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Exmo Senhor

Juiz de Direito do Tribunal


Judicial da Cidade de Maputo

SECÇÃO TURNO

Instituição Bancária, contribuinte fiscal nº …., com sede na Av. ………,


Maputo, vem intentar e fazer seguir neste tribunal nos termos do art. 402.º e
segs. CPC a presente PROVIDÊNCIA CAUTELAR NOMINADA DE
ARRESTO,

Contra

…………., LIMITADA, com último domicílio conhecido na Rua ………,


Maputo, o que faz com os fundamentos seguintes:

º
O Requerente é uma instituição de crédito, legalmente habilitada a exercer esta
actividade, nos termos da Lei das Instituições de Crédito e das Sociedades
Financeiras (“LICSF”), aprovada pela Lei n.º 15/99, de 1 de Novembro, em
atenção às alterações introduzidas pela Lei n.º 9/2004, de 21 de Julho.

º
No âmbito da sua actividade, o Requerente concedeu à Requerida, por efeito do
contrato de financiamento celebrado no dia … de ……….. de 20…, um crédito
denominado por “empréstimo de curto prazo (descoberto autorizado) ” no

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valor de ………, conforme contrato que aqui se junta e se dá por integralmente
reproduzidos para os devidos efeitos legais (doc.1).

º
O crédito foi concedido pelo prazo de ……. cujo término ocorre em finais de
………. (doc.1).

º
FACTOS………………

º
Sucede porém, que em Julho de 2013 a Requerente teve conhecimento que a
sócia da Requerida, ………. (PTY) Limited, estava com sérios problemas
financeiros,

º
e, por esse facto, tinha solicitado junto das instituições Sul Africanas com
competência para o efeito, um pedido de provisório de insolvência que foi
divulgado pela internet através do site: ….. (doc. 6 - extracto da informação da
internet devidamente traduzido).

º
Em face desta gravíssima situação, o Requerente contactou a Requerida no
sentido de procurar saber o que se estava a passar,

º
tendo obtido da sua sócia ………….. (PTY) Limited a informação que a situação
financeira da empresa era grave,

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º
e que em principio poderia estar em causa a afectação de fundos que pudessem
cobrir os valor mutuados pelo Requerente a título de descoberto no termo do
prazo contratualmente firmado.

º
Nessa sequência, o Requerente enviou à Requerida e à …………. (PTY) Limited
(esta última na qualidade de confortante, i.e., garante do financiamento), duas
cartas datadas de ……… de Julho de 2013, solicitando o reforço das garantias,

º
“(…) Em face desta situação de alteração das condições económicas do contrato,
motivadas pelo pedido de insolvência da ……………(Pty) Limited que confortou a
concessão do crédito junto do Banco, vimos pela presente solicitar no prazo de 5 dias
úteis a contar da recepção desta carta, o reforço das garantias ao serviço do presente
Contrato, através da concessão de outras garantias, preferencialmente de garantias reais
(como o penhor e hipoteca). (…)” – docs.7 e 8 (cartas a solicitar o reforço).

º
Mais se referiu nessas cartas que, “(…) Na eventualidade da ………Limitada e da
……… (Pty) não reforçarem as garantias no prazo estipulado, consideramos existir nos
temos contratuais uma alteração grave do equilíbrio económico do Contrato, que
consequentemente determinará a sua resolução. (…)” - docs.7 e 8 (cartas a solicitar o
reforço).

º
A carta enviada pelo Requerente à Requerida foi devolvida com a indicação de
que as instalações da sua Sede, na Cidade de Maputo, estão encerradas, não se

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conhecendo outros centros de negócio seus,

º
tendo aquela outra enviada à ……….. (PTY) Limited tido a mesma sorte,
conforme se assaca do relatório apresentado pela empresa de correios Skynet,
contratada pela Requerente para proceder à entrega das cartas, com aviso de
recepção (Doc. XXXX).

º
todas as tentativas de contacto telefónico com os representantes conhecidos da
Requerida e da Confortante revelaram-se infrutíferos,

º
pois os contactos telefónicos conhecidos da sociedade e do seu CEO estão
inoperacionais e noutros, como é o caso da Sra………….., Gestora Financeira da
Requerida, a Requerente obteve a resposta de que a mesma já não trabalhava
para aquela (a Requerida).

º
A Requerida debate-se actualmente com graves problemas financeiros, tendo a
sua única sócia se apresentado voluntariamente à insolvência na República da
África do Sul.

º
Por outro lado, a Requerida encerrou recentemente as suas instalações na
cidade de Maputo,

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deixando de ter um local físico, conhecido da Requerente para se poder
contactar,

º
o que claramente pode indiciar a cessação das suas actividades em território
Moçambicano e a possível movimentação de eventuais activos para o território
sul-africano, por forma a evitar ou dificultar a sua eventual execução por parte
dos credores, como é o caso do Requerente!

º
ademais, as dificuldades de notificação, bem como a ausência de contactos
telefónicos válidos, são indiciários, de que a Requerida se furta às notificações
da Requerente para tratar de todos os assuntos a si inerentes.

º
O Requerente em face da situação descrita corre o sério risco de não ver
satisfeito o crédito que concedeu num valor avultado.

º
E, se isso acontecer as suas contas e resultado do exercício deste ano (2013) será
seriamente penalizado com esse prejuízo.

º
Preceitua o disposto no art. 403º nº 1 CPC que, “(…) O requerente do arresto
fundado no receio de perda patrimonial deduz os factos que tornam provável a existência
do crédito e justificam o receio invocado, relacionando, se puder, os bens que devem ser
apreendidos (…)”.

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Resulta assim da norma citada que o procedimento cautelar de arresto depende
essencialmente de dois requisitos: 1) da probabilidade da existência do crédito;
2) e da existência de justo receio de perda da garantia patrimonial.

º
In casu, a existência do crédito está sobejamente provada, verificando-se o
primeiro requisito da citada disposição legal constante do art. 403º nº 1 CPC.

º
Quanto à existência do justo receio de perda da garantia patrimonial tem-se
geralmente sobejacente que a avaliação deste requisito não deve assentar em
juízos puramente subjectivos do juiz ou do credor,

º
antes, deve basear-se em factos ou em circunstâncias que, de acordo com as
regras de experiência, aconselhem uma decisão cautelar imediata como factor
potenciador da eficácia da acção principal.

º
A ser assim, resulta dos factos carreados neste requerimento que a Requerida
não provisionou a conta com os valores necessários e suficientes para que os
juros emergentes do contrato tivessem sido pagos nas datas em que se venciam,

º
obrigando o Requerente a recorrer ao débito de outras contas bancárias por
aquela titulada para prover ao pagamento dos montantes em divida.

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Igualmente, a doutrina mais avisa indica que “(…) o fundado receio da perda da
garantia patrimonial tanto pode resultar da existência de sinais de o devedor se estar a
colocar numa situação de insolvência, que o impeçam de garantir o seus créditos, como
se encontrar num processo de dissipação do seu património através da venda de bens que
dificultem assim aos credores a satisfação do seu crédito, ou até pelas dificuldades
que os credores possam ter no contacto com os devedores, tudo, indícios de que
o devedor se furta ao cumprimento das suas obrigações e intencionalmente,
coloca o credor numa situação de fragilidade e perigo”1, fim de citação
(destaque e sublinho nossos).

º
ou, dito de outra forma, “integra o conceito de justo receio qualquer causa
idónea a provocar num homem normal esse receio; pode tratar-se do receio
de insolvência do devedor (a provar através do apuramento geral dos bens e
das suas dívidas) ou do da ocultação, por parte deste, dos seus bens (se, por
exemplo, ele tiver começado a diligenciar nesse sentido, ou ousar fazê-lo para
escapar ao pagamento das suas dívidas); ou do receio de que o devedor
venda os seus bens (como quando se prove que está tentando fazê-lo) ou de
qualquer outra actuação do devedor que levasse uma pessoa de são critério,
colocada na posição do credor, a temer a perda da garantia patrimonial do
seu crédito.”2

º
situações que temos por verificadas e devidamente comprovadas pela
Requerente, pelos factos acima elencados.

1
Geraldes, Abrantes “Temas da Reforma do Processo Civil – IV Volume”, 2.ª Edição, Almedina,
Coimbra, Pag. 187.
2
Freitas, Lebre de “Código do Processo Civil Anotado”, Vol. II, Coimbra Editora, Coimbra, 2008, pp.
119 e 120.

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º
Por outro lado, o Requerente tomou conhecimento que a principal e única sócia
da Requerida está em processo de insolvência na República da África do Sul,

º
o que determina a impossibilidade de garantir o cumprimento da obrigação
constante da carta conforto prestada, esvaziando-a totalmente de conteúdo.

º
Alguém que se apresenta à insolvência não tem meios financeiros para poder
honrar com os seus compromissos financeiros do seu giro comercial.

º
A par deste facto, aquela sócia juntamente com a Requerida quando notificadas
pelo Requerente para reforçarem as garantias por forma a garantir na plenitude
a satisfação do crédito mutuado,

º
pura e simplesmente ignoraram aquela notificação,

º
com a agravante de se ter conhecimento que a Requerida encerrou as suas
instalações em Maputo onde operava, razão pela qual a carta foi devolvida.

º
Se usarmos o critério do bom pai de família ou de um empresário mediano, sagaz
em face das situações ora descritas é de concluir que a Requerida revela
claramente o propósito de incumprir e que a sua situação financeira é bastante
débil.

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º
Para além disso, será ainda de salientar que a concessão do crédito nos moldes
em que foi disponibilizado pelo Requerente, apenas o foi, porque a sócia da
Requerida assegurou na plenitude o pagamento do financiamento, uma vez que
era tida na África do Sul como uma empresa pujante de grande robustez
económica.

º
E só assim se compreende os termos claros do conteúdo em que foi redigida a
carta conforto.

º
Deste modo, igualmente o segundo requisito do justo receio da perda da
garantia patrimonial está devidamente preenchido.

º
O Requerente tem conhecimento da existência das contas bancárias tituladas
pelas Requerida junto do seu banco com os nºs ………..,

º
e bem assim de um crédito que recebe mensalmente de um contrato celebrado
com a sociedade ……………., Limitada (“Jindal”), em …………..

º
Decerto que a Requerida deverá ser titular de contas bancárias noutras
instituições de crédito, mas que por força do SIGILO BANCÁRIO imposto pelo
art. 48.º da Lei nº 15/99 de 1 de Novembro, o Requerente está impedido de ter

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acesso à informação sobre a existência de saldos bancários, o que apenas poderá
ser desbloqueado mediante uma ordem judicial.

Nestes Termos,
e porque os factos anteriormente descritos são bastantes para o Requerente
recear perder a garantia patrimonial do seu crédito, REQUER a V. Exa. que, se
digne decretar o arresto:
a) Das contas bancárias da Requerida nºs ………. Junto do Requerente;
b) Das contas bancárias que possam existir junto do ……………..;
c) Do crédito que a Requerida percebe mensalmente do contrato que foi
celebrado com a sociedade …………, para garantia do pagamento do seu
saldo credor, juros, custas e procuradoria.

Mais REQUER muito respeitosamente a Vexa. que, ao abrigo do disposto no art.


404.º n.º 1 do CPC, a presente providência seja decretada sem audiência da
parte contrária.

Prova Testemunhal

1. …………….
2. ………………..
3. …………………..
4. ………………………

Junta: …documentos, duplicados legais e procuração


Valor: ……………..,00MT

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O Advogado,

(Álvaro Pinto Basto


Carteira Profissional nº 241)

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