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Carlos Marighella
Marighella em 1946—1947
Dados pessoais
Nascimento 5 de dezembro de 1911
Salvador, Bahia
Morte 4 de novembro de 1969 (57 anos)
São Paulo, SP
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Lista[Expandir]
Os pais de Marighella
Carlos Marighella foi um dos sete filhos de uma família pobre de Salvador. Seu pai era
o imigrante italiano Augusto Marighella, operário metalúrgico, mecânico e ex-motorista
de caminhão de lixo que chegara a São Paulo e se transladara à Bahia. Sua mãe era
a baiana e ex-empregada doméstica Maria Rita do Nascimento, negra e filha livre de escravos
africanos trazidos do Sudão (negros hauçás).[8] Nasceu em Salvador no dia 5 de dezembro de
1911, residindo na Rua do Desterro 9, Baixa do Sapateiro, onde concluiu o seu curso primário e o
secundário. Augusto Marighella veio ao Brasil fazer companhia à sua mãe, que saíra da Itália
para São Paulo depois de tornar-se viúva. Tendo sua mãe casado de novo, Augusto mudou-se
para Salvador aos vinte e dois anos de idade, no dia 4 de novembro de 1907. Procurava trabalho
como metalúrgico, mas se empregou como motorista e mecânico de caminhão de lixo. Conheceu
Maria Rita em 1908, ainda como empregada doméstica, trabalhando para uma família francesa
aos vinte anos de idade. Os pais de Carlos mudaram-se para uma casa na Rua da Fonte das
Pedras, perto do dique do Tororó, onde sua mãe lhe dera à luz na madrugada de uma terça feira
e, tempos mais tarde, à irmã de Carlos Marighella, Anita Marighella. Mudaram-se para Barão do
Desterro cerca de três anos mais tarde, onde Augusto adquiriu uma oficina mecânica ao lado da
nova casa e Carlos Marighella passaria toda a infância.[9]
Com incentivo do pai, Carlos Marighella se alfabetizara cedo, na idade de quatro anos. Seu pai
fomentava a leitura de Carlos com livros nacionais e importados, sobretudo autores franceses.
Chegou a reformar seu escritório a fim de servir para Carlos como sala de estudos. Inscreveu-se
no primeiro ano em 1925 no colégio Carneiro Ribeiro, no Largo da Soledade, onde terminou o
curso com treze anos e mudou-se para o Ginásio da Bahia, atual Colégio Central, na Avenida
Joana Angélica. Lá ficou conhecido por responder uma prova de física em versos, exame que
ficou exposto no colégio até a concretização do golpe de 64.
Em uma emboscada preparada a partir das informações obtidas por meio da tortura dos
religiosos, Fleury obrigou os frades a confirmar o encontro com Marighella, e o frade Fernando o
fez.[19] Eles tinham um código que auxiliou na emboscada: "Aqui é o Ernesto. Esteja hoje na
gráfica".[20] O encontro foi marcado na Alameda Casa Branca, uma rua próxima à Avenida
Paulista, na cidade de São Paulo.[19]
No dia do encontro, havia uma caminhonete com policiais e um automóvel, com supostos
namorados (onde Sérgio Fleury disfarçou-se), além do fusca com Fernando e Ivo.[19]
Ao chegar na Alameda, às 20h, dirigiu-se ao Fusca e entrou na parte traseira. Frei Ivo e Fernando
saíram rapidamente do carro e se jogaram no chão. Percebendo a emboscada e reagindo ao
tiroteio iniciado por Fleury imediatamente reagiu à prisão e foi morto. Segundo Elio Gaspari,
Marighella portava um revólver Taurus calibre .32 com cinco balas.[21] Já de acordo com Mário
Magalhães, Marighella estava desarmado.[22] Ambos os autores narram que Marighella estava com
cápsulas de cianeto de potássio.
Além de Marighella, outras três pessoas foram atingidas na emboscada:
Monumento instalado na Alameda Casa Branca, em São Paulo, que homenageia Marighella, morto nas imediações. A
placa frontal foi arrancada
Anistia póstuma
Em 1996, o Ministério da Justiça reconheceu a responsabilidade do Estado pela sua morte; em 7
de março de 2008 foi decidido que sua companheira Clara Charf deveria receber pensão vitalícia
do governo brasileiro[23] apesar de a família de Marighella não ter solicitado reparação econômica,
apenas o reconhecimento da perseguição ao militante. Em 2012, depois da apurações
da Comissão da Verdade, o ministro da justiça, José Eduardo Cardozo, oficializou a anistia post
mortem de Marighella. Em novembro de 2013, a Comissão da Verdade realizou ato em
homenagem ao aniversário de 44 anos da morte de Marighella. O tributo foi na alameda Casa
Branca e contou com a presença da viúva do guerrilheiro, Clara Charf. Ela considerou o tributo
importante para conscientizar as pessoas do que houve naquela rua, onde seu marido fora
assassinado.[
Obra
Poesias
Marighella escrevia poesias e, aos 21 anos, durante as aulas de engenharia divertia professores
e colegas fazendo provas em verso. Da mesma forma, compôs em versos ataques ao interventor
baiano Juracy Magalhães, fato que lhe valeu sua primeira prisão, seguida de tortura, em 1932.
Ainda na prisão, desta feita em 1939, ele compôs o poema "Liberdade":
"(...)E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome.".[28]
Sua obra poética está reunida no livro Rondó da Liberdade]
Minimanual do Guerrilheiro Urbano
Uma das mais divulgadas obras de Marighella, o Minimanual do Guerrilheiro Urbano foi
escrito em junho de 1969, para servir de orientação aos movimentos revolucionários.
[29]
Circulou em versões mimeografadas e fotocopiadas, algumas diferentes entre si, sem que
se possa apontar qual é a original. Nesta obra, detalhou táticas de guerrilha urbana a serem
empregadas nas lutas contra governos ditatoriais.
A crise brasileira
Trabalho teórico no qual analisa a conjuntura nacional a partir da estrutura de classes do
Brasil e critica o PCB por resguardar-se de qualquer atividade consequente, acomodado na
ideia de um processo eleitoral limpo, e, ao mesmo tempo, refratário ao divórcio da chamada
"burguesia”
Outros escritos políticos
Alguns escritos políticos de Marighella, embora redigidos por ele em português, ganharam
primeiro uma edição em outra língua, devido à censura imposta a obras do gênero pelo
regime militar brasileiro. É o caso de Pela Libertação do Brasil, que, em 1970, ganhou uma
versão na França financiada por grupos marxistas. Estão disponíveis em português: Alguns
Aspectos da Renda da Terra no Brasil (1958), Algumas Questões Sobre as Guerrilhas no
Brasil (1967) e Chamamento ao Povo Brasileiro (1968).