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FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS – ESUDA

CURSO DE PSICOLOGIA

DISCIPLINA: PSICOLOGIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

PROFESSORA: FRANCINE CAVALCANTI

ISADORA DE SOUZA CARVALHO

PAULA FRANCINE RODRIGUES

ATIVIDADE – RESENHA CRÍTICA

Filme: C’est pas moi, je le jure! (Não sou eu, eu juro”)

RECIFE – PE

2023
RESUMO

Com o passar do filme e a criação de percepções diante das situações


apresentadas, podemos observar sobre a questão dos pais não saberem lidar com as
expressões emocionais deles nem dos filhos, através do irmão mais velho de Léon,
Jerome, que engole suas emoções e sempre acata tudo o que é dito e feito, numa
tentativa de sanar os problemas. Acaba assumindo uma responsabilidade muito maior
do que deveria para sua idade, para cuidar de Léon, principalmente quando a mãe deles
larga toda sua vida em Quebec e vai para a Grécia. Nesse momento, o sentimento de
abandono, rejeição toma conta da família e Léon por ser o que menos sabe lidar com
suas emoções, entra em uma tristeza profunda e um nível maior de rebeldia. O mais
interessante do enredo desse filme, é que não existem vilões, o que cada personagem
quer é viver de uma forma mais leve e melhor diante dos seus pontos de vista, crenças
e limitações, mas a busca do resultado é um só: a felicidade.

Chama atenção o desejo dele e de seu irmão de ter apenas uma infância tranquila
e uma família “normal”, Leon usa a rebeldia para chamar a atenção de seus pais. A mãe
por sua vez, vive seus conflitos internos, um casamento fracassado e uma convivência
difícil com constantes brigas e agressões. Na busca por uma vida melhor decide
abandonar a família e ir para a Grécia. Leon tinha a mãe como uma grande amiga, ela
o ajuda em suas mentiras – “É melhor não mentir, mas mentir mal é pior”, e a vandalizar
a vizinhança como se fosse brincadeira. Mesmo diante de um comportamento
inadequado é protegido pela mãe que o conhece muito bem. É difícil esperar que na
fase adulta ele não tenha esse mesmo tipo de comportamento, uma vez que somos os
reflexos daquilo que vivenciamos em nosso meio. Temos a nossa família como base e
quando essa base está desestruturada isso repercute negativamente na vida das
crianças, e Leon é a prova de que uma infância perturbada gera traumas que talvez nem
na fase adulta ele consiga superar.

Sinopse: O ano de 1968 marca uma virada na vida


do menino Léon Doré, de dez anos de idade. Sua falsa
tentativa de suicídio, por enforcamento, fracassa por um
fio. Pouco depois, sua mãe neurastênica, que se sente
sufocada pelo marido, vai morar na Grécia, deixando seus
dois filhos com o pai. Enquanto o irmão mais velho cultiva
um rancor surdo, Léon pilha e faz uma bagunça danada na
casa dos vizinhos que viajaram de férias, finge ter um
problema na vista para justificar as péssimas notas no
colégio, arma tramoias, manipula, faz seu pai e todos de
bobos. Menos Léa, a jovem vizinha que percebe tudo e
que, tendo ela própria contas a acertar com a vida, irá
ajudar Léon a roubar o dinheiro para comprar uma
passagem de avião para a Grécia.

Leon tem dez anos de idade, muitos problemas e uma imaginação extremamente
fértil. Ele também tem pais que estão sempre brigando, vizinhos perfeitos que passam
o verão na praia e tem que conviver com Lea, uma menina irritante que está sempre
certa. Quando seus pais decidem deixar tudo para trás e começar uma nova vida na
Grécia, Leon decide fazer qualquer coisa para extravasar sua dor. Destruir a casa dos
vizinhos, se tornar um mentiroso profissional e até mesmo se apaixonar por Lea. Juntos,
eles vão crescer aprendendo a superar a dor de serem abandonados.
(https://www.cineplayers.com/filmes/nao-sou-eu-eu-juro).
Isadora de Souza Carvalho

O filme descreve a vida e as incertezas de Léon Doré, uma criança de 10


(dez) anos de idade que está lidando com diversos problemas e usa sua
imaginação como fuga e local de segurança, explanando assim variados temas
como depressão, rejeição, primeiro amor, abuso sexual, violência física e mental,
suicídio e submissão.

No primeiro momento do filme, somos surpreendidos com uma tentativa


de suicídio do pequeno Léon, onde após ser salvo pela seu irmão mais velho e
sua mãe, ele demonstra entendimento de sua complexidade e consciência do
mundo ao redor quando fala que: “foi uma tentativa acidental de suicídio”. A
família de Léon encontra muitos problemas de convivência com a vizinhança
“normal”, principalmente pelo fato de que o casamento de seus pais mostra
desde o início que passa por uma constante turbulência devido as brigas que
são explícitas.

Por se sentir completamente esquisito, ele se sente isolado e


incompreendido e utiliza a sua raiva e maldade como válvula de escape, e pune
todos aqueles que o machucam. Podemos comprovar isso, quando após ser
afrontado por seus vizinhos quando estavam saindo de férias em família, Léon
em um surto de raiva e vingança invade a casa deles, quebra as coisas, rouba
dinheiro e ainda joga ovos no telhado da casa da vizinha.

Mas, fica fácil de observar que após realizar todos esses atos raivosos
ele sente um pouco de culpa e acaba ficando com a consciência pesada, e de
uma forma ou de outra tenta consertar o que seu ato ocasionou. Com isso,
consegue-se entender que o que ele quer na realidade é chamar atenção dos
pais, para ele, a única forma de ter um tempo com os pais é fazendo algo de
errado, pois pelo menos assim os pais irão dar atenção (mesmo que seja
castigando, brigando, batendo). Com a consciência pesada e sem saber como
externar suas emoções, já que podemos também observar, que os pais não
sabem lidar com as expressões emocionais dos filhos, ele acaba tentando contra
a própria vida em vários momentos. Uma criança nessa idade, entende que o
morrer é aliviar um sofrimento, mas ela não tem o entendimento que o morrer é
algo irreversível.

Podemos observar sobre a questão dos pais não saberem lidar com as
expressões emocionais deles nem dos filhos, através do irmão mais velho de
Léon, Jerome, que engole suas emoções e sempre acata tudo o que é dito e
feito, numa tentativa de sanar os problemas. Acaba assumindo uma
responsabilidade muito maior do que deveria para sua idade, para cuidar de
Léon, principalmente quando a mãe deles larga toda sua vida em Quebec e vai
para a Grécia. Nesse momento, o sentimento de abandono, rejeição toma conta
da família e Léon por ser o que menos sabe lidar com suas emoções, entra em
uma tristeza profunda e um nível maior de rebeldia.

Com a ausência da mãe a tristeza de Léon e sua sensação constante de


não pertencimento ao contexto familiar e social, as tentativas inconscientes de
se libertar dessa dor acabam atrapalhando a caminho daqueles que o amam.
Nesse momento, como espectador, começamos a nos questionar quantas vezes
deixamos de enxergar um pedido de ajuda claro e constante, e abandonamos
alguém por jugarmos ser falta de educação, rebeldia, falta de castigo ou até
mesmo o para chamar atenção. Léon simplesmente expressava a sua dor, da
forma como ele havia conseguido entender.

No meio do furacão ele descobre o amor e todas as suas alegrias com


Léa, que assim como ele é rejeitada pela vizinhança. Com o passar da trama
ficamos comovidos em entender que Léa é uma criança que não sabe brincar
(cena emocionante no momento em que ela entra em um quarto com muitas
Barbies) pois teve seu direito de infância interrompido. Léa foi abandonada pelo
pai e sofre agressões do seu tio, e encontrou em Léon um fuga para seus mais
dolorosos problemas.

O interessante do enredo desse filme, é que não existem vilões, o que


cada personagem quer é viver de uma forma mais leve e melhor diante dos seus
pontos de vista, crenças e limitações, mas a busca do resultado é um só: a
felicidade. O filme nos leva a um universo repleto de questionamentos sobre nós
mesmos e sobre nossa visão de mundo, nos faz pensar e sentir por diversos
ângulos. Passeamos entre sentimentos de pena, indignação, raiva,
questionamentos e pensamentos do que faríamos se estivéssemos no lugar de
cada um dos personagens, mas o que nos intriga é que nem nós conseguimos
encontrar essa resposta, não conseguimos de fato entender as diversas reações
que oscilam em uma velocidade surpreendente.

Mas, o Léon nos deixa uma reflexão extremamente importante, que em


algum momento já pensamos ou pensaremos: “A vida não é feita pra mim, mas
eu pareço ter sido feito pra vida”.
Paula Francine Rodrigues

O filme retrata a história de Leon Doré um garoto de dez anos, que precisa aprender
a enfrentar suas dificuldades, medos e incertezas em meio a um turbilhão de emoções
e acontecimentos. A temática do filme nos traz uma reflexão de problemas já conhecidos
em nossa sociedade e principalmente onde crianças são obrigados a serem '‘grandes’'
diante da vida. Ele convive em um ambiente familiar bastante conturbado, se sente
culpado pela infelicidade de seu irmão e a separação de seus pais que vivem em
constante guerra. Atenta contra a própria vida para “resolver” as questões que o
perturbam e narra todas essas tentativas frustradas - “Estou acostumado a morrer de
tempos em tempos”.
Chama atenção o desejo dele e de seu irmão de ter apenas uma infância tranquila
e uma família “normal”, Leon usa a rebeldia para chamar a atenção de seus pais. A mãe
por sua vez, vive seus conflitos internos, um casamento fracassado e uma convivência
difícil com constantes brigas e agressões. Na busca por uma vida melhor decide
abandonar a família e ir para a Grécia. Leon tinha a mãe como uma grande amiga, ela
o ajuda em suas mentiras – “É melhor não mentir, mas mentir mal é pior”, e a vandalizar
a vizinhança como se fosse brincadeira. Mesmo diante de um comportamento
inadequado é protegido pela mãe que o conhece muito bem. É difícil esperar que na
fase adulta ele não tenha esse mesmo tipo de comportamento, uma vez que somos os
reflexos daquilo que vivenciamos em nosso meio. Temos a nossa família como base e
quando essa base está desestruturada isso repercute negativamente na vida das
crianças, e Leon é a prova de que uma infância perturbada gera traumas que talvez nem
na fase adulta ele consiga superar.
Na ausência de seus vizinhos invade a casa dos mesmos e sai destruindo tudo por
onde passa, Leon e Jerome são os que mais sofrem com as constantes brigas e
agressões na qual presenciam e agora precisam aprender a lidar com a ausência da
mãe e é em meio a esses conflitos que Leon e sua vizinha Léa embarcam na aventura
de comprar uma passagem de avião e ir em busca de seus objetivos. Léa que também
se sente rejeitada só espera encontrar o pai, uma tentativa de suprir a ausência paterna
e fugir das constantes agressões que recebe de seu tio com o único desejo de poder
ser apenas criança. Cada um aprendendo a lidar sozinho com seus medos, traumas e
sensação de abono a partir disso resolvem roubar a casa do vizinho e fugir nessa
aventura.
Aos cuidados do pai, Leon e seu irmão tentam manter uma vida “normal”, mas
as lacunas vazias que a ausência de uma família bem estruturada pode causar na vida
de uma criança repercute nas suas atitudes. Nas tentativas de fugir das punições após
os seus erros, ele tenta o suicídio toda vez que precisa enfrentar as consequências de
seus erros, muitas vezes os pais estão tão mergulhados em seus próprios problemas
que não conseguem enxergar seus filhos como deveriam a exemplo dos óculos feito por
seu pai e que não passou de mais uma mentira inventada por ele para encobrir mais
uma de suas travessuras.
Após fugirem sozinhos, são descobertos por seus familiares e obrigados a se
afastar, o pai de Leon o leva a todos os lugares que frequenta e relata todos os erros
cometidos por ele como uma forma de punição. E só após as férias escolares ele e Léa
se reencontram na escola. Eles sentem falta um do outro, mas Léa resiste nessa
aproximação. Após a visita de uma amiga de sua mãe Leon e seu irmão descobrem que
seu pai proibiu o contato deles e isso gera ainda mais revolta, desiludido com ausência
de sua mãe e a rejeição de seu primeiro amor, ele tenta o suicídio mais uma vez na
tentativa de resolver o “problema” de todos afinal ele se considera um problema.
Para ele - “em tempos de desespero, medidas desesperadas”. A tentativa fracassa
e ele continua na espera de que sua mãe um dia voltará. Sendo assim ele conclui que -
“a vida não é feita para mim, mas eu pareço ter sido feito para a vida”. Fica a reflexão
de que uma boa estrutura familiar faz toda diferença.
REFERÊNCIAS

 C'EST pas moi, je le jure! (Não Sou Eu! Eu Juro!) Direção: Phellipe Falardeau.
Autor: Bruno Hebert. Canadá: Christal Films, 2008. 1 DVD (110 min);

 https://www.cineplayers.com/filmes/nao-sou-eu-eu-juro (21/04/2023 às 16h05).

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