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Material Teórico
Desenvolvimento dos Sistemas de Jogo do Futebol
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Desenvolvimento dos Sistemas
de Jogo do Futebol
• Regra do impedimento;
• Primeiras variações táticas;
• Formação em WM: a tática revolucionária;
• Seleção húngara de 1954 e a influência no Futebol brasileiro;
• Principais Sistemas de Jogo da Seleção brasileira em Copas do Mundo.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer as principais formações dos Sistemas de Jogo da história do Futebol;
• Reconhecer um processo de construção de conhecimento derivado de intensa
negociação simbólica;
• Compreender a evolução tática no Futebol do século XX.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Desenvolvimento dos Sistemas de Jogo do Futebol
Introdução
Compreender o jogo de Futebol não é uma tarefa das mais simples. Frequente-
mente, somos guiados a interpretar o jogo como uma questão de raça, vontade e
equilíbrio emocional, entre outros.
Não que esses fatores não existam ou sejam menos importantes. Claro que não!
Porém, o que se propõe é interpretar o jogo de Futebol para além disso, como
um jogo em que existem planos, estratégias e táticas racionalizadas visando a uma
eficiência nas partidas.
Sendo assim, podemos analisar esses Planos de Jogo e a forma como as equipes
são montadas e distribuídas em campo para perceber como o Esporte evoluiu em
sua dimensão tática ao longo dos anos. Para isso, é importante entender o conceito
de Sistema de Jogo.
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Importante! Importante!
E não existe nenhuma regra no Futebol que delimita quantos jogadores devem
conter cada setor.
A Regra do Impedimento
O Impedimento é a regra mais complicada de se entender e talvez por isso seja
a que causa mais discussão no Futebol.
Quem não ficou preso à reprise do lance para saber se o atacante que fez estava
ou não em impedimento?
Como na maioria das vezes um dos jogadores necessários a dar condição ao ata-
cante é o goleiro, o segundo jogador será o último jogador de linha mais próximo
à linha de fundo.
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Figura 2 – O Atacante 2 está fora das condições de jogo. O impedimento está claro,
pois no momento do passe, o Atacante 2 receberá a bola somente com um jogador
à sua frente, que é o goleiro. No caso, para ter condições de jogo, o Atacante 1 necessita
estar na mesma linha que o penúltimo jogador de linha, o Defensor 2.
A linha vermelha é a linha de impedimento
Caso o jogador que vai receber a bola esteja posicionado atrás da linha da bola,
não há impedimento.
Figura 3 – O Atacante 2 está em condição legal, pois no momento do passe está atrás
da linha da bola (linha vermelha). Mesmo não havendo dois jogadores à sua frente,
não há impedimento, por se posicionar atrás da linha da bola. O Atacante 2 estaria em
impedimento caso se posicionasse à frente da linha vermelha no momento do passe
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Figura 4 – Condição legal do Atacante 2, pois parte do campo de defesa (área em vermelho),
uma das condições a que a regra do Impedimento não se aplica
Veja na imagem acima que, apesar de não haver dois jogadores entra a linha da
bola e a linha de fundo, o Atacante parte do campo de defesa descaracterizando,
portanto, o impedimento.
https://youtu.be/JNA2f3l9oaE.
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Antes disso, a maneira de jogar Futebol do período estava ainda muito associada
ao Rugby, esporte de longas corridas com a posse de bola, pois o impedimento era
caracterizado para quem ultrapasse a linha da bola no momento do passe.
E apesar da regra do impedimento ter sido alterada em 1866, nos jogos ainda
predominavam as estratégias anteriores, as correrias individuais com a posse de bola.
Repare que há uma clara utilização da estratégia de jogo muito próxima da que
é utilizada no Rugby, no qual o contato físico constante e intenso é permitido.
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Com o 2-3-5, apesar de ficar mantido o desequilíbrio entre defesa e ataque e de
não se romper de vez as corridas advindas do Rugby, há uma clara preocupação
em proporcionar linhas de passe entre os setores do Campo.
Esse jogador recuado ficou conhecido como Centromédio e sua função era de
organizador, para ajudar na saída de bola e distribuir melhor os passes para os
jogadores de frente.
Figura 6 – Sistema de Jogo 2-3-5, conhecido como Pirâmide, por causa do formato
da distribuição de jogadores no Campo
A equipe uruguaia marcou o mundo com uma maneira de entender o jogo que
ficou caracterizada como estilo sul-americano de Futebol, o jogo em espaços curtos
e com toque de bola e dribles.
A final foi contra a Argentina, que também atuou na formação 2-3-5, mais leve
e ágil como a dos uruguaios.
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Importante! Importante!
Sobre o ano da mudança da regra do Impedimento, existem sites e autores que apontam
1925, e não 1924, como citamos no material. Optamos pela última data conforme Cunha
et al. (2009); porém, sabe-se que as alterações começaram a valer no ano de 1925.
Já a Figura 9 ilustra que o atacante tem condição de Jogo quando está posicio-
nado na mesma linha ou atrás do penúltimo jogador de defesa.
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Figura 9 – Impedimento após 1991
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Sebes, influenciado por um estilo escocês de passes curtos, optou por um cen-
troavante com mais mobilidade e velocidade, que recuava até a zona de armação.
Quem fez essa função foi Hidegkuti, ao se juntar aos outros dois Armadores,
possibilitando abrir espaços para pontas e meias se infiltrarem na área.
Apesar de não ter vencido nenhuma Copa do Mundo, os Mágicos Magiares fize-
ram história no Futebol como uma escola de grande riqueza tática e que influenciou
outras escolas de Futebol de outros países.
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Jimmy Hogan é considerado o pai do Futebol moderno e do Futebol total. Suas convicções
sobre o Futebol influenciaram várias Escolas de Futebol, como a brasileira e a holandesa.
Hogan era crítico a um Futebol com ligações diretas e de rigidez táticas excessivas, como
era o Futebol inglês. Gustav Sebes, técnico da histórica Seleção húngara, foi treinado por
Hogan, o que o fez levar suas ideias para a formação dos Mágicos Magiares.
O trabalho de Dori frente ao rubro-negro não durou muito por conta de proble-
mas de relacionamento, do não domínio da Língua Portuguesa e da falta de títulos
no seu segundo ano como treinador. Porém, foi tempo suficiente para que Flávio
Costa assimilasse os métodos e os conhecimentos dele e, ao sucedê-lo no comando
do Flamengo, conquistasse o Tricampeonato carioca entre 1942 e 1944.
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Figura 12 – Sistema de Jogo Diagonal elaborado pelo técnico Flávio Costa. Repare na alteração
do quadrado do meio campo para a formação de duas linhas diagonais
Assim, no Brasil, inicia-se uma transição para o 4-2-4 e, para isso, outro húngaro
tem papel fundamental; trata-se de Béla Guttmann.
Porém, depois da excursão, Guttman ficou no Brasil e foi contratado pelo São
Paulo para treinar a Equipe de grande investimento, com grandes jogadores como
Zizinho, Gino, Maurinho, Amauri e Canhoteiro.
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Sendo assim, o tricolor paulista começou a atuar num 4-2-4 com a cara de Béla
Guttmanm, que foi bem aprendido por seu assistente, Vicente Feola, o treinador da
Seleção brasileira na Copa de 1958.
Então, foi assim que a Seleção brasileira esboçou o seu 4-2-4 na Copa do Mundo
da Suécia, pois seu treinador havia aprendido os princípios do Sistema tático que
Guttman tinha na cabeça ao estar diretamente ligado ao time que Puskás liderou e
fez história em 1954.
Desde então, o peso da camisa 10 ficou para o Ponta de lança, sendo em alguns
momentos mais Armador e em alguns momentos mais ofensivo, como foi o caso
de Pelé e de Zico, emblemáticos camisas 10 da Seleção brasileira.
O Time de 1958 tinha grandes talentos, mas a formação com Pelé e Garrincha
só veio no terceiro jogo, contra a União Soviética. Assim, Feola teve os méritos de
organizar os talentos para o Time funcionar.
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Seleção Brasileira e seus Sistemas de Jogo:
Apontamentos Finais
Como você percebeu, a forma de jogar de um time, de uma seleção, não se trata
de uma imposição de regras ou de seguir preceitos de uma cartilha.
Por exemplo, Coelho (2014) entende que a Hungria de 1954 já jogava no 4-2-4
por conta do posicionamento de Zakarias mais próximo a defesa e do retorno de
Hidegkuti ao meio-campo como Armador.
No caso, neste Material, vamos entender a evolução dos desenhos táticos como
um processo de construção de conhecimento e, como dito, uma negociação inten-
sa acerca das convicções e dos embates simbólicos.
Veja uma matéria do Jornal Folha de São Paulo sobre a forma como jogavam as Seleções
Explor
brasileiras campeãs do mundo. Repare que o Brasil de 1958 é colocado num 4-3-3. Disponível
em: http://bit.ly/2IndFQx
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Figura 14 – 4-3-3 – Sistema de Jogo da Seleção de 1970, tendo nos Meio campistas
liberdade para atacar, principalmente Rivellino, que saía do meio para ocupar a ponta-esquerda
Claro que o Brasil não foi hegemônico, conviveu com outras grandes Seleções
no mundo inteiro. Mas a personificação de um grande Time brasileiro foi a Seleção
de 1982. Reunia tudo que se espera de uma Seleção brasileira: talentos, dribles,
linhas de passe e um grande jogo coletivo.
Porém, o grande Futebol não foi suficiente para ganhar a Copa do Mundo da
Espanha, sendo eliminada pela Itália de Paolo Rossi, que marcou 3 gols no fatídico
5 de julho de 1982.
A partir de então, começou a busca pelo culpado da derrota de uma das melho-
res seleções de todos os tempos.
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O técnico Josep Guardiola, em entrevista, declarou que a Seleção brasileira de 1982 foi ‘‘A
Explor
De fato, o Time de 1982 não tinha Ponta. Os Meias Zico e Sócrates revezavam
pela ponta-direita, mas ambos não tinham as características necessárias da posição.
Quem fazia o jogo pelos lados eram os laterais do Flamengo, Júnior e Leandro.
Grandes laterais ofensivos, sempre apoiavam o jogo pelos flancos. Entretanto, a
consequência era desprotegerem a linha de defesa, com Oscar e Luizinho.
Com a derrota, o Brasil estava eliminado da Copa, mas o Time comandado por
Telê Santana entrou para história do Futebol, assim como a Hungria de 1954 e Ho-
landa de 1974, que encantaram o Planeta com um grande jogo, mas não ganharam
a Copa do Mundo.
Não é possível afirmar que optamos por um ou por outro. De fato, historicamen-
te, o Futebol brasileiro valoriza um estilo de jogo que permite o drible, um jogo de
criatividade que permite o drible, um jogo de criatividade, mais do que um Futebol
de imposição física e disciplinado.
Toledo (2000) lembra que, na década de 1930, o Futebol brasileiro temia enfrentar
adversários que utilizam a charge, o famoso esbarrão ou jogo de corpo mais duro.
No Brasil, esse tipo de jogada era interpretada como faltosa, o que não acontecia
em embates internacionais. Porém, isso fez estimular no Brasil um tipo de técnica
corporal para desvencilhar do adversário, manejando a bola e evitando o contado
corporal direto. E isso ajudou a firmar um jeito brasileiro de jogar Futebol.
Entretanto, não podemos negar que, depois de 1982, imperou como Técnico da
Seleção brasileira um perfil mais pragmático e de “Escola gaúcha”, conhecido por
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ser linha dura, com grande preocupação defensiva e mais preocupado em vencer
do que em jogar bonito, um estilo de jogo mais próximo do europeu.
Apesar de não ser gaúcho, Carlos Alberto Parreira teve sucesso à frente da
Seleção brasileira como treinador ao vencer a Copa do Mundo de 1994, com um
Futebol antônimo ao de 1982.
A seleção de 1994 gostava da posse de bola, trocava muitos passes, mas dava a
impressão de um jogo chato, porque faltava mais infiltração, passes em profundi-
dade, isto é, mais agressividade quando tinha a posse de bola. Foi taxado como um
Futebol excessivamente defensivista e com cara europeia.
Liderado pelo capitão Dunga (gaúcho que viria a se tornar Técnico da Seleção
brasileira na Copa de 2010) e pelo craque Romário, o Brasil, com seu Futebol mais
pragmático, venceu a Itália na decisão por pênaltis, 3x2, depois de jogarem os 90
mais a prorrogação sem abrirem o placar.
Em 2002, o Técnico da vez foi Luiz Felipe Scolari. Assumiu o cargo de Técnico
da Seleção brasileira um ano antes da Copa do Mundo no Japão e na Coreia do
Sul, por seu histórico nos Clubes brasileiros Grêmio, Palmeiras e Cruzeiro, nos
quais ficou conhecido como “Rei das Copas” por vencer torneios como Copa do
Brasil e Libertadores.
Nos Clubes em que passou, Felipão, como é conhecido, treinou suas Equipes
para um Futebol pragmático e competitivo. E foi por esse Futebol que Scolari che-
gou à Seleção brasileira.
Não foi fácil. Felipão testou vários jogadores e várias formações até chegar apro-
ximadamente a um 3-4-2-1. Escalou três Zagueiros para dar liberdade ao trio ofen-
sivo formado pelos talentosíssimos Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo.
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E foi assim que a Seleção brasileira conseguiu vencer a Copa do Mundo de
2002, sem o encanto de 1982, sem sofrer com o excesso de cautela de 1994 e
conquistando sete vitórias em sete jogos, mais o artilheiro da Copa, Ronaldo, com
8 gols.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Entenda de Maneira Resumida a Evolução dos Esquemas Táticos
https://youtu.be/FZ4Sb82myi0
Leitura
A Gênese do 4-2-4 e a Moldura de nossa Escola, Parte I
Matéria excelente para compreender a origem do 4-2-4.
http://bit.ly/2VbSkPI
Entendendo as Primeiras Táticas do Futebol
http://bit.ly/2UHP9jx
Abordagem Sistêmica do Jogo de Futebol: Moda ou Necessidade?
GARGANTA, Júlio; GRÉHAIGNE, Jean Francis. Abordagem sistêmica do jogo de
Futebol: moda ou necessidade? Movimento (ESEFID/UFRGS), Porto Alegre, v. 5, n.
10, p. 40-50, out. 2007.
http://bit.ly/2IrM68D
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Referências
COELHO, Paulo Vinícius. Tática mente: história das copas explicada pelas cabeças
e pranchetas dos treinadores. São Paulo: Panda Books, 2014.
TOLEDO, Luiz Henrique de. No país do Futebol. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
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