Universidade da Beira Interior

Departamento de Comunicação, Filosofia e Política

Mestrado em Comunicação Estratégica
Docente: David G. Santos
Discente: Elyde Silva Cerqueira

Streaming, entretenimento e o futuro da televisão

Resumo

Com o presente trabalho pretende-se, a partir do texto retirado do portal de notícias

SAPO, compreender as mudanças no hábito de consumo da televisão. O autor, Phillip
Martinho Luís, ao abordar o tema, destaca que os principais fatores que causam as mudanças
no consumo da televisão são os surgimentos de novos streamings que reformulam os
apadroes de consumo. Luís, afirma também, que apesar de os consumidores optarem pelos
streamings, não é possível prever se a televisão sumirá, no entanto, é importante que a
televisão se adapte para evitar que um dia desapareça.

Introdução

A televisão tem sido uma parte central do cenário da mídia por mais de 70 anos e
continua sendo uma importante fonte de entretenimento e informação para milhões de
pessoas em todo o mundo. No entanto, com o avanço da tecnologia, a maneira como as
pessoas consomem mídia mudou e a televisão enfrenta uma concorrência crescente de
serviços de streaming, mídia social e outras plataformas online. Para permanecer relevante e
evitar o desaparecimento, a televisão precisa se adaptar e evoluir para atender às necessidades
e preferências de seu público.

Uma das principais razões pelas quais a televisão precisa se adaptar é que ela enfrenta
a concorrência de outras formas de mídia que oferecem experiências de visualização mais
convenientes e personalizadas. Serviços de streaming como Netflix, Hulu e Amazon Prime
permitem que os espectadores assistam a seus programas e filmes favoritos sob demanda e
personalizem sua experiência de visualização criando perfis e listas de reprodução
personalizados. Plataformas de mídia social como YouTube, Facebook e TikTok oferecem
conteúdo de vídeo curto que é fácil de consumir em qualquer lugar e que pode ser
compartilhado e discutido com amigos e seguidores. Para se manter competitiva, a televisão
precisa oferecer opções de visualização igualmente convenientes e personalizadas, como
streaming sob demanda, recomendações personalizadas e recursos interativos como votação
ou comentários ao vivo.

Outra razão pela qual a televisão precisa se adaptar é que ela precisa acompanhar as
mudanças nas preferências e expectativas de seu público. Os espectadores mais jovens, em
particular, estão acostumados a consumir mídia em seus próprios termos e esperam poder
assistir o que quiserem, quando quiserem e nos dispositivos de sua escolha. A televisão
precisa oferecer uma ampla gama de conteúdo que atraia diferentes faixas etárias e interesses,
e disponibilizá-lo em uma variedade de plataformas, incluindo transmissão tradicional, cabo,
satélite e streaming. A televisão também precisa adotar novas tecnologias, como realidade
virtual e aumentada, que têm o potencial de criar experiências de visualização imersivas e
interativas que vão além da tela tradicional.

Em conclusão, a televisão é uma parte importante e duradoura do cenário da mídia,

mas precisa se adaptar para permanecer relevante e competitiva em um ambiente de mídia
cada vez mais digital e diversificado. Ao oferecer opções de visualização convenientes,
personalizadas e inovadoras, a televisão pode continuar a ser uma fonte vital de
entretenimento e informação para audiências de todas as idades e interesses.

Pontos centrais do texto em estudo

● A indústria da televisão está enfrentando desafios significativos à medida que se

adapta ao cenário de mídia em constante mudança e às novas tecnologias.

● Os clientes se deparam com uma ampla gama de serviços de streaming e canais

premium, podendo alternar entre dispositivos e serviços para acessar o conteúdo que
desejam.

● Os provedores de serviços ainda não descobriram a fórmula certa para fornecer uma
experiência consistente e personalizada.

● O desenvolvimento de uma plataforma agregadora de conteúdo que os consumidores

estejam dispostos a pagar e a monetização de novas oportunidades de negócios, como
a publicidade personalizada, são caminhos potenciais a serem explorados pelo setor.

● É incerto como será o futuro da televisão, mas é provável que todos os formatos
precisem coexistir e que as operadoras de telecomunicações precisem se adaptar e
fazer uso de tecnologias inovadoras para se manterem competitivas.

Revisão de literatura sobre o tema

No artigo científico "A 'televisão do futuro'? Netflix, qualidade e neofilia no debate

sobre TV" os autores destacam que a preocupação com o futuro da televisão é discutido bem
antes mesmo da ascensão dos streamings, no entanto, considerando os mais recentes avanços
tecnológicos que possibilitaram o consumo de conteúdos com distribuição sob demanda de
modelo único, isso é, quando todos os episódios são disponibilizados de uma só vez, a Netflix
(que pode-se estender a outros streamings), por exemplo, rapidamente se estabeleceu como
um dos principais meios de consumo de entretimento.

[...]Mas não é de agora que a televisão está marcada para morrer. A mesma ânsia
por mudanças e revoluções no meio televisivo também pode ser encontrada na
 vontade por determinar o seu fim. Boa parte das fabulações em torno do esgotamento
da televisão esteve centrada em uma possível disputa de popularidade e audiência
com a internet. Em 2015, a versão digital de El País estampava a manchete “A TV
será substituída pela internet assim como o celular fez com o fixo” (Sandoval, 2015),
com aspas atribuídas ao diretor da Netflix, Reed Hastings. Embora nesse caso
possamos argumentar que o executivo estava advogando em causa própria, esse
discurso aparece disseminado em muitos textos da mídia a respeito da introdução de
novas tecnologias de acesso.

O autor afirma que apesar dos persistentes rumores e previsões de seu fim, a televisão
não deve morrer tão cedo. Embora seja verdade que o meio televisivo enfrentou desafios e
interrupções decorrentes do surgimento da Internet e de outras tecnologias digitais, também
demonstrou uma notável capacidade de adaptação e evolução em resposta a essas mudanças.

Uma das razões pelas quais a televisão conseguiu permanecer relevante e popular,
apesar da ascensão da internet, é que ela oferece uma experiência de visualização única e
imersiva que não pode ser reproduzida online. Programas de televisão e filmes geralmente
são projetados para serem assistidos em uma tela grande, com valores de produção visual e de
áudio de alta qualidade que não podem ser totalmente apreciados em uma tela pequena de
telefone ou computador. A televisão também oferece um senso de comunidade e experiência
compartilhada, pois as pessoas podem assistir a programas e eventos juntos e discuti-los com
amigos e familiares. Esse aspecto social da televisão é algo que não pode ser facilmente
replicado online, onde as pessoas são mais propensas a ficarem isoladas e desconectadas
umas das outras.

Outra razão pela qual a televisão conseguiu sobreviver e prosperar apesar dos desafios
impostos pela internet é que ela adotou novas tecnologias e plataformas para alcançar e
envolver o público de novas maneiras. Muitas redes e estúdios de televisão agora oferecem
plataformas e aplicativos de streaming que permitem aos espectadores assistir a seus
programas e filmes favoritos sob demanda e acessar conteúdo bônus exclusivo e recursos
interativos. A televisão também adotou novas tecnologias como realidade virtual e
aumentada, que têm o potencial de criar experiências de visualização imersivas e interativas
que vão além da tela tradicional.

Embora seja verdade que o meio televisivo enfrentou desafios e interrupções com o
surgimento da Internet e de outras tecnologias digitais, ele não deve morrer tão cedo. A
televisão demonstrou uma capacidade notável de se adaptar e evoluir em resposta a essas
mudanças e continua a oferecer uma experiência de visualização única e envolvente que não
pode ser totalmente reproduzida online. Enquanto a televisão continuar a oferecer conteúdo
atraente e relevante e a adotar novas tecnologias e plataformas, ela continuará sendo uma
parte vital e importante do cenário da mídia.

É possível ver esta mudança em algumas emissoras, que além de distribuírem os seus
conteúdos na televisão também os distribuem por aplicativos, assim, o telespectador
consegue acompanhar os programas onde ele for e com qualquer aparelho com acesso a
internet.

Já para João Dall'ara, em seu texto "Crescimento do streaming modifica o consumo de

produções audiovisuais", escrito para o jornal da USP, destaca que os streamings foram os
responsáveis pelo declínio do consumo dos DVDs. O que antes era um ritual, ir à locadora,
escolher um filme e levar para casa, hoje se resume a ligar o aparelho conectado ao streaming
e em poucos minutos escolher o filme a já assistir. Isso representa mais um fato que pode
servir como aguento para que a televisão siga para o declínio também já que o streaming
pode dar liberdade e autonomia, que a televisão não consegue, é o que afirma Rubens
Rewald:

[...]“Foi também ocupando o consumo em relação às TVs de acesso aberto e

fechado, porque, com o streaming, você pode assistir ao produto a hora que você
quiser, já nas TVs, você é um pouco sujeito à grade, ao horário que as emissoras
decidem passar. Então isso, para gerações mais novas, foi determinante”

O que reforça também a necessidade de transformação, são as novas gerações que

segundo o artigo "As novas formas de consumo audiovisual: os hábitos televisivos dos
portugueses", Os portugueses estão a passar um período de mudança no consumo
audiovisual, com uma crescente migração do tradicional para o digital. Ainda sobre o artigo,
algo que se caracteriza no consumo, é que a maioria tende a optar por múltiplos ecrãs para ter
mais acesso aos conteúdos.

[...] A melhoria dos canais de comunicação e a Revolução Digital permitiram que os

meios de difusão de conteúdos audiovisuais migrassem por vários canais, uma vez
que agora é possível termos acesso a conteúdos informativos ou não, através de
variados aparelhos, por exemplo, como o computador ou o smartphone – os
múltiplos ecrãs. Esta facilidade na acessibilidade aos conteúdos, nomeadamente, aos
conteúdos audiovisuais, trouxe consigo uma alteração nos hábitos de consumo
audiovisual e na forma de visionamento desses mesmos conteúdos.

Phillip afirma que: [...]”Sabemos que o digital veio revolucionar várias áreas da nossa
vida, mas o caso da televisão é um dos melhores exemplos onde essas mudanças se têm vindo
a verificar de forma mais acentuada ao longo do tempo.”

Isso quer dizer que A tecnologia digital teve um impacto significativo na indústria da
televisão e revolucionou a maneira como o conteúdo da televisão é produzido, distribuído e
consumido. Algumas das maneiras pelas quais a tecnologia digital transformou a indústria da
televisão incluem produção, distribuição e consumo.

À medida que a indústria da televisão continua a evoluir e se adaptar ao cenário de

mídia em constante mudança, há uma oportunidade para o desenvolvimento de uma
Plataforma Agregadora de Conteúdo pela qual os consumidores estarão dispostos a pagar.
Esta plataforma pode oferecer uma gama de recursos e benefícios adaptados às preferências e
necessidades de seu público, incluindo uma ampla seleção de conteúdo de alta qualidade,
recomendações personalizadas e navegação conveniente e intuitiva.

Ao conhecer o perfil de seus usuários e o que eles preferem consumir, tal plataforma
também poderia monetizar novas oportunidades de negócios, como a publicidade
personalizada. Ao segmentar anúncios para segmentos de usuários específicos com base em
seus interesses e comportamentos, a plataforma pode fornecer aos anunciantes uma maneira
mais eficaz e eficiente de atingir o público-alvo desejado, além de gerar receita adicional para
a plataforma.

No geral, o futuro da televisão está cheio de possibilidades e é emocionante

considerar as várias maneiras pelas quais esse formato pode continuar a evoluir e se adaptar
ao cenário de mídia em constante mudança. Seja pelo desenvolvimento de novas tecnologias,
pela adoção de novos modelos de negócios ou pela criação de experiências de visualização
inovadoras e personalizadas, não há dúvida de que a jornada à frente será emocionante.

Argumentos que podem servir como objeção ao argumento

Os argumentos a seguir, retirados do texto em estudo, podem servir como objeção de que o
streaming ameaça o consumo da televisão,

● [...]“É provável que os consumidores se questionem "Como escolher?", “O que

escolher?” ou “Porque é que é tão difícil escolher?”. Isso porque com o volume de
conteúdo as pessoas tendem a se sentirem frustradas em não saber qual escolher.

● [...]“Sejamos francos: nunca se pagou tanto pelo conteúdo. No entanto, os

fornecedores de serviços ainda não descobriram a fórmula certa para proporcionar
uma experiência consistente e verdadeiramente personalizada.” Ou seja, Está a ficar
cada vez mais caro consumir streaming.

● Apesar da preferência pelos streamings, há um sentimento no consumidor, causado

por muitas opções, ele sente-se pressionado e acabam não sabendo o que escolher.
Este fator pode ser um ponto a ser considerado pela televisão, pois o consumidor, não
precisa se preocupar com o próximo conteúdo a ser assistido.

Premissas

1- É importante que a televisão se adapte para evitar que um dia desapareça.

2- O uso dos streaming não significa o desuso da televisão, porque ainda há pessoas que
consomem e ainda se tratam de meios de entretenimento diferentes.
3- A televisão e os streamings podem conviver no mesmo espaço, a existência de um não
anula a existência do outro.

4- A gerações mais novas consomem menos televisão.

5- O streaming oferece mais liberdade para consumir entretenimento do que a televisão.

6- O consumidor não se importa em pagar mais se o serviço prestado e a experiência forem

ajustados às suas preferências e exigências de qualidade

7- Todo tipo de tecnologia tende a se tornar obsoleto.

Mapa de premissas

2
6
3 7
1

Conclusão

Concluindo, a indústria da televisão está enfrentando desafios significativos à medida

que se adapta ao cenário de mídia em constante mudança e às novas tecnologias. Os clientes
têm uma ampla gama de serviços de streaming e canais premium para escolher e podem
alternar entre dispositivos e serviços para acessar o conteúdo que desejam.

Os provedores de serviços ainda não descobriram a fórmula certa para fornecer uma
experiência consistente e personalizada. Embora seja incerto como será o futuro da televisão,
é provável que todos os formatos precisem coexistir e que as operadoras de telecomunicações
precisem se adaptar e fazer uso de tecnologias inovadoras para se manterem competitivas. O
desenvolvimento de uma plataforma agregadora de conteúdo pela qual os consumidores estão
dispostos a pagar e a monetização de novas oportunidades de negócios, como publicidade
personalizada, são caminhos potenciais a serem explorados pelo setor. Apesar das rápidas
mudanças no consumo de vídeo e TV, a evolução da televisão promete ser uma jornada
empolgante.

Bibliografia

Luís, P. (2023, Janeiro 02). Streaming, entretenimento e o futuro da televisão. [Blog post].
Retirado de https://tek.sapo.pt/opiniao/artigos/opiniao-streaming-entretenimento-e-o-futuro-
da-televisao

Rewald, R. (2023, Janeiro 02) Crescimento do streaming modifica o consumo de produções

audiovisuais [Blog post]. Retirado de https://jornal.usp.br/atualidades/crescimento-do-
streaming-modifica-o-consumo-de-producoes-audiovisuais/

Castellano, M., & Meimaridis, M. (2021). A “televisão do futuro”? Netflix, qualidade e

neofilia no debate sobre TV. MATRIZes, 15(1), 195-222. https://doi.org/10.11606/issn.1982-
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Magalhães Rodrigues, T. (2022). A Sociologia e seus dilemas digitais: as relações sociais

entre a Televisão e a Internet. Pensata, 11(1).
https://doi.org/10.34024/pensata.2022.v11.13913

Ussene, B. M. C. (2021). As novas formas de consumo audiovisual: Os hábitos televisivos

dos Portugueses [Dissertação de mestrado, Iscte - Instituto Universitário de Lisboa].
Repositório do Iscte. http://hdl.handle.net/10071/24345