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METODOLOGIA

DOS ESPORTES
COLETIVOS E
INDIVIDUAIS
UNIDADE IV
Abordagens Gerais
do Ensino Esportivo e
as Práticas Esportivas
Alternativas
Luciano Bernardes Leite
Abordagens Gerais do Ensino
Esportivo e as Práticas Esportivas
Alternativas

Introdução
Nesta unidade, compreenderemos as abordagens gerais do ensino esportivo e as
principais metodologias que auxiliarão no processo de ensino e aprendizagem
dos esportes coletivos e individuais. Além disso, conheceremos a importância das
práticas esportivas alternativas e alguns exemplos dessas práticas.

Objetivos da Aprendizagem
Ao final do conteúdo, esperamos que você seja capaz de:

• Conhecer as abordagens gerais de ensino das práticas esportivas alternati-


vas.
• Conhecer as práticas corporais alternativas.

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Fundamentos de Ensino, Aprendizagem e
Desenvolvimento por Meio do Esporte
Sabe-se que a prática esportiva é um importante instrumento educacional que
busca principalmente o desenvolvimento integral de crianças, jovens e adolescentes.
Desse modo, as práticas esportivas devem ser inseridas no contexto escolar para
que todos os benefícios dessas práticas sejam alcançados. No entanto, o ato de
ensinar qualquer modalidade esportiva não é fácil, há a necessidade de se aprender
sobre as diversas metodologias de ensino e aprendizagem dos esportes coletivos e
individuais. A seguir, mostraremos essas metodologias e quando e como utilizá-las
no dia a dia.

Questões Gerais para o Ensino nos Esportes Individuais

As modalidades esportivas individuais são práticas corporais competitivas e


regulamentadas organizadas por associações ou federações em que os jogadores
competem sozinhos. Portanto, há diversas tarefas que devem ser cumpridas para
alcançar os objetivos. Além disso, o atleta dessas modalidades precisa ter diversas
habilidades individuais para obter sucesso dentro desses esportes (PASSOS-
SANTOS, 2019). Sendo assim,

[…] o atleta tem que “se virar” sozinho para se desempenhar bem durante
uma partida ou prova. Mas atenção! Existem esportes que possuem
algumas provas (ou modalidades) coletivas e outras individuais. No
atletismo, por exemplo, existe a corrida dos 4×100 metros (coletiva) e
a prova dos 800 metros rasos (individual). O tênis tem a modalidade de
duplas (coletiva) e simples (individual). A maioria das provas do remo é
coletiva (em duplas, quartetos e tem a prova oito com timoneiro que, além
dos oito remadores, tem mais um que só fica ajudando a orientar o barco),
apenas uma das provas do remo é individual (sigleskiff). Além desses,
há outros tantos casos parecidos no mundo dos esportes (GONZÁLEZ;
BRACHT, 2012, p. 20).

Dessa forma, é necessário compreender que dentro de cada esporte há um meio


ou uma forma determinada de ensinar a modalidade esportiva individual. Cabe
ao professor saber definir o melhor método a aplicar em suas aulas, percebendo
como seus alunos se adaptarão a esses métodos, para que todos os benefícios das
modalidades esportivas individuais sejam alcançados com sucesso.

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Natação

Fonte: Pixabay (2023).


#pratodosverem: imagem de um nadador em uma piscina olímpica, exemplo
de modalidade esportiva individual, natação.

Quanto às características dos esportes individuais, em geral, exigem ações


cooperativas, são centrados em provas que podem ter caráter previsível de ações
motoras de acordo com a modalidade. Além disso, esses esportes proporcionam
menor interação entre os sujeitos quando comparados aos esportes individuais. As
modalidades individuais possuem como foco o rendimento individual do atleta, por
isso o seu ensino é centrado nas técnicas individuas e o foco principal é o refinamento
das habilidades motoras específicas (técnica) e dos movimentos técnicos com um
elevado grau de dificuldade (PASSOS-SANTOS, 2019).

Questões Gerais para o Ensino dos Esportes Coletivos

Existem inúmeros métodos de ensino dos esportes coletivos que contribuem para
o seu ensino. No entanto, surge sempre uma questão sobre esses métodos: “Será
que eles são eficazes?”. Essa resposta ainda não é passível de conformação, pois
para que esses métodos sejam eficazes é essencial que o professor domine cada
um deles de forma aprofundada, por isso a sua eficácia depende da pessoa que está
ensinando sobre determinado esporte (PASSOS-SANTOS, 2019).

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Crianças jogado futebol

Fonte: Pixabay (2023).


#pratodosverem: crianças durante um jogo de futebol, um exemplo de modali-
dade esportiva coletiva.

Dessa forma, para que nossas aulas sejam planejadas e executadas de uma forma
ideal, precisamos compreender as estratégias de ensino dos esportes tradicionais,
pois essas metodologias auxiliarão no processo de ensino e aprendizagem dos jogos
coletivos e fazendo com que as aulas despertem uma motivação extra dos alunos.
No tópico a seguir, discutiremos, de forma mais aprofundada, essas estratégias de
ensino e aprendizagem dos jogos coletivos.

Estratégias para Ensino dos Esportes Coletivos

Em relação às estratégias de ensino dos esportes, em um estudo realizado por Vancini


et al. (2015), ao fazerem uma revisão de literatura sobre as estratégias de ensino dos
esportes individuais e coletivos, verificou-se que nas modalidades individuais não
há muitos estudos sobre essa temática, pois esses esportes são caracterizados pelo
desenvolvimento da tática individual e o refinamento das habilidades motoras, já nos
esportes coletivos há diversas estratégias encontradas na literatura. As principais
estratégias encontradas foram: exercícios analíticos e sincronizados; brincadeiras;
situações de jogo; jogos pré-desportivos, reduzidos e formais. Lembre-se de que

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todas essas metodologias foram mostradas na Unidade 1, por isso não vamos
descrevê-las aqui.

Ainda em relação aos métodos de ensino dos esportes coletivos, observa-se a


presença de métodos tradicionais como: global, analítico e misto. No entanto,
como o próprio nome já diz, todas essas metodologias citadas anteriormente se
contrapõem às mais recentes que são utilizadas para o processo de construção do
ensino esportivo (PASSOS-SANTOS, 2019).

Atenção
Professores que empregam as metodologias de ensino tradicionais
justificam a utilização pelo comodismo e pelas condições
oferecidas (econômicas) (PASSOS-SANTOS, 2019).

Em outro estudo realizado por Casagrande (2012), que também fez uma revisão sobre
métodos de ensino dos esportes coletivos, o autor observou que além dos métodos
tradicionais, há também outros que o autor considera métodos “ativos”. O quadro a
seguir mostra esses métodos.

Métodos de ensino dos esportes coletivos considerados ativos

Nomenclatura Autor Definição


Tem influências do Teaching Games for
Understanding (TGFU). As habilidades motoras e
a aprendizagem da tática são inseridas no jogo,
sempre com um problema tático coligado. Podem
Táticos (Tactical Mitchell, Oslin e
ser utilizados aspectos de outros métodos, porém
Games) Griffin (2006)
há uma sequência: um problema tático; a vivência
da questão levantada; os questionamentos e a
reflexão e, caso haja necessidade, é reiniciada a
sequência.

Apresenta grande avanço nas discussões de


estruturas comuns nos jogos coletivos, pois
transfere princípios operacionais, regras e
Modelo Pendular Claude Bayer
experiências motoras no desenvolvimento técnico.
(Transfert) (1994)
Por técnica, é considerado o como fazer; e a
tática, o porquê fazer, ambas são intimamente
relacionadas.

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Nomenclatura Autor Definição
Iniciou na década de 1970, como uma forma de
modificar o método tradicional, e com base nas
Ensino dos jogos
teorias de Piaget e Vigotsky foram propostos
para a compreensão
Bunker e Thorpe quatros princípios de ensino: tipo de jogo
(Teaching Games
(1982) escolhido; modificação (representação das ações
for Understanding –
de jogo dos adultos); exagero (manuseio das
TGFU)
regras do espaço e do tempo em problemas táticos
específicos); ajustamento da tática.

Relaciona os conteúdos e o procedimento didático:


manipulação; refinamento; aplicação; informação;
refinamento; extensão; aplicação; interferência
Modelo
Rink (1993) contextual moderada; eficiência; eficácia e
Desenvolvimentista
adaptação. É uma abordagem bastante utilizada
e com resultados expressivos, entretanto, os
aspectos culturais são pouco discutidos.

Tem como base, para acabar com o excesso de


competitividade, a democratização do esporte, e
tem como fundamento a época esportiva, a filiação,
Siendeport a competição formal, o comentário estatístico e
Educação Desportiva
(1994) os eventos culminantes. Logo, para desenvolver
aspectos básicos do jogo, é necessária a
tática, a identificação da cultura esportiva e a
implementação dos esportes no cotidiano.

A tomada de decisão é o carro-chefe dessa


metodologia, localizada em duas vertentes: jogo
formal e jogo condicionado. O jogo formal pode
Jogos Condicionados Garganta (1995)
ser dividido em diversos condicionados, que
simulam processos da modalidade com o intuito
de conscientização do todo.

O brincar e o jogar devem ocorrer em diversos


espaços, não apenas na escola, e para promover
desenvolvimento cultural. Devem ser realizados
Jogos Situacionais/
sobre três pilares: orientados à situação; às
Iniciação Esportiva Kroger e Roth
capacidades coordenativas e às habilidades. A
Universal/Escola da (2002)
proposta se dá de maneira incidental e intencional,
Bola
sem pressões de escolha de modalidade, pois
o intuito é aprender o maior número de jogos
possíveis.
Fonte: adaptado de Passos-Santos (2019).
#pratodosverem: quadro com os métodos ativos de ensino dos esportes
coletivos.

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A Importância das Práticas Esportivas Alternativas
As práticas esportivas alternativas são menos populares do que as práticas
tradicionais do dia a dia, como, por exemplo: o futebol, o futsal, o vôlei etc. No
entanto, essas práticas são de suma importância, pois elas proporcionam aos
seus praticantes a experiência que as modalidades tradicionais talvez não possam
proporcionar (PASSOS-SANTOS, 2019).

Há diversas práticas corporais alternativas, como: meditação, pilates, yoga, acupuntura


etc. Essas práticas citadas anteriormente têm como característica principal a união
entre o corpo e a mente. No entanto, aqui nesta unidade, trabalharemos apenas
com esportes alternativos, ou seja, aqueles que não são tradicionais do dia a dia.
As modalidades aqui conhecidas serão: tênis de praia, badminton, slackline, squash,
futevôlei e parkour.

Modalidades Esportivas Alternativas Possibilidades e Formas de


Atuação

Segundo Barros e Reis (2013), ao usar o termo “alternativo” ou “não convencional”


para explicar alguma coisa que não é muito comum é uma maneira de se dizer que
essa coisa não se tornou tradicional. No entanto, precisamos entender que o emprego
desse termo não dá a entender se algo é ruim ou bom, ele só é raramente utilizado
ou, no caso dos esportes, pouco praticado. Portanto, os esportes não convencionais
podem ser muitas vezes compreendidos como um experimento para que sejam
criados novos conteúdos a partir deles, mas temos que ter certo cuidado com isso,
pois um determinado esporte pode não ser tão praticado em certa região e em outra
ser popular. Dessa forma, devemos conhecer as características de cada região para
que novas vivências em termos de práticas esportivas sejam empregadas.

Ademais, todas essas práticas esportivas alternativas citadas a seguir proporcionam


inúmeras formas de atuação no âmbito da Educação Física. Além disso, devido ao fato
de serem práticas alternativas, há um número reduzido de profissionais capacitados
para o seu ensinamento, portanto, essas práticas podem ser um importante meio
de atuação do profissional. A seguir, conheceremos um pouco sobre essas práticas
corporais.

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Exemplos de Práticas Corporais Alternativas – Parte 1

A primeira prática esportiva alternativa que conheceremos será o beach tennis. O


beach tennis é uma atividade parecida com o tênis, e é oriundo de um jogo chamado
tambullero, que surgiu na Itália e era praticado nas tardes de verão no século XIII.
O esporte como é visto hoje em dia também surgiu na Itália, mais precisamente na
província de Ravenna, no século XX (EVANGELISTA, 2012).

No Brasil, o esporte surgiu em 2008 e tem ganhado um número significativo de


praticantes, pois o beach tennis mistura características de vários esportes como:
badminton, vôlei, frescobol e tênis. Esse sucesso do esporte no Brasil e no mundo
se deve à sua facilidade de jogar e aos diversos benefícios que pode proporcionar
(EVANGELISTA, 2012).

Curiosidade
A responsável pela regulamentação do tênis de praia no Brasil é a
Confederação Brasileira de Tênis, que também regulamenta o tênis.

A segunda modalidade que vamos conhecer é o badminton. De acordo com a


Confederação Brasileira de Badminton, o esporte foi criado na Índia com o nome
poona, posteriormente, foi levado à Inglaterra por oficiais ingleses e, desde então,
ganhou o nome badminton (CBBd, 2011).

Badminton

Fonte: Freepik (2023).


#pratodosverem: indivíduo com uma raquete e uma peteca, jogando badminton.

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Atenção
Dentre as modalidades esportivas de raquete o badminton é o
mais rápido do mundo. A peteca pode alcançar quase 300 km/h.

Ainda em termos históricos, em 1934, foi criada a Federação Internacional de


Badminton, entidade que regulamente o esporte no âmbito mundial e que possui
aproximadamente 130 países federados. Atualmente, o badminton é o único esporte
olímpico a ser disputado também na modalidade de duplas mistas (CBBd, 2011).

Exemplos de Práticas Corporais Alternativas – Parte 2

A terceira prática corporal alternativa que conheceremos será o futevôlei. Esse


esporte nasceu a partir da proibição da prática do futebol nas areias da praia, devido
à uma interdição dos militares após assumirem o governo no golpe de 1964. Em razão
dessa proibição, indivíduos que praticavam futebol improvisaram e assim surgiu um
novo esporte o futevôlei (CBFV, 2010).

Futevôlei

Fonte: Freepik (2023).


#pratodosverem: indivíduos jogando futevôlei.

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A quarta prática corporal que conheceremos será o slackline. O esporte consiste em
se equilibrar sobre uma fita suspensa em cima do solo ou fixada em dois pontos
distintos. Esse esporte é uma variação da linha bamba que vemos de forma mais
frequente nos circos. O objetivo do slackline é atravessar a fita se equilibrando sem
encostar os pés no chão, portanto, é um esporte que demanda um elevado grau de
equilíbrio, concentração e coordenação (PAOLETTI; MAHADEVAN, 2012).

Curiosidade
A principal diferença entre a corda bamba usada nos circos e o
slackline é a superfície pela qual o atleta caminha.

O esporte foi criado na década de 1980, nos Estados Unidos, pelos alpinistas do
Vale Yosemite. Esses alpinistas passavam por períodos de longos acampamentos e
utilizavam cordas de escalada e fitas para se equilibrarem. A partir disso, perceberam
que tal prática melhorava o equilíbrio, a postura, dessa forma eles aperfeiçoaram o
esporte tornando-o um esporte praticado de forma constante (CBER, 2012).

Saiba mais
Caso queira compreender mais sobre as práticas corporais
alternativas e sua importância na Educação Física Escolar, leia
o artigo “As práticas corporais alternativas como conteúdo da
educação física escolar”. Para acessá-lo, clique aqui.

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Conclusão
Ao longo desta unidade compreendemos as abordagens gerais do ensino esportivo
e as práticas esportivas alternativas. Além disso, conhecemos os principais
métodos de ensino e aprendizagem com um foco nos métodos mais ativos. Por fim,
entendemos a importância das práticas esportivas alternativas e alguns exemplos
dessas práticas.

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Referências
BARROS, P. M.; REIS, F. P. G. dos. Uma proposta de sistematização dos esportes
não convencionais para as aulas de Educação Física das séries iniciais do ensino
fundamental: o caso do tênis. EFDeportes.com, v. 18, n. 186, p. 1-10, nov. 2013.

CASAGRANDE, C. G. Ensino e aprendizagem dos esportes coletivos: análise dos


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CBBd. Qual é a história do badminton. CBBd, 2011. Disponível em: http://www.


badminton.org.br/historiadobadminton. Acesso em: 22 abr. 2023.

CBER. Confederação Brasileira de Esportes Radicais. Slackline. CBER, 2012. Disponível


em: http://www.cber.com.br/index.html. Acesso em: 22 abr. 2023.

CBFV. História. CBFV, 2023 Disponível em: http://www.futevolei.com.br/Historia.


html. Acesso em: 22 abr. 2023.

EVANGELISTA, M. Tênis de areia? Frescobol com rede? Não, o jogo é o Beach Tennis.
RevistaTênis, São Paulo, v. 102, n. 7, p. 1-1, 2012.

GONZÁLEZ, F. J.; BRACHT, V. Metodologia do ensino dos esportes coletivos.


Vitória:Ufes: Núcleo de Educação Aberta e a Distância, 2012.

PAOLETTI, P.; MAHADEVAN, L. Balancing on tightropes and slacklines. Journal of The


Royal Society Interface, v. 9, n. 74, p. 2097-2108, 2012. Disponível em: https://doi.
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PASSOS-SANTOS, J. P. Fundamentos teóricos de esportes individuais e coletivos.


Curitiba: Fael, 2019.

PORTELA, T. O efeito de um treino em superfícies instáveis. Dissertação (Mestrado


em Ciências do Desporto) – Universidade do Porto, Porto, 2010.

VANCINI, R. L. et al. A pedagogia do ensino das modalidades esportivas coletivas e


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