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TATIANA MATUK
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pública, sob pena de responsabilização civil e criminal.
SUMÁRIO
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
Crescimento e desenvolvimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Adolescentes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
Conclusão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87
Glossário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
Referências bibliográficas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 89
INTRODUÇÃO
Figura 1 – Infância.
A terceira infância compreende o final do período pré-escolar, todo o período escolar e o início
da adolescência. Neste período, a alimentação adequada, em qualidade e quantidade, é essencial
para o crescimento e desenvolvimento da criança. Hábitos alimentares saudáveis vão contribuir
para o aprendizado, o rendimento escolar e a prevenção de distúrbios nutricionais, incluindo anemia
e cáries dentárias. Também irão ajudar na prevenção das doenças crônicas não transmissíveis
(DCNT), como câncer, diabetes, obesidade e osteoporose.
A adolescência é uma fase crítica para o aparecimento de desordens nutricionais. Isso ocorre
por causa das intensas transformações simultâneas: aumento do gasto energético e da requisição
de nutrientes para o crescimento e desenvolvimento; mudanças corporais; e maior independência
e influência do meio externo, especialmente dos colegas e da mídia.
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Além disso, diversos fatores sociais contribuem para a vulnerabilidade da saúde do jovem no
Brasil. Dentre eles, podemos citar: dificuldade no acesso à educação de qualidade; exposição à
violência dentro e fora do lar; gravidez precoce e indesejada; consumo de bebidas alcoólicas; e uso
de drogas ilícitas.
Nessa fase, a escola passa a ter um papel fundamental na promoção da alimentação saudável,
juntamente com a família. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) orientam que os temas de
saúde, incluindo nutrição, sejam inseridos no currículo de forma transversal, ou seja, perpassando
todas as disciplinas.
Os documentários Criança: a alma do negócio e Muito além do peso retratam muito bem esse
universo infantil e são recomendados para profissionais da saúde e educadores. Também podem
servir de ferramenta para ações de educação envolvendo os pais e familiares.
SAIBA MAIS
Leia o material do Governo Federal (2013) sobre alimentação: Por uma cultura de direitos humanos:
Direito à alimentação adequada.
<http://unesdoc.unesco.org/images/0022/002254/225425POR.pdf>
ACONTECEU
Sugere-se a leitura do livro Uma história da infância: da idade média à época contemporânea no
ocidente, de Colin Heywood. Para saber mais sobre o livro, leia a resenha em: <http://www.scielo.br/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742005000200014>.
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CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO
A terceira infância compreende o período dos 6 aos 12 anos. Segundo Ogata e Hayes (2014),
juntamente com os primeiros estágios de desenvolvimento (do nascimento aos 6 anos), este período
fornece as condições físicas e cognitivas necessárias à saúde, aprendizagem e bem-estar durante
a vida.
A idade escolar (7 a 10 anos) é uma fase de metabolismo intenso para compensar as atividades
fisiológicas, físicas e mentais dessa fase. O trato gastrintestinal está bem desenvolvido e o volume
gástrico é compatível ao de um adulto. O ganho de peso é proporcionalmente maior que o ganho
em estatura. Como a fase escolar precede o estirão pubertário, pode ocorrer ganho de peso relativo
à repleção energética. Assim, a falta de apetite comum na idade pré-escolar é substituída por um
apetite voraz.
Nesse período, a escola passa a ter maior influência sobre a saúde e bem-estar da criança.
As crianças ganham força, agilidade e coordenação motora, portanto, é de extrema importância o
incentivo à prática de atividades físicas e brincadeiras ao ar livre.
Os termos puberdade e adolescência não são sinônimos, apesar de serem comumente usados
dessa forma. A adolescência é uma fase do ciclo de vida e inclui, além da puberdade, transformações
psicossociais. A puberdade, caracterizada pela maturação sexual e pelo estirão de crescimento,
é desencadeada pela ação hormonal e compreende: aceleração seguida de desaceleração do
crescimento; desenvolvimento das gônadas (testículos e ovários); alteração na composição corporal; e
desenvolvimento dos sistemas respiratório e circulatório. O início da puberdade pode ser identificado
pelo aumento dos testículos nos meninos (geralmente entre 11 e 14 anos) e desenvolvimento do
broto mamário nas meninas (entre 9 e 13 anos).
Os critérios de Tanner são utilizados para identificar o estágio da puberdade em que a criança
se encontra. A velocidade de crescimento (VC) tem relação estreita com a maturação sexual. Os
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critérios de Tanner permitem avaliar a VC do adolescente com base na sua idade biológica, ou seja,
o seu tempo interno, que pode variar entre indivíduos da mesma idade cronológica.
Fonte: Ré (2011).
Exceto pelo primeiro ano de vida, a adolescência é o período de maior crescimento corporal, com
ganho de 20% do total de estatura e 50% da massa óssea da fase adulta. Também ocorre ganho de
massa muscular e aumento do volume sanguíneo.
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Na terceira infância, a criança atingirá a sua dentição definitiva: molares (6 a 7 anos), incisivos
centrais (7 a 8 anos), incisivos laterais (8 a 9 anos) e caninos (10 a 12 anos), com exceção dos
terceiros molares (17 aos 22 anos), mais conhecidos como dentes de siso.
É comum que os pais ou responsáveis assumam o comando das respostas, impedindo que
a criança expresse suas necessidades. Assim, as perguntas devem ser direcionadas à criança.
O acompanhante deve ajudar quando necessário, caso o paciente não se lembre ou não saiba a
informação solicitada. Para crianças a partir dos 7 anos, pode-se reservar um período da consulta para
conversar com ela, sem a presença dos pais. Apesar de crianças menores de 10 anos apresentarem
dificuldades para estimar o tamanho das porções consumidas, com técnicas apropriadas, crianças
de 8 a 10 anos já conseguem estimar sua ingestão sem ajuda de adultos.
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Como vimos, a terceira infância compreende um período longo que inclui transformações físicas,
cognitivas, biológicas e sociais. Portanto, conforme o grupo etário, o nutricionista precisará adaptar
todo o seu protocolo de atendimento.
Anamnese
Figura 3 – Anamnese.
Queixa principal
A queixa principal deve ser valorizada pelo nutricionista, mesmo que este perceba outras questões
prioritárias. Este fato contribuirá para a formação de um vínculo de confiança, facilitando a adesão
ao tratamento. É importante lembrar que, caso exista alguma queixa ou alteração que não seja da
sua competência, o nutricionista deve fazer o encaminhamento imediato para o médico da criança.
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Dados socioeconômicos
História clínica
Nesta etapa é importante questionar sobre a presença de patologias, sinais e sintomas, presença
de alergias ou intolerâncias, hábito intestinal (frequência, aspecto e consistência das fezes), diurese
e uso de medicações e/ou suplementos, peso ao nascer, condições do nascimento e duração do
aleitamento materno.
História familiar
Pesquisa-se as patologias que os parentes mais próximos (mãe, pai, irmãos, tios e avós) apresentam
ou apresentaram (se já falecidos): obesidade, diabetes, dislipidemias, doenças cardiovasculares,
câncer, doenças alérgicas, intolerâncias alimentares e doenças autoimunes. Verifique se existe
consanguinidade.
Evolução
Trata-se da comparação dos dados da criança em relação à consulta anterior, visando detectar
a melhora ou piora das intercorrências.
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Desenvolvimento da criança
Os distúrbios com predomínio motor (como, por exemplo, a paralisia cerebral) costumam ser
diagnosticados mais facilmente e precocemente do que os de linguagem ou os cognitivos (por
exemplo, hiperatividade e transtornos emocionais) (BRASIL, 2012). A maioria dos casos de alteração
do desenvolvimento são diagnosticados a partir da segunda infância, podendo ser de ordem mental,
física, auditiva, visual ou relacional. Os distúrbios de aprendizagem geralmente são identificados
após o ingresso da criança na escola. Se, durante a consulta, o nutricionista suspeitar de algum
problema de desenvolvimento, deve fazer o encaminhamento ao pediatra ou passar o caso para a
equipe multiprofissional.
A partir dos 7 anos, a criança começa a desenvolver o julgamento global de autovalor, integrando
sua autopercepção, formando ideias sobre quem ela é e como deve ser. A influência de amigos
e colegas da mesma idade adquire grande importância nesta etapa da vida. A partir dos 10 anos
ocorrem mudanças relacionadas à puberdade e há um estirão de crescimento, primeiro nas meninas,
em torno dos 11 anos, depois nos meninos, em torno dos 13 anos (BRASIL, 2012).
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Avaliação dietética
Figura 4 – Alimentação.
A história alimentar ou dietética inclui local e horário das refeições, fracionamento, alimentos
e preparações consumidas, volume, consistência e ingestão hídrica.
Os inquéritos alimentares são úteis para estimar o consumo dietético habitual. Os métodos
mais comumente utilizados são: recordatório 24 horas, recordatório habitual, frequência alimentar
e registro alimentar.
Dados complementares
É importante questionar sobre a rotina da criança e o estilo de vida da família. Por exemplo: hábito
de sono, atividade física (tipo, frequência e duração), atividades de lazer (parques, brincadeiras ao
ar livre, videogame, fast-food, televisão), rotina escolar (período, presença de merenda, cantina ou
lanche trazido de casa, rendimento escolar).
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Outro ponto importante é o exame físico. Sinais clínicos em cabelos, pele, unhas, olhos e boca,
por exemplo, podem indicar a deficiência de vitaminas e minerais. Estes dados devem ser cruzados
com dados da história dietética e, se necessário, exames bioquímicos.
O nutricionista pode solicitar o resultado de exames bioquímicos atuais já realizados pela criança
ou solicitar novos exames, quando isso for necessário e pertinente ao diagnóstico nutricional.
Antropometria
O estado nutricional é reflexo do equilíbrio entre o consumo de energia e nutrientes, herança
genética e condições socioeconômicas. Portanto, devem-se escolher medidas que reflitam o
crescimento e desenvolvimento da criança.
Peso e altura
Figura 5 – Peso e altura.
O peso e a altura são as medidas mais usadas na avaliação do estado nutricional. A combinação
destes dados é a mais utilizada em estudos epidemiológicos, pois é de fácil mensuração e baixo
custo.
O peso se modifica em períodos curtos de tempo, sendo um bom indicador do estado nutricional
e da evolução do tratamento em casos de desnutrição ou excesso de peso, enquanto as modificações
na altura ocorrem mais lentamente. Assim, déficits de altura podem indicar desnutrição crônica e
comprometimento da massa muscular.
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O peso expressa o volume ou massa corporal total, incluindo massa muscular e tecido adiposo.
Para avaliações mais específicas, é preciso associar outras medidas.
Para uma correta aferição do peso, deve-se usar a balança plataforma com capacidade para
150 kg e divisões de 100 g. A criança deve estar ereta, com o mínimo de roupas, descalça e sem
adornos na cabeça (tiara, por exemplo). Então, deve subir na balança de costas para o medidor,
posicionar-se no centro da balança, com os pés juntos e os braços relaxados ao longo do corpo.
Para verificar a estatura, recomenda-se o uso do estadiômetro. A criança deve estar ereta, com
a cabeça em Plano Horizontal de Frankfurt (linha imaginária entre a órbita e o trágus perpendicular
ao maior eixo do corpo), os braços estendidos ao longo do corpo, joelhos unidos; nuca, ombros,
nádegas e calcanhares devem estar encostados no aparelho.
Índices antropométricos
Para crianças na terceira infância, o padrão-ouro são as curvas lançadas pela Organização Mundial
da Saúde (OMS) em 2007, disponíveis para os índices peso/idade, estatura/idade e IMC/idade. Os
índices devem ser usados de forma complementar, ou seja, um índice não exclui a importância do
outro. As curvas devem ser interpretadas conforme os pontos de corte, em percentil ou escore-Z.
Lembramos que, por ser mais preciso, o escore-Z é o mais utilizado em estudos epidemiológicos.
Todas as curvas podem ser baixadas gratuitamente no site da OMS. No mesmo site pode-se
baixar o programa WHO Anthro Plus, que permite o cálculo de todos os parâmetros, tanto para
análise populacional quanto individual. Além disso, no site do Ministério da Saúde é possível obter
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os gráficos produzidos pela OMS já traduzidos para a língua portuguesa. Nos endereços listados
também é possível obter todas as tabelas com os valores dos gráficos para cada ponto de corte.
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É validado como indicador da gordura corporal total nos percentis superiores e tem a vantagem
de poder ser aplicado para adultos, permitindo o acompanhamento em longo prazo. Entretanto,
não é capaz de fornecer a composição corporal, sendo, portanto, recomendado que seja associado
a outros indicadores, como a somatória das dobras cutâneas tricipital e subescapular e a área
muscular do braço.
Tabela 2 – Pontos de corte de peso por idade para crianças a partir de 5 anos.
Tabela 3 – Pontos de corte de estatura por idade para crianças a partir de 5 anos e adolescentes.
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Tabela 4 – Pontos de corte de IMC por idade para crianças a partir de 5 anos e adolescentes.
≤ Percentil 85 ≤ Escore Z +1
≤ Percentil 97 ≤ Escore Z +2
Quanto maior a inclinação da curva, mais intenso o ganho ou perda de peso em um dado período
de tempo.
Lembramos que, para a altura, espera-se sempre uma linha ascendente. Portanto, é importante
respeitar um intervalo mínimo entre as medidas: em torno de 4 a 6 meses.
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Circunferência do braço
A circunferência do braço (CB) é uma medida bastante utilizada para a avaliação nutricional na
infância. A CB é de fácil mensuração e baixo custo, podendo ser usada em estudos populacionais.
Assim como o peso, a CB expressa tanto a massa muscular quanto o tecido adiposo. Pode ser
utilizada de forma complementar ou independente (quando não for possível mensurar o peso e a
altura).
A medida é aferida no ponto médio do braço, entre o extremo do ombro (acrômio) e o ponto
mais extremo do cotovelo (olecrano). Primeiramente, é preciso marcar o ponto central com o braço
flexionado e auxílio de uma fita métrica. Em seguida, a medida deve ser aferida com o braço relaxado
e estendido ao longo do corpo. A fita métrica deve contornar a medida, de forma firme, mas sem
comprimir o tecido (figura 6). Recomenda-se o uso de fitas métricas flexíveis, não elásticas, com
precisão de 1 mm.
A referência mais utilizada para avaliar a medida da CB é a proposta por Frisancho (1990),
conforme a tabela 5. Para uma criança saudável, espera-se um percentil entre 5 e 95. Valores
inferiores ao percentil 5 são indicadores de distúrbios associados à desnutrição.
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A CMB é usada para avaliar a reserva de tecido muscular, sem corrigir a área óssea. Frisancho
(1990) propôs pontos de corte descritos na tabela 6. Para crianças saudáveis, espera-se um valor
de CMB acima do percentil 5.
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Os pontos de corte de Frisancho (1990) são utilizados como referência, sendo que valores < P5
indicam depleção muscular, relacionado a quadros de desnutrição (tabela 7). Valores superiores
ao P95, diferentemente de outras medidas, não indicam excesso de gordura corporal, uma vez que
trata da medida indireta de massa muscular.
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(anos) 5 10 25 50 75 90 95
(anos) 5 10 25 50 75 90 95
Circunferência abdominal
A medida da circunferência abdominal (CA) tem sido indicada como o melhor parâmetro para
diagnosticar obesidade central e para se relacionar com risco metabólico em crianças e adolescentes.
As crianças obesas apresentam correlação positiva para gordura abdominal e alterações metabólicas
(por exemplo, hipercolesterolemia, hipertrigliceridemia, hiperglicemia e hiperinsulinemia).
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A validade da relação cintura-altura, uma medida simples para avaliação do risco associado
ao excesso de peso em adultos, não foi confirmada em crianças e adolescentes. A CA tem sido
considerada um indicador de alterações metabólicas melhor do que a relação cintura-quadril (RCQ).
Ainda não existe um consenso sobre os pontos de corte estabelecidos para crianças. Acredita-se
que crianças com percentual de gordura corporal superior a 33% e circunferência abdominal superior
a 71 cm são mais predispostas a risco cardiovascular futuro. Com menos de 20% de gordura e menos
de 61 cm de circunferência abdominal, o risco é menor (ABESO, 2016). É importante valorizar mais
a evolução da medida do que a utilização de um ponto de corte específico.
O protocolo mais comum para o local da medida é o ponto médio entre a crista ilíaca e a última
costela. Porém, existem divergências na literatura, e o avaliador deve conhecer a metodologia
usada ao optar por uma referência. A medida deve ser aferida com a criança em pé, pés unidos e
braços estendidos ao longo do corpo. A fita deve ser posicionada diretamente sobre a pele e não
sobre a roupa.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) recomenda o uso preferencial dos valores propostos por
Freedman et al. (1999). Porém, até o momento presente, não há trabalhos com enfoque na população
brasileira. Considera-se que crianças com circunferência abdominal (CA) acima do percentil 90 têm
maior chance de apresentar dislipidemias, hipertensão arterial e resistência insulínica (SBP, 2009).
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6 44 54 61 60 53 60 42 54 60 52 53 59
7 54 55 61 55 54 64 53 56 61 52 56 67
8 95 59 75 75 58 73 54 58 67 54 58 65
9 53 62 77 84 60 73 53 60 74 56 61 78
10 72 64 88 67 63 75 53 64 79 49 62 79
11 97 68 90 95 66 83 58 64 79 67 67 87
12 102 70 89 89 67 83 60 68 87 73 67 84
Pregas cutâneas
[...] a medida de dobras cutâneas exige avaliadores treinados para fornecer medições
precisas. Assim, a Organização Mundial da Saúde [...] recomenda o uso de indicadores
antropométricos de obesidade mais simples para avaliar possíveis riscos à saúde.
(PELEGRINI et al, 2015)
A aferição da dobra cutânea tricipital (DCT) é realizada no mesmo ponto da CB. O braço deve
estar relaxado e solto ao longo do corpo. A dobra cutânea subescapular (DCS) é aferida no ponto
abaixo do ângulo inferior da escápula. A criança deve estar com os ombros e os braços relaxados.
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A fórmula mais usada para o cálculo do percentual de gordura corporal de crianças e adolescentes
é a proposta por Slaughter, Lohman e Boileau (1988). Considera-se normal uma porcentagem de
gordura de até 25 para meninos e até 30 para meninas.
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Todas as meninas
O referencial de Frisancho (1990) também é utilizado para avaliar o percentil das medidas
isoladamente ou da soma das dobras tricipital e subescapular. A soma das dobras indica excesso
de adiposidade quando o resultado for superior ao percentil 90.
Meninos
6,0-6,9 5,0 6,0 6,0 6,5 8,5 10,5 12,0 13,0 16,0
7,0-7,9 5,0 6,0 6,0 7,0 9,0 11,0 13,0 15,0 17,5
8,0-8,9 5,0 6,0 6,0 7,0 9,0 11,5 13,0 16,0 18,5
9,0-9,9 5,5 6,0 6,5 7,0 10,0 13,0 16,5 17,0 21,0
10,0-10,9 5,5 6,0 7,0 8,0 10,5 14,5 18,0 20,0 24,0
11,0-11,9 5,5 6,0 7,0 8,0 11,5 16,0 20,0 24,0 30,0
12,0-12,9 5,5 6,0 7,0 8,0 11,0 14,5 20,0 23,0 28,5
Meninas
6,0-6,9 6,0 7,0 7,5 8,0 10,5 12,0 13,5 15,0 17,0
7,0-7,9 6,0 7,0 8,0 9,0 11,0 13,0 15,0 17,0 19,0
8,0-8,9 6,5 7,0 8,0 9,0 11,5 15,0 17,0 18,0 22,5
9,0-9,9 7,0 8,0 8,5 10,0 13,0 16,5 19,5 22,0 25,5
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10,0-10,9 7,0 8,0 8,0 10,0 13,0 17,5 20,0 22,5 27,0
11,0-11,9 7,0 8,5 9,0 11,0 13,0 18,5 21,5 24,5 29,0
12,0-12,9 8,0 9,0 9,5 11,0 14,0 18,0 20,5 23,0 27,0
Meninos
6,0-6,9 3,0 3,5 3,5 4,0 4,5 6,0 7,0 8,0 13,0
7,0-7,9 3,0 3,5 4,0 4,0 5,0 6,0 7,0 9,0 12,0
8,0-8,9 3,0 3,5 4,0 4,0 5,0 6,0 7,5 9,0 12,0
9,0-9,9 3,5 4,0 4,0 4,0 5,5 7,5 10,5 12,5 15,0
10,0-10,9 3,5 4,0 4,0 4,5 6,0 8,0 11,0 14,0 19,5
11,0-11,9 4,0 4,0 4,0 5,0 6,0 10,0 15,0 20,0 27,0
12,0-12,9 4,0 4,0 4,5 5,0 6,5 10,0 14,0 19,0 24,0
Meninas
6,0-6,9 3,5 4,0 4,0 4,5 5,5 7,0 9,0 10,0 11,5
7,0-7,9 4,0 4,0 4,0 4,5 6,0 7,0 9,5 11,0 13,0
8,0-8,9 3,5 4,0 4,0 5,0 6,0 8,0 11,5 14,5 21,0
9,0-9,9 4,0 4,5 5,0 5,0 7,0 10,0 14,0 18,5 24,5
10,0-10,9 4,0 4,5 5,0 5,5 7,0 11,5 16,0 19,5 24,0
11,0-11,9 4,5 5,0 5,0 6,0 8,0 12,0 16,0 21,0 28,5
12,0-12,9 5,0 5,5 6,0 6,0 9,0 12,5 15,5 19,5 29,0
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Tabela 11 – Percentis da soma das dobras cutâneas tricipital e subescapular em crianças de 6 a 12 anos.
Meninos
6,0-6,9 8,6 9,5 10,0 11,0 13,0 16,0 19,0 21,0 28,0
7,0-7,9 8,5 9,5 10,0 11,0 14,0 17,5 20,5 23,0 28,5
8,0-8,9 9,0 9,5 10,0 11,0 14,0 17,0 21,0 25,0 29,5
9,0-9,9 9,0 10,0 10,5 12,0 15,0 21,0 27,0 31,0 35,5
10,0-10,9 9,5 10,0 11,0 13,0 16,5 23,5 28,0 35,4 42,5
11,0-11,9 9,5 10,5 11,0 13,0 17,5 26,0 36,4 41,5 55,0
12,0-12,9 9,5 10,5 11,5 13,0 17,5 24,0 34,0 41,0 53,0
Meninas
6,0-6,9 10,0 11,0 12,0 13,5 16,5 19,5 22,0 24,0 32,5
7,0-7,9 10,0 11,5 12,0 14,0 16,5 20,5 24,0 26,0 32,5
8,0-8,9 10,5 11,5 13,0 14,0 17,5 23,0 28,5 32,0 41,5
9,0-9,9 11,5 12,5 13,5 16,0 20,0 26,5 30,5 40,0 49,0
10,0-10,9 12,0 13,0 13,5 15,5 20,5 28,5 34,5 41,0 50,5
11,0-11,9 13,0 14,0 15,0 17,0 22,0 31,0 37,0 42,5 55,0
12,0-12,9 13,0 14,5 16,0 18,0 23,0 31,0 36,3 41,0 52,0
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Em alguns serviços de saúde, pela impossibilidade de realizar o exame clínico direto, solicita-se que
o jovem faça a autoavaliação. O nutricionista, quando necessário, pode utilizar esta técnica. Em primeiro
lugar, é importante explicar ao adolescente a importância do exame, evitando constrangimentos, e
como ele deve fazer a escolha conforme a percepção de seu grau de desenvolvimento. Ao entregar
a prancha de Tanner (figuras 8 e 9), questiona-se: “Com qual dessas figuras você acha o seu corpo
mais parecido?”. Então, após verificar as imagens de cada grau de maturação na prancha, ele aponta
o estágio em que se encontra. Porém, a autoavaliação está sujeita a erros, e o profissional deve ser
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mais cuidadoso ao interpretá-la. É importante esclarecer a importância dessa avaliação para evitar
constrangimentos e solicitar permissão tanto do jovem quanto do responsável.
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2) Calcular o IMC
5) Impressão diagnóstica
Exames bioquímicos
A solicitação e interpretação de exames bioquímicos é motivo de muita preocupação para o
nutricionista. Quando solicitar? Quais indicadores devo escolher? É de minha competência fazer o
diagnóstico em caso de alteração? São as principais dificuldades que o nutricionista enfrenta na
prática clínica. Alguns aspectos devem ser enfatizados:
• O nutricionista pode solicitar os exames que julgar importante para o diagnóstico nutricional.
• A necessidade de cada exame varia conforme a idade da criança, motivo da consulta, história
clínica, hábito alimentar e estado nutricional.
• Em caso de dúvidas sobre a solicitação de um exame, o profissional deve se perguntar: “Se o
resultado do exame vier alterado, é da minha competência intervir?”. Se a resposta for positiva,
o exame deve ser solicitado.
• Por outro lado, se o nutricionista desconfiar de alguma alteração que não seja de sua competência,
deve fazer o encaminhamento para o médico da criança.
• A solicitação de exames desnecessários gera desconforto para a criança, prejudica o vínculo
de confiança família-profissional e onera os gastos do sistema de saúde público ou particular.
• Antes de solicitar um exame, deve-se verificar se ele já foi solicitado recentemente por outro
profissional da equipe de saúde, verificando o prontuário da criança e questionando os pais
ou responsáveis.
• Diversos quadros são de origem multifatorial e, portanto, devem ser tratados de forma
multiprofissional – por exemplo, a obesidade e suas consequências.
• Esclarecer que a conduta nutricional não exclui a necessidade do acompanhamento médico.
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• O diagnóstico clínico deve ser realizado exclusivamente pelo médico. Os exames devem
apenas respaldar o nutricionista para o diagnóstico e conduta nutricionais, juntamente com
os demais dados da anamnese.
O profissional deve conhecer as legislações que respaldam a profissão: o artigo 4° da Lei Federal
8.234/91, Resolução CFN n° 306/03, Resolução CFN n° 380/05 e Resolução CFN n° 417/08, Parecer
Técnico CRN-3 n° 03/2014. Deve também verificar se existe algo similar no seu CRN.
Vitamina E sérica < 11 anos: 7-35 µmol/L Influenciada pelo perfil lipídico (realizar
ajuste de vitamina E: colesterol +
> 11 anos: 14-42 µmol/L triglicérides)
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↑ deficiência de ferro
↑ doença renal
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11 a 14 anos: ≥ 12 g/dL
Fonte: elaborado a partir de dados de Vitolo (2008), Accioly et al. (2009), SBP (2009) e Priore et al. (2010).
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Glicemia jejum < 100 mg/dL Glicemia > 100 e < 126 mg/dL indica
glicemia alterada de jejum
GTTO 2h* ≤ 140 mg/dL Glicemia > 140 e < 200 mg/dL indica
intolerância à glicose
*GTTO 2h – Teste de tolerância oral à glicose com coleta após duas horas da sobrecarga (75 g
ou 1,75 g de maltodextrina por kg de peso corporal). Deve ser realizado nos casos de glicemia de
jejum alterada. Fonte: elaborado a partir de dados de Vitolo (2008) e SBP (2009, 2012b).
Fonte: IV Diretriz Brasileira sobre Dislipidemias e Prevenção de Aterosclerose (2007) apud SBP (2012b).
Exame físico
Ao realizar o exame físico, o nutricionista deve lembrar que os sinais clínicos apresentados no
quadro a seguir não são exclusivos das deficiências nutricionais. Por exemplo, alterações de pele
também ocorrem em quadros de alergia, ressecamento e patologias de causa não nutricional.
Assim, na presença de um sinal clínico, é essencial que o profissional investigue a quantidade e
frequência de consumo dos grupos de alimentos fonte e conheça o perfil da população atendida.
Para confirmar uma suspeita, pode ser preciso solicitar exames laboratoriais e, após resultado,
se não for confirmada a deficiência nutricional, encaminhar ao pediatra para diagnóstico médico.
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Quadro 5 – Sinais mais frequentes de carências nutricionais específicas e sua associação com o diagnóstico
por áreas.
Quebradiço
Despigmentado
Fácil de arrancar
Sinal de bandeira
Palidez Ferro
Membranas vermelhas
Xerose conjuntival
Xerose de córnea
Queratomalácia
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Escaras do ângulo
Queilose (avermelhamento ou
edema dos lábios)
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Persistência da abertura da
fontanela anterior
Perna em X ou torta
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Fraqueza motora
Impressão diagnóstica
O diagnóstico nutricional deve ser resultante da avaliação global da criança, ou seja, da combinação
de todos os dados colhidos e mensurados. Portanto, a impressão diagnóstica contempla o resultado
da avaliação clínica, antropométrica, dietética, bioquímica, interpretação das principais intercorrências
e evolução da criança. A impressão diagnóstica deve ser compartilhada com a criança e o responsável
em uma linguagem acessível, esclarecendo possíveis dúvidas.
É importante frisar que todos os dados coletados, como exames bioquímicos solicitados e seus
resultados, sinais clínicos etc., bem como solicitações e orientações dadas durante esse processo,
devem ser registrados de forma clara e objetiva no prontuário da criança.
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Para crianças de até 10 anos atendidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), os dados devem
ser registrados também na Caderneta de Saúde da Criança, considerada um prontuário resumido
com dados de identificação da criança, condições do parto e puerpério, acompanhamento do
crescimento e desenvolvimento, dentre outros. A caderneta é de posse da mãe ou responsável pela
criança, que deve levá-la em todas as consultas de saúde no SUS.
A referência mais utilizada são as DRIs (dietary reference intakes – ingestões dietéticas de
referência). As DRIs são o resultado de amplo consenso científico internacional realizado por comitês
de especialistas do Food and Nutrition Board, do Institute of Medicine (IOM) da National Academy
of Sciences dos Estados Unidos e do Health Canadá. Os valores de referência propostos são úteis
para auxiliar na avaliação e planejamento dietético de indivíduos saudáveis conforme faixa etária e
gênero, lembrando que as DRIs de 2002 substituem as recomendações propostas em 1989 (RDAs).
Alguns autores preferem utilizar as referências da Food and Agriculture Organization (FAO/OMS)
por causa de sua melhor adequação à população latino-americana.
A terceira infância compreende duas fases bem distintas: escolares e adolescentes. Assim, é
preciso conhecer tanto as recomendações para crianças quanto para adolescentes.
Necessidades energéticas
Os quadros 6 a 10 apresentam as fórmulas propostas pelas DRIs para o cálculo do gasto
energético basal (GEB ou BEE – basal energy expenditure) e a necessidade estimada de energia
(EER – estimated energy intake), respectivamente, de crianças e adolescentes.
A EER é a média de energia necessária para manter o peso, as atividades físicas diárias e
o crescimento adequado. Para crianças e adolescentes com excesso de peso, a EER deve ser
substituída pela TEE (total energy expenditure, ou gasto total de energia), pois não se deseja manter
o excesso de peso por longo prazo.
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Meninos
BEE(kcal/dia) = 68 – 43,3 x idade (anos) + 712 x estatura (m) + 19,2 x peso (kg)
Meninas
BEE(kcal/dia) = 189 – 17,6 x idade (anos) + 625 x estatura (m) + 7,9 x peso (kg)
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1,26 1,31
Muito ativo:
1,42 1,56
Quadro 8 – Necessidade estimada de energia para crianças e adolescentes entre 9 e 18 anos (DRIs).
1,26 1,31
Muito ativo:
1,42 1,56
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Quadro 9 – Gasto energético basal para crianças com sobrepeso ou obesidade de 3 a 18 anos.
Meninos
BEE (kcal/dia) = 420 – 33,5 x idade [anos] + 418 x altura [m] + 16,7 x peso (kg)
Meninas
BEE (kcal/dia) = 516 – 26,8 x idade [anos] + 347 x altura [m] + 12,4 x peso (kg)
Quadro 10 – Necessidade estimada de energia para manutenção de peso em meninos e meninas com sobre-
peso/obesidade entre 3 e 18 anos.
TEE = 114 – 50,9 x idade [anos] + FA x (19,5 x peso [kg] + 1161,4 x altura Sedentário:
[m])
1,0
Meninas
Pouco ativo:
TEE = 389 – 41,2 x idade [anos] + FA x (15,0 x peso [kg] + 701,6 x altura
1,12 1,18
[m])
Ativo:
1,24 1,35
Muito ativo:
1,45 1,60
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Tabela 17 – Requerimento energético para crianças conforme idade e atividade física (FAO/OMS).
6-7 62 73 84 59 69 80
7-8 60 71 81 57 67 77
8-9 59 69 79 54 64 73
9-10 56 67 76 52 61 70
Necessidade de macronutrientes
Proteína
As crianças necessitam de maior aporte de proteínas por kg de peso corporal do que os adultos
No entanto, os valores são facilmente atingidos por uma alimentação equilibrada. Estudos mostram
que mesmo crianças lacto-ovo-vegetarianas e veganas conseguem atingir as recomendações de
proteína em uma dieta equilibrada (OGATA; HAYES, 2014).
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4-6 0,87
7-10 0,92
Carboidrato
Os carboidratos devem compor 45 a 65% do total de energia da dieta (tabela 19), priorizando
os carboidratos complexos. A ingestão excessiva de carboidratos predispõe o desenvolvimento de
DCNT, como obesidade, dislipidemias e diabetes.
Segundo as DRIs, admite-se um máximo de 25% do valor energético total proveniente de açúcares
de adição. Ressalta-se que esse valor não é uma recomendação, mas sim o nível máximo aceitável
para assegurar a ingestão suficiente de certos micronutrientes essenciais que não estão presentes
em alimentos e bebidas ricos em açúcares. A ingestão diária de açúcares adicionados que os
indivíduos (crianças e adultos) devem consumir para uma dieta saudável não foi definida pelas DRIs.
Em 2015, a OMS criou uma diretriz sobre a ingestão de açúcares por adultos e crianças. Neste
documento, recomenda-se reduzir a ingestão de açúcares livres para menos de 10% da ingestão
calórica total, tanto para crianças quanto para adultos. O documento traz algumas evidências sobre os
benefícios de uma redução ainda maior (< 5% da ingestão calórica total) para a saúde da população,
mas esta informação ainda não é um consenso entre os profissionais. A diretriz considera como
açúcares livres os monossacarídeos e os dissacarídeos adicionados aos alimentos e às bebidas
pelo fabricante, pelo cozinheiro ou pelo consumidor, além dos açúcares naturalmente presentes
no mel, nos xaropes, nos sucos de frutas e nos concentrados de sucos de frutas.
Assim, sugere-se utilizar a recomendação da OMS para o consumo de açúcares livres (< 10%
do valor energético total).
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Gordura
O consumo de gorduras deve ser de aproximadamente 30% do valor energético total (tabela 19).
A oferta excessiva de lipídios aumenta as chances de a criança desenvolver DCNT. Porém, dietas
hipolipídicas raramente são necessárias. Na maioria dos casos, basta corrigir o excesso e melhorar
a qualidade das gorduras ingeridas.
Os ácidos graxos essenciais linoleico (ômega-6) e linolênico (ômega-3) devem ser obrigatoriamente
fornecidos pela dieta. Os óleos vegetais, especialmente girassol, milho, gergelim e nozes, são ricos
em ômega-6. As fontes para ômega-3 são peixes (por exemplo, salmão, sardinha e tainha), óleo de
soja e de canola, sementes de linhaça e nozes.
Fibras
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Macronutriente Recomendação
Ácidos graxos trans O mais baixo possível dentro de uma dieta nutricionalmente
adequada
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O consumo de sódio entre crianças e jovens está elevado. Estudo com crianças americanas
entre 6 e 11 anos mostrou consumo médio de 2,933 mg de sódio por dia (OGATA; HAYES, 2014).
Para prevenção da hipertensão arterial, o consumo de sal de cozinha deve ser menor que 5 g/
dia (SBP, 2012a).
Tabela 21 – Valores de referência das recomendações diárias (DRIs) de água e eletrólitos para crianças de 1 a
8 anos.
Nutriente Idade EAR RDA AI UL
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Necessidade de micronutrientes
Alguns nutrientes devem receber atenção especial durante a infância, seja pela recomendação
em quantidade mais expressiva, seja pela biodisponibilidade. São eles: cálcio, ferro, zinco, vitamina
A e vitamina C.
Outros micronutrientes, conhecidos como elementos-traço, são facilmente atingidos com uma
dieta equilibrada.
Ferro
As necessidades de ferro variam bastante nos ciclos de vida. A absorção do mineral é influenciada
por fatores dietéticos. O ferro do tipo heme tem maior biodisponibilidade do que o ferro não heme,
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com absorção em torno de 15 a 20% e 5 a 10%, respectivamente. As fontes de ferro do tipo heme são
carnes, frango e peixe. O ferro não heme é fornecido pelo consumo de vegetais, grãos, ovos e leite.
É possível aumentar a absorção do ferro não heme pela presença de vitamina C e carnes na
mesma refeição. Já os fitatos (presentes nos grãos, sementes, castanhas e isolados de soja), os
oxalatos (chocolate, acelga, espinafre, batata-doce, ruibarbo e feijão) e os taninos (frutos e hortaliças)
podem reduzir a biodisponibilidade do mineral quando presentes em grande quantidade. O ferro e
o cálcio, ainda, costumam competir entre si pelos sítios de absorção.
Adultos com deficiência de ferro apresentam maior absorção do mineral como uma defesa do
organismo. Existem dúvidas se o mesmo mecanismo ocorre com crianças por causa das intensas
mudanças no estoque de ferro e nas taxas de eritropoiese durante a infância.
Cálcio
O cálcio é essencial para o crescimento ósseo e dentário. A ingestão de duas a três porções de
leite e derivados garante o requerimento do mineral. Outras fontes de cálcio são as folhas verde-
escuras, leguminosas, tofu, ovos, nozes e castanhas.
Crianças com intolerância ao leite devem receber atenção especial a fim de se garantir o aporte
do nutriente. Para crianças com alergia à proteína do leite de vaca e que, portanto, não podem
ingerir nenhum alimento à base de leite, mesmo em quantidades mínimas, é preciso usar produtos
alternativos fortificados ou suplementos.
Vitamina A
A vitamina A tem papel crucial para a imunidade, sendo conhecida como vitamina anti-infecção.
A deficiência da vitamina A pode, ainda, ser um fator de risco para a anemia ferropriva.
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Zinco
O zinco é essencial para a síntese proteica. Os tecidos com maior taxa de síntese são a pele, o
sistema imunológico e o trato gastrintestinal. A deficiência de zinco está relacionada ao retardo de
crescimento, prejuízo no sistema imunológico, alopecia, diarreia e anorexia, dentre outros.
Deve-se prestar atenção em crianças com dieta vegetariana, dietas hipoproteicas ou aquelas
com baixo consumo de carne (famílias de pouca renda) ou na ocorrência de substituição das
refeições por guloseimas.
Tabela 22 – Valores de referência das recomendações diárias (DRIs) de micronutrientes para crianças de 4 a
18 anos.
Nutriente Idade EAR RDA AI UL
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9-13 7 mg 8 mg ----- 23 mg
9-13 7 mg 8 mg ----- 23 mg
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9-13 9 mg 12 mg ----- 20 mg
9-13 9 mg 12 mg ----- 20 mg
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3) A unidade para folato é µg de equivalentes de folato dietético (DFE) que corresponde à DFE =
µg de folato dietético + (1,7 x µg de ácido fólico sintético), assumindo-se uma disponibilidade de
ácido fólico adicionado aos alimentos de 85% e de folato dietético de 50% (1,7 vez maior).
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Considerações
O cálculo da ingestão habitual e da dieta prescrita é importante em situações especiais, como
anemia, obesidade, desnutrição e diabetes, dentre outras. Para tanto, existem softwares que
auxiliam o nutricionista e que podem ser utilizados. Ao escolher um software, o profissional deve
ter o cuidado de verificar se ele utiliza valores de referência validados e atuais. Nos demais casos
e na impossibilidade de se fazer os cálculos, pode-se usar o método de equivalentes por grupos
alimentares conforme a recomendação dos guias alimentares. Além disso, é essencial a correção
dos erros alimentares e a orientação qualitativa quanto à escolha, combinação e fracionamento.
Nas últimas décadas, vivenciamos a chamada transição nutricional, caracterizada por mudanças
no padrão alimentar da população, especialmente no meio urbano, atingindo as crianças e os
adolescentes. Pesquisas importantes, como a POF (Pesquisa de Orçamento Familiar), mostraram
o aumento no consumo de refeições prontas, biscoitos, embutidos e refrigerantes e diminuição no
consumo de arroz, feijão, tubérculos, peixe e ovos.
A nova versão do Guia Alimentar para a População Brasileira (2014) enfatiza que o uso excessivo de
alimentos processados e ultraprocessados, em detrimento dos alimentos in natura ou minimamente
processados, traz diversos prejuízos à saúde. Os alimentos processados ou ultraprocessados, em
geral, possuem maior quantidade de açúcares, gorduras e sódio e menor quantidade de fibras,
vitaminas e minerais, exceto quando adicionados artificialmente, além de possuírem maior quantidade
de aditivos sintéticos, como corantes e conservantes.
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Outro hábito comum na terceira infância é o aumento do número de horas na frente da televisão,
computador ou videogame, que está entre as principais causas de sedentarismo. Além disso, a
televisão propicia o consumo de alimentos de alta densidade energética por meio das propagandas
veiculadas. Ainda, muitas vezes o jovem diminui a quantidade de horas de sono para usar o
computador ou videogame. Os pais devem ser orientados sobre essa questão, que constitui fator
de risco para obesidade e outras DCNT.
Crianças
Figura 11 – Crianças.
Na terceira infância é comum o aumento do apetite. Esse aumento é justificado pelo intenso
metabolismo, atividade física e mental dessa fase. O organismo apresenta proporcionalmente
maior gasto energético que o adulto, necessitando de maior quantidade de alimentos por quilo de
peso. Nessa idade, a criança já apresenta maior autonomia para a escolha dos alimentos. A maior
socialização e o aumento do apetite promovem melhor aceitação de alimentos e preparações
diferentes das habituais.
A oferta de alimentos novos e variados é essencial nessa fase, para que a criança amplie seu
paladar e tenha maior oportunidade de obter todos os nutrientes de que necessita. Porém, deve-se
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evitar a oferta excessiva de alimentos ricos em gordura, sódio e açúcares e estimular o consumo
de frutas, verduras e legumes.
Por outro lado, a maior independência pode levar à omissão do café da manhã, hábito comum a
partir dessa idade. É comum a redução do consumo de leite e, consequentemente, menor ingestão
de cálcio. Pesquisas recentes sugerem que desequilíbrios do balanço energético são comuns nessa
fase por causa do excesso de alimentos de alta densidade calórica e baixa densidade nutritiva, além
da falta de estímulo ou incentivo negativo para a realização de exercícios físicos.
Apesar de a criança passar a receber mais estímulos externos (por exemplo, na escola), a
influência da família continua sendo determinante no padrão alimentar de escolares.
Adolescentes
Figura 12 – Adolescentes.
É comum que o jovem estabeleça padrões dietéticos influenciado pelo meio externo (normas
sociais e culturais, atitudes dos amigos, mídia e hábitos dos pais) e por fatores internos (necessidades
psicológicas, características e preferências individuais, imagem corporal, autoestima, experiências
pessoais). Muitas vezes ele possui o conhecimento adequado sobre alimentação e nutrição, mas
não consegue ultrapassar as barreiras que o impedem de agir corretamente.
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Nesse período, o indivíduo está construindo sua identidade, buscando autonomia e independência.
Essa busca faz parte da sobrevivência e é determinante para a sua vida futura. No entanto, a nova
rotina pode refletir negativamente na alimentação, com maior consumo de alimentos ultraprocessados
(por exemplo, fast-food, guloseimas e refrigerantes) e menor consumo de alimentos in natura ou
minimamente processados (leite, frutas e verdura, por exemplo). Nesse período, é comum a omissão
de refeições importantes, substituição das refeições por lanches de baixa qualidade nutricional e
horários irregulares para se alimentar. É frequente a omissão do café da manhã e o baixo consumo
de leite. Esse fato se torna mais grave durante o estirão do crescimento, quando ocorre o pico
máximo da mineralização óssea. Assim, é preciso verificar se o adolescente está consumindo
outros alimentos lácteos.
Por tudo isso, os adolescentes são considerados um grupo de risco para os distúrbios nutricionais
e transtornos alimentares, como anorexia e bulimia.
O papel do nutricionista não é apenas prescrever um plano alimentar. Ele também é um educador,
e deve reservar tempo durante a consulta para orientar práticas alimentares que favorecerão a
saúde, qualidade de vida e prevenção de DCNT. O empoderamento é essencial para que o jovem
possa fazer escolhas adequadas, seja qual for sua situação ou local em que se encontra.
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10. Educar visando promover a autonomia das famílias nas suas escolhas
alimentares.
Ao trabalhar com crianças, evite conversas abstratas, fornecendo informações claras e honestas.
Elas nem sempre compreendem as razões pelas quais devem mudar seus hábitos. Respeite o seu
grau de amadurecimento. Permita que a criança participe do planejamento, pergunte o que ela deseja
e dê opções – podemos observar que as crianças são rápidas em expressar seus sentimentos.
Atenção: os pais podem, sem perceber, sabotar os esforços da criança oferecendo alimentos
não desejáveis e desmotivando iniciativas de exercícios físicos. Assim, as mudanças devem ser
realizadas por toda a família, incluindo refeições à mesa, e não na frente da TV, e prática de atividades
físicas em conjunto, como passeios alternativos nos fins de semana.
A criança já é capaz de se servir sozinha e deve ser estimulada. A SBP (2012a) recomenda a
“autonomia orientada”, ou seja, a criança deve se servir sozinha, mas precisa ser orientada sobre
o tamanho das porções.
A oferta de grandes porções de alimentos pode levar ao consumo de maior volume de alimentos
e calorias. Pesquisas mostram que as crianças consomem menos quando os adultos permitem
que elas se sirvam em comparação com uma situação em que recebem um prato já montado. Um
estudo mostrou que o tamanho do prato ou louça e dos utensílios usados para servir influenciam
o tamanho da porção: pratos grandes foram associados à seleção e consumo de porções maiores
(OGATA; HAYES, 2014).
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Plano dietético
O plano alimentar deve ter cinco ou seis refeições diárias: café da manhã, lanche da manhã,
almoço, lanche vespertino, jantar e lanche da noite. O período que a criança permanece na escola,
bem como a rotina extracurricular, é importante para o planejamento dietético. Tomemos por
exemplo uma criança que estuda no período da tarde, acorda às 8h e precisa almoçar cedo (entre
11h30 e 12h) para ir para a escola. Ela faz uma refeição durante sua permanência na escola (12h30
às 17h30) e janta em casa (18h30). Neste caso, a manhã é curta e a tarde é longa. Portanto, pode-
se oferecer um pequeno lanche às 9h30/10h e um lanche mais reforçado durante a tarde. Se este
fato não for observado e a criança receber um lanche reforçado às 9h30, provavelmente ela não
terá apetite durante o almoço ou consumirá mais energia do que necessita.
A alimentação deve ser variada, com presença de todos os grupos de alimentos preconizados
pelo guia alimentar atual. Os carboidratos complexos, presentes em tubérculos, raízes e cereais,
devem ser priorizados, enquanto açúcares, doces, guloseimas e refrigerantes devem ser consumidos
esporadicamente.
As frutas, verduras e legumes devem ser consumidas diariamente em pelo menos cinco porções
diárias. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (2012a) e a mais recente recomendação da
American Academy of Pediatrics (HEYMAN et al., 2017), os sucos naturais não devem ultrapassar
240 ml/dia, sendo que uma porção de fruta equivale a aproximadamente 180 ml de suco natural.
O consumo ideal de peixes de água do mar é de duas vezes por semana. Famílias que consomem
mais porções de peixe por semana devem ser orientadas quanto ao tipo e quantidade por causa do
alto risco de contaminação por metais pesados.
A correção dos erros alimentares pode ser mais eficiente se o nutricionista os relacionar com
temas de interesse. Crianças e adolescentes não costumam se preocupar com a saúde em longo
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prazo, mas podem se interessar em obter um corpo mais atraente e controlar sintomas da puberdade,
como acne.
Porém, questões como excesso de peso e obesidade devem ser abordados com cautela. A
preocupação excessiva com o ganho de peso nessa fase, quando não for abordada adequadamente,
pode causar transtornos alimentares, como bulimia e anorexia. Assim, dietas e intervenções radicais
não são recomendadas, pois, além do prejuízo ao crescimento e à saúde, as privações podem gerar
traumas, compulsão e ganho de peso futuro.
↓ ingestão de cálcio.
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Todas as condutas devem ser anotadas em prontuário para fim de reavaliação posterior. Quando
for o caso, as fórmulas utilizadas e os valores energéticos calculados devem ser registrados, evitando-
se, por exemplo, usar um valor de referência em uma consulta e outro na consulta seguinte, o que
dificultaria a interpretação da evolução da criança em situação especial.
Nos retornos, é importante avaliar a evolução clínica e nutricional a fim de fazer os ajustes
necessários, além de esclarecer dúvidas e reforçar orientações importantes.
A alimentação adequada e saudável (AAS) e a prática de atividade física são fundamentais para
a prevenção e tratamento da obesidade infantil e de outras DCNT.
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Ações de prevenção e promoção da saúde devem ocorrer no ambiente escolar, onde a criança
passa grande parte do seu tempo. Além disso, os pais e familiares devem ser envolvidos no processo.
As ações que fazem parte de um programa de saúde e qualidade de vida, quando contínuas,
apresentam melhores resultados em longo prazo do que ações educativas isoladas e pontuais.
Obesidade
Figura 13 – Obesidade.
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Tratamento
Por ser um problema complexo, o tratamento deve ser gradual, individualizado para cada caso
e multiprofissional. Os melhores resultados ocorrem quando o acompanhamento é realizado por
equipe composta por nutricionista, psicólogo, médico e/ou educador físico.
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A sensibilização da família e da criança é primordial: eles devem entender que são responsáveis
pelo sucesso do tratamento e que precisam de determinação, paciência e disciplina, além de mudar
comportamentos e conceitos sobre alimentação e nutrição.
Todas as mudanças devem ser negociadas com o paciente e a família, impondo limites, mas
respeitando seu momento de vida, rotina, grau de ansiedade, capacidade de compreensão e
execução. Essa troca favorece a relação de confiança família-profissional.
O nutricionista pode usar ferramentas, como o Guia Alimentar para a População Brasileira, para
ajudar a criança/adolescente/família a adquirir autonomia para fazer escolhas, visualizar combinações
e tamanho das porções. Essa e outras ferramentas podem ser usadas pelos nutricionistas de forma
interativa e lúdica. Por exemplo, a apresentação dos pratos com porções apropriadas desencorajam
o consumo excessivo nas refeições.
Crianças e adolescentes que participam de grupos conseguem mudar hábitos alimentares mais
facilmente do que aqueles que recebem apenas o atendimento individual.
Planejamento dietético
A quantidade de energia do plano alimentar deve ser determinada pelo grau de maturidade
biológica de cada indivíduo, grau da obesidade presente, hábitos alimentares, estado emocional
da criança ou adolescente e história de intervenções anteriores.
A figura a seguir sugere metas para a perda de peso considerando o grau de maturidade
biológica, que deve ser adaptado conforme os fatores acima citados. Para crianças menores de 7
anos, objetiva-se a manutenção do peso corporal pelo período de seis meses a um ano, pois, em
geral, o ganho em estatura será suficiente para corrigir o IMC. Essa recomendação previne a perda
de massa magra e redução do metabolismo basal. Já para as crianças maiores pode-se programar
uma perda de peso lenta e gradual, preservando a massa muscular.
Para as crianças e os adolescentes que ainda estão em fase de crescimento, a redução de 108
kcal na ingestão diária leva à perda de aproximadamente 15 g/dia, ou 450 g/mês (SBP, 2012b).
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Além de considerar as fórmulas próprias para a criança com sobrepeso ou obesidade, é importante
considerar a quantidade de calorias ingeridas habitualmente. Esse ajuste entre a quantidade
recomendada e a quantidade consumida evitará mudanças bruscas na alimentação da criança.
Por exemplo, uma criança em fase de crescimento que necessita de 2000 kcal para perder peso
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lentamente e consome habitualmente 2600 kcal pode ter um bom resultado com um plano alimentar
de 2300 kcal.
Para calcular a ingestão energética habitual, é importante fazer o inquérito alimentar de, no
mínimo, dois dias não consecutivos ou três dias consecutivos, e então calcular a média e comparar
com o valor recomendado. Mas atenção: 20 a 40% das pessoas tendem a subestimar a sua ingestão
alimentar, especialmente crianças, adolescentes e obesos.
Dietas muito restritivas, além de não serem eficazes, podem ocasionar danos à saúde, como
colelitíase, hipotensão ortostática, alterações de comportamento, diarreia, halitose, redução da
síntese proteica e comprometimento da velocidade de crescimento.
O plano alimentar deve ser equilibrado em macro e micronutrientes e deve incluir os alimentos
habituais da criança ou aqueles de mais fácil aceitação.
Nenhum alimento deve ser proibido! Deve-se permitir o consumo de guloseimas com moderação,
para que a criança e o adolescente se sintam seguros. Porém, a criança, o adolescente, os pais e
avôs (quando convivem diariamente com a criança) devem ser ensinados sobre substituições. A
restrição de um alimento, por exemplo, macarrão/batata durante as refeições, pode levar ao aumento
do consumo de guloseimas quando o jovem está fora da supervisão familiar.
Portanto, o uso desses produtos na alimentação infantil não é recomendado. Mas cada caso
deve ser avaliado individualmente, considerando o custo-benefício. E, caso seja necessário, deve-se
estudar os tipos de edulcorantes, avaliar a possibilidade de rodízio entre eles, a quantidade segura
e, claro, o paladar.
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• Crianças e adolescentes têm maior risco de ultrapassar a dose diária máxima que os adultos;
• Fome residual determinada pela falsa ingestão calórica;
• Associação entre convulsão e irritabilidade ao uso de aspartame;
• Pouca eficácia na redução calórica diária.
Hipertensão
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) associada à obesidade constitui a principal forma da
doença em crianças e adolescentes. Três mecanismos parecem estar envolvidos nesse processo:
resistência à insulina, hiperatividade do sistema nervoso simpático e alterações na estrutura e
função vasculares.
A prevalência de HAS aumenta progressivamente com o aumento do peso nos percentis mais
elevados do IMC.
O consumo excessivo de sal está relacionado com o aumento da pressão arterial. O consumo
de sal deve ser de, no máximo, 3 g/dia, equivalente a 1,2 g de sódio/dia para crianças de 5 a 8 anos,
e 3,8 g/dia, equivalente a 1,5 g de sódio/dia, para crianças mais velhas.
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É importante habituar o novo paladar, reduzindo a quantidade de sal de adição no preparo dos
alimentos e substituindo-o por temperos naturais (limão, ervas aromáticas, salsa, cebolinha, tomate
etc.). É muito comum ver adolescentes adicionarem sachês de sal, ketchup, mostarda e maionese
ao prato mesmo antes de provar a comida. Ações educativas mostrando a quantidade de sódio nos
alimentos industrializados podem ser úteis.
A programação da perda de peso, quando necessária, pode ser a chave para o controle da doença.
O controle do peso diminui a pressão, a sensibilidade ao sal e outros fatores de risco cardiovascular.
Enquanto a redução do consumo de sódio está associada à redução de 1 a 3 mmHg, a diminuição
de 10% do IMC pode levar à queda de 8 a 12 mmHg em curto prazo (SBP, 2012b).
Dislipidemias
A dislipidemia pode apresentar causa primária (história familiar) ou secundária (obesidade,
diabetes, sedentarismo, uso de medicamentos etc.). Assim, a doença também acomete crianças
eutróficas.
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O planejamento dietético para crianças e adolescentes com perfil lipídico normal e presença
de fator de risco cardiovascular deve considerar:
• A ingestão de gorduras totais deve seguir o que foi preconizado pelas DRIs para manter o
crescimento em ritmos adequados;
• Estimular o consumo de carboidratos complexos e fibras por meio de frutas e hortaliças (cinco
porções/dia ou 400 g) e alimentos integrais;
• Restringir o consumo de carboidratos simples, evitando-se o consumo de guloseimas,
refrigerantes, sucos artificiais e adição de açúcar às preparações;
• O colesterol dietético não deve ultrapassar 200 mg/dia, as gorduras saturadas, 7% do VET, e
as gorduras trans, no máximo 1% do VET;
• Reduzir o consumo de alimentos industrializados ricos em gorduras trans, açúcares e sódio,
como biscoitos recheados, embutidos e salgadinhos;
• Estimular o consumo de peixes pelo menos 2x/semana;
• O consumo de frituras deve ser evitado. Orientar para a retirada da gordura aparente das carnes
e da pele das aves antes do preparo;
• Preferir o leite de vaca semidesnatado;
• Restringir o consumo de sódio a 1,5 g/dia (ou 3,8 g de cloreto de sódio, correspondente a 2/3
de colher de chá/dia).
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O diabetes mellitus (DM) não é uma doença única, mas um grupo heterogêneo de distúrbios
metabólicos que apresenta em comum a hiperglicemia, resultante de defeitos na ação da insulina, na
secreção de insulina ou em ambas. Atualmente, a classificação da doença baseia-se na etiologia e não
no tipo de tratamento, portanto, os termos “DM insulinodependente” e “DM não insulinodependente”
não devem mais ser usados. Segundo a OMS e a Associação Americana de Diabetes (ADA), existem
quatro classes clínicas: DM tipo 1 (DM1), DM tipo 2 (DM2), outros tipos específicos de DM e DM
gestacional. Há, ainda, duas categorias denominadas pré-diabetes, caracterizadas pela glicemia
de jejum alterada e pela tolerância à glicose diminuída, respectivamente. Estas são fatores de risco
para o desenvolvimento de DM e doenças cardiovasculares (DCV).
O DM1 é caracterizado por destruição das células beta, ocasionando uma deficiência de insulina,
e pode ser de causa autoimune (maioria dos casos do DM1) ou idiopática.
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Tratamento
O tratamento do DM deve ser multiprofissional e tem por objetivos manter o controle metabólico,
o crescimento e desenvolvimento normais, o peso corporal saudável, prevenção de agravos e, claro,
a qualidade de vida da criança ou jovem. A criança e a família devem ser orientadas detalhadamente
sobre a doença e o tratamento. É preciso dedicar um tempo da consulta para o esclarecimento de
dúvidas e apoio para o enfrentamento das barreiras.
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Os exercícios devem ser evitados até a estabilização do quadro e devem ser orientados pela
equipe de saúde (preferencialmente por educador físico ou outro profissional habilitado) para evitar
a hipo ou hiperglicemia.
Tabela 23 – Metas de controle glicêmico para o tratamento de crianças e adolescentes com diabetes mellitus
em todas as faixas etárias.
Dietoterapia
O programa nutricional deve ser compatível com a idade da criança, condição socioeconômica,
estado nutricional e atividade física realizada, dentre outros.
A criança ou jovem diabético precisará de muita disciplina. A alimentação deve ser fracionada em
seis refeições/dia, evitando os picos de glicemia. O cálculo de energia, o balanço de macronutrientes
e fibras deve seguir o esquema proposto para crianças saudáveis. Portanto, trata-se de uma
alimentação de alta qualidade e que deveria ser consumida por todos, diabéticos ou não, visto que
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é muito mais saudável que a maioria dos esquemas alimentares consumidos por nossas crianças
“não diabéticas” (SBD, 2016).
As fibras devem receber atenção especial. O plano alimentar deve conter fibras solúveis (frutas,
leguminosas, aveia) e insolúveis (hortaliças e grãos).
Para os casos de DM2 com obesidade, é necessário programar uma perda de peso de até 3 kg/
mês, desde que a redução calórica não prejudique a ingestão de todos os macro e micronutrientes
necessários ao crescimento e desenvolvimento adequados (SBD, 2016). O reajuste da dieta deve
ser feito a cada três meses.
Deve-se orientar sobre a quantidade de sucos de frutas. Por exemplo: um copo de suco de laranja
pode conter várias porções de frutas, logo, a quantidade deve ser restrita. Em geral, recomenda-se
apenas uma porção de fruta por refeição. Os guias alimentares podem ser usados como referência
para o tamanho das porções.
Os edulcorantes devem ser utilizados com muita cautela, respeitando-se a ingestão máxima
recomendada. Segundo a SBD (2016), os edulcorantes não são essenciais ao tratamento do
diabetes, mas podem favorecer o convívio social e a flexibilidade do plano alimentar. Se o paciente
tiver disciplina, pode-se manter o açúcar e ajustar a proporção de carboidratos em relação ao valor
energético total da dieta. Já a SBP (2012a) recomenda, na presença da intolerância à glicose e no
DM já instalado, a substituição total do açúcar pelo adoçante.
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Figura 16 – Adoçante.
O paciente e sua família devem ser orientados sobre a leitura dos rótulos, uma vez que nem
todos os produtos dietéticos são destinados aos diabéticos. Muitos desses produtos apresentam
alta quantidade de gorduras e edulcorantes energéticos, podendo prejudicar o tratamento. Assim, o
paciente deve ter conhecimento sobre os ingredientes, valor calórico do produto e tipo de edulcorante
presente. Estes alimentos devem ser usados com moderação, em ocasiões especiais. A EAN é
fundamental para que o indivíduo adquira autonomia para monitorar a sua alimentação.
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Carências nutricionais
Figura 17 – Nutrição.
O déficit de micronutrientes, também conhecido como “fome oculta”, está relacionado a redução
de fatores protetores antioxidantes presentes nas vitaminas e nos oligoelementos. É importante
frisar que, quando as manifestações clínicas ocorrem, a deficiência nutricional pode estar instalada
há tempos, ocasionando danos até mesmo irreversíveis. As manifestações subclínicas, detectadas
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apenas por exames laboratoriais, geralmente ocorrem primeiro. Assim, o profissional deve relacionar
dados da história dietética e perfil da população atendida para traçar estratégias de prevenção.
O zinco tem sido exaustivamente estudado no meio acadêmico pelo seu papel importante na
regeneração óssea e muscular, no crescimento e na maturação sexual. A deficiência de zinco afeta
aproximadamente 30% das crianças e adolescentes brasileiros e pode comprometer o crescimento, a
imunidade e o desenvolvimento neuropsicomotor. Os sintomas incluem: perda de apetite (anorexia);
dermatites; alterações emocionais; infecções recorrentes; diarreia; e hipogonadismo em adolescentes
do gênero masculino. A acrodermatite enteropática, ocasionada pela deficiência grave, é uma doença
autossômica recessiva rara que pode levar à morte se não for revertida com a suplementação de
doses elevadas do mineral.
Para identificar, prevenir e tratar as carências nutricionais é essencial que o nutricionista conheça
a função fisiológica de cada nutriente, os alimentos fonte e sinais em caso de carência. O quadro
13 ilustra os dados dos nutrientes prioritários.
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Desnutrição energético-proteica
A desnutrição infantil ocorre quando o organismo não recebe o aporte necessário de energia
e nutrientes para manter o seu metabolismo fisiológico. Pode ocorrer por causa de privação de
calorias e proteínas (caso mais comum) ou da impossibilidade de aproveitar os nutrientes ingeridos.
Na maioria dos casos, a desnutrição é resultante de ingestão insuficiente, fome ou doença.
A desnutrição infantil ocasiona danos imediatos e em longo prazo. Estudos apontam o prejuízo
ao desenvolvimento cognitivo, danos neurológicos e menor imunidade. Quando se tornam adultas,
essas crianças têm maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares, hipertensão,
diabetes, dislipidemia e problemas renais. A desnutrição prolongada pode impedir que o jovem
alcance todo o seu potencial genético de crescimento e retardar a maturação sexual. Estudos
mostram que a primeira e a segunda geração de descendentes de uma criança desnutrida não
conseguirão desenvolver todo o seu potencial genético de crescimento.
Apesar de ser uma doença ligada à pobreza, a desnutrição tem relação com erros alimentares,
como a substituição de alimentos saudáveis por guloseimas, refrigerantes e lanches. Assim, a
desnutrição pode ocorrer mesmo em crianças de famílias com bom poder aquisitivo.
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O tratamento da desnutrição grave requer assistência hospitalar e deve ser realizado por equipe
multiprofissional; portanto, não será abordado nessa aula. O Ministério da Saúde publicou o Manual
de atendimento da criança com desnutrição grave em nível hospitalar (2005) disponível na internet.
Anemia ferropriva
A OMS define a anemia como a condição na qual o conteúdo de hemoglobina no sangue está
abaixo do normal como resultado da carência de um ou mais nutrientes essenciais, independente
da causa. Podem ser causadas por deficiência de vários nutrientes como ferro, zinco, vitamina
B12 e proteínas, porém, a anemia ferropriva, causada pela deficiência de ferro, é a mais comum.
Estima-se que 50% das anemias sejam causadas por carência desse nutriente.
A anemia por deficiência de ferro é a carência nutricional de maior magnitude no mundo, com
elevada prevalência em todos os segmentos sociais, atingindo principalmente crianças menores
de dois anos de idade e gestantes. No Brasil, algumas pesquisas indicaram que a mediana da
prevalência de anemia em crianças menores de cinco anos é de 50%
As crianças menores de cinco anos estão entre os grupos mais vulneráveis pela demanda de
ferro para o crescimento (crescimento dos tecidos e aumento da massa celular vermelha), baixa
ingestão na dieta e, em determinadas populações, pela alta incidência de parasitismo e sangramento
intestinal. Nas adolescentes em idade fértil, as perdas de sangue pela menstruação têm relevância
para a ocorrência da doença.
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↑ protoporfirina
eritrocitária livre
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Prevenção
As reservas de ferro ao nascimento constituem fator importante para determinar o risco da
anemia durante a infância. Durante a gestação, o feto acumula ferro em quantidade proporcional
ao ganho de peso. A deficiência materna do mineral, durante a gestação, pode acarretar redução
do estoque de ferro do recém-nascido.
O clampeamento tardio do cordão umbilical é um fator protetor por permitir que maior quantidade
de sangue seja transferida da placenta para o recém-nascido.
Figura 18 – Amamentação.
Apesar do leite materno possuir baixo conteúdo de ferro (0,26 a 0,73 mg/ml), a biodisponibilidade
é alta (taxa de absorção de 48±25,5% no leite humano vs 19,5±17,3% no leite de vaca). Assim, o
aleitamento materno exclusivo supre as necessidades fisiológicas de ferro até os seis meses de
vida, sem a necessidade de nenhum alimento sólido ou complemento. Entre quatro e seis meses, as
reservas de ferro diminuem gradualmente. Estudos mostram que crianças em aleitamento artificial
ou misto, nos primeiros seis meses de vida, apresentam maior risco de anemia do que aquelas em
aleitamento materno exclusivo. Após os seis meses, a alimentação complementar juntamente ao
leite materno exerce proteção contra a anemia. O aleitamento artificial exerceu efeito protetor contra
anemia apenas em estudos com populações economicamente desfavorecidas.
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A fortificação das farinhas de trigo e milho com ferro e ácido fólico se tornou obrigatória no
país por meio da resolução RDC n° 344, de 13 de dezembro de 2002.
Tratamento
Quando os níveis de hemoglobina estão abaixo de 11 g/dL, os estoques de ferro já foram
depletados. Nesse caso, é preciso recorrer aos suplementos ou alimentos fortificados com ferro,
pois a recuperação pela alimentação é mais demorada. Utiliza-se 3 a 5 mg/kg de peso/dia de ferro
elementar. A OMS recomenda a suplementação de 3 mg/kg/dia, não excedendo 60 mg/dia, para o
tratamento de crianças com anemia.
A absorção do ferro é mais intensa nas primeiras semanas de tratamento. Espera-se um aumento
diário de 0,1 g/dL na concentração de Hb a partir do quarto dia de tratamento. Para assegurar a
formação de reservas, a suplementação deve ser mantida por quatro ou cinco meses.
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Crianças com desnutrição grave não devem receber suplementação de ferro imediata, pelo risco
de agravamento das infecções.
A substituição da refeição por leite ou o consumo de leite logo após as refeições principais
deve ser desestimulado. O cálcio presente nestes alimentos compete com o ferro pelos sítios de
absorção. Não é necessário restringir preparações que contenham leite, como purês e suflês, pois
a quantidade de cálcio presente nessas preparações não é elevada.
O risco de sobrecarga grave de ferro é indicado por valor de ferritina sérica superior a 150 mcg/L
e 200 mcg/L respectivamente para meninas e meninos maiores de cinco anos.
Prevenção
Restrição do uso do leite de vaca no primeiro ano de vida nos casos em que a
criança é alimentada ao seio.
Utilização de alimentos fonte de ferro heme (carnes) e ferro não heme (feijão,
hortaliças, folhosas) em duas refeições diárias a partir do início da alimentação
complementar.
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Tratamento
Hipovitaminose A
O corpo humano não pode fabricar vitamina A, portanto, esta deve ser ingerida por meio da
alimentação. Após a ingestão, a vitamina A pode ser armazenada no fígado, garantindo uma reserva
que será utilizada na medida de sua necessidade.
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2. as necessidades orgânicas de vitamina A são mais altas nas infecções, levando à redução
dos estoques no organismo.
A hipovitaminose A é dividida em duas fases: subclínica, quando o retinol plasmático está entre
20 e 40 µg/dL, e clínica, com retinol plasmático abaixo de 20 µg/dL. Na primeira fase, caracterizada
pela diminuição gradativa das reservas hepáticas, não é possível identificar sinais clínicos. Na fase
seguinte observa-se: alterações do crescimento; maior predisposição às infecções; e alterações
cutâneas e oculares. Porém, mesmo nos casos de deficiência leve, pode haver comprometimento
do sistema imunológico.
A vitamina A pré-formada (retinol), ou seja, “pronta para ser usada pelo organismo”, é encontrada
em alimentos de origem animal: vísceras (principalmente fígado), gemas de ovos, leite integral,
manteiga e queijo.Os vegetais são fontes de vitamina A sob a forma de carotenoides, precursores
da vitamina, os quais, no organismo, se converterão em vitamina A. Em geral, frutas e legumes
amarelos e alaranjados e vegetais verde-escuros são ricos em carotenóides: manga, mamão, cajá,
caju maduro, goiaba vermelha, abóbora/jerimum, cenoura, acelga espinafre, chicória, couve e salsa.
Alguns frutos de palmeira e seus óleos também são muito ricos em vitamina A: dendê, buriti, pequi,
pupunha, tucumã.
Outras situações
As alergias alimentares, cada vez mais comuns no cotidiano de nutricionistas, serão abordadas
no vídeo a seguir:
O vegetarianismo tem sido uma escolha crescente em diversas famílias e será abordado no vídeo.
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CONCLUSÃO
O acompanhamento nutricional de crianças e adolescentes não é tarefa simples. O sucesso
da intervenção dependerá de inúmeros fatores, dentre eles: envolvimento da família; profissionais
responsáveis, éticos e dedicados, seja na escola seja na equipe de saúde; ambiente saudável; e,
claro, peculiaridades da própria criança ou adolescente.
Como vimos, a adolescência é uma fase delicada. Abordagens inadequadas podem ser mais
prejudiciais do que a ausência de tratamento. Portanto, só trabalhe com adolescentes quando
gostar e se identificar com eles.
CURIOSIDADE
Leia o material abaixo, que busca identificar a concepção de criança no Enfoque Histórico-Cultural.
<https://www.marilia.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/Educacao/Dissertacoes/souza_mcbr_dr_mar.
pdf>.
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ATIVIDADE REFLEXIVA
Considerando o que foi exposto neste material, reflita sobre a seguinte questão: como as políticas
públicas interferem na saúde das crianças no Brasil? Para ajudar na sua reflexão sugere-se a leitura
dos artigos a seguir:
<http://www.scielo.br/pdf/reben/v67n6/0034-7167-reben-67-06-1000.pdf>.
<http://www.scielo.br/pdf/csp/v23n10/09.pdf>.
GLOSSÁRIO
Trágus: pequena cartilagem que fica um pouco acima do lóbulo da orelha. (fonte: <http://www.
dicionarioinformal.com.br/trágus/>)
Obesogênico: o termo foi criado pelo professor de Bioengenharia da Universidade da Califórnia, nos
EUA, Bruce Blumberg. Segundo ele, são os obesogênicos os responsáveis por contribuir no ganho
de peso sem que o indivíduo tenha consciência de que está engordando. (fonte: <http://ismd.com.
br/voce-sabe-o-que-sao-os-obesogenicos/>)
Lacto-ovo-vegetariana: pessoa que não come nenhum tipo de carne, mas que inclui em sua
alimentação, ovos, leite e derivados. (fonte: <http://www.dicionarioinformal.com.br/significado/
ovo-lacto-vegetariano/3471/>)
Eutrófica: considera-se eutrófica a criança que apresenta estado nutricional normal. (fonte: <http://
www.hospvirt.org.br/enfermagem/port/distnutr.htm>)
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