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Ano Letivo 2016.

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Docente: Sérgio Ribeiro


Ano Letivo: 2022-2023
A profissão de treinador exige um conhecimento multidisciplinar,
tornando-se, evidentemente, imprescindíveis os conhecimentos
inerentes à táctica, à técnica, à preparação condicional e psicológica na
modalidade desportiva em que se especialize, bem como o domínio da
pedagogia e metodologia de ensino e a necessidade expressa de ser um
especialista no estimular do interesse e a motivação dos que consigo
aprendem e treinam...
Explica e demonstra as técnicas da modalidade desportiva e observa a
repetição feita pelos jogadores e corrige-os.

Organiza treinos para reforçar a aprendizagem das regras e técnicas


específicas da modalidade, desenvolver a resistência e capacidades
físicas individuais e estrutura os esquemas tácticos da equipa.

Procura desenvolver nos jogadores o sentido de responsabilidade pelo


cumprimento das regras da modalidade.
Para se desempenhar a função de treinador, não é suficiente ter sido
jogador/atleta dessa modalidade, pois reconhecemos, que fazer
como se viu fazer, não é certeza de desempenhar com eficiência
essa função, que cada vez mais exige conhecimentos diversificados
e actualizados de diversas áreas de conhecimento, nomeadamente
nas áreas da metodologia e pedagogia do treino.
O treinador tem a obrigação de estar permanentemente atualizado,
participando em programas/ações de formação, investigando e
fazendo auto-estudo, com o propósito de promover a formação
integral dos atletas e cumprir o papel de agente promotor de
evolução da sua modalidade desportiva.
A dimensão táctica, mais precisamente o Modelo de Jogo Adotado, deve
ser a orientadora das Periodizações e Planificações.
As Periodizações e Planificações das outras dimensões devem surgir em
função das respectivas exigências requisitadas pelo Modelo de Jogo
Adotado e respectivo Modelo de Treino.
A interação das diferentes dimensões é um dos aspectos fundamentais
deste tipo de Periodização e Planificação, de onde sobressai o princípio da
Especificidade.
Planificar a intervenção no processo de ensino e treino do Futebol é
como preparar uma viagem.
É aconselhável ter um mapa à disposição de forma a evitar-se
perder, desnecessariamente, tempo e energia.
O treino, ou as situações do treino, só são verdadeiramente
Específicas, quando houver uma permanente e constante relação
entre as componentes táctico-técnicas individuais e coletivas,
psico-cognitivas, físicas e coordenativas, em correlação
permenente com o Modelo de Jogo adotado e respectivos
Princípios que lhe dão corpo.
QUESTÃO
ENTÃO O QUE É QUE DEVEMOS TREINAR?
Serão os aspetos FÍSICOS do futebolista?

Serão os aspetos TÉCNICOS do futebolista?

Serão os aspectos TÁCTICOS do futebolista?

Será a CONJUGAÇÃO de todos estes aspectos?


No nosso entender não é nenhuma
destas quatro propostas...
Do nosso ponto de vista é a

ORGANIZAÇÃO DE
JOGO...
Princípios e Sub-princípios de Jogo dos diferentes
momentos

Capacidades e
Organização caracteristicas
Estrutural Interação dos jogadores

Organização
Funcional
(dinâmica da
equipa)
Tradicionalmente o jogo de Futebol é dividido em duas fases :

Fase ofensiva

Fase defensiva
No entanto, para alguns treinadores o jogo evidencia 4 momentos :

Organização ofensiva
Transição ataque /defesa
Organização defensiva
Transição defesa/ataque
Coletiva
Setorial
Inter-setorial
Grupal
Individual
Consideramos Padrões de comportamento tácticos, coletivos,
inter-setoriais e individuais, que se pretende que a equipa e os
jogadores evidenciem nos diferentes momentos do jogo.
Existem 3 tipos de Princípios de Jogo:

Princípios Fundamentais

Princípios Específicos

Princípios relacionados com a nossa ideia de jogo


Princípios Fundamentais

Recusar a inferioridade numérica

Evitar a igualdade numérica

Procurar a superioridade numérica


Princípios Específicos

Defensivos Ofensivos
• contenção •penetração
•cobertura defensiva •cobertura ofensiva
•equilíbrio •mobilidade
•concentração •espaço
Princípios Específicos

Penetração versus Contenção

Penetração Contenção
Objectivos : Criar vantagem Objectivos : Condicionar o portador
espacial e/ou numérica. da bola com o objectivo de lhe
Atacar o adversário e/ou a retirar tempo e espaço de execução
baliza (paragem do contra ataque,
temporização para organização
defensiva, paragem do ataque).
Princípios Específicos

Cobertura Ofensiva versus Cobertura Defensiva

Cobertura Ofensiva Cobertura Defensiva


Objectivos : Apoiar o Objectivos : Apoiar o
portador da bola e companheiro que faz
funcionar como primeiro contenção (relacionar-se
equilíbrio defensivo. com a baliza, zona do
campo e adversários).
Princípios Específicos
Mobilidade versus Equilíbrio

Mobilidade Equilíbrio
Objectivos : Criar e ocupar Objectivos :Fechar os espaços
espaços livres e linhas de entre os diferentes jogadores
passe. Variar o posicionamento da equipa. Cobrir eventuais
para criar rupturas e linhas de passe criadas. Cobrir
desiquilíbrios na espaços e jogadores livres
estrutura defensiva adversária. (acções afastadas da bola).
Manter a posse de bola.
Princípios Específicos

Espaço versus Concentração

Espaço Concentração
Objectivos : Estruturar e Objectivos :Estruturar e
racionalizar as acções racionalizar as acções
ofensivas colectivas no defensivas colectivas no
sentido de dar maior amplitude sentido de retirar amplitude às
ao ataque, tanto em largura acções ofensivas, tanto em
como em profundidade. largura como em profundidade.
Princípios relacionados com a nossa ideia de jogo

Princípios da Organização Ofensiva


Princípios da Transição Ataque/Defesa
Princípios da Organização Defensiva
Princípios da Transição Defesa/Ataque
• O conceito de equipa é muito mais importante do que o conceito de
individualidade (elevado espírito colectivo);
• Treinar nos limites para jogar nos limites;
• Organização colectiva muito forte;
- Ofensiva , Defensiva e Transições
• Atitude competitiva agressiva;
• Concentração máxima;
• Polivalência funcional;
• Capacidade mental muito forte.
Objectivo Geral:
Desorganizar e desequilibrar a estrutura defensiva do
adversário com a finalidade de aproveitar essa
desorganização para marcar golo.
I. Momento: saídas, curtas (1) ou longas (2) e (3)
• Abrir a equipa em largura e em profundidade (linhas transversais e
longitudinais).
• Iniciar a construção do processo ofensivo através do guarda redes:
(1)Sair a jogar, através da defesa, com o objectivo da bola entrar no
meio-campo, de forma a se poder preparar o jogo;
(2)Sair a jogar, através da defesa, de forma a que a bola entre no
ataque;
(3)Guarda-redes bate a bola para entrada no ataque, em zonas
estratégicas.
II. Momento: criação de espaços
• Criar aberturas de espaços na estrutura defensiva da equipa
adversária, que podem ser feitas colectiva ou individualmente.
III.Momento: entradas nos espaços
• Entrada da bola no momento de desorganização nos espaços
criados na equipa adversária. Criar situações favoráveis para
finalizar.
IV.Momento: finalizar as oportunidades criadas

• Ocupação correcta dos espaços de finalização específicos da


situação (linhas de finalização).
• Aproveitar as situações criadas (timing de finalização).
Alguns Sub - Princípios:
• Jogo de posição da equipa e dos jogadores (formação de triângulos e losangos;
mínimo de 3 potenciais recebedores);
• Colectivo, intersectorial, sectorial;
• Abertura da equipa (linhas transversais e longitudinais);
• Mobilidade dos jogadores (troca posicional e/ou de linhas);
• Circulação em detrimento do transporte da bola;
• Variação do tipo de passe, (curto e longo), e de corredores; qualidade de passe.
• Velocidade de circulação da bola; (velocidade de decisão e de execução,
velocidade de transmissão)
•Saber adequar o ritmo do jogo às circunstâncias do momento;
Objectivo Geral:
Aproveitar a desorganização “ ofensiva ” da equipa
adversária para ganhar a posse de bola ou para nos
organizarmos defensivamente.
I. Momento: Pressão para Ganhar a Bola
• Pressionar de imediato o portador da bola com o objectivo de a ganhar
I.Momento: Pressão para Organização

• Continuar a pressão ao portador da bola para:


(1) dar tempo para as linhas, em largura e em profundidade, fecharem;
(2) não permitir passes em profundidade;
(3) não permitir tirar bola da zona de pressão

II.Momento: Organização Defensiva


• Estar organizado posicionalmente em termos defensivos
Alguns Sub-Princípios:

• Mudança de atitude de ofensiva para defensiva

• Fecho de linhas, em largura e em profundidade

• Lucidez e inteligência

• Bola no corredor central


- Levar o adversário a jogar para uma das alas (preocupação deve ser condicionar
o adversário e não querer roubar-lhe a bola).

• Bola no corredor lateral


- Intensificar a pressão e procurar conquistar a bola.
Objectivo Geral:
Condicionar, direcionar e pressionar a equipa adversária
com o objectivo de provocar o erro e ganhar a posse de
bola.
I. Momento: pressão para organização posicional
• Pressionar o adversário com o objectivo de condicionar as suas ações ofensivas
para conseguirmos organizar posicionalmente a nossa equipa, em termos de
largura e profundidade (fecho de linhas transversais e longitudinais).
II. Momento: direcionar o adversário
• Condicionar e direcionar o adversário a jogar para onde queremos, jogar pela
periferia da equipa, sobretudo pelos corredores laterais.
III. Momento: pressão para ganhar
• Pressionar, toda a equipa em simultâneo, para provocar erro e/ou ganhar a
posse da bola.
IV. Momento: ganhar a posse da bola.
Alguns Sub-Princípios:
•Campo curto e estreito, com basculações em função da posição da bola (bloco dinâmico);
(junção das linhas);

•Pressão ao portador da bola, coberturas interiores e exteriores e pressão colectiva.


(constante atitude agressiva);

•Indicadores de aumento de pressão (Jogador que recebe a bola de costas para a nossa
baliza; Jogador que se vira de costas para a nossa baliza; Jogador que recebe um passe
pelo ar; Jogador que faz uma má receção; Sempre que a bola entra num dos corredores
laterais)

•Indicadores de subida do bloco (O adversário joga para trás ; o adversário joga para o lado
; um jogador da equipa adversária recebe de costas).
Objectivo Geral:
Tirar a bola da zona de recuperação aproveitando a
desorganização “defensiva” da equipa adversária para
criar oportunidades de golo (profundidade) ou para iniciar a
organização ofensiva.
I. Momento: Atacar desequilíbrio posicional do adversário
• Aproveitar, caso seja possível, a desorganização defensiva da equipa
adversária para dar profundidade ao jogo (procurar a baliza adversária, correndo
riscos).

II.Momento: Tirar bola da zona de recuperação


• Tirar a bola da zona de pressão, (sempre que possível para 2ª estação) e
tentar aproveitar desorganização adversária para atacar a baliza.

III.Momento: Início da organização ofensiva


• Com adversário posicionado equilibradamente, iniciar a organização
ofensiva.
A existência de apenas uma variante de jogo, Futebol-11, para todos os
escalões etários, contribuiu para uma menor evolução tático-técnica dos
praticantes.
Numa fase inicial na qual os jogadores têm dificuldade em controlar a
bola e possuem um campo percetivo ainda em fase de
desenvolvimento (da visão centrada na bola… à visão centrada no
jogo), o jogo deve ser aprendido num espaço menor e com um
reduzido número de jogadores (Garganta, 2002).
Porém, a competição dos jovens tem sofrido algumas alterações, no
sentido de ajustar o jogo aos praticantes, sendo que as mais
significativas foi a adoção, para o escalão de traquinas, do Futebol-5 e
para os escalões de benjamins e infantis, do Futebol-7 em detrimento do
Futebol-11.
Estas variantes de Futebol torna o jogo mais motivante, relativamente
ao Futebol-11, na qual os jogadores menos evoluídos conseguem
participar no jogo de forma mais segura e com maior sucesso, com um
maior número de contatos com a bola e consequentemente com
melhores condições de aprendizagem do jogo.
Desde que se iniciam na prática do Futebol, até chegarem ao patamar
mais elevado de rendimento, os praticantes deverão passar por um
conjunto de etapas, com um grau de complexidade crescente,
adaptadas à idade, à capacidade e ao seu nível de desenvolvimento.
ETAPA 1 – A CONSTRUÇÃO DO JOGO A 3

ETAPA 2 – A CONSTRUÇÃO DO JOGO A 5

ETAPA 3 – A CONSTRUÇÃO DO JOGO A 7

ETAPA 4 – A CONSTRUÇÃO DO JOGO A 7 COM A


APLICAÇÃO DA LEI DO FORA-DE-JOGO

ETAPA 5 – A CONSTRUÇÃO DO JOGO A 9

ETAPA 6 – A CONSTRUÇÃO DO JOGO A 11

(Rui Pacheco)
Numa primeira fase (4-8 anos), as crianças estão muito centradas em si
e na bola que as estimula, mostrando desinteresse pelo sentimento das
outras crianças.
O crescimento das crianças é bastante lento e a evolução da
psicomotricidade é evidente, sendo um período ótimo para a
estimulação das capacidades coordenativas. (Filgueira, 2004).
Período 4 - 6 Anos
Ativa;
Egocêntrica, gira tudo à volta do espaço próprio;
Centra-se no objeto que pretende adquirir;

Período 6 - 8 Anos
Pouca capacidade de concentração;
Egocêntrica, pouco sentido de equipa;
Centrado na bola, não no jogo;
A bola circula aos repelões;
Habilidades limitadas ao espaço próprio.
Período 8- 10 Anos
Boa capacidade de aprendizagem;
Fraca capacidade de atenção;
Impera o pensamento concreto e o egocêntrico
Possui gosto pelo jogo e pela atividade física;
Constituição física equilibrada e harmoniosa;
Boa predisposição para o desenvolvimento das capacidades coordenativas
(flexibilidade e velocidade de reação)
Mais predisposta a fazer parte de uma equipa;
Distingue o bom do mau jogador;
Mais disponível para a prática de rotinas técnicas;
Aprende melhor os conceitos de marcação e desmarcação.

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