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1936

Tempo histórico e acontecimentos políticos

Espanha (Franco)

● A Frente Popular da Espanha, coligação política de republicanos de esquerda,


socialistas e comunistas formada em 1935. Ganhou as eleições gerais espanholas
de 1936 e manteve-se no governo até o final da Guerra Civil Espanhola em 1939.
● Dá-se o golpe político chefiado por Genebra Franco, para instalar a ditadura em
Espanha. A legalidade democrática espanhola é derrubada
● Em 18 de julho de 1936 teve início um golpe militar contra o governo republicano,
legitimamente eleito. Eclodiu primeiro em Marrocos e estendeu-se depois às
guarnições militares de toda a Espanha, conduzindo a uma guerra civil que durou
três anos. Esta guerra foi uma manifestação do intenso confronto ideológico que
marcou a década de 1930 e que opôs o fascismo, o comunismo e a democracia
liberal.
● Esta foi também uma guerra internacional, que teve uma enorme projeção no
estrangeiro. Foi um episódio determinante da crise europeia da década de 30, no
qual interferiram vários países estrangeiros, que procuravam influenciar o seu
desfecho. A intervenção estrangeira no conflito foi determinante para o resultado
final, fazendo a balança pender para o lado dos insurgentes.
● Também Portugal se posicionou perante o conflito que assolava a Espanha. António
de Oliveira Salazar deu apoio logístico, informativo, diplomático e material aos
sublevados. Fê-lo discretamente, por temer a reação que esse apoio poderia
provocar junto da Grã-Bretanha.
● O ditador português acreditava que o futuro do regime também estava em jogo e
que o desfecho do conflito no país vizinho poderia pôr em causa a sobrevivência do
Estado Novo, caso os republicanos saíssem vitoriosos. Por isso, o regime permitiu
que os insurretos circulassem em Portugal e forneceu-lhes mantimentos, armas e
munições.Os aviões alemães puderam fazer escala no país e passaram por território
nacional munições e armas que se destinavam aos nacionalistas. Salazar permitiu
também o recrutamento de voluntários nacionais para combaterem ao lado dos
nacionalistas, os chamados “Viriatos”, e enviou especialistas militares. O país
conduziu ainda propaganda “anticomunista” na imprensa e na rádio portuguesa.
● Em julho de 1936 eclodiu uma sublevação militar em Marrocos, que depois se
propagou a várias guarnições militares na Espanha peninsular, nas ilhas e colónias
espanholas.

França (Léon blum)


Crise na década de 1930
Na década de 1930 a França encontrava-se numa crise profunda, caracterizada por: problemas
econômicos, políticos e sociais; a ascensão do fascismo e do nazismo; a agitação social; e a redução
dos salários, despesas públicas e restrição das importações.
Como reação, é formada uma aliança entre organizações antifascistas e partidos de esquerda
(socialistas, comunistas e radicais), levando assim à fundação da Frente Popular em 1934

A ascensão da Frente popular ao poder em 1936


Os partidos da Frente Popular prometeram aos eleitores bloquear o caminho para o fascismo, lutar
contra as duzentas famílias que controlavam a economia francesa, fornecer pão e lutar pela paz e
pela liberdade .
Com a aproximação das eleições de abril de 1936, radicais, socialistas e comunistas multiplicaram as
manifestações unitárias em torno de slogans comuns como ("pão, paz, liberdade" e "fascismo não
passará").
Posteriormente, a Frente Popular venceu as eleições, com 378 deputados a favor contra 241
opositores.
Léon Blum, ascendeu à presidência do conselho e em 4 de junho de 1936 formou o primeiro governo
francês com liderança socialista. Os ministros (incluindo pela primeira vez na França, três
mulheres) eram socialistas e radicais. Já os comunistas, apoiavam o governo, porém não tinham
ministros: sendo isto um “apoio sem participação”.

As greves laborais e Acordo de Matignon


Assim que foram anunciados os resultados das eleições legislativas de 1936, deu-se uma onda
de greves por parte dos funcionários franceses, com ocupação de fábricas, lojas e quintas.
Espalhou-se pelo país e afetou quase dois milhões de trabalhadores.

Consequentemente, o governo, os empregadores e os sindicatos reuniram-se e negociaram o


Acordo de Matignon, em 7 de junho de 1936.
Este acordo implementou medidas tais como: férias remuneradas; reduziu a semana de
trabalho, sem a diminuição do salário, de 48 para 40 horas, os salários foram aumentados entre
7% e 15% e foram reconhecidas a liberdade de ação sindical e as convenções colectivas.

A queda da Frente Popular

A queda da frente popular deu-se principalmente por 2 motivos

1º- Os efeitos colaterais do acordo de Matignon. - Este, apesar de satisfazer os trabalhadores,


levou as grandes empresas a retirarem os seus investimentos com receio da bolchevização do país,
e o resto das empresas, para conseguir colmatar o custo da redução da jornada laboral, tiveram que
aumentar os preços, desencadeando uma inflação, que arruinou o poder de compra e as poupanças
dos franceses.

2º- O dilema da guerra civil espanhola

- O ano de 1936 é um tempo de grande agitação social na França democrática, com os franceses em lu ta por direitos sociais, luta que levará a esquerda ao poder.
A Frente Popular da França: coligação política de socialistas, comunistas e radicais. Formada em Dezembro de 1935 e ganhou as ele ições parlamentares de Maio de 1936 sendo ele ito primeiro-ministro Léon Blum. Manteve-se no poder até 1938.
- A Frente Popular em França
- Na década de 1930, a França era um país pola rizado ideologicamente. Nas eleições de 1936, a Frente Popular, que agregava movimentos de esquerda, os partidos socialista, radical e comunista, conseguiu 376 lugares no parlamento. Já a Frente Nacio nal, de direita, obteve 222 lugares.
- Na sequência da vitória ele itoral, a Frente Popular formou governo, sob a liderança de Léon Blum, um intelectual judeu, e in tegrava ministros do Partid o Socialista e do Partido Radical, incluindo três mulheres.
- No seu programa, a Frente Popula r havia prometido um amplo conju nto de obras públicas e pensões de reforma e desemprego.
- Uma vez no poder, o governo de Blu m aprovou um amplo leque de legislação social, que incluía o direito à sindicalização, o aumento dos salários em 15%, a jornada laboral de 40 horas semanais ou 15 dia s de férias pagas por ano. Garantiu ainda o direito ao trabalh o às mulheres.
- O governo ilegalizou as organizações paramilitares, reformou o Banco de França, sem no entanto o nacionalizar, e procedeu à nacio nalização da in dústria de armamento.

- Os partidos que integraram a Frente Popular eram ideologicamente muito diferentes


e essas diferenças rapidamente se fizeram sentir e provocaram um impasse.
-
- Antes do governo tomar posse, uma vaga de greves tinha varrido a França. As
grandes empresas, com receio da bolchevização do país, retiraram os seus
investimentos. Para conseguirem colmatar o custo da redução da jornada laboral, foi
necessário aumentar os preços, desencadeando uma inflação que arruinou o poder
de compra e as poupanças dos franceses. As medidas não conduziram ao desejado
aumento da produtividade. Depois de o Senado ter recusado conceder poderes
excepcionais ao governo, Blum demitiu-se do cargo de primeiro-ministro.

Contexto político geral

Podemos dizer que o tempo histórico d’O Ano da Morte de Ricardo Reis corresponde ao
período de entre duas guerras mundiais, a de 1914-18 e a de 1939-45. Politicamente,
Portugal vive os primeiros anos do Estado Novo (1933-1974), um período de Ditadura
dirigido por Salazar. Esta é também a época de ascensão dos regimes nacionalistas
espanhol, alemão e italiano.
O plano internacional, que é o dos princípios da guerra civil de Espanha e sobretudo da
segunda guerra mundial. É neste plano que se destacam as figuras de Hitler e de Mussolini.
Importa, entretanto, notar o seguinte: aquela indiferença de Ricardo Reis perante o
“espetáculo do mundo” tem a ver não só com a sua maneira de ser, mas também com a
posição histórica da personagem, que vive num tempo que não é o nosso. Por isso
insistimos na diferença entre dois tempos históricos:
- O tempo histórico da personagem, que é o de quem está a viver os acontecimentos
e a tomar conhecimento do que dizem e fazem os protagonistas políticos de então
(Salazar, Hitler, Mussolini, etc.).
- O tempo histórico do narrador (e de José Saramago), que é também o nosso, ou
seja, o de quem sabe como a história evoluiu, depois de 1936, o tal ano da morte de
Ricardo Reis. São frequentes e quase sempre com marcação irónica os trechos do
romance em que se aponta o contraste entre aqueles dois planos, o nacional e o
internacional, como se Portugal estivesse isolado da realidade histórica do mundo.

Curiosidades:
Em 1936 houve os Jogos Olímpicos em Berlim 1 DE AGOSTO - 16 DE AGOSTO
Os Jogos de 1936 foram os primeiros a serem transmitidos pela televisão.

Com uma atitude de contemplação, o personagem se depara com as notícias do


mundo e apresenta ao leitor um panorama sobre o governo salazarista em Portugal,
início da Guerra Civil na Espanha, fim da Guerra Colonial na Itália, Revolta dos
Marinheiros, expansão do nazismo alemão, prenúncio da Segunda Guerra Mundial
e movimentos fascistas. Por meio dessas notícias veiculadas pelo jornal O Século, o
personagem observa e reflete sobre tais acontecimentos históricos, mas se mantém
alheio. Assim como em um dos mais famosos versos de Ricardo Reis, heterônimo
de Fernando Pessoa, que também é uma das epígrafes do romance em análise:
“Sábio é o que se contenta com o espetáculo do mundo”, Ricardo Reis, o
personagem do romance de Saramago, contenta-se em apenas contemplar o
mundo a sua volta. Esse cenário caótico contribui para que a cidade se apresente
como um labirinto na qual o personagem busca caminhos para compreender o
mundo e o seu estar no mundo.

https://www.paginasmovimento.com.br/o-ano-da-morte-de-ricardo-reis---de-jose
%CC%81-saramago.html

acontecimentos relatados no livro

A Europa — Espanha e Franco

Em Espanha, o ano de 1936 é, sobretudo, de guerra.


A esquerda vencia e a república e os seus ideais democráticos impunham-se,
mas o Golpe de Estado de 18 de julho coloca em destaque Franco. Esta agitação
política é recebida através dos jornais e dos novos inquilinos do Hotel Bragança
que, fugindo à vitória da esquerda, se refugiam na capital portuguesa e esperam a
mudança, o golpe fascista liderado por Franco.
Ricardo Reis deve ter sido o último habitante de Lisboa a saber que se dera
um golpe militar em Espanha. Apenas soube do acontecimento quando leu o título
do jornal e quase teve uma tontura.
Ricardo Reis salienta a falta de esforço na análise dos trechos dos jornais.
Estes mais não são do que formas que o protagonista encontra para colmatar o
vazio em que vive, colocando-se numa posição de distância.
O exército espanhol, guardião das virtudes da raça e da tradição, ia falar com
a voz das suas armas, expulsaria os vendilhões do templo, restauraria o altar da
pátria, restituiria à Espanha a imorredoura grandeza que alguns seus degenerados
filhos haviam feito decair. (Saramago: 363)
Tal comentário serve para mostrar a forma como o governo funciona,
apresentando a aliança que havia entre e Igreja e o poder político, à qual não é
alheio o uso de vocábulos religiosos. Portugal via na vitória da Frente Popular
espanhola uma ameaça ao seu poder ditatorial e, por isso, apoiou as forças
políticas da direita que se revoltaram contra os republicanos, originando a
Guerra Civil de Espanha.

A Europa — França e Léon Blum


Em 1936, França é marcada por crises políticas de vária ordem e no romance
é dada ênfase a Léon Blum e ao movimento do Front Populaire. As notícias chegam
a Portugal, como já se espera, depois de passarem pela censura, mas também,
como se sabe, existe o narrador para levar o leitor a verificar o absurdo de certos
textos, cujas informações, diz o narrador, «são palavras do periódico» (Saramago:
290).
França( Léon Blum)- 1936

Pacificação do clima social e aprovação de medidas: • Aumento dos salários em 12% • Assinatura de
contratos coletivos de trabalho • Eleição de delegados dos trabalhadores nas empresas •

Reconhecimento aos operários do livre exercício do direito sindical, em troca do fim das greves e das
ocupações Benefícios das medidas Benefícios sociais • 15 dias de férias pagas aos trabalhadores •
Limite de horário de trabalho: 40horas semanais Politica cultural • Redução dos bilhetes de comboio
e das entradas em museus Outras medidas • Nacionalização de indústrias • Aumento dos poderes do
Estado sobre o Banco de França • Escolaridade obrigatória até aos 14 anos
Uma coalizão governamental de partidos formada durante a década de 1930, incluindo o Partido Comunista.
Isso foi facilitado por uma nova diretriz do movimento comunista mundial, a Internacional, que agora encorajava
seus membros a abandonar as políticas anteriores de não cooperação em favor da construção de uma frente
comum contra o fascismo. Embora aberta a todos os partidos pró-democráticos, a PF foi apoiada principalmente
por partidos de esquerda. Os governos da PF eram intrinsecamente instáveis devido à heterogeneidade de seus
membros e porque alguns deles, notadamente os comunistas e os socialistas, competiam pelo mesmo
eleitorado.

Na França , um governo de Frente Popular foi liderado por L. Blum a partir de 1936. Suas reformas sociais
incluíram a introdução de uma semana de trabalho de 40 horas, feriados remunerados e negociações coletivas.
No entanto, a PF não conseguiu superar as dificuldades financeiras causadas por seu programa social, que
foram acompanhadas por um forte aumento nos gastos militares. Blum teve que renunciar quando o Partido
Comunista, que se recusou a ingressar na Frente Popular, mas manteve sua maioria na Câmara dos
Deputados, rejeitou a política de não intervenção de Blum na Guerra Civil Espanhola. Seguiram-se vários
governos de curta duração apoiados pela mesma coalizão, mas a PF finalmente se desfez com o Acordo de
Munique.

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