a franceza, e hespanhola. A respeito de Primeira. Como a experiencia, primeira mestra
dizer-se que a nossa polvora não vai para fora, digo em qualquer ramo que se consulte, tem feito vêr cons
que não vai mais porque a não ha; e relativamente tante, e uniformemente, que a administração daquel
a haver um deposito só, eu assento que deve haver las rendas nacionaes, que são susceptiveis de ser ar
muitos depositos, e deve haver lugares assignalados rematadas, importa uma perda necessaria, além da
para isto: que haja fabricas particulares, não me opo incerteza do producto; acontecendo que os povos sof
nho, haja-as muito embora se fizerem melhor polvo frem o pezo dos impostos, e os impostos não chegão
ra, mas haja tambem a fabrica nacional. , ao fim para que forão alevantados: proponho que o
O Sr. Povoas: — Eu direi muito poucas cousas, Ministro da fazenda indique aquelles reditos nacionaes,
mas que sirvão de fundamento á minha opinião. A que são susceptiveis de ser contratados, e arremata
polvora bôa, he sómente bôa na sua origem: a pol dos, e que segundo o estado presente das cousas con *
vora má, faz-se má, tendo sido bôa. Por isso dizen vem que o sejao. - - • * **
do-se que não temos polvora bôa, he uma falsidade; Segunda. Peço, que pela secretaria respectiva se
nós temos polvora excellente, como todas as nações, remetta ao Congresso um balanço especificado da re»
quando ella he bem manipulada; nós temos polvora ceita e despeza do arsenal do exercito dos annos de
má, porque pelo desuso, .... Entretanto tira-se uma 1820, e 1821 com separação de cada anno. – José
vantajem desta polvora, porque faz-se uso della nas Ferreira Barges. / –,
diferentes salvas que ha, e daqui proven até utili Forão approvadas. |-
dade á administração nacional; eu creio que será Designou o Sr. Presidente para a ordem do dia
bem conveniente o permittir que este genero seja fa a continuação do projecto da Constiuição; e na ho
bricado por quaesquer emprehendedores que o quize ra da prolongação os pareceres adiados da Commis
rem, mas ainda não he tempo de conseguir isto; pó são de fazenda.
de ser que quando venha a época em que istº se con-. Levantou-se a sessão á uma "hora da tarde. —
ceda, ache a Nação conveniente ter fabricas nacio Francisco Xavier Soares de Azevedo, Deputado Se
naes de polvora, porque até parece, que o Governo tario. , !
O Sr. Borjes Carneiro: — O exclusivo da polvo Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 21
ra, considero eu, como o exclusivo do tabaco, cartas de Março de 1822. —João Baptista Felgueiras.
de jogar, sabão, etc. Ao Governo pertence vêr como Para o mesmo.
mejhor convenha a sua arrecadação, administrando
ou arrematando estes objectos. Pelo que pertence á
Hllustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
polvora ha uma razão para as Cortes considerarem a
proposta do Governo, e he que as leis actuaes parece tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
mandarem precisamente administrala, prohibindo a ordenão que lhes sejão trausmittidas as informações
arrematação. Nesta hypothese, entendo que se dê a convenientes sobre o que se expôe e pretende no re
faculdade ao Governo de fazer o que lhe parecer mais querimento junto da regente e mais orfãs do reco
conveniente, ou administrar, ou arrematar com as lhimento de N. S. do Amparo, sito á Mouraria. O
condicções que forem melhores. Por tanto approvo o que V. Exc." levará ao conhecimento de Sua Mages
arecer da Commissão, sem prejuízo de que venha a tade.
indicada conta de receita e despeza. Quanto a em … Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 21
pregados da administração, se eles são negligentes, de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
ou tem administrado mal, isso não tem outro reine * *
* *
dio senão pôr-lhe a lei ás costas, porque quem busca -
… . ?
um emprego he com condição de cumprir as obriga * : ,
2ões delle.
[ 568 ]
Para José Ignacio da Costa. anno. O que V. Exc.º levará ao conhecimento de
Sua Magestade.
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 21
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
ordenão que lhes sejão transmittidas com urgencia in
formações sobre portagens, declarando o que se pa Redactor — Galvão.
ga em cada terra, porque titulo, qual he a fórma da
cobrança, quanto costumão render, e que applicação
tem este rendimento. O que V. Exc." levará ao co
nhecimento de Sua Magestade.
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 21 SESSÃO DE 22 DE MARÇO.
de Março de 1822. —João Batista Felgueiras. 1
tica de uma representação feita pelo bispo de S. Tho De um officio do Ministro dos negocios do Reinº,
mé, prelado de Moçambique, Frei Bartholomeu dos remettendo a consulta da companhia da agriculturº
Martyres, em data de 19 de Agosto de 1821, sobre geral das vinhas do Alto Douro, sobre as utilidade:
o estado da igreja naquelles paizes. ou incouvenientes que podem resultar de se permitº.
Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 21 aos compradores a livre permutação do vinho legal
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. de embarque por igual numero de pipas de vinhº**
parado:
agriculturafoie commercio.
remetido ás Commissões reunidas dº
• y •
dra Antonio Pusich, e seus dois filhos Jeronimo An De outro officio do Ministro dos negocios daju"
tonio Pusich, e Pedro Antonio Pusich, o primeiro tiça, remettendo a informação do Conselho de Estº.
governador, e os outros ajudantes de ordens que fo do com o requerimento e mais papeis que serviraº
rão das ilhas de Cabo Verde, transmittido pela se para a proposta, que no ultimo concurso se fez do
cretaria de Estado dos negocios da marinha, com of bacharel, Antonio Joaquim Coutinho, qua foi ma"
ficio de 9 do corrente mez; attentos os seus funda dado á Commissão de justiça civil. •• •
mentos, ordenão que se abra assento aos supplicantes De uma carta do Sr. Deputado, José Ribeirº
na respectiva contadoria á vista de suas guias, a fim Saraiva, participando a sua molestia, e pedindº º
de receberem os seus competentes soldos. O que V. cença por alguns dias: foi-lhe concedida. •
Exc. levará ao conhecimento de Sua Magestade. De uma representação do prior, José Teixeirº
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 21 Figueiredo Lacerda, oferecendo ao soberano Comº
de Março de 1822. — João Batista Felgueiras. gresso um plano de monte pio a favor dos prezos º
pobres do Reino de Portugal: foi remettida á Comº
Para Candido José Xavier missão de saude publica.
Deu mais conta o Sr. Secretario de uma cartº,
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. – As Cor que havia recebido de Jeremias Bentham, datada dº
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza Queen's Square Place, Westminster 30 de Janeirº
ordenão que lhes seja transmittido um balanço espe de 1822, em que accusando a recepção da carta quº
cificado da receita e despeza do arsenal do exercito o Sr. Secretario lhe havia escripto em 22 de Dezem"
dos annos de 1820 e 1821 com separação de cada bro do anno passado testemunhava com as mais º
[ 569 | • •
songeiras expressões o seu agradecimento e apreço, O Sr. Soares de Azevedo leu o artigo 202 do pro
que fazia dos Diurios das Cortes, que igualmente re jecto da Constituição que diz: ás Cortes portence es
cebêra ; e dizia que não tinha recebido a outra carta tabelecer ou confirmar todos os annos, sem dependen
que o Sr. Secretario lhe havia dirigido em 3 de De dencia da sancção do Rei, as contribuições publicas
zembro passado. sejão directas, ou indirectas, pessoaes, ou territoriaes.
# Ao mesmo tempo o venerando jurisconsulto offe .do Rei pertence regular, e fiscalisar a sua cobrança.
recia ao soberano Congresso um exemplar de uma O Sr. Soares Franco: — Opponho-n e a que se
nova obra sobre leis pcuaes, com o titulo de cartas conserve neste lugar este artigo, pois que a sua ma
do Conde de Torcuo, que havia escripto por occa teria já está decidida, e agora, como aqui se diz,
são de andar nas Cortes de liespanha, em discussão accrescentar directas, ou indirectas, pessoaes, ou não
o codigo penal. Foi ouvida com agrado; e se resolveu pessoaes, he indiferente, e por consequencia pór isto
se lhe enviasse a segunda via da antecedente carta, neste lugar he uma repetição nulla, e por tanto deve
cm data de 3 de Dezembro, que o augusto Congres omittir-se. #… k…….
so lhe havia mandado dirigir, e da qual não havia O Sr. Ferreira Borges: — Eu seria da mesma
sido entregue: recommendando-se ao Ministro dos opinião do illustre Prcopulante, senão visse que este
negocios estrangeiros desse as providencias necessarias era um artigo debaixo do capitulo que trata da Jazen
para que tanto esta correspondencia, como a remessa da nacional, e como se trate deste objecto, ceve ne
dos Diarios chegue regularinente, e se entregue áquel cessariamente falar-se nelle aqui. Eu tiraria porém da
e sábio jurisconsulto: e que a obra por elle oferecida qui estas palavras, e diria só: sejão directas, ou in
sobre as leis penaes se reunettesse á Commissão de fó directas, pessoaes, ou territoriaes. Em quanto á se
ra, encarregada de fazer o codigo penal, e o procos gunda parte, tambem me parece que não deve per
so criminal. #
tencer ao Rei o regular a sua cobrança, mas sim
O Sr. Deputado Secretario Freire fez a chama ao Rei pertence fiscalisar esta cobrança, e não regu
da, e se achárão faltar os seguintes Srs. Deputados: lar. Regular importa fazer regulamentos, Isto be leis,
ºs Srs. Mendonça Falcão, Pereira de Magalhães, e isto só he dado ás Cortes. He o que tenho a refle
Agnacio Pinto, Pimentel, Canavarro, Rijciro da ctir sobre o artigo.
Costa, Figueiredo, Sepulveda, Barata, Baeta, In O Sr. Vasconcellos: — A mim parece-me que
nocencio de Miranda, Pinto de Magalhães. Faria, falta alguma cousa neste artigº, e he que uma vez
Lino Coutinho, Frcire de Alincida, Moura Couti que as Cortes não estabeleção estas contribuições, os
ºlho, Ribeiro Saraiva, Mauricio Castello Branco, povos não sejão obrigados a pagalas. Portanto julgo
Ribeiro Telles, Silva Correa. Presentes 118. necessario fazer esta declaração.
Ordem do dia. Entrou em discussão o artigo ad O Sr. Freire: — A mim não me parece con
dicional, proposto pelo Sr. Deputado, Borges Car veniente que vá aqui este artigo, porque já está dito
neiro, dizendo, que aos juizes electivos pertencerá o que lhe pertence sem dependencia de samcção do Rei;
cuidar da conscrvação da ordem e segurança publica,e agora para pôr isto aqui he necessario que haja uma
no que serão auxiliados pelas camaras. referencia neste artigo, para que não venkão a haver
|-
O Sr. Soares Franco: — Em julgo inutil essa in duvidas depois: por tanto não me opponho a que is
dicação, pois que o que ela contem já está incumbi to se diga, mas que se ponha esta emenda. Julgo
do ás autoridades. tambem necessario dizer-se na Constituição quaes de
O Sr. Camello Fortes: — Eu sou da mesma opi verão ser as autoridades encarregadas da arrecadação
nião, e mesmo porque isto não pertence ás camaras, da fazenda publica: he preciso que digamos alguma
mas sim o que he administrativo, e economico: em cousa sobre isto; não para que nós façamos um regu
consequencia isto está em contradicção com o já de lamento, mas sim para marcar e estabelecer quaes
cidido. ellas deverão ser: por consequencia digo, que será
O Sr. Serpa Machado: — Isto não he tão inu bom deixarem-se salvas as referencias, para depois se
pôrem. •
tigo 97, mas he essencial a enunciação desta base ge que ofereceu o illustre Deputado o Sr. Vasconcellos,
ral. Em quanto ao mais digo , que para se renove porque estou convencido que depois da liberdade da
rem todas as duvidas que se apresentem, se poderia imprensa, o segundo baluarte da liberdade dos povos
dizer deste modo: ao Governo pertence regular, e está fundado no direito que tem a nação de se colle
fiscalisar a sua cobrança na forma das leis. Com esta clar a si por meio dos seus representantes: tudo o
etnenda me parece ficará a doutrina verdadeira, e ti que tende a fortalecer este sagrado direito se dirige a
rava todas as duvidas. afiançar a liberdado. Nem se pretenda attribuir a an
O Sr. Soares de Azevedo: — Eu acrescentaria: glomania simiihante opinião: ella foi exposta, e de
não só pôr, mas tambem amortizar; pois não se lhe monstrada pelo profundo Montesquieu. Este direito
ha de dar só autoridade para pôr, e não para tirar. póle-se dizer que foi o ultimo que perdeu a Nação
O Sr. Serpa Machado: — Eu julgo que não he portugueza, porque mesmo depois de acabarem as
ocioso fazer esta declaração: está claro que ao Rei convocações das nossas antigas Cortes, os tributos
pertence a fiscalisação e execução das ordens das Cor erão exigidos debaixo de uma apparencia de antiga
tes a este respeito: e pondo-se esta emenda obsta a legalidade, e parecia que se buscava o consentimento
todos os inconvenientes: porque o methodo da co antigo dos povos para legitimar a requisição presente
brança na conformidade das leis, não tem perigo ne de contribuições, e podia-se muito bem dizer que si
nhum, e assim ficão removidos todos os escrupulos. milhantes procedimentos erão quasi umas transacções,
O Sr. Arriaga: — Sr. Presidente; da maneira que a liberdade decadente fazia com o despotismo nas
como se acha enunciado este artigo parece ser a sua cente. No reinado do Sr. D. João V publicava-se re
materia superflua e desnecessaria. Este artigo trata gularmente, segundo a minha lembrança, um decreto
das attribuições das Cortes , e do Poder executivo todos os annos a fim de se pagar o dobro da ciza pa
sobre a mesma fazenda nacional; mas não define
ra o anno seguinte, e até no ministerio do despotico
o que he fazenda nacional; porque a administração Marquez de Pombal a decima, e o subsidio literario
da fazenda nacional, e o modo de a distribuir já está fotão considerados como tributos, a que a nação já
sanccionado nas attribuições das Cortes e do Rei: em época anterior havia dado o seu consentimento.
por isso me parece se deveria dar aqui esta definição. Os ministerios do reinado da Senhora D. Maria I fo
- O Sr. Vasconcellos: — A minha emenda he que rão os primeiros que achárão desnecessarias essas for
se accrescente, que os povos não serão obrigados a pa Inalidades em qualquer imposição de contribuições.
gar tributos sem confirmação feita pelas Cortes no O additamento he por tanto muito bem entendido, e
princípio de cada um anno legislativo; porque, Se até porque eu estou persuadido que os mais institutos
nhores, nós devemos ser muito ciosos desta prerogati politicos conservadores da liberdade, sem estes dons,
va, e mesmo porque ella tem stdo a arma de que se que mencionei, não poderião por si subsistir; e juntos
tem servido o despotismo. Por tanto julgo mnito ne a elles são franjas que enfeitão a Constituição, cuja
cessaria esta declaração. baze segura he a liberdade de imprensa, e o direito
O Sr. Borges Carneiro: — Sr. Presidente, esta de nenhuma outra autoridade poder dispôr da proprie
nova materia não deve vir confundir o artigo; e deve dade dos cidadãos, senão as Cortes. •
jºrimeiro votar-se sobre a materia do artigo, e depois O Sr. Camello Fortes: — A indicação que se
se tratará dessa nova questão. |-
O Sr. Ribciro de Andrade: — O que diz o illus O Sr. Alves do Rio: — No caso que se vença a
tre Preopinante não tem lugar nenhum. Os povos indicação eu proponho uma nova emenda. (leu-a)
agora hãode pagar pelas leis antigas, mas depois que O Sr. Ribeiro de Andrada: — A natureza das
ellas forem estabelecidas, e confirmadas pelas Cortes, contradicções he a mesma: e he querer introduzir as
então pagão em virtude da lei nova; e quando houver sim mansamente a escravidão: voto por consequensia
outra confirmação, pagão por essa. A doutrina do contra a emenda. (Appoiado.)
Sr. Serpa Machado, parece-me ante-constitucional, O Sr. Britto: — Esta doutrina já está sancciona
e ante-representativa, pois que ella he contra a Cons da, e hoje mesmo nós a acabamos de sanccionar. Es
tituição que isto manda estabelecer. O direito de não ta questão, he mui diversa; e eu tenho a prevenir o
pagar a Nação, senão o que ella quer por meio dos mal que pôde resultar de qualquer esquecimento que
seus representantes he a garantia da liberdade; a qual possa haver; pois basta que um navio se perca, G
não existiria mais, se não passasse a indicação, vêr não chegue esta notícia aos portos da Azia para fa
sc-hia pagar o povo impostos por mais longo tempo zer uma grande diferença, pois que os negociantes
de que aquelle, porque os consentiu, e desapareceria se approveitarão desta occasião para metterem nas al
o feio mais poderoso do poder executivo, e obstacu fandegas muita fazenda, visto não ter chegado de Lis
lo só valioso das suas invasões. Não he o povo juiz boa esta noticia.
em causa propria, quando nega a solução do que a O Sr. Frauzini: — Quer-se dár a esta materia
lei defende, he antes subdito obediente e respeituoso pequena importancia, mas eu a julgo de muita impor
da lei, a que se accomoda. Voto por tanto, que se tancia. Agora mesmo nós estamos vendo as grandes
faça a declaração. diligencias, que está fazendo o ministerio, e trabalhan:
•
[ 573 ]
do com todas as suas forsas para acabar com esta clau aqui haveria era, que umas Cortes se lembrassem de
sula. querer acumular algum dinheiro da Nação; mas is
O Sr. Presidente, poz a votos o additamento e to he que não he possivel, visto que elles são man
foi approvado em quanto á doutrina sómente, salva dados pela Nação, e nomeadºs por ella, e por con
a redacção. sequencia não ha esse perigo da avareza a favor do
O Sr. Presidente: — Segue-se o artigo 203. thesouro publico, quando disto não lhe resulta algum
O Sr. Camello Fortes: — A primeira parte des proveito. Peço por tanto explicação, ou se a pala
te artigo já está decidido no artigo 97. Portanto di vra — despeza publica — se entende d'um modo res
go que se supprima, ou ao menos que se diga, na tricto, ou se vale o mesmo que necessidades, pois en
conformidade do artigo 97 paragrafo 9.°: e visto es tão não ha algum inconveniente.
tar esta materia já decidida, he desnecessario instar
sobre ella.
O Sr. Ferreira Borges: — O artigo diz. (leu)
•
que estas contribuições devem ser proporcionadas ás O Sr. Sarmento: — As observações do illustre
riquezas de cada um dos contribuintes. Este principio Preopinante, erão mui exactas se dissessem razão á
já está sanccionado nas bazes, e incluido nos artigos caixa de um negociante, mas não á de um Estado;
206, 207. He pois necessario este paragrafo pela dou e por isso eu vou para a outra opinião. A regra prin
trina que contém e para abrir o caminho aos para cipal tem o seu fundamento na confiança publica,
grafos seguintes. com a qual nós devemos contar, persuadindo-nos que
O Sr. Macedo: — Disse um illustre Preopinante as Cortes hão de ser moderadas, e economicas da fa
que a doutrina da 1.° parte deste artigo já está pre zenda publica. •
venida no artigo 37 paragrafo 9; mas devo notar que O Sr. Soares Franco: — Trata-se em primeiro
alí se sanccionou sem o principio de que ás Cortes lugar das despezas do Reino: a Constituição reconhe
compete exclusivamente fixar os impostos e as despe ce a divida publica, comprehendida na divida do Es
zas publicas, mas não se disse expressamente que aquel tado: isto pois, não he mais do que uma medida ge
les hão de ser proporcionaes a estas; por tanto não ral; e não póde haver palavra melhor do que despe
ha redundancia em estabelecer aqui esta baze tão im za publicº. Approvo por tanto a primeira parte, e a
portante, que deve ser o primeiro fundamento da im segunda póde passar para o artigo 202.
posição das contribuições. Além disto quizera eu que O Sr. Presidente, julgada a materia sufficiente
se consignassem tambem neste artigo a 2." parte do mente discutida, pez a votos o artigo: e foi appro
artigo 34 das bazes, que vem a ser, que a repartição vado. -
dos impostos será proporcionada ás faculdades dos O Sr. Soares de Azevedo leu o artigo 104.
constituintes, e que delles não será izenta pessoa al O Sr. Annes de Carvalho: — A doutrina deste ar
guma, se bem que esse principio d'alguma fórma se tigo he de summa importancia: deste modo he que as
acha desenvolvido nos artigos 205, 206, e 207. Cortes podem saber quaes são as despezas que tem a fa
O Sr. Borges Carneira: — Este artigo 203, tor zer, que são precisas. Este artigo assento eu que podia
no a dizer, trata de que as contribuições indirectas passar do modo que está concebido.
lão de ser proporcionadas ás riquezas de cada um. O Sr. Ferreira Borges: — Na 2.° parte do arti
As bazes dizem. (leu) Está no artigo 20ó onde diz. go diz. (leu) E porque não ha de comprehender tam
(leu) O artigo 206, diz. (leu) Tambem no artiga 207. bem o orçamento o producto das contribuições dire
(eu) Daqui se vê, que tratamos d’uma baze mui di ctas? Porque se não ha de calcular tambem os desfal
Versa, e não se deve confundir. ques, e despezas de arrecadação! Eu não sei porque
. O Sr. Freire: — Eu julgo, que seria melhor pôr os illustres redactores parárão em indirectas restricta
II) ente. •
lançar. Supponhamos que a despeza se orça em 100, O Sr. Presidente: — Proponho esta parte do ar.
a receita em 60, as contribuições indirectas em 30, tigo com a emenda do Sr. Alves do Rio ! Foi appro
já se vê que faltão 10 que hão de ser preenchidos pela vada.
contribuição directa. - + O Sr. Guerreiro: — Proponho uma emenda a
O Sr. Ferreira Borges: — Disse o illustre Preo essa parte do artigo, e he: juntando os documentos
pinante que a razão porque aqui se pôz isto, he para pertencentes ás contas; eu julgo isto muito necessario,
se saber a receita e despeza, e para se calcular en (Disserão alguns Srs., Nada, nada).
consequencia quaes devem ser as contribuições directas; O Sr. Maccdo: — Eu admiro-me que o illustre
mas eu perguntaria se sempre se recebe a quantidade, Preopinante que achou o artigo muito ocioso, propo:
que se impõe! Se por ventura isto he uma regra que nha agora mais esta emenda, que se vê claramente,
se possa dar invariavelmente, para se decretar por el que he inadmissivel.
la. Esta conta não se póde fazer de uma maneira in O Sr. Soares Franco: — Eu opponho-me a es.
variavel. Isto depende de muitas cousas puramente te additamento porque me parece desnecessario.
eventuaes. Por tanto sustento o que disse. + O Sr. Ferreira Borges: — Parece-me que já es.
O Sr. Guerreiro: — Não posso conformar-me tá vencido que se faça um orçamento, e que conte:
com a approvação deste artigo até porque a sua dou nha de um lado a receita; e do outro a despeza. E
trina me parece em parte falsa. Qual ha de ser o como se poderá provar essa despeza senão por meº
secretario que ha de fazer este orçamento. Isto de de documentos! Estes documentos que se exigem nãº
contribuições indirectas he um grande problema em se entende que venhão juntos com a conta para cº
finanças, e creio que até agora ainda não está deci ma da meza; quer-se que venhão as contas referindº:
dido. A somma geral das despezas deve-se deixar ao se a esses documentos, para quando haja alguma duº
juizo das Cortes futuras, o saber qual será mais conveni vida nos possamos com facilidade tirar della. Quem
ente, e deixar-se aqui destas expressões. (leu) Não apresenta umas contas obriga-se a apresentar as de.
me parece acertado expressões que ainda se não clarações necessarias para se comprovarem. Contas
achão definidas na Constituição: sabe-se he verdade não provadas não são contas no sentido em que fºr
que certas contribuições são indirectas e que outras damos.
são directas, mas marcar a linha de separação entre O Sr. Borges Carneiro : — Não he exequivela
umas e outras, parece uma cousa muito difficultosa. doutrina deste additamento; pois induziria um piº:
Voto por tanto contra o artigo. cesso interninavel o documentar todas as verbas da
O Sr. Macedo: — Tenho visto impugnar o arti receita e da despeza. Se algum dos Deputados duvi.
go. Eu não convenho nesta impugnação, e parece dar de alguma verba, pedirá a respeito della esplica:
me que elle está bem lançado. O mais que se póde ção e justificação.
e deve exigir do secretario da fazenda, he que elle O Sr. Presidente poz a votos o additamento: º
informe o Congresso da quantia que produzírão as se decidiu, que não carecia desta declaração.
contribuições indirectas do anno proximo passado, O Sr. Soares de Azevedo leu o artigo 20ó.
porque então por essa conta podem as Cortes co O Sr. Brito: — Em lugar da riqueza de cada
nhecer quanto provavelmente produzirão as mesmas uma, quizera que se dissesse, os rendimentos da nº
contribuições no anno seguinte, e fazer o calculo queza de cada uma. As contribuições devem ser la"
do que se ha de lançar para o futuro. Por tanto çadas sobre os rendimentos de cada provincia, de º"
parece-me que se póde approvar o artigo uma vez tra sorte ir-se-ia destruir os capitaes, e assim dizendº
que ás palavras finaes — com declaração do sal dos rendimentos de cada uma, estavão tiradas todº
do das contas do thesouro nacional — se substi as duvidas.
tuão estas — com a conta geral da receita e despe O Sr. Ferreira Borges: — Eu sou pouco mais º
sa do thesouro nacional. menos desta mesma opinião. As Cortes, diria º",
O Sr. Presidente havendo julgado estar sufficien determinárão as contribuições necessarias para p"
temente discutido o artigo, propoz: se se approvava cher o deficit: e nada mais se diga; porque expº
a primeira parte até ás palavras naquelle anno ? E sando-se — directa — deverá necessariamente repa"
foi approvada. se por cada uma das provincias; e daqui ficavadº"
O Sr.
dividir em Braamcamp:
duas. — A segunda parte póde-se
•
já ligada e decretada uma similhante contribuiçº",
que ataca essencialmente a agricultura, que hº aí…
O Sr. Ferreira Borges: — O orçamento do mi te primeira da riqueza de uma Nação. Ela ser a "
nistro não deve comprehender sómente producto de pronta, e de mais immediato resultado para oerº"
contribuições. O Estado tambem tem rendas: he ne mas parece-me que não he tão boa, isto he, quº"
cessario por tanto que venha o producto das contrº vez, e por agora não convenha tanto. Nesta maletº
buições, e venha o producto das rendas. cumpre antes não ligar as mãos aos legisladores",
O Sr. Presidente propoz o primeiro periodo da 2.° ros cem a designação de uma forma de imposiçãº"
parte até á palavra indirectas, e não sendo approva aliàs nos
que pódeexpressassemos
convir o alterar. Por tanto seria
hypoteticamente melhº
depº" das
do, o propoz com a emenda de se substituir á palavra
indirectas as palavras rendas publicas. E foi approva palavras que já referi, dizendo: e sendo direc",""
do. Propoz ultimamente á votação o segundo perio , provarão a repartição conforme os .rendimentºs."
do da segunda parte do artigo. •
O Sr. Borges Carneiro : — Estes artigos 30º. "
O Sr. Alves do Rio apresentando as contas do the e 7 tendem a desenvolver o que está nas Base, "
souro nacional do anno antecedente.
-,
[ 573 ]
34, que a contribuição directa ha de ser proporcio com o actual estado politico de todo ou ao menos da
nada aos rendimentos de cada um contribuinte. Por parte meridional do Brazil; qualquer providencia,
isso diz este artigo 205, que em presença dos orça que a Commissão proponha, será talvez inutil ou
mentos determinárão as Cortes se ha de ser grande ou prejudicial: mil exemplos oferece a historia das na
pequena a contribuição directa. Ella se reparte pelas çôes, que todos concorrem a demonstrar quanta cir
províncias: a quota de cada provincia pelas comarcas: cunspecção seja necessaria em tão graves assumptos.
a de cada comarca pelos concelho: a de cada conce Por isso pede a Commissão ser authorisada por,
lho pelos seus moradores. Póde haver anno nenhum este soberano Congresso para demorar a apresentação |
em que não haja uma contribuição directa! Oxalá do seu parecer sobre a representação da junta de S.
que houvesse! Por consequencia o artigo no meu pa Paulo, até que cheguem noticias do que tenha occor
recer está bom, com a differença, que aonde diz con rido no Brazil. Sala das Cortes 22 de Março de
forme a riqueza, se diga: conforme os rendimentos 1822. Francisco Manoel Trigoso de Aragão Mora
de cada província. to ; Bento Pereira —do Carmo ; Joaquim Antonio
Julgando-se suficientemente discutido, o Sr. Pre //icira Belfort ; Luiz Paulino de Oliveira Pinto
sidente perguntou: se se approvava como estava! E da França ; Manoel Marques Fergueiro ; , Manoel
não foi approvado. Borges Carneiro ; Custodio Gonsalves Ledo ; Joa
O Sr. Camelo Fortes: — Em lugar de contribui quim Pereira Annes de Carvalho ; José Antonio
ção directa, póde pôr-se como esta nas Bases impos Guerreiro. •
los directos. |- •
Em consequencia do Sr. Presidente conceder a O Sr. Ferreira da Silva foi de parecer que se
palavra, o Sr. Guerreiro leu o seguinte deixasse tal representação em abandono, como se el
la não tivesse chegado ao conhecimento do Congresso.
P A R E C E R. O Sr. Freire: — Um dos fundamentos da Com
missão he não achar-se bem informada, e pede demo
Em sessão de 15 do corrente mez mandou este rar seu parecer para quando tenha notícias mais exa
soberano Congresso remetter á Commissão especial ctas do estado do Brazil. Eu tenho que notar que
dos negocios politicos do Brazil a representação diri acho contradicção em que a Commissão estivesse bem
gida ao Principe Real pela junta do governo da pro informada dos negocios da America para apresentar
vincia de S. Paulo em data de 24 de Dezembro pas as bazes que se tem dado, e que devem ser amanhã
sado : quando a Commissão se occupava no maduro discutidas, e não se ache bem informada para poder
exame deste papel, forão-lhe apresentadas algumas emitir seu parecer sobre uma representação da Junta
noticias communicadas confidencialmente, as quaes de S. Paulo. Isto torno, a dizer parece-me uma con
não só tem uma relaçao immediata com a junta de tradicção,á America
pertence em consequencia peço queou tudo
fique demorado, quanto
se trate des
S. Paulo; mas deixão esperar acontecimentos que
muito podem influir no conceito verdadeiro que della te parecer conjuntamente quando se tratar da discus
haja de fazer-se, e no procedimento que a este con são daquellas bazes.
ceito se deva seguir. Os periodicos ultimamente che O Sr. Borges Carneiro : Este argumento
gados do Rio de Janeiro, ou contenhão a expressão do Sr. Freire parece-me que por ora não tem lugar
da ºpinião publica que preparava os acontecimentos A que se dirigiria agora este parecer da Commissãº,
acima indicados, ou sejão instrumentos empregados e um juízo definitivo das Cortes; a curar a desconfian
Para criar essa mesma opinião, tiverão geral acolhi ça que vemos ir lavrando no Rio de Janeiro, em
mento naquela cidade, como affirma o juiz de fóra S. Paulo; e Minas, excitadas pelos Auliços do Rio,
no seu oficio de 31 de Dezembro: o ininistro secre por sediciosos papeis que eles soprão, e pela rebelde
lario d'Estado dos negocios estrangeiros, a quem a representação da Junta de S. Paulo! Para curar essa
"Coragissão ouviu, illustrado por 12 annos de estada desconfiança forão já apresentados os pareceres das
no Brazil concorda na probabilidade de acontecimen Commissões dos negocios politicos, e das relações
ºs políticos occorridos alí. commerciaes de Portugal com o Brazii. Para curar
Não póde por tanto a Commissão aventurar pa taes desconfianças se mostra naqnelles pareceres ao
recer algum que não esteja talvez cºm contradicção Brazil que os receios que tem são injustos, e falsas aº
[ 576 |
ideias que lhe fazem conceber esses periodicos: a isto fluir muito no conceito que se ha de formar dele. e
tendem os ditos pareceres que devem, quanto antes, na resolução que se haja de tomar. A Commissão te
entrar em discussão. Logo que aquellas medidas, ve tambem em vista os periodicos que foi ào eucli
ou outras que a justiça do Congresso julgue inais dos a este Congresso do Rio de Janeiro: não pólº
convenientes, estiverem estatuidas: todos os espiri a Commissão emitter seu parecer ácarca de se o que
tos sãos, dirão ao Brazil: vede como as cousas, neles se inanifesta he a opinião publica, ou opinião
que vos dizião os vossos presidentes são falsas; como particular, mas o que sim pôde dizer he, que estes
elles vos enganão; examinai estes factos, e aquelas periodicos tem sido consumidos a vidamente. (Tarn
palavras, e comparai. A que outro fim se poderia di bem se consumírão do mesmo modo os libelos de
rigir o pedido parecer da Commissão ! A qualifica Sandoval, disserão alguns Srs. Deputados, o Orador
ção da dita representação da Junta de S. Paulo! Es que tinha sido interrompido, continuou). A Counis
sa qualificação já está feita por todos os Membros des são assentou que era absolutamente impossive proce
te Congresso, e se fará por todo o Portugal, e por der nesta materia cotu aquela circunspecção propria
toda a Europa, apenas delle tiver noticia. Elle por do soberano Congresso, sem receber noticies ultério
sr mesmo se qualifica, como um papel subversivo, res, e por isso requereu demorar seu parecer.
insultante; cheio de diterios, calumnioso, tendente a O Sr. Ferreira Borges: — A Commissão, para
imputar ás Cortes um espirito que elas não tem, onde este objecto foi remettido, pede ao soberano Cou
nem podião ter, um papel só injurioso a quem o es gresso que lhe consinta demorar a sua opinião, e
creveu e assignou. Para que se apressará pois o Con apresenta tres diversas proposições em qne funda o
gresso representante de uma Nação magnanima a res seu requerimento. A primeira he, que teu notícias
ponder a cousas tão baixas? O Congresso coherente confidenciaes, que a obrigºto a requerer esta demora,
com a marcha serena, e magestosa que tomou em to mas não sendo essas noticias conhecidas do Congres.
do o andar da rcgeneração, marcha digna de uma so, como póde decidir sobre cousas que não conhece?
Nação tão heroica, como a portugueza, e unica na (Apoiado). Eu pelo menos asseguro que não voto,
historia, não se mostrará sobresaltado por palavras pois para votar he necessario que não seja uma utº
proprias de homens freneticos, que só podem redun quina, he necessario que o faça por convencimento,
dar em desdouro, e ignominia de seus autores. A e não posso ter convencimento de cousas que absolu
que se dirigiria finalmente o parecer emittido já ! A tamente ignoro. A segunda razão que a Commissãº
decretar providencias sobre este caso! Nessa parte he teve em vista foi os pericoticos, e que estes se vende
que as noticias confidenciaes, qne tem a Conmissão, rão com muita rapidez e avidez; nas quem não sa
a induzem a pedir tempo para suspender seu parecer be que em qualquer parte, e em qualquer época pa
até novas noticias do Brazil meridional: e como des peis incendiarios se venden immediatamente? Se a
ta demora nenhum prejuizo póde seguir-se, nenhuma Commissão além dos periodicos funda a sua demora
perda de direito qualquer, eis-aqui porque não vejo em noticias havidas por cartas particulares, eu tam:
que haja inconveniente em que o dito parecer se sus bem poderia apresentar cartas particulares (julgo que
penda. -
não seria nece-sario o dizer de quem, para não com
O Sr. Freire: — Ou esta representação he o re prometter nisto o nome dos meus amigos), em que
sultado da vontade geral do povo de S. Paulo, e en faria ver que todas essas consas são profusidas por
tão merece uma consideração particular mesmo para uma facção perticular, e não pela vontade do povº;
a discussão, que sobre os negocios da America deve quanto mais que nos mesmos periodicos se deixa co
haver na seguinte sessão, ou hº a vontade particular nhecer uma notavel diferença, de oscilação, e de
dos que subscrevêrão a ella, e então merece tambem não ser tão decidida como se pretende essa vontade
por outro respeito uma consideração diferente. He geral, pois no primeiro apparecem idéas de igualda:
necessario que o Congresso esteja em fim informado de, etc., como querendo fascinar o povo; e no segun
do que he este escrito, porque da consideração em do se vê já pedindo misericordia, o que faz crer que
que deva ter-se, depende a resolução que se ha de alguem no meio tempo o teria contestado em termos
tomar na discussão de amanhã, pois eu votarei dife que o fizesse calar. Traz em terceiro lugar a Commis
1entenente se essa representaçao he a producção da são a opinião emittida pelo Ministro dos negociºs
penna de uns facciosos, e rebeldes, ou se ella he a ex estrangeiros: eu respeito a pessoa do Ministro, mas
pressão da vontade da provincia de S. Paulo. (Apoia para mim neste caso he como outro homem qualquer
do.) vindo do Rio de Janeiro. Portanto me parece, que
O Sr. Guerreiro: — A Commissão já tem enun os motivos em que a Commissão se fundou, não sãº
ciado os fundamentos de seu parecer no preambulo das attendiveis. Por outra parte a reflexão que apresentou
bazes que amanhã hão de ser discutidas; e sobre isto o Sr. Freire he exactissima: ámanhã trata nos de
nada mais lhe pertence dizer agora. Quanto ao unico Ultramar; tratamos por conseguinte do Brazil, e des:
objecto, que a Commissão pede hoje ser autorisada pa sa província de que devíamos ter algum oonheciiner
na demorar o parecer, he sobre a representação: as ra to: temos necessidade de idéas, qualquer que hº
zões em que a Commissão funda esta demora são as de ser a discussão de ámanhã, pois a resolução deve
noticias que lhe forão communicadas confidencialmen ser diferentº, uma vez que se saiba que essa represen>
te, e que por isso mesmo que são confidenciaes não tação he, ou obra de uma ficção, ou expressão dº
Póde dar conta neste soberano Congresso, noticias vontade geral: he preciso pois que se saiba isto, para
que tem relação com esse objecto, e que hão de in saber o que temos de decidir. N'uma palavra: os pa:
[ 577 |
pºis são á Commissão para dar sobre eles parecer, e vida a expressão de treze individuos, que compõem
não he isto o que faz a Commissão; o que se apre uma junta n'uma das provincias da America. Nin
tentou á Commissão he um corpo de delicto, he um guem duvida deste facto. Igualmente não se duvida,
papel da que se diz Junta de S. Paulo; o que tocava que a doutrina conteúda no mesmo papel, excede to
dizer era se este papel he ou não transtornador da das as medidas da insolencia, da anarchiá, e da re
ordem social; a consideração em que devião ser ti belião, e que não póde haver cousa mais inconstitu
das as razões em que se funda, etc., e isto he alheio cional nem mais opposta á desejada união de Portu
de todas as outras circunstancias, e das noticias que # com o Brazil. (Apoiado, apoiado.) Bem está.
possão vir. debaixo destas duas incontroversas premissas he pos
O Sr. Fernandes Thomaz: — Sr. Presidente, eu sivel que noticia alguma, seja ela qual for, faça que
pouco mais tenho que dizer do que isto, e do que es este insolente papel deixe de ser o que he? Qual será
tá dito. Eu não sei como o Congresso ha de determi na massa dos possiveis, e dos contingentes (respon
nar-se por noticias confidenciaes: aqui não ha, como dão-me os illustres adversarios) qual será, digo, a no
disse ontem ou ante-ontem o Sr. Borges Carneiro, ticia possivel, ou contingente, que altere a natureza
não ha nabos em saco, he tudo claro, tudo publico, do papel, e que mude as suas expressões, e as suas
porque a Nação deve saber tudo; ou que mais hão idéas de criminosas em innocentes, ou ao menos des
de dizer essas noticias confidenciaes, do que dizem as culpaveis! Qual he a occorrencia, que póde fazer mu
cartas particulares e os papeis publicos! Se essas no dar a qualificação, que o papel desde já nos merece,
ticias confidenciaes são cartas particulares, outras car e que sempre nos póde, e nos deve merecer? Eu acho
tas particulares poderião mostrar-se em contrario, e que nenhuma: e então posso, e tenho todo o direito
eu desejaria que a Comuniss㺠apresentasse as suas, a concluir, que assim como a natureza, e substancia
para se ver a razão com que ella quer demorar o seu do papel he inalteravel, assim deve tambem ser inal
parecer. O argumento do Sr. Freire he muito justo; teravel a deliberação, e o procedimento, que a justi
ou a representação de S. Paulo está ligada com os ça recommenda haja de se ter com elle. Nem o quei
negocios do Brazil, ou não. Se está ligada com el rão enlaçar com a politica para prescindirem dos di
les, deve-se tratar quando aquelles negocios se trata clames da justiça. Este caso he só de uma pequenis
rem; se ella se expaça, devem-se expaçar tambem sima fracção de individuos; não he daquelles, em que
os negocios: para o parecer de tantos artigos que a imperiosas circunstancias mandão sacrificar a justiça
Commissão apresentou, não se necessitavão assás no á politica. E se este he o caso, discuta-se, examine
ticias, e para isto se necessitão! Não entendo:. Voto se, e indague-se; mas isso não obsta nem póde obstar
contra o parecer da Commissão, e sou de opinião que a que desde já se trate desta materia, e que primeiro
a Commissão interponha seu parecer, seja ele qual a Commissão dê o seu parecer, e depois as Cortes to
for, e que se não demore, pois não assento qne para mem a sua publica deliberação. Eis, Senhores, quaes
não cumprir as ordens das Cortes haja motivo justo, forão os motivos, porque me separei da opinião de
porque a Commissão para dar o seu parecer tem to meus illustres collegas. Aborreço niniamente a rebel
dos os documentos necessarios, isto he, aquella re lião, e a anarchia, para poder tolerar, que passe
presentação que fez a Junta de S. Paulo ao Princi um só instante sem une oppôr ás calamitosas tentati
pe Real; foi sobre ella que o Congresso pediu parecer vas dos fautores daquelas duas harpias de todo o po
á Conmissão, e he sobre ela que a Commissão o der constituido. (Apoiado)
deve dar como entender; mas nunca pedir espera de - O Sr. Pereira do Carmo: — A commissão não
informações,
decisão. que não
" , podem alterar a natureza da
-
deu o seu parecer porque elle poderia ter sido ou il
•
que nem as noticias confidenciaes dadas á Commissão, O Sr. Castello Branco: — Sem que eu pertenda
nem as occurrencias, que possão ter acontecido no anticipar a discussão destinada por este Congresso pa
Rio de Janeiro até o dia de hoje, nem mesmo as que ra o dia de amanhã, não posso com tudo deixar de
possão acontecer daqui em diante, sejão elas de que dizer, que o parecer da Commissão especial sobre o
latureza forem, podem regular o juizo da Commis primeiro negocio que lhe foi submettido me surprehen
ão, e das Cortes sobre o documento da junta de S. deu, e que o parecer actual não deixa de causar-me
'aulo, que está em cima da meza. He um assumpto a mesma surpreza, em consequetícia do primeiro. Eu
onnexo com o crime de rebelião, e com o decóro, não poderia esperar , que a Comunissão: tendo ado
legitimidade dos Representantes nacionaes, que não ptado o espirito de contemporização (sem entrar por
#de ser alterado pela contingencia dos acontecimen agora na questão de se o fez com justiça) depois, di
os publicos. A razão em que me fundo he simples: go, de ter adoptado a Commissão este espirito, ela
Esse papel, que nos transmittiu S. A. R. he sem du désse o verdadeiro parecer sobre o negocio, que em
Dddd
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segundo lugar se sujeitou ao seu exame, e de que foi pois nos fez hesitar sobre a opinião que deviam",
encarregada de informar ao soberano Congresso. Eu emittir ácerca da consideração que podia dar-se áquel.
tambem não vejo verdadeiramente o modo porque las palavras, por isso esperamos que os successos nos
actualmente se possa discutir este negocio tão inteira esclareção a ponto de podermos transmitir ao sob
mente ligado com aquelle que nós destinámos para rano Congresso as luzes que recebermos. Este negocio
tratar-se ámanhãa sem anticipar-se a discussão deste. parece de muita ligação, e o he com aquele que
Eu estou muito persuadido, ao menos pelo juizo que amanhã deve discutir-se, e convenho no que a este
eu tenho formado do primeiro negocio que faz o obje respeito disse o Sr. Freire. Mas se nós não podermºs
cto do primeiro parecer, que este segundo negocio apresentar na mesma discussão de amanhã toda ao:
ha de ser involvido na discussão daquelle primeiro; ça de argumento, contrahida á mesma representaçãº,
e por consequencia sería inutil tratar agora delle. e não podermos apresentar senão alguma parte deria
Que nos póle realinente dizer a Commissão sobre um força; por ventura essa parte não servirá de argumen"
papel, que vem a ser o corpo de delicto! Nós o te to! Portanto ainda que tenha ligação, nem por issº
mos visto, e por conseguinte nada póde augmentar a se julgue, que se não póde proceder á discuss㺠dº
Commissão sobre o que vimos: o mais que se poderia amanhã sem que desde já se dêm todos os esclarece
estender sería sobre o resultado de varias cartas, que mentos necessarios ácerca deste objecto; pois se, cº
correm pelas mãos de todos, e que se a Commissão mo disse, a força total argumentaria melhor, nem
as teve de uma sorte poderião talvez varios membros por isso deixará de argumentar bem alguma parte.
do Congresso apresenta-las de outra: não vejo por Amanhã se verá que não exige, como indispensa"
tanto como, ainda que isto se verificasse, sería eu mente se julga, que nós apresentemos nosso partir
obrigado a dar credito ás cartas da Commissão, e como se deseja. Por outra parte os successos do Riº
não daria igual credito áquelas que por outra parte de Janeiro aos farão ver em poucos dias se essa ºpº
se me apresentassem, e que talvez fossem contradicto nião da junta de S. Paulo he fortificada por outras
rias. Eu fim nada mais posso dizer, porque não de provincias, veremos se esse desmancho que apparece
vo anticipar a discussão de amanhã: as relações que nas palavras da representação, de que estremeci, º
ha entre um e outro negocio todos as vêem; e por que indignou o Congresso, tem origem num mal?"
tanto, sem ser preciso que eu dê as razões particula eu receio, etc.: isto digo sómente para justificar º
res, posso dizer, que o tratar-se deste negocio deve opinião da Commissão. Em quanto ao que parece,
ser reservado para amanhã, porque deve discutir-se quiz dizer um illustre Preopinante, que esta maletº
juntamente com aquelle que para amanhã está desi lhe parecia como secundaria, nisto não posso con"
gnado. Eu espero que elle fique decidido com aquella Quando uma mãi carinhosa vê em risco o amadº º
discussão, e por tanto que para então se reserve. lho, não lança os olhos para os defeitos que commº
O Sr. Pinto da França: — A Commissão foi en teu, senão para o perigo em que o vê, e lhe apresentº
carregada de dar o seu parecer sobre a representação a mão para salvalo do precipicio. Eis-aqui º estº
feita pela junta de S. Paulo; mas que parecer he es verdadeiro da questão: eu direi, o meu amado Pºr
te que se exige da Commissão ! examinemos: temos tugal, antes que diga o meu amado Brazil; mas º
a representação da junta de S. Paulo dirigida ao Prin amor deve ser reciproco: estas são as circunstandº
cipe real, que pedindo se demore no Rio de Janeiro, em que estamos, e nada póde impedir a discussãº"
declara que aquella he a vontade da provincia, e af amanhã.
fiança que esta vontade existe unida á da do Rio de O Sr. Borges Carnciro: — Não pareça aos 8" |
Janeiro, e á da provincia de Minas: sobre isto o sen ouvirão falar o Sr. Moura, que na Commissão hº"
tido está claro, e o parecer seria inutil. Se se trata ve um só Membro, que tivesse a menor hesitaçãº"
de que a Commissão dê o seu parecer sobre os termos considerar o papel de que tratamos, como insolenº,
em que he concebida esta representação direi; que el subversivo, anarquico, calumnioso, incitador é dº
les são evidentes; elles forão presentes a este augusto confiança, etc.: nisto não ha duvida: estas qualifº |
Congresso; mas disto não se tratou porque isto esta ções estão selladas no mesmo texto litteral do pºp";
va. Inuito patente; do que se tratou foi de considerar este he o seu sentido e as suas palavras. Não hº
o perigo em que existia uma parte da monarchia do nisso que eu estive concorde com o mesmo Sr. Mºº
Reino unido, e para isto foi para o que se nomeou ra desde o principio; eu o estive igualmente em todo
a Commissão especial. Parece portanto que as vistas o ulterior procedimento, com a diferença que º
do Congresso quando remetteu a representação á Com quer que se emitta o juiso já, e eu não quero quº"
missão forão para que esta desse o seu parecer sobre emitta já. A nossa dissidencia, disse eu na Commº
a força, e efeitos, sobre a impulsão que podessem são, está toda em um monosillabo. Agora veja"
ter tido estas palavras da junta de S. Paulo (assim qual he a coherencia que tem este papel com a q"
pelo menos me parece), eu me explico melhor: para tão que se hade tratar amanhãa: ha parte em "
que a Commissão dissesse se taes palavras produzirião he com ela connexo, e ha parte em que o nãº"
o efeito que ameaçavão, se erão espontaneas; se se He connexo e mesmo identificado com a ordem
rião filhas talvez de uma força maior. Sendo pois es dia de amanhã em quanto tende a espalhar a descº"
te o objecto, e não o primeiro, aqui se achava na fiança no Brazil meridional, e a fazer-lhe crer que º
hesitação a Commissão. As noticias confidenciaes sem Cortes de Portugal tem a intenção dolosa de º "
duvida podião aumentar esta hesitação; os papeis fo escravo como até agora esteve; em quanto divulº
xão reimpressos; disto temos informações. Tudo isto que todos os decretos que derão as Cortes s㺠**
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nhosos e tendem áquelle fim. Ora amanhã temos nós quia, e subversão, ainda hezita em emittir a sua opi
de tratar dos meios de curar csta desconfiança; e de nião, então digo eu, que a circunspecção vai conver
fazer conhecer por obras aos Brazileiros que o Des ter-se em pusilanimidade. (Apoiado). E porque ha
pertador Braziliense, a Malagueta, etc., os enganão, esta pusilanimidade! Vem de receios fundados, ou
e que as intenções das Cortes são mui diferentes da não fundados de uma perda; e não se considera que
quellas que elles asoalhão; que os motivos, que as desse modo vamos a perder uma cousa que vale mais
movem, e moverão a dar, os antecedentes decretos são que dez Brazis, que vem a ser a dignidade da na
justificados. Ora isto he o que se contém nos dous ção! (Apoiado, apoiado) Esta he a que eu vejo que
pareceres das duas Commissões especiaes relativas ao corre grande perigo; não sei porque se diga, que se
Brazil, que se hãode discutir amanhã; e logo que os ria illusorio o parecer que se pediu; illusorio, e perigoso
Brazileiros vejão o que a seu respeito se decide, elles he o que se apresenta: illusorio porque não correspon
mesmos compararão, e julgarão quem os engana, se de ao que se esperava: e perigoso, porque se arrisca
as Cortes, ou os treze de S. Paulo, e os autores des a dignidade da nação, deixando depender da vontade
ses periodicos, de uma junta a ebediencia ás leis deste Congresso, e dei
O outro ponto em que eu disse que a representa xando dizer impunemente, que se lhe não quer obe
ção de S. Paulo não he nada connexa com a discus decer. o Se isto he assim não somos legisladores de fa
são de amanhã, he qualificar tal papel e conseguin cto. Que não legialemos para o Brazil entendo eu,
temente decretar o procedimento plterior que se pos se não temos força para sustentar as nossas leis; mas
sa ter com os seus autores. Nesta parte he que a que legislemos, e que se permitta aos que devem sub
Commissão diz , que por ora as noticias confiden metter-se as nossas leis, expressões tão anarquicas,
ciaes que tem, a moverão a pedir que não se pro isso não posso deixar de julgalo indecoroso, e de
fira sobre isso o seu juizo, no que se não perde di mui perigoso exemplo. A Commissão não póde ser
reito algum, como se não tem perdido por não se obrigada a dar seu parecer; mas cabe então a cada
ter até agora qualificado e procedido sobre o com Deputado dizer o seu neste Congresso; e eu que não
portamento dos de Goiana, do General Rego, e ou tenho tanta delicadeza como a Commissão direi – es
tras cousas semelhantes. Neste ponto estou firmissimo, se papel he subversivo, esse papel provoca á rebelião;
he nelle só que discordo do Sr. Moura. Por tanto para punir taes factos ha leis existentes; remetta-se o
resumindo, digo que, na parte em que o papel he co papel ao Governo para que proceda contra os seus
herente, e connexo com a materia que amanhã vai autores, como autoridades refractarias. (Apoiado).
descutir-se, póde tratar-se delle; na outra parte estou O Sr. Moniz Tavares: —Se eu não desejasse cor
firme no mesmo parecer que dei na Commissão. dealmente a união sincera de Portugal com o Brazil,
O Sr. Xavier Monteiro: — Estranho caso he se não trabalhasse solicito de dia e de noute para con
este por certo que se nos apresenta: uma Commissão seguir este fim, eu não approvaria o parecer da Com
nomeada por este Congresso para dar o seu parecer missão: eu levantaria a minha voz como outrora um
sobre esta representação de S. Paulo, da qual repre membro precipitado, eu diria; legisladores, levaí o
sentação mandou o Congresso que ella inserisse a in ferro, e o fogo á provincia de S. Paulo. (Não he ne
tegra no seu parecer, e em rigor não dá parecer algum! cessario — ouviu-se dizer a alguns Srs. Deputados –
Os illustres membros da Commissão tem manifestado o orador continuou). Mas não permitta Deus que eu
em que fundavão sua opinião: o Sr. Borges Carnei use em tempo algum de similhante linguagem, a doçura
ro a primeira vez que falou disse, que posto que as do meu caracter, o conhecimento do caracter dos brazi
expressões da dita representação fossem ínsolentes, leiros, tudo me inhibe a proceder de similhante manei
injuriosas, etc. que isto todos o conhecião, que era ra. Eu Sr. Presidente, vejo na Commissão a maior
em desdouro dos mesmos que tinhão escrito, e não prudencia, e a maior sabedoria. Seus membros co
era necessario mais nada. Falou segunda vez sobre o nhecerão que no calor da effrevescencia a força irrita
objecto, e já se adiantou mais alguma cousa, e impel em vez de acalmar; elles reconhecerão que as provi
lido pela força e consideração das ditas expressões, disse dencias que se deverião tomar ámanhã poderião re
já que erão anarquicas. Outro Sr. Deputado disse, que duzir á ordem aquelles homens. Eu voto pois pelo pa
o parecer se não tinha dado, porque teria sido illusorio, recer da Commissão.
ou perigoso: illusorio, porque não teria produzido efeito: O Sr. Castello Branco: — Admira-me muito
e perigoso,porque em caso de produzir efeito não teria si que o honrado Preopinante sendo natural do Brazil
do bom. Eu digo, que se as expressões do papel fossem acabe de declarar, que he a prudencia, e o desejo de
sómente insolentes, ainda poderia o Congresso não fa conciliação o unico motivo que lhe embaraça para vo
zer caso dellas; mas sendo anarquicas, direi, que sem tar, que se leve o ferro, e o fogo ás provincias do
duvida alguma o Congresso as deve tomar em consi Rio de Juneiro, e S. Paulo: deve lembrar-se que o
deração; visto que seria perigoso não abafar os prin Soberano Congresso não tem senão louvores a dar a
cipios da rebelião. Quem ouviu aquella representa nossos irmãos do Brazil: eu particularmente (e todos
ção, viu nella sem duvida os principios mais subver me acompanhão neste Congresso) eu estou persuadi
sivos; e o Congresso obrando com circunspecqão a do que nada temos contra os brazileiros de S. Paulo,
mandou para uma Commissão: mas se esta, depois de e do Rio de Janeieo; mas eu clamarei sempre, e
se ter usado já da circunspecção de iucumbilla de dar sempre com toda a dignidade de um representante da
sobre a dita representação o seu parecer; se depois de nação, e de um individuo deste Soberano Congresso,
ver na mesma representação sinaes tão claros de anar contra os facciosos de S. Paulo, e do Rio de Janei
Dddd 2
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ro. Os brazileisos dessas provincias podem estar de boa Brazil; quanto a mim não se me dá de passar por
fé illudidos: eu não sei se o estão, duvido emesmo que homem fraco nestas circunstancias, nem que se diga, que
o estejão, pois muito embora se traga como argumen concorri para o Congresso perder sua dignidade, em vez
to ter-se lido com avidez esses mizeraveis periodicos; de passar por homem forte, dizendo-se, que concorripa
eu dessa avidez não tirarei um argumento para pro ra a perda do Brazil. Debaixo destes principios apre
var que tal seja a opinião do Rio de Janeiro: não sentou a Commissão o parecer que ámanhã se ha de
presenciámos nós todos a avidez com que foi lido o mi discutir. Mas tinhamos além disto que examinar a
zeravel Sandoval! Não sabemos todos que tambem es representação da junta de S. Paulo ao Principe Real,
se injurioso libello foi reimpresso! E diremos por isso Nesta notei eu tres cousas: a primeira he a manifestação
que Sandoval era o orgão do espirito publico! Não: dos mesmos aggravamentos de que se tinhão queixado
o resultado mostrou o contrario, a Nação indignou outros povos do Brazil. He verdade que elles vinhão ex
se contra elle, e teve que fugir para evitar o castigo primidos com palavras mui desabridas e picantes; mas
da sua atrocidade; mas he proprio porém da nature assim mesmo a Commissão vendo que tinha sido nomea
za humana receber com avidez tudo aquilo que he da pelo Congresso para lhe applicar o remedio, deu
extraordinario; porque o homem naturalmente pro sobre isso o seu parecer com toda a imparcialidade
cura o maravilhoso. Do mesmo modo que isto acon e sangue frio que compete ao legislador: por tanto a
teceu entre nós he que eu me persuado será no Rio este respeito nada mais ha que falar sobre aquela
de Janeiro: necessariamente essa representação será a representação. A outra cousa que notei, forão as ex
producção de pequeno numero de facciosos, e he con pressões em que estava concebida a representação;
Ira esses que eu quero empregar todo o meu rigor, sobre isso não nos mandou o Congresro interpor nos
contra esses que compromettem a totalidade dos bra so parecer, porque depois de um papel ser lido em
zileiros, sendo uma pequena parte da qual talvez a "presença de toda a nação, e do Congresso, depois de
maioria não seja composta de brazileiros. He debaixo todos terem ouvido as expressões em que estava con
deste ponto de vista que quero considerar o negocio, cebido; parece-me escusado que a Commissão informe
que ámanhã se ha de discutir, e por isso meu parecer se essas expressões são reprehensiveis: se he preciso que
era, que este negocio não se devia destacar daquel a Commissão diga isto, a Commissão não tem duvida
le; porque em fim os membros da junta de S. Pau em afirmalo. A terceira consideração que eu fiz á vista
lo tem muitos companheiros, e parece-me que todos do papel he, sobre qual seja a imputação que merecem
devem ser tratados com a mesma igualdade, todos seus autores, e o procedimento, que deve haver con
devem ser sujeitos á vindicta da lei. tra elles. Se eu visse que todas as provincias do Bra
O Sr. Trigoso: — Só quem tem assistido ás dis zil não tendo a mais pequena desconfiança do Con
cussões da Commissão especial he quem póde avaliar gresso da nação estavão dispostas a abraçar, e efec
a importancia e melindre da materia, que na mesma tivamente tinhão abraçado as determinações do Con
Commissão se tratou. Trata-se da união do Brazil gresso, sem ter manifestado o seu crime, e se eu vis
com Portugal, e trata-se desta união no momento em se, que no meio desta conformidade de sentimentos
que por diversas causas acontece, que nós estejamos a unica provincia de S. Paulo, e não digo já a uni
em grande perigo de a perder. As principaes destas ca provincia de S. Paulo, mas sim os unicos 13 ho
causas são, o espirito de desconfiança que se levantou mens, que escrevêrão essa representação, e usárão es
entre os Brazileiros, occasionado pela má intelligencia sas expressões, diferião daquella vontade não teria
que elles derão aos decretos deste Congresso, e o em duvida alguma em graduar a imputação, e expressar
penho com que algumas pessoas da Europa mandárão qual devia ser neste caso o procedimento do Congres
para lá noticias exageradas a nosso respeito, que ser so: mas de que não ha essa união intima, e essa obe
vião para continuar a firmar nelles essa desconfiança. diencia são uma prova os fundamentos que servírão
Neste estado de cousas era necessario que a Commis para o primeiro parecer que a Commissão ofereceu;
são tomasse um de dous partidos: o primeiro era con e pela mesma razão eu não posso assegurar, se o que
cederem as Cortes tudo quanto pedissem os Brazileiros, se expressa na representação são sómente os sentimen
com tanto que não repugnassem aos principios essen tos dos que a assignão, ou os sentimentos da provin
ciaes que formão a base da nossa Constituição, e que cia de S. Paulo, e não podendo assegurar isto, tam
por outro lado não se oppozessem á dignidade que o bem não posso determinar o gráo de imputação dos
Congresso deve conservar. O segundo partido seria autores desse papel. Demais, observo que ha uma es
mandar o Congresso pôr em execução rigorosa ºs me pecie de colligação, cujo resultado não sei qual será,
didas que elle julgou na sua sabedoria, que devia to entre as provincias de S. Paulo, Rio de Janeiro, e
mar fosse qual fosse a opinião que os Brazileiros for Minas; a qual parece ter por objecto que fique o Prin
massem da justiça ou conveniencia dessas medidas. cipe Real no Rio de Janeiro, e que fique exercendo
A vista destes dois partidos se a Commissão adoptas o poder executivo; mas observo que esta colligação,
se o primeiro podia seguir-se dahi, que sem o Con que por ora não está bem clara, dizem que ha de pro
gresso perder nada da sua dignidade conservaria para duzir o seu efeito, quando se ajuntarem os Deputa
sempre, ou pelo menos para muito tempo, o Brazil. dos dessas provincias no Rio de Janeiro, e eu não
Se tomassemos o outro partido, podiamos nós ser re sei se se chegarão a ajuntar: ainda que se ajuntem,
putados na posteridade homens fortes, homens não tambem não sei se conseguirão seu intento, nem se
sujeitos a qualquer força estranha, mas dir-se-ia que este será apoiado pelos votos de suas respectivas pro
tinhamos concorrido especialmente para a perda do vincias; por consequencia ignoro se estes homens ex
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imem seus sentimentos particulares, ou se seguem o mente não ha. Ora aqui está, Senhores, onde consis
pulso dos povos das suas províncias: e eisahi por te o sofisma. do meu illustre collega, e amigo o Sr.
e não posso avaliar o gráo de imputação, que me Trigoso (com seu perdão o digo). Elle iguala em tur
cem os autores dessa carta. Ommitto outras razões do os sentimentos de toda a provincia de S. Paulo
le talvez me tenhão lembrado, e que agora me fo-o aos daquelles treze da junta, que assignárão a repre
m á memoria; porém estas são bastantes para que sentação. Se todos esses sentimentos não só os que
Commissão se abstenha de produzir uma opinião de respeitão aos decretos, mas os que respeitão a negar
iva áquelle respeito. Mas porque diz a Commissão e desconhecer a autoridade do poder, que os emittiu,
e não póde agora dar essa opinião, segue-se que e a insultar, e denegrir a mesma autoridade, se taes
inca a póde dar! Evidentemente não, porque a Com sentimentos, digo, forem uniformes em toda a pro
issão não se dispensa de a dar, só diz que por ago vincia, que se não excite o seu azedume, conviria
não o póde fazer, e mostra a razão disso. Não se nisso, ainda que de muito máo grado, mas que se to
rde pois nada com esta demora, antes com ela se lerem similhantes injurias, similhantes protestos, si
nsegue ficarmos mais habilitados para manifestar milhantes rebeldias da parte de doze individuos, que
aramente a nossa opinião. E que se seguiria se sem compõem uma magistratura n'uma província repre
te conhecimento o fizessemos! Que nós poderiamos sentada, isso he que eu julgo não só indecoroso, mas
aso usar de um procedimento muito forte, que vi de perigosissimo exemplo. Não contestarei que toda
1 a produzir talvez um mal muito maior; ou pode a provincia reclame a revogação daquelles decretos;
imos usar um procedimento muito fraco, e que fos mas que seja a vontade de toda ella expresselos por
talvez contrario á nossa mesma dignidade. Em con aquelle modo, digo que não he verdade, e digo algu
quencia julgo, que não póde haver o mais pequeno ma cousa mais, venho a dizer que he injurioso, e in
conveniente, nem cousa alguma que attaque a digni sultante para a mesma provincia o pensalo assim. E
de do Congresso, demorando a enunciação do con senão, qual dos seus Deputados adoptaria similhante
ito que nós fizermos desses procedimentos, que não linguagem! Qual poderá dizer, que elle em nome da
tamos agora no caso de qualificar bem; e com esta sua provincia faz suas aquelas expressões! Se algum
mora conseguimos fazer vêr, que da nossa parte não ha, que me responda. Concluo pois, que não deve
incorremos de modo algum para excitar o azedume mos confundir, como me parece que equivocamente
is provincias do Brazil, para que se não diga de fez o Sr. Trigoso, aquella parte da representação da
is, que quando com uma mão demos áquelles habi junta de S. Paulo, que diz respeito ás queixas dos
ntes auxilio para destruir os males que os oppri tres decretos das Cortes, a que alude, com aquella
ião, com outra estendemos sobre elles uma vara de parte da mesma representação, em que no meio de
tro sem saber sobre que victimas ia cair. mil insultos, e de mil calumnias nega autoridade ás
O Sr. JMoura: — Tudo quanto acaba de dizer o Cortes, e se declara rebelde. —Nesta parte he a mes
ustre Deputado confirmando o parecer da Commis ma representação inalteravel, e invariavel; a sua qua
o, se funda n'um equivoco; mas he tão essencial, lificação politica não depende de noticias nem de oc
de transtorna todas quantas idéas elle acaba de ex currencias futuras. A Commissão podia pois desde já
ºnder. Que toda a provincia de S. Paulo esteja uni dar a sua opinião, e o seu parecer sobre aquella infa
a em sentimentos sobre os decretos das Cortes relati me representação. Que poderemos nós esperar daquel
ºs á extincção dos tribunaes, e reversão do Principe la parte do Atlantico! Que S. Paulo, Rio de Janei
eal, não o negarei, e nisto só he que póde suppôr ro, ou Minas, adoptarão em tudo as idéas daquella
coherencia entre as opiniões dos povos da provin junta! Embora reclamem contra os decretos; embo
a, e as da sua junta governativa; mas não ha razão ra exerção o direito de petição. Mas esperaremos nós
enhuma para suppór que a mesma provincia adopte ouvir dizer, que elas neguem a autoridade ás Cortes,
s termos insolentes, e os protestos formaes de desobe e que declarem lhe não hão de obedecer! Esperare
iencia aos decretos das Cortes, que aquelles treze mos nós que essas provincias, em lugar de dizerem ao
acciosos, e rematados loucos da junta de S. Paulo Principe que represente ás Cortes a necessidade da
xpendêrão naquelle insolito manifesto da rebelião, sua conservação no Brazil, lhe digão «V. A. R. não
da anarquia. A provincia de S. Paulo não quer, ha de saír daqui, sejão quaes forem as resoluções do
"em he da sua intenção insultar as Cortes, contestar poder legislativo, porque estas resoluções nunca hão
he a autoridade, e negar-lhe a obediencia; as pro de ser executadas! Eu não o espero; se por ventura
rincias do Brazil querem a união com Portugal, e assim acontecer, está chegado o dia da nossa des
assim o tem exprimido muito sincera, e muito sole união; pois a união depende da obediencia. Concluo
nnemente. E senão faletu os illustres Deputados seus por ultimo, Senhores, que a parte criminosa da re
Representantes: alguma das provincias desse vasto presentação he mui distincta da parte, em que a jun
ºntinente, por ventura, ó illustres collegas, vos en ta se queixa dos decretos; confundir estes dois obje
viou poderes para nos insolentes termos da junta de ctos he confundir a questão, e não querer pôr as cou
S. Paulo, negando a autoridade, e protestando não sas no lugar, em que ellas devem ser postas. (Apoia
ºbedecer ás Cortes, vos dirigirdes ás mesmas Cortes ! do.) |-
la aqui alguem, que ou per si, ou por outrem se O Sr. Mivanda: — Eu estou bem persuadido que
atreva a falar deste modo! Ha aqui alguem, que ado o papel que aqui se leu á face desta Assembléa teria
Pte as expressões, e as idéas dos treze loucos da junta sido ouvido com indignação por qualquer Portuguez,
de S. Paulo! Se ha, levante-se, e responda. Certa fosse do Brazil ou de Portugal. (Apoiado) Sería a
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maior injuria fazer um paralello entre os membros da sôa jámais bem nos ouvidos de um militar; e de nº
junta de S. Paulo, e os mais brazileiros, e babitan nhuma maneira diante do Congresso. A Constituiçãº
tes da mesma provincia de S. Paulo. A provincia de não he fraca. Mas analysemos o que he fraquela:
S. Paulo não tem aqui seus representantes nos quaes fraqueza he o temor que nasce do receio da debilidade
delegou o seu poder? Como pois a junta de S. Paulo de si mesmo; e aonde póde caber este teccio! Digi.
se atreve a tomar o caracter de representante da mes se antes que são razões de amor, e de justa conside.
ma provincia, e requer do modo que o faz! E tolerar ração. O illustre membro o Sr. Trigoso pezou assi
isto se chama prudencia ! Eu não hei de chamar pru todas as razões da Commissão; se nas mesmas razões
dencia, á face da nação inteira o digo, eu lhe chamo de tão illustre membro houve enphase desenvolva…
fraqueza, a nação deve salvar a sua dignidade, de a en phase, que a razão he clara. O objecto destes.
vem impôr-se as penas da lei aos que de tal modo in berano Congresso todos estes dias tem sido, e devem
sultão o seu corpo representativo. Não se trata da ser o bem do Brazil: lembrarmo-nos hoje de vinga.
provincia de S. Paulo, trata-se de 13 facciosos que ças, de ultrages quando se trata de estreitar a uniãº
no meio de uma provincia, aonde talvez reinarão dif desta nação, que apparecerá algum dia á face de um
ferentes idéas ousárão falar deste modo em nome da mundo representativo no esplendor de uma gloria que
mesma provincia. Que estou muito longe da opinião eu já prevejo, não me parece que seja justo. Nãº
de um illustre Preopinante, que disse se levasse a el queiramos ser incoherentes, não queiramos cava a
las o ferro, e o fogo: longe de mum semelhante prin nossa sepultura no dia em que começa a nasce a
cipio. (Apoiado) Se as provincias quizessem falar em nossa prosperidade. Eu voto pelo parecer da Com
seu nome, se esse fosse o voto das provincias, eu vo missão, e como cidadão do Reino-Unido digo, que
taria que se lhes concedesse; (apoiado, apoiado) mas elle he o melhor que nestas circunstancias se pode
que 13 membros tornem a sua voz, e a dirijão em seguir.
termos tão insultantes, isso he o mais criminoso, e (O Sr. Araujo Lima pelo que pôde percebe
não he proprio da justiça, nem da dignidade deste se apoiou o voto do Sr. Trigoso, e do Sr. Ferreirº
Congresso o dissimula-lo. (Apoiado) Tem-se dito da Silva.)
que a Commissão pediu esta demora julgando, que a O Sr. Bastos: — Eu tambem apoio o parecer da
a discussão de ámanhã poderia fazer entrar nos seus Commissão. Diz ella que não se acha em circunsta®
deveres aquelles encontros da junta, e tem-se dito cias de poder dar um parecer decisivo sobre o objetº
tambem que por varias noticias confidenciaes não se em questão, e pede que lhe seja permitido deliriº
podia por ora tomar resolução. Eu convido a Com para depois de se receberem novas noticias do Bial
missão a que une diga, que juizo faria de uma junta Muitos dos membros do Congresso querem que º
de medicos, que caracterizando de cancro uma pus obrigada a dalo Já, E alguns até estranhão o n㺠º
tula virolenta applicassem palliativos em vez de cortar ter ella já feito. Que he o que ha de fazer a Comº
até á raiz a parte ofendida. E qual sería o meio de missão! Declarar que convém indicar-se ao Governº
tirar-se este cancro politico! Dizer-se que se remova que faça executar as leis! Que cumpra a sua obrigº
imunediatamente o governador daquella provincia... ção! Isso sería ocioso e inefficaz a um tempo. Delº
Estas medidas são justas, e são necessarias até mes minar que se forme culpa áquelles, que fizerão aº
mo para mostrar aos povos do Brazil, que se descar presentação de S. Paulo! Muito peor. Taes poderãº
rega sobre os culpados a espada da justiça, porque ser as circunstancias, que quaesquer que sejão as º
se isto se olhasse com indeferença sería dar lugar pa dens das Cortes e do Governo a seu respeito, se nãº
ra commetter impunemente quantos crimes quizes possão executar. E era a preposito que legislemº
sem, e he necessario considerar que o que he crime illusoriamente? Receia-se que a moderação faça prº
em Portugal he crime no Brazil; a Constituição que der ao Congresso e á nação a sua dignidade! 00"
rege em Portugal, he a que deve reger no Brazil. eu receio he, que a imprudencia e a precipitaçãº"
Eu não voto por ferro, e por fogo, mas voto por fação perder. (Apoiado) Nós não devemos imitar º
que se tomem energicas providencias a este respeito. cega rapidez da vingança, porém a marcha da na"
O Sr. Moniz Tavares: — Sr. Presidente peço a reza, que espera pelas estações para fazer florecer º
palavra. He preciso para salvar a minha honra, o fructificar as plantas. …
meu credito, a minha reputação, que desfaça uma O Sr. Fernandes Thomaz: — Julgo que os s"
equivocação em que tem cahido já dous illustres De da Commissão se determinárão a requerer a denºº
putados imputando-me cousas que eu não disse. Eu do seu parecer pelos sustos que receberão. Ouviñº"
jámais disse que se levasse o ferro, e o fogo ás pro recebêrão noticias, assustárão-se, e apresentár㺠*
vincias do Brazil; eu disse pelo contrario, que se fos sim seu parecer. Este susto consiste em que o Brazil
se amigo da discordia votaria que assim se fizesse. se separa: que todo o brazil está ligado com os "
(Apoiado.) de S. Paulo, que fizerão a representação; que º
O Sr. Pinto da França: — Disse um illustre De período, qué tanto se receia da separação dº ""
putado que o que he crime em Portugal he crime no já
da chegou, e que dese S.
representação nósPaulo,
abrinosseparou-se
a boca sóo ºB"
"fºº
de
|
Brazil: he verdade; tambem he verdade que o que
he justo para uma parte he justo para outra. Brazil Portugal. Eu entendo que o Brazilha de vir º **
que amas teu Portugal, ele está em perigo, deixa-lo rar-se de Portugal: mas em que tempo isto ha de ".
has perecer! Do mesmo modo póde inverter-se a pro Eu sou fatalista tanto quanto póde ser um catholicº
posição. Fraqueza! Eu cuvi esta palavra, e ela não romano; isto ha de ser quando Deus quizer;" *
[583 ]
ser quando for, e isto tem mais que dizer, do que pre, acabemos de uma vez com isto: passe o Sr. Bra
se pensa. O que eu sci he, que quando isso acontecer zil muito, que cá nós cuidaremos de nossa vida. De .
ha de haver males; e se os ha de haver para cá, os duas uma, ou o Brazil está de sorte que apezar das
ha de haver para lá tambem; porém uma Nação re noticias que tem vindo não ha alteração no soccego
cupera, ou póde recuperar os males desta especie; dos povos (porque em quanto a haver descontentes
mas os que nascem della subscrever á sua infamia não em todas as partes os ha) ou não: senão está de ac
tem cura nenhuma; esses nunca uma Nação recupe cordo, se realmente os povos do Brazil desejão ver
ra, porque cáe para mais não se levantar. (Apoiado, dadeiramente desunir-se de Portugal, eu declaro al
apoiado). Isto quero eu evitar quando digo, que he tamente que a minha opinião he que se desunão. (O
necessario, e importante que se tome uma medida so illustre Deputado foi repetidamente chamado á ordem
bre esta representação. Ouvi neste Congresso dizer o por varios membros da Assembléa).
que nunca esperava, que aquelles treze homens tem O Sr. Guerreiro: — Peço a V. Exc. chame á
força para sustentar a sua representação; pois se a ordem o honrado Membro por não cingir-se á verda
tem que estamos nós fazendo! Separem-se: acabemos deira questão.
com isto. (Apoiado, apoiado). De duas uma, ou el O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu estou na ques
les são subditos da mesma monarquia, e reconhecem tão, nem sei porque possa ser chamado á ordem; pois
a mesma soberania, ou não; se são, he necessario por ventura não posso expressar a minha opinião?
que obedeção, e que observem as leis que nós faze Por ventura se quer estabelecer a proposicão contra
mos, pois nós não fazemos leis injustas. (Apoiado). ria, isto he, que por força sejão unidas a Portugal
Outro Preopinante tem dito que tem havido outras as provincias do Brazil sem o quererem ser. Que he
juntas, ou outras provincias que tem manifestado os o que se quer, que fiquem em duvida que o Con
mesmos sentimentos; aonde estão! Apresentem os Srs. gresso quer violentar o Brazil? Não: o Congresso
Secretarios os officios que tem havido das provincias não quer tal cousa. (Apoiado). Ou o Brazil quer es
manifestando que não estão contentes. Aonde estão, tar ligado com Portugal, ou não quer. Se quer ha de
torno a dizer? Pelo contrario ha documentos autenti estar sujeito ás leis que as Cortes fizerem, senão des
cos, ha provincias que nomeárão seus representantes, ligue-se. Eu quero declarar assim francamente meus
que felicitárão o Congresso, que manifestárão sua principios para mostrar que elles não são principios
adhesão ao systema constitucional; e contra isto que de oppressão; para que não se me venha argumentar
ha! Ha umas cartas contra as quaes podem apresen que aquelles homens tem uma força muito grande.
se outras em sentido inverso. E ha de precipitar o Se essa força he para sustentar as suas idéas, então
Congresso suas decisões por tal modo? O que eu ve he porque não querem estar unidos com Portugal; e
jo he, que as provincias tem enviado aqui seus repre senão querem desliguem-se; este he o direito de todos
sentantes. Em S. Paulo se fez essa representação; os Brazileiros, e de todas as Nações. (Apoiado).
mas qual he a certeza autentica que eu tenho (porque Consequentemente partindo destes principios digo,
um Congresso não se póde guiar de outro modo) que que he indecoroso ás Cortes, e ao Congresso deixar
são essas as intenções das provincias! A causa desses de decidir nesta materia com o receio dessa separação?
treze se tem querido fazer a causa de todo o Brazil, primeiro porque não ha factos conhecidos por onde
e não he a de todo o Brazil, nem mesmo a da pro se possa imaginar que existem taes desejos de separa
vincia de S. Paulo. Diz-se que essa junta tem muita ção: segundo, porque se existem taes factºs, sería
influencia; mas disso que se infere? Não he por esse de justiça que se deixasse de legislar sobre o Brazil,
motivo que se ha de separar o Brazil de Portugal. E visto que em tal hypothese he impossivel ao Congres
quaes são as queixas que produzem essas provincias ! so fazer lá executar as suas leis. :
Que tem feito as Cortes a respeito do Brazil? Decre O Sr. Borges de Barros: — Modificada assim essa
tárão a creação de juntas provisorias; tem sido isto idéa, convenho; mas não a sofro do modo que foi
agradavel ou desagradavel aos povos! Em vez de quei apresentada anteriormente. Que quer dizer º Adeus
xas parece-me que de algumas provincias tem vindo Sr. Brazil?» Isto he pouco mais ou menos o estilo
agradecimentos ao Congresso, e se lhe tem manifes que se reprehende na representação da junta de S.
tado que em algumas partes se celebrou esse decreto Paulo. Eu fui para aqui mandado para tratar da
com luminarias. Pois então havemos de acreditar que união da familia portugueza, mantidos seus direitos,
em algumas partes se dão estes signaes publicos de e não para desunir. (Apoiado). Se a junta de S. Pau
approvação aos decretos do Congresso, e que todo o lo errou, se foi imprudente nos termos que empregou,
Brazil está de mãos dadas com os treze de S. Pau que tem isso com os negocios do Brazil? Isso não
lo!... Eu não quero, nem disse nunca que a Com quer dizer que todo o Brazil tenha exprimido com a
missão désse sobre a representação um parecer, nem mesma acrimonia os seus sentimentos, para se lhe
mais forte, nem mais fraco, mas o que queria era applicar a mesma censura.
que désse um parecer, dissesse embora que a este res O Sr. Fernandes Thomaz: — Essa sim, que he a
peito exigião as circunstancias que se tomassem medidas verdade.
suaves ou brandas, ou outra cousa assim; mas agora O Sr. Borges de Barros: — Ouvi falar em ferro e
dizer que devemos esperar por noticias ulteriores, a em fogo! Foi para declararmos guerra que aqui nos
que fim? He isto pelos sustos que a Commissão con juntárão ! Foi para nos atacarmos com afrontas! De
cebeu? Se elles são justos, se o Brazil com efeito claro que não sofrerei se trate em menoscabo a mi
não quer unir-se a Portugal, como tem estado sem nha patria, e que desde então, e se se trata de desu
-
[…] • •
Deus guarde a V. S." Paço das Cortes em 22 A… a Sessão, sob a presidencia do Sr. Ka
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. rella,
vada. leu-se a acta da antecedente,
- * * que foi appro
- •
O Sr. Secretario
tes officios. Felgueiras mencionºu os seguin
•
[ 586 ]
l Do Ministro da marinha, transmittindo a par gratulatoria oferecida por Candido Antonio de Olivei
te do registo do porto, tomado em 22 do corrente á ra e Silva, professor de gramatica latina em Benaven
galera portugueza, S. José Diligente, vinda do Pa te.
rá. Ficárão as Cortes inteiradas. ",
Mencionou-se um oferecimento do arcebispo bis
2 Do mesmo Ministro, remettendo um oficio da po de Elvas, de varios exemplares de uma homilia que
junta eleitoral da provincia do Pará, accompanhado recitou na igreja do Coração de Jesus por occasião
do diploma dos Deputados daquella provincia, e actas das exequias da Rainha Senhora D. Maria I no dia
das suas eleições. Passou á Commissão de poderes. 20 do corrente mez, para serem distribuidos pelos Se
3 Do Minlstro da fazenda, remettendo a infor nhores Deputados. Foi acceito com agrado o ofereci
mação do corregedor de Castello Branco, sobre a re mento, e se mandárão distribuir os exemplares.
resentação dos povos de Proença a Velha, e Santa Concedeu-se ao Sr. Mendonça Falcão, Deputado
{"# Passou á Commissão de fazenda. pela provincia da Beira, licença pelo tempo necessario
4 Do Ministro da guerra, transmittindo uma re para tratar da sua saude.
presentação do contador fiscal da thesouraria geral Mencionou-se mais um oferecimento de JManoel
das tropas sobre a continuação do abono da quantia José da Rocha, deputado do cirurgião mór do exer
de 2003 réis annuaes ao carcereiro do castello de S. cito, de varios exemplares do movimento, e compta
Jorge, Francisco José Alberto de Oliveira. Passou á bilidade dos hospitaes regimentaes do exercito, per
Commissão de fazenda. tencentes ao ultimo semestre, para serem distribuidos
5 Dos membros da junta eleitoral da provincia do pelos Srs. Deputados, o que se verificou. -
Pará, enviando ás Cortes o termo de outorga de po Feita a chamada, achárão-se presentes 118 De
deres dados aos Deputados daquella provincia , e putados, faltando 21, a saber : os Senhores Falcão,
actas das suas eleições, reiterando ao mesmo tempo Teixeira de Magalhães, Moraes Pimentel, Canavar
novos votos de adhesão ao systema constitucional, e ro, Ribeiro Costa, Bernardo Antonio, Sepulveda,
gratidão ao soberano Congresso. Mandou-se fazer Baeta, Almeida e Castro, Innocencio de Miranda,
menção honrosa, determinando-se que quanto ao mais Lemos Brandão, Pinto de Magalhães, Faria, Lino
fosse remettido á Commissão de poderes. Coutinho, Sousa e Almeida, Moura Coutinho, Ri
6 Da Commissão dos melhoramentos do commer beiro Saraiva, Sande e Castro, Mesquita, Ribeiro
cio da cidade de Leiria, em que felicita o Congresso, Telles. /*
e transmitte o resultado dos seus trabalhos. Foi ouvi Passando-se á ordem do dia, entrou em discus
do com agrado quanto á primeira parte, e mandou-se são o parecer da Commissão especial dos nego
remetter á Commissão de commercio pelo que per cios politicos do Brazil, sobre a carta ou representa
tence á segunda. ção da junta
Principe Real.da provincia de S. Paulo dirigida ao
•
das Duas Barras, acompanhada de um mappa topo 3 O Sr. Pereira do Carmo: — Eu antes disso pe
grafico daquelle paiz, em que pede a separação de ço a palavra, e a ordem.
Goiás, e ser elevada á cathegoria de provincia. O Sr. Ferreira Borges: — Eu tambem peço que
Recebeu-se com agrado, e se mandou remetter ao se leia a integra daquella representação; porque por
Governo para ser verificado, um oferecimento de Cy minha molestia não pude assistir á leitura da mesma,
priano Justino da Costa, de todos os emolumentos quando primeiramente se leu no Congresso, e não
vencidos pela prontificação de transportes no lugar de posso votar sem ouvir ler a mesma integra, que he
juiz de fóra de Montemór o Novo, que serviu por mais a base da nossa discussão.
de sete annos. O Sr. Guerreiro : — Como membro da Commis
Mandou-se á Commissão militar uma memoria são he necessario responder á lembrança exposta pelo
supplicativa de Henrique José Rodrigues de Moraes, Sr. Soares Franco sobre se ter ordenado á Commis
capitão aggregado ao regimento de infantaria numero são que inserisse a integra da representação de S.
12, relativa ao parecer da Commissão de guerra de Paulo. A Commissão tão sómente viu na acta esta
º de Abril do anno preterito sobre o requerimento decisão, porque ella foi tomada em tempo que os
dos pagadores, e quarteis mestres dos corpos do exer seus Membros estavão trabalhando; não pôde com
cito: e á de saude publica uma memoria sobre o melho prehender a razão por que assim se havia ordenado.
ramento das cadeias, oferecida pelo bacharel José Ben A Commissão na verdade obedeceria á determinação
to Pereira, do Congresso, inserindo a integra da representação
Ficárão as Cortes inteiradas de uma oração con de S. Paulo, uma vez que désse o seu parecer sobre
Eeee
[586 ]
esta representação; mas a Commissão não deu o seu a primeira parte deste parecer do honrado membro,
parecer, e só expoz ao Congresso a necessidade de não póde ter lugar, que ella seria contraria á mesma
demorar a sua opinião, até ter sobre esta materia al ordem que ele acaba de reclamar, que eu me levan
gumas noticias necessarias; e indicou ser ella autori to. He sem duvida que esta materia foi dada para or
sada para esta demora. Por tanto a Commissão não dem do dia de hoje, V. Exc." declarou muito expres
tem a menor culpa em não inserir a integra, porque samente que a discussão principiaria por este negocio,
não deu parecer sobre ella, e não he exacto o dizer qual he pois a marcha sempre inalteravelmente segui
se que o objecto da discussão he a representação de da neste Congresso, a respeito dos negocios que fazem
S. Paulo. Alguns Srs. Deputados saírão fóra do pon objecto da discussão do dia! He lerem-se os documen
to da questão, e começárão a falar sobre esta repre tos a que se refere o facto, que vem a ser o objecto
sentação, quando o objecto da discussão he se se de desta discussão. Isto até mesmo se pratica quando o
ve ou não approvar o parecer. parecer sobre que versa a discussão se acha impresso:
O Sr. Moura: — Tudo quanto acaba de dizer o ora se não será muito mais necessario, quando este
illustre Preopinante he verdade; mas não he razão papel se não acha impresso, e quando nós não pode
para que a infame representação dos de S. Paulo se Inos ter bem presentes as idéas lançadas n’um papel que
não leia, visto que um membro do Congresso assim ouvimos ler! Parece sem duvida alguma, não se illuda
o exige. Não ha lei regulamentar que se opponha a o soberano Congresso, que uma vez que a representaçãº
esta leitura, nem ha principio, ou de moral, ou de de S. Paulo foi lida, e declarada objecto de discus
politica, que prohiba ou mostre que seja perigosa si são, ela deve ser patente a toda a nação. Este ne
milhante leitura: e ha pelo contrario um fundamento gocio interessa ao decoro, e dignidade deste sobe
que mostra a utilidade que á elucidação e illustração rano Congresso, e da dignidade deste soberano Con
deste Congresso póde provir de se fixar a attenção do gresso, he que depende a felicidade da nãção: lem
mesmo Congresso em todo o conteudo daquelle in tremo-nos todos que a justiça e a energia, he o uni
fame documento. Eu explico o fundamento a que co caminho que póde acreditar um Governo. Desgra
alludo. O parecer da Commissão sobre este assumpto çados aquelles que tem a fraqueza de se sacrificarem
foi que não podia dar parecer ácerca daquelle papel, ao medo: esses acabão irrevogavelmente, porque se
por isso que as noticias confidenciaes que já tinha, e vêm na dura necessidade de se despirem de todo o seu
outras que por ventura ainda poderia ter, devião cer poder: he assim, he dessa maneira, que se estabelece º
tamente influir no parecer, que era conveniente dar anarquia, a qual he sempre succedida pelo despotismo:
se nesta materia. Ora para se avaliar o pezo de ra e nós estamos aqui para expulsar, para combater º
zão e de justiça que merece este juizo da Commissão, anarquia, para confirmar o que a nação tanto nosre
e para que o Congresso avalie com perfeito conheci commenda, que he quebrar os ferros do despotismo.
mento de causa este modo de raciocinar da mesma Por tanto voto que antes de tudo se lea a representa
Comunissão, quem duvida que he presiso ter presente ção de S. Paulo, por nos ser necessario fixar nossas
o theor da representação dos Paulistas! Por quanto idéas sobre esta materia, e por não haver motivo al
só da combinação que se fizer das idéas que formão gum para fazer excepção do methodo adoptado cons:
todo o contexto daquelle papel, com o parecer ou tantemente neste Congresso.
juizo da Commissão he que se póde deduzir que es O Sr. Borges Carneiro: — Eu opino que nãº
treita e intima relação póde haver entre o succedido se lea a representação da junta de S. Paulo. Ontem
e o por succeder com o que os Paulistas expendem se viu o Congresso já um pouco incendiado com esta
naquelle manifesto da sua rebelião. Logo tudo quan leitura, e para que ha de ella hoje repetir-se! O meu
to se diz para obstar á leitura do papel tende mais a desejo he, que este augusto Congresso tome as sua
involver este tenebroso misterio, do que a esclarecelo decisões com a maior magestade, e serenidade. O maior
equer.
a patentealo,
Voto que sesegundo
leia. a verdade e a franqueza re
•
lustre que tem tido, e tem as Cortes de Portugal hº *#
a marcha serena e magestosa com que se tem dirigi *
* *
O Sr. Willela: — O que se deu para ordem do do em todas as suas discussões e decisões. Ora esta
dia foi o parecer da Commissão. Nós todos estamos serenidade póde ser alterada pela leitura da represen.
informados inteiramente do que contêm a representa tação, porque não se costumão ouvir a sangue fiº
gão de S. Paulo: para que se quer pois que se lêa calumnias e insultos. A representação já foi lida; hº
segunda vez! He para magoar os nossos ouvidos, e de ir no Diario das Cortes, e tambem irá no do Go"
corações; ou he para desafiar a nossa indignação! Eu verno para ser conhecida da nação. De que serve po"
sou o primeiro que extranho similhante escripto, si fazer preceder a leitura novamente á discussão, sendº
milhantes expressões; não quero pois ouvir mais cou he para escandecer os animos e tomar uma decisãº
sas que me magoem. O contrario he querer incendiar talvez immoderada! -
os animos que devem entrar tranquillos na discussão O Sr. Annes de Carvalho: — Não duvidaria dº
do parecer da Commissão. modo algum, que se lesse a integra de S. Paulo, º
O Sr. Castello Branco: — O honrado membro o ela servisse para dar maior instrucção, e maior filº
Sr. Pereira do Carmo, tendo-se pedido a leitura da damento para as nossas deliberações; mas perguntº
representação, pediu a palavra antes dessa mesma lei eu, a materia daquella representação em geral nãº",
tura, e ao mesmo tempo pugnou pela ordem que sem tá bem presente ao espirito dos ilustres Deputadº
pre e principalmente hoje pela importancia da materia Está sem duvida. Para que serviria pois a sua lei"
deve presidir a este Congresso: he para mostrar que ra! Serviria, não para instruir o entendimento, mº"
para avivar o sentimento.
[ 587 |
O Sr. Soares Franco : — O illustre Preopinante oficio leu-se aqui : extratou-se sufficientemente no
diz que estão presentes ao espirito todas as ideas sobre Diario do Governo, onde appareceu commentado;
esta materia ; mas eu devo advertir que este officio tem estado patente na Commissão a todos os Srs. De
" foi lido ha mais de 8 dias; eu não o vi impresso; e putados, que quizessem lelo: ainda agora mesmo não
" por tanto não posso ter idéas exactas sobre elle: diz se negará a algum que o deseje em sua mão; por tan
o Sr. Borges Carneiro que não se deve ler , para to não posso descubrir donde nasça um tal empenho
não nos inflamar-nos, eu confesso que não me infla de que aqui se reproduza em publico: se he para ser
mo muito, nem pedi a leitura da representação para vir de exordio á discussão, escusa-se, que as attenções
me inflamar, pedi-a para me instruir, pedi-a porque estão assás dispostas, e não precisão inflamar-se os
a ordem do dia assim o exige; o parecer devia ter a animos; pois já na sessão de ontem se mostrárão agi
integra, para formarmos o nosso parecer. Sobre que ha tados em excesso. Sou por tanto de voto que não se
vemos de discorrer! ha de ser sobre principios geraes! leia a representação, por não poder da sua leitura re
* Diz-se mais, não se leia o parecer, para que não nos sultar fim util á discussão.
magoemos: eu não tenho magoa nenhuma, o obje O Sr. Fernandes Thomaz: — O illustre Preopi
cto da representação he um facto, deve apparecer pu nante diz que he para admirar o empenho que ha em
blicamente perante toda a Nação: por tanto insisto que o papel se leia: eu digo que he para admirar o
em que se leia. empenho que ha em que ele se não leia. Os empe
O Sr. Moniz Tavares: —(Não o ouviu o taquyº nhos ambos são iguaes. Diz-se que os illustres Depu
grafo Machado). tados falárão ontem subejamente sem se ler um tal
O Sr. Miranda: — He muito para sentir, que papel, isso he verdade, mas pergunto eu, he esta a
houvesse a representação da junta de S. Paulo; mas primeira vez, que um Deputado pede que se leia
uma vez que ela appareceu no Congresso não sei um documento! Creio que não. Eu pediria aos il
para que se quer tanto misterio sobre este documento; lustres Preopinante, que tem votado para que se não
he necessario que se leia, para nossa instrucção. Eu leia a representação, que apresentem o primeiro exem
não me hei de encher dessa indignação, que figurão, plo neste Congresso, de que um Deputado quando
á sua leitura. Se a representação de S. Paulo forma está para fazer um discurso pedisse que se lesse um
o objecto da discussão, como se ha de avaliar a for documento, e se lhe negasse a sua leitura! Mostrem
ça, e sentido della sem a sua leitura! Não se recêe, a lei do regulamento, que prohibe uma similhante cou
torno a dizer, que se inflame a imaginação dos De sa! Sem duvida não ha; pois se a não ha, porque
putados. Em grosso todos sabem o que ella contém. não ha de ler-se esta representação na fórma que se
O Congresso ha de proceder como he de justiça; ha pede? Para que havemos de estar com essas duvidas!
de proceder como lhe dictar a sua razão, e a sua cons Diz-se, he para que não excite a indignação nova
ciencia. O parecer da Commissão não deveria ser ou mente; mas acaso um papel, que merece a indigna
tro senão o exame daquella representação, e as pro ção do Congresso não se deve ler ! Deve-se occultar
videncias que se deverião tomar sobre ela. De balde á nação um documento tão ponderoso! Não. Sobre
se cança a Commissão em dizer, que não póde dar o este papel he que ontem versou a discussão; ella não
teu paíecer: tudo isto he nullo. Um illustre Membro se acabou; e por tanto hoje deve continuar, porque
pediu, que para continuar a discussão deste parecer se deu para ordem do dia, e a discussão deve conti
se desse aquela representação; he por tanto util que nuar sobre uma cousa que se veja, e se leia. Eu não
se leia, e deve-se ler; e não só se deve ler, mas manº estava aqui no Congresso quando este papel se leu a
dar-se imprimir. Deixemo-nos de tantos misterios. O primeira vez, tinha direito por tanto a requerer, que
Congresso não ha de proceder com indignação, mas se lesse, mas não o requeiro para mim, porque estou
conforme for de justiça. Portanto peço a leitura da informado dele, e ate o tenho aqui por copia. Se o
representação. Congresso prohibir que ele se leia em publico, creio
O Sr Peixoto: — Não posso deixar de admirar-me que não me prohibirá, que eu leia as passagens que
da afectada necessidade que hoje se inculca da leitu tenho notado como mais essenciaes para sustentar o
ra da integra do oficio de S. Paulo. Já ontem se meu voto. Assento mais, que o Congresso não o pó
disputou largamente sobre este objecto; e aqueles se de prohibir; e senão pergunto eu, sobre o que ha de
nhores que com maior vehemencia falárão sendo pela fala cada um de nós? Ha de será vontade da com
maior parte os mesmos que agora mais instão de
porterem
essa missão? Não por certo. Cada um de nós ha de dizer
Feitura, parece que a si proprios se accusao o que entende francamente: em não transgredindo as
sido faceis e leves em demasia quando propozerão o leis do Congresso, tem liberdade para dizer a sua opi
seu voto decisivo, uma vez que não tinhão toda a nião com toda a franqueza: e não está no poder de
instrucção necessaria para o preferirem com acerto. cada um Deputado o estar a chamar á ordem por se
Além disso, de que he que agora se trata! Penso dizer o que cada um entende. Eu desde já digo, que
que de saber, se ha de conceder-se á Commissão es não venho falar ao geito dos outros; venho falar segun
pecial algum espaçº de tempo para haver de dar O do a minha intelligencia; por tánto voto que se leia a
eu parecer definitivo: em consequencia o que nos im representação, porque ha um Deputado que pede a sua
porta he examinar as razões, em que a Commissão leitura; e se o Congresso decretar pela primeira vez,
funda a sua actual incerteza, para decidirmos se são que um documento pedido por um Deputado se não
ou não atten diveis : essas razões estão presentes no deve ler, não se leia, fique esta regra estabelecida pa
relatorio, por ele se póde ajuizar da força dellas. O ra sempre, ** ' " - ,; "
Eeee 2 |
[ 538 |
O Sr. Pires Ferreira: — Diz o Sr. Fernandes siado á leitura desta carta, mas perguntaria eu, como
Thomaz, que nunca Deputado algum pediu a leitu se póde deixar de tomar esse fogo em negocios que tal.
ra de um papel que não lhe fosse concedida: não ha to nos interessão, que tanto interessão á Nação intei.
muito tempo que vindo oficios de Goiana, sobre ra! Uma vez que nós nutrimos em nosso peito o amor
Luiz do Rego, eu pedi a leitura destes oficios, e da patria, poderemos deixar, para assim dizer, de
não se lerão. •
nos inflamar, quando vemos atacada essa mesma pa:
O Sr. Ledo: — A Commissão diz que quer ser ha tria, pela qual nós devemos dar a vida! pelo contra
bilitada para poder esperar mais algum tempo para rio , se nós não tomassemos este fogo, seriamos
dar o seu parecer definitivo; he pois este o objecto de indignos das procurações que nos derão; e muitº
que se trata, sobre se a Commissão ha de ser habili injustamente occupariamos as cadeiras em que nossºn
tada, ou não para demorar o seu parecer: se a Com tamos neste augusto recinto. Mas de que natureza he
amissão não for habilitada, então entra em discussão este fogo! por ventura he ele capaz de deslumbia
a representação da junta de S. Paulo; mas se a Com até ao ponto de perdermos a justiça que nos deve de
missão for habilitada para isto, então não temos na tinguir na sagrada causa em que estamos empenha
da que disputar sobre o parecer. dos ! Longe de nós similhante idéa, injuriosa a cada
O Sr. Pessanha: — Ontem já versou a discussão um de pós mesmos, injuriosa a este soberano Co
sobre esta materia; ontem a Commissão leu um pa gresso. Eu diria, se sivesse palavras com que me ex
recer que não era parecer: a discussão deve versar plicar, que ella he mais alguma cousa que injuriosa:
sobre aquelle documento, sobre o qual a Commissão qual he pois a consequencia que se tiraria destes prir
deveria dar o seu parecer; por tanto deve ler-se. Diz cipios! a consequencia he terrivel, e he que a ele
se que isto excitará a indignação do Congresso! Isto soberano Congresso não se poderião trazer negociº
he culpa do papel e de quem o fez; não he de nin de importancia, que quando a patria se achasse em
guem II1411S.
perigo, nós não seriamos capazes de dar com º sº"
O Sr. Borges de Barros: — Deve ler-se um papel gue frio de legisladores, as providencias necessarias
cuja leitura um Deputado exige; dizem todos que a para salvar a patria; que não poderiamos lºgºar:
leitura do papel em questão incendeia, e eu pergunto senão sobre bagatellas. Considere pois bem o Cong"
se um papel que incendeia deve ser lido no momento so estas consequencias que são claramente delu"
em que sobre ele se vai deliberar! Se he este o mo dos principios expostos: não se tema o fogo, Si…
mento proprio para similhante leitura! Se a assem não se tema o enthusiasmo, mas um fogº cº"
bléa deve incendiar-se primeiro, para depois deliberar? nos seus justos limites, um fogo que sem excepç㺠dº
Se este passo combina com a madureza e prudencia, um unico Membro deste Congresso, todos nós tomº
-com que só e sempre deve obrar uma assembléa legis
lativa !
mos pela sagrada causa da patria; e cesse abº"
•
forma nenhuma. Deixemo-nos disto, leia-se o papel, a Nação tem direiro a que os negocios sejão tratadº
em publico. São franqueadas as portas, estão cheias
e depois decida a justiça. •
Sr. Castello Branco: — Um honrado Membro as galerias: saibão porém todos que a razão pºr ·
que pugnou pela não leitura do papel, acaba de lan alguns destes illustres Merebros se tem opposto º "
çar uma suspeita de parcialidade, sobre uma grande tura da carta, he pela magoa que lhes assiste. Aº"
parte dos Membros deste Congresso , quanto ao goas são dores, e todo o homem resiste a sensaçº
negar-se a um Deputado a leitura de um papel, desagradaveis. Eu serei um daquelles que á leitº
sem haver razões para este fim; disse o illustre De della porão os olhos em terra, não podendo explica
putado que elle tinha pedido a leitura de uns oficios, a magoa que cobre meu coração. Um ilustre Dº"
e que se lhe não tinha concedido : admirei-me de tado quer certificar-se do seu contextopois
para formºEuº
ouvir esta asserção, o que não pôde deixar de ser se seu juizo, quer que se leia a carta, leia-se.
não de absoluto esquecimento de circunstancias. He sei que a sua leitura causará uma grande dor;"
o mesmo pedir a leitura de oficios, e oficios longos, será dor que não se converterá em furor. Todos ""
que chegão de repente a este soberano Congresso, aqui se sentão neste Congresso, tem muito juizº º
que alterão a ordem estabelecida para a discussão da muita prudencia. Todos os que formavão a assem"
quelle dia, he o mesmo pedir a leitura destes papeis, romana de certo não nos excedião em prudenciº, º
que pedir a leitura de um papel breve, sobre que vai amor da patria. Venha pois a carta, e leia-se.
discutir-se, porque elle foi dado para ordem do dia ! O Sr. Bettencourt: — Eu encaro este ob"|
a diferença he que a leltura destes oficios seria abso por outro lado; deve ler-se a carta a bem dos quº º
lutamente contra a ordem do Congresso, a leitura escrevêrão. Quem a escreveu foi com muita reflex"
deste papel he inteiramente necessaria para a ordem e não póde negar-se o que se acha escrito: a l"
do Congresso; eis-aqui pois a razão de diferença, faz as vezes da presença dos que a escrevêrão, e 4"
recea-se muito que o Congresso tome um fogo dema estão ausentes; pois quem me diz que alguns dºº"
[ é39 ]
Deputados por não estarem certos no conteudo da dão e justiça sobre uma tão importante materia que
quella representação, imputa mesmo de boa fé a estes pede tanta circunspecção, e cuja decisão deve ser a
homens cousas que elles não disserão ! Por este lado mais madura, e livremente reflectida. Mas por ter
pois assento que deve ler-se a carta para senão con ouvido avançar uma similhante proposição, he que
demnarem estes homens em dizer cousa alguma áre cu disse ser indecoroso ao Congtesso o progredir em
vellia delles. Por uma só leitura da representação que tal discussão. Estou persuadido que nenhum dos il
aqui se fez, não posso fazer juizo della: o juizo da lustres Deputados que compõem esta augusta As
Commissão não póde aqui servir de regra, pois nun sembléa seja tão fraco, que se deixasse arrastar da
ca póde a Commissão ser melhor interprete, do que paixão para que não decidisse pelas regras da justiça,
qualquer Deputado, sobre a letra da representação; e e conferme o que em sua consciencia entendesse. Se
o mesmo decóro da meza pede que se leia segun jão quaes forem as sediciosas expressões desses misera
da vez, visto que se leu a primeira, pois que esta veis, e allucinados membros da junta da provincia de
carta foi mandada por ElRei ás Cortes: se ella não S. Paulo, ainda as mais insolentes, elas não serão
era capaz de se ler a primeira vez, a meza não a de capazes de privar aos illustres Deputados daquella se
via ler. Por estas duas razões digo que a representa renidade de espirito, daquella moderação com que
ção se deve ler para decóro da meza, e mesmo para até agora á vista da Nação, e aos olhos de toda a
servir de defeza a quem a escreveu. Europa, tem procedido em todas as suas deliberações.
O Sr. Presidente: — A carta foi entregue ao Sr. Para mim, e certamente para todo o Congresso taes
Felgueiras, não veio entregue confidencialmente. A expressões não serão mais do que vozes de individu
meza não entrou em discussão se deveria ou não ha os desvariados e loucos, ou delirios, e sonhos de fre
ver sessão secreta para se ler. neticos febricitantes. Digo portanto que a questão de
O Sr. Soares de Azevedo: — O Sr. Felgueiras ve cessar, e voto que esse officio ou representação
até a não queria ler sem primeiro a ler para si; po seja lido como requer o illustre Deputado.
rém o aCongresso
mente leu. decidiu que a lesse; e immediata
•
O Sr. Freire: — Eu vejo um mysterio tão desusa
do, vejo alterar-se de tal forma a marcha das opera
O Sr. Bettencourt: — Eu não crimino a meza; ções deste Congresso, que não poderei deixar de fa
quiz provar que se deveria ler, por isso que a meza lar sobre este objecto. Mandou-se na acta que a Com
tinha consentido que se lesse a primeira vez, e salvar missão inserisse no seu parecer a representação de S.
desta sorte uma contradicção manifesta. Paulo. A Commissão diz que deu um parecer; po
O Sr. Castello Branco Manoel: — Por qual rém não inseriu a sua integra: o parecer he, que se
quer dos lados que se considere esta questão, julgo não deve tratar por ora daquelle objecto; mas como
que ella deve cessar, e já decidir-se, suppondo até póde o Congresso saber se deve tratar-se ou não, sem
quasi indecoroso ao soberano Congresso o continuar que ou se digão as suas bases, ou se lêa a integra!
a sua discussão. Trata-se se deve, ou não ser lido Isto he impraticavel. Por tanto a Commissão quer
Segunda vez (a requerimento de um Deputado) certo que nós tenhamos uma fé implicita em tudo quanto
documento apresentado ao Congresso, e que já foi fez sobre este objecto; quer que tenhamos uma fé im
publico em outra sessão por mandado do Congresso; plicita sobre as suas decisões. Isto he uma cousa nova
mas em sessão em que aqueile illustre Deputado não no Congresso. O que a Commissão poderia fazer era
assistiu, e que por isso quer ser informado do seu o pedir uma sessão secreta; mas querer a Commissão
conteudo, visto que he a base sobre que ha de ver que nós acreditemos tudo o que ella diz, só porque o
sar a discussão de hoje, e o parecer da Commissão dizem doze membros; e isto sem conhecimento de cau
tem por objecto aquelle documento que foi dado pa sa, e só porque ipse dirit, e nada mais ! . . . Isto he
Ia ordem do dia. Se consulto a razão, e aquillo que novo, torno a dizer, e não póde jámais ter lugar. Ha
até agora se tem praticado neste Congresso, admiro pareceres que tem sido lidos tres vezes na Assembléa,
muito que haja quem se opponha áquella leitura. A in porque illustres Deputados assim o requerem. Para
da até agora não foi indeferido um similhante reque que se pretende pois alterar isto! Por tanto lêa-se ou
timento. Que misterio póde haver em que se repita a não se lêa embora a carta; isto he para mim objecto
leitura de um documento, que publicamente neste indiferente; mas quando muitos Deputados quizerem
mesmo Congresso já se leu, de que em alguns periodi combinar sobre ella, e requererem a leitura do todo,
cos já foi enunciada a parte essencial! Esta recusa ou parte da mesma, assento que se deve ler, uma
ção faria suspeitar ao publico que na primeira leitura vez que o peção para sua instrucção. Diz-se porém
ºu se occultárão cousas, que agora não he convenien que isto não deve discutir-se, porque temos noticias
te que se patentêem, ou aliás não he justo que mui confidenciaes, e porque póde inflamar os animos: pois
tas dellas se propaguem. He fazer misterio onde o a Commissão tem noticias confidenciaes para não tra
não ha: he dar a entender que o seu conteudo só tar este negocio, e não as teve para o parecer que já
era objecto de uma discussão secreta, e que pela pri deu! Não se inflamão os animos na discussão da ma
meira vez errou o Congresso em mandar publicamen teria, e inflamão-se na leitura do papel! Isto he con
te fazer a sua leitura. Dizem alguns dos illustres De tra a ordem da Assembléa. Por tanto reprovo o prin
Putados que se não deve repetir a triste scena de apre cipio da Commissão, e digo que ou ella faça pelo
sentar á nossa consideração um papel incendiario, e menos um relatorio vocal da materia sobre que ver
sedicioso, que só em ouvilo os nossos espiritos se insa a representação de S. Paulo; ou quando algum
Deputado
flamarão, e ficaremos incapazes de decidir com recti que se lêa, exigir a leitura para sua instrucção, voto•
[ 580 | *-
O Sr. Trigoso: — A Commissão está atacada; e julgará á vista deste documento a razão ou sem ra
diz um honrado Membro que ella quer proceder com zão da Commissão: antes disso nada mais ha que
mysterio, e contra a ordem. Sou por tanto obrigado fazer. Leia-se porém a carta se se quer maior efer
a falar nesta materia, e falo, não digo ao Congres vescencia de espiritos; não tenho duvida nisto; mas
so, falo á vista da Nação inteira; não se me dá de depois de lida não se queira combinar o parecer da
que ela me ouça, e faça o juizo dos meus discursos Commissão com ella; porque ainda não existe pare
como bem lhe parecer. Fez uma carta a junta da pro cer algum sobre a carta. Volte-se á combinação da
vincia de S. Paulo, dirigida ao Principe Real, este demora que pede a Commissão com os motivos em
a dirigiu a Sua Magestade, Sua Magestade ao Con que para isso se funda. Eis-aqui provada a inutilida
gresso, e o Congresso depois de a mandar ler a re de da leitura da carta; e eis-aqui publica á face da
metteu a uma Commissão especial, determinando que Nação inteira a honra com que a Commissão proce
esta desse o seu parecer, inserindo a integra. A Com deu sobre este objecto.
missão examinou a carta, e discutiu o parecer que O Sr. Guerreiro : — Todo o membro do Con
deveria dar ácerca della. Assentou então que devia de gresso tem direito a exigir uma resolução da Assem
morar este parecer, fundada em certas noticias confi blea sobre uma indicação que faz; qual he a razão,
denciaes que tinha recebido, e em outras publicas. porque não ha de a Commissão ter este direito! A
Disse pois ao Congresso que ella pedia ser habilitada Commissão especial fez uma indicação; pediu a este
para o demorar por algum tempo. Em consequencia Congresso ser autorizada para demorar a sua decis
não devia referir a integra da carta; porque ella só são em uma ordem do Congresso; porque se não ha
se deveria referir quando a Commissão interpozesse o de pois tomar uma decissão a este respeito! Porque ha
seu parecer. A Commissão não interpõe pois parecer de introduzir-se outra questão! Não o posso entender;
algum; pede sómente ser habilitada para demorar por e ainda que, como membro da Commissão, a cabo de
algum tempo o seu parecer; logo a integra não devia ser atacado sem razão nem justiça alguma, sómente
vir neste parecer. Vejamos agora o mysterio com pedirei que depois de se decidir esta questão, se leia o
que obra a Commissão. A Commissão vêsse obrigada papel que eu ontem li, para que este soberano Con.
a pedir ao Congresso que lhe espace tempo para dar gresso, e todos quantos assistirem, e tiverem noticia
o seu parecer; primeiro por certas noticias confiden da sessão de hoje, conheção a maneira com que a
cias que a Commissão tinha; segundo por certas no Commissão procedeu.
ticias publicas. Logo a unica cousa que o Congresso O Sr. Freire: — Eu não arguo os Membros da
deveria perguntar á Commissão era, quaes fossem es Commissão: arguo a falta de regularidade a que se
sas notieias confidenciaes, quaes essas noticias publi queria conduzir o Congresso. Ninguem jámais apresen
cas, para então julgar se ellas erão motivo bastante tou até agora um parecer de Commissão para poder
para a pretendida demora. Isto he o que o Congres demorar o seu juizo sobre um objecto que lhe fôra en
so não perguntou á Commissão; mas um honrado carregado com urgencia, e que está ligado com outro
Membro da Commissão prevenindo esta pergunta dis que se deve tratar na sessão seguinte. Diz a Commis
se, que as publicas não tinha duvida de as dar pu são que ha motivos particulares para esta demora,
blicamente, e as confidenciaes em sessão secreta: não mas onde estão estes motivos; eu assento que os não
porque haja nellas segredo, mas porque podem essas ha, e fundo-me em que o facto he publico e patente;
noticias confidenciaes ser falsas; e não queria a Com eis o que os illustres Preopinantes não desconhecerão
missão que o publico as reputasse verdadeiras. Mui nem impugnão, e então o Congresso sem fundamentos
tos Membros do Congresso respondêrão que estas fos solidos e conhecidos pelos quaes deve obrar, não pó
sem dadas om sessão secreta: ninguem exigiu as no de decidir para conceder o prazo pedido. Em conse
ticias publicas, antes houve quem deprimisse um pou quencia porque obra o Congresso, por quem espaça
co a autoridade donde ellas vinhão, ainda que esta elle, ou deixa de espaçar a decisão deste negocio, he
fosse do Ministro de Estado dos negocios estrangeiros. só porque se deve fiar na palavra dos membros da
Eis ahi o mysterio com que tem procedido a Com Commissão, aliás de conhecida probidade e respeito,
missão. Ela procedeu em fórma e segundo a ordem: mas que entretanto não he esta razão bastante por is
saiba isto o Congresso, saiba Portugal, saiba o Bra so que o voto de doze homens não póde obrigar a con
zil, e saiba o mundo todo. O modo pois, e a ordem vicção intima de cento e trinta homens! porque não
porque o Congresso deve proceder neste negocio, he ha de vir outra Commissão e dizer o mesmo em outra
examinar primeiro se deve approvar-se o parecer da occasião, e admittirmos então em regra a infallibilida
Commissão, isto he, se he conveniente conceder o de de uma Commissão qualquer? Eis em ultima analyse
espaço que a Commissão pede para dar uma opinião a que os illustres Preopinantes levão este negocio: deve
decisiva. Deve o Congresso exigir que a Commissão decidir-se, porque nós temos motivos particulares, e
dê essas noticias em que se funda para pedir este es razões fortes em que nos fundamos! o Congresso o que
paçamento; porque se ellas o exigem O Congresso O
faz! jura na fé de doze individuos. He isto constitu
deve conceder; senão o exigem deve negalo. No caso cional, he isto regular, he isto conforme ao regimento
que seja concedido, não ha mais que tratar: no caso da Assemblea, que manda se discutão, e se dêm as
que seja negado , á Commissão deve incumbir-se o razões pró, e contra sobre qualquer materia! Por tan
dar logo o seu parecer, e deve ser obrigada a dalo: to eu não ataquei nenhum dos membros da Commissão,
neste parecer be que ha de vir por integra a carta da respeito-os individual e collectivamente ; no entanto
Jºhtº de S. Paulo; então será discutido, e então se nunca approvarei que passe similhante parecer, sem
[ 591 ]
se darem as razões, sem se lêr a carta, para que to maior combustivel, que podieis ofertar a essa inflama
dos saibão aquillo em que e porque votão. mação; e se pelo contrario consentirdes que se lêa,
O Sr. Trigoso: — Não se ha de lêr a carta; ha deveis esperar que a paixão se aplaque, e se modere,
de se lêr o parecer; depois se hão de perguntar as ra e que a razão fria discorra, e legisle. — Insisto na mi
zões, e depois ha de se approvar ou reprovar o primei nha opinião. — Lêa-se a representação dos Paulis
tas.
ro parecer; e se este não passar, ha de se dar outro • |- •
assumpto, e que para isso não era preciso ler-se a re O Sr. Soares Franco: — Opponho-me ao pare
presentação: eu digo que me não parece exacto este cer da Commissão; nós temos documentos suficientes
modo de raciocinar, attendendo ás razões, que a Com para poder julgar sobre este objecto, sem que isto se
missão alega para pedir espaço, e não dar desde logo ja dependente de noticias confidenciaes, e futuras; se
seu definitivo parecer; e por se não ponderarem estas gundo a minha lembrança, naquelle documento se
razões, he que o raciocinio do Sr. Trigoso se torna diz, que os legisladores de Lisboa quizerão legislar
defeituoso. —As noticias confidenciaes, que já temos para o Brazil, sobre cousas que não deverião legislar;
(dizem meus illustres collegas da Commissão), e as diz-se que este corpo legislativo he uma fracção da
que presumimos nos hão de vir, são os dous motivos, Nação portugueza; diz-se que as Cortes estabelecendo
porque pedimos que se nos dê tempo para dar este alí as juntas provinciaes, pretendêrão dividir o Bra
parecer. — Mas o pezo destes motivos não deriva tan zil; tentárão escravisalo, e fazer-lhe um mal: e não
to dessas noticias, como do theor da representação: são isto ataques manifestos feitos ao Congresso! Quan
he preciso que esta representação com todas as suas do os Portuguezes primeiramente se decidírão em pro
clausulas, com todas as suas expressões esteja sempre clamar a causa da patria tiverão a delicadeza de não
n'um rotulo á vista de todo o Congresso para que to querer enviar estas noticias ao Brazil por dois moti
dos seus membros tenhão tudo presente, e se fixem vos: 1.°, porque lá estava S. M., temião que isto
bem no seu conteudo, e para que perceba a correl produzisse máo efeito: em 2.° lugar, porque cada
lação, que com ela podem ter os acontecimentos uma daquellas provincias do Brazil estava distante
publicos, e por isso he necessario que se lêa, e mais uma da outra, e não podião auxiliar-se na causa da
de uma vez; porque (para o dizer de passagem) quaes sua declaração; e porque cada uma daquellas provin
são as noticias, que podem impedir que se não lêa, e cias era composta de castas diferentes, de pretos, mu
que se não tome conhecimento, e deliberação sobre latos, etc.: temendo pois o Congresso, que as noti
similhante documento! A isto respondem meus illus cias da regeneração de Portugal excitassem desordens,
tres collegas = são as que já temos, e as que por aca que podião ter consequencias graves; por isso o Con
so nos podem ainda vir. = Mas, para se avaliar a gresso, logo no principio de Fevereiro, tornou, e es
a justiça do vosso discurso (dizemos nós de opinião colheu o caminho de escrever a ElRei, e pedir-lhe
contraria) consentí, que se lêa esse infame papel. que annuisse a esta nova ordem de cousas: ElRei an
Receais a inflammação dos espiritos ao ouvir ler aquel nuiu ; e este passo brilhante lhe abrirá um monumen
He aggregado de infamias, e de loucuras! Mas por to eterno na historia. No Pará, e depois na Bahia,
ventura não reflectís, que sabendo todo o mundo, se estabelecêrão, juntas provisorias ; forão recebidas
ainda que pelo pouco, o que nelle se contém, mais com muito gosto nas outras partes: o pezo dos capi
se inflammão os espíritos quando não consentís que tães generaes exegiu estas medidas: elas forão recla
elle se lêa? Essa resistencia, que vós mostrais, he º madas pela provincia de Pernambuco, e outras parº
[ 592 |
tes. Viu-se o que succedeu na Ilha 3."; um capitão que sejão as consequencias deste escrito, ou estes ho
general se tinha opposto ao estabelecimento do gover mens falão por motivo de uma paixão, e frenesi, e
no constitucional; em consequencia o Congresso jul então reclamem elles, e digão-nos os seus sentimen
gou, que as juntas provisorias se devião estabelecer tos, porque eu serei o primeiro a orar para que se lhes
no Brazil: decretou isto, porque todos os Brazileiros perdõe; mas não se deve pôr em esquecimento este
o desejavão; porque não tinhão outro meio para dei negocio, tendo alíá vista as calumnias: eu em quan
tar abaixo aquelle poder colossal, que tinha embara to tiver voz activa nas deliberações do Congresso na
çado o desenvolvimento da nova ordem de coisas, e cional, não consentirei que se aliene, nem uma rocha
isto como uma medida urgente, e necessaria. O Con do Oceano: se houverem de separar-se tomaremos nos
gresso conhecendo a natureza das coisas, e vendo que sas medidas; mas nesse caso entra nova linha de cou
a representação era geral, decretou torno a dizer, sas. No estado actual aquelles homens são subditos
juntas provisorias: e então agora os da junta de S. da Nação portugueza: mandárão os seus Deputados;
Paulo dizem, que este decreto foi feito com fins ma estão sugeitos á lei. Peço por tanto, que se lhe man
chiavelicos; que foi para separar o Brazil, e para ou de formar causa, que se entreguem ao poder judicial;
tros fins! Eis o que não se póde comprehender. Di e depois se examinará o que ha sobre noticias confi
zem mais os da junta de S. Paulo, que se lhe tira o denciaes. Eu tambem tive muitas cartas; todos nós
Principe Real, unico centro do poder executivo, que sabemos, que esta facção teve os mesmos fins, que
alí podião ter; mas não sabem os Paulistas, que de teve a outra que quiz embaraçar a vinda de S. M.:
pois de estabelecidas as juntas provisorias do governo, no entre tanto não nos embaracemos com isto por
não podia estar alí o poder executivo. Não sabem, agora; o Congresso está injuriado, e por tanto deve-se
que o Principe Real, por assim dizer, não cabia lá. mandar formar culpa, e opponho-me ao parecer.
A Commissão especial dá a razão, e vinha a ser que o O Sr. Pereira do Carmo: — A Commissão espe
augmento das despezas do Rio de Janeiro fazia neces cial, rigorosamente falando, não dá parecer; faz um
sario que o Principe herdeiro da côroa residisse on requerimento ao soberano Congresso. E o que pede
de estivesse seu pai. Mas faltou-lhe uma terceira ra a Commissão em seu requerimento! Pede um prazo
zão, e vinha a ser, que uma vez estabelecidas as jun arrazoado, a fim de colher noticias posteriores do ei
tas era indecoroso para elle o estar no Rio de Janei tado politico do Rio de Janeiro, e mais provincias
ro; o mesmo Principe foi o que mandou dizer a seu do reino do Brazil, para lançar depois com seguran
pai, que estava reduzido a um capitão general, e a ça o seu parecer definitivo. Quando se cala a razão,
mesma junta de S. Paulo declarou, que não podia e falão as paixões, nada ha mais facil que impugnar
dar-lhe contribuição, nem dinheiro algum. Qual pois os arbitrios apontados pela razão. Eu estava até agora
a deliberação do Congresso! que S. A. R. regressas persuadido, que um Deputado ás Cortes, antes de
se para Portugal; porque a sua dignidade, e a união se assentar neste augusto recinto, devia deixar lá
da monarquia o pedião imperiosamente. Eis-aqui pois fóra da porta, o temor, a esperança, todos os pre
os principios com que se attacão as deliberações do juizos, todas as paixões: adianto mais, devia até ci
Congresso; e eis-aqui como se mostra claramente, que quecer-se da provincia em que nasceu ; porque só
não ha lado nenhum por onde se possa mostrar que desta maneira he que póde subir acima de todas as
as Cortes de Lisboa quizerão fazer mal ao Brazil: nem considerações humanas, para ver, lá da eminencia
se diga tambem, que as Cortes pretendêrão colonisar da sua dignidade, um unico objecto, o bem geral da
o Brazil, porque a Constituição lhe dá igualdade de Nação que representa. Persuado-me que os illustres
direitos como aos Portuguezes. Que podem dizer os Preopinantes, que atacão afincadamente o requeri
de S. Paulo ! Podem dizer ainda, que as Cortes são mento da Commissão, se esquecêrão destes principios,
uma fracção da Nação! He o maior dos absurdos; para seguir os impulsos do amor proprio ofendido.
pois Portugal, que se compõe de 3 milhões de habi (Não, disserão alguns Deputados ; e o oradar con
tantes (o que não tem a America de homens bran tinuou ) Sim, do amor proprio ofendido. Pois uma
cos, e livres), e 360 mil almas de que se compõem as lava incendiada, que rebentou da volcanica junta de
ilhas do Atlantico, não está aqui representado? Se S. Paulo, póde manchar, nem levemente, a mages
rá isto fracção da Nação! A junta de S. Paulo diz, tade da representação nacional? Quem o acreditará!
que não obedece aos decretos das Cortes. Eis-aqui Mas a moderação do parecer inculca medo, dizem
sobre o que devemos reflectir; que no mesmo instante alguns destes Senhores; e eu digo, a precipitação
que um soberano largou as rédeas do governo, e dei prova ligeireza: e ligeireza quando! Quando pela
xou que as suas ordens não fossem obedecidas, nunca sobre nossos hombros uma responsabilidade immensa,
mais he obedecido. O Rei da Prussia deixou de go quando os destinos de muitos milhões de homens
vernar, quando se passárão ordens ao Principe Luiz, talvez dependão da resolução que vamos tomar hoje.
e elle não quiz obedecer. He necessario pois tomar me Confesso todavia, que tenho medo: e de que ! De
didas fortes a este respeito. São as Cortes tyrannicas, que palavras inconsideradas augmentem o incendio,
porque fizerão decretos para destruir o Brazil, quan que impertava atalhar: de que discursos pouco me
do a natureza de cousas mostra o contrario! E então didos atraião sobre as Cortes odios, que depois vãº
não havemos de repelir um attaque destes por honra da reflectir sobre as novas instituições: de que dêmos em
Nação! Nós estamos aqui para sustentar a dignidade fim aos inimigos do systema representativo esta arma
da Nação. Esta dignidade está alí opprimida na re terrivel, no tempo do despotismo tão columniado, º
presentação de S. Paulo. Uma de duas, quaes quer conservou inteira a Monarquia ; chegou a decantadº
I 593 ]
liberdade constitucional, e de repente se fez em pe prepotencias, extravios, peculatos, expoliações, e coña
daços o imperio lusitano. Tomara que nos persuadis cussões, vendo que se lhes ía acabar a occasião dos
seinos uma vez por todas, que nem uma só palavra seus roubos, cair-lhe das mãos o deposito do poder
se profere neste recinto, ou sobre cousas, ou sobre magestatico que tem exercitado, e seccar a fonte da
pesoas, que seja indiferente. Oxalá que esta verdade sua riqueza e abundancia, tocárão como a rebate;
nunca se arrede de nossos olhos; porque assim o exi unírão-se a alguns desses Brazileiros superficiaes e in
ge a dignidade do Congresso, e o bem geral da Na cautos que desejão desde já a total desunião e inde
ção! Mas que tem o parecer, que deve dar a Com pendencia do Brazil (como se ella agora não lhes trou
missão com as noticias posteriores do estado politico xesse um pelago de males em troco de poucas e ap
do Brazil? Tudo: porque só gº ellas podemos co parentes commodidades); mandárão emissarios a S.
nhecer, se a representação de S. Paulo, he o senti Paulo; assalariárão periodistas venaes; principiárão a
mento de um punhado de facciosos, ou de uma pro exaggerar aos povos as suas futuras desgraças, e a
vincia ou de muitas, ou de todas as provincias do calumniar as intenções das Cortes, dizendo-lhes que
reino do Brazil. Nesse caso (ouvi eu tremendo na ses ellas intentavão escravisar o Brazil, e reduzilo a co
são de hontem) separe-se o Brazil. Separe-se muito lonia, logo que o Principe se tivesse retirado, e por
embora, mas não porque nós o abandonemos: o aban todos os modos desacreditar as Cortes, e tudo o que
dono suppõe desprezo, e nem os nossos irmãos Brazi he Portuguez, servindo-se de quantos pretextos podé
leiros devem ser desprezados, nem o desprezo se per rão entrever nos anteriores decretos das Cortes, pre
dôa nunca. Não apressemos inconsideradamente esta sagiando os grandes males que inculcavão deverem
crise, que póde ser fatal a elles, e a nós. Demos á resultar do desfazimento dos tribunaes, da instalação
Europa um testemunho publico, de que as lições da das juntas provisorias, da retirada do Principe, da
historia não são perdidas para as Cortes constituintes extincção das secretarias, e de se estar discutindo a
do Reino-Unido. Umas folhas de chá separárão para Constituição em Lisboa sem estarem presentes todos
sempre de Inglaterra os Estados-Unidos da America os Deputados brazileiros.
do norte: uma legislação pouco meditada converteu Passárão de palavras a factos, formárão um pro
n'um pelago de sangue a brilhante colonia de S. Do jecto analogo a seus intentos, e assoalhárão que este
mingos; e a America hespanhola !... Basta: haven projecto seria apoiado por quatro fortes regimentos de
do refutado todos os argumentos que se oppozerão ao milicias que dizem se estão formando em S. Paulo,
requerimento da Commissão, resta-me concluir em e outros tantos em Minas, e que se ha de pôr em
duas palavras que ele deve ser deferido, primo, por obra nestas duas provincias, e na do Rio de Janeiro,
que não offende a dignidade nacional: secundo, por o qual projecto he o seguinte: impedir por geito ou
que evita medidas precipitadas, sempre de grande força a saída do Principe Real, e a entrada da náo
risco nas crises politicas de qualquer paiz. D. João VI., e das novas tropas portuguezas, man
O Sr. Borges Carneiro: — Para as Cortes pode dando ordem ao commandante da barra para que fa
rem tomar com acerto deliberação sobre a carta da ça fogo sobre o comboi no caso de ser preciso; indu
junta de S. Paulo, quer a olhemos pelo lado por que zir os soldados dos batalhões portuguezes a acceitar
seus autores pretendem semear sizania, e espalhar a suas proposições, que são prometter baixas e passa
Jesconfiança nos povos das provincias meridionaes do gem para Portugal a todos os que as quizerem, e aos
Brazil contra as Cortes e Governo de Portugal; quer que não quizerem darem-lhe doze vintens diarios, e
Belo lado em quanto incorrêrão em excessos anarqui muitas vantagens aos officiaes, e no momento em que
os e subversivos, injuriosos á representação nacional, tomarem as armas para sustentar este plano distribui
por tanto puniveis segundo a severidade das leis; e rem por toda a tropa cem contos de réis que tem an
geralmente para acertarmos na deliberação sobre to dado a ajuntar: em fim não installar a junta provi
a a materia que faz o objecto da ordem do dia de soria; porém em lugar della erigir o governo do Prin
loje, cumpre fixar as idéas sobre o estado actual do cipe Real com um conselho de Estado, e não execu
spirito publico daquella parte do Brazil, quanto po tar os decretos e ordens das Cortes sem serem primei
emos alcançar pelas noticias até agora recebidas. ro examinados nesse conselho.
A chegada dos decretos das Cortes ao Rio de Ja Entretanto a tropa portugueza (a quem se deve o
eiro, relativos á orgonização das juntas provisorias, dia 26 de Fevereiro do anno passado, e não de ha
á rétirada do Principe Real, e mais especialmente ver declarado em 22 de Abril o partido dos ditos
aquelle que tendia á dissolução dos tribunaes e se Brazileiros sequazes da independencia) persistem fir
etarias de Estado, poz em grande agitação mais de mes no seu juramento de sustentar as ordens das Cor
uas mil autoridades e empregados publicos que se tes, e tratar como amotinadores os que se oppozessem
:cupavão (e tambem geralmente falando) prevarica O Principe vai fazendo preparativos para o seu em
to é roubavão naquelles empregos, nadando em po barque, e tem com efeito embarcado muitos volumes
Neste conflicto muitas familias vacillantes tem saido
r e riqueza (posto que em seus clubs lá digão que
e o Sr. Fernandes Thomaz havemos de ser enfor do Rio; outros tem-se provido de passaportes; os
dos por homens pacificos andão fugitivos ou sobresaltados, e
mpre hei falarmos contraemelles,
de ir falando eu pela
quanto minha
for com parte
a verda todos receiosos de uma explosão em um paiz onde ha
). Os ministros da marinha e guerra, os desembar vinte escravos por cada homem livre, por que have
dores e empregados dos tribunaes e secretarias, e mo-lo de dizer aos taes poucos Brazileiros sequases da
litos dos quaes façanhosos por suas antecedentes independencia e aos taes empregados calumniadores
Ffff
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das Cortes, o pretinho faz-lhe da outra parte um ar as mesmas garantias da liberdade civil, são recipro |
gumento que não deixa de ser para eles de alguma cas as relações, e interesses, e administraç㺠judicial
convicçao.. • e economia independente de Portugal; a mesma li:
Eis-aqui em resumo as traças a que recorrêrão berdade de imprensa, o mesmo direito de petição em
aquelles ex-aulicos, fidalgos, commendadores, aristo uma palavra as mesmas leis para um, e outro hemis:
cratas, zangãos, e seus sequases, depois que virão terio, salvas as modificações exigidas pelas distancias
malogrado pelo rompimento do povo, e tropa, o pri e localidades, as quaes se nos não negão. Como pºis
meiro projecto que havião concebido de fazerem no nos dizem estes homens que Portugal nos quer colº
Rio de Janeiro umas cortes, e que o Rei jurou a Con nisar e escravisar! Como nos induzem ao perjurio!
stituição que fizessem as de Lisboa, bem como tambem Acaso não jurámos nós já as bases da Constituiçãº,
mallogrado o outro projecto que lhe substituírão de fa aquela que fizessem as Cortes de Lisboa; obedecer
zer que o Rei viesse para Portugal, ficando alí o a estas, e ao Sr. D. João VI ! Nós enviámos Inuits
Principe, com o que esperavão se desfizesse a nova pontanea, e alegremente a Portugal os Deputadº,
ordem de cousas, cá e lá. Eis-aqui suas tramas ten que alí nos representassem! E se as Cortes pºr algº
dentes a se conservarem com seus empregos, poderes e ma falta de informação decretarem alguma cousa que
riquezas á custa do sangue, e da liberdade dos povos, nos seja nociva, não está sauccionado nas bates º
a preparar a desunião do Brazil, e a exigir por mil direito de representação! Podem acaso aqueles De
adulações para com o inexperto Principe uma corte, putados, segundo o teor das procurações que hº"
da qual elles sejão os aulicos, para continuarem a mos, deixar de adherir á Constituição! E se ain"
enganalo, e chupalo como até agora: insensatos! so não estão lá todos, poderá a negligencia de uma º
nhadores de uma independencia intempestiva, com a outra provincia paralisar os trabalhos da Assemble,
qual quando cuidassem que estavão abraçados, só es nacional! Estes homens deitão á má parte a instalº
tarião com a anarquia, como Buenos Aires, e o pre ção das juntas provisorias. Com tudo as provincº
tinho da outra parte a argumentar com elles em bem que as instalárão se vem já livres do poder despºlº
má logica!! dos capitães generaes, e bachás, que monstruosame"
Mas que juizo (que he o que agora serve ao nosso te accumulavão em si todos os poderes politicos dº
caso) que Juizo devemos nós fazer da extensão que po tão á má parte a extinção dos tribunaes, e cºm "
derão ter tomado os ditos principios subvessivos, e do nós vemos que elles são contrarios ao syst"
qual seja o espirito publico naquellas provincias me constitucional, que estas provincias não podem cº"
ridionaes do Brazil! Serão sómente aquelles ex-auli tamanho pezo, e que a elles se substituírão ºu"
ços, aquelles empregados publicos, aquelles treze da instituições que nos tornem independentes de Polºs"
junta de S. Paulo, e aquelles Brazileiros amantes da Agourão em fim mal da retirada do Principe Rºbº
independencia, os unicos sequazes do mencionado o carregão de adulações, e carinhos; com tudº"
Prºjecto, ou terá ele progredido pelas provincias me vemos por uma parte que não se nos nega haver nº
ridionaes! Será isto, uma facção, ou ter-se ha genera Brazil um ou dois centros de delegação do pº
lisado, e identificado com o espirito dos povos! Direi executivo, e pela outra vemos que sobre a estº"
francamente minha opinião. Não me custa a crer que aqui do mesmo Principe nos falavão antes em "º
as suggestões cavilosas, e interesseiras daquelles sedu tom; fallavão-nos da impossibilidade de se mº"
ctores, e de seus periodistas tenhão neste momento aqui uma corte dispendiosa, do Erario exaustº, dº
allucinado a muitos do povo sincero, e grassado pelos banco proximo a uma bancarota, despezas da Pº
animos de muita gente incauta. » Porém perguntar vincia desproporcionadas aos rendimentos della **
se-me-ha, e julgas tu que este incendio se extenderá etc.; agora tudo nos inculcão pelo contrario, º ,
ainda muito mais, e se tornará inextinguivel?» Res Depois de assim raciocinarem, concluírão aquº
Poudo, e ereio que o incendio durará sómente até que povos sensatos e verdadeiramente portuguezes: º \º-
a vºz das Cortes, annunciada por meio do parecer da: aqui ha carta encoberta: estes homens quº"
da Commiss㺠que hoje se discute, seja ouvida por agora nos expoliárão e vexárão são os que nos falhº
aquelles povos, e lhes chegue o decreto das suas li verdade, e as Cortcs as que nos illudem! Pelo cº"
berdades politicas, e commerciaes. Nesse momento contrario. Elles querem continuar a ser poderº
elles compararão as Cortes compostas dos homens ricos á nossa custa: querem fazer do Principe R…
que mais merecêrão a confiança dos dois mundos, Rei dos Fluminenses, dos Paulistas, e dos Mineirº
com aquelles seductores carregados de crimes, e de e ficarem por seus aulicos, conselheiros, camarelº
infamias: compararão a linguagem serena, e mages e nós termos de manter novas camadas de zangãº: '
tosa das Cortes com a linguagem insolente e atrábi commendadores. » E voltando-se para elies, lhes d
laria dos ambiciosos, e dirão entre si: … Como he que rão como o rato á doninha de Fedro » Assim vºº
as Cortes de Portugal nos enganão! Que he o que como sois farinha. Sic vivas ut farina es que jacº |
nos dizem estes homens que até agora não fizerão se Destas minhas toscas exposições se vê já qual º
não esmagar-nos! As bases e o projecto da Constitui ja a conclusão que eu tiro a respeito da carta dº }}
ção igualão-nos em direitos, e liberdades com os Eu de S. Paulo, considerada pelo lado em quanto tratº |
ropeus: os empregos publicos são promiscuamente de excitar a desconfiança entre os povos das prº"
conferidos aos Europeos ultramarinos, segundo o me-. cias ineridionaes do Brazil, lado em que ela se ideº
recimento dos pretendentes: nós somos como os Eu tifica com o parecer da Commissão, que faz a ºr"
rºpeus representados no Congresso nacional: temos do dia de hoje; e he a dita conclusão, que falandº
[ 595 ]
Cortes áquelles povos, e enviando-lhes os decretos das Paulo! São por ventura homens a cuja voz a Ameri
suas liberdades politicas e commerciaes, a confiança casº agita, e se appl…ca! São homens a quem toda
renascerá, o incendio se apagará, e os Portuguezes a America haja de seguir como um rebanho de gado
d'alem mar olharão para os seus instigadores e seduc apoz o que vai adiante, que salta primeiro a parede
tores, como nós olhamos para os nossos Sandovaes. do aprisco! Não; não são desta laia os homens, de
E quanto á outra parte da carta, em quanto seus que se trata. São homens, que excitão á rebelião, a
autores commettêvão excesso punivel, persisto na opi ao crime; são uns poucos de facciosos, com quem não
não de que por ora suspendão as Cortes sobre isso o helicito, nem he politico transigir um momento. Não
seu juizo até que a confiança tenha renascido no co sei pois, que connexão tenha isto com os negocios de
ração daquelles povos, e hajão conhecido quanto todo o Sul da America, nem com os negocios da pro
aqueles calumniadores os procurárão allucinar. Esta vincia de S. Paulo! Pois trata-se dos interesses da
foi toda a discordancia que na Commissão houve en provincia de S. Paulo, ou trata-se de castigar a re
tre mim e o Sr. Moura, em um simples monosyllabo beldia de doze homens, que fórmão a junta daquella
já eu opinei e opino do mesmo modo, mas que não provincia! Eis-aqui para que eu queria, que se lesse
se faça já. Convem que nós continuemos a dar ao a representação dos doze membros da junta de S. Pau
Brazil e a toda a Europa exemplos de coherencia com lo, para notar que o que alí ha de crime, não tem
a marcha magestosa com que as Cortes vão na sua connexão alguma com os negocios da America. Elles
regeneração dos dois mundos, não se apressando a to dizem naquella effusão do seu impatriotico frenesi =
mar satisfação de palavras insolentes, proferidas por .As Cortes de Portugal publicárão tres decretos. Es
homens atrabilarios e ambiciosos em uma carta que tes decretos são injustos, e despoticos ; e além de in
não dirigião directamente ás Cortes, mas sim ao Prin justos, e despoticos, são prejudiciaes aos interesses
cipe Real, com a intenção de o alliciar aos seus am das provincias da America cm geral. = Ora, se esta
biciosos projectos, Deste modo as Cortes communi junta se limitasse a expôr ao Congresso nacional di
carão ao povo do Brazil aquelle espirito de modera rectamente pelo orgão dos seus Representantes, os in
ção e sangue frio, que faz immortal na historia os convenientes que da execução de taes decretos se po
povos de Portugal, e por falar em tudo francamente, dião seguir, até aqui cabia-lhe o fazello, e estava den
segurarão, por assim dizer, com uma mão o que fa tro dos limites da sua autoridade; mas ella não diz
nem com a outra, porque não podemos seguramente isto sómente (e eis aonde está a separação do facto
prever, se publicando-se no Beazil meridional, antes de doze homens de S. Paulo, dos negocios da Ame
de ter nelle renascido a confiança publica, uma or rica), ela insulta com palavras o Congresso, e ac
den das Cortes, que mande submetter á severidade crescenta = /^ás publicastes estes decretos ; mas es
das leis aquelles autores sediciosos da carta, augmen tes decretos tiverão por origem, e por causa deter
tará isso aquella uºsma effervescencia que queremos minantes o vosso despolismo, o vosso perjurio, a
mitigar. As consequencias que se seguírão aos prºce vossa fraude machiavelica, o vosso espirito desorga
dimentos que as Nações europeas tiverão com as que nizador. = E diz ella isto sómente! Não; ella diz de
dantes erão suas colonias na crise das suas mudanças mais a mais = Vós não fazeis legalmente estes de
políticas, assás nos mostrão que devemos nisso proce cretos ; porque vós (ainda que la tendes os nossos Re
der com unais circunspecção do que elles procedêrão; presentantes) sois uma fracção da grande familia por
e bom he que nisto sejamos tão moderados como em tugueza, e não podeis legislar com legitimidade. =
tudo o mais da nossa regeneração. E ainda não pára aqui; ainda diz cousas mais atro
O Sr. . ) foura: — Em quanto eu estive ouvindo a zes. Ella diz ao chefe do poder executivo, que está
tirada oratoria do meu illustre collega e amigo o Sr. na America = Fós, Senhor, não vos deveis afastar
Pereira do Carmo, estive pensando, e relectindo do sitio, em que estais collocado, por vosso augus
muito sobre uma circunstancia; a saber, se se tratava to pai ; porque as Cortes de Lisboa, não tinhão
hoje por ventura dos interesses geraes da America, ou autoridade para desfazer, o que vosso pai fez. ==
se se tratava unicamente do mero caso particular dos Não vos admirois, Senhores, porque ainda diz mais
doze individuos que fórmão a junta de uma provin – o seu delirante furor acaba com dizer: Vós não vos
cia. E então dizia eu comigo mesmo « se se tratasse deveis separar da America, sejão quaesquer que fo
de decidir sobre os interesses geraes de toda a Ameri rem os decretos das Cortes. E então quem diz isto,
ca, e se eu visse membros deste Congresso mais aspe não arvora o estandarte da rebelião, e não se põe na
ros, e mais obstinados em fazer concessões, ou exce vanguarda dos anarchistas! Eis-aqui pois o que diz
pções aos principios geraes em favor da mesma A me-. a façanhosa representação dos doze de S. Paulo. E
rica, teria o Illustre Deputado, que falou, muita ra então á vista disto, não póde a Commissão dar o seu
2ão de fazer as exclamações, e apostrofes oratorias, parecer sobre similhante documento ! Examinemos a
que fez; mas hoje não se trata de caso tão importan idéa fundamental da escusa, e he porque está a Com
te. » Sim, hoje, Senhores, não tratamos aqui de dis missão possuidora de noticias particulares, e confi
cutir os interesses da America em geral. Um illustre, denciaes, quº a aconselhão, a que demore o seu pa
Deputado da Bahia (o Sr. Borges de Barros) disse recer; até mesino, porque podem a estas horas ter
ontem tratando-se desta materia, e disse bem, que re acontecido cousas da mais elevada magnitude na A ine
lação he que teu os negocios de doze individuos de S. rica, que fação, mudar a verdadeira opinião sobre es
Paulo, com os negocios da America ? E aqui tenhº te documento! Ora, e º perguntaria ao meu ilustre
ºu razão de perguntar: Que homens são estes, de S. amigo, a quem me referi no
• •
#"
"fff , e a todos os
|-
[ 586 ]
illustres membros da Commissão, quaes serão os fa ção pequena de individuos, ou mesmo quando uma ci
ctos, ou concomitantes, on antecedentes, ou subse dade inteira disser ao poder legislativo; eu não te obe.
quentes desta famosa representação dos doze de S. deço: que havemos então de fazer! Havemos de trans
Paulo, que possão fazer mudar de opinião a todo o igir com quem assim se revolta? Quem se attreverá a
homem de bom senso de que a junta de S. Paulo he dizer isto! Se alguma cidade de Portugal, se algu.
anarchica, e subversiva da legalissima autoridade das ma outra junta da America, animada com este re
Cortes! Póde alguem duvidar, que aquella junta não belde exemplo, disser o que diz a junta de S. Paulo,
só tende a desobedecer aos decretos das Cortes, e á havemos de lhe dizer: pois bem, não importa! Ha
autoridade, mas tem formado o projecto de subtrair vemos de calar-nos! Havemos de transigir assim quan
se á mesma autoridade! Mas diz-se, no caso em que do o crime, e a rebelião he individual e de um ban
todo o Brazil, ou uma segunda parte do Brazil haja do de facciosos! Senhores, reflecti na responsabilida
adoptado como seus estes mesmos principios, e senti de do vosso voto; peço-vos que não animeis o crime
mentos, que podemos nós fazer! Vamos a explicar com o exemplo da impunidade. Isto he crime, haja
isto em os seus verdadeiros termos; porque a sua ex as noticias que houver, e succeda o que succeder. Vo
plicação he mui necessaria. to por tanto contra o parecer da Commissão, a que
Se toda a provincia de S. Paulo, e do Rio de Ja tenho a honra de pertencer, pelas razões que expuz;
neiro; se a provincia de Minas, se a Bahia, se Per e por considerar que nenhum facto contingente me
nambuco, se toda a America disser, o que dizem os póde fazer mudar de opinião sobre tão infame papel.
12 de S. Paulo, venho a dizer: não reconhecemos a Reduzo o meu voto a que deve passar-se um decreto,
autoridade das Cortes ; o Principe não se ha de ir ; asno qual se mande que o Principe Real, que existe
Cortes não tem autoridade para fazer observar as suas na America, faça destruir essa junta rebelde, e re
determinações. Que havemos de fazer em tal caso? fractaria; e faça executar aquelle decreto das Cortes
Dura e ominosa hypothese; mas raciocinemos, senho que mandou crear juntas provisorias, fazendo crear
res. Eu não sou tão ignorante que não seja ensinado uma nova junta em S. Paulo, onde se não execu
pela experiencia da historio antiga, sobre o que se tou ainda aquelle decreto; porque a actual tem obsta
deva adoptar como regra em tão desgraçada extremi do a isso. Em segundo lugar, que mande retirar o
dade: he muito diferente o procedimento que deve Governador que assignou esta representação. Em ter
ter-se ou com um individuo, ou com um bando de ceiro lugar, que áquelles 12 facciosos e anarquistas
individuos que perturbão a ordem publica subtrahin se lhes fórme culpa. Toda a America, senhores, fará
do-se ao poder legislativo, e recusando a obediencia justiça a este Congresso em tomar uma tal decisão;
á ordem publica, daquelle procedimento que deve e eu me persuado que quando assim voto faço o des
ter-se com uma grande parte dos membros de um cargo de minha consciencia, porque não devo trans
imperio, entre os quaes se agite uma questão impor igir com o crime, nem um momento.
tante. Eu não sei formar libellos accusatorios contra O Sr. Girão: — Sr. Presidente, peço a palavra.
provincias inteiras, nem sei qual seja o tribunal, Varias vezes me quiz levantar ontem ; mas nunca
que possa admittir similhantes accussações, e proferir me foi possivel obter a palavra; agora me levanto,
sentença sobre ellas. Se todas as provincias da Ame porque sou portuguez, e não quero guardar o silen
rica àdoptarem estes sentimentos, o que eu nego, cio em materias desta natureza; digo que sou portu
então estaría firmada à desunião, quod Deus avertat. guez, e com isto expressamente declaro, que amo à
JEu não reconheço a desunião da America senão quan minha patria; mas amo tambem o Brazil: os meus
do ella disser, como diz essa """ nós não
principios liberaes e filosoficos, não me permittem que
conhecemos a vossa autoridade, nem havemos de obe eu pense de outra maneira, e a polar estrella que me
decer aos vossos decretos. Mas isto não diz a America; guia em negocio tão difficil, he a santa maxima de
um illustre Deputado da Bahia, que tanta honra faz desejar a meus irmãos d’além mar o mesmo que de
á sua provincia, já disse em termos mui energicos, sejo para mim. Tenhão elles pois todas as fontes de
os quaes , me não canso de repetir, que tem a causa prosperidade entre si, tenhão todas as venturas, e
dos 12 de S. Paulo com a America toda? A Ame salve-se sómente aquilo que convém em commum á
rica não diz tal; sim, ela não diz que quer desobe grande familia portugueza, espalhada por ambos os
decer ás Cortes; o que poderá dizer será talvez recla hemisferios. Sobre tudo porém devemos salvar a hon
mar ás Cortes providencias, ou excepções aos decre ra da Nação, e por tanto reprovo o parecer da Com
tos que as mesmas Cortes tem promulgado; e então missão. Venero, e respeito muito os illustres nembros
convenho se fação as concessões que a justiça, que a que a compõem, mas não posso deixar de dizer com
politicá, e que o publico interesse daquelles povos exi toda a franqueza (e por isso lhe merecerei o perdão)
gir; mas a America, senhores, nem a província de que o parecer não diz cousa alguma, he um artiňcio
S. Paulo, não falão como os 12 de S. Paulo; nin de palavras, que parece a linguagem dos antigos ora
guem até agora o asseverou e menos o provou: eis culos. Seus illustres autores dizem, que razões occul
por tanto a razão porque os negocios da America são tas os obrigárão a obrar daquellá maneira; eu digo
inteiramente destacados da representação dos 12 de que razões claras, e publicas me obrigão a falar em
S. Paulo. Eu perguntarei aos meus iliustres collegas, sentido contrario. Todos os meus illustres collegas ou
que querem espaçar o juizo definitivo sobre o merito vírão ler o papel infame da junta de S. Paulo, todos
deste documento, que querem elles que se faça para ouvírão as expressões da rebeldia, do servilismo, e da
º futuro, quando um individuo, ou quando uma fac maldade ; aquelle protervo escrito insulta tanto os
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Portuguezes deste reino, como os do Brazil, porque são eles que essa junta he formada de homens da es:
insulta a representação nacional, e por conseguinte colha e confiança dos habitantes daquella provincia,
toda a Nação lusa: sofrerá, pois a patria dos Albu para não verem que os povos tomarião o seu partido?
querques, dos Almeidas e Castros, a patria dos Di Sabem quaes sejão todos os incluidos neste negocio?
nizes povoadores, e dos Reis conquistadores uma af Ora para que he essa precipitação? Disse um illustre
fronta destas, feita por um bando vil de facciosos! Deputado, que se percão antes dez Brazis, do que a
Por um apostolado em que reside certamente o espi dignidade nacional: pois eu digo, que se perde a di
rito de Arimanio? Não, Srs., taes crimes não de gnidade nacional, querendo-se perder o Brazil. Que
vem ficar impunes; unamo-nos europeos, e brazilei certeza tem o nobre Membro, de que o decreto que
ros, e vinguemos a ofendida patria. Não me digão fulminasse tal castigo, seria alí obedecido? E não se
que as provincias do sul pensão daquella fórma una ria isto arriscar ainda mais a dignidade da Nação?
nimes: eu não posso admittir, que o Rio, Minas, e Eu não quero defender o procedimento da junta: pe
S. Paulo estejão tão corrompidos; e se o estão são lo contrario confesso que são acres, e indecorosas as
membros podres que já não servem para o corpo so suas expressões: mas peço que se observe, e se refli
cial: he melhor perde-los, que conserva-los. Tenho _cta que aquela representação não foi mandada pela
de figurar uma hypothese, cujas considerações me são referida junta á face do augusto Congresso, o que
mui dolorosas; mas he necessario consideralas. A by torna o caso menos aggravante: ella foi dirigida par
pothese he esta: a separação do Brazil; e daqui nas ticular e confidencialmente ao Prineipe Real, e por
ce o problema de quem ficará de peior partido, se este remettida a ElRei; pomo por certo de discordia
nós, se os Brazileiros. A foutamente digo que os Bra vindo muito a proposito, para ser aqui lançado, e
zileiros; porque ninguem me negará que he mui difi dar causa á divisão de Brazileiros, e Européos. Pois
cil firmar a liberdade, apezar de ser o ceo cá deste não o hão de conseguir: somos todos Portuguezes; so
mundo, e seus fructos os da arvore da vida; mas isto mos todos irmãos. Voto por tanto pelo parecer da
nasce de haver poucos homens pensadores, poucos fi Commissão: ele he filho daquella moderação e pru
losofos; porque se todos o fossem, a tyrannia, a su dencia, que tanto caracteriza o corpo legislativo. Nem
perstição, e a guerra acabavão para sempre; mas o se diga que este perde a sua dignidade: o medico que
numero dos ignorantes, dos ambiciosos, e dos solipsos vê o doente no ardor da febre e no delirio, espera que
be muito grande; daqui procedem os males que sofre aquella decline, para então applicar-lhe remedios sau
a França, a Allemanha, e tantos outros Estados dá daveis; e ninguem dirá que ele não tem sabedoria,
Europa. Ora agora digo eu: poderá o Brazil gozar ou que perde a dignidade. Taes são as nossas circuns
por ora uma independencia segura, sem cair nos hor" tancias. Assim, torno a dizer, voto pelo parecer da
rores da anarquia? Ah! eu vejo lá homens, sim mui Commissão: e em vez de castigos vamos a tratar de
to sensatos, muito sabios; mas tambem vejo uma po providencias uteis e acertadas para aquelles povos,
voação de escravos africanos; e ai das familias ricas e pelas quaes vejão que o Congresso não se esquece de
illustres, se o fogo anarquico uma vez pega! Elle se fazer a sua felicidade, nem os seus Deputados de lem
rá talvez assoprado por ventos estrangeiros, e devora brar, e pedir tudo o que he para seu beneficio; e que
rá tudo em suas chammas. Concluo pois que deve estes sabem melhor do que elles o que lhes convem,
mos apertar os laços mais fortes entre nós, não esque pois que longe e fora dos partidos, e das concussões
cermos um momento, que Europeos, e Brazileiros so vêm melhor o que he util á sua patria, ou lhe he pre
mos irmãos; tratemos de unir-nos, e se apparecerem judicial. +
malvados, troveje a lei sobre elles; leve-se ao Rio, a O Sr. Pinto de França: — Não posso deixar de
S. Paulo, e Minas a coroa das virtudes para os be concordar eom o que diz a Commissão, porque a não
nemeritos, a espada da justiça para os rebeldes: Este ser assim não assignaria o parecer, e faria a minha
he o meu voto. assignatura em separado. Parece que a Commissão se
O Sr. Borges de Barros: —Cumpre que eu ex explicou assás bem, e por isso não posso conformar
plique o que disse na sessão de ontem, porque ou me com o que diz o illustre membro, de que a Com
me não expliquei bem, ou não fui comprehendido pe missão verdadeiramente se explicára como os antigos ora
lo honrado Deputado: o que disse, e repito foi, que culos: não me parece que estamos feitos Delphos. A
se não envolvessem os negocios do Brazil na acrimo Commissão não diz: Aio te, AEcide, Romanos vincere
nia dos ditos da junta de S. Paulo, pois que repro posse. A Commissão não falou como oraculo; ella pediu
vando as expressões, abraço boa parte da materia; e ao soberano Congresso um espaçamento para poder
como Deputado do Brazil e amigo da dignidade de bem proferir o seu juizo. Eu me lembro ainda da idéa
meu paiz, o declarava, e torno a dizer que o Brazil com que principiei ontem o meu discurso; esta idéa
tem direitos que reclamar, e tem que se oppôr a varias como está na minha alma, e no meu coração, não
deliberações já sanccionadas por esta assembléa; e as será delle riscada, porque he a idéa do bem da minha
sim o déclaro para que em todo o tempo tenhão lu patria, a que estou ligado pelos mais estreitos laços.
gar as suas reclamações quando as haja de fazer. Pareceu sempre á Commissão que o objecto dos seus tra
O Sr. Villela: — Não sei o que pretendem os il balhos sobre a missão do Congresso devia ser o exame da
lustres Deputados, que com tanto afinco se oppõe representação de S. Paulo, sobre o seu fim, sobre as
ao parecer da Commissão. Pergunto eu; querem que medidas que se deverião tomar em remedio dos ma
se mande castigar a junta de S. Paulo! Querem que les que poderia fazer a mesma representação: quando
se leve o ferro, e o fogo ao Reino do Brazil? Igno ha tão pouco tempo toda a Nação tinha estremecido
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pelo mal que ameaçou os nossos irmãos do Brazil, sobejamente a sua mudança de sentimentos. Temos
quando tão ternos e cuidadosos nos damos ao maior pois neste estado o sul do Brazil; e que sabemos do
cuidado em nomear uma Commissão para cuidar norte delle ! Que sei eu ! Sei que o devemos so
em o salvar dos males, e conservar a união por cegar para o felecitarmos: em nós está representada
que tanto suspiramos e trabalhamos continuamen a patria, a Nação: a patria deve representar uma
te, poderia lembrar-nos que neste mesmo tempo se mãi carinhosa para todos os filhos . . . . . . Não
cogitasse de outra coisa mais , em quanto o mal posso suppor menos dos nossos sentimentos de união,
não estivesse absolutamente sanado! Era por tanto não posso deixar de me lembrar que nasci Portuguez,
obvio , que a representação mandada á Commis e que o perder um só Portuguez da India e Africa
são, não tinha de ser examinada se não a este fim, A será tão sensivel ao meu coração quanto esta dor he
Commissão não se lembrou das palavras da represen superior ás minhas palavras. Partindo pois daqui
tação de S. Paulo; tenho dito, e com magoa digo estou certo que as nossas vistas não podem ser se
ainda, quanto pezárão sobre a minha alma, mas eu não tendentes a evitar este mal que nos ameaça,
não deixarei de dizer tambem, como o illusrre orador Vejamos agora como, sendo assim , o que nos
romano: Omnes homines, patros conscripti, qui de convêm fazer he o que diz a Commissão especial,
rebus dubiis judicant, ab odio, ira et amicilia vacuos até sermos esclarecidos a respeito da carta: suppunha
esse debent. Estejamos pois certos e persuadidos disto; mos que dentro em 8 ou 10 dias pelos primeiros na:
e julgo, por tanto que nós devemos por algum tempo vios se vê qual he o resultado daquella carta, e nela
deixar em despreso e abandono estas palavras, ás os seus motivos; se forão ele ambição, se forão anar
quaes o mundo inteiro, ás quaes o Brazil fará justi quicos, se tiverão vistas particulares, se nascèrão de
ça; e sobre os que as escrevêrão não appareça já um impulso geral? Não será segundo o efeito, e segun
castigo que pareça de desafronta e vingança; não vejo do os fins que nos havemos de resolver! Quando o
a necessidade de tanta pressa; o tempo não morre. nosso conhecimento sobre o actual estado do Brazil
Isto he o que digo em geral; mas he preciso que a he tão duvidoso, e o negocio tão importante e deli
verdade appareça, quando póde muita gente hesitar berado, não deveremos esperar o esclarecimento para
sobre o ponto da verdade. Tocarei por tanto a ques o acerto! E em vez de contentarmo-nos com medi
1ão concretamente. Por ter dito, manifestar o Brasil das geraes, e em todas as hypotheses convenientes,
os seus sentimentos, não terei remedio se não dizer estarmos empenhados em analizar as palavras da re
quaes os sentimentos do Brazil: vamos a ver onde se presentação da junta de S. Paulo, e do castigo que
ha de limitar o que se chama facção, e onde ha de merecem ! Demais (bem não quizera dizer isto) se o
principiar o que se chama vontade da Nação; será soberano Congresso mandasse tratar do castigo dos
talvez assás difícil achar esta linha de demarcação, assignados na representação, e as ordens chegassem ao
mas he forçoso, que ella se busque para que se possa Brazil, onde o efeito das suas palavras tivesse si
deliberar. Havemos pois estar certos que he a critica do . . . que efeito terião tambem aquelas ordens!
que nos leva a acreditar o estado em que está o Bra Não diriamos então que o soberano Congresso tinha
zil todo: eu estou convencido como me parece, que andado com alguma precipitação, não podendo rea
estão quasi todos (direi todos na universalidade mo lizar o que já tinha mandado! A Commissão pois de
ral), de que as tres provincias do sul do Brazil, e não terminou-se pelo que podia, e ontendeu que lhe cum
falarei ainda na quarta que he a do Rio Grande, pria dizer, dirigiu-se pela prudencia, e verdadeiro
estão de uns sentimentos bem claramente manifesta amor nacional, e eu remato, dizendo, que vejo em
dos, e o que não vejo unicamente são expressões de muito perigo o Brazil. Ele preciso que o nosso amor
todos elles, quaes os da junta de S. Paulo. O Rio de nacional não seja baldado, que não existão palavras
Janeiro nos aponta ainda por outra ordem, que he o
unicamente, e que haja o desejo de punir os homens
mesmo o seu sentimento. Eu o devo acreditar segun que se dizem criminosos, mas que isto tome o lugar
do a expressão das cartas do Principe dirigidas a El que deve tomar, dirigindo todos os nossos cuidados
Rei seu Pai, e por este ao Congresso em testemunho Para o bem da patria. •
da sua franqueza e lealdade. Ele mostra o emba . Bueno : — Levanto-me meramente para
raço em que se acha de obedecer á determinação responder ás proposições que se fizerão relativas á jun
do Congresso em razão de estar convencido, que o ta de S. Paulo. Um dos illustres Deputados fez uma
embaraço não será infructuoso. Ele tenta ainda obe historia de nossa regeneração politica ; eu acçrescen
decer ao Congresso, mas ao mesmo tempo apresenta, tarei algumas idéas. No Brazil adoptávão-se as mesmas
como uma força que o estorva, a representação de S. ºpiniões politicas que em Portugal: todos em geral
Paulo. Detnais, tºmos a carta do juiz de fóra do Rio adoptarão o systema de Portugal; todos em geral
de Janeiro : ella he digna de credito, por quanto adoptárão o systema constitucional ou representativo;
quem a escreveu merece o conceito de que não ha de Pará foi o primeiro, seguiu-se a Bahia, segundo me
querer enganar-nos porque daqui depende a sua fortu Parece, e circunstancias particulares fizerão que estas
na. O que nos diz pois o juiz de fóra do Rio de Ja províncias se dirigissem a Portugal, e não ao Rio de
neiro! Que depois da publicaçào daquelles periodicos Janeiro. Na província de S. Paulo proclamou-se igua
que mostrão os se-limentos daquellas províncias, estes Inente, e nella se installou esta junta provisoria, da
iem progredido. Que devemos julgar de Minas? Mi livre eleição do povo, composta de homens, que tre
nºs mandou retirar os seus Deputados, que cstavão a recido a sua confiança, marcados com o cunho da
Pººtº de embarcar. Se os tuandou retirar manifestou ºpini㺠publica , cuja carta faz o objecto da ds.
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cussão deste Congresso, e cujas expressões eu sou o Congresso, quando fez esse escrito, e talvez dahi pro
primeiro a recriminar; examinemos porém qual tem cedesse o entender que podia até então deixar de obe
sido a conducta desta junta provisoria até este dia, e decer, como já disse, a algumas das determinações
pela sua conducta poderemos julgar das suas vistas, deste Congresso, nas quaes julgasse lesados os inte
e por esta conducta demonstra-se que ella nunca teve resses e direitos do Brazil. Isto pode ser um erro,
vistas desorganizadoras, e anarchicas. A junta de S. mas pode ser que desse erro dimanasse aquelle modo
Paulo attendeu como mais essencial para a felicidade de expressar-se. Vamos á outra razão: o escrito de
do Brazil, a união das provincias entre si, e destas que se trata não he um escrito dirigido a fazer pu
a Portugal. Ella reconheceu, e sustenta o systema blica no Brazil a opinião do governo de S. Paulo;
constitucional, e até á minha saída do Rio de Janei he uma carta escrita ao Principe Real; e se por aquel
ro, não me consta, que fossem outros os seus senti le conducto não se tivesse tido noticia della, talvez
mentos. Ella quer que se conserve no Brazil um de se teria dispensado a muitos Membros deste Congres
legado do poder executivo onde os povos tenhão o so votar medidas oppressivas que, não preenchendo
seu recurso, e pronto expediente aos seus negocios, os seus fins, não podem deixar de ser criminosas no
e que este delegado seja o Principe real; não quer Brazil.
outro individuo senão o Principe, e porque! Porque Concluo que não posso ver no governo de S. Pau
não quer outro que pudesse vir a ser um dia um lo, quando muito, senão um erro, e uma má appli
usurpador, e que não tenha interesse na união não cação de principios; mas não posso considerar nelle
só do Brazil com Portugal, como das diversas pro intenções criminosas, e muito menos vistas anarqui
vincias do Brazil, contentando-se em reinar sobre uma cas e desorganisadoras, as quaes não podem ser com
ainda que pequena parte da Monarquia. Não quer pativeis nem com o caracter, nem com os interesses
uma regencia que possa ser composta talvez de ho dos mesbros da junta governativa de S. Paulo. Ella
mens ambiciosos, ou que possão extraviar o espirito he toda composta de homens respeitaveis pelos seus
publico, e estabelecer uma aristocracia, o peior de talentos e patriotismo, de uma probidade reconheci
todos os governos. Não quer outro delegado que da, escolhidos pelo alto conceito que delles se forma
o Principe real, porque assim não ha separação va, todos proprietarios, grandes capitalistas, que da
dos dois hemisferios, porque se entende que o Princi desordem e anarquia nada tem que esperar, e tudo
pe real ha de conservar a Monarquia portugueza em que receiar, e se alguns delles são pouco conhecidos
sua integridade , porque este he o nosso interesse. não he por falta de merito, mas sómente por não
Agora vamos a examinar a carta escrita pela dita se terem proporcionado occasiões de apparecer de uma
junta ao Principe Real, rogando-lhe quizesse S. A. maneira mais brilhante na scena do mundo; mas não
R. ali ficar, cujas expressões torno a repetir, reputo posso deixar de nomear um que he conhecido em to
mui descomedidas e indecorosas; mas talvez isto nas da a Europa , e particularmente aqui em Portu
ça de applicação de principios, que sendo verdadeiros gal, onde fez serviços os mais relevantes, onde deu
podem ser applicaveis, particularmente á provincia sobejas provas do seu caracter honrado e brioso, e do
de S. Paulo, mas que ella julgue que he applicavel seu patriotismo, não sofrendo que Portugal se sub
a todo o Brazil, e por isso uma má applicação não mettesse ao jugo estrangeiro, combatendo (cousa tão
póde ser considerada como querem alguns illustres alheia de sua profissão) contra os inimigos da Nação,
Membros, como rebelião manifesta, nem como mo e expondo-se muitas vezes a perder a vida, e esque
tivo de se empregarem medidas de rigor, que podem cendo-se de reconciliações, e de tudo, só lembrado de
ter consequencias futestas, nada menos que as da se que era portuguez. Ora não me posso capacitar que
paração do Brazil e Portugal. A provincia de S. Pau homens taes, que eu acabo de descrever, tão depres
lo talvez entendesse (não afirmo se foi guiada por esta sa degenerassem todos em uma idade em que os ha
opinião), talvez entendesse digo, que podia oppôr-se bitos podern tanto.
a algumas determinações deste soberano Congresso, O Sr. Moniz Tavares: — Já hontem falei sobre
uão as julgando convenientes aos interesses do Bra esta materia, e por isso que continua hoje a discus
zil, dos quaes S. Paulo participa. Quando os povos são quero tornar a falar, porque quero em todo o
são opprimidos, os publicistas não lhes negão, e nin tempo achar-me justificado perante Deus e os homens
guem lhes póde negar o direito de se insurgirem, e Eu digo pois que não vejo nas circunstancias actuaes
unguem póde negar tambem entrarem no direito na se possa adoptar outra medida nem mais sabia, nem
tural que tendo quebrado o pacto social que a liga mais prudente que o parecer da Commissão. Eu dese
va, ela pode constituir-se do modo que lhe parecer java saber que querem os illustres Preopinantes que
mais couveniente. A provincia de S. Paulo, conhe votão contra o parecer da Commissão: quererão, por
ceu, e usou deste direito; insurgiu-se e criou uma exemplo, como o Sr. Moura, que esses homens se
junta governativa; porém nem a provincia, nem a declarem anarquistas, e rebeldes! E com que provas!
junta já mais tiverão idéa de separação; ella de modo Ainda prescindindo de outras razões, não póde ser
algum quer deixar de pertencer á grande familia por formado esse papel por alguns aulicos do Rio de Ja
tugueza; jura as Bases que lhe forão mandadas; e neiro! Ha impossibilidade em que o papel seja apo
em virtude dellas talvez pudesse declarar que estaria crifo ! Além de que representando esses homens à
sujeita a quanto neste Congresso se sanccionasse quan vontade da provincia, deve declarar-se que se exter
do estivesse legitimamente representada. Ainda não minem os habitantes delas! Sr. Presidente, os Mem
«stava a província de S. Paulo representada neste bros da Co:amissão não querem, nem podem querer
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já mais ue fiquem impunes os sediciosos que desejão ria pela primeira vez que tal acontecesse: as novas
dividir-vos para devorar-nos; mas querem que seja requisições succedem sempre ás ultimas concessões: o
quando se conheça com certeza os factos. Não nos governo frouxo vem a ser a sua primeira victima, e
precipitemos, Srs., a moderação e a prudencia he a anarquia, e o despotismo vem a ser o ultimo resul
de heroes: salvemos o Brazil para salvar-nos; passe tado de taes facções. Ninguem póde duvidar, todos
mos já a discutir as sabias medidas que a Commissão os documentos que temos presentes, todas as noticias
especial dos negocios politicos do Brazil apresenta, e que nos tem chegado attestão que nessa provincia, e
nos na do Rio de Janeiro existe sem duvida uma cabala
nadagloriaremos de ver(Apoiado).
a crise funesta. que ellas vencidas, está termi
•
os males da anarquia, e apesar de quanto se fizesse, Commissão, e sou de opinião que se esperem noticias
o Brazil seria separado do centro do governo da gran do Brazil, que não podem tardar muito, a fim de
de Nação portugueza, e nós teriamos causado um mal que á vista dellas a Commissão possa dar um parecer
aquelles habitantes causando-o igualmente a nós mes mais seguro. O nosso mais sagrado dever he desde já
mo. Que he que pretende a Commissão espaçandº principiar a tratar de remediar os males, e dissenções
este negocio, torno a pergunrar! conservar o Principe que afligem as provincias meridionaes do Brazil: nós
Real no Rio de Janeiro! Conservar os tribunaes! não devemos cuidar disto primeiro do que de tudo o mais;
vemos nós que seria uma quimera, quasi impossivel, castiguem-se depois muito embora os criminosos. Nem
além de que seria vergonha que nós tornassemos por isso se diga, que por esta demora as Cortes per
a traz daquillo que tão maduramente considerámos, dem a sua dignidade; a controversia não he com uma
e decretámos que convinha ao Brazil! seria além disso nação estranha, he dos Portuguezes do Brazil com
estabelecerinos cousas realmente quimericas na prati os Portuguezes da Europa; isto he, de irmãos em cu
ca, e o que he mais, não poderiamos talvez, ainda jas vêas gira o mesmo sangue, e que se devem amar
que quizessemos sujeitar todas as provincias do Brazil eternamente. Senhores, uma tremenda responsabili
aquilo que ellas mesmas sendo ouvidas reprovão, e dade péza sobre nossos hombros, e talvez que a de
detestão. Quem nos diz que o resto das outras provin cisão deste dia traga sobre nós as bençãos ou maldi
cias do Brazil, ou que grande parte dellas querem es ções da presente, e futura geração; eu protesto á fa
tar pelo systema adoptado por esses loucos e insensa ce de quatrocentos dos meus concidadãos que estão
los quº compôem a Junta provisional de S. Paulo! presentes, eu protesto á face da Nação inteira, que
Muitas destas provincias se achão representadas nes em quanto eu tiver a honra de me sentar neste au
te Congresso, e eu não vejo que algum dos Membros gusto Congresso hei de sempre votar, ainda que seja
dellas se levante para apoiar as idéas dos Membros com risco da minha vida a favor de todas aquellas
da Junta de S. Paulo. A Commissão diz que receia medidas que na minha consciencia me parecerem as
muito que esses doze homens não sejão o orgão da mais proprias para conservar a união íntima com nos
voz geral da provincia: que razão tem a Commissão sos irmãos do E# e se algum dia tiver lugar esta
para manifestar isso á face do Congresso. Eu deseja desunião, esse dia será para mim o dia da maior triste
ria muito que a Commissão houvesse por bem illustrar za, e do maior luto; pois que amo a minha patria, e
me; e então eu mudaria de parecer. Por ventura são estou intimamente persuadido que a desunião dos dois
presentes as representações das camaras a esse gover paizes he a maior calamidade que póde acontecer tan
no! Por ventura esse governo ouviu os povos por meio to aos Portuguezes da Europa, como aos Portugue
das suas camaras! Deu ordem para colher os votos da zes do Brazil. Vamos pois a tratar de remediar os
provincia ! Aconteceu o mesmo no Rio de Janeiro! males que afligem o Brazil primeiro do que tudo;
Sabe se tudo isto! E pelo contrario não temos nós porém tratemos este negocio com aquella serenidade,
neste soberano Congrosso documentos de felicitações circunspecção, e dignidade propria do Congresso da
enviadas a elle das provincias do Brazil, bem dizen Nação; (pois que não he, na efervescencia das pai
do ao Congresso pelas providencias, que tanto o go xões que se descobre a verdade) e permitta-se á Com
verno de S. Paulo reprova? Como pois podemos en missão demorar o parecer sobre o oficio da junta de
trar nos receios da Commissão, que atacando doze S. Paulo, até que cheguem as primeiras noticias do
homens de S. Paulo, fossemes atacar uma provincia? Rio de Janeiro, a fim de que ella possa interpôr um
Por cou-equencia não podendo eu imaginar de ma parecer seguro.
neira alguma que esse seja o voto das outras provin O Sr. Araujo Lima: — He a dignidade do Con
cias do Brazil, não posso assentir ao voto desses do gresso, he a dignidade da nação, a paz e socego de
ze homens, nem julgo justos os receios da Commissão: Portugal e do Brazil, que me obrigão a levantar
quando se tratar do voto do Brazil, legitimamente Hontem já declarei meu voto; eu declarei-me aberta
enunciado, eu mostrarei então que meus votos são mente contra aquella opinião dos Srs. que querem que
differentes, e taes que os Brazileiros mais amantes do se mande formar culpa aos membros da junta de S.
seu paiz não os hão de reprovar. Persuadido com tu Paulo. Não posso deixar de admirar-me do que ouvi
do como estou, que aqui não se trata senão do facto dizer hoje a um honrado membro, que esta proposi
de doze homens; a mim de certo parece-me que o ção tendia a evitar a anarquia no Brazil; pelo con
soberano Congresso deve, pela conservação de sua trario eu digo, que ella vai fomentar e crear a anar
dignidade, pela utilidade do Brazil, para que não quia naquellas provincias: he pois o socego do Bra
seja involvido na anarquia, ou nos horrores de uma zil e Portugal que me obriga a levantar; he para des
guerra civil, deve, torno a dizer, retirar a esses ho enganar a alguns honrados membros, que eu me le
Imens a aunoridade que lhes foi confiada; deve tirar vanto. Vejo porém tão involvida esta questão com
Ihes os meios de prejudicar a sua mesma provincia; e outras muitas, que me sería difficultoso lançar a vis
isto, como ja disse, por interesse mesmo do povo. ta sobre todas ellas; mas do ponto essencial que de
Por tanto o parecer que a Commissão propõe deve vemos partir he, se aquella he a voz de doze homens,
ser inteiramente rejeitado, e depois se o soberano ou he a voz geral da provincia. Porque só assim he
Congresso quer adoptar a medida de recusar a espe que poderemos calcular o gráo de effervescencia a que
ra que pede a Commissão trataremos do negocio em tem chegado aquelles povos. Já hontem disse, e fui
todas as relações que deve ter. combatido por um honrado membro, que aquelle pa
O Sr. Vasconcelhos: — Eu apoio o parecer da pel não era unicamente o voto de doze homens da
Gggg {
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quela junta, e que quando aquelas expressões forão que seria melhor adoptar esse systema dº moderação,
escritas serião sem duvida alguma apoiadas. Hoje que ir com medidas violentas irritar mais as paixões.
francamente confesso mais, que vendo as proposições Por outra parte que certeza temos, que essa decisão
geraes que aquelles homens avanção não póde duvi que seja aqui tomada ha de ser obedecida em S. Pau
dar-se que tem um partido muito grande. He triste lo? Porque se acaso os honrados membros me dizem
a situação de um representante da nação quando tem que alí não existe mais partido que os dos treze que
que fundar as suas proposições sobre factos tão des assignão a representação, como podem os honrados
agradaveis, sobre factos que importão uma concussão: membros assegurar isto: como podem assegurar que
devemos sem embargo dizer a verdade, porque tal he aquelles homens não tinhão apoio. Diz um honrado
o nosso dever. Eu confesso ingenuamente a dôr que sen membro: pois havernos de transigir com facciosos!
te minha alma ao ter que pronunciar, que o Brazil es A autoridade ha de baixar-se a facciosos! Parece-me
tá descontente; porém he indispensavel dize-lo; e he que se esqueceu da regra, que a saude do estado he
preciso desde já declarar que crescerá o seu desconten a suprema lei. Quem duvida que ha occasiões em que
tamento se em lugar de medidas brandas se mandar pela saude do Estado se deve transigir com facciosos!
metter em processo aquelles, que os povos olhão, não (Foi chamado á ordem) A ordem he, como já disse,
examino se bem ou mal, como defensores das suas li que a saude do Estado he a primeira lei, e que eu
berdades; porque ainda que nessa representação se temo os horrorres de uma guerra civil no Brazil. E
vejão expressões dirigidas pelos membros da junta de quaes são os soccorros que Portugal poderia mandar
S. Panto, eu receio que se a estes se lhe formasse ao Brazil? por ventura póde-se mandar em quatro
o processo, o resto, que menos o ha de attribuir á dias uma esquadra para soccorrer aquella parte oppri
força das expressões do que ás cousas que elias encer mida? He necessario lembrarmo-nos disto. Enviando
*ão, tomaria partido, porque nas occasiões de fermen nós hoje esse decreto de deposição daquelles homens
tação não se discorre, nem se attende mais que ao fu se evita a anarquia no Brasil? Eu julgo que terá um
ror das paixões. Quando aqui se tratou de mandar resultado contrario. Por tanto todas as regras de pru
tropa para lá, por mais que clamei, e os meus hon dencia pedem, que por ora nada se trate desta mate
rados collegas daquella provincia, sobre o estado em ria. Se os honrados membros sustentão com tanta
que ella se achava; por mais que affiançámos o soco confiança que esse partido he só uma facção de doze
go, e a boa vontade daquella gente; por mais que homens, como não apresentão as provas! E se eu pe
dissemos que as cartas que se citavão em contrario lo contrario as tenho oppostas, porque se ha de deci
não tinhão força nenhuma; não fomos ouvidos, não dir que a esses homens se lhes forme culpa! Ultima
se nos deo credito: e pelo contrario hoje expondo nós fnente eu receio que se tomamos aqui hoje uma reso
noticias de cartas, e citando estas cartas não se lhes lução desta especie vai fazer derramar muito sangue
dá credito algum: não sei ois de que modo possamos no Brazil, e não quero tomar sobre mim tão grande
informar ; quando recorremos aos documentos, que responsabilidade quando tenho meios de prudencia
nos podem guiar em tão grande distancia, não somos que poder empregar. -
attendidos; quando porém mostramos a pouca e ne O Sr. Martins Bastos: — Esta representação, e
nhuma fé que devem merecer, então pelo contrario os outros papeis incendiarios que são causa da discus
argumenta-se com ell s. Eu como natural daquele paiz são deste dia tocão mais de perto certos membros des
e comº conhecedor dos costumes daquelles habitantes te Congresso, e eu sou do numero desses. Entretan
estou muito mais nas circunstancias, que os de Por to eu não vim aqui para tomar vinganças pessoaes
tugal, de poder afirmar a verdade do que alí passa: senão para tratar dos interesses do Reino-Unido de
não digº com a mesma certeza que os que se achão Portugal; e por consequencia não usarei de exclama
naquelMas provincias, porém com muita probabilidade ções contra esses autores do papel, senão tratarei do
pelos conhecimentos locaes, e por noticias particial essencial, que he o parecer da Commissão. Eu apoiº
res, e todos sabem que as noticias que vem do norte este parecer. As razões que dá a Commissão são es
do Brazil mostrão que naquella parte ha desconten tas: apresenta-se-nos um negocio de que não pode
tamento. Um dos illustres membros da Commissão mºs decidir bem, porque temos noticias que nos indi
manifestou quanto a mim razões que não tem respos cão, que não são só treze homens que figurão no dito
ta: mostrou quanto a prudencia pede que nós provi negocio: se forem só treze homens as providencias
denciemos neste caso, e que antes de tudo estabele devem ser umas; se forem mais de treze, as providen
çamos bons relações políticas, e commerciaes, das cias devem ser outras; e por esta causa reputa a Com
quaes depende principalmente a tranquillidade da missão que he necessario esperar para saber-se quem
quelas províncias mais bem que do castigo dos fac são os que figurão nestes papeis incendiarios para en
ciosos: parece-me que se deveria ter dado algum ere t㺠poder tomar as medidas terminantes. Todos os
dito ás spas palavras; porque esses treze homens não que tem opinado contra este prudentissimo parecer, o
são isolados; e ha no meu entender um partido que que dizem he, não he a província de S. Paulo, não
não he tão pequeno como se pertende: eu não sei sao seus sentimentos, senão os de treze homens revo
quaes são "as causas verdadeiras deste descontenta "teonarios, e sediciosos que querem transtornar o
mento, nem direi que sejão justas; mas já dissº, que Brazil, os que dirigem essa representação. Aonde
na ºfervescencia das paixões não se raciocina. O Sr. está a prova disto? Estão absolutamente certos? Pois
Jºereira do Carmo, manifestou muitos factos historicos não vêem pelo contrario quanto se tem praticado no
que me parece devião merecer atenção: parece-me Prazil desde que se regenerou Portugal? Não tem co
- -- "
{ 603 ]
nhecido uma opposição constante a tudo isto! Não gou ainda, ou porque o Principe Real não a remet
sabem que aqui mesmo ha facções, que estas tendo teu, segue-se que os de Minas não tenhão os mes
lhe sahido aqui suas ####" perdidas tem voltado mos sentimentos que os de S. Paulo? Por ventu
os olhos para o Brazil! Pois se os Preopinantes di ra vimos já a representação que dizem, ha de fa
zem, que a razão porque já se deve determinar este ne zer o Rio de Janeiro! Certamente não. Se os hon
gocio he porque involve sómente aquelles treze faccio rados membros sabem isto como os da Commissão;
sos segue-se que se estivessem convencidos de que ha se tem os mesmos motivos de esperar, que estas pro
via mais gente complicada devião abraçar o parecer vincias falein como a de S. Paulo; se por outra parte
da Commissão: então eu peço aos que se oppozerão, querem considerar este documento como unicamente
que reflictão no que acabo de dizer; que reflictão nos pertencente atreze facciosos, porque pretendem compa
acontecimentos que tem havido no Rio de Janeiro; rar o escripto moderno de S. Paulo com os antigos
que se lembrem que a facção que appareceu quando das outras provincias! Porque querem comparar o
se pretendeu instalar a junta, quando os tribunaes se estado de segurança em que as mesmas provin
extinguírão he a mesma que renasce hoje. Portanto, cias se achavão antigamente com o estado em que
a mesma dignidade do Congresso exige, que se de se achão agora depois de recebidos esses decretos das
more esta resolução para se poder decidir com perfei Cortes! He necessario comparar as cartas escriptas
to conhecimento de causa, e não de um modo illuso pelas provincias, mas no mesmo tempo; quando as
rio. (Apoiado.) |-
outras provincias escrevião cartas de felicitação ao
O Sr. Trigoso: — Friamente, e muito friamen Congresso, nesse mesmo tempo as podia escrever, e
te se discutiu este negocio na Commissão; e friamen efectivamente as escrevia, a junta de S. Paulo; e
te exporei agora em publico as razões em que ella fun quando a junta de S. Paulo escrevia ao Principe
dou o seu parecer. A Commissão diz, que não póde Real he natural que as outras provincias escrevessem
fazer conceito sobre a carta que foi remettida da pro ao Principe Real cartas similhantes. He natural,
vincia de S. Paulo; dá a entender neste seu dito que não he certo: e por isso que não he certo he que a
suppõe, que aquella carta não he precisamente um Commissão não póde dar agora seu parecr. Tenho
escripto feito, e assignado por aquelles treze homens; respondido aos honrados membros que desprezão as
mas que talvez seja o espirito publico de toda, ou par razões em que se funda a Commissão. Pergunto mais
te daquella provincia; e as razões que tem para assim que parecer dará a Commissão! Eu não sei: se não
o affirmar, vem a ser, que os povos do Rio de Janei posso dar agora o parecer porque não tenho noticias
ro estão em descontentamento conhecido, e o mesmo como posso saber o parecer que hei de dar, que he
os das Minas, visto que os Deputados que tinhão man dependente dessas noticias! Diz-se: mas castiguem-se
dado para o Congresso, retrocedêrão do Rio de Ja esses trese membros. Que cousa tão illusoria seria man
neiro; suppõe-se que emissarios de Minas, e S. Pau dar esta ordem para castigar treze membros; e depois
lo vão unir-se no Rio de Janeiro para fins particula conhece-se que não era a treze membros se não a to
res que tem. A Commissão não póde dizer exacta da a provincia a quem se devia castigar! Mas suppo
mente que isto haja de succeder, nem póde conhecer mos que não se castigão só os trese membros, mas
quaes são especificamente os fins que essa reunião toda a província: se se, castiga a provincia separan
se propõe; mas tendo todas estas noticias ellas são do-a do Reino Unido, uma tal excumunhão politica
suficientes para não poder dar uma absoluta opinião poderia ter , lugar sem haver a certeza de que ella
sobre o espirito que dictou esta carta. Pergunto: se era a autora da carta ! Em segundo lugar, por
rão estas noticias bastantes para justificar o proceder que seria esta excumunhão fulminada contra uma
da Commissão? Creio que sim. Dizem alguns Preo provincia que está pela autoridade das Cortes !
pinantes: não he o espirito da provincia senão o de Pois se a provincia de S. Paulo quizesse negar a au
treze facciosos o que dictou aquella carta: e aonde es toridade das Cortes, não escreveria a seus Deputados
tão as provas disto? As provas que ha são que existº que o fizessem presente neste Congresso! Tem tido
uma colligação entre as províncias, e que nellas exis por ventura elles esta procuração! Não: em conse
te descontentamento. Quaes são as provas que dão quencia não he a junta de S. Paulo que se quer se
em contrario? As que dão reduzem-se a que as pro parar, e se nós fulminassemos esta excomunbão era
vincias tem remettido ao Congresso cartas de congra mos nós mesmos que a separa vamos, simplesmente
tulação, e que nenhuma tem enviado nunca repre inflamados pelas expressões descomedidas da junta.
sentação tão insolente. Pois a provincia de S. Paulo Apesar disto fala-se em medo; em que está pois o
dirigiu alguma representação aº Congresso! Sem du medo da Commissão ! Pois ha de ter medo da junta de
vida não : esta mesma carta da junta de S. Paulo, não S. Paulo! Seria a cousa mais extraordinaria e ridi
foi remettida ao Congresso senão ao Principe Real; cula do mundo. Mssse a Commissão não tem, nem póde
este a mandou a ElRei, e ElRei a dirigiu ao Con ter medo, porque aqui não podem chegar os tiros despe
gresso. Pergunto eu: e sabem os honrados membros didos pela junta de S. Paulo, tambem a Conmisso não
que as outras provincias do Brazil não tenhão remet póde querer que se declare uma guerra exterminado
tido iguaes cartas ao Principe Real! Sabem se quan ra áquella provincia, quando além de ser infructuosa
do os de Minas se lembrárão de fazer retroceder seus seria, pouco conforme ás circunstanelas em que nos
Deputados escreverião uma representação ao Princi achamos relativamente ao Brazil. Pergunta-se se seria
pe Real em que manifestassem quaes erão os motivos conforme á dignidade da Commissão propor esse pa
que a isso os movia ! E porque esta carta não chº recer; e á do Congresso admitti-lo? Eu não pôsso imas
Gggg ?
[ 604 ]
ginar que seja contra a dignidade da Commissão pro O Sr. Vergueiro: — Ainda que esta materia este
por tal parecer. Pois que arbitrio propoz a Commis ja suficientemente discutida, como vejo pender a re
são? Que o Congresso demore sua decisão; que se solução do problema da relação que tem a carta da
permitta que a Commissão demore seu parecer. Póde junta de S. Paulo com a opinião da mesma provia
ser isto contra a dignidade de um corpo deliberante! cia, e das outras provincias do Rio de Janeiro, di
De maneira nenhuma. Podia-se dizer, que era con rei sobre este respeito alguma cousa; e para marchar
tra a dignidade do Congresso derrogar algumas medi com ordem , referirei historieamente os sentimentos
das legislativas segundo se propõe no primeiro parecer daquella provincia desde o principio da nossa regene
da Commissão: ahi sim, porque com efeito revogão ração politica. Logo que chegou áquellas provincias
as Cortes muitas medidas, que adoptárão anteriormen a noticia da regeneração de Portugal foi applaudida,
te: mas he contra a dignidade do Congresso, e da e todos os animos adherirão a ella , desejando ser
Commissão, que esta demore seu juizo sobre a qua participantes da mesma gloria. Eu tive a felicidade
lificação de um escrito? Eu julgo pelo contrario; e de ser testemunha da uniformidade daquelles sentimen
até no primeiro parecer, que a seu tempo se discuti tos; mas quaes erão então as circunstancias de Por
rá, espero eu mostrar que não he contra a dignidade tugal e do Brazil: Brazil tinha a sede da monarquia
do Congresso, nem da Commissão as propostas que em seu territorio, e Portugal tinha uma Regencia:
nele se fazem: porque a Commissão tem estado per parecia que Portugal se não lembrava de transferir a
suadida, e eternamente o ha de estar, que não se de sede da Monarquia do Brazil para a Europa; e talvez
vem seguir os votos insensatos dos que dizião que de razões politicas autorizassem essa opinião: muitos
via perecer o mundo com tanto que se salvasse o prin papeis publicos mostravão que não era necessaria a
cipio. (apoiado). Temos pelo contrario uma estrictá trasladação da Sede da Monarquia, e que só bastava
obrigação de conservar a integridade de Portugal; os que viesse para Portugal o Príncipe real. Ainda que
nossos constituintes nos mandárão que fizessemos a os Brazileiros se lisongeavão com esta opinião, toda
Constituição politica de ambos os mundos (apoiado via elles não fizerão maior opposição á saída do Rei
apoiado): recebemos os Deputados de ambos os he para Portugal, pois nunca se lembrárão que Portugal
misferios, e teremos a maior responsabilidade diante não lhes concederia, mudadas as circunstancias, o
de Deus, da patria, e da posteridade, se coneorrer mesmo que antes desejava para elle, isto he, que
mos para dissolver esta uuião. (Quando considero isto conservaria uma Regencia no Brazil, e que esta seria
me esqueço quasi da propria dignidade do Congresso!) concedida ao Principe real. Eu não sei como se pos
Quanto mais que não se trata de que no meio de to são criminar a este respeito os desejos do Brazil. To
das estas provincias de irmãos appareça discordante das as províncias amavão as resoluções do Congresso
a unica de S. Paulo; porque então outras medidas se por isso que o Congresso tinha tido a delicadeza de
deverião tomar: trata-se de todo o continente do Bra dizer, que não legislava para o Brazil, senão para
zil, de que todos tem, ou julga ter, razão de queixa Portugal; quando se fizerão as Bases da Constitui
mais ou menos verdadeira das disposições deste Con ção se declarou expressamente n'uma dellas, que a
gresso: he preciso ouvilo, animalo, e he preciso que Constituição só obrigava Portugal, e que só obriga
este Congresso quando se dissolver possa dizer á Nação ria o Brazil quando fosse approvada pelos represen
portugueza: nós quando nos reunimos achámos a Na tantes das suas provincias. Neste estado de cousas o
ção unida, e quando nos separamos a deixamos do espirito de união era uniforme por toda a parte;
mesmo modo. (Apoiado, apoiado) " "… … º não deve admirar que logo que o Congresso saíu des
O Sr. Marcos Antonio: — Parece-me muito sen ta linha, e passou a legislar para o É#, e a fê
sato o que varios illustres Preopinantes, e honrados mover a Regencia, dando ordem para vir para Por
membros deste Congresso tem dito a este respeito: he tugal o Principe real, que houvesse uma indignação
necessario, senhores, ter em vista, que aquellas pro geral naquellas provincias; e até he um facto que se
vincias exigem nma particular attenção, e considera não póde negar. Quer-se attribuir á extincção dos tri
*ção deste Congresso, pois que os habitantes de S. Pau bunaes do Rio de Janeiro a fermentação; mas não hº
do forão os primeiros que povoárão o Brazil: elles fidevida a essa causa o principio da fermentação; foi
zerão os descobrimentos de minas , e outros muitos pela confiança que tinhão os povos de que conserva
objectos dignos de toda a attenção: sempre se mostrá rião sempre uma Regencia, e excitou-se sua indigna
rão os homens mais valorosos, e até derão as maiores cão quando virão frustradas estas esperanças , e que
provas de lealdade. Eu vou a referir um facto aconte serião obrigados a vir despachar seus negocios a Pot
cido quando a nação portugueza sacudiu os ferros da tugal. E como he possivel verdadeiramente que aquel
dominação hespanhola. Os habitantes de S. Paulo les povos costumados a ter no seu territorio a pronta
quizerão acclamar Rei a um homem chamado Ama expedição dos seus negocios olhassem agora com in
dor, e este homem disse, que elle não era Rei, que diferença o transtorno que se lhes occasiona: comº
não podia admittir tal titulo, e que o verdadeiro Rei poderião tolerar com indiferença não ter um curº;
era D. João Duque de Bragança. Ora este acto pra um alferes, etc. que não fosse mandado de Portugal!
ticado por Amador he digno da attenção deste Con He por isto que o descontentamento he geral em to
gresso: isto merece que o parecer da Commissão seja das as provincias de Minas geraes, S. Paulo, e Rio
attendido, para que estas verdades sejão conhecidas de Janeiro: querer suppor que as idéas produzidas nã
* "º mais attenção, e se tome a deliberação que seja carta do governo de S. Paulo são proprias exclusi
justa. Este he meu voto. •
hia, e talvez os mandárão a outras partes para fazer O Sr. Castello Branco Manoel: — Sr. Presiden.
causa commum. Qual era o momento em que se de te, em tudo apoio e voto pelo parecer da Commis
via saber esta consideração! Aquelle em que ao Prin são. Não necessito de expender, e repetir as mesmas
cipe Real se mandasse embarcar: este era o momen razões, que tem produzido os illustres Deputados
to em que a confederação devia manifestar todos os membros della, e os que seguem a mesma opinião.
seus planos; este era o momento em que o Brazil ou Farei só uma breve reflexão. He certo segundo mui
ficaria no estado de tranquillidade, ou talvez inunda tas cartas do Brazil, que existe uma fermentação não
do de sangue. E neste estado he possivel que a Com só no peito dos doze ou treze membros da junta de S.
missão possa dar um juizo exacto ! Sem duvida não Paulo, que assignárão a horrorosa representação, ou
he possível, porque creio tambem que sem duvida não officio. Recêa-se que este contagio chegue a muitos
se pretendia sómente que se désse uma censura, qua outros individuos, e até seja propagado a outras provin
lificando o papel, como a que dava o censor no tem cias. Se nós adoptarmos o parecer dos honrados mem
po da escravidão da imprensa; mas isto não era ne bros que seguem se deve já mandar formar culpa
cessario, porque o papel por si mesmo está qualifica áquelles treze sediciosos; estes, apoiados por aqueles
do; mas não foi para isto que a representação foi re que tem seduzido e allucinado , sustentarão uma
mettida á Commissão, senão para examinar a cousa guerra civil não só naquella provincia de S. Paulo,
em si mesma, e propor medidas a este respeito. Ago mas em todas as outras do Brazil, acontecimento que
ra pergunto eu, não he certo que se a opinião da jun produziria as mais terriveis consequencias, e será talvez
ta de S. Paulo for a opinião das provincias meridio uma dellas o ficar por executar a delibração das Cortes,
naes do Brazil as Cortes deverão proceder de diferen que em tal caso ficarão com a sua alta dignidade
te modo, que se essa opinião he sómente a dos treze maculada. Não será isto uma consequencia necessaria,
membros que compõe aquella junta! Ninguem o po mas póde e he de suppor que haja de acontecer. Pelo
derá negar: ou aliàs não deverão ser diversos os pro contrario seguindo o parecer da Commissão, esperando
cedimentos segundo os modos porque a junta fosse as noticias, e esclarecimentos necessarios deste impor
installada, se houve grandes tumultos, se mesmo hou tante negocio, aquella será mais ineditada, prudente,
ve uma ordem politiça totalmente diferente? E não e menos arriscada. Se por aquellas informações o Con
devem estas diferenças influir nas medidas que a Com gresso vier no conhecimento que a opinião publica
missão devia propor ao Congresso ? Certamente que daquella, e mais provincias não he conforme aos sen
sim. Como he então que se diz que a Commissão ti timentos de taes facciosos, com toda a segurança, e
nha todos quantos dados erão necessarios para deci rigor o Congresso lhe mandará formar culpa, e os fa
dir? Como he que se diz, que não ha diferença al rá punir como merecerem. Se desgraçadamente, para
guma, que as informações que havia para propor me-- os Americanos, soubermos que aquelles treze indi
didas geraes erão as mesmas que bastavão para pro viduos miseraveis não são mais que os orgãos da
por medidas especiaes! Eu não posso conceber como opinião publica, de necessidade as medidas devem ser
se possa dizer similhante cousa. N'uma palavra, to outras, e muito diferentes. E para procedermos em
da a mudança de acontecimentos politicos que tem uma materia tão delicada não será justo que demore
havido no Brazil na época em que se devia installar mos alguns dias (porque sempre caminho na hypothese
a junta no Rio de Janeiro, todas as que tivessem oc de que este espaço que a Commissão pede não he illi
corrido na época em que rebentasse este grande pla mitado, mas sim muito breve) a nossa decisão para
mo, de cuja existencia ninguem duvida, devem influir a acommodarmos ás circunstancias? Que mal póde re
na resolução que a este respeito se tome, muito par sultar daqui! Certamente nenhum. Mas seguindo o
ficularmente quando sabemos que ha provincias que outro arbitrio, já mostrei que as consequencias podem
não tem adherido a esta nova ordem de cousas. Não ser muito graves. Agora pergunto eu, tendo nós um
sabemos que neste caso se acha Minas Geraes; não caminho seguro e livre de precipicios, deixalo-hemos
sabemos que Minas tem tratado até de cunhar moe para seguir outro perigoso e mais arriscado, em que
da provincial? Pois se sabemos tudo isto como pode possamos despenhar-nos? Creio que todos dirão que
mos imaginar que ali tenhão peso os decretos das Cor isto seria uma grande imprudencia. He certe, e dizem
tes? Ou queremos talvez que estes sejão ludibriados! alguns dos illustres Preopinantes, que demorando o
Os acontecimentos que se receão devem já ter tido lu castigo dos facciosos, mesmo por muito pouco tempo,
gar, e portanto nada se perde na demora da resolu o seu partido engrossará, e será depois mais dificulto
ção. Um illustre Deputado comparou o parecer da so o punilo. Assim será, mas como esse partido he
Commissão com aquelle homem que em vez de acu illudido com razões falsas, a facção por si mesmo se
dir ao incendio estava remisso, aconselhando medidas aniquillará, tendo nós a vantajem de que nesse tnesino
de prudencia: se eu quizesse responder com as mes tempo em que ella engrossa daremos providencias sa
mas armas, poderia dizer que achando um homem bias, liberaes, e absolutamente contrarias áquillo que
uma casa incendiada, e desejando extinguir o fogo, os facciosos lhe tenhão inculcado: juntamente com a
viu um barril, mas não sabendo se estava cheio de ordem do castigo para os cabeças da rebelião, irão
agua ou de espiritos inflamados, tºmeroso de accrescen as provas da nossa boa fe, as provas por onde com
tar o fogo não o quiz lançar nelle antes de verificar toda a evidencia mostremos aos nossos irmãos Ame
de que natureza era o liquido que continha. (Apoia ricanos, que nada lhe recusamos do que temos adop
do, apoiado). Mas não he com estas metaforas, se tado para os Europeos; que a felicidade de uns e ou.
não
fendercom solidas da
o parecer razões, que se deve combater e de
Commissão, • tros he inseparavel; que tanto perdem uns como cº
{ 61; 1
tros na desunião, e separação: que os interesses hão mo da representação de S. Paulo, vista a sua natu
de ser mutuos para um e outro hemisferio. Com estas reza, a sua importancia, e influencia que podem ter
armas, e não com bayonetas e cadafalsos, he que ha na sorte do Brazil, se espace a sua decisão, e se resol
vemos de ganhar a confiança, e união dos nossos ir vão ambos depois de virem as novas noticas, e sa
mãos do Brazil. Esses mesmos que agora allucinados bermos como foi recebida a expedição no Rio de Ja
poderião seguir o partido da rebelião, convencidos da neiro, se os povos resistírão ás ordens das Cortes etc.,
verdade serão os mais empenhados em combater ades então seria eu o primeiro em dizer: tem razão a Coun
ordem, e a facção, com as mesmas armas que ago missão, esperemos, vejamos qual he o resultado das
ra haveriamos de combater, aniquillaremos esse pu medidas que o Congresso adoptou, vejamos como
nhado de malvados, se a sua cegueira os tornar obs foi recebida a tropa, vejamos o estado em que se achão
tinados; nunca elles em taes circunstancias deixarão estas provincias; mas a Commissão passa de repente
de ser punidos, ainda que a Commissão por alguns por tudo isto; altera qnasi o pacto social; propõe o
dias dê o seu parecer para se decretar o merecido cas anniquilamento de decretos, que o Congresso até aqui
tigo, para melhor acertar nos meios, e providencias estabeleceu a respeito do Brazil: e tudo isto porque?
que se devem tomar. Approvo por tanto o parecer da Por aquelas informações que ella diz serem-lhe par
Commissão como menos perigoso, e mais prudente. ticulares, e de grande attenção. Pois a Commissão
O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu ontem falei julga-se bastantemente informada para alterar tantas
sobre esta materia, e disse a respeito della o que en leis do Congresso; para dar ao governo do Brazil
tendia muito francamente: hoje continuarei a opinar uma nova fórma absolutamente diversa da antiga:
do mesmo modo, e he, que a Commissão devia dar acha-se instruida para isto, e não se acha instruida
um parecer diferente do que aquelle que deu; porque para interpôr o seu juizo sobre um papel que contem
o negocio não está em termos de se espaçar, uma vez em si um facto, a respeito do qual he impossivel que
que se não querem espaçar os outros que tem a mes tenha noticias menos exactas, do que a respeito do
ma natureza, e duplicada importancia. Tem-se pre mais! Eis-aqui porque eu ontem disse que me pare
tendido sempre confundir os negocios de todo o Bra cia excelente o arbitrio proposto pelo Sr. Freire, de
zil com este da representação de S. Paulo. Não que se espace este negocio de S. Paulo, e os outros
posso comprehender porque fatalidade he isto. Neste negocios do Rio de Janeiro, porque me parece mui
mesmo papel ha duas cousas; ha a razão de direito, to imprudente que o Congresso vá fazer uma nova
ou consideração dos aggravos, que se diz tem a jun legislação, assentando as suas opiniões unicamente so
ta de S. Paulo, e se quer que tenhão todas as pro bre delictos vagos, e cartas particulares, sem credito,
vincias do Brazil, e he o modo por que esses aggra e sem fé. O Congresso até agora tem-se determlnado
vos forão expendidos. Nós não queremos que se cas or noticias officiaes, e authentias, que recebêra do
tiguem os membros da junta de S. Paulo por expo zil. Seus representantes, que estão aqui, não tem
rem os seus aggravos; queremos que sejão castigados apresentado dos seus constituintes reclamações, peti
pelo modo com que os expõem. Um corpo moral tem ções, e informações para se darcm novas providencias
a seu cargo representar a parte daquella provincia, a respeito dos decretos emittidos para o Brazil. Mas
que governa. Quem póde estorvar á junta que faça se as tem, que as apresentem. Veja-se o credito que
as suas representações! Ninguem, Mas a questão he merecem; considere-se o pezo que tem; e o Congres
esta; não confundamos as idéas do que trata a repre so então se determinará sobre isto com perfeito co
sentação com o máo modo, o modo insolente, e in nhecimento de causa. O parecer da Commissão além
jurioso com que a junta de S. Paulo a fez. Pergun de muitos inconvenientes que já se achão pondera
to eu: pois he isto, um crime, ou não? Supponho que dos, tem muitos de que os illustres Preopinantes que
até aqui nenhum dos illustres Preopinantes disse que votárão contra elle, se não tem lembrado: eu apon
o não era. Pergunto mais: e um crime desta ordem tarei alguns, por exemplo, como havemos de conti
deve ficar impune? Nenhum dos illustres Preopinan nuar a considerar para o futuro a provincia de S.
tes ainda disse que não. Se a Commissão por tanto, Paulo, e as outras provincias, cuja união com ella
ou algum dos seus membros dissesse: não convem nos affirmão! São provincias unidas a Portugal, ou
ainda castigar este crime, talvez que eu me accom não! Se o são, para que nos dizem que não legisle
inodasse a isto: mas a commissão diz: convem espe mos para lá, porque ha o risco de não se poderem
rar noticias sobre um crime existentc. Pois as noti executar as ordens das Cortes ! E se elas não obede
cias hão de alterar a natureza deste escrito ! Hão de
cem, e estão desunidas, de que estamos nós aqui a
fazer que seja boa uma acção, que da sua natureza tratar! He preciso que entendamos isto, que saiba
todos conhecem que he má! Não. Então porque se mos qual linha de conducta nos deve guiar, e muito
hão de esperar estas noticias! O Sr. Guerreiro expoz mais quando eu tenho ouvido dizer que o modo de
muitas razões, pelas quaes pedia a prudencia que a pensar de S. Paulo, he o das outras provincias: he
Commissão não desse um parecer sobre esta materia. verdade que eu nego este facto, e nego-o mui positi
Estas razões achava eu que erão applicaveis ao pri vamente, affirmando o contrario dos que o dizem.
meiro parecer que a Commissão deu, e entendia que Aos llustres Preopinantes que tem fundamentado a
a prudencia pedia que não se desse por ora tal pare sua opinião sobre o facto da desunião das provincias
cer: se a Commissão confundisse um negocio com ou do Brazil, das de Portugal, ou da união dos interes
tro, e dissesse: he o parecer da Commissão, que so ses da mãi patria, eu os desafio para que apresentem
bre estes negocios, tanto das cartas do Principe, co elles uma unica prova disto. Disse o Sr. Trigoso: º
Hhhh 2
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provem os contrarios que aquela opinião dos de S. cia de empregar a força moral. A força moral nasce
Paulo, não he a opinião das outras provincias " e das leis que aqui se fazem, da justiça com que se fa
eu digo, prove o Sr. Trigoso que a opinião de S. zem, e do modo e firmeza com que clas se fizerem
Paulo he a opinião das outras provincias. O que diz executar. Ora pergunto eu: como querem as Cortes
o Sr. Trigoso limita-se a isto; ha receios, quem sabe sustentar o Brazil na união com Portugal, quando o
se as outras provincias tem declarado o mesmo: he Brazil persuadido de que ele não quer empregar for
de suppôr que se vão espalhando as mesmas ideias. ça fisica, acha que he tal seu abatimento, sua degra
Mas acaso o Congresso ha de determinar-se por isto! dação, isto he, que he tão pouca a sua força moral,
O que eu sei com toda a certesa he que aquella he que consente ser infamado e injuriado, e que consen
a opinião daquelles treze homens; mas que seja a te que não se observem as leis? Quando os Brazilei
opinião da província de S. Paulo, isto ninguem me ros se chegarem a convencer disto, que querem os
póde certificar, e não a tendo eu, hei de legislar so Srs. que tem opinado pelo contrario que aconte
bre factos que não existem! O que existe he uma re ça? Como querem conservar a união do Brazil com
presentação insolente, que ataca as Cortes, que se Portugal! A força física não obriga aos Brazileiros a
oppõe ás suas resoluções, que diz lhe não quer obe obedecer ás Cortes, a força moral tambem não; pois
decer; fóra disto nada mais vejo, senão hypotheses, que ha de obrigalos! Eu desejava ouvir. Mas eu vou
e pusilanimidades. Um dos illustres Preopinantes, mais adiante. Approvado o parecer da Commissão
que votou contra o parecer, disse bem, que todos ficão autorisados outros doze homens de lá para dize
nós queremos a união do Brazil; a diferença está em rem: nós não queremos obedecer ás Cortes; fica au
que uns dizem que se devem empregar estes meios, e torisado cada individuo, porque então a desobedien
outros aquelles; he esta a grande difficuldade; então cia he um direito de cada cidadão. As Cortes decre
desejava eu que os illustres Deputados que estão com tárão que em todas as provincias, onde houvesse jun
a opinião de moderação, e esquecimento, me pro tas provisorias feitas pelo povo, se creasse outra jun
vassem que os seus meios são melhores do que os ta; mas os de S. Paulo disserão: nós não queremos
outros para evitar os males que se achão imminentes outra junta, queremos sõ esta: não queremos obcde
sobre o Brazil: disto he que eu desejava a demons cer ás ordens das Cortes, porque nas Cortes não re
tração; mas isto he que eu não vi ainda; pelo con side inteira a soberania da Nação. Em que consiste
trario teria que fazer reflexôes a este respeito, e dese logo esta tão afirmada união de S. Paulo com Por
java que me respondessem a elas, e vem a ser: nós tugal? E o caso he, que elles não dizem que não
temos necessidade de conservar a união com o Brazil: querem obedecer, mas aconselhão ao Principe que
o Brazil tem necessidade de conservar a união com não obedeça, e que elles o ajudarão a sustentar sua
Portugal, e tanto tem, que estou convencido que se desobediencia. Em que consiste, torno a perguntar,
saisse da Assembléa um decreto que declarasse a se esta união! Que união he esta ! Como póde conceber
paração do Brazil, ele se não cumpriria de certo, se uma união entre cousas tão distinctas, tão diver
nem teria execução alguma; e porque! Porque esta sas, e disparatadas? Grita-se que os illustres Preop
lhe a opinião espalhada por todas as províncias do nantes, que tem votado contra o parecer, querem a
Brazil, e a de todos os Brazileiros; o mais são his desunião; mas isto he uma falsidade; elles querem a
torias para nos melterem medo. Nós sabemos que ha união: eu tambem a quero, o que digo he não ser
uma facção que tem promovido todos estes resultados possivel conservar a união com taes principios de po
e ha de continuar a promovelos, intrigando, e espa litica, o com tal systema de governo. — Diz-se, des
lhando estas vczes de descontentamento. Desgraçado culpenos isto ájunta de S. Paulo: mas eu pergunto,
do Congresso, se elle precipitar as suas medidas por não fica autorisada a junta de Pernambuco para dizer
taes notícias, senão suspender a decisão das suas me o mesmo, e as outras igualmente! Quem o duvída!
didas, até virem noticias mais circunstanciadas dos Por tanto vamos ouvindo sempre: conserve-se a união,
successos, senão fundar sobre ellas a sua resolução, conservemo-nos unidos, mas não obedeçamos em na
mas esta suspensão ha de ser de tudo, não ha de ser da ás Cortes, nem ao Governo de Portugal. Affir
só dos negocios de S. Paulo, ha de ser de todas as mão muitos Srs. Deputados que o resto das pro
medidas a respeito do Brazil: esta he a minha opi vincias do Brazil quer o mesmo que querem os da
nião, isto he que pede a prudencia. Ia eu a dizer província de S. Paulo, mas eu respondo que apresen
(porque me separei um poucº do fio da questão) que tem eles uma provisão que os da Bahia pedissem ao
não convinha que as Cortes deixassem em silencio es Desembargo do Paço do Rio de Janeiro; mostrem
to negocio de S. Paulo. As Cortes tem necessidade de me uma unica cousa em que elles obedecessem ao Prin
concorrer quanto está em seu poder, para conservar cipe, uma unica ordem sua que cumprissem. O Ma
esta união. A união ha de conservar-se em conse ranhão nunca mais lhe mandou real, até os ministros
quencia de decretos e providencias das Cortes, funda que de lá vinhão os não querião acceitar: isto aconte
dos na justiça, e na politica; porque uma deve com ceu em todas as provincias: nenhuma ordem quizerão
binar com outra. do Principe. Então em que consiste este desejo de
Nenhum governo póde fazer executar quaesquer todas as provincias quererem lá o Principe! O Sr.
medidas, quaesquer providencias que adopte a res Guerreiro disse que era tal o espirito de desunião de
peito dos povos que lhe estão sujeitos, sem que tenha Minas, que até quizerão lá cunhar moeda. Ora pro
força moral, e força fisica. A força física não a que vincias que querem cunhar moeda, póde-se fazer con
remos empregar no Brazil, precisa-se cm consequen ta com elas para uma união pacifica, e conseguida
•• +
- "
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por meios indecorosos? Dizem que querem separar-se, deve deixar em silencio similhante objecto, mas que
porque não tem governo executivo lá; querem desu não accelere as suas medidas sobre elle, se em quan
nir-se porque o Congresso não quer dar-lhe o governo to ao objecto principal tambem as não tomar, para
executivo; tendo-o lá, não querem cumprir as or que as suas resoluções não sejão illusorias, pois que
dens delle! Que cousa mais extraordinaria do que es ele não sabe o estado em que se achão as provincias
ta!! Diz-se que nos devemos calar, porque se afirma do Brazil, porque até se diz que talvez o Prineipe
que as provincias tem justa razão de queixa. Não tem venha pelo mar, e em consequencia seria irrisorio de
nenhuma. Mas se a tivessem, havia emendar-se o mal eretar que elle se conserve lá. O meu voto he por
transigindo com o crime! Como confundem os illustres tanto que se não trate nem de um negocio, nem
Preopinantes o estado de descontentamento de uma d'outro, em quanto não vierem noticias mais exactas
provincia, com o estado de rebelião, ou insubordina do Brazil: logo que vierem noticias certas que possão
ção! Ha descontentamento; quem duvída que em Por fazer que o Congresso tome uma resolução sobre esta
tugal ha descontentamento entre gente de muitas clas materia com conhecimento de causa, então se decidi
ses! Quem duvída que muita gente grita! E porque rá todo este negocio; mas se o decidir separadamente
VOlO Contra.
gritão deve-se-lhe fazer a vontade em tudo! Mudar •
se a legislação! São estas as medidas que a prudencia O S. Xavier Monteiro: — Posto que eu já on
pede se tomem ! Responderei a final ao modo porque tem tivesse expendido a minha opinião, contra o pa
o illustre Preopinante, o Sr. Trigoso, acabou o seu recer da Commissão, e ainda hoje pense do mesmo
discurso; disse elle que não he muito decoroso para este modo; contudo como alguns dos Membros da Com
Congresso, quando acabar, não entregar á nação o missão dissessem novas razões para confirmarem os
Reino Unido, como ele se achava. Digo que sim, seus principios, deverei eu hoje igualmente ratificar
e seria com efeito uma cousa cruel para todos os os meus. Disserão os Srs. da Commissão que a mo
bons Portuguezes: mas perguntaria eu ao illustre Preo deração devia ser a diviza deste Congresso, e que o
pinante: quer elle entregar á nação o Brazil Unido contrario poderia occasionar a perda do Brazil. Eu
com Portugal no estado em que ele se achava antes tambem de boa vontade sería deste voto se se me ti
le 24 de Agosto ? Como o recebeu o Congresso para vesse demonstrado que isto produziria o desejado ef
me explicar assim , quando se installou! Como se feito, porém o Sr. Freire revocou a duvida este prin
achava então o Brazil! Toda a nação sabe o que era eipio, e eu não só duvido delle; mas afirmo que pro
º Brazil desde que ElRai foi para lá. Toda a nação duzirá o contrario do que se pertende. Na sessão an
abe o que nós desde então temos sofrido por causa terior disse eu que a circunspecção tinha seus limites,
lo Brazil; e agora que era chegado o tempo de melho e se se tratasse de responder á representação de uma
ar de situação, e de poder falar com franqueza a provincia, que mostrasse sofrer incommodos occasio
espeito do nosso estado de cousas, e do Brazil: ago nados por um decreto das Cortes, eu não teria duvi
a he que se quer se continue a viver na ignorancia da que fosse tomada em consideração a representação
a verdade, é se não diga tudo em publico! Portu da provincia; mas a questão he diferente. Do que se
al pagava para o Brazil 50 contos de réis cada mez: trata he, se se ha de contemporizar com um acto
comunercio exclusivo todo era favoravel ao Brazil: manifesto de rebelião. Quando a junta de S. Paulo
nossa marinha apodreceu por lá: de lá nos vinhão diz que não obedece aos decretos das Cortes, poderá
s ordens necessarias, etc., etc. Agora chegou a épo assim conservar-se a união desta provincia! Para mim
a em que podiamos melhorar a condição de todos; existe separada de facto; nem sei, que uma porção
havemos então trabalhar em melhorar a condição qualquer dos membros da sociedade portugueza, pos
o Brazil sómente, e em nada a nossa! Estabeleça sa dizer que não se obedeça ás determinações da repre
e quanto fôr possivel, a união; mas estabeleça-se sentação nacional, e menos que uma junta provincial
ebaixo de princípios de justiça, e de igualdade. Que depois de ter a provincia nomeado os seus Deputados,
pales tem feito o Congresso ao Brazil! Não se vê exercite actos de soberania. Tem-se querido tratar es
ue as queixas que ha no Brazil são de homens des ta questão como questão de palavras: alguns Srs. De
ontentes para fazer a sua felicidade particular ! De putados dizem que estes pensamentos da junta expres
-java que os illustres Preopinantes me dissessem, se sos por outros termos erão arrazoados. Eu desejaria
uando se decretou o estabelecimento das juntas pro perguntar-lhes como entendem as expressões, não se
isorias de cada uma provincia, se sofreu a impugna obedeça aos decretos das Cortes que são obra de uma
ão de um só Deputado! Pois foi pêla unanimidade facção? Desejava com efeito que me traduzissem is
e um Congresso inteiro que se estabelecêão, juntas to em palavras bem comezinhas para ver se produzia
rovisorias, e faz-se-lhe culpa um sentido admissivel, e justo. Disse um illustre De
Istoagora
he apor aqueles mes
nos que forão desse voto! queixa mais in putado, mostrando grande nobreza de caracter, que
1sta que póde haver. Accrescentarei mais que o po sacrificava o seu amor proprio, e que não se lhe dava
o no Brazil foi o que estabeleceu as juntas proviso que lhe chamassem no futuro espirito fraco, uma vez
as ainda antes do decreto, e que por tanto o Con que se conservasse por este sacrificio a união com o
resso nisto lhe fez a vontade. Os Brazileiros forão Brazil. Eu não me prezo de espirito fraco, e no en
eitando abaixo os governadores, e forão instalando tanto sería da mesma opinião se visse que desta fór
s juntas. O Congresso o que determinou foi que 1StO ma se conseguia o que o illustre Deputado deseja.
fizesse com regularidade. D'onde vem pois estas Mas he preciso olhar que a fraqueza, e as contempla
tes injustiças! Voto e concluo que o Congresso não ções jámais conservárão as províncias, que injusta
• [ 614 ]
mente se rebellão. Com espirito de rectidão, firmeza, digão he em aconselhar os outros a que não obede.
e justiça, póde conservar-se o Brazil, com espirito de ção. Não approvo por tanto o parecer da Commis.
condescendencia e fraqueza, deve perder-se. Allegá são, o qual se for approvado fará bem depressa co
rão os Senhores da Commissão além disto alguns ex nhecer quanto a brandura, e a contemplação são ca
emplos tanto da Inglaterra como da Hespanha que pazes de produzir acontecimentos desta natureza nas
perdêrão os seus estados ultramarinos adoptando me outras provincias. •
didas energicas, o que, se usassem de moderação tal O Sr. Franzini: — A Commissão não diz que se
vez não aconteceria. Em 1.° lugar ambas estas na capitule com os rebeldes; o que diz a Commissão he
ções usárão de meias medidas, e estas fóra de tempo: que se espere mais alguns dias para depois obrar com
e assim mesmo a estas meias medidas d'energia de prudencia. Por isso aquelles que votarem com o pare
vem o conservar ainda uma parte das suas possessões cer da Commissão certamente não são fracos, nem
americanas. Depois disto desejava eu que os illustres querem transigir com os rebeldes, antes querem espe
membros me apontassem uma nação no mundo que rar pela occasião de lhes dar um castigo muito exem
tendo-se-lhe rebelado uma provincia a recuperasse plar.
com boas razões. Eis-aqui o caso em que estamos: O Sr. Peixoto: — Eu dava a materia por discuti
Os membros da junta de S. Paulo são rebeldes: se se da; porque depois que o honrado membro, o Sr. Tri
adopta o parecer da Commissão perde o Congresso goso, sustentou o parecer da Commissão, nada tinha
a sua dignidade, e perde as provincias ultramarinas; que acrescentar; mas como um dos illustres Preop
porque vai insinuar indirectamente a todas as juntas nantes fez escrupulo de não pronunciar a sua opinião,
de facciosos que usurpem a soberania, porque, dirão tambem pronunciarei a minha.
elles: As Cortes não fazem grande caso da desobe A Commissão pede o espaço necessario para rati
diencia, como praticárão com a Junta de S. Paulo, ficar por meio de noticias exactas as suas idéas; por
Me portanto mais conveniente ficarmos independentes que por ora, ignorando os sentimentos das provincias
de Portugal do que obedecer-lhe. O Congresso man meridionaes do Brazil, não póde avaliar a imputação,
dou que a Commissão désse o seu parecer sobre este que á junta governativa de S. Paulo ha de fazer-se,
papel, e não sobre os futuros successos, que a Com e dar com o acerto que no caso cumpre um parecer
missão aguarda, e que as Cortes lhe não recommen definitivo. Os Srs. que impugnão esta justa preten
dárão. Eu, se fosse membro da Commissão diria: ção da Commissão fazem uma separação metafísica
JEste papel he subversivo, e carece de promptas, e entre os sentimentos dos povos de S. Paulo, e as ex
energicas providencias ; e todas as vezes que appare pressões dos seus governadores: suppondo que ainda
cer um papel similhante será o meu parecer que se que os sentimentos dos povos fossem na substancia das
proceda com energia contra os que o assignárão. Sei queixas os mesmos que a junta manifestou, com tudo
que não se segue este meu parecer, e como particu os povos reprovarião a insolencia dos termos da jun
lar chego a desejar que se não siga; porque só assim ta, se elles lhes fossem presentes: querem pois que aos
se poderá bem conhecer o desacerto da opinião con povos se conceda o que for justo, e se castiguem os
traria; porém como legislador nunca poderei opinar doze governadores. Confesso que a minha credulidade
de outra maneira, nem sustentar outra doutrina: com não chega a tanto, que me persuada, que os povos
moderados sou moderado, com insolentes, e desarra de S. Panlo não levem a mal o procedimento contra
zoados, energico, e inexoravel. Estes são principios os seus representantes por uma culpa, de que os mes
de justiça universal, adoptados por todas as nações, mos povos tiravão o proveito. O parecer da Commis
e por todos os homens, que pertendem conservar a são sobre os negocios do Brazil vai-lhes mostrar a at
sua dignidade, e os seus direitos. Condescender com tenção que as suas queixas merecêrão: vai-lhes mos
a rebelião, he fomentar a rebelião. O facto que te trar que os esforços dos seus representantes aproveitá
mos á vista produz efectivamente a separação de fa rão: e em taes circunstancias poderemos esperar que
cto de uma provincia, e de que nos serve neste caso esses povos se ponhão pela parte de quem os aggra
a união de direito? A separação de facto existe logo vou, e contra aquelles que lhes conseguírão o desag
que a junta de S. Paulo não quer obedecer aos decre gravo! Eu reconheço que houve indecencia, e exor
tos das Cortes. He muito melhor não legislar para bitancia nas expressões; fora disso não lhes posso le
uma provincia que recusa formalmente obedecer, e var a mal quaesquer reclamações que fação. Nós não
separa-la da monarquia portugueza, uma vez que se não estamos com um governo sanccionado pelo tempo, e
póde, ou que se não quer empregar á força, do que pelo uniforme consenso de toda a monarquia; esta
consenti-la unida de direito para infestar, e corrom mos fazendo o inventario da familia portugueza, para
er as outras, e desobediente de facto. A junta de S. arranjar de novo a casa; e não he muito que em tal
# tem só uma cousa boa, que he a sinceridade estado cada um pugne por seus direitos; nem o go
com que expõe a sua opinião; mostra claramente que verno de S. Paulo póde por tal motivo ser arguido
he rebelde; e portanto eu voto claramente contra re de rebelde, e só o modo se lhe póde estranhar. Em
beldes, e que se lhes forme causa, como votei ontem. mui diferentes circunstancias os Americanos Inglezes
Quero até conceder que este meu voto não fosse pra resistirão em 1765 ao direito de selo, que as carnaras
ticavel, mas a dignidade do Congresso fica salva, e de Inglaterra lhes impuzerão: e em 1766 tratando-se
entretanto não se condescende com rebeldes, que do de os forçar a acceitalo, Pitt em pleno parlamento
facto estão separados da communidade portugueza. não duvidou dizer: lisonjeaeme a resistencia dos Anne
Elles não promettem jámais obedecer, em que se afa ricanos: tres milhões de homens que, por indiferentes
{
[ 615 |
a todo o sentimento de liberdade, se submettessem de mercio do Japão, mas como o conservava? Com as
bom grado á escravidão, serião excellentes instrumen sás ignominia. Meu voto he pois que se decrete que
tes para escravisar, os restantes. Se os povos de S. a junta de S. Paulo deve ser processada.
Paulo estão por illudidos desconfiados de nós, não O Sr. Borges de Barros: — Não sofro tão es
he procedendo contra a sua junta goveruativa que ha tranha paridade. As relações entre Portugal e Brazil
vemos de reconcilialos: se o tentarmos augmentare não assemelhão ás que se acabão de dizer: as nossas
nos a desconfiança; e a junta poderá, julgando-se relações não são as do baixo interesse pecuniario, são
nisso interessada, aproveitar essa mesma opportunida mais nobres os nossos vinculos. Os Hollandezes ião
de para tornalos, irreconciliaveis; poderá dizer-lhes ao Japão buscar dinheiro, nós não o vimos buscar a
que as Cortes de Portugal vendo mallogrados os sinis Portugal, e nem ha baixezas entre irmãos; assim re
tros intuitos com que pertendião subjugar as provin Pito que taes idéas não devem progredir.
cias do Brazil, intentão vingar nos orgãos das mes O Sr. Pinto da França: — Nem as quinas por
mas provincias a sua supposta injuria: poderá dizer tuguezas tem nada que ver com o exemplo que apre
lhes que o crime que lhes imputão he a energia com senta o illustre Preopinante. Eu abraçado com elas
que manifestárão as reclamações dos povos, cujos di desafio a todos os que ousarem attentar contra a sua
reitos lhes cumpria defender; e que se os mesmos po gloria.
vos não continuassen a fazer com elles causa com
Declarada a materia sufficientemente discutida,
mum não terião ao futuro quem a todo o risco pro Prºpoz o Sr. Presidente o parecer da Commissão á
movesse os seus interesses, e sustentasse a sua digni Votação nominal, por determinação do Congresso, e
dade. Por estas e outras similhantes instigações (não foi approvado por 92 votos contra 22.
o duvidemos) os povos de S. Paulo correri㺠ao apoio Votárão a favor do parecer os Srs. Sarmento,
la sua junta, e seria necersario desde logo dispor con Gomes Ferrão, Povoas, André da Ponte, Camel
ra os povos os mesmos actos que contra a junta se lo Fortes, Ferreira de Sousa, Osorio Cabral, An
lispozessem. Saiba-se pois quanto for possivel O glIll tonio Pereira, Pinheiro de Azevedo, Arcebispo
da
no dos povos; e se por iludidos nos não estiver, fa Bahia, Barão de Mollelos, Pereira do Carmo,
voravel, convém que seguindo os passos da pruden Bispo de Béja, Bispo de Castello Branco, Rodri
ia procuremos, antes de outra cousa, desenganalos, gues de Macedo, Gouveia Durão, Ledo, Barata,
mudar-lhe a opinião: por isso com muita razão a Feijó, Borges de Barros, Malaquias, Lyra, Agos
Commissão pede espaço para fixar melhor as idéas e tinho Gomes; Assis Barbosa, João Moniz, Araujo
lar o seu parecer definitivo sobre um ponto em que Pimentel, Martins Ramos, Trigoso, Moniz Tava
lualquer precipitação poderia ter consequencias mui res, Van Seller, Villela, Calheiros, Monteiro da
atacs. -
Resoluções E ORDENS DAs CoRTEs. voltante, convenhº; más não se segue daqui que º
sejão esses que escrevêrão O papel. Sou pôr estas ra
- , Para Candido José Xavier. » zões contra lançar-see esse voto. , … " -,
O Sr. Fránsini: — Eu fui o primeiro que me ºp.
Illustríssimo e Excelentissimo Senhor. — As Cor puz, a que se lançasséna acta este voto, quando nº
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza antecedente sessão o apresentou o Sr. Xavier Mou
mandão remetter ao Governo, a fim de ser competen teiro, e me ºf puz # nas me mas razões. Pare:
temente verificado. o incluso oferecimento, que Cy: ce que a declaração de voto deve sempre referir… é
priano Justino da Costa dirigiu ao soberano Congresso . questão que se tratou, e discutiu, e não a outrº:
a beneficio do Estado, de todos os emolumentos ven porém o que eu vejo expressado nessa declaraç㺠dº
cidos pela prontificação de transportes no lugar de volo, não he expressamente a questão que se suscito
juiz de fóra de Monte Mór 9 novo, que serviu por mais neste dia; neste dia, não se tratava senão de sabºr,
de sete annos. O que V. Exc." levará ao conhecimen se se devia ou não fazer a espera que pedia a Cº
to, de Sua Magestade. *** - - * • missão, e não da materia que contem esse voto. Por
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 23 tanto propónho, que se não faça assento desse vºtº
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. contrario, por quanto ele não he conforme com º
. 2 ·." * * - ……… • •
- Deus guarde a V. S.". Paço das Cortes em 23 erào de voto se esperasse, disserão = sim = e os dº
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras. erão de voto contrario, isto he, que não se esperasse,
* * - ! * * ** votárão, dizendo = não. = Eis aqui como foi º "
Redactor — Galvão. tação, a qual consta da acta, pela explicaç㺠dº
tem daqueles que forão d'um, e outro voto. Aº
disto se he prohibido dar o voto motivado, mais Prº
hibido he dar o voto da razão do voto.
O Sr. Soares Franco: — Nós não nos oppozemº
SESSÃO DE 26 DE MARÇo. só ao parecer da Commissão; mas dissemos tam"
que eramos d'opinião se formasse causa aos que "º
Iào essa representação, e sobre este objecto he Gº
A
4. M. BERTA, a Sessão,
. . * * · a P………… do Sr. Fa
sob ** *- + |-
missão em que eu estou : sobre isto, he que versou O Sr. Borges Carneiro: — Ouço falar que isto
a discussão, e em que recahiu a votação, nesta in he um despotismo! Não se póde falar mais desarazoa
telligencia votei eu, quando disse sim, isto he, votei damente. Que foi o que V. Exc." propoz para se vo
a favor do requerimento da Commissão. tar! Uma cousa he discutir, outra cousa votar. A
O Sr. Margiochi: — Na acta de 15 de Março proposta foi, se se approvava o parecer da Commis
vem o voto especial do Sr. Peixoto; e eu desejaria são ou não! isto he, se se concedia ou não a demo
que não houvessem D putados que tivessem privile ra que a Commissão pediu para dar seu parecer. Ven
gos. He tão especial o voto, como vou a demons ceu-se que se lhes concedia, e não houve mais votação
trar. Propoz a assembléa geral do banco que se re alguma. Como pois se quer agora declarar um voto
Vogasse o artigo 4 do Decreto das Cortes que mandava, que não existiu! E qne quer dizer declarar uma vo
que os subscritores pagassem tantos por cento de inte tação nominal! Na votação nominal nunca póde ha
resse até ao dia que fizessem efectiva a entrada: era o ver declaração de voto; pois pera se saber qual foi
parecer da Commissão que se revogasse este artigo: e o voto de cada um, he que se faz votação nominal
erão outros de parecer que era escusado haver decla Os que querião que a Commissão demorasse o seu
ração do Congresso, porque a assembléa do banco o parecer vatárão por sim, e os que querião que desse
podia fazer por si mesma. Poz-se a votos o parecer já o seu parecer votárão por não. Esta foi a unica
da Commissão, e foi approvado: e o Sr. Peixoto era votação que houve, o como foi nominal assaz está de
de parecer que não se tomasse em consideração o pa clarado na acta quem votou por sim e quem por não
recer; e assim se declarou na acta. Agora ha 22 De A questão não foi, se se devia formar ou não cul
Putados que votão contra um parecer definitivo a res pa; isso tocou-se na discussão incidentemente e não
Feito de um parecer nullo que a Commissão deu, cu foi objecto de votação: e como se havia de votarso
Jº parecer definitivo foi discutido neste Congresso, e bre uma cousa que não se propoz á votação! Por
não se quer mencionar na acta a declaração daquelles consequencia não he exacto o que disse o Sr. Fer
que votárão por este modo! Eu não insisto sobre isto, nandes Thomaz, de terem votado que se lhe formas
Porque vejo se não póde vencer, pois julgo que o se culpa. Tambem sou dessa opinião; mas como so
mesmo espirito que animou a Assembléa para que não bre isso não se votou, não tenho ahi nada que decla
Permittisse que fosse lido um docmmento, cuja leitu rar. Sustento isto por não se abrir máo exemplo: de
ra requerêrão varios Deputados para sua instrucção, resto he cousa de bem pouca monta.
he o mesmo espirito que hoje embaraça, sem duvida, O Sr. Villela: — O que disse o Sr. Borges Car
que esta declaração vá á acta. Conseguintemente ce neiro he mui exacto; mas em fim se os Srs. Deputa
dº, porque não perdemos tanto hoje, não se permit dos pugnão porque se faça esta declaração, embora se
tindo que vá o nosso voto á acta, como perdemos, faça. Eu dou a isso tão pouca importancia, que re
não se permittindo a leitura daquelle documento, queiro que se ponha a par, que por hora sou de voto
Pois que então perdemos o direito que qualquer De contrario, oqual he este (leu): pois não ha motivo
Putado tem de ser instruido com a leitura de um do algum para que eles dem explicação do seu voto, e
cumento que elle pede. CUl I18 O.
O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu não assignei O Sr. Castello Branco: — O que se pede não he
essa declaração de voto, e por isso não insisto em uma explicação de voto, mas …………
lll
da ma-,
[ 618 ]
teria que se poz a votos: esta devia-se ter dado, e quem fez com que a materia se não expozesse com
como se não deu, he esse o motivo porque os Senho toda a clareza possivel. Voto pois, que se lance na
res Deputados a pedem; isto he, para que o publico acta esse voto, por ser coherente com a discussãº
saiba , qual foi a sua votação, e mesmo porque que teve lugar; e como cxplicação da materia.
o publico ouve falar em Commissão, mas não sabe O Sr. Araujo Lima: — Disse o honrado mem.
verdadeiramente qual he o objecto, o que a Commis bro que esta declaração que se pretende fazer he da
são pediu, e o porque o pediu. Não sei porque fata materia, e não do voto: quando não he assim. Co
lidade se tem querido encubrir com um véo de mys mo he pois que o honrado membro quer debaixo de
terio, tudo o que pertence á junta de S. Paulo! Po uma mesma declaração, confundir duas materias que
deria julgar-se, que este proceder mysterioso se diri são objecto de duas votações! Em segundo lugar esta
gia a salvar a junta de S. Paulo.... (A Assembléa declaração só teria lugar fazer-se quando a votação
exclamou, ordem, ordem, ordem. O Sr. Fernandes não tivesse sido nominal, ou (como se costuma dizer)
Thomaz interrompeu o orador, dizendo: Sr. Presi pôr em pé ou sentado: mas nesta votação que foi fei.
dente, que injustiça! Não se chama á ordem a junta ta nominalmente, e que cada um illustre Deputado
de S. Paulo, por ter insultado tão atrozmente o Con votou por sim ou por não; depois disso estas declara
gresso, e chama-se á ordem um Deputado por usar ções só se devem fazer sobre aquillo que foi objectº
do direito que lhe compete de manifestar a sua opi da votação: ora pergunto, qnal foi a materia da vº:
nião, sem ofender as leis do Congresso! He o que tação! O que he que se poz a votos! Ha de respon
faltava agora, se vindo um Deputado com procura der-me o honrado, membro, que foi o parecer da Comº
ção da nação, para dizer a favor della livremente os missão. Ora agora pergunto: o parecer da Commie
seus sentimentos, não se podesse manifestar com toda são continha a materia sobre o que o honrado mem
a tranqueza, toda a vez que não ataque as leis do bro pretende que se faça a declaração! Em consequeñº |
Congresso. Em quanto a mim, já tenho dito varias cia não julgo admissivel esta declaração, e mesmº já
vezes, e agora o repito, que hei de falar segundo me porque ella se torna bem clara pela sua mesma ex
dictar a minha consciencia: eu não vim aqui para fa pressão, a qval consta da mesma acta. Finalmentº
lar á vontade dos outros. Por consequencia o mesmo ouvi ao honrado membro falar em veo mysteriosº.
que digo de mim applico ao illustre Deputado que Mysterios! Saiba o honrado membro que não ha aqui
estava falando, o qual foi muito mal chamado á or quem obre mysteriosamente. As intenções dos Srs,
dem. O Sr. Castello Branco procurou se podia con Deputados que votárão pelo parecer são tão purº
tinuar a falar! Muitos Srs. Deputados disserão fale, como as do honrado membro que votou contra. Aº
fale. O orador continuou..) Por consequencia conti não se pretende encobrir rebeldes; e esteja certº º
nuo dizendo. Ousará lembrar a alguem (e desgraça honrado membro que todos obrão de mui boa º
dos de nós se lembrasse) que seja injusto fazer a devi e que a ninguem helicito pôr em duvida. (AP"
da imputação a este indigno, e sedioso papel da do). • •
junta de S. Paulo! Creio que a ninguem póde vir ao O Sr. Freire: — Esta questão vai sendo mº"
pensamento isto; e que o Congresso de uma nação desagradavel. (Apoiado). Por isso eu mandeibº
livre, vá justificar um papel insidioso, que tende a acta para examinar se esse voto, que diz o Sr. Mar
pelos meios mais iniquos a trazer outra vez o despo giochi se lançou na acta de 15 de Março, foi bem º
tismo de que a nação pertende quebrar os ferros. Por mal lançado, e nos termos que lembra o hºn"
consequencia eu não entro em duvida de que esse pa membro, porém eu me persuado que sim. Vºu º
Pel deve ser qualificado de insidioso, e seus autores tanto ler a acta e combinala com os voto" (em "
considerados como taes: o que unicamente podia en voto do Sr. Peixoto, e finda a leitura, disse:) O S |
trar em duvida era, se este procedimento o devia ha Deputado Xavier Monteiro votou, mas subst"
ver já, ou daqui a mais tempo; que he verdadeira um arbitrio; he o mesmo que o Sr. Peixoto dº *
mente o mesmo sentido do parecer da Commissão: e seu voto, e assim se lançou. (Continuou a ler aº
esta explicação vem a ser uma cousa igual. Podia-se Pareceexiste
bitrio que bastava
tambemtambem até aqui,
neste. Por mas (ku)º"
consequencia Dºº lº
ter dito muito bem, que se propunha á Assembléa
uma de duas, ou o parecer da Commissão, ou se se duvida nenhuma que he inteiramente identico cº""
devia já castigar a junta de S. Paulo; a materia de voto do Sr. Xavier Monteiro, e outros. Eu lº"
via ser proposta assim. Qual he a razão porque nesta fui daquella mesma opinião, e a razão de n㺠**
Assembléa as sessões são publicas! He para que a gnar aquelle voto he porque eu o queria alguma º"
nação veja o objecto de que se trata, e as opiniões sa mais restricto, e daqui se vê que ainda que º
que se produzem em favor ou contra: e poderá isto sou interessado acho justo que se lance o votº.
acontecer quando se quer encubrir a materia que se
que Ohouverão
Sr. Killela:
essas — Pergunto forão
declarações se essas votações."
nominaes! Não.
trata. Foi por essa razão que muitos Deputados pedí
rão a leitura desse papel da junta de S. Paulo, para Logo ha muita diferença do caso em questão "º"
se instruirem bem no seu conteudo ; e não são só os tros Casos.
Deputados, mas tambem os expectadores, e toda a - O Sr. Pinto de França: — Ouvi aqui falar"
nação, tem direito a ser instruida em tudo o que se tra a Commissão, cumpre-me defendela, apes" …
trata neste Congresso. Qual foi pois o motivo porque ella não precisa da minha sustentação. Disse ""
se julgºu, que não se devia ler esse papel! En o não lustre Preopinante que a Commissão tinha dº …
possº descubrir; e por isso digo, que esse espirito foi parecer nullo. Não posso deixar passar uma similhaº
[ 619 ]
te preposição. Sinto contradizer este honrado membro, O Sr. Franzini: – Eu desejo saber se hoje he
mas faço-o pela verdade. A Commissão não deu pa dia para pareceres de Commissões, ou para se faze
recer; a Commissão pediu um espaçamento, uma gra rem declarações de votos! Parece-me pois que este
ça a este soberano Congresso. Fala-se mais, e diz-se, negocio não merece uma discussão tão grande, ao
que se quer proteger rebeldes! Sou obrigado a decla mesmo tempo que estão muitos cidadãos esperando
rar, e até affirmo, que nem um só membro deste au pela decisão dos seus requerimentos.
gusto Congresso tem a idea de querer proteger rebel O Sr. Freirc: — Eu respondo ao illustre Mem
des; nem tal idéa se deve formar dos membros de bro que todos os dias são dias para se fazerem decla
um Congresso, escolhido pela nação que o tem for ções na acta.
mado; e o qual sempre lança as suas vistas para o O Sr. Deputado Secretario Felgueiras deu conta
bem da Nação. da correspondencia e expediente seguinte.
O Sr. Peixoto: — Em addicção ao ponderado por De um oficio do Ministro dos negocios do Reino,
um illustre Deputado, lerei o paragrafo 18 do capi remettendo a conta da commissão do commercio da
tule 9 do regimento das Cortes: diz elle . . . . . Na villa e praça de Almeida, que foi remettido á Com
discussão não deve jámais consentir-se que se faça al missão do commercio.
lusão a motivos máos. Agora julgará o Congresso se De outro do mesmo Ministro, remettendo o re
o Sr. Castello Branco, pela maneira em que se ex querimento do provedor e mezarios da santa casa da
primiu estava sujeito á disposição deste artigo. (As misericordia da cidade de Angra: determinou-se que
sembléa, votos, votos). se remettesse ao Governo.
O Sr. Presidente: — Pergunto se está suficiente De outro do Ministro dos negocios da justiça, re
mente discutido! mettendo a relação das igrejas paroquiaes e capellas
Venceu-se que sim. publicas, enviada pelo collegio patriarcal da santa
O Sr. Prcsidente: — Proponho se se approva que igreja de Lisboa : determinou-se que fosse para a
se faça esta declaração! Commissão ecclesiastica de reforma.
O Sr. Freire: — Eu sou de voto que se lhe tire a De outro do mesmo Ministro, com a conta do
palavra rebeldes. chanceller servindo de regedor da casa da supplicação,
O Sr. Castello Branco: — Eu não assignei outro sobre a commutação dos degredos, que foi mandado
dia esse voto; porém hoje o assigno, e me parece para a Commissão de justiça criminal com urgencia.
ainda ser tempo para o fazer. Convenho tambem De outro do Ministro dos negocios da fazenda,
com o Sr. Freire em que se lhe tire a palavra rebeldes. remettendo dois mappas dos encabeçamentos das sizas
Tendo convido os outros Srs. Deputados que o ti das comarcas
mandou de *# Real,
á Commissão e Villa Viçosa, que se
de fazenda. •
Macedo, Camello Fortes, Santos Pereira, Anionio Não se conferiu a oficial de fazenda, porque não
Pereira, Ferreira da Silva, Araujo Lima, Arria se lhe suppondo aquelles conhecimentos, nenhum o
ga, Isidoro José dos Santos, Luiz Bispo de Béja, requereu, sendo essa qualidade mais propria do escri
-Marcos Antonio de Sousa, Martins do Couto. vão da receita, e despeza, a quem compete a com
Mandou-se lançar na acta. ptabilidade. Não foi como ……iiimedico
2
que Seixas.
[ 620 ]
obteve o provimento, sim como ajudante do inspector Senhor. — Acabão de se nos apresentar tres de
do laboratorio chimico, e docimastico, que ha perto cretos do Principe Real o Serenissimo Senhor D. Pe
de vinte annos tinha esse cargo, que já estava de den dro, dois de 30 de Julho, e um de 24 de Setembro,
tro da casa com theoria e pratica, que gozava da o primeiro mandando dar posse ao doutor João de
presumpção de melhor desempenhar as suas funcções, Campos Navarro de Andrade, do officio de sellador
que qualquer outro que fosse de fóra sem aquellas in da alfandega desta villa, não obstante não poder des
dicações, e nenhuma experiencia. Estes forão os mo de logo apresentar a carta de nomeação, que do dito
tivos legitimos que lhe derão a preferencia. oficio nelle fizera ElRei o Sr. D. João VI: o segun
Os empregos que elle tinha era esse de ajudante do permittindo ao sobredito Navarro o poder nomear
do inspector do laboratorio, mas que lhe foi tirado serventuario; e o terceiro facultando-lhe a liberdade
pelo mesmo decreto que o promoveu ao lugar de pro de contratar com o mesmo serventuario pela maneira
vedor. Era Membro tambem do tribunal da liberda que mais lhe agradasse. O nosso respeito, amor, e
de da imprensa com seiscentos mil réis annuaes, mas obediencia a tão respeitavel nome, e pessoa, exigia
além de que este Ministerio he temporario, e só dura de nós o seu immediato, cumpra-se; vendo porém,
vel uma legislatura, esse mesmo ordenado lhe cessa, que um oficio de dezoito a vinte mil cruzados an
percebendo outro do novo emprego que o inhibe da nuaes para sustentar o fausto, e orgulho de um par
quelle em conformidade do decreto de 4 de Julho de ticular, quando a Nação toda geme na pobreza, e
1821. miseria, só poderia ser conseguido por surpreza feita
Os motivos que fizerão indispensavel o provimen á innata justiça do nosso amado Rei o Senhor D.
to deste lugar forão, que uma repartição de tanta João VI, e que o mesmo Sr. folgaria de achar su
monta não podia ficar sem chefe que dirigisse e zelas bditos que lhe representassem com a franqueza de ver
se os seus trabalhos, sobre os mais de incompativel dadeiros filhos, tudo quanto se oppozesse á justiça
responsabilidade que representou o escrivão em seu distribuitiva do seu paternal coração, tomamos a re
officio jnnto, instando com a nccessidade da nomea solução de espaçar o cnmpra-se, entretanto que V.
ção. Magestade com conhecimento de causa melhor não
Aproveito a opportunidade da occasião para obser resolvesse. Além dos caracteres de ob, e sub-repção
var, que tendo o decreto de 12 de Novembro de que nos parecêrão acompanhar aquella nomeação, e
1801 estabelecido na casa da moeda a fundação de decretos apontados, animano-nos ainda mais para o
um curso docimastico, para o que se exigia um la diferir inteiramente o seu cumpra-se a consideração,
boratorio chimico, que nunca chegou a ter pleno de que o nomeado nada perdia com essa pequena mo.
exercicio, este estabelecimento foi depois transferido ra, por isso que podendo ser indemnizado pela fazen:
e incorporado na Universidade de Coimbra, pelo de da nacional, debaixo de cnja administração se acha.
creto de 11 de Maio de 1804, que tambem não va o dito oficio de todos os seus rendimentos.
tem progredido, parecendo-me conveniente consultar V. Magestade por tanto nos mandará o que fôr
o soberano Congresso ácerca de dever, ou não con servido, contando que a nossa obediencia sempre ei
tinuar corno até aqui, o que produz ao Thesouro a tará a par do nosso dever. ** **
despeza do ordenado de ajudante Sciras, diminuindo Deus guarde a V. Magestade, como ha mister á
agora com a promoção ao cargo de provedor da ca Nação, e aos povos desta provincia, cujo enthusias
sa da moeda, e as despezas meudas que são pagas mo pela sagrada causa da Constituição podemos
ela mesma casa. afiançar. Palacio da Junta provisoria do Governo de
-
. . De outro oficio da mesma Junta, que he o se Continuou o Sr. Deputadº Scerethrio Felgueira"
guinte: … . * * - - - - - * ** com o expediente, e correspondencia, e apresentº"
[ 621 | |-
mais o seguinte: um officio da junta do governo de Commissão de instrucção publica. E o Sr. Deputado
Pernambuco em data de 31 de Dezembro, dando con Trigoso deu conta, como relator da mesma Commis
ta da representação, que lhe fôra dirigida, contra são, dos pareceres seguintes: |-
quatro individuos por inconstitucionaes, e sobre alguns Jeronimo José de Mello, bacharel formado em
o=utros objectos, e providencias, que havia dado. Foi medicina, pretendeu ha pouco fazer exame privado na
mandado remetter á Commissão de Constituição. quella faculdade, para esse fim veio de Castello de Vide,
Uma representação da camara da cidade de Olin onde está estabelecido para Coimbra, mas a falta
da datada de 23 de Janeiro, pedindo providencias pa de lentes, e a repentina escusa de um dos que exis
ra a pronta instaliação da relação creada para aquella tem, fez com que se não podesse efectuar o exame.
provincia. Remetteu-se á Commissão de Constituição. Pede o supplicante que para remediar aquella falta,
Outra representação da mesma camera de Olinda e para desvanecer os receios que ele tem contra al
em data de 30 de Janeiro, pedindo regresso do regi guns dos lentes actuaes, lhe seja permittido fazer o
mento de linha, que se acha na villa do Recife. De acto publicamente entrando como arguentes os oppo
terminou-se que se remettesse ao Governo. sinores que forem necessarios para supprir os lugares
Uma representação da junta provisoria do gover vagos. \ -
no da Paraiba datada em 3 de Janeiro, dando conta A Commissão de instrucção publicá parece não
dos motivos, porque remette preso o cabo de esqua ser possivel fazer-se publicamente um exame que de
dra João Alves Massa, com o processo verbal, que sua natureza he privado, e não ser conforme com as
se lhe fez, e mais
Determinou-se que documentos
se remettesserelativos a este objecto.
ao Governo. leis e costumes academicos que em taes exames argu
•
Um officio da camara da villa do Sobral na pro Sala das Cortes 10 de Fevereiro de 1822. – Fran
vincia do Siará Grande, enviando as suas felici cisco Manoel Trigoso d'Aragão Morato ; João Vi
tações ás Cortes, e expondo os seus sentimentos, e de cente Pimentel Maldonado ; Francisco Moniz Tava
todos os povos daquella villa, e seu territorio, de ale res; Antonio Pinheiro d'Azevedo e Silva ; Joaquim
gria, e satisfação pelos acontecimentos felizes desde o Pereira.Annes de Carvalho ; Ignacio da Costa Bran
dia 24 de Agosto. Mandou-se fazer menção honrosa. dão. -
i {
Uma representação do commandante da praça da Foi approvado.
villa da Praia de S. Tiago de Cabo Verde Manoel A Commissão de instrucção pubfica examinou o
Alexandre de Medina e Vasconcellos, enviando suas oficio, que em data de 9 de Fevereiro dirigiu ás Cor
felicitações ás Cortes, e protestando a mais firme adhe tes o secretario d'Estado dos negocios do Reino, etn
são
do. ao systema constitucional. Foi ouvida com agra
• - ** ** * * * * * - * •
execução da ordem de 7 do mesmo mez, sobre a dis
pensa de lapso do tempo concedido a D. João Manoel
Uma conta da Commissão do commercio da villa de Vilhena e Saldanha, e D. Sancho Manoel de
da Ponte da Barca na comarca de Viana do Minho, Saldanha, a fim de se matricularem nas aulas da Uni
versidade. • • } * * *
expondo
remetter áo Commissão
resultado dedeseus trabalhos. Foi mandada
comtnercio. •
O Sr. Deputado Secretário Freire fez a chama nada, conchie que os não admittira á matricula, por
da, e se achou faltarem os seguintes Srs. Deputados: lhe obstar o respeito da lei academica, e o justo re
os Srs. Pimentel, Canavarro, Ribeiro da Costa, Se ceio de dar um exemplo, que outros muitos estudan
pulveda, Xavier Monteiro, Leite Lobo, Baeta, Phi tes não deixarião de aproveitar para pretextarem pre
to de Magalhães, Faria Lino Cottinho, Freire de tensões similhantes; Que o secretario de Estado á
Almeida, Mour Coutinho, Ribeiro Saraiva, Re: vista desta informação, expedíra ao Reformador Rei
##5, Ribeiro Telles, Martins. Presentes 123 | tor uma portaria em data de 17 de Dezembro na qual
* Ordem do dia. Deu o Sr. Presidente a palavra á em attenção aos justificados motivos que se havião
[ 622 ]
,"
alegado por parte dos supplicantes, e serem só dois tro que não torne a conceder dispensas, porque facil.
dias que havião excedido, e no parecer interposto na mente se abusa, e não se deve entrar nas attribuições
dita informação, se dispensa no lapso do tempo, e das Cortes. (Apoiado, apoiado.) -
se declara que não sirva esta graça de pretexto a ou O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu sou de parecer,
tros, que não estejao nas identicas circunstancias: e que he melhor estabelecer como regra geral, que um
que finalmente esta dispensa fora concedida tendo-se Ministro não conceda licença alguma, e que quantas
resente o disposto na ordem das Cortes de 12 de dispensas de lei houver, venhão aqui ao Congresso,
#º que authoriza o Governo para conceder cer pois ao contrario estão os Ministros sujeitos a que se
tas dispensas ali mencionadas, e outras da mesma na criminem aqui a toda a hora de não obrarem bem.
tureza; mas sómente na fórma, e nas circunstancias, O Sr. Pinheiro de Azevedo: — Sr. Presidente. Eu
em que era do estilo concederem-se. não assignei o parecer da Commissão porque o meu
Parece á Commissão que se diga ao Ministro, era totalmente outro, não só em parte: por isso jul
que elle excedeu visivelmente os poderes que pela lei go de obrigação expor brevemente as razões. O pare
lhe forão confiados, º que obrou contra direito dis cer da Commissão tem duas partes: na 1.° se diz,
pensando no nome d'ElRei uma lei academica, pois que o Ministro excedeu o poder e faculdades que lhe
nem o excesso de dois dias, nem a molestia fora da deu o soberano Congresso , com outras observações
cidade de Coimbra, nem o parecer do Reformador Rei que se acabão de ouvir; porém eu digo que não. O
tor (que com tudo não foi explicito) podia servir de Ministro, mezes ha, mandou ao Cengresso uma meia
justo fundamento áquella graça, ou fazer que esta não duzia ou mais de requerimentos, em que se pedião
fosse uma verdadeira dispensa de lei, que só compe varias dispensações de lapso de tempo, formalidades de
te ao poder legislativo. Tambem não se podia julgar posses, exames, etc., etc. O Congresso sem nenhum
applicavel a este caso a ordem das Cortes de 12 de reparo mandou logo expedir ordem, em que se dava
ezembro passado, alegada pelo Ministro, porque ao Governo faculdade de dispensar não só naquelles
commettendo ella ao Governo a dispensa de certos casos, mas em todos os outros da mesma natureza, em
actos ahi declarados, e de outros da mesma natureza, iguaes circunstancias, e que por estilo se tem dispensa
e que fosse de estilo dispensarem-se, não se póde es do e dispensão. Isto posto o caso de que se trata, não
tender a actos muito dessimilhantes, e qne só por ma só he da mesma natureza, e de iguaes circunstancias
nifesto abuso se tem dispensado frequentemente nestes acompanhado, senão que muito mais ajuda e favorece
ultimos tempos, com sensivel detrimento da univer o procedimento do Ministro; porque o dispensar lapso
sidade. do tempo longe em negocios civeis, exames de officiaes
Em quanto porém á matricula, julga a Commis etc., etc., parece a toda a boa razão negocio de maior
são, não só que ella he nulla (porque o que se faz momento, e importancia, do que o lapso de 48 ho
contra direito deve-se ter como não feito) mas que ras por causas justissimas, e justificadas de molestia,
não deve ser revalidada; pois que a opinião contra e acto de caridade louvavel e de necessidade soccor
ria pareceria um desvio do systema que a Commissão rendo um creado, que quebrou uma perna em lugar
tem adoptado de obstar quanto em si esta á relaxa ermo, e despovoado, o que lhes atrazou a jornada
ção das leis academicas, de cuja observancia muito um dia. Ajunta-se a informação do Reitor, e o não
depende o esplendor e até a consistencia da Univer perderem os estudantes um dia só de lições, e até as
sidade. De maneira que se o Congresso attendendo a sistirem á abertura das aulas. Em quanto ao estilo,
que o anno academico está em mais de meio, e a he sem duvida que taes lapsos de tempo sempre se
que a matricula relativamente aos ditos estudantes se dispensárão, sem que se possa apontar um só exem
póde considerar feita de boa fé, e com as solemnida plo em contrario, do que eu mesmo, que tenho ser
des externas da lei, houver por bem revalidala, se vido com todos os Prelados depois da reforma, posso
fique entendendo que isto he uma pura liberalidade dar testemunho; em tanta forma que no mesmo reito
do Congresso, que a Commissão nem supplica, nem rado do Principal Castro, austero, e rigido observa
previne. dor da lei, se concedêrão muitas destas dispensas, e
Sala das Cortes 1.° de Março de 1822. – Fran logo no seu primeiro anno passou uma pela minha
cisco Manoel Trigoso d'Aragão Morato ; João Vi mão; nem de outra maneira podia succeder sem ma
cente Pimentel Maldonado ; Joaquim Pereira An nifesta iniquidade, por não dizer injustiça. Entretan
nes de Carvalho ; Ignacio da Costa Brandão ; Fran to se o Congresso julgar que ElRei não deve ter esta
cisco Moniz Tavares. pequena autoridade, póde coarctar-lha, mas por or
O Sr. Guerreiro: — Eu sou de opinião que a ma dem clara e bem determinada. A 2.° parte do parecer
tricula se deve revalidar, até mesmo para, não fazer da Commissão consiste em dar por nula a matricula
perder ás partes interessadas o tempo, e despezas que dos estudantes, e em consequencia por perdido o an
fizerão, por uma cousa que elles não estavão ao facto no lectivo, que todavia está quasi no fim. Eu julgº
de saber, de outra maneira por um principio adoptado por to
O Sr. Borges Carneiro: — Parece-me que o lapso dos os legisladores e jurisconsultos de todos os tempos
do tempo que se dispensou a estes estudantes foi mui e escolas. Os estudantes fizerão sua matricula, e fre
pequeno. Estou persuadido que mui poucos dias per quentárão as aulas na melhor boa fé, com titulos tão
derão de frequencia das aulas, e póde dizer-se que na legitimos como a portaria do governo, despacho dº
da perderão da sua instrucção. Por tanto, sou de Reformador, e sem embaraço do secretario que tem de
voto, que se revalide a dispensa, e se diga ao Minis obrigação rever todos os papeis e documentos; de tal
[ 623 ]
sorte que o erro, se acaso o houvesse, se poderia di O mesmo Sr.: — Deve ler-se o parecer. E o Sr.
zer erro commum. Portanto julgo que ainda na sup Soares de Azevedo o leu.
posição de ser nulla a portaria, he com tudo valiosa O Sr. Borges Carneiro: — Contêm o parecer
a matricula pela mesma razão que são valiosos os pas duas questões: uma he se a presente dispensa se deve
saportes e certos despachos dados por falsos embaixa ou não revalidar! Segunda he, se o Governo fica au
dores e consules, os actos de falsos escrivães e magis torizado no futuro para conceder estas dispensas, ou
trados, o expediente de governos intrusos etc., etc. ellas sejão de dois dias, ou de dois mezes?
Este o meu parecer. O Sr. Freire: — O que se propõe á votação he
, O Sr. Camello Fortes: — Não posso deixar pas o parecer da Commissão tal qual está.
sar o principio de se dizer que taes dispenaes forão O Sr. Presidente poz a votos a primeira parte do
abusivas. No tempo em que eu frequeutei a Univer parecer: e não foi approvada.
sidade como estudante, passárão-se varias vezes estas O Sr. Soares de Azevedo leu a segunda parte do
dispensas, e ainda mesmo no tempo que regeu a Uni parecer da Commissão.
versidade o Principal Castro, elas se passárão, mas O Sr. Moura: — Eu não admittiria a palavra
apezar de ser estilo, o Governo tem abusado em as revalidada; porque acho a matricula valida.
passar. O Sr. Peixoto: — A matricula deve reputar-se
O Sr. Fernandes Thomaz: — Pergunto eu he is valida; porque o matriculado recorreu ao meio, que
to um abuso? He: o Congresso não o autorisou! Au constantemente se praticava; deferiu-se-lhe: na boa
torisou. Fação favor de me dizerem então que diffe fé frequentou, e em consequencia já não póde ser-lhe
rença ha para com este. O Congresso deve approvar prejudicial a disputa sobre a sufficiencia, ou insufici
º que fez o Ministro, para que para o futuro não encia da autoridade, de quem lhe concedeu a dispen
aconteça outro caso similhante. sa: até por ser regra; que o erro conmum não vicia
O Sr. Soares Franco: — O Governo está autori o acto anterior, em que entreveio. Por isso, ainda
Zado pelo Congresso para fazer isto. O Sr. Camello que agora se decida, que o Governo no futuro não
. Fortes disse muito bem, ha vinte e tantos annos era possa mais conceder taes dispensas, como parece de
requerer ao secretario de Estado, e estava servido; razão, com tudo essa decisão nada influe para o pas
sado.
depois passou a ser do Reitor Reformador, por tan •
tº isto já era quasi da tarifa, não se dispense nada O Sr. Soares de Azevedo: — Eu oponho-me a
absolutamente. Portanto
que não seja válida eu voto que não se diga,
a matricula. •
esta emenda, ou se deve conservar tudo, ou tirar tu
do. (Apoiado). Assento que se deve propor tão sómen
O Sr. Andrada: — O meu parecer he que se di te o parecer da Commissão na sua generalidade.
ga ao Ministro que não dê mais similhantes dispen O Sr. Peixoto: — A primeira parte já está de
ses. Esta já agora não ha remedio senão conceder-se. cidida; agora he, se excedeu ou não excedeu.
Ile certo, que ha grande diferença entre as dispen O Sr. Borges Carneiro: — Proponho, que se
sas, que se permitte ao Ministro conceder, e a que declare, se o Governo está autorizado para conceder
Concedeu; esta póde ser da maior consequencia e pe estas dispensas, e o fica para a futuro.
rigo, por poder destruir a ordem dos estudos, e influir O Sr. Presidente poz a votos a 2.° parte, e tam
com prejuizo sobre a instrucção publica, objecto de bem não foi approvada.
toda a importancia; mas nas circunstancias actuaes Q Sr. Borges Carneiro: — Peço a V. Exc."
visto a boa fé com que foi requerida, o direito adqui que ponha a votos a minha emenda.
rido, e a pequenhez da falta de frequencia, seria du O Sr. Castello Branco: — Tratou-se de um pa
missimo invalidar a graça já concedida. recer da Commissão, sobre um caso particular, esta
O Sr. Ferreira Borges: — Eu desejo vêr a ordem decidido que o ministro obrou de boa fé, e que não
, mellº)separa
que deu oaoautorizar
Ministro,a (que não estou
dar estas bem presente tem lugar ser reprehendido por isto. Agora propõe-se
dispensas, •
são de justiça civil, leu os seguintes » para que vm. occorra com as providencias,
º que á policia só tocão para prevenir del
P A R E c e R e s. … ctos, ficando o mais que se pede, segundo a
» lei, reservado ao poder judiciario»
A Commissão de justiça civil foi dirigida uma
petição, em que Maria Josefa de Lima diz, e prova Accrescenta o supplicante que tendo-se queixado
por documentos, que apresentou em 7 de Agosto de ao Intendente dos excessos praticados pelo corregedor,
1819 uma sentença alcançada na casa da supplica e mandando o Intendente por 5 diversas portarias,
ção contra o seu contendor Antouio Joaquim de Cam que se emendassem os ditos excessos, repondo-se tudo
pos: que em execução da mesma sentença se fizera no antigo estado, o corregedcr nenhuma cumpriu pa:
partilha, e por efeito desta recebêra o referido con ra dar tempo, a que a mulher do supplicante solici
tendor a quantia de 2:5993934; e que estando assim tasse outro embargo nos mesmos bens pelo correge
finda a partilha, conseguiu o contendor uma carta de dor do civel da cidade Oliveira, o qual com efeito º
reposição da mesma sentença na chancellaria, e que mandou fazer, como consta a fol. 12 contra a ord.
por ella fossem remettidos os autos com a menciona liv. 3." tit. 31 § 3." sem justificação dos requisitos
da sentença. necessarios, e sem preceder juramento como he do es
A Commissão sabe, que não he esta a unica vez, tilo observado em taes casos, e para igualmente dar
que, com o pretexto de estarem embargos na chan tempo, a que em virtude do requerimento da mulher
cellaria, se tem passado cartas de reposição das sen do supplieante se mandasse pela secretaria d'Estado
tenças, que em boa fé se estavão executando. A dos negocios de justiça a fol. 11 suspender a execu
Commissão considera esta pratica intoleravel, porque, ção das ditas portarias da Intendencia, com o funda
ou existissem os embargos na chancellaria quando a mento de que esta não dêviã ingerir-se no negocio já
sentença transitou, ou fossem ingeridos depois; em então afecto ao poder judiciario. " …
todo o caso houve orro, ou suborno do respectivo A Commissão persuade-se de que não devem pºs
empregado, que além da correcção criminal, deve sar sem rigoroso exame, º castigo taes abusos, se ple
responder pela indemnização dos prejuízos resultantes namente se provarem; e propõe se recommende ao
do erro, ou dolo: mas a parte, que com boa fé obte Governo, que faça efectiva a responsabilidade da
ve a sentença não deve ser victima desse dolo, ou er quelles dous corregedores. "-1"
ro, e estar indefinidamente na incerteza de se lhe cas Quanto porém a ser o supplicante, como perten
sar a mesma sentença e inutilizar a execução que es de, restituido á posse dos livros, papeis, e mais cou
tiver feita. A Commissão pensa que deve passar por sas apprehendidas, parece á Commissão, que não pºr
um exempo o facto que se allega, para ser punido o dendo subsistir já o embargo feito pelo corregedor dº
dolo se o tiver havido, recominendando-se assim ao crime com o pretexto da commissão dada pelo Inter
[ 625 ]
dente; porque este já o declarou excessivo, contrario pelas delongas do feito, em que he réo: e não póde
as suas ordens, por isso mesmo nullo, e subsistindo ser attendido por não verificar, que essa pena não fo
tão sómente o outro, mandado fazer pelo corregedor ra bem merecida.
do civel da cidade, de quem competem recursos para 183. João da Costa Maia; cirurgião do partido
a casa da supplicacão, não devia o supplicante recor do hospital de S. Marcos da cidade de Braga pede,
rer a este soberano Congresso, sem que estivessem ex que pelas sobras das sisas seja augmentado o seu
hauridos os ditos recursos, e sem que nestes mesmos ordenado com mais 703 réis annuaes, como foi o
se mostrasse injustiça. — Paço das Cortes em 4 de do seu antecessor : e parece não dever ser attendido,
Fevereiro de 1822. — Luiz Martins Basto; Antonio porque quando se encarregou do partido, sabia qual
era o seu vencimento. •
Honorio de Gouvêa Durão; Manoel de Serpa Ma 184. O beneficiado Nicolau Cabral de Rezende,
chado; Joaquim Antonio Vieira Belfort ; Pedro e Rodrigo José Seabra queixão-se de serem obriga
José Lopes de Almeida. dos a pagar 8.° de vinho, e jugada de pão ao re
Approvado. guengo comprado pela casa do Marquez de Alegrete,
A Commissão de justiça civil he de parecer, de e pedem se mandem suspender as execuções, que pa
que se devem indeferir os seguintes requerimentos: ra esse fim contra elles correm: parece que não pó
N.° 440. De D. Antonia Josefa de Castro, a de ter lugar tal pertenção, porque se nas execuções
qual se queixa de uma sentença proferida contra ella se excederem os termos legaes, ha os recursos ordinarios,
na casa da supplicação, e pede, que a Commissão e não se excedendo não ha razão para queixa.
avoque os autos, e decida sobre a justiça da suppli 191. O ministro dos negocios da fazenda remetteu
cante: não póde ter lugar similhante pertenção por um oficio do corregedor de Viseu, acompanhado de
não pertencerem a este Congresso as attribuições do uma representação de um dos escrivães da sua cor
poder judiciario. reição, o qual pede se lhe assista com o preciso pa
311. De Francisco de Paula de Araujo Soares, pel, tinta, e obreias para o expediente das ordens,
porque queixando-se das sentenças dadas contra elle das secretarias, e tribunaes: parece porém, que não
na execução , que lhe move seu entiado Joaquim póde ser attendido por ora, por depender o negocio
Alves Pereira, por tornas de legitima paterna, não de uma decisão geral.
pertence ás Cortes o deferir-lhe. 192. Os filhos e viuva de José Caetano Sergio de
153. Manoel José Machado, e outros, queixan Andrade pedem continue a administração judicial,
do-se de uma sentença contra elles na relação do com que estava a sua casa; obsta-lhes o decreto da
Porto, e pertendendo recorrer della para a casa da extincção de taes administrações.
supplicação apesar de não exceder a alçada: o que 194. O bacharel Manoel da Costa Ferreira prei
não póde ter lugar por ser contra a lei. tende advogar nos auditorios seculares, apesar de ser
156. De Diogo Dias de Ornellas e Vasconcellos, clerigo, sem recorrer ao Desembargo do Paço para a
porque he pelo poder judiciario, que elle deve pro dispensa: obsta-lhe a ord. liv. 1. tit. 48 $ 22, e liv
eurar ser indemnizado do chão, que pela camara do 3. tit. 28 $ 10, e por isso não póde ser deferido.
Funchal lhe foi tomado para praça publica, e ainda 195. Os povos do concelho de Segadães queixão
não recorreu áquelle poder. se do 4.", e exhorbitantes foros, que pagão, assim
159. De varios assignados, que pertendem, não como das inundações, que sofrem nos seus campos,
sejão admittidos os extrangeiros a criados nem a ou por estar muito areado o Rio Vouga; devem os sup
tros negocios sem pagarem certo tributo, por depen plicantes esperar pelas providencias geraes, que se tem
der essa pertenção de medidas, que são por agora in em vista a um e outro respeito,
tempestivas. 197. Antonio Mendes Morgado; e outros da co
163. Antonio Valerio queixa-se de uma execu marca de Coimbra, queixão-se tambem das excessivas
ção promovida contra elle por excessiva, não póde pensões que pagão, e devem esperar pelas ditas pro
porém ser attendido por não estarem esgotados todos videncias geraess
os recursos do poder judiciario. + 200. Mathias Gonçalves, e Filippe José, quei
168. Manoel Freire de Faria como testamentei xão-se de haverem sido mandados despejar as herda
ro dativo de D. Maria Theresa Rita de Proença des, de que erão rendeiros no termo de Coruche, obten
Perreira Souto pede se declare, se podem ainda ter do para esse fim o senhorio provisão do Desembargo
lugar as disposições, que fez lia 15 annos a dita do Paço para alegar que as queria fabricar, quando
testamenteira instituindo um vinculo , ou em lugar as tem querido dar de renda a outros; devem os sup
delle duas capellas em favor do ensino da mocidade, plicantes usar dos meios ordinarios, quando se veri
com dotes annuaes para orfãs: como porém não fique o que allegão. +
está suspensa a faculdade de vincular segundo as Paço das Cortes 13 de Dezembro de 1821. —
leis, não se faz precisa a pedida declaração: e he o Luiz Martins Basto ; Carlos Honorio de Gouvea
Desembargo do Paço a quem pertence examinar se Durão ; Manoel de Serpa Machado.
a testamenteira tinha as qualidades, que a lei exige Approvados. -
queixa-se do corregedor do civel da 2.° vara da casa O Sr. Martins Basto: — Posso assegurar a V.
do Porto pela pena de 303 réis que lhe impuzera Exc.", que se não lêm mais requerimentos, nunca
Kkkk
*>
[ 626 |
nos vemos livres delles, e eu então peço a demissão mas tambem dos costumes; e as leituras do Desembar.
desta Commissão. Hoje isto de Commissões he uma go do Paço be sobre literatura sómente; por conse
grande dependencia, e eu não sirvo para essa depen quencia nada se podia pôr em paralelo uma cousa
dencia. Na Commissão de justiça civil ha setecentos com a outra, sendo ellas diversas; e a Commissão
e tantos requerimentos, e se não derem licença para entendeu que a pertenção dos bachareis não podia ser
que a Commissão vá lendo, torno a dizer que sempre almittida neste ponto particular, de entrar em linha
estaremos mettidos nesta caterva delles. de conta as leituras do Desembargo do Paço, com as
O Sr. Castello Branco: — Uma vez concedido o informações da universidade; mas não terem a prefe
direito de petição, e não se querendo tornar illusorio rencia absoluta.) Continuou o Sr. Freire dizendo:
deveria ser concedido ás Commissões o poderem dei mesmo desta opinião he que eu sou; porque as leitu
xar a respeito de alguns requerimentos a ordem cro ras não devem fazer bem, nem mal aos bachareis,
nologica; preferindo aquelles que forem mais urgen Que culpa tem aquelles que não lerão, porque houve
tes, e que percisão de uma decisão mais breve. Sei um decreto de Cortes que abuliu as leituras, por as
que existe na Commissão de justiça civil um requeri julgar inuteis, para se verem agora preteridos por ou
mento de muitos bachareis que estão habilitados com tros, que tiverão uma habilitação, que elles estarião
a leitura do Desembargo do Paço, e que forão exclui promptos a alcançar, e que só o não fazem porque ela
dos desta ultima proposta do Conselho de Estado pa se lhes nega! He portanto perciso ir-se á origem, is
ra os lugares de magistratura, talvez porque o Conse to he ás formaturas, e attender-se unicamente ás in
ho de Estado entendesse mal a lei que abuliu as lei formações que se derão na universidade, e não ás lei
turas; portanto como isto pede uma providencia prom turas, que por tal motivo se devem julgar como não
pta, se a Commissão tiver este parecer prompto de existentes.
via apresçntalo. > O Sr. Peixoto: — Não me parece, que as leitu
O Sr. Martins Basto como relator da Commis ras devão abselutamente desprezar-se: ainda merece
são de justiça civil leu o referido parecer, que he o rão, que com justiça se attendão, quando aos pri
seguinte: meiros lugares concorrerem bachareis com iguaes qua
*
Alguns bachareis formados nas faculdades juridi lificações da universidade: nesse caso deve, o que ti
cas se queixão de que não forão attendidos no con ver lido, preferir áquelles, a quem este requisito fºl.
curso dos lugares de letras por se terem em atenção tar; porque a antiguidade para os despachos só pode
mais as informações da universidade, que os assentos contar-se, desde o tempo da habilitação; e os que
do Dezembargo do Paço; e pedem interpetração au não lêrão, e só se habilitarão pelo decreto das Cortes,
thentica do decreto de 10 de Maio do anno passado, que abuliu as leituras, ficarão sendo mais unodernos,
que lhe seja favoravel. do que aquelles que havião lido, qualquer que tivesse
Parece á Commissão que he escuzada esta inter sido o tempo da sua formatura, o qual lhes não dava
pretação, porque ainda que o decreto de 10 de Maio aos lugares de magistratura.
manda qualificar o merecimento dos bachareis pelas O Sr. Bastos: — A leitura do Desembargo do Pa
informações da universidade, nem por isso inhibe o çº he uma prova de idonidade muito inferior á das
conselho de Estado para que tenha em contemplação informações da universidade. Mas supponhamos ba
os assentos das leituras ou quaesquer outros serviços chareis com iguaes informações e antiguidade, uns
dos concorrentes posteriormente feitos. que lerão, e outros que não lerão: porque razão nãº
•
Sala das Cortes 15 de Março de 1822. — Ma serão aquelles preferidos a estes, tendo um exame,
noel de Serpa Machado, Antonio Carlos Ribeiro de uma qualificação de mais! E no caso contrario não
.Andrade Maldonado e Silva, Luiz Martins Basto, vem a falta de leitura a prejudicar aos que a fizerão
Carlos
pes Honorio de Gouvêa Durão, Pedro José Lo com muitos incommodos, trabalhos, e despezas!
de Almeida. • - •
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que a leitura dos Bachareis, para o fim de que trata O Sr. Soares de .32cvedo: — Eu requeiro que se
mos, não lhes póde fazer bem, nem mal: primeiro torne a ler o parecer da Commissão, e deixemos de
porque he ella um acto inutil e esteril. No Desem parte o que pertence a preferencias, porque o Conselho
bargo do Paço perguntão-lhe alí duas petas de direi de Estado tem seu regimento , e por elle se deve
to romano: elles respondem conforme aprendêrão na regular, se o caso de que se trata está nelle disposto
Universidade, e isto não serve de nada: segundo por nada temos que alterar, mas deve-se observar: e se
que aquelles que não lêvão, não são nisso culpados; não está, não o devemos alterar só para este caso par
as Cortes abolírão as leituras, e elles dirão: «pois se ticular, º para um individuo em particular, mas de
a falta de leitura me traz algum damno, então quero vemos instar pelos meios adoptados, e estabelecidos
lêr.» Quanto á frase em igualdade de circunstancias, neste Congresso, fazer algumas alterações ou declara
o decidir sobre essa igualdade fica ao arbitrio do Con ções áquelle regimento não só sobre este caso particular
selho d'Estado, o qual não só deve attender aos do mas sobre outros muitos, então eu mostrarei que as in
cumentos que os concorrentes apresentarem, mas se formações dadas pela universidade sobre talentos e pro
devem informar mui particularmente, da mesma sor cedimento de uma criança de 22 annos não deve decidir
te que a lei quando manda a um Corregedor ou Pro da sua sorte por toda a sua vida, pois que a experiencia
vedor informar com seu parecer sobre qualquer reque tem mostrado que muitos que não tem levado informa
rimento, clle se regula não só pelas testemunhas que ções da universidade com justiça, ou sem ella, tem
inquire, mas tambem pelas informações particulares, depois mostrado se cidadãos mui dignos tanto em co
e segundo estas dá o seu parecer; e assim o dispôem nhecimentos como em virtudes, porém no entretanto
a lei. Ora se isto se permitte a um juiz individual, digo que se deve observar o regimento dado, e quan
que não será a um Conselho d'Estado, que certo de do o Congresso se resolver, e achar justo o fazer nel
ve ter muito de parecer discrecionario. A não ser as le algumas alterações ou declarações, então entrará
sim, he então escusado ter conselho d'Estado: um of em consideração este, e outros casos iguaes; em con
ficial da secretaria póde fazer uma relação de todos os sequencia sou de parecer que o Concelho de Estado por
Bachareis que estiverem habilitados, e por esta rela ora proceda segundo as bases que tem adoptado, e
ção nomear o Rei quaes quizer, pois realmente todos parece que he este o parecer da Conmissão (leu-o.)
estão correntes, e habilitados. A bondade do conse O Sr. Borges Carneiro: — Eu não approvo o pa
lho está em que tome todas as informações que póde, recer da Commissão, o meu voto he, que se indifrá
e quando faz a proposta se sabe que algum concorren o requerimento.
te he máo, ainda que esteja corrente, diz ao Rei: O Sr. Castello Branco: — Eu apoio o parecer,
«Saiba V. Magestade, que este homem em nosso e elle bem meditado teria evitado toda a discussão. O
eonceito não he capaz, porque sabemos delle taes e indefirir-se um requerimento sem nada dizer-se sobre
taes cousas.» E então a connivencia dos syndicantes elle, isto tem consequencias: estes bachareis allegão
fica emendada pela autoridade de um tribunal emi no seu equerimento , que elles não tem entrado no
nente, e não accessivel ás successões da protecção e concurso, que ultimamente se tem feito: logo isto pro
dos empenhos. va que o Conselho tem tido alguma duvida em os
O Sr. Ferrão: — Eu fui o autor deste projecto de admittir. Se se tornasse a guardar silencio sobre este
decreto, que aboliu as leituras no Desembargo do Pa objecto, poderia isso influir alguma cousa: por tanto
ço; e quando o propuz ao soberano Congresso, tive o meu voto, he que se deve dizer ao Conselho de Es
sómente em vista livrar os novos Bachareis dos incom tado, que os bachareis approvados pelas suas leituras
Inodos e despezas que se fazião com as habilitações e devem entrar em concurso; porque o decreto que fize
leitura; e de nenhuma sorte privar os antigos Bacha mos sobre este objecto não póde ter efeito retruactivo,
reis que tinhão lido, do direito que tinhão adquirido e em consequencia disto approvo o parecer da Coin
pelos assentos que tiverão e constão no archivo do missão nos termos em que ele está concebido, e que
mesmo tribunal. Persuado-me que o soberano Con a Commissão diz que se faça.
gresso assim o decretou, e que a sua intenção nunca O Sr. Bettencourt: — O decreto de 9 de Maio
foi lesar os antigos Bachareis. Acho por tanto que a diz, que se abulão daqui em diante as leituras; por
sua antiguidade deve ser attendida: e sou tambem do que só servem de vexar com despezas, e incoininodos
mesmo voto do Sr. Peixoto: que quando as informa os pretendentes dos lugares du unagistratura, e não
ções da Universidade dos antigos e novos Bachareis de apurar o seu merecimento: a lei deve ter o seu de
estiverem em igual gráu, se deve então attender aos vido efeito, para os que se habilitarem depois da lei,
assentos que os antigos tiverem no Desembargo do porém os que passárão mais por este exame, e tem
Paço, porque o decreto não os priva do direito que em consequencia bons assentos, e tem antiguidade,
por elles tenhão adquirido. parece que tem um direito adquirido, e que este so
O Sr. Guerreiro: — Em quanto ás habilitações, an berano Congresso nunca teve em vista prejudicar;
tigamente erão pela leitura do Dezembargo do Paço, pois um, ou dois s.s., muitas vezes lançados por in
e hoje são pelas simplices informações da universidade: triga, ou odios, em tempo que não embaraçavão ao
ora em quanto ás razões da preferencia que se deve despacho, ao qual era preciso anteceder a leitura,
dar aos habiíitados, ainda o Congresso não tem dado que era o que inmediatamente habilitava o bacharel,
lei nenhuma a este respeito: por tanto o meu votº he não deve inhabilitar a qualquer bacharel, para ficat
que isto deve sempre ficar no arbitrio do Conselho de de todo sem esse modo de vida. Este decreto veio a
Estado, e que já mais se deve dar regra alguma a este tirar um onus aos novos bachareis; porém aquelles
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respeito. #
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que passárão por estes incommodos, e despezas he pre ções e nomeações dos magistrados não podem nunca
ciso, que em igualdade de circunstancias estes bacha ser indiferentes. A Commissão reconheceu ajustiça da
reis tenbão alguma preferencia. Pois estes homens que pertenção, mas em lugar de ser de parecer que se
fizerão tantas despezas ás suas familias, dizer-se ago prescreva uma regra ao conselho de Estado, quiz-lhe
ra que em igualdade de circunstancias não devem ter deixar o mais extenso arbitrio, quando em qualquer
alguma preferencia, não he compatível com as idéas Governo, e especialmente no constitucional, se deve
que eu tenhº de justiça. Que vá agora um rapaz que desterrar quanto for possivel o arbitriu, o qual as mais
acabou este anno, a ser despachado; e outro que já das vezes he o sinonimo da injustiça. Consequente
leu ha 4 annos não tenha a preferencia, não enten mente o meu voto he, que a leitura, na igualdade
do: por consequencia o Conselho de Estado está pelo das de mais circunstancias, seja um motivo de prefe
decreto de 9 de Maio, só obrigado a consultar segun rencia, que isto se erija em regra inalteravel: a qual
do as informações; e estes que tem as leituras, tem porém, como não deve ser a unica por onde o Conse
no meu entender mais algum direito do que os ou lho de Estado deve reger-se, volte embora o negocio
tros. (Apoiado). á Commissão, como tenho ouvido opinar, mas seja
O Sr. Fernandes Thomaz: — Sr. Presidente, com urgencia, para que as medidas, que se approva
parece-me que esta materia he um pouco seria, e mui rem, sirvão ainda para as consultas do actual con
CA1ITSO,
to mais porque pertence a uma classe que ha de ser
sempre respeitavel na sociedade. Quando se estabele O Sr. Presidente julgando a materia suficiente
ceu o Conselho de Estado, deu-se-lhe um regulamen mente discutida poz a votos o parecer da Commissão,
to, e disse-se-lhe, que consultasse os bachareis pelas e foi approvado.
informações da universidade! Se se lhe não deu era Seguiu-se a Commissão de justiça criminal, #"*•
preciso que se lhe desse esta regra; todavia não póde apresentou o seu parecer pelo seu relator, o Sr.
deixar de resultar, como tem resultado inconvenien putado Basilio Alberto; sobre a representação do
tes: o meu parecer era que este requerimento voltas chanceller da casa da supplicação, acompanhando o
se á Commissão, para que a Commissão apresentas acordão em revista da causa crime dos réos Luiz An
se algumas regras que podessem servir de norma ao tonio, o Cereulas, e outros sendo o voto da Com
conselho de Estado; ainda que o conselho não póde missão, que não tinha logar a representação dos jui
deixar de ter algum arbitrio. O conselho de Estado zes nos termos do acordão; assim como as conside
segundo tenho ouvido dizer, tem adoptado uma re rações, e reflexões feitas pelo chanceller servindo de
gra para os despachos dos bachareis, que sendo aliàs regedor. Encontrando opposição, ficou adiado.
muito justa como he, não deixa comtudo de ter al O Sr. Secretario Felgueiras disse que acabava
guns inconvenientes. IIe verdade que as informações de receber um oficio do ministro da marinha, com
da universidade devem merecer muita consideração, uma exposição que remeste o Capitão de Fragata
não só porque os mestres podem fazer um juizo mui José Xavier Cerssane Leite em que faz um circuns
to exacto do que elles são, mas até mesmo do que tanciado relatorio de todos os ultimos acontecimentos
elles podem vir a ser; mas este juizo tambem póde de Pernambuco: foi remettido á Commissão especial
ser errado por muitos motivos: um estudante póde encarregada dos negocios do Brasil.
ser muito bom estudante na universidade, e depois O Sr. Fernandes Thomaz: — Eu requeiro, que
na pratica não ser nada: deste modo vem a ser um às Commissões, aonde se acharem representações das
simples bacharel de theoria, e pelo contrario outro juntas do Governo do Brasil, apresentem os seus pa
que não tenha sido tão bom estudante, depois que sa receres com toda a urgencia porque he necessario,
hindo da universidade estudou, e applicou-se, e final que o Congresso seja instruido de todos estes negocios,
mente fez-se um homem muito digno de ser empre o que não em concequencia de nem ao menos se le
gado; entretanto como as suas informações não fo rem os officios quando chegão.
rão muito boas fica excluido. Ora já se vê que por O Sr. Presidente disse, que se tomaria isso em
este methodo de julgar pelas informações da uni consideração. •
versidade restrictamente resultão males, e muito gra O Sr. Peixoto: — Sr. Presidente: requeiro que
ves. He preciso reflectir que a antiguidade dos des se trate quanto antes da resposta, que ha de dar-se
embargadores, sempre se regulava pela antiguidade ao Ministro dos negocios estrangeiros sobre o addita
das suas leituras, e como esta he a lei existente, mento á lei contra os abusos da liberdade da impren
em quanto se não revogar, assim se deve julgar. sa. Está ali um foragido, imprimindo em Frances usa
Por tanto sou de opinião que a Commissão se en periodico iutitulado: o Regulateur, em que insulta =
caregasse de dar alguma regra ao Conselho de Esta e provoca atrosmente o governo, com quem estamos era
do sobre o methodo das propostas; porque a que el harmonia; e creio, que não nos devemos mostrar coa
le tem adoptado he, que todas as vezes que tiver um sentidores de taes infamias, dando azillo a um ho
S fica excluido, e já se vê que esta regra he muito mem, que segundo consta já por igual motivo veio
iniqua. corrido de Hespanha.
O Sr. Bastos: — Eu não sei quantos são esses Determinou o Sr. Presidente, que se procedesse
bachareis de cujo requerimento se trata, mas ou elles ás eleições: e recolhidos os votos, se achárão ser 11> =
sejão muitos ou poucos, a decisão póde hir utilizar ou e saíu eleito em primeiro escrutinio para Presidente p->r
prejudicar centenares delles, e póde utilizar ou preju pluralidade absoluta de 59 votos o Sr. Deputado C= -
dicar milhares de cidadãos para as quaes as habilita mello Fortes,
Correu-se o escrutinio para Vice Presidente: e Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 26
não produzindo pluraridede absoluta, tendo o Sr. de Março de 1822. —João Baptista Felgueiras.
Luiz Paulino Pinto da Fança 23 votos, e os Srs.
Freire, e Pereira do Carmo 16, decidiu a sºrte a Para o mesmo.
favor do Sr. Freire para entrar em segundo escrutínio
com o Sr. Luiz Paulino, o qual saíu eleito para Vide Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor
Presidente por 61 vostos. tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
Seguiu-se a eleição para Secretariºs: eficárão elei mandão comununicar ao Governo, que para o mez,
tos, o Sr. Felgueiras por 62 votos, o Sr. Freire por que deccorre desde esta data até 26 de Abril, tem
67, o Sr. Soares de Azevedo por 55 votos, e Barro eleito Presidente Antonio Camello Fortes de Pina,
so por 30. E para secretarios substitutos, os Srs. Lino Vice Presidente Luiz Paulino de Oliveira Pinto da
Coutinho por 28 votos, e Araujo Lima por 23. França ; e Secretarios João Baptista Felgueiras,
Deu o Sr. Presidente para a ordem do dia a con Agostinho José Freire, Francisco Xavier Soares de
tinuação do projecto da Constituição; e para a hora Azevedo, e Francisco Barroso Pereira. O que V.
da prolongação o projecto de lei n.° 226 para se per Exc." levará ao conhecimento de Sua Magestade.
mittir a troca de vinhos apurados por vinhos separa Deus guarde a V. Exc." Paço das Cortes em 26
dos, apresentado pela Commissão d'agricultura: e dis de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
se, que se levantava a sessão. — Francisco Barroso
Pereira, Deputado Secretario. Para o mesmo.
de 6303973 réis, proviniente de contas que tem tido Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 26
com a casa pia nacional. O que V. Exc." levará ao de Março de 1822. — João Batista Felgueiras.
conhecimento de Sua Magestade.
Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 26 Para Candido José Xavier
de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
Illustrissimo e Excelentissimo Senhor. – As Cor
Para o mesmo. tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza
mandão remetter ao Governo a conta inclusa da Jun
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor ta provisoria do Governo da Parahiba do Norte em
tes Geraes e Extraordinarias da Nação portugueza data de 3 de Janeiro proximo passado, juntamente
mandão remetter ao Governo a copia inclusa do of com o processo, e mais documentos relativos ao cabe
ficio da junta provisoria do governo de Pernambuco, de esquadra da 3.° companhia do batalhão de linha,
datado em 5 de Fevereiro proximo passado, ácerca de que guarnece aquella provincia, João Alves Massa.
tres deeretos, relativos ao officio de sellador d'alfan Deus guarde a V. Exc. Paço das Cortes em 26
ga do Recife, a fim de que se faça cumprir a resolu de Março de 1822. — João Baptista Felgueiras.
ção tomada em Cortes sobre este objecto em data de
16 de Janeiro do presente anno. O que V. Exc."le
vará ao conhecimento de Sua Magestade.
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Para o mesmo. 6 Do mesmo Ministro, remettendo uma represen
tação da junta provisoria de Moçambique sobre as cau.
Illustrissimo e Excellentissimo Senhor. — As Cor sas por que concedeu o augmento de