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Universidade de Lisboa

Faculdade de Motricidade Humana


Mestrado em Treino Desportivo

RELATÓRIO DE EPISÓDIO DE TREINO DE FUTEBOL

Elaboração de Circulação Tática


Treino da Técnica e Tática Desportiva

Docentes: Professor Doutor António Paulo


Professora Doutora Anna Georgievna Volossovitch 
Professor Doutor Jorge Infante
Professor Doutor Fernando Gomes

Discente: António Pato (nº 23618)


Ruben Elias (nº 25469)
Tiago Marques (nº 25497)

2022
Índice
1. INTRODUÇÃO........................................................................................................2

2. DESENVOLVIMENTO...........................................................................................3

2.1 Enquadramento.................................................................................................3

2.2 Primeiro Exercício............................................................................................5

2.3 Segundo Exercício............................................................................................8

2.4 Terceiro Exercício..........................................................................................11

3. CONCLUSÃO........................................................................................................14

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................16

5. ANEXOS................................................................................................................17

5.1 Plano de Treino...............................................................................................17

Índice de Figuras

Figura 1 - Posse de bola 5x5 ou 6x6 com ataque às costas à linha defensiva do
adversário.....................................................................................................................................7

Figura 2 - Situação de finalização 5x0 + GR (com simulação de circulação tática........11

Figura 3 - Situação de finalização 5x0 + GR (com simulação de circulação tática : 2ª


variável.......................................................................................................................................11

Figura 4 - Situação de finalização 5x0 + GR (com simulação de circulação tática: 3ª


variável.......................................................................................................................................11

Figura 5 – Situação de ataque 5x5 ou 6x6 c/GR + 2 avançados.....................................13

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1. INTRODUÇÃO

O presente relatório surge como reflexão da aula prática lecionada de futebol, no

dia 6 de dezembro de 2021, da Unidade Curricular: Treino da Técnica e da Tática

Desportiva, no âmbito do Mestrado em Treino Desportivo, da Faculdade Motricidade

Humana.

A apresentação prática pressupôs a aplicação dos princípios metodológicos do

treino da tática à circulação tática proposta. O ensaio consistiu, no nosso caso, na

modalidade de futebol e teve a duração de 20 minutos, com a aplicação de 3 exercícios.

A circulação tática por nós proposta foi: movimento de rutura do avançado nas

costas da defesa, enquanto o outro avançado realiza movimento de aproximação/apoio,

em sistema 4-4-2. Através da implementação do treino tático pretendemos aplicar os

princípios metodológicos do treino da tática que a ele estão associados, para que os

jogadores possam ajustar as suas ações táticas (ações motoras com propósito tático) em

função da nossa circulação tática, solicitando sempre a sua audácia criativa, tomada de

decisão e desempenho autónomo.

Para o treino da tática desportiva deveremos considerar o mecanismo da

abordagem ecológica para a tomada de decisão, que se baseia na relação do individuo

com o contexto e da interação que se gera entre os mesmos (Gibson, 1979). O treinador

na elaboração do treino da tomada de decisão deverá proporcionar aos jogadores a

capacidade de encontrar soluções para a resolução prática dos problemas provocados

pelas situações competitivas (Mahlo, 1966). No entanto, teremos de considerar a lógica

interna do jogo, ou seja, que no caso do futebol, considera a presença de

companheiros/cooperação e adversários/oposição e uma situação de ambiente estável,

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ainda que com uma necessidade de adaptação constante e enorme variabilidade nas

ações motoras para dar resposta aos problemas do jogo (Moreno, 2005).

2. DESENVOLVIMENTO

2.1 Enquadramento

A circulação tática escolhida por nós consistiu no ensaio do movimento de

rutura do avançado nas costas da defesa, enquanto o outro avançado realiza movimento

de aproximação/apoio, em sistema 4-4-2, na modalidade de futebol.

O desenvolvimento e construção metodológica do ensaio científico por nós

elaborado, procurou aplicar um conjunto de princípios metodológicos do treino da

tática. Para Araújo (1992), Castelo et al. (1994) e Garcia (1998), cit. por Ferreira, A.

(2021), a elaboração do treino tático deve obedecer a alguns princípios:

1. Princípio da Sistematização: para o desenvolvimento de determinada capacidade

específica, dever-se-á incluir um processo de progressão pedagógica,

organizando temporalmente a atividade e sequenciando as sessões de treino,

segundo uma lógica da tarefa prática e correlacionada com os fatores de treino.

2. Princípio do carácter alternativo das tarefas táticas e das formas de organização: a

organização da prática deverá respeitar que os objetivos se reproduzam de uma

forma alternativa. Alternando-se formas de organização, níveis de dificuldade e

objetivos específicos.

3. Princípio da unidade entre a formação tática elementar e da formação tática

complexa: a preparação tática não poderá limitar-se aos seus próprios conteúdos,

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posto isto, os exercícios devem combinar situações simplificadas com situações

standart ou integradas em formas globais mais complexas.

4. Princípio da relação entre a formação tática individual e a formação tática

coletiva: ainda que o objetivo seja grupal, a dimensão individual deve ser

considerada como bastante relevante para a interação adequada e para a eficácia e

qualidade dos processos coletivos. O transfer do individual para coletivo e do

coletivo para individual deve estar presente ao longo do processo de treino (top-

down e bottom-up).

5. Princípio da unidade entre a formação tática teórica e a formação tática prática: a

formação teórica dever-se-á desenvolver em paralelo com a formação prática.

6. Princípio da síntese ótima indutiva e dedutiva: propiciar exercícios que

estimulem a capacidade criativa e liberdade dos jogadores, em função do

contexto competitivo e dos adversários.

7. Princípio do aumento progressivo das dificuldades e das perturbações: dever-se-á

promover de forma progressiva a dificuldade, complexidade e variação dos

elementos do modelo.

8. Princípio da especificidade e da identidade da tarefa: exigência de especificidade

das tarefas de treino devem ir de encontro aos comportamentos da competição.

A nossa prioridade na elaboração da temática do episódio de treino, foi tentar

aplicar os princípios metodológicos do treino da tática ao tema por nós escolhido. A

presente sessão de treino necessitaria de continuar a sofrer adaptações em função dos

aspetos positivos e negativos de cada sessão, uma sequência lógia de progressões entre

sessões (por exemplo: aumento da dificuldade, número de opositores, etc) e

variabilidade, respeitando assim o Princípio da Sistematização e o Princípio do carácter

alternativo das tarefas táticas e das formas de organização. Respeitando o Princípio da

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relação entre a formação tática individual e a formação tática coletiva, qualquer

dificuldade ou característica específica dos jogadores deve ser considerada na

elaboração da circulação tática. Apesar de a circulação e os comportamentos estarem

pré-definidos, nós como treinadores, consideramos que qualquer ajuste deverá ser

realizado de forma a ir de encontro às características dos nossos jogadores.

O grupo procurou reunir os jogadores antes de dar início ao treino, de forma a

explicar o objetivo da sessão, o que se pretendia de uma forma geral e como a mesma

sessão de treino seria organizada. Tivemos em conta a posição em que todos os

jogadores se encontravam durante a instrução (à nossa frente), de forma que todos

tivessem acesso à informação.

2.2 Primeiro Exercício

O primeiro exercício por nós escolhido (Figura 1), teve como objetivo solicitar o

movimento de desmarcação (movimento em rutura) do avançado com o ataque às costas

da linha defensiva do adversário, numa fase de criação. A organização do exercício

consistia numa posse de 5x5, no entanto, no dia do treino cada equipa contou apenas

com 4 elementos (3 jogadores + avançado). Cada equipa tinha o objetivo de fazer um

passe em rotura para a zona defensiva do adversário (delimitada), onde o avançado de

cada equipa tinha de receber a bola e assim pontuar (1 ponto por cada passe, com rotura

bem-sucedido e bola recebida na zona defensiva adversária). Com este exercício,

pretendemos estimular e observar a capacidade de realização dos comportamentos de

rutura dos avançados, numa fase inicial, por parte da equipa em posse, de forma a

conseguir encontrar um espaço na linha defensiva adversária, proporcionando assim a

realização de um passe em rotura para a zona defensiva adversária. Ao mesmo tempo,

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quisemos também observar a capacidade do avançado em questão, em realizar o

movimento de rotura e ataque às costas da defesa adversária, de modo a oferecer sempre

uma linha de passe adiantada, progredir no terreno em direção à baliza e ganhar metros

nas costas à linha defensiva adversária. Quanto à equipa adversária, o objetivo passou

sempre por conseguir bloquear todas as hipóteses de surgir uma rotura por parte do

adversário, mantendo uma linha defensiva coesa e equilibrada, de forma a poder

intercetar a possível rotura resultante e lançar um contra-ataque, procurando o seu

avançado para um passe em apoio ou em rutura, se fosse o momento, de forma a ganhar

metros nas costas da linha adversária e consecutivamente pontuar.

Após ter sido realizada a instrução e a explicação do exercício aos jogadores, o

mesmo foi iniciado. Devido ao número limitado de jogadores disponíveis, tivemos de

realizar o exercício num contexto de 3+1 x 3+1, o que solicitou uma redução do espaço

em comprimento de cerca de 3-4m em cada lado do campo. Procurámos sempre dar

feedbacks orientadores para a leitura correta dos jogadores e para a tomada de decisão

da equipa que tinha a bola, em função dos constrangimentos (neste caso do adversário),

dos espaços e dos timings para realizar a ação tática. Também procurámos incutir a

manutenção da posse da bola, não tentando logo realizar a rotura assim que recebiam a

bola, procurando a abertura de espaços através da variação do seu jogo e desequilibrar a

defesa adversária através desses mesmos movimentos.

No entanto, encontramos algumas dificuldades que também foram alvo de

discussão, no debate com os colegas. Primeiramente a tendência de o avançado já estar

colocado na zona defensiva à espera da bola, sem realizar qualquer movimento de rotura

em função do timing, espaço e tempo que surgiam da relação de forças entre opositores.

Tendo reparado nessa situação, existiu uma interrupção e intervenção da nossa parte

como treinadores, dando o feedback necessário aos avançados, orientando-os e

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corrigindo-os, de modo que em conjunto com a sua equipa soubessem ler, decidir e

executar de forma mais intuitiva e não de uma forma lógica e decorada. Após as

correções consideramos ter existido melhorias na execução da tarefa. Outra dificuldade

que notámos foi a pouca largura que as equipas em posse adotaram durante a execução

da tarefa, dificultando em alguns momentos a abertura de espaços na equipa adversária.

Alguns dos momentos em que houve desorganização na equipa adversaria, e que surgiu

aproveitamento de quem atacava, foi provocado por erros na pressão, ocupação de

espaços, e não tanto pela forte circulação da bola e desmarcações realizadas. No

entanto, principalmente na segunda parte do exercício, após correções, consideramos

que os jogadores foram mais de encontro ao nossos objetivos para o exercício.

Consideramos que neste exercício, o princípio da relação entre a formação tática

individual e a formação tática coletiva, tem uma elevada importância, onde cada atleta

tinha uma função individual específica, e se bem aplicada, resultaria na tarefa coletiva

bem-sucedida (transfer da tarefa individual para a tarefa coletiva). O princípio da

especificidade e da identidade da tarefa também consideramos importante e sendo assim

procurámos recriar, numa versão condicionada, os movimentos de rotura que o

avançado deverá fazer em competição para, naquele contexto, proporcionar

desequilíbrios na linha defensiva adversária e, assim, criar uma possível situação de

perigo ofensivo.

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Figura 1 - Posse de bola 5x5 ou 6x6 com ataque às costas à
linha defensiva do adversário
2.3 Segundo Exercício

No segundo exercício, procuramos fundamentalmente fazer a transição de uma

fase de criação para uma de finalização. O objetivo do exercício foi introduzir a

circulação tática, inicialmente sem oposição, no esquema tático por nós definido, 4-4-2,

aplicando os princípios específicos do futebol ofensivos (progressão, mobilidade,

espaço, cobertura ofensiva). A circulação tática inicia-se no extremo direito com passe

para médio interior, este recebe e realiza passe para avançado do lado oposto. Avançado

deve realizar movimento de apoio recebendo o passe do médio e realizar posteriormente

passe para o outro extremo. Após o extremo receber a bola, o avançado do lado oposto à

bola, deve realizar um movimento de rutura para o espaço. Após receber bola no

espaço, o avançado deve finalizar, se conseguir, ou realizar cruzamento para área onde

irá finalizar o outro avançado, o extremo do lado contrário e o médio (Figura 2). Os

comportamentos que esperávamos encontrar, ou seja, os indicadores, foram: avançado

que realiza apoio, aproxima-se do médio para receber a bola e entrega na ala

rapidamente; extremo que recebe a bola e vai realizar passe de rutura, realiza passe

tenso, direcionado para o espaço e para a frente do avançado que vai receber a bola, de

forma que este fique enquadrado com a baliza; avançado que realiza movimento em

rotura recebe bola de forma orientada a enquadrar-se com a baliza; capacidade de

realizar golos.

Após a instrução e demonstração aos jogadores, demos início ao exercício do

treino da circulação tática sem oposição. Ao longo do exercício fomos verificando

alguns erros e falhas, tais como, o avançado que realizava apoio frontal, realizava uma

curta aproximação e sendo assim instruímos para que a aproximação ao médio fosse

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maior. Outro erro foi o movimento de rutura dos avançados, estes estavam a realizar o

movimento demasiado cedo e antes do passe do extremo, e sendo assim procuramos que

o avançado temporizasse até ao momento do passe, para evitar situações de fora de

jogo, em contexto de jogo. Procuramos corrigir também os passes de rotura realizados

pelos extremos, estes estavam a realizar o passe para espaços demasiado exteriores,

provocando que o avançado recebesse a bola mais desenquadrado com a baliza do que o

pretendido.

Posto isto, procuramos aplicar o Princípio do aumento progressivo das

dificuldades e das perturbações, através da introdução de um defesa. Dadas algumas

dificuldades apresentadas e o pouco tempo de prática, achamos por bem o defesa ter

uma ação passiva, com objetivo de ajudar a contextualizar mais o fenómeno

competitivo de oposição, no entanto com a superioridade numérica presente, o objetivo

de manter a taxa de sucesso elevada manteve-se, procurando chegar o maior número de

vezes possível a zonas de finalização. Os movimentos de rutura do avançado lado

oposto à bola continuaram a existir, de forma a poder ganhar o espaço nas costas do

defesa, ou arrastar consigo o defesa para que exista uma abertura de espaço no lado

oposto à rutura. Assim, o movimento de rutura permitia progredir para o ataque e

aproveitar um espaço em função da ação do defesa. O que pretendíamos, e que ocorreu

em alguns momentos, era a perceção/ação do extremo, que após a rotura do avançado

deveria ter a capacidade de agir rápido em função da decisão do defesa, se o defesa

acompanhasse o movimento do rutura, existiria um espaço do lado oposto e outras 3

linhas de passe (outro avançado, médio e extremo do aldo oposto), se o defesa não

acompanhasse a rotura do avançado, então a bola deveria chegar ao avançado que

realizou a rutura para o espaço. Foi este feedback que fomos procurando dar aos

jogadores e em diversos momentos eles tiveram uma boa ação, conseguindo chegar a

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zonas de finalização e marcar golo. Através da liberdade e da capacidade de encontrar

soluções alternativas, através da oposição, conseguimos aplicar o Princípio da síntese

ótima indutiva e dedutiva, apesar da oposição introduzida ser passiva e não ser

totalmente representativa da competição.

Após percebermos que ainda não teria havido tempo suficiente para

compreender e aplicar totalmente os movimentos e ações, decidimos não introduzir a

segunda variável com aumento do número de defesas (inclusão de lateral do lado da

bola). Consideramos o baixo número de jogadores a realizar oposição uma das

limitações, tendo em conta a representatividade da competição, no entanto, entendemos

que nesta fase inicial de treino da circulação, é necessária uma baixa oposição e sentido

de progressão na dificuldade e complexidade da tarefa para que exista compreensão da

mesma. Outra limitação, foi o facto que não incluirmos a equipa toda na circulação

(apenas linha ofensiva de médios, avançados e extremos), assim poderíamos

futuramente incluir os laterais e defesas centrais dentro do treino da circulação tática.

Relativamente à discussão final com os grupos avaliadores surgiram duas

questões: o porquê da oposição passiva e o que mudaria se fosse uma oposição ativa, e o

porquê de não aplicar primeiro o exercício de finalização ao invés do que foi realizado

inicialmente. A resposta dada relativamente à questão da oposição passiva, foi a

justificação acima apresentada, no entanto concordamos com a crítica construtiva dos

colegas, ou seja, uma oposição mais ativa seria mais representativo das dificuldades do

jogo e elevaria a exigência dos atacantes, contudo, consideramos que numa fase inicial

poderá ajudar à aquisição dos comportamento. Relativamente à opção de realizar o

exercício de finalização em segundo lugar, teve como objetivo progredir de uma fase de

criação para fase de finalização, ou seja, com o primeiro exercício procuramos

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comportamentos de rutura dos avançados e com o segundo progredir para zonas de

finalização, conseguindo realizar golos.

Figura 2 - Situação de finalização 5x0 + GR (com


simulação de circulação tática

2.4

Figura 4 - Situação de finalização 5x0 + GR (com Figura 3 - Situação de finalização 5x0 + GR (com
simulação de circulação tática : 2ª variável simulação de circulação tática: 3ª variável
Terceiro Exercício

No último exercício, procuramos completar com aplicação em formato de jogo

em superioridade numérica, os comportamentos e a circulação tática trabalhada durante

a unidade de treino. Spós a instrução verbal e demonstração aos jogadores, demos início

ao exercício do treino da circulação tática com oposição, ou seja, fase de criação mais

finalização.

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Foi planeada uma situação de ataque 5x5 c/ GR + 2 jokers (avançados) (Figura

5), contudo dado o baixo número de jogadores, foi concretizada uma situação de 3x3 s/

GR + 2 jokers, mantendo-se a superioridade numérica, mas sem GR. Uma das equipas

tinha superioridade numérica através dos dois avançados (jokers), de forma a realçar os

comportamentos e movimentações de apoio e rutura da equipa que atacava. Foram

utilizados os avançados com o propósito de criar superioridade numérica da equipa que

realizava o ataque e assim aumentar o sucesso na abertura de espaços entre os defesas e

nas movimentações, de forma a promover a comunicação e a temporização das

movimentações entre os dois avançados, como fomos solicitando durante a unidade de

treino. Os objetivos do exercício consistiam em aplicar trabalho realizado

anteriormente, procurar a promoção da ocupação dos espaços, promover as

movimentações (desmarcações em apoio e rutura), promover a tomada de decisão e

melhorar os princípios específicos do futebol (progressão, mobilidade, espaço, cobertura

ofensiva). Após o primeiro período, inverteram-se os papéis e a equipa que estava a

atacar passou a defender e a jogar em superioridade numérica (com os mesmos

avançados).

De uma forma geral, o exercício teve uma avaliação positiva por parte do grupo

visto que o objetivo geral foi cumprido, ou seja, conseguimos observar a constante

procura dos avançados em realizar os movimentos de apoio e rutura e da restante equipa

solicitar os avançados para progredir no terreno. A dificuldade relativamente à largura

que verificamos no primeiro exercício, voltou novamente a acontecer em determinados

momentos por parte da equipa que tinha a bola. Consideramos ainda outra dificuldade

ao longo do exercício, as limitações do campo, ou seja, a equipa que defendia teve a

tendência, em alguns momentos, de baixar no terreno e com isso limitar o espaço entre a

defesa e a baliza. Surgiu essa mesma questão na discussão final com os grupos

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avaliadores, “Porque é que não marcámos previamente um limite a partir do qual a

defesa teria de defender à frente e assim os atacantes terem o espaço suficiente para

procurar realizar as movimentações pretendidas?”. Concordamos com a pergunta/crítica

construtiva e à qual respondemos que no planeamento da unidade de treino acautelamos

essa mesma dificuldade e introduzimos a variável de forma a facilitar o ataque. No

entanto, dado o tempo reduzido e as raras exceções, onde só por uma ou duas vezes é

que a equipa que defendia baixou demasiado as linhas, consideramos não implementar a

variável de imediato. Contudo, é uma medida que podemos e devemos adotar quando se

verificarem as dificuldades mencionadas. Consideramos ainda a inexistência de GR

uma limitação do exercício, dado que potenciava uma maior representatividade do

contexto competitivo e um aumento da dificuldade e complexidade do exercício

(introdução de um opositor).

Pretendemos também no último exercício continuar a aplicação dos princípios

metodológicos do treino da tática, tais como, o princípio da síntese ótima indutiva e

dedutiva, dada a liberdade que foi permitida à equipa que tinha a bola na procura da

melhor solução para finalizar e o princípio da relação entre a formação tática individual

e a formação tática coletiva, através do tranfer das ações motoras individuais para a

tática coletiva.

Figura 5 – Situação de ataque 5x5 ou 6x6 c/GR + 2


avançados

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3. CONCLUSÃO

Concluído o treino e o balanço sobre o mesmo consideramos que tivemos uma

abordagem positiva no planeamento do treino, visto que este deve criar experiências aos

jogadores que facilitem um modo automatizado de ação em função dos

constrangimentos situacionais. No entanto, como discutimos e refletimos sobre cada

exercício foram ocorrendo dificuldades ao longo do treino por parte dos intervenientes e

sendo assim após considerarmos cada uma das dificuldades deveremos, enquanto

treinadores, tentar ajudar os jogadores na resolução de problemas, contudo não

deveremos retirar o foco da tomada de decisão e impedir o funcionamento autónomo no

treino tático. Para o treino da tomada de decisão deveremos ter em conta os objetivos

definidos por nós, como realizamos no planeamento, proporcionar informação chave,

através dos feedbacks que fomos dando ao longo do treino e introduzir uma lógica

treino-jogo, ou seja, a representatividade de competição que fomos procurando com os

exercícios. Consideramos também que tivemos uma abordagem correta na apresentação

dos conteúdos de treino, embora durante o primeiro exercício, fundamentalmente,

surgissem algumas questões, pensamos que rapidamente conseguimos intervir, corrigir

e ajudar os elementos.

Para além das limitações referidas em cada exercício, apontamos algumas

dificuldades gerais durante o treino. Primeiramente o número de jogadores reduzido que

tivemos para poder trabalhar, no entanto não foi necessário alterar a estrutura total de

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nenhum exercício, conseguindo trabalhar os conteúdos planeados. O espaço onde foi

realizado o episódio de treino, tratando-se de um campo de futsal, não sendo

representativo das dimensões de um campo de futebol, no entanto procuramos ajustar

em função da tarefa núcleo e dos comportamentos esperados. Outra dificuldade foi o

facto de não conhecermos os jogadores, pois como sabemos, devemos ajustar os

comportamentos coletivos em função das individualidades, e num contexto de clube,

com os devidos ajustes seria uma das nossas preocupações na elaboração da circulação

tática.

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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Ferreira, A. (2021). Apontamentos da Disciplina “Técnica e Tática no Treino

Desportivo” do Mestrado em Treino Desportivo, U.T.L. – FMH

Gibson, J. (1979). The ecological approach to visual perception. Boston: Houghton

Mifflin.

Mahlo F (1966). O acto táctico. Compendium, Lisboa.

Moreno, J. (2005). Fundamentos del deporte. Analisis de las estructuras tácticas del

juego deportivo (3ª ed.). Barcelona, Editorial INDE.

Volossovitch , A. (2021). Apontamentos da Disciplina “Técnica e Tática no Treino

Desportivo” do Mestrado em Treino Desportivo, U.T.L. – FMH

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5. ANEXOS

5.1 Plano de Treino

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