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Bacha, Edmar.

Bonança externa e desindustrialização: uma análise do período


2005-2011.

Objetivo: ressaltar a importância de variáveis reais de origem externa (alta dos preços das
commodities e entrada de capitais estrangeiros) para explicar a desindustrialização brasileira.

Políticas econômicas (taxa de câmbio, taxa de juros e volume de crédito), para Bacha, possuem
um papel coadjuvante.

2005 a 2011 (a bonança externa):


● Aumento da entrada de capitais estrangeiros e do número de exportações no Brasil ->
Aumento do gasto dos brasileiros para além do PIB gerado no país.
● Participação da indústria de transformação no PIB: 18,1% (2005) para 16% (2011).
● Expansão do gasto doméstico, tanto sobre bens exportáveis e importáveis como sobre bens
domésticos (serviços).
● Maior demanda por bens comerciáveis: o País exporta menos e importa mais.
○ Resultado: redução do superávit comercial com o exterior.
● Maior demanda por bens domésticos que não podem ser importados: elevação do preço
desses bens (pois os produtores demandam mais mão de obra para satisfazer a demanda).

Quando a economia está operando próxima do pleno emprego, como aparenta ser o caso do
Brasil nesse período, uma consequência natural da bonança externa é uma tendência à
desindustrialização (queda da participação da indústria de transformação do PIB em preços
constantes).

Conclusões
A principal conclusão é que a queda da participação da indústria de transformação no PIB pode
ser explicada como uma consequência da bonança externa que o país desfrutou no período.
A indústria padeceu devido a valorização da taxa de câmbio real provocada pela melhoria das
relações de troca e o aumento da transferência de recursos financeiros do exterior.

Um dos modelos apresentados por Bacha ilustra que uma “bonança externa” gera naturalmente
um deslocamento da mão de obra da indústria para os serviços, gerando, pois, uma
desindustrialização.
O referido modelo não se utiliza de variáveis comumente presentes nos debates sobre
desindustrialização, tais como: a valorização do câmbio nominal, a diferença entre as taxas de
juros interna e externas e a expansão do crédito doméstico.

Essas variáveis são importantes para compreender o processo, mas menos relevantes para
determinar a posição final de equilíbrio da economia. Isto é, o câmbio poderia ter permanecido
fixo e o crédito doméstico não ter expandido, mas a desindustrialização teria ocorrido na mesma
intensidade em virtude da bonança externa.

Bacha não considera acertado dizer que o excesso de consumo foi uma das causas dos problemas
da indústria.

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