TERAPIAS DE

TERCEIRA GERAÇÃO

Patricia Aparecida Pereira Lima - pati-ap@hotmail.com - CPF: 966.129.751-72

 O QUE SÃO TERAPIAS DE TERCEIRA Dentre as terapias de terceira geração,
GERAÇÃO? abordaremos a seguir as Terapias

As abordagens consideradas de terceira Comportamental Dialética, de Aceitação e

geração foram desenvolvidas a partir da década de Compromisso e a Focada na Compaixão.

1990. Também conhecidas como terapias de

terceira onda, elas reformulam e sintetizam as
gerações anteriores da terapia comportamental e
cognitiva (primeira e segunda onda) e integra
saberes de outras fontes, como mindfulness,
técnicas da Gestalt terapia, aceitação e outras.
Ademais, esta categoria de terapias fundamenta
seu entendimento em além das ciências cognitivas,
neurociência e análise do comportamento, em
teorias como a teoria evolucionista, teoria do apego
e até mesmo da psicanálise.
De forma geral, as terapias de terceira
geração, reconhecem a importância dos processos
cognitivos e verbais em suas teorias
psicopatologia e em seus tratamentos, mas ao
invés de lutar para mudar pensamentos
sentimentos desconfortáveis, as novas abordagens
focam em cultivar uma atitude de aceitação sem
julgamento em relação a todas as experiências
humanas, a fim de aumentar o bem-estar
psicológico.
No que diz respeito as semelhanças entre as
terapias de terceira geração e a TCC tradicional
estão: utilização de exercícios de exposição,
habilidades de resolução de problemas, role
playing, tarefas de casa e modelagem. Ambas
estabelecem objetivos claros e observáveis,
encorajam maior consciência dos pensamentos,
sentimentos e sensações e objetivam melhoras
gerais na qualidade de vida.
TERAPIA DE ACEITAÇÃO E COMPROMISSO
(ACT)
A Terapia de Aceitação e Compromisso, é
também conhecida por ACT devido à sua sigla em
inglês (Acceptance and Commitment Therapy).
Sua origem está atrelada a história de vida de seu
fundador, Steven C. Hayes. Hayes. Heyes
desenvolveu um severo Transtorno de Pânico e
Agorafobia, no final dos anos 1970. Submeteu-se
então aos protocolos da TCC para o referido
transtorno, sem, no entanto, obter resultados
significativos. Depois de algumas tentativas
de frustradas, começou a perceber que o sofrimento
psicológico intenso não é consequência da
e atividade cognitiva ou das emoções em si, mas
sim da maneira como a pessoa se relaciona e
responde a própria atividade cognitiva e demais
eventos internos.
Hayes, passou a reconhecer que, mesmo
experienciando pensamentos distorcidos e
emoções provocadoras de grande desconforto,
era possível agir de modo a criar uma vida mais
significativa.
Portanto, o objetivo central da ACT é levar
o indivíduo a aceitar acontecimentos pessoais
negativos (e, aqui, se incluem pensamentos,
emoções, memórias e vivências) sem a utilização
de qualquer tipo de esquiva, mas se comprometer
em viver mesmo assim os seus valores e sentidos
de vida. Nosso cérebro é treinado para escapar

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 das situações de perigo e de dano em potencial. No
mundo externo, esta atitude faz bastante sentido.
Entretanto, para a ACT, quando se fala de
sofrimento ou dor psicológica, a tentativa de
esquiva não funciona, e lutar contra as emoções
parece piorar ainda mais os seus efeitos nocivos.
Essa abordagem tem apresentado resultados
favoráveis em diversos quadros clínicos.
TERAPIA COMPORTAMENTAL DIALÉTICA (DBT)
Assim como a ACT,
Comportamental Dialética, também é conhecida
pela sua sigla em inglês (Dialectical Behavior
Therapy). Criada pela psicóloga Marsha Linehan a
DBT é uma terapia originalmente desenvolvida para
o tratamento de pessoas com comportamentos
suicidas e parasuicidas e para o Transtorno de
Personalidade Borderline.
A DBT é uma forma de tratamento em que a
terapia se desenvolve em quatro estágios. Isso não
significa que exista um cronograma rígido a ser
seguido, mas sim, um guia sobre como organizar o
tempo de sessão e do tratamento, levando em
conta a gravidade dos comportamentos do cliente.
Para que se inicie o tratamento, antes dos estágios,
é necessário que seja construído um acordo de
compromisso com a terapia, com a finalidade de
orientar o cliente para o tratamento. Essa fase é
considerada um pré-tratamento e não um estágio,
em si.
No primeiro estágio é abordado todo
comportamento que se relaciona à ameaça de vida
(falta de controle do impulso, como por exemplo
cortes, tentativas de suicídio, uso de substâncias).
São abordados também os comportamentos que
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interferem na terapia (faltas, hostilidade ao
terapeuta, eminência de abandono do tratamento)
e padrões comportamentais que geram
consequências de forma severa na qualidade de
vida (por exemplo, ser expulso da escola, perda de
emprego ou casamento).
O objetivo nesse estágio é superar os
déficits de habilidades básicas, obtendo assim,
um grau maior de controle comportamental. Uma
vida sem isso pode ser extremamente desgastante
e sem sentido. Aqui é de grande importância que o
a Terapia
terapeuta ajude o cliente com habilidades de
autogerenciamento, além de motivá-lo para o
processo terapêutico.
O segundo estágio tem como objetivo a
redução dos sintomas de estresse pós-traumático
e melhoria da experiência emocional geral do
cliente. Isso é alcançado com o terapeuta
aplicando protocolos específicos para esse
objetivo. Os alvos desse estágio são trabalhados
apenas quando os comportamentos do estágio
um estão sob controle.
Já no estágio 3 o objetivo é ensinar ao
paciente habilidades para resolução de problemas
da vida cotidiana e melhoria do senso de felicidade
e alegria diante da vida, fazendo com que ele
tenha maior domínio sobre os comportamentos e,
consequentemente, construindo confiança em si e
aprendendo a se autovalorizar.
O quarto e último estágio aborda os
objetivos de autorespeito, generalização e
integração das habilidades, alcançando os
objetivos individuais do cliente e término do
processo terapêutico. Nesse estágio, o foco está
em alcançar a transcendência, aceitando a
2
 incompletude da vida, gerando liberdade e Referências Bibliográficas:
capacidade para o prazer. Para clientes religiosos, é Abreu, P., & Abreu, J. (2016). Terapia comportamental
possível ainda trabalhar para que consigam dialética: um protocolo comportamental ou cognitivo?.

encontrar um significado em experiências Revista Brasileira De Terapia Comportamental E

Cognitiva, 18(1), 45-58.
espirituais, trazendo assim um sendo de totalidade
https://doi.org/10.31505/rbtcc.v18i1.831
maior.

Lucena-Santos, P.; Pinto-Gouveia, José; Oliveira,

TERAPIA FOCADA NA COMPAIXÃO
Outra importante abordagem é a Terapia
Focada na Compaixão (TFC), desenvolvida por Paul
Gilbert. Assim como as demais terapias de terceira
geração, a TFC une diversos saberes da Psicologia
e práticas contemplativas às Terapias Cognitivas e
Comportamentais.
Esta terapia sugere o desenvolvimento de
uma postura compassiva no tratamento consigo
mesmo, ao contrário da autocrítica com que parte
das pessoas está acostumada
internamente.
A TFC entende que a compaixão aplicada
auxilia no processo de autorregulação emocional.
Além de aspectos do budismo e da Neurociência,
no seio do seu desenvolvimento
pressupostos da Psicologia Evolutiva, ao entender
que o cuidado compassivo pode ser entendido
como um componente desenvolvido ao longo da
evolução da espécie, e que se utilizado consigo
próprio, garante ao homem bem-estar emocional.
Margareth da Silva e colaboradores. Terapias
Comportamentais de Terceira Geração. Novo
Hamburgo, Sinopsy: 2015.
Melo, W. V. Estrátegias psicoterápicas e a terceira onda
em terapia cognitiva. Novo Hamburgo, Sinopsy: 2014.
Melo, W. V., Sardinha, A. & Levitan, M. N. (2014). O
desenvolvimento das terapias
cognitivocomportamentais e a terceira onda. In
Federação Brasileira de Terapias Cognitivas, Neufeld,
C. B., Falcone, E. & Rangé, B. (Orgs.). PROCOGNITIVA
a praticar Programa de Atualização em Terapia
Cognitivo-Comportamental: Ciclo 1. (p. 9-44). Porto
Alegre: Artmed Panamericana. (Sistema de Educação
Continuada a Distância, v. 2).
Duran, E. Os quatros estágios do tratamento na Terapia
estão
Comportamental Dialética. Comporte-se. 2018.
Disponível em:
https://www.comportese.com/2018/08/os-quatros-esta
gios-do-tratamento-na-terapia-comportamental-dialetic
a-dbt. Acesso em: 17 de set. de 2019.

Autora: Yara Figueirôa, Psicóloga (CRP 02/21114),

terapeuta cognitivo-comportamental, pós-graduanda
em Transtorno do Espectro Autista (TEA) pelo Child
Behavior Institute of Miami.

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