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Memória Descritiva

Designação do projeto: Centro de BioEnergia


Acrónimo: BioEnergia
Promotor: Instituto Politécnico de Portalegre
Investimento total elegível: …

Programa estratégico que integra: Sistema Regional de Transferência de Tecnologia


Líder do programa estratégico: ADRAL: Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo,S.A.
Data de assinatura do protocolo de financiamento: 26 de Janeiro de 2011

Programa de Financiamento: INALENTEJO


Eixo: 1 – Competitividade, inovação e conhecimento
Regulamento específico: Sistema de Apoio a Parques de Ciência e Tecnologia e Incubadoras de
Empresas de Base Tecnológica
Aviso: ALENT-44-2011-02

1
Índice

Nota introdutória ............................................................................................................................................4

Parte A - Enquadramento do projeto ..............................................................................................................6

1. Objetivos .................................................................................................................................................. 6

2. Pertinência da proposta ........................................................................................................................... 6

2.1 Ensino superior vs. empresas ............................................................................................................. 6

2.2 Incubadora especializada ................................................................................................................... 7

2.3 Área da BioEnergia ............................................................................................................................. 7

Parte B – BioEnergia como área de especialização .......................................................................................10

3. Introdução .............................................................................................................................................. 10

4. Unidades de suporte tecnológico a instalar ........................................................................................... 11

5. Estado da arte das tecnologias a instalar ............................................................................................... 13

5.1 Produção de Combustíveis sólidos ................................................................................................... 13

5.2 Produção de Combustíveis gasosos .................................................................................................. 19

5.3 Produção de Combustíveis líquidos .................................................................................................. 30

6. Suporte laboratorial da incubadora........................................................................................................ 33

Parte C - A Incubadora industrial de base tecnológica .................................................................................35

7. Introdução .............................................................................................................................................. 35

7.1 A interação entre o Ensino Superior e as Empresas ......................................................................... 35

7.2. Conceito e relevância do papel das incubadoras ............................................................................. 35

7.3. A gestão e as características das incubadoras de empresas ............................................................ 37

8. A incubadora de empresas do BioEnergia .............................................................................................. 42

8.1 Seleção das empresas a incubar ....................................................................................................... 43

8.2 Serviços disponibilizados .................................................................................................................. 43

9. Modelo de Gestão .................................................................................................................................. 44

10. Financiamento e sustentabilidade do projeto ...................................................................................... 46

11. Equipa de gestão e acompanhamento do projeto ............................................................................... 47

12. Plano de divulgação.............................................................................................................................. 49

2
12.1. Objetivos de Comunicação ............................................................................................................ 49

12.2. Parceiros e Público-alvo................................................................................................................. 49

12.3. Fases do processo de comunicação ............................................................................................... 50

12.4. Meios e atividades em cada fase do processo ............................................................................... 51

Parte D - Infraestrutura a instalar .................................................................................................................53

Anexos ...........................................................................................................................................................59

A. Diagrama das unidades a instalar........................................................................................................... 59

B. Equipamentos laboratoriais disponíveis................................................................................................. 62

C. Caraterização da Associação de Desenvolvimento Regional do IPP ....................................................... 63

3
Nota introdutória

A presente memória descritiva materializa a candidatura do projeto BioEnergia, promovido pelo


Instituto Politécnico de Portalegre, à 2.ª fase do concurso para apresentação de candidaturas ao
Sistema de Apoio a Parques de Ciência e Tecnologia e Incubadoras de Empresas de Base Tecnológica.
Com enquadramento no Sistema Regional de Transferência de Tecnologia, liderado pela ADRAL e
aprovado na 1.ª fase, a sua implementação visará a criação de uma estrutura de suporte a atividades
de I&DT aplicada, cujo conhecimento gerado é passível de transferência para o meio económico e
social, por via da criação de novas empresas, prestação de serviços às atuais e fortalecimento da
relação entre o Politécnico e o tecido produtivo, no âmbito da qual muito se tem investido nos últimos
anos.

O projeto proposto vem ao encontro da necessidade de promoção de atitudes empreendedoras com


bases científicas e tecnológicas, disponibilizando meios tecnológicos evoluídos para teste de ideias de
negócio, na área da BioEnergia, bem como o acompanhamento por uma equipa qualificada e
multidisciplinar de recursos humanos. Visa, ainda, realizar atividades de transferência de tecnologia,
por via dos projetos a desenvolver em parceria com agentes económicos, e valorizar economicamente
as atividades de ciência e tecnologia, através da possibilidade de prestação de serviços ao exterior.

O enfoque na inovação e desenvolvimento de competências dos sistemas regionais e sectoriais é


assegurado pela implementação de uma incubadora vocacionada para o sector da BioEnergia, em
paralelo com a criação de diversos serviços de suporte ao tecido empresarial, inexistentes e suscetíveis
de incrementar os níveis de inovação, produtividade e competitividade das empresas com as quais se
irão estabelecer relações.

Importa, ainda, ressalvar que a integração do projeto numa rede que incorpora diversas entidades do
sistema científico e tecnológico, aliadas a outras instituições de comprovada experiência de apoio a
empresas, vem reforçar a consolidação e expansão de unidades de acolhimento e apoio a atividades de
Ciência e Tecnologia, da sua valorização económica e social e dos resultados de I&D, definidas
enquanto objetivos do sistema de apoio a que se apresenta a candidatura.

A memória descritiva é composta por quatro partes. Na primeira parte (A) é feito um enquadramento
e justificação do projeto. Numa segunda parte (B) é apresentada a área de especialização em
Bioenergia deste projeto, onde são apresentadas as especificações técnicas e tecnológicas da estrutura
a implementar, em particular no que respeita à descrição dos processos tecnológicos envolvidos, da
tipologia de equipamentos necessários e das instalações que é necessário construir. Nesta parte é
também apresentado o estado da arte da tecnologia envolvida no projeto proposto, designadamente
4
ao nível da produção de combustíveis sólidos, gasosos e líquidos. Segue-se uma terceira parte (C) que
integra o estado da arte em matéria de incubação de empresas, na qual, com recurso à revisão da
literatura científica, se identificam tendências e boas práticas de incubação, onde se inclui uma
descrição do modelo de gestão a seguir, para efeitos de implementação, acompanhamento e
sustentabilidade do projeto. A descrição das infraestruturas a instalar é apresentada na quarta parte
(D). O documento encerra com a inclusão de alguns anexos.

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Parte A - Enquadramento do projeto

1. Objetivos

Este projeto tem como principal objetivo a criação e a instalação de uma incubadora de empresas de
base tecnológica focada na área da BioEnergia. Esta, abreviadamente designada por BioEnergia,
pretende ser uma estrutura de incubação de empresas e de desenvolvimento de projetos de spin-off
tecnológicos em produção de combustíveis e energia a partir de fontes renováveis orgânicas, com base
numa forte componente de atividades de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico (I&DT).

O BioEnergia é assim uma incubadora de base tecnológica, dispondo de,

- Suporte à criação de empresas


- Suporte tecnológico de unidades de produção de combustíveis a uma escala piloto
- Suporte laboratorial na área da química, materiais e de microbiologia

Pretende-se que o BioEnergia contribua, com os seus recursos materiais e humanos, para o
desenvolvimento e implementação industrial de tecnologias economicamente viáveis, que permitam
uma conversão eficiente de biomassa em combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos, energia elétrica e
energia térmica e, também, encontrar metodologias de remediação ambiental eficientes e sustentáveis.

Por outro lado, apresenta, também, como propósito auxiliar as empresas de melhores mecanismos
energéticos, que se reflitam em maior poupança, eficiência e qualidade ambiental, possibilitando o
desenvolvimento da sua atividade industrial com recurso a novas fontes de energia e tratando,
reutilizando e valorizando os seus resíduos biomássicos que, em muitos casos, representam um
problema e um custo adicional.

2. Pertinência da proposta

2.1 Ensino superior vs. empresas


Parecendo, ainda, evidente que as relações ensino superior-empresa estão longe de alcançar um nível
que potencie as capacidades dos agentes envolvidos, tem-se verificado uma consciência crescente
sobre os benefícios de uma aproximação e, mais do que isso, manifestações efetivas de cooperação. A
barreira entre as instituições de ensino superior e o meio empresarial vai-se quebrando, à medida que
as primeiras se preocupam com a valorização económica do resultado das suas atividades de I&D.

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O desenvolvimento do conceito de incubadora de empresas e o envolvimento que as instituições de
ensino superior têm vindo a assumir na criação de incubadoras, em especial daquelas que pretendem
apoiar o arranque de empresas de base tecnológica, é um sinal claro que a academia quer (e precisa
de) assumir a sua vocação empreendedora, no verdadeiro sentido da palavra. Mais do que ir ao
encontro das empresas (e muito mais do que ir de encontro às mesmas), o ensino superior mostra que
consegue trazê-las para o seu interior, onde a interação pode ser mais forte e serem conseguidos
resultados mais visíveis, consequentes e proveitosos. É neste contexto que o Instituto Politécnico de
Portalegre consolidou a ideia de promover a realização do projeto BioEnergia.

2.2 Incubadora especializada


A opção por uma especialização sectorial do projeto, também no que se refere à estrutura de
incubação de empresas, encontra suporte numa tendência que foi possível constatar com outras
iniciativas.

Com efeito, relativamente à tipologia de incubadoras, tem-se verificado uma aposta na sua
especialização sectorial, que permite aprofundar a partilha de recursos e a criação de sinergias entre
as empresas instaladas. A concentração num sector específico aumenta, também, o conhecimento e as
competências dos próprios colaboradores da incubadora e, em consequência, o valor que esta
representa para os empreendedores.

O âmbito sectorial das incubadoras de empresas é um tema que tem ocupado alguns investigadores e a
revisão da literatura, sobre esta matéria, indica-nos a existência de vantagens numa especialização
sectorial. A título de exemplo e em consonância com a análise realizada no ponto relativo ao estado da
arte da incubação de empresas, Aerts et al.1 referem que a maior parte das incubadoras se
especializaram num sector ou, no limite, num número reduzido de sectores de atividade.
Reconhecendo as vantagens associadas a essa especialização, estes autores defendem que os governos
devem estimular os “especialistas” e, deste modo, diminuir o número de incubadoras “generalistas”.
Também Hansen et al.2 referiram que a especialização das incubadoras é a melhor estratégia para a
sua viabilização, garantindo maiores probabilidades de sucesso.

2.3 Área da BioEnergia

O termo BioEnergia é utilizado para indicar todas as formas de energia que têm por base a matéria
orgânica viva. A matéria viva orgânica, ou biomassa, em termos energéticos, não é mais que uma forma

1
Aerts, K., Matthyssens, P., Vandenbempt, K. (2007), Critical role and screening practices of european business incubators,
Technovation, 27, 254-267.
2
Hansen, M.T., Chesbrough, H.W., Nohria, N., Sull, D.N. (2000), Networked incubators: hothouses of the new economy,
Harvard Business Review, September-October, 74-84.
7
de armazenamento químico da energia eletromagnética solar que chega ao planeta Terra. Quando as
ligações entre átomos de carbono, hidrogénio e oxigénio das moléculas orgânicas são quebradas por
processos tecnológicos, como digestão, combustão ou gaseificação, há uma libertação de energia
química armazenada sobre diferentes formas.

Estima-se que o armazenamento energético global anual por via da produção de biomassa seja da
ordem de 1,33×1014W (0,26 W/m2), 57,14% do qual é efetuado em terra. Em termos de biomassa
acumulada, estima-se que seja da ordem de 1,5×1022 J. Como é evidente, somente uma parte da
biomassa global é que tem condições para ser explorada em termos tecnológicos e económicos para a
produção de energia. No entanto, parte dessa biomassa disponível apresenta excelentes condições de
exploração, nomeadamente, a proveniente de resíduos da agricultura, silvicultura, e indústrias
conexas, bem como os resíduos de outras indústrias e os resíduos domésticos.

Segundo a Agência Europeia do Ambiente (EEA), o uso de biomassa para fins energéticos tenderá a
crescer significativamente nas próximas décadas. Previsões apontam para um share de cerca de 25%,
no final do século, para a BioEnergia, relativamente ao total das fontes energéticas, nomeadamente, o
petróleo, gás natural, renováveis e nuclear. Estão criadas condições para que esse crescimento tenha
um baixo impacto ao nível da degradação dos recursos solo, biodiversidade e água.

Em termos europeus, o Plano de Ação “Biomassa” descreveu várias ações a empreender para fomentar
a utilização de todos os tipos de biomassa na produção de energias renováveis, e que passam pelos
seguintes 3 objetivos: “a) intensificar a promoção dos biocombustíveis na União Europeia e nos países
em desenvolvimento e garantir que a sua produção e utilização sejam globalmente positivas para o
ambiente e contribuam para os objetivos da Estratégia de Lisboa, tendo em atenção a problemática da
competitividade; b) preparar a utilização em larga escala de biocombustíveis, melhorando a sua
relação custo-eficácia através da otimização do cultivo de matérias-primas especificamente destinadas
a esse fim, da investigação no domínio dos biocombustíveis “de segunda geração” e do apoio à
penetração no mercado, por mudança de escala dos projetos de demonstração e com a eliminação dos
obstáculos não-técnicos; c) explorar as oportunidades que se abrem aos países em desenvolvimento –
incluindo os países afetados pela reforma do regime da União Europeia no sector do açúcar –, no que
respeita à produção de biocombustíveis e de matérias-primas destinadas a esse fim, e definir o papel
que a União Europeia poderá desempenhar no apoio ao desenvolvimento de uma produção
sustentável de biocombustíveis.”

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Sendo o Alentejo uma região do país onde a agricultura e a agro-indústria são uma das apostas
estratégicas de desenvolvimento, apostar na I&DT em BioEnergia nesta região e na instalação de um
laboratório de referência neste tema, é, sem dúvida, uma aposta sustentada para o desenvolvimento
regional. Por outro lado, face ao elevado número de horas de sol/ano da região, o desenvolvimento de
metodologias de remediação ambiental baseadas na luz solar é também uma estratégia sustentada
tanto do ponto vista das energias renováveis como do ambiental. Efetivamente, está identificada a
necessidade de aumentar a atividade de I&DT aplicada à região nas áreas de desenvolvimento
estratégico e nas áreas das energias renováveis, de forma a fazer face aos objetivos ambientais e
energéticos, nacionais e europeus (Objetivos EU: 20-20-20 até 2020).

Porém, o tecido empresarial que se localiza nesta região não dispõe, ainda, dos meios que possibilitem
o desenvolvimento de atividades de I&DT aplicado, neste domínio. No entanto, as Instituições de
Ensino Superior em geral, e o Instituto Politécnico de Portalegre em particular, assumem, cada vez
mais, a responsabilidade de cooperar e interagir com o seu meio envolvente, disponibilizando os seus
recursos e a sua capacidade de investigação ao serviço dos agentes económicos e sociais.

Neste contexto e inserido numa região onde a carência de equipamentos especializados e de


estruturas de apoio à atividade das empresas são sentidas pela maioria do tecido industrial e
produtivo, o Instituto Politécnico de Portalegre (IPP), no âmbito do SCTA, entende como urgente a
criação de uma estrutura que atue como centro de incubação de spin-offs e de empreendedores, que
analise, investigue, desenvolva e inove, nas áreas já referidas, potenciadora da projeção de novos
processos energéticos, para as empresas da região, do melhoramento dos atuais e que sirva como
rampa de lançamento de novos empreendimentos e investimentos nesta área.

Por outro lado, dentro do objetivo nacional em aumentar em 100 MW a capacidade instalada em
produção de energia elétrica a partir de recursos biomássicos, para Portalegre e Beja estão aprovadas
centrais de biomassa de 10 MW, o que vem, também, dinamizar este sector na região, fazendo todo o
sentido a existência de uma estrutura de apoio de I&DT em BioEnergia e de fomento de formação de
novas empresas.

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Parte B – BioEnergia como área de especialização

3. Introdução

Há, basicamente, três tipos de materiais biomássicos e que se classificam de acordo com a sua origem,
a saber:

 Culturas energéticas, que são cultivadas, principalmente, para a produção de energia. A sua
função é capturar a radiação solar para armazená-la na biomassa. São exemplos a colza
(Brassica napus), o girassol (Helianthus annuus), a Eulália ou miscanto (Miscanthus sinensis) e
o milho (Zea mays).
 Resíduos agrícolas e florestais que são gerados na colheita de cereais, nas podas e cortes de
árvores, tais como, por exemplo, palhas, pontas das podas da vinha e olival, resíduos
resultantes de podas, limpezas e desramações de florestas. Estes resíduos são especialmente
adequados para a utilização como fontes de energia para as próprias unidades agrícolas, no
sentido de aumentar o rendimento das cadeias de cultivo.
 Subprodutos e resíduos orgânicos que são gerados no processamento da biomassa para
criação de produtos alimentares e que podem ser valorizados energeticamente. Estes
subprodutos incluem os resíduos orgânicos das indústrias agroalimentares, os efluentes da
agropecuária e os resíduos do processamento industrial da madeira e de fibras vegetais; os
resíduos orgânicos incluem uma fração dos resíduos domésticos e as lamas dos efluentes
domésticos e industriais, como, por exemplo, os resíduos da produção alimentar.

Estes vários tipos de biomassa podem ser tratados por processos químicos, bioquímicos ou
termoquímicos, com o objetivo de produzirem energia sob diferentes formas, nomeadamente, elétrica,
mecânica ou calorífica. Os tratamentos podem ser divididos da seguinte forma: combustão (com ou
sem processos físicos de secagem, classificação, compressão, corte/quebra etc.), processos
termoquímicos (gaseificação, pirólise, liquefação e transesterificação) ou processos bioquímicos
(digestão anaeróbia e fermentação).

A combustão é a transformação da energia química dos combustíveis em calor, por meio das reações
com o oxigénio libertando energia térmica. Para fins energéticos, a combustão direta ocorre
essencialmente em fogões, fornos e caldeiras (de formação de vapor). Este processo apresenta muito
pouca eficiência.

A gaseificação é um processo de conversão de combustíveis sólidos em gasosos, por meio de reações


termoquímicas, envolvendo vapor quente e oxigénio, em quantidades inferiores à estequiométrica. Há

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vários tipos de gaseificadores sendo os mais comuns os reatores de leito fixo e de leito fluidizado. Os
gases formados são, normalmente, uma mistura de monóxido de carbono, hidrogénio, metano, dióxido
de carbono e azoto, que podem ser utilizados para gerar energia elétrica, por exemplo, num motor de
combustão interna. A pirólise é um processo de conversão de um combustível, normalmente, lenha,
noutro de melhor densidade energética, como o carvão; o processo consiste em aquecer o material
numa atmosfera não oxidativa até que o material volátil seja retirado. O principal produto final
(carvão) tem uma densidade energética duas vezes superior à do material de origem e queima em
temperaturas muito mais elevadas. Para além do carvão e de gás combustível, a pirólise produz
alcatrão e ácido piro-lenhoso.

Com a digestão anaeróbia verifica-se a formação de gases energéticos, resultantes da decomposição do


material pela ação de bactérias (microrganismos acidogénicos e metanogénicos). O biogás é composto
essencialmente por metano (50% a 75%) e dióxido de carbono. O efluente gerado pelo processo pode
ser usado como fertilizante. Quanto à fermentação, é um processo biológico anaeróbio em que os
açúcares de plantas como a batata, o milho, a beterraba e a cana de açúcar são fermentados em álcool,
por ação de microrganismos (usualmente leveduras). Em termos energéticos, o produto final, o álcool,
é composto por etanol e, em menor proporção, metanol, e pode ser usado como combustível (puro ou
adicionado à gasolina – cerca de 20%) em motores de combustão interna. A transesterificação é um
processo químico que consiste na reação de óleos vegetais com um produto intermediário ativo
resultante da reação entre álcoois (metanol ou etanol) e uma base (hidróxido de sódio ou de potássio).
Os produtos dessa reação química são a glicerina e uma mistura de ésteres etílicos ou metílicos
(biodiesel); o biodiesel tem características físico-químicas muito semelhantes às do óleo diesel
podendo, assim, ser usado em veículos que utilizam motores de combustão interna.

4. Unidades de suporte tecnológico a instalar

Pretende-se que o BioEnergia tenha um conjunto de unidades de produção de combustíveis a uma


escala piloto (pré-industrial), que permitam estudar e implementar tecnologias e processos
produtivos inovadores, criando condições de elevada competitividade àqueles que se venham a
instalar nesta incubadora. Por outro lado, um projeto desta natureza terá, também, que ir ao encontro
das necessidades de desenvolvimento das empresas que já atuam e/ou que pretendem vir a atuar no
sector da BioEnergia, nomeadamente dos combustíveis sólidos, líquidos ou gasosos. O BioEnergia
terá que atuar na conjugação entre as necessidades de inovação das entidades que já desenvolvem
atividade neste sector, aos níveis nacional e europeu, na perspetiva de aumento da sua
competitividade económica e da qualidade dos produtos, com os constantes desenvolvimentos
tecnológicos que estão a ser conseguidos nestas áreas em termos de I&DT.
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Não excluindo, como é evidente, o crescimento do BioEnergia noutras vertentes, nesta fase,
considerou-se prioritário, com base no conhecimento e necessidades do sector, avançar-se com as
seguintes áreas de desenvolvimento:

Produção de Combustíveis sólidos


a) Torrefação
Produção de combustíveis sólidos partindo de biomassa florestal e agroindustrial, tendo como
base processos de torrefação que permitam incrementar consideravelmente a densidade
energética dos combustíveis. Este tipo de tecnologia tem um potencial muito interessante de
aplicação em termos de alternativa ao carvão em centrais termoelétricas. Nesta fase, são parceiros
interessados as indústrias de produção de biomassa sólida.

b) Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR)


Produção de combustíveis sólidos partindo dos resíduos domésticos e industriais, no sentido de
poderem ser utilizados em processos de combustão ou gaseificação térmica, minimizando as
emissões gasosas nocivas ao ambiente. Nesta fase, são parceiros interessados as indústrias de
tratamento de resíduos e cimenteiras.

Produção de combustíveis gasosos


a) Gaseificação térmica
Produção de combustíveis gasosos partindo de biomassa sólida com base em processos
termoquímicos, procurando a produção de gases com elevado poder calorífico, que permitam ser
uma alternativa ao gás natural. Nesta fase, são parceiros interessados a indústria cerâmica e do
vidro.

b) Digestão anaeróbia
Produção de combustíveis gasosos partindo de efluentes líquidos com base em processos
microbiológicos, procurando a produção de gases com elevado poder calorífico, que permitam ser
uma alternativa ao gás natural. Nesta fase, são parceiros interessados a indústria de tratamento
de efluentes e autarquias.

Produção de combustíveis líquidos


a) Biodiesel
Produção de combustíveis líquidos partindo de culturas oleaginosas e tendo como base processos
de i) extração por solventes e/ou ii) extração supercrítica com dióxido de carbono, que permitem
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incrementar, consideravelmente, a eficiência do processo de extração. Este tipo de tecnologia tem
um elevado potencial de aplicação na produção de biodiesel para transportação. Nesta fase, são
parceiros interessados a indústria de produção de combustíveis.

Produção de Energia Eléctrica


a) Motor de combustão Interna
A produção de energia eléctrica a partir de combustíveis líquidos ou gasosos com base num
motor de combustão interna preparado para o efeito.
b) Célula de combustível de ácido fosfórico
A produção de energia eléctrica a partir de células de combustível de ácido fosfórico que
trabalham a 300ºC e que permitem a utilização directa dos gases produzidos.

Um fluxograma simplificado das unidades de suporte tecnológico que irão ser instaladas está presente
nos diagramas apresentados no anexo A.

5. Estado da arte das tecnologias a instalar

5.1 Produção de Combustíveis sólidos

a) Torrefação de biomassa
Como já referido, a BioEnergia deverá desempenhar um papel importante na transição para uma
produção de energia sustentável, prevendo-se que dentro de 20 anos a biomassa possa fornecer cerca
de 30% do consumo total de energia. Esta produção de energia será realizada maioritariamente
através de processos de conversão térmica, nomeadamente, combustão e gaseificação, a partir de uma
combinação de resíduos agroindustriais, materiais lenhosos e culturas florestais. Todavia, este tipo de
resíduos nem sempre apresenta todas as especificações exigidas, muitas vezes bastante rigorosas, para
serem utilizados em processos de conversão térmica. Uma boa uniformização e afinação da biomassa
são essenciais para se ter uma maior taxa de substituição de carvão e outros combustíveis fósseis por
biomassa. Por exemplo, em centrais termoelétricas que funcionam a carvão, a substituição de
biomassa exige que a mesma entre em tamanhos muito pequenos, o que faz com que a biomassa de
origem florestal, muito fibrosa e tenaz, seja de difícil e cara moagem. Por outro lado, a biomassa
apresenta também problemas de manipulação, armazenamento, degradabilidade e densidade
energética, requerendo um tratamento apropriado.

Atualmente, a pelletização de biomassa apresenta-se como um dos processos de produzir


combustíveis sólidos mais interessantes, até porque permite minimizar algumas das dificuldades
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apresentadas anteriormente. No entanto, o armazenamento de pellets é limitado e exige espaços
dedicados, para não haver degradação da biomassa, e a sua utilização em centrais de cogeração a
carvão só permite admissões com baixas razões biomassa/carvão3,4.

Considerando estas limitações, a torrefação de biomassa é uma das tecnologias mais promissoras, que
está numa fase de grande desenvolvimento, e que permite aumentar consideravelmente a qualidade e
a uniformidade da biomassa e diminuir, assim, drasticamente, os problemas da sua degradabilidade,
em particular, a biomassa pelletizada. Acima de tudo, o processo de torrefação melhora a
homogeneização de matérias-primas e o processo de moagem, resultado de alterações das
propriedades físicas e químicas da biomassa5.

A torrefação é um processo termoquímico realizado em atmosfera inerte, entre temperaturas de 200 e


300ºC, durante aproximadamente 1 hora, podendo ser considerado uma forma leve de pirólise. O
produto que se forma é comparável a um carvão com maior estabilidade e reduzida suscetibilidade à
gradação microbiana, melhores propriedades hidrofóbicas, e uma maior densidade em carbono do que
a que biomassa que lhe deu origem, sendo muito útil como combustível em processos de co
combustão, gaseificação, incluindo processos de Fischer-Tropsch (processo químico para produção de
hidrocarbonetos líquidos a partir de gases de síntese contendo CO e H 2)1. Na figura seguinte está
apresentado um esquema de uma unidade de torrefação.

Ar

Gases Gás Combustão

Biomassa Secagem Torrefacção Arrefecimento Pelletizaçãp

Permutador de
calor

3 Cielkosz, D., Wallace, R. (2011), “Review: Torrefaction for bioenergy feedstock production”, Biofuels, Bioprod. Bioref. 5:317–
329.
4 Bridgeman T., Jones, J., Williams, A., Waldron, D. (2010), An investigation of the grindability of two torrefied energy crops.
Fuel 89:3911–3918.
5 Bergman, P., Boersma, A., Zwart, R., Kiel. J. (2005), Torrefaction for biomass cofiring in existing coal-fired power stations
‘BIOCOAL’., ECN Project Report ECN-C-05-013. ECN, Petten, the Netherlands.
14
Figura 1 – Processo de torrefação de biomassa.

Em termos de produção de energia por processos de combustão, a diminuição da higroscopicidade


garante melhores desempenhos, já que diminui a necessidade energética para a evaporação da água,
bem como diminui a absorção de humidade durante o armazenamento, permitindo que o mesmo se
faça por períodos mais longos. Em termos mecânicos verifica-se que a biomassa torrificada é mais
quebradiça, tendo como consequência a formação de frações mais finas. A combustão de biomassa
mais fina torna-se mais eficiente. Num processo de torrefação típico, 70% da massa permanece como
produto sólido com 90% da energia do conteúdo energético da biomassa. Na tabela 1 é apresentada
uma comparação entre diferentes tipos de combustíveis biomássicos comparativamente à torrefação,
onde se verifica, claramente, as suas vantagens.

Atualmente não há ainda processos de torrefação para uso energético a uma escala industrial embora
tenham existido algumas unidades a funcionar em França nos anos 80 do século passado. Uma planta
de demonstração foi construída pela empresa francesa Pechiney para fornecer energia para o processo
de redução de alumínio. Esta unidade foi desmantelada no início dos anos 90 por motivos económicos.
O processo consistia numa operação de secagem de biomassa, torrefação, seguida de uma operação de
redução granulométrica. O gás produzido era aproveitado para gerar calor para o processo de redução
do alumínio. O tempo de permanência do reator era da ordem dos 60-90 min.

Tabela 1 – Propriedades de combustíveis sólidos6.


Pelletes Pelletes de
Estilha de Carvão
de madeira Carvão
madeira vegetal
madeira torrefactos
Humidade (%) 30-45 7-10 1-5 1-5 10-15
Poder calorífico (MJ/kg) 9-12 15-17 18-24 30-32 23-28
Matéria volátil (%) 70-75 70-75 55-65 10-12 15-30
Carbono fixo (%) 20-25 20-25 22-35 85-87 50-55
Densidade (Kg/l) 0,20-0,25 0,55-0,65 0,65-0,80 0,18-0,24 0,80-0,85
Densidade energética
4,5-6,0 8-11 15-19 6,0-6,4 18-24
(GJ/m3)
Propriedades Moderadamente
Hidrofílico Hidrofílico Hidrofóbico Hidrofóbico
higroscópicas hidrofóbico
Degradação biológica Rápida Rápida Lenta Nenhuma Nenhuma
Custos de transporte Elevados Médios Baixos Médios Baixos

A torrefação de biomassa é realizada pela elevação da temperatura durante um certo período de


tempo. Isso geralmente é feito usando aquecimento convectivo dentro de uma câmara numa atmosfera
inerte. O pré-tratamento da biomassa antes da torrefação consiste, geralmente, em processos de
moagem e/ou secagem. Após a torrefação o processo pode incluir uma operação de refrigeração

6 th
Verhoeff, F., Kiel, J. (2011), Torrefaction in supply chai”, 19 European Biomass Conference and Exhibition, Berlin
Germany.
15
seguida de densificação. A densificação, pelletização ou briquetagem, é usada para melhorar as
características de manuseamento e transporte do material. Vapor é muitas vezes usado como veículo
de transferência de calor para a reação.

Na figura seguinte são apresentados vários modelos possíveis de reatores que têm vindo a ser
desenvolvidos, na perspetiva de otimização de processos de torrefação de biomassa4.

Figura 2 – Modelos de tecnologias de torrefação: a) Reator de camas múltiplas; b) Reator


rotativo; c) Reator de leito móvel; d) Reator de parafuso; e) Reator “Torbed”; f)
Reator de cama oscilante; g) Turbo-secador; h) Reator de micro-ondas [ ].

Em termos de perspetivas de mercados futuros, é expectável que a tecnologia de torrefação venha a


substituir, num futuro muito próximo, em grande escala, os combustíveis biomássicos sólidos
pelletizados. Por outro lado, esta tecnologia irá permitir, também, começar a produzir combustíveis de
outros resíduos agrícolas e agroindustriais que, pelas suas características, ainda não podem ser
valorizados como combustíveis sólidos. Refira-se, também, que a torrefação abre espaço à valorização
energética de resíduos poliméricos, plásticos e papel, com elevados benefícios em termos ambientais e
dos processos de tratamento de resíduos, combustíveis derivados de resíduos (CDR), que se abordarão
do tópico seguinte. Estes combustíveis sólidos pretendem ser uma alternativa ao carvão, prevendo-se
a possibilidade da sua utilização em co-combustão em centrais termoelétricas, bem como em
processos de gaseificação e em caldeiras de vapor.

16
Apesar de um conjunto significativo de entidades de I&DT e empresas estarem envolvidas em
processos de desenvolvimento da tecnologia, há nesta fase necessidade de implementação de
unidades a uma escala piloto demonstrativa, que permita uma afirmação da tecnologia
baseada, evidentemente, em avaliações económicas.

b) Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR)


Os Combustíveis Derivados de Resíduos (CDR) ou, muitas vezes também designado, Combustível
Sólido Recuperado (CSR), são genericamente frações de resíduos com elevado poder calorífico,
resultante de processos de tratamento e valorização de resíduos sólidos urbanos (RSU), resíduos
industriais não perigosos e resíduos de demolições. Os CDR são constituídos pelos materiais orgânicos,
que apresentem baixa biodegradabilidade, e onde se incluem os plásticos, papel, pneus, madeira e
tecidos. Os CDR apresentam poder calorífico que pode ir até cerca dos 18 MJ/kg7.

A grande vantagem da utilização de CDR é o facto de se estar a utilizar um resíduo para produção de
energia, reduzindo assim a necessidade de se recorrer a combustíveis fósseis e as emissões de Gases
Efeito de Estufa (GEE). Todavia, há que referir que nos resíduos permanece ainda uma percentagem de
materiais que tiveram na sua origem recursos fósseis, em particular os plásticos e tecidos. Outro
aspeto a considerar é o facto de estes tipos de combustíveis serem muito interessantes em regiões de
menor densidade populacional, em que pequenas unidades de produção de CDR poderão abastecer
clientes industriais localizados na região, com clara vantagem em termos de custos de transporte e
armazenamento8.

A produção de CDR a partir de RSU requer unidades de processamento de resíduos, que promovam a
separação dos resíduos com maior poder calorífico das restantes frações. Basicamente, temos dois
tipos de processos de processamento de RSU que permitem obter CDR: Tratamento Mecânico e
Biológico (TMB) e o Processo de estabilização seca. No TMB há uma fase de pré-tratamento mecânico
onde são separados metais e inertes e a fração orgânica é extraída para posterior valorização orgânica
por compostagem, associada normalmente a processos de digestão anaeróbia. Os CDR podem ser
produzidos a partir da fração residual destas unidades, constituída, na sua maioria, por resíduos secos
de plásticos, papel e têxteis, com um elevado poder calorífico. No processo de estabilização seca, os
fluxos de metais e inertes são separados dos resíduos e estes são secos e estabilizados, por um

7 Velis, C. A., Longhurst, P. J., Drew, G. H., Smith, R. Pollard, S. J. T. (2010). Production and Quality Assurance of Solid
Recovered Fuels Using Mechanical—Biological Treatment (MBT) of Waste: A Comprehensive Assessment, Critical Reviews in
Environmental Science and Technology, 40:12, 979-1105.
8 Gendebien, A. et al, (2003). Refuse derived fuel, current practice and Perspectives,.Final Report WRc Ref: CO5087-4.
17
processo de compostagem, resultando um produto com elevado poder calorífico que é adequado para
utilização em processos de combustão.

Num processo de produção de CDR são, normalmente, efetuadas as seguintes operações: a) separação
mecânica; b) redução granulométrica das frações de elevado poder calorífico; c) secagem; d)
homogeneização, e) densificação e f) embalagem. Os CDR podem ser produzidos com uma baixa
densidade, designando-se por Fluff, ou densificados em pellets ou briquettes. Na figura seguinte está
apresentado um fluxograma de processos de produção de CDR tipo flutt9.

Separação
Resíduo Destroçador Crivagem
magnética

Moagem Crivagem Fluff

Figura 3 – Fluxograma de um processo de produção de CDR tipo flutt.

Os CDR são utilizados, maioritariamente, em processos de combustão ou incineração, no sentido de se


produzir vapor e daí energia elétrica em turbinas. Os sistemas de combustão de CDR podem ser desde
sistemas de partículas em suspensão, em grelha, e em leito fluidizado. Por outro lado, tem vindo a ser
crescente a perspetiva de se utilizar tecnologias de gaseificação com base em CDR.

Resultante de políticas em que promove a opção de valorização energética em detrimento da


deposição em aterro de frações com elevado conteúdo energético, com vantagens em termos de taxas
de deposição em aterros, tem vindo a observar-se o desenvolvimento de várias unidades de produção
de CDR. São vários os países europeus onde a produção de CDR está já estabelecida. Dentre esses,
destacam-se a Áustria, Finlândia, Alemanha, Itália, Holanda e Suécia. Na Finlândia, o CDR é produzido a
partir de RSU separados na fonte, resíduos do comércio e da indústria e resíduos da construção e
demolição. Na Suécia são separadas do RSU as frações com maior poder calorífico. Na Holanda, o CDR é
na sua maioria produzido a partir de plástico e papel separado do RSU. Na Áustria, Alemanha e Itália o
CDR é produzido em larga escala em unidades de TMB com resíduos de diferentes fontes. Na

9Costa, M. et al. (2006). Avaliação do potencial de produção e utilização de CDR em Portugal Continental. Estudos Base, CEBQ
– Centro de Engenharia Biológica e Química, Instituto Superior Técnico.

18
Alemanha, na Itália e no Reino Unido existem instalações onde se efetua o processo de estabilização
seca.

A Estratégia para os Combustíveis Derivados de Resíduos (Despacho 21295/2009, de 22 de Setembro)


estima para Portugal, com base nas novas unidades de TM e TMB previstas no PERSU II, que deverão
entrar em funcionamento em 2012-2013, um potencial de resíduos urbanos para produção de CDR da
ordem de 1,0 a 1,2 milhões de toneladas, considerando os rejeitados e refugos de unidades de triagem,
de TM e de TMB de resíduos urbanos. Neste momento, cerca de 450.000 toneladas, encontrando-se já
em curso ou em fase avançada de desenvolvimento projetos com vista à valorização de parte deste
potencial.

De entre os potenciais utilizadores de CDR estão as centrais termoelétricas a carvão e as indústrias que
utilizam grandes quantidades de energia, nomeadamente, as cimenteiras, a indústria da pasta e do
papel e as metalúrgicas. Outros potenciais utilizadores de CDR são as indústrias vidreiras e cerâmicas.
Todavia, a pouca uniformidade dos CDR, com implicações na qualidade dos produtos, fazem com que
este combustível não tenha ainda possibilidade de ser utilizado nestas indústrias.

A utilização de CDR pode levantar por vezes problemas ao nível das emissões gasosas e de corrosão
das unidades de conversão, resultantes de teores elevados de cloro.

Nesta perspetiva, o documento estratégico referido anteriormente, dita também a


necessidade fundamental de desenvolvimento de conhecimento nesta área. Efetivamente, a
possibilidade de implementação de processos de demonstração à escala piloto de produção e
conversão de CDR será profícua para a implementação e afirmação deste combustível sólido.
Por outro lado, uma das necessidades de desenvolvimento tecnológico nesta área é
precisamente a de desenvolver processos de produção que permitam aumentar a
homogeneidade dos produtos formados:
a) Uma das possibilidades de aumentar essa uniformidade é, como veremos mais à frente, a
utilização de tecnologias de gaseificação, permitindo converter o CDR num combustível
gasoso antes de ser utilizado nos fornos.
b) Outra possibilidade é a utilização de processos de torrefação dos CDR com formação de
um combustível com características uniformes e com ainda maior poder calorífico, como
discutido anteriormente.

5.2 Produção de Combustíveis gasosos

19
a) Gaseificação térmica
A produção de gás com poder calorífico, combustível a partir de materiais que contenham carbono, é
uma tecnologia já bastante antiga. Efetivamente, remonta ao ano de 1839 a instalação do primeiro
gaseificador comercial contínuo de combustíveis sólidos. Com o desenvolvimento de tecnologias que
utilizavam o petróleo, o interesse nos processos de gaseificação de biomassa diminuiu até à crise
energética dos anos 70. Nos anos 80, foram vários os sistemas de gaseificação de biomassa que foram
instalados, num grande número de países, mas, a maioria deles, foram abandonados devido a
problemas técnicos, económicos/financeiros e institucionais. Mais recentemente, devido à discussão
sobre alterações climáticas, os compromissos do Protocolo de Quioto e a necessidade de utilização de
fontes de energia renovável, o interesse na gaseificação de biomassa aumentou10,11.

A biomassa sólida pode ser convertida num gás combustível através de processos térmicos, a
temperaturas entre os 600 e os 900ºC, na presença de oxigénio numa quantidade inferior à
estequiométrica necessária. A energia térmica necessária ao processo de gaseificação é libertada pela
combustão parcial da biomassa. O processo também pode ser efetuado com vapor ou dióxido de
carbono. O processo de gaseificação produz uma mistura gasosa rica em hidrogénio, metano e
monóxido de carbono, que pode ter várias aplicações industriais, tais como, matéria-prima para a
indústria química, combustível para combustão ou cogeração em turbinas a gás, conversão direta em
eletricidade usando células de combustível. O poder calorífico do gás varia entre 4,0 e 6,0 MJ/Nm3 12.

Diferentes tipos de reatores têm vindo a ser utilizados para a gaseificação da biomassa: leito fixo, leito
fluidizado, duplo leito fluidizado, leito fluidizado circulante (CFB), fluxo aprisionado. Apenas
tecnologias de gaseificação para a produção de calor estão comercialmente disponíveis. As tecnologias
mais conhecidas são as de Bioneer (leito fixo, updraft), PRM Energia (leito fixo, updraft), Ahlstrom
(agora Foster Wheeler) e Lurgi Umwelt (agora Envirotherm) ambos CFB13,14.

São ainda poucas as instalações que estão a funcionar com uma potência superior a 1 MWe, como
apresentado na tabela 2. Das tecnologias presentes na tabela 1 a mais promissora é a tecnologia de
Gaseificação Integrada com Ciclos Combinados (IGCC), tendo sido demonstrada com muito sucesso

10 Balat, M., (2009).Gasification of Biomass to Produce Gaseous Products, Energy Sources, A 31. 516
11 McKendry, P. (2011). Energy production from biomass (part 3): gasification technologies. Bioresource Technology 83. 55.
12 Moghtaderi, B. (2011). Review of the Recent Chemical Looping Process Developments for Novel Energy and Fuel

Applications. Energy Fuels.


13 Mattisson, T., Lyngfelt, A., Leion, H. (2009). Chemical -looping with oxygen uncoupling for combustion of solid fuels.

International Journal of Greenhouse Gas Control, 3, 11-19.


14 Pröll, T, Kolbitsch, P, Bolhár-Nordenkampf, J., Hofbauer, H.(2009). A novel dual circulating fluidzed bed system for chemical

looping processes. AIChe Journal 55(12), 3255-3266.


20
técnico em Värnamo na Suécia15. Embora, nos últimos anos, vários desenvolvimentos tenham
resultado em diversas unidades piloto, apenas alguns projetos têm alcançado a comercialização. Como
a evolução recente das unidades IGCC tem evidenciado, ainda são elevados os riscos técnicos e
financeiros associados à instalação em grande escala, sendo, assim, necessário continuar o
desenvolvimento deste tipo de tecnologia a escalas piloto16.

15 Knoef, H.A.M. (2003). Gasification of Biomass & Waste – Practical Experience, III. International Slovak Biomass Forum
February 3rd-4th.
16 Stevens, D. J. (2001). Hot Gas Conditioning: Recent Progress With Larger-Scale Biomass Gasification Systems Update and

Summary of Recent Progress, NREL/SR-510-29952.


21
Tabela 2 – Unidades de gaseificação com potência superior a 1 MWe13,14.

Localização Sistema/fornecedor Potência (MWe)

Harboore, Dinamarca Leito fixo, Babcock & Wilcox Volund, updraft, estilha 1.5

Siebenlehn, Alemanha Leito fixo, Pipeline Systems, downdraft, ciclo combinado 2.3

Rossano, Itália Leito fixo, PRM Energy Systems, updraft 3.8

IGCC, pressurizado CFB, Foster Wheeler, limpeza de gás


Värnamo, Suécia 6-7
quente

Chianti, Greve , Itália IGCC, atmosférico CFB, TPS, RDF fuel 6.7

IGCC, atmosférico CFB, TPS, com crack de alcatrões, SRC-


Arbre,Yorkshire, Reino Unido 8-9
fuel

IGCC, leito fluidizante com elevada circulação interna e


Güssing, Áustria 2
motor a gáss

IGCC, pressurizado CFB, FLS Miljo, Carbona technology


Bioelettrica, Itália 8
(substituida por Lurgi technology)

Lahti Gasifier, Finlândia CFB, 50 MWt

Primenergy Gasifier, Stuttgart,


Gasificador de tripla cama, updraft 6-12
Arkansas, EUA

Amergas, Holanda EPZ/Lurgi air blown Leito Fluidizante 85 MWt

Vermont Gasifier Project, FERCO/Battelle


5,0
Burlington VT, EUA Aquecimento indirecto, leito circulante

Skive Dinamarca Leito fluidizante - Engine Carbona 5,5

Os sistemas de gaseificação apresentam vantagens sobre processos de combustão ao nível de menores


emissões gasosas, nomeadamente NOx, SOx, partículas e metais pesados, e apresentam um maior
potencial de redução de emissões de CO2. Efetivamente, as temperaturas e pressões relativamente
elevadas, às quais se realiza a gaseificação, permitem uma mais fácil remoção de CO 2 numa perspetiva
de o armazenar geologicamente ou vendê-lo como um subproduto. Na combustão, o ar e o combustível
são misturados, queimados e expelidos a uma pressão próxima da atmosférica. Na gaseificação, por
outro lado, pode-se gaseificar simplesmente com oxigénio. Como o ar contém uma grande quantidade
de azoto, juntamente com pequenas quantidades de outros gases, que não intervêm nas reações de
combustão, os gases de exaustão de um reator de combustão são mais densos que os gases de síntese
(syngas) produzidos a partir do mesmo combustível.

Algumas dificuldades existem que fazem com que ainda não haja uma penetração generalizada no
mercado dos processos de gaseificação de biomassa. Em primeiro lugar, a utilização direta de oxigénio,
em vez de ar, tem claras vantagens quer na cinética do processo de gaseificação quer em termos do
22
poder calorífico e densidade energética do gás produzido, quer ainda em termos de custos. Nesta fase,
alternativas aos processos de separação de oxigénio por criogenia (Air Separation Units - ASU), que
apresentam uma elevada intensidade energética e são muito dispendiosos, estão a ser estudadas
passando muito pela utilização de membranas do tipo Ion Transport Membrane (ITM)17. O processo
ITM separa o oxigénio com o auxílio de membranas cerâmicas permeáveis a oxigénio. Com a
temperatura na gama dos 800-900°C, o oxigénio do ar dissocia-se electroliticamente na membrana
formando iões oxigénio que se difundem pela membrana coadjuvados por um forte gradiente de
pressão.

Por outro lado, outra das dificuldades dos processos de gaseificação prende-se com as questões de
limpeza e tratamento do gás de síntese formado. Os requisitos de limpeza e qualidade do gás
dependem da aplicação subsequente. Algumas aplicações são menos exigentes, tais como os fornos,
enquanto outras, tais como turbinas a gás ou células de combustível, são muito mais exigentes. Várias
tecnologias de limpeza do gás estão disponíveis para se conseguir atingir os requisitos, mas cada uma
tem implicações operacionais e económicas. A maioria dos sistemas em larga escala de gaseificação
operam à pressão atmosférica, no entanto quando se pretende utilizar o gás em turbinas a operação de
pressurização é desejável, mas ao trabalhar-se a pressões maiores, aumenta-se a complexidade do
processo e dos seus componentes, tais como, por exemplo, os sistemas de alimentação.

Assim, a necessidade de sistemas de demonstração de processos de gaseificação


pressurizada é necessária para provar a sua operacionalidade. Ainda em termos de
alimentação de biomassa, são necessários sistemas de alimentação que permitam uma
melhor manipulação das matérias-primas.

Por outro lado, apesar dos progressos significativos sobre limpeza e condicionamento dos
gases formados, é necessário testar tecnologias de absorção de enxofre e sistemas com
catalíticos para redução de alcatrões, a uma escala piloto, que permitam, por exemplo,
produzir gases de qualidade similar ao gás natural.

Por fim, refira-se a importância de desenvolvimento de sistemas e técnicas de análise, em


tempo real, da composição dos gases e dos teores de alcatrões, partículas, alcalis e amónia.

b) Gaseificação com base em Looping Químico

17Dyera, P. N. et al (2000). Ion transport membrane technology for oxygen separation and syngas production. Solid State
Ionics 134 21–33 (2000)

23
Há um crescente consenso de que a captação e o armazenamento de CO 2 serão necessários no sentido
de haver uma estabilização das concentrações atmosféricas. O custo de sequestro de CO 2 é
relativamente pequeno, da ordem dos 4 a 8 €/tC, em comparação com os custos de separação de CO 2
de um gás típico de combustão, com valores da ordem de 100 a 200 €/tC18. Atualmente, as tecnologias
mais utilizadas são aquelas que efetuam uma captura após o processo de combustão, tendo como
consequência uma diminuição da eficiência do processo e o aumento considerável do custo da
eletricidade. Desta forma, é necessário desenvolver tecnologias de gaseificação e combustão que
permitam, por um lado, o uso eficiente dos combustíveis, e, por outro, que permitam uma captura do
dióxido de carbono sem afetarem a eficiência do processo e o custo da energia.

Uma dessas tecnologias é a combustão ou gaseificação com base num Looping Químico. Esta
tecnologia, proposta inicialmente nos anos 50 para processos de combustão, é um processo onde o
combustível não entra em contacto direto com o ar, mas sim com um sólido intermediário,
normalmente um óxido metálico, que se reduz. Posteriormente, o sólido intermediário irá oxidar-se na
presença do ar. Assim, o sistema de Looping Químico consiste em dois reatores distintos: um reator
onde é admitido ar para que haja oxidação de um sólido intermediário, que levará o oxigénio para um
segundo reator de oxidação do combustível, como apresentado esquematicamente na figura 4. A
reação geral no reator de combustível é:

(2a+b/2-c) MeOx + CaHbOc  (2a+b/2-c) MeOx-1 + b/2H2O + aCO2

E no reator de ar:
MeOx-1 + 1/2O2  MeOx

18 Moghtaderi, B. (2011). ob. cit.


24
Separador CO2
N2

H2O

MeOx

Reactor Reactor

Ar Combustível

MeOx-1

Ar

Figura 4 – Diagrama esquemático do processo de combustão com base em Looping


Químico.

Grande parte da investigação tem vindo a ser centrada no desenvolvimento de sólidos intermediários,
transportadores de oxigénio que apresentem uma elevada reatividade com o combustível e com o ar e
que, simultaneamente, tenham uma baixa tendência para aglomerar, baixo custo de produção, sem
impactos para o ambiente, com facilidade em fluidizar e com estabilidade ao longo de vários ciclos
térmicos. De dentre os diferentes óxidos metálicos que têm vindo a ser estudados incluem-se os de
cobre, cádmio, níquel, manganês, ferro e cobalto. Geralmente, estes óxidos estão combinados com
materiais inertes tais como a alumina (Al 2O3), sílica (SiO2), óxido de titânio (TiO2), dióxido de zircónia
(ZrO2), que, atuando como ligantes no sentido de aumentar a resistência mecânica, têm também
propriedades catalíticas e de durabilidade16.

A aplicação desta tecnologia a processos de gaseificação e em particular de biomassa sólida é um


conceito relativamente avançado e recente com duas características muito atraentes: a já referida
captura de dióxido de carbono durante o processo e a produção dum gás rico em hidrogénio que pode
ter uma aplicação mais vasta, nomeadamente em células de combustível. Esta tecnologia aplicada à
biomassa apresenta um enorme potencial de afirmação, requerendo o desenvolvimento de sistemas
muito mais simples (operando em pressão atmosférica a temperaturas relativamente baixas) que
podem utilizar tanto a biomassa como os resíduos.

Apesar da sua atratividade, a maioria dos sistemas estão ainda numa fase de I&DT e de
demonstração numa fase pré-comercial. Assim, é necessário implementar mais sistemas
de demonstração a uma escala piloto, que permitam testar sistemas mais simples

25
operando a baixas pressões e temperaturas, com transportadores mais eficientes e baratos
de forma a se poder utilizar em processos com biomassa e resíduos agroindustriais.

c) Digestão anaeróbia
A Digestão Anaeróbia é um processo microbiológico de tratamento e valorização de resíduos orgânicos
contendo percentagens de água superiores a 60% na perspetiva de obtenção de um biogás, rico em
metano (50-75%) e dióxido de carbono (25-45%), e de um composto orgânico próprio para aplicações
como fertilizante agrícola. A utilização do gás como combustível renovável para veículos ou para a
injeção na rede de gás natural, tem vindo a ter um interesse crescente, já que permite uma utilização
do gás mais eficiente. Por outro lado, o composto formado (digerido) da fermentação anaeróbica é um
excelente fertilizante com elevada matéria orgânica e azoto. A produção de biogás por processos de
digestão anaeróbica oferece vantagens significativas sobre outras formas de produção de BioEnergia.
Tem sido avaliada como uma das tecnologias mais eficientes em termos energéticos e em termos
ambientais podendo permitir uma redução drástica das emissões de GEE em relação aos combustíveis
fósseis pela utilização dos recursos disponíveis localmente19.

Para além das vantagens já enumeradas, a utilização de digestão anaeróbia apresenta vantagens
significativas para os agricultores e indústrias agroindustriais permitindo uma redução efetiva de
custos, já que estão a produzir energia com o tratamento dos seus efluentes, que são muitas vezes
causa de problemas de saúde e de odores, e a produzir composto muito útil para a agricultura,
sobretudo para os solos mediterrânicos sujeitos a intensos processos de degradação. Por outro lado, o
sistema é muito flexível e robusto permitindo a utilização de diferentes tipos de resíduos, tais como,
efluentes domésticos, restos de alimentos e subprodutos, estrumes, chorumes, culturas agrícolas sem
valorização alimentar, restos de processamento de animais, etc20.

O processo de digestão anaeróbia, ou de fermentação do metano, é um processo complexo, que pode


ser dividido em quatro fases principais: hidrólise, acidogénese, acetogénese/desidrogenação e
metanização (ver figura 5). Na hidrólise o material orgânico é convertido em compostos mais
pequenos, com menor peso molecular, requerendo a presença de exo-enzimas que são produzidas por
bactérias fermentativas. Na fermentação acidogénica, os compostos gerados no processo de hidrólise,
ou liquefação, são absorvidos nas células das bactérias fermentativas resultando em substâncias
orgânicas mais simples, tais como, ácidos voláteis, álcoois, ácido láctico e compostos gasosos (CO2, H2,
NH3, H2S). Na acetogénese ocorre a conversão em compostos que são a base para a produção de

19 Weiland, P. (2010). Biogas production: current state and perspectives. Appl Microbiol Biotechnol 85:849–860.

20 Al Seadi, T. et al. (2008). Biogas Handbook. Published by University of Southern Denmark Esbjerg.
26
metano: o acetato, o hidrogénio e dióxido de carbono. Dependendo do estado de oxidação do material
orgânico a ser digerido, a formação de ácido acético pode ser acompanhada pela formação de dióxido
de carbono ou hidrogénio. Por último, ocorre a metanogénese com a produção de metano. Em geral,
este é o passo limitante da velocidade do processo de digestão. O metano é produzido pelas bactérias
acetotróficas a partir da redução de ácido acético ou pelas bactérias hidrogenotróficas a partir da
redução de dióxido de carbono18.

Figura 5 – Diagrama esquemático do processo biológico de digestão.

Uma unidade de biogás é uma instalação complexa, composta de uma variedade de elementos. O layout
de uma unidade depende, em grande medida, da quantidade e qualidade da matéria-prima a tratar. As
etapas principais de um processo de produção de biogás para produção de energia envolvem, como
evidenciado na figura 6, os seguintes processos: a) armazenamento e pré-tratamento da matéria-
prima; b) digestor; c) separador.

27
Calor Gases
Exaustão

Biomassa Pré-tratamento Digestor Biogás CHP Electricidade

Digestado
Separador
Agricultura

Efluente

Figura 6 – Diagrama esquemático do processo de digestão anaeróbio.

O mercado mundial de biogás tem aumentado consideravelmente nos últimos anos, sustentado em
intensa atividade de I&DT, bem como em políticas de apoio. Na Europa o sector do biogás conta já com
milhares de instalações, essencialmente nos precursores desta tecnologia, tais como, Alemanha,
Áustria, Dinamarca e Suécia. Um número muito significativo de unidades de biogás estão também em
operação no mundo, em particular na China e na Índia, onde se estima que cerca de 18 milhões de
digestores de biogás estivessem a laboral em 2006 na China e cerca de 5 milhões unidades de pequena
escala na Índia. Nos EUA, Canadá e muitos dos países latino-americanos está a ser implementada uma
dinâmica de desenvolvimento deste sector. O esforço atual de I&DT vai no sentido de melhorar as
tecnologias de conversão, a estabilidade operacional e o rendimento dos processos tendo como base o
desenvolvimento de novos digestores e processos, combinando com a experiência de unidades em
funcionamento.

A utilização de biogás para a produção combinada de calor e electricidade (CHP) começa a ser a
aplicação padrão na Europa. Por outro lado, o biogás também é já utilizado como biocombustível
renovável para o transporte em países como a Suécia, Suíça e Alemanha. Na Alemanha e na Áustria o
biogás produzido já alimenta a rede de gás natural. Outra aplicação que começa a estar próxima da
maturidade é a utilização do biogás em células de combustível 18.

Em Portugal o potencial de produção de energia com base em biogás é da ordem dos 900 GWh/ano
resultante do aproveitamento dos resíduos do sector agroalimentar (14%), agropecuário (26%),
ETAR’s (18%) e RSU (43%). A meta do governo estabelecida em 2005 era atingir 100 MW de potência
instalada em unidades de tratamento anaeróbico de resíduos até 2010. Apesar do potencial e das
metas do Governo, o Biogás representa atualmente apenas cerca de 0,2% do consumo energético
28
nacional com cerca de 80 GWh produzidos e uma potência instalada de apenas 21 MW (2009), ou seja,
cerca de 80% abaixo da meta dos 100 MW. As questões mais significativas que têm vindo a ser
preponderantes na questão de um maior ou menor crescimento desta tecnologia são a fraca aceitação
do processo de digestão anaeróbia, com exceção do tratamento das lamas das ETAR's a baixa
relevância dada à componente de valorização energética dos projetos ambientais, avaliados
essencialmente pela sua capacidade de tratamento e a baixa retribuição da energia elétrica produzida
a partir da digestão anaeróbia.

Deste modo, há neste momento a necessidade de se avançar com projetos de demonstração que
permitam testar tecnologia em casos de estudo, nomeadamente ao nível agrícola, de forma a
alavancar a implementação da tecnologia.

29
5.3 Produção de Combustíveis líquidos

a) Biodiesel
O biodiesel é um combustível alternativo ao gasóleo para utilização em motores diesel formado por
ésteres de ácidos gordos e ácidos carboxílicos de cadeia longa. Os esteres são produzidos a partir da
reação química de transesterificação de gorduras com um álcool, na presença de um catalisador de
acordo com uma reação do tipo seguinte:

A forma mais comum de biodiesel utiliza metanol e ácidos gordos produzindo ésteres metílicos,
designado por éster metílico de ácido gordos, em inglês Fatty Acid Methyl Ester (FAME). Após essa
transformação o biodiesel tem propriedades de combustão muito semelhantes às do óleo diesel de
petróleo, nomeadamente fluidez e poder calorífico, podendo substituí-lo nos usos mais correntes.
Neste processo de transesterificação forma-se como subproduto a glicerina.

Em termos de matérias-primas para a produção de biodiesel, todos os óleos vegetais, enquadrados na


categoria de óleos fixos ou triglicéridos, podem ser transformados em biodiesel. Assim, como materiais
para a produção de biodiesel, podemos usar os óleos de espécies vegetais, tais como, soja, colza,
jatropha, mostarda, linho, girassol, palmam, caju, amendoim, coco, cânhamo, etc.

Algumas destas culturas podem ser incluídas no conceito de 2.ª geração de biodiesel relativamente às
matérias-primas, ou seja, matérias-primas que não competem com a cadeia alimentar, nem na disputa
dos solos agrícolas, como é o caso da Jatropha curcas Linn (JCL). Esta cultura apresenta enormes
virtualidades e um grande potencial de expansão a nível mundial, mas ainda regista alguns problemas
que terão de ser solucionados, de forma a garantir o sucesso da cultura. Sucesso num regime de
produção intensivo e em larga escala, contexto muito diferente do que ocorria no passado e que
tornou a cultura popular, e que agora poderá permitir a sua afirmação como uma alternativa viável
para o sector dos Biocombustíveis.

Outro grupo de matérias-primas que pode ser utilizado para a produção de biodiesel são as gorduras
animais já que possuem estruturas químicas semelhantes às dos óleos vegetais, ou seja, são
constituídos por moléculas de triglicerídeos de ácidos gordos. Constituem exemplos de gorduras

30
animais, possíveis de serem transformados em biodiesel, o sebo bovino, os óleos de peixes, a banha de
porco, entre outras matérias gordas de origem animal. Óleos usados e águas residuais de algumas
indústrias alimentares e indústrias pesqueiras, apresentam também um bom potencial para a
produção de biodiesel.

Existem várias técnicas de extração do óleo de sementes oleaginosas, sendo as mais importantes os
processos de extração por solvente e os processos de extração mecânica utilizando prensagem. As
técnicas de prensagem, normalmente com base em prensas de parafuso, são preferidas para processos
de menor dimensão devido ao menor investimento, apresentando, todavia, menores taxas de remoção
de óleo que os processos de extração por solvente. Em unidades maiores, a extração por solvente, com
hexano, tem sido o processo mais frequentemente implementado com capacidades típicas entre as
100-9000 toneladas por dia. Extração com base em fluidos supercríticos, em particular, dióxido de
carbono, e extrações em meio aquoso são processos que têm vindo a ser também desenvolvidos. Na
figura 7 estão representados fluxogramas simplificados dos processos de extração por solventes e
extração supercrítica.

Preocupações ao nível dos riscos para a saúde humana e ambiental da utilização de solventes
orgânicos, em particular solventes derivados do petróleo, têm conduzido ao desenvolvimento de
processos que utilizem solventes alternativos, tais como, etanol, álcool isopropílico e os fluidos
supercríticos. A tecnologia de fluido supercrítico com dióxido de carbono tem sido uma das mais
utilizadas para óleos alimentares. O processo funciona com o dióxido de carbono como solvente a uma
pressão acima de 7,3 MPa, a sua pressão crítica, e a uma temperatura de 31 °C. A grande vantagem da
extração supercrítica é a enorme facilidade de remoção do solvente quando se promove a redução da
pressão. A viabilidade económica desta tecnologia continua muito dependente do investimento nas
colunas que funcionam a elevada pressão21.

21
Nyama, K. L.,et al. (2010). Extraction of tocopherol-enriched oils from Kalahari melon and roselle seeds by supercritical fluid
extraction (SFE-CO2). Food Chemistry 119, 1278–1283.
31
a)
Oleaginosas

Hexano Extracção de óleo Hexano

Solvente e Solvente e
Extractos sólidos óleo

Dessolventização
Tostagem Recuperação de
Secagem solvente
Arrefecimento

Extractos sólidos Óleo

b)
Óleo + CO2

Extractor de alta
pressão Separador
Oleaginosas

CO2

Óleo

Compressor

Figura 7 – Diagrama esquemático dos processos de extração por solventes e extração


supercrítica.

Em termos nacionais, a meta que se pretendia atingir em 2010 era de 10% de biocombustíveis a
incorporar nos combustíveis, meta que não foi atingida, ficando na ordem dos 5%. Todavia, o Decreto
– Lei n.º 117/2010, de 25 de Outubro, estabelece novos critérios de sustentabilidade para a produção
e utilização de biocombustíveis e biolíquidos definindo os limites de incorporação obrigatória de
biocombustíveis para os anos 2011 a 2020:

2011 e 2012 — 5 %;
2013 e 2014 — 5,5 %;
2015 e 2016 — 7,5 %;
2017 e 2018 — 9 %;
2019 e 2020 — 10 %.

32
Em 2010, existiam em Portugal cinco grandes produtores de biodiesel e cerca de 30 pequenos
produtores. Podem ser considerados pequenos produtores dedicados as empresas que tenham os
seguintes requisitos: a) uma produção máxima anual de 3.000 toneladas de biocombustível ou de
outros combustíveis renováveis; b) que aproveitem matérias residuais; c) que coloquem toda a sua
produção em frotas e consumidores cativos, devidamente identificados.

Neste contexto, há neste momento a necessidade de se avançar com projetos de demonstração de


tecnologias de extração mecânica, solventes ou supercrítica, que permitam testar numa fase de
pré-investimento, novas matérias-primas oleaginosas resultantes de uma aposta em termos
agrícolas nacionais e internacionais.

6. Suporte laboratorial da incubadora

O suporte laboratorial da incubadora será assegurado pelos laboratórios já instalados no Instituto


Politécnico de Portalegre, em particular na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, situada no campus
onde irá ser instalado o BioEnergia, e na Escola Agrária de Elvas.

Este suporte reveste-se de enorme relevância já que permite às empresas incubadas, juntamente com
as unidades de suporte tecnológico, desenvolver novos combustíveis e novos processos de produção,
bem como garantir níveis de qualidade dos mesmos.

Os laboratórios instalados e já em funcionamento são os seguintes:

- Laboratório de Química Agrícola


- Laboratório de Biologia
- Laboratório de Análises Clínicas
- Laboratório Agroalimentar
- Laboratório de Química e Bioquímica
- Laboratório de Física e Materiais
- Laboratório de Civil
- Laboratório de Eletricidade e Automação
- Laboratório de Energias Renováveis
- Laboratório de Mecânica

Pretende-se no âmbito do BioEnergia a instalação de um laboratório de microbiologia nas instalações


da Escola Superior de Tecnologia e Gestão.

33
Uma listagem dos equipamentos disponíveis está apresentada no anexo B.

34
Parte C - A Incubadora industrial de base tecnológica

7. Introdução

7.1 A interação entre o Ensino Superior e as Empresas

Mesmo sendo uma instituição medieval, a universidade ganhou e tem nos dias de hoje,
potencialmente, maior flexibilidade na utilização dos seus recursos, o que lhe confere a possibilidade
de entrar em novas áreas e de estabelecer novas formas de relacionamento com a envolvente externa,
nomeadamente com as empresas. Criada para a preservação do conhecimento, verificou-se um
processo de transformação para a universidade da investigação e, depois, para a universidade
empreendedora, tornando-se o aproveitamento desta capacidade especialmente importante em
tempos de crise22.

Num estudo realizado em Portugal por Marques et al23, sobre 11 incubadoras associadas com e/ou
promovidas por oito universidades (sete das quais públicas), com uma amostra final de 79 empresas,
foram indicadas cinco medidas para uma política que permitisse ultrapassar o fosso existente nas
relações entre as universidades e as empresas: a exploração económica, pela universidade, dos seus
resultados de I&D; definição das políticas de inovação da universidade; criação de um interface dentro
da universidade e de uma incubadora no exterior da mesma; criação de uma rede para a inovação e o
desenvolvimento de ações concretas para reforçar a motivação dos investigadores.

É neste contexto, de maior consciência da importância de uma efetiva aproximação entre a


universidade e o tecido empresarial, e da necessidade de serem criados mecanismos que tornem a
parceria entre os dois mundos uma realidade, que se desenvolveu o conceito de incubadora de
empresas, mais especificamente das incubadoras promovidas por e/ou instaladas em instituições de
ensino superior.

7.2. Conceito e relevância do papel das incubadoras

22 Etzkowitz, H. (2002), Incubation of incubators: innovation as a triple helix of university-industry-government networks,


Science and Public Policy, 29(2), 115-128.

23 Marques, J.P.C., Caraça, J.M.G. e Diz, H. (2010), Do business incubators function as a transfer technology mechanism from
university to industry? Evidence from Portugal, The open Business Journal, 3, 15-29.

35
Hackett e Dilts24 definiram o conceito de incubadora de empresas como sendo “uma estrutura de
espaço partilhado, que procura disponibilizar, às empresas incubadas, um sistema de intervenção
estratégico e com valor acrescentado, de monitorização e de assistência nos negócios.” Este sistema
controla e estabelece a ligação entre os recursos, com o objetivo de facilitar o sucesso no
desenvolvimento das novas empresas, reduzindo, simultaneamente, o custo do seu eventual fracasso.

Problemas associados com o modelo de gestão, ou a ausência dele, e com o financiamento, são
frequentemente referidos como sendo os principais motivos para o facto do número de negócios
sobreviventes, após os primeiros anos de atividade, ser muito reduzido, sendo este insucesso mais
evidente nos negócios de pequena dimensão.

Também o facto dos empreendedores, não obstante poderem reunir um conjunto de conhecimentos
especializados, apresentarem, muitas vezes, falta de competências empresariais, constitui uma
explicação para que muitas empresas cessem a atividade nos primeiros anos de vida.

É precisamente para colmatar estas lacunas no conhecimento, que as incubadoras podem


desempenhar um papel muito importante, prestando o apoio aos empreendedores e reduzindo os seus
custos operacionais na fase de arranque. Assim, o objetivo central de uma incubadora é aumentar as
hipóteses das empresas sobreviverem nos anos iniciais da sua atividade25.

No estudo “Benchmarking of Business Incubators”, realizado pela Comissão Europeia em 2002, foi
revelado que a taxa de sobrevivência das empresas instaladas em incubadoras foi significativamente
superior à taxa de sucesso entre as pequenas e médias empresas em geral. Entre 80 a 90% das
empresas incubadas continuavam em atividade passados cinco anos sobre o seu arranque.

A participação das instituições de ensino superior no surgimento de novas incubadoras de empresas é


particularmente significativa no caso específico das incubadoras tecnológicas, também na medida em
que estas contribuem para facilitar o processo de transferência de tecnologia e de conhecimento entre
o ensino superior e as empresas.

24 Hackett, S.M., Dilts, D.M. (2004), A systematic review of business incubation, Journal of Technology Transfer, 29, 55-82.

25 Allen, D.N., Rahman, S. (1985), Small business incubators: a positive environment for entrepreneurship, Journal of Small
Business Management, July, 12-22.

36
Por exemplo, dos vários estudos que foram realizados sobre incubadoras tecnológicas, Rothaermel e
Thursby26, concluíram que estas são iniciativas baseadas, fundamentalmente, nas universidades, o que
deverá facilitar os fluxos de conhecimento, que é gerado em ambiente académico, para as empresas
incubadas.

O envolvimento direto das instituições de ensino superior na criação de incubadoras tecnológicas,


constitui, igualmente, um contributo ativo para o desenvolvimento das regiões onde se integram.
Mian27 refere que “o desenvolvimento económico regional é o principal objetivo das incubadoras
tecnológicas promovidas por universidades”, destacando, também, como outros objetivos importantes,
a transferência de tecnologia e a comercialização da investigação que é realizada pelas próprias
universidades.

7.3. A gestão e as características das incubadoras de empresas

a) Financiamento das incubadoras

Aerts et al28 analisaram a realidade europeia sobre a incubação de empresas, considerando uma
amostra final de 107 incubadoras. Relativamente às fontes de financiamento, concluíram que as
origens mais importantes de rendimento das incubadoras (em 81% dos casos estudados) são as
rendas e os serviços pagos pelas empresas incubadas. Outras conclusões relevantes, obtidas neste
estudo, são que 80% das incubadoras são autossuficientes, o que evidencia uma taxa de sucesso
elevada deste tipo de infraestruturas de apoio à atividade empresarial, e que apenas uma minoria das
incubadoras europeias, concretamente 29%, tem fins lucrativos.

b) Seleção das empresas e serviços/recursos disponibilizados

Quanto à eventualidade de se realizar uma seleção das empresas para instalação nas incubadoras, de
acordo com o estudo realizado por Aerts et al29, concluiu-se que das incubadoras que realizam esse
processo, 76% fazem-no através de uma comissão de seleção, constituída para esse efeito. Nas

26 Rothaermel, F.T., Thursby, M. (2005), University-incubator firm knowledge flows: assessing their impact on incubator firm
performance, Research Policy, 34, 305-320.

27 Mian, S. (1994), US university-sponsored technology incubators: an overview of management, policies and performance,
Technovation, 14(8), 515-528.

28 ob. cit.
29 ob. cit.
37
restantes incubadoras, a tomada de decisão quanto à instalação de novas empresas verifica-se apenas
com base no julgamento feito por uma única pessoa.

Em média, a perspetiva de existência de mercado é o fator de seleção mais importante (61%). O


segundo critério mais relevante, tem a ver com a análise da composição da equipa de gestão da
empresa que se apresenta como candidata (27%), sendo os fatores financeiros menos importantes
(6%), para esse processo de seleção.

Aerts et al.30 referem que as empresas instaladas nas incubadoras europeias têm uma grande
variedade de serviços ao seu dispor. Apenas 4% das 107 incubadoras analisadas não está equipada
com uma sala de reuniões ou instalações para realização de conferências. A grande maioria das
incubadoras (88%) oferece a possibilidade do estabelecimento de relações de negócio às empresas
incubadas, e 86% prestam assistência na elaboração do plano de negócios e no desenvolvimento
futuro das empresas. Também o apoio na obtenção de financiamento constitui uma atividade normal
entre as incubadoras (79%), tal como acontece com a disponibilização de equipamento geral de
escritório (77%), e de serviços, na área de marketing (73%) e de consultoria financeira (72%). De
destacar ainda que 68% das incubadoras oferecem serviços numa fase de pré-incubação, para apoio
aos futuros empreendedores.

Allen e Rahman31 salientaram que uma das dimensões críticas de uma incubadora, e que a distingue de
uma rede de escritórios com serviços partilhados ou de um edifício comercial multiempresas, é a
prestação, no mesmo local, de serviços partilhados e de consultoria de negócios.

Esta consultoria pode ser prestada por colaboradores da própria incubadora ou por consultores
independentes, indicados e/ou contratados pela gestão da incubadora. No estudo realizado, estes
investigadores concluíram que os serviços mais frequentemente disponibilizados pelas incubadoras
são a cópia de documentos, o envio e a receção de correspondência, as salas para realização de
conferências, a assistência na elaboração do plano de negócios e o apoio administrativo. Outros
serviços, como benefícios no acesso a serviços de saúde, representação e aconselhamento legal e apoio
no acesso a capital de risco ou capital semente, são normalmente prestados através de acordos
contratuais ou por outras entidades, ainda que ligadas à incubadora.

Por exemplo, no estudo de Cooper et al.32, salientava-se que eram os próprios profissionais da
incubadora quem asseguravam a consultoria especializada às empresas instaladas, nas áreas de
finanças, contabilidade, marketing e relações públicas.

30 ob. cit.
31 ob. cit.
38
Abordando a questão mais específica das empresas de alta tecnologia, McAdam e McAdam33
procuraram explicar como o desenvolvimento do ciclo de vida destas empresas, instaladas em
incubadoras presentes em parques de ciência universitários, pode influenciar a forma como utilizam
as oportunidades e os recursos únicos proporcionados por essas incubadoras.

Concluíram que, no período inicial do ciclo de vida, as incubadoras apoiam as empresas de alta
tecnologia, proporcionando-lhes as instalações para os escritórios, cantinas, parque de
estacionamento e serviços partilhados de secretariado. Podendo parecer questões triviais, os
empreendedores referiram a utilidade de poderem contar com estes apoios, porque lhes permitiu
concentrarem-se totalmente no seu negócio durante a fase inicial de crescimento das empresas.

No entanto, à medida que as empresas de alta tecnologia progrediram no respetivo ciclo de vida,
enfrentaram desafios específicos, tais como conseguirem dispor de uma equipa equilibrada, a
capacidade para delegar e a implementação de sistemas de gestão adequados. Os resultados mostram
que a propensão das empresas de alta tecnologia para utilizarem os recursos e o apoio das
incubadoras aumenta à medida que a empresa evolui no seu ciclo de vida. Por isso, a gestão das
incubadoras deve ser sensível e flexível em relação a estas variações.

Admitindo a existência de problemas que decorrem do facto das incubadoras não prestarem alguns
dos serviços entendidos como importantes pelas empresas incubadas, Allen e Rahman 34 defendem
que, se alguns serviços, como a contabilidade, o marketing e o apoio jurídico, não puderem ser
assegurados internamente pela incubadora, esta deve tentar estabelecer uma rede local de
prestadores de serviços, a preços mais reduzidos do que os normalmente praticados no mercado.

c) Factores críticos de sucesso das incubadoras e valor acrescentado para as empresas

Smilor, citado por Lee e Osteryoung35, investigou os fatores críticos de sucesso relacionados com a
gestão eficiente de incubadoras e sugeriu os seguintes: conhecimento sobre os negócios; acesso a

32 Cooper, C.E., Hamel, S.A., Connaughton, S.L. (2010), Motivations and obstacles to networking in a university business
incubator, Journal of Technology Transfer, publicado online em 25/09.

33 McAdam, M., McAdam, R. (2008), High tech start-ups in University Science Park incubators: The relationship between the
start-up’s lifecycle progression and use of the incubator’s resources, Technovation, 28, 277-290.

34 ob. cit.
35 Lee, S.S., Osteryoung, J.S. (2004), A Comparison of Critical Success Factors for Effective Operations of University Business
Incubators in the United States and Korea, Journal of Small Business Management, 42(4), 418-426.

39
financiamento e capitalização; apoio financeiro em espécie às empresas; apoio comunitário; rede de
empreendedores; educação em empreendedorismo; capacidade de perceção do sucesso; processo de
seleção para as empresas a incubar e ligação a uma universidade.

A importância do fator “ligação a uma universidade” para o sucesso das incubadoras, surge também
referida no trabalho de Rothaermel e Thursby36. Estes investigadores concluíram, numa investigação
realizada junto de 79 start-up incubadas na Advanced Technology Development Center, uma
incubadora promovida pelo Georgia Institute of Technology, nos EUA, que as ligações entre a
universidade e uma nova empresa, através de uma licença para a empresa desenvolver invenções
geradas na instituição universitária e/ou pelo facto de um professor da universidade integrar a sua
equipa de gestão, reduzem significativamente a hipótese de um fracasso absoluto da empresa.

Algo que contribuirá, de forma decisiva, para o sucesso das incubadoras, relaciona-se com o valor
acrescentado que as mesmas proporcionam às empresas que se encontram incubadas nas suas
instalações e que motivará, em consequência, um maior interesse para que novas empresas queiram
instalar-se no futuro.

Campbell et al.37 referiram que o valor acrescentado proporcionado pelas incubadoras às novas
empresas instaladas pode assumir diferentes formas, nomeadamente: o diagnóstico das necessidades
totais do negócio; a seleção, provisão e monitorização dos processos de aquisição, implementação e
coordenação dos serviços necessários para o negócio; o fornecimento de capital, se necessário, para
pagar o desenvolvimento do produto e dos serviços que sejam necessários contratar a outros
profissionais; a disponibilização de uma rede crescente de especialistas no desenvolvimento do
negócio.

Relativamente ao valor acrescentado proporcionado pelas incubadoras tecnológicas, Colombo e


Delmastro38 realizaram um estudo, com base numa amostra de 45 empresas italianas, localizadas em
incubadoras tecnológicas que, por sua vez, se situavam no interior de um parque de ciência ou de um

36 Rothaermel, F.T., Thursby, M. (2005), Incubator firm failure or graduation? The role of university linkages, Research Policy,
34, 1076-1090.

37 Campbell, C., Kendrick, R.C., Samuelson, D.S. (1985), Stalking the latent entrepreneur: business incubators end economic
development, Economic Development Review, Summer, 43-48.

38 Colombo, M.G., Delmastro, M. (2002), How effective are technology incubators? Evidence from Italy, Research Policy, 31,
1103-1122.

40
business innovation center (BIC). Estas empresas foram comparadas com uma amostra de controlo,
constituída por empresas não incubadas.

Os resultados obtidos indicam que os parques de ciência e os BIC italianos foram bastante bem
sucedidos na atração de empreendedores com capital humano de alta qualidade. Em média, os
empreendedores com o grau de doutoramento e com formação superior em engenharia ou noutros
campos científicos e tecnológicos encontram-se em percentagem muito mais significativa nas
empresas incubadas.

Por outro lado, concluíram que as empresas instaladas em incubadoras têm acesso mais facilitado aos
subsídios públicos, relacionando este facto com o reconhecimento da validade do processo de seleção
efetuado pelas incubadoras, e que garante melhores expectativas quanto ao desenvolvimento dos
negócios. As empresas incubadas mostram ainda melhores resultados na adoção de tecnologias de
informação e comunicação inovadoras, na participação em projetos de investigação apoiados pela
União Europeia e na capacidade para tirar vantagem dos serviços técnicos e científicos
proporcionados pelas instituições que se dedicam à investigação. Destaque-se ainda o facto das
empresas incubadas mostrarem maior probabilidade de estabelecer relações cooperativas formais, em
especial no que se refere à colaboração técnica com as universidades.

d) Rede interna e externa

Marques et al39, na análise efetuada, em Portugal, sobre 11 incubadoras ligadas a universidades,


confirmaram que as incubadoras de empresas portuguesas não são organizações isoladas e que
tendem a estar relacionadas com fontes públicas e privadas de conhecimento científico e/ou
tecnológico, incluindo neste campo não só as universidades, mas também os parques de ciência e
tecnologia, os parques tecnológicos, os business innovation center (BIC), as instituições públicas e
privadas de investigação e desenvolvimento, bem como as empresas de base tecnológica e as fontes de
financiamento.

O estabelecimento de redes de cooperação, internas e com a comunidade exterior, afigura-se como um


fator decisivo para que as incubadoras possam alcançar os principais objetivos que estão na sua
génese.

Numa perspetiva interna, sendo desejável, em absoluto, o estabelecimento de uma rede de cooperação
entre as empresas incubadas, os dados recolhidos por Cooper et al.40 evidenciam os obstáculos que

39 Ob. cit.
40 Ob. cit.
41
podem emergir para se alcançar uma rede de trabalho com sucesso, no interior de uma incubadora, no
caso concreto de cariz tecnológico. Os autores sugerem que as empresas instaladas devem balancear a
tensão existente entre a independência [que querem ter] e a conectividade [que é importante terem,
embora possam não querer ou não reconhecer a sua importância]. A primeira é necessária para
manter o foco nos objetivos da empresa e proteger a propriedade da informação. Mas a conectividade
é desejável para aprender com as experiências e os conhecimentos adquiridos pelas outras empresas.

Hansen et al,41 tal como Aerts et al.42, concordam que o networking é um fator de sucesso fundamental
para as empresas incubadas, nomeadamente para as start-ups. Isto porque permite alcançar
economias de escala, que resultam da partilha ou da utilização conjunta de inputs.

Campbell et al.43 dizem que uma incubadora de empresas é “um instrumento interessante para
perseguir o empreendedor latente”. Isto porque funciona como um agente facilitador na construção de
pontes entre a comunidade de empreendedores, as suas oportunidades de negócio e as redes de apoio
profissional e financeiro.

8. A incubadora de empresas do BioEnergia

A incubadora de empresas integrada no projeto BioEnergia fará parte da rede de incubação regional,
criada por intermédio do Sistema Regional de Transferência de Tecnologia, com o objetivo de valorizar
o empreendedorismo e de estimular o surgimento de empresas de base científica e/ou tecnológica na
região Alentejo.

Como foi referido no Programa Estratégico, cada uma das incubadoras que integra a rede terá uma
gestão autónoma. No entanto, foi desde o início assumido que as incubadoras deverão incorporar na
sua oferta de serviços o que for estabelecido por protocolo, entre os parceiros do Sistema Regional de
Transferência de Tecnologia, permitindo uma relativa homogeneidade da oferta de serviços de cada
uma das incubadoras.

Salvaguardando o facto de o IPP partilhar da ideia de ser importante esta articulação, na rede de
incubadoras, sobre a oferta de um conjunto de serviços mínimos, existe também já a convicção sobre a
relevância, para as empresas incubadas ou a incubar, de serem disponibilizados alguns serviços

41 Hansen, M.T., Chesbrough, H.W., Nohria, N., Sull, D.N. (2000), Networked incubators: hothouses of the new economy,
Harvard Business Review, September-October, 74-84.
42 Ob. cit.
43 O. cit.
42
específicos, em função das boas práticas identificadas na incubação de empresas, algumas delas
referidas na primeira parte deste documento.

8.1 Seleção das empresas a incubar

Existe a convicção de que a seletividade na escolha das empresas a incubar é suscetível de trazer
benefícios, quer para a incubadora, enquanto estrutura de apoio, quer para as próprias empresas.

O processo de seleção será realizado por uma comissão constituída para o efeito, conferindo
credibilidade acrescida à incubadora mas também às empresas, desde logo porque potencia o valor
acrescentado que estas retiram pelo facto de estarem incubadas, em termos de prestígio e imagem
junto de entidades externas. O selo de qualidade de uma incubadora pode “colar-se” às empresas
incubadas, facilitando a sua ligação e o acesso a diferentes serviços, como acontece com as entidades
financiadoras.

A comissão de seleção integrará representantes das entidades parceiras do projeto BioEnergia, que se
tornarão novos associados da Associação que o irá gerir, e a sua composição final será definida pelos
órgãos próprios desta Associação.

8.2 Serviços disponibilizados

Na incubadora de empresas de base tecnológica do BioEnergia, propomo-nos disponibilizar um leque


de serviços que vá ao encontro das melhores práticas que foram identificadas, a seguir resumidamente
indicados:

 Serviços em fase de pré-incubação, incluindo apoio ao desenvolvimento da ideia,


enquadramento legal da empresa e da atividade e elaboração de plano de negócios;
 Sala de reuniões, integrada no espaço da incubadora;
 Instalações para realização de conferências, seminários, ações de formação ou outras
iniciativas no mesmo âmbito. Neste caso serão utilizadas as facilidades existentes na Escola
Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Portalegre (ESTG-IPP), cujas
instalações se situam no mesmo espaço onde a incubadora e toda a restante infraestrutura do
BioEnergia será edificada;
 Acesso ao bar e à cantina da ESTG-IPP;
 Acesso a linhas de telefone, de fax e internet;
 Utilização da rede elétrica, de água e de saneamento;

43
 Apoio administrativo geral, incluindo cópia de documentos, envio e receção de documentos e
receção e atendimento de visitantes;
 Assistência na elaboração de planos de desenvolvimento do negócio;
 Apoio na obtenção de financiamento junto de instituições bancárias. Neste âmbito pode
salientar-se que o IPP mantém, desde há vários anos, uma parceria com a Caixa Geral de
Depósitos, onde se considera a disponibilidade desta instituição financeira para avaliar e
financiar projetos a incubar.
 Apoio na obtenção de financiamento junto de sociedades de capital de risco e de clubes de
business angels, mediante protocolos a estabelecer.
 Aconselhamento e apoio na elaboração de candidaturas a sistemas de incentivos;
 Serviços de consultoria financeira;
 Apoio contabilístico e fiscal;
 Apoio jurídico;
 Serviços na área da publicidade e do marketing;
 Apoio nos processos científicos e tecnológicos.

Os serviços de apoio administrativo e de aconselhamento financeiro, contabilístico e fiscal serão


assegurados pela estrutura de pessoal permanente da incubadora.

Os restantes serviços indicados serão da responsabilidade quer de investigadores ligados ao IPP, quer
de empresas com quem serão celebrados acordos de prestação de serviços, apostando-se fortemente
na criação de uma rede local de prestadores. Assim, o BioEnergia terá não só um efeito direto de
criação de empresas e de empregos, mas também irá contribuir para a dinamização do tecido
empresarial da região, fundamentalmente de um conjunto de microempresas que desenvolvem
atividades em áreas muito específicas e que empregam pessoal qualificado.

9. Modelo de Gestão

Como foi referido no Programa Estratégico do Sistema Regional de Transferência de Tecnologia, em


que se integra a presente operação, a gestão da atividade e da estrutura física (instalações e
equipamentos), quer da incubadora quer da componente laboratorial do BioEnergia, ficará sob a
responsabilidade de uma Associação.

Essa Associação está identificada, tendo a opção recaído sobre uma estrutura associativa já existente,
com ligação estreita ao Instituto Politécnico de Portalegre e com experiência na participação e gestão
de projetos com impacto, fundamentalmente, no distrito de Portalegre: a Associação de
44
Desenvolvimento Regional do Instituto Politécnico de Portalegre (ADR-IPP), cuja apresentação mais
detalhada se encontra no anexo C.

Será importante realçar a principal motivação que conduziu à escolha da ADR-IPP para assumir a
gestão do BioEnergia: potenciar uma organização com experiência e conhecimento, tácito e formal,
sobre a região, as suas necessidades e o seu potencial, e com ligações consolidadas com outras
instituições e empresas locais e regionais. Evita-se, assim, a criação de uma nova Associação, que teria
como consequência imediata a dispersão de recursos, a sobreposição de áreas de atuação e a divisão
de esforços, num momento em que a união e o aproveitamento dos recursos existentes assumem
particular importância.

Todas as empresas e entidades parceiras na implementação e desenvolvimento do BioEnergia


deverão associar-se à ADR-IPP. O IPP, promotor e proprietário da estrutura física (instalações e
equipamentos) formalizará um acordo com a Associação, para efeitos de gestão do BioEnergia, o qual
contemplará um conjunto de direitos e deveres para a ADR-IPP, a seguir genericamente identificados.

 Serão deveres da ADR-IPP:

1. Pagar ao IPP a utilização das instalações, dos equipamentos e dos recursos humanos.
2. Gerir a atividade da incubadora, nomeadamente o acolhimento e o acompanhamento técnico e
administrativo das empresas a incubar/incubadas.
3. Gerir a prestação de serviços do centro de BioEnergia;
4. Assegurar a estrutura de recursos humanos necessária à exploração do espaço;
6. Constituir a comissão de seleção das empresas a incubar;
7. Acompanhar a comissão de seleção no processo de seleção das empresas a incubar;

 Serão direitos da ADR-IPP:

1. Ter acesso aos meios técnicos e humanos do IPP, necessários à prestação de serviços às empresas e
à execução de projetos conjuntos com as entidades parceiras;
2. Gerir todas as receitas relativas à exploração do espaço e dos equipamentos;
3. Nomear a comissão de seleção das empresas a incubar;
5. Formar as equipas que entender adequadas para a prestação dos diferentes serviços;
6. Formar as equipas de execução dos projetos.

45
Desta forma, o IPP assegura a estrutura e os custos fixos que lhe estão associados, disponibilizando à
ADR-IPP os recursos físicos afetos ao BioEnergia e os seus recursos humanos (técnicos,
investigadores…), para prestação de serviços de apoio técnico e científico. A Associação será
responsável pela gestão da utilização da incubadora e dos equipamentos, estabelecendo a ligação às
empresas a incubar e a outras empresas/instituições, e recorrendo às competências existentes no IPP,
na Rede de Ciência e Tecnologia do Alentejo e em outros parceiros protocolados do Sistema Científico
e Tecnológico, nacional e internacional.

10. Financiamento e sustentabilidade do projeto

Reteve-se do estudo de Aerts et al.44, o qual, como já foi referido, teve como amostra um total de 107
incubadoras europeias, o facto de 80% destas estruturas serem autossustentáveis, sendo a principal
fonte de receita as rendas e os serviços pagos pelas empresas.

Esta conclusão é particularmente importante quando são conhecidas as restrições quanto à


possibilidade atual de contar com a disponibilidade de dinheiros públicos, uma situação generalizada a
nível mundial, permitindo acreditar que continuarão a ser criadas incubadoras e, mais do que isso, que
estas poderão ser um mecanismo importante de dinamização empresarial e, consequentemente, de
criação de emprego.

O IPP, enquanto promotor do BioEnergia acredita que, face aos dados conhecidos sobre outras
incubadoras, que também neste projeto a principal fonte de financiamento residirá nas rendas pagas
pelas empresas incubadas e, principalmente, na receita a arrecadar pela prestação dos diferentes
serviços, quer às empresas instaladas, quer a empresas e entidades externas, nomeadamente em
função das atividades a realizar pelas unidades piloto já descritas.

Existe ainda a expectativa que o IPP possa também ter retorno do investimento realizado, pela energia
gerada na nova estrutura, que irá nascer com a implementação do BioEnergia.

A preocupação e o comprometimento do IPP com o empreendedorismo e a promoção do emprego,


como pilares fundamentais para a fixação de pessoas numa região particularmente carenciada de
novas iniciativas empresariais, podem ser comprovadas por um conjunto de ações que o Instituto,
diretamente ou através das suas Escolas integradas, tem concretizado nos últimos anos, quer como
promotor principal quer em colaboração com outras entidades.

44 Ob, cit.
46
Pode ainda ser destacado um outro conjunto de ações, que evidenciam a aposta fundamental que o IPP
tem vindo a realizar na área da energia e, mais especificamente, na bioenergia.

Referem-se, de seguida, algumas das ações mais relevantes e com maior impacto e que cruzam os
temas empreendedorismo, emprego e bioenergia:

 Criação do Mestrado em Empreendedorismo e Gestão de PME (MEGPME), na Escola Superior


de Tecnologia e Gestão do IPP. O Mestrado vai já na sua 4ª edição, com o envolvimento total de
cerca de 80 alunos.
 Criação do Mestrado em Tecnologias de Valorização Ambiental e Produção de Energia
(TVAPE), na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do IPP (está a decorrer a 3ª edição do
Mestrado).
 Criação do Gabinete de Empreendedorismo e Emprego, como estrutura formal do Instituto.
 Criação do Centro de Investigação de Bionergia, integrado no Centro Interdisciplinar de
Investigação e Inovação (C3i) do Instituto Politécnico de Portalegre.
 Criação de uma plataforma para dinamização do mercado de trabalho no Alto Alentejo (bolsa
de emprego do IPP, disponível em http://www.emprego.ipportalegre.pt/).
 Participação e dinamização regional do Concurso Poliempreende (Empreendedorismo no
Ensino Superior Politécnico).
 Colaboração na organização da ENOVE+ - Feira de Emprego e Empreendedorismo, promovida
pela ADR-IPP. A 4ª edição desta feira realizou-se em Março de 2012, em Sousel. Em anos
anteriores realizou-se em Portalegre, por duas ocasiões, e em Elvas, apostando-se
deliberadamente em realizar a ENOVE+ em diferentes concelhos do Distrito; a edição de 2013
está já marcada para Campo Maior.

Estas ações, que se complementam e reforçam mutuamente, surgem como fonte de sustentabilidade
do BioEnergia, numa perspetiva da criação de uma envolvente favorável ao empreendedorismo.

11. Equipa de gestão e acompanhamento do projeto

O projeto terá uma Direção Executiva, constituída por …., a qual será apoiada por um secretariado, com
funções administrativas gerais.

Aposta-se numa estrutura funcional simples, com duas grandes áreas:


47
 Um gabinete de apoio à incubação de empresas, responsável pelos contactos com os
empreendedores, desde a fase de mera apresentação da ideia até ao acompanhamento das
empresas já incubadas.

Este gabinete será constituído por técnicos cuja formação e experiência profissional lhes
permita apoiar os empreendedores na elaboração de planos de desenvolvimento do negócio,
na obtenção de financiamento, na elaboração de candidaturas a sistemas de incentivo ao
investimento e prestar serviços de consultoria financeira, contabilística e fiscal.

 Laboratórios de desenvolvimento tecnológico, com uma coordenação geral do seu


funcionamento e responsáveis específicos por cada um dos laboratórios de suporte à
incubadora.

Em anexo são apresentados os curricula das pessoas que estão já identificadas para colaborar no
BioEnergia, quer na equipa de gestão, quer no que se refere à equipa de apoio técnico, no gabinete de
apoio à incubação de empresas e nos laboratórios.

48
12. Plano de divulgação

12.1. Objetivos de Comunicação


Os objetivos da comunicação são fundamentais como orientação da atividade do Centro de
BioEnergia, e na relação coerente que se pretende que este tenha com os seus públicos e parceiros.

Neste sentido, apresenta-se aquele que é um primeiro esboço do trabalho que o Centro de BioEnergia
vai desenvolver, relativamente à divulgação das suas atividades.

Beneficio Principal
O BioEnergia vai potenciar na comunidade académica e na região uma cultura empreendedora,
concedendo a oportunidade aos diplomados do IPP, embora não exclusivamente a estes, de poderem
materializar as suas ideias e criar os seus projetos num ambiente favorável à criação de empresas.

Por outro lado, trata-se de uma estrutura que possibilita a transferência de conhecimento para o
tecido empresarial.

Posicionamento
O BioEnergia pretende ser uma referência para Portugal na área da energia limpa, dotando-se de
equipamentos que permitirão às empresas, aquelas que serão incubadas e às já existentes no sector
energético, desenvolver investigações para a promoção de novos produtos e serviços. Por outro lado
permite aos alunos, diplomados e investigadores, principalmente do IPP, desenvolver estudos na área
das energias limpas num ambiente laboratorial.

12.2. Parceiros e Público-alvo

Parceiros
- Delta Cafés
- VALNOR SA. - Empresa responsável pela recolha, triagem, valorização e tratamento de
resíduos sólidos em 25 Municípios, dos distritos de Portalegre, Santarém e Castelo Branco, tem
como principal missão a preservação do meio ambiente onde se insere e a melhoria do serviço
prestado às populações no âmbito da gestão dos resíduos sólidos urbanos.
- Selenis Portugal SA. - Indústria de Polímeros em Portugal, especialista em PET.
- Galp Energia SA. - A Galp Energia é um operador integrado de energia presente em toda a
cadeia de valor do petróleo e do gás natural e cada vez mais ativo nas energias renováveis.
49
- Nutroton Energias – Uma empresa que trabalha nas diferentes formas de energias limpas
como é o caso da eólica, fotovoltaica e mini-hídricas.
- Águas do Norte Alentejano - Trabalha na concessão, exploração e gestão do Sistema
Multimunicipal de Abastecimento de Água e de Saneamento do Norte Alentejano.
- Associação de Agricultores do Distrito de Portalegre - É uma Associação horizontal, cuja
área geográfica de implantação, abrangendo todo o Distrito de Portalegre.
- CTIC – Centro Tecnológico das Indústrias do Couro - O CTIC é uma infraestrutura
tecnológica, promotora e catalisadora da valorização e inovação tecnológica da indústria de
curtumes nacional.
- CTCV – Centro Tecnológico da Cerâmica e do Vidro
- Câmara Municipal de Portalegre
- Câmara Municipal de Nisa
- AreanaTejo – Agência de Energia
- CBE – Centro de Biomassa para a Energia
- Casal & Carreira Biomassa

Público-alvo
O Centro de BioEnergia tem, genericamente, dois tipos de públicos: as organizações (empresas,
associações, instituições), que podem estar relacionadas com o sector energético ou não e os
potenciais empreendedores, preferencialmente os diplomados do IPP. As organizações podem usufruir
das instalações e dos equipamentos do Centro de BioEnergia para melhorar os seus produtos e/ou
serviços, quer de uma forma autónoma ou em cooperação com alunos, docentes e/ou investigadores.
Quanto aos alunos do IPP, podem destacar-se, em especial, os que frequentam/frequentaram os
Mestrados de Tecnologias de Valorização Ambiental e Produção de Energia (TVAPE) e de
Empreendedorismo e Gestão de PME (EGPME) e a licenciatura em Engenharia das Energias
Renováveis e Ambiente (EERA). Em Dezembro de 2011, os registos indicavam cerca de 300 alunos,
inscritos e diplomados nos cursos referidos.

12.3. Fases do processo de comunicação


As atividades a desenvolver neste projeto dividem-se em três grandes momentos: 1ª Fase Negociação
com parceiros; 2ª Fase Construção e montagem dos equipamentos; 3ª Fase Atividade do Centro de
BioEnergia.

1ªFase – Pré-candidatura
[Ano de 2011 e 1º semestre de 2012]

50
São feitos os contactos necessários à viabilização do projeto, a procura dos parceiros no sentido de se
perceber quais as necessidades dos mesmos, sendo indispensável ao suporte da candidatura.

Neste momento estão identificados alguns dos parceiros nucleares do projeto, já referidos
anteriormente. No entanto, os contatos para o estabelecimento de novas colaborações vão continuar
em permanência, mesmo com o início da atividade do Centro.

É necessário desenvolver um briefing para o desenvolvimento da marca do centro de BioEnergia, e


respetivas peças gráficas de comunicação. O desenvolvimento de um sítio é tido como fundamental
para evidenciar o desenvolvimento do projeto.

2ª Fase – Pós Aprovação da candidatura


[Julho de 2012 a Dezembro de 2013]

Com as peças de comunicação desenvolvidas é necessário apostar no reconhecimento da marca do


Centro de BioEnergia.

O lançamento da “1ª Pedra” será um momento importante para conferir visibilidade ao investimento
e dar a conhecer melhor os propósitos do Centro.

Nesta fase, pretende-se:


 Efetivar e consolidar a relação com os parceiros.
 Planificar atividades, para concretização dos objetivos definidos, tendo em conta os públicos-
alvo.
 Promover reuniões regulares com potenciais empreendedores, visando a criação de novas
empresas a incubar.

3ª Fase – Abertura das Portas do Centro de BioEnergia


[ Janeiro de 2014 a Dezembro de 2016]
Prevê-se que em Janeiro de 2014 o Centro de BioEnergia possa iniciar a atividade de portas abertas.

12.4. Meios e atividades em cada fase do processo

 Ligação às redes sociais (Facebook; Twitter, Youtube, entre outras);

51
 Promoção do Centro de BioEnergia nas revistas da especialidade e imprensa nacional e
internacional (Extremadura Espanhola);
 Workshops mensais que tragam ao Centro e à comunidade académica, experiências de
empreendedores em diferentes áreas, com o foco, preferencialmente, na área das
energias;
 Promoção de reuniões com empresas e instituições que possam apoiar a criação de
empresas (IAPMEI, Ministério da Economia, instituições bancárias, sociedades de
capital de risco, clubes de business angels…);
 Lançamento de concurso de apoio à criação de spin-off’s na área da energia;
 Participação em feiras de Empreendedorismo e Inovação;
 Organização de uma “Gala do Empreendedorismo”, para promover o
empreendedorismo, evidenciando as empresas mais empreendedoras do distrito de
Portalegre;
 Organização de outros eventos com o objetivo claro de promoção do
Empreendedorismo na região;
 Estabelecimento de protocolos com outras instituições de ensino superior, de forma a
incentivar os investigadores destas a usufruir das instalações do BioEnergia;
 Conceção de um programa de formação de curta duração para empresários/futuros
empreendedores.

52
Parte D - Infraestrutura a instalar

Memória Descritiva e Justificativa

CENTRO DE BIOENERGIA E INCUBADORA DE BASE

TECNOLÓGICA

53
54
13. Memória descritiva e justificativa

A presente memória descritiva e justificativa diz respeito ao projeto de arquitetura para construção do Centro de
Bioenergia e Incubadora de Base Tecnológica do Instituto Politécnico de Portalegre na Quinta da Abadessa,
freguesia da Sé, Concelho de Portalegre.

13.1. Conceito e forma

O projeto responde ao programa inicialmente previsto que pretende dotar o Instituto Politécnico de Portalegre
de um espaço para desenvolvimento de novas tecnologias energéticas e de espaços polivalentes que permitam
desenvolver empresas de caris tecnológico na mesma área.

Pretendia-se um espaço amplo para instalação de maquinaria industrial de pequena escala que permita a
experimentação de novas tecnologias. Optou-se por criar um espaço polivalente e suficientemente
infraestruturado que permita alterações e adaptações futuras para novas linhas de investigação futura. O espaço
permite ainda a carga e descarga de materiais bem como o armazenamento e movimentação de combustíveis e
resíduos.

Sendo um espaço de experimentação industrial optou-se por uma linguagem industrial e uma volumetria
adaptada ao programa sem causar impacto na envolvente.

No projeto contempla-se ainda o acesso a viaturas pesadas bem como o acesso e zona de parque para viaturas
ligeiras.

Inovação e qualidade

Um espaço com estas características deve refletir inovação e optou-se por ter uma forma que reflete essas
preocupações. Na cobertura foram projetados revestimentos que permitem a instalação de painéis solares
térmicos e fotovoltaicos com uma inclinação e orientação ideal.

Os espaços interiores estão dotados ainda de sistemas de iluminação natural que devem permitir a iluminação
sem recurso a eletricidade. Foram considerados vão de iluminação bem como tubos de luz em pontos
estratégicos que cobrem a quase totalidade do edifício.

Pretende-se que o edifício por via dos sistemas referidos e ainda pela energia produzida experimentalmente seja
pouco dependente de fontes externas.

55
Todos os compartimentos deste edifício foram dimensionados de forma a garantir a permanente renovação do ar
e o conforto térmico 365 dias por ano ao mesmo tempo que se conseguem consumos reduzidos e assim um
elevado padrão ambiental.

13.2. Descrição e justificação da proposta para a edificação

O edifício situa-se em Portalegre junto da Escola de Tecnologia e Gestão do IPP. A estrutura do edifício é mista de
betão e ferro e garantido um bom comportamento estrutural e simultâneo com um custo adequado. O edifício
está dividido em duas zonas e em dois pisos.

Piso 0

Do lado direito um espaço amplo destinado a oficina/laboratório com cerca de 750m2 e onde se vão instalar as
linhas de produção. Este espaço é apoiado por uma zona exterior coberta onde se pretende fazer a carga e
descarga de mercadorias bem como o armazenamento de materiais para abastecimento das linhas de produção e
teste.

Neste piso existe ainda do lado esquerdo o piso inferior da Incubadora. Neste espaço encontram-se quatro salas
para incubação de empresas bem como vestiários, Instalações Sanitárias, recepção e um espaço de armazém
infraestruturado para instalação de um data-center.

56
Piso 1 –

No Piso 1 desenvolvem-se os restantes espaços da incubadora. Estão projetados 9 espaços para


empresas que podem juntar-se dois a dois no caso de haver essa necessidade. Neste piso existe ainda
uma sala polivalente pra reuniões ou apresentações das empresas bem como uma zona de convívio e
terraço comum.

13.3.Enquadramento da pretensão nos planos municipais e especiais de ordenamento do


território vigentes e Adequação da edificação á utilização pretendida.

O edifício em causa está abrangido pelo Plano Diretor Municipal de Portalegre em zona urbana onde se
permite este tipo de edificação.

Inserção urbana e paisagística da edificação

O edifício está projetado junto da Escola Superior de Tecnologia e Gestão e envolvido por outros edifícios
escolares e infraestruturas desportivas estando perfeitamente enquadrado na envolvente onde se projectou
também o respectivo arranjo paisagístico.

Adequação às infraestruturas e redes existentes.

Dado que o edifício se encontra dentro da zona já edificada, o terreno está equipado com todas as infraestruturas
e redes necessárias para a sua instalação.

Área de construção, volumetria, área de implantação, cércea e numero de pisos acima e abaixo da cota de
soleira.

57
O edifício tem uma superfície coberta de 1495m2 com uma área bruta de 1571m2 e uma cércea máxima de 9
metros.

O edifício tem acima da cota de soleira 2 pisos não existindo nenhum abaixo dessa cota.

58
Anexos

A. Diagrama das unidades a instalar

59
Linha de Combustíveis Sólidos e Gasosos
Estilhador Secador
Gases
Moinho BioEnergia
P-192 Instituto Politécnico de Portalegre
Tranportador Peletizadora
Biomassa

Armazenagem
Combustíveis sólidos
P-192
Parque de
Biomassa
Gases

Gases quentes
Torrador
Gases de síntese

N2
Gases
quentes

Biomassa

Ar quente

Biomassa
Gases de síntese

Filtro
Condensador Armazenagem
Gaseificador Combustíveis Gasosos
Permutador
de calor

Ar Cinzas Condensados
Vapor

Cinzas Gás rede

Condensados

Água

Armazenagem Água tratada


Caldeira
Efluentes Biomassa sólida
Gases exaustão

Tanque

Permuta iónica

Biogás Motor de Combustão Interna

P-218

Decantador Água Biomassa


Digestor Anaeróbio
Decantador

Biomassa Prensa
Lamas

60
Linha de Combustíveis Líquidos
Biodiesel BioEnergia
Instituto Politécnico de Portalegre
Oleaginosas

Água
Prensa
Triturador
Parque de
Biomassa
Separador

Armazenagem de Óleo

Efluente
Digestão anaeróbia

Solvente e água P-235

Extractor
Água

Água
Biomassa

Biodiesel

Secador Destilação Lavagem Secagem

Desolventização

Armazenagem
Armazenagem
Solvente Solvente
Biodisel

Água
Digestão anaeróbia
Solvente Reactor
Solvente Água
Água
Destilação
Condensador Álcool
Água
Água

Miscela:
Óleo e solvente Destilação
P-106
Vapor
Destilação Lavagem Armazenagem
Glicerina

Óleo
Álcool

Água
Digestão anaeróbia

61
B. Equipamentos laboratoriais disponíveis

62
C. Caraterização da Associação de Desenvolvimento Regional do IPP

A Associação de Desenvolvimento Regional do Instituto Politécnico de Portalegre (ADR-IPP) é


uma associação privada, sem fins lucrativos, reconhecida em termos legais pelo Diário da
República – III Série, Nº 271 de 22 de Novembro de 2001.

Estatutariamente, a ADR-IPP tem por missão a interligação, em diferentes domínios (gestão,


turismo, termalismo, educação, cultura, agricultura, saúde, engenharia e áreas afins), entre o
ensino, a investigação e as atividades dos sectores económico, administrativo e social, de forma a
contribuir para o desenvolvimento regional, em geral, e das suas instituições públicas e privadas,
em particular.

Como principais objetivos da ADR-IPP, podem ser enunciados os seguintes:

- Realizar estudos aplicados, pesquisas e investigações, solicitados por empresas ou outras


organizações, públicas ou privadas;
- Apoiar entidades em termos de orientação, execução e implementação dos modelos e métodos
mais adequados às suas atividades;
- Promover iniciativas, visando o debate conclusivo sobre estudos, experiências e inovações, tais
como colóquios, seminários, grupos de estudo ou quaisquer outras formas de trabalho coletivo;
- Realizar trabalhos técnicos e científicos;
- Permutar informações técnicas e cientificas com outras instituições;
- Exercer quaisquer outras atividades que tenham como objetivo o desenvolvimento sustentável
e permanente da região onde está inserida.

No momento presente, a ADR-IPP conta com os seguintes associados: Instituto Politécnico de


Portalegre (IPP); as quatro Escolas Integradas do IPP; os Serviços de Ação Social do IPP; António
José de Azevedo Coutinho (ROC) e as Associações de Estudantes das Escolas Integradas do IPP.

De uma Associação, fundamentalmente, centrada no IPP, a ADR-IPP passará, com o projeto


BioEnergia, a ser uma Associação com uma base de associados muito mais abrangente, uma vez
que a formalização da parceria com cada uma das entidades/empresas participantes no projeto,
pressuporá a respetiva integração individual como associado da ADR-IPP.

A experiência que a Associação tem na promoção, gestão e execução de projetos, pode ser
evidenciada pelas seguintes referências:

63
- No âmbito do Programa Regional de Ações Inovadoras na Região do Alentejo (PRAI-Alentejo):

 Projeto Núcleos de Divulgação e Desenvolvimento de Software Livre (NDDSL). Consistiu na


criação de núcleos de divulgação e de desenvolvimento de tecnologias de software livre em
algumas escolas secundárias da região Alentejo, sob a coordenação de escolas superiores.

 Projeto Sistema Integrado de Monitorização Ambiental e Agrícola (SIMAA). Desenvolvimento de


um sistema de monitorização ambiental para o sector agrícola, permitindo a descentralização
dos pontos de monitorização, utilizando sistemas de comunicação rádio e GSM a baixo custo,
com capacidade de armazenamento e alertas.

 Projeto Ciclos de Inovação (CI). Os principais objetivos desta iniciativa foram: contribuir para a
multiplicação de iniciativas inovadoras, na região Alentejo, em diferentes domínios; propiciar
locais e momentos de encontro, de debate e reflexão sobre temas específicos, para que
diferentes entidades trocassem experiências e conhecimentos, estabelecendo laços de
cooperação; promover diversos programas de apoio ao desenvolvimento da ciência e tecnologia,
à criação e ao desenvolvimento de empresas de base tecnológica, à adaptação de inovações e à
cooperação com entidade dedicadas à I&D.

- No âmbito do INTERREG III A e integrando-se no Projeto Cooperação Empresarial Badajoz-


Portalegre (CEBP):

 Feira de Emprego e Empreendedorismo (ENOVE+). A 1ª edição (2008, em Portalegre) foi


integrada neste projeto, tendo sido, entretanto, realizadas mais três edições (em 2010, também
em Portalegre, em 2011, na cidade de Elvas e em 2012 em Sousel). É uma iniciativa realizada
conjuntamente com o IPP, que se assume como um espaço que visa a dinamização do mercado
de trabalho, contando com a presença, como expositores, de empresas e instituições e com a
realização de seminários e workshops, em áreas relacionadas com os temas centrais da Feira.

 Estudo de Caracterização dos Parques Empresariais do Norte Alentejano e da Extremadura


Espanhola. Através da caracterização dos parques empresariais localizados nas áreas referidas,
pretendeu-se criar condições para a definição de instrumentos potenciadores da atividade
empresarial, entre os dois lados da fronteira.

 Estudo do Plano de Ordenamento dos Parques Empresariais do Norte Alentejano e da


Extremadura Espanhola. Teve por base as conclusões do estudo de caracterização dos parques
64
empresariais do Norte Alentejo e da Extremadura e das relações económicas existentes entre as
duas regiões, visando identificar os sectores de atividade estratégicos de cada unidade
territorial. Apresentaram-se propostas para apoiar as decisões de localização das empresas.

 Bolsa de Emprego do IPP. A ADR-IPP foi a entidade responsável pela criação deste portal de
emprego, continuando a assegurar a sua manutenção e o respetivo desenvolvimento.

- Iniciativas integradas nas microiniciativas transfronteiriças do Programa INTERREG IIIA:

 1º Congresso para o Desenvolvimento Conjunto da Extremadura e do Alentejo (ICODEXAL


2006). Esta organização teve como principais objetivos: proporcionar o intercâmbio de
experiências e gerar fluxos permanentes de comunicação entre instituições públicas, empresas e
centros de investigação, das duas regiões, no que se refere à inovação e ao desenvolvimento
tecnológico; potenciar o intercâmbio de tecnologias entre os centros de investigação e as
empresas.

 III Jornadas Ibéricas de Raças Autóctones e Produtos Tradicionais. O evento procurou promover
os produtos tradicionais de origem animal, em particular os do Alto Alentejo; explorar as
sinergias existentes neste tipo de produção, em Portugal e Espanha e potenciar o
estabelecimento de parcerias de carácter técnico, científico e comercial entre representantes dos
dois países.

 Lançamento do livro “Comércio Inter-regional Ibérico”. O principal objetivo foi a divulgação, pela
comunidade científica, de novos dados sobre comércio inter-regional ibérico, potenciando um
incremento significativo dos estudos sobre fluxos comerciais inter-regionais ibéricos.

- No âmbito do Programa Operacional de Cooperação Transfronteiriça Espanha Portugal


(POCTEP), a ADR-IPP é entidade parceira no projeto Rede de Investigação Transfronteiriça
Extremadura, Centro e Alentejo (RITECA). Integrada neste projeto, conta-se a realização de três
edições da Feira de Emprego e Empreendedorismo (ENOVE+), como foi já referido neste
documento.

Para além dos projetos e estudos referidos, a ADR-IPP tem vindo a prestar serviços em
diferentes áreas, podendo destacar-se os trabalhos realizados na avaliação e valorização de
património, a elaboração de um estudo de uso e ocupação dos terrenos do Instituto Politécnico

65
do Porto em Felgueiras, e a realização de um estudo, para a Câmara Municipal de Nisa, sobre a
valorização e/ou tratamento do soro das queijarias existentes naquele concelho.

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