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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA DA

BEIRA
FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO
CURSO DE CONTABILIDADE E AUDITORIA

Contabilidade de Gestão I

DISCENTE: Emmanuel Gia Chindongo

Docente: Nemo Zacarias Mateus

Beira, Março de 2023


Produção Conjunta
Diz-se que uma empresa elabora uma produção conjunta quando a fabricação de um
produto obriga a fabricação de dois ou mais produtos, de forma que, a transformação de
uma ou mais das matérias-primas usadas, obtêm-se diversos produtos.

Segundo Iudícibus (1993), empresas com processo de produção conjunta são aquelas
em que a partir do processamento, em várias fases e departamentos, da mesma matéria-
prima básica, são obtidos vários produtos, denominados co-produtos e eventualmente
alguns subprodutos.

Classificação dos produtos conjuntos


Dependendo da sua importância, os produtos podem ser designados por:

1. Co-produtos: são os produtos que têm idêntica importância relativa, são os


produtos principais. São assim chamados porque são originados de uma mesma
matéria-prima. São os que substancialmente respondem pelo facturamento da
empresa. Tem valor de venda relativamente alto, mas não são identificáveis
isoladamente como produtos individuais até o ponto de separação.
2. Subprodutos: são os produtos secundários, não faz parte do objectivo principal
obtê-los, mas sim o produto principal em que este esta associado. Pode ser
vendido ou utilizado como matéria-prima. São produtos que tem
comercialização tão normal quanto aos produtos da empresa, mas que
representam porção ínfima do facturamento total.
3. Resíduos e Desperdícios: estes são resultados da utilização das matérias-primas
ou da própria transformação. Alguns destes não tem valor, e os que tem podem
ser vendidos ou utilizados na produção. São itens que podem aparecer devido ao
processo de produção conjunta. Recebem um tratamento diferente, já que não
são tratados como produto normal da empresa. Segundo Martins (2010), são
aqueles itens cuja venda é esporádica e realizada por valor não previsível na data
em que surgem na produção.

As sucatas não só não recebem custos, como não tem sua eventual receita considerada
como diminuição dos custos de produção. Mesmo que existam em quantidades
razoáveis, não aparecem como stock na contabilidade.

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Para Horngren (1981), as sucatas são um produto com valor de venda mínimo.
Enquanto Maher (2001) defende que as sucatas são um produto cujo valor realizável
líquido é mínimo, ou mesmo negativo, em função dos custos de sua disposição.

Santo (2000) diz que as sucatas são resíduos que podem ou não ser decorrência normal
do processo de produção, não possuindo valor de venda e condições de negociabilidade
boas.

Podendo apresentar os seguintes casos:

 Valor nulo: quando os resíduos e os desperdícios não têm qualquer valor


mas a sua eliminação implicará em gastos para a empresa;
 Venda: quando são vendidos, o valor da venda poderá constituir um
acréscimo nos resultados ou uma diminuição do custo industrial;
 Reutilização: a avaliação e contabilização dos desperdícios que se
utilizam na exploração, poderão ser feitas a preços de mercado ou a
preços convencionais.

A produção conjunta apresenta problemas no que diz respeito ao custeio dos produtos e
aos seus custos conjuntos. Estes são custos comuns aos produtos conjuntos, não
havendo possibilidades de conhecer os custos reais de cada um deles. Assim, com a
necessidade de se calcular os custos por produtos, adoptam-se critérios para repartir os
custos conjuntos pelos produtos.

Custos específicos industriais são aqueles custos que acompanham aos semi-produtos
ou produto intermédio para a fase final do produto, com a seguinte fórmula:

CEI= Custos do mês disponíveis na fase seguinte + TCi – TCf – Subproduto + Resíduo

Custos
Segundo Martins (2003), custo é um gasto que pode ser relativo a um determinado bem
ou serviço que será utilizado na produção de outros bens ou serviços.

Martins (2010) define custo como o gasto relativo a bem ou serviço consumido na
produção de outros bens e serviços.

Custos Conjuntos
São custos aplicados no mesmo processo de produção que no determinado ponto de
separação, são identificados novos produtos separadamente.

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Segundo Matz, Curry e Frank (1978), custos conjuntos são aqueles incorridos antes do
ponto em que os produtos identificáveis separadamente emergem dos mesmos
processos.

São custos incorridos num mesmo processo até um determinado ponto em que os
produtos individuais podem ser identificados.

Custos conjuntos, segundo Garrison são os custos ocorridos na produção de produtos


conjuntos até o ponto de separação.

Para Horngren (2004), custos conjuntos é o conjunto de um único processo que gera
diversos produtos simultaneamente. E custos separáveis são os custos incorridos após o
ponto de separação, atribuídos a um ou mais produtos individualmente.

Para Garrison (2001), produtos conjuntos são dois ou mais artigos produzidos a partir
do mesmo insumo.

Garrison (2001) diz que o ponto de separação é o ponto do processo de produção em


que algum ou todos os produtos conjuntos podem ser identificáveis como produtos
separados. Ou o momento no processo em que um ou mais produtos se tornam
isoladamente identificáveis, para Horngren (2004).

Critérios de repartição dos custos conjuntos pelos produtos


1. Co-produtos
Na repartição dos custos conjuntos adoptam-se os seguintes critérios para
repartir os custos conjuntos pelos produtos obtidos:
 Das qualidades produzidas: repartem-se os custos conjuntos pelos
produtos proporcionalmente as quantidades obtidas de cada um deles;
 Do valor de venda da produção: consiste em repartir os custos conjuntos
pelos produtos proporcionalmente ao respectivo valor de venda da
produção;
 Do valor de venda da produção reportado ao ponto de separação:
repartem-se os custos conjuntos pelos produtos proporcionalmente ao
seu valor de venda no ponto de separação, isto é, ao valor de venda da
produção deduzido dos custos específicos. São considerados não só os de
produção, mas também os não industriais.

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Na visão de Martins (2010), os principais critérios de alocação dos custos conjuntos de
co-produtos são:

 Método do valor de mercado: este distribui de forma igualitária os custos


aos co-produtos, de acordo com sua participação na receita. Para Martins
(2010), o grande mérito deste método é de distribuir o resultado de forma
homogénea aos co-produtos;
 Método dos volumes produzidos: acaba por apropriar custos iguais por
unidade de volume elaborado. Assim os produtos originados do processo
de separação teriam o mesmo custo;
 Métodos da igualdade do lucro bruto: distribui os custos de forma que
cada produto tenha o mesmo lucro bruto por unidade.

2. Subprodutos
Para a valorização dos subprodutos podem ser utilizados os seguintes critérios:
 Custo Nulo: os produtos principais suportam todos os custos conjuntos
representando o valor de venda dos subprodutos após a dedução de todos
custos com a sua venda. Os produtos principais ficam com um custo alto;
 Lucro Nulo: os subprodutos não proporcionam qualquer resultado pelo
que o valor de venda deduzido dos custos com a venda é subtraído dos
custos conjuntos. Assim o valor dos custos atribuídos aos co-produtos é
baixo.

3. Resíduos
Os produtos com valor comercial nitidamente inferior aos restantes são
chamados de subprodutos, e que quando não tem valor comercial é designado de
resíduo. Quando tem valor de mercado e este é conhecido, é lhes atribuído um
custo igual ao seu valor de venda.

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Costeletas

Caso prático
A empresa Industrial de Suínos, produz em regime de produção conjunta, as Carnes
tipo A (bacon) e B (presunto) que comercializa no mercado, após operações de
embalagem, ao preço de venda unitário de 3,75mt por kg e 4,80mt por kg
respectivamente. No ponto de separação obtém, para alem dos produtos A e B, o
subproduto S que vende a um cliente ao preço de 1250mt por tonelada e o resíduo R que
manda destruir pagando 1500mt por tonelada.

Em certo período, venderam-se 80 toneladas de A e 96 toneladas de B e 12 toneladas de


S. os stocks iniciais eram nulos e no final do período havia 4 toneladas de B.

Obtiveram-se 20 toneladas de R. a contabilidade apurou 495.000mt de custos de


matérias e materiais directos e gastos de conversão acumulados no ponto de separação e
operações específicas de embalagem na fábrica de A e B no montante de 60.000 e de
80.000 respectivamente.

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A empresa reparte os custos conjuntos em função do valor de venda relativo no ponto
de separação e mensura o subproduto pelo critério do lucro nulo. O custo das vendas da
demonstração de resultados por funções do período foi de?

Resolução:

Em primeiro, identificar todos os valores essenciais para a resolução e listá-los:

Quantidad
Produtos e Ef PA PV Unidade
A 80 0 3750 toneladas
B 96 4 4800 Toneladas
S 12 0 1250 Toneladas
Custo: 1500 por
R 20   toneladas

Custos  
Conjuntos 495.000
Subprodutos Lucro Nulo

Agora, se apura o custo a atribuir ao subproduto tendo em conta o critério de lucro nulo:

Vendas: 12 toneladas x 1250mt = 15000mt

CIPA:

Valor Custos Percentage Custos CIPA


Carnes Venda específicos VVPS m conjuntos CIPA unitário
A 300.000 60.000 240.000 37,5 191,25 251.250 3.140,63
B 480.000 80.000 400.000 63 319 398.750 3.987,50

No valor de venda, foi analisado o período e não a quantidade vendida. A ração A não
apresentou diferença entre a quantidade vendida e a produzida por ser igual, e a ração B
tem stock de 4 toneladas, logo a quantidade a considerar será de 96 + 4=100toneladas.

Nos custos conjuntos, a repartir temos em conta os vários custos resultantes da produção
da ração:

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Custos de matérias e materiais diversos e gastos de conversão;
custos de destruição de resíduos;
retirar o custo atribuído ao subproduto.

Custos conjuntos a repartir: 495000 + 20 toneladas x 1500mt – 15000 = 510.000mt.

Quando se calcula o CIPA, inclui-se os valores dos custos conjuntos mais os custos
específicos industriais

Conclusão
Quando dois ou mais produtos, de custos elevados e importantes para a empresa,
surgem de uma única matéria-prima, ocorre a produção conjunta.

Os subprodutos como os co-produtos são oriundos de um processo de produção


conjunta, e o que os diferencia é que eles têm menor valor de mercado.

Devido a sua baixa representatividade no facturamento, normalmente os subprodutos


não possuem capacidade de absorção de custos, ficando registados no stock pelo seu
valor realizável líquido. Esse valor deve ser então deduzido dos custos de produção, que
são alocados aos stocks dos co-produtos.

Os resíduos são produtos que emergem da produção (seja continua ou não) que em
estado normal ou com defeitos ou estragados, não tem mercado garantido de
comercialização, e sua venda portanto é bastante incerta, não podendo se estabelecer a
priori se ela ocorrerá ou não.

Quando dois ou mais produtos de valor significativo são produzidos de uma única
matéria-prima, temos os chamados produtos conjuntos. Da mesma forma que os custos
implicados na fabricação de tais produtos são chamados custos conjuntos.

Os coprodutos, quando os seus múltiplos produtos possuem valor de venda


relativamente alto; enquanto o produto principal for apenas um vai possuir um valor de
venda relativamente alto.

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