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Instrumentação

14ª. Edição

Marco Antônio Ribeiro


Instrumentação
14ª. Edição

Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala, exprime-se claramente e de
modo compreensível. Quem se exprime de modo obscuro e pretensioso mostra logo que não
entende muito bem o assunto em questão ou então, que tem razão para evitar falar claramente
(Rosa Luxemburg)

Marco Antônio Ribeiro

© 1978, 1982, 1986, 1989, 1992, 1995, 1997, 1999, 2002, 2004, 2005, 2007,2008, 2010 © Marco Antonio Ribeiro
Verão 2010
Copyright © 2010 Marco Antonio Ribeiro

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ribeiro, Marco Antonio

R43m Instrumentação , por Marco Antonio Ribeiro, Salvador, BA, Editora, 2010

Bibliografia

Conteúdo. Instrumentação, Especificação.

CDD 620.0028
CDU 620.0028
2008-

Índices para catalogo sistemático:


1. Instrumentação: Engenharia 620
2. Instrumentos: Engenharia 620

Salvador, BA, Verão 2010


Dedicado a Marcelina e Arthur, meus pais, sem os quais este
trabalho não teria sido possível, em todos os sentidos.
Conteúdo
7. MALHA DE CONTROLE 21
UM EXEMPLO DE DIAGRAMA DE INSTRUMENTO,
INSTRUMENTAÇÃO 1 FUNCIONAL E ELÉTRICO PARA UM PROCESSO
SIMPLES 22

OBJETIVOS DE ENSINO 1
1. CONCEITO DE INSTRUMENTAÇÃO 1 ESPECIFICAÇÕES 24
1.1. CONCEITO E APLICAÇÕES 1
1.2. DISCIPLINAS RELACIONADAS 2 OBJETIVOS DE ENSINO 24
1.3. VANTAGENS E APLICAÇÕES 3 1. INFORMAÇÃO DO PRODUTO 24
2. TIPOS DE INSTRUMENTAÇÃO 5 1.1. PROPRIEDADE (FEATURE) 24
2.1. INSTRUMENTAÇÃO PRIMÁRIA 5 1.2. ESPECIFICAÇÃO 24
2.2. INSTRUMENTAÇÃO SECUNDÁRIA 5 1.3. CARACTERÍSTICA 25
2.3. INSTRUMENTAÇÃO AUXILIAR 6 2. PROPRIEDADES DO INSTRUMENTO 25
2.4. INSTRUMENTAÇÃO ACESSÓRIA 6 2.1. FUNCIONALIDADE 25
BPCS - SISTEMA BÁSICO DE CONTROLE DE 2.2. ESTABILIDADE 28
PROCESSO 7 2.3. INTEGRIDADE 28
HLCS - SISTEMA DE CONTROLE DE ALTO NÍVEL 2.4. ROBUSTEZ 31
(HLCS): 7 2.5. CONFIABILIDADE 31
SIS - SISTEMA INSTRUMENTADO DE 2.6. DISPONIBILIDADE 35
SEGURANÇA: 7 2.7. CALIBRAÇÃO E AJUSTE 35
2.8. MANUTENÇÃO 36
SÍMBOLOS E IDENTIFICAÇÃO 8 2.9. RESPOSTA DINÂMICA 37
3. ESPECIFICAÇÕES DO INSTRUMENTO 38
3.1. ESPECIFICAÇÕES DE OPERAÇÃO 38
OBJETIVOS DE ENSINO 8 3.2. ESPECIFICAÇÃO DE DESEMPENHO 39
1. INTRODUÇÃO 8 3.3. ESPECIFICAÇÕES FUNCIONAIS 46
2. APLICAÇÕES 8 3.4. ESPECIFICAÇÕES FÍSICAS 47
3. ROTEIRO DA IDENTIFICAÇÃO 8 3.5. ESPECIFICAÇÃO DE SEGURANÇA 47
3.1. GERAL 8
3.3. IDENTIFICAÇÃO FUNCIONAL 8
3.4. IDENTIFICAÇÃO DA MALHA 9
4. SÍMBOLOS 10
5. TABELAS 11
5.1. TABELA COM LETRAS DE IDENTIFICAÇÃO
12
5.2. NOTAS EXPLANATÓRIAS DE LETRAS DE
IDENTIFICAÇÃO 13
6. DESENHOS 16
6.1. PARÂMETROS DO SÍMBOLO 16
6.2. ALIMENTAÇÃO DOS INSTRUMENTOS 16
6.3. REPRESENTAÇÃO DO INSTRUMENTO 16
6.4. LINHAS ENTRE OS INSTRUMENTOS 17
6.5. BALÃO DO INSTRUMENTO 18
B.9. CONEXÕES DE SINAL DE INSTRUMENTO
PARA INSTRUMENTO COMUM 19

i
Conteúdo

AUTOMAÇÃO 55

1. INTRODUÇÃO 55
2. SISTEMA DIGITAL DE CONTROLE
DISTRIBUÍDO (SDCD) 55
3. CONTROLADOR LÓGICO PROGRAMÁVEL
(CLP) 56
4. CONTROLE SUPERVISÓRIO E AQUISIÇÃO
DE DADOS (SCADA) 57
4.1. INTRODUÇÃO 57
4.2. COLETA DE DADOS 57
4.3.ESTAÇÃO DE OPERAÇÃO 58
4.3. PROGRAMA APLICATIVO (SOFTWARE) 59
5. PROTOCOLOS DE COMUNICAÇÃO 60
5.1. INTRODUÇÃO 60
5.2. PROTOCOLO HART 61
5.3. FOUNDATION FIELDBUS 62
5.4. PROFIBUS 63
1. CONCEITO 63
2. TIPOS DO PROFIBUS 63
VANTAGENS DO PROFIBUS 63
5.5. ETHERNET 64
OBJETIVOS DE ENSINO 65
1. INTRODUÇÃO 65
2. MALHA DE MEDIÇÃO 65
2.1. RESULTADO DA MEDIÇÃO 65
2.2. COMPONENTES DA MALHA 66
2.3. MALHA DE MEDIÇÃO DE VAZÃO 66

ii
Conteúdo

2. FUNÇÕES DOS INSTRUMENTOS 67 2.2. TRANSMISSOR ELETRÔNICO 88


3. TRANSMISSOR E MANUTENÇÃO 90
3.1. TRANSMISSOR ANALÓGICO DESCARTÁVEL
90
ELEMENTO SENSOR 69 3.2. TRANSMISSOR ANALÓGICO CONVENCIONAL
91
1. CONCEITO 69 3.3. TRANSMISSOR INTELIGENTE DIGITAL 91
2. TERMINOLOGIA 69 3.4. TRANSMISSOR HÍBRIDO ANALÓGICO
3. PRINCÍPIOS DE TRANSDUÇÃO 70 DIGITAL 92
4. SENSORES MECÂNICOS 70 4. RECEPTORES ASSOCIADOS 93
5. SENSORES ELETRÔNICOS 70 4.1. INSTRUMENTOS ASSOCIADOS 93
5.1. SENSOR CAPACITIVO 71 4.2. ALIMENTAÇÃO 93
5.2. SENSOR INDUTIVO 71 5. SERVIÇOS ASSOCIADOS 94
5.3. SENSOR RELUTANTE 72 5.1. ESPECIFICAÇÃO 94
5.4. SENSOR ELETROMAGNÉTICO 72 5.2. INSTALAÇÃO 94
5.5. SENSOR PIEZELÉTRICO 72
5.6. SENSOR RESISTIVO 72 INDICADOR 95
5.7. SENSOR POTENCIOMÉTRICO 73
5.8. SENSOR STRAIN GAUGE 73
5.9. SENSOR FOTOCONDUTIVO 73 1. CONCEITO 95
5.10. SENSOR FOTOVOLTÁICO 73 2. VARIÁVEL MEDIDA 95
5.11. SENSOR TERMOELÉTRICO 73 3. LOCAL DE MONTAGEM 96
5.12. SENSOR IÔNICO 74 4. TIPO DA INDICAÇÃO 96
6. ESCOLHA DO SENSOR 74 5. RANGEABILIDADE DA INDICAÇÃO 97
7. CARACTERÍSTICAS DESEJÁVEIS DO 6. ASSOCIAÇÃO A OUTRA FUNÇÃO 98
SENSOR 74 7. SERVIÇOS ASSOCIADOS 98

CONDICIONADOR DE SINAL 75 REGISTRADOR 99

1. CONCEITO 75 1. INTRODUÇÃO 99
2. APLICAÇÕES 75 2. TOPOGRAFIA 99
3. FUNÇÕES DESENVOLVIDAS 76 3. ACIONAMENTO DO GRÁFICO 100
4. LINEARIZAÇÃO DA VAZÃO 77 4. PENAS 100
4.1. INTRODUÇÃO 77 5. GRÁFICOS 101
4.2. MEDIDORES LINEARES E NÃO-LINEARES 78 6. ASSOCIAÇÃO A OUTRA FUNÇÃO 102
5. COMPENSAÇÃO 78 7. SERVIÇOS ASSOCIADOS 102
5.1. INTRODUÇÃO 78
5.2. CONDIÇÕES NORMAL, PADRÃO E REAL 80 COMPUTADOR DE VAZÃO 103
5.3. COMPENSAÇÃO DA TEMPERATURA DE
LÍQUIDOS 80
1. CONCEITO 103
5.4. TOMADAS DE PRESSÃO E TEMPERATURA 80
2. PROGRAMÁVEIS 103
6. TOTALIZAÇÃO DA VAZÃO 81 3. DEDICADO 104
4. APLICAÇÕES CLÁSSICAS 104
TRANSMISSOR 83 4.1. VAZÃO DE LIQUIDO 104
4.2. VAZÃO DE GÁS COM COMPENSAÇÃO 104
4.3. SISTEMA COM 2 TRANSMISSORES 105
1. CONCEITOS BÁSICOS 83
1.1. INTRODUÇÃO 83 4.5. VAZÃO DE MASSA DE GÁS 105
1.2. JUSTIFICATIVAS DO TRANSMISSOR 83 5. SELEÇÃO DO COMPUTADOR 105
1.3. TERMINOLOGIA 84 6. PLANÍMETRO 106
1.4. TRANSMISSÃO DO SINAL 85 6.1. HISTÓRICO 106
1.5. SINAIS PADRÃO DE TRANSMISSÃO 86 6.2. MÉTODO DO PLANÍMETRO 106
2. NATUREZA DO TRANSMISSOR 86 6.3. GRÁFICOS CIRCULARES UNIFORMES 106
2.1. TRANSMISSOR PNEUMÁTICO 86 6.4. ESPECIFICAÇÃO DO PLANÍMETRO 106

iii
Conteúdo

CONTROLADOR 107 8.3. ESCOLHA DE CARACTERÍSTICAS 128


9. OPERAÇÃO DA VÁLVULA 129
1. CONCEITO 107 9.1. APLICAÇÃO DA VÁLVULA 129
9.2. DESEMPENHO 129
2. COMPONENTES BÁSICOS 107
2.1. MEDIÇÃO 107 9.3. RANGEABILIDADE 129
2.2. PONTO DE AJUSTE 107 10. VEDAÇÃO E ESTANQUEIDADE 130
2.3. ESTAÇÃO MANUAL INTEGRAL 108 10.1. CLASSIFICAÇÃO 130
2.4. UNIDADE DE BALANÇO AUTOMÁTICO 108 10.2. FATORES DO VAZAMENTO 131
2.5. MALHA ABERTA OU FECHADA 108 10.3. VÁLVULAS DE BLOQUEIO 131
2.6. AÇÃO DIRETA OU INVERSA 110 11. DIMENSIONAMENTO 131
11.1. FILOSOFIA 131
3. ESPECIFICAÇÃO DO CONTROLADOR 110
3.1. CONTROLADOR LIGA-DESLIGA 110 11.2. VÁLVULAS PARA LÍQUIDOS 132
3.2. CONTROLADOR DE INTERVALO 11.3. VÁLVULAS PARA GASES 132
DIFERENCIAL 111 11.4. QUEDA DE PRESSÃO NA VÁLVULA 132
3.3. CONTROLADOR PROPORCIONAL 111 14. TIPOS DE VÁLVULAS 133
3.4. CONTROLADOR PROPORCIONAL MAIS 14.1. VÁLVULA GAVETA 134
INTEGRAL 112 14.2. VÁLVULA ESFERA 135
3.5. CONTROLADOR PROPORCIONAL MAIS 14.3. VÁLVULA BORBOLETA 136
DERIVATIVO 113 14.4. VÁLVULA GLOBO 137
3.6. PROPORCIONAL + INTEGRAL + 14.5. VÁLVULA AUTO-REGULADA 138
DERIVATIVO 114 15. VÁLVULAS ESPECIAIS 140
3.7. CONTROLADOR TIPO BATELADA 114 15.1. VÁLVULA RETENÇÃO (CHECK VALVE) 140
3.8. CONTROLADOR ANALÓGICO 116 15.2. VÁLVULAS DE RETENÇÃO TIPO
3.9. CONTROLADOR DIGITAL 116 LEVANTAMENTO 141
4. CONTROLADOR MICROPROCESSADO 117 15.3. VÁLVULAS DE RETENÇÃO ESFERA 141
4.1. CONCEITO 117 15.4. VÁLVULAS DE RETENÇÃO BORBOLETA
4.2. CARACTERÍSTICAS 117 141
15.5. VÁLVULA DE RETENÇÃO E BLOQUEIO 141
16. VÁLVULA DE ALÍVIO DE PRESSÃO 141
VÁLVULA DE CONTROLE 119 16.1. FUNÇÃO DO EQUIPAMENTO 141
16.2. DEFINIÇÕES E CONCEITOS 142
1. INTRODUÇÃO 119 16.3. SOBREPRESSÃO 142
2. ELEMENTO FINAL DE CONTROLE 119 16.4. VÁLVULA DE SEGURANÇA 143
3. VÁLVULA DE CONTROLE 120 18. VÁLVULA REDUTORA DE PRESSÃO 144
4. CORPO 120 18.1. CONCEITO 144
4.1. CONCEITO 120 18.2. PRECISÃO DA REGULAÇÃO 144
4.2. SEDE 121 18.3. SENSIBILIDADE 145
4.3. PLUG 121 18.4. SELEÇÃO DA VÁLVULA REDUTORA DE
5. CASTELO 121 PRESSÃO 145
6. ATUADOR 122 18.5. INSTALAÇÃO 145
6.1. OPERAÇÃO MANUAL OU AUTOMÁTICA 122
6.2. ATUADOR PNEUMÁTICO 122
6.3. AÇÕES DO ATUADOR 123
6.4. ESCOLHA DA AÇÃO 124
6.5. MUDANÇA DA AÇÃO 124
6.6. DIMENSIONAMENTO DO ATUADOR 124
6.7. ATUADOR E OUTRO ELEMENTO FINAL 124
7. ACESSÓRIOS 125
7.1. VOLANTE 125
7.2. POSICIONADOR 125
7.3. BOOSTER 126
8. CARACTERÍSTICA DA VÁLVULA 127
8.1. CONCEITO 127
8.2. CARACTERÍSTICAS DA VÁLVULA E DO
PROCESSO 127

iv
Conteúdo

3. VARIÁVEIS DO PROCESSO 149 2. VANTAGENS E DESVANTAGENS 184


3. INFLUÊNCIA DO VAPOR NO RADAR 184
OBJETIVOS DE ENSINO 149 DISTÂNCIAS DO TANQUE 184
CALIBRAÇÃO DO RADAR 185
1. INTRODUÇÃO 149
2. CONCEITO 149 8. OUTROS MEDIDORES DE NÍVEL 185
3. FAIXA DAS VARIÁVEIS 150 7. ARQUEAÇÃO DE TANQUE 186
3.1. FAIXA E AMPLITUDE DE FAIXA 150
3.2. LIMITES DE FAIXA 150 VAZÃO 193
3.3. FAIXA E DESEMPENHO DO INSTRUMENTO
150
1. SELEÇÃO DO MEDIDOR 193
PRESSÃO 151 SISTEMA DE MEDIÇÃO 193
4.1. DEFINIÇÃO 151 TIPOS DE MEDIDORES 193
4.2. UNIDADES 151 PARÂMETROS DA SELEÇÃO 195
4.3. TIPOS 151
4.4. MEDIÇÃO DA PRESSÃO 152
4.5. SENSORES MECÂNICOS 153 PLACA DE ORIFÍCIO 200
4.6. SENSORES ELÉTRICOS 154
4.7. SELO DE PRESSÃO 155 1. INTRODUÇÃO HISTÓRICA 200
4.8. PRESSOSTATO 155 2. PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO E EQUAÇÕES 200
4.9. CALIBRAÇÃO DA PRESSÃO 156 3. ELEMENTOS DOS SISTEMA 202
TEMPERATURA 159 3.1. ELEMENTO PRIMÁRIO 202
5.1. DEFINIÇÕES 159 3.2. ELEMENTO SECUNDÁRIO 202
5.2. UNIDADES 159 4. PLACA DE ORIFÍCIO 203
5.3. ESCALAS 160 4.1. MATERIAIS DA PLACA 203
5.4. ESCALA PRÁTICA INTERNACIONAL DE 4.2. GEOMETRIA DA PLACA 203
TEMPERATURA (EPIT) 160 4.3. MONTAGEM DA PLACA 204
# 161 4.4. TOMADAS DA PRESSÃO DIFERENCIAL 205
5.5. MEDIÇÃO DA TEMPERATURA 161 4.5. PERDA DE CARGA E CUSTO DA ENERGIA
5.6. TERMOPAR 164 206
5.7. RESISTÊNCIA DETECTORA DE 4.6. PROTUSÕES E CAVIDADES 206
TEMPERATURA (RTD) 167 4.7. RELAÇÕES MATEMÁTICAS 206
5.8. ACESSÓRIOS 169 4.8. FATORES DE CORREÇÃO 208
4.9. DIMENSIONAMENTO DO β DA PLACA 209
NÍVEL 172 4.10. SENSORES DA PRESSÃO DIFERENCIAL 211

1. INTRODUÇÃO 172 TURBINA 212


CONCEITO DE NÍVEL 172
UNIDADES DE NÍVEL 172 1. INTRODUÇÃO 212
MEDIÇÃO DE NÍVEL 172 2. TIPOS DE TURBINAS 212
2. MEDIÇÃO MANUAL 173 2.1. TURBINA MECÂNICA 212
INTRODUÇÃO 173 2.2. TURBINA CONVENCIONAL 213
GERAL 173 DETECTORES DA VELOCIDADE ANGULAR 214
TRENA 174 CARACTERÍSTICAS DA TURBINA 215
PESO DE IMERSÃO 175 SINAL DE SAÍDA 215
3. MEDIÇÃO AUTOMÁTICA 176 DESEMPENHO 216
INTRODUÇÃO 176 FATORES DE INFLUÊNCIA 216
EXIGÊNCIAS METROLÓGICAS 176 SELEÇÃO DA TURBINA 217
5. MEDIDORES DE NÍVEL 178 DIMENSIONAMENTO 218
MEDIDORES FAVORITOS 178 CONSIDERAÇÕES AMBIENTAIS 219
MEDIDOR COM BÓIA 178 INSTALAÇÃO DA TURBINA 219
MEDIÇÃO COM DESLOCADOR 179 OPERAÇÃO 219
6. PRESSÃO DIFERENCIAL 181 MANUTENÇÃO 220
7. MEDIÇÃO COM RADAR 184 CALIBRAÇÃO 220
1. INTRODUÇÃO 184

v
Conteúdo

CUIDADOS E PROCEDIMENTOS 221 8.5. VANTAGENS 241


8.6. DESVANTAGENS E LIMITAÇÕES 241
DESLOCAMENTO POSITIVO 223 19. CALIBRAÇÃO DE VAZÃO 242
19.1. LOCAL DA CALIBRAÇÃO 242
19.2. PROVER 242
1. INTRODUÇÃO 223 19.3. MEDIDOR MESTRE (MASTER) 243
2. PRINCÍPIO DE OPERAÇÃO 223 19.4. MÉTODO GRAVIMÉTRICO 243
3. CARACTERÍSTICAS 223 19.5. MÉTODO VOLUMÉTRICO 244
4. TIPOS DE MEDIDORES 224 19.6. BOCAL SÔNICO 244
DISCO NUTANTE 224 19.7. LABORATÓRIO DE VAZÃO 244
LÂMINA ROTATÓRIA 225
PISTÃO OSCILATÓRIO 225
PISTÃO RECIPROCANTE 225 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 247
MEDIDOR COM ENGRENAGENS OVAIS 225
5. MEDIDORES PARA GASES 226
CALIBRAÇÃO DOS MEDIDORES DE GASES 227
6. VANTAGENS E DESVANTAGENS 227
7. CONCLUSÃO 227

CORIOLIS 229

1. INTRODUÇÃO 229
2. EFEITO CORIOLIS 229
3. RELAÇÕES MATEMÁTICAS 229
4. CALIBRAÇÃO 230
5. MEDIDOR INDUSTRIAL 230
6. CARACTERÍSTICAS 231
7. APLICAÇÕES 232
8. CRITÉRIOS DE SELEÇÃO 232
9. LIMITAÇÕES 232
10. CONCLUSÃO 233

ULTRA-SÔNICO 235

1. INTRODUÇÃO 235
2. DIFERENÇA DE TEMPO 235
TEMPO DE TRÂNSITO MONOFEIXE 235
TEMPO DE TRÂNSITO MULTI-FEIXE 235
TEMPO DE TRÂNSITO NÃO INTRUSIVO OU A
SECO OU CLAMP ON 236
3. EFEITO DOPPLER 236
APLICAÇÕES 237
6. INSTALAÇÃO 237
CALIBRAÇÃO 237
CONCLUSÃO 238

MAGNÉTICO 240

8.1. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO 240


8.2. SISTEMA DE MEDIÇÃO 240
8.3. TUBO MEDIDOR 240
8.4. TRANSMISSOR DE VAZÃO 241

vi
Prefácio
Qualquer planta nova bem projetada para produzir determinado produto sempre requer
sistemas de instrumentação para fazer a medição, controle, monitoração e alarme das
variáveis. A escolha correta dos sistemas pode ser a diferença entre sucesso e fracasso para
uma unidade, planta ou toda a companhia. Também, como há uma rápida evolução das
tecnologias e conseqüente obsolescência, periodicamente toda planta requer ampliações e
modificações radicais que incluem a atualização dos seus instrumentos e seus sistemas de
controle.
Assim, técnicos e engenheiros que trabalham com o projeto, especificação, operação e
manutenção de plantas de processo devem estar atualizados com a instrumentação e as
recentes tecnologias envolvidas. O presente trabalho foi escrito como suporte de um curso
ministrado a engenheiros e técnicos ligados, de algum modo, a estas atividades. Este trabalho
de Instrumentação e outros de Controle de Processo, Metrologia e Automação constituem um
conjunto completo para estudo e consulta.
Neste trabalho, dá-se ênfase aos equipamentos e instrumentos e são apresentados
qquatro grandes temas: Fundamentos, Instrumentos e Medição das Variáveis.
Na primeira parte, de Fundamentos de Instrumentação, são apresentados os conceitos
relacionados com Instrumentação, Símbolos e Identificação dos instrumentos analógicos e
digitais; vistos os instrumentos sob a óptica de Sistemas; mostradas a evolução e as ondas da
instrumentação. São apresentados os parâmetros para a Especificação correta do instrumento
individual, considerando o processo, ambiente, risco e corrosão.
Na parte de Funções de instrumentos, são estudados individualmente os instrumentos,
considerando suas funções na malha de medição, tais como sensor, transmissor,
condicionador de sinal, indicador, registrador, totalizador, computador de vazão,
controlador e válvula de controle.
Finalmente na terceira parte, nas Variáveis de Processo, são mostradas as tecnologias
empregadas para medir as principais variáveis de processo, como Pressão, Temperatura,
Vazão e Nível, que são as variáveis mais encontradas nas indústrias químicas, petroquímicas
e de petróleo e gás natural.
Sugestões e críticas, principalmente as destrutivas são benvidas para o contínuo
melhoramento do trabalho,
Endereço: Rua Carmen Miranda 52, A 903, CEP 41810-670,
Fones: fixo (71) 3452-4286 e celular (71) 9979 9955
Skype: Marcotek27
e-mail: marcotek@uol.com.br
site: www.marcoantonioribeiro.com.br .

Marco Antônio Ribeiro


Salvador, verão 2010

vii
viii
Autor

Marco Antônio Ribeiro se formou no ITA, em 1969, em Engenharia de


Eletrônica blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
blablablá, blablablá.

Durante quase 14 anos foi Gerente Regional da Foxboro, em Salvador, BA


blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
blablablá, blablablá.

Fez vários cursos no exterior, possui dezenas de artigos publicados e já ministrou


mais de 500 cursos blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá.

Atualmente é diretor da Tek Treinamento e Consultoria Ltda, blablablá,


blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá
que presta serviços de treinamento e consultoria nas áreas de Instrumentação, Controle,
Automação, Medição, Metrologia, Qualidade e Segurança.

Na vida pessoal, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,


blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá, blablablá,
blablablá, blablablá gosta de corrida, música de Beethoven, xadrez, fotografia, leitura,
filmes, filhos e Cecília Leonor, sua mulher; enfim, da vida.

ix
x
Instrumentação
Objetivos de Ensino
1. Conceituar instrumentação, distinguindo seus diferentes enfoques de fabricação, projeto,
especificação, instalação, operação e manutenção.
2. Identificar as variáveis analógicas envolvidas.
3. Listar os tipos de equipamentos que podem ser beneficiados com a medição e controle de suas
variáveis.
4. Determinar qual tipo de indústria possui processo onde se pode aplicar a instrumentação.
5. Listar as principais vantagens de se usar instrumentos de medição e controle.

4) Registro: apresentação do valor


1. Conceito de Instrumentação histórico e em tempo real da variável.
5) Controle: garantia de que o valor de
uma variável permaneça igual, em torno
ou próximo de um valor desejado.
1.1. Conceito e aplicações
6) Alarme:: geração de sinais para chamar
Instrumentação é um conjunto de instrumentos, a atenção do operador para condições
equipamentos, dispositivos ou funções ou sua que exijam sua interferência
aplicação para o objetivo de medir, monitorar ou 7) Intertravamento: para atuar
controlar processos industriais ou maquinas ou automaticamente no processo para
qualquer combinação deles. Estes instrumentos são mantê-lo seguro.
usados para detectar, observar, medir, controlar, As variáveis envolvidas incluem mas não se
computar, comunicar ou processar dados e sinais de limitam a
modo manual ou automático. Os enfoques da 1) Análise, que inclui composição,
instrumentação podem ser de densidade, condutividade, turbidez, pH,
1) Fabricação: construção de componentes e umidade, consistência.
instrumentos. 2) Nível
2) Projeto: detalhamento básico e específico de 3) Pressão
sistemas equipamentos e instrumentos. 4) Temperatura
3) Especificação: estabelecimento de 5) Vazão
características físicas, funcionais e de 6) Vibração mecânica
segurança dos instrumentos. Os instrumentos estão associados e aplicados aos
4) Vendas: comercialização, marketing e seguintes equipamentos:
promoção de instrumentos 1) Caldeira: equipamento para gerar
5) Montagem: instalação correta dos vapor.
instrumentos no local de trabalho, para que 2) Reator: equipamento onde se realiza
ele operem conforme o previsto. uma reação química ordenada.
6) Operação: monitoração do desempenho dos 3) Compressor: equipamento para mover
instrumentos e atuação manual, quando gases.
necessário, para garantir a eficiência e 4) Bomba: equipamento para mover
segurança do processo envolvido. líquidos.
7) Manutenção dos instrumentos: reparo do 5) Coluna de destilação: equipamento
instrumento quando inoperante, calibração e para separar diferentes produtos com
ajuste do instrumento quando o seu diferentes pontos de ebulição.
desempenho metro lógico o exigir. 6) Forno: equipamento para aquecer
As principais funções dos instrumentos são: algum produto.
1) Sensor: detecção da variável medida. 7) Refrigerador: equipamento para esfriar
2) Indicação: apresentação do valor algum produto.
instantâneo da variável. 8) Condicionador de ar: equipamento para
3) Condicionamento do sinal: operação de manter a temperatura e a umidade
tornar mais amigável o sinal original. relativa do ar ambiente dentro de
determinados limites estabelecidos.

1
Instrumentação

As indústrias que utilizam os instrumentos de correto de algarismos significativos,


medição e de controle do processo, de modo havendo coerência e conformidade com as
intensivo e extensivo são: especificações metrológicas dos
1) Química instrumentos da malha de medição.
2) Petroquímica 9) Legislação, normas técnicas e boas práticas,
3) Refinaria de petróleo para atender exigências legais e contratos
4) Gás e óleo comerciais entre comprador e vendedor de
5) Dutos e Terminais produtos em transferência de custódia.
6) Têxtil Esses conhecimentos auxiliam na escolha e na
7) Fertilizante aplicação do sistema de controle automático
8) Papel e celulose associado ao processo. Os modelos matemáticos, as
9) Alimentícia analogias e a simulação do processo são
10) Farmacêutica desenvolvidos e dirigidos para o entendimento do
11) Cimento processo e sua dinâmica e finalmente para a escolha
12) Siderúrgica do melhor sistema de controle.
13) Mineração
14) Nuclear
15) Hidrelétrica
16) Termelétrica
17) Tratamento d'água e de efluentes

1.2. Disciplinas relacionadas


O projeto completo do sistema de controle de um
processo envolve vários procedimentos e exige os
conhecimentos dos mais diversos campos da
engenharia, tais como:
1) Mecânica dos fluidos, para a especificação
de bombas, dimensionamento de tubulações,
disposição de bandejas da coluna de
destilação, dimensionamento de trocadores
de calor, especificação de bombas e
compressores.
2) Transferência de calor, para a determinação Fig. 1.2. Vista de uma área industrial
da remoção do calor dos reatores químicos,
pré-aquecedores, caldeiras de recuperação e
dimensionamento de condensadores.
3) Cinética das reações químicas, para o A especificação dos instrumentos requer o
dimensionamento dos reatores, escolha das conhecimento dos catálogos dos fabricantes e das
condições de operação (pressão, temperatura funções a serem executadas, bem como das normas,
e nível) e de catalisadores, leis e regulamentações aplicáveis.
4) Termodinâmica, para o calculo da A manutenção dos instrumentos exige o
transferência de massa, do número e da conhecimento dos circuitos mecânicos, pneumáticos
relação das placas de refluxo e das e eletrônicos dos instrumentos, geralmente
condições de equilíbrio do reator. fornecidos pelos fabricantes dos instrumentos. Para a
5) Informática para a operação de sistemas de manutenção da instrumentação pneumática exige-se
controle que usam computadores digitais a habilidade manual e uma paciência bovina para os
como interface humano-máquina. ajustes de elos, alinhamento de foles,
6) Telecomunicação para aplicar em redes de estabelecimento de ângulos retos entre alavancas,
comunicação que interligam sistemas colocação de parafusos em locais quase inacessíveis.
digitais separados por pequenas e grandes A manutenção dos instrumentos eletrônicos requer o
distancias. conhecimento da eletrônica básica, do
7) Estatística para a estimativa das incertezas funcionamento dos amplificadores operacionais e
associadas com as medições e o atualmente das técnicas digitais. O fabricante correto
desenvolvimento de técnicas para fornece os circuitos eletrônicos e os diagramas de
determinar e minimizar estas incertezas dos bloco esquemáticos dos instrumentos.
instrumentos e das medições em uso Para a sintonia do controlador e o entendimento
industrial, garantindo sua precisão e dos fenômenos relativos ao amortecimento, à
exatidão. oscilação e à saturação é útil o conhecimento
8) Aritmética para expressar corretamente os rigoroso dos conceitos matemáticos da integral e da
resultados da medição, com o número

2
Instrumentação

derivada. A analise teórica da estabilidade do 3) requer calibrações e ajustes periódicos,


processo requer uma matemática transcendental, para se manter exato
envolvendo a função de transferência, os zeros e os 4) requer manutenção corretiva, preventiva
pólos de diagramas, as equações diferenciais, a ou preditiva, para que sua precisão se
transformada de Laplace e os critérios de Routh- mantenha dentro dos limites
Hurwitz. estabelecidos pelo fabricante e
5) é provável que algum dia ele falhe e
pela lei de Murphy, esta falha
geralmente acontecerá na pior hora
possível e poderá acarretar grandes
complicações.

Qualidade do Produto
A maioria dos produtos industriais é fabricada
para satisfazer determinadas propriedades físicas e
químicas. Quanto melhor a qualidade do produto,
menores devem ser as tolerâncias de suas
propriedades. Quanto menor a tolerância, maior a
necessidade dos instrumentos para a medição e o
controle automático.
Os fabricantes executam testes físicos e químicos
Fig. 1.2. Vista da Sala de Controle em todos os produtos feitos ou, pelo menos, em
amostras representativas tomadas aleatoriamente das
linhas de produção, para verificar se as
especificações estabelecidas foram atingidas pela
produção. Para isso, são usados instrumentos tais
1.3. Vantagens e Aplicações como indicadores de densidade e viscosidade,
espectrômetros de massa, analisadores de
Nem todas as vantagens da instrumentação infravermelho, cromatógrafos e outros.
podem ser listadas aqui. As principais estão Os instrumentos possibilitam a verificação, a
relacionadas com a qualidade e com a quantidade garantia e a repetitividade da qualidade dos
dos produtos, fabricados com segurança e sem produtos.
subprodutos nocivos. Há muitas outras vantagens. O Atualmente, o conjunto de normas ISO 9000
controle automático possibilita a existência de exige que os instrumentos que impactam a qualidade
processos extremamente complexos, impossíveis de do produto tenham um sistema de monitoração, onde
existirem apenas com o controle manual. Um estão incluídas a manutenção e calibração
processo industrial típico envolve centenas e até documentada deles.
milhares de sensores e de elementos finais de Instrumentos analíticos são a base da obtenção
controle que devem ser operados e coordenados de produtos dentro de suas especificações desejadas.
continuamente.
Como vantagens, o instrumento de medição e Quantidade do Produto
controle As quantidades das matérias primas, dos
1) não fica aborrecido ou nervoso, produtos finais e das utilidades devem ser medidas e
2) não reclama, controladas para fins de balanço do custo e do
3) não fica distraído ou atraído por pessoas rendimento do processo. Também é freqüente a
bonitas, medição de produtos para venda e compra entre
4) não assiste a um jogo de futebol na plantas diferentes.
televisão nem o escuta pelo rádio, Os instrumentos de indicação, registro e
5) não pára para almoçar ou ir ao banheiro, totalização da vazão e do nível fazem a aquisição
6) não fica cansado de trabalhar, confiável dos dados através das medições de modo
7) não tem problemas emocionais, continuo e preciso.
8) não abusa seu corpos ou sua mente, Os instrumentos asseguram a quantidade precisa
9) não tem sono, e exata das substâncias transferidas, compradas e
10) não folga do fim de semana ou feriado, vendidas.
11) não sai de férias,
12) não reivindica aumento de salário.
Porém, como desvantagens, o instrumento
1) sempre apresenta erro de medição
2) opera adequadamente somente quando
estiver nas condições previstas pelo
fabricante,

3
Instrumentação

Os instrumentos garantem efluentes limpos e


inofensivos.

Segurança da Planta
O processo deve ter alarme e proteção associados
ao sistema de medição e controle. O alarme é
realizado através das mudanças de contatos elétricos,
monitoradas pelos valores máximo e mínimo das
variáveis do processo. Os contatos dos alarmes
podem atuar (ligar ou desligar) equipamentos
elétricos, dispositivos sonoros e luminosos.
É útil o uso do sistema de desligamento
automático ou de trip do processo. Deve-se proteger
Fig. 1.4. Instrumentos de medição de nível o processo, através de um sistema lógico e
seqüencial que sinta as variáveis do processo e
Economia do Processo mantenha os seus valores dentro dos limites de
O controle automático economiza energia, pois segurança, ligando ou desligando os equipamentos e
elimina o superaquecimento de fornos, de fornalhas evitando qualquer seqüência indevida que produza
e de secadores. O controle de calor está baseado condição perigosa.
geralmente na medição de temperatura e não existe
nenhum operador humano que consiga sentir a
temperatura com a precisão e a sensitividade do
termopar ou da resistência.
Instrumentos também permitem a realização de
reações químicas em quantidades estequiométricas e
econômicas.
Os instrumentos garantem a conservação da
energia e a economia do processo .

Fig. 1.6. Planta industrial

Muitas plantas possuem uma ou várias áreas


onde podem estar vários perigos, tais como o fogo, a
explosão, a liberação de produtos tóxicos. Haverá
problema, a não ser que sejam tomados cuidados
especiais na observação e no controle destes
fenômenos. Hoje são disponíveis instrumentos que
podem detectar a presença de concentrações
perigosas de gases e vapores e o aparecimento de
Fig. 1.5. Instrumentação aplicada à indústria chama em unidades de combustão.
Finalmente, todos os instrumentos que são
instalados em áreas que contenham gases, pós ou
fibras explosivas ou incendiárias devem ter
Ecologia proteções adicionais, para que sua presença no local
Na maioria dos processos, os produtos que não não aumente o risco de explosão ou incêndio no
são aproveitáveis e devem ser jogados fora, são local.
prejudiciais às vidas animal e vegetal. A fim de Os instrumentos protegem vidas humanas, meio
evitar este resultado nocivo, devem ser adicionados ambiente e equipamentos
agentes corretivos para neutralizar estes efeitos. Pela
medição do pH dos efluentes, pode se economizar a
quantidade do agente corretivo a ser usado e pode se
assegurar que o efluente esteja não agressivo.

4
Instrumentação

2. Tipos de instrumentação 2.2. Instrumentação secundária


Instrumentação secundária consiste de
A instrumentação pode ser classificada como
equipamentos e dispositivos de medição,
primária, secundária, auxiliar ou acessória para
monitoração e controle que incluem, mas não são
responsabilizar identidades funcionais e malha e
limitados a, visores de nível, manômetros,
símbolos.
termômetros e reguladores de pressão.
A instrumentação secundária serve como reserva
2.1. Instrumentação primária auxiliar para o operador. A instrumentação scundária
Instrumentação primária consiste de consiste de instrumentos indicadores locais,
equipamentos e dispositivos para medir, monitorar, instalados próximos do processo e são utilizados
controlar ou calcular e suas funções inerentes e apenas quando o operador vai à área industrial.
funções de programa que incluem, mas não são Todas as indicações de campo são também
limitadas a, transmissores, registradores, apresentadas na sala de controle, com maior precisão
controladores, válvulas de controle, equipamentos de e melhor conforto. Quando apropriado, os
segurança e controle auto-atuados e funções de instrumentos auxiliares podem ser montados em
programa de aplicação que requerem ou permitem painéis auxiliares na área industrial acessíveis ao
ao usuário atribuir identificações. A instrumentação operador.
primária é a mais importante, pois é essencial à Nos diagramas P&I, a instrumentação secundária
operação prevista da planta. Os instrumentos de é mostrada e identificada como:
display estão localizados na sala de controle, mas FG – visor de vazão
recebem sinais de informação do processo e atuam LG – visor de nível
nos instrumentos também montados na área PG ou PI – indicador local de pressão
industrial. (manômtro)
TG ou TI – indicador local de temperatura
(termômetro)

Fig. 1.3. Instrumentação auxiliar de campo


Fig. 1.1. Instrumentação primária, montada no
painel de leitura

Fig. 1.4. Instrumentação secundária em painel


auxiliar de campo

Fig. 1.2. Instrumentação primária, montada na


área industrial (campo)

5
Instrumentação

2.3. Instrumentação auxiliar


Instrumentação auxiliar consiste de
equipamentos e dispositivos que medem, controlam
ou calculam e que são necessários para a operação
efetiva da instrumentação primária ou secundária,
elas incluem, mas não são limitados a, equipamentos
de cálculo, purgadores, sistemas de manipulação de
amostra e conjuntos de filtro-regulador de ar de
instrumentos, válvulas solenóides.
A instrumentação auxiliar é basicamente a
família dos instrumentos condicionadores de sinal,
que melhoram a apresentação do sinal para sua
finalidade. Exemplos de instrumentação auxiliar: os
fazedores de conta para a compensação de pressão e Fig. 1.7. Instrumentação acessória: conjunto
temperatura na medição de vazão volumétrica de distribuidor e potes de selagem
gás. A instrumentação auxiliar também inclui
dispositivos de otimização da instrumentação
acessória, como filtros e reguladores de pressão da
alimentação dos instrumentos pneumáticos,
reguladores da tensão da fonte de alimentação
2.4. Instrumentação acessória
elétrica dos instrumentos eletrônicos. Instrumentação acessória consiste de
Purgadores servem para retirar condensado de equipamentos e dispositivos que não medem ou
gases e eliminadores de ar servem para tirar gases de controlam, mas são necessários para a operação
líquidos, tornando a vazão monofásica. Os sistemas efetiva do sistema de medição, monitoração ou
de condiconamento de amostras são outro exemplo controle, elas incluem, mas não são limitadas a tubos
de instrumentação auxiliar, pois permitem a retirada retos para medição de vazão, retificadores e
correta da amostra e o seu condicionamento para a condicionadores de vazão e potes de selagem.
medição de análise. Na medição de vazão volumétrica de gases e
Na medição de vazão com gerador de pressão líquidos, o uso de tubos de vazão torna a medição
diferencial é utilizado o distribuidor (manifold) que mais precisa. Estes tubos tem já uma dimensão
consiste em um conjunto de 3 ou 5 válvulas, que calculada para atender as exigências de trecho reto a
servem para bloqueio, quando se quer retirar o montante e jusante do sensor, possuem melhor
receptor de pressao diferencial e uma valvula central acabamento pois são feitos de material mais nobre
que serve para tornar as pressões iguais, quando se (aço carbono ou até aço inoxidável) e sua geometria
quer zerar o transmissor de pressão diferencial. garante a coincidência da linha de centro do sensor
Os componenentes da instrumentacao auxiliar, de vazão e da tubulação.
tais como, computador de sinal e relé conversor, Retificador de vazão é um acessório que elimina
válvulas solenóides, condicionador de amostra de as perturbações na vazão provocadas por curvas,
análise, são identificados pela variável válvulas, sensores intrusivos na tubulação, reduções
medida/inicializada e a função saída/ativa [Y], com e variações de tamanho da tubulação. O
o Y definido ao lado do símbolo. condicionador de vazão também faz tudo isso e
também desenvolve plenamente o perfil de
velocidade do fluido cuja vazão está sendo medida.
Tais acessórios são necessários e usados quando a
geometria da estação de medição não possui os
trechos retos exigidos pelas normas.
Outro acessório de instrumentação, muito
utilizado em plataformas ou em locais onde se
requer a substituição freqüente da placa de orifício
de medição de vazão, é o porta-placa. O porta placa
permite a retirada e troca de placa de orifício, sem a
parada do processo e sem vazamentos.
Os acessórios de Instrumentação, tais como tubo
de medição de vazão, purgadores, conjuntos filtro-
reguladores pneumáticos, potes de selagem, podem
ou não ser mostrados explicitamente no diagrama e
Fig. 1.6. Instrumentação auxiliar serão tagueados no índice de Instrumento ou no
diagrama, com o Tag Número/Identificação do
Instrumento do instrumento que eles servem,
seguido por uma palavra ou frase que descreve sua

6
Instrumentação

função, por exemplo: [PT-*23 PURGADOR] ou BPCS - Sistema Básico de Controle de


com um Tag Número/Identificação do Instrumento Processo
como um componente da malha: [PX-*23] com uma
nota fora do balão ou na seção de notas do desenho Instrumentação e sistema que são instalados para
descrevendo seu uso. monitorar e controlar operações de produção
Atribuir um número de tag para um acessório: normais usados mas não limitados a combinações de
1. Significa que ele deve ser listado em um simples monitores de malha pneumática e eletrônica
índice de instrumento. e controladores, controladores lógico programáveis
2. Não significa que ele deva ser mostrado em e sistemas de controle distribuídos.
um P&ID. Um BPCS é necessário para operar uma planta
3. Signficica que ele deve ser tagueado em um ou processo.
P&ID, se mostrado.
Os métodos de identificação escolhidos para o HLCS - sistema de controle de alto nível
projeto devem ser documentados nas recomendações (HLCS):
e normas de engenharia e projeto do Proprietário ou
Usuário e na folha de legenda do desenho ou Um sistema que fornece sofisticação acima do
documento. BPCS. Suas funções são tipicamente baseadas em
computador de processo ou equipamento de mais
alto nível que interage com o processo pela
manipulação de pontos de ajuste no BPCS. (Por
exemplo, funções de controle no HLCS incluem,
mas não estão limitada a controle estatístico de
processo e controle preditivo antecipatório).
Um HLCS não é necessário para operar uma
planta ou processo.

SIS - sistema instrumentado de


segurança:
Um sistema composto de sensores, resolvedores
de lógica e elementos finais de controle com o
objetivo de levar o processo para um estado seguro
Fig. 1.8. Retificador de vazão quando condições pré-determinadas forem violadas.

Fig. 1.8. Condicionador de vazão Fig. 1.10. Sistemas de instrumentação

Fig. 1.8. Porta-placa

7
Símbolos e Identificação
Objetivos de Ensino
1. Mostrar as normas, aplicações da simbologia e identificação dos instrumentos na indústria.
2. Apresentar os parâmetros para a identificação completa e correta dos instrumentos, quanto a local,
filosofia, variável, função e modificadores de instrumentos analógicos e digitais.
3. A partir de uma descrição, elaborar um diagrama P&I (Processo & Instrumentos).
4. A partir de um P&I, descrever de modo completo e correto os equipamentos e instrumentos envolvidos.

de Temperatura, ambos da área 500 e os números


1. Introdução seqüenciais são 103 e 104.
Uma identificação típica é mostrada na Fig. 1.1.
A simbologia de instrumentação analógica e
digital, compartilhada e integral, distribuída e
centralizada se baseia nas seguintes normas:
1. ABNT 03.004, NBR 8190, 1983: Simbologia
de Instrumentação.
2. ISA S5.1, Instrumentation Symbols and
Identification, 1984
3. ISA S5.3, Graphic Symbols for Distributed
Control/Shared Display Instrumentation,
Logic and Computer Systems, 1983

2. Aplicações
Fig. 1.1. Números de tag
Os símbolos de instrumentação são encontrados
principalmente em
1. Fluxogramas de processo e de engenharia,
2. Desenhos de detalhamento de instrumentação
instalação, diagramas de ligação, plantas de 3.3. Identificação funcional
localização, diagramas lógicos de controle, A identificação funcional do instrumento ou seu
listagem de instrumentos, equivalente funcional consiste de letras da Tab. 2.5 e
3. Painéis sinópticos e semigráficos na sala de inclui uma primeira letra, que é a variável do processo
controle, medida ou de inicialização. A primeira letra pode ter
4. Diagramas de telas de vídeo de estações de um modificador opcional. Por exemplo, PT é o
controle. transmissor de pressão e PDT é o transmissor de
pressão diferencial.
3. Roteiro da identificação A identificação funcional do instrumento é feita de
acordo com sua função e não de sua construção.
Assim, um transmissor de pressão diferencial para
3.1. Geral medir nível tem o tag LT (transmissor de nível) e não
o de PDT, transmissor de pressão diferencial. Embora
Cada instrumento ou função a ser identificada é o transmissor seja construído e realmente meça a
designado por um conjunto alfanumérico, chamado de pressão diferencial, seu tag depende de sua aplicação
tag. A parte de identificação da malha correspondente e por isso pode ser LT, quando mede nível ou FT,
ao número e é comum a todos os instrumentos da quando mede vazão.
mesma malha. O tag pode ainda ter sufixo para Outro exemplo, uma chave atuada por pressão
completar a identificação. O número da malha do ligada à saída de um transmissor pneumático de nível
instrumento pode incluir o código da informação da tem tag LS, chave de nível e não PS, chave de
área . pressão.
Por exemplo, os tags TIC 500-103 e O tag também não depende da variável
TIC 500-104 são de dois Controladores Indicadores manipulada, mas sempre da variável inicializada ou
medida. Assim, uma válvula que manipula a vazão de

8
Símbolos e Identificação

saída de um tanque para controlar nível, tem tag de A numeração pode ser serial ou paralela.
LV ou LCV e não de FV ou FCV. Numeração paralela começa de 0 ou 1 para cada
Quando há somente duas letras, a segunda letra é a variável, TIC-100, FIC-100, LIC-100 e AI-100.
função do instrumento. FT é o tag de um transmissor Numeração serial usa uma única seqüência de
(T) de vazão (F). números, de modo que se tem TIC-100, FIC-101,
Também a segunda letra, que corresponde a LIC-102 e AI-103. A numeração pode começar de 0,
função do instrumento, pode ter um ou mais 1 ou qualquer outro número conveniente, como 101,
modificadores. FIA é o tag de um indicador de vazão, 1001, 1201.
com alarme. Alarme é o modificador da função Quando a malha tem mais de um instrumento com
indicação. Também pode se detalhar o tipo de alarme, a mesma função, geralmente a função de
p. ex., FIAL é o tag de um indicador de vazão com condicionamento, deve-se usar apêndice ou sufixo ao
alarme de baixa. número. Por exemplo, se a mesma malha de vazão
O tag pode ter modificador da variável (primeira tem um extrator de raiz quadrada e um transdutor
letra) e da função (segunda letra). Por exemplo, corrente para pneumático, o primeiro pode ser FY-
PDIAL é um indicador de pressão diferencial 101-A e o segundo, FY-101-B. Quando se tem um
(modificador de pressão) com alarme (modificador do registrador multiponto, com n pontos, é comum
indicador) de baixa (modificador do alarme). numerar as malhas como TE-18-1, TE-18-2, TE-18-3
Quando o tag possuir várias letras, pode-se dividi- até TE-18-n.
lo em dois tags. O instrumento é simbolizado por dois Quando um registrador tem penas dedicadas para
balões se tangenciando e o tag por ser, por exemplo, vazão, pressão, temperatura, seu tag pode ser FR-2,
TIC-3 para o controlador indicador de temperatura e PR-5 e TR-13. Se ele registra três temperaturas
TSH-3 para a chave manual associada ao controlador. diferentes, seu tag pode ser TR-7/8/9.
Acessórios de instrumentos, como purgador,
regulador de pressão, pote de selagem e poço de
temperatura, que às vezes nem é mostrado
explicitamente no diagrama, precisam ser
identificados e ter um tag, de acordo com sua função e
deve ter o mesmo número da malha onde é utilizado.
Esta identificação não implica que o acessório deva
ser representado no diagrama. Também pode usar o
mesmo tag da malha e colocando-se a palavra de sua
função, como selo, poço, flange, purga. Há acessório
que possui letra correspondente na norma, como W
para poço (well) termal.
Alguns projetistas usam pequenas diferenças de
tag para distinguir válvulas auto controladas
(reguladoras) de válvulas convencionais que recebem
o sinal do controlador. Assim, a válvula auto
Fig. 2.1. Painel sinóptico com simbologia controlada de temperatura tem tag de TCV e a válvula
convencional de TV.

Todas as letras de identificação de instrumentos


são maiúsculas. Por isso, deve-se evitar usar FrC para
controlador de relação de vazões e usar FFC,
controlador de fração de vazões.
As funções de condicionamento de sinal ou de
computação matemática (+. -, x, ÷, √), comparação (<,
=, >, <>), lógica (OR, AND) e conversão (i/p, p/i)
devem ter os símbolos ao lado do balão, para
esclarecer a função executada.

3.4. Identificação da malha


A identificação da malha geralmente é feita por
um número, colocado ao final da identificação Fig. 2.1. Painel sinóptico com simbologia
funcional do instrumento associado a uma variável de
processo. Esta numeração não está na norma, mas se
baseia em bom senso ou códigos locais da empresa.

9
Símbolos e Identificação

4. Símbolos desenhados com a orientação horizontal. Setas


direcionais devem ser adicionados às linhas de sinal
A norma ISA 5.1 ilustra os símbolos que quando for necessário esclarecer a direção do fluxo de
pretendem representar a instrumentação nos informação. O uso criterioso de tais setas em
diagramas e desenhos. Ela mostra métodos de desenhos complexos irá facilitar o entendimento do
simbologia e identificação. Os símbolos indicam os sistema.
vários instrumentos ou as várias funções aplicadas nos As alimentações elétrica, pneumática, hidráulica
modos típicos. Este uso não implica, porém, que as ou outras para um instrumento não precisam ser
aplicações ou designações dos instrumentos ou mostradas, a não ser que seja essencial para um
funções sejam restritas deste modo. Nenhuma entendimento da operação do instrumento ou da
inferência deve ser tomada que a escolha de qualquer malha.
esquema de ilustração constitua a recomendação para
o método ilustrado de medição ou controle. Quando
forem mostrados vários símbolos alternativos sem um
estabelecimento de preferência, a seqüência relativa
de símbolos não implica em preferência.
O balão (bubble) pode ser usado para identificar
símbolos diferentes, tais como válvulas de controle,
quando tal identificação for desejável. Nestes casos, a
linha conectando o balão ao símbolo do instrumento é
desenhada próxima ao símbolo, mas não tocando nele.
Em outros casos, o balão serve para representar o
próprio instrumento.
Um símbolo diferente cuja relação ao restante da
malha é facilmente aparente do diagrama, deve ser
individualmente simbolizado no diagrama. Por
exemplo, uma flange de placa de orifício ou um
válvula de controle que é parte de um sistema maior
não precisa ser mostrada com um tag número no
diagrama. Também, onde há um elemento primário
conectado a outro instrumento em um diagrama, é
opcional o uso de um símbolo para representar o
elemento primário no diagrama.
Uma breve explicação pode ser colocada junto ao
símbolo ou linha para esclarecer a função de um item.
Por exemplo, as notações de 20-60 kPa e 60-100 kPa
junto às linhas de sinal para duas válvulas operando
em faixa dividida (split range), tomadas juntos com os
símbolos para os modos de falha, permitem completar Fig. 2.2. Tela de operação com símbolos de
o entendimento do objetivo. Do mesmo modo, quando instrumentos
duas válvulas são operadas em um modo divergente
ou convergente de um sinal comum, as notações de 20
– 100 kPa ou 100-20 kPa junto com os modos de
falha, permitem entender a função. Em geral, uma linha de sinal é suficiente para
Os tamanhos dos balões de identificação e os representar as interligações entre dois instrumentos
outros símbolos mostrados são os tamanhos em uma fluxograma, mesmo que fisicamente eles
geralmente recomendados; porém, os tamanhos sejam interligados por mais de uma linha.
ótimos podem variar dependendo do tamanho do A seqüência em que os instrumentos ou funções
diagrama final, dependendo do número de caracteres de uma malha são conectadas em um diagrama deve
colocados na identificação do instrumento. Os refletir a lógica funcional ou o fluxo de informação,
tamanhos de outros símbolos podem ser selecionados embora este arranjo não necessariamente corresponde
como apropriados para acompanhar os símbolos de à seqüência da conexão do sinal. Assim, uma malha
outros equipamentos no diagrama. eletrônica usando sinais analógicos de tensão requer
Além das exigências gerais de desenho para fiação paralela, enquanto uma malha usando sinais
simplicidade e legibilidade, os símbolos pode ser analógicos de corrente requer interligação em série.
desenhados em qualquer orientação. Assim, as linhas Porém, o diagrama nos dois casos deve ser desenhado
de sinal em um diagrama entrando ou saindo de uma como se todos os fios fossem em paralelo, para
parte apropriada de um símbolo podem ter qualquer mostrar as inter-relações funcionais claramente
ângulo. Porém, os designadores do bloco de função da enquanto mantendo a apresentação independente do
Tabela da norma e os tags números devem sempre ser tipo de instrumentação finalmente instalada. As

10
Símbolos e Identificação

interligações corretas são esperadas serem mostradas 5. Tabelas


em um outro diagrama adequado.
O grau de detalhe a ser aplicada a cada documento As tabelas têm o objetivo de definir certos blocos
é inteiramente definido pelo usuário. Os símbolos e de identificação e sistema de representação simbólica
designações na norma podem mostrar tanto usados na norma de um modo conciso e facilmente
equipamento como função. Esquemas e artigos referido.
técnicos usualmente contêm simbologia e Tabela 1, Letras de Identificação, junto com as
identificação muito simplificadas. Fluxogramas de Notas para a Tabela 1, definem e explicam os
processo usualmente são menos detalhados que designadores de letra individual usados como
fluxogramas de engenharia. Os fluxogramas de identificadores funcionais de acordo com as regras da
engenharia podem mostrar todos os componentes em seção de Identificação Funcional.
linha mas podem diferir de um usuário a outro na Tabela 2, Combinações Típicas de Letras, tenta
quantidade de detalhes mostrados em linha. Em facilitar a tarefa de escolher combinações aceitáveis
qualquer caso, deve haver consistência em cada de letras de identificação.
aplicação. Os termos simplificado, conceitual e Tabela 3, Blocos de Função – Designações de
detalhado aplicados na norma foram escolhidos para função, é uma adaptação do método SAMA
representar um cruzamento de uso típico. Cada (Scientific Apparatus Manufactures Association) de
usuário deve estabelecer o grau de detalhes que diagramar funções. Dois usos básicos são encontrados
satisfaz os objetivos do documento específico ou nestes símbolos:
esquema sendo gerado. 1. Como blocos de função individuais em
É uma prática comum para os fluxogramas de diagramas conceituais
engenharia omitir os símbolos do sistema de 2. Como flags que designam funções executadas
intertravamento que são realmente necessários para por balões em desenhos mais detalhados.
um sistema funcionar, principalmente quando Um terceiro uso é uma combinação dos primeiros
simbolizando sistemas de intertravamento elétrico. dois e é encontrado em sistemas de controle
Por exemplo, uma chave de nível pode ser mostrada compartilhados, onde, por exemplo, a linha do sinal
como desligando uma bomba ou chaves separadas de da variável medida entra em um bloco de função raiz
vazão e pressão podem ser mostradas como atuando quadrada que é desenhado junto com o controlador
uma válvula solenóide ou outro dispositivo de compartilhado.
intertravamento. Nos dois casos, os relés elétricos Duas omissões serão notadas: o símbolo SAMA
auxiliares e outros componentes podem ser para Transferência e este para um Gerador de Sinal
considerados detalhes a serem mostrados em outro Analógico. Desde que o uso principal da norma ISA
lugar. 5.1, de Simbologia, requer identificação a ser
Por causa das diferenças entre display e controle associada com um símbolo, é conveniente usar o
compartilhados e funções de computador serem balão HIC (controlador manual) para um gerador de
geralmente confundidas, quando escolher símbolos sinal analógico e um HS (chave manual) com ou sem
para representá-los, o usuário deve confiar nas um balão de relé para uma função transferência.
definições do fabricante, uso em uma determinada
industria e no julgamento pessoal.

Fig. 2.2. Tela de operação com símbolos de


instrumentos

11
Sistemas Digitais

5.1. Tabela com Letras de Identificação

12
Símbolos e Identificação

5.2. Notas explanatórias de Letras (8) A Primeira Letra ou Letra Sucessiva para
equipamentos ou funções não classificados [X]
de Identificação para significados não repetitivos que são usados
somente uma vez ou para uma extensão limitada
As seguintes notas, indicadas na Tabela 4 por pode ter qualquer número de significados que
parêntesis são para serem usadas como uma ajuda no serão definidos fora do balão de identificação ou
entendimento dos significados das letras quando eles por uma nota no documento. Por exemplo, [XR-
forem usadas em certas posições nas Letras de 2] pode ser um registrador de stress e [XX-4]
Identificação da Malha ou Identificações Funcionais. pode ser um osciloscópio de stress.
(1) Primeiras Letras são uma Variável Medida ou (9) Variável Medida/Inicializada evento, estado ou
Inicializada e, se necessário, uma combinação de presença [Y] é para ser usada quando as respostas
uma Variável Medida ou Inicializada e um de controle ou monitoração não são acionadas
Modificador de Variável que serão referidos pelo pelo tempo ou programa de tempo, mas
significado combinado. acionadas por eventos, presença ou estado.
(2) Os significados específicos dados para as (10) Combinações de Variável Medida/Inicializada e
Variáveis Medidas ou Inicializadas [ A], [B], [E], Modificador de Variável serão selecionadas de
[F], [H], [I], [J], [K], [L], [P], [Q], [R], [S], [T], acordo de como a propriedade sendo medida é
[U], [V], [W], [Y] e [Z] não serão modificados. modificada ou mudada.
(3) A Variável Medida ou Inicializada análise, [A] (11) Variáveis medidas diretamente que serão
será usada para todos os tipos de composição de consideradas como Variável Medida/Inicializada
fluido do processo e análise de propriedade física. para Numeracao de Malha serão incluídas não
O tipo de analisador e para analisadores de são limitadas a:
componente de fluido os componentes de a) Diferencial [D] – pressão [PD] ou
interesse serão definidos fora do balão de temperatura [TD].
tagueamento. b) Totalização [Q] – totalizador de vazão
a) Variáveis Medidas/Inicializadas “Escolha [FQ], quando medido diretamente, tal
do Usuário” [C], [D] e [M] são atribuídas como por um medidor de deslocamento
para identificar análise de condutividade, positivo.
densidade e umidade, respectivamente, c) Eixo X, eixo Y ou eixo Z [X], [Y] ou
quando isto para prática comum do [Z] – vibração [VX], [VY] e [VZ], força
usuário. [WX], {WY] pi [WZ] ou posição [ZX],
[ZY] ou [ZZ].
(4) A Variável Medida ou Inicializada análise, [A] (12) Derivada ou calcula de outras variáveis medidas
não será usada para identificar vibração ou outros diretamente que não devem ser consideradas
tipos de analises mecânicas ou de maquinas, que como Variável Medida/Inicializada ou
serão identificadas pela Variável Numeração de Malha incluirão mas não estão
Medida/Inicializada vibração ou análise mecânica limitados a:
[V]. a) Diferença [D] – temperatura [TD] ou
(5) As letras “Escolha do Usuário”[C], [D], [M], [N] peso {WD].
e [O] que cobrem significados repetitivos não b) Relação [F] – Vazão {FF], pressão [PF]
listados que podem ter nenhum significada como ou temperatura [TF].
uma Variável Medida ou Inicializada e outra c) Taxa de variação de tempo [K] – pressão
como Letra Sucessiva serão definidas somente [PK], temperatura [TK] ou peso [WK].
uma vez. Por exemplo, [N] pode ser definida (13) Modificador de Variável tempo ou programa de
como “módulo de elasticidade” como uma tempo [K] em combinação com uma Variável
Variável Medida/Inicializada e “osciloscópio” Medida/Inicializada significa uma taxa de
como uma Função Leitura/Passiva. variação de tempo da variável medida ou
(6) Variável Medida/Inicializada multivariável [U] inicializada; [WK] representa uma malha de
identifica um instrumento ou malha que requerer variação de perda de peso.
muitos pontos de medição ou outras entrada para (14) Modificador de Variável segurança [S] é
gerar uma ou múltiplas saídas, tal como um PLC tecnicamente não uma variável medida
que usa múltiplas medições de pressão e diretamente mas é usada para identificar
temperatura para regular o chaveamento de elementos primário e final com proteção de
múltiplas válvulas liga-desliga. emergência auto-atuada somente quando usada
(7) Variável Medida/Inicializada vibração ou análise em conjunção com Variável Medida/Inicializada
mecânica [V] é usada para executar a função na vazão [F], pressão [P] ou temperatura [T]. E por
monitoração de maquina que a Variável causa da natureza crítica de tais equipamentos,
Medida/Inicializada análise [A] executa na [FS, PS e TS] deve ser considerada como
monitoração do processo e exceto para vibração, Variável Medida/Inicializada em todos os
é esperado que a variável de interesse seja
definida fora do balão de identificação.

13
Símbolos e Identificação

esquemas de construção de Número de (18) Função Leitura/Passiva varredura [J], quando


Identificação de Malha. usada, indicará uma leitura periódica não
a) Válvula de segurança de vazão [FSV] se continua de duas ou mais Variável
aplica a válvulas usadas para proteger Medida/Inicializada da mesma ou de diferente
contra excesso de vazão de emergência espécie, tais como registrador multiponto de
ou perda de vazão. Válvula de segurança temperatura e pressão.
de pressão [PSV] e válvula de segurança (19) Função Leitura/Passiva lâmpada [L] identifica
de temperatura [TSV] se aplicam a equipamentos ou funções que são usadas para
válvulas usadas para proteger contra indicar status de operação normal, tal como
condições de emergência de pressão e motor liga-desliga, posição de atuador e não deve
temperatura. Isso se aplica independente ser usada para indicação de alarme.
da construção ou modo de operação da (20) Função Leitura/Passiva registrar [R] se aplica a
válvula colocada na categoria de válvula qualquer meio de armazenamento de informação
de segurança, válvula de alivio ou ou dado em papel ou em meio eletrônico
válvula de alivio e segurança. permanente ou semi-permanente em uma forma
b) Uma válvula de pressão auto-atuada que facilmente recuperável.
evita operação de um sistema de fluido (21) Leitura/Passiva e Função Saída/Ativa
em uma pressão maior que a desejada multifunção [U] é usada para:
pelo alivio do fluido do sistema é uma a) Identificar malhas de controle que
válvula de controle de pressão a tenham mais do que as funções usuais de
montante [PCV], mesmo se a válvula indicar-registrar e controlar.
não é para ser usada normalmente. b) Economiza espaço em desenhos não
Porém, esta válvula é projetada como mostrando balões tangentes para cada
válvula de segurança de pressão [PSV] função.
se ela protege contra condições de c) Uma nota descrevendo as funções
emergência perigosas para o pessoal ou múltiplas deve ser usada no desenho, se
equipamento que não são esperados necessário para esclarecimento
subir normalmente. adicional.
c) Disco de ruptura de pressão [PSE] e link (22) Função Leitura/Passiva acessório [X] é usada
fusível [TSE] se aplica a todos os para identificar equipamento ou dispositivos que
sensores ou elementos primários usados não medem ou controlam mas são necessários
para proteger contra condições de para a operação adequada da instrumentação.
emergência de pressão e temperatura. (23) Há diferenças no significado a ser considerado
d) [S] não deverá ser usado para identificar quando selecionando Função Saída/Ativa para
Sistemas Instrumentos de Segurança e controle [C], chave [S], válvula, damper ou
componentes, ver (30). basculante [V] e equipamento auxiliar [Y].
(15) A forma gramatical dos significados da Letra a) Controlar [C] significa um equipamento
Sucessiva será modificada quando requerido. Por automático ou função que recebe um
exemplo, “indicar” [I] pode ser lido como sinal de entrada gerado por um Variável
“indicador” ou “indicando”; “transmitir”[T] pode Medida/Inicializada e gera um sinal de
ser lido como “transmissor” ou “transmitindo”. saída variável que é usado para modular
(16) Função Leitura/Passiva visor, gauge ou ou chavear uma válvula [V] ou
equipamento de vista [G] deve ser usada em vez equipamento auxiliar [Y] em um ponto
da Função Leitura/Passiva indicar [I] para de ajuste pré-determinado para o
instrumentos ou equipamentos que fornecem uma controle de processo ordinário.
visão secundaria, tal como visor de nível, b) Chavear [S] significa um equipamento
indicadores locais de pressão (manômetros) e ou função que conecta, desconecta ou
visores de vazão. (rotâmetro de purga). transfere um ou mais sinais ou circuitos
a) Também usada para identificar pneumáticos, eletrônicos, elétricos ou
equipamentos que fornecem uma vista hidráulicos que podem ser atuados
não calibrada de operações da planta, tal manualmente ou automaticamente
como monitores de televisão. diretamente por uma Variável
(17) Função Leitura/Passiva indicar [I] se aplica a Medida/Inicializada ou indiretamente
leitura analógica ou digital de uma medição atual por um transmissor da Variável
ou um sinal de entrada para um instrumento Medida/Inicializada.
físico ou uma unidade de display de vídeo de um c) Válvula, damper ou basculante [V]
sistema de controle distribuído. significa um equipamento que modula,
a) No caso de uma estação manual, ela será chavea ou liga-desliga um jato de fluido
usada para o dial ou indicação do sinal do processo após receber um sinal de
de saída sendo gerado [HIC] ou [HIK].

14
Símbolos e Identificação

saída gerado por um controlador [C], (29) Modificadores de Função alto [H] ou baixo [L]
chave [S] ou equipamento auxiliar [Y]. serão adicionados somente se um desvio positivo
d) Equipamento auxiliar [Y] significa um ou negativo, respectivamente, é importante.
equipamento automático ou função (30) Modificadores de Função alta [H], baixa [L] e
atuada por um sinal do controlador [C], média ou intermediaria [M], quando aplicados a
transmissor [T], ou chave [S] que alarmes correspondem a valores da variável
conecta, desconecta, transfere, computa medida , não a valores do sinal de alarme atuante,
ou converte sinais ou circuitos a não ser que seja notado diferente.
pneumático, eletrônicos, elétricos ou a) Um alarme de alto nível derivado de um
hidráulicos. sinal de transmissor de nível com ação
e) É incorreto usar as letras sucessivas CV reversa é um LAH, mesmo que o alarme
para qualquer outra coisa que uma seja atuado quando o sinal cai para um
válvula de controle auto-atuada. valor baixo.
(24) Estação de Controle Função Saída/Ativa [K] será b) Os termos serão usados em combinação,
usada para: quando apropriado, para indicar níveis
a) Designar uma estação de controle múltiplos de atuação da mesma medição.
acessível ao operador usada com um Por exemplo, alto [H] e alto-alto [HH],
controlador automático que não tem uma baixo e baixo-baixo [LL] ou alto-baixo
chave auto-manual acessível ao [HL].
operador integral ou chave de modo de (31) Modificador de Variável [Z] é tecnicamente não
controle. uma variável medida diretamente, mas é usado
b) Arquitetura dividida ou equipamento de para identificar os componentes do Sistema
controle de campo onde as funções do Instrumentados de Segurança.
controlador estão localizadas a) [Z] não será usado para identificar
remotamente da estação do operador. os equipamentos de segurança,
(25) Equipamentos auxiliares e funções de Função como dito em (14).
Saída/Ativa [Y] incluem, mas não são limitados
a, válvulas solenóides, relés e equipamentos e
funções de conversão.
(26) Equipamentos auxiliares Função Saída/Ativa [Y]
para computação e conversão de sinal quando
mostrados em um diagrama ou desenho serão
definidos fora de seus balões com um símbolo
apropriado da Tabela 5.6, Blocos de Função
Matemática e quando escritos em texto incluirão
uma descrição da função matemática da Tabela
5.6.
(27) Modificadores de Função alta [H], baixa [L] e
média ou intermediaria [M], quando aplicados a
posições de válvulas e outros equipamentos de
abrir-fechar, são definidos como segue:
a) Alta [H], a válvula está em ou se
aproximando da posição totalmente
aberta. Aberta [O] pode ser usado como
uma alternativa.
b) Baixa [L], a válvula está em ou se
aproximando da posição totalmente
fechada. Fechada [C] pode ser usado
como uma alternativa.
c) Média ou intermediaria [M], a válvula
está em se movimentando ou localizada
ou entre a posição totalmente aberta ou
totalmente fechada.
(28) Modificador de Função desvio [D], quando
combinado com Função Leitura/Passiva alarme
[A] ou Função Saída/Ativa chave [S] indica que a
variável medida tem se afastado de um ponto de
ajuste do controle do controlador mais do que um
valor predeterminado.

15
Símbolos e Identificação

6.2. Alimentação dos instrumentos


6. Desenhos Todas as linhas devem ser finas em relação às
linhas de tubulação do processo.
Se um dado desenho ou conjunto de desenhos usa
A maioria absoluta dos instrumentos de medição e
símbolos gráficos que são similares ou idênticos em
de controle requer alguma fonte de alimentação, que
forma ou configuração e que têm diferentes
lhe forneça algum tipo de energia para seu
significados porque eles são tomados de diferentes
funcionamento. Os tipos mais comuns de alimentação
normas, então devem ser tomados passos adequados
são a elétrica e a pneumática, porém há muitas outras
para evitar mal interpretação dos símbolos usados.
disponíveis.
Estes passos podem ser usados notas de
As seguintes abreviações são sugeridas para
esclarecimento, notas de referência, gráficos
denotar os tipos de alimentação. Opcionalmente, elas
comparativos que ilustram e definem os símbolos em
podem indicar também tipos de purga.
conflito ou outros meios convenientes. Esta exigência
é principalmente crítica em casos onde os símbolos
AS Suprimento de ar (Air supply)
tomados de diferentes disciplinas são misturados e sua
má interpretação poderia causar perigo para o pessoal ES Suprimento elétrico (Electric supply)
ou dano ao equipamento. GS Suprimento de gás (Gas supply)
É recomendável que o usuário escolha ou o
símbolo elétrico de linha pontilhada ou o símbolo com HS Suprimento hidráulico
três traços e tenha consistência. Os símbolos binários NS Suprimento de Nitrogênio
ou discretos (liga-desliga) são disponíveis para estas
aplicações onde o usuário ache isto necessário para SS Suprimento de Vapor (Steam supply)
distinguir sinais analógicos e discretos. Se, no WS Suprimento de água (Water supply)
julgamento do usuário, a aplicação não requer tal
diferenciação, a linha reversa pode ser omitida dos
símbolos de linha de sinal discreto. A consistência é O nível de alimentação pode ser adicionado à
sempre recomendada em dado conjunto de linha de alimentação do instrumento. Por exemplo,
documentos. AS 100 kPa (alimentação pneumática de 100 kPa), ES
24 V cc (alimentação de 24 V cc para instrumento
elétrico).
6.1. Parâmetros do Símbolo
A normalização dos símbolos e identificações dos 6.3. Representação do instrumento
instrumentos de medição e controle do processo, que
inclui símbolos e códigos alfa numéricos, torna O instrumento completo é simbolizado por um
possível e mais eficiente a comunicação do pessoal pequeno balão circular, com diâmetro aproximado de
envolvido nas diferentes áreas de uma planta: projeto 12 mm, embora o tamanho do símbolo possa variar de
manutenção, operação e processo. acordo com as necessidades do usuário e do tipo do
A simbologia correta da instrumentação deve documento.
conter os seguintes parâmetros Os avanços nos sistemas de controle com
1. Identificação das linhas de interligação dos instrumentação aplicando microprocessador,
instrumentos, p. ex.., pneumática, eletrônica computador digital, que permitem funções
analógica e eletrônica digital compartilhadas em um único instrumento e que
2. Determinação do local de instalação dos utilizam ligações por programação ou por elo de
instrumentos, acessível ou não acessível ao comunicação digital, fizeram surgir outros símbolos
operador de processo. de instrumentos e de interligações.
3. Filosofia da instrumentação, quanto ao O usuário pode usar abreviações para numerar o
instrumento ser dedicado a cada malha ou painel de instrumentos (IP), console de instrumentos
compartilhado por um conjunto de malhas de (CI), console de computador (CC) quando necessário
processo para especificar a localização do instrumento ou de
4. Identificação (tag) do instrumento, sua função.
envolvendo a variável, a função do
instrumento e o numero da malha.

16
Símbolos e Identificação

6.4. Linhas entre os Instrumentos


As linhas de ligações entre os instrumentos devem ser mais finas que as linhas de processo e são simbolizadas
como mostrado a seguir.

17
Símbolos e Identificação

6.5. Balão do Instrumento

18
Símbolos e Identificação

B.9. Conexões de sinal de instrumento para instrumento comum


Instrumentação pneumática discreta:

Instrumentação eletrônica discreta:

Display compartilhado, instrumentação de controle compartilhado:

Display compartilhado, instrumentação de controle compartilhado, com diagnostico e bus de calibração na


fiação de campo:

Display compartilhado, controle compartilhado e instrumentação wireless:

19
Símbolos e Identificação

Display compartilhado, instrumentação de controle compartilhado, sistemas principal e alternativa, sem


comunicação de inter-bus:

Display compartilhado, controle compartilhado, sistemas principal e alternativa, com comunicação de inter-bus:

Controlador/posicionador de válvula fieldbus, transmissor e indicador:

20
Símbolos e Identificação

7. Malha de controle
A Fig. 2.1 ilustra como os símbolos são
combinados para descrever uma determinada malha
de controle. Há vários níveis de detalhamento. Na Fig.
2.1 (a), tem-se a malha com todos os detalhes e na
Fig. 2.1 (b), a malha simplificada.
Esta malha é de controle e indicação de pressão
(PIC). O controlador é compartilhado (símbolo
quadrado) e o seu ponto de ajuste é estabelecido por
um computador supervisório (símbolo hexágono)
através de um protocolo digital de dados
compartilhados que fornece o elo de programação
entre o computador e o sistema de controle
compartilhado (linha com traço e circulo).
O número da malha de controle é único e igual a
211, que pode indicar a 11a malha da área 200. Todos
os componentes da malha possuem este mesmo
número, ou seja,
1. transmissor PT 211 (a) Representação detalhada
2. transdutor i/p PY 211
3. controlador PIC 211
O transmissor PT 211 está ligado ao processo
através de uma válvula de bloqueio de ½ " (13 mm) e
sente a pressão de 0 a 300 psi e gera na saída o sinal
padrão de corrente eletrônica de 4 a 20 mA cc. O sinal
de saída do transmissor é recebido e identificado no
multiplexador do sistema compartilhado como a
entrada analógica #17 (AI- 17).
O controlador PIC 211 se encontra no console #2
(C-2) do sistema compartilhado e tem as funções de
controle PI (proporcional e integral).
O sistema compartilhado também fornece um sinal
de alarme de alta (PAH) e uma variação de pressão de
alta (dP/dt) desta medição.
No lado da saída do controlador, o sinal que deixa
o multiplexador do sistema é identificado como a
saída analógica (AO-21), que também é o sinal de 20
mA cc. Este sinal eletrônico é recebido por um
transdutor i/p, que o converte para o sinal pneumático
de 20 a 100 kPa (0,2 a 1,0 kgf/cm2 ou 3 a 15 psi), que
está montado na válvula de controle
PCV 211.
A válvula tem condição de falha fecha (fail close -
FC) e possui um posicionador (P). O transdutor i/p (b) Representação simplificada
requer a alimentação pneumática (AS - air supply),
típica de 140 kPa (22 psi). Fig. 2.1. Representação detalhada de uma malha de
O diagrama da Fig. 2.1 (b) mostra uma malha de controle de pressão (a) e a equivalente, simplificada (b).
controle de pressão, digital e compartilhada, PIC.

21
Símbolos e Identificação

Um exemplo de diagrama de instrumento, funcional e elétrico para um processo simples


Descrição do controle do processo:
Descrição do processo:
Tanque periodicamente cheio com um fluido, em volumes pequenos e grandes durante períodos pequenos e
longos.
Descrição do controle:
Sistema de controle projetado para:
Pequenos volumes para longos e curtos periodos permitirão o tanque encher até um nível auto para
automaticamente ligar a bomba e depois parar a bomba quando o nível estiver baixo
Grandes volumes para longos períodos permitirão a bomba operar continuamente e manter um nível
determinado com uma malha de controle em cascata do nível sobre a vazão.
Controle da bomba é selecionado por uma chave seletora de três posições: Manual-Desligada-Auto:
Método a) chave seletora na posição “Manual”.
Método b) chave seletora na posição “Auto”.
Bomba deverá parar a qualquer momento:
Automaticamente, se o nivel baixo for atingido.
Pela operação da botoeira Desligar.
Colocando a chave seletora H-D-A na posição “Desligada”.

Diagrama dos instrumentos e processo (P&ID)

Diagrama funcional

22
Símbolos e Identificação

Fig. 2.4. Fluxograma de Engenharia mostrando controle e intertravamento.

23
Especificações

Especificações
Objetivos de Ensino
1. Listar as propriedades do instrumento: funcionalidade e estabilidade.
2. Apresentar as principais normas de classificação mecânica do instrumento: NBR IEC e NEMA.
3. Mostrar as principais especificações metrológicas do instrumento: precsao e exatidão.
4. Listar as especificações funcionai e físicas do instrumento.
5. Mostrar as especificações de segurança relacionadas com a classificação elétrica do instrumento,
apresentado as princpais técnicas de proteção Ex.
6. Apresentar os principais problemas com corrosão, mostrando as técnicas especiais para manipular fluidos
difíceis, como cloro, enxofre, oxigênio e hidrogênio.

As propriedades do instrumento são descritas


com adjetivos e não com números. Os termos são
1. Informação do Produto vagos e promocionais, como
1. Qualidade superior,
Os fabricantes de instrumentos geralmente 2. Alta precisão,
possuem definições para as especificações de seus 3. Instalação simples.
produtos e como elas devem ser apresentadas. Muita 4. Cápsula possui pequeno volume
coisa está mudando nos anos 90, principalmente por
causa das exigências e da certificação das normas da 1.2. Especificação
série ISO 9000.
A especificação é uma descrição quantitativa das
A informação do produto é um termo genérico
características requeridas de um equipamento,
para qualquer atributo usado para descrever um
máquina, instrumento, estrutura, produto ou
produto e suas capacidades. É o termo mais geral
processo. Enquanto a propriedade diz que o
usado para discutir a propriedade de um produto. A
instrumento tem alta precisão, a especificação diz
informação inclui os dados que são registrados,
publicados, organizados, relacionados ou que a precisão é de ±0,1% do valor medido,
interpretados dentro de um sistema de referência de incluindo linearidade, repetitividade,
modo que tenham significado. As informações de reprodutibilidade e histerese.
um instrumento possui a seguinte hierarquia de Em engenharia, as especificações são uma lista
termos: organizada de exigências básicas para materiais de
1. propriedades (features) construção, composições de produto, dimensões ou
2. especificações condições de teste ou um número de normas
3. características publicadas por organizações (como ASME, API,
ISA, ISO, ASTM) e muitas companhias possuem
suas próprias especificações. Em inglês, é chamada
1.1. Propriedade (feature) abreviadamente de specs.
Propriedade é um atributo do produto oferecida As especificações descrevem formalmente o
como uma atração especial. As propriedades desempenho do produto. Uma especificação é um
descrevem ou melhoram a utilidade do produto para valor numérico ou uma faixa de valores que limita o
o usuário. Uma propriedade não é necessariamente desempenho de um parâmetro do produto. A
mensurável, mas ela pode ter um parâmetro garantia do produto cobre o desempenho dos
associado mensurável. parâmetros descritos pelas especificações. Os
Se uma propriedade com um parâmetro produtos satisfazem todas as especificações quando
mensurável é de interesse do usuário, uma despachado da fábrica.
especificação do produto descreve e quantifica esta Algumas especificações são somente válidas
propriedade. Por exemplo, uma interface I/O de um sobre um conjunto de condições externas limitado
medidor é uma propriedade e não é mensurável, mas ou restrito mas em tais casos a especificação inclui
o filtro de banda de passagem de resolução estreita é uma descrição destas condições limitadas. As
um atributo com um parâmetro mensurável, que é a especificações ambientais também definem as
largura da faixa de passagem. condições que um produto pode ser submetido sem
afetar permanentemente o seu desempenho ou
causar estrago físico. Estas condições podem ser

24
Especificações

climáticas, eletromagnéticas (como susceptibilidade 3. elemento do processo ou sistema para


eletromagnética), mecânicas, elétricas ou operador e vice-versa.
precondições de operação, (como tempo para
aquecimento, intervalo de calibração) Compatibilidade
A compatibilidade é a habilidade de um
1.3. Característica equipamento poder ser usado em conjunto com
outro. É também a habilidade de um computador
As características descrevem o desempenho do aceitar dados manipulados por outro equipamento
produto que é útil na aplicação do produto mas não sem conversão de dados ou modificação do código.
são cobertas pela garantia do produto. Elas De um modo geral, é a habilidade de um novo
descrevem o desempenho que é típico da maioria de sistema servir a usuários de um sistema velho. Em
um dado produto, mas não está sujeita ao mesmo computação, é a característica de um computador ou
rigor associado com as especificações. sistema operacional que permite ele rodar programas
escritos para outro sistema. Por exemplo, os
2. Propriedades do Instrumento programas que rodam no Windows 3.1 rodam no
Windows 3.11 e Windows 95 e os programas que
As propriedades do sistema são agrupadas juntas rodam no Pentium® (novo) são compatíveis com o
nas seguintes categorias: processador 80486 (velho).
1. Funcionalidade
2. Estabilidade Padronização
3. Precisão A padronização é a redução dos instrumentos a
4. Padronização um só tipo, unificado e simplificado, segundo um
5. Operabilidade consenso preestabelecido e universal.
6. Segurança Em instrumentação, a padronização se refere à
7. Não relacionada com a função mesma bitola e tipo de conexão com processo,
mesmo sinal de transmissão de informação, mesmo
2.1. Funcionalidade nível de alimentação, mesmo tipo de montagem,
mesma dimensões físicas, mesmas tomadas de
Funcionalidade é a extensão na qual um sistema encaixe.
é fornecido com uma estrutura básica inerente de A instrumentação pneumática apareceu cerca de
hardware e software com que estruturas funcionais duas décadas antes da eletrônica. Este maior tempo
especificas possam ser formadas para controlar de aplicação, aliado à maior simplicidade e menor
processos. obsolescência, certamente é o fator determinante da
A funcionalidade compreende: sua padronização universal. Essa padronização se
1. capacidade refere a:
2. operabilidade 1. nível do sinal de informação e de
3. compatibilidade transmissão único: 20 a 100 kPa. Não há
4. flexibilidade diferença significativa entre este sinal e os
5. configurabilidade equivalentes: 0,2 a 1,0kg/cm2 ou. 3 a 15 psi
Há apenas um pequeno detalhe de
Capacidade
calibração do mesmo instrumento.
A capacidade do sistema depende do número e 2. nível de alimentação único: 20 psi de ar
tamanhos dos elementos, estrutura do circuito, comprimido, seco, limpo e filtrado. Mesmo
tamanho e estrutura do software. o consumo de ar, em SCF (standard cubic
feet) é similar para qualquer instrumento
Operabilidade
pneumático.
Operabilidade é o grau em que um sistema é 3. número de conexões pneumáticas
fornecido com meios para observar e manipular a requeridas, com designação única:
operação de um processo. A operabilidade inclui ENTRADA, SAÍDA, SUPRIMENTO. O
também a habilidade de observar e manipular a tamanho mais utilizado é rosca fêmea 1/2"
operação de um sistema. A operabilidade depende NPT.
das ferramentas e procedimentos para dar comandos 4. procedimentos de teste e calibração.
e chamar e representar os dados do processo e a 5. técnicas de montagem e instalação, tanto no
velocidade de resposta para executar comandos e campo como no painel.
fornecer dados para um recipiente exigente. O termo Assim, a grande vantagem do sistema de
velocidade de resposta está relacionado com a instrumentação pneumática é sua padronização,
transmissão de informação de existindo apenas um sinal padrão de 20 a 100 kPa (3
1. processo (medição) para processo (atuador), a 15 psig).
como em uma malha de controle A instrumentação eletrônica ainda atingiu esse
2. um elemento do sistema para outro grau de padronização, já alcançado pela pneumática,
elemento do sistema

25
Especificações

porém se percebe uma tendência para a todos os sinais de saída e de entrada são iguais. Os
padronização. As dificuldades da obtenção desta únicos níveis de sinais são: 20 a 100 kPa para a
padronização são devidas aos seguintes fatores: informação, transmissão e controle e 140 kPa para a
1. disponibilidade de duas configurações alimentação. Assim, um transmissor pneumático do
completamente distintas: à base de corrente fabricante F1 pode ser ligado à entrada do
e à base de tensão. controlador do fabricante F2, cuja saída vai para a
2. possibilidade de se usar fonte de válvula do fabricante F3.
alimentação regulada ou não comum a todo
o sistema ou individual a cada instrumento.
3. possibilidade de transmissão com dois ou
quatro fios. Atualmente, a maioria dos
transmissores eletrônicos usa o sistema de
apenas dois condutores. O mesmo condutor
que leva o sinal de informação (4 a 20 mA
cc) para o painel traz a alimentação (24 V
cc). Os conceitos de fonte de tensão, fonte
de corrente explicam facilmente esta
possibilidade.
4. existência de sinais em corrente e tensão,
contínua e alternados, analógicos ou
digitais.
Mesmo com essas alternativas e dificuldades,
atualmente há uma tendência para se padronizar o
sinal de transmissão em corrente no nível de 4 a 20
mA cc, a tensão de alimentação é de 24 V cc, o sinal
padrão para manipulação interna em 0-10 V cc, Fig. 4.1. Instrumento configurável
tensão de alimentação dos circuitos internos em +15
V cc, tensão de alimentação do sistema digital em
+5 V cc.
Configurabilidade
Flexibilidade A configurabilidade do sistema é a qualidade de
A flexibilidade é a qualidade de um equipamento se alterar o arranjo dos seus componentes, pela
ser levemente alterado ou modificado para adição ou retirada de equipamentos auxiliares.
desempenhar sua função. Sistema flexível é aquele Instrumento configurável é aquele cuja função é
que pode ser facilmente alterado, como colocação, determinada pela configuração ou programação, que
retirada ou alteração dos componentes. pode ser física (hardware) ou lógica (software). A
Modularidade é a propriedade de montar uma configuração lógica pode também ser chamada de
flexibilidade funcionado em um sistema pela programação.
montagem de unidades discretas que podem ser A configuração física é feita através de
facilmente ligadas, combinadas ou arranjadas com mudanças de fiação (hardwire) entre instrumentos
outras unidades. Um sistema com módulos entre si, entre instrumentos e equipamentos de
independentes é mais flexível que aquele com as entrada e saída, ou alteração de posição de jumpers e
partes integralizadas em um único equipamento. chaves thumbwheel no circuito do instrumento ou
Flexibilidade resulta em liberdade de escolha e em sua parte frontal. A configuração lógica ou por
de ligações de equipamentos. Um instrumento é programação é feita através de computadores
considerado flexível quando pode ser interligado a pessoais ou de terminais dedicados proprietários
uma grande variedade de outros instrumentos., portáteis (hand held) ou de mesa. Os transmissores
mesmo de diferentes fabricantes ou de diferentes inteligentes podem ser configurados através de
nacionalidades. Um sistema é considerado flexível terminais portáteis ou microcomputadores e os
quando as interligações podem ser modificadas, controladores lógicos programáveis através de
quando os componentes podem ser facilmente terminais de mesa ou microcomputadores.
retirados ou acrescentados. Para um sistema de computador, configurar é
Paradoxalmente, a flexibilidade é conseguida relacionar os elementos do hardware entre si para
pela padronização. A padronização na fabricação e executar uma determinação função do circuito.
fornecimento de instrumentos possibilita uma grande
flexibilidade na sua seleção e nas suas ligações com Intercambiabilidade
outros, pelo usuário final. Por exemplo, os É a habilidade de substituir componentes, peças
instrumentos pneumáticos, por serem muito ou equipamentos de um fabricante por outros sem
padronizados, podem ser interligados sem nenhuma perder a função ou a adequação ao uso, sem
restrição, mesmo sendo de origem diferentes, pois necessidade de reconfiguração. Por exemplo, dois

26
Especificações

transmissores pneumáticos de mesma variável de exemplo, na medição da temperatura de um gás de


processo, calibrados na mesma faixa, são exaustão de uma máquina,
intercambiáveis entre si, mesmo que sejam de a temperatura do gás pode ser não uniforme,
fabricantes diferentes. Um transmissor digital produzindo erro por causa da posição do sensor,
inteligente da Rosemount, com protocolo de a introdução do sensor, mesmo pequeno, pode
comunicação HART não é intercambiável com um alterar o perfil da velocidade da vazão,
transmissor inteligente que não suporte este o sensor pode absorver (RTD) ou emitir
protocolo. (termopar) potência, alterando a temperatura do gás.
Também se entende efeito da Os efeitos da influência podem ser de curta
intercambiabilidade como a variação na função do duração, observáveis durante uma medição ou são
instrumento que aparece quando se troca o sensor do demorados, sendo observados durante todo o
instrumento. Por exemplo, seja tolerância de um conjunto das medições.
sensor é de ±1 oC em alguma temperatura, espera-se Os erros de influência podem ser eliminados ou
uma variação de 0 a 2 oC quando o sensor for diminuídos pela colocação de ar condicionado no
substituído por outro tendo a mesma tolerância. ambiente, pela selagem de componentes críticos,
pelo uso de reguladores de alimentação, pelo uso de
Interoperabilidade blindagens elétricas e aterramento dos circuitos.
Interoperabilidade é a habilidade de substituir
componentes, peças ou equipamentos de um
fabricante por outros sem perder a função ou a
adequação ao uso, com necessidade de
reconfiguração. Por exemplo, dois transmissores
inteligentes de fabricantes diferentes, mas ambos
com protocolo HART são interoperáveis, pois
podem ser substituídos entre si, porém, há
necessidade de pequenos ajustes na reconfiguração.

Seletividade
Seletividade é a habilidade de um medidor
responder somente às alterações da variável que ele
mede e ser imune às outras alterações e influências.
Uma medição pode ser alterada por modificação
ou por influência.
Os erros sistemáticos de influência ou
interferência são causados pelos efeitos externos ao Fig. 4.2. Sinal e ruído
instrumento, tais como as variações ambientais de
temperatura, pressão barométrica e umidade. Os
erros de influência são reversíveis e podem ser de A diferença entre o erro de interferência e o de
natureza mecânica, elétrica, física e química. modificação, é que a interferência ocorre no
Os erros mecânicos são devidos à posição, instrumento de medição e o de modificação ocorre
inclinação, vibração, choque e ação da gravidade. na variável sendo medida.
Os erros elétricos são devidos às variações da O erro sistemático de modificação é devido à
voltagem e freqüência da alimentação. As medições influência de parâmetros externos que estão
elétricas sofrem influência dos ruídos e do associados a variável sob medição. Por exemplo, a
acoplamento eletromagnético de campos. pressão exercida por uma coluna de liquido em um
Também o instrumento pneumático pode tanque depende da altura, da densidade do liquido e
apresentar erros quando a pressão do ar de da aceleração da gravidade. Quando se mede o nível
alimentação fica fora dos limites especificados. do liquido no tanque através da medição da pressão
Sujeiras, umidade e óleo no ar de alimentação diferencial, o erro devido a variação da densidade do
também podem provocar erros nos instrumentos liquido é um erro de modificação. Outro exemplo, é
pneumáticos. na medição de temperatura através de termopar. A
Os efeitos físicos são notados pela dilatação militensão gerada pelo termopar depende da
térmica e da alteração das propriedades do material. diferença de temperatura da medição e da junta de
Os efeitos químicos influem na alteração da referência. As variações na temperatura da junta de
composição química, potencial eletroquímico, no referência provocam erros na medição. Finalmente,
pH. a medição da vazão volumétrica de gases é
O sistema de medição também pode introduzir modificada pela pressão estática e temperatura.
erro na medição, por causa do modelo, da O modo de eliminar os erros de modificação é
configuração e da absorção da potência. Por fazer a compensação da medição. Compensar uma
medição é medir continuamente a variável que

27
Especificações

provoca modificação na variável medida e eliminar 2.3. Integridade


seu efeito, através de computação matemática. No
exemplo da medição de nível com pressão
Conceitos
diferencial, mede-se também a densidade variável do
liquido e divide-se este sinal pelo sinal Integridade é a propriedade de um instrumento se
correspondente ao da pressão diferencial. Na manter inteiro, indivisível, completo, resistente e
medição de temperatura por termopar, a temperatura firme no seu funcionamento. A integridade do
da junta de referência é continuamente medida e o instrumento é ameaçada pelo ambiente onde o
sinal correspondente é somado ao sinal da junta de instrumento está montado e por isso ela é garantida
medição. Na medição de vazão compensada de através da especificação correta da classificação
gases, medem-se a vazão, pressão e temperatura. Os mecânica do seu invólucro, de conformidade com
sinais são computados de modo que as modificações normas existentes.
da vazão volumétrica provocadas pela pressão e Em computação de dados, é a propriedade dos
temperatura são canceladas. dados que podem ser recuperados no caso de sua
destruição através de falha do meio de registro, falta
de cuidado do usuário, defeito do programa ou outro
2.2. Estabilidade
acidente.
Há vários modos diferentes de conceituar A integridade se relaciona com a garantia de
estabilidade, tais como funcionamento especificado do sistema. O sistema
1. Tendência de um sistema se manter que não perde sua integridade é confiável. A
operando, de modo previsível, preciso, ausência de distúrbio e falha crítica é um aspecto da
exato e seguro. confiabilidade. O distúrbio atrapalha o
2. Extensão na qual um sistema pode ser funcionamento da malha, porém sem interromper
confiável de desempenhar as funções que completamente a operação do sistema. A falha
lhe foram atribuídas, de modo exclusivo e crítica causa o desligamento do sistema ou a perda
correto. de controle da malha. Como exemplos: a flutuação
3. Probabilidade que um componente, da tensão ou da freqüência da alimentação do
equipamento ou sistema desempenhe sistema, dentro de uma determinada faixa, pode
satisfatoriamente sua função planejada, sob provocar leitura ou controle pouco precisos, porém,
dadas circunstâncias, tais como as o sistema contínua com a medição e com o controle.
condições ambientais, valor da alimentação O desligamento total da tensão de alimentação do
e através da manutenção para um período sistema eletrônico que interrompe toda medição e
de tempo especificado. todo controle é uma falha crítica. Pode haver falha
Atualmente se usa o termo dependabilidade crítica indireta: o desligamento da alimentação do
(dependability) como sinônimo de estabilidade. compressor de ar comprimido do sistema
Alguns parâmetros da estabilidade podem ser pneumático pode, depois de um determinado tempo,
quantificados por taxa de desvio (drift rate), por causar o desligamento dos instrumentos
períodos de funcionamento, períodos de defeitos, pneumáticos. Sem energia elétrica não há ar
duração de reparo. Como se vê, a estabilidade está comprimido, não há alimentação pneumática, não há
diretamente ligada com o tempo e indiretamente medição e controle da instrumentação pneumática.
com outros fatores externos, como temperatura e
pressão ambientes, vibração, alimentação. Classificação Mecânica
Na falta de estabilidade, o desempenho do A operação de um instrumento pode ser afetada
instrumento se degrada. Alguns dos aspectos da pela temperatura ambiente, umidade, interferência
estabilidade são probabilísticos e outros são eletrônica, vibração mecânica e atmosfera
determinísticos, por natureza. A estabilidade pode é circundante. Tipicamente, os instrumentos de
muito aumentada pela adição da redundância ao medição e controle de processo podem estar
sistema. montados ou na sala de controle ou na área
Pelas definições de estabilidade, devem ser industrial.
incluídos os seguintes parâmetros: A sala de controle é um local fechado, onde a
1. integridade temperatura e umidade são geralmente controladas
2. disponibilidade através de ar condicionado. O instrumento de campo
3. confiabilidade pode estar totalmente desprotegido ou ter uma
4. robustez proteção rudimentar adicional contra o sol, a chuva
5. calibração ou o vento. De qualquer modo, quando usado no ar
6. mantenabilidade livre, a caixa do instrumento fica exposta aos efeitos
7. segurança (safety e security) da luz ultra violeta, da chuva, da umidade, do
orvalho, das poeiras, dos respingos dos líquidos de
processo e das sujeiras contaminantes que circulam
no ar. Eles estão ainda submetidos a grande e
rápidas variações de temperatura durante o dia,

28
Especificações

podendo haver um gradiente de temperatura entre o A norma válida que fixa as condições exigíveis
sol e a sombra do instrumento exposto. Por esses aos graus de proteção dos invólucros de
motivos, os invólucros dos instrumentos devem ser equipamentos elétricos de baixa voltagem é a NBR
de alta qualidade, cuidadosamente testados e 6146, DEZ 90 - Invólucros de equipamentos
precisamente classificados de acordo com normas elétricos - Proteção: Especificação, baseada na
concernentes, de modo que possam prover proteção norma IEC 60 529/76. Ela substitui e cancela as
contra ambientes potencialmente adversos. Os NBR 5374, 5408 e 5423/77. Estas normas fornecem
invólucros dos instrumento, mesmo montados em os métodos de classificar os instrumentos com
ambientes nocivos, devem protege-los, de modo que relação aos ambientes em que eles podem ser usados
durem o máximo e que o ambiente não interfira na e os procedimentos de teste para verificar se tal
sua operação. classificação é conveniente.
Existem basicamente duas normas para a Os tipos de proteção cobertos pela norma são os
classificação mecânica dos invólucros dos seguintes:
instrumentos: IEC e NEMA. 1. contra o contato ou aproximação de pessoas
às partes vivas, contra o contato às partes
moveis no interior do invólucro e contra a
penetração de corpos sólidos estranhos ao
equipamento e
2. contra a penetração prejudicial de água no
interior do invólucro onde está o
equipamento.

Fig. 4.3. Instrumento para uso externo

Norma NBR-IEC Fig. 4.1. Proteção IEC 60 529 – IP


No Brasil, o órgão credenciado pelo INMETRO
(Instituto Nacional de Metrologia e Qualidade
Industrial) para emitir a maioria das normas técnicas
é a ABNT (Associação Brasileira de Normas
Técnicas), empresa não governamental sem fins
lucrativos. A maioria das normas elétricas brasileiras
se baseia nas normas do IEC (International
Electrotechnical Comission).

Tab. 4.1. Proteção do equipamento contra


Fig. 4.4. Instrumento para uso interno ingresso de corpos sólidos e líquidos, IEC 60 529 IP

29
Especificações

A norma não trata dos graus de proteção contra Norma NEMA


danos mecânicos, risco de explosão ou condições A norma NEMA (National Electrical
como umidade, vapores corrosivos, fungos, vermes Manufacturers Association) fornece outro método de
ou animais daninhos. classificação do invólucro do instrumento para
A designação da norma começa com as letras IP indicar os vários ambientes para os quais o
(Ingress Protection - proteção de ingresso) e inclui instrumento é adequado. Esta norma é equivalente à
um sufixo com dois números. Opcionalmente, pode ISO IEC 60 529.
ainda ter letra suplementar: S, M ou W. A norma cobre os detalhes de construção e os
(A ausência das letras S e M significa que o grau procedimentos de teste para verificação se o
de proteção vale para todas as condições normais de instrumento está conveniente com a classificação
serviço). recebida. Todas as designações NEMA requerem
A letra W após as letras IP significa que o invólucros resistentes à ferrugem. Basicamente, há
equipamento é apropriado para uso em condições de dois locais de uso: interno ou externo. Os dígitos que
tempo especificadas e possui características designam a classe NEMA variam de 1 a 13.
adicionais de proteção, estabelecidas entre o
fabricante e usuário.
Por exemplo, um instrumento que a prova de pó
e a prova de jato fraco d'água tem a designação de
IEC IP 55. A colocação de respiradouro para dreno
pode alterar a classificação mecânica do invólucro,
por exemplo, de IEC IP 65 para IEC IP 55.
É possível haver uma codificação com a omissão
de um dos dois dígitos (substituído por X). Por
exemplo, IEC IP X5 significa que o instrumento é
protegido apenas de jato d'água. Outro exemplo,
IEC IP 5X é uma proteção apenas contra pó.

Fig. 4.1. Números de proteção NEMA

Há três termos chave nas designações NEMA:


1. Prova de
2. Resistente a
3. Vedado a
Prova de - significa que o ambiente não
atrapalha o funcionamento ou operação do
Tab. 4.1. Letras adicionais opcionais, IEC 60 529 IP instrumento. Por exemplo, instrumento à prova de
tempo funciona normalmente mesmo quando
submetido aos rigores do tempo: vento, umidade,
orvalho. Ele não é necessariamente vedado ao
tempo, porém, se garante que, mesmo que o
ambiente entre no seu interior, ele continua
funcionando normalmente.
Resistente a - significa que o instrumento não se
danifica quando na presença do determinado
ambiente. O equipamento resistente a é mais frágil
que o a prova de. O equipamento resistente a
geralmente possui uma restrição, por exemplo, de
pressão máxima. Por exemplo, um relógio resistente
a água para 100 metros significa que funciona
quando usado dentro d'água, sem se danificar, mas
até uma profundidade de 100 metros. Além deste
Tab. 4.1. Letras suplementares, IEC 60 529 IP limite, ele pode se danificar e deixa de funcionar.
Vedado a - significa que o instrumento é
hermeticamente selado para aquele determinado
ambiente. Por exemplo, instrumento vedado a pó
evita a entrada de pó no seu interior.

30
Especificações

2.4. Robustez
A robustez é a característica de um equipamento
funcionar conforme esperado, mesmo quando
submetido a condições adversas, pois ele é imune às
agressões do meio onde ele está colocado.
Instrumento robusto é aquele que funciona conforme
previsto em ambiente hostil. A robustez de um
instrumento é garantida por sua classificação
mecânica de invólucro.
NEMA 1 NEMA 4 Controle robusto é aquele insensível à incerteza
do modelo e ao comportamento dinâmico do
processo. Programa robusto é aquele que funciona
bem mesmo sob condições anormais.

2.5. Confiabilidade

Conceitos
Confiabilidade é a habilidade ou probabilidade
de um instrumento se manter em operação, em um
nível especificado de desempenho, sob condições
NEMA 7
ambientais determinadas, durante um determinado
período de tempo e com um mínimo de atenção.
Fig. 4.5. Invólucros com classe NEMA
A confiabilidade de um instrumento ou de uma
malha de instrumentos é a consistência com que ele
mede ou controla quando se supõe que hajam
condições adequadas e de acordo com seu programa
Tab.4.4. Conversão de Tipo NEMA para IEC
e ajuste. A confiabilidade de um instrumento
depende do cuidado com que ele é instalado. Para
um instrumento ser bem sucedido na sua operação,
ele deve ser bem selecionado, montado no lugar
apropriado e ser usado corretamente. As condições
típicas que precisam ser consideradas incluem:
1. variações na tensão de alimentação e tamanho
dos transientes de voltagem;
2. com alimentação de corrente alternada, as
variações na freqüência e conteúdo harmônico;
3. o nível de energia de rádio freqüência
indesejável radiada pelo equipamento não deve
causar interferência nas comunicações de rádio;
4. o equipamento deve ser capaz de tolerar alguma
radiação de rádio freqüência se é previsto seu
Observação: não pode ser usado para converter
uso próximo de fontes de alta potência de rádio
classificação IEC em NEMA.
ou radar;
5. valores máximo e mínimo da temperatura
ambiente;
6. valores máximo e mínimo da umidade;
7. níveis de vibração e choque mecânico;
Embora o NEC tenha algumas classificações de
8. condições externas, como exposição a pó, areia,
invólucro que incluem a classificação elétrica, a
chuva, radiação solar, respingo de água salgada
classificação mecânica não pode ser confundida com
ou outros líquidos
a classificação elétrica. Elas são independentes. Por
9. variações de carga, quando aplicável.
exemplo, o uso do instrumento em local externo nem
sempre é necessário para um local de Zona 1. Assim Confiabilidade e aceitação
como a classificação mecânica de uso externo não
assegura que o instrumento possa ser montado em A confiabilidade é importante por que um
local perigoso, a classificação para uso em área instrumento que necessita de manutenção ou
classificada não garante que o instrumento possa ser calibração freqüentes para se manter em
montado em áreas externa. funcionamento preciso e exato, se torna mais caro do
que um instrumento melhor que tem um maior custo
inicial e um menor custo de manutenção. O modo

31
Especificações

correto de usar qualquer instrumento deve ser


aprendido. Por isso, o pessoal de manutenção prefere
usar uma mesma marca de instrumento. Marca que
seja desconhecida geralmente é menos confiável,
durante um determinado período de tempo.
Quando algo funciona bem para a gente antes, é
apenas natural dar preferência para ele quando se
tem ocorre a mesma aplicação. Mudar para um
sistema ou método novo requer boa justificativa.
O desempenho passado conhecido não está
necessariamente limitado à própria experiência em
casa. Também inclui a experiência de outros que
tenham tido de eliminar problemas similares em
aplicações iguais à sua própria planta e que tenha Fig.4.6. Curva de aceitação de novos
aprendido a duras penas com a instrumentação ou instrumentos
sistema que esteja sendo considerado. O que se
deveria fazer para conseguir os resultados
esperados quando se decidiu comprar isto?
A Fig. 4.6. mostra um padrão de aceitação que
ocorre muito freqüentemente em plantas, Confiabilidade e falhas
especialmente na operação. A escala horizontal é o Mesmo as falhas críticas podem ser evitadas ou
tempo e a vertical mostra os diferentes níveis de se pode eliminar os efeitos nocivos provocados por
aceitação para novos equipamentos em operação. elas. Nos exemplos anteriores, a colocação de uma
Quando o pessoal de operação primeiro escuta as alimentação elétrica alternativa através de década de
novidades, usualmente do projeto, que se está bateria pode suprir a energia ao sistema de
adquirindo um equipamento novo que nunca foi instrumentação eletrônica durante um tempo
usado na planta antes, a reação à idéia limitado e determinado pela capacidade da bateria.
provavelmente fica entre a dúvida e a indiferença. No caso do sistema pneumático, o uso de
Esta atitude prevalece até a época da partida, quando compressor reserva ou de cilindro de pressão
o operador se familiariza com o novo equipamento e aumenta a integridade, portanto a confiabilidade do
os problemas usuais são eliminados, justo acerca de sistema.
tudo que pode dar errado acontece. Há uma queda Ao lado da preocupação de tornar o
no nível de aceitação. funcionamento do sistema mais confiável, há a
Este descontentamento continua, enquanto colocação de dispositivos de alarme e de
durarem os problemas de produção com o novo intertravamento, que podem desligar os
equipamento, até que numa reunião, o gerente da equipamentos, interrompendo totalmente o processo.
planta declara: algo tem que ser feito! Neste ponto, Quando é inevitável a perda do controle, deve se
reclama-se do fabricante dos instrumentos e um interromper o processo, evitando-se a perda inútil de
especialista que realmente entende do equipamento, material fora da especificação, protegendo-se o
vem, corrige os problemas e fornece as respostas que pessoal e o equipamento da operação.
os manuais de instrução não dão ou que os manuais Sob o aspecto da confiabilidade, o sistema que
fornecem mas que nunca foram lidos e o novo requer o uso freqüente do controle manual pelo
equipamento começa a operar exatamente como era operador é pouco confiável.
o esperado. Um outro aspecto da confiabilidade do controle
O nível de aceitação se eleva às alturas e de processo se refere a ausência de falhas dos
permanece lá por muito tempo. Eventualmente, instrumentos.
porém, o processo natural de desgaste ocorre e Como regra, a confiabilidade do instrumento
aparecem alguns pequenos problemas que requerem mecânico e pneumático é total quando o
manutenção. Estes problemas são facilmente equipamento é novo e decresce com a idade. O
corrigidos de modo que a aceitação do novo instrumento pneumático requer manutenção
equipamento permanece em nível satisfatório. Por periódica e ciclicamente há picos de falta de
isso, quando se pergunta a alguém acerca de sua confiabilidade. A manutenção preventiva pode evitar
opinião sobre o desempenho de um novo essas crises de confiabilidade.
equipamento, é importante saber em que época ou
ponto da curva que se está, pois a resposta depende Confiabilidade e tipo de instrumentos
deste ponto. Os instrumentos eletrônicos possuem um
comportamento diferente. A instrumentação
eletrônica pode operar, sem problemas, durante
vários anos, desde que esteja instalada corretamente,
alimentada por tensão regulada e operada

32
Especificações

adequadamente. Como o instrumento eletrônico vibrações podem causar problemas de contato ou de


possui raras peças moveis, pois mesmo as chaves ruptura dos condutores em equipamentos
liga-desliga podem ser estáticas, a sua confiabilidade eletrônicos.
independe da idade. O componente menos confiável
do sistema eletrônico é o contato. O capacitor Quantificação da confiabilidade
eletrônico é um componente que pode apresentar A confiabilidade pode ser quantificada com
problema, porém só é usado na fonte de números relacionados com os tempos envolvidos.
alimentação. Tem-se:
Como segunda regra, ou como continuação da MTBF, que significa Mean Time Between Fails
regra do instrumento pneumático, tem-se: o (Tempo Médio Entre Falhas). O MTBF de um dado
instrumento eletrônico pode apresentar problema tipo de instrumento ou sistema é determinado por
assim que é ligado e nas primeiras horas de teste, experiência ou ambos. Um grande MTBF é
funcionamento. Depois que o instrumento entra em bom e depende de o fabricante do instrumento usar
regime permanente, dificilmente apresentará defeito, materiais de alta qualidade, projeto correto e cuidado
com o uso e a aplicação correta. na fabricação e de o usuário aplicar o instrumento
Em eletrônica, se define como drift o para o tipo de serviço para o qual ele foi fabricado e
afastamento gradual das características de um fazer a manutenção de rotina recomendada.
componente ou de um equipamento das MTTR, que significa Mean Time To Repair
especificadas originalmente. Atualmente, os (Tempo Médio Para Reparar). O MTTR é
componentes eletrônicos para uso industrial são determinado pela experiência. Um pequeno MTTR é
submetidos a tratamento especial para minimizar os bom e depende de o fabricante projetar um
seus desvios, como o burn in. Este tratamento instrumento de fácil manutenção e de o usuário ter
consiste em submeter o componente e o instrumento estocado ou conseguir rapidamente peças de
inteiro a temperaturas artificialmente elevadas, reposição e ter uma equipe de manutenção bem
durante longo tempo (p. ex., 72 horas) de modo que treinada e capacitada com facilidade de acesso ao
eles ficam envelhecidos precocemente e não se equipamento que precisa ser reparado.
alteram com a idade e com as condições ambientais. MTFF (Mean Time First Fail - Tempo Médio
Primeira Falha). Quando o instrumento é
Confiabilidade e condições ambientais descartável, pois não pode ser reparado, a
A maioria dos problemas de funcionamento dos confiabilidade é dada pelo tempo para haver a
instrumentos é causada pelas variações das primeira falha. Depois desta falha o instrumento é
condições de contorno e do ambiente, tais como a jogado fora e substituído por outro.
temperatura, a umidade, a pressão, a poeira, a
atmosfera corrosiva, a maresia, o vento, a vibração e Número de componentes da malha
os choques mecânicos. Quando as especificações A confiabilidade é melhorada pela redução de
recomendadas pelo fabricante são excedidas pelas número de elos na corrente de instrumentos. Quanto
condições reais da operação, certamente aparecerão menos instrumentos tiver a malha, mais confiável
falhas no instrumento. No aspecto de ter o ela é, pois cada instrumento individual tem algum
desempenho modificado pelas condições ambientais, risco de falha e contribui para o risco da falha da
o instrumento pneumático é menos sensível que o malha.
eletrônico. O instrumento eletrônico teme a alta A precisão da malha de instrumentos também
temperatura e deixam de funcionar quando depende da quantidade de instrumentos
submetidos a temperaturas acima de 90 oC, por componentes. Quanto mais instrumentos tiver a
causa de seus circuitos que incorporam malha, maior é o erro total resultante, qualquer que
semicondutores. É recomendável o uso de ar seja o algoritmo de cálculo. O melhor projeto de
condicionado, onde a temperatura e a umidade são malha de instrumentos é aquele que usa o mínimo
controladas dentro de níveis satisfatórios nas salas número de instrumentos para executar a tarefa
de controle com instrumentação eletrônica. É requerida. Seja o mais simples possível (em inglês:
mandatório o uso de ar condicionado no ambiente KISS: Keep it simple, stupid!)
com computadores digitais.
Temperaturas muito baixas (criogênicas), Confiabilidade e redundância
também podem causar problemas aos circuitos Deve-se ter redundância quando a falha da
eletrônicos, pela redução do ganho dos circuitos instrumentação na planta resulta em um risco
semicondutores e pelo fenômeno da inaceitável de perigo físico ou perda momentânea.
supercondutividade. Por isso, a não ser que o Redundância significa fornecer um segundo
sistema eletrônica tenho sido projetado e previsto elemento alternativo para executar uma função,
para estas condições especiais, o seu uso deve ser quando o primeiro falha. A redundância pode ser
evitado. aplicada a qualquer tipo de equipamento: sensor,
Quando há vibrações, os instrumentos mecânicos controlador, computador, fonte de alimentação,
são mais afetados, por possuírem peças moveis. As

33
Especificações

trocador de calor, sistema completo, tubulação,


cabos de comunicação.
Para uma redundância ser totalmente efetiva,
cada canal deve operar totalmente independente do
outro. Isto significa que nenhuma simples má
operação, como abertura ou fechamento incorreto de
uma chave e nenhuma simples falha, como a falha
de uma fonte de alimentação, possa derrubar os dois
canais. Quando dois controladores são alimentados
por uma única linha elétrica, eles não são totalmente
independentes pois a falta de energia desliga os dois
controladores.
A falha de uma fonte de alimentação comum é
um exemplo de falha de modo comum. A falha de
modo comum pode também ser causada pela queda
de um único objeto em cima de dois controladores
redundantes, que desliga os dois canais. Para evitar
este tipo de falha, os dois canais devem ser Fig. 4.7. Controle e intertravamento com
separados um do outro. transmissor comum: menos seguro
Outro modo de aumentar a confiabilidade da
planta é pela diversidade. Diversidade é quando se
tem dois canais fazendo a mesma coisa, mas de
modos diferentes. É improvável que os diferentes
canais sofram o mesmo tipo de falha. Por exemplo, a
medição redundante de nível através de deslocador e
de dispositivo a pressão diferencial: os dois sistemas
são construídos diferentemente e tem princípios de
funcionamento fisicamente diferentes.
Um bom princípio de projeto para seguir em
todas as plantas é separar a função normal de
controle da função de segurança. Separar significa
ter diferentes sensores e transmissores. A Fig.4.7(a)
mostra como devem ser o sistema de controle e
segurança de nível de um tanque. O controle é
conseguido através de um transmissor de nível,
controlador e válvula de controle. A segurança é
conseguida através de uma chave de nível, que
desliga o motor da bomba que enche o tanque. O
controlador regula normalmente o nível do tanque e Fig. 4.7 Controle e intertravamento com transmissores
normalmente o tanque não derrama. No caso de independentes: mais seguro
haver alto nível por causa de um grande distúrbio, a
chave de nível alto desliga a bomba e a vazão de
entrada do tanque fica zero, evitando que o nível do
fique excessivamente alto. O tanque não derrama. Na Fig. 4.7(b) tem-se um sistema mais confiável
Todas as partes de um esquema provavelmente para evitar que o tanque derrame. Quase tudo é a
operam como o esperado. Porém, o esquema da Fig. mesma coisa, exceto que agora a chave de nível
4.7 (a) tem uma fraqueza que pode potencialmente sente o nível diretamente e independente do
causar falha: tanto o controlador como a chave de controlador. Agora, se a malha de controle falhar, a
nível dependem de um único transmissor e por isso chave não é afetada. Quando a chave falhar, a malha
ambos estão sujeitos a uma falha de modo comum. de controle não é afetada.
Um bom exemplo de redundância é o homem
que usa cinto e suspensório para seguras suas calças.
Se o cinto falha, o suspensório segura; se o
suspensório falha, o cinto segura. Tem-se um
sistema de segurança com redundância, diversidade
e separação.
Em sistemas de medição críticos, como na
indústria nuclear, os sensores são redundantes. Tem-
se três sensores separados e um sistema de votação.
O sistema de alarme é inicializado pelo sistema de

34
Especificações

votação um-dos-três e o desligamento é feito pelo A disponibilidade ou disponibilidade no tempo


sistema dois-dos-três. Se qualquer um dos três pode ser determinada dos parâmetros MTBF e
sensores é alto, o sistema de alarme toca para MTTR. Disponibilidade é a fração de tempo que o
chamar a atenção do operador, que pode investigar e instrumento ou sistema pode estar pronto para usar e
julgar qual ação deve ter tomada. Quando dois para funcionar corretamente. Costuma-se definir a
canais estirem altos, então o sistema é desligado Disponibilidade, D, como a relação matemática:
automaticamente. A idéia deste sistema é que um
único sinal alto pode ser aberração e falso e não MTBF
deve ser considerado para se desligar o processo. D=
Mas se a leitura alta é confirmada por uma segunda MTBF + MTTR
leitura, então ambas as leituras altas são
A disponibilidade de um instrumento aumenta
consideradas válidas e o sistema é desligado
quando o MTBF aumenta e o MTTR diminui. Um
automaticamente. Em sistemas mais conservativos
instrumento muito disponível é aquele que demora
pode-se usar um sistema de votação de dois-dos-
para falhar e quando falha, é rapidamente
quatro, que possuem quatro medições em vez de
consertado.
três.
Às vezes, um fabricante não pode fornecer dados
Há sistema que mede disparidades entre dois ou
para o MTBF e MTTR para calcular a
mais instrumentos de processo que deveriam dar a
disponibilidade do instrumento, principalmente para
mesma indicação. Se a disparidade se torna
equipamentos não eletrônicos. Porém, sempre pode-
excessiva, é atuado um alarme de disparidade,
se tentar estimar a disponibilidade ou julgar a
mesmo que não se detecte nenhuma falha no
qualidade aparente dos equipamentos. Quando se
processo.
considera a confiabilidade na escolha de um
Medições para aumentar a confiabilidade podem
instrumento ou projeto de um sistema, obtém-se uma
ser aplicadas a qualquer sistema de processo com
planta que tende a ter pequeno custo de manutenção
grande perigo potencial, embora elas sejam mais
e poucas paradas de produção por causa de falhas de
usadas na indústria de energia nuclear.
instrumentos. Estes fatores devem ser considerados
Há um movimento no mundo da eletrônica,
na escolha de determinado tipo de instrumento em
incluindo instrumentos, no desenvolvimento de
favor daquele mais confiável e disponível, mesmo
equipamento tolerante a falha, que possui
que seja o de mais custo inicial.
componentes ou circuitos internos redundantes. O
efeito é possibilitar o instrumento ou sistema
envolvido continuar funcionando corretamente 2.7. Calibração e ajuste
mesmo se alguma peça do instrumento ou sistema Calibrar um instrumento é compará-lo com um
falhar. Esta técnica é usada extensivamente em padrão rastreado. Pelo VIM 2006, calibração é a
alguns sistemas de controle distribuído e controle operação que, sob condições específicas, em um
lógico programado. primeiro passo, estabelece uma relação entre valores
Para sistemas de processo importantes, pode-se da quantidade com incertezas medição fornecidas
fazer uma análise de falha. Análise de falha é um pelos padrões de medição e correspondendo
estudo detalhado do que pode acontecer ao processo indicações com incertezas medição associadas e, em
se as várias partes do sistema de equipamento e segundo passo, usa esta informação para estabelecer
instrumento do processo falhar. O estudo pode uma relação para obter um resultado de medição de
revelar uma necessidade de equipamento reserva uma indicação. Atualmente, calibrar e aferir
(backup), uma mudança na ação de falha segura ou possuem o mesmo significado prático.
outras mudanças ou pode simplesmente confirmar a Curva de calibração é um registro dos dados de
adequação do sistema existente. calibração, dando o valor correto para cada leitura
indicada de um instrumento. Um ponto de calibração
2.6. Disponibilidade é aquele em que se faz uma verificação ou ajuste.
Um material de referência certificado é um padrão
Disponibilidade é o tempo disponível do
que indica se um instrumento ou procedimento
instrumento em operação normal. É o tempo em que
analítico está trabalhando dentro de limites
o instrumento está ligado, não está sob manutenção e
prescritos ou uma solução com concentração
é sabido ou acreditado que está operando
conhecida (solução padrão) usada em
corretamente. Relação de disponibilidade é relação
instrumentação analítica.
da quantidade de tempo que um sistema está
A calibração garante a exatidão do instrumento
realmente disponível para uso para a quantidade de
ao longo do tempo. Como a idade dos componentes
tempo que é suposto que ele esteja. Disponibilidade
do instrumento altera seu desempenho,
de dados, canais de dados e equipamentos I/O de
periodicamente o instrumento deve ser calibrado,
computadores, é a condição de estar pronto para uso
para voltar a ter o desempenho desejado.
e não imediatamente colocado para fazer outras
tarefas.

35
Especificações

Quando ele se encontrar fora dos limites 2.8. Manutenção


estabelecidos de aceitação da calibração e quando
aplicável, faz-se o ajuste. Manutenção de um instrumento é a ação e o
Ajuste é conjunto de operações executadas em custo de manter este instrumento na condição de
um instrumento ou sistema de medição para que ele novo e trabalhando conforme previsto e esperado.
forneça indicações correspondentes a dados valores Tempo de manutenção é o tempo requerido para a
da quantidade a ser medida manutenção corretiva e preventiva do equipamento.
Tipos de ajuste incluem ajuste de zero de um A manutenção correta do instrumento garante que
sistema de medição, ajuste de offset e ajuste de sua precisão não piore ao longo do tempo.
amplitude de faixa (geralmente chamado de ajuste Primeiro se calibra o instrumento. Se estiver
de ganho). O ajuste de um sistema de medição não calibrado, nada é feito nele, a não ser documentar e
deve ser confundido com calibração. Após um marcar. Quando estiver fora dos limites, fazem-se os
ajuste, um sistema de medição geralmente deve ser ajustes pertinentes, de zero e de amplitude de faixa.
recalibrado. Quando estes ajustes forem incapazes de colocar o
instrumento dentro dos limites de aceitação, faz-se
sua manutenção. Manutenção inclui, mas não se
limita, à troca de peças, reparo mecânico de peças,
troca de circuitos ou componentes elétricos.
Mantenabilidade é a habilidade do equipamento
satisfazer os objetivos operacionais com um mínimo
esforço de manutenção sob condições ambientais
operacionais em que a manutenção programada e
não programada seja feita. Quantitativamente, é a
probabilidade que um item seja restaurado para
condições específicas dentro de um dado período de
tempo quando a ação de manutenção é feita de
acordo com procedimentos e fontes pré
determinadas.

Fig. 4.8. Calibração de transmissor

A calibração confiável e válida requer:


1. padrões rastreados
2. procedimentos claros e escritos
3. ambiente conhecido
4. pessoal treinado
5. registros documentados
6. período de validade
O intervalo entre duas calibrações sucessivas é Fig. 4.9. Manutenção de transmissor eletrônico
estabelecido pelo usuário e é função de:
1. tipo de instrumento
2. recomendação do fabricante
3. severidade do ambiente Os gostos e desgostos do pessoal de manutenção
4. precisão requerida pelo processo de instrumentos também são fatores de seleção de
5. penalidade resultante da medição inexata do instrumentos. Geralmente, o pessoal da manutenção
instrumento de instrumentação quer instrumentos que
6. disponibilidade do instrumento pela 1. tenham suas leituras facilmente verificadas
operação 2. possam ser calibrados no zero sem remoção
7. exigência contratual do processo
8. exigência legal 3. mantenham sua calibração por longos
O intervalo é dinâmico e deve ser aumentado, períodos de tempo
diminuído ou mantido em função do resultado das 4. possam ser instalados em locais de fácil
calibrações anteriores. Há regras de bolo acesso
(Schumacher, Grasmann) para administrar os 5. sejam mantidos pelos próprios
períodos de calibração dos instrumentos. instrumentistas, sem a necessidade de
enviá-los para o fabricante para reparo ou
calibração.
O que o pessoal da instrumentação não quer é ser
pioneiro no uso de uma nova instrumentação,

36
Especificações

especialmente se eles acreditam que o trabalho possa sistema para o grupo de instrumentação da planta. Se
ser feito com instrumentos que eles já conhecem. este grupo não tem o know-how para fazer o
A questão de se fazer o serviço na própria planta trabalho ou se simplesmente ele não tem o tempo
ou enviar o instrumento para o fabricante deve ser suficiente para manter o sistema operando conforme
decidida pelo usuário, considerando os aspectos de o esperado, depois de algum tempo o desempenho
custo, tempo de entrega, qualidade do produto, do sistema se deteriora até ficar totalmente inútil. O
materiais, técnicas e know-how. problema se complica mais ainda quando a produção
Há usuários que fazem seus próprios termopares. depende da disponibilidade do sistema. Neste caso
O instrumentista corta dois comprimentos de fio há chamadas freqüentes e caras do pessoal do
termopar, por exemplo, um de ferro e outros de fabricante.
constantant (tipo J), enrola-os juntos com um alicate A capacidade de manutenção é constituída de
e depois solda a junta com um maçarico. O conhecimento, tempo e aceitação de
instrumentista então declara que o termopar é responsabilidade. Se o pessoal de manutenção não
realmente um sensor de temperatura, ligando-o a um tem estes três fatores, com relação à nova
medidor que lê militensão. O que foi esquecido é instrumentação, ou não está preparado para adquiri-
que um termopar é realmente uma pequena bateria los, então deve-se escolher algo bem simples para
cuja força eletromotriz (fem) da saída varia com a fazer o trabalho.
temperatura. O medidor lê uma fem e não a
temperatura por si. A fem medida tem de ser 2.9. Resposta dinâmica
convertida para temperatura usando uma tabela de
correlação que é levantada por laboratórios A resposta dinâmica se refere aos tempos de
nacionais, como o NIST americano e PTB alemão. atraso, às freqüência de corte e ganhos do sinal de
As tabelas do NIST foram levantadas saída em função do sinal de entrada, ambos referidos
experimentalmente a partir de métodos ao tempo. De modo absoluto, a resposta do
rigorosamente controlados. instrumento eletrônico é melhor (mais rápida) que a
Um fabricante comercial tem método para do instrumento pneumático. Tipicamente, a ordem
montar um termopar muito mais cuidadoso que o do de grandeza dos atrasos dos instrumentos eletrônicos
instrumentista. A pureza e a qualidade metalúrgica é de micro segundos (10-6 s) e de décimos de
dos fios é cuidadosamente protegida para que a segundo para os instrumentos pneumáticos (10-1 s)
tabela de correlação seja válida, através de uso de Praticamente não há atraso na transmissão
alicate especial e método especial, evitando eletrônica, pois a transmissão se processa à
oxidação, stress termal e mudança na estrutura velocidade da luz. A transmissão pneumática se
cristalina. Certamente o método usado pelo processa à velocidade do som; tipicamente há um
instrumentista em sua oficina de manutenção de atraso de 0,25 segundos para cada 30 metros de
instrumentos duma planta petroquímica ou tubulação de cobre de 1/4" diâmetro externo.
siderúrgica não é tão rigoroso. Não há limitação prática para a distancia quando
Quando se compra um termopar de um o sinal transmitido é eletrônico. Por questões
fabricante conceituado, ele fornece junto do praticas de tamanho de industria, as distancias
termopar a sua especificação técnica, onde é envolvidas na transmissão eletrônica vão até cerca
declarada sua precisão. Por exemplo, para o de alguns kilômetros. Quando as distancias
termopar tipo J, a precisão é de ±2,2 oC ou ±0,75% envolvidas são maiores usam-se técnicas de
do valor medido, o que for maior. Esta precisão é transmissão sem fio, através de ondas de rádio-
garantida pelos materiais e métodos empregados freqüência: é o campo da telemetria, que é outro
pelo fabricante. Qual seria a precisão do termopar departamento da instrumentação. Por causa dos
construído pelo instrumentista? Para isto ser atrasos envolvidos, as distancias para a transmissão
respondido, deve-se aferir o termopar, comparando- pneumática são limitadas a algumas centenas de
o com um padrão certificado. Como conclusão, metros, tipicamente 300 metros. As soluções,
atualmente é raro se fazer um termopar, quando se imperfeitas, para se aumentar as distancia ou
quer uma medição com incerteza conhecida. O diminuir os atrasos na transmissão pneumática,
comum é comprar o termopar de fabricante envolvem o uso de tubulações de cobre em vez de
conhecido e especialista e em aplicações onde há plástico, tubulações com maiores diâmetros, uso de
auditorias de qualidade para verificar a evidência da 4 tubos em vez de 2, uso de posicionadores na
calibração, compra-se o termopar já rastreado e válvula de controle e uso de amplificadores
certificado e com o preço muito maior. pneumáticos (booster).
Quando a instalação de um novo sistema de
medição ou controle é completada, a questão que se
coloca é: quem vai fazer isto operar? A partida de
um novo sistema geralmente é feita por especialista
da companhia que vendeu o sistema. Porém, um dia
ele vai embora e deixa a manutenção e o cuidado do

37
Especificações

líquido de processo. Essas turbulências dos fluidos


podem ocorrer quando há restrições nas linhas,
provocadas por válvulas de controle, placas de
orifício para medição de vazão, reduções de pressão,
curvas, cotovelos ou conexões de tubulações. Para se
eliminar essas turbulências e ruídos, são usados o
amortecimento mecânico, conseguido pelo uso de
fluidos de enchimentos de diafragmas mais viscosos
e os retificadores de vazão. A colocação de suportes
e a melhor ancoragem das tubulações também
elimina ou diminui os ruídos e perturbações.
Finalmente, o dimensionamento correto de válvulas
de controle, reduções e placas de orifício evita o
aparecimento de cavitações, 'flasheamento" de gases
e vibrações.
Em sistema eletrônico, os ruídos são captados
Fig. 4.10. Tempo de atraso das linhas de energia, motores e transformadores,
que criam campos eletromagnéticos intensos. É o
chamado ruído de 60 Hz. Esse ruído é facilmente
evitado pela separação física das linhas de energia
A característica dinâmica dos equipamentos e das linhas de instrumentação. Quando isso não é
atualmente a base da aplicação de suficiente, usam-se fios blindados e trançados e
microprocessadores no controle de processo. As bandejas metálicas. E, de qualquer modo, os ruídos
constantes de tempo dos processos industriais são remanescentes são filtrados nas entradas dos
tão maiores que as constantes de tempo dos instrumentos receptores de sinais.
equipamentos eletrônicos, que um único controlador
analógico pode controlar simultaneamente todas as 3. Especificações do instrumento
malhas da planta, desde que haja um conveniente
sistema de interface processo-controlador. Na As especificações do instrumento incluem:
prática, essa interface existe e consiste num sistema 1. especificações de desempenho
de multiplexagem e conversões analógico-digital e 2. condições de operação
digital-analógico. 3. especificações funcionais
Embora a resposta dinâmica dos instrumentos 4. especificações físicas
eletrônicos seja rápida que a dos pneumáticos, a 5. especificações de segurança
dinâmica do processo a ser controlado é 6. características opcionais
determinante. Quando as constantes de tempo da 7. dimensões nominais
maioria das malhas do processo são grandes 8. instruções para pedido
(processos lentos), é compatível e aceitável o uso de
instrumentos pneumáticos, principalmente, para
3.1. Especificações de Operação
aplicações de montagem local.
Em processos que envolvem grandes distancias, As especificações de operação consideram
o atraso da transmissão pode ser um fator decisivo e as influências do fluido do processo
a escolha deve recair na instrumentação eletrônica. condições de operação de referência
As curvas de resposta em freqüência são condições de operação normal
equivalente para ambos os sistemas, talvez com limites de operação
pequena vantagem para o pneumático. Tipicamente, onde são estabelecidos os valores de temperatura do
ambos os sistemas respondem até a freqüência de 10 processo, temperatura ambiente, umidade relativa, valor
Hz. A vantagem do sistema eletrônico é a facilidade da alimentação, impedância da malha para sinal
de variação e ajuste dessa freqüência de corte, analógico e digital.
através da substituição de capacitores, que já são As condições de operação de referência são
componentes naturais dos seus circuitos. aquelas com que o instrumento foi testado e
O ruído é um problema presente nos dois calibrado. As especificações de desempenho do
sistemas, pneumáticos e eletrônico. O ruído é uma instrumento são válidas para estas condições de
interferência, de origem externa ou interna, que referência. Estas faixas de operação são as mais
aparece misturado ao sinal de informação. O ruído é estreitas e raramente são iguais às condições reais de
de mesma natureza física do sinal - por isso que ele processo.
interfere no sinal - e pode alterar sua informação. Os limites de operação são mais alargados que os
Em sistema pneumáticos, os ruídos são vibrações de de referência e devem ser respeitados pelo usuário.
estruturas mecânicas, vibrações ou pulsações de Operar o instrumento fora destes limites de operação
fluidos, tais como ar comprimido, água, vapor, danifica irremediavelmente o instrumento.

38
Especificações

Embora seja esquecidos pelo instrumento, os 3.2. Especificação de desempenho


limites de transporte e armazenagem também devem
ser considerados. Muitos instrumentos já chegam
Introdução
danificados ao usuário porque estes limites não
foram respeitados pela empresa transportadora e não Desempenho é o ato de funcionamento do
foram tomados os devidos cuidados pelo instrumento, de modo previsível, estável, exato,
despachante do instrumento. A temperatura preciso e seguro. É um termo muito amplo, que
ambiente de transporte tem uma faixa pouco mais inclui operabilidade, previsibilidade, precisão,
larga que a relativa à operação, a umidade relativa exatidão, estabilidade e segurança.
do ar tem os mesmos limites que os de operação. A operabilidade ou funcionamento inclui os
A Fig. 5.1. mostra Uma folha de especificação parâmetros de capacidade, flexibilidade,
típica de um instrumento. configurabilidade, robustez, compatibilidade,
intercambiabilidade e interoperabilidade.
Por sua vez, a precisão inclui os parâmetros de
repetitividade, reprodutibilidade, linearidade,
sensibilidade, rangeabilidade, resolução, banda
morta, histerese. A precisão do instrumento é
mantida por sua manutenção.
A estabilidade da operação inclui os parâmetros
de confiabilidade, falibilidade, integridade e
disponibilidade.
O desempenho do instrumento é influenciado por
vários fatores, como temperatura do processo e
ambiente, pressão do processo e ambiente,
propriedade do fluido do processo (densidade,
viscosidade, condutividade elétrica, calor
específico), posição do instrumento, vibração da
estrutura de suporte, alimentação e ruídos externos.
Nas especificações do instrumento, os
parâmetros de desempenho geralmente são
expressos de modo quantitativo.

Exatidão
Exatidão é o grau de conformidade do valor
indicado para um valor verdadeiro ou ideal. Como o
Fig. 5.1. Folha de especificação de PT valor verdadeiro é desconhecido, usa se o valor
verdadeiro convencional, dado por padrão
reconhecidamente confiável. Para que o valor dado
pelo padrão seja confiável, é necessário que o padrão
seja rastreado, ou seja, comparado contra outro
padrão superior também confiável.
A exatidão medida é expressa pelo desvio
máximo observado no teste de um instrumento sob
determinadas condições e através de um
procedimento especifico. É usualmente medida
como uma inexatidão e expressa como exatidão.
A exatidão do instrumento está relacionada com
os erros sistemáticos. A exatidão do medidor é
conseguida através da sua calibração periódica.

Fig. 5.1. Folha de especificação de uma PSV


Fig. 5.1. Exatidão e precisão

39
Especificações

Precisão Exatidão e Precisão


Precisão (precision) é o grau de concordância É tentador dizer que se uma medição é conhecida
mútua e consistente entre várias medições com precisão, então ela é também conhecida com
individuais replicadas. A precisão é uma medida do exatidão. Isto é perigoso e errado. Precisão e
grau de liberdade dos erros aleatórios do exatidão são conceitos diferentes.
instrumento. A precisão é a qualidade que A precisão é uma condição necessária para a
caracteriza um instrumento de medição dar exatidão, porém, não é suficiente. Pode-se ter um
indicações equivalentes ao valor verdadeiro da instrumento muito preciso, mas descalibrado, de
quantidade medida. A precisão está relacionada com modo que sua medição não é exata. Mas um
a qualidade do instrumento. Quando o instrumento instrumento com pequena precisão, mesmo que ele
deteriora a sua precisão, alargando a dispersão de forneça uma medição exata, logo depois de
suas medidas do mesmo valor, ele necessita de calibrado, com o tempo ele se desvia e não mais
manutenção. A manutenção criteriosa do fornece medições exatas. Para o instrumento ser
instrumento, utilizando peças originais e sempre exato, é necessário ser preciso e estar
conservando o projeto original não melhora a calibrado.
precisão nominal do instrumento, fornecida pelo No tiro ao alvo, quando se tem
fabricante quando novo mas evita que ela se degrade 1. todos os tiros agrupados, porém fora do
e ultrapasse os limites originais. centro, tem-se boa precisão e ruim exatidão,
2. todos os tiros com grande espalhamento,
mas com a média no centro, tem-se ruim
precisão e boa exatidão,
3. todos os tiros com grande espalhamento e
com a média fora do centro, tem-se ruim
precisão e ruim exatidão
4. todos os tiros agrupados e com a média
coincidindo com o centro, tem-se boa
precisão e boa exatidão.
Outro exemplo, um relógio de boa qualidade é
preciso. Para ele estar exato, ele precisa ter sido
acertado (calibrado) corretamente. Desde que o
relógio preciso esteja exato, ele marcará as horas,
agora e no futuro com um pequeno erro. Seja agora
um relógio de má qualidade e impreciso. Logo
depois de calibrado, ele marcará a hora com
exatidão, porém, com o passar do tempo, a sua
imprecisão fará com ele marque o tempo com
grandes erros. Um instrumento impreciso é também
inexato. Mesmo que ele esteja exato, com o tempo
ele se afasta do valor verdadeiro e dará grande erro.

Precisão estática e dinâmica


A precisão de uma medição existe em duas
formas: estática e dinâmica. Ambos os tipos da
precisão são importantes no controle e medição do
Fig. 4.12. Precisão e exatidão processo, embora de modos diferentes. A precisão
estática é geralmente requerida em situações de
balanço, como em custódia, balanço de materiais e
otimização de processo. A precisão dinâmica é
Geralmente, quanto mais preciso o instrumento, importante em controle automático, desde que o
mais elevado é o seu custo. Um instrumento com desempenho do controle depende da velocidade com
grande precisão serve de padrão para calibração de que os componentes reagem.
um instrumento com menor precisão, ambos da A precisão estática é o status de como as
mesma espécie. O mesmo tipo de medidor pode ter indicações se agrupam em torno do valor verdadeiro
diferentes precisões em função do fabricante, projeto da variável de processo senso medida sob condições
de construção e materiais empregados. Por exemplo, estáticas ou de regime permanente. A precisão
um medidor de vazão tipo turbina pode ter diferentes estática é uma característica saída versus entrada, a
precisões em função de seu fabricante, princípio de entrada sendo o valor verdadeiro da variável medida
funcionamento (mecânica, detecção magnética ou de e a saída sendo a leitura do medidor.
RF), geometria (axial, tangencial ou de inserção), O tempo não entra na determinação da precisão
fluido medido (gás ou líquido). estática. Quando o valor de uma variável medida se

40
Especificações

altera, o medidor tem todo o tempo que ele precisa Especificação do catálogo do fabricante
para assumir sua nova leitura. A precisão estática é A especificação da precisão do instrumento
usualmente expressa em ternos do erro que se pode publicada nos catálogos dos fabricantes, geralmente,
esperar. O erro potencial pode ser estabelecido em é feita de modo ambíguo, incompleto ou confuso.
unidades de engenharia da variável do processo Por exemplo, a precisão da medição de vazão com
sendo medida ou em percentagem da largura de placa de orifício é de ± 3%. Há várias coisas erradas
faixa medida. nesta especificação; por exemplo:
Especificação da precisão 1. precisão de ±3% tecnicamente significa que
o erro é de ±3% e a precisão é de ±97%.
A precisão pode ser especificada para toda a 2. independe do valor da medição, o erro é de
faixa de operação, para uma faixa limitada de
±3%. O correto é dizer que o erro é, no
operação ou para um ponto especifico de trabalho. O
máximo, igual a ±3% ou a incerteza está
comum é especificar a precisão associada com a
rangeabilidade do instrumento. Por exemplo, a dentro dos limites de ±3%.
3. a percentagem do erro deve estar
precisão do instrumento é de ±1% do valor medido
relacionada com o valor medido ou com a
para rangeabilidade de 10:1 e ±0,5% do valor
largura de faixa. É incompleto e inútil
medido para a rangeabilidade de 5:1.
somente escrever ±3%; o correto é dizer
Basicamente, a precisão dos instrumentos é
expressa de dois modos diferentes, como: ±3% do fundo de escala. Quando se
percentagem do fundo de escala conhece a faixa calibrada, imediatamente se
percentagem do valor medido tem o erro em unidade de engenharia.
As expressões em percentagem da largura de Comparação da precisão
faixa ou em unidade de engenharia são equivalentes
à expressão de percentagem do fundo de escala. Em algumas organizações, o estabelecimento da
Instrumentos com precisão expressa em precisão do instrumento é feito em uma base
percentagem do fundo de escala possuem erro específica. Para ser capaz de interpretar qualquer
absoluto constante (igual ao produto da precisão especificação de precisão feita é necessário entender
pelo valor do fundo de escala) e o erro relativo a base.
aumento com a diminuição do valor medido. Um sistema muito usado envolve o cálculo de
Instrumentos com precisão expressa em um número estatístico chamado de desvio padrão. A
percentagem do valor medido possuem erro relativo confiabilidade dos valores da precisão determinados
constante (igual ao valor nominal) e o erro absoluto por este método melhora quando o número de
diminui com a diminuição do valor medido. pontos de calibração aumenta. Assim, quanto maior
Instrumento com precisão expressa em percentagem o número de medições mais confiável é o valor do
do valor medido é melhor que o instrumento com desvio padrão obtido.
precisão expressa em percentagem do fundo de Quando se tem o desvio padrão de um
escala. instrumento de medição, então se espera que 99% do
Erro de zero ocorre quando a curva de calibração tempo as leituras do instrumento caem dentro de três
está levemente fora do zero e faz toda a curva se vezes o desvio padrão do valor verdadeiro, 95% do
afastar de igual valor. Há instrumentos que possuem tempo delas estão dentro de duas vezes o desvio
a condição de zero definida e portanto não padrão do valor verdadeiro e 68% do tempo elas
apresentam erro de zero. Erro de largura de faixa estão dentro de um desvio padrão do valor
(span) ocorre quando a curva de calibração está com verdadeiro. Sempre existe um nível de confiança ou
inclinação levemente diferente da teórica, e faz a de probabilidade para as medições caírem dentro de
curva se afastar de pouco no inicio e mais no fim da um determinado intervalo de medição ou de tempo.
curva, ou seja, o erro é proporcional ao valor Os fabricantes de instrumento que fornecem as
medido. Todo instrumento possui erro de largura de suas especificações, incluindo sua precisão e os
faixa ou de sensitividade. laboratórios de calibração que usam padrões e
Instrumento que possui apenas erro de largura de especificam as incertezas da calibração devem
faixa (não tem erro de zero), tem imprecisão informar claramente quais o nível de confiança e o
expressa em % do valor medido. Instrumento que número de desvios padrão usados.
possui os dois tipos de erro, de zero e de largura de
Parâmetros da precisão
faixa, deve ter imprecisão expressa em % do fim de
escala. Os parâmetros constituintes da precisão são os
A precisão expressa pelo fabricante nos seguintes:
catálogos do instrumento é válida apenas para o 1. linearidade
instrumento novo e nas condições de calibração. 2. repetitividade
3. reprodutibilidade
4. sensitividade
5. banda morta
6. resolução

41
Especificações

7. banda morta Quando a medição se afasta da linha reta e os


8. histerese valores da medição aumentando são diferentes dos
9. quantização (se digital) valores tomados com a medição decrescendo, o
10. rangeabilidade instrumento apresenta erro de histerese. Tais erros
O fabricante pode quantificar individualmente podem ser provocados por folgas e desgastes de
cada um destes parâmetros ou simplesmente peças ou por erros de angularidade do circuito
expressar o valor final da precisão e declarar que mecânico do instrumento. O desvio intermediário
inclui todos estes parâmetros. envolve um componente do instrumento, alterando
sua calibração. Isto pode ocorrer quando uma parte
Linearidade mecânica é super forçada ou pela alteração da
A linearidade do instrumento é sua conformidade característica de um componente eletrônico. O
com a linha reta de calibração. Ela é usualmente desvio no instrumento eletrônico ou pneumático
medida em não linearidade e expressa como mecânico pode ser compensado e eliminado pela
linearidade. inspeção periódica e calibração do instrumento.
Quando a medição é não linear aparecem desvios A vantagem de se ter uma curva linear de
da linha reta de calibração. As formas mais comuns calibração é que a leitura do instrumento se baseia
são: desvio de zero, desvio da largura de faixa e somente um fator de conversão. Quando a curva é
desvio intermediário, geralmente provocado pela não linear:
angularidade ou pela histerese. 1. usa se uma escala não-linear, com a função
Quando a medição é uma linha reta não passando matemática inversa (impossível em
pela origem, o instrumento necessita de ajuste de indicadores digitais),
zero. Em um sistema mecânico, o desvio de zero é 2. incorpora-se um circuito linearizador antes
usualmente devido ao deslize de um elo no do fator de conversão,
mecanismo. Ele pode ser corrigido pelo reajuste do 3. usa se uma lógica para avaliar a relação não
zero do instrumento. Em um instrumento eletrônico, linear e gravam-se os pontos na memória
o desvio de zero é causado por variações no circuito digital (ROM, PROM) do instrumento,
devidas ao envelhecimento dos componentes, fazendo-se a linearização por segmentos de
mudanças nas condições de contorno, como reta ou por polinômios.
temperatura, umidade, campos eletromagnéticos.
Quando a medição é uma linha reta, passando Repetitividade
pelo zero porém com inclinação diferente da ideal, o A repetitividade de um instrumento é a sua
instrumento necessita de ajuste de largura de faixa habilidade de reproduzir a mesma saída, quando a
ou de ganho. Um desvio de largura de faixa envolve entrada é repetida. A repetitividade de uma malha de
uma variação gradual na calibração, quando a controle é a habilidade de toda a malha (transmissor,
medição se move do zero para o fim da escala. Pode controlador, transdutor, atuador) reproduzir o sinal
ser causada, em um sistema mecânico, pela variação de controle, quando são repetidas as condições do
na constante da mola de uma das partes do processo.
instrumento. Em um instrumento eletrônico, o Quando o instrumento é não repetitivo sua curva
desvio de largura de faixa pode ser provocado, como de resposta para valores crescentes é diferente da
no desvio do zero, por uma variação da característica curva para valores decrescentes.
de algum componente.

Fig. 4.14. Curva de repetitividade


Fig. 4.13. Expressão da linearidade

42
Especificações

Reprodutibilidade controlada, então o controlador não gerará nenhuma


Reprodutibilidade tem vários sentidos: ação de controle.
American Society for Testing and Materials
(ASTM), a reprodutibilidade mede a habilidade de
um segundo instrumento obter a mesma indicação de
um termômetro usando o mesmo sensor e o mesmo
método mas com equipamentos de teste diferentes.
Usuário: reprodutibilidade é a capacidade do
sistema de medição indicar a mesma condição
termal repetidamente e com a substituição de um
novo sensor, sem olhar a precisão da temperatura
absoluta.
Como parâmetro da precisão, reprodutibilidade é
a habilidade de um instrumento dar a mesma medida
toda vez que ele medir o mesmo valor.
A reprodutibilidade é uma expressão do
agrupamento da medição do mesmo valor da mesma
variável sob condições diferentes (método diferente,
instrumento diferente, local diferente, observação
diferente), durante um longo período de tempo. Fig. 4.15. Expressão da sensitividade
A perfeita reprodutibilidade significa que o
instrumento não apresenta desvio, com o decorrer do
tempo, ou seja, a calibração do instrumento não se
desvia gradualmente, depois de uma semana, um Em muitos casos, a alta sensitividade dos
mês ou até um ano. instrumentos eletrônicos pode aumentar a chance de
Pode-se também entender a reprodutibilidade haver interferências e captação de ruídos. Por
como a repetitividade durante um longo período de exemplo, sistema de medição de pH que manipulam
tempo. A reprodutibilidade inclui repetitividade, níveis de tensão de microvolts são muito
histerese, banda morta e drift. susceptíveis a ruídos.
A sensitividade é também a relação da variação
Sensitividade do valor de saída para a variação do valor de entrada
A sensitividade do medidor é a menor alteração que a provoca, após se atingir o estado de regime
na variável de processo para a qual o medidor irá permanente. É expressa como a relação das unidades
responder alterando sua saída. A sensitividade é das duas quantidades envolvidas. A relação é
usualmente expressa como uma percentagem da constante na faixa, se o instrumento for linear. Para
largura de faixa. Nenhum medidor industrial possui um instrumento não-linear, deve-se estabelecer o
sensitividade infinita. Quando a alteração da variável valor da entrada. O inverso da sensitividade é o fator
do processo sendo medida se torna cada vez menor, de deflexão do instrumento.
atinge-se um ponto onde o medidor se recusa a
Resolução
responder.
Grande sensitividade não garante grande Quando o ponteiro está entre duas graduações,
precisão, mas uma grande sensitividade reduz as qual é o valor correto? Sempre há um limite prático
demandas do sistema do display e aumenta a de número de graduações que podem ser marcadas
probabilidade de se conseguir alta precisão total do em uma dada escala ou gráfico, por exemplo, 100.
sistema. Uma sensitividade de 1 mV/oC é melhor Um medidor com uma faixa de 0 a 300 oC
que uma de 1 µV/ oC, pois é mais fácil manipular 1 normalmente tem uma escala com 100 divisões, com
mV do que 1 µV, como amplificar ou filtrar ruídos. cada divisão representando 3 oC. Os valores
A maioria dos medidores industriais possuem aceitáveis para as divisões da escala são 1, 2 e 5
uma sensitividade da ordem de 0,2% da largura de unidades ou algum fator de 10 destes valores. Deste
faixa. Assim, para um medidor cuja faixa é de 100 a modo, um indicador com faixa de 0-300 oC
300 oC, a sensitividade seria de 0,2% de 200 oC, que provavelmente tem 60 divisões na escala, com cada
vale 0,4 oC. Isto significa que se a variação da divisão representando 5 oC.
temperatura medida for menor que 0,4 oC, o medidor Se a faixa pudesse ser diminuída para 100 a 200
o
não irá responder. C, seriam usadas 100 divisões e cada divisão seria
Se a faixa acima pudesse ser diminuída para 150 de 1 oC, que melhora a resolução de cinco vezes, de
a 250 oC, a sensitividade da medição seria 5 para 1 oC. Esta melhoria é devida parcialmente a
melhorada para 0,2 oC (0,2% x 100 oC = 0,2 oC). A uma largura de faixa menor e parcialmente ao fato
sensitividade da medição é importante para o de se usar divisão de 1 oC em vez de divisão de 5 oC.
controle automático. Se o sistema de medição do
controlador não reage às alterações na variável

43
Especificações

acerca do comportamento do termopar e a correlação


temperatura x militensão do NIST.
Os fabricantes que fazem termopares do modo
cuidadoso e sob condições controladas, publicam as
especificações de seus termopares como tendo uma
Menor resolução, menor precisão precisão ±2,2 oC ou ±0,75 do valor medido (tipo J).
Assim, o indicador de temperatura tem um erro de
±7 oC em qualquer temperatura medida.
Quando se consideram também os erros devidos
aos fios de extensão de termopar e à junta de
compensação, o erro total da malha chega até a 20
o
C e por isso não tem nenhum sentido prático usar
uma escala com resolução de ±2 oC.
Maior resolução, maior precisão Quando o indicador multiponto de temperatura é
Fig. 4.16. Réguas com resoluções diferentes substituído por um display de console de
computador a precisão não melhora, por que os
sensores continuam sendo os termopares, a
correlação continua sendo a da NIST, os fios de
Sejam duas réguas, de mesmo tamanho, porém a extensão continuam sendo usados.
régua (b) tem mais divisões entre os números. Como conclusão, sempre deve se considerar a
Assim, enquanto se lê 6,2 na régua (a) pode-se ler incerteza de toda a malha. É inútil e desperdício de
6,25 na régua (b). Na primeira régua, o dígito 2 é dinheiro, usar um instrumento de display de painel
duvidoso e na segunda, o dígito 2 é garantido e o com grande resolução (alto custo) quando se tem
duvidoso é o 5. associado a ele uma malha com sensor e
Não se deve pensar que há uma função entre a condicionador de sinal com incerteza muito maior
resolução e precisão. Qualquer instrumento pode ser que a do indicador. E quem faz a leitura do display
feito com maior resolução, simplesmente deve saber o que está gerando e trazendo esta
expandindo sua escala e colocando mais graduações informação para o display.
ou mais dígitos. Isto não melhora sua precisão. Um
medidor honesto é aquele em que a resolução é Quantização
comparável com a precisão. O indicador de nível de O tratamento digital dos sinais analógicos
combustível de um automóvel é usualmente provenientes das medições do processo sempre
graduado em pontos de 25%. Como tal, ele é um resulta em um erro, chamado de erro de quantização.
bom exemplo de um instrumento honesto, desde que Por isso a precisão de um instrumento digital é
sua precisão provável é também de cerca de ±25%. expressa em % do valor medido (ou % do fundo de
Seja um indicador compartilhado de temperatura, escala) ± n dígitos. Este ±n dígitos que é o erro de
com um indicador compartilhado por dezenas de quantização.
termopares. Este indicador tem uma longa escala O erro de quantização se refere a leitura digital e
circular com um grande número de graduações, resulta do fato de tornar discreto o valor de saída da
gerando uma grande confiança na precisão do medida. O melhor modo de entender o erro de
instrumento. Esta confiança é justificada? quantização, inerente a todo instrumento digital que
Os sensores que estão ligados ao indicador sempre possui uma incerteza de ±n dígitos em sua
multiponto de temperatura são termopares. Assim, o leitura é o erro da idade de uma pessoa. Assim que
indicador não mede temperatura mas pequenas uma criança nasce, sua idade é expressa em dias. A
forças eletromotrizes ou militensões. Cada idade expressa em dias tem erro em horas. No
militensão deve ser convertida para uma leitura de primeiro ano, a idade passa a ser expressa em meses.
temperatura usando uma correlação entre a saída do A idade expressa em meses em erro de quantização
termopar e a temperatura. (Nos EUA, esta correlação de semanas ou dias. Depois de uns 4 ou 5 anos, a
é produzida pelo National Institute of Standards and idade da criança passa a ser expressa em anos e o
Technoogy - NIST). erro de quantização passa a ser de meses. No dia do
Um indicador de temperatura multiponto numa seu aniversário, a pessoa tem idade exata em anos,
siderúrgica tem uma faixa de 0 a 1200 oC, com meses e dias. Logo depois do aniversário, por
divisões de escala de 2 oC. Isto significa que o exemplo de 40 anos, a pessoa tem 40 anos. Um mês
indicador pode ler 1 oC, que é a maior resolução depois do aniversário, a idade continua de 40 anos,
sobre uma faixa de 1200 oC. A precisão da medição mas o erro de quantização é de um mês. Um mês
da temperatura é tão boa assim? antes de fazer 41 anos, a pessoa ainda tem 40 anos,
Como um instrumento para medir militensão, a mas o erro da idade já é de 11 meses. Então, a idade
precisão do indicador de temperatura é boa; o erro é da pessoa sempre tem um erro, pois sua expressão é
provavelmente melhor do que 0,2 % da largura de discreta; aumentando de 1 em 1 ano, passando de 40
faixa ou dentro de 2,4 oC. Porém, ainda fica a dúvida para 41 anos.

44
Especificações

Banda Morta
O efeito da banda ou zona morta aparece quando
a medição cai nas extremidades das escalas. Quando
se mede 100 volts, começando de 0 volt, o indicador
mostra um pouco menos de 100 volts. Quando se
mede 100 volts, partindo de 200 volts, o ponteiro
marca um pouco mais de 100 volts. A diferença das
indicações obtidas quando se aproxima por baixo e
por cima é a zona morta. O erro de zona morta é
devido a atritos, campos magnéticos assimétricos e
folgas mecânicas. Rigorosamente zona morta é
diferente de histerese, porém, a maioria das pessoas
consideram zona morta e histerese o mesmo
fenômeno.
Na prática, a aplicação repentina de uma grande Fig. 4.17. Escala raiz quadrática, rangeabilidade 3:1
voltagem pode causar um erro de leitura, pois o
ponteiro produz uma ultrapassagem (overshoot),
oscila e estabiliza em um valor. Se a última
oscilação ocorreu acima do valor, a indicação pode Por exemplo, o instrumento com precisão
ser maior que o valor verdadeiro; se ocorreu abaixo expressa em percentagem do fundo de escala tem o
do valor, a indicação pode ser menor que o valor erro relativo aumentando quando se diminui o valor
verdadeiro. O bom projeto do instrumento e o uso de medido. Para estabelecer a faixa aceitável de
materiais especiais para suportes, magnetos e molas, medição, associa-se a precisão do instrumento com
pode reduzir a zona morta. Um modo efetivo para sua rangeabilidade. Por exemplo, a medição de
diminuir o efeito da zona morta é tomar várias vazão com placa de orifício, tem precisão de ±3%
medições e fazer a média delas. com rangeabilidade de 3:1. Ou seja, a precisão da
medição é igual ao menor que 3% apenas nas
Rangeabilidade medições acima de 30% e até 100% da medição.
Tão importante quanto à precisão e exatidão do Pode-se medir valores abaixo de 30%, porém, o erro
instrumento, é sua rangeabilidade. Em inglês, há é maior que ±,3%. Por exemplo, o erro é de 10%
duas palavras, rangeability e turndown para quando se mede 10% do valor máximo; o erro é de
expressar aproximadamente a extensão de faixa que 100% quando se mede 1% do valor máximo.
um instrumento pode medir dentro de uma
determinada especificação. Usamos o neologismo de
rangeabilidade para expressar esta propriedade.
Para expressar a faixa de medição adequada do
instrumento define-se o parâmetro rangeabilidade.
Rangeabilidade é a relação da máxima medição
sobre a mínima medição, dentro uma determinada
precisão. Na prática, a rangeabilidade estabelece a
menor medição a ser feita, depois que a máxima é
determinada. A rangeabilidade está ligada à relação
matemática entre a saída do medidor e a variável
medida. Instrumentos lineares possuem maior
rangeabilidade que os medidores quadráticos (saída
do medidor proporcional ao quadrado da medição).
Na medição de qualquer quantidade se escolhe
um instrumento pensando que ele tem o mesmo
desempenho em toda a faixa. Na prática, isso não
acontece, pois o comportamento do instrumento Fig. 4.18. Precisão em percentagem do fundo de
depende do valor medido. A maioria dos escala, rangeabilidade de 3:1
instrumentos tem um desempenho pior na medição
de pequenos valores. Sempre há um limite inferior
da medição, abaixo do qual é possível se fazer a
medição, porém, a precisão se degrada e aumenta Não se pode medir em toda a faixa por que o
muito. instrumento é não linear e tem um comportamento
diferenciado no início e no fim da faixa de medição.
Geralmente, a dificuldade está na medição de
pequenos valores. Um instrumento com pequena
rangeabilidade é incapaz de fazer medições de

45
Especificações

pequenos valores da variável. A sua faixa útil de 3.3. Especificações funcionais


trabalho é acima de determinado valor; por exemplo,
acima de 10% (rangeabilidade 10:1), ou de 33% As especificações funcionais consideram
(3:1). 1. tipo do sinal de saída, se analógico ou digital
Em medição, a rangeabilidade se aplica 2. ação da saída, se direta ou inversa
principalmente a medidores de vazão. Sempre que se 3. tipos de ajuste de supressão ou elevação de
dimensiona um medidor de vazão e se determina a zero
vazão máxima, automaticamente há um limite de 4. tipos e modos de amortecimento dos sinais
vazão mínima medida, abaixo do qual é possível manipulados
fazer medição, porém, com precisão degradada. 5. limites de faixa largura de faixa e sobrefaixa
Em controle de processo, o conceito de aceitável sem danificar o instrumento
rangeabilidade é também muito usado em válvulas 6. limites da pressão estática do instrumento,
de controle. De modo análogo, define-se para os diferentes sensores
rangeabilidade da válvula de controle a relação 7. pressão de prova (proof pressure), que é
matemática entre a máxima vazão controlada sobre a aplicada em teste do instrumento conforme
mínima vazão controlada, com o mesmo norma SAMA 27.1. O instrumento pode
desempenho. A rangeabilidade da válvula está ficar sem funcionar logo depois deste teste.
associada à sua característica inerente. Na válvula 8. tempo de resposta do instrumento, depois de
linear, cujo ganho é uniforme em toda a faixa de ligado. Atualmente, poucos instrumentos
abertura da válvula, sua rangeabilidade é cerca de eletrônicos requerem tempo de aquecimento
10:1. Ou seja, a mesma dificuldade e precisão que se (warm up) para operar em regime
tem para medir e controlar 100% da vazão, tem se permanente.
em 10%. A válvula de abertura rápida tem uma 9. posição de montagem. Instrumentos
ganho muito grande em vazão pequena, logo é mecânicos ou cujo princípio de
instável o controle para vazão baixa. Sua funcionamento envolve a aceleração da
rangeabilidade vale 3:1. A válvula com igual gravidade devem ter definida a posição de
percentagem, cujo ganho em vazão baixa é pequeno, uso. A calibração do instrumento deve ser
tem rangeabilidade de 100:1. feita na mesma posição que ele irá operar no
processo, quando a posição afeta seu
Histerese desempenho.
A histerese ocorre quando a saída de um sistema 10. fiação de alimentação e de sinal, definindo
de medição depende do valor prévio indicado pelo suas trajetórias, terminais, separação, tipos
sistema. Tal dependência pode ser provocada por de tampas e modos de acesso.
alguma limitação realística do sistema, como atrito e 11. exigências e limitações da alimentação do
amortecimento viscoso em partes móveis ou carga instrumento. Os transmissores eletrônicos
residual em componentes elétricos. Alguma podem operar com uma larga faixa de
histerese é normal em algum sistema e afeta a tensões de alimentação, em função da
precisão do sistema. impedância da malha, do valor do sinal de
A histerese afeta a repetitividade, quando há saída e do uso do terminal de programação
histerese não se tem repetitividade. portátil. Geralmente, estes valores são
mostrados em um gráfico com saída (mA)
versus tensão de alimentação (V cc). Pelo
gráfico, para uma determinada impedância
da malha, a tensão pode variar em uma faixa
ou para uma determinada tensão, a
impedância pode variar em uma faixa. Por
exemplo, para 24 V cc e sinal de saída de 4 a
20 mA, a impedância da malha pode variar
de 200 a 565 Ω.
Comunicações remotas. Com o advento dos
transmissores sabidos e inteligentes, o sinal de saída
pode ter vários formatos. A definição do protocolo a
ser usado é definida por programação no próprio
transmissor ou através do terminal portátil ou através
de um microcomputador, dedicado ou proprietário.
proteção contra alta voltagem e transientes
faixa de freqüência do sinal de entrada
mínima e máxima velocidade mensuráveis
Fig. 4.19. Histerese

46
Especificações

3.4. Especificações físicas A cerâmica é um material muito pesquisado e


usado, por causa de suas vantagens de resistência à
As especificações físicas definem as dimensões, corrosão e erosão, embora seja quebradiço. A
peso, cor e materiais das peças secas e molhadas do cerâmica é um material muito usado, atualmente,
instrumento. para substituir o teflon como revestimento de
tubos magnéticos de vazão.
Plaqueta de identificação
Os invólucros geralmente são pintados ou
A plaqueta de identificação, chamada de tag pelo revestidos de epóxi e outros materiais plásticos
instrumentista, é de aço inoxidável, afixadas de resistentes à corrosão. Também devem ser definidos
modo permanente e difícil de ser tirada, com dados os materiais de gaxetas e juntas de tampas de
do processo e do instrumento escritos instrumentos, que devem ser compatíveis com a
indelevelmente. Ele tem um tamanho padronizado atmosfera contaminante do ambiente. Buna-N é o
pelo fabricante que pode ser alterado a pedido do material padrão para aneis-O (O-ring).
usuário, a um custo extra. Aliás, tudo que não seja O invólucro à prova de tempo deve ter gaxetas
padrão do fabricante deve ser pago adicionalmente que vedem a entrada d'água e umidade; o invólucro à
pelo usuário. Geralmente há uma limitação de prova de chama não pode ter gaxetas entre seus
caracteres por linha da etiqueta e cuidado, que espaçamentos críticos e esta incompatibilidade deve
espaço também tem tamanho. ser verificada. É possível, embora difícil, a
Nesta plaqueta deve ter: compatibilidade de prova de tempo e prova de
1. nome e logotipo do fabricante explosão. Geralmente tampa à prova de tempo tem
2. número de série do instrumento (serial) gaxeta e parafuso; tampa à prova de explosão e de
3. modelo completo do instrumento, em um tempo tem tampa aparafusada, com número mínimo
código alfanumérico compreensível apenas de filete e anel-O especial.
pelo pessoal envolvido O material dos parafusos de fixação não
4. dados do processo, como temperatura, necessariamente é igual ao material do invólucro. O
pressão, propriedades do fluido material padrão dos parafusos é aço carbono; quando
5. dados do instrumento, como sinal de saída, se quiser aço inoxidável, deve-se especificar.
alimentação, faixa calibrada, URL do Os sensores de pressão diferencial e os selos de
sensor (limites físicos de calibração) pressão são cheios de óleo. O silicone é o material
padrão. Aplicações especiais como manipulação de
Proteção contra o ambiente
oxidante (oxigênio, cloro) requerem o uso de
A classificação mecânica do invólucro, segundo Fluorinert.
normas IEC IP ou NEMA. Por exemplo, instrumento Geralmente a especificação informa a massa
a prova de tempo, vedado a pó, resistente à corrosão aproximada do instrumento. Esta informação é útil
como definido por IEC IP 65 e NEMA tipo 4X. Esta para saber como transportar, armazenar ou suportar
proteção ambiental não tem nada a ver com a na instalação do processo. Um transmissor
classificação elétrica do instrumento, que evita que a eletrônico, sem indicador, pesa tipicamente de 2,0 a
presença do instrumento cause uma explosão ou 5,0 kg.
incêndio no local.

Materiais 3.5. Especificação de segurança


São listados os materiais do sensor, das partes
em contato com o processo (partes molhadas), dos Segurança
invólucros, tampas, parafusos, fluidos de Segurança é a extensão em que um sistema é
enchimento e de selagem, conexões com o processo. provido com facilidade que excluem perigos a
Os sensores geralmente estão em contato direto pessoas, equipamentos da planta e ambiente. A
com o fluido do processo e o seu material deve ser segurança depende da exclusão de e proteção contra
compatível com o fluido, para não haver corrosão. O choques elétricos, temperaturas excepcionalmente
projeto correto garante também que não haverá elevadas, radiação, emissão de gases perigosos ou
erosão, cavitação e desgaste físico. O material mais venenosos, explosão e implosão e fogo. Os aspectos
usado para construir sensores é o aço inoxidável de segurança são em geral sujeitos a regras bem
AISI 316. Outros usados incluem ligas especiais definidas e rigorosas para aprovação.
como Co-Ni-Cr, Hastelloy C, Monel, tântalo, prata, Seguridade (security) é a existência e causa de
platina. técnicas que restringem acesso a dados e a condições
O material dos invólucros pode ser metal, sob as quais os dados podem ser obtidos. É a
plásticos reforçados com fibra de vidro. O material habilidade de um sistema de potência elétrica
padrão é uma liga metálica de cobre e alumínio, que responder adequadamente a distúrbios que aparecem
tenha pequeno peso e seja resistente mecanicamente. dentro do sistema.
O invólucro à prova de explosão tem limitação de
conteúdo de alumínio e magnésio, por questão de
segurança.

47
Especificações

Segurança e saúde de processo, com relação à capacidade de conter o


Nos Estados Unidos da América, o assunto que processo rigoroso e resistir à corrosão.
envolve segurança e saúde ocupacionais é de lei. Em A economia, embora menos visível, é também
29/12/70 foi promulgada pelo Congresso a lei fundamental. É quase impossível colocar em
publica 91-596 do OSHA (Occupational Safety and números o quanto custa a corrosão do instrumento.
Health Act). Este ato define o local seguro para Porém, é fácil entender que ela custa a todos. A
todos os americanos trabalharem nele. O OSHA corrosão custa ao fabricante, em termos de vantagem
afeta todos profissionais envolvidos em projeto. Os de competição, ela custa ao usuário final em termos
engenheiros, arquitetos e construtores de de manutenção, paradas forçadas, mau
equipamentos e prédios devem incluir em seus funcionamento do instrumento e pobre eficiência do
planos e projetos tudo que deva satisfazer as normas processo e finalmente, ela custa ao consumidor por
de segurança e saúde, a fim de evitar as penalidades causa do maior custo final do produto.
pelo seu não cumprimento. As penalidades podem
ser as de refazer os projetos, alterar prédios e
equipamentos já acabados, pagar pesadas multas
financeiras e até fechar plantas. O OSHA
compreende sete grandes áreas: local do trabalho,
maquina e equipamentos, materiais, empregados,
fontes de energia, processos e regras administrativas.
O OSHA incorpora as normas existentes elaboradas
por outras organizações privadas ou governamentais,
como NFPA (National Fire Protection Association),
ANSI (American National Standards Institute) API
(American Petroleum Institute), ASME (American
Society of Mechanical Engineers), ASTM
(American Society for Testing and Materials),
NEMA (National Electrical Manufacturers Fig. 5.1. Classificações: área, instrumento e gás
Association), AEC (Atomic Energy Commission) e
outras.
De um modo simplificado, o instrumento é
construído por um fabricante, especificado por uma
Classificação de Área
firma de engenharia e aplicado pelo usuário final.
Quando se considera essa cadeia de eventos: De um modo geral, diz-se que uma área
fabricação, especificação e uso do instrumento, há industrial é perigosa quando nesse local é
cuidados que devem ser considerados para garantir a processado, armazenado, transportado e manuseado
integridade e funcionamento do instrumento. Deve material que possua vapor, gás ou pó inflamável ou
ser entendido e aceito que um instrumento, antes de explosivo. Como isso é vago e pouco operacional,
desempenhar sua função desejada, deve sobreviver. classifica-se uma área perigosa considerando todos
Nenhum amontoado de sofisticação na sua os parâmetros relacionados com o grau de perigo,
fabricação ou especificação compensa a atribuindo-lhe números e letras relacionados com
incapacidade do instrumento viver em um ambiente Classe, Grupo e Zona (Divisão).
hostil. A Classe da área se relaciona com o estado físico
Há duas razões fundamentais para justificar a da substância: gás (I), pó (II) e fibras (III).
harmonia de cooperação na fabricação, O Grupo é uma subdivisão da Classe. Ele é mais
especificação e uso do instrumento: segurança e especifico e agrupa os produtos de mesma Classe,
economia. levando em consideração as propriedades químicas
A segurança de um local pode ser comprometida relacionadas com a segurança: temperatura de auto-
com a simples presença de um instrumento. É o caso ignição, nível de energia necessário para a
do uso de um instrumento elétrico de uso geral, em combustão, mínima corrente e tensão elétricas de
um local onde existe um gás inflamável ou ignição, velocidade de queima de chama, facilidade
explosivo. Em casos menos aparentes, um processo de vazamento entre espaçamentos, estrutura
pode falhar ou se romper, por causa de um química, pressão final de explosão.
instrumento mal especificado. Essa ruptura pode Zona expressa a probabilidade relativa do
desprender alguma coisa indesejável às pessoas ou material perigoso estar presente no ar ambiente,
aos equipamentos que estejam próximos, tais como formando uma mistura em concentração perigosa.
pressão, vapor, gás tóxico, liquido corrosivo ou pó As normas européias e a brasileira se referem a
explosivo. Isso pode provocar mortes, danos físicos, três zonas: Zonas 0, 1 e 2. As normas americanas se
perda de materiais e de equipamentos. referem à Divisão e definem apenas duas áreas:
O instrumento, em virtude de sua natureza Divisão 1 (Zonas 0 + 1) e Divisão 2 (Zona 2). Zona
funcional, pode ser o elo mais frágil em uma linha

48
Especificações

0 é um local onde a presença do gás perigoso é motivo, recebe uma alimentação elétrica.
praticamente constante ou 100%. Geralmente são alimentados com 110 V, ca ou 24 V,
Tipicamente, é o interior de um tanque ou de cc. O sinal padrão de transmissão em corrente é de
uma vaso. Zona 1 é um local de alta probabilidade 4-20 mA cc. Em instrumentação, há ainda circuitos
relativa de haver gás. É um local onde pode existir o que envolvem termopares, resistência para
gás, mesmo em condição normal de operação do determinação de temperatura, células de carga,
processo. Zona 2 é um local de pequena eletrodos de pH. São circuitos que geram sinais de
probabilidade relativa da presença do gás. É um militensão continua e que são polarizados com
local onde a existência do gás só ocorre em condição tensões de alguns volts.
anormal do processo, como ruptura de flange, falha Para efeito de classificação elétrica, o enfoque é
de bomba. Mesmo que a probabilidade da presença mais amplo. Por exemplo, um registrador
do gás seja pequena, Zona 2 é ainda uma área pneumático ou mecânico, com acionamento elétrico
perigosa. O local que não é nem Zona 0, 1 ou 2 é por do gráfico é considerado como instrumento elétrico.
exclusão e definição, área segura. Exemplo clássico Quando se incorporam alarmes acionados
de área segura é a sala de controle. Porém, há eletricamente por microchaves a instrumentos
normas relacionadas com as condições interiores da mecânicos ou pneumáticos, também se muda sua
sala de controle para garantir sua segurança. Essas classificação para elétrica. Finalmente, a opção extra
normas estabelecem e exigem a pressurização da de aquecimento elétrico, quando se tem, o risco de
sala, vedação das portas e janelas, selos nos cabos congelamento ou quando se quer reduzir a
que se comunicam com as áreas classificadas, viscosidade do fluido de enchimento, torna-se o
ventilação e temperatura adequadas. instrumento envolvido em elétrico. Como conclusão,
A classificação de área é de responsabilidade instrumento elétrico é todo aquele que incorpora um
exclusiva do usuário final, pois apenas ele pode circuito funcional ou auxiliar de natureza elétrica.
garantir a observância de normas de operação,
manutenção, bem como de fazer inspeções Classificação de Temperatura
periódicas no local. A eletricidade, por causa do efeito Joule, pode
O conhecimento da classificação da área é provocar aquecimento. A alta temperatura, por sua
fundamental e é o ponto de partida para a vez, pode se constituir em fonte de energia, capaz de
especificação correta dos instrumentos. A inflamar ou provocar explosão de determinada
especificação do instrumento, encaminhada do mistura ar + gás perigoso. Em vista desses fatos,
fabricante pela firma de engenharia ou pelo pessoal todo instrumento elétrico deve também possuir uma
do processo da planta, deve determinar claramente classificação de temperatura. A classificação de
qual a classificação do local onde será montado o temperatura está relacionada com a máxima
instrumento: Classe, Grupo e Zona. temperatura que a superfície ou qualquer
componente interno do instrumento pode atingir, em
funcionamento normal, quando a temperatura
ambiente é de 40oC.

Fig. 5.1. Classificação de áreas

Tab.4.8. Classificação de Temperatura

Instrumento Elétrico
Na pratica e no presente trabalho, instrumento
elétrico e eletrônico possuem o mesmo significado. A classe de temperatura do instrumento deve ser
Instrumento elétrico é todo aquele que, por algum marcada na sua plaqueta de identificação.

49
Especificações

Equipamentos cujas superfícies ou componentes não Muitos inspetores estaduais não se sentem
excedem a 100 oC não necessitam de marcação qualificados para avaliar a segurança de
explícita (Classes T5 e T6). instrumentos de processo construídos por cartões de
Para se usar um instrumento elétrico em área circuito integrados, chips de microprocessadores e
perigosa é importante se comparar sua classe de por isso eles requerem que os instrumentos tenham
temperatura com a mínima temperatura de auto- certificação CSA. Se um produto tem um selo CSA,
ignição do gás presente. É obvio que a máxima ele passa. Se ele não tem o selo CSA, ele é
temperatura alcançada pelo instrumento deve estar devolvido.
abaixo da mínima temperatura de auto-ignição do A obtenção de um certificado CSA não é muito
gás presente. A norma brasileira (ABNT EB 239) fácil. Antes de tudo, o CSA tem muitos instrumentos
estabelece que a temperatura máxima que o para certificar. Um instrumento do modelo a ser
instrumento pode alcançar deve ser igual ou menor certificado deve ser submetido a teste de laboratório
que 70% da mínima temperatura de ignição do gás para verificar sua segurança causada por falha
inflamável. elétrica. O instrumento pode ser destruído durante o
processo do teste. Finalmente, o CSA tem tanto
Certificação da Classificação Elétrica trabalho, que um teste e sua certificação podem levar
Todo instrumento que tenha alguma alimentação mais de um ano para serem realizados.
elétrica deve ter uma classificação elétrica associada A situação brasileira é teoricamente igual à do
com sua segurança. A presença de um instrumento Canadá. Aqui há o Labex, no Cepel.
elétrico em um local não pode aumentar o risco de
haver explosão ou incêndio no local. Em outras Classes de proteção
palavras, a presença do instrumento em um local não O instrumento elétrico, mesmo de uso geral em
pode aumentar o perigo deste local. Este problema área segura, deve prover proteção pessoal contra
de segurança está envolvido, principalmente em choque elétrico, contra efeito de temperatura
plantas que processam produtos flamáveis. Quando excessiva, contra propagação de fogo, contra os
há vapores, gases, pós e fibras em um local, em efeitos de explosão ou implosão, contra os efeitos de
condição normal ou devido a um vazamento ionização e radiação de microondas, pressão de
anormal, o instrumento elétrico pode fornecer a ultra-som. Um instrumento elétrico para uso em área
fonte de ignição necessária para criar uma explosão perigosa deve prover todas as proteções dos
ou um incêndio. Isto já aconteceu. instrumentos de uso geral mais a proteção contra a
Há diferenças filosóficas nos enfoques tomados ignição da atmosfera externa.
com este problema em função do país. Nos Estados Qual a classificação da área, quais as normas
Unidos da América, a questão da segurança do aplicáveis e qual a aprovação da agência de teste:
equipamento alimentado eletricamente é uma tudo isso deve ser definido e informado para a
questão entre o usuário e sua companhia de seguro. compra de um instrumento elétrico.
Por isso os principais laboratórios de teste e Há vários tipos de proteção para evitar que um
certificação, Factory Mutual e Underwriters, são instrumento elétrico provoque ignição ou explosão
suportados por companhias de seguro, particulares. de misturas gasosas perigosas. Qualquer proteção é
No Canadá, porém, o governo federal está aceitável, desde que o instrumento seja
envolvido. É contra a lei canadense energizar adequadamente instalado e todas as instruções
qualquer equipamento operado eletricamente a não mencionadas nos certificados e relatórios sejam
ser que ele tenha sido certificado para uso por um seguidas. Deve ser levado em conta que a
laboratório governamental, que é o CSA (Canadian classificação elétrica do instrumento deve garantir
Standards Association). que a sua simples presença não compromete a
O CSA é um laboratório suportado pelo governo, segurança do local. As normas de segurança nada
cuja diretiva é garantir que os equipamentos dizem, nem poderiam dizer, acerca do
oferecidos para venda ao público são realmente funcionamento operacional do instrumento de
seguros para serem usados. Embora a maior parte do controle.
trabalho do laboratório pareça considerar os Fundamentalmente, há duas grandes categorias
equipamento elétricos, também são considerados de proteção:
materiais de construção, conexões e outros produtos. 1. Há explosão, porém a explosão é confinada ou
O CSA funciona testando produtos em seus controlada no interior do instrumento, de modo
laboratórios, enviando inspetores qualificados para que não se propaga para o seu exterior. Por
examinar produtos e publicando normas. exemplo, prova de explosão (ou prova de
O CSA não tem autoridade para escrever leis, chama).
porém, é possível e muito provável que qualquer 2. Não há explosão. Nesse caso, pode se evitar a
estado canadense (província) requeira que produtos explosão ou cuidando-se da mistura gasosa
ou trabalhos estejam de conformidade com uma (purga/pressurização) ou cuidando-se da fonte
determinada norma CSA, que, em efeito, torna esta de energia (segurança intrínseca e não
norma uma lei. incenditivo).

50
Especificações

Prova de explosão ou prova de chama Purga ou pressurização


Prova de explosão (linguagem norte americana) Na pratica e para efeito de proteção, purga
ou prova de chama (linguagem européia) é uma (vazão) e pressurização (pressão) possuem o mesmo
técnica de proteção alternativa que permite a significado. A proteção é conseguida pela aplicação
ocorrência de uma explosão no interior do de uma pressão positiva em relação à pressão
instrumento. Porém, o invólucro do instrumento é externa, através da vazão de um gás inerte ou ar
tão resistente que a explosão fica confinada no seu puro, no interior da caixa do instrumento. Esta
interior. pressão interna positiva impede a entrada dos gases
De outro modo, o instrumento à prova de chama perigosos existentes na atmosfera circundante. A
possui aberturas de escape de modo que, quando pressurização impede o contato da mistura perigosa
houver um incêndio no seu interior, a chama é com a fonte de ignição. A pressão aplicada é da
resfriada quando vai para fora. Embora os enfoques ordem de 5 a 10 mm de coluna d’água.
sejam diferentes, o resultado final é o mesmo: a Um instrumento com purga pode ser usado em
explosão ou a chama no interior do instrumento não Zona 1 ou Zona 2, dependendo do tipo do circuito
se propaga para a área externa. Em qualquer situação interior, se de uso geral ou não incenditivo.
há segurança, o instrumento continua operando Dependendo da Zona do local e do tipo do circuito
normalmente, sem interrupção, mesmo com a interno, são necessárias salvaguardas adicionais ao
ocorrência de explosão ou chama no seu interior. sistema de pressurização, tais como, chaves de
O instrumento não é, não pode e nem precisa ser, desligamento com abertura da porta, temporizadores,
totalmente vedado e contem em seu interior um portas trancada, fusíveis, pressostatos.
circuito elétrico perigoso. As superfícies do A técnica de purga/pressurização pode ser
instrumento que estão em contato direto com a aplicada a instrumentos de grande volume, onde a
atmosfera inflamável exterior devem ter a máxima técnica de prova de explosão é impraticável.
temperatura abaixo da temperatura de ignição da
mistura gasosa especifica.

Fig. 4.22. Sistema com pressurização ou purga

Fig. 4.21. Princípio de funcionamento do Ex-d

A prova de explosão é uma técnica geralmente Segurança intrínseca


aplicada a instrumentos ou equipamentos de Um sistema intrinsecamente seguro é constituído
pequeno volume físico. Extensivamente, pode ser pelo equipamento e sua respectiva fiação, onde a
aplicada a motores, luminárias, conexões. O energia elétrica ou térmica é insuficiente para
instrumento deve ter uma marcação que o provocar a ignição ou explosão de uma mistura
identifique como tal. Deve ainda haver advertências gasosa especifica, em condições normais e anormais
relacionadas com a operação e manutenção do determinadas. A segurança intrínseca inclui
instrumento. O instrumento à prova de explosão só considerações combinadas de limitação de tensão
pode ser aberto ou desligado eletricamente ou (diodos Zener), limitações de corrente (resistores e
quando se garante, por analisadores locais, que não fusíveis) e máxima indutância e capacitância reais e
há a presença do gás perigoso no local de montagem parasitas da carga e da fiação. O sistema se baseia na
do instrumento. colocação de barreira de energia elétrica entre o
Um instrumento à prova de explosão pode ser local seguro e o local perigoso. Desse modo, o
usado normalmente em Zona 2 em todas as Classes e sistema inclui equipamentos montados na área
Grupos e em Zona 1, com algumas restrições de perigosa e alguns equipamentos (geralmente a
Grupos. Não se pode usar instrumento à prova de barreira de energia) montados na área segura. No
explosão em Zona 0. sistema podem ser combinados instrumentos de
fabricantes diferentes, porém, todos os equipamentos

51
Especificações

com aprovação devem ter certificados do mesmo


laboratório de teste.

Fig. 4.24. Sistema com segurança intrínseca

Critérios da classificação elétrica


A classificação elétrica do instrumentos deve ser
compatível com a classificação do local perigoso.
Um principio básico comum a todos os tipos de
Fig. 4.23. Sistema com segurança intrínseca proteção e aceito por todos é o de que há segurança
quando e somente quando são providos dois eventos
independentes, cada um de baixa probabilidade,
entre a probabilidade de haver a presença do gás
Pelo próprio principio, o conceito de segurança perigoso com a probabilidade de falha do
intrínseca só se aplica a sistema de instrumentação equipamento elétrico.
de controle de processo e de comunicação, que Desse modo, há segurança nos seguintes casos
naturalmente podem operar com baixo nível de combinatórios:
energia. Os instrumentos intrinsecamente seguros 1. Local seguro (probabilidade zero de haver
podem ser montados em Zona 2, Zona 1 e até Zona gás perigoso) com um instrumento de uso
0. geral (probabilidade 1 de haver fonte
Os instrumentos com classificação de segurança perigosa).
intrínseca devem ter marcação que os identifique 2. Local de Zona 2 (pequena probabilidade de
como tais. Na plaqueta de aprovação deve haver a haver gás) com um instrumento não
recomendação de que a segurança pode ser perdida incenditivo (pequena probabilidade de
com a substituição não criteriosa de alguns falhar).
componentes críticos. 3. Local de Zona 1 (grande probabilidade de
haver gás) com um instrumento
Não incenditivo e outros intrinsecamente seguro (só se torna
Um circuito não incenditivo ou não acendível inseguro quando houver duas falhas
pode conter componentes que produzam faísca em independentes e de pequena probabilidade
condições normal, porém, a energia entregue por tais individual).
componentes é limitada a valores incapazes de 4. Local de Zona 1 (grande probabilidade de
provocar ignição na mistura perigosa especifica. O haver gás) com um instrumento não
circuito não incenditivo só é seguro em condição incenditivo (pequena probabilidade de
normal de operação. O instrumento não incenditivo falha) com pressurização (pequena
só pode ser usado em Zona 2, sem restrições. probabilidade de falha no sistema de
Quando usado em Zona 1, deve ser pressurizado pressão).
com gás inerte. 5. Local de Zona 1 (grande probabilidade de
Circuito não-faiscadores contem componentes haver gás) com um instrumento de uso geral
que não produzem faísca em operação normal. Isso é (grande probabilidade de perigo) com
conseguido através de encapsulamento de pressurização (pequena probabilidade de
componentes, imersão em óleo. falha) e com salvaguarda adicional, tal
Circuito com segurança aumentada envolvem como colocação de pressostato (pequena
componentes de equipamento com selagem, probabilidade de falha).
encapsulamento, dupla isolação, espaçamentos De qualquer modo, em um local com
maiores que os normais, resistência à corrosão e determinada classificação só pode ser montado um
controle de qualidade mais severo e individual. instrumento elétrico que possua uma classificação
elétrica e de temperatura, marcada em sua etiqueta e
compatível com a do local.
Obviamente, um instrumento para Zona 1 pode
ser usado em Zona 2, assim como um instrumento
para Grupo B pode ser usado em Grupo C e D.

52
Especificações

Porém, qualquer exagero de classificação do


instrumento é inconveniente. Só se deve usar um
instrumento com classificação elétrica especial
quando exigido, pois a classificação elétrica especial
pode custar mais e principalmente, exige cuidados
de operação e manutenção mais rigorosos e
restritivos.
Há vários aspectos relacionados com a segurança
do controle do processo e a instrumentação:
1. projeto incorreto do sistema,
2. mau funcionamento dos equipamentos
3. presença dos instrumentos no local.
Quando o sistema é mal projetado, ele não
funcionará, quer seja pneumático, quer seja
eletrônico. E o mau projeto pode levar o sistema Fig. 4.12. Transmissor em área classificada
para uma condição insegura.
A probabilidade de um instrumento pneumático
levar o sistema bem projetado para uma situação
perigosa, por causa de seu mau funcionamento é
equivalente à do instrumento eletrônico.
A probabilidade da presença do instrumento
pneumático provocar um incêndio ou uma explosão
num local perigoso é praticamente zero e por isso
não há nenhuma restrição de uso de instrumentos
pneumáticos em áreas classificadas, onde há a
presença de gases, pós e fibras inflamáveis e
explosivas.
O instrumento eletrônico pode constituir a fonte
de energia suficiente para provocar o incêndio ou a
explosão de atmosferas perigosas. Deste modo, a
não ser que o instrumento eletrônico tenha uma
classificação elétrica e de temperatura de
conformidade com a classificação do local onde ele
é instalado, é vedado o seu uso em locais perigosos.
Para tornar permitido e seguro o uso de
instrumentos eletrônicos em áreas perigosas foram
desenvolvidas técnicas especiais e alternativas de
proteção, incorporadas aos seus circuitos e aos seus
invólucros. As técnicas de proteção mais conhecidas Fig. 4.26. Marcação de proteção de instrumento
e usadas são: à prova de explosão ou de chama, a em área classificada
purga ou a pressurização e a segurança intrínseca.
Como regra tem-se: o instrumento eletrônico só
pode ser usado em local perigoso, onde há a
probabilidade da existência contínua ou intermitente
de gases, pós e fibras inflamáveis e explosivas,
quando tiver uma classificação elétrica especial,
atribuída por um laboratório independente do
fabricante, que seja compatível com esta atmosfera
específica.

53
Especificações

Tab. 4.10. Especificações de Segurança do Produto

Tab. 4.9. Tipos de Proteção para Equipamentos Elétricos

54
Automação

2. Sistema Digital de Controle


1. Introdução Distribuído (SDCD)
Atualmente, exceto os instrumentos de campo, é O Sistema Digital de Controle Distribuído
raro se utilizar instrumentos isolados para a (SDCD) apareceu para substituir os numerosos e
medição, controle, monitoração e automação de longos painéis de instrumentos analogicos e
algum processo. A base do sistema de controle é o dedicados de controle.
computador digital, que pode ser de uso geral ou O primeiro SDCD foi lançado no mercado em
específico. Geralmente, o que determina o tamanho 1974, pela Honeywell, modelo TDC 2000. Desde
e as características do sistema é o tipo de processo e então, ele percorre um longo caminho, sempre
a aplicação. evoluindo e usufruindo as vantagens inerentes ao
Os principais sistemas utilizados são: avanço tecnológico da eletrônica e da informática.
1. Sistema Digital de Controle Distribuído Assim, já há várias gerações de SDCD, com
(SDCD) diferenças significativas nos elementos chave de seu
2. Controle Supervisório e Aquisição de sistema, incluindo filosofia de operação,
Dados (SCADA) microprocessadores e esquemas de comunicação.
3. Controlador Lógico Programável (CLP) Por conveniência, o SDCD deve ser ligado a
De um modo geral pode-se dizer que se utiliza instrumentação de campo (transmissores e válvulas)
1. o SDCD para o controle de processos inteligente ou microprocessada. Os benefícios se
contínuos complexos, que incluem muitas referem a facilidade de interface, redução de fiação,
malhas de controle PID. melhor desempenho metrológico global, facilidade
2. o SCADA para controle de processos de rearranjo remoto, possibilidade de diagnóstico e
simples, que tenham muitas operações de redução de custos de compra e calibração dos
liga-desliga. instrumentos.
3. o CLP é utilizado para prover o alarme e A alta densidade de dos módulos de entrada e
intertravamento do processo, além de ser o saída (E/S) pode economizar painéis e espaço em
coletor de dados no sistema SCADA. grandes sistemas de SDCD. Também há economia
Assim, o SCDC é aplicado para o controle e a na fiação entre os equipamentos de campo e o
monitoração de refinarias de petróleo, siderúrgicas e SDCD, mesmo quando se tem redundâncias de
de grandes plantas com controle contínuo, nas áreas comunicação, pois uma linha de comunicação
de papel & celulose, indústria farmacêutica. O redundante através de toda a planta custa muito
SCADA é usado na monitoração e controle de menos do que centenas ou até milhares de fios
terminais de óleo e gás, plataformas de petróleo, individuais entre o campo e a sala de controle
onde os processos incluem movimentação de central.
fluidos.
Embora o CLP seja um dos componentes do
SCADA, ele também é utilizado em combinação
com o SDCD, em sistemas complexos. Nessa
configuração, o SDCD é responsável pelo controle
regulatório e avançado do processo e o CLP é
responsável pelo alarme e intertravamento do
mesmo processo. Por questão de segurança e de
normas (IEC 61 508 e ISA 84.01) não é permitido
que um mesmo sistema seja responsável
simultaneamente pelo controle e pela segurança do
mesmo processo.

Fig. 2.1. Filosofia do SDCD

55
Automação

O CLP de hoje pode ser muito mais eficiente


para executar sequenciamento, operações de alarme
e de intertravamento. O controle em tempo real para
intertravar motores e equipamentos relativos se
tornou muito prático dentro do CLP usado no mundo
do controle de processo. Um bom exemplo disto é o
controle de processo de batelada com funções de
gerenciamento do processo configurado através de
um computador pessoal ou estação de trabalho de
operação do tipo PC.
O controlador lógico programável varia na
complexidade da operação que ele pode controlar,
mas ele pode ser integrado em redes de comunicação
digital com outros CLPs, computadores pessoais,
sistemas de análise, sistemas de monitoração de
Fig. 2.2. Configuração do SDCD maquinas rotativas e sistema digital de controle
distribuído (SDCD), Geralmente, mas nem sempre,
estas redes são ponto a ponto, significando que um
CLP pode falar com outro diretamente sem ir através
Atualmente, no Brasil, os SDCDs mais usados de outro equipamento intermediário.
são da Emerson, Foxboro (Invensys) e Yokogawa. O CLP pode ser uma alternativa, econômica, do
Alguns sistemas antigos foram construídos por SDCD, onde não são envolvidas estratégias de
fabricantes que agora pertencem a uma destas três controle de malha de processo sofisticadas. As
grandes empresas. Atualmente, todos os sistemas aplicações típicas de CLP são:
digitais apresentam aproximadamente as mesmas 1. Parada e partida de equipamentos
características e capacidades e estão sempre 2. Alarme e intertravamento de segurança
evoluindo, para tirar as vantagens da eletrônica, 3. Movimentação de óleo e gás
comunicação digital e informática. Os detalhes e 4. Engarrafamento e empacotamento
especificações de cada sistema podem ser obtidos 5. Processo de batelada simples
facilmente dos fabricantes, inclusive pela internet. As vantagens do CLP são:
1. Possui excelente capacidade de manipular
3. Controlador Lógico lógica, seqüencial e intertravamento
2. Programação ladder ou de blocos de função
Programável (CLP) é de fácil entendimento
3. Custo baixo, permitindo a personalização
controlador lógico programável (CLP) é um das funções do produto
equipamento eletrônico, digital, baseado em 4. Pode operar em ambiente hostil
microprocessador, que pode 5. Altíssima confiabilidade, sendo um produto
1. Controlar um processo ou uma máquina comprovadamente fácil de se manter
2. Ser programado e reprogramado 6. Oferece alto nível de flexibilidade e
rapidamente escalabilidade (capacidade de ser
3. Ter memória para guardar o programa. aumentado em escala, por partes).
O programa do usuário (e.g., diagrama ladder) é 7. Possui tamanho compacto e requer pouco
inserido no CLP através de computador desktop, espaço
computador notebook, teclado numérico portátil ou As desvantagens do CLP no controle de processo
programador dedicado. Depois de carregado o são:
programa, o programador é desconectado do CLP. 1. É não determinístico, ou seja, sem
Como o CLP é fácil de projetar e instalar e habilidade de prever o tempo de resposta,
relativamente barato, quando comparado a um que é desastroso para o controle PID. O
SDCD, ele é o sistema digital default para coletar CLP é determinístico somente se a
dados de processo. interrupção de tempo real for disponível e
O CLP foi projetado inicialmente para uso em usada para PID.
automação da industria automobilística e veio para 2. Limitado em sua capacidade de fazer
substituir reles eletromagnéticos (1969) . A partir de controle PID contínuo, principalmente em
1984, ele incorporou o bloco de controle PID e se controle multivariável.
asssociou ao computador pessoal (PC) para 3. Dificuldade de implementar técnicas de
constituir um sistema de controle para competir com otimização de controle, tipicamente
o SDCD. Um CLP combinado com um PC constitui disponíveis nos SDCDs.
o SCADA, acróstico de Controle Supervisório e
Aquisição de Dados.

56
Automação

4. Necessidade de computador pessoal para de integração do sistema e casamento de protocolos


interfacear com os controles de processo e digitais diferentes.
outras operações mais complexas. Um sistema de Controle Supervisório e
5. Não possui interface humano-máquina, Aquisição de Dados (SCADA) coleta e armazena
requerendo uso de um computador pessoal, dados para uso futuro. Os dados podem ser
quando for necessária esta interface. analógicos, discretos ou digitais. Os dados
6. Necessidade de configurar o CLP em analógicos podem ser do tipo:
separado da configuração do PC e do 1. 4 a 20 mA cc,
SDCD, em sistemas combinados. 2. tensão de mV de células de carga,
7. Geralmente o fabricante de CLP não possui 3. tensão de termopares dos tipos J, K, R, S, T
especialistas em controle de processo. B e E,
4. resistências detectoras de temperatura,
4. Controle Supervisório e Os dados de pulsos podem ter diferentes faixas
de freqüência e são gerados por:
Aquisição de Dados (SCADA) 1. turbinas medidoras de vazão,
2. transmissores de vazão magnéticos,
3. medidores tipo vortex ou coriolis
4.1. Introdução
Antigamente o termo controle supervisório
significava o sistema onde o computador digital
estabelecia o ponto de ajuste e outros parâmetros dos
controladores analógicos. Atualmente, SCADA é o
acróstico de Supervisory Control And Data
Acquisition – Controle Supervisório e Aquisição de
Dados. Aqui, o termo supervisório significa
monitoração e acompanhamento.
SCADA é um sistema de controle tipicamente
usado para monitorar e controlar processos que
tenham muitas operações de liga e desliga e poucas
malhas de controle analógico PID. O sistema
SCADA é usado principalmente para partir e parar
unidades remotas e não é usado para o controle do Fig. 2.4. Visão geral de um SCADA
processos complexos.
Exemplos de processos simples:,
1. unidades de transferência de produtos em
tubulações por bombas (líquidos) ou Dados discretos são as saídas de chave, que
compressores (gases), podem ser 0 ou 1 (não chamar estes dados de
2. distribuição de água e digitais!). Estes sinais analógicos, discretos ou de
3. distribuição de energia elétrica. pulso são convertidos para a forma digital
A tendência atual é utilizar sistemas com conveniente para uso dentro do sistema digital de
protocolos e programas abertos, podendo utilizar aquisição de dados.
equipamentos de diferentes fabricantes. Porém, há Os sinais digitais, como protocolo HART,
sistemas SCADA proprietários, de um único Fieldbus Foundation, Modbus e Profibus entram no
fabricante, que já está interligado com todas sistema através da rede de comunicação digital.
interfaces e drivers proprietários. São sistemas mais Estes sinais digitais entram no CLP através de sua
caros, menos flexíveis, porém já prontos para o uso. CPU. Não há módulos de entrada ou de saída para
Exemplo: MOSCAD, da Motorola. sinais digitais. O sinal digital é bidirecional e
Os equipamentos básicos do SCADA são: portanto entra e sai na porta de comunicação.
1. Controlador Lógico Programável (CLP) Há uma distinção clara entre sinal digital e
para fazer a aquisição de dados discreto (ou binário). O sinal ou protocolo digital é
2. Computador Pessoal (PC) para rodar o constituído de vários bits (p. ex.: 16, 32 ou 64) e tem
supervisório e constituir a estação de muitos recursos. Exemplos de protocolos digitais:
operação ou a interface humano-máquina. HART, Fieldbus Foundation, Modbus. O sinal
discreto ou binário é aquele fornecido por uma
chave elétrica e possui apenas um bit de informação:
4.2. Coleta de dados ligado ou desligado. Há autores e manuais que
No SCADA, tem-se vários fornecedores de CLP chamam o sinal discreto de digital, diferente das
(Siemens, Modicon, Rockwell, GE Fanuc, Hitachi) e definições deste trabalho. Há ainda o sinal de pulso,
vários programas aplicativos (InTouch, IFix, VXL). cuja informação pode estar na amplitude, na
Há maior flexibilidade, porém, há maior dificuldade freqüência, na duração ou na posição do pulso.

57
Automação

Exemplos de sinais: saída de turbina medidora de enviando sinais analógicos para atuar em válvulas de
vazão, saída de medidor magnético de vazão. controle. Nestas aplicações, os sinais digitais do
sistema de aquisição de dados devem ser convertidos
de volta para a forma analógica e aplicados a algum
tipo de atuador no processo. Este local é a estação de
operação.
A Estação de Operação é um computador pessoal
(PC), de uso industrial, que roda um software
aplicativo de Controle Supervisório.
Através de telas previamente configuradas e o
sistema interligado, o operador pode selecionar
através do teclado ou mouse do computador
diferentes visões do processo, desde uma malha
isolada, grupos de malhas até o processo completo.

Fig. 2.5. Sistema SCADA tradicional

Na maioria das aplicações industriais, a


aquisição de dados é feita por controladores lógico
programáveis (CLP) que possuem as interfaces de
entrada e saída padronizadas e com preço
conveniente. Outra vantagem de se usar um CLP
como sistema de coleta de dados é a facilidade de
driver de comunicação entre ele e o
microcomputador onde será rodado o programa
aplicativo para realizar o controle supervisório do Fig. 2.7. Telas do supervisório
processo.
Quando os dados são coletados a grandes
distâncias, eles são transferidos através de fios
físicos, por uma onda de rádio freqüência portadora O monitor do computador irá substituir os
ou através de linha telefônica ou por uma painéis convencionais com botoeiras, instrumentos
combinação qualquer destas três técnicas. de display, anunciador de alarme e painel sinóptico.
As chaves liga e desliga e as botoeiras de partida e
parada são substituídas por teclas ou são atuadas
através da tela especial (touch screen). Têm-se agora
chaves lógicas ou virtuais que funcionam
exatamente como se fossem reais.
O monitor do computador substitui os
instrumentos de display. Através do programa de
configuração, o operador pode selecionar telas que
apresentam os valores numéricos das variáveis de
processo de diferentes modos, à sua escolha. Os
valores podem aparecer ao lado dos equipamentos
associados. Por exemplo,
1. o nível do tanque pode ser apresentado em
Fig. 2.6. Funções do SCADA percentagem ao lado do desenho do tanque,
2. a vazão que passa por uma tubulação pode
4.3.Estação de Operação ter o valor instantâneo mostrado junto da
tubulação,
Os dados do campo devem estar disponíveis em 3. a temperatura de um reator pode ser
um único local centralizado e onde possam ser mostrada em diferentes posições, em
indicados, registrados, totalizados, analisados e valores digitais.
alarmados. É também desejável que o operador, Através da configuração de tela, os instrumentos
além de coletar os dados e saber os status dos virtuais podem se parecer com instrumentos
dispositivos remotos, possa atuar no processo, convencionais, com escala analógica (gráfico de
abrindo e fechando válvulas motorizadas, ligando e
desligando motores de bombas e compressores,

58
Automação

barras simula a escala analógica), com botões, privilégios de atuação diferentes e em função do
chaves seletoras e chaves de atuação. nível e status do operador.
A totalização da vazão ou de outra variável (por A Agência Nacional de Petróleo (ANP) permite
exemplo, tempo acumulado de operação de motor de que a medição de óleo e gás seja integrada com o
bomba) pode ser apresentada na tela do monitor, em SCADA do controle das Unidades de Produção,
tamanho e cor definidos pelo usuário. porém a estacao de operação da EMED deve ser
O anunciador de alarme é eliminado e agora os independente das outras estações de operação.
alarmes são listados pelo computador, mostrados na
tela do monitor ou impressos em papel, se 4.3. Programa Aplicativo (Software)
necessário. O alarme sonoro continua existindo. O
usuário pode definir um código de cores para A operação de selecionar uma malha, iniciar uma
diferentes tipos de alarme. No diagrama do processo entrada de dados, atuar em determinado dispositivo
mostrado na tela do monitor do computador, as remoto, apresentar uma lista de alarmes não é feita
variáveis alarmadas podem assumir diferentes cores. milagrosamente, mas deve ser prevista e
programada. Para facilitar as coisas, são disponíveis
vários programas aplicativos no mercado, para que
usuário realize seu controle, sendo os mais
conhecidos:
1. Intouch, da Wonderware
2. IFix (FicsDmacs), da Intellution
3. VXL da VSM
4. Oasys, da Valmet
5. Wizcon, da Wizcon
6. Elipse, da Elipse Software
7. RSView, da Allen-Bradley
8. Aimax, da Smar

Fig. 2.8. Sala de controle do sistema SCADA

Também no sistema, os status dos equipamentos


podem ser definidos e observados na tela do
monitor. Assim, por exemplo, válvulas fechadas
podem ser representadas em vermelho, abertas em
verde e em posições intermediárias, em azul.
Tudo que era feito através da instrumentação
convencional contínua sendo feito, porém, o
operador vê o processo através de uma janela. Sua
interface para ver o que está ocorrendo é a tela do
monitor e sua interface para atuar no processo é o
teclado do computador, mouse, trackball (mouse Fig. 2.9. Tela típica do InTouch
com esfera) ou a própria tela do monitor se ela for
sensível ao toque (touch screen).
Este sistema supervisório facilita muito a vida do
operador. Relatórios que anteriormente eram escritos Um programa aplicativo supervisório é usado
à mão agora são impressos automaticamente. A para confeccionar telas, animar objetos, permitir a
partir do aperto de uma tecla, o operador pode ter monitoração e atuação do processo através da
uma lista de todos os pontos que foram alarmados estação de controle. Os aplicativos possuem
nas últimas 24 horas de operação. bibliotecas com figuras, imagens, símbolos e ícones
Um sistema SCADA pode possuir várias já prontos e fáceis de serem usados, bastando ao
estações de operação do controle da unidade, estação programador apenas a sua configuração e
de operação para desenvolvimento de telas, estação endereçamento.
de operação para manutenção do sistema. Estas Depois de configurado, o supervisório possui
estações de operação possuem senhas de login com dois modos de funcionamento:
1. operação ou run time
2. desenvolvimento ou engenharia

59
Automação

Em modo de operação, o controle supervisório O nível acima do sensor é o de campo ou de


cuida principalmente de monitorar o processo, ligar, equipamento, tipicamente o transmissor e de válvula
desligar equipamentos e contornar unidades de controle.
danificadas por acidente, estabelecer pontos de Acima do nível de equipamento, está o nível de
ajuste, alterar sintonia de controlador, alterar valores controle regulatório, que pode incluir o controlador
de alarme. PID e controlador com lógica fuzzy.
No modo de desenvolvimento, pode-se alterar O nível mais alto da aplicação inclui os negócios
telas, colocar ou retirar instrumentos, configurar da empresa, com as atividades de compra e venda,
novas estratégias, registrar senhas e alterar níveis de planejamento, manutenção, operação, finanças,
prioridade e outras funções de gerenciamento do relações humanas.
sistema. Quanto mais elevado for o nível, melhor deve ser
o desempenho do protocolo e quanto mais baixo o
5. Protocolos de comunicação nível, maior deve ser a sua confiabilidade. Porém, há
um teorema em comunicação (Shannon) que
estabelece que o produto desempenho e
confiabilidade é finito. Assim, quando se aumenta o
5.1. Introdução
desempenho, diminui-se a confiabilidade e quando
Nos sistemas, os instrumentos necessitam se se aumenta a confiabilidade, se diminui o
comunicar entre si. Quando o sinal é analógico, esta desempenho. Tipicamente, os protocolos de chão de
compatibilidade é conseguida com a padronização fábrica são muito confiáveis e com pequeno
dos sinais: pneumático em 20 a 100 kPa e eletrônico desempenho e os de negócio são de alto desempenho
(4 a 20 mA cc). O sinal analógico contém apenas e pequena confiabilidade.
uma informação, que está na amplitude do sinal Protocolo de alta confiabilidade é chamado de
proporcional ao valor da medição. Com o sinal determinístico, ou seja, o sinal enviado chega ao
digital, as coisas se complicam porque se quer usar a receptor, mesmo que demorado. Protocolo de alto
capacidade digital de comunicação de transmitir desempenho é aquele que transfere grande
vários sinais simultaneamente em um único meio quantidade de dados em alta velocidade, por
(fio trançado, cabo coaxial, cabo de fibra óptica), exemplo, 100 Mbauds.
que é compartilhado por todos os sinais de
informação.
Protocolo é o conjunto de regras semânticas e
sintáticas que determina o comportamento dos
instrumentos funcionais interligados para se ter uma
comunicação digital entre eles. Há muitos protocolos
tais como
HART,
Fieldbus Foundation,
Profibus,
AS-i,
CAN,
Modbus e
Ethernet.
A razão mais óbvia para a variedade de
protocolos é que eles foram projetados para
diferentes aplicações em mente e otimizados para
características específicas tais como segurança,
baixo custo, alto número de dispositivos conectados.
Cada norma pode ter vantagens para atender Fig. 2.10. Tipos de protocolos e aplicações
prioridades de uma determinada aplicação. Até hoje
não há protocolo digital padrão, aceito
universalmente.
Os protocolos dependem basicamente do tipo do
processo e do nível da aplicação. Os processos
podem ser do tipo contínuo ou discreto. O nível de
aplicação se refere à função do equipamento da
malha.
O nível mais baixo inclui sensores e sinais de 1
bit, que é a saída de uma chave. O bit só pode valer
0 ou 1.

60
Automação

5.2. Protocolo HART 5. possui a capacidade digital de acessar todos


os parâmetros do instrumento e fazer
diagnóstico,
Conceito
6. custo reduzido de instalação e manutenção,
HART é um acróstico de Highway Addressable 7. aumento de flexibilidade
Remote Transducer – Transdutor Remoto 8. melhoria de funcionalidade, tais como auto
Endereçável de Barramento. Ele foi desenvolvido diagnose, monitoração da calibração e das
pela Rosemount, que hoje faz parte da Emerson, em condições
1986. Por sua grande aceitação, ele se tornou aberto 9. expansão do uso de sensores e dos sistemas
(quando todos os fabricantes poderiam utiliza-lo) em de controle.
1991.

Fig. 2.11. Logotipo HART

Fig. 2.12. Sinais analógico e digital e


alimentação na fiação do transmissor
Fig. 2.13. Terminal portátil HART

As desvantagens são:
Terminal portátil
1. Baixa velocidade de comunicação de 1200
Há um único terminal portátil (hand held
bauds (bits por segundo).
terminal) para todos os equipamentos, representando
uma única interface para todos e com as seguintes 2. Alto custo de chip HART.
características desejáveis: 3. A operação modo burst, que é usada em
1. pequeno e robusto, HART se torna difícil para conseguir em
2. alimentado por bateria, maior taxa de bit, por causa da necessidade
3. programa é atualizável no campo, com de longos períodos de equalização e outras
módulo de memória reprogramável atividades de partida do receptor.
substituível.

Vantagens e limitações
Há muitas vantagens do fieldbus sobre os
sistemas analógicos convencionais, como
As vantagens do HART incluem:
1. protocolo de comunicação com grande base
instalada por ter sido o primeiro e testado
extensivamente (padrão de facto),
2. possui a compatibilidade analógica,
comunicando também com o sinal padrão de
4 a 20 mA cc, usando a instrumentação
existente.
3. gerenciado pela Fundação de Comunicação
HART
4. possui um terminal portátil universal para
todos os equipamentos HART.

61
Automação

5.3. Foundation Fieldbus

Conceito
Fieldbus é um termo genérico, que significa
barramento de campo. Assim, qualquer protocolo
digital no nível de equipamento pode ser
considerado como de fieldbus, e.g., o protocolo
HART. Atualmente, quando se refere ao Fieldbus,
quer se tratar do protocolo digital aberto da Fieldbus
Foundation (FF).
Fieldbus Foundation é um protocolo totalmente
digital, multidrop, serial, bidirecional, que interliga
sensores, atuadores, controladores e equipamentos Fig. 2.15. Rede Foundation Fieldbus
da sala de controle em um rede de área local (LAN)
para aplicacoes de controle de processo e outras
aplicações de automação de manufatura.
Benefícios da operação
1. O uso de representação digital com ponto
flutuante permite a transmissão de informação
numérica sem degradação.
2. Não há erros introduzidos na transmissão.
3. A medição é mais repetitiva.
4. Há melhor controle, com economia de energia e
Fig. 2.14. Logotipo da Foundation Fieldbus de produção.
5. Há maior quantidade de informação disponível
dos equipamentos de campo e possibilidade de
transmissor multivariável
A tecnologia Fieldbus Foundation (FF) incorpora 6. Sinais digitais são mais garantidos, seguros, no
blocos de função que distribuem o controle através sentido que há salvaguardas para detectar erros
da rede. Os blocos de função automaticamente e degradação do sinal.
suportam alarmes, tendências, relatórios de alarme,
sem a necessidade de intervenção de nível mais alto Benefícios da manutenção
e também fornece embutida uma base de dados de 1. Menos manutenção por causa da maior
instrumentação na planta. confiabilidade da tecnologia digital.
A Fieldbus Foundation é baseado na norma ISA 2. Manutenção mais rápida por causa do
SP 50. diagnostico digital específico, levando a
correção mais rápida e completa, documentação
Vantagens do Fieldbus automática.
3. Acesso a vários parâmetros dentro de um
Benefícios de instalação equipamento inteligente torna possível o
1. Fieldbus é multidrop e por isso, reduz a fiação e diagnóstico remoto e até manutenção remota.
os custos de fiação, terminações, testes, caixas 4. Norma aberta permite a interoperabilidade de
de passagem. produtos com mesma função, tornando a
2. Fieldbus fornece um método de acesso substituição de equipamentos simples e rápida.
padronizado aos parâmetros do equipamento de
sensores, transmissores, atuadores e
controladores, permitindo configuração remota.
Isto melhora a acessibilidade dos equipamentos
remotos. O uso de sinais digitais melhora a
exatidão da calibração.
3. A interoperabilidade do fieldbus permite a
seleção de um equipamento entre vários
vendedores.

62
Automação

5.4. Profibus 2. DP – Descentralized Periphery – troca de


dados mais rápida, usada para automação de
manufatura
1. Conceito 3. PA – Process Automation – para automação
de processo contínuo, mesmo em ambiente
O protocolo Profibus (Process fieldbus) foi com segurança intrínseca em áreas
desenvolvido pelas empresas alemãs Siemens, Boch classificadas.
e Klockner-Moeller em 1987. Ele se baseava na
norma DIN V19245 e EN 50170 e EN 50254. Em
2000 ele se tornou protocolo aberto e se baseia na
IEC 61 158. Sua comunicação pode ser feita por
conexão física, quando é mais confiável ou sem
conexão física, sem fio, por broadcast ou multicast
Profibus é uma rede fieldbus que interopera
automaticamente com uma grande base instalada de
nós de campos. A interoperabilidade é conseguida
pela definição dos parâmetros e do comportamento
do instrumento de campo.

Fig. 2.17. Rede Profibus

Fig. 2.16. Protocolo Profibus

Vantagens do Profibus
Mundialmente, os usuários podem agora se
referenciar ao Profibus, cujo desenvolvimento 1. Maior imunidade a ruído (EMI)
procurou e procura a redução de custos, 2. Economia nos custos de Hardware e
flexibilidade, confiança, orientação ao futuro, Engenharia (40%)
atendimento as mais diversas aplicações,
interoperabilidade e múltiplos fornecedores. 3. Redução de Módulos de I/O, cabeamento e
O Profibus é um protocolo digital que tem bandejamento.
algumas características comuns e outras diferentes 4. Painéis de ligação e borneiras mais
do Fieldbus Foundation H1, para fazer o mesmo compactos
trabalho. Por isso, para um observador casual, o 5. Documentação e sala de controle mais
Profibus pode parecer igual ao protocolo Fieldbus simples.
Foundation H1. 6. Configuração centralizada.
As semelhanças incluem:
1. conformidade com a mesma norma de 7. Uso de manutenção preventiva, preditiva e
comunicação, ambos com taxa de 31,25 kb/s. diagnósticos.
2. arquitetura com blocos funcionais 8. Start-up mais simples.
3. linguagem de descrição de dispositivo (DDL) 9. Tempos de paradas mais curtos.
4. mesma camada física para transferência de 10. Mecanismo de Fail Safe e tratamento de
dados digitais. status entre os blocos funcionais
As diferenças estão no modo de implementação
dos protocolos, onde as camadas físicas podem ser 11. Interoperabilidade e intercambiabilidade
fiadas juntas, porém as mensagens entregues por um entre fabricantes
não fazem sentido para o outro.

2. Tipos do Profibus
O protocolo Profibus pode ser considerado como
três distintos:
1. FMS – Fieldbus Messaging System – para
comunicação ponto a ponto, usada para
automação de uso geral

63
Automação

5.5. Ethernet backbone das redes de 100 Mbps, mas, à medida em


que a tecnologia evolua, as redes de 1000 Mbps
A Ethernet é a tecnologia mais utilizada nas serão mais comuns.
redes locais, tendo sido especificada pela norma Outro desenvolvimento é da norma 10 Gigabit
IEEE 802.3, sendo desenvolvida inicialmente pela Ethernet, que será baseada nas normas Ethernet
Xerox e, posteriormente, pela Xerox, DEC e Intel. precedentes. Serão necessários cabos de maior
Uma rede Ethernet usa normalmente cabo capacidade (fibra óptica e cabos coaxiais de elevada
coaxial ou par trançado, permitindo velocidades até capacidade), o que irá permitir velocidades de 10000
10Mbps (10Base-T). Os diversos dispositivos que Mbps.
estão ligados à rede competem pelo acesso a ela por A rede Ethernet passou por uma longa evolução
meio do protocolo CSMA/CD (Carrier Sense nos últimos anos se constituindo na rede de melhor
Multiple Access with Collision Detection). Os faixa e desempenho para uma variada gama de
dispositivos Ethernet têm um endereço de 6 bytes aplicações industriais. A Ethernet foi inicialmente
(48 bits), que é atribuído por uma entidade central de concebida para ser uma rede de barramento
forma a não haver endereços repetidos. multidrop (100Base-5) com conectores do tipo
Há a Ethernet rápida, a 100BASE-T, com vampiro (piercing) , mas este sistema mostrou-se de
transmissão em velocidades de até 100Mbps. É baixa praticidade. A evolução se deu na direção de
usada, principalmente, para sistemas de backbone uma topologia estrela com par trançado. As
que suportam estações de trabalho com acessos à velocidades da rede cresceram de 10 Mbps para 100
rede de 10Mbps. Mbps e agora alcançam 1 Gbps (IEEE802.3z ou
Gigabit Ethernet). A Gigabit Ethernet disputa com a
tecnologia ATM o direito de ser a espinha dorsal
(backbone) das redes na empresa. A outra evolução
se dá no uso de hubs inteligentes com capacidade de
comutação de mensagens e no uso de cabos full
duplex em substituição aos cabos half duplex mais
comumente utilizados. Isto faz com que a rede se
torne determinística e reduzem a probabilidade de
colisão de dados.

Fig. 2.18. Aplicação da Ethernet


Como a 10Base-T, a Ethernet rápida utiliza
também o protocolo CSMA/CD para acesso ao
meio. O protocolo CSMA/CD permite que se
aumente ou diminua o tamanho da rede, sem que a
performance e confiabilidade dela se degradem,
simplificando sua gestão. Está especificada na
norma IEEE 802.4u. Atualmente, desenvolvem-se
novas normas dentro desta tecnologia. A primeira é
a Gigabit Ethernet (1000Base-T ou 802.3z), que
permitirá aumentar a velocidade de transmissão para
1000 Mbps. Foi desenvolvida para funcionar com os
mesmos cabos que a 100Base-T, a fim de que
qualquer upgrade seja barato e fácil de se realizar.
Até agora, a rede de 1000 Mbps é utilizada como

64
2. Funções dos Instrumentos
Objetivos de Ensino
1. Conceituar medição de uma variável de processo e mostrar o seu resultado correto.
2. Apresentar as principais funções dos instrumentos da malha de medição e controle.
3. Apresentar as características e princípios de funcionamento do sensor
4. Listar características e tipos de condicionadores de sinal e principalmente do transmissor
5. Descrever os instrumentos de display: indicador, registrador, contador e computador de vazão.
6. Mostrar o principio de funcionamento de controlador à realimentação negativa.
7. Apresentar a válvula de controle com atuador pneumático.

onde:
1. Introdução 24 é a melhor estimativa da temperatura, obtida
da média de várias medições replicadas,
Em Instrumentação, o termo medir é vago e ±2 é a incerteza associada à medição, devida às
ambíguo. Genericamente, se fala de malha de imperfeições do instrumento, habilidade do
medição. Normalmente, quando se fala medir, se operador, influência do ambiente e a variabilidade
quer dizer indicar o valor de uma variável. Porém, o natural das coisas,
o
mesmo termo medir pode se referir a registrar ou C é a unidade de engenharia, aceita pelo SI:
totalizar um sinal. Para indicar, é também necessário grau Celsius.
sentir a variável. Embora a instrumentação trate dos 95,4% é a probabilidade associada à incerteza
instrumentos de medição (medidores), não existe que foi expressa por dois desvios padrão (σ = 1).
símbolo para o medidor, mas para sensor (E),
transmissor (T), indicador (I), registrador (R),
totalizador (Q), alarme (A) e controlador (C) e
condicionador (Y).
Esta confusão aparece porque para se fazer a
medição de uma variável de processo, usa-se um
sistema completo de medição que envolve as
funções básicas de
1. sentir a variável
2. condicionar o sinal
3. apresentar o valor da variável em um
mostrador.
Estas funções podem ser feitas por um único
instrumento ou pela malha de instrumentos
interligados.

2. Malha de Medição
Malha de medição é um conjunto de Fig. 1.11. Indicador local montado na área
instrumentos interligados entre si para realizar a industrial em uma malha simples
medição de uma variável. Cada instrumento da
malha executa uma função única e complementar.

2.1. Resultado da medição


O resultado da medição inclui:
1. Um valor numérico
2. Uma incerteza associada
3. Uma unidade de engenharia
4. Uma probabilidade associada
Por exemplo, a temperatura ambiente da sala é
de (24 ± 2) oC , com 95,4%

65
Funções de Instrumentos

2.2. Componentes da malha Os elementos auxiliares aparecem em alguns


instrumentos, dependendo do tipo e da técnica
Toda malha de medição de qualquer variável de envolvida. Eles podem ser: o elemento de calibração
processo possui, de modo explícito ou implícito, os para fornecer uma facilidade extra de calibração
seguintes componentes, separados ou combinados: embutida no instrumento e o elemento de
1. sensor alimentação externa para facilitar ou possibilitar a
2. condicionador de sinal operação do elemento sensor, do condicionador de
3. apresentador do sinal sinal ou do elemento de display.
A malha de controle, além destes componentes
da malha de medição, possui ainda os seguintes
componentes:
2.3. Malha de medição de vazão
1. tomador de decisão Um exemplo típico de malha de medição
2. elemento final de controle complexa é uma Estação de Medição de
O elemento sensor ou elemento transdutor ou Vazão(EMED)
elemento primário detecta a entrada desejada e a Esta estação pode ter diferentes tamanhos,
converte para uma forma mais conveniente e prática complexidade e produtos medidos. Quanto a
a ser manipulada pelo sistema de medição. Ele legislação, as medições podem ser fiscais
constitui a interface do instrumento com o processo. (transferência de custódia) ou de apropriação de
O elemento condicionador do sinal manipula e produção, com diferentes graus de exigências de
processa a saída do sensor de forma mais amigável e incerteza e períodos de calibração.
conveniente para o mostrador. As principais funções Uma estação típica possui um medidor oficial e
do condicionador de sinal são as de amplificar, opcionalmente um medidor secundário. Outros
filtrar, integrar e converter sinal analógico-digital e instrumentos auxiliares são utilizados para fazer a
digital-analógico. medição e compensação da pressão e temperatura da
O elemento de apresentação do dado, que dá a vazão volumétrica do produto. Medir um produto é
informação da variável medida na forma quantitativa justamente determinar o valor do volume transferido
ao operador. O elemento de apresentação de dado é durante determinado período de tempo, pela estação.
também chamado de display ou readout. Ele Estações modernas podem incluir cromatógrafos
constitui a interface do instrumento com o operador em linha, para a medição continua da composição do
do processo. Os principais mostradores são: gás. Opcionalmente, a composição pode ser medida
indicador, registrador e contador. em laboratório, off line. Periodicamente, os valores
A Fig. 5.1. mostra três malhas de medição: encontrados no laboratório são entrados no
indicação, registro e totalização da vazão. O computador de vazão volumétrica do gás. A
elemento sensor (placa de orifício) e o transmissor composição do gás permite que ele seja vendido em
são comuns às três malhas de medição. energia e que o gás natural real tenha seu volume
corrigido pelo fator de compressibilidade (Z).

Fig. 5.1. Malhas de medição

Figg. 1.1. Principais instrumentos de display

66
Funções de Instrumentos

Fig. 5.1. Esquema simplificado de uma Estação de Medição (EMED)

Fig. 5.2. Fotografia de uma Estação de Medição

67
Funções de Instrumentos

Fig. 5.3. Sistema típico de medição de gás natural

68
Elemento Sensor

1. Conceito 2. Terminologia
O elemento sensor não é um instrumento mas faz De um modo geral, transdutor é o elemento,
parte integrante da maioria absoluta dos dispositivo ou instrumento que recebe a informação
instrumentos. O elemento sensor é o componente do na forma de uma quantidade e a converte para
instrumento que converte a variável física de entrada informação para esta mesma forma ou outra
para outra forma mais usável. A grandeza física da diferente. Aplicando este definição, são transdutores:
entrada geralmente é diferente grandeza da saída. elemento sensor, transmissor, transdutor corrente
O elemento sensor depende fundamentalmente da para pneumático (i/p) e pneumático para corrente
variável sendo medida. O elemento sensor (p/i), conversor eletrônico analógico para digital
geralmente está em contato direto com o processo e (A/D) e conversor digital para analógico (D/A).
dá a saída que depende da variável a ser medida. A norma ISA 37.1 (1982): Electrical Transducer
Exemplos de sensores são: Nomenclature and Terminology padroniza a
1. o tubo bourdon que se deforma terminologia e recomenda o seguinte:
elasticamente quando submetido a uma 1. elemento sensor ou elemento transdutor para o
pressão, dispositivo onde a entrada e a saída são ambas
2. o strain gauge que varia a resistência não-padronizadas e de naturezas iguais ou
elétrica em função da pressão exercida sobre diferentes.
ele; 2. transmissor para o instrumento onde a entrada é
3. o sensor bimetal que varia o formato em não-padronizada e a saída é padronizada e de
função da variação da temperatura medida, naturezas iguais ou diferentes.
4. o termopar que gera uma militensão em 3. transdutor para o instrumento onde a entrada e a
função da diferença de temperatura entre saída são ambas padronizadas e de naturezas
dois pontos; diferentes.
5. a placa de orifício que gera uma pressão 4. conversor para o instrumento onde a entrada e a
diferencial proporcional ao quadrado da saída são ambas de natureza elétrica mas com
vazão volumétrica que passa no seu interior. características diferentes, como o conversor A/D
Se há mais de um elemento sensor no sistema, o (analógico para digital), D/A (digital para
elemento em contato com o processo é chamado de analógico), conversor I/F (corrente para
elemento sensor primário, os outros, de elementos freqüência), conversor i/v (corrente para
sensores secundários. Por exemplo, a placa de voltagem).
orifício é o elemento primário da vazão; o elemento O nome correto e completo do elemento
que mede a pressão diferencial gerada pela placa é o transdutor recomendado pela norma
secundário. ISA 37.1 (1982) inclui:
Em alguns processos o elemento sensor pode 1. o nome transdutor,
estar protegido por algum outro dispositivo, de modo 2. variável sendo medida,
que ele não fica em contato direto com o processo. O 3. modificadora restritiva da variável,
selo de pressão e o poço de temperatura são 4. princípio de transdução,
exemplos de acessórios que evitam o contato direto 5. faixa de medição,
do sensor com o processo. 6. unidade de engenharia.
Os nomes alternativos para o sensor são: Exemplos de elementos sensores:
elemento transdutor, elemento primário, detector, 1. Transdutor, pressão, diferencial, 0 a 100 kPa,
probe, pickup ou pickoff. potenciométrico
2. Transdutor, pressão de som, capacitivo, 100 a
160 dB.
3. Transdutor de pressão absoluta a strain gauge
amplificador, 0 a 500 MPa.

69
Elemento Sensor

1. Espiral (b) Enchimento termal

Fig. 5.1. Terminologia e símbolo


(c). Placas de orifício

Fig. 1.1. Elemento sensores mecânicos

3. Princípios de transdução
5. Sensores Eletrônicos
Conforme a natureza do sinal de saída, os
sensores podem ser classificados como: O elemento sensor eletrônico recebe na entrada a
1. mecânicos variável de processo e gera na saída uma grandeza
2. eletrônicos elétrica, como tensão, corrente elétrica, variação de
Praticamente, toda variável de processo pode ser resistência, capacitância ou indutância, proporcional
medida eletronicamente e nem toda variável pode ser a esta variável.
medida mecanicamente. Por exemplo, o pH só pode Há elementos sensores eletrônicos ativos e
ser medido por meio elétrico. As principais passivos.
vantagens do sinal eletrônico sobre o mecânico são: Os elementos ativos geram uma tensão ou uma
1. não há efeitos de inércia e atrito, corrente na saída, sem necessidade de alimentação
2. a amplificação é mais fácil de ser obtida externa. Exemplos:
3. a transmissão é mais fácil e poderosa (pode 1. cristal piezelétrico para a pressão
ser digital). 2. termopar para a temperatura
Durante o estudo das variáveis de processo, serão 3. eletrodos para a medição de pH.
vistos com profundidade os princípios mais comuns Os circuitos que condicionam estes sinais
descritos adiante. necessitam de alimentação externa.
Os elementos passivos necessitam de uma
polarização elétrica externa para poder medir uma
4. Sensores Mecânicos grandeza elétrica passiva para medir a variável de
O elemento sensor mecânico recebe na entrada a processo. As grandezas elétricas variáveis são: a
variável de processo e gera na saída uma grandeza resistência, a capacitância e a indutância. Exemplo
mecânica, como movimento, força ou deslocamento, de elementos sensores passivos eletrônicos:
proporcional à variável medida. 1. resistência detectora de temperatura
O elemento sensor mecânico não necessita de 2. célula de carga (strain gauge) para a
nenhuma fonte de alimentação externa para medição de pressão e de nível,
funcionar; ele é acionado pela própria energia do 3. bobina detectora para a transdução do sinal
processo ao qual está ligado. de corrente para o sinal padrão pneumático.
Exemplos de elementos sensores mecânicos:
1. Espiral, para a medição de pressão;
2. Enchimento termal, para temperatura;
3. Placa de orifício, para a vazão

70
Elemento Sensor

(a) Placas móveis, dielétrico fixo

Fig. 1.2. Elemento sensor eletrônico de pH

Os elementos sensores eletrônicos podem ser dos


seguintes tipos:
1. capacitivo
2. indutivo
3. relutante (b) Placas fixas, dielétrico variável
4. eletromagnético
5. piezelétrico Fig. 1..3. Transdução capacitiva
6. resistivo
7. potenciométrico
8. strain gauge
9. fotocondutivo
10. fotovoltaico
5.2. Sensor indutivo
11. termelétrico O sensor indutivo converte a variável de processo
12. ionizante medida em uma variação da auto-indutância elétrica
de uma bobina. As variações da indutância podem
5.1. Sensor capacitivo ser causadas pelo movimento de um núcleo
ferromagnético dentro da bobina ou pelas variações
O sensor capacitivo converte a variável de de fluxo introduzidas externamente na bobina com
processo medida em uma variação da capacitância núcleo fixo.
elétrica. Um capacitor consiste de duas placas Há transmissores eletrônicos, a balanço de forças,
condutoras de área A separadas por um dielétrico (ε) que utilizam (ou utilizavam) bobinas detectoras para
pela distância d, conforme a expressão matemática a medição da pressão.
seguinte:

A
C=ε
d
Assim, a variação de capacitância pode ser
causada
1. pelo movimento de um dos eletrodos
(placas), alterando a distancia d
2. pela variação da área das placas
3. pela variação do dielétrico entre as duas Fig.2.4. Transdução indutiva
placas fixas.
Muitos transmissores eletrônicos usam cápsulas
capacitivas para a medição de pressão manométrica,
absoluta ou diferencial.

71
Elemento Sensor

5.3. Sensor relutante 5.5. Sensor piezelétrico


O sensor relutante converte a variável de processo O sensor piezelétrico converte uma variável de
medida em uma variação da voltagem devida a uma processo medida em uma variação de carga
variação na relutância entre duas ou mais bobinas eletrostática (Q) ou voltagem (E) gerada por certos
separadas e excitadas por tensão alternada (ou de materiais quando mecanicamente estressados. O
duas porções separadas de uma mesma bobina). Esta stress é tipicamente de forças de compressão ou
categoria de sensores inclui relutância variável, tração ou por forças de entortamento exercida no
transformador diferencial e ponte de indutâncias. A cristal diretamente por um elemento sensor ou por
variação na trajetória da relutância é usualmente um elo mecânico ligado ao elemento sensor.
feita pelo movimento de um núcleo magnético
dentro da bobina.

Fig. 1.7. Transdução piezelétrica

5.6. Sensor resistivo


Fig. 1.4. Transdução relutiva por transformador diferencial O sensor resistivo converte a variável de processo
medida em uma variação de resistência elétrica. As
variações de resistência podem ser causadas em
5.4. Sensor eletromagnético
condutores ou semicondutores (termistores) por meio
O sensor eletromagnético converte a variável de de aquecimento, resfriamento, aplicação de tensão
processo medida em uma força eletromotriz induzida mecânica, molhação, secagem de certos sais
em um condutor pela variação no fluxo magnético, eletrolíticos ou pelo movimento de um braço de
na ausência de excitação. A variação no fluxo feita é reostato.
usualmente pelo movimento relativo entre um
eletromagneto e um magneto ou porção de material
magnético.

Fig. 1.6. Transdução eletromagnética

Fig. 1.8. Transdução resistiva

72
Elemento Sensor

5.7. Sensor potenciométrico 5.9. Sensor fotocondutivo


O sensor potenciométrico converte a variável de O sensor fotocondutivo converte a variável de
processo medida em uma variação de relação de processo medida em uma variação de resistência
voltagens pela variação da posição de um contato elétrica (ou condutância) de um material
móvel em um elemento resistivo, através do qual é semicondutor devido à variação da quantidade de luz
aplicada uma excitação. A relação dada pela posição incidente neste material.
do elemento móvel é basicamente uma relação de
resistências.

Fig. 1.11. Transdução foto condutiva

5.10. Sensor fotovoltáico


Fig. 1.9. Transdução potenciométrica
O sensor fotovoltáico converte a variável de
processo medida em uma variação de tensão elétrica
5.8. Sensor strain gauge
de um material semicondutor devido à variação da
O sensor strain gauge converte a variável de quantidade de luz incidente em junções de certos
processo medida em uma variação de resistência em materiais semicondutores.
dois ou quatro braços da ponte de Wheatstone. Este
princípio de transdução é uma versão especial da
transdução resistiva, porém, ela envolve dois ou
quatro sensores strain gauges resistivos ligados em
uma ponte de Wheatstone polarizada, de modo que a
saída é uma variação de voltagem.

Fig. 1.12. Transdução fotovoltáica

5.11. Sensor termoelétrico


O sensor termoelétrico converte a variável de
processo medida em uma variação de força
eletromotriz gerada pela diferença de temperatura
entre duas junções de dois materiais diferentes,
devido ao efeito Seebeck.
Fig. 1.10. Transdução de strain gauge

Fig. 1.13. Transdução termelétrica

73
Elemento Sensor

5.12. Sensor iônico 7. Características Desejáveis do


O sensor iônico converte a variável de processo Sensor
medida em uma variação da corrente de ionização
existente entre dois eletrodos. Em certos casos, o sensor do sinal de entrada
pode aparecer discretamente em dois ou mais
estágios, tendo-se o elemento primário, secundário e
terciário. Em outros casos, o conjunto pode ser
integrado em um único elemento.
Algumas características desejáveis de um
elemento sensor são:
1. o elemento sensor deve reconhecer e
detectar somente o sinal da variável a ser
medida e deve ser insensível aos outros
sinais presentes simultaneamente na
medição. Por exemplo, o sensor de
Fig. 1.14. Transdução ionizante velocidade deve sentir a velocidade
instantânea e deve ser insensível a pressão e
temperatura locais.
2. o sensor não deve alterar a variável a ser
medida. Por exemplo, a colocação da placa
de orifício para sentir a vazão, introduz uma
6. Escolha do sensor resistência à vazão, diminuindo-a. A vazão
O objetivo de um sistema de controle é garantir diminui quando se coloca a placa para medi-
uma correlação rigorosa entre a saída real e a saída la.
desejada. A saída real é a variável de processo e a 3. o sinal de saída do sensor deve ser
saída desejada é chamada de ponto de ajuste. Gasta facilmente modificado para ser facilmente
se muita matemática, eletrônica e dinheiro para se indicado, registrado, transmitido e
obter e garantir o desempenho do sistema. Porém, controlado. Por isso, atualmente os sensores
por melhor que seja o projeto matemático ou a eletrônicos são mais preferidos que os
implementação eletrônica, o controle final não pode mecânicos, pois são mais facilmente
ser melhor que a percepção da variável do processo. manipulados.
A qualidade da medição da variável sendo 4. o sensor deve ter boa exatidão,
controlada estabelece a linha de referência do 5. conseguida por fácil calibração.
desempenho global do sistema. É muito importante 6. o sensor deve ter boa precisão, constituída
entender os princípios físicos que permitem o sensor de linearidade, repetitividade e
converter a variável do processo em uma grandeza reprodutibilidade.
elétrica ou mecânica. 7. o sensor deve ter linearidade de amplitude.
É fundamental estabelecer a exatidão, precisão, 8. o sensor deve ter boa resposta dinâmica,
resolução, linearidade, repetitividade e tempo de respondendo rapidamente às variações da
resposta do sensor para as necessidades do sistema. medição.
Um sensor especificado com precisão insuficiente 9. o sensor não deve induzir atraso entre os
pode comprometer o desempenho de todo o sistema. sinais de entrada e de saída, ou seja, não
No outro extremo, selecionar um sensor com deve provocar distorção de fase.
precisão exagerada e difícil de ser conseguida na 10. o sensor deve suportar o ambiente hostil do
prática, não é justificado para um controle que não processo sem se danificar e sem perder suas
requer tanta precisão. características.
11. o sensor deve ser facilmente disponível e de
preço razoável.

74
Condicionador de Sinal
Quando o sistema de medição inclui a placa de
1. Conceito orifício, o sinal é proporcional ao quadrado da
vazão e a relação acima fica
Há necessidade de se ter instrumentos com
funções auxiliares para alterar o sinal gerado pelo P
sensor e combinar matematicamente vários sinais Fc = Fm
padrão. Como o sinal gerado pelo elemento sensor T
pode ser inadequado para ser usado pelo instrumento
de display, é necessário utilizar um instrumento para Quando se usam computadores pneumáticos, são
alterar este sinal para torná-lo mais conveniente para necessários três instrumentos: extrator de raiz
o uso no instrumento display. Esta alteração pode ser quadrada, divisor e multiplicador. Atualmente, com
linearização do sinal, filtro dos ruídos, amplificação a predominância de instrumentos eletrônicos
do sinal. microprocessados, um único instrumento, como por
O computador analógico é o instrumento que exemplo o computador de vazão, faz várias contas
executa as operações matemáticas, a seleção dos simultaneamente e de várias malhas compartilhadas,
sinais, o alarme, o condicionamento e a geração de como compensação de pressão e temperatura,
sinais analógicos. integração, conversão de volume para massa, cálculo
Ele pode ser pneumático ou eletrônico. Quando de fator de compressibilidade.
pneumático é também chamado de relé pneumático
ou relé computador. O computador analógico
pneumático é mais limitado e pode manipular apenas
um ou dois sinais de entrada. Quando eletrônico, ele
pode manipular até quatro sinais analógicos ao
mesmo tempo.

2. Aplicações
O computador analógico processa os sinais de
informação para desempenhar as funções
matemáticas requeridas pelo processo.
A aplicação típica dos computadores analógicos
é na medição compensada da vazão. A medição
volumétrica dos gases só tem significado prático
quando se faz a compensação da pressão estática e
da temperatura do processo. Compensar a medição
da vazão significa medir os sinais analógicos Fig. 3.1. Computador de vazão digital
proporcionais à vazão, à pressão e à temperatura e
continuamente executar a seguinte equação
matemática: Como o volume do gás é diretamente
proporcional à temperatura e inversamente Na teoria, é indiferente a ordem das operações,
proporcional à pressão, na compensação fazem-se as mas na prática as operações devem ser feitas na
operações inversas, ou seja: seguinte ordem:
1. No sistema com pequena variação da pressão
P estática e grande variação na temperatura:
Fc = Fm primeiro se faz a multiplicação F.P e depois a
T divisão por T.
2. No sistema com grande variação da pressão
onde estática e pequena variação na temperatura:
Fc é a vazão compensada primeiro se faz a divisão F/T e depois a
Fm é a vazão medida, sem compensação multiplicação por P.
P é proporcional à pressão absoluta A regra mnemônica é: a variável que sofre pequenas
T é proporcional à temperatura absoluta variações é manipulada duas vezes e a que varia

75
Condicionador de Sinal

muito é operada apenas uma vez, de modo que os econômico o uso do instrumento especifico. A saída
erros resultantes são os menores possíveis. do extrator vale:
O multiplicador e o divisor podem ser usados
também no sistema de controle de relação de vazões,
D= A
quando os computadores servem para determinar o
ponto de ajuste ou para modificar a vazão medida.
O seletor de sinais é o instrumento chave para o 3.4. Caracterizador do sinal
controle auto-seletor; o computador seleciona
É um instrumento que aproxima qualquer função
automaticamente a variável cujo valor está mais
matemática para vários segmentos de reta, com os
próximo do valor critico de segurança.
pontos de inflexão e as inclinações dos segmentos
ajustáveis. Sua aplicação pratica é a linearização dos
3. Funções desenvolvidas níveis de tanques de formatos não lineares.
Os principais computadores analógicos que Exemplos de tanques com formatos lineares:
desenvolvem operações matemáticas são: quadrados, retangulares, cilíndrico em pé; exemplos
de não-lineares: esféricos, cônicos e cilíndricos
3.1. Multiplicador/divisor deitados. A curva (nível x quantidade estocada) de
A sua função matemática genérica é: um tanque esférico tem um formato de S e pode ser
aproximada para vários segmentos de reta através do
D = A.B/C caracterizador de sinal. Através da medição do nível
e do caracterizador, pode-se determinar diretamente
onde D é a saída e A, B e C são as entradas. a quantidade estocada.
Quando pneumático, o computador analógico só
pode receber dois sinais de entrada e portanto, ele só
pode executar uma única operação, por vez. Através
da alteração da posição do relé pneumático ele pode
ser :

multiplicador: D = A ×B
A
divisor: D =
C
extrator de raiz quadrada: D = A
elevador ao quadrado: D = A
2

Quando eletrônico, ele pode executar as Fig. 3.2. Divisor pneumático


operações simultaneamente e através da alteração
das entradas, realimentações da saída e colocação de
jumpers, pode-se ter a combinação das operações de
multiplicação, divisão, extração de raiz quadrada e 3.5. Seletor de sinais
elevação ao quadrado. Este instrumento recebe de duas a quatro entradas e
seleciona automaticamente apenas um sinal de
3.2. Somador/subtrator entrada. Os seletores mais usados são o de máximo
A saída do instrumento vale: ou mínimo e o de valor intermediário. O seletor de
valor intermediário recebe três sinais de entrada e
D = aA +- bB +-cC +-eE, seleciona o sinal do meio. O valor intermediário
entre três sinais não deve ser confundido com o
onde valor médio de dois a quatro sinais. Por exemplo, o
A, B, C e E são os sinais de entrada, somador pode ser ajustado para dar a media dos
D é o sinal de saída, sinais.
a, b, c e e são os ganhos das entradas.
3.6. Alarme
O alarme pode ser acionado diretamente pela
3.3. Extrator de raiz quadrada ação do ponteiro do indicador e da pena do
É o instrumento tipicamente aplicado para registrador em microswitches ou pode ser realizado
linearizar o sinal de saída do transmissor de vazão pelo computador analógico, que recebe o sinal
associado a placa de orifício, quando se tem a saída analógico na entrada e muda o contato elétrico da
do transmissor proporcional ao quadrado da vazão. saída, quando o valor do sinal atingir os limites
Como visto, a extração da raiz quadrada pode ser críticos predeterminados. Pode haver três tipos
executada pelo multiplicador/divisor, porém, 'e mais diferentes de alarme:

76
Condicionador de Sinal

1. alarme absoluto, de máximo e/ou de


mínimo. A saída do modulo de alarme muda de
estado quando o sinal de entrada atinge um
valor pré-ajustado, de máximo ou de mínimo.
2. alarme de desvio, aciona o contato de saída
quando os dois sinais variáveis da entrada se
desviam de um valor predeterminado. Este tipo
de alarme se aplica principalmente em controle,
quando os dois sinais alarmados são a medição
e o ponto de ajuste; quando os sinais se afastam Fig. 1.11. Lógica do alarme
de uma valor ajustado, o alarme é acionado.
3. alarme de diferença é acionado quando o
sinal se afasta de um sinal de referencia
ajustável de um valor determinado.

3.7. Compensador dinâmico 4. Linearização da Vazão


O compensador dinâmico possui a função de
adiantar ou atrasar o sinal aplicado a entrada. Ele é 4.1. Introdução
chamado de lead/lag e se aplica no controle
preditivo antecipatório (feedforward). Linearizar um sinal não-linear é torna-lo linear.
Só se lineariza sinais não lineares, aplicando-se a
3.8. Gerador de sinais função matemática inversa. Por exemplo, lineariza-
O computador analógico pode gerar sinal na se o sinal quadrático, extraindo a sua raiz quadrada;
saída, sem sinal aplicado na entrada. A sua saída lineariza-se o sinal exponencial, aplicando seu
gera um sinal com característica conhecida e logaritmo.
ajustável, como a rampa universal, a tensão A linearização pode ser feita de vários modos
ajustável, o temporizador. diferentes, tais como:
1. escolha da porção linear da curva, como na
3.9. Transdutor aplicação de medição de temperatura por
Genericamente, transdutor é qualquer dispositivo termopares. Cada tipo de termopar
que altera a natureza do sinal recebido na entrada apresenta uma região linear para
com o gerado na saída. Deste ponto de vista, o determinada faixa de temperatura.
elemento sensor, o transmissor, o conversor são 2. uso de uma escala não-linear, como na
considerados transdutores. aplicação de medição de vazão por placa de
Em instrumentação, transdutor é o instrumento orifício. Como a placa de orifício gera uma
que converte o sinal padrão pneumático no sinal pressão diferencial proporcional ao
padrão de corrente eletrônica (P/I) ou vice versa quadrado da vazão, usa-se uma escala do
(I/P). Ele possibilita a utilização de instrumentos indicador ou um gráfico do registrador do
pneumáticos e eletrônicos na mesma malha. Eles são tipo raiz quadrática, podendo ler
chamados incorretamente de conversores. diretamente o valor da vazão em unidades
Resumidamente, tem-se: de engenharia. Quando se usam termopares
1. elemento sensor, onde a entrada e a saída para medições de temperatura que incluem
são ambas não-padronizadas, regiões não-lineares, usam-se as escalas
2. transmissor, onde a entrada é não- especificas para cada termopar, tipo J, K, R,
padronizada e a saída é padronizada, S, T, E.
3. transdutor, onde a entrada e a saída são 3. uso de instrumentos linearizadores, como o
ambas padronizadas, extrator de raiz quadrada do sinal de
4. conversor, onde a entrada e a saída são pressão diferencial proporcional ao
ambas de natureza elétrica; tem-se conversor quadrado da vazão, gerado pela placa de
A/D (analógico para digital), D/A (digital para orifício.
analógico), conversor I/F (corrente para 4. uso de circuitos linearizadores,
freqüência). incorporados no transmissor (por exemplo,
O transdutor serve de interface entre a transmissor inteligente) ou no instrumento
instrumentação pneumática e a eletrônica. Como o receptor (registrador de temperatura a
elemento final de controle mais usado é a válvula termopar).
com atuador pneumático, o transdutor I/P é usado 5. uso de pontos de curva de linearização,
principalmente para casar a instrumentação armazenados em ROMs ou PROMs, como
eletrônica de painel com a válvula com atuador nos sistemas de linearização de baixa vazão
pneumático. em sistemas com turbinas medidoras de
vazão. A não linearidade da medição é

77
Condicionador de Sinal

devida a viscosidade e densidade do fluido Tab. 3.1. ∆p x saídas


(numero de Reynolds) e do tipo de
detecção-geração de pulsos.
6. uso de programas (software) de linearização
em sistemas digitais, como nos
computadores de vazão ou sistemas digitais
de aquisição de dados. Durante a
configuração do sistema, tecla-se o tipo de
não-linearidade do sinal de entrada e o
sistema automaticamente lineariza o sinal.

4.2. Medidores Lineares e Não-lineares


O medidor de vazão linear é aquele cuja saída
varia diretamente com a vazão. Isto significa que A linearização do sinal quadrático é feita pelo
uma dada percentagem da saída corresponde `a computador analógico chamado extrator de raiz
mesma percentagem de vazão. Matematicamente, quadrada, onde é valida a seguinte relação:
tem-se:

vazão = K x saída % saída = % entrada

São exemplos de medidores lineares: O extrator de raiz quadrada possui alto ganho em
1. turbina, cuja freqüência de pulsos é pequenas vazões e pequeno ganho em grandes
linearmente proporcional `a vazão vazões. Para contornar a grande instabilidade do
volumétrica instantânea, instrumento em manipular os pequenos sinais, são
2. medidor magnético, cuja amplitude da usados vários macetes:
tensão variável é linearmente proporcional 1. a saída fica zero quando a entrada é
`a vazão volumétrica instantânea, pequena (menor que 10%),
3. vortex, cuja freqüência de pulsos é 2. a saída fica igual a entrada quando a entrada
linearmente proporcional `a vazão é pequena (menor que 10%),
volumétrica instantânea, 3. calibra-se o extrator com o zero levemente
4. mássico, tipo Coriolis, cuja freqüência de abaixo do zero verdadeiro, eliminando o
precessão é linearmente proporcional `a erro em baixas vazões e tendo pequeno erro
vazão mássica instantânea, em grandes vazões.
Quando a saída do medidor não corresponde
linearmente `a vazão, o medidor é não-linear. O 5. Compensação
medidor não-linear mais comum é a placa de
orifício, que produz uma pressão diferencial
proporcional ao quadrado da vazão. Tem-se as 5.1. Introdução
seguintes equações:
Em serviços de medição de gás, a maioria dos
vazão = K × saída medidores de vazão mede o volume real ou infere o
volume real, tomando como referência a vazão
volumétrica nas condições nominais de operação.
saída = K' (vazão)2
Quando as condições reais do processo se afastam
das condições nominais de projeto de operação,
Quando a vazão medida dobra de valor, a pressão
ocorrem grandes variações no volume real,
diferencial gerada aumenta de 4 vezes. Como
resultando em grande incerteza na medição da
resultado, em baixas vazões, pequenas variações da
vazão. Um modo de resolver este problema seria
saída correspondem a grandes variações na vazão e
manipular a vazão mássica, medindo-se a vazão
em altas vazões, grandes variações da saída
volumétrica e a densidade do fluido e usar a relação
correspondem a pequenas variações na vazão.
W=rxQ

onde
W é a vazão mássica
Q é a vazão volumétrica
r é a densidade.
A medição da densidade de um fluido vazando é
relativamente cara, demorada e pouco confiável e a
prática mais comum é inferir o valor da densidade a

78
Condicionador de Sinal

partir dos valores da pressão estática absoluta e da e quando o fator de compressibilidade nas
temperatura do processo, aplicando-se a lei do gás condições reais não se afasta do fator nas condições
real. nominais:
Tem-se:
 P  T 
 Z  P  T  Vf = Vn  f  n 
Vf = Vn  f  n  f   Pn  Tf 
 Zn  Pf  Tn 
Para um medidor com saída proporcional ao quadrado da
ou quando as condições nominais de operação são vazão, tem-se a equação:
conhecidas e podem ser resumidas em uma constante
matemática, a equação fica simplificada como:
 P  T 
Vf = Vn  f  n 
 Z × Tf   Pn  Tf 
Vf = K × Vn  f 
 Pf  Note-se que a equação da vazão compensada é o
inverso da equação da lei dos gases, justamente para
Fazer a compensação da temperatura e pressão eliminar os efeitos da pressão e da temperatura. Ou
reais do processo, que se afastaram da temperatura e seja, como a vazão volumétrica depende da pressão
pressão nominais é justamente multiplicar por e temperatura de um fator (ZT/P), deve-se
multiplicá-la por um fator de compensação (P/ZT)
Pf para se ter uma vazão volumétrica compensada.
Z f × Tf A operação de corrigir um erro fixo é chamada
de polarização (bias) e a compensação é a correção
de um erro variável.
onde o fator simplificado (P/ZT) compensa a variação da Quando somente se quer a compensação da
pressão e temperatura (que determinam a densidade), pressão, pois a temperatura é se afasta pouco de seu
variando das condições nominais de projeto para as reais valor nominal, assume-se um valor constante igual
de operação e calcula o volume requerido nas condições ou diferente do nominal e o incorpora `a constante.
nominais para provocar o efeito da mesma vazão nas Quando a temperatura for constante e diferente
condições reais. Isto significa, por exemplo, que se P/ZT do valor nominal, em lugar de usar um medidor de
for 1,10, o gás nas condições reais é 1,10 mais denso do temperatura para fazer a compensação continua,
que o gás nas condições nominais e 10% mais de gás aplica-se um fator de correção na leitura do medidor.
vaza realmente através do medidor linear do que está A compensação da pressão é implementada,
medido, assumindo as condições nominais de operação. multiplicando-se a pressão absoluta pela vazão
Nas condições nominais de operação, o fator medida e uma constante, antes de linearizar a saída
(P/ZT) é usado para corrigir o volume real antes que do medidor.
as não linearidades sejam compensadas. Assim, De modo análogo, quando a pressão é assumida
estes fatores são tratados do mesmo modo que a constante e diferente do valor nominal, se aplica um
densidade, nas equações do medidor. Quando a fator para a leitura do medidor em lugar de usar um
vazão variar não linearmente com a densidade do medidor de pressão para a compensação. A
gás, a vazão também vai variar não linearmente com compensação da temperatura é implementada,
o fator P/ZT. Para o sistema com placa de orifício, multiplicando-se a temperatura absoluta pela vazão
portanto, o fator de compensação é a raiz quadrada medida e uma constante, antes de linearizar a saída
de P/ZT, pois a vazão volumétrica é proporcional `a do medidor.
raiz quadrada da densidade.
A compensação da pressão e temperatura usa a
hipótese de o fator de compressibilidade Z ser
constante nas condições de operação próximas das
condições nominais e despreza os efeitos da
compressibilidade.
Para se medir a vazão volumétrica compensada usa-se a
equação, para o medidor linear:

 Z  P  T 
Vf = Vn  n  f  n 
 Z f  Pn  Tf 

79
Condicionador de Sinal

Tab. 3.2. Erros da medição do gás sem compensação


de T Temperatura : 15,0 oC (59 oF, 288,2 K)
Pressão : 101, 3250 kPa (14,6959 psi)
umidade relativa: 0%
Constante Universal: 8,3144 J/(g.mol.K)

Há autores que assumem a temperatura padrão


(standard) igual a 15.56 oC (60 oF). Para líquidos, a
temperatura padrão base é também igual a 15,0 oC,
na indústria; em laboratório é comum usar a
temperatura de 20,0 oC.
As condições de operação, de trabalho ou reais
são aquelas efetivamente presentes no processo.
Por exemplo, seja a vazão volumétrica de ar
igual a 100 m3/h, nas condições reais de 30 oC e 2,0
kgf/cm2A. Esta vazão pode ser expressa como:

100 m3/h real, (30 oC e 2,0 kgf/cm2)


180 Nm3/h, (0 oC e 1,0 kgf/cm2 A)
190 Sm3/h, (15,0 oC e 1,0 kgf/cm2 Absoluta)
* Condição padrão (standard)
(Cfr. Industrial Flow Measurement, D.W. Spitzer) Em inglês, as unidades e abreviações comuns são:
ACFM (actual cubic foot/minute) e
SCFM (standard cubic foot/minute).

Tab. 3.3. Erros da medição do gás sem


compensação da P Propriedades do Ar nas Condições Padrão:

Compressibilidade (Z) 0,999 582 4


Densidade 1,225 42 kg/m3
Peso molecular 28,962 4

5.3. Compensação da Temperatura de


Líquidos
As necessidades da precisão que requerem
(Cfr. Industrial Flow Measurement, D.W. Spitzer) compensação para as variações de densidade
causadas pelas variações da temperatura do liquido
são poucas (por exemplo, amônia). Neste caso,
deve-se medir a temperatura do liquido e compensar
segundo a formula:
5.2. Condições normal, padrão e real
Vf = Vn /T
Na medição do fluido compreensível, é
mandatório definir as condições sob as quais está 5.4. Tomadas de Pressão e Temperatura
sendo medida sua vazão volumétrica. A mesma
vazão de um fluido compreensível pode ser expressa As tomadas da pressão e da temperatura devem
por valores totalmente diferentes, em função das ser localizadas corretamente para cada tipo de
condições especificadas. medidor de vazão, para minimizar o erro na medida
As condições normal de pressão e temperatura final.
(CNPT) são: A tomada da pressão é mais critica que a da
Temperatura 0,0 oC (273,2 K) temperatura, pois há uma grande variação da pressão
Pressão 760 mm Hg (14,6959 psi) local no medidor de vazão. Na prática, há uma
Umidade relativa 0% pequena diferença entre a pressão a montante
(maior) e a jusante (menor) do medidor, quando o
Pela norma ISO 5024 (1976), as condições padrão medidor provoca uma perda de carga. É comum se
(standard) são: tomar a pressão a montante do medidor. Qualquer

80
Condicionador de Sinal

que seja a localização, a pressão deve corresponder a de contador. O contador é apenas o display ou o
vazão não perturbada, em pontos sem flutuações ou readout do totalizador.
pulsações. Alguns medidores de vazão já possuem a Os totalizadores são calibrados para fornecer a
tomada de pressão no seu corpo. No sistema com leitura direta, em unidades de volume ou de massa
placa de orifício, é comum se usar a mesma tomada do produto. Ele pode possuir uma constante de
a montante da placa usada medir a pressão multiplicação, que é o numero que deve multiplicar
diferencial. Nos programas de computador de pela indicação para se ter o valor totalizado em
cálculo de placa, o menu apresenta as opções de unidades de engenharia. Este fator de multiplicação
tomadas a montante ou a jusante da placa. do totalizador depende da vazão máxima e da
A tomada de temperatura é menos critica, desde velocidade de contagem desejada pelo operador.
que há pouca variação da temperatura ao longo do O contador só pode ter mostrador digital. Em
medidor de vazão. As tomadas de temperatura estão alguns contadores, os dígitos podem ser mostrados
tipicamente localizadas a cerca de 10 diâmetros analogicamente, como os indicadores de consumo de
depois do medidor, para não causar turbulência na energia elétrica caseiros.
entrada do medidor. Deve-se destacar que os O totalizador pode receber sinais analógicos ou
sensores de vazão e de temperatura são tem de pulsos. Quando o sinal de entrada é analógico, o
necessidades opostas, quanto ao local de montagem: totalizador o converte, internamente, em pulsos e os
os sensores de vazão requerem local tranqüilo, sem conta na saída. Quando o sinal de entrada já é em
distúrbios; os de temperatura devem ser usados em pulsos, o totalizador os escalona e os conta. Quando
local com turbulência, para homogeneizar a os pulsos já são escalonados, o totalizador os conta
temperatura. diretamente. Pulso escalonado é aquele que já possui
Na implementação da compensação da pressão e uma relação definida com a unidade de engenharia
temperatura na medição de vazão, é interessante de vazão, volume ou massa.
investigar se já existem medições da pressão e da Há uma certa confusão entre o integrador e o
temperatura do processo, a jusante ou a montante do contador. O integrador pode receber sinais
medidor de vazão, pois se elas já existirem em locais analógicos e os integra. Na operação de integração,
corretos, estas medições podem ser usadas para a o sinal analógico é convertido para pulsos que são
compensação, sem necessidade de instrumentos finalmente contados. Todo integrador de vazão
adicionais. possui um contador; ou seja, o contador é o display
do integrador. O contador é também chamado de
acumulador.
Os contadores podem ser eletromecânicos ou
eletrônicos. Os contadores eletromecânicos custam
mais caro e requerem maior energia de alimentação,
porém, quando há falta da tensão de alimentação, o
ultimo valor totalizado permanece indicado. Os
contadores puramente eletrônicos são mais
econômicos, requerem menor nível de tensão de
alimentação e consomem muito menos energia.
Porém, na falta da tensão de alimentação eles
perdem a indicação. Para solucionar este problema,
são utilizados contadores eletrônicos alimentados
com bateria com vida útil de 5 a 10 anos. Deste
modo, quando há perda da alimentação principal, o
contador não zera o valor totalizado.

Fig. .3.3. Malha de compensação, linearização e


integração de vazão de gás com placa de orifício

6. Totalização da Vazão
O totalizador de vazão é um instrumento
completo que detecta, totaliza e indica, através de
um contador digital, a quantidade total do produto,
que passa por um ponto, durante um determinado
intervalo de tempo.
O totalizador de vazão é também chamado de Fig. 3..5. Totalização de vazão
integrador, de FQ, de quantificador e, erradamente,

81
Condicionador de Sinal

Há contador com pré determinador: há um contador


normal e um contador onde se estabelece o valor
determinado. Quando o contador atinge o valor pré-
ajustado, ele para de contar e o processo é
interrompido.

Fig. 4.18. Contagem e totalização de variáveis

Fig. 4.19. Sistema de totalização de vazão

82
Transmissor

1. Conceitos básicos 1.2. Justificativas do Transmissor


Antes do aparecimento do transmissor
pneumático, circa 1930, o controlador era conectado
1.1. Introdução diretamente ao processo. O controlador e o painel de
Rigorosamente o transmissor não é necessário, controle deviam estar próximos ao processo. O
nem sob o ponto de vista de medição, nem sob o transmissor oferece muitas vantagens em
ponto de vista de controle. A transmissão serve comparação com o uso do controlador ligado
somente como uma conveniência de operação para diretamente ao processo, tais como a segurança, a
tornar disponíveis os dados do processo em uma sala economia e a conveniência.
de controle centralizada, num formato padronizado. 1. os transmissores eliminam a presença de
Na prática, por causa das grandes distâncias fluidos flamáveis, corrosivos, tóxicos mal
envolvidas, as funções de medição e de controle cheirosos e de alta pressão na sala de
estão freqüentemente associadas aos sinais dos controle.
transmissores. 2. as salas de controle tornam-se mais práticas,
O transmissor é geralmente montado no campo, com a ausência de tubos capilares
próximo ao processo. Porém, ele também pode ser compridos, protegidos, compensados e com
montado na sala de controle, como ocorre com o grande tempo de atraso.
transmissor de temperatura com o termopar ou com 3. há uma padronização dos instrumentos
a resistência elétrica. receptores do painel; os indicadores, os
registradores e os controladores recebem o
mesmo sinal padrão dos transmissores de
campo.

Fig. 2.2. Transmissor montado em local hostil


Fig. 2.1. Transmissores para medição de nível

83
Transmissor

1.3. Terminologia válvula com atuador pneumático (entrada 20 a 200


kPa).
O transmissor é também chamado erradamente Elemento transdutor tem o mesmo significado
de transdutor e de conversor. Transdutor é um termo que elemento sensor ou elemento primário.
genérico que designa um dispositivo que recebe
informação na forma de uma ou mais quantidades Conversor
físicas, modifica a informação, a sua forma ou O conversor é o instrumento que transforma
ambas e envia um sinal de saída resultante. Este sinais de natureza elétrica para formas diferentes.
termo é genérico e segundo este conceito, o Por exemplo: conversor analógico/digital:
elemento primário, transmissor, relé, conversor de transforma sinais de natureza analógica (contínuo)
corrente elétrica para pneumático e a válvula de em sinais digitais (pulso descontínuo). Mutatis
controle são transdutores. mutandis, tem-se o conversor digital/analógico, que
Há uma norma na instrumentação, ANSI/ISA transforma sinal digital em analógico.
S37.1-1978 (R1982) que estabelece uma Geralmente, o conversor A/D e D/A está
nomenclatura uniforme e consistente entre si e para associado ao multiplexador, que converte várias
elemento sensor, transmissor, conversor, transdutor. entradas em uma única saída e o demultiplexador,
que converte uma entrada em várias saídas. O
Elemento sensor
conjunto conversor A/D e D/A e multiplexador e
Elemento sensor é um dispositivo integrante de demultiplexador é também chamado de Modem
um instrumento que converte um sinal não-padrão (MODulador DEModulador).
em outro sinal não-padrão. Por exemplo, o bourdon O transmissor inteligente, por ser digital e
C é um elemento sensor de pressão, que converte a receber um sinal analógico, tem necessariamente em
pressão em um pequeno movimento proporcional. um conversor A/D em sua entrada. O transmissor
Nem a pressão de entrada e nem o deslocamento do híbrido, que é digital e possui a saída analógica de 4
sensor são padronizados. a 20 mA deve possuir em sua saída um conversor
Todo transmissor possui um elemento sensor, D/A.
que depende essencialmente da variável medida.
Atualmente além do sensor da variável principal o Transmissor
transmissor inteligente possui outro sensor para O transmissor é o instrumento que converte um
medir a temperatura ambiente e fazer a sinal não-padrão em um sinal padrão de natureza
compensação de suas variação sobre a variável igual ou distinta. O transmissor sente a variável
principal. através de um sensor no ponto onde ele está
Já existe disponível comercialmente transmissor montado e envia um sinal padrão, proporcional ao
multivariável. No único invólucro do transmissor há valor medido, para um instrumento receptor remoto.
vários sensores para medir simultaneamente a É desejável que a saída do transmissor seja
variável principal (vazão) e as secundárias (pressão e linearmente proporcional à variável medida e nem
temperatura do processo), também para fins de sempre há esta linearidade.
compensação. Por exemplo: o transmissor eletrônico de pressão
Neste contexto, tem-se: sente um sinal de pressão, por exemplo, de 15 a 60
1. Sensor primário é o sensor que responde MPa, e o converte em um sinal padrão de corrente
principalmente ao parâmetro físico a ser de 4 a 20 mA cc e o transmite.
medido. Outro exemplo: o transmissor pneumático de
2. Sensor secundário é o sensor montado pressão manométrica converte um sinal de pressão,
adjacente ao primário para medir o parâmetro e.g., de 60 a 100 MPa, em um sinal padrão
físico que afeta de modo indesejável a pneumático de 20 a 100 kPa (3 a 15 psi) e o
característica básica do sensor primário (por transmite.
exemplo, os efeitos da temperatura na Nos dois exemplos, as faixas da pressão de
medição de pressão). entrada são não padrão mas as saídas dos
transmissores eletrônico (4 a 20 mA) e pneumático
Transdutor
(20 a 100 kPa) o são.
O transdutor é o instrumento que converte um
sinal padrão em outro sinal padrão de natureza Transmissor sabido (smart)
distinta. Por exemplo: transdutor pressão-para- Transmissor sabido é um transmissor em que é
corrente ou P/I converte o sinal padrão pneumático usado um sistema microprocessador para corrigir os
de 20 a 100 kPa no sinal padrão de corrente de 4 a erros de não linearidade do sensor primário através
20 mA cc e o transmite. O transdutor corrente-para- da interpolação de dados de calibração mantidos na
pressão ou I/P, converte o sinal padrão de corrente memória ou para compensar os efeitos de influência
de 4-20mA cc no sinal padrão pneumático de 20 a secundárias sobre o sensor primário incorporando
100 kPa e o transmite. um segundo sensor adjacente ao primário e
O transdutor i/p compatibiliza o uso de um
controlador eletrônico (saída 4 a 20 mA) com uma

84
Transmissor

interpolando dados de calibração armazenados dos


sensores primário e secundário.

Fig. 2.5. Malha com transmissor inteligente

Fig. 2.4. Transmissor eletrônico (Rosemount)

Transmissor inteligente
Transmissor inteligente é um transmissor em que
as funções de um sistema microprocessador são Fig. 2.6. Diagrama de blocos do transmissor inteligente
compartilhadas entre
1. derivar o sinal de medição primário,
2. armazenar a informação referente ao
transmissor em si, seus dados de aplicação e 1.4. Transmissão do sinal
sua localização e
3. gerenciar um sistema de comunicação que O sinal de transmissão entre subsistemas ou
possibilite uma comunicação de duas vias dispositivos separados do sistema deve estar de
(transmissor para receptor e do receptor para conformidade com a norma ANSI/ISA SP 50.1 -
o transmissor), superposta sobre o mesmo 1982 (Compatibility of Analog Signals for
circuito que transporta o sinal de medição, a Electronic Industrial Process Instruments)
comunicação sendo entre o transmissor e Esta norma estabelece, entre outras coisas,
qualquer unidade de interface ligada em 1. a faixa de 4 a 20 mA, corrente continua, com
qualquer ponto de acesso na malha de largura de faixa de 16 mA, que corresponde
medição ou na sala de controle. a uma tensão de 1 a 5 V cc, com largura de
O primeiro termo que apareceu foi smart faixa de 4 V
(sabido), que foi traduzido como inteligente. Depois, 2. a impedância de carga deve estar entre 0 e
apareceu o transmissor Inteligent, com mais recursos um mínimo de 600 Ω.
que o anterior. Porém, já havia o termo inteligente e 3. o número de fios de transmissão, de 2, 3 ou
por isso, no presente trabalho, traduziu-se smart por 4.
sabido e Inteligent por inteligente. Atualmente os 4. a instalação elétrica
dois termos, smart e inteligente, tem o mesmo 5. o conteúdo de ruído e ripple
significado prático. Por exemplo, Fisher Rosemount 6. as características do resistor de conversão de
usa o termo smart e a Foxboro usa o termo Inteligent corrente para tensão, que deve ser de (250,00
para o transmissor com as mesmas características. ± 0,25) Ω e coeficiente termal de
Por consistência, o transmissor convencional não α ≤ 0,01%/oC, de modo que a tensão
inteligente é burro (dumb). convertida esteja entre (1,000 a 5,000 ±
0,004) V
7. o resistor não deve se danificar quando a
entrada for de 10 V ou de 40 mA.

85
Transmissor

transmissão e a tensão para a manipulação e


condicionamento do sinal localmente, dentro do
instrumento.

Relação 5:1
Todos os sinais de transmissão, pneumático e
eletrônicos, mantém a mesma proporcionalidade
(a) Tipo. 2. Circuito com 2 fios entre os valores máximo e mínimo da faixa de 5:1,
ou seja

100 kPa 20 mA 15 psi 5V


= = = =5
20 kPa 4 mA 3 psi 1V

Esta proporcionalidade fixa facilita a conversão


dos sinais padrão, pelos transdutores.

Zero vivo
(b) Tipo 3. Circuito com 3 fios Todas as faixas de sinais padrão de transmissão
começam com números diferentes de zero, ou seja
os sinais padrão são 20 a 100 kPa e não 0 a 80 kPa, 4
a 20 mA cc e não 0 a 16 mA cc. Diz-se que uma
faixa com supressão de zero, ou seja partindo de
número diferente de zero é detectora de erro. Por
exemplo, seja o transmissor eletrônico de
temperatura com faixa de medição de 20 a 200 oC. A
sua saída vale:
4 mA, quando a medida é de 20 oC,
20 mA, quando a medida é de 200 oC e
(c) Tipo 4. Circuito com 4 fios 0 mA, quando há problema no transmissor, como
falta de alimentação ou fio partido .
Fig. 2.7. Consideração do tipo de transmissor Se a saída do transmissor fosse um sinal de 0 a
20 mA não haveria meios de identificar o sinal
1.5. Sinais padrão de transmissão correspondente ao valor mínimo da faixa com o
sinal relativo às falhas no sistema, como falta de
Sinal pneumático alimentação ou fio partido no transmissor eletrônico
ou entupimento do tubo, quebra do tubo, falta de ar
O sinal padrão da transmissão pneumática no SI de suprimento no transmissor pneumático.
é 20 a 100 kPa (kilopascal) e os seus equivalentes Quando se manipula a tensão elétrica, pode-se ter
em unidades não SI: 3 a 15 psig e 0,2 a 1,0 kgf/cm2. e se medir a tensão negativa e portanto pode-se usar
Praticamente não há outro sinal pneumático de uma faixa de 0 a 10 V cc detectora de erro. Isto
transmissão, embora em hidrelétricas onde se tem significa que o 0 V se refere ao valor mínimo da
válvulas enormes, é comum o sinal de 40 a 200 kPa faixa medida e quando há algum problema o sinal
(6 a 30 psi). assume um valor negativo, por exemplo, -2,5 V cc.
Esta faixa possui o zero vivo.
Sinal eletrônico
O sinal padrão de transmissão eletrônico é o de 4
a 20 mA cc, recomendado pela International 2. Natureza do transmissor
Electromechanical Commission (IEC), em maio de
Como há dois sinais padrão na instrumentação,
1975. No inicio da instrumentação eletrônica, circa
também há dois tipos de transmissores: pneumático
1950, o primeiro sinal padrão de transmissão foi o
e eletrônico
de 10 a 50 mA cc, porque os circuitos eram pouco
sensíveis e este nível de sinal não necessitava de
amplificador para acionar certos mecanismos; hoje 2.1. Transmissor pneumático
ele é raramente utilizado, por questão de segurança. O transmissor pneumático mede a variável do
Atualmente há uma tendência em padronizar sinais processo e transmite o sinal padrão de 20 a 100 kPa
de baixo nível, para que se possa usar a tensão de (3 a 15 psig), proporcional ao valor da medição. A
polarização de 5 V comum aos circuitos digitais. sua alimentação é a pressão típica de 140 kPa (20
Existe ainda o sinal de transmissão de 1 a 5 V cc, psig). O mecanismo básico para a geração do sinal
porém ele não é adequado pois há atenuação na
transmissão da tensão. Usa-se a corrente na

86
Transmissor

pneumático é o conjunto bico-palheta, estabilizado 1. a robustez e a precisão da operação,


pelo fole de realimentação. praticamente sem movimento e desgaste das
Para funcionar o transmissor pneumático requer peças,
a alimentação de ar comprimido, no valor típico de 2. a opção da supressão ou da elevação do zero,
140 kPa (22 psi). O transmissor é alimentado necessária medições de nível.
individualmente por um conjunto de filtro regulador. As suas desvantagens são:
O regulador pode ser fixo (ajustável na oficina) ou 1. não há indicação local da variável
regulável pelo operador, no local. transmitida, mas apenas a indicação opcional
Há dois princípios mecânicos básicos para o do sinal de saída do transmissor,
funcionamento do transmissor pneumático: 2. a velocidade da resposta é lenta
1. balanço de forças e
2. balanço de movimentos.

Fig. 2.9. Transmissor pneumático a balanço de forças: (a)


esquema e (b) vista externa

Fig. 2.8. Esquema típico de um transmissor pneumático a


balanço de forças (Foxboro)
Os transmissores a balanço de força são
genericamente chamados de d/p cell, embora
Balanço de forças rigorosamente d/p cell seja uma marca registrada da
O sistema é mantido estável, pelo equilíbrio das Foxboro e se refira ao transmissor de pressão
forças aplicadas a uma barra. A variação na medição diferencial para medição de vazão e de nível.
desequilibra o sistema, alterando a posição da barra, O transmissor pneumático a balanço de forças da
variando proporcionalmente o sinal transmitido e Foxboro foi um dos mais bem sucedidos
retornando o sistema à condição de equilíbrio. Como instrumentos da historia da instrumentação. O
a posição da barra está relacionada com o equilíbrio transmissor pneumático era tão estável e repetitivo
ou balanço das forças atuando nesta barra, este que, a partir dele, foi projetado e construído o
sistema é chamado de balanço de forças. transmissor eletrônico, também a balanço de forças.
O diafragma sente a pressão do processo e
através de um flexor, transmite uma força a barra de Balanço de movimento
força. A barra de força funciona como a palheta em No sistema a balanço de movimentos, a medição
relação ao bico. A variável do processo modula a é sentida pelo elo mecânico, que desequilibra o
distância entre o bico e a barra de forças. Através do sistema bico-palheta. Este desequilíbrio provoca
mecanismo de transmissão pneumática (relé variações no sinal transmitido, até haver novo
pneumático, fole de realimentação, mola de ajuste de equilíbrio. Na realidade há um balanço de posições
zero) obtém-se uma saída padrão e estável de 20 a mas o sistema é referido como balanço de
100 kPa (3 a 15 psi), linearmente proporcional à movimentos.
pressão medida. Através do deslocamento do volante O transmissor a balanço de movimento permite a
que serve como fulcro para o equilíbrio das forças e indicação local da medição; é naturalmente um
ajusta a largura de faixa de medição. transmissor-indicador.
As principais vantagens são:

87
Transmissor

explicam porque se pode utilizar apenas um par de


fios para transportar tanto o sinal de corrente como a
alimentação de tensão. A corrente só deve depender
da variável medida e não deve depender da tensão de
polarização. A tensão de alimentação não pode ser
afetada pelo valor da corrente gerada.
A tensão de alimentação pode variar, dentro de
limites convenientes e depende principalmente do
valor do sinal transmitido e do valor da resistência
total da malha de controle.

Fig. 2.10. Esquema de transmissor pneumático a balanço


de movimentos (Foxboro)

Fig. 2.12. Transmissor eletrônico digital wireless

Transmissor capacitivo
No inicio dos anos 80, a Rosemount lançou o
Fig. 2.11. Transmissor a balanço de movimento transmissor eletrônico capacitivo, que se tornou um
dos tipos de instrumentos mais vendidos na
instrumentação.
As principais vantagens do transmissor a balanço O princípio de operação básico é a medição da
de movimentos são: capacitância resultante do movimento de um
1. apresenta a indicação da medida, no local de elemento elástico. O elemento elástico mais usado é
transmissão um diafragma de aço inoxidável ou de Inconel, ou
2. opera com grande variedade de elementos Ni-Span C ou um elemento de quartzo revestido de
primários, pois a força necessária para atua- metal exposto à pressão do processo de um lado e
lo é pequena (cerca de 2 gramas). uma pressão de referência no outro. Dependendo da
As suas desvantagens são: referência, pode-se medir pressão absoluta (vácuo),
1. não apresenta a opção de abaixamento e manométrica (atmosférica) ou diferencial.
elevação de zero. A capacitância de um capacitor de placas
2. sua operação é mais delicada e sua paralelas, é dada simplificadamente por:
calibração é mais difícil e menos estável, por
causa dos elos mecânicos e das partes A
moveis. . C=ε
d
onde
2.2. Transmissor eletrônico C é a capacitância
O transmissor eletrônico mede a variável do ε é a constante dielétrica do isolante entre as
processo e transmite o sinal padrão de corrente de 4 placas
a 20 mA cc proporcional ao valor da medição. Ele A é a área das placas
requer a alimentação, geralmente a tensão contínua. d é a distância entre as placas.
Normalmente esta alimentação é feita da sala de Como a pressão pode provocar um
controle, através do instrumento receptor (indicador, deslocamento, ela pode ser inferida através da
controlador ou registrador), onde está a fonte de capacitância, que também depende de um
alimentação. A alimentação é feita pelo mesmo fio deslocamento.
que porta o sinal transmitido de 4 a 20 mA. Os Os diafragmas isolantes detectam e transmitem a
conceitos de fonte de tensão e de fonte de corrente pressão do processo para o fluido de enchimento

88
Transmissor

(óleo de silicone). O fluido transmite a pressão de Transmissor fio ressonante


processo para o diafragma sensor no centro da célula O transmissor com sensor a fio ressonante foi
de pressão diferencial. O diafragma sensor funciona lançado no fim da década de 1970, pela Foxboro,
como um elemento de mola que deflete em resposta que gosta muito de fio, pois já havia aplicado o fio
à pressão diferencial aplicada através dele. O Nitinol, com memória mecânica, para acionar
deslocamento do diafragma sensor, um movimento ponteiros e penas dos instrumentos de display do
máximo de 0,10 mm, é proporcional à pressão sistema SPEC 200. Neste projeto, um circuito
diferencial. As placas de capacitor em ambos os oscilador faz um fio oscilar em sua freqüência de
lados do diafragma sensor detectam a posição do ressonância, enquanto a tensão do fio é variada
diafragma sensor. A capacitância diferencial entre o como uma função da pressão do processo. As
diafragma sensor e as placas do capacitor é então pressões do processo são detectadas pelos
proporcional linearmente à pressão diferencial diafragmas de alta e baixa pressão, nos lados direito
aplicada aos diafragma isolantes. A capacitância é e esquerdo do sensor. Quando a pressão diferencial
detectada por um circuito ponte e é convertida e aumenta, o fluido de enchimento transmite uma
amplificada para o sinal padrão, linear, a dois fios de força correspondente ao fio, excitado por um campo
4 a 20 mA cc. magnético. O dano por sobrepressão é evitado pelos
diafragmas sendo suportados por placas reservas. A
variação na tensão do fio modifica a freqüência de
ressonância do fio, que é então digitalmente medida.
Configurações semelhantes são usadas na medição
de pressão absoluta e manométrica. Quando usado
para medir pressão absoluta, o lado de baixa é
coberto por uma capa e faz-se vácuo na cavidade da
ordem de 0,52 Pa (0,004 mm Hg).
As vantagens deste transmissor são:
1. boa repetitividade
2. alta precisão
3. boa estabilidade
4. baixa histerese
5. alta resolução
6. sinal de saída forte
7. geração de um sinal digital.
Fig. 2.14. Célula capacitiva (Rosemount) As limitações incluem:
1. sensitividade à temperatura ambiente,
requerendo compensação embutida.
O sensor capacitivo tem precisão típica de 0,1 a 2. sinal de saída não linear
0,2% da largura de faixa e com a seleção de 3. alguma sensitividade à vibração e choque.
diafragmas, pode medir faixas de 0,08 kPa a 35 MPa
(3 in H20 a 5000 psi). Transmissor com sensor a CI
Os transmissores capacitivos perdem em Os transmissores mais recentes utilizam o estado
popularidade apenas para os com strain gauge e da arte da tecnologia eletrônica, com um sensor a
tem-se as seguintes vantagens circuito integrado, com um chip de silício piezo-
1. alta robustez e resistivo difuso.
2. grande estabilidade Na fabricação deste sensor, boro é difundido em
3. excelente linearidade uma estrutura de cristal de silício para formar uma
4. resposta rápida ponte de Wheatstone totalmente ativa. Neste
5. deslocamento volumétrico menor que 0,16 processo de difusão, o boro e o silício são unidos a
cm3 elimina a necessidade de câmaras de um nível molecular, eliminado a necessidade de
condensação e potes de nível métodos mecânicos de solda, como usado nos
Suas limitações, principalmente dos sensores convencionais de strain gauge. Este
transmissores capacitivos mais antigos, são: processo resulta em sensores com altíssima
1. sensitividade à temperatura repetitividade e estabilidade, somente conseguidas
2. alta impedância de saída em instrumentos de laboratório.
3. sensitividade à capacitância parasita
4. sensitividade a vibração
5. pequena capacidade de resistir à
sobrepressão
O transmissor eletrônico capacitivo da
Rosemount foi outro instrumento best seller da
instrumentação.

89
Transmissor

2. sensitividade à temperatura
3. necessidade de cabeamento especial entre
sensor e circuito amplificador.
A aplicação típica do sensor piezelétrico é no
medidor de vazão vortex. É piezelétrico o sensor que
detecta a freqüência criada pelos vórtices de De
Karmann.

3. Transmissor e manutenção
Quanto à manutenção e independente do
princípio de funcionamento ou da variável medida,
Fig. 2.16. Circuito eletrônico do transmissor há quatro tipos básicos de transmissores eletrônicos
disponíveis atualmente:
1. analógico descartável
2. analógico reparável
A faixa de pressão de cada sensor de silício é 3. digital híbrido
determinada pela espessura do silício diretamente 4. digital inteligente
sob a ponte de Wheatstone. A espessura do
diafragma de silício é determinada ataque químico
3.1. Transmissor analógico descartável
na parte traseira de cada chip sob a ponte para uma
profundidade específica. O chip acabado é então O transmissor analógico descartável possui saída
colada a uma placa de pyrex ou alumina com suporte analógica de 4 a 20mA cc e um circuito encapsulado
e isolação do chip. Para medição de pressão irrecuperável quando estragado. Quando o
manométrica ou diferencial, faz-se um buraco transmissor se danifica (o que os fabricantes
através do pyrex para acessar a cavidade na parte asseguram ser raro) é integralmente substituído por
traseira do chip. Isto fornece uma referência da outro. Sua confiabilidade é expressa não em MTBF
pressão atmosférica para o sensor de pressão (tempo médio entre falhas) mas em MTFF (tempo
manométrica e uma passagem para o lado da baixa médio para a primeira falha).
pressão do sistema de enchimento de fluido para o Como vantagens, tem-se:
d/p cell. Para a medição de pressão absoluta, a 1. Baixo custo de aquisição, com preços típicos
cavidade do chip é evacuada antes de colar a placa entre US$50 a US$350,
de pyrex, fornecendo uma referência de pressão 2. Baixo custo de reposição, pois é mais barato
absoluta. substituir prontamente um transmissor do
O chip é então montado em um extrato de que mandar um instrumentista de
cerâmica ou aço inoxidável selado a vidro. manutenção a um local distante para retirar
Conexões com fio de ouro completam o conjunto, do processo um transmissor defeituoso, levá-
que é juntado ao pacote completo do sensor. lo para a oficina, repará-lo, levá-lo de volta
Diafragmas de isolação de vários materiais para o processo e reinstalá-lo. A substituição
resistentes a corrosão são soldados no lugar, sobre o pré-configurada pode ser feita na primeira
chip sensor e as cavidades entre o chip são cheias ida ao local do processo,
sob vácuo com óleo silicone DC-200 ou Fluorinert 3. Pequeno tamanho, simplicidade e
FC/B. Este processo isola totalmente o sensor de transmissão a dois fios,
silício do meio da pressão sem um link mecânico. O 4. Facilidade de implementar técnica de
diafragma de isolação também fornece a proteção de proteção, como segurança intrínseca e não
sobrefaixa para o sensor de silício no d/p cell. incenditivo, pois o encapsulamento favorece
a conformidade com exigências de normas.
Transmissor com sensor piezelétrico
O sensor é um cristal de quartzo ou turmalina
que, quando exposto a pressão ou força em torno do
seu eixo, é elasticamente deformado. A deformação
produz uma força eletromotriz proporcional.
As vantagens do transmissor com sensor
piezelétrico são:
1. pequeno tamanho
2. robustez
3. alta velocidade de resposta
4. autogeração do sinal.
As desvantagens são: Fig. 2.18. Transmissor descartável de pressão (Dynisco)
1. limitado à medição dinâmica

90
Transmissor

seguro aos circuitos. Seus circuitos


analógicos são simples e é fácil achar os
defeitos e repará-los. A possibilidade de ser
reparado torna o transmissor convencional
mais seguro e menos caro para serviço em
longo prazo.
2. O transmissor é robusto, suportando bem os
rigores do processo, grande vibração
mecânica, alto calor e atmosfera agressiva
3. O transmissor convencional pode ter sua
faixa alterada dentro de grandes limites. O
Fig. 2.19. Transmissor de temperatura descartável transmissor de temperatura pode aceitar
(Emerson) todos os tipos de termopares ou RTD de
vários valores. Tipicamente as alterações de
parâmetros são feitas mecanicamente no
campo ou na oficina, ajustando-se
As principais desvantagens e limitações são: potenciômetros, alterando-se posições de
1. A precisão é pior do que a dos outros tipos, jumpers ou mudando chaves DIP.
pois o transmissor deve ter baixo custo, 4. O transmissor analógico tem melhor tempo
2. Pequena flexibilidade, pois o transmissor de resposta que o do transmissor digital e
tem somente uma única entrada e faixa fixa também se recupera mais rapidamente,
de calibração e não são convenientes para depois de uma interrupção de alimentação.
aplicações que requerem alterações 5. Possui precisão melhor do que a do
freqüentes do processo, transmissor descartável e pior do que a do
3. Geralmente são mais frágeis e menos digital.
resistentes a ambientes hostis, o bloco Como desvantagens, tem-se:
terminal podendo se quebrar quando 1. Menos estável e requer mais calibração do
submetido a abuso; que o transmissor digital, pois os ajustes
4. Menos confiável, pois são usados projetos e mecânicos feitos através de potenciômetros
circuitos mais baratos para torná-los mais de fio são pouco estáveis.
competitivos. 2. Não são adequados para aplicações com
operação e comunicação digitais, porém,
3.2. Transmissor analógico convencional para a maioria das aplicações o alto custo da
substituição dos transmissores analógicos
O transmissor analógico convencional possui convencionais por digitais não se justifica
saída padrão de 4 a 20 mA cc e circuitos acessíveis
para sua calibração e manutenção. Eles podem ser
reparados e ter suas faixas de calibração alteradas no
3.3. Transmissor inteligente digital
campo ou na oficina, pelo usuário final. Os seus O transmissor inteligente digital tem um
preços variam de US$300 a US$500,00. microprocessador embutido em seu circuito e possui
saída digital, apropriada para se comunicar com
outros dispositivos digitais com o mesmo protocolo.
Ele não possui a saída padrão de 4 a 20 mA cc.
Suas vantagens são:
1. Recalibração remota: o transmissor digital
pode ser recalibrado sobre o elo de dados
digitais da sala de controle, através da
estação de operação, de um computador
digital ou de um terminal portátil
proprietário. Porém, isso é útil somente em
plantas envolvendo grandes distâncias e com
variações freqüentes no processo. Ele
permite alterações imediatas de parâmetros,
Fig. 2.20. transmissor convencional (Foxboro) sem perda de tempo e custo para mandar um
técnico a cada ponto de medição para fazer
uma alteração manual.
2. Mínimo de reserva: uma grande variedade
As suas principais vantagens são: de parâmetros de operação pode ser
1. O transmissor convencional é reparável, armazenadas na memória do
possuindo um invólucro que protege os microprocessador do transmissor digital. Um
circuitos e permitindo o seu acesso fácil e único transmissor pode ser eletronicamente

91
Transmissor

programado para substituir qualquer outro 3. Tempo de resposta: o transmissor de campo


transmissor do sistema. Facilidades com operando em baixa potência tem dificuldade
vários tipos de sensores e faixas de medição de operar rapidamente a comunicação
permitem um menor número de digital. A resposta demorada é inerente para
instrumentos reservas para reposição ou começar e completar uma transação de
adição. comunicação digital. Além disso, alguns
3. Altíssima precisão: melhor do que qualquer transmissores inteligentes tem grande tempo
outro transmissor. Tipicamente, da ordem de de recuperação após a perda da alimentação,
0,05 a 0,1% do fundo de escala. durante o que os transmissores excedem a
4. Autodiagnose: a maioria dos transmissores faixa por cima ou por baixo, acionando
digitais possui um programa de erradamente alarmes e causando problemas
autodiagnose em sua memória interna que para outros instrumentos no sistema.
automaticamente identifica falhas do sensor
e do transmissor. O pessoal de manutenção 3.4. Transmissor híbrido analógico
de instrumentos pode usar a informação digital
fornecida pelas mensagens de erro enviadas
do transmissor no campo para a sala de Como ainda hoje a maioria das aplicações
controle para preparar a substituição e envolve o sinal padrão de corrente de 4 a 20 mA cc e
reparo do instrumento. O benefício é o também por causa da ausência de uma padronização
menor tempo de malha parada. do sinal digital, muitos transmissores digitais
5. Segurança de comunicação: diferente do possuem simultaneamente os dois sinais de
transmissor convencional que tem um par de transmissão:
fios para transportar o sinal seguro e a 1. analógico de 4 a 20 mA cc e
perigosa alimentação, o sinal digital pode ser 2. digital
comunicado através de fibra óptica ou links O transmissor é simultaneamente analógico e
de luz infravermelha, que são seguros por digital e o usuário experiente pode tirar proveito das
natureza. vantagens isoladas de cada tipo, como as vantagens
de padronização e resposta rápida da transmissão
analógica e as vantagens de autodiagnose, facilidade
de recalibração e alteração de parâmetros da parte
digital do transmissor.
O planejamento correto da aquisição de
transmissores híbridos pode economizar
investimentos quando se implanta uma
instrumentação digital do sistema global. O
transmissor híbrido pode substituir tanto um
transmissor analógico como um digital existente sem
necessidade de qualquer componente adicional.
Também é necessário pouco treinamento de
operadores e instrumentistas, quando de sua
integração no sistema.
Fig. 2.21. Diagrama de blocos do transmissor inteligente

As principais desvantagens do transmissor digital


inteligente são:
1. Custo: embora os preços tendem a cair e se
comparar aos do transmissor convencional, o
preço de aquisição do digital ainda é um
pouco maior do que o do convencional
2. Não padronização do sinal digital: este é o
maior obstáculo técnico para o uso extensivo
do transmissor digital. Atualmente ainda
existem vários protocolos de comunicação
digital proprietários, como HART, Foxcom,
Fieldbus. Até que se chegue a um consenso
acerca do protocolo de comunicação digital, Fig. 2.11. Transmissor HART
muitos usuários preferirão não usar o
transmissor digital.

92
Transmissor

4. Receptores associados 4.2. Alimentação


O transmissor eletrônico montado no campo
sempre necessita de uma alimentação. Raramente
4.1. Instrumentos associados esta alimentação é fornecida por bateria integral, por
A transmissão é uma função auxiliar, opcional. questão de economia e de segurança. O comum é a
Usa-se o transmissor quando se quer a indicação, o alimentação do transmissor ser fornecida por um
registro ou o controle da variável de processo em um instrumento montado na sala de controle. Assim,
local remoto do processo, geralmente na sala de além de receber o sinal do transmissor, o
controle. Como conseqüência, o transmissor sempre instrumento receptor também alimenta o
requer outro instrumento para completar sua função: transmissor. Alguns fabricantes possuem fontes de
indicador, registrador, controlador, alarme ou alimentação separadas, montadas na sala de
integrador de vazão. controle, para alimentar os transmissores de campo,
Alguns transmissores podem ter uma indicação separadas e independentes de outros instrumentos.
local da variável medida. Outros transmissores
podem, opcionalmente, ter a indicação de sua saída,
que é proporcional ao valor da variável medida.
Há transmissores que podem medir simultaneamente
várias variáveis de processo e para tanto, eles
possuem os vários sensores destas variáveis
embutidos em seu corpo. A aplicação clássica é na
medição de vazão compensada, onde e quanto se
quer medir simultaneamente o sinal proporcional à
vazão (pressão diferencial), pressão estática e
temperatura. O instrumento receptor associado a este Fig. 2.24. Fiação do transmissor, receptor e fonte
transmissor é o computador de vazão. Todos estes
instrumentos envolvidos são microprocessados.

Fig. 2.11. Transmissor e registrador

Fig. 2.11. Tensão e impedância do transmissor

Fig.2.11. Computador de vazão

93
Transmissor

5. Serviços associados 5.2. Instalação


A montagem do transmissor deve ser feita
Como os outros instrumentos, o transmissor deve
conforme as recomendações do fabricante,
ser especificado, montado, calibrado rotineiramente
diagramas do projetista e normas de engenharia
e mantido em perfeitas condições de funcionamento.
aplicáveis, quanto aos aspectos de corrosão,
segurança, localização e funcionamento.
5.1. Especificação A partida e comissionamento do transmissor de
Na especificação do transmissor, devem ser pressão diferencial para vazão e nível envolve
fornecidos os seguintes dados ao fabricante: algumas operações seqüenciais recomendadas pelo
1. a variável do processo a ser transmitida, fabricante, que se não forem seguidas corretamente
2. o elemento sensor desejado, em função da podem descalibrá-lo ou até danificá-lo.
faixa, do processo, da variável e do A instalação do transmissor associado à medição
material, de vazão com placa de orifício depende do fluido: se
3. o sinal padrão de transmissão e a liquido ou gás, se sujo ou limpo, se é gás com
alimentação, como 20 a 100 kPa ou 3 a 15 condensado ou líquido com sujeira em suspensão. O
psig (rigorosamente são sinais diferentes, usuário sempre deve consultar o fabricante ou a
quanto a calibração), literatura especializada.
4. os materiais do corpo do transmissor, dos
parafusos, da tampa e do elemento sensor,
5. a montagem: tubo de 2" (pipe), pedestal
(yoke), superfície ou painel,
6. a faixa calibrada da variável,
6. a conexão ao processo: rosca 1/2" NPT,
flange 150 psi, selo.
7. quando há contato direto com o fluido do
processo: tipo do material quanto à
corrosão, erosão, sujeira, temperatura e
pressão estática,
9. identificação da malha do processo,
8. a classificação mecânica do invólucro:
NEMA ou IEC IP,
9. a classificação elétrica do instrumento, se
elétrico e se montado em área classificada:
prova de explosão, purgado ou
intrinsecamente seguro, entidade de
aprovação,
10. acessórios: conjunto filtro regulador,
conjunto distribuidor (manifold), indicação Fig. 2.21. Instalação vertical para liquido limpo (Foxboro)
do sinal de saída ou da variável medida,
11. opções extras, como materiais especiais em
contato com o processo (Monel,
Hastelloy, tântalo, preparação para
manipular oxigênio, cloro, hidrogênio,
aplicação em serviço nuclear,
amortecimento maior que o normal, saída
reversa, aquecimento elétrico para evitar o
congelamento, alta temperatura do
processo, selo de proteção, pontos de teste,
proteção de sobre faixa.

Fig. 2.25. Instalação horizontal para fluido limpo


(Foxboro)

94
Indicador
O indicador de vazão é também chamado de
1. Conceito rotâmetro. Na prática, se chama de rotâmetro apenas
o indicador de vazão de área variável. O símbolo FG
O indicador é o instrumento que sente a variável significa visor de vazão (flow glass) e é usado em
do processo e apresenta o seu valor instantâneo. É sistemas onde se quer verificar a presença da vazão e
freqüentemente chamado de medidor, receptor, não necessariamente o seu valor, como na medição
repetidor, gauge, mas estes termos são de nível com borbulhamento de gás inerte. O
desaconselháveis por serem ambíguos e imprecisos. elemento sensor de vazão mais usado é a placa de
Indicador específico de pressão é chamado de orifício; quando a escala do indicador é raiz
manômetro; de temperatura é chamado de quadrática, pois a pressão diferencial gerada pela
termômetro e o de vazão, rotâmetro. Estes nomes placa é proporcional ao quadrado da vazão. Os
também não são recomendados, embora sejam muito outros indicadores da vazão estão associados à
usados. O recomendado é chamar respectivamente turbina, ao tubo medidor magnético e ao medidor
de indicador de pressão, de temperatura e de vazão. com deslocamento positivo . As escalas possuem
O indicador sente a variável a ser medida através unidades de volume/tempo ou massa/tempo.
do elemento primário e mostra o seu valor através do Adicionalmente, a vazão pode ser totalizada e o
conjunto escala + ponteiro ou de dígitos. valor final é indicado através de dígitos do contador.
O tag de um indicador da variável X é XI; de um Não existe contador analógico para a totalização da
indicador selecionável XJI. vazão.
O indicador pode ser estudado considerando os
seguintes parâmetros
1. a variável medida
2. o local de montagem
3. o formato exterior
4. natureza do sinal
5. o tipo de indicação

2. Variável Medida
Dependendo da variável a ser indicada, há
diferenças básicas no elemento sensor, nas unidades
da escala e pode haver nomes específicos para o
indicador. Fig. 4. 1. Manômetro ou indicador local de pressão
O indicador de pressão é também chamado de
manômetro. Na prática, se chama de manômetro
apenas o indicador local de pressão. Em algumas O indicador local de nível é chamado de visor e
convenções se simboliza o indicador local de possui o tag LG (level glass). A maioria dos
pressão como PG (pressure gauge). O elemento sistemas de medição de nível de líquidos se baseia
sensor do indicador de pressão pode ser o tubo na pressão diferencial. A escala típica para a
Bourdon, o helicoidal, o fole, a espiral, o strain medição de nível é de 0 a 100% , sem unidade.
gauge . As escalas possuem unidades de kgf/cm2, Pa
(pascal) ou psig.
O indicador de temperatura é também chamado
de termômetro. Na prática, se chama de termômetro
apenas o indicador local de temperatura. Em
algumas convenções se simboliza o indicador local
de temperatura como TG (temperature gauge). O
elemento sensor do indicador de temperatura pode
ser o bimetal, o enchimento termal, a resistência
elétrica e o termopar. As escalas possuem unidades
de oC e K.

95
Indicador

3. Local de Montagem
Os indicadores podem ser montados em dois
lugares distintos no campo ou na sala de controle.
Os indicadores de campo ou locais são montados
próximos ao processo, muitas vezes diretamente na
tabulação ou vaso do processo. Os indicadores de
campo normalmente são formato grande,
tipicamente circulares, que é o formato mais
resistente. Quando usados ao relento devem ser a
prova de tempo e quando montados em locais
perigosos devem possuir classificação elétrica
especial compatível com a classificação da área.
Fig. 4. 3. Indicadores com escala vertical e horizontal
(Foxboro)

Quando a leitura é através de um número, o


indicador é digital. Ele conta os pulsos do sinal
digital e indica o valor através de dígitos que mudam
discretamente. Para cada valor da variável medida,
há um número indicado. Atualmente já existem
instrumentos pneumáticos digitais, embora o mais
difundido seja o indicador eletrônico digital.

Fig. 4. 2. Indicador de painel (Foxboro)

Os indicadores de painel geralmente são


retangulares pois é mais fácil se fazer uma abertura
retangular numa chapa de aço do que uma abertura
circular. São tipicamente miniaturizados e pequenos,
para economia de espaço. Para ainda maior
economia de espaço é comum se ter indicadores com
1, 2 ou 3 ponteiros, para indicar simultaneamente 2
ou 3 variáveis independentes. Para facilitar a leitura,
neste caso de leituras múltiplas, cada ponteiro tem Fig. 4. 4. Indicador digital de pressão (HBM)
uma cor diferente. O indicador de painel possui
geralmente escala vertical, percorrida por ponteiros
horizontais. Atualmente, são disponíveis indicadores
eletrônicos com barra de gráfico (bargraph), que
4. Tipo da Indicação possuem técnicas e circuitos digitais para a
manipulação do sinal, porém, com a indicação final
A indicação da leitura pode ser analógica, feita em forma de barra de LEDs (diodo emissor de luz)
através de um posicionamento contínuo do ponteiro como se fosse analógica.
na escala ou digital, através da amostragem de um Uma indicação digital, pelo fato apenas de ser
dígito. digital não é necessariamente mais precisa ou
O instrumento analógico usa um fenômeno físico confiável que uma indicação analógica.
para indicar uma outra grandeza, por analogia. Ele Decididamente é mais fácil fazer uma leitura digital
mede um sinal que varia continuamente e como do que uma com ponteiro-escala, se cansa menos e
conseqüência, a posição do ponteiro varia há menor probabilidade de cometer erros quando se
continuamente assumindo todas as posições fazem inúmeras leituras digitais. A precisão e a
intermediários entre o 0 e 100%. Pode-se ter escala confiabilidade dependem ainda da qualidade dos
fixa e ponteiro móvel e mais raramente, escala componentes, do projeto, do mecanismo, da
móvel e ponteiro fixo. calibração e de vários outros fatores.
Os indicadores de painel normalmente são
montados em estantes apropriadas que já possuem

96
Indicador

conectores pneumáticos e eletrônicos de encaixe


rápido para facilitar a substituição para a
manutenção.
Na eletrônica são comuns as indicações através
de LEDs e quartzo liquido. Atualmente. há pesquisa
e desenvolvimento com tecnologias baseadas na
ionização de plasma e fluorescência no vácuo. O
objetivo final de qualquer projeto é a obtenção de
uma indicação visível à distância e de pequeno
consumo de energia elétrica.
Nos sistemas com computador digital, as
indicações são feitas através de monitores de vídeo e
as telas também simulam as escalas dos
instrumentos, com leituras analógicas.

Fig. 4. 6. Escalas de indicação

Na medição de qualquer quantidade se escolhe


um instrumento pensando que ele tem o mesmo
desempenho em toda a faixa. Na prática, isso não
acontece, pois o comportamento do instrumento
depende do valor medido. A maioria dos
instrumentos tem um desempenho pior na medição
de pequenos valores. Sempre há um limite inferior
da medição, abaixo do qual é possível se fazer a
medição, porém, a precisão se degrada e aumenta
muito.
Fig. 4. 5. Transmissor e indicador de pressão (Foxboro) Por exemplo, o instrumento com precisão
expressa em percentagem do fundo de escala tem o
5. Rangeabilidade da Indicação erro relativo aumentando quando se diminui o valor
medido. Para estabelecer a faixa aceitável de
Tão importante quanto à precisão e exatidão do medição, associa-se a precisão do instrumento com
instrumento, é sua rangeabilidade. Em inglês, há sua rangeabilidade. Por exemplo, a medição de
duas palavras, rangeability e turndown para vazão com placa de orifício, tem precisão de ±3%
expressar aproximadamente a extensão de faixa que com rangeabilidade de 3:1. Ou seja, a precisão da
um instrumento pode medir dentro de uma medição é igual ao menor que 3% apenas nas
determinada especificação. Usamos o neologismo de medições acima de 30% e até 100% da medição.
rangeabilidade para expressar esta propriedade. Pode-se medir valores abaixo de 30%, porém, o erro
Para expressar a faixa de medição adequada do é maior que ±,3%. Por exemplo, o erro é de 10%
instrumento define-se o parâmetro rangeabilidade. quando se mede 10% do valor máximo; o erro é de
Rangeabilidade é a relação da máxima medição 100% quando se mede 1% do valor máximo.
sobre a mínima medição, dentro uma determinada
precisão. Na prática, a rangeabilidade estabelece a
menor medição a ser feita, depois que a máxima é
determinada. A rangeabilidade está ligada à relação
matemática entre a saída do medidor e a variável
medida. Instrumentos lineares possuem maior
rangeabilidade que os medidores quadráticos (saída
do medidor proporcional ao quadrado da medição).

Fig. 4.7. Precisão em percentagem do fundo de escala


Não se pode medir em toda a faixa por que o
instrumento é não linear e tem um comportamento
diferenciado no início e no fim da faixa de medição.

97
Indicador

Geralmente, a dificuldade está na medição de 7. Serviços Associados


pequenos valores. Um instrumento com pequena
rangeabilidade é incapaz de fazer medições de O indicador deve ser especificado, montado,
pequenos valores da variável. A sua faixa útil de calibrado, operado e mantido de modo a apresentar
trabalho é acima de determinado valor; por exemplo, as leituras corretas e com a precisão determinada
acima de 10% (rangeabilidade 10:1), ou de 33% pelo fabricante. Para a especificação do indicador,
(3:1). devem ser considerados os seguintes parâmetros:
Em medição, a rangeabilidade se aplica 1. a variável do processo associada,
principalmente a medidores de vazão. Sempre que se 2. o elemento sensor, que é função da variável,
dimensiona um medidor de vazão e se determina a da faixa de medição, do fluido e das
vazão máxima, automaticamente há um limite de condições de operação e segurança do
vazão mínima medida, abaixo do qual é possível processo.
fazer medição, porém, com precisão degradada. 3. a faixa calibrada, importante para a
Em controle de processo, o conceito de definição do elemento sensor e da escala,
rangeabilidade é também muito usado em válvulas 4. a escala, com os valores mínimo e máximo,
de controle. De modo análogo, define-se o formato e a unidade da variável,
rangeabilidade da válvula de controle a relação 5. a plaqueta gravada, com a indicação útil
matemática entre a máxima vazão controlada sobre a para o operador,
mínima vazão controlada, com o mesmo 6. a identificação da malha (tag),
desempenho. A rangeabilidade da válvula está 7. o tipo de montagem campo, painel,
associada à sua característica inerente. Na válvula superfície, tubo de 2" ou pedestal (yoke).
linear, cujo ganho é uniforme em toda a faixa de 8. o local de montagem e como conseqüência,
abertura da válvula, sua rangeabilidade é cerca de a classificação elétrica e mecânica do
10:1. Ou seja, a mesma dificuldade e precisão que se invólucro.
tem para medir e controlar 100% da vazão, tem se 9. as opções extras, com alarme, acabamento
em 10%. A válvula de abertura rápida tem uma especial, proteção contra sobrefaixa.
ganho muito grande em vazão pequena, logo é A montagem do indicador deve ser feita
instável o controle para vazão baixa. Sua conforme a literatura recomendada do fornecedor,
rangeabilidade vale 3:1. A válvula com igual dos diagramas do projeto e das normas existentes.
percentagem, cujo ganho em vazão baixa é pequeno, Para que a leitura fornecida pelo indicador seja
tem rangeabilidade de 100:1. confiável, é necessário que ele seja calibrado, antes
da montagem (mesmo que já venha calibrado de
6. Associação a Outra Função fábrica) e periodicamente, depois que entra em
operação. Os períodos de calibração são
A indicação é uma função passiva e sua malha é determinados principalmente pelos seguintes
aberta. A indicação pode estar associada com as parâmetros:
outras funções, como a transmissão, o controle, o 1. recomendação do fabricante,
registro e a totalização. 2. classe de precisão do indicador
O transmissor a balanço de movimento é 3. agressividade do meio onde está montado
naturalmente um indicador local da variável 4. penalidade pela não conformidade da
transmitida. Há transmissores que possuem o indicação
indicador do sinal de saída e como conseqüência a A calibração do indicador pode também ser
indicação indireta da variável transmitida. determinada e requerida pelo pessoal da operação,
Toda malha de controle a realimentação negativa quando há desconfiança ou certeza de que a sua
requer a indicação da variável medida e do ponto de indicação não é confiável.
ajuste. Quando o controlador é disponível na Calibrar um indicador significa
arquitetura modular, com a estação de leitura e 1. simular a variável medida
separada do controlador cego, a indicação fica 2. medi-la com um padrão rastreado
somente na estação de leitura. 3. comparar o valor do padrão com o indicado
O registrador é naturalmente um indicador onde pelo instrumento
a escala é o gráfico e o ponteiro é a pena. Mesmo Quando necessário, deve-se ajustar a posição do
assim, o registrador possui também a escala auxiliar ponteiro na escala, de modo que a indicação fique
de indicação. A indicação correta do registrador é conforme um padrão de referência, dentro dos
dada pela posição da pena em relação a escala do limites de tolerância estabelecidos pela precisão do
gráfico. indicador.
O indicador pode possuir alarme, normalmente O ajuste do indicador consiste na atuação nos
acionado pela posição do ponteiro. mecanismos de zero, largura de faixa, balanço ou
linearidade (quando há interação entre zero e largura
de faixa) e angularidade (se balanço de
movimentos).

98
Registrador
Normalmente o percurso da pena é no sentido
1. Introdução horizontal, mas existe registrador cuja pena tem
uma excursão vertical. O gráfico do registrador de
O registrador é o instrumento que sente uma ou painel pode ser do tipo rolo (duração de 30 dias) ou
muitas variáveis do processo e imprime o seu valor sanfonado (duração de 16 dias).
no gráfico, de modo contínuo ou descontinuo, mas Na parte superior do registrador está colocada a
permanente. Ele fornece o comportamento histórico escala, que preferivelmente deve ser igual a do
da variável. O registro é feito através de pena com gráfico. Quando houver mais de um registro, o
tintas em gráfico móvel. O gráfico é também registrador continua com uma única escala e o
chamado de carta (influencia do inglês, chart). gráfico possui várias escalas em gomos diferentes.
O tag de um registrador da variável X é XR; de A função da escala do registrador é a de dar a ordem
um registrador multivariável UR e de um de grandeza do registro e geralmente é de 0 a 100,
registrador selecionável XJR. linear, indicando percentagem. Para fins de leitura e
O registrador é diferente do instrumento de Calibração, o que deve ser lido é a posição da
chamado impressora. A impressora imprime apenas pena em relação ao gráfico.
os valores indicados, quando acionada ou O registrador pode possuir as unidades de
programada. O registrador imprime os valores de controle. Tem-se assim o instrumento registrador-
modo automático e contínuo. controlador. Ele possui um único elemento receptor,
Atualmente, há outros mecanismos mais que está acoplado mecanicamente ao sistema de
eficientes e de maior capacidade para o registro (pena) e ao sistema de controle (conjunto
armazenamento das informações, tais como os bico-palheta).
disquetes e as fitas magnéticas dos computadores
digitais.
O registrador pode ser estudado considerando os
seguintes parâmetros:
1. a topografia
2. acionamento do gráfico
3. a pena e
4. o gráfico.

2. Topografia
Por topografia deve-se entender a forma e o
local de montagem do registrador. Em função do
formato, os registradores são divididos em
circulares e em tira.
O registrador circular possui gráfico circular e
sua caixa não necessariamente é do formato
circular. O registrador circular geralmente é
Fig. 5. 1. Registrador de vazão e pressão (Foxboro)
montado no campo, próximo ao processo e ligado
diretamente ao elementos primário, não
necessitando do uso do transmissor. O gráfico
possui o diâmetro externo típico de 12" e com
rotação de 24 horas ou de 7 dias. Diariamente ou
semanalmente o operador deve trocar o gráfico.
O registrador montado no painel possui o
gráfico em tira. Embora o tamanho físico do
registrador de painel (largura de 4") seja menor que
o circular de campo (12" de diâmetro) e ocupe um
terço do espaço, a área útil de registro no gráfico de
tira é a mesma que a do circular (4").

99
Registrador

3. Acionamento do Gráfico
A pena do registrador só se move numa direção
e sua posição depende do valor da variável
registrada. para haver um registro contínuo, o
gráfico deve se mover em relação a pena. O
acionamento do gráfico é conseguido por um motor
que move engrenagens, que por sua vez movem o
gráfico, desenrolando-o ou desdobrando-o de um
lado e enrolando-o do outro lado.
O motor de acionamento do gráfico pode ser
elétrico, mecânico ou pneumático.
No painel e em áreas seguras usam-se motores
elétricos com tensão de alimentação de 24 V ca, 110 Fig. 5. 2. Registrador de painel (Foxboro)
V ca ou 220 V ca. Quando o registrador é montado
no campo, em área classificada ou em local sem
energia elétrica, o acionamento do motor deve ser Há ainda os registradores de tendência ou trend
através de mola mecânica; a corda deste recorder. São registradores que possuem 4 penas
acionamento pode durar cerca de uma semana. registradoras e recebem na entrada até 20 sinais
Alternativamente o registrador com acionamento diferentes e independentes para serem registrados.
elétrico pode ser montado em área classificada, Um sistema adequado de seleção escolhe 4 entradas
porém, deve ter a classificação elétrica compatível particulares e as registra simultaneamente. Este tipo
com o grau de perigo do local. de registrador faz o registro contínuo de
O gráfico pode ser acionado e movido em multipontos e é muito útil em partidas de unidades
diferentes velocidades. A velocidade mais comum ou testes, quando se está interessado na tendência e
para o registrador retangular de painel é de 20 na variação das grandezas apenas durante o
mm/hora, considerada lenta. Em partida de transiente.
unidades, em laboratórios, em plantas piloto, em O registrador de painel geralmente é montado
demonstrações didáticas e na sintonia do em estante apropriada e ocupa duas posições,
controlador é desejável uma velocidade maior. quando o movimento da pena é horizontal; ele
Tipicamente há durações de gráficos circulares ocupa uma única posição quando a pena se
desde 1 minuto até 30 dias. movimenta verticalmente.
A pena pode ter formato em V ou em caixa
4. Penas (box). A pena V requer a coloco freqüente da tinta.
Na pena tipo caixa, o período de colocação de tinta
O registrador contínuo possui de 1 a 4 penas de é maior. Como isso não é muito pratico, atualmente
registro. Quando o registrador possui mais de uma a maioria dos registradores usa o sistema de tubo
pena, os tamanhos e os modelos destas penas são capilar. A tinta é acondicionada em pequeno
diferentes, para que não haja interferência mútua reservatório e um sistema de tubo capilar a leva para
dos registros. Isto deve ser considerado ao se a pena. Deve-se tomar cuidado especial com estes
especificar as penas de reposição especificar a registradores durante seu transporte para
posição da pena em questão externa, intermediária, manutenção. No inicio da operação é necessário se
interna, primeira, segunda. apertar o reservatório de tinta - com cuidado - de
O registrador multiponto possui uma única pena modo que se encha todo o capilar de tinta, expulse
ou dispositivo impressor associado a um sistema de as bolhas de ar e a tinta chegue até a pena. É uma
seleção de entradas. Há um sistema de varredura das boa idéia colocar um pedaço de papel absorvente
entradas, de modo que todas as leituras são lidas e debaixo da pena quando se faz esta operação para
registradas, uma de cada vez, consecutivamente e prevenir borrões.
numa ordem bem estabelecida. Para identificar a O registrador de painel deve ser montado na
entrada ou a variável registrada, usam-se cores de posição horizontal, preferivelmente. Existem
tintas diferentes ou então o próprio dispositivo inclinações máximas permissíveis, além das quais
impressor possui diferentes marcas de identificação. não há registro.
As cores das penas são iguais as cores da tinta
de registro. As tintas não devem ser misturadas,
pois a cor da mistura é totalmente diferente da cor
dos componentes, e.g., o verde misturado com o
vermelho dá o marrom.
O movimento da pena é linear, no registrador de
painel com gráfico de tira e é um arco de circulo, no
registrador com gráfico circular.

100
Registrador

existentes, são as coordenadas polares uma


distância e um ângulo.

(a) Rolo (b) Sanfonado


Fig. 5.3. Registrador microprocessado (Yokogawa) Fig. 5.4. Enrolamento do gráfico

Opcionalmente o registrador de painel possui


uma lâmpada piloto e contatos de alarme acionados Existe uma grande quantidade de gráficos
fisicamente pela posição da pena. O conhecimento diferentes. As diferenças estão no tamanho físico,
do alarme consiste em abrir a porta do registrador. no tamanho da área útil de registro, nas escalas, nos
furos de fixação, no sistema de enrolamento.
5. Gráficos Para a especificação correta de um gráfico deve
se fornecer
O registro das variáveis, feito pela pena, é nome do fabricante do registrador. Obviamente
conservado no gráfico. O gráfico deve ser de papel o fabricante do registrado fornece gráficos somente
absorvente, de boa qualidade, de modo que não para uso em instrumentos de sua marca. Mesmo que
estrague nem entupa a pena. O traçado deve ser a escala seja a mesma, as dimensões do gráfico e da
contínuo, nítido e sem borrão. área útil de registro sejam idênticas, pode haver
A analise do registro da variável pode indicar o diferenças na função lateral, no sistema de
horário dos distúrbios do processo. Para isso, acionamento. Normalmente os fabricantes de
assume-se que o gráfico esteja corretamente registradores fornecem inicialmente uma quantidade
instalado, ajustado para o tempo real do dia e que o de gráficos suficiente para 6 meses de operação.
registrador esteja calibrado. formato e tipo de acionamento. Há gráficos
A tinta deve fluir pela pena, de modo contínuo, circulares de 10" e 12" de diâmetro e gráficos em
conseguido pela pressão mecânica adequada entre a carta tipo rolo ou sanfonado, de 4".
pena e o gráfico. Se a pressão da pena é excessiva faixa de medição. Deve-se informar a faixa ou
pode haver rasgos no gráfico e desgaste excessivo as diferentes faixas e suas características
da pena, se é insuficiente, pode haver deslizamentos matemáticas. Por exemplo, 0-100 uniforme ou
e saltos da pena. linear, 0 a 10 raiz quadrática. Quando se trata do
O comprimento de um gráfico de tira varia de 30 registro da temperatura, o tipo da curva, além da
a 70 metros de comprimento. Normalmente o de faixa de medição. Por exemplo, RTD de Pt,
rolo tem o dobro do tamanho do gráfico sanfonado. termopar tipo J, K.
O último meio metro do gráfico de tira, quando
faltam cerca de 18 horas de registro, é marcado
com uma faixa vermelha, para advertência da
proximidade da troca do gráfico.
O gráfico possui duas coordenadas o valor
registrado da variável e o tempo. O movimento da
pena é linear em uma direção, normalmente
transversal. O movimento mecânico do gráfico é
regular e longitudinal. A maioria dos gráficos usa
coordenadas cartesianas, geralmente retangulares
com as linhas retas se cruzando
perpendicularmente. Quando pelo menos uma das
linhas de referência é um arco de circulo, as
coordenadas são curvilíneas. De pouco uso, porém

101
Registrador

6. Associação a Outra Função 4. o número e o tipo das penas, de acordo


com o número das variáveis registradas 1 a
O registro é uma função passiva que armazena 4 penas continuas ou 6, 12 ou 24 pontos
os valores históricos da variável do processo. A 5. o acionamento do gráfico elétrico (tensão e
malha de registro é aberta, iniciada no elemento freqüência), e mecânico (duração da
sensor, ligado ao processo e terminada no corda),
registrador. 6. o enrolamento do gráfico,
O registrador ligado diretamente ao processo 7. a escala do registrador valor e tipo (faixa
pode alojar a unidade de controle automático. No de medição, linear, raiz quadrática),
painel, as funções de controle e de registro são 8. a escala do gráfico valor e tipo (faixa de
sempre independentes e executadas por medição, marcação do tempo, dupla, tripla,
instrumentos separados. linear),
O registrador pode ter, opcionalmente, os 9. a plaqueta gravada dados úteis para o
contatos elétricos para alarme, que são acionados operador do processo, como a
pela posição da pena e podem ser atuados pelo valor correspondência das penas com as
mínimo, máximo ou diferencial. Cada pena possui variáveis registradas.
os seus contatos de alarme independentes. 10. a identificação das malhas, como TR 2O4.
O gráfico do registro da vazão instantânea pode 11. o suprimento de gráfico e de tinta,
ser utilizado para a sua totalização. A partir do 12. as opções extras, como alarme, iluminação
registro da pressão diferencial proporcional ao interna, acabamento especial, unidade de
quadrado da vazão pode-se determinar a quantidade controle, contador-integrador.
total da vazão, numa operação manual ou através do 13. a classificação mecânica do invólucro e
planímetro. classificação elétrica, se há alimentação
Embora raro, é possível se associar a elétrica e se a área é perigosa.
transmissão ao registrador local. A montagem do registrador deve seguir as
instruções do fabricante, os diagramas de ligação do
projeto detalhado e as normas existentes.
O pessoal da operação é responsável pela leitura
dos registros, pelo armazenamento organizado dos
gráficos para consulta posterior, pelo enchimento ou
troca dos recipientes de tinta e pela troca dos
gráficos. Quando os gráficos são usados para a
totalização, via planímetro, o pessoal da operação se
responsabiliza por esta tarefa.
A calibração do registrador deve ser feita pelo
instrumentista. Calibrar um registrador é verificar se
o sinal de entrada correspondente. Quando estiver
fora, o registrador deve ser ajustado. Ajustar o
registrador é posicionar pena em relação ao gráfico
(e não em relação a escala do registrador) de
conformidade com os sinais de entrada.

Fig. 5.5. Registrador com ações de controle (Foxboro)

7. Serviços Associados
O registrador deve ser especificado, montado,
operado e mantido de modo correto, para que não se
danifique e que registro os valores das variáveis
com o mínimo erro especificado pelo fabricante.
Na especificação do registrador, devem ser
conhecidos os seguintes parâmetros:
1. a variável do processo P, T, F, L.
2. o elemento sensor desejado
3. a montagem tubo 2", painel, estante
especial, ângulo de inclinação.

102
Computador de Vazão
Os computadores de vazão sofreram uma grande
1. Conceito evolução, desde o seu lançamento no mercado, no
inicio dos anos 1960. Eles foram originalmente
O computador de vazão é projetado para a projetados para manipular as equações da AGA
solução instantânea e contínua das equações de (American Gás Association) para vazão mássica de
vazão dos elementos geradores de pressão gás e foram construídos em torno de
diferencial (placa, venturi, bocal) e dos medidores multiplicadores, divisores e extratores de raiz
lineares de vazão (turbina, medidor magnético, quadrada. Atualmente, os computadores são
vortex). O computador de vazão recebe sinais principalmente dispositivos digitais que podem ser
analógicos proporcionais à pressão diferencial, classificados em dois tipos
temperatura, pressão estática, densidade, viscosidade 1. programável, que faz quase qualquer
e pulsos proporcionais à vazão e os utiliza para cálculo desejado que está programado nele
computar, totalizar e indicar a vazão volumétrica e
compensada ou não-compensada e a vazão mássica. 2. pré-programado ou dedicado, que manipula
apenas uma aplicação selecionada.

2. Programáveis
As unidades programáveis são os computadores
de vazão mais avançados do mercado. Eles custam
mais, quando comparados com os computadores
dedicados. Dependendo da programação, eles
calculam a vazão de gases ou líquidos usando as
equações da AGA, API (American Petroleum
Institute e outras relações. Eles também fazem
cálculos de vazão volumétrica. A compensação, de
massa , molar e media, energia, BTU, eficiência,
trabalham com níveis de tanque, manipulam vazões
em canais abertos, executam o algoritmo de controle
PID, fazem cálculos de transferência de custódia e
muitas outras coisas.

Fig. 6.1. Aplicação típica de computador de vazão

A vazão instantânea e a sua totalização são


indicadas nos painéis frontais do computador de
vazão, na forma de indicadores digitais, contadores
eletromecânicos ou eletrônicos. O computador provê
ainda saídas analógicas e contatos de reles para fins
de controle e monitoração da vazão.
O computador de vazão é um instrumento a base
de microprocessador que pode ser montado em
painel da sala de controle ou diretamente no campo,
onde é alojado em caixa para uso industrial, com
classificação mecânica do invólucro à prova de
tempo e, quando requerido, com classificação
elétrica da caixa à prova de explosão ou à prova de
chama.
O computador é programado e as constantes são Fig. 6. 2. Totalizador de vazão (Foxboro)
entradas através de um teclado, colocado na frente
ou no lado do instrumento.

103
Computador de Vazão

3. Dedicado mecânicos da instalação do medidor, tais como beta


da placa, faixa do transmissor, tipo de tomadas da
Os computadores de vazão dedicados são pressão diferencial. Esta constante é colocado no
relativamente mais simples, mais fáceis de usar, computador como um fator do sistema digital e
montados no campo e mais baratos que os escalona a saída para a unidade de vazão desejada.
programáveis. Como desvantagem, eles só fazem
uma tarefa, manipulam apenas uma malha e sua
capacidade gráfica é limitada. Tipicamente, eles
computam as vazões de gases ou líquidos baseados
nas várias equações AGA ou API. Alguns, porém,
calculam vazões de vários estados de vapor e outros
são dedicados a cálculos de vazão para canais
abertos, vertedores e calhas.
Muitos destes computadores são reprogramáveis
. Porém, o programa pode ser modificado no campo
pelo operador, que responde a perguntas do seu
menu.

Fig. 6.3. Computador, com bateria solar (Daniel)

4.2. Vazão de gás com compensação


Como os gases são compressíveis, é necessário
fazer a compensação da pressão estática e da
temperatura do processo. Nesta aplicação, o
computador recebe três sinais analógicos
o sinal de 4 a 20 mA cc do transmissor de vazão,
Fig. 6.3. Computador de vazão e sinais de proporcional ao quadrado da vazão medida,
entrada e saída o sinal de 4 a 20 mA cc do transmissor de
pressão, proporcional à pressão absoluta estática do
processo. Mesmo que seja usado o valor da pressão
absoluta, normalmente se usa um transmissor de
pressão manométrica e acrescenta-se 1 kgf/cm2 de
polarização.
4. Aplicações Clássicas o sinal de 4 a 20 mA cc do transmissor de
temperatura, proporcional à temperatura absoluta do
processo. Opcionalmente, pode-se recebe o sinal de
4.1. Vazão de liquido resistência de um RTD ou a militensão de um
Quando usado com a placa de orifício, o computador termopar. Também deve ser usado o valor da
recebe o sinal analógico de 4 a 20 mA cc do temperatura absoluta, em K; basta somar 273,2 à
transmissor de vazão d/p cell, proporcional ao escala Celsius.
quadrado da vazão medida, lineariza-o, extraindo a opcionalmente, pode receber o sinal de 4 a 20
raiz quadrada e o escalona em unidade de mA cc de um transmissor de densidade, para corrigir
engenharia. a densidade do gás.
Como os líquidos com composição constante são O computador executa a seguinte equação:
considerados não compressíveis, não se é necessária
a compensação da pressão e da temperatura e a ∆p × p
vazão é proporcional à raiz quadrada da pressão Q=C
T×G
diferencial, ∆P.
Se a densidade relativa do gás é
Q=C ∆P aproximadamente constante com o tempo, um fator
médio 1/G pode entrar como parte da constante C
Esta constante C é calculada dos dados
relacionados com o tipo do fluido e dos parâmetros

104
Computador de Vazão

4.3. Sistema com 2 transmissores 5. Seleção do Computador


Existem computadores de vazão duais que
Quando selecionando um computador de vazão,
podem receber sinais de sistemas de medição de
deve-se primeiro decidir o que o computador vai
vazão com uma placa e dois transmissores ou com
fazer, se é necessário um instrumento de precisão ou
duas placas e dois transmissores.
um sistema de controle, lembrando-se que o controle
É comum se usar dois transmissores associados a
preciso começa com uma medição precisa e de alta
uma única placa de orifício para aumentar a
resolução. A resolução do computador de vazão é
rangeabilidade da medição; por exemplo, um
dada pelo número de bits de seu conversor A/D, por
calibrado de 0 a 20 mm c.a. e o outro de 0 a 2000
exemplo um computador com conversor de 18 bits
mm c.a. O computador de vazão seleciona
possui resolução de 0,01%. Porém, quando se
automaticamente a pressão diferencial correta e
considera a precisão, deve-se tomar o elo mais fraco
aplica o fator de escalonamento certo. Quando a
do sistema, o elemento sensor de vazão. A precisão
vazão sobe, o chaveamento para o transmissor de
do sistema nunca ficará melhor que a do sensor do
2000 mm ocorre em 98% da faixa do transmissor de
sistema, mesmo com conversor A/D de 18 bits.
300 mm; quando a vazão desce, o chaveamento para
Também deve se considerar a necessidade da
o transmissor de 200 mm se dá em 96% desta faixa.
compensação de pressão, temperatura, densidade
Esta diferença de chaveamento é para evitar a
e/ou viscosidade e quais os sensores e transmissores
oscilação contínua entre os dois transmissores,
usados para as medições destas variáveis.
quando a vazão estiver marginalmente próxima do
As questões que devem ser consideradas acerca
fundo de escala do transmissor de 200 mm c.a.
do computador de vazão são:
1. Desempenho da medição resolução, capacidade
de linearização, indicação da vazão instantânea,
totalização, alarme, intertravamento, pré-
determinação.
2. Condições ambientais e local de montagem sala
de controle, que é um ambiente excelente ou no
campo, que requer caixa à prova de tempo e se
for área classificada, requer uma classificação
elétrica especial.
3. Quantidade de malhas manipuladas
possibilidade de se usar um computador de
vazão com canal dual.
4. Tipos de sinais de entrada e saída analógicos
eletrônicos de 4 a 20 mA cc e pneumáticos de 3
a 15 psig, sinal de resistência elétrica (RTD) e
militensão de termopar, militensão de tubo
magnético de vazão, ou sinal de freqüência
(turbina, vortex, deslocamento positivo, ultra-
Fig. 6.4. Sistema com uma placa e dois transmissores de sônico). Possibilidade de saída analógica para
vazão uso em outro equipamento.
5. Comunicações definir a metodologia de
contatos de entrada/saída, sinais analógicos,
4.5. Vazão de massa de gás sinais de pulso, portas de comunicação, por
Qualquer gás pode ser medido em termos de sua exemplo serial RS 232 C, RS 422 .
massa ou peso, usando-se a entrada de um medidor 6. Interfaces de comunicação definir os tipos de
de densidade do gás, corrigindo-se a interfaces para Controlador Lógico
compressibilidade e a composição do gás. Programável, para Sistemas Digitais de
Controle Distribuído, para impressoras .
7. Aplicações - definir as equações matemáticas a
W = k ∆p serem executadas como da ISO 5167, ISO 9951,
AGA-3, AGA-5, AGA-7 e outras.
8. Software entrada da configuração simples de
somente alguns parâmetros. As modificações
podem ser feitas pelo usuário ou apenas pelo
fabricante.
9. Serviço no campo partida do sistema, reparo no
campo e disponibilidade de peças de reposição.

105
Computador de Vazão

6. Planímetro 2. processamento dos resultados através de


calculadoras embutidas,
Muitas indústrias armazenam os gráficos com os 3. programação para qualquer relação de escala
registros permanentes dos valores instantâneos da plausível,
vazão para a observação visual das vazões 4. acumulação de resultados na memória, para
instantâneas e das suas tendências, para fins de processamento posterior,
cobrança e para levantamento de balanços. A 5. conversão rápida entre unidades de vários
totalização da vazão pode ser obtida ou por cálculos sistemas,
manuais ou através do planímetro. 6. programação para medições em volume (m3,
ft3) ou $/volume.
6.1. Histórico A precisão típica do planímetro é de ±0,1 a ±
0,5% do fundo de escala.
O planímetro é um instrumento de precisão
usado para a avaliação rápida e exata de áreas planas 6.3. Gráficos Circulares Uniformes
de qualquer formato ou contorno. Na medição de
vazão, o planímetro é usado especialmente para Os gráficos uniformes são divididos em
totalizar a vazão, a partir de registros da vazão segmentos iguais, entre o raio interno e o externo.
instantânea, da pressão estática e da temperatura em Ao longo de um arco sobre o qual a pena registrou,
gráficos circulares ou de tira. A integração pode ser os gráficos podem ser marcados em percentagem do
feita por um planímetro de mesa operado fundo de escala ou em unidades das variáveis
manualmente, automaticamente ou por um sistema medidas, como oC, kPa, m3/h.)
incluindo um computador pessoal.
O primeiro planímetro foi desenvolvido pelo
matemático suíço James Laffon, em 1854. Ele
chamou-o de "Integrador Scheiben". Trabalhando de
modo independente, o professor austríaco A. Miller
Hauenfels inventou o planímetro polar, em 1855.
Os fabricantes mais conhecidos são: LASICO (Los
Angeles Scientific Instrument Co.), Flow
Measurement (Tulsa, OK), UGC Industries e Ott.

Fig. 6.6. Planímetro para gráfico de tira

Para um planímetro que integra radialmente,


deve-se usar um fator de correção, porque o
planímetro radial considera as distancias radiais
médias e os gráficos uniformes empregam
incrementos iguais ao longo do arco. Este fator pode
ser obtido de curvas disponíveis na literatura técnica.
A não ser que as pressões diferencial e estática
permaneçam constantes ou seja usado um extrator de
raiz quadrada, os planímetros radiais não devem ser
usados para achar a média dos registros das pressões
Fig. 6.5. Planímetro para gráfico circular (Lasico) diferencial e estática. Nos cálculos deve-se achar a
média da raiz quadrada e não a raiz quadrada da
média.
6.2. Método do planímetro
O método do planímetro é o mais profissional, 6.4. Especificação do Planímetro
rápido, preciso, eficiente e consistente método para A seleção e especificação do planímetro incluem:
medir áreas planas. Não se requer nenhuma 1. formato e tamanho do gráfico, circular de
habilidade matemática para operar um planímetro, 10", circular de 12", tira de 4" tipo rolo, tira
simplesmente deve-se seguir o contorno da área com de 4" tipo sanfona.
um traçador e o resultado é diretamente indicado, 2. relação matemática da saída com relação a
por contadores digitais, mecânicos ou eletrônicos. vazão: linear, quadrática.
Atualmente, os planímetros possuem várias 3. tipo do totalizador/contador, mecânico ou
funções, como as de: eletrônico, com ou sem escalonador.
1. computação automática da área na escala e
unidade corretas,

106
Controlador
determinado pela variável medida. O controlador de
1. Conceito painel recebe o sinal padrão proporcional a medição
do transmissor e deve possuir circuitos de entrada
O principal componente da malha de controle é o que condicionam o sinal de medição. O controlador
controlador, que pode ser considerado um pneumático possui o fole receptor de 3 a 15 psig e o
amplificador ou um computador. controlador eletrônico possui o circuito receptor, que
O controlador automático é o instrumento que pode ser a ponte de Wheatstone, o galvanômetro, o
recebe dois sinais de entrada: a medição da variável circuito potenciométrico. A medição é indicada na
e o ponto de ajuste, compara-os e gera escala principal do controlador.
automaticamente um sinal de saída para atuar a
válvula, de modo a diminuir ou eliminar a diferença
entre a medição e o ponto de ajuste. O controlador
2.2. Ponto de Ajuste
detecta os erros infinitésimais entre o valor da Quanto ao ponto de ajuste, há três modelos de
variável de processo e o ponto de ajuste e responde, controladores
instantaneamente, de acordo com os modos de 1. com o ponto de ajuste manual,
controle e seus ajustes. O sinal de saída é a função 2. com o ponto de ajuste remoto,
matemática canônica do erro entre a medição e o 3. com o ponto de ajuste manual ou remoto.
valor ajustado, que inclui as três ações de controle O controlador com o ponto de ajuste manual possui
proporcional, integral e derivativa. A combinação um botão na parte frontal, facilmente acessível ao
dessas três ações e os seus ajuste adequados são operador de processo, para que ele possa estabelecer
suficientes para o controle satisfatório e aceitável da manualmente o valor do ponto de referência.
maioria absoluta das aplicações práticas. Quando o operador aciona o botão, ele posiciona o
ponteiro do ponto de ajuste na escala e gera um sinal
de mesma natureza que o sinal da medição.

Fig. 1.1. Sinais do controlador

2. Componentes Básicos
Para executar estas tarefas, o controlador deve
possuir os seguintes blocos funcionais
1. a medição,
2. o ponto de ajuste
2. a comparação
3. a geração do sinal de saída
4. a atuação manual opcional Fig. 7. 1. Controlador analógico de painel (Foxboro)
5. a fonte de alimentação
6. as escalas de indicação
O controlador com o ponto de ajuste remoto não
2.1. Medição possui nenhum botão na parte frontal. O sinal
No controlador a realimentação negativa, a correspondente ao ponto de ajuste entra na parte
variável controlada sempre deve ser medida. O traseira do controlador e é indicado na escala
controlador pode estar ligado diretamente ao principal. O sinal pode ser proveniente da saída de
processo, quando possui um elemento sensor outro controlador ou de uma estação manual.

107
Controlador

O controlador com os pontos de ajuste remoto e 2.4. Unidade de Balanço Automático


local possui um botão para o operador estabelecer
manualmente o ponto de ajuste e recebe o ponto de A maioria dos controladores com a estação
ajuste remoto. Ambos os sinais são indicados na manual possui a estação de balanço automático que
escala principal. O controlador possui também a permite a passagem de automático para manual e
chave seletora R/L (remoto-local) do ponto de vice versa, de modo contínuo, sem provocar
ajuste. distúrbio no processo e sem a necessidade de se
É obrigatório que a medição e o ponto de ajuste fazer o balanço manual da saída do controlador.
sejam de mesma natureza, ambos pneumáticos, Erradamente se pensa que esta transferência requer a
mecânicos, de corrente ou de tensão elétrica, para igualdade entre a medição e o ponto de ajuste (?!).
que seja possível a comparação entre eles. O ponto Quando o controlador não possui a estação de
de ajuste e a medição são indicados na mesma escala transferência automática, o operador deve garantir
principal do controlador e a posição relativa dos que o sinal inicial da saída manual seja igual ao sinal
ponteiros fornece o valor do erro entre os dois sinais. final da saída automática de modo que o processo
não perceba esta mudança de automático para
manual. No mínimo, o controlador possui um
dispositivo de comparação que possibilita o balanço
prévio entre os sinais de saída automático e manual.
O fundamental é não provocar uma descontinuidade
no sinal de saída quando da transferência de
automático para manual ou manual para automático.

Fig. 7. 2. Controladores e registrador (Foxboro)

2.5. Malha Aberta ou Fechada


Assim que o controlador é instalado em um
2.3. Estação Manual Integral processo e colocado em automático, cria-se uma
malha fechada. A saída do controlador afeta a
A maioria absoluta dos controladores possui a medição e vice-versa. Quando este efeito é quebrado
estação manual de controle integralizada ao seu em qualquer uma das direções, a malha é chamada
circuito. Sob o ponto de vista do controle, as de aberta e não mais existe o controle a
situações mais comuns que requerem a intervenção realimentação negativa. Vários eventos podem abrir
manual do operador de processo são a malha fechada a realimentação negativa
1. na partida do processo, quando a banda 1. a colocação do controlador em manual. Isto
proporcional é menor que 100%. Neste causa a saída se manter constante, mesmo
caso, quando a medição está em 0% e o que haja variação da medição, a não ser que
ponto de ajuste está acima de 50%, a o operador a modifique.
variável controlada está fora da banda 2. a falha do sensor ou do transmissor. Isto
proporcional. elimina a habilidade do controlador
2. quando o processo entra em oscilação, ou observar a variável controlada.
seja, quando o ganho da malha fechada de 3. a saturação da saída do controlador em 0 ou
controle fica igual a 1. Quando se coloca o 100% da escala. Isto elimina a habilidade
controlador em manual, abre se a malha de do controlador atuar no processo.
controle e se pode estabilizar o processo. 4. a falha do atuador da válvula, por causa de
Assim, para as partidas e emergências, o atrito ou falha na válvula.
controlador deve incluir um gerador de manual do Quando uma malha de controle não está
sinal de saída acionado diretamente pelo operador do operando corretamente, a primeira coisa a verificar é
processo. Quando a saída vem do circuito PID, diz- se a malha continua fechada. Muitas vezes, se perde
se que o controlador está em automático; quando muito tempo tentando sintonizar um controlador
vem do gerador manual, o controlador está em quando o problema está em outro local da malha de
manual. controle.

108
Controlador

Tanque cheio seguro e válvula na entrada


Tanque vazio seguro e válvula na entrada Se o tanque seguro é cheio e a válvula de
Se o tanque seguro é vazio e a válvula de controle na entrada, em caso de falta de sinal, a
controle na entrada, em caso de falta de sinal, a válvula deve abrir, então a ação da válvula é ar para
válvula deve fechar, então a ação da válvula é ar fechar ou falha-abre. Com a válvula fechada, o
para abrir ou falha-fecha. Com a válvula fechada, tanque se esvazia, levando o sistema para a
o tanque não se enche e fica vazio, levando o segurança. A válvula está a 100% com 20 kPa (3
sistema para a segurança. A válvula está a 0% com psig) e a 100% com 100 kPa (15 psig).
20 kPa (3 psig) e a 100% com 100 kPa (15 psig). A ação do controlador, como conseqüência, deve
A ação do controlador, como conseqüência, deve ser direta: quando o nível aumenta, a válvula deve
ser inversa: quando o nível aumenta, a válvula deve fechar mais para fazê-lo diminuir e a saída do
abrir mais para fazê-lo diminuir e a saída do controlador deve aumentar, fechando mais a válvula.
controlador deve diminuir, abrindo mais a válvula.

Tanque vazio seguro e válvula na saída.


Se o tanque seguro é vazio e a válvula de Tanque cheio seguro e válvula na saída.
controle na saída, em caso de falta de sinal, a válvula Se o tanque seguro é cheio e a válvula de
deve abrir, então a ação da válvula é ar para fechar controle na saída, em caso de falta de sinal, a
ou falha-abre. Com a válvula aberta, o tanque se válvula deve fechar, então a ação da válvula é ar
esvazia, levando o sistema para a segurança. A para abrir ou falha-fecha. Com a válvula fechada,
válvula está a 100% com 20 kPa (15 psig) e a 0% o tanque se fica cheio, levando o sistema para a
com 20 kPa (3 psig). segurança. A válvula está a 0% com 20 kPa (3 psig)
A ação do controlador, como conseqüência, deve e a 100% com 100 kPa (15 psig).
ser inversa: quando o nível aumenta, a válvula deve A ação do controlador, como conseqüência, deve
abrir mais para fazê-lo diminuir e a saída do ser direta: quando o nível aumenta, a válvula deve
controlador deve diminuir, abrindo mais a válvula. abrir mais para fazê-lo diminuir e a saída do
controlador deve aumentar, abrindo mais a válvula.

109
Controlador

3. Especificação do Controlador
As dificuldades de controle do processo variam
muito e por isso são disponíveis controladores
comerciais de vários tipos e modos de controle.
Existem características padronizadas e existem
aquelas especiais, fornecidas somente quando
explicitamente solicitado.
Não especificar todas as necessidades requeridas
implica em se ter um controle de processo
Fig. 1.1. Malha aberta de controle insatisfatório e até impossível. Especificar o
equipamento com características extras que não
terão utilidade é, no mínimo, um desperdício de
dinheiro.
Constitui também uma inutilidade a
2.6. Ação Direta ou Inversa especificação do instrumento com características
especiais, sem entende-las e sem ajusta-lo de modo
O controlador possui a chave seletora para ação apropriado.
direta e ação inversa. A ação direta significa que o
aumento da medição implica no aumento da saída do
controlador. A ação inversa significa que o aumento 3.1. Controlador Liga-Desliga
da medição provoca a diminuição da saída do O controlador liga-desliga é instável, por
controlador. construção, pois não possui o circuito de
A escolha da ação do controlador depende da realimentação negativa para diminuir seu ganho, que
ação da válvula de controle e da lógica do processo. é, infinito. A sua construção é a mais simples e o
A atuação da válvula de controle pode ser ar-para- controlador pneumático consiste de
abrir ou ar-para-fechar deve ser escolhida em função 1. fole de medição
da segurança do processo. 2. fole de ponto de ajuste
A regra básica para a seleção das ações do 3. conjunto bico-palheta
controlador e da válvula é a seguinte: Como não se precisa estabilizar o sistema, não se
1. a partir da segurança do processo, determina-se usa o fole de realimentação negativa. O controlador
a ação da válvula de controle. liga-desliga pode ser obtido a partir do controlador
2. depois de definida a ação da válvula e partir da proporcional, retirando-se o conjunto fole de
lógica do processo, determina-se a ação do realimentação proporcional e a mola.
controlador. A saída do controlador pneumático liga-desliga é
Por, exemplo, seja o controle do nível de um tanque. igual a 0 psig ou 20 psig, que é o valor da
As alternativas são a segurança do tanque cheio ou alimentação.
vazio, a ação do controlador direta ou inversa, a O controlador liga-desliga pode sofrer pequenas
atuação da válvula ar-para-abrir ou ar-para-fechar e modificações que melhoram o desempenho do
a válvula de controle esta na entrada ou na saída do circuito convencional.
tanque. Combinando-se estas situações, chega-se a
quatro configurações possíveis.
Um controlador que é retirado da malha para a
manutenção e é reinstalado pode ter sua ação de
controle invertida. Muitas vezes, o posicionador da
válvula pode reverter a resposta da válvula. Enfim, a
ação do controlador, a ação da válvula, a posição do
atuador, a ação do posicionador, tudo deve ser
considerado e coerente para se obter o controle
desejado.

Fig. 1.1. Controle liga-desliga (on-off)

110
Controlador

3.2. Controlador de Intervalo Diferencial Será admitido que seja sabido o funcionamento
do conjunto bico-palheta-relé pneumático. O
O controlador de intervalo diferencial é análogo conjunto bico-palheta gera um sinal pneumático
ao liga-desliga, porém, em vez de ter um único padrão de 3 a 15 psig, proporcional a distância
ponto de referência, possui dois pontos de atuação relativa entre o bico que sopra e a palheta que
um para ligar o elemento e outro para desligar. Entre obstruí. O bico é alimentado pela alimentação
os dois pontos há um intervalo. pneumática de 20 psig. O relé serve para amplificar
O principal objetivo do controle de intervalo pneumaticamente a pressão e o volume de ar
diferencial é evitar as operações freqüentes de comprimido. Os foles pneumáticos exercem forças
partida e parada do operador final. A amplitude de que são proporcionais aos sinais de pressão
oscilação é aumentada, porém, a freqüência de recebidos. Assim, quando se falar do fole de
oscilação é melhorada e o elemento final de controle medição, pode se estar referindo indistintamente ao
é acionado um menor número de vezes. valor da medição, a pressão exercida no fole, ou na
A principal aplicação do controle de intervalo força exercida pelo fole. Foi considerado o sistema a
diferencial é em sistema de medição de nível, balanço de forças, quando poderia ter sido escolhido
quando não se quer o controle exato do nível, mas se o de balanço de movimentos.
deseja apenas evitar que o tanque vaze ou fique O circuito básico do controlador pneumático com
vazio. O motor da bomba de enchimento é ligado no ação proporcional é constituído dos seguintes
nível mínimo e desligado no nível máximo. Entre os elementos
dois níveis o motor permanece numa situação 1. fole de medição, que recebe o sinal da medição
estável ligado quando estiver subindo e desligado da variável do processo
quando estiver descendo. Deste modo, o motor da 2. fole de ponto de ajuste, estabelecido
bomba de enchimento é ligado poucas vezes. manualmente ou de modo remoto. Esse fole
sempre está em oposição ao fole de medição, a
fim de que seja detectado o erro ou o desvio
entre ambos os valores.
3. conjunto bico-palheta-relé, para gerar o sinal de
saída do controlador.
4. A alimentação pneumática de 20 psig é aplicada
ao bico, através do relé pneumático.
5. fole proporcional ou fole de realimentação
negativa, que recebe o sinal de saída do relé,
que é a própria saída do controlador. A
finalidade do fole proporcional é a de estabilizar
o sistema em uma posição intermediária. A
realimentação negativa é a responsável pela
estabilidade do sistema.
Fig. 7. 6. Controle liga-desliga em dois pontos 6. mola, usada para contrabalançar a força do fole
proporcional. Normalmente a mola é ajustada
para prover a polarização do controlador. Ela é
ajustada para o controlador produzir uma saída
de 9 psig, quando o erro for igual a zero.
7. o fulcro ou ponto em torno do qual as forças se
3.3. Controlador Proporcional equilibram. O deslocamento desse ponto em
A relação matemática da saída do controlador torno da barra de forças é que estabelece o valor
proporcional puro é a seguinte: da banda proporcional do controlador. Quanto
mais próximo o ponto estiver dos foles
100% medição-ponto de ajuste, mais larga é a banda
s = s0 + e proporcional, menor é o ganho e menos sensível
BP é o controlador. Quanto mais próximo estiver o
ponto de apoio do conjunto fole proporcional-
Pelo enfoque do presente trabalho, não serão
mola, mais estreita é a banda proporcional,
vistos os circuitos interiores dos instrumentos. Esse
maior é o ganho e mais sensível é o controlador.
assunto será tratado com maior rigor e cuidado nos
No caso extremo do fulcro estar no ponto de
trabalhos sobre a Instrumentação Pneumática e sobre
contato dos foles de medição e de ponto de ajuste, o
a Instrumentação Eletrônica. Porém, para fixar idéia
controlador não responde a nenhuma variação; não
e para se entender os princípios básicos, será visto
há controle. Quando o fulcro coincidir com o fole
aqui o circuito básico do controlador proporcional.
proporcional e a mola, não há realimentação
Por simplicidade e por exigir menos pré-requisitos,
negativa, o sistema é instável e o controlador é liga-
será mostrado o esquema simplificado do
desliga, a ser visto depois.
controlador pneumático.

111
Controlador

3.4. Controlador Proporcional mais


Integral
A relação matemática da saída do controlador
proporcional mais integral é a seguinte:

100% 1
s = s0 + e + ∫ edt
BP Ti

Raramente se utiliza a ação integral isolada. Em


compensação, o controlador com as duas ações,
proporcional e integral, é utilizado em cerca de 70%
das malhas de controle de processo.
Fig. 7. 7. Circuito pneumático com as ações de controle O controlador proporcional mais integral possui
as duas ações independentes e com objetivos
diferentes e complementares
O fole proporcional é um dispositivo que fornece 1. a ação proporcional é estática e serve para
a realimentação negativa ao controlador antes que a estabilizar o processo. Porém, a ação
medição o faça através do processo. A realimentação isolada é insuficiente para manter a
interna do controlador é mais rápida que a medição igual ao ponto de ajuste e deixa
realimentação externa do processo. O fole um desvio permanente.
proporcional dosa a correção do controlador, 2. ação integral é dinâmica e serve para
evitando uma correção exagerada para uma eliminar o desvio permanente deixado pela
determinada variação do processo. Se houvesse ação proporcional. A ação integral é uma
apenas a realimentação externa, provida pela correção adicional e atua depois da ação
medição do processo, a correção seria muito proporcional.
demorada e sempre haveria sobrepico (overshoot) de No controlador pneumático proporcional e
correção. integral, acrescenta-se um fole junto à mola. Em vez
Enquanto houver erro entre a medição e o ponto de se ter uma força fixa, tem se uma força variável,
de ajuste, os seus foles tem pressões diferentes e o que pode equilibrar as forças proporcionais às
fole de realimentação atua. Quando a medição fica pressões da a medição, do ponto de ajuste e da
igual ao ponto de ajuste, a saída do controlador se realimentação negativa.
estabiliza. Quando aparece algum erro, a saída do O controlador pneumático P + I possui os
controlador irá também variar, para corrigir o erro. seguintes componentes circuito
Desse modo, como a saída do controlador está 1. fole de medição,
realimentada ao fole proporcional, o fole irá atuar 2. fole de ponto de ajuste, em oposição ao fole
até conseguir uma nova estabilização entre a de medição,
medição o ponto de ajuste. Porém, desde que a 3. fole de realimentação negativa ou fole
medição se afastou do ponto de ajuste, ele volta a proporcional,
ficar igual a ele, porém, diferente do valor anterior 4. fole integral, que se superpõe à mola e em
ajustado. oposição ao fole de realimentação. Ele
O controlador pneumático proporcional possui os também recebe a realimentação da saída do
três foles de medição, de ponto de ajuste e de controlador, atrasada e em oposição ao fole
realimentação negativa. Para completar o balanço proporcional. A realimentação positiva da
das forças exercidas por estes foles é introduzida saída do controlador ao fole integral é feita
uma quarta força fixa, exercida por uma mola, através de uma restrição pneumática. O
geralmente ajustada para fornecer uma força objetivo desta restrição ajustável é o de
equivalente a pressão de 9 psi (50% de 3 a 15 psi). atrasar o sinal realimentada determinando a
Como a força da mola é fixa, só existe um ponto ação integral. Ela pode ficar totalmente
para a medição ser igual ao ponto de ajuste, que é fechada, de modo que ela corta a
exatamente o ponto correspondente a 9 psi. Em realimentação e elimina a ação integral ou
todos os outros pontos, o controlador consegue totalmente aberta, quando não produz
estabilizar o processo, porém com a medição nenhuma restrição, nenhum atraso e a ação
diferente do ponto de ajuste. Este é o modo físico de integral é a máxima possível.
mostrar porque o controlador proporcional não Na prática, o circuito pneumático completo da
consegue eliminar o desvio permanente entre unidade integral possui o fole, o tanque integral e a
medição e ponto de ajuste, exceto quando ambos são restrição. Aqui, por simplicidade, supõe-se que o
iguais a 9 psi. próprio fole integral possui uma capacidade
suficiente.

112
Controlador

O controlador proporcional mais integral possui


duas realimentações da sua saída
1. a realimentação negativa, aplicada
diretamente ao fole proporcional,
2. a realimentação positiva, aplicada ao fole
integral através de uma restrição
pneumática ajustável.
Com a restrição numa posição intermediária, as
pressões do fole proporcional e do fole integral não
podem ser simultâneas. A ação proporcional é
imediata e a ação integral é atrasada; imediatamente
após o aparecimento do erro há a realimentação
negativa e depois de um intervalo ajustável, Fig. 7. 8. Circuito eletrônico esquemático do controlador
atrasada, há a realimentação positiva. PID
Quando o processo se estabiliza, tem-se o
circuito do controlador equilibrado a força da
medição é igual a do ponto de ajuste e a força do
fole proporcional é igual a do integral. Quando Note se que o controlador P + D deixa o desvio
aparece um distúrbio no processo e a medição se permanente entre a medição e o ponto de ajuste. A
afasta do ponto de ajuste, o controlador ação derivativa é incapaz de corrigir o desvio
P + I faz uma correção proporcional ao erro, permanente, pois ele é constante com o tempo.
imediatamente. Esta atuação deixa um desvio entre a O circuito do controlador proporcional mais
medição e o ponto de ajuste. Logo depois da ação derivativo é constituído de
proporcional e enquanto persistir alguma diferença 1. o fole de medição,
entre a medição e o ponto de ajuste, a ação integral 2. o fole de ponto de ajuste, em oposição ao
irá atuar, até que a medição fique novamente igual fole de medição,
ao ponto de ajuste. A ação integral irá atuar no 3. o fole proporcional, sendo realimentada
processo até que se tenha novamente outro equilíbrio negativamente da saída e através da
entre a medição e o ponto de ajuste. 4. restrição derivativa.
Na prática, o circuito pneumático completo da
3.5. Controlador Proporcional mais unidade derivativa possui o fole, o tanque derivativo
Derivativo e a restrição. Aqui, por simplicidade, supõe-se que o
próprio fole integral possui uma capacidade
A relação matemática da saída do controlador suficiente.
proporcional mais derivativa é a seguinte: O objetivo da restrição é o de atrasar a
realimentação negativa. Como a realimentação
100% de negativa atrasa a resposta do controlador, atrasar o
s = so + e + Td atraso equivale a adiantar a resposta, para os desvios
BP dt rápidos do processo lento. Por esse motivo, a ação
derivativa é também chamada de ação antecipatória
No controlador pneumático proporcional e O controlador proporcional mais derivativo
derivativo, acrescenta se uma restrição no circuito de possui o seguinte funcionamento:
realimentação negativa. Em vez de se ter uma 1. imediatamente após a variação rápida do
realimentação instantânea, tem-se uma processo não há realimentação negativa,
realimentação com um atraso ajustável. pois há uma restrição pneumática. O
O controlador proporcional mais derivativo controlador se comporta como um
possui o seguinte desempenho controlador liga-desliga ou com uma banda
a ação proporcional estabiliza estaticamente o proporcional muito estreita,
processo corrigindo os erros proporcionalmente as 2. com o passar do tempo, a realimentação
suas amplitudes, negativa vai se processando e pressurizando
a ação derivativa adiciona uma componente o fole proporcional e tornando o
corretiva para cuidar principalmente dos erros com controlador estável.
variação rápida. 3. quando a variação do processo é muito
lenta, praticamente a ação derivativa não
atua, pois lentamente também está havendo
a realimentação negativa.
4. Desse modo, quanto mais brusca for a
variação na medição, menor será a ação
imediata da realimentação negativa e mais

113
Controlador

ação corretiva será transmitida a válvula, Repetindo os objetivos das ações


pela ação derivativa. 1. a ação proporcional estabiliza o processo,
5. Quando se coloca o circuito derivativo no provocando uma correção proporcional ao
elo da realimentação negativa do fole valor do erro, instantaneamente,
proporcional há alguns inconvenientes 2. a integral é uma ação auxiliar que elimina o
6. há a interação entre os modos proporcional desvio permanente, produzindo uma
e derivativo. Quando o controlador possui o correção proporcional à duração do erro,
modo integral, a ação derivativa interfere depois da ação proporcional,
também no modo integral. 3. a derivativa é uma ação adicional que
7. a ação derivativa segue a ação proporcional apressa a correção, gerando uma ação
8. a ação derivativa modifica a saída do proporcional à velocidade da variação do
controlador quando há variação do ponto de erro, antes da ação proporcional.
ajuste, provocado pelo operador. Se esta O modo proporcional é o modo básico e é
variação for muito rápida, e geralmente o é, sempre utilizado nos controladores analógicos. Ele é
a saída do controlador produz um pico, o principal responsável pela estabilidade do
podendo fazer o processo oscilar. processo.
A solução prática para eliminar esses problemas O modo integral deve ser usado para eliminar o
é colocar o circuito derivativo antes das ações desvio permanente entre a medição e o ponto de
proporcional e integral e atuando apenas na ajuste. Ele deve ser evitado quando há possibilidade
medição. de saturação. Ou, o que é mais inteligente, devem
ser tomados cuidados especiais para se evitar que a
ação integral leve o controlador para a saturação.
O modo derivativo de ser usado em processos
com grande inércia e que sofrem variações bruscas,
que seriam vagarosamente corrigidas, em o modo
derivativo. Porém, a ação derivativa deve ser em
processos com muito ruído, que são pequenas e
numerosas variações bruscas. A ação derivativa iria
amplificar esses ruídos, tornando o desempenho do
controle do processo prejudicado.
O modo proporcional desempenha uma
realimentação negativa no interior do controlador,
tornando-o mais estável. A ação integral executa
uma realimentação positiva, se opondo à ação
proporcional. A ação derivativa, geralmente
Fig. 7. 9. Circuito pneumático do controlador PI separada e anterior às outras duas ações, retarda a
realimentação negativa, apressando a correção.

3.7. Controlador Tipo Batelada


O processo batelada ou descontinuo é
3.6. Proporcional + Integral + Derivativo ciclicamente ligado, controlado e desligado. É
A relação matemática da saída do controlador sempre desejável que todo o controle seja feito em
proporcional mais integral mais derivativa ou do automático, sem o envolvimento direto e manual do
controlador PID é a seguinte: operador.
Quando se utiliza um controlador convencional,
100% 1 de contendo modos proporcional e integral, para o
s = s0 + e + ∫ edt + Td controle de processo batelada, os períodos de tempo
BP Ti dt em que o processo fica desligado e o controlador
continua ligado podem causar a saturação do modo
ou, no caso pratico onde a ação derivativa só atua integral e, portanto, do controlador. Quando o
na medição m da variável, processo está desligado, o controlador continua
integrando o desvio entre a medição e o ponto de
100% 1 dm ajuste e certamente fica saturado. Também, a banda
s = s0 + e + ∫ edt + Td proporcional do controlador se desloca para o fim de
BP Ti dt escala superior.
Quando o processo é restabelecido, a medição irá
O controlador proporcional mais integral mais subir e o controlador ainda continua inoperante, pois
derivativo possui as três ações de controle e é o mais a medição está totalmente fora da banda
completo possível. proporcional. O controlador só irá começar a atuar
quando o desvio mudar de sentido. A medição

114
Controlador

precisará ultrapassar o ponto de ajuste para se feitos na fábrica e não se requer verificação ou
começar o controle do processo. Basta haver uma mudança posteriores.
pequena capacidade no processo, a maioria dos A chave batelada atua na pressão de saída do
processos a tem, para haver uma ultrapassagem controlador, cuja faixa é de 3 a 15 psig. O ajuste
grande da medição em relação ao ponto de ajuste. batelada, que determina o ponto de atuação, é
Há um grande overshoot (é inevitável, outra vez, o estabelecido em, p. ex., 15,2 psig. O ajuste pode ser
uso da palavra em inglês). feito por uma mola ou pode ser o valor de um sinal
Para eliminar a saturação e a conseqüente pneumático remoto. Quando a saída do controlador
ultrapassagem da medição usa-se a chave batelada, está abaixo de 15 psig, a pressão exercida do lado da
desenvolvida especificamente para essa aplicação. mola é maior e o sinal de saída do controlador passa
Na prática, usa-se controlador batelada, que é um livremente pela chave e vai realimentar o circuito
controlador convencional com uma chave batelada integral do controlador. Isso permite que, em
incorporada a seu circuito. O controlador batelada, operação normal, o controlador atue sem
disponível com dois modos proporcional e integral e interferência da chave de batelada. Quando a saída
com três modos, proporcional, integral e derivativo, atingir o valor de batelada ajustado na chave,
é linear, contínuo, com ajustes adicionais de batelada assumido de 15,2 psig, a força do diagrama da chave
e de precária, feitos na chave batelada. é menor no lado da mola. A chave batelada atua,
A função exercida pela chave é a de pressurizar o cortando o sinal de saída que era realimentada ao
fole integral do controlador pneumático. No controlador. A pressão do circuito integral do
controlador eletrônico, é a de carregar controlador é, então, aliviada para a atmosfera
artificialmente a uma determinada tensão, o (quando não há ajuste de pré-carga) e cai, até atingir
capacitor integral do circuito. 0 psig. Quando utilizado o conceito de pré-carga, a
Nessa nova condição, o controlador não satura pressão do circuito integral cai até esse valor,
em valor elevado e a banda proporcional não é previamente ajustado na chave batelada. Essa
deslocada para o limite superior da faixa de situação permanece, enquanto o sinal de saída do
medição. Quando a saída do controlador alcançar controlador continuar maior que o valor batelada
um valor pré-determinado, ajustado na chave de ajustado. Como o sinal do modo integral diminui, a
batelada, o circuito integral fica grampeado em um banda proporcional é deslocada para baixo do ponto
valor artificial. Isso força a banda proporcional a de ajuste do controlador. O ajuste de pré-carga evita
mudar de sentido. Como resultado desse que a banda proporcional caia muito aquém do
deslocamento, a medição entra mais cedo dentro da ponto de ajuste, tornando muito longo o período que
banda proporcional. Na partida automática do o controlador permanece inativo na malha. Com o
processo de batelada, a medição começa a subir e ajuste de pré-carga, durante a partida do processo, a
logo entra na banda proporcional, fazendo a saída do medição entra logo na banda proporcional e o
controlador atuar cedo no processo, bem antes da controlador começa a atuar mais cedo. Como
medição alcançar o ponto de ajuste. Essa conseqüência, a medição não ultrapassa o ponto de
aproximação suave da medição para o ponto de ajuste e a resposta dinâmica do processo é ideal.
ajuste evita a ultrapassagem, melhorando a resposta Na versão eletrônica, a filosofia de operação é a
do processo. mesma, porém os equipamentos são diferentes. Não
Embora sejam fenômenos interligados e há chave batelada eletrônica. O controlador
dependentes, há basicamente dois ajustes na chave eletrônico batelada acrescenta à configuração
batelada convencional um circuito de realimentação contendo
ajuste de batelada, que determina o valor da amplificadores operacionais e o circuito de
saída onde a chave atua, grampeando a saída. Esse é polarização. Os ajustes de batelada e de pré-carga
o ponto de atuação (trip). são feitos em potenciômetros e o acesso se dá pela
ajuste de pré-carga, que regula o valor da ação parte frontal do controlador. Os limites de batelada e
batelada, que é o valor do deslocamento da banda de pré-carga são atuantes mesmo em operação
proporcional para baixo, após a atuação da chave. manual.
Esse é o valor de pré-carga (preload) Referente a saturação do modo integral do
Existem chaves bateladas para valor máximo e controlador devem ser tomadas as seguintes
para valor mínimo. precauções
Tipicamente, para batelada de máximo, o ponto 1. controladores de processo, especialmente os
ajustado é 15,2 psig e o valor de pré-carga é ajustado eletrônicos, que possuem limitadores do
em 3,0 psig. Mutatis mutandi, para batelada de sinal de saída, podem ser usados sem
mínimo, normalmente se ajusta o ponto de batelada nenhum cuidado extra em controle de
em 2,8 psig e o ponto de pré-carga em 15,0 psig. malhas simples. Os limitadores da saída
Obviamente, outros valores podem ser reajustado e certamente impedirão a saturação do modo
os fabricantes de instrumentos fornecem a literatura integral, que poderia ser provocada pela
técnica explicativa para a adequada Calibração em realimentação interna normal.
bancada. Mas, normalmente, ambos os ajustes são

115
Controlador

2. para os sistemas de controle que exijam


apenas a realimentação externa, como no
caso de controle em cascata e auto-seletor,
especificam-se controladores padrão com a
opção extra de realimentação externa.
Normalmente, essa opção de realimentação
externa do controlador implica também em
pequenas modificações no conector, na
estante e nos módulos de encaixe. Não é
necessário especificar um controlador
batelada que certamente custa mais caro e
fica superdimensionado.
3. para controle de processo tipo batelada,
Fig. 7. 10. Ajustes do controlador analógico
deve-se especificar o controlador especial,
também tipo batelada. Além de evitar a
saturação do modo integral, ele torna 3.9. Controlador Digital
possível a partida automática do processo, Hoje se vive em um mundo analógico cercado
sem ultrapassagem da medição em relação por um universo de tecnologia digital. O computador
ao ponto de ajuste. Nessa especificação é digital é usado de modo intensivo e extensivo na
importante definir qual a lógica do sistema, instrumentação, no controle digital distribuído, no
se batelada máxima ou batelada mínima. E, controle lógico programado de processos repetitivos,
também, consultando a literatura dos no controle a realimentação negativa de uma única
fabricantes disponível, determinar o valor malha (single loop), em computação analógica de
dos ajustes de batelada e de pré-carga medição de vazão, na transmissão .
requeridos. Embora o processo seja contínuo no tempo, o
controlador digital existe em um mundo discreto
3.8. Controlador Analógico porque ele tem conhecimento das saídas do processo
somente em pontos discretos no tempo, quando são
Historicamente, até a década de 1970 foi usado
obtidos os valores de amostragem.
principalmente o controlador analógico pneumático,
Em geral, o controlador digital:
até a década de 1980, o controlador analógico
1. obtém um valor amostrado da saída do
eletrônico e a partir da década de 1980, o
processo,
controlador digital eletrônico.
2. calcula o erro entre a medida e o ponto de
O controlador analógico usa sinais contínuos
referência armazenado no computador,
para computar a saída do controlador. Testes feitos
3. computa o valor apropriado para a entrada
em controlador analógico industrial eletrônico
manipulada do processo,
revelaram os seguintes resultados
4. gera um sinal de saída para o elemento final
1. a banda proporcional medida era de 0 a
de controle,
25% maior que a marcação do dial,
5. continua a mesma operação com a próxima
2. o tempo integral medido era cerca de 100%
variável controlada.
maior que a marcação do dial,
O tempo requerido para conseguir um novo nível
3. o tempo derivativo marcado era cerca de
da variável manipulada é curto comparado com o
40% a 70% menor que a marcação do dial,
tempo entre as amostragens. Pode-se assumir que a
4. o tempo integral medido não se alterava
entrada para o processo é uma seqüência de valores
com a variação do ajuste do tempo
constantes que variam instantaneamente no inicio de
derivativo. Teoricamente, para o
cada período de amostragem.
controlador série, o tempo integral deveria
aumentar com o aumento do tempo
derivativo.
5. o tempo derivativo e a banda proporcional
medidos obedeceram aproximadamente as
equações teóricas, exceto que a variação
medida foi menor que a calculada para os
ajustes grandes do dial.
6. a saída do controlador medida mostrou um
pico sempre que um ajuste derivativo de
qualquer valor era feito. O algoritmo teórico
do controlador série fornece somente um
pico se o tempo derivativo fosse ajustado
em valores maiores que 1/4 Ti. Fig. 7. 11. Controlador single loop

116
Controlador

Deve-se ter um algoritmo de controle para o Como a tecnologia do single loop é moderna, o
cálculo dos valores das variáveis manipuladas. O instrumento incorpora todos os avanços da
prosaico algoritmo PID é ainda utilizado. tecnologia eletrônica, microprocessadores, displays
Esta operação discreta é repetitiva e o período é novos e programas criativos.
chamado de sample e hold.
A grande desvantagem do controlador digital é a 4.2. Características
introdução de vários tipos de tempo morto devido ao
tempo de amostragem, a computação matemática, a
filtragem analógica das harmônicas da freqüência de Tamanho
amostragem e a caracterização do modo derivativo. Tem tamanho pequeno ou muito pequeno (menor
Por causa deste tempo morto adicional, o que as dimensões DIN). Não necessariamente a mais
controlador digital não pode ser usado importante, mas um das características mais notável
indiscriminadamente em malha de controle de da presente geração de controladores single loop é
processo critico e rápido, como para o controle de seu pequeno tamanho físico. A maioria dos
surge de compressor ou controle de pressão de forno controladores segue as dimensões européias DIN
em faixa estreita. (Deutche Industrie Norm) para aberturas de painel.
O controlador digital aumentou a capacidade de
computação para o controle e para a caracterização Funções de controle
das ações de controle, sendo adequado para Muitos controladores chamados de single loop
estratégias de controle avançadas, como o controle são dual loops. Através de microprocessadores no
preditivo antecipatório (feedforward). circuito, muitos controladores oferecem os formatos
Tipicamente, o controlador digital é superior ao de liga-desliga e PID. Outros controladores
analógico na precisão e resolução dos ajustes dos incorporam funções matemáticas, ou no próprio
modos de controle; na precisão da computação circuito ou através de módulos funcionais opcionais
adicional, linearização e caracterização de sinal; na incorporados na caixa. Estas funções matemáticas
flexibilidade em função da programação e da incluem:
comunicação. 1. Somador - subtrator
O controlador digital usa sinais discretos para 2. Ganho ajustável com polarização
computar a saída do controlador. Geralmente, o 3. Multiplicador - divisor
controlador digital é baseado em microprocessador. 4. Compensador lead/lag (avanço/atraso)
O controlador digital emula o algoritmo analógico 5. Filtro dual
PID. 6. Limitador de rampa
7. Limitador de sinal
8. Rastreamento (tracking) analógico
4. Controlador microprocessado 9. Extrator de raiz quadrada
10. Seletor de sinal (alto/baixo)
11. Seletor de sinal (médio
4.1. Conceito 12. Conversor de sinal (termopares, RTD)
O controlador single loop é o instrumento 13. Potenciômetro (não isolado e isolado)
microprocessado com todas as vantagens
relacionadas acima inerentes à sua natureza que
pode ser usado para controlar uma única malha (daí
o nome, single loop). É também chamado de single
station. O controlador single loop resolve o
algoritmo de controle para produzir uma única saída
controlada. O seu baixo custo permite que ele seja
dedicado a uma única malha. Por questão de
marketing e por causa de sua grande capacidade, um
único invólucro pode ter dois e até quatro
controladores, porém, com o aumento de dificuldade
da operação.
O microprocessador pode ter qualquer função
configurável e por isso, um mesmo instrumento
pode funcionar como controlador, controlador
cascata, controlador auto-seletor ou como
computador de vazão com compensação de pressão
e temperatura. A configuração pode ser feita através Fig. 1.1. Controlador microprocessado
de teclados acoplados ao instrumento ou através de
programadores separados (stand alone).

117
Controlador

Seqüencial e programação de tempo


A maioria dos controladores single loop possui
capacidade de programação temporal e
sequenciamento de operações. A programação
envolve quaisquer duas variáveis, porém o mais
comum é se ter o tempo e a temperatura. Em
siderurgias, é comum a aplicação de programas de
temperatura, onde se tem uma rampa de
aquecimento, a manutenção da temperatura em um
patamar durante um determinado tempo e o
abaixamento em vários degraus.

Outras propriedades
Os controladores single loop possuem ainda
capacidade de auto/manual, ponto de ajuste
múltiplo, autodiagnose e memória. São construídos
de conformidade com normas para ser facilmente
incorporado e acionado por sistemas SDCD.
As aplicações típicas do single loop são em
plantas pequenas e médias que não podem ou não
querem operar, em futuro próximo, em ambiente
com controle digital distribuído. Mesmo em sistemas
de SDCD, há malhas críticas que, por motivo de
segurança, são controladas por controladores single
loop.

Fig. 7. 13. Controladores single loop (Yokogawa)

118
Válvula de Controle

1. Introdução 2. Elemento Final de Controle


Aproximadamente 5% dos custos totais de uma A malha de controle a realimentação negativa
indústria de processo químico se referem a compra possui um elemento sensor, um controlador e um
de válvulas. Em termos de número de unidades, as elemento final de controle. O sensor ou o
válvulas perdem apenas para as conexões de transmissor envia o sinal de medição para o
tubulação. controlador, que o recebe e o compara com um
As válvulas são usadas em tubulações, entradas e ponto de ajuste e gera um sinal de saída para atuar
saídas de vasos e de tanques em várias aplicações no elemento final de controle. O elemento final de
diferentes; as principais são as seguintes controle manipula uma variável, que influi na
1. serviço de liga-desliga variável controlada, levando-a para valor igual ou
2. serviço de controle proporcional próximo do ponto de ajuste.
3. prevenção de vazão reversa O controle pode ser automático ou manual. O
4. controle e alívio de pressão controle manual pode ser remoto ou local. A válvula
5. especiais de controle abre e fecha a passagem interna do
6. controle de vazão direcional fluido, de conformidade com um sinal de controle.
7. serviço de amostragem Quando o sinal de controle é proveniente de um
8. limitação de vazão controlador, tem-se o controle automático da
9. selagem de vaso ou de tanque válvula. Quando o sinal de controle é gerado
De todas estas aplicações, a mais comum e manualmente pelo operador de processo, através de
importante se relaciona com o controle automático uma estação manual de controle, tem-se o controle
de processos. manual remoto. Na atual manual local, o operador
atua diretamente no volante da válvula.
Há vários modos de manipular as vazões de
materiais e de energia que entram e saem do
processo; por exemplo, por bombas com velocidade
variável, bombas dosadoras, esteiras, motor de passo
porém, o modo mais simples é por meio da válvula
de controle.
O controle pode ser feito de modo contínuo ou liga-
desliga. Na filosofia continua ou analógica, a válvula
pode assumir, de modo estável, as infinitas posições
entre totalmente fechada e totalmente aberta. Na
filosofia digital ou liga-desliga, a válvula só fica em
duas posições discretas ou totalmente fechada ou
totalmente aberta. O resultado do controle é menos
satisfatório que o obtido com o controle
proporcional, porém, tal controle pode ser realizado
através de chaves manuais, chaves comandadas por
Fig. 8.1. Esquema típico de válvula de controle pressão (pressostato), temperatura (termostato),
nível, vazão ou controladores mais simples. Neste
caso, a válvula mais usada é a solenóide, atuada por
uma bobina elétrica.

119
Válvula de controle

Fig. 8. 3. Válvula de controle (Fisher)


Fig. 8. 2. Válvula de controle
Depois de instalada na tubulação e para poder
desempenhar todas as funções requeridas a válvula
O sinal de controle que chega ao atuador da de controle deve ter corpo, atuador e castelo.
válvula pode ser pneumático ou eletrônico. A Adicionalmente, ela pode ter acessórios opcionais
válvula de controle com atuador pneumático é o que facilitam e otimizam o seu desempenho, como
elemento final de controle da maioria absoluta das posicionador, booster, chaves, volantes, transdutores
malhas. Mesmo com o uso cada vez mais intensivo e corrente elétrica para ar pneumático e relé de
extensivo da instrumentação eletrônica, analógica ou inversão.
digital, a válvula com atuador pneumático ainda é o
elemento final mais aplicado. Ainda não se projetou 4. Corpo
e construiu algo mais simples, confiável, econômico
e eficiente que a válvula com atuador pneumático.
Ela é mais usada que as bombas dosadoras, as
4.1. Conceito
alavancas, as hélices, os basculantes, os motores de
passo e os atuadores eletromecânicos. O corpo da válvula de controle é essencialmente
um vaso de pressão, com uma ou duas sedes, onde
3. Válvula de Controle se assenta o plug (obturador), que está na
extremidade da haste, que é acionada pelo atuador
As funções da válvula de controle são: pneumático. A posição relativa entre o obturador e a
1. Conter o fluido do processo, suportando todos os sede, modulada pelo sinal que vem do controlador,
rigores das condições de operação. Como o determina o valor da vazão do fluido que passa pelo
fluido do processo passa dentro da válvula, ela corpo da válvula, variando a queda de pressão
deve ter características mecânicas e químicas através da válvula.
para resistir à pressão, temperatura, corrosão, No corpo estão incluídos a sede, obturador,
erosão, sujeira e contaminantes do fluido. haste, guia da haste, engaxetamento e selagem de
2. Responder ao sinal de atuação do controlador. O vedação. O conjunto haste-plug-sede é chamado de
sinal padrão é aplicado ao atuador da válvula, trim.
que o converte em uma força, que movimenta a
haste, em cuja extremidade inferior está o
obturador, que varia a área de passagem do
fluido pela válvula.
3. Variar a área de passagem do fluido manipulado.
A válvula de controle manipula a vazão do meio
de controle, pela alteração de sua abertura.
4. Absorver a queda variável da pressão da linha.
Em todo o processo, a válvula é o único
equipamento que pode fornecer ou absorver
queda de pressão controlável.

Fig. 8. 4. Corpo da válvula contendo o fluido

120
Válvula de controle

4.2. Sede química. As partes internas, justamente aquelas que


estão em contato com o fluido, são o interior do
A válvula de duas vias pode ter sede simples ou corpo, sede, obturador, anéis de engaxetamento e de
dupla. A sede da válvula é onde se assenta o vedação e também devem ser de material adequado.
obturador. A posição relativa entre o obturador e a
sede é que estabelece a abertura da válvula. Na Conexões Terminais
válvula de sede simples há apenas um caminho para A válvula é instalada na tubulação através de
o fluido passar no interior da válvula. A válvula de suas conexões. O tipo de conexões terminais a ser
sede simples é excelente para a vedação, porém especificado para uma válvula é normalmente
requer maior força de fechamento/abertura. A determinado pela natureza do sistema da tubulação
válvula de sede dupla, no interior da qual há dois em que a válvula vai ser inserida. As conexões mais
caminhos para o fluxo, geralmente apresenta grande comuns são flangeadas, rosqueadas, soldadas. Há
vazamento, quando totalmente fechada. Porém, sua ainda conexões especiais e proprietárias de
vantagem é na exigência de menor força para o determinados fabricantes. Os fatores determinantes
fechamento e abertura. das conexões terminais são tamanho da válvula, tipo
do fluido, valores da pressão e temperatura e
4.3. Plug segurança do processo.
As conexões rosqueadas são usadas para válvulas
O plug ou obturador da válvula pode ter
pequenas, com diâmetro menor que 2". A linha
diferentes formatos e tamanhos, para fornecer
possui a rosca macho e o corpo da válvula a rosca
vazamentos diferentes em função da abertura. Cada
fêmea. É econômico e simples.
figura geométrica do obturador corresponde a uma
O corpo da válvula pode ser soldado diretamente
quantidade de vazão em função da posição da haste.
à linha. Este método é pouco flexível, porém é
Os formatos típicos fornecem características linear,
utilizado para montagem permanente, quando se tem
parabólica, exponencial, abertura rápida.
altíssimas pressões e é perigoso o vazamento do
fluido.
Conectar o corpo da válvula à tubulação através
do conjunto de flanges, parafusos e porcas é o
método mais utilizado para válvulas maiores que 2".
As flanges podem ser lisas ou de faces elevadas e
sua classe de pressão ANSI deve ser compatível com
a pressão do processo.
Geralmente a válvula de controle possui uma
entrada e uma saída; é chamada de duas vias. Porém,
há aplicações de mistura ou divisão, que requerem
válvulas com três vias duas entradas e uma saída
(mistura) ou uma entrada e duas saídas (divisão).

5. Castelo
O castelo (bonnet) liga o corpo da válvula ao
atuador. A haste da válvula se movimenta através do
engaxetamento do castelo. Há três tipos básicos de
castelo: aparafusado, união e flangeado.
O engaxetamento no castelo para alojar e guiar a
Fig. 8. 5. Válvula com conexão rosqueada haste com o plug, deve ser de tal modo que não haja
vazamento do interior da válvula para fora e nem
muito atrito que dificulte o funcionamento ou
provoque histerese. Para facilitar a lubrificação do
movimento da haste e prover vedação, usam-se
caixas de engaxetamento. Algumas caixas requerem
Materiais lubrificação periódica. Os materiais típicos de
Como a válvula está em contato direto com o engaxetamento incluem Teflon®, asbesto, grafite e a
fluido do processo o seu material interior deve ser combinação deles (asbesto impregnado de Teflon e
escolhido para ser compatível com as características asbesto grafitado).
de corrosão e abrasão do fluido. A parte externa do Quando a aplicação envolve temperaturas
corpo da válvula é metálica, geralmente ferro extremas, muito baixas (criogênicas) ou muito
fundido, aço carbono cadmiado, aço inoxidável AISI elevadas, o castelo deve ter engaxetamento com
316, ANSI 304, bronze, ligas especiais para alta materiais especiais (semimetálicos) e possuir aletas
temperatura, alta pressão e resistentes à corrosão horizontais, que aumentem a área de troca de calor,

121
Válvula de controle

facilitando a transferência de energia entre o exemplo, as válvulas de alívio e de segurança são


processo e a atmosfera externa e protegendo o atuadas por mola; as válvulas de retenção são
atuador da válvula contra temperaturas extremas. atuadas por mola ou por gravidade e as válvulas
Em aplicações onde se quer vedação total ao globo de tamanho grande e com alta pressão de
longo da haste, pois o fluido do processo é tóxico, processo são atuadas por motores elétricos ou
explosivo, pirofosfórico, muito caro, usam-se foles correntes mecânicas. As válvulas de controle
como selos. O fluido do processo pode ser selado contínuo são geralmente atuadas pneumaticamente e
interna ou externamente ao fole. através de solenóides, quando se tem o controle liga-
desliga. Geralmente estes mecanismos de operação
6. Atuador da válvula são considerados acessórios da válvula.

6.2. Atuador Pneumático


6.1. Operação Manual ou Automática Este tipo de operador, disponível com um
Os modos de operação da válvula dependem do diafragma ou pistão, é o mais usado. Independente
seu tipo, localização no processo, função no sistema, do tipo, o princípio de operação é o mesmo. O
tamanho, freqüência de operação e grau de controle atuador pneumático, com diafragma e mola é o
desejado. Os modos possíveis são manual ou responsável pela conversão do sinal pneumático
automático. padrão do controlador em força-movimento-abertura
da válvula. O atuador pneumático a diafragma
recebe diretamente o sinal do controlador
pneumático e o converte numa força que irá
movimentar a haste da válvula, onde está acoplado o
obturador que irá abrir continuamente a válvula de
controle.

Fig. 1.1. Atuador da válvula de controle

A atuação manual pode ser local ou remota. A


atuação local pode ser feita diretamente por volante,
engrenagem, corrente mecânica ou alavanca. A
atuação manual remota pode ser feita pela geração
de um sinal elétrico ou pneumático, que acione o
atuador da válvula. Para ser atuada automaticamente Fig. 1.1. Ações do atuador pneumático
a válvula pode estar acoplada a mola, motor elétrico,
solenóide, servo mecanismo, atuador pneumático ou
hidráulico.
Freqüentemente, é necessário ou desejável operar A função do diafragma é a de converter o sinal
automaticamente a válvula, de modo contínuo ou de pressão em uma força e a função da mola é a de
através de liga-desliga. Isto pode ser conseguido retornar o sistema à posição original. Na ausência do
pela adição à válvula padrão um dos seguintes sinal de controle, a mola leva a válvula para uma
acessórios posição extrema, ou totalmente aberta ou totalmente
1. atuador pneumático ou hidráulico para operação fechada. Operacionalmente, a força da mola se opõe
continua ou de liga-desliga, à força do diafragma; a força do diafragma deve
2. solenóide elétrica para operação de liga-desliga, vencer a força da mola e as forças do processo.
3. motor elétrico para operação continua ou de liga- Erradamente, se pensa que o atuador da válvula
desliga. requer a alimentação de ar pneumático para sua
Geralmente, um determinado tipo de válvula é operação; o atuador funciona apenas com o sinal
limitado a um ou poucos tipos de atuadores; por padrão, de 20 a 100 kPa (3 a 15 psi).

122
Válvula de controle

O atuador pneumático consiste simplesmente de 6.3. Ações do Atuador


um diafragma flexível colocado entre dois espaços.
Uma das câmaras deve ser vedada à pressão e na Basicamente, há duas lógicas de operação do
outra câmara há uma mola, que exerce uma força atuador pneumático com o conjunto diafragma e
contraria. O sinal de ar da saída do controlador vai mola
para a câmara vedada à pressão e sua variação 1. ar para abrir - mola para fechar,
produz uma força variável que é usada para superar 2. ar para fechar - mola para abrir,
a força exercida pela mola de faixa do atuador e as Existe um terceiro tipo, menos usado, cuja lógica
forças internas dentro do corpo da válvula e as de operação é ar para abrir - ar para fechar.
exercidas pelo próprio processo. Outra nomenclatura para a ação da válvula é
O atuador pneumático deve satisfazer falha aberta (fail open), que equivale a ar-para-
basicamente as seguintes exigências fechar e falha fechada, igual a ar-para-abrir.
1. operar com o sinal de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig),
2. operar sem posicionador,
3. ter uma ação falha segura quando houver falha
no sinal de atuação,
4. ter um mínimo de histerese,
5. ter potência suficiente para agir contra as forças
desbalanceadas,
6. ser reversível.

(a) Ar para abrir (b) Ar para fechar


Fig. 8. 7. Atuador pneumático na válvula

A operação de uma válvula com atuador pneumático


com lógica de ar para abrir é a seguinte quando não
há nenhuma pressão chegando ao atuador, a válvula
está "desligada" e na posição fechada. Quando a
pressão de controle, típica de 20 a 100 kPa (3 15
psig) começa a crescer, a válvula tende a abrir cada
vez mais, assumindo as infinitas posições
intermediárias entre totalmente fechada e totalmente
aberta. Quando não houver sinal de controle, a
válvula vai imediatamente para a posição fechada,
independente da posição em que estiver no momento
da falha. A posição de totalmente fechada é também
conhecida como a de segura em caso de falha. Quem
leva a válvula para esta posição segura é justamente
a mola. Assim, o sinal pneumático de controle deve
vencer a força da mola, a força apresentada pelo
fluido do processo, os atritos existentes entre a haste
e o engaxetamento.
Fig. 1.1. Ações do atuador e formato do obturador O atuador ar-para-abrir necessita de pressão para
abrir a válvula. Para pressões menores que 20 kPa (3
psig) a válvula deve estar totalmente fechada. Com o
aumento gradativo da pressão, a partir de 20 kPa (3
psig), a válvula abre continuamente. A maioria das
válvulas é calibrada para estar totalmente aberta
quando a pressão atingir exatamente 100 kPa (15
psig). Calibrar uma válvula é fazer a abertura da
válvula seguir uma reta, passando pelos pontos 20
kPa x 0% (3 psi x 0%) e 100 kPa x 100% (15 psi x

123
Válvula de controle

100%) de abertura. A falha do sistema, ou seja, a inversa (aumenta medição, diminui sinal de
ausência de pressão, deve levar a válvula para o saída).
fechamento total. Na aplicação prática, deve se consultar a
Uma válvula com atuação ar-para-fechar opera literatura técnica disponível e referente a todos os
de modo contrario. Na ausência de ar e com pressões equipamentos controlador, atuador e válvula, para se
menores que 20 kPa (3 psig), a válvula deve estar definir qual a solução mais simples, segura e
totalmente aberta. Com o aparecimento de pressões flexível.
acima de 20 kPa (3 psig) e seu aumento, a válvula
diminuirá sua abertura. Com a máxima pressão do 6.6. Dimensionamento do Atuador
controlador, de 100 kPa (15 psig), a válvula deve
estar totalmente fechada. Na falha do sistema, Há atuadores de diferentes tamanhos e seu
quando a pressão cair o 0 kPa, a válvula deve estar dimensionamento depende dos seguintes parâmetros
na posição totalmente aberta. pressão estática do processo, curso da haste da
Certas aplicações exigem um válvula de controle válvula, deslocamento da mola do atuador e da sede
com um diafragma especial, de modo que a falta do da válvula. A força gerada para operar a válvula é
sinal de atuação faca a válvula se manter na ultima função da área do diafragma, da pressão pneumática
posição de abertura; tem-se a falha-última-posição. e da pressão do processo. Quanto maior a pressão do
sinal pneumático, menor pode ser a área do
diafragma. Como normalmente o sinal de atuação é
6.4. Escolha da Ação
padrão, de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig), geralmente o
A primeira questão que o projetista deve tamanho do diafragma depende da pressão do
responder, quando escolhendo uma válvula de processo; quando maior a pressão do fluido do
controle é "o que a válvula deve fazer, quando faltar processo, maior deve ser a área do diafragma. O
o suprimento da alimentação?" A questão esta atuador pneumático da válvula funciona apenas com
relacionada com a "posição de falha" da válvula. o sinal do controlador, padrão de 20 a 100 kPa (3 a
A segurança do processo determina o tipo de 15 psig). Ele não necessita do suprimento de ar de
ação da válvula falha fechada (FC - fail close), falha 120 a 140 kPa (20 a 22 psig).
aberta (FC - fail open), falha indeterminada (FI - fail O tamanho físico do atuador depende da pressão
indetermined), falha-última-posição (FL - fail last estática do processo e da pressão do sinal
position). A segurança também implica no pneumático. A faixa de pressão mais comum é o
conhecimento antecipado das conseqüências das sinal de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig); outras também
falha de alimentação na mola, diafragma, pistão, usadas são 40 a 200 kPa (6 a 30 psig) e 20 a 180 kPa
controlador e transmissor. Quando ocorrer falha no (3 a 27 psig). Os fabricantes apresentam equações
atuador da válvula, a posição da válvula não é mais para dimensionar e escolher o atuador pneumático.
função do projeto do atuador, mas das forças do
fluido do processo atuando no interior da válvula e 6.7. Atuador e outro Elemento Final
da construção da válvula. As escolhas são vazão-
para-abrir (FTO - flow to open), vazão-para-fechar O atuador de válvula pode, excepcionalmente,
(FTC - flow to close), ficar na ultima posição (FB - ser acoplado a outro equipamento que não seja a
friction bound). A ação vazão-para-fechar é válvula de controle. Assim, é comum o uso do
fornecida pela válvula globo; a ação vazão-para- atuador pneumático associado a cilindro, basculante
abrir é dada das válvulas borboleta, globo e esfera e bóia. Mesmo nas combinações que não envolvem a
convencional. As válvulas com plug rotatório, esfera válvula, o atuador é ainda acionado pelo sinal
flutuante são típicas para ficar na ultima posição. pneumático padrão do controlador. E a função do
atuador continua a de converter o sinal de 20 a 100
kPa (3 a 15 psig) em uma força, que pode provocar
6.5. Mudança da Ação
um movimento.
Porém há vários modos de se inverter a ação de Mesmo em sistema com instrumentação
controle do sistema constituído de controlador, eletrônica, com controladores eletrônicos que geral 4
atuador e válvula de controle a 20 mA cc, o comum é se usar o atuador
1. troca da posição do atuador, alternando a posição pneumático com diafragma e mola. Para
relativa diafragma e mola. compatibilizar seu uso, insere-se na malha de
2. alguns atuadores possuem uma alimentação controle o transdutor corrente-para-pneumático. O
alternativa o sinal pode ser aplicado em dois conjunto transdutor I/P + atuador pneumático é
pontos possíveis, cada um correspondendo a uma ainda mais simples, eficiente, rápido e econômico
ação de controle. que o atuador eletromecânico disponível
3. alteração do obturador + sede da válvula. comercialmente.
4. alteração do modo de controle, no próprio O atuador pneumático é o mais comumente
controlador. A maioria dos controladores possui usado, por causa de sua simplicidade, econômica,
uma chave seletora para a ação de controle direta rapidez e garantia de funcionamento. Os atuadores
(aumenta medição, aumenta sinal de saída) e pneumáticos são aplicados principalmente para a

124
Válvula de controle

obtenção do controle proporcional contínuo. Para o


controle liga-desliga é mais conveniente usar a
válvula solenóide.

7. Acessórios
A operação simples da válvula de controle requer
apenas o sinal do controlador convertido em sinal
padrão pneumático no seu atuador. Porém, para
otimizar a sua operação e fornecer facilidades ao
operador, há acessórios opcionais, tais como:
Volante,
Posicionador,
Booster
Transdutor corrente para pneumático ou sinal
digital para pneumático
Às vezes, o posicionador integra em seu
invólucro o transdutor do sinal de saída do Fig. 8. 8. Válvula com volante
controlador (analógico ou digital) para pneumático.

7.2. Posicionador
O posicionador é um acessório opcional e não
um componente obrigatório da válvula, mesmo que
algumas plantas padronizem e tornem seu uso
extensivo a todas as válvulas existentes.
O posicionador é um dispositivo acoplado à
haste da válvula de controle para otimizar o seu
funcionamento. Ele recebe o sinal padrão de 20 a
100 kPa (3 a 15 psig) e gera, na saída, também o
sinal padrão de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig) e por isso
é necessária a alimentação pneumática de 120 kPa
(20 psig).
Fig. 1.1. Poscionador opcional da válvula

7.1. Volante
O volante manual é usado para o fechamento
manual da válvula no local, em substituição ao
fechamento automático ou manual, feito através do
atuador pneumático, em casos de emergência,
durante a partida ou na falta de ar. Eles não são
muito freqüentes e só se justifica sua aplicação em
serviços críticos ou quando não há válvulas de
bloqueio ou de bypass.
Os principais acessórios incluem as hastes com Fig. 8. 9. Válvula com posicionador
extensão, operador com corrente, operador com
engrenagens.

O objetivo do posicionador é o de comparar o sinal


da saída do controlador com a posição da haste da
válvula. Se a haste não esta onde o controlador quer
que ela esteja, o posicionador soma ou subtrai ar do
atuador da válvula, até se obter a posição correta. Há
um elo mecânico através do qual o posicionador
sente a posição da válvula e monitora o sinal que vai
para o atuador. O posicionador pode ser considerado
um controlador proporcional puro.

125
Válvula de controle

As justificativas legitimas para o uso do sem posicionador. Quando isso é impossível,


posicionador são para não se pode usar o posicionador.
1. eliminar a histerese e banda morta da válvula, As regras para uso e não uso devem ser
garantindo a excursão linear da haste da conceitualmente entendidas. O posicionador torna a
válvula, por causa de sua atuação direta na malha mais sensível, mais rápida, com maior ganho.
haste, Se a malha original já é sensível ou rápida, a
2. o posicionador alterar a faixa de sinal colocação do posicionador aumenta ainda mais a
pneumático, por exemplo, de 20 a 100 kPa (3 sensibilidade e rapidez, levando certamente a malha
a 15 psig) para 100 a 20 kPa (15 a 3 psig) ou para uma condição instável, de oscilação. Quando se
de 20 a 60 kPa (3 a 9 psig) para 20 a 100 kPa coloca um posicionador em uma malha de controle
(3 a 15 psig). O uso do posicionador é rápida, o desempenho do controle se degrada ou tem
obrigatório na malha de controle de faixa que se re-sintonizar o controlador, ajustando a banda
dividida (split range), onde o mesmo sinal de proporcional em valor muito grande, às vezes, em
controle é enviado para várias válvulas em valores não disponíveis no controlador comercial.
paralelo. Geralmente não se usa posicionador em malha de
controle de vazão, pressão de líquido e pressão de
gás em volume pequeno, que já estes processos são
muito rápidos. Para processos rápidos, mas com
linhas de transmissão muito grandes ou com
atuadores de grandes volumes, a solução é
acrescentar um amplificador pneumático (booster),
em vez de usar o posicionador. O booster também
melhora o tempo de resposta e aumenta o volume de
ar do sinal pneumático e, como seu ganho é unitário,
não introduz instabilidade ao sistema.
O posicionador pode ser considerado como um
controlador de posição, de alto ganho (banda
estreita). Quando ele é colocado na válvula de
controle, o posicionador é o controlador secundário
de uma malha em cascata, recebendo o ponto de
ajuste da saída do controlador primário. Esta
Fig. 1.1. Posicionador inteligente analogia é útil, pois facilita a orientação de uso ou
não-uso do posicionador. Como em qualquer de
controle cascata, o sistema só é estável se a
constante de tempo do secundário (posicionador) for
São razões para o uso do posicionador, mas não muito menor que a do primário.
muito legitimas
1. aumentar a velocidade de resposta da válvula, 7.3. Booster
aumentando a pressão ou o volume do ar
pneumático de atuação, para compensar O booster, também chamado relé de ar ou
atrasos de transmissão, capacidade do atuador amplificador pneumático, tem a função aproximada
pneumático. Deve-se usar um booster no do posicionador. A aplicação típica do booster é para
lugar do posicionador. substituir o posicionador, quando ele não é
2. escolher ou alterar a ação da válvula, falha recomendado, como em malhas de controle de vazão
fechada (ar para abrir) ou falha aberta (ar de líquido ou de pressão de líquido.
para fechar). Deve-se fazer isso com relé
pneumático ou no próprio atuador da válvula.
3. modificar a característica inerente da válvula,
através do uso de cam externa ou gerador de
função. Isto também não é uma justificativa
valida, pode-se usar relé externo que não
degrade a qualidade do controle.
Há porém, duas outras regras, talvez mais
importantes, embora menos conhecidas, referentes
ao não uso do posicionador. São as seguintes
1. não se deve usar posicionador quando o
processo é mais rápido que a válvula. Fig. 8. 10. Booster
2. ao se usar o posicionador, deve se aumentar a
banda proporcional do controlador, de 3 a 5 O booster é usado no atuador da válvula para
vezes, em relação à sua banda proporcional apressar a resposta da válvula, para uma variação do
sinal de um controlador pneumático com baixa

126
Válvula de controle

capacidade de saída, sem o inconveniente de linear. A outra alternativa é a de escolher o


provocar oscilações, por não ter realimentação com "comportamento da válvula" não-linear, para tornar
a haste da válvula. Eles reduzem o tempo de atraso linear a combinação sensor-transmissor-controlador-
resultante de longas linhas de transmissão ou quando processo. Se isso é feito corretamente, a nova
a capacidade da saída do controlador é insuficiente combinação sensor-transmissor-processo-válvula se
para suprir a demanda de grandes atuadores torna linear, ou com o ganho constante. O
pneumáticos. comportamento da válvula de controle é a sua
Os outros possíveis usos de booster são "característica de vazão".
1. amplificar ou reduzir o sinal pneumático,
tipicamente de 1:1 e 1:3 ou 5:1, 2:1 e 3:1
2. reverter um sinal pneumático por exemplo,
quando o sinal de entrada aumenta, a saída
diminui. Quando a entrada é 20 kPa (3 psig) a
saída é 100 kPa (15 psig), quando a entrada é
100 kPa (15 psig), a saída é 20 kPa (3 psig).

8. Característica da Válvula

8.1. Conceito
A característica da válvula de controle é definida
como a relação entre a vazão através dela e a
posição da haste, variando ambas de 0 a 100%. A
vazão na válvula depende do sinal de saída do Fig. 8. 11. Características da válvula
controlador que vai para o atuador. Na definição da
característica, admite-se que
1. o atuador da válvula é linear (o deslocamento O objetivo da caracterização da vazão é o de
da haste é proporcional à saída do fornecer um ganho do processo total relativamente
controlador), constante para a maioria das condições de operação
2. a queda de pressão através da válvula é do processo.
constante, A característica da válvula depende do seu tipo.
3. o fluido do processo não está em cavitação, Tipicamente os formatos do contorno do plug e da
flashing ou na vazão sônica (choked) sede definem a característica. As três características
São definidas duas características da válvula: típicas são linear, igual percentagem e abertura
inerente e instalada. A característica inerente se rápida; outras menos usadas são hiperbólica, raiz
refere à observada com uma queda de pressão quadrática e parabólica.
constante através da válvula; é a característica
Característica de Igual Percentagem
construída e fora do processo. A instalada se refere
à característica quando a válvula está em operação Na válvula de igual percentagem, iguais
real, com uma queda de pressão variável e percentagens de variação de abertura da válvula
interagindo com as influências do processo não correspondem a iguais percentagens de variação da
consideradas no projeto. vazão. Matematicamente, a vazão é proporcional
exponencialmente à abertura. O índice do expoente é
a percentagem de abertura.
8.2. Características da Válvula e do
O termo "igual percentagem" se aplica porque
Processo iguais incrementos da posição da válvula causam
Para se ter um controle eficiente e estável em uma variação da vazão em igual percentagem.
todas as condições de operação do processo, a malha Quando se aumenta a abertura da válvula de 1%,,
de controle deve ter um comportamento constante indo de 20 a 21%, a vazão ira aumentar de 1% de
em toda a faixa. Isto significa que a malha completa seu valor à posição de 20%. Se a posição da válvula
do processo, definida como a combinação sensor- é aumentada de 2%, indo de 60 a 61%, a vazão ira
transmissor-controlador-válvula-processo. deve ter aumentar de 1% de seu valor à posição de 60%. A
seu ganho e dinâmicas os mais constantes possível. válvula é praticamente linear (e com grande
Ter um comportamento constante significa ser inclinação) próximo à sua abertura máxima.
linear. A válvula de igual percentagem produz uma
Na prática, a maioria dos processos é não-linear, vazão muito pequena para grande variação da
fazendo a combinação sensor-transmissor- abertura, no inicio de sua abertura, mas quando está
controlador-processo não linear. Assim, deve-se ter próxima de sua abertura total, pequenas variações da
o controlador não-linear para ter o sistema total abertura produzem grandes variações de vazão. Ela

127
Válvula de controle

exibe melhor controle nas pequenas vazões e um 2. relação da queda de pressão através da
controle instável em altas vazões. válvula com a queda de pressão total do
sistema,
Característica Linear 3. fator de super dimensionamento da válvula.
Na válvula com característica linear a vazão é É difícil prever o comportamento da válvula
diretamente proporcional à abertura da válvula. A instalada, principalmente porque a característica
abertura é proporcional ao sinal padrão do inerente se desvia muito da curva teórica, há não
controlador, de 20 a 100 kPa (3 a 15 psig), se linearidades no atuador da válvula, nas curvas das
pneumático e de 4 a 20 mA cc, se eletrônico. bombas.
A característica linear produz uma vazão
diretamente proporcional ao valor do deslocamento 8.3. Escolha de Características
da válvula ou de sua posição da haste. Quando a
posição for de 50%, a vazão através da válvula é de A escolha da característica da válvula e seu efeito no
50% de sua vazão máxima. dimensionamento é fundamental para se ter um bom
A válvula com característica linear possui ganho controle, em larga faixa de operação do processo. A
constante em todas as vazões. O desempenho do válvula com característica inerente linear parece ser
controle e uniforme e independente do ponto de a mais desejável, porém o objetivo do projetista é
operação. obter uma característica instalada linear. O que se
deseja realmente é ter a vazão através da válvula e
Característica de Abertura Rápida de todos os equipamentos em série com ela variando
A característica de vazão de abertura rápida linearmente com o deslocamento de abertura da
produz uma grande vazão com pequeno válvula. Como a queda de pressão na válvula varia
deslocamento da haste da válvula. A curva é com a vazão (grande vazão, pequena queda de
basicamente linear para a primeira parte do pressão) uma válvula não-linear normalmente
deslocamento com uma inclinação acentuada. A fornece uma relação de vazão linear após a
válvula introduz uma grande variação na vazão instalação.
quando há uma pequena variação na abertura da A escolha da característica correta da válvula
válvula, no inicio da faixa. A válvula de abertura para qualquer processo requer uma analise dinâmica
rápida apresenta grande ganho em baixa vazão e um detalhada de todo o processo. Há numerosos casos
pequeno ganho em grande vazão. Ela não é onde a escolha da característica da válvula não
adequada para controle contínuo, pois a vazão não é resulta em conseqüências serias. Qualquer
afetada para a maioria de seu percurso; geralmente característica de válvula é aceitável quando
usada em controle liga-desliga. 1. a constante de tempo do processo é pequena
(processo rápido), como vazão, pressão de
Característica Instalada líquido e temperatura com misturadores,
O dimensionamento da válvula se baseia na 2. a banda proporcional ajustada do controlador
queda de pressão através de suas conexões, é estreita (alto ganho),
assumida como constante e relativa à abertura de 3. as variações de carga do processo são
100% da válvula. Quando a válvula está instalada na pequenas; menos que 2:1.
tubulação do sistema, a queda de pressão através A válvula com característica linear é comumente
dela varia quando há variação de pressão no resto do usada em processo de nível de líquido e em outros
sistema. A instalação afeta substancialmente a processos onde a queda da pressão através da
característica e a rangeabilidade da válvula. válvula é aproximadamente constante.
A característica instalada é real e diferente da A válvula com característica de igual
característica inerente, que é teórica e de projeto. Na percentagem é a mais usada; geralmente, em
prática, uma válvula com característica inerente de aplicações com grandes variações da queda de
igual percentagem se torna linear, quando instalada. pressão ou onde uma pequena percentagem da queda
A exceção, quando a característica inerente é igual à de pressão do sistema total ocorre através da válvula.
instalação, ocorre quando se tem um sistema com Quando se tem a medição da vazão com placa de
bombeamento com velocidade variável, onde é orifício, cuja saída do transmissor é proporcional ao
possível se manter uma queda de pressão constante quadrado da vazão, deve-se usar uma válvula com
através da válvula, pelo ajuste da velocidade da característica de raiz quadrática (aproximadamente a
bomba. de abertura rápida). A válvula com a característica
A característica instalada de qualquer válvula de vazão de abertura rápida é, tipicamente, usada em
depende dos seguintes parâmetros serviço de controle liga-desliga, onde se deseja uma
1. característica inerente, ou a característica grande vazão, logo que a válvula comece a abrir.
para a válvula com queda de pressão As recomendações (Driskell) resumidas para a
constante e a 100% de abertura, escolha da característica da válvula são
1. Abertura rápida, para controle de vazão com
medição através da placa de orifício e com

128
Válvula de controle

variação da queda de pressão na válvula menor do bombeamento, pois não se irá produzir
pequena (menor que 2:1). energia para ser queimada na queda de pressão
2. Linear, para controle de vazão com medição através da válvula de controle.
através da placa de orifício e com variação da Quando se decide usar a válvula de controle,
queda de pressão na válvula grande (maior deve-se selecionar o tipo correto e dimensiona-se
que 2:1 e menor que 5:1). adequadamente. Para a seleção da válvula certa
3. Linear, para controle de vazão com sensor deve-se entender completamente o processo que a
linear, nível e pressão de gás, com variação válvula controla. Conhecer completamente significa
de queda de pressão através da válvula menor conhecer as condições normais de operação e as
que 2:1. exigências que a válvula deve satisfazer durante as
4. Igual percentagem, para controle de vazão condições de partida, desligamento do processo e
com sensor linear, nível e pressão de gás, emergência.
com variação de queda de pressão através da Todas os dados do processo devem ser
válvula maior que 2:1 e menor que 5:1. conhecidos antecipadamente, como os valores da
5. Igual percentagem, para controle de pressão vazões (mínima, normal e máxima), pressão estática
de líquido, com qualquer variação da queda do processo, pressão de vapor do líquido, densidade,
de pressão através da válvula. temperatura, viscosidade. É desejável identificar as
Como há diferenças grandes entre as fontes e natureza dos distúrbios potenciais e
características inerente e instalada das válvulas e por variações de carga do processo.
causa da imprevisibilidade da característica Deve-se determinar ou conhecer as exigências de
instalada, deve-se preferir qualidade do processo, de modo a identificar as
1. válvula cuja construção tenha uma tolerâncias e erros aceitáveis no controle. Os dados
propriedade intrínseca, como a borboleta e a do processo devem também estabelecer se a válvula
de disco com abertura rápida, necessita fornecer vedação total, quando fechada,
2. válvula que seja caracterizada pelo projeto, qual deve ser o nível aceitável de ruído, se há
como as com plugs linear e de igual possibilidade de martelo d'água, se a vazão é
percentagem, pulsante.
3. válvula digital, que possa ser caracterizada
por software, 9.2. Desempenho
4. característica que seja obtida através de
equipamento auxiliar, como gerador de O bom desempenho da válvula de controle
função, posicionador caracterizado, cam de significa que a válvula
formato especial. Estes instrumentos são 1. é estável em toda a faixa de operação do
principalmente úteis para a alteração da processo,
característica instalada errada. 2. não opera próxima de seu fechamento ou de
Em resumo, a característica da válvula de sua abertura total,
controle deve casar com a característica do processo. 3. é suficientemente rápida para corrigir os
Este casamento significa que os ganhos do processo distúrbios e as variações de carga do
e da válvula combinados resultem em um ganho processo,
total linear. 4. não requer a modificação da sintonia do
controlador depois de cada variação de carga
do processo.
9. Operação da Válvula Para se conseguir este bom desempenho da
válvula, deve-se considerar os fatores que afetam
seu desempenho, tais como característica,
9.1. Aplicação da Válvula rangeabilidade inerente e instalada, ganho, queda de
Antes de especificar e dimensionar uma válvula pressão provocada, vazamento quando fechada,
de controle, deve-se avaliar se a válvula é realmente características do fluido e resposta do atuador.
necessária ou se existe um meio mais simples e mais
econômico de executar o que se deseja. Por 9.3. Rangeabilidade
exemplo, pode-se usar uma válvula autocontrolada
Um fator de mérito muito importante no estudo
em vez da válvula de controle, quando se aceita um
da válvula de controle é a sua rangeabilidade. Por
controle menos rigoroso, se quer um sistema
definição, a rangeabilidade da válvula de controle é
econômico ou não se tem energia de alimentação
a relação matemática entre a máxima vazão sobre a
disponível. Em outra aplicação, é possível e
mínima vazão controláveis com a mesma eficiência.
conveniente substituir toda a malha de controle de
É desejável se ter alta rangeabilidade, de modo que a
vazão por uma bomba de medição a deslocamento
válvula possa controlar vazões muito pequenas e
positivo ou por uma bomba centrífuga com
muito grandes, com o mesmo desempenho. Na
velocidade variável. O custo benefício destas
prática, é difícil definir com exatidão o que seja
alternativas é usualmente obtido pelo custo muito

129
Válvula de controle

"controlável com mesma eficiência" e por isso os cerca de 80% da abertura da válvula. Se a válvula é
números especificados variam de 10 a 1.000%. de igual percentagem, 80% da abertura corresponde
O mais importante é ter bom senso e tratar o a cerca de 50% da vazão. Deste modo, a
conceito de rangeabilidade sob um ponto de vista rangeabilidade é cerca de 50:1, em vez de 100:1.
qualitativo. A rangeabilidade é importante porque Lipták define "rangeabilidade intrínseca" como a
1. diz o ponto em que se espera que a válvula relação do Cvmax para o Cvmin, entre os quais o
atue em liga-desliga ou perca completamente ganho da válvula não varie mais que 50% do valor
o controle, devido a vazamentos, teórico. Por esta definição, a rangeabilidade da
2. estabelece o ponto em que a característica válvula linear é maior do que a da válvula de igual
começa a se desviar do esperado. percentagem.

10. Vedação e Estanqueidade

10.1. Classificação
Qualquer vazão através da válvula totalmente
fechada, quando exposta à pressão diferencial e à
temperatura de operação é chamada de vazamento
(leakage). O vazamento é expresso como uma
quantidade acumulada durante um período de tempo
específico, para aplicações de fechamento com
vedação completa ou como percentagem da
capacidade total, para as válvulas de controle
convencionais.

Fig. 8. 12. Característica e rangeabilidade

Tab. 1. Classificação das Estanqueidades


A rangeabilidade da válvula está associada
diretamente à característica da válvula. A válvula
com característica inerente de abertura rápida está
praticamente aberta a 40%, pois ela só fornece
controle estável entre 10 e 40% e sua rangeabilidade
é de 4:1. A válvula de abertura rápida tem uma
ganho variável, muito grande em vazão pequena e
praticamente zero em vazão alta. Ela é instável em
vazão baixa e inoperante em alta vazão.
A rangeabilidade da válvula com característica
inerente linear é de 10:1 pois ela fornece controle
entre 10 e 100%. A válvula linear possui ganho
(sensibilidade) uniforme em toda a faixa de abertura
da válvula, ou seja, a mesma dificuldade e precisão
que se tem para medir e controlar 100% da vazão,
tem se em 10%.
A válvula com característica inerente de igual
percentagem tem rangeabilidade de aproximadamente
401, pois ela controla desde 2,5 a 100%. A válvula com
igual percentagem possui ganho variável, pequeno em Não se deve usar uma única válvula para
vazão baixa e elevado em vazão alta. Ela possui um fornecer simultaneamente as funções de controle e
desempenho excelente em baixas vazões e é instável de vedação completa (tight shutoff). As melhores
para vazões muito elevadas. válvulas para bloqueio não são necessariamente as
Na consideração da rangeabilidade da válvula, é melhores escolhas para o controle.
importante se considerar que a rangeabilidade da De acordo com a norma (ANSI B 16.104), as
válvula instalada é diferente da rangeabilidade válvulas são categorizadas em seis classes, de
teórica, fora do processo. A rangeabilidade instalada acordo com seu vazamento permissível. Estes
é sempre menor que a teórica. Isso ocorre porque o limites de estanqueidade são aplicáveis apenas à
Cv instalado é geralmente maior que o Cv teórico. válvula nova, sem uso.
Por exemplo, se o Cv real é cerca de 1,2 do Cv
teórico, a máxima vazão controlada pela válvula é

130
Válvula de controle

10.2. Fatores do Vazamento 11. Dimensionamento


Alguns fabricantes listam em seus catálogos os
coeficientes de vazão, Cv, aplicáveis para as
válvulas totalmente abertas e os valores dos 11.1. Filosofia
vazamentos, quando totalmente fechadas. Estes O dimensionamento da válvula de controle é o
valores só valem para a válvula nova, limpa, procedimento de calcular o coeficiente de vazão ou
operando nas condições ambientes. Após alguns o fator de capacidade da válvula, Cv. Este método do
anos de serviço, o vazamento da válvula varia Cv é bem aceito e foi introduzido pela Masoneilan,
drasticamente, em função da instalação, temperatura, em 1944. Uma vez calculado o Cv da válvula e
pressão e características do fluido. conhecido o tipo de válvula usada, o projetista pode
A estanqueidade depende da viscosidade dos obter o tamanho da válvula do catálogo do
fluidos; fluidos com viscosidade muito baixa são fabricante.
muito difíceis de serem contidos; por exemplo, O coeficiente Cv é definido como o número de
dowtherm®, freon®, hidrogênio. galões por minuto (gpm) de água que flui através da
A temperatura afeta o vazamento, principalmente válvula totalmente aberta, quando há uma queda de
quando o corpo da válvula está a uma temperatura pressão de 1 psi através da válvula, a 60 oF. Desse
diferente da temperatura do plug ou quando o modo, quando se diz que a válvula tem o Cv igual a
coeficiente de dilatação termal do material do corpo 10, significa que, quando a válvula está totalmente
é diferente do coeficiente do material do plug. Em aberta e com a pressão da entrada maior que a da
algumas válvulas, por exemplo, nas borboletas, é saída em 1 psi e a temperatura ambiente é de 15,6
prática usual deixar espaçamentos entre o disco e a oC, sua abertura deixa passar uma vazão de 10 gpm.
sede, para acomodar a expansão do disco, quando se O Cv é basicamente um índice de capacidade,
tem grandes variações de temperatura do processo. através do qual o engenheiro é capaz de estimar, de
O vazamento será maior quando se estiver operando modo rápido e preciso, o tamanho de uma restrição
em temperaturas abaixo da temperatura de projeto da necessária, em qualquer sistema de fluido.
válvula. Mesmo que o método de Cv seja usado por todos
Tensões mecânicas na tubulação onde está os fabricantes, as equações para calcular o Cv difere
instalada a válvula podem também provocar um pouco de fabricante para fabricante. A melhor
vazamentos na válvula. Por isso deve se tomar política é usar a recomendação do fabricante da
cuidados em sua instalação e principalmente no válvula escolhida. O dimensionamento correto da
aperto dos parafusos. Deve-se isolar a válvula das válvula é feito através de formulas teóricas, baseadas
forças externas da tubulação, através de suportes. na equação de Bernouille e nos dados de vazão, ou
através de ábacos, curvas, réguas de cálculo
10.3. Válvulas de Bloqueio específicas. Atualmente, a prática mais usada é o
dimensionamento de válvula através de programas
Quanto maior a força de assentamento na
de computador pessoal.
válvula, menor é a probabilidade de ocorrer
O dimensionamento correto da válvula,
vazamentos. Somente as válvulas pequenas podem
determinado por formulas, régua de cálculo ou
suportar grandes forças em suas sedes. Por isso, os
programa de computador pessoal, sempre se baseia
materiais da sede devem ser duros, para suportar
no conhecimento completo das condições reais da
estas grandes forças de fechamento. Os materiais
vazão. Freqüentemente, uma ou várias destas
mais apropriados para aplicações com fluidos não
condições são assumidas arbitrárias; é a avaliação
lubrificantes, abrasivos, com alta temperatura são
destes dados arbitrários que realmente determinam o
aço Stellite® ou inoxidável endurecido
tamanho final da válvula. Nenhuma formula -
Por outro lado, os materiais da sede devem ser
somente o bom senso combinado com a experiência
macios (resilientes) para prover a vedação completa,
- pode resolver este problema. Nada substitui um
durante longos períodos. Os materiais padrão são o
bom julgamento de engenharia. A maioria dos erros
Teflon e Buna-N®. O Teflon é superior na
no dimensionamento é devida a hipóteses incorretas
resistência à corrosão e na compatibilidade à alta
relativas às condições reais da vazão.
temperatura (até 250 oC); o Buna-N é mais macio,
Na prática e por motivos psicológicos, a
mas é limitado a temperaturas menores que 100 oC.
tendência é super dimensionar a válvula, ou seja,
Estes materiais devem operar em pressões menores
estar do lado mais "seguro". Uma combinação destes
que 3,5 MPa (500 psig) e com fluidos não abrasivos.
vários "fatores de segurança" pode resultar em uma
válvula super dimensionada e incapaz de executar o
controle desejado.
Aqui serão apresentadas as equações de cálculo
da Masoneilan e da Fisher Controls para mostrar as
diferenças em suas equações e seus métodos.

131
Válvula de controle

A maior diferença ocorre nas equações de O dimensionamento da válvula de controle é


dimensionamento de fluidos compressíveis (gás, difícil, porque as recomendações publicadas são
vapor ou vapor d'água) ambíguas, conflitantes ou não satisfazem os
objetivos do sistema. Não há regra numérica
11.2. Válvulas para Líquidos específica para determinar a queda de pressão
através da válvula de controle.
A equação básica para dimensionar uma válvula Luyben recomenda que a válvula esteja a 50% de
de controle para serviço em líquido é a mesma para abertura, nas condições normais de operação; Moore
todos os fabricantes. recomenda que o Cv necessário não exceda 90% do
Cv instalado e que a válvula provoque 33% da queda
∆P de pressão total, na condição nominal de operação.
Q = C v f ( x) Outros autores sugerem 5 a 10%. Quanto menor a
ρ percentagem, maior é a válvula. Quanto maior a
válvula, maior é o custo inicial da instalação mas
onde menor é o custo do bombeamento.
Q = vazão volumétrica Uma boa regra de trabalho considera um terço da
∆P = queda de pressão através da válvula ou queda de pressão do sistema total (filtros, trocadores
∆P = P1 - P2 de calor, bocais, medidores de vazão, restrições de
P1 = pressão a montante (antes da válvula) orifício, conexões e a tubulação com atrito) é
P2 = pressão a jusante (depois da válvula) absorvido pela válvula de controle.
ρ = densidade relativa do líquido A pressão diferencial absorvida pela válvula de
Há outras considerações e correções devidas à controle, em operação real, é a diferença entre a
viscosidade, flacheamento e cavitação, na escolha da coluna total disponível e a necessária para manter a
válvula para serviço em líquido. vazão desejada através da válvula. Esta pressão
diferencial é determinada pelas características do
11.3. Válvulas para Gases processo e não pelas hipóteses teóricas do projetista.
Por causa da economia, a queda de pressão
O gás é mais difícil de ser manipulado que o através da válvula deve ser a menor possível. Por
líquido, por ser compressível. As diferenças entre os causa do controle, a queda de pressão através da
fabricantes são encontradas nas equações de válvula deve ser a maior possível. Para poder fazer o
dimensionamento para fluidos compressíveis. Estas controle correto, a válvula deve absorver do sistema
diferenças são devidas ao modo que se expressa ou e devolver para o sistema a queda de pressão.
se considera o fenômeno da vazão crítica. Quando a proporção da queda de pressão através da
A vazão crítica é a condição que existe quando a válvula é diminuída, a válvula de controle perde a
vazão não é mais função da raiz quadrada da habilidade de aumentar rapidamente a vazão.
diferença de pressão através da válvula, mas apenas Também, a pequena perda de carga resulta em
função da pressão à montante. Este fenômeno ocorre grande tamanho da válvula e, como conseqüência,
quando o fluido atinge a velocidade do som na vena maior custo inicial da válvula e uma diminuição da
contracta. Assim que o gás atinge a velocidade do faixa de controle, pois a válvula está super
som, na vazão crítica, a variação na pressão à jusante dimensionada.
não afeta a vazão, somente variação na pressão a A quantidade de vazão máxima da válvula deve
montante afeta a vazão. ser de 15 a 50% acima da máxima vazão requerida
pelo processo. As vazões normal e máxima usadas
11.4. Queda de Pressão na Válvula no dimensionamento devem ser baseadas nas
condições reais de operação, sem aplicação de
Deve-se entender que a válvula de controle qualquer fator de segurança.
manipula a vazão absorvendo uma queda de pressão
do sistema. Esta queda de pressão é uma perda
econômica para a operação do processo, desde que a
pressão é fornecida por uma bomba ou compressor.
Assim, a economia deve ditar o dimensionamento da
válvula, com pequena perda de pressão. A queda de
pressão projetada afeta o desempenho da válvula.
Em um sistema de redução de pressão, é fácil
conhecer precisamente a queda de pressão através da
válvula. Isto também ocorre em um sistema de nível
de um líquido, onde o líquido passando de um vaso
para outro, em uma pressão constante e baixa.
Porém, na maioria das aplicações de controle, a
queda de pressão através da válvula deve ser
escolhida arbitrariamente.

132
Válvula de controle

manipulado, classe de pressão, modo de atuação . Há


válvulas com princípios de funcionamento já do
domínio público, outras que ainda estão patenteadas
e são propriedades e fabricadas por uma única firma.
Um modo conveniente de classificar as válvulas é de
acordo com a natureza do meio de operação
empregado. Este modo é esquemático e simples,
pois todas as válvulas caem em uma das oito
categorias gaveta, globo, esfera, borboleta, plug,
pinch, poppet, swing. Por exemplo, numa indústria
petroquímica, 90% de todas as válvulas usadas são
dos tipos gaveta, globo, retenção, esfera, borboleta e
plug.
A seguir serão vistos a descrição, uso, vantagens
e desvantagens de cada um dos tipos acima.
Fig. 8. 13. Quedas de pressão ao longo do sistema e na
válvula de controle

14. Tipos de Válvulas


Há muitos tipos de válvulas de controle no
mercado. Quase todo mês aparece um válvula de
controle "nova e melhorada", tornando difícil a sua Fig. 1.1. Tipos de válvulas
classificação.
O número de válvulas usadas para o controle de
fluidos é elevado, com válvulas variando de simples
dispositivos de liga-desliga até sistemas de
servomecanismo complexos. Seus tamanhos variam
de pequeníssimas válvulas medidoras usadas em
aplicações aeroespaciais até válvulas industriais com
diâmetros de vários metros e pesando centenas de
quilos. As válvulas controlam a vazão de todos tipos
de fluidos, variando de ar e água até produtos
químicos corrosivos, sujos, metais líquidos e
materiais radioativos. Elas podem operar em Fig. 1.1. Válvulas de controle
pressões na região do vácuo até pressões de 100 000
psig e temperaturas variando da faixa criogênica até
as faixas de metais derretidos. Eles podem ter tempo
de vida variando de apenas um ciclo até milhares de
ciclos, sem a necessidade de reparo ou substituição.
As válvulas podem ter exigência de vedação total,
onde pequenos vazamentos podem ser catastróficos
ou elas podem ser complacentes, permitindo a
passagem de quantidades razoáveis de fluido quando
totalmente fechadas, sem que isso seja grave. As
válvulas podem ser operadas por uma variedade de
modos manual, pneumático, elétrico . Elas podem
responder de um modo previsível a sinais
provenientes de sensores de pressão, temperatura e Fig. 1.1. Válvulas
outras variáveis do processo ou podem
simplesmente abrir e fechar independentemente da
potência do sinal de atuação.
Aproximadamente todas as válvulas em uso hoje
podem ser consideradas como modificações de
alguns poucos tipos básicos. As válvulas podem ser
classificadas de diferentes modos, tais como
tamanho, função, material, tipo do fluido

133
Válvula de controle

14.1. Válvula Gaveta

Descrição
A válvula gaveta é caracterizada por um disco ou
porta deslizante que é movida pelo atuador na
direção perpendicular à vazão do fluido. Há muitas
variações na sede, haste e castelo das válvulas
gaveta. Elas são disponíveis em vários tamanhos e
pesos.
A norma API 600-1973 define e descreve as duas
principais classificações para a válvula gaveta cunha
(wedge) e com disco duplo; a mais popular na
indústria petroquímica é tipo cunha.
A válvula gaveta tipo cunha é disponível em três
configurações diferentes cunha sólida plana, cunha
sólida flexível e cunha partida. Fig. 8. 16. Válvulas gaveta

Desvantagens
As numerosas vantagens da válvula gaveta não a
tornam a válvula universal. Ela possui as seguintes
limitações e inconvenientes
1. A abertura entre a gaveta e o corpo da
válvula, durante a subida ou descida, provoca
distúrbios na vazão do fluido, resultando em
vibração indesejável e causando desgaste ou
erosão da gaveta.
2. A turbulência do fluido pode também ser
causada pelo movimento de subida ou
descida da gaveta. A válvula gaveta é
Fig. 8. 15. Válvula gaveta em angulo vulnerável à vibração, quando praticamente
aberta e é sujeita ao desgaste da sede e do
disco.
3. O ganho da válvula é muito grande, quando
A válvula gaveta cunha sólida flexível se tornou ela está próxima de sua abertura total. Isto
mais popular que a sólida plana, dominando o significa que a operação da válvula é instável
mercado. Ela possui melhor desempenho de na operação próxima de sua abertura total.
selagem, requer menor torque operacional e 4. A lâmina percorre uma grande distancia entre
apresentar menor desgaste no material da sede. O as posições totalmente aberta e fechada;
único fator negativo é sua construção mecânica que como conseqüência, válvula gaveta possui
não fornece alívio de pressão para o corpo da resposta lenta e requer grandes forças de
válvula. Recomenda-se especificar um furo de vent atuação.
no lado a montante da cunha, para evitar pressão
elevada na cavidade do corpo.

Vantagens
1. Na posição totalmente aberta, a gaveta ou o
disco fica fora da área de vazão do fluido,
provocando pequena queda de pressão e
pouca turbulência.
2. Na posição totalmente fechada ela fornece
uma excelente vedação.
3. Sua geometria fica relativamente livre de
acumulo de contaminantes.
4. Sua construção possui a maior faixa de
aceitação para a temperatura e pressão do
fluido.
5. Quase todo tipo de metal pode ser usado e
trabalhado para seus componentes.

134
Válvula de controle

Aplicações e Restrições 14.2. Válvula Esfera


A válvula gaveta é o tipo mais freqüentemente
especificado e corresponde a cerca de 70 a 80% do Descrição
total de válvulas da indústria petroquímica. A
A válvula tipo esfera possui um obturador
principal razão de sua popularidade é que a planta
esférico, que se posiciona dentro de uma gaiola.
petroquímica necessita de válvulas de bloqueio e de
Outro tipo de válvula esfera consiste em um
válvulas liga-desliga.
obturador esférico, com uma abertura. Quando o
A válvula gaveta é ideal para aplicações de
eixo de abertura coincide com o eixo da vazão, tem-
bloqueio (totalmente fechada) e de controle liga-
se a máxima vazão. Quando o eixo da abertura é
desliga, onde ela opera ou totalmente aberta ou
perpendicular à tubulação, a válvula está fechada.
totalmente fechada e não necessitam ser operadas
A válvula esfera é basicamente uma esfera
com grande freqüência. Ela é conveniente para
alojada em um invólucro. A rotação da esfera de 90o
aplicações com alta pressão e alta temperatura e para
muda a posição de totalmente aberta para totalmente
uma grande variedade de fluidos.
fechada. A esfera pode ser fixa ou flutuante, com
Os fatores limitantes tornam a válvula gaveta
porte reduzido ou total. As válvulas esfera são
inadequada para controle contínuo, para manipular
disponíveis em uma variedade de tamanhos e com
fluidos em velocidades muito elevadas ou para
vários mecanismos de atuação.
serviço requerendo operação rápida e freqüente da
A válvula esfera pode ser considerada um tipo
válvula. Não se recomenda usar a válvula gaveta em
modificado da válvula plug; em vez do plug tem-se a
serviço de vapor d'água.
esfera polida com um furo que gira, para dar
A válvula gaveta com disco duplo é projetada de
passagem ou bloquear a vazão.
modo que o ângulo da cunha siga flexivelmente os
A válvula do tipo esfera flutuante suporta a
vários ângulos da sede da válvula. Esta construção
esfera com dois assentos esféricos colocados no
única mantém um alto desempenho de selagem,
corpo da válvula, um no lado da entrada e outro no
mesmo que o corpo da válvula seja deformado. A
lado da saída. Ela construção mecânica simples
válvula gaveta com disco duplo é usada em serviço
torna esta válvula mais popular que as outras do tipo
criogênico ou em altíssima temperatura, onde o
esfera. A pressão a montante empurra a esfera e a
corpo da válvula pode se deformar com a variação
esfera comprime a sede da bola do lado a jusante,
da temperatura do processo.
para bloquear a vazão do fluido.
A válvula gaveta resistente a corrosão Classe 150
é descrita na norma API 603-1977. O corpo da
válvula é feito de aço inox tipo 304, 316 ou 347 ou
Alloy 20, que apresenta resistência à corrosão da
maioria dos produtos petroquímicos.
A válvula gaveta de aço carbono compacta,
descrita na norma API 602-1974, é largamente usada
em linhas de dreno, linhas de bypass ou com
instrumentos na tubulação de processo. A válvula
compacta pode ser disponível também na versão
resistente à corrosão.
A válvula gaveta de ferro fundido, descrita na
norma API 593-1973, é usada em aplicações com
Fig. 8.17. Esquema de válvula esfera
água de utilidade, água do ar e vapor d'água à baixa
pressão.
Vantagens
As características da válvula esfera são
1. mudança pequena na direção da vazão dentro
do corpo da válvula, resultando em pequena
queda de pressão. A resistência à vazão é
semelhante à da válvula gaveta.
2. a rotação da esfera de 90 graus fornece uma
operação completa da válvula. Diferente das
válvulas globo e gaveta, que requerem espaço
vertical para o deslocamento da haste, a
operação é fácil e o tamanho da válvula pode
ser muito pequeno.
3. A abertura da válvula e a quantidade da
vazão podem ser determinadas muito
precisamente, tornando-a adequada para

135
Válvula de controle

controle proporcional, embora sua aplicação direção da vazão, válvula está aberta; na posição
principal seja em operação de liga-desliga. perpendicular à direção da vazão, a válvula está
4. Ela prove boa vedação, quando totalmente fechada. Como ela não veda perfeitamente, pode
fechada. haver pequeno vazamento.
5. Elas são de operação rápida e relativamente
insensíveis à contaminação.

Fig. 8. 19. Válvula borboleta tipo flauta


Fig. 8. 18. Válvula esfera flutuante

Desvantagens A válvula borboleta típica consiste de um disco


As principais limitações da válvula são que pode girar em torno de um eixo, em um corpo
1. A sede da válvula esfera pode ser sujeitas à fechado. O disco fecha contra um anel selante, para
distorção, sob a pressão de um selo, nos fechar a vazão. Vários mecanismos de atuação,
espaçamentos entre metais, quando a válvula como alavanca e cam podem ser usados para operar
é usada para controle. a válvula.
2. O fluido entranhado na esfera na posição A norma API 609-1973 Butterfly valves descreve
fechada pode causar problemas. e define os principais tipos de válvulas borboleta,
3. Por causa de sua abertura rápida, a válvula embora não especifique a sua construção mecânica.
esfera pode causar os indesejáveis golpe de
aríete ou pico de pressão no sistema.

Aplicações e restrições
A válvula esfera é usada em controle contínuo,
quando de pequeno tamanho. Ela é mais adequada
para serviço de desligamento (shutoff). Ela podem
manipular fluidos corrosivos, líquidos criogênicos,
fluidos muito viscosos e sujos. Elas podem ser
usadas em alta pressões e medias temperaturas. Há
limitação desfavorável da temperatura por causa do
uso de elastômeros na sede da válvula.
A válvula esfera não é recomendada para Fig. 8. 20. Elemento de controle da válvula borboleta
controle contínuo, pois quando ela estiver
parcialmente aberta, o aumento da velocidade do
fluido pode danificar os assentos da esfera expostos Vantagens
ao fluido. As vantagens da válvula borboleta são
1. Produzir uma queda de pressão muito
14.3. Válvula Borboleta pequena, quando totalmente aberta.
2. Ser barata, leve, de comprimento pequeno
(raramente flangeada). O diâmetro da válvula
Descrição pode ser do mesma dimensão que a
A válvula borboleta possui este nome por causa tubulação.
do formato da combinação disco-haste. É uma 3. Possuir construção e operação extremamente
válvula totalmente diferente da convencional com simples.
sede-obturador-haste. 4. Fornecer controle liga-desliga e contínuo.
A válvula borboleta consiste de um disco, com 5. Manipular grandes vazões de água, líquidos
aproximadamente o mesmo diâmetro externo que o contendo sólidos e gases sujos.
diâmetro interno do corpo da válvula, que gira em
torno de um eixo horizontal ou vertical,
perpendicular à direção da vazão. O disco atua como
basculante na posição completamente paralela à

136
Válvula de controle

Fig. 8. 23. Válvula swing para retenção


Fig. 8. 21. Válvula borboleta

Desvantagens 14.4. Válvula Globo


1. A vedação da válvula borboleta é
relativamente baixa, a não ser que seja usado
Descrição
selo especial. O selo é geralmente danificado
pela vazão com alta velocidade. É uma válvula com o corpo esférico, com sede
2. Estas válvulas usualmente requerem grandes simples ou dupla, com obturador guiado pela haste
forças de atuação e são limitadas a sistemas ou pela gaiola e que pode apresentar várias
de baixa pressão. características diferentes liga-desliga, linear, igual
3. Quando usam materiais elastômeros na sede, percentagem.
há limitação de temperatura (90 oC). Há três tipos principais de válvulas na família
globo, ângulo e Y. Elas são caracterizadas por um
elemento de fechamento, geralmente um disco ou
plug, que é movido por uma haste atuadora,
perpendicular à sede em forma de anel. A vazão
passa da entrada para a saída, através da sede. Os
três tipos diferem principalmente na orientação da
sede em relação à direção da vazão através da
válvula.
Fig. 8.22. Posições da válvula borboleta A válvula tipo Y é uma versão modificada da
válvula globo. O corpo da válvula é construído de
modo que as mudanças na direção do fluido dentro
Aplicações do corpo são minimizadas; é também chamada de
As válvulas borboleta são usadas geralmente em válvula globo de vazão reta.
sistemas de baixa pressão, onde não se necessita de A válvula globo não é definida por nenhuma
vedação completa. Elas são normalmente usadas em norma API. A indústria petroquímica usa a norma
linhas de grandes diâmetros. inglesa 1873-1975 Steel globe and globe stop and
check valves for the petroleum, petrochemical and
Válvula Swing allied industries.
A válvula swing é semelhante à borboleta, exceto
que elas giram em torno de um lado e não ao longo
do diâmetro. Elas podem ser atuadas pela vazão, por
molas de torção, por alavancas .
As válvulas swing são usadas principalmente
como válvulas de retenção, para bloquear a vazão
em uma direção.
As válvulas swing possuem praticamente todas
as vantagens das válvulas borboleta pequena queda
de pressão, pequeno peso e custo relativamente
pequeno.
A vedação da válvula swing é muito alta, são
sujeitas à deposição de contaminantes e introduz
turbulência em baixas vazões. As superfícies de
selagem sofrem erosão, quando o fluido está em alta
velocidade. Fig. 8. 24. Válvula globo em ângulo

137
Válvula de controle

Vantagens Aplicações
As válvulas globo são, geralmente, mais rápidas As válvulas globo são usadas principalmente
para abrir ou fechar que a válvula gaveta. As como válvulas de controle contínuo; elas podem ser
superfícies da sede são menos sujeitas a desgaste e a consideradas como uma válvula de controle de
capacidade de provocar grandes quedas de pressão vazão de uso geral. Neste aplicação, a válvula globo
torna a válvula globo conveniente para controle. A é projetada com a sede do corpo com material mais
válvula globo é favorita para aplicações de controle duro, já que o serviço severo pode causar desgaste e
liga-desliga, quando há operação freqüente da erosão. Para controle mais fino da vazão, usa-se a
válvula, por causa do deslocamento pequeno do válvula agulha, que é uma versão modificada da
disco. válvula globo. A válvula Y é usada para controle
contínuo e controle liga-desliga de líquidos sujos
(slurry) e de alta viscosidade. A válvula globo
pequena, feita de liga de cobre, é usada
freqüentemente em linhas de gás domesticas ou em
serviço de baixa pressão, com disco de plástico para
garantir boa vedação.

Fig. 8. 25. Válvula globo guiada pela gaiola

Desvantagens
As válvulas globo provocam grande perda de
pressão; isto pode ser indesejável em muitos (a) sede simples (b) sede dupla
sistemas. A direção da vazão é alterada Fig. 8. 27. Válvula globo
repentinamente, quando o fluido atinge o disco,
causando uma grande turbulência no corpo da 14.5. Válvula Auto-regulada
válvula. Em grandes tamanhos, elas requerem muita
potência para operar, necessitando de alavancas,
engrenagens. As válvulas globo são normalmente Conceito
O regulador é uma válvula de controle com um
mais pesadas do que outras válvulas de mesma
controlador embutido. Ele é operado pela energia do
especificação.
próprio fluido sendo controlado e não necessita de
A turbulência do fluido na passagem pela
fonte externa de energia. O regulador é chamado de
abertura da válvula globo causa vibração no disco,
válvula auto-operada, auto-regulada, reguladora.
resultando em estrago da haste. Para evitar isso,
deve se projetar um guia especial do disco,
principalmente em serviço com alta velocidade do Vantagens do Regulador
fluido. A vantagem principal é o menor custo do
regulador em relação ao custo total da malha
convencional com o transmissor, o controlador e a
válvula de controle. O regulador é mais barato no
custo inicial, na instalação e na manutenção,
principalmente quando as linhas de processo são
pequenas. Quando as aplicações requerem válvulas
maiores, a economia começa a tender para os
sistemas completos.
O regulador requer menor espaço e menor trecho
da tubulação para a sua instalação e operação.
A não necessidade de alimentação torna a
válvula auto-operada mais conveniente para
aplicações em lugares remotos e inacessíveis. O
regulador não está sujeito a falta de alimentação e
Fig. 8. 26. Válvula globo Y por isso o sistema é mais seguro, porém o
funcionamento da válvula auto-operada em si não é

138
Válvula de controle

mais seguro ou confiável que o funcionamento da realimentação, o dispositivo de detecção de erro e o


válvula de controle convencional. atuador.
A ruptura do diafragma é a falha mais comum no
regulador. A maioria dos reguladores falha na
posição totalmente aberta quando o diafragma falha.
Em aplicações críticas, uma solução seria o uso de
dois reguladores em série, com o segundo regulador
ajustado em um valor maior que o primeiro, por
exemplo, 20%. Ele ficará totalmente aberto em
operação normal e será o responsável pela regulação
somente durante a falha do primeiro.
O regulador de pressão deve ser instalado com
filtro a montante, com purgador-separador de
condensado, quando houver vapor. Deve haver
trechos retos antes e depois do regulador.

Regulador de Temperatura
Fig. 8. 28. Válvula auto-regulada de temperatura Um regulador de temperatura é um dispositivo
controlador que inclui o elemento sensor termal, a
entrada de referência e a válvula de controle. O
Como o regulador não requer fonte externa de sistema é auto-atuado a energia para a atuação da
energia ele é inerentemente seguro e pode ser usado válvula é suprida pelo processo.
em qualquer local perigoso, pois sua presença não Há basicamente dois tipos, conforme a atuação
compromete a segurança. As válvulas com atuador da válvula atuado diretamente e atuado por piloto.
eletrônico requerem classificação elétrica especial, No tipo de atuação direta, a unidade de potência
como prova de explosão, segurança intrínseca. (diafragma, fole) do atuador termal está conectada
diretamente a haste da válvula e desenvolve a força e
Desvantagens do Regulador o deslocamento necessários para abrir-fechar a
O ponto de ajuste é provido manualmente e não é válvula. O regulador atuado diretamente é mais
possível o ajuste remoto. A precisão e a resolução do simples, mais econômico e tem um controle mais
ajuste do ponto de ajuste são precárias. proporcional.
O controle só pode ser proporcional, com banda No tipo atuado por piloto, o atuador termal move
proporcional fixa. Não é possível a combinação com uma válvula piloto, que controla o valor da pressão
os outros modos, integral e derivativo. do fluido que passa pela válvula através de um
É limitado a poucas aplicações, podendo ser diafragma ou pistão, que estabelece a posição da
usado para o controle de pressão, temperatura e haste da válvula principal. O regulador com piloto
nível, em determinadas faixas e sob condições muito possui bulbo menor, resposta mais rápida, maior
restritivas. ganho e pode atuar em válvulas de alta pressão.
É pouco preciso e não possui indicações da A instalação adequada inclui a correta localização do
variável medida. bulbo, onde as variações de temperatura são
É puramente mecânico e incompatível com os prontamente sentidas e onde não há perigo de dano.
sinais elétricos de termopar, bulbo de resistência,
contato . Há ainda a pequena flexibilidade com os Regulador de Nível
acessórios, como o posicionador, a chave limite, o O regulador de nível é um instrumento que é
volante manual, a solenóide . atuado pela variação de nível do líquido do processo.
Ele não necessita de suprimento de energia e por
Regulador de Pressão isso é auto-atuado.
O regulador de pressão é o dispositivo para Os principais tipos são do tipo bóia direta e bóia
reduzir a pressão, para controlar o vácuo e a pressão piloto.
diferencial. Ele pode ser aplicado a gases, líquidos e O mais simples regulador de nível consiste de
vapores. uma alavanca atuada por uma bóia flutuadora e que
O diafragma é o componente básico responsável atua diretamente na válvula de controle.
pela operação do regulador. O diafragma compara o O regulador com bóia piloto é mais versátil e
ponto de ajuste, que é convertido em uma força pela sensível. Neste sistema a alavanca da bóia atua um
compressão ajustável da mola com a pressão a ser relé pneumático. A válvula de controle é assim
regulada, que é convertida em outra força de operada por pressão pneumática.
diafragma em si e ajusta a abertura da válvula para
reduzir o erro entre estas duas pressões. Assim o
diafragma é, simultaneamente, o elemento de

139
Válvula de controle

15. Válvulas Especiais

15.1. Válvula Retenção (Check Valve)


As válvulas de retenção são projetadas
unicamente para evitar a vazão no sentido inverso
em uma tubulação, que perturba o processo
seriamente e pode até causar acidente. A pressão do
fluido vazante abre a válvula e o peso do mecanismo
Fig. 8. 29. Reguladora com piloto de retenção e qualquer reversão da vazão a fecha,
automaticamente.
Há diferentes tipos de válvulas de retenção
Regulador de Vazão portinhola (swing), com levantamento de disco ou
O regulador de vazão usa a energia do próprio esfera (lift), disco, retenção-bloqueio, tipo sanduíche
líquido a ser medido, para sua operação. Ele (wafer). A seleção do tipo mais conveniente depende
normalmente possui uma restrição para provocar a da temperatura, da queda de pressão disponível e da
pressão diferencial e utilizar esta mesma pressão limpeza do fluido.
diferencial para atuar em um pistão, que por sua vez,
controla a vazão.
O regulador contem em um único dispositivo os
três elementos de controle primário-controlador-
final. O ponto de ajuste é estabelecido externamente.
Quando a vazão atinge o ponto de ajuste
estabelecido, a válvula de controle integral impede
qualquer acréscimo de vazão.
O regulador é um dispositivo utilizado em
sistemas onde a precisão não é crítica, como em
sistemas de irrigação e distribuição de água.

Conclusões
Mesmo na época dos controladores a
microprocessador, que serão a base do controle do
próximo século, ainda há aplicações válidas para o
regulador desenvolvido no século passado. Fig. 8. 30. Válvula de retenção com portinhola
O regulador ainda é usado para aplicações pouco
exigentes e em locais onde não é disponível
nenhuma fonte de energia. Ele justifica a sua A válvula de retenção padrão é a com portinhola
aplicação, por causa de sua simplicidade e (swing), que abre com a pressão da linha, onde a
economia. vazão no sentido normal faz o disco se afastar do
assento. Ela se fecha quando a pressão cai e fica
totalmente fechada, quando o disco é mantido contra
o anel do assento pelo seu peso ou por mecanismos
externos ligados ao eixo estendido através do corpo
da válvula. Elas podem operar na posição vertical
(vazão para cima) ou horizontal.
A válvula de retenção com portinhola é usada em
velocidades baixas do fluido, onde a reversão da
vazão é rara. As suas características são a baixa
resistência à vazão, a baixa velocidade e a mudança
de sentido da vazão pouco freqüente. Uma reversão
repentina da vazão do fluido pode fazer o disco
martelar a sede, danificando-a ou se danificando.
Uma vazão pulsante pode fazer a válvula de
retenção com portinhola oscilar continuamente,
danificando a sede, a portinhola ou ambas. Este
problema pode ocorrer também quando a força da
velocidade do fluido não é suficiente para manter a
posição da portinhola estável.

140
Válvula de controle

A válvula de retenção é geralmente fechada pela 15.3. Válvulas de Retenção Esfera


pressão da vazão reversa e o pelo peso do disco. Se
o disco pode ser fechado logo antes do inicio da Esta válvula de retenção é similar à válvula lift,
vazão reversa, o martelo d'água pode ser evitado. exceto que o disco é substituído por uma esfera, que
Porém, a maioria das válvulas de retenção precisa da pode girar livremente. Elas são limitadas a serviço
ajuda da vazão reversa para fechar o disco. A massa de fluidos viscosos e são disponíveis apenas em
e a velocidade do fluido da vazão reversa causam pequenos diâmetros.
grande martelo d'água contra a sede do corpo da
válvula. Podem ser usadas molas para proteger 15.4. Válvulas de Retenção Borboleta
contra o martelo d'água, porém a adição da mola
As válvulas de retenção tipo borboleta tem uma
requer mais pressão para abrir o disco e aumenta a
geometria similar à válvula de controle, de modo
resistência do fluido e a queda de pressão.
que elas podem ser usadas em conjunto. As
Semelhante às válvulas de controle, as de
características de operação da válvula de retenção
retenção são disponíveis em diferentes materiais,
borboleta são resistência mínima à vazão, mudança
como bronze, ferro fundido, aço carbono, aço
freqüente de sentido e uso em linhas equipadas com
inoxidável, aços especiais .
válvulas de controle borboleta. Elas podem ser
As conexões podem ser rosqueadas, flangeadas,
usadas na posição vertical ou horizontal, com a
soldadas e tipo wafer. As modernas válvulas são
vazão vertical subindo ou descendo.
disponíveis com corpo no estilo wafer; elas possuem
extremidades planas e sem flanges e são instaladas
entre flanges da tubulação. 15.5. Válvula de Retenção e Bloqueio
A válvula de retenção e bloqueio (stop check)
combina as características de retenção (vazão em
somente um sentido) e de bloqueio (vazão zero,
quando totalmente fechada). Ela é composta de uma
válvula de retenção com levantamento do disco e
uma válvula globo. Quando a haste é levantada para
a abertura total, a válvula opera como uma de
retenção normal. Quando a haste move para baixo,
para fazer o fechamento total, a válvula funciona
como uma de bloqueio globo.
A válvula de retenção-bloqueio é usada
particularmente em casas de força, para serviço com
vapor. Ela possui um disco flutuante que levanta
sob condições de vazão, como a força da pressão da
caldeira de vapor. Suas principais aplicações
incluem
1. evitar a vazão reversa do vapor do header
Fig. 8. 31. Válvula de retenção tipo levantamento (lift) principal,
2. ajudar a colocar a caldeira em serviço, depois
de ter sido desarmada (shutdown),
15.2. Válvulas de Retenção Tipo 3. ajudar a desligar a caldeira, quando a queima
Levantamento parar,
4. agir como uma válvula de segurança
Nas válvulas de retenção tipo levantamento (lift), imediata, evitando a vazão de vapor de volta
um disco ou uma esfera é levantada da sede, dentro para o header.
de guias, pela pressão de entrada da vazão. Quando a A norma API Spec. 6D "Pipeline valves"
vazão para ou inverte de sentido, o disco volta para o descreve os tipos regulares de válvulas de retenção
assento, por causa da gravidade ou pela ação de uma tipo portinhola.
mola e pela pressão da vazão.
A válvula de retenção tipo levantamento pode ser
usada em ambas as posições, horizontal e vertical. 16. Válvula de Alívio de Pressão
Ela possui alta resistência à vazão e é usada
principalmente em tubulações de 1 1/2" ou menores.
Em geral, a válvula de retenção lift requer queda 16.1. Função do Equipamento
de pressão relativamente alta. Elas possuem uma A função básica de um equipamento de alívio é a
construção interna semelhante à da válvula globo. de aliviar uma condição de sobrepressão de um
Suas características de operação são mudança sistema de modo automático, econômico e eficiente.
freqüente do sentido da vazão e prevenção de vazão A função adicional é a de conter o sistema de
inversa. Elas são usadas com válvulas globo ou de pressão, durante o tempo em que a sobrepressão cai,
ângulo.

141
Válvula de controle

voltando para a condição normal. Isto é conseguido 16.3. Sobrepressão


por um sistema de balanço de forças agindo no
fechamento da área de alívio. A área do orifício de Os sistemas de alívio de pressão fornecem os
alívio de pressão é selecionada para passar a vazão meios de proteção de pessoal e equipamento de
necessária, em condições específicas. Esta área é operação anormal do processo. Algumas das
fechada por um disco, até que a pressão ajustada seja condições que causam aumento excessivo da pressão
atingida. A pressão contida do sistema age em um são
lado do disco; do outro lado há uma força exercida 1. exposição ao fogo ou outras fontes externas
diretamente por uma mola. Todo este conjunto é de calor,
alojado dentro de um corpo, com conexões de 2. aquecimento ou resfriamento de líquido
entrada e de saída, um prendedor do disco e outros bloqueado entre válvulas ou em alguma outra
acessórios para prover a característica de seção fechada do sistema, resultando em
desempenho especificada. expansão hidráulica,
3. falha mecânica de equipamentos normais de
segurança, funcionamento inadequado dos
instrumentos de controle, falha na operação
manual, resultando em enchimento ou
esvaziamento do equipamento,
4. produção de mais vapor do que o sistema
pode manipular, seguindo um distúrbio
operacional,
5. geração inesperada de vapor, resultando no
desequilíbrio de energia do processo,
6. reação química exotérmica e produção
excessiva de gás do sistema.

Objetivos
A partir destas situações e necessidades, os
Fig. 8.32. Válvula de alívio objetivos do sistema de alívio de pressão são
1. atender as normas e leis governamentais,
incluindo o controle ambiental,
2. proteger o pessoal de operação contra perigos
16.2. Definições e Conceitos
causados de sobrepressão de equipamentos,
Os termos válvula de segurança e válvula de 3. minimizar as perdas de material durante e
alívio são usados com o mesmo sentido, para após um distúrbio operacional, causado por
designar válvulas que protegem contra a pressão uma sobrepressão rápida,
excessiva. Porém, há diferença entre elas. 4. evitar danos a equipamentos e propriedades
A válvula de segurança é projetada para ter uma vizinhos,
ação de abertura total, provendo um alívio imediato. 5. reduzir os prêmios de seguro da planta.
Ela está descrita no código ASME, que especifica
capacidade, sobre-faixa de pressão e diferença entre Operação da Válvula de Alívio
pressão ajustada e de rearme. A válvula de alívio é As válvulas de alívio tem discos pressionados
projetada para abrir lentamente com aumento na por mola, que fecham a abertura de entrada da
pressão inicial. Estas válvulas não possuem um válvula contra a pressão da fonte. O levantamento do
código de projeto. A válvula de alívio é disco é diretamente proporcional à sobrepressão
normalmente usada para aliviar pressões excessivas acima da pressão ajustada. Quando a pressão de
desenvolvidas por fluidos não compressíveis, desde entrada se iguala a pressão ajustada, o disco pode
que uma pequena descarga deste fluido irá prover subir um pouco acima da sede e permitir a passagem
um alívio imediato. Sob estas condições não é de uma pequena vazão do fluido. Quando uma maior
necessário que a válvula de alívio abra total e pressão se acumula na entrada, a mola é mais
imediatamente, mas que ela continua abrindo comprimida, fazendo o disco subir mais,
enquanto a pressão estiver subindo. aumentando a área de passagem, aumentando a
Por causa destas diferenças na ação, as válvulas de vazão do fluido.
segurança são usualmente empregadas para aliviar O levantamento gradual do disco com o aumento
pressão excessiva causada por gases (fluidos da pressão de entrada, através de toda a faixa útil da
compressíveis), enquanto as válvulas de alívio são válvula e a realização de sua capacidade de descarga
usadas para aliviar a pressão excessiva causada por total em 25% de sobrepressão são as principais
líquidos (fluidos não-compressíveis). características da válvula de alívio. Estas
A válvula de segurança-alívio (safety-relief) tem propriedades diferenciam a válvula de alívio da
um projeto de abertura total e pode ser usada em válvula de segurança, cujo disco obtém seu
fluidos compressíveis e não-compressíveis. levantamento especificado com pequena

142
Válvula de controle

sobrepressão. A válvula de alívio é usada A vantagem da válvula de alívio e segurança é


principalmente para serviço de líquido. sua versatilidade, controlando rigorosamente ou
evitando a emissão do fluido.
16.4. Válvula de Segurança
Dimensionamento
A válvula de segurança e a válvula de alívio de A válvula de alívio deve proteger equipamento
segurança são projetadas especificamente para dar sujeito a sobrepressão, provocada por várias causas
uma abertura total com pequena sobrepressão. elas distintas. Por exemplo, numa coluna de
possuem discos pressionados por mola que fecham a fracionamento, pode aparecer sobrepressão por
abertura de entrada da válvula contra a pressão de causa de fogo externo, descarga bloqueada, perda de
entrada e são caracterizadas pela abertura rápida e refluxo, falha de alimentação elétrica, falha de
completa, produzida por uma câmara que, a uma resfriamento, falha de instrumentos de controle . A
pressão predeterminada, aumenta a área entre o válvula de alívio deve ser dimensionada para cada
disco e a sede a um ponto onde a força da mola não uma das condições em separado e o tamanho final
mais supera a força de entrada. deve ser suficientemente grande para manipular a
O fluido vazante é dirigido para reagir contra o maior capacidade.
disco e a força da mola. Esta ação utiliza a energia O primeiro passo é calcular a vazão necessária
cinética (proporcional à massa e à velocidade) para através da válvula de alívio de pressão para evitar
manter a válvula na posição aberta. Quando a vazão acúmulo excessivo. Em reações exotérmicas, a
for menor que 25% da capacidade da válvula, a válvula deve ser dimensionada para passar uma
energia cinética não é suficiente para manter a vazão capaz de aliviar a pressão na máxima pressão
válvula totalmente aberta e a mola faz a válvula se possível.
fechar. Esta repetição de abertura e fechamento é Após a capacidade do fluido a ser aliviada é
característica da válvula de segurança. A freqüência determinada, é necessário calcular a área do orifício
de repetição muito alta (chattering) é indesejável e necessário para aliviar a quantidade predeterminada
ocorre com válvula super dimensionada. de líquido ou vapor. Depois da determinação da
É essencial o conhecimento da válvula de alívio. área, pode-se fazer a seleção da válvula consultando
Por exemplo, o coeficiente de descarga é diferente tabelas de fabricantes, que listam várias válvulas
para as várias válvulas dos fabricantes diferentes. A com a área do orifício necessária. A seleção final
válvula pode ser instalada de modo que ela limita as será baseada na conformidade da área do orifício
condições nas quais foi feito o seu com a válvula que satisfaça a pressão, temperatura e
dimensionamento. As válvulas de alívio devem ser materiais de construção.
dimensionadas e instaladas de modo que elas A ASME apresenta formulas para determinar a
controlem descarga do fluido e não sejam vitimas da área efetiva do orifício que irá determinar a
descarga do fluido. capacidade especificada do fluido.
Quando dimensionada corretamente, a válvula de
alívio continua a descarregar, até que a pressão de Construção da Válvula
entrada caia de 4 a 5% abaixo do ponto de ajuste. A As válvulas de segurança e alívio são
diferença entre a pressão em que a válvula de alívio normalmente mantidas na posição fechada por meio
abre a pressão de fechamento é chamada blowdown. de um disco pressionado por uma mola. A pressão
A válvula de segurança possui um anel ajustável da mola é ajustada de modo que uma pressão
para controlar o blowdown. predeterminada agindo sobre o disco da válvula
(sede) levantará o disco da sede permitindo a
Válvula de Alívio e Segurança passagem do fluido através da abertura.
A válvula de alívio e segurança é usada como Em válvulas de segurança, o disco se projeta
equipamento de alívio em refinarias de petróleo e sobre a sede, para fornecer uma área de passagem
indústrias químicas. Ela é descrita como uma adicional após a abertura inicial e deste modo,
válvula com um castelo fechado com todas as levantando rapidamente o disco para a posição de
características da válvula de segurança. totalmente aberta. A sede é usualmente cercada por
Como o nome implica, ela pode ser usada em um anel ajustável, de modo que, quando a válvula
dois tipos de serviço como uma válvula de alívio ou começa a abrir, a pressão é também aplicada a
como válvula de segurança. Quando usada como superfície exposta adicional e não apenas ao disco.
válvula de alívio, o anel de blowdown é retirado, de Pelo ajuste deste disco, regula-se a pressão de
modo que a câmara não produz nenhum efeito, blowdown, que é a diferença entre a pressão de
evitando a abertura rápida e total da válvula e alívio e uma pressão levemente menor em que a
fazendo a válvula operar exatamente como uma válvula fecha. Um blowdow pequeno é
válvula de alívio. Ela pode ser usada também como inconveniente, pois a válvula irá abrir-fechar
válvula de segurança, exceto quando a temperatura é periodicamente e não irá abrir rapidamente.
muito elevada e altera a característica da mola. As válvulas de alívio são projetadas de modo que
a área exposta a sobrepressão é a mesma, com a

143
Válvula de controle

válvula aberta ou fechada, fazendo com que o disco minimizar as tensões na linha , usando-se
seja levantado da sede lentamente, quando a pressão juntas de expansão.
subir, até que a válvula atinja a abertura total. 9. é essencial fazer e seguir um programa de
A maioria das válvulas de segura possuem mola. inspeção e manutenção preventiva para cada
Uma minoria funciona com peso e alavanca válvula de alívio de pressão. Toda e qualquer
externos. válvula de alívio de pressão em serviço limpo
As válvulas de alívio de pressão com mola tem a e não corrosivo deve ser inspecionada e
pressão de alívio ajustada por meio de um parafuso testada, no mínimo, uma vez por ano.
no topo do castelo, que varia a compressão da mola. Válvula em serviço corrosivo ou severo deve
As válvulas de alívio são disponíveis para ser inspecionada mais freqüentemente. Deve-
temperatura criogênicas até 750 oC e de alta pressão se registrar e manter estes relatórios de teste e
até 10 000 psig. A maioria das válvulas de segurança inspeção para saber quando e por quem cada
e algumas válvulas de alívio são equipadas com uma válvula foi inspecionada e testada.
alavanca externa para verificação do alívio. 10. Os testes não devem envolver apenas o ponto
As válvulas de alívio são disponíveis em uma de ajuste da pressão de alívio, mas também a
grande variedade de materiais ferro fundido, aço capacidade de alívio da válvula, nas
carbono, aço inoxidável, bronze, Hastelloy®, Monel, condições do processo.
revestida de Teflon. 11. A capacidade nominal de uma válvula de
segurança ou de alívio deve ser conforme o
Instalação e Manutenção que estiver gravado na plaqueta da válvula
A instalação da válvula de alívio de pressão é para as condições de projeto originais.
descrita no código ASME, que deve ser estudado e
entendido, para o dimensionamento, seleção e 18. Válvula Redutora de Pressão
instalação.
Os pontos mais importantes são:
1. a válvula de alívio de pressão deve ser 18.1. Conceito
localizada e instalada de modo que ela seja
facilmente acessível para reparo. A válvula redutora de pressão serve para diminuir a
2. Se o projeto de uma válvula de alívio de pressão a jusante para um nível determinado dentro dos
pressão ou de segurança é tal que é limites impostos pelo tipo de válvula usado.
acumulado líquido no lado de descarga do Basicamente há dois tipos de redutoras:
disco, a válvula deve ser equipada com um 1. operada diretamente, em que a válvula principal
dreno no ponto mais baixo. é operada pela ação combinada de uma mola e da
3. A mola em uma válvula de alívio de pressão de saída, que é aplicada ao lado inferior
segurança em serviço para pressões até 140 do diafragma. É válvula redutora mais simples e
kPa (20 psig), não pode ser resetada para pode operar apenas em variações limitadas de
qualquer pressão além de 10% acima ou vazão. A pressão reduzida é dependente da
abaixo do valor marcado na válvula. Para pressão de entrada.
pressões acima de 140 kPa (20 psig), a mola 2. operada por piloto, em que a válvula principal é
não deve ser reajustada para qualquer pressão aberta por meio de um pistão, que é atuado pela
além de 5% abaixo ou acima da marcação da pressão de uma válvula piloto. Esta válvula é
válvula. internamente balanceada e controla a pressão
4. nenhuma válvula de alívio de líquido não reduzida de modo preciso, mesmo que haja
pode ser menor que 1/2". variação na pressão de entrada. Ela manipula
5. as válvulas de segurança e alívio devem ser variações grandes de vazão.
ligadas ao vaso no espaço com vapor, acima
do líquido ou em uma tubulação ligada ao 18.2. Precisão da Regulação
espaço do vapor no tanque a ser protegido.
6. a abertura através de toda a tubulação e Há uma relação definida entre a precisão da
conexões entre um vaso de pressão e sua regulação e a capacidade da válvula redutora ou
válvula de alívio de pressão deve ter, no reguladora. A válvula redutora com mola deve ser
mínimo, a área da entrada da válvula. ajustada enquanto passa uma vazão mínima. A
7. as válvulas de alívio de líquido devem ser pressão reduzida obtida, quando se aumenta
ligadas abaixo do nível normal do líquido. lentamente a vazão, até chegar à capacidade
8. todas as linhas de descarga devem ir especificada, é uma medida da precisão da
diretamente para o ponto do alívio final. Para regulação. Uma válvula redutora ajustada para
linhas mais longas, deve-se usar cotovelos entregar 600 kPa (100 psig) de pressão, na vazão
com raio grande, quando for necessário mínima, possui precisão de regulação de 99%, se ela
mudar a direção. Deve-se evitar, no projeto entrega 598 kPa na capacidade especificada.
da linha, conexões próximas e deve-se

144
Válvula de controle

18.3. Sensibilidade 18.5. Instalação


A sensibilidade de uma válvula redutora de As regras gerais de instalação de válvulas
pressão usa a resposta das variações da pressão e a também se aplicam às válvulas redutoras de pressão,
mantém constante a despeito das variações de carga. além do seguinte:
Sensibilidade é diferente de precisão de regulação. 1. Deve sempre incluir um bypass para permitir
Para se obter a maior sensibilidade, as válvulas a manutenção de emergência, sem desligar a
redutoras devem ser dimensionadas e selecionadas alimentação.
corretamente, instaladas e mantidas de acordo com 2. Não instalar uma válvula redutora em um
as instruções do fabricante, de modo que suas peças local inacessível, o que tornaria difícil ou
internas se movam livremente. impossível a manutenção e serviço.
3. Instalar indicadores locais de pressão na
18.4. Seleção da Válvula Redutora de entrada e saída da válvula, facilitando o
Pressão ajuste e a verificação da válvula redutora.
4. Se a linha tiver sujeira em suspensão no
A determinação da melhor válvula redutora fluido, instalar um filtro antes da redutora.
depende da a aplicação. Devem ser conhecidas as 5. Instalar uma válvula de segurança depois da
respostas das seguintes perguntas válvula redutora de pressão.
1. Quais são as pressões máxima e mínima a
montante?
A pressão a montante (upstream) é também
referida como pressão de entrada ou suprimento.
2. Qual a pressão a jusante a ser mantida
constante ou qual a faixa ajustável da
pressão reduzida desejada?
A pressão a jusante (downstream) é a pressão na
saída da válvula, ou pressão de descarga ou pressão
reduzida. O seu valor é determinado pelo processo.
Quando a pressão regulada é fixa, o
dimensionamento da válvula se baseia na pressão
diferencial estabelecida pela mínima pressão de Fig. 8.36. Válvula reguladora de pressão com piloto
entrada. Se a pressão regulada é ajustável, a válvula
é dimensionada de acordo com a mínima pressão
diferencial disponível. Há vários conceitos errados acerca, da válvula
3. Quais as vazões mínima, máxima e media redutora de pressão, nenhum sendo mais grave que
que passam pela válvula redutora? fazer o tamanho da válvula igual ao diâmetro interno
Não escolha o tamanho da válvula redutora da tubulação. Invariavelmente, o tamanho correto da
apenas fazendo-o igual ao diâmetro da tubulação. válvula redutora de pressão é menor que a tubulação.
Cada fabricante possui sua tabela de capacidade Se este procedimento não for adotado, a válvula
própria. redutora será sempre superdimensionada e haverá
4. Deve haver vedação total? instabilidade em baixas vazões.
Uma válvula de vedação fecha totalmente, Para grandes variações de capacidade, a
impedindo a vazão do fluido para a saída. Somente operação de duas válvulas redutoras em paralelo
válvulas de sede simples podem prover vedação pode ser a solução. Para grandes reduções de
total. Nunca usar válvula de sede dupla para reduzir pressão, a operação de duas válvulas em série pode
pressão e simultaneamente vedar. ser a solução.
5. Qual deve ser o tipo de conexão?
Esta resposta é determinada pela boa prática de
tubulação e as condições reais de instalação. Se a
válvula é rosqueada, é recomendado o uso de uniões
em ambas as extremidades da válvula.

145
Válvula de controle

146
Válvula de controle

Fig. 1.1. Folha de Especificação de Válvula de Controle

147
Válvula de controle

148
3. Variáveis do Processo
Objetivos de Ensino
1. Conceituar quantidades físicas de quantidade, energia, propriedades, intensivas, extensivas, variáveis,
constantes, contínuas, discretas, mecânicas, elétricas, dependentes e independentes.
2. Apresentar os conceitos e notação da função e da correlação. Mostrar a função linear.
3. Apresentar os conceitos básicos e as unidades das principais variáveis de processo, como pressão,
temperatura, vazão e nível.
4. Listar e descrever os principais mecanismos de medição, de natureza mecânica e eletrônica, mostrando
as vantagens e desvantagens para fins de seleção.
5. Descrever os cuidados para a instalação, interpretação dos dados coletados e a necessidade de uso de
acessórios.

O círculo não é uma quantidade física, pois é


1. Introdução caracterizado por uma certa forma geométrica que
não pode ser expressa por números. O círculo é uma
A variável de processo é uma grandeza física que figura geométrica. Porém, a sua área é uma
altera seu valor em função de outras variáveis e quantidade física que pode ser expressa por um valor
principalmente em relação ao tempo. O objetivo do numérico (p. ex., π, 5) e uma unidade (p. ex., metro
controle de processo é o de manter uma variável quadrado).
constante ou, no mínimo, variando dentro de certos Muitas noções que antes eram consideradas
limites estabelecidos. Antes de ser controlada, uma somente sob o aspecto qualitativo foram
variável deve ser medida, dentro de uma classe de recentemente transferidas para a classe de
precisão requerida pelo pessoal do processo. A partir quantidade, como eficiência, informação e
da medição da variável, o operador de processo pode probabilidade.
efetuar o controle manual, como aumentar uma
pressão, diminuir uma temperatura, encher um
tanque (nível) ou fechar uma válvula (vazão). Em
sistema de controle automático, o sinal medido é
contínua e automaticamente comparado com um
Pressão
valor de referência e este erro é usado como função
13%
de controle, sem a interferência do operador
humano. Vazão
Em um processo industrial típico, mais de 90% Nível 41%
das medições envolvem apenas quatro variáveis: 16%
pressão, temperatura, vazão e nível. As outras
variáveis menos comuns incluem: posição,
condutividade, densidade, análise, pH e vibração.
Temperatura
2. Conceito 30%

Quantidade é qualquer coisa que possa ser


expressa por um valor numérico e uma unidade de
engenharia. Por exemplo,
massa é uma quantidade física expressa em
kilogramas;
velocidade é uma quantidade expressa em metros
por segundo e
densidade relativa é uma quantidade física
adimensional.

149
Variáveis do Processo

3. Faixa das Variáveis 3.3. Faixa e Desempenho do Instrumento


Em Metrologia, é fundamental se conhecer a
faixa calibrada do instrumento e o seu ponto de
3.1. Faixa e Amplitude de Faixa trabalho, pois tipicamente, a precisão do instrumento
O conjunto de todos os valores que podem ser é expressa ou em percentagem do fundo de escala ou
assumidos pela variável é chamado de faixa da em percentagem do valor medido.
variável (range). A faixa da variável é expressa por O instrumento com erro de zero e de amplitude
dois números: limite inferior (0%) e limite superior de faixa possui precisão expressa em percentagem
(100%). do fundo de escala. Por exemplo, a medição de
O intervalo finito, dado pela diferença algébrica vazão com placa de orifício tem incerteza expressa
dos dois limites, é chamado de amplitude de faixa da em percentagem da vazão máxima medida ou do
variável (span). A amplitude de faixa é expressa por fundo de escala.
um único número positivo. Instrumento com erro devido apenas à amplitude
Por exemplo, a faixa de temperatura de 15 a 30 de faixa possui precisão expressa em percentagem
o
C tem amplitude de faixa de 15 oC; (30 - 15 oC = do valor medido. Por exemplo, transmissor
15 oC). A faixa de -15 a 30 oC tem amplitude de inteligente de pressão diferencial, turbina medidora
faixa de 45 oC; de vazão.
[30 - (-15) oC = 45 oC].
A faixa de medição sempre vai de 0 a 100%,
porém o 0% pode ser igual ou diferente de zero. A
terminologia das faixas é a seguinte:
0 a 100 oC - faixa normal
10 a 100 oC - faixa com zero suprimido
-10 a 100 oC - faixa com zero elevado
O conceito de faixa com zero elevado ou
suprimido é particularmente importante na
calibração de transmissores de nível.

3.2. Limites de Faixa


Na prática, uma variável pode ter limites de
operação normal e limites de operação anormal. Os
limites de operação normal são aqueles assumidos
pela variável quando não há problemas no controle
automático do processo. Quando há falhas no
controle automático e estes limites são atingidos,
geralmente existem alarmes que chamam a atenção
do operador para assumir o controle manual do
processo. O operador deve levar os valores da
variável novamente para dentro dos limites de Fig. 7.1. O manômetro deve trabalhar entre 25 e
operação normal, atuando manualmente nos 75%, onde é melhor sua repetitividade
instrumentos e equipamentos do processo. Quando,
por motivos de falha em algum equipamento ou
instrumento da malha de controle automático, a
variável contínua se afastando dos limites de
operação normal, geralmente são estabelecidos
outros limites de desligamento (trip ou shut down).
Quando a variável atinge os valores de
desligamento, todo o processo é desligado, para
proteger o operador ou os equipamentos envolvidos.
Há variáveis que podem assumir valores
negativos e positivos, em função do processo e da
unidade usada. Por exemplo, a pressão manométrica
pode ter valores positivos e negativos (vácuo).
Porém, a pressão absoluta só pode assumir valores
positivos. A temperatura na escala Celsius pode
assumir valores negativos ou positivos; porém, a
temperatura absoluta ou termodinâmica só pode
assumir valores positivos, em kelvin.

150
Pressão
que a pressão de 100 mm H2O significa a pressão
igual à pressão exercida por uma coluna de água
4.1. Definição com altura de 100 mm.
Em Instrumentação é comum ainda se usar psi
Pressão é uma grandeza derivada, expressa como (pound square inch) como unidade de pressão, às
força por unidade de área. Dimensionalmente, tem- vezes, modificada como psig e psia, para indicar
se respectivamente pressão manométrica (gauge) e
absoluta.
[P] = [M][T-2][L-1] Na borracharia da esquina, a calibração dos
pneus é expressa em psi, mas se fala simplesmente
onde libra, que é o modo preguiçoso de dizer libra-força
[P] é a dimensão de pressão por polegada quadrado. O sugerido pelo SI é pedir
[M] é a dimensão de massa ao borracheiro para calibrar o pneu com 169 kPa, em
[T] é a dimensão de tempo vez de 26 libras.
[L] é a dimensão de comprimento
A pressão do fluido é transmitida com igual
4.3. Tipos
intensidade em todas as direções e age perpendicular
a qualquer plano. As medições de vazão são geralmente
classificadas como pressão manométrica, pressão
4.2. Unidades absoluta ou pressão diferencial. Para evitar
confusão, é conveniente colocar o sufixo na unidade,
A unidade SI para pressão é o pascal (Pa). para cada tipo de medição: manométrica (g),
1 pascal é a pressão de uma força de 1 newton absoluta (a) ou diferencial (d).
exercida numa superfície de 1 metro quadrado.
O pascal é uma unidade muito pequena. Um Pressão manométrica
pascal equivale à pressão exercida por uma coluna A pressão manométrica (gauge) é referida à
d'água de altura de 0,1 mm. Ela equivale a pressão pressão atmosférica. Ela pode assumir valores
de uma cédula de dinheiro sobre uma superfície positivos (maiores que o da pressão atmosférica) e
plana. Na prática, usa-se o kilopascal (kPa) e o negativos, também chamado de vácuo. A maioria
megapascal (MPa). dos instrumentos industriais mede a pressão
A área que causou (e ainda causa) mais confusão manométrica.
na mudança para unidades SI foi a medição de
pressão. A nova unidade de pressão, pascal, definida
como newton por metro quadrado é estranha mesmo
para técnicos e engenheiros. Assim que o pascal seja
aceito e entendido, fica fácil lidar com as pressões
extremas de vácuo a altíssimas pressões.
A grande vantagem do uso do pascal, no lugar do
psi (lbf/in2), kgf/cm2 e mm de coluna liquida é que o
pascal não depende da aceleração da gravidade do
local e da densidade do líquido. A gravidade não
está envolvida na definição de pascal. O pascal tem
o mesmo valor em qualquer lugar da Terra, enquanto
as unidades como psi, kgf/cm2 e mm H2O dependem
da aceleração da gravidade do local.
O pascal é também usado para expressar a tensão
mecânica e o módulo de elasticidade dos materiais.
Os altos valores de tensão mecânica são dados em
MPa e os valores de módulo de elasticidade em GPa.
É comum se usar altura de coluna d'água ou de
mercúrio para expressar pequenas pressões.
Dimensionalmente é errado expressar a pressão em Fig. 7.3. Conceitos e tipos de pressão
comprimento de coluna líquida, mas subentende-se

151
Pressão

Pressão absoluta Pressão de vapor


A pressão absoluta é a pressão total, incluindo a Quando há evaporação dentro de um espaço
pressão atmosférica e referida ao zero absoluto. Ela fechado, a pressão parcial criada pelas moléculas do
só pode assumir valores positivos. Mesmo quando se vapor é chamada de pressão de vapor. A pressão de
necessita do valor da pressão absoluta, usa-se o vapor de um líquido ou sólido é a pressão em que há
medidor de pressão manométrica que é mais simples equilíbrio vapor-líquido ou vapor-sólido.
e barato, bastando acrescentar o valor da pressão A pressão de vapor depende da temperatura e
atmosférica ao valor lido ou transmitido. Só se deve aumenta quando a temperatura aumenta. Esta função
usar o medidor com elemento sensor absoluto para entre a pressão de vapor e a temperatura é a base da
faixas próximas à pressão atmosférica; por exemplo, medição da temperatura através da medição da
abaixo de 100 kPa. pressão de vapor de líquido volátil (classe SAMA II)

Pressão atmosférica 4.4. Medição da pressão


A pressão atmosférica é a pressão exercida pelos
gases da atmosfera terrestre e foi a primeira pressão A medição e o controle da pressão servem para
a ser realmente medida. atender algum ou vários dos seguintes objetivos
1. a proteção de equipamento,
Pressão faixa composta 2. a proteção de pessoal,
É aquela que tem pressões de vácuo e pressões 3. a medição de outra variável, por inferência,
positivas em sua faixa de medição. Por exemplo, a 4. o controle do processo, para a obtenção do
faixa de -200 a 200 mm H2O. produto dentro das especificações exigidas.
São disponíveis comercialmente vários
Pressão diferencial elementos sensores de pressão. Os critérios de
A pressão diferencial é a diferença entre duas escolha devem considerar os aspectos econômicos e
pressões, exceto a pressão atmosférica. O técnicos do processo.
transmissor de pressão diferencial para a medição de Sob o ponto de vista de custos, devem ser
vazão e de nível é simultaneamente sensível e considerados os custos da instalação, da
robusto, pois deve ser capaz de detectar faixas de manutenção, da energia, além do custo inicial do
pressão diferencial da ordem de centímetros de instrumento.
coluna d'água e suportar pressão estática de até 400 Como critérios técnicos, devem ser considerados
kgf/cm2. a faixa da medição, a aplicação do sistema e as
condições do processo O primeiro ponto a esclarecer
Pressão dinâmica é qual o tipo da pressão a ser medida, se absoluta,
A pressão dinâmica da tubulação é a pressão manométrica ou relativa. Depois os valores máximo
devida a velocidade do fluido ( e mínimo da faixa, a largura da faixa e finalmente o
1/2 p v2). Chamada de pressão de impacto. grau de preciso, a repetitividade, a rangeabilidade e
outros parâmetros associados ao desempenho.
Pressão estagnação A escolha do mecanismo básico de medição da
pressão depende da aplicação do sistema indicação
A pressão de estagnação é obtida quando um
local, indicação remota, controle, alarme, proteção.
fluido em movimento é desacelerado para a
Existem elementos sensores que são limitados
velocidade zero, em um processo sem atrito e sem
quanto ao torque mecânico, ao movimento, ao
compressão. Matematicamente, ela é igual a soma da
espaço e não podem ser usados em sistemas que
pressão estática e da pressão dinâmica. Tem-se a
requerem transmissão remota.
pressão de estagnação na parte central do medidor
tipo pitot.

Pressão estática
A pressão estática do processo é a pressão
transmitida pelo fluido nas paredes da tubulação ou
do vaso. Ela não varia na direção perpendicular a
tubulação, quando a vazão é laminar.

Pressão hidrostática
Pressão hidrostática é a pressão exercida por
líquidos no interior de vasos e tanques. Neste caso, a
pressão é normal à superfície que contem o líquido.
No mesmo plano horizontal, as pressões em um
líquido são iguais
Fig. 7.4. Transmissor de pressão diferencial e sensor

152
Pressão

materiais de Teflon® ou nylon® para minimizar os


Como o elemento sensor da pressão fica em desgastes e as folgas.
contato direto com o processo ou a pressão entra
dentro do elemento sensor, é importante considerar o
grau de corrosão, toxidez e sujeira do fluido do
processo, para a escolha adequada do material de
construção do elemento. As vezes, deve-se usar o
selo de pressão para isolar o fluido do processo do
elemento sensor.
Em muitos processos as variáveis pressão e
temperatura são dependentes, e por isso deve-se
conhecer a faixa da temperatura na medição da
pressão. Quando a temperatura é elevada, exige-se
que o instrumento fique afastado do processo,
principalmente quando o instrumento é eletrônico.
Para resolver este problema, usa-se um tubo capilar
Fig. 7.5. Bourdon C e mecanismos associados
de ligação e selagem.
A pressão de processo a ser medida é ligada na
Ainda com relação ao processo, é importante
extremidade do tubo através de um soquete enquanto
definir a exigência de proteção de sobre faixa (over
que a outra extremidade é selada hermeticamente.
range). Há elementos sensores que naturalmente
Por causa da diferença entre os raios interno e
apresentam proteção para sobre faixa; eles são
externo, o tubo Bourdon-C apresenta áreas
especificados para operar em uma faixa normal de
diferentes para a pressão, logo, as forças exercidas
trabalho e podem ser submetidos a pressões mais
são diferentes e tendem a tornar reto o tubo C.
elevadas, durante curtos períodos de tempo de
Obviamente, a faixa de pressão medida deve ser
situações anormais.
conveniente de modo a provocar deformações
Os sensores podem ser divididos em duas
elásticas reversíveis. Quando se aplica uma pressão
grandes categorias mecânicos e eletrônicos
excessiva, o tubo se deforma definitivamente e pode
1. os sensores mecânicos sentem a variável de
haver até ruptura do tubo.
processo e geram na saída uma força ou um
O movimento do tubo-C é não linear e deve-se
deslocamento mecânico;
projetar um sistema de acoplamento mecânico para
2. os sensores eletrônicos sentem a variável de
linearizar este movimento com a pressão medida.
processo e geram na saída uma militensão ou
Isto é conseguido através do sistema do ângulo
alteram o valor de um parâmetro passivo, como
caminhante, do pinhão, do pivô e de engrenagens ou
resistência elétrica, capacidade, indutância.
setores de engrenagens (cams).
A precisão dos dispositivos é uma função do
4.5. Sensores Mecânicos diâmetro do tubo Bourdon, da qualidade do projeto e
A pressão é determinada pelo balanço de um dos procedimentos de calibração. Ela varia de ±
sensor contra uma força desconhecida. Isto pode ser 0,1% a ± 5% da amplitude de faixa, com a maioria
feito por outra pressão (balanço de pressão) ou força caindo na faixa de ± 1%.
(balanço de força).
Os sensores a balanço de força mais usados são
aqueles que requerem deformação elástica, como
bourdon, espiral, helicoidais, foles e diafragmas. Os
sensores a balanço de pressão mais conhecidos são o
manômetro de coluna líquida e o detector de peso
morto.

Tubo bourdon C
Fig. 7.6. Sensor de pressão espiral simples e dupla
O tubo Bourdon é o mais comum e antigo Os tubos Bourdon podem ser secos ou cheios de
elemento sensor de pressão, que sofre deformação algum líquido (e. g., glicerina).
elástica proporcional à pressão. Este elemento não é O tubo Bourdon-C pode também ser em um
adequado para baixas pressões, vácuo ou medições transmissor de balanço de força. A pressão aplicada
compostas (pressões negativa e positiva), porque o ao tubo tende a "retifica-lo". O tubo transmite a
gradiente da mola do tubo Bourdon é muito pequeno força resultante para a extremidade inferior da barra
para medições de pressões menores que 200 kPa (30 de força do transmissor. O mecanismo do
psig) . transmissor de balanço de força pode incorporar um
Os materiais usados para a confecção dos tubos mecanismo de proteção de sobre faixa (overrange).
Bourdon incluem Ni-Span C, bronze, monel, ligas Basta colocar um limitador do movimento da barra
(Be-Cu) e aços inoxidáveis (316 e 304) e sua escolha de força. Há proteção de 150% de sobre faixa.
depende da faixa de pressão a ser medida. Usam-se

153
Pressão

O formato do tubo Bourdon é também variável e e sua fragilidade em ambientes pesados de trabalho.
dependente da faixa de pressão medida tipo C, Como a cápsula de diafragma, o fole pode ser usado
espiral, helicoidal e a hélice de quartzo fundido. para medir pressões absolutas e relativas e em
Os elementos sensores do tipo Bourdon C são os sistemas de balanço de movimentos ou de forças.
recomendados para instrumentos de medição local
de pressão no gasoduto e em city gate. Coluna Líquida
Nos casos em que a pressão máxima do processo O sistema de balanço de pressão mais simples é
possa ultrapassar o limite de sobrepressão do o manômetro ou indicador de pressão com coluna
instrumento, estes devem ser fornecidos com líquida. O princípio de funcionamento é simples a
limitadores de sobrepressão ajustados para 100 % do pressão criada pela coluna do líquido é usada para
valor de fundo de escala. balancear a pressão a ser medida. A leitura da coluna
Os ranges de operação dos instrumentos devem líquida dá o valor da pressão desconhecida medida.
ser escolhidos de maneira que a pressão de operação A pressão exercida num ponto do líquido é igual à
normal do processo esteja situada no segundo terço densidade do líquido multiplicada pela altura da
desta faixa, observada também a pressão máxima de coluna de líquido acima do ponto. O líquido mais
operação. usado no enchimento da coluna é o mercúrio por ter
alta densidade e portanto exigir colunas pequenas.
Diafragma As características desejáveis do líquido são
Os sensores de pressão cujo funcionamento 1. ser quimicamente inerte e compatível com o
depende da deflexão de um diafragma são usados, há meio do processo,
mais de um século. Nos últimos anos, os efeitos da 2. ter interface visível e clara, sem revestir a
histerese elástica, atrito e desvio foram reduzidos, superfície do vidro,
conseguindo-se precisões de até ± 0,1% da 3. ter tensão superficial pequena para minimizar
amplitude de faixa. Novos materiais com melhores efeitos capilares,
qualidades elásticas tem sido usados, como ligas de 4. ser fisicamente estável, não volátil sob as
Berílio-Cobre e com pequenos coeficientes térmicos condições de temperatura e vácuo de trabalho,
tais como ligas de Niquel-Span C. Quando se tem 5. não congelar em baixas temperaturas,
duras condições de trabalho, temperaturas extremas 6. ter densidade constante com temperatura e
e atmosferas corrosivas, os materiais usados são pressão.
Incomel e aço inoxidável 304 e 316. Os fluidos normalmente usados possuem faixa de
O diafragma é flexível, liso ou com corrugações densidade relativa entre 0,8 (álcool) e 13,6
concêntricas, feito de uma lâmina metálica com (mercúrio).
dimensões exatas. As vezes, usam-se dois Dentro da categoria dos manômetros visuais há
diafragmas, soldados juntos pelas extremidades, uma grande variedade de barômetros: tubo-U e tubo
constituindo uma cápsula. Fazendo-se o vácuo inclinado.
destas cápsulas, consegue-se a detecção da pressão
absoluta.
A sensibilidade da cápsula ou do diafragma
aumenta proporcionalmente ao seu diâmetro. Quanto
maior a cápsula ou o diafragma, menores faixas e
diferenças de faixa de pressão podem ser medidas.
Os diafragmas podem ser usados em unidades de
transmissão e controle a base de balanço de
movimento e de força.

Fig. 7.8. Diferentes colunas líquidas

4.6. Sensores Elétricos


Fig. 7.7. Sensores de pressão tipo fole Os sensores de pressão eletrônicos podem ser de
todos tipos distintos ativos e passivos. O sensor
Fole ativo é aquele que gera uma militensão sem
Em geral, o fole transmite maior força e pode necessitar de nenhuma polarização ou alimentação.
detectar pressões levemente maiores que a cápsula O sensor eletrônico passivo é aquele que varia a
de diafragma. As desvantagens do fole são sua resistência, capacitância ou indutância em função da
dependência das variações da temperatura ambiente

154
Pressão

pressão aplicada. Ele necessita de uma tensão de


alimentação para funcionar.

Cristal piezelétrico
O cristal piezelétrico é um elemento sensor de
pressão eletrônico que gera uma militensão em
função da pressão mecânica aplicada. Na prática, ele
é pouco usado em medições industriais, por causa de
seu alto custo. Ele é tipicamente usado em agulhas
de toca-discos.

Strain gauge
Fig. 7.10. Selos de pressão
O strain gauge é elemento sensor de pressão
eletrônico mais usado. Ele varia sua resistência
elétrica quando submetido à pressão positiva
(compressão) ou negativa (descompressão). O strain
As três partes principais de um selo padrão são
gauge pode ser usado para medir torque, peso,
as seguintes
velocidade, aceleração, além da pressão. O strain
1. recipiente superior, em contato com o líquido
gauge é ligado ao circuito detector clássico da Ponte
de selagem e colocado na atmosfera não
de Wheatstone, que requer a tensão de polarização
corrosiva, de material padrão, não especial. As
em corrente contínua ou alternada.
vezes, possui um parafuso para enchimento do
selo.
2. cápsula de diafragma, cheia com líquido de
selagem. Está em contato com o fluido
corrosivo do processo e por isso deve ser de
metal resistente a corrosão ou revestido de
Teflon® ou KEL-F®. A parte superior e a
cápsula podem ser removidas sem desconectar a
parte inferior, possibilitando ao operador limpar
o conjunto sem reencher a unidade.
3. recipiente inferior, em contato direto com o
Fig. 7.9. Strain gauge fluido do processo, deve ser de metal ou
plástico resistente à corrosão. Pode haver uma
conexão para permitir a purga contínua ou
intermitente do fluido.
4.7. Selo de pressão Os selos podem ser soldados, aparafusados ou
Selo é algo que isola dois componentes; por flangeados nas linhas de processo.
exemplo, o fluido do processo isolado do sensor.
As funções principais de um selo são as de 4.8. Pressostato
1. proteger o fluido de processo de O pressostato é uma chave elétrica acionada pela
congelamento e endurecimento devidos às pressão, usado para energizar ou desenergizar
variações da temperatura. circuitos elétricos, como uma função da relação
2. isolar materiais de processo venenoso, entre a pressão de processo e um valor ajustado pré-
tóxico, corrosivo, mal cheiroso do sensor de determinado.
pressão que é de material de construção
padrão, não compatível com o fluido do
processo.
3. evitar que fluidos viscosos e sujos entrem e
entupam o elemento detector de pressão.
As características do líquido de selagem devem
ser
1. líquido não-compressível, para transmitir a
pressão.
2. pequeno coeficiente de temperatura
3. baixa viscosidade para operar mesmo em
baixas temperaturas
4. quimicamente estável, mesmo em altas
temperaturas Fig. 7.14. Pressostato

155
Pressão

ajustada por uma bomba ou válvula. A câmara


também se liga com um pistão vertical em que
Os pressostatos são disponíveis para detectar vários pesos padrão são aplicados. A pressão é
pressão absoluta, composta, manométrica ou lentamente aumentada até que o pistão e os pesos
diferencial, com precisões típicas de ±0,5% da pareçam flutuar, no ponto em que a pressão
amplitude de faixa e mudar o estado de um contato manométrica do fluido é igual ao peso morto
(geralmente elétrico), na saída. suportado pelo pistão, dividido por sua área. Para
O conjunto de chaveamento elétrico pode ser maiores precisões, tomam-se cuidados especiais,
chave a mercúrio ou microswitch mecânica liga- como a diminuição do atrito entre o pistão e o
desliga. A chave de mercúrio não contém partes cilindro, diminuição da área entre o cilindro e pistão,
mecânicas móveis e deve ser usada em lugares livres correção dos efeitos da temperatura, correção dos
de vibrações e montada em nível. efeitos de deslocamento (buoyancy) do ar e do meio
A faixa ajustável é a faixa de pressão dentro da da pressão, condições da gravidade local, diferenças
qual o ponto de ajuste pode ser referido. O ponto de das alturas.
ajuste é a pressão que atua a chave para abrir ou O método do peso morto só poderia medir
fechar um circuito elétrico. O pressostato pode atuar pressões acima da pressão correspondente ao peso
em seu ponto de ajuste pelo aumento da pressão morto colocado (pressão de tara). Esta dificuldade é
(PSH) ou pela sua diminuição (PSL). superada através de um arranjo físico especial.
As características elétricas de um pressostato A bomba de peso morto depende da aceleração
típico são: 115 V, com correntes de 0,3 a 10A em da gravidade. Para um trabalho preciso, a gravidade
corrente continua ou alternada. sob a qual a bomba está sendo usada como padrão
Os pressostatos devem possuir diferencial deve ser considerada. Se uma bomba de peso morto
ajustável. O ajuste deve ser externo, e dotado de e a massa padrão de 1 kilograma são transportados
tampa protetora. ao redor do mundo, a pressão gerada em cada ponto
Os manômetros devem atender os seguintes da terra variará com a variação da aceleração da
requisitos: gravidade. O mesmo se aplica a unidades como
a) mostrador de no mínimo 100 mm de diâmetro; altura de coluna líquida. A força no fundo de cada
b) conexão de 1/2” NPT; coluna é proporcional à altura, densidade e
c) caixa em AISI 304 com grau de proteção IP aceleração da gravidade. A variação da aceleração
55; da gravidade em redor do mundo é
d) ponteiro balanceado e com ajuste aproximadamente de ±0,1%. Isto pode ser
micrométrico; desprezível em muitas aplicações práticas, porém,
e) disco de ruptura na parte traseira; quando se tem transmissores com precisão
f) material do soquete deve ser o mesmo do especificada de ±0,25%, deve-se considerar os
elemento sensor, no mínimo aço inoxidável AISI efeitos da diferença da gravidade induzida.
316. A bomba de peso morto permite calibrações na
faixa de 104 a 5 x 106 Pa (0,1 a 50 bar) até 2 x 105 a
4.9. Calibração da pressão 108 Pa (2,0 a 1000 bar), com incertezas da ordem de
±0,03% da pressão indicada com dados certificados
Os padrões industriais para calibração de pressão fornecidos e rastreáveis com o laboratório nacional.
dependem da faixa medida, desde vácuo médio (10- Com cuidado, ela pode manter sua precisão durante
1 mm Hg) até 103 MPa. Para pressões na faixa de
longo período de tempo.
10-1 a 10-3 mm Hg, o indicador de vácuo McLeod é o
padrão. Para pressões menores que 10-3, usam-se Coluna líquida em U
técnicas especiais envolvendo vazão através de Para padrão de pressão pequena, principalmente
sucessivos orifícios precisos e o manômetro para calibração de instrumentos de medição de
McLeod. vazão e nível, usa-se o manômetro da coluna em U.
Bomba padrão de peso morto O uso da coluna líquida para a medição de pressão
se baseia no princípio que uma pressão aplicada
O manômetro ou bomba de tempo morto opera suporta uma coluna líquida contra a atração
sob o princípio de se suportar um peso (força) gravitacional. Quanto maior a pressão, maior a
conhecido por meio de uma pressão agindo sobre coluna líquida suportada.
uma área conhecida. Isso satisfaz a definição de um A unidade de pressão da coluna líquida é o
padrão primário baseado em massa, comprimento e comprimento. Mesmo que o comprimento não seja
tempo. Os pesos para um dado instrumento de teste reconhecido pelas normas ISO como unidade de
são normalmente identificados em termos de pressão, por uma questão de conveniência e tradição,
pressão, em vez de peso. ele ainda é muito usado para medir pequenas
O manômetro a pistão ou peso morto é usado pressões.
como padrão para a calibração de manômetros A área da seção transversal do tubo não afeta a
industriais. O instrumento a ser calibrado é ligado a medição e por isso pode ser não-uniforme. Em um
uma câmara cheia de fluido cuja pressão pode ser

156
Pressão

determinado local, com g constante e conhecido, a ter grande tamanho físico, para possibilitar a leitura
sensitividade depende somente da densidade do de 0,1%. Estes manômetros tem compensação de
fluido. Água e mercúrio são os líquidos mais usados; temperatura. Eles devem ser manuseados com
a água por ser o mais disponível e o mercúrio por ter cuidado para preservar a precisão. Quando usando
uma altíssima densidade e como conseqüência, manômetros de faixa pequena com líquido como
implicar em pequenas alturas de coluna. meio de pressão, o efeito da altura líquida entre a
fonte de pressão e o dentro do manômetro deve ser
considerado. É chamado de Manômetro de Precisão
de Laboratório.
O manômetro com classe 3A é calibrado para
uma precisão de ±0,25% do fundo de escala. Ele tem
diâmetro de 6". Geralmente não tem compensação
de temperatura e deve ser usado em temperaturas
próximas de 23 oC. É chamado de Manômetro de
Teste.
O manômetro com classe 2A, com precisão
de ±0,5% do fundo de escala, também com diâmetro
de 4 1/2" e sem compensação de temperatura, é
chamado de Manômetro de Processo. É usado para a
Fig. 7.12. Manômetro digital para calibração medição contínua do processo.
Outros manômetros, com classes A, B, C e D,
tem precisões respectivas de ±1%, ±2%, 3-4% e 5%
do fundo de escala.
Para melhorar a precisão devem ser considerados
os seguintes parâmetros:
1. a expansão da escala graduada
2. valor exato do g local
3. não verticalidade do tubo
4. dificuldade da leitura do menisco do líquido
formado pela capilaridade.
5. densidade do fluido cuja pressão está sendo
medida. Isto ainda depende da temperatura e
da pressão. No caso de gases, depende
também do conteúdo da umidade.
Para trabalho de alta precisão, todos estes fatores
devem ser considerados. Tipicamente, para uma
coluna d'água:
1. uma diferença de temperatura de 16 oC varia Fig. 7.13. Uso do manômetro padrão para calibração
o fator de conversão para pascal de 0,18%.
2. diferenças devidas a gravidade são cerca de
0,1%.
3. o fator devido à densidade do ar é de 0,12%. Quanto maior a precisão do manômetro, maior é
Com tais cuidados, pode-se ter precisão de até o seu custo, mais cuidado se requer em seu
0,01 mm Hg. Quando se usa coluna d'água para manuseio e maior freqüência de recalibração é
medir pressões diferenciais em altas pressões necessária para manter sua precisão. Os manômetros
estáticas (ordem de 100 atmosferas), o erro devido de pior precisão geralmente são substituídos, quando
ao desprezo da densidade do ar é da ordem de 10%. quebrados, em vez de serem consertados.
O manômetro da coluna U pode ter várias O uso de manômetro de alta precisão com
formas, para aumentar sua precisão, como bourdon como padrão secundário ou de teste é
manômetro com poço, com escala inclinada e com conveniente e prático. Ele deve ter um certificado
micrômetro. indicando o erro real, de modo que se possa aplicar a
correção adequada. Porém, ele é sujeito a desgaste e
Manômetro de precisão requer calibrações freqüentes.
Em instrumentação, é também comum usar
manômetros para calibrar outros manômetros. A
ANSI, por exemplo, classifica os manômetros em
sete classes de precisão.
O manômetro mais preciso (classe ANSI 4A)
tem precisão de ±0,1% do fundo de escala. Eles tem
diâmetro de 12 ou 16". Eles necessariamente devem

157
Pressão

158
Temperatura
termodinâmicas entre eles. A mesma lei ainda
estabelece que dois corpos em equilíbrio termal com
5.1. Definições um terceiro corpo, estão em equilíbrio termal entre
si. Por definição, os três corpos estão à mesma
A temperatura é uma quantidade de base do SI, temperatura. Assim, pode-se construir um meio
conceitualmente diferente na natureza do reprodutível de estabelecer uma faixa de
comprimento, tempo e massa. Quando dois corpos temperaturas, onde temperaturas desconhecidas de
de mesmo comprimento são combinados, tem-se o outros corpos podem ser comparadas com o padrão,
comprimento total igual ao dobro do original. O colocando-se qualquer tipo de termômetro
mesmo vale para dois intervalos de tempo ou para sucessivamente no padrão e nas temperaturas
duas massas. Assim, os padrões de massa, desconhecidas e permitindo a ocorrência do
comprimento e tempo podem ser indefinidamente equilíbrio em cada caso. Isto é, o termômetro é
divididos e multiplicados para gerar tamanhos calibrado contra um padrão e depois pode ser usado
arbitrários. O comprimento, massa e tempo são para ler temperaturas desconhecidas. Não se quer
grandezas extensivas. A temperatura é uma grandeza dizer que todas estas técnicas de medição de
intensiva. A combinação de dois corpos à mesma temperatura sejam lineares mas que conhecidas as
temperatura resulta exatamente na mesma variações, elas podem ser consideradas e calibradas.
temperatura. Escolhendo-se os meios de definir a escala
A maioria das grandezas mecânicas, como padrão de temperatura, pode-se empregar qualquer
massa, comprimento, volume e peso, pode ser uma das muitas propriedades físicas dos materiais
medida diretamente. A temperatura é uma que variam de modo reprodutível com a
propriedade da energia e a energia não pode ser temperatura. Por exemplo, o comprimento de uma
medida diretamente. A temperatura pode ser medida barra metálica, a resistência elétrica de um fio fino, a
através dos efeitos da energia calorífica em um militensão gerada por uma junção com dois
corpo. Infelizmente estes efeitos são diferentes nos materiais distintos, a temperatura de fusão do sólido
diferentes materiais. Por exemplo, a expansão termal e de vaporização do líquido.
dos materiais depende do tipo do material. Porém, é
possível obter a mesma temperatura de dois
5.2. Unidades
materiais diferentes, se eles forem calibrados. Esta
calibração consiste em se tomar dois materiais A 9a CGPM (1948) escolheu o ponto tríplice da
diferentes e aquecê-los a uma determinada água como ponto fixo de referência, em lugar do
temperatura, que possa ser repetida. Coloca-se uma ponto de gelo usado anteriormente, atribuindo-lhe a
marca em algum material de referência que não temperatura termodinâmica de 273,16 K. Foi
tenha se expandido ou contraído. Depois, aqueça os escolhido o kelvin (anteriormente chamado de grau
materiais em outra temperatura determinada e kelvin) como unidade base SI de
repetível e coloque uma nova marca, como antes. temperatura.Permite-se o uso do grau Celsius (oC),
Agora, se iguais divisões são feitas entre estes dois escolhido entre as opções de grau centígrado e grau
pontos, a leitura da temperatura determinada ao centesimal para expressar intervalos e diferenças de
longo da região calibrada deve ser igual, mesmo se temperatura e também para indicar temperaturas em
as divisões reais nos comprimentos dos materiais uso prático.
sejam diferentes. Em 1960, houve pequenas alterações na escala
Um aspecto interessante da medição de Celsius, quando foram estabelecidos dois novos
temperatura é que a calibração é consistente através pontos de referência: zero absoluto e ponto tríplice
de diferentes tipos de fenômenos físicos. Assim, da água substituindo os pontos de congelamento e
uma vez se tenha calibrado dois ou mais pontos ebulição da água.
determinados para temperaturas específicas, os A 13a CGPM (1967) adotou o kelvin no lugar do
vários fenômenos físicos de expansão, resistência grau kelvin e decidiu que o kelvin fosse usado para
elétrica, força eletromotriz e outras propriedades expressar intervalo e diferença de temperaturas.
físicas termais, irá dar a mesma leitura da Atualmente, kelvin é a unidade SI base da
temperatura. temperatura termodinâmica e o seu símbolo é K. O
A lei zero da termodinâmica estabelece que dois correto é falar simplesmente kelvin e não, grau
corpos tendo a mesma temperatura devem estar em kelvin. O kelvin é a fração de 1/273,16 da
equilíbrio termal. Quando há comunicação termal temperatura termodinâmica do ponto tríplice da
entre eles, não há troca de coordenadas água.

159
Temperatura

Na prática, usa-se o grau Celsius e o kelvin é um termômetro. Os pontos específicos de


limitado ao uso científico ou a cálculos que temperatura se tornam efetivamente nos protótipos
envolvam a temperatura absoluta. Um grau Celsius é internacionais de calor. A Conferência Geral de
igual a um kelvin, porém as escalas estão defasadas Pesos e Medidas aceitou esta EPIT, em 1948,
de 273,15. A temperatura Celsius (Tc) está emendou-a em 1960, e estabeleceu uma nova em
relacionada com a temperatura kelvin (Tk) pela 1968 (com 13 pontos) e em 1990 (com 17 pontos).
equação:

Tc = Tk - 273,15

A constante numérica na equação (273,15)


representa o ponto tríplice da água 273,16 menos
0,01. O ponto de 0 oC tem um desvio de 0,01 da
escala Kelvin, ou seja, o ponto tríplice da água
ocorre a 0,01 oC ou a 0,00 K.
Os intervalos de temperatura das duas escalas
são iguais, isto é, 1 oC é exatamente igual a 1 K.
O símbolo do grau Celsius é oC. A letra
maiúscula do grau Celsius é, às vezes, questionada
como uma violação da lei de estilo para unidades
com nomes de pessoas. A justificativa para usar letra
maiúscula é que a unidade é o grau e Celsius (C) é o
modificador.
A temperatura pode ser realizada através do uso
de células de ponto tríplice da água, com precisão de
1 parte em 104. Medições práticas tem precisão de 2
partes em 103. A escala e os pontos fixos são
definidos em convenções internacionais que ocorrem
periodicamente. Fig. 7.15. – Escalas de temperatura

5.3. Escalas
A Escala Prática Internacional de Temperatura
Para definir numericamente uma escala de (EPIT) foi estabelecida para ficar de conformidade,
temperatura, deve-se escolher uma temperatura de de modo aproximado e prático, com a escala
referência e estabelecer uma regra para definir a termodinâmica. No ponto tríplice da água, as duas
diferença entre a referência e outras temperaturas. escalas coincidem exatamente, por definição. A
As medições de massa, comprimento e tempo não EPIT é baseada em pontos fixos, que cobrem a faixa
requerem concordância universal de um ponto de de temperatura de -270,15 a 1084,62 oC. Muitos
referência em que cada quantidade é assumida ter destes pontos correspondem ao estado de equilíbrio
um valor numérico particular. Cada milímetro em durante a transformação de fase de determinado
um metro, por exemplo, é o mesmo que qualquer material. Os pontos fixos associados com o ponto de
outro milímetro. Escalas de temperatura baseadas solidificação ou fusão dos material são determinados
em pontos notáveis de propriedades de substâncias à pressão de uma atmosfera padrão (101,325 Pa)
dependem da substância escolhida. Ou seja, a Além destes pontos de referência primários,
dilatação termal do cobre é diferente da dilatação da foram estabelecidos outros pontos secundários de
prata. A dependência da resistência elétrica com a referência, que são mais facilmente obtidos e usados,
temperatura do cobre é diferente da prata. pois requerem menos equipamentos. Porém, alguns
Assim, é desejável que a escala de temperatura pontos secundários da EPIT 1968 se tornaram
seja independente de qualquer substância. A escala primários na EPIT 1990.
termodinâmica proposta pelo barão Kelvin, em Há dois motivos para se ter tantos pontos para
1848, fornece uma base teórica para a escala de fixar uma escala de temperatura:
temperatura independente de qualquer propriedade 1. poucos materiais afetados pelo calor mudam o
de material e se baseia no ciclo de Carnot. comprimento linearmente ou uniformemente.
Tendo-se vários pontos, a escala pode ser
5.4. Escala Prática Internacional de calibrada em faixas estreitas, onde os efeitos não
Temperatura (EPIT) linearidade podem ser desprezados.
2. nenhum termômetro pode ler todas as
O estabelecimento ou fixação de pontos para as temperaturas. Muitos pontos fixos permite um
escalas de temperatura é feito para que qualquer sistema robusto de calibração.
pessoa, em qualquer lugar ou tempo possa replicar
uma temperatura específica para criar ou verificar

160
Temperatura

Tab. 3.1 - Pontos Fixos da Escala Prática Internacional de primários. A calibração com outro instrumento
Temperatura (1990) padrão é feita através do seguinte procedimento:
1. colocam-se os sensores dos dois
Material Estado Temperatura instrumentos em contato íntimo, ambos em um
O
# C banho de temperatura,
2. varia a temperatura do banho na faixa
1 He Vapor -270,15 a desejada,
-268,15 3. permite que haja equilíbrio em cada ponto e
2 e-H2a Ponto triplob -259,346 7 4. determinam-se as correções necessárias.
3 e-H2 Vapor ~-256,16 Termômetros com sensores de resistência de
4 e-H2 Vapor ~-252,85 platina e termopares geralmente são usados como
5 Ne Ponto triplo -248,593 9 padrões secundários.
6 O2 Ponto triplo -218,791 6
7 Ar Ponto triplo -189,344 2
8 Hg Ponto triplo -38,834 4
9 H 20 Ponto triplo 0,01
10 Ga Fusão 27,764 6
11 In Fusão 156,598 5
12 Sn Fusão 231,928
13 Zn Fusão 419,527
14 Al Fusão 660,323
15 Ag Fusão 961,78
16 Au Fusão 1064,18
17 Cu Fusão 1084,62

Notas:
a
- eH2 hidrogênio em concentração de equilíbrio
das formas ortomolecular e paramolecular, Fig. 7.16. Indicador de temperatura com enchimento
b
- Ponto triplo: temperatura em que as fases sólida, termal
líquida e gasosa estão em equilíbrio.

5.5. Medição da Temperatura


Entre os pontos fixos selecionados, a temperatura
é definida pela resposta de sensores específicos com
equações experimentais para fornecer a interpolação Introdução
da temperatura. Várias definições diferentes são A medição pode ser medida por sensores
fornecidas, na EPIT de 1990 para temperaturas mecânicos e elétricos. Os principais sensores
muito baixas, próximas do zero absoluto. Nestas mecânicos são o bimetal e o sistema de enchimento
temperaturas, usa-se um termômetro de gás He para termal. Os principais sensores elétricos são o
medir a pressão e a temperatura é inferida desta termopar e o detector de temperatura e resistência
pressão. Na faixa de 13,8033 K e 961,78 oC a (RTD).
temperatura é definida por um termômetro de O sensor bimetal funciona baseando-se na
resistência de platina, que é calibrado em conjuntos dilatação diferente para metais diferentes. A
específicos de pontos fixos com equações de variação da temperatura medida causa variação no
interpolação cuidadosamente definidas. comprimento e no formato da barra bimetal, que
Acima de 1064,18 oC, a temperatura é definida pode ser usada para posicionar o ponteiro na escala
por pirômetro óptico de radiação, onde a lei de de indicação de temperatura.
Planck relaciona esta radiação com a temperatura. O sistema de enchimento termal é formado por
A EPIT é continuamente revista e uma nova um bulbo sensível, um sensor de pressão, um tubo
versão pode estender a faixa para o extremo inferior capilar de interligação e um fluido de enchimento. O
de 0,5 K, substituindo o instrumento de interpolação fluido pode ser gás (tipicamente nitrogênio), fluido
a termopar com uma resistência de platina especial e não volátil (glicerina ou óleo de silicone) ou um
atribuir valores com proximidade termodinâmica fluido volátil (éter etílico). A temperatura é medida
para os pontos fixos. Atualmente o mínimo valor através da variação da pressão do gás ou da pressão
definido na EPIT é 13,81 K. de dilatação do fluido não volátil ou da pressão de
A calibração de um dado instrumento medidor de vapor do fluido volátil.
temperatura é geralmente feita submetendo-o a A medição de temperatura por termopar se
algum ponto fixo estabelecido ou comparando suas baseia na militensão gerada pela diferença de
leituras com outros padrões secundários mais temperatura entre as duas junções de dois metais
precisos, que tenham sido rastreados com padrões diferentes. A medição de temperatura por resistência
elétrica se baseia na variação da resistência elétrica

161
Temperatura

de metais ou termistores depender da variação da ou nível pode não funcionar, o que também é
temperatura medida. diferente do meio de medição de temperatura.
Geralmente, o meio de medição de temperatura
Sensores escolhido funciona e, na escolha, deve-se preocupar
Existem vários modos de se determinar a mais com os aspectos de custo, precisão, tempo de
temperatura, incluindo o termômetro a gás, o resposta, faixa de medição, preferência e vantagens
termômetro paramagnético, o termômetro de de manutenção.
radiação de Planck. Porém, são métodos para a Os parâmetros da escolha são
determinação termodinâmica da temperatura e só 1. função requerida indicação, registro ou
possuem interesse científico e teórico e por isso, são controle.
restritos a laboratórios de pesquisa. 2. local de montagem e display
Em siderurgia e metalurgia, quando se tem altas 3. a faixa de medição, com os valores de
temperaturas, são utilizados medidores de trabalho, máximo e mínimo da faixa. As
temperatura tipo radiação de energia. Alguns que medições de temperaturas muito baixas (< -
utilizam o olho humano como detector e todos 50 oC) e elevadas (>150 oC), requerem
servem para medir temperaturas entre 1 200 e cuidados especiais.
3 000 oC. Há ainda pirômetros com detectores de
infravermelho e com padrões de referência Termômetros de vidro
objetivos. Em um termômetro com haste de vidro, a
Em laboratórios, é comum o uso de termômetros variação volumétrica resultante da expansão termal é
de hastes de vidro. São tubos de vidro transparente, interpretada como temperatura. Este termômetro foi
contendo um fluido no seu interior capilar. A o primeiro sistema de expansão termal fechado e foi
dilatação do fluido é proporcional à temperatura conhecido desde o século XVIII, quando Gabriel
sentida no bulbo. São simples e baratos, porém são Daniel fahrenheit investigava a expansão do
frágeis e fornecem apenas leitura local. São mercúrio.
aplicados em laboratórios, oficina de instrumentação O termômetro de vidro é constituído de:
e para medição clínica da temperatura do corpo 1. bulbo sensor
humano. 2. haste de vidro com escala graduada e com
Os sensores de temperatura podem ser um tubo capilar interno
classificados, de um modo geral, em mecânicos e 3. fluido de enchimento
eletrônicos. Os sensores mecânicos mais usados são O bulbo sensor é a parte sensível do termômetro
os seguintes: e deve ser colocado no local onde se quer medir a
1. bimetal temperatura. A maioria do fluido fica no bulbo.
2. enchimento termal A haste de vidro possui um tubo capilar interno,
3. haste de vidro onde o fluido irá se expandir. Embora o bulbo e o
Os sensores elétricos mais usados são: tubo capilar possam ser do mesmo material, é mais
1. termopar conveniente usar um vidro para o bulbo com um
2. resistência metálica bom fator de estabilidade e para o capilar usa-se um
3. termistores ou resistência a semicondutor vidro fácil de ser trabalhado.
Há ainda os pirômetros ópticos e de radiação, Para garantir a precisão do termômetro de vidro,
para medição de temperatura sem contato direto. o tubo capilar deve ter uma área anelar uniforme ou
então, o termômetro deve ser calibrado em muitos
pontos.
Tab. 3.2 - Faixas e métodos de medição

Métodos Faixa de Medição


oC
Termopares -200 a 1700
Enchimento -195 a 760
RTD -250 a 650
Termistores -195 a 450
Radiação -40 a 3000

A seleção do elemento sensor de temperatura


mais adequada é parecida com a escolha dos
elementos de pressão. É uma tarefa mais simples
pois não envolve necessariamente as características
Fig. 7.17. Termômetro de haste de vidro
do fluido do processo, como ocorre na do medição
de nível e vazão. Um método de medição de vazão

162
Temperatura

O termômetro de haste de vidro pode medir Norma de referência: ASTM E 77 – 92: Standard
faixas estreitas de temperatura. Por exemplo, o Test Method for Inspection and Verification of
termômetro clínico tem Thermometers. Várias normas ASTM cobrem os
1. comprimento útil de 100 mm, termômetros clínicos.
2. faixa de medição de 35,0 e 42,0 oC
3. volume do bulbo de 0,5 cm3 Bimetal
4. diâmetro do capilar de 0,025 mm O termômetro a bimetal possui todos os
A haste é freqüentemente projetada e construída componentes de medição – sensor, condicionador e
com uma escala amplificadora, para melhorar a indicador – em um único invólucro.
leitura. O princípio de funcionamento é simples dois
O fluido de enchimento pode ser líquido ou gás. metais com coeficientes de dilatação térmica
Os líquidos mais usados são: diferentes são soldados formando uma única haste. à
1. mercúrio, cujo fator de expansão é de uma determinada temperatura, a haste dos dois
0,005%/oC e é linear. Assim, o volume do metais está numa posição; quando a temperatura
bulbo deve ser cerca de 10 000 vezes o varia, a haste modifica a sua posição produzindo
volume do capilar entre duas marcações uma força ou um movimento.
separadas por 0,5 oC. As partes do termômetro a bimetal são
2. álcool 1. o sensor, em contato direto com a
3. pentano temperatura
4. éter 2. os elos mecânicos, para amplificar
O termômetro de mercúrio pode ser usado entre mecanicamente os movimentos gerados
–39 oC (ponto de solidificação) e 538 oC (ponto de pela variação da temperatura, detectada
ebulição). A desvantagem do mercúrio é sua toxidez. pelo bimetal.
Os termômetros com álcool e éter são usados em 3. a escala acoplada diretamente aos elos
temperaturas mais baixas. Geralmente adiciona-se mecânicos, para a indicação da temperatura
tinta colorida (azul, verde, vermelha) para aumentar medida.
a visibilidade. 4. opcionalmente, pode-se usar o sistema de
O espaço acima da coluna de mercúrio até o topo transmissão.
selado da escala é evacuado, mas pode ser As vantagens do bimetal são:
preenchido com gás inerte seco, como nitrogênio, 1. baixo custo,
para aumentar a faixa de medição de temperatura. 2. simplicidade do funcionamento
Outra característica importante do termômetro de 3. facilidade de instalação e de manutenção
haste, principalmente do clínico, é uma restrição 4. largas faixas de medição
colocada no tubo capilar, que evita a volta do fluido 5. possibilidade de ser usado com os
para o bulbo, quando a temperatura baixa. Esta mecanismos de transmissão.
restrição torna o termômetro um indicador de
máximo. Assim, para possibilitar a leitura de
qualquer temperatura, deve-se zerar ou resetar o
termômetro, sacudindo-o antes do uso.
Para minimizar a quebra acidental do bulbo de
vidro, é comum se usar um poço termal metálico
para proteger o bulbo.
As vantagens do termômetro de vidro são:
1. baixo custo
2. simplicidade
3. grande duração, se manipulado
corretamente Fig. 7.18. Bimetal
As desvantagens são:
1. leitura difícil
2. confinamento ao local de medição
3. não adaptável para transmissão, registro ou
As desvantagens são
controle automático
1. precisão ruim
4. susceptível de quebra, pois é de vidro frágil
2. não linearidade de indicação
Mesmo um termômetro de haste de vidro deve
3. grande histerese
ser calibrado periodicamente, onde se inspecionam
4. presença de peças moveis que se desgastam
visualmente e verificam as dimensões, permanência
5. facilidade de perder calibração
do pigmento, estabilidade do bulbo e precisão da
A principal aplicação para o termômetro a
escala. Depois da calibração, podem ser feitas
bimetal é em indicação local de temperaturas de
correções, aplicados fatores de correção ou o
processo industrial. É muito usado para controle
termômetro pode ser descartado.

163
Temperatura

comercial e residencial de temperatura associado a Circuito de medição


ar condicionado e refrigeração. O circuito de medição completo deve possuir os
O sensor a bimetal integral ao instrumento não seguintes componentes básicos
pode ser calibrado isoladamente mas somente pode 1. o termopar, que está em contato com o
ser inspecionado visualmente, para verificar processo. O ponto de junção dos dois metais
corrosão ou danos físicos evidentes. distintos é chamado de junta quente ou junta de
O que se faz é calibrar o sistema de indicação, medição.
colocando-se o termômetro em um banho de 2. a junta de referência ou junta fria ou junta de
temperatura e comparando as indicações do compensação, localizada no instrumento
termômetro com as indicações de um termômetro receptor. Como a militensão é proporcional à
padrão colocado junto. O termômetro a bimetal pode diferença de temperatura entre as duas junções,
ser calibrado e, se necessário, ajustado nos pontos de a junta de referência deve ser constante. Como
zero e de amplitude de faixa. nos primeiros circuitos havia um recipiente com
água + gelo, para manter a junta de referência
Termômetros para city gate
em 0 oC, a junta de referência é também
Os termômetros bimetálicos devem ter as chamada de junta fria. Mesmo quando se mede
seguintes características gerais: temperatura abaixo de 0 oC, portanto quando a
a) mostrador de no mínimo l00 mm de diâmetro; junta quente é mais fria que a junta fria, os
b) conexão ao poço de 1/2” NPT; nomes permanecem, por questões históricas.
c) haste de aço inoxidável AISI 316 com Atualmente, em vez de se colocar um pouco
diâmetro externo de 6 mm; prático balde com água + gelo, utiliza-se o
d) incerteza de medição: 1 % do “span”; circuito de compensação com termistores e
e) caixa de AISI 304, com grau de proteção IP - resistências.
55; 3. circuito de detecção do sinal de militensão,
f) ajuste de zero no ponteiro. geralmente a clássica ponte de Wheatstone, com
As escalas devem ser de fundo branco com as quatro resistências de balanço. Na prática o
caracteres pretos. Recomenda-se os seguintes circuito é mais complexo, colocando-se
valores padronizados para os ranges, em °C: - potenciômetros ajustáveis no lugar de
50/0/50; 0/100; 0/150; 0/200; 0/300; 0/400; 0/500; resistências fixas. Os ajustes correspondem aos
0/600. ajustes de zero e de amplitude de faixa.
O diâmetro mínimo de linha para instalação de 4. a fonte de alimentação elétrica, de corrente
poços para instrumentos de temperatura será 2". contínua, para a polarização dos circuitos
elétricos de detecção, amplificação e
condicionamento do sinais.
5.6. Termopar
Configurações
Princípio de funcionamento As configurações de ligações podem ser de três
tipos básicos
Os termopares transformam calor em 1. o termopar é ligado diretamente do processo
eletricidade. As duas extremidades de dois fios de para o instrumento receptor remoto. Os fios de
metais diferentes (e.g., ferro e constantant), são ligação devem ser de termopar, do mesmo tipo
trançadas juntas para formar duas junções: uma de que a junta de medição, a fim de não introduzir
medição e outra de referência. Um voltímetro ligado erros de medição. Atualmente, são
em paralelo irá mostrar uma tensão termelétrica desenvolvidos fios de extensão feitas de ligas
gerada pelo calor. Esta tensão é função da com características termelétricas iguais as do
1. diferença de temperatura entre a junção de termopar e de menor custo.
medição e a junção de referência, que é o 2. o termopar é ligado ao transmissor eletrônico de
princípio da medição da temperatura. temperatura. A entrada do transmissor é o
2. tipo do termopar usado. Pesquisas são termopar, ligado ao processo e a saída é o sinal
desenvolvidas para se encontrar pares de metais padrão de corrente, de 4 a 20 mA cc. A
que tenham a capacidade de gerar a máxima vantagem dessa ligação é que o fio de
militensão quando submetidos a temperaturas transmissão é de cobre comum mais econômico
diferentes. que o fio de termopar.
3. homogeneidade dos metais. As instalações de 3. O termopar é ligado ao transmissor pneumático
termopar requerem calibrações e inspeções de temperatura. A entrada do transmissor é o
periódicas para verificação do estado dos fios termopar, em contato com o processo e a saída
termopares. A degradação do termopar introduz do transmissor é o sinal pneumático padrão, de
erros na medição. 20 a 100 kPa. Essa configuração é adequada
quando se tem o instrumento receptor de
natureza pneumática.

164
Temperatura

Cada curva de termopar é diferente entre si e


todas possuem regiões não-lineares. As curvas são
necessárias e úteis para a calibração do receptor de
termopar. Quando se quer calibrar um instrumento
indicador-registrador de temperatura a termopar, em
vez de se ter um banho de temperatura, simula-se
diretamente um sinal de militensão substituindo-se o
termopar.

Fig. 7.19. Transmissor inteligente de temperatura

Tipos de termopares
Existem vários tipos de termopares, designados
por letras; cada tipo apresentando maior linearidade
em determinada faixa de medição. Essa variedade de
tipos facilita a escolha, principalmente porque há
muita superposição de faixa, havendo uma mesma Fig. 7.21. Instalação do sensor
faixa possível de ser medida por vários termopares.
A militensão gerada é de corrente contínua. O
termopar é polarizado e cada metal corresponde a
uma polaridade. Convenciona-se que o primeiro
nome do termo corresponde ao pólo (+).
Os tipos mais utilizados são
1. tipo J, de Ferro (+) e Constantant (-), com
faixa de medição até 900 oC. Para a
identificação, o Fe é o fio magnético.
2. tipo K, de Cromel (+) e Alume1 (-), para a
faixa de medição até 1.200 oC, sendo o
Cromel levemente magnético.
3. tipo T, de Cobre (+) e Constantant (-), para
faixa até 300 oC. É fácil a identificação do
cobre por causa de sua cor característica.
4. tipo S, com a liga (+) de Platina (90%) +
Ródio (10%) e Platina pura (-). Atinge até
medição de 1.500 oC e para identificação,
platina pura é a mais maleável.
5. tipo R, também liga (+) de Platina (87%) +
Fig. 7.22. Curvas dos vários tipos de termopar
Ródio (13%) e Platina (-), com a mesma
faixa de medição até 1.500 oC e
identificando-se a platina pura pela maior
maleabilidade.
Vantagens e limitações
O termopar apresenta todas as vantagens
inerentes ao sistema elétrico. Por isso, quando
comparado ao sistema mecânico de enchimento
termal tem-se
1. menor tempo de atraso,
2. maiores distâncias de transmissão,
3. maior flexibilidade para alterar as faixas de
medição,
4. maior facilidade para reposição do elemento
sensor, quando danificado
5. maior precisão.
Fig. 7.20. Sistema completo: bulbo, sensor e poço

165
Temperatura

Quando comparado com a resistência detectora correspondente em tabelas padrão. Este processo
de temperatura, tem-se consumia muito tempo e era susceptível a erros
1. o custo do elemento termopar é menor, potenciais.
2. o tamanho do elemento sensor é menor, A medição de temperatura nos terminais é
portanto com tempo de resposta menor e mais necessária porque um termopar contem
conveniente para montagem. inerentemente duas junções de metais diferentes e
3. calibração é is fácil. não apenas uma. A saída de tensão deste sistema de
4. verificações de calibração mais fáceis. Aliás, a termopar é afetada pelas temperaturas de ambas as
medição de temperatura com termopar é junções. A medição da temperatura da junção de
autoverificável, quando se tem o dispositivo de medição, deste modo, requer o conhecimento da
proteção de queima (burnout) do termopar. temperatura da junção de referência. Em muitos
Incorpora-se no circuito de medição, um instrumentos, a junção de referência ocorre nos
sistema para levar a indicação da leitura para o terminais de ligação neste instrumento receptor.
fim ou para o início da escala, quando ocorrer o O microprocessador simplificou muito a
rompimento da junta de medição. calibração do termopar. Sua memória pode conter as
5. flexibilidade para modificação do circuito, para curvas de temperatura (tensão x temperatura) para os
medição de soma ou subtração de temperaturas. diferentes termopares. Estas curvas são geradas
6. as larguras de faixas medidas são maiores que usando-se equações publicadas pelo National
as conseguidas no sistema mecânico e com o Institute of Standards and Technology. Um
bulbo de resistência. instrumento a microprocessador também faz a
Porém, ele apresenta desvantagens, com relação medição da temperatura da junção de referência,
ao sistema de enchimento mecânico e com relação incorporando-a em um resultado compensado
ao bulbo de resistência elétrica corretamente. Quando a calibração do instrumento
1. a característica temperatura x militensão não é baseado em microprocessador recebe uma tensão,
linear totalmente. ele imediatamente translada para a unidade de
2. o sinal de militensão pode captar ruídos na linha temperatura (oC), de acordo com tabelas contidas na
de transmissão. sua memória e indica digitalmente estes valores.
3. o circuito de medição é polarizado, quando o da Para calibrar instrumentos com termopar, a
resistência não o é. técnica básica é fornecer um sinal conhecido para o
4. requer circuito de compensação das variações instrumento receptor para garantir que ele está dando
da temperatura ambiente. uma indicação precisa e exata. O calibrador fornece
5. a junta de medição pode se deteriorar, se oxidar este sinal de uma fonte estável e monitora, ao
e envelhecer com o tempo. mesmo tempo, o sinal com o sistema de medição do
Os termopares são aplicados em medições de próprio calibrador. A curva temperatura versus
temperaturas em um ponto e não em uma região tensão armazenada no sistema do microprocessador
média) onde se requer pequenos atrasos. Ele é do calibrador é o ponto de referência para gerar uma
conveniente em sistemas que envolvem muitos saída correta. Assim, o calibrador simula o termopar,
pontos de medição, sendo selecionado gerando uma tensão correspondente à temperatura e
instantaneamente um único ponto para indicação ou indicando temperatura (e não tensão).
registro. Além de calibrar e ajustar o instrumento receptor
(registrador, indicador, controlador), deve-se calibrar
Calibração do termopar o sensor em si. O sensor pode ser substituído por um
Como a homogeneidade dos fios componentes sensor novo calibrado ou pode ser removido e
do termopar pode se modificar, o termopar e os fios calibrado em um laboratório de temperatura. Ele
de extensão de termopar devem ser periodicamente também pode ser calibrado no local se um sensor
calibrados. A calibração consiste em verificar se as padrão de referência puder ser instalado
suas características se afastaram dentro da tolerância temporariamente próximo do termopar de trabalho.
(termopar bom) ou além da tolerância (termopar Este caso nem sempre é possível, mas quando
deve ser descartado). possível, ele deve ser preferido. Sua vantagem é que
As técnicas de calibração do termopar tem sido o sensor instalado é aferido em sua condição real de
melhoradas constantemente em velocidade e operação. Um calibrador tendo dois canais de
confiabilidade, por causa do uso do entrada torna este método prático.
microprocessador. A técnica antiga consistia em
ligar o instrumento receptor do termopar aos
terminais de um potenciômetro portátil de
militensão, medir a temperatura destes terminais
com um termômetro padrão, ajustar a saída do
potenciômetro para dar a indicação teórica no
receptor e anotar o ajuste do potenciômetro.
Finalmente, se procurava a temperatura

166
Temperatura

2. estabilidade termal
Tab.16.3. Características dos Termopares Padrão ISA 3. ductilidade (propriedade de ser
transformado em fio fino)
4. disponibilidade comercial
5. preço acessível
Os metais mais usados são: platina, níquel e
cobre. Também é usado material semicondutor
(termistor).

Notas:
1. Conforme Norma ISA MC 96.1, Temperature
Measurement Thermocouples, 1975.
2. Cromel® e Alumel® são marcas registradas de
Hoskins Co.
3. A militensão se refere à junção de referência a 0
oC. Fig. 7.24. Curvas de resistência x temperatura .

5.7. Resistência detectora de temperatura


(RTD)

Princípio de funcionamento
A resistência elétrica dos metais depende da
temperatura; este é o princípio de operação do
sensor de temperatura a resistência elétrica (RTD -
Resistance Temperature Detector). Quando se
conhece a característica temperatura x resistência e
se quer a medição da temperatura, basta medir a
resistência elétrica. Essa medição é fácil e prática.
Normalmente, a resistência metálica possui o Fig. 1.1. Materiais para RTD
coeficiente térmico positivo, ou seja, o aumento da
temperatura implica no aumento da resistência
elétrica. A resistência de material semicondutor (Si e
Ge) e as soluções eletrolíticas possuem coeficientes
térmicos negativos, onde o aumento da temperatura Platina
provoca a diminuição da resistência. A resistência A platina (Pt) é usada para medição de faixas
elétrica a semicondutor, com coeficientes negativos, entre 0 e 650 oC. A característica resistência x
é chamada de termistor e é usada também como temperatura é linear nesta faixa e apresenta grande
sensor de temperatura e nos circuitos de coeficiente de temperatura. O sensor Pt 100 tem
compensação de temperatura ambiente das juntas de resistência de 100 Ω à 0 oC e de aproximadamente
referência do termopar.
139 Ω à 100 oC.
Os tipos mais comuns de resistência metálica são
Embora a mais cara, a platina possui as seguintes
a platina, níquel e cobre.
vantagens
Materiais da RTD 1. é disponível em elevado grau de pureza,
2. é resistente à oxidação, mesmo à alta
Teoricamente, qualquer metal pode ser usado
temperatura,
como sensor de temperatura, porém, na prática
3. é capaz de se transformar em fio (dúctil).
industrial, são usados apenas aqueles que
apresentam propriedades convenientes, tais como:
Níquel
1. linearidade entre variação da resistência
O níquel (Ni) é o segundo metal mais utilizado
termal e temperatura
para a medição de temperatura. É também

167
Temperatura

encontrado em forma quase pura, entre 0 oC a 100 básicas entre o termistor e uma resistência
oC apresenta um grande coeficiente termal. Porém, a convencional são as seguintes
sua sensibilidade decresce bruscamente em 1. o coeficiente de temperatura é negativo,
temperaturas acima de 300 oC. A sua curva 2. sua resposta é mais rápida e seu tamanho é
resistência x temperatura é não linear. menor,
3. seu custo é muito menor que o da
Cobre resistência de Pt ou Ni,
O cobre (Cu) é outra resistência utilizada, porém As suas desvantagem são a limitação das faixas
em menor freqüência que as resistências de Platina e de medição (-50 a 300 oC) e a menor precisão.
de Níquel. A maior aplicação do termistor é em circuitos de
Quando comparada com o termopar, a resistência compensação de temperatura ambiente na junta de
detectora de temperatura de platina apresenta as termopar.
seguintes vantagens
1. altíssima precisão. Provavelmente a medição de Configurações
temperatura através da platina é a mais precisa O RTD pode ser ligado diretamente ao receptor.
em todo o campo da instrumentação. A ligação pode ser feita através de 2, 3 ou 4 fios. O
2. não apresenta polaridade (+) e (-). terceiro e o quarto fio são usados para compensar as
3. apropriada para medição de temperatura média variações da resistência dos fios de transmissão do
enquanto o termopar é adequado para medição sinal provocadas pela temperatura ambiente
de temperaturas em um ponto. variável.
4. capaz de medir amplitude de faixa estreita; de O RTD é elemento sensor do transmissor
até 5 oC eletrônico de temperatura. A entrada do transmissor
5. mantém-se estável, precisa e calibrada durante é a resistência e sua saída é o sinal padronizado de
muitos anos. corrente, entre 4 a 20 mA cc. A vantagem dessa
As desvantagens são fiação é que o fio de transmissão é comum e não
1. o alto custo, requer compensação.
2. os bulbos maiores, O RTD é também o elemento sensor do
3. o tempo de resposta é mais demorado, transmissor pneumático de temperatura. A entrada
4. o auto-aquecimento da resistência constitui um do transmissor é a resistência e a saída é o sinal
problema pneumático padrão de 20 a 100 kPa. Esta instalação
5. a exigência de fiação com 3 ou 4 fios para a é típica para instrumentação pneumática de painel e
compensação da temperatura ambiente. medição de temperatura com detector de
A resistência detectora de temperatura é aplicado temperatura a resistência.
quando se quer uma medição com altíssima precisão
e estabilidade e quando a amplitude de faixa de
medição é estreita.

Fig. 7.25. Resistências dentro de bulbos, com os


cabeçotes de acesso Fig. 1.1. Ligação da RTD ao bulbo

Termistor
O termistor é considerado um detector de
temperatura a resistência (RTD). As diferenças

168
Temperatura

5.8. Acessórios sua finalidade é a de fixar o bulbo na parede do


processo ou no poço.
Bulbo
O bulbo termal serve para
encerrar o fluido de enchimento do sistema
termal mecânico. Nessa configuração, o elemento de
temperatura é formado pelo conjunto bulbo + capilar
+ elemento sensor de pressão. O sistema é
totalmente selado, sem vazamento e sem bolhas de
ar,
proteger o termopar ou o fio de resistência
detectora de temperatura dos rigores do processo. Fig. 7.27. Bulbo e suas dimensões
Em qualquer situação o bulbo está em contato
direto com o processo, quando não há poço. Os seus
materiais de construção são o aço inoxidável AISI
316 e ligas especiais, como Monel®, Hastelloy® e Os bulbos são usados nas seguintes
metais nobres como Ti, Pt, Ta. configurações
bulbo plano, o mais simples possível. É usado
em recipiente raso, em tanques abertos, onde
nenhum suporte é disponível. Não existe em Classe
III de enchimento termal.
bulbo plano com extensão dobrável, também
usado sem união, em aplicações que sejam
necessárias curvaturas da porção sensível do bulbo
para melhor resultado.
bulbo de união, fixa ou ajustável, com extensão
dobrável, para uso em vasos fechados e
pressurizados, sem proteção, com pressões até 70
MPa.
bulbo de união, fixa ou ajustável, com extensão
rígida, para uso com bulbo sem proteção, onde há
forças provocadas por agitações no tanque.
bulbo capilar, para aplicação em medição de
Fig. 7.26. Bulbos de temperatura temperaturas médias, no interior de dutos, fornos,
secadores, estufas.

Poço de temperatura
A geometria do bulbo de temperatura varia com
o fabricante e com as exigências do processo. Há O poço de temperatura é um receptáculo
recomendações da Scientific Apparatus metálico, rosqueado, soldado ou flangeado ao
Manufacturer Association (SAMA) para normalizar equipamento do processo, que recebe o bulbo de
os nomes das partes notáveis do bulbo: medição. Os objetivos do poço são os de
parte sensível (X), é a parte que envolve o 1. proteger o bulbo de medição da corrosão
elemento sensor (termopar ou resistência) ou a parte química e do impacto mecânico;
que sente a temperatura, ficando em contato com o 2. possibilitar a remoção do bulbo de medição
ponto que se quer medir a temperatura. A parte sem interrupção do processo;
sensível pode ser ajustável (50 a 450 mm). 3. diminuir a probabilidade de vazamento nas
extensão (J) é a distância que vai do ponto onde é tomadas de temperatura, aumentando
fixado o bulbo até o início da parte sensível. A também sua resistência mecânica;
extensão pode ser rígida ou dobrável. 4. tornar praticável a medição de fluidos de alta
inserção (U) é a soma da extensão e da parte temperatura, corrosivos, sujos e tóxicos e
sensível; é toda a parte que fica mergulhada ou no submetidos à pressão elevada.
interior do processo. Tem-se U = X + J. A principal desvantagem do poço de temperatura
diâmetro (Y) do bulbo, ou mais precisamente, o é o aumento do tempo morto da resposta do sistema,
diâmetro da parte sensível, que é função do tamanho pois o poço introduz uma camada de ar entre o
do bulbo e da amplitude de faixa de temperatura bulbo, além de introduzir a resistência de sua parede.
medida, quando de enchimento termal. Para diminuir essa influência deve se minimizar a
união, que é opcional. Quando há união, ela pode distância entre o bulbo e o poço, ou então se colocar
ser fixa ou ajustável. A união é uma rosca macho e uma substância condutora para substituir o ar, que é
um mau condutor térmico.

169
Temperatura

Existem poços de temperatura feitos de vários


materiais aço inoxidável, ligas especiais de Monel,
Hastelloy, Tântalo, bronze e outros. Quando se
utiliza o poço, ele funciona como um selo, podendo-
se usar bulbos de materiais padronizados. O poço de
temperatura evita que o bulbo entre diretamente em
contato com o processo.

Fig. 7.28. Poços de temperatura

Há algumas diferenças de montagem do poço


1. Montado em tubulações, podendo ser montado
rosqueado diretamente ao tubo, recebendo o
bulbo, que é aparafusado no seu interior. O poço
possui uma rosca externa para a ligação com a
tabulação e possui no interior outra rosca, onde
fica conectado o bulbo de medição. Quando a
parede do tubo é grande, o poço deve possuir
uma extensão de atraso. Quando em tabulação,
o bulbo pode ser ligado ao processo através de
uma conexão tipo T;
2. Montado em vasos, através de roscas ou de
flanges, nas paredes laterais ou no topo.
Fig. 7.29. Instalação do poço em tubulação
Quanto ao formato, o poço pode ser classificado
como:
1. poço padrão, rosqueado, de formato cilíndrico,
com comprimentos acima de 150 mm e rosca
externa de 1/2" a 1" NPT;
2. poço padrão, com rosca externa afastada da rosca
interna, apresentando um "atraso", apropriado
para superfícies com revestimento de isolação;
3. poço cônico, usado em tubulações com fluidos
em alta velocidade, serviços abrasivos, linhas de
vapor ou qualquer outra instalação que requeira
alta resistência lateral;
4. poço flangeado, mais prático que o
rosqueado, usado quando a tomada do
processo é feita em flange.

170
Temperatura

171
Nível

1. Introdução

Conceito de Nível
O nível é a altura da coluna de líquido ou de
sólido no interior de um tanque ou vaso. O nível não
se aplica a gases em tanque de teto fixo, pois o gás
sempre ocupa todo o espaço. Porém, em quando se
armazena líquidos voláteis (p. ex., gasolina), é
comum o uso de tanque com teto flutuante. O teto
flutua exatamente para minimizar o nível de gás
contido. Há aplicações industriais onde se tem um
único vaso armazenando dois líquidos que não se
misturam e se quer medir a interface desses dois
líquidos, e.g., óleo e água. Fig. 8.1. Tanques de armazenagem

Unidades de Nível
A unidade de nível é a unidade de comprimento Transferência de custódia
do Sistema Internacional de Unidades (SI), que é o Na industria de petróleo, é comum a compra e
metro (m). Porém, é prática comum se referir ao venda de produtos baseadas na medição de nível de
nível como percentagem (%): o nível tem um nível tanques de armazenagem. Obviamente, estes tanques
que varia entre 0 e 100%, podendo assumir todos os devem ser, a priori, arqueados pelo órgão nacional
valores intermediários. Também se usa a massa ou o regulador, no Brasil, o INMETRO.
volume ocupado pelo produto no tanque para se Arquear um tanque é construir uma tabela de
referir ao seu nível. Nestes casos, o nível seria capacidade do tanque, fazendo uma correspondência
expresso em kilograma (kg) ou metro cúbico (m3), precisa entre o seu nível e o volume contido no
respectivamente. tanque. Também são arqueados caminhões tanque,
vazões tanque e tanques de navio.
Medição de Nível Há métodos geométricos e volumétricos para
arquear um tanque de armazenamento.
Os motivos e justificativas para se medir o nível
são, principalmente:
1. Inventário
2. Transferência de custódia
3. Segurança
4. Fornecimento consistente
5. Economia

Inventário
Uma razão importante para medir nível é para
manter histórico de inventários em termos de massa
ou volume. O usuário quer saber a quantidade
disponível para um processo ou para venda.
Por exemplo, no automóvel é importante haver
um medidor de nível do combustível do tanque, para
Fig. 8.2. Medição de nível
que o motorista saiba quando é oportuno se
abastecer.

172
Nível
Segurança
O nível é medido também por questão de
segurança. Encher um tanque além de sua
capacidade nominal pode causar perigos de
segurança, como vazamentos de tanques abertos ou
aumento perigoso de pressão em tanques fechados.
Pressão excessiva pode resultar em ruptura. Se o
tanque estiver armazenando produto corrosivo,
tóxico, inflamável ou explosivo, vazamentos e
rupturas podem resultar em catástrofes.

Fornecimento consistente
Muitos processos industriais requerem o
suprimento estável de entradas e saídas. Uma
alimentação consistente é difícil de se manter se
houver flutuação e oscilação na linha de Fig.8.4. Medição automática de nível
alimentação. Um vaso de armazenagem entre o
suprimento e o processo pode agir como um filtro
amortecedor, garantindo uma alimentação estável e
consistente. Se o nível do tanque de armazenagem é 2. Medição Manual
mantido constante, a alimentação do processo
também se mantém constante e estável.
Em industria de papel e celulose, a alimentação Introdução
consistente está diretamente relacionada com a
qualidade do produto, pois uma alimentação O nível pode ser medido de modo manual ou
consistente garante que cada folha de papel tem a automático. A medição manual de nível geralmente
mesma espessura, sempre. envolve o uso de uma régua, vareta, trena ou fita
acoplada a um peso de imersão. O medidor manual
Economia padrão de nível de petróleo é a trena graduada em 1
A medição precisa do nível pode aumentar a mm.
eficiência e economia da planta de processo. Por As vantagens da medição manual são
exemplo, pode-se armazenar matéria prima para a 1. Simplicidade, pois envolve uma trena
produção programada e também para a produção, 2. Facilidade por ser uma medição direta
antes de ser entregue ao cliente. As desvantagens são:
Na indústria, é comum o armazenamento de 1. O operador deve ir ao local, que às vezes é alto,
óleos combustíveis e outras utilidades. perigoso e pode ocorrer em horas inoportunas,
como madrugadas, momentos de chuva ou
ventania.
2. Medições de produtos tóxicos requerem uso de
mascara apropriada e cuidados adicionais
3. Para que a medição seja sempre precisa, o
operador deve seguir sempre um procedimento,
senão haverá uma variabilidade devida ao
operador.
4. Para que a medição seja sempre exata, a régua
ou trena de medição requer calibração da trena
ou troca periódica por uma nova certificada.
A norma internacional que trata da medição
manual de nível é a ISO 4512 (15 DEZ 2000):
Petróleo e produtos líquidos de petróleo –
Equipamentos para a medição de níveis de líquido
em tanques de armazenagem – Métodos manuais.
Os principais pontos desta norma serão
Fig.8.3. Medição manual de nível mostrados, a seguir.

Geral
É necessário um certificado de calibração para
qualquer um dos equipamentos de medição, tais
como réguas graduadas, pesos, réguas para ullage. O
certificado deve ser emitido por uma autoridade

173
Nível
competente, como INMETRO ou órgão credenciado A fita deve ser revestida com um material
por ele e deve ser rastreável a padrões nacionais ou anticorrosivo para proteção durante a armazenagem.
internacionais, com um limite de confiança de 95%, Este material não pode isolar eletricamente a fita.
que está dentro do máximo erro permissível A fita deve ser enrolada de modo adequado em
especificado. um sistema com polia, em uma extremidade. Na
Equipamento que foi sujeito a reparo não pode outra extremidade, deve ser fixado o peso, régua de
ser usado como referência, mas pode ser usado para ullage ou régua para detectar água. O dispositivo de
outros objetivos se ele for verificado por uma fixação deve ter um meio de evitar o
autoridade competente e foi considerado conforme desprendimento acidental do peso, régua de ullage
com as exigências da norma ISO 4512. ou régua para detectar água.
As dimensões da fita devem ser:
Trena 1. Largura: (13,0 ± 0,5) mm
2. Espessura (não esticada):
A trena ou fita de imersão deve ser usada em (0,25 ± 0,05) mm
conjunto com um peso de imersão (dip-weight), 3. Comprimentos recomendados:
régua de ullage ou régua para detectar água. A fita é 5 , 10 , 15 , 25 , 30 , 40 e 50 m
enrolada em uma carretilha, que é um tambor As fitas devem ser graduadas em uma única face.
contido dentro de uma estrutura equipada com uma Elas devem ser graduadas em m, cm e mm, em toda
manivela. sua extensão. As marcas da graduação devem se
É recomendada que os pesos, régua de ullage e relacionar às condições de referência especificadas
régua de detectar água sejam destacadas da fita, de temperatura e tensão mecânica, onde a tensão é
quando transportada ou armazenada para evitar a igual àquela que a fita experimenta devido à massa
flexão constante no ponto de fixação, facilitando a do peso de imersão, quando a combinação fita-peso
quebra da fita neste ponto.
é suspensa verticalmente no ar (±10 %).
O conjunto fita, dispositivo de fixação e peso, As marcas de graduação devem de largura
que forma um sistema contínuo e completo, deve ser uniforme e não mais que 0,5 mm e devem ser
construído de modo que o zero do sistema seja a perpendiculares à borda da fita.
face inferior do peso. Há graduação em todo As marcas de graduação devem ser permanentes
comprimento da fita
e indeléveis. O processo de marcação não pode
A fita deve ser construída como um
isolar eletricamente a fita de imersão.
comprimento contínuo de aço. O material da fita A marcação pode ser por gravação, serigrafia ou
deve ter as seguintes especificações: qualquer outro meio permanente e indelével e
1. alto conteúdo de carbono (0,8 %) resistente a solventes.
2. resistência de tensão entre 1 600 a 1 850 As marcas da escala devem ter largura uniforme,
N/mm2
devem ser normais à extremidade da fita de imersão.
3. Coeficiente linear de expansão: O comprimento da escala deve estar relacionado
(11 ± 1) x 10-6 oC-1 com a unidade de medição correspondente. As
Para determinados produtos petroquímicos, marcas da escala devem ser tais que formem uma
deve-se usar outros materiais, tais como aço escala distinta e clara e que sua espessura não cause
inoxidável, quando é necessário corrigir o qualquer incerteza na medição.
comprimento da régua por causa da variação da As marcas da escala devem ser claramente
temperatura do processo. numeradas, como mostrado na Tab. 1.
A referência zero (zero datum) do conjunto fita
de imersão e peso de imersão deve estar na face
inferior do peso de imersão.

Precisão (erro máximo permissível)


O erro máximo permissível para qualquer
distância da referência zero do peso de imersão até a
marca de graduação de 30 m não pode exceder ±1,5
m para uma combinação nova de fita-peso, na
condição de referência especificada de temperatura e
tensão, quando comparada contra um instrumento de
medição de referência. O erro máximo permissível
para a marca de graduação de 30 m nunca pode
Fig. 8.6. Sistema típico de enrolamento
exceder ±2,0 m para uma combinação de fita-peso,
em serviço. (Ver Tab. 2).
A incerteza com limite de confiança rastreável
certificado de 95 % do instrumento de medição de
referência usado para verificar o erro máximo

174
Nível
permissível da combinação fita-peso de imersão não Cada fita deve ser marcada em sua extremidade
pode exceder ±0,5 mm para qualquer distância entre com o seguinte:
0 e 30 m. 1. Número desta norma ISO 4512
A precisão de calibração de cada combinação de 2. Nome do fabricante
trabalho fita-peso de imersão deve ser verificada 3. Condições padrão de calibração:
antes do primeiro uso e depois, em intervalos 4. Temperatura, padrão 20 oC
regulares (por exemplo, 6 meses). Tipicamente, esta 5. Tensão aplicada na calibração, normal 10
verificação deve incluir: ou 15 N
A distância entre a referência de zero do 6. Qualquer marca oficial necessária de
conjunto fita-peso e uma graduação conveniente da conformidade
fita (por exemplo, 300 mm) deve ser verificada A capacidade do sistema de enrolamento da fita
usando um microscópio móvel com vernier ou um deve ser suficiente para enrolar o comprimento total
dispositivo de medição de referência similar (com a da fita sem uma tensão, na fita ou na polia.
incerteza com limites de confiança de 95 % não O sistema de enrolamento deve ser construído
excedendo ±0,20 mm em qualquer ponto até 500 com algum material resistente a faísca (e.g., latão).
mm), quando o conjunto fita-peso é suspenso O comprimento da fita para o qual o sistema de
verticalmente no ar. polia é projetado deve ser claramente marcado.
A distância da marca de graduação escolhida da O tambor de enrolamento não deve ser menor
fita para uma série de outras marcas de graduação que 28 mm em diâmetro e deve ser fornecido com
em intervalos aproximados de 5 m deve ser uma manopla de enrolamento.
verificada por comparação direta com uma fita O tambor de enrolamento deve ter um pino
mestre de referência ou outro padrão (com a adequado em que a bobina seja presa, na
incerteza com limites de confiança de 95 % não extremidade interna da fita.
excedendo ±0,25 mm em qualquer ponto até 30 m),
quando o conjunto fita-peso é suspenso
verticalmente no ar ou, como alternativa, é suportada
horizontalmente em sua tensão e temperatura de
referência.
Em um procedimento típico de verificação, a
incerteza combinada das duas incertezas dos
instrumentos de medição, no limite de confiança de
95 %, é estimada pela raiz quadrada da soma dos
quadrados das incertezas individuais, como:

± (0,20 2 + 0,25 2 = ±0,32 mm,

que está dentro do limite máximo especificado Fig. 8.5. Fitas de imersão com pesos
de ±0,5 mm.
Uma tensão de referência de 10 ou 15 N é A fita deve ser enrolada de modo que passe
recomendada para conjunto típico de fita-peso, livremente através do espaço entre o tambor e a
quando isto representa um boa aproximação da manivela, com as marcas de graduação visíveis na
tensão de uma fita padrão de 30 m, quando suspensa fita enrolada.
verticalmente no ar com um peso de imersão padrão A fita e o sistema de enrolamento devem ser
de 0,7 kg fixado. Correções de comprimento devem eletricamente aterrados, quando em uso.
ser feitas quando a fita que é fabricada ou calibrada
em outras tensões de referência são sujeitas a Peso de imersão
diferentes tensões, quando em uso.
O peso de imersão é projetado e construído para
ser usado em combinação com a fita de imersão.
Tab. 2. Erro máximo permissível para conjuntos de fita e O material do peso de imersão deve ser resistente
peso de imersão a faísca e com densidade adequada (material típico:
latão)
O peso de imersão deve ter formato cilíndrico no
Comprimento fita-peso, Conjunto fita-peso meio e cônico na extremidade inferior. A base deve
0,000 a 30,000 m ±2,0 mm ser chata, com uma superfície normal ao eixo maior.
30,001 a 60,000 m ±3,0 mm O formato cilíndrico afinado na ponta fornece a
sensitividade em imergir e penetrar em depósitos
60,001 a 90,000 m ±4,0 mm
mais facilmente que um formato totalmente
cilíndrico.

175
Nível
Um peso com uma extremidade muito 2. Operador pode se ocupar de funções mais
pontiaguda não é recomendado, pois é susceptível a nobres do que a de fazer a medição rotineira de
dano mecânico que afeta a precisão da medição e nível.
pode se desgastar rapidamente, quando em uso. 3. Operador não necessita ir ao topo do tanque
A extremidade superior deve ser projetada para fazer medição, se expondo às intempéries e às
permitir a fixação da fita de imersão. Esta fixação emanações dos produtos.
não deve afetar a precisão do conjunto fita-peso. 4. O sinal de medição automática pode ser
Uma face chata, não menor que 10 cm, deve ser facilmente integrado a outros sistemas da
provida para ter uma escala gravada, continuando a empresa, como faturamento, contabilidade,
escala da fita. produção, Receita Federal, sistema de medição
A massa do peso de imersão deve ser, no fiscal.
mínimo, de 0,6 kg, para manter a fita sempre As desvantagens da medição automática de nível
esticada, quando em uso. são:
Quando medindo nível de tanque que pode 1. O sistema de medição, composto de sensor,
conter uma camada no fundo de sedimento separado, condicionador e mostrador, precisa ser calibrado
é desejável usar um peso mais pesado (e.g., 1,5 kg), periodicamente.
para ele penetrar mais facilmente no sedimento. 2. Geralmente a aquisição e manutenção do
Porém, a precisão de calibração da fita assume que a sistema automático de nível são mais caras.
fita é calibrada com um peso normal de 0,7 kg. 3. O sistema de medição precisa ser validado para
Assim, uma pequena correção do peso pode ser a Receita Federal ou outros órgãos
requerida para compensar a tensão maior que a fita governamentais, como ANP.
experimenta, se é usado um peso maior. 4. O sistema de medição automática é mais
O peso de imersão deve ser graduado em toda a complexo, requer maior treinamento e
extensão de seu corpo. envolvimento do operador.
O erro máximo permissível para qualquer As normas que tratam da medição automática de
distância da referência zero do peso de imersão até a nível são:
escala graduada do peso não pode exceder ±0,5 m. 1. OIML R 85 (1998): Medidor automático de
Se a precisão das graduações da escala precisar ser nível para medir o nível de líquido em tanque
certificada, a escala deve ser calibrada usando-se um de armazenagem fixo
microscópio portátil com vernier ou um dispositivo Parte 1: Exigências metrológicas e técnicas –
de medição de referência similar, com uma incerteza Testes
com limites de confiança de 95 %, que não excede Parte 2: Formato do relatório de teste
±0,20 mm, em qualquer ponto de 0 a 500 mm. 2. ISO 4266 (15 DEZ 1994): Petróleo e produtos
A face inferior do peso deve agir como uma líquidos de petróleo – Medição direta de
referência de zero para graduação do conjunto fita- temperatura e nível em tanques de
peso de imersão. armazenagem – Métodos automáticos
As marcas da escala devem ser gravadas e não
podem exceder a largura de ±0,50 mm. Exigências metrológicas
As marcas da escala devem ser normais ao eixo
principal do peso e deve ser uma projeção das Um medidor automático de nível é constituído,
no mínimo, de:
distancias correspondentes do eixo do peso.
Cada peso deve ter a seguinte marcação: 1. Um elemento detector do nível do líquido
1. O número da norma ISO 4512 2. Um instrumento transmissor
2. Qualquer marca oficial de conformidade 3. Um instrumento mostrador
necessária Todos os materiais usados no medidor
automático de nível devem ser de boa qualidade e
3. Medição Automática adequados para sua aplicação.
As unidades de medição autorizadas são as do SI
(Sistema Internacional de Unidades). Indicações do
Introdução innage ou ullage devem ser em unidade de
comprimento, acompanhada do nome ou símbolo da
O nível pode ser medido de modo manual ou unidade. Pode-se usar a indicação de informação
automático. não-metrológica, desde que não seja confundida com
A medição automática é contínua e com a informação metrológica.
nenhuma ou com uma mínima interferência do Intervalo da escala não pode exceder 1 mm.
operador. Para uma indicação analógica, a distância entre
As principais vantagens da medição automática marcas sucessivas da escala não podem ser menores
de nível são: que 1 mm.
1. Feita com a mínima intervenção do operador e Um medidor automático de nível pode ter mais
por isso sujeita a menor variabilidade. de um dispositivo de indicação. Normas nacionais

176
Nível
podem requerer uma saída para ligação com um 2. Valor absoluto da linha D
indicador local no tanque.
Pode haver um indicador adicional ao medidor O erro de histerese, quando mudando a direção
automático de nível. do movimento do nível não pode exceder a :
Uma indicação remota deve ser identificada de 2 mm Classe 2
modo claro com relação ao medidor automático de 3 mm Classe 3
nível que ela pertence. Normas nacionais podem prescrever que a
Por motivos metrológicos, deve ser disponível provisão do primeiro item de 3.4.2.1 seja aplicável à
uma indicação do innage ou ullage, dependendo do indicação de um dip.
princípio de medição do medidor automático de A discriminação do medidor automático de nível
nível. em si deve ser tal que a variação da indicação de 1
O medidor automático de nível é classificado mm, no mínimo, na ocorrência de uma variação no
conforme sua precisão em nível de:
2 mm Classe 2
Classe 2 3 mm Classe 3
Aplicável a todo tanque não refrigerado, dentro Se um medidor automático de nível dá mais que
do escopo da norma. uma indicação e impressão, cada indicação deve
estar conforme com o erro máximo permissível da
Classe 3 Tab. 1. A diferença entre quaisquer duas indicações
Aplicável apenas a tanque com fluido não pode ser maior que 1 mm, sob condições
(hidrocarboneto) refrigerado. estáveis de nível.
Os erros máximos permissíveis relativos e O campo de operação é determinado pelas
absolutos, positivos e negativos, nas condições de seguintes características:
operação especificadas, estão mostrados na Tab. 1. 1. Temperaturas mínima e máxima do liquido
2. Pressões mínima e máxima do liquido
Tab.1. Classes de precisão 3. Características do líquido e o meio acima
do líquido
4. Densidades mínima e máxima do líquido e
Classe de Precisão do meio acima do líquido
2 3 5. Capacidades mínima e máxima do medidor
A ±0,02% ±0,03% automático de nível
B ±0,04% ±0,06% As normas nacionais podem permitir o uso de
C 2 mm 3 mm um medidor automático de nível sob condições
D 3 mm 4 mm diferentes e fora das condições de operação
especificadas, desde que sejam feitas as devidas
correções dos valores medidos.
Os erros máximos permissíveis da Tab. 1 se
Equipamentos auxiliares, tais como alarme,
aplicam a
desarme, não podem afetar os resultados da medição
1. Indicação de um innage ou ullage de acordo e não podem ter características que facilitem o uso
com o princípio de medição do medidor fraudulento.
automático de nível. O medidor automático de nível deve ser marcado
2. Indicação de uma diferença entre dois níveis de modo legível e claro com as seguintes
medidos em uma direção de operação. informações:
Na Tab. 1, as linhas A e C se aplicam ao medidor 1. Nome do fabricante
automático de nível em si, antes de ser instalado no
2. Número de série e ano de fabricação
tanque, para aprovação do padrão e para verificação
inicial. O erro máximo permissível é o valor maior 3. Marca de aprovação do modelo
de: 4. Designação da classe de precisão
1. Valor absoluto calculado da linha A para a 5. Faixas definindo o campo de operação
indicação correspondente 6. Qualquer outra informação requerida no
2. Valor absoluto da linha C certificado de aprovação do modelo
Na Tab. 1, as linhas B e D se aplicam ao medidor As marcas descritivas devem ser indeléveis e de
automático de nível, depois de ser instalado no um tamanho, formato e claridade que permitam a
tanque de armazenagem, para verificação inicial e leitura fácil, nas condições de operação do medidor
subseqüente. O erro máximo permissível é o valor automático de nível. Elas podem ser agrupadas
maior de: juntas em um local visível do medidor automático de
1. Valor absoluto calculado da linha B para a nível em si ou em uma placa de dados fixada nele.
indicação correspondente

177
Nível
5. Medidores de nível

Medidores favoritos
Os métodos de medição de nível são numerosos.
Há dezenas de diferentes princípios de operação,
alguns muito antigos e outros recentes e ainda não
comprovados.
Os medidores de nível industriais mais usados
sao:
1. Bóia
2. Deslocador (displacer)
3. Pressão diferencial
4. Radar

Medidor com Bóia Fig. 1.1. Medição de nível com bóia e régua
A medição de nível por bóia é direta e
extremamente simples e usada em tanque aberto
para a atmosfera. A bóia ou flutuador está em Cuidados que devem ser tomados na medição
contato direto com o líquido do processo e é presa com bóia:
por um cabo a um contrapeso, passando por uma Inspecionar periodicamente o sistema de polias,
polia. fios, pesos e bóias, para garantir verticalidade,
Há sistema onde o próprio contrapeso estabelece tensão correta e medição no prumo.
o valor do nível Tem-se uma escala invertida de 100 Garantir que a leitura seja feita sem erro de
a 0%. Quando o tanque está vazio, o flutuador está paralaxe. Como a régua graduada é grande (pode ter
baixo, o contrapeso está na altura máxima. Quando o até 10 metros) e o operador é menor, deve-se prover
tanque está cheio, o flutuador está no topo do tanque sistema de elevador ou escada para ele fazer a
e o contrapeso no ponto mais baixo. leitura.
Tipicamente, em medição de petróleo com baixa
produção (menos que 50 m3/dia), permite-se o uso
de medição de nivel com bóia e régua. Nesta
aplicação, a graduação da régua deve ser, no
máximo, de 20 mm.

Fig.8.8. Bóia ligada à régua

Outros sistemas acoplam engrenagens mecânicas


na polia, de modo que a rotação da polia estabelece
o nível do líquido.
Há ainda a possibilidade de se acoplar um
potenciômetro elétrico à polia, de modo que a
rotação da polia estabelece a posição do terminal do
potenciômetro, possibilitando a geração de um sinal
elétrico dependente do nível.
Embora simples, os sistemas com bóia são de
precisão media (±1% do fundo de escala) e são
usados principalmente para proteção.

178
Nível
Medição com Deslocador lateral, topo e de gaiola. A gaiola é uma
extensão do tanque principal. Ela é usada
É também um método muito popular e para facilitar a retirada e manutenção do
conhecido. Seu princípio de funcionamento é a lei de sistema e quando há muita onda no interior
Arquimedes, o da eureka: quando um corpo é do tanque. Ela é limitada quando a pressão
submerso em um líquido, ele perde peso igual ao é elevada ou pode haver vazamentos.
peso do líquido deslocado. O sistema de medição de o cálculo correto do peso e do tamanho do
nível por deslocador se resume na detecção e deslocador. As vezes, é conveniente adicionar ao
medição de um peso que varia com o nível. sistema uma proteção ao transmissor, de modo que o
Há quem chame esse sistema de medição de peso do deslocador não lhe fique aplicado durante
nível de medidor com flutuador. O nome é incorreto, muito tempo.
pois, na realidade o elemento sensor não flutua, mas O comprimento do deslocador nunca pode ser
fica submersa no líquido cujo nível está sendo menor que o nível a ser medido.
medido. Quem flutua é a bóia, também usada como A densidade do material do deslocador deve ser
sensor de nível, porém, com outro princípio de sempre maior que a densidade do líquido do tanque.
operação. O desempenho do sistema com deslocador possui
as seguintes características:
1. pode ser aplicado para medição de nível de
líquido, interface do líquido-vapor,
densidade de líquido, interface entre dois
líquidos.
2. o sistema é simples, confiável e
relativamente preciso.
3. como há uma grande variedade de materiais
para a construção do deslocador e das
braçadeiras de ligação com o transmissor, o
sistema pode ser usado para medir líquidos
corrosivos.
Como limitações tem-se:
1. Uso restrito para tanque não pressurizado
2. Aplicação apenas para líquidos limpos, pois
não se pode ter deposição ou incrustarão de
Fig. 8.9. Medição de nível com deslocador: topo, lateral e material no deslocador (alterando seu peso).
gaiola 3. Dificuldades e restrições nos selos
4. Custo elevado, principalmente quando o
deslocador é de material especial.
A precisão do sistema de medição de nível com
Deslocador fixo
deslocador fixo é tipicamente de ±0,5% do fundo de
O deslocador é suspenso de um transmissor de escala.
nível, que detecta a força (peso) variável. Quando o
nível é mínimo, o deslocador está imediatamente
acima do nível e totalmente fora do líquido. Seu
peso é máximo e o sinal transmitido deve
corresponder ao zero da escala de medição. Quando
o nível sobe, o peso aparente do deslocador diminui,
mantendo assim uma relação linear e proporcional
entre o peso e o nível do líquido. Quando o nível
atinge o valor máximo calibrado, o deslocador deve
estar totalmente submerso. Nessa posição ele
apresenta o mínimo peso aparente e o transmissor
deve gerar sinal correspondente a 100% do nível.
Os problemas práticos que aparecem e devem ser
superados são:
1. a selagem do sistema detector do
transmissor com o tanque de processo, que
não deve ter atrito, deve suportar as
pressões e temperatura do processo e não Fig. 1.1. Deslocador fixo
sofrer corrosão do líquido.
2. o tipo de tomada de nível, geralmente feito
através de flanges com face ressaltada. Há
tomadas através de três tipos básicos:

179
Nível
Deslocador móvel reversível. Este servo motor está acoplado ao eixo
É possível se medir nível com um deslocador sem fim que aciona a coroa dentada e
móvel, em vez de fixo. Neste sistema o deslocador conseqüentemente, o tambor de medição, de modo a
tem o formato de bóia e se move como se fosse uma fazer subir ou descer o deslocador, até que seja
bóia, acompanhando a superfície livre do líquido. obtida novamente a imersão correta.
Porém, o que faz ele se mover é um sistema de A tensão mecânica do fio que sustenta o
servomecanismo acoplado a ele. Quando o fio que deslocador é igual à diferença entre o peso do
aciona o deslocador se parte, ele vai para o fundo do deslocador e o empuxo correspondente ao volume
vaso, pois ele é muito mais pesado que o líquido. do líquido deslocado pela parte submersa. Na
Este sistema de medição de nível foi desenvolvida balança de equilíbrio, as placas centrais são
pela ENRAF. tensionadas por duas molas para contrabalançar a
O medidor de nível utiliza como elemento sensor tensão do fio e manter o deslocador em equilíbrio. O
um pequeno deslocador com densidade maior que a peso do deslocador, mesmo quando totalmente
do líquido cujo nível é medido. O deslocador é imerso mantém o cabo de medição sempre
suspenso por um cabo flexível que se enrola em um tensionado.
tambor de medição com ranhuras. Na condição de
equilíbrio, o deslocador fica parcialmente imerso no
líquido permitindo a sua aplicação em líquidos com
turbulência na superfície e com variações de
densidade do produto.
Um circuito integrador com ajuste de tempo
permite a medição estável do nível, mesmo com
turbulência na superfície do fluído, já que a ação do
integrador proporciona um nível de leitura médio e
preciso. Esta característica permite que os
medidores de nível possam operar com precisão em
tanques com agitadores e com altas vazões de
bombeamento.

Fig. 8.10. Sistema de medição de nível com deslocador


móvel

O eixo do servomotor aciona o indicador


mecânico de nível integral e o codificador óptico
utilizado para transmissão remota de nível e
temperatura.
Para a indicação remota do nível e temperatura
os medidores são equipados opcionalmente com um
transmissor integral. São disponíveis dois sistemas
de transmissão: um para a transmissão individual ao
Fig. 1.1. Medidor a deslocador móvel indicador digital de nível e de temperatura instalado
no pé do tanque via RS 422 e outro de freqüência
por PWM (modulação de largura de pulso) onde
todos os medidores são ligados ao receptor central
Utiliza-se o princípio de servomecanismo para seletivo.
eliminar os efeitos de atrito mecânico que
prejudicam a sensibilidade e a precisão do sistema.
O eixo do tambor de medição está acoplado a uma
balança capacitiva de equilíbrio, que mede
continuamente o peso aparente do deslocador, que é
o seu peso real modificado pela força de empuxo
exercida pelo produto sobre o deslocador
parcialmente imerso.
As variações de nível provocam alterações no
peso aparente do deslocador, que são detectadas pela
balança capacitiva de equilíbrio através do
deslocamento das placas centrais. Variando sua
capacitância em relação às placas laterais ativas, Fig. 1.1. Servomecanismo do deslocador
através de um circuito eletrônico com servomotor

180
Nível
6. Pressão Diferencial Geralmente, a medição da pressão diferencial
(tanque fechado) ou manométrica (tanque aberto),
As alterações do nível podem causar alterações proporcional ao nível do tanque, é feita através do
proporcionais em outras variáveis de processo, mais transmissor, tipo d/p cell® com a cápsula diafragma
facilmente detectáveis. Assim, também se pode como elemento sensor.
medir o nível de um líquido por inferência, através Para esse tipo de medição de nível através da
da medição de outra variável de processo. Um pressão diferencial, há vários tipos para a tomada de
método clássico de medição de nível de líquido é alta pressão, aquela próxima ao fundo do tanque:
através da pressão exercida pela coluna líquida. A 1. tomada convencional, através de rosca fêmea,
pressão hidrostática, resultante da coluna do líquido, tipicamente 1/2" NPT. Quando o líquido é
é diretamente proporcional ao valor dessa coluna de perigoso para a cápsula, utiliza-se uma coluna
líquido. A pressão em um ponto do líquido é liquida de selagem, entre a tomada do tanque
proporcional ao nível acima desse ponto de e o corpo do transmissor.
referência. 2. tomada tipo flange plana, quando a tomada
Matematicamente, tem-se: do processo é do tipo flangeado e quando não
há problema de decomposição de material na
∆p = ρ g L tomada.
3. tomada tipo flange com extensão, quando a
onde tomada do processo é também flangeada e se
∆p é a pressão hidrostática, no fundo do tanque, deseja manter a superfície sensível da cápsula
ou no nível 0. em contato direto com o processo, evitando-
ρ é a densidade absoluta do líquido se a deposição de produtos na reentrância da
g é a aceleração da gravidade do local tomada.
L é a altura do líquido ou o nível do líquido 4. tomada tipo flange, plana ou com extensão,
acima do fundo do poço. porém ligada ao corpo do transmissor através
Como conseqüência, desde que a aceleração da de um capilar, de tamanho variável e
gravidade e a densidade do líquido sejam constantes, dependente da geometria do sistema. Essa
a pressão hidrostática é diretamente proporcional à aplicação se refere a processos com alta
altura da coluna liquida. temperatura. O capilar possibilita a
A altura do líquido é seu nível. A pressão montagem do transmissor distante do tanque.
hidrostática, no fundo de cada tanque, é
independente do formato do recipiente e depende
apenas da altura e da densidade do líquido.
O princípio de operação é simples, o problema se
resume na medição da pressão no fundo do tanque,
quando aberto e na medição da pressão no fundo e
no topo, quando o tanque é fechado e pressurizado.
Assim, a medição do nível da coluna liquida se
transfere para medição de pressão, manométrica ou
diferencial, com todos os artifícios de selagem e
purga, quando o fluido do processo é corrosivo,
tóxico ou sujo. Fig. 4.7. Transmissor com tomada convencional
A medição do nível pode ser feita localmente, ao
lado do tanque, pela colocação do elemento sensor
de pressão, acoplado diretamente ao indicador ou ao A tomada da baixa pressão, aquela próxima ao
registrador. O elemento sensor mais utilizado é o topo do tanque, depende principalmente da natureza
diafragma ou a câmara Barton. do líquido, cujo nível está sendo medido.
1. quando o tanque é aberto para a atmosfera,
não há necessidade da tomada da pressão
baixa, ficando a tomada do transmissor aberta
para a atmosfera.
2. tomada com perna molhada de selagem, feita
pelo usuário. A selagem é necessária quando
o líquido é volátil e os vapores não podem
entrar no interior do transmissor.
3. tomada tipo flange, plana ou com extensão,
ligada ao transmissor por um capilar. Nessa
configuração, ambas as tomadas são iguais. O
tamanho dos capilares é função da geometria
Fig. 4.6. Medição de nível à pressão diferencial do sistema.

181
Nível
4. repetidor de pressão, pneumático, com Quando, porém, a faixa não começa de zero, há a
tomada convencional, flange plana ou flange necessidade de se acrescentar ao transmissor um
com extensão. O repetidor de pressão torna conjunto extra, opcional, que desloque o zero para a
desnecessário o uso de selagem. posição correta. Esse conjunto, de elevação ou de
Para fins de calibração e colocação do conjunto extra de supressão de zero, pode ser fornecido originalmente
elevação ou suprimento zero, é importante o com o transmissor ou pode ser colocado a qualquer
conhecimento completo da geometria do sistema, das momento, pelo usuário.. Quando o transmissor é
densidades do líquido medido e do líquido de selagem. pneumático o conjunto de supressão é diferente do
Assim, quando se tem o transmissor sem selo, montado conjunto de elevação do zero. Quando o transmissor
em tanque aberto, abaixo de nível mínimo (zero), é é eletrônico, o mesmo conjunto é capaz de
necessário o uso do conjunto de supressão de zero, desempenhar ambas as funções, indistintamente.
proporcional à distância entre o nível mínimo e a Assim, quando se tem uma faixa calibrada de -
colocação do transmissor. 100 a 1 000 mm de coluna d'água, tem-se uma faixa
com zero elevado. Logo há a necessidade de se
elevar o zero, portanto usa-se um conjunto de
elevação de zero.
No caso oposto, quando a faixa calibrada é de
+100 a 1 000 mm de coluna d'água, o seu zero está
suprimido. O transmissor para essa faixa de medição
requer um conjunto de abaixamento ou supressão de
zero.
Alguns fabricantes de instrumentos utilizam
outra nomenclatura. A elevação de zero é chamada
de abaixamento da largura de faixa e o abaixamento
do zero é chamado de elevação da largura de faixa.
Os termos são equivalentes, mas se recomendam os
temos: elevação de zero e supressão (ou
Fig. 4.8. Transmissor com tomadas flangeadas abaixamento) de zero.
Algumas pessoas ligadas à instrumentação possuem
regrinhas prontas para a utilização do conjunto de
elevação ou abaixamento do zero. Utiliza-se o
Quando o transmissor é colocado abaixo do nível conjunto de supressão do zero em tanques abertos e
mínimo e possui a perna de selagem apenas do lado o conjunto de elevação do zero em aplicações de
de pressão alta, também se necessita do conjunto de tanque fechado. Ou também: Usa-se o conjunto de
suprimento do zero. O valor a ser suprimido é supressão de zero para cancelar qualquer pressão
proporcional inicial no lado de alta pressão do transmissor e o
1. à distância entre o nível mínimo e a conjunto de elevação de zero para cancelar qualquer
colocação do transmissor, pressão inicial no lado de baixa pressão.
2. ao comprimento da tomada selada,
3. às densidades do líquido medido e do
líquido de selagem.
Quando as duas pernas possuem selo,
normalmente se deve usar o conjunto de elevação de
zero. Porém, para se determinar o valor a ser
elevado, deve se estudar todo o sistema,
considerando as densidades dos líquidos envolvidos
e as distâncias entre nível máximo, mínimo e
colocação do transmissor.
O ponto de partida para a calibração e cálculo do
sistema de medição de nível deve ser a definição das
faixas de medição. Assim, tem-se três faixas
possíveis:
1. 0-100, faixa referida ao zero
2. -10 a 100, faixa com zero elevado ou com
elevação do zero
3. a 100, faixa com zero suprimido ou com
supressão do zero
Quando a faixa calibrada é normal, por exemplo
de 0 a 1 000 mm de coluna d'água de nível, basta se
ajustar o instrumento através do parafuso de zero.

182
Nível
Porém, não se recomendam receitas de bolo, de 2. a localização da montagem afeta a calibração,
memória pura. Recomenda-se a análise do sistema que depende do comprimento do selo ou do
completo para o cálculo da faixa a ser calibrada. A capilar.
partir da faixa resultante, escolhe-se o conjunto a ser 3. variações na temperatura ambiente causam
acrescentado ao transmissor e calibra-se o erros, quando a medição envolve capilares.
transmissor com a elevação ou supressão do zero
calculadas.
O transmissor com tomadas de flange com
capilares, fornecido completo pelo fabricante, é
normalmente entregue com o conjunto de elevação
de zero, pois o capilar é cheio de um líquido,
geralmente glicerina, com densidade especifica igual
a 1,07.
As vantagens do sistema de medição de nível
com pressão diferencial são; quando o sistema é não
selado:
1. o uso do transmissor d/p cell convencional
é barato e flexível. O transmissor pode ser
isolado, retirado e zerado, através do uso do
conjunto distribuidor.
2. o sinal pode ser transmitido, pneumática ou
eletronicamente, para indicação, registro ou
controle remotos.
3. são disponíveis grandes variedades de
materiais de cápsulas, para uso em aplicações
corrosivas.
As desvantagens do sistema sem selo são:
1. variações na densidade causam erros na
medição
2. não pode ser usado com líquido volátil, que
requer selagem
3. quando não se usa selo, mas se usa purga, a
purga torna mais complicadas a operação e a
manutenção.
Quando se utiliza selagem fornecida pelo
fabricante do instrumento e integralizada através da
flange e do conjunto flange + capilar ou fornecida
pelo usuário, tem-se as seguintes vantagens:
1. a selagem substitui a purga.
2. partes molhas são disponíveis em vários
materiais, compatíveis com os diversos
fluidos de processo
3. aplicados a tanques abertos e fechados,
mesmo muito altos.
4. são simples, fáceis de serem instalados. Seu
desempenho é bom e podem medir grandes
faixas de medição.
5. são disponíveis dois tipos diferentes de
flange: plana e com extensão. A flange com
extensão tangencia o fluido medido,
eliminando cavidades onde haveria a cumulo
de material.
As desvantagens do sistema com selo:
1. os transmissores com flange não são
compatíveis com conjunto distribuidor, para
isolamento e equalização, tornando Fig. 1.1. Transmissor de nível em local hostil
problemática a remoção do transmissor e sua
zeragem.

183
Nível
7. Medição com Radar superfície e espuma no líquido (melhor que
laser e ultra-som).
Como desvantagem, tem-se
1. Introdução 1. É a técnica de medição de nível mais cara.
2. Só é aplicada em processo com líquido
O sistema de medição de nível com radar usa limpo.
ondas eletromagnéticas, tipicamente microondas na 3. Não pode ser usado em aplicação com
faixa de 10 GHz (banda X). Geralmente a medição é sólido, por causa do sinal fraco de reflexão.
contínua e se aplica à medição de nível de líquido. 4. Possui menor número de aplicações que o
As emissões são de baixa potência, tipicamente sistema com radiação nuclear.
menores que 0,015 mW/cm2 pois as aplicações
industriais requerem geralmente faixas menores que
30 m, que é uma distância pequena para a técnica de
radar. Nesta faixa de energia, não há problema de
saúde, segurança, licença ou considerações de
contaminação. Os dispositivos envolvidos são os
prosaicos transistores e diodos para gerar e detectar
as microondas.
O sensor radar é montado no topo do vaso e é
dirigido para baixo, perpendicular à superfície do
líquido. Isto faz o sinal ser refletido da fonte para
retornar diretamente para o sensor. O caminho do
sinal é afetado pelo tamanho da antena.

Fig. 8.12. Montagem do radar no tanque

3. Influência do vapor no radar


Para alguns produtos específicos, pode haver
uma influencia mensurável na precisão da medição
de nível, se a composição do vapor varia entre a
condição de sem vapor até vapor totalmente
Fig. 8.11. Medição de nível a radar saturado. Porém, não há influencia detectável se a
variação do vapor é pequena.
Para estes produtos específicos, é suficiente que
a pressão e a temperatura sejam medidas e o
2. Vantagens e desvantagens programa no Medidor de Tanque a Radar corrija a
influência do vapor automaticamente. Isto é feito,
As principais vantagens da técnica de medição por exemplo, quando se mede o nível de GLP.Gases
de nível com radar são: que conhecidamente afetam a transmissão das ondas
1. Pode medir nível de líquidos complexos de radar são: Oxido de propileno, Éter etílico, Éter
(tóxicos, perigosos, sanitários) propílico, Acetaldeido, Acetona, Isotubiraldeido,
2. Não requer licença legal (como o radiativo) Metanol e Amônia
3. É uma medição sem contato
4. Apresenta alta precisão em faixa de 1,5 a 60 m. Distâncias do Tanque
5. A antena pode ser colocada externamente,
totalmente isolada do processo. Várias distâncias devem ser medidas no tanque
6. A operação é verificável através do monitor antes de se fazer sua configuração. Na Fig. 5.15, são
7. Nenhuma recalibração é requerida quando se mostradas as distâncias do tanque armazenadas na
altera as condições de processo, pois a mudança base de dados do Medidor de Tanque a Radar. É
do líquido não afeta a velocidade e freqüência e preferível que as distâncias do tanque sejam medidas
processamento do sinal. no tanque em si e não tiradas dos desenhos de
8. A operação do sistema pode tolerar construção teórica.
revestimento do sensor, turbulência da

184
Nível
O Ponto de Referência Nível Zero (Dipping Baixo (20 ± 15) %
Datum Point) é o ponto de referência no fundo do As medições da calibração devem ser anotadas
tanque, para a medição com trena e onde o nível é no Registro ou Certificado de Calibração para cada
zero. tanque. Os dados coletados são usados para
O Ponto Referência Superior é usado para a computar os valores de correção que são entrados
medição do espaço vazio ou ullage. em uma base de dados do Medidor de Tanque a
A distância do Ponto de Referência de Nível Radar.
Zero e de Referência Superior é a Altura de Os pré-requisitos para uma calibração com
Referência (H), que deve estar gravada na plaqueta exatidão final são:
do tanque. 1. Superfície do nível estável, sem ondas ou
O Comprimento do Radar (TXL) é medido na distúrbios na superfície no tanque, com bombas
fabrica e não deve ser alterado, pois cada Unidade e misturadores desligados.
eletrônica possui um único TXL. 2. No mínimo três medições manuais com trena
O Comprimento Conexão Tanque (TCL) é para cada medição do nível
usado para ajustar o desvio permanente (off set) 3. Compensação da trena para curva de calibração
quando calibrando o nível medido. e temperatura.
A Distância de Nível Mínimo (C) é medida do
Ponto de Referência Inferior até o Nível Mínimo. 8. Outros medidores de nível
A Distância Ullage RTG é medida do Ponto de
Referência Ullage do RTG até o Ponto de Há outros medidores automáticos de nível menos
Referência do RTG. usados, por causa de sua pouca precisão, custo,
risco, dificuldade de manutenção. Tais medidores
são:
Visor de nível, que é uma janela transparente
para ser ver diretamente a superfície livre do liquido.
Radiativo, que possui uma fonte radiativa e um
receptor da energia emitida. O nível atenua esta
energia e por isso pode ser medido.
Capacitivo, que pode medidr fluidos isolantes
(alto dielétrico) ou condutores. Quando o fluido for
isolante, tem-se um capacitor criado pelas paredes
do tanque e o fluido se comporta como o dielétrico.
A variação do nível altera o valor do capacitor.
Quando o fluido for condutor, ele constitui a placa
do condutor e por isso também pode-se medir o
Fig. 8.13. Distâncias do radar nível.
Ultra-som, análogo ao radar, porém o sinal
envolvido é de baixa frequencia (45 a 120 kHz),
enquanto o radar opera com sinal de microonda (9 a
Calibração do Radar 10 GHz). Sua precisão é pior que a do radar e por
isso é menos usado.
Método de Calibração Laser, também análogo ao radar, porém envolve
um raio de luz a laser, que é emitido e refletido e
A precisão do medidor de nível por radra é infere-se o nível pela medição do tempo de trânsito.
tipicamente de ±1 mm, que é considerada excelente.
Todos os medidores a radar são individualmente
testados e calibrados na fábrica, antes de serem
entregues ao usuário. Porém, quando o radar é
instalado, é necessário se fazer uma calibração de
campo. Faz-se uma calibração inicial durante o
comissionamento final. A calibração de exatidão
final no local é necessária somente se o contrato de
transferência de custodia ou alguma norma o exigir.
A ANP exige que o sistema automático de nível seja
calibrado a cada seis (6) meses.
O padrão usado para calibrar o radar é a trena,
com divisão máxima de 1 mm. A calibração final
com exatidão fina deve ser baseada em várias Fig. 1.1. Visor de nível
medições em três níveis do tanque:
Alto ou (85 ± 15) %
Médio (50 ± 15) %

185
Nível
7. Arqueação de Tanque A incerteza do método de arqueação do
INMETRO é de ±0,2%.
Características do tanque incluídas no
Conceito de arqueação Certificado de Calibração:
Arqueação de um tanque é a operação que 1. Número do tanque: (TQ 7 102)
envolve medições para levantar dados de uma tabela 2. Diâmetro interno médio: (4 571,9 cm)
ou de um gráfico, relacionando os níveis dos 3. Altura útil: (1 460 cm)
produtos contidos no interior do tanque com os 4. Altura de referência: (1 556,5 cm)
valores dos volumes correspondentes. A tabela de 5. Densidade do produto: (0,78 kg/dm3 )
arqueação fornece o volume útil do tanque, em 6. Capacidade tabelada: (23 884 106 L)
litros, em função da altura do produto, em cm. Há 7. Espessura das chapas do costado
uma folha de interpolação adicional, com mm a mm, 8. Volume morto:
em um 1 cm. (1,29 L/cm de 0 a 1 460 cm)
Pela tabela ou pela curva, pode-se determinar o (2,02 L/cm de 37 a 177 cm)
volume correspondente a cada nível, variando de cm (2,71 L/cm de 104 a 121 cm)
a cm e até de mm a mm. Em sistemas digitais 9. Volume adicional:
supervisórios, estas tabelas são introduzidas no (1,27 L/cm de 53 a 104 cm)
sistema de modo que o operador lê continuamente a
correspondência entre o nível e o volume contido do Correção de carga
produto no tanque. Tanques com diâmetros maiores que dez (10)
A arqueação é solicitada pelo proprietário do metros devem ter correção de carga. Por causa da
tanque e é feita pelo pessoal do INMETRO, que pressão hidrostática exercida pelo líquido nas
geralmente delega este trabalho para os órgãos paredes do tanque, as dimensões do tanque cheio são
estaduais, como IBAMETRO. Por exigência legal, o maiores que as medidas do tanque vazio. Assim, se a
proprietário do tanque deve fornecer ao pessoal arqueação foi feita com o tanque vazio, deve haver
responsável pela arqueação toda a infra-estrutura e correções adequadas prevendo seu arqueamento (daí
mordomias, como transporte, hospedagem, o nome de arqueação) devido ao enchimento do
alimentação. tanque.
O certificado de arqueação vale por 10 anos, A correção de carga devido ao enchimento do
desde que o tanque não sofra reparos. Por tanque é calculada pela equação:
experiência, em 10 anos há poucas modificações nas h
tabelas de arqueação. O que mais afeta a arqueação é dF = K
a alteração da topografia do fundo do tanque. e
Os tanques devem ser inspecionados a cada 3
anos, interna e externamente. A inspeção deve ter onde
comprovante. A inspeção deve ser feita por entidade dF é o aumento médio, em litros por centímetro
ou profissional qualificado, que pode ser a própria que cada anel sofre
Transpetro. K é um parâmetro que é função da densidade ρ
São consideradas não-conformidades graves: do produto armazenado e do diâmetro interno D de
deformação e corrosão detectadas visivelmente e cada anel. Geralmente K é tabelado, mas vale
não incluídas na arqueação.
O registro das tabelas de arqueação na Receita πD 3 ρ
Federal só é necessário tanques de transferências de K=
custódia. Transferência de custódia é a compra e
8 × 10 8
venda de produtos, cujos volumes sejam medidos
por instrumentos ou tanques. Os equivalentes à h é a altura no meio do anel, em dm
transferência de custodia são medição fiscal para a e é a espessura da chapa do anel considerado, em
ANP e medição de cabotagem para a Receita cm
Federal. D é o diâmetro interno do tanque
Além de tanques, também são arqueados Correção de carga negativa
caminhões tanques, vagões tanques, embarcações e
navios. Esta correção se aplica quando o tanque é
Um tanque de armazenagem arqueado é arqueado com algum produto e permite que se
considerado um instrumento de medição de volume. calcule o aumento (dCe) que a circunferência sofreu
A arqueação do tanque é que garante a exatidão e em função da pressão hidrostática do líquido.
precisão da medição feita pelo tanque. A medição
feita por um tanque arqueado é válida e deve ser πD 2 ρ h
aceita para fins de medição fiscal, de apropriação e dC e =
de produção.
4 × 10 4 e
onde

186
Nível
dCe representa o acréscimo que a circunferência Outro método para determinar a altura do cone, é
sofreu, em mm usar um tubo plástico transparente e cheio de água,
D é o diâmetro do tanque em dm com comprimento maior que o raio do tanque.
ρ é a densidade do líquido, em kg/dm3 Coloca-se uma régua graduada no vértice e outra na
h é a altura do líquido menos a metade do anel extremidade, ambas na posição vertical. Com as
considerado, em dm extremidades do tubo paralelas, fazem-se as leituras
e é a espessura da chapa do anel considerado, em dos níveis da água nas duas escalas. A diferença
mm entre as duas leituras é a altura do vértice do cone.
Conhecendo-se a altura do vértice e o diâmetro
Fundo do tanque do cone, e como o volume do cone é 1/3 do volume
Geralmente o fundo do tanque é irregular e por do cilindro, o cálculo do volume é dado pela
isso a determinação do seu volume é mais equação:
complicada. Para se determinar a área do fundo do
tanque são usados os seguintes métodos: 1 πD 2h
1. Levantamento topográfico V=
2. Cálculo geométrico 3 4
3. Enchimento do volume Embora a determinação do volume do fundo de
Faz se o levantamento topográfico do fundo um tanque por cálculo geométrico seja
tanque usando-se um teodolito, que determina cotas matematicamente correta, na prática de metrologia,
e é operado por topógrafo. A circunferência do o método apresenta pequena precisão, pois a sua
tanque é dividida em 4 diâmetros, gerando os pontos forma geométrica não é perfeita.
a, b, c, ..., h. O raio é dividido em 4 partes, gerando O volume do fundo cônico do tanque é somado
os pontos 0, 1, 2, 3 e 4. Medem-se as cotas nas ao volume do tanque cilíndrico, quando o fundo for
intersecções destes pontos. côncavo e deve ser diminuído, quando o fundo for
Pode-se também medir a área da parte do fundo convexo.
do tanque enchendo o fundo com água, até que se Os métodos acima apresentam o volume total do
cubra o vértice do cone. Mede-se as cotas nos pontos cone, o que nem sempre é suficiente para o
de intersecção através de uma régua. A precisão arqueamento volumétrico. Dependendo da posição
deste método é prejudicada pela dificuldade de do cone e da mesa de medição, outros cálculos
localizar as cotas nos pontos exatos e pela ondulação podem ser necessários.
da água. Pode-se determinar o volume do fundo do tanque
Conhecendo-se as respectivas cotas dos pontos por enchimento de fluido. Com o tanque
determinados, traçam-se as curvas de cotas iguais completamente vazio, coloca-se um volume
em papel apropriado. Através de um planímetro, conhecido de líquido no tanque e mede-se a altura de
determinam-se as áreas das curvas encontradas e seu nível pela boca de medição. Depois, adiciona-se
através de proporções, chega-se à área real nos outro volume conhecido e torna-se a medir o seu
diversos níveis do fundo e nos volumes nível. Repete-se esta operação até que toda parte
correspondentes. irregular do tanque seja totalmente coberta pelo
A determinação do volume do fundo por líquido. Somando-se todos os volumes colocados,
planimetria é o método mais usado para a elaboração tem-se o volume total contido no fundo. A partir
de tabelas oficiais. Este método requer instrumento desta altura, os volumes serão calculados pela parte
especial (planímetro) e habilidade técnica. cilíndrica regular do tanque. Se a parte irregular do
O método geométrico é uma alternativa ao fundo ficar abaixo do ponto de medição, este método
levantamento topográfico e não requer planímetro. não permite determinar os volumes parciais.
Este método considera o fundo do tanque uma figura Medindo-se as alturas em função dos volumes
geométrica perfeito e por geometria, calcula o seu colocadas através da boca de medição, elabora-se a
volume. tabela com h x V ou traça-se a curva correspondente.
Para calcular o volume do fundo do tanque,
Mesa de medição
considerado um cone perfeito, é necessário
determinar a altura e a posição do vértice, para cima Deve-se conhecer, com precisão, a posição da
ou para baixo. mesa de medição, para se ter o arqueamento correto,
Pode-se determinar a altura do cone, colocando- pois a medição de nível se refere à altura da mesa de
se água no fundo do tanque, com o nível acima da medição (ponto de referência inferior).
parte irregular e medindo-se a altura na extremidade Todo o volume do produto que fica abaixo da
e no vértice, com uma régua. A altura do vértice é a mesa de medição é chamado de lastro e sua variação
diferença entre essas medidas. Se a medição do é de difícil determinação e não é prevista na tabela
centro for maior que a da extremidade, o vértice é de calibração do tanque.
voltado para baixo (côncavo) e se a medição do A altura da mesa de medição varia com o tanque.
centro for menor que a da extremidade, o fundo é Em alguns tanques a mesa é soldada na chapa de
convexo, com o vértice voltado para cima. fundo e em outros é presa no costado. A altura da

187
Nível
mesa de medição varia de 0 a 30 cm da chapa de
fundo.
Abaixo da mesa de medição pode-se ter um
cone, um tronco de cone, um cone côncavo ou para
baixo.
Nas tabelas de calibração do tanque, o zero da
tabela pode dar um determinado volume, que é
chamado de lastro. Ou seja, lastro é o volume que
fica abaixo da mesa de medição (referência zero
inferior).
A tabela de interpolação só é aplicada a partir da
parte cilíndrica regular do tanque.
Volume ocupado por um tronco de cone é dado
pela equação:

V=
π
12
(
h D 2 + d2 + dD )
(
V = 0,2618 × h D 2 + d2 + dD )
onde
D é o diâmetro maior
d é o diâmetro menor
h é a altura

Estruturas internas
Na arqueação do tanque, devem se considerar os
elementos que ocupam espaço morto em seu
interior, tais como colunas de sustentação do teto,
tubo acalmador, serpentinas de aquecimento ou
resfriamento. O volume ocupado por estes elementos
é chamado de volume morto ou deadwood. O
volume morto deve ser calculado, através de áreas
de suas secções retas e suas alturas, para ser
descontado.
As áreas das estruturas geralmente são indicadas
nos desenhos de construção, por serem comuns e
muito usadas. Quando não indicadas, devem-se fazer
suas medições para os devidos cálculos e descontos.

188
Fig. 8.18. Certificado de Arqueação do TQ 7 101 (Página frontal)

Fig. 8.19. Certificado de Arqueação do TQ 7 101 (Segunda página da Introdução)

189
Nível

Fig. 8.20. Certificado de Arqueação do TQ 7 101 (Primeira página da Tabela detalhada)

Fig. 8.21. Certificado de Arqueação do TQ 7 101 (Última página da Tabela detalhada)

190
Nível

Fig.8.22. Certificado de Arqueação do TQ 7 101 (Tabela de Interpolação))

Fig. 1.1. Arqueação geométrica de um tanque cilíndrico vertical

191
Nível

Fig. 8.23. Certificado de Arqueação do TQ 7 101 (Memorial de Cálculo – pág 1)

Fig. 8.24. Certificado de Arqueação do TQ 7 101 (Memorial de Cálculo – pág 2)

192
Vazão

em outras aplicações, para medir nível ou pressão


1. Seleção do Medidor manométrica.

Tipos de Medidores
Sistema de Medição As classificações dos medidores de vazão se
Um sistema de medição, incluindo o de medição baseia somente no tipo do elemento primário ou no
de vazão, é constituído de princípio físico envolvido.
1. elemento sensor Os medidores de vazão podem ser divididos em
2. condicionador de sinal dois grandes grupos funcionais:
3. apresentador de sinal 1. medidores de quantidade
O elemento sensor ou primário geralmente está 2. medidores de vazão instantânea.
em contato direto com o fluido (parte molhada), Os medidores de vazão podem ser ainda
resultando em alguma interação entre a vazão classificados sob vários aspectos, como
medida e a saída do sensor. Esta interação pode ser, 1. relação matemática entre a vazão e o sinal
mas não se restringe a gerado, se linear ou não-linear;
1. separação do jato do fluido, 2. tamanho físico do medidor em relação ao
2. aceleração, diâmetro da tubulação, igual ou diferente;
3. queda de pressão, 3. fator K, com ou sem
4. alteração da temperatura, 4. tipo da vazão medida, volumétrica ou
5. formação de vórtices, mássica,
6. indução de força eletromotriz, 5. manipulação da energia, aditiva ou extrativa.
7. rotação de impellers, Obviamente, há superposições das classes. Por
8. criação de uma força de impacto, exemplo, a medição de vazão com placa de orifício
9. criação de momentum angular, envolve um medidor de vazão
10. aparecimento de força de Coriolis, 1. volumétrica instantânea,
11. alteração no tempo de propagação 2. com saída proporcional ao quadrado da v
O condicionador de sinal tem a função de medir 3. vazão, com diâmetro total,
a grandeza física gerada pela interação do sensor 4. sem fator K e
com a vazão do fluido e transformá-la em forma 5. com extração de energia.
mais conveniente para o display de volume, peso ou O medidor de deslocamento positivo com pistão
vazão instantânea. O condicionador de sinal é reciprocante é um medidor de
finalmente ligado a um instrumento receptor de 1. quantidade,
display, como indicador, registrador ou totalizador. 2. linear,
Na medição de vazão, o condicionador é também 3. com fator K,
chamado de elemento secundário. 4. com diâmetro total e
As condições para a instalação apropriada e a 5. com extração de energia.
operação correta, os erros e as outras características O medidor magnético é um medidor de vazão
do elemento primário são independentes e diferentes 1. volumétrica instantânea,
das características do elemento secundário, de modo 2. com fator K,
que eles devem ser tratados separadamente. O 3. diâmetro total
elemento primário se refere especificamente à 4. com adição de energia.
medição de vazão e o elemento secundário se refere
à instrumentação em geral. A placa de orifício é o Quantidade ou Vazão Instantânea
elemento primário que mede a vazão gerando uma No medidor de quantidade, o fluido passa em
pressão diferencial e será estuda aqui. O transmissor quantidades sucessivas, completamente isoladas, em
de pressão diferencial, que é o elemento secundário peso ou em volumes, enchendo e esvaziando
associado a ela, será visto aqui muito alternadamente câmaras de capacidade fixa e
superficialmente, para completar o estudo do sistema conhecida, que são o elemento primário. O elemento
de medição. Este mesmo transmissor pode ser usado secundário do medidor de quantidade consiste de um

193
Vazão
contador para indicar ou registrar a quantidade total inserção podem ser portáteis e são geralmente mais
que passou através do medidor. baratos porém possuem desempenho e precisão
O medidor de quantidade é, naturalmente, um piores. Exemplos de medidores: tubo pitot e turbina
totalizador de vazão. Quando se adiciona um relógio de inserção.
para contar o tempo, obtém-se também o registro da
vazão instantânea. Medidores Com e Sem Fator K
No medidor de vazão instantânea, o fluido passa Há medidores que possuem o fator K, que
em um jato contínuo. O movimento deste fluido relaciona a vazão com a grandeza física gerada. A
através do elemento primário é utilizado diretamente desvantagem desta classe de medidores é a
ou indiretamente para atuar o elemento secundário. necessidade de outro medidor padrão de vazão para
A vazão instantânea, ou relação da quantidade de a sua aferição periódica. São exemplos de medidores
vazão por unidade de tempo, é derivada das com fator K: turbina, magnético, Vortex.
interações do jato e o elemento primário por O sistema de medição de vazão com placa de
conhecidas leis físicas teóricas suplementadas por orifício é calibrado e dimensionado a partir de
relações experimentais. equações matemáticas e dados experimentais
disponíveis. A grande vantagem da medição com
Linear e não linear placa de orifício é a sua calibração direta, sem
A maioria dos medidores de vazão possui uma necessidade de simulação de vazão conhecida ou de
relação linear entre a vazão e a grandeza física medidor padrão de referência.
gerada. São exemplos de medidores lineares:
turbina, magnético, área variável, resistência linear Medidores volumétricos ou mássicos
para vazão laminar, deslocamento positivo. A maioria dos medidores industriais mede a
O sistema de medição de vazão mais aplicado, velocidade do fluido. A partir da velocidade se
com placa de orifício é não linear. A pressão infere o valor da vazão volumétrica (volume =
diferencial gerada pela restrição é proporcional ao velocidade x área). A vazão volumétrica dos fluidos
quadrado da vazão medida. Exemplo de outro compressíveis depende da pressão e da temperatura.
medidor não-linear é o tipo alvo, onde a força de Na prática, o que mais interessa é a vazão mássica,
impacto é proporcional ao quadrado da vazão. que independe da pressão e da temperatura.
A rangeabilidade do medidor, que é a relação Tendo-se a vazão volumétrica e a densidade do
entre a máxima vazão medida dividida pela mínima fluido pode-se deduzir a vazão mássica. Porém, na
vazão medida, com o mesmo desempenho é uma instrumentação, a medição direta e em linha da
função inerente da linearidade. Os medidores densidade é difícil e complexa. Na prática, medem-
lineares possuem a rangeabilidade típica de 10:1 e os se a vazão volumétrica, a pressão estática e a
medidores com grandeza física proporcional ao temperatura do processo para se obter a vazão
quadrado da vazão possuem a rangeabilidade de 3:1. mássica, desde que a composição do fluido seja
Exemplos típicos de medidores de vazão não- constante.
lineares: placa de orifício, venturi, bocal, target, Atualmente, já são disponíveis instrumentos
calha Parshall (exponencial); medidores lineares: comerciais que medem diretamente a vazão mássica.
turbina, deslocamento positivo, magnético, coriolis, O mais comum é o baseado no princípio de Coriolis.
área variável.
Energia Extrativa ou Aditiva
Diâmetros Totais e Parciais do Medidor Em termos simples, os medidores de vazão
Sob o aspecto da instalação do medidor na podem ser categorizados sob dois enfoques
tubulação, há dois tipos básicos: com buraco pleno diferentes relacionados com a energia: ou extraem
(full bore) ou de inserção. energia do processo medido ou adicionam energia ao
A maioria dos medidores possuem processo medido.
aproximadamente o mesmo diâmetro que a Como o fluido através da tubulação possui
tubulação onde ele é instalado. A tubulação é energia, sob várias formas diferentes, como cinética,
cortada, retira-se um carretel do tamanho do potencial, de pressão e interna, pode-se medir a sua
medidor e o instala, entre flanges ou rosqueado. vazão extraindo alguma fração de sua energia. Este
Tipicamente o seu diâmetro é aproximadamente enfoque de medição envolve a colocação de um
igual ao da tubulação, e ele é colocado direto na elemento sensor no jato da vazão. O elemento
tubulação, cortando a tubulação e inserindo o primário extrai alguma energia do fluido suficiente
medidor alinhado com ela. Esta classe de medidores para fazê-lo operar.
é mais cara e com melhor desempenho. Exemplos de A vantagem desta filosofia é a não necessidade
medidores com diâmetro pleno: placa, venturi, de uma fonte externa de energia. Porém, o medidor é
bocal, turbina, medidor magnético, deslocamento intrusivo e oferece algum bloqueio a vazão, o que é
positivo, target, vortex. uma desvantagem inerente a classe de medição.
A outra opção de montagem é através da Exemplos de medidores extratores de energia:
inserção do medidor na tubulação. Os medidores de placa de orifício, venturi, bocal, alvo, cotovelo, área

194
Vazão
variável, pitot, resistência linear, vertedor, calha, do que o da linha, geralmente há um erro
deslocamento positivo, turbina e vortex. relacionado com a vazão máxima do processo,
O segundo enfoque básico para medir a vazão é que está superdimensionada.
chamado de energia aditiva. Neste enfoque, alguma 2. a faixa de medição vazão máxima, mínima e
fonte externa de energia é introduzida no fluido normal. A vazão é a variável de processo mais
vazante e o efeito interativo da fonte e do fluido é afetada pela rangeabilidade, que é a habilidade
monitorizado para a medição da vazão. A medição do medidor operar desde vazão muito pequena
com adição de energia é não intrusivo e o elemento até vazão muito elevada, com o mesmo
primário oferece nenhum ou pequeno bloqueio a desempenho. A maioria dos erros de vazão é
vazão. Como desvantagem, é necessário o uso de devida à medição de baixas vazões em um
uma fonte externa de energia. medidor dimensionado para elevada vazão
Exemplos de medidores aditivos de energia: máxima.
magnético, sônico, termal. 3. a precisão requerida, que depende do uso da
O número de medidores baseados na adição da medição, se para uma verificação interna, se
energia é menor que o de medidores com extração para compra e venda de produto. Deve ser bem
da energia. Isto é apenas a indicação do determinado o que se está medindo (massa,
desenvolvimento mais recente destes medidores e velocidade ou volume), o que se está cobrando,
este fato não deve ser interpretado de modo quais as correções necessárias a serem feitas
enganoso, como se os medidores baseados na adição (temperatura, densidade), qual a classe de
da energia sejam piores ou menos favoráveis que os precisão e a rangeabilidade das medições
medidores baseados na extração da energia. (linear, não-linear).
4. a função do instrumento indicação, registro,
Parâmetros da Seleção controle, totalização.
5. a responsabilidade e a integridade do
Quanto maior o número de opções, mais difícil é instrumento simples verificação, cobrança,
a escolha. A seleção do medidor de vazão é uma ligado a segurança.
tarefa difícil e complexa, geralmente exigindo várias 6. o tipo de vazão se pulsante, constante, com
iterações para se chegar à melhor escolha. Para golpe de aríete, turbulenta, laminar.
dificultar a escolha, a vazão é a variável do processo 7. as características e tipo do fluido medido
industrial que possui o maior número de diferentes (líquido, vapor ou gás), qualidade do vapor
elementos sensores e de medidores. (saturado ou superaquecido), condições (sujeira,
São disponíveis tabelas relacionando os tipos dos sólidos em suspensão, abrasividade), pressão
medidores e as suas aplicações ideais, aceitáveis e estática, temperatura do processo, perda de
proibidas. Porém, tais tabelas não são completas e carga permissível, velocidade, número de
não consideram todas as exigências e aplicações. Às Reynolds correspondente, densidade,
vezes, elas são apresentadas pelo suspeito fabricante viscosidade, compressibilidade, peso molecular
de determinado medidor e relacionam do gás ou do vapor e pressão de vapor do
imparcialmente as principais vantagens do medidor líquido.
especifico. A seleção do medidor é algo tão 8. os efeitos de corrosão química do fluido, para a
complicado que não deve-se limitar a uma tabela escolha dos materiais em contato direto com o
bidimensional. processo,
Os parâmetros que devem ser considerados na
escolha e na especificação do medidor de vazão são Custo de Propriedade
os seguintes: O custo do sistema de medição incluem os
relativos a instalação, operação e manutenção. A
Dados da Vazão
maioria das pessoas só considera os custos diretos e
Antes da seleção do medidor de vazão mais imediatos da compra dos instrumentos, o que é
conveniente e para qualquer medidor escolhido é incompleto.
mandatório se ter todos os dados disponíveis da Por exemplo, os custos de um sistema de
vazão de modo claro, confiável e definitivo. A vazão medição com placa de orifício incluem:
requer mais dados que a temperatura e a pressão, 1. placa (dimensionamento, confecção)
pois devem ser conhecidas as condições e 2. instalação da placa: flange com furo ou furos
instalações do processo e do fluido medido. na tubulação.
É necessário o conhecimento dos seguintes dados 3. transmissor pneumático, eletrônico
da vazão convencional ou inteligente. Se pneumático,
1. o tamanho da linha a ser usada. Este dado pode ainda há custos do filtro regulador de pressão
ser usado como verificação do de alimentação,
dimensionamento do medidor. Nunca se poderá 4. tomada do transmissor à tubulação, com
ter um medidor de vazão com diâmetro maior distribuidor de três ou cinco válvulas para
que o diâmetro da linha onde ele será montado. bloqueio e equalização,
Quando se obtém o diâmetro do medidor maior

195
Vazão
5. instrumento receptor com escala raiz necessidade de recalibrações ou aferições
quadrática ou com escala linear mais um freqüentes.
instrumento ou circuito extrator de raiz Existem medidores cuja precisão é expressa pelo
quadrada. fabricante como percentagem do fundo de escala,
6. se não houver trecho reto suficiente para a como percentagem do valor medido ou como
instalação da placa, deve-se adicionar um percentagem da largura de faixa. A precisão
retificador de vazão, que é muito caro. expressa pelo fabricante é válida apenas para o
7. quando se quer uma maior precisão do instrumento novo e nas condições de calibração. A
sistema de medição, pode-se montar a placa precisão total da malha é a resultante da soma das
em um trecho reto especial, com as tomadas precisões do elemento sensor, do elemento
prontas, com acabamentos especiais, com secundário, do instrumento receptor, dos padrões de
centralização garantida da placa, porém este calibração envolvidos e das condições de calibração.
kit de medição é caríssimo. Geralmente, quanto mais preciso o instrumento,
Quando a perda de pressão permanente mais elevado é o seu custo. O medidor mais preciso
provocada pela placa é muito grande, deve-se é a turbina medidora de vazão, usada como padrão
aumentar a pressão na entrada do sistema (que custa de calibração de outros medidores. Porém, o mesmo
algo) ou então trocar a placa de orifício por um tubo tipo de medidor pode ter diferentes precisões em
venturi, que provoca uma perda de carga muito função do fabricante, projeto de construção e
menor mas que custa muito mais que a placa. materiais empregados.
Existem ainda custos invisíveis relacionados com
a manutenção futura e com as calibrações Geometria
posteriores. Instrumentos sem peças móveis (p. ex., A geometria do processo inclui a tubulação
medidor magnético e vortex) normalmente requerem fechada, esteira ou canal aberto; a disponibilidade de
menos manutenção que instrumentos com peças trechos retos antes e depois do local do medidor; a
móveis (p. ex., turbina e deslocamento positivo). A necessidade de uso adicional de retificadores de
calibração do medidor de vazão pode requerer um vazão e modificações das instalações existentes.
padrão de vazão com classe de precisão superior a Medidores diferentes requerem trechos retos a
do medidor, que pode custar mais caro que o próprio montante e a jusante do medidor diferentes.
medidor. O sistema com placa de orifício é calibrado Geralmente o trecho reto a montante é maior que o
em relação à pressão diferencial e por isso requer um trecho reto a jusante. Quando o trecho reto for
padrão de pressão e não requer padrão de vazão. insuficiente, deve-se usar retificadores de vazão.
Quando se tem uma grande quantidade de Quando o medidor é muito pesado, deve-se usar
medidores com fator K, que requerem calibrações suporte para ele. Também, o medidor de vazão não
periódicas, deve-se fazer um estudo econômico para pode provocar tensões mecânicas na tubulação onde
implantação de um laboratório de vazão, em vez de ele é inserido.
enviar todos os medidores para o laboratório do As dimensões e o peso do medidor estão
fabricante ou um laboratório especializado. relacionadas com a facilidade de armazenagem, a
manipulação e a montagem do medidor na
Função tubulação. A maioria dos medidores é instalada entre
A função associada à vazão, a ser fornecida pelo flanges e pelas especificações do fabricante, pode-se
instrumento receptor: indicação instantânea; registro planejar os cortes na tubulação e a colocação das
para totalização posterior ou apenas para flanges adequadas para montar o medidor. É
verificação; controle continuo ou liga-desliga ou a essencial que o medidor esteja alinhado com a
totalização direta da vazão, no local ou remotamente tubulação, ou seja, que os eixos do medidor e da
é um fator determinante na escolha do medidor. tubulação sejam coincidentes.
Medidores com saída em pulso são convenientes
para totalização; medidores com saída analógica são Instalação
mais apropriados para registro e controle. Para a A instalação do medidor inclui todos os
indicação, é indiferente se o sinal é analógico ou acessórios, tomadas, filtros, retificadores, suportes e
digital. Medidores com deslocamento positivo são miscelânea do medidor. Antes de escolher o
totalizadores naturais de vazão. Rotâmetros são medidor, deve-se avaliar a facilidade da instalação
adequados para indicação local e a indicação remota na tubulação já existente, a simplicidade da operação
requer o uso do sinal de transmissão padrão. futura e a possibilidade de retirada e de colocação do
medidor sem interrupção do processo.
Desempenho Todo medidor de vazão deve ser montado em
A precisão do medidor inclui a repetitividade, local de fácil acesso para o operador de campo do
reprodutitividade, linearidade, sensibilidade, processo e principalmente, para o instrumentista
rangeabilidade e estabilidade da operação. A reparador. Quando a retirada do medidor não pode
exatidão do medidor se refere à calibração e à afetar a operação do processo, deve-se prover um
bypass para o medidor. Medidores de vazão para

196
Vazão
compra e venda de material não deve ter by pass. É determinados produtos. No aspecto de corrosão e
disponível dispositivo para retirar e colocar placa de compatibilidade com fluidos, o melhor medidor é o
orifício na tubulação, sem interrupção do processo magnético, por causa da grande variedade do
(válvula ou porta placa Daniel ou Pecos). material de revestimento e dos eletrodos.
O problema de erosão física pode ser eliminado
Medidores frágeis, com peças móveis e que
com o dimensionamento correto do medidor, que
manipulem fluidos com sólidos em suspensão
resulte em velocidades baixas. Às vezes, a solução
geralmente requerem filtros a montante. Os
também envolve o uso de filtro para eliminar
inconveniente do filtro são o seu custo em si e o
partículas abrasivas em suspensão. Medidores com
aumento da perda de carga permanente.
peça móvel e com elemento intrusivo geralmente são
Faixa de Medição mais susceptíveis à erosão e desgaste que os
medidores sem peça móvel e não intrusivos.
A faixa de medição da vazão inclui os valores
O perfil de velocidade é muito importante
máximo e mínimo, largura de faixa, condições de
quando se tem medidores de inserção, onde a
pressão estática e de temperatura do processo. posição do medidor deve ser matematicamente
Embora toda faixa teórica de medição seja de 0 até a estabelecida.
vazão máxima, a rangeabilidade do medidor define a
vazão mínima que pode ser medida com a mesma Perda de Carga
precisão que a máxima. Os medidores lineares
A perda de carga permanente é a queda de
possuem maior rangeabilidade que os medidores
pressão que o medidor provoca irrecuperavelmente
com saída proporcional ao quadrado da vazão, como
na pressão estática da tubulação. Os medidores
a placa de orifício. Os medidores digitais possuem
intrusivos provocam grande perda de carga e os
maior rangeabilidade que os analógicos.
medidores não intrusivos provocam pequena ou
O diâmetro do medidor de vazão é sempre menor
nenhuma perda de carga. Quanto maior a perda de
que o diâmetro da tubulação; em raros casos ambos
carga provocada pelo medidor, maior deve ser a
os diâmetros são iguais. Um medidor deve ser
pressão a montante do medidor e como
dimensionado ter capacidade de, no máximo, 80%
conseqüência, maior a pressão de bombeamento.
da vazão máxima de projeto e a vazão normal de
O medidor magnético praticamente não provoca
trabalho deve estar entre 75 a 80% da vazão máxima
queda de pressão adicional; o medidor ultra-sônico
do medidor. Quanto maior a vazão medida, menor é
pode ser colocado externamente à tubulação (clamp
o erro relativo da medição, principalmente quando o
on) para medir a vazão. O outro inconveniente de se
medidor tem precisão expressa em percentagem do
provocar grande perda de carga, além da maior
fundo de escala. Medidor de vazão com peças
pressão a montante, é a possibilidade de haver
móveis que trabalhe muito tempo em sua vazão
cavitação no líquido, que pode destruir o medidor. A
máxima tem vida útil diminuída drasticamente.
cavitação é provocada por baixa pressão.
Quando o medidor trabalha próximo da sua
capacidade máxima, a velocidade do fluido é a Tecnologia
máxima e há maior chance de haver cavitação do
A tecnologia empregada está associada à
fluido dentro do medidor, que pode destruí-lo
manutenção, tradição e número de peças de
rapidamente.
reposição. É uma boa prática de engenharia
Fluido padronizar um medidor de vazão, pois isso facilita a
manutenção e diminui o número de peças de
As características químicas e físicas do fluido
reposição. Nota-se que os medidores à base de
que entra em contato direto com o medidor:
energia extrativa são mais numerosos e mais usados
corrosividade, viscosidade, abrasividade, sólidos em
que os medidores de energia aditiva. No Brasil, há
suspensão, valor e perfil da velocidade são
medidores que tiveram um bom trabalho de
determinantes na escolha do medidor de vazão e dos
marketing e são muito vendidos, como o medidor
seus materiais constituintes.
mássico coriolis. Outros medidores, com excelente
O fluido serve para eliminar medidores. Por
desempenho, como o tipo vortex, são pouco
exemplo, o medidor magnético mede somente
conhecidos e pouco usados.
fluidos eletricamente condutores; a turbina mede
somente fluidos limpos, o medidor ultra-sônico
mede somente fluidos com partículas em suspensão.
Dependendo do tipo da sujeira e do medidor, a
solução é usar filtro antes do medidor, com os seus
inconvenientes inerentes.
O problema da corrosão química pode ser
eliminado com a escolha adequada do material das
partes molhadas e do fluido. Na literatura técnica,
são disponíveis tabelas com a lista de materiais
recomendados, aceitáveis e proibidos para uso com

197
Fig. 9.1. Tabela para seleção do medidor de vazão

Fig. 9.2. Tabela com dados de vazão para seleção do medidor de vazão

198
Vazão

Fig. 9.3. Medidores para vazão instantânea e acumulada

Fig.9.4. Medidores de vazão: totalizadores, vazão mássica e volumétrica

Fig. 1.1. Medidores favoritos de vazão de petróleo e gás natural

199
vazão que levou a total comercialização e
aplicação industrial da placa de orifício.
Placa de Orifício

1. Introdução histórica
O estimulo do uso do medidor de vazão
gerador de pressão diferencial se deve a vários
fatores: a simplicidade de confecção, a
possibilidade de medir grandes volumes de fluidos
a grandes velocidades, a fácil adaptação ao
controle de vazões em processos contínuos, a
facilidade de calibração sem a necessidade de
outro medidor de vazão como referência, ao Fig. 8.1. Placas de orifício
grande acervo de dados e coeficientes
experimentais acumulados e registrados.
O sistema de medição de vazão com a geração
de pressão diferencial é usado para indicar, Em fins de 1950, houve a consolidação de
registrar, integrar, controlar e fazer a compensação normas americanas e européias para originar uma
da vazão. O sistema baseado na pressão norma internacional ISO R541 (1967) para placas
diferencial corresponde a mais de 50% das e bocais e ISO R781 (1968) para tubos venturi.
instalações de medição de vazão. Estas normas foram combinadas, e fundidas na
O registro da primeira aplicação da medição e ISO 5167 (1991), que é cada vez mais aceita e
controle de vazão com o gerador da pressão usada, por causa de sua simplicidade, precisão
diferencial se perde na antigüidade. Antes da era melhorada e aplicabilidade para uma larga faixa de
cristã, os romanos usavam a placa de orifício para números de Reynolds.
a medição da vazão da água de consumo. A ASME/ANSI está desenvolvendo e
O desenvolvimento do projeto e a teoria atual preparando uma norma ANSI que inclui esta
são mais recentes. equação (MFC, 1982). Para a medição de gás
Em 1732, Henry Pitot inventou o tubo Pitot. natural, a norma AGA 3, ANSI/API 2530, (1990)
1738 John Bernoulli desenvolveu o teorema é usualmente requerida para fins comerciais.
básico das equações hidráulicas. O sucesso comercial da placa de orifício, do
Em 1791, Giovanni Venturi desenvolveu seu tubo Venturi e do bocal motiva e induz o
trabalho básico do tubo medidor e desenvolveu a desenvolvimento continuo e a melhoria dos
base teórica da atual computação dos medidores. elementos secundários. Isto, associado com os
Em 1887, Clemens Herschel, usando o trabalhos de teste e a familiaridade do usuário,
trabalho básico de Venturi, desenvolveu o tubo também induz ao desenvolvimento e ao uso de
Venturi comercial. outros elementos primários, tais como as placas
Em 1903, Thomas Weymonth, usou a placa de excêntricas e segmentares, lo-loss, o cotovelo, o
orifício na medição de vazão de gás natural, orifício integral e o orifício anular.
usando tomadas tipo flange, a 1" a jusante e 1" a
montante da placa. Weymonth também
desenvolveu os coeficientes empíricos dos dados
2. Princípio de Operação e
relacionado com o beta da placa. Equações
Em 1916, Horace Judd apresentou um trabalho
em um encontro da ASME, com o uso das Os medidores de vazão que geram pressão
tomadas de pressão na vena contracta. Este diferencial são descritos pela equação de
trabalho se referiu, pela primeira vez, ao uso de Bernoulli, que estabelece que a soma da energia
placas excêntricas e segmentares, para estática, da energia cinética e da energia potencial
manipulação de ar sujo e líquido com ar do fluido se conserva na vazão através de uma
entranhado. restrição em uma tubulação e pela continuidade.
Embora a placa de orifício fosse largamente
usada com diferentes fluidos, foi em 1970 que a
associação da AGA/ASME/NIST (ex-NBS)
estabeleceu um programa de testes para a obtenção
de dados suficientes para desenvolver uma
equação para a predição do coeficiente de vazão.
Foi a possibilidade de prever um coeficiente de

200
Placa de Orifício
combinando o resultado com a equação da
continuidade e rearranjando os termos obtém-se:

2
1  D  
4
Q2
P1 − P2 = ρ  − 1 ×
2  d 
  A 12

A equação mostra que a pressão diferencial


gerada através do orifício é proporcional ao
quadrado da vazão que passa através da placa de
orifício. Esta relação ainda é válida, com algumas
modificações para fluidos compressíveis. A
pressão diferencial através da placa de orifício é
Fig. 10.2. Medição de vazão com placa chamada de pressão dinâmica e a pressão presente
em toda a tubulação é chamada de pressão
estática.
A equação de Bernoulli estabelece De um modo geral, a vazão volumétrica, Q,
através da placa de orifício pode ser representada
P v2 empiricamente por:
+ + z = constante
ρ × g 2g

∆P
onde Q = kA
ρ é a densidade do fluido
ρ
g é aceleração da gravidade do local
v é a velocidade do fluido onde
z é a elevação da tubulação A é a área da seção transversal da tubulação
P é a pressão estática da tubulação ∆P é a pressão diferencial gerada pela placa
A equação da continuidade fornece a relação ρ é a densidade do fluido
entre a velocidade e vazão instantânea de um k é uma constante que faz ajustes devidos a
fluido incompressível. Quando a área da tubulação 1. unidades das dimensões,
varia de A1 para A2, a velocidade do fluido 2. comportamento e perdas do fluido
também se altera de v1 para v2, valendo a seguinte 3. coeficiente de descarga
relação: 4. localização das tomadas de pressão
5. condições de operação
Q = A1 × v1 = A 2 × v 2 6. fator de expansão dos gases
7. número de Reynolds
onde
Rescrita de modo mais completo, tem-se, em
Q é a vazão volumétrica instantânea
(m3/s):
A1 e A2, são as áreas das seções transversais
da tubulação
v1 e v2 são respectivamente, as velocidades do T1Z1
Q1 = 0,000 059 431KYd2Fa h w
fluido nas seções A1 e A2. p1G

Como

288,16 p1
Qb = Q1
1,033 222 6 T1Z1

tem-se
Fig. 10.3. Tubulação e continuidade
hw ρ1
Quando um fluido dentro de uma tubulação Qb = 0,016 575 KYd2Fa
com seção circular A1 passa por uma restrição GT1Z1
com área A2 menor, a velocidade aumenta de v2
para v1. Este aumento de energia cinética Pode-se mostrar que a vazão mássica, W, vale,
(velocidade) ocorre às custas da diminuição da em kg/s:
energia de pressão. Ou seja, a pressão P1 é menor
que P2.
Assumindo que a tubulação é horizontal W = kA ∆Pρ
(mesma energia potencial), aplicando a equação de
Bernoulli a montante e a jusante da placa, ou de um modo mais completo

201
Placa de Orifício

W = 0,034 783 KYd2Fa ∆pρ1

Como

p1G
ρ1 = 0,341 85
T1Z1

tem-se
p1G
W = 0,020 339 KYd 2Fa ∆p
T1Z1

As quantidades anteriores são:


D = diâmetro da tubulação, em cm Fig. 10.4. Sistema de medição com placa
d = diâmetro da placa, em cm
gc = 980,652 (adimensional)
hw = pressão diferencial, em cm de coluna
d'água, @ 20 oC Estão associados com o elemento secundário
p = pressão, em Pa os seguintes parâmetros:
∆p pressão diferencial, em Pa 1. as linhas da tomadas,
2. as válvulas de bloqueio e de equalização
C = CE = coeficiente de vazão 3. o instrumento condicionador do sinal de
K=
1− β4 pressão diferencial. O instrumento
condicionador pode ser: extrator de raiz
quadrada, indicador, totalizador,
C = coeficiente de descarga registrador, computador de vazão ou
controlador.
3. Elementos dos Sistema O valor medido da pressão diferencial depende
da localização das tomadas, da restrição (abrupta
O sistema de medição de vazão consiste de ou gradual), do tamanho do orifício, do projeto do
dois elementos separados e combinados: elemento primário, da tubulação a montante
1. o elemento primário e (antes) e a jusante (depois) do elemento primário.
2. o elemento secundário.
O elemento primário está em contato direto 3.1. Elemento Primário
com o processo, sendo molhado pelo fluido. Ele
detecta a vazão, gerando a pressão diferencial. Seu Os termos elemento primário de vazão a
tag é FE. pressão diferencial, elemento tipo head, elemento
Estão associados com o elemento primário os gerador de pressão diferencial, elemento
seguintes parâmetros básicos: deprimogênio (?) possuem o mesmo significado e
1. sua geometria fixa, designam o tipo especifico de restrição: a placa de
2. o comprimento reto da tubulação antes e orifício, o tubo venturi, o tubo pitot, o bocal, o
depois do ponto da sua instalação, tubo Dall, o elemento de resistência linear, o
3. as condições da vazão, anular, o annubar.
4. a localização das tomadas da pressão. O fluido cuja vazão vai ser medida, ao passar
O elemento secundário detecta a pressão por qualquer uma dessas restrições, provoca uma
gerada pelo elemento primário. O elemento queda de pressão que é proporcional ao quadrado
secundário mais usado é o transmissor, cujo tag é da vazão. A pressão diferencial depende da área
FT. A pressão diferencial gerada pelo elemento desta restrição na tubulação e de outros fatores
primário é medida através das tomadas pelo relacionados com a vazão do fluido.
elemento secundário. O elemento secundário é A restrição pode ser abrupta, como a placa de
montado externamente ao processo. orifício ou gradual, como o venturi.

3.2. Elemento Secundário


O elemento secundário é o dispositivo,
associado ao elemento primário, responsável pela
medição da pressão diferencial gerada. O elemento

202
Placa de Orifício
secundário pode ser o elemento sensor de pressão
diferencial ou o transmissor de pressão diferencial.
O elemento sensor de pressão diferencial é
usado com o indicador e o registrador local. A
grande vantagem de seu uso é a não necessidade
de fonte de alimentação externa, elétrica ou
pneumática.
O outro elemento secundário é o transmissor
de pressão diferencial, chamado d/p cell. Ele
possui um elemento sensor de pressão diferencial
e o mecanismo de geração do sinal padrão
pneumático ou eletrônico. Ele necessita de uma
fonte externa de alimentação pneumática ou
elétrica.

4. Placa de Orifício
A placa de orifício é o elemento primário de
vazão do tipo restrição mais usado. Ela é aplicada Fig. 10.7. Placa de orifício padrão (ISO 5167)
na medição de vazão de líquidos limpos e de baixa
viscosidade, da maioria dos gases e do vapor
d'água em baixa velocidade.
Embora simples, a placa de orifício é um O desempenho da placa depende criticamente
elemento de precisão satisfatória. O uso da placa da espessura e da planura da placa e do formato
de orifício para a medição da vazão é legalmente dos cantos de furo central. O desgaste do canto do
aceita em medição de vazão para transferência de furo, a deposição de sujeira no canto ou na
custódia (AGA No 3 e ISO 5167), mesmo em superfície da placa e a curvatura na placa podem
aplicações comerciais de compra e venda de provocar erros grosseiros na medição da vazão.
produto. Por exemplo, quando há deposição, tornando o
furo menor, tem se uma maior pressão diferencial
e portanto uma indicação maior que a vazão real.
4.1. Materiais da Placa A espessura varia de 1/8" a 1/2". A espessura
Como o fluido do processo entra em contato da placa com furo de diâmetro d é função do
direto com a placa, a escolha do material da placa diâmetro D da tubulação e não deve exceder
deve ser compatível com o fluido, sob o aspecto nenhuma das relações:
de corrosão química. D/50, d/8 ou (D-d)/8.
A placa de orifício pode ser construída com
qualquer material que teoricamente não se Canto vivo (square edge)
deforme com a pressão e não se dilate com a Em tubulações com diâmetros iguais ou
temperatura e que seja de fácil manipulação maiores que 50 mm (2"), a placa de orifício
mecânica. Os materiais mais comuns são: aço concêntrico é a restrição mais comumente usada
carbono, aço inoxidável, monel, bronze, latão. para medir vazões de líquidos limpos, gases e
A velocidade do fluido é também um fator vapores em baixa velocidade. Ela é uma placa
importante, pois a alta velocidade do fluido pode fina, plana, com um furo concêntrico com cantos
provocar erosão na placa. A baixa velocidade pode vivos.
depositar material em suspensão do fluido ou lodo A precisão da medição de vazão com placa de
na placa. canto vivo varia de ±1% a ±5% do fundo de
escala. A precisão depende do tipo do fluido, da
4.2. Geometria da Placa configuração da tubulação a montante e a jusante,
do elemento sensor da pressão diferencial e se há
A placa consiste de uma pequena chapa de correções do número de Reynolds, do fator de
espessura fina, circular, plana, com um furo com expansão dos gases, da dilatação térmica da placa,
cantos vivos. A posição, o formato e o diâmetro do do diâmetro interno da tubulação e de outros
furo são matematicamente estabelecidos. efeitos.
O canto vivo pode ter um chanfro (bevel) e a
parte inclinada fica a jusante. Quando a placa é
colocada ao contrario, com o chanfro a montante o
valor medido é maior que o teórico. A placa com
chanfro, por ser assimétrica, só pode medir o

203
Placa de Orifício
fluido em uma direção; a placa com canto vivo dois compartimentos isolados entre si. Durante a
pode medir vazão bidirecional. instalação ou a remoção da placa, o
Embora as normas estabeleçam o mínimo compartimento de cima fica selado do inferior,
número de Reynolds em 5000, o valor de 10 000 que mantém a placa na posição de operação.
(104) é o consensual. O máximo número de
Reynolds pode ser igual a 3,3 x 107.
Existem placas com canto cônico e
arredondado, com orifício excêntrico e
segmentado, porém suas aplicações são raras e não
são cobertas pela norma ISO 5167 (2003).

Orifício de restrição
Sob o ponto de vista de construção e
geometria, não há diferença entre a placa de
orifício e o orifício de restrição. A diferença está
na aplicação:
1. O orifício de restrição é aplicado para criar
uma determinada queda de pressão fixa ou
para limitar a vazão instantânea. Seu tag é FO
(preferido) ou RO. Fig. 10.9. Porta placa (Daniel)
2. A placa de orifício é aplicada para medir
vazão. Seu tag é FE.
O orifício de restrição é dimensionado como a
placa; o mínimo β é de 0,10 e não há limite para o
b máximo. Como não há medição da vazão, não há 4.3. Montagem da Placa
tomadas da pressão diferencial, embora possa
haver indicações da pressão a jusante e a A placa de orifício é montada em uma
montante. tubulação, sendo colocada entre dois flanges
Por exemplo, quando se usa um chuveiro especiais. Os flanges que sustentam a placa de
elétrico nos andares inferiores de um prédio alto, orifício podem incluir as tomadas da pressão
deve-se usar um orifício de restrição na entrada do diferencial.
chuveiro para proteger o seu diafragma contra alta A qualidade da instalação afeta o desempenho
pressão. Este orifício de restrição geralmente é da placa. A vazão medida deve ter perfil de
fornecido com o chuveiro. velocidade plenamente desenvolvido e não deve
haver distúrbios antes e depois da placa. O
Furo para condensado ou vapor distúrbio a montante afeta mais a medição que o
Embora a norma não mencione, era uma distúrbio a jusante. Válvulas, curvas, conexões,
prática comum se ter um pequeno furo adicional bombas e qualquer outro elemento de distúrbio de
na placa de orifício. Quando se tem a medição de vazão podem distorcer o perfil da velocidade e
vazão de gás com condensado, utiliza se o furinho criar redemoinhos, introduzindo grandes erros na
abaixo do furo principal, para a passagem do medição. Por isso, são requeridos trechos retos de
condensado e quando se tem líquido com gás em tubulação antes e depois da placa. A norma ISO
suspensão, o furinho deve ser acima do orifício 5167 (1991) apresenta uma tabela com os
principal. O furinho adicional deve ficar tangente comprimentos de trechos retos (em D) a montante
a parede interna do tubo. O diâmetro deste furo e a jusante, em função dos diferentes tipos de
adicional não pode exceder a 5% do furo principal. distúrbios. Tipicamente, a jusante deve se ter um
Atualmente, é pouco usado o furo adicional, comprimento reto no mínimo igual a 4D e a
pois ele implica em uma frequencia maior de montante, o trecho reto mínimo deve ser de 10 a
inspeção da placa, para garantir que ele esteja 54D, onde D é o diâmetro interno da tubulação.
sempre vazado. Quando se reduz pela metade o trecho reto a
montante ou jusante, a incerteza da medição
Porta-placa aumenta de ±0,5%.
Quando há a necessidade de trocas freqüentes O tamanho requerido da tubulação reta antes e
e rápidas da placa de orifício sem interrupção do depois do elemento primário depende do elemento
processo e sem uso de bypass, como na medição primário. Estas informações relacionadas com a
de vazão de gás e óleo em plataformas marítimas, placa de orifício, bocais e tubo venturi estão
é comum o uso de um dispositivo, errônea mas estabelecidas em normas (ANSI 2530; ASME e
comumente chamado de válvula Daniel ou Pecos. ISO 5167). Há pequenas diferenças entre estas
A troca pode ser feita com e sem a normas. A norma ISO é mais conservativa,
despressurização da linha. O dispositivo possui exigindo os maiores trechos retos mínimos.

204
Placa de Orifício
Para os outros medidores menos comuns e
específicos, como Annubar, lo-loss, consultar o
fabricante e seguir suas recomendações. Flange
Quando há dificuldades relacionadas com os As distâncias a montante e a jusante são iguais
comprimentos de trechos retos, a colocação de entre si e iguais a 1". É a montagem aplicável para
retificadores de vazão antes da placa possibilita o as tubulações com diâmetro maiores que 25 mm
uso de menor comprimento reto. Porém, a (1"). É a montagem mais usada no Brasil.
colocação de retificadores eleva o custo da
instalação eliminando a grande vantagem do Canto
sistema. As tomadas são feitas rente a placa; as
Quando todas as outras condições são mantidas distâncias são iguais a zero. Esta montagem é
constantes, quanto maior o β da placa, maiores conveniente para pequenas tubulações.
trechos retos são necessários. Fisicamente se mede a pressão junto a placa mas
A condição da tubulação, das seções externamente as tomadas são feitas através das
transversais, das tomadas da pressão diferencial, flanges, como na tomada tipo flange.
dos comprimentos retos a montante e a jusante do
elemento primário, as linhas do transmissor de Raio
pressão diferencial afetam a precisão da medição. A distância a montante é de D e a jusante, de
Alguns destes parâmetros podem ter pequena 0,5D.
influência, outros podem introduzir grandes erros A posição das tomadas independe do beta da
de polarização. placa. É uma montagem muito pouco usada.
A instalação do elemento primário deve estar
conforme as condições de referência e as normas. Vena contracta
A norma ISO 5167 (1991) fornece as A máxima pressão gerada não acontece
exigências para a tubulação de referência: exatamente na posição de orifício mas em um
1. a condição visual do lado externo da ponto logo após a placa, chamado de vena
tubulação, quanto ao efeito de trecho reto contracta. Teoricamente, este é o ponto ideal para
e da circularidade do diâmetro da seção. a medição da pressão diferencial, pois se tem o
2. a condição visual da superfície interna da menor erro relativo.
tubulação. Na prática, isso não é muito vantajoso, pois o
3. a condição de referência para a ponto de mínima pressão varia com o beta da
rugosidade relativa da superfície interna placa. Quando se troca a placa de orifício, a
da tubulação. tomada a jusante deve ser recolocada. O ponto de
4. a localização dos planos de medição e o tomada a jusante é dado por curvas e tabelas
número de medições para a determinação disponíveis.
do diâmetro interno médio da tubulação
(D).
5. a especificação de circularidade para o
comprimento especifico da tubulação que
precede o elemento sensor.
6. o máximo desnível permissível entre a
tubulação e o medidor de vazão.
7. a precisão do coeficiente de descarga.
A garantia do bom desempenho da placa
depende da inspeção periódica da placa e se
necessário, da limpeza da placa. O período das
inspeções é função das características do fluido, se
há formação rápida de lodo, se corrosivo, se
abrasivo.

4.4. Tomadas da Pressão Diferencial


A pressão diferencial gerada pela placa de Fig. 10.11. Tomadas de impulso da pressão
orifício deve ser medida e condicionada em uma
forma mais útil. Fisicamente, ambas as tomadas
devem ter o mesmo diâmetro, devem ser
perpendiculares a tubulação e não devem ter
rugosidade e rebarba no ponto de contato.
As tomadas da pressão diferencial associadas
com a placa de orifício podem ser de cinco tipos
básicos, cada tipo com vantagens e desvantagens.

205
Placa de Orifício
Tubo (Pipe) Para o tubo venturi Herschel, com cone de 7
A distância a montante é de 2,5D e a jusante, graus, a perda é praticamente constante e vale a
8D. A tomada tipo tubo é conveniente quando se 15% da pressão diferencial.
tem pequeno sinal de pressão diferencial. Para o tubo venturi universal, a perda de carga
Tipicamente isso acontece em medição de gás, em varia de 4 a 8% da pressão diferencial.
vazões pequenas e com β grande.
4.6. Protusões e Cavidades
4.5. Perda de Carga e Custo da Energia Se houver protusão ou cavidade na tubulação,
Em muitas aplicações, o custo da energia extra antes ou depois do elemento primário, mas
resultante da perda de carga permanente é um próximo dele, o perfil da velocidade do fluido é
fator importante na seleção do medidor de vazão. afetado. As gaxetas e os pontos de solda que se
Os custos de bombeamento são muitas vezes prolongam na tubulação aumentam a turbulência
significativos, em grandes tubulações e podem do fluido e alteram o perfil de velocidade.
justificar a seleção de um medidor de vazão com Quando se mede a temperatura do processo
custo inicial elevado mas com pequena perda de para a sua compensação, o poço termal deve ser
carga permanente. localizado após o elemento sensor e a uma
A perda de carga permanente expressa em distância adequada para assegurar a mínima
percentagem da pressão diferencial gerada pelo distorção no perfil.
elemento sensor pode ser determinada através de Quando se mede a pressão estática do processo
curvas ou pode ser calculada matematicamente. para a sua compensação, a tomada de pressão pode
Para uma placa de orifício com canto vivo, a ser feita na tomada de baixa ou de alta da pressão
relação entre a perda de carga permanente, Pp, o b diferencial.
da placa e a pressão diferencial gerada ∆p é
4.7. Relações Matemáticas
Pp = ∆P(1 − β ) 2
Mais importante que o enfadonho
Por exemplo, para uma placa com canto reto e desenvolvimento das equações teóricas é a
para os limites 0,25 < b < 0,75, os limites da perda definição dos parâmetros envolvidos. É importante
de carga permanente ficam entre, respectivamente, entender a origem destes parâmetros por que eles
94 e 44% da pressão diferencial provocada. são eventualmente usados nas equações de
trabalho para o dimensionamento dos medidores.

Fig. 10.15. Pressão diferencial gerada pela placa

Precisão do sistema
Fig.15.13. Perdas de carga da placa e do venturi A medição de vazão com placa de orifício é
precisa o suficiente para ser aceita legalmente em
operações de compra e venda de produtos.
Eperimentalmente, tem se para o bocal, 35% Enquanto se fala de uma precisão de 0,5% do
da pressão diferencial para b = 0,75 e 75% da fundo de escala para a placa isolada, a instalação
pressão diferencial para b = 0,40. completa possui precisão próxima de 5% do fundo
Para o tubo venturi, com cone de 15 graus, a de escala.
perda de carga varia entre 12 e 30% da pressão
Rangeabilidade do medidor
diferencial.
Define-se como rangeabilidade de um
medidor, a relação do máximo valor medidor

206
Placa de Orifício
dividido pelo mínimo valor medidor, com o desenvolverá uma pressão diferencial de somente
mesmo desempenho. A rangeabilidade é inerente a 1" quando a vazão for 10% da projetada. Mais
relação matemática que envolve a variável de ainda, uma alteração de 10% para 9% da vazão
processo medida com a grandeza fisicamente real produz uma variação na pressão diferencial de
sentida. 1" para 0,81" de coluna d'água, menos que 0,1%
da largura de faixa total. Esta não linearidade, com
resposta reduzida no início da escala, introduz
Tab. 9.1. Algumas incertezas da medição com placa complicação na indicação, registro, controle e
computação da vazão.
Sistema bom Quando se quer aumentar a rangeabilidade da
medição, usam-se dois ou três transmissores
associados a uma única placa de orifício. Cada
sistema mede uma faixa e eles são escalonados
para a medição de vazões progressivamente
decrescentes. O chaveamento automático transfere
a vazão de um medidor para outro, dependendo da
vazão. Tais sistemas são efetivos e resolvem o
problema da pequena rangeabilidade inerente aos
sistemas de medição de vazão a pressão
diferencial porém sacrificam a simplicidade
básica, a confiabilidade e a economia do medidor
convencional.
É ilusório pensar que a utilização do extrator
Sistema ruim de raiz quadrada aumenta a rangeabilidade da
medição de vazão com placa de orifício. Mesmo
que o extrator de raiz quadrada possibilite o uso de
escala linear, o instrumento tem também
dificuldade para detectar os pequenos valores da
vazão.

Medição da vazão mássica


O sistema com placa de orifício mede a vazão
volumétrica do fluido.
Na maioria das medições de vazão de líquido,
a variação da densidade é pequena o suficiente
para ser desprezada. A vazão mássica do fluido
incompressível é praticamente igual a vazão
mássica, a menos de uma constante de
multiplicação. Na maioria das medições de gases e
Nota: Algumas incertezas são expressas em % do valor vapores, porém, a alteração na densidade causada
medido e outras em % do fundo de escala e por pelas variações da temperatura e da pressão
isso a incerteza final é em % do fundo de escala. estática devem ser compensadas.
Para a vazão mássica, a leitura do medidor a
pressão diferencial varia inversamente com a raiz
A pressão diferencial gerada pela placa de quadrada da densidade. Para a vazão volumétrica a
orifício é proporcional ao quadrado da vazão. Esta indicação do medidor a pressão diferencial varia
relação não linear entre a vazão e a pressão diretamente com a raiz quadrada da densidade.
diferencia medida torna pequena a rangeabilidade Como uma conseqüência da relação raiz
da medição. quadrática entre a vazão e a pressão diferencial
A rangeabilidade típica é de 3:1. Isto significa gerada, as variações moderadas da densidade
que um sistema de medição de vazão com placa de produzem variações na vazão de somente metade
orifício dimensionado para medir a vazão máxima da variação da densidade. Por exemplo, uma
de 100 LPM, com a precisão de ±2% do fundo de variação de 10% na densidade produz uma
escala, medirá a vazão mínima de 33 LPM com variação de 5% na indicação, para a mesma vazão.
aproximadamente a mesma precisão de ±2%. As A direção da variação da vazão requerida depende
vazões menores que 33 LPM terão erros maiores se está se medindo vazão mássica ou volumétrica.
que ±2%. As medições de vazão com calhas são uma
Tipicamente, uma placa de orifício que exceção para os problemas de densidade, desde
desenvolve uma pressão diferencial de 100" de que a medição de vazão se baseia no nível medido.
coluna d'água correspondente a 100% da vazão

207
Placa de Orifício
As equações da vazão volumétrica e mássica O fator de descarga C corrige a equação da
para os líquidos são também válidas para os gases, vazão teórica para a vazão real, baseando se em
desde que se inclua o fator de expansão. Este fator dados experimentais obtidos em laboratório
leva em conta a variação da densidade antes e hidráulico.
depois da restrição. Em termos de velocidade, o Para os medidores de vazão geradores de
fator de expansão é definido como a relação da pressão diferencial, o coeficiente de descarga é
velocidade real dividida pela velocidade teórica. função da velocidade, do fator de velocidade de
aproximação, da densidade do fluido, da pressão
Influência do número de Reynolds diferencial gerada e inversamente proporcional ao
Os medidores pressão diferencial são também beta do medidor. Ou seja, o coeficiente de vazão,
afetados pela variação no número de Reynolds do tomado como constante, não é constante mas
fluido cuja vazão está sendo medida. Um simples função do número de Reynolds e da geometria do
e único fator de correção para o número de elemento primário.
Reynolds compensa os efeitos combinados da A vazão teórica é dada pelas equações usando
viscosidade, velocidade e diâmetro relativo da se a pressão diferencial e a densidade media do
tubulação. Para grandes tubulações, altas líquido no intervalo da coleta de dados. A vazão
velocidades e baixas viscosidades dos fluidos, o real é determinada, coletando se a massa ou o
número de Reynolds é grande e as correções volume do líquido em um recipiente de volume
requeridas são geralmente desprezíveis. conhecido, em um determinado intervalo de
Quando a vazão passa de turbulenta para tempo.
laminar, diminuindo o número de Reynolds, a
correção se torna necessária e importante. Uma
conseqüência importante e útil da correção do
número de Reynolds é que, para a medição
precisa, um sistema de medição de vazão tipo
pressão diferencial pode ser calibrado com água.
A vazão de outros fluidos, incluindo gases, pode
ser precisamente determinada da medição de
pressão diferencial e da densidade real do fluido,
levando em consideração as correções para
quaisquer diferenças entre o número de Reynolds Fig. 10.16. Coeficiente de descarga de diferentes
nas condições de operação e o número de elementos
Reynolds nas condições de calibração.

4.8. Fatores de Correção


A evidencia experimental mostra que o
A perda da energia através do elemento coeficiente de descarga varia com o perfil da
primário e a expansão do gás ou do vapor na baixa velocidade da tubulação.
pressão, depois do elemento sensor requerem Na literatura técnica, se define o coeficiente de
vários fatores de correção. vazão, relacionado diretamente do coeficiente de
Os mais significativos são o coeficiente de descarga. O coeficiente de vazão (K) é igual ao
descarga, o fator de expansão racional do gás e o produto do coeficiente de descarga (C) e a
coeficiente de atrito. velocidade de aproximação (E).
Matematicamente,
Fator de descarga
Teoricamente a energia é conservada através K=CE
do medidor de vazão. Na prática, alguma energia é
perdida no medidor, devido ao atrito. A queda de onde
pressão real é maior do que a teórica.
A introdução do medidor de vazão na 1
tubulação altera a própria vazão, diminuindo-a. Ou E=
seja, a vazão do processo diminui, quando se 1 − β4
coloca o medidor de vazão. Esta diminuição
depende da geometria do medidor. Na prática, o coeficiente de descarga é
É conveniente, portanto, definir um fator que encontrável em tabelas e usa seu valor, de modo
reflita o grau de interferência do medidor de vazão iterativo, quando se dimensiona a placa de orifício
na própria vazão. Assim aparece o coeficiente de e os outros elementos primários.
descarga.
Define-se o coeficiente de descarga como a Fator de expansão
relação entre a vazão real (com o medidor) e a A hipótese da densidade constante entre as
vazão teórica (sem o medidor). duas tomadas de pressão não é valida para fluido

208
Placa de Orifício
compressíveis como os gases. A densidade o pessoal de manutenção e de instrumentação,
diminui quando um gás é expandido. Assim, a pois as faixas de calibração são padronizadas
densidade do gás fica menor depois do elemento e com valores inteiros. Todas as placas de
primário de vazão, por causa da queda da pressão orifício podem ser dimensionadas para
provocada. produzir a mesma pressão diferencial,
O fator de expansão do gás é introduzido na permitindo a padronização do elemento
equação para corrigir esta expansão. Este fator é sensor ou da calibração do transmissor de
baseado em dados experimentais ou derivados da pressão diferencial
equação da energia em regime da termodinâmica 2. constrói se a placa de orifício com relação
para a correção da variação da densidade. β conveniente, geralmente 0,500 ou 0,600 e
Assumindo que o coeficiente de descarga se calcula a faixa de pressão diferencial para
determinado para os líquidos se aplica para o gás, a calibração do transmissor. Esta alternativa é
o fator de expansão do gás é definido como a mais conveniente para o pessoal que constrói
relação da vazão verdadeira do gás e a vazão a placa. Aliás, esta opção permite que se
calculada pela equação do líquido. tenha placa de orifício já pronta, em estoque.
O fator de expansão do gás se baseia na De modo a se calcular o diâmetro do furo do
pressão a montante (antes) do elemento primário. elemento primário, deve se conhecer o coeficiente
Quando se usa a tomada a jusante (depois) do de descarga. A não ser que o coeficiente seja
elemento primário deve se usar um fator de constante, como no caso do tubo venturi, o
correção. coeficiente de descarga é uma função do diâmetro
do furo. Para a vazão do gás, o fator de expansão é
4.9. Dimensionamento do β da Placa também função do furo. Assim, é requerida uma
solução iterativa para a determinação do furo do
Atualmente, o dimensionamento da placa de elemento primário, de modo que a vazão, tamanho
orifício é feito através de programas de da tubulação e a pressão diferencial satisfaçam a
computador PC (p. ex., ISA Kenonic, versão 3). equação teórica.
Para se estimar o β aproximado da placa, usa-se
régua de cálculo específica , ábacos ou programas Parâmetros do dimensionamento da placa
shareware de fabricantes. Dimensionar a placa de orifício é basicamente
Dimensionar uma placa é calcular o seu β, que determinar o diâmetro do seu furo. Ou então,
é a relação entre o diâmetro do furo interno e o calcular o beta da placa, que é a relação entre o
diâmetro interno da tubulação. Tem-se: diâmetro do furo com o diâmetro interno da
tubulação.
β=d/D O dimensionamento da placa de orifício para
satisfazer as exigências do processo é uma
O β é o parâmetro mais significativo da placa operação clara e direta. Embora sejam semi-
de orifício. Tipicamente, o β deve estar entre 0,15 empíricos, os cálculos são baseados na equação de
e 0,75 para líquido e 0,20 e 0,70 para gases e Bernoulli, que é derivada das considerações
vapores. básicas de balanço de energia.
Quanto menor o β, maior é a pressão São parâmetros interdependentes: a relação
diferencial gerada. Como vantagem, é mais fácil a beta da placa de orifício, a vazão máxima, a
detecção desta pressão diferencial e como densidade do fluido, a temperatura e a pressão
desvantagem, tem se grande perda de carga estática do processo, a pressão diferencial gerada,
permanente. Quanto maior o β, menor é a pressão o número de Reynolds, o fator de
diferencial gerada. Como vantagem, tem se menor compressibilidade, o fator de expansão térmica e
perda de carga permanente na tubulação e portanto outros fatores.
menor custo e menor energia de bombeamento e A vazão (velocidade), a densidade do fluido, a
como desvantagem tem se a dificuldade de se pressão estática e a temperatura são conhecidas a
detectar as pequenas faixas de pressão diferencial. priori, por que são os dados fornecidos pelo
processo. A pressão diferencial pode ser
Filosofia de dimensionamento livremente arbitrada e pode ser padronizada em
Na medição de vazão há duas filosofias básicas algumas poucas faixas de calibração do
relacionadas com o dimensionamento da placa: transmissor.
1. arbitra se uma pressão diferencial, Os fatores de compressibilidade,
geralmente em valores inteiros e expansibilidade e outros fatores corretivos são
convenientes, p. ex., 0 a 2500 mm (100") ou determinados também a partir das condições do
0 a 200 mm (50") H2O e calcula se a relação processo.
β da placa, aplicando se os fatores de Como conseqüência, a relação beta e o
correção por causa das incertezas dos dados coeficiente de descarga são os únicos parâmetros
de vazão. Esta opção é mais conveniente para

209
Placa de Orifício
desconhecidos da equação e o dimensionamento Vazão volumétrica para Gases, nas
envolve estas determinações. condições reais

Passos da Dimensionamento
ρ
1. Selecionar a vazão máxima e a pressão SM = Q
diferencial máxima correspondente. Em aplicações NFaD 2
∆P
de gases, a pressão diferencial deve ser
selecionada de modo que a variação do fator de Vazão mássica de gás com os fatores Fpb,
expansão seja mantido menor que 1%, ou Ftb, Ftf, Fpv

∆P ZbFg
≤ 0,04 SM = W
P
Quando se tem a pressão diferencial expressa
NFaFpvFtf D2 ∆P × Pf
em de coluna d'água e a pressão estática em psia, a
relação deve ser Vazão volumétrica para gás usando fatores
Fpb, Ftb, Ftf, Fpv
∆P" c.a.
≤ 1,0 Ftf Fpv Pf
Ppsia SM = Q
NFaFgFtf ZbD2 ∆P
Quando não se conhece a vazão de projeto,
deve-se assumi-la igual a 80% da vazão máxima. 4. Calcular o bo aproximado usando SM
A pressão diferencial assumida deve ser de 0 a
100" c.a. (25 kPa)
2. Calcular o número de Reynolds na vazão de
C = k 1 + k 2 SM
projeto e nas condições de operação, para garantir
− 14
que ele seja maior que os mínimos especificados.   k + k S 2 
βo = 1 +  1 2 M
 
  S M  
Tab. 9.2. Números de Reynolds mínimos

Elemento Líquido Gás (vapor) − 14


 k  
2
Placa RD≥10 000 RD≥10 000
βo = 1 +  1
+ k 2  
Venturi RD≥100 000 RD≥10 000   SM  
Lo-loss RD≥100 000 RD≥10 000

Por exemplo, para a placa de orifício, com


3. Calcular o fator de dimensionamento na tomadas tipo canto, flange e D e D/2,
vazão de projeto e nas condições de operação:
RD<200 000
Vazão mássica para Líquido − 14
  0,6  
2

βo = 1 +  + 0,06  
SM =
W   SM  
NFaD 2
Fp ρ ∆P
RD>200 000
− 14
Vazão mássica para Gases   0,6 2 
βo = 1 +   
W   SM  
SM =
NFaD 2
ρ ∆P
5. Usando o β e a tabela do fator de
Vazão volumétrica para Líquidos compressibilidade, calcular o coeficiente de
descarga que tem a forma:

Fp ρ b
SM = Q C = C∞ +
NFaD 2
∆P RnD

210
Placa de Orifício
6. Para líquidos, fazer Y1 = 1,0. Para gases,
calcular o fator de expansão Y1 a montante
do medidor.

7. Calcular o β aproximado como

−1
  C × Y 2 
4

β = 1 +  1
 
  SM  

8. Repetir 5, 6 e 7, até que duas iterações


consecutivas de β difiram menos que
0,0001. Fig. 10.18. Diafragma instalado no registrador de vazão

9. Calcular o furo da placa usando

d = β×D Transmissor de Pressão Diferencial


O transmissor de pressão diferencial,
pneumático ou eletrônico, é o instrumento mais
4.10. Sensores da Pressão Diferencial usado em associação com o elemento primário
A placa de orifício gera a pressão diferencial gerador da pressão diferencial.
proporcional ao quadrado da vazão medida. Deve O transmissor possui uma cápsula com grande
se, depois, medir e condicionar esta pressão área sensível, para ser capaz de detectar as
diferencial gerada para completar o sistema de pequenas faixas de pressão diferencial. Ele deve
medição da vazão. Os instrumentos mais usado suportar alta pressão estática, tipicamente até 400
para medir a pressão diferencial são o transmissor kgf/cm2. Quando há problema no elemento
de vazão e o diafragma. primário, de modo que esta alta pressão estática
fica aplicada em apenas uma das tomadas, a
Diafragma Sensor de Pressão Diferencial cápsula do transmissor deve possuir proteção de
sobrefaixa e não se danificar. Esta classe de
Em algumas aplicações o transmissor de
transmissores, aplicáveis principalmente para a
pressão diferencial pode ser substituído pelo
medição de vazão e de nível é chamada
diafragma ou câmara Barton, que sente a variável
genericamente de d/p cellR. (R Foxboro Co).
pressão diferencial e produz na sua saída um
pequeno movimento.
O diafragma é usado principalmente em locais
onde não se dispõe de energia elétrica ou
pneumática para alimentar o transmissor. O
diafragma não necessita de alimentação externa; a
pressão diferencial medida produz um torque com
energia suficiente para posicionar um ponteiro de
indicação, uma pena de registro ou um mecanismo
de controle.

Fig. 10.19 Transmissor de pressão diferencial

Fig. 10.17. Diafragma ou Câmara BArton

211
Turbina

Turbina

1. Introdução
A turbina é um medidor de vazão volumétrica
de líquidos e gases limpos, da classe geradora de
pulsos, que extrai energia da vazão medida. A
turbina é largamente usada por causa de seu
comprovado excelente desempenho, obtido a Fig. 11.1. Turbina mecânica
partir de altíssimas precisão, linearidade e
repetitividade. A precisão da turbina é melhor que
a de muitos outros medidores de vazão em regime
turbulento e é usada como padrão para a
calibração de outros medidores.
A turbina possui um rotor que é girado pela
passagem da vazão. A velocidade angular é
detectada por um sensor, que transforma a vazão
volumétrica em um trem de pulsos. A frequencia
dos pulsos é linearmente proporcional à vazão
volumétrica do fluido.

2. Tipos de Turbinas
O modo de detectar a velocidade angular do Fig. 12.6. Turbina mecânica desmontada
rotor determina o tipo da turbina, que pode ser:
1. Mecânica
2. Elétrica convencional

2.1. Turbina mecânica


Como toda turbina medidora de vazão, a
turbina mecânica possui um rotor que é girado
pela passagem do fluido. A turbina mecânica
possui um acoplamento mecânico entre o rotor e o
sistema de indicação e totalização da vazão. Este
acoplamento é feito através de engrenagens e elos
mecânicos.
A turbina mecânica não requer nenhuma
alimentação externa pois utiliza a própria energia
do processo para seu funcionamento.
A turbina mecânica, por ser mais robusta, é
utilizada para medição de petróleo relativamente
limpo.
É possível colocar um sensor NAMUR para
transformar os pulsos mecânicos em pulsos
elétricos, para totalização remota.
Fig. 12.7. Turbina mecania

212
Turbina
2.2. Turbina Convencional outros tipos menos comuns (Grayloc,
Victanlic, Tridover)
Operação A conexao default da turbina à tubulação é
através de flange, quando se deve cuida da classe
O princípio básico de funcionamento da de pressão e temperatura.
turbina é o seguinte: a vazão do fluido a ser
medida impulsiona o rotor da turbina e o faz girar
numa velocidade angular definida. A rotação das Fig. 12.4. Conexões flangeadas e rosqueadas
pás da turbina é diretamente proporcional a vazão
do fluido. Através da detecção elétrica ou
eletrónica da passagem das lâminas do rotor da
turbina pode se inferir o valor da vazão. Há a
geração de pulsos com freqüência linearmente
proporcional a velocidade do fluido e como
conseqüência, diretamente proporcional a vazão.

O diâmetro da turbina expressa o seu tamanho.


A máxima vazão a ser medida é o parâmetro
determinante do tamanho da turbina. Para a
medição de líquidos, a vazão é especificada em
LPM (ou GMP). Para os gases a vazão
Fig. 12.3. Turbina convencional volumétrica deve ser especificada na condições
reais de pressão e temperatura.
Há limites da vazão máxima por causa dos
limites naturais da velocidade rotacional impostos
Corpo pela estatura do rotor e dos mancais, da cavitação
provocada pelas lâminas e pela grande perda
O corpo da turbina abriga o rotor, as peças permanente. Há também limites inferiores de
internas e os suportes. O fluido a ser medido passa vazão, por causa da detecção e da não-linearidade
pelo interior do corpo. O corpo da turbina é da região.
montado como um carretel inserido na tubulação.
O corpo da turbina deve suportar a temperatura
e a pressão de operação do processo e por isso o
seu material deve ter uma resistência mecânica
adequada. Como o fluido do processo molha
diretamente o corpo da turbina, a escolha do seu
material é função da compatibilidade com o fluido
do processo, sob o aspecto de corrosão química.
Porém, a função dos componentes requer ou Fig. 12.5. Rotor da turbina
rejeita alguns tipos de materiais e isso deve ser
considerado na seleção do material do corpo. Por
exemplo, para o detector operar corretamente, o Mancais e Suportes
material do corpo entre o rotor e o detector não
As funções do mancal dentro da turbina são as
pode ser magnético. As lâminas do rotor devem
de evitar que o rotor seja levado pela pressão
ser magnéticas, para serem detectadas pelo
dinâmica do fluido e posicionar o rotor
pickoff.
corretamente em relação ao jato do fluido. Ele
O corpo da turbina pode ser feito de vários
deve oferecer pequeno atrito de arraste e deve
tipos de ligas metálicas e polímeros químicos. O
suportar os rigores do processo, como
material mais usado é o aço inoxidável 316, com a
temperaturas extremas, corrosão, abrasão,
inserção de aço 304 na posição do detector. Para
transientes de vazão e de pressão, picos de
fluidos corrosivos, são usadas ligas especiais. Os
supervelocidade.
materiais não metálicos são o nylon e o PVC. A rangeabilidade e a linearidade da turbina
O corpo da turbina pode ter as guarnições dependem do desempenho dos mancais e suportes.
terminais com roscas fêmeas NPT, flangeadas ou

213
Turbina
Há três tipos de mancal radial: esférico (ball), fabricantes e usualmente está na faixa de 10 mV a
cilindro (jornal) e cônico (pivô). 1 V rms. A freqüência do sinal depende do
Os mancais esféricos oferecem pequena força tamanho e do tipo: tipicamente varia de 10 Hz a 4
de arraste e por isso a turbina tem as kHz. A maior freqüência apresenta maior
características de grande rangeabilidade e resolução e é a mais usada.
excelente linearidade. Os rolamentos são A detecção elétrica da passagem das aletas do
facilmente substituídos e a substituição não influi rotor da turbina pode ser magnética (elétrica) ou
praticamente no desempenho e não necessita de através de ondas de rádio freqüência (eletrônica).
nova recalibração. A bobina detectora da velocidade é localizada
As aplicações da turbina com rolamentos externamente na parede do corpo e sente a
esféricos são para fluidos limpos e lubrificantes, passagem das lâminas. Existem dois tipos de
como óleos hidráulicos, vegetais e de combustão. sensores eletromagnéticos: de relutância
A grande limitação dos mancais esféricos é que (obsoleto) e indutivo.
eles são disponíveis somente em aço inox 440C e O sensor magnético do tipo indutivo requer
por isso não podem ser usados em fluidos uma aleta ferromagnetica ou um imã na aleta do
incompatíveis com ele. Eles não se aplicam para a rotor da turbina para cortar o campo de fluxo
medição de água, ácidos ou fluidos com partículas magnético. Quando as aletas ferromagneticas do
em suspensão. rotor passam pelo detector, é induzida uma
O mancal cilindro (journal) consiste de um corrente elétrica alternada com freqüência
eixo acoplado a uma luva (sleeve). Pela escolha proporcional à velocidade do fluido e portanto, à
dos materiais do eixo e da luva pode-se obter uma vazão do fluido. A vantagem da detecção indutiva
configuração lisa e polida para a corrosão ou dura é a operação em temperatura mais elevada. A
e resistente para a erosão e conveniente para desvantagem é a de ter menor rangeabilidade, pois
manipular fluidos sem lubrificação e com a turbina não consegue medir vazões muito
contaminantes. Os materiais típicos são o carbeto pequenas, por causa da força de arraste magnética.
de tungstênio, a cerâmica e o stellite, que são O sensor da velocidade angular da turbina com
extremamente duros e resistentes a fluidos onda portadora ou do tipo RF não usa ima e por
corrosivos e erosivos; o teflon reforçado e o isso não há o problema da força de arraste
grafite associados ao eixo metálico são excelentes magnético sobre o rotor. A bobina faz parte de um
para manipular fluidos não lubrificantes, que não circuito oscilador e a passagem da aleta do rotor
sejam corrosivos ou abrasivos. pelo campo de rádio freqüência altera a
Os mancais cilindros são caracterizados por impedância, modulando a amplitude do sinal do
grande força de arraste devido ao atrito de oscilador. Usa-se um circuito amplificador para
deslizamento e por isso as turbinas possuem uma detectar esta variação da amplitude e fornecer um
rangeabilidade menor e uma pior linearidade. O sinal de saída de pulsos com uma freqüência
seu desgaste pode alterar a força de arraste e proporcional à velocidade de rotação da turbina. A
quando há troca dos mancais, é necessária nova vantagem do detector de RF é a possibilidade de
calibração da turbina. medir vazões muito pequenas, aumentando a
O terceiro tipo de mancal consiste de um eixo rangeabilidade da turbina. As desvantagens são a
suportado por uma superfície cônica. A ponta do limitação da máxima temperatura de operação e a
eixo pode rolar ou deslizar, depende da carga. O necessidade de usar o pré-amplificador de sinal.
eixo e o suporte são de materiais duros. Por
exemplo, a combinação de eixo de carbeto de Turbina para gás
tungstênio com suporte de safira pode ser usada O torque fornecido pelo gás é menor que o do
em turbinas para medir vazões muito baixas, de liquido e por isso a turbina para a medição de gás
fluidos corrosivos e com contaminantes. é caracterizada por um eixo do rotor mais
Os suportes tipo pivô oferecem menos atrito de volumoso, usado para criar um efeito venturi,
partida e de operação que os mancais esféricos. diminuindo a área de passagem e aumentando a
Por causa da pequena área de contato do eixo com velocidade de entrada do fluido no rotor.
o suporte, as cargas do suporte não podem ser Como o gás oferece menos resistência a vazão
muito elevadas. Por isso, estes medidores são mais que o liquido, pois sua viscosidade é muitíssimo
frágeis, temem vibração e choques mecânicos e menor nas mesmas condições de contorno, passa
não podem operar em alta **velocidade. na tubulação uma vazão de gás maior do que de
liquido . Tipicamente, uma turbina de gás é
Detectores da Velocidade Angular projetada para passar 7,48 vezes mais gás do que
liquido, para o mesmo diâmetro. (7,48 é o número
O detector da velocidade gera uma tensão de galões de
alternada como resultado da passagem das lâminas 1,00 ft3).
do rotor que afetam a relutância variável do A turbina de gás possui geometria e internos
circuito magnético. O sinal de saída varia entre os diferentes da turbina de liquido. As lâminas do

214
Turbina
rotor da turbina de gás tem menor grau de específico de medição. A turbina provoca grande
elevação, para que o rotor gire na mesma perda de carga, proporcional ao quadrado da
velocidade. vazão. Alguns rotores, quando travados por
Se uma turbina para liquido é usada para medir alguma fibra do fluido, podem interromper a
gás, a maior vazão volumétrica do gás irá provocar vazão, bloqueando a tubulação.
super velocidade no rotor e poderá destrui-la. Na
prática, é o que pode acontecer quando uma Sinal de saída
turbina para liquido é lavada com vapor d'água. Se
uma turbina para gás é usada para medir liquido, a O sinal de saída do detector eletromagnético da
combinação do menor ângulo de inclinação e a turbina é um trem de pulsos de tensão
menor vazão volumétrica produz um torque de escalonados, com cada pulso representando um
acionamento pequeno, girando o rotor em pequeno volume discreto do fluido. Este sinal
velocidade muito baixa e na região não linear. pode ainda ser condicionado para se ter na saída:
A turbina para gás requer recalibrações mais Sinal analógico de 4 a 20 mA cc, apropriado
freqüentes que a para liquido, por causa das para controle e registro.
variações na característica dos mancais. Sinal de pulsos de baixa frequencia, apropriado
para totalização direta da vazão. Quando há
Turbina para liquido grande distancias (maior que 50 metros) usa-se um
A turbina para medir a vazão de líquidos é a chamado pré-amplificador, cuja saída são pulsos
mais tradicional e a que apresenta menor mais definidos
dificuldade de construção, pois as condições de Sinal digital, para ser integrada a redes
operação são mais favoráveis. O liquido é industriais, como Foundation Fieldbus, Hart e
praticamente incompreensível, a densidade é Profibus.
maior que a do gás e normalmente, a pressão para
a vazão de liquido é muito menor que a de gás.
Por exemplo, para se ter o mesmo torque na
turbina a velocidade da água é aproximadamente
30 vezes menor que a do ar.

Características da turbina
As características de desempenho da turbina, a
não ser que seja dito o contrario, se referem às
condições ambientes e devem ser indicadas nas
unidades SI.
A faixa de vazão expressa as vazões mínima e
máxima que podem passar dentro da turbina,
tipicamente em m3/s. No dimensionamento, nunca
considerar a vazão mínima como zero.
A sensitividade da turbina é o seu fator K, que Fig. 1.1. Fator K do medidor turbina
é a relação entre os pulsos de saída da turbina
(pulsos por segundo) e a vazão (volume por
segundo). Como conseqüência, o fator K é
expresso em pulsos por m3. Freqüentemente se usa Há sistemas de condicionamento de sinais mais
o K médio, que é a sensitividade medida em toda a complexos que evitam a interferência ou a perda
faixa de interesse do usuário. A média é obtida de pulsos durante a transmissão do sinal, usando
tomando-se os fatores Kmax e Kmin. um comprador de pulsos e envolvendo duas
bobinas detectoras (A e B) e a tomada de dois
cabos separados para os circuitos eletrónicos. O
comprador de pulsos monitoriza os dois sinais. Se
qualquer pulso é perdido ou detectado na outra
linha, a seqüência correta dos pulsos (A, B, A, B,
A, B, A) será interrompidas. Qualquer pulso falso
é registrado e a leitura do totalizador associado
será corrigido de acordo.

Fig. 12.8. Turbina com detector e pré-amplificador


A queda de pressão através da turbina, na
máxima vazão de projeto, é expressa em kPa a
uma vazão máxima, quando usada como o fluido

215
Turbina
Desempenho longos períodos com velocidade muito elevadas,
pois isso é prejudicial a vida aos mancais e a
A característica mais importante do medidor precisão do medidor.
tipo turbina é sua altíssima precisão. A turbina é A turbina para gás possui uma linearidade pior
usada como o padrão de oficina em laboratórios de do que a turbina para liquido. É mais problemática
calibração de vazão. Porém, o desempenho da o aumento da rangeabilidade da turbina de gás,
turbina depende da natureza do fluido e da faixa pela diminuição da vazão mínima.
de medição da vazão. A perda de carga, o fator do A linearidade de uma turbina depende da faixa
medidor, a amplitude da tensão e a freqüência do de operação e da viscosidade do fluido do
sinal de saída dependem do fluido e da vazão. A processo. A linearidade típica é de ±0,5 % e se
turbina necessita da calibração para o aplica para fluidos com viscosidade cinemática
estabelecimento do fator do medidor e das próxima de 1 cSt (água). Acima de 1 cSt, a
características gerais de desempenho. A precisão linearidade da turbina se degrada
do medidor tipo turbina dependente do erro progressivamente.
inerente da bancada de calibração.
Os parâmetros da precisão do medidor são a Rangeabilidade
repetitividade e a linearidade. A rangeabilidade é a relação entre a vazão
máxima e a vazão mínima para a qual mantida a
precisão especifica do medidor.
Por ser um medidor com relação matemática
linear entre a freqüência e a vazão, a turbina
possui uma rangeabilidade típica de 10:1. A vazão
máxima pode ser estendida de 100%, durante
curtos intervalos de tempo, sem estrago para a
turbina. As penalidades possíveis pela operação
acima da faixa é o aumento da queda de pressão
através da turbina e um desgaste maior dos
Fig. 12.9. Ligações da turbina mancais por causa da maior aceleração.
O uso do detector com rádio freqüência,
mandatário para turbinas menores que 2", aumenta
A repetitividade típica da turbina é de 0,1%. a rangeabilidade diminuindo o valor da vazão
A linearidade é definida como o máximo mínima, pois elimina as forças de arraste
desvio em percentagem do fator K médio sobre a magnético. O aumento da rangeabilidade da
rangeabilidade normal de 10: 1. turbina pela diminuição da vazão mínima se aplica
principalmente na medição de líquidos.
K - K médio
Linearidad e = ( )máximo × 100% Tempo de resposta
K médio
A capacidade de responder rapidamente as
condições da vazão é uma das vantagens da
A curva de freqüência x vazão representa o turbina. A constante de tempo depende do
fator K (pulsos/volume), onde a linearidade é a tamanho do medidor, da massa do rotor e do
variação do fator K em relação a um valor nominal projeto das lâminas. A constante de tempo típica
num ponto na curva. É uma reta inclinada, com varia entre 5 e 10 mili-segundos para turbinas de
não-linearidade próxima do zero. até 4" de diâmetro.
A faixa linear de um medidor de turbina é a
faixa de vazão na qual o fator K permanece Fatores de Influência
constante dentro dos limites declarados. A curva é Os medidores tipo turbina alcançam uma
uma reta horizontal com uma parte não linear, na precisão excepcionalmente boa quando usados sob
região de baixa vazão. A não-linearidade é as devidas condições operacionais: no entanto, são
resultante dos efeitos de atrito dos mancais, arraste muitos os fatores que podem ter um considerável
magnético e o perfil da velocidade dentro do efeito sobre o desempenho dos medidores tipo
medidor. turbina: número de Reynolds, viscosidade, valor e
Em vazões muito baixas as forças de retardo perfil da velocidade.
ultrapassam as forças hidrodinâmicas e o medidor
deixa de responder para vazões abaixo de um Número de Reynolds
limite mínimo. Na outra extremidade, desde que a
O número de Reynolds influi na medição feita
alta pressão evite a cavitação, a velocidade pode
pela turbina porque ele determina o torque que o
ultrapassar de 1,5 a 2 vezes a máxima
fluido exerce no rotor da turbina. O número de
especificada, durante curtos períodos de tempo,
Reynolds relaciona as forças de inércia com as
sem problemas. A turbina não deve operar durante

216
Turbina
forças viscosas. O denominador do número está A maioria dos fabricantes sugere instalações
relacionado com as forças de retardo do rotor e o com 20 D de trechos retos a montante e 5 D a
numerador está relacionado com o momento do jusante, onde D é o diâmetro da tubulação.
fluido. Para a turbina funcionar corretamente é Quando não são disponíveis trechos retos de
necessário que o momento do fluido prevaleça tamanhos suficientes, usam-se retificadores de
sobre as forças de atrito, ou seja que o número seja vazão; o valor típico do trecho reto a montante cai
muito maior que o denominador. Para um medidor para 10 D, quando se usa retificador.
tipo turbina funcionar devidamente, recomenda-se
que esteja operando em estado de vazão Cavitação
turbulento, que é descrito por Re maior que 4000. A baixa contra pressão pode causar cavitação
num medidor tipo turbina. Basicamente, a
Viscosidade cavitação é a ebulição do liquido causada pela
O arraste viscoso do fluido age sobre todas as redução na pressão ao invés da elevação na
partes moveis da turbina, provocando um torque temperatura.
de retardo sobre o rotor. O desvio do fluido pelas A perda de carga é aproximadamente
pás do rotor provoca uma alteração no momento proporcional ao quadrado da vazão e é tipicamente
do fluido e uma força motriz. O rotor gira, então, a de 3 a 10 psi. Há uma vazão máxima em que o
uma velocidade em que a força motriz cancela medidor pode operar para uma pressão de entrada
exatamente o torque de retardo. constante devido a cavitação. Quando a pressão do
A faixa linear do medidor é o parâmetro mais liquido se aproxima de sua pressão de vapor, a
afetado pela variação da viscosidade. A vaporização local pode acontecer logo atrás das
experiência mostra que para viscosidade pás do rotor, provocando um aumento artificial na
cinemática acima de 100 cS a turbina não mais velocidade do fluido, que pode aumentar
apresenta a região linear. O arraste da viscosidade drasticamente o fator K.
também contribui para a queda da pressão através Como regra, a mínima pressão a jusante deve
do medidor e em altas viscosidades, limita a ser o dobro da máxima queda de pressão na
máxima vazão possível. turbina mais duas vezes a pressão de vapor do
O tamanho da turbina é também importante e o liquido medido.
medidor menor é mais sensível a viscosidade que
o maior. Perfil da velocidade
O efeito da variação da viscosidade depende A geometria do sistema de tubos a montante e
do tipo do rotor; turbina com lâminas paralelas é imediatamente a jusante do rotor afeta o perfil da
mais afetada pela variação da viscosidade. velocidade do fluido. Os distúrbios provocados
Para uma mesma pressão, a vazão diminui por válvulas de controle, curvas, redutores de
quando a viscosidade do fluido aumenta. Para uma pressão, tomadas de instrumentos . devem ficar
dada vazão, um aumento da viscosidade pode suficientemente distantes da turbina. A maioria
apresentar uma redução no fator K do medidor. das turbinas já possuem em sua entrada e saída
A viscosidade do liquido é altamente retificadores da vazão.
dependente da temperatura. Um aumento da
temperatura causa uma diminuição da viscosidade. Erosão e desgaste
Por esta razão, a variação da temperatura altera A erosão provoca a deterioração gradativo no
consideravelmente o desempenho da turbina. desempenho da turbina e pode até destruir
rapidamente os seus internos. O grande desgaste
Densidade dos mancais aumenta o atrito nos mesmos. A
Conforme se verifica no número de Reynolds, erosão pode afetar o balanceamento da turbina e
a densidade está no numerador, representando um como afetar o seu fator K. O uso de filtros
fator no momento do fluido. Quando o momento eficientes conserva e aumenta a vida útil das
do fluido é alterado, a rangeabilidade deve ser turbinas, evitando alterações do fator K.
alterada a fim de proporcionar o mesmo torque
mínimo necessário do rotor no extremo inferior da Seleção da turbina
força de vazão. Ao ajustar a vazão mínima do
medidor tipo turbina, a repetitividade e a faixa Na escolha da turbina, As seguintes
linear se alteram. características mecânicas devem ser especificadas:

Instalação Fluidos medidos


Como a maioria dos medidores de vazão, a Os líquidos ou gases que estão em contato com
turbina também é afetada pelos efeitos de uma as partes molhadas, por exemplo, óleo
instalação com dispositivos geradores de combustível, acido clorídrico, água, CO2.
distúrbios a montante, como válvula, curvas,
junções tees, mau alinhamento.

217
Turbina
Configuração e dimensões Quando a turbina é aplicada em serviço
Para as turbinas flangeadas, o tamanho continuo em uma rangeabilidade menor que 10:1,
nominal da tubulação é o comprimento entre as pode-se escolher uma turbina cuja vazão nominal
flanges. Para as turbinas com rosca macho, o de trabalho esteja próxima do ponto médio da
tamanho nominal da tubulação é o comprimento faixa em vez do ponto máximo da faixa, para
total. aumentar a vida útil dos mancais e suportes.
A não ser que as conexões do processo sirvam A turbina é dimensionada pela vazão
como montagem, o desenho esquemático deve volumétrica. Cada medidor possui valores típicos
indicar o método de montagem, com o tamanho de vazões máxima e mínima e raramente estes
dos furos, centros e outras dimensões pertinentes, valores podem ser ultrapassados. Os diâmetros das
incluindo o tipo de rosca, se usada. turbinas variam de 1/2" (12 mm) a 20" (500 mm).
Quando o peso da turbina for muito grande, No dimensionamento da turbina é
deve ser considerado o uso de suportes, para recomendado que a máxima vazão de trabalho
garantir o alinhamento dela com a tubulação e esteja entre 70% e 80% da máxima vazão do
para evitar tensões na estrutura. medidor. Isto resulta em uma rangeabilidade de
7:1 a 8:1 e há uma reserva de 25% para futura
Marcação expansão ou para a vazão aumentar. Quando se
As seguintes informações devem ser marcadas quer uma rangeabilidade de 10:1, deve-se usar a
permanentemente no corpo da turbina: o nome do vazão máxima de operação igual a capacidade
fabricante, o modelo, o número de série, a direção máxima da turbina.
da vazão e o tamanho nominal do tubo. Para se ter um ótimo desempenho e alta
Opcionalmente ainda podem ser especificadas rangeabilidade, a maioria das turbinas é projetada
outras características mecânicas e elétricas da para uma velocidade nominal de 9 m/s. Esta
turbina e outros dados da vazão do processo. velocidade é maior que as velocidades
convencionais dos projetos de tubulações, típicas
de 2 a 3 m/s. Como conseqüência, se a turbina é
selecionada para ter o mesmo diâmetro da
tubulação, a rangeabilidade da medição fica muito
pequena; aproximadamente de 2:1 a 3:1. Por isso,
o importante no dimensionamento da turbina não é
o seu diâmetro nominal mas a vazão volumétrica
que ela é capaz de suportar. Assim, na escolha do
diâmetro correto da turbina, é aceitável e normal
que o diâmetro da turbina seja sempre menor que
Fig. 12.10. Plaquetas de turbinas o da tubulação. Esta regra pode ser usada como
detectora de erro: quando o diâmetro da turbina
for igual ou maior do que o da tubulação, há erro
de calculo ou de dados da vazão.
Dados do processo Como conseqüência dos diâmetros diferentes
A escolha da turbina requer o conhecimento da tubulação e da turbina, é necessário o uso de
completos dos dados do processo, como os valores retificadores de vazão apropriados e adaptadores.
mínimo, normal e máximo da vazão, temperatura e Como a turbina possui o diâmetro menor que o da
pressão do processo. tubulação, usam-se cones de adaptação
Para fins de escolha do instrumento receptor, é concêntricos, com ângulo de inclinação de 15o.
importante conhecer a tensão de saída da turbina, Deve-se cuidar que a turbina e a tubulação estejam
expressa em volts pico e a freqüência na máxima perfeitamente alinhadas e evitar que as gaxetas
vazão de projeto expressa em Hz. provoquem protuberâncias na trajetória da vazão.
Outro aspecto que deve ser considerado na
escolha do tamanho da turbina é a pressão estática
Dimensionamento disponível na linha. A turbina produz uma perda
A escolha do tamanho correto da turbina de pressão típica de 20 a 35 kPa (3 a 5 psi) na
requer o conhecimento da máxima vazão do máxima vazão. A perda de carga é proporcional ao
processo, expressa em LPM para os líquidos e em quadrado da vazão, análoga a placa de orifício.
m3/h reais para os gases. Quando se tem a vazão Como conseqüência, se a turbina está operando na
padrão, deve-se converte-la na vazão real. capacidade de 50% da máxima, a perda de pressão
A partir da vazão máxima conhecida, é 25% da máxima pressão diferencial.
seleciona-se o menor medidor da tabela que tenha A mínima pressão ocorre em cima do rotor,
a vazão normal máxima maior ou igual a vazão com uma grande recuperação depois do rotor.
máxima do processo a ser medida. São disponíveis Assim, a pressão da linha deve ser suficientemente
turbinas para a medição de vazões muito baixas. elevada para evitar que o liquido se vaporize e

218
Turbina
provoque a cavitação. Para evitar a cavitação, a evitar que a tubulação exerça pressão e tensão
pressão da linha deve ser no mínimo igual a 2 mecânica sobre o corpo da turbina.
vezes a pressão diferencial máxima através da A turbina deve ser instalada de conformidade
turbina mais 1,25 vezes a pressão de vapor do com a seta de direção marcada no seu corpo. É
liquido. Quando a pressão a jusante não é possível se ter turbinas especiais, capazes de medir
suficiente para satisfazer esta exigência, a solução a vazão nos dois sentidos. Ela necessita de um
é usar uma turbina maior, que irá provocar menor fator de calibração aplicável nos dois sentidos e
perda de carga, mas em detrimento de uma menor um projeto especial das peças internas.
rangeabilidade. A turbina deve ser instalada na mesma posição
Se ocorrer a cavitação, haverá um erro de em que ela foi calibrada, usualmente na posição
leitura a mais que a real. A cavitação pode destruir horizontal.
o rotor e os suportes da turbina, por causa de sua O liquido medido no pode conter partículas
alta velocidade. solidas com dimensões máximas maiores do que a
metade do espaço entre as extremidades da lâmina
Considerações Ambientais e o espaço da caixa. A vida útil da turbina será
aumentada com a colocação de um filtro a
Várias condições ambientais podem afetar a montante. O tamanho do filtro depende do
operação da turbina. diâmetro da turbina; variando de #170, para
Os componentes eletrónicos devem ser partículas de 88 microns para turbinas de 3/8" de
alojados em caixa a prova de tempo, para eliminar diâmetro até #18 para partículas de 1000 microns
os problemas de umidade. para turbinas de 1 1/2 ".
A temperatura da turbina é principalmente
determinada pela temperatura do processo. Porém,
a temperatura da bobina de transdução e o
conector pode ser influenciada pelo ambiente. As
baixas temperaturas geralmente não causam
problemas mas as altas temperaturas podem afetar
a isolação.
A vibração mecânica encurta a vida útil da
turbina e pode provocar erros sistemáticos nos
dados obtidos.
Os campos magnéticos e as linhas de Fig. 12.11. Instalação típica de turbina
transmissão na proximidade da turbina podem
introduzir ruídos espúrios, se o circuito não está
adequadamente blindado.
Operação
A pulsação da vazão pode produzir erros ou
estragos na turbina.
Deve se cuidar para que as condições de Pressão do fluido
operação estejam dentro dos limites estabelecidos Uma pressão mínima a jusante da turbina para
na especificação do fabricante. qualquer instalação deve ser mantida para evitar
uma variação no fator de calibração devido à
Instalação da Turbina cavitação. A mínima pressão depois da turbina é
função da pressão de vapor do liquido e da
A turbina é afetada pela configuração da linha presença de gases dissolvidos. A mínima pressão a
a montante e a jusante. Isto é causado jusante pode ser determinada experimentalmente e
principalmente pelo redemoinho do liquido que é definida como a pressão em que o fator de
flui e por isso a configuração a montante é muito calibração em 125% da vazão máxima nominal
mais influente que a jusante. Tipicamente, a aumenta 0,5% em relação ao fator de calibração
turbina requer trechos retos maiores que os correspondente obtido na mesma vazão mas com
exigidos pela placa de orifício. Quando o uma pressão maior de 7,0 x 104 Pa. A pressão
fabricante não especifica diferente ou não se tem mínima a jusante deve ser medida no ponto de 4 D
as regras tratadas nas normas (API 2534, ASME: depois da turbina.
Fluid Meters - Their Theory and Application),
deve se usar trechos retos iguais ao mínimo de 20 Instalação elétrica
D antes e de 5 D depois da turbina. Pode-se usar Um cabo com dois ou três condutores,
retificador de vazão antes da turbina e o próprio blindado, deve ser usado na saída da turbina. A
suporte do rotor age como um retificador de bitola do fio deve ser baseada na atenuação
vazão. Raramente é usado, mas é possível que aceitável do sinal. A fiação de sinal deve ser
grandes distúrbios depois da turbina requeiram o segregada da fiação de potência. A blindagem do
uso de retificador de vazão a jusante. Deve se cabo deve ser aterrada em apenas um ponto.
Normalmente ela é aterrada na extremidade da

219
Turbina
turbina. O aperto excessivo nas Conexões elétricas secagem após a operação de lavagem. Alguns
pode danificar a bobina de transdução e até o solventes apropriados seriam: álcool etílico,
corpo da turbina, dependendo do material. freon, solvente padrão ou tricloro etileno.
Para inspeção e limpeza das partes internas, o
Verificação do funcionamento mecânico conjunto do rotor pode ser retirado da carcaça. O
O tipo do procedimento de teste depende da conjunto do suporte do rotor e a carcaça podem ser
aplicação da turbina. O mais compreensivo teste limpos com solvente ou álcool. Se o transdutor
envolve o circuito eletrónico associado e o
equipamento de indicação. O teste de verificação Calibração
do spin do rotor deve ser feito com cuidado,
usando um fluido que tenha uma lubricidade Não se pode ajustar o medidor de vazão tipo
compatível com o tipo do suporte usado e que não turbina, pois ela não possui parafusos de ajustes de
provoque uma super velocidade no rotor. A zero ou de largura de faixa. O que realmente se
turbina medidora de vazão é um instrumento de deve fazer periodicamente na turbina é a sua
precisão e pode se danificar se uma mangueira de calibração (aferição). Calibrar a turbina é levantar
alta pressão de ar é utilizada para sua limpeza ou de novo o seu fator K, que representa a
para a verificação da rotação do rotor. correspondência do número de pulsos com a vazão
Mais medidores de vazão são danificados por medida. Para se fazer esta calibração deve se
excesso de velocidade no rotor durante a partida conhecer a vazão simulada, com uma precisão
do que por qualquer outra razão. Para evitar danos superior à da turbina. Na prática, esta aferição é
no medidor, a vazão de fluido deve ser aumentada chamada de calibração.
gradualmente até o medidor atingir a vazão A rastreabilidade é a capacidade de demonstrar
desejada. que determinado medidor de vazão foi calibrado
É recomendado que a turbina de vazão seja por um laboratório nacional de referência ou foi
instalada de forma que ela permaneça cheia de calibrado em comparação com um padrão
fluido quando a vazão cessa. Quando o medidor de secundário referido a uma padrão primário. Por
vazão é deixado instalado em uma linha que está exemplo, nos EUA, o padrão primário é dado pelo
temporariamente fora de serviço e tenha sido National Institute of Standards and Technology
parcial ou completamente drenada, pode ocorrer (NIST), ex-National Bureau of Standards (NBS).
severa corrosão dos rolamentos ou dos internos. Os métodos de calibração aceitáveis para a
Se durante estes períodos de parada houver turbina são do tipo: gravimétrico, volumétrico e de
qualquer duvida sobre o nível do fluido na linha e comparação. Cada tipo possui vantagens e
se for economicamente viável e as condições desvantagens, dependendo do tipo do fluido e da
permitirem, a turbina deve ser removida, limpada operação.
e guardada. Quando a turbina vai ser guardada ou Os métodos gravimétricos requerem que a
não utilizada por um longo período, deve ser densidade do fluido seja determinada com
impregnada em um preservativo anti-corrosão ou precisão, desde que ela é a base para a conversa de
óleo de maquina. volume massa. O efeito do gás adicionado ao
tanque de peso em calibradores gravimétricos
Manutenção fechados deve também ser considerado. O fator do
empuxo para o ar, em calibradores gravimétricos
A manutenção de uma turbina, a nível de abertos é função da densidade do fluido.
usuário, consiste de uma inspeção periódica para O método volumétrico é mais direto, desde que
assegurar que as partes internas não sofreram não haja conversa de massa para volume. O
qualquer corrosão ou incrustação pelo fluido calibrador pode ser do tipo aberto para uso de
medido. Caso alguma peça tenha sido danificada, liquido com baixa pressão de vapor ou do tipo
ela deverá ser substituída, pelo usuário ou pelo fechado, em que uma pressão a jusante maior do
fabricante. Quando se trocam os internos da que a atmosférica é mantida para evitar a perda do
turbina é conveniente que seja levantado o fator K liquido do vaso por evaporação.
da turbina. Os métodos de calibração podem ainda ser
Uma das maiores causas de um desempenho classificados como estáticos ou dinâmicos.
fraco da turbina é o deposito de sujeira sobre os No método estático, a pesagem ou a medição
mancais ou suportes. Quando resíduos duros ou do volume ocorre somente nos intervalos em que o
gelatinosos estão depositados dentro dos mancais fluido não está entrando ou saindo do vaso. Este
do rotor a liberdade de rotação da unidade será método é muito preciso quando feito em condições
fortemente prejudicada. Portanto é recomendado, apropriadas e deve incluir as verificações estáticas
sempre que possível, que o medidor tipo turbina contra as unidades de referência de massa ou
seja cuidadosamente lavado com um solvente volume rastreadas do NIST.
apropriado, após um determinado tempo de uso. O No método dinâmico, a medição do volume ou
solvente deve ser quimicamente neutro e da massa ocorre enquanto o fluido está entrando
altamente volátil de modo que haja completa ou saindo do vaso de medição. Embora mais

220
Turbina
conveniente para muitas aplicações, ele pode Fluido
envolver erros dinâmicos que não podem ser O liquido usado para fazer a calibração deve
detectados pelas verificações estáticas com as ser o mesmo do processo cuja vazão será medida
unidades de referência e de massa. Os calibradores pela turbina e as condições de operação devem ser
dinâmicos devem ser verificados cuidadosa e duplicadas. Quando não é possível usar o fluido do
periodicamente por correlação, para garantir que processo, deve se usar o fluido substituto com a
não há erros dinâmicos significativos. viscosidade cinemática e a densidade relativa
Há dois procedimentos básicos para proceder a (gravidade especifica) dentro de 10% daquelas do
calibração da turbina: parte-e-pára em operação e fluido de operação. A lubricidade de um liquido
parte-e-pára parado. Deve ser selecionado o tipo não pode ser bem definida como a densidade e a
que mais se aproxima da aplicação real do viscosidade, mas este parâmetro também deve ser
medidor. considerado.
O método parte-e-pára em operação requer a Deve se usar filtro antes da turbina, para
manutenção de uma vazão constante através da protege-la contra sujeira e má operação. O grau de
turbina antes, durante e depois da coleta do fluido filtragem depende do tamanho do medidor. Deve
no vaso de medição. Isto é conseguido usando-se se usar um filtro de 50 micron ou menor, quando
um divertedor (diverter) de vazão, cujo se tem um sistema de calibração com vários
movimento é sincronizado com o acionamento e a tamanhos de turbinas.
parada do contador eletrónico.
O método parte-e-pára requer a condição de Posição
vazão zero antes e no fim da calibração e que, no A turbina deve ser instalada como indicada
mínimo, em 95% do tempo total a vazão esteja no pela flecha de direção marcada no seu invólucro.
valor desejado. Isto é implementado com válvulas A turbina normalmente é calibrada na posição
solenóides sincronizadas com a ação do contador horizontal com o elemento de transdução vertical e
eletrónico. na parte superior. Quando a instalação de serviço é
A bancada de calibração deve reproduzir as diferente da horizontal, a inclinação pode causar
condições reais da aplicação da turbina, utilizando uma variação no fator de calibração, por causa do
o mesmo fluido do processo, com a duplicação dos desequilíbrio axial. A orientação do elemento de
valores da densidade, viscosidade, pressão, transdução também pode causar um erro devido a
temperatura. relação das forças de arraste magnético e da
gravidade.
Cuidados e procedimentos

Tubulação
A tubulação entre a turbina e o vaso de
medição deve ser curto, com volume desprezível
em relação ao volume medido e projetado para
eliminar todo ar, vapor e gradientes de
temperatura. Ele deve ser construído para garantir
que todo o liquido e somente este liquido passando
através da turbina está sendo medido.

Válvula de controle de vazão


A válvula de controle de vazão deve ser
colocada depois do medidor de vazão para reduzir
a possibilidade de ocorrer a vazão com as duas
fases (liquido/vapor) dentro da turbina sob teste.
Quando isto não é pratico, deve-se instalar um
regulador da pressão a jusante da turbina, para
manter a pressão a montante (back pressure)
requerida.
Métodos positivos, se possível visuais, devem
garantir que a ação da válvula de fechamento
(shut-off) é positiva e que não ocorre vazamento
durante o intervalo de calibração.
A capacidade mínima do vazão de medição
depende da precisão requerida e da resolução do
indicador e da turbina sob teste.

221
Turbina

Fig. 10.16. Folha de Especificação para um medidor de vazão tipo turbina

222
Deslocamento Positivo

Deslocamento Positivo

1. Introdução
O medidor de vazão com deslocamento
positivo retira a energia do fluido para seu
funcionamento. Os medidores podem medir
líquidos e gases. Eles podem ser construídos com
pistão rotativo, com pistão reciprocante, com disco
nutante, com lâminas rotatórias e com
engrenagens ovais. Qualquer que seja a
construção, todos funcionam sob o mesmo
princípio simples de deslocar volumes discretos e
conhecidos do fluido, da entrada para a saída do Fig. 13.1. Princípio de funcionamento do medidor de
instrumento e contar tais volumes. vazão a deslocamento positivo: volumes discretos
passam da entrada para a saída do medidor, acionando
2. Princípio de operação um contador

O princípio de Arquimedes estabelece que 3. Características


qualquer objeto submerso em um fluido desloca o
seu volume de fluido. Se o volume deslocado é Enquanto a maioria dos medidores de vazão
mais pesado, o objeto flutua no fluido; se o mede a velocidade do fluido e infere a vazão
volume deslocada é mais leve, o objeto afunda no volumétrica desta velocidade, o medidor a
fluido. Por exemplo, o balão com ar aquecido deslocamento positivo não mede a vazão
flutua porque ele desloca um volume de ar frio que instantânea, mas totaliza diretamente o volume,
pesa mais que o peso do balão. A pedra afunda na embora alguns também forneçam uma saída
água por que ela desloca um volume de água que analógica proporcional a vazão. Os medidores de
pesa menos que o peso da pedra. vazão de deslocamento positivo são considerados
Na medição de vazão por deslocamento geradores de pulso, porque cada volume discreto
positivo aplica-se o vice-versa do princípio de de fluido é representado por um pulso ou uma
Arquimedes: um volume discreto de fluido unidade contável. A soma dos pulsos resulta na
desloca ou move um corpo solido. quantidade total da vazão.
A característica básica do medidor de vazão a O medidor de deslocamento positivo pode ser
deslocamento positivo é a passagem do fluido considerado um tipo de motor fluido. A pressão
através do elemento primário em quantidades diferencial entre o medidor é a força acionante que
discretas. Desde que se conheça o volume de cada opera com alta eficiência volumétrica sob uma
quantidade e se conte o número das quantidades pequena carga. Esta carga é provocada por dois
isoladas, obtém-se o volume total. motivos: um devido ao atrito no elemento de
O medidor a deslocamento positivo divide a medição e no mecanismo de indicação ou registro,
vazão de líquidos em volumes separados a outra devido a perda de pressão resultante da
conhecidos, baseados nas dimensões físicas do restrição da vazão. O trabalho feito pelo "motor"
medidor, conta-os ou totaliza-os. Eles são contra estas cargas resulta em perda de carga
medidores mecânicos em que uma ou mais peça permanente irrecuperável.
móvel, localizada no jato da vazão, separa Como os medidores de gás medem o volume
fisicamente o líquido em incrementos. A energia nas unidades reais, referidas as condições do
para acionar estas peças é extraída do fluido do processo, devem ser feitas correções
processo sob medição e apresenta uma queda de continuamente na temperatura e na pressão. A
pressão entre a entrada e a saída do medidor. A precisão varia tipicamente de ±0,5 a ±1% da vazão
precisão geral do medidor depende dos pequenos medida. A rangeabilidade pode variar entre 20:1 a
espaçamentos entre as partes moveis e fixas e dos 50:1, dependendo do projeto. A precisão e a
comprimentos destas extensões de vazamento. repetitividade são convenientes para aplicações de
Assim, a precisão tende a aumentar, quando o transferências comerciais, de bateladas e de
tamanho do medidor aumenta. mistura. O perfil existente da velocidade no fluido
não afeta o desempenho, de modo que o medidor
pode ser colocado praticamente em qualquer parte
da tubulação do sistema.

223
Deslocamento Positivo
Normalmente, todos os medidores de vazão fluido especifico. As viscosidades acima do limite
com deslocamento positivo são calibrados para não afetam o desempenho da medição. Realmente,
garantir um alto grau de precisão. A precisão quanto maior a viscosidade, melhor é o
depende do tamanho do medidor, do tipo de desempenho, embora a alta viscosidade aumente a
serviço, das exigências contratuais legais. O queda de pressão, porque as peças moveis
medidor da bomba de gasolina deve ter a precisão consomem mais energia para deslocar o fluido.
de ±1 % para instalações novas. Na prática o erro Como a alta queda de pressão apressa o
é de ±2%. Com cuidado e calibração pode se ter a desgaste, a maioria dos fabricantes especifica uma
precisão de ±0,5 % do valor medido. queda máxima de pressão permissível e especifica
A rangeabilidade do medidor de gás a a capacidade com a viscosidade crescente. Com
deslocamento positivo é limitada pelo projeto do fluidos muito viscoso, rotores com maiores folgas
medidor. Em baixas vazões, a quantidade de gás permitem maiores vazões.
não medido que pode vazar através dos selos na Os erros na medição são devidos
câmara de medição pode tornar uma fração principalmente aos vazamentos do fluido não
substancial da vazão total. Isto piora medidos da entrada para a saída do medidor. O
sensivelmente a precisão do medidor. A termo usado para expressar o vazamento em
rangeabilidade é, portanto, relacionada com a medidores de vazão com deslocamento positivo é
eficiência dos selos. o deslizamento (slip).
Geralmente, maiores capacidades podem ser
conseguidas se os medidores de gases são 4. Tipos de Medidores
operados em maiores pressões. Entretanto, por
causa da maior capacidade significar maior Os medidores a deslocamento positivo se
desgastes das peças do medidor, os fabricantes baseiam em diferentes mecanismos acionadores do
podem colocar limitações na máxima capacidade, fluido, tais como: disco nutante, engrenagens
baseando-se na maior velocidade permissível para ovais, pistão rotatório, pistão reciprocante, rotor
as peças moveis que mantém a precisão sobre espiral, lâmina rotatória.
longos períodos de tempo. Sujeira no fluxo do gás
pode se sedimentar no medidor e aumentar o
desgaste das peças moveis.
Não há peças moveis especificas que
requeiram manutenção regular e substituição.
Porém, o fluido deve ser limpo e definitivamente
não pode conter partículas abrasivas. Os líquidos
devem ter propriedades lubrificantes. O vapor
entranhado no líquido ou a cavitação pode
provocar super velocidade e eventualmente pode
danificar o medidor.
Quando estes medidores são volumosos, Fig. 13.2. Medidor a deslocamento positivo com disco
devem ser usados fundações ou suportes, similares nutante
aqueles usados em bombas. O custo relativamente
elevado do equipamento e de sua operação pode
ser plenamente justificado pela excepcional
precisão, pela capacidade de medir baixas vazões, Disco Nutante
pela repetitividade e pela rangeabilidade.
O medidor a deslocamento positivo com bom O medidor a deslocamento positivo com disco
desempenho deve manter a isolação das nutante, conhecido como medidor de disco, é
quantidades, obtida através de dois tipos de usado extensivamente para o serviço de medição
selagem: a positiva e a capilar. A selagem positiva de água residencial. O conjunto móvel, que separa
pode usar um selo flexível (p. ex., água) ou um o fluido em incrementos, consiste de disco +
selo mecânico. Em qualquer caso, o selo deve esfera + pino axial. Estas peças se fixam numa
evitar vazamentos do fluido para e da câmara de câmara e a dividem em quatro volumes, dois
isolação. A selagem capilar prove um selo através acima do disco na entrada e dois debaixo do disco
da tensão superficial de um filme ou fluido entre na saída. Quando o líquido tenta fluir através do
duas superfícies que não estão em contato físico medidor, a queda de pressão da entrada para a
de uma câmara de isolação. saída faz o disco flutuar e para cada ciclo de
Como o fluido deve fazer uma selagem, o flutuação, indicar um volume igual ao volume da
medidor a deslocamento positivo de líquido é medidora, menos o volume do conjuntos do disco.
sensível a variação da viscosidade. Abaixo de uma A extremidade do pino axial, que move em um
"viscosidade limite", tipicamente de cerca de 100 circulo, aciona uma came que está ligada a um
centistoke, o medidor deve ser calibrado para o trem de engrenagens e registra o total da vazão.

224
Deslocamento Positivo
Este medidor possui imprecisão de ±1 a ±2% do Um braço atuado pelo movimento reciprocante
fundo de escala. É construído para pequenos dos pistões aciona o registro. Estes medidores são
tamanhos e sua capacidade máxima é de 150 GPM largamente usados na indústria de petróleo, com
(570 LPM). uma precisão de ±0,2% do fundo de escala.

Lâmina Rotatória
Este medidor de vazão possui lâminas
tencionadas por molas, que selam os incrementos
do líquido entre o rotor excentricamente montado
e a caixa, transportando o líquido da entrada para a
saída, onde ele é descarregado devido ao volume
que diminuir. Este medidor é o mais usado na
indústria de petróleo, aplicado para medir
gasolina, óleo diesel, querosene com faixas de
alguns GPM de líquidos de baixa viscosidade até
17.5000 GPM (66,5 LPM) de fluidos viscosos. A
imprecisão é de ±0,1%; alguns medidores
apresentam imprecisão de ±0,05% do fundo de Fig. 13.4. Medidor a DP com pistão
escala. Os materiais de construção são variados e
podem ser usados em altas temperaturas e
pressões, como 180 oC e 1 000 psig (7 MPa).
Medidor com Engrenagens Ovais
O medidor de engrenagens ovais pertence à
classe dos medidores de deslocamento positivo,
com extração da energia do processo, intrusivo e
com saída linear em relação a vazão.
O medidor possui uma câmara de medição
com duas engrenagens ovais acopladas entre si e
girando em sentidos contrários. Estas engrenagens
giram muito próximas da parede da câmara,
isolando os volumes do líquido. A câmara de
Fig. 13.3. Medidor a deslocamento positivo com medição possui uma entrada e uma saída. As duas
lâminas rotatórias engrenagens iniciam seu movimento devido ao
diferencial de pressão existente entre a entrada e a
saída. A cada giro completo das engrenagens,
Pistão Oscilatório quatro volumes discretos são transportados da
entrada para a saída do medidor, havendo uma
A porção móvel deste medidor consiste de um proporcionalidade entre a rotação e o volume
cilindro que oscila em torno de uma ponte dividida transferido.
que separa a entrada da saída. Quando o cilindro Esta rotação, normalmente transmitida por
oscila em torno da ponte, o pino faz uma rotação acoplamento magnético, passa por unidades
por ciclo. Esta rotação é transmitida a um trem de redutoras de velocidade, que permitem a
engrenagens e registra diretamente ou instalação de contadores ou indicadores locais,
magneticamente através de um diafragma. Este transmissão de pulsos eletrônicos à distancia ou
medidor, usado em medição da água domestica, transmissão de sinal analógico proporcional à
tem a capacidade de manipular líquidos limpos vazão instantânea.
viscosos e corrosivos. A imprecisão é da ordem de
±1% do fundo de escala. É usado em pequenos
diâmetros, para medir baixas vazões. O custo
depende do tamanho e dos materiais de
construção.

Pistão Reciprocante
O mais antigo dos medidores a deslocamento
positivo, este medidor é disponível em várias
formas: com vários pistões, com pistão de dupla
ação, com válvulas rotatórias, com válvulas Fig. 15.6. Medidor de vazão a DP com engrenagens
deslizantes horizontais. ovais

225
Deslocamento Positivo
Para manter as forças de atrito e as perdas de por seus internos, sucessivamente enchendo e
carga num valor mínimo, as engrenagens ovais esvaziando os compartimentos com uma
giram totalmente livres. Elas tocam apenas na quantidade fixa de gás. O enchimento e o
linha de acoplamento e não tocam na câmara de esvaziamento são controlados por válvulas
medição, deixando pequena área ou fenda entre as convenientes e são transformados em um
engrenagens e a câmara. movimento rotatório para operar um contador
Como em todos os medidores de deslocamento calibrado ou um ponteiro que indica o volume
positivo, o erro da medição é causado pela vazão total do gás que passou através do medidor.
do fluido através destas fendas e função da O medidor com tambor com líquido de
dimensão da fenda entre as engrenagens e a selagem é o mais antigo medidor de gás a
câmara, do diferencial de pressão entre a entrada e deslocamento positivo. Ele foi desenvolvido no
a saída e da viscosidade do fluido medido. inicio dos anos 1800s e foi usado por muitos anos
Um aspecto importante da precisão do medidor durante a era da iluminação a gás. Este tipo ainda
com engrenagens é a relação da área da fenda com disponível é ainda um dos mais precisos
o volume da câmara de medição. Quando o medidores do tipo deslocamento positivo.
volume da câmara de medição aumenta, o volume Atualmente, são usados em laboratórios, como
medido cresce ao cubo e a área da fenda cresce ao teste, medições de planta piloto e como padrão
quadrado. para outros medidores.
A precisão típica dos medidores com
engrenagem é de ±0,3% do valor medido, numa
rangeabilidade de 10:1.
Para viscosidades altas, a modificação do perfil
dos dentes das engrenagens do medidor permite
diminuir a perda que carga, diminuindo a energia
necessária para eliminar o líquido do espaço entre
os dentes.
Os medidores de engrenagens ovais são
aferidos normalmente com tanques volumétricos
ou medidas de capacidade. A calibração é simples,
consistindo na alteração da relação de transmissão
do medidor, através da troca de pequenas
engrenagens de ajuste.
A calibração pode ser feita pelo próprio
usuário, com o medidor em linha e com o próprio
líquido de operação.
Os medidores de engrenagens ovais são
disponíveis em vários modelos diferentes:
1. medidores com carcaça simples, para
pequenas e médias vazões e pressões.
2. medidores com carcaça dupla, para
medição de vazões médias e grandes,
com altas temperaturas e pressões.
3. medidores com acabamento sanitário,
para medição de produtos alimentícios e
farmacêuticos.
4. medidores com câmara de medição
encamisada, para medição de líquidos
que necessitam de aquecimento ou
resfriamento em linha.
5. medidores com dispositivos para
dosagem local, para possibilitar o
controle automático de pequenas vazões.
6. medidores com gerador de pulsos, para
aplicação com indicação e monitoração
remotas.

5. Medidores para Gases


Os medidores de vazão de gás a deslocamento
positivo mede, passando volumes isolados de gás, Fig. 15.7. Medidor a DP com diafragma e 4 câmaras

226
Deslocamento Positivo
Várias das dificuldades com o medidor com bocais críticos, com precisão variando de ±0,15 a
líquido de selagem, tais como variações no nível ±0,5% do valor medido.
do líquido e no ponto de congelamento foram
superados em 1840 com o desenvolvimento do
medidor com deslocamento positivo tipo
6. Vantagens e Desvantagens
diafragma. Os primeiros medidores eram Os medidores a deslocamento positivo
construídos com pele de carneiro e com caixas fornecem boa precisão (±0,25% do valor medido)
metálicas; hoje são usados o alumínio com e alta rangeabilidade (15:1). Sua repetitividade é
diafragma de borracha sintética. O princípio de
da ordem de ±0,05% do valor medidor. Alguns
operação, porém, continua inalterado há mais de
projetos são adequados para fluidos com alta
150 anos.
viscosidade. Não requerem alimentação externa e
O princípio de operação do medidor a
apresentam vários tipos de indicadores. Seu
diafragma com quatro câmaras é ilustrado na
desempenho praticamente não é afetado pela
figura. A seção de medição consiste de 4 câmaras
configuração a montante do medidor. Eles são
formadas pelos volumes entre os diafragmas e o
excelentes para aplicações de batelada, mistura,
centro de partição e entre os diafragmas e a caixa
blending, desde que são medidas as quantidades
do medidor. A pressão diferencial entre os
reais de líquidos. São simples e fáceis de serem
diafragmas estende um diafragma e contrai o
mantidos, usando-se pessoal regular e ferramentas
outro, alternadamente enchendo e esvaziando os
padrão.
quatro compartimentos. O controle do processo é
Os medidores a deslocamento positivo
através de válvulas deslizantes que estão
requerem peças usinadas com grande precisão
sincronizadas com o movimento dos diafragmas e
para se obter pequenos intervalos, que influem no
temporizadas para produzir uma vazão suave de
desempenho do medidor. Os líquidos medidos
gás, evitando oscilações. O mecanismo está ligado
devem ser limpos, senão o desgaste destruiria
através de engrenagens ao ponteiro que registra o
rapidamente o medidor e degradaria sua precisão.
volume total que passa pelo medidor.
As partículas contaminantes devem ser menores
A especificação de pequenos medidores a
que 100 micros. As peças moveis requerem
diafragma é usualmente feita em ft3/h de gás com
manutenção periódica; os instrumentos podem
densidade relativa igual a 0,6 , que resulta em
exigir recalibração e manutenção periódicas. Eles
queda de pressão de 0,5" de coluna d'água.
podem se danificar por excesso de velocidade e
Medidores maiores são especificados para vazões
requerem alta pressão para a operação. Não
com 2" de coluna d'água de diferencial. Desde que
servem para manipular fluidos sujos, não
a maioria dos medidores é vendida para as
lubrificantes e abrasivos.
companhias distribuidoras de gases, que
manipulam o gás natural com densidade relativa
de aproximadamente 0,60, pode ser necessário 7. Conclusão
determinar a vazão do medidor para outros gases.
A imprecisão do medidor a deslocamento Como classe, os medidores a deslocamento
positivo com diafragma é da ordem de ±1% do positivo são um dos mais usados para a medição
valor medido, sobre uma faixa de 200:1. Esta de volumes, em aplicações de custódia (compra e
precisão se mantém durante vários anos de venda de produtos). Eles são especialmente úteis
serviço. A deterioração do medidor é rara e só quando o fluido medido é limpo e sem sólidos
acontece em condições com alta umidade e grande entranhados. O desgaste das peças introduz a
sujeira no gás. maior fonte de erro. O erro de vazamento
aumenta com fluido de baixa viscosidade. Em
grandes medidores, os efeitos da temperatura na
Calibração dos Medidores de Gases densidade e na viscosidade devem ser
O teste ou proving do medidor de gás é considerados.
usualmente feito usando-se um gasômetro, Os acessórios disponíveis padrão incluem:
referido como "prover". Um cilindro (bell) filtro, conjunto de alivio de ar para remover vapor
precisamente calibrado é selado sobre um tanque, antes do fluido entrar no medidor, válvula de
por um líquido adequado. A parte inferior do desligamento automático para serviços de
cilindro descarrega um volume conhecido de ar batelada, compensadores de temperatura,
através do medidor sob teste para comparar os impressoras manual e automática, geradores de
volumes indicados. Os provers são fornecidos para pulsos para manipulação remota, geradores do
descarregar volumes de 2, 5 e 10 ft3. A imprecisão sinal analógico para monitoração remota.
do prover é da ordem de ±0,1% do valor medido.
Outros dispositivos usados para calibrar os
medidores de gases são orifícios calibrados e

227
Deslocamento Positivo

Fig. 12.9. Folha de Especificação de medidor de vazão a deslocamento positivo

228
Coriolis

Coriolis

1. Introdução
A massa, ao lado do comprimento e do tempo,
constitui a base para toda medida física. Como um
padrão fundamental de medição, a massa não deriva
suas unidades de medida de qualquer outra fonte. As Fig. 14.1. Princípio de funcionamento do medidor: vazão
variações de temperatura, pressão, viscosidade, mássica Coriolis
densidade, condutividade elétrica ou térmica e o
perfil da velocidade não afetam a massa. Tais
imunidade e constância tornam a massa a
propriedade ideal para se medir.
Até recentemente, não existia nenhum método
2. Efeito Coriolis
pratico para medir massa em movimento. Os Qualquer objeto movendo acima da Terra com
usuários tinham de inferir a massa do volume. velocidade espacial constante é defletido em relação
Infelizmente, os medidores de vazão volumétrica a superfície de rotação da terra. Esta deflexão foi
não medem a massa mas o espaço que ela ocupa. discutida inicialmente pelo cientista francês Coriolis,
Deste modo, deve-se calcular os efeitos da na metade do século passado e atualmente é descrita
temperatura e pressão sobre a densidade, quando em termos de aceleração de Coriolis ou da força de
deduzir a massa do volume. Coriolis. A deflexão é para o lado direito, no
A medição direta da vazão de massa evita a hemisfério norte e para a esquerda, no hemisfério
necessidade de cálculos complexos. Ela cuida sul. Os efeitos Coriolis devem ser considerados em
diretamente da massa e desde que a massa não uma variedade de fenômenos em que o movimento
muda, um medidor direto de vazão mássica é linear, sobre a superfície da Terra está envolvido; por
sem as correções e compensações devidas às exemplo:
variações nas propriedades do fluido. 1. os rios no hemisfério sul forçam mais sua
O medidor opera pela aplicação da Segunda Lei margem esquerda do que a direita e o efeito é
de Newton: Força é igual à Massa vezes a mais acentuado quanto maior for a sua latitude,
Aceleração (F = m a). Ele usa esta lei para 2. no hemisfério sul, a água sai da pia girando no
determinar a quantidade exata de massa fluindo sentido horário,
através do medidor. 3. os movimento do ar sobre a terra são
A massa do fluido tem uma velocidade linear governados pela força de Coriolis,
quando ele flui através do tubo sensor. A vibração 4. um termo, devido ao efeito Coriolis, deve
do tubo sensor, em sua freqüência natural em torno sempre ser incluído em equações de balística
do eixo, gera uma velocidade angular. Estas forças exterior,
vibracionais do tubo, perpendiculares à vazão do 5. qualquer bolha de nível sendo usada em navio
fluido, causam uma aceleração na entrada e uma ou avião será defletida de sua posição normal e
desaceleração na saída. O fluido exerce uma força a deflexão será perpendicular a direção do
oposta a si próprio, que resiste às forças movimento do navio ou avião e é devida ao
perpendiculares do tubo, causando o tubo dobrar. Os efeito Coriolis.
circuitos eletrônicas do medidor de vazão mássica
essencialmente medem esta pequena força vibratória
induzida pela vazão do fluido. Esta força do fluido é 3. Relações Matemáticas
proporcional à vazão mássica. É a mesma força de
Um elemento de fluido movendo em velocidade
Coriolis que causam as correntes de ar circularem
constante ao longo de um trecho reto de tubulação
em torna da Terra em rotação. Esta força também
não possui nenhuma componente de aceleração.
cria uma precessão giroscópica empregada em
Porém, se o tubo é girado um instante, aparece uma
sistemas de navegação de navios e aviões. A força
aceleração complementar ou aceleração de Coriolis.
de coriolis é a única força significativa usada na
Esta componente de aceleração produz uma força de
determinação da vazão mássica direta.
inércia na tubulação proporcional a vazão mássica
instantânea. A força de Coriolis é o princípio
operacional básico atrás do medidor de massa de
Coriolis.
A aceleração de Coriolis (aC) para uma partícula
de massa dm, movendo ao longo de uma tubulação
em rotação vale:

229
Coriolis
É comum o uso de dois tubos, diminuindo a
aC = 2 w x v f necessidade de potência e resultando em um sistema
de sintonia balanceada que minimiza a energia
onde entrando ou saindo do sistema de fontes externas. O
x é o produto vetorial dos vetores velocidade fluido pode ser dirigido serialmente ou em paralelo,
rotacional (w) e velocidade axial (vf) do fluido. dependendo do fabricante. Os modos de
O vetor da aceleração de Coriolis é perpendicular acionamento, de deflexão de Coriolis, de detecção e
ao plano contendo a velocidade do fluido e o vetor relação da amplitude medida dependem de cada
rotacional. Pela Segunda lei de Newton (F = ma), a fabricante.
força inercial incremental (dF) na parede da
tubulação, produzida pela componente da aceleração 4. Calibração
de Coriolis é
O medidor Coriolis necessita da calibração
dF = (dm)(aC) = 2 w qm dr inicial para a determinação da constante do
instrumento e se mantém para qualquer fluido. A
onde a força elementar dF é perpendicular ao verificação ou a recalibração é facilmente feita no
plano dos vetores velocidade e rotacional. campo, pelo usuário. Para uma mola acionada
Ela age na direção perpendicular à tubulação e se estaticamente, a calibração com um único líquido,
opõe ao movimento rotacional. A força inercial total usando um fluido com única densidade, seria
na parede da tubulação é obtida da integração ao suficiente para determinar a constante do medidor
longo da tubulação e a vazão mássica instantânea é para todas as variações de densidade, desde que a
dada por rigidez do sistema (constante de mola) seja corrida
qm= F/2 w L para as variações de temperatura. As cargas não são
aplicadas estaticamente mas são aplicadas na
No medidor industrial, a tubulação não é girada freqüência de acionamento. Uma função de
mas oscilada por bobinas eletromagnéticas na transferência mecânica é portanto introduzida em
freqüência natural da estrutura. Pela aplicação de um adição a função estática.
movimento oscilatório, é possível suportar
rigidamente a tubulação e eliminar os suportes.
Desde que a tubulação está agora aterrada, a rigidez
do sistema é muito aumentada, limitando o
movimento que pode ser seguramente suportado sem
ruptura. Para diminuir a rigidez, são usados tubos
longos que podem tomar vários formatos de modo a
minimizar o comprimento total do medidor. Estes
formatos, normalmente em U, aumentam a perda de
carga do medidor.
O medidor Coriolis é um sistema dinâmico, onde
a velocidade angular de acionamento está em fase
com a aceleração de Coriolis produzida e, portanto,
defasada de 180o da força de Coriolis do fluido na
tubulação.
Há dois modos diferentes de vibração, uma
vibração do circuito da tubulação acionada Fig. 1.1.1. Medidores industriais Coriolis
eletromagneticamente (em sua freqüência natural) e
outra vibração produzida pelas forças de Coriolis
acionando a tubulação em uma freqüência
correspondendo a freqüência do primeiro modo.
Há duas deflexões: uma produzida na porção
acionada dd (na freqüência de ressonância) e outra 5. Medidor Industrial
dF, resultante da força de Coriolis. Estas deflexões
Um objeto se movendo em um sistema de
estão defasadas de 180o: quando a deflexão de
coordenadas que gira com uma velocidade angular,
acionamento dd é zero, a deflexão produzido pela
desenvolve uma força de Coriolis proporcional a sua
força de Coriolis dF é máxima. Esta diferença de
massa, a velocidade linear do objeto e a velocidade
quadratura entre as duas deflexões serve para
angular do sistema. Esta força é perpendicular junto
detectar a vazão mássica instantânea e pode ser
a velocidade linear do objeto como a velocidade
detectada pela:
angular do sistema de coordenadas.
1. amplitude dos dois modos,
A Terra constitui o sistema rotatório. Por causa
2. diferença de fase,
da força de Coriolis, um objeto lançado de uma torre
3. cruzamento do zero.
alta atingirá a terra um pouco a leste da vertical.

230
Coriolis
Neste caso, a velocidade angular está apontada para para um circuito eletrônico, que condiciona,
o norte e a velocidade linear está dirigida para baixo amplifica, padroniza e transmite uma sinal de saída,
e a força de Coriolis está na direção leste. Se o típico de 4 a 20 mA cc. Nenhum componente a
movimento do objeto fosse impedido de cair em um estado solido fica próximo do tubo e, como
longo tubo vertical, esta componente da velocidade conseqüência, pode-se manipular fluidos em alta
dirigida para leste faria o objeto exercer uma força temperatura. O transmissor eletrônico pode ficar até
contra a parede do tubo. Se o líquido é bombeado 300 metros de distancia do sensor.
através deste tubo, a força de Coriolis contra o tubo Quando a vazão passa pelo tubo vibrante, o
é proporcional a vazão mássica e o momento angular efeito Coriolis ocorre, causando uma inclinação no
da terra. tubo durante sua vibração. A inclinação é medida
Em um medidor tipo Coriolis, o fluxo do fluido com um tempo de atraso entre as laterais do tubo e a
de entrada é dividido entre dois tubos curvados, medição é processada como uma onda senoidal. O
iguais e com diâmetros menores que a tubulação do tempo de atraso é diretamente proporcional a vazão
processo. A vazão segue as trajetórias curvas e mássica instantânea. Independente da inclinação, a
converge na saída do medidor. Estes tubos estão freqüência de vibração do tubo varia com a
vibrando em sua freqüência natural, geralmente por densidade do fluido do processo. Deste modo, além
um dispositivo magnético. Se, em vez de ser da medição da vazão mássica (maioria das
continuamente girado, o conduíte vibra, a amplitude aplicações) pode-se medir também a densidade do
e a direção da velocidade angular se alternam. Isto fluido (minoria das aplicações). Um sensor de
cria uma força de Coriolis alternada. Se os tubos temperatura, normalmente um bulbo de resistência, é
curvados são suficientemente elásticos, as forças de também usado para monitorar a temperatura, que
Coriolis induzidas pela vazão mássica produzem influi na módulo de Young do tubo metálico.
pequenas deformações elásticas nos tubos. Esta Nada fica em contato com o fluido, exceto a
distorção pode ser medida e a vazão mássica inferida parede interna do tubo, que é feito normalmente de
dela. aço inoxidável AISI 316L.
Como somente a massa em movimento é medida,
a incrustação de material no tubo sensor não afeta a
calibração do medidor.

6. Características
A saída do medidor é linear com a vazão
mássica, de zero até o valor máximo especificado. O
circuito eletrônico pode gerar saída analógica e
digital. A saída digital tem freqüência ajustável
continuamente entre 0 e 3 kHz e 0 a 15 kHz. A saída
analógica mais comum é a de 4 a 20 mA cc. A saída
pode ser escalonada em qualquer unidade de
engenharia.
A precisão é tipicamente estabelecida entre ±0,2
a ±0,4% da vazão medida, com rangeabilidades
iguais ou maiores que 25:1. Elas medem diretamente
em unidades de massa. Com medidores
Fig. 14.2. Medidor industrial volumétricos, a temperatura ou a pressão estática ou
ambas deviam ser medidas para a determinação da
vazão de massa. Portanto, os medidores
volumétricos usados para medir a vazão mássica não
Em sua forma mais simples, o medidor de vazão podem ser tão precisos quanto os instrumentos
Coriolis possui dois componentes básicos: o sensor e usados para medir diretamente a massa.
o transmissor eletrônico. O sensor é um conjunto de As faixas de vazão variam de 10 gramas/minuto
tubo (um ou dois) instalado na tubulação do até 20.000 kg/minuto. Os medidores são disponíveis
processo. O tubo usualmente em forma de U é em tamanhos de até 6" de diâmetro.
vibrado em uma pequena amplitude, na sua Normalmente não há considerações ou
freqüência natural, por meio de um sinal da bobina imposições acerca de trechos retos a montante e a
acionadora. A velocidade angular do tubo vibrante, jusante. A maioria dos medidores não necessita de
em combinação com a velocidade de massa do trechos retos vizinhos ao medidor. Não há peças
fluido vazante, faz o tubo inclinar. A quantidade de moveis e os tubos são virtualmente sem obstrução. O
inclinação é medida através de detectores de medidor pode ser limpo no local e auto-drenado com
posição, colocados nas duas extremidades do tubo a própria configuração e orientação do tubo. São
em U. Os sinais gerados pelos detectores são levados disponíveis também versões sanitárias.

231
Coriolis
7. Aplicações A perda de pressão é um parâmetro importante
no dimensionamento do medidor. O valor preciso e
Os medidores de vazão Coriolis podem medir confiável da viscosidade nas condições reais de
líquidos, inclusive líquidos com gás entranhado, operação e de vazão (a viscosidade depende da
líquidos com sólidos, gases secos e vapor temperatura e do fato do fluido estar vazando ou
superaquecido, desde que a densidade do fluido seja não) é importante na determinação da queda de
suficientemente elevada para operar corretamente o pressão. Normalmente, há uma relação ótima entre
medidor. Os medidores são disponíveis em viscosidade, queda de pressão e tamanho do tubo
tamanhos variado de 1" a 6". medidor para uma medição precisa e confiável.
A habilidade do medidor de vazão Coriolis medir A compatibilidade do material é critica com
a densidade tem muitas aplicações. As densidades de muitas vazões e é valiosa a experiência do fabricante
líquidos podem ser medidas com altíssima precisão e com vários pares fluidos/materiais. As tabelas
em linha, sem os inconvenientes e atrasos da padrão de corrosão podem não ser suficientes, pois o
amostragem. A densidade pode ser usada para tubo medidor pode estar sujeito a corrosão de tensão
determinar a percentagem de material na vazão pela (stress corrosion crack) com alguns fluidos. O
massa (percentagem de sólidos) ou volume total. material padrão do tubo medidor é o aço inoxidável
Há aplicações de medidor Coriolis portátil, AISI 316L. Quando os fluidos são mais agressivos,
montado em uma mesa com rodas, para totalização e por exemplo, contendo cloretos, podem ser usados
monitorização de transferência de material em tubos de Hastelloy, Monel, tântalo ou com
processo batelada de indústria farmacêutica. Um revestimentos convenientes.
único medidor pode ser instalado, quando
necessário, em um de vários pontos, substituindo, a
montagem de vários medidores permanentes. O
medidor único serve uma grande área porque é rara a
necessidade de mais de uma medição ao mesmo
tempo. Tem-se, assim, um sistema econômico e de
altas precisão e confiabilidade.

Fig. 14.3. Formatos clássicos dos medidores

9. Limitações
Os problemas que aparecem nestes sistemas de
medição de vazão de Coriolis estão relacionados
Fig. 1.1. Medidores industriais Coriolis com a sensibilidade a vibração e a alta temperatura,
falhas do circuito eletrônico, rupturas do tubo em
soldas internas e entupimento do tubo por fases
secundárias. A maioria dos problemas pode ser
resolvida com melhorias do projeto. Tubos curvados
8. Critérios de Seleção de vários formatos reduzem o tamanho e peso de
corpo do medidor e diminuem a perda de carga
Os fatores na seleção e aplicação do medidor de permanente em médias e altas velocidades.
vazão Coriolis incluem o tamanho, que afeta a A distorção do tubo pode ser medida sem a
precisão e a queda de pressão, compatibilidade de necessidade de se ter um ponto ou plano de
materiais, limites de temperatura e pressão. Alguns referência para o movimento do tubo. Maiores
medidores são projetados para faixas de temperatura relações sinal/ruído e correção de desvio de zero
entre -400 a +600 oF. Os medidores podem suportar melhoram o desempenho do instrumento.
pressões de até 5 000 psig. Adicionalmente os medidores são menos sensíveis a

232
Coriolis
vibração e mais faceeis de serem instalados. A vazão 10. Conclusão
divergente entre os dois tubos não mais necessitam
ser distribuída igualmente para manter a precisão e Hoje, no mundo, há mais de 75.000 medidores
novos projetos eliminam a necessidade de soldas de massa direta, tipo Coriolis, para operar nas
internas nas extremidades do tubo. indústrias farmacêutica, química, de papel e
Embora o medidor de massa de Coriolis seja celulose, petroquímica e de tinta. Eles medem a
não-intrusivo, a trajetória da vazão passa em seu vazão mássica e a densidade de materiais tão
circuito. Em adição, a vazão é separada em dois diversos como tintas e polímeros, óleo diesel e soda
tubos com diâmetros menores que o diâmetro da caustica, plasma sangüíneo e glicol etileno. O
tubulação de processo. Isto ocasiona o aparecimento medidor é particularmente usado na medição de
freqüente de fase secundária no medidor, quando vazão de fluidos não-newtonianos, normalmente
não cuidadosamente instalado. A perda de pressão encontrados na indústria de alimentos, tintas e
pode ser substancialmente maior do que em outros farmacêutica.
tipos não-intrusivos e portanto, pode haver o O medidor Coriolis é o único que oferece a
aparecimento de cavitação e flasheamento de habilidade de medir diretamente a vazão mássica em
líquidos voláteis. um processo continuo e principalmente em
Os problemas ocorrem mais freqüentemente na processos tipo batelada. Um único medidor de
partida de sistemas mal instalados do que de falhas vazão pode ser usado para controlar vários
mecânicas ou eletrônicas. Portanto, a instalação deve ingredientes ou vários medidores podem medir cada
ser estritamente de acordo com as recomendações do componente da mistura, diminuindo grandemente o
fabricante. Mesmo para pequenas linhas de tempo da batelada, com grande beneficio ao usuário,
processo, os medidores são pesados e volumosos, pois o problema de pesar materiais é inteiramente
quando comparados com outros tipos. Porém, eles eliminado.
não são afetados pela distorção do perfil da O medidor Coriolis é também usado em
velocidade e não requerem longos trechos de aplicações de transferência de custódia (compra e
tubulação para sua instalação. venda de produtos).
Desde que haja suficiente velocidade de massa, o
medidor Coriolis pode medir vazões de gases.

Fig. 1.1.1. Instalação de um medidor Coriolis

233
Coriolis

Fig. 1.1. Folha de especificação do transmissor e sensor de vazão mássico

234
Ultra-sônico

Ultra-sônico

1. Introdução
Há dois tipos de medidores ultra-sônicos de
vazão:
1. tempo de trânsito
2. reflexivo (efeito Doppler)
Há ainda medidor ultra-sônico associado à medição
de vazão a canal aberto. O medidor ultra-sônico
mede o nível que é associado à área constante da Fig.15.1. Princípio de funcionamento do medidor ultra-
calha para inferir a vazão volumétrica do canal sônico
aberto.

2. Diferença de Tempo
Os tempos de propagação da onda ultra-sônica Tempo de trânsito monofeixe
através do fluido são diferentes, quando no sentido
da vazão e quando no sentido contrario. A diferença O tipo mais simples e mais econômico envia uma
no tempo de trânsito das ondas, a favor e contrario à única onda através do fluido e tem dois transdutores
vazão, é proporcional a vazão do fluido. Ou seja, há montados com ângulo de 180 graus afastado do
uma diferença de tempo de propagação, por que tubo. O raio faz a média do perfil da velocidade ao
quando a onda viaja contra a vazão, a sua velocidade longo de sua trajetória e não cruza a área do tubo.
é levemente diminuída e quando viaja a favor da Isto torna o medidor dependente do perfil da
vazão, a velocidade da onda sonora é levemente velocidade, que, por este motivo, deve ser estável.
aumentada. Este medidor possui uma incerteza pior que o
Matematicamente, tem-se medidor multifeixe e suas aplicação são em medição
de vazões que não requeiram grande precisão, como
de medição do gás de queima do flare e medição de
t AB = L /(C + V cos θ)
vazões de água. A precisão varia de ± 1 a ±5 da
e vazão medida.
t BA = L /(C − V cos θ)
Tempo de trânsito multi-feixe
onde
C é a velocidade do som no fluido, Para melhorar a precisão do medidor ultra-
V é a velocidade do fluido na tubulação, sônico, são utilizados dois ou mais feixes ou canais,
L é o comprimento do trajeto acústico, para se medir a velocidade média com maior
θ é o ângulo do trajeto, em relação ao eixo da precisão. Este projeto encarece muito o medidor,
tubulação, porém o torna conveniente para aplicações de
tAB é o tempo medido de trânsito entre A e B medição de transferência de custódia ou medição
tBA é o tempo medido de trânsito entre B e A fiscal da Agência Nacional de Petróleo (ANP). A
A diferença de tempo dá precisão geralmente varia de ± 0,1 a ±1% da vazão
medida.
∆t = t BA − t AB = 2 × L × V cos θ / C

Simplificando,

∆t
V =K×
t 2A

onde
tA -tempo médio de trânsito entre o transmissor
e o receptor do sinal ultra-sônico.

Fig. 17.5. Medidor ultra-sônico multifeixe

235
Ultra-sônico

Fig. 15.2. Medidor ultra-sônico não intrusivo

Fig. 17.5. Medidor ultra-sônico multifeixe


3. Efeito Doppler
O efeito Doppler é um dos conceitos mais
Tempo de trânsito não intrusivo ou a poderosos e importantes jamais descobertos para
seco ou clamp on vários campos da ciência, como instrumentação,
medicina, biologia e astronomia. Esta lei
Para medições que não requeiram grande estabelecida em 1842 por Christian Doppler e
precisão e quando se quer fazer medição portátil ou mostra a relação entre a velocidade e frequencia de
sem interromper o processo, foi desenvolvido o um sinal. A demonstração prática do efeito Doppler
medidor ultra-sônico chamado de não intrusivo ou a é escutar o apito do trem ou a buzina do carro. A
seco ou a clamp on (com braçadeira). Análogo a um freqüência do som é diferente para o observador
amperímetro alicate que mede a corrente de um fio estático, para o objeto se afastando (sinal fica mais
externamente, o medidor ultra-sônico não intrusivo grave ou frequencia diminui) e se aproximando
mede a vazao colocando-se um transmissor e um (sinal mais agudo ou frequencia aumenta).
receptor do lado de fora da tubulação, presos por Na aplicação industrial do medidor de vazão,
braçadeiras. quando um raio ultra-sônico é projetado em um
Este medidor é muito conveniente pois é feita fluido não-homogêneo, alguma energia acústica é
sem interromper o processo, porém é sua precisão refletida de volta para o elemento sensor. Como o
varia de ±2 % a ±5 % do valor medido. Uma fluido está em movimento com relação ao elemento
dificuldade é também sua montagem que leva tempo sensor e o som espalhado se move com o fluido, o
e requer o conhecimento do schedule da linha, tipo sinal recebido difere do sinal transmitido de um
do material da tubulação, idade e acabamento certo desvio de freqüência, referido como o desvio
interno, raspagem da tinta externa da tubulação, de freqüência Doppler. Este desvio de freqüência é
escolha dos pontos de colocação do transmissor e diretamente proporcional a vazão volumétrica do
receptor. fluido.
Este medidor é aplicado quando se aceita Uma onda ultra-sônica é projetada em um ângulo
precisão ruim e se quer medir sem interromper o através da parede da tubulação no líquido, por um
processo e cortar a linha. cristal transmissor em um transdutor colocado fora
O medidor convencional, tipo carretel (spool) é da tubulação. Parte da energia é refletida pelas
chamado de medidor ultra-sônico intrusivo ou bolhas ou partículas no líquido e retorna através das
medidor molhado. paredes para um cristal receptor. Desde que os
refletores estejam viajando na velocidade do fluido,
a freqüência da onda refletida é girada de acordo
com o princípio Doppler.
No medidor a diferença de freqüência, ajustam-
se as freqüências de dois osciladores, uma em fAB e a
outra em fBA, onde se tem, Combinando as leis de
Snell e de Doppler:

1
fAB =
t AB

236
Ultra-sônico

As variações da temperatura do processo podem


1 alterar a velocidade do som no fluido, piorando o
fBA = desempenho do medidor.
t BA Há problemas com medições de pequenas
vazões, pois há muito pequena diferença entre os
A relação entre a diferença das freqüências e a tempos de transmissão a favor e contra a vazão do
velocidade da onda é dada por: fluido.
O medidor a efeito Doppler se baseia nas bolhas
∆f × L ou partículas no fluido para refletir a energia ultra-
V=
2 cos θ sônica. Os fabricantes especificam o limite mínimo
de concentração e tamanho de sólidos ou bolhas nos
ou, escrevendo de modo simplificado: líquidos para operação confiável e precisa. Os
medidores ultra-sônicos a efeito Doppler são
efetivos com líquidos misturados com sólidos
V = K × ∆f
(slurries). Porém, quando a mistura é altamente
onde concentrada, as ondas ultra-sônicas não penetram
suficientemente no fluido, por causa da reflexão no
∆f é a diferença entre a freqüência transmitida e
fluido próximo da parede da tubulação, que se move
a recebida
muito lentamente. Variações na densidade da
fo é a freqüência de transmissão
mistura também introduzem erro.
θ é o ângulo do cristal transmissor e receptor A vazão deve estar na velocidade típica de 2,0
com relação ao eixo da tubulação
m/s mínima para os sólidos em suspensão e 0,75 m/s
Ct é a velocidade do som no transdutor.
para as bolhas entranhadas.
A velocidade é uma função linear de ∆f. Desde
que se possa medir o diâmetro interno da tubulação,
a vazão volumétrica pode ser medida, multiplicando-
se a velocidade pela área da seção transversal.

Aplicações
Estes medidores não são normalmente usados
com fluidos muito limpos, porque uma quantidade
mínima de partículas ou bolhas de gás devem estar
no fluido. As bolhas de gás podem ser criadas no
fluido para fins de medição.
A precisões geralmente variam de ± 1 a ±5% da
vazão medida. Não há usualmente restrições para a
vazão ou para os números de Reynolds, exceto que a
Fig.15.3. Medidor ultra-sônico intrusivo
vazão deve ser suficientemente rápida para manter
os sólidos em suspensão.
O medidor a efeito Doppler opera independente
6. Instalação do material da tubulação, desde que ele seja
condutor sônico. Tubulação de concreto, barro e
Como todo medidor de vazão volumétrica, o ferro muito poroso, podem absorver a energia ultra-
medidor ultra-sônico, qualquer que seja o tipo, sônica e podem não trabalhar bem com um medidor
requer: tipo Doppler. Deve-se tomar cuidado com tubo de
1. Trechos retos a montante e a jusante para plástico reforçado com fibra de vidro; os resultados
eliminar a distorção e os redemoinhos. são excelentes com tubulação de plástico e de PVC.
2. Tubulação totalmente preenchida pelo Vibrações na tubulação e condições de não vazão
fluido. podem causar indicação do fundo de escala devido
Os fabricantes especificam a distancia mínima do ao movimento das partículas e das bolhas.
medidor para os provocadores de distúrbio, como
válvula, cotovelo, te, bombas, tipicamente 10 a 20 D Calibração
antes e 5 D depois do medidor.
Calibrar um medidor ultra-sônico é determinar o
As bolhas de ar no fluido, ou os redemoinhos e
fator K do instrumento e por isso requer um padrão
os distúrbios gerados por acidentes antes do medidor
de vazão. Turbina é um medidor master apropriado
podem espalhar as ondas de ultra-som, causando
para calibrar o medidor ultra-sônico.
dificuldades na medição.
Deve ser feita a calibração com o fluido do
processo para converter a velocidade em vazão
volumétrica. A calibração com fluido diferente do

237
Ultra-sônico

fluido processo pode introduzir erros de +2% até -


5% da vazão medida.

Fig. 15.4. Medidor de vazão ultra-sônico

Conclusão
O número de instalações com medidores ultra-
sônicos com tempo de trânsito multifexie aumentou
muito nos últimos tempos. Atualmente, o medidor
ultra-sônico é aprovado para medição de óleo e de
gás natural pela ANP.
O medidor ultra-sônico a efeito Doppler é menos
usado que o medidor a tempo de trânsito, na
indústria de petróleo e gás natural, pois ele não
atende as exigências de medição fiscal.
O medidor ultra-sônico a tempo de trânsito
multifeixe é suportado pelas normas: ISO 17 089:
Ultrasonic flowmeter e pela AGA 9. A norma ISO
12 765 (1998) está descontinuada.

238
Ultra-sônico

Fig. 1.1. Folha de especificação do transmissor e sensor de vazão ultra-sônico

239
Magnético

Quando se tem uma planta com muitos


medidores de vazão tipo magnético é recomendado a
Magnético aquisição do calibrador magnético de vazão. É um
instrumento portátil, que prove um sinal de
militensão alternada, em fase e amplitude
8.1. Princípio de funcionamento adequadas, para a calibração do transmissor
eletrônico de vazão.
O princípio de funcionamento do medidor de
vazão magnético é a lei de Faraday, que diz ser a
força eletromotriz (militensão) induzida no condutor
móvel ao longo do campo magnético proporcional à
velocidade do condutor. Como a velocidade do
fluido é diretamente proporcional à sua vazão, pode-
se medir a vazão através da medição da velocidade.
A condição necessária para a aplicação do
medidor magnético é que o fluido seja condutor Fig. 3.15. Tubos medidores magnéticos
elétrico. A condutividade mínima exigida é de 200
microsiemens por metro.

8.3. Tubo Medidor


O medidor magnético de vazão é um tubo de aço
inoxidável não ferromagnético, com um
revestimento interno não condutor elétrico. Duas
bobinas externas produzem um campo magnético no
interior do tubo. Como elas são alimentadas com
corrente elétrica alternada senoidal, tipicamente de
110 V RMS, 60 Hz, o campo magnético gerado é de
mesma natureza. O líquido que passa no interior do
tubo funciona como o condutor elétrico e induz uma
força eletromotriz proporcional à velocidade do
Fig. 3.14. Funcionamento do medidor magnético fluido, portanto à vazão do fluido. Dois pequenos
eletrodos, montados verticalmente ao tubo e
tangenciando a sua superfície interna, detectam a
8.2. Sistema de Medição força eletromotriz. A força eletromotriz detectada é
uma militensão alternada e é linearmente
O sistema de medição magnética da vazão proporcional à vazão do fluido.
consiste dos seguintes equipamentos: O interior do tubo de medição deve ser revestido
1. tubo medidor, de um material eletricamente isolante. Isso pode ser
2. transmissor ou condicionador de sinal usado para revestir o interior do tubo com materiais
3. cabo coaxial blindado, de interligação. quimicamente inertes ao fluidos manuseados. São
O tubo medidor serve para gerar um sinal comuns: teflon, poliuretano, butadieno, neoprene
elétrico proporcional linearmente à velocidade do e outros materiais.
fluido e portanto à sua vazão. O transmissor Quando aplicados às industrias alimentícias, são
eletrônico de vazão converte esse sinal elétrico no disponíveis na versão sanitária, que consiste em uma
sinal padrão de 4 a 20 mA cc e opcionalmente, em facilidade excepcional de desmontagem, para
um trem de pulsos escalonados. Interligando estes lavagens periódicas. Geralmente são pintados de
dois instrumentos, usa-se um cabo coaxial, branco.
rigorosamente blindado, pois o sinal de saída do Os medidores magnéticos são conectados ao
tubo é alternado e de baixo nível, portanto processo através de flanges, com diferentes classes:
susceptível de captar interferência. Algumas ANSI 150 e 300, PN 16 e 40.
configurações podem ter o tubo medidor de vazão Como os eletrodos são de tamanho pequeno, é
magnético acoplado diretamente ao transmissor, sem praticável e econômico sua confção com materiais
o cabo. especiais, como Titânio, tântalo platina, monel,
Opcionalmente usa-se um limpador de eletrodos, hastelloyC.
que evita a deposição de sujeiras no ponto de tomada
do eletrodo. Há limpadores do tipo ultra-sônico e há
limpadores mecânicos. É recomendado o uso do
limpador, quando o fluido medido tem facilidade de
deixar lodo e sujeira no caminho.

240
Magnético

5. não possui peças moveis e desde que a


velocidade não ultrapassa o limite de 6,0
m/s, não há desgaste nenhum.
6. a saída é analógica e linear, portanto com
excelente rangeabilidade.

8.6. Desvantagens e limitações


Desvantagens, ele também as tem:
1. exige-se a condutividade mínima de 0,1 a
20 microsiemens.
2. o princípio de funcionamento requer o tubo
Fig. 3.16. Transmissor integral ao tubo sempre cheio de líquido. Se o formato da
frente de onda da vazão é assimétrico
também há erros. Para solucionar esses
8.4. Transmissor de Vazão problemas, recomenda-se, sempre que
possível, montar o tubo medidor na posição
O transmissor de vazão recebe na entrada o sinal vertical, com fluxo ascendente.
de militensão alternada de saída do tubo magnético, 3. o medidor é montado em linha
proporcional à vazão e o converte no sinal padrão de 4. a característica do medidor é seu fator K,
transmissão de corrente, de 4 a 20 mA cc. inerente a cada medidor, construído para
Para se obter maior precisão, quando requerido e com atender determinados dados de vazão. A
custo adicional, o transmissor pode ser calibrado com um calibração do medidor magnético exige a
tubo especifico, ambos formando um par casado para simulação da vazão conhecida.
futura aplicação em conjunto. 5. é um instrumento elétrico e portanto sua
O tubo medidor de vazão e o seu respectivo montagem é limitada a locais seguros, ou se
transmissor são instrumento elétricos e portanto, exige técnica adicional de segurança para
devem satisfazer as exigências para o uso na área de montagem em local classificado.
montagem. A maioria é constituida na versão de uso
geral, para montagem em local seguro. Porém,
podem ser montados em locais de Classe I, grupos
B, C e D, Divisão 2, classe de temperatura T3.
Quando usado em Divisão 1, requer a pressurização
tipo Y, que protege e possibilita o uso de
instrumento não incenditivo em Divisão 1.
O transmissor é, impropriamente, chamado de
conversor.

8.5. Vantagens
As principais vantagens do uso do medidor
magnético de vazão são:
1. não apresenta nenhuma perda de carga
adicional. Ou seja, a perda de carga do tubo
medidor de vazão é exatamente igual à
perda de uma tubulação de igual tamanho.
2. como não apresenta nenhuma obstrução à
linha, ele pode medir vazão de fluidos
sujos, corrosivos, abrasivos, com sólidos
em suspensão, não lubrificantes.
Fig. 3.17. Medidor magnético microprocessado
3. a configuração geométrica do sistema de
medição ano é critica, podendo medir
fluidos laminares e turbulentos. O único
inconveniene é a presença de bolhas de ar
que introduzem erro, pois a medição é de
volume.
4. a medição não é afetada pela viscosidade,
densidade, temperatura ou pressão. Não é
afetado, inclusive, pela condutividade,
desde que seja mantido o mínimo exigido.

241
Calibração de vazão

19. Calibração de Vazão


A calibração de vazão é uma das mais
necessárias e freqüentes da Instrumentação, embora
seja também uma das mais complexas e custosas,
pois envolve padrões simultâneos de massa e tempo
ou de volume e tempo.
A calibração se baseia no estabelecimento de
vazão de regime através do instrumento sendo
calibrado e a medição subseqüente do volume ou
massa do fluido que passa através do medidor
durante um intervalo de tempo preciso. Se existir
uma vazão constante, a vazão volumétrica ou
mássica pode ser inferida de algum procedimento.
Qualquer medidor preciso e estável calibrado através Fig. 2.12. Calibração de vazão
de um método primário se torna um padrão
secundário de vazão, que pode calibrar outros
medidores menos precisos.
O afastamento das condições de uso daquelas da 19.1. Local da calibração
calibração podem invalidar a calibração. As
Há vários métodos disponíveis para a calibração
possíveis fontes de erro na medição de vazão são:
de medidores de vazão, mas pode-se distingui-los
1. variações das propriedades do fluido
em duas categorias diferentes: in situ e no
(densidade, viscosidade e temperatura)
laboratório
2. orientação do medidor (alinhamento com a
O fluido medido pode ser líquido ou gás. A
tubulação)
calibração de medidores de vazão de líquidos é mais
3. nível de pressão
direta e fácil do que a de medidores de gases, pois o
4. distúrbios na vazão (cotovelos, válvulas,
líquido pode ser armazenado em vasos abertos e a
obstáculos inseridos) principalmente a
água pode ser usada como o líquido padrão de
montante (antes do medidor) e com menor
calibração.
influência, a jusante (depois do medidor).
O principais fundamentos usados para calibração
A calibração do medidor de vazão consiste em
de medidores de vazão de líquido, in situ ou em
verificar o desempenho do medidor, certificando que
laboratório, para líquidos ou gases são:
ele está medindo a vazão dentro dos limites de
1. uso de medidor master calibrado
precisão predeterminados, sob as condições de
2. prover
operação definidas. A calibração de vazão é
3. métodos volumétrico
geralmente feita para certificar a precisão do fator do
4. gravimétrico
medidor, pela medição da saída do medidor sob
5. gasômetro e o bocal sônico (somente para
condições de vazão que sejam hidraulicamente
gases)
similares à instalação real, ou seja, com equivalência
Finalmente, como sistema de medição de vazão
do número de Reynolds. Isto não garante que a
com placa é calibrado sem padrão de vazão, pode-se
precisão seja mantida em toda a faixa de medição.
usar o sistema com placa para fazer aferição de
Quando requerido, algum ajuste pode ser feito no
outros medidores, embora sua precisão seja média.
instrumento (palhetas da turbina, eletrodos do
medidor magnético, posição do probe do vortex) ou
no circuito eletrônico do sistema). 19.2. Prover
Geralmente a precisão da medição de vazão de O prover balístico é útil para medidores com
líquidos é melhor que a de gases, que são pequena constante de tempo e alta resolução, como
compressíveis e dependem muito das variações de turbina, deslocamento positivo e vortex. Nos
pressão, temperatura e viscosidade. A maioria das medidores com resposta rápida, a vazão atinge o
vazões de líquidos em pequenas e médias estado de regime permanente muito rapidamente e a
tabulações, tem números de Reynolds iguais a cerca integração da vazão instantânea para dar o volume
de 106; as vazões de gases correspondem a números total é conseguida pela totalização dos pulsos da
de Reynolds iguais e maiores que 107. Alguns saída em um contador. A integração fornece uma
medidores não operam m vazões com número de vazão total precisa mesmo que a vazão não esteja
Reynolds muito baixo (por exemplo, abaixo de 104). perfeitamente constante.
O calibrador usa um pistão acionado
pneumaticamente e selado com anéis de Teflon
percorrendo um tubo de precisão e deslocando um
volume de fluido de calibração através do medidor

242
Calibração de vazão

de vazão a ser calibrado. As medições precisas do


tempo e do deslocamento do pistão móvel são
usadas em um sistema de aquisição de dados de um
computador, que dá uma precisão típica de ±0,02%
do valor medido.
O prover balístico é geralmente proprietário;
sendo seus fabricantes Daniels, Calibron Systems e
Brooks.

Fig. 2.14. Turbina, usada como medidor master para


calibrar medidor ultra-sônico

19.4. Método gravimétrico


Fig. 2.13. Prover para calibração da vazão (Daniel)
Nesta técnica, a vazão do líquido através do
medidor sob calibração é divergida para um tanque
O prover não-balístico é um tubo comprido em que é pesado continuamente ou depois de tempo pré-
forma de U e um pistão ou esfera elástica. O determinado. O peso do líquido é comparado com a
medidor de vazão a ser calibrado é instalado na leitura registrada do medidor de vazão sob
entrada do prover e a esfera é forçada a percorrer o calibração.
comprimento do tubo por um líquido fluindo. A calibração da vazão através do peso dinâmico
Chaves são colocadas nas extremidades da tubulação cobre a faixa de 0,25 kg/h a 75 000 kg/h e tem
e operam quando a esfera passa por elas. O volume precisão de ±0,1% do valor medido.
varrido da tubulação entre as duas chaves é O sistema de calibração de peso dinâmico
determinado pela calibração inicial e este volume envolve
conhecido é comparado com o registrado pelo 1. um reservatório do líquido
medidor de vazão durante a calibração. 2. uma tubulação onde o medidor sob calibração é
montado
3. bomba para fazer o líquido circular
19.3. Medidor mestre (master)
4. outro tanque onde o líquido será pesado
Por esta técnica, um medidor de precisão 5. um atuador automático do temporizador
conhecida e melhor do que a do medidor sob 6. balança onde o tanque com líquido é comparado
calibração, é usado como padrão de calibração. O com pesos de precisão
medidor a ser calibrado e o medidor mestre são 7. um temporizador
ligados em série, de modo que a mesma vazão de 8. válvula para variar o valor da vazão
regime passe pelos dois. Para garantir uma 9. válvula de retenção para permitir a vazão em
calibração consistente e precisa, o medidor mestre um único sentido
também deve ser recalibrado periodicamente, 10. trocador de calor para manter a temperatura
rastreado com um outro de maior precisão. Este constante
outro padrão, também deve ser rastreado com outro 11. válvula operada por solenóide.
superior. O instrumento mestre típico para padrão de 12. filtro para manter o líquido limpo
vazão é a turbina, que rastreada pode dar precisões No método gravimétrico para gás, o gás é
de até 0,05% do valor medido. Para grandes vazões, divergido através do medidor sob calibração para um
é típico usar o medidor magnético rastreado como vaso coletor de gás durante um período medido de
padrão. tempo. Pesando-se o vaso coletor antes e depois da
Quando não se requer grande precisão, usam-se diversão, a diferença será devida ao gás que entrou e
medidores de inserção de velocidade, como o tubo a vazão pode ser determinada. Esta vazão pode então
pitot e o Annubar como padrão de medição. A ser comparada com a medida pelo medidor sob
vantagem desses medidores é sua portabilidade. calibração.

243
Calibração de vazão

19.7. Laboratório de vazão


Um laboratório de vazão é uma facilidade
construída com o objetivo de medir a vazão através
de tubulação, com grande precisão. Como resultado
das limitações práticas, a maioria dos laboratórios
usa a água e o ar como os fluidos para líquido e gás,
respectivamente, devido ao grande acervo de dados
experimentais precisos e disponíveis. Para
aplicações com outros fluidos diferentes da água e
do ar ou o desempenho em outras condições de
operação, usam-se fatores de correção baseados no
fluido real e procura-se manter o mesmo número de
Reynolds, para a calibração e para o serviço real.
Fig. 2.15. Calibração gravimétrica Neste caso, há incertezas introduzidas, que serão
mínimas, quando as propriedades do fluido forem
bem definidas e conhecidas.

19.5. Método volumétrico


Nesta técnica, a vazão do líquido através do
medidor sob calibração é divergida em um tanque de
volume conhecido. Quando o tanque é cheio
totalmente, o seu volume é comparado com a
quantidade integrada pelo medidor sendo calibrado.

19.6. Bocal sônico


O bocal é um elemento sensor de vazão, análogo
à placa de orifício, que gera uma pressão diferencial
proporcional ao quadrado da vazão volumétrica que
passa por ele. Porem, o bocal apresenta uma
propriedade única de manter constante uma vazão de
gás, quando se atingem determinadas condições. Ou
seja, quando se aplica uma pressão a montante do Fig. 2.17. Laboratório de vazão (Metroval)
bocal e diminui a pressão a jusante, a vazão
aumenta. Quanto mais se diminui a vazão a jusante,
maior é a vazão através do bocal. Porem, há um
limite, quando a velocidade do gás atinge a
velocidade do som. Depois deste ponto, pode-se
diminuir mais ainda a pressão a jusante que a vazão
permanece constante.
Este fenômeno serve para calibrar medidores de
vazão através de bocais. Constrói-se o bocal
cientificamente, estabelecem-se as condições para
ele atingir a vazão constante e conhecida e coloca o
medidor sob calibração em série com ele. O medidor
deve indicar a vazão do bocal.

Fig. 2.16. Bocal sônico

244
Calibração de vazão

Os laboratórios de vazão são geralmente


operados e mantidos por fabricantes de medidores de
vazão (por exemplo, Fisher Rosemount, Sorocaba,
SP), que os utilizam para a calibração, estudo e
aferição dos medidores fabricados. Existem também
os laboratórios independentes (por exemplo, IPT,
São Paulo, SP), que são mais versáteis e extensivos
do que os mantidos pelos fabricantes.
Há usuários de medidores de vazão que também
possuem o seu sistema de calibração de vazão,
consistindo principalmente de um medidor mestre
com desempenho rastreado em laboratório de vazão
certificado, usado como padrão de comparação para
outros medidores.
A maioria dos laboratórios atuais usa
computadores para sentir as variáveis, calcular a
vazão, documentar os resultados do medidor sendo
calibrado e traçar as curvas de calibração. Fig. 2.18. Volume calibrado para calibração de
A calibração do medidor em uma facilidade de totalizador de vazão
calibração é chamada de calibração hidráulica ou
molhada. Dependendo do tipo do medidor, a
calibração inclui o sensor e o transmissor, ou como
par casado ou independentes entre si. A calibração
seca é uma aferição sem colocar o medidor em
vazão. A calibração a seco geralmente se restringe
ao elemento secundário e assume-se que o elemento
primário seja descrito com precisão por relações
empíricas desenvolvidas de medidores
hidraulicamente semelhantes, em vários laboratórios
de vazão. A calibração a seco é efetivamente uma
calibração do transmissor eletrônico ou pneumático.
O custo para desenvolver e montar um
laboratório de calibração de vazão é proibitivo para
o usuário, principalmente quando o número de
medidores a calibrar é pequeno. É mais econômico e
efetivo usar laboratórios de calibração de fabricantes
ou credenciados pelos laboratórios nacionais, que
mesmo sem pertencer à Rede Brasileira de
Calibração, possuem padrões rastreados por Fig. 2.19. Vista de um laboratório de vazão
laboratórios internacionais.

245
Calibração de vazão

246
Referências Bibliográficas
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atualização de seus trabalhos.)

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