Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A cena
Apesar do nome, a cena é simbólica e
não há evidências de que os patronos do
culto romano tenham realizado esse
ritual. Como todos os mistérios greco-
romanos, os mistérios mitraicos eram
limitados aos iniciados, e pouco se sabe
sobre as crenças ou práticas do culto.
No entanto, várias imagens do touro
incluem uma fita ou manta dorsuale, que
era uma convenção romana para
identificar um animal sacrificado, por
isso é bastante certo que a morte do
touro represente um ato sacrificial. E,
como a cena principal de matança de
touro é frequentemente acompanhada
de representações explícitas do sol, da
lua e das estrelas, também é bastante
certo que a cena tenha conotações
astrológicas.
Arte
Introdução
CIMRM 181: Afresco de tauroctonia no mitreu de Santa Maria Capua Vetere, século II
CIMRM 1083: relevo da tauroctonia do Mitreu "Heidenfeld" (Mithraeum I, Heddernheim, Alemanha), agora em
Wiesbaden. Uma descrição extensa está disponível na página da Wikimedia commons desta imagem.
Embora existam inúmeras variações
menores, as características básicas da
cena central da tauroctonia são
altamente uniformes: Mitra está semi-
apoiado em um touro que foi forçado ao
chão. O touro invariavelmente aparece
de perfil, voltado para a esquerda (a
direita dos espectadores). Nas
representações originais (não
reconstruídas), Mitra invariavelmente
desvia a cabeça do touro, e em muitos
ele está olhando por sobre seu ombro
direito em direção ao Sol (estatuária que
mostra Mitra olhando para o touro é o
resultado das reconstruções da era
renascentista de monumentos que
estavam sem cabeça). O touro é mantido
pela perna esquerda de Mitra, que está
dobrada em um ângulo e cujo joelho
pressiona na coluna do touro. A garupa e
a perna traseira direita do touro são
restringidas pela perna direita de Mitra,
que está quase totalmente estendida.
Modelo artístico
Interpretação
Além de que a matança do touro é um
ato sacrificial – como identificável nos
relevos em que o touro é adornado com
um dorsuale –, a função e o objetivo da
tauroctonia são incertos. Como as cenas
de tauroctonia são complementadas
pelas cenas de refeições de culto (às
vezes até representadas em dois lados
do mesmo monumento), pode ser que o
assassinato seja um ato salvífico; ou
seja, "abate e banquete juntos efetuam a
salvação dos fiéis".[29]
CIMRM 966 (v.I): baixo-relevo de tauroctonia do mitreu Sarrebourg (Pons Saravi, Gallia Belgica). Agora no Museu Cour
d'Or, Metz, França
Relevo parta de um pássaro na parte sobre o dorso de um touro, Castelo Zahhak, Azerbaijão Oriental, Irã. Relevo
semelhante é encontrado em um fecho de cinto parta.
Recentemente, os relevos iconográficos
de um pássaro e um touro, encontrados
no Irã, foram comparados à tauroctonia
pelos estudiosos iranianos.[35]
Interpretações astrológicas
modernas
CIMRM 1935 : Mitra Tauróctono do mitreu Maros Porto (porto de Mureș, Romênia). Agora no Museu Nacional
Brukenthal
Alessandro
1979 Leo
Bausani
Michael
1980 Órion
Speidel
Karl-Gustav
1988 Auriga
Sandelin
David Ulansey 1989 Perseu
John David
1990 Betelgeuse
North
Roger Beck 1994 o Sol em Leão
1994,
Maria Weiss o céu noturno
1998
David Ulansey (1989) propôs que a cena
da tauroctonia representava a precessão
dos equinócios, que teve precedente em
Charles François Dupuis (1795).[46] Mas
Ulansey traçou cálculos diferentes para
apontar uma era em que os limites do
movimento do Sol ao longo do equador
celeste foram lentamente se
transladando, e no equinócio vernal,
quando antes o Sol nascia na casa que
representa a constelação de Touro,
passou a surgir em Escorpião na
primavera. Essa descoberta, que ele
supôs ter sido observada por
astrônomos há milênios e consolidada
no culto de Mitra fundado em Tarso, teria
significado a eles que haveria uma força
ou divindade externa ao globo celeste
que impeliu a inclinação do eixo e moveu
todo o céu, o que eles associaram a
Perseus (que representa a constelação
acima de Touro), atribuindo-lhe no culto
ao deus Perseu, do qual Mitra teria se
derivado.[47]
Galeria
Referências
1. Beck 2006, p. 17.
2. Beck 1984, p. 2026.
3. Clauss 2000, p. 48.
4. Gordon 1978, p. 156.
5. Vermaseren 1960, p. II.439.
6. Clauss 1992, pp. 253-254.
7. Clauss 2000, p. 22,146.
8. Gordon 1978, p. 152.
9. Merkelbach 1984, p. 148.
10. Beck 1998, pp. 117-118.
11. Beck 1984, p. 2073.
12. Clauss 2000, p. 95.
13. Clauss 2000, p. 80.
14. Clauss 2000, p. 81.
15. Clauss 2000, p. 79.
16. Cumont 1903, p. 21.
17. Cumont 1896, pp. 180f.
18. Cumont 1903, p. 24, 210.
19. Beck 1984, p. 2072.
20. Clauss 2000, p. 96.
21. Clauss 2000, p. 84.
22. Clauss 2000, p. 85.
23. Beck 2006, pp. 30-31.
24. Porfírio, De antro 18, citado em
Clauss 2000, p. 82.
25. Cumont 1903, pp. 23-32.
26. Beck 2006, p. 31.
27. Beck 2004b, p. 240.
28. Beck 2004c, p. 252.
29. Clauss 2000, p. 112.
30. Sick, David H. (2004). «Mit(h)ra(s)
and the Myths of the Sun» (http://ww
w.jstor.org/stable/3270454) .
Numen. 51 (4): 432–467. ISSN 0029-
5973 (https://www.worldcat.org/iss
n/0029-5973)
31. Johnston, Patricia A. (2016). The
Importance of Cattle in the Myths of
Hercules and Mithras. In Johnston,
Patricia A.; Mastrocinque, Attilio;
Papaioannou, Sophia, eds. (17 de
agosto de 2016). Animals in Greek
and Roman Religion and Myth (http
s://books.google.com.br/books?id=D
uP6DAAAQBAJ&pg=PA281) (em
inglês). [S.l.]: Cambridge Scholars
Publishing
32. Annus, Amar (2008). The Soul's
Journey and Tauroctony: On
Babylonian Sediment in the Syncretic
Religious Doctrines of Late Antiquity
(https://www.researchgate.net/publi
cation/237289419_The_Soul's_Journ
eys_and_Tauroctony_On_Babylonian_
Sediment_in_the_Syncretic_Religious
_Doctrines_of_Late_Antiquity) . In
Dietrich, Manfried L. G.; Kulmar,
Tarmu, eds. Body and Soul in the
Conceptions of the Religions.
Münster: Ugarit-Verlag
33. Cumont 1903, p. 135f.
34. Hinnells 1975, p. 292.
35. بررسی مهر و میترا در منابع کهن ایرانی و
۱ ، خبرگزاری کتاب ایران،»«مسالک و ممالک
۱۳۸۹ ( بهمنhttp://www.ibna.ir/vdcf0md
1.w6djcagiiw.html)
36. Beck, Roger (12 de janeiro de 2006).
The Religion of the Mithras Cult in
the Roman Empire: Mysteries of the
Unconquered Sun (https://books.goo
gle.com.br/books?id=GZEUDAAAQB
AJ&pg=PA199) (em inglês). [S.l.]:
OUP Oxford
37. Cumont 1903, p. 130.
38. Chapman-Rietschi 1997, p. 133.
39. cf. Bianchi 1976, p. 89.
40. Gordon 1976, p. 119.
41. Beck 1976a, p. 1f.
42. Beck 1976b, p. 95f.
43. Beck 1976c, p. 208.
44. Beck 1977, pp. 15-16.
45. Beck 1977, p. 16 note 27.
46. Swerdlow, N. M. (1991). Ulansey,
David, ed. «Review Article: On the
Cosmical Mysteries of Mithras» (htt
p://www.jstor.org/stable/270075) .
Classical Philology. 86 (1): 48–63.
ISSN 0009-837X (https://www.worldc
at.org/issn/0009-837X)
47. Ulansey, David (1991). The Origins of
the Mithraic Mysteries: Cosmology
and Salvation in the Ancient World (h
ttps://books.google.com.br/books?re
dir_esc=y&hl=pt-BR&id=25_SOWldSU
UC&pg=PA46) (em inglês). [S.l.]:
Oxford University Press
48. Beck 2006, p. 34.
Bibliografia
Beck, Roger (1976a). «Interpreting the
Ponza Zodiac». Journal of Mithraic Studies.
1 (1): 1–19
Beck, Roger (1976b). «The seat of Mithras
at the equinoxes: Porphyry de antro
nympharum 24». Journal of Mithraic
Studies. 1 (1): 95–98
Beck, Roger (1976c). «A note on the
scorpion in the tauroctony». Journal of
Mithraic Studies. 1 (2): 208–209
Beck, Roger (1977). «Cautes and
Cautopates: some astronomical
considerations». Journal of Mithraic
Studies. 2 (1): 1–17
Beck, Roger (1984). «Mithraism since Franz
Cumont». In: Haase, Wolfgang. Heidentum:
Römische Götterkulte, Orientalische Kulte in
der römischen Welt. Col: Aufstieg und
Niedergang der römischen Welt. II.17, 4.
Berlin: Walter de Gruyter. pp. 2002–2115
Beck, Roger (1998). «The Mysteries of
Mithras: A new account of their genesis».
Journal of Roman Studies. 88: 115–128.
doi:10.1017/s0075435800044130 (https://
dx.doi.org/10.1017%2Fs007543580004413
0)
Beck, Roger (2004a). «Mithraism after
'Mithraism since Franz Cumont', 1984-
2003». Beck on Mithraism: Collected works
with new essays. [S.l.]: Ashgate. pp. 3–24
Beck, Roger (2004b), «The rise and fall of
the astral identifications of the
tauroctonous Mithras», Beck on Mithraism:
Collected works with new essays, Ashgate,
pp. 235–249
Beck, Roger (2006). The Religion of the
Mithras Cult in the Roman Empire: Mysteries
of the unconquered sun. [S.l.]: Oxford
University Press. ISBN 0198140894
Chapman-Rietschi, Peter A. L. (1997).
«Astronomical conceptions in Mithraic
iconography». Journal of the Royal
Astronomical Society of Canada. 91: 133–
134
Clauss, Manfred (1992). Cultores Mithrae.
Die Anhängerschaft des Mithras-Kultes. Col:
Heidelberger Althistorische Beiträge und
Epigraphische Studien (HABES). 10.
Stuttgart: Steiner
Clauss, Manfred (2000). The Roman Cult of
Mithras: The god and his mysteries.
Traduzido por Gordon, R. L. New York:
Routledge.
Cumont, Franz (1896). Textes et
monuments figurés relatifs aux mystères de
Mithra. II Textes littéraires et epigraphiques.
Brussels: Lamartin
Cumont, Franz (1903). The Mysteries of
Mithra (https://archive.org/details/mysterie
sofmythr00cumouoft) . Traduzido por
McCormack, Thomas J. 2nd ed. [S.l.]:
Chicago: Open Court; London: Kegan Paul,
Trench, Trübner, fasc. repr. New York: Dover,
1956
Gordon, Richard L. (1976), «The sacred
geography of a mithraeum; the example of
Sette Sfere», Journal of Mithraic Studies, 1
(2): 119–165.
Gordon, Richard (1978), «The date and
significance of CIMRM 593 (British
Museum, Townley Collection)», Journal of
Mithraic Studies, 2 (2): 148–174.
Gordon, Richard (1994), «Who worshipped
Mithras?», Journal of Roman Archaeology, 7:
450–474.
Gordon, Richard L. (1980), «Panelled
Complications», Journal of Mithraic Studies,
3 (1-2): 200–227.
Hinnells, John R. (1975a), «Reflections on
the bull-slaying scene», in: Hinnells, John R.,
Mithraic studies: Proceedings of the First
International Congress of Mithraic Studies,
Manchester UP, pp. II.290–312.
Merkelbach, Reinhold (1984), Mithras,
Königstein: Hain.
Vermaseren, M. J. (1956, 1960), Corpus
inscriptionum et monumentorum religionis
mithriacae, 2 vols., The Hague: Martinus
Nijhoff.
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?
title=Tauroctonia&oldid=61602936"