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Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES

Centro de Ciências Sociais Aplicadas – CCSA

Curso de Direito

Disciplina – Sociologia Geral

Ficha Resumo

Referência: DURKHEIM, Émile. Educação e sociologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011.

Aluno: Davi Marcus Alves Costa

Professor: Camilo Antônio Silva Lopes

Capítulo 1

Durkheim inicia fazendo uma análise da palavra educação, ele cita o conceito de
educação para Stuart Mill e diz que seu conceito reúne fatos muito diferentes uns dos outros e
que não podem ser reunidos sem darem confusão. O que interessa para o autor aqui são as
ações que os adultos exercem sobre os mais jovens.
O autor descreve duas respostas para a pergunta: em que consiste a ação sui generis. A
primeira, segundo Kant, é desenvolver no indivíduo toda a perfeição que ele é capaz, no
entanto este desenvolvimento não é totalmente possível, pois faz com que o homem não se
dedique a uma tarefa específica e restrita. Para Durkheim, a ação pode ser de diversas formas
e modos, e por isso não há como realizar cada uma perfeitamente, já que elas oscilam, e essa
oscilação é importante para o indivíduo e para a coesão social. Portanto, não é o objetivo final
da conduta e da educação.
A segunda, de acordo com James Mill, é que a ação consiste em fazer
do indivíduo um instrumento de felicidade para si e seus semelhantes. Ainda menos
satisfatório, Durkheim argumenta que a felicidade é essencialmente subjetiva e cada um a tem
de sua maneira. Dessa forma, o conceito de educação fica submetido a arbitrariedade
individual. Esta definição, portanto, também é inválida para Durkheim.
O ponto aqui, segundo Durkheim, é que essas definições buscam
uma educação ideal, sem distinção. Porém, se a história for levada em consideração é possível
ver que a educação mudou ao longo das épocas, e se a educação mudou é porque os homens
ainda não sabem o que realmente ela é. Quando se indaga qual deve ser a educação ideal não
é possível ver um conjunto de práticas e instituições passadas fixas, deve-se olhar para o
passado e se perguntar o que deve ser feito, aprendendo com seus erros.
De acordo com Durkheim, cada sociedade tem um
sistema de educação, há costumes que somos obrigados a seguir. Existe um tipo regulador de
educação do qual não tem como se afastar, pois, é fruto da vida em comum. E se esses
sistemas de educação forem desconectados de suas causas históricas, eles se tornarão
incompreensíveis. A observação histórica, portanto, neste caso, torna-se indispensável.

1.2

Aqui, Durkheim busca a definição de educação. Neste momento é preciso levar em


consideração os sistemas educativos, que existem ou que já existiram.
Para que haja educação são necessários dois elementos: uma geração de adultos e uma
de jovens que se encontrem face a face e que uma ação seja exercida pelos adultos sobre os
jovens.
Para Durkheim, o sistema de educação é ao mesmo tempo singular e múltiplo.
Múltiplo porque em uma sociedade a educação varia de uma classe social para outra, a da
cidade não é igual a do campo, a do rico não é igual a do pobre. Para se encontrar uma
educação totalmente homogênea e igualitária é preciso voltar nas sociedades pré-históricas.
Ele é singular porque todas esses sistemas se repousam sobre
uma base comum, como a religião, sempre há uma religião comum a todos. Além disso, tanto
a educação do pobre quanto a do rico têm como objetivo único fixá-la na consciência.
Durkheim conclui que a educação é a ação exigida pelos adultos
sobre aqueles que são imaturos para a vida social. Ela desenvolve na criança estados físicos,
intelectuais e morais exigidos pela sociedade.

1.3

Segundo Durkheim há dois tipos de seres: o ser individual, que são os estados mentais
de cada um e sua vida pessoal e o ser social, são os sentimentos e hábitos dos grupos sociais
aos quais fazemos parte. E constituir este ser em cada um é o objetivo da educação. Ela cria
um novo ser no homem.
As aptidões que a vida social exige do homem não podem ser transmitidas de
uma geração para outra pela hereditariedade, é da educação esse papel. Para Durkheim a
educação satisfaz acima de tudo necessidades socias, o homem só sentiu a sede do saber
quando a sociedade colocou nele esse desejo. A ciência se tornou indispensável justamente
porque a sociedade a impõe como um dever para o homem. Sendo assim, parece que o
homem sofre uma certa tirania da sociedade, na realidade é a ação coletiva é edificada em
cada indivíduo através da educação. Antes da ciência ser constituída era a religião quem fazia
o mesmo papel. Durkheim conclui dizendo que se tudo que o homem recebeu da
sociedade lhe fosse tirado, ele seria reduzido à categoria do animal. E que o objetivo da
sociedade na educação é amplificá-lo e transformá-lo em um verdadeiro humano.

1.4

Segundo o autor, a educação de uma criança pertence primeiramente aos pais, a


educação inicialmente é privada e doméstico, com a mínima intervenção Estatal. No entanto,
o Estado tem com papel auxiliar e substituir as famílias.
O papel do Estado, entretanto, deve-se manter dentro dos limites da família, ele não
deve gravar nenhuma orientação na mente dos jovens. Aqui entra também a sociedade pois
cabe a ela constantemente lembrar ao professor que ideias e sentimentos deve a criança ter
para viver em harmonia no meu social, e é através dessa educação que se estabelece uma
comunhão de ideias e sentimentos entre os cidadãos, por isso, não deve o Estado se
desinteressar dela. Durkheim ainda diz que o Estado não deve ter o monopólio do
ensino, é preciso dar uma margem de manobra para os indivíduos, afinal, o indivíduo é mais
inovador que o Estado, ele deve permitir que outras escolas, além daquelas sob sua
responsabilidade, funcionem, porém, essas instituições devem sempre ficar submetidas ao seu
controle. O autor conclui que o papel do Estado na
educação é consagrá-la, mantê-la e torna-la mais consciente para as pessoas, é garantir os
princípios essenciais da sociedade.

1.5

Durkheim vem tratar a respeito de em que medida a educação pode ser eficaz. Para o
autor, a educação não forma o homem a partir do nada, ela se aplica a disposições que já se
encontravam na criança. Essas predisposições inatas, entretanto, são gerais e vagas e a essas
predisposições chama-se de instinto. Surge a indagação se há no homem um instinto
propriamente dito, na realidade, aquilo que se chama de instinto é um impulso geral que leva
a pessoa a fugir da morte.
Durkheim faz uma discussão acerca de que as crianças herdam uma tendência a
cometer certas atitudes, como roubar, matar, etc. Porém, isso não corresponde à realidade
ninguém nasce predestinado a cometer um tipo de crime. No entanto, as influências que elas
recebem têm efeito conforme vão pesando sobre a criança. Isso porque, a vida do homem
depende de múltiplos fatores, complexos e que mudam constantemente, o futuro não é
estreitamente predeterminado. Dito isto, entre as virtualidades que o homem possui ao
nascer e a personalidade que ele deve construir para desempenhar um papel na sociedade há
um longo caminho, e é este caminho que a educação o ajuda a percorrer.
A educação possui meios com energia suficiente
para executar isto? Durkheim exemplifica com uma situação de hipnose em que o sujeito
hipnotizado está totalmente passivo, sua vontade está quase que paralisada, ele possui o
mínimo de resistência a qualquer coisa. No entanto é necessário que o hipnotizador exerça
sobre ele uma voz de comando, não podendo o sujeito desobedecer, dizendo apenas “eu
quero”, entretanto, se o hipnotizador falhar em sua função o hipnotizado pode hesitar e até
desobedecer, e se isso acontecer o seu poder sobre o sujeito se acabou. Pode se fazer uma
analogia desta situação com a de um educador e uma criança, em que esta se encontra passiva
e o professor tem primazia sobre o aluno, e o professor pode ter grandes resultados, contanto
que saiba realizar sua função corretamente. Durkheim conclui descrevendo os
mecanismos da ação educativa, a primeira é a autoridade do educador, a educação deve nos
conduzir a deixarmos a natureza inicial para trás, sendo uma nova pessoa, e é justamente a
autoridade que exerce esse “esforço”. O outro mecanismo é o dever, a criança só aprende o
dever com seus professores ou seus pais, para isso, é preciso que eles encarnem e
personifiquem o dever, tenham, principalmente, a autoridade moral.

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