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O MOVIMENTO

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Diana Ribeiro Tatit
Maria Cecília Cerminaro Derisso

seõçatona reV
ASPECTOS DO MOVIMENTO
Conheça alguns aspectos do movimento, que, além de ter um caráter instrumental, também é
expressivo.

Fonte: Shutterstock.

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PRATICAR PARA APRENDER


Vimos na primeira seção que há muitas formas de se compreender o corpo.
Refletimos também sobre a importância de lançar luz sobre as concepções que
amparam nossas práticas, pois só assim podemos refletir criticamente sobre como
devemos proceder em nosso trabalho educativo. Apoiando-nos na Base Nacional
Comum Curricular, situamos a discussão sobre a criança e seu corpo ao trazer à
tona a importância do trabalho em sala de aula com vistas a desenvolver toda
potencialidade do corpo na infância. Cabe, então, agora pensarmos sobre o
movimento e conhecermos suas várias concepções. Veremos que o movimento

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está intimamente ligado às expressões dos nossos desejos, dos nossos


sentimentos e a forma como este se relaciona à aprendizagem. Por fim,
conheceremos as múltiplas linguagens do movimento.

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Assim como vimos na seção anterior, precisamos conhecer as concepções que
embasam nossas práticas. Nesse sentido, torna-se crucial compreender o

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movimento humano – especialmente o das crianças – em toda sua complexidade e
importância. Essa perspectiva nos afasta de práticas inibidoras do movimento
infantil ou de práticas que propiciem apenas movimentos repetitivos e técnicos. 

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Em outras palavras:


É muito importante que o professor perceba os diversos significados que pode ter a atividade motora para as
crianças. Isso poderá contribuir para que ele possa ajudá-las a ter uma percepção adequada de seus recursos

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corporais, de suas possibilidades e limitações sempre em transformação, dando-lhes condições de se
expressarem com liberdade e de aperfeiçoarem suas competências motoras.
— (BRASIL, 1998, p. 39)

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O movimento é uma linguagem, uma forma de expressão. Ele também pode
ganhar ares artísticos ao propiciar construções mais refinadas esteticamente. Além
disso, movimentar-se gera prazer para o sujeito.

Exploraremos, nesta seção, alguns aspectos e concepções de movimento.


Evidentemente, outras leituras poderiam ser feitas, mas o mais importante é evitar
ideias simplistas ou, o que é pior, ignorar completamente o movimento, como se
não fosse uma importante dimensão da atividade humana. 

Uma vez problematizada a questão do que é movimento e após termos conhecido


algumas de suas concepções teóricas, vamos olhar para situações concretas com a
finalidade de reconhecermos as dimensões do movimento em práticas cotidianas.

Imaginemos a seguinte situação: um grupo de pessoas brinca de saltar sobre


algumas linhas riscadas no chão, sincronizadamente, ao ritmo de uma música. O
objetivo do jogo é conseguir fazer os movimentos no tempo certo da música. Qual
dimensão do movimento está presente nessa situação? 

Nesse sentido, vale problematizar: afinal, o que é o movimento?

CONCEITO-CHAVE
O indivíduo age no mundo através de seu corpo, mais especificamente através do
movimento. Nesse sentido, “o movimento corporal que possibilita às pessoas se
comunicarem, trabalharem, aprenderem, sentirem o mundo e serem sentidos”
(STRAZZACAPPA, 2001, p. 69). Se é verdade que nós somos o nosso corpo, ou seja,
que não há separação entre sujeito e corpo – como refletimos na seção anterior –,
então o movimento passa a ser condição para o nosso “estar no mundo” e para as
relações que estabelecemos com tudo o que existe. Seguindo por esse raciocínio,
necessariamente concluímos que a vida pede movimento e que, por consequência,
a ausência de movimento é ausência de vitalidade.

REFLITA

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Você conhece alguém que, por estar debilitado, foi obrigado a ficar de cama
por um longo período? O que acontece com uma pessoa nessa (triste)
circunstância? Para além da doença que exigiu esse repouso forçado,
muitos outros sintomas começam a aparecer, como problemas de

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circulação, escaras e feridas, inchaço, entre outros. Situações como essa

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nos mostram que nosso corpo não suporta a imobilidade.

Além de ser imprescindível à nossa saúde, o movimento constitui-se dimensão


essencial do desenvolvimento humano, desde a infância e estendendo-se por toda
nossa vida. Alinhando esta importante dimensão do desenvolvimento humano às
discussões pedagógicas encontramos, na Base Nacional Comum Curricular a
seguinte perspectiva: 


Com o corpo (por meio dos sentidos, gestos, movimentos impulsivos ou intencionais, coordenados ou
espontâneos), as crianças, desde cedo, exploram o mundo, o espaço e os objetos do seu entorno, estabelecem
relações, expressam- -se, brincam e produzem conhecimentos sobre si, sobre o outro, sobre o universo social e
cultural, tornando-se, progressivamente, conscientes dessa corporeidade. Por meio das diferentes linguagens,
como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no
entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções
de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo,
ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física. 
— (BRASIL, 2017, p. 41)

ASSIMILE

Precisamos entender, portanto, que o movimento:

É passível de desenvolvimento.

É expressão de emoções, necessidades e desejos.

Estabelece relações essenciais com sentimentos e aprendizagem.

É uma linguagem.

Vamos, agora, aprofundar o entendimento acerca desses quatro aspectos


referentes ao movimento.

MOVIMENTO E DESENVOLVIMENTO 
Quando falamos em desenvolvimento, entendemos algo que é construído
paulatinamente através de um processo composto de estágios para que o sujeito
adquira competências mais complexas ou mais maduras. Várias capacidades
humanas são conquistadas a partir de um processo de desenvolvimento: a

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linguagem, o pensamento lógico, a cognição, a moral. Isso quer dizer que tais
capacidades não são conquistadas de uma hora para outra, mas são frutos de um
processo desenvolvido em várias etapas. Assim também sucede com o
movimento humano, isto é, o sujeito não adquire suas capacidades motoras de

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uma só vez; é algo que deve ser desenvolvido ao longo do tempo.

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Ora, partindo do pressuposto de que o desenvolvimento e a aprendizagem
humanos são resultado da interação do sujeito com o meio (tendo como base a
concepção sociointeracionista), podemos concluir que o ambiente e as pessoas
desempenham um papel de suma importância no desenvolvimento motor da
criança. Portanto, mais do que conhecer as fases desse desenvolvimento, é preciso
entender que há um processo e que, sendo assim, há sempre o que aprender ou
aprimorar. Isso faz com que criemos uma relação ativa com o movimento das
crianças, tendo como norte o favorecimento de seu desenvolvimento motor. Nesse
contexto, reconhecer que o movimento se desenvolve a partir das experiências do
sujeito com o meio faz com que admitamos a importância dele desde quando é
bebê.

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PESQUISE MAIS

Não é nosso objetivo aprofundar o estudo das fases do desenvolvimento


motor, mas compreender que o movimento é fruto de um processo de

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desenvolvimento. A seguir, passaremos por algumas habilidades que são
conquistadas durante a infância.

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Se você tiver interesse em conhecer melhor essas etapas, indicamos a
leitura do livro: Compreendendo o desenvolvimento motor: bebês, crianças,
adolescentes e adultos (GALLAHUE; OZMUN, 2005).

Até aqui, conhecemos o movimento em seu caráter instrumental. Mas não


podemos perder de vista seu aspecto expressivo – sobre o qual nos debruçaremos
a seguir e a partir do qual deve se desenvolver nosso trabalho pedagógico.

MOVIMENTO COMO LINGUAGEM


Para além de seu caráter instrumental, veremos neste tópico que o movimento é
muito mais do que simples deslocamento do corpo no espaço. O movimento
constitui-se em uma linguagem que permite à criança expressar-se e comunicar-
se por meio de seu corpo. 

Ao observarmos uma criança manipulando uma colher em uma brincadeira de


comidinha, devemos olhar para além da sua capacidade de coordenação motora
refinada: temos de enxergar, também, o grau de significado expressivo e simbólico
que traz esse gesto. O mesmo vale para diversas situações de faz de conta, como
embalar uma boneca como se fosse um neném, montar em um cavalinho de
brinquedo, varrer com uma vassourinha, etc. São situações em que ficam
evidentes as aprendizagens gestuais das crianças, através da imitação de gestos
pertinentes às várias práticas sociais.

De acordo com a BNCC:


As atividades humanas realizam-se nas práticas sociais, mediadas por diferentes linguagens: verbal (oral ou
visual-motora, como Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e, contemporaneamente, digital. Por meio dessas
práticas, as pessoas interagem consigo mesmas e com os outros, constituindo-se como sujeitos sociais. Nessas
interações, estão imbricados conhecimentos, atitudes e valores culturais, morais e éticos. 
— (BRASIL, 2017, p. 63)

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A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), dessa forma, aponta, dentro da área de
Linguagens, a Educação Física como um de seus componentes curriculares. Nesse
ponto cabe-nos destacar que o trabalho com o corpo, o movimento, com a
corporalidade e a motricidade na escola não se constitui exclusividade deste

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componente curricular. Entendendo o corpo como manifestação de desejos, de

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necessidades, de sentimentos e compreendendo-o como forma de explorar o
mundo e de colocar-se nele, cabe à escola e aos educadores o trabalho com o
desenvolvimento de suas potencialidades em sua totalidade, para isso devem ter
nas mãos diversas práticas pedagógicas. Assim, embora no Ensino Fundamental as
diversas linguagens ganhem status próprios de objetos de conhecimento, não
podemos perder de vista o trabalho articulado entre elas, tal qual ocorre na
educação infantil.

Neste sentido a BNCC nos informa:


Na BNCC, a área de Linguagens é composta pelos seguintes componentes curriculares: Língua Portuguesa, Arte,
Educação Física e, no Ensino Fundamental – Anos Finais, Língua Inglesa. A finalidade é possibilitar aos
estudantes participar de práticas de linguagem diversificadas, que lhes permitam ampliar suas capacidades
expressivas em manifestações artísticas, corporais e linguísticas, como também seus conhecimentos sobre
essas linguagens, em continuidade às experiências vividas na Educação Infantil. (...) O importante, assim, é que
os estudantes se apropriem das especificidades de cada linguagem, sem perder a visão do todo no qual elas
estão inseridas. Mais do que isso, é relevante que compreendam que as linguagens são dinâmicas, e que todos
participam desse processo de constante transformação. 
— (BRASIL, 2017, p. 61)

Sendo assim, o movimento infantil deve ser entendido não só no que se refere ao
desenvolvimento motor instrumental, mas também na ampliação de suas
possibilidades expressivas, sobre as quais vamos nos debruçar nos tópicos a
seguir.

MOVIMENTO COMO EXPRESSÃO DE EMOÇÕES, NECESSIDADES E


DESEJOS
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), como já apontamos na seção anterior,
traz como um dos campos de experiência da educação infantil: “Corpo, Gestos e
Movimentos”. Dentro deste campo de experiência, no documento, encontramos o
seguinte objetivo de aprendizagem: movimentar as partes do corpo para exprimir
corporalmente emoções, necessidades e desejos (BRASIL, 2017, Código EI01CG01 ).
Vimos que o movimento infantil extrapola os limites do desenvolvimento motor,
constituindo-se em uma linguagem carregada de possibilidades expressivas, as
quais explicitaremos neste momento. 

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Para Moreira (1995, p. 85): 


A criança é movimento em tudo o que faz, pensa e sente. O seu corpo presente é ativo em todas as situações e
em todos os momentos. Ele, o corpo, dialoga todo o tempo com todos que o cercam. Desde uma brincadeira

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como pega-pega, até as formações em roda ou em colunas, posso notar que o corpo, por meio dos
movimentos, denota sentimentos e emoções.

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A linguagem corporal consiste em importante forma de manifestarmos nossos


sentimentos, emoções, necessidades, pensamentos e desejos. As interações
sociais estabelecidas entre o indivíduo e seu meio determinam o modo como o
movimento se processa e, através desses movimentos, expressamos nossas

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necessidades, nossos interesses e emoções, entre outros. Isto posto, entendemos

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a necessidade do desenvolvimento de um trabalho com o movimento de modo a
propiciar à criança um desenvolvimento dos aspectos da motricidade e a
ampliação de sua cultura corporal com vistas ao favorecimento de suas
manifestações corporais entendidas como expressões de suas necessidades,
emoções e desejos. Isso nos leva à discussão que desenvolveremos no próximo
tópico, a qual busca elucidar as relações estabelecidas entre movimento,
sentimento e aprendizagem.

EXEMPLIFICANDO

Como vimos, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), por meio do


campo de experiência “Corpo, Gestos e Movimentos” traz como objetivo de
aprendizagem e desenvolvimento “Movimentar as partes do corpo para
exprimir corporalmente emoções, necessidades e desejos” (BRASIL, 2018,
Código EI01CG01). No contexto da Educação Infantil existem inúmeras
formas de explorar este objetivo e uma delas é brincar com as crianças de
“mímica de sentimentos”. Nessa atividade você pode elaborar um conjunto
de cartas dos sentimentos de maneira que, em cada uma, aparece uma
emoção diferente. As crianças devem, uma por vez, tirar uma carta sem que
as demais vejam e imitar a expressão sorteada para que seus colegas
adivinhem qual é.

RELAÇÕES ENTRE MOVIMENTO, SENTIMENTOS E APRENDIZAGEM


As práticas pedagógicas, sobretudo na educação infantil, carregam consigo
variadas concepções da utilização e finalidade do trabalho com e a partir do
movimento. O movimento, nesse contexto, mantém uma relação intrínseca com os
sentimentos e o desenvolvimento da aprendizagem, visto que seu incentivo tende
a facilitar o pensamento e a atenção, possibilitando, assim, a aprendizagem a partir
do controle e do conhecimento de seus corpos.

A expressão de desejos, necessidades e emoções a partir da motricidade se dá não


apenas pelas crianças muito pequenas, mas também pelas maiores. Nesse sentido,
o corpo traduz-se em importante forma de expressão. No contexto escolar,

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devemos ter clareza acerca das relações que se estabelecem entre movimento,
sentimentos e aprendizagem. 

Para Freire (2005, p. 11): 

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Corpo e mente devem ser entendidos como componentes que integram um único organismo. Ambos devem

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ter assento na escola, não um (a mente) para aprender e o outro (o corpo) para transportar. É necessário, a
cada início de ano, que o corpo da criança também seja matriculado na escola, e não seja, considerado por
algumas pessoas como um ‘estorvo’, que quanto mais quieto estiver, menos atrapalhará a aprendizagem.

Assim, o desenvolvimento do trabalho pedagógico precisa, necessariamente,


respeitar e compreender a expressividade e a motricidade própria da infância,
buscando interpretar e facilitar seu desenvolvimento, a partir do qual a criança
aprende não apenas sobre seu próprio corpo e limites, mas também sobre o
mundo e a cultura em que se está inserida.

Segundo Miranda (2008), aprender a mover-se, envolve atividades como tentar,


praticar, pensar, tomar decisões, avaliar, ousar e persistir. Para o autor, a
aprendizagem através do movimento implica usar movimentos como meio, para se
chegar a um fim. Esse fim não precisa ser necessariamente o aperfeiçoamento das
habilidades da criança em se mover efetivamente, mas pode ser um meio pelo
qual a criança aprende mais sobre si mesma, sobre seu ambiente e sobre o mundo
que a cerca.

FOCO NA BNCC

A Base Nacional Comum Curricular propõe a exploração dos espaços, das


sensações e brincadeiras como forma de descobrir possibilidades e limites
corporais. Em consonância com os conteúdos trabalhados nesta seção, o
documento aponta:


Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das
práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a
submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças
possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar
um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir
variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar,
engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-
se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.). 
—  (BRASIL, 2017, p. 41)

AS DIMENSÕES DO MOVIMENTO
Dissemos anteriormente que o movimento está relacionado à vida. Mas, afinal,
qual é a finalidade do movimento? Por que nos mexemos?

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Primordialmente, mexemo-nos por prazer. Qualquer um que já tenha


experienciado alguma atividade física sabe bem que isso é verdade. Mas, como já
mencionamos, o movimento é também uma linguagem, ou seja, movimentamo-
nos para nos expressar. Essa expressão, às vezes, ganha contornos artísticos, o

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que gera outro tipo de prazer: o de apreciar uma obra construída esteticamente.

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ASSIMILE

Essa reflexão nos leva a perceber que há três principais motivações ou


dimensões para o movimento: prazerosa, expressiva e estética.

Aprofundaremos a compreensão dessas dimensões na Unidade 2. Por ora, basta-


nos reconhecer sua existência.

Uma divisão semelhante foi concebida por Jacqueline Robinson, bailarina e


educadora francesa (STRAZZACAPPA, 2001). Pensando nas finalidades da dança,
ela elaborou o seguinte diagrama:

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Figura 1.1 | Diagrama-árvore da Jacqueline Robinson

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Fonte: adaptada de Strazzacappa (2001, p. 72).

A partir desse diagrama, Strazzacappa conclui que “toda dança, não importa qual a
estética que lhe é inerente, surge da profundeza do ser humano, ou, como
Robinson nomeou, surge da ‘magia’ e adquire diversas funções a partir de três
motivações principais: a expressão, o espetáculo e a recreação (ou jogo)”
(STRAZZACAPPA, 2001, p. 72).

Admitir essas três dimensões faz com que ampliemos o trabalho corporal na
escola para muito além de exercícios técnicos ou repetitivos. Voltaremos a essa
discussão na próxima seção.

REFERÊNCIAS

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SONHOS em movimento. Direção: Anne Linsel e Rainer Hoffmann. Produção de


Anahita Nazemi e Gerd Haag. Título original: Tanzträume. Roteiro: Anne Linsel.
Fotografia: Rainer Hoffmann. São Paulo: Imovision, 2010. 1 DVD (89 min).

STRAZZACAPPA, M. A educação e a fábrica de corpos: a dança na escola. Cad.


Cedes, Campinas, v. 21, n. 53, p. 69-83, abr. 2001. Disponível
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WEISZ, T. O diálogo entre o ensino e a aprendizagem. 2. ed. São Paulo: Ática,


2009.  

ZABALA, A. A prática educativa: como ensinar. Tradução de Ernani F. da F. Rosa.


Porto Alegre: Artmed, 1998. 

ZOBOLI, F.; LAMAR, A. R. Escola, poder e corpo. Revista Contrapontos, Itajaí, v. 3,


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https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=DEBY.ISRAEL%40HOTMAIL.COM&usuarioNome=DÉBORA+VASCONSELOS+DE+SOUZA+DOS+SANTOS&disciplinaDescricao=CORP… 16/16

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