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CURSO DE PSICOLOGIA
RECIFE – PE
2023
RESUMO
Chama atenção o desejo dele e de seu irmão de ter apenas uma infância tranquila
e uma família “normal”, Leon usa a rebeldia para chamar a atenção de seus pais. A mãe
por sua vez, vive seus conflitos internos, um casamento fracassado e uma convivência
difícil com constantes brigas e agressões. Na busca por uma vida melhor decide
abandonar a família e ir para a Grécia. Leon tinha a mãe como uma grande amiga, ela
o ajuda em suas mentiras – “É melhor não mentir, mas mentir mal é pior”, e a vandalizar
a vizinhança como se fosse brincadeira. Mesmo diante de um comportamento
inadequado é protegido pela mãe que o conhece muito bem. É difícil esperar que na
fase adulta ele não tenha esse mesmo tipo de comportamento, uma vez que somos os
reflexos daquilo que vivenciamos em nosso meio. Temos a nossa família como base e
quando essa base está desestruturada isso repercute negativamente na vida das
crianças, e Leon é a prova de que uma infância perturbada gera traumas que talvez nem
na fase adulta ele consiga superar.
Leon tem dez anos de idade, muitos problemas e uma imaginação extremamente
fértil. Ele também tem pais que estão sempre brigando, vizinhos perfeitos que passam
o verão na praia e tem que conviver com Lea, uma menina irritante que está sempre
certa. Quando seus pais decidem deixar tudo para trás e começar uma nova vida na
Grécia, Leon decide fazer qualquer coisa para extravasar sua dor. Destruir a casa dos
vizinhos, se tornar um mentiroso profissional e até mesmo se apaixonar por Lea. Juntos,
eles vão crescer aprendendo a superar a dor de serem abandonados.
(https://www.cineplayers.com/filmes/nao-sou-eu-eu-juro).
Isadora de Souza Carvalho
Mas, fica fácil de observar que após realizar todos esses atos raivosos
ele sente um pouco de culpa e acaba ficando com a consciência pesada, e de
uma forma ou de outra tenta consertar o que seu ato ocasionou. Com isso,
consegue-se entender que o que ele quer na realidade é chamar atenção dos
pais, para ele, a única forma de ter um tempo com os pais é fazendo algo de
errado, pois pelo menos assim os pais irão dar atenção (mesmo que seja
castigando, brigando, batendo). Com a consciência pesada e sem saber como
externar suas emoções, já que podemos também observar, que os pais não
sabem lidar com as expressões emocionais dos filhos, ele acaba tentando contra
a própria vida em vários momentos. Uma criança nessa idade, entende que o
morrer é aliviar um sofrimento, mas ela não tem o entendimento que o morrer é
algo irreversível.
Podemos observar sobre a questão dos pais não saberem lidar com as
expressões emocionais deles nem dos filhos, através do irmão mais velho de
Léon, Jerome, que engole suas emoções e sempre acata tudo o que é dito e
feito, numa tentativa de sanar os problemas. Acaba assumindo uma
responsabilidade muito maior do que deveria para sua idade, para cuidar de
Léon, principalmente quando a mãe deles larga toda sua vida em Quebec e vai
para a Grécia. Nesse momento, o sentimento de abandono, rejeição toma conta
da família e Léon por ser o que menos sabe lidar com suas emoções, entra em
uma tristeza profunda e um nível maior de rebeldia.
O filme retrata a história de Leon Doré um garoto de dez anos, que precisa aprender
a enfrentar suas dificuldades, medos e incertezas em meio a um turbilhão de emoções
e acontecimentos. A temática do filme nos traz uma reflexão de problemas já conhecidos
em nossa sociedade e principalmente onde crianças são obrigados a serem '‘grandes’'
diante da vida. Ele convive em um ambiente familiar bastante conturbado, se sente
culpado pela infelicidade de seu irmão e a separação de seus pais que vivem em
constante guerra. Atenta contra a própria vida para “resolver” as questões que o
perturbam e narra todas essas tentativas frustradas - “Estou acostumado a morrer de
tempos em tempos”.
Chama atenção o desejo dele e de seu irmão de ter apenas uma infância tranquila
e uma família “normal”, Leon usa a rebeldia para chamar a atenção de seus pais. A mãe
por sua vez, vive seus conflitos internos, um casamento fracassado e uma convivência
difícil com constantes brigas e agressões. Na busca por uma vida melhor decide
abandonar a família e ir para a Grécia. Leon tinha a mãe como uma grande amiga, ela
o ajuda em suas mentiras – “É melhor não mentir, mas mentir mal é pior”, e a vandalizar
a vizinhança como se fosse brincadeira. Mesmo diante de um comportamento
inadequado é protegido pela mãe que o conhece muito bem. É difícil esperar que na
fase adulta ele não tenha esse mesmo tipo de comportamento, uma vez que somos os
reflexos daquilo que vivenciamos em nosso meio. Temos a nossa família como base e
quando essa base está desestruturada isso repercute negativamente na vida das
crianças, e Leon é a prova de que uma infância perturbada gera traumas que talvez nem
na fase adulta ele consiga superar.
Na ausência de seus vizinhos invade a casa dos mesmos e sai destruindo tudo por
onde passa, Leon e Jerome são os que mais sofrem com as constantes brigas e
agressões na qual presenciam e agora precisam aprender a lidar com a ausência da
mãe e é em meio a esses conflitos que Leon e sua vizinha Léa embarcam na aventura
de comprar uma passagem de avião e ir em busca de seus objetivos. Léa que também
se sente rejeitada só espera encontrar o pai, uma tentativa de suprir a ausência paterna
e fugir das constantes agressões que recebe de seu tio com o único desejo de poder
ser apenas criança. Cada um aprendendo a lidar sozinho com seus medos, traumas e
sensação de abono a partir disso resolvem roubar a casa do vizinho e fugir nessa
aventura.
Aos cuidados do pai, Leon e seu irmão tentam manter uma vida “normal”, mas
as lacunas vazias que a ausência de uma família bem estruturada pode causar na vida
de uma criança repercute nas suas atitudes. Nas tentativas de fugir das punições após
os seus erros, ele tenta o suicídio toda vez que precisa enfrentar as consequências de
seus erros, muitas vezes os pais estão tão mergulhados em seus próprios problemas
que não conseguem enxergar seus filhos como deveriam a exemplo dos óculos feito por
seu pai e que não passou de mais uma mentira inventada por ele para encobrir mais
uma de suas travessuras.
Após fugirem sozinhos, são descobertos por seus familiares e obrigados a se
afastar, o pai de Leon o leva a todos os lugares que frequenta e relata todos os erros
cometidos por ele como uma forma de punição. E só após as férias escolares ele e Léa
se reencontram na escola. Eles sentem falta um do outro, mas Léa resiste nessa
aproximação. Após a visita de uma amiga de sua mãe Leon e seu irmão descobrem que
seu pai proibiu o contato deles e isso gera ainda mais revolta, desiludido com ausência
de sua mãe e a rejeição de seu primeiro amor, ele tenta o suicídio mais uma vez na
tentativa de resolver o “problema” de todos afinal ele se considera um problema.
Para ele - “em tempos de desespero, medidas desesperadas”. A tentativa fracassa
e ele continua na espera de que sua mãe um dia voltará. Sendo assim ele conclui que -
“a vida não é feita para mim, mas eu pareço ter sido feito para a vida”. Fica a reflexão
de que uma boa estrutura familiar faz toda diferença.
REFERÊNCIAS
C'EST pas moi, je le jure! (Não Sou Eu! Eu Juro!) Direção: Phellipe Falardeau.
Autor: Bruno Hebert. Canadá: Christal Films, 2008. 1 DVD (110 min);