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CUSTOS
Fabiane Padillha
Método de custeio por
ordem de produção I
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Introdução
A contabilidade de custos é uma área da contabilidade que possui como
funções o controle — estimando e comparando dados originados de
orçamentos e outras previsões — e o auxílio à tomada de decisão —
apresentando informações capazes de introduzir ou cortar produtos e
modificar preços de venda. Sua origem é a contabilidade financeira,
permitindo avaliar os estoques da indústria, conforme Martins (2010).
Existem dois sistemas de acumulação de custos: o primeiro trata da
acumulação por processo ou produção contínua, e o segundo trata da
acumulação por ordem de produção ou produção por encomenda.
Neste capítulo, apenas o sistema por ordem de produção será objeto
de estudo. Para Silva e Lins (2013), o sistema por ordem de produção
é mais adequado quando a empresa apresenta, entre seus produtos,
características diferentes e peculiaridades, sendo possível identificar
custos específicos para cada unidade produzida.
No método de custeio por ordem de produção — ou produção
intermitente — os custos devem ser acumulados em uma conta especí-
fica para cada ordem de produção (ou encomenda), e essa ordem deve
estar finalizada. Caso a encomenda não tenha se encerrado, no balanço
patrimonial da empresa esses produtos serão classificados como estoque
de produtos em elaboração e, só depois de finalizados, vão integrar a
conta de estoque de produtos acabados, conforme explica Martins (2010).
2 Método de custeio por ordem de produção I
Assim, neste capítulo, você vai estudar o método de custeio por ordem
de produção a partir do custeio por absorção. Você vai verificar, também,
a taxa predeterminada de custos indiretos e vai identificar o custo total e
o custo médio por unidade de uma ordem de produção.
Para Silva e Lins (2013), no custeio por absorção, os custos são incorpo-
rados aos objetos de custos tendo-se como base o conceito do custo pleno ou
custo total, permitindo que custos fixos e variáveis sejam direcionados aos
produtos e serviços de forma integral. Assim, com o uso desse método, haverá
a incorporação de todos os custos incorridos na fabricação de uma unidade
fabricada. Essa incorporação é feita por meio do rateio dos custos indiretos.
Pinto et al. (2008) apontam que o método de custeio por absorção respeita
a uma exigência da legislação societária (Lei das Sociedades por Ações — Lei
nº. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, alterada pela Lei nº. 11.638, de 28 de
dezembro de 2007). Nesse método, todos os custos incorridos na elaboração
do produto são alocados a ele, independentemente de serem custos diretos ou
indiretos. Os autores afirmam que o método também é conhecido por modelo
funcional, devido à classificação das despesas de acordo com sua função
específica (administrativa, de vendas ou financeira).
Método de custeio por ordem de produção I 3
Diante desses dois pontos de vista apontados pelos autores Silva e Lins
(2013) e Pinto et al. (2008), pode-se retomar o conceito do método por absorção,
afirmando-se que ele contempla todos os custos de fabricação do produto ou
serviço, não diferenciando custo direto de indireto, ou o que é fixo do que é
variável.
Custos diretos são aqueles que podem ser apropriados de forma direta a
partir de uma medida objetiva de consumo. Os custos indiretos dependem de
divisões, também chamadas de rateio, sendo necessária uma base para essa
divisão, denominada critério de rateio. Os custos fixos independem do volume
de produção ou de vendas da empresa. Os custos variáveis variam conforme
o volume de produção ou de vendas, conforme Pinto et al. (2008)
No método por absorção, as despesas são lançadas diretamente na apuração
do resultado, o que reforça sua principal finalidade, que, segundo Alves et al.
(2018), é apurar o custo de uma unidade produzida. Nesse método, os custos
unitários são precisos e permitem estabelecer o lucro líquido do período
mediante o levantamento dos custos das mercadorias vendidas (CMV). A
Figura 1 mostra um esquema desse método.
Indiretos Diretos
Rateio
Resultado
Produto Z Receita
Produto Y (–) C.M.V.
Lucro Bruto
O termo rateio se refere à transferência dos custos indiretos de fabricação (CIF) aos
produtos, por meio de um critério, conforme Alves et al. (2018); ou seja, divide-se o valor
dos custos indiretos a partir de uma referência para essa divisão, que é apresentada
em percentual, e esse percentual é aplicado aos custos indiretos dos produtos. Assim,
com os custos diretos e os custos indiretos, forma-se o custo total. Ou seja, trata-se da
relação do percentual do custo direto com o indireto.
apropriado. Dessa forma, a empresa deverá adotar a taxa que lhe pareça mais
confiável.
Megliorini (2007) divide os custos indiretos em três grupos:
Materiais indiretos: são aqueles materiais cujo consumo não pode ser
quantificado.
Mão de obra indireta: trata-se daquela mão de obra que não está dire-
tamente vinculada à fabricação.
Outros custos indiretos: são aqueles que, da mesma forma que nos
materiais indiretos, não se consegue medir a quantidade que foi usada.
Para que o rateio possa ser feito, como visto anteriormente, deve-se ter
uma referência. Essa referência é arbitrária e subjetiva, mas o que deve ser
observado é o impacto que essa referência possui e como ela se traduz em
uma tomada de decisão acertada. São usados como parâmetros para o rateio,
dentre outros:
custos diretos;
6 Método de custeio por ordem de produção I
mão de obra;
matéria-prima;
faturamento.
10/05 001
12/05 004
Total
Preço de venda
Custos:
Matéria-prima consumida
Mão de obra direta
Custos indiretos de fabricação
Resultado da OP 20
Diretos
Quadro resumo Indiretos Total
A B
Produto A: 24.000,00
Produto B: 15.000,00
Total: 39.000,00
A 24.000,00 61,54%
B 15.000,00 38,46%
Custos
Produto % Aplicação
indiretos
Quadro 6. Cálculo do custo da mercadoria vendida a partir dos custos diretos e indiretos
dos Produtos A e B
Com base nos custos unitários, é possível que a empresa calcule o preço de
venda de uma forma mais coerente. Muitas empresas, na atualidade, fecham as
portas devido à falta de controle nos seus custos. Elas não sabem, efetivamente,
quanto gastam para a fabricação de suas mercadorias.
De acordo com Pinto et al. (2008), o método de custeio por absorção possi-
bilita uma maior valoração dos estoques, já que eles absorvem os custos fixos
e variáveis. O custo de produção só pode ser feito após o rateio dos custos
indiretos; e os custos indiretos independem do volume. Lembrando que o
método de custeio por absorção é o único aceito pela legislação brasileira; os
demais métodos podem ser utilizados para fins de apoio à tomada de decisão.