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Lição nº1
As dificuldades de ensino e aprendizagem da Física
Segundo Lopes 2004, a aprendizagem da Física é uma tarefa bastante exigente. Alunos, pais
e outros agentes educativos queixam-se das suas dificuldades. Os professores de Física, por
seu lado, apresentam as mesmas queixas todos anos, relativamente aos seus alunos que não
aprendem e às escolas que não têm instalações e equipamento e ao sistema educativo com
programas longos a serem cumpridos em turmas numerosas.
Entre a diversidade de opiniões existem aspectos comuns que caracterizam o ensino e a
aprendizagem da Física na sala de aulas. Se você, caro estudante, já é professor de Física no
Ensino Secundário Geral, reflicta neste momento sobre quais são os problemas do ensino e
aprendizagem da Física nas suas próprias aulas e na sua escola. Actividade Neste momento,
faça um levantamento geral, com base na sua experiência profissional ou sobre o que você já
ouviu dizer, dos problemas que, na sua opinião, enfermam o ensino e a aprendizagem da
Física na sua escola. O processo de ensino e aprendizagem da Física apresenta algumas
dificuldades que são já do domínio do senso comum. Quem o diz é Lopes 2004.
Tipo de Indicadores
Institucionais
*O índice de reprovações em Física é bastante elevado tanto no Ensino Secundário como nos
cursos universitários;
• O investimento em instalações e equipamento e respectiva manutenção foi sempre bastante
pobre ou praticamente inexistente;
• O tempo reservado ao ensino-aprendizagem da Física, como de outras ciências naturais é
bastante reduzido comparativamente aos programas longos das diferentes classes.
Opinião dos alunos
Consideram que a Física, tal como é ensinada na sala de aulas:
- não está ligada ao dia-a-dia;
- recorre demasiado a fórmulas, para tudo;
- utiliza situações pouco reais;
- utiliza exemplos de problemas totalmente desfasados dos
do mundo real;
- não recorre a experiências, o que seria mais interessante e
facilitaria a aprendizagem dos alunos;
• Queixam-se, afirmando que:
- a abordagem dos diferentes assuntos é demasiado teórica, não acompanhada de actividades
práticas que permitam ver e viver o desenrolar dos fenómenos;
- quando há experiências nunca participam na sua realização e muito menos na preparação.
Opinião dos professores
• Consideram que os alunos:
- não entendem os problemas e não apresentam requisitos em termos de conhecimentos
teóricos adequados;
- não têm capacidade de raciocínio lógico, não têm hábito de estudo e não gostam da Física
• Queixam-se sistematicamente:
- da falta crónica de meios;
- da extensão dos programas de ensino, razão pela qual não têm tempo para realizar
experiências;
• Assumem que:
- não têm alternativa face à extensão dos programas de ensino de face à inexistência de
condições materiais para realizar experiências;
- fazer experiências exige muito mais tempo de preparação;
- não possuem preparação psico-pedagógica adequada;
- não conhecem as experiências ideias a realizar nos diferentes assunto abordados pelos
programas de ensino.
Observação da prática lectiva
Trabalho experimental na sala de aulas de Física
- É rara ou quase inexistente a sua realização e quando existe tem um carácter mecanicista;
- Assume, quase sempre, o carácter de ilustração/ visualização/ verificação de conhecimentos
previamente construídos teoricamente.
• Perante uma situação física colocada, os alunos recorrem a conhecimentos/saberes do senso
comum, independentemente da formação anterior.
• Resolução de exercícios e/ ou problemas:
- Os exercícios e/ ou problemas são resolvidos de forma mecanicista;
- Na maior parte das vezes os exercícios e/ ou problemas são meramente reprodutivos;
- Os problemas são resolvidos sempre após a apresentação dos conteúdos, representam
sempre o mesmo estágio académico de tratamento dos conteúdos e tipo de questões
apresentadas induzem o uso imediato de fórmulas;
• Os assuntos são apresentados de maneira lógica (portanto do ponto de vista do professor) e
não atendendo às necessidades psicológicas (do ponto de vista dos alunos).
Os casos arrolados no quadro anterior representam apenas alguns exemplos de indicadores da
situação do ensino-aprendizagem da Física na escola. Atente para alguns dos indicadores aqui
apresentados.
1.1. Concepções alternativas
Segundo Lopes 2004, várias pesquisas realizadas em diferentes países, com diferentes alunos
(com escolaridade diferente) e em diferentes conteúdos da Física, evidenciam que grandes
percentagens de alunos (e de alguns professores) mobilizam ideias com uma determinada
estrutura lógica, em contextos diferentes, e estes diferem do conhecimento físico padrão,
independentemente do grau de instrução e dos contextos culturais. Perante uma situação
física, a abordagem que se faz é diferente da abordagem feita por um físico. Estas
constatações desacreditam a eficácia do ensino da Física centrado na exposição cuidada e
bem estruturada dos conteúdos a aprender, por parte do professor.
Noutras palavras, os resultados destas pesquisas revelam uma inadequação gritante das
estratégias de ensino-aprendizagem, a uma aprendizagem eficaz desta disciplina.
Um exemplo prático disso é o frequente fracasso dos alunos e mesmo de alguns estudantes,
na aplicação do conceito de movimento sob acção de forças na prática. Mesmo depois do
tratamento das leis de Newton, estes argumentam com frequência na base do conceito
aristoteliano (384-322 antes de Cristo) ou de outros filósofos da era antes de Galileu e de
Newton, segundo o qual, “só existe movimento de um corpo quando uma força se exercer
continuamente sobre ele e estiver orientada na direcção do movimento do corpo”. Ou ainda,
que “a velocidade de um corpo é tanto maior quanto maior for a força exercida sobre ele”.
Não obstante, segundo Lopes 2004, o TE faz parte da própria essência da construção do
conhecimento científico Como acontece com a resolução de problemas, a que nos referimos
anteriormente, o TE constitui um dos métodos fundamentais de trabalho das ciências naturais
e da Física em particular. Lopes 2004, afirma que o TE no ensino da Física nas escolas é
caracterizado por três tipos de dificuldades:
• Há poucas condições para se realizar trabalho experimental de forma exaustiva e
sistemática (tempo curricular e condições materiais para a preparação das experiências e
para a sua realização na sala de aulas);
• A forma como o TE é integrado no currículo da disciplina de Física prejudica a sua
efectiva realização. A aplicação do TE na aprendizagem tem variado, do ponto de vista
pedagógico, entre os papéis de fonte directa de conhecimento ou como verificação da
validade de construções teóricas, supostamente acabadas sem possibilidades de levantar
novas questões. Este segundo papel deixa transparecer que o TE só é realizado depois de
todos os conhecimentos teóricos terem sido abordados.
• A concepção dos professores de Física sobre o TE na ciência condiciona de forma decisiva
a forma como estes integram o TE no currículo, a forma como preparam as actividades
experimentais e a forma como organizam o trabalho na sala de aulas.
Todos estes aspectos revelam claramente que o estudo das concepções e práticas de ensino
dos professores é uma área de investigação absolutamente essencial para que as mudanças
nas práticas de ensino possam ser efectivas e delas resultem aprendizagens de maior
qualidade.
Neste ponto pretende-se apenas levantar alguns aspectos que são características típicas da
Física como um corpo de conhecimentos sobre a Natureza.
A Física, como ciência da natureza, está intrinsecamente, ligada ao mundo físico e, em larga
medida, directa ou indirectamente, também a vida quotidiana dos cidadãos. Constitui um
exemplo prático, as suas aplicações na tecnologia em prol do nosso bem-estar no dia a dia.
As suas leis permitem explicar a evolução do Universo e da Terra e os fenómenos naturais
que ocorrem em nossa volta. A Física dá-nos acesso a importantes conhecimentos sem os
quais, a conservação do nosso planeta e dos habitats nele existentes não seria inteiramente
realizável.
Simplesmente é preciso perceber que a Física, tal como acontece com outras Ciências, tem
uma forma muito específica de se relacionar com o mundo real. Nunca o faz directamente. A
Física estabelece esta ligação através de modelos teóricos, usados como idealizações da
realidade, e que se enquadram nas teorias físicas mais vastas, complexas e abstractas Além
disso, ela, como um corpo de conhecimentos, apresenta-se como um sistema conceptual
muito bem estruturado e formalizado.
É provavelmente isto que torna o ensino e a aprendizagem intrinsecamente difíceis. E o ponto
crítico é, sem dúvida, que o ensino da Física tem que ajudar o aluno a perceber a relação entre
a Física e a sua vivência do dia-a-dia assim como quanto é interessante o seu estudo.
Mais ainda, é importante que ao se ensinar Física se reconheça sempre a característica de que
a esta recorre a modelos teóricos para se relacionar com a realidade.
4. Busque dos assuntos tratados na lição anterior três exemplos de situações e formule três
problemas relevantes para a investigação em Didáctica. Proponha métodos de abordagem e
de resolução para cada caso.
5. Com que áreas de conhecimento se relaciona a Física como ciência e como objecto de
estudo na educação em ciências? Faça um esquema.
Exercícios Lição nº3
1. Organize um jogo de palavras cruzadas sobre um tema de Física a sua escolha, o qual deve
ser resolvido pelos alunos, como actividade de motivação no início de uma aula;
2. Uma das formas de motivação dos alunos é a realização de experiências simples que
provoquem curiosidade sobre a essência das coisas. Prepare pelo menos 5 experiências
simples e a mão livre para a motivação dos alunos na introdução do conceito de pressão;
3. De que modo a atenção do professor para com os requisitos e as condições iniciais da
aprendizagem é útil para a motivação dos alunos?
4. Quais são os requisitos para a aprendizagem do tema movimento rectilíneo uniforme?
5. A partir dos Manuais Escolares de Física ou outras fontes disponíveis na sua escola
identifique, em todos os capítulos, quais das experiências nelas descritas se adequam a
finalidade de motivação dos alunos para a aula.