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Orgulho de pertencer à idiocracia.

Pride in belonging to idiocracy.

Harley Pacheco de Sousa


Universidade São Marcos
Brasil
Resumo: Este trabalho discute questões acerca do orgulho alienador que afeta as pessoas
submetidas ao modelo social vigente.

Palavras chave: Orgulho, Alienação, Modelo Social.

Abstract: This paper discusses about the pride that affects alienating people subjected to the
existing social model.

Keywords: Pride, Alienation, Social Model.

Quando conversar com um aspirante à profissional que se educa e aperfeiçoa em um instituto


de educação superior, questione-o sobre como ele se vê após a formação. Provavelmente a
resposta será rápida, direta e impregnada de submissão imposta, alienada e ideológica, tal
resposta será:

“Vejo-me muito bem financeiramente feliz com minha família, trabalhando em uma empresa
de grande porte, ganhando bem e muito feliz.”

A maioria das pessoas aprende desde pequenas que o melhor é estudar, procurar um bom
emprego e viver dessa forma. Percebe-se nesse frasear a ação dos aparatos estatais que impõe
suas exigências econômicas e políticas para expansão do trabalho.

Nas escolas, em casa ou em qualquer lugar o tempo livre do sujeito é direcionado para o lado
intelectual e material para que o mesmo seja eficazmente inserido no modelo social
autoritário vigente, sendo que o tempo que restará para quem está submetido à expansão do
trabalho será nenhum, para que sem tempo o sujeito não possa pensar no contexto em que
está inserido, sendo esse fato preponderante para impedi-lo de opor eficazmente.

A submissão imposta pelo modelo social vigente está se difundindo de modo tão duro que as
pessoas incoerentemente passam a ter orgulho de ganhar dinheiro para outras pessoas ao
invés de ganhar dinheiro para si próprio.

As pessoas têm orgulho de ser a engrenagem motor das diversas instituições, em especial
aquelas mundialmente reconhecidas que sãos as responsáveis por sugar toda sua energia
profissional pessoal e que num momento posterior a dispensará sem nenhuma pena caso a
produtividade esperada não se converta em lucros, além de que muitíssimas pessoas
atualmente inseridas no mercado de trabalho se imaginam em um futuro atuando como parte
integrante de uma autarquia imaginaria da qual jamais farão parte e quando o sujeito se
desabrochar intelectualmente e optar por iniciar seu pequeno empreendimento e passar a
ganhar ou tentar ganhar capital para si próprio passará a ser considerado louco.

As empresas manipulam todo o contexto social, difundem a idéia de que sendo empregado, o
sujeito poderá adquirir e usufruir de todos os objetos e bens que a tornarão uma pessoa
especial, difundem a falsa idéia de igualação, que mostra o colaborador freqüentando os
mesmos lugares pitorescos dos chefes, lendo os mesmos jornais, usando as mesmas marcas de
roupas entre outros, porém, isso não indica o desaparecimento das classes, mas apenas
reforça a extensão com que as necessidades e satisfação aparecem como estabelecidos. (Vide
os estímulos que aparecem nas novelas).

Como já dizia Marcuse, H, transpassar as necessidades sociais para o individuo é a maneira


mais eficaz de dominação, mais do que propriamente a diferença, portanto nos deparamos
novamente com os aspectos mais perturbadores da civilização organizacional, que é o caráter
racional de sua irracionalidade. (Vide- Algumas implicações sociais da tecnologia moderna).

O homem aprende que para manipular o social é necessário submeter-se a ele, ser bem
sucedido é ser adaptado ao modelo vigente na qual há uma falsa racionalidade individual que
é a submissão, além de que a tecnocracia terrorista não pode ser atribuída aos requisitos
tradicionais da economia, pois a tecnologia é um dos mais importantes estímulos desse
modelo falsário que se propaga pelo mundo com intuito de pregar a submissão e de garantir o
convívio pacifico com os dominadores. (Vide filmes norte americanos).

Nesse contexto há uma contradição entre o incentivo de lucratividade e o modelo de vida que
esse modelo social tornou possível, uma vez que o controle de produção está nas mãos de
empresários que trabalham pelo lucro, eles terão a sua disposição o que quer que surja como
excedente depois das despesas, sob o rigor dessa vista a racionalidade individualista se viu
transformada em racionalidade tecnológica.

As pessoas têm orgulho de assumir que fazem parte de uma pequena ordem social alienada,
mas não percebem que a alienação é parte pensada e oferecida onde o contexto é manipulado
e ordenado de modo capital, sendo que o principio da eficiência favorece as empresas
industrializadas, o poder econômico e a tecnologia paulatinamente vão se expandindo e o
poder físico e moral das empresas gigantes criam novas ferramentas, novos processos e
produtos. (Quando estiver participando de um processo seletivo, perceba que o selecionador
falará sobre a empresa como se ela fosse o melhor lugar do mundo e lhe questionará sobre a
oportunidade de servi-la. Você evidentemente responderá que por ser uma ótima empresa,
será uma grande oportunidade).

Para conviver nesse contexto do modelo social vigente é preciso aprender que é necessário
submeter-se por meio de métodos de utilização para ser bem sucedido onde o sucesso é ser
adaptado.

A culpa de todo esse caos alienador é a pseudo-cultura, sendo que os sintomas dessa crise
podem ser vistos em toda parte, inclusive nas pessoas cultas, isso é causado pelo método de
formação que segue um modelo que passa de geração em geração. (Vide a teoria da
semicultura, Adorno, T).
A semiformação está diretamente ligada a não cultura, dizer que a técnica e o nível de vida
mais alto resultam diretamente no bem da formação e que todo podem chegar ao cultural é
uma ideologia comercial pseudodemocrática.

A semiformação é uma fraqueza em relação ao tempo, a memória, única mediação que realiza
na consciência aquela síntese da experiência que caracterizou a formação cultural em outros
tempos.

Referências bibliográficas

Marcuse, H, Algumas implicações sociais da tecnologia moderna;

Althusser, L, Aparelhos ideológicos de estado;

Parsons, T, Os componentes do modelo social;

Linton, R, Cultura e personalidade;

Marx, k & Engels, F, História.

Adorno, T, Teoria da Semi Cultura.

Nota sobre o autor:

Harley Pacheco de Sousa é estudante de psicologia na Universidade São Marcos


Contato: kmaluco@hotmail.com – (11) – 86613642 – Rua Coronel João Dente, 82, Mooca, São
Paulo – SP. 14/07/11

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