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PEDAGOGIA DOS

ESPORTES I:
VOLEIBOL E ATLETISMO

Flávio Pajanian

E-book 2
Neste E-Book:
INTRODUÇÃO����������������������������������������������������������� 3
ESTRATÉGIAS����������������������������������������������������������� 4
Estratégias no ensino do voleibol��������������������������������������������4
Métodos de ensino�������������������������������������������������������������������9
Fundamentos e ações de jogo no voleibol����������������������������11
Posição inicial para a execução da manchete����������������������17
A cortada���������������������������������������������������������������������������������19
Regras do voleibol�������������������������������������������������������������������31
Sistemas de jogo do voleibol�������������������������������������������������33
Dinâmica de jogo do voleibol�������������������������������������������������37

CONSIDERAÇÕES FINAIS���������������������������������� 40
SÍNTESE���������������������������������������������������������������������41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS &
CONSULTADAS�������������������������������������������������������42

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INTRODUÇÃO
Neste segundo módulo, daremos continuidade ao
processo de entendimento e compreensão dos as-
pectos relacionados ao voleibol. Aqui iremos refletir
sobre as estratégias e métodos para o ensino do vo-
leibol, diferenciando-os em função de suas vantagens
e desvantagens em cada situação de aprendizagem;
falaremos sobre exercícios formativos e educativos
utilizados no processo de aprendizagem dos funda-
mentos; sobre as possibilidades táticas dos sistemas
de jogo do voleibol: 6x6, 4x2, 6x2 e 5x1; e, por fim,
abordaremos o código de regras da modalidade.

Vamos nessa?

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ESTRATÉGIAS
Neste tópico, trataremos das estratégias e métodos
de ensino dos fundamentos, das ações de jogo e das
regras que embasam esses aspectos.

Estratégias no ensino do voleibol

Como estudamos anteriormente, o voleibol é uma


modalidade esportiva coletiva que se difere substan-
cialmente das demais pelo fato de a bola não poder
ser retida e, sim, rebatida. Além disso, diferentemente
de outras modalidades que tenham a mesma mecâ-
nica, como o tênis, o tênis de mesa e o badminton,
no voleibol não são utilizados equipamentos para a
realização das ações de jogo.

Assim como em outros esportes com bola, para a


realização das ações de jogo do voleibol utilizamos
gestos técnicos ou fundamentos. Porém, em função
das características do jogo, esses movimentos ou
habilidades são, em sua grande maioria, não natu-
rais ou construídos. Ou seja, são habilidades que,
diferentemente daquelas consideradas naturais ou
básicas – como andar, saltar, agarrar, lançar, entre
outras –, dificilmente são aprendidas sem qualquer
orientação.

Por esse motivo, esses fundamentos precisam ser


ensinados pelo profissional de educação física para
que se estabeleça um padrão de movimento meca-
nicamente eficiente e que permita ao aluno jogar o

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voleibol de acordo com as exigências das regras
para determinadas ações, além de possibilitar um
desempenho satisfatório.

Entretanto, é importante salientar que o professor


deve levar em consideração a idade sensível da crian-
ça para a aquisição de habilidades especializadas,
realizando, antes disso, atividades que preparem os
alunos, do ponto de vista da ampliação do repertório
motor e da diversidade de experiências motoras, para
a aprendizagem futura dos fundamentos e gestos
técnicos da modalidade. De acordo com Gallahue,
Ozmun & Goodway (2013), o início da aprendizagem
dos fundamentos deve ocorrer no estágio de aquisi-
ção de habilidades específicas, que vai dos 11 aos
13 anos, aproximadamente. Porém, o professor de
educação física deverá levar em consideração as
diferenças individuais relacionadas à maturação,
nível de habilidade e nível técnico em cada caso.

Assim, para ensinar os fundamentos do voleibol, o


professor deverá utilizar diferentes estratégias de
ensino, e cabe a ele a tarefa de escolher a estratégia
que atenda mais adequadamente à necessidade es-
pecífica de cada aula e/ou conteúdo a ser abordado,
em qualquer uma de suas três dimensões: conceitual,
procedimental ou atitudinal.

Porém, antes de escolher a estratégia mais adequa-


da, o professor deverá definir o objetivo ou objetivos
daquela aula, levando em consideração alguns as-
pectos importantes, como: faixa etária da turma e
número de alunos, em que local a aula será realizada

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e qual será a sua duração, os materiais disponíveis,
como estará o clima durante a aula e, no caso espe-
cífico da aprendizagem dos fundamentos ou gestos
técnicos, o nível de habilidade e nível técnico dos
alunos.

Após a definição do objetivo da aula, o professor


passará então à estruturação do processo pedagó-
gico, que será aplicado durante a parte principal da
aula. Adaptando um modelo proposto por Bizzocchi
(2016), o processo pedagógico poderá ser estrutu-
rado a partir dos seguintes elementos:
● Apresentação do fundamento;
● Experimentação prática;
● Realização de exercícios educativos e formativos;
● Automatização;
● Estabilização

Apresentação do fundamento
Durante a apresentação do gesto técnico, o professor
deve considerar um importante conceito da apren-
dizagem motora: “aqueles que aprendem têm uma
capacidade limitada para processar informação”
(MCGOWN, 1991).

Assim, para facilitar a compreensão do aluno sobre


aquilo que deve ser executado, o professor deve evi-
tar uma grande quantidade de informação, chamando
a atenção dos alunos apenas para aquilo que é es-
sencial naquele momento. Para tanto, poderá utilizar
instruções-chave, que terão a função de fazer com

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que o aluno volte sua atenção justamente para as
informações mais relevantes.

Adicionalmente, o professor deverá recorrer a recur-


sos visuais, como a demonstração, já que informa-
ções relativas ao movimento tendem a se fixar em
forma de imagem na memória recente (MCGOWN,
1991). Assim, é muito importante que o professor se
instrumentalize para realizar essas demonstrações
ou utilize outros recursos, como vídeos ou o auxílio
de outras pessoas que saibam executar determina-
dos movimentos.

Experimentação prática
A experimentação tem como objetivo dar oportuni-
dade aos alunos de praticarem os gestos, visando a
sua automatização. Nesse aspecto, é muito impor-
tante que haja uma boa quantidade de prática, porém,
sem abrir mão de sua qualidade. Para garantir essa
qualidade, o professor deverá monitorar a prática e
promover correções e adaptações para que os dife-
rentes ritmos de aprendizagem sejam contemplados.

No momento da experimentação é que o professor


irá escolher a estratégia ou as estratégias mais ade-
quadas para cada caso. As principais estratégias
utilizadas durante a aprendizagem são: os exercícios
estruturados, os jogos reduzidos, o jogo adaptado e
o jogo formal. Não há como se apontar a melhor es-
tratégia dentre elas, pois cada uma possui vantagens
e desvantagens em relação às demais, conforme a
situação e objetivos a serem alcançados.

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Os exercícios estruturados, por exemplo, se mostram
mais adequados quando se pretende ensinar a execu-
ção técnica de um determinado fundamento. Com a
utilização de jogos reduzidos é possível desenvolver
e aperfeiçoar ações de jogo e noções de posiciona-
mento. Os jogos adaptados permitem a adequação
das regras, da dinâmica do jogo e de suas ações para
que determinadas necessidades sejam atendidas. O
jogo formal é, dentre todas as demais, a estratégia
que permite desenvolver situações especificamente
relacionadas ao jogo.

A atenção do professor a essa etapa é essencial


para que os padrões de movimento sejam realiza-
dos de forma adequada, pois, após a criação do
programa motor para a realização de um determi-
nado gesto e sua consequente automatização, será
praticamente impossível modificar o padrão desse
movimento no futuro.

Exercícios educativos e formativos


Com o objetivo de atender a todos os ritmos de
aprendizagem, exercícios educativos e formativos
deverão ser utilizados. Os exercícios educativos são
utilizados com a finalidade de se corrigir um deter-
minado padrão inadequado de movimento, além de
possibilitar o aperfeiçoamento e o refinamento dos
gestos aprendidos. Já os exercícios formativos são
aqueles que permitem o desenvolvimento das ca-
pacidades físicas ou motoras necessárias para a
realização dos movimentos (força, velocidade, fle-
xibilidade, entre outras).

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Automatização
A aprendizagem de um determinado gesto técnico
estará concluída quando houver sua automatização,
que somente será possível a partir de sua repetição
em uma quantidade razoável. Nessa etapa, o execu-
tante será capaz de realizar o gesto de forma natural,
podendo voltar sua atenção para outros aspectos
relacionados àquela tarefa motora, por exemplo: ajus-
tar o tempo de bola durante a realização do gesto
técnico da cortada no voleibol.

Estabilização
A partir do gesto estabilizado, o executante será ca-
paz de aplicar os gestos técnicos e fundamentos
aprendidos em situações diversas do jogo. Assim,
seu nível de habilidade estará diretamente ligado à
capacidade de selecionar a melhor resposta motora,
dentre aquelas aprendidas, para cada situação que
se apresentar.

Métodos de ensino

Além da escolha da estratégia mais adequada a cada


caso, o método a ser utilizado na aprendizagem dos
fundamentos também deve obedecer aos critérios de
adequação à situação proposta e ao ritmo de apren-
dizagem de cada aluno. Os métodos mais utilizados
para ensino dos fundamentos técnicos do voleibol
são: método por partes ou parcial, método pelo todo
ou global, e uma combinação dos dois primeiros.

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No método parcial, a execução do gesto técnico é
dividida em partes, segundo uma sequência pedagó-
gica, para em seguida serem agrupadas na execução
do fundamento completo. Com a utilização desse
método, é possível corrigir dificuldades de execução
em pontos específicos do gesto, porém, leva-se mais
tempo para a conclusão do processo de aprendiza-
gem, pois ele fica mais longo, com diversas partes
sendo praticadas separadamente.

Já no método global, a execução do fundamento é


feita de forma completa, sem divisão em partes, o
que proporciona ganho de tempo no processo de
aprendizagem, porém, a correção de dificuldades na
realização do gesto se torna mais complexa.

Independentemente de qual seja a estratégia e o


método escolhido, é fundamental que o professor
compreenda as vantagens e desvantagens de cada
um deles e respeite o ritmo de aprendizagem de cada
aluno, alterando a utilização de um e de outro, a fim
de atender as necessidades e os ritmos individuais.

REFLITA
Se o aluno apresenta um desvio importante na
aprendizagem de um determinado fundamento,
qual deve ser a atitude do professor? O professor
deve modificar a estratégia e/ou o método utili-
zado, a fim de explorar diferentes capacidades de
compreensão e entendimento dos movimentos e
contemplar os diferentes ritmos de aprendizagem.

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Fundamentos e ações
de jogo no voleibol

No voleibol podemos diferenciar os fundamentos


técnicos (saque, toque por cima, manchete, corta-
da e bloqueio) das ações de jogo (saque, recepção,
levantamento, ataque, bloqueio e defesa). Os funda-
mentos técnicos são as ações motoras específicas
da modalidade para que se possam completar as
ações do jogo. Portanto, as ações de jogo consistem
na aplicação em situações de jogo dos fundamentos
técnicos da modalidade.

O nível de exigência em relação à execução de um


gesto técnico irá variar de acordo com o contexto
no qual essas ações estarão inseridas e também
de acordo com o nível técnico dos participantes. Se
a atividade tiver como objetivo apenas a recreação
ou a ocupação do tempo livre como uma opção de
lazer, pouco importará o padrão do gesto a ser exe-
cutado e qualquer solução para uma determinada
situação do jogo será considerada válida. Porém,
se a atividade estiver inserida em um ambiente de
aperfeiçoamento para que se possa jogar com boa
técnica, alguns cuidados deverão ser tomados na
aprendizagem e na execução dos gestos, a fim de
se garantir um padrão aceitável de execução, tanto
do ponto de vista das regras da modalidade quanto
do desempenho e resultado vinculado àquela ação.

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As regras do voleibol permitem que sejam realizados,
durante a disputa de um ponto, até três toques por
cada equipe, antes que a bola seja enviada para a
quadra adversária. Assim, a cada equipe é permitido
que sejam realizadas duas trocas de passe, antes
que se complete um toque de ataque.

FIQUE ATENTO
Passe: são as trocas voluntárias de bola entre jo-
gadores de uma mesma equipe, com o objetivo de
facilitar ações posteriores.
Toque de ataque: são todas as ações de enviar a
bola para a quadra adversária, à exceção do saque
e do bloqueio (esses fundamentos serão aborda-
dos em capítulos posteriores).

Como estudamos anteriormente, as ações de jogo


no voleibol podem ser realizadas utilizando-se os
fundamentos técnicos, portanto, as trocas de passe
que uma equipe realiza com o objetivo de preparar
uma ação de ataque, comumente, são realizadas
utilizando-se alguns fundamentos técnicos. As ações
de jogo do voleibol que envolvem trocas de passe
são: a recepção, o levantamento e a defesa.

A recepção é a ação realizada pelo jogador que re-


cepciona o saque do adversário e, normalmente,
envolve uma troca de passe com o levantador da
equipe. O levantamento é a ação realizada pelo jo-
gador responsável pela preparação da jogada de
ataque (o levantador) e envolve uma troca de passe

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com o atacante. A defesa é ação de jogo realizada
pelo jogador que faz uma defesa de uma ação de
ataque do adversário e, normalmente, envolve uma
troca de passe com o levantador da equipe.

Para a realização das três ações de jogo que envol-


vem trocas de passe, normalmente, são utilizados os
fundamentos toque por cima e manchete, portanto, a
aprendizagem desses dois fundamentos, permite que
sejam realizados pequenos jogos de voleibol que, do
ponto de vista da motivação, são muito bem aceitos
pelos alunos durante o processo de aprendizagem.
Por esse motivo, é recomendável que a aprendizagem
dos fundamentos do voleibol seja iniciada pelo toque
por cima e pela manchete.

O toque por cima


Qualquer contato com a bola no voleibol pode ser
considerado como um toque, porém, o toque por
cima tem características de execução específicas e
traduz o nome correto do fundamento. O toque por
cima é o fundamento mais utilizado nas ações de
levantamento.

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Figura 1: Toque por cima. Fonte: www.pointparksports.com.

Fases da execução do toque por cima

A execução do toque por cima, para efeitos didáticos,


pode ser dividida em duas fases:

a) Fase de recepção da bola;


b) Fase de liberação da bola.

A fase de recepção da bola envolve a posição inicial


do corpo para a realização do toque por cima e deve
incluir os seguintes posicionamentos dos segmentos
corporais:
● Pés em afastamento anteroposterior;
● Joelhos com um pequeno ângulo de flexão;
● Tronco ereto;
● Braços elevados acima da cabeça;

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● Cotovelos naturalmente afastados e apontados
para as laterais;
● Mãos posicionadas acima da cabeça, próximas
uma da outra, com dedos relaxados e levemente
afastados (empunhadura).

Os pés em afastamento anteroposterior e os joelhos


em posição de flexão têm o objetivo de permitir ao
executante a utilização das alavancas biomecânicas
do corpo na projeção da bola para o ponto desejado.
Esse posicionamento facilita a transferência do peso
do corpo para o contato com a bola durante a execu-
ção do fundamento, o que confere maior potência e
eficiência ao impulsioná-la.

O posicionamento das mãos acima da cabeça per-


mite que o contato com a bola seja feito exatamente
embaixo dela (bola na direção da testa do executan-
te), o que facilita o direcionamento no momento da
liberação tanto para frente quanto para trás. Esse
cuidado se torna importante, pois uma dificuldade
bastante comum na execução do toque por cima
está exatamente no posicionamento do corpo em
relação à bola. Quando o executante realiza o contato
na altura do rosto ou do peito, fica mais difícil para
enviar a bola para trás.

A fase de liberação envolve um breve contato da


bola com as mãos e o ato de impulsioná-la para a
posição desejada por meio da extensão das articu-
lações envolvidas no movimento. Nesse momento,
alguns cuidados precisam ser tomados:

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● O contato deve ser realizado nas falanges mediais
e distais de todos os dedos das duas mãos, para que
sejam minimizados os riscos de lesões nos dedos e
para que se aumente a precisão do gesto por meio
da ampliação da superfície de contato com a bola;
● Realizar a extensão das articulações dos joelhos
e cotovelos a fim de transferir o peso do corpo para
o contato com a bola, tornando mais eficiente o im-
pulso da bola.

Variações do toque por cima para a frente podem


ser ensinadas, como o toque por cima para trás, para
os lados e com salto, porém, é importante que seja
observada uma evolução adequada no grau de com-
plexidade do gesto, partindo sempre do gesto menos
para o mais complexo.

Para saber mais sobre a aprendizagem do toque


por cima pelo método global, considerando as fa-
ses de recepção e liberação, acesse o Podcast 1
– Aprendendo o toque por cima.

Podcast 1

A manchete
Qualquer contato com a bola no voleibol pode ser
considerado como um toque, porém, a manchete
– como um toque baixo – tem características de
execução específicas. A manchete é o fundamento
mais utilizado nas ações de recepção e defesa.

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Posição inicial para a
execução da manchete

A posição inicial para a execução da manchete


deve, considerando uma execução adequada e com
bom padrão de movimento, atender aos seguintes
aspectos:

Figura 2: Manchete. Fonte: Wikipedia.

● Pés em afastamento latero-lateral;


● Joelhos flexionados;
● Tronco levemente inclinado à frente;
● Braços posicionados à frente do tronco com co-
tovelos estendidos;
● Mãos unidas uma sobre a outra com as palmas
voltadas para cima, dedos unidos e polegares unidos
(paralelamente) sobre os demais dedos.

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Os pés em afastamento latero-lateral e os joelhos
flexionados têm por objetivo permitir ao executante a
utilização das alavancas biomecânicas do seu corpo
na projeção da bola para o ponto desejado e ainda
manter o equilíbrio no momento do contato com a
bola. Esse posicionamento permite que o executante
mantenha seu corpo atrás da bola no momento do
contato, o que lhe conferirá maior segurança e pre-
cisão na execução do fundamento.

A inclinação do troco determinará a trajetória da bola,


permitindo que o executante faça uma manchete
mais longa, se o seu tronco estiver mais inclinado à
frente, ou uma manchete mais curta, se estiver com
o tronco mais ereto. Assim, ele também poderá con-
trolar a distância percorrida pela bola após o contato,
de acordo com a velocidade em que ela se aproximar.

Os cotovelos deverão estar estendidos e as mãos


unidas para que os braços formem uma superfície
relativamente plana, favorecendo o controle da bola
durante o contato, que deverá ocorrer na região dos
antebraços. Deve-se evitar a flexão dos cotovelos e
o contato da bola com os punhos ou mãos, pois isso
irá diminuir substancialmente a precisão do gesto,
visto que a área de contato será reduzida.

Variações na execução da manchete podem ocorrer,


sobretudo tendo em vista o direcionamento da bola
para os lados ou para trás do corpo do executante.
Com o objetivo de enviar a bola para os lados, a varia-
ção no movimento deve ocorrer a partir da inclinação
da cintura escapular para o lado em que se deseja

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enviar a bola e, a fim de se enviar a bola para trás, o
contato deverá ser realizado em uma posição mais
alta em relação ao solo.

A cortada

Conforme dito anteriormente, a cortada é o funda-


mento técnico mais utilizado nas ações de ataque,
sendo, portanto, aquele que desperta o maior inte-
resse por parte do aluno, pois é por meio da cortada
que um jogador realiza um forte golpe na bola, com o
objetivo de dificultar ou impedir a defesa adversária
e, consequentemente, marcar um ponto.

A cortada é um gesto técnico de execução bastante


complexa, uma vez que todo conjunto de movimentos
envolvidos na ação é condicionado pelo movimento
da bola, quando da preparação da jogada pelo le-
vantador. Esse levantamento pode ser realizado de
diversas maneiras, provocando movimentos da bola
que exigirão um bom nível técnico por parte do ata-
cante, principalmente no que diz respeito ao ajuste do
tempo do salto ao tempo de deslocamento da bola.
Sendo assim, sua aprendizagem exige uma cuida-
dosa atenção por parte do professor, pois a auto-
matização de um gesto inadequado irá dificultar a
aprendizagem e poderá prejudicar a execução do
fundamento como um todo.
Para efeitos didáticos, a execução da cortada pode
ser dividida em quatro fases. São elas: corrida de
aproximação, impulso, fase aérea e aterrissagem,
como pode ser observado na figura 3.

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Figura 3: Sequência de movimentos da cortada. Fonte: vo-
leybasico.blogspot.com.

a) Corrida de aproximação
A fim de se posicionar corretamente em relação à
bola, e ainda melhorar a altura do salto vertical em
direção a ela, é fundamental que o executante re-
alize uma corrida de aproximação composta, nor-
malmente, por três passadas. Porém, essa corrida
de aproximação, além do movimento dos membros
inferiores, conta com movimentos de braços que, no
momento do impulso, irão melhorar o resultado do
salto vertical e ainda possibilitarão uma preparação
adequada dos braços para a batida na bola. Esse
movimento coordenado de braços e pernas é deno-
minado coordenação multimembros, um dos três
elementos essenciais para uma execução adequada
da cortada.

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Para o executante destro, a corrida de aproximação
deve ser iniciada com a perna esquerda, para que o
salto seja realizado com essa perna ligeiramente à
frente da direita. Para o executante canhoto, o mo-
vimento acontece exatamente ao contrário. Para
que os movimentos da coordenação multimembros
sejam realizados de forma adequada, no momento
da primeira passada, os braços deverão ser movi-
mentados simultaneamente à frente. Na segunda
passada, os braços são então movimentados simul-
taneamente para trás e, finalmente, durante a terceira
e última passada, os braços são novamente movi-
mentados à frente. Esse movimento dos braços tem
como objetivo auxiliar o impulso para o salto vertical
e ainda possibilitar uma correta preparação do braço
dominante para o golpe.

A amplitude das passadas deverá ser ajustada em


função da distância entre o executante e a bola,
porém, é fundamental que a última passada seja
mais curta, seja executada mais rapidamente, e seja
também mais lateral em relação às demais. Isso
acontece para que o movimento horizontal da corri-
da seja interrompido e a energia gerada pela corrida
seja transferida para o salto vertical. Além disso, o
afastamento lateral dos pés tem como resultado a
realização de um salto mais equilibrado.

É muito importante que a corrida de aproximação


seja finalizada antes do salto, com a última passada
sendo realizada com a perna não dominante ligeira-

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mente à frente da outra, para que, no momento de
preparação do golpe, o executante possa movimen-
tar seu ombro o máximo possível para trás, a fim de
possibilitar um golpe mais potente.

b) Impulso

O impulso para o salto na execução da cortada deve


ser realizado sempre com as duas pernas, a fim de
que o executante atinja a maior altura possível no
contato com a bola. Nesse momento, o movimento
dos braços, vindo de trás para frente, proporciona
auxílio extra para a altura final do salto vertical. Esse
movimento dos braços, combinado com uma ligei-
ra inclinação do tronco à frente e uma flexão dos
joelhos de aproximadamente 90º, é denominado
chamada.

c) Fase aérea

Após o impulso, inicia-se a fase aérea. Para efeitos


didáticos, dividiremos a fase aérea em três subfases:
antes, durante e após o contato com a bola.

Imediatamente após o impulso e antes do contato,


o executante deverá elevar os dois braços juntos em
direção à bola e iniciará a preparação para o golpe.
Nesse momento, o braço dominante é levado para
trás e o braço não dominante permanece à frente,
quando, ao final desse movimento, o braço dominan-

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te é levado à frente novamente em direção à bola e
o não dominante, em movimento contíguo, é levado
junto ao tronco.

Durante o contato, a bola deve ser golpeada com a


palma da mão em sua parte posterior. Para isso é
fundamental que o corpo do executante esteja posi-
cionado atrás da bola, o que possibilitará, associando
um movimento de flexão do punho, seu direciona-
mento para o solo.

O correto posicionamento do corpo em relação à


bola necessita do desenvolvimento de habilidades
relacionadas à percepção de espaço e, ainda, à per-
cepção de tempo, para que o contato ocorra no ponto
mais alto do salto. O chamado “timing” coincidente.

A percepção de espaço e tempo, combinados com


a coordenação multimembros, representam os três
elementos essenciais na realização da cortada, e
merecem atenção especial do professor, durante o
processo de aprendizagem.

Após o contato com a bola, o executante deve dar


continuidade ao movimento do braço de golpe, dire-
cionando-o para junto do tronco.

d) Aterrissagem

É muito importante que seja dada devida atenção à


fase de aterrissagem, visto que muitas das lesões no
voleibol acontecem devido ao impacto com o solo

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após o salto, sobretudo nas articulações dos joelhos,
quadris e tornozelos. Assim, a aterrissagem deve ser
realizada, na medida do possível, com os dois pés.

O saque
O saque no voleibol é o fundamento técnico utilizado
para realizar a ação de jogo de mesmo nome que dá
início à disputa de um ponto (“rally”). Em situação
de jogo, pode ser definido como a ação executada
a partir da zona de saque, pelo jogador da posição 1
(observe o conteúdo sobre regras de posicionamen-
to), de golpear a bola após ter sido solta ou lançada
e antes que toque o solo, com o objetivo de enviá-la
para a quadra adversária. O contato com a bola pode
ser realizado com uma das mãos, qualquer parte de
um dos braços ou antebraços.

As funções do saque, ordenadas por prioridade, são:


● Colocar a bola em jogo;
● Dificultar a ação de ataque do adversário (por di-
ficultar a recepção);
● Fazer o ponto.

Para que o cumprimento dessas funções seja


possível, há de se considerar o nível técnico dos
praticantes.

Podemos citar, basicamente, a existência de dois


tipos de saque: o saque por baixo e o saque por cima.

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a) Saque por baixo
O saque por baixo é o mais elementar dos dois, em
função de sua execução simples e, portanto, de
aprendizagem fácil e rápida.

Posição inicial:
● Pés em afastamento anteroposterior – para pos-
sibilitar a utilização das alavancas biomecânicas na
transferência do peso do corpo para o contato com
a bola (da perna de trás para a perna da frente);
● Perna contrária ao braço de golpe à frente – a
fim de evitar barreira mecânica ao deslocamento do
braço de golpe em direção à bola;
● Joelhos com pequeno ângulo de flexão – para per-
mitir o aproveitamento das alavancas biomecânicas;
● Peso do corpo apoiado na perna de trás – para
permitir a transferência do peso do corpo para o con-
tato com a bola;
● Tronco inclinado à frente – para permitir a correta
trajetória da bola, após o golpe que possibilite sua
passagem por sobre a rede;
● Braço não dominante à frente do corpo com co-
tovelo estendido – para reter a bola antes do golpe;
● Bola apoiada sobre a palma da mão não domi-
nante à frente e na direção do braço dominante (que
irá golpear a bola) – para possibilitar uma trajetória
adequada da bola em direção à quadra adversária;
● Braço dominante posicionado para trás com co-
tovelo estendido – maior amplitude de movimento
para maior potência no golpe.

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Execução:

O executante fará um movimento de flexão do ombro


levando a mão que irá golpear a bola em direção a
ela, conforme figura 4. No momento imediatamente
anterior ao contato, a bola deverá ser solta de ma-
neira que a mão dominante golpeie a parte de baixo
dela. Adicionalmente, haverá a transferência do peso
do corpo da perna de trás para a perna da frente, a
fim de imprimir maior potência ao golpe.

O contato com a bola poderá ser feito com a mão


aberta ou fechada. Tal escolha deverá levar em con-
sideração os objetivos do trabalho. A mão aberta
proporciona maior precisão ao gesto, em função da
maior área de contato, e a mão fechada mais força.
Para o início da aprendizagem a prioridade deve ser
pela precisão.

Figura 4: Saque por baixo. Fonte: viveconmarta.wordpress.


com.

26
b) Saque por cima

O saque por cima é mais eficiente quanto ao obje-


tivo de dificultar a ação de recepção do adversário,
porém tem execução mais complexa e, portanto, sua
aprendizagem se torna mais difícil.

Posição inicial:
● Pés em afastamento anteroposterior – para pos-
sibilitar a utilização das alavancas biomecânicas na
transferência do peso do corpo para o contato com
a bola (da perna de trás para a perna da frente);
● Perna contrária ao braço de golpe à frente – a fim
de permitir maior amplitude ao movimento do braço
de golpe;
● Joelhos estendidos;
● Peso do corpo apoiado na perna de trás – para
permitir a transferência do peso do corpo para o con-
tato com a bola;
● Tronco ereto – pois o contato com a bola é reali-
zado em posição alta;
● Braço não dominante à frente do corpo com co-
tovelo estendido – para reter a bola antes do golpe;
● Bola apoiada sobre a palma da mão não dominan-
te à frente e na direção do braço dominante (que irá
golpear a bola) – para facilitar o lançamento da bola,
que antecede o golpe;
● Braço dominante posicionado à frente com a mão
apoiada sobre a bola com cotovelo estendido – como
parte da preparação para o golpe.

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Execução:

Diferentemente do saque por baixo, para a realização


do saque por cima, o executante deverá fazer um
lançamento da bola, a fim de permitir o contato em
posição alta. A necessidade do lançamento e o fato
de ele ser feito com a mão não dominante, insere
um componente de tempo que, por si só, torna a
execução desse tipo de saque bastante complexa e
pode resultar em imprecisões.

O lançamento deve ser feito para o alto, ligeiramente


à frente do corpo e na direção do braço de golpe. Ao
mesmo tempo, ocorre a preparação do braço do-
minante para o golpe, de forma semelhante ao que
acontece na execução da cortada. Nesse aspecto,
o fato de a cortada já ter sido ensinada, facilita a
transferência dessa habilidade para a execução do
saque por cima.

O contato com a bola deve ser feito em sua parte


posterior, com o cotovelo totalmente estendido, com
a mão firme, aberta, e com os dedos unidos.

Durante o contato, ocorre a transferência do peso do


corpo da perna de trás para a perna da frente, a fim
de imprimir maior potência ao golpe.

Observe a sequência de movimentos na execução


do saque por cima.

28
Figura 5: Saque por cima. Fonte: viveconmarta.wordpress.
com

O bloqueio
O bloqueio é o fundamento do voleibol utilizado em
situações de jogo, na tentativa de interceptar a bola
vinda da quadra adversária. Essa ação é realizada
pelos jogadores das posições de ataque (2, 3 e 4 –
conteúdo sobre regras de posicionamento) junto à
rede e acima de seu bordo superior, ou seja, a bola
deve estar mais alta do que a rede. O toque ou toques
no bloqueio não contam para os toques permitidos
por cada equipe (3).

É um gesto técnico de execução bastante simples,


porém, sua aplicação em situações de jogo o tornam
extremamente complexo, em função de elementos
externos, como: tempo, altura e velocidade da bola,
deslocamentos, ação do atacante adversário, habi-
lidade do levantador adversário, entre outros.

As funções do bloqueio, ordenadas por prioridade,


são:
● Impedir a passagem da bola atacada pelo
adversário;

29
● Reduzir a velocidade da bola atacada pelo
adversário;
● Dificultar as ações de ataque do adversário;
● Reduzir a área de responsabilidade dos defensores;
● Fazer um ponto.

Posição inicial:
● Pés em afastamento latero-lateral;
● Tronco próximo e paralelo à rede;
● Braços próximos ao tronco, cotovelos flexionados
e mãos abertas com as palmas voltadas à frente do
tronco.

Execução:

Para a realização do bloqueio o executante deve se


posicionar à frente da bola e realizar um salto máxi-
mo, projetando as mãos por sobre a rede, por meio
da extensão dos cotovelos, mantendo as mãos es-
palmadas e próximas uma da outra, a fim de cobrir
a maior área possível.

A fim de se posicionar à frente da bola, o executante


deverá realizar deslocamentos que poderão variar em
termos de velocidade e distância. Os principais tipos
de passadas nos deslocamentos para o bloqueio
são: passada lateral (para distâncias curtas e rápi-
das), passada cruzada (para distâncias ligeiramente
maiores, se combinada com a passada lateral) e a
corrida frontal (para grandes deslocamentos).

30
Independentemente do tipo de passada utilizado para
um deslocamento de bloqueio, é fundamental que a
posição inicial seja retomada antes do salto, para que
ele seja feito exatamente à frente da bola, permitindo
boas chances de interceptação. Uma ótima maneira
de se verificar esse aspecto é analisar se a queda
ocorreu no mesmo lugar do salto.

Os tipos de bloqueio são:

a) Quanto ao número de bloqueadores


● Individual – simples;
● Coletivo – duplo ou triplo.

b) Quanto à posição dos braços

● Defensivo – sem invasão do espaço aéreo da qua-


dra adversária;
● Ofensivo – quando as mãos dos bloqueadores
ultrapassam a rede por cima, invadindo o espaço
aéreo da quadra adversária.

Regras do voleibol

O voleibol é um esporte coletivo que confronta duas


equipes de seis jogadores em uma quadra, separadas
por uma rede. O objetivo de cada equipe é fazer com
que a bola toque a superfície da quadra adversária ou
que o adversário não consiga devolvê-la, utilizando
para isso até três contatos com a bola sem retê-la e
enviando-a por sobre a rede. As disputas de pontos
são iniciadas pela ação de jogo denominada saque e

31
recebem o nome de rally. A vitória em um rally propor-
ciona à equipe vencedora a marcação de um ponto.

Como estudamos no tópico relacionado à história, a


partir da disseminação do voleibol ao redor do mun-
do, após a sua criação em 1895, a forma de jogar
evoluiu na mesma medida em que mais povos pas-
saram a conhecer e praticar a nova modalidade. Da
mesma forma, a partir da institucionalização desse
esporte, regras foram criadas e modificadas, ao lon-
go do tempo, a fim de tornar o jogo mais motivante,
interessante e dinâmico. Nesse aspecto, o voleibol é
uma das modalidades coletivas que mais realiza mo-
dificações nas regras, a partir de revisões trianuais.

O documento oficial que contém o código de regras


do voleibol é editado pela Federação Internacional de
Voleibol e disponibilizado por todas as Confederações
filiadas a ela. Nesse documento, podemos encon-
trar todo o conjunto das regras do voleibol aplicado
nas partidas de todas as competições oficiais em
todo mundo. As regras tratam dos temas: estrutu-
ra e equipamentos (área de jogo, redes e postes, e
bolas); participantes (equipes, responsáveis pelas
equipes); formato do jogo (para marcar um ponto,
vencer um set e a partida, estrutura do jogo); ações
de jogo (situações de jogo, jogando a bola, bola em
relação à rede, jogador na rede, saque, golpe de ata-
que, bloqueio); interrupções, retardos e intervalos
(interrupções, retardamentos, interrupções excep-
cionais do jogo, intervalos e trocas de quadras); o
jogador líbero; conduta dos participantes (requisitos
de conduta, condutas impróprias e suas punições);

32
os árbitros (equipe de arbitragem e procedimentos,
primeiro árbitro, segundo árbitro, apontador, apon-
tador assistente, juízes de linha, sinais manuais e
oficiais); diagramas.

SAIBA MAIS
No site da CBV você encontra as regras oficiais do
voleibol do triênio 2017 a 2020. Acesse o conteúdo
clicando aqui.

Sistemas de jogo do voleibol

Para possibilitar a organização tática das equipes


em quadra e, consequentemente, para que busquem
com mais eficiência superar a equipe adversária na
conquista dos pontos, são utilizados sistemas de
jogo. No voleibol são comumente utilizados, em fun-
ção do nível técnico da equipe, suas características,
objetivos e necessidades, os seguintes sistemas de
jogo: 6x6, 4x2, 6x2 e 5x1 (lemos seis seis, quatro dois,
seis dois e cinco um).

Normalmente, nos sistemas de jogo utilizados em


outras modalidades esportivas coletivas, as funções
dos jogadores são definidas de acordo com as po-
sições que ocupam em campo ou quadra. No volei-
bol isso acontece apenas no sistema 6x6, pois, nos
demais sistemas, as funções dos jogadores (que
variam entre levantador e atacante) são definidas
pelo professor ou treinador, de acordo com as carac-
terísticas dos jogadores e necessidades da equipe.

33
Isso acontece porque no voleibol o elemento da regra
denominado rodízio, obriga todos os jogadores a
ocuparem todas as posições em quadra.

Assim, os sistemas de jogo no voleibol são caracte-


rizados pela presença de um, dois ou seis levanta-
dores, conforme abaixo:
● No sistema 5x1 temos um único jogador que faz a
função de levantador, independentemente da posição
que ocupe, sendo atacantes os outros cinco, como
pode ser observado na figura 6;

L4 A3 A2 A4 L3 A2 A4 A3 L2

A5 A6 A1 A5 A6 A1 A5 A6 A1

A4 A3 A2 A4 A3 A2 A4 A3 A2

A5 A6 L1 A5 L6 A1 L5 A6 A1

Figura 6: Funções dos jogadores no sistema 5x1. Fonte:


Elaboração própria.

● No sistema 4x2 são quatro atacantes e dois le-


vantadores, sendo o levantador efetivo aquele que
ocupa as posições de ataque (dois, três e quatro),
ou seja, no momento em que estiver ocupando as
posições próximas à rede, como pode ser observado
na figura 7;

34
L4 A3 A2 A4 L3 A2 A4 A3 L2

A5 A6 L1 A5 L6 A1 L5 A6 A1

Figura 7: Funções dos jogadores no sistema 4x2. Fonte:


Elaboração própria.

● No sistema 6x2, a exemplo do 4x2, são quatro


atacantes e dois levantadores, porém, o levantador
efetivo será aquele que ocupa as posições de defe-
sa (um, seis e cinco), ou seja, no momento em que
estiver ocupando as posições de fundo da quadra,
como pode ser observado na figura 8;

A4 A3 A2 A4 A3 A2 A4 A3 A2

A5 A6 L1 A5 L6 A1 L5 A6 A1

Figura 8: Funções dos jogadores no sistema 6x2. Fonte:


Elaboração própria.

Os sistemas de jogo 4x2 e 6x2 nos apresentam o


princípio do equilíbrio e o conceito de função efetiva.
Para saber mais sobre esse importante contexto,
acesse o Podcast 2 – Equilíbrio e função efetiva no
voleibol.

Podcast 2

35
● Já no sistema 6x6, as funções dos jogadores são
definidas pela posição ocupada em quadra, sendo
o levantador aquele jogador que estiver ocupando
a posição central de ataque (posição 3). Dessa for-
ma, todos os jogadores farão a função de levantador
sempre que ocuparem essa posição e a função de
atacante em todas as outras posições, como pode
ser observado na figura 9.

A4 L3 A2

A5 A6 A1
Figura 9: Funções dos jogadores no sistema 6x6. Fonte:
Elaboração própria.

Os sistemas de jogo no voleibol podem ser organi-


zados, para fins didáticos, conforme a complexidade
e nível de especialização. Assim, o sistema menos
complexo e menos especializado é o sistema 6x6.
Já o mais complexo e mais especializado é o sis-
tema 5x1. Entre eles, temos o 4x2 e o 6x2 nessa
ordem crescente em complexidade e decrescente
em especialização.

Diante do exposto e tratando-se o 6x6 do sistema


de jogo mais simples e menos especializado – pois
possibilita a experimentação de ambas as funções
(levantador e atacante) por parte de todos os alunos

36
e exige menores deslocamentos em quadra –, pode-
mos concluir que esse se configura como o sistema
mais adequado para o início da aprendizagem dos
sistemas do jogo formal.

Dinâmica de jogo do voleibol

Independentemente do sistema que seja adotado,


o jogo de voleibol acontece segundo uma dinâmica
cíclica (em que as ações se repetem até que a bola
caia no chão). Essa dinâmica se inicia, conforme a
figura 8, com o saque de uma das equipes e continua,
em condições normais, com as seguintes ações:
recepção, levantamento, ataque (da outra equipe), e
o conjunto bloqueio-defesa, levantamento e ataque
(da equipe que realizou o saque).

Equipe A Equipe B
Saque Recepção

Levantamento Levantamento

Ataque Ataque

Bloqueio

Defesa

Figura 10: Dinâmica cíclica do voleibol. Fonte: elaborado


pelo autor

O conjunto de ações realizadas pela equipe B, assim


que o rally é iniciado, é denominado processo de ata-
que ou ações do complexo 1: recepção, levantamento

37
e ataque. Já o conjunto das ações realizadas pela
equipe A, assim que o rally é iniciado, é denominado
processo de contra-ataque ou ações do complexo
2: saque, conjunto bloqueio/defesa, levantamento e
ataque (EOM; SCHUTZ, 1992). Dessa forma, é fácil
perceber que o processo de ataque acontece uma
única vez em cada rally e que, após esse processo,
todos os outros que acontecem na sequência serão
processos de contra-ataque.

Processo de ataque
Para a organização tática da equipe em cada um
dos processos, devemos considerar todas as ações
envolvidas. Dessa forma, para a organização tática
do sistema de ataque, devemos pensar inicialmente
na recepção sem, no entanto, desconsiderarmos o
levantamento e, por fim, a ação de ataque.

Sistema de recepção

A recepção é representada pela distribuição dos joga-


dores de uma equipe em quadra, para receber o saque
adversário, buscando também uma colocação que
facilite a ação ofensiva posterior (BIZZOCCHI, 2016).

Para jogadores iniciantes, a escolha do sistema de


recepção mais adequado deve levar em considera-
ção: a ocupação dos espaços de maior incidência
do saque adversário; facilitar as ações posteriores
(levantamento e ataque); e o número de jogadores
envolvidos na recepção.

38
Processo de contra-ataque
Para a organização tática do sistema de contra-ata-
que, devemos pensar inicialmente na defesa do ata-
que adversário sem, no entanto, desconsiderarmos
o levantamento e, por fim, a nova ação de ataque.

Sistema defensivo

As formações defensivas envolvem a organização


do bloqueio e da defesa para neutralizar o ataque
adversário (BIZZOCCHI, 2016).

Para jogadores iniciantes, a escolha do sistema de-


fensivo mais adequado deve levar em consideração:
o número de bloqueadores (um, dois ou três); posi-
ção da sombra do bloqueio (extremidade ou centro
da quadra); o posicionamento dos defensores fora
da sombra do bloqueio; e o menor deslocamento
possível.

39
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste módulo, discutimos outros aspectos relacio-
nados ao voleibol. Refletimos sobre as diferentes
estratégias e métodos de ensino que devem se ade-
quar aos diferentes objetivos, contextos e ritmos de
aprendizagem. Exploramos possibilidades e apon-
tamos as diferenças entre exercícios educativos e
formativos. Por fim, apresentamos os sistemas de
jogo utilizados no voleibol a fim estabelecer as pos-
sibilidades de organização tática de uma equipe,
considerando sua dinâmica cíclica.

Espero que tenha apreciado! Até a próxima!

40
SÍNTESE

PEDAGOGIA DOS ESPORTES I:


VOLEIBOL E ATLETISMO

Distinguir as etapas do processo ensino e aprendizagem


dos fundamentos do voleibol; aspectos técnicos e táticos
da iniciação esportiva

1. Estratégias no ensino do voleibol

2. Métodos de ensino

3. Fundamentos e ações de jogo no voleibol

3.1. O toque por cima 3.4. O saque


3.2. A manchete 3.5. O bloqueio
3.3. A cortada

4. Regras do voleibol

5. Sistemas de jogo do voleibol

a. Sistema 5x1 c. Sistema 6x2


b. Sistema 4x2 d. Sistema 6x6

6. Dinâmica de jogo do voleibol

a. Processo de ataque
b. Processo de contra-ataque
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cia cardíaca na marcha atlética. Revista Brasileira
de Medicina do Esporte, São Paulo, v. 23, n. 5,
pp. 390-393, set. 2017. Disponível em: https://
www.scielo.br/pdf/rbme/v23n5/1517-8692-rb-
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iniciação à competição. Barueri: Manole, 2016.
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