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CAPÍTULO 08

retratamento
cirúrgico

Sistemas Rotatórios
e Reciprocantes em
Endodontia

GIULIO GAVINI
ERICKA TAVARES PINHEIRO
GEORGE TÁCCIO DE MIRANDA CANDEIRO
CECI NUNES CARVALHO
ENDODONTIA
D E V A N G U A R D A

INTRODUÇÃO CAUSAS DO INSUCESSO CONDUTAS FRENTE AO INSUCESSO Para optarmos entre o Retratamento Con-
vencional ou Cirúrgico, aspectos relaciona-
O tratamento endodôntico objetiva prevenir Normalmente o insucesso endodôntico tem Uma vez constatado o insucesso da interven- dos à qualidade do tratamento endodôntico
e tratar a periodontite apical, permitindo a origem microbiana, sendo que na grande maio- ção endodôntica através do controle clínico, previamente realizado, bem como da restau-
reintegração funcional e estética do elemen- ria dos casos a infecção é intracanal persisten- radiográfico e quando necessário tomográ- ração, devem ser levados em consideração,
to dental. Desde que indicado e conduzido te (refratária) relacionada com um tratamento fico, pelo aparecimento ou persistência de além da possibilidade do acesso aos canais
de forma correta, apresenta resultados pre- inadequadamente realizado ou resultado da sinais, sintomas e da periodontite apical, o radiculares, principalmente ao terço apical.
visíveis e índice de sucesso que varia entre recontaminação pós tratamento endodôntico profissional deve, inicialmente, procurar de- Diante de um tratamento endodôntico mal
86 a 98% quando realizado a primeira vez, (secundária), frequentemente associado a fa- terminar a causa do fracasso e, em seguida, realizado, com falhas evidentes, onde a res-
dependendo da condição patológica motiva- lhas na restauração. A complexidade anatômi- optar pela conduta mais adequada, viável e tauração também necessita ser substituída
dora da intervenção. Salehrabi & Rotstein47 ca do sistema de canais radiculares favorece com melhor prognóstico. por problemas de adaptação ou estéticos,
realizaram um extenso estudo epidemiológi- a permanência dos agentes contaminantes, onde o acesso ao canal é possível, mesmo
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co acompanhando por oito anos 1.126.288 dificultando sua remoção. Cerca de 4% dos Nesses casos, normalmente, três possibilidades
que implique na remoção de núcleo metáli-
pacientes, em um total de 1.462.936 trata- casos de insucessos estão relacionados às terapêuticas se apresentam:
co fundido, pino de fibra de vidro ou carbo-
mentos endodônticos realizados, observan- infecções extrarradiculares, ao biofilme perir- –– Retratamento convencional; no, opta-se na maioria das vezes pelo Re-
do que após esse período de tempo 97% radicular ou à presença de microrganismos no –– Retratamento cirúrgico; tratamento Convencional (Figura 01).
dos dentes tratados continuavam presentes interior das lesões apicais. Condutas iatrogê-
–– Exodontia e colocação de implante.
e em função. Apenas 3% dos dentes foram nicas, como fraturas de instrumentos, desvios

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retratados ou extraídos, principalmente nos apicais, formação de degraus e perfurações
três primeiros anos da primeira interven- são complicadores que podem ou não estar
ção. A análise dos dentes extraídos revelou associados aos fatores microbianos6,28,36.
que 85% deles não estavam adequadamen-
te restaurados, comprovando que a correta A persistência da periodontite apical pode ter

restauração do dente tratado endodontica- origem não microbiana, como o acúmulo de

mente constitui etapa fundamental da tera- cristais de colesterol endógeno nos tecidos

pia e interfere diretamente no sucesso. periapicais, lesões císticas e reação de corpo


estranho provocada pela extrusão de material
durante o tratamento endodôntico. Também
trincas ou fraturas radiculares podem estar
associadas ao insucesso.
A B

01. A,B – Dente 37 apresentando insucesso endodôntico e restauração insatisfatória (A). Retratamento convencional realizado (B).

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Todavia, quando o tratamento endodôntico Caso o dente apresente estrutura dental ínte-
prévio apresenta-se adequado, a restauração gra e em quantidade adequada em espessura
não possui falhas ou o acesso ao terço apical e altura que permita restaurá-lo, associado a
mostra-se inviável, o Retratamento Cirúrgico um bom suporte periodontal com menos de
apresenta-se como a conduta mais adequada. 25% de perda óssea e bolsa periodontal in-
Cumpre ressaltar que, embora os procedimen- ferior a 5 mm, o dente deve ser mantido, in-
tos relativos ao Retratamento Convencional dependente do movimento irracional e cres-
tenham evoluído muito nos últimos anos com cente em indicar a substituição de todo dente
a incorporação de novos recursos tecnológi- tratado endodonticamente, sintomático ou
cos, a eliminação dos agentes microbianos do assintomático por implante intra-ósseo. Nes- A B C

terço apical das raízes, particularmente o bio- se cenário, é preciso destacar que a escolha
filme intra e extrarradicular, ainda constitui um por uma ou outra modalidade de retratamen-
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desafio (Figura 02A-E). to deve seguir critérios objetivos de viabilida-


de e prognóstico, sem contudo criar amarras,
A avaliação da estrutura dental no que se tendo claro que ainda hoje a manutenção
refere à quantidade e integridade, bem do elemento dental é o principal objetivo de
como as condições periodontais e oclusais, qualquer tratamento odontológico de quali-
são essenciais para optar entre os trata- dade. Assim sendo, diante de um insucesso

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mentos conservadores do elemento dental de origem endodôntica, tanto o Retratamento
(Retratamento Convencional / Cirúrgico) ou Convencional quanto o Cirúrgico constituem D E
a extração (Figura 02F-H). opções terapêuticas adequadas para elimi-
nar a causa do fracasso, viabilizar a cura dos
tecidos periapicais e promover o desapareci-
mento dos sinais e sintomas.

F G H

02. A-H – Dente 21 apresentando periodontite apical com extensa rarefação óssea (A). Radiografia realizada após
realização de retratamento cirúrgico (apicectomia com retrobturação com MTA) (B). Controle radiográfico de 01 ano,
onde observa-se reparo ósseo (C). Controle radiográfico de 02 anos, com reparo ósseo total. Aspecto clínico após 2
anos da microcirurgia endodôntica (E). Dente 36 com tratamento endodôntico inadequado, problemas periodontais e
comprometimento na área da furca. Optou-se pela exodontia e colocação de implante intra-ósseo (F-H).

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Nos casos de trincas e fraturas radiculares, mentos dentais que precisam ser submeti-
dependendo da localização e extensão, a exo- dos ao retratamento endodôntico, fornecendo
dontia e a colocação de implante normalmen- imagens 3D com baixas doses de radiação e
te revela-se a única opção (Figura 03A,B). alta resolução, de forma rápida e relativamen-
te simples, a um custo mais baixo. A TCFC B C

Quando a Tomografia Computadorizada de de pequeno volume é um recurso auxiliar im-


Feixe Cônico (TCFC) foi adaptada para uso na portante no diagnóstico de fraturas radicula-
Odontologia por Arai e colab. em 1999 , vá- 9
res, apresentando elevada precisão principal-
rias aplicações clínicas em Endodontia foram mente nos casos onde não estão presentes
relatadas, incluindo o diagnóstico, o planeja- retentores intrarradiculares metálicos (Figura A D E
mento pré-cirúrgico, a análise da relação dos 03C,D). Entretanto, a formação de artefatos de
dentes com estruturas anatômicas da face e imagem diminui a precisão deste exame para
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da morfologia radicular, o diagnóstico do trau- a detecção de fraturas radiculares horizontais


ma dentoalveolar, além do acompanhamento e verticais. Assim sendo, o diagnóstico final
dos tratamentos endodônticos para determi- nestes casos não pode se basear apenas na
F G H I
nar o sucesso. O advento e a popularização da análise das imagens obtidas pela TCFC de pe-
TCFC de pequeno volume teve grande impacto queno volume, devendo ser complementado
no diagnóstico e no planejamento dos casos, pela avaliação clínica e, quando necessária,

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permitindo uma análise mais precisa dos ele- pela cirurgia exploratória (Figura 04A-P).

J K L M

A B C D N O P

03. A-D – Dente 23 com extensa rarefação óssea sugestiva de perfuração e fratura radicular, que foram confirmadas no procedi- 04. A-P – Radiografia periapical do dente 35 com tratamento endondôntico inadequado e presença de periodontite apical (A).
mento cirúrgico exploratório (A,B). Dente 21 com rarefação óssea sugestiva de fratura radicular, que foi confirmada na TCFC (C,D). Cortes tomográficos realizados com TCFC de pequeno volume para diagnosticar a existência de fratura radicular (B-E). Detecção
da trinca radicular, somente na cirurgia exploratória e com auxílio do microscópio operatório (F-P).

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RETRATAMENTO CIRÚRGICO mente o profissional será capaz de localizar, –– Permite uma osteotomia menor, o que pode detalhes anatómicos como istmos, canais late-
esvaziar, preparar e selar adequademente o acelerar a cicatrização e diminuir o desconforto rais e microfraturas, e os retropreparos e as re-
A cirurgia parendodôntica surgiu como mo- pós-operatório.
ápice radicular. Além disso, nas técnicas ci- trobturações são realizadas com maior precisão
dalidade terapêutica para manutenção do rúrgicas parendodônticas tradicionais, a os- –– Possibilita a documentação dos procedimentos (Tabela 01).
elemento dental há mais de 150 anos. Já em através de fotografias e vídeos, melhorando a co-
teotomia é muito maior, o ângulo de corte do
municação com o paciente e os indicadores.
1884 John Farrar afirmava que a cirurgia ra- ápice radicular varia entre 45o e 65o, o que Os aumentos de 4 a 8x são empregados para a
dicular era “uma conduta ousada, que remove expõe grande número de túbulos dentinátios, A microcirurgia endodôntica, ao combinar o em- inspeção da loja óssea, ostetomia, localização dos
toda a causa e que conduz a uma cura per- favorecendo a infiltração, sendo praticamente prego do microscópio operatório e de instrumen- ápices radiculares e sutura. Nas magnificações
manente, não pode ser apenas a melhor no impossível inspecionar corretamente a região tos ultassônicos, permite fácil localização dos médias entre 8 e 14x realiza-se a curetagem da le-
final, mas a mais humana”19. apical, identificar e tratar os istmos, e o retro- ápices radiculares com osteotomia mais conser- são, apicectomia, retropreparo e retrobturação. Os
preparo é realizado com brocas, fragilizando vadora; a apicectomia é realizada com mínima aumentos acima de 14x, por diminuírem muito o
Considerada durante muito tempo como um as paredes radiculares. campo visual, são utilizados apenas para análise
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angulação, preservando a cortical óssea e o com-


procedimento secundário e de resultados im-
primento radicular; a superfície apicetomizada da superfície apicectomizada, observação de de-
previsíveis, a evolução dos conhecimentos A microcirugia constitui procedimento cirúr-
pode ser adequadamente examinada, revelando talhes anatômicos e documentação.
científicos, principalmente nas áreas da ana- gico em estrutura anatómica pequena e com-
tomia, biologia tecidual e microbiologia, asso- plexa, empregando microscópio operatório,
ciada á utilização do microscópio operatório, permitindo ao cirurgião acessar a área patoló- Comparação entre a Cirurgia Parendodôntica convencional
de microinstrumentos, pontas ultrassônicas e gica com precisão e mínimo dano aos tecidos e Microcirurgia Endodôntia

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de materiais retrobturadores mais biológicos, adjacentes durante o ato operatório. Convencional Microcirurgia

transformaram drasticamente o cenário da Magnificação Olhos ou Lupas (1 – 4 x) Microscópio Operatório (4 – 24x)


O microscópio operatório, ao associar mag- Especialmente desenhados
cirurgia parendodôntica nos últimos 25 anos, Instrumental Cirurgia oral convencional
para a microcirurgia
nificações variáveis e iluminação própria co-
fazendo surgir a Microcirurgia Endodôntica, Tamanho da Osteotomia 8 – 10 mm 3 – 4 mm
axial, trouxe muitos benefícios à microcirur-
mais precisa e confiável. Apicectomia Apicectomia 0 – 10o.
gia endodôntica , a saber:
24
Inspeção Apical Nunca realizada Sempre realizada

O sucesso da cirurgia parendodôntica depen- Localização/


–– A inspeção sob magnificação permite iden- Impossível Sempre realizada
Tratamento de Istmos
de, diretamente, da completa eliminação dos tificar detalhes anatómicos importantes e ana- Pontas ultrassônicas, mínimo de 3mm de
Retro-preparo Brocas
agentes contaminantes e do selamento tridi- lisar a integridade da raiz, facilitando a identifi- profundidade, paralelo ao longo eixo do dente
IRM, Super EBA, MTA, Endosequence Root
mensional do sistema de canais radiculares, cação de trincas, fraturas e perfurações. Material retro-obturador Amálgama
Repair Biodentine, Bioaggregate
portanto as técnica cirúrgicas convencionais –– Uma remoção mais precisa e completa do Seda 4-0; Monofilamento 5-0 ou 6-0
Suturas
removidas após 7 a 10 dias removidas após 03 dias
que não utilizam os recursos de magnifica- tecido patológico.
Demorado e normalmente
ção e iluminação e, principalmente, insertos Pós-operatório Rápido e com mínimo desconforto
–– Identificar facilmente o ápice radicular, dife- dolorido
ultrassônicos, tendem a falhar pois dificil- renciando-o do osso. Sucesso (Após 01 ano) 40 – 90% 85 – 95%
Tab. 01

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PROCEDIMENTOS PRELIMINARES 600mg de clindamicina. A manutenção do an- Para controlar a dor pós-operatória prescre- de eleição deve ser o cloridrato de articaína a
tibiótico deve ser avaliada de forma criteriosa, ve-se Tylex® 30mg - 01 comprimido a cada 06 4% com epinefrina 1:100.000 (Figura 05). Ele é
A solicitação do hemograma completo e dos sendo que sua continuidade está diretamente horas, enquanto houver dor, por um período classificado como um anestésico local do gru-
testes para hemostasia, tempo de protombi- condicionada ao risco de infecção pós-cirúr- máximo de 12 a 16 horas. po amida, assim como lidocaína, mepivacaína,
na (TP) e o tempo parcial de tromploplasti- gica. Em sendo necessário, a amoxicilina deve prilocaína e bupivacaína, entretanto o cloridrato
na ativado (TTPA) devem ser considerados ser mantida por 07 dias com doses de 500mg Quando necessário, a região a ser operada de articaína possui um anel tiofênico, que lhe
apenas para pacientes acima de 60 anos ou a cada 8 horas ou a clindamicina por 07 dias deve ser submetida aos procedimentos bási- confere maior lipossolubilidade, melhorando a
com comorbidade renal. Pacientes que uti- com doses de 300mg a cada 6 horas. cos periodontais e o paciente orientado a hi- difusão nos tecidos moles e ósseo, diminuindo
lizam fármacos de uso crônico devem con- gienizar a área de forma cuidadosa, sendo que o tempo de latência (30 seg a 2 min.) e permitin-
tinuar seu emprego. Portadores de doenças Para controlar o edema, a limitação funcional 24 horas antes da cirurgia ele deve iniciar o do uma duração do efeito anestésico de cerca
crônicas, como hipertensão ou diabetes, po- e a dor pós-cirúrgica uma hora antes do pro- uso de colutório oral á base de digluconato de de 03 horas. Os dentes maxilares são bloquea-
dem ser submetidos ao Retratamento Cirúr- cedimento prescreve-se 8 mg de dexameta- clorexidina a 0.12% (Periogard ).
®
dos através de anestesia infiltrativa subperiós-
356

gico desde que apresentem quadro estável sona (Decadron 4mg)


®
— 02 comprimidos ou tea administrada por vestibular e palatina. Para
e controlado. Pacientes em terapia com an- 4mg de betametasona (Celestone 2mg) – 02
®
os molares e pré-molares inferiores realiza-se
ANESTESIA
ticoagulante oral (AOC) podem necessitar de comprimidos, ambos em dose única. Havendo o bloqueio dos nervos alveolar inferior, lingual e
anticoagulante parenteral, sendo que a deci- contraindicação ao uso dos corticosteroides O emprego de anestésico adequado, associa- bucal. Os dentes mandibulares anteriores são
são de interromper o AOC é determinada pelo pode-se empregar anti-inflamtórios não este- do à boa técnica anestésica, minimiza o des- anestesiados bloqueando-se bilateralmente
balanço de risco de sangramento em relação roides, como a Nimesulida (Nisulid 100mg) –
®
conforto do paciente durante o procedimento o nervo mentual e complementando-se com

357
ao procedimento cirúrgico e risco de trombo- 01 comprimido, iniciando-se 30 minutos antes cirúrgico, tranquilizando-o e tornando-o mais anestesia infiltrativa subperióstea administrada
se devida à doença subjacente. Assim sendo, do procedimento e mantendo-se por 48 horas, cooperativo. Sempre que possível, o anestésico por vestibular e lingual.
sempre que necessário, solicita-se avaliação com doses de 100mg a cada 12 horas.
médica do paciente antes de submetê-lo à
microcirurgia endodôntica. O emprego de um ansiolítico não deve se limi-
tar aos indivíduos ansiosos, pois seu emprego
A antibioticoprofilaxia está indicada, sendo torna os pacientes mais cooperativos duran-
que o regime atual indicado pela American te a intervenção cirúrgica. Recomenda-se a
Heart Association (AHA) é uma dose única de administração de 5 mg de diazepan (Valium®
2,0g de amoxicilina, administrada 1 hora an- 5mg) – 01 comprimido ou 6 mg de bromaze-
tes do procedimento. Para pacientes alérgicos pan (Lexotan® 6mg) – 01 comprimido, admi-
aos betalactâmicos deve ser administrado nistrado 01 hora antes da cirurgia.

05. Exemplo de anestésicos utilizados para


promover analgesia (articaína a 4% com
epinefrina 1:100.000) e hemostasia (lidoca-
ína a 2% com epinefrina 1:50.000).

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HEMOSTASIA

Controlar o sangramento na loja cirúrgica é de extrema importância para per-


mitir boa visualização, controlar a perda de sangue e possiblitar a realização da
retrobturação em campo seco. Antes de proceder ás incisões cirúrgicas deve-
se infiltrar um ou dois tubetes de cloridrato de lidocaína a 2% com epinefrina
1:50.000 (Figura 05) em toda a área que abrange o futuro retalho, aguardando-se
em seguida cerca de 15 a 20 minutos para que ocorra a constrição dos vasos
sanguíneos dos tecidos, provocada pelo agente vasoconstritor do anestésico20.

Durante a cirurgia, para que se obtenha boa hemostasia é imperioso que todo o
tecido inflamatório seja removido rapidamente. Além disso, em lojas cirúrgicas
358

muito grandes, pode-se embeber pedaços de membrana de colágeno com a so-


lução anestésica e comprimi-la contra as paredes ósseas para provocar vaso-
constrição e controlar o sangramento (Figura 06).
A

Terminada a microcirurgia endodôntica, gazes umedecidas com soro fisiológico B

devem ser aplicadas sobre o retalho, antes e após a sutura, para hidratar os te-
cidos moles e remover possíveis coágulos existentes, permitindo correto reposi-

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cionamento do retalho e diminuindo o estresse sobre as suturas.

RETALHOS CIRÚRGICOs

Diferentes desenhos de retalhos podem ser utilizados na microcirurgia endodôn-


tica, dependendo do acesso cirúrgico necessário, do tamanho da gengiva margi-
nal e do seu nível de inserção. Independente de sua forma, ele deve ser realizado
sobre tecidos periodontal e ósseo sadios, ter espessura total, ou seja deve incluir
mucosa, tecido conjuntivo e periósteo, e sua base deve ser igual ou maior que a
margem gengival para garantir um suprimentadequado de sangue.

06. A,B – Hemostasia da loja


óssea conseguida após total
remoção do tecido inflama-
tório durante a curetagem e
compressas de gazes embe-
bidas em lidocaína a 2% com
epinefrina 1:50.000.

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RETALHO TRIANGULAR

A lâmina de bisturi 15C é posicionada no sulco gengival, paralela ao longo eixo relaxante cruze áreas onde se encontram defeitos ósseos, bem como as eminên-
dos dentes, e aprofundada até tocar a crista óssea para a realização da incisão cias radiculares, o que pode dificultar a cicatrização e dar origem a uma deiscên-
sulcular (horizontal), contornando o colo clínico dos dentes (Figura 07) e incluin- cia. Aplica-se pressão constante para realizar a incisão relaxante iniciando-se
do as papilas interproximais (Figura 08A-C). Em seguida, uma incisão relaxante na gengiva marginal, passando pela gengiva inserida e terminando na região de
vertical é realizada na distal do dente contíguo ao operado, tomando-se o cuidado mucosa. Na grande maioria dos casos, esse retalho com uma única incisão rela-
de jamais dividir a papila ao meio (Figura 08D-F). Deve-se evitar que a incisão xante fornece bom acesso ao campo cirúrgico.
360

361
A A B C

B D E F

07. A,B – Retalho Triangular composto de uma incisão sulcular e uma incisão relaxante. 08. A-F – Lâmina de bisturi 15C realizando a incisão sulcular (A-C). Incisão relaxante posicionada na distal do dente 23, sem
incluir a papila interdental (D-F).

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RETALHO RETANGULAR RETALHO NA BASE DA PAPILA realizadas duas incisões: uma mais rasa com
profundidade de 1,5 mm da superfície e perpen-
Esse retalho (Figura 09) apresenta as mesmas características do retalho O retalho na base da papila tem sido preconiza- dicular à gengiva marginal, para separar o epité-
triangular, possuindo entretanto duas incisões relaxantes, realizadas nas ex- do para preservar a papila interproximal, barreira lio do tecido conjuntivo. A segunda incisão é re-
tremidades da incisão sulcular. Há melhora no acesso cirúrgico e sensível biológica que proteje o ligamento periodontal, o alizada na base da primeira, sendo que a lâmina
diminuição na tensão de afastamento do retalho. cemento e o osso alveolar do meio bucal, além é direcionada para a crista óssea (Figura 10A). O
de prevenir a retração gengival pós-cirúrgica64. resultado é um retalho fino dividido na base da
Ele é uma variação dos retalhos triangular e re- papila (Figura 10C,D). Durante sua elevação ele
tangular, onde a incisão horizontal passa pela será afastado como retalho mucoperiostal de
base da papila interdental e no sulco gengival espessura total. As incisões relaxantes também
dos dentes, unindo-as. Na base da papila são não devem incluir a papila interproximal.
362

363
A

b
B

B A C

09. A,B – Retalho Retangular composto de uma incisão sulcular e duas incisões relaxantes. 10. A-C – Incisão (a) mais rasa e perpendicular à gengiva marginal para separar o epitélio do tecido conjuntivo. Incisão (b)
mais profunda e em direção à crista óssea (A). Retalho na base da papila, variação dos retalhos triangular e retangular onde
a papila interdental é preservada (B,C).

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RETALHO LUEBKE - OCHSENBEIN (SUBMARGINAL) ELEVAÇÃO E AFASTAMENTO DO RETALHO

Esse retalho (Figura 11) está indicado exclusivamente para microcirurgias endodônti- Empregando-se o elevador de periósteo com ma relação com o deslocamento frequente do

cas na região anterior da maxila e tem como objetivo evitar o comprometimento es- sua concavidade voltada para o osso, inicia-se afastador durante a cirurgia, traumatizando o

tético pela exposição da terminação de coroas protéticas ou pela retração gengival o rebatimento do retalho na região onde foi re- retalho. Kim & Kratchman24 sugerem a confec-

pós-cirúrgica. A incisão horizontal é realizada em gengiva inserida, a cerca de 3 a 5 alizada a incisão relaxante, próximo à mucosa ção de um sulco horizontal de cerca de 15 mm,

mm da margem gengival, seguindo seu contorno. Para que ela possa ser indicada, alveolar (Figura 12A). Gradativamente desloca- com uma broca esférica nº4, na cortical óssea

a gengiva inserida deve possui largura suficiente para que a incisão horizontal não se lateralmente o retalho com movimentos fir- acima ou abaixo do ápice radicular, preservan-

cruze a junção mucogengival em direção à mucosa alveolar. Terminada a incisão mes e suaves, sempre apoiando o instrumento do o espaço necessário para a realização da

horizontal, realizam-se as incisões relaxantes (verticais), tomando-se os mesmos na cortical óssea (Figura 12C). Uma vez rebati- osteotomia e subsequente apicectomia, para

cuidados descritos anteriormente. Apesar deste retalho ter sido concebido para pre- do completamente o retalho, ele deve ser afas- estabilizar o afastador. Alguns modelos de re-

servar a estética, durante o processo cicatricial pode ocorrer a retração do mesmo, tado e protegido por um retrator atraumático tratores têm extermidade serrilhada, o que aju-
364

ocasionando uma deiscência, ou pode haver a formação de uma cicatriz. O retalho (Figura 12B) O edema pós-operatório tem ínti- da no seu apoio (Figuras 13 e 14A-C).

submarginal está contraindicado nos casos de grandes lesões periapicais.

365
3-5 mm

A B C

12. A-C – Início da elevação do retalho (A). Retalho mantido elevado com afastador atraumático (B). Microinstrumentos empre-
gados para elevação do retalho (C).

11. A,B – No retalho Luebke-Ochsenbein a incisão horizontal é realizada em gengiva inserida, a


cerca de 3 a 5 mm da gengiva marginal. Em seguida realizam-se duas incisões relaxantes.

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OSTEOTOMIA

Em alguns casos a lesão periapical, em


razão do seu tamanho ou localização,
rompe a cortical óssea, permitindo a
A
visualização do ápice radicular. Entre-
tanto, nas situações aonde a cortical
apresenta-se intacta, será necessário
realizar a osteotomia para localizá-lo.
A posição da extremidade da raiz pode
ser estimada através do exame radio-
gráfico ou tomográfico, previamente
366

realizados. Micro cinzéis de Fedi de-


vem ser utilizados para romper a cor-
tical, expondo a loja óssea, removendo
gradativamente o osso adjacente para
B C
expor o ápice radicular (Figuras 13 e
14A-C). Também brocas esféricas de

367
aço carbide em baixa ou alta-rotação,
sob farta irrigação com solução sali-
na estéril, podem ser empregadas (Fi-
gura 14D-F). A quantidade de osso a
ser removido deverá se limitar à cria-
ção de espaço suficiente para a com-
pleta curetagem da lesão periapical e
o acesso ao ápice radicular. Osteoto-
mias exageradas podem comprometer
o processo de cicatrização.

D E F

13. Afastadores de retalho atraumáticos com diferentes angula- 14. A-F – Afastador Kimtrac fabricado em aço inoxidável e NiTi, com extremidades ajustáveis (A-C). Cortical óssea intacta (D).
ções e extremidade serrilhada. Micro cinzel de Fedi sendo empregado para romper a cortical e iniciar a osteotomia (E). Brocas esféricas de carbide realizando
a osteotomia (F).

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CURETAGEM a relação coroa-raiz. Nos casos em que a ob- xima de 10o (Figura 16A-C). Ãngulos de corte
turação encontra-se muito distante do limite muito agudo expõem uma quantidade grande
Consiste na remoção completa de todo o tecido adequado, não há necessidade de cortar a raiz de túbulos dentinários comprometendo o se-
inflamatório presente na loja óssea, geralmen- nesse nível, pois o emprego eficiente de pon- lamento da região apical. Após a realização
te formado em resposta à infecção microbia- tas ultrassônicas permitirá esvaziar e modelar da apicectomia a extremidade radicular deve
na presente no sistema de canais radiculares. essa porção do canal radicular, criando con- ser examinada com o auxílo de microespe-
São empregadas curetas ou descoladores para dições favoráveis para o seu preenchimento. lhos. Aplica-se o corante azul de metileno a
realizar o esvaziamento da lesão perirradicular. O corte é realizado com broca carbide tronco- 1% para marcar a emergência de canais não
A B
A parte convexa do instrumento, voltada para cônica em alta-rotação (700 XXL ou Zekrya - tratados e istmos, bem como trincas e fraturas
o osso, é empregada para descolar o tecido e Dentsply Maillefer), com uma angulação má- radiculares (Figura 16D,E).
permitir sua remoção (Figura 15A-D). Parte ou
toda lesão curetada deverá ser enviada para
368

análise histopatológica.

APICECTOMIA

Baseados nos conhecimentos anatómicos e


microbiológicos contemporâneos, não há dú-

369
vida que a realização da apicectomia é etapa
indispensável na microcirurgia endodôntica.
Ao posicionar o limite de corte em 3 mm do
A B C
ápice radicular, cerca de 98% das ramificações
apicais e 93% dos canais laterais são elimina-
C
dos, portanto, remover porções menores pode
comprometer o sucesso da intervenção por
não eliminar completamente os agentes mi-
crobianos causadores do insucesso. Também
a amputação exagerada deve ser evitada, por
não garantir maior descontaminação e por en-

D
fraquecer a estrutura dental ao comprometer

15. A-D – Parte convexa do instrumento voltada para o


osso descola o tecido inflamatório da loja óssea e permite
sua remoção (A,B). Loja óssea livre de todo o tecido in-
D E
flamatório (C). Micro curetas e raspadores empregados
para curetagem da loja óssea (D). 16. A-E – Inspeção do ápice radicular antes da realização do corte apical (A). Apicectomia sendo realizada com broca
700 XXL carbide troncocônica em alta-rotação, com angulação próxima de 0o (B). Inspeção do ápice radicular após a
apicectomia que removeu cerca de 03 mm da extremidade da raiz (C). Aplicação de azul de metileno a 1% para iden-
tificar trincas, fraturas, istmos e ramificações apicais (D). Micro espelhos cirúrgicos (E).

CAP.08
ENDODONTIA
D E V A N G U A R D A

RETROPREPARO tes, normalmente elas produzem preparos RETROOBTURAÇÃO cálcio, que pode estimular a formação de hidro-
mais irregulares quando comparadas com as xiapatita {HA – Ca10(PO4)6(OH)2}, em contato
Durante essa manobra, pelos menos 3 mm pontas lisas . Durante a realização do retro-
14 Uma série de materiais tem sido desenvolvi- com fluidos humanos16.
apicais devem ser esvaziados e modelados, preparo, as pontas devem ser ativadas em po- dos por vários fabricantes para uso como ma-
realizando-se um preparo paralelo ao lon- tência média para alta, já que o emprego em teriais retrobturadores em Endodontia. Estes O Endosequence Root Repair é um material
go eixo do dente, ligeiramente retentivo para potência baixa obriga o profissional a aumen- materiais devem apresentar radiopacidade que não contém alumínio em sua composição
conter o material de selamento apical, man- tar a pressão da ponta sobre o ápice, o que adequada, ser dimensionalmente estáveis, e requer a presença de água ou sangue para
tendo-se a integridade das paredes dentiná- pode originar trincas radiculares27. Todos os não reabsorvíveis, de fácil aplicação, ter bom que a reação de presa aconteça. De acordo
rias. O retropreparo deve ser realizado com canais expostos e localizados durante a api- selamento, tolerar sangue ou fluidos orais du- com o fabricante, é composto principalmente
pontas ultrassônicas por permitirem melhor cectomia deverão ser retropreparados, bem rante a sua presa e ser biocompatíveis44. por silicato de cálcio, fosfato de cálcio mono-
acesso ao ápice radicular, sem a necessida- como os istmos completos ou incompletos básico, óxido de zircônio, pentóxido de tântalo
de de osteotomias exageradas, diminuindo O primeiro material a ser desenvolvido especi- e partículas de carga. É radiopaco e insolúvel e
(Figura 17B,C). A negligência nessa manobra
370

risco de desvios, perfurações e enfraqueci- ficamente para essa finalidade foi o agregado não contrai após a presa. Apresenta um tem-
poderá comprometer o resultado da microci-
mento das paredes laterais (Figura 17A). No trióxido mineral (MTA), que emergiu como o ma- po de presa menor e maior facilidade na ma-
rugia endodôntica em razão de não remover
mercado pode-se encontrar pontas ultrassô- terial de reparação endodôntico padrão e ideal nipulação em relação ao MTA, pois sua apre-
de forma adequada todos os agentes infec-
nicas com diferentes formatos, angulações com altas taxas de sucesso . Apesar das
51,52,66
sentação consiste em uma seringa pronta para
tantes e o tecido pulpar necrótico. Terminado
muitas propriedades favoráveis, o MTA apresen- o uso. Resultados preliminares indicam que o
e comprimentos, além de lisas ou revestidas o retropreparo, a cavidade é lavada abundan-
ta um curto tempo de trabalho, tempo de presa ERR apresenta biocompatibilidade semelhante
com diamante ou zircônio. Apesar das pontas temente com soro estéril e seca com cânulas

371
prolongado e difícil manipulação . As tentati-
37
ao MTA1,8,32. no entanto, com relação ao tempo
revestidas apresentarem cortes mais eficien- de aspiração e cones de papel.
vas em melhorar essa propriedade, adicionando de presa, os estudos contradizem os fabrican-
aceleradores de hidratação, parece ter impacto tes, onde o ERR mostrou um tempo de presa
negativo sobre sua biocompatibilidade .44
maior (48h) quando comparado ao MTA (36h).
Ainda há pouca informação disponível sobre
Recentemente, foram introduzidos no mercado suas propriedades mecânicas e químicas além
novos materiais reparadores à base de silicato do que é informado pelo fabricante3.
de cálcio que são considerados uma alterna-
tiva ao uso do MTA, tais como Endosequence A literatura disponível sobre Biodentine e Bio-
A
Root Repair (ERR; Brasseler USA), o Biodenti- aggregate também é limitada. Ambos são pri-
ne (Septodont, França) e o Bioaggregate (In- mariamente compostos de cimento de silicato
novative Bioceramix Inc. Canadá). Estes mate- tricálcico e um radiopacificador, que é o óxido
riais têm a capacidade de liberar hidróxido de de zircônio em Biodentine e óxido de tântalo

B C D

17. A-D – Pontas ultrassônicas para retropreparo. 22B e 22C Ponta ultrassônica realizando a desobturação e o retropreparo de
pelo menos 3 mm do remanescente radicular.

CAP.08
ENDODONTIA
D E V A N G U A R D A

no Bioaggregate. Com relação ao Biodentine, semelhante ao MTA, eles precisam de mais


o fabricante promete elevada biocompatibili- estudos clínicos longitudinais para que seu de-
dade, bioatividade e propriedades melhoradas, sempenho clínico seja comparável ao do MTA.
tais como tempo de presa rápido (devido ao
cloreto de cálcio adicionado ao líquido do Bio- A loja cirúrgica deve ser protegida com uma

dentine) e alta resistência. gaze para evitar que excessos do material de re-
tro-obturação fiquem depositados no osso. Em
Bioaggregate contém, aproximadamente, 41% seguida, a cavidade é seca com cânulas de as- A B

de silicato tricálcico e nenhum teor de alumínio, piração e cones de papel absorvente. O material
sendo considerado semelhante em composi- de preenchimento é levado ao retropreparo com
ção química ao MTA branco Pro Root, tendo o auxílio de mini-carregadores cirúrgicos e con-
a principal diferença o radiopacificador (óxido densados de maneira compacta no preparo até
372

de bismuto no MTA) . Apresenta bioatividade


38
o seu total preenchimento. Em seguida ele deve
e adequada biocompatibilidade35 e selamento ser vigorosamente brunido (Figuras 18 e 19).
similar ao MTA branco quando usados como
materiais retrobturadores26. Nesse momento uma radiografia trans-opera-
tória é executada para avaliar os procedimen-
Embora os materiais à base de silicato tricál- tos realizados, permitindo que correções sejam
cico da recente geração tenham composição viabilizadas antes do fechamento do retalho.

373
C D E

A B F

18. A,B – Micro-carregadores de MTA. 19. A-F – MTA branco de presa rápida (A). Micro-instrumentos para transportar e brunir o material retrobturador (B).
Micro-carregador levando o MTA até o retropreparo (C). Micro-condensador compactando o MTA no preparo (D). Inspe-
ção do preenchimento do retropreparo (E). Micro-condensadores para compactar o material retrobturador (F).

CAP.08
ENDODONTIA
D E V A N G U A R D A

REGENERAÇÃO TECIDUAL GUIADA –– Alógenos ou homógenos, quando os tecidos Assim, em microcirugia endodôntica, tem-se terial bioinerte ou bioativo, onde sua forma e
obtidos são de outro indivíduo da mesma espécie preferido utilizar biomateriais xenógenos e dimensões devem favorecer o crescimento
A microcirugia endodôntica muitas vezes re- (Ex: osso cortical oriundo do banco de ossos).
aloplásticos pela facilidade na obtenção, no ósseo pelo seu interior e a deposição óssea
sulta na remoção de grandes lesões periapi- –– Xenógenos ou heterógenos, quando os te- uso e na manipulação e por diminuir a mor- deve ocorrer por substituição.
cais, podendo gerar defeitos ósseos. Quanto cidos obtidos são de outra espécie (Ex: osso
bidade do paciente, pois dispensa a coleta do
bovino iofilizado).
maior for o defeito ósseo, mais difícil e pro- material em um sítio doador. Os biomateriais xenógenos, principalmente
longado será o processo de reparo. Assim, –– Aloplásticos, quando os biomateriais são de de origem bovina, têm sido amplamente em-
origem mineral ou sintética (Ex: biovidro e hi- Os biomateriais xenógenos e aloplásticos so-
muitas situações necessitam de preenchi- pregados na Odontologia com resultados sa-
droxiapatita).
mento da loja cirúrgica com biomateriais, frem processo de industrialização, o que per- tisfatórios45. Como exemplo de biomateriais
evitando a formação de um possível defeito De acordo com o mecanismo de ação executa- mite que sejam oferecidos em quantidades xenógenos, temos o Bio-Oss®, o GenOxOrg®,
ósseo indesejado. do, os biomateriais podem ainda ser classifica- adequadas a qualquer necessidade e em múl- o GenMix® e o Lumina Bon. Como principais
dos em osteocondutor, quando servem apenas tiplos formatos e tamanhos. Além disso, esses exemplos de biomateriais aloplásticos temos
374

Segundo Potter e Ellis III , um biomaterial


40
como arcabouço de orientação para o cresci- biomateriais apresentam baixíssima capaci- a hidroxiapatita (Ex: HAP-91, JHS), o vidro
para ser utilizado como enxerto ósseo deve mento ósseo na superfície e no interior das par- dade osteogênica. O preenchimento de defei- bioativo, as cerâmicas e o sulfato de cálcio.
ser quimicamente inerte, biocompatível, tícula ; osteoindutor, quando contém proteínas
41
tos ósseos por enxertos xenógenos e aloplás-
não cancerígeno, não alergênico, de cus- ósseas morfogenéticas capazes de iniciar uma ticos é facilitado pela osteocondução, uma vez Nos casos de grandes destruições ósseas,
to aceitável, passível de esterilização sem cascata de eventos biológicos que culminam que o material fornece um suporte que servirá a loja cirúrgica é preenchida com material
que haja alteração de sua composição quí- com a formação de novo osso43; osteogênico, de guia para a formação óssea. Dessa forma, de enxerto escolhido e recoberta com uma
mica, de fácil conformação durante a rea-

375
quando a ação é caracterizada pela sobrevi- esse suporte deve ser constituído por um ma- membrana de colágeno (Figura 20).
lização da cirurgia, de fácil manipulação e vência de células com potencial de síntese, que
apresentar radiopacidade. Outrossim, este interferem nos tecidos de natureza ou proprie-
material não deve permitir qualquer cresci- dades diferentes daquelas do local receptor70.
mento bacteriano que pode promover uma
reabsorção indesejável do enxerto. Assim, O enxerto autógeno seja considerado o padrão
objetiva-se que o biomaterial seja comple- -ouro pois é o único entre os tipos de enxerto ós-
tamente reabsorvido e substituído por um seo a fornecer células ósseas vivas imunocom-
novo tecido ósseo. Os biomateriais podem patíveis, apresentando alto potencial osteogênico.
ser classificados em: No entanto, este tipo de enxerto apresenta algu-
mas desvantagens, tais como disponibilidade li-
–– Autógenos, quando os tecidos obtidos são
do próprio paciente (Ex: osso cortical e medu- mitada de material do sítio doador e morbidade
lar removidos intra ou extraoralmente). no sítio doador do enxerto ósseo50.

A B C

20. A-C – Preenchimento da loja óssea com material aloplástico (hidroxiapatita) (A,B). Membrana de colágeno reabsorvível
colocada sobre a loja óssea e o material de enxerto (C).

CAP.08
ENDODONTIA
DE V AN G U A R DA

REPOSICIONAMENTO DO RETALHO

Antes de iniciar a sutura, o retalho deve ser posicionado suavemente no lugar e


uma gaze embebida em soro fisiológico deve ser aplicada com leve pressão, para
hidratá-lo e auxiliar na fixação do mesmo junto á cortical óssea. O mesmo proce-
dimento é feito após a sutura, aplicando-se novamente a gaze com soro fisiológico
durante dez minutos, objetivando prevenir hemorragias e redução do coágulo, que
constitui um potencial nicho de infecção.

SUTURAS
C

As suturas são realizadas para reposicionar o retalho e mantê-lo em posição,


376

prevenindo seu deslocamento e possibilitando que ocorra cicatrização por pri-


meira intenção. São utilizadas agulhas de sutura 1/2 ou 3/8 de corte invertido
afiladas, para evitar a dilaceração do tecido durante a realização do nó. O fios
de diâmetro 5-0 ou 6-0 podem ser não absorvíveis monofilamento, fabricados
de nylon, polipropileno, politetrafluororetileno (PTFE), politetrafluororetileno ex-
pandido (ePTFE) ou trançados á base de poliéster, revestidos com um lubrifi-

377
cante que melhora a passagem da sutura pelo tecido, facilitando a amarração D

do nó. Também podem ser utilizados fios absorvíveis, como os sintéticos fabri-
cados com poliglactina 910, um copolímero obtido a partir de 90% de glicolida
e 10% de L-lactida (Figura 21A-C). Deve-se evitar fios de seda, pois o “efeito
pavio” facilita o acúmulo de biofilme bacteriano no local da ferida, comprome-
tendo o reparo.

Inicia-se a sutura (Figura 21D) pela incisão horizontal do dente operado, em-
pregando-se suturas interrompidas com laçada simples ou suspensória in-
terrompida simples (Figuras 22A-E e 23A). A incisão relaxante é suturada por
último (Figura 23B). As suturas são removidas após 48-72h, ou seja, assim
que o processo de epitelização teve início.
21. A,D – Sutura monofilamento
não reabsorvível de poliéster (A).
Sutura monofilamento não reab-
sorvível de politetrafluororetileno
(PTFE) (B). Sutura monofilamen-
to reabsorvível de poliglactina
910 (C). Instrumentos utilizados
para suturar o retalho. Micro-pin-
ça, porta-agulha e tesoura (D).

CAP.08
ENDODONTIA
D E V A N G U A R D A

A B
378

C D

379
E B

22. A-E – Sutura suspensória interrompida simples. Inicia-se a sutura pelo dente operado. O retalho é reposicionado e 23. A,B – O fio de sutura contorna novamente o colo clínico do dente por lingual, passa pelo
a agulha de sutura transpassa o retalho abaixo da papila distal (A). O fio passa pelo espaço interproximal e a agulha espaço interproxinal distal e o nó é dado sobre o retalho na face vestibular distal (A). Retalho
transpassa a gengiva palatina por distal (B). O fio de sutura contorna o colo do dente por lingual (C). A agulha trans- reposicionado com duas suturas suspensórias interrompidas simples (dentes 21 e 11) e três su-
passa a gengiva palatina por mesial e o fio passa pelo espaço interproximal mesial (D). A agulha perfura o retalho turas interrompidas com laçada simples, realizadas na incisão relaxante (fio monofilamento não
abaixo da papila mesial e o fio retorna pelo espaço interproximal (E). reabsorvível de poliéster 6-0) (B).

CAP.08
ENDODONTIA
DE V AN G U A R DA

CUIDADOS PÓS-OPERATÓRIOS CONTROLE PÓS-OPERATÓRIO

Sempre que se fizer necessário, o antibiótico administrado profilaticamente O primeiro controle pós-cirúrgico é realizado quando da remoção das suturas e,
deve ser mantido por 07 dias. Para controlar o quadro inflamatório emprega-se a partir dessa data, o paciente deverá ser reavaliado clínica e radiograficamente
anti-inflamatórios não esteroides, como a Nimesulida (Nisulid 100mg) por 48
®
a cada 06 meses, até que se determine o êxito ou o fracasso do procedimento.
horas com doses de 100mg a cada 12 horas. Para controlar a dor pós-operató- Sempre que necessário o controle pode ser complementado por análises tomo-
ria prescreve-se Tylex 30mg 01 comprimido a cada 06 horas, por um período
®
gráficas (TCFC).
máximo de 12 a 16 horas.
O acompanhamento por longos períodos de tempo é muito importante pois ca-
O paciente deve ser orientado a aplicar de forma intermitente bolsa de gelo sobre sos que apresentam, inicialmente, cura incompleta, podem evoluir gradativaman-
o local operado, por períodos de 15 minutos e intervalos de 10 minutos, sempre te para a completa regressão. Infelizmente o inverso também é verdadeiro: casos
envolvendo a bolsa em uma toalha fina ou protegendo a pele com hidratante classificados como sucesso podem exibir falhas tardias que obriguem uma nova
380

para evitar queimaduras na pele. A ingestão de bebidas alcoólicas, bem como o intervenção ou até mesmo a substituição do elemento dental por um implante.
fumo, devem ser evitados pelo menos até a remoção das suturas. O local cirúr-
gico não deve ser tocado com a língua, dedos ou qualquer objeto. Nas primeiras
CONSIDERAÇÕES FINAIS
24 horas os dentes próximos ao local operado serão higienizados com cotonetes
embebidos em digluconato de clorexidina a 0.12% (Periogard®). As demais regi- Em um passado não muito distante a cirurgia parendodôntica era considera-
ões podem ser escovadas normalmente com escova extra-macia e pouco denti- da um procedimento de resultado imprevisível, indicado em última instância.
frício, evitando-se bochechos vigorosos. A higienização da cavidade oral é com-

381
Contribuiu para isso o desconhecimento científico e as limitações técnicas.
plementada com bochechos não vigorosos com Periogard , utilizado duas vezes
®

ao dia, por 01 minuto. A alimentação deve ser líquida ou pastosa nas primeiras 48 O entendimento das causas do insucesso endodôntico e da complexa anato-
horas e o paciente deve evitar exposição demorada ao sol, muita movimentação mia do sistema de canais radiculares, a implementação de técnicas microcirúr-
e qualquer atividade física por até 72 horas após a intervenção. gicas, o aperfeiçoamento do instrumental, o desenvolvimento de novos mate-
riais retro-obturadores, o emprego do microscópio operatório e do ultrassom,
Nas microcirurgias endodônticas é esperado pequeno sangramento localizado, associados às técnicas de regeneração tecidual guiada, modificaram drastica-
sendo que hemorragias são raras e devem ser identificadas por sangramento mente esse cenário, fazendo surgir a microcirurgia endodôntica.
contínuo, de coloração vermelha intensa. Devido ao trauma, nas cirurgias na re-
gião maxilar pode ocorrer inchaço e pequenos hematomas nos lábios e eventu- O Retratamento Cirúrgico é uma modalidade terapêutica com resultados previsí-
almente nas bochechas. Nas intervenções na mandíbula o edema e os hemato- veis e com um índice de sucesso próximo ao Retratamento Convencional.
mas poderão ocorrer ao redor dos lábios e no pescoço. Quadros de parestesia
são raros e, quando presentes, costumam ser transitórios.

CAP.08
ENDODONTIA
D E V A N G U A R D A

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CAP.08

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