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Para uma melhor fixação destes conceitos, as três teorias do conhecimento pedagógico são lembradas
abaixo:
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Nesta aula, vamos fazer uma análise sobre as abordagens conservadoras e a metodologia
tecnicista de ensino-aprendizagem no futebol, lembrando que muitos destes métodos também se
aplicam ao ensino de outras modalidades esportivas coletivas, como, por exemplo, o basquete, o
handebol e o voleibol.
Para entender melhor como se desenvolvem estas abordagens mais tradicionais (conservadoras), veja a
história em quadrinhos abaixo:
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Paulo Freire, pedagogo brasileiro considerado referência mundial em educação, em seu livro Pedagogia
do Oprimido, explica esta relação de ensino-aprendizagem, através do conceito de “Educação
Bancária”, isto porque nesta concepção o professor apenas "deposita" os conteúdos no aluno que os
recebe de forma passiva, sem questioná-los.
De modo a exemplificar estes conceitos, abaixo apresentaremos alguns trechos do episódio "Pernas de
Pau", do antigo seriado americano "Anos Incríveis", que faz uma crítica a esta concepção no ensino do
esporte.
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Percebe-se no trecho selecionado que o professor de Educação Física, através de sua postura
autoritária, tornou o jogo de basquete, que era adorado pelos garotos, uma atividade pouco divertida,
carregada de constrangimentos, broncas e situações desconfortáveis. É evidente que o seriado traz uma
caricatura, em que a crítica é aumentada. Mas será que não há exemplos similares ao apresentado
em nossas escolas e escolinhas de futebol? Será que ao aprender o futebol, os saberes dos
alunos e jovens jogadores estão sendo considerados? Será que estes estão se divertindo?
São perguntas fundamentais a serem feitas quando ensinamos ou treinamos crianças e jovens.
A Metodologia Tecnicista
Como ponto de partida para apresentar e discutir esta metodologia para o ensino e treinamento do
futebol, é importante destacar que toda construção metodológica é concebida a partir de uma
ideologia ou de uma maneira de pensar. As diferentes formas de ensinar e treinar uma
modalidade trazem consigo tanto as características do local e do momento histórico em que
nasceram quanto a forma de “enxergar” o esporte pelos indivíduos que criaram e utilizam
estes métodos. Deste modo, as diferentes metodologias devem ser analisadas e avaliadas a
partir do seu contexto.
Um exemplo deste cenário foi o ensino do Esporte e da Educação Física no Brasil, que durante muitos anos teve uma
grande influência da ideologia militar. Isto faz com que sua metodologia para ensinar paute-se na ordem e na obediência
que se traduzem em filas, movimentos simétricos, entre outros.
Veja abaixo as considerações do destacado especialista em Pedagogia do Esporte, Prof. Alcides Scaglia,
sobre o método tradicional em relação ao ensino e treinamento do esporte:
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A metodologia tecnicista está pautada na ideia do ensino da "técnica perfeita" e no foco de como
fazer o gesto técnico. Por isto, nesta perspectiva, os movimentos (especificamente os gestos técnicos),
são repetidos a exaustão, pois na crença tecnicista a "técnica perfeita" se refletirá no jogo perfeito. Este
conceito advém principalmente das modalidades esportivas individuais nos quais os aspectos
técnicos possuem um significado diferente se comparados aos jogos coletivos, como apresentado
abaixo:
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A seguir, vamos simular uma situação de um modelo de aula para crianças que adota a Metodologia
Tecnicista. Embora a situação apresentada seja hipotética e feita com uma dose de humor com o
objetivo de facilitar a compreensão, trata-se de um exemplo, ainda muito comum de ocorrer. Os adeptos
desta metodologia costumam, de forma consciente ou inconscientemente, dividir sua aula ou treino em
três partes distintas, como segue:
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Veja o vídeo abaixo onde o Prof. Rodrigo Leitão, colunista da Universidade do Futebol e especialista em
metodologia do treinamento no futebol, explica um pouco mais sobre o método tecnicista.
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A esta altura, cabe fazermos as seguintes perguntas:
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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE:
É preciso destacar que não se pretende aqui fazer qualquer tipo de crítica aos professores ou
treinadores que durante muito tempo se utilizaram dos métodos tecnicistas. Esta forma de trabalhar era
o que havia de melhor, tempos atrás.
No entanto, hoje em dia é fundamental que busquemos alternativas pautadas nas mais modernas
concepções teóricas para melhorar a pedagogia utilizada para ensinar o futebol. Outros países
já perceberam as limitações dessas abordagens mais tradicionais e alteraram seus modelos de ensino,
conseguindo resultados positivos.
No Brasil, infelizmente a visão de que aquilo que foi feito no passado é garantia de sucesso para
o futuro, tem contribuído para que, aos poucos, fiquemos para trás na evolução e
desenvolvimento desta modalidade esportiva (quer em termos educacionais, quer em termos de
alto rendimento). Muitos outros países, mesmo não tendo a riqueza de nossa cultura futebolística,
aplicam metodologias cada vez mais avançadas na formação de seus alunos e atletas, levando em conta
muito mais que os aspectos técnicos da prática. É preciso também entender o futebol - e o esporte
de uma maneira geral - como um verdadeiro instrumento de ensino e educação.
Já não estamos mais na época em que apenas bom senso e intuição eram suficientes para garantir o
aprendizado esportivo. Portanto, entendemos que cabe aos profissionais que pretendem
acompanhar o desenvolvimento nesta área, estudar e se atualizar em relação a estes
aspectos didático-pedagógicos e metodológicos.
Com base no modelo da prática tecnicista apresentada (que pode também ser reconhecida como um
prática denominada "analítica*), acompanhe algumas considerações gerais sobre o modelo tradicional
de ensino.
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Para complementar esta aula, assista ao rico depoimento do Prof. Dr. Alcides Scaglia a respeito das
abordagens conservadoras de ensino (citadas no vídeo como tradicionais) e da ruptura com os métodos
tecnicistas de ensino dos esportes coletivos, sobretudo do futebol.
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OBSERVAÇÃO: Para saber mais sobre este assunto recomendamos ler as interessantes colunas dos
Profs. Drs. Rodrigo Leitão e Alcides Scaglia escritas para a Universidade do Futebol:
Considerações Finais
Vimos ao longo desta aula que as abordagens conservadoras se fundamentam no ensino de
conteúdos e técnicas, que, muitas vezes não permitem que o aluno ou jogador seja capaz de
resolver os problemas diante das circunstâncias concretas do jogo. Vimos também que estas
concepções centram-se no professor ou treinador, que "sabe tudo" e apenas "depositam conteúdos" em
seus alunos ou atletas que, por sua vez, nada sabem. Esta relação é conhecida como "Educação
Bancária", conceito desenvolvido pelo educador brasileiro Paulo Freire. Por fim, analisamos alguns
importantes pontos sobre as limitações da metodologia tecnicista e as novas perspectivas na área da
pedagogia do futebol.
Na próxima aula faremos um estudo sobre "os jogos e brincadeiras da cultura lúdica e, em especial,
sobre a importância da "pedagogia da rua" no processo ensino-aprendizagem do futebol no
Brasil.