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GOVERNO DA PROVÍNCIA DO CUANZA NORTE

PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL 2013-2017

N’Dalatando

Junho 2013
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Índice
II – CARACTERIZAÇÃO DA PROVÍNCIA 2004-2011 ............................................. 12

1.Caracterização Física ............................................................................................... 12

2. Caracterização Administrativa ............................................................................... 13

3.- Caracterização Demográfica ................................................................................. 16

4.- Caracterização económica ..................................................................................... 22

4.1.-Caracterização económica global ........................................................................ 22

4.1.1. Actividade empresarial e rendibilidades provinciais ............................... 22

4.1.2. A macroeconomia da Província ............................................................... 26

4.1.3. Emprego, produtividade e produto potencial ............................................... 29

4.2.- Caracterização económica sectorial ................................................................... 32

4.2.1.- Agricultura, pecuária, exploração florestal e pescas ................................... 32

4.2.2. Indústria Transformadora ......................................................................... 44

4.2.3. Comércio ...................................................................................................... 47

4.2.4. Água, Saneamento e Energia ........................................................................ 49

4.2.5. Actividade mineira .................................................................................. 50

4.2.6. Urbanismo e Habitação ................................................................................ 52

4.2.7.- Transportes e Comunicações ....................................................................... 52

4.2.8. Banca e Seguros ...................................................................................... 54

4.2.9. Hotelaria e Turismo ................................................................................. 55

5. Caracterização social ........................................................................................... 57

5.1. Educação ...................................................................................................... 57

5.2. Saúde ............................................................................................................ 58

5.3. Reinserção Social e Antigos Combatentes e Veteranos de Guerra.................. 59

5.4. Cultura, desporto e lazer.............................................................................. 61

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III. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA PROVÍNCIAE INSERÇÃO NA


ESTRATÉGIA NACIONAL.......................................................................................... 63

6. As Orientações Estratégicas Globais ................................................................... 63

6.1. Opções estratégicas ...................................................................................... 69

6.2. Projecções ........................................................................................................ 70

6.2.1. População ................................................................................................ 70

6.2.2. PROJECÇÕES ECONÓMICAS .............................................................. 73

7. Os programas prioritários de desenvolvimento .......................................................... 78

7.1.1. O Diagnóstico .......................................................................................... 80

7.1.2. O Contexto e a Lógica das Intervenções .................................................. 82

7.1.3. Os Projectos e Subprogramas .................................................................. 85

7.2.Indústria Transformadora ................................................................................... 131

7.2.1. O Diagnóstico ........................................................................................ 131

7.2.2. O Contexto e a Lógica das Intervenções .................................................... 131

7.2.3. Os Projectos ........................................................................................... 138

7.3. Comércio ....................................................................................................... 140

7.3.1. O Diagnóstico ............................................................................................. 140

7.3.2. O Contexto e a Lógica das Intervenções ................................................ 140

7.3.3. Os Projectos e Subprojectos ....................................................................... 144

7.4. Actividade Mineira ........................................................................................ 145

7.4.1. Diagnóstico ............................................................................................ 145

7.4.2. O Contexto e a Lógica das Intervenções ............................................... 145

7.5. Hotelaria e Turismo ....................................................................................... 146

7.5.1 O Diagnóstico .............................................................................................. 146

7.5.2. O Contexto e a Lógica das Intervenções ............................................... 147

7.5.3. Os Projectos e Programas ........................................................................... 150

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7.6. Educação ........................................................................................................... 150

7.6.1. O contexto e a lógica das intervenções ....................................................... 150

7.6.2. Os programas e os projectos ....................................................................... 151

7.6.3. Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos ............................... 151

7.7. Saúde ................................................................................................................. 152

7.7.1. O contexto e a lógica das intervenções ................................................... 152

7.7.2. Os programas e os projectos ....................................................................... 152

7.7.3. Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos ............................... 152

7.8. Justiça ................................................................................................................ 153

7.8.1. O contexto e a lógica das intervenções ................................................... 153

7.8.2. Os programas e os projectos ....................................................................... 153

7.8.3. Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos ............................... 154

7.9. Assistência e reintegração social ....................................................................... 154

7.9.1.O contexto e a lógica das intervenções ........................................................ 154

7.9.2. Os programas e os projectos .................................................................. 155

7.9.3. Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos ............................... 155

7.10. Emprego e Segurança Social ........................................................................... 155

7.10.1. O contexto e a lógica das intervenções ..................................................... 155

7.10.2. Os programas e os projectos ..................................................................... 156

7.11. Cultura, desporto e lazer .................................................................................. 157

7.11.1 O contexto e a lógica das intervenções ...................................................... 157

7.11.2. Os programas e os projectos ..................................................................... 157

7.11.3. Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos ............................. 158

7.12. Comunicação social ......................................................................................... 158

7.12.1. O contexto e a lógica das intervenções ..................................................... 158

7.12.2. Os programas e os projectos ..................................................................... 159


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7.12.3. Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos ............................. 159

7.13. Situação do género........................................................................................... 159

7.13.1. O contexto e a lógica das intervenções ..................................................... 159

7.13.2. Os programas e os projectos ..................................................................... 159

7.13.3. Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos ............................. 160

7.14. Água, Saneamento e Energia ........................................................................... 160

7.14.1.O contexto e a lógica das intervenções ...................................................... 160

7.14.2 Os programas e os projectos ...................................................................... 160

7.14.3.Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos .............................. 161

7.15. Transportes e Telecomunicações ..................................................................... 161

7.15.1. O contexto e a lógica das intervenções ..................................................... 161

7.15.2. Os programas e os projectos ..................................................................... 161

7.15.3. Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos ............................. 162

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Índice de Tabelas
TABELA 1. DIVISÃO ADMINISTRATIVA DO KUANZA NORTE ............................ 14
TABELA 2. PRODUTO INTERNO BRUTO PROVINCIAL POR SECTORES (MIL USD) .............. 26
TABELA 3. ESTIMATIVAS DO EMPREGO POR SECTORES DE ACTIVIDADE ......................... 29
TABELA 4. ESTRUTURA DO EMPREGO NA PROVÍNCIA ...................................................... 30
TABELA 5. ESTIMATIVAS DA PRODUTIVIDADE NOMINAL (USD/TRABALHADOR) ........... 30
TABELA 6. ÁREAS CULTIVADAS (HECTARES).................................................................. 32
TABELA 7. NÚMERO TOTAL DE EXPLORAÇÕES REGISTADAS........................................... 33
TABELA 8. PRODUÇÃO DAS ÚLTIMAS CAMPANHAS AGRÍCOLAS (TON) ........................... 35
TABELA 9. DISTRIBUIÇÃO E ÁREA DAS FAZENDAS DE CAFÉ (2012?) .............................. 36
TABELA 10. QUADRO GERAL DE PRODUÇÃO DE CAFÉ ...................................................... 36
TABELA 11. EVOLUÇÃO DO SECTOR PECUÁRIO ................................................................ 38
TABELA 12.PRODUÇÃO PECUÁRIA .................................................................................. 38
TABELA 13. EXPLORAÇÃO DE MADEIRA ......................................................................... 40
TABELA 14. TRANSFORMAÇÃO LOCAL DE MADEIRA....................................................... 40
TABELA 15. LENHAS EXPLORADAS ................................................................................. 40
TABELA 16. FABRICO DE CARVÃO ................................................................................... 41
TABELA 17. PRODUÇÃO DA PESCA ARTESANAL ............................................................... 42
TABELA 18. ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS LICENCIADOS PELA DIRECÇÃO NACIONAL
DA INDÚSTRIA – MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA ........................................................... 45
TABELA 19. REDE COMERCIAL LICENCIADA A PARTIR DE 2008 ...................................... 48
TABELA 20. REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO ................................ 48
TABELA 21. SECTOR DA HOTELARIA NA PROVÍNCIA ....................................................... 55
TABELA 22. SÍTIOS DE MAIOR INTERESSE NA PROVÍNCIA................................................. 55
TABELA 23. POPULAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA........................................................ 71
TABELA 24. TAXAS MÉDIAS DE CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO ........................................ 72
TABELA 25. QUADRO GERAL DE PROGRAMAÇÃO DA PROVÍNCIA ..................................... 74
TABELA 26. ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO PARA O PRIMEIRO ANO ..................................... 88
TABELA 27. ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO PARA O SEGUNDO ANO ..................................... 89
TABELA 28. PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO ..................................................................... 95
TABELA 29. ESCOLAS NO CAMPO DAS AGRICULTURAS VS. EXTENSÃO RURAL ............... 96
TABELA 30. INVESTIMENTO NECESSÁRIO PROJECTO DE CAPACITAÇÃO (USD) .............. 102
TABELA 31. INVESTIMENTO NECESSÁRIO (PROJECTO INTENSIFICAÇÃO DAS CULTURAS
ALIMENTARES) (USD) ........................................................................................... 107
TABELA 32. RESULTADOS ESPERADOS DA PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA ..................... 111
TABELA 33. QUADRO SÍNTESE DOS PROJECTOS AGRÍCOLAS ........................................... 129

Índice de imagens

IMAGEM 1. QUADRO DA ASSISTÊNCIA E REINSERÇÃO SOCIAL NA PROVÍNCIA .................. 60


IMAGEM 2. ANGOLA 2025 -ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL............... 66
IMAGEM 3. PÓLOS DE DESENVOLVIMENTO E EIXOS DE MOBILIDADE ................................ 68
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IMAGEM 4. INVESTIMENTO POR CLUSTERS NA PROVÍNCIA ............................................... 78

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I – INTRODUÇÃO

O País entrou, definitivamente, numa fase nova depois de alcançada a


independência em Novembro de 1975. Perderam-se vinte e sete anos num conflito
militar de consequências internas dramáticas, em termos de vidas humanas perdidas,
recursos humanos desaproveitados ou subaproveitados, de infraestruturas económicas
destruídas e de atitude psicológica em favor do desenvolvimento. Vinte e sete anos
dificilmente recuperáveis no mesmo período de tempo, porque o crescimento
económico depende de “time-lags” que, na maior parte das vezes e dos casos, não
podem ser ultrapassados com medidas administrativas ou mesmo de política
económica. Os prazos de maturação dos investimentos e das medidas de política
económica são uma realidade incontornável e o que se pode fazer no sentido de os
encurtar passa, exclusivamente, pela organização, disciplina, rigor, capacidade
gestionária e competência institucional. De resto, num País que procura agora os rumos
do seu futuro, uma vez alcançada a paz em Abril de 2002, e onde os recursos humanos
qualificados e os meios financeiros disponíveis serão sempre escassos, a concorrência
institucional entre os Governos provinciais vai ser decisiva, justamente, para a atracção
de competências e a captação das mais importantes fontes de financiamento do
crescimento, como o são os investimentos privados (particularmente os externos), as
doações internacionais e os fundos financeiros do Estado. Os Governos provinciais, com
responsabilidades políticas e de gestão acrescidas por força da descentralização
administrativa, terão de encontrar os modelos de reorganização produtiva e de
crescimento económico mais ajustados às idiossincrasias humanas, à natureza dos
recursos naturais e às capacidades técnicas dos seus territórios de governação. Trata-se
duma tarefa difícil, porquanto as políticas económicas e sociais mais importantes serão
sempre uma competência da governação central, mesmo num quadro básico de
crescente descentralização e autonomia administrativa territorial. Por isso, a diferença
vai fazer-se pelo viés da organização, boa governação, capacidade de liderança regional,
aptidão de diálogo com os agentes económicos e com a população, habilidade de suprir
as falhas de mercado sem ampliar as falhas de Governo1 e ajustamento dos modelos de

1
Este é hoje um dos terrenos onde se faz a disputa intelectual entre o mercado e o Estado. Os defensores
exclusivos do primeiro, como mecanismo definitivo de alocação racional e eficiente dos factores e
recursos de produção, argumentam que a intervenção do Estado está recheada de “falhas” ocasionadas
pelos métodos administrativos que usa para tomar as suas opções, o que agrava as imperfeições dos
mercados. Os advogados do papel do Estado da economia, defendem a sua intervenção porque as
“falhas” de mercado são uma realidade constante da economia capitalista, não só do ponto de vista duma
alocação sem máculas dos recursos, mas, principalmente, do ponto de vista da repartição do rendimento.
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crescimento. A capacidade de ajustamento dos modelos à realidade será sempre


confirmada pelos resultados – visualização ex-post da política económica -, pelo que a
montagem dum sistema estatístico de monitorização da implementação das acções
administrativas e dos projectos de investimento (público e privado) se vai revelar como
um instrumento incontornável para se introduzirem ajustamentos e reversões na hora
exacta.

As assimetrias territoriais são muito acentuadas no País, em prejuízo das


Províncias do interior. Conforme mais adiante se refere, o PIB estimado para o Kwanza
Norte em 2011 representou tão-somente 0,45% do PIB nacional, enquanto o de Luanda
ascendeu a uma percentagem de mais de 75%. O esforço subjacente para reduzir estas
disparidades económicas – com reflexos profundos nas diferenças de condições sociais
de vida entre os cidadãos – é hercúleo, não se compaginando com o montante de
investimentos que poderão ser feitos até 2017.

Por exemplo, se o objectivo estratégico do Governo Provincial for incrementar a


participação do PIB do Kwanza Norte para 2% do PIB nacional em 2017, a taxa nominal
média de crescimento anual (entre 2011 e 2017) teria de ser da ordem dos 69% (a este
percentual de participação na economia nacional corresponderia um PIB nominal
regional de aproximadamente 3,6 mil milhões de dólares correntes)2. Conforme se verá
no capítulo próprio, a taxa nominal de variação do PIB provincial em 2011 foi de apenas
9,5%, significando, portanto, uma multiplicação por 7 vezes da velocidade de
crescimento económico até 2017. Evidentemente que se trata de um mero exercício
tendente a expressar a dimensão das assimetrias territoriais, o volume de investimentos
que seria necessário aplicar e o esforço a empreender em diferentes domínios, como da
qualificação de quadros, a organização das instituições provinciais, a mobilização
popular, etc.

No entanto, são nítidos os sinais de crescimento das actividades económicas da


Província, como consequência, em primeiro lugar, da paz e depois do investimento
público, em especial provincial. As despesas de investimento público na recuperação de
infra-estruturas económicas e na construção de novos sistemas de transporte estão

Acrescenta-se que, afinal e como alguns dos Prémios Nobel da Economia o têm demonstrado, as decisões
nem sempre são racionais e os mercados nem sempre equilibram. Por isso, a capacidade político-
institucional de gerir e minimizar estas falhas ser hoje muito importante. Uma das formas que tem sido
sugerida é a das parcerias público-privadas, organizadas em torno dum conceito comum de bem-estar
nacional/provincial.
2
Em capítulo próprio se apresenta a programação do crescimento e os montantes necessários de
investimentos em dois cenários alternativos.
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ajudando a criar um ambiente tendente a conferir sustentabilidade ao crescimento e


garantia de rendibilidade ao investimento privado. Por isso é que – ainda que de meras
estimativas se tratem – entre 2004 e 2011 a taxa média anual de variação do conjunto
do valor nominal da actividade económica se cifrou em 27,9%.

A falta de recursos financeiros é acentuada, não apenas do lado das estruturas


administrativas do Estado, mas também da parte do sector privado local. O sistema
bancário nacional rege-se, por enquanto, por regras excessivamente conservadoras de
outorga de crédito para o sector produtivo, escolhendo a ausência de risco e o mais
rápido retorno do capital mutuado como os únicos critérios de gestão dos empréstimos.

Para além do desafio do crescimento, o Governo da Província do Kwanza Norte


enfrenta outro traduzido na inadiabilidade de se construir uma economia provincial
integrada, sectorialmente, mas igualmente do ponto de vista territorial, procurando-se
esbater a dicotomia rural/urbana. É fundamental eliminar o afastamento das
populações viventes nas localidades mais distantes da capital da Província. Um dos
elementos essenciais para a recuperação da Província é que a economia seja um sistema
integrado entre o rural e o urbano. Sem esta integração, o valor acrescentado provincial
não será maximizado e as oportunidades de criação de emprego faltarão. Isto quer dizer
que seria nefasto que a economia do Kwanza Norte fosse novamente e apenas uma
economia fornecedora de matérias-primas e produtos agrícolas e receptora de bens
transformados, ou seja, uma mera economia mercantilista. A via da maior integração
económica provincial é, possivelmente, a única que pode gerar efeitos económicos mais
rápidos e níveis mais altos e sustentáveis de satisfação social e individual das
populações.

A Visão e a abordagem estratégica do desenvolvimento económico e social da


Província estão na forma como os pontos fortes forem maximizados e as oportunidades
aproveitadas, o que vai exigir uma governação atenta, competente, participativa e activa
na procura de alternativas de financiamento das necessidades de investimento que se
forem colocando.

Alguns dos pontos fortes que podem conferir algumas vantagens competitivas à
Província, são a sua clara aptidão agrícola3, os abundantes recursos hídricos

3
De acordo com Castanheira Dinis (“Angola: O Meio Físico e Potencialidades Agrárias”, Cooperação
Portuguesa, 1998), Kwanza Norte pode produzir, em condições económicas de rentabilidade, abacateiro,
algodão, amendoim, ananás, batata-doce, cana sacarina, ervilha, feijão, feijão cutelinho, feijão macunde,
girassol, goiabeira, mandioca, mangueira, maracujá, milho, plantas aromáticas, hortícolas, rícino, sisal,
soja, tabaco, vielo, eucalipto, pinheiro e produtos derivados da floresta tropical seca.
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(valorizadores de métodos de produção agrícola menos dependentes da natureza e de


indústrias de matriz energética intensiva), a existência duma força de trabalho muito
motivada pelo crescimento e o desenvolvimento, a disponibilidade de população
bastante jovem e uma beleza natural que a coloca entre as mais destacadas do País.
Uma das vantagens relativas que o Governo provincial vai valorizar está no património
cultural, histórico e religioso, com muitas incidências de interesse nacional e com
potencialidades de gerar actividade turística significativa no futuro. O turismo de
natureza histórico-religioso, aliado às paisagens naturais, tem sido uma das formas que
muitos países estrangeiros estão a utilizar para diversificarem as suas matrizes
económicas. A região de Massangano reúne algumas condições para se poder
transformar num núcleo regional de proliferação de actividade turística com implicações
sobre a geração de renda e a criação de emprego.

No entanto, algumas ameaças têm de ser levadas em consideração e que se


prendem com a concorrência que outras Províncias (como Malanje e Uíge e mesmo o
Kwanza Sul) podem exercer sobre a captação de investimento privado. A realização de
Fóruns, Conferências e Mesas Redondas sobre a realidade social e económica com os
agentes económicos, sociedade civil e investidores privados – sendo mesmo relevante
a preparação de encontros formais com investidores estrangeiros, com destaque para
os dos países da SADC – pode ser uma via para se mostrar a Província e interessar as
pessoas.

A monitoria inteligente e consistente dos pontos fortes e fracos, das


oportunidades e ameaças exige a prática dum planeamento e duma gestão estratégica,
apelante dum sistema de informação poderoso e duma capacidade técnica humana que
domine as matrizes instrumentais mais modernas.

A ideia central dos planos de desenvolvimento é, justamente, a de acelerar o


desenvolvimento económico, moldando-o às necessidades da população e às
potencialidades dos factores de produção. Nas necessidades da população estão a
erradicação da fome, pobreza e analfabetismo, a valorização das pessoas e o acesso às
oportunidades para se porem em prática as suas aptidões. Na visão estratégica dos
planos de desenvolvimento considera-se fundamental o crescimento económico com
respeito pelo ambiente e pela preservação do capital natural, assim como a garantia
duma cidadania activa e um aprofundamento da vida democrática do país.

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II – CARACTERIZAÇÃO DA PROVÍNCIA 2004-2011

1.Caracterização Física

A Província do Kwanza Norte está situada na região centro-norte, limitada pelos


paralelos 8° e 9°23'20" Sul e pelos meridianos 14° e 15°50' Este e tem como fronteiras
as Províncias do Uíge a norte, do Bengo a oeste e sudoeste, do Kwanza-Sul a sul e
Malange a este, representam os seus limites físicos. Após o reajustamento com o Bengo
passou a ocupar uma área de cerca de 19.500 km2.
Esta Província está situada numa região de relevo bastante acidentado,
englobando essencialmente as faixas altimétricas dos 200 aos 1.000 m de altitude. A sua
paisagem é percorrida por vários cursos de água, dos quais se destacam o rios Lucala,
Kuanza e Bengo, com estes dois últimos a definirem duas importantes bacias
hidrográficas-bacias hidrográficas do Kwanza e do Bengo. A paisagem desta parcela do
território é definida por duas unidades bem distintas, uma faixa subplanáltica
estendendo-se por cerca de 60% a 70% da superfície total, e uma faixa litorânea, menor.
Dada a variação espacial dos elementos do clima como a precipitação e a
evaporação ocorrem vários tipos climáticos sub-húmido seco, sub-húmido chuvoso e
húmido, verificando-se esta gradação no sentido SW-NE.
Esta Província apresenta, correlacionados com os tipos climáticos, solos dos tipos
"arídicos tropicais", "fersialíticos tropicais", "paraferralíticos" e "feralíticos", diminuindo
sensivelmente neste sentido a sua fertilidade intrínseca. A combinação "paraferralíticos-
ferralfticos" domina o ambiente edifico da paisagem. Estas superfícies estão recobertas
pelos complexos florísticos "Matas brenhosas x Savana arborizada " essencialmente na
faixa litorânea e a sul do paralelo de N’Dalatando, e "Floresta densa húmida" dominando
a parte restante do território.
A hidrografia desta Província é bastante rica, devido ao seu clima, pluviosidade e
vegetação. A rede hidrográfica é dominada por três grandes rios: Zenza, Lucala e
Kwanza. O primeiro nasce no município de Samba Cajú, desaguando no Oceano
Atlântico, a norte de Luanda e no seu percurso alimenta a barragem hidroeléctrica da
Quiminha. O rio Lucala nasce perto do Negage e é um dos afluentes do Kwanza, talvez
o mais importante da sua rede hidrográfica e banha a vila do Lucala. O rio Kwanza é o
maior de Angola, nascendo no planalto central, junto a Mumbué, na Província do Bié e
percorre cerca de 960 quilómetros antes de desaguar no oceano Atlântico, na barra do
Kwanza perto de Luanda. Banha a cidade do Dondo e alimenta as barragens de
Cambambe (na Província do Kwanza Norte) e de Capanda em Malanje.

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As grandes unidades de vegetação da Província do Kwanza Norte têm uma


coincidência muito grande com as grandes formas do relevo do território. A zona de
planalto é ocupada maioritariamente por savana e domina a paisagem dos municípios
de Ambaca, Samba Cajú e Lucala. A zona de montanha é ocupada por floresta tropical
húmida, com árvores de grande porte e matagal muito cerrado em áreas de muita
pluviosidade. Pertencem a esta zona de montanha os municípios de Bolongongo, Banga,
N’Gonguembo, Golungo Alto e parte do Cazengo. Finalmente a zona de planície é
preenchida por savana com arbustos e árvores e determina o panorama do município
de Cambambe e parte do Cazengo. No Golungo Alto, na comuna de Cerca, localiza-se
uma reserva florestal de aproximadamente 600 quilómetros quadrados de superfície e
que tem como objectivo proteger a floresta que ocupa esta região.
O Kwanza Norte não está, por enquanto, dotado de uma rede de transportes
rodoviários muito desenvolvida, sobretudo por razões ligadas ao tipo de relevo da
Província e a densidade de vegetação. As destruições de infra-estruturas que
caracterizaram as acções da guerra civil deixaram esta região muito depauperada neste
importante item para o crescimento económico. O Governo provincial está a
desenvolver acções e projectos tendentes a reverter o quadro existente e a dotar a
Província de bases rodoviárias diversificadas e sustentáveis. Inserem-se nestas
preocupações a recuperação/construção de vias de transporte secundárias e terciárias
fundamentais para a integração da economia da Província. O grande eixo de ligação a
outras Províncias está disponível com a conclusão dos trabalhos de reparação e
reconstrução da estrada Luanda-Dondo-N’Dalatando-Lucala-Malanje, com a
possibilidade de chegada aos territórios das Lundas.
A linha de caminho-de-ferro Luanda/N’Dalatando/Lucala/Malanje foi totalmente
reconstruída, sendo, assim, uma alternativa ao transporte rodoviário, sobretudo em
matéria de custos mais baixos de movimentação de carga e passageiros.

2. Caracterização Administrativa

A Província do Kwanza Norte é constituída por 10 municípios e 31 comunas, na


base de uma organização administrativa de 3 níveis: no primeiro nível encontra-se o
Governo Provincial, integrado por um Governador e três Vice-Governadores. Ao nível
intermédio aparecem as Administrações Municipais com competências de gestão e
administração de cada um dos 10 municípios. O último nível de organização pertence às
Administrações Comunais, numa relação de uma para cada uma das 31 comunas
existentes.

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TABELA 1. DIVISÃO ADMINISTRATIVA DO KUANZA NORTE


MUNICÍPIO SEDE DE MUNICÍPIO COMUNAS
CAZENGO N’Dalatando N’Dalatando e Canhoca
AMBACA Camabatela Camabatela, Luínga, Tango,
Maúa e Bindo

BANGA Banga Banga, Aldeia Nova, Caculo


Cabaça e Cariamba

BOLONGONGO Bolongongo Bolongongo, Terreiro e


Quiquiemba

CAMBAMBE Dondo Dondo, Massangano. S. Pedro


da Quilemba, Zenza do Itombe e
Dange Ia Menha

GOLUNGO ALTO Golungo Alto Golungo Alto, Cambondo, Cerca


e Quiluange

LUCALA Lucala Lucala e Quiangombe

N’GONGUEMBO Quilombo dos Dembos Quilombo dos Dembos,


Camame e Cavunga

QUICULUNGO Quiculungo Quiculungo

SAMBA CAJÚ Samba Cajú Samba Cajú e Samba Lucala

Fonte: Governo Provincial

Em termos de dimensão territorial, o município de Cambambe é o maior, com


uma superfície de 5032 quilómetros quadrados, sendo igualmente aqui que se localiza
a maior comuna da Província: Massangano, com 1776 quilómetros quadrados. Mas em
termos de massa populacional crítica para atrair actividade económica é a comuna do
Dondo a zona aparentemente de maior capacidade, ao apresentar um índice de
concentração populacional de 11,48 habitantes por quilómetro quadrado. No entanto,
entre 2005 e 2009, esta comuna perdeu população estimada em cerca de 4800
habitantes (-7%).
A comparação entre a população por municípios entre 2005 e 2009 (são os dados
disponíveis com este tipo de desagregação) permite traçar um mapa de ganhos e perdas
de habitantes, útil para se perceberem as dinâmicas municipais e comunais de
atracção/repulsão de actividade económica.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

GRÁFICO 1. COMUNAS GANHADORAS E PERDEDORAS DE POPULAÇÃO

FONTE: Governo Provincial do Kwanza Norte: Kwanza Norte em Imagens, números e mapas, 2011.

É possível descortinar três possíveis grandes centros de atracção de actividade


económica determinados pela dinâmica da população: a capital da Província –
exercendo o papel que os estudos demográficos normalmente reconhecem às cidades-
capitais devido às facilidades disponíveis em diferentes itens e que motivam a actividade
económica e melhoram o nível de vida da população – Camabatela, enquanto pólo com
potencialidades reconhecidas na agricultura e pecuária e Massangano, que começa a
emergir como centro turístico baseado nas atracções históricas, culturais e religiosas.
Os centros populacionais perdedores líquidos de habitantes no período
considerado são Canhoca (que poderá reverter esta situação se o caminho-de-ferro
recuperar e desenvolver alguma actividade comercial), Tango e Dondo.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

3.- Caracterização Demográfica4

A população é o centro do desenvolvimento económico, assumindo-se como


sujeito (contribuição do factor trabalho para o crescimento económico) e objecto desse
processo, ao constituir-se como o destinatário final dos resultados da criação
sistemática de riqueza. Daí que esta variável mereça, no contexto dos planos de
articulação passado/presente/futuro uma posição central e nuclear das políticas
públicas de apoio à população. Em diferentes aspectos: aumento da eficiência da sua
contribuição para o crescimento – aspecto vulgarmente conhecido como produtividade
e ganhos de produtividade do factor trabalho –, estruturação, organização e melhoria
dos serviços de educação e qualificação, criação duma cultura voltada para o trabalho
(fortemente correlacionada com as questões salariais e de justiça na distribuição do
rendimento), redução das incidências de morbilidade que aumentam o absentismo e
diminuem a produtividade, enquadramento da população jovem, apelativa de
oportunidades de estudo, qualificação, emprego e rendimento e apoio à população
idosa (que levanta questões relevantes sobre a previdência e a assistência social, bem
como de apoio à terceira idade). Portanto, uma variável económico-social fulcral para o
crescimento económico.
Não existem dados demográficos consensuais, sendo diferentes entre si as
estimativas que vários organismos e instituições elaboram sobre o quantitativo
populacional do país.
Segundo o INE a população do Kwanza Norte era de 345720 habitantes em 2012,
cerca de 1,9% da população total do país. Ver-se-á mais adiante que também do ponto
de vista da representatividade da actividade económica no todo nacional a posição da
Província é manifestamente periférica, não representado o seu PIB sequer 0,5% do PIB
do país.5

TABELA 2. POPULAÇÃO TOTAL DA PROVÍNCIA


2009 2010 2011 2012

4
A Análise demográfica da Província é feita na base das estatísticas do INE, em especial Estatísticas Sociais
até 2010 e Projecções da População 2009/2015.
5
Estes valores contrastam enormemente com as estimativas do GEP provincial: 410130 habitantes em
2007 e 459509 habitantes em 2012. Neste último ano a diferença é de 113789 habitantes, cerca de 33%
em relação à estimativa do INE, o que é muito significativo. Estas disparidades de estimativas têm
implicações sensíveis sobre as políticas de intervenção do Governo provincial. Por exemplo, o PIB por
habitante vem significativamente menor no caso de se utilizarem as estimativas do GEP provincial, o que
influencia os objectivos e as metas a estabelecer para o período 2013-2017. É fundamental haver no
domínio das estatísticas convergências definitivas entre as estimativas provinciais e do INE e de outros
ministérios.
16
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

População total 302.833 316.700 330.978 345.720


Fonte: INE

A população do Kwanza Norte é das mais jovens do país, apresentando uma idade
média de menos de 20 anos e com uma evolução temporal a tender para um maior
rejuvenescimento.

TABELA 3. POPULAÇÃO TOTAL DISTRIBUIDA POR IDADE

2009 2010 2011 2012


População total 302.833 316.700 330.978 345.720
0-4 anos 60.347 66.410 72.957 80.040
5-9 anos 46.782 48.075 49.102 49.865
10-14 anos 39.239 40.371 41.539 42.740
15-19 anos 32.982 34.091 35.153 36.203
20-24 anos 25.766 27.112 28.433 29.707
25-29 anos 18.708 19.737 20.974 22.296
30-34 anos 16.993 16.932 16.852 16.941
35-39 anos 14.316 14.898 15.466 15.923
40-44 anos 11.669 12.004 12.346 12.723
45-49 anos 9.383 9.638 9.981 10.353
50-54 anos 9.179 9.074 8.867 8.696
55-59 anos 6.174 6.831 7.483 8.006
60-64 anos 3.827 3.990 4.229 4.555
65-69 anos 3.376 3.288 3.177 3.106
70-74 anos 1.972 2.175 2.374 2.516
75-79 anos 1.179 1.136 1.105 1.118
80 e mais 941 938 940 932
População idade activa 148.997 154.307 159.784 165.403
Idade média 20,3 20,1 19,9 19,6

É interessante constatar a tendência para o rejuvenescimento da população da


Província, com um ganho de 0,7 anos na idade média da população entre 2009 e 2012.

GRÁFICO 2. PIRÂMIDES ETÁRIAS

17
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Fonte: construido a partir da tabela anterior.

Em 2012, mais de 2/3 da população total (um pouco mais de 69%) da Província
tinha idades compreendidas entre zero e 24 anos.
As dinâmicas de crescimento são diferenciadas consoante o grupo etário em
presença. A taxa média anual de crescimento demográfico estimada pelo INE é de 4,5%,
bem superior à média nacional de 3%, de acordo com a mesma fonte. O grupo etário de
maior intensidade decrescimento é o de idades compreendidas entre zero anos e 4 anos,
com uma variação média anual de 9,8%, seguramente explicado pela ainda elevada taxa
de fertilidade nacional, em redor de 6 em 2012 e pelos progressos registados na
diminuição da taxa de mortalidade infantil (194,2 em 2009 e 189,6 em 2012). As classes
etárias entre 5 anos e 19 anos são as de menor dinâmica de crescimento, inferior à
média provincial.
Na tabela seguinte apresentam-se estas dinâmicas de crescimento demográfico.

TABELA 4. CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO (%)

2010 2011 2012

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

População total 4,6 4,5 4,5


0-4 anos 10,0 9,9 9,7
5-9 anos 2,8 2,1 1,6
10-14 anos 2,9 2,9 2,9
15-19 anos 3,4 3,1 3,0
20-24 anos 5,2 4,9 4,5
25-29 anos 5,5 6,3 6,3
30-34 anos - 0,4 - 0,5 0,5
35-39 anos 4,1 3,8 3,0
40-44 anos 2,9 2,8 3,1
45-49 anos 2,7 3,6 3,7
50-54 anos - 1,1 - 2,3 - 1,9
55-59 anos 10,6 9,5 7,0
60-64 anos 4,3 6,0 7,7
65-69 anos - 2,6 - 3,4 - 2,2
70-74 anos 10,3 9,1 6,0
75-79 anos - 3,6 - 2,7 1,2
80 e mais - 0,3 0,2 - 0,9
População idade activa 3,6 3,5 3,5

Graficamente a situação apresenta-se do modo seguinte.

19
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

GRÁFICO 3. CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO (%)

Fonte:INE

Conjugando a estrutura etária da população da Província do Kwanza Norte com


as taxas médias de variação anual pode, de imediato, concluir-se que a sua esperança
média de vida tem diminuído durante o período em referência. De facto, nota-se um
aumento substancial do peso relativo das idades mais jovens e uma diminuição da
população com mais de 55 anos, o que levanta a importante matéria dos cuidados de
saúde para os idosos.
Por outro lado, a diminuição da idade média da população da Província – cuja
tendência se manterá até 2015, segundo as projecções do INE – coloca questões sérias
para as políticas de população relacionadas com os aspectos seguintes:
 Inserção dos jovens no mercado de trabalho, de modo a combater-se o
desemprego.
 A continuidade dos estudos (a idade média projectada para 2015 é de 19 anos)
em condições de qualidade, eficiência e mesmo proximidade.
 A ocupação dos tempos livres (bibliotecas municipais, desporto escolar e
federado, actividades lúdicas, etc.).
 Protecção contra o consumo de drogas e álcool e contra a criminalidade.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

TABELA 5. POPULAÇÃO DISTRIBUIDA POR MUNICÍPIOS

ÁREA POPULAÇÃO POPULAÇÃO POPULAÇÃO POPULAÇÃO


MUNICÍPIOS
(Km2) 1991 (hab.) 1992 (hab) 2007 (hab) 2012 (hab.)

CAZENGO 1.793 91.500 96.926 143.596 166.173


LUCALA 1.718 35.000 18.227 13.368 14.445
GOLUNGO ALTO 1.989 58.555 28.397 34.154 34.154
CAMBAMBE 5.212 77.035 57.848 83.996 94.500
AMBACA 2.087 103.215 58.858 70.474 74.500
QUICULUNGO 382 25.252 12.581 8.220 12.478
BOLONGONGO 1.016 26.203 9.559 8.144 11.100
BANGA 1.275 19.500 11.713 8.350 12.300
SAMBA CAJÚ 2.485 80.095 31.360 31.943 31.955
GONGUEMBO 1.400 31.326 12.623 8.694 7.904
TOTAL 19.357 547.681 338.142 410.130 459.509
Fonte: Governo provincial

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4.- Caracterização económica

4.1.-Caracterização económica global

4.1.1. Actividade empresarial e rendibilidades provinciais

Uma primeira caracterização económica da Província do Kwanza Norte pode ser


dada através da actividade empresarial, mais concretamente pelo número de empresas
em actividade, nos diferentes sectores.
TABELA 6. CARACTERIZAÇÃO ECONÓMICA DA PROVÍNCIA
NÚMERO EMPRESAS KWANZA NORTE
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Agricultura e conexas 8 8 9 12 13 14 15 16 17
Pesca 1 1 1 2 2 2 2 3 3
Indústria extractiva 1 1 1 1 2 2 3 3 3
Indústria transformadora 20 21 23 28 31 31 31 32 32
Electricidade, gás e água 0 0 1 1 1 1 1 1 1
Construção 3 4 6 9 11 12 17 19 19
Sector terciário 153 160 186 245 276 285 308 321 328
TOTAL 186 195 227 298 336 347 377 394 402
ANGOLA 19.484 20.381 21.894 24.184 26.471 27.484 31.087 33.428 34.460
K.NORTE/ANGOLA(%) 0,95 0,96 1,04 1,23 1,27 1,26 1,21 1,18 1,17
Fonte: INE, ficheiros de empresas
A crise mundial afectou a actividade económica da Província do Kwanza Norte,
traduzido na diminuição do peso relativo do número de empresas criadas face ao país.
Até 2007, a velocidade de criação de empresas na Província – medida pelo
comportamento do rácio Província/nacional – foi positiva, tendo-se atenuado até 2011,
em que a participação do K. Norte regressou, praticamente, ao nível de 2006.
Mas da análise do quadro anterior outras ilações são possíveis e úteis:
 O número total de empresas, nos diferentes ramos de actividade
económica, representa, em média, 1% do total nacional, sinal de pouca
dinâmica da classe empresarial local, de reduzida atractividade da
Província nos principais itens que interessam o investimento privado
(infra-estruturas e serviços financeiros diversos) e de incidência de
factores de deslocalização para Luanda, o grande centro económico do
país, com mais de 80% do total do volume de facturação nacional.
 O sector terciário – comércio, sobretudo, mas igualmente transportes,
reparação de veículos, restauração e hotelaria – é o mais representativo,

22
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

neste item da actividade económica, com uma média de cerca de 81%.


Ou seja, a actividade económica da Província está baseada num sector de
reduzida incorporação local de valor agregado.
 A agricultura e actividades conexas – tal como o INE as define,
restringindo-as ao sector empresarial e excluindo a agricultura familiar,
só assim se explicando a sua fraca representatividade – não figuram com
mais de 4% do número total de empresas em actividade. Se a agricultura
familiar for incluída, as conclusões não se alterarão significativamente,
conforme tabela abaixo.
TABELA 7. PRODUÇÃO AGRÍCOLA FAMILIAR (TON.)
Produção Agricultura Familiar (ton.)
2009/2010 2010/2011
Culturas
Kuanza Norte Angola % Kuanza Norte Angola %
Cereais 8.349 980.369 0,85 9.089 1.169.267 0,78

Tubérculos 1.004.141 14.447.398 6,95 1.053.466 14.901.817 7,07

Leguminosas e oleaginosas 16.809 338.869 4,96 19.164 430.269 4,45

Frutas 57.212 1.878.797 3,05 74.156 2.345.636 3,16

Hortícolas 51.497 902.331 5,71 54.236 980.749 5,53

Fonte: Construído a partir do relatório de resultados do MINADER

 Tal como no resto do território nacional, a construção deu um salto


significativo na Província, em especial depois de 2005. Não obstante, para
as grandes obras, mormente as do PIP nacional, são as empresas não
sediadas na Província que asseguram a maior parte das mesmas,
significando que o respectivo registo contabilístico empresarial e
macroeconómico é referido a Luanda.
 A indústria de transformação apenas representa, em termos de número
de empresas em actividade, 8% do número total. Mas o fenómeno mais
preocupante prende-se com a diminuição do seu peso relativo, na
estrutura produtiva do Kwanza Norte, tendo passado de 11% em 2003
para 7,8% em 2011. O encerramento e paralisação das fábricas do Dondo
podem ser uma razão importante para este comportamento, aliado a
outros estrangulamentos no domínio das condições básicas para o seu
exercício em condições de competitividade.
De resto, as falhas e estrangulamentos anteriores têm a sua expressão final na
rendibilidade económica da Província e na sua capacidade de atracção de investimento,
tal com se expressa no gráfico seguinte.

23
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

GRÁFICO 4. RENDIBILIDADES PROVINCIAIS

Fonte: Construído a partir do Ficheiro de Unidades Empresariais do INE

Os valores do índice de rendibilidade provincial do Kwanza Norte são tão


inexpressivos, que praticamente desaparecem do gráfico.
Uma nota significativa expressa no gráfico anterior refere-se a Luanda e à sua
capacidade de concentração da actividade económica e de atracção do investimento: o
seu índice de rendibilidade é o mais elevado, tem vindo a crescer ao longo do período
2006/2011, não havendo no panorama nacional Província que dispute com a capital a
preferência dos investidores e empresários.
Circunscrevendo a análise das rentabilidades provinciais às regiões mais
contíguas e concorrências do Kwanza Norte – Malange, Kwanza Sul, Uíge e Lunda Norte
– a posição do Kwanza Norte não melhora, continuando fragilizada por factores
negativos de atracção de actividade.

24
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

GRÁFICO 5. QUADRO COMPARATIVO DAS RENDIBILIDADES PROVINCIAIS

Fonte: Construído a partir do Ficheiro de Unidades Empresariais do INE

A barra representativa do Kwanza Norte mal se destaca do gráfico, aparecendo


Malange como a Província que pode exercer uma função de pólo mais aglutinador do
investimento privado. Daí que se possa encarar a possibilidade de se criar um “cluster”
regional entre estas duas Províncias, constituído por actividades complementares, de
onde se pode destacar o trinómio electricidade/agricultura/transformação. Kuanza
Norte e Malange são as duas principais zonas de produção de energia e dispõem de
reservas aquíferas notáveis no contexto nacional, dispondo, assim, de vantagens
comparativas nacionais evidentes e específicas.

25
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

4.1.2. A macroeconomia da Província

Seguramente que os indicadores macroeconómicos da Província têm de


expressar as características do seu tecido produtivo e empresarial analisado no
parágrafo anterior. Uma aproximação a esta matéria encontra-se na tabela seguinte,
devendo, no entanto frisar-se que se tratam de estimativas e cálculos primários – por
conseguinte discutíveis – mas que apresentam a vantagem de situar a Província no
contexto nacional, descortinar algumas fraquezas e características da sua economia e
perspectivar para o futuro o comportamento desejável das principais variáveis.
O quadro seguinte fornece indicações sobre o Produto Interno Bruto da Província
por sectores de actividade e valorizado em mil dólares correntes.

TABELA 2. PRODUTO INTERNO BRUTO PROVINCIAL POR SECTORES (MIL USD)

SECTORES DE ACTIVIDADE 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Agricultura e conexas 16.131,20 22.838,10 32.634,90 41.817,20 50.135,80 59.969,70 70.680,20 82.369,70
Pesca
Indústria extractiva 2.233,90 3.669,00 5.680,20 5.357,80 4.667,80 2.913,80 3.620,00 4.296,00
Indústria transformadora 3.481,50 5.146,10 11.208,30 16.019,80 15.594,70 14.805,00 17.725,60 17.607,60
Electricidade, gás e água 20.845,00 16.645,50 24.451,00 27.115,00 35.089,10 39.731,50 46.166,30 45.463,90
Construção 10.379,90 15.963,50 33.816,30 45.916,40 61.453,60 87.868,60 85.190,20 92.477,80
Sector terciário 15.656,80 30.197,10 64.879,40 83.828,60 118.231,50 113.531,50 127.270,40 141.724,60
PIB 68.728,30 94.459,20 172.670,10 220.054,70 285.172,60 318.820,10 350.652,70 383.939,60
PIB por habitante 245,40 327,80 582,30 721,20 908,30 986,90 1.054,80 1.122,40
PIB provincial/PIB nacional (%) 0,36 0,31 0,36 0,37 0,34 0,49 0,43 0,39
PIB per capita prova./PIB
20,60 17,80 20,50 21,10 19,60 27,80 24,50 22,30
percap. nacional
Taxa média de crescimento do
PIB(%) 37,4 82,8 27,4 29,6 11,8 10,0 9,5
Fonte: MINPLAN e INE

Diferentes notas são aduzíveis aos valores anteriores:


 A primeira relacionada com a perda de dinâmica de crescimento da
economia provincial, já expressa pela diminuição relativa da proporção
de criação de empresas face ao território nacional. Na verdade, os
melhores anos foram 2006, 2007 e 2008, tendo-se perdido dinâmica a
partir daí, situando-se a taxa anual de variação nominal em 9,5% em
2011.

26
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

 A segunda expressa por um valor do PIB provincial em 2011 de apenas


383,9 milhões de dólares. A Província tem potencialidades para gerar
valores agregados, totais e sectoriais, de maior expressão nominal.
 A construção, o comércio (a grosso e a retalho), os transportes, a
restauração e a hotelaria rubricaram, em 2011, 61,3% do PIB provincial,
deixando os sectores mais directamente produtivos e de maior valor
agregado para posições relativas que necessitam de ser melhoradas, no
contexto das alterações económicas estruturais propostas no Plano
Nacional de Desenvolvimento 2013-2017.
 Como se referiu já e de acordo com as estatísticas oficiais disponíveis, os
valores da agricultura, silvicultura e pecuária referem-se unicamente ao
sector empresarial; se se adicionasse a actividade da agricultura familiar,
a posição relativa deste sector melhoraria ligeiramente no quadro
macroeconómico provincial.
 No contexto da estratégia geral de crescimento apresentada no Plano
Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 está reservada à Província do
Kwanza Norte uma vocação essencialmente energética, justificando-se,
por essa via, a possibilidade de instalação de unidades industriais
intensivas em gastos energéticos. Tal poderá ser o caso da extracção e
transformação do minério de ferro de Cassala-Quitungo, com todos os
efeitos de contágio que pode transmitir a outros sectores locais e à
criação de emprego. Esta posição privilegiada do sector de produção de
electricidade está também reflectida nas informações macroeconómicas
do quadro anterior, aparecendo o seu VAB com mais de 45 milhões de
dólares em 2011.
 Seja como for, o PIB provincial representa, em média, menos de 0,5% do
PIB nacional, traduzindo, afinal, as graves assimetrias regionais no país e
o excesso de concentração em Luanda e, em parte, no litoral-centro. Um
dos objectivos estratégicos que este plano deveria assumir era o de
reduzir esta discrepância entre PIB nacional e PIB provincial. No entanto,
o essencial da política de incentivo ao investimento e à actividade privada
escapa à actuação e intervenção do governo provincial, sendo
predominantemente de natureza central. Como se viu mais atrás, o índice
de rendibilidade da Província é dos mais baixos do país, não servindo,
consequentemente, de incentivo à iniciativa privada, sem a qual o
crescimento económico local pode tardar.

27
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

 O PIB por habitante é, igualmente, dos mais baixos do país e a sua relação
com o PIB per capita nacional é de cerca de ¼. A despeito duma evolução
interessante no período 2006/2011, a sua expressão nominal neste
último ano correspondeu a uma possibilidade de gasto diário de apenas
3,1 dólares por pessoa.

. GRÁFICO 6. COMPARAÇÃO ENTRE AS TAXAS DE CRESCIMENTO DO PIB DA PROVÍNCIA E NACIONAL

Fonte: Baseado na tabela número 8.

Em conclusão, a actividade económica da Província do Kwanza Norte, de per se


e no contexto nacional, apresenta resultados fracos que a colocam em patamares não
compagináveis com as suas potencialidades e com as aspirações do Governo Provincial
e da sua população. Alterar este estado de coisas exige investimentos públicos e
privados, principalmente em actividades de elevada capacidade de agregação de valor
local. Os investimentos públicos centrais programados para o “cluster” energia e água
(8596,3 milhões de dólares conforma mais adiante, no capítulo da programação se
mostra) podem alterar a face da economia da província até 2017, ainda que os efeitos
mais estruturantes se possam afirmar essencialmente depois do último ano do Plano. O
sector privado, se estiver organizado e possuído de conhecimentos e capacidade de
gestão, vai aproveitar as oportunidades que um tão pesado programa de investimentos
públicos vai seguramente criar. A sua motivação para actividades ligadas à agricultura,
manufactura, comércio e turismo está mais dependente da sua vocação e experiência,
mas podem ser replicadas na província instrumentos como as Zonas Económicas
Especiais e os Pólos de Desenvolvimento Regional. A construção de uma Estação de
Desenvolvimento Agrário no Dondo poderá ser um estímulo importante para o

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

incremento da agricultura empresarial e m incentivo à actividade os camponeses. No


mesmo sentido se pode colocar a construção do matadouro de Camabatela.

4.1.3. Emprego, produtividade e produto potencial

É difícil quantificar os dados sobre o emprego da Província quando ao nível


nacional as estatísticas do emprego são lacunares (as estimativas apontam para um
quantitativo de cerca de 108.000 trabalhadores formais em 2012). Porém, na medida
em que se trata de uma variável estratégica para a manobra do crescimento económico
e o modelo de distribuição do rendimento – nacionalmente assumido como desigual e
injusto – foram ensaiadas estimativas a serem encaradas com as naturais reservas.
O quadro seguinte apresenta as estimativas do emprego da Província
distribuídas pelos principais sectores de actividade (os valores estão em unidades de
força de trabalho).
TABELA 3. ESTIMATIVAS DO EMPREGO POR SECTORES DE ACTIVIDADE
SECTORES DE
2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
ACTIVIDADE
Agricultura e conexas 82.259 84.644 87.099 89.625 92.224 94.899 97.651 100.483
Indústria
310 337 459 508 536 548 573 608
transformadora
Electricidade, gás e
185 204 224 247 248 273 303 371
água
Construção 95 195 395 435 478 526 579 636
Sector terciário 1.990 1.618 2.293 2.752 3.302 3.963 4.756 5.707
TOTAL 84.839 86.999 90.471 93.567 96.789 100.210 103.861 107.805
Taxa de desemprego 31,30 31,50 30,80 30,50 30,10 29,70 29,20 28,50
Fonte: INE, ficheiros de unidades empresariais 2012.

A taxa de desemprego está em consonância com as estimativas nacionais mais


conhecidas – entre 25% e 30% - e apresenta uma tendência de diminuição que pode ser
consistente com a variação positiva do nível de actividade económica geral da Província.
Ainda assim, trata-se de um valor muito elevado face às condições de pobreza da
população. Para estas populações a oportunidade para aliviarem os sacrifícios derivados
da sua situação de exclusão social está na obtenção de um emprego devidamente
remunerado, sob pena de prolongarem os seus actuais sacrifícios.
O sector de actividade de maior empregabilidade é o agrícola, pecuária e
florestas, com uma representatividade média de mais de 93% no período 2014/2011,
representando uma extraordinária dependência dum ramo produtivo muito susceptível

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

às contingências do clima. A redução desta dependência é urgente, havendo que chamar


a indústria de transformação e o sector terciário a aumentarem a sua representatividade
na criação de emprego na Província.
TABELA 4. ESTRUTURA DO EMPREGO NA PROVÍNCIA

ESTRUTURA DO EMPREGO NO KWANZA NORTE

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Agricultura e conexas 97 97,3 96,3 95,8 95,3 94,7 94 93,2

Indústria transformadora 0,37 0,39 0,51 0,54 0,55 0,55 0,55 0,56

Electricidade, gás e água 0,22 0,23 0,25 0,26 0,26 0,27 0,29 0,34

Construção 0,11 0,22 0,44 0,46 0,49 0,52 0,56 0,59

Sector terciário 2,35 1,86 2,53 2,94 3,41 3,95 4,58 5,29
Fonte: Construída a partir de dados do INE, ficheiros de unidade empresariais 2012

Em termos de produtividade bruta aparente do trabalho, a estimativa conduziu


a um valor em redor dos 3400 dólares por trabalhador em 2011, 36% do valor médio
nacional. Seguramente que esta cifra deve explicar uma boa parte do baixo índice de
competitividade da Província, referido mais atrás.
As estimativas da produtividade, em dólares correntes por trabalhador, estão na
tabela seguinte.
TABELA 5. ESTIMATIVAS DA PRODUTIVIDADE NOMINAL (USD/TRABALHADOR)

SECTORES DE ACTIVIDADE 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Indústria extractiva - - - - - - - -

Indústria transformadora 11.459,3 14.895,2 27.569,4 32.308,0 30.645,1 26.964,0 32.074,2 30.724,7

Electricidade, gás e água 4.212,5 3.351,9 4.906,3 5.440,8 25.850,2 29.164,0 9.602,9 5.993,9
Construção 108.991,0 81.780,3 85.567,5 105.623,0 128.512,5 167.047,0 147.231,9 145.297,1
Sector terciário 7.868,6 18.667,1 28.289,6 30.460,1 35.800,7 28.647,9 26.762,3 24.834,7
Produtividade bruta aparente 767,1 1.029,3 1.814,2 2.238,8 2.913,8 3.147,3 3.236,4 3.339,1
Produto potencial
90.941,3 125.568,2 227.733,4 289.185,8 387.284,2 430.459,4 455.486,1 483.558,0
(tx.desemp.=4%)
Hiato do produto (%) 75,6 75,2 75,8 76,1 73,6 74,1 77 79,4
Fonte: Construída a partir de dados do INE, ficheiros de unidade empresariais 2012

O hiato do produto – dado pela diferença entre o produto potencial (nível de


actividade correspondente ao uso pleno dos factores de produção disponíveis) e o
produto efectivo – mostra bem as possibilidades escondidas de crescimento económico
da Província do Kwanza Norte.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

4.2.- Caracterização económica sectorial

4.2.1.- Agricultura, pecuária, exploração florestal e pescas

AGRICULTURA
No domínio agrícola, a Província produz, actualmente, cereais (milho), raízes e
tubérculos (mandioca, batata doce e batata comum), leguminosas e oleaginosas (feijão,
feijão macunde, amendoim e soja), frutas diversas (banana, citrinos e ananás) e
hortícolas (sobretudo alho, cebola, tomate, repolho, cenoura e pimento).
Nas três últimas campanhas agrícolas – 2009/2010, 2010/2011 e 2011/2012 – as
diversas culturas, que, de algum modo, estiveram sujeitas a controlo estatístico por
parte do Ministério da Agricultura, ocuparam uma superfície variando entre os 136 mil
e 155 mil hectares, segundo a seguinte distribuição:
TABELA 6. ÁREAS CULTIVADAS (HECTARES)

Fileiras 2009/2010 2010/2011 2011/2012


Cereais 11.788 12.683 15.069
Raízes/Tubérculos 72.279 75.133 81.711
Leguminosas/Oleaginosas 38.693 40.835 44.065
Fruteiras 3.719 3.855 4.804
Hortícolas 9.773 10.083 9.332
Total 136.252 142.589 154.981
Fonte: Ministério da Agricultura – Resultados da Campanha Agrícola – 2010/2011 e 2011/2012

A ocupação referida reparte-se por duas estruturas de produção bem distintas:


as explorações agrícolas do tipo familiar (camponês) e as do tipo empresarial.
As do tipo familiar, caracterizadas, fundamentalmente, pelo cultivo de pequenas
áreas, muito fragmentadas, pela utilização de técnicas tradicionais em consonância com
uma limitação enorme de factores de produção, são as de expressão dominante, sendo
a maior parte destas constituídas por plantações de café, actualmente desactivadas ou
sob baixos ritmos de actividade.
Segundo as estatísticas elaboradas pelo Ministério da Agricultura, o número de
explorações registadas entre 2010 e 2012 assumia a seguinte expressão.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

TABELA 7. NÚMERO TOTAL DE EXPLORAÇÕES REGISTADAS

Número Total de Explorações


Anos Agrícolas
Tipo Familiar Tipo Empresarial

2010/2011 63.121 165


2011/2012 63.548 165
Fonte: Ministério da Agricultura

A fileira das raízes e dos tubérculos domina, em termos de áreas, as demais,


seguindo-se-lhe, por ordem de grandeza, a das leguminosas/oleaginosas, a dos cereais,
a das hortícolas, ocupando a das fruteiras o último lugar.
As principais culturas, por ordem da sua importância reportada às áreas
cultivadas, são a mandioca – primeiro lugar absoluto - o amendoim, o feijão, o milho e
a batata-doce.
Os dados proporcionados pelos relatórios dos Resultados das Campanhas
Agrícolas 2010/2011/2012 do Ministério da Agricultura permitem as seguintes
inferências relativamente às principais culturas praticadas na Província:
No que concerne à Mandioca, são as empresas do tipo familiar as responsáveis
por 91% da área cultivada, correspondendo ao sector empresarial apenas 9%. Também
a produção se deve, em termos percentuais, 91% às empresas familiares e 9% às do tipo
empresarial. Sobre a produtividade, é de assinalar que quer a conseguida pelos
camponeses, quer a obtida pela agricultura empresarial registam níveis muito próximos
– entre 11 e 16 toneladas/ha – com ligeira vantagem para os rendimentos do sector
familiar.
O Amendoim ocupa, em termos de área cultivada, uma segunda posição, logo
após a mandioca. É, também, cultura praticada sobretudo pelo sector familiar – mais de
20.000 hectares por ano – sendo muito restritas as áreas cultivadas pelas explorações
do tipo empresarial – 700 a 800 hectares nas últimas três campanhas. A produtividade
média referida nas estatísticas do Ministério da Agricultura é da ordem dos 500 kg/ha
para as explorações familiares, e dos 650kg/ha para as do tipo empresarial.
O Feijão ocupa a terceira posição entre os produtos mais cultivados na Província,
interessando, sobretudo, o sector familiar – entre 15.000 e 17.000 hectares/ano nas
últimas três campanhas, contra 1.270 hectares, em média, cultivados em explorações
do tipo empresarial. A produtividade média é mais baixa na cultura praticada pelos
camponeses – 400Kg/ha, contra 550Kg/ha obtidos pelos agricultores empresariais.
As áreas cultivadas de Milho têm alcançado pequena expressão: uma média de
1.200 hectares por campanha, ainda que os números revelem um crescente interesse
pela cultura, tanto por parte das explorações do tipo familiar, como da parte das do tipo
33
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

empresarial. São, sobretudo, as pequenas explorações familiares que se dedicam à


cultura, obtendo baixos rendimentos por hectare (700Kg/ha), muito inferiores aos
conseguidos pelas explorações do tipo empresarial (1.300/1.400Kg/ha).
A Batata doce é objecto do interesse dos agricultores da Província, sobretudo
dos integrados em explorações do tipo familiar, sendo irrisórias as áreas cultivadas perlo
sector empresarial. As produtividades médias obtidas são da ordem das 8 ton/ha para
as explorações familiares, e das 9 ton/ha para as empresariais.
A Batata comum é uma cultura praticada, principalmente, pelas explorações do
tipo empresarial, que em cada uma das três últimas campanhas dedicaram cerca 1.200
hectares para o seu cultivo, contra cerca de 800 hectares que os camponeses cultivaram.
Os rendimentos médios conseguidos pelas explorações empresariais têm sido muito
superiores aos obtidos pelas explorações do tipo familiar.
No tocante às Fruteiras, segundo os Relatórios do Ministério da Agricultura,
predomina a bananeira, detendo os pequenos agricultores uma maior área global,
pertencendo-lhes, também, a maior quota parte da produção total. Contudo, segundo
a mesma fonte, a produtividade média conseguida pelos empresários mostra-se
relevantemente superior às obtidas pelos pequenos agricultores. O interesse pelo
ananás parece crescer, tanto da parte da agricultura familiar como da do tipo
empresarial, verificando-se aumentos das áreas de cultivo e da produção global, ainda
que a níveis, por enquanto, modestos.
Relativamente às Hortícolas arroladas, quase todas têm merecido a atenção das
duas estruturas produtivas presentes, e apenas a cenoura parece não concitar o
interesse das explorações do tipo familiar. As produções de pimento, repolho, tomate e
cebola do sector empresarial excederam as do sector familiar, que domina, apenas, na
produção do alho.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

TABELA 8. PRODUÇÃO DAS ÚLTIMAS CAMPANHAS AGRÍCOLAS (TON)

Campanhas Agrícolas

Nº Culturas 2007/2008 2008/2009 2009/2010 2010/2011 2011/2012 2012/2013


1 Mandioca 602.440 763.765 944.720 965.430 723.540 999.620
2 Amendoim 3.268 3.608 9.006 8.541 3.933 12.404
3 Milho 4.380 4.405 3.455 3.401 2.755 13.010
4 Batata-doce 9.505 10.164 12.500 29.436 28.200 58.527
5 Batata-comum 300 588 601 986 340 303
6 Batata inhame - - - 1.088 468 23.319
7 Feijão manteiga 3.272 4.118 5.272 4.677 4.419 8.692
8 Feijão macunde 1.240 1.994 1.675 2.003 602 1.577
9 Banana 18.392 19.160 20.089 27.160 24.264 28.910
10 Hortícolas 27.600 29.112 32.000 36.601 - 432
Total 670.428 836.924 1.029.318 1.079.323 788.521 1.146.793
Fonte: Departamento Provincial do Instituto de Desenvolvimento Agrário
Obs.: No ano agrícola de 2011/2012, a Província do Kwanza Norte registou um período de estiagem de mais de 3
meses em alguns municípios, o que provocou danos consideráveis às produções, sobretudo nas culturas de ciclo
curto.

O Café foi, no período colonial, o produto agrícola de maior importância


económica no Kwanza Norte. Com uma área cultivada da ordem dos 150.000 hectares,
a produção global atingiu, em 1972 e 1973, 93.000 toneladas e 82.500 toneladas,
respectivamente, o que representava, aproximadamente, 39% a 41% da produção total
de Angola. De salientar, contudo, que nesse período as regiões de Bula Atumba, Dembos
e Pango Aluquém estavam integradas na Província, e só elas participavam com cerca de
40% da produção provincial. Esta produção decorria da actividade de grandes, médias e
pequenas explorações, contribuindo estas últimas com cerca de 25% a 30% para a
produção provincial. De relevar que o alastramento da doença “morte súbita”
devastava, na época, áreas consideráveis de cafezal, principalmente nas regiões do
Golungo Alto e Cazengo.
Após a independência, as grandes e médias propriedades foram, na
generalidade, abandonadas, tendo sido, posteriormente, objecto de um processo de
redimensionamento, abrangendo a actualização dos processos, títulos e concessões.
Actualmente o sector cafeícola conta com 3.446 cafeicultores familiares (com
áreas até 10 hectares, dos quais 2.301 em actividade, e 97 explorações do tipo
empresarial, com uma área total de 32.419 hectares. A caracterização das fazendas de
café por municípios, no que toca ao número de empresas e áreas totais, está referida
no quadro seguinte.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

TABELA 9. DISTRIBUIÇÃO E ÁREA DAS FAZENDAS DE CAFÉ (2012?)

Área Total de
Município Número de Café (ha)
Empresas

Ambaca 14 6.552
Banga 5 3.381
Bolongongo 24 6.046
Cazengo 7 2.168
Golungo Alto 30 11.535
Gonguembo 4 310
Lucala 2 120
Quiculungo 6 1.517
Samba Cajú 5 790
Total 97 32.419
Fonte: Administrações municipais

Do ponto de vista de produção, assiste-se a um decréscimo bastante expressivo


nas quantidades obtidas em todos os municípios, conforme se pode verificar no quadro
apresentado a seguir:
TABELA 10. QUADRO GERAL DE PRODUÇÃO DE CAFÉ

Nº de Produtores Área c/ Produções/Ton


Área
Municípios Café
Total (ha)
Em (ha)
Total Actividade 2000 2011 2012

Cazengo 442 50 22.560 480 30.0 26.0 26.0


Lucala 3 3 36 20 -0- -0- -0-
G. Alto 187 ? 34.060 14.749 250.0 200.0 108.0
Gonguembo 88 ? 1.235 584 30.0 20.0 20.0
S. Cajú 208 ? 1.500 390 120.0 90.0 68.0
Basanga 162 ? 1.905 400 140.0 100.0 70.0
Kiculungo 202 ? 1.960 460 220.0 180.0 101.0
Bolongngo 63 ? 2.000 500 250.0 190.0 110.0
Ambaca 2.300 ? 3.230 2.104 300.0 200.0 197.0
Total 3.655 ? 68.486 19.687 1.340.0 1.006.0 700.0
Fonte: Departamento Provincial do Instituto Nacional do Café

O Palmar, na maior parte dos casos instalado como cultura subsidiária do café,
em povoamentos dispersos ou concentrados nas baixas aluvionares e de fundo dos

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

vales, proporcionava na época colonial uma produção da ordem das 3.200 toneladas de
óleo de palma e 1.200 toneladas de coconote.
Nos últimos anos do período colonial, e na intenção da diversificação cultural,
em especial da cafeicultura, assistia-se a um interesse considerável pela plantação de
palmares, a partir de plantas e de sementes híbridas provenientes de plantas de alta
produtividade, fornecidas pelos serviços oficiais.
Actualmente, os palmares das fazendas têm sido devastados para a recolha
marufo ou maluvo, e só mantém alguma expressão no Golungo Alto. A produção de óleo
de palma apenas satisfaz o autoconsumo da população da Província, verificando-se uma
sobra insignificante que é canalizada para o comércio local.
Através do Instituto do Café decorre um programa de revitalização do palmar.
Esse programa inclui a recuperação de uma pequena área para obtenção de “boa
semente” e, também, para recepção de mudas de plantas híbridas procedentes da
Indonésia.
PECUÁRIA
Na década de sessenta, a exploração extensiva de bovinos de corte no Planalto
de Camabatela ganhou certa relevância. As condições propícias ao desenvolvimento da
actividade proporcionadas pela região atraíram inúmeros empresários, que acabaram
por reunir, nos últimos tempos do período colonial, um efectivo de mais de 100 mil
cabeças, em boa parte constituído a partir de animais importados de boa aptidão.
A instabilidade registada no período 75/77 consentiu o abate indiscriminado de
gado, e o efectivo bovino baixou para números próximos das 5.000 cabeças. No final da
década de setenta foi constituído o Complexo Agrário de Cambatela e o governo realizou
um importante investimento traduzido na importação de cerca de 10.000 novilhas
cruzadas, a partir do Botswana. Em 1984, o Complexo Agrário dispunha de um efectivo
total de 17.628 animais, distribuídos por 19 unidades de produção, numa área de 77.750
hectares. Em consequência do alastramento da guerra para as áreas do norte do país,
mais uma vez se verificou o desaparecimento quase total de gado bovino na região.
Não se dispõe de indicadores fiáveis sobre o que é efectivamente, a exploração pecuária
actual na Província. Os elementos estatísticos conseguidos são os referidos nos
Relatórios de Resultados das Campanhas Agrícolas publicados pelo Ministério das
Agricultura, que são apenas estimativas e, para além disso, não permitem diferenciar o
sector familiar do sector empresarial.

Com base nesses elementos disponibilizados pelo Ministério da Agricultura


apresenta-se, a seguir, um quadro síntese da evolução do sector pecuário, com

37
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

indicadores referentes aos efectivos estimados, efectivos abatidos e produções por tipo
de animal.
TABELA 11. EVOLUÇÃO DO SECTOR PECUÁRIO

Efectivo Estimado Efectivo Abatido Peso médio limpo Produção de


Espécies
Cabeças Cabeças Kg/Cabeça carne ton

2010 2011 2010 2011 2010 2011 2010 2011

Bovinos 9.391 9.597 195 517 29,3 77,7


Caprinos 78.088 80.197 2.199 2.861 35,6 46,3
Ovinos 64.691 66.438 217 334 3,5 5,4
Suínos 29.961 33.077 400 632 10 15,8
Avícolas 64.671 75.471 46.800 58.922 46,9 59
Fonte: Ministério da Agricultura – Relatório de Resultados das Campanhas Agrícolas 2010/2011 e 2011/2012

Indicadores fornecidos pela Direcção Provincial da Agricultura, Desenvolvimento


Rural e das Pescas dão somente notícia das produções resultantes da actividade
pecuária, que se encontram reunidas no quadro seguinte:

TABELA 12.PRODUÇÃO PECUÁRIA

Produtos 2010 2011 2012

Carne bovino (ton) 64,9 78,2 73,5

Carne de caprino (ton) 40 13,5 33,7


Carne de frango (ton) 29.1 19,6 36
Ovos (unidades) 58.319 282.307 691.088
Fonte: Direcção Provincial da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas

Pese, embora, a relatividade e disparidade dos dados arrolados, deles é possível


retirar as seguintes inferências:

 Regista-se uma evolução nos efectivos pecuários, ainda que, de certo


modo, tímida;
Do quadro ressalta a importância dos caprinos, seguindo-se-lhes os ovinos;
 Os suínos e as aves registam os maiores ritmos de crescimento;
 São baixas as taxas de abate, quer dos bovinos, como dos caprinos, suínos
e ovinos;
38
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

 Os rendimentos unitários são muito baixos


 A produção total de carne, se bem que tenha crescido entre 2010 e 2011,
é, ainda, muito baixa, face às potencialidades da Província quanto à
exploração pecuária.
 A produção de ovos aumentou consideravelmente no período 2010 a
2012.

EXPLORAÇÃO FLORESTAL

Não se conhecem concretamente a potencialidade e as características dos


recursos florestais do Kwanza Norte – informações imprescindíveis para o seu racional
ordenamento produtivo. Contudo, no tempo colonial, a Província era a quarta maior
região de exploração florestal, depois de Cabinda, Moxico e Huíla.
Em 1973, a produção do Kwanza Norte foi de 40.352m³ de madeira, cortada sob
autorização de 364 licenças de exploração. A produção de lenhas, obtida sob a
concessão de 27 licenças emitidas, foi de 3715m³, e a de carvão, sob 18 licenças, atingiu
3.540m³.
As espécies florestais mais exploradas na época eram
Moreira – Clorophora excelsa, Benth&Hook
Kibaba – Khaya anthoteca (Welw C. DC)
Kibemuxi –
Monguba – Entandrophragma sp. (utile)
Mubanga – Acacia Welwitschii Oliv.
Bombolo – Mélia dúbia Cav.
Cafekeso – Mimusops frondosa Hiern
Tacula – Pterocarpus tinctorius Welw.
Muanza – Albizzia glabrescens Bak
Pau caixão –
Pau enxofre –
Dulo –
Mafumeira – Ceiba pentandra Gaermi

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Actualmente, a exploração florestal não alcança valores expressivos. A razão


disto decorre, fundamentalmente, da fraca capacidade das empresas instaladas e da
dificuldade de acesso às áreas de exploração.
No quadro seguinte estão indicados os números dos empresários dedicados à
exploração florestal, bem como os volumes de madeira licenciados e explorados.

TABELA 13. EXPLORAÇÃO DE MADEIRA

Volumes Volumes
Anos licenciados explorados
m³ m³

2010 14.034 3.040

2011 5.700 3.131


2012 7.920 4.972
Fonte: Direcção Provincial da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas

A maior parte da madeira extraída foi remetida em toros para Luanda, e apenas
um pequeno volume foi objecto de transformação primária na Província, através de
serrações locais.
TABELA 14. TRANSFORMAÇÃO LOCAL DE MADEIRA

Anos
Volumes m³

2010 330
2011 300
2012 400
Fonte: Direcção Provincial da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas

A exploração de lenhas, pelo menos para consumo nos centros urbanos, parece
querer diminuir, como se pode inferir dos quantitativos registados no período
2007/2012, reunidos no quadro seguinte:
TABELA 15. LENHAS EXPLORADAS

Anos Volume (Est)


2007 1.700
2008 500
2009 200
2010 100
2011 200
2012 200
Fonte: Direcção Provincial da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das Pescas

40
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Além destes quantitativos, há ainda a considerar a exploração de lenhas


destinadas ao “ consumo das famílias camponesas”, cujo valor se desconhece em
absoluto.
O fabrico de carvão vegetal, obtido por meios primitivos – medas ou fossas - tem
algum significado na Província. O quadro que segue dá os volumes produzidos entre
2007 e 2012.
TABELA 16. FABRICO DE CARVÃO

Anos Quantidades (Kg)


2007 4.542.00
2008 1.730.00
2009 1.826.00
2010 3.486.000
2011 1.492.000
2012 3.972.000
Fonte: Direcção Provincial da Agricultura, Desenvolvimento Rurais e das

Este carvão é canalizado habitualmente para Luanda, e, em pequena quantidade, satisfaz


as necessidades urbanas locais.

PESCAS

A pesca é praticada em rios e lagoas da Província, sob processos artesanais, e


tem importância económica e social assinalável, particularmente no Município de
Cambambe.
A ela se dedica um número expressivo de agricultores com o objectivo não só do
autoconsumo como, também, da comercialização de excedentes. O peixe é
comercializado em fresco, escalado e seco, ou depois de fumado.
As espécies mais pescadas são o cacusso, o bagre e o mussolo. Boa parte do
pescado é canalizada para Luanda.
A pesca artesanal está a ser objecto de algumas acções de assistência técnica,
visando, sobretudo, a melhoria das actividades post-captura.
Está em marcha um projecto de expansão da aquicultura em zonas com interesse
para tal, designadamente do Lucala, Banga, Ambaca e Cambambe, e iniciou-se a
construção de um Centro de Larvicultura em Cambambe, para fornecimento de
espécies.
41
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Os volumes de produção da pesca artesanal alcançados no triénio 2010/2012


estão patentes no quadro seguinte:
Tabela 17. Produção da pesca artesanal
Anos Quantidades (ton)
2010 583,2
2011 198,9
2012 6.483,0
Fonte: Direcção Provincial da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas

Vários pescadores, principalmente da comunidade de Ngolome, município de


Cambambe, dizem-se dispostos a abandonar a pescas, devido, segundo eles, à pouca
rentabilidade da actividade.

Caracterização Institucional

Existe uma Direcção Provincial da Agricultura, Desenvolvimento Rural e das


Pescas, órgão subordinado ao Governo da Província dum ponto de vista hierárquico,
mas dependente metodologicamente do Ministério da Agricultura.
Formalmente compete à Direcção promover o fomento agrícola, pecuário e
pesqueiro, e o acompanhamento técnico dos pequenos e médios agricultores e
pecuaristas e dos pescadores artesanais.
A Direcção é conformada por 1 Secretaria e 2 Departamentos: da Agricultura e
das Pescas, cabendo a este último o cadastramento de todos os pescadores e o
acompanhamento da actividade pesqueira, designadamente no que se reporta a dados
de captura, épocas de pesca, distribuição de artefactos de pesca e a emissão de licenças
de pesca.
No âmbito agrário, para além da Direcção referida, estão presentes na Província
representações de 6 Institutos Públicos e de 2 Empresas Públicas, órgãos de dupla
subordinação:
 Instituto de Desenvolvimento Agrário, cuja competência incide no
fomento, coordenação e execução das políticas e estratégias traçadas no domínio do
desenvolvimento agro-pecuário, em especial a promoção da agricultura familiar.

 Instituto de Desenvolvimento Florestal, que tem por incumbência a


execução, na Província, das políticas traçadas no domínio florestal e faunístico.
 Instituto dos Serviços de Veterinária, a que cabe assegurar a coordenação
e a execução das políticas e estratégias definidas no domínio de pecuária provincial

42
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

 Instituto Nacional do Café – cuja função é a do acompanhamento e


controlo da actividade cafeeira e a execução das políticas traçadas no domínio da fileira
do café.
 Instituto Nacional dos Cereais, entidade cujas competências se centram
no domínio de produção, importação, exportação, comercialização e transportação
industrial de cereais.
 Instituto de Investigação Agronómica, a que cabe a execução de trabalhos
de investigação, experimentação e desenvolvimento tecnológico no domínio agro-silvo-
pastoril.
 Empresa Nacional de Mecanização Agrícola (Mecanagro)
 Empresa Nacional de Comercialização do Café (Procafé)
A estas instituições há a acrescer o Gabinete de Acompanhamento do Planalto
de Camabatela e a Estação Experimental do Kilombo.
Prestam serviços ao sector agrário algumas empresas privadas com
estabelecimentos na Província. Merecem destaque as empresas Tecnagri e Mecangol,
vocacionadas para a preparação de terras, e as empresas Hortojardim, Agripest e Edusa,
que se dedicam, sobretudo, à venda de sementes, fertilizantes, equipamentos e
instrumentos de trabalho. A Tecnagri e Hortojardim são empresas de média dimensão,
as demais são de pequena dimensão. Todas prestam serviços considerados satisfatórios.

43
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

4.2.2. Indústria Transformadora


A Província herdou do período colonial um parque industrial composto por
estabelecimentos distribuídos pelas classes de alimentação e bebidas, dos têxteis, da
transformação da madeira, das artes gráficas e da fabricação de produtos minerais não
metálicos.
De assinalar que no Kwanza Norte se instalaram alguns empreendimentos
industriais de expressão económica relevante, designadamente uma grande cervejeira
(EKA), uma fábrica têxtil (a maior de Angola, de então), e uma unidade de produção e
de engarrafamento de bebidas obtidas por fermentação de frutas.
O parque industrial da Província encontra-se praticamente desactivado e o
desempenho das unidades ainda em laboração é afectado por inúmeros
estrangulamentos encadeados e persistentes, de difícil solução no imediato, cuja
mitigação exige uma intervenção pluri-sectorial de grande dimensão, concentrada no
âmbito de uma política clara, integrada e actuante de desenvolvimento.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística, em 2011 estavam em actividade na
Província 45 empresas transformadoras6. De acordo com as estimativas apresentados
na tabela número 8 paragrafo 4.1.2., o valor agregado da indústria transformadora na
Província do Kuanza Norte rondou os 18 milhões de USD para um total do PIB provincial
de 384 milhões de USD.
O Ministério da Indústria, a quem cabe o licenciamento das Actividades
Industriais que se geram sob investimento de um valor superior a USD 70.000,00,
fornece a informação reproduzida no quadro seguinte:

6 (1). INE – Estatística do Ficheiro de Unidades Empresarias, 2008-2011

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

TABELA 18. ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS LICENCIADOS PELA DIRECÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA – MINISTÉRIO DA
INDÚSTRIA
Nº Designação Município Comuna Actividade Industrial Investimento (USD) Total Trabalhadores
Engarrafamento de Água de
Aguas Cristalinas do K Norte, Lda Cazengo Ndalatando 6.000.000,00 50,00
1 Mesa
Engarrafamento de Água de
EPBY-Soluções Cambambe Dondo 6.000.000,00 70,00
2 Mesa
EKA-Emp. Angolana de Cervejas,
Cambambe Dondo Fabricação de Cerveja 73.983.287,00 420,00
3 S.A.R.L
Blocos Artefactos de
Ngolafrilaja-Comércio Geral, Lda Cambambe Dondo 400.000,00 15,00
4 Cimento e Carpintaria
Fabricação de Estruturas
Light Steel Angola, Lda Lucala Lucala 1.000.000,00 20,00
5 Metálicas
São Pedro da Moagem de Cereais (Farinha
Rogério Leal & Filhos, Lda Cambambe 3.435.950,00 40,00
Quilemba de milho, óleo vegetal
6
Pirata-Prestação de Serviços
Importação e Exportação de
Cambambe Dondo Panificação e Pastelaria 200.000,00 21,00
Eugénio Oliveira Pascoal F. Da
7 Silva
Total 91.019.237,00 668,00
Fonte: Ministério da Indústria

A informação disponibilizada pelos Serviços Provinciais da Indústria proporciona,


em adição à fornecida pela Direcção Nacional da Indústria do Ministério da Indústria, a
imagem da realidade industrial do Kwanza Norte configurada no quadro seguinte:

TABELA 25. ESTABELECIMENTOS INDUSTRIAIS LICENCIADOS PELA


DIRECÇÃO PROVINCIAL DA INDÚSTRIA

Indústrias e Produtos Activas Inactivas Total

32
Ind. Da Alimentação Moagem 32

42
Panificação 42
1
Panif. /Pastelaria 1
1
Pastelaria 1
3
Ind. Da Madeira Serração 3
7
Carpintaria 7
6
Carp. /Marcenaria 6
2
Estofos/Mobiliário 2
Indústria da Borracha
2
Recauchutagem Pneus 2
1
Ind. Mat. Construção 1
3
Fabrico de Blocos 3
45
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

1
Britamento de Pedra 1
Ind. Prestação de Serviços
2
Tipografia 2
2
Alfaiates 2
3
Sapateiros 3
9
Serralheiros 9
2
Oficinas Mecânica-Auto 2
Fonte: Direcção Provincial da Indústria do Kwanza Norte

É pertinente destacar o facto da maior parte das unidades industriais que


laboram no Kwanza Norte ter sido licenciada pelo órgão provincial que tutela a indústria,
e que são, maioritariamente, pequenos estabelecimentos, muitos deles de carácter
artesanal. Constitui exemplo o número elevado de padarias e de moagens estabelecidas
através de investimentos – declarados – compreendidos entre USD 1.000,00 e 5.000,00
(das 42 padarias arroladas, apenas 9 registaram investimento de certo vulto; das
moagens, somente 1 nasceu de investimento superior a USD 70.000,00.
São as indústrias das bebidas (cerveja e água mineral) e as moagens (fubas e
farinhas de mandioca e de milho) e as de panificação que dominam na estrutura da
produção provincial.
Os investimentos aplicados no sector são pouco significantes, se confrontados
com o que as potencialidades da Província podem e devem perspectivar, dentro de
certos condicionalismos, no que toca a sectores motores influentes no desenvolvimento
industrial regional.
Não foi possível reunir informação afecta à produção industrial da Província – à
excepção da obtida pela EKA- e foi asseverado que a mesma é escassa e irregular.
Está-se, portanto, num estádio de pouca relevância do ponto de vista industrial,
e de uma produção sectorial longe de ser a mais conveniente para o desenvolvimento
progressivo da Província.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Caracterização Institucional

A execução local da política industrial cabe ao Governo da Província, que conta,


para tal, como uma Direcção Provincial da Indústria…
A capacidade institucional desta Direcção é fraca, consequência de insuficiência
quanto à quantidade e qualidade dos recursos humanos de que dispõe.
Metodologicamente, em princípio, a Direcção Provincial deveria depender do
Ministério da Indústria, mas não se institucionalizou o diálogo permanente entre o
Governo Provincial e o Ministério Sectorial, do que resulta um certo desfasamento entre
as acções desenvolvidas a nível local e as determinadas pela entidade tutelar.

4.2.3. Comércio
A actividade comercial na Província foi profundamente afectada pela acção
destrutiva da guerra.
De uma forma geral, o número de estabelecimentos em actividade está aquém
das necessidades em face da densidade populacional, e este facto adquire maior
acuidade, em particular, a nível dos municípios.
Actualmente, se nos centros urbanos se assiste a uma reactivação do comércio
formal, no meio rural a actividade mercantil desenvolvida pelo comerciante licenciado,
permanente, tem pouca expressão. O sistema de comercialização das produções mais
difundido é o da permuta individual, a venda de produtos à beira de estrada ou em
mercados fora e dentro de povoados, e o comércio informal ou paralelo.
De acordo com as Estatísticas do Ficheiro de Unidades Empresariais, 2008-2011,
do Instituto Nacional de Estatística, o número de empresas comerciais em actividade na
Província era de 256, englobando o comércio por grosso e a retalho, a reparação de
veículos automóveis e motociclos, e de bens de uso pessoal e doméstico.
O quadro a seguir, com informação mais abrangente, porque inclui o comércio
precário, vendedores de mercado e ambulantes, dá conta da tipificação, inúmero e
distribuição das estruturas comerciais que, licenciadas a partir de 2008, e estão
autorizadas a praticar o comércio na Província.

47
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

TABELA 19. REDE COMERCIAL LICENCIADA A PARTIR DE 2008

Bolongo Golungo Gonguem Kambamb Quiculun Samba


Ambaca Banga Cazengo Lucala Sub-Total
Tipo de Comércio ngo Alto bo e go Cajú
Grossista 0 0 0 2 2 1 7 0 0 1 13

Comércio Retalho 17 12 23 72 22 10 78 6 6 11 257

Comércio Geral 2 4 2 6 4 1 17 0 0 1 37

Prestação de Serviços Mercantis 0 0 0 32 3 0 16 1 1 0 53

Comércio Precário 2 6 2 261 33 12 133 30 8 12 499

Vendedores de mercado 2 35 37

Ambulantes 15 15
Total 21 22 27 373 64 24 268 37 15 60 911
Fonte: Governo Provincial do Kwanza Norte – Direcção do Comércio, Hotelaria e Turismo

O abastecimento de produtos derivados de petróleo à população encontra-se


garantido pela rede de distribuição assinalada no quadro seguinte:
TABELA 20. REDE DE DISTRIBUIÇÃO DE DERIVADOS DE PETRÓLEO

Actividade Cazengo Cambambe Lucala Total

Postos de Revenda
de Gás Butano
8 5 1 14
Postos de
Abastecimento de
Combustível 1
Postos de Venda
de Lubrificantes 1
Fonte: Governo Provincial do Kwanza Norte – Direcção do Comércio, Hotelaria e Turismo

48
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Caracterização institucional

São notórias as insuficiências e debilidades da estrutura local encarregada das


questões afectas à política do Comércio: a Direcção Provincial do Comércio, que se
ocupa, também, da Hotelaria e Turismo.
Esta deficiência decorre, principalmente, de uma falta de recursos humanos e de
organização para garantir uma correcta aplicação das políticas sectoriais, que se reflecte
negativamente na disponibilidade de informações estatísticas, na capacidade de
respostas correctas e rápidas aos problemas locais e na remoção atempada de
obstáculos burocráticos.
É pertinente observar que a inconveniência apontada não diz só respeito à
Direcção em causa, mas sim a uma incidência mais geral. E que o desenvolvimento
económico da Província para ser sustentado, necessita do suporte de um eficiente e
moderno sistema administrativo.

4.2.4. Água, Saneamento e Energia

As infraestruturas de água, bem como as de energia beneficiaram de muitas


intervenções á partir do período que se seguiu a guerra. Entretanto, embora, a Província
esteja relativamente bem dotada em recursos hídricos, a situação de abastecimento de
água no geral, ainda inspira preocupações, particularmente, pelos efeitos que lhe são
actualmente atribuíveis para o bem-estar da população.
As soluções, a par das em curso no âmbito do projecto água para todos, deverão
ser encontradas, paralelamente, na dinamização da construção de habitação social, pois
neste âmbito, os custos a incorrer serão, de longe, bastante menos onerosos, face às
economias de escala que potencialmente proporcionarão, em contraposição com os
sistemas isolados que são privilegiados nesta fase de desenvolvimento da Província.
De todos os municípios, o de N´Dalatando é o que dispõe do melhor sistema,
abrangendo, por conseguinte um número razoável de utentes em resultado dos
investimentos consentidos nos últimos anos. Os números disponíveis apontam para o
acesso de 46% da população à água potável.
Assumindo, que um dos factores propiciadores da mortalidade na Província é a
malária e as doenças diarreicas, então é concludente que a situação sanitária da
Província reclama por intervenções no domínio da água.

49
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Quanto ao saneamento do ambiente, embora estejam em construção os


projectos de infra-estruturas integradas, a situação da Província é expressa pela
proporção da população que dispõe de instalação sanitária apropriada, que perfaz cerca
de 39%.
Portanto, a Província no domínio do saneamento do ambiente necessita de
inverter a situação actual, visando a melhoria do bem-estar da sua população.
No que diz respeito as infra-estruturas de energia, a Província pelas suas
condições hídricas é um centro de produção, através da barragem de Cambambe e a em
construção barragem de Laca. Prevê-se, ainda a construção de outras barragens.
Entretanto, independentemente, de se constituir num centro de produção de
energia, o seu aprovisionamento enferma de algumas dificuldades, face à situação das
suas redes de média e baixa tensão.
Portanto, os efeitos decorrentes da guerra ainda se fazem ressentir, pois a
Província não se encontra totalmente provida de energia. A testemunhar a situação
antes expressa, resulta referir que somente cerca de 23% população tem acesso a
energia eléctrica.
A situação antes descrita, em muito condiciona o desenvolvimento económico
da Província face aos constrangimentos ainda existentes no que concerne ao
provimento de energia eléctrica.
Para fazer face às necessidades no domínio da água na Província, estão
projectadas intervenções a partir dos projectos de construção de novos sistemas de
abastecimento de água.
No domínio da energia, a produção aumentará consideravelmente na ordem dos
4 mil mw, através da barragem de Laúca, Caculo-Cabaça e a 2ª fase do alteamento da
barragem de cambambe.

4.2.5. Actividade mineira

O sector mineiro representa, pelas suas potencialidades, uma das principais


áreas estratégicas da economia nacional.
É tida como significativa a importância do potencial mineral da Província,
destacando-se as ocorrências conhecidas de ferro, manganês, cobre, ouro, rochas
ornamentais, quartzo, asfalto e talco.
Relativamente ao ferro e manganês, são conhecidos, de há muito, os jazigos de
Kassala Kitungo, na peneplanície que se estende do Dondo a Ndalatando, com reservas
50
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

provadas avaliadas em mais de 300.000.000 de toneladas de minério de ferro, e em


cerca de 5.000.000 de toneladas de minério de manganês.
Quanto ao cobre, há informações da ocorrência na Serra do Banga.
Relativamente ao ouro sabe-se da ocorrência em Massangano, na Serra do Banga, e no
município do Gonguembo, onde é explorado artesanalmente.
No que respeita aos mármores, estão assinaladas jazidas em várias localizações
– Quixico, Cacolombo e Zanga. Além dessa rocha, há registo de algumas formações
graníticas capazes de fornecerem peças de pedra aplicáveis como elemento ornamental.
Existem na Província inúmeros sítios de exploração/produção de materiais de
construção de origem mineral (inertes). Em 2013, de acordo com o Ministério da
Geologia e Minas, a previsão da capacidade de produção de sub-sector de inertes
assumia os seguintes volumes:

Areia 1.900.000 m³

Argila 3.000.000 m³

Burgau 6.750.000 m³

Brita 8.325.000 m³

Caracterização institucional

Uma Direcção Provincial da Indústria e de Geologia e Minas representa o


Ministério da Geologia e Minas a nível da Província, cabendo-lhe velar pela execução da
política do sector, coordenar, com o Governo Provincial e as Direcções de outros
organismos, o desenvolvimento harmónico das actividades da Província, e participar na
elaboração dos projectos de plano e orçamentos provinciais e controlar o seu
cumprimento.
Tal como acontece com a maioria das Direcções Provinciais que integram o
aparelho de governação da Província, esta Direcção tem mantido uma atitude pouco
actuante relativamente ao essencial da problemática da exploração mineira provincial.
Este procedimento resulta, ao que parece, de uma ténue ligação ao Ministério Reitor,
da escassez de instrumentos de apoio à actividade mineira, de insuficiente cobertura e

51
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

conhecimento geológico da Província e da falta de pessoal técnico, quer em número,


quer em qualidade.

4.2.6. Urbanismo e Habitação

Por condicionalismos históricos, bem como os inerentes da guerra, o domínio do


Urbanismo e da habitação conheceu algum dinamismo, somente, imediatamente a
seguir a aprovação pelo Executivo do Programa Nacional da habitação, com o qual se
estabeleceram as prioridades e as políticas nesse domínio.
De acordo com a informação do IBEP, a proporção da população que vive em
áreas urbanas em habitações construídas com material apropriado perfaz 91% do total
e 37,3% vivem em habitações sobrelotadas e 94,3% vivem em áreas urbanas em
condições inapropriadas.
Neste sentido, a Província tem elaborado já 14 planos urbanísticos e 3 planos
directores municipais, instrumentos estes, que na qualidade de infraestrutura
institucional, estabelece a referenciação espacial dos usos e actividades do solo do
território municipal, definindo e identificando as redes urbanas, viárias, de transporte e
de equipamentos sociais, os sistema de telecomunicações, tratamento e
aprovisionamento de água entre outras utilidades.
A par dos planos directores municipais, a Província já detém também planos de
requalificação urbanística, elementos incontornáveis para o desenvolvimento da
habitação em condições requeridas, isto é, que garantam á partida o requerido
saneamento do ambiente.
Inventariadas as intervenções no domínio do urbanismo, o resultado demonstra
que os municípios de Lucala e Ambaca dispõem já de planos directores municipais,
estando em curso para os municípios de Cazengo e Golungo Alto e em termos de Planos
de Urbanização, estão concluídos os dos municípios de Cazengo, Lucala, Golungo Alto,
Cambambe, Ambaca, Quicolungo, Bolongongo, Banga, Samba Cajú e Gonguembo.
Assim, está em curso a construção de 1800 fogos, dos quais 657 concluídas,
estando por concluir 243.

4.2.7.- Transportes e Comunicações

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

A informação disponível não é suficiente para permitir uma avaliação mais


profunda do estado de operação do sector. Entretanto, para efeitos de diagnóstico, a
análise se circunscreverá em torno de dois indicadores, designadamente, nº de linhas
fixas ligadas e nº de utilizadores da rede móvel.
Quanto ao sector dos transportes e tendo em conta que a Província fruto da sua
situação geográfica é beneficiada pelo corredor rodo-ferroviário Luanda- Malange, a
transportação de pessoas e bens conheceu maior dinamismo.
Assim, a população tem à sua disposição quer os transportes rodoviários como
os ferroviários, tendo os primeiros transportados só em 2012 um total de cerca de
35.034 passageiros contra os 131.726 em 2011, enquanto os segundos transportaram
no mesmo ano 1159 passageiros contra os 3451 em 2011 e cerca de 21 toneladas de
carga, contra as 63 toneladas em 2011. Quanto, ao modo aéreo, embora a província
dispõe de um aeroporto, o mesmo nao tem sido utilizado somente por instituições e por
conseguinte nao serve a transportação de passageiros particulares.
A transportação de passageiros no decurso dos anos tem vindo a decrescer quer
pelo modo rodoviário como ferroviário e a transportação de carga tem também vem
decrescendo. A razão reside no facto da diminuição dos meios disponíveis em razão de
avarias de viaturas combinado com a diminuição de frequências dos transportes
ferroviários, tendo estas passado de 6 semanais para duas.
Em conclusão, os transportes ferroviários, embora disponíveis ainda não são
utilizados no limite da sua capacidade, quer pela sua irregularidade como pelo tempo
que os passageiros despendem na sua utilização.
A transportação de passageiros e carga pelo modo rodoviário é assegurado por
empresas privadas com destaque para a TCUL, MACON, SGS, incluindo outras privadas.
No que concerne aos correios, o indicador disponível é o referente a
correspondência manuseada, a par o nº de estações postais.
Quanto aos indicadores de telecomunicações, as informações disponíveis,
permitem concluir que a dinâmica das linhas fixas como a dos utilizadores da rede móvel
vem ao longo dos anos demonstrando uma tendência decrescente, embora o
crescimento de partida das linhas fixas foi bastante mais forte comparando com o
patenteado pelos móveis. Neste sentido, enquanto as linhas fixas cresceram entre 2007
e 2008 cerca de 541%, os móveis cresceram somente cerca de 79%. Entretanto, no final
do período em análise, isto é, entre 2011 e 2012 o crescimento de ambos os tipos de
serviços foi de 4,1% .
Segundo os resultados do IBEP, 1,4% da população tem acesso a rede fixa, 28,5%
a rede móvel, 1,5% ao computador e 0,5% a internet a partir de casa

53
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Por seu lado, a correspondência manuseada cresceu em média no mesmo


período cerca de 256%.
O comportamento da correspondência manuseada, resulta do efeito combinado
da grande melhoria que as infraestruturas rodoviárias conheceram nos últimos anos,
assim como a reposição das ligações ferroviárias. Portanto, as telecomunicações
dispõem de um grande potencial para crescerem, impondo-se em consequência que as
suas infraestruturas continuem a crescer.

4.2.8. Banca e Seguros

Pelas dotações de factores, a Província dispõe de condições para o


desenvolvimento da actividade económica e em particular a agricultura, que configura
uma das opções estratégicas do seu desenvolvimento. A indústria alimentar também
perfila como uma das actividades com um dinamismo considerável, particularmente a
indústria de bebidas. São precisamente, essas actividades que fomentam a actividade
bancária.
A actividade bancária de acordo com a informação disponibilizada referente aos
anos 2010-2012, expressa através do crédito concedido no geral atingiu o valor de AKZ:
25.710.372.975,18, resultando de uma tendência crescente desde 2010. Assim, em
2011, o valor de crédito concedido cresceu cerca de 80%, enquanto em 2012 o
crescimento aumentou sete pontos percentuais.
Por seu lado, embora no geral, o volume em kwanzas de depósitos arrecadados
na Província situou-se muito próximo do crédito concedido, pois atingiu o valor de AKZ:
21.822.396.355,78, o seu comportamento ao longo do período foi bastante errático,
tendo em consequência crescido em 2011, 133%, em 2012, verificou-se um decréscimo
na ordem de 37%.
O comportamento dos depósitos é susceptível de sinalizar a actividade
económica da Província. Portanto, se admitirmos que o sector maior contribuinte é o da
agricultura, o comportamento dos depósitos bancários está em linha com o da
actividade agrícola em 2012, que decresceu bastante em resultado da estiagem que
assolou a Província. A produção de cereais decresceu cerca de 68%, os tubérculos 23%
e as oleaginosas 71%.
O nível da actividade económica, também vem condicionando o exercício da
actividade seguradora, razão pela qual para além da companhia AAA, as demais não têm
expressão na Província.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

4.2.9. Hotelaria e Turismo

Até aqui, o Kwanza Norte não tem conhecido movimento de turistas


interessados em permanências mais ou menos dilatadas para conhecer lugares da
Província ou para outros propósitos de negócios, culturais, realização de eventos, etc. O
Kwanza Norte constitui, ainda, apenas um ponto de passagem para outros destinos.
Isto resulta da ausência de uma linha de política definida, da inexistência de uma
infra-estrutura adequada para a promoção do turismo. O pouco que tem sido feito deve-
se a esforços desagarrados de alguns, e persistem deficiências relativas à organização
do turismo, à qualidade das instalações e à preparação dos profissionais do ramo.
Quanto ao apetrechamento hoteleiro e de restauração, o sector, segundo a
Direcção Provincial do Comércio Hotelaria e Turismo, conta, na actualidade, com os
seguintes estabelecimentos:
TABELA 21. SECTOR DA HOTELARIA NA PROVÍNCIA

Hóteis Pensões Restaurante

Em funcionamento 61 16 42
Número de quartos 281
Número de camas 292

Trabalhadores 120 100 360


Em fase de acabamento 12
Em construção/reablitação 1 1
Fonte: Direcção Provincial do Comércio, Hotelaria e Turismo
Existem sítios susceptíveis, pela sua variedade e originalidade, de atrair
eventuais fluxos turísticos.
Os sítios de maior interesse na Província são os que a seguir se referenciam:
TABELA 22. SÍTIOS DE MAIOR INTERESSE NA PROVÍNCIA

Nº Designação Municípios
1 Horto Botânico Cazengo
2 Montanha 1.014 Cazengo
3 Morro do Binda Cazengo
4 Piscina do Miradouro (Ndalatando) Cazengo
5 Quedas do Rio Vuva (Rio Muembeje) Cazengo
6 Ruínas de Massagano Kambambe
7 Complexo Hidroeléctrico Kambambe
8 Praia de Kiamafulo (Rio Kwanza) Kambambe (Dondo)
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9 Fundição de Nova Oeiras Kambambe (Dondo)


10 Rápidos do Rio Lucala Lucala
11 Furnas de Calombolo (Comuna de Kiangombe) Lucala
12 Ruinas de Santo Hilário Golungo Alto
13 Cascata de Mazalala Golungo Alto
14 Quedas do Rio Canhongo Ambaca
15 Lagoa da Banga Banga
16 Cascata do Rio Caule Quiculungo
17 Furnas do Zanga Cazengo
18 Furnas do Hala Lucala
19 Quedas da Cachoeira (Bembeze) Lucala
20 Cachoeira do Rio Caule (Bengueji) Quiculungo
21 Serra da Banga Banga
Fonte: Direcção Provincial do Comércio, Hotelaria e Turismo

Caracterização institucional

É evidente a fragilidade dos serviços públicos da esfera da Hotelaria e Turismo


da Província, reflectindo não só a escassez de meios mas a reduzida qualificação e
experiência profissional dos poucos quadro existentes. Daí decorre uma enorme
limitação dos serviços de promoção do turismo, a incapacidade de estimular
oportunidades, a dificuldade de apoiar as iniciativas privadas.
Ao problema enunciado associa-se um vasto outro conjunto de limitações, de
que se destaca a fraca capacidade financeira e de gestão dos empresários locais e a
deficiente preparação do pessoal ao serviço da Hotelaria e da Restauração.

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5. Caracterização social

5.1. Educação

A Província do Kuanza Norte tem reservado à educação uma importância fulcral


no processo de desenvolvimento provincial.
Neste sentido, as intervenções públicas que a Província vem sendo objecto, quer
as de subordinação central e provincial, como as resultantes do processo de
consolidação da descentralização, das de natureza municipal, através dos programas de
melhoria e aumento dos serviços sociais básicos e nos últimos anos, através dos
programas municipais integrados de desenvolvimento rural e combate á pobreza, os
serviços de educação vêm melhorando substancialmente.
Contudo, o efeito destruidor da guerra nas infraestruturas escolares ainda não
foi totalmente superado e em consequência a procura pelos serviços de educação não
está ainda totalmente satisfeita. Por essa razão as salas de aulas ainda apresentam uma
média de alunos superior ao número requerido.
Portanto, a situação das infraestruturas demonstra que no período 2013-17,
deve ser privilegiado a construção e modernização das infraestruturas da educação para
fazer face ao crescimento que se vem verificando em termos da população estudantil.
O rácio aluno/sala no período compreendido entre 2007 e 2012, correspondeu em
média cerca de 96, situação que justifica em parte os níveis de sucesso registado.
Neste sentido, para além do decréscimo ocorrido em 2008, os anos
subsequentes registaram crescimentos anuais em torno dos 10%, enquanto o número
de salas cresceu somente cerca de 2%. No mesmo período (2007-2012), as taxas de
desistência e reprovação, em média rondaram, respectivamente os 11% e 17%,
enquanto a taxa de sucesso rondou 73%.
Portanto, os níveis de reprovação e desistência atingem no conjunto valores
próximos do 1/3 do total da população estudantil absorvida pelo sistema estudantil. Se
aos níveis de insucesso escolar incluir-se os que se encontram fora do sistema de
educação, então o problema exige correcção.
Para a média de insucesso escolar registada no período, contribuíram em grande
medida o desempenho despontado pela alfabetização, em que o nível de insucesso
situou-se em cerca de 50%, ensino primário com 23,4%, 1º ciclo com 39,2% e o 2º ciclo
com 33,9%. Esta situação é justificada pelo rácio apurado sala/aluno e aluno professor,
pois este último corresponde a 37.

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Portanto, embora a alfabetização detenha em média, a taxa de insucesso mais


alta, não deixa de constituir preocupação as taxas patenteadas nos demais níveis de
ensino, pois a manterem-se os registos do período em análise, os níveis de pobreza quer
provincial como nacional, por força deste último sairão afectados.
O ensino especial, com uma taxa de insucesso de cerca de 18%, também não
deixa de assumir-se como algo a ter em conta em virtude de se constituir numa fonte
para o crescimento não inclusivo da população da Província.

5.2. Saúde

A valorização dos recursos humanos, e por conseguinte, a melhoria do bem-estar


da população demanda do domínio da saúde as condições que permitam aumentar a
esperança de vida à nascença. De acordo com a informação disponível a esperança de
vida em Angola é de 51 anos, podendo este valor ser atribuído a população do Kuanza
Norte.
Embora desde 2002 o estado sanitário do Kuanza Norte tenha melhorado,
consideravelmente, fruto das intervenções públicas decorrentes dos programas de
melhoria e aumento da oferta dos serviços sociais básicos, que vigoraram desde 2003
até muito recentemente, tendo sido substituídos pelos em vigor programas municipais
integrados de desenvolvimento rural e de combate à pobreza, que em relação a
componente de saúde estão em curso os programas municipalizados de saúde, a
situação nosológica da Província ainda reclama por mais intervenções.
As intervenções antes referidas resultam da necessidade de eliminar as causas
de mortalidade tanto materno-infantil quanto infanto-juvenil, circunscritas nas doenças
diarreicas agudas e respiratórias, bem como na malária de entre as mais letais. Acresce-
se as doenças não transmissíveis como sejam o cancro, hipertensão arterial e diabetes.
Portanto, as doenças que predominam na Província constituem também as que
mais pressionam a procura por serviços de saúde, embora a intensidade em que ocorre
não seja igual em todos os municípios. Municípios há em que a malária se revela como
a razão de maior procura por serviços de saúde enquanto em outras as que mais
pressionam são as doenças diarreicas agudas fruto da menor oferta de água potável.
Contudo, importa destacar as acções de planeamento familiar que têm
permitido um maior espaçamento das gravidezes e em decorrência contribuído para
uma melhoria da esperança de vida.
Para o estado de saúde que a Província experimenta concorrem factores a
montante, tais como, o saneamento básico e disponibilidade de água potável.
58
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Entretanto, aos factores antes enumerados importa incluir outros que conformam o
estado nosológico da Província, entre os quais, a qualidade das infraestruturas sanitárias
e seus equipamentos, quantidade e qualidade de pessoal médico e demais recursos.
Em termos de infraestruturas sanitárias, a Província dispõe de 128 unidades,
considerável parte das quais são postos e centros de saúde, e em termos de
maternidades existe somente 1 e 1 hospital especializado materno-infantil. No total
existem 10 hospitais na província, oito dos quais são municipais, destacando-se os do
Golungo Alto, Cambambe, Cazengo, Kiculungo, Gonguembo, Lucala e Ambaca, tendo
este dois.
Quanto aos recursos humanos, a Província tem 84 médicos, perfazendo para
cada cerca 4116 habitantes, dos quais cerca de 30% são angolanos e os demais são
provenientes de Cuba, Vietname, Rússia e da Coreia do Norte. Quanto aos enfermeiros,
a Província dispõe de 940, insuficientes para a população existente.
A situação actual das infraestruturas do domínio da saúde, bem como de outros
sectores que intervêm a montante, vem mobilizando a atenção das autoridades e em
consequência, para o período 2013-17 estão preconizados um conjunto de
intervenções. Das intervenções previstas destaque merece, as que estão a ser
delineadas no âmbito dos programas municipais integrados de desenvolvimento rural e
combate á pobreza, bem com as que decorrerão da implementação dos programas de
projectos estruturantes.
Dentre os projectos destacam-se, o de reforço dos sistemas de abastecimento
de água nas 17 cidades capitais de Província, a modernização do hospital provincial,
construção dos 22 centros de saúde.

5.3. Reinserção Social e Antigos Combatentes e Veteranos


de Guerra

A população assistida pela Província perfez cerca de 26 mil em 2012, entre


idosos, pessoas portadoras de deficiência, órfãos, refugiados, famílias de baixa renda,
mães solteiras, antigos combatentes e desmobilizados no âmbito dos acordos de
Bicesse, Lusaka e Memorando de Entendimento do Lwena.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

A população assistida durante o período compreendido entre 2008 e 2012 não


tem registado alterações consideráveis, uma vez que em 2008 a população oscilava em
torno dos 25 mil e em 2012 já representava cerca de 26 mil.
Da população assistida, os idosos assumem um peso relativamente considerável,
representando cerca de 37%, seguido das famílias, cujo peso representa cerca de 27%
do total, ou seja o somatório de ambas as categorias absorve acima dos 60%. As crianças
no cômputo de assistidos só representam cerca de 4%.

IMAGEM 1. QUADRO DA ASSISTÊNCIA E REINSERÇÃO SOCIAL NA PROVÍNCIA

Fonte: Direcção provincial

Portanto, o esforço que a Província despende no domínio da assistência social e


antigos combatentes e veteranos de guerra está principalmente orientado para os
idosos e famílias de baixa renda. Neste esforço não estão incluídas as intervenções
públicas relacionadas com a merenda escolar, na medida em que o efeito das mesmas
é avaliado no âmbito do rendimento escolar.
Neste domínio, actividades relacionadas com a integração das pessoas na vida
económica também ocorrem, pois durante o período registaram-se a distribuição de kits
de produção, susceptíveis de obviar o desenvolvimento pelos beneficiários de actividade
produtiva nos distintos sectores, particularmente naqueles em que predominam as
profissões indiferenciadas. Assim, das artes que têm sido privilegiadas no que concerne
a integração socioeconómica da população destacam-se as de alfaiataria, sapataria,
cabeleireiro, funilaria e artesanato.

60
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

5.4. Cultura, desporto e lazer

A actividade da Província neste domínio circunscreve-se a realização de


manifestações públicas e privadas de carácter cultural, designadamente, através de
centros culturais, bibliotecas, museus etc.
Entretanto, a manutenção desta abordagem põe em causa o papel da cultura no
desenvolvimento da Província e quiçá do país.
Existe uma relação entre o domínio cultural e o desenvolvimento, uma vez que
as actividades culturais não devem ser circunscritas ao património histórico, ao acervo
das bibliotecas, dos museus etc. A cultura entendida como os valores, comportamentos,
atitudes, deve incluir o uso de novos materiais, as novas tecnologias de informação e
telecomunicações, etc.
Portanto, a cultura na sua relação com o desenvolvimento da Província do
Kuanza Norte deverá ser vista numa perspectiva empresarial e neste sentido, a
abordagem incidirá da seguinte forma:
 Como actividade empresarial, assegura a atracção de turistas e visitantes
interessados no património cultural da Província ou em suas actividades
artísticas. Para o caso elege-se a comemoração do dia da cidade de
N’Dalatando como uma oportunidade para manifestações culturais na
perspectiva comercial e em consequência factor de desenvolvimento
provincial;
 Aquando das comemorações, a população da Província é susceptível de
com a actividade empresarial que exerce, aumentar rendimentos e
empregos, através da venda, inclusive de artesanatos e outros produtos
que se identificam com manifestações culturais da população da
Província;
 As actividades culturais são susceptíveis de melhorar o nível de coesão e
harmonia entre os empresários provinciais em virtude de promover o
trabalho cooperativo e exerce influência em jovens em situação de risco.
É pois neste quadro, que as actividades culturais no Kuanza Norte devem ser
entendidas. Para o efeito, destaca-se no período em análise o registo de 11 centros
culturais, cuja localização, no território da Província, está concentrada nos municípios
do Cazengo e Cambambe, dispondo ambas de sete. Os municípios de Banga,
Bolongongo, Kiculungo e Ngonguembo não dispõem de nenhum Centro Cultural.
Em matéria de actores culturais a Província dispõe de 19, estando cerca de 50%
dos mesmos concentrados no município do Cazengo e o remanescente distribuídos
61
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

pelos demais municípios. No que concerne aos grupos de dança moderna, a Província
tem cerca de 18 grupos, 9 dos quais estão concentrados no município do Cazengo.
Existem quatro bibliotecas na província, localizadas nos municípios do Cazengo
e Cambambe. Formalmente, existem mais duas nos municípios do Golungo Alto e
Lucala, entretanto, tendo em conta o estado das suas infraestruturas, as mesmas
deixaram de funcionar.
A Província identificou os monumentos, sítios históricos e locais de consagração,
tendo inventariado 87, cujo estado de conservação exigem que se estabeleça um
programa de limpeza e embelezamento com vista a operacionalizá-los. Das 14
estruturas de cinema, estão somente em funcionamento cerca de 4 e de forma
deficiente.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

III. ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO DA


PROVÍNCIAE INSERÇÃO NA ESTRATÉGIA NACIONAL

6. As Orientações Estratégicas Globais

A Província do Kwanza Norte está ligada à História do Reino de N’gola através do


município de Samba Cajú, território designado Matamba, onde viveu a mítica Rainha
Ginga nos idos anos de 1650. Este pedaço de História de Angola reveste-se de particular
importância num contexto de delimitação de vantagens de atracção de investimentos e
actividades turísticas, de elevado valor agregado económico e incremento de emprego.

Enquanto o país viveu a guerra civil, não se criaram condições para a ocorrência
de crescimento económico sistemático, limitando-se a variação real do PIB a registar
impulsos fracos e muitas vezes de sentido contraditório entre si: alternaram-se períodos
de algum crescimento com outros de franco retrocesso, explicados pela instabilidade
política e militar e pelas acções de sabotagem sobre as infra-estruturas que mesmo
assim o Governo central e o Governo provincial ainda iam construindo. Por isso, só
depois da assinatura dos Acordos de Paz em 2002 é que se começaram a perspectivar
acções e políticas para aumentar a participação da actividade económica da Província
no PIB nacional, reduzindo-se consequentemente as assimetrias territoriais que
caracterizam Angola.

A promoção do desenvolvimento equilibrado do território é uma das grandes


aspirações dos Angolanos, que o Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 visa
materializar, promovendo-a à categoria de política nacional fundamental. Pretende-se,
assim, criar um território mais equilibrado, dinâmico e competitivo que seja um factor
de integração do mercado nacional, valorizando o potencial de cada área, para o reforço
da economia e o desenvolvimento nacional.

A reflexão estratégica sobre a organização do território de Angola conduziu a


uma visão para 2025 que estrutura o País em pólos de desenvolvimento, eixos de
desenvolvimento e pólos de equilíbrio, que se encontra detalhada na Política Nacional
de Promoção do Desenvolvimento Equilibrado do Território (SubCapt.6.10).

As orientações estratégicas globais frisam a necessidade de a longo prazo a


sociedade angolana ser capaz de conseguir os seguintes objectivos estratégicos:
Unidade e coesão nacional, para o que o desenvolvimento económico é
fundamental e a recuperação das vias de comunicação indispensável. A ligação campo-
cidade depende da quantidade e qualidade das vias de comunicação terrestre.
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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Desenvolvimento humano e bem-estar dos angolanos, dependentes da


melhoria dos sistemas de educação e saúde, da redução da pobreza e da melhoria da
distribuição dos rendimentos.
Desenvolvimento equitativo e sustentável relacionado com a racional utilização
dos recursos naturais, com preservação do ambiente e garantia de rendimentos para as
gerações futuras.
Ritmo elevado de desenvolvimento económico, que coloca diferentes desafios
a cada uma das Províncias. Os recursos minerais que Kwanza Norte dispõe poderão
contribuir para que este objectivo estratégico nacional seja conseguido, no respeito do
objectivo anterior. No entanto, os níveis elevados de investimentos necessários para se
obterem taxas de crescimento económico compagináveis com as orientações
estratégicas globais podem ser uma forte limitação, pelo menos no período de 5 anos
deste plano de desenvolvimento.
Desenvolvimento harmonioso do território nacional com respeito pelas
vocações produtivas regionais e apoiando as regiões mais desfavorecidas.
Construção duma sociedade democrática e participativa com garantia das
liberdades e direitos fundamentais dos cidadãos e o desenvolvimento da sociedade civil.
Inserção competitiva do país na economia mundial com valorização das
vantagens competitivas de cada Província e desenvolvimento de infraestruturas físicas
e humanas.

Assim sendo, o Plano de Desenvolvimento 2013-2017 da Província do Kwanza


Norte tem de se cingir às orientações estratégicas contidas na Estratégia 2000-2025 e às
opções de políticas constantes do Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017. Vale
a pena dizer que estes dois quadros de referência foram elaborados com as
contribuições de todos os governos provinciais e, portanto, as escolhas e as opções
vertidas nestes dois documentos reflectem o ponto de vista das Províncias e das suas
forças vivas. Seguramente que resta alguma margem de manobra para ajustamentos e
acrescentos, justificada quer pelo tempo entretanto passado, quer por ocorrências
novas imprevisíveis há alguns anos atrás. De resto, o documento sobre as orientações
para a elaboração dos Planos Provinciais emanado do Ministério do Planeamento e
Desenvolvimento Territorial admite e aceita actualizações, desde que no respeito pelas
opções estratégicas nacionais que consagram o princípio da correcção dos
desequilíbrios regionais adentro do espaço nacional.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

A figura seguinte – retirada da Estratégia 2025 – expressa a posição da Província


do Kwanza Norte num dos eixos de desenvolvimento territorial do país, dada a sua
localização espacial preferencial no corredor Luanda-Malanje-Lundas. Um corredor
repleto de potencialidades agrícolas – ainda que em alguns casos mais concorrenciais
do que complementares –, oportunidades de industrialização baseadas no incremento
do valor agregado provincial, de implementação de serviços de apoio à agricultura e
indústria e de maximização dos efeitos sinergéticos entre as diferentes actividades que
poderá ajudar a criação se sub-clusters em diferentes domínios onde as vantagens
competitivas sejam claras.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

IMAGEM 2. ANGOLA 2025 -ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL


-

ANGOLA 2025

ESTRATÉGIA DE DESENVOLVIMENTO
TERRITORIAL

Visão prospectiva / Espaços de intervenção

Pólos de desenvolvimento
Conurbações a promover

Plataformas de internacionalização
Pólos de equilíbrio

Região Metropolitana Luanda


Corredores de desenvolvimento:
A revitalizar e consolidar
Espaços periféricos
A estruturar e reforçar

A promover e integrar

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

A concretização das prioridades para o desenvolvimento territorial ocorre


através de intervenções dinamizadas pelo Estado, complementares e sinérgicas com o
sector privado. Tais iniciativas consubstanciam-se em projectos estruturantes que
procuram alavancar os clusters e as cadeias produtivas, contribuindo para elevar a
produtividade nacional, expandir o emprego e o rendimento nacional, criando
condições para que a população se possa fixar ao longo do território.

O Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 identificou 390 projectos


estruturantes, alguns dos quais já estão em curso, outros novos que integram o
Programa de Investimentos Públicos e outros ainda que correspondem a desígnios para
os anos seguintes, de iniciativa pública, privada ou em parceria. Estas intervenções
espelham a distribuição das prioridades do Plano Nacional de Desenvolvimento no
território, possuindo um âmbito geográfico nacional ou provincial, e apresentam-se
organizadas pelos clusters prioritários, outros clusters e outras actividades. Trata-se de
uma lista dinâmica, a ser actualizada e monitorizada ao longo do tempo, à medida que
vão sendo criados os pressupostos básicos necessários ao desenvolvimento, que
permitem a localização das actividades e a fixação da população. Na totalidade são 390
projectos a que corresponde um investimento de AKZ 6063,6 biliões. À Província do
Kuanza Norte correspondem 9 projectos (2,33% do total) e um valor de AKZ 218,7 mil
milhões (3,61% do total).

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

IMAGEM 3. PÓLOS DE DESENVOLVIMENTO E EIXOS DE MOBILIDADE

Fonte: PND 2013-2017

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

6.1. Opções estratégicas

Em matéria de especialização produtiva a Província do Kwanza Norte orientar-


se-á para:
 Desenvolvimento de uma agricultura empresarial competitiva; a
organização de um forte sector agro-industrial sobre o corredor
ferroviário de Malange e do Dondo; a exploração das potencialidades
florestais e afirmar-se como um grande centro produtor de energia
eléctrica, favorecendo a instalação de indústrias intensivas em energia;
 Valorização da posição do eixo Dondo/Ndalatando/Lucala nas ligações
norte-sul e este-oeste do País.
Trata-se de uma orientação superior, dentro da qual o Governo provincial deverá
delinear as melhores políticas que contribuam para a sua obtenção. Nomeadamente
pelos investimentos públicos de responsabilidade provincial e pelo incentivo ao
investimento privado. Evidentemente que têm de ser encontrados instrumentos
audaciosos para se captar iniciativas privadas locais e atrair investimentos de outras
Províncias, muito em particular de Luanda. Através de medidas concretas tem de se
tentar levantar uma “muralha” que diminua eventuais preferências por Malange e pelo
Uíge.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

6.2. Projecções

6.2.1. População

As projecções da população até 2015 são as do INE7 e estão na tabela seguinte.


As extensões até 2017, para coincidir com o período de projecção 2013-2017 – foram
feitas pelo GEP do Governo provincial e baseadas nas taxas médias de crescimento
demográfico retiradas das publicações do INE.

7
INE – Projecções da População 2009-2015, Fevereiro de 2012.
70
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Tabela 23. POPULAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA


2013 2014 2015 2016 2017

População total
360.954 376.685 392.947 409.911 427.607

0-4 anos
87.686 90.936 94.263 97.712 101.287

5-9 anos
50.375 55.342 60.837 66.878 73.518

10-14 anos
43.963 45.463 46.718 48.008 49.333

15-19 anos
37.263 38.344 39.447 40.582 41.749

20-24 anos
30.923 32.068 33.143 34.254 35.402

25-29 anos
23.616 24.918 26.218 27.586 29.025

30-34 anos
17.322 18.032 19.022 20.066 21.168

35-39 anos
16.214 16.304 16.245 16.186 16.128

40-44 anos
13.150 13.650 14.205 14.783 15.384

45-49 anos
10.710 11.038 11.356 11.683 12.020

50-54 anos
8.657 8.771 9.008 9.251 9.501

55-59 anos
8.324 8.411 8.312 8.214 8.117

60-64 anos
4.963 5.473 6.059 6.708 7.426

65-69 anos
3.114 3.194 3.332 3.476 3.626

70-74 anos
2.581 2.563 2.491 2.421 2.353

75-79 anos
1.179 1.287 1.423 1.573 1.740

80 e mais
914 891 868 846 824
População idade
activa 171.142 177.009 183.015 189.313 195.920
Idade média 19,4 19,3 19,1 19 18,9
Fonte: Até 2015 INE

Uma nota interessante – já anteriormente ressaltada nas suas implicações sobre


a política de população da Província – é a da idade média da população do Kwanza
Norte: para além de ser bem baixa, tem uma tendência de diminuição até 2017.

71
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

As taxas médias de crescimento demográfico da população da Província estão na


tabela seguinte.

TABELA 24. TAXAS MÉDIAS DE CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO


2010 2011 2012 2013 2014 2015
População total 4,6 4,5 4,5 4,4 4,4 4,3
0-4 anos 10,0 9,9 9,7 9,6 3,7 3,7
5-9 anos 2,8 2,1 1,6 1,0 9,9 9,9
10-14 anos 2,9 2,9 2,9 2,9 3,4 2,8
15-19 anos 3,4 3,1 3,0 2,9 2,9 2,9
20-24 anos 5,2 4,9 4,5 4,1 3,7 3,4
25-29 anos 5,5 6,3 6,3 5,9 5,5 5,2
30-34 anos -0,4 -0,5 0,5 2,2 4,1 5,5
35-39 anos 4,1 3,8 3,0 1,8 0,6 -0,4
40-44 anos 2,9 2,8 3,1 3,4 3,8 4,1
45-49 anos 2,7 3,6 3,7 3,4 3,1 2,9
50-54 anos -1,1 -2,3 -1,9 -0,4 1,3 2,7
55-59 anos 10,6 9,5 7,0 4,0 1,0 -1,2
60-64 anos 4,3 6,0 7,7 9,0 10,3 10,7
65-69 anos -2,6 -3,4 -2,2 0,3 2,6 4,3
70-74 anos 10,3 9,1 6,0 2,6 -0,7 -2,8
75-79 anos -3,6 -2,7 1,2 5,5 9,2 10,6
80 e mais -0,3 0,2 -0,9 -1,9 -2,5 -2,6
População idade
activa 3,6 3,5 3,5 3,5 3,4 3,4
Fonte: INE

Existem discrepâncias nestas taxas do INE:


 Na faixa etária 0-4 anos a taxa anual de crescimento passa de 10% em
2010 para 3,7% em 2015.
 A população muito idosa da Província (mais de 80 anos) apresenta uma
dinâmica negativa de variação depois de 2010.
 A faixa etária idosa (75-79 anos) apresenta um comportamento muito
errático: variações negativas até 2011 e taxas de 9,2% e 10,6% em 2014
e 2015.

Gráfico 7. Taxas média anuais de crescimento da população (%)

72
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Fonte: INE

6.2.2. PROJECÇÕES ECONÓMICAS

De acordo com as orientações gerais e os objectivos definidos no Plano Nacional


de Desenvolvimento 2013-2017, o Governo Provincial estabelece os seguintes
objectivos para o quinquénio:
 Aumentar a participação do PIB da Província no PIB nacional, de modo a
que se reduzam as disparidades territoriais e se possam gerar excedentes
económicos para melhorar os padrões de vida da população.
 Melhorar a repartição do rendimento pela via do emprego em
actividades de maior intensidade de trabalho. A agricultura e as
actividades agro-industriais devem ser apoiadas por medidas específicas
que ajudem a sua estruturação e desenvolvimento.
 Integrar o tecido produtivo nacional, valorizando as suas vantagens
comparativas e desenvolvendo o cluster da energia e água. O alcance
deste objectivo depende dos investimentos de iniciativa central, no
contexto da estratégia nacional de desenvolvimento do sector energético
do país. No entanto, grande parte dos seus efeitos directos e mais ou
menos imediatos serão sentidos pelo tecido produtivo e pela população
da Província.
Os objectivos enunciados expressam-se pelas metas seguintes:

73
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

 Aumentar a participação relativa do PIB provincial no PIB nacional para


0,885% em 2013 e 2,25% em 20178, ou seja, uma média de 1,5% no
período 2013-20179. Aparentemente pode ser visto como muito
ambicioso (já que, tendo por base as projecções nacionais constantes do
Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 corresponde a um PIB
provincial de 4050,5 milhões de dólares), mas os efeitos globais da
construção da barragem de Laúca, da segunda central de Cambambe e
dos sistemas de transportes associados às barragens e de Cabulo Cabaça,
num valor total de 6643,1 milhões de dólares, podem ser muito positivos,
passando a ser possível implementar e desenvolver o “cluster” da energia
e água. Estes investimentos a serem realizados pelo Ministério da Energia
e Água na província do Kwanza Norte representam 77,3% dos
investimentos totais centrais com incidência local. É um grande programa
de investimentos públicos capaz de retirar a região do seu
subdesenvolvimento e permitir melhorar o nível de vida dos cidadãos.
 Implementar a carteira de projectos a uma cadência média anual de 20%
do total.
 Diminuir a taxa de desemprego para uma média de 10% entre 2013 e
2017, viabilizando-se, assim, uma maior participação dos rendimentos do
trabalho no rendimento nacional.

O quadro geral de programação está apresentado a seguir.


TABELA 25. QUADRO GERAL DE PROGRAMAÇÃO DA PROVÍNCIA

8
De acordo com o diagnóstico a taxa de participação do PIB provincial no PIB nacional foi de cerca de
0,39%.
9
Podendo parecer marginal, representa, porém, um esforço de crescimento notável para a província, seus
governantes e associações sindicais e empresariais.
74
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Tx. Tx.
2011 2013 2017 Tx.cresc17/13
cres.13/11 cresc.17/11
PIB (milhões de USD) 383,9 1098,3 4050,5 69,1 48,1 38,6
POPULAÇÃO 331,0 361,0 427,6 4,4 4,4 4,3
População activa 159,8 171,1 195,9 3,5 3,5 3,4
Emprego necessário para as metas 107,8 149,7 180,2 17,9 8,9 4,7
Emprego a criar (em milhares) 41,9 30,5 -7,7
Emprego médio anual a criar 21,0 7,6 -22,4
Coeficiente médio capital/produto
2,75 2,75 2,5 -2,4
Investimentos necessários (milhões
de USD) 1964,5 7380,5 39,2
Investimento médio anual (milhões de
usd) 982,3 1845,1 17,1
Investimento privado (milhões de
USD) 179,1 184,1 2,7
Taxa de desemprego calculada 28,5 12,5 8,0
PIB por habitante (dólares) 1160,0 3042,8 9472,5
Taxa crescimento PIBpc
62,0 41,9 32,8
Taxa média de investimento (%) 89,4 45,6
Produtividade bruta aparente
(dólares) 3561,4 7334,4 22472,0
Fonte: Cálculos efectuados na base das Contas Nacionais 2002-2010 e dos Ficheiros de Empresas do INE.

Algumas observações quanto aos desafios implícitos nas metas anteriores:


 As taxas nominais médias anuais de crescimento do PIB muito raramente
são observáveis, mesmo quando se consideram bases de partida baixas.
Compreende-se que os investimentos no “cluster” energia e água são
estruturantes, mas também de efeitos de longo prazo, para além do
período do plano. Na verdade, são mais imediatos os resultados dos
investimentos públicos provinciais e privados no crescimento económico
de curto prazo, dentro do período de referência, do que investimentos
de tão grande envergadura realizados pelas estruturas centrais do
Governo. Acresce que o exercício de programação não contempla “fugas
ou deslocalizações” de impactos para outras províncias vizinhas do
Kwanza Norte, admitindo-se que todos eles se circunscreverão ao
território da província. As taxas médias anuais de crescimento calculadas
para dar consistência à programação económica serão, seguramente,
muito exigentes em termos de medidas de política regional e
aproveitamento de todas as oportunidades concedidas no contexto do
Plano Nacional de Desenvolvimento. Uma coordenação muito estreita
entre as estruturas provinciais e centrais durante o período de execução
do Plano provincial é fundamental, valorizando-se sinergias e tentando-

75
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

se maximizar os benefícios esperados, ainda que já para além do período


do Plano.
 O emprego anualmente a ser criado está estimado em 21000 novos
postos de trabalho até 2013 e 7600 novos postos de trabalho entre 2013
e 2017. Relativamente a 2011 – em que o volume de emprego global foi
de 107 mil postos de trabalho – vai ser necessária uma criação líquida de
emprego de quase 64600. Os investimentos no “cluster” energia e água
são altamente intensivos em capital e tecnologia – só a barragem de
Laúca vai consumir 4119 milhões de dólares (mais 671 milhões no sistema
de transporte) – pelo que a criação líquida de emprego directo acaba por
não ser relevante, o que conflitua, em alguma medida, com os objectivos
de melhorar a distribuição do rendimento e reduzir as disparidades
sociais. Não obstante, espera-se que os efeitos indirectos dos
investimentos públicos sobre o emprego acabem por ser relevantes.
 O montante total de investimentos necessários até 2017 ascenderá a
9345 milhões de dólares, equivalente a uma média anual de 1557,5
milhões de dólares (entre investimentos públicos e privados). A
componente pública deste montante de investimentos é de 96,2%,
ressaltando a função primordial do Estado na criação das condições de
infraestruturas para o crescimento do país e das províncias. Este volume
de investimentos públicos acabará por constituir um incentivo natural ao
investimento privado, dadas as inúmeras oportunidades que vai ajudar a
criar. No entanto, as estruturas provinciais vão realizar campanhas de
fomento da iniciativa privada para que a sua participação neste
importantíssimo programa de investimentos públicos se faça no melhor
sentido possível, em especial na criação do maior número de empregos
possível.
 O montante total de investimentos privados poderá ascender a 355
milhões de dólares no período do Plano. Admitindo que a província tem
uma posição estratégica privilegiada e que os investimentos públicos
funcionarão como factor importante de atracção, não se afigura difícil
obter este volume de investimento. A inventariação feita aponta para a
possibilidade de obtenção de 353,5 milhões de dólares de investimento
privado nos sectores seguintes: agricultura com 44,9 milhões de dólares;
indústria extractiva com 100,1 milhões de dólares; 102,5 milhões de
dólares na indústria transformadora; 40 milhões de dólares nas
actividades comerciais e 20,4 milhões de dólares na hotelaria e turismo;

76
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

finalmente o sector da construção com um investimento esperado de


45,5 milhões de dólares.
 A preocupação com a distribuição do rendimento está expressa na
redução da taxa de desemprego e no incremento do valor do PIB por
habitante, que em 2017 poderá atingir mais de 9500 dólares americanos
correntes.
 Uma nota importante deve ser atribuída aos ganhos de produtividade dos
investimentos esperados durante o período do plano. Com efeito, a
passagem do valor do coeficiente capital/produto de 2,75 para 2,5 em
2017, pressupõe um ganho anual de rendibilidade do capital de cerca de
2,4%, o que vai exigir esforços do Governo provincial em matéria de infra-
estruturas, força de trabalho qualificada, desburocratização do
funcionamento das repartições do Governo provincial, etc.
Um cenário alternativo de programação, mais “soft” e centrado nos
investimentos públicos provinciais e nos investimentos privados, conduz a taxas médias
anuais de crescimento do PIB de 7,8% entre 2013 e 2017, muito abaixo das anteriores. A
capacidade de criação de emprego líquido reduzir-se-ia e a taxa média de desemprego
poderia atingir 17% no período. Para esta hipótese, os investimentos públicos provinciais
atingiriam uma cifra total de 393,7 milhões de dólares e os investimentos privados 350
milhões de dólares. As hipóteses deste cenário são 0,6% do PIB nacional em 2013 e em
média no período de 0,9%.

77
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

7. OS PROGRAMAS PRIORITÁRIOS DE DESENVOLVIMENTO

Conforme se tem vindo a sublinhar, os investimentos são a mola propulsora do


crescimento económico da Província, da criação da máxima quantidade de emprego e
da melhoria dos rendimentos e da sua repartição. Sem investimento nada mais pode
acontecer. Na ausência significativa de investimento privado, o diferencial terá de ser
preenchido pelo investimento público, se se pretender manter as metas de crescimento
do PIB provincial, enquanto uma das decorrências de um dos objectivos essenciais do
Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 - a redução das assimetrias territoriais.

Os projectos de investimento privado ou público desencadeiam efeitos de


intensidade diferente sobre as variáveis económicas e sociais. Via de regra, os de
iniciativa privada apresentam um espectro de efeitos mais circunscrito do que os
chamados projectos públicos estruturantes, esperando-se destes efeitos de
arrastamento mais significativos e sustentáveis.

Projectos estruturantes
O Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 contempla um total de 390
projectos estruturantes em todo o país, equivalendo a um investimento público de cerca
de 6064 milhões de dólares. Os nove projectos estruturantes localizados na Província do
Kwanza Norte totalizam 218,7 milhões de dólares, uma percentagem de pouco mais de
3,6% do investimento total. Esta cifra corresponde a um investimento médio anual de
54,7 milhões de dólares.
Seis projectos correspondentes a quase 80% do investimento referem-se a
intervenções em clusters prioritários, com destaque para o cluster Energia e Água e, em
especial, a construção da segunda central hidroeléctrica de Cambambe,
empreendimento que gerará energia eléctrica para fornecer o Norte e o Centro de
Angola. Salientem-se ainda, trabalhos de reabilitação de uma estrada, bem como três
projectos no âmbito do cluster Alimentação e Agro-indústria, incluindo o plano de
desenvolvimento da Camabatela e a construção do seu matadouro industrial.
Estão ainda previstos três investimentos em outros clusters, designadamente
Geologia, Minas e Indústria, destacando-se a reabilitação e modernização de uma
fábrica de tecidos no Dondo, a construção do pólo de desenvolvimento industrial de
Lucala e o projecto de iniciativa privada minero-siderúrgico de ferro e manganês de
Kassala-Kitungo, em Cambambe.

IMAGEM 1. INVESTIMENTO POR CLUSTERS NA PROVÍNCIA

78
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

KWANZA NORTE
% Investimento por clusters
e outras actividades

1. Energia e Água

2. Alimentação e Agro-indústria

4. Transportes e Logística

5. Geologia, Minas e Indústria

Fonte: Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017.

São projectos importantes e que podem desencadear efeitos relevantes sobre


algumas vaiáveis económicas e sociais, mas insuficientes para que a Província se
aproxime das metas atrás definidas e consiga, de uma forma consequente e sustentável,
fazer parte do conjunto das províncias mais dinâmicas e ricas do país.

79
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

7.1. Agricultura, Pecuária, Exploração Florestal e Pescas

7.1.1. O Diagnóstico

A situação actual do sector agrário provincial reflecte ainda alguns efeitos


deletérios da guerra prolongada, representados, designadamente, por populações
deslocadas, pela destruição de infra-estruturas fundamentais, pela quebra de ligações
entre o campo e o meio urbano e pela ruptura da rede comercial.
A par dos efeitos enunciados, também a debilidade organizativa das estruturas
da administração, a carência qualitativa e quantitativa de quadros técnicos e as
fragilidades do novo empresariado muito têm contribuído para o fraco desempenho que
o sector vem apresentado.
É verdade que o estabelecimento da paz produziu resultados algo animadores,
porquanto se registaram significativas melhorias no Abastecimento Técnico – Material
(fornecimento de sementes, fertilizantes e instrumentos de trabalho), e no
desenvolvimento de campanhas de vacinação do gado, aumentos consideráveis no
número de famílias camponesas que participam das campanhas agrícolas, expansão das
áreas cultivadas e crescimento das produções.
Mas não obstante as melhorias anotadas, a Província está ainda longe da
satisfação das suas principais necessidades básicas e da posição que outrora deteve de
exportador de produtos agrários para outras zonas de Angola e para o exterior.
Os indicadores afectos à produção do sector familiar, tradicional, não deixam de
levantar sérias preocupações. Os baixos níveis de produtividade que deles procedem
parecem indicar que, nas condições actuais de funcionamento da economia provincial e
nacional, o camponês não se sente incentivado para um aumento da produção para
além do nível necessário para a sua subsistência, ou/e que as disponibilidades em
sementes, fertilizantes, outros factores de produção, e para adopção de técnicas
culturais mais evoluídas, não permitem outros patamares de rendimento.
Sem disponibilização atempada de factores de produção, sem assistência técnica
eficiente (com realce para o uso de técnicas culturais adequadas e da aplicação criteriosa
de fertilizantes e correctivos), sem crédito agrícola suficiente, sem o dispositivo de uma
estrutura de comercialização incentivadora, sem garantias de colocação e de preços
para os produtos e sem possibilidades de industrialização local, a importância
económica do sector tradicional manter-se-á em níveis discordantes relativamente às
potencialidades que tem de satisfazer as necessidades provinciais e nacionais,
particularmente de produtos alimentares.
80
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

O sector empresarial só muito recentemente começou a participar com algum


significado no produto bruto agrícola. Manteve-se por muito tempo alheado da
exploração agrícola, da aplicação das técnicas mais produtivas, sem meios financeiros
para uma exploração mais eficaz dos recursos, patenteando uma enorme debilidade de
capacidade de gestão e financeira. O interesse do sector esteve mais centrado na
exploração florestal e na pecuária e, presentemente, ainda que interessado em diversas
culturas, apenas ultrapassa a produção camponesa no que respeita às hortícolas.
Numa breve síntese, o Diagnóstico do Sector Agrário e das Pescas da Província
poderá fazer-se como segue:
Limitações
De uma forma genérica são as que respeitam a todos os factores limitantes da
produtividade das culturas agrícolas, dos produtos pecuários e florestais e da pesca.
Numa tentativa de escalonamento dir-se-á que as mais importantes serão:
 Qualidade das sementes e propágulos, em geral, com maior incidência no
milho, mandioca, amendoim, feijão e batata.
 Disponibilidade de adubos a preços acessíveis. A fertilização do solo e
nutrição das plantas assume carácter determinante nas culturas feitas em
solos de baixo nível de fertilidade.
 Vulgarização agrícola, abrangendo a assistência técnica tanto aos
camponeses como aos pequenos e médios empresários.
 Pragas e doenças das culturas e dos animais.
 Factores relacionados com a formação profissional do corpo técnico, e
com o ensino e investigação.
 Crédito agrícola.
 Preços e mercados.
 Factores relacionados com emprego da energia (humana, animal e
mecânica).
 Irregularidade da distribuição das chuvas e a problemática do
estabelecimento de esquemas de rega.
 A grande debilidade do comércio em geral e as dificuldades no
escoamento dos produtos.
 Fraca rentabilidade da actividade piscatória, idade avançada da maioria
dos pescadores, concorrência desleal pelo uso de processos lesivos da
manutenção dos recursos piscatórios por parte das novas gerações.
81
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Pontos fortes
A diversidade das condições ecológicas e os recursos em matéria de solos e de
clima, asseguram à Província elevadas capacidades para a obtenção de:
 Grande variedade de produtos alimentares e comerciais, a níveis
suficientes para satisfazer as necessidades do mercado interno e,
também, para exportação. (mandioca, amendoim, feijão milho batata
comum, café, palmar arroz, algodão, soja girassol, fruteiras tropicais e
semi tropicais e hortícolas)
 Volumes consideráveis de material lenhoso para as indústrias da
madeira.
 Produtos pecuários diversos, em quantidade e qualidade, por forma a
abastecer o mercado interno em carne, leite, ovos e couros, podendo-se
criar excedentes para exportação.
 Recursos hídricos em condições de aproveitamento para a produção de
energia eléctrica, para permitir a instalação de esquemas de regadio
capazes de valorizar extensas áreas de solos com aptidão para a rega, e o
desenvolvimento da pesca artesanal, que pode assumir papel importante
no complemento das dietas alimentares e dos rendimentos das
populações.
 Tradição nas actividades agro-pecuária, florestal e piscatória.
 Existência de uma população bastante jovem.
 Disponibilidade de uma força de trabalho motivada.
 Potencialidade Agro-Industrial.
 Proximidade de Luanda enquanto grande centro consumidor e existência
de ligações rodoviária e ferroviária.
 Disponibilidade de energia eléctrica.

7.1.2. O Contexto e a Lógica das Intervenções


Da caracterização que se fez do sector, nomeadamente no que se refere à sua
aptidão produtiva, aos esquemas de produção prevalecentes e aos principais
constrangimentos, e do carácter dualista da agricultura do Kwanza Norte – de resto
observado em todo o espaço nacional – procede a opinião que o sector familiar deve ser
considerado prioritário para o relançamento agrícola da Província (e do País), pelas,
entre outras, razões seguintes:

82
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Os pequenos agricultores constituem uma maioria, estão vinculados à terra que


lhes garante a subsistência, acham-se prontos a expandir as suas produções, sobretudo
de culturas alimentares;
É sobejamente reconhecida a importância do sector na organização social e a sua
capacidade, em produzir amplos excedentes para os mercados interno e externo;
O crescimento da produção do sector familiar terá mais impacto na economia
nacional, na geração de emprego e na erradicação da pobreza do que um aumento
similar da produção obtida num número relativamente pequeno de propriedade de
larga escala, de mecanização intensiva e empregando poucos trabalhadores;
A produção acrescida em unidades de pequena dimensão resulta de uma melhor
utilização dos recursos domésticos – sobretudo terra e trabalho, aqueles em que as
condicionantes são menores – e exige poucas divisas para maquinaria, fertilizantes,
pesticidas e know – how estrangeiro;
Uma política virada para o sector familiar garante que a alimentação esteja
assegurada para um número relativamente elevado de famílias, resulta numa expansão
mais justa de benefícios do desenvolvimento económico, contribui para padrões de vida
rural mais elevados e um mercado progressivo para bens de consumo, estimulando
assim a expansão industrial em Angola;
Uma economia rural próspera reduzirá os factores de pressão que induzem a
migração rural-urbana;
O aumento dos rendimentos dos pequenos agricultores pode tornar-se, assim, o
motor do desenvolvimento rural e, por conseguinte, a chave para uma redução da
pobreza estrutural nas áreas urbanas e periurbanas.
É óbvio que não se pode ignorar o facto do sector empresarial poder determinar
mais rapidamente aumentos da produção e do valor acrescentado bruto e a criação de
condições de competitividade.
Nestes termos, tem-se que a estratégia mais realista e prudente para o
desenvolvimento da agricultura no Kwanza Norte deverá consistir na promoção dos
camponeses do sector familiar, em convergência com o crescimento empresarial, o que
trará vantagens do ponto de vista económico, político, social e ecológico e permitirá
uma maior sustentabilidade do desenvolvimento.
O Governo deverá considerar o investimento privado em larga escala para
complementar e estimular a produção agrária como um todo e ajudar o sector familiar
a crescer e a modernizar-se, como espinha dorsal da produção agrária nacional. Esta
estratégia afigura-se correcta e capaz de acabar com o dualismo de forma progressiva.
O Plano de Desenvolvimento de Médio Prazo deve, assim, prever a criação de uma série
83
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

de incentivos que permitam a promoção de um forte sector empresarial convergente


com base:
a).- Na evolução dos pequenos agricultores familiares por forma a
transformarem-se em verdadeiros empresários capazes de utilizar técnicas modernas
de gestão e de produção;
b).- No apoio aos novos empresários agrícolas para evoluírem no mesmo sentido;
c).- Na definição de incentivos para que os actuais empresários do Kwanza Norte
invistam na agricultura;
d).- Na atracção de investidores estrangeiros associados a empresários
angolanos.
Além disso, aos empresários actuais e futuros da Província deverão ser
proporcionadas condições suficientemente favoráveis para investir em actividades que
permitam recuperar ou desenvolver fileiras como:
A produção e industrialização de café, fruteiras, (banana, citrinos, ananás e
outras), mandioca, arroz e oleaginosas;
A bovinicultura de corte, dadas as condições favoráveis, do ponto de vista
ecológico, no Planalto de Camabatela, e também noutras regiões;
A avicultura (ovos, sobretudo) e a suinicultura, ligadas à produção de rações;
A exploração, transformação e industrialização de mandioca;
A actividade da pesca nos rios e lagoas da Província, a transformação do pescado,
e a piscicultura.
A floricultura e exploração de plantas decorativas tropicais.
As estratégias agrárias para a Província deverão ter em conta a diversidade
ecológica e humana e o racional aproveitamento das oportunidades que a pretendida
descentralização político administrativa proporcionarão, e devem dar azo a planos ou
programas de desenvolvimento municipal que possam responder de forma mais
adequada às expectativas dos cidadãos numa perspectiva de desenvolvimento rural
num quadro de maior responsabilidade das Administrações municipais e comunais.

Pressupostos
Para se conseguir um rápido aumento da produção devem ser considerados os
se seguintes pressupostos:

84
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

 A rápida reabilitação das infra-estruturas rodoviárias secundárias e


terciárias;
 A organização e operacionalização de um sistema de provisionamento de
serviços aos agricultores, especialmente no que se refere à
comercialização de insumos e produtos agrícolas;
 A implementação de um programa de capacitação dirigido a responsáveis
administradores, técnico e agricultores;
 A organização de um sistema de crédito que permita faze chegar aos
pequenos agricultores – tendo em conta as especificidades culturais
destes – e aos empresários os financiamentos necessários ao arranque e
desenvolvimento da agricultura provincial.
Da promoção de um movimento associativo ou cooperativo dos camponeses em
novos moldes, que lhes permitam assumir o processo gradual de transformação sem
perder sua identidade e que esteja directamente relacionado com o sistema de
capacitação, com os sistemas de crédito e com a comercialização rural e, ao mesmo
tempo, seja favorável à participação dos cidadãos no processo de tomada de decisões e
na defesa dos seus direitos e interesses.

7.1.3. Os Projectos e Subprogramas

Fundamentação
Não foram conseguidas informações permissoras de um conhecimento
pormenorizado de grande parte dos municípios e comunas, nem disponibilizados
determinados dados estatísticos fiáveis tidos por necessários. Isto condiciona, à partida,
a elaboração de projectos sob uma metodologia e rigor desejáveis.
Contudo, a par da promoção do desenvolvimento rural através da melhoria do
acesso a “inputs” agrícolas, ao crédito e ao comércio afigura-se indubitável que as
orientações estratégicas para a Província do Kwanza Norte devem integrar o aumento
de produção de bens alimentares e de outros destinados ao abastecimento da indústria,
numa perspectiva de recuperação de fileiras produtivas existentes no passado, o
acréscimo de valor acrescentado e de competitividade, privilegiando, entre outras
medidas, a criação de pólos agro-industriais, e a exploração racional das potencialidades
florestal e piscícola.
De acordo com as considerações produzidas até aqui, preconiza-se que o esforço
fundamental vise o aumento das produções, a evolução do sector familiar e a melhoria
da organização e gestão das empresas, o que poderá ser conseguido através:
85
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

o Do aumento das áreas de cultivo;


o Do aumento gradual de produtividade (utilização de sementes e
propágulos de melhor qualidade, recurso à fertilização, uso de processos
de combate à erosão, melhoria de técnicas de cultivo, luta contra pragas
e doenças, diminuição de perdas pós-colheita);
o Do recurso ao regadio (sempre que possível e indispensável);
o Da reabilitação das fileiras do café, da banana e dos citrinos;
o Da introdução de novas culturas (ou reintrodução de culturas
abandonadas, como girassol, soja, ananás e outras fruteiras);
o Da difusão progressiva de um modelo de mecanização adaptado às
condições humanas e naturais, que incluirá a tracção animal e o uso de
equipamentos simples de lavoura e de benefício das produções;
o Da ligação progressiva da agricultura com a pecuária principalmente de
bovinos de corte;
o Da ligação progressiva da agro-pecuária com a indústria (farinhas, óleos,
rações para o gado, conservação de hortofrutícolas, transformação de
pescado, serrações);
o Da ligação entre agricultura, pecuária e silvicultura (agrossilvopastorícia),
a fim de se testarem sistemas de produção mais sustentáveis;
o Da introdução de novos métodos de gestão.

Para isso segure-se a criação de um Programa de Desenvolvimento da Agricultura


Familiar (PRODAF) para coordenação de todas as acções ligadas à promoção e
fortalecimento do sector familiar e à constituição de empresas.
Em relação ao sector empresarial, deverá tentar-se o estabelecimento de um
conjunto de indicações que poderão conformar futuros projectos e acções a
implementar para incentivar os empresários a investir na agro-pecuária. Neste domínio,
o Governo provincial deverá criar um Gabinete de Apoio e Promoção do Empresariado
Agrícola (GAPEA) que terá por missão o desenvolvimento empresarial numa perspectiva
moderna e sustentada. Num e noutro sector, o foco das preocupações do Governo
deverá estar na formação dos produtores/empresários e no reforço da sua capacidade
institucional. Além disso, o Governo deverá promover investimentos públicos com áreas
de maior concentração de investimentos privados, de modo a incentivar a criação de

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Pólos agro-industriais em Cambambe – dado o elevado potencial produtivo se houver


regadio – e Lucala.
Tendo em conta o calendário de implementação do Plano de Desenvolvimento
do Kwanza Norte, a intervenção no sector agro-pecuário, silvícola e pesqueiro deve ser
encarada em duas fases:
 Uma primeira relativa a um período inicial de 2 anos, em que o Governo
provincial deverá procurar, essencialmente, implementar o projecto de
fomento (que se refere adiante) e tratar da criação de condições como o
investimento em infra-estruturas para aumento significativo da
produtividade e da produção, o que não significa que não se dinamizem
projectos produtivos que se mostrem viáveis de imediato;
 Uma segunda fase, em que se procurará aumentar de forma rápida a
produtividade obter níveis de produção que justifiquem a
industrialização e se actue no sentido do aumento de competitividade.
Para efeitos de planeamento, considerou-se a existência de um universo de 30
mil famílias camponesas, o que corresponde a cerca de 35% das famílias que se supõe
existirem na Província (É estimado que o número de famílias camponesas vivendo no
meio rural e urbano é superior a 80 mil. Todavia, o censo irá determinar o universo real).
A partir da informação recolhida, do conhecimento de certas realidades locais e
da consulta bibliográfica gizaram-se os projectos e programas a seguir listados que se
crê, no seu conjunto, serem capazes de contribuir para uma modificação da situação da
agricultura (lato sensu) da Província.

I- Projecto de Fomento da Agricultura


II- Projecto de Capacitação
III- Projecto de Intensificação das Culturas Alimentares
IV- Projecto de Relançamento do Café e Palmar
V- Projecto de Fomento da Pecuária
VI- Projecto de Mapeamento e Demarcação de Terras Comunitárias
VII- Projecto de Mecanização
VIII- Projecto de Exploração Florestal e Silvicultura
IX- Projecto de Pesca Continental
X- Criação de uma Estação de Experimentação Agro-Pecuária
XI- Projecto de Introdução de Tracção Animal e de Tecnologia
Adaptada
XII- Projecto de Crédito Agrícola
XIII- Projecto de Apoio à Comercialização
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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

XIV- Projecto de Promoção da Actividade Empresarial


XV- Programa de Desenvolvimento da Agricultura Familiar (PRODAF)
XVI- Programas Nacionais

Caracterização

I. Projecto de Fomento da Agricultura


Objectivo: Dotar todas as famílias camponesas dos recursos mínimos para
poderem produzir para as suas necessidades alimentares e, eventualmente, canalizarem
alguns excedentes para o mercado. Que cada família seja auto-suficiente em sementes
com certa qualidade e sejam criados bancos de sementes e armazéns comunitários onde
tal se justifique.
Resultado: Que no final do primeiro ano sejam atingidas as seguintes produções:

TABELA 26. ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO PARA O PRIMEIRO ANO

Produtividade Área
Cultura Produção
( Ton.) Ton/Ha (Ha)

Milho 1.500 0,5 3.000


Feijão 900 0,3 3.000
Amendoim 450 0,3 1.500
Batata 300 3,0 100
Batata Doce 6.000 4,0 1.500
Café 1.000 0,1 10.000
Total 10.150 19.100

No final do 2º ano as produções seriam (já com mandioca)

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

TABELA 27. ESTIMATIVA DA PRODUÇÃO PARA O SEGUNDO ANO

Produção Produtividade Área


Culturas
(Ton.) (Ton/Ha).
(Ha)

Mandioca (fresca) 126.000 6 21.000


Milho 2.250 0,5 4.500
Feijão 1.350 0,3 4.500
Amendoim 675 0,3 2.250
Batata 450 0,8 562,5
Batata Doce 9.000 4,0 2.250
Café 1.500 0,1 15.000
Total 141.225 50.062,5

Estratégia
Este projecto deve ser implementado numa fase de pré-arranque e visa,
sobretudo, a reposição dos meios mínimos necessários aos camponeses para
produzirem (instrumentos de trabalho e sementes) nas condições existentes.
Contribuirá para a estabilização dos núcleos populacionais e para a criação de uma base
para o planeamento de acções futuras. Tendo em conta a existência de 30.000 famílias
camponesas, a cada uma deveria ser distribuído um kit de instrumentos e sementes
composto por:
2 enxadas
1 catana
1 lima
3 machados
2 kgs de milho
5 kgs de feijão (vulgar e macunde)
3 kgs de amendoim (em casaca)
e que corresponderiam uma lavra típica de um hectare, em média, assim
organizada.

70% de mandioca (plantas sob responsabilidade do agricultor)

10% de milho

10% de feijão

5% de amendoim

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

5% de batata doce

Acrescenta-se cerca de 1.000 agricultores de batata (Planalto de


Camabatela/Lucala e Cambambe), fazendo, cada um, 0,1 hectare, num total de 100
hectares. Para o café seriam estimados 10.000 hectares com 5.000 cafeicultores.
As áreas a cultivar seriam assim:
21.000 ha de mandioca
3.000 ha de milho
3.000 ha de feijão
1.500 ha de amendoim
1.500 ha de batata doce
100 ha de batata
10.000 ha de café

Estas áreas seriam atingidas logo no 1º ano agrícola após o arranque do projecto.
As áreas no 2º ano seriam acrescidas de 50%, mas só no 2º ano as plantas de mandioca
instaladas no 1º ano entrariam em produção.
De notar que estas produções representam uma resposta ao fornecimento dos
kits e melhoria do sistema de comercialização (pressuposto para o fomento) e
consequente aumento das áreas de cultivo. A organização adequada de tal distribuição,
sob responsabilidade das autoridades tradicionais, poderia permitir a negociação de um
reembolso em dinheiro para o caso dos instrumentos e em espécie para o caso das
sementes, com o qual seria possível constituir fundos rotativos que poderiam servir de
suporte a outras acções de fomento geridas a nível local. Fundos no valor de cerca de
50-100 mil USD (só resultante dos instrumentos) sob controlo de cada município, em
média, sob responsabilidade de instituições a definir (Administração, comunidades ou
associações) seriam muito importante para a progressiva autonomia local. No caso do
café, o estímulo seria fundamentalmente ligado à garantia de comercialização a um
preço atractivo.
Toda esta estratégia poderá ser revista em função de um conhecimento mais
seguro sobre a verdadeira situação. As verbas libertadas com a possível satisfação das
necessidades poderão ser encaminhadas para a criação de bancos de sementes
comunitários, para a construção de pequenos armazéns e outros investimentos
produtivos.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Custos:
O valor de cada kit (sementes e instrumentos de trabalho) é de 30.00 USD, o que
equivaleria a um gasto total de 900.000,00 USD.

A este kit seriam acrescidas sementes de batata e inputs para o café para as
famílias nos municípios com tradição dessas culturas, no valor de, respectivamente, 100
mil e 300 mil USD. O projecto custará na totalidade 1.300.000,00 dólares americanos.

II. Projecto de Capacitação

O objectivo deste programa/projecto é o de fortalecer as capacidades técnicas,


institucionais, de gestão e comercialização de 30.000 agricultores familiares e suas
organizações, bem como dos provedores de serviços e outros interessados envolvidos
na produção agrícola e na cadeia de valores, para mais eficazmente, e de forma
progressiva, operarem num ambiente orientado para o mercado e prepará-los para as
oportunidades de investimento que permitam o desenvolvimento da produção agrícola
e pecuária. Isto permitirá aumentos de produção, de produtividade e de
competitividade e implicará que os actores estatais e não estatais que interagem com
os agricultores estejam dotados, por sua vez, das capacidades necessárias para
ajudarem a sua capacitação.
Os resultados esperados são:
 10 EDAs reabilitadas (ou ampliadas) e equipadas;
 10 Directores das EDAs e 50 extensionistas treinados em novas
abordagens e metodologias de extensão e assistência técnica;
 30.000 agricultores familiares integrados em 750
comunidades/grupos/associações e apoiadas pelas EDAs e os seus líderes
treinados em vários domínios que lhes permitam gerir os grupos de
forma mais eficaz;
Haverá toda a conveniência em responsabilizar as Administrações Municipais e
Comunais e as autoridades tradicionais nesse processo, devendo a Direcção Provincial
da Agricultura fazer a monitoria e a supervisão. Um maior envolvimento dos actores
traduz-se em maior responsabilidade.
300 escolas nos campos dos Agricultores (ECAs) constituídas;
10.000 agricultores integrados em Escolas no Campo dos Agricultores;

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

30 técnicos da Direcção Provincial da Agricultura, do Departamento Provincial do


IDA e de outros organismos provinciais ligados directa ou indirectamente à agricultura
treinados em novas abordagens do desenvolvimento incluindo o rural e local;
300 Directores Provinciais, Administradores Municipais e Comunais e seus
Adjuntos e outros responsáveis locais com novos conhecimentos sobre a visão e
abordagem do desenvolvimento rural e local e do desenvolvimento em geral;
18.000 adultos alfabetizados através de métodos que lhes permitam maiores
capacidades para enfrentarem os seus problemas sociais;
Uma base de dados criada.

Estratégia
A capacidade será reforçada por três vias:
 A capacitação dos agricultores familiares e suas associações e grupos, os
prestadores de serviços e as instituições do Estado relevante envolvidos
no programa/projecto através de acções de formação, workshops e
assistência técnica;
 Através do método de “aprender fazendo” que o desenvolvimento do
programa/projecto proporcionará.
 Pelo reforço de instituições públicas a nível comunal, municipal e
provincial com infra-estruturas e equipamento.
A capacitação visa introduzir abordagens participativas que possam vir a dar
suporte ao processo de desconcentração e descentralização em curso orientado pelo
Governo. Ela requer uma abordagem sensível ao género, o que significa um equilíbrio
entre homens e mulheres que venham a beneficiar de formação (incluindo o recurso à
descriminação positiva para que as mulheres possam recuperar o seu atraso histórico)
e a inclusão de grupos vulneráveis, como mulheres sozinhas, portadoras de deficiência
e outros.
Os agricultores familiares e seus grupos e associações adquirirão conhecimentos
que lhes permitirão ganhar autonomia progressiva no processo de tomada de decisões
e apresentar propostas e implementar projectos a serem financiados pelo Governo ou
pelos Bancos comerciais. Os provedores de serviços do sector privado e organizações
não-governamentais – que eventualmente se venham a constituir ou instalar na
Província – adquirirão, por sua vez, os conhecimentos para satisfazerem o aumento da
procura de serviços (por parte dos agricultores familiares).

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

A capacitação é um factor chave na estratégia do Plano e por isso a sua incidência


deve ser, principalmente, na fase de pré-arranque. O programa/projecto desdobra-se
em três componentes de acordo com os potenciais beneficiários:
Agricultores familiares e grupos/associações de agricultores familiares;
Instituições públicas;
Provedores de serviços (privados ou ONGs).
Componente 1: Capacitação de agricultores familiares e seus grupos e
associações
Esta componente tem o seguinte propósito:
Apoiar os agricultores familiares a organizarem-se em grupos e associações e a
reforçarem as já existentes;
Ajudar os grupos e associações de agricultores familiares a identificar, preparar
propostas e gerir os investimentos produtivos a serem financiados através de Bancos
comerciais, do OGE ou de outros mecanismos;
Melhorar os conhecimentos dos agricultores familiares no domínio da
agricultura e do mercado e as suas capacidades para terem acesso a serviços de
extensão;
Reforçar as capacidades dos grupos vulneráveis para que possam participar nas
actividades produtivas.
Caracterização dos Beneficiários
Na Província existem grupos e associações de agricultores familiares informais,
resultado da intervenção do Estado e da UNACA, mas em número muito reduzido.
O seu crescimento é dificultado pela ausência ou fragilidade dos provedores de
serviços públicos ou privados. A sua actividade principal é a canalização de recursos
materiais (e por vezes financeiros na base de crédito ou micro crédito) aos seus
membros. Recentemente, o programa de Extensão e Desenvolvimento Rural (PEDR),
tem fornecido alguns insumos agrícolas e a UNACA tem apoiado o acesso ao crédito
bancário em pequena escala.
Nas comunidades locais existem outros grupos ainda mais informais que se
distinguem das associações por serem menos estruturados e que são fruto
fundamentalmente de dinâmicas internas. Encontram-se ainda pessoas ou grupos mais
vulneráveis, principalmente mulheres sozinha e portadoras de deficiência. Tais grupos,
ou comunidades inteiras, representadas pelas suas lideranças tradicionais, poderão
beneficiar das actividades do programa/projecto.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Tipos de Formação, Beneficiários e Actividades a Desenvolver


Três tipos de actividades estão previstos para que os propósitos sejam
alcançados:
Capacitação de associações e grupos através de mecanismos participativos,
incluindo conhecimentos técnicos, de gestão, de integração no mercado e de
negociação com outros actores e instituições, o reforço organizacional e a legalização;
Melhoria do conhecimento dos agricultores familiares através de serviços de
extensão inovadores com base na disseminação da iniciativa de Escolas no Campo dos
Agricultores (ECA) levada a cabo na área do projecto;
Alfabetização funcional para aumentar a capacidade dos grupos mais
necessitados.

Capacitação dos Agricultores


A capacitação de grupos e associações incluirá a formação, a aprendizagem
através da prática e viagens de estudo de líderes. O programa de formação será
constituído por módulos direccionados para funções e necessidades específicas das
associações, como presidentes, secretários, tesoureiros, encarregados técnicos e
outros. Deverá ser contratado um provedor de serviços que estabelecerá a metodologia,
os programas e os currículos, produzirá os materiais e organizará a logística da
formação.
Para isso o programa/projecto prevê a capacitação de técnicos extensionistas
das 10 EDAs para que possam assumir o papel de formadores das famílias camponesas
como facilitadores do processo de aprender fazendo, aplicando na prática os
conhecimentos aprendidos em workshops e sessões de formação. Um técnico
extensionista treinado e equipado com meios de transporte (mota ou motorizada) deve
ser capaz de assistir inicialmente cinco associações com uma média de 60 membros cada
e que ele (ou ela) poderá aumentar esse número para 10 e 15 organizações no seu
segundo e terceiro ano de trabalho, respectivamente. Durante os três primeiros anos
do programa/projecto serão equipadas cinco EDAs por ano com cinco extensionistas
cada, o que permitirá apoiar no 1º ano 5x5x5=125 comunidades/grupos/associações.
No 2º ano o número subirá para 5x10x5=250, nas cinco primeiras EDAs e mais
5x5x5=125, o que dá um total de 375 comunidades/grupos/associações. No 3º ano os
números para 5x5x3=375 e 5x10x5=250 com um total de 625. No 4º ano o primeiro
grupo fica estabilizado nos 375 e o segundo passa a 375, num total de 750, com
aproximadamente 30.000 membros, estabilizando-se a partir daí.
O quadro a seguir apresenta uma síntese que torna mais claro o entendimento:
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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

TABELA 28. PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO


Nº de
Nº total de
Nº de EDAs a comunidades/grupo
Nº total de comunidades/grupo
Anos Construir s/ associações a
extensionistas s/ associações
equipar/amplia assistir por
assistidas
extensionista
1º 5 25 5 125
2º 5 50 10(5) 375
3ª - 50 15(10) 625
4º - 50 15 750
5º - 50 15 750
Total 10 50 15 750

O número de 750 grupos ou associações foi calculado com base em 40 membros


por associação em média, visando a eficiência, tendo em conta a rentabilização das
EDAs. Porém, esse número pode ser diferente, o que implicará uma redução do número
de associações.
O número de homens e mulheres beneficiários das formações deverá estar em
equilíbrio. A distribuição por município poderá ter ajustamentos proporcionais, de
acordo com critérios que se venham a considerar mais pertinentes, como, por exemplo,
a densidade demográfica ou maior proximidade/facilidade das vias de acesso. Este
resultado representará um enorme esforço financeiro e organizativo, fundamental para
a o alcance do objectivo pretendido.
A selecção dos beneficiários será feita pelas próprias associações, grupos ou
comunidades, aproveitando-se os diagnósticos rápidos participativos (DRP) que se
realizarão no início do projecto (ver mais adiante). Em algumas formações,
principalmente aquelas relacionadas com comercialização e mercados, poderão integrar
provedores de serviços (existentes ou potenciais) residentes nas comunidades ou que
com elas tenham um relacionamento estreito, como cantineiros, comerciantes
ambulantes, padeiros, utentes de moinhos ou outros. Estes provedores poderão ser
identificados a partir de jovens que estejam desempregados ou desiludidos com as
actividades desempenhadas.
Cada módulo de formação incluirá tópicos relacionados com organizações,
técnicas agrícolas e comercialização.

Criação de Escolas no Campo dos Agricultores (ECAs)


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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

O actual nível de preparação dos extensionistas é baixo e durante os primeiros


anos de execução do PEDR, a sua actuação resume-se à distribuição de insumos aos
agricultores familiares. Tendo em vista os objectivos preconizados, será necessária uma
mudança de abordagem e uma maior capacidade do extensionista para prestar um tipo
de serviço diferente. O extensionista deverá mudar de perspectiva e de atitude
passando a ser um “facilitador” que seja capaz de interagir e aprender com a experiência
e conhecimento dos agricultores familiares e assisti-los na procura de serviços de acordo
com as necessidades e as oportunidades locais.
O programa/projecto adaptará e desenvolverá metodologias de extensão
inovadoras, que terão por base as ECAs desenvolvidas pela FAO como alternativas aos
modelos de extensão clássicos que se revelaram caros e ineficazes, e que estão a ser
implantadas em algumas Províncias. De acordo com a metodologia, cada Coordenador
de Formação deverá ter a responsabilidade de treinar quatro Agricultores Familiares
Facilitadores por ano, o que, no final dos cinco anos, permitirá a existência de 24
Agricultores Familiares Facilitadores. Cada Agricultor Facilitador, com assistência de um
Coordenador de Formação, treinará duas ECAs por ano. Cada ECA terá, em média, 20
agricultores familiares (homens e mulheres em igual número). Uma ECA pode ser
constituída no seio de uma ou associação ou grupo ou numa comunidade onde não
existam associações. Uma associação ou comunidade pode ter mais de uma ECA. No fim
dos cinco anos o programa/projecto deverá ter criado e treinado 300 ECAs que
integrarão cerca de 10.000 agricultores familiares. A selecção dos beneficiários será feita
pelos próprios agricultores familiares das comunidades ou dos grupos e associações
existentes.
A acção das ECAs deve ser completada com um amplo sistema de informação,
educação e comunicação de forma a fazer chegar aos agricultores familiares a
informação e o conhecimento de que eles necessitem. Uma estratégia adoptar será a
criação de rádios comunitárias a exemplo do que acontece noutros países e utilizar
outros órgãos de comunicação social da Província.
A definição do conteúdo da formação dos Formadores Mestres, dos
Coordenadores de Formação e dos Agricultores Familiares Facilitadores deverá ser feita
com base nas experiências existentes noutras Províncias e deve ser compatibilizada com
a formação dos extensionistas e dos líderes das associações e grupos.

TABELA 29. ESCOLAS NO CAMPO DAS AGRICULTURAS VS. EXTENSÃO RURAL

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Escolas no Campo dos Extensão Tradicional


Agricultores
Tomada de decisão Pelos agricultores familiares Pelos extensionistas
Cobertura/custos Maior abrangência/menor Mais limitada/maior custo
custo
Informação Conhecimento local e Conhecimento técnico e
experimentação camponesa investigação tradicional
Tipo de agente interventor Facilitador Extensionista/”Professor”
Aquisição de Interacção ou intercâmbio Transmissão de conhecimento
conhecimento participativo
Pedagogia Educação de adultos Capacitação técnica
Objectivos de longo prazo Criação de capacidades e Aumento da produção
aumento do poder para
tomada de decisões
Cadeia de recursos Recursos s----Camponês Recursos------Extensão
(visão) ------Extensão -----Camponês

Alfabetização Funcional
O analfabetismo é bastante elevado no Kwanza Norte, particularmente entre as
mulheres que têm tido menos oportunidades de frequentar a escola, seja porque a
prioridade é concedida aos rapazes, seja porque abandonam os estudos mais cedo para
casarem. Os membros analfabetos das comunidades tornam-se mais vulneráveis e têm
menos oportunidades de beneficiarem de projectos de intervenção.
O Plano procurará mitigar esta situação através de uma proposta de
alfabetização funcional que permita às mulheres e outros adultos vulneráveis
adquirirem conhecimentos de leitura, escrita e aritmética; não ficarem excluídos dos
benefícios do novo processo e de operarem num ambiente de mercado numa situação
menos desvantajosa.
Como cada individuo deverá frequentar três anos de aprendizagem, no final do
Projecto deverá ter sido beneficiado com este tipo de formação cerca de 16.000 adultos,
mulheres e homens dentre as pessoas mais vulneráveis nas comunidades. No final de
três anos de formação, cada treinado terá um nível de qualificação equivalente ao
quarto ano de escolaridade do ensino formal.
A alfabetização estará a cargo de provedores de serviços a recrutar pelo Governo
da Província na primeira fase de três anos. No final do 2º ano a Direcção Provincial da
Educação assumirá o processo procurando atingir, no final do PDMP pelo menos 80%
dos adultos analfabetos da Província, Este esforço justifica-se pelo facto de se tratar um
objectivo estratégico do Plano em geral e de Estratégia de Desenvolvimento Rural do
Povo do Combate à pobreza em particular.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Temas Transversais
A sensibilização sobre o VIH/SIDA, perigo de minas e género deverão ser temas
integrados sistematicamente em todos os pacotes de formação como assuntos
transversais, assim como aspectos ligados à informação, educação e comunicação (IEC).
Os tópicos dos programas serão distintos, de acordo com o tipo de formação.
Componente 2: Reforço de capacidades de instituições do Estado.
Esta componente incidirá na capacitação e reforço institucional de instituições
do Estado a nível municipal e provincial. A componente deverá também contribuir para
o reforço dos processos participativos que contribuam para a descentralização
administrativa em curso no país, focalizando a melhoria dos conhecimentos dos quadros
dessas instituições.
Instituto de Desenvolvimento Agrário IDA a nível provincial e municipal
O programa/projecto dará formação periódica ao pessoal do IDA a nível
municipal e provincial, bem como os meios para melhorar o apoio organizacional e de
gestão às associações de agricultores familiares em particular no desenvolvimento e
implementação de projectos de investimentos produtivos a serem financiados.
Formação e assistência técnica às EDAs incluirão a aprendizagem em serviço (aprender
fazendo) e orientação aos extensionistas através de um processo de planeamento
participativo, transparente e inclusivo com as comunidades envolvidas. Este aspecto
deverá ser negociado entre o Governo da Província e a Direcção Geral do IDA, não só
porque se trata de um organismo de subordinação central, mas também pela
coordenação metodológica necessária.
Implementação Física e Equipamento das EDAs
O Plano prevê a construção de 10 EDAs na sede de cada um dos restantes
municípios – o que inclui escritório, residência e um pequeno armazém anexo. Para que
os extensionistas residam o mais próximo possível junto das comunidades serão
reabilitadas ou construídas residências para eles em todas as comunas (uma em cada,
com excepção das sedes num total de 48).
O programa/projecto deverá prever que todas as EDAs sejam equipadas
minimamente com:
 1 viatura 4x4;
 6 motorizadas (para os extensionistas);
 2 computadores com acesso a internet e impressora;
 6 telefones móveis (para os extensionistas);
 1 projector;
 Balanças, fita métrica e outros equipamentos de medição;
98
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

 Material de escritório (mobiliário, pastas de arquivo, fichas,…)

Formação dos Extensionistas


Cada EDA deverá ter um director nomeado com perfil e experiência adequados
para o desempenho da função e cinco extensionistas com formação de técnico, médio
em agricultura ou equivalente.

Os extensionistas beneficiarão de formação cujo programa cobre; (i) DRPs e


outras metodologias participativas de avaliação de necessidades; (ii) identificação,
elaboração, negociação, implementação, monitoria e avaliação de projectos, incluindo
orçamentos, de forma participativa; (iii) estabelecimento, estruturação e gestão de
associações de agricultores familiares.

A formação terá início no primeiro ano e será repetida cada dois anos para
refrescamento.

Os resultados esperados com esta formação são: (a) que os extensionistas


envolverão as comunidades em exercícios participativos para identificarem e
planificarem actividades de desenvolvimento agrícola e de investimento (b) que os
mesmos extensionistas ajudarão noutros aspectos da vida das comunidades,
associações e grupos através da abordagem “aprender fazendo”, e (c) que sejam criadas
as Escolas no Campo dos Agricultores.
Formação em DRPs
Formação em DRPs e outras metodologias participativas de avaliação de
necessidades para a análise de sistemas agrícolas e agro-ecológicos e identificação de
constrangimentos e oportunidades começarão com uma sessão inicial de formação para
30 pessoas em cada município, seguida de trabalho de campo assistido. Informação
primária será recolhida e desdobrada por género e indicadores estabelecidos para
integrarem a base de dados (ver adiante) para a posterior monitoria do
programa/projecto e avaliação de impactos.
Formação em Planeamento Participativo, Elaboração e Implementação de
Projectos e Orçamentos
Depois de cada DRP as equipas de todas as EDAs da Província voltam a reunir-se
para uma nova sessão de formação para análise dos resultados dos DRPs com o apoio
do prestador de serviços contratado. O produto desta formação deverá ser um conjunto
de planos resumindo as necessidades chave de cada município, com orçamentos
indicativos para propostas de projectos; um plano de formação para agricultores

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

familiares, ONGs e associações locais, comerciantes e outros prestadores de serviços


(cantineiros, comerciantes, utentes de moagens, entre outros).
Uma vez estabelecido o plano de desenvolvimento ou o conjunto de projectos
será submetido à Administração Municipal para coordenação e homologação e depois
serem enviados para nível provincial para aprovação. As EDAs poderiam também
aproveitar a oportunidade para identificar assuntos a serem negociados com outros
provedores de serviços dentro do sector da Agricultura ou em sectores sociais como
Educação, Saúde, Água e outros. Isto será a base da elaboração de futuros Planos de
Desenvolvimento Municipais.
O ciclo de formação deverá ser repetido anualmente e o extensionista receberá
apoio para revisão dos planos de forma continuada com as comunidades e possíveis
novas acções.
Formação em Criação, Estruturação e Gestão de Grupos e Associações
As equipas das EDAs deverão, com o apoio do provedor de serviços contratado,
receber formação em criação, legalização e estrutura organizacional de associação de
agricultores familiares, bem como em conhecimentos sobre negócios, estabelecimento
de contratos e administração de fundos comunitários, bem como os aspectos
transversais como o VIH/SIDA, relação de género, ambiente informação, educação e
comunicação e perigo de minas. Particular atenção deverá ser dada à participação de
mulheres (também nos outros).
Organização, Responsabilidades, Duração e Conteúdo
O fim desta formação deverá ser permitir às EDAs o apoio a grupos organizados
para gerirem os projectos que serão executados no âmbito do Plano. Isto inclui a
identificação de necessidades de formação e assistência especializada.
Cada extensionista deverá assistir 15 grupos, associações ou comunidades, com
uma média de 60 agricultores cada, a partir do terceiro ano.
Durante os primeiros três anos do Projecto será assegurada formação de
formadores nas 10 EDAs dos 10 municípios. O currículo das formações deve estar
concebido para capacitar as equipas a identificar, analisar e remover constrangimentos
nos sistemas de produção e de mercado, utilizando metodologias participativas.
O Governo da Província deverá contratar um provedor de serviços para organizar
esta formação, devendo os seus Termos de Referência incluir a definição de
metodologias, os currículos e a logística. Estes Termos de Referência deverão estar
compatibilizados com referentes à formação dos líderes das associações e grupos.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Formação para Criação das ECAs


O programa/projecto deverá suportar a formação de Formadores Mestres e de
Coordenadores de Formação para apoiarem a criação de Escolas no Campo dos
Agricultores a que se seguirão acções que levem à criação das ECAs.
A preparação e gestão do processo de criação das ECAs, desde a formação até à
monitoria, estará a cargo de um prestador de serviços, em coordenação com as EDAs.
O conteúdo dos programas de formação deve ser baseado no currículo da FAO
já existente para a promoção de ECAs em Angola, incorporando as lições aprendidas até
ao momento.
Criação de uma Base de Dados
Um banco de dados deverá ser criado em cada EDA com base na informação
recolhida durante os DRPs e actualizada ao longo de cada ano com base nas operações
do programa/projecto, incluindo novos DRPs e o processo de criação das ECAs.
Formação a Nível do Departamento Provincial do IDA
A nível provincial o pessoal técnico e de gestão do IDA também necessita de
capacitação, principalmente nos domínios de análise do contexto, planeamento,
implementação, monitoria e avaliação de projectos. Para esse fim será contratado um
provedor de serviços para organizar um programa de gestão de formação para 10
Directores de EDAs, técnicos do Departamento Provincial do IDA e de outros serviços
com intervenção nas áreas rurais em análise de contexto, monitoria e avaliação, gestão,
compras, gestão financeira, IEC relações de género e atenção ao HIV/SIDA e perigo de
minas. Os Termos de referência para este provedor deverão, igualmente, estar
compatibilizados com os do provedor para os extensionistas. Esta formação decorrerá
logo no início do Plano devendo ser repetida para refrescamento dois anos depois.
Governos Provinciais e Responsáveis e Técnicos de Administrações Municipais
O Plano providenciará formação a este nível a outras instituições do Estado que
integram as Administrações municipais e comunais e governo provincial, incluindo a
análise do contexto e a IEC sobre o Plano e os mecanismos de obtenção de crédito. Esta
formação servirá para melhorar a qualidade da participação, aumentar a transparência
e prestação de contas sobre a implementação dos Projectos e melhorar a comunicação
a nível municipal, provincial e central, e o entendimento dos objectivos, abordagem,
linhas de força e arranjos institucionais dos projectos.
A nível municipal a formação terá por base quatro workshops para 30 pessoas
em cada município, sendo o primeiro logo no arranque do Plano, e os restantes ao longo
dos dois primeiros anos. Os tópicos dos workshops incluirão gestão financeira,
aquisições (procurement) e monitoria e avaliação, legislação sobre terras e estratégias
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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

para sua implementação; mecanismos de prestação de contas; acesso ao mercado e


desenvolvimento institucional do mercado, bem como ao mecanismo de IEC e aspectos
ligados a relações de género e atenção ao HIV/SIDA e perigo de minas. Os beneficiários
serão membros das Administrações e dos CACs e outros actores e agências relacionados
com o desenvolvimento rural.
A nível provincial a formação terá por base os correspondentes participantes e
temas dos realizados nos municípios e o primeiro ocorrerá igualmente no arranque.
Além disso, será dado apoio às estruturas que tratam do registo e cadastro de terras
(IGCA) em equipamento e formação.
Este tipo de capacitação será da responsabilidade de um provedor de serviços
especialmente contratado para o efeito.

TABELA 30. INVESTIMENTO NECESSÁRIO PROJECTO DE CAPACITAÇÃO (USD)

Treinamento e assistência técnica 1.500.000,00


Construção, ampliação e equipamento de 10 EDAs 2.000.000,00
(incluindo viaturas)
Total 3.500.000,00

III. Projecto de Intensificação das Culturas Alimentares


Objectivo:
Aumentar a produtividade e a produção das culturas praticadas e incentivar a
recuperação de culturas antigas ou a introdução de novas.
Estratégia e Considerações
Este projecto visa o aumento das produtividades e das produções através de
medidas factíveis e de custo relativamente moderado. Ele vem na sequência lógica dos
projectos anteriores. A principal aposta incidirá no alargamento paulatino das áreas,
mas sobretudo no aumento da produtividade da terra, através do uso de sementes e
propágulos de melhor qualidade e de fertilizantes e pesticidas; no aumento da
produtividade do trabalho através da introdução de um sistema de mecanização
adaptado; na introdução de sistemas de defesa contra a erosão e uso de técnicas
culturais mais apuradas. Tudo isso pressupõe o programa/projecto de capacitação que
deve abranger, no final do Plano 30.000 famílias, como se estabeleceu. Pressupõe
também que a estação de experimentação, de que se falará adiante, entre em
funcionamento.
Para cada uma das culturas consideradas – entendida como um subprojecto –
dá-se uma ideia das potencialidades e as linhas de força de intervenção. O número de
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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

produtores (famílias camponesas) mantém-se no final pois se são previstos aumentos,


também são de esperar “migrações” para emprego em outros sectores de actividade.
Mandioca
É uma cultura muito recomendável em toda a Província por ser adequada às
condições ecológicas desde que se escolham solos leves e bem drenados, por ser a base
da alimentação das populações e pelo facto do seu cultivo constituir uma tradição.
Devido à sua rusticidade e plena identificação com a agricultura camponesa é de pensar
na obtenção de produções equivalentes a outras situações africanas com idênticas
características mesológicas, desde que sejam dispensados à cultura os cuidados
necessários.
Os rendimentos por hectare não ultrapassam, em geral, as 6 toneladas.
Contudo, as produções de famílias camponesas do Kwanza Norte que,
ultimamente, tem beneficiado de material vegetativo de variedades melhoradas de
mandioca permitem estimar rendimentos médios da ordem das 20 toneladas por
hectare.
No final do plano entram em produção 45 mil hectares (1.5ha/família), com a
possibilidade de produção de 900 toneladas de mandioca fresca.
Milho
Os rendimentos médios actuais são da ordem dos 500Kgs/ha. O seu cultivo nas
condições do Kwanza Norte poderá estar condicionado pela longa duração da estação
da chuva, o que dificulta a maturação e proporciona elevados teores de humidade nos
grãos. Uma acção de experimentação e pesquisa adequada poderá levar à identificação
de variedades que se adaptem às condições ecológicas da região. No final do Plano, com
utilização de fertilizantes em parte da área será possível chegar a uma média de 1,2
ton/ha, o que em 4.500 ha permitirá atingir 5.400 ton. Sendo uma das culturas
seleccionadas pelo Banco de Desenvolvimento Agrário (BDA) como prioritárias para
empréstimos, é de esperar que aumente o interesse por ela.

Arroz
A cultura está bem adaptada não região do Luinga (Planalto de Camabatela) em
condições de controlo de água através de rega e drenagem. Para se conseguirem boas
produções será necessários pensar na introdução (após experimentação) de novas
variedades e na melhoria das técnicas culturais, o que permitirá atingir os 1.500kgs/ha.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

No final do Plano é possível atingir 2.500 ton (2.5 Ton/ha) em 1.000 hectares (1
ha por família com um total de 1.000 famílias)

Feijão
Os feijões mais cultivados e consumidos são o phaseolus vulgaris (feijão comum)
e a vigna unguiculata (macunde), cujas folhas são muito apreciadas e que se cultivam de
forma generalizada, regra geral consociada com a mandioca ou, por vezes, outras
culturas. As produções médias alcançadas são muito variáveis, mas raramente
ultrapassam os 300Kgs/ha. Com sementes de melhor qualidade e devidamente
adaptadas ao meio e com a melhoria das técnicas culturais (principalmente o controlo
de pragas e doenças) é possível atingir os 500 kgs/ha. No final do Plano estima-se que a
produção será de 2.250 toneladas (O.5 ton/ha) em 4.500 hectares (0.15ha/família para
todo o universo de famílias). A cultura pode ser mais encorajada graças ao apoio que
está a merecer por parte do Banco de Desenvolvimento Angolano (BDA).
Amendoim
Esta cultura surge frequentemente consociada à mandioca quando esta última
cultura é instalada nas primeiras chuvas, ou em cultura estreme em solos de textura
ligeira. As produções médias actuais andam à volta dos 300 kgs/ha. Com variedades
adequadas e tratos culturais é possível atingir 800 Kgs/ha. Trata-se de uma cultura
importante para a obtenção de óleo alimentar. O seu fomento poderá ser negociado
com os industriais interessados na matéria prima. Prevê-se uma produção de 1.800
toneladas (0.8 ton/ha) em 2.250 hectares, no final do Plano.
Batata – Doce
Trata-se de um produto alimentar de elevada importância, que se cultiva
geralmente em áreas adjacentes às baixas, nas encostas ou em lavras do alto, onde as
produções são mais baixas. Calcula-se que as produções médias actuais andem á volta
das 3,5 ton/ha, mas desde que se utilizem variedades seleccionadas, se utilizem solos
convenientes e haja assistência técnica as produções poderão chegar as 10 ton/ha. No
final do Plano poderão ser alcançadas 22.500 ton (10 ton/ha) em 2.250 hectares.

Batata
Ao contrário das outras culturas, aqui espera-se um aumento da área cultivada
até aos 300 hectares e também da produtividade (6 ton/ha), de forma atingir-se as 1.800
ton. As áreas cultivo serão Ambaca e Cambambe.
Girassol

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Esta cultura já teve tradição no Kuanza Norte, tendo-se perdido a partir dos anos
80. Praticada fundamentalmente pelo sector empresarial a partir dos anos 60, por
iniciativa das unidades industriais de óleo alimentar instaladas em Luanda, expandiu-se
devido às medidas de fomento então adoptadas: créditos, sementes de qualidade,
fertilizantes, pesticidas, assistência técnica e muita propaganda. As produções médias
possíveis andam à volta dos 750 Kgs/ha. Até final do Plano a cultura deverá restringir-se
apenas ao sector empresarial, sempre em parceria com a indústria de óleos, devendo
ser feito um esforço para se atingirem as mil toneladas.
Soja
É uma cultura a introduzir principalmente no futuro sector empresarial, pela sua
importância como matéria-prima para a produção de óleo alimentar, pela utilização do
bagaço na indústria de rações e pelo benefício que traz aos solos devido à fixação de
azoto. Além disso, existem condições ecológicas favoráveis à cultura, principalmente no
Nordeste e em determinadas situações da região, principalmente de solos textura
mediana, desde que sejam bem drenados e com fertilidade razoável, Tal como para o
caso do girassol, até o final do Plano deverão apenas ser ensaiadas as variedades
culturais para selecção das mais adequadas e tomadas outras medidas preparatórias,
em coordenação com o sector da indústria. Posteriormente deve ser encorajado o seu
fomento, sendo possível atingir as cinco mil toneladas.
Citrinos
O Kwanza Norte é uma Província com tradição desta cultura, principalmente no
município de Cambambe, embora esteja generalizada por toda a Província. Apesar das
fortes contingências da guerra e da degradação das plantações, a região de Cambambe
manteve alguma produção, que tem vindo a aumentar nos últimos anos. O Plano deve
investir na reabilitação dos pomares existentes e na sua ampliação, aproveitando a
instalação de um pólo agro-industrial em Cambambe e as condições de outros
municípios, principalmente onde for possível instalar pequenos esquemas de regadio
para suprir as necessidades hídricas no tempo seco. A cultura deve também ser
estimulada junto do sector familiar, com assistência técnica, comercialização e sistemas
de frio para conservação.

Banana
Esta é outra cultura tradicional no Kwanza Norte, tendo a produção chegado a
ser exportada. As plantações estão agora também muito degradadas, e, mais grave,
muito afectadas pela sigatoka, problema sanitário que o MINADER deve enfrentar para
encontrar solução. O Plano deve igualmente, como nos citrinos, investir na reabilitação

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

dos bananais e sua ampliação, principalmente no âmbito do Pólo Agro-Industrial de


Cambambe, mas também noutros municípios. O sector familiar deve, igualmente,
beneficiar de assistência técnica, comercialização e de sistemas de frio.

Outras fruteiras tropicais e produtos hortícolas

Existem no Kwanza Norte boas condições de chuvas e temperatura para a


instalação de outras fruteiras tropicais como a mangueira, o abacateiro, o ananaseiro,
goiabeira, a papaeira, e o maracujazeiro, tendo em vista não só o seu consumo em fresco
mas também a possibilidade de industrialização (sumos e bebidas fermentadas) como
aconteceu no passado. Será no sector empresarial que esta actividade deverá conhecer
maior expressão, mas uma política de fomento adequada poderá encorajar também o
sector familiar a praticá-la, principalmente junto das habitações e das lavras. Para isso,
será fundamental pensar num centro de multiplicação e distribuição de plantas,
possivelmente anexo ao centro de experimentação. A meta a atingir será de 10 plantas
por famílias o que dará no total cerca de 300.000 plantas, que produzirão, em média 15
quilos por planta (dados aleatórios apenas para efeitos de cálculos).

Quanto á horticultura, ela deverá ser incentivada com um primeiro objectivo que
será o da melhoria da dieta alimentar dos próprios produtores e, depois, para venda,
devendo esta acção ser acompanhada de medidas de educação para a segurança
alimentar. Tomate, folhas, abóboras, cebola, beringela poderão ser algumas das
prioridades. O maior incremento deverá ocorrer em municípios como Cambambe, onde
a proximidade de Luanda joga a seu favor.

Outras considerações
O projecto de fomento das culturas alimentares terá grande parte da incidência
de custos na assistência técnica e na experimentação. Outra parte estará reservada à
mecanização, que terá também um projecto específico. Aqui serão apenas referidos
custos relativos à aquisição de sementes de melhor qualidade (para multiplicação),
fertilizantes para uma área de cerca de 4.500 hectares (10% do total da área cultivada
no final do Plano que será de mais de 45 mil hectares sem contar com as culturas
permanentes), pesticidas para algumas das principais culturas (destaque para o
algodão) e alguns outros materiais. Os gastos com a ampliação futura do consumo de
inputs deverão ser da responsabilidade dos produtores.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

TABELA 31. INVESTIMENTO NECESSÁRIO (PROJECTO INTENSIFICAÇÃO DAS CULTURAS ALIMENTARES) (USD)

INPUTS Valor (USD)


Fertilizantes 2.000.000,00
Pesticidas 1.000.000,00
Sementes 1.000.000,00
Moinhos de mandioca 200.000,00
Outros Inputs 2.000.000,00
Total 6.200.000,00

Os volumes de produção comercializáveis deverão ser calculados após dedução


das percentagens dedicadas ao autoconsumo das famílias, particularmente nos casos da
mandioca (fresca e em farinha), milho (muito consumido em verde), feijão e batata
doce.

Calcula-se que, em média, uma família consumirá anualmente dessa produção:

2,2 toneladas de mandioca (o equivalente em farinha mais o produto fresco)

0,183 toneladas de feijão

0,050 toneladas de milho.

0,050 toneladas de amendoim

0,400 tonelada de batata doce

O volume da produção da mandioca deverá ser processado através de moinhos,


a instalar por comerciantes ou em associações de camponeses. Calcula-se um valor de
400 mil dólares. Para o descasque de arroz deverão ser instaladas unidades próprias o
mais próximo possível das áreas de produção para diminuir custos do transporte,
facilitar o aproveitamento das cascas para fertilização. O seu valor estimado é de 200
mil dólares em equipamento.

Custos:

No total, este projecto custará cerca de 9 milhões de dólares, dos quais cerca de 30%
são atribuídos à assistência técnica, para além da capacitação já orçamentada no
respectivo Projecto.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

IV.- Projecto de Recuperação e Desenvolvimento das Culturas do Café,


Palmar e Cacau

As explorações cafeícolas da Província caracterizam-se, na sua maioria, por plantações


com idades avançadas, com mais de 35 anos, atacadas por doenças, trazendo como
consequências a diminuição da produção e da produtividade e baixa qualidade do café
produzido.

Estima-se que a área explorada de café atinja, actualmente, 19 mil hectares que
a área assistida seja da ordem dos 6.900 hectares, que o número de explorações
agrícolas familiares se quede por 4 mil e que a produção se situe ao nível das 900
toneladas de café.

Na intenção do relançamento das culturas do café, palmar e cacau, o Instituto


Nacional do Café-INCA-tem em desenvolvimento um conjunto de programas que,
visando essencialmente o aumento da produção interna perseguem a melhoria das
condições de vida das comunidade rurais (aumento das receitas, melhoria da segurança
alimentar e nutricional), a criação de emprego no meio rural, consequentemente a
redução da fome e da pobreza, estabelecimento e melhoria dos circuitos de
comercialização e o reforço da capacidade institucional.

Os diversos programas desenhados pelo INCA têm a seguinte contextura:

 Programa de Produção de Mudas de Café e Plantas Sombreadoras

Metas referidas a 2017

- Produção de sementes de qualidade: 1000 kg

- Número de viveiros a instalar: 180

- Número de Mudas a produzir: 8.000.000

- Área de Novas Plantações a instalar: 15.000 há

 Programa de Assistência Técnica e Revitalização da Comercialização do


Café

No contexto actual, 90% da produção cafeícola provem da explorações agrícolas


familiares que necessitam, com maior intensidade, de assistência técnica diversificada.
Pretende-se desenvolver um programa de extensão rural e assistência técnica que
comporta um modelo de ensino unidireccional desde os centros de investigação para as
lavras dos produtores, sob acompanhamento de brigadas técnicas que utilizam

108
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

ferramenta fundamental consubstanciada pelas Escolas de Campo dos Cafeícultores


(ECas)

No domínio da comercialização pretende-se que as 6 empresa que actuam a nível


da Província disponham de meio financeiros que permitam o seu equipamento com
viaturas, descasques, torrefactoras, ect.

 Programa de Industrialização do Café

Destacam-se, entre os vários objectivos demarcados, os seguintes:

- Aumento do consumo de café fora do domicilio

- Aumento do consumo de café por individuo

- Aumento do consumo de produtos adaptados às novas tendências


(pratricidade na preparação, bebidas sofisticadas, etc.)

- Melhoria da imagem e do padrão de qualidade do café Cazengo como


marca local.

- Valorização dos aspectos sociais na produção cafeeira.

No tocante a instalações de benefício do ca fé, o tipo e número considerados


como objectivos até 2017 são os que a seguir se indicam:

- Descasques de grande porte 5 unidades

- Descasques de pequeno porte 12 unidades

- Torrefactoras, Moagem e Embalagem de grande porte 4 unidades

 Programa de Fomento do Palmar e Cacau

Relativamente à Palmeira de Dendém

- Produção de mudas, com sementes provenientes do exterior


(Indonésia), recepção de, aproximadamente, 50.000 sementes pré
germinadas, visando uma produção anual de 1.100 toneladas numa
área aproximadamente 362 hectares.

- Treinamento de técnicos ( Dinamizadores Rurais) e Produtores

- Instalação de bancos de germoplasmas, envolvendo a melhoria dos


existentes – Zanga e Kilombo-e a novos-Mucozo, Samba Cajú,
Ngonguembo o Golungo Alto.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

- Produção de mudas locais, a partir da selecção em fazendas de


produtores, de variedades mais “compactas” e produtivas.

- Instalação de pequenas unidades industriais de extracção de óleo de


palma.

- Organização da comercialização e promoção da melhoria da qualidade.

- Estabelecimento de parcerias publicas e privadas e de uma cooperação


internacional.

Relativamente ao Cacau

- Criação de bancos de germoplasma, no Kilombo e Comuna da Cerca,


aproveitando plantas residuais existentes e o intercâmbio de material genético
com outras Províncias, como Cabinda e Uíge, e com o exterior – São –Tomé e
Príncipe.

 Programa de Investigação e Experimentação do Café, Palmar e Cacau

O Programa visa, particularmente, os seguintes objectivos:

- Aumento da competitividade na produção e da qualidade de gestão,


em busca de uma optimização do uso de factores de produção e dos
custos.

- Introdução da mecanização em substituição do uso exclusivo de mão


de obra nas operações agrotécnicas.

- Geração e transferência de tecnologias, via concepção e


implementação de projectos de investigação.

- Caracterização e inventariação dos recursos biológicos, recolha e


conservação de germoplasma.

- Realização dos estudos, ensaios no domínio do melhoramento


genético e outras áreas.

Quanto a metas, o programa demarca as seguintes no período até 2017:

Capacitação e treinamento (homens) 15

Estudos e Ensaios de Campo 6

Custos

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Grande parte dos custos estão contemplados no segundo Projecto (Capacitação).

Assistência técnica específica para o café e o palmar deverá custar cerca de dois
milhões de dólares.

V. Projecto de Fomento da Pecuária

Objectivo:

Fomento da actividade pecuária de grande, médio e pequeno porte.

Resultados esperados:

Aumento da população animal para permitir uma maior produção de carne e de


ovos.
Não serão de esperar produções de carne bovino significativas. Os resultados
esperados no final do Plano serão10:
TABELA 32. RESULTADOS ESPERADOS DA PRODUÇÃO DE CARNE BOVINA
Carne de caprino 300 toneladas
Carne de suíno 5.000 toneladas
Ovos 20.000x 10³ unidade

Estratégia:

O Kwanza Norte reúne boas condições ecológicas para a pecuária, com


relevância para os bovinos de carne e leite, os suínos, os caprinos e as aves. Conforme
foi referido no diagnóstico, a situação da pecuária na Província chegou a uma existência
de efectivos praticamente insignificante e só agora começa a recuperar.

O Estado teria uma participação inicial que representaria um investimento para


o fomento de espécies pecuárias, ficando os produtores com a responsabilidade de
pagar em espécie para compensar futuros beneficiários. O grande fio condutor da
estratégia é que o Kwanza Norte tem boas condições de pastagens e, portanto, nesta
fase deveria ser dada prioridade à produção de carne a partir dos ruminantes, embora
não se deva descurar totalmente o trabalho com outras espécies.

No tocante à bovinicultura, as condições do clima propiciam o crescimento


vigoroso de pastagens em que dominam as gramíneas rizomatosas, sendo raras as

10
A carne de caprino será produzida principalmente pelo sector familiar, enquanto a
carne de suínos e ovos são da responsabilidade fundamental do sector empresarial.

111
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

leguminosas. Mas isso não constitui problema de maior desde que haja uma boa
condução do pastoreio ao longo do ano. Logo a seguir às primeiras chuvas, as gramíneas
rebentam de toiça e formam um tapete verde capaz de ser pastado, e que deve sê-lo
antes de atingir os cinquenta centímetros de altura. No período de Janeiro a Abril a
pastagem ainda mantém um valor alimentar razoável. A partir de Maio as reservas
migram para a raiz a fim de manter a toiça e, assim sendo, o valor alimentar da pastagem
diminui consideravelmente. Pode-se considerar que deve sê-lo antes de atingir os
cinquenta centímetros de altura. No período de Janeiro a Abril a pastagem ainda
mantém um valor alimentar razoável. A partir de Maio as reservas migram para a raiz a
fim de manter a toiça e, assim sendo, o valor alimentar da pastagem diminui
consideravelmente. Pode-se considerar, assim, que a quantidade e qualidade dos
alimentos são boas de Setembro até Março/Abril; diminui de qualidade em Maio,
embora continue a ser abundante; e há carência apenas entre Junho e Agosto. Esta é
uma situação diferente em relação aos pastos das regiões planálticas de Angola onde as
carências são muito sérias entre Abril/Maio e Agosto/Setembro.

No contexto referido, a carga média animal média que a pastagem permite


suportar é da ordem de 1 cabeça/3 a 4 hectares, mas esta razão pode ser reduzida para
um hectare em condições de bom maneio, com recurso ao parqueamento, rotação de
pastagens e protecção contra as queimadas, o que só é possível actualmente, em
condições de exploração empresarial. Nestas condições de pascigo é possível, pois
pensar na criação de bovinos de carne sem recurso à suplementação. O mesmo já não
se poderá dizer em relação aos bovinos de leite.

De relevar que as características mesológicas da região conhecida por Planalto


de Camabatela recomendam a exploração pecuária bovina, em regime de pastoreio, que
pode ser valorizado pela adopção de técnicas de maneio convenientes para uma
melhoria de qualidade dos pastos e o alargamento do período de pastagem palatável.

Os recursos pascigosos da região consentem também explorações de carácter


intensivo desde que se recorra à técnica de melhoria dos pastos naturais, de esquemas
que incluam as pastagens cultivadas.

Nestes termos, deverá ser retomado o programa de “Reactivação e


Desenvolvimento Pecuário do Planalto de Camabatela” através do Gabinete específico
que foi criado para o efeito e cujas funções, definidas atempadamente, ainda hoje se
têm por oportunas, nas suas linhas gerais.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

A aquisição de 5.000 cabeças de bovinos mais os reprodutores terá um custo


aproximado de 2,5 milhões de USD, incluindo já os adicionais de transporte,
quarentenas, etc. Recomenda-se o aproveitamento da experiência de outras Províncias
como a de Benguela para, entre outras coisas, se criar um mecanismo tipo fundo
rotativo que obriga a que os beneficiários paguem os animais recebidos entregando
igual número a outros novos beneficiários11.

Em relação aos caprinos não parecem existir limitações, pois a espécie revela
grande capacidade de transformar alimentos vegetais grosseiros ricos em celulose, o
que permite uma boa adaptação às condições do Planalto de Camabatela e outras
regiões. Não se conhecem condicionantes do ponto de vista sanitário. O repovoamento
da Província poderá ser feito a partir de outras Províncias do país. O sector familiar será
aquele que terá praticamente a exclusividade da criação de caprinos, dadas as suas
características.

Poder-se-á pensar num sistema semelhante de distribuição pelas aldeias sob


controlo das autoridades tradicionais e com estreito acompanhamento pelos serviços
de pecuária provincial. Poderá pensar-se na aquisição de mil animais por ano a partir de
2014 (após criadas as necessárias condições organizativas) durante cinco anos. A
distribuição será feita por família, devendo cada beneficiário ficar com a obrigação de
“pagar” um animal recebido com a primeira cria fêmea. Este sistema já tem sido
utilizado em vários pontos do país com relativa eficácia. O custo total da operação será
da ordem dos 400 mil dólares, incluindo o transporte.

A suinicultura tem sempre dois tipos de limitações: por um lado, o risco da peste
suína africana; e, por outro, a concorrência que os animais fazem aos homens em termos
de alimentação, dadas as matérias-primas necessárias. Em relação ao sector familiar a
competição com o homem não é tão gravosa devido às condições em que os animais
são explorados, em regime de total liberdade, mas, em contrapartida, são essas
condições que aumentam o risco da peste suína. Quer num sector quer noutro, a
fragilidade dos serviços de assistência veterinária será sempre um forte factor limitativo.
O arranque poderá ser idêntico ao dos bovinos e caprinos com a aquisição de um
pequeno número de animais, por causa do risco, que seriam distribuídos de acordo com

11Estaexperiência consiste na evolução por parte do beneficiário, de uma fêmea por


vaca recebida a futuros beneficiários, previamente identificados, e que ficam com a
responsabilidade de fazer o acompanhamento. A entrega será da primeira fêmea
nascida, logo que termine o desmame.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

um sistema de retribuição a outros empresários, desde que mostrem capacidade


técnica, e podendo o Estado servir de garante a empréstimos bancários para infra-
estruturas e rações. Podiam ser gastos cerca de um milhão de dólares.

A criação de aves pode ser fomentada a partir do fornecimento de pintos de dia


produzidos num centro a criar pelo Estado ou por um privado que esteja interessado.

Existem hoje raças bem adaptadas às condições de Angola que podem


proporcionar algumas melhorias de produção, da dieta alimentar das famílias e do seu
rendimento.

É necessário instalar um centro de reprodução em local a escolher para, a partir


daí, se fornecerem bicos a cada família (5 galinhas e 1 galo) ao fim de algumas semanas.

Este subprojecto deverá custar cerca de 200 mil dólares, mas poderá ser
ampliado com outros centros se houver êxito. A execução deste subprojecto deveria
estar a cargo de uma parceria público-privado a funcionar em moldes a estudar. Esta
estratégia está de acordo com os actuais condicionalismos da produção avícola em
Angola. O frango de carne actualmente não é competitivo, pois o preço do produto
importado é muito baixo e não se pode pensar em “desviar” a produção de milho para
ração com tal objectivo. O mesmo já não se passa com a produção de ovos, que poderá
ser encorajada quer pela via atrás referida da produção familiar que pode evoluir
gradualmente, quer pela produção mais intensiva com carácter empresarial e industrial.

Para além disso é de estimular a criação de coelhos, porcos da Índia e outras


pequenas espécies que se venham a revelar importantes.

Deverá ser desenvolvido um subprojecto de reabilitação ou instalação de infra-


estruturas de apoio aos Serviços de Veterinária em todos os municípios considerados
importantes que permita o alcance dos objectivos preconizados, e para que os pequenos
produtores não fiquem sujeitos às devastações que atingem frequentemente os seus
efectivos. Atenção particular deve ser dada a acções que previnam a “gripe aviária”.

Custos

Em síntese, o programa de fomento de pecuária teria o seguinte custo


estimativo:
TABELA 33. ESTIMAÇÃO DOS CUSTOS DO PROGRAMA DE FOMENTO DE PECUÁRIA (USD)
Aquisição de Bovinos 5.000.000
Aquisição de Caprinos 400.000
Aquisição de Suínos 1.000.000
Montagem de um centro de distribuição de pequenos animais 200.000
114
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Infra-estruturas de apoio veterinário e assistência técnica 2.000.000


Total 8.600.000

115
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

VI. Projecto de Mapeamento e Demarcação de Terras Comunitárias

Objectivos:
Criar mecanismos de legalização de terras comunitárias em correspondência
com a Lei de Terras e com a Lei do Ordenamento do Território, visando (i) a estabilidade
psicológica das populações de modo a que se sintam motivadas para o aumento da
produção agrícola e pecuária, e (ii) a prevenção de conflitos com outros sectores de
actividade e os agricultores empresárias.

Resultado:
No final do quinquénio todas as terras comunitárias deverão estar mapeadas e
com respectivos títulos de uso e aproveitamento.

Estratégia:
O desenvolvimento da agricultura e a prevenção de conflitos de terras exigem o
estabelecimento de um cadastro moderno e actualizado que possa, ao mesmo tempo e
nos termos da lei, dar garantias aos potenciais investidores e aos pequenos agricultores
familiares. A demarcação dos terrenos das comunidades permitirá a estabilidade de
fixação e constituirá importante incentivo para a realização de benfeitorias e para o
aumento da produção. Será ainda importante como factor psicológico para a instalação
de um clima social de entendimento.

(?) O cadastro actual é dos anos 70 e está, portanto, completamente


desactualizado e, além disso, bastante desorganizado. Nesses termos, ao Estado deverá
competir organizar devidamente o serviço de cartografia, cadastro e registo. Dados os
elevados custos que tal tarefa acarreta só o Estado estará em condições de o assegurar,
como incentivo à produção.

Custo:
Estima-se que este projecto tenha um orçamento no valor de 1,5 milhões de
dólares, tendo em conta experiências existentes no País.

116
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

VII. Projecto de Mecanização

Objectivo:
Introdução gradual da mecanização agrícola e estudo de um sistema de
mecanização adequado às condições da Província.

Resultado a Atingir:
Que 10% da área agricultada da Província (aquela que beneficiar de uso de
fertilizantes químicos para além do café e das fruteiras, num total de 45.000 hectares)
seja mecanizada no período do Plano e se encontre um modelo de mecanização
adequado e sustentável.

Estratégia:
Agricultores, técnicos e responsáveis das Administrações do Kwanza Norte
convergem em afirmar que não acreditam no desenvolvimento com base naquilo a que
designam por “agricultura atrasada” e pugnam pela rápida introdução de máquinas. No
mesmo sentido muitos economistas acham que só com grandes inputs técnicos e
tecnologia a agricultura angolana poderá vir a competir com as de outros países, mesmo
da região austral de África. Num futuro próximo de comércio livre, segundo eles, Angola
não pode correr o risco de ficar para trás.

Num outro extremo, encontram-se pessoas e abundante literatura que


entendem que por essa via os países em situação idêntica à de Angola não têm qualquer
viabilidade. Segundo essas fontes, são inúmeros os exemplos de colapso de modelos de
mecanização apressados, do tipo “elefante branco”, que foram responsáveis pelos
cemitérios de máquinas e contribuíram para o aumento exorbitante das dívidas externas
e da dependência.

Esta é uma questão bastante delicada a que o planificador tem, sempre, de


dedicar cuidadosa atenção. É verdade que Angola tem tido experiências desastrosas de
mecanização e delas nunca foram retiradas as necessárias lições. Por outro lado, um
projecto de mecanização acelerada é muito dispendioso e corre imensos riscos por não
haver recursos humanos e institucionais suficientemente capacitados. Mas também é
certo que o bom senso recomenda que se tenham em conta os anseios e expectativas
da população.

Será necessário, portanto, estudar o modelo de mecanização adequado às


condições humanos e ambientais do Kwanza Norte. Por outro lado, a mecanização é
117
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

vista frequentemente apenas do ponto de vista da preparação de terras e esquecem-se


as restantes operações culturais. Hoje, em países como o Brasil ou a Índia existe
tecnologia simples para as sachas e colheitas que podem aumentar significativamente a
produtividade do trabalho dos agricultores que, como se sabe, são, na maior parte dos
casos, mulheres.

Porém, dada a pressão existente, e tendo em conta as dificuldades que se


colocarão, em termos de esforço físico, à abertura ou reabertura de áreas de cultivo,
pensa-se atingir no período final do Plano uma área mecanizada (em termos de
preparação de terras) de 2,7 mil hectares, o que corresponderá a 6% do total da área
cultivada para as culturas alimentares. Isto implicará a desmatação de uma área que se
aproxima dos 2 mil hectares.

Para isso seriam necessários cerca de 60 tractores de 80 HP ou o equivalente,


com respectivas alfaias e peças de reposição, e ainda 4 tractores de esteiras para
desmatação, com as correspondentes oficinas e sistema de organização e gestão do
parque de máquinas.

Um aspecto fundamental a ter em linha de conta estará relacionado com os


danos ambientais (no solo e na vegetação) que estas práticas acarretam, e daí a
necessidade de salvaguardas ambientais.

Custo:
O custo deste projecto, incluindo já as peças sobressalentes e a aquisição de
equipamento para se testar o futuro modelo da mecanização, será de 10 milhões de
dólares. O elevado custo do projecto (quase 50% do investimento público no sector
agrário no período de vigência do Plano) e os riscos que ele implica aconselham uma
profunda reflexão sobre o assunto, incluindo se ele seria da responsabilidade do sector
público ou do privado.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

VIII. Projecto de Exploração Florestal (Matas Naturais e Artificiais)

Objectivo:
Definir e implementar uma estratégia de exploração sustentável dos recursos
florestais e introdução de espécies exóticas de rápido crescimento; reabilitação e
instalação de perímetros comunitários.

Resultados:
Estratégia definida; início da exploração florestal e industrialização; reabilitação
do polígono de Kiangombe (Lucala); instalação de um outro no município do Lucala e
plantação dos polígonos de Ndalatando (100 hectares) e de perímetros florestais
comunitários.

Estratégia
O Kuanza Norte possui essências florestais de boa qualidade para fabrico de uma
enorme diversidade de produtos. Urge, porém, proceder a inventariação dos recursos
florestais, por forma a obter-se informação objectiva, credível e adequa a planificação
da gestão e aproveitamento sustentável destes recursos. Por razões ambientais, não é
desejável que a sua exploração se faça de forma desordenada. Contudo, as necessidades
de investimento inicial para o PDMP aconselham a que se procure rentabilizar essa
riqueza para cobrir parte do investimento necessário.

O Kuanza Norte oferece também elevado interesse para o cultivo de espécies


florestais exóticas. O eucalipto, ao contrário do que se veicula, e como qualquer outra
espécie silvícola, é pouco exigente em elementos minerais, pois o material lenhoso
exportado é praticamente constituído por celulose, um hidrato de carbono em cuja
composição entram apenas o carbono, o oxigénio e o hidrogénio que as plantas extraem
do ar. Uma mata de eucaliptos pode proporcionar anualmente mais de 15 metros
cúbicos/ano/hectare que podem servir para diversos fins.

Deverão ser reabilitados os Polígonos da Pamba e Kiangombe (Lucala) e instalado


um novo polígono na periferia de Ndalatando numa área de 100 hectares. Esta é uma
actividade que tanto interessa ao sector público como ao privado.

Quanto ao potencial para o cultivo de espécies florestais, Kwanza Norte oferece


elevado interesse, sendo de distinguir duas zonas ecológicas distintas. No planalto,
acima dos 100 metros, recomenda-se o eucalipto (E.saligna ou E.grandis), cuja
adaptação ficou demonstrada no polígono de Matari-ya-Njinga, e talvez o pinheiro, após
119
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

alguma experimentação, sendo possível ainda pensar na Araucariacunningammii, na


Grevillea robusta e na “dunga”. Onde as altitudes médias são menores (entre 600 e 800
metros), são de aconselhar outras espécies de eucalipto como E. aldia, E. camaldulensis,
o E. tereticornis e o E. robusta.

Paralelamente, será necessário pesquisar sobre outras essências florestais


exóticas que poderão ser introduzidas visando a sua exploração económica no futuro. A
florestação das áreas mais pobres sob o ponto de vista agrícola, em extensões bem
definidas, pode constituir-se num bom investimento a médio prazo, inserindo-se
directamente nos objectivos deste Plano de Desenvolvimento, não apenas pelo viés da
criação, mais ou menos imediata, de novos empregos, como importante alternativa a
longo prazo para a diversificação produtiva. A instalação de perímetros florestais
comunitários é outro eixo fundamental da estratégia.

Para garantir o cultivo e repovoamento de espécie florestais põe-se a


necessidade da construção de viveiros convencionais, a base de naves com capacidade
para produzir cerca de 60 mil mudas por ano e nave.

Em termos ecológicos e florestais importará ainda, a adução de algumas medidas


de preservação, nomeadamente:

 Elaboração de uma estratégia para mitigação do conflito homem


animal.

 Elaboração de uma estratégia para educação do agregados


populacionais no que se reporta ao combate do incêndios florestais.

 Elaboração de uma estratégia para preservação da reserva florestal do


Golungo Alto, consubstanciada na delimitação da área, inventário do
património florestal e faunístico, criação de infraestrutura para pessoal
técnico, definição de áreas específicas para o eco turismo, etc.

 Criação de uma cotada para preservar as espécie cinegéticas dado o


elevado índice de transgressão no tocante a caça furtiva

Custos
Este projecto deverá custar cerca de dois milhões de dólares ao longo de cinco
anos.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

IX. Projecto Apicultura

Relativamente ao exercício da Apicultura, será pertinente a instalação de apiários na


periferia das plantações de eucaliptos. Recomenda-se a instalação em princípio de
250 colmeias, estimando-se que o custo do projecto possa alcançar de cerca 230.000
USD.

Esta acção poderá contribuir para a acomodação de abelhas que sobrevoam


frequentemente a cidade de Ndalatando e que alteram a tranquilidade dos munícipes

X. Projecto de Pesca Continental

Objectivo:

Contribuir para a segurança alimentar e melhoria das condições de vida das populações
das regiões piscatórias, principalmente no município de Cambambe.

Resultado a Atingir:
Melhoria da dieta alimentar e dos rendimentos das famílias, construção de um
centro de Apoio à Pesca Artesanal de Cambambe que possa melhorar os sistemas
tradicionais de conservação do pescado.

Estratégia
A riqueza da região em rios e lagoas aconselha a que se desenvolva a actividade
de pesca para proporcionar uma dieta alimentar mais equilibrada e diversificada e para
contribuir para um acréscimo das fontes de rendimento das famílias. Isto será possível
através do fornecimento de embarcações e artefactos de pesca, da organização de
serviços de extensão e assistência técnica; de promoção de cooperativas que possam
fornecer serviços de apoio à produção e à comercialização; da organização de um
sistema de crédito às cooperativas e de implementação de centros de apoio à pesca
artesanal. Esta seria uma base complementar da animação das actividades económicas
no município de Cambambe, onde está em curso a construção de Larvicultura para
fornecimento de espécies.

121
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Ainda em termos estratégicos, destaca-se o domínio da formação e capacitação


em volvendo pescadores, processadoras, fiscais e amostradores (para fornecimentos de
dados de captura), a criação de uma cadeia de frio para conservação do pescado e a
promoção da feira do pescado

Custo
A par dos projectos de vulgarização de técnicos pós capturas e do Centro de
Larvicultura do Mucozo, ambos orçados em USD 10.364.304,00 (dez milhões trezentos
e sessenta e quatro mil e trezentos e quatro dólares americanos), este projecto terá um
custo USD 1.000.000,00 ( um milhão de dólares norte americanos) em infraestruturas,
equipamento e assistência técnica.

XI. Criação de um Centro Nacional Investigação Agrária

Objectivo:
Dotar o Kuanza Norte de condições para melhorar o conhecimento científico
para apoio ao Desenvolvimento agro-pecuário.

Resultado:
Criação de uma Centro Nacional de Investigação integrado no sistema nacional
de investigação, com uma unidade principal no Kilombo e sub unidades (estações) nas
diferentes regiões agro-ecológicas, como Cambambe (Estação Agronómica) e
Camabatela (Estação Zootécnica).

Estratégia:
Este projecto deverá ser coordenado com os Institutos de Investigação
Agronómica e Veterinária, quer do ponto de vista da sua concepção, quer depois do seu
acompanhamento, no quadro da nova estratégia de investigação, que está a ser
elaborada e que deve ter em conta o Centro do Kilombo.

O tipo de mudanças que se pretendem no Kwanza Norte não se compadece com


a falta de um suporte científico-técnico que possa dar respostas:

 Ao teste, adaptação, multiplicação e processamento de sementes;


 Ao melhoramento genético de animais;
 À análise de solos e de plantas e animais;

122
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

 À medida rigorosa dos dados metereológicos;


 Ao estudo e ensaio de novos sistemas de produção, agrícolas e pecuários;
 Aos problemas que se forem colocando aos agricultores e aos técnicos
extensionistas.

Custo:

O custo do Projecto será de 2 milhões de dólares, dos quais 50% serão para a
parte de construção civil e o restante em equipamento (laboratórios, serviços
tecnológicos, tractor, veículos, mobiliário, geradores, etc.)

XII. Projecto de Introdução de Tracção Animal e de Tecnologia


Adaptada

Objectivo:

Introduzir o uso de tracção animal e de alfaias e outro equipamento de


tecnologias simples nas comunidades, associações,/cooperativas, de modo a diminuir o
esforço físico humano e aumentar a produtividade do trabalho.

Resultado:

Pelo menos cinco mil agricultores começam a utilizar a tracção animal nos
trabalhos agrícolas e no transporte.

Estratégia

Adquirir 1.000 juntas de bois e respectivas alfaias (de forma gradual) para
introdução nas aldeias, aproveitando-se o programa de capacitação e a abordagem das
Escolas no Campo dos Agricultores, devendo ter em conta que já há experiências
promovidas por ONGs. Organizar visitas de agricultores a comunidades que já estejam a
trabalhar com tracção (ou tenham vivido tal experiência, como o Luinga) e outras do
Planalto Central e de Malanje onde possam encontrar experiências de sucesso no uso
da tracção.

Custo:

O projecto deverá custar 500 mil dólares, incluindo a compra de animais e


equipamentos, a assistência técnica e as viagens de estudo.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

XIII. Projecto de Crédito Agrícola

Se nas condições anteriores à guerra já os pequenos agricultores angolanos não


possuíam poupanças para poderem melhorar os seus sistemas produtivos, agora a
situação é muito mais grave, pois eles ficaram desmunidos de quase tudo. No tempo
colonial, o pequeno agricultor recorria aos comerciantes locais como fonte de crédito.

Isso hoje não é possível. Daqui a imperiosa necessidade de se estruturar um


sistema de crédito inovador, flexível, acessível e viável para os pequenos agricultores,
sem o qual eles não poderão aumentar as suas produções. Para o seu estabelecimento
importa ter em atenção:

 A rentabilização do investimento assegurada;


 O acesso fácil e a rapidez de concessão:
 Taxas de juro reduzidas;
 Prazos aceitáveis.

Os bancos comerciais não estão em condições de satisfazer totalmente as


necessidades de crédito dos pequenos agricultores. Assim sendo, é necessário criar um
sistema que pode passar: (i) pelo crédito cooperativo que trabalhe em coordenação com
as EDA’s e aproveite a organização das associações de camponeses, procurando
responsabilizar, também, as instituições do poder tradicional; (ii) pela criação de fundos
rotativos com base no reembolso de “inputs” agrícolas (instrumentos de trabalho,
sementes, gado) fornecidos no âmbito do projecto I.

Por outro lado, é necessário negociar com os bancos comerciais um sistema de


crédito que poderá assentar em dois pontos:

a) Simplificação dos processos de concessão, substituindo as garantias


físicas ou mercantis por “ garantias técnicas”:
b) Centralização das diferentes formas de crédito num ou mais organismos
especializados que procederão à sua distribuição em informações técnicas dos serviços
de extensão das EDAs, garantindo a sua rentabilidade e os limites máximos conceder.

Os custos deste projecto estão afectos a outros, ainda que o Estado possa prever
a criação de fundos de garantia para empréstimos de pequena monta.

124
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

XIV. Projecto de Apoio à Comercialização

O comércio teve sempre grande importância na história de Angola e as


populações do Kwanza Norte têm uma rica tradição nesse domínio. Já depois da
independência, nos anos anteriores à agudização da guerra, a comercialização dos
produtos agrícolas constituía um dos maiores obstáculos ao aumento da produção
agrícola.

Actualmente, quase não se pode falar de existência de comércio junto dos


agricultores, como acontecia no tempo colonial. Para se refazer uma rede comercial que
possa estimular aumentos de produtividade e produção é preciso pensar:

 Na instalação de comerciantes originários da sede da Província ou de outras


Províncias;
 Na transformação de pequenos agricultores locais ou funcionários públicos
(professores ou enfermeiros, por exemplo) em comerciantes:
 Na criação de pequenas cantinas sob responsabilidade das associações de
camponeses ou de residentes das aldeias que relevem interesse e capacidade.

Esta rede deverá ter em conta não só a venda de bens, mas também a compra
de produtos aos agricultores e sua canalização para os centros de distribuição e
consumo ou para a indústria.

Para isso, o Estado deve lançar uma política de estímulo e motivação com
incentivos financeiros e fiscais, e apoiar o esforço organizativo necessário, mas também
uma política de preços realista que satisfaça agricultores e comerciantes e uma
fiscalização intensa e adequada. As lições aprendidas com o PRESILD poderão ser
aproveitadas para estimular a rede de comércio.

XV. Projecto de Promoção da Actividade Empresarial

As ajudas do Governo ou do Plano a este sector terão de ser sobretudo indirectas


e inseridas numa lógica de mercado. Sobressaem como as mais relevantes o fomento
do crédito, a concessão de incentivos – no contexto do novo código de investimentos
onde estão consignadas formas concretas de apoio ao empresariado agrícola nacional –
as garantias de colocação das produções, a constituição de parcerias com empresários
de maior dimensão, a formação de parcerias conjuntas para avalização e garantia dos
empréstimos, a formação técnica e empresarial – através da respectiva associação – em
matérias relacionadas com a gestão estratégica e a programação dos investimentos, a

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

reabilitação das infra-estruturas relacionadas com o escoamento de produtos e a


circulação de pessoas.

Muitas das considerações referidas para os restantes projectos servem de


referência às acções que se venham a empreender neste sector, principalmente no que
se refere às culturas, à pecuária, à mecanização, ao centro de experimentação e às
florestas.

Os empresários de maior peso deverão ser encorajados a envolverem-se na


produção directa de bens, desde que a viabilidade esteja assegurada, aconselhando-se
desde já a pecuária de carne (a de leite também será viável se as condições técnico-
organizativas, mais rigorosas, estiverem reunidas) e a fruticultura. A associação do
sector privado ao familiar na promoção de serviços a montante (fornecimento de
serviços como “inputs”, mecanização e assistência técnica, incluindo a gestão) e a
jusante (comercialização e industrialização) da produção agrícola apresenta-se como
fortemente favorável aos interesses de todas as partes envolvidas. Cabe também aqui a
constituição de cooperativas que, com forte carácter empresarial moderno, poderá
prestar serviços aos seus membros, reproduzindo-se e ampliando capacidades
produtivas através de sinergias.

É neste quadro que deve ser encarado o desenvolvimento de pólos agro-


industriais em Cambambe e no Lucala, com base em parcerias público-privadas (que não
podem excluir as famílias residentes) onde poderão ser instaladas cadeias produtivas
integrando os citrinos, a banana, outras fruteiras e hortícolas, a mandioca, o arroz,
amendoim, o girassol e a soja.

O Governo da Província deve efectivar um conjunto de acções de apoio imediato,


ainda que indirecto, destacando-se:

 A caracterização e a inventariação das potencialidades agrárias da Província;


 A realização de estudos sobre as condições de mercado e de preços praticados
na região e sobre a oferta e a procura, para averiguação dos produtos de consumo
susceptíveis de motivar os empresários agrícolas para uma maior produção e
produtividade;
 A pesquisa demográfica, com vista à avaliação dos efectivos da população da
Província, sua distribuição espacial e composição segundo grupos etários, sexo,
ocupação, grupo etnolinguístico, fluxos migratórios, etc., com o apoio do INE e das
agências das Nações Unidas de vocação demográfica;

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

 Estudo e lançamento de um programa de silvicultura com definição de incentivos


aos empresários interessados;
 Estudo de valorização das manchas de floresta natural existentes;
 Definição e delimitação das zonas rurais e selecção das preferenciais e
prioritárias para o desenvolvimento da produção agrária;
 A definição dos investimentos públicos (estações de desenvolvimento agrário,
perímetros irrigados, infra-estruturas de mecanização e de armazenagem e
conservação, instalações sociais), nas áreas dos pólos agro-industriais.

Finalmente, o Governo da Província deverá criar um Gabinete de Apoio à


Promoção de Pequenos e Médios Empresários já atrás referido, que funcionará como
incubadora de empreendimentos e terá por função a capacitação e assessoria em
termos de elaboração de projectos, legalização jurídica, negociação de financiamentos,
obrigações fiscais e outras e monitoria. As cooperativas referidas poderão receber apoio
do Gabinete e ter um papel complementar do Gabinete na prestação de serviços,
incluindo o de gestão, capacitação e formação aos pequenos empresários.

Estas acções terão custo de 1,6 milhões de dólares na montagem do Gabinete e


na capacitação dos empresários. Não é possível, de momento, definir o montante dos
investimentos em infra-estruturas dos pólos.

XVI. Programa de Desenvolvimento da Agricultura Familiar


(PRODAF)

Objectivo:

Apoiar a evolução de pequenos empresários a partir do sector familiar.

Resultados:

Pelo menos 10% dos camponeses (3.000) tenham possibilidade de se


transformar em pequenos empresários legalizados com títulos de terra e conta bancária.

Estratégia

Os projectos I. II e II devem constituir a base para o desenvolvimento do sector


familiar da agricultura. Como se sugeriu, a agricultura empresarial deverá merecer apoio
especial do Governo para se afirmar. O Programa de Desenvolvimento da Agricultura
Familiar (PRODAF) ajudará os agricultores familiares que mostrem interesse e
capacidade a tornarem-se empresários. Para isso serão promovidas acções de
capacitação e assistência técnica específica, em termos de organização, legalização,
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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

gestão, elaboração de projectos e negociação com os bancos, em estreita colaboração


com o Projecto de Promoção da Agricultura Empresarial, do qual poderá aproveitar
algumas formações e assistência.

Este programa terá um custo estimado em dois milhões de dólares.

Programas Nacionais

Recomenda-se que durante o período do PDMP seja implementada a Estratégia de


Desenvolvimento Rural, do Povo e Combate à Pobreza, cujos princípios gerais são:

 Melhorar progressivamente as condições de vida das famílias e das comunidades


existentes no campo, equiparadas aos padrões básicos de vida das mesmas que se
consideram aceitáveis para as cidades;
 Organizar a vida das comunidades na base do direito positivo, harmoniosa a sua
aplicação com os valores positivos do direito costumeiro;
 Integrar o desenvolvimento das comunidades rurais de forma harmoniosa, nos
Programas de Desenvolvimento Provinciais, e estes no Programa Nacional de
Desenvolvimento Económico e Social;
 Organizar a actividade colateral regular e a educação patriótica e cívica;
 Efectuar o inventário das terras comunitárias e das propriedades agrícolas.
Realizar o ordenamento rural e promover a auto construção dirigida;
 Instalar sistemas simples para a captação, tratamento e distribuição de água
potável, bem incontestavelmente básico;
 Organizar o comércio rural, o artesanato e a produção local;
 Divulgar conhecimentos e técnicas simples e úteis para a actividade agrícola e
pecuária e para a transformação e conservação dos produtos agro-pecuários.

São objectivos específicos da Estratégia

 Estimular a criação de organizações comunitárias, que possam servir como


instrumento de controlo social e de expressão das necessidades e capacidades das
comunidades pobres para superar as barreiras ao desenvolvimento económico e social;
 Definir e promover projectos que contribuam para a melhoria da condição e
integração da mulher rural no processo de desenvolvimento;
 Promover projectos de desenvolvimento rural integrado, que permitam a
melhoria das condições de vida das comunidades rurais através da extensão dos serviços
de educação, da ´saúde, da promoção da habitação condigna dotada de água potável,
electricidade e saneamento básico, etc.
128
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Os eixos estratégicos da intervenção são:

 Desenvolvimento do meio rural;


 Desenvolvimento da agricultura familiar e empresarial;
 Desenvolvimento e reposição da capacidade de investigação agrária;
 Promoção de Extensão e Desenvolvimento Rural (PEDR);
 Programa de Desenvolvimento Comunitário (PDC);
 Programa de Apoio Específico à mulher Rural e da Periferia (PAMURP).

A execução deste programa será da responsabilidade da estrutura central do


IDA.

Porém, muitos dos aspectos referidos estão inseridos nos programas e projectos
deste Plano.

Do mesmo modo deverão ser tratados outros programas que venham a ser
conhecidos a nível central e na sua dependência. Como sejam a segunda fase do
Programa de Extensão e Desenvolvimento Rural, o Projecto Aldeia Nova, os perímetros
irrigados, os programas de investigação, de desempenho florestal e de assistência
veterinária, entre outros.

Outro projecto/programa do nível central é o da cartografia e ordenamento


territorial a levar a cabo pelo MINUA e IGCA.

Resumo
O quadro seguinte sintetiza os projectos agrícolas

TABELA 34. QUADRO SÍNTESE DOS PROJECTOS AGRÍCOLAS

Nº de Ordem Designação Principal Objectivo Custos em USD

Proporcionar os factores de
Fomento da produção produção aos camponeses que
I 1.300.000.00
agrícola lhes permitam produzir
alimentos

Fortalecimento de capacidades
II Capacitação de camponeses organizados e 3.500.000,00
das instituições que os apoiam

Aumento da produtividade e da
III Intensificação das culturas 8.000.000,00
produção familiar

129
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Relançamento das produções


Relançamento/renovação de café e palmar para
IV das culturas de café e proporcionar aumento de 2.000.000,00
palmar rendimento familiar e do PIB
provincial

Fomento da actividade
V Fomento da pecuária pecuária de grande, médio e 8.600.000,00
pequeno porte

Legalização de terras
Mapeamento e demarcação
VI comunitárias e prevenção de 1.500.000,00
de terras comunitárias
conflitos

Introdução de mecanização e
VII Mecanização estudo de um sistema 10.000.000,00
adequado ao Kwanza Norte

Definição de uma estratégia de


exploração florestal
Exploração florestal e sustentável; reabilitação do
VIII 2.000.000,00
silvicultura Perímetro de Pamba
(LUVALA); implantação de
perímetros comunitários

Contribuir para a Segurança


Alimentar e melhoria das
IX Pesca continental 1.000.000,00
condições de vida das
populações abrangidas

Estação criada, equipada e


Criação de uma estação
X com recursos humanos 2.000.000,00
agro-pecuária
habilitados

Introdução da tracção animal e


XI Tracção animal equipamentos de tecnologia 500.000,00
simples

Promoção da actividade Apoio institucional aos futuros


XIV 1.500.000,00
empresarial empresários agrícolas

PRODAF – Programa de Apoio à passagem de


XV Desenvolvimento da agricultores familiares a 3.000.000,00
Agricultura Familiar empresários

Total 43.600.000,00

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7.2.Indústria Transformadora

7.2.1. O Diagnóstico

Uma teia complexa de condicionantes, que até há bom pouco flagelaram o país,
levou à desactivação do parque industrial provincial. De entre os factores
desestabilizadores o destaque vai para o efeito deletério da guerra e seu cortejo de
morte, destruição e afectação de actividades fundamentais para a indústria
transformadora – produção e distribuição de energia e água, circulação de pessoas e
mercadorias em condições de segurança, rapidez e economia de custos, fragilização da
produção agrícola, pecuária e florestal – bem assim para a notória debilidade no âmbito
das capacidades de gestão e financeira dos empresários nacionais, as carências de
pessoal fabril com formação adequada e a insuficiência dos apoias indispensáveis para
a reindustrialização da Província.

7.2.2. O Contexto e a Lógica das Intervenções

A economia da Província assenta essencialmente na exploração agro-pecuária e


florestal, que, tal como se referiu em capítulo específico, defronta-se com os
constrangimentos descritos e futura perspectivas cuja materialização exige um certo
prazo de tempo.

Em matéria da exploração de recursos minerais, não há explorações de vulto,


activas, e conhece-se mal o potencial da região.

O Kwanza Norte não é, pois, actualmente, Província de potencialidades


industriais relevantes. Reúne, contudo, condições, pelo menos, para uma específica
auto-suficiência agro-industrial e, também, para o desenvolvimento de
empreendimentos vocacionados para a prestação de serviços à população.

A afirmação parece sugerir que a Província não poderá aspirar a um parque


industrial multifacético capaz de um forte impacto na economia regional. Tal sugestão
afigura-se errada, porquanto certas actividades industriais, pelo valor acrescentado que
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podem gerar, pela complementaridade que criam com a Agricultura (lato sensu), e pelo
dinamismo que podem incutir no Comércio, têm virtualidades que podem torna-las
factor de peso no crescimento económico da região,

Numa perspectiva de longo prazo, a consolidação do eixo urbano-industrial


Luanda-Malange, em cujo corredor a Província se insere, pode viabilizar a constituição
de uma estrutura industrial de natureza algo diferente e de mais amplos efeitos
nacionais. A localização geográfica, a disponibilidade de água e energia, o
desenvolvimento da rede de comunicações e a capacitação de recursos humanos
concorrerão para a criação de condições favoráveis para o estabelecimento de um
parque industrial mais diversificado e complexo.

Numa ligação estreita com as potencialidades agrárias reveladas e com as


unidades que conformam o parque industrial já instalado e cuja reactivação ofereça
perspectivas de viabilidade, a Província pode pensar no desenvolvimento de algumas
cadeias de integração nos domínios agro-industrial e das indústrias alimentares.

Contudo, haverá que reflectir sobre alguns constrangimentos mais


determinantes, que são a seguir destacados.

a. Dos Recursos Agrários

Há que observar que a baixa oferta provincial de produtos agrários não garante
o desenvolvimento sustentado agro-industrial

Assim sendo, impõe-se redinamizar as actividades produtivas regionais,


importando a implementação dos planos de desenvolvimento da produção agro-silvo-
pecuária, que permitirão, através de projectos e acções consequentes, elevar os níveis
de produção e os rendimentos unitários, melhorar a qualidade dos produtos e gerar as
matérias primas que sirvam às necessidades do aprovisionamento do sector industrial.
As perspectivas de curto prazo para dimensionar correctamente complexos industriais
transformadores de matérias-primas de produção local carregam um carácter muito
aleatório.

b. Dos Recursos Humanos

É flagrante a escassez de recursos humanos qualificados a todos os níveis da


actividade provincial (e nacional), quer pública, quer privada.

Sem recursos humanos convenientemente preparados persistirão as deficiências


que se verificam na gestão e na produtividade.

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É imprescindível que ocorra uma transformação do quadro, havendo, portanto,


que realizar um grande esforço na educação/formação, visando a eficiência, por um
lado, e a convergência com as estratégias de crescimento económico e os modelos de
organização e modernização empresariais.

c. Do Contexto Tecnológico

A tecnologia é um dos factores de produção mais importante. Sem o recurso a


tecnologias “convenientes”, os níveis de produtividade permanecem baixos e
inexpressivos.

A indústria provincial faz, em regra, utilização de tecnologias obsoletas – como


de resto, acontece a nível nacional.

Há que introduzir novas tecnologias, que não sendo marginais, como as que
habitualmente são transferidas para países subdesenvolvidos, sejam simultaneamente
mais “endogeneizáveis” e de efeitos mais multiplicadores sobre a produtividade.

d. Das Infra-estruturas Básicas

O estado das infra-estruturas básicas, destruídas durante a guerra ou degradadas


por falta de manutenção adequada e de renovação (redes de fornecimento de água e
electricidade, rede de estradas fundamental e secundária, telecomunicações) constitui
um constrangimento pesado. Todo o esforço que se intentar no sentido de uma
localização industrial redundará numa inutilidade se não for acompanhado de uma
recuperação e ampliação das infra-estruturas básicas, realizadas sob uma óptica
integrada e priorizadas segundo o impacto nos sectores produtivos e sociais.

e. Dos Recursos Financeiros

O incremento e valorização da agricultura e da indústria exigem níveis elevados


de financiamento, sobretudo de médio e longo prazo, taxas de juro adequadas e uma
racional distribuição.

A problemática de acesso ao crédito pelas empresas de direito angolano parece


encontrar solução adequada nas medidas que o Governo e o sistema bancário agora
activado têm profusamente difundido.

f. Dos Custos

A subsistência de qualquer actividade de carácter empresarial decorre do nível


qualitativo e do custo dos produtos que gera. Os padrões de qualidade e os preços dos

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bens produzidos no País têm constituído um constrangimento tenaz do


desenvolvimento industrial nacional.

A produtividade e competitividade têm que ser cultivadas, e só podem ter


expressão através de empresas bem localizadas, dimensionadas, organizadas e geridas,
e que se mantenham actualizadas pelo recurso permanente à formação, inovação e à
tecnologia.

g. Do Mercado

O mercado e os circuitos de distribuição não funcionam adequadamente no País,


sendo tremendo o impacto causado no fluxo de bens e serviços que as comunidades
produzem, importam, exportam, e consomem.

Mesmo que, numa primeira fase, a indústria transformadora local se concentre,


sobretudo, num mercado de caracter interno, é crucial o desenvolvimento de medidas
que levem ao seu alargamento, através, particularmente, do aumento aquisitivo das
populações e do conveniente funcionamento dos circuitos de comercialização. Sem o
que, será fútil pensar em desenvolvimento industrial nacional.

AS ACTIVIDADES INDUSTRIAIS PRIORITÁRIAS

Numa perspectiva de exploração racional dos recursos endógenos, da satisfação


das necessidades básicas da população e da criação de emprego;

Tendo em conta a organização das actividades de suporte do desenvolvimento,


na base de Clusters e Fileiras, identificados e recomendados na e pela “Estratégia de
Desenvolvimento a Longo Prazo para Angola (2025);

No intuito de garantir consistência entre objectivos globais, sectoriais e


regionais, afigura-se que a Província deve, numa primeira etapa, apostar,
principalmente, no desenvolvimento das seguintes actividades industriais:

A. INDÚSTRIAS DA ALIMENTAÇÃO

1. Indústria da Carne

a. Abate de animais

b. Corte, desmanche, desossa e embalagem de carnes (quando


anexas a matadouros)

c. Aproveitamento de subprodutos (farinhas de carne, de sangue


e de ossos, unhas, chifres, gorduras e sebos, e de couros para
curtimenta)
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2. Produção de Óleos Alimentares

a. De palma (palmeira de dendém)

b. De outros, dependendo da expressão que assumir o


fomento das fontes (algodão, girassol, amendoim, soja)

3. - Moagem de Farinhas Espoadas

a. Farinha e fuba de milho

b. Farinha e fuba de mandioca

4. Descasque, Limpeza e Branqueamento do Arroz

5. Preparação de Rações Simples para Animais

6. Torrefacção e Moenda de Café

7. Industrialização de Horto-Fertícolas

8. Panificação

9. Pastelaria e Doçaria

B. INDÚSTRIAS DAS BEBIDAS

1. Produção de Bebidas Espirituosas

2. Produção de Sumos de Frutos Fermentados

3. Fabricação de Cerveja

4. Refrigerantes

5. Engarrafamento de Águas Minerais Naturais

C. INDÚSTRIAS TÊXTEIS

1. Descaroçamento e Prensagem do Algodão

2. Fiação, Tecelagem e Acabamento do Algodão (de


desenvolvimento dependente das acções em torno do fomento
da cultura do algodão).

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D. INDÚSTRIA DA MADEIRA

1. Serração e Trabalho Mecânico da Madeira

2. Carpintarias

E. INDÚSTRIA DO MOBILIÁRIO

1. Fabricação de Mobiliário de Madeira

F. ARTES GRÁFICAS E EDIÇÃO DE PUBLICAÇÕES

1. Tipografias

G. INDÚSTRIA DA BORRACHA

1. Reconstrução de Pneus e Câmaras de Ar

H. INDÚSTRIAS QUÍMICAS

1. Fabricação de Sabão

I. INDÚSTRIAS DE PRODUTOS MINERAIS NÃO METÁLICOS

1. Fabricação de Tijolos e Telhas

2. Aparelhagem de Blocos de Mármore e Granito

3. Serração e Polimento de Mármore e Granito

J. FABRICAÇÃO DE PRODUTOS METÁLICOS

1. Serralharia Civil, Tornearia, Ferraria e Afins

Para além das actividades arroladas, releva-se a importância do incremento de


micro e pequenas empresas de serviços comunitários, tais como oficinas de reparação
auto, de agentes de manutenção e reparação de diversos equipamentos domésticos e
industriais, alfaiatarias, cabeleireiros, sapateiros, carpintarias, serralharias, electricistas,
produção de gelo, pequenas empresas de construção e de produção de materiais de
construção, etc.. Estas empresas são importantes por serem geradoras de empregos e
rendimentos, e porque apoiam a recuperação da vida normal das populações e das
actividades produtivas.

Na perspectiva de prazo mais dilatado, a Província poderá beneficiar de um


conjunto de ocorrências que suscitem o interesse dos investidores na instalação de um
leque mais amplo e complexo de indústrias, como por exemplo, materiais de construção
(varão de aço, tubos, malha sol, chapas de zinco e ferragens), produtos cerâmicos (loiça
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sanitária, azulejos, mosaicos, etc.), contraplacado e prensados, embalagens de plástico,


sacaria e produtos plásticos, balcões arcas, vitrinas frigoríficas e electrodomésticos, etc.

Uma iniciativa interessante no âmbito da preparação e comercialização de um


produto agrícola para que a Província tem grande potencialidade, e que raramente é
lembrado, prende-se com estabelecimento de unidades de preparação,
acondicionamento e comercialização de flores cortadas, plantas ornamentais, bolbos e
outros produtos da floricultura. A Província é capaz de produzir das mais belas rosas de
porcelana e outras flores exóticas, mas a exploração da iniciativa referida só terá
interesse se a produção atingir o volume, uniformidade e regularidade que permita
disputar os complexos mercados de flores no exterior.

A ESTRUTURA EMPRESARIAL

O desenvolvimento industrial deve assentar fundamentalmente na iniciativa e


investimento privados.

O sector privado angolano é, no geral, constituído por pequenas e médias


empresas (PME´s), não existindo, praticamente, grupos económicos nacionais fortes
actuando no sector industrial.

Problemas de gestão, organização e funcionamento, bem como de capital, fazem


naturalmente, com que as PME’s constituam o tipo de estrutura empresarial preferido
pelo investidor nacional, mas paradoxalmente, constituem causas das consideráveis
debilidades que as empresas manifestam.

O interesse nacional impõe a necessidade de aproveitar os atributos e canalizar


mais proficuamente os esforços que essas empresas terão de desenvolver, em termos
da superação das suas debilidades.

Só assim as PME’s angolanas ganharão capacidade de consumarem, ao seu nível,


a reestruturação económica, a criação de empregos, e de se tornarem um centro da
dinâmica da actividade económica nacional.

Interessará, pois, para o desenvolvimento da estratégia que se propõe,


privilegiar a participação das pequenas e médias empresas angolanas através de apoios
substantivos, desde que essa dimensão não induza subdimensionamento indesejável;
de estímulos para um associativismo empresarial sem condicionadores de
competitividade e do desenvolvimento; do fomento de formas de cooperação
interempresarial regulares e sistemáticas.

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O que se refere não exclui a possibilidade do envolvimento do Estado na criação


e arranque de sectores mais difíceis, mas fundamentais, em regime de parceria público-
privada, quando se manifeste o interesse de parceiros privados devidamente
estruturados, ou como investimento inicial total, mas sempre no objectivo da génese do
empresariado nacional, e sem qualquer tipo de actuação considerada de concorrência
desleal.

OS INCENTIVOS

O novo sistema integrado de incentivos fiscais e financeiros permite a instalação,


sob condições favorecidas, de inúmeras indústrias, bem como, com menores recursos,
atingir mais efeitos no campo da revitalização do sector privado.

Para além disso, afigura-se um incentivo fundamental, na prática, as facilidades


de crédito.

Mas a estimulação do sector privado com base na recuperação e ampliação, pelo


Estado, das infra-estruturas básicas para o desenvolvimento da produção industrial será,
sem dúvida, o apoio permitirá atingir efeitos mais dilatados, mais galvanizadores.

7.2.3. Os Projectos

Foram listadas as Actividades Industriais consideradas prioritárias no quadro dos


fundamentos da Estratégia que se propõe. Essa listagem pretende ser meramente
informativa, já que a selecção de projectos compete à entidade privada, sobre que recai
a responsabilidade maior do desenvolvimento industrial.

Contudo, no domínio dos projectos afigura-se que a nível público haverá um


importante papel a desempenhar.

A Direcção Provincial da Indústria, no cumprimento da função de promotoria que


lhe cabe, deve procurar, ainda que paulatinamente, e mesmo com participação privada,
dotar-se das capacidades necessárias para realizar tarefas tão importantes para o
desenvolvimento industrial regional, como a colaboração na realização de um
verdadeiro cadastro industrial, a detecção de oportunidades industriais e sua oferta à
iniciativa privada, a preparação de pré-projectos que possam atrair investimentos para
a Província, a análise de projectos com vista a instalação de novas indústrias ou a
remodelação das existentes.

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Ainda quanto ao desenvolvimento da Indústria na Província e no âmbito do


protagonismo do Estado no seu impulsionamento, tem-se por indispensável, a custo
próprio ou em parceria Público-privada, a criação de infra-estruturas essenciais para a
instalação de novas indústrias, e que, por questões de racionalidade económica e
estratégia de desenvolvimento, essas condições sejam polarizadas através de alguns
núcleos – pólos de desenvolvimento industrial ou agro-industrial. O estabelecimento de
tais pólos, para além de induzir uma desejável descentralização/concentração industrial
e permitir uma implantação ordenada de um número crescente de indústrias,
constituirá um importante meio de desenvolvimento da Província, na decorrência da
produção, racionalização, aproveitamento e transformação de recursos regionais, e,
também, da criação de emprego e consequente assentamento da força de trabalho.

Pólos localizados no Dondo e no Lucala serão, certamente, importantes


catalisadores do desenvolvimento industrial provincial.

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7.3. Comércio

7.3.1. O Diagnóstico

Os baixos níveis de desempenho da actividade comercial resultam de um


conjunto de causas, entre as quais avultam as seguintes:

 Bloqueios configurados pelo número, tipo e estado de conservação dos


transportes rodoviários e pelas tarifas cobradas.

 Número insuficiente de instalações no meio rural capazes para um


exercício de comércio permanente.

 Fragilidade financeira e da capacidade de gestão dos escassos


empresários vocacionados, de facto, para o comércio.

 Falta de preparação do pessoal que, a diferentes níveis, cumpre a


actividade no domínio do comércio.

 Exiguidade das produções agrícolas quer no que respeita a quantidade


como a qualidade.

Baixos níveis de rendimento das populações nas áreas rurais. Presentemente, a


política relativa aos circuitos da distribuição, se bem que objecto de um novo
delineamento, não consegue, ainda, a resolução de problemas acumulados ao longo dos
anos, particularmente no mundo rural. Tais problemas são configurados, geralmente,
pelas rupturas constantes e prolongadas de abastecimento, pelas reduções do leque de
produtos oferecidos, e pela elevação desmesurada dos preços dos produtos industriais
oferecidos aos consumidores.

7.3.2. O Contexto e a Lógica das Intervenções

Considerando os pontos síntese do diagnóstico, através dos quais se procurou


relevar os constrangimentos mais determinantes, a precaridade da actual estrutura do
comércio e dos circuitos de comercialização na Província e o enviesamento da sua
actuação, conclui-se pela impropriedade acentuada da actividade comercial regional.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Duma defeituosa estrutura de comercialização resulta que os produtos são


encarecidos no consumidor, sem que o produtor recolha um benefício harmónico, e
disto procede uma retracção ou subdesenvolvimento do mercado.

De acentuar, ainda, que a falta de uma estrutura de comercialização equilibrada,


coerente, se é nefasta para as actividades primárias, não o é menos para o
desenvolvimento da industrialização.

O comércio em zonas urbanas tem características muito próprias, diferentes das


do comércio no campo. Por isso, relativamente ao desenvolvimento do comércio
urbano, o fundamental será que o Governo Provincial proceda à requalificação dos
espaços para instalação de novas unidades e que estimule a modernização dos métodos
de trabalho dos agentes retalhistas (aumento das vendas, rotação do capital e prática
de melhores preços). Será igualmente importante que o Governo proporcione condições
para, onde for viável, o surgimento de supermercados, armazéns especializados e outros
estabelecimentos do género.

Ainda no domínio do comércio urbano, é de maior interesse que o Governo


Provincial crie e construa mercados urbanos de frescos que satisfaçam os requisitos
técnico-funcionais e higio-sanitários exigidos pela legislação em vigor.

Já a solução para a problemática do comércio rural tem contextura bem


diferente.

Para compreensão das diferenças e da sua importância na harmonização do


mundo rural, recorda-se que, tal como foi acentuado, as características da Província
aconselham a considerar a agricultura como elemento essencial de um conjunto mais
vasto, cuja finalidade é a produção a comercialização e a transformação das produções.
Tal finalidade só será alcançada se à melhoria do ambiente social e económico que se
verifica na Província corresponder uma elevação substantiva do aparelho produtivo
interno e um desempenho consequente do comércio, porque de capital importância.

Todavia, importa realçar que em situações difíceis, como é de resto a da maior


parte das regiões do País, não basjta reforçar as estruturas da agricultura e dos seus
parceiros comerciais ou industriais: é o conjunto de factores determinantes para um
certo contexto socioeconómico que, em função da sua fragilidade, terá de ser repensado
e objecto de uma intervenção.

Em consequência, e reconhecida a situação da Província, haverá que desenvolver


operações ditas integradas, por concentrarem o conjunto de meios financeiros
disponíveis sobre os diferentes sectores cuja recuperação e expansão é susceptível de
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exercer um efeito de alanca no desenvolvimento regional com uma perspectiva clara:


criar as condições de sustentabilidade de uma agricultura viva, dinamizando o meio rural
na sua globalidade.

A agricultura terá de se tornar cada vez mais integrada na economia em geral,


acicatada pela concorrência na busca incessante da produtividade e da melhoria da
qualidade dos produtos.

Feitas essas ressalvas, dir-se-á que toda a intervenção em política de comércio


rural deverá objectivar a racionalização, a expansão e a inovação da rede e da actividade
comercial no campo, através de acções que visem essencialmente:

 Aproximar a produção do consumo, reduzindo o número de


intervenientes no circuito;
 Promover a concentração da oferta, o aumento da capacidade negocial
do produtor e a criação de condições para o escoamento dos produtos;
 Reduzir as possibilidades da prática de preços especulativas;
 Melhorar as condições de armazenagem, de acondicionamento e de
normalização;
 Fomentar acções e actividades visando a preparação dos produtos para
o mercado.

Para o alcance do objectivo enunciado, afigura-se claro que haverá que


estimular:

 A instalação de comerciantes nacionais, no meio rural, preferentemente


de naturais da zona, de forma a conseguir uma maior proximidade com
os produtores;

 A intervenção das organizações associativas de produtores nas operações


de armazenamento, comercialização e escoamento das produções, bem
como dos produtos destinados ao meio rural (especialmente de factores
de produção);

 O aperfeiçoamento do funcionamento dos “mercados de aldeia”;

 A instituição de feiras, que possam servir de veículo do alcance de


resultados positivos no triplo aspecto económico social e político.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Sobre o papel que os diversos parceiros devem assumir na materialização e


desenvolvimento do Programa, parece curial a seguinte discriminação:

O Estado deverá assumir:

-responsabilidades directas relativamente à recuperação


das infra-estruturas que garantam a reactivação da cadeia produtiva e da reposição da
economia rural;

- responsabilidade indirecta na:

 Promoção da circulação de meios de transporte no meio rural pra


escoamento dos produtos

 Prestação de auxílio à instalação de comerciantes nacionais no meio


rural

 Realização de acções visando a formação profissional em comércio.

Aos Empreendedores privado competirá, sobretudo

 A concepção de negócios

 A elaboração de projectos e sua implantação

 A gestão dos negócios numa base de criatividade, inovação e


observação da legislação.

O Governo da Província, sempre em articulação com o Ministério do Comércio e


no respeito das orientações contidas na política comercial, deverá tomar algumas
iniciativas, como:

 Desburocratização do licenciamento da actividade comercial


 Elaboração de um plano director para actividade comercial, que
oriente a desejada aproximação dos estabelecimentos comerciais aos
cidadãos, a incentivação e a tipificação das actividades comerciais.
 Formação e capacitação técnica profissional dos quadros do sector,
das associações profissionais e dos comerciantes privados.
 Promoção de novas formas e técnicas de comércio e do exercício da
actividade comercial.
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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

7.3.3. Os Projectos e Subprojectos

Entende-se oportuno destacar as iniciativas do Governo Central com o objectivo


de facilitar a oferta e o acesso aos produtos básicos à população. O alcance do objectivo
ocorrerá por via da implantação de uma nova rede comercial em todas as Províncias do
País, integrada por mercados municipais urbanos e suburbanos, numerosos
estabelecimentos de pequeno retalho, e novas unidades de grande porte, de auto-
serviço. Para além disso, a rede engloba ainda centros de logística e distribuição e
mercados abastecedores.

Tem sido afirmado que esta nova rede intervirá, na globalidade, no


estabelecimento de um novo quadro legal orientador da actividade comercial no país,
gizado a partir de uma reformulação do existente.

Face ao exposto, torna-se óbvio que os Projectos e Subprojectos afectos ao


sector do comércio a incluir neste Plano de Desenvolvimento terão de ser afeiçoado às
regras e procedimentos do novo quadro que se intenta estabelecer a nível nacional.

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7.4. Actividade Mineira

7.4.1. Diagnóstico

Não obstante as ocorrências mineiras assinaladas, não há, na Província,


explorações de vulto, activas. De resto, conhece-se mal o potencial mineiro provincial.

Existem inúmeras carências que têm impossibilitado o desenvolvimento da


actividade mineira da Província. De entre elas destacam-se as que se reportam à
inexistência de estudos de base que permitam uma perspectiva de aproveitamento
racional e rentável dos recursos minerais, a falta de técnicos, a todos os níveis,
minimamente conhecedores do sector e a indisponibilidade (até aqui) dos meios
financeiros indispensáveis para o arranque das explorações.

7.4.2. O Contexto e a Lógica das Intervenções

As acções a desenvolver visando uma revitalização do sector mineiro da


Província assumem particular importância, porque determinantes para a diversificação
da economia, o incremento do desenvolvimento socioeconómico regional e nacional, a
criação de novas oportunidades de negócio e a formação e a criação de emprego.

Para além disso, contribuirão para o aumento das exportações e da arrecadação


de divisas, para o aparecimento de novas empresas com tecnologia moderna, e para a
captação do investimento directo externo.

Relativamente ao ferro, importará implementar o “Projecto Integrado Minero


Siderúrgico de Kassala Kilungo (e Kassinga), aprovado pelo Despacho Presidencial nº
55/10 de 15 de Outubro. E, do mesmo passo, a realização de trabalhos de prospecção
para aumento das reservas.

No que se refere ao cobre/manganês, haverá que impulsionar as medidas


necessárias para o arranque da mina na região do Lucala.

Mas dado o escasso conhecimento que se tem do potencial mineiro da Província,


do que resulta ser algo especulativo muito do que se afirma sobre as suas riquezas
minerais, afigura-se importante, para além das recomendadas, desenvolver as seguintes
acções ordenadoras da actividade do sector:

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 Prosseguir os esforços de pesquisa exigidos por estudos de


Base Fundamentais, esforços que envolvendo alto risco e
elevados investimentos terão de contar com a participação
de capitais estrangeiros

 Delinear um Plano de Desenvolvimento do Sector Mineral


da Província, assente no tratamento da informação
resultante dos Estudos de Base Fundamentais

 Divulgar o conhecimento reunido e atrair eventuais


investidores.

7.5. Hotelaria e Turismo

7.5.1 O Diagnóstico

Há um deficit na capacidade hoteleira regional. O sector de Turismo e Hotelaria


da Província revela uma série de debilidades, constrangimentos e incapacidades que
dificultam um desempenho satisfatório.

Os contextos gerados pela guerra têm, ainda, um efeito marcante no panorama


do sector hoteleiro e turístico. Não há aeroporto que permita a recepção de carreiras
regulares, não há bases económicas que suscitem interesse prementes, não há
ordenamento e valorização de espaços de desenvolvimento turístico; não há, portanto,
motivos que suscitem uma procura por fluxos de turistas e de homens de negócios.

Por outro lado, não há, ainda, a nível local, uma população com poder económico
capaz de alimentar uma indústria de hotelaria e de restauração de qualidade, nem se
verifica, tão pouco, o desenvolvimento de uma massa crítica consciente e com
capacidades de levar a uma maior exigência quanto aos produtos e serviços que são
oferecidos.

Logo, não se assiste a um esforço determinado para oferecer alojamentos,


refeições e demais lazeres complementares da indústria do Turismo e Hotelaria, e aquilo
que se proporciona no Kwanza Norte é de qualidade inferior e insuficiente, mesmo para
satisfazer a fraca procura interna e o grau baixo de exigência que se tem manifestado.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

O desenvolvimento do sector passa, antes de mais, pela resolução da


problemática relativa à reinfraestruturação (estradas, aeroportos, sistemas de energia
e de águas).

Depois, afigura-se evidente a necessidade, por um lado, de investimentos em


novos estabelecimentos (hotéis, pensões e restaurantes) que ofereçam condições
capazes, e, por outro, da criação de um ambiente de negócios atractivos e da introdução
de factores motivadores de mudança e melhoria da qualidade de vida da população.
Haverá, ainda, que estabelecer um programa de classificação, recuperação e exploração
dos sítios e monumentos da Província, capazes de atrair o turismo (tanto o interno,
como o externo) e, por outro lado, apostar na formação e qualificação dos recursos
humanos que a actividade do sector exige.

Estas considerações salientam a curialidade da concepção de políticas e


programas definidores de vias e de meios para impulsionamento do sector do Turismo
e de Hotelaria.

7.5.2. O Contexto e a Lógica das Intervenções

O diagnóstico que se apresentou da situação é suficientemente esclarecedor


quanto às debilidades, constrangimentos e incapacidades que estorvam o desempenho
do sector da Hotelaria e Turismo, bem assim quanto às potencialidades turísticas da
Província.

A estratégia de actuação no domínio da Hotelaria não pode deixar de se centrar


num adequado ordenamento da oferta de estabelecimentos de hospedagem e de
restauração, numa elevada qualidade dos serviços prestados e no desenvolvimento de
um profundo sentido de hospitalidade.

No que se refere ao Turismo, a estratégia para o seu desenvolvimento deverá


observar o conjunto de objectivos traçados na Estratégia de Desenvolvimento a Longo
Prazo para Angola (2025), que o Governo pretende implementar. A referida estratégia
preconiza uma política para o sector que persegue o seguinte:

Quanto a Objectivo Global

Obtenção do máximo de benefícios socioeconómicos possíveis, sem sacrifícios


dos recursos turísticos e numa base de sustentabilidade dos mesmos, sempre em
concordância com a cadência da evolução da situação económica e financeira do País,

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

sem, contudo, se perder de vista que o turismo constitui factor estratégico para a
reanimação da economia.

Quanto aos Objectivos Específicos

Contribuição para o desenvolvimento equitativo e harmonioso do País, por via


da criação de emprego qualificado e estável; da valorização da diversidade étnica e
cultural e do património que a mesma consubstancia, num quadro de unidade e coesão
nacionais; da reabilitação e expansão das infraestruturas adequadas às actividades
turística, conservação e protecção do património natural e arquitectónico, de valor
ecológico e histórico; da maior diversificação da economia e das exportações.

As opções estratégicas para o desenvolvimento da Hotelaria da Província devem


girar em torno de três prioridades incontestáveis:

Recuperação, ampliação e modernização do parque hoteleiro e de restauração,


por forma a satisfazer uma procura que, numa primeira fase, se deve limitar, por
prudência, à determinada pela população local e pelas pessoas que demandam a
Província em serviços, negócios, ou por ela transitam em busca de outros destinos;

Elevação da qualidade dos serviços prestados;

Formação de pessoal, para que se possa responder com eficiência aos padrões
de gestão e das prestações a que o sector deve ser obrigado.

As opções estratégicas em matéria do Desenvolvimento Turístico Regional


confluem para as seguintes questões:

Eleição de zonas de maior potencialidade turística e análise dos efeitos que a sua
promoção pode causar no desenvolvimento harmonioso e equitativo da Província;

Concentração de recursos na recuperação do parque turístico seleccionado,


sobretudo onde poderão ser mais reprodutivos e melhor defendam a qualidade do
turismo regional.

Expansão gradual e sustentável do turismo, de modo a reduzir eventuais riscos e


impactos negativos, e sempre enquadrada no plano de desenvolvimento regional.

Promoção do turismo, essencialmente, da actividade privada constituída em


organizações de serviços e infra-estruturas vocacionadas para a hotelaria, restauração,
agenciamento de viagens, operação turística, transportação, actividades desportivas e
lazer.

148
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Estímulo e incentivo ao investimento privado no sector, norteado para a


dinamização da oferta turística competitiva.

Activação do artesanato e das manifestações folclóricas provinciais.

Formulação de uma política de promoção da imagem da região.

Formação de elementos qualificados para o sector.

Quanto ao papel dos intervenientes no Desenvolvimento Turístico Regional


relativamente aos empreendimentos que, ao fim ao cabo, pressupõem execuções
baseadas em projectos, afigura-se que:

Ao Estado competirá a recuperação e modernização dos eixos rodoviários,


ferroviários, da infra-estrutura dos transportes aéreos, a regularização do fornecimento
de água e de energia, sem o que nada se poderá fazer com valia em matéria de turismo.

À Iniciativa Privada cabe a elaboração e materialização dos projectos de


actividades de cariz empresarial, particularmente no que respeita à recuperação,
aumento e melhoramento do parque hoteleiro e de restauração, a criação de agências
de viagens, de empresas de viação, etc.

Ao Aparelho do Governo, particularmente ao nível das instituições provinciais,


cumpre-lhe o desenvolvimento de alguns projectos importantes, designadamente os
que respeitem: à zonagem turística da Província e à definição de produtos turísticos e
de áreas estratégicas de investimento no turismo que se podem impulsionar num
contexto regional (provincial e/ou de espaços mais alargados); à formação de recursos
humanos para o turismo; à animação turística; à promoção e divulgação da Província
como destino turístico. Simultaneamente, a nível da Província deverá actuar-se no
sentido da reestruturação dos serviços ligados ao sector, dotando-os dos meios de acção
capazes de imprimir dinâmica ao turismo, de assegurar a coordenação das actividades
interessando ao sector, de promover iniciativas e apoio, e de fiscalizar as actividades
privadas.

Em nota final releva-se a vantagem de projectar o desenvolvimento do turismo


provincial num espaço mais vasto, que o englobe numa oferta turística de maior
abrangência. É o caso, por exemplo, da integração dos atractivos turísticos da região –
principalmente Cambambe, Massangano, Dondo e Horto Botânico do Quilombo -, num
itinerário que tenha Luanda e Malanje por extremos naturais.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

7.5.3. Os Projectos e Programas


Os projectos afectos ao desenvolvimento do sector deverão ser elaborados e
impulsionados essencialmente por entidades privadas, uma vez que, enquanto
actividade, ela se cumpre através de uma série de organizações de serviços e de infra-
estruturas fornecidos por empresas de hotelaria, agências de viagens, operadores
turísticos, transportadores, e até associações desportivas e de lazer.

Tanto os projectos como os programas relativos ao sector deverão ser


orientados para, numa base estável, proporcionarem “o máximo de benefícios sociais e
económicos para os Angolanos, tendo em consideração que a necessidade de arranque
e transformação qualitativa do turismo é condicionada pela situação económica e
financeira do País, e que ao turismo deve ser dado um papel de factor estratégico para
a reanimação da economia12”

7.6. Educação

7.6.1. O contexto e a lógica das intervenções

A melhoria das condições de vida da população na perspectiva da melhoria do


IDH, pressupõe o aumento das infraestruturas escolares em todos os municípios da
Província com o fito, por um lado de absorver os alunos em idade escolar, e por outro
com vista a melhoria das condições, diminuindo o número de alunos por sala.

Por essa razão, quer com recursos dos Programas Integrados Municipais de
Desenvolvimento Rural e de Combate a Pobreza, como com os de subordinação
provincial, deve-se consentir o esforço no sentido de melhorar e estender os serviços de
educação, sob pena dos objectivos constantes do Plano Nacional de Desenvolvimento
2013-17, designadamente: a preservação da unidade e coesão nacional, melhoria da
qualidade de vida da população e inserção da juventude na vida activa, serem postos
em causa.

Por outro lado, as intervenções públicas no domínio da educação no território da


Província assumem níveis de subordinação diferentes, designadamente:
nacional/sectorial, provincial e municipal. Em consequência a lógica das intervenções
pressupõe a requerida coordenação entre os diferentes níveis. Neste sentido, no quadro

12
Estratégia de Desenvolvimento a Longo Prazo para Angola (2025)
150
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

dos programas integrados de desenvolvimento rural e combate à pobreza são atendidas


as carências do primeiro e segundo níveis.

7.6.2. Os programas e os projectos


Os programas que materializarão as políticas concorrentes para o sector da
educação são os que se seguem: (i) Programa de Alfabetização; (ii) Melhoria da
qualidade de vida da juventude; (iii) Programa de Expansão do Ensino Pré-Escolar; (iv)
Programa de Desenvolvimento do Ensino Primário e Secundário; (v) Reforma Educativa
e, (vi) Fomento do Empreendedorismo no Ensino Secundário.

Em termos de projectos, há a destacar a construção de escolas de I Nível em


todos os municípios e construção do instituto médio do Lucala, construção do Instituto
Médio Quiculungo, construção de uma escola secundaria, reabilitação e ampliação da
escola superior politécnica de Cazengo, construção e apetrechamento da escola de 12
salas em Cambambe, construção e apetrechamento da escola de 30 salas em
Ndalatando, bem como de duas de 22 salas cada no Cazengo.

7.6.3. Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos

Tendo em conta a situação actual da educação na Província, os objectivos


estabelecidos quer a nível do PND 2013-17 como ao nível do território da Província,
incluindo as propostas de investimentos públicos constituem as condições favoráveis
enquanto as maiores condicionantes estão ligadas a qualidade e quantidade dos
recursos humanos e financeiros.

151
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

7.7. Saúde

7.7.1. O contexto e a lógica das intervenções

Um dos grandes objectivos perseguidos no período compreendido entre 2013 e


2017 é a melhoria da qualidade de vida da população. A Província do Kuanza Norte,
também demonstra a necessidade de proceder-se a melhorias profundas no domínio da
saúde com vista a promover-se a melhoria do índice de desenvolvimento humano.
Portanto, o contexto no qual se desenvolverão as acções, actividades e programas no
domínio da saúde é precisamente no âmbito do PND 2013-17, cuja operacionalização
ocorrerá no quadro do presente plano de desenvolvimento da Província e dos
programas municipais integrados de desenvolvimento rural e combate á pobreza. As
intervenções de subordinação quer provincial como municipal serão complementadas
pelas de subordinação central.

7.7.2. Os programas e os projectos

Os programas que se desenvolverão são em primeira instância os dos serviços


municipais de saúde no quadro dos programas municipais integrados de
desenvolvimento rural e combate a pobreza, porque resultam das prioridades
estabelecidas pelas comunidades, complementados pelos programas de cuidados de
saúde, prestação de cuidados primários e assistência hospitalar, gestão e ampliação da
rede hospitalar, desenvolvimento do sector farmacêutico e de gestão de dispositivos
médicos, gestão e desenvolvimento do aprovisionamento logístico.

Em termos de projectos destaca-se, a reabilitação e apetrechamento do Hospital


Provincial e a construção de centros e postos de saúde, em particular a reabilitação do
hospital municipal do Dondo, construção dos hospitais municipais da Banga, do Golungo
Alto, de Samba Caju e do Lucala.

7.7.3. Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

A situação económica externa, constitui uma grande condicionante, em virtude


do nível de receitas e concomitantemente dos recursos mobilizáveis depender do
comportamento da economia internacional, particularizando a dos países da união
europeia, que determina o nível de procura dos produtos angolanos.

Entretanto, as condições favoráveis residem na implementação do Plano


Nacional de Desenvolvimento 2013-17, sendo que as condicionantes decorrem da
capacidade humana que a Província dispuser.

7.8. Justiça

7.8.1. O contexto e a lógica das intervenções

O aprofundamento da democracia em Angola, pressupõe da justiça a


concretização de um conjunto de reformas, umas orientadas para a garantia dos direitos
de cidadania e outros no sentido de melhoria do ambiente legal requerido para o
desenvolvimento do sector privado, factor imprescindível para a promoção do
desenvolvimento económico.

Neste sentido, o acesso com equidade á justiça constitui um imperativo que é


advogado pelo Plano Nacional de Desenvolvimento, de onde a extensão dos serviços de
justiça, como a emissão do bilhete de identidade e outros documentos de cidadania
revelam-se como as grandes prioridades para o período 2013-17.

Neste contexto, a consolidação da reforma do sector da justiça, através da


modernização e informatização assente nos princípios de simplificação dos processos,
bem como na aproximação dos serviços junto das comunidades se revela como o
pressuposto indispensável para que a equidade e a justiça se venha a verificar.

7.8.2. Os programas e os projectos

153
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Dentre os programas que viabilizarão os objectivos perseguidos no domínio da


justiça, evidenciam-se, designadamente: (i) uma justiça ao serviço dos direitos humanos;
(ii) sistema de justiça como factor de desenvolvimento económico social; (iii) acesso ao
direito e á justiça; (iv) organização da administração da justiça; (v) simplificação do
sistema de administração de justiça; (vi) reforço qualitativo e quantitativo e funcional
do capital humano ao serviço da administração da justiça; e, (vii) universalização do
serviço do registo civil e de nascimento.

Em particular, a construção do tribunal municipal do Golungo Alto deve ser


relevado como o instrumento com o qual se espera melhorar a solução dos serviços de
justiça que se apresentarem.

7.8.3. Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos

No que concerne as condicionantes, revela-se como incontornável a


disponibilidade de recursos humanos, bem como a capacitação institucional ao nível da
Província e disponibilidade de infraestruturas institucionais, incluindo de condições de
habitabilidade dos agentes de justiça.

7.9. Assistência e reintegração social

7.9.1.O contexto e a lógica das intervenções

As acções no domínio da reinserção e integração social encontram


enquadramento nos objectivos estratégicos seguidos pelo governo, designadamente, a
melhoria do bem-estar das populações, unidade e coesão nacional, bem como o
desenvolvimento inclusivo. Através das acções integrantes neste domínio pretender-se-
á garantir a melhoria de distribuição do rendimento por via de acções de promoção
social e homenagem aos princípios da equidade.

Neste sentido, o Plano de Desenvolvimento Nacional 2013-2017, constitui o


instrumento de enquadramento contextual das acções no quadro da assistência e
reinserção social, assumindo-se que as acções de subordinação provincial e municipal
154
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

serão orientadas para complementar as intervenções públicas a desenvolver no âmbito


das políticas nacionais.

7.9.2. Os programas e os projectos

Os programas e projectos a contemplar no âmbito do Plano de Desenvolvimento


da Província, compreendem os de subordinação central como os de subordinação
Província e municipal, sendo estes no quadro dos programas municipais integrados de
desenvolvimento rural e combate á pobreza.

7.9.3. Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos

As condições favoráveis para a realização quer dos programas como dos


projectos decorrem das intervenções previstas da responsabilidade dos departamentos
ministeriais afins.

7.10. Emprego e Segurança Social

7.10.1. O contexto e a lógica das intervenções

O Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017 assenta na


estabilidade, crescimento e emprego como ideia de força. A perspectiva reside no facto
da estabilidade abranger quer do ponto de vista económico e político como social, isto
é, a abordagem abrangente da estabilidade que garante e incentiva o aumento do
emprego.

Contudo, sendo o aumento do emprego o grande objectivo perseguido


pelo executivo, na perspectiva da melhoria - na óptica económica - do bem-estar da
população, as acções e actividades, bem como os programas e projectos de
subordinação provincial a serem desenvolvidos serão orientados para o aumento do
emprego. O emprego deverá ser garantido quer na perspectiva da facilitação das acções
concorrentes para a simplificação do licenciamento da actividade económica como na
perspectiva de criar-se o ambiente incitativo para a promoção do sector privado.

155
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Neste sentido, e porque as matérias de natureza macroeconómica e as


demais concorrentes para a criação das condições indispensáveis para a promoção do
sector privado constituem responsabilidades do governo central, o PND 2013-2017,
apresenta-se como o grande referencial em relação a garantia do contexto requerido
para que o emprego ocorra de maneira sustentável.

Entretanto, as oportunidades de emprego só poderão ser totalmente


aproveitadas desde que a oferta actual seja absorvida pela demanda, devendo para o
efeito os recursos humanos em termos de qualidade corresponderem as necessidades
do mercado.

7.10.2. Os programas e os projectos

Os programas com base nos quais espera-se que o emprego ocorra são
os que constituem responsabilidade dos departamentos ministeriais, designadamente:
(i) Apoio à criação de emprego produtivo, qualificado e remunerador; (ii) promoção do
empreendedorismo; (iii) de Facilitação do Acesso ao Crédito; (iv) de Reconversão da
Economia Informal.

Por outro lado, o emprego para se constituir numa fonte de rendimento


dos trabalhadores angolanos, deve ser assumido por pessoas com a requerida qualidade
e neste sentido, o programa nacional de formação de quadros se apresenta como um
instrumento susceptível de capacitar a força de trabalho existente.

7.10.3.Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos

Neste domínio, as condicionantes resultam em primeira instância da


capacidade dos recursos humanos de corresponder as necessidades da economia e
instituições públicas. Entretanto, caso se venha a verificar a ausência de quadros com a
capacidade requerida a solução deverá ser procurada através da estratégia nacional de
desenvolvimento de recursos humanos, cuja implementação se realizará através do
programa nacional de formação de quadros. A par das acções decorrentes da
implementação dos instrumentos antes referidos, constitui condição para favorecer a
promoção do emprego a implementação do programa de formação profissional ao
longo da vida.
156
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

O desenvolvimento sector empresarial no sentido de aumentar a oferta


de emprego, exige a garantia das infra-estruturas de base como sejam, estradas
transitáveis, provimento de energia e água, por isso estes recursos poderão ser também
considerados nucleares e em consequência a sua disponibilidade pode ser vista como
um pressuposto e ausência como uma condicionante.

7.11. Cultura, desporto e lazer

7.11.1 O contexto e a lógica das intervenções

As intervenções no domínio da cultura e lazer na Província serão


desenvolvidas no quadro da implementação do plano de desenvolvimento nacional
2013-17, que prevê como objectivo a promoção do acesso de todos os cidadãos aos
benefícios da cultura sem qualquer tipo de descriminação. Este desiderato nacional ao
nível da Província poderá compreender a organização de actividades de animação
cultural e de lazer tendo em conta as infraestruturas existentes, bem como o ensino e
uso de línguas nacionais e de comunicação internacional. Ainda neste âmbito,
workshops serão organizados no sentido de permitir a implementação de políticas
culturais em conformidade com aspirações e necessidades das comunidades.

No domínio dos desportos para além das actividades desportivas de


competição e neste sentido a organização de serviços desportivos de qualidade devem
ser garantidos, com particular destaque para os relacionados com as modalidades que
o país já vem rivalizando algum espaço ao nível do mundo. A par desta prioridade, não
deverá constituir um foco de monos importância o desporto escolar como instrumento
de preparação desde tenra idade os futuros praticantes de desportos.

7.11.2. Os programas e os projectos


Neste domínio da cultura, os programas e projectos a serem privilegiados
serão preferencialmente os de subordinação central, onde se destacam a implantação
do sistema nacional de museus, implantação do sistema nacional de arquivos históricos,

157
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

implantação do sistema de centros culturais e implantação do sistema nacional de


programas culturais.

7.11.3. Condicionantes, condições


favoráveis e pressupostos

A maior das condicionantes pode se circunscrita a disponibilidade


financeira para levar a cabo todos os programas, incluindo a disponibilidade de recursos
humanos ao nível da Província que permitam o desenvolvimento dos programas antes
referidos.

As condições favoráveis constam das previstas do PND 2013-17, cuja


implementação poderão favorecer amplamente a realização dos objectivos previstos ao
nível nacional no território da Província do Kuanza Norte.

7.12. Comunicação social

7.12.1. O contexto e a lógica das intervenções


A comunicação social neste capítulo deve ser entendida como os meios
de comunicação de massas mais frequentes, isto é, o jornal, a televisão e a rádio. Não
se incluiu o cinema e a internet em virtude destes terem sido tratados aquando da
abordagem da cultura e telecomunicações respectivas. Neste sentido e porque para o
caso concreto da Província os meios de comunicação mais utilizados são
maioritariamente públicos. Assumindo que os meios de comunicação privados quase
que não fazem morada neste espaço territorial e as perspectivas que se vislumbram
circunscrevem-se aos meios públicos.

Portanto, o contexto de desenvolvimento e a lógica das intervenções


devem ser decorrentes das do domínio público e em consequência as políticas públicas
deverão ser nucleares para o desenvolvimento da comunicação social.

Para o efeito, o que se prevê em termos de plano nacional de


desenvolvimento, concorre para a materialização da política que garanta a informação
de natureza plural na perspectiva da consolidação das conquistas em termos de direitos
e garantias de liberdade de expressão no limite dos preceitos do estado democrático e
de direito.

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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

7.12.2. Os programas e os projectos


No sentido da materialização dos grandes objectivos fixados ao nível
nacional, os programas a serem desenvolvidos atendem a necessidade do reforço do
sistema nacional de comunicação social, promoção das parcerias na comunicação social
e melhoria do serviço público de comunicação social. Finalmente, no âmbito da
migração da televisão analógica para a digital, a Província beneficiará da implementação
do programa de televisão digital terrestre.

7.12.3. Condicionantes, condições


favoráveis e pressupostos
As condicionantes ao nível da Província circunscrevem-se na qualidade
dos recursos humanos existentes, entretanto, susceptíveis de serem ultrapassados no
quadro da implementação das acções previstas e em curso pelo programa nacional de
formação de quadros.

7.13. Situação do género

7.13.1. O contexto e a lógica das intervenções


No domínio do género ao nível nacional o que se pretende se baseia na
promoção dos direitos humanos das mulheres e a igualdade de oportunidades e
benefícios entre mulheres e homens. Para a Província, as acções neste domínio
concorrerão para a igualdade de género que signifique igualdade de direitos e
liberdades para a igualdade de oportunidades de participação, reconhecimento e
valorização de mulheres e homens em todos os domínios da sociedade, político,
económico, pessoal e familiar.

Neste sentido, ao nível da Província promover-se-á o acesso aos serviços


sociais e demais direitos, particularmente as mulheres nas comunidades através da
implementação do programa de promoção da mulher rural, programa de apoio as
vítimas de violência. Estes programas serão combinados com outros de natureza
eminentemente económica no âmbito da promoção do empreendedorismo.

7.13.2. Os programas e os projectos


Entre os programas a destacar, releva-se o sobre a estruturação
económica e produtiva das comunidades rurais, desenvolvimento comunitário e apoio
á actividade económica da mulher rural.

159
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

7.13.3. Condicionantes, condições


favoráveis e pressupostos

A problemática do género vem assumindo uma importância estratégia da


parte do executivo em homenagem ao desenvolvimento inclusivo no sentido de
promover a equidade. Portanto, esta assunção política constitui inequivocamente a
condição favorável para que os programas e projectos previstos no quadro deste
domínio se verifiquem. Por outro lado, a população da Província vem demonstrando a
total disponibilidade de atender as iniciativas nos diferentes domínios quer da vida
económica como social tendentes a ultrapassar os problemas existentes em termos do
género.

7.14. Água, Saneamento e Energia

7.14.1.O contexto e a lógica das intervenções


A importância dos sectores integrantes deste domínio é inquestionável
quer do ponto de vista económico como do social. Por um lado, são infraestruturas
requeridas para garantir as condições para o desenvolvimento do sector empresarial e
nesta situação constituem-se num aporte do crescimento económico e do emprego. Por
outro lado, a melhoria das condições sociais da população não é possível se o
desenvolvimento destes sectores.

Portanto, o contexto e lógica correspondem a uma tríade de intervenções


aos diferentes níveis, isto é, sectorial/central, provincial e municipal, no âmbito
respectivamente do PND 2013-17, Plano Provincial e Programas Municipais Integrados
de Desenvolvimento Rural e Combate à Pobreza.

7.14.2 Os programas e os projectos


Como já afirmado no capítulo anterior os programas e projectos são pelo
seu volume de recurso, particularmente de subordinação central/Sectorial em menor
volume de natureza provincial e municipal. Assim, de entre os programas e projectos,
destacam-se: construção da rede de distribuição de energia do município do Dondo,
construção da rede de captação, tratamento distribuição de água em vários municípios,
programa de infraestruturas em vários municípios, construção da linha de fornecimento

160
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

de energia eléctrica no kikulungo, construção da linha de fornecimento de energia


eléctrica em Banga e Bolongongo.

7.14.3.Condicionantes, condições favoráveis e pressupostos

Tendo presente a complexidade e natureza das intervenções dentre as


condicionantes em primeira instância figura a existência de projectos devidamente
estudados e a disponibilidade de recursos humanos quer para realizar o projecto, como
para garantir a manutenção do mesmo na perspectiva da sua sustentabilidade.

7.15. Transportes e Telecomunicações

7.15.1. O contexto e a lógica das intervenções


As intervenções neste domínio são apresentadas no sentido de melhorar
a mobilidade da população e dos bens e serviços na perspectiva de garantir a melhoria
do bem-estar da população. Portanto, o desenvolvimento dos sectores integrantes
deste domínio em muito dependem do estado das estradas, cuja responsabilidade é do
ministério da construção. Assim, o contexto e a lógica de intervenções têm que ser
entroncada com o departamento ministerial responsável pela construção e manutenção
de estradas.

Quanto, aos transportes propriamente dito, importa referir a existência


do plano director com o qual se estabelece as orientações para os diferentes ramos dos
transportes.

Portanto, para além do PND 2013-17, o contexto de intervenções deve


ter me conta as orientações constantes do plano director dos transportes.

7.15.2. Os programas e os projectos

Neste domínio considerável parte dos programas são de subordinação


central/sectorial, com destaque para a implantação do programa de reordenamento do
sistema de transporte da Província.

161
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

7.15.3. Condicionantes, condições


favoráveis e pressupostos

As condicionantes para a melhoria das condições de circulação de


pessoas e bens está circunscrita na implementação plano director dos transportes nas
Províncias em que os vários modos sejam efectivamente interligados, bem como o
estabelecimento de uma política de segurança rodoviária, estabelecendo um conjunto
de regras de transportação condicentes com uma maior segurança.

Acompanhamento, Monitoria e Avaliação

A implementação do presente Plano de Desenvolvimento Provincial no


Kwanza Norte impõe necessariamente o acompanhamento e monitoria permanente
que permitam avaliar os resultados obtidos, bem como identificar os constrangimentos
e propor os ajustamentos requeridos ao mesmo no geral e em particular nos diferentes
programas que o compõem, por forma a torna-los mais eficazes para o alcance dos
objectivos para os quais forma concebidos. Obviamente que, num contexto em que pela
primeira vez no pós-guerra se propõe implementar o instrumento de planeamento em
conformidade com a lei de bases do sistema nacional de planeamento, recentemente
aprovada, resulta incontornável o estabelecimento de mecanismos de colecta de
informação susceptível de permitir o acompanhamento, monitoria e avaliação dos
resultados obtidos.

Portanto, por um lado, com a monitoria pretende-se (i) acompanhar o


progresso das intervenções realizadas, e, (II) acompanhar periodicamente as alterações
no nível de bem-estar da população, através de indicadores quantitativos e qualitativos,
por exemplo decorrentes dos IBEP ou IDR. Por outro lado, com a avaliação se propõe (i)
medir o grau de mudanças do nível do bem-estar, e, (ii) avaliar a eficácia e relevância
das intervenções no âmbito do Plano no processo de melhoria do bem-estar.

O acompanhamento, monitoria e avaliação pressupõe recorrer a um


volume de informação, cuja colecta deve ocorrer de forma permanente e sistemática,
bem como a capacidade de expressar a informação sobre a forma de recomendação e
sugestões quanto as alterações que o processo de implementação requer objectivando
o alcance das metas estabelecidas. Por isso, as direcções/secções a todos os níveis dos

162
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

serviços Províncias e municipais devem recolher a informação sobre a actividade do


governo provincial e administrações municipais sobre a execução do plano no geral e
dos programas em particular com vista a permitir o desejado acompanhamento.

Daí a necessidade de estabelecer um sistema contínuo e abrangente de


informação ao nível provincial e local. Neste sentido, o fortalecimento dos serviços
provinciais e locais que produzem informação é essencial para o acompanhamento dos
indicadores socioeconómicos necessários à análise da evolução do bem-estar da
população.

8. Despesa Pública de Desenvolvimento e seu Financiamento

O financiamento do Plano de Desenvolvimento da Província do Kuanza


Norte será assegurado por fontes de natureza privada e publica. A fonte pública
compreenderá o financiamento dos investimentos públicos de subordinação central,
provincial e municipal, bem como das despesas de apoio ao desenvolvimento. Por isso
a despesa pública de desenvolvimento compreenderá a despesa de investimento
público, que contemplará as intervenções de investimento, independentemente da sua
subordinação e as despesas de apoio ao desenvolvimento necessárias para garantir a
operacionalização de todos os activos da província.

Assim, a despesa pública de desenvolvimento durante o período do


plano alcançará o montante de kz: 249.164.329.262,0 compreendendo 81 % despesas
de subordinação central 19 % despesas de subordinação provincial, - incluindo as de
subordinaçao municipal – e, finalmente cerca de 0,3% as despesas de apoio ao
desenvolvimento. Em média o total das despesas ascenderá o valor de kz
49.832.865.852,0, sendo que a despesa de apoio ao desenvolvimento da província
corresponde em média 0,7% despesa de apoio ao desenvolvimento ao nível nacional.

Por seu lado, a despesa de investimento público, deverá alcançar o valor


de kz: correspondendo em média anualmente o valor de kz: .

163
PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

Por programas, a situação é a que se descreve abaixo, com as


infraestruturas a absorverem o valor global de kz 170.492.444.966,0 em
que a expansão da capacidade de produção, transporte e distribuição de energia
eléctrica corresponde cerca de 41% do total, seguido do programa de investimentos de
infraestruturas integradas com 26,1%, seguido da reabilitação e expansão dos sistemas
urbanos de água e saneamento com 8,2%.

Com menor proporção, destacam-se os programas de requalificação


urbana, reabilitação e construção de infraestruturas rodoviárias, construção de
equipamentos sociais e edifícios públicos, desenvolvimento do ensino primário e
secundário, construção de infraestruturas administrativas e autárquicas e melhoria do
sistema de formação profissional e emprego.

Portanto, as grandes intervenções públicas estão orientadas para a


garantia das infraestruturas indispensáveis ao desenvolvimento do sector privado, em
reconhecimento do papel que lhe está reservado na concretização do processo de
desenvolvimento da província, sem descurar a melhoria da capacitação da mão de obra,
á par do foco na melhoria das condições da administração provincial na perspectiva de
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PLANO DE DESENVOLVIMENTO PROVINCIAL DO CUANZA NORTE 2013-2017 GOVERNO PROVINCIAL

promoção da unidade e coesão social, onde a educação, saúde e saneamento básico não
deixaram de ser privilegiadas

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