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Como Desenvolver uma Cultura de Aprendizado e Inovação?
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Como Desenvolver uma Cultura
de Aprendizado e Inovação?
Objetivos
• Reconhecer a importância dos experimentos;
• Aplicar ferramentas que incentivem a contribuição dos colaboradores para uma cultura de
inovação.
Caro Aluno(a)!
Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o úl-
timo momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material
trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas.
Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você
poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns
dias e determinar como o seu “momento do estudo”.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de
discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de
propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de
troca de ideias e aprendizagem.
Bons Estudos!
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Como Desenvolver uma Cultura de Aprendizado e Inovação?
Contextualização
“Se quer alguma coisa, ou tem algo que sonha em fazer, comece. A coragem tem geniali-
dade, poder e magia. Comece agora!” (Goethe)
Eu me lembro de quando a inovação era vista como uma área isolada dentro da or-
ganização. Como um órgão que atua com autonomia e que, depois de ter uma grande
ideia, a coloca em prática, distribuindo tarefas para os demais. Essa imagem aos poucos
está ficando no passado.
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Contudo, essa é uma grande ilusão, fruto de nosso medo, lembrando que o medo se
estabelece em função de algo que aconteceu no passado. O medo não é um problema
em si mesmo, ele nos mantém em alerta e nos dá o sinal para situações de risco.
A chave da mudança está em como lidamos com ele. Seremos capazes de agir, apesar
do medo? Essa é uma pergunta que precisa ser respondida de maneira colaborativa
no ambiente organizacional. Qual é a nossa disposição para falhas como impulso
para o aprendizado? Em que áreas ou em que contexto estamos mais dispostos a
assumir riscos?
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Como Desenvolver uma Cultura de Aprendizado e Inovação?
O escritor holandês Jurgen Appelo sugere uma reflexão sobre a diferença entre re-
gras e premissas e a comparação com sistemas naturais.
Nesse sentido, deve ser uma preferência no exercício da liderança, estabelecer limites
e premissas, mais do que impor regras e procedimentos.
Em Management 3.0, uma ferramenta proposta para incentivar e nutrir uma cultura
de experimentação e aprendizado é o Quadro da Celebração (Figura 1).
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Erros Experimentos Práticas
Sucesso
Falha
Aprendizado
Erros
Registro dos erros encontrados. Para os acostumados à linguagem técnica utilizada
pelos desenvolvedores de sistemas, erro é diferente de falha. Um erro é algo indesejado,
mas que não necessariamente gera uma ocorrência. Considerando um exemplo em
desenvolvimento de sistemas, apesar de haver um erro no sistema, não necessariamente
um usuário fará uso da funcionalidade que contém o erro, não gerando, assim, uma
falha. A falha é uma ocorrência do erro. Nessa parte do quadro, devem ser registrados
os erros identificados no período.
Experimentos
Nessa coluna, a equipe deve registrar o resultado de todas as experimentações reali-
zadas no período. Se o experimento é um pequeno projeto conduzido pela organização,
as etapas do projeto e o acompanhamento delas não são realizados utilizando o Quadro
da Celebração. No quadro, somente o resultado deve ser registrado.
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Práticas
Repetir o mesmo modo de fazer com bom resultado nos leva a boas práticas implemen-
tadas. Nessa parte do quadro, são registrados os resultados alcançados com as boas práticas.
Agora, vamos para a outra extremidade do quadro, ou seja, para a linha transversal
que divide a coluna Práticas. Uma boa prática é estabelecida justamente por gerar bons
resultados na maior parte das vezes; porém, em determinadas situações, em função de
alguma mudança no contexto, uma boa prática pode levar a uma falha. Considera-se
uma boa prática, em virtude do feedback positivo dos participantes. Todavia, ao aplicar
as mesmas práticas no ambiente on-line, por exemplo, o resultado não foi positivo; o
contexto era diferente, e as práticas precisaram ser revistas.
Em um ambiente punitivo, é provável que os erros e as falhas sejam omitidos até que
algo “grande” aconteça, ou seja, algo que não possa ser escondido. Quando mudamos a
forma de pensar e somos capazes de celebrar o que aprendemos, incentivamos o com-
partilhamento dos fatos geradores de aprendizado.
Outro aspecto importante é que, por meio do registro das ocorrências e fatos no quadro,
deixamos de nos concentrar no causador ou no culpado pela falha e voltamos toda a
atenção para os fatos e as ocorrências em si. O que por si só é muito salutar para a equipe
de trabalho. Ao longo da carreira de um profissional experiente, pode-se experimentar
muitas situações nas quais o líder busca o culpado por um erro como solução para evitar
a sua repetição, o que parece ser uma decisão equivocada quando ampliamos nosso
olhar para a organização e compreendemos que ela é um organismo vivo. O erro de um
colaborador pode ser o reflexo de algo maior, que é ignorado quando transferimos nosso
olhar para o culpado, deixando de compreender e observar o fato.
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Como utilizar o quadro? O ponto de partida é utilizar a gestão visual. O quadro deve
ser desenhado ou impresso e fixado em um local onde toda a equipe tenha a possibilidade
de visualizar e contribuir. Se você atua em uma equipe que desenvolve sua atividade em
locais físicos diferentes, uma opção é a utilização de uma ferramenta on-line que permita
a contribuição de todos.
O quadro deve ter um período estabelecido para que, ao final desse, a celebração
do que foi coletado seja realizada. Se você atua em uma equipe de projeto, uma boa
possibilidade seria promover a celebração ao final de uma fase do projeto ou em uma
reunião de retrospectiva. No período entre uma celebração e outra, todos os integrantes
da equipe devem registrar os acontecimentos, tal como ocorrem. Uma sugestão é o uso
de post-it com uma síntese ou palavra-chave sobre o acontecimento para que ele possa
ser compreendido no momento da celebração.
É preciso promover uma grande festa para celebrar o que foi coletado no quadro?
Não. Como reconhecimento do que aprendemos, uma pequena celebração pode ser
suficiente. Tenha em mente que devemos colocar em prática o que for possível, levando-
-se em conta:
• Celebrar com frequência. Todo dia podemos encontrar motivos para celebrar.
Tenha atenção também às pequenas coisas. Pequenas atitudes podem provocar
grandes mudanças;
• Celebrar visivelmente. Garanta que todos vejam e possam participar da celebra-
ção. Essa atitude incentiva o engajamento de todos. Um incentivo que vem de bons
exemplos gera mais exemplos positivos;
• Celebrar notavelmente. Transforme as celebrações em pequenos rituais. Isso ge-
rará um estímulo positivo.
Uma sugestão é que cada colaborador, ao fixar uma contribuição no quadro, também
possa acionar um símbolo, como uma notificação, se for on-line, ou um sino, se estive-
rem todos no mesmo ambiente físico. Os aprendizados serão boas fontes de ideias para
novos experimentos que podem ser executados no período seguinte.
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A vergonha faz com que nos sintamos incapazes de arriscar; afinal, se eu falhar, serei
julgado, deixarei de fazer parte do grupo, deixarei de ser aceito. Ela nos faz perder a
motivação para mudar e fazer melhor. A seguir, algumas dicas sobre como lidar com a
vergonha sugerida por Brown (2012):
• Reconhecer a vergonha e compreender seus mecanismos: Observe suas rea-
ções e em quais momentos você sente vergonha. Isso ajudará você a identificar o
que desencadeia esse sentimento;
• Praticar a consciência crítica: A partir do que observa, verifique se você está
trabalhando sobre expectativas reais ou se sua autoexigência está gerando
essas mensagens;
• Ser acessível: Você compartilha sua história com outros? Sem comunicação não
há empatia;
• Falar da vergonha: Você conversa sobre como se sente?
“Eu não sou o que me acontece. Eu sou o que escolho me tornar”. (Jung)
Costuma-se dizer que: se você não pode falar para, não fale de. Sinais de que a
vergonha se instalou nas relações podem ser a culpa, a fofoca, o favoritismo, a crítica a
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alguém em voz alta na frente de outros. Todas essas são formas de diminuir, envergo-
nhar ou humilhar outros e, assim, não demonstrar vulnerabilidade e vergonha.
Lidar com vulnerabilidade e vergonha pode nos ajudar a desenvolver relações mais
empáticas e nos permitir ser mais criativos, inovadores e abertos a novas experiências e
aprendizados. A autocompaixão é uma atitude muitas vezes interpretada como permis-
siva. Porém, essa não é a perspectiva mais adequada, segundo a pesquisadora Kristin
Neff (2011).
"A autocompaixão não significa considerar os meus problemas mais importantes do que
os seus, significa apenas colocar ambos os problemas no mesmo nível de importância,
entendendo-os como dignos de serem atendidos”. (NEFF, 2011)
Para o exercício de uma liderança compassiva, capaz de liderar com a falha de maneira a
construir o espaço de aprendizado, é preciso, antes, praticar a autocompaixão.
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Experimentação como
Caminho de Transformação
A partir da consciência do que pode ser melhorado, a experimentação é um caminho
que possibilita a validação de novas ideias, antes de adotá-las como princípios ou prá-
ticas. Uma filosofia que vem sendo amplamente aplicada por startups e empresas que
valorizam a inovação é o Lean. Trata-se de uma filosofia de gestão inspirada em práticas
e resultados do Sistema Toyota com o objetivo de aumentar a produtividade – a tradução
do termo Lean é enxuto.
Em 2011, foi publicado o livro A Startup Enxuta, por Eric Ries, um empreendedor
do Vale do Silício. Esse livro passou a ser referência, como base para uma metodologia
que pode ser aplicada em qualquer tipo de empresa, ao propor a revisão contínua de
processos internos, sempre levando em conta o feedback do cliente.
Esse modelo pode ser aplicado e customizado para todas as experimentações que
surjam como aprendizados a partir do Quadro da Celebração. Contudo, não necessaria-
mente por meio do desenvolvimento de um quadro para cada experimentação, mas com
a ampliação da perspectiva sobre o experimento a ser iniciado a partir de perguntas que
levam em conta a jornada Lean.
Ideias
Aprender Construir
Dados Produto
Medir
Figura 2
Fonte: Adaptada de MAURYA, 2018
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da medição são utilizados como aprendizado e esse ciclo encerra uma iteração, a qual
possibilita a validação ou não da hipótese inicial.
Esse ciclo tem, como principal objetivo, a obtenção do feedback no menor tempo
possível em relação à solução proposta para determinada ideia.
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1 Métricas-Chave Canais
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Estrutura de custos Fluxos de receitas
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Figura 3
Fonte: Adaptada de MAURYA, 2018
O quadro proposto na Figura 3 contém 9 partes. Considerando cada parte desse, temos:
1. Problema: Quais são os problemas que o experimento pretende resolver? Des-
creva somente os principais, entre um e, no máximo, três. O objetivo é manter
o foco no que se deseja validar. Relacione, nesse bloco, as alternativas existentes,
ou seja, as soluções que estão disponívei;
2. Segmentos de Clientes: Quem são os clientes alvo dessa solução? Quem pre-
cisa dela? Quem são aqueles que podem adotá-la inicialmente? Anote as carac-
terísticas desses clientes;
3. Proposta Única de Valor: Essa é uma das sessões mais importantes do quadro.
Por que vale a pena dedicar atenção a essa solução? Por que ela é diferente?
É preciso tentar deixar claro, em uma frase, a essência do valor para o que está
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sendo proposto. Uma boa fórmula sugerida pelo empreendedor Dane Maxwell
e compartilhada por Ash Maurya (2018) é:
Essa parte do quadro também deve conter um conceito de alto nível para a ideia pro-
posta. Veja um exemplo da CloudFire:
• Proposta de valor: maneira mais rápida de compartilhar fotos e vídeos;
• Conceito de alto nível: compartilhamento de fotos e vídeos sem necessidade de
fazer upload.
1. Solução: Quais possibilidades de solução existem para o problema? Desenhe a
solução mais simples. O princípio da experimentação é validar uma hipótese no
menor custo e no menor tempo possíve;
2. Canais: Por meio de qual canal o seu cliente terá acesso à solução proposta?
Sempre existem muitas possibilidades de canais. Qual faz mais sentido para o
estágio da ideia que está sendo validada?
3. Fluxo de receitas: Há uma cobrança para esse produto ou serviço? Que valor
ele gera para o cliente da solução?
4. Estrutura de Custos: Quais são os custos operacionais para que a solução
seja entregue ao cliente? É difícil fazer uma projeção precisa, mas é importante
entender os custos envolvidos para calcular o ponto de equilíbrio, combinando
o fluxo de receitas, e estimar o tempo, capital e energia necessários para a via-
bilidade da soluçã;
5. Métricas: Identifique o indicador-chave que possibilita saber o desempenho da
solução em tempo real. As métricas ajudam a medir o progresso e os pontos
de atençã;
6. Vantagem Injusta: É algo que não pode ser facilmente copiado ou comprado.
É o que torna sua solução única.
Uma vez definido o planejamento, tenha em mente algumas regras básicas para a
condução dos experimentos:
• Combine velocidade, aprendizado e foco;
• Identifique uma única métrica-chave ou meta;
• Faça a menor coisa possível para aprender – "O ótimo é inimigo do bom” (Voltaire);
• Formule uma hipótese refutável. Refere-se a uma ação específica e repetível que
pode ser mensurada. Cuidado com hipóteses vagas demais;
• Valide a solução qualitativamente e verifique-a quantitativamente;
• Tenha certeza de que você consegue correlacionar os resultados às ações específicas;
• Crie painéis de controle acessíveis. As métricas e indicadores-chave do experimento
devem estar disponíveis para todos os envolvidos;
• Comunique o aprendizado sem demora e com frequência.
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Jurgen Appelo (2016) sugere nomear o experimento, comunicando a todos a execu-
ção. Essa atitude possibilita o engajamento e abre espaço para a contribuição de todos.
Enquanto o experimento ajuda a validar ou invalidar uma hipótese, a iteração pode unir
vários experimentos com o intuito de atingir a um objetivo específico.
Um padrão para a definição de uma iteração e que pode ser adotado é apresentado
no quadro a seguir. Os dois primeiros estágios ajudam a alinhar problema e solução. Já
os dois últimos validam o resultado final, a necessidade do cliente.
Figura 4
Fonte: Adaptada de MAURYA, 2018
Outra ferramenta que pode contribuir com a execução e validação de uma experi-
mentação é o quadro kanban. Um quadro kanban é um sistema de cronograma utiliza-
do pelo sistema Toyota de produção que ajuda a definir o que produzir, quando produzir
e quanto produzir. Atualmente, é muito aplicado por equipes de projetos ágeis.
A ideia é que as tarefas que precisam ser executadas para que a experimentação
aconteça e seja validada sejam incluídas no backlog. Backlog representa tudo aquilo que
precisa ser executado. Na medida em que a tarefa é priorizada, ela passa para a coluna
“em andamento” e, quando concluída, ela é transferida para a coluna “feito”.
A recomendação é que o quadro seja deixado à vista e que a equipe atue de maneira
colaborativa com a priorização e execução das tarefas. É importante que os limites
do que é possível esteja “em andamento” e estabelecidos pela equipe, sendo factíveis.
Não é recomendado que as tarefas sejam consideradas “em andamento”, quando não
há capacidade para execução. Depois de concluída, a tarefa deve ser validada e o
aprendizado registrado.
Figura 5
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
A Startup Enxuta
RIES, E. A Startup Enxuta. Rio de Janeiro: Editora Sextante, 2012.
Vídeos
O poder da vulnerabilidade
https://bit.ly/3rEdAdQ
The Space Between Self-Esteem and Self Compassion: Kristin Neff at TEDxCentennialParkWomen
Fala de Kristin Neff no TEDxCentennialParkWomen.
https://youtu.be/IvtZBUSplr4
Leitura
Aprenda a crescer como uma startup
https://bit.ly/3jCgqgn
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Referências
APPELO, J. Management 3.0. Boston: Addison-Wesley Professional, 2011.
MAURYA, A. Comece sua Startup Enxuta. São Paulo: Saraiva Uni, 2018.
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