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OF OROFACIAL
INVESTIGATION
Literature Review
Lesões Refratárias
Refractory Lesions
Caio Rodrigo Pacheco Lopes1, Rosemeire Rezende Honda1, Ângela Maria Dias Morais1,
Leandro Silva da Conceição1,Lázaro Raimundo Coura1, Luiz Valdrighi2
Resumo
Toda lesão periapical que não regride após tratamento endodôntico, verificado através de tomadas
radiográficas seja de rotina ou acompanhamento, é considerada uma lesão refratária. Esta revisão de
literatura é uma análise de artigos pertinentes para apresentar e discutir as prováveis causas para a
resistência de algumas lesões periapicais crônicas ao tratamento endodôntico e solucioná-las.
Abstract
Any periapical lesion that does not regress after endodontic treatment, verified through routine or follow-
up radiographic shots, is considered a refractory lesion. This literature review is an analysis of relevant
articles to present and discuss the probable causes for the resistance of some chronic periapical lesions
to endodontic treatment and how to solve them.
Porém, a polpa, também pode reagir a pliação proposital do forame apical para favorecer
agentes irritantes externos. Qualquer exposição a invaginação do tecido conjuntivo apical para a
dentinária, seja coronária ou radicular, ao meio área vazia do canal promovendo formação de te-
bucal pode causar alterações, estimulando a de- cido mineralizado.
posição de dentina na base dos túbulos dentiná- O preparo químico-mecânico tem que ser
rios na polpa subjacente. Estas exposições podem realizado de forma criteriosa, pois todas as pare-
ocorrer devido a vários motivos, tais como cáries, des devem ser tocadas pelos instrumentos ma-
doença periodontal, abrasão, erosão, atrição, pre- nuais e/ou rotatórios. Não ocorrendo a remoção
paros cavitários ou coronários, alisamento radicu- total de tecidos pulpares necróticos ou desobtu-
lar e fraturas de cúspides. ração completa dos canais em retratamentos, há
Um exemplo claro deste fenômeno é a di- a persistência da contaminação, consequente-
minuição ou até mesmo o desaparecimento da mente a perpetuação da lesão periapical crônica.
câmara pulpar observado em radiografias toma- A fratura de instrumentos no conduto ra-
das durante a fase de diagnóstico e planejamento. dicular é um dos acidentes transoperatórios mais
Estas variações anatômicas têm um papel comuns na prática da endodontia. Estes instru-
fundamental, pois em áreas radiculares como ist- mentos obstruem e dificultam o acesso a totali-
mos ou reentrâncias podem permanecer restos dade do canal radicular havendo a necessidade de
pulpares necróticos que podem levar ao insuces- sua remoção ou ultrapassagem dos mesmos, não
so e a perpetuação de uma lesão periapical crô- havendo sucesso nestas tentativas o canal deve
nica 7. ser obturado no novo comprimento de trabalho
A qualidade do preparo e da obturação e ter um acompanhamento radiográfico periódico
do(s) canal (ais) radicular (es) é um fator muito para observar o aparecimento ou a evolução de
relevante para definir o sucesso ou insucesso do uma lesão periapical crônica.
tratamento endodôntico. O sucesso do tratamen- Problemas durante a obturação do canal
to depende do completo debridamento do canal também podem ocorrer, pois a qualidade da ob-
radicular infectado e do completo selamento co- turação reflete a qualidade do preparo do canal.
ronário diminuindo assim a infecção persistente Há a subobturação e a sobreobturação, respecti-
e prevenindo a reinfecção da câmara pulpar e do vamente é quando a obturação do conduto fica
sistema de canais radiculares. aquém do limite apical e quando fica além do li-
O insucesso é observado através de toma- mite apical com extravasamento de cone de gu-
das radiográficas e/ou sinais e sintomas de dentes tapercha. De acordo com estudos realizados ra-
tratados. A desinfecção químico-mecânica inade- diograficamente, dentes sobreobturados têm um
quada do canal radicular, instrumentos fratura- prognóstico menos favorável do que os dentes
dos durante a desinfecção do canal, obturação do suboturados ou com extravasamento de cimento
canal radicular aquém ou além do limite apical, 6
. Ainda em dentes sobreobturados a toxicidade
desvios ou perfurações radiculares, selamento co- dos materiais obturadores pode causar necroses
ronário deficiente ou inadequado, trincas ou fra- do cemento, do ligamento periodontal e osso al-
turas coronárias e ou radiculares não diagnostica- veolar 7.
das na avaliação inicial, doença periodontal e um Uma das causas de insucesso do tratamen-
plano de tratamento inadequado para o caso são to endodôntico está diretamente relacionado a
fatores técnicos determinantes para o insucesso qualidade da restauração coronária 8-10. Infiltra-
do tratamento endodôntico 4. ções coronárias marginais permitem que bacté-
Souza Filho et al.5(1987) preconiza a am- rias, seus produtos e subprodutos penetrem na
interface entre o material obturador e a parede Com a progressão da infecção pulpar, mi-
do canal conseguindo assim alcançar a região do crorganismos, seus produtos e subprodutos que
periápice promovendo a persistência da lesão pe- inicialmente estavam na luz do canal espalham-se
riapical. por todo o sistema de canais radiculares (istmos,
Fraturas ou trincas radiculares verticais canais laterais e acessórios, delta apical) podendo
têm sua orientação no sentido longitudinal ini- assim ocasionar reabsorção óssea, lesão periapi-
ciando-se na coroa ou na raiz. O diagnóstico clí- cal e infecção extra-radicular 15. Segundo Handal
nico deste tipo de fraturas ou trincas é difícil, pois et al.16 (2009), foram encontrados 75 tipos dife-
seus sintomas não são específicos e assemelham- rentes de bactérias em lesões periapicais remo-
-se a dor pós-operatória do tratamento endodôn- vidas cirurgicamente em 20 pacientes, os quais
tico ou de doença periodontal. As fraturas ou trin- apresentavam lesões periapicais resistentes ao
cas radiculares podem ser acompanhadas de dor, tratamento endodôntico.
inchaço, mobilidade dentária, bolsa periodontal Microrganismos que resistem ao preparo
isolada e até mesmo fístula. químico-mecânico e possuem a capacidade de
Indiretamente métodos de diagnóstico sobreviver em condições de carência nutricional
convencional, como a tomada radiográfica, po- e baixa tensão de oxigênio somente irão iniciar ou
dem indicar estes tipos de fraturas ou trincas perpetuar uma lesão periapical se tiverem acesso
radiculares, pois mostram áreas radiolúcidas no aos tecidos periapicais e se forem patogênicos e
periápice ou na região peri-radicular, mas não em número suficiente 17,18.
permitem a visualização da linha de fratura e a in- Em poucos casos a resistência da lesão pe-
terpretação dos sinais clínicos e sintomas é difícil riapical ao tratamento endodôntico convencional
e na maioria das vezes podem deixar o cirurgião pode estar relacionada a uma infecção extracanal
dentista em dúvida. onde estudos têm demonstrado microrganismos
Segundo da Silveira PF et al.11 (2013) para na superfície externa radicular 15,19 ou na lesão pe-
serem visualizadas essas fraturas ou trincas, o ci- riapical 20. Segundo Leonardo et al.21(2002), esses
rurgião dentista necessita utilizar de diagnósticos microrganismos fixam-se e colonizam as áreas de
por imagem mais avançados do que a tomada ra- reabsorções cementárias e dentinárias causadas
diográfica, como tomografias computadorizadas pela lesão periapical crônica.
ou tomografias de volume digital. Nas áreas de reabsorção apical os micror-
ganismos ficam aderidos caracterizando um ar-
3 - Fatores microbiológicos ranjo de biofilme peri-radicular, sendo envolvidos
por uma camada de polissacarídeos externa que
Os fatores microbiológicos são essenciais forma a matriz intermicrobiana a qual é chama-
para desencadear uma patogenia peri-radicu- da de glicocálice. Esta estrutura limita a ação de
lar como as lesões periapicais crônicas. Segundo defesa do hospedeiro como células fagocíticas 22.
Kakehashi et al.12 (1965) ratos convencionais e De acordo com achados clínicos, este bio-
“germ-free” tiveram suas polpas expostas a cavi- filme periapical pode transformar-se em um cál-
dade oral onde somente os ratos convencionais culo apical o qual seria responsável pela persis-
desenvolveram necrose pulpar e lesão periapical tência da lesão.
devido a sua microflora oral. O principal fator que Harn et al.19 (1998) relatou que durante
favorece o desenvolvimento ou continuidade de uma apicectomia realizada em um dente com
uma lesão periapical crônica é a colonização bac- lesão resistente ao tratamento endodôntico con-
teriana no sistema de canais radiculares 13,14. vencional e que apresentava fístula, foi observa-
se organizar em uma estrutura de biofilme 22. Esta - A região periapical que teve relato de
estrutura em contato com a saliva transforma-se comunicação com o meio bucal possui prognósti-
em cálculo periapical impedindo a cicatrização ós- co desfavorável;
sea da lesão. - Fraturas ou trincas longitudinais radicu-
lares não favorecem a regressão da lesão peria-
CONCLUSÃO pical, por servirem como nichos para colonização
bacteriana;
Baseando-se na literatura consultada, po- - Cirurgia periapical exploratória é indica-
de-se concluir que: da para diagnóstico e desinfecção da região.
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Corresponding author:
Caio Rodrigo Pacheco Lopes
Faculdade de Ciências do Tocantins – FACIT, Araguaína,
Tocantins, Brasil
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