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ESPORTES COLETIVOS

Unidade 2

PEDAGOGIA DO ESPORTE

A pedagogia do esporte investiga a teoria e prática da organização, sistematização, aplicação e


avaliação de conteúdos e procedimentos pedagógicos em ensino-aprendizagem, especialização
e treinamento esportivo, considerando os diferentes personagens, cenários e significados do
fenômeno esporte (GALATTI et al., 2017). Os objetivos da pedagogia do esporte estão centrados
na pessoa e na sua relação com o ambiente esportivo.

Pedagogia é a ciência que tem como objeto de estudo a


educação, o processo de ensino e a aprendizagem.
MÉTODOS
- No Brasil, a iniciação esportiva recebeu forte contribuição da teoria desenvolvimentista, que
defendia em sua proposta pedagógica a necessidade de aprender as habilidades básicas antes
de aprender as habilidades específicas.

- No final da década de 1970 e início de 1980, o processo de ensino e aprendizagem esportiva


passou a considerar, com base na teoria desenvolvimentista, a importância da aprendizagem e
do desenvolvimento das habilidades primárias, como andar, correr, saltar, entre outras.

Princípios metodológicos atuais

Antes de apresentarmos as possíveis metodologias aplicadas ao ensino de qualquer esporte, é


preciso entender que a iniciação esportiva deve parar de roubar o lúdico das atividades,
valorizando a essência do aluno. Ela deve transcender a aprendizagem de uma técnica
preestabelecida e permitir a manifestação original de novas formas de movimento, valorizando
mais a intenção do arremesso do que a sua técnica, mais a solidariedade do passe do que a sua
funcionalidade, mais a emoção da cesta do que sua importância numérica. Assim, a iniciação
esportiva deve cobrar menos e permitir mais (SANTANA, 1996).

OBSERVAÇÃO...

Uma das principais características dos modelos tradicionais de ensino do esporte é a


centralização na técnica, em que os métodos de ensino e treinamento baseados no princípio
analítico-sintético levam a uma busca pela reprodução de modelos e repetição de movimentos
para a automação e mecanização do gesto. O princípio analítico-sintético propõe o ensino, a
vivência e a aprendizagem do esporte a partir do exercício de habilidades isoladas, com ênfase
na repetição de tarefas para aprimoramento técnico (as denominadas sequências pedagógicas),
que deve preceder a prática do jogo formal. Neste modelo, para o ensino do futebol, por
exemplo, o profissional deveria separar os elementos que compõem esta modalidade
(fundamentos esportivos) e praticar cada um deles individualmente, a fim de primeiro
aperfeiçoar a técnica de execução.

Vamos conhecer os métodos Analítico-sintético e Global-funcional


Analítico-sintético
Esse princípio parte da ideia central de ensinar as habilidades e os fundamentos de uma
determinada modalidade mediante a repetição de exercícios separados do contexto do jogo
formal em que se aprende a praticar os fundamentos para depois jogar.

Problemática
Um dos problemas evidentes nesse método é que, ao utilizá-lo prioritariamente, os professores
retardam a abordagem do jogo (método global), até que os alunos consigam realizar o
fundamento técnico. É preciso salientar que muitos alunos nesta fase não conseguirão executar
os gestos técnicos, e assim, ao insistir nesse método, o professor poderá não oportunizar outras
formas de aprendizagem gratificantes (GARGANTA, 1998).

O princípio analítico-sintético, segundo López (2002) e Paes (2009), tem como carateríticas:

• excessiva repetição de movimentos estereotipados;


• inibe conflitos presentes nas situações do jogo;
• favorece a correção e a avaliação de uma determinada técnica;
• tende a não atender aos interesses da criança de jogar;
• separa a técnica da tática;
• desfavorece experiências de jogo;
• treina-se a técnica fora do contexto do jogo;
• fora do contexto do jogo, pode possibilitar mais rapidamente o êxito na execução de
determinados
fundamentos (o que não garante o mesmo êxito no momento de aplicar o fundamento numa
situação de jogo)

O termo analítico é também conhecido na literatura como por partes.

Global-funcional
O princípio global-funcional apoia-se em cursos de jogos, ou seja, partindo de jogos menos
complexos o aluno experimentaria diversas situações-problema semelhantes às do jogo formal,
tendo melhores condições de interagir com sua imprevisibilidade. Nesse princípio, tanto as
questões táticas como as técnicas do jogo coletivo são aprendidas e vivenciadas por meio de
jogos (PAES, 2005).

Sua caraterísticas são:


• técnica e tática desenvolvem-se simultaneamente;
• tende a atender ao desejo da criança de jogar;
• as habilidades e os fundamentos são aprendidos dentro do contexto do jogo;
• favorece experiências de jogo;
• tende a desfavorecer as relações do aluno/jogador com a bola;
• pode agravar que determinados fundamentos sejam aprendidos e fixados de forma “erronia”;
• trabalha simultaneamente com muitas informações, podendo reduzir o entendimento do que
é
mais ou menos importante para o jogo.

Problemática
Assim sendo e considerando que as pessoas aprendem por meios diferenciados, não se
recomenda a escolha de um único método de trabalho, mesmo porque não há um único método
capaz de abranger a complexidade de um jogo como o basquetebol. Sugerimos que o
técnico/professor conheça os diversos métodos e compreenda seus princípios para que, de
acordo com sua filosofia de trabalho, possa criar um método que seja compatível com as
necessidades e os objetivos do grupo com o qual trabalha, considerando sua faixa etária e o nível
de compreensão do jogo, a fim de que sejam atendidas as questões técnicas e físicas do jogo,
assim como as questões cognitivas, afetivas e sociais de quem joga.

A pedagogia do esporte investiga a organização, sistematização, aplicação e avaliação de


conteúdos e procedimentos pedagógicos nos processos de ensino-aprendizagem,
especialização e treinamento esportivo.

UM BÔNUS PARA VOCÊS!

Brincadeiras e jogos (método global)

Pega-pega do abraço: estipula-se um numero de pegadores perante o


numero de alunos (pegadores fixos). Alunos dispostos pela quadra, andando
livremente. Ao comando, os pegadores tentarao pegar sempre utilizando a
caminhada. Para nao serem pegos, os alunos deverao procurar um colega e
abraçar. Apos abraçar um colega, e obrigatorio procurar outro colega
(Pode-se aumentar o numero de pegadores cada vez que um aluno for pego).
Objetivos: andar em varias direçoes; sociabilizaçao; desenvolver a atençao.

Pega-pega bruxa (pedra): determina-se uma quantidade de pegadores de


acordo com o numero total de alunos. Estes deverao pegar a maior
quantidade de pessoas com o objetivo de transformar todo o grupo em
“pedra”. Os alunos que fugirem dos pegadores tem por objetivo nao virarem
“pedras”, mas caso sejam pegos, deverao agachar imitando a posiçao de uma
pedra. Para voltarem a brincadeira, um colega devera saltar por cima da
“pedra”.

Objetivos: saltos; corridas com paradas bruscas; fintas; mudança de


direçao;tomada de decisao; trabalho em equipe; cooperaçao.

Considerando os modelos pedagogicos tradicional e moderno, reflita acerca


das suas experiencias na infancia e adolescencia durante a aprendizagem e
veja se e capaz de classificar qual foi o modelo pedagogico usado.

Com a compreensão sistêmica dos JECs, se altera a forma de ensino. A partir de então, não
bastam mais metodologias que proponham apenas exercícios com tarefas fechadas e repetição
de movimentos predeterminados pelo professor/treinador: o aprendiz/praticante passa a ser o
centro do processo de ensino-aprendizagem e é quem tem maior poder decisório no sistema.
Ele é quem deve ser capaz de interagir com a complexidade, instabilidade, intersubjetividade
dos demais elementos. Portanto, não só o sujeito nem só o meio são os responsáveis pela
aprendizagem e desenvolvimento esportivo, mas a interação entre estes elementos.

TÉCNICA E TÁTICA NOS JOGOS ESPORTIVOS COLETIVOS


Vamos entender o que é TÉCNICA E TÁTICA...

TÉCNICA

A técnica é uma ação motora composta por movimentos coordenados e organizados que
resultam em um gesto motor preciso e eficaz.

Considerando o contexto do esporte, a técnica de determinada modalidade abrange os gestos


motores específicos que compõem as ações necessárias para que o jogo aconteça de acordo com
as regras.

Os gestos técnicos (fundamentos) são as ferramentas que o aprendiz/jogador possui para


resolver tarefas e problemas dos jogos.

TÁTICA

A tática são os processos psicocognitivos e motores que embasam a tomada de decisão e o


planejamento de estratégias e ações do indivíduo no contexto do jogo. A tática é o processo
decisório ou o sistema de planos de ação que desencadeia escolhas direcionadas à obtenção de
uma meta no jogo.

- A tática INDIVIDUAL é o processo decisório ou o sistema de planos de ação que desencadeia


escolhas direcionadas à obtenção de uma meta no jogo.

- Tática de GRUP0 envolve ações coordenadas entre dois ou três jogadores, e é composta por
uma sequência de atos individuais conforme o objetivo e os elementos de organização do jogo.

- Tática COLETIVA são as ações de três ou mais jogadores conforme o plano de ação, de acordo
com as regras do jogo.

SE LIGA...

Tecnica e tatica sao indissociaveis e nao se manifestam de maneira isolada.

O processo de treinamento tecnico nao pode se restringir a repetiçao isolada


dos fundamentos específicos. Devem ser considerados metodos que
possibilitem ao aprendiz criar novas possibilidades de movimento ou
selecionar dentre diferentes tecnicas aquela mais adequada para o contexto
do jogo.

ESSA INFORMAÇAO ACIMA, PODE SER APLICADA NA MUSCULAÇAO?

DEVE!!!!!!!!
A pedagogia tradicional prioriza inicialmente o aperfeiçoamento do gesto técnico através da sua
repetição isolada e descontextualizada do jogo. Por sua vez, a pedagogia moderna – que entende
o jogo como um fenômeno complexo de partes indissociáveis – organiza a prática oferecendo
situações de jogo nas quais é necessário um processo decisório que antecede a execução da
técnica (gestos/fundamentos) para resolver os problemas e alcançar as metas dos jogos.

EXEMPLO DE APLICAÇÃO
Considerando os modelos pedagógicos tradicional e moderno, reflita acerca das suas
experiências na infância e adolescência durante a aprendizagem dos JECs e veja se é capaz de
classificar qual foi o modelo pedagógico usado.

MODELOS PEDAGÓGICOS
Pedagogia da rua

Durante muito tempo a rua foi o cenário informal pedagógico dos processos de aprendizagem
dos jogos e dos esportes coletivos. Crianças e adolescentes tinham uma rotina de prática lúdica
e criativa de jogos e brincadeiras que desenvolviam habilidades e competências. Essa prática
é atualmente nomeada pedagogia da rua, termo inicialmente cunhado por João Batista Freire
(2011) em seu livro sobre o futebol brasileiro. A rua oferecia naturalmente uma diversidade de
situações-problema cuja resolução demandava espontaneidade. Como aponta Scaglia (1999,
p. 1), “as crianças cresciam jogando futebol, ou melhor brincando de bola, o que fez (e ainda
faz) muitas pessoas acreditarem que esses meninos já nasciam sabendo jogar, como um dom
herdado de um ser divino, ou de uma benção genética”.

A partir desta prática se desenvolveu a ideia de que o brasileiro tinha uma habilidade inata
para jogar futebol, quando na realidade a professora era a rua. No entanto, com o passar dos
anos a sociedade se reestruturou de uma forma que impediu a pedagogia da rua de se
manifestar, principalmente nas zonas mais urbanas. Consequentemente, estes espaços
deixaram de existir e essa prática foi pouco a pouco sendo esquecida. As ruas asfaltadas
passaram a ser vias de trânsito, terrenos baldios foram substituídos por prédios, e os poucos
locais que ainda existem para estas práticas, geralmente nas periferias, muitas vezes sofrem com
a violência exacerbada e o tráfico de drogas.

Uma diferença fundamental entre a pedagogia da rua e a das escolinhas de esporte é a


ludicidade.

INTERESSANTE...
Muitos estudos científicos mostram que a habilidade e a criatividade surgem na infância, para
depois serem aprimoradas. O menino precisa brincar com bola, sem compromisso, […] para
depois aprender a técnica, a tática, o jogo coletivo e as posições do campo. A liberdade de
brincar, e não os campos de terra, é que era importante. As atuais escolinhas, de clube ou não,
costumam fazer o contrário: ensinam aos meninos as regras e os comportamentos padronizados
antes mesmo de desenvolverem a habilidade e a criatividade e antes de terem um
desenvolvimento psicomotor adequado.

Crianças em escolinha de futebol

A pedagogia da rua é um ambiente informal de aprendizagem. Segundo Machado et al. (2019),


suas principais características são:

• familiarização com a bola;

• adaptação dos aspectos estruturais e funcionais do jogo;

• variedade na exploração de problemas e soluções táticas e motoras;

• reduzido fornecimento de feedback e instrução;

• manifestação do prazer pelo jogo;

• erro como importante componente da aprendizagem;

• ausência de adultos intermediando a prática.


CONTINUANDO...

Com relaçao as adaptaçoes dos aspectos estruturais e funcionais do jogo, e


possível perceber que as crianças procuram criar jogos/brincadeiras de bola
de acordo com o numero de jogadores e local disponíveis. Portanto, os jogos
tendem a ocorrer em espaços reduzidos, com poucos jogadores e geralmente
com regras adaptadas, sendo influenciados pelas interaço es estabelecidas
pelos praticantes com o contexto específico do jogo.

Os jogos da rua parecem ser uma rica atividade que contribui para a
aprendizagem de habilidades e competencias. A pratica de diversos
jogos/brincadeiras com bola, em diferentes contextos, permitira a criança
explorar muitas situaçoes de jogo, repletas de imprevisibilidade e
aleatoriedade, o que a estimula a se adaptar.

Um dos grandes problemas dos ambientes formais de aprendizagem do esporte é o


excesso de feedback, que pode formar jogadores dependentes desta prática. Na
pedagogia da rua, a redução ou mesmo a ausência de instrução e feedback extrínseco
parece contribuir para que as crianças tenham mais autonomia para perceber e resolver
os problemas que emergem no jogo. Por outro lado, o feedback interrogativo pode
potenciar a exploração das fontes de informação contidas no contexto, contribuindo
para uma melhor análise, reflexão e entendimento do jogo. Portanto, essa exploração
do contexto em busca da percepção de informações contribuirá para a emergência de
soluções para os problemas de jogo, estimulando a autonomia e a criatividade dos
jogadores. Além disso, o prazer e a motivação para o jogar por si só parecem
potencializar o processo de aprendizagem.
Pedagogia não linear

ENSINO DOS ESPORTES COLETIVOS NA INICIAÇÃO E NO ESPORTE DE


RENDIMENTO

A pedagogia e a ciencia do esporte se ocupam da pratica esportiva em todas


as suas manifestaçoes e durante todo o ciclo de vida do indivíduo, começando
pela iniciaçao esportiva (que não considera apenas a criança como
possível agente, mas todo e qualquer iniciante na prática dos jogos e
esportes), passando pelo esporte escolar, pelo rendimento esportivo e
chegando a pratica esportiva durante o envelhecimento.

Iniciaçao e o primeiro contato sistematizado do aprendiz com uma


modalidade esportiva mediada por um professor/treinador, a fim de dominar
os fundamentos e desenvolver autonomia para a pratica esportiva.

Hoje em dia abrange mais pessoas, acolhendo todo indivíduo que esteja nos
momentos iniciais da pratica esportiva, independentemente do momento
vital (infancia, juventude, adolescencia, fase adulta ou terceira idade) ou da
sua performance.

A tarefa da pedagogia do esporte neste contexto de ensino, nao e


simplesmente ensinar os gestos motores pertinentes a cada modalidade. O
esporte deve ser uma ferramenta de desenvolvimento humano.
Aprender um esporte, seja qual for, é bom quando os conteúdos propostos em
uma aula (treino), independentemente do cenário (escola, clube, escolinha ou
rua), se generalizam para a vida. Neste sentido, os procedimentos da prática
em um processo comprometido com o desenvolvimento humano devem
considerar alguns princípios, como:

• tratar a competição (se houver) de modo que apoie o desenvolvimento


infantil;

• investir no reconhecimento das diferenças entre os iguais;

• investir na construção da autonomia do aprendiz.

SE LIGA...
NEM TODOS OS INICIANTES SERÃO ATLETAS PROFISSIONAIS DE ALGUM
ESPORTE. MUITOS ESTÃO ALI APENAS PARA APRENDEREM UMA
MODALIDADE ESPORTIVA PARA DESENVOLVER AS SUAS CAPACIDADES
FÍSICAS E MOTORAS.

Garantindo estas praticas, a revelaçao de talentos, tao almejada por tantos


profissionais do esporte, pode ser uma consequencia, mas nao a causa.

Escolinhas são locais de iniciação esportiva, geralmente definida por


uma modalidade específica para a prática

Uma pergunta pra voces...

No esporte, as crianças devem se frustrar?

Treinamento especializado
Para o treinamento especializado, que se preocupa com a preparaçao
tecnico-tatica, a pedagogia do esporte moderna sugere um trabalho tambem
diferente daqueles praticados nos metodos analíticos. A pedagogia do
treinamento na etapa de especializaçao considera que o atleta ja escolheu
uma modalidade na qual se especializar. No entanto, ainda assim este atleta
deve receber estímulos diferenciados, em uma aprendizagem específica e
constante que ofereça um rico repertorio de situaçoes contextualizadas a
modalidade escolhida.

Em geral, de acordo com varias metodologias propostas, e sugerido que a


especializaçao aconteça apos os 14 anos de idade (GRECO; BENDA, 1998;
KROGER; ROTH, 2002; SANTANA; PAES; BALBINO, 2005). Nesta idade, os
gestos tecnicos passam do estagio específico geral para o estagio
especializado, de acordo com a literatura (GALLAHUE; OZMUN, 2005). Alem
disso, nesta idade os picos de velocidade do crescimento ja foram atingidos
tanto pelos meninos quanto pelas meninas. Considerando o desenvolvimento
fisiologico e o amadurecimento dos sistemas, aos 14 anos, para a maioria dos
adolescentes, ja terminou o processo de maturaçao sexual responsavel pela
regulaçao dos hormonios sexuais (estrogenio e testosterona), que sao
fundamentais no processo de aperfeiçoamento das capacidades físicas e
tecnicas. Assim, durante a especializaçao em uma modalidade, o aprendizado
anterior e aperfeiçoado, mas com maior intensidade e dedicaçao exclusiva nos
treinamentos e competiçoes. Mesmo nesta etapa, exercícios gerais sao
bem-vindos no treinamento tecnico-tatico, mas devem sempre ser
desenvolvidos em situaçoes de jogo, mantendo o contexto, as características
de cooperaçao e oposiçao e a imprevisibilidade.

Alem desses, os exercícios específicos (aqueles que simulam as situaçoes da


competiçao) devem ser usados para aperfeiçoar a tecnica (fundamentos), mas
tambem devem ser aplicados em situaçoes de jogo. E muito interessante que
tais atividades aconteçam em contextos de jogos reduzidos, em situaçoes
taticas como 2 × 2, 3 × 3, ou ainda com uso de apoios (coringas, que sao
jogadores que integram a equipe atacante mas nao podem realizar açoes
diretas a meta do jogo, seja cesta, gol ou outra).

Os exercícios competitivos, por sua vez, em geral envolvem situaçao numerica


semelhante, como no caso do handebol 6 × 6 e no basquete 5 × 5. Tambem e
interessante trabalhar em situaçoes de inferioridade/superioridade
numerica (5 × 4 no basquete ou 6 × 5 no handebol), pois sao frequentes nas
competiçoes. O uso destes contextos de jogos menores, como 2 × 2 ou 3 × 3, e
chamado metodo situacional, pois simula situaçoes de jogo.

Durante o programa de aperfeiçoamento do treinamento ainda é importante


oferecer diversas situações, podendo coexistir vários métodos. São eles:

• jogos situacionais (escola da bola);


• método analítico (repetição do gesto técnico);
• método situacional (iniciação esportiva universal).

Apesar das críticas que a literatura apresenta a cada um destes métodos,


seja para seu uso na iniciação esportiva, seja para o aperfeiçoamento
técnico-tático, a combinação dos aspectos positivos de cada metodologia
sempre agrega. Tendo em vista que todos os métodos são relevantes e têm
pontos positivos para determinado contexto, o professor/técnico somente
tende a se beneficiar com o conhecimento das características de cada um
deles, tornando sua aula/treino mais diversificada e motivando os
aprendizes.

Por exemplo, o professor pode lançar mão dos jogos situacionais lúdicos
propostos na metodologia escola da bola em situações como o aquecimento
no treino de aperfeiçoamento ou mesmo como recurso lúdico motivacional.
Mesmo os métodos analíticos de repetição dos movimentos não precisam ser
absolutamente descartados – mas não podem dominar o tempo dedicado às
práticas, e os movimentos precisam ser contextualizados. Uma vez que sejam
feitas as adaptações necessárias, o gesto motor pode ser repetido.

No treinamento tatico, busca-se desenvolver os sistemas mais complexos,


tanto ofensivos quanto defensivos (individuais e coletivos), em simulaçoes o
mais proximas possível das situaçoes reais de competiçao. Neste contexto, a
tatica vai sempre depender da competencia física e tecnica e do pensamento
estrategico.
Iniciação esportiva universal

Fase pré-escolar

Esta fase abrange a faixa etária dos 2 aos 5 anos de idade, dita dos movimentos
fundamentais, como cunhado por Gallahue (1982). Nesta etapa, o professor
deverá oferecer uma vivência diversificada de movimentos, sem exigir um
padrão ideal. É uma etapa totalmente aberta, na qual não há movimento
errado.

Deve-se oferecer atividades básicas de deslocamento, equilíbrio,


acoplamento, esquema corporal, relação espaçotemporal, entre outras que
são prioritárias e devem preferencialmente ser apresentadas em formas
jogadas, como jogos de imitação e perseguição.

Fase universal

Abrange dos 6 aos 12 anos. É a fase mais ampla e rica da formação esportiva.
A frequência média das atividades extracurriculares esportivas não deve
ultrapassar três vezes por semana, para não interferir em outros interesses
que a criança possa manifestar. O professor deve desenvolver todas as
capacidades motoras e coordenativas da criança de forma geral, criando uma
base ampla e variada de movimentações que ressaltem o aspecto lúdico.

O ensino-aprendizagem-treinamento deve ser administrado conforme a


idade e o nível de experiência motora, especialmente no período final da fase,
dos 10 aos 12 anos. Algumas crianças, a depender do contexto em que vivem,
têm contato com atividades esportivas nas ruas, escolinhas ou clubes. No
entanto, outras crianças menos favorecidas pela estrutura socioeconômica
não têm a mínima experiência motora, e seu desenvolvimento motor pode
estar comprometido. Assim, deve ser considerado o nível de desenvolvimento
motor para a eleição das atividades a serem oferecidas.

Para a faixa etaria de 4 a 6 e de 11 a 12 anos, o jogo deve ser um elemento


didatico-pedagogico oferecido conforme as características
desenvolvimentistas da criança. Assim, crianças de 6 a 8 anos devem trabalhar
com jogos de perseguiçao, estafetas, jogos de relevos, entre outros. Ja crianças
de 8 a 10 anos podem começar a desenvolver jogos coletivos, atraves de jogos
reduzidos, de iniciaçao e, em alguns casos, pre -desportivos.

Jogos de perseguiçao sao, por exemplo, pega-pega e polícia e ladrao.

Fase de orientação

Esta etapa se inicia por volta dos 11-12 anos e abrange até os 13-14 anos.
Recomenda-se por volta de 3 encontros semanais para atividades
curriculares e extracurriculares sistemáticas, com duração média de 60 a 90
minutos cada. A partir deste momento grande parte dos movimentos
começam a se automatizar, liberando a atenção do praticante para a
percepção de outros estímulos simultâneos à ação que está sendo realizada.

Partindo do rendimento alcançado na fase anterior, deve-se procurar


desenvolver e aperfeiçoar as capacidades físicas e técnicas. É importante
destacar que se deve ter como um dos objetivos a iniciação do
desenvolvimento da técnica de forma global, procurando sua
automatização-estabilização sem insistir na perfeição dos gestos, que
devem ser variados. Ou seja, devem ser oferecidos jogos que incentivem a
criança a aplicar técnicas de movimento específicas do esporte, porém sem
um alto nível de perfeição gestual.

O aperfeiçoamento da coordenação de movimentos das capacidades senso


perceptivas pode ser concretizado através do desenvolvimento das
capacidades táticas gerais (aquelas que são comuns a todos os esportes
coletivos, tais como tabela, cruzamentos, bloqueios ou corta-luz, entre
outras). Assim começa a ser delineada a finalização do processo de iniciação
esportiva.

Fase de direção

Inicia-se por volta dos 13-14 anos e abrange até os 15-16 anos. A frequência
de atividades extracurriculares formalmente planejadas deve ser de
aproximadamente 3 vezes por semana para não entrar em conflito com
outros interesses dos jovens. Pode-se começar com o aperfeiçoamento e a
especialização técnica em uma modalidade esportiva, mas é importante
destacar que o ideal seria que o jovem participasse de 2 ou 3 modalidades.
As técnicas podem ser trabalhadas na forma de exercícios, com diversidade
variada.

OBSERVAÇÃO:
Consideramos que no final desta fase, seja na escola, em atividades
curriculares ou extracurriculares, seja no clube, o jovem ou adolescente tera
um acervo motor que lhe permitira (conforme seus interesses) escolher a
pratica e o treinamento da modalidade visando o rendimento esportivo.

Fase de especialização
Esta etapa continua a sequência evolutiva do jovem adolescente. Inicia-se
aos 15-16 anos e abrange até os 17-18 anos, idade em que, em média, o
jovem conclui o segundo grau. A média de atividades extracurriculares,
programadas de forma sistemática para o processo de treinamento, deve
ser de três encontros semanais, cada um com 90 a 120 minutos de duração.

Este é o momento de concretizar a especialização na modalidade escolhida


pelo indivíduo, que passa a se considerar atleta. O profissional deve
promover o aperfeiçoamento e a otimização do potencial técnico e tático
do esportista, cuja participação em competições deve aumentar
sensivelmente. Esta etapa tem duração de 2 a 4 anos, e é a primeira fase de
direcionamento para o esporte de alto nível.
Fase de aproximação/integração

Abrangendo dos 18 aos 21 anos, esta fase pode ser considerada o momento
mais importante na transição do jovem para uma possível carreira
esportiva. Aqui será definido se será possível visar o esporte de alto
rendimento e a profissionalização. A fase de crescimento encontra-se quase
finalizada, ficando determinado o biótipo corporal e os traços do seu perfil
psicológico. Estes fatores somados fazem com que o momento da decisão
para o esporte de alto nível, ou o esporte de lazer ou em níveis de
rendimento, seja relativamente reduzido. Nesta fase, além do trabalho de
aperfeiçoamento e otimização das capacidades técnicas, táticas e físicas, é
importante conceder um bom tempo à otimização das capacidades
psíquicas e sociais.

Fase de alto nível

A estabilização e o domínio técnico, tático, psíquico e social atingido na fase


anterior serão aprimorados, tendo em conta um significativo aumento do
volume, da intensidade e da densidade das cargas de treinamento.
Fase de recuperação/readaptação

Nesta fase visa-se readaptar o ex-atleta à sociedade, bem como aplicar


atividades físicas e programas adequados que contribuam para o
destreinamento gradativo, conduzindo-o ao esporte como forma de
beneficiar a saúde.
Procura-se adaptar os parametros fisiologicos para evitar problemas de
saude, ou seja, para se adaptar a uma vida comum. Um programa de
readaptaçao deve ser planejado sob supervisao medica. Quando se projeta um
programa semelhante, deve-se considerar as necessidades de cada atleta, sua
anamnese, condiçoes medicas atuais, capacidades funcionais, entre outras.
Objetivos realistas devem ser determinados, considerando as limitaçoes de
tempo, espaço e interesse do proprio atleta.

Fase de recreação e saúde

O conhecimento das experiências passadas e presentes em atividade física


e uma avaliação cuidadosa da adaptabilidade individual em realizar
esforços devem proporcionar a estrutura básica da formulação de
programas de atividade física que assegurem os efeitos positivos na
manutenção da função fisiológica durante o envelhecimento. Este deve ser
gentil e condizente com as características do indivíduo e do grupo.
O jogo como atividade central pode manter o desenvolvimento das
habilidades táticas (aspectos cognitivos importantes de serem
constantemente estimulados durante o envelhecimento).

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