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Importante militante revolucionário, político, escritor e poeta. Filho da baiana Maria Rita de
Nascimento e do imigrante Augusto Marighela. Na Itália, Augusto era um militante anarquista,
já no Brasil, abriu uma oficina, mas parou um pouco com sua militância, apenas continuando
na esquerda. Desse modo, seu pai sempre debatia as classes e desigualdades sociais com
Carlinhos.
Marighela se junta aos ideais socialistas na faculdade e se junta ao PCB, atuando ativamente
nas frentes dos movimentos estudantis. Marighela dizia que sem mandato popular o que
Getúlio tinha era uma ditadura e um golpe, nunca se iludiu com 1930. Marighela debochava de
Vargas e Juraci Magalhães, ganhando visibilidade nos festivais e saraus, o que acabou a leva-lo
a uma prisão em 1932. Em 1934 Marighela foi expulso da universidade por panfletar dentro do
espaço.
Em 1936, aos 25 anos, Carlos Marighela foi transferido para o Rio de Janeiro para uma
reorganização, sendo preso na ditadura Vargas e torturado durante 6 meses. Ao sair da prisão,
foi direto para a clandestinidade, pois na ditadura do Estado Novo, comunistas eram mortos,
censurados, presos e torturados. Ao sair da prisão, Marighela também continuou dedicando-se
principalmente há escritos de poemas, textos, formações políticas, eventos culturais e
militantes. Nesta época, o PCB tinha grande força política entre os trabalhadores urbanos,
principalmente pela presença dos sindicatos. Por isso, mesmo vivendo sobre um regime
autoritário, com uma constituição autoritária e um presidente imposto; a resistência conseguia
manter algumas forças como ex: Instituto Brasil URSS, contando com nomes na direção como
JORGE AMADO. Marighela também se torna amigo de GRACILIANOS RAMOS, e postando na
mesma coluna do PCB que Carlos DRUMMOND DE ANDRADE.
Em 1939; Marighela se torna preso político pela terceira vez, torturado mais uma vez no BOPS
de São Paulo, enquanto se negou a dar informações sobre militantes e escritores. Dessa vez,
Marighela ficou preso por 6 anos, em duas prisões; 1ª em Fernando de Noronha e depois na
Ilha Grande, litoral do RJ. Nesse tempo, Marighela dedicou seu tempo a estudar, arte,
alfabetizar os prisioneiros e aprendeu Inglês.
Em abril de 1945, aconteceu a anistia do Estado Novo. Marighela e os demais presos políticos
do regime foram liberados, incluindo Luiz Carlos Prestes, e o PCB volta a legalidade, voltando
as candidaturas. Em 1945 Marighela retorna também a Bahia, promovendo seções de filiação e
construções de comitês democráticos populares. Nessa época, Marighela se candidatou ao
cargo de DEPUTADO e foi eleito. O PCB vencia nas eleições.
Em 1948 Carlos Marighela tem seu mandato cassado. Nesse período, a URSS havia derrotado o
Nazismo 2 anos atrás e estava com a moral lá em cima. Em 48 começa também a guerra fria,
onde os EUA tentavam garantir que o mundo não se rendesse aos ideais comunistas. Dessa
forma, o governo Dutra, por orientação do governo estadunidense, caçou todos os políticos
comunistas; Marighela voltou assim para a clandestinidade. Nesse período, Marighela
conheceu a secretária Clara, que trabalhava para bancada do PCB. Ela foi a mulher na qual ele
viveu um romance durante toda sua vida. Marighela ocupou muitos cargos no PCB, passou os
anos de 1953-54 na CHINA, para reconhecer de perto da revolução chinesa. Voltou para o
Brasil sendo atuante nas lutas do país, como a luta contra a privatização das estatais, defesa do
monopólio estatal do petróleo, e contra o envio de jovens soldados para a guerra da Coreia.
Aqui, escreve também ‘’alguns aspectos da renda da terra no Brasil’’.
Em 1964-> Como a ditadura não houve do dia para a noite, existiram diversos embates entre a
própria esquerda sobre quais posturas tomar diante das manifestações do golpe. Marighela
que defendia que era um momento de conflito entre esses grupos, uma resistência militar,
enquanto outras dirigencias do PCB concluíram que a resistência armada não teria chances de
impedir o golpe e geraria mais mortes.
Em maio de 69, o serviço brasileiro diz que segundo Cuba; Marighela é o único revolucionário
brasileiro recebendo reconhecimento e apoio de Cubas, tendo Fidel Castro dito que coloca sua
esperança em Marighela.
Sobre a ALN, o viés militar do movimento não impediu que as lideranças ajudassem na
construção de greves e ações populares, como por exemplo a primeira greve depois de 64, em
Contagem, onde 16 mil metalúrgicos pararam. A greve dos metalúrgicos de Osasco, que
aconteceu 3 meses depois também tinha em sua liderança pessoas ligadas a guerrilha. Além
disso, os padres dominicanos apoiavam a guerrilha.
Em julho de 69, Marighela escreveu o ‘’mini manual do guerrilheiro urbano’’, pequeno livro
com o objetivo de orientar movimentos revolucionários que queriam usar as táticas de
guerrilha. No dia 15 de agosto de 1969, aconteceu mais uma ação grandiosa da ALN, na cidade
de São Paulo. Diferente das ações comuns, tomaram uma rádio afiliada da rede globo, e um
manifesto sobre a luta armada foi lido ao vivo. Em menos de um ano que o movimento existia
Marighela já era apontado como inimigo número um da ditadura.
LIVRO: FICHAMENTO/RESUMO
Elas não foram poucas. Desde o início do século, os haussás tinham feito arder a Bahia.
Planejaram envenenar os brancos, em 1807, e um líder fora castigado com mil açoites
em praça pública. Dois anos mais tarde, o ferro em brasa marcara com o f de fujão os
corpos dos cativos recapturados. Os haussás se transformaram no espectro que
aterrorizava os senhores de escravos e engenhos.
Na projeção do principal historiador da rebelião de 1835, João José Reis, naquele ano os
africanos, cerca de 22 mil, representavam um terço dos moradores de Salvador. Havia
quase um escravo — 42% da população, incluindo os nascidos no Brasil — por homem
ou mulher livre. (p.31)
Não era sombra o que buscava o ferreiro Augusto Marighella. Ele queria trabalho.
Passara uma temporada em São Paulo ao lado da mãe, em companhia de quem deixara a
Itália depois da morte do pai (p.33)
Chamava-se Maria Rita dos Santos, repartia o cabelo rigorosamente no meio e era uma
tentação. Em 1908, completara vinte anos — nascera a 22 de maio de 1888, nove dias
após a Lei Áurea. Jamais revelaria se, por um instante, resistiu aos galanteios do italiano
sedutor que interpretava músicas românticas em serenatas dedicadas a ela. Formaram
um casal tão belo que nenhum dos oito filhos, alguns bem-apanhados, haveria de igualar
a beleza dos pais.
A oficina e a casa ficavam do lado direito da rua acanhada e sem saída. Separavam-nas
algumas residências, e uniam-se pelos fundos. O que tinha de estreita, com uma porta e
duas janelas na fachada, a casa tinha de comprida. Sem forro no teto, expediente nas
edificações da Bahia para amainar o bafo, cobria-se apenas de telhas. Casas com forro
eram as dos bacanas que moravam na avenida Sete de Setembro e frequentavam o
Clube Bahiano de Tênis, onde negros não entravam no time de futebol e muito menos
nos bailes. A rígida hierarquia social baiana desfilava aos olhos do jovem Marighella.
Crianças trabalhadoras se machucavam ao pegar o bonde em movimento para vender
jornais, o que não passava despercebido a Carrinho.
(p. 44).
Carrinho aproveitava o cabelo pixaim para ousar nos cortes que sugeriam um
excêntrico. Um escrivão registrou-o como branco em 1928, na certidão tardia de
nascimento — consta como declaração de Augusto. Apareceu como mulato no atestado
de vacina contra varíola em 1931. (p. 45) -> Marighela como mulato
A cor persistia, entretanto, fator de discriminação. Em 1911, quando Marighella nasceu
e a Lei Áurea contava mais de 23 anos, o jornal A Bahia quantificou: “[...] Três mil
anos! Tal é [n]o mínimo a dianteira da raça branca sobre a negra”. Contudo os
aguadores só desapareceram quando Marighella deixava a infância. Eles levavam sobre
os ombros barris com água apanhada nas fontes, para vender. Eram todos negros. O que
não impediu os proprietários de engenhos e terras, beneficiários da economia
agroexportadora assentada no suor escravo, de associar os homens de cor da Bahia à
preguiça. (p. 45).
Em 1936, o sociólogo americano Donald Pierson apurou que no ensino secundário do
estado havia apenas 6,4% de alunos negros e 18,9% de mulatos — os brancos
representavam 74,3%. Nos três cursos superiores (medicina, direito e engenharia), os
autodeclarados brancos dominavam 80% das listas de presença. (p. 46).
Ao colar grau, em março de 1931, obteve o título de bacharel e se habilitou para ser
professor do ensino ginasial. (p. 50).