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ABORDAGEM PSICANALÍTICA

FREUD

O diálogo entre a Psicanálise e a Educação iniciou-se com Freud a partir de seus


estudos com pacientes histéricas, pois investigava o papel da Educação na
condenação da sexualidade, já que esta era encarregada de transmitir a moralidade,
incutindo o pecado e a vergonha sobre os desejos libidinais do sujeito. (HISTERIA do
grego hystéria – útero)

É necessário que ocorra essa repressão da sexualidade para poder se conviver em


sociedade, porém a Educação poderia fazer uma utilidade mais branda desse
mecanismo, pois esse excesso de recalque pode ser o grande causador das neuroses
conhecidas por nós.

Em lugar de punições, o educador informado sobre as fases do desenvolvimento


sexual deve auxiliar o sujeito-aluno no processo de sublimação, ou seja, a canalizar
suas energias sexuais para outras atividades mais apreciadas pela sociedade e
cultura que este estiver inserido, desse modo controlando o princípio do prazer, mas
obtendo esse prazer em objetos investidos de energia libininal entendidos como
objetos dessexualizados.

Entende-se também que a teoria psicanalítica deve sair de dentro dos consultórios,
pois seus princípios podem ser trabalhados de diversas formas, porém nunca se
confundir o trabalho pedagógico com uma intervenção psicanalítica.

 “SÓ PODE SER PEDAGOGO AQUELE CAPAZ DE PENETRAR NA ALMA


INFANTIL”

Fases do Desenvolvimento Psicossexual:

 Fase oral: zona erógena é a boca ( 0 a 2 anos)

 Fase anal:zona erógena é o anus ( 2 a 3 anos)

 Fase fálica:zona erógena é o ´rgão sexual ( 3 a 5 anos)

 Período de latência:diminuição das ativdades sexuais. Trata-se de um


intervalo na evolução da sexualidade, onde os intereses voltam-se para o
exterior ( 6 a 10 anos)

 Fase genital: puberdade, onde o objeto de desejo não está mais no próprio
corpo, mas no “outro”.

O bom entendimento do educador sobre as fases do desenvolvimento psicosexual


contribui em grande valor para a realização de atividades pedagógicas adequadas a
cada fase. O conhecimento da Psicanálise ajuda a se compreender melhor certas
dificuldades apresentadas pelo aluno por conhecer-se o processo de desenvolvimento
da sua personalidade. (SHIRAHIGE & HIGA, 2007).
O PAPEL DA EDUCAÇÃO NA FORMAÇÃO DAS NEUROSES

Freud dizia a Educação se relacionar ao recalcamento social das pulsões,


considerando assim este como um dos fatores desencadeantes das neuroses ( a base
das neuroses está em nossa sexualidade reprimida), no entanto, esta contribui para o
controle do princípio do prazer, desta forma adaptando a criança à realidade e à
sublimação (RIBEIRO, 2006). Essa adaptação da criança se dá através da figura que
o professor lhe representa, determinando assim a maneira como acontecerá o
aprendizado e seu desenvolvimento.

De acordo com a concepção psicanalítica Lacaniana, a criança não se esquece do


que faz porque ela tem determinados sentidos e significações, que vão além do
princípio do prazer: o gozo. Freud afirma ainda que o aparelho do gozo é a linguagem
e não há outro. E Lacan completa afirmando que o inconsciente é uma forma de
linguagem. Quando uma criança tenta chamar a atenção do professor por situações
desagradáveis, ela não está fazendo isto só por fazer aleatoriamente, ela se encontra
presa às cadeias de gozo sem poder de libertação (MRECH, 1999).

Ao iniciar a vida escolar a criança revive a seu modo suas experiências das vivências
narcísicas e edípicas, deste modo "a criança antes de se relacionar com o outro
necessita ter formado uma imagem estável e valorizada de si, capaz de garantir um
sentimento de identidade e de vida psíquica.". Segundo Lacan, a castração simbólica
ocorrida na resolução e organização do conflito edípico dá acesso à linguagem e suas
regras; ou seja, para aprender a criança deve estar ciente de que algo lhe falta após o
rompimento da fase primária narcísica. Como citado mais acima o infante deve
descobrir a si mesmo, porém após esse período entender que para se relacionar com
outros tem que suportar suas opiniões, compreender que outras pessoas sabem
coisas das quais ele não sabe, compreender que o mundo não gira em torno de seus
desejos . (BARONE, 1993)

O papel do educador e da Educação nesse momento dentro da perspectiva


psicanalítica é o de aceitar e mostrar que existem outros saberes além dos já
conhecidos, deve mostrar que nem ele e nem a criança tem as verdades absolutas,
sempre haverá possibilidades de novos arranjos dos dados da realidade. O ser
humano é um ser angustiado, está sempre à procura de uma satisfação, mas nunca
alcançará sua plenitude.

Transferência

Essa comunicação professor/aluno, aprender/ensinar ocorre através da chamada


transferência, segundo Freud, e conforme citado anteriormente o aluno escutará e se
desenvolverá de acordo com o lugar com o qual este colocar o professor, a
importância simbólica destinada a ele, o mesmo, no lugar de sujeito suposto saber. O
educador deve estar atento inclusive para não impor à criança seu próprio desejo,
assim como também, não ter expectativa alguma em relação aos seus alunos pode
colocar em risco a constituição do seu eu desejante, do sujeito desejante.

De acordo com Lacan (COUTINHO & ROCHA, 2009) a transferência não é


simplesmente um laço de repetição em relação a uma outra pessoa, mas sim um laço
ao significante (o Outro) carregado de uma significação própria para o sujeito (aluno),
ou seja, aquilo que é falado pelo sujeito ao Outro (professor), retorna a este com uma
nova significação, adquire novo sentido.
A relação professor/aluno dentro da perspectiva psicanalítica, a transferência positiva,
contribui para facilitar o aprendizado e se obter melhores desempenhos, isso quer
dizer que a importância desse aprendizado não está voltada para os conteúdos
propriamente ditos e sim na maneira como esse é passado. A partir de um
pensamento de Lacan, sabe-se que o sujeito não se identifica somente com o
indivíduo, mas também com a história e nas estruturas sociais.

COMPLEXO DE ÉDIPO

Laio, rei da cidade de Tebas e casado com Jocasta, foi advertido pelo oráculo de que
não poderia gerar filhos e, se esse mandamento fosse desobedecido, o mesmo seria
morto pelo próprio filho, que se casaria com a mãe.

O rei de Tebas não acreditou e teve um filho com Jocasta. Depois arrependeu-se do
que havia feito e abandonou a criança numa montanha com os tornozelos furados
para que ela morresse. A ferida que ficou no pé do menino é que deu origem ao nome
Édipo, que significa pés inchados

O menino não morreu e foi encontrado por alguns pastores, que o levaram a Polibo, o
rei de Corinto, este que o criou como filho legítimo. Quando ficou sabendo que era
filho adotivo, Édipo foi até oráculo de Delfos para saber o seu destino.

O oráculo disse que o seu destino era matar seu pai e se casar com sua mãe.
Espantado, ele deixou Corinto e foi em direção a Tebas. No meio do caminho,
encontrou com Laio que pediu para que ele abrisse caminho para passar. Édipo não
atendeu ao pedido do rei e lutou com ele até matá-lo.

Sem saber que havia matado o próprio pai, Édipo prosseguiu sua viagem para Tebas.
No caminho encontrou-se com a esfinge, um monstro metade leão, metade mulher,
que atormentava o povo Tebano, pois lançava enigmas e devorava quem não os
decifrasse.

O enigma proposto pela esfinge era o seguinte: Qual é o animal que de manhã tem
quatro pés, dois ao meio dia e três à tarde?

Ele disse que era o homem, pois na manhã da vida (infância) engatinha com pés e
mãos, ao meio dia (idade adulta) anda sobre dois pés e à tarde (velhice) precisa das
duas pernas e de uma bengala.

A esfinge ficou furiosa por ter sido decifrada e se matou.

O povo de Tebas saudou Édipo como seu novo rei, e entregou-lhe Jocasta como
esposa. Depois disso, uma violenta peste atingiu a cidade e Édipo foi consultar o
oráculo, que respondeu que a peste não teria fim enquanto o assassino de Laio não
fosse castigado.

Ao longo das investigações, a verdade foi esclarecida e Édipo cegou-se e Jocasta


enforcou-se.

Freud faz uma reinterpretação do mito de Édipo, denominada como complexo de


Édipo.

O Complexo de Édipo é um conjunto de desejos amorosos e hostis, que uma criança


experimenta em relação aos pais.
O complexo é semelhante à história do mito, ou seja, desejo da morte do rival que é a
pessoa do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto.

Freud gostava de pensar nos determinantes psíquicos que levam alguém a ser um
“desejante do saber”. Ou seja, entender o processo ou a razão pela qual o sujeito se
sente motivado para o conhecimento.

No início o conhecimento ocorre por meio das “investigações sexuais infantis” , ou


seja, na busca da criança em compreender seu lugar sexual no mundo
(menino/menina; feminino/masculino)

A compreensão da diferença causa angústia que impulsiona a criança a querer saber


mais.

PROFESSOR

Aprender pressupõe uma relação com outra pessoa, a que ensina.

O professor, colocado em uma determinada posição, pode ou não propiciar a


aprendizagem do aluno.

“Aprender é aprender com alguém”. (Kupfer, 19886)

RELAÇÃO TRASFERENCIAL

O aluno estabelece uma relação de transferência – uma manifestação d inconsciente


de experiências vividas primitivamente com os pais.

É nesse campo que se estabelece as condições para o aprender, sejam quais forem
os conteúdos transmitidos.

ALUNO

O aluno transfere para o professor os sentimentos carinhosos ou agressivos da sua


relação com os pais.

Conscientemente ou não, o professor utiliza a ascendência que assim adquire sobre o


aluno, para transmitir ensinamentos, valores, inquietações. Pois não é verdade que os
professores de quem mais nos recordamos, com que mais aprendemos, são aqueles
que melhor nos seduziram? Na escola como na vida, nós aprendemos por amor a
alguém.
(Paulo César Souza, apud Kupfer, 1986)

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