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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO

LATO SENSU EM CONTROLADORIA

Contabilidade Societária
Profa. Rina Xavier Pereira
1ª edição
E-book (2020)

CENTRO UNIVERSITÁRIO ÁLVARES PENTEADO - FECAP


Pereira, Rina Xavier
P436c
Contabilidade societária: Módulo 1: Tomada de decisões com
base em demonstrações contábeis / Rina Xavier Pereira. - - São Paulo,
SP: Centro Universitário Álvares Penteado - FECAP, 2020.

582 Kb ; PDF ; il. color.


Inclui bibliografia

E-book, no formato PDF.

1. Contabilidade societária. 2. Balanço - Contabilidade. 3. Processo


decisório. I. Título.

CDD: 657.95

Bibliotecária responsável: Iruama de O. da Silva, CRB-8/10268.

Todos os direitos reservados.


A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610)
MÓDULO 1
Tomada de decisões com base em Demonstrações Contábeis

Sumário

Apresentação .................................................................................................................... 3
1. O uso da Contabilidade Societária para a tomada de decisão ......................................... 3
2. Contabilidade Societária e Sistema de Informação Contábil ........................................... 4
3. Contabilidade como instrumento de gestão ................................................................... 6
3.1 A controladoria e o papel da tomada de decisão .......................................................... 7
3.2 O Processo de decisão.................................................................................................. 8
4. Como analisar as Demonstrações Financeiras................................................................. 9
4.1 Análise Vertical ............................................................................................................ 9
4.2 Análise Horizontal...................................................................................................... 10
5. Contabilidade como ferramenta de gestão ................................................................... 11
6. Abordagens Conceituais sobre Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial ...... 13
7. Principais Diferenças entre Contabilidade Financeira e Contabilidade Gerencial ........... 16
Considerações finais ........................................................................................................ 18
Referências bibliográficas ................................................................................................ 19
MÓDULO 1
Tomada de decisões com base em Demonstrações Contábeis

Apresentação

Olá, bem-vindo ao primeiro módulo desta disciplina!

Sabemos que a Contabilidade Societária usa informações contábeis para a administração de uma
entidade. Neste módulo de estudo vamos nos aprofundar no assunto, estudando temas importantes
como noções de análise das demonstrações financeiras, indicadores econômicos financeiros, o papel
da controladoria, análise de rentabilidade e muito mais.

Ao final, esperamos que seja capaz de reconhecer a importância da contabilidade societária para a
tomada de decisões, e esteja preparado para colocar em prática o que aprendeu aqui.

Você está pronto para começar?

1. O uso da Contabilidade Societária para a tomada de decisão

A Contabilidade Societária usa as informações contábeis como ferramental para a administração da


entidade na obtenção da excelência empresarial, pois estas informações criam valor para os acionistas
e dirigentes. A contabilidade é um sistema de informação e todas operações que ocorrem na Empresa
estão lá registradas.

Padoveze (2000, p.42) definiu Sistema de Informação como “(...) um conjunto de recursos humanos,
materiais, tecnológicos e financeiros agregados segundo uma sequência lógica para o processamento
de dados e tradução em informações, para com seu produto, permitir às organizações o cumprimento
de seus objetivos principais.”

A partir desta definição, os sistemas de informação podem ser classificados em:


• Sistema de Informação de Apoio às Operações, cujo objetivo é informar os departamentos da
execução de suas funções operacionais (compras, estoque, produção, vendas, faturamento
bruto, recebimento a vista e a prazo, pagamento de curto e longo prazo, manutenção,
planejamento etc);

• Sistema de Apoio à Gestão, cujo objetivo é colher as informações necessárias para a tomada
de decisão de cunho econômico-financeira da empresa.

Podemos dizer que o Sistema de Informação Contábil atua em conjunto com as operações e a gestão
estratégica. Esses sistemas de apoio às informações Estratégicas têm como base dados que expressam
informações em números quantitativos para o processo da empresa. No entanto, para auxiliar
diretamente as decisões gerenciais, ainda existem sistemas específicos, como:
• Sistema de Suporte à Decisão-DSS (Decision Suport Systems);
• Sistemas de Informações Executivas-EIS (Executive Information Systems); e
• Business Intelligence-BI.

Imagine a seguinte cena: Você foi contratado por uma empresa para oferecer consultoria ao CEO para
planejar o futuro e aumentar a rentabilidade. Como você faz isto? Como a Contabilidade pode auxiliá-
lo nessa tarefa?

Inicialmente, analisamos como a empresa pode criar valor para os stakeholders. Depois, identificamos
o fluxo dos recursos consumidos e dos valores gerados, e a partir de então é possível propor mudanças
estruturais que favoreçam uma melhor performance e aumentem o retorno para o acionista. Utilizar
as informações dos sistemas para dar apoio à gestão ajuda a flexibilizar as informações que não estão
estruturadas, auxiliando na tomada de decisão robusta e mais correta possível.

2. Contabilidade Societária e Sistema de Informação Contábil

Os dados que a contabilidade produz representam, para cada empresa, um ativo de enorme valor para
a inteligência e as estratégias dos negócios.
As demandas contábeis geram informações ricas, e fica a pergunta: Como utilizar este ativo? Segundo
Padoveze (2000, p.56), para que tenha validade total no processo de gestão, a informação contábil
precisa atender a dois pressupostos:
• Necessidade de Informação: a informação deve ser construída para atender aos gestores,
cabendo aos contadores construí-las com qualidade e custos competitivos. É responsabilidade do
controller estudar as necessidades através de metas e objetivos que serão analisados com base no
Sistema de Informação Contábil Gerencial. O contador tem que saber que a informação do seu
sistema foi elaborada de forma transparente e clara para atender às necessidades da empresa.
Contudo, o sistema de informação contábil precisa do suporte da diretoria, para colaborar com
informações estratégicas, para uma tomada de decisão assertiva e continuidade do sistema de
informações transparentes, uma vez que deve atender a toda a empresa.

• Planejamento e controle: planejamento de dados do Sistema de Informação Gerencial (SIG) para


a elaboração dos relatórios que atenderão de forma customizada às necessidades da empresa. É
importante conhecer todos os níveis de usuários para construir relatórios com enfoques
diferentes. A partir daí, é possível efetuar o controle daquilo que foi aceito e atendido por cada
setor. Entretanto, o SIG deve ser atualizado periodicamente, e é importante que o Sistema de
Informação Contábil deve elaborar conexões de dados e informações para atender os níveis
estratégico, tático e operacional, todo o ciclo administrativo - planejamento, execução e controle;
e todos os níveis da estruturação da informação - estruturada, semiestruturada e não-estruturada.
A seguir, o desempenho e os ciclos das informações para uma tomada de decisão assertiva:

Fonte: elaborada pela autora


3. Contabilidade como instrumento de gestão

A contabilidade deve estar em condições de fornecer informações a vários grupos de pessoas cujos
interesses nem sempre são coincidentes, porém necessitam deste instrumento de gestão eficiente. A
contabilidade deve ser utilizada como um dos insumos no processo de gestão.

Com o uso das técnicas de Análise das Demonstrações Financeiras - que utiliza o Balanço Patrimonial,
a Demonstração do Resultado do Exercício, a Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido e a
Demonstração de Fluxo de Caixa – podemos extrair informações para a tomada de decisões.

De acordo com Marion (2008, p.453), o primeiro passo para a análise é averiguar se estamos de posse
de todas as Demonstrações Financeiras. Em seguida, o autor sugere que se averigue a autenticidade
das Demonstrações Financeiras através da Auditoria, o que trará mais confiabilidade para o analista,
identificando se o relatório do auditor traz alguma observação de ajuste que deverá ser considerada,
e inclusive a identificação dos Principais Assuntos de Auditoria – PAA e testes de continuidade de
negócios.

Seguindo a linha do Prof. Marion, o passo seguinte é a reclassificação dos itens das Demonstrações
Financeiras, principalmente o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício,
melhorando o reposicionamento das contas para identificar mais facilmente os resultados e os ativos
e passivos da empresa.

Separar as contas de forma gerencial propicia um olhar diferente das contas de resultado e de caixa
da empresa.

Segundo Marion (2008, p.454), “...muitas vezes o contador visa, através do seu agrupamento de contas
nas Demonstrações Financeiras, melhorar a situação econômico-financeira da empresa usando de
uma certa subjetividade. Como exemplo, uma empresa que se dispõe a vender imóveis que até o
momento estavam classificados no ativo não circulante. Neste caso, a atitude do contador é
reclassificar esta conta no Ativo Circulante, para que a situação da empresa melhore em curto prazo,
uma vez que nem sempre é fácil vender imóveis e receber no mesmo período/ano”.

Ao tomar conhecimento desta informação, o analista deve reclassificar o ativo no longo prazo, sendo
mais conservador na liquidação dos ativos. Afinal, o objetivo das demonstrações contábeis é fornecer
informações transparentes e confiáveis sobre a posição patrimonial e financeira, e o desempenho e as
mudanças na posição financeira da entidade afetam um grande número de usuários em suas
avaliações e tomadas de decisão econômica.

3.1 A controladoria e o papel da tomada de decisão

Sabe-se que o principal objetivo da Controladoria é o estudo da prática de todas as funções de


planejamento, controle, registro e a divulgação da administração econômica e financeira das
organizações. Assim, é função da Controladoria dar suporte com dados para as etapas do processo da
gestão, assegurando os interesses da empresa.

Ela serve, ainda, para observação e controle da diretoria, que se preocupa com a constante medição
da eficácia e eficiência dos departamentos e suas atividades. É ela quem fornece os dados para o
planejamento e pesquisas, visando mostrar a esta mesma diretoria os pontos de gargalo do presente
e futuro, que põem em risco ou reduzem a rentabilidade da empresa.

Podemos definir a missão da Controladoria como a de melhorar resultados econômicos da empresa


por meio de definição de um modelo de informações baseado em gestão eficaz, estabelecido pela
diretoria.

O profissional de Controladoria deverá dominar algumas habilidades para preencher os requisitos de


um Controller, como: liderança, inteligência emocional, a capacidade de gerir equipes e a de tomar
decisões.

Mediante essa grande responsabilidade, a Controladoria deve elaborar informações estratégicas que
ajudarão a alta administração na tomada de decisão, para analisar se o planejamento está sendo
executado como previsto, e se necessário, tomar as devidas providências para atingir o objetivo
estabelecido. Para isso, a controladoria deve reunir informações e relatórios que ajudem a alta
administração na gestão dos recursos.

A Controladoria deve ajudar, ainda, na disseminação da importância da informação para gestão do


negócio, envolvendo todos os usuários que alimentam o sistema de informação para que efetuem da
maneira correta essa inserção. É habitual que as empresas adotem sistemas integrados para realizar a
gestão de seu negócio. Os sistemas integrados - os famosos ERP - ajudam muito no trabalho da
Controladoria, pois realizam uma integração dos processos e armazenam de forma segura as
informações que servirão de base para a elaboração de relatórios gerencias.
3.2 O Processo de decisão

A análise das demonstrações é um conjunto de métodos e pormenores práticos que consistem em


raciocínio analítico dedutivo sobre a composição dos elementos contidos nas demonstrações
contábeis, ou seja, procura, por meio de um processo meditativo sobre os números encontrados nas
Demonstrações Contábeis, obter dados sobre a situação da organização e suas possibilidades futuras.

As demonstrações que vamos analisar são o balanço patrimonial, a demonstração do resultado do


exercício, notas explicativas, demonstração da mutação do patrimônio líquido, demonstração de fluxo
de caixa e demonstração de valor adicionado.

Nesse sentido, com o objetivo de reunir maiores e melhores informações, uma análise contábil pode
aplicar determinados valores, que nem sempre são evidenciados nas demonstrações, mas que podem
ser comparados ou interpretados. Temos como exemplo os salários, aluguéis, impostos e etc, que são
relacionados por mês de competência, para análise das variações mensais, bimestrais e assim
sucessivamente.

A análise das demonstrações, inclusive para fins de concessão de crédito, engloba a interpretação das
demonstrações em seu conjunto, ou seja, as interpretações sobre as possibilidades futuras da empresa
devem considerar as informações tomadas contidas em todos os relatórios contábeis.

As Leis das SA, 6.404/76, e retificadas na Lei 11.638/08, definem que para cada empresa o patrimônio
de propriedade, seja pública ou privada, tem como elementos indispensáveis: o trabalho, a
administração e o patrimônio, e tem finalidades: sociais, econômicas e socioeconômicas.

• Sociais: que possuem riqueza como meio para atingir seus fins. Exemplo: associações
beneficentes, educacionais, esportivas, culturais e religiosas.
• Econômicas: são as que possuem riqueza como meio e fim e têm como objetivo aumentar seu
patrimônio, obtendo lucro. Exemplo: empresas mercantis.
• Socioeconômicas: que possuem riqueza como meio e fim, porém, o aumento do patrimônio que
possuem serve para beneficiar toda a comunidade. Exemplo: instituto de aposentadorias e
pensões, e fundações.

Tendo em vista a importância das Demonstrações Contábeis como fonte para a análise da situação da
empresa, a seguir teremos uma breve revisão sobre a contabilidade e suas demonstrações.
A Contabilidade, segundo Miranda (2008, p.112), enquanto ciência que estuda o patrimônio das
entidades identifica seu campo de aplicação, independente do ramo de atividade e segmento
econômico, através da definição do patrimônio como o conjunto de bens, direitos e obrigações
relacionadas a uma pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, com ou sem fins lucrativos.

Nesse sentido, Miranda (2008, p. 124) afirma que, não obstante a especificidade de cada entidade,
infere-se que independentemente do tipo de atividade, do setor, da entidade etc, a contabilidade tem
a mesma finalidade, o mesmo objetivo e utiliza-se das mesmas técnicas e métodos para registrar e
controlar os patrimônios das entidades.

4. Como analisar as Demonstrações Financeiras

A Análise das Demonstrações Financeiras, que utiliza o Balanço Patrimonial, a Demonstração do


Resultado do Exercício, a Demonstração de Mutação do Patrimônio Líquido, Demonstração de Fluxo
de Caixa e a Demonstração de Valor Adicionado, deve ser empregada como ferramenta para a tomada
de decisões.

4.1 Análise Vertical

A Análise Vertical é um dos instrumentos de análise de balanço. Segundo Padoveze, “é a análise da


estrutura da demonstração de resultados e do balanço patrimonial, buscando evidenciar as
participações dos elementos patrimoniais e de resultados dentro do total. ” (PADOVEZE, 2000, p.134).
Cabe ressaltar que os valores de porcentagem obtidos devem ser analisados em conjunto com os
demais dados da análise horizontal e os indicadores financeiros da empresa.

A Análise Vertical do balanço patrimonial irá mostrar a presença de cada elemento do ativo e passivo
em relação ao ativo e passivo total. Para Padoveze “o critério de cálculo básico para a análise vertical
é a atribuição do parâmetro 100% (cem por cento) para o total ativo. ” (PADOVEZE, 2000, p.134)

A seguir, um exemplo de análise vertical:


Tabela 1 - Balanço Patrimonial

Ativo Passivo
Circulante Circulante
Caixa 10.000,00 17% Fornecedor 6.000,00 10%
Ativo Não Circulante Patrimônio Líquido
Imobilizado 50.000,00 83% Capital Social 54.000,00 60%
Total 60.000,00 100% Total 60.000,00 100%

Fonte: Elaborado pela autora

Na demonstração de resultados, a análise vertical irá evidenciar os custos e despesas da empresa em


relação ao total das receitas obtidas, isto é, propiciará a avaliação da lucratividade da empresa.
A seguir, um exemplo simplificado de análise da demonstração de resultado:

Tabela 2 - DRE
Demonstração Resultado
Receita Líquida 10.000,00 100%
Custo 6.000,00 60%
Resultado Bruto 4.000,00 40%
Despesas 2.500,00 25%
Resultado Líquido 1.500,00 15%

Fonte: Elaborado pela autora

4.2 Análise Horizontal

A Análise Horizontal, assim como a Vertical, também deve ser analisada em conjunto com os demais
instrumentos da análise de balanço patrimonial.

Padoveze define assim a análise horizontal: “é o instrumental que calcula a variação percentual
ocorrida de um período para outro, buscando evidenciar se houve crescimento ou decrescimento do
item analisado.” (PADOVEZE, 2000, p.141).

Desta forma, podem ser confrontados os dados do sistema e efetuadas as correlações de um ano para
o outro. Podemos demonstrar uma análise horizontal do balanço patrimonial da seguinte maneira:
Tabela 3: Exemplo Balanço Patrimonial
Balanço Patrimonial
31/12/
Ativo 31/12/X6 31/12/X7 V% Passivo 31/12/X7 V%
X6
Circulante Circulante
Caixa 10.000 12.000 20% Fornecedor 6.000 4.000 -33%
Estoque 3.000 5.000 67%
Ativo Não Circulante Patrimônio Líquido
Imobilizado 50.000 45.000 -10% Capital Social 54.000 58.000 7%
TOTAL 63.000 62.000 -2% Total 60.000 62.000 3%

Fonte: Elaborado pela autora

5. Contabilidade como ferramenta de gestão

Nos dias de hoje, as entidades são fundamentais para o desenvolvimento econômico e social das
cidades, e as organizações dependem de toda a sociedade, bem como do governo, que busca com a
arrecadação de tributos o desenvolvimento do Estado.

A globalização da economia e dos negócios criou condições necessárias para o progresso das
entidades. Qualquer que seja o objetivo da organização, com ou sem fins lucrativos, ela possuirá
sempre um patrimônio que requer a contabilidade para o seu controle e gestão. Quando a organização
tem objetivo econômico, este controle do patrimônio apresenta características importantes, pois o
meio e o fim da entidade é gerar a riqueza, sendo importante à administração ter este controle
financeiro.

Quando a organização tem fim social, a gestão também se preocupa com o aspecto econômico, pois
ele é indispensável qualquer que seja a natureza da atividade. A gestão financeira nessas entidades é,
entretanto, apenas um meio e não o seu fim, como ocorre com as entidades com fins lucrativos.

No ambiente competitivo do século XXI, as empresas fazem com que os usuários da contabilidade
tenham necessidades de informações rápidas e melhores. Essas mudanças decorrem do surgimento
de um novo espaço econômico, que acabou com as economias nacionais e isoladas, e fez surgir um
impacto da potencialização dos meios de comunicação sobre informações contábeis e financeiras das
empresas.
A contabilidade, nesta nova execução das atividades de acompanhamento da evolução do patrimônio,
sempre controlou os limites e critérios legais e fiscais, particularmente do imposto de renda das
organizações. Este fato proporciona à contabilidade contribuições estratégicas, afinal, cada empresa
deve entender como funciona para que opere a gestão de forma eficaz.

O patrimônio das organizações está em constante evolução e as decisões tomadas pelos gestores
determinam esse crescimento. O conjunto de decisões tomadas pelos gestores da entidade é traduzido
em Gestão da organização.

A gestão possui três aspectos:


a) econômico;
b) financeiro; e
c) patrimonial.

Quando os gestores tomam decisões estratégicas visando aumentar o lucro da organização, por
exemplo, elas podem modificar o patrimônio. Elas modificam o patrimônio no aspecto dos bens,
direitos e obrigações, e também as receitas, custos e despesas, de modo que os aspectos econômicos,
financeiros e patrimoniais podem ser melhorados para aumentar o valor da empresa.

Para que a tomada de decisão ocorra adequadamente, é necessário cumprir procedimentos para
iniciar o processo de análise e tomada de decisão. O primeiro passo é definir os objetivos da análise,
verificando quais usuários têm relação com as informações geradas, percebendo que os acionistas se
voltam para lucratividade, os credores se preocupam com a capacidade de pagamento da empresa e
os gestores analisam quais investimentos ou opções de financiamento estão disponíveis para a
organização.

Após a definir os objetivos da análise, são obtidas as demonstrações a serem analisadas. Este
procedimento é muito importante, pois muitas vezes a escrituração contábil não está atualizada. Outro
fato que pode dificultar a obtenção das análises é quando o profissional responsável pela contabilidade
da empresa manteve apenas registros fiscais das operações, e a demonstração não apresenta
resultados dos negócios, mas sim resultados com base em regras tributárias.

Após a obtenção das demonstrações, e para gerar as informações para tomada de decisão, é
necessário reclassificar algumas contas para efetuar ajustes necessários para melhorar a eficiência da
análise.
6. Abordagens Conceituais sobre Contabilidade Financeira e
Contabilidade Gerencial

As principais referências conceituais em termos de definição dos objetivos da Contabilidade Financeira


provêm dos órgãos reguladores, em especial, International Accounting Standard Board (IASB), em nível
mundial, Financial Accounting Standard Board (FASB), no ambiente norte-americano, e Comissão de
Valores Mobiliários (CVM), quando se trata do Brasil. O Quadro 1 abaixo apresenta os objetivos da
Contabilidade Financeira segundo cada um desses órgãos. Percebe-se que, de maneira geral, o
objetivo da Contabilidade Financeira se confunde com o objetivo das demonstrações contábeis que,
para fins de publicação externa, precisam atender aos princípios e normas de Contabilidade Financeira.

Quadro 1 – Objetivos da Contabilidade Financeira

Fontes Conceito/objetivo sobre Contabilidade Financeira


IASB (1989) O objetivo das Demonstrações Contábeis é oferecer informações sobre a posição
financeira, os resultados e as mudanças na posição financeira de determinada
empresa, de modo que sejam úteis para um grande número de usuários em suas
tomadas de decisões.
FASB (1980) A divulgação financeira deve fornecer informações úteis para credores e investidores
atuais e em potencial, bem como para outros usuários que visem à tomada racional de
decisões de investimento, crédito e outras semelhantes.
CVM (1986) Permitir, a cada grupo principal de usuários, a avaliação da situação econômica e
financeira da entidade, no sentido estático, bem como fazer interferências sobre suas
tendências futuras. Para alcançar esse objetivo é preciso que as empresas enfatizem a
evidenciação de todas as informações que permitam não só a avaliação de sua situação
patrimonial e das mudanças nesse patrimônio, mas, além disso, que possibilitem a
realização de interferência sobre o seu futuro.

Fonte – Adaptado de Horngren; Sundem; Stratton, Contabilidade Gerencial, 2004.

Historicamente, existe uma dominação da Contabilidade Financeira em relação à Contabilidade


Gerencial, que se constitui em relação de poder. KAPLAN (2005) explica o desenvolvimento e convívio
das duas Contabilidades na dimensão ideológica em que o fortalecimento do capital reforçou a visão
do accountability interno, o que influenciou o desenvolvimento da Contabilidade Gerencial; por sua
vez, a visão social do capital, ao menos no mundo anglo-saxão, demandou a transparência das
informações para o público externo à entidade, ingrediente vital ao desenvolvimento da Contabilidade
Financeira.

Encontram-se algumas discussões acadêmicas no sentido de questionar se existe algum país que possa
(e queira) dispor de uma única Contabilidade.
A dimensão do país pode parecer grande para que uma generalização seja feita a respeito desse tema,
isso significa que o entendimento a respeito disso parece estar longe de um consenso entre os
diferentes países ou até dentro de um mesmo país. Na verdade, para que o consenso ocorra, é
necessário que a conceituação do que seja Contabilidade Financeira e do que seja Contabilidade
Gerencial esteja bem explicitada, pois algum distanciamento sempre poderá ser verificado e a
relevância desse distanciamento pode ser variada no processo decisório das entidades.

De maneira bem simplificada, pode-se dizer que ambas as Contabilidades vivem momentos distintos.
Depois dos casos Enron, Trecom e Vivendi, a Contabilidade Financeira passou por uma enorme crise,
em decorrência dos questionamentos sobre o seu potencial de respostas às demandas dos agentes.

A Contabilidade Gerencial, por sua vez, não se sente afetada ou pressionada por esses eventos, mas
sim por outros tipos de negócios, tais como a pressão por respostas mais ágeis e claras, a contestação
da utilidade de artefatos e novas respostas a demandas da gestão.

O interesse em entender o que ocorre no mundo é responsável pela grande procura por esse assunto.
Perceber se as diferenças podem ser explicadas por motivos que permitam aperfeiçoar a
Contabilidade, confrontando a prática e a teoria, é um elemento desafiador para o desenvolvimento
do tema. As informações disponíveis estão resumidas à quantidade de países em que foi possível
identificar respondentes interessados em participar.

Confira a seguir, no quadro 2, um resumo com os principais elementos de diferenciação entre


contabilidade financeira e gerencial segundo alguns autores.
Quadro 2 – Elementos de diferenciação para diferentes autores

Fontes Elementos de diferenciação entre contabilidade financeira e gerencial


Anderson, Needles e Cadwell ✓ Usuários primários da informação;
(1989) ✓ Tipos de sistemas contábeis;
✓ Restrições de definições;
✓ Unidades de mensuração;
✓ Foco na análise;
✓ Frequência de relatórios;
✓ Grau de confiabilidade da informação gerada.
Louderback et al. ✓ Diferentes audiências: interna e externa à empresa;
(2000) ✓ Foco de classificação (controlabilidade, comportamento e
responsabilidade no caso da Contabilidade Gerencial);
✓ Fontes das informações (no caso da gerencial, não apenas
financeiras);
✓ Usuário específico x usuário generalizado;
✓ Foco nas informações passadas e foco nas informações que permitem
entender, planejar e prever o futuro.
Anthony e Welsh ✓ Estrutura: contabilidade financeira;
(1981) ✓ Princípios: GAAP x três modelos;
✓ Inclui informações não monetárias;
✓ Diferentes enfoques temporais: presente e futuro;
✓ Frequência de relatórios;
✓ Diferentes enfoques na precisão;
✓ Fim em si mesmo ou não.
Hansen e Mowen ✓ Regras específicas x gerais.
(1997)
Horngren, Foster e Datar ✓ Princípios norteadores;
(2000) ✓ Diferentes ênfases no futuro e no passado;
✓ Diferentes interesses sobre o comportamento.
Horngren, Sundem e Stratton ✓ Usuários primários;
(2004) ✓ Liberdade de escolha;
✓ Implicações comportamentais;
✓ Enfoque de tempo;
✓ Horizonte de tempo;
✓ Relatórios;
✓ Delineamento de atividades.

Fonte: Adaptado de Horngren; Sundem; Stratton, Contabilidade Gerencial, 2004.

Quando falamos dos países, estamos nos referindo às principais nações que publicam relatórios
financeiros e contábeis. No quadro acima aparecem diversos pesquisadores da área contábil que
questionaram a diferença entre a contabilidade financeira e a gerencial, e cada aplicação nas grandes
empresas mundiais. Cada um dos pesquisadores fez um relato sobre as prioridades de cada região
estudada. Welsch, por exemplo, estuda a prática nos EUA, já os demais pesquisadores fazem uma
grande comparação entre o mundo.
7. Principais Diferenças entre Contabilidade Financeira e
Contabilidade Gerencial

Os aspectos que diferenciam a contabilidade financeira da contabilidade gerencial são considerados


na elaboração das questões para identificar as peculiaridades de cada uma das Contabilidades. Cada
autor contábil aborda o tema de maneira peculiar. Para conhecer as abordagens, de maneira geral, as
diferenças mais enfatizadas foram:

✓ No caso da Contabilidade Financeira, trata-se das pessoas e entidades externas à Empresa,


enquanto, na Contabilidade Gerencial, são os vários níveis hierárquicos e mesmo as áreas
funcionais internas que se constituem nos usuários;
✓ No caso da Contabilidade Financeira, a abordagem das partidas dobradas é obrigatória,
enquanto na Contabilidade Gerencial podem existir ajustes mesmo sem contrapartida. Nessa
última, podem ser utilizados sistemas de informações distintos daqueles usados na
Contabilidade Financeira e mesmo informações não-monetárias;
✓ A Contabilidade Financeira tem como característica a aderência obrigatória aos princípios
contábeis do país. Já para a Contabilidade Gerencial pode não haver critérios formalizados,
embora sua definição seja fundamental para a entidade;
✓ A confiabilidade está ligada à objetividade e à verificação, materializando-se por algum tipo de
auditoria na Contabilidade Financeira. Na Contabilidade Gerencial, em condições normais,
dada a subjetividade de alguns números, essa possibilidade de auditoria se mostra diferente;
✓ Dada a sua demanda normativa, na Contabilidade Financeira podem ser encontrados órgãos
ligados ou não às autoridades governamentais, que definam ou recomendem regras e
princípios para a elaboração das demonstrações contábeis. Em outros casos, essas mesmas
normas são usadas pela Contabilidade Gerencial não por imposição, mas por conveniência.

Em um cenário tecnologicamente avançado, com todas as paisagens já vistas e com a adicional, típica
do cenário brasileiro, a Contabilidade deve exercer sua missão considerando os desafios e dificuldades
que conhecemos e vivenciamos.

Numa análise realista do desenvolvimento e das medidas para evoluir, não podemos perder de vista o
cenário econômico, tecnológico, institucional e social dentro do qual nos encontramos.

Entretanto, é preciso dividir o cenário que expressam tendências de longo prazo. O modelo contábil
financeiro (diferente do gerencial) deve ser moldado em cenários com horizontes de longa duração,
por pelo menos de 10 anos.
É preciso, ainda, discernir as condições peculiares do desenvolvimento do mercado de capitais no
Brasil e, visto que o objetivo final de todos os mecanismos legais e institucionais em funcionamento é
o ativar esse mercado com as empresas nacionais, principalmente as abertas, suprindo recursos
através de capital de risco e não de empréstimos, verificamos como é importante a inserção de
conceitos contábeis e de evidenciação aperfeiçoados, de forma que o eventual investidor possa avaliar
cada vez melhor as entidades, os riscos e as oportunidades que se oferecem.

Considera-se de fundamental importância para o desenvolvimento de uma sadia economia de


mercado que as empresas participantes, principalmente as que queiram abrir seu capital, tenham
possibilidades de dirigir parte de seus recursos para planos de expansão e modernização, através de
aumento de capital por aportes de novos subscritores. De fato, pelo menos para as empresas
nacionais, o suprimento de tais recursos por empréstimos, quase que exclusivamente, tem gerado
alguns problemas, entre eles:

1) Nem sempre conseguem uma boa Alavancagem Operacional e Financeira entre


recursos próprios e de terceiros;
2) Por uma série de fatores estruturais e conjunturais, o custo do dinheiro emprestado,
no Brasil, nos últimos anos, é maior do que a taxa de retorno proporcionada pelo
emprego do ativo adquirido por tais recursos, provocando progressiva deterioração da
situação de rentabilidade e financeira;
3) Basicamente, uma desproporcionada infusão de capitais por empréstimos, sobre
recursos de patrimônio líquido, mesmo que a uma alavancagem favorável, traduz uma
situação de insegurança, inibidora, às vezes, dos planos de expansão, pois os encargos
derivantes do endividamento têm efeitos no curto prazo, ao passo que o aumento do
capital, embora também tenha um alto custo, dá à administração mais flexibilidade.

Mesmo que as empresas se disponham a abrir cada vez mais seu capital, os investidores somente irão
investir nessas companhias se elas prometerem, em sentido de avaliação, retornos compensadores
sobre outras aplicações.

Para se ter essa avaliação consciente é fundamental a presença da informação contábil precisa, ágil e
baseada em princípios sadios.
Considerações finais

Neste módulo discutimos a importância da Contabilidade Societária para a tomada de decisão. Vimos,
entre outras coisas, as noções de análise de demonstrações financeiras e noções gerais de
investimento. Compreendemos que os objetivos da gestão eficiente da Controladoria e dos dados do
SIG geram valor para os acionistas e para a sociedade.

As informações que captamos das demonstrações contábeis são capazes de avaliar o desempenho da
empresa e facilitam as decisões de investimento, de compra/venda de ativos, levando em
consideração os fatores de risco envolvidos.

Esperamos que você se aprofunde em seus estudos, e que tenha oportunidade de colocar em prática
o que aprendeu até agora.

Esperamos por você no próximo módulo!


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