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Recomendações para Dimensionamento de Lajes com Nervuradas

Inclinadas
Recommendations for Design of Leaning Waffles Slabs

Aldecira Gadelha Diogenes (1); Carlos Alberto Ibiapina e Silva Filho (2); Valter de Oliveira Bastos
(3); Ligyane de Abreu Barreto (4); Joaquim Antônio Caracas Nogueira (5)

(1) Mestrado em Engenharia Civil, UFC/Protensão Impacto


(2, 4, 5) Graduado em Engenharia Civil, UFC/ Protensão Impacto
(3) Graduado em Engenharia Civil, Universidade de Fortaleza/ Protensão Impacto
caibiapina@gmail.com; aldeciragd@yahoo.com.br; valter.impacto@gmail.com; ligyane.impacto@gmail.com;
joaquimcaracas@gmail.com

Resumo
Como o sistema de lajes com nervuras inclinadas é uma solução até então inviável de realização, pois a
utilização de formas convencionais impossibilita a sua execução e também talvez por deficiência de estudos
avançados e softwares apropriados para a verificação e o dimensionamento de estruturas de concreto.
Assim, neste trabalho foi desenvolvida uma metodologia de cálculo para a verificação e o dimensionamento
de lajes com nervuras inclinadas, chamada de sistema tridirecional, pois a armação está distribuída em três
direções. Baseando-se nas ferramentas de cálculo computacionais disponíveis para os calculistas e adotou-
se pelo o programa computacional CAD/TQS, apesar desse não contemplam este sistema como uma das
opções de lajes disponíveis em seu catálogo padrão, mas para a verificação do sistema tridirecional de lajes
nervuradas utilizou-se a mesma alimentação de dados do sistema de lajes nervuradas convencionais,
diferenciando-se apenas em alguns aspectos durante a modelagem, aqui mencionados. Tendo como base a
ABNT NBR 6118:2007 – Projetos de estruturas de concreto e a bibliografia, assim visa-se mostrar de forma
sistemática modelos práticos de dimensionamento deste sistema. Os resultados encontrados se mostraram
satisfatórios, havendo, portanto, a mesma qualidade nas respostas obtidas neste sistema.
Palavra-Chave: Dimensionamento; Lajes nervuradas; Sistema tridirecional

Abstract
As the system is slabs with waffles inclined hitherto unfeasible solution of accomplishment, because the use
of conventional forms makes its implementation and also perhaps for lack of advanced studies and software
suitable for the verification and design of concrete structures. In this work we developed a calculation method
for the verification and design of slabs with waffles inclined, called the three-way system, because the frame
is distributed in three directions. Based on the computational calculation tools available for calculating and
adopted by the computer program CAD/TQS, although this does not include this system as one of the
options available in its catalog slabs default, but for verification of three-way system slabs used the same
data feed system of conventional slabs, differing only in some respects during the modeling discussed here.
Based on the ABNT NBR 6118:2007 - Design of concrete structures and bibliography, and aims to show
systematically practical models for quantifying this system. The results were satisfactory and there is
therefore the same quality in the responses obtained in this system.
Keywords: Sizing, Waffles slabs, Three-way system

ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 1


1 Introdução
As lajes nervuradas são lajes moldadas no local ou com nervuras pré-moldadas, onde as
nervuras estão sujeitas a momentos positivos, assim não há a necessidade de concreto
abaixo da linha neutra, ou seja, na região tracionada, o que nesta situação, não colabora
na resistência a flexão, portanto, ao substituir a parte inferior da laje, região abaixo da
linha neutra, por material inerte, além de economizar no volume de concreto, pois esse
não tem boa resistência à tração, também deixa a laje mais leve e assim menos aço será
necessário. A solução em lajes com nervuras inclinadas de 45° em relação aos lados,
chamada de sistema tridirecional, é um sistema estrutural que até então impossível de
realização devido talvez por deficiência de estudos aprofundados e também por falta de
formas apropriadas para este sistema, pois a utilização de formas dos sistemas
convencionais se torna inviável a execução desta solução. Daí, surgi então um modelo de
nervuras tridirecionais desenvolvido pela empresa Protensão Impacto Ltda, a fim de obter
melhoria no comportamento estrutural das lajes de concreto armado e protendido. Os
programas computacionais disponíveis atualmente para a verificação e o
dimensionamento de estruturas de concreto, não contemplam este modelo, como uma
das opções de lajes disponíveis em seu catálogo padrão, mas podemos adotar fazer
algumas recomendações para tal estudo. Assim, foi desenvolvida uma metodologia de
cálculo para a verificação e o dimensionamento deste sistema estrutural, baseando-se na
ABNT NBR 6118:2007 – Projetos de estruturas de concreto, na bibliografia e em
considerações práticas com o programa computacional CAD/TQS, disponível para o
cálculo de estruturas de concreto.
2 Vantagens deste sistema e benefícios econômicos
Algumas vantagens são apresentadas nas lajes nervuradas tridirecionais se mostram, tais
como: facilidade de manuseio, pois não requer mão-de-obra especializada para operação;
utiliza os mesmos elementos estruturas que o sistema convencional; racionalidade na
execução e detalhamento do projeto de fôrma e acompanhamento de técnicos
especializados; redução na mão-de-obra, pois há uma redução no tempo de armação das
lajes, assim agilizando a execução da estrutura; o cimbramento da laje se dá da mesma
forma dos sistemas convencionais; rapidez na montagem e desmontagem das fôrmas e
escoramento; redução dos quantitativos da laje.
3 Recomendações para projetos
Alguns autores citam que, para grandes vãos, as lajes maciças podem ser
antieconômicas, pois a espessura necessária da laje para atender ao estado limite último
e ao critério de pequenos deslocamentos transversais, certamente terá espessura
elevada. Dessa maneira, é recomendada a utilização de um sistema estrutural que tenha
comportamento semelhante ao das placas, ou seja, lajes maciças, porém com a eficiência
das vigas na flexão, com grande inércia e peso próprio consideravelmente pequeno, onde
as lajes nervuradas são mais usadas nestas situações.

3.1 Cálculo das lajes com nervuras inclinadas


ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 2
Quando as nervuras são numerosas e não se deseja efetuar o cálculo exato pelo
processo geral da Hiperestática, que é mais rigoroso e pode-se levar ou não em conta
rigidez à torção das nervuras, é aceitável a teoria usada para as lajes maciças, ou seja, o
processo aproximado, e ainda despreza a influência da rigidez a torção, pois o cálculo
estabelece igualdade de flecha em cada cruzamento das vigas nas duas direções.
ROCHA (1979) recomenda que para o caso de lajes quadradas com nervuradas paralelas
à diagonal, os resultados de cálculos feitos por diversos autores para vários
espaçamentos entre as nervuras conduzem às seguintes fórmulas aproximadas para os
momentos, tem-se que:

qL2
M = (Equação 1)
25

qL2
M = (Equação 2)
27

qL 2
M = (Equação 3)
27 ,4

Onde, “q” é a carga por metro quadrado e “L” é o comprimento do vão. A Equação 1
representa o momento fletor pelo cálculo como grelha sem levar em conta a torção e a
Equação 2 leva em conta a torção, indicada para nervuras afastadas. Na Equação 3 o
momento é calculado como laje maciça. Observa-se que para os momentos no caso de
grelha com nervuras inclinadas e para grandes espaçamentos de nervuras e pouca
influência de torção resulta em valores próximos ao da laje maciça. Já, quando a relação
dos vãos (Ly/Lx) aumenta, a diferença entre o cálculo como grelha sem influência da
torção e o cálculo como laje maciça aumenta cada vez mais, assim não há vantagem no
uso de armaduras inclinadas. Quando as nervuras estão próximas e numerosas pode-se
adotar a média dos momentos nas duas direções no cálculo da laje maciça desde que
multiplique por um coeficiente de 1,2 para atender a necessidade da rigidez à torção, mas
para os cantos ou para o caso de nervuras com espaçamento menor que 1 metro pode
substituir o coeficiente de 1,2 por 1,0. E, para momentos negativos nos apoios centrais
usam-se os valores de laje maciça e nos cantos será de 0,5 deste valor. ROCHA (1979)
considera para lajes engastadas no contorno, os momentos positivos, de mesmo valor
para todas as nervuras, inclusive as de canto (no caso de apoios simples, os momentos
nas nervuras de canto são maiores), tem-se que o momento está em torno de:

qL2x
M = (Equação 4)
32

Onde, “Lx” é o comprimento do menor vão. E, o momento acima deve ser multiplicado
pelo espaçamento entre nervuras para se obter o momento da nervura. Já, para
momentos negativos tem-se para valores aproximados:

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qL2x
X =− (Equação 5)
32

qL2x
X =− (Equação 6)
18

A Equação 5 é recomendado para nervuras centrais e a Equação 6 para nervuras de


canto. Nas lajes continuas, pode-se usar o processo aproximado, pelo processo de
Marcus temos 6 casos de contorno. No caso da relação Ly/Lx entre 2 e 3, ROCHA (1979)
recomenda que pode empregar os seguintes momentos:

qL2
M = (Equação 7)
36

qL2
X =− (Equação 8)
12

qL2
X =− (Equação 9)
24

A Equação 7 apresenta o momento positivo, já o momento negativo no centro do apoio é


mostrado na Equação 8 e no canto ver na Equação 9.

3.1.1 Distribuição das armaduras inclinadas


No caso de armaduras inclinadas deve-se reforçar a armadura de canto, com ferros
positivos de seção dupla e ferros negativos com a disposição indicada na Figura 1.

Figura 1 – Distribuição de armaduras positivas e armaduras negativas (ROCHA, 1979)

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Nas lajes engastadas no contorno, a armadura para momento negativo pode ser
calculada adotando o maior momento acima da região central do apoio e o valor menor no
canto como mostra a Figura 2. Ainda, segundo ROCHA (1979), pode-se colocar as
armaduras para os momentos negativos em direção normal a viga de apoio, ou seja,
neste caso a laje estará armada em três direções, ou seja, tridirecional.

Figura 2 – Distribuição de armadura para momento negativo (ROCHA, 1979)

4 Roteiro para o lançamento computacional das lajes nervuradas


inclinadas
Para a verificação de lajes com nervuradas inclinadas a 45º da direção principal, utiliza-se
as mesmas alimentações de dados do sistema de lajes nervuradas convencionais,
diferenciando-se apenas em alguns aspectos durante a modelagem na plataforma
CAD/TQS, vejamos a seguir os passos para a modelagem desse sistema. No primeiro
passo, inicia-se com a entrada de dados no programa computacional, comum em
qualquer outro programa, ou seja, resistência do concreto e do aço, cobrimentos, dentre
outras. Ainda, na entrada de dados do pavimento deverá optar pelo método das grelhas
das lajes planas, pois a laje nervurada tem comportamento semelhante ao da laje maciça,
a fim de discretização da grelha a 45° da direção principal, ainda sem a necessidade de
lançamentos dos moldes nas lajes nervuradas. No segundo passo, os critérios de lajes
planas deverão estar contidos as características da discretização da malha com o
espaçamento das nervuras referente à laje estudada. No terceiro passo, será o
lançamento da laje no modelador estrutural, onde se coloca as características
geométricas da seção transversal da laje, incluindo a direção para a discretização do
angulo principal a 45°, fazendo com que assim a grelha seja considerada inclinada, e
ainda lançam-se as vigas faixas de mesma altura da laje (Figura 4).

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Figura 4 – Modelagem computacional

No quarto passo, processa-se a fôrma e a grelha para a discretização da região da laje


com os moldes tridirecionais. E, em seguida, com a grelha processada será referência
para as posições dos moldes tridirecionais e então, faz-se o novo processamento da
grelha, como as vigas faixas de mesma altura da laje e largura igual à largura média da
nervura tridirecional, e na região vazia entre as nervuras tridirecionais acrescentamos nas
lajes de mesma característica da laje bidirecional. A recomendação para viga-faixa deverá
ser considerada no modelo. No quinto passo, será o novo processamento da grelha para
contemplação das modificações realizadas no modelador estrutural e processa-se a
protensão das nervuras tridirecionais lançadas no modelo, tomando-se cuidado com a
seção considerada das regiões de protensão uniformes (RPU’s) (Figura 5), caso esteja
conforme seção da laje ajustá-las para a seção geométrica da laje. E por fim, transferem-
se os esforços para o CAD/LAJES, para geração das armações passivas da laje e o
detalhamento da laje tridirecional, conforme mostrado na Figura 6.

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Figura 5 – Lançamento das RPU´s em vigas faixas

Figura 6 – Distribuição da protensão e da armadura passiva na laje tridirecional

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Então, baseando-se nas recomendações para projeto, aqui mencionadas, ver na Figura 7
uma forma com lajes nervuradas contínuas tridirecionais e a distribuição da armação
passiva positiva e negativa destas lajes está apresentada na Figura 8 e na Figura 9,
respectivamente. Portanto, pode-se concluir que o sistema tridirecional é viável, desde
que a relação entre comprimentos dos vãos não seja grande. E, também, apenas pelo
fato da rotação de 45° da direção principal mostra eficiência para este tipo de solução
estrutural.

FÔRMA DO PAVIMENTO TIPO


ESCALA 1:50
NÍVEL +3.40 / +6.40
2500

12.5 612.5 625 625 612.5 12.5


A

P5
81.8
20

P1 FAIXA1a P2 P3 P4 25x40
25x40 25x40 25x40 25x40

L1
h=21
43.1 43.1
595

555

A A
61

61
61

61

P6 P7 P8 P9 P10
81.8

FAIXA2a 25x40 25x40


25x40 25x40 25x40
20

Figura 7 – Distribuição das nervuras inclinadas nas lajes

ARMAÇÃO POSITIVA DO PAVIMENTO TIPO


ESCALA 1:50
NÍVEL +3.40 / +6.40
167 N7 Ø 8.0
C/15 C=139

10 16 10

7 N4 Ø 6.3 C/12 C=662 7 N5 Ø 6.3 C/12 C=685


10

7 N5 Ø 6.3 C/12 C=685 7 N4 Ø 6.3 C/12 C=662

10
652 685
77

685 652
R
VA

30

16
5X
C=

1
V

C/NERV C=500

N3
R
NE

Ø
C/

10
.0
VA 0
.

0
10
4 N6 Ø 12.5

73
R

VA

C/
C/10 C=610

4 N6 Ø 12.5
C=

23

R
Ø

C/10 C=610

L1
ER
x
N3

RV

V
NE

N1
1

h=21
C=
5X

C/

VA
Ø
28x1 N2 Ø 10.0
500

R
10

R
73 0

.0

VA
.
5X

10

C=
0

73
1
590

C/

V
N3

590
ER
N1

NE

N
Ø

RV

C/
x1
10 VAR

167 N7 Ø 8.0

23

C=
.0

30 30
16

C/15 C=139

16
73

R
16

.
VA
0

10

16
C/

38 38
Ø
NE

30 N8 Ø 8.0 30 N8 Ø 8.0
N3
RV

C/15 C=100 C/15 C=100


30

1
C=

5X
VA

16
R

7 N4 Ø 6.3 C/12 C=662 7 N5 Ø 6.3 C/12 C=685


10

7 N5 Ø 6.3 C/12 C=685 7 N4 Ø 6.3 C/12 C=662


10

652 685
77

685 652

10 16 10

Figura 8 – Distribuição da armadura positiva

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ARMAÇÃO NEGATIVA DO PAVIMENTO TIPO
ESCALA 1:50
NÍVEL +3.40 / +6.40

7 N1 Ø 10.0 7 N2 Ø 10.0 7 N2 Ø 10.0 7 N2 Ø 10.0 7 N1 Ø 10.0


C/12 C=190 C/12 C=360 C/12 C=360 C/12 C=360 C/12 C=190
10 10 10 10 10
10

10
180 360 360 360 180

73

73

73
73

73
7 N1 Ø 10.0

7 N1 Ø 10.0

7 N1 Ø 10.0
7 N1 Ø 10.0

7 N1 Ø 10.0
C/8 C=190

C/14 C=190

C/14 C=190

C/14 C=190

C/8 C=190
180

180

180

180
180

56 88 88 88 56

L1
h=21

56 88 88 88 56
7 N1 Ø 10.0

7 N1 Ø 10.0

7 N1 Ø 10.0
7 N1 Ø 10.0

7 N1 Ø 10.0
C/14 C=190

C/14 C=190

C/14 C=190
C/8 C=190

C/8 C=190
180

180

180

180
180

7 N1 Ø 10.0 7 N2 Ø 10.0 7 N2 Ø 10.0 7 N2 Ø 10.0 7 N1 Ø 10.0


C/12 C=360 C/12 C=360 C/12 C=360
73

73

73
73

73
C/12 C=190 C/12 C=190

10
10

180 360 360 360 180


10 10 10 10 10

Figura 9 – Distribuição da armadura negativa

5 Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118: projetos de estruturas
de concreto - procedimento. Rio de Janeiro, 2003.

ROCHA, Aderson M. da. Novo Curso Prático de Concreto Armado. Rio de Janeiro,
Editora Científica, v. 4, 6ª ed., 1979.

CAVALHO, Roberto C. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto


armado. São Paulo, Editora Pini Ltda, v. 2, 1ª ed., 2009.

CAVALHO, Roberto C. Cálculo e detalhamento de estruturas usuais de concreto


armado. São Paulo, Editora EdUFSCar, 3ª ed., 2009.

ANAIS DO 54º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2012 – 54CBC 9

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