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Atividade 5- Resenha do filme Meu Pai

Onara Luiza Paulon Marques Pereira


TIA:31919448
Turma: 06L11

O filme “Meu Pai” (2020) dirigido por Florian Zeller e estrelado por Anthony Hopkins e
Olivia Colman conta a história de uma mulher que está tentando garantir os cuidados
necessários para seu pai idoso enquanto se prepara para mudar para Paris. O filme é
contado sob o olhar do senhor acerca dessa mudança na sua vida e como o Alzheimer o
afeta diariamente. Por conta da escolha de perspectiva, o espectador é convidado a
acompanhar a confusão mental que acomete Anthony ao mostrar cenas aparentemente
desconexas, repetitivas, com mudanças de cronologia e personagens repentinas.
Esses sinais se tornam cada vez mais forte ao longo do filme, ainda que os sintomas de
confusão e esquecimento apareçam desde o início principalmente com a fixação do senhor
de que seu relógio teria sido roubado por alguém que esteja dentro de seu apartamento,
usando disso como motivo para afastar todos os cuidadores que sua filha contrata para
cuidar dele. No entanto, seu relógio sempre se encontra no mesmo lugar, embaixo da pia
do banheiro, onde ele sempre é escondido justamente para não ser roubado, ainda que
minutos depois Anthony se esqueça deste detalhe e comece a acusar pessoas.
Outros sintomas presentes são os momentos de extrema irritabilidade e agressividade toda
vez que Anthony se sente ameaçado ou diminuído por conta de sua doença, como quando
uma das enfermeiras tenta dar seus remédios e ele se sente sendo tratado como criança e
consequentemente recusa a medicação e é grosseiro com a mulher. Ao mesmo tempo que
uma agressividade é evocada, vê-se momentos de fragilidade e vulnerabilidade do
protagonista, principalmente quando presente e passado se misturam, ou quando algumas
sequências de acontecimentos se repetem de formas diferentes.
Anne, sua filha sofre durante toda a trama para conseguir garantir que seu pai seja cuidado
tão bem quanto ela o cuida, porém, sem que ele precise ir para um asilo ainda que para
seu parceiro, essa seja a solução mais fácil e efetiva. A mulher não desiste do pai, ainda
que ele a trate com hostilidade e a inferioriza para enaltecer sua outra filha, que faleceu
anos antes, e da qual não se lembra da morte. Seu parceiro, ao contrário, não tem paciência
ou empatia com o sogro, sempre o destratando e o colocando como um peso e um
empecilho para seguir em frente com Anne em Paris, algumas cenas enunciam muito bem
esse comportamento como no momento do jantar em que ele briga com Anne ou quando
ele supostamente agride o mais velho.
Apesar de mostrar filha e pai indo a consultas médicas, não há um diagnóstico
explicitamente dito pela médica ou qualquer outro personagem, deixando para que o foco
seja a exploração da mente do idoso e como ele está vivendo e enxergando sua vida
naquele momento, humanizando o enredo e deixando a parte médica e patológica em
segundo plano. Essa escolha do diretor também fica evidente quando não a nomeação dos
medicamentos tomados por Anthony, ele apenas os ingere quando lhe são dados.
O final do filme surpreende ao mostrar que seu destino foi de fato uma casa de repouso e
que alguns dos personagens que apareciam e desapareciam das cenas, eram na verdade
os funcionários que lá trabalhavam e por isso passa a impressão de que Anthony viveu todo
o enredo do filme enquanto estava no seu quarto do asilo, e essa realização por parte do
personagem foi momento de maior esgotamento mental, ao ponto de sentar-se em sua
cama e chorar por não conseguir lidar com tamanha desorganização psíquica. Com esse
fechamento, “Meu Pai” se consagra com um dos filmes mais fiéis e bem construído acerca
do tema, fazendo com que a ligação espectador-personagem seja tão forte a ponto de
sentirmos tudo que ele sente.

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