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Cultura Organizacional: O Que é, Como se Desenvolve
e Suas Contribuições para Realização da Estratégia
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Cultura Organizacional: O Que é, Como se
Desenvolve e Suas Contribuições para
Realização da Estratégia
Objetivo
• Compreender como a Cultura é formada, as qualidades de uma Cultura responsável e seu
impacto na relação com stakeholders internos e externos.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
UNIDADE
Cultura Organizacional: O Que é, Como se Desenvolve
e Suas Contribuições Para Realização da Estratégia
Contextualização
No contexto Organização, é possível testemunharmos a necessidade crescente de
transformação e adaptação a um novo paradigma.
A imagem mecanicista das Organizações nos levou, durante muito tempo, a acreditar
que os colaboradores podem ser considerados recursos e, como recursos, devem ser
monitorados e controlados de tal forma que o que eles pensam ou sentem passa a ser
desconsiderado. Afinal, o que se espera desse colaborador é que respeite as ordens.
Essa forma de gestão parece ter funcionado bem ou, ao menos, gerado os resultados
esperados durante a Revolução Industrial, período em que a maior parte da atividade
produtiva estava orientada a tarefas repetitivas nas quais a capacidade cognitiva e de
tomada de decisão estava centralizada em algumas poucas áreas e pessoas.
Mas será que conseguiremos, como líderes, obter a colaboração da Equipe, adotando
as mesmas práticas e ferramentas da Organização vista como mecanismo?
Nesse contexto, para que o organismo funcione, é muito importante que cada célula
de trabalho seja saudável e contribua para o benefício do todo, comunicando-se de
maneira adequada.
Como partes desse organismo, precisamos tomar consciência sobre nosso impacto e
assumir o protagonismo como profissionais.
Costumo dizer que a Empresa é uma entidade jurídica, composta de partes, que
somos nós, aqueles que optaram por fazer parte desse organismo e, como parte, a con-
tribuição individual ajuda ou prejudica o desenvolvimento saudável do todo.
Aqui, vale a máxima de Mahatma Gandhi: “Seja você a mudança que gostaria de ver
no mundo”.
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Precisamos deixar de nos queixar do que acontece fora e compreender que estamos
dentro, que fazemos parte e que, mesmo que minha contribuição seja pequena diante
do todo, ela pode ser significativa.
A partir desse novo paradigma, em ambientes cada vez mais autônomos, a clareza de
propósito não só é importante, mas determinante. O propósito do trabalho precisa ser
claro e transparente, assim como sua relação com a Cultura e comportamentos esperados.
É preciso saber para que nós existimos e nos comunicarmos de forma cada vez
mais eficiente.
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e Suas Contribuições Para Realização da Estratégia
À primeira vista, essa definição parece confusa. Isso porque é muito difícil estabelecer
uma linha clara sobre o que é aprendizado e influência, vez que, como líderes organizacionais,
estamos inseridos na Cultura. Isso releva um caráter ambíguo para essa definição.
A Cultura Organizacional, como conceito, parece escorregar por nossas mãos. A Cul-
tura da Organização reflete as suposições compartilhadas pelo grupo. E são definidas
como suposições, vez que refletem o resultado dos comportamentos e experiências da-
quele grupo, o que não necessariamente representa uma verdade absoluta, mas é uma
verdade para aquele grupo.
Dessa forma, o líder tem poder de influência em relação às suposições, desde que ele
seja capaz de observar e entender quais são elas.
Caso contrário, ele também se torna um refém da Cultura, submerso nesse conjunto
de regras inconsciente, não verbalizada, mas percebida.
Se estabelecermos uma analogia com o corpo humano, o líder que não observa o
contexto organizacional antes de implementar qualquer ação de transformação em rela-
ção à Cultura, pode gerar o impacto de uma farpa.
O corpo gera um processo de infecção no local, até expelir o que não faz parte.
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• Sentimentos e sensações: permitem a relação com o outro por meio de antipatia
e simpatia. São o que nos leva a nossos movimentos, impulsos. E também são
denominados alma;
• Individualidade: nossa autoconsciência. É o que nos torna únicos e diferentes de
todos os outros animais e seres vivos na Natureza.
Individualidade Suposições
Identidade Básicas
Sentimentos e
Sensações Crenças e
Relações Valores
Força Vital Processos
Artefatos
Corpo Físico
Recursos
Figura 1
Fonte: Adaptada de BURKHARD, MOGGI, 2014, p. 33
Com essa frase, Peter Drucker não diminui a importância da estratégia, mas nos
convida a refletir sobre o quanto a estratégia precisa estar alinhada à Cultura de maneira
consciente para que seja factível.
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e Suas Contribuições Para Realização da Estratégia
John Mackey define uma Cultura consciente como aquela que facilita o crescimento
constante e a evolução do indivíduo e, por consequência, da Organização como um todo.
Ele destaca sete características como parte de uma Cultura consciente. São elas:
• Confiança: Alto nível de confiança interna e externa;
• Responsabilidade: Os integrantes da Equipe são responsáveis uns pelos outros e
em relação aos clientes. Altos níveis de descentralização e autonomia, são elemen-
tos essenciais neste contexto;
• Cuidado: Preocupação sincera e consistente com todas as partes interessadas. Cui-
dado gera cuidado e, em retribuição, todos os envolvidos cultivam uma preocupa-
ção genuína em relação à Empresa;
• Transparência: Não existem muitos segredos. Em geral, os resultados financeiros
são abertos;
• Integridade: Mantém-se comprometida em sempre dizer a verdade e agir de ma-
neira correta;
• Lealdade: Os envolvidos mostram-se leais uns aos outros e à Empresa;
• Igualdade: Líderes são vistos e se colocam como parceiros, e não como uma classe
privilegiada. Todos são tratados com respeito e dignidade.
“Empresas que dizem uma coisa, mas se comportam de outra forma enviam uma
mensagem de cinismo para todas as partes interessadas” (J. Mackey).
Isso não significa que não temos de estabelecer metas, mas exige a reflexão sobre
como podemos definir objetivos alinhados com a Cultura desejada.
Esse é o desafio.
As características observadas e propostas por John Mackey podem ainda não estar
entre as características de sua Organização.
A Cultura Organizacional é o reflexo de nossas ações. Uma Cultura consciente exige tomada
de ações conscientes. Como os valores organizacionais tem influenciado as suas decisões?
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Um contraexemplo pode ser o caso da Empresa americana Wells Fargos. As metas
impostas aos colaboradores levaram a uma série de comportamentos e decisões fraudu-
lentas que, quando denunciadas, geraram impactos negativos para a Empresa.
Entretanto, antes disso, seu Ecossistema já estava sendo afetado em função do resulta-
do que gerava para seus clientes e da qualidade da saúde emocional de seus colaboradores.
Por que parece ter demorado tanto para que uma denúncia fosse realizada?
Era preciso consciência e força de indivíduos que pudessem se colocar contra a Cul-
tura, crenças e valores já estabelecidos. As suposições básicas eram que esses procedi-
mentos estavam corretos e eram necessários naquele ambiente.
Gestão Consciente
Vamos começar refletindo sobre a diferença entre gestão e liderança. Se buscamos
o significado de cada uma das palavras, podemos concluir que ambas são sinônimas.
Uma gestão consciente busca estabelecer condições para que as tarefas sejam exe-
cutadas da melhor maneira a partir da Cultura desejada, e isso está relacionado à nossa
forma de governar.
Talvez essa imagem tenha sido correta ou, ainda hoje, aplique-se com sucesso a de-
terminados contextos. Contudo, quando nos vemos inseridos em contextos complexos,
ambíguos, incertos e voláteis, a garantia de fracasso é certa.
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VUCA é um acrônimo, usado pela primeira vez em 1987 em Teorias de Liderança pelos
americanos Warren Bennis e Burt Nanus, para descrever ou refletir sobre a Volatilidade
(Volatility), Incerteza (Uncertainty), Complexidade (Complexity) e Ambiguidade (Ambiguity)
percebidas no ambiente organizacional.
John Mackey sugere quatro elementos centrais da gestão conscientes. São eles:
• Descentralização: Todas as Organizações são parcialmente centralizadas e parcial-
mente descentralizadas, não havendo combinação correta de maneira geral, mas
sim, a mais adequada a determinado contexto, sendo necessária a busca do equilíbrio
entre essas polaridades;
• Autonomia: Para que a descentralização realmente faça sentido, é preciso dar
autonomia às pessoas. Sem autonomia, os colaboradores não tem a possibilidade
de tomar boas decisões. É a autonomia que possibilita mais criatividade e inovação;
• Inovação: Empresas conscientes buscam o equilíbrio entre espírito empreendedor
e estabilidade, abrindo espaço para inovação. A inovação é, hoje, a maior capaci-
dade competitiva sustentável em longo prazo. A inovação deve permear toda Orga-
nização e não ser tarefa de um grupo limitado de pessoas dentro desse organismo;
• Colaboração: A Cultura de colaboração garante a possibilidade de ampliar o im-
pacto positivo sobre a inovação, autonomia e descentralização. Uma ideia ou apren-
dizado de uma pessoa ou equipe ficarão restritos se não forem compartilhados.
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Você já parou para refletir sobre como o impacto do resultado de sua Organização
se propaga?
Considerando, ainda, que aqueles que se conectam diretamente com você, conec-
tam-se diretamente com outros?
Equipe Investidores
Ambiente Fornecedores
Figura 2
Fonte: Adaptada de MACKEY, 2014, p. 80
Na maior parte das vezes, sequer damos atenção às restrições que levam a problemas
internos, como, por exemplo, a falta de engajamento e de motivação dos colaboradores.
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e Suas Contribuições Para Realização da Estratégia
Talvez você possa imaginar esse impacto no âmbito social, nas condições de saúde, e
o reflexo dessa falta de engajamento propagada pelo Sistema. Isso considerando apenas
uma pequena parte do impacto que uma Organização pode gerar.
Quando somos provocados a ampliar nosso olhar, como líderes, e analisar o impacto
social da Organização em seu Ecossistema, não quer dizer que a Organização passe a
ser filantrópica e deixe de pensar no lucro ou no resultado, mas que possa tomar deci-
sões que beneficiem o todo em que está inserida.
Nenhum de nós vive em uma bolha, assim como a Organização também não. Se
qualquer das partes interessadas tem um problema, o todo será impactado, em maior
ou menor grau.
Como podemos lidar, de maneira consciente, com cada uma das principais partes
desse Ecossistema?
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muitas vezes, impagável. Veja as situações recentes com o rompimento de barreiras
no estado de Minas Gerais. Como esse, temos milhares de exemplos pelo mundo.
É preciso considerar os impactos das ações da Organização em relação ao Planeta.
Quadro 1
Do Propósito à Cultura
Vamos começar com a definição do que é propósito?
“Comece com o porquê: As pessoas não compram o que você faz, elas compram por-
que você faz!” (Simon Sinek).
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“A perfeição dos meios e a confusão dos fins parecem caracterizar nossa época”
(Albert Einstein).
Joan Melé, em seu livro Dinheiro e Consciência: a quem serve meu Dinheiro, refere-
-se à Trimembração Social.
Esse conceito foi desenvolvido pelo filósofo Rudolf Steiner, no início do século XX,
considerando que o equilíbrio social depende:
• Da observação das necessidades da vida. Todos precisamos de outros; nada realiza-
mos sozinhos, e isso nos leva ao conceito da fraternidade;
• Da igualdade de direitos por meio da liberdade e da autonomia nas relações sociais;
• Das capacidades únicas e diferentes de cada ser humano; de nosso propósito.
Definir seu propósito de fato, e utilizá-lo somente como mais uma declaração fixada
na parede ou na capa dos cadernos corporativos, não o tornará real. Por isso, é preciso
que todos vivenciem o propósito intensamente. Só assim seremos capazes de, realmen-
te, mudar nossa realidade.
A seguir, algumas práticas sugeridas por Jurgen Appelo para disseminação do pro-
pósito e do desenvolvimento da Cultura desejada.
Utilize storytelling, imagens e narrativas. Uma referência, com relação ao uso de ma-
nuais de Cultura, é a Empresa Zappos, um e-commerce americano, O livro de Cultura,
além de apresentar a história da Organização e seus principais programas internos,
compartilha a perspectiva dos colaboradores sobre a Cultura vivenciada por eles.
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O livro de Cultura. Acesse: https://bit.ly/39MQ9Zo
Há uma Empresa brasileira que tem como prática o envio de um e-mail de reconheci-
mento semanal para todos os colaboradores, enviado pelo CEO, que menciona um fato,
um comportamento e o valor associado a ele.
Estabelecer Limites
É papel da liderança desencorajar os maus comportamentos e incentivar os bons.
Quando não fazemos isso, incentivamos uma Cultura desalinhada à estratégia, e isso
prejudica o alcance dos objetivos estratégicos de qualquer Organização.
“No final do dia, devemos nos perguntar: Como nossa visão e nossos valores influen-
ciaram nossas decisões?” (Peter Senge).
Um Artigo publicado por Boris Groysberg, com base em seu trabalho de pesquisa, em
Harvard Business Review, sugere quatro alavancas para o desenvolvimento de uma Cultura.
São eles:
1. Articular a aspiração. Definir princípios de alto nível que guiam as iniciativas orga-
nizacionais, encorajando os colaboradores a se engajarem aos desafios e opor-
tunidades reais;
2. Selecionar e desenvolver líderes que se alinhem com a Cultura desejada. Como
vimos, os líderes são fator determinante. Eles são importantes catalisadores para
qualquer transformação cultural. A forma como selecionamos os líderes, consi-
derando o estilo de Cultura Organizacional é crucial;
3. Utilizar conversas organizacionais sobre Cultura para ressaltar a importância
da Cultura desejada. Road shows, tour para ouvir os colaboradores, grupos de
discussão. Vale tudo para compreender e transformar acordos implícitos;
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Em um Artigo para a Forbes, Larry Alton menciona alguns benefícios de uma Cultura
Organizacional consistente, que são:
• Identidade: Valores e objetivos claros geram impacto na produtividade e no cum-
primento de metas;
• Retenção: Capacidade de atrair e reter profissionais talentosos, pois as pessoas se
sentem parte do organismo;
• Imagem: São reconhecidas por seus clientes, gerando impacto positivo para a marca.
As ações para sucesso dependem do contexto. O ideal é que sejamos capazes de lan-
çar experimentos, sempre no menor tempo e com menor custo e validar os resultados,
ajustando o que seja necessário para alcançar o resultado desejado.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Satisfação Garantida
HSIEH, T. Case Zappos. Satisfação Garantida. Rio de Janeiro: Harper Collins,
2017.
Reflexões e sugestões sobre paradigma sistêmico e seu impacto nas organizações
LALOUX, F. Reflexões e sugestões sobre paradigma sistêmico e seu impacto
nas organizações. Reinventando Organizações. Curitiba: Voo, 2017.
Vídeos
How great leaders inspire action
https://bit.ly/36E4o0D
Leitura
The Price of Wells Fargo’s Fake Account Scandal Grows by $3 Billion
https://nyti.ms/3oJxKkt
Nutrindo uma cultura criativa
https://bit.ly/3tu271Q
Por que a cultura corporativa está se tornando ainda mais importante
https://bit.ly/39OG7qO
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Referências
APPELO, J. Management 3.0. Boston: Pearson Education, 2011.
MELÉ, J. Dinheiro e Consciência: A quem meu dinheiro serve? São Paulo: João de
Barro Editora, 2017.
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