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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS, CIDADANIA E

POLÍTICAS PÚBLICAS – PPGDH


CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
NÚCLEO DE CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS UNIVERSIDADE FEDERAL DA
PARAÍBA

Disciplina: Fundamentos Históricos e Epistemológicos dos Direitos Humanos


Professor: Dr. Antônio Manoel Elíbio Jr.

Alunos:
Anne Kelly Barbosa da Silva
Giselle dos Santos Andrade
Jéssica Alves
Lidiane
Manoel Rodrigues e Silva
Murilo
Mylla
Renata Rayanne da Silva
Ricardson da Silva Dias
Wendel

5- Como Habermas compreende a relação entre democracia e direitos humanos?

É preciso destacar, inicialmente, que Habermas, no que tange à relação entre


democracia e direitos humanos, posicionou-se no sentido de que os direitos humanos
não guardam precedência diante da democracia, surgindo, a partir dessa ideia, a tese de
“cooriginariedade”, segundo ensina em Faticidade e validade (1992).
A cooriginariedade, conforme o nome sugere, gira em torno do fato de que a
soberania popular, consubstanciada naquilo que chamamos de democracia, e os direitos
humanos guardam uma “conexão interna” através da mediação um ao outro. No
pensamento de Habermas, democracia e direitos humanos guardam uma relação
reciprocamente constitutiva, de forma que se é verdade que os direitos humanos
(aqueles direitos que, na visão de Habermas, não guardam uma ligação originária com a
moral, sendo direitos fundamentais legais, cuja legitimidade decorre do processo de
positivação legal) não são anteriores à democracia, não é menos verdade que a
democracia também não é anterior aos direitos humanos.
No pensamento de Habermas, então, compreende-se que através da ligação entre
soberania popular e direitos humanos leva a um “princípio da democracia”. Assim, tem-
se que, de acordo com o autor, ao interpretar Habermas, só a institucionalização legal-

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formal do princípio do discurso (que pode ser compreendido no sentido de que as


normas de ação somente têm legitimidade se “[...] todos os possíveis atingidos [possam]
dar o seu assentimento, na qualidade de participantes de discursos racionais”) poderá
possibilitar o princípio de democracia, ao tempo que unicamente o respeito ao princípio
da democracia confere legitimidade ao direito posto. Eis a relação entre democracia e
direitos humanos no pensamento de Habermas.

6- Quem são os portadores de direitos, segundo Habermas?

Habermas é um filósofo alemão, vivo nos dias de hoje, inserido na Escola de


Frankfurt (Teoria Crítica). Produz uma crítica da razão instrumental, propondo, em
alternativa, a razão comunicativa. Assim, desenvolve a Teoria do Agir Comunicativo,
que busca reinterpretar a razão, a fim de que esta passe a ter como objetivo o
entendimento mútuo entre os sujeitos. Desse modo, na obra “Direito e Democracia”,
Habermas buscará “introduzir a categoria do direito, especialmente a do direito
moderno, na ótica da teoria do agir comunicativo”. É, portanto, nesse contexto que
surge a discussão sobre direitos humanos e democracia, ao se debater a legitimidade e
validade de um sistema de direitos tomando como ponto de partida a virada linguística.
Nesse sentido, a categoria “direitos humanos”, junto com a “soberania popular”,
correspondem, em certa medida, ao que H. chama de autonomia privada (ou
autodeterminação) e autonomia pública (ou autorrealização). Sobre a autonomia
privada, H. argumenta que não se trata de um direito natural inerente ao humano, visto
que o filósofo busca recusar qualquer justificação puramente moral para os direitos. Daí
a afirmação de que em direitos humanos o termo direitos diz respeito a um conceito
jurídico.
A autonomia privada vai se constituir de três direitos fundamentais que definem
a pessoa sujeito de direitos (os portadores de direitos): são os direitos que garantem as

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liberdades subjetivas de ação; direitos civis e políticos de membro (ou de associação


enquanto “parceiros jurídicos”); direitos que garantem a proteção judicial à pessoa
individual. Essas garantias dependem do reconhecimento mútuo dos sujeitos na
qualidade de destinatários de direitos.
Para além desses direitos fundamentais, os sujeitos de direitos passam a ser
autores de sua própria ordem jurídica com o direito fundamental à participação política
em igualdade.
Esses 4 direitos possibilitam a quinta classe de direitos fundamentais, segundo a
qual se garante condições materiais de vida (social, técnica, ecologicamente) para o
aproveitamento pleno dos direitos anteriores.
Parece, assim, que os direitos humanos possibilitam a participação dos sujeitos
de direitos na formação da vontade política. Nota-se, portanto, que os direitos humanos,
junto com a soberania popular, são os pilares cooriginários da democracia que se realiza
por meio de um sistema de direitos. Essa democracia se perfaz de sujeitos que possuem
autonomia privada e autonomia particular, portadores de direitos que são, a um só
tempo criadores e destinatários desses mesmos direitos.

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