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CAPÍTULO 1

Considerações Clínicas para


o Recobrimento Radicular
Associado às Lesões
Cervicais Não Cariosas
Maristela Maia Lobo
Mabelle de Freitas Monteiro
Rachel de Queiroz Ferreira Rodrigues
4 Perioline Cirúrgico O Uso de Substitutos de Tecidos Moles para Recobrimento Radicular
5

Introdução Quando Restaurar e Quando Recobrir?


As Lesões Cervicais Não Cariosas (LCNC) representam a perda de estrutura Essa pergunta é recorrente e comum à grande maioria dos clínicos. É impor-
dental na região cervical próxima à junção cemento-esmalte não associada à tante salientar a importância do respeito ao domínio de cada especialidade,
doença cárie e à presença de biofilme bacteriano. É considerado um problema ou seja, no manejo das LCNCs associadas às recessões gengivais, a dentística
odontológico comum, atingindo uma prevalência de 69% na América do Sul1, restauradora tem papel fundamental na reconstrução dos tecidos coronários
que pode afetar a qualidade de vida da população ao causar problemas como e a periodontia tem papel igualmente fundamental no reposicionamento da
hipersensibilidade dentinária e problemas estéticos. A associação entre as LC- margem gengival. Desta maneira, o ideal é que o componente coronário da
NCs e as recessões gengivais é frequente, sendo visualizada em mais de 50% LCNC seja restaurado, enquanto o componente radicular da lesão deve ser
das recessões gengivais e podendo, inclusive, afetar a previsibilidade de reco- reconstruído com tecidos moles, através de recobrimento radicular, visando o
brimento radicular completo das recessões gengivais2. Esta associação exige correto restabelecimento da margem gengival na posição adequada.
do cirurgião-dentista uma postura essencialmente multidisciplinar, tanto para Porém, neste tópico há um detalhe interessante que deve ser observado:
o diagnóstico, quanto para o manejo terapêutico dessas condições clínicas al- nos casos onde existe a necessidade restauradora, é necessário que o operador
tamente prevalentes (Fig. 1.1). A perda de substância dental ao nível cervical e execute ou gerencie a execução dos dois procedimentos. Isso ocorre uma vez
a migração apical da margem gengival com consequente exposição da raiz que o sucesso do recobrimento radicular pode ser otimizado pela confecção de
desafiam o clínico a estudar as diversas etiologias relacionadas ao problema, um perfil de emergência adequado e pela posição ápico-coronal ideal da restau-
frequentemente associadas a diversos tipos de trauma mecânico, à exposição ração a ser definida pela previsibilidade do recobrimento e pela futura posição
de ácidos endógenos e exógenos, à inflamação dos tecidos periodontais e à da margem gengival. Este conceito pode gerar a quebra de “paradigmas” com
predisposição fenotípica do indivíduo3. relação ao encaminhamento do paciente para ser atendido por diferentes espe-
Gerenciar os fatores etiológicos é fundamental antes de reconstruir os te- cialistas para a execução desses procedimentos. Em caso de um “descompasso”
cidos perdidos para que se tenha longevidade nos resultados de quaisquer te- entre o trabalho do dentista restaurador e do periodontista, pode ocorrer a ne-
rapias. E quando tais fatores etiológicos são controlados, é importante devol- cessidade do retrabalho restaurador para adequar a restauração à posição do
ver as estruturas perdidas de acordo com a previsibilidade de cada caso. tecido gengival após o recobrimento. O ideal é que se realize a restauração da
LCNC e, em seguida, o recobrimento da recessão associada (Fig. 1.2).

Figura 1.2 - Quando restaurar e quando recobrir? Essa é uma pergunta frequente entre os clínicos, que
exige o correto diagnóstico tanto da etiologia como das estruturas teciduais perdidas, bem como exi-
ge o conhecimento e a abordagem multidisciplinares.

Figura 1.1 - As recessões da margem gengival frequentemente estão associadas às lesões cervicais não ca-
riosas, demandando conhecimento multidisciplinar para o gerenciamento dos fatores etiológicos e para
a reconstrução das substâncias dentais e periodontais perdidas.
6 Perioline Cirúrgico O Uso de Substitutos de Tecidos Moles para Recobrimento Radicular
7

Três situações que envolvem recessões e/ou LCNC são comumente obser- enquanto o posicionamento adequado do retalho é facilitado pela reconstru-
vadas e sua identificação é dependente do momento em que o paciente é ção do perfil emergência dental e por um substrato estável, liso e convexo
diagnosticado e dos fatores etiológicos envolvidos: para assentamento do retalho cirúrgico4.
1. cervicais não cariosas sem acometimento periodontal, na qual existe per-
da de esmalte cervical e exposição de dentina coronária, sem recessão da
margem e sem exposição de dentina radicular (Fig. 1.3). Geralmente são
lesões bastante sensíveis e incômodas.
2. Recessões gengivais sem perda de substância coronária, com junção ce-
mento-esmalte (JCE) presente e dentina radicular exposta (Fig. 1.4).
3. Defeitos combinados que envolvem perdas dentais (cervicais) e periodon-
tais, com ausência de JCE e presença de ângulo cavo-superficial (Fig. 1.5).

Essas três situações clínicas podem acometer um mesmo paciente, ou até


mesmo uma única hemiarcada de um paciente (Fig. 1.6), e demandam abor-
dagens terapêuticas distintas. Defeitos restritos à estrutura coronária deman-
dam apenas restaurações; recessões gengivais sem comprometimento de es-
trutura coronária demandam apenas recobrimento radicular (dependendo da
previsibilidade do recobrimento); defeitos combinados demandam a associa-
ção perio-dentística, sendo a melhor sequência terapêutica a restauração se-
guida do recobrimento radicular. Dessa forma, a restauração pode ser facil-
mente realizada com controle da umidade e sem interferência em tecido mole Figura 1.4 - Em outros casos, a perda tecidual pode ser predominantemente periodontal e radicular,
com preservação da estrutura coronária e JCE visível. Em tais casos, a depender da previsibilidade do
recobrimento radicular, a indicação terapêutica de reconstrução é estritamente periodontal.

Figura 1.3 - Em alguns casos, pode haver perda de esmalte cervical, com consequente exposição da Figura 1.5 - Quando o defeito é combinado, o paciente apresenta perdas teciduais coronárias, radicula-
dentina coronária, sem qualquer migração apical da margem gengival. Nesta situação clínica, somen- res e periodontais, demandando a real integração da dentística restauradora e da periodontia.
te a restauração coronária se faz necessária no manejo terapêutico de reconstrução tecidual.
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A Anatomia das Recessões e LCNCs


Fazer o correto diagnóstico da área a ser trabalhada é fundamental para o pla-
nejamento e para a resolução do caso clínico, uma vez que as características do
sítio ditarão as possibilidades de tratamento e sua previsibilidade. Atualmente,
a melhor maneira de determinar a previsibilidade de recobrimento redicular é
identificar fatores associados ao posicionamento dental, as características ana-
tômicas da recessão e a sua associação com os defeitos cervicais da estrutura
dental. Durante muitos anos, a classificação das recessões gengivais descrita
por Milller predominou na periodontia5. Entretanto, em 2011, uma nova classifi-
A B
cação foi proposta6 e posteriormente incorporada na classificação das doenças
e condições periodontais de 20183, visando otimizar o diagnóstico, a caracteri-
zação das recessões e a abordagens terapêuticas (Fig. 1.7). Nessa nova classifi-
cação, as recessões foram dividadas em RT1, RT2 e RT3, sendo a perda interpro-
ximal preponderante na caracterização da recessão e na determinação da
previsibilidade de recobrimento radicular (Fig. 1.7).
Quanto mais características clínicas e imaginológicas acerca da condição
periodontal e dos defeitos cervicais (LCNCs) associados às recessões gengi-
vais são obtidas, mais fácil se torna a eleição da técnica assertiva a cada caso.
Assim, uma avaliação detalhada de cada sítio a ser operado precisa ser reali-
zada, visando identificar o tipo da recessão, o tamanho da recessão, espessu-
ra tecidual, a presença de tecido queratinizado e aspectos relacionados ao
dente3 (Fig. 1.8). Com relação ao dente, dois fatores fundamentais devem ser
avaliados com relação à LCNC: a presença (A) ou ausência (B) da JCE e presen-
ça (+) ou ausência (-) de uma concavidade cervical ou degrau (presença de
defeito > 0,5mm medido com sonda periodontal) na superfície dental7. Desta
forma, as LCNCs podem ser classificadas como A- (JCE presente e ausência de
concavidade cervical), A+ (JCE presente com presença de degrau cervical), B-
(ausência de JCE e de concavidade cervical) e B+ (JCE ausente e concavidade
presente; Fig. 1.9).
Quando as LCNCs estão presentes, existem três perguntas básicas que o
clínico deve fazer a si mesmo sobre o caso (Fig. 1.10): (1) Existe perda de estru-
tura coronária? (2) Existe recessão associada? (3) A recessão gengival presen-
te é passível de ser completamente recoberta? Respostas afirmativas para
uma ou mais dessas questões demandam atitudes terapêuticas distintas.
Quando existe perda de estrutura coronária associada à LCNCs, é necessário
reconstruir a anatomia dental perdida reconstruindo a junção cemento esmal-
C te. A presença de recessão gengival associada implica na necessidade do reco-
Figura 1.6 - (A-C) Em um mesmo paciente, os três tipos de lesão podem acontecer em uma mesma brimento radicular, e a maioria das técnicas envolve o avanço coronal do reta-
hemiarcada, desafiando o clínico a agir sob perspectivas terapêuticas diferentes dentro da mesma lho (ACR) associado ou não à enxertia de tecido conjuntivo (ETC) ou substitutos
abordagem. (SB; Fig. 1.10).
10 Perioline Cirúrgico O Uso de Substitutos de Tecidos Moles para Recobrimento Radicular
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Fx Tec
#35 h REC ESP. GENG JCE DEGRAU
QUERAT

HÍGIDO

RT1 3 mm 1 mm 3 mm A –

RT2

RT3

Figura 1.8 - As recessões gengivais devem ser caracterizadas da maneira mais completa
A1 A2 possível, envolvendo aspectos gengivais e dentais. Variáveis periodontais importan-
tes, como tipo de recessão gengival, altura da recessão (hRec), espessura de gengiva
(Esp. GENG) e tamanho da faixa de tecido queratinizado (Fx Tec Querat.), e variáveis
dentais, como a presença (A) ou ausência (B) de JCE ou a presença (+) ou ausência (-)
de degrau devem ser avaliadas individualmente para cada dente, de forma a permitir
a correta indicação terapêutica. Esquema adaptado de Cortellini & Bissada, 2018.3

Perdeu Precisa
Resina
estrutura restaurar
composta
coronária? até a JCEe.
B1 B2

LCNC

Tem recessão Precisa


ACR +
gengival recobrir a
ETC/SB
associada? raiz

Figura 1.9 - As LCNCs podem ser classificadas como A- (JCE presente e ausência de
concavidade cervical), A+ (JCE presente com presença de degrau cervical), B- (au-
sência de JCE e ausência de concavidade cervical) e B+ (JCE ausente e concavidade
presente), e sua prevalência está descrita em porcentagem ao lado de cada subtipo.
Ilustração adaptada de Pini-Prato et al., 2010.7

C1 C2
Uma árvore de decisões recentemente proposta por Stefanini e colabora-
Figura 1.7 - Segundo a classificação de Cairo6, podemos identificar 3 tipos de recessões com diferentes
previsibilidades de recobrimento. (A) RT1: recessão gengival com ausência de perda de inserção in- dores propôe a avaliação destas características anatômicas do sítio para dire-
terproximal, apresentando até 100% de previsibilidade de recobrimento radicular. (B) RT2: recessão cionar a melhor abordagem terapêutica para cada situação e otimizar os re-
gengival com perda proximal, sendo que a quantidade de perda de inserção proximal (medida da JCE sultados estéticos. Para recessões que envolvem LCNC, a primeira abordagem
proximal exposta até o fundo do sulco/bolsa proximal) é menor ou igual à perda vestibular (medida da seria a restauração com resina composta até a posição de máxima cobertura
JCE vestibular até o fundo do sulco/bolsa vestibular). Nestas recessões, a previsibilidade do recobri-
radicular. Posteriormente, avalia-se a presença de perda interproximal de te-
mento pode atingir até 80%. (C) RT3: recessão gengival com perda proximal, sendo que a quantidade
de perda de inserção proximal (medida da JCE proximal exposta até o fundo do sulco/bolsa) é maior cido ósseo e mole, o posicionamento dental, o tamanho da faixa de tecido
do que a perda vestibular (medida da JCE vestibular até o fundo do sulco/bolsa). Estas recessões apre- queratinizado presente e a espessura tecidual para definir sobre o tipo de re-
sentam baixa previsibilidade de recobrimento, embora não esteja contraindicado o procedimento. talho a ser utilizado e a utilização ou não de enxertos8.
12 Perioline Cirúrgico O Uso de Substitutos de Tecidos Moles para Recobrimento Radicular
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com o tratamento cirúrgico sozinho, melhora o contorno da margem gengi-


val, criando um contorno curvo e mais natural na gengiva quando comparado
à margem gengival mais reta nos casos em que não há a recontrução da jun-
ção cemento-esmalte10,11.
Diferentes materiais foram sugeridos para o protocolo restaurador das le-
sões cervicais não cariosas, como cimento ionômero de vidro, ionômero de
vidro modificados por resina e resinas compostas. Com relação a ganhos clíni-
cos, estes diferentes materiais apresentaram ganhos semelhantes para os pa-
râmetros periodontais, como percentual de cobertura radicular, recobrimen-
to completo e ganhos de inserção, e não promoveram reações teciduais
A - (46%) A + (14%) B - (15%) B + (24%) clinicamente perceptíveis12,13. Entretanto, o acompanhamento longitudinal de
casos restaurados com ionômero de vidro modificados por resina demonstra-
Figura 1.10 - Quando existe perda de estrutura coronária associada à LCNCs, é necessário reconstruir a
anatomia dental perdida, geralmente até a junção cemento-esmalte estimada (JCEe), que coincidirá
rou degradação do padrão estético em função da alteração de cor com 1 ano,
com a linha de expectativa de recobrimento9, ou 1,0 mm apical a essa linha10. ACR = avanço coronal tornando-se ainda pior com 2 anos de acompanhamento14. Por outro lado, re-
do retalho; ETC = enxerto de tecido conjuntivo; JCEe = junção cemento-esmalte estimada; LCNC = sultados satisfatórios do ponto de vista restaurador foram obtidos com 1 ano
lesão cervical não cariosa; SB = substitutos. de acompanhamento de LCNCs tratadas com restauração em resina compos-
ta e enxerto de tecido conjuntivo15. Neste sentido, com o intuito de facilitar o
manejo clínico e otimizar os resultados estéticos, a resina é o material mais

Procedimento Restaurador indicado para a restauração de lesão cervicais não cariosas associadas a reces-
sões gengivais.
Realizar o procedimento restaurador conjuntamente ao tratamento perio- Outro aspecto importante é até onde restaurar as LCNCs. Estudos ini-
dontal reconstrutivo é indicado quando a estrutura da coroa dental é perdida ciais relacionados ao tratamento de lesões combinadas propuseram a res-
ou em casos nos quais o recobrimento radicular apresenta previsibilidade re- tauração de todo o componente radicular e coronário das LCNCs16-18. Apesar
duzida (por exemplo, devido à perda de inserção interproximal, perda da pon- de não provocar reações teciduais importantes, como inflamação gengival,
ta da papila, dentes rotacionados, mal posicionados ou extruídos)4. Desta for- edema e redução dos ganhos clínicos longitudinalmente, restauração das
ma, torna-se possível atingir um resultado satisfatório no tratamento de LCNCs colocadas subgengivalmente provocam reações a nível histológico
lesões combinadas (LCNC + recessão gengival), melhorando parâmetros esté- no periodonto. Estudos em cães demonstraram que em restaurações adesi-
ticos e de hipersensitividade dentinária, mesmo quando a previsibilidade de vas colocadas subgengivalmente, a cicatrização acontece pela formação de
recobrimento radicular não atinge a JCE10. um epitélio juncional longo sobre o material restaurador, impedindo uma
Idealmente, a restauração deve ser realizada antes do procedimento cirúr- possível regeneração periodontal na zona mais apical do defeito19,20. Este
gico, de forma a facilitar a execução da restauração em um ambiente com efeito pode ser observado clinicamente pela maior profundidade de sonda-
controle de umidade e possibilitando acabamento e polimento sem a interfe- gem observada em casos com LCNC completamente restauradas com resi-
rência do tecido gengival. Outra vantagem importante é que a recontrução do na e posteriormente recobertos em comparação com casos em que apenas
perfil de emergência pela restauração facilita o assentamento do retalho em o recobrimento radicular foi realizado11.
uma superfície mais estável, lisa e convexa, favorecendo a estabelidade pri- Desta forma, o ideal é que a margem das restaurações das LCNC sejam
mária fundamental para o sucesso do recobrimento radicular4. Esta situação posicionadas próximas à margem gengival e da região da junção cemento-es-
já foi demonstrada em estudos clínicos comparando o recobrimento radicular malte, sendo restrita a região coronária do dente para reduzir as reações teci-
associado ao enxerto de tecido conjuntivo combinado ou não à restauração duais, como sugerido por outros autores.4,21,22 Estes procedimentos têm como
da LCNC para o tratamento de lesões combinadas10,11. Nestes estudos obser- vantagem adicional uma maior facilidade de realização de uma nova restaura-
vou-se que restaurar a LCNC em associação com o tratamento cirúrgico, ape- ção após o recobrimento radicular em caso de falha, soltura da restauração ou
sar de não alterar os parâmetros clínicos de ganho periodontal comparado problemas estéticos associados a elas.
14 Perioline Cirúrgico O Uso de Substitutos de Tecidos Moles para Recobrimento Radicular
15

A principal referência para determinar o componente coronário de um mente. Desta maneira, a MCR passa a ser considerada para delimitação do
dente é a JCE. Entretanto, em alguns casos, como comentado anteriormente, tratamento restaurador e cirúrgico.
a JCE pode ter sido perdida devido ao desgaste cervical. Nestes casos, a JCE Apesar de apresentar resultados bastante satisfatórios, o tratamento ci-
pode ser estimada (eJCE) utilizando dente adjacente ou contralateral, por rúrgico nem sempre atinge como resultado final o recobrimento radicular
exemplo, servindo de referência para a recontrução9. completo, e uma recessão residual pode permanecer presente. Assim, proble-
Entretanto, existem casos nos quais o recobrimento radicular completo mas estéticos e persistência de hipersensibilidade dentinária podem ocorrer
não é atingível devido à características do sítio a ser trabalhado9, e nestes quando a MCR ou JCE são utilizadas como referência e a cobertura radicular
casos, a JCE passa a não ser a melhor referência para avaliar a previsibilida- completa não é atingida. Para contrapor estes problemas, Santamaria e cola-
de de um recobrimento radicular e a resolução do caso clínico. Em tais con- boradores propuzeram uma modificação do protocolo restaurador anterior-
dições clínicas, a linha de máxima cobertura radicular (MCR)9,23 pode ser uti- mente descrito, sugerindo que a recessão fosse realizada 1 mm apical à JCE ou
lizada como um parâmetro importante na delimitação da margem MCR, e demonstraram resultados satisfatórios do ponto de vista estético e de
restauradora das LCNCs (Fig. 1.11). Assim, pode-se atingir resultados satis- redução da hipersensibilidade dentinária10.
fatórios do tratamento mesmo em casos com reduzida previsibilidade de
recobrimento radicular.
Zucchelli e colaboradores4 propuzeram uma árvore de decisão para o tra- A Escolha da Técnica de
tamento combinado de recessões e LCNC baseado na MCR descrevendo 5
tipos de recessões e seus tratamentos propostos. Caso a MCR esteja locali-
Recobrimento
zada coronal ou ao nível do início da LCNC (casos em que usualmente não há Após o procedimento restaurador, é necessário realizar o tratamento cirúr-
grandes perdas de estrutura dental coronária), apenas ACR (avanço coronal gico para recobrimento da recessão. Devido à limitada evidência, a respeito
do retalho), com ou sem enxerto, respectivamente, pode ser realizado. Caso do melhor tratamento cirúrgico associado à LCNC, a árvore de decisões se
a MCR esteja localizada na extenção da LCNC (dente com tecido coronal baseará em recessões de maneira geral. Diversas técnicas cirúrgicas já fo-
perdido ou com probabilidade de recobrimento radicular reduzida), a mar- ram descritas na literatura, modificando tanto o desenho do retalho quanto
gem restauradora deve ser posicionada na altura da MCR com posterior propondo a adição de enxertos autógenos ou substitutos teciduais24, e a de-
ACR. Para recessões nas quais a MCR se localiza na porção mais apical da cisão pela técnica vai depender da característica e da quantidade de reces-
LCNC, toda a lesão deve ser restaurada e ACR deve ser realizado posterior- sões presentes.8,25
A técnica considerada padrão ouro para recobrimento readicular e com
maior nível de evidência é o ACR26, permitindo um maior avanço coronal do
retalho e sendo recomendada para recessões unitárias ou múltiplas. Para
recessões unitárias, a técnica com retalho trapezoidal composto de duas in-
cisões horizontais e duas incisões oblíquas divergentes, proposta por De
Sanctis & Zucchelli27, pode ser utilizada. Para recessões múltiplas, o retalho
com avanço coronal modificado, proposto por Zuchelli28, demosntra-se a
opção com melhores resultados clínicos, por otimizar os resultados estéti-
cos ao criar incisões oblíquas para a confecção de uma papila cirúrgica e evi-
tar incisões relaxantes29.
Outras opções de retalhos importantes são as técnicas de envelope30 apli-
A B C D cadas para as recessões unitárias e a técnica de túnel modificada (TUN)31, que
preconizam a formação de um túnel sob o tecido gengival, sem a realização
Figura 1.11 - (A-D) O método para determinar a MCR se baseia em calcular a altura da papila anatômica,
que é a distância do ponto de contato até a projeção conectando a linha do ângulo mesial da recessão. de incisões relaxantes e otimizando a estética. Além disso, configuram-se im-
Esta altura é posteriormente utilizada a partir da ponta da papila para identificar o ângulo da margem portantes opções em casos de recessões menores, nas quais um extenso
gengival e a MCR. Ilustração adaptada de Zuchelli et al., 2006.9 avanço coronal do retalho (ACR) não é necessário, e em região onde existe
16 Perioline Cirúrgico O Uso de Substitutos de Tecidos Moles para Recobrimento Radicular
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uma perda de tecido mole proximal, na qual certo grau de tracionamento co- de 3 mm de TQ é suficiente para a estabilidade do retalho e para favorecer a
ronal da papila pode ser alcançado com suturas. manutenção a longo prazo. Para sítios com TQ entre 1 e 2 mm, a espessura
Para uma maior previsibilidade de recobrimento radicular total, recomen- tecidual deve ser levada em consideração: em sítios com < 1 mm de espessu-
da-se o avanço coronal do retalho pelo menos 1 mm além da JCE ou da MRC32. ra, o ETC deve ser preconizado (uma vez que a espessura tecidual está rela-
Além do tipo de retalho a ser utilizado, outra decisão importante é sobre o uso cioonada com os resultados de cobertura radicular35,36); em sítios com espes-
de enxertos associados aos retalhos. O enxerto de tecido conjuntivo (ETC) as- sura tecidual ≥ 1mm, o enxerto não é necessário, pois não existe a necessidade
sociado ao ACR é o padrão ouro para o recobrimento radicular26. Entretanto, de aumento em espessura do sítio trabalhado.
resultados comparáveis são obtidos pelo TUN + ETC comparado ao ACR + Este uso seletivo do ETC também é suportado por revisão sistemática com
ETC24. Associar o ETC ao retalho melhora os ganhos clínicos obtidos, aumen- network, meta-análise que demonstrou que o uso de ACR sozinho pode apre-
tando o recobrimento radicular completo, o percentual de recobrimento radi- sentar resultados estéticos mais favoráveis com relação a textura e cor gengi-
cular, o ganho de tecido queratinizado, que aumentam a estabilidade do sítio val24. Assim, é importante avaliar a característica da recessão a ser trabalhada
operado em um longo prazo25. Tal benefício provavelmente se dá pelo preen- e a morbidade do procedimento para decidir pela técnica cirúrgica.
chimento biológico da região de deiscência sob a margen gengival cirúrgica, Além dos ETC, o uso de substitutos teciduais também é uma opção cirúgi-
aumentando a estabilidade do retalho durante o reparo, reduzindo a contra- ca para o recobrimento redicular, apresentando a vantagem de não precisar
ção ao longo do tempo e assim melhorando os resultados25. Apesar dos bene- de um segundo sítio cirúrgico. Dentre as opções, proteínas derivadas da ma-
fícios apresentados, a remoção do enxerto, usualmente realizada do palato, triz do esmalte, matriz dérmica acelular (não disponível comercialmente no
apresenta a desvantagem de um segundo leito cirúrgico e do aumento da Brasil), matrizes colágenas xenógenas, fibrina rica em plaquetas são as mais
morbidade cirúrgica. pesquisadas.24,37 Resultados mais favoráveis foram atingidos pelas proteínas
Para a técnica de recobrimento radicular, o enxerto deve ser 3 mm mais derivadas da matriz do esmalte e matriz dérmica acelular, e meta-análise su-
largo do que a área de deiscência a ser recoberta e uma largura de aproxima- gere que o uso de substitutos teciduais é mais favorável quando associados ao
damente 1 mm é desejada. Enxertos maiores e mais espessos não aumentam ACR.24
os ganhos clínicos alcançados pelo recobrimento radicular, ao mesmo tempo Também sobre a indicação do uso de matrizes colágenas, estudo clínico
que podem reduzir os ganhos estéticos (por causar alterações de forma, volu- controlado e randomizado recente comparando o uso de matrizes coláge-
me gengival e perdas da naturalidade), ao mesmo tempo que aumentam a nas + ACR com o ETC + ACR demonstrou que ETC + ACR promovem maior
morbidade do procedimento33. recobrimento radicular completo de recessões múltiplas, apesar de não
Com relação ao uso ou não de enxerto no tratamento de recessões asso- apresentar diferenças quanto ao ganho de tecido queratinizado, percentual
ciadas a LCNC parcialmente restauradas com resina, estudo comparando o de recobrimento e ganho de inserção clínica. Entretanto, o recobrimento
uso de ACR + ETC ao ACR sozinho demonstrou que o ETC promoveu melhores radicular completo em sítios tratados com substituto tecidual foi dependen-
resultados de ganho de tecido queratinizado e espessura, embora não tenham te da quantidade de TQ ao basline, situação não observada para o ETC. Adi-
sido observadas diferenças no recobrimento radicular completo e na redução cionalmente, foi demonstrado que em sítios que apresentam > 2mm de TQ
da recessão. Interessantemente, o estudo também demonstrou um efeito da ao baseline, a matriz colágena apresentou porcentagem de recobrimento
espessura tecidual previamente ao recobrimento sobre os resultados obtidos. radicular completo semelhante ao ETC. Mais uma indicação de que a sele-
Foi identificado que para recessões com espessura tecidual ≤ 0,84mm adicio- ção do tratamento plástico periodontal é dependente das características
nar, o ETC melhora o percentual de recobrimento. Entretanto, em fenótipos apresentadas pelo sítio.
mais espessos (> 0,84mm), o ACR sozinho foi associado com melhores per- Especificamente para recobrimento associado à LCNC, o uso de duas
centuais de recobrimento e melhor avaliação estética34. matrizes de colágeno foi reportado15,38, promovendo melhoras clínicas
Outro adendo com relação ao uso do ETC ocorre em relação à altura de quando associadas ao retalho reposicionado coronariamente. Apesar de
tecido queratinizado (TQ), como proposto por Stefanini e colaboradores8. Se- promover resultados semelhantes com relação à redução da recessão e
gundo os autores, em sítios com altura de TQ ≤ 1mm, o uso de ETC é indicado porcentagem de recobrimento radicular, o uso de matriz colágena associa-
para dar estabilidade ao retalho e melhorar os resultados clínicos. Para sítios da ao ACR promoveu maior ganho de TQ e espessura tecidual comparado
com mais de 2 mm de TQ, o uso de ETC não seria necessário, pois a presença ao ACR sozinho15.
18 Perioline Cirúrgico O Uso de Substitutos de Tecidos Moles para Recobrimento Radicular
19

A B

C D

E F I

Figura 1.12 - (A-I) Caso clínico 1. Recessões gengivais unitárias de até 3,0 mm em caninos superiores
(#13 e 23), associadas a restaurações de resina sobre superfície radicular. Após a remoção das restau-
rações e raspagem e alisamento das superfícies radiculares, foi realizado o avanço coronal do retalho
através da técnica do envelope (REF) com enxertia de tecido conjuntivo removido da região de palato
anterior pela técnica linear39. Cento e oitenta dias após o procedimento, foi constatado sucesso e
100% de recobrimento.
20 Perioline Cirúrgico O Uso de Substitutos de Tecidos Moles para Recobrimento Radicular
21

Recessão RT1 2 mm TQ
Envelope (ACR + ETC)
unitária h < 3 mm > 1 mm EG
A

PO 60 dias
E

1,5 mm

PO 180 dias
F

Inicial
C
Figura 1.13 - (A-G) Caso clínico 2. Recessão
gengival unitária de até 1,5 mm em cani-
no superior (#23), com JCE visível, clas-
sificada como RT1 e com boa espessura
gengival e boa faixa de tecido queratini-
zado. A técnica cirúrgica escolhida foi o
avanço coronal do retalho através da téc-
nica do envelope com enxertia de tecido
conjuntivo removido da região de palato
anterior pela técnica linear39. É possível
15 dias acompanhar a evolução do pós-operató-
D rio de 15 dias até 1 ano. G

PO 365 dias
22 Perioline Cirúrgico O Uso de Substitutos de Tecidos Moles para Recobrimento Radicular
23

A B

C D

Papilas cirúrgicas

Papilas anatômicas

E F
PO 15 dias
L

G H Sutura adesiva

M
Inicial PO 1 ano

Figura 1.14 - (A-M) Caso clínico 2. Recessões gengivais múltiplas nos dentes #21, 22, 23 e 24, com a maior
recessão (#23) com 4,0 mm de altura, associada à restauração de resina sobre a superfície radicular.
Verificou-se boa espessura de gengiva, adequada faixa de tecido queratinizado e ausência de degrau
cervical. Após a remoção cuidadosa da restauração, identificação da JCE e raspagem e alisamento das
superfícies radiculares, foi realizado o avanço coronal do retalho através de técnica do retalho com
enxertia de tecido conjuntivo removido da região de palato anterior, em boca cruzada, pela técnica
I J linear39. Um ano após o procedimento, foi constatado sucesso e 100% de recobrimento.
24 Perioline Cirúrgico O Uso de Substitutos de Tecidos Moles para Recobrimento Radicular
25

Figura 1.15 - (A,B) Comparativo do resultado do


recobrimento bilateral na arcada superior, utili-
B zando múltiplas técnicas.
26 Perioline Cirúrgico O Uso de Substitutos de Tecidos Moles para Recobrimento Radicular
27

Considerações Finais 13. Isler SC, Ozcan G, Ozcan M, Omurlu H. Clinical evaluation of combined surgical/ restorative treat-
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15. Mathias‐Santamaria IF, Silveira CA, Rossato A, Sampaio de Melo MA, Bresciani E, Santamaria MP.
prática clínica em odontologia multidisciplinar. A visão integrada é cada vez Single gingival recession associated with non‐carious cervical lesion treated by partial restoration
mais necessária quando se deseja sucesso e longevidade clínica neste tipo de and coronally advanced flap with or without xenogenous collagen matrix: A randomized clinical
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terapêutica. É improvável reconstruir de forma adequada os tecidos perdidos doi:10.1002/JPER.21-0358. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/JPER.21-0358.
sem unir a Dentística e a Periodontia, portanto, a interface de conhecimento 16. Santamaria MP, Suaid FF, Casati MZ, Nociti FH, Sallum AW, Sallum EA. Coronally positioned flap
plus resin-modified glass ionomer restoration for the treatment of gingival recession associated
entre essas duas especialidades se faz absolutamente necessária. with non-carious cervical lesions: a randomized controlled clinical trial. J Periodontol. 2008;
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