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Culturais e Esportivas:
Esportes Coletivos
Pedagogia do Esporte
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Pedagogia do Esporte
• Introdução;
• A Pedagogia do Esporte;
• Método Analítico;
• Método Global;
• Talento Esportivo;
• Especialização Esportiva Precoce.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Identificar os vários modelos pedagógicos para o ensino de práticas esportivas;
• Atuar e aplicar os modelos pedagógicos para o ensino das modalidades esportivas.
UNIDADE Pedagogia do Esporte
Introdução
Seja nas aulas de Educação Física Escola ou em Clubes e Projetos de Formação
Esportiva, a abordagem metodológica para ensino dos esportes coletivos torna-se
uma das principais ferramentas para levar aos alunos diferentes oportunidades e
experiências motoras.
A Pedagogia do Esporte
Anteriormente, vimos algumas classificações e definições para o Esporte. Entre-
tanto, quando nos deparamos com a prática, conduzindo uma aula ou treino de uma
determinada modalidade esportiva, mais importante do que saber definir o esporte,
é percebermos o nosso aluno, ou seja, aquele quem está praticando o esporte.
Importante!
Podemos definir manifestações intrínsecas como sendo a realização de uma determi-
nada atividade por vontade própria do participante. Nesse caso, ao executar uma deter-
minada tarefa, como a prática esportiva por exemplo, o participante a realiza de acordo
com sua própria motivação e desejo.
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Para cada um de nossos alunos, a prática esportiva poderá assumir um papel
diferente. Cada aluno terá sua própria motivação.
E, justamente por essa diversidade de sentidos, é que o esporte pode ser visto
como um ato pedagógico, envolvendo o compromisso do professor em ensinar,
formar e educar por meio de uma atividade que gera prazer e motivação aos seus
alunos. É, sem dúvida, uma atividade que poderá oportunizar diversas experiências
e desafios para todos os alunos envolvidos.
Segundo o autor, essa característica é válida para tornar a aula mais lúdica e
atrativa para o aluno, além de possibilitar de forma mais simples o aprendizado dos
aspectos técnicos-táticos.
A ludicidade desse modelo evita um fato que muitas vezes encontramos em Es-
colas de Esportes ou nas aulas de Educação Física escolar: crianças sendo tratadas
como adultos em miniatura.
Infelizmente, essa é uma realidade de muitos profissionais, que aplicam suas aulas
cobrando os resultados em detrimento à diversão e ao desenvolvimento gradativo da
criança, mas esse assunto trataremos nas seções a seguir.
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Freire (2003) concorda com essa situação. Para ele, o modelo reducionista, no
qual o aluno torna-se apenas um objeto, faz com que o resultado final passe a ser
mais desejado por professores do que propriamente a evolução do processo.
Como consequência, as aulas tornam-se desmotivantes para os alunos, pois os
professores passam a cobrá-los cada vez mais por performance e excelência.
Freire (2003) também sugere alguns norteadores para uma proposta pedagógica
em relação aos esportes:
• O esporte deve ser ensinado a todos os alunos, independentemente do nível
de habilidade já adquirido pelos alunos. Aquele que já conhece as regras e
possui um nível de habilidade, deverá conseguir jogar ainda melhor. E aquele
que não possuía esse conhecimento, passará a ser capaz de praticar aquela
determinada modalidade;
• Ensinar com qualidade o esporte: Não basta ao professor apenas querer
transmitir a informação e o conhecimento sobre uma determinada modalidade!
Mais do que isso, o professor deverá estar totalmente comprometido com o
processo de ensino!
• Ensinar além do esporte: Ver seus alunos como seres humanos e cidadãos,
antes de enxergá-los como atletas ou jogadores. Por isso, o professor não pode
se esquecer de sua tarefa principal, a de educar! E poderá fazer isso por meio
do esporte!, ou seja, utilizando o esporte como uma ferramenta para ensinar
princípios e valores éticos, morais, sociais, afetivos e cognitivos, entre outros;
• Ensinar os alunos a gostarem da prática esportiva: Assim, levarão o hábito
de praticar uma determinada modalidade durante toda a sua vida, não limitan-
do-se apenas à prática dentro do ambiente escolar. Isso será fundamental para
disseminar hábitos saudáveis e momentos de lazer, contribuindo para uma me-
lhor qualidade de vida de seus alunos.
E para desenvolver tais princípios, Freire defende que o aluno deve ser estimulado
de uma maneira prática, ou seja, fazendo e jogando!
O autor sugere que a ação pedagógica traga para as aulas o mesmo que os alu-
nos realizam na rua, quer dizer, aplicar na escola as brincadeiras com bola, os jogos
adaptados e os jogos populares.
Outra abordagem pedagógica foi proposta por Garganta (1995), com a Teoria dos
Jogos Desportivos coletivos (JDC).
Para o autor, os JDC podem representar um ambiente de formação, desde que o
professor esteja prevendo o correto desenvolvimento de seus alunos.
Dessa forma, o autor classifica duas características fundamentais:
• A cooperação: Traduzida pela capacidade de o praticante se comunicar com
o seu colega de equipe e a comunicação existente entre ele e os integrantes da
equipe adversária;
• A inteligência: Capacidade de um jogador se adaptar às situações do jogo e ge-
rar uma resposta adequada para cada uma delas. Na maior parte, tais situações
são imprevisíveis e acontecem de forma aleatória.
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Figura 1 – Pedagogia de rua proposta por Freire (2003)
Fonte: Getty Images
Nessa perspectiva, o autor entende que o jogo deve ser reduzido a unidades fun-
cionais, ou seja, dividido em etapas que facilitem a compreensão dos alunos. Mesmo
assim, as características de oposição, finalização e oposição devem ser preservadas.
Já para Greco e Benda (1998), o esporte tem valor significativo para o desenvol-
vimento de crianças e adolescentes, pela capacidade de integração e de socialização
que ele oferece.
Esse “problema” gerado poderia ser, por exemplo, conseguir acertar uma quanti-
dade de cestas em um determinado período de tempo.
Importante!
Nesse exemplo, o “problema” do aluno passa a ser acertar a maior quantidade de cestas
e, a partir dele, o aluno vai começar a desenvolver sua autonomia para tomar suas pró-
prias decisões: como arremessar, qual o lado da quadra, qual a distância, usando uma
ou duas mãos etc...
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Figura 2
Fonte: Getty Images
Na maior parte delas, o jogo está presente como um elemento fundamental para
o aprendizado do aluno. Tais autores criticam ainda um modelo bastante tradicional,
que veremos no próximo tópico.
Método Analítico
Um dos métodos mais aplicados por professores, seja no ambiente escolar, seja
fora dele, é o método analítico. Esse método privilegia o ensino de habilidades mo-
toras por partes, ou seja, ensina os gestos necessários para a prática de uma deter-
minada modalidade, fazendo isso por etapas.
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Para o professor, esse método permite, também, um melhor controle da aula, vez
que, na maior parte das vezes, os alunos estão dispostos em duplas, filas ou colunas
para a execução desses movimentos.
Método Global
Já o método global consiste em gerar o aprendizado de uma determinada moda-
lidade, por meio do próprio jogo. Para isso, pode utilizar jogos reduzidos, pré des-
portivos, com regras adaptadas, gerando maior entendimento por parte dos alunos.
Talento Esportivo
Em geral, aplicamos o conceito de talento esportivo às pessoas que apresentam
nível de habilidade e aptidão motora acima do esperado para sua idade.
Por exemplo, um aluno pode ser muito habilidoso em executar uma determinada
ação, como, por exemplo, o drible no futebol.
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Isso fará com que, naquele momento, ele se destaque diante de seus colegas de
turma. Mas não, necessariamente, vai garantir que seja o mais habilidoso nos anos
seguintes. Isso poderá ocorrer, pois seus colegas também poderão desenvolver esse
mesmo grau de habilidade motora. E aquele garoto, que então era considerado um
talento, passará a ser um jogador que não mais se destaca.
Justamente por esse motivo é que professores devem estar atentos durante as suas
aulas. Como vimos anteriormente, o conteúdo da aula deve ser válido para todos.
Figura 3
Fonte: Getty Images
Todas as características, caso não sejam respeitadas, podem levar a uma exe-
cução de carga excessiva de treinamentos, de forma equivocada, acarretando uma
especialização esportiva precoce, ou seja, a criança realiza uma carga excessiva de
esforços que não são condizentes com sua faixa etária e seu desenvolvimento.
Essa prática excessiva pode ser encontrada tanto em clubes e escolas de esportes,
quanto em Escolas de Educação Básica e Fundamental. Em geral, os parâmetros
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utilizados para a aplicação dos conteúdos de aulas são os mesmos critérios utilizados
na prescrição de treinamentos a adultos e, em muitos casos, o professor reproduz
aquilo que vê em treinamentos de Equipes de alto rendimento esportivo, sem ter os
devidos cuidados.
Muitas vezes, a família dessas crianças, que deveria acompanhar de perto e per-
ceber essa carga excessiva, são levadas pela crença de que o talento esportivo só é
lapidado se a criança começar a praticar o esporte desde cedo. E acaba aceitando e
contribuindo ainda mais para colocar uma pressão excessiva em seus filhos, cobran-
do resultados e forçando a participação da criança no esporte.
Deveria ser competência, tanto dos professores quanto dos pais, proteger a crian-
ça, oferecendo atividades que possam agregar experiências positivas, fazendo com
que sua permanência no esporte seja duradoura.
Figura 4
Fonte: Getty Images
Além disso, o modelo de aula que leva a uma iniciação esportiva precoce prioriza
apenas alguns conteúdos, os “mais importantes” na cabeça do professor. Isso fará
com que a criança não desenvolva, em muitos casos, todas as habilidades motoras
necessárias para a sua prática. E com o passar dos anos, a prática esportiva vai se
tornando algo mais difícil de ser realizado.
Os riscos psicológicos incluem a saúde mental dessa criança. Tais práticas pode-
rão influenciar no comportamento, gerando estresse e níveis elevados de ansiedade.
A criança gera, muitas vezes, um sentimento de medo e insegurança.
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A criança passa também a se cobrar, desde cedo, para obter a melhor performance.
E, por isso, muitas vezes, a participação esportiva é acompanhada da frustração, por
não alcançar resultados positivos em aulas, treinos e competições.
Como vimos durante esta Unidade, os processos pedagógicos devem estar presentes no de-
senvolvimento do esporte.
Cabe ao professor a responsabilidade de utilizar métodos e abordagens corretas, de acordo
com as características de seus alunos.
Cabe a esse profissional respeitar as etapas de desenvolvimento, as características individu-
ais e fazer com que a sua aula possa ser um momento de alegria e de prazer aos seus alunos.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
As modalidades esportivas coletivas (MEC): história e caracterização
DE ROSE JUNIOR, D.; SILVA, T. A. F. As modalidades esportivas coletivas
(MEC): história e caracterização. Modalidades esportivas coletivas. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2006. p. 1-14.
Leitura
Pedagogia do esporte: tensão na ciência e o ensino dos jogos esportivos coletivos
GALATTI, L. R. et al. Pedagogia do esporte: tensão na ciência e o ensino dos
jogos esportivos coletivos. Revista da Educação Física/UEM. v. 25, n. 1, p. 153-
162. Maringá, 2014.
https://bit.ly/2KcXgjz
Pedagogia do Jogo: O processo organizacional dos Jogos Esportivos Coletivos enquanto modelo
metodológico para o ensino
SCAGLIA, A. J. Pedagogia do Jogo: O processo organizacional dos Jogos
Esportivos Coletivos enquanto modelo metodológico para o ensino. Revista
Portuguesa de Ciências do Desporto. Portugal, 2017.
https://bit.ly/2UzqBqr
Ensino dos jogos esportivos na Educação Física escolar: o desenvolvimento da capacidade de jogo
SILVA, S. A. Ensino dos jogos esportivos na Educação Física escolar: o de-
senvolvimento da capacidade de jogo. Revista Brasileira de Ciência e Movimento,
Taguatinga, v. 23, n.1, p. 95-10, 2015.
https://bit.ly/2UN1GQt
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Referências
FREIRE, J. B. Pedagogia do futebol. Campinas: Autores Associados, 2003.
GARGANTA, J. Para uma teoria dos jogos desportivos coletivos. In: GRAÇA, A.;
OLIVEIRA, J. (org.). O ensino dos jogos desportivos. 2.ed. Porto: Faculdade de
Ciências do Desporto e da Educação Física/Universidade do Porto, 1995.
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