PRODUÇÃO DE HIDROGÊNIO E SUAS UTILIDADES NO BRASIL

S. Brandino
1
UTFPR, Ponta Grossa, Brasil (stephanybrandino@outlook.com)

Com o cenário energético atual e coma crescente perspectiva de demanda, considerando-

se os atuais níveis de crescimento econômico exigem a busca por novas fontes e formas
de geração de energia. Neste contexto, as tecnologias de geração distribuída são
apresentadas como boas opções. A reforma a vapor é um método de comprovada
eficiência na produção de gases ricos em hidrogênio. No Brasil, um país com grande
produção de etanol, é de grande interesse a obtenção de hidrogênio via reforma de etanol,
pelo fato deste combustível ser renovável e ambientalmente mais limpo que os
combustíveis fósseis. O objetivo deste artigo é apresentar os resultados do Projeto de
P&D Cemig/Aneel 108 – Prdução de Hidrogênio através de Reforma de Etanol.

Palavras-chave: Hidrogênio, Reforma a Vapor, Etanol.

INTRODUÇÃO empregam-se somente hidrocarbonetos leves, como

por exemplo, o metano. Sendo este energético,
Com os crescents danos ambientais associados a
contudo ele possui uma alta toxicidade e obtenção
processos de extração, transporte e utilização de
principalmente através de combustíveis fósseis, como
combustíveis tradicionais tem levado a uma busca de
principal desvantagem.
alternativas energéticas renováveis que diminuam
esses danos e garantam o fornceidmento de energia. No Brasil, por ocasião da crise do petróleo na década
de 70, foi criado um projeto Pró-Alcool, e nele se
O hidrogênio é um element relativamente abundante
buscava a substituição do uso de combustíveis fósseis
no universo. Na Terra, todo o hidrogênio se acha
por renováveis, como o álcool. Desta maneira, pode-
combinado, em grande parte com o oxigênio,
se perceber que há um grande interesse por parte de
formando a água. A molécula de hidrogênio é tão
outros países para implementação da experiência
leve que, ao ser liberada, sobe rapidamente aos níveis
brasileira. E com esta popularização, a estrutura que
mais altos da atmosfera e gradualmente se perde pelo
o etanol possui atualmente no Brasil ele pode
espaço.
contribuir também na realização da economia do
O hidrogênio possui a estrutura atômica mais simples hidrogênio.
que qualquer outro elemente, sendo constituído por
Para a formação, desta forma específica, de gás
um núcleo contend um proton com carga +1 e um
hidrogênio onde o etanol pode ser visto como uma
elétron circundante. A configuração electronica pode
forma líquida de armazenar hidrogênio de maneira
ser representada com 1s’. Os hidrogênios podem
fácil e com tecnologia dominada. Desta forma, o
existir por ligação covalente, perdendo um elétron
etanol seria convertido em hidrogênio somente
formando H e adquirindo um elétron e formando H-.
quando necessário, em células combustíveis com seu
Para obter o hidrogênio, pode ser feito de várias uso direto ou pela aplicação de reformadores.
maneiras diferentes. A mais comum realizada em
laboratório ao reagir ácidos com metais. Porém, pode
ser obtido também a partir de reações de hidretos, REVISÃO DE LITERATURA
pode ser obtido em grande escala e com baixo custo
Processo de produção
passando vapour de água sobre coque aquecido ao
rubro, através da reformação é um subproduto da O processo de reforma a vapor é o processo mais
reação, através da eletrólise da água e também como empregado para a produção de hidrogênio em escala
um subproduto nas indústrias de cloro e álcalis. industrial. Trata-se de processo catalítico em mais de
uma etapa, endotérmico e que promove a conversão
A reforma a vapor é um processo catalítico
de uma mistura de hidrocarboneto e vapor de água.
provocado pela mistura reacional de vapor de água e
hidrocarbonetos em uma temperatura elevada. O Como principais vantagens para o uso desse tipo de
processo de reforma é amplamente conhecido na reforma pode-se citar: o alto rendimento da produção
indústria química e apesar do processo ser aplicado a de hidrogênio, não exige planta de oxigênio no local,
qualquer hidrocarboneto, na prática industrial apresenta menor risco de inflamabilidade. A
desvantagem desse processo é o fato dele ser como fins energético, encontra-se inserida em um
endotérmico, resultando em um maior gasto contexto maior. Trata-se do conceito das
energético. biorrefinarias, onde pelo uso de gás de síntese, obtido
principalmente de biomassa, através do processo de
O processo de reforma a vapor é um processo muito
Ficher-Tropshj ocorre à síntese de hidrocarbonetos.
empregado em indústrias, tratando-se de um processo
Num primeiro momento pode até vir à ideia de que
catalítico em mais de uma etapa, endotérmico e que
existe uma solução para o futuro energético.Contudo,
promove a conversão de uma mistura de
através de uma análise preliminaria chega-se a
hidrocarboneto e vapor de água. Como principais
conclusão de que não há saída para a questão
vantagens para o uso desse tipo de reforma pode-se
eenrgética nesse contexto, considerando-se a
citar: o alto rendimento da produção de hidrogênio,
quantidade de biomassa necessária para a síntese com
não exige planta de oxigênio no local, apresenta
objetivo de substituição dos combustíveis de origem
menor risco de inflamabilidade. A desvantagem
fossil. Entretando, a grande revolução trata da
desse processo é o fato dele ser endotérmico,
possibilidade de continuar produzindo alguns
resultando em um maior gasto energético.
compostos químicos essenciais para a indústria
A Equação (3) mostra a reação global envolvida no moderna e ainda a possibilidade de síntese de novos
processo de reforma, onde o etanol reage com água produtos que tenham já na sua base a característica
formando dioxide de carbono e hidrogênio. É renovável.
interessante ressaltar que para cada mol de etanol
Para entendermos melhor o processo de produção de
utilizado são previstos teoricamente a produção de 5
gás hidrogênio por meio da reutilização de álcool,
moles de hidrogênio.
abaixo está a figura com o fluxograma.
A reação de reforma, etapa endotérmica do processo,
é apresentada em (4). Pode-se observar que nesse
caso os produtos formados são o monoxide de carbon
e o hidrogênio. Na sequência, (5) apresenta a reação
de troca água-gás. Essa etapa é exotérmica e ocorre
em baixas temperature. Essa etapa se faz necessário,
bem como uma etapa posterior de purificação do gás
produzido, considerando-se que as células a
combustível do tipo membrane trocadora de protons
são muito sensíveis á presença de monoxide de
carbon, em torno de 10 umol/mol.
Esse compost químico desativa os sítios catalíticos
responsáveis pela reação eletroquímica que gera a
energia elétrica nas células a combustível. Muitas
reações químicas podem ocorrer simultaneamente
numa reação de reforma. Dentre elas, podem ser
destacadas: a reação de formação de metano,
mostrada em (5) e a reação de Boudvard, mostrada
em (7).

Figura 2. Processo produção de Hidrogênio

Neste caso, o etanol é inserido no processo, onde

Figura 1. Reações citadas
Torna-se bastante interessente ressaltar que a
produção de gás de síntese, neste caso pesquisada
passará pelo vaporizador para que seja transformado
em gás. Após, passará pelo reformador a vapor de
600ºC e pelo reator Shift, troca água-gás 300ºC.
Depois passará pela síntese do gás e remoção de CO
e PSA, onde ao final sera obtido o Gás Hidrogênio.
O protótipo de reforma de etanol além de contra com
os equipamentos indicados na Figura 2, ainda possui
um sistema de purge líquida de solução não reagida e
secagem do gás que deve ser isento de líquidos para
que seja feita a conexão com o sistema de
purificação.
Para a purificação, é utilizado o PSA (Pressure Swing
Adsarlion) que auxilia na remoção de CO. Essa
denominação envolve os ciclos termodinâmicos aos
quais as peneiras moleculares encontram-se
submetidas a fim de alterar a condição de equilíbrio
de adsorção entre a peneira e as moléculas
constituintes da mistura, a fim de separar components
e regenerar o estado de ativação da estrutura de
peneira moleculares.
Considerando a inconsistência entre as vazões
requeridas/disponibilizadas pelos equipamentos
acima citados, se fez necessário à adoção de um
sistema de compressão e sistema de armazenamento,
apresentado na Figura 10. O sistema é composto de
um tanque de 1,5 m3 para armazenamento de gás de
síntese e 0,5 m3 para armazenamento de hidrogênio
4.0 ou seja, 99,99%, resultante da saída da coluna de
purificação PSA.
Devido uma inconsistência entre as vazões de gás
requerido pela coluna de purificação e a vazão
disponibilizada pelo sistema de reforma foi adaptado
um sistema de armazenamento e compressão
intermediário ao sistma de armazenamento de forma
a contornar essa limitação.
Desta forma, foi realizada a aquisição de um
contentor de gás, de um rotâmetro para aferição de
vazão e de um compressor isento de oleo, válvulas e
conexões. É executado também um procedimento
para interligação do sistema de forma a operar o
reformador e encher o contentor e comprimir o gás
do contentor e encher o tanque de gás de síntese
passando o gás do contentor e encher o tanque de gás
de síntese passando pela coluna de purificação e
armazenar o hidrogênio produzido no tanque de 0,5
m3 seguido do descarte da purge no sistema de
neutralização.
Após ocorre o sistema de neutralização do gás de
purge da coluna de purificação, basicamente
monoxido de carbono, dioxide de carbon e metano.
Esse tanque contém uma solução de cal virgem
(CaO) que em contato com o dioxide de carbon
produz carbonato de cálcio. Os demais gases são
descartados para a atmosfera.
Neste processo há também o cromatógrafo instalado
no laboratório de hidrogênio, onde sera preparada as
curvas de calibração para análise do gás produzido ao
longo do processo de produção de hidrogênio e uso
na célula a combustível.
De forma geral e resumida, pode-se assumir que a
operação integrada do sistema ocorre na seguinte
sequência:
- Operar reformador e encher o contentor ;
- Comprimir o gás do contentor usando o
compressor isento de óleo e seu
reservatório.
- Descarregar o gás do compressor no tanque
de gás de sínteses ;
- Usar sistema para acondicionamento
adequado do gás (válvulas reguladoras de
pressão e direcionais) ;
- Operar a coluna de purificação produzindo
hidrogênio purificado ;
- Armazenar o hidrogênio no tanque de gás
purificado ;
- Descartar o gás de purga da coluna no
sistema de neutralização do gás.
- Usando válvula reguladora de pressão
conectar tanque de gás à célula a
combustível.
DISCUSSÃO
O uso do hidrogênio como fonte energética
O hidrogênio é o elemento menos complex e o mais
abundante no universo, além de possuir a maior
quantidade de energia por unidade de massa, acima
de qualquer outro elemento. Devido a sua alta
reatividade, em raras ocasiões ele permanence puro,
sendo assim, quando queimado um ambiente de
oxigênio puro, os unicos produtos formados por esta
reação são calor e água. E desta forma, a queima de
hidrogênio produz menos poluentes atmosféricos que
os combustíveis fósseis.
Os usos mais comuns para o hidrogÊnio incluem
processos industriais, combustível para foguetes e
propulsão para cápsulas espaciais. Com pesquisa e
desenvolvimento mais avançados, estes combustível
também pode ser utilizado como uma fonte
alternative de energia para o aquecimento e
iluminação de residencies, geração de eletricidade e
como combustíveis de automóveis (LEPECK, 2011)
A célula a combutível (CaC) – fuel cell – é uma
tecnologia que utiliza a combinação química entre os
gases oxigênio (o2) e hidrogênio (H2) para gerar
energia elétrica, energia térmica e água. (GOMES,
2005).
As pilhas a combustível (figura 3) são dispositivos
que promovem a reação de hidrogênio (H2) com
oxigênio (O2), convertendo energia química em
energia elétrica e gerando como únicos subprodutos
água e calor. Como não há passage pelo ciclo de
calor, sua eficiência é superior á eficiência dos
motores de combustão interna. (BLOMEM, 1993).

Figura 3. Pilha a combustível
O hidrogênio é produzido em usinas subterrâneas e
caras que operam em taxas constantes. Qualquer
outro tipo de armazenamento de hidrogênio em larga
escala é muito mais caro, pois tanques de alta
apressão e vários outros tipos de armazenamento tem
custos de armazenamento muito mais altos do que os
de instalações subterrâneas.
Já o hidrogênio liquid pode ser armazenado em
tanques criogênicos a 21,2 K à pressão ambiente.
Devido à baixa temperature crítica de hidrogênio (33
K), na forma líquida pode ser armazenado apenas em
sistemas abertos.
Para a liquefação, o processo mais simples utilizado é
o ciclo de Joule-Thompson (ciclo Linde). O gás é
primeiro comprimido e posteriormente ele é resfriado
em um dispositivo antes de passar através de uma
válvula borboleta, onde ele sofre uma expansão de
Joule-Thomson, poduzindo um pouco de liquid.
(FLYNN,1992)
Para que o hidrogênio esfrie na expansão, sua
temperatura deve estar abaixo de 202 K de
temperatura.
Outra forma utilizada para armazenar o gás
hidrogênio é através da composição com metais, os
hidretos metálicos. Esses podem absorver hidrogênio
pressurizado e depois libertá-lo em ambiente de
menor pressão ou por aplicação de calor. ALguns
destes materiais, como compostos de ferro-titânio e
algumas ligas à base de magnésio podem guardar
mais hidrogênio atômico que o equivalente contentor
criogênico do mesmo volume, sem a necessidade de
refrigerá-lo. (SCHLAPBACH, 2001; ZUTTEL,
2008)
Existem alguns métodos para separação do
hidrogênio, entre elas estão: Reforming, Hidrólise,
Gaseificação da Biomassa, Pirólise, Eletrólise da
água, Biofotólise e Fermentação.
No Brasil, atualmente se apresenta as maiores
oportunidades no mundo para a criação de uma infra-
estrutura baseada no hidrogênio, energias renováveis
e células a combustível. É um país com abundância
de água potável e de fonts energéticas renováveis,
como o sol, vento, biocombustíveis, hidrelétricas e
fácil acesso ao mar. (GOMES, 2005)
Em 2002, o governo brasileiro iniciou um Programa
de células de combustível, onde inicialmente, três
redes principais foram formadas para apoiar a
cooperação em pesquisa e desenvolvimento em
sistemas de combustível de óxido sólido cellular,
eletrólito polimérico de sistemas de células de
combustível e produção de hidrogênio.
Atualmente, a maior parte da produção de hidrogênio
no Brasil é proveniente da reforma a vapour do gás
natural (hidrogênio cinza), sendo consumido
principalmente em refinarias e fábricas de
fertilizantes (87%), com produção e uso locais. Neste
sentido, é importante registrar a ausência de amplo
Mercado para comercialização deste produto no País.
Em 2021, o governo elaborou as diretrizes para o
Programa Nacional de Hidrogênio, onde está pautado
em 3 pilares principais, conforme Figura 4. São eles:
Políticas Públicas, condições técnológicas e de
Mercado, que impulsionem o desenvolvimento da
economia do hidrogênio no Brasil.
Figura 4. Eixos do Programa Nacional de
Hidrogênio.
CONCLUSÃO
Com o presente trabalho, podemos observar as
diversas formas de como o gás hidrogênio é
produzido e suas infinitas aplicações, principalmente
para o Brasil. Como podemos observar, tem-se
avançado em muitos pontos no desenvolvimento
deste ramo em terras brasileiras, mas ainda tem muito
o que avançar, e com investimentos, pesquisas e
tecnologias, o Brasil tem grandes potenciais para ser
referência neste segmento de Mercado.
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