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Resumo
O presente estudo com o tema “Fisioterapia nas lesões dos tendões fibulares”, essas lesões
estão intimamente associadas ao complexo tornozelo-pé, sistema estabilizador e de marcha
do ser humano, em conjunto com outras estruturas e articulações. Como parte do
compartimento lateral do tornozelo-pé, essa parte é a mais afetada por lesões causadas por
movimentos violentos e abruptos. Quando instalada a lesão, e dependendo do grau da
mesma, o tratamento fisioterapêutico é iniciado. O objetivo deste estudo objetiva descrever
quais recursos fisioterapêuticos são utilizados para o tratamento das lesões dos fibulares.
Foram consultados bancos de dados digitais e revistas eletrônicas com os seguintes termos
em português: entorse, tendinopatia, tendinite e lesões dos tendões. A metodologia trata-se de
uma pesquisa bibliográfica, fundamentada em 56 títulos encontrados, destes foi realizada
uma seleção criteriosa de 20 artigos que foram lidos na íntegra para essa revisão. O
tratamento conservador utilizando o protocolo PRICE, a imobilização, associado a
exercícios de fortalecimento, proprioceptivos e cinesioterapêuticos foram os mais citados
pelos autores pesquisados. Os objetivos deste trabalho foram alcançados, pois através do
mesmo foi possível observar nas diversas literaturas que o tratamento fisioterápico
possibilita a reabilitação dos pacientes. Dessa forma, a fisioterapia é um importante recurso
para recuperação das lesões dos tendões dos tornozelos.
Palavras chave: Entorse; Tendinopatia; Tendinite; Lesões dos Tendões.
1. Introdução
O tema “Lesões dos Tendões Fibulares” é um tema bastante discutido na medicina desportiva,
não somente pelos agravos dessas lesões, como sobre o tratamento fisioterapêutico, pois além
de estar entre as lesões que mais acometem pacientes: atletas e a população de modo geral,
são consideradas uma lesão aguda mais prevalente na população mundial, onde dados
epidemiológicos apontam uma incidência de 1:10.000 indivíduos/dia. O compartimento
lateral do tornozelo lateral é o mais acometido, com incidência de 80 a 90% das lesões, onde
o mecanismo de trauma se dá pela flexão plantar (PACHECO, 2005; MEURER, 2010;
BARONI, 2010).
De acordo com o Projeto de Entorse de Tornozelo, a lesão dos tendões considerada como
movimento violento, com estiramento ou ruptura dos ligamentos de uma articulação a qual
pode evoluir para vários graus de limitação funcional (FERREIRA e MEIJA, 2014).
Os tendões fibulares, considerado como parte do complexo tornozelo-pé, estão
constantemente sujeitos a etiologias traumáticas (luxações ou subluxações, entorses graves ou
instabilidade ligamentar crônica, sequela de fratura do calcâneo, luxações do tornozelo e as
atividades repetitivas e prolongadas), alterações anatômicas (presença do tendão fibular
1
Pós-graduação em Fisioterapia Ortopedia e Traumatologia
2
Fisioterapeuta, Especialista em metodologia do ensino superior MSc em Biotécnica e Direito em Saúde.
2
2. Fundamentação teórica
Cabe destacar que os fibulares expostos nessa revisão se referem aos tendões, partes terminais
dos músculos fibulares longo e curto. Ambos os tendões estão localizados lateralmente na
perna, com trajeto direto para o tornozelo e pé, diferenciando-se no final devido a sua ligação:
fibular longo liga-se a base do primeiro metatarsiano e, o fibular curto, liga-se a base do
quinto metatarsiano. Desse modo, os tendões fibulares atuam de forma direta e indireta no
processo estabilizador e de marcha do ser humano, em conjunto com outras estruturas e
articulações (GODOI-SANTOS, 2011).
2.1 Anatomia
reforçada por uma faixa de tecido chamada de retináculo. Existe ainda um segundo retináculo
abaixo do primeiro que garantem o trajeto correto dos fibulares até o pé.
2.2 Fisiologia
2.3 Fisiopatologia
2.4 Cinesiologia
Ambos os tendões, fibulares longo e curto, são apalpados logo abaixo do maléolo lateral,
quando a eversão contra-resistência é solicitada (NOBESCHI, 2010).
4
Segundo Henning & Henning (2003), as lesões ligamentares são definidas como estiramentos,
rupturas parciais ou completas das fibras de um ligamento, quando ocorre um alongamento
brusco das fibras ligamentares além de seu limite elástico. As lesões no tornozelo,
especialmente os entorses, são onipresentes no ambiente atlético e exigem que o treino
atlético esteja familiarizado e confortável com sua identificação e com o planejamento de seu
tratamento. Existem diferentes tipos de entorses no tornozelo, que são baseadas na localização
e na gravidade do entorse (SCHENCK, 2003).
Para Garrick & Webb (2001) um entorse é decorrente do forçar uma articulação a ir além do
seu alcance de movimento ou de forçá-la em um sentido no qual normalmente existe pouco
ou nenhum movimento. A maioria dessas lesões ocorre na parte lateral da articulação com um
componente do movimento por inversão, na posição neutra de zero grau de dorsiflexão, o
ligamento calcâneofibular fica estendido, porém, à medida que o pé entra em flexão plantar, o
ligamento talofibular anterior se contrai quando suas fibras se tornam paralelas ao eixo, 80 a
90% das entorses de tornozelo ocorrem como resultado desse mecanismo de flexão plantar e
inversão (MULLIGAN, 2000).
De acordo com NERY (2000) a classificação das lesões fibulares é baseada nos sinais e
sintomas associados a testes fisioterapêuticos:
“Grau I: lesão leve com edema e equimose mínimos e discreta perda da função. O
tornozelo é estável com provas de gaveta anterior e inclinação lateral do tálus
negativas. O paciente pode realizar praticamente qualquer atividade, mas com
desconforto. Admite-se tratar de lesão parcial dos ligamentos que não chega a causar
sua insuficiência.
Grau II: lesão moderada com edema difuso e equimose mais ampla. O tornozelo é
instável sendo positiva apenas a prova da gaveta anterior. A prova de inclinação
talar é negativa. O grau de incapacidade funcional é mais intenso impedindo a
deambulação normal sem apoio. O ligamento fibulotalar anterior esta roto, podendo
haver rompimento parcial do ligamento fibulocalcaneano.
Grau III: lesão grave com dor, edema e equimose mais intensos. O tornozelo é
instável, e ambas as provas, gaveta anterior e inclinação lateral do talo, são
positivas. Há perda completa da função útil do tornozelo. Nestes casos, considera-se
completa a ruptura dos ligamentos fibulotalar anterior e fibulocalcaneano. Pode
haver lesão associada do ligamento fibulotalar posterior.”
Grau I (leve): onde ocorre lesão de aproximadamente 5% das fibras, distensão sem
instabilidade articular podendo ser encontrada uma pequena reação vasomotora,
caracterizada por edema, dor leve na fase aguda e possibilidade imediata para
deambulação.
Grau II (moderado): com lesão de um número intermediário de fibras ligamentares,
ruptura parcial dos talofibulares e calcaneofibular e pequena instabilidade articular
apresentando hematoma e edema mais importante. O retorno à deambulação é
prejudicado e possibilitado apenas com a regressão do quadro álgico e inflamatório.
Grau III (grave): há ruptura completa dos ligamentos laterais, dor intensa, hematoma
e edema de maiores dimensões e grande instabilidade articular levando a uma
posição anormal do pé. A utilização de tratamento cirúrgico ou fisioterápico
conservador é bastante discutido neste grau.
Segundo Silva, (2007, p.28) as lesões ocorrem “em razão dos movimentos articulares
envolvidos, comumente nas lesões do tornozelo-pé são desencadeados ao caminhar sobre
superfícies irregulares, pisar em buracos, rodar o tornozelo durante uma manobra de corte ou
aterrar sobre o pé de outro jogador ao descer de um salto nos eventos desportivos”. As lesões
resultantes variam de fraturaluxação a dano ligamentar (entorse). A lesão do ligamento
geralmente ocorre no momento do impacto do pé contra o solo. Quando isto ocorre, o pé está
em flexão plantar e supinado, o que provoca maior instabilidade óssea do tornozelo. Andrews
et al., (2000, p. 212) referem que “80 a 90% das entorses do tornozelo ocorrem como
resultado desse mecanismo de flexão plantar e inversão. O dano inicial acomete o ligamento
talofibular anterior, por causa da direção da força”.
2.6 Etiologia
Segundo Zampieri & Almeida (2003) os sinais e sintomas são a dor na região articular do
tornozelo em repouso, advinda de “torção de pé para dentro e para baixo”, que se acentua ao
movimento, caracterizando inversão com flexão plantar. Também se constatou que, em alguns
casos, há relatos de ruptura na região do tornozelo no momento da lesão, onde o paciente
disse que sentiu um “estalo no tornozelo por ocasião da torção”. Além do exame físico
(verificação de edema, rubor e/ou hemorragia) e da palpação (observação do quadro de dor e
evidencia do comprometimento da integridade ligamentar), as autoras também indicam a
verificação da amplitude de movimento, para verificar a funcionalidade articular.
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Já para Alencar & Moura (2014) os sinais e sintomas se manifestam com presença de dor,
edema, equimoses, ocorrência de estalido durante a lesão e se o paciente conseguiu deambular
após o trauma. Alude também a presença de entorses prévias e se estas foram tratadas
corretamente. Para Ferreira & Mejia (2014) os sinais e sintomas: a revisão mostrou sinais
clássicos de dor, rubor, calor, edema, e perda funcional do tornozelo e pé.
Os sinais e sintomas: no grupo 1 com tornozelos saudáveis; grupos 2 e 3 com presença de
entorse grau II, porém sem apresentar lesão, critério de inclusão para o estudo. O grau II da
entorse foi diagnosticado pelo teste da gaveta anterior (PACHECO, et al., 2005).
Sinais e sintomas nos indivíduos saudáveis submetidos à inversão súbita simulada antes e
após fadiga muscular dos fibulares. Coleta de dados em três etapas: 1) avaliação do tempo de
reação muscular pré-fadiga; 2) indução da fadiga; 3) avaliação do tempo de reação muscular
pós-fadiga (SILVA et al., 2006). Sinais e sintomas mostraram a presença de variáveis graus
de dor, tumefação, hipersensibilidade localizada e incapacidade funcional na revisão de
(SILVA, 2007).
Valentim, et al., (2009) mostrou os sinais e sintomas com: edema e equimose na região
retromaleolar, dor, hipersensibilidade localizada e incapacidade funcional. Artioli et al., 2010)
os sinais e sintomas: dor na região lateral do tornozelo e instabilidade, edema localizado
doloroso de longa duração (mais do que três meses), crepitação dos tendões e de inversão
involuntária do pé durante caminhada, principalmente em solo rígido.
3. Metodologia
A revisão de literatura refere-se às publicações dos últimos 13 anos (2000 – 2013), sendo
consultados os bancos de dados da CAPS, Google acadêmico, e revistas cientificas com os
seguintes termos em português: Entorse, tendinopatia, tendinite e lesões dos tendões. Os
estudos que não preencheram os critérios pretendidos foram excluídos. O total de artigos
encontrados nas primeiras buscas foi de 56 títulos. Esses títulos foram selecionados,
permanecendo 34 para a leitura dos resumos. A partir dessa leitura, selecionou-se 20 artigos
que foram lidos na integra para essa revisão.
4. Resultados
O resultado da pesquisa de Silva (2001) com 10 atletas de futebol com sofreram entorse do
tornozelo de grau I a II, não evidencia resultados, somente procedimentos específicos as
lesões do tornozelo.
No estudo de Zampieri & Almeida (2003) ao analisar 8 indivíduos sem determinação de sexo
e idade com entorse de tornozelo e oito normais em laboratório, sobre a instabilidade
funcional do tornozelo. Em resultados no laboratório, as autoras verificaram que a
propriocepção dos indivíduos com instabilidade funcional do tornozelo não foi afetada, uma
vez que executaram os movimentos preconizados de forma correta e com rapidez. As autoras
sugerem que os Fisioterapeutas devem procurar aprender métodos científicos para aplicar em
casos clínicos. Ainda, constataram que cerca de 40% dos pacientes vitimas de entorse
moderadas e severas, apresentam instabilidade funcional a longo prazo, sugerindo: a) a
instabilidade funcional é um problema atual e frequente e; b) as atuais medidas utilizadas não
resolvem o problema, devido ao desconhecimento do mecanismo gerador da estabilidade
articular do tornozelo.
Os resultados na revisão de literatura de Alencar & Moura (2003) sobre a entorse de
tornozelo, os autores encontraram que ocorre mais em pacientes do sexo feminino. Na revisão
7
de literatura de Ferreira & Mejia (2014) sobre lesões nos tendões do tornozelo para os autores
o resultado foi satisfatório, os recursos fisioteurapêuticos foram aplicado de acordo com a fase
evolutiva da lesão.
No estudo de Pacheco, et al., (2005) com a mostra de 16 atletas profissionais de voleibol, com
idades variando entre 14 e 25 anos; e outra amostra de 15 indivíduos não atletas, com idades
entre 19 e 40 anos. Foram formados grupos: 1º Grupo (controle) constituído de atletas
profissionais de voleibol, com treinamento cinco vezes por semana e três horas por dia. 2º
Grupo 2 com as mesmas características do grupo 1, com história recente de entorse de
tornozelo com classificação grau II unilateral por inversão do pé. 3º Grupo 3 foi composto
por indivíduos não atletas, também com história recente de entorse de tornozelo por inversão,
com classificação grau II. De acordo com os resultados, os autores concluíram que os
músculos fibulares não são influenciados pela entorse de tornozelo. Os mesmos acreditam que
os resultados tenham sido influenciados pela angulação da plataforma, inferior a 30°,
conforme se observa na discussão do artigo. Eles sugerem que em estudo próximos, se utilize
plataformas de ângulos iguais a 30° conforme achados da literatura revisada sobre o tema em
questão.
O estudo de Silva et al (2006) com a amostra de 14 indivíduos, com faixa etária entre 20 a 35
anos. O resultado do estudo estatisticamente foi comprovado que a fadiga muscular
compromete o sistema neuromuscular. Entretanto, os autores pedem cautela na generalização
desses resultados, uma vez que os mesmos foram obtidos em ambiente laboratorial. Mesmo
assim, os autores recomendam “cautela, tanto nas atividades esportivas quanto nas de vida
diária, para que a fadiga muscular não seja uma possível causa de lesão”. Principalmente
durante o processo de reabilitação, “pois os indivíduos que se encontram nessa situação
provavelmente apresentam déficits proprioceptivos e/ou musculares.”
A pesquisa de Beirão & Marques (2007) com uma população de 26 atletas de futebol, com
idade variando entre 15 e 17 anos, do sexo masculino. De acordo com o resultado o protocolo
fisioterapêutico implantado apresentou resultados positivos, tanto no tratamento quanto nas
prevenções das lesões, gerando menos afastamentos dos gramados e maior aproveitamento
nos treinos e competições.
Na revisão de literatura de Silva (2007) sobre entorse do tornozelo o autor destaca que os
resultados positivos dos recursos fisioterapêuticos aplicados é devido à execução correta dos
mesmos durante as fases evolutivas da lesão. Já na revisão de literatura de Valentim et al.,
(2009) sobre subluxações e luxações do tornozelo, apesar dos resultados positivos, o autor
sugere mais pesquisa no sentido de elucidar qual o melhor tratamento fisioterapêutico a ser
aplicado nesses casos. Na revisão de Artioli et al (2010) sobre tendinopatia dos fibulares, em
resultado apesar de não haver encontrado estudos direcionados exclusivamente ao tratamento
dos tendões fibulares, o autor sugere adotar os exercícios excêntricos como forma de
tratamento das tendinopatias. Ainda, que mais estudos sejam direcionados a esse tema.
5. Discussão
não aconteceu nos músculos planti-flexores e eversores onde a força muscular não obteve um
grau de diferença significativo entre o membro acometido e não acometido. Segundo dados
analisados neste estudo, após a entorse de tornozelo os músculos inversores do membro
lesado obtiveram uma diferença de 7% de déficit muscular do que no membro não lesado, e
dorsi-flexores 5% entre lesado e não lesado. O tratamento fisioterapêutico em lesões de
tornozelo o autor descreveu a:
a) Crioterapia com efeitos de analgesia: anti-inflamatório e relaxamento muscular.
b) Banho de contraste, utilizado porque favorece o retorno venoso, a normalização da
permeabilidade celular e do tônus muscular.
c) Hidroterapia, turbilhão e massagem sub-aguática para melhorar a circulação local,
provocando assim a reabsorção de resíduos cicatriciais e aderências capsulo-ligamentares.
d) Eletroterapia/ Eletrotermoterapia, recurso muito utilizado que faz com que os sintomas das
lesões sejam reduzidos eficazmente. Aparelhos, eletroterapia: correntes diadinâmicas,
corrente Galvânica pura ou lontoforese e Tens. Eletrotermoterapia: UltraSom ou Fonoforese,
Ondas Curtas e Laser.
e) Cinesioterapia, exercícios terapêuticos utilizados dentro da fisioterapia com fins curativos e
preventivos. É divido em:
a) Exercício Passivo: Exercícios realizados sem contração muscular da área mobilizada, o
fisioterapeuta realiza o movimento manualmente para o paciente.
b) ExercícioAtivo-Assistido: neste o fisioterapeuta dá o estímulo manualmente e o paciente
prossegue com o movimento do exercício.
c) ExercícioAtivo: Exercícios realizados com uso de força muscular do próprio paciente, de
acordo com a solicitação imposta, vencendo a ação da gravidade.
d) Exercício Ativo Resistido: Exercícios realizados com a força o paciente onde fisioterapeuta
impõe uma resistência no sentido contrário do movimento (SHIGUEMI, 1990).
No estudo de Alencar e Moura (2003) em bibliografias datadas entre 1995 e 2003, para
verificar a efetividade do tratamento cinesioterapêutico conservador nas lesões dos ligamentos
laterais do tornozelo considerando os três graus segundo classificação pela gravidade da lesão.
Observou-se que a maioria dos autores julga efetiva a conduta conservadora em lesões de
graus I e II. Ressaltam ainda a importância de aplicação cinesioterapêutica nas lesões
classificadas como grau III, objetivando a não realização de tratamento cruento. Verificaram
que o tratamento cinesioterápico conservador é eficaz nos três graus de lesão dos ligamentos
laterais do tornozelo. Dentre os métodos de tratamento mais utilizados pela intervenção nessa
fase são melhores descritos pelo RICE, técnicas de mobilização articular e de fortalecimento
muscular, além de exercícios proprioceptivos e funcionais. Os protocolos de tratamento estão
divididos em cinco fases: aguda, subaguda, reabilitativa, funcional e profilática. Na fase
aguda: para reduzir o edema, acelerando o processo curativo, além de diminuir a dor e
proteger os ligamentos lesados. Fase subaguda: priorizam a diminuição do edema, quadro
álgico e proteção articular. Fase reabilitativa: utilizam a descarga de peso no membro afetado
livre de dor e os dispositivos de auxílio à marcha não são mais necessários. Fase funcional:
com atividades para prática esportiva e funcional, de modo a progredir seu grau de
dificuldade. Fase profilática: com treinamento funcional, multidirecional, atividades de
equilibrio na tábua e fortalecimento profilático dos músculos que envolvem a articulação do
tornozelo.
Os autores Alencar & Moura (2003) apresentaram outros tipos de tratamento, discutindo-os
do ponto de vista fisioterapêutico, como segue abaixo. É interessante mostrar à diferença nos
tratamentos aplicados a entorse de tornozelo:
a) Aplicação osteopática associado ao tratamento funcional com resultado eficaz em 80
pacientes (divididos em dois grupos de 40 indivíduos cada). Essa associação permitiu ajuste
das articulações afetadas, com alivio imediato da dor e aceleração da recuperação funcional
9
entorse do tornozelo e 12 (46%) não, condizendo com os estudos realizados por Sizínio e
Xavier (2003), nos quais há relatos de que os entorses do tornozelo são as lesões ligamentares
mais frequentes e respondem por aproximadamente 15% de todas as lesões nos esportes.
Observou-se que às causas de ocorrências dos entorses, prevaleceu o gramado irregular, em
seis casos (43%), como sendo o principal fator desencadeante do entorse do tornozelo,
concordando com Cohen e Abdalla (2003), que relatam que nos campos com pisos
inadequados existe maior tendência a lesões. Verificou-se que o número de entorses do
tornozelo sofrido pelos atletas, a quantidade de recidivas (57%) encontrada nesta pesquisa foi
bastante significativa, demonstrando a necessidade da implementação de um programa
preventivo voltado ao problema, incluindo principalmente reforço muscular e trabalho
proprioceptivo e uma menor frequência dos atletas ao departamento médico e um maior
aproveitamento de suas atividades esportivas. Foi confirmada neste estudo a importância da
atuação do fisioterapeuta no meio esportivo, não somente no tratamento, mas
preferencialmente na prevenção das lesões, para que se alcance uma menor frequência dos
atletas ao departamento médico e, por consequência, seu maior aproveitamento nos
treinamentos e competições.
No estudo de Valentim e col.,(2009) fundamentada em 19 artigos nacionais e internacionais
publicados no período de 1980 a 2007, pesquisando sobre lesões tendíneas do tornozelo:
subluxações e luxações dos fibulares e tratamento fisioterápico, verificou-se que estas lesões
ocorrem em virtude da ruptura do retináculo superior devido a contração súbita e vigorosa dos
músculos fibulares, envolvendo a flexão dorsal e a eversão do pé. Observou-se que as
subluxações e luxações dos tendões dos fibulares estão relacionadas a várias etiologias, dentre
elas as traumáticas, as de instabilidade ligamentar crônica e alterações biomecânicas do pé e
tornozelo. Atualmente as cirurgias para as subluxações e luxações são controversas e várias
técnicas foram descritas. Observou-se também, que os procedimentos mais efetivos consistem
em realizar a reparação do tendão, associados com o esforço do mesmo, bem como, a
reconstituição do retináculo fubular superior para evitar a luxação dos tendões e aprofundar o
sulco fibular. A fisioterapia atua como um importante recurso para a recuperação das
estruturas lesadas. Entre as diversas técnicas empregadas estão a eletroanalgesia e crioterapia
na fase aguda da lesão e posteriormente, exercícios cinesioterapêuticos são instituídos na
medida em que o quadro do paciente evolui, respeitando a resposta tecidual do mesmo.
Oliveira (2004) e Karlsson e Wiger (2002), concordam em afirmarem que existem várias
etiologias relacionadas ao aparecimento das lesões dos fibulares e que dentre elas, algumas
variações anatômicas, tais como a presença dos músculos acessórios, o peronerus quartus,
podem ser responsáveis direta ou indiretamente por problemas nos tendões dos fibulares.
O estudo de Valentim e col., (2009), descreve Basset III e Speer (1993) complementam
dizendo que o tratamento conservador está indicado nos casos de tenossinovite e como
procedimento inicial, mesmo em casos de rotura comprovada. Consiste no emprego de
antiinflamatórios não-hormonais, órteses para correção do varismo do retropé e tratamento
fisioterapêutico. Este último emprega medidas físicas analgésicas como gelo, ultra-som e
estimulação elétrica. Exercícios de alongamento e de fortalecimento como a eversão contra
resistência com o uso de faixas elásticas, especialmente em flexão plantar, também são
realizados. Após período de tratamento conservador sem melhora, e na vigência de lesão
intrínseca comprovada por ultra-sonografia ou ressonância magnética, o tratamento cirúrgico
está indicado.
O estudo de Valentim et al., (2009), cita ainda Krause e Brodsky (1998) concordam que o
tratamento conservador pode ser utilizado na fase aguda através de medidas antiinflamatórias,
fisioterápicas ou imobilizações por período médio de seis semanas. Na falha do tratamento
conservador, o tratamento cirúrgico deve ser instituído, visando não só o reparo das lesões
tendíneas como também das lesões associadas.
12
6. Conclusão
Como resultado da pesquisa realizada a partir dos dados de revisão de literatura conclui-se
que, existem várias etiologias relacionadas ao aparecimento das lesões dos fibulares, estas
luxações e subluxações tendíneas dos fibulares; elas ocorrem em virtude da ruptura do
retináculo superior devido à contração súbita e vigorosa dos músculos fibulares, envolvendo a
flexão dorsal e a eversão do pé, forçando os tendões anteriormente, rompendo o retináculo,
provocando esta injuria.
Diante do que foi descrito, pode-se observar que a fisioterapia atua como um importante
recurso para a recuperação das lesões dos tendões do tornozelo. Diversas técnicas podem ser
empregadas, tais como a eletroanalgesia e crioterapia na fase aguda da lesão e posteriormente,
exercícios cinesioterapêuticos são instituídos na medida em que o quadro do paciente evolui,
respeitando a resposta tecidual do mesmo. Dessa forma, pode identificar a importância das
mãos do fisioterapeuta no tratamento de qualquer tipo de paciente, é essencial para um bom
diagnóstico e na maioria das vezes com propostas de tratamento simples se obtêm melhores
resultados.
Entretanto, verificou-se a importância e os efeitos do tratamento fisioterapêutico, atualmente
prioriza-se o tratamento conservador na reabilitação da entorse e o retorno direto das suas
AVD´s (Atividade de vida diária), concluiu-se que esse tipo de tratamento tem ofertado
melhores resultados, objetivando não apenas a melhora do quadro agudo, mas principalmente
a reeducação funcional e proprioceptiva diminuindo, portanto o número de recidivas. A
crioterapia é o uso de gelo ou aplicações de frio para fins terapêuticos, compressas,
massagens, atua como procedimento anestésico inibindo assim a dor e para reduzir o edema,
característico nos entorses ligamentares de tornozelo. A cinesioterapia com suas funções
específicas controlam e exercem a força exigida para criar o movimento, possibilitando ao
paciente o treinamento de suas disfunções especificas, auxilia no processo cicatricial e
recuperação dos danos teciduais, diminui o quadro álgico, fazendo com que o indivíduo
retorne às suas atividades de vida diária o mais precocemente possível.
Portanto, os recursos fisioterapêuticos utilizados nas lesões dos fibulares descritos ao longo
dessa revisão apresentaram resultados positivos quanto aos graus I e II. Há discordância
somente quanto à utilização inicial ou tardia do tratamento cirúrgico em relação ao grau III.
Nesse ponto, alguns autores utilizam imediatamente esse procedimento, enquanto outros usam
o tratamento conservador primeiro e, caso não obtenha resultados satisfatórios, parte para o
tratamento cirúrgico, iniciando o tratamento fisioterapêutico logo que a ausência de dor
permita. Ressaltando que a utilização de tratamento fisioterapêutico antes da cirurgia pode
melhorar a recuperação do paciente no pós-operatório.
Logo, cabe destacar que, devido aos inúmeros recursos fisioterapêuticos utilizados nessas
lesões, alguns autores não puderam avaliar os benefícios e desvantagens dos mesmos, uma
vez que não se discerniu qual deles (os recursos) atuou de forma efetiva sobre a lesão. No
entanto, os autores recomendam que sejam feitos mais estudos científicos como forma de
avaliar quais recursos são mais viáveis para o tratamento dessas lesões. E estudos visando
explorar e elucidar a melhor técnica reparadora das estruturas acometidas bem como o melhor
tratamento fisioterapêutico a ser implementado nestes casos.
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