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Estudo investiga efeito do ômega 3 no

organismo
Ainda é um mistério para a ciência os
mecanismos dos efeitos positivos do Ômega 3 no
corpo humano. Na Faculdade de Ciências
Farmacêuticas (FCF) da USP, uma equipe
liderada pela professora Inar Alves de Castro
quer descobrir como acontece a redução dos
níveis de triglicerídeos no organismo e a dimunição do risco de
doenças cardiovasculares.

Os estudos na FCF constataram que o Ômega 3 possui uma cadeia


muito insaturada, com 5 ou 6 duplas ligações, ou seja, estão muito
suscetíveis à oxidação. “Pelas pesquisas, supomos que um
consumo maior de Ômega 3 tornaria a pessoa mais suscetível à
oxidação, pois as membranas de suas células, incorporadas com
ácidos graxos Ômega 3, estariam mais oxidáveis. Isso seria uma
coisa ruim. Se minhas células são facilmente oxidáveis, eu sou
facilmente oxidável”, explica Inar.

A equipe da professora iniciou as pesquisas com Ômega 3 em


1999. Desde então, os cientistas investigam se um maior consumo
do ácido graxo causa maior stress oxidativo em humanos e em
animais. Durante a pesquisa, cerca de 100 voluntários ingeriram na
dieta alimentar uma dose de 1 grama (g) de Ômega 3. Então, os
pesquisadores avaliaram os diferentes aspectos da suplementação
alimentar. O resultado é que, nos estudos do FCF, o stress oxidativo
não foi aumentado.

“Nosso grupo, assim como outros aqui no Brasil e no exterior,


começou a observar que, na prática, a tendência é que isso [uma
oxidação maior das células] não aconteça. E do ponto de vista
químico isso é incoerente. Então, estamos investigando porque isso
não está ocorrendo”, diz a professora, “Queremos descobrir o que
há dentro do nosso organismo que faz com que esses ácidos
graxos não oxidem como eles deveriam oxidar caso fosse num
sistema in vitro”.

Existem várias possibilidades para esse comportamento


diferenciado do Ômega 3. Por exemplo, pode ser que as células
não estejam sendo oxidadas, mas toda a reserva de antioxidantes
esteja sendo consumida. Ou, quando há uma presença maior de
Ômega 3 no corpo, o organismo começa a produzir mais enzimas
antioxidantes. “Sabe-se que alguma coisa acontece, não sabemos o
quê exatamente”, diz a cientista. “Ainda não se chegou num
consenso, mas a tendência é que uma pessoa não oxide mais ao
ingerir Ômega 3. E se isso realmente for comprovado, é um contra-
senso”.

Benefícios
O Ômega 3 é encontrado em gorduras de peixes de águas
profundas e frias, como o salmão, a sardinha e o arenque.
Cientistas americanos, em pesquisas realizadas na década de
1970, observaram seus benefícios em populações de esquimós,
que consumiam peixes ricos em Ômega 3. Eles compararam uma
população que vivia no pólo norte, consumindo tais peixes, com
outra que migrou para áreas urbanas. Aqueles que migravam
apresentavam uma incidência de doenças cardiovasculares muito
maior do que aqueles que ficaram vivendo da pesca.

Os pesquisadores concluíram que havia uma forte relação entre o


consumo de Ômega 3 e a redução de doenças cardiovasculares.
Observaram que ele tinha relação na redução da síntese de
compostos inflamatórios, que é a causa de várias patologias. Então,
investigaram como ele atuava no organismo causando essa
proteção.

Riscos
Apesar de os benefícios do Ômega 3 serem comprovados
cientificamente, seu consumo numa dosagem muito além daquela
encontrada nos peixes preocupa os pesquisadores, pois ainda não
se sabe que efeitos essas altas doses podem ter no organismo a
longo prazo. Atualmente ele é largamente comercializado nas
farmácias na sua forma concentrada em cápsulas.

Segundo a professora, isso é uma prática no mínimo arriscada, pois


a ciência ainda não pode assegurar se esse consumo exagerado é
saudável para o organismo. “Em qualquer farmácia você encontrará
montes de frascos, cápsulas, em dosagens muito altas. É
preocupante para nós saber se isso, consumido de forma crônica e
em alta dosagem, vai trazer problemas para a pessoa no futuro”
alerta.

”O Ômega 3 também aumenta o colesterol nas suas duas frações:


HDL e LDL. Ele reduz bastante os triglicerídeos. É uma coisa que
as pessoas confundem bastante: muitas pessoas acham que ele
reduz o colesterol. E não reduz! Ao contrário, até aumenta”, enfatiza
Inar.

A professora esclarece que o Ômega 3 consumido como parte da


gordura do peixe é seguro. Pois ninguém consumirá uma
quantidade de peixe a ponto de chegar numa dosagem como as
que são vendidas em forma de comprimido. A professora diz que,
quando se fala em composto natural, muitas pessoas acham
absolutamente seguro consumir. É seguro, desde que consumido
em sua matriz original. Quando a indústria concentra o produto num
comprimido a função de risco muda completamente. “Nossa
preocupação é essa: o Ômega 3 consumido dentro de uma cápsula
deveria ser mais estudado, pois é algo do qual não se sabe os
efeitos a longo prazo. Mas ele já esta sendo comercializado em
altas dosagens” finaliza a pesquisadora.

Texto: Paulo Roberto Andrade


Fonte: Agência USP
Publicado em: 27/08/2008

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Bruna Rezende Salgado

NUTRICIONISTA CLÍNICA / PERSONAL DIET


Franca - S.P

Clínica Bella Estética


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Tel: 3722-9363

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