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Anatomia e

Fisiologia Humana
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PLANO DE ENSINO
EIXO TECNOLÓGICO: Saúde e Meio Ambiente.
MÓDULO I: BLOCO TEMÁTICO 4: Fundamentos do processo de saúde

COORDENAÇÃO TÉCNICA E PEDAGÓGICA PERIODO LETIVO: MI; B4


UNIDADE TEMATICA - UT: Anatomia e Fisiologia Humana CÓDIGO DA UT: AFH
CARGA HORÁRIA: 10 encontros com 40 aula de 40 mim PRÁTICA CURRICULAR: 01 encontro de 8 h
1. OBJETIVOS

1.1. Geral:
✓ Adquirir conhecimentos básicos de anatomia e fisiologia humana demonstrando domínios técnicos e práticos;
✓ Conhecer os diversos sistemas que compõem o organismo humano, funções e características inerentes a
cada um deles para identificação dos agravos à saúde e realização das ações no processo do cuidar.

1.2. Específicos:
✓ Aplicar os conhecimentos básicos de anatomia e fisiologia humana no campo de trabalho;
✓ Realizar as ações no processo do cuidar através da identificação dos agravos à saúde.

2. CONTEUDOS CONCEITUAIS
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO 01 – Conceito e História da Anatomia
• Nomenclatura
• Historia
CAPÍTULO 02 – Terminologias e Posições Anatomicas
• Termos e conceitos basicos
• Organização do corpo humano e unidades estruturais
• Posição Anatomica
• Planos Anatomicos
• Termos de relação e de comparação
• Termos de movimento
• Rotação
• Supinação e pronação
CAPÍTULO 03 – Células e Tecidos
• A estrutura célular
• DNA e RNA
• Tipos de tecidos
CAPÍTULO 04 – Sistema Ósseo e Articulações

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• Osteologia
• O sistema ósseo
• Esqueleto
• Articulações
CAPÍTULO 05 – Sistema Muscular
• Unidade motora ou unidade funcional
• Contração muscular
• Anatomia do musculo esqueleto
• Classificação dos musculos
• Vascularização e inervação
• A fadiga muscular
• Músculos e fibras
CAPÍTULO 06 – Sistema Circulatório
• Coração
• Circulação Sistémica
• Drenagem Venosa
CAPÍTULO 07 – Sangue
• Célula Sanguineas
• Grupos Sanguineos
• Fator RH
• Aplicação Práticas
• Drenagens Linfática
CAPÍTULO 08 – Sistema Respiratório
• Vias Aéreas
• Fossas Nasais
• Condicionamento do ar nas vias aereas
• Pulmões
• Mecânica Respiratória
CAPÍTULO 09 – Sistema Digestório
• Boca
• Faringe
• Esofago
• Estomago
• Intestino Delgado

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• Intestino Grosso
• Glândulas Anexas
• Fígado
• Pancreas
CAPÍTULO 10 – Sistema Endócrino
• Natureza do hormônio
• Alguns dos principais orgãos produtores de hormonio.
CAPÍTULO 11 – Sistema Urinário
• Rins
• Sistema Coletor
CAPÍTULO 12 – Sistema Reprodutor
• Sistema Reprodutor Masculino
• Sistema Reprodutor Feminino
• Ciclo Menstrual e Hormonios
CAPÍTULO 13 – Sistema Nervoso
• Organização do Sistema Nervoso
• Sistema Nervoso Central
• Sistema Nervoso Periferico
• Sistema Nervoso Autonomo
• Órgãos dos Sentidos
PRÁTICA CURRICULAR: Aula prática em laboratório didático.
Visita ao IML – 01 encontro de 08 horas.
3.0. BIBLIOGRAFIA
3.1. LEITURAS
3.1.1. LEITURA OBRIGATÓRIA
➢ Módulo didático do Componente Curricular Anatomia e Fisiologia Humana.
3.1.2. LEITURA COMPLEMENTAR
➢ Slides bióloga.
3.1.3. LEITURA PARA PESQUISA
➢ Livro: Anatomia e Fisiologia Humana Autor: Emília Emi Kawamoto Editora: E.P.U.
➢ Livro: Anatomia e Fisiologia Autor: Sobotta Editora: Guanabara Koogan
4.0. VÍDEOS
4.2.1. VÍDEOS OBRIGATÓRIOS
➢ Introdução à anatomia – Anatomia Humana
INTRODUÇÃO À ANATOMIA - Anatomia Humana | Biologia com Samuel Cunha
➢ Introdução à anatomia: posição anatômica e termos de relação
Anatomia e etc. com Natalia Reinecke
➢ Introdução à fisiologia

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Biologia com Samuel Cunha


4.2.2. VÍDEOS RECOMENDADOS
➢ Diferenças entre o DNA e RNA | 6 Principais diferenças | Video Animado

➢ 10 CURIOSIDADES "anatômicas" sobre o CORPO HUMANO!


➢ DNA E RNA - ÁCIDOS NUCLEICOS - BIOQUÍMICA | Biologia com Samuel Cunha

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Apresentação
ANATOMIA E FISIOLOGIA HUMANA

Estamos iniciando o estudo do corpo humano e pode aprender como ele é


organizado e como funciona. Para entender o que acontece com o corpo, quando ele é
ferido, doente ou submetido ao estresse elevado, para isso deverá ter um entendimento
básico de como o corpo é organizado, de como suas diferentes partes normalmente
funcionam e das várias condições que afetarão o seu funcionamento para manter a saúde
e a vida.

Irar conhecer vários sistemas que compõem o nosso corpo humano. Aprendera
como estes sistemas, em geral, funciona em completa harmonia, para manter a saúde do
corpo como um todo e como estes sistemas interagem para mantê-lo saudável.

Definição de Anatomia e Fisiologia

Para entender as estruturas e as funções do corpo


humano, estudaremos as ciências da anatomia e da
fisiologia. A anatomia (anatome = cortar em partes, cortar
separando) refere-se ao estudo da estrutura e das relações
entre estas estruturas. Afisiologia (physis + lógos + ia) lida
com as funções das partes do corpo, isto é, como elas
trabalham. A função nunca pode ser separada
completamente da estrutura, por isso você aprenderá sobre
o corpo humano estudando a anatomia e a fisiologia em
conjunto. Verá como cada estrutura do corpo está
designada para desempenhar uma função específica, e
como a estrutura de uma parte, muitas vezes, determina
sua função. Por exemplo, os pêlos que revestem o nariz filtram o ar que inspiramos. Os
ossos do crânio estão unidos firmemente para proteger o encéfalo. Os ossos dos dedos,
em contraste, estão unidos mais frouxamente para permitir vários tipos de movimento.
Mostrando assim a perfeição da estrutura em movimento do nosso corpo humano.

1) Qual a importância de estudar a anatomia e a fisiologia em conjunto?

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Sumário

APRESENTAÇÃO

CAPÍTULO 01 – Conceito e História da Anatomia


• Nomenclatura
• Historia

CAPÍTULO 02 – Terminologias e Posições Anatomicas


• Termos e conceitos basicos
• Organização do corpo humano e unidades estruturais
• Posição Anatomica
• Planos Anatomicos
• Termos de relação e de comparação
• Termos de movimento
• Rotação
• Supinação e pronação

CAPÍTULO 03 – Células e Tecidos


• A estrutura célular
• DNA e RNA
• Tipos de tecidos

CAPÍTULO 04 – Sistema Ósseo e Articulações


• Osteologia
• O sistema ósseo
• Esqueleto
• Articulações

CAPÍTULO 05 – Sistema Muscular


• Unidade motora ou unidade funcional
• Contração muscular
• Anatomia do musculo esqueleto
• Classificação dos musculos
• Vascularização e inervação
• A fadiga muscular
• Músculos e fibras

CAPÍTULO 06 – Sistema Circulatório


• Coração
• Circulação Sistémica
• Drenagem Venosa

CAPÍTULO 07 – Sangue

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• Célula Sanguineas
• Grupos Sanguineos
• Fator RH
• Aplicação Práticas
• Drenagens Linfática

CAPÍTULO 08 – Sistema Respiratório


• Vias Aéreas
• Fossas Nasais
• Condicionamento do ar nas vias aereas
• Pulmões
• Mecânica Respiratória

CAPÍTULO 09 – Sistema Digestório


• Boca
• Faringe
• Esofago
• Estomago
• Intestino Delgado
• Intestino Grosso
• Glândulas Anexas
• Fígado
• Pancreas

CAPÍTULO 10 – Sistema Endócrino


• Natureza do hormônio
• Alguns dos principais orgãos produtores de hormonio.

CAPÍTULO 11 – Sistema Urinário


• Rins
• Sistema Coletor

CAPÍTULO 12 – Sistema Reprodutor


• Sistema Reprodutor Masculino
• Sistema Reprodutor Feminino
• Ciclo Menstrual e Hormonios

CAPÍTULO 13 – Sistema Nervoso


• Organização do Sistema Nervoso
• Sistema Nervoso Central
• Sistema Nervoso Periferico
• Sistema Nervoso Autonomo
• Órgãos dos Sentidos

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Capítulo 01
Conceito e historia da anatomia

Anatomia é definida como o estudo da estrutura de um organismo e das


relações entre suas partes. A palavra anatomia é derivada de duas palavras
gregas, que significam “cortar em pedaços”.

Anatomia é o ramo da ciência que estuda a estrutura (morfologia) do


corpo humano. Assim, a Anatomia descreve a forma do coração, qual é o seu tamanho a
sua forma. A palavra anatomia vem do grego e significa dissecar.

NOMENCLATURA

Anatomia e medicina têm um vocabulário internacional. A terminologia deste


polígrafo obedece à nova Terminologia Anatômica: International Anatomical Terminology
(Federative Committee on Anatomical Terminology, 1998) – o guia de referência sobre
linguagem anatômica. Os termos anatômicos são expressos em latim, mas os
equivalentes em inglês são agora dados a maioria dos termos.

HISTÓRIA

O conhecimento anatômico do corpo humano data de quinhentos anos antes de


Cristo no sul da Itália com Alcméon de Crotona, que realizou dissecações em animais.
Pouco tempo depois, um texto clínico da escola hipocrática descobriu a anatomia do
ombro conforme havia sido estudada com a dissecação. Aristóteles mencionou as
ilustrações anatômicas quando se referiu aos paradigmas, que provavelmente eram
figuras baseadas na dissecação animal. No século III A.C., o estudo da anatomia avançou
consideravelmente na Alexandria. Muitas descobertas lá realizadas podem ser atribuídas
a Herófilo e Erasístrato, os primeiros que realizaram dissecações humanas de modo
sistemático. A partir do ano 150 A..C. a dissecação humana foi de novo proibida por
razões éticas e religiosas. O conhecimento anatômico sobre o corpo humano continuou no
mundo helenístico, porém só se conhecia através das dissecações em animais. No século
II D.C., Galeno dissecou quase tudo, macacos e porcos, aplicando depois os resultados
obtidos na anatomia humana, quase sempre corretamente; contudo, alguns erros foram
inevitáveis devido à impossibilidade de confirmar os achados em cadáveres humanos.

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Galeno desenvolveu assim mesmo a doutrina da "causa final", um sistema teológico que
requeria que todos os achados confirmassem a fisiologia tal e qual ele a compreendia.

Parece que o estudo da anatomia humana recomeçou mais por razões práticas que
intelectuais. A guerra não era um assunto local e se fez necessário dispor de meios para
repatriar os corpos dos mortos em combate. O embalsamento era suficiente para trajetos
curtos, mas as distâncias maiores como as Cruzadas introduziram a prática de "cocção
dos ossos". A bula pontifica de sepulturis de Bonifácio VIII (1300), que alguns
historiadores acreditaram equivocadamente proibir a dissecção humana, tentava abolir
esta prática. O motivo mais importante para a dissecação humana, foi o desejo de saber a
causa da morte por razões essencialmente médico-legais, de averiguar o que havia
matado uma pessoa importante ou elucidar a natureza da peste ou outra enfermidade
infecciosa.

A anatomia não era uma disciplina independente, mas um


auxiliar da cirurgia, que nessa época era relativamente grosseira e
reunia sobre todo conhecer os pontos apropriados para a sangria.
Durante todo o tempo que a anatomia ostentou essa qualidade
oposta à prática, as figuras não-realistas e esquemáticas foram suficientes.

O primeiro livro ilustrado com imagens impressas mais do que pintadas foi a obra de
Ulrich Boner Der Edelstein. Foi publicada por Albrecht Plister em Banberg depois de 1460
e suas ilustrações foram algo mais que decorações vulgares. Em 1475, Konrad
Megenberg publicou seu Buch der Natur, que incluía várias gravuras em madeira
representando peixes, pássaros e outros animais, assim como plantas diversas. Essas
figuras, igual a muitas outras pertencentes a livros sobre a natureza e enciclopédias desse
período, estão dentro da tradição manuscrita e são dificilmente identificáveis.

Dentre os muitos fatores que contribuíram para o


desenvolvimento da técnica ilustrativa no começo do
século XVI, dois ocuparam lugar destacado: o primeiro foi
o final da tradição manuscrita consistente em copiar os
antigos desenhos e a conversão da natureza em modelo
primário. Chegou-se ao convencimento de que o mais

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apropriado para o homem era o mundo natural e não a posteridade. O escolasticismo de


São Tomás de Aquino havia preparado inadvertidamente o caminho através da separação
entre o mundo natural e o sobrenatural, prevalecendo a teologia sobre a ciência natural. O
segundo fator que influiu no desenvolvimento da ilustração científica para o ensino foi a
lenta instauração de melhores técnicas. No começo os editores, com um critério
puramente quantitativo, pensaram que com a imprensa poderiam fazer grande quantidade
de reproduções de modo fácil e barato. Só mais tarde reconheceram a importância que
cada ilustração fosse idêntica ao original. A capacidade para repetir exatamente
reproduções pictóricas, daquilo que se observava, constituiu a característica distinta de
várias disciplinas científicas, que descartaram seu apoio anterior à tradição e aceitação de
uma metodologia, que foi descritiva no princípio e experimental mais tarde.

Os artistas renascentistas do século XV se interessavam cada vez mais pelas formas


humanas, e o estudo da anatomia fez parte necessária da formação dos artistas jovens,
sobretudo no norte da Itália.

Leonardo da Vinci (1452-1519) foi o primeiro artista que considerou a anatomia além
do ponto de vista meramente pictórico. Fez preparações que logo desenhou, das quais
são conservadas mais de 750, e representam o esqueleto, os músculos, os nervos e os
vasos. As ilustrações foram completadas muitas vezes com anotações do tipo fisiológico.
A precisão de Leonardo é maior que a de Vesalio e sua
beleza artística permanece inalterada. Sua valorização
correta da curvatura da coluna vertebral ficou esquecida
durante mais de cem anos. Representou corretamente a
posição do fetus in utero e foi o primeiro a assinalar algumas
estruturas anatômicas conhecidas. Só uns poucos
contemporâneos viram seus folhetos que, sem dúvida, não foram publicados até o final do
século passado.

Michelangelo Buonarotti (1475 1564) passou pelo menos vinte anos adquirindo
conhecimentos anatômicos através das dissecações que praticava pessoalmente,
sobretudo no convento de Santo Espírito de Florença. Posteriormente expôs a evolução a
que esteve sujeito, ao considerar a anatomia pouco útil para o artista até pensar que
encerrava um interesse por si mesma, ainda que sempre subordinada à arte.

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Com a importante exceção de Leonardo, cujos desenhos não estiveram ao alcance


dos anatomistas do século XVII, o artista do Renascimento era anatomista só de maneira
secundária. Ainda foram feitas importantes contribuições na representação realista da
forma humana (como o uso da perspectiva e do sombreado para sugerir profundidade e
tridimensionalidade), e os verdadeiros avanços científicos exigiam a colaboração de
anatomistas profissionais e de artistas. Quando os anatomistas puderam representar de
modo realista os conhecimentos anatômicos corretos, se iniciou em toda Europa um
período de intensa investigação, sobretudo no norte da Itália e no sul da Alemanha. O
melhor representante deste grupo é Jacob Berengario da Capri (+1530), autor dos
Commentaria super anatomica mundini (1521), que contém as primeiras ilustrações
anatômicas tomadas do natural. Em 1536, Cratander publicou em Basiléia uma edição das
obras de Galeno, que incluía figuras, especialmente de osteologia, feitas de um modo
muito realista. A partir de uma data tão cedo como 1532, Charles Estienne preparou em
Paris uma obra em que ressaltava a completa representação pictórica do corpo humano.

No século XVII foram efetuadas notáveis descobertas no campo da anatomia e da


fisiologia humana. Francis Glisson (1597-1677) descreveu em detalhes o fígado, o
estômago e o intestino. Apesar de seus pontos de vista sobre a biologia serem
basicamente aristotélicos, teve também concepções modernas, como a que se refere aos
impulsos nervosos responsáveis pelo esvaziamento da vesícula biliar.

Thomas Wharton (1614-1673) deu um grande


passo ao ultrapassar a velha e comum idéia de que o
cérebro era uma glândula que secretava muco (sem
dúvida, continuou acreditando que as lágrimas se
originavam ali). Wharton descreveu as características
diferenciais das glândulas digestivas, linfáticas e
sexuais. O conduto de evacuação da glândula salivar
submandibular conhece-se como conduto de Wharton. Uma importante contribuição foi
distinguir entre glândulas de secreção interna (chamadas hoje endócrinas), cujo produto
cai no sangue, e as glândulas de secreção externa (exócrinas), que descarregam nas
cavidades. Niels Steenson, em 1611, estabeleceu a diferença entre esse tipo de glândula
e os nódulos linfáticos (que recebiam o nome de glândula apesar de não fazer parte do

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sistema). Considerava que as lágrimas provinham do cérebro. A nova concepção dos


sistemas de transporte do organismo que se obteve graças às contribuições de muitos
investigadores ajudou a resolver os erros da fisiologia galênica referentes à produção de
sangue.

Tratava-se dos capilares quilíferos. Até a época de Harvey se pensava que a


respiração estimulava o coração para produzir espíritos vitais no ventrículo direito. Harvey,
porém, demonstrou que o sangue nos pulmões mudava de venoso para arterial, mas
desconhecia as bases desta transformação. A explicação da função respiratória levou
muitos anos, mas durante o século XVII foram dados passos importantes para seu
esclarecimento.

Robert Hook (1635-1703) demonstrou que um animal podia sobreviver também sem
movimento pulmonar se inflássemos ar nos pulmões.

Richard Lower (1631-1691) foi o primeiro a realizar transfusão direta de sangue,


demonstrando a diferença de cor entre o sangue arterial e o venoso, a qual se devia ao
constato com o ar dos pulmões.

John Mayow (1640-1679) afirmou que a vermelhidão do sangue venoso se devia à


extração de alguma substância do ar. Chegou à conclusão de que o processo respiratório
não era mais que um intercâmbio de gases do ar e do sangue; este cedia o espírito
nitroaéreo e ganhava os vapores produzidos pelo sangue.

Em 1664 Thomas Willis (1621-1675) publicou De Anatomi Cerebri (ilustrado por


Christopher Wren e Richard Lower), sem dúvida o compêndio mais detalhado sobre o
sistema nervoso. Seus estudos anatômicos ligaram seu nome ao círculo das artérias da
base do cérebro, ao décimo primeiro par craniano e também a um determinado tipo de
surdez. Contudo, sua obsessão em localizar no nível anatômico os processos mentais o
fez chegar a conclusões equívocas; entre elas, que o cérebro controlava os movimentos
do coração, pulmões, estômago e intestinos e que o corpo caloso era assunto da
imaginação.

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Capítulo 02
Terminologias e posições anatomicas

Embora em seu dia-a-dia os profissionais de saúde possam usar termos mais


populares para designar as partes do corpo humano, eles precisam empregar uma
linguagem correta e precisa quando estão no ambiente de trabalho. Desse modo, cada um
vai compreender perfeitamente o que o outro quer dizer, evitando mal-entendidos que
possam ocasionar danos irreparáveis a um paciente.

Por isso, vamos começar o estudo sobre o organismo humano apresentando a


terminologia adotada na Anatomia. Ela deve ser empregada pelos profissionais de saúde
de modo a facilitar a comunicação entre eles, já que são termos de uma linguagem
universal.

Termos e Conceitos Básicos:

Anatomia é a parte da biologia que estuda a forma e a estrutura dos seres


organizados, bem como as relações entre os órgãos que se constituem. É uma palavra de
origem grega que significa cortar em partes (ana : cortar e tomia: em partes). Em
português temos para o mesmo significado a palavra “dissecação”.

A anatomia pode ser dividida em partes essenciais:

• Citologia: estudo das células

• Histologia: estudo dos tecidos do corpo


humano

• Osteologia: estudo do esqueleto

• Miologia: estudo dos músculos

• Artrologia: estudo das articulações

• Neuroanatomia: estudo do sistema nervoso

• Estesiologia: estudo dos órgãos sensoriais

• Esplaninologia: estudo das vísceras

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• Endocrinologia: estudo das glândulas endócrinas

• Tegumento Comum: pele e seus anexos

• Angiologia: estudo do coração e vasos (artérias, veias e linfáticos)

Organização do Corpo Humano e Unidades Estruturais:

O corpo humano é constituído por pequenas unidades chamadas células. Um grupo


de células especializadas compõe um tecido. Um grupo de tecidos forma os órgãos que,
por conseguinte formam um sistema. Sistemas é a combinação de órgãos que em
conjunto desempenham funções com um objetivo. Os sistemas do corpo humano são:
Sistema Esquelético, Muscular, Cardiovascular, Respiratório, Endócrino, Linfático,
Urinário, Tegumentar, Digestório, Articular e Reprodutor.

Sendo assim a fisiologia é o estudo dos processos do corpo e do seu funcionamento


como um todo observando os seus níveis atômico, iônico e molecular.

Vejamos, então, a terminologia relacionada à posição e aos movimentos do corpo,


que nos auxiliam na descrição anatômica e funcional.

POSIÇÃO ANATÔMICA

Todas as descrições apresentadas neste capítulo partem de uma posição imaginária,


considerada padrão, denominada posição anatômica. É uma posição definida de modo a
não deixar dúvidas quanto às relações entre as diferentes partes do corpo.

Como você deve ter observado, a posição anatômica apresenta as seguintes


características:

• indivíduo de pé, ereto, com a cabeça e o olhar para a frente;

• membros superiores pendentes, com as palmas das mãos viradas para frente;

• membros inferiores juntos, com os dedos dos pés para a frente.

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PLANOS ANATÓMICOS

Plano Sagital: secção antero – posterior ( divide o corpo em lado


direito e esquerdo)
Sagital é todo o plano
Plano Horizontal, transverso ou axial: divide o corpo em
que corta o corpo
superior e inferior (caudal e cranial)
verticalmente.
Plano Frontal ou coronal: divide o corpo em anterior e
posterior.

Para descrever as estruturas do corpo humano, partimos da posição anatômica e


tomamos três planos como base. Esses
planos são superfícies imaginárias que
atravessam o corpo em várias direções, - O
plano mediano (a) é vertical e corta o corpo
longitudinalmente, dividindo-o em duas
metades simétricas — à direita e a esquerda.
Ele também é chamado de sagital mediano,
uma vez que sagital é todo plano que corta o
corpo verticalmente, no sentido longitudinal, paralelo ao plano mediano. O outro plano
mostrado na figura é o plano coronal (b), que também é vertical, porém perpendicular ao
plano mediano. Ele divide o corpo nas porções anterior e posterior. Por fim, a figura
apresenta o plano horizontal (c), transversal e perpendicular aos dois anteriores, que
divide o corpo nas porções superior e inferior. (d) os três planos anatômicos mostrados em
um mesmo corpo.

TERMOS DE RELAÇÃO E DE COMPARAÇÃO

Vejamos como são definidos alguns termos empregados na localização das partes
do nosso corpo. Como você poderá observar, trata-se de termos comparativos, uma vez
que relacionam uma estrutura do corpo a um plano ou, então, a uma outra estrutura.

Termos de relação: Anterior: ventral; Posterior: Dorsal; Superior: Cranial; Inferior:


Caudal

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Termos de Comparação: Superficial: tudo o que está mais para fora do corpo.
Exemplo: pele; Profundo: tudo o que está mais fundo. Exemplo: ossos; Lateral: mais
afastado do plano sagital; Medial: mais perto do plano sagital

Outros Termos utilizados: Médio ou intermédio: entre estruturas ímpares; Mediano:


no meio, próximo ao plano mediano

Mão: Região Palmar: anterior; Região Dorsal: posterior

Pé: Região Plantar: inferior; Região Dorsal: superior

MEDIAL E LATERAL: Uma estrutura é definida como medial quando está mais próxima
do plano mediano. E será lateral se estiver mais afastada desse mesmo plano.

Vemos que na posição anatômica o olho é lateral ao nariz, porque está mais
afastado do plano mediano, do mesmo modo que a orelha é lateral ao olho. No entanto, o
olho é medial à orelha, já que está mais próximo do plano mediano do que ela.

ANTERIOR E POSTERIOR: Caracterizamos como anterior ou ventral a estrutura que está


à frente de um plano coronal. Mas se estiver atrás desse mesmo plano, a estrutura é
chamada de posterior ou dorsal. Por exemplo, dizemos que o dorso posterior à região
peitoral e anterior.

A estrutura que está mais próxima à cabeça, acima de um plano horizontal, é defini-
da como superior ou cranial. Ao contrário, se ela estiver mais próxima dos pés, abaixo de
um plano horizontal, será definida como inferior ou caudal.

SUPERIOR E INFERIOR: A estrutura que está mais próxima à cabeça, acima de um


plano horizontal, é definida como superior ou cranial. Ao contrário, se ela estiver mais
próxima dos pés, abaixo de um plano horizontal, será definida como inferior ou caudal.

PROXIMAL E DISTAL: A porção de uma estrutura que está mais próxima de seu ponto
de origem é apontada como proximal. Entretanto, se essa porção está mais distante do
ponto de origem da estrutura, então nos referimos a ela como distal.

No caso de uma porção situada em qualquer um dos membros, por exemplo,


devemos tomar o tronco como referência, isto é, como ponto de origem. Desse modo,
podemos dizer que, em relação ao membro inferior, a coxa é proximal, pois está mais
próxima do tronco. E que a mão é uma porção distal do membro superior, pois está mais

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distante do tronco.

SUPERFICIAL E PROFUNDA: Em relação à superfície do corpo, dizemos que uma


estrutura é superficial ou profunda conforme esteja mais próxima ou mais distante da
superfície, respectivamente. Por exemplo, os músculos do abdome são mais superficiais,
enquanto órgãos internos como o fígado e os rins são mais profundos.

Os termos de relação que acabamos de analisar facilitam bastante a comunicação


entre os profissionais, seja numa conversa, na leitura de um livro, no cumprimento de uma
ordem ou na realização de um procedimento.

TERMOS DE MOVIMENTO

Até agora estudamos os termos que descrevem posições estáticas, em que o corpo
está parado, em posição anatômica. Mas, além desses termos, também é importante
conhecermos os que descrevem os movimentos. Vejamos os principais.

Flexão e extensão

Quando dobramos uma parte do corpo sobre a outra, diminuindo a


angulação entre elas, estamos fazendo uma flexão. Ao contrário,
quando endireitamos a parte que foi dobrada, aumentando a angulação
entre elas, fazemos uma extensão. Para uma melhor visualização
desses movimentos, faça você mesmo uma flexão, levando a sua mão
até o ombro do mesmo lado. E faça uma extensão esticando novamente
o membro superior.

Abdução e adução

Sempre que afastamos uma parte do corpo em relação ao plano mediano,


produzimos um movimento denominado abdução. E quando
aproximamos uma parte do corpo do plano mediano, produzimos
Adução:
um movimento contrário que recebe um nome parecido, mas de
movimento onde se
significado inverso: adução.
aproxima uma parte do
A posição anatômica considera que a região anterior do corpo corpo em relação do
humano seja o indivíduo com os braços ao longo do corpo e as plano mediano.
palmas das mãos voltadas para frente.

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ROTAÇÃO

Quando giramos uma parte do corpo ao redor do seu próprio Abdução:


eixo longitudinal, ocorre o movimento de rotação. Faça você movimento onde se
também um movimento de rotação girando o seu braço, por afasta uma parte do corpo

exemplo, em torno do eixo longitudinal do membro superior. em relação do plano


mediano.
SUPINAÇÃO E PRONAÇÃO

O movimento de supinação acontece quando movimentamos o antebraço de modo a


colocar o membro superior na posição anatômica, em que as palmas das mãos ficam
viradas para a frente. Ao contrário, quando o movimento leva a uma posição de palma da
mão virada para trás, então ele é chamado de pronação.

Mesmo conhecendo todos os termos tratados neste


capítulo, ainda assim poderíamos ter dificuldade para indicar uma
parte mais específica do corpo quando da descrição de uma
lesão, por exemplo. Por Isso, sob o ponto de vista anatômico, o
corpo humano é dividido em regiões.

Bem, até aqui você já foi apresentado a alguns dos


personagens da nossa história sobre o corpo humano vivo. Não
corra o risco de esquecer seus nomes, Então, você precisa memorizá-los, relacionando-os
às várias regiões, posições e movimentos. E você pode fazer isso usando o seu próprio
corpo, diante de um espelho.

1) Ciite alguns termos anatomicos com seus conceitos basicos?

2) O que venha ser posição anatômica?

3) Quais as importâncias dos planos anatômicos?

4) O que é Plano SAGITAL?

5) O que se é necessário para se definir uma estrutura distal de outra proximal?

6) O que é flexão?

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7) Cite duas estruturas localizadas no plano anterior de toda estrutura do corpo humano.

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Capítulo 03
Celulas e tecidos

Sabemos que o organismo é composto por células que atuam em conjunto, para
realizar determinadas funções. Esses agrupamentos são os sistemas, como o sistema
digestório e o sistema respiratório, entre outros, O conjunto dos sistemas é o próprio
organismo. E isso é tudo o que podemos ver a olho nu.

Já no século XVII, o cientista inglês Sir Robert Hooke fez uma importante
descoberta: ao observar um pedaço de cortiça ao microscópio, notou uma série de
compartimentos, que chamou de células, ou seja, pequenas celas.

A partir daí, então, iniciou-se o estudo da célula, a unidade formadora dos


organismos vivos. Ela é caracterizada por ser a menor porção de matéria viva capaz de se
reproduzir, gerando outras células.

• Histologia: Estuda os tecidos, ou seja, os grupos de células que possuem as


mesmas propriedades.

• Citologia: Estuda as células estruturas visíveis somente com auxílio do


microscópio, e que apresentam variações quanto a forma e ao tamanho.

A ESTRUTURA CÉLULAR

Alguns seres vivos são compostos por apenas uma célula, como as bactérias e os
protozoários. São os organismos unicelulares. Já no organismo de animais superiores,
como aves, peixes, insetos ou mamíferos, existem bilhões de células, de variados tipos,
que se agrupam formando tecidos, os quais formarão os órgãos. Esses são os organismos
pluricelulares.

No organismo dos animais, inclusive no do homem, as células são compostas por


membrana celular, citoplasma e núcleo, como você pode ver na figura abaixo. Agora
vamos analisar mais detalhadamente cada uma dessas partes da célula animal.

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MEMBRANA CELULAR

É a camada mais externa, que envolve e protege a


célula contra as agressões do ambiente. A membrana da
célula animal é bem fina, ao contrário das de cortiça que
Hooke viu em seu microscópio.

Além de proteger e delimitar a célula, a membrana tem uma outra função


importantíssima, que é a de selecionar substâncias que podem entrar ou sair da célula.

CITOPLASMA

É a parte da célula contida entre o núcleo e a membrana celular. O citoplasma é


composto por uma substância gelatinosa que dá forma e sustentação à célula, onde estão
as organelas.

As organelas são pequenas estruturas que exercem funções essenciais para o


funcionamento e a reprodução celulares, que são a base dos processos vitais do
organismo. Por isso, dizemos que elas estão para a célula assim como os órgãos estão
para o organismo.

Dentre as organelas de uma célula animal estão o lisossomo, a mitocôndria, o


retículo endoplasmático rugoso, o retículo endoplasmático liso e o complexo de Golgi.

Lisossomos

São organelas arredondadas, cheias de um líquido rico em enzimas, proteínas que


ajudam a produzir reações químicas em uma substância. Essas enzimas são capazes de
quebrar as moléculas que penetram na célula pela membrana e assim realizam a digestão
celular.

Mitocôndrias

Essas organelas têm estrutura arredondada ou alongada, sendo


responsáveis pela transformação dos nutrientes em energia, processo
denominado respiração celular.

As mitocôndrias usam a glicose e o oxigênio na produção de


energia. Essa energia é usada de imediato ou, então, armazenada em uma molécula

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denominada ATP, que mais tarde pode sofrer uma reação química e liberar energia para
as funções da célula. Quando a glicose não está disponível, como nos casos dos jejuns
prolongados, o organismo pode retirar energia das gorduras ou das proteínas por meio de
outras reações químicas.

O trabalho das mitocôndrias pode ser aumentado, sempre que nossas funções
orgânicas exigem. E quando isso ocorre, aparecem substâncias ácidas que, em
quantidade excessiva, podem levar a danos orgânicos, como, por exemplo, a cãibra, que é
resultante do excessivo trabalho das mitocôndrias do tecido muscular.

Retículo Endoplasmático Rugoso

É uma estrutura formada por uma série de vesículas, pequenas bolhas com líquido
que se encontram suspensas no citoplasma celular. O retículo endoplasmático rugoso
contém ribossomos em suas paredes, um tipo de organela responsável pela produção de
proteínas em nosso organismo.

Retículo Endoplasmático Liso

Caracteriza-se por um conjunto de vesículas que transportam e armazenam


produtos dentro da célula, como as proteínas e os hormônios, entre outros. O retículo
endoplasmático liso, ao contrário do rugoso, não possui ribossomos em suas paredes.

Complexo de Golgi

Trata-se de uma organela constituída de vesículas achatadas e superpostas, que


armazenam as proteínas formadas no retículo endoplasmático rugoso. A partir dessas
proteínas, o complexo de Golgi atua na síntese de várias outras substâncias, entendendo-
se síntese como a operação química por meio da qual as células vivas fabricam as várias
substâncias necessárias ao organismo a que elas pertencem.

Núcleo
No Núcleo estão todas
É um corpúsculo imerso no citoplasma, geralmente no
as informações genéticas do
meio da célula. O núcleo é responsável por guardar
organismo.
informações genéticas, aquelas que são transmitidas de pai
para filho, definindo as características do organismo, como, por exemplo, cor dos olhos e
dos cabelos, estatura, algumas doenças etc.

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Essas informações tão importantes são armazenadas por meio de um código


molecular - o código genético - numa substância chamada cromatina, situada dentro do
núcleo celular. Cada porção desse código relacionada a uma função especifica, como a
cor dos olhos ou a estatura, é chamada de gene.

Quando o núcleo se divide, ocorre a organização da cromatina em estruturas


denominados cromossomos. A espécie humana possui 46 cromossomos em cada célula,
sendo 44 autossômicos e dois sexuais. Os cromossomos sexuais, responsáveis pela
herança relacionada ao sexo, são identificados como X e Y e estão presentes de modo
diferente no homem e na mulher. A mulher possui dois cromossomos X, enquanto o
homem possui um cromossomo X e um Y.

No processo de divisão celular, ocorre a duplicação dos cromossomos e a


distribuição de cada cópia a cada uma das células que vai se originar desse processo,
gerando duas células idênticas onde antes só havia uma. Dessa forma, o núcleo atua na
reprodução celular, produzindo cópias da célula original, tendo cada uma delas o seu
próprio núcleo, com uma cópia completa do material genético.

Os tecidos são agrupamentos de células, semelhantes ou não, que estão juntas para
realizar uma determinada função. Entre as células de um tecido pode existir uma
substância intercelular, também chamada de intersticial. Essa substância ajuda as células
a realizarem suas funções.

Às vezes, em conseqüência de problemas na divisão celular, surge um cromossomo


a mais ou a menos na célula, acarretando transtornos no desenvolvimento. Esse é o caso
da Síndrome de Down, também conhecida como mongolismo, que se caracteriza por um
retardo no desenvolvimento físico e mental provocado pela presença de um cromossomo
autossômico a mais na célula.

DNA e RNA

Substâncias químicas envolvidas na transmissão de caracteres


hereditários e na produção de proteínas compostos que é o principal
constituinte dos seres vivos. São ácidos nucléicos encontrados em
todas as células e também são conhecidos em português pelas siglas

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ADN e ARN (ácido desoxirribonucléico e ácido ribonucléico). De acordo com a moderna


Biologia, o DNA faz RNA, que faz proteína (embora existam exceções os retrovírus, como o vírus da
Aids).

DNA O ácido desoxirribonucléico é uma molécula formada por duas cadeias na


forma de uma dupla hélice. Essas cadeias são constituídas por um açúcar (desoxirribose),
um grupo fosfato e uma base nitrogenada (T timina, A adenina, C citosina ou G guanina).
A dupla hélice é um fator essencial na replicação do DNA durante a divisão celular cada
hélice serve de molde para outra nova.

RNA O ácido ribonucléico (RNA) é uma molécula também formada por um açúcar
(ribose), um grupo fosfato e uma base nitrogenada (U uracila, A adenina, C citosina ou G
guanina). Um grupo reunindo um açúcar, um fosfato e uma base é um "nucleotídeo".

Código genético A informação contida no DNA, o código genético, está registrada na


seqüência de suas bases na cadeia (timina sempre ligada à adenina, e citosina sempre
com guanina). A seqüência indica uma outra seqüência, a de aminoácidos substâncias
que constituem as proteínas. O DNA não é o fabricante direto das proteínas; para isso ele
forma um tipo específico de RNA, o RNA mensageiro, no processo chamado transcrição.
O código genético, na forma de unidades conhecidas como genes, está no DNA, no
núcleo das células. Já a "fábrica" de proteínas fica no citoplasma celular em estruturas
específicas, os ribossomos, para onde se dirige o RNA mensageiro. Na transcrição,
apenas os genes relacionados à proteína que se quer produzir são copiados na forma de
RNA mensageiro.

Cada grupo de três bases (ACC, GAG, CGU etc.) é chamado códon e é específico
para um tipo de aminoácido. Um pedaço de ácido nucléico com cerca de mil nucleotídeos
de comprimento pode, portanto, ser responsável pela síntese de uma proteína composta
por centenas de aminoácidos. Nos ribossomos, o RNA mensageiro é por sua vez lido por
moléculas de RNA de transferência, responsável pelo transporte dos aminoácidos até o
local onde será montada a cadeia protéica. Essa produção de proteínas com base em um
código é a base da Engenharia genética

No núcleo celular também existem, além da cromatina, outras estruturas muito


importantes. Uma delas é o nucléolo, que ajuda na coordenação da reprodução celular.

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Essa é uma função essencial para a manutenção da vida no organismo, pois as células
têm um tempo de vida útil e necessitam serem substituídas por novas células, após sua
morte. No corpo humano, existem quatro tipos básicos de tecido.

Veja a característica principal de cada um desses tecidos:

• epitelial — contém pouca ou nenhuma substância intersticial;

• conjuntivo — possui muita substância intersticial;

• muscular — tem capacidade de contração;

• nervoso — conduz impulsos elétricos.

TIPOS DE TECIDOS

TECIDO EPITELIAL

Esse tecido é formado por células bem juntas, unidas, razão


pela qual ele tem pouco ou nenhum material intersticial.

Em razão dessa intensa união das células do tecido


epitelial, há pouco espaço para vasos sangüíneos e, por isso, ele
recebe o apoio do tecido conjuntivo para a nutrição de suas
células. A presença de pouca substância intercelular também é responsável pela maior
resistência do tecido epitelial, tornando-o ideal para o desempenho de duas funções
básicas:

• de revestimento, atuando na proteção das estruturas abaixo dele;

• de secreção glandular, produzindo substâncias necessárias à integridade e ao


funcionamento das estruturas orgânicas.

Revestimento

A função de revestimento caracteriza-se pela proteção do corpo como um todo, por


meio da pele, assim como pela proteção externa ou interna de órgãos. De acordo com a
sua localização, o tecido epitelial recebe diferentes nomes:

• epiderme, quando reveste o corpo externamente. É a camada mais externa da pele;

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• mucosa, ao revestir os órgãos internamente. E encontrada, por exemplo, no interior


da boca, nariz, estômago, traquéia;

• serosa, quando reveste os órgãos externamente. Esse é o caso da pleura, no


pulmão, e do peritônio, na cavidade abdominal.

A pele

A pele é formada por duas camadas: a epiderme, que é


de tecido epitelial, e a derme, de tecido conjuntivo.

A epiderme tem várias camadas de células, sendo por


isso chamada de epitélio estratificado. A mais superficial é
constituída de células mortas, recobertas por uma proteína
muito resistente — a queratima. Essa camada descama
periodicamente, renovando a epiderme com as células vivas das camadas inferiores, que
também acabam morrendo e são recobertas por queratina, num processo contínuo e
ininterrupto.

Essa estrutura queratinizada da pele reduz a sua capacidade de absorção,


diminuindo a possibilidade de penetração de agentes físicos, químicos e biológicos em
nosso corpo. E é assim que a pele atua como a primeira barreira do sistema de defesa do
nosso organismo.

Secreção

A secreção glandular é uma função do tecido epitelial realizada por células


especializadas que podem atuar individualmente ou em grupo, formando glândulas. As
células glandulares têm retículos endoplasmáticos rugosos e complexos de Golgi muito
desenvolvidos, graças à grande produção e ao armazenamento de substâncias.

As glândulas podem ser classificadas em:

• exócrinas, que jogam suas secreções no interior de órgãos por meio de ductos;

• endócrinas, que jogam suas secreções, chamadas de hormônios, na corrente


sangüínea;

• mistas, que atuam das duas maneiras, ou seja, têm função exócrina e endócrina

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O epitélio da glândula tireóide. As células são em forma de cubo, sendo esse tecido
chamado de epitélio cúbico.

TECIDO CONJUNTIVO

O tecido conjuntivo, como já vimos, caracteriza-se por


possuir grande quantidade de material intersticial. Subdivide-se
em vários tipos, cada qual com uma função diferente.

• Tecido conjuntivo frouxo

É o tecido que preenche os espaços entre as fibras musculares, dá sustentação e


envolve vasos sangüíneos, além de oferecer apoio ao tecido epitelial, como já
comentamos. É de estrutura delicada, pouco resistente.

• Tecido conjuntivo denso

Tecido em que predominam as fibras colágenas, ricas em colágeno, uma proteína


que dá maior resistência ao tecido, O tecido conjuntivo denso encontra-se na derme,
aumentando a capacidade de proteção da pele, e nos tendões musculares, que são
submetidos a uma grande força de tração.

TECIDO ADIPOSO (GORDURA)

Contém células especiais, os adipócitos (ou células adiposas), que armazenam


gordura capaz de gerar energia numa situação de falta de glicose. Os adipócitos podem
armazenar grandes quantidades de gordura, tornando-se células muito grandes, em
formato de globo.

TECIDO CARTILAGINOSO (CARTILAGEM)

É um tecido resistente, porém flexível e com importante função modeladora. Seu


material intersticial é especialmente rico em colágeno, entre outras substâncias.

Existem três tipos de cartilagem:

• hialina, em que predominam a substância intercelular e muitas fibras colágenas.


Encontra-se nas articulações, traquéia e brônquios;

• elástica, que tem muitas fibras elásticas, como no pavilhão da orelha;

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• fibrosa ou fibrocartilagem, com muitas fibras, tanto colágenas quanto elásticas. São
as mais resistentes e podem ser encontradas nos discos articulares e intervertebrais.

Fibras elásticas

Existem fibras elásticas no material intersticial, capazes de conferir notável


elasticidade ao tecido. Esse tipo de fibra é encontrado em alguns ligamentos e na parede
das artérias.

TECIDO ÓSSEO (OSSO)

Tecido cuja substância intercelular calcificada lhe dá uma extraordinária dureza. No


meio dessa substância calcificada existem células que caracterizam o osso como uma
estrutura viva.

SANGUE

Tipo de tecido muito especial cuja substância intercelular líquida é o plasma, onde
circulam as células sanguíneas, que podem ser dos seguintes tipos:

• hemácias ou glóbulos vermelhos, que atuam na oxigenação dos tecidos. São


células sem núcleo;

• leucócitos ou glóbulos brancos, que defendem o nosso organismo;

• plaquetas, que são responsáveis pela coagulação sangüínea.

TECIDO MUSCULAR

Tecido formado por células especiais, tem como principal característica a capacidade
de contração. Isso é possível porque no citoplasma dessas células existem fibras que são
capazes de interagir, encurtando o comprimento da célula.

Vamos analisar cada um dos três tipos de músculo:

Músculo liso

Ao microscópio, esse tecido tem aspecto liso, constituído por fibras


longitudinais. É o tipo de músculo presente nas vísceras e suas contrações
são involuntárias, pois independem da nossa vontade.

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Músculo estriado esquelético

Tecido que apresenta várias estrias, resultantes da ordenação das fibras


em feixes paralelos. São chamados de esqueléticos porque estão presos a
partes do esqueleto e, quando se contraem, provocam os movimentos
do corpo. São músculos controlados pela nossa vontade.

Músculo estriado cardíaco

Esse tipo de músculo também tem estrias, como o músculo estriado


esquelético, porém sua contração independe da vontade do individuo. Existe unicamente
no miocárdio, o músculo do coração.

TECIDO NERVOSO

E. um tecido especializado em produzir e conduzir impulsos elétricos, essenciais


para todas as funções do sistema nervoso, permitindo o controle da motricidade e da
sensibilidade do corpo. Além disso, o tecido nervoso permite ao ser humano o exercício de
suas funções cognitivas — memória, reflexão e aprendizado.

Essas células que produzem e conduzem os impulsos elétricos nervosos são os


neurônios, Além deles, existem ainda as células da gIia, que dão sustentação aos
neurônios, ajudando-os também em sua nutrição.

Os neurônios têm dois tipos de prolongamentos citoplasmáticos: os axônios e os


dendritos.

Os axônios são longos e grossos, capazes de transmitir os impulsos da célula aos


locais mais distantes do nosso corpo. Os nervos por exemplo;
nada mais são que feixes de axônios muito compridos, às vezes
com mais de um metro!

Os dendritos são ramificações mais delicadas delicadas e


mais curtas que recebem os impulsos nervosos, transmitindo-os ao
corpo celular. Esses estímulos passam ao axônio e daí a outros neurônios ou órgãos.

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1) Defina Histologia e Citologia.

2) Conceitue a célula?

3) Quais os componentes celulares?

4) Porque a célula é uma unidade funcional?

5) Qual a função da membrana plasmática?

6) Em que local da célula se encontra o material genético?

7) O que são cromossomas?

8) Qual a importancia da mitose e meiose? E qual a diferença entre as duas?

9) Cite 2 tipos de tecidos e suas funções.

10) Qual a responsabilidade do tecido nervoso?

11) Qual a diferença entre músculo liso,esquelético e cardíaco?

12) Como e composto o sangue?

13) Qual a importância dos glóbulos vermelhos?

14) Quais as células responsáveis pela defesa do nosso organismo?

15) Qual a função do tecido adiposo?

16) Como e composta a pele?

17) Qual a importancia do tecido conjuntivo?

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Capítulo 04
Sistema ósseo e articulações

OSTEOLOGIA: É o estudo dos ossos que compõem o esqueleto humano, cerca de


206 ossos.

• Esqueleto Axial: ossos da cabeça, pescoço e tórax.

• Esqueleto Apendicular: ossos dos membros superiores e inferiores.

Funções dos Ossos:

• Sustentação do corpo;

• Proteção: protegem os órgãos vitais do


corpo humano, atuando como uma “armadura”;

• Hematopoiese: sua medula origina células


sangüìneas;

• Cálcio: os ossos acumulam cálcio


promovendo a troca desses íons;

• Movimento: auxiliam no movimento do


corpo humano.

Segundo sua forma, os ossos podem ser:

• Ossos Longos: Maior comprimento que


largura e apresentam canal medular. Ex: úmero.

• Ossos Curtos: Suas dimensões principais


são aproximadamente iguais. Ex: 0ssos do carpo.

• Ossos Planos ou Chatos: São delgados, a


largura e o comprimento são maiores que a
espessura. Ex: escápula.

• Ossos Irregulares: Sem forma definida, não


se incluem em outras classificações. Ex.:
vértebras.

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• Osso Alongado: Mesmas características do osso longo, porém não possui canal
medular. Ex: costelas.

• Ossos Pneumáticos: São ossos ocos, com cavidades cheias de ar, apresentam
pouco peso em relação ao seu volume. Ex: frontal.

Os ossos longos possuem um corpo, duas extremidades usualmente articulares e


uma porção onde ocorre o crescimento ósseo. As extremidades são as epífises ósseas, os
corpos chamaram de diáfise e a zona de crescimento ósseo denomina-se metáfise.

O corpo de um osso longo é um tubo de osso compacto cuja cavidade chama-se


medular onde contém medula óssea.

Constituição de um Osso:

• Periósteo: tecido conjuntivo fibroso que reveste a superfície externa do osso, exceto
as superfícies articulares. (que são revestidas por cartilagem hialina).

• Endósteo: tecido conjuntivo delicado que reveste as cavidades do osso, incluindo


os espaços e cavidades medulares.

• Tecido Ósseo Esponjoso: formado por trabéculas ósseas, que delimitam os


espaços intercomunicantes ocupados pela medula óssea.

• Tecido Ósseo Compacto: É uma massa sólida, onde predomina o cálcio em sua
composição, na qual os espaços só são visíveis ao microscópio.

• Medula Óssea: Estrutura mole que preenche as pequenas cavidades de tecido


esponjoso e que nos ossos longos está contida numa cavidade central chamada cavidade
medular. Compreende dois tipos:

• Medula Óssea Amarela: é encontrada na diáfise dos ossos longos, é composta de


tecido conjuntivo formado por células adiposas.

• Medula Óssea Vermelha: localiza-se nas epífises de certos ossos longos, ricamente
vascularizada, consiste em células sanguíneas e suas precursoras. Tem como função a
formação de diversas células sanguíneas: eritrócitos (transporte de oxigênio), leucócitos
(glóbulos brancos, responsáveis pela defesa do organismo), megacariocitos ( células com

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núcleo grande, cujos fragmentos formam as plaquetas, que, são necessárias na


coagulação sanguínea.

Células Ósseas:

• Osteoblastos: atuam na síntese da matriz óssea

• Osteoclasto: atuam na reabsorção óssea


É interessante
• Osteócito: são as células do osso maduro. adiantar aqui uma função
importante da medula
Propriedades Físicas:
óssea vermelha, que é a
Os ossos são rígidos e elásticos. Resistem às produção das células
forças de tensão e de pressão e podem suportar carga sangüíneas,
estática e dinâmica muitas vezes maior que o peso do particularmente nos ossos
corpo. longos e planos.

A rigidez do osso resulta da deposição de uma


complexa substância mineral na matriz orgânica, principalmente complexa de fosfato de
cálcio que pertencem ao grupo mineral apatita.

O Sistema Esquelético é formado por duas partes principais: o esqueleto axial e o


esqueleto apendicular.

O esqueleto axial é constituído pelo crânio, coluna vertebral e caixa


torácica. E o esqueleto apendicular compreende os membros
inferiores e superiores e, ainda, a cintura pélvica e a cintura
escapular, que ligam, respectivamente, cada um desses
membros ao esqueleto axial. Os ossos das cinturas escapular
e pélvica são como galhos que se prendem ao tronco de uma
árvore que, nesse caso, é o esqueleto axial. Vamos então
começar o estudo dos ossos pelo esqueleto axial.

Os ossos são formados essencialmente pelo tecido ósseo (tecido


conjuntivo duro, com 1,87% de fosfato e cálcio) do qual o aspecto é compacto ou
esponjoso: no osso compacto o tecido ósseo é constituído de delgadas lâminas ósseas
que se sobrepõem umas às outras, unindo-se intimamente em torno de um centro; no

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osso esponjoso, essas delgadas lâminas se dispõem de modo a formar pequenas


cavidades ou celuletas. Há três espécies de ossos: os ossos longos, os ossos curtos e os
ossos chatos. O seu nome nos diz qual a sua característica. O osso longo tem mais
desenvolvida uma das suas dimensões; constitui uma espécie de cilindro, no qual
podemos distinguir uma parte central dita corpo ou diáfise, e duas extremidades
chamadas cabeças ou epífises. A diáfise é formada por tecido ósseo compacto e é
percorrida longitudinalmente por um canal interno, chamado canal medular, ocupado pela
medula. A medula do osso desempenha uma função importantíssima: fabrica os glóbulos
do sangue, sejam os vermelhos ou brancos. As epífises são formadas por tecido ósseo
esponjoso, que, na superfície, é revestido por uma camada de tecido ósseo compacto. No
osso esponjoso, a medula enche as cavidades formadas pelo interpenetrar-se das
trabéculas. Até a idade adulta, a diáfise e as epífises são separadas entre si, ou, melhor,
estão unidas somente por um tecido cartilaginoso; é esta a cartilagem de conjugação ou
diafisiária que permite o desenvolvimento do osso em comprimento, e permanece até que
o indivíduo complete o seu desenvolvimento esquelético. Depois, constitui a chamada
comissura diafisiária. Os ossos longos estão presentes sobretudo nos membros (osso do
braço: úmero; osso da coxa: fêmur). Os ossos curtos são aqueles nos quais nenhuma das
três dimensões prevalece. Geralmente, os ossos curtos são formados por tecido
esponjoso, revestido o mais das vezes superficialmente por uma camada de tecido
compacto. Exemplos de ossos curtos são os ossos do carpo e do tarso.

Os ossos chatos são aqueles em que predominam duas


dimensões; têm, portanto, o aspecto de uma lâmina. São formados por
tecido compacto no meio do qual, todavia, encontra-se uma camada de
tecido esponjoso. Exemplos de ossos chatos são os ossos da abóbada
craniana.

A forma aparente de um osso pode, por vezes, levar a engano: o


osso parece pertencer a certo tipo, quando se considera a forma, mas a
sua estrutura é a de um tipo diverso. Por exemplo, as costelas têm a
forma alongada e pareceriam, assim, ossos longos; são porém esponjosos internamente e
compactos na periferia, como todos os ossos chatos.

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Certos ossos estão atravessados na periferia por furos: são os furos de transmissão,
que servem de passagem a órgãos importantes como vasos e nervos. Todos os ossos
têm furos que penetram no seu interior, os furos nutritivos, pelos quais penetram no osso
os vasos que devem nutri-Io. Estão eles revestidos por uma membrana fibrosa: periósteo,
que tem a função de nutrir o osso e de fazê-Io crescer em espessura (enquanto o osso
cresce em comprimento por meio das cartilagens de conjugação). Sem o periósteo o osso
não pode viver: destacando-o, o osso morre.

ESQUELETO

Esqueleto é um nome genérico dado a estruturas de


sustentação, principalmente de seres vivos, podendo ser
usado também em outras áreas, como engenharia e
construção. Há três prinicipais tipos de esqueletos de
seres vivos:

• Endoesqueleto ou esqueleto interno - presente por


exemplo em vertebrados, como peixes, gatos e humanos.
Exemplo: esqueleto humano.

• Exoesqueleto ou esqueleto externo - presente em


artrópodes, como formigas, aranhas, e caranguejos, e em
alguns outros invertebrados, como as conchas de alguns moluscos.

• Hidroesqueleto ou esqueleto hidrostático - consistindo de cavidades preenchidas


por fluidos, presente em equinodermos como estrela-do-mar, anelídeos como a minhoca,
e nematóides, entre outros invertebrados.

Crânio

O crânio possui 22 ossos, dos quais somente a mandíbula é móvel. Ele pode ser
dividido em duas partes, de acordo com sua função: neural e visceral.

O crânio neural, de localização superior e posterior abrigam e protegem o encéfalo,


que é toda a substância nervosa localizada dentro do crânio, incluindo o cérebro. Essa
parte do crânio possui oito ossos:

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•um frontal, que delineia a testa;

•dois parentais, no alto da cabeça;

•um occipital, na parte posterior da cabeça ou nuca;

•dois temporais, nas porções laterais próximas ás orelhas;

•um esfenóide, na base do crânio;

•um etinóide, na base do crânio, que ajuda na formação


da órbita e das fossas nasais. (Esse osso é de difícil
localização, pois está situado profundamente no crânio.)

O crânio visceral ou face, de localização anterior e


inferior, abriga e protege os órgãos dos sentidos e dos
aparelhos respiratório e digestório, como olhos, orelhas, nariz e boca. Seus ossos são em
número de 14:

•dois zigomáticos, que formam as maçãs do rosto;

•dois maxilares, que incluem a arcada dentária superior;

•uma mandíbula, onde se implanta a arcada dentária inferior;

•dois palatinos, que formam parte do palato, também conhecido como “céu da boca”;

•dois nasais, na porção externa do nariz;

•um vômer, no septo nasal;

•duas conchas nasais inferiores, no interior das fossas Forame:

nasais abertura no osso em


cavidades do corpo.
•dois lacrimais, dentro da cavidade orbitária.

Ainda podemos perceber várias aberturas que são


chamadas de forames. São perfurações através de um osso ou de uma estrutura
membranosa que dão passagem a vasos sanguíneos e nervos que sacos do encéfalo em
direção às diversas partes do corpo (como as veias e os nervos motores) ou do corpo para
o encéfalo (como as artérias e os nervos sensitivos, assunto que veremos mais adiante).
O maior forame é o forame magno, por onde sai a medula espinhal, tendo de cada lado

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um côndilo occipital, área arredondada que articula o crânio com a coluna vertebral.

COLUNA VERTEBRAL

A coluna vertebral é outra parte do esqueleto axial. Ela é o


eixo ósseo central do nosso corpo e tem as seguintes funções:

• sustentação do peso do corpo e transmissão desse peso


para o chão, por meio dos ossos do quadril e dos membros
inferiores;

• mobilidade e flexibilidade do tronco e da cabeça;

• fixação de vários músculos;

• proteção da medula espinhal.

Para realizar tais funções, a coluna precisa ser uma estrutura sólida, resistente,
porém móvel e flexível, o que é conseguido graças a pequenos ossos, as vértebras.

A coluna é formada por 33 vértebras colocadas uma sobre a outra, em seqüência.


Entre cada par de vértebras existe um disco intervertebral de fibrocartilagem que ajuda a
amortecer o peso sustentado pela coluna.

A coluna vertebral é dividida em regiões.

•cervical, na altura do pescoço, sendo composta por sete vértebras;

•torácica, no tórax, onde se articulam as costelas, sendo formada por 12 vértebras;

•lombar, na curvatura lombar, sendo formada por cinco vértebras;

•sacral, articulada com os ossos do quadril, para o qual transmite o peso que
sustenta. É formada por cinco vértebras;

•coccígea, é uma estrutura rudimentar sem grande importância, equivalendo, no


homem, à cauda dos animais. É formada por quatro vértebras.

A coluna não é uma estrutura retilínea. Ao contrário, ela tem curvaturas consideradas
normais. Mas quando essas curvaturas são exageradas, provocam transtornos de
funcionamento do corpo, caracterizando-se como doenças.

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CAIXA TORÁCICA

A caixa torácica é a terceira parte do esqueleto


axial. É formada pela coluna torácica, que é a
porção torácica da coluna vertebral, as costelas e o
esterno.

Veja que a caixa torácica tem a forma


semelhante à de uma gaiola, pela posição de suas costelas, que na
parte detrás se prendem às vértebras torácicas. Na parte da frente, as
costelas se ligam ao osso esterno por meio de cartilagens denominadas
cartilagens costais, que se juntam ao esterno.

O esterno é um osso alongado e achatado que fica bem no meio


do peito, servindo para dar sustentação anterior às costelas. Ele é
dividido em duas partes: uma superior, chamada de manúbrio, e outra
inferior, que é o corpo. A parte mais inferior do corpo do esterno é uma
ponta que recebe o nome de processo xifóide.

As costelas consistem em 12 pares de ossos em forma de arco que vão da coluna ao


esterno, sendo classificadas em:

•verdadeiras, que se ligam diretamente ao esterno, cada qual por sua própria
cartilagem. São em número de sete pares;

•falsas, que não se ligam ao esterno diretamente, mas fundem suas cartilagens umas
com as outras, unindo-se por fim à sétima costela. A borda inferior da caixa torácica assim
formada é chamada de rebordo costal. As costelas falsas são em número de três pares;

•flutuantes, que não se ligam ao esterno e são num total de dois pares.

A caixa torácica abriga os órgãos nobres do tórax - coração e pulmões, protegendo-


os e dando-lhes sustentação.

MEMBRO SUPERIOR
O membro superior é formado pelo ombro, braço, antebraço e mão. Embora
popularmente a palavra braço seja usada como o nome do membro superior como
um todo, em anatomia esse termo refere-se apenas à parte situada entre o ombro e

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o cotovelo.

No ombro está localizada a cintura escapular, que é formada


pela escápula, antigamente denominada omoplata, e pela clavícula,
que se prende ao esqueleto axial por meio do manúbrio esternal. Os
ossos do braço articulam-se por meio da escápula.

O braço tem apenas um osso, que se chama úmero. Já o


antebraço tem dois: a una e o rádio, o úmero se articula superiormente com a escápula e
inferiormente com a una e o rádio.

Na mão encontramos três grupos de ossos:

• carpo, constituído por oito ossos que se articulam com o rádio e formam
o punho. São eles: escafóide, semilunar, piramidal, pisiforme, trapézio,
trapezóide, capitato e hamato;

• metacarpo, formado por cinco ossos que ficam numa região


intermediária entre os ossos do carpo e os dos dedos. São os ossos
metacárpicos de cada dedo;

• quirodáctilos são os dedos das mãos, formados pelas


Sesamóide –
falanges proximal, média e distal para cada dedo, exceto para o
pequeno osso que
polegar, que não tem a falange média.
está incrustado no
tendão ou em uma
MEMBROS INFERIORES cápsula articular.

As partes do membro inferior são quadril, coxa, perna e


pé. Anatomicamente, a perna é apenas a porção compreendida entre
o joelho e o tornozelo, embora o termo seja popularmente usado para
denominar o membro inferior como um todo.

A cintura pélvica é formada pelos ossos do quadril, que se


articulam com o sacro, formando a pelve, anteriormente denominada bacia.

A coxa tem um único osso. E o fêmur, o maior osso do corpo humano, que
se articula com o osso do quadril na cavidade denominada acetábulo. Ainda na

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coxa, situada no tendão do seu principal músculo, está a patela, antes chamada de rótula.
Ela fica posicionada anteriormente ao joelho, e é o maior osso sesamóide do nosso corpo.

A perna é formada por dois ossos, a tíbia e a fíbula. Pontos anatômicos importantes
da perna são as saliências ósseas que podemos palpar de cada lado do tornozelo: o
maléolo medial, na tíbia, e o maléolo lateral, na fíbula.

O pé é formado pelos seguintes conjuntos ósseos:

• tarso, constituído por sete ossos que se articulam com a tíbia e a


fíbula, formando o tornozelo. São eles: tálus, calcâneo, cubóide,
navicular e três cuneiformes — medial, lateral e intermédio;

• metatarso, formado por cinco ossos intermediários entre os


ossos do tarso e dos dedos do pé. Há um metatársico para cada dedo;

• pododáctilos, que são os dedos dos pés, formados pelas


falanges proximal, média e distal para cada dedo. Somente o hálux, popularmente
chamado de dedão do pé, não tem a falange média.

ARTICULAÇÕES

As articulações representam o ponto de união de um ou


mais ossos e a sua configuração determina o grau e a direção
do possível movimento. Algumas articulações, como aquelas
que se encontram entre os ossos planos do crânio
(denominadas suturas) não apresentam movimento. Outras permitem uma amplitude de
movimento. Por exemplo, a articulação do ombro, a qual é do tipo “bola e soquete”,
permite a rotação interna e a rotação externa, além dos movimentos do membro superior
para frente, para trás e para os lados.

As articulações do tipo dobradiça (gínglimos) dos cotovelos


e dedos das mãos e dos pés permitem apenas os movimentos de
flexão e extensão. Outros componentes das articulações
proporcionam estabilidade e reduzem o risco de lesões
resultantes do uso constante. As extremidades de uma articulação são recobertas por

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cartilagem – um tecido liso, resistente e protetor que atua como amortecedor de choques e
redutor do atrito. As articulações também possuem um revestimento (membrana sinovial)
que as envolve, formando uma cápsula articular. As células do tecido sinovial produzem
um líquido transparente (líquido sinovial) que preenche a cápsula, reduzindo ainda mais o
atrito e facilitando o movimento. Os músculos são feixes de fibras que apresentam a
propriedade de contração.

1. Cite os ossos envolvidos nas cinturas: a) escapular e b) pélvica.

2. Explique o que é observado em um osso longo em cortes transversal e longitudinal.

3. Que são as fontanelas ("moleiras") e como ocorrem?

4. Descreva a coluna vertebral, identificando suas partes constituintes.

5. Quais ossos compreendem as regiões podálica e superior do corpo humano?

6. Descreva a caixa torácica, os membros superiores e os membros inferiores.

7. Explique o que são articulações.

8. Descreva como ocorre o processo de regeneração óssea em um osso que sofreu


fratura.

9. Como você descreveria o esqueleto?

10. Como são chamadas as extremidades ósseas?

11. Quais os componentes básicos da cavidade óssea?

12. Quais os ossos básicos que compõe a caixa craniana?

13. O que você entendeu por cartilagem óssea?

14. Qual o maior osso do corpo humano?

15. Quais os ossos que compõe a bacia?

16. Qual a estrutura que passa no interior da coluna vertebral?

17. Como se divide a coluna vertebral?

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18. Quais as caixas que guardam os órgãos vitais do corpo humano?

19. Qual o único osso móvel da cabeça?

20. Qual a função das articulações?

21. Qual a fisiologia da movimentação articular?

22. O que você entendeu por suturas?

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Capítulo 05
Sistema muscular

O sistema muscular é formado pelo conjunto de músculos do nosso corpo. Existem


cerca de 600 músculos no corpo humano; juntos eles representam de 40 a 50% do peso
total de uma pessoa. Os músculos são capazes de se contrair e de se relaxar, gerando
movimentos que nos permitem andar, correr, saltar, nadar, escrever, impulsionar o
alimento ao longo do tubo digestório, promover a circulação do sangue no organismo,
urinar, defecar, piscar os olhos, rir, respirar...

A nossa capacidade de locomoção depende da ação conjunta de ossos, articulações


e músculo, sob a regulação do sistema nervoso.

Em nosso corpo humano existe uma enorme variedades de músculos, dos mais
variados tamanhos e formato, onde cada um tem a sua disposição conforme o seu local
de origem e de inserção.

Temos aproximadamente 212 músculos, sendo 112 na região frontal e 100 na região
dorsal. Cada músculo possui o seu nervo motor, o qual se divide em muitos ramos para
poder controlar todas as células do músculo. Onde as divisões destes ramos terminam em
um mecanismo conhecido como placa motora.

O sistema muscular é capaz de efetuar imensa variedade de movimento, onde toda


essas contrações musculares são controladas e coordenadas pelo cérebro.

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Além disso, não podemos esquecer, de salientar da importância dos músculos na


postura e nas dores, pois sabemos que muitas lombalgia ou cervicalgia são provocadas
por encurtamento de músculos, sendo necessário com isso que os mesmos estejam em
uma posição mínima de comprimento.

Um fato importante é com relação ao encurtamento dos músculos da cadeia


posterior e fraqueza dos músculos da cadeia anterior que pode provocar muitas vezes
dores e posicionamento inadequado do indivíduo, sendo com isso necessário termos um
equilíbrio com relação aos músculos.

As patologias mais comuns desses desequilíbrios são: as lombalgias, cervicalgia,


dores no nervo ciático, lateralização da patela, entorse de tornozelo, tendinites e outras
patologias.

Os músculos são os órgãos ativos do movimento. São eles dotados da capacidade


de contrair-se e de relaxar-se, e, em conseqüência, transmitem os seus movimentos aos
ossos sobre os quais se inserem, os quais formam o sistema passivo do aparelho
locomotor. O movimento de todo o corpo humano ou de algumas das suas partes -
cabeça, pescoço, tronco, extremidades deve-se aos músculos. De músculos estão, ainda,
dotados os órgãos que podem produzir certos movimentos (coração, estômago, intestino,
bexiga etc.).

A musculatura toda do corpo humano pode, portanto, dividir-se em


duas categorias:

1) Os músculos esqueléticos, que se ligam ao esqueleto; estes


músculos se inserem sobre os ossos e sobre as cartilagens e contribuem,
com a pele e o esqueleto, para formar o invólucro exterior do corpo.
Constituem aquilo que vulgarmente se chama a "carne" e são comandados pela vontade.

2) Os músculos viscerais, que entram na constituição dos órgãos profundos, ou


vísceras, para assegurar-lhes determinados movimentos. Estes músculos têm estrutura
"lisa" e funcionam independentemente da nossa vontade.

Uma categoria à parte é constituída pelos músculos cutâneos, os quais se inserem


na pele, pelo menos por uma das suas extremidades. No homem, esses músculos são
pouco desenvolvidos e são encontrados, na sua maior parte, na cabeça e no pescoço.

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As células musculares, chamadas fibras, têm a capacidade de mover-se. O


movimento, uma das propriedades mais surpreendentes da matéria vivente, não é
patrimônio exclusivo do músculo. No século XVII, observou-se através de um microscópio
o movimento de células espermáticas. Existe uma grande variedade de células capazes
de mover-se, como, por exemplo: os glóbulos brancos que viajam pelo sangue até os
tecidos onde vão atuar, o movimento dos cílios (pelos) na superfície de algumas células
como no Sistema Respiratório. Nestes casos, o movimento é função secundária das
células.

Com o termo "músculo" nos referimos a um conjunto de células musculares


organizadas, unidas por tecido conectivo. Cada célula muscular
se denomina fibra muscular.

No corpo humano há três tipos de músculos:

• Estriado, voluntário ou esquelético.

• Liso, involuntário.

• Cardíaco.

Músculo esquelético estriado ou voluntário

As células do músculo esquelético são cilíndricas, filiformes. Uma fibra


muscular ordinária mede aproximadamente 2,5 cm de comprimento e sua largura é menor
de um décimo de milímetro. As fibras musculares se agrupam em feixes. Cada músculo se
compõe de muitos feixes de fibras musculares.

É avermelhado, de contração brusca, e seus movimentos dependem da vontade dos


indivíduos. Constitui o tecido mais abundante do organismo e representa de 40 a 45% do
peso corporal total.

A carne que reveste os ossos é tecido muscular. Esses se encontram unidos aos
ossos do corpo e sua contração é que origina os movimentos das distintas partes do
esqueleto, e também participa em outras atividades como a eliminação da urina e das
fezes. A atividade do músculo esquelético está sob o controle do sistema nervoso central
e os movimentos que produz se relacionam principalmente com interações entre o
organismo e o meio externo.

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Chama-se de estriado porque suas células aparecem estriadas ou raiadas ao


microscópio, igual ao músculo cardíaco. Cada fibra muscular se comporta como uma
unidade. Um músculo esquelético tem tantas unidades quantos fibras. Por isso se define
como multiunitário. O movimento é feito por contração da fibra muscular.

Músculo liso ou involuntário

As células do músculo liso são sempre fusiformes e alargadas. Seu tamanho varia
muito, dependendo de sua origem. As células menores se encontram nas arteríolas e as
de maior tamanho no útero grávido. Suas fibras não apresentam estriações e por isso são
chamados de liso. Tendem a ser de cor pálida, sua contração é lenta e sustentada, e não
estão sujeitos à vontade da pessoa; de onde deriva seu nome de involuntário.

Esse músculo reveste ou forma parte das paredes de órgãos ocos tais como a
traquéia, o estômago, o trato intestinal, a bexiga, o útero e os vasos sangüíneos. Como
um exemplo de sua função, podemos dizer que os músculos lisos comprimem o conteúdo
dessas cavidades, intervindo desta maneira em processos tais como a regulação da
pressão arterial, a digestão etc.

Além desses conjuntos organizados, também se encontram células de músculo liso


no músculo eretor do pêlo, músculos intrínsecos do olho etc. A regulação de sua atividade
é realizada pelo sistema nervoso autônomo e hormônios circulantes. As fibras do músculo
liso são menores e mais delicadas do que as do músculo esquelético. Não se inserem no
osso, mas atuam como paredes de órgãos ocos.

Em volta dos tubos, em geral, há duas capas, uma interna circular e uma externa
longitudinal. A musculatura circular constringe o tubo; a longitudinal encurta o tubo e tende
a ampliar a luz. No tubo digestivo, o esforço conjunto da musculatura circular e da
longitudinal impulsiona o conteúdo do tubo produzindo ondas de constrição chamadas
movimentos peristálticos.
Há dois tipos de músculo liso:

Multi-unitário: cada fibra se comporta como uma unidade independente,


comportamento semelhante ao músculo esquelético. Ex: músculo eretor do pêlo, músculos
intrínsecos do olho etc. Não se contraem espontaneamente. A estimulação nervosa
autônoma é que desencadeia sua contração.

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Unitários simples: as células se comportam de modo semelhante ao músculo


cardíaco, como se fossem uma estrutura única. O impulso se transmite de célula a célula.
Pode-se dizer que o músculo, em sua totalidade, funciona como uma unidade. Ex:
músculo intestinal, do útero, ureter etc.

Músculo cardíaco ou miocárdio

Forma as paredes do coração, não está sujeito ao controle da vontade, tem aspecto
estriado. Suas fibras se dispõem juntas para formar uma rede contínua e ramificada.
Portanto, o miocárdio pode contrair-se em massa. O coração responde a um estímulo do
tipo "tudo ou nada", daí que se classifique como unitário simples. O músculo cardíaco se
contrai ritmicamente 60 a 80 vezes por minuto.

Unidade motora ou unidade funcional

Cada músculo tem um nervo motor (grupo de fibras nervosas)


que entra nele. Cada fibra nervosa se divide em ramas terminais,
chegando cada rama a uma fibra muscular.

Em conseqüência, a unidade motora esta formada por um só


neurônio e o grupo de células musculares que este inerva.

O músculo possui muitas unidades motoras. Responde de


forma graduada dependendo do número de unidades motoras que
se ativem.

Contração muscular

A maquinaria contrátil da fibra muscular está formada por cadeias protéicas que se
deslizam para encurtar a fibra muscular. Entre elas há a miosina e a actina, que
constituem os filamentos grossos e finos, respectivamente. Quando um impulso chega
através de uma fibra nervosa, o músculo se contrai.

Quando uma fibra muscular se contrai, se encurta e alarga. Seu comprimento diminui
a 2/3 ou à metade. Deduz-se que a amplitude do movimento depende do comprimento das
fibras musculares. O período de recuperação do músculo esquelético é tão curto que o
músculo pode responder a um segundo estímulo quando ainda perdura a contração

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correspondente ao primeiro. A superposição provoca um efeito de esgotamento superior


ao normal.

Depois da contração, o músculo se recupera, consome oxigênio e elimina bióxido de


carbono e calor em proporção superior à registrada durante o repouso, determinando o
período de recuperação.

O fato de que consome oxigênio e libera bióxido de carbono sugere que a contração
é um processo de oxidação mas, aparentemente, não é essencial, já que o músculo pode
se contrair na ausência de oxigênio, como em períodos de ação violenta; mas, nesses
casos, se cansa mais rápido e podem aparecer cãibras.

ANATOMIA DO MÚSCULO ESQUELÉTICO

Um músculo é formado por um ventre e duas extremidades.

O ventre é a porção média, carnosa, capaz de contração, uma vez que é composto
por células musculares.

Já as extremidades, formadas por tecido conjuntivo denso modelado, apresentam-se


esbranquiçadas, brilhantes, rígidas e indistensíveis, pois o seu comprimento não aumenta
quando submetidas a uma força externa.

As extremidades de um músculo servem para prender o ventre muscular contrátil a


uma parte do esqueleto, seja essa parte um osso, uma cápsula articular ou mesmo uma
cartilagem. E assim, preso ao esqueleto, o músculo
vai cumprir a sua função de mover as partes do
nosso corpo, mantendo a postura.

Quando a extremidade de um músculo se fixa


ao esqueleto num ponto preciso, ela é chamada de
tendão. Mas se ela se fixa em grandes áreas do
esqueleto, então recebe o nome de aponeurose.

Para se movimentarem, os músculos normalmente firmam-se em duas extremidades:

•uma imóvel, fixa, que não sofre deslocamentos, chamada de origem;

•outra que efetivamente se move, denominada lnserção.

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Um músculo pode ter mais de um ponto fixo, ou seja, mais de um tendão na


extremidade de origem. Nesse caso, dizemos que ele tem várias cabeças, sendo
chamado de bíceps, tríceps e quadríceps, conforme tenha duas, três ou quatro cabeças,
respectivamente.

Os músculos têm ainda um revestimento externo chamado de fáscia, também


necessário para que eles exerçam a sua função. É uma camada fina de tecido conjuntivo
que envolve as fibras musculares, mantendo-as juntas, o que vai possibilitar o
deslizamento do músculo sobre as estruturas próximas, durante a contração muscular.

CLASSIFICAÇÃO DOS MÚSCULOS

Os músculos podem ser classificados de várias maneiras. Uma delas é a que leva
em conta o movimento provocado pela contração muscular; esse tipo de classificação
agrupa os músculos em flexores, extensores, rotadores, adutores, abdutores, pronadores,
supinadores e assim por diante.

Dentre as demais classificações dos músculos, vejamos duas delas com mais
detalhes.

Quanto à forma do ventre

Veja que as características de cada um desses músculos são as seguintes:

• longo, em que o comprimento predomina sobre a largura e esta permanece mais ou


menos constante em todo o músculo;

• fusiforme, um músculo longo em que o diâmetro do ventre é maior que o diâmetro


das extremidades;

• largo, em que o comprimento e a largura são equivalentes;

• em leque, um músculo largo em que as fibras de um lado convergem para um


tendão.

Quanto à função

Quando realizamos algum movimento, vários músculos são envolvidos, além


daquele diretamente responsável pelo movimento. Surgem, assim, vários tipos de
músculos, cada um com uma função específica.

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Um músculo é agonista quando ele é o principal responsável pela execução do


movimento. Esse é o caso, por exemplo, dos músculos flexores dos dedos, quando
apertamos a mão de uma pessoa. Mas seria muito desagradável se, ao cumprimentarmos
alguém, isso fosse feito com muita força ou rapidez. Para isso é que existem os músculos
antagonistas, que realizam ações opostas às do agonista, regulando força e velocidade do
movimento. No nosso exemplo, os músculos antagonistas seriam os músculos extensores
dos dedos.

Outro problema é que os flexores dos dedos, quando se contraem, tendem a fletir um
pouco o punho. É aí, então, que atuam os músculos extensores do carpo, para impedir
esse movimento desagradável. Músculos como esses são chamados de sinergistas, pois
impedem a realização de movimentos indesejados causados pelo agonista durante sua ação. Outro
grupo é o dos músculos fixadores ou posturais, cuja atuação não está diretamente relacionada ao
movimento, mas sim à manutenção do corpo em posição adequada para realizar o movimento. No
caso do nosso exemplo, esses músculos seriam os que mantêm o membro superior na posição de
cumprimento, e também todos os demais que mantêm o corpo em pé.

VASCULARIZAÇÃO E INERVAÇÃO

A contração dos músculos


esqueléticos obedece a comandos que Mas nem todos os músculos são
vêm do sistema nervoso central e que propícios para a aplicação de injeções, pois o

chegam até eles por meio dos nervos. ideal é que ele seja carnoso, a fim de

Esses nervos, se forem cortados ou se comportar a quantidade de medicamento


necessária, e bem vascularizado. Daí os
estiverem “doentes”, deixam o músculo
músculos mais utilizados para as injeções
sem estímulos para contrair-se,
intramusculares serem o deltóide, na face
causando sua atrofia, ou seja, a
lateral do ombro, e o glúteo máximo, nas
diminuição da massa muscular pela
nádegas. Este, inclusive, é o mais indicado
falta de uso. para as injeções com maior volume de
Os músculos precisam de grande líquido, por ter tamanho maior.

quantidade de energia para realizar


seu trabalho. Essa energia é recebida do sangue arterial distribuído pela grande rede
vascular dentro de cada músculo, na forma de oxigênio e nutrientes, O suprimento
sanguíneo é, portanto, essencial para o trabalho muscular.

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Vale destacar aqui a questão das injeções intramusculares, a que somos submetidos
com freqüência. Nessas situações, o músculo serve como um reservatório para o
medicamento, que fica entre suas fibras e pouco a pouco vai sendo absorvido pela grande
quantidade de vasos sangüíneos da região. E assim o medicamento entra na circulação,
para atingir seus efeitos.

A fadiga muscular

Quando uma pessoa realiza um esforço muscular muito intenso, é


comum ela ficar cansada e sentir dores na região muscular mais
solicitada. É a fadiga muscular, que ocorre por causa do acúmulo de
ácido lático no músculo.

Em situação de intensa atividade muscular, os músculos estriados


esqueléticos necessitam de muita energia. Essa energia é obtida pela “queima” de
alimento com o uso de gás oxigênio. Mas, nesse caso, parte da energia necessária para a
atividade muscular é obtida também por um tipo de fermentação, um mecanismo de
“queima” de alimento sem utilização gás oxigênio. A fermentação que ocorre no músculo é
chamada fermentação láctica, pois gera ácido láctico como produto final.

Após um período de repouso, o ácido láctico presente no músculo da pessoa é


“queimado”, e as dores musculares desaparecem.

Músculos e fibras

Ao observar um pedaço de carne crua, percebemos que ela é formada por inúmeros
fios paralelos e presos uns aos outros por tecido conjuntivo (parte branca e pelanca).
Depois do cozimento, o tecido conjuntivo se altera e já não prende tão bem esses fios.
Assim, fica fácil desfiar a carne.

Os fios observados são feixes de fibras musculares. Cada fibra muscular ou miócito
é uma célula longa e fina, com muitos núcleos e com o citoplasma ocupado por filamentos
microscópicos chamados miofibrilas. As miofibrilas permitem a contração muscular e,
portanto, nossos movimentos.

Os músculos estriados são as vezes chamados de “músculos vermelhos”, por causa


de uma proteína chamada de mioglobina. Essa proteína é uma espécie de “parente” da

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hemoglobina das hemácias: tem um quarto do tamanho dela, é vermelha e capaz de se


combinar com o gás oxigênio. A mioglobina funciona como um reservatório do gás
oxigênio para as atividades musculares.

Nos mamíferos aquáticos, a mioglobina é particularmente abundante. É o caso de


animais como as focas, as baleias, os leões-marinhos e os golfinhos. Se comparados com
mamíferos terrestres, esses animais aquáticos possuem mais glóbulos vermelhos e
alvéolos pulmonares mais desenvolvidos e em maior número. E, nos músculos, a grande
presença de mioglobina garante um notável armazenamento de gás oxigênio. Os fios
observados são feixes de fibras musculares. Cada fibra muscular ou miócito é uma célula
longa e fina, com muitos núcleos e com o citoplasma ocupado por filamentos
microscópicos chamados miofibrilas. As miofibrilas permitem a contração muscular e,
portanto, nossos movimentos.

Os músculos estriados são as vezes chamados de “músculos vermelhos”, por causa


d e uma proteína chamada de mioglobina. Essa proteína é uma espécie de “parente” da
hemoglobina das hemácias: tem um quarto do tamanho dela, é vermelha e
capaz de se combinar com o gás oxigênio. A mioglobina funciona como um
reservatório do gás oxigênio para as atividades musculares.

Nos mamíferos aquáticos, a mioglobina é particularmente abundante. É o


caso de animais como as focas, as baleias, os leões-marinhos e os golfinhos. Se
comparados com mamíferos terrestres, esses animais aquáticos possuem mais glóbulos
vermelhos e alvéolos pulmonares mais desenvolvidos e em maior número. E, nos
músculos, a grande presença de mioglobina garante um notável armazenamento de gás
oxigênio.

1. Cite os principais músculos do abdome, do tórax e dos membros


superiores.

2. Explique as diferenças morfológicas existentes entre os três tipos de


musculatura.

3. Explique as diferenças fisiológicas existentes entre os três tipos de musculatura.

4. Explique como ocorre a formação de ácido lático no músculo.

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5. Qual é o papel desempenhando pela actina e pela miosina na contração muscular?

6. Cite e explique três problemas que podem afetar os músculos.

7. Quais são os músculos mais indicados para aplicação de medicamento


intramuscular?

8. Explique a importância de alimentos ricos em K+ para a prevenção de cãibras.

9. Justifique a frase: "Alimentos à base de compostos aminados e nitrogenados


favorecem o crescimento muscular".

10. Explique como ocorre a contração do miocárdio.

11. Cite 5 órgãos de musculatura lisa.

12. Por que alguns autores consideram os músculos e ossos como sendo um sistema
único (sistema músculo-esquelético)?

13. O que é MIOLOGIA?

14. Qual a função do tecido muscular?

15. Quais os tipos de musculatura que você conhece?

16. Cite 2 músculos dos tipos encontrado.

17. Cite os músculos mais utilizados para aplicação IM, e suas respectivas
localizações.

18. O que são tendões e sua função?

19. O que voce entendeu por Aponeurose?

20. Descreva de forma resumida o funcionamento do movimento da musculatura.

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Capítulo 06
Sistema circulatório

As células de todos os seres vivos necessitam de alimento e

também de oxigênio. No caso do ser humano, seu corpo possui


órgãos especiais que possuem a função de digerir os alimentos a Circulação Pulmonar:
Trajeto do sangue
fim de absorverem o oxigênio do ar (digestão e respiração),
contudo, é necessário que esse alimento seja levado para todas Coração→ pulmão→

as células. Para isso, existe o sistema circulatório, que leva o coração

alimento e o oxigênio para todas as partes do corpo.

Não é apenas o sistema muscular que precisa receber nutrientes e oxigênio para
desempenhar o seu trabalho. A vida de todas as células de todos os sistemas também
depende desses recursos, cuja distribuição no complexo organismo humano, composto
por bilhões de células, é uma tarefa realizada por um sistema específico — o sistema
circulatório.

O sistema circulatório é constituído por uma rede de vasos de vários calibres, que
são as artérias e as veias, por onde corre o sangue que permeia todo o organismo. Esse
fluido é responsável por levar nutrientes e oxigênio a cada uma das células e também por
retirar as substâncias que elas jogam fora. Essas substâncias constituem o lixo resultante
das transformações químicas conhecidas como metabolismo celular, realizadas pelo
organismo para manter a vida. O sangue é um componente tão importante para o
funcionamento do nosso corpo que deixamos para tratá-lo mais detalhadamente em um
capítulo à parte.

Para o sangue circular pelos vasos do sistema circulatório, é preciso contar com o
trabalho do coração, que atua como uma bomba, impulsionando-o para as artérias e
recebendo o que chega pelas veias. E, assim, o sangue oxigenado sai do coração e passa
pelas artérias, que vão diminuindo progressivamente de tamanho até se transformarem
em arteríola e depois em capilares arteriais, cujas paredes são bem finas.

A partir daí, os capilares arteriais deixam de ser apenas vasos condutores de sangue
e passam a ter mais contato com os tecidos, o oxigênio entra nas células e as substâncias

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resultantes do metabolismo celular, como o gás carbônico, por exemplo, são absorvidas
pelo sangue e entram na circulação. Esse sangue, rico em gás carbônico, passa então
pelos capilares venosos, depois pelas vênulas e demais veias que, aos poucos,
aumentam de tamanho, levando o sangue de volta ao coração.

O caminho que o sangue percorre do coração para os tecidos e


daí para o coração (coração, tecidos, coração) é conhecido como
grande circulação, ou circulação sistêmica, como você pode ver.

Observe também que, chegando ao coração, o sangue segue


outro trajeto. Ele é enviado aos pulmões, onde ocorre a troca gasosa,
em que o gás carbônico é eliminado e o sangue recebe um novo
suprimento de oxigênio. Nesse momento, o sangue volta ao coração e novamente é
distribuído para todo o corpo. Esse trajeto do sangue que vai do coração para os pulmões
e daí para o coração (coração, pulmões, coração) é chamado de pequena circulação, ou
circulação pulmonar.

CORAÇÃO

O coração é um órgão oco, formado por um tipo especial de músculo, o músculo


estriado cardíaco, que só existe nele e que não obedece a comandos voluntários. Essa
musculatura é chamada de miocárdio e está recoberta interna e externamente por
membranas, que são finas camadas de tecido. A membrana interna do miocárdio é o
endocárdio, e a externa é o epicárdio.

O coração fica dentro de um saco fibroso, o pericárdio, que tem a função de protegê-
lo e fixá-lo. Anatomicamente, o coração se localiza no tórax, atrás do osso esterno, no
espaço chamado de mediastino, situado entre os dois pulmões. E na face anterior do tórax
que podemos ouvir os seus batimentos, com o auxilio de um estetoscópio, ou até senti-lo
com as mãos.

O coração tem a função de impulsionar o sangue, através do sistema de vasos


sanguíneos, a todos os locais do corpo. Mas ele não suga o sangue das veias e o empurra
pelas artérias, como podemos pensar. Ele simplesmente manda o sangue para as artérias
com tanta pressão que também provoca o movimento do sangue das veias em direção a
si próprio. O enchimento do coração se dá, portanto, de modo passivo.

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Observamos, assim, duas etapas distintas no trabalho do


coração:

• a sístole, momento em que o coração se contrai, expulsando o


sangue para as artérias;

• a diástole, quando o coração se relaxa, enchendo-se passiva-


mente com o sangue das veias. As etapas de sístole e diástole se
sucedem continuamente (sístole — diástole — sístole — etc.), provocando a circulação do
sangue.

O coração não é simplesmente um grande saco muscular contrátil oco, pois, se


assim fosse, haveria a mistura do sangue arterial com o venoso da grande e da pequena
circulação.

Essa mistura não ocorre exatamente porque o coração humano, após o nascimento,
tem quatro cavidades, a saber:

• dois átrios, um esquerdo e um direito, situados acima e atrás no coração. Essa


localização é determinada pela forma e pela posição do cotação: um cone com a base
para cima, situado de modo oblíquo no mediastino, tendo a ponta voltada para a frente,
para baixo e para a esquerda. O átrio direito recebe o sangue que vem da circulação
sistêmica e o átrio esquerdo recebe o sangue da circulação pulmonar;

• dois ventrículos, também um direito e um esquerdo, localizados embaixo e na frente


dos átrios, o ventrículo direito impulsiona o sangue para a
circulação pulmonar e o esquerdo para a circulação sistêmica.
O correto é
Cada átrio comunica-se com o ventrículo de seu mesmo lado
Valva e não Válvula.
por meio de um orifício que possui uma estrutura denominada
valva, popularmente chamada de válvula. Essas estruturas são
formadas por duas ou três partes, as cúspides, palavra que se origina do latim cúspide,
que significa ponta de lança. São essas pontas da valva que, quando se juntam, impedem
o refluxo de sangue, permitindo a sua passagem no sentido
átrio-ventrículo, mas não no sentido oposto.

Do lado direito do coração temos a valva tricúspide,

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com três cúspides. E do lado esquerdo está a valva bicúspide, que tem duas cúspides,
sendo comumente chamada de mitral, pois assemelha-se à mitra, um chapéu pontudo
usado por papas e bispos em cerimônias religiosas.

Os ventrículos expulsam o sangue por meio das artérias: a artéria pulmonar expulsa
o sangue do ventrículo direito para os pulmões, e a artéria aorta, do ventrículo esquerdo
para a grande circulação. Ambas possuem valvas em sua origem, impedindo que parte do
sangue ejetado volte para os ventrículos. Tanto a valva pulmonar quanto a valva aórtica
têm três cúspides.

Vejamos agora o caminho do sangue por dentro do coração. O sangue venoso


chega ao coração vindo da circulação sistêmica por duas grandes veias: as veias cavas
superior e inferior, que se abrem no átrio direito.O sangue passa pela valva tricúspide e
chega ao ventrículo direito. Ocorre então uma sístole, e o sangue é ejetado pela artéria
pulmonar, que vai do ventrículo direito até os pulmões. Este é o inicio da pequena
circulação.

Nos alvéolos pulmonares ocorre a troca gasosa entre o gás carbônico e o oxigênio, e
o sangue passa de venoso a arterial. O sangue volta então pelas veias pulmonares até o
átrio esquerdo, passa pela valva mitral, para o ventrículo esquerdo e, na próxima sístole, é
impulsionado para a artéria aorta, iniciando a grande circulação.
Assim, o sangue arterial é levado até a rede capilar de todos os
tecidos, onde o oxigênio é absorvido pelas células e o sangue
adquire gás carbônico tornando-se venoso. O sangue venoso
prossegue pelas veias até chegar novamente às veias cavas e daí ao
átrio direito, dando início a mais um ciclo.

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Anatomia de superfície do Coração - as Artérias Coronárias:


Anatomia topográfica a. Superfície externa

1. Veia Cava Superior


2 Veia Cava Inferior
3. Átrio Direito
4. Ventrículo Direito
5. Ventrículo Esquerdo
6. Artéria Pulmonar
7. Aorta
8. Artéria Coronária Direita
9. Artéria Coronária Descendente Anterior
10. Átrio esquerdo
11. Veias Pulmonares

b. Interior do Coração

1.Átrio Direito
2. Valva Tricúspide
3. Ventrículo Direito (via de entrada)
4. Ventrículo Direito (via de saída)
5. Valva Pulmonar
6. Artéria Pulmonar
7. Átrio Esquerdo
8. Septo Interventricular
9. Ventrículo esquerdo
10. Valva Mitral
11. Aorta

c. O lado direito do coração

• O lado direito do coração recebe sangue das veias que trazem o


sangue de todo o corpo. Este "sangue usado " é pobre em oxigênio e rico
em gás carbônico - é chamado de sangue venoso.

• O átrio certo é a primeira câmara cardíaca que recebe o sangue.

• A câmara se enche a medida que seus músculos se relaxam para encher com
sangue venoso que retornou de todo o corpo.

• O sangue entra em uma segunda câmara muscular chamada de ventrículo direito.

• O ventrículo direito é um das duas principais bombas do coração. Sua função é


levar o sangue aos pulmões.

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• Os pulmões oxigenam o sangue, restaurando a sua taxa de oxigênio, e o trocam


com gás carbônico, que é expirado.

d. O lado esquerdo do coração:

• O lado esquerdo recebe o sangue depois que ele volta dos pulmões, já tendo
recebido oxigênio.

• O sangue rico em oxigênio chega ao coração por veias que vêm dos pulmões
(chamadas de veias pulmonares).

• O sangue chega aos pulmões no átrio esquerdo, a primeira câmara no lado


esquerdo.

• Do átrio esquerdo, o sangue segue para o ventrículo esquerdo, uma câmara


muscular poderosa que bombeia o sangue oxigenado para todo o corpo.

• O ventrículo esquerdo é a mais forte das câmaras do coração. Seus músculos


espessos necessitam executar contrações poderosas o suficiente para bombear o sangue
para todas as partes do corpo.

• Esta contração forte gera a pressão sanguínea sistólica (o primeiro valor - e o mais
alto - na medida da pressão arterial sanguínea). A pressão medida mais baixa, ou pressão
sanguínea diastólica for medida quando o ventrículo esquerdo relaxa para se encher
novamente com sangue.

• O sangue deixa o coração passando pela aorta ascendente. A aorta é a principal


artéria que alimenta de sangue o corpo inteiro.

As Valvas

As valvas são retalhos (flaps) musculares que se abrem e


Trombose –
fecham; este movimento de abrir e fechar faz com que o sangue
coagulação do sangue
direcionado de maneira correta.
com obstrução da
O coração tem 4 valvas: artéria.

• A valva tricúspide regula o fluxo do sangue entre o átrio direito e o ventrículo direito.

• A valva pulmonar se abre para permitir ao sangue fluir do ventrículo direito aos
pulmões.

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• A valva mitral regula o fluxo do sangue entre o átrio esquerdo e o ventrículo


esquerdo.

• A valva aórtica permite ao sangue fluir do ventrículo esquerdo à aorta ascendente.

CIRCULAÇÃO SISTÊMICA

Agora vejamos, com mais detalhes, o caminho do sangue entre o coração e os


tecidos, estudando as artérias e veias que constituem a grande circulação - a circulação
sistêmica.

Características dos Vasos

As artérias: Sua função é transportar sangue oxigenado sob uma pressão elevada
aos tecidos, por esta razão as artérias têm paredes vasculares fortes e o sangue flui
rapidamente nelas.

As artérias são tubos expansíveis que têm três capas:

Interna ou íntima: formada por tecido endotelial.

Média: composta principalmente por fibras elásticas.

Externa ou adventícia: composta principalmente por tecido fibroso.

Pela presença do tecido elástico as artérias respondem de forma passiva à pressão


do sangue contido.

O tecido elástico perde a flexibilidade com a velhice e então as artérias tendem a


encolher-se, tornando-se tortas e endurecidas, o que faz com que a pressão se modifique.

As arteríolas: São os últimos galhos do sistema arteriolar. Sua estrutura é similar às


artérias, sendo a capa média principalmente muscular, pelo que se espera que haja
mudanças ativas e não passivas em seu calibre.

Portanto a quantidade de sangue que chega à camada capilar pode aumentar ou


diminuir em resposta às necessidades dos tecidos e, às vezes, em resposta à atividade
emocional. Por exemplo: a palidez provocada pelo medo, a frieza das mãos devida à
apreensão ou o rubor facial ante a vergonha.

Os capilares: Os capilares são compostos de uma só capa: o endotélio. Em média,


não medem mais do que 1mm de comprimento e servem de conexão entre arteríolas e

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vênulas. A função dos capilares é intercambiar líquidos, nutrientes, eletrólitos, hormônios e


outras substâncias entre o sangue e o líquido intersticial ou tissular. Para esta função as
paredes capilares são muito finas e permeáveis às moléculas pequenas.

As vênulas e veias: As vênulas recolhem o sangue dos capilares. Estas se unem


para formar veias. Possuem três capas como as artérias, porém mais finas, especialmente
a capa média. A pressão nelas é mais baixa em comparação com as artérias. As veias
atuam como condutoras para o transporte do sangue dos
tecidos até o coração mas, de forma igualmente importante,
servem como reserva fundamental do sangue. As veias têm um
calibre muito maior do que as artérias, sendo seu fluxo muito
mais lento. Estas devolvem ao coração o sangue contra a
gravidade e, por isso, têm válvulas que fomentam o fluxo de retorno venoso ao coração.

A congestão venosa que se sente nos pés quentes e cansados ao fim de um dia
movimentado diminui colocando-se os pés em posição mais alta do que o tronco.

Irrigação arterial

As artérias são vasos sangüíneos que levam o sangue do coração para a periferia do
corpo. De forma geral, elas são compostas de três camadas, embora as artérias de menor
calibre nem sempre tenham todas elas.

As três camadas de uma artéria completa são:

• a adventícia, que é mais externa e recobre o vaso externamente;

• a Intima, que é mais interna e está em contato com o sangue;

• a média, situada entre as duas anteriores, sendo a mais elástica e a que dá forma à
artéria.

A mais comum das anormalidades adquiridas pelas artérias é a lesão aterosclerótica,


uma degeneração da íntima associada à fibrose e à calcificação, criando o que muitas
pessoas chamam de endurecimento das artérias. O agravamento da lesão aterosclerótica
na parede das artérias pode contribuir para o aparecimento de muitos problemas
circulatórios, às vezes muito sérios. Portanto, é preciso ter um conhecimento básico das
artérias do corpo humano, razão pela qual descreveremos aqui os principais ramos da

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artéria aorta, em especial aqueles que apresentam alguma importância prática.

A artéria aorta

A artéria aorta sai do ventrículo esquerdo levando o sangue que, por meio de seus
ramos, será distribuído para todo o corpo.

Os primeiros ramos da aorta são as artérias coronárias, que já vimos aqui. Em


seguida, a aorta sofre uma curvatura que lembra um cajado. Da parte mais horizontal
desse cajado saem ramos muito importantes, que são as artérias carótidas comuns e as
artérias subclávias.

Você verá que a subclávia direita e a carótida comum direita saem juntas da aorta,
numa estrutura denominada tronco braquiocefálico.

As artérias carótidas comuns são duas, uma direita e uma esquerda. Elas levam o
sangue para o pescoço e a cabeça, sendo alguns de seus ramos facilmente palpáveis,
como veremos mais adiante. Cada artéria carótida comum se divide no pescoço em uma
artéria carótida interna, que penetra no crânio e irriga várias estruturas, como o cérebro e
os olhos, e uma artéria carótida externa, que irriga a face,
inclusive a boca.

As artérias subclávias também são duas, uma esquerda e


outra direita, e levam o sangue para os membros superiores.
Elas dão origem a diversos ramos que vão para várias
estruturas do membro superior, tórax, pescoço e até da cabeça.
No braço, a artéria subclávia toma o nome de artéria braquial, e
no cotovelo ela se divide numa artéria radial e outra ulnar, que
caminham paralelas aos ossos de mesmos nomes.

Seguindo seu trajeto, a aorta dá origem a ramos para várias estruturas do tórax.
Atravessa o diafragma, adentrando o abdome, onde seus ramos atendem aos seguintes
órgãos digestivos: estômago, intestinos delgado e grosso, fígado e pâncreas, veja que a
aorta dá origem a duas artérias renais, sendo uma direita, para o rim direito, e uma
esquerda, para o rim esquerdo.

Observe também que a aorta se divide nos seus ramos terminais, dando origem a

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duas artérias ilíacas comuns, uma direita e uma esquerda. Essas duas artérias vão se
dividir, de cada lado, em uma artéria ilíaca interna, que irriga as estruturas pélvicas, e uma
artéria ilíaca externa, que irriga os membros inferiores.

A continuação da artéria ilíaca externa na região inguinal chama-se artéria femoral.


Há uma artéria femoral direita e uma esquerda, sendo ambas superficiais e palpáveis.
Depois elas penetram profundamente, cruzando a coxa e reaparecendo atrás de cada
joelho, onde recebem o nome de artéria poplítea.

A artéria poplítea divide-se em duas: a artéria tibial anterior e a tibial posterior.


Ambas são palpáveis, tendo por isso importância prática na avaliação da qualidade da
circulação nos membros inferiores e na verificação do pulso. A tibial anterior palpa-se no
dorso do pé e a tibial posterior na face medial do tornozelo.

Drenagem venosa

O sangue chega aos tecidos pelas artérias e é drenado pelas veias, que vão levá-lo
de volta ao coração. De maneira geral, as veias acompanham as artérias que levam
sangue para aquela mesma região. Muitas veias têm válvulas em seu interior que
impedem o refluxo de sangue, favorecendo a circulação em direção ao coração.

Nos membros superiores e inferiores existe uma particularidade que merece


destaque: há um sistema de drenagem profundo, no qual as veias acompanham as
artérias de mesmo nome. Há, ainda, um sistema de drenagem superficial, que não tem
artérias correspondentes, e que drena nas veias profundas. Além disso, existem pequenas
veias que ligam as veias superficiais às profundas, durante todo o seu trajeto.

Às vezes, as válvulas que conectam as veias superficiais às veias profundas dos


membros inferiores não funcionam adequadamente. Nesses casos, as veias superficiais
ficam sobrecarregadas, tornando-se tortuosas e dilatadas, dando origem às veias
varicosas (varizes).

O sistema de drenagem venosa superficial tem grande importância prática, pois é


constituído por veias comumente escolhidas para a coleta de sangue, a aplicação de
injeções intravenosas ou a administração de soro.

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No membro superior, temos duas veias superficiais: a cefálica,


mais lateral, e a basílica, mais medial, ambas muito utilizadas em
punções venosas. Além dessas duas veias maiores, o membro
superior tem ainda um grande número de veias menores que
drenam nas veias cefálica e basílica. Mas não existe um padrão fixo
de distribuição dessas velas nos membros superiores. Por isso,
para a coleta de sangue, precisamos procurar e identificar as veias
na região anterior do cotovelo, onde elas estão em maior
quantidade e onde encontramos as veias mais superficiais e
calibrosas.

A drenagem venosa da cabeça é feita pelas veias jugulares externas e internas, que
se juntam às veias subclávias, todas elas desembocando na veia cava superior que, por
sua vez, desemboca no átrio direito do coração. As veias jugulares externas são
importantes acessos venosos em casos de atendimentos urgentes, porque normalmente
são de grande calibre e fáceis de encontrar, permitindo a infusão de grande quantidade de
soro ou medicação.

No membro inferior também temos duas veias superficiais; a safena magna e a


safena parva. A safena magna é a veia mais longa do corpo, estendendo-se do pé até a
virilha, onde desemboca na veia femoral. A safena parva é lateral, formando-se atrás do
maléolo lateral. A veia safena magna comunica-se em vários pontos com a veia safena
parva, por meio de veias colaterais.

Muitas vezes, a veia safena magna é retirada e usada como enxerto, formando um
caminho alternativo para regiões de vasos sangüíneos que estão obstruídas. Esse
procedimento, utilizado com freqüência após infartos do miocárdio, é popularmente
chamado de ponte de safena.

O sangue dos membros inferiores é drenado pelas veias femorais, que prosseguem
penetrando no abdome, quando então mudam de nome para veias ilíacas externas. Estas
se ligam às veias ilíacas internas, que drenam as estruturas pélvicas, formando as veias
ilíacas comuns. As veias ilíacas comuns se juntam, formam a veia cava inferior, que vai
subir ao lado direito da aorta, cruzar o diafragma e desembocar no átrio direito do coração.

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O sangue dos intestinos, rico em nutrientes recém-absorvidos, é drenado por uma


veia que não tem correspondente arterial: a veia porta. Ela recebe todo o sangue dos
intestinos e o leva ao fígado, onde as substâncias absorvidas sofrerão seu primeiro
metabolismo, tornando-se adequadas para chegar à circulação e ser distribuídas a todos
os tecidos. No fígado, o sangue é drenado da veia porta para as veias hepáticas, e daí é
levado à veia cava inferior.

1) Devina o sistema circulatório?

2) Qual o primeiro orgão a ser formado nesse sistema circulatório e


porque?

3) Descreva o coração.

4) Qual a justificativa para a localização do coração?

5) Quais as diferenças entre os vasos sanguíneos?

6) O que é pequena e grande circulação?

7) Quais os unicos vasos que passam o sangue trocado?

8) Explique os impulsos cardíacos?

9) Qual a finalidade do sépto cardíaco?

10) Conceitue sístole e diástole?

11) Quais são, onde se localizam e qual a função das válvulas atrioventriculares?

12) Quais são e qual a função dos compartimentos cardíacos?

13) Quais as camadas do coração e onde se localizam?

14) Quais os vasos básicos inserido no coração?

15) Qual a fisiologia do sangue no coração?

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Capítulo 07
Sangue

O sangue é um tecido líquido, de cor vermelha, que circula pelo


organismo humano por meio das artérias e veias, como estudamos no
capítulo anterior. O homem adulto tem cerca de 5,5 litros de sangue,
cuja função é transportar oxigênio e nutrientes a todos os seus órgãos,
como também captar e eliminar gás carbônico e detritos resultantes do metabolismo, O
sangue desempenha um papel muito importante na honseostase, ou seja, no estado de
equilíbrio do nosso organismo. Sua análise por métodos de laboratório dá importantes
pistas para o diagnóstico de muitas doenças.

O sangue é formado por duas partes distintas: uma líquida e outra sólida, claramente
identificadas por meio de um método de laboratório chamado de centrifugação.

A porção líquida do sangue é o plasma, de cor amarelada,


translúcida e um pouco viscosa. Nele estão presentes
substâncias como sódio, potássio, proteínas, colesterol e
Eritrócitos – o
vitaminas em suspensão, representando 10% de seu volume
mesmo que vermelho.
total. Os outros 90% são constituídos de água.

Já a porção sólida do sangue é vermelha na sua maior parte, são os glóbulos


vermelhos ou hemácias.

CÉLULAS SANGUÍNEAS

As células sangüíneas são de três tipos: hemaceas, leucócitos e plaquetas. Todas


elas têm um tempo de vida predeterminado e, por isso, precisam ser substituídas por
outras novas que são continuamente produzidas pela medula de alguns ossos, como o
fêmur, o esterno e as costelas. A medula óssea tem grande capacidade de produção,
sendo capaz de, em um único dia, produzir mais ou menos seis bilhões de células
sanguíneas.

O processo de produção de células sangüíneas é denominado hematopoese e, como


já estudamos, acontece na medula óssea vermelha, também denominada tecido
hematopoético.

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A melhor forma de analisar as células sangüíneas é por meio do esfregaço, um


método de laboratório em que espalhamos uma gota de sangue na superfície de uma
lâmina e a observamos ao microscópio.

HEMÁCIAS

As hemácias são células em forma de disco, sem núcleo e, por isso, incapazes de se
reproduzir. Daí o volume das hemácias no sangue depender totalmente da produção na
medula óssea. Ainda assim, as hemácias formam mais ou menos 45% da parte sólida do
sangue, havendo cerca de cinco milhões delas em cada milímetro cúbico de sangue
humano.

É a essa porcentagem de hemácias no sangue que chamamos de hematócrito, que é


um dos parâmetros mais Importantes do hemograma, um exame de sangue dos mais
comuns. A diminuição das hemácias no sangue, geralmente identificada por um baixo
hematócrito, é um sinal de anemia.

As hemácias possuem hemoglobina, um pigmento avermelhado responsável pelo


transporte da maior parte do oxigênio no sangue — cerca de 97% do total. Daí elas
também serem chamadas de glóbulos vermelhos ou de eritrócitos, palavra de origem
grega que significa vermelho. É interessante registrar que o gás carbônico é transportado
diluído no citoplasma das hemácias ou em solução no plasma.

Quando as hemácias envelhecem e vão perdendo sua função, elas são filtradas,
destruídas e eliminadas pelo baço, um grande órgão situado na parte superior do abdome,
do lado esquerdo, entre o estômago e o diafragma. Além disso, o baço é um armazenador
de glóbulos vermelhos e é rico em glóbulos brancos, o que determina a sua participação
na defesa do organismo. Quando lesado, o baço produz grandes sangramentos.

LEUCÓCITOS

Os leucócitos são células sanguíneas especializadas nos


processos de defesa do nosso corpo. Seu nome deriva da
palavra grega leukos, que significa branco, o que nos aponta sua Fagocitose – processo
pelo qual os macrófagos
outra denominação: glóbulos brancos. engolem as substâncias
estranhas ao corpo.

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Existe uma grande variedade de leucócitos, cada qual com um Os linfócitos


papel diferente em nosso organismo. Muitos deles, inclusive, são regulam a defesa
do organismo.
capazes de sair dos vasos
sanguíneos para atuar nos tecidos adjacentes.

Normalmente, um homem adulto possui de


cinco a dez mil leucócitos por milímetro cúbico de sangue. Alguns desses leucócitos
podem ter, em seu citoplasma, grânulos com enzimas e, nesse caso, são chamados de
granulócitos. Mas, se não possuem esses grânulos, os leucócitos denominam-se
agranulócitos. A partir daí ocorrem várias subdivisões, como veremos agora.

Os leucócitos do tipo granulócito subdividem-se em neutréfilos, eosinófilos e


basófilos.

Os neutrófilos são os leucócitos que um indivíduo normal tem em maior número. O


seu núcleo é formado por vários lóbulos e, por Isso, também são chamados de
segmentados.

O citoplasma dos neutrófilos possui vários grânulos com enzimas que podem matar
bactérias. Assim, quando temos uma infecção, a medula óssea recebe um estímulo para
produzir neutrófilos de forma mais acelerada, ocasionando um número maior de
neutrófilos jovens e imaturos em nosso sangue, cujos núcleos não são segmentados como
nos neutrófilos maduros. Esses neutrófilos são denominados bastões, já que têm a forma
de bastões encurvados. O número de bastões presentes no resultado de um hemograma
representa um dado importante para o diagnóstico de infecções.

Os eosinófilos, por sua vez, são células que atuam nos processos alérgicos e em
parasitoses, ocasião em que aumenta o número deles no sangue, fenômeno conhecido
por eosinofilia.

Finalmente os basófilos, também envolvidos em processos alérgicos, são pouco


numerosos e mais difíceis de encontrar no sangue.

Os leucócitos agranulócitos, que não possuem grânulos com enzimas em seu


citoplasma, podem ser linfócitos ou monócitos.

Os linfócitos são células redondas de núcleo grande, sendo os glóbulos brancos os

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mais numerosos no sangue, depois dos neutrófilos. Existem vários tipos de linfócitos: o
linfócito B, o linfócito 1 citotóxico ou o Linfócito 1 auxiliar, não-distinguíveis
morfologicamente e que só podem ser precisamente identificados por métodos mais
sofisticados.

Os linfócitos têm funções importantíssimas: reconhecer os agentes infecciosos;


regular a defesa do organismo; produzir anticorpos que atuam na defesa do corpo,
destruindo as células infectadas. São eles que rejeitam órgãos transplantados porque não
reconhecem as células daquele órgão como próprias do organismo e, assim, as atacam.
Os linfócitos também são os responsáveis pela memória imunológica, característica que
permite ao corpo agir muito rapidamente quando temos alguma infecção pela segunda vez
ou para a qual fomos vacinados anteriormente.

Os monócitos, o outro tipo de leucócito agranulócito, são células capazes de sair da


corrente sangüínea, atravessar a parede dos vasos e chegar aos tecidos adjacentes.

Chegando aos tecidos adjacentes, os monócitos recebem o nome de macrófagos


(macro = grande, fago = que come). De fato, os macrófagos engolem as substâncias
estranhas ao corpo, fenômeno chamado de fagocitose, capacidade que torna os
monócitos essenciais em muitos processos de defesa.

Finalmente, vale lembrar da leucemia, um distúrbio sangüíneo muito conhecido e


relacionado aos leucócitos. A leucemia caracteriza-se por uma grande proliferação de
leucócitos anormais no tecido hematopoético e em outros órgãos, particularmente no
sangue.

PLAQUETAS

As plaquetas não são exatamente células, mas pequenos


pedaços de células grandes da medula óssea e, portanto, não
possuem núcleo. No organismo humano existem de 150 a 300 mil
plaquetas por milímetro cúbico de sangue. Quando esse número é
mais baixo, indica um risco de sangramento porque as plaquetas participam nos
processos de coagulação do sangue.

Quando existe uma lesão num vaso sanguíneo e, por conseguinte, uma hemorragia,

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as plaquetas grudam no local lesado formando um tampão plaquetário para fechar o


buraco. Essas plaquetas do tampão liberam substâncias químicas que atraem mais
plaquetas para o local, o tampão de plaquetas reage com substâncias existentes no
plasma, provocando o aprisionamento de hemácias, leucócitos e outras plaquetas,
levando à formação de um coágulo maior, que fecha a lesão do vaso sangüíneo com
maior segurança.

GRUPOS SANGÜÍNEOS

Até o início do século XX, as transfusões de sangue eram extremamente


complicadas, eram um mistério, até que o pesquisador austríaco Karl Landsteiner
descobriu que existem quatro grupos sanguíneos A, B, AB e O. Eles formam o chamado
sistema ABO, até hoje amplamente usado em todos os laboratórios do mundo.

SISTEMA ABO

Landsteiner percebeu que, juntando sangue de pessoas do mesmo grupo, as


complicações eram raríssimas. Entretanto, ao juntar o sangue de pessoas de grupos
diferentes, acontecia o fenômeno da aglutinação, em que as hemácias se aglomeram
formando grumos - pequena pasta ou aglomeração de partículas, coágulos - visíveis a
olho nu.

Grupos Antígenos Anticorpos Então descobriu-se que a aglutinação


sanguíneos
acontecia porque cada hemácia, em sua
A A Anti-B superfície, tem substâncias chamadas de
B B Anti-A antígenos. O plasma, por sua vez, tem
substâncias dissolvidas nele, chamadas de
AB AeB Nenhum
anticorpos, que atuam na defesa do organismo
O Nenhum Anti-A e Anti-B
ligando-se a antígenos estranhos. Não é difícil
de entender que os antígenos produzidos no próprio organismo não funcionam como
substâncias estranhas - eles são reconhecidos e aceitos. Diferente disso é quando ocorre
a entrada de antígenos em um outro organismo no qual não são reconhecidos e, por isso,
provocam o ataque dos anticorpos. Dessa forma, os anticorpos existentes no plasma de uma pessoa
com um determinado grupo sanguíneo reage com os antígenos das hemácias de outro grupo
sangüíneo. Cada anticorpo pode se ligar a várias hemácias, formando os grumos.

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Na tabela ao lado, apresentamos os quatro grupos sangüíneos do sistema ABO com


os respectivos antígenos de superfície das hemácias e anticorpos plasmáticos. A partir
das informações da tabela, vejamos alguns exemplos de situações em que ocorre a
aglutinação.

EXEMPLO 1
É o sangue do
doador que
Márcia tem sangue do tipo A e necessita de uma transfusão. Por aglutina e não o
um erro, é infundido nela o sangue de Paulo, que é do tipo B. do receptor.

Os anticorpos do plasma de Márcia são do tipo anti-B, e vão se


ligar aos antígenos B das hemácias do sangue de Paulo, causando a aglutinação do
sangue doador. É importante reforçar que são os anticorpos de Márcia, o receptor, que
reagem com os antígenos das hemácias de Paulo, o doador. Portanto, é o sangue do
doador que aglutina, e não o do receptor.

EXEMPLO 2

Agora imagine que uma outra paciente, Joana , com sangue do tipo AB, recebesse o
sangue de Paulo ou de Márcia. Joana não tem nenhum anticorpo no seu sangue e,
portanto, não vai aglutinar nenhuma hemácia. Por esta razão, ela pode receber sangue de
qualquer grupo, sem problemas. Daí o grupo AB ser conhecido como receptor universal.
Mas, se Joana doar sangue, a situação se inverte: como suas hemácias têm antígenos A
e B, elas podem ser aglutinadas por qualquer tipo de sangue receptor, menos o seu
próprio, que não tem anticorpos.

EXEMPLO 3

Renato tem sangue do tipo O, que dispõe dos anticorpos anti-A e anti-B. Então, ele
não pode receber nenhum sangue diferente do seu, ou seja, não pode receber sangue de
Márcia, Paulo ou Joana, porque os aglutinaria. Mas as hemácias de
Renato não têm nenhum antígeno e, por isso, seu sangue pode ser doado
para qualquer pessoa, pois não é possível aglutiná-lo. Por este motivo, o
sangue do tipo O é denominado doador universal.

O esquema que mostra as transfusões permitidas entre os grupos do sistema ABO.

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73

Analise-o com atenção.

FATOR RH

Mesmo seguindo rigorosamente as regras do sistema ABO, até há algum tempo


ainda existiam problemas com as transfusões de sangue. Havia mais alguma coisa não
explicada que, por vezes, aglutinava o sangue doado.

Então, em 1940, Landsteiner - o mesmo que Identificou o sistema ABO - e Wlener


descobriram o sistema Rh. Ele foi assim chamado porque essas são as primeiras letras de
Rhesus, a espécie de macaco utilizada nas experiências que culminaram com a
descoberta do sistema.

As pessoas com Rh positivo (RH+) têm antígenos Rh e não têm anticorpos RH. Já as
pessoas com RH negativo (RH-) não têm antígenos RH e normalmente também não têm
os anticorpos, mas podem facilmente produzi-los, quando em contato com pequeníssima
quantidade de sangue Rh+.

Portanto, uma pessoa Rh+ que recebe o sangue de uma pessoa RH+ ou RH- não
terão problemas, pois não formará anticorpos para aglutinar as hemácias do doador. No
entanto, uma pessoa RH- não pode receber sangue de um RH+, pois pode formar
anticorpos antiRh que aglutinariam as hemácias cheias de antígenos RH.

Finalmente vale lembrar que, apesar de os Sistemas ABO e os


Rh reunirem os grupos mais importantes, existem outros menores,
que muito raramente ocasionam problemas.

Eles também podem ser testados nos grandes laboratórios e explicam as reações
adversas a transfusões entre pessoas do mesmo grupo ABO e RH.

APLICAÇÕES PRÁTICAS

O estudo das artérias e veias tem grande aplicação prática, pois existem inúmeros
procedimentos relacionados a elas.

Um desses procedimentos é a palpação de pulsos arteriais, que nos fornece valiosas


informações sobre a saúde das pessoas, como, por exemplo, a freqüência cardíaca ou
uma parada cardíaca, esta caracterizada pela ausência de pulso, mesmo nas artérias

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maiores, como as carótidas e as femorais.

As principais artérias palpáveis são:


Hipotensão-
• as radiais, muito usadas para contar a freqüência cardíaca; queda de
pressão arterial.
• as braquiais;

• as carótidas comuns e ramos da carótida externa, como o facial e


o temporal superficial;
Bradicardi
• as femorais; a- diminuição da
freqüência
• as tibiais anteriores (ou dorsais do pé);
cardíaca.
• as tibiais posteriores.

Mas, cuidado com a palpação das carótidas!


Quando fazemos muita pressão sobre elas, o estimulo
provoca um reflexo nervoso que pode causar
bradicardia, que é a diminuição da freqüência cardíaca,
ou então a hipotensão, que é a queda da pressão
arterial.

Outra aplicação prática é a coleta de sangue


arterial, útil para alguns tipos de exames laboratoriais, como a gasometria arterial, que
mede a quantidade de oxigênio e gás carbônico no sangue. As artérias mais usadas para
esse procedimento são a radial, a braquial e a femoral.

As veias também são muito usadas para a coleta de sangue destinado à maioria dos
exames de laboratório, sendo que as da face anterior do cotovelo são as mais usadas
para injeções intravenosas.

Quando precisamos administrar soro, geralmente puncionamos as veias do membro


superior. Nessas situações, devemos evitar as veias do cotovelo, que estão numa área
muito móvel e podem collabar, isto é, aproximar as paredes do vaso e impedir o fluxo da
infusão quando fletimos (dobramos) o antebraço.

Um outro procedimento é a punção de veia profunda em pacientes graves, para a


administração de medicamentos em veias de grande calibre, que vão mais diretamente ao

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coração. Essa punção, em geral, é feita nas veias subclávia ou jugular interna, o que
oferece alguns riscos, razão pela qual é um procedimento realizado apenas por médicos.

DRENAGEM LINFÁTICA

Quando o sangue passa nos capilares, ocorre uma perda de líquido que vai para o
interstício (região entre as células ou entre os tecidos), que as veias não dão conta de
recolher. Esse líquido, chamado linfa, é então drenado por um sistema de vasos especiais,
os vasos linfáticos, que são estruturas com fundo cego, ou seja, com a forma de dedo de
una. Quando existe obstrução dos vasos linfáticos, a linfa se acumula formando um
grande edema, que é justamente o acúmulo de líquido nos tecidos.

Os vasos linfáticos formam uma imensa rede que, depois de drenar a linfa do
interstício dos tecidos, vai jogá-la de novo nas veias, tornando a encaminhá-la para a
circulação. Isso ocorre, a princípio, nos capilares linfáticos, os menores vasos linfáticos em
fundo cego, os quais se juntam progressivamente até formar pequenas estruturas
chamadas de linfonodos.

Os linfonodos são achatados, ovais ou em forma de rim, e


podem ter o tamanho de uma cabeça de alfinete ou até mais
de 2,5 cm de diâmetro. Eles são facilmente palpados quando
estão aumentados, e localizam-se na axila, na região inguinal
(virilha) e também ao longo dos grandes vasos do pescoço e
do tronco, onde estão aos milhares. Essas estruturas são
muito importantes para o nosso organismo porque possuem
células capazes de identificar e reagir contra microrganismos
como bactérias e vírus, e também contra as substâncias
nocivas produzidas por eles. Como vemos, uma das principais
funções dos linfonodos é produzir anticorpos, substâncias que nos defendem das
doenças.

Após passar pelos linfonodos, os vasos linfáticos se juntam progressivamente até


formar uma grande estrutura - o ducto toráxico -, que recolhe a maior parte da linfa do
corpo e a devolve à circulação venosa por meio de grandes veias no tórax.

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1) Quais os tipos de sangue que circulam no coração e seus lados respectivos?

2) Defina o sangue?

3) Qual a composição básica do sangue?

4) Quanto a coloração do sangue, o que pode ser afirmado?

5) Qual a função do sangue?

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Capítulo 08
Sistema respiratório
O sistema respiratório é essencial à vida. É por meio desse sistema que o organismo
recebe oxigenio (O2), componente importantíssimo na produção da energia que o corpo
usa para realizar todas as suas atividades. Ao mesmo tempo, esse sistema também
elimina o gás carbônico (CO2), uma das substâncias que resultam da produção de
energia.

Para realizar essa importante tarefa, o sistema respiratório é


composto por duas porções:

• uma porção condutora, constituída pelas várias vias aéreas,


que leva o ar do ambiente para dentro dos pulmões e também
conduz o ar rico em CO2 para fora do corpo;

• uma porção respiratória, nos pulmões, que realiza as trocas


gasosas.

Além disso, o sistema respiratório tem outras estruturas que também desempenham
funções importantes.

São elas:

• as pleuras, que revestem os pulmões;

• os músculos respiratórios, que realizam os movimentos responsáveis pela entrada


e saída de ar das vias respiratórias;

• a laringe, que tem uma função muito especial na fala.

Vamos começar esse estudo pelas vias aéreas - a porção


condutora - passando depois para a troca gasosa realizada nos . Sinusite–éa
pulmões e, finalmente, para o funcionamento dos músculos inflamação da
mucosa dos
respiratórios. seios
paranasaias

VIAS AÉREAS

As vias aéreas são estruturas que compõem o trajeto tubular por onde o ar passa,
desde que entra em nosso organismo até chegar aos alvéolos, nos pulmões, onde ocorre

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a troca gasosa. É também por esse mesmo trajeto que o ar sai do nosso corpo para o
ambiente, no momento da expiração. Além de conduzir o ar, as vias aéreas ainda o
aquecem e o umidificam, o que é muito importante para o bom funcionamento do pulmão.

As vias aéreas são formadas por: fossas nasais, faringe, laringe, traquéia, brônquios e
bronquíolos.
Fossas nasais
As fossas nasais, também chamadas de cavidades nasais,
constituem a primeira parte das vias aéreas. Elas se abrem ex-
ternamente pelas narinas, situadas no nariz, um órgão composto de
ossos e cartilagens.
Logo em sua entrada as narinas apresentam pêlos, que recebem o
nome de vibrissas. Sua abertura é formada pelas asas do nariz e pelo
septo nasal, também composto por ossos e cartilagens e que divide a
cavidade nasal em uma porção direita e outra esquerda.
A cavidade nasal é forrada por uma membrana mucosa cujas células possuem cílios
que se mexem ritmicamente e ajudam na limpeza do ar inspirado. Essas células produzem
uma secreção chamada de muco, que também contribui para a limpeza do ar, retendo
suas impurezas.
Nas partes laterais das fossas nasais encontram-se as conchas, também
denominadas cornetos. Essa área é muito vascularizada e, por isso, o nariz sangra com
bastante facilidade. É graças a essa vascularização que o ar é mantido numa temperatura
estável. As conchas aumentam a superfície de contato do ar inspirado com a região
umidificada pelo muco, garantindo, dessa forma, que o ar inspirado seja limpo, adquirindo
a temperatura e a umidade necessárias para não irritar a porção respiratória do sistema.
Na parte superior das fossas nasais estão as terminações nervosas do nervo
olfatório que, como o próprio nome indica, é responsável pelo sentido do olfato.
Entre as conchas das fossas nasais estão as aberturas dos selos paranasais. Essas
estruturas são espaços dentro de ossos da cabeça, também forrados por mucosa, cujo
muco produzido é drenado para as fossas nasais. Os principais seios paranasais são o
seio frontal e os seios frontal, que têm papel relevante na reverberação do som durante a
fala.
A inflamação da mucosa dos seios paranasais é a sinusite.
Faringe

Por meio das coanas, as fossas nasais se abrem para a faringe, um


espaço situado posteriormente às fossas nasais, à boca e à laringe. A
faringe pertence tanto ao sistema respiratório quanto ao digestório, e é
nela que ocorre o cruzamento aéreo-digestivo, onde a comida deglutida
passa pelo mesmo local em que o ar é inspirado. E é isso que pode

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provocar um engasgo, ou seja, a entrada de alimento no trato respiratório, quando a


pessoa fala e deglute ao mesmo tempo Lembramos que a faringe continua para baixo,
porém sua parte inferior pertence apenas ao sistema digestório.

Laringe

Depois de passar pela faringe, o ar chega à laringe — uma estrutura formada por
várias cartilagens, com importante função na fonação (fala), já que é nela que se
encontram as vocais. A laringe também impede que partículas maiores, pedaços de
alimento, por exemplo, penetrem mais proemente na árvore respiratória, assim chamada
porque é formada pela traquéia, brônquios e suas ramificações, que lembram galhos de
uma árvore.

As principais cartilagens das laringes são:

• a cartilagem tireóide, que visualizamos no pescoço como a proeminência laríngea,


antes chamada de pomo-de-adão;

• a epiglote, que protege as vias aéreas, fechando parcialmente entrada da laringe


quando deglutimos.

A parte inferior da laringe comunica-se diretamente com a traquéia.

Traquéia

A traquéia é um tubo cilíndrico e reto, formado por 16 a 20 anéis de


cartilagem em forma de C, com a abertura para trás e fechado por uma
camada de músculo liso. Ela é toda recoberta por células ciliadas e
células glandulares.

No seu final, a traquéia divide-se num ponto chamado carina, dando origem aos
brônquios primários.

Brônquios e bronquíolos

Os brônquios primários são dois, um direito e um esquerdo, sendo um para cada


pulmão. Nos pulmões, eles se subdividem em brônquios secundários ou lobares, assim
chamados porque correspondem aos lobos pulmonares. Os brônquios secundários são
em número de cinco, sendo três para o pulmão direito e dois para o esquerdo. A partir daí,

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os brônquios penetram nos pulmões e vão se dividindo, tornando-se cada vez menores e
mais delicados. Após várias divisões, surgem os bronquíolos, com aproximadamente 1
mm de espessura e que, por sua vez, também se subdividem, até surgirem os bronquíolos
respiratórios, que têm alvéolos em suas paredes.

CONDICIONAMENTO DO AR NAS VIAS AÉREAS

Vejamos agora como ocorre o trajeto do ar durante uma inspiração.

Ao entrar pelas narinas, o ar encontra seu primeiro obstáculo: as


vibrissas, que filtram partículas maiores de poeira e até pequenos
insetos, que nelas ficam presos. Em seguida, o ar entra na cavidade
nasal, onde encontra uma mucosa coberta por um muco que vai
umidificar o ar e segurar, por aderência, as partículas menores que
tenham passado pelas vibrissas. Mais tarde, esse muco será varrido pelos duos, indo do
epitélio para a faringe, onde será deglutido. Na cavidade nasal, o ar vibra ao passar pelas
conchas, o que vai aumentar o seu contato com a mucosa vascularizada e fazê-lo
aquecer.

Passando pela faringe, ocorre o cruzamento aéreo-digestivo, onde novos perigos se


apresentam para o sistema respiratório, pois pedaços de alimento podem cair nas partes
mais profundas das vias aéreas, causando lesões. Para evitar isso, possuímos vários
mecanismos de defesa. Um desses mecanismos é o da contração da laringe, que diminui
a luz (cavidade existente dentro de órgãos ocos, como faringe, laringe, vasos sangüíneos
etc.), e o outro é o da tosse, que expulsa os objetos Indesejáveis. Além desses
mecanismos, temos ainda o importante papel da epiglote: quando deglutimos, a laringe é
tracionada para cima e sua entrada é comprimida contra a epiglote, que se fecha
parcialmente. Você pode perceber esse movimento palpando sua proeminência laríngea
enquanto bebe um gole de água.

Na traquéia, nos brônquios e nos bronquíolos as células chiadas levam o muco para
cima, na direção da faringe, para ser deglutido. No caso dos fumantes, muitos desses
duos se perdem em virtude da ação nociva da fumaça sobre o epitélio do trato respiratório,
o que dificulta a eliminação do muco, levando, ao acúmulo de secreções e ao

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desagradável pigarro. Esse acúmulo de secreções e a não-eliminação de substâncias


potencialmente perigosas deixam a porção inferior do sistema respiratório dos fumantes
especialmente desprotegida, porque irritam a mucosa e funcionam como nutrição para
microrganismos favorecendo as infecções.

PULMÕES

São órgãos alongados, de aparência esponjosa, divididos em partes


denominadas lobos, como já vimos aqui. São dois lobos no pulmão
esquerdo (superior e inferior) e três no pulmão direito (superior, médio e inferior).

Os pulmões são revestidos externamente por uma membrana dupla: a pleura, que
tem a função de proteger e permitir o deslizamento dos pulmões durante a respiração.

A pleura tem um folheto parietal - membrana em contato com as costelas - e um


visceral - membrana em contato com os pulmões. Entre esses folhetos há o espaço
pleural, preenchido por uma certa quantidade de líquido, o líquido pleural, que atua como
lubrificante.

Os pulmões são constituídos por uma imensa quantidade de alvéolos — mais de 500
milhões — aos quais chegam o ar que passa pelos bronquíolos. Se pudéssemos esticar
todos os alvéolos e medir a superfície assim obtida, chegaríamos a 100 m2,
aproximadamente.

Cada alvéolo tem a forma de um saco, sendo constituído por uma


região interna, denominada espaço aéreo, onde circula o ar, e uma fina
parede chamada de parede alveolar, que é cercada de capilares que
participam da troca gasosa. Nos alvéolos, a concentração de oxigênio no
ar inspirado é muito mais alta que a do sangue, o que faz com que o
oxigênio passe dos alvéolos para o sangue, tornando-o arterial. Simultaneamente, o gás
carbônico deixa o sangue venoso para entrar nos alvéolos. O processo de entrada de
oxigênio e saída de gás carbônico nos capilares é chamado de hematose, e sua qualidade
depende da superfície dos alvéolos envolvidos na troca. Portanto, quanto mais alvéolos
temos, mais eficientes serão as trocas.

No sangue, o oxigênio transportado não é dissolvido. Ele se liga a um pigmento


existente nas células vermelhas — a hemoglobina —, o que vai facilitar bastante seu

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transporte. Já o gás carbônico é transportado dissolvido principalmente no plasma, a parte


líquida do sangue.

Quando o sangue arterial chega aos tecidos, ele encontra uma concentração de
oxigênio muito baixa, fazendo com que se desprenda da hemoglobina e vá para os
tecidos. Por outro lado, nos tecidos existe uma alta concentração de gás carbônico, que
passa ao sangue e é levado aos alvéolos, de onde será eliminado no ar expirado por um
mecanismo semelhante — o da diferença de concentração.

Por fim, lembramos que os bronquíolos e os alvéolos são comumente atingidos pela
pneumonia, uma inflamação provocada por microrganismos que podem chegar aos
pulmões por inalação, pelo sangue ou por uma infecção em região próxima, como uma
amidalite ou sinusite.

MECÂNICA RESPIRATÓRIA

A caixa torácica é relativamente rígida e tem o músculo


diafragma em sua abertura inferior quando o diafragma se contrai,
ele abaixa e o volume da caixa torácica aumenta. Esse aumento de
volume faz com que a pressão interna na caixa torácica diminua,
tomando-se menor que a do ar atmosférico. Isso faz com que o ar penetre pelas vias
aéreas para igualar a pressão, e aí ocorre uma inspiração.

O processo da expiração é um pouco diferente: o diafragma se relaxa e a


elasticidade pulmonar diminui o volume torácico, fazendo com que o ar seja expulso pelas
vias aéreas.

Observe, a contração do diafragma nos processos de inspiração e expiração como


vemos, o principal músculo inspiratório é o diafragma, que recebe a ajuda de outros
músculos para expandir a caixa torácica, como, por exemplo, o peitoral maior e os
intercostais externos. Já a expiração é basicamente um mecanismo passivo, provocado
pela elasticidade pulmonar. Mas alguns músculos, como os intercostais internos e os
músculos do abdome, podem auxiliar, tornando a expiração mais intensa ou mais rápida.

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1) Qual o orgão central do sistema respiratório?

2) O que é HEMATOSE? E onde ocorre?

3) Quais os componentes básicos do sistema respiratório?

4) Quais os componentes das vias superiores e inferiores?

5) Descreva os ALVÈOLOS e como funciona para que o mesmo exerça a sua função?

6) Descreva os pulmões.

7) Qual a explicação, para que a árvore brônquica possua uma estrutura de canais.

8) Qual estrutura que faz parte tanto do sistema respiratório quanto digestório.

9) O que é ventilação pulmonar?

10) Qual a importância da substancia sulfactante? E onde ela se encontra?

11) Qual a função da epiglote?

12) Como se divide os pulmões?

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Capítulo 09
Sistema digestório

Já vimos que todos os seres vivos despendem de energia para


realizar suas atividades básicas e que nosso organismo recebe e
distribui o oxigênio necessário á produção dessa energia. Agora vamos
ver como ele recebe os demais componentes que, junto com o
oxigênio, vão manter essa produção, de modo a repor o gasto
energético.

Quando ingerimos qualquer alimento, o sistema digestório transforma esse alimento


em substâncias microscópicas, que recebem o nome genérico de nutrientes e incluem as
proteínas, os lipídios, os carboidratos, as vitaminas e os sais minerais. Esses nutrientes
são então absorvidos por órgãos do sistema digestório, para serem utilizados na
estruturação de nossas células e tecidos e na produção da energia necessária às suas
funções.

Mas, além dessas funções, o sistema digestório também seleciona impurezas do


organismo, para depois eliminá-las sob a forma de fezes. E para realizar todas essas
tarefas, ele conta com uma estrutura complexa, que consiste em um tubo central e uma
série de glândulas anexas.

O tubo do sistema digestório leva o alimento da boca até o ânus, transformando-o


durante todo o caminho e preparando-o para a absorção nas partes mais distais. Ele é
composto pelos seguintes órgãos: boca, faringe, esôfago, estômago, intestino delgado,
Intestino grosso e ânus.

Já as glândulas anexas despejam suas secreções no tubo digestivo, ajudando a


transformar o alimento. São elas: as glândulas salivares, o fígado e o pâncreas.

BOCA

A língua movimenta o alimento empurrando-o em direção a


garganta, para que seja engolido. Na superfície da língua existem dezenas

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de papilas gustativas, cujas células sensoriais percebem os quatro sabores primários:


amargo (A), azedo ou ácido (B), salgado (C) e doce (D). De sua combinação resultam
centenas de sabores distintos. A distribuição dos quatro tipos de receptores gustativos, na
superfície da língua, não é homogênea.

A boca, ou cavidade oral, é a primeira parte do tubo digestivo. É por ela que o
alimento entra em estado bruto, é cortado, triturado e sofre a ação enzimática da saliva.
Externamente ela é delimitada pelos lábios e bochechas, superiormente pelo palato e
inferiormente pelo assoalho. Na parte posterior, a boca se comunica com a faringe.

Na boca está a língua, os dentes e os pontos de abertura das glândulas salivares.

A língua é um órgão muscular preso ao assoalho da boca e à porção anterior da


faringe. Tem importante função na fonação, na deglutição e no sentido do paladar, já que
é sobre ela que estão as papilas gustativas, ou seja, os órgãos sensoriais que nos
permitem distinguir as sensações de salgado, doce, ácido e azedo.

Os dentes são estruturas duras, esbranquiçadas, que se inserem na mandíbula e


nos maxilares por meio dos alvéolos dentários, cavidades que permitem o encaixe do
dente no tecido ósseo.

Os dentes têm a função de cortar, despedaçar e triturar os alimentos para expor


todas as suas partes à ação das enzimas digestivas, facilitando sua passagem pelas
outras partes do tubo digestivo.

As três partes de um dente: coroa, colo e raiz. A coroa é a parte do dente visível na
boca. O colo é uma região estreita localizada entre a coroa e a raiz, separando uma da
outra. E a raiz é a parte do dente implantada no osso, dentro dos alvéolos, e que,
normalmente, não aparece na boca. Um dente pode ter mais de uma raiz.

Os primeiros dentes aparecem na infância e são popularmente chamados de dentes


de leite. Essa dentição é denominada primária ou decídua, e compõe-se de 20 dentes de
três tipos: incisivos, caninos e molares. mostra a distribuição
desses dentes, numa dentição decídua.

A partir dos seis anos, a dentição decídua vai sendo


gradualmente substituída pela dentição permanente, também

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chamada de definitiva porque os dentes não serão mais trocados durante toda a vida. Os
adultos têm 32 dentes permanentes, que são de quatro tipos: Incisivos, caninos, pré-
molares e molares.

Cada um desses tipos de dentes tem forma e função diferentes. Vejamos:

• os incisivos estão localizados na região anterior da boca e apresentam bordas


cortantes como as de uma lâmina de cinzel. Eles funcionam como as duas lâminas de
uma tesoura, cortando os alimentos. Seu nome se origina da palavra latina incidere, que
significa cortar;

• os caninos têm o nome derivado da palavra latina caninu, referente a cão, animal
em que esses dentes são mais salientes e pontiagudos, em forma de V invertido. Os
dentes caninos destinam-se a perfurar ou dilacerar os alimentos;

• os pré-molares e os molares têm a função de moer e


tritura! Papilas gustativas-
órgãos sensoriais que
os alimentos, podendo ser comparados a um quebra-
distinguem o sabor
nozes ou a um soquete de pilão. O nome molar origina-se da
doce,ácido, salgado e
palavra latina mola, que significa instrumento feito de pedra
azedo.
destinado a moer grãos (mó, em português). Os terceiros
molares são comumente chamados de dentes do siso, e não
estão presentes em todas as pessoas.

A cada um desses dentes, tanto na dentição decídua como na permanente.

A destruição progressiva dos dentes é denominada cárie. Ela se inicia no esmalte,


substância que reveste a parte visível dos dentes, em conseqüência da ação dos ácidos
produzidos por massas de microrganismos — a placa bacteriana. Quando não tratada, a
cárie progride até a polpa, que é o tecido existente no interior dos dentes, provocando uma
infecção denominada pulpite.

Ainda na boca, encontramos as glândulas salivares,


responsáveis pela secreção da saliva, que umedece o alimento
mastigado, facilitando a sua deglutição. A saliva também tem
enzimas que atuam na digestão de carboidratos, sendo que a mais

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importante é a amilase salivar ou ptialina, que atua no amido, transformando-o em


maltose.

Existem inúmeras glândulas salivares dispersas pela boca e pela língua, dentre as
quais destacamos apenas as maiores:

• parótidas, situadas na frente do pavilhão auricular. É aí que surge a caxumba,


termo popular referente à parotidite epidêmica, uma infecção da parótida causada por
vírus e que pode ser evitada por meio da administração de vacina;

• sublinguais, no assoalho da boca, logo abaixo da língua;

• submandibulares, situadas mais inferiormente, numa depressão no corpo da


mandíbula.

Depois que o alimento já for devidamente mastigado e umedecido na boca, ele


passa para o próximo órgão do tubo digestivo — a faringe.

Os sais da saliva neutralizam substâncias ácidas e mantêm, na boca, um pH neutro


(7,0) a levemente ácido (6,7), ideal para a ação da ptialina. O alimento, que se transforma
em bolo alimentar, é empurrado pela língua para o fundo da faringe, sendo encaminhado
para o esôfago, impulsionado pelas ondas peristálticas, levando entre 5 e 10 segundos
para percorrer o esôfago. Através dos peristaltismos, você pode ficar de cabeça para
baixo e, mesmo assim, seu alimento chegará ao intestino. Entra em ação
um mecanismo para fechar a laringe, evitando que o alimento penetre
nas vias respiratórias.

Quando a cárdia (anel muscular, esfíncter) se relaxa, permite a


passagem do alimento para o interior do estômago.

FARINGE

É um órgão muscular situado posteriormente às cavidades


nasais, à boca e à laringe, com a forma de um tubo de
aproximadamente 12 cm de comprimento. Sua função é conduzir o
bolo alimentar para o esôfago, embora ela também atenda ao sistema
respiratório, como já vimos aqui.

A faringe é rica em tecido linfóide, ou seja, células do sistema imunológico que

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protegem o nosso organismo das infecções. É esse tecido, inclusive, que constitui as
tonsilas palatinas, popularmente chamadas de amídalas, e a tonsila faríngea, conhecida
vulgarmente como adenóide.

Uma doença bastante freqüente na faringe é a amidalite - Inflamação das amídalas -


que, assim como a sinusite e a cárie dentária, pode dar origem a outras infecções, em
outras parte do corpo.

ESÔFAGO

É um órgão muscular cilíndrico, em forma de tubo, de


aproximadamente 25 cm de comprimento, que atravessa o pescoço e o
tórax e passa por uma abertura do diafragma, penetrando no abdome,
onde tem uma pequena porção.

O esôfago conduz o bolo alimentar por meio de movimentos ondulatórios chamados


de movimentos peristálticos, que empurram o alimento para adiante, no tubo digestivo.

ESTÔMAGO

Do esôfago, o bolo alimentar chega ao estômago, que é uma dilatação do tubo


digestivo.

Ele se localiza logo abaixo do diafragma, projetando-se medianamente e à esquerda,


na parte superior do abdome.

O estômago é uma bolsa de parede musculosa, localizada no lado esquerdo abaixo


do abdome, logo abaixo das últimas costelas. É um órgão muscular que liga o esôfago ao
intestino delgado. Sua função principal é a digestão de alimentos protéicos. Um músculo
circular, que existe na parte inferior, permite ao estômago guardar
quase um litro e meio de comida, possibilitando que não se tenha
que ingerir alimento de pouco em pouco tempo.

Quando está vazio, tem a forma de uma letra "J" maiúscula,


cujas duas partes se unem por ângulos agudos.

O estômago serve como reservatório para os alimentos ingeridos, que ali são

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armazenados e misturados com as secreções gástricas. Forma-se, assim, uma massa


semilíquida denominada quimo, que vai sendo progressivamente liberada para o intestino
delgado, de acordo com sua capacidade de absorção.

O estômago está dividido em várias partes. São elas:

Segmento superior: é o mais volumoso, chamado "porção vertical". Este


compreende, por sua vez, duas partes superpostas; a grande tuberosidade, no alto, e o
corpo do estômago, abaixo, que termina pela pequena tuberosidade.

Segmento inferior: é denominado "porção horizontal", está separado do duodeno


pelo piloro, que é um esfíncter. A borda direita, côncava, é chamada pequena curvatura; a
borda esquerda, convexa, é dita grande curvatura. O orifício esofagiano do estômago é o
cárdia.

As túnicas do estômago: o estômago compõe-se de quatro túnicas; serosa (o


peritônio), muscular (muito desenvolvida), submucosa (tecido conjuntivo) e mucosa (que
secreta o suco gástrico).

Quando está cheio de alimento, o estômago torna-se ovóide ou arredondado. O


estômago tem movimentos peristálticos que asseguram sua homogeneização.

• cárdia, a região em que ele se junta ao esôfago;

• corpo, a porção central, onde ocorre a secreção de enzimas digestivas que se


misturam com o bolo alimentar;

• fundo, porção mais alta, que serve como reservatório;

• antro, porção mais distal, que ajuda na mistura do

alimento com as secreções para produzir o quimo;


Parotidite epidêmica
• piloro, que é um esfíncter, um músculo circular. Sua
popularmente conhecida
função é regular a velocidade de saída do quimo para o intestino como caxumba.
delgado, através de um orifício.

O estômago também tem movimentos peristálticos que ajudam a misturar o alimento


com o suco gástrico. As principais substâncias que constituem a secreção gástrica são:

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• ácido clorídrico, que tem ação corrosiva e prepara o alimento para a ação das
enzimas gástricas;

• pepsina, enzima que digere as proteínas;

• mucina, um muco que recobre a parede do estômago, protegendo-a do ambiente


ácido;

• lipase gástrica, enzima que digere as gorduras;

• amlíase gástrica, enzima que digere o amido (açúcar existente nos vegetais).

O estômago produz o suco gástrico, um líquido claro, transparente, altamente ácido,


que contêm ácido clorídrico, muco, enzimas e sais. O ácido clorídrico mantém o pH do
interior do estômago entre 0,9 e 2,0. Também dissolve o cimento intercelular dos tecidos
dos alimentos, auxiliando a fragmentação mecânica iniciada pela mastigação.

A pepsina, enzima mais potente do suco gástrico, é secretada na forma de


pepsinogênio. Como este é inativo, não digere as células que o produzem. Por ação do
ácido cloródrico, o pepsinogênio, ao ser lançado na luz do estômago, transforma-se em
pepsina, enzima que catalisa a digestão de proteínas.

A mucosa gástrica é recoberta por uma camada de muco, que a protege da agressão
do suco gástrico, bastante corrosivo. Apesar de estarem protegidas por essa densa
camada de muco, as células da mucosa estomacal são continuamente lesadas e mortas
pela ação do suco gástrico. Por isso, a mucosa está sempre sendo regenerada. Estima-se
que nossa superfície estomacal seja totalmente reconstituída a cada três dias.
Eventualmente ocorre desequilíbrio entre o ataque e a proteção, o que resulta em
inflamação difusa da mucosa (gastrite) ou mesmo no aparecimento de feridas dolorosas
que sangram (úlceras gástricas).

A mucosa gástrica produz também o fator intrínseco, necessário à absorção da


vitamina B12.

O bolo alimentar pode permanecer no estômago por até quatro horas ou mais e, ao
se misturar ao suco gástrico, auxiliado pelas contrações da musculatura estomacal,
transforma-se em uma massa cremosa acidificada e semilíquida, o quimo.

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Passando por um esfíncter muscular (o piloro), o quimo vai sendo, aos poucos,
liberado no intestino delgado, onde ocorre a maior parte da
digestão.

A pepsina, ao catalizar a hidrólise de proteínas, promove o


rompimento das ligações peptídicas que unem os aminoácidos.
Como nem todas as ligações peptídicas são acessíveis à pepsina,
muitas permanecem intactas. Portanto, o resultado do trabalho
dessa enzima são oligopeptídeos e aminoácidos livres.

A renina, enzima que age sobre a caseína, uma das proteínas do leite, é produzida
pela mucosa gástrica durante os primeiros meses de vida. Seu papel é o de flocular a
caseína, facilitando a ação de outras enzimas proteolíticas.

INTESTINO DELGADO

É um tubo contorcido de mais ou menos 5 m de comprimento, que se acomoda


dentro da cavidade abdominal dobrando-se várias vezes e formando uma série de curvas
denominadas alças Intestinais. Dentro dele, o alimento é impulsionado por meio de
movimentos peristálticos.

O intestino delgado é o órgão responsável por grande parte da digestão dos


alimentos e por quase toda a absorção de nutrientes. Ele está dividido em três partes:

• duodeno, que é a primeira porção, com aproximadamente 25 cm de comprimento.


É ele que recebe o quimo vindo do estômago através do piloro, e é por ele que as
secreções produzidas pelo pâncreas e pelo fígado penetram no intestino;

• jejuno, a porção intestinal que vem logo depois do duodeno, e que é muito
importante na absorção dos nutrientes;

• íleo, a porção mais distal, que termina na primeira


porção do intestino grosso.

No intestino delgado, o quimo se mistura com as


substâncias secretadas pelo fígado, pelo pâncreas e pelas
próprias células da parede do intestino, secreções essas

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que realizam ou ajudam a realizar a digestão mais completa dos nutrientes. Assim, o
quimo é transformado em quilo, num processo conhecido como qualificação.

Com exceção da bile e do bicarbonato de sódio, todas as secreções apresentadas


nos dois quadros são constituídas por enzimas que quebram o alimento em partículas
pequenas o suficiente para serem absorvidas pela mucosa do intestino. Assim, as
partículas passam para a corrente sangüínea, possibilitando que os nutrientes sejam
distribuídos a todas as células do corpo.

Para facilitar esse trabalho, o intestino delgado tem estruturas denominadas


vilosidades intestinais que aumentam a área de absorção intestinal, uma vez que dentro
de cada uma delas existem vasos sangüíneos que propiciam a passagem dos alimentos
para o sangue.

Órgão Secretor Secreção Função

Fígado Bile Dispersa as gorduras em pequenas gotículas, aumentando o


contato das gorduras com as enzimas digestivas.

Pâncreas Bicarbonato de Diminui a acidez do quimo vindo do estômago, preparando o


Sódio ambiente para a ação das enzimas intestinais e pancreáticas.

Tripsina Ajuda na digestão das proteínas, sendo secretada em uma forma


inativa, o tripsinogênio, ativada no duodeno.

Amilase Termina a digestão do amido, iniciada pela amilase salivar.


Pancreática

Nuclease Digere os ácidos nucléicos.

Lípase Digere algumas gorduras já preparada pela bile.


Pancreática

Enteroquinase Ativa o tripsinogênio pancreático, transformando em tripsina.

Peptidase Terminam a digestão das proteínas.

Lípase Digere gorduras preparadas pela a bile.


Intestinal

Maltase Digere a maltose, o açúcar dos cereais.

Sacarase Atua sobre a sacarose, o açúcar da cana.

Lactase Atua sobre a lactose, o açúcar do leite.

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INTESTINO GROSSO

O Intestino grosso tem mais ou menos 1,5 m de comprimento, sendo de maior


calibre que o intestino delgado. Anatomicamente, ele é dividido em três porções, como:

• ceco, porção inicial onde os restos do quilo não absorvido passam do intestino
delgado para o grosso pela válvula íleocecal. É ai que fica o apêndice vermiforme, rico em
tecido linfóide e cuja função nos seres humanos não está bem determinada. A inflamação
de apêndice vermiforme causa a apendicite, que necessita de cirurgia para sua retirada;

• colo, a maior parte do intestino grosso, onde ocorre a absorção de sais minerais e
água, reduzindo o volume do bolo fecal;

• reto, a parte terminal do intestino grosso, onde o resto do quilo não absorvido, e já
sob a ação de bactérias que habitam o intestino, é eliminado pelo ânus, na forma de fezes.

Quando, por qualquer motivo, há pouca absorção de água no colo, as fezes ficam
líquidas e volumosas, ocorrendo a diarréia. Se, por outro lado, há absorção excessiva de
água, as fezes ficam duras e secas, provocando prisão de ventre.

No intestino, as contrações rítmicas e os movimentos


peristálticos das paredes musculares, movimentam o quimo, ao
mesmo tempo em que este é atacado pela bile, enzimas e outras
secreções, sendo transformado em quilo.

A absorção dos nutrientes ocorre através de mecanismos ativos ou passivos, nas


regiões do jejuno e do íleo. A superfície interna, ou mucosa, dessas regiões, apresenta,
além de inúmeros dobramentos maiores, milhões de pequenas dobras (4 a 5 milhões),
chamadas vilosidades; um traçado que aumenta a superfície de absorção intestinal. As
membranas das próprias células do epitélio intestinal apresentam, por sua vez, dobrinhas
microscópicas denominadas microvilosidades. O intestino delgado também absorve a
água ingerida, os íons e as vitaminas.

Os nutrientes absorvidos pelos vasos sanguíneos do intestino passam ao fígado para


serem distribuídos pelo resto do organismo. Os produtos da digestão de gorduras
(principalmente glicerol e ácidos graxos isolados) chegam ao sangue sem passar pelo

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fígado, como ocorre com outros nutrientes. Nas células da mucosa, essas substâncias são
reagrupadas em triacilgliceróis (triglicerídeos) e envelopadas por uma camada de
proteínas, formando os quilomícrons, transferidos para os vasos linfáticos e, em seguida,
para os vasos sangüíneos, onde alcançam as células gordurosas (adipócitos), sendo,
então, armazenados.

GLÂNDULAS ANEXAS

As glândulas anexas ao tubo digestivo, como já vimos, são as glândulas salivares, o


fígado e o pâncreas, cujas funções digestivas foram estudadas aqui. Vejamos agora
outras funções do fígado e do pâncreas.

FÍGADO

O fígado fica situado abaixo do diafragma, projetando-se à direita na parte superior


do abdome. É a maior e uma das mais importantes vísceras do corpo humano, porque
exerce funções essenciais, dentre as quais destacamos:

• metabolizar o excesso de glicose em substâncias que


podem ser armazenadas sob a forma de glicogênio;

• metabolizar os lipídeos;

• produzir a bile, que fica armazenada na vesícula biliar, e


vai ajudar na digestão das gorduras;

• armazenar as vitaminas A, D e Bl2;

• fabricar proteínas para o sangue;

• preparar os aminoácidos para a metabolização;

• inativar substâncias nocivas (tóxicas) ao organismo, funcionando como um


destoxificador;

• renovar o sangue, destruindo as hemácias velhas e eliminando, pela bile, a


hemoglobina que elas possuem.

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PÂNCREAS

O pâncreas é uma glândula mista, de mais ou menos


15 cm de comprimento e de formato triangular, localizada
transversalmente sobre a parede posterior do abdome, na
alça formada pelo duodeno, sob o estômago. O pâncreas
é formado por uma cabeça que se encaixa no quadro
duodenal, de um corpo e de uma cauda afilada. A
secreção externa dele é dirigida para o duodeno pelos canais de Wirsung e de Santorini.
O canal de Wirsung desemboca ao lado do canal colédoco na ampola de Vater. O
pâncreas comporta dois órgãos estreitamente imbricados: pâncreas exócrino e o
endócrino.

O pâncreas exócrino produz enzimas digestivas, em estruturas reunidas


denominadas ácinos. Os ácinos pancreáticos estão ligados através de finos condutos, por
onde sua secreção é levada até um condutor maior, que desemboca no duodeno, durante
a digestão.

O pâncreas endócrino secreta os hormônios insulina e glucagon, já trabalhados no


sistema endócrino.

É chamado de glândula mista porque, além de auxiliar na digestão dos alimentos,


também produz hormônios que regulam a quantidade de glicose no sangue.

1) Qual a função do sistema digestório?

2) Quais os componentes básicos deste sistema?e suas


respectivas funções.

3) Qual o orgão central?

4) Onde tem início e término do sistema digestório?

5) Qual a função da insulina e onde é liberada?

6) Qual o mecanismo químico e físico da digestão?

7) Quais as características do fígado e suas funções?

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8) Descreva o pâncreas?

9) Quem compõe o sistema intestinal, com suas divisões e subdivisões?

10) O que são os movimentos peristálticos e sua função básica?

11) A cavidade oral participa de quais processos digestivos, e justifique?

12) Descreva a língua,sua função e regiões.

13) Faça um breve resumo sobre a dentição humana.

14) O que voce entendeu por QUIMO?

15) Qual a relação ente o processo digestivo e o cérebro?

16) Cite 3 substâncias liberadas pelo estômago.

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Capítulo 10
Sistema endócrino

Controla diferentes funções metabólicas do organismo, como o controle da


velocidade das reações químicas nas células ou o transporte de substâncias através das
membranas celulares ou outros aspectos do metabolismo celular, como o crescimento e
secreção.

NATUREZA DO HORMÔNIO

O hormônio é uma substância química que


é secretada para os líquidos corporais por uma
célula ou um grupo de células que exerce efeito
de controle fisiológico sobre outras células do
organismo.

Alguns são hormônios locais, enquanto


outros são hormônios gerais. Dentre os
exemplos de hormônios locais destacam-se a
acetilcolina, liberada nas terminações nervosas
parassimpáticas e esqueléticas; a secretina, que
é liberada pela parede duodenal e transportada
pelo sangue até o pâncreas, onde provoca a
secreção pancreática aquosa; a
colecistocinina, liberada pelo intestino delgado
e transportada até a vesícula biliar, onde provoca sua contração, e até o pâncreas, onde
induz a secreção de enzimas; e muitos outros. Estes hormônios exercem efeitos locais
específicos, daí sua denominação de hormônios locais.

A maioria dos hormônios gerais é secretada por glândulas endócrinas específicas. A


epinefrina e a norepinefrina, ambas secretadas pela medula supra-renal em resposta a
estimulação simpática. Esses hormônios são transportados pelo sangue para todas as
partes do organismo e induzem muitas reações diferentes, a contrição de vasos
sangüíneos e a elevação da pressão arterial.

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Alguns hormônios gerais afetam todas ou quase todas as células do organismo;


como exemplo, podemos citar o hormônio do crescimento do lobo anterior da hipófise,
que induz o crescimento de todas ou quase todas as partes do organismo, e hormônio
tireóideo da glândula tireóide, que aumenta a velocidade das maiorias das reações
químicas em quase todas as células do corpo.

Outros hormônios só afetam tecidos específicos, denominados tecidos-alvo por


serem os únicos a possuir os receptores específicos que irão fixar os respectivos
hormônios, a fim de iniciar suas ações. Assim por exemplo, a adrenocorticotropina do
lobo anterior da hipófise estimula especificamente o córtex supra renal, ocasionando a
secreção dos hormônios córtico-supra-renais, enquanto os hormônios ovarianos exercem
efeitos específicos sobre os órgãos sexuais femininos, bem como sobre as características
sexuais secundárias da mulher.

Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios

Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios no homem são a hipófise, o


hipotálamo, a tireóide, as paratireóides, as supra-renais, o pâncreas e as gônadas.

Hipófise ou pituitária

Situa-se na base do encéfalo, em uma cavidade do osso esfenóide chamada tela


túrcica. Nos seres humanos tem o tamanho aproximado de um
grão de ervilha e possui duas partes: o lobo anterior (ou adeno-
hipófise) e o lobo posterior (ou neuro-hipófise).

Além de exercerem efeitos sobre órgãos não-endócrinos,


alguns hormônios, produzidos pela hipófise são denominados
trópicos (ou tróficos) porque atuam sobre outras glândulas
endócrinas, comandando a secreção de outros hormônios. São
eles:

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• Tireotrópicos: atuam sobre a glândula endócrina


tireóide.

• Adrenocorticotrópicos: atuam sobre o córtex da


glândula endócrina adrenal (supra-renal)

• Gonadotrópicos: atuam sobre as gônadas


masculinas e femininas.

• Somatotrófico: atua no crescimento, promovendo o alongamento dos ossos


e estimulando a síntese de proteínas e o desenvolvimento da massa muscular.
Também aumenta a utilização de gorduras e inibe a captação de glicose plasmática
pelas células, aumentando a concentração de glicose no sangue (inibe a produção de
insulina pelo pâncreas, predispondo ao diabetes).

Hipotálamo

O hipotálamo estimula a glândula hipófise a liberar os hormônios gonadotróficos


(FSH e LH), que atuam sobre as gônadas, estimulando a liberação de hormônios gonadais
na corrente sanguínea. Na mulher a glândula-alvo do hormônio gonadotrófico é o ovário;
no homem, são os testículos. Os hormônios gonadais são detectados pela pituitária e pelo
hipotálamo, inibindo a liberação de mais hormônio pituitário, por feed-back.

Como a hipófise secreta hormônios que controlam outras glândulas e está


subordinada, por sua vez, ao sistema nervoso, pode-se dizer que o sistema endócrino é
subordinado ao nervoso e que o hipotálamo é o mediador entre esses dois sistemas.

O hipotálamo também produz outros fatores de liberação que atuam sobre a adeno-
hipófise, estimulando ou inibindo suas secreções. Produz também os hormônios ocitocina
e ADH (antidiurético), armazenados e secretados pela neuro-hipófise.

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Tireóide

Localiza-se no pescoço, estando apoiada sobre as cartilagens da laringe e da


traquéia. Seus dois hormônios, triiodotironina (T3) e tiroxina
(T4), aumentam a velocidade dos processos de oxidação e de
liberação de energia nas células do corpo, elevando a taxa
metabólica e a geração de calor. Estimulam ainda a produção de
RNA e a síntese de proteínas, estando relacionados ao
crescimento, maturação e desenvolvimento. A calcitonina, outro
hormônio secretado pela tireóide, participa do controle da
concentração sangüínea de cálcio, inibindo a remoção do cálcio
dos ossos e a saída dele para o plasma sangüíneo, estimulando sua incorporação pelos
ossos.

Paratireóides

São pequenas glândulas, geralmente em número de quatro, localizadas na região


posterior da tireóide. Secretam o paratormônio, que estimula a remoção de cálcio da
matriz óssea (o qual passa para o plasma sangüíneo), a absorção de cálcio dos alimentos
pelo intestino e a reabsorção de cálcio pelos túbulos renais, aumentando a concentração
de cálcio no sangue. Neste contexto, o cálcio é importante na contração muscular, na
coagulação sangüínea e na excitabilidade das células nervosas.

As glândulas endócrinas e o cálcio

Adrenais ou supra-renais
São duas glândulas
localizadas sobre os rins,
divididas em duas partes
independentes – medula e córtex
- secretoras de hormônios
diferentes, comportando-se como
duas glândulas. O córtex secreta
três tipos de hormônios: os glicocorticóides,os
mineralocorticóides e os androgênicos.

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Pâncreas

É uma glândula mista ou anfícrina – apresenta


determinadas regiões endócrinas e determinadas
regiões exócrinas (da porção secretora partem
dutos que lançam as secreções para o interior da
cavidade intestinal) ao mesmo tempo. As chamadas
ilhotas de Langerhans são a porção endócrina, onde
estão as células que secretam os dois hormônios: insulina e glucagon, que atuam no
metabolismo da glicose.

1) Qual a função do sistema endócrino?

2) Para que uma glândula seja considerada endócrina o que é necessário?

3) As glândulas sudoríparas e salivares são endócrinas?Justifique.

4) Qual a importância da hipófise?

5) Cite 5 glândulas e suas respectivas funções.

6) Fale sobre a Adrenalina e onde ela é fabricada.

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Capítulo 11
Sistema urinário

Os nutrientes são utilizados no metabolismo celular, e esse


processo acarreta a produção de substâncias nocivas ao organismo
denominadas toxinas, dentre as quais destacamos o gás carbônico, a
uréia, a creatinina e o ácido úrico.

Essas substâncias, que constituem o lixo celular, vão para a


concorrente sanguínea, de onde são recolhidas para depois, então,
serem eliminadas do nosso organismo. Os dois sistemas responsáveis por esse trabalho
são o respiratório, que elimina o gás carbônico, e o sistema urinário, encarregado das
demais substâncias nocivas.

O sistema urinário, que estudaremos a partir de agora, é formado pelos rins e por um
sistema coletor constituído de renais, pelve renal, ureteres, bexiga e uretra.

RINS

Os rins são dois órgãos localizados posterior e profunda-


mente no abdome, na altura da cintura, com cerca de 10 cm de
comprimento e uma forma que lembra a de um grão de feijão. Eles
são estruturas que fazem uma espécie de coleta seletiva, desprezando o lixo propriamente
dito e reabsorvendo o que pode ser reciclado, como a água e os sais minerais. Assim,
funcionam como filtros, retirando as toxinas da circulação e, depois, eliminando-as sob a
forma de urina.

O rim tem uma abertura em sua borda medial. É por essa abertura que passam a
artéria renal e a vela renal, por onde o rim recebe suprimento sangüíneo. Por essa mesma
abertura passa a pelve renal, estrutura que coleta a urina produzida. Repare ainda na
figura que a artéria e a veia renal se ligam à artéria aorta e à veia cava inferior,
respectivamente.

Cada rim é constituído por, aproximadamente, um milhão de unidades microscópicas

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denominados néfrons, responsáveis pela filtração do sangue e pela formação da urina.

Vamos agora acompanhar o processo de formação da urina, que começa quando o


sangue chega ao rim pela artéria renal. A partir daí, a artéria vai se dividindo mais e mais
até formar finos capilares que se enovelam, constituindo um emaranhado de vasos. Esse
emaranhado é envolvido pela cápsula glomerular - antes chamada de cápsula de Bowman
-, que é a primeira porção do néfron. Esse conjunto formado pelo enovelado vascular e a
cápsula denominado glomérulo.

Ao passar pela cápsula glomerular, o sangue é filtrado.


Nesse momento determinadas substâncias são mantidas no
sangue, como as células sangüíneas e algumas proteínas,
enquanto outras, como a água, os sais minerais, a uréia e a
creatinina, são retiradas dele, passando pela cápsula
glomerular. Daí, então, elas passam ao longo do néfron na
forma de um líquido bem diluído, denominado filtrado
glomerular.

O filtrado glomerular passa, então, pelo túbulo contorcido proximal, pela alça de
Henle e pelo túbulo contorcido distal, que são envolvidos por uma rede de capilares
venosos. Ao passar por essas três estruturas, as substâncias do filtrado glomerular que
ainda são úteis ao nosso organismo vão ser reabsorvidas, indo depois para os capilares
venosos que acabamos de citar, que, por sua vez, desembocarão na veia renal.

Enquanto as substâncias reabsorvidas seguem pela circulação sanguínea, o filtrado


glomerular restante segue seu próprio caminho, indo para o túbulo coletor, onde ocorre a
reabsorção de água para o sangue. Assim, a urina torna-se mais concentrada e pronta
para ser eliminada. Os túbulos coletores de milhares de néfrons se juntam para desaguar
nos cálices renais, a primeira parte do sistema coletor renal.

O sistema de túbulos dos rins funciona como um grande regulador do organismo,


pois graças à sua intensa reabsorção de sais minerais, água e outras substâncias, o
sangue tem sua composição regulada. por exemplo: se o organismo está desidratado,
haverá um aumento da reabsorção de água nos túbulos renais, de modo a preservar a
água dentro dele. Em conseqüência, a pessoa eliminará uma quantidade menor e muito

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mais concentrada de urina que, por isso, terá uma forte cor amarela.

Resumindo, os rins removem os produtos finais do metabolismo, como também


controlam a concentração de água e minerais necessárias às nossas funções orgânicas.

SISTEMA COLETOR

O sistema coletor serve apenas para conduzir a


urina para fora do rim e do corpo, não tendo nenhuma
função de reabsorção de água ou outras substâncias.

Esse processo de eliminação e iniciado nos cálices


renais, que recebem a urina recém-formada vinda dos
túbulos coletores. Os cálices renais se juntam na pelve
renal, que se projeta para fora pela borda medial do rim.
E dentro da pelve renal que o cálcio eliminado pelo rim
pode se precipitar, formando os conhecidos cálculos
renais que provocam um distúrbio denominado litíase renal.

A pelve renal se estreita e toma a forma de um tubo longo e fino - o ureter-, havendo
um para cada rim, como já vimos na primeira figura deste capítulo. O ureter, com a ajuda
de contrações peristálticas semelhantes às do intestino - contrações essas que
impulsionam a urina para a frente - leva a urina até a bexiga.

A bexiga é uma bolsa muscular que serve de reservatório para a urina. Quando o
volume de urina chega a aproximadamente 300 ml, suas paredes se distendem,
provocando a necessidade de urinar. Podemos controlar essa necessidade por um certo
tempo, porque temos algum domínio sobre uma estrutura denominada esfíncter uretral,
que só deixa a urina passar quando está relaxado. Por isso, podemos acumular muito
mais do que 300 ml de urina na bexiga.

Porém, depois de um determinado volume, que varia de uma pessoa para outra, nos-
sos esforços são insuficientes e a urina pode ser eliminada independentemente da nossa
vontade.

Após atravessar o esfíncter uretral, a urina vai para a uretra, a última parte do

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sistema urinário de um indivíduo. No homem, ela se abre no pênis, enquanto na mulher se


abre na vulva, sendo, por isso, mais curta que a do homem. Isso facilita a entrada de
bactérias do exterior para a bexiga, tomando as mulheres mais vulneráveis à infecção de
bexiga, denominada cistite.

1) Qual a função do sistema renal?

2) Qual o orgão central deste sistema?

3) Qual a função da bexiga?

4) Qual a menor unidade funcional deste sistema e pq ela tem essa denominação?

5) Cite 3 estruturas internas do rim.

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Capítulo 12
Sistema reprodutor

Uma das principais características dos seres vivos é a sua capacidade de reprodução, ou seja, a
produção de novos seres vivos.

Na espécie humana, a reprodução é do tipo sexuada porque é


conseqüência da junção de duas células especiais, os gametas,
provenientes do homem e da mulher. Cada um desses gametas contém parte Genitália –
do código genético do pai e da mãe, garantindo que suas características órgãos sexuais
passem para o filho e sejam perpetuadas pelas gerações. externos.
A produção dos gametas e dos hormônios sexuais, bem como a
manutenção da vida do concepto, nome dado ao produto da fecundação nas primeiras fases de
desenvolvimento, são funções do sistema reprodutor.

SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO

No homem, o sistema reprodutor é formado por


testículos, epidídimos, ductos deferentes, vesículas
seminais, ductos ejaculatórios, próstata e pênis.

Os testículos são duas glândulas ovais, normalmente


situadas na bolsa escrotal. No feto eles ficam dentro da
cavidade abdominal, e só no final do desenvolvimento
intra-uterino é que descem para a bolsa.

Os testículos são responsáveis pela produção do principal


hormônio sexual masculino, a testosterona, que atua no
desenvolvimento das características sexuais masculinas, tais como
pêlos no rosto, voz grossa, crescimento da genitália etc. Além disso,
os testículos também são responsáveis pela formação dos gametas
masculinos, os espermatozóides.

O corpo de um espermatozóide é
dividido em cabeça e cauda, que ele usa para

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se locomover através do líquido seminal, também chamado de esperma ou sêmen.

Os espermatozóides são produzidos no interior de pequenos tubos situados dentro


dos testículos, denominados tubos sensiníferos, que são em número aproximado de 900
em cada testículo. Esses tubos dão origem ao epidídimo, situado sobre o testículo, que
tem a função de armazenar os espermatozóides. No final do epidídimo sai um tubo
denominado ducto deferente, que entra na cavidade abdominal conduzindo os
espermatozóides e que termina se juntando com a vesícula seminal. A vesícula seminal
produz uma secreção viscosa que forma a maior parte do sêmen, e cuja função é proteger
e nutrir os espermatozóides. Veja que, no ponto de junção de cada ducto deferente com a
respectiva vesícula seminal, forma-se um outro ducto. É o ducto ejaculatório que penetra
na próstata, uma glândula situada na porção inferior da bexiga e que secreta o líquido
prostático, um dos componentes do sêmen. Daí, o ducto ejaculatório desemboca na
primeira porção da uretra, que começa justamente no interior da próstata.

Outra estrutura do sistema reprodutor masculino é o pênis,


o órgão copulador. Ele tem uma parte chamada raiz e é formado
por três corpos eréteis — dois corpos cavernosos e um corpo
esponjoso — que têm a capacidade de se ingurgitar com
sangue, tornando-se maiores e mais rígidos. Dentro do corpo esponjoso encontra-se a
uretra, que conduz o sêmen ou a urina.

Na extremidade distal do pênis o corpo esponjoso forma a glande, que é recoberta


por uma prega retrátil de pele chamada prepúcio.

Quando existe um estreitamento da abertura do prepúcio e não é possível retrai-lo e


descobrir a glande, dizemos que há uma fimose.

SISTEMA REPRODUTOR FEMININO

O sistema reprodutor feminino diferencia-se do masculino, funcionalmente, por uma


característica essencial: ele não se limita a produzir gametas e hormônios sexuais, sendo
também o receptáculo do concepto. É no seu interior que o concepto desenvolve-se por
nove meses, até ser capaz de se adaptar ao mundo externo.

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Genitais Externos

Os órgãos genitais externos femininos formam um conjunto


chamado de vulva, que se compõe de estruturas que podem ser
visualizadas sem o auxílio de instrumentos, como os grandes e
os pequenos lábios e o clitóris. Além dessas estruturas,
também fazem parte da vulva o hímen e as glândulas
vestibulares maiores, conhecidas ainda por glândulas de Bartholin, além da abertura da
uretra.

Os pequenos e os grandes lábios são pregas da pele que têm a função de proteger
os orifícios da uretra e da vagina. No espaço entre eles localizam-se as glândulas
vestibulares maiores, responsáveis pela produção de uma secreção lubrificante que facilita
a penetração do pênis durante a relação sexual. O clitóris fica perto da junção dos
pequenos lábios e é um pequeno órgão erétil, análogo ao pênis masculino, que tem
grande importância na excitação sexual e no orgasmo feminino. Finalmente, o hímen é
uma película que recobre parcialmente o orifício vaginal das mulheres virgens, e que
geralmente se rompe durante a primeira relação sexual.

Na vulva também encontramos a abertura da vagina.

Genitais Internos

Os órgãos genitais internos femininos são: vagina, útero, tubas


uterinas e ovários.

A vagina é um espaço tubular que


comunica a vulva com o útero. Suas paredes
Fimose –
são musculares e têm capacidade de
estreitamento da abertura
contração. A vagina tem as funções de receber o pênis
do prepúcio impedindo o
aparecimento da glande. durante a relação sexual, dar saída ao fluxo menstrual e
formar o canal do parto.

O útero, por sua vez, é um órgão oco, em forma de pêra, com paredes musculares

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espessas. Ele abriga o feto durante seu desenvolvimento e pode crescer até o volume de
cinco litros. A porção inferior do útero comunica-se com a vagina e é chamada de colo do
útero. E da porção superior saem as tubas uterinas, duas estruturas que se alongam em
direção aos ovários, de onde capturam os óvulos. Na tuba uterina ocorre a fecundação, ou
seja, a penetração de um espermatozóide no óvulo.

Os óvulos são produzidos e desenvolvidos nos


ovários, as gônadas femininas. Quando nasce, a
mulher já tem todos os óvulos constituídos em
forma primitiva, mas eles só se tomam maduros
após a puberdade. Portanto, o que ocorre na
mulher, durante a puberdade, não é a formação de novos óvulos, mas sim a maturação
das formas lá existentes.

A partir da puberdade, as estruturas ovarianas produzem dois hormônios, o


estrogênio e a progesterona. O estrogênio age na formação das características sexuais
femininas, como o alargamento da pelve e o desenvolvimento da vagina, dos grandes e
pequenos lábios, dos pêlos pubianos e das mamas. Já a progesterona prepara o útero
para a gravidez e as mamas para produzir leite.

CICLO MENSTRUAL E HORMÔNIOS

No sistema reprodutor feminino ocorre periodicamente uma série de alterações que


visam preparar o útero para uma possível gravidez. Mas, para que possamos entender
bem essas alterações, vejamos o que são e como ocorrem a ovulação, a menstruação e a
gravidez.

Tudo se inicia na puberdade, quando a glândula hipófise


começa a secretar o FSH — hormônio folículo-estimulante, que
Lúteo é o mesmo que
vai provocar o desenvolvimento de um folículo ovariano, onde o amarelo.
óvulo amadurece. O ovário responde ao FSH produzindo um
hormônio — o estrogênio — que estimula o crescimento do endométrio, uma camada de
tecido bem vascularizado que recobre o útero internamente.

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Então, quando chega à maturidade, o folículo sofre a ação de outro hormônio


hipofisário, o LH ou hormônio inteinizante. O folículo se rompe, liberando o óvulo para
dentro da tuba uterina, fenômeno denominado ovulação que ocorre mais ou menos 14
dias depois do início do amadurecimento do óvulo.

Depois da liberação do óvulo na


tuba, o LH continua sua ação e transforma
o resto do folículo rompido numa estrutura
denominada corpo lúteo. Esse corpo tem
capacidade de produzir estrogênio e,
principalmente, progesterona, um dos
hormônios femininos que vai atuar sobre o endométrio, estimulando o crescimento de
vasos sangüíneos e de glândulas que produzem secreções nutritivas.

É interessante observar o trabalho sincronizado dos vários hormônios envolvidos


nesse processo. A hipófise, como já vimos, libera FSH e LH nas quantidades necessárias
para estimular, no momento certo, a produção da quantidade adequada de estrogênio e
progesterona, que também trabalham em equipe. No decorrer do ciclo ovariano, a hipófise
é regularmente avisada da necessidade de aumentar ou diminuir seus hormônios,
promovendo apenas a quantidade certa do hormônio ovariano necessário àquele
momento do ciclo. Os responsáveis por esse aviso são os próprios hormônios, à medida
que sua quantidade se torna insuficiente ou excessiva para aquele
momento do ciclo.

E assim, aproximadamente 14 dias depois da ovulação, o


A mulher já nasce
corpo lúteo se degenera, transformando-se numa cicatriz
com todos os óvulos,
chamada de corpo branco, que deixa de produzir progesterona
mas é na puberdade que
e estrogênio. Sem esses hormônios, o endométrio morre e cai,
acontece sua maturação.
descamando-se por uns três dias. Ele é então eliminado pela
vagina, dando origem à menstruação.

Convencionou-se que esse primeiro dia da menstruação seria o primeiro dia do


chamado ciclo menstrual da mulher, que coincide com o reinício da produção de FSH pela
hipófise. O ciclo menstrual se repete a cada 28 dias, em média, período durante o qual
apenas um óvulo amadurece.

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Mas pode acontecer de o óvulo liberado pelo folículo ser fecundado por um
espermatozóide. Nesse caso, então, ocorrerá a formação de uma célula denominada
zigoto ou ovo, dando início à gravidez. Esse ovo passará por diversas divisões celulares
enquanto vai da tuba uterina para o útero, e desde o momento da concepção até o término
do segundo mês de gestação, aproximadamente. ele é chamado de embrião e, depois, de
feto. No útero, o endométrio dará sustentação ao embrião, que aí se implantará, num
processo chamado de nidação. Depois disso, ele vai continuar o seu desenvolvimento e
ocorrerá a formação da placenta, estrutura muito vascularizada que fornece oxigênio e
nutrientes ao embrião. A placenta produz a gonadotrofina coriônica, hormônio que mantém
o corpo lúteo em funcionamento normal, de modo a garantir uma estrutura do endométrio
favorável ao embrião. Após mais ou menos sete semanas, a própria placenta estará
pronta para, sozinha, produzir todos os hormônios necessários à manutenção da gravidez.

1) Como voce descreveria o pênis?

2) O que são gônadas?

3) Qual a função dos testículos?

4) Qual o hormônio sexual masculino?

5) Qual a função da bolsa escrotal e porque ela é extracorpórea?

6) Quais as partes do pênis?

7) O que é esperma e qual sua composição básica?

8) Qual o trajeto do espermatozóide durante a cópula?

9) Quais as partes do espermatozóide?

10) Onde se localiza o pro núcleo masculino em toda estenção do espermatozóide?

11) O que é esmégma, e quais os problemas que pode causar?

12) Quas os cromossomos do sexo masculino?

13) Quais os orgãos reprodutores externos da mulher?

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14) Quais os internos e suas respectivas funções?

15) Qais as camadas uterinas?

16) Dentre as camadas uterinas, qual a que se modifica todos os meses?

17) Quais as partes do útero?

18) O que voce entendeu por ovulação?

19) Quais os ciclos da mulher, e suas respectivas funções?

20) O que voce entendeu por folículo?

21) Os óvulos são fabricados tal qual os espermatozóides? Justifique.

22) Como voce definiria a menstruação?

23) Qual a diferença entre CLIMATÈRIO e MENOPAUSA?

24) O que voce entendeu por corpo lúteo?

25) Quais as camadas do oócito?

26) Quais as características:

a) Vagina

b) Útero

c) Trompas

27) Qual a função de toda região externa do aparelho reprodutor da mulher?

28) Qual o formato do útero?

29) Como a hipófise interfere no aparelho reprodutor?

30) Quais são os hormônios da mulher e seus respectivos papeis?

31) Qual a função do clitóris?

32) Qual a justificativa para a lubrificação vaginal?

33) Quais os obstáculos encontrados pelos espermatozóides?

34) Qual seria a fisiologia dos orgãos sexuais feminino na reprodução humana?

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Capítulo 13
Sistema nervoso

O corpo humano é uma estrutura complexa, formada por


vários sistemas cujas funções interferem umas nas outras. Para
controlar, regular e integrar esses sistemas existe o sistema
nervoso, fazendo com que todos eles trabalhem em harmonia.

O sistema nervoso pode receber estímulos de partes do


próprio corpo ou ainda do ambiente externo. E as respostas a esses estímulos também
podem se manifestar dentro do próprio organismo ou então no meio externo. Tudo isso é
feito por meio de uma corrente elétrica fraca, mas capaz de produzir reações celulares.
Esse estímulo elétrico percorre todas as porções do sistema nervoso, transmitindo
informações entre elas.

As informações que o sistema nervoso recebe podem ser conscientes ou não. Por
exemplo: o controle hormonal do corpo é Influenciado pelo sistema nervoso, mas
nenhuma informação sobre os níveis hormonais do sangue se torna consciente para nós.
Por outro lado, quando nos machucamos, sentimos prontamente a dor, e isso é algo bem
consciente.

Algumas vezes o sistema nervoso atua de maneira voluntária, agindo segundo a


nossa vontade, como ocorre com os movimentos das partes do nosso corpo durante uma
caminhada. Em outros casos, no entanto, o sistema nervoso atua de maneira involuntária,
realizando ações independentes da nossa vontade, Isso é o que acontece com as ações
que regulam a fisiologia dos nossos órgãos internos, como os batimentos do coração, por
exemplo.

Funcionalmente, ou seja, quando consideramos a sua função, o sistema nervoso


divide-se em:

• sistema nervoso somático, que atua voluntariamente e está relacionado ao


funcionamento dos músculos esqueléticos;

•sistema nervoso visceral, que atua de modo involuntário, estando relacionado ao

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funcionamento dos órgãos.

ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso é composto por trilhões de células


nervosas, por células gliais, vasos sangüíneos e uma pequena SNC – Sistema Nervoso
Central
quantidade de tecido conjuntivo.
SNP – Sistema Nervos
As células nervosas, chamadas de neurônios, são
Periférico
especializadas na transmissão dos estímulos. Já as células
gliais, os vasos sangüíneos e o tecido conjuntivo oferecem LCR – Líquido
Cefalorraquidiano
sustentação e nutrição aos neurônios.

O neurônio é formado por um corpo celular e dois tipos de prolongamentos os


dendritos que trazem os estímulos até o corpo celular, e os axônios, que levam o estímulo
do corpo celular para longe dele.

Os axônios são envolvidos por uma bainha gordurosa, a bainha de mielina, que faz
um isolamento elétrico e permite que os estímulos sejam conduzidos de modo mais fácil e
eficiente. Os estímulos chegam ao neurônio através dos dendritos, passam para o corpo
celular e daí para o axônio.

Na extremidade do axônio encontra-se uma região denominada sinapse, onde os


dois neurônios se juntam. É aí que ocorrem reações químicas com substâncias chamadas
neuro-transmissores, que possibilitam a transmissão do estímulo para outro neurônio, para
um músculo ou víscera.

No sistema nervoso existem dois tipos de substâncias: a substância cinzenta,


composta pelos corpos dos neurônios, e a substância branca, formada pelos axônios, que
transmitem os estímulos de um lado para outro.

Anatomicamente, o sistema nervoso é dividido em duas porções:

• uma porção denominada sistema nervoso central - SNC, responsável pelas funções
mais complexas como a interpretação de estímulos, o desencadeamento das respostas
adequadas, o controle dos órgãos internos e o raciocínio;

• uma porção denominada sistema nervoso periférico - SNP, que capta estímulos de

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todas as partes do corpo e do meio externo, enviando-os depois ao SNC. Este, por sua
vez, produz respostas e as transmite para o SNP - que as encaminha para todos os
órgãos do corpo humano.

SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC)

O SNC é composto pelo encéfalo - que compreende o


cérebro, o cerebelo e o tronco cerebral — e também por um
prolongamento, a medula espinhal. O encéfalo é protegido por
uma capa óssea, o crânio. E a medula espinhal é protegida pela
coluna vertebral. Os órgãos do SNC são ainda protegidos pelas
meninges, que produzem e fazem circular o liquor, ou líquido
cefalorraquidiano — LCR. Esse líquido atua como um
amortecedor, diminuindo o efeito de impactos sobre os órgãos do SNC, além de ter um
papel na sua proteção imunológica.

A medula mais externa é a duramáter, também a mais resistente. Depois vem a


aracnóide, bem delicada e em posição intermediária. E por fim a piamáter, mais interna e
grudada no tecido nervoso subjacente. E rio espaço entre a meninge aracnóide e a pia-
máter, chamado de espaço subaracnóidea que o liquor circula.

Agora, observe a mais detalhes, as três partes que compõem o encéfalo.

O cérebro é o maior órgão do encéfalo e está relacionado com a maior parte das
funções nervosas. Ele é dividido em dois hemisférios - o direito e o esquerdo - que se
comunicam pelo corpo caloso. Na superfície desses hemisférios fica a substância
cinzenta, aqui chamada de córtex cerebral, onde existem saliências denominadas giros,
que são separados por sulcos. Essa organização em giros e sulcos aumenta a superfície
do cérebro e, conseqüentemente, a quantidade de neurônios, trazendo vantagens
significativas para o sistema nervoso, uma vez que amplia a capacidade do cérebro.

Os hemisférios cerebrais são subdivididos em lobos. São estas as funções


específicas de cada um deles:

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•lobo frontal: funções mentais superiores,


motricidade e fala;
AVE – Acidente
•lobos parietais: sensibilidade geral, térmico-
Vascular
dolorosa e tato; Encefálico
•lobos temporais: audição, memória e emoção;

•lobo occipital: visão.

Na porção mais inferior e profunda do cérebro estão duas regiões importantes. Uma
delas é o tálamo, relacionado com a interpretação dos estímulos dolorosos. A outra é o
hipotálamo, responsável pelo controle da temperatura corporal, do estado de hidratação e
das funções hormonais do sistema endócrino.

Outro órgão do encéfalo é o cerebelo, situado inferior e posteriormente ao cérebro e


encarregado do equilíbrio do corpo e da coordenação motora. No cerebelo, a substância
cinzenta também é periférica em relação à substância branca.

Por fim, temos o tronco cerebral que, apesar de pequeno, é vital para todo o
organismo.

Ele é composto de três partes - bulbo, ponte e mesencéfalo -, por onde passam as
fibras nervosas levando impulsos nervosos do cérebro para a medula ou da medula para o
cérebro. Além disso, ele possui centros reguladores de funções vitais como o centro
cardioacelerador e o centro respiratório que, se forem lesados, acarretam a morte. No
tronco cerebral, a substância cinzenta está organizada em acúmulos regionais - chamados
de núcleos - em meio à substância branca.

Dando continuidade ao tronco cerebral está a medula espinhal, o outro componente


do sistema nervoso central, que é um cilindro de tecido nervoso contido dentro do canal
vertebral. Sua principal função é comunicar o sistema nervoso central com o sistema
nervoso periférico, trazendo os estímulos sensitivos dos nervos para o cérebro e também
enviando os estímulos motores do cérebro para os nervos periféricos. Vale esclarecer aqui
que os estímulos sensitivos são aqueles provocados por agentes externos ao corpo, como
dor, calor, pressão etc., enquanto os estímulos motores são respostas do SNC de-
terminando uma reação orgânica, como o movimento de uma parte do corpo ou a

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produção de secreções.

Na medula espinhal, a substância cinzenta fica por dentro da substância branca,


tendo a forma aproximada da letra H.

Ainda observando essa figura, veja que a medula espinhal é


responsável pelos reflexos — um ato motor provocado por um
estímulo sensitivo, sem a participação do cérebro, O exemplo
clássico de um reflexo é ‘o pisar num prego. O estímulo doloroso
(sensitivo) é transmitido pelos nervos da perna até a medula, onde o neurônio sensitivo se
comunica com o neurônio motor que, como o próprio nome aponta, transmite um estimulo
motor, provocando a contração dos músculos do membro inferior e, conseqüentemente, a
retirada da perna. E como o estímulo não precisa fazer o percurso até o cérebro para
desencadear a resposta, tudo isso ocorre muito rapidamente, evitando maior exposição ao
agente nocivo.

Finalmente, vaie lembrar que o derrame, como é conhecido popularmente, é um


acidente vascular encefálico (AVE). Ele decorre de uma obstrução ou rompimento da
artéria cerebral, que acaba provocando a Interrupção no fornecimento de oxigênio e
nutrientes para os neurônios de uma determinada área cerebral, causando lesões que
podem ser permanentes ou transitórias.

SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

Esse sistema é formado pelos nervos, que são feixes de axônios. Quando esses
feixes partem do encéfalo, são chamados de nervos cranianos, e quando partem da
medula espinhal, recebem o nome de nervos espinhais.

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Nervo Característica Funções


I – Olfatório Sensitivo Olfato
II – Optico Sensitivo Visão
II – Oculomotor Movimentação do globo ocular
IV – Troclear Movimentação do globo ocular
V – Trigêmeo Misto Sensibilidade da face, inclusive dentes, e movimento
dos músculos envolvidos na mastigação.
VI – Abducente Motor Movimentação do globo ocular
VII – Facial Misto Sensibilidade da lingua, movimentação dos músculos
da expressão facial, secreção salivar e lacrimal.
VIII – Vestíbulo-coclear Sensitivo Audição e equilíbrio
IX – Glossofaríngeo Misto Gustação e secreção salivar
X – Vago Misto Controle de órgãos internos como o coração, os
brônquios e o estômago.
XI – Acessório Motor Movimentos de músculos do pescoço
XII – Hipoglosso Motor Movimento da língua.

Os nervos cranianos ou espinhais podem ser de três tipos:

• sensitivos ou aferentes, quando conduzem os estímulos até o SNC;

• motores ou eferentes, quando levam os estímulos do SNC até os efetores - ou seja,


os órgãos e tecidos que recebem impulsos nervosos e reagem de duas formas: contraindo
os músculos ou secretando substâncias;

• mistos, quando os nervos são compostos de feixes de axônios de neurônios


aferentes e eferentes.

Os nervos cranianos são em número de 12 pares.

Os nervos espinhais saem através dos forames intervertebrais, formando 31 pares:


oito pares cervicais, 12 torácicos, cinco lombares, cinco sacros e um coccígeo. Esses
nervos têm áreas definidas de inervação.

Nervos Áreas inervadas


Cervicais Parte da face e do pescoço, ombro, membro superior e a porção
mais superior do tronco.
Torácicos Pele e músculos da parede do tórax e do abdome.
Lombares Sacro Parte mais baixa do tronco e membro inferior
Coccígeos

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SISTEMA NERVOSO AUTÔNOMO

O sistema nervoso autônomo - SNA é a porção eferente do


sistema nervoso visceral que atua de modo involuntário e in-
SNA – Sistema
Nervoso Autônomo consciente, controlando as vísceras do corpo e mantendo as funções
vitais em ordem. O SNA não tem nervos específicos, usando os
nervos cranianos e espinhais para conduzir suas fibras.

Esse sistema é composto por duas porções: o simpático e o parassimpático que, na


maioria das vezes, têm efeitos opostos, permitindo uma regulagem delicada das
atividades orgânicas.

Analise, a partir de alguns exemplos de ação simpática e parassimpática em órgãos


efetores.

Ação do sistema nervoso autônomo


Órgãos
Simpático Parassimpático
Pupila Dilatação (midríase) Contração ( miose)
Coração Taquicardia Bradicardia
Brônquios Dilatação Contração
Intestino Inibe motilidade Acelera a motilidade

Órgãos dos Sentidos

Quando estudamos o sistema nervoso, vimos que ele é uma estrutura complexa,
capaz de perceber estímulos Internos e externos, interpretá-los e produzir respostas a
eles. Mas, para que isso seja possível, são necessários órgãos sensitivos especializados
na captação dos estímulos do meio ambiente: os órgãos dos sentidos.

Esses órgãos estão relacionados aos cinco sentidos: visão, audição, olfato, gustação
e tato, o funcionamento de cada um deles depende da existência de três tipos de
estruturas — os receptores, os condutores e os intérpretes, que podemos analisar
acompanhando.

Os receptores são órgãos que captam o estímulo do meio e depois o codificam na


forma de estímulos elétricos. Os condutores são os nervos que levam esses estímulos
elétricos até o cérebro. E os intérpretes, finalmente, são as áreas do cérebro que
decodificam os estímulos trazidos pelos nervos condutores, transformando-os em
sensações.

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Vejamos então cada um dos cinco sentidos, buscando


conhecer as estruturas que permitem captar, conduzir e Abaulada – dar forma de
interpretar os estímulos recebidos. baú.

VISÃO

É pela visão que captamos os estímulos luminosos provenientes do meio e


percebemos a forma, a cor e a luminosidade dos objetos. O órgão receptor da visão é o
globo ocular ou olho. Ele fica localizado no interior da órbita, Junto com suas estruturas
anexas: pálpebras, supercílio (sobrancelha), duos (pestanas), glândulas lacrimais, canal
lacrimal e músculos motores.

As pálpebras, os superfícies os cílios são órgãos que protegem o olho contra


diversas agressões, como a penetração de excesso de luz, suor e poeira. Além disso, as
pálpebras têm movimentos rápidos de fechamento que espalham lágrimas sobre a
superfície do olho, formando um filme umidificador.

Cada globo ocular é composto por três camadas envoltórias: a esclerótica, a coróide
e a retina.

Observe que a esclerótica é a membrana mais externa do olho. Ela também é a mais
resistente, porque tem a função de proteger e dar forma ao globo ocular. Seu aspecto é
esbranquiçado, sendo responsável por formar o branco do olho. Sua porção mais anterior,
a córnea, é mais fina, transparente e abaulada e dá passagem aos raios luminosos.

Abaixo da esclerótica está a coróide, cuja função é absorver o excesso de luz que
entra no olho, além de conter os vasos sangüíneos que nutrem o globo ocular. A porção
mais anterior da coróide, situada sob a córnea, é a íris, que contém a pigmentação que dá
cor ao olho. No meio da íris há uma abertura chamada de pupila, por onde passam os
raios luminosos para dentro do olho.

Na íris, ao redor da pupila, existem fibras musculares inervadas pelo sistema nervoso
autônomo que provocam a dilatação (midríase) ou a contração (miose) da pupila,
regulando a quantidade de luz que entra no globo ocular. Assim, quando estamos num
ambiente escuro, onde a luz é escassa, a pupila sofre midríase - ou seja - se dilata, para
capturar a maior quantidade possível de raios luminosos. E o oposto ocorre quando

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estamos num ambiente com excesso de luminosidade, em que a pupila se contrai para
proteger o interior do olho do excesso de luz.

A retina, por fim, é a camada mais interna do olho, que difere das
outras por ser basicamente constituída de tecido nervoso. Nela estão
células especializadas que vão transformar a imagem em estímulos
nervosos a serem conduzidos ao cérebro. Existem dois tipos de receptores retinianos: os
cones e osbastonetes.

Os cones têm a capacidade de distinguir cores, sendo abundantes na mácula lútea,


região da retina onde a imagem é formada. Já os bastonetes são muito mais sensíveis à
luz que os cones, porém só conseguem perceber contrastes de claro e escuro, fornecendo
uma visão em preto-e-branco. É por isso que quando estamos num ambiente pouco
iluminado não conseguimos distinguir bem as cores. Os cones e bastonetes ligam-se com
os neurônios do nervo óptico, que levam os estímulos nervosos até o lobo occipital do
cérebro, o ponto de saída do nervo óptico na retina é o disco óptico, também denominado
ponto cego porque não possui receptores.

Dentro dos três envoltórios que compõem o globo ocular existem duas câmaras
preenchidas por material líquido-gelatinoso separadas por uma lente chamada de
cristalino. A câmara anterior fica entre a córnea e o cristalino, e é preenchida pelo humor
aquoso. Já a câmara posterior fica atrás do cristalino, entre ele e a retina, sendo
preenchida pelo humor vítreo, que é mais consistente que o humor aquoso e ajuda a dar a
forma esférica ao globo ocular.

O cristalino é uma lente natural que focaliza as imagens sobre a retina. Ele é capaz
de sofrer acomodações, tomando-se mais espesso ou mais fino, de acordo com a
necessidade de ver objetos mais próximos ou mais distantes. Com o avanço da idade, o
cristalino vai perdendo a capacidade de se acomodar, não permitindo a focalização
perfeita, defeito chamado de presbiopia, ou vista cansada, que pode ser corrigido com o
uso de óculos.

O globo ocular funciona mais ou menos como uma máquina fotográfica. Ele capta as
imagens do ambiente através de um diafragma (pupila) e focaliza a imagem sobre um
filme (retina), por meio de uma lente (cristalino). E assim, como na câmara, a imagem

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projetada sobre a retina fica invertida, mas quando é interpretada pelo cérebro a Imagem é
posta na posição correta.

Normalmente, o cristalino é capaz de focalizar a Imagem na retina. No entanto, a


focalização pode ocorrer antes ou depois do ponto ideal, dando a sensação de visão
desfocada, como acontece na miopia e na hipermetropia, dois defeitos comuns da visão.

Na miopia, a imagem é formada antes da retina, o que dificulta enxergar os objetos


de longe. Esse defeito pode ser corrigido com o uso de lentes côncavas, cuja espessura
no centro é menor que nas bordas, fazendo divergir os raios luminosos e aproximando a
imagem da retina.

Na hipermetropia, o indivíduo forma a imagem depois da retina, o que provoca


dificuldade para enxergar os objetos de perto. Sua correção pode ser feita com o uso de
lentes convexas, cuja espessura no centro é maior que nas bordas; essas lentes fazem
convergir os raios luminosos para a retina.

AUDIÇÃO

Os sons que ouvimos nada mais são do que ondas propagadas pelo ar.

Mas, para que possamos tomar consciência desses sons e de seu significado,
necessitamos de um órgão que decodifique essas ondas: a orelha.

Podemos dividir a orelha, sob o ponto de vista anatômico, em orelha externa, média
e interna.

A orelha externa é composta pelo pavilhão auricular e pelo meato


acústico externo.

O pavilhão auricular é constituído de cartilagem e possui


ondulações para captar melhor o som. Já o meato acústico externo é
um tubo que conduz o som até o tímpano, uma membrana fina que está no fim desse
canal. Além de ser o limite entre a orelha externa e a média, o tímpano é responsável por
captar as vibrações das ondas sonoras.

No meato acústico também existem glândulas que produzem o cerume, um tipo de


cera que serve para proteger a orelha externa de corpos estranhos.

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A orelha média, também chamada de caixa timpânica, é uma câmara que contém
três ossinhos:

O martelo, a bigorna e o estribo. O martelo está em contato com o tímpano e absorve


suas vibrações, transmitindo-as para a bigorna, que as manda para o estribo que, por sua
vez, transmite as vibrações para a orelha interna, onde estão as terminações nervosas
responsáveis pela audição.

A orelha média tem uma abertura através de um longo canal, a tuba auditiva, que
desemboca na faringe. A função desse canal é a de conduzir o ar da faringe para a orelha
média, com a finalidade de manter o equilíbrio entre a pressão da orelha média e a
pressão externa.

Um exemplo comum de distúrbio relacionado a essa diferença de pressão é


observado quando subimos a uma altitude maior do que aquela em que estávamos.
Durante ou após a subida, dependendo da altitude, sentimos surdez e zumbidos no ouvido
porque a pressão externa do ar diminui e a pressão de dentro da orelha média mantém-se
relativamente maior por algum tempo, forçando o tímpano para fora. Também quando
descemos sentimos os mesmos sintomas, pelo processo Inverso: a pressão externa é
maior do que a da orelha média, forçando o tímpano para dentro. Nos dois casos, o
tímpano tem a função prejudicada por estar excessivamente esticado. Não é preciso tomar
nenhuma providência especial, pois o equilíbrio da pressão se estabelece rapidamente e a
orelha volta ao normal. Para amenizar o desconforto, pode-se bocejar ou fazer
movimentos de deglutição,o que provoca uma abertura maior da tuba auditiva na faringe,
comunicando a orelha média com o ambiente e igualando suas pressões.

A orelha interna é formada por duas porções. A primeira é a cóclea ou caracol, que
recebe as vibrações da caixa timpânica e as interpreta por meio de filamentos nervosos
que se reúnem e formam o nervo coclear. A segunda porção é o vestíbulo, formado por
três canais semicirculares que têm grande importância no equilíbrio e na percepção da
posição do corpo. Essa função se deve a um líquido existente no vestíbulo que provoca
estímulos no nervo vestibular, informando ao cerebelo a posição do nosso corpo. O nervo
vestibular se junta ao nervo coclear, formando o nervo vestíbulo-coclear que, por sua vez,
leva esses estímulos nervosos para serem interpretados no cérebro.

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GUSTAÇÃO OU PALADAR

O paladar nos permite distinguir o sabor das substâncias,


alimentares e outras, pelo contato dessas substâncias com os receptores
gustativos que se acham espalhados por toda a superfície da língua.
Esses receptores são as papilas linguais, terminações nervosas
especializadas em sentir o gosto, localizadas em pequenas elevações da superfície da
língua. As papilas linguais podem ser de quatro tipos:

• filiformes, as mais numerosas e semelhantes a fios. Elas têm a capacidade de


reconhecer calor, frio e pressão, mas não identificam o gosto dos alimentos porque são as
únicas que não possuem receptores gustatórios;

• fungiformes, que se apresentam arredondadas, avermelhadas, com formato de


cogumelo;

•vaiadas, também arredondadas e avermelhadas, mas bem maiores do que as


papilas fungiformes. Localizam-se em uma região mais posterior da língua;

• foliadas, pequenas pregas localizadas na língua, sendo pouco desenvolvidas no


homem.

O paladar é capaz de distinguir entre quatro tipos básicos de sabor: o doce, o


salgado, o amargo e o ácido, sendo cada um deles mais bem percebido em uma
determinada parte da língua, na ponta da língua e na porção anterior percebemos melhor
o doce e o salgado; nas regiões laterais, o ácido e o salgado; e no fundo da língua, o
amargo.

O sabor dos alimentos só pode ser percebido pelas papilas se eles estiverem em
estado líquido. Por isso os alimentos sólidos são, em primeiro lugar, dissolvidos pela
saliva, e só depois é que entram em contato com as papilas linguais, causando estímulos
que são recebidos pelos receptores gustativos. Esses estímulos são então levados ao
cérebro pelos nervos facial, glossofaríngeo e vago, de onde vêm as respostas
identificando os sabores.

O sentido do paladar está bastante associado ao do olfato, significando que o sabor

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dos alimentos não é bem percebido se o cheiro também não for. Por esta razão, uma
pessoa com o nariz obstruído não sente muito bem o sabor dos alimentos.

OLFATO

O olfato permite perceber pequenas partículas que são desprendidas dos objetos e
transportadas pelo ar até as fossas nasais, onde são interpretadas como odores. Os
receptores de olfato estão na mucosa nasal olfatória, a parte superior da cavidade nasal
por onde passa o ar durante a inspiração, deixando ali as partículas odoríficas que vão
ativar os receptores. Dali, então, os impulsos nervosos são transmitidos ao cérebro pelo
nervo olfatório.

Quando ficamos resfriados, uma grande quantidade de secreção é produzida pela


mucosa nasal, diminuindo o contato das substâncias
odoríferas com os receptores do olfato. É por isso
que, nessas situações, a nossa percepção olfativa
diminui.

TATO

Pelo sentido do tato podemos perceber várias


características dos objetos apenas pelo toque: sua
forma, seu tamanho, sua posição, sua textura, sua
temperatura. Os receptores do tato, são de diversos
tipos, de acordo com a característica que ele é
capaz de detectar: tato, pressão, dor, temperatura.

Esses receptores estão situados na pele, de onde se comunicam com os nervos


periféricos da região, que levam os estímulos ao cérebro. A maior ou menor sensibilidade
de partes do corpo está relacionada à quantidade de receptores na região. Assim, as
pontas dos dedos são mais sensíveis que as costas porque tem um maior número de
receptores.

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1) Qual a função de Sistema nervoso?

2) Qual o nome das células nervosas? E cite suas partes.

3) Quem faz parte do SNC?

4) Porque os neurônios são tidos como diferenciados?

5) Qual o orgão principal deste sistema e onde se localiza?

6) Cite dois anexos do cérebro.

7) Quais as membranas que revestem o cérebro e onde se posicionam?

8) Explique os orgãos dos sentidos?

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