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LUBRIFICAÇÃO

Índice

Princípios da lubrificação industrial _____________________________ 2

Origem do petróleo __________________________________________ 3

Propriedades dos lubrificantes __________________________________5

Aditivos ___________________________________________________ 6

Ensaios dos óleos lubrificantes ________________________________ 10

Lubrificação industrial _______________________________________ 11

Óleos sintéticos ____________________________________________ 16

Graxas ___________________________________________________ 18

Lubrificantes sólidos ________________________________________ 21

Armazenagem e manuseio de lubrificantes _______________________ 22

Planejamento de lubrificação __________________________________ 23

Classificação de viscosidade ___________________________________24

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LUBRIFICAÇÃO

Princípios da Lubrificação industrial


A lubrificação parte do princípio de que atrito fluido é menor do que atrito sólido. O
processo de lubrificação consiste em separar (aplicar um fluido entre) duas superfícies
que estão em movimento relativo entre si, com o intuito de reduzir o atrito e o desgaste
resultante do mesmo.

Atrito
Existem dois tipos de atrito: o sólido e fluido.

O atrito sólido pode ser dividido em: deslizamento (duas superfícies que estão em
contato direto entre si; o esforço é maior, e há mais desgaste) e rolamento (duas
superfícies que estão separadas através de corpos rolantes; o esforço é menor e há
menos desgaste).

Atrito sólido (deslizamento)

Atrito sólido (rolamento)

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LUBRIFICAÇÃO
O atrito fluido consiste na interposição de um filme de fluido entre duas superfícies.

Existem quatro tipos de lubrificantes para o atrito fluido, são eles:

• Lubrificantes gasosos (ar e nitrogênio);


• Lubrificantes líquidos (óleos minerais, óleos graxos, óleos compostos e óleos
sintéticos);
• Lubrificantes pastosos (graxas e composições betuminosas);
• Lubrificantes sólidos (grafita e teflon).

Desgaste

O desgaste ocorre pela quebra dos picos de metal quando há atrito. Como consequência
da redução de atrito, temos também a redução do desgaste.

Origem do petróleo
O petróleo é constituído por hidrocarbonetos, os quais possuem como elementos
químicos hidrogênio e carbono.
Existem duas teorias para explicar a origem do petróleo: a orgânica e a inorgânica. A
mais aceita é a orgânica, e será a abordada nesta apostila.

Admite-se que ele tenha se originado pela decomposição bacteriana de organismos


vivos, vegetais ou animais, decomposição essa levada a efeito há milhares de anos.
Frequentemente o petróleo se encontra em rochas porosas.
Geralmente o petróleo é encontrado sobre um lençol de água e sob camadas de gases,
que são também hidrocarbonetos de baixo peso molecular (gás natural), e, em pequenas
quantidades, alguns gases inorgânicos, como o nitrogênio.

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Existem três tipos de petróleo, são eles:
• Parafínicos;
• Naftênicos;
• Aromáticos.

Os óleos parafínicos produzem uma gasolina de baixo índice de octana, todavia,


produzem óleos lubrificantes de alto índice de viscosidade, elevada estabilidade química
e alto ponto de fluidez.
Os naftênicos, por sua vez, possuem uma gasolina de alto índice de octana, porém,
lubrificantes de baixo ponto de fluidez e baixo índice de viscosidade.
Já os aromáticos, produzem gasolina de alto índice de octana e solventes de excelente
qualidade.

Desdobramento do petróleo
O tratamento dos óleos básicos está em constante evolução, com o objetivo de melhorar
suas propriedades e diferenciar os mesmos comercialmente. Na figura a seguir podemos
observar de forma simplificada como ocorre o desdobramento do petróleo.

Funções básicas dos óleos lubrificantes


A principal função dos lubrificantes é reduzir o atrito entre as superfícies em
movimentos. Entretanto, existem outras aplicações para os mesmos, tais como:

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• Redução do desgaste;
• Redução do calor;
• Vedação;
• Proteção contra corrosão;
• Redução de ruídos.

Propriedades dos lubrificantes

Viscosidade

A viscosidade é a propriedade mais importante do óleo, sabendo que para todo e


qualquer processo efetuado com tal, ela tem de ser considerada. Pode ser definida como
a capacidade de escoar em razão de suas resistências internas.

Índice de Viscosidade

É um número que indica a variação de viscosidade em função da temperatura. Quanto


maior for o número, menor será a variação da viscosidade com a temperatura.

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Ponto de fluidez
É a mais baixa temperatura que um óleo ainda é capaz de escoar.

Ponto de fulgor e de inflamação


Ponto de fulgor, é aquela temperatura que, quando o óleo é aquecido libera vapores que
se inflamam num “flash” na presença de uma chama. Ponto de inflamação, é a
temperatura na qual o óleo queima quando os vapores se inflamam na presença de uma
chama.

Aditivos

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LUBRIFICAÇÃO
Aditivos são substâncias quando adicionadas ao óleo, confere ou melhora certas
características. Existem diversos tipos de aditivos para os óleos lubrificantes,
explicaremos alguns exemplos a seguir.

Detergentes
Os aditivos detergentes são geralmente moléculas de hidrocarbonetos. Esses aditivos
usados comercialmente são englobados em quatro famílias:

Sulfonatos
Compreende basicamente os sais normais e básicos dos ácidos mahogany.

Sulfonatos naturais
São sais metálicos com ácido sulfônico que foram originalmente produzidos como
subprodutos do tratamento das frações do petróleo com ácido sulfúrico, para produção
de óleos brancos.

Sulfonatos sintéticos
São sais metálicos dos ácidos produzidos a partir da sulfonação de alquilados
aromáticos pela reação com o trióxido de enxofre. Geralmente são derivados do
benzeno.

Fosfonatos e/ou Tiofosfonatos


Compreende os sais metálicos dos ácidos fosfônicos ou tiofosfônicos obtidos da reação
de poliolefinas com reagentes fosforados inorgânicos.

Fenatos
Compreende os sais metálicos de alcoil-fenóis, sulfetos de alcoil-fenol e produtos da
combinação alcoil-fenol-aldeído.

Salicilatos alcoil-substituídos
Compreende os sais metálicos do ácido salicílico alcoil-substituído de radicais
alcoílicos de cadeia longa, obtidos pela chamada “Reação de Kolbe”.

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Dispersantes

A principal função do aditivo dispersante é “espalhar”, desagrupar a borra formada no


óleo. Os aditivos dispersantes podem ser classificados de várias formas, que serão
citadas a seguir.

• Copolímetos contendo uma função de éster carboxilato, e uma ou mais função


polares adicionais, tais como amina, amida, imina, imida, hidroxila, éter,
epóxido, éster fosforado, carboxila, anidrido ou nitrila;
• Polímeros de hidrocarbonetos tratados como vários reagentes para adquirirem
funções polares;
• Alquenil succinimidas de cadeia longa N-substituídas;
• Amidas e poliamidas de elevado peso molecular;
• Ésteres e poliésteres de elevado peso molecular;
• Ácidos orgânicos, tais como ácidos sulfônicos de petróleo, ácidos
organofosforados e misturas de tais ácidos.

Antioxidantes

São utilizados para reduzir o efeito da oxidação devido ao contato do óleo com o ar,
principalmente a temperaturas elevadas. A oxidação do óleo faz aumentar sua
viscosidade original, forma produtos ácidos, borra e verniz. Podemos classificar esse
tipo de aditivo em dois grupos:
Antioxidantes primários: Eliminam os radicais orgânicos;
Antioxidantes secundários: Decompõem os peróxidos formados.

Antidesgaste
Os aditivos de antidesgaste, atuam na adsorção preferencial de compostos do tipo polar
sobre as superfícies metálicas, formando um filme monomolecular fortemente aderido
ao metal, que evita o contato entre as partes móveis. O composto químico mais utilizado
para a finalidade antidesgaste tem sido a família do Ditiofosfato de zinco.

Agentes EP (Extrema pressão)

Os agentes EP são empregados em situações onde o lubrificante estaria comprometido,


ou seja, quando há altas cargas, temperaturas elevadas e alta velocidade de
deslizamento. A formação dos produtos de reação evita o grimpamento das partes em
movimento e pode reduzir o atrito. Como as temperaturas são muito elevadas, essas
reações são frequentemente muito rápidas. A reação processa-se entre um ingrediente
do lubrificante e o metal. O desempenho de um lubrificante depende, pois, além da

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composição do metal nas superfícies de contato, da composição do óleo e das condições
às quais é sujeito. De acordo com H. H. Zuidema, os aditivos EP podem ser
classificados em seis tipos principais:

• Compostos orgânicos contendo oxigênio: Inclui ácidos carboxílicos, ésteres,


cetonas e frações de petróleo oxidadas;
• Compostos orgânicos contendo enxofre ou combinações contendo oxigênio e
enxofre: Produtos de reação de enxofre livre e frações de petróleo ou compostos
orgânicos são incluídos neste grupo;
• Compostos orgânicos contendo cloro: Praticamente todos os integrantes deste
grupo são obtidos pela cloração de compostos orgânicos ou frações de petróleo;
• Compostos orgânicos contendo cloro e enxofre ou misturas de compostos de
cloro e compostos de enxofre: Contém ambos elementos contidos na mesma
molécula;
• Compostos orgânicos contendo fósforo: Tanto compostos trivalentes quanto
pentavalentes de fósforo são incluídos;
• Compostos orgânicos contendo chumbo: Estes compostos foram totalmente
banidos devido a questões ambientais e de saúde, visto que o chumbo é
altamente cancerígeno.

Melhoradores de IV (Índice de viscosidade)


Proporcionam uma maior estabilidade da viscosidade em função da variação de
temperatura. Os compostos químicos que são, geralmente, utilizados são:

• Poliisobutenos;
• Polimetacrilatos;
• Copolímeros de vinil-acetato;
• Copolímeros de olefinas;
• Poliacrilatos;
• Poliestirenos alcoilados.

Abaixadores de ponto de fluidez

Os abaixadores de ponto de fluidez evitam o congelamento do óleo em baixas


temperaturas. O processo efetuado por esse aditivo forma uma película protetora na
superfície dos cristais de parafina, inibindo o crescimento lateral do mesmo, e
mantendo o óleo líquido. Bons aditivos podem baixar o ponto de fluidez em até 40ºC.

Outros tipos de aditivos são: anti-espumantes, anti-adesividade, anti-gotejante, etc.

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LUBRIFICAÇÃO

Ensaios dos óleos lubrificantes


Os óleos lubrificantes têm propriedades importantes na sua utilização, e para defini-las é
necessário à utilização de métodos de ensaios que definam as mesmas. Iremos tratar a
seguir, de alguns tipos desses ensaios.

Densidade

O ensaio de densidade é feito em uma temperatura padronizada, visto que, com a


variação da temperatura, varia também a sua densidade.
OBS. Em óleos usados o aumento da densidade pode ocorrer por contaminação com
água ou sedimentos, enquanto a redução da mesma pode ocorrer com a mistura ao
combustível.

Viscosidade

Todos os tipos de ensaios de viscosidade partem do mesmo princípio: a medição do


tempo de escoamento de determinado volume de óleo a determinada temperatura. Esse
escoamento é feito através de um tubo padronizado.
Os ensaios de viscosidade mais famosos são os Centistokes e Saybolt.

Índice de neutralização
Denomina o índice de acidez ou alcalinidade do óleo.

Teor de água

A água quando em contato com óleo contamina o mesmo, gerando uma borra. O ensaio
de teor de água indica a quantidade de água que está presente no óleo.

Análise espectrográfica

Determina a presença de cada metal e sua quantidade, decorrente de desgaste. De


acordo com o metal encontrado, desconfia-se de desgaste em determinados
componentes da máquina.

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Resíduos de carbono e cinzas

Resíduos de carbono são indesejáveis aos motores. É obtido pesando-se o material que
resta da evaporação do óleo. Já as cinzas, indicam a quantidade de material inorgânico
restante da queima total do óleo. O ensaio de cinzas reflete a contaminação do óleo com
poeira e material metálico proveniente do desgaste.

Lubrificação industrial
A lubrificação industrial é um segmento de enorme grandeza e trata de óleos destinados
a várias aplicações em equipamentos da indústria num todo.
Os óleos lubrificantes na indústria são classificados pela ISSO (International Standard
Organization) e também pela AGMA (American Gear Manufacturer Association).

Óleos para sistemas hidráulicos

Os sistemas hidráulicos são muito utilizados na transmissão de força.


Os sistemas hidrostáticos têm por principio a lei de Pascal que diz: “A pressão exercida
em um ponto qualquer de um líquido em repouso é a mesma em todas as direções”.
Os sistemas hidrodinâmicos usam a energia cinética do fluido, por exemplo,
conversores de torque.

As principais características de um fluido para sistema hidráulico são:

• Ser incompressível;
• Ter baixo custo;
• Ser com lubrificante;
• Não ser tóxico;
• Não ser inflamável;
• Ser quimicamente estável;

• Possuir elevado índice de viscosidade;


• Ter boa capacidade de dissipar calor;
• Não absorver ar e água;
• Possuir adequada viscosidade;
• Proteger as superfícies metálicas.

Seus principais contaminantes são:

• Água e solventes de limpeza;


• Área e poeira;

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• Partículas metálicas de desgaste;
• Produtos da oxidação, borras e vernizes;
• Óleo proveniente de outros sistemas;

Óleos para engrenagens

As engrenagens são fechadas (caixas de redutores) ou abertas. Nos redutores a


lubrificação pode ser feita por banho, salpico ou forçada. A lubrificação por banho é
indesejada quando a velocidade periférica for maior que 10 m/s, pois a grande agitação
do óleo geraria espuma e calor, com consequente oxidação.
Diversos fatores influenciam na lubrificação das engrenagens, são eles:

• Tipo de engrenagem;
• Rotação do pinhão;
• Grau de redução;
• Temperatura de serviço;
• Potência;
• Natureza da carga;
• Tipos de acionamento.

Óleos de mancais

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Existem dois grupos de mancais: os mancais de deslizamento ou fricção, e os de anti-
fricção ou rolamento. Os mancais de deslizamento possuem melhor características de
vedação como também amortecimento de vibração e choques. Os de rolamento, por sua
vez, aceitam certo nível de desalinhamento e menor atrito.
Os mancais de deslizamento que recebem lubrificação forçada devem ter seu ponto de
introdução localizado na zona de menor pressão (com exceção nos eixos de grande
escala e pesados). Também é usual fazer ranhuras no mancal que depositam óleo para
ajudar a lubrificação nas partidas.

Óleos para circuitos pneumáticos

Nesse caso o óleo é pulverizado através do lubrificador da linha de ar comprimido, que


o arrasta até as partes da máquina que serão lubrificadas. A distância do lubrificador não
deve ser superior a 4 metros da máquina.
Os óleos para esses circuitos devem ter as seguintes características:

• Ser emulsionável para transportar a água condensada;


• Possuir agentes E.P;
• Possuir inibidores de corrosão e ferrugem;
• Ter bom ponto de fluidez;
• Viscosidade ISO 32 ou 46 para ferramentas leves (SAE 10 ou 20) e ISO 100 ou
150) para perfuratrizes de rocha (SAE 30 ou 40).

Óleos para compressores

Em compressores alternativos usa-se comumente o mesmo óleo para motores. Um dos


principais problemas decorrentes da lubrificação nestes compressores é a formação de
depósitos nas válvulas. Os compressores rotativos são geralmente de lóbulos, de
parafusos ou de palhetas.
Os de lóbulos requerem lubrificação apenas nas engrenagens de acionamento, pois seus
lóbulos não se tocam nem na carcaça.
Os do tipo palheta contém um rotor cilíndrico com ranhuras radiais, dentro das quais
deslizam palhetas soltas sob ação da força centrífuga, fechando-se cada vez mais na
direção da descarga comprimindo o ar captado por cada seção do rotor. Nesse
compressor o óleo lubrifica a camisa onde raspam as palhetas, necessitando de um
separador de ar e óleo.
Os compressores de parafuso são hoje os mais largamente utilizados em indústrias na
faixa de vazão entre 120 e 1200 CFM e pressões de até 10 bar. Os parafusos macho e
fêmea são sincronizados por engrenagens, mas ainda assim recebem lubrificação que
ajuda a vedação. O óleo é então misturado ao ar, separado após a compressão
retornando ao circuito. Em unidades maiores se faz necessário o uso de resfriadores do
óleo.

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LUBRIFICAÇÃO
Fluidos de corte
Dentre as funcionalidades dos fluidos de corte está o controle da temperatura na hora da
conformação mecânica e usinagem.

As funções dos fluidos de corte são, geralmente:

• Refrigerar a ferramenta e a peça;


• Lubrificar as partes em contato;
• Reduzir os esforços de corte;
• Reduzir o desgaste da ferramenta.

Suas características são:

• Boa emulsibilidade;
• Proteção contra ferrugem;
• Estabilidade no armazenamento;
• Não possuir odor;
• Proteção contra oxidação.

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LUBRIFICAÇÃO
Graxas industriais

A área de graxas industriais é muito vasta, portanto, será tratada de forma mais
completa em um capítulo a parte.
Em aplicação nas engrenagens abertas, vem sendo cada vez mais utilizada as
combinações betuminosas. O emprego desta graxa para lubrificação de cabos de aço
também é a melhor opção.
Nas aplicações em mancais, a graxa tem função e vedação além de lubrificação. Nestes
casos, o uso de uma graxa a base de sabão de lítio é a mais comumente adotada, pois
resiste bem à presença de água, temperatura relativamente elevada e suas fibras longas
ajudam a vedação.

Métodos de lubrificação

A escolha depende do projeto da máquina, valor de investimento, condições de


operação da máquina e praticidade. A tendência é de automatizar ao máximo a função
da lubrificação.

Lubrificação manual

Pode ser, visando-se almotolia, pincel, espátula, bobina manual de óleo ou de graxa.
Ainda se usa este metido quando o período de relubrificação é longo. Antes de se
executar a lubrificação, deve-se remover o lubrificante usado e limpar as superfícies.

Lubrificação por perda

Assim que o lubrificante passa pelo ponto de lubrificação, não retorna nem permanece
em reservatório. A aplicação pode ser pôr mecha, copo com vareta, copo conta-gotas,
lubrificador de linha para ferramentas pneumáticas e sistema centralizado.

Sistema de reservatório com banho

O banho pode ser em engrenagens, rolamentos, eixos, anéis, canecas e colares de


arraste. Neste sistema torna-se de extrema importância a manutenção do nível do
reservatório.

Sistema de circulação forçada

Onde o sistema por banho não é possível usa-se a circulação forçada por bomba. Em
alguns casos faz-se necessário o uso de trocadores de calor para resfriamento do óleo.

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Os principais elementos do circuito são: bomba, tubulação, reservatório, filtro, válvula,
manômetro e termômetro. Esse sistema pode ser de alta ou baixa pressão.

Lubrificador mecânico

Dependendo do sistema projetado, pode ser utilizado para lubrificação com perda total
ou com reaproveitamento do lubrificante. Consiste em um reservatório de óleo e
diversas unidades individuais de bombas, as quais fornecem o óleo em pequenas doses
controladas, através de tubulações a diferentes pontos dos lados do cilindro. As bombas
são acionadas por um eixo propulsor comum, que pode ser impelido por um motor
elétrico ou por uma parte móvel da própria máquina a ser lubrificada.

Óleos sintéticos

O interesse pelo lubrificante sintético dá-se pelo seu melhor desempenho em condições
extremas, vida mais longa, menor volatilidade e melhor biodegrabilidade. Os óleos
sintéticos são produtos químicos e sua obtenção se dá a partir da síntese destes. Embora
sejam sintéticos esses lubrificantes também precisam dos aditivos, e, o uso do óleo
incorreto pode acarretar em prejuízos.

Principais tipos
• Poli-Alfa-Olefinas (PAOs): Possuem boa estabilidade térmica e boa resistência à
oxidação quando bem aditivado com anti-oxidantes.
Utilização: Motores, engrenagens, turbinas e compressores.

• Diésteres: São obtidos reagindo um ácido e um álcool, tendo como subproduto


nocivo a água que deve ser eliminada.
Utilização: Compressores, mancais e fluidos hidráulicos de alta temperatura.

• Ésteres de Poliol: Também com aditivação correta, são mais resistentes que os
PAOs e os Diésteres no que diz a respeito de oxidação.
Utilização: Turbinas e sistemas hidráulicos de aviação.

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• Alquibenzenos: São subprodutos da fabricação de detergentes. Possuem boas
características a baixas temperaturas.
Utilização: Motores em regiões de clima frio, compressores, transformadores e
sistemas de refrigeração.

• Polialquileno Glicóis: Também conhecidos como poliésteres. São usados como


óleos solúveis em água, óleos para tratamento térmico. Possuem alta resistência
ao fogo, por isso são empregados em locais de altíssima temperatura, onde não
seria possível o uso de óleos derivados de petróleo.
Utilização: Compressores e parte da formulação dos óleos de freio.
• Ésteres de Fosfato: São usados, além de básicos sintéticos, como aditivos anti-
desgaste para óleos minerais e sintéticos.

• Fluidos de Silicone: Possuem I.V. em torno de 350, porém oferecem pouca


proteção anti-desgaste.
Utilização: Mecanismos de baixo esforço como instrumentos e válvulas.

• Lubrificantes fluoretados: Conhecidos como “teflon”, os derivados desse grupo


são muito bons lubrificantes com boas propriedades no vácuo.
Utilização: Equipamentos aeroespaciais.

• Ésteres Naturais: São derivados de mamona ou colza. Tem vida útil curta, porém
tem boa biodegrabilidade.
Utilização: Indústria alimentícia.

Os lubrificantes sintéticos, devido ao seu alto custo, têm aplicação somente em


situações que justificam o uso do mesmo, são elas:

• Onde esteja sujeito a temperaturas extremas.


• Onde esteja sujeito a oxidação severa, para que se tenha uma vida longa.
• Seja usado em ambiente quimicamente severo.
• Seja exigido um produto atóxico ou de boa degradabilidade.

Ou seja, nestes equipamentos: Motores de combustão interna, compressores,


engrenagens e sistemas hidráulicos.

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LUBRIFICAÇÃO

Graxas

Uma graxa lubrificante pode ser definida como um material sólido a semi-sólido,
constituindo de um agente espessante (sabão metálico) disperso num lubrificante
líquido (óleo). O lubrificante líquido, que em geral compõe 70 a 95% em peso da graxa
acabada, proporciona a lubrificação propriamente dita, enquanto o espessante oferece
uma consistência semelhante ao gel para manter o lubrificante líquido no lugar. Muitas
vezes, prefere-se as graxas em lugar dos óleos em aplicações onde ocorreria um
vazamento de óleo, onde a ação de vedação natural da graxa é necessária ou onde é
requerida a espessura extra da película da graxa.
Em geral, quase todas as graxas amolecem em serviço, porém recuperam sua
consistência original quando deixadas em repouso.

Onde usar graxa?

• Onde o óleo não pode ser contido ou vaza com facilidade;


• Onde existem dificuldades e condições inseguras para realizar a relubrificação;
• Onde o lubrificante deve ter também a função de vedar;
• Onde o projeto da máquina especifica a utilização de graxa;
• Onde o tempo de relubrificação for reduzido;
• Onde se quer reduzir a frequência de lubrificação;
• Onde existem equipamentos com lubrificação intermitente;
• Onde é importante a redução de ruídos;
• Onde existem condições extremas de altas temperaturas, altas pressões, cargas
de choque e baixas velocidades com cargas elevadas.

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Fabricação da graxa

A graxa é fabricada formando-se o sabão em presença do óleo. Existem três processos


de fabricação de graxas:

Processo de Tacho – por tradição, a fabricação de graxas tem sido feita na forma de um
processo de bateladas realizado em grandes tachos. As capacidades destes tachos variam
de 4500 a 22600Kg.

Processo Contactor – esse processo é muito parecido com o de tacho, com a vantagem
de reduzir enormemente o tempo de fabricação das graxas.

Processo Contínuo – esse processo nasceu em meados dos anos 60, é compacto e
versátil, oferecendo vantagens sobre o processo de bateladas, como sua homogeneidade
e estabilidade ao cisalhamento.

Tipos de graxas

• Graxas à base de sabão de lítio: São as mais usadas na indústria. Tem boa
resistência à água e à temperatura.
Utilização: Rolamentos.

• Graxas à base de sabão de sódio: São ideais quando se deseja remover


formações de gotículas de água para evitar a ferrugem, pois absorvem as
mesmas.

• Graxas à base de sabão de cálcio: Sua principal característica é a insolubilidade


em água. Formando as graxas “chassis”.

• Graxas betuminosas: De base asfáltica e possuem excelente adesividade.


Utilização: Cabos de aço, feixes de mola, e engrenagens abertas.

• Graxas contendo grafita ou bissulfeto de molibdênio: Geralmente à base de


sabão e lítio, contendo estes lubrificantes sólidos que lhes conferem maior ponto de
gota e resistência a altas pressões.
Utilização: Parafusos e estojos na montagem de coletores de descarga, turbinas de
motores e hastes de perfuração.

Características das graxas

• Consistência: o Gral NLGI (National Lubricating Grease Institute) estabelece


números que, quanto maiores mais consistentes são as graxas, sendo o ultimo grau
de consistência semelhante à de um sabonete. Assim temos graus 000; 00; 0; 1; 2; 3;
4; 5; 6.

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LUBRIFICAÇÃO
• Ponto de gota: É a temperatura na qual a graxa começa a gotejar. Indica seu
limite de utilização.
• Bombeabilidade: É a capacidade de ser bombeada, quanto maior a consistência
mais difícil é de bombear.
• Resistência à água: Os sabões de cálcio e lítio não se dissolvem na água, já os de
sódio sim.
• Estabilidade: Uma graxa de qualidade conserva por mais tempo suas
características.

Especificação DIN para graxas

DIN 51 502 (graxas)


Consiste de várias partes: tipos de graxas, aditivos especiais, componente sintético (se
aplicável), número NLGI, temperatura máxima de operação e temperatura mínima de
operação.

O primeiro ou o segundo caractere indica o tipo de graxa, conforme a tabela abaixo:

Se a graxa tiver aditivos especiais adicionais, estes serão indicados por um caractere
extra. As graxas receberão uma das letras abaixo:

Para graxas de base sintética, serão adicionados os caracteres abaixo:

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LUBRIFICAÇÃO

Lubrificantes sólidos

Os lubrificantes sólidos devem possuir forte aderência a metais, pequena resistência ao


cisalhamento, estabilidade em altas temperaturas, ser quimicamente inertes e ter elevado
coeficiente de transmissão de calor. Podem ser classificados em sólidos laminares e
compostos orgânicos.

Sólidos laminares: Têm sistemas estruturais dispostos em camadas, sendo muito fortes
as ligações entre átomos de uma mesma camada e fracas as ligações entre camadas
distintas. Os lubrificantes que pertencem a está categoria são: a grafita, o dissulfeto de
molibdênio, o dissulfeto de tungstênio, a mica, o talco, o sulfato de prata e o bórax.

Compostos orgânicos: Este grupo é formado pelas parafinas, ceras e pastas especiais
para estampagem e trefilação, constituídas por sabão e gorduras, além de diversos
plásticos.

Lubrificação sólida

O uso de lubrificantes sólidos, tais como grafita, mica ou bissulfeto de molibdênio, não
constitui mais novidade. A nova tecnologia de lubrificação sólida está dando ênfase ao
emprego do PTFE (politetra-flúor-etileno) que é um polímero cujo coeficiente de atrito
é extraordinariamente baixo.

Películas secas
Este é o novo caminho tecnológico da lubrificação sólida: o revestimento de superfícies
metálicas com camadas de materiais sólidos de boas propriedades lubrificantes, como os
lamelares grafita e o bissulfeto de molibdênio ou o PTFE.

A mica e o talco também são sólidos lamelares, eventualmente usados como


lubrificantes, que, porém, não forma ligações efetivas com superfícies metálicas.

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LUBRIFICAÇÃO
A grafita e o MoS2, conseguem boas ligações com os metais, especialmente os bissulfeto
de molibdênio com o aço. Estes sólidos lamelares podem ser aplicados sobre superfícies
metálicas por meio de adesivos, tais como resinas acrílicas, fenólicas, silicones ou
produtos inorgânicos como fosfatos, silicatos e boratos.

Penetração Iônica
Os estudos sobre lubrificação sólida adquirem grande importância para aplicações
espaciais, motivo pelo qual a NASA (National Aeronautics and Space Administration)
realiza um intenso programa de pesquisas neste campo.
Penetração iônica é um termo genérico aplicado a processos de deposição do qual a
superfície a revestir, é submetida a um bombardeio de íons de carga superficialmente
elevada para provocar apreciável faiscamento, antes e durante a deposição da película.
Por meio da penetração iônica obtém-se uma adesão bem maior entre o substrato e a
camada de revestimento.

Metais
Alguns metais, como o ouro, a prata, a platina, o chumbo, o estanho, o bário, o cádmio,
o tálio, entre outros, apresentam propriedades adequadas para o uso como lubrificantes
sólidos, em situações especiais. Estas propriedades incluem a pequena resistência ao
cisalhamento, a possibilidade de serem aplicados como película contínua sobre outros
metais mais duros, boa condutibilidade térmica e elétrica, estabilidade química em altas
temperaturas e sob vácuo, e resistência a radiações nucleares.
O emprego de uma fina película de prata para revestir, lubrificando rolamentos esféricos
de equipamentos de raios-X, sujeitos a elevadas temperaturas, altas velocidades e
condições de vácuo, já é uma aplicação bastante conhecida nos Estados Unidos.
Experiências com rolamentos revestidos por uma fina película de ouro têm sido levadas
a efeito pela NASA para fins espaciais.

Armazenagem e manuseio de lubrificantes


Em geral os lubrificantes são fornecidos em tambores, baldes ou recipientes menores.
Em casos especiais são fornecidos em carros tanques.

Uma boa armazenagem deve seguir os seguintes princípios:

• O primeiro tambor que entra no almoxarifado deve ser o primeiro que sai para
consumo;
• Facilidade de carga e descarga, estocados em racks que possibilitem o uso de
empilhadeiras ou lado a lado para a movimentação com talhas;
• Identificação clara e visível nas embalagens;
• Quando armazenar em locais abertos, inclinar o tambor para evitar a formação e
água junto aos bocais;
• Usar local fresco e arejado, pois o calor pode deteriorar alguns lubrificantes,
principalmente graxas.

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LUBRIFICAÇÃO
Um bom manuseio deve seguir estes princípios:

• O óleo deve ser transportado em recipientes fechados e não em baldes, para


evitar contaminação;
• Os tambores devem ser transportados em carrinhos apropriados, nunca rolados
no chão sob risco de derramamento;
• Os tambores em uso devem ser armazenados deitados em cavaletes, com
torneiras de fecho rápido com baldes coletores de respingos e principalmente
com identificação clara e visível. Para a armazenagem dos tambores na posição
vertical, são necessárias bombas para transferência do óleo;
• A lubrificação de equipamentos “no campo” é facilitada com o uso de
caminhões comboio, que podem transportar combustível e diversos tipos de óleo
e graxa, também possuem um compressor de ar, armário de ferramentas,
mangueiras com medidores de quantidade de óleo ou combustível, etc.

Planejamento da lubrificação
O sucesso de uma boa lubrificação depende do seu planejamento e controle, sem os
quais é impossível obter um bom resultado.
O planejamento e controle da lubrificação nas empresas podem ser feitos de diversas
maneiras, dependendo do tipo dos equipamentos que elas possuem. Grande parte das
empresas hoje, controla a lubrificação com o auxilio de programas específicos. Um
sistema de lubrificação é tido organizado seguindo seis fatores, são eles:

• Tipo de lubrificante (de acordo com as especificações);


• Quantidade de aditivos no lubrificante de acordo com o trabalho;
• Quantidade de lubrificante especificada;
• Local certo de aplicação do lubrificante;
• Hora certa de se fazer a lubrificação;
• Condição de lubrificação correta.

Cada equipamento da empresa deve conter uma ficha que contenha sua especificação e
os fatores acima citados.

Na organização do sistema de lubrificação, deve-se otimizá-lo com uma variedade


mínima possível de lubrificantes, com uma boa sistemática de armazenagem e
manuseio, um bom controle de serviços e consumos, e uma boa identificação dos
lubrificantes através de códigos.

O roteiro da lubrificação deve ser montado de forma a evitar que o homem caminhe
muito de forma desordenada, isto é, o roteiro deve conter os equipamentos segundo uma
sequência lógica.

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LUBRIFICAÇÃO
A periodicidade de lubrificação pode ser controlada de acordo com o tipo de
equipamento, outros fatores a se considerar são: horas de trabalho; quilômetros de
trabalho; dias, semanas, meses, semestres de trabalho e a produção.

Classificação de viscosidade
Existem várias classificações de viscosidade para óleos lubrificantes. Para escolher o
lubrificante adequado deve-se levar em consideração a viscosidade correta do óleo que
será utilizado.

Classificação SAE J300 – óleos para motor

A SAE desenvolveu a classificação de viscosidade para óleos de motor, que tem sido
modificada com o passar dos anos e estabelece 11 diferentes graus de viscosidade do
óleo de motor, conforme a tabela abaixo.

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LUBRIFICAÇÃO

Classificação SAE J306 – óleos de transmissão manual e


diferencial

A SAE também desenvolveu uma classificação de viscosidade para óleos de diferencial


e de transmissão manual. Hoje estabelece nove graus diferentes de viscosidade do óleo.
Existe uma proposta para que sejam acrescidos mais dois graus de viscosidade (SAE
110 e 190) e também alterar os limites da viscosidade SAE 90 e 140.

Classificação de viscosidade ISO - óleos industriais

O sistema ISO de classificação é mais simples e leva em consideração apenas a


viscosidade do óleo à 40ºC.

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LUBRIFICAÇÃO

Classificação de viscosidade AGMA – óleos industriais

O sistema de classificação AGMA classifica os lubrificantes para engrenagens abertas


ou fechadas, levando em consideração não só a viscosidade dos óleos, mas também a
aditivação dos produtos. A AGMA classifica os óleos como:

• R&O (inibidores de ferrugem e corrosão).


• EP (anti desgaste / extrema pressão).
• CP (Óleos compostos com 3 a 10% de gordura mineral ou sintética –
frequentemente utilizado em engrenagens do tipo coroa / sem fim).
• R (residuais – frequentemente empregados em engrenagens abertas).
• S (sintéticos).

É importante ressaltar que na classificação emitida em 2002 houve uma mudança


significativa nas viscosidades dos números AGMA 10, 11 e 12 para poderem alinhar
com os graus de viscosidade ISO.

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LUBRIFICAÇÃO

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