Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1
Mestranda em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Espírito
Santo sob a orientação da Profª. Dr.ª Circe Mary Silva da Silva Dynnikov.
de curso definido para cada série; e aprovação gradual dos alunos. Os Grupos Escolares
instalaram-se nas zonas urbanas, mas escolas mútuas se mantiveram, constituindo-se como
maioria, principalmente no interior dos estados.
Segundo Souza (1998), os positivistas acreditavam que a educação só poderia se
difundir através da ordem social e, para isso, foi necessária a criação de escolas divididas em
séries. Ao serem implantados, os liberais republicanos viam os Grupos Escolares como uma
instituição de escola pública e de qualidade, e tinham o objetivo de elevar o país a nível dos
países desenvolvidos.
De acordo com Araújo e Moreira (1997), a criação dos Grupos Escolares significou e
confirmou a concretização do capitalismo nas sociedades ocidentais rumo ao movimento de
modernização.
2
Nasceu em Cachoeiro de Itapemirim (ES) em 1870. Filho do capitão Francisco de Souza Monteiro e de D.
Henriqueta Rios de Souza. Seus pais eram fazendeiros e iniciaram em suas terras a cultura do café. Concluiu o
ensino primário no Colégio Manso, em sua própria cidade; cursou o ensino secundário no Colégio São Luís (Itu-
SP) e concluiu o Bacharelado na Faculdade de Direito de São Paulo. Fundou o Partido da Lavoura em sua cidade
e realizou pesquisas de minérios e pedras preciosas em suas terras. Morreu em 1933.
3
Nasceu em São Paulo em 1875. Filho do comendador português João Pedro Gomes Cardim e da gaúcha Ana
Amélia Mont Claro, formou-se normalista em 1894 e se casou com Ignez Lacerda. Foi um dos fundadores da
Associação Beneficente do Professorado Público de São Paulo. Foi professor por mais de 30 anos.
Mesmo sendo pública, a Escola Modelo acolhia filhos da elite, bem como os filhos do
governador, pois era uma instituição de ensino muito sofisticada. Segundo Soares:
(...) as vagas no ensino primário da Escola Modelo, a complementação do ensino
primário no suplementar, e as dos grupos escolares, com quatro anos de estudos,
também eram ocupadas pelos filhos das camadas sociais mais altas. Para a
esmagadora maioria das crianças pobres não havia nem escola. E quando tinham
acesso ao ensino, restavam para elas as escolas isoladas, com apenas três anos de
estudos, ministrados pelos professores que recebiam os piores salários e
lecionavam em salas de aulas precárias. Visto de outro ângulo, eram questões que
nenhum método, sintético ou analítico, poderia resolver. (Soares, 1998, p. 81)
O primeiro Grupo Escolar do Espírito Santo foi criado através do Decreto n.º 166, de
05 de setembro de 1908. O Grupo Escolar recebeu o nome do próprio Secretário da Instrução,
Gomes Cardim. Assim como a Escola Modelo, o Grupo Escolar possuía a mesma estrutura:
compreendia os cursos elementar (4 anos) e complementar (1 ano), era dividido em seções
masculina e feminina, e as mulheres deveriam lecionar somente para as primeiras séries do
ensino primário.
A partir de 1909, iniciou-se a construção de outros Grupos Escolares pelo interior do
Estado, especificamente nos municípios de Cachoeiro de Itapemirim, São Mateus e Santa
Leopoldina, mas essas obras só ficaram prontas após o mandato do Governo Jerônimo
Monteiro.
Segundo Soares (1998), a reforma de Cardim foi "modernizante, iluminista e
democrático-liberal", pois ficou distante do pragmatismo pelo qual Jerônimo Monteiro
esperava, já que o seu objetivo era ingressar o Espírito Santo num projeto de desenvolvimento
industrial.
4
Governou o Estado com três mandatos consecutivos. De 1930 a 1935, Bley assumiu o governo do estado como
interventor federal; de 1935 a 1937 como governador constitucional; e de 1937 a 1943 como interventor federal
novamente. Durante seu longo período de governo, preocupou-se em desenvolver as fontes de produção e de
riqueza. Construiu o cais de minério. Quanto à educação, visou a criação do ensino profissional, a nacionalização
do ensino em localidades de língua estrangeira e a criação de faculdades.
Durante o governo do Capitão Bley (1930-1943), houve uma preocupação em se
disseminar o novo modelo escolar por todo o Estado. Os Grupos Escolares encontraram
facilidades para sua expansão no movimento escolanovista.
Considerações Finais
Os Grupos Escolares permitiram a possibilidade de participação da mulher na
sociedade, uma vez que tais escolas foram divididas em seções masculina e feminina,
possibilitando um número expressivo de alunas nas Escolas Normais devido à possibilidade
de ingresso nas escolas primárias.
Pedagogicamente, o sistema gradual de ensino trouxe vantagens e desvantagens. A
vantagem foi o rendimento dos alunos em decorrência da divisão da sala de aula, podendo o
professor trabalhar de forma mais homogênea; e a desvantagem foi a reprovação de alunos em
decorrência do ensino gradual, que criou a noção de aluno "fraco" em virtude da repetência.
Foi, então, que o magistério tornou-se uma profissão "digna, reconhecida e edificante"
(SOUZA, p. 50), pois reafirmou o status do professor na sociedade.
A princípio, os Grupos Escolares atenderam aos alunos das camadas elitistas e, mais
tarde, a partir da década de 1950, abriram suas portas para a sociedade, devido à demanda
pela escolarização. No entanto, os pobres, os negros e os miseráveis ficaram excluídos.
Os Grupos Escolares representaram um meio de ascensão social, tanto para alunos que
queriam chegar ao ensino secundário e, futuramente, ao ensino superior, quanto para os
professores que queriam alcançar seu status profissional.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, M.M., MOREIRA, K.C. Grupos Escolares: uma nova forma de cultura escolar da
modernidade. In: Anais do XIII Encontro de Pesquisa Educacional do Nordeste:
história da educação, Natal, 17 a 20 de junho de 1997; organização Maria Inês Sucupira
Stamatto, Martha Maria de Araújo. – Natal: EDUFRN, 1997, p. 109-117.
___ . Governador (1920-1924: Nestor Gomes). Relatório apresentado pelo Dr. Mirabeau
Pimentel ao Exmo. Snr. Presidente do Estado. Em data de 22 de agosto de 1921.
Vitória: Officina da Imprensa Estadual, 1921.
___ . I Simpósio sobre o Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo. Livro III: Saúde
- Educação. Vitória: [s.n.], 1968.
SOUZA, R.F. Espaço da Educação e da Civilização: origens dos grupos escolares no Brasil.
In: O Legado Educacional do Século XX. Araraquara: UNESP - Faculdade de Ciências e
Letras, 1998.