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Perguntas e Respostas: Manga

● Escolha do Local
● Escolha de Variedades
● Plantio e Instalação do Pomar
● Indução Floral
● Irrigacao
● Doenças
● Pragas
● Tecnologia de Alimentos

ESCOLHA DO LOCAL

1. Qual o local ou região onde a mangueira tem grande possibilidade de sucesso


para o seu cultivo?

A mangueira se adapta bem às regiões onde as estações secas e chuvosas são bem
definidas. Em condições naturais, os períodos de seca e frio são essenciais para o seu
florescimento. Os locais com possibilidade de irrigação são importantes para a
suplementação de água na planta, principalmente no estádio reprodutivo que vai
desde o florescimento pleno até a maturação fisiológica do fruto, contribuindo para
aumentar a produção e tamanho do mesmo.

A mangueira possui alta capacidade de adaptação a diferentes tipos de solos. No


entanto, a cultura não se desenvolve bem em solos salinos e/ou alcalinos. Ainda não
existe porta-enxerto para a mangueira indicado pela pesquisa, para solos salinos.
Uma drenagem do solo bem feita minimiza a salinização; o lençol freático alto ou
superficial induz crescimento vegetativo em detrimento da floração, gerando
dificuldade na indução floral. As regiões que possuem solos areno-argilosos, com
profundidade acima de 1,20 m, bom teor de matéria orgânica e bem drenados, são os
mais apropriados para o cultivo da mangueira.

2. Áreas anteriormente ocupadas por outros pomares de manga podem ser


usadas para a instalação de pomares novos?

Sim. Diferentemente de outras culturas que possuem problemas com certas doenças
que inviabilizam seu cultivo em áreas previamente infestadas, a mangueira pode ser
cultivada em área anteriormente ocupadas com esta cultura, não existindo doença
que inviabilize a área para o seu cultivo.

ESCOLHA DA VARIEDADE E PREPARO DA MUDA

3. Qual a variedade que se deve plantar?

Ultimamente o produtor está sendo induzido a plantar a variedade Tommy Atkins


por ser a mais exportada. No entanto, deve-se observar os nichos de mercado, ou
mercados específicos, que possuem demanda para outros tipos de manga. As mangas
‘Espada’ e a ‘Rosa’ atingem preço maior que a ‘Tommy Atkins’ no Nordeste
brasileiro. A variedade a ser plantada é aquela exigida pelo mercado interno e
externo.

4. Que tipo de planta devo usar para formar um bom pomar (porta-enxerto e
origem)?

Para a formação de um pomar comercial deve-se usar mudas enxertadas e de boa


qualidade, por serem mais precoces e resistentes às certas doenças do solo. Na
escolha do porta-enxerto, geralmente poderá ser usada uma variedade local, de boa
produtividade, com regularidade na produção, com frutos de boa qualidade e sem
sintomas de doenças. Deve-se certificar a qualidade das sementes para porta-enxertos
obtidos de outras regiões evitando-se a introdução de doenças. Para mangueira, tanto
a enxertia em fenda cheia como a inglesa simples no topo dão a mesma porcentagem
de sucesso. A borbulhia pode ser usada, mas geralmente ela é mais demorada para se
ter a muda pronta.

5. Quanto tempo leva a germinação da semente?

Geralmente a semente da manga não germina bem se não for retirado a casca que
envolve a amêndoa. Com a retirada da casca a germinação ocorre de maneira
uniforme aos 12 dias. Sem a remoção da casca a semente só germinará aos 45 dias,
de maneira desigual e em baixíssima porcentagem.

6. Quando a semente gera mais de uma mudinha posso usá-las para formar
mais mudas?

Sim. Geralmente as plantinhas geradas das sementes poliembriônicas (com mais de


um embrião) podem ser usadas para formar outras plantas que serão porta-enxertos.
Contudo, a separação deve ser feita quando as plantas estejam ainda muito novas
para evitar danos ao sistema radicular.

7. Pode-se enxertar a muda já plantada no campo?

A enxertia do porta-enxerto no campo geralmente resulta em baixa eficiência, mas é


viável. Realizada durante os meses mais nublados ou protegidos com saquinhos de
papel, alcança-se sucesso semelhante à enxertia sob telado.

PLANTIO E INSTALAÇÃO DO POMAR

8. Com quantos lançamentos a muda deve ser plantada?

Existe uma tendência em se usar mudas muito grandes para a instalação do pomar
entretanto este tipo de mudas resulta em sistema radicular danificado por ter se
desenvolvido em recipiente confinado. A muda deve ter no máximo dois
lançamentos para seu plantio no campo.

9. Qual o espaçamento adequado para a mangueira?

Atualmente há uma tendência em se fazer plantios adensados. Como a mangueira se


adapta bem a este tipo de plantio, o produtor deve ter em mente que o manejo desta
cultura dependerá de podas programadas e realizadas nas épocas certas para evitar o
fechamento da copa e redução da produtividade.

Espaçamentos de 6 x 7 m ou 7 x 8 m são muito adequados para a plantios sem podas


freqüentes. Espaçamentos de 3 x 7 m ou 4 x 6 m podem ser usados com sucesso, mas
dependem do manejo adequado das podas.

10. Como é feito o plantio da muda?

Esta simples operação é muito importante para o crescimento da muda. A cova de


plantio deve ser de, no mínimo, 0,40 x 0,40 x 0,40 m. O saco de polietileno deve ser
retirado e a parte superior do solo deve ser colocada no fundo da cova. A adubação
recomendada deve ser feita no solo do fundo da cova que ficará na parte superior
quando a muda for plantada. Fazer a adubação segundo a recomendação da análise
química do solo. No entanto, deve-se usar 20-40 litros de estercos na cova. Em solos
com alto teor de matéria orgânica esta quantidade pode ser reduzida para 10 a 15
litros.

11. Quando se deve fazer a poda de formação de copa?

A primeira poda de formação de copa deve ser feita com a muda plantada e
estabelecida no campo e quando esta tiver 0,80 ou 1,00 m, fazendo-se o corte acima
do internódio a um altura de 0,60 a 0,70 m. Em locais sujeito a umidade do ar muito
alta corta-se a 0,80 m , para suspender um pouco a copa da planta adulta.

A poda de formação deve ser continuada até a planta alcançar 240 ramos o que
acontece com a realização da quinta poda. As podas são realizadas sempre que
houver novo lançamento e acima dos entrenós.

ADUBAÇÃO

12. Quais os adubos mais utilizados na cultura da manga?

A Tabela 1 mostra os adubos orgânicos e minerais mais recomendados e o


equivalente a 10 kg do nutriente em questão.

Tabela 1. Quantidade de adubos, equivalentes a 10 kg de N, P2O5 e K2O

Adubos Equivalente (kg)

10 10 10
N P2O5 K2O

2.00
Esterco de curral (bovinos) - -
0

Esterco de aves 500 - -

Torta de cacau 300 - -

Torta de mamona 200 - -

Uréia 22 - -

Sulfato de amônia 50 - -

Superfosfato simples - 55 -

Superfosfato triplo - 22 -

Cloreto de potássio - - 17

Sulfato de potássio - - 20

13. Qual a maneira correta de aplicação dos adubos nitrogenados, fosfatados e


potássicos na mangueira?

Nitrogênio e potássio

Em plantio a ser instalado em sequeiro, aplicar a metade do nitrogênio na forma


orgânica misturado com a terra da primeira camada e colocado no fundo da cova e o
restante na forma mineral juntamente com o potássio devem ser aplicado em
cobertura 30 a 60 dias após o transplante. Na fase de desenvolvimento da muda
(formação) o N e K são parcelados em até seis aplicações/ano nos solos argilosos e
12 nos arenosos iniciando 30 dias após o plantio. Em plantios em formação os
adubos devem ser aplicados em cobertura, na projeção da copa espalhando ao redor
da coroa, num raio de 0,50 m de largura, ampliando com o crescimento da planta até
os três anos. A partir daí aplicar em faixas dos dois lados da planta, largura igual ao
raio da copa, 2/3 sob e 1/3 fora dela.

Fósforo

Em plantio a ser instalado, aplicar em dose única na cova juntamente com os adubos
orgânicos. Em plantios em formação ou produção, aplicar todo o fósforo em
cobertura início das chuvas, antes do florescimento das plantas, incorporando com
grade semi-pesada na projeção da copa ou entrelinha, juntamente com o nitrogênio
e/ou potássio recomendados (1a parcela).

14. Como é feito o parcelamento da adubação nos cultivos irrigados do semi-


árido?
Nos cultivos irrigados do semi-árido o parcelamento da adubação na fase de
produção é a seguinte:

Nitrogênio: 50% após a colheita, 30% após pegamento dos frutos e 20% 50 dias após
o pegamento dos frutos.

Fósforo: 60% após a colheita e 40% após a floração.

Potássio: 25% após a colheita; 25% antes da indução; 20% na floração: 15% após
pegamento dos frutos e 15% 50 dias após pegamento dos frutos.

15. Quais os micronutrientes mais importantes para a mangueira?

Boro (B) e zinco (Zn). Pulverizações foliares com soluções de ácido bórico ou bórax
a 2 a 3 g/L de água são capazes de corrigir deficiências de boro. Ou aplicação de 10
g/planta de bórax a 100 g/planta de óxido silicatado (FTE) na adubação de fundação.

Corrigem-se as deficiências de zinco, bastante comuns, por meio da aplicação ao


solo de óxido, silicatos ou sulfato de zinco em quantidade que varia de 25 g/planta de
sulfato de zinco a 100 g/planta de FTE a depender das análises químicas de solo e de
folhas.

16. Quais as épocas de aplicação dos micronutrientes?

Deve-se ter o cuidado de efetuar as adubações foliares com micronutrientes um


pouco antes da floração pelo benefício do B na inflorescência, aumentando as flores
hermofraditas, resultando em melhor pegamento dos frutos e maior produtividade.
Com relação ao Zn, sua aplicação é mais eficiente em pH abaixo de 7,0, devendo-se
repetir a cada ano.

17. Quais os efeitos que os adubos orgânicos exercem no solo?

Aumento da disponibilidade de macro e micronutrientes, por meio da mineralização


da matéria orgânica;

● elevação da capacidade de troca de cátions (CTC do solo);


● diminuição da fixação de P por óxidos amorfos;
● agregação do solo, reduzindo a suscetibilidade à erosão;
● aumento da capacidade de retenção de água;
● favorecimento das operações de preparo do solo e das suas atividades
microbiológicas.

INDUÇÃO FLORAL

18. Qual é a variável climática de maior importância para a indução do


florescimento da mangueira? Por que?

A temperatura provavelmente é a variável climática de maior importância para o


florescimento da mangueira. As temperaturas baixas paralisam o crescimento das
plantas, que é essencial para a ocorrência do florescimento. A iniciação das brotações
florais depende dos dias de frio que ocorre de dezembro a fevereiro no hemisfério
Norte e de junho a outubro no hemisfério Sul. Próximos do equador esses períodos
são variáveis. A temperatura ótima para o crescimento vegetativo situa entre 20 a
29oC, sendo que as inferiores a 15oC estimulam intenso florescimento.

19. Atualmente como é feito a indução do florescimento da mangueira no


sistema de cultivo convencional irrigado?

É feito pelo uso de regulador de crescimento paclobutrazol (PBZ), de nitratos e de


adubações químicas à base de macro e micronutrienes. Após a colheita são feitas as
podas dos ramos terminais da mangueira e adubações químicas, principalmente
nitrogenada, para forçar o crescimento vegetativo da planta. Na época das brotações
vegetativas (15 a 30 dias de idade) é aplicado o PBZ no solo com a finalidade de
paralisar o crescimento da planta e, cerca de 90 dias após a sua aplicação, são feitas
as pulverizações foliares de nitratos para quebrar a dormência das gemas. Na época
de florescimento da planta e desenvolvimento de frutos são feitas novas adubações
químicas para a nutrição da planta. Vale salientar que todo o sistema convencional de
indução do florescimento da mangueira é feito com a planta irrigada.

20. Como pode ser feito a indução do florescimento da mangueira para o


sistema de cultivo orgânico irrigado?

Pode ser feito pelo uso do estresse hídrico monitorado, biofertilizantes à base de
microrganismos eficazes (EM4 e EM5),sal marinho, urina de gado e adubações
orgânicas (compostagem, estercos de animais, rochas moídas, biofertilizantes e
adubação verde). O sistema de indução floral é praticamente o mesmo do anterior,
mudando apenas os produtos usados. Após a colheita são feitas as podas dos ramos
terminais da mangueira e adubações orgânicas, principalmente compostagem e
estercos de animais para forçar o crescimento vegetativo da planta. Após as
brotações vegetativas e desenvolvimento dos novos ramos (30 dias de idade) é
aplicado o estresse hídrico, retirando a água da irrigação gradualmente ou de vez da
planta. Quando os ramos estiverem maduros são feitas as pulverizações foliares dos
biofertilizantes à base de microrganismos eficazes, ou do sal marinho ou da urina de
gado. O sal marinho e urina de vaca apresentam índice salinos elevados que podem
causar fitotoxidade na planta. Recomenda-se o uso em concentrações inferiores ou
igual a 10 ml/L de água desses produtos, até que os resultados de pesquisas
certifiquem as doses e intervalos corretos de aplicação. Na época de florescimento da
planta e desenvolvimento de frutos são feitas novas adubações orgânicas para a
nutrição da planta. Vale salientar que o retorno da irrigação normal da planta para
esse sistema de cultivo ocorre na época de florescimento pleno da mangueira.

21. Qual é o procedimento mais adequado para obter êxito no florescimento da


mangueira com a aplicação do regulador de crescimento paclobutrazol (PBZ)?

A época e o modo de aplicação são pontos importantes para que haja boa resposta a
indução floral. Após a colheita, antes da aplicação do PBZ, é importante verificar o
estado nutricional da planta fazendo as análises do solo e das folhas com a finalidade
de detectar possíveis deficiências minerais causada pela extração de nutrientes pelos
frutos. Produtos a base de nitrato ou adubações nitrogenada com irrigação freqüente
podem, também, ser usados para a quebra da dormência das gemas. A época de
aplicação ideal é após a renovação completa das folhas da planta (15 a 30 dias após a
brotação), o que permite um florescimento intenso já que o PBZ atuaria nos ramos
com mesmo grau de maturidade. Em relação ao modo de aplicação do PBZ, a
colocação no solo em volta do tronco da planta, é o mais fácil e mais efetivo entre
outros métodos. Recomenda-se a aplicação na dose de 1g de PBZ por metro de
diâmetro de copa se for no período quente (outubro a abril) e no primeiro ano de
aplicação. Em outra situação, se necessário, recomenda-se a aplicação na dose de até
70% da anterior.

22. Como deve ser aplicado o estresse hídrico para a indução do florescimento
da mangueira?

Para os trópicos, o estresse hídrico exerce uma importância maior que a baixa
temperatura para a definição floral da mangueira e, estas podem florescer em
resposta à irrigação ou chuvas, depois de um período de estresse hídrico de seis a
doze semanas ou mais. Segundo alguns autores, o estresse hídrico deve ser feito
retirando-se gradualmente a quantidade de água da irrigação, já que a planta deve
continuar fotossintetizando e acumulando reservas sem entretanto vegetar. A
irrigação deve ser retomada também de forma gradual até atingir seu ponto máximo,
quando 60% das gemas das plantas apresentarem sintomas de brotação. É necessário
que os resultados de pesquisas mostrem claramente outras formas de estresse hídrico
para cada região, época do ano (chuvosa, seca, fria e quente) e variedade de
mangueira.

23. Quero mudar a época de safra. Como fazer?

Normalmente, o período de florescimento natural no Hemisfério Sul ocorre no final


da estação de inverno (julho a setembro), tendo o pico de safra de dezembro a
fevereiro. Qualquer forma de manejo da planta que faça ocorrer o florescimento fora
da época natural, tem-se o período de safra diferente.

Exemplo de uma seqüência de atividades práticas que podem mudar o período de


safra:

● Poda dos ramos terminais da mangueira no início de outubro;


● Irrigação e adubação nitrogenada após a poda com a finalidade de forçar
novas emissões vegetativas que deverão ocorrer cerca de 45 dias após;
● Aplicação de paclobutrazol na planta quando as novas emissões vegetativas
atingirem 20 dias de idade;
● Pulverizações foliares de nitrato de potássio na copa da mangueira após 90
dias da aplicação de PBZ;
● Cerca de 30 dias após a primeira aplicação de nitrato ocorre o florescimento
da planta e por volta de 3 a 4 meses após, tem-se a safra de manga em época
diferente da normal, que nesse caso ocorrerá mais provavelmente em julho e
agosto. É importante fazer o planejamento das atividades para que o
florescimento não ocorra no período chuvoso, principalmente por causa do
aparecimento de doenças como a antracnose.

IRRIGAÇÃO

24. Quais os métodos de irrigação mais utilizados para a mangueira?

Os métodos pressurizados são os mais recomendados, principalmente a irrigação


localizada, isto é, a microaspersão e o gotejamento, de mais alta eficiência. A
microaspersão é o mais comum pela maior área molhada que o mesmo proporciona
em relação ao gotejamento em solos de textura média a arenosa.

25. No caso da irrigação por gotejamento, qual o número de emissores e de


linhas laterais que devem ser usados?

Para mangueiras com espaçamento de 8 x 5 m, 5 a 6 gotejadores por planta têm sido


suficientes, embora, teoricamente, essa quantidade resulte em uma área molhada de
14 a 16% da área de ocupação da planta (solo homogêneo de textura média, diâmetro
molhado de 1,20 m). Pode-se usar apenas uma linha de gotejadores por fileira
disposta em anel ao redor da planta com os gotejadores igualmente espaçados, ou
uma ramificação por planta (rabo de porco). Em certos casos, torna-se necessário até
duas linhas de gotejadores por fileira de plantas.

26. Qual o consumo diário de água da mangueira?

O consumo diário da mangueira varia de 3,0 mm de água/dia, no início da floração, a


5,5 mm/dia durante a formação de frutos atingindo valores próximos de 5,0 mm/dia
no final da formação de frutos.

PRAGAS

27. Dentre os insetos e ácaros, qual o grupo que é considerado como praga
primária da mangueira?

As moscas-das-frutas são o grupo de insetos de maior importância para a


mangicultura, não só pelos danos diretos em nível de campo em determinadas
regiões, como em decorrências das barreiras quarentenárias impostas pelos países
importadores da fruta in natura. Dentre as quatro espécies de Anastrepha que
utilizam a manga como hospedeiro (A. obliqua, A. fraterculus, A. sororcula e A.
pseudoparalela), a primeira espécie é a responsável por, praticamente 100% dos
danos causados à manga, por uma questão de preferência por esta fruta, bem como
por frutas da família Anacardiaceae (ciriguela, cajá, cajá-mirim, etc.). A espécie
Ceratitis capitata também utiliza a manga como hospedeiro sendo considerada como
espécie quarentenária do ponto de vista da exportação.

28. Em que consiste o monitoramento da população de moscas-das-frutas e


quais os tipos de armadilhas e atrativos utilizados?

Essa técnica consiste na instalação de armadilhas contendo atrativo alimentar ou


sexual em pontos estratégicos do pomar, visando conhecer o momento adequado
para iniciar o controle. Vale ressaltar que o uso de armadilhas com atrativo alimentar
não surte efeito significativo na redução populacional da praga.

Tipos de atrativos - os atrativos alimentares utilizados são a proteína hidrolisada de 5


a 7%, melaço de cana-de-açúcar a 10%, suco de frutas ou açúcar mascavo (armadilha
tipo McPhail) e os paraferomônios trimedilure ou metil-eugenol, específico para
Ceratitis capitata e Bactrocera carambolae (armadilha tipo Jackson).

Densidade das armadilhas - para a armadilha tipo McPhail: pomares de até 1 ha,
utilizar 4 armadilhas; de 2 a 5 ha, 2 armadilhas/ha; acima de 5 ha, 1 armadilha/ha. As
armadilhas com atrativo sexual são mais eficientes do que aquelas com atrativo
alimentar, por isso a sua densidade deve ser reduzida a um quarto de vezes da
McPhail.

● Atrativo alimentar - o hidrolisado de proteína é utilizado para atração de


qualquer espécie de moscas-das-frutas.
● Atrativos sexuais - o trimedlure é um paraferomônio específico e de grande
eficiência para Ceratitis capitata; e o metileugenol para a mosca da
carambola, Bactrocera carembolae
● Tipos de armadilha - McPhail para atrativo alimentar (hidrolisado de
proteína) e Jackson para atrativo sexual (Trimedlure - especifico para C.
capitata).
● Localização das armadilhas - instalar na periferia do pomar ou de cada talhão,
sob a copa da árvore em local sombreado, a uma altura entre 1,50 m e 1,80 m
do solo.
● Inspeção das armadilhas - inspecionar semanalmente a armadilha tipo
McPhail e a cada 15 dias a tipo Jackson.

29. Detectada a presença de moscas-das-frutas no pomar, por meio do


monitoramento de adultos com armadilhas, o que devo fazer para controlar no
meu pomar?

Para o controle de moscas-das-frutas na pré-colheita se utiliza "isca tóxicas". A isca


tóxica é uma solução composta pelo atrativo (hidrolisado de proteína ou melaço de
cana-de-açúcar ou suco de frutas) mais inseticida e água. A aplicação da isca tóxica é
feita quando se coleta, em média, uma mosca por armadilha por semana. A aspersão
da isca é feita com pulverizador costal com bico em leque (para herbicida) ou
pulverizador motorizado adaptado de forma que seja aplicado cerca de 150 a 200 ml
da calda em cada m2 da copa das árvores. A aplicação deve ser feita em toda a
periferia do pomar e em ruas alternadas. Considerando-se que as frutas como goiaba,
pitanga, cajá, carambola, acerola e outras são hospedeiras preferidas das moscas-das-
frutas, sempre que essas frutíferas estiverem próximas da área de exploração
comercial de manga, não deixar que seus frutos apodreçam sob a copa das árvores.
Os frutos caídos, inclusive os de manga, devem ser recolhidos e enterrados. Esta
medida contribuirá para a redução dos prejuízos provocados pelas moscas-das-frutas.
Na região semi-árida do Nordeste brasileiro o pico populacional de adultos ocorre no
início da estação das chuvas, quando deve ser iniciada a aplicação da isca tóxica.
DOENÇAS

30. Quais os principais sintomas da antracnose?

Os sintomas da antracnose podem ser observados nas folhas velhas, pelo


aparecimento de manchas marrons arredondadas ou irregulares, de tamanho variável
(1 a 10 mm de diâmetro). As lesões podem surgir tanto no ápice e nas margens das
folhas como no centro do limbo foliar. Sob condições ambientais propícias, elas
aumentam de tamanho, chegam a coalescer e podem causar o rompimento do limbo
foliar, assumindo a aparência de queimadura. Folhas novas, mais severamente
atacadas, expressam lesões circulares, aquosas com descoloração do tecido que fica
translúcido nos bordos da lesão.

Nas brotações e ramos novos surgem lesões escuras e necróticas, que podem evoluir
com o tempo ocasionalmente apresentando exsudação de goma. Em conseqüência, os
ramos secam e escurecem a partir da ponta para a base, causando o seu
desfolhamento.

As inflorescências podem ser afetadas pelo aparecimento e progressão de pequenas


manchas escuras e profundas sobre as flores, que provocam sua morte. Nas raques,
formam-se lesões longitudinais, escuras, deprimidas que podem levar à queda de
frutos antes de sua maturação fisiológica.

Os frutos podem ser afetados em qualquer estádio de seu desenvolvimento e quando


novos, ou tornam-se mumificados ou caem. Nos frutos maiores o patógeno pode, a
princípio, ficar latente e depois ativar-se e provocar seu apodrecimento durante o
processo de amadurecimento ou após a colheita. Nos frutos maduros, os sintomas se
apresentam sob a forma de manchas ou lesões escuras, levemente deprimidas, de
tamanho variável e em geral arredondadas.

31. Quais a medidas culturas mais recomendadas para o controle da


antracnose?

Instalação dos pomares em regiões com baixa umidade.

Indução de floração para produção em épocas desfavoráveis ao fungo.

Nas regiões onde ocorrem durante o ano períodos de elevada umidade relativa,
sugere-se o plantio com maior espaçamento, para favorecer a ventilação e insolação
entre as plantas, bem como as podas leves, para abrir a copa e aumentar a aeração e
penetração dos raios solares.

Durante os períodos de repouso deve-se proceder as podas de limpeza, para eliminar


os galhos secos, os restos de panículas e os frutos velhos remanescentes, recolhendo-
se ainda os caídos. Estas medidas devem ser realizadas com a finalidade de reduzir
as fontes de inóculo do fungo na área de plantio.
32. Quais os fatores que contribuem para o desenvolvimento do oídio?

A penetração do fungo é favorecida pela perda de água nos tecidos da planta, quando
há forte calor e grande queda de umidade, ou por um ambiente geralmente seco.
Níveis de temperatura entre 20 e 25°C são os mais favoráveis à propagação do oídio,
embora a doença se desenvolva também em temperaturas mais baixas. Os esporos do
fungo podem germinar tanto em condições de alta umidade como na ausência de
água livre.

Os maiores índices de germinação ocorrem nos níveis de umidade relativa entre 20 a


65%. As chuvas não são necessárias para o desenvolvimento do oídio. Ao contrário,
altas precipitações são desfavoráveis à doença. O fungo é disseminado pelo vento e
por insetos, principalmente os polinizadores como a mosca doméstica.

33. Quais os sintomas que causam o oídio?

As folhas, inflorescências e frutinhos novos ficam recobertos por um pó branco


acinzentado que correspondem às estruturas do patógeno. Nas folhas novas causa
deformações, crestamento e queda e, nas folhas velhas e frutos desenvolvidos
ocasionam manchas irregulares. Na inflorescência o patógeno recebe o abrigo das
flores em formação que não conseguem se abrir e caem. A epiderme das partes
atacada tomam uma coloração rósea, se partem, cicatrizam formando fendas onde se
abrigam esporos de C. gloeosporioides responsável pela antracnose. Quando os
frutos se desenvolvem, os pedúnculos finos e quebradiços, não os sustentam e eles
caem.

34. Como é feito o controle do oídio?

O controle pode ser feito de três maneiras: controle químico, biológico ou pela
utilização de variedades resistentes. O controle químico deve ser feito por meio de
pulverizações preventivas com fungicidas à base de enxofre, na forma de pó
molhável, ou quinomethionate e deve começar antes da abertura das flores e
estender-se até o início da frutificação. Em geral, são feitas três pulverizações a
intervalos de 15 a 20 dias: na fase que antecede a abertura das flores, após a queda
das pétalas e no pegamento dos frutos. O fato de que outros fungicidas utilizados no
controle da antracnose e da botriodiplódia, como triazois e mancozeb, têm efeito
também sobre o oídio sugere a definição de uma estratégia comum de controle onde
aparecem essas outras doenças

O produto biológico a base de mix de Trichoderma spp. tem sido aplicado em


mangueiras em cultivo orgânico, em pomares do semi-árido brasileiro, fazendo-se o
tratamento em todo o cíclo da cultura com intervalos de 15 dias.

São consideradas tolerantes ao oídio as variedades Brasil, Carlota, Espada, Imperial,


Oliveira Neto, Coquinho, Tommy Atkins, Keitt e Sensation. Além de serem menos
suscetíveis ao oídio, estas variedades produzem frutos que pesam menos que os de
outras variedades e possuem pedúnculos de maior diâmetro, o que lhes permite
permanecer na planta, apesar das lesões provocadas pela doença. Nos Estados
Unidos são consideradas resistentes: Gondo, Carrie, Sensation, Tommy Atkins e
Banana.

35. Que causa e como é disseminada a doença seca da mangueira?

A seca da mangueira é uma das mais graves enfermidades da cultura, podendo


provocar a morte da planta em qualquer idade e não tem controle quando a infeção
inicia pelo sistema radicular. O fungo causal é Ceratocystis fimbriata que pode
sobreviver no solo, ramos secos e em várias espécies vegetais. É disseminado por
uma pequena broca (Hypocryphalus mangiferae), que só é vetor quando o fungo se
encontra no pomar. Este inseto é comumente encontrado em todo pomar de manga,
sendo a cultura, seu hospedeiro nato. É disseminado, também, através do solo,
aderido em implementos agrícolas, por água de irrigação e por meio de mudas,
levando-se a doença para outros pomares e regiões. As condições climáticas que o
favorecem são, principalmente, períodos de maior precipitação e calor.

36. Como posso identificar uma planta afetada pela seca da mangueira?

Os sintomas da doença são facilmente reconhecíveis, em virtude do secamento total


ou parcial da copa das árvores. Como ela pode começar tanto pela parte aérea como
pelas raízes da planta, essa distinção é importante para a definição das medidas de
controle a serem adotadas.

Na parte aérea, a doença ataca em primeiro lugar os ramos finos, progredindo em


direção ao tronco. Inicialmente, a coloração verde das folhas da extremidade dos
ramos torna-se mais claro; segue-se a queima das margens e do ápice das folhas e,
posteriormente, o retorcimento do limbo foliar para dentro. As folhas permanecem
aderidas ao ramo e só caem após algum tempo. Com a evolução da doença, há o
secamento de galhos e a contaminação sucessiva de toda a copa, por meio do ponto
de interseção dos galhos, até que o tronco seja atingido, sobrevindo a morte lenta da
planta.

Como o fungo sozinho é incapaz de penetrar nos ramos, torna-se necessária a


presença de lesões para que as infecções se desenvolvam, e a participação de
coleobrocas, sobretudo dos gêneros Hypocryphalus, Xileborus e Platyphus, é
fundamental. Atraídos pelo odor do fungo, os besouros são estimulados a perfurar
galerias, inoculando e disseminando o fungo na planta e no pomar. Observam-se, dos
inúmeros orifícios de aproximadamente 15 mm abertos pelas coleobrocas, a
liberação de tufos cilíndricos de tecido vegetal (pó de serra) e a exsudação de uma
resina de consistência gomosa, sinal do ataque dos insetos. Mediante cortes de fora
para dentro, feitos nos pontos onde ocorre a exsudação de goma, consegue-se em
alguns casos encontrar o local da infecção. Neste ponto, os tecidos, tanto da casca
como do cilindro central do galho, apresentam-se necrosados.

Quando a infeção inicia pelas raízes, o fungo vai progredindo lentamente em direção
ao tronco. Na maioria das vezes, isto acontece sem que nenhum sintoma seja
externado, levando anos para atingir as bifurcações. Quando neste estádio, observa-
se a seca de ramos e morte rápida da planta. Em cortes longitudinais no tronco,
também são observadas manchas escuras no interior do lenho, como também
exsudados gomosos.

37. Como se pode controlar a seca-da-mangueira ?

A primeira medida de controle da seca da mangueira consiste na utilização de mudas


sadias para a implantação dos novos plantios. Para tanto as mudas devem ser
produzidas no próprio local, se for indene, ou serem adquiridas de viveiristas
instalados em regiões comprovadamente livres da doença.

Durante o desenvolvimento da cultura deve-se efetuar inspeções periódicas a fim de


eliminar as plantas doentes evitando, desta maneira, a disseminação do inóculo. Os
galhos afetados devem ser eliminados cortando-se os mesmos a 0,40 m abaixo da
região de contraste dos tecidos sadio/doente. Os galhos podados devem ser
imediatamente queimados, de modo que os besouros nele existentes também sejam
eliminados, evitando-se a disseminação da doença no campo. A ferramenta usada na
operação da poda deve ser desinfestada em uma solução de hipoclorito de sódio a 20
ml/L de água, e as partes cortadas protegidas com o pincelamento de uma pasta
cúprica na qual pode-se adicionar o inseticida carbaril a 2 g/L de água.

As árvores mortas em conseqüência de infecção iniciada nas raízes, ou aquelas cujo


tronco já foi afetado, devem ser eliminadas para não servirem de fonte de inóculo do
fungo no pomar.

38. A malformação é uma doença?

A malformação, tanto vegetativa quanto floral é uma doença causada por Fusarium
subglutinans = (F. sacchari) um dos mais sérios problemas da mangueira em razão
dos prejuízos que acarretam na produção. Existem muitas hipóteses para explicar a
malformação. Os vários trabalhos desenvolvidos indicam como causadores da
anomalia, ácaros, fungos, vírus, micoplasmas distúrbios hormonais e genéticos.

Atualmente descobriu-se que fungos do gênero Fusarium são os agentes causais,


tendo o ácaro das gemas Eriophyes mangifera um importante papel na transmissão
devido as feridas que causam no meristema das plantas.

39. Porque os sintomas da malformação são tão variados ?

A malformação apresenta ampla variação de sintomas, os quais se relacionam,


provavelmente, com diferentes fases do agente etiológico, podendo variar com a
espécie de patógeno, com a cultivar de manga, fatores ambientais, idade do
hospedeiro, tipo de tecido e momento da infecção. Entretanto, os dois tipos de
sintomas mais comuns desta enfermidade são, a malformação da inflorescência e a
malformação vegetativa. Os sintomas característicos da malformação vegetativa
podem ser observados em plantas adultas, todavia ocorrem mais freqüentemente em
mudas no viveiro. As mudas e plantas afetadas por essa anomalia, têm o crescimento
retardado e, em geral, dão origem a plantas com inflorescências malformadas.

O sintoma característico da malformação floral é a aparência que a inflorescência


adquire de um cacho compacto, com o eixo primário e as ramificações secundárias
da panícula mais curtas Com freqüência a gema floral se transforma em vegetativa e
sobrevem um grande número de pequenas folhas e ramos. Em alguns casos as várias
partes da inflorescência aumentam de tamanho e enrijecem. O número de flores é
alterado, assim como a proporção de seus tipos. As hermafroditas são substituídas
por masculinas, resultando na redução do número de flores perfeitas. A malformação
vegetativa é encontrada mais amiúde nas mudas em viveiros. Ocorre também em
árvores adultas, embora menos freqüentemente que a malformação floral. Nas
plantas jovens, o principal sintoma é a brotação de gemas auxiliares na extremidade
do ramo principal e dos secundários, em virtude da inibição da dominância apical.
Os internódios são reduzidos, comprimindo um grande número de pequenas folhas e
ramos numa estrutura compacta na parte terminal do ramo.

40. Já existe controle eficiente para a malformação?

O principal procedimento é a vistoria periódica do pomar, principalmente quando


nos casos de emergência de panícula sob temperaturas amenas; em viveiro, vistoriar
as brotações vegetativas, observando as gemas para a eliminação de todas as mudas
encontrada com malformação; não usar na formação de mudas porta-enxertos
afetados; tampouco usar borbulhas ou garfos de plantas que apresentem sintomas da
doença; ao primeiro sinal da doença, eliminar e destruir sistematicamente (queimar)
os ramos que apresentem inflorescências e brotações malformadas, 0,30 a 0,60 m
abaixo do seu ponto de inserção e pincelar a área podada com pasta cúprica; eliminar
as panículas com cerca de 0,015 m para forçar as gemas axilares a produzir novas
panículas; proceder a poda dos ramos que apresentam continuamente os sintomas da
doença, a partir do nó em que se detectou o problema pela primeira vez; evitar a
aquisição de mudas malformadas e provenientes de viveiros e regiões onde ocorre a
doença.

Em plantas adultas, ao primeiro sinal da doença, podar e destruir os ramos com a


malformação. Caso esses ramos apresentem novamente o problema, fazer uma poda
drástica. A cada estrutura ou órgão podado, deve-se fazer a queima das partes
retiradas e a desinfestação dos instrumentos de poda, mediante a imersão em água
sanitária diluída em água corrente, na proporção de 1:3 e proteger as áreas podadas
com um benzimidazol + cobre + adesivo e água na proporção de 3:1:1.

41. O colapso interno é uma doença ?

Não. O colapso interno do fruto da manga é um distúrbio fisiológico de causa


desconhecida, caracterizado pela desintegração e descoloração da polpa, que perde a
sua consistência natural, tornando o fruto parcial ou totalmente imprestável para o
consumo.

42. Quais os principais sintomas do colapso interno ?

Tratado como um complexo, o colapso interno do fruto apresenta um quadro


sintomatológico bastante diversificado: desintegração da polpa, obstrução da
cavidade, abaixo do pedúnculo, amolecimento sob a casca, fendilhamento da
semente, manchas necrosadas no meio da polpa e verrugas no endocarpo.
Todos esses sintomas guardam estreita relação entre si. Geralmente uma condição
que sobrevem leva a outra. Por exemplo, a cavidade abaixo do pedúnculo, por
obstruir os feixes vasculares, provavelmente impede a alimentação normal da
semente e da polpa, e desencadeia os demais sintomas citados, sobretudo a
desintegração da polpa. Esta desintegração não só é o sintoma mais freqüente, como
o que maior dano causa, sendo por conseguinte o mais importante.

O colapso interno aparece tanto nos estágios iniciais de maturação do fruto, quanto
depois da colheita. Os sintomas consistem na desintegração do sistema vascular na
região de ligação entre o pedúnculo e o endocarpo, enquanto o fruto ainda está na
árvore, fazendo com que a semente se torne física e fisiologicamente isolada dos
tecidos que a sustenta. A partir daí, forma-se um espaço vazio entre o endocarpo e a
região peduncular do fruto e o tecido em volta dessa abertura começa a descolorir
bem como a polpa vai também se descolorindo, notadamente ao redor do endocarpo.

43. Já existe algum controle para o colapso interno do fruto?

Como não se conhece todas a causas do colapso do fruto, torna-se difícil controlá-lo.
É possível, entretanto, propor algumas medidas. Estas, se não controlarem o
distúrbio, certamente amenizarão o problema, tornando possível a convivência, como
o controle cultural em que se recomenda manter os pomares, em que a ocorrência do
distúrbio seja alta, com uma adubação na qual os teores de nitrogênio sejam baixos,
com um teor de cálcio na folha em torno de 2,5%, aplicando calcário, gesso ou
nitrato de cálcio. Proceder a calagem, elevando a saturação por bases (V%) para
70%.

COLHEITA E PÓS-COLHEITA

44. Como determinar o ponto de colheita ideal para a manga?

O fruto deve estar com os "ombros" cheios, a casca lisa e com brilho. Internamente,
se destinada ao mercado externo, a cor da polpa deve ser creme (não branca), com
cerca de 30% de amarelo, com firmeza em torno de 12,5 kgf e sólidos solúveis entre
7-8ºBrix. Para o mercado interno, os frutos podem apresentar polpa mais amarela e
cerca de 10ºBrix. A distância da fazenda ao mercado consumidor e as condições de
transporte e armazenagem podem determinar o ponto de colheita.

45. Como evitar as manchas de látex nos frutos?

Os cuidados devem começar na colheita. Dias chuvosos e as primeiras horas da


manhã aumentam o fluxo de látex e devem ser evitados. Deve-se colher os frutos
com auxílio de alicate de colheita deixando-se cerca de 0,05 m de pedúnculo aderido
ao fruto, depositando-os voltados para baixo e na sombra. Na recepção no galpão de
embalagem, os pedúnculos são reduzidos mecanicamente ou manualmente até 0,005
a 0,01 m e os frutos imediatamente imersos em água com cal (hidróxido de cálcio) a
10 g/L de água.

46. Qual a finalidade e como deve-se realizar o tratamento térmico para


exportação?

O tratamento térmico serve para o controle de fungos (55ºC / 5 min) e para controle
de mosca-das-frutas (46,1ºC / 75 min – frutos com peso inferior a 500 g – ou 90 min
– frutos de 500 a 700 g). É necessário o controle rigoroso da temperatura e um
sistema de circulação de água que assegure temperaturas uniformes.

47. Quais as condições de armazenamento em câmara fria?

A manga pode ser armazenada em câmara fria a 13ºC por 21 dias. Temperaturas
mais baixas (até 10ºC) podem ser utilizadas, mas podem gerar injúrias nas frutas a
depender do tempo de exposição a esta condição. É recomendado manter 90-95% de
umidade relativa dentro da câmara.

TECNOLOGIA DE ALIMENTOS

48. Qual o valor nutricional da manga?

O principal valor nutricional da manga está no seu conteúdo vitamínico, em 100 g de


polpa: vitamina B1 – 0,05 a 0,058 mg; vitamina B2 – 0,06 mg; vitamina C – 27,00 a
53,00 mg e vitamina A – 220 mcg, sendo que, estas últimas se destacam. Da
vitamina A, cuja matéria-prima é o betacaroteno, sabe-se atualmente que é o melhor
combatente dos radicais livres. Os radicais livres são considerados a ferrugem do
corpo, provocando envelhecimento precoce. Devido ao alto teor de vitamina A, a
manga é um execelente antioxidante do organismo. Contém ainda potássio, fósforo,
cálcio, ferro, proteínas, lipídios e glicídios.

49. De que forma a manga pode ser consumida?

O consumo da manga in natura, sem dúvida predomina, entretanto, esta fruta pode
ser amplamente utilizada na culinária e na indústria alimentícia. Na culinária permite
a elaboração de pratos como: musses, saladas, vitaminas, bolos, tortas e molhos. Na
indústria alimentícia os produtos mais comuns são: polpas, sucos, néctares e geléias,
sendo que, a maior produção se dá na forma de polpa, pois é matéria prima para a
elaboração dos sucos, dos néctares, doces em massa e geléias.

50. Qual o processo para obtenção industrial da polpa de manga?

Segundo os Padrões de Identidade e Qualidade (PIQ) definidos pelo Ministério da


Agricultura, polpa é o produto não fermentado e não diluído, obtido da parte
comestível da manga, por meio de processo tecnológico adequando. Esta polpa deve
ser de coloração amarela, de sabor doce e levemente ácido próprio da fruta, aroma de
manga e possuir no mínimo 11% de sólidos solúveis totais (oBrix), medida que visa
controlar a diluição do produto. Para a elaboração de polpa de manga, escolhem-se
frutas boas, maduras o suficiente, livres de podridão e insetos. A partir da escolha da
matéria prima as etapas são as seguintes: lavagem ? seleção ? descascamento ?
desintegração da fruta (equipamentos do tipo moinho de facas) ? despolpamento
(equipamento que extrai a polpa ao mesmo tempo que separa sementes, fibras e
substâncias grosseiras) ? acabamento (sistema de peneiras que deixa a polpa mais
fina e homogênea) ? ajuste da polpa (tanque onde padronizam-se as características da
polpa) ? desaeração (eliminação do ar para melhorar as características da polpa) ?
pasteurização (tratamento térmico para reduzir a quantidade de microrganismos
presentes). Depois de produzida a polpa pode ser conservada por: congelamento,
substâncias químicas ou de formas mais sofisticadas como processo asséptico.

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