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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO

ABIMAELSON SANTOS PEREIRA

TRANSGRESSÕES ESTÉTICAS E PEDAGOGIA DO TEATRO: o


Maranhão do início no século XXI

São Luís
2009
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO CULTURA E
SOCIEDADE

PROJETO DE DISSERTAÇÃO

TRANSGRESSÕES ESTÉTICAS E PEDAGOGIA DO TEATRO: o


Maranhão do início no século XXI

Projeto apresentado aprovado na


disciplina Seminário de Pesquisa II, como
requisito para elaboração do texto de
qualificação.

Orientador: Prof. Dr. Arão Nogueira


Paranaguá de Santana

São Luís
2010
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 70
2 JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 71
3 PROBLEMATIZAÇÃO DA PESQUISA ....................................................... 72
4 OBJETIVOS................................................................................................. 73
4.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................. 73
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................... 73
5 MARCO TEÓRICO....................................................................................... 73
6 METODOLOGIA .......................................................................................... 78
6.1 CRONOGRAMA ....................................................................................... 80
7 REFERÊNCIAS ............................................................................................ 81
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1 INTRODUÇÃO

Na tentativa de compreender as possibilidades estético-educativas


que se esboçam na perspectiva da teatralidade contemporânea, o presente
trabalho propõe-se a mergulhar nas discussões plurais que permeiam os
conceitos situados no imenso arquipélago das teorias sobre cultura e
sociedade, que tentam, cada uma a seu modo, identificar as maneiras como se
produz e aprecia o teatro nos últimos anos, considerando como objeto a
realidade local de uma cidade periférica – a capital do estado do Maranhão,
São Luís.
No âmbito do trabalho considera-se que a cena contemporânea é
desenvolvida numa óptica polissêmica em que o recurso da colagem, a
simultaneidade de cenas, a intervenção urbana, o uso de tecnologias
midiáticas, o processo de criação, entre outros fatores, redimensionam a cena
espetacular. Neste sentido, a prática performática, os processos espetaculares
assentados na descontinuidade da narrativa e a idéia de ruptura entre palco e
platéia, são questões que tornaram-se fundamentais para a compreensão do
teatro deste novo século.
Pode-se afirmar que, até os anos 1970, o teatro ludovicense era
praticado de maneira eminentemente amadorística e, nas escolas, relegado a
comemoração de efemérides, salvo raras experiências, ao passo que, por volta
daquele período, sobretudo com a contribuição de integrantes dos grupos
teatrais Laborarte e Tema, e de teatrólogos como Reynaldo Faray, Aldo Leite e
Tácito Borralho, a cena local passou a se articular às exigências estéticas do
moderno teatro brasileiro, e também a ser compartilhada por um público mais
abrangente. Contudo, na década seguinte esse movimento arrefeceu, sendo
impulsionado nos anos 1990, principalmente pela implementação da
Habilitação Artes Cênicas do curso de Educação Artística1 (SANTANA, 2003).
Com base na argumentação do parágrafo anterior, e considerando
que o cenário dos anos 2000 é movimentado pelo uso desenfreado dos novos
meios de comunicação, resultante de um processo de mundialização da

1Observe-se que por volta daquele mesmo período foi criado o Centro de Artes Cênicas do
Maranhão / CACEN, voltado para a formação profissional em nível médio, mantido pela
Secretaria de Cultura do Estado.
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cultura, que passa a ocorrer desde então não somente em São Luís, supõe-se
que a criação de um curso superior voltado especificamente para a linguagem
teatral2 tenha colaborado decisivamente para a constituição do objeto sob
investigação na presente pesquisa.
Em síntese, pretende-se verificar como a operacionalidade deste
teatro do novo século vem contribuindo, de forma significativa, para o
desenvolvimento dos processos culturais da capital maranhense, e de que
modo concatena-se com as indagações e perturbações situadas na
contemporaneidade, tomando como base de análise as contribuições
interdisciplinares de áreas afins como a antropologia, a comunicação e a
educação, entre outras.

2 JUSTIFICATIVA

Conceitos recentes, oriundos de estudos do século XX, tais como,


modernidade, pós-modernidade, multiculturalismo, transculturalismo,
interculturalismo, interdisciplinaridade, transdisciplinaridade,
multidisciplinaridade e hibridismo, para citar apenas alguns, fazem com que se
lancem olhares renovados sobre a educação cultural.
Nesse sentido, a pesquisa em tela é fundamental para a compressão
dos conceitos contemporâneos de cultura e sociedade e de que forma estes
dialogam com possibilidades de criação artística no Maranhão, verificando
quais as suas principais influências nos processos educativos proporcionados
pelo teatro, no que tangue a formação de platéia, formação profissional e a
produção cultural, assim, constitui-se de uma investigação qualitativa que visa
ampliar as referências bibliográficas sobre o desenvolvimento do teatro no
Maranhão
Destarte, trata-se de um estudo que busca compreender a dimensão
estético-educativa do teatro maranhense e como este dialoga com as
transformações sociais, políticas e culturais do estado, para a formação de
novos espectadores e apreciadores da cultura local.

2 A Licenciatura em Teatro da UFMA foi criada em 2004 e já formaram duas turmas até o
presente momento.
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3 PROBLEMATIZAÇÃO DO TEMA

Parte da produção teatral maranhense nos primeiros dez anos do


séc. XXI, apresenta características estéticas que se relacionam com a idéia de
contemporaneidade e consolidam-se enquanto transgressões estéticas, devido
algumas características inerentes aos processos de criação na atualidade, a
saber: interatividade entre público e espetáculo, sendo o espectador um co-
autor da obra de arte; simultaneidade de cenas; utilização de equipamentos
multimídias; hibridez das linguagens artísticas, entre outros. Os trabalhos se
apresentam enquanto performances invadindo, tencionando e reconfigurando o
cotidiano dos espectadores.
Estes processos de criação, aqui investigados, constituem-se de
modo polissêmico misturando artes visuais, dança, cinema e literatura. Assim,
considerando que há uma relação entre o processo de formação profissional
dos artistas com a configuração da cena cultural urbana contemporânea, em
São Luís, neste início do séc. XXI, delineiam-se como corpus de pesquisa os
espaços de convivência entre esses atores sociais, seja no âmbito universitário
(Curso de Licenciatura em Teatro da UFMA) como nos circuitos de produção e
veiculação das artes cênicas.
Estes artistas e grupos teatrais formatam uma espécie de
contracultura em São Luís, no âmbito das artes cênicas, entendem que o fazer
teatral enquanto um trabalho processual e educativo, que evidencie questões
estéticos, políticos e éticos, dialogando com a formação humana, fazem parte
da produção cultural local que articula um teatro de pesquisa de cunho
intervencionista na sociedade por meio de suas apresentações e ações
educativas paralelas.
Diante de um diagnostico preliminar, é possível identificar que nestes
primeiros dez anos (2000 – 2010), alguns agentes construtores desta ruptura
transgressora. Trouxeram para o teatro maranhense, impactos sociais
significativos por meio de processos de criação e de alguns importantes
eventos para o desenvolvimento da produção cultural local e para a
potencilaização da formação de platéia no estado.
Desse modo interessa para esta pesquisa compreender como se
sedimenta a construção dos novos paradigmas culturais no estado, tendo em
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vista o desenvolvimento da criação teatral e o seu cunho estético-educativo, de


modo a se reconhecer, analisar, catalogar, entender e socializar os principais
processos de criação em teatro realizados no Maranhão que trabalharam nesta
perspectiva.

4 OBJETIVOS

4. 1 Geral

Analisar a dimensão estético-educativa da cena espetacular


maranhense contemporânea, com ênfase na relação entre produção artística,
preparação profissional e recepção, visando contribuir para o aperfeiçoamento
das políticas culturais e das propostas atinentes à pedagogia do teatro.

4. 2 Específicos

Inventariar a produção cênica de grupos de São Luís com trabalhos


estético-educativos que atuaram no período de 2000 a 2010, verificando suas
propostas referentes à linguagem contemporânea, sobretudo no que diz
respeito a performance, teatro pós-dramático, teatro físico, dança-teatro etc.
Compreender as práticas educativas voltadas para a preparação de
profissionais e formação de espectadores, no âmbito de grupos teatrais do
estado e de escolas da rede pública de ensino.
Analisar a repercussão dessas práticas artísticas e educativas na
criação e na apreciação da cena contemporânea ludovicense, verificando suas
influências e impactos no panorama cultural do estado.

5 MARCO TEÓRICO

As grandes transformações no modo de pensar e de se comunicar


nos últimos anos, proporcionaram importantes debates sobre a produção
cultural, de modo global e local, as questões anunciadas pela mundialização da
cultura e globalização da economia, muito debatidas nos anos de 1990, são
recorrentes na primeira década do terceiro milênio. Observa-se que tais
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fenômenos podem ser compreendidos como formas de propagação do


conhecimento e que proporcionam trocas fundamentais entre culturas em todo
o globo terrestre.
Existe, portanto, uma preocupação em identificar as transformações
sociais e econômicas ocorridas nas últimas décadas para que, dessa forma,
possa-se discutir e avaliar como esses fenômenos consubstanciam a produção
do conhecimento, renovando as discussões epistemológicas que incidem sobre
a forma de organização da sociedade, no que tange a educação e cultura.
Pode-se dizer, portanto, que a sociedade na atualidade se apresenta
cada vez mais como um grande mosaico de grupos sociais que emergem
culturalmente, constroem paradigmas, modificam valores e dogmas no decorrer
dos tempos. Constituem este mosaico, grupos que, por causas homossexuais,
de gênero, de etnias, questões religiosas, artísticas e outras, formatam a
aquarela das novas relações sociais.
Diante da possibilidade de entender essas questões que norteiam os
rumos da sociedade contemporânea, vários conceitos são elaborados para
tentar, de alguma forma, explicar essas modificações e identificar os principais
condicionantes de transformação no âmbito das culturas, do processo
educativo e da organização social.
Várias nomenclaturas são utilizadas, sobretudo, em âmbito
acadêmico, para a formulação de conceitos que possam subsidiar o processo
de entendimento da contemporaneidade. Surge, nesse sentido, o que pode-se
chamar de era do pós, pós-estruturalismo, pós-modernidade, pós-feminismo,
pós-dramático, para citar alguns. Essas terminologias buscam explicar as
transformações sociais por meio de epistemologias que visam decodificar os
paradigmas da contemporaneidade, e com esses conceitos emergem
discussões sobre desterritorialização, identidade, memória, cruzamento de
culturas, hibridismo, ciberespaço, multiculturalismo, entre outros que
configuram a atual sociedade, imersa, cada vez mais, no avanço tecnológico
na aceleração da informação.
Esses conceitos estão relacionados com a idéia de ir além, ou seja, a
possibilidade de pensar o futuro como componente de sustentação do
presente. Estar no além é habitar em um campo intermediário, sendo este,
portanto, um espaço de co-habitações em que o popular e o erudito se
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movimentam em uma direção dialógica, transformam-se em outras coisas


difíceis de serem enquadradas em conceitos fechados, configurando-se, por
meio deste princípio, uma coexistência de práticas culturais que se alimentam
por meio de trocas simbólicas.
No entanto, um dos maiores desafios de entender o contemporâneo
é a dificuldade de compreensão da evolução dos fenômenos sociais, o que faz
com que tais construtos epistemológicos possam correr o risco de cair na
superficialidade de suas análises diante de tamanha efemeridade das questões
que compõem o social e, desse modo, podem se transformar em idéias por
demais relativizadas.
Nesse sentido entende-se que a pluralidade, o ecletismo e a
efemeridade, não podem ser vistos por meio de um exacerbado relativismo,
pois se as pesquisas sobre o “pós-modernismo limitar-se a uma celebração da
fragmentação das ‘grandes narrativas’ do racionalismo pós-iluminista [...] ele
permanecerá um empreendimento profundamente provinciano” (BHABA, 1998,
p. 23, grifo do autor). Essas novas reflexões indicam uma forma mais flexível
de entender a sociedade, e o embate sobre aquilo que pode ou não pode ser
ciência cada vez mais se perde diante de novos olhares sobre como entender o
mundo.
Os paradigmas da razão científica se reconfiguram de tal forma que
o conhecimento, ainda que de modo especulativo, como no caso da estética e
da arte, podem ser entendidos enquanto ciência, referindo-se a um tipo de
construção que adentra no universo da subjetividade, da construção de
pensamentos por meio de experiências especulativas.
Tal construção cultural de conhecimento se depara com uma
geração de espectadores que para além da televisão buscam outras mídias de
informação, se conectam ao mundo da interatividade para reinventá-lo ao seu
modo e as suas próprias especificidades. Esses espectadores vivem em uma
renovada sociedade do espetáculo, em meio a uma geografia midiática, no
ciberespaço, nas relações com as máquinas, nas conversas on-line, nas salas
de bate-papo, nos chat’s, ou seja, uma sociedade que, de algum modo, pauta
suas relações pessoas nos espaços de comunicação digital (CANCLINI, 2008).
Diante de tal panorama busca-se entender como as práticas culturais
e artísticas se relacionam com esses novos espectadores e contribuem para o
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processo de formação crítica diante do avanço tecnológico, pois não se trata de


ter acesso à informação de forma acelerada, mas sim como transformar essa
informação em produção de conhecimento. Isto posto indaga-se sobre quais
são as características da estética contemporânea e como estas podem ser
estudados, analisados, mensurados e socializados de forma qualitativa com a
sociedade.
Esses fatores possibilitam pensar a presença das artes na
contemporaneidade enquanto uma ferramenta de construção pedagógica e
estética que potencializa o desenvolvimento da criatividade, da
espontaneidade, da cognição, da inventividade, da fruição artística, da
pluralidade cultural, bem como contribui para a formação de platéia e de
trabalhos artísticos que visam desenvolver os aspectos estéticos, éticos e
políticos da obra de arte, levando em consideração as transformações sociais
vigentes neste começo de terceiro milênio.
A construção educacional por meio da arte aguça o poder crítico-
discursivo e analítico dos indivíduos e contribui para o desenvolvimento
cognitivo. Compreende-se que o processo artístico ao admitir a subjetividade
como substrato do seu desenvolvimento reflete de modo crítico e sistemático
os comportamentos humanos e, na contemporaneidade, as artes se encontram
numa confluência de linguagens, evidenciando a pluralidade cultural,
adentrando-se de forma incisiva nos processos de hibridação das linguagens
artísticas.
O teatro, as artes visuais, a música e a dança se encontram,
entrelaçam-se e transformam-se em performances, vídeo-perfomances,
instalações urbanas, intervenções artísticas e outras formas de expressão
estética, solidificam-se em macro-relações sociais e se modificam por meio de
inter-relações com as estruturas que as compõem. Nesse sentido trata-se de
processos a serem apreendidos por meio da experiência estética, do contato
direto com a obra, numa relação crítica entre os agentes deste processo.
(GLUSBERG, 2005; COHEN, 2006).
Os avanços na tecnologia, nos últimos anos, trouxe a idéia de
interatividade e fez com que as linguagens artísticas se preocupassem em
tornar o espectador mais ativo e inserido no processo estético, de modo que
este análise de forma crítica a obra de arte. (CANCLINI, 2008). Desse modo, o
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que era de natureza contemplativa tornar-se interativo e os processos de


criação adentram em uma configuração estética que se interessa na
processualidade.
Assim, pode-se entender que, por exemplo, o teatro cada vez mais
se aproxima de um acontecimento, de um evento, de um espaço que
ultrapassa a noção de espetáculo e adentra no universo do espetacular, ao
instaurar, em seus experimentos, processos que co-habitam com outras
linguagens artísticas.
Na perspectiva da cena espetacular, quebram-se os espaços
limítrofes do palco com o público, tanto no que diz respeito a espacialidade
física, quanto em relação ao gerenciamento do espetáculo, pois o espectador
é convocado a expressar-se diante dos fenômenos cênicos que ele participa,
sendo co-autor da obra, o que permite uma reconfiguração das propostas
metodológicas de construção do conhecimento por meio das práticas artísticas.
De acordo com Lehmann (2007), o teatro contemporâneo envolve de modo
emblemático a quebra da fronteira entre arte e vida, essas duas dimensões se
entrelaçam e reconfiguram a ordem estética, tornando universo real um
elemento significativo para a existência da obra de arte.
A relação arte e vida explora de forma contundente o convívio social
e humano, acentuando o cunho imediato e interativo da arte, desta maneira
proporciona a ampliação dos modos de percepção e de vivência estética,
fazendo com que haja uma significante mudança na relação das artes com o
mundo real, o que contribui qualitativamente para os processos cognitivos,
criativos e inventivos do ato artístico e da experiência estética. (COLETIVO
NTC, 1996).
A idéia de formação de platéia, que está aliada às novas formas de
recepção teatral, tem fundamento na preocupação de gerar experiências
teatrais em que os espectadores se tornem participantes ativos das cenas,
possam decodificar os signos apresentados e relacioná-los com seus
processos de vida, por isso o público vem ganhando cada vez mais espaço nas
discussões sobre teatro, e torna-se elemento fundamental para a
experimentação estética na contemporaneidade. (DESGRANGES, 2006; 2008)
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Sendo assim, é importante que se proporcione aos freqüentadores


desta arte uma relação de autonomia e protagonismo estético-educacional por
meio da experimentação cênica, e se torna oportuno experimentar as
possibilidades, estéticas, cognitivas, criativas e inventivas que os processos de
criação oferecem.
A ação do teatro, enquanto uma prática pedagógica, é compreendida
enquanto uma interferência prática nos processos de ensino e aprendizagem,
em que os agentes que constituem este processo estão permanentemente
trocando conteúdos, desse modo, a aplicabilidade das propostas
contemporâneas em espaços educativos estabelece uma comunicação
dialógica e com experiências compartilhadas, cujo um dos principais objetivos é
proporcionar que o estudante se torne um exímio conhecedor das situações
que os rodeia, tais como, as relações interpessoais, o pleno conhecimento
sobre as questões sociais que os circundam, a potencialização da leitura de
mundo e, sobretudo, um pleno conhecedor da sua história e da importância de
sua presença para o desenvolvimento das discussões sócio-educativas.
É desse modo que o teatro constitui-se em uma linguagem que traz
consigo ferramentas fundamentais para o desenvolvimento cognitivo por meio
da sensorialidade, capaz de ampliar as habilidades motoras e de raciocínio de
quem o pratica, tendo na pedagogia do teatro um espaço de reflexão da prática
educativa proporcionada por tal linguagem. A idéia de conceber-se uma
pedagogia para o teatro, fundamenta-se na concepção de “evitar a camisa-de-
força gerada por uma visão estreita dos conceitos de pedagogia, didática e
metodologia, sedimentando a epistemologia de nossa área de conhecimento
no teatro” (KOUDELA, 2006, p. 124)

6. METODOLOGIA

Trata-se de uma pesquisa qualitativa que tem como objeto o teatro


na contemporaneidade em sua dimensão estética e pedagógica, e a
investigação configura-se como uma abordagem de natureza exploratória que
fará uso da observação sistemática dos acontecimentos culturais no estado.
Serão adotados dois tipos de procedimentos investigativos para a
elucidação dos dados obtidos durante a pesquisa, a saber: registro dos
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processos dos grupos e dos profissionais pesquisados; análise discursiva


sobre a sistematização destes dados à luz da literatura. No que tange ao
primeiro aspecto, serão analisados matérias de jornais, publicações
acadêmicas, documentos institucionais, folders, programas de espetáculo e
textos complementares que incidem sobre o foco da pesquisa, sendo
necessário a identificação e analise de materiais visuais, auditivos e
audiovisuais que possam contribuir para o resgate memorialístico da cena
contemporânea maranhense.
O segundo aspecto tratará de uma análise aprofundada sobre os
discursos que sedimentam a pesquisa, serão analisadas entrevistas, conversas
e encontros com estudantes, profissionais de teatro que, de alguma forma,
fazem parte da construção das metamorfoses que permeiam a cena teatral no
Maranhão na contemporaneidade; para tanto este momento se apoiará em
materiais visuais, auditivos e audiovisuais que possam consubstanciar os
discursos que serão analisados. É importante destacar que ambos aspectos
procedimentos constituem a base informativa da pesquisa, mas são maleáveis
diante de possíveis entraves, podendo surgir novos procedimentos de acordo
com a necessidade, para fins de complementar a investigação.
São aplicadas entrevistas aprofundadas grupais e focais, registradas
em aparelhos midiáticos e transcritas, preservando o texto dos entrevistados.
Para tanto, será utilizado um roteiro que terá como foco questões sobre as
concepções estéticas da contemporaneidade e seus principais impactos na
sociedade. E em último caso, diante da permicidade das observações, podem
ser utilizados questionários para subsidiar a investigação. Paralelamente, serão
realizados os trabalhos de redação e articulação dos dados diante da
bibliografia pertinente.
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6.1 CRONOGRAMA

Mês/ano Atividades
Janeiro/Abril Estudos teóricos. Primeira delimitação de grupos teatrais, artistas e
2010 eventos a serem pesquisados. Delimitação geográfica da pesquisa.
Elaboração do projeto de dissertação de mestrado. Primeira defesa do
projeto de pesquisa para o corpo docente e discente do Mestrado.
Maio/Junho Estudo teórico. Afunilamento dos grupos teatrais, artistas e ventos a
2010 serem pesquisados. Finalização, revisão e entrega do projeto de
mestrado, versão definitiva.
Julho/2010 Estudos teóricos. Defesa da versão final do projeto de dissertação.
Definição e catalogação dos grupos teatrais, artistas e eventos a
serem pesquisados. Elaboração das primeiras entrevistas e
questionários. Pesquisa de registros processuais em jornais e
publicações acadêmicas.
Agosto/Dezembro Estudos teóricos. Aplicação das primeiras entrevistas e questionários.
2010 Análise das entrevistas e questionários. Primeira etapa de análise dos
registros processuais. Elaboração da qualificação de mestrado.
Apresentação da pesquisa em andamento em evento acadêmico.
Janeiro/Março Estudos teóricos. Aplicação de entrevistas e questionários. Análise
2011 das entrevistas e questionários. Análise dos registros processuais.
Elaboração, finalização e apresentação da qualificação de mestrado.
Abril/Julho Revisão da qualificação de mestrado. Aplicação de entrevistas e
2011 questionários. Análise das entrevistas e questionários. Transformação
da qualificação na dissertação de mestrado
Agosto/Outubro Elaboração, revisão completa e finalização da dissertação de
2011 mestrado
Novembro/2011 Apresentação da dissertação de mestrado.
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7 REFERÊNCIAS

ANDRÉ, Carminda Mendes. O teatro pós-dramático na escola. São Paulo,


2007. Disponível em: <http://www.usp.teses.br/teses/disponíveis/48/48>.
Acessado em: 15 nov. 2007.
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som: um manual prático. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.
BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
BOSI, Alfredo. Reflexões sobre a arte. São Paulo: Ática, 2001.
CANCLINI. Néstor Garcia. Leitores, espectadores e internautas. São Paulo:
Iluminuras, 2008.
COHEN, Renato. Work in progress na cena contemporânea: criação,
encenação e recepção. São Paulo: Perspectiva, 2006.
DESGRANGES, Flávio. A pedagogia do espectador. São Paulo: Hucitec, 2003.
_______. Pedagogia do teatro: provocação e dialogismo. São Paulo: Hucitec,
2006.
DEWEY. John. Democracia e educação. São Paulo: Companhia Editorial
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FERNADES. Silva. Teatralidades contemporâneas. São Paulo: Perspectiva,
2010.
GLUSBERG, Jorge. A arte da performance. São Paulo: Perspectiva, 2005.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A,
2006.
LEHMANN, Hans-This. Teatro pós-dramático. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
KOUDELA, Ingrid Dormien. Pedagogia do teatro. In: Congresso de Pesquisa e
Pós-Graduação em Artes Cênicas, 4., 2006, Rio de Janeiro. Anais. Rio de
Janeiro: UNIRIO, 2006.
PAVIS, Patrice. O teatro no cruzamento de culturas. São Paulo: Perspectiva,
2008.
_______. A análise dos espetáculos: teatro, mímica, dança, dança-teatro,
cinema. São Paulo: Perspectiva, 2005.
COLETIVO NTC. Pensar – pulsar: cultura comunicacional, tecnologias,
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ROUBINE, Jean-Jaques. A linguagem da encenação. Rio de Janeiro: Jorge


Zahar, 1998.
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RIBEIRO, Tânia Costa. Visões da Ilha: apontamentos sobre teatro e educação.
São Luis: Edufma, 2003.
SILVA. Silvano Alves Bezerra da. Estética utilitária: interação através da
experiência sensível com a publicidade. Pernambuco: editora universitária
UFPB, 2010.
WILLEMART. Philippe, Os processos de criação na escritura, na arte e na
psicanálise. São Paulo: Perspectiva, 2009.

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